AMÉRICO TEIXEIRA JUNIOR Os Campeões e Eu

Emerson Fittipaldi - -

OS CAMPEÕES E EU

EMERSON FITTIPALDI - NELSON PIQUET - AYRTON SENNA

Histórias de Jornalismo e Automobilismo contadas pelo repórter em contato direto com os três pilotos brasileiros que se consa- graram como campeões mundiais de Fórmula 1

TERCEIRA PUBLICAÇÃO (DIGITAL E ATUALIZADA) – JULHO/2016 SEGUNDA PUBLICAÇÃO (IMPRESSA E ATUALIZADA) – JULHO/2016 PRIMEIRA PUBLICAÇÃO (DIGITAL) – AGOSTO/2015

FOTOS: MIGUEL COSTA JUNIOR

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Emerson Fittipaldi - Nelson Piquet - Ayrton Senna

EMERSON FITTIPALDI

ano era 1984 e, embora eu estivesse apenas no segundo ano de faculdade1, já estava metido no Jornalismo de automobilismo O desde 19812. Apesar de minha imaturidade e por estar buscando adquirir experiência na área da maneira que me era possível,

1 Então Instituto Metodista de Ensino Superior, no bairro de Rudge Ramos, São Bernardo do Campo, . Meu curso foi de 1983 a 1986. Hoje, Universidade Metodista. 2 Eu estabeleço o dia 4 de abril de 1981, um sábado, como o marco inicial de minha carreira como jornalista. Tinha 19 anos e publiquei minha primeira matéria num semanário impresso chamado Informação Resumo Jovem, que existia em São André, o A do ABC Paulista (B de São Bernardo e C de São Caetano).

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estar cursando Jornalismo e escrevendo em jornais sobre corridas de automóveis representavam para mim estar a caminho de realizar um sonho que vinha sendo acalentado desde 1972, quando descobri a Fórmula 1 por intermédio do meu tio, hoje médico, Gilvan Timóteo. Foi com ele que aprendi a ver corridas pela televisão, identificando carros, pilotos e circuitos. Mas se para ele era um passatempo e nada relacionado com o que viria a fazer no futuro, para mim, não é exagero dizer, era o início de uma carreira. Naquela época, em razão do sucesso de Emerson Fittipaldi correndo pela lendária equipe Lotus e do início das transmissões para o Brasil das corridas de Fórmula 1 pela televisão3, o automobilismo passou a fazer parte da vida de muita gente. Só que, como toda novidade, para muitos, assim como veio, foi-se. Comigo foi diferente. Chegou e ficou.

Claro que na cabeça de um moleque de 10 anos de idade o volume de preocupação era pequeno ou quase nulo – pelo menos no meu caso era assim. Então, tinha uma enorme capacidade para assimilar, sem desviar o foco, tudo o que fosse relacionado ao automobilismo. Sendo bem honesto, naquela época – e devo confessar que durante um bom tempo também –

3 Diferentemente do que acontece da forma que conhecemos hoje, as transmissões das corridas de Fórmula 1 pela televisão brasileira eram esporádicas no início dos anos 70, com provas sendo transmitidas por emissoras como Tupi, Cultura, Record e Bandeirantes, além da Globo, que mais tarde assumiria os direitos exclusivos, o que ocorre até hoje. Fonte: Rede Globo e Torcedores

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automobilismo para mim se resumia ao “universo” da Fórmula 1. Nada, em escala alguma, era capaz de superar em emoção o que a categoria oferecia para o coração e mente de um pré-adolescente residente em Santo André.

Era uma época na qual os pilotos não trocavam as cores de seus capacetes. Não tinha essa novidade dos dias atuais, com um casco novo praticamente a cada corrida na cabeça do mesmo piloto. Então, o verde e amarelo de Wilson Fittipaldi Junior foi o mesmo a carreira toda, o mesmo acontecendo com o preto e amarelo de José Carlos Pace, o vermelho e branco de , o verde musgo de Jacques Laffite, o vermelho de Niki Lauda, o preto de James Hunt, o vermelho e branco de Nelson Piquet e por aí vai. Havia, de fato, uma identidade visual, nada comparada com a confusão de cores, formas e figuras estranhas4.

