Desenvolvimento urbano em áreas de fronteira: o caso do

Urban development in border areas: the case of Itaim Paulista

Ana Paula Koury[a], Talita Veiga Cavallari[b] Licenciado sob uma Licença Creative Commons DOI: 10.1590/2175-3369.010.003.AO13 ISSN 2175-3369

[a] Universidade São Judas Tadeu (USJT), Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, , SP, Brasil [b] Prefeitura Municipal de São Paulo, Departamento de Urbanismo e Licenciamento, São Paulo, SP, Brasil

Resumo

da cidade, para aproximar trabalho e moradia. Como esta estratégia funciona nas áreas periféricas da cidade? A política de adensamento da cidade de São Paulo propôs o aumento da área construída em regiões específicas

e pela Lei Municipal A política de adensamento da cidade de São Paulo foi definida pela Rede de Estruturação da Transformação n.º 16.402/2016 conhecida como Lei de Zoneamento. O foco deste trabalho é analisar o caso de um bairro Urbana, proposta pela Lei Municipal n.º 16.050/2014 – Plano Diretor Estratégico (PDE) — periférico, considerando que a dinâmica dessas áreas é muito diferente da dinâmica do centro da cidade, — em que políticas de desenvolvimento urbano baseadas no adensamento têm sido aplicadas há pelo menos

leste da cidade. duas décadas. O estudo de caso apresentado é o da Estrada Dom João Nery, localizada no Itaim Paulista, zona Palavras-chave: Abstract Política urbana. Plano diretor. Lei de zoneamento. Itaim Paulista. The densification policy of São Paulo City proposes an increase of built area in specific regions of the São Paulo City to connect jobs and housing. How this strategy works in the peripheral areas of the city? The policy of densification was defined by the Structuring Network of Urban Transformation (SNUT), proposed in the Municipal Law n. 16.050 / 2014 - Strategic Master Plan (SMP) and in the Municipal Law n. 16.402/2016, better known as the Zoning Law. The goal is to analyze the application of the policy in a peripheral neighborhood, considering the different dynamic in this area compared to downtown, where this type of policy has being applied for at least two decades. This article studies the case ofDom João Nery Road, in the Itaim Paulista neighborhood, east zone of São Paulo city.

Keyword: Urban policy. Master plan. Zoning law. Itaim Paulista.

APK é doutora em estruturas ambientais urbanas, Professora Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo,

TVC é mestre pelo Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade São Judas Tadeu, Secretária Universidade São Judas Tadeu, e-mail: [email protected]

executiva FUNDURB – SMUL, e-mail: [email protected]. Revista Brasileira de Gestão Urbana (Brazilian Journal of Urban Management), 2018 set./dez., 10(3), 663-676 664 Koury, A. P., & Cavallari, T. V.

Introdução a validade dos instrumentos formais de planejamento,

Paulo (São Paulo, 2014b), analisando o seu impacto de 10 de julho de 2001) (Brasil, 2001) e a obrigatoriedade noespecificamente desenho dos elementos a revisão urbanos,do Plano principalmenteDiretor de São de elaboraçãoApós a aprovação dos planos do Estatuto diretores da Cidade municipais, (Lei n.º muitos10.257, do sistema viário em uma localidade determinada, trabalhos têm avaliado criticamente os instrumentos quadro, contribuindo para o debate sobre o impacto da diretores municipais elaborados após 2001, reconhecendo políticao Itaim urbanaPaulista. e dosO presente instrumentos estudo de insere-se planejamento neste definidos pela lei federal, principalmente os planos na gestão das periferias urbanas, analisando o caso da conjunto de experiências recentes (Villaça, 2005; Martins,limites que 2006 só ;puderam ser verificados depois; Maricato, de um 2011; ; Santos & Montandon, 2011). Alguns implantação do corredor de ônibus da Estrada Dom trabalhos analisamBueno principalmente & Cymbalista, os 2007 instrumentos João Nery no bairro do Itaim Paulista, periferia leste Rolnik, 2013 da cidade de São Paulo. Este caso permite abordar informais da cidade ( ; Denaldi, 2009; o tema da participação popular na definição dos especiais de zoneamento). Também e foramseu impacto objeto denos estudo setores as instrumentos de zoneamento da cidade, em área de operações urbanas e osAbramo, mecanismos 2003 de produção de difícil desenvolvimento urbano. mais-valiaFernandes, liderados 2003 pela iniciativa privada (Somekh A política de adensamento definida & Campos, 2005). pela rede de estruturação da Desde a publicação do livro São Paulo: crescimento e transformação urbana em São Paulo pobreza ( ), um conjunto importante de trabalhos tem se dedicado ao estudo A política de adensamento da cidade de São Paulo Kowarick & Caldeira Brant, 1976 condição de crescimento urbano na precariedade de Transformação Urbana, proposta pela Lei Municipal das periferias urbanas. Estes estudos enfatizaram a n.ºfoi basicamente16.050/2014 definida pela Rede de EstruturaçãoSão Paulo, da 2014b) e pela Lei Municipal n.º 16.402/2016 assentamentos periféricos, que caracterizou a intensa — Parcelamento, Uso Planoe Ocupação Diretor do Estratégico Solo, mais ( conhecida urbanização concentrada brasileira e da maioria — — como Lei de Zoneamento (São Paulo, 2016a). dos países latino-americanos. Entretanto, pesquisas a atenção para a transformação social e espacial das A sanção das duas leis ocorreu no âmbito da realizadas a partir da década de 1980 têm chamado periferias urbanas da cidade de São Paulo, como é o São Paulo, 2002), caso do trabalho pioneiro de , 2005). o antigo Plano Diretor de São Paulo, e da revisão Por outro lado, os estudos publicados pelo Centro revisão da Lei n.º 13.430/2002 ( São Paulo, Caldeira (1984 2004 importantesda Lei de Zoneamento para o desenvolvimento n.º 13.885/2004 (urbano da nosde Estudos bairros dada Metrópole Zona Leste têm da permitidocidade de reavaliarSão Paulo a ). As novas Leis definiram diretrizes estruturais (dinâmicaMarques dos & Bichir, investimentos 2002), colocando públicos eem da questão urbanização uma parte da literatura consagrada na área de urbanismo decidade. São PauloAs dez foram: diretrizes gerais básicas adotadas pela sobre as periferias paulistanas. Pesquisa recente da revisão do PDE e pela Lei de Zoneamento da cidade , com moradores desses setores da cidade de São Paulo, apontou a 1. socializar os ganhos da produção da cidade; necessidadeFundação Perseu de ampliar Abramo as (2017)pesquisas sobre o tema 2. qualificar a vida urbana nos bairros; com o objetivo de esclarecer como os moradores 4. orientar o crescimento das cidades na3. reorganizar proximidade as dinâmicas do transporte metropolitanas; público; políticas públicas. 5. promover o desenvolvimento econômico das periferias paulistanas percebem o Estado e as da cidade; 6. incorporar a agenda ambiental Paulista (Anelli & Leitão, 2014; ) Os estudos urbanos sobre o bairro do Itaim transdisciplinares que relacionamLara & Koury,a legislação 2016 ao desenvolvimento da cidade; 7. preservar o urbanísticatêm procurado e o desenhoenfrentar da o desafiocidade. dasO objetivo interpretações é testar dospatrimônio rumos da e valorizar cidade; 9. as assegurar iniciativas o culturais; direito à 8. fortalecer a participação popular nas decisões urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana (Brazilian Journal of Urban Management), 2018 set./dez., 10(3), 663-676 664/676 Desenvolvimento urbano em áreas de fronteira 665

