O Beatle por trás das lentes: a intencionalidade de Grossman durante a visita dos garotos de Liverpool aos Estados Unidos

Diogo Xavier Saes Paulo César Boni

Resumo: O estudo aqui proposto debruça-se sobre a primeira visita do quarteto britânico, , aos Estados Unidos, incluindo sua apresentação no programa televisivo de Ed Sullivan, em 1964. Analisando duas fotografias de Henry Grossman sobre o fato, com o amparo da metodologia da intencionalidade da comunicação, aflorou-se a compreensão de como o fotógrafo registrou o acontecimento e qual linguagem técnica e elementos de composição visual foram aplicados nas imagens.

Palavras-chave: Fotografia. Intencionalidade de comunicação. The Beatles. Henry Grossman.

Abstract: The Beatle behind the lens: the Grossman’s intentionatily during the liverpool’s boy’s visit to the USA. The study presented here focuses on the first visit of the British quartet, The Beatles, to the USA and its presentation at the Ed Sullivan TV show in 1964. Analyzing two photographs taken by Henry Grossman about the fact, with the support of the methodology of the intentionality of communication, it was possible to understand how the photographer captured the event and which technical language and visual composition elements were applied on the images.

Keywords: Photograph. Communication intentionatily. The Beatles. Henry Grossman.

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Introdução

Fenômeno. Esta é uma das definições dada à banda fundada em Liverpool, The Beatles, que desbravou o mundo com suas músicas, estilos e mensagens. Neste processo de rompimento das fronteiras geográficas, The Beatles fizeram sua primeira visita aos Estados Unidos em Fevereiro de 1964 e foram assistidos no programa de Ed Sullivan – – por aproximadamente 74 milhões de espectadores – quase metade da população norte-americana da época –, estabelecendo um recorde de audiência. Henry Grossman, fotógrafo que acompanhou o quarteto britânico principalmente entre 1964 e 1968, registrou a primeira vez que os sapatos de McCartney, Lennon, Harrison e Starr tocaram o solo americano, e sua apresentação no referido programa de televisão. Este registro fotográfico de um acontecimento de grande representatividade para o universo musical é uma fonte interessante para a compreensão de como os então meninos do norte da Inglaterra eram vistos pelo público. Ao longo da carreira dos The Beatles, a banda adotou diferentes estilos visuais, comportamentos cênicos e apresentações distintas. Este artigo traz à margem do entendimento como Henry Grosmann fotografou e exibiu o conjunto britânico nos Estados Unidos, como a imagem do grupo foi transmitida pelas suas lentes. Para tal, um recorte de duas fotografias foi selecionado e a metodologia da intencionalidade da comunicação empregada. Derogatis e Kot (2011, p. 15) indagam: “já não foi dito tudo sobre essas bandas [The Beatles e The Rolling Stones] – mais de duas vezes?”. Mas, no decorrer de suas pesquisas, comprovam que muito ainda pode ser extraído e descoberto sobre estes grupos, incluindo The Beatles, mesmo ambos sendo tão midiatizados. A possibilidade de novas descobertas e desdobramentos, assim como a influência histórica da banda, fomentaram a investigação deste estudo.

O Beatle por trás das lentes

Conforme relatos da Grossman Enterprises (2013), Henry Grossman, natural de Nova York, estudou fotografia no Metropolitan Vocational High School. Quando estava na Brandeis

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University, com uma bolsa de estudos, fotografou convidados ilustres em entrevistas, como e John F. Kennedy, constituindo um portfólio único e bastante representativo, principalmente para um fotógrafo tão jovem que ainda estava em torno de seus vinte anos. Assim, com um início de carreira marcado com alguns destaques, Grossman foi convidado, posteriormente, a fotografar para as revistas Life, Time, , para o jornal , entre outros meios de comunicação reconhecidos mundialmente, cobrindo o cotidiano de figuras políticas, escritores, escultores, pintores e, principalmente, atores e atrizes. Entre tantos ilustres nomes que foram clicados por Henry, pode-se elencar , Pavarotti, , Patty Boyd, entre outros. Ele também atuou como fotógrafo oficial da Broadway. No cenário musical, em meio aos acordes, composições, melodias e ao som sujo do rock, Grossman investiu algumas películas para gravar a luz que fora incidida em , , Joe Cocker, The Supremes, Thelonious Monk e outros. Mas o grupo o qual ele mais teve contato, que lhe rendeu inúmeras fotografias publicadas e um legado histórico foi The Beatles. Com os FabFour1, Henry Grossman fotografou principalmente entre 1964 e 1968. Mesmo com um background que tendia a uma vertente clássica e retratos, o fotógrafo, que era apenas poucos anos mais velho que os integrantes dos Beatles, estabeleceu laços fortes e um relacionamento estreito com os ingleses, firmando uma conexão harmônica que pavimentou o caminho para fotografias que viriam a ser capturadas do dia-a-dia da banda, para o registro dos momentos fora dos palcos, da intimidade e informalidade dos garotos em meio a amigos e parentes.