Bandeiras nacionais e geografia também se tornaram muito familiares para mim por causa do automobilismo. “No domingo que vem, Grande Prêmio da Bélgica!”, anunciavam o rádio e a TV. E lá ia eu descobrir onde ficava a Bélgica, sua bandeira, localização da pista etc. Era um acúmulo de informação que não estava ao alcance dos dedos, como ocorre na chamada “era digital”. O “verbo ‘googar’” ainda não existia. Pelo contrário – e bota “pelo contrário” nisso - dependia de muitas pesquisas

4 Para a temporada 2016, a FIA estabeleceu limites para a troca de cores dos capacetes, tudo para facilitar a identificação do público da Fórmula 1. Fonte: Grande Prêmio

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NELSON PIQUET

u tive medo de Nelson Piquet por um bom tempo. “Medo” talvez seja um termo muito exagerado, mas pensava duas vezes – ou E mais - antes de falar com a figura porque, de tanto ouvir histórias e presenciar algumas delas, sabia eu que, dependendo da abordagem, as reações poderiam ser as mais diversas. Demonstrasse ele irritação, humor ou tranquilidade, Nelson Piquet sempre se pautou pela autenticidade. Isso poderia ser um problema para os jornalistas, mas ao mesmo tempo uma dádiva, tamanha a capacidade dele em responder com profundidade quaisquer questões, independentemente da gravidade do tema.

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Se Nelson Piquet tem de chamar alguém de “ladrão”, ele não perde tempo procurando palavras dóceis. É “ladrão” e pronto. Da mesma forma, não tem qualquer problema para dizer que um evento “é uma merda”, que um adversário era “um babaca” ou que um dirigente não passava de “um imbecil”. Ele sempre foi assim e não foram poucas as vezes que encontrei paralelo entre o detentor de 23 vitórias na Fórmula 1 e o ex-presidente Jânio Quadros pela imprevisibilidade. “Em quem o senhor votou, presidente?”, perguntou uma jornalista da extinta TV Manchete logo após Jânio Quadros ter votado, em 15 de novembro de 1985, na eleição que o fez prefeito de São Paulo, entre 1986 e 19895. A resposta, ácida, foi lacônica, olhando por sobre a armação dos óculos e despenteando os cabelos com o movimento de cabeça: “Na sua avó!”.

Mais ou menos nessa linha eu presenciei uma entrevista de Nelson Piquet em Brasília. Era um domingo6 e eu estava em Brasília para cobrir, na época pela revista Racing, uma rodada do Sul-americano de Fórmula 3. A preliminar era da categoria Espron, com protótipos projetados e

5 Jânio Quadros (PTB) recebeu o cargo de prefeito, das mãos de Mário Covas (PMDB), no dia 1º de janeiro de 1988. Entregou-o para Luiza Erundina (PT) em 1º de janeiro de 1989. 6 Essa data é fácil de lembrar porque foi no dia da primeira vitória de na Fórmula 1. Foi no Grande Prêmio da Alemanha de 30 de julho de 2000, em Hochenheim, com F-2000, depois de um modesto 18º no grid. Fonte: GP Guide

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construídos no Ceará pelo engenheiro Pedro Virgínio7, com total apoio do tricampeão, tanto que Piquet organizou a categoria e corria também.

Em dado momento da programação daquele domingo em Brasília, Piquet chegou de helicóptero e foi caminhando pela área dos boxes. Uma repórter de uma emissora local, cujo nome não me lembro, dirigiu-se a ele e, com o microfone em punho, perguntou: “Piquet, qual a sua expectativa para a corrida?”. Piquet abriu um sorrisinho e despejou, sem dó ou piedade: “Para a corrida, nenhuma. Mas a minha expectativa é encontrar um banheiro porque estou louco de vontade de cagar!”. E lá seguiu ele, andando daquele jeito meio torto, atrás do tal banheiro.