moradia digna para quem precisa; 10. melhorar a mobilidade urbana (São Paulo, 2015a, p. 15). A Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo

(São Paulo, 2004), revisada em 2016 (Lei Municipal n.º— Zoneamento16.402/2016) (Lei (São Municipal Paulo, 2016a n.º 13.885/2004) novo conjunto de regras para o parcelamento, uso ), definiu um e quaisocupação atividades do solo. (comércio, Isto significou serviço, alterar indústria o modo etc.) podemcomo as ser edificações instaladas devem nos diferentes ser implantadas locais da nos cidade. lotes Tanto a revisão da Lei de Zoneamento quanto a revisão da Lei do Plano Diretor, que foram aprovadas em 2016 e 2014, respectivamente, obedeceram ao princípio de participação popular. Ou seja: foram decisões compartilhadas com a população, cujo objetivo foi exatamente aproximar os instrumentos gerais de planejamento da cidade às necessidades concretas Figura 1 - Macrozonas PDE/2014 Fonte: São Paulo (2015a, p .44). e consultas públicas nas prefeituras regionais. Asda consultaspopulação. permitiram Isto foi feito incorporar através as de demandas audiências da população na revisão das leis. A plataforma on-line na página da internet “Gestão Urbana” da Secretaria adensamento ao longo dos principais eixos viários, Inserido nessas duas leis, o instrumento de aberta para recolher sugestões do público. A gestão da chamado Eixos de Estruturação da Transformação cidadede Desenvolvimento de São Paulo no Urbano período da do PMSP Prefeito também Fernando ficou os eixos viários de média ou alta capacidade como metrô,Urbana corredor (EETU), deseguiu ônibus o pressuposto ou ciclofaixas, geral existentes de que — canais de escuta para a sociedade civil, honrando os ou previstos deveriam cumprir a sua função compromissosHaddad (2013-2016) da política procurou urbana abrir,com a aodemocracia máximo, — social de modo intensificado. Assim, nessas áreas, a brasileira, que foram definidos pela Constituição Lei de Zoneamento/2016 elevou os coeficientes de Federal de 1988 através do Artigo 182, posteriormente aproveitamento. Isto significa que, nas áreas envoltórias detalhado pela Lei Federal conhecida como Estatuto da Rede Estrutural de Transporte Coletivo, que estão da Cidade em 2001. O PDE/2014 dividiu a cidade dentro da Macrozona de Estruturação Urbana, é de São Paulo em duas Macrozonas, a MacrozonaFigura 1de). permitido contruir até quatro vezes a área do terreno, Considerou-seEstruturação ea necessidadeQualificação de Urbana, adotar duase a Macrozona estratégias enquanto, no restante da macrozona, que corresponde de Proteção e Recuperação Ambiental ( à área já urbanizada da cidade, o coeficiente básico de essasaproveitamento áreas e seu é entornoapenas uma imediato: vez a áreaa fachada do terreno. ativa, opostas de atuação: no primeiro caso, a intensificação queAlém tem disso,como foramobjetivo definidos promover outros atividades incentivos ligadas para áreasde uso de em preservação áreas já urbanizadas, e de proteção, e no segundo e também caso, na a ao comércio e serviço locais; a fruição pública, que necessidade de conter o avanço da urbanização em tem como objetivo permitir o acesso da população ao interior da quadra; as calçadas mais largas, e o uso misto, chamada “zona rural” localizada ao sul do município. que tem como objetivo associar moradia e trabalho. A Rede de Estruturação da Transformação Urbana é um instrumento previsto pelo PDE/2014 e pela Lei Transformação Urbana” é aproximar emprego, moradia de Zoneamento/2016. Entre outras disposições, esta O intuito do instrumento “Eixo de Estruturação da fornece diretrizes e incentivos para o adensamento uso e a ocupação do solo, e ampliando o acesso ao e a diversificação de usos nas áreas envoltóriasFigura 2 dos). e comércio local, intensificando e diversificando o principais eixos de mobilidade localizados na Macrozona de665/676 Estruturação e Qualificação Urbana ( urbe. Revista Brasileira desistema Gestão Urbana de (Brazilian mobilidade Journal of Urban urbana. Management A), 2018proposta set./dez., visa10(3), 663-676fazer 666 Koury, A. P., & Cavallari, T. V.

