Colonização de plantas de alho por (: Aphidoidea ) no Brasil Péricles de Albuquerque Melo Filho1, 2 & 3; André Nepomuceno Dusi2; Cláudio Lúcio Costa3; Renato de Oliveira Resende3. 1 Universidade Federal Rural de Pernambuco, 52.171-900, Recife, Brasil;2 Embrapa Hortaliças, CP 218, 70.359-970, Brasília, Brasil;3 Universidade de Brasília, 70.919-970, Brasília, Brasil. RESUMO Plantas de alho cv. Amarante cultivadas em casa de vegetação para estudo de detecção de vírus foram colonizadas naturalmente por afídeos de coloração escura durante a primavera de 2001. Alguns espécimes de formas aladas, supostamente da mesma espécie, foram coletados em armadilhas amarelas de água, os quais, foram estudados juntamente com ápteros coletados das plantas, para fins de identificação. Esta foi feita com auxílio de chaves preparadas por um dos autores e colaboradores Costa, C.L., Eastop, V.F. & Blackman, R.L. (não publicada) e por Blackman & Eastop (1984), bem como, pela comparação com espécimes identificados das espécies Neotoxoptera formosana e N. oliveri, depositados na coleção afideológica do Departamento de Fitopatologia, Universidade de Brasília. O afídeo agora encontrado nas plantas de alho pertence à espécie Neotoxoptera formosana (Takahashi, 1921). Palavras-chave: Allium sativum, afídeos. ABSTRACT Neotoxoptera formosana (Hemiptera: Aphidoidea ) colonizing garlic plants in Brazil. Garlic plants (cv. Amarante) cultivated during the spring under a greenhouse for detection of viruses were found to be naturally colonized by a dark . Specimens of a few alates caught in a yellow water trap and many apterae collected on the garlic plants were compared with identifiied materials of Neotoxoptera formosana and Neotoxoptera oliveri deposited on the aphid collection of the Phytopathology Department, University of Brasília and identified based on keys preparated by Costa, Eastop & Blackman (not published) and Bleckman & Eastop (1984) as N. formosana (Takahashi, 1921) specie. Key words: Allium sativum, Aphid INTRODUÇÃO Vários agentes fitopatogênicos têm provocado redução em produtividade na cultura do alho. Destacando-se diversas espécies de vírus. Entre os vírus de maior importância encontra-se: Onion yellow dwarf virus (OYDV), Leek yellow stripe virus (LYSV), Garlic commom latent virus (GarCLV), transmitidos por afídeos (Conci et al., 1999), além de vários Allexivirus, transmitidos por ácaros (Yamashita et al., 1996). Entre os afídeos associados ao alho encontram-se: Myzuz persicae e Neotoxoptera formosana. (Melo Filho et al., 2002). Blackman & Eastop (1984) relataram a ocorrência de N. formosana em Allium no Japão, China, Taiwan, Coréia, Austrália, Nova Zelândia, Hawai e América do Norte. No Brasil há relato sobre cebola na região de São Carlos/SP, entretanto, nenhum registro foi encontrado acerca de sua colonização sobre A. sativum no país. MATERIAL E MÉTODOS Plantas de alho cv. Amarante cultivadas em casa de vegetação foram naturalmente colonizadas por afídeos de coloração escura. As plantas colonizadas foram transportadas para insetário com tela antiafídeo para manutenção das populações. Formas aladas foram capturadas com armadilhas amarelas de água, juntamente com formas ápteras coletadas das plantas de alho, foram preparadas lâminas semi-permanentes para observações morfológicas em microscópio composto. Estes foram comparados com as descrições encontradas num guia elaborado por Costa, Eastop & Bleckman (não publicado), Blackman & Eastop (1984), e descrições contidas em Costa et al. (1993), e também com espécimes encontrados na coleção de afídeos do Departamento de Fitopatologia da Universidade de Brasília. RESULTADOS E DISCUSSÃO As colônias de afídeos eram de coloração escura localizadas entre a porção mediana e basal das folhas das plantas de alho (Figura 1A). Os ápteros eram ovalados e negros com sifúnculo clavado e escuro (Figura 1B). Estas características concordam com aquelas descritas por Blackman & Eastop (1984), indicando se tratar do gênero Neotoxoptera. A antena é escura da base ao ápice. Isso separa N. formosana de N. oliveri. Os espécimes têm longo processo terminalis (Figura 2A). As nervuras das asas são bordadas em toda a sua extensão (Figura 2B). Isso também separa N. formosana de N. oliveri. Com base nessas observações, pode-se concluir que se trata da ocorrência de N. formosana sobre plantas de alho no Brasil.

A B

Figura 1. (A) - formas apteras de Neotoxoptera formosana colonizando plantas de alho; (B) – forma aptera apresentando formato ovalado, coloração negra e sifúnculo escuro e clavado.

A B

Figura 2. (A) – antena de Neotoxoptera formosana apresentando longo processo terminalis; (B) – forma alada apresentando decoração ao longo de todo o comprimento das nervuras das asas. LITERATURA CITADA BLACKMAN, R.L.; EASTOP, V.F. on the world’s crops: an identification guide. New York: John Wiley & Sons, 1984. 466 p. CONCI, V.C.; CANAVELLI, A.E.; LUNELLO, P.A.; CAFRUNE E.E. Mosaico del ajo. In: Projecto de investigaciones en fitovirologia. Instituto de Fitopatologia y Fisiologia Vegetal – IFFIVE y Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária – INTA. Argentina, 1999. p.1-6. COSTA, C.L.; EASTOP, V.F.; BLACKMAN, R.L. Brazilian Aphidoidea: I. key to families, subfamilies and account of the phylloxeridae. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.28, n.2, p.197-215, 1993. MELO FILHO, P.A.; DUSI, A.N.; BUSO, J.A.; TORRES, A.C.; ÁVILA, A.C.; RESENDE, R.O. Degeneration of garlic plants caused by virus infection after five sequential field generations. Summa Phytopathologica. Botucatu, v.28, n.1, p.141, 2002. YAMASHITA, K.; SAKAI, J. & HANADA, K. Characterization of a new virus from garlic (Allium sativum). Garlic Mite-borne Mosaic Virus. Annual Phytopathology Society Japan, v.62, p.183-189, 1996.