Sempre conversei muito com jornalistas mais velhos, aqueles mesmos que me chamavam – e muitos ainda o fazem – de Ameriquinho. Algum tempo de conversa com gente do calibre de Marcus Zamponi, Cecílio Favoretto, Lito Cavalcanti, Salvador Sendim, Luís Carlos Secco, Castilho de Andrade, Cândido Garcia e mais tantos outros valia muito mais do que qualquer aula de faculdade. E, claro, cada um deles tinha uma história mais engraçada que o outro para contar sobre Piquet. Cada um tinha uma versão ou “tempero” adicional para descrever como ele teria

7 Falecido em 14 de janeiro de 2012, Pedro Virgínio colocou o automobilismo do Nordeste no cenário nacional e deixou uma vasta obra no automobilismo cearense e brasileiro, construindo diversos carros que até hoje estão pelas pistas e inspirando novas gerações de empreendedores, como ele. Fonte: Diário Motorsport

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AYRTON SENNA

entre todos os pilotos brasileiros que foram campeões mundiais de Fórmula 1, Ayrton Senna foi o mais distante para mim por D diversas circunstâncias. Talvez a principal delas tenha sido pelo fato de eu ter dedicado um período da minha carreira prioritariamente à assessoria de imprensa, justamente no período em que ele mais brilhou. Desta forma, diferentemente do que ocorreu com Emerson Fittipaldi e Nel- son Piquet, nunca fiz uma entrevista exclusiva com o Ayrton8 – não houve

8 Nunca entrevistei o Ayrton com exclusividade, mas sim Leonardo Senna, o irmão mais novo dele. Aliás, vocês sabem que o filho caçula do seu Milton e da Dona Neide, antes de se tornar o grande empresário que é, desenvolvia programas de computador nos

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tempo. Se a gente analisar, minhas principais oportunidades com os cam- peões mundiais ocorreram na volta deles da Fórmula 1, por assim dizer. Só que o Ayrton não voltou.

Mas, apesar disso, tenho boas lembranças de algumas poucas oca- siões. Não aquelas das “manhãs de domingo” ou algo do gênero, mas de momentos que se transformaram marcantes para mim. Não fomos amigos, visto que nossos caminhos se cruzavam raramente, mas nas poucas vezes em que isso aconteceu, Senna sempre me dispensou alguma atenção e é essa pequena história que gostaria de dividir com vocês.

Lembro-me de ter estado com Senna pela primeira vez em Interla- gos. Era final de 1983, encerramento do campeonato de Fórmula Ford, e ele circulava com um agasalho da Toleman, equipe pela qual estrearia na Fórmula 1 em 1984. Fotografei-o em preto e branco com uma maquininha de pouca importância e o detalhe que me vem à memória é que, por achar

primórdios da computação pessoal? Pois é, em pleno 1986, quando a grande novidade no Brasil era o lançamento do PC-AT (Google, garotos!), Leonardo fazia uns programas para umas máquinas cuja mídia era uma fita cassete. Eu fazia a tabela de preços dos produtos de informática da Folha de S. Paulo, pelo Instituto DataFolha. Isso permitiu que eu me aproximasse do pessoal da redação e passei a fazer frilas na Folha Informática, caderno semanal que o jornal publicava às quartas-feiras. Lembro de o editor na época, o jornalista Mario Cesar Carvalho, gostou da ideia da matéria que eu apresentei, principalmente se houvesse alguma relação, que não apenas a de parentesco, com o piloto de Fórmula 1. Não havia, mas fui à casa da família, na Serra da Cantareira, fui muito bem recebido e lembro que a matéria deu uma boa repercutida.

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que poderia estar incomodando, esperei um pouco e, antes, pedi licença para fotografá-lo. Sua resposta positiva, acompanhada de um sorriso, libe- rou-me para os clicks. Não sei onde foram parar essas fotos.