frente aos principais problemas da cidade: oferta de uma melhor convivência entre os diferentes usos e uma maior segurança para os cidadãos. Os instrumentos de

moradia, localização do emprego e transporte público legislação em São Paulo são estratégias inovadoras de massa. As diretrizes geraisSão do Paulo, instrumento 2014d) e Eixo depois de planejamento e morfologia urbana definidos pela nova complementadasEstruturação da Transformação pela Lei de Zoneamento/2016, Urbana (EETU) foram que das áreas centrais da cidade. apresentadas no PDE/2014 ( queConsiderando-se trazem grandes avanços que as paraestratégias a reestruturação incluídas uso, o parcelamento e a ocupação do solo nessas áreas. definiuOutras parâmetros regulamentações mais específicos complementares para regular também o foram incorporadas pela Lei de Zoneamento, como o políticana revisão urbana da leino decampo zoneamento da democracia aproximam brasileira, os tamanho mínimo de lote, a cota máxima de terreno por enfrentandoobjetivos gerais assim do planejamentouma das principais e a realização críticas deda unidade habitacional, a proibição de muro contínuo, Villaça (2005) o tamanho mínimo de testada, as restrições para instrumentos da Lei de Zoneamento em um padrão vagas de garagem e a largura mínima das calçadas. periférico de , assentamentoscumpre verificar informaisa operatividade com dosum importante desenvolvimento e economia local, em parte baseados na informalidade, como é o caso do As medidas complementares foram definidas com o objetivo de proporcionar, para a região dos Eixos de Estruturação da Transformação Urbana (EETU), Itaim Paulista e da Estrada Dom João Nery.

Figura 2 - Eixos de Estruturação da Transformação Urbana PDE/2014 Fonte: São Paulo (2015a, p. 68). urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana (Brazilian Journal of Urban Management), 2018 set./dez., 10(3), 663-676 666/676 Desenvolvimento urbano em áreas de fronteira 667

Zoneamento em área de fronteira: o caso do Itaim Paulista ). de OsTransporte eixos correspondem Estrutural, formada aos “Arcos”,pelas marginais sendo: (orla fluvial) e pelas ferrovias (orla ferroviária) (Figura 3 ao extremo leste da cidade pela Avenida Marechal Tito, O Itaim Paulista, assim como a maior parte das zonas paraleloda marginal à linha do Rio Férrea Tietê (Arco Tietê);Leste); da da conexão Marginal viária do leste e oeste da cidade de São Paulo, está localizado na Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana. extremo sul da cidade (Arco Jurubatuba); da Marginal do Rio (Arco Pinheiros); da conexão viária ao eSegundo de uso ea definiçãoocupação do do PDE/2014, solo, existentes esta é nasa Macrozona diversas que reúne os padrões diferenciados de urbanização e da Avenida Jacu-Pêssego (Arco Jucu Pêssego). Tamanduateí ou Avenida do Estado (Arco Tamanduateí), reunida a grande desigualdade socioespacial de — regiões da cidade. Nesta Macrozona, se apresenta ocupaçõesAs Macroáreas das periferias de Qualificação urbanas emda Urbanizaçãoseus diferentes e de Redução da Vulnerabilidade correspondem às São Paulo, caracterizada pelos antigos padrões de graus de consolidação e de vulnerabilidade. urbanização, definidos como centros e periferias. está consolidada, os objetivos gerais são: i) promover conjuntosNa Macrozona chamados de Estruturação de Macroáreas. e Qualificação A Macroárea Urbana, No caso das Macroáreas cuja urbanização ainda não os padrões de urbanização foram agrupados em quatro e a conservação ambiental, com a possibilidade de da cidade e aos bairros ao seu redor. A Macroárea mudançasuma convivência provenientes mais equilibrada de grandes entre obras a urbanização públicas e de Urbanização Consolidada corresponde ao centro privadas; ii) promover sistemas de transporte coletivo de Estruturação Metropolitana corresponde à Rede

Figura 3 - Macroáreas PDE/2014. À esquerda, estão as macroáreas contidas na Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana, e à direita, as macroáreas contidas na Macrozona de Proteção e Recuperação Ambiental Fonte: São Paulo (2015a, p. 44).

urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana (Brazilian Journal of Urban Management), 2018 set./dez., 10(3), 663-676 667/676 668 Koury, A. P., & Cavallari, T. V.

e de infraestrutura; iii) orientar os processos da reestruturação urbana, possibilitados pelas novas leis; iv) fortalecer as bases da economia local e regional; comde urbanização, São Miguel Paulista, definidos à esquerda, como eMacroáreas é formado pelo de Qualificação da Urbanização. O primeiro faz divisa urbana, e vi) diminuir as desigualdades entre os distritosv) eliminar quanto e reduzir a oferta as situações e distribuição de vulnerabilidade dos serviços, eixo da Rua Pedro Meira. O segundo eixo é polarizado equipamentos e infraestruturas urbanas. Outro objetivo pela Rua Tibúrcio de Souza, a algumas quadras geral, que se aplica a todas as Macroáreas, inclusive abaixo da Avenida Rio Massambu, e a terceiro eixo é polarizado pela divisa do bairro com o Município de . Apesar da varidedade de padrões de àquelas de urbanização já consolidada,Figura é manter, 4 proteger daurbanização Vulnerabilidade existente Urbana no Bairro, (Figura a maior 5). parte ainda pore requalificar três Macroáreas. as zonas A exclusivamente Av. Marechal Tito, residenciais. que é um pertence ao padrão relativo à Macroárea de Redução importanteA região doeixo Itaim de ligaçãoPaulista estrutural ( ) do define-se bairro A Estrada Dom João Nery situa-se majoritariamente na Macroárea de Redução da Vulnerabilidade Urbana, no sentido leste-oeste, faz parte da Macroárea de sendo que, próximo à Avenida Marechal Tito, a Estrada Estruturação Metropolitana. No bairro, há três polos corta a Macroárea de Estruturação metropolitana e,

Figura 4 - Localização da Prefeitura Regional Itaim Paulista no Município de São Paulo Fonte: Alunos da Universidade São Judas Tadeu, 2015. urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana (Brazilian Journal of Urban Management), 2018 set./dez., 10(3), 663-676 668/676 Desenvolvimento urbano em áreas de fronteira 669

Figura 5 - Macroáreas: 1. Estruturação Metropolitana. 2. Qualificação da Urbanização Consolidada. 3. Redução da Vulnerabilidade Urbana Fonte: Mapa de desenvolvimento urbano (PDE/2014) (São Paulo, 2014d) com intervenções das autoras.