A intencionalidade

Fotografia está diretamente relacionada à luz. “A palavra Fotografia significa desenhar (ou escrever) com a luz. [...] Cada vez que se tira uma fotografia, está-se de facto a deixar que a luz existente desenhe a sua própria imagem [...].” (LANGFORD, 1979, p. 11, grifos do autor). Souza e Custódio (2005) relembram ainda que o intuito inicial da fotografia foi o realismo,

1 Apelido dado aos Beatles; uma abreviatura de Fabulous Four, ou “O Quarteto Fantástico” (tradução livre).

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possibilitando gigantesca contribuição para o aspecto documental e, em um segundo momento, sendo popularizada pela imprensa como um veículo de informação. Eles ainda mostram que a fotografia presenteou a humanidade com uma nova maneira de entender e vislumbrar o que está à nossa volta. Para os mesmos autores (2005, p. 237), “as características inerentes à fotografia [...] transformam-na numa explosão inimaginável de produção imagética jamais vista ou pensada”. Assim, pode-se perceber que com a escrita da luz têm-se infinitas possibilidades de criações de imagens. Kossoy (2009) acredita que toda fotografia possui uma finalidade, um propósito, e que esta imagem criada sempre terá sua carga de informatividade, armazenando seu registro iconográfico como meio de informação. A associação dos elementos dispostos em uma imagem nos abastece com determinadas informações e compreender essas informações consiste em desempenhar a leitura fotográfica. Ao analisar determinada imagem, sua representação é exalada pelos pixels (no caso de câmeras digitais) que armazenam uma mensagem, que funcionam como os poros da fotografia e transpiram sua essência. Mas, é importante salientar que essa essência expelida não é simplesmente engendrada. Ela teve sua gênese e passou por um processo de concepção, por etapas e estágios que antecederam o momento do click do fotógrafo. Observar uma fotografia, então, com um olhar retroativo, é exercitar a desconstrução da imagem, procurando um diálogo com a realidade dinâmica presenciada pelo fotógrafo e, dessa maneira, perfilar a linguagem técnica com o intuito de diagnosticar a intencionalidade do autor do disparo. Esse olhar desconstrutivo da imagem, proposto por Boni (2000, p. 49), é a metodologia empregada na análise torneada neste artigo:

Alguns recursos técnicos e uma série de elementos que compõem a linguagem fotográfica são largamente utilizados pelos profissionais da fotografia, em particular o repórter fotográfico, para auxiliar a manifestação do seu pensar através de uma foto. Ele lança mão desses elementos para “descrever” ao leitor o seu pensar sobre o que fotografou. Esses elementos são uma espécie de vocabulário utilizado para “traduzir” para o leitor o significado que o fotógrafo havia construído antes de apertar o disparador de seu equipamento fotográfico.

Cada indivíduo possui um receptáculo diferente e, consequentemente, pode absorver cognatos distintos de uma mensagem fotográfica. Por isso, a intencionalidade da comunicação se

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mostra importante, pois ela corrobora para a minimização de plurais na interpretação, denotando a reverberação na mensagem edificada pelo fotógrafo. Fotografias “significam conceitos programados, visando a programar magicamente o comportamento de seus receptores” (FLUSSER, 2002, p. 37). Ainda, não é suficiente o fotógrafo se preparar para uma composição imagética pretendida se ele perder o instante decisivo, conforme diria Cartier-Bresson em sua frase pinçada do cardeal de Retz (ASSOULINE, 2012). Além de traduzir em uma fotografia toda linguagem técnica, o autor do disparo deve saber a hora exata de acioná-lo, eternizando o momento certo, mitificando a fração de segundo que rapidamente mostrou o que o fotógrafo quer revelar.

Os Beatles na América

Nova York, 7 de Fevereiro de 1964. Pela primeira vez John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr pisaram nas terras dos, outrora, colonos ingleses. Os gritos de mais de três mil fãs os saudavam no aeroporto. A beatlemania2 definitivamente invadia os Estados Unidos (KLEFF, 2013). Dois dias depois do desembarque, a banda se apresentou no The Ed Sullivan Show, para aproximadamente 74 milhões de espectadores que acompanhavam a performance dos quatro garotos pela televisão. Ainda entre os compromissos e obrigações que compunham a agenda dos Beatles durante as duas semanas que passaram nos Estados Unidos, eles precisariam fazer alguns shows, comparecer às coletivas de imprensa e algumas outras formalidades que exigiram das novas estrelas do rock. Durante a visita do quarteto aos estúdios para as gravações do programa e a toda maratona que os britânicos passaram pela América do Norte, Henry Grossman registrou alguns momentos, como podem ser conferidos nas figuras 1 e 2.