Seguiram-se os anos, ele lutando para se firmar na Fórmula 1 e eu, objetivo menos ambicioso, corria de jornal em jornal tentando escrever sobre automobilismo. E foi envolvido nessa batalha que segui para a Vila Maria, em São Paulo, dois dias depois do Grande Prêmio da Bélgica de 1985. Depois da temporada de estreia pela Toleman, no ano anterior, Sen- na passou a defender as cores míticas da Lotus e já na segunda corrida do ano, em Portugal, venceu o primeiro de seus 41 Grandes Prêmios de Fór- mula 1. A vitória maiúscula, debaixo de chuva, lincou o Autódromo do Es- toril à sua história e à do Brasil. Era o 21 de abril de 1985 e o carro, 97T com motor da Renault.

Muitas das vitórias de Ayrton Senna coincidiram com agudos mo- mentos de dificuldades na vida dos brasileiros e as “manhãs de domingo” ganharam ares de redenção. O cidadão comum, que nem era assim tão ligado em automobilismo, passou a ter em Ayrton Senna um “porto segu- ro”. Nelson Piquet também vencia naquela época – e muito mais do que

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Sobre Américo Teixeira Junior Olá, dos meus 55 anos de vida, 36 deles ormente editor-chefe – na foram integralmente dedicados ao Jornalis- revista Racing, levado pelas mo e não tenho planos de parar tão cedo. mãos de Marcus Zamponi. Minhas andanças por redações começaram Depois, também editei a antes mesmo de entrar na faculdade. Quan- revista Motorsport Brasil, do comecei a cursar Jornalismo no Instituto da Confederação Brasileira Metodista de Ensino Superior (atual Univer- de Automobilismo, criada sidade Metodista), em 1983, já tinha alguma pelo então presidente, coisa publicada em jornais da região do ABC Paulo Enéas Scaglione. Paulista. Essa prática se intensificou durante Como assessor de impren- o curso, com trabalhos mais duradouros na sa, assessorei pilotos (Helio Gazeta de Vila Prudente e Gazeta de São Castroneves, Rubens Barri- Bernardo. Foi um período rico também em chello, Tony Kanaan, entre produção acadêmica e participação em outros), equipes (A. Guara- congressos e seminários sobre Jornalismo. O ná Competições), categorias (Fórmula Che- automobilismo sempre foi o carro-chefe de vrolet, Stock Car, Brasileiro de Marcas e minha carreira, não havendo um único perí- Pilotos) e entidades (Confederação Brasileira odo em que eu não estivesse atuado no de Automobilismo). Ao longo desses anos, setor. Mas entre 1986 e 1989, concomitan- tive a oportunidade de cobrir alguns dos temente à cobertura automobilística, fiz principais eventos do automobilismo inter- outras áreas do Jornalismo. Fui colaborador nacional, com destaque para a Fórmula 1 da Folha Informática, caderno da Folha de S. (no Brasil e Europa), Indy Paulo, e no mesmo jornal fui redator de (incluindo oito Indy 500), 24 Horas de Le esportes. Posteriormente a essa experiência, Mans e 12 Horas de Sebring, além de feiras atuei como assessor de imprensa da Avon como Autosport International (Inglaterra) e Cosméticos. Mas enquanto transitava pela Performance Racing Industry Trade Show, chamada Grande Imprensa e também pelo em Indianapolis, já na condição de represen- setor corporativo, já militava na revista Auto tante no Brasil. Em se tratando de Fórmula Esporte como colaborador na área de kart. 1, editei por duas ocasiões o Programa Ofi- Essa oportunidade veio pelas mãos do jorna- cial do GP do Brasil e fiz a cobertura nos lista Roberto Ferreira e durou exatos oito últimos anos para a Rádio Bandeirantes, a anos, finalizando em 1994. Embora tenha convite de Odinei Edson. Atualmente, sou sido valioso estar na Folha e Avon, desde editor do Website Diário Motorsport, do 1989 – e até hoje – o meu trabalho tem sido Guia Diário Motorsport, assessoro Oswaldo exclusivamente como jornalista especializa- Negri Junior (Imprensa), Helio Castroneves e do em automobilismo. Ainda no segmento Carlos Cunha Filho (Negócios). de revistas, fui editor-executivo – e posteri- Foto Silvia Linhares

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M2B O PRIMEIRO MCLAREN DE FÓRMULA 1

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M2B O PRIMEIRO MCLAREN DE FÓRMULA 1

Introdução

A equipe McLaren de Fórmula 1 é quase um sinônimo de sucesso. É verdade que perdeu um pouco dessa distinção nos últimos anos, mas nem esse momentâneo período de “vacas magras” tem sido suficientemente for- te para abalar uma história tão fabulosa.

