Movimento De Mulheres Negras E O Serviço Social

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Movimento De Mulheres Negras E O Serviço Social UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - CAMPUS BAIXADA SANTISTA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL E POLÍTICAS SOCIAIS PRISCILA LEMOS LIRA MOVIMENTO DE MULHERES NEGRAS E O SERVIÇO SOCIAL SANTOS 2019 1 PRISCILA LEMOS LIRA MOVIMENTO DE MULHERES NEGRAS E O SERVIÇO SOCIAL Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Serviço Social e Políticas Sociais, Mestrado Acadêmico, da Universidade Federal de São Paulo – Campus Baixada Santista, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre, sob a orientação da Profa. Dra. Renata Gonçalves. SANTOS 2019 2 Lira, Priscila Lemos. L768m Movimento de mulheres negras e o Serviço Social. / Priscila Lemos Lira; Orientadora: Renata Gonçalves. - - Santos, 2019. 169 p. ; 30 cm. Dissertação (Mestrado – Pós Graduação em Serviço social e Políticas Sociais) - - Instituto Saúde e Sociedade, Universidade Federal de São Paulo, 2019. 1. Mulheres negras. 2. Feminismo negro. 3. Serviço social. I. Gonçalves, Renata. II. Título. CDD 361.3 3 PRISCILA LEMOS LIRA MOVIMENTO DE MULHERES NEGRAS E O SERVIÇO SOCIAL Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Serviço Social e Políticas Sociais, Mestrado Acadêmico, da Universidade Federal de São Paulo – Campus Baixada Santista, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre, sob a orientação da Profa. Dra. Renata Gonçalves. BANCA EXAMINADORA _________________________________________ Profa. Dra. Renata Gonçalves (Orientadora) _________________________________________ Profa. Dra. Maria Lygia Quartim de Moraes (UNIFESP) _________________________________________ Profa. Dra. Máricia Campos Eurico (FAPSS) _________________________________________ Profa. Dra. Rachel Gouveia Passos (UFRJ) _________________________________________ Profa. Dra. Magali da Silva Almeida (Suplente – UFBA) 4 Às minhas Ancestrais que ousaram sonhar! 5 Meus sinceros agradecimentos À Profa. e orientadora, Renata Gonçalves, pela generosidade e empatia; Às mulheres negras que me ensinaram a marchar; Ao amor pelo companheirismo de todas as horas; Ao bonde da carona SPxBS: valeu pela partilha; Às mestras e aos mestres que me forjaram até aqui; À Universidade Pública e de qualidade; Às políticas de ações afirmativas; Às minhas ancestrais; Asé! 6 RESUMO O presente estudo propõe-se a examinar a relação entre o Movimento de Mulheres Negras e o Serviço Social por meio da análise dos artigos referentes ao tema publicados na principal revista da área de Serviço Social, a Serviço Social & Sociedade entre os anos de 1988 e 2016. Esse período foi marcado por acontecimentos significativos para os Movimentos de Mulheres Negras no Brasil, como o I Encontro Nacional de Mulheres Negras (1988) e a Marcha das Mulheres Negras (2015), dentre outras destacadas movimentações políticas que ocorreram nesse intervalo. Historicamente as mulheres negras são silenciadas, invisibilizadas e negligenciadas pelas políticas públicas e pelas produções acadêmicas. Embora sejam protagonistas de relevantes articulações, nacionais e internacionais, que alcançam conquistas significativas para a população negra como um todo, o Serviço Social não tem se apropriado das pautas levantadas pelos Movimentos de Mulheres Negras. Isto fica explícito na sua forma de não pesquisar, não elaborar formulações conceituais e não produzir conhecimento sobre essa parcela majoritária da população. Considerando o projeto ético-político da profissão e seu comprometimento com os movimentos sociais, esta falta de engajamento teórico e político com o movimento de mulheres negras é, no mínimo, contraditório e o que se verifica é que a pauta do Movimento fica a cargo somente das militantes e profissionais negras. Os índices de desigualdades sociais apresentam o racismo, o sexismo, a heteronormatividade, dentre outras formas de opressão, como fundamentais à reprodução da exploração capitalista. As mulheres negras, que compreenderam esta articulação, denunciam em suas ações as desigualdades das quais são alvo privilegiado e apresentam a necessidade de um novo pacto civilizatório, baseado no Bem Viver – princípio que se aproxima do objetivo nuclear à profissão: o fim da sociedade de classes. Qual será o engajamento do Serviço Social neste processo? Palavras-chave: mulheres negras; Serviço Social; racismo; classes sociais. 