de mobilidade urbana, com a integração entre os logo ao sul, faz limite com a Macroárea de Qualificação sistemasInteresse deSocial, transporte e v) melhorar coletivo, e completar ferroviário, o sistema viário, da Urbanização polarizada pela Rua Tibúrcio de Souza. cicloviário e de circulação de pedestres. pelaA existência Macroárea de Reduçãoelevados da índices Vulnerabilidade de vulnerabilidade Urbana, na social;qual a Estrada baixos Domíndices João de Nery desenvolvimento se encontra, caracteriza-se humano, e ocupação dos lotes, ao longo do corredor de ônibus ocupação por população predominantemente de baixa Em relação ao zoneamento, as diretrizes de renda, em assentamentos precários e irregulares, além de carência na oferta de serviços, equipamentos proposto, são definidas pela Zona Eixo de Estruturação e infraestruturas urbanas, dentre as quais se destaca da Transformação Urbana Previsto (ZEUP), que visa promover o adensamento populacional, a diversificação irregularidades fundiárias presentes no bairro são as espaçosde atividades, públicos. a intensificação da economia, a oferta moradiasa insuficiência em área de de transporte risco geológico, coletivo. que As corresponde principais de serviçosPara que públicos o adensamento e a qualificação populacional paisagística seja efetivo, dos às áreas de inundação dos seis córregos que cortam a região administrativa. de Aproveitamento Máximo, que pode chegar a 4, seo Zoneamento atendidos todos previu, os pararequisitos a ZEUP, estabelecidos um Coeficiente no São Paulo, 2014b), com VulnerabilidadeOs objetivos Urbana específicos são: i) fortalecer definidos a capacidade para o dedesenvolvimento proteção social urbano a partir da de Macroárea melhorias denas Redução condições da Artigo 83 da Lei n.º 16.050 ( de vida, de convivência e de acesso às políticas públicas; um gabarito máximo igual a 28 metros e uma Taxa de Ocupação de 0,85. Mobilidade em área de fronteira: o caso do ii) incentivar usos não residenciais nos Eixos de corredor perimentral São Mateus/Itaim Paulista Estruturação da Transformação Urbana e centralidades de bairro, para gerar empregos e reduzir a distância O Corredor de Ônibus nomeado Sistema precários,entre moradia para atraire trabalho; e implantar iii) promover serviços, a equipamentos urbanização e regularizaçãoinfraestrutura fundiária urbana completa, dos assentamentos e assim, garantir urbanos a segurança; iv) promover a construção de Habitação de grandePerimetral empreendimento Itaim Paulista/São que está Mateus integrado -Trecho a uma III, que passa pela Estrada Dom João Nery, é parte de um urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana (Brazilian Journal of Urban Management), 2018 set./dez., 10(3), 663-676 669/676 670 Koury, A. P., & Cavallari, T. V.

proposta abrangente de melhoria das condições de Zoneamento, em seu compromisso com a ampliação mobilidade da região metropolitana de São Paulo. da democracia através da política urbana. Sua implantação serviria para melhorar as condições O Plano de Mobilidade Urbana de São Paulo é um gerais de mobilidade da cidade de São Paulo e dos documento elaborado pela Secretaria Municipal de Transportes (SMT) com a participação da São Paulo

municipios que fazem parte do sistema metropolitano, impactando significativamente a população da região empreendimentosTransportes S/A (SPTrans) ligados e ao da sistema Companhia de mobilidade de Engenharia da (eSão as 373.127Paulo, 2010 pessoas) (Figura que 6moram). no Itaim Paulista, cidade.de Tráfego Assim, (CET), incorpora entre 2013 propostas e 2015, anteriores,para a gestão como dos segundoO projeto as estimativas foi aprovado oficiais em 2016, da porprefeitura meio do regional Decreto é o caso do Programa Municipal de investimentos e São Paulo, 2016b), que instituiu o Plano ações para a melhoria do transporte público coletivo de Mobilidade da Cidade de São Paulo (PlanMobSP/2015) e do trânsito para a cidade de São Paulo (São Paulo, (Sãon.º 56.834/2016 Paulo, 2015b ( ). O PlanMobSP/2015 baseia-se ), estabelecendo as prioridades e os objetivos Brasil, 2012), que gerais da política de mobilidade urbana da cidade. 2013aO Programa Municipal de investimentos e ações na Lei Federal n.º 12.587/2012 ( baseia-se em um extensivo diagnóstico que, entre outras deinstituiu Mobilidade a Política Urbana Nacional vinculado de Mobilidade ao Plano Urbana,Diretor coisas, indica a piora das condições de mobilidade de dea qual, Desenvolvimento por sua vez, determina Urbano. O a Planoelaboração de Mobilidade do Plano Urbana de São Paulo, tem como objetivo contribuir aponta, como causas, a sobrecarga e a má qualidade do sistematoda a Região viário existente,Metropolitana e a carência de São de Paulo atendimento (RMSP) às e demandas por transporte público em algumas partes para universalizar o acesso à cidade, auxiliando na concretização das diretrizes do PDE e da Lei de