Ao longo de sua trajetória de mais de meio século na categoria, inici- ada em 1966, o que não faltaram foram carros tecnicamente primorosos, sob o comando de alguns dos mais espetaculares pilotos do mundo e técni- cos que se transformaram em referência na difícil incumbência de projetar e construir um carro de corrida.

Independentemente de o monoposto ter sido identificado pelos prefixos M (de McLaren, ainda na origem) ou MP4 (M de McLaren e P4 de Project Four, nome da equipe pertencente a Ron Dennis quanto ele assumiu a McLaren a partir da temporada de 1980), cada fase da equipe fundada por Bruce McLaren foi marcada por modelos que ajudaram a construir a história do automobilismo de competição como um todo e, em particular, da Fórmula 1. Vale lembrar que a nomenclatura mudou desde 2017, resultado da saída definitiva de Ron Dennis e a mudança organizacional, que deu origem aos MCL, cujo primeiro foi o 32. O MCL33 é o modelo para a temporada de 2018.

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M2B O PRIMEIRO MCLAREN DE FÓRMULA 1

Mas se os carros sob a nomenclatura MCL ainda “engatinham” na tarefa de construir a história nessa nova fase comandada pelo diretor- executivo Zak Brown, não faltaram nas anteriores expoentes de eficiência. Mais do que isso, desde aquelas primeiras voltas nos treinos livres para o Grande Prêmio de Mônaco de 1966 até os dias de hoje, quando o foco da McLaren é voltar ao topo com os motores Renault, depois da fracassada parceria com a Honda, foram construídos nada menos do que 61 modelos exclusivamente para o Mundial de Fórmula 1, incluindo o MCL33, e alguns dos predecessores do novo McLaren Renault se tornaram icônicos.

Foram carros realmente especiais que marcaram épocas, resultando em 821 Grandes Prêmios, 182 vitórias, 155 Poles, 485 pódios, 12 títulos no Mundial de Pilotos e oito no de Construtores, entre 1966 e 2017. Somente para citar três desses conjuntos piloto/chassi/motor, um de cada fase, três merecem destaque especial. O M7A Ford DFV 3.0L V8 da primeira vitória, em 1968, quando a equipe era comandada pelo fundador Bruce McLaren, ele próprio o piloto; o M23 Ford Cosworth DFV 3.0L V8 do primeiro título no Mundial de Pilotos (Emerson Fittipaldi) e Construtores em 1974, já sob a direção de Teddy Mayer; o MP4/4 Honda RA168E 1.5L V6 Turbo de 1988, da histórica rivalidade entre Ayrton Senna e Alain Prost, já com Ron Dennis no comando.

Mas esse trabalho não é dedicado a esses monopostos vitoriosos e campeões, muito menos se propõe a contar a história da McLaren. O 2

M2B O PRIMEIRO MCLAREN DE FÓRMULA 1 objetivo aqui é resgatar os acontecimentos que giraram em torno do modelo pioneiro, exatamente o primeiro M de Fórmula 1, sem o qual não teria sido dado o ponto de partida para um futuro de sucesso.

Se visto isoladamente, o McLaren M2B pode até ser menosprezado, afinal, nunca venceu e, se faltaram glórias, sobraram problemas. Mas foi resultado da união de alguns dos valores mais importantes do esporte a motor. Coragem, ousadia e determinação estiveram presentes em grau extremamente elevado, sob o comando de um dos grandes pioneiros do esporte a motor e da indústria do Motorsport.

Quando foi para a Inglaterra com o objetivo de se tornar piloto profissional, o neozelandês não levou apenas o talento que permitiu ao nome Bruce McLaren ser reverenciado até hoje com um dos melhores do automobilismo, mas também o empreendedorismo que marcava sua forte personalidade desde os primeiros anos de esportista competitivo em sua terra natal.