2 Nomenclatura dada para descrever a intensa admiração dos fãs de The Beatles, tendo início em outubro de 1963 na Inglaterra.

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Figura 1 – Apresentação dos The Beatles no The Ed Sullivan Show, 1964.

Fonte: Rock Paper Photo – Fine Art Photography. Foto de Henry Grossman.

Figura 2 – Coletiva de imprensa dos The Beatles nos Estados Unidos, 1964.

Fonte: Rock Paper Photo – Fine Art Photography. Foto de Henry Grossman.

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Direcionando as atenções, inicialmente, para a figura 1 e considerando os pressupostos da teoria da intencionalidade da comunicação, é possível imprimir algumas leituras que, em um segundo momento, desbravarão uma interpretação de cunho que tange o eixo iconológico. A fotografia apresentada possui um plano médio, pois harmoniza o indivíduo e o ambiente, contextualizando o homem no espaço que está inserido, sem sobressair um ao outro. É uma tomada próxima que torna visível alguns detalhes e agrega riqueza para a composição. Já em relação à composição na figura 1, ela respeita à regra dos terços, posicionando os membros da banda nos pontos de ouro da imagem, que correspondem às intersecções dos eixos imaginários que se projeta na cena no instante da fotografia (BONI, 2003). Para uma melhor visualização desta leitura iconográfica, a figura 3 exibe uma simulação dos terços sobre a fotografia em questão.

Figura 3 – Regra dos terços aplicada na fotografia de Henry Grossman

Fonte: Adaptado pelo autor.

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Grossman poderia, se assim o quisesse, dar alguns passos para sua direita para manter a banda em uma ângulo frontal, onde os integrantes estariam horizontalmente alinhados. Mas ao capturar a imagem da forma como foi apresentada, ele lançou mão da regra dos terços para colocar na fotografia um destaque maior para cada um dos membros, exaltando muito mais Paul, George, Ringo e John do que os Beatles em sua unicidade. Ainda, o posicionamento das câmeras de televisão e o do microfone de captação de áudio, que aparecem na figura 1, induz o olhar para o quarteto que se apresenta logo à frente, servindo como setas direcionais, além de se portarem também como uma moldura para a fotografia, levemente desfocados, retratando que o fato está sendo televisionado e que os Beatles são, realmente, o centro das atenções – todos os holofotes, câmeras e olhares voltados ao grupo. Ao utilizar os elementos que constituem a borda da imagem como direcionadores ao grupo, Grossman consegue traduzir a sensação de relevância e atenção aos Beatles com uma abordagem mais conotativa, aumentando a carga de informatividade da imagem e deixando-a mais poética, interessante e provocativa. O ângulo utilizado por Henry Grossman é linear, colocando o receptor dentro do estúdio junto com The Beatles e sugerindo uma sensação testemunhal. A indumentária escura do quarteto contrasta com o fundo claro e limpo, valorizando ainda mais a presença dos músicos na imagem. Os Estados Unidos pararam para ver, ouvir e prestigiar a promessa de Liverpool. Henry agregou em sua fotografia este comportamento coletivo que se desenvolveu na época, possibilitando tal percepção sensorial sem a ancoragem de uma legenda, título ou nota que explicasse ou detalhasse a fotografia. Considerando as mesmas ferramentas e linguagem técnica que foram utilizadas, na figura 2 pode-se perceber que uma mensagem diferente desfila pela fotografia. A imagem sugere que uma coletiva de imprensa está acontecendo. O plano utilizado foi o americano, valorizando o movimento dos braços e das cabeças dos FabFour, com um ângulo que revela que o fotógrafo estava em pé e, como a banda estava sentada à bancada para atender aos jornalistas, deixa a sensação de um leve e suave mergulho – ângulo de tomada que normalmente é utilizado para diminuir o objeto ou pessoa fotografada perante o leitor, conotando submissão (BONI, 2003).