Figura 6 - Área de Influência do Eixo de Transformação da Estruturação Urbana (ZEUP) no Corredor da Estrada Dom João Nery Fonte: Mapa dos Eixos de Estruturação Metropolitana Lei n.º 16.050/2014 (São Paulo, 2018) com intervenções das autoras. urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana (Brazilian Journal of Urban Management), 2018 set./dez., 10(3), 663-676 670/676 Desenvolvimento urbano em áreas de fronteira 671 da cidade. Segundo o relatório, as consequências além do aumento do tempo de viagens são o induscutíveis. O sistema Leste 2, que implica na ligação aumento dos gastos com transporte, o aumento do As vantagens trazidas pela implantação do Plano são número— de acidentes graves e o aumento da poluição— ambiental, entre outras ( ). região.entre os A terminais ligação entre do Itaim os municípios Paulista e de de São Guarulhos, Mateus, traria grande benefício para todos os moradores da São Paulo, 2013a O Corredor de Ônibus do Sistema Perimetral Itaim mobilidadeSanto André dae São Cidade Bernardo, de São além Paulo. dos benefícios diretos, também reduziria muito a sobrecarga no sistema de Paulista/São MateusPrograma -Trecho Municipal III, que passa de investimentos pela Estrada, Portanto, no caso dos planos de mobilidade da queDom previu João Nery,a implantação faz parte de de 25 um corredores conjunto de de ônibus ações e cidade de São Paulo, parece haver uma clara integração 20definidas terminais. pelo A implantação do programa foi dividida entre a política setorial de mobilidade e o planejamento em duas etapas: a primeira, sob responsabilidade de geral da cidade, uma conquista importante dos planos SP Obras, incluía 10 corredores e cinco terminais, e a diretores municipais implementados após a vigência segunda, sob a responsabilidade da SP Trans, incluía 10 corredores (129 quilômetros) e 15 terminais. ocorreu em muitas cidades, no caso de São Paulo, as escalasdo Estatuto municipais da Cidade. e metropolitanas Mas, ao contrário de planejamento do que foi dividida em quatro regiões (Sul 1, Sul 2, Leste 1 e da rede encontram-se articuladas, o que representa Esta etapa a ser implantada pela SPTrans, por sua vez, um avanço no quadro geral dos planos diretores perimetrais: i) Bandeirantes - Salim Farah Maluf; municipais, relatado por Santos & Montandon (2011, Leste 2). A Região Leste 2 é composta por três sistemasAv. João São Mateus p. 45-46). Mas, afinal, qual o problema do corredor de ii) Itaim Paulista - São Mateus (trecho por II um — corredor ônibus da Estrada Dom João Nery no Itaim Paulista? radialBatista Conti), e iii) Itaim Paulista — Avenida José(trecho Pinheiros III - Estrada Borges), Dom João e por Nery) três — terminais: São O caso da estrada Dom João — Corredor Radial Leste (trecho III — ). Nery no Itaim Paulista

Mateus, Vila Mara e Itaim Paulista (São Paulo, 2013b O licenciamento dos terminais e dos sistemas O projeto do Corredor BRT Metropolitano Perimetral ALeste ideia já desteestava corredor previsto pelaé promover Empresa a Metropolitanaligação direta de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU). doviários Meio Leste Ambiente 2, que einclui Desenvolvimento o trecho da Estrada Sustentável Dom João Nery, foi aprovado pelo Conselho Municipal Metropolitana de São Paulo: o ABC e o município de entre dois importantes polos industriais da Região ), que dispôs Guarulhos, diferenciando-se da maioria dos corredores (CADES) através da Resolução n.º 158/CADES/2014 de 27 de novembro (São Paulo, Obras 2013c Viárias, Drenagem sobre o Parecer Técnico 067/CADES/13, elaborado Lesteexistentes, pretende que interligartêm ponto dois de grandesorigem oucorredores ponto final de na região central de São Paulo. O BRT Perimetral pela Câmara Técnica II — ônibus: o Corredor ABD (São Mateus Jabaquara, que e Transporte, a qual analisou o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) dos Terminais e Sistemas Viários Metropolitano Guarulhos São Paulo— (já concluído inclui a Estrada Dom João Nery) e o futuro Corredor da Região Leste 2. O Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CADES), de que ocorra mudança do— padrão de deslocamentos, em sua primeira etapa, em 2013), com uma expectativa empreendedor,através da Resolução as seguintes: 158 (São Paulo, 2013c, p. 37), definiu, entre as exigências a serem cumpridas pelo de parada na área central da Cidade de São Paulo. reduzindo assim o número de viagens com EMTUponto Municipal de Saúde, relativa aos equipamentos Atividades ( ) a serem transportados sociais17-) Apresentar sob sua responsabilidade, a Manifestação da diretamente Secretaria diariamenteOs 175 mil usuários pelo novo previstos Corredor pelo ABD relatório (São Mateus afetados pela implantação dos Corredores da São Paulo, 2013 terão acesso facilitado ao sistema metro-ferroviário metropolitano— Jabaquara, que já existente. inclui a Estrada Dom João Nery) UnidadeRegião Leste Básica 2, de quais Saúde sejam: Chabilândia Unidade (parcial). Básica de Saúde Dom João Neri (remanejamento) e urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana (Brazilian Journal of Urban Management), 2018 set./dez., 10(3), 663-676 671/676 672 Koury, A. P., & Cavallari, T. V.

em várias regiões da cidade. A Lei prevê uma faixa de desapropriação de cerca de quarenta metros, como sociais18-) Apresentar sob sua responsabilidade, a Manifestação da diretamente Secretaria afetadosMunicipal pela de Educação, implantação relativa dos aos Corredores equipamentos da consta nas plantas n.º 26.964/1 a 5, Classificação desapropriaçõesD-307, anexa à Lei. parciais A faixa de e desapropriaçãototais, como podemos máxima FalconeRegião Leste (parcial) 2, quais ( sejam: EMEI). Profª Doracil observarchega a 48 nas metros, Figuras correspondendo 9 e 10. a 58 lotes entre Dina Benício (parcial) e EMEF Padre Chico A Lei Municipal n.º 16.020/2014Figuras 7 e 8 de 2 de Julho (São Paulo, 2014c) aprovou e regulou os melhoramentos públicas para discussão do corredor. A Central Leste Em novembro de 2014, foram realizadas as audiências necessários à implantação do Plano de Mobilidade ). de Notícias, através de matéria assinada por Vander Ramos, em 19/11, relata o evento (Ramos, 2014 paraA matéria receber foi contribuições publicada ao parafinal oda edital audiência de construção pública realizada pela SPTrans (São Paulo Transportes S/A),

do Terminal de Ônibus Itaim Paulista e do Corredor daPerimetral área necessária Itaim Paulista/São para a implantação Mateus, pelado Plano Estrada de MobilidadeDom João Nery. Urbana Segundo da Prefeitura, a matéria, naa área desapropriação foi dividida

pelo Tribunal de Contas do Município, que questionou a Figura 7 - UBS Dom João Nery. Estrada Dom João Nery, 3462 origemem dez lotes;dos recursos contudo, para no ainício, implementação a proposta dofoi sistema.barrada Fonte: Google Street View (2017). que o corredor seria implantado e relata “a manobra Na época da matéria, o autor parecia convencido de As desapropriações incluiriam as escolas e os postos de saúdeda prefeitura” citados na para resolução conseguir da aprovação viabilizar do o Corredor, projeto. e também afetariam as residências e o comércio local

A matéria apresenta o depoimento de um morador consolidados ao longo da Estrada Dom João Nery. contrários ao projeto. Coqueiro, à época, era presidente Figura 8 - EMEF Padre Chico Falconi. Rua Brilho do Sol, 96 esquina com e de um representante local, Edson Coqueiro, ambos Estrada Dom João Nery Conselheiro Participativo Municipal, depois candidantando- Fonte: Google Street View (2017). da Associação dos Empresários do Itaim Paulista e

se a vereador pelo PRB, nas eleições de 2016.