O M2B não foi simplesmente um projeto de carro de corrida, foi além. Ao reunir mãos e mentes criativas, até certo ponto libertárias, para conceber o primeiro McLaren de Fórmula 1, a equipe fugiu da convencionalidade, empreendeu avançados estudos para a adoção de novos materiais e não se intimidou em promover algumas mudanças substanciais em curtos espaços de tempo.

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Frank Williams: A Primeira Geração dos FW na Fórmula 1

FRANK WILLIAMS

A PRIMEIRA GERAÇÃO DOS FW NA FÓRMULA 1

AMÉRICO TEIXEIRA JUNIOR

Primeira Edição (Digital) Novembro 2018 Edição do Autor [email protected]

FOTO CAPA CLÁUDIO LARANGEIRA (Interlagos, 1974)

FOTO CONTRA-CAPA MIGUEL COSTA JR. (Interlagos, 2003)

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Frank Williams: A Primeira Geração dos FW na Fórmula 1

DEDICATÓRIA

Para

Sir Frank Williams, na acepção pura da palavra, um Herói do Automobilismo

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Frank Williams: A Primeira Geração dos FW na Fórmula 1

SUMÁRIO

DEDICATÓRIA ...... 2 NOTA DO AUTOR...... 6 INTRODUÇÃO ...... 9 FRANK WILLIAMS - ANO A ANO...... 18 1942...... 18

1966...... 18

1967...... 18

1968...... 18

1969...... 19

1970...... 19

1971...... 19

1972...... 19

1973...... 20

1974...... 20

1975...... 20

1976...... 20

1977...... 21

1978...... 21

1967 – ESTREIA DA FRANK WILLIAMS RACING CARS ...... 22 NA INFÂNCIA, PAIXÃO POR CARROS ...... 27 FRANK WILLIAMS, O PILOTO ...... 33

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Frank Williams: A Primeira Geração dos FW na Fórmula 1

PIERS COURAGE ...... 38 Conto de Fadas ...... 40

1968 - Ano I da FRANK WILLIAMS RACING CARS ...... 45 As primeiras vitórias ...... 48

A morte de ...... 51

Pelos quatro cantos da Europa ...... 53

1969 - O ANO DA ENTRADA NA FÓRMULA 1 ...... 54 Grande triunfo em Mônaco ...... 61

Em Watkins Glen, novo pódio ...... 67

Foco na Fórmula 1 ...... 68

1970 - O ANO TRÁGICO ...... 73 Morte sob chamas ...... 81

Emerson Fittipaldi ...... 83

Jochen Rindt ...... 85

1971 - CLIENTE DA MARCH ...... 89 Verão de 1971 na América do Sul ...... 90

Fórmula 2 na Colômbia ...... 92

A morte de ...... 100

José Carlos Pace ...... 101

Torneio de Fórmula 2 no Brasil ...... 104

1972 - CARRO PRÓPRIO ...... 108 Fórmula 1 no Brasil ...... 111

Destruição na estreia do Politoys ...... 115

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Frank Williams: A Primeira Geração dos FW na Fórmula 1

1973 – ISO- ...... 129 Tudo “novo” na Argentina ...... 131

Boa presença no Brasil ...... 133

Novo regulamento ...... 134

A quase primeira vitória ...... 141

A morte de François Cevert ...... 142

1974 – O NASCIMENTO DA GERAÇÃO FW ...... 146 FW na pista...... 147

Pódio em Brasília ...... 150

A morte de Peter Revson ...... 152

Na Europa, tudo errado ...... 153

A morte de Helmut Koinigg ...... 155

1975 – O FIM. O FIM? ...... 158 Carro novo, velhos problemas...... 162

Motivos para festejar na Alemanha ...... 165

1976 – FUNDO DO POÇO ...... 169 1977 – NASCE A WILLIAMS GRAND PRIX ENGINEERING ...... 175 Patrocínio Saudita ...... 177

Bibliografia ...... 180

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Frank Williams: A Primeira Geração dos FW na Fórmula 1