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Os quatro garotos se mostram cansados, despreocupados, aéreos, desatentos e um tanto desleixados. O posicionamento das mãos de Lennon (o terceiro da esquerda para a direita) e seu o olhar e fisionomia inexpressivos transmitem certo tom de falta de envolvimento, uma sensação de que ele não gostaria de estar naquele determinado local no referido horário. O mesmo vale para George Harrison (quarto da esquerda para a direita), que tem o olhar desviado lateralmente, não representando importância com o que está à sua frente. Paul (segundo da esquerda para a direita), que está com os braços cruzados, parece tentar estabelecer uma conversa com Ringo, que, por sua vez, exibe semblante apático e também pouco interessado com o que se desenrola em seu entorno. O ângulo de mergulho realça a minimização dos quatro em relação ao ambiente que os cercam. Em segundo plano na fotografia, ao fundo, tem-se uma parede e uma porta fechada, o que somam uma sensação claustrofóbica, de confinamento e tédio para a fotografia. Ao lado de Ringo Starr há um microfone e próximo a John Lennon outro, mas nenhum deles está posicionado diretamente em frente a um dos músicos, o que também permite uma interpretação de que eles, no momento do click, provavelmente não demonstravam grande entusiasmo com a entrevista coletiva, não estavam prontos para darem as respostas às perguntas que viriam a ser questionadas ou já estavam exaustos de atenderem à imprensa (não há indicação se a fotografia foi tirada antes, durante ou depois da coletiva de imprensa). A figura 2, como um todo, não transmite a força sinérgica e virilidade que os Beatles costumavam apresentar. Os ingleses estavam na América com uma agenda repleta de compromissos e com um cotidiano possivelmente bastante desgastante e agitado. Uma conjetura que se pode apontar é que Grossman acoplou estes elementos na imagem para mostrar o lado humano, cansado e fastidioso que uma banda de rock também possuía, deixando o glamour e holofotes de lado e exaltando o lado exaustivo da fama.

Considerações finais

Este artigo analisou duas fotografias de Henry Grossman, fotógrafo que acompanhou The Beatles entre 1964 e 1968. As imagens que integraram o recorte deste estudo foram capturadas

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durante a primeira visita dos britânicos aos Estados Unidos, em fevereiro de 1964. A metodologia empregada para a leitura científica das imagens foi a da intencionalidade da comunicação. Este encontro de Henry com The Beatles foi o primeiro contato entre as partes e possibilitou a abertura para um futuro estreitamento na relação entre fotógrafo e banda, que, por sua vez, acarretou em inúmeras fotografias dos Beatles que servem como um rico registro histórico e ajudam a contar a trajetória de uma das maiores bandas de todos os tempos. Considerando as duas imagens aqui analisadas, pode-se perceber que Grossman congelou realidades diferentes dos The Beatles, mostrando, de um lado, o mundo dos palcos e as festividades, e, de outro, os compromissos, obrigações e afazeres fora dos shows. Cada uma das imagens traz sensações e interpretações bastante distantes, com determinados elementos presentes em cena que realçam e tonificam as percepções aqui discorridas. As características apontadas sugerem, ainda, a presença da intencionalidade da comunicação do fotógrafo no momento de pré-concepção das imagens. Embora não se tenha o respaldo do autor das fotografias, é possível apontar, levando em conta sua bagagem técnica, repertório fotográfico e currículo, que Grossman foi bastante consciente nos registros analisados. As percepções e analogias aqui discorridas abrolharam da metodologia previamente explanada e um tanto da carga de subjetividade do autor. Houve tentativas de contato com a Grossman Enterprises, em busca de comprovação para alguns dos pontos aqui apurados. No entanto, não houve retorno consistente até o fechamento desta edição (GROSSMAN, 2014).

Referências

ASSOULINE, Pierre. Cartier-Bresson: o olhar do século. Porto Alegre: L&PM, 2012. BONI, Paulo César. O discurso fotográfico: a intencionalidade da comunicação no fotojornalismo. 2000. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000. _____. Linguagem fotográfica: objetividade e subjetividade na mensagem fotográfica. Formas & Linguagens, Ijuí, ano 2, n. 5, p. 165-187, jan./jul. 2003. DEROGATIS, Jim; KOT, Greg. The Beatles Vs The Rolling Stones: a grande rivalidade do rock’n’roll. São Paulo: Globo, 2011. FLUSSER, Vilém. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002.

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GROSSMAN, David. Re: Picture at RockPaperPhoto – Error? [mensagem pessoal] Mensagem recebida por: . em: 21 jan. 2014. GROSSMAN ENTERPRISES LLC. Biography. Disponível em: . Acesso em: 29 maio 2013. KLEFF, Michael. 1964: os Beatles nos Estados Unidos. Disponível em: . Acesso em: 29 maio 2013. KOSSOY, Boris. Fotografia e história. 3. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2009. LANGFORD, Michael. Aprendizagem da fotografia: iniciação. Lisboa: Editorial Presença, 1979. ROCK PAPER PHOTO. The Beatles by Henry Grossman. Disponível em: . Acesso em: 29 maio 2013. SOUZA, Valdete Vazzoler de; CUSTÓDIO, José de Arimathéia Cordeiro. Fotografia: meio e linguagem dentro da moda. Discursos Fotográficos, Londrina, v. 1, n.1, p. 231-251, 2005.

Diogo Xavier Saes - Universidade Estadual de Londrina - UEL. Londrina | PR | Brasil. Contato: [email protected]

Paulo César Boni - Universidade Estadual de Londrina - UEL. Londrina | PR | Brasil. Contato: [email protected]

Artigo recebido em fevereiro de 2014 e aprovado em abril 2014.

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