7 ABSTRACT This study aims to examine the relationship between the Black Women's Movement and Social Work by analyzing the articles on the subject published in the main journal of the Social Work area, Serviço Social & Sociedade, between 1988 and 2016. This period was marked by significant events for Black Women's Movements in Brazil, such as the First National Meeting of Black Women (1988) and the Black Women's March (2015), among other prominent political movements that occurred in this interval. Historically, black women are silenced, invisible and neglected by public policies and academic productions. Although they are protagonists of relevant national and international articulations that achieve significant achievements for the black population as a whole, Social Work has not appropriated the guidelines raised by the Black Women's Movements. This is explicit in its way of not researching, elaborating conceptual formulations and not producing knowledge about this majority of the population. Considering the profession's ethical-political project and its commitment to social movements, this lack of theoretical and political engagement with the black women's movement is, at the very least, contradictory, of black activists and professionals. The indices of social inequalities present racism, sexism, heteronormativity, among other forms of oppression, as fundamental to the reproduction of capitalist exploitation. Black women, who understood this articulation, denounce in their actions the inequalities of which they are the privileged target and present the need for a new civilizing pact, based on the Good Living - principle that approaches the nuclear objective to the profession: the end of the society of classes. What will be the Social Work engagement in this process? Keywords: black women; Social Work; racism; Social classes 8 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABEPSS Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social AMNB Articulação de Mulheres Negras Brasileiras ANM Aliança Nacional de Mulheres BPC Benefício de Prestação Continuada BS Baixada Santista CEBs Comunidades Eclesiais de Base CECF Conselho Estadual da Condição Feminina CEDAW Convenção para Eliminação das Formas de Discriminação contra a Mulher CEDENPA Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará CEMUFP Coletivo Estadual de Mulheres de Favela e Periferia CERD Convenção Internacional para a Eliminação da Desigualdade Racial CFEMEA Centro Feminista de Estudos e Assessoria CFESS Conselho Federal de Serviço Social CNM Confederação Nacional de Municípios CNDM Conselho Nacional dos Direitos da Mulher CONAPIR Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial CRAS Centro de Referência de Assistência Social CREAS Centro de Referência Especializado de Assistência Social CRESS Conselho Regional de Serviço Social CUT Central Única dos Trabalhadores EFLAC Encontro Feminista Latino-Americano e do Caribe ENF Encontros Nacionais Feministas ENMN Encontro Nacional de Mulheres Negras FBPF Frente Brasileira de Progresso Feminino FBSP Fórum Brasileiro de Segurança Pública FNB Frente Negra Brasileira IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDH Índice de Desenvolvmento Humano INFOPEN Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias IPCN Instituto de Pesquisa da Cultura Negra IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada LEIM Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher MCV Movimento Contra Custo de Vida MMM Movimento Mulheres Municipalistas MMN Marcha das Mulheres Negras OAB Ordem dos Advogados do Brasil 9 OIT Organização Internacional do Trabalho ONG Organização Não-Governamental ONU Organização das Nações Unidas PBF Programa Bolsa Família PCB Partido Comunista Brasileiro PNAD Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PRF Partido Republicano Feminino PSOL Partido Socialismo e Liberdade SBPC Sociedade Brasileira para Progresso da Ciência SECONCI Serviço Social da Construção Civil SMADS Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social SMDHC Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania SMPM Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres SMPP Secretaria Municipal de Participação e Parceria SS Serviço Social SUAS Sistema Único de Assistência Social TCC Trabalho de Conclusão de Curso TEN Teatro Experimental do Negro TSE Tribunal Superior Eleitoral UBM União Brasileira de Mulheres UNIBAN Universidade Bandeirantes UNIFESP Universidade Federal de São Paulo UPP Unidade de Polícia Pacificadora 10 SUMÁRIO INTRODUÇÃO, 11 1. Eu e elas: nós, mulheres negras, 12 2. Em dados e estatísticas: ainda nós, as mulheres negras, 20 CAPÍTULO 1 FEMINISMOS E LUTAS DAS MULHERES NAS PERIFERIAS, 26 1.1. Mulheres, mulheres negras e lutas: alguns antecedentes históricos, 27 1.2. Os turbulentos anos 1960 e as pautas feministas, 49 CAPÍTULO 2 SAINDO DA INVISIBILIDADE: MOVIMENTOS DE MULHERES NEGRAS NO BRASIL, 62 2.1. Enegrecendo a pauta feminista: debates e tensões, 63 2.2. Sobre cisões e adesões: os Encontros de Mulheres Negras, 74 2.3. Marcha de Mulheres Negras 2015, 89 CAPÍTULO 3 O SERVIÇO SOCIAL E A PAUTA DAS MULHERES NEGRAS, 98 3.1. Trajetórias de exclusão das mulheres negras, 99 3.2. O Serviço Social e a pauta das Mulheres Negras, 114 3.3. A Pauta das mulheres
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