Figura 9 - Planta n.º 26.964, em destaque a faixa de desapropriação prevista Fonte: São Paulo (2014a). urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana (Brazilian Journal of Urban Management), 2018 set./dez., 10(3), 663-676 672/676 Desenvolvimento urbano em áreas de fronteira 673

Figura 10 - Mapa de Zoneamento Lei n.º 16.402/2016. Detalhe do mesmo trecho da Estrada Dom João Nery mostrando a desapropriação sobre a área ZEIS 1 Fonte: Mapa das Zeis Lei n.º 16.402/2016 (São Paulo, 2018) com intervenções das autoras.

Setores ligados ao comércio local não estavam transformação urbana, embora todos estivessem deseguros acordo dos sobre benefícios a necessidade do empreendimento da ligação proposta. de corredor proposto eliminaria cerca de 10 mil empregos entreEstimativas as desapropriações trazidas pelos protestantes da área da apontavam Av. Marechal que o Tito, na qual seria construído o novo terminal, e da

Estrada Dom João Nery, para a ampliação do viário. Figura 11 - Marginal do Córrego do Lajeado no cruzamento com a Estrada Os protestos realizados na Câmara Municipal de São Dom João Nery. Observa-se o desmoronamento da margem Paulo buscaram alterar a localização do corredor Fonte: Google Street View (2017). de ônibus, deslocando seu trajeto da Estrada Dom comunitáriasJoão Nery para e protestos as margens na Câmara do córrego Municipal do Lajeado de São Paulo,(PL 17/2014). para então Foram ser aprovado quatro um meses texto desubstitutivo, reuniões ) foi decomércio que 241 e domicílios serviços. A afetados previsão seriam inicial transferidos do Relatório para de Impacto Ambiental da SPTrans (São Paulo, 2013b condicionando-a à análise de viabilidade prévia. Ascom margens a alteração do Lajeado da localização que aparecem do nacorredor, Figura 11 mas a Estrada do Iguatemi e para a região sul da estrada como as dos demais córregos das periferias urbanas de população de baixa renda. Por meio da pressão Dom João Nery, onde, atualmente, há predominância estão ocupadas por “aglomerados subnormais”,— dos setores locais que se sentiram ameaçados pelas isto é, um conjunto de habitações precárias em áreas obras de desenvolvimento urbano, condenou-se a de— risco. As famílias seriam removidas, de qualquer iniciativa; note-se que, no atual quadro de crise do modo, pela Prefeitura e algumas destas, inclusive, país, não parece haver qualquer novo interesse para

As desapropriações necessárias para a implementação A consolidação das periferias urbanas, atualmente já haviam recebido indenizações para deixar o local. servidasrealizar apor ligação comércio prevista local, no serviços Sistema e equipamentos,Leste 2. do corredor da Estrada Dom João Nery iriam incidir em  zonas673/676 com ocupação já consolidada por residencias,urbe. Revista Brasileira dese Gestão fez Urbana de ( Brazilianforma Journal lenta of Urban e Managementárdua, ),com 2018 set./dez.,o empenho 10(3), 663-676 da 674 Koury, A. P., & Cavallari, T. V.

no local. O uso misto proposto e o aumento das e mesmo através do esforço próprio e da autoajuda, áreas residencias e de habitação de interesse social, sociedade civil na reivindicação das ações do Estado próximas ao corredor, também, em tese, trariam uma

importantesinclusive para para as obras o bairro, de urbanização, ao longo de algumasvias como das a associados a um projeto de desenvolvimento local quais realizadas por sistema de mutirões. Centralidades integradoreconfiguração a um plano urbana de microeconomiaimportante para comunitária. o local, se com propostas de desenvolvimento urbano, que certamenteEstrada Dom funcionariam João Nery, podem como de atrativo fato ser ameaçadasde capitais o desenvolvimento imobiliário em áreas periféricas e empregos em áreas centrais. Por outro lado, a não Entretanto, a ausência de estratégias específicas para implementação do sistema Leste 2 reforça a segregação democracia urbana. espacial tão característica das relações entre centro temA significadoforma participativa um gargalo de revisão para do a Planorealização Diretor da e e periferia, na cidade de São Paulo. da Lei de Zoneamento foi um diferencial no processo de Martins (2006 elaboração e aprovação dessas duas importantíssimas as interações entre a região metropolitana de São leis para o desenvolvimento urbano do município de São , p. 285-288), em seu estudo sobre São Paulo, 2014b) procurou corrigir as distorções do processo participativo, daPaulo realidade e o sistema urbana”. social, O identificaautor acrescenta a presença que do o Paulo. A revisão do PDE ( “direito“protagonismo à cidade” do Estado”e a “cidade no “modelo mercado”, hegemônico “embora (São Paulo, 2002). Villaça (2005 ocupem posições antagônicas no campo” da disputa que foram apontadas duranteSão a Paulo, elaboração 2002 ),do houve PDE política, possivelmente funcionem “em solidariedade , p. 85) ressalta que, para a elaboração do PDE ( apenas uma reunião para toda a zona leste, isto é, renovaçãoorgânica”, quandourbana, transpostosdevida à pouca à espacialização atratividade aos da 11 subprefeituras e cerca de 3,7 milhões de pessoas, capitaissociedade imobiliários, de classes. Nesteseriam, sentido, por este as motivo, áreas de menos difícil que na época correspondiam a 35,4% da população atrativas para os mecanismos de renovação urbana municipal. A revisão do PDE (2014) procurou corrigir recolheuessa distorção 49 contribuições e, em 20 de julho ( de 2013, a audiência obras viárias, aumentando as relações de mobilidade pública no Itaim Paulista contou com 207 pessoas e entreque geralmente os indivíduos impulsionam e a cidade. a ação do Estado nas local em relação à implantaçãoFernandes, do corredor2017, p. 28). de Entretanto, os protestos registrados pela imprensa os processos participativos e a preocupação com o O desenho do conflito ônibus na Estrada Dom João Nery demonstram que

É inegável que o conjunto de obras previstas, desenvolvimento local presentes nas diretrizes de composto por um terminal e um corredor de ônibus deelaboração desenvolvimento da revisão da do cidade PDE não e os foram setores suficientes sociais ligando a atual estação da CPTM que hoje é a para evitar os conflitos entre as diretrizes gerais principal conexão do bairro com o centro da cidade — urbanos representativos no Itaim Paulista. sul, completaria uma importante rede de integração Por outro lado, a solução do conflito entre o plano intermodal— com o terminal da região de São leste Mateus, com o localizado centro da maiscidade. ao parade mobilidade a via marginal e estes ao Córrego setores dono Lajeado. Itaim Paulista A alteração foi o ocorredeslocamento na contramão do corredor das políticas da Estrada ambientais, Dom João as quaisNery sistema geral de mobilidade da cidade de São Paulo pretendem mitigar os graves problemas de abastecimento A integração mais eficiente do Itaim Paulista ao de água que a cidade de São Paulo enfrentará no futuro. Mas, tampouco, a agenda ambiental havia sido dinamizariaPara a implantação a economia dolocal corredor, em uma comoperspectiva previsto de longo e médio prazo. uma grande área de desapropriação, e a possibilidade de incorporada no Projeto de mobilidade realizado pela inicialmente, na Estrada Dom João Nery, seria necessária EMTU-SP Trans. As estratégias do zoneamento e da Figura 10 da Lei de Zoneamento, se mostra essencial daspolítica áreas urbana de risco, ainda ao estão longo longe dos córregos de serem urbanos eficientes e paraelavação que doa população Coeficiente desapropriada de Aproveitamento, seja reassentada conforme daspara áreas enfrentar de proteção a pressão ambiental. demográfica e a ocupação urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana (Brazilian Journal of Urban Management), 2018 set./dez., 10(3), 663-676 674/676 Desenvolvimento urbano em áreas de fronteira 675

Paulista Universidade São Judas Tadeu. (Relatório de Iniciação Científica). São Paulo: LajeadoOs prejuízos não foram ambientais reclamados decorrentes por nenhum do deslocamento dos lados do corredor da Av. Dom João Nery para o Córrego do Percepções e valores políticos nas periferias de São Paulo. São Paulo. longe de ter um lugar de destaque na democracia Fundação Perseu Abramo. (2017). urbanado conflito brasileira. urbano que desenha a cidade e ainda estão

Google Street View. (2017). Acesso em 26 de agosto de 2017, de https://www.google.com.br/intl/pt/streetview/São Paulo Referências 1975 crescimento e pobreza Kowarick, L., & Caldeira Brant, V. (Ed.) (1976). A cidade da informalidade. O . São Paulo:Planejamento Edições Loyola. versus desafio das cidades latino-americanas Participação: um falso dilema Abramo, P. (Ed.) (2003). Lara, F., & Koury, A. P. (Ed.) (2016). . Rio de Janeiro: . Austin- Belo Horizonte: Livraria Sette Letras/FAPERJ. Nhámerica Press. O impasse da política urbana no Urbanos: desafios para o desenvolvimento do Plano Brasil Anelli, R., & Leitão, A. (2014). Corredores Ambientais Maricato, E. T. (2011). . Petrópolis: Vozes. metropolitana, regional e local. Anais do III Enanparq (pp. Diretor Estratégico de São Paulo, articulando as escalas públicos, infra-estrutura urbana e produção da periferia Marques, E. C., & Bichir, R. M. (2002). Investimentos em São Paulo. Revista Espaço e Debates Brasil. (2001, 11 de julho). ° 1-16). São Paulo: ANPARQ. Lei n 10.257, de 10 de julho Martins, J. D. (2006). As Regras da Metrópole:, 42, 9-30. o campo de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição urbanístico e a ordem social na Região Metropolitana de São Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá Paulo outras providências. Brasília: Diário Oficial da União, seção 1. Universidade de Brasília, Brasília. (Tese de doutorado). Instituto de Ciências Sociais, Brasil. (2012, 4 de janeiro). Lei n° 12.587 de 3 de janeiro de Prefeitura retoma projeto do corredor 2012. Institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade e terminal de ônibus no Itaim Paulista. São Miguel Urbana. Brasília: Diário Oficial da União, seção 1, p. 1. Ramos, V. (2014). http://www.saomiguelpaulista.com.br/portal/index. Planos Diretores: Paulista. Recuperado em 5 de setembro de 2014, de novos conceitos de planejamento territorial. São Paulo: Bueno, L. M. M., & Cymbalista, R. (2007). Annablume. php?secao=news&id_noticia=2718&subsecao=410 Anos do Estatuto da Cidade: das Lutas pela Reforma Urbana às Cidades da Copa do Mundo. São A política dos outros: o cotidiano Rolnik, R. (2013). dos moradores da periferia e o que pensam do poder e dos Caldeira, T. P. R. (1984). poderosos. São Paulo: Brasiliense. Paulo. Recuperado em 4 de março de 2015, de https:// estatuto-da-cidade.pdf Cidade de Muros: crime, segregação raquelrolnik.files.wordpress.com/2013/07/10-anos-do- Os Planos e cidadania em São Paulo Caldeira, T. P. R. (2005). Diretores Municipais pós-estatuto da cidade: balanço crítico Santos, O. A. Jr., & Montandon, D. T. (Ed.) (2011). . São Paulo: Editora 34/Edusp. e perspectivas Política das Cidades. Denaldi, R. (2009). Estratégias de enfrentamento do . Rio de Janeiro: Letra Capital; Observatório habitacional e a integração urbana de assentamentos problema: favela. In Brasil. Ministério das Cidades. São Paulo (Cidade). (2002, 14 de setembro). Lei n° precários: parâmetros conceituais, técnicos e metodológicos. 13.430/2002 de 13 de setembro de 2002. Institui o Plano Brasília: Ministério das Cidades. Diretor Estratégico e o Sistema de Planejamento e Gestão do Desenvolvimento Urbano do Município de São Paulo. São Paulo: Diário Oficial do Município de São Paulo, ano Fernandes, E. (2003). Perspectivas para a renovação das A cidade da informalidade. O desafio das cidades latino- políticas de legalização de favelas no Brasil. In P. Abramo americanas (Ed.), 47,São n.Paulo 175. (Cidade). (2004, 6 de outubro). Lei n° 13.885/2004 . Rio de Janeiro:Participação Livraria Sette Popular Letras/FAPERJ. na Revisão de 25 de agosto de 2004. Estabelece normas complementares do Marco Regulatório Urbanístico. Estudo de caso: Itaim ao Plano Diretor Estratégico, institui os Planos Regionais Fernandes, J. S. (2017). urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana (Brazilian Journal of Urban Management), 2018 set./dez., 10(3), 663-676 675/676 676 Koury, A. P., & Cavallari, T. V.

Estratégicos das Subprefeituras, dispõe sobre o parcelamento, disciplina e ordena o Uso e Ocupação do Solo do Município sp.gov.br/arquivos-pde-biblio/ em 27 de agosto de 2017, de http://gestaourbana.prefeitura. de São Paulo. São Paulo: Diário Oficial do Município de São São Paulo (Cidade). (2015a). Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo: lei municipal n° 16.050, de 31 de Paulo,São Paulo ano 49, (Cidade). n. 189. (2010). Infocidade. População julho de 2014. Texto da lei ilustrado. São Paulo: Prefeitura Recenseada,Taxas de Crescimento Populacional e Densidade Demográfica. Município de São Paulo, Subprefeituras e Distritos http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/ Municipal. Recuperado em 4 de setembro de 2017, de Municipais, 1980, 1991, 2000 e 2010. São Paulo: Prefeitura

uploads/2015/01/Plano-Diretor-Estrat%C3%A9gico- da-lei-ilustrado.pdf Municipal. Recuperado em 5 de setembro de 2017, de Lei-n%C2%BA-16.050-de-31-de-julho-de-2014-Texto- http://infocidade.prefeitura.sp.gov.br/htmls/7_populacao_ São Paulo (Cidade). (2015b). Plano de Mobilidade de São recenseadataxas_de_crescimento_1980_10745.htmlPrograma Municipal de Paulo - PlanMob/2015. São Paulo: Prefeitura Municipal. Investimentos e Ações para Melhoria do Transporte Público. São Paulo (Cidade). (2013a). prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/chamadas/ Recuperado em 5 de setembro de 2017, de http://www. São Paulo: Secretaria MunicipalTerminais de Transportes e Sistemas - SPTRANS. Viários da Região Leste 2. Estudo de Impacto Ambiental. São Paulo: planmobsp_v072__1455546429.pdf Lei n° 16.402/2016 São Paulo (Cidade). (2013b). de 22 de março de 2016. Disciplina o parcelamento, o uso São Paulo (Cidade). (2016a, 23 de março). e a ocupação do solo no Município de São Paulo, de acordo Secretaria Municipal de Transportes - SPTRANS.Resolução n° com a Lei nº 16.050, de 31 de julho de 2014 – Plano Diretor 158/CADES/2013 de 27 de novembro de 2013. São Paulo: São Paulo (Cidade). (2013c, 29 de novembro). Estratégico (PDE). São Paulo: Diário Oficial Cidade de São Paulo, ano 61, n. 54. Diário Oficial Cidade de São Paulo, ano 58, n. 26,Projeto p. 35-38. de São Paulo (Cidade). (2016b, 25 de fevereiro). Decreto n° Lei n° 01-00017/2014. Aprova melhoramentos viários São Paulo (Cidade). (2014a, 8 de fevereiro). 56.834/2016 de 24 de fevereiro de 2016. Institui o Plano necessários à implantação de corredores de ônibus e obras Municipal de Mobilidade Urbana de São Paulo – PlanMob/ viárias complementares. São Paulo: Diário Oficial da Cidade SP 2015. São Paulo: Diário Oficial Cidade de São Paulo,

deSão São Paulo Paulo, (Cidade). ano 59, (2014b, n. 27. 1 de agosto). Lei n° 16.050/2014 ano 61, n. 35. Mapa Digital da Cidade de São de 31 de julho de 2014. Aprova a Política de Desenvolvimento Paulo Urbano e o Plano Diretor Estratégico do Município de São São Paulo (Cidade). (2018). http://geosampa.prefeitura.sp.gov. Paulo e revoga a Lei nº 13.430/2002. São Paulo: Diário . São Paulo: Prefeitura Municipal. Recuperado em 16 br/PaginasPublicas/_SBC.aspx Oficial Cidade de São Paulo, ano 59, n. 140 (suplemento). de maio de 2018, de Empresa Metropolitana de Lei n° 16.020/2014 Transportes Urbanos, EMTU: Atividades. São Paulo: Governo de 02 de julho de 2014. Aprova melhoramentos viários São Paulo (Estado). (2013). São Paulo (Cidade). (2014c, 3 de julho). necessários à implantação de corredores de ônibus e obras viárias complementares; aprova e altera planos de do Estado. Recuperado em 5 de setembro de 2017, de http:// melhoramentos e alinhamentos viários nos Distritos de www.emtu.sp.gov.br/EMTU/pdf/ATIVIDADES-2013.pdf Capão Redondo, Campo Limpo, Penha, Carrão, Aricanduva, local e projetos urbanos. Arquitextos Somekh, N., & Campos Neto, C. M. (2005). Desenvolvimento São Mateus, , , Ipirange, Limão, , 5. Recuperado em 5 Belenzinho, Perdizes, Santo Amaro, Sapopemba e Cangaíba, de setembro de 2017, de http://www.vitruvius.com.br/ e estabelece providências correlatas bem como revoga as revistas/read/arquitextos/05.059/470Villaça, F. (2005). As ilusões do Plano Diretor São Paulo. leis que especifica. São Paulo: Diário Oficial Cidade de São Paulo, ano 59, n. 120. São Paulo: Edição do autor. São Paulo (Cidade). (2014d). Mapa de desenvolvimento urbano (PDE/2014) 2017 Recebido: Set. 06, 2017 . São Paulo: Prefeitura Municipal. Recuperado Aprovado: Dez. 27, urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana (Brazilian Journal of Urban Management), 2018 set./dez., 10(3), 663-676 676/676