NOTA DO AUTOR

á alguns detalhes sobre os quais gostaria de chamar a atenção do Amigo Leitor que, a partir de agora, começa a se H dedicar à Leitura de Frank Williams: A Primeira Geração dos FW na Fórmula 1. Vamos a eles:

1 A morte nas pistas é o que de pior pode acontecer no automobilismo de competição. Automobilismo é Vida, Alegria, Entusiasmo, Dedicação, ou seja, tudo de bom. Mas quando alguém morre em razão de um acidente na prática do esporte, não tenho dúvidas, é porque algo de muito errado aconteceu. “Azar” e “Fatalidade” não servem para justificar quaisquer dessas ocorrências terríveis que tiraram de cena alguns dos grandes pilotos da Fórmula 1, que hoje residem na memória e no coração. É por esse motivo que, embora esse livro seja dedicado a Frank Williams e sua corajosa aventura no mundo do automobilismo, aqui são narradas as tragédias que aconteceram ao longo da trajetória abordada por esse trabalho;

2 Não seria jornalisticamente correto ignorar o que se passou ao redor da FRANK WILLIAMS RACING CARS em cada prova da qual tomou parte, principalmente na Fórmula 1 – mas

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Frank Williams: A Primeira Geração dos FW na Fórmula 1

também na Fórmula 2, Fórmula 3 e . É por esse motivo que há uma pequena descrição de cada uma delas, no texto principal ou em notas de rodapé, além de links para os respectivos resultados;

3 Todos os resultados de Grandes Prêmios oficiais de Fórmula 1, com acesso por meio de links, são do site oficial da categoria, o https://www.formula1.com/. Os resultados das provas de Fórmula 1 não válidas pelo campeonato e das demais categorias disputadas pela FRANK WILLIAMS RACING CARS também têm estão aqui disponibilizados, igualmente por meio dos links correspondentes;

4 Foram fundamentais para a apuração de dados das competições e detalhamento técnico dos carros, objetivando a total correção das informações concernentes aqui apresentadas, as pesquisas no utilíssimo site GP Guide e no detalhadíssimo Old Racing Cars;

5 A principais fontes de pesquisa para o presente trabalho foram o arquivo digital da revista inglesa Motorsport Magazine (acesso pago) e o livro (versão e-Book) do jornalista inglês Maurice Hamilton, Williams: The Legendary History of Frank Williams;

6 Além de algumas poucas provenientes da reprodução de alguns sites – obviamente com os devidos agradecimentos e links -, as fantásticas imagens aqui publicadas (relativas apenas ao universo da FRANK WILLIAMS RACING CARS e de seu fundador) são de autoria de:

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Frank Williams: A Primeira Geração dos FW na Fórmula 1

Cláudio Laranjeira (Brasil)

Jim Culp (Estados Unidos)

Miguel Costa Junior (Brasil)

Photo 4 Agency (Itália)

7 Por fim, contato com o autor pode ser feito pelo e-mail [email protected].

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Frank Williams: A Primeira Geração dos FW na Fórmula 1

INTRODUÇÃO

uem repousa os olhos atualmente sobre Frank

Williams, que aos 76 anos tem o corpo fragilizado Q e aprisionado a uma cadeira de rodas, tem diante de si um Gigante. Não se trata de uma pessoa que tão somente registra sucesso na profissão que escolheu ou de alguém que se dedicou a estudar uma matéria e dela se tornou especialista e referência.

Não, não é somente isso.

Frank Williams é um verdadeiro herói do automobilismo, pois foram atitudes verdadeiramente heroicas que permitiram

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Frank Williams: A Primeira Geração dos FW na Fórmula 1

com que ele permanecesse tanto tempo como dono de equipe, função que exerce há exatos 52 anos, comemorados neste mês de novembro de 2018.

A capacidade de sobrevivência desse inglês nascido em

1942 é espantosa. Ele teve todos os motivos do mundo para desistir do automobilismo, mas heroicamente – sim, sem ser piegas, é um herói – superou cada obstáculo e venceu.

No caso de Frank, as situações parecem

que ignoram o chamado “meio termo”.

Tudo em sua trajetória é dotado de

intensidade, para o bem ou para o mal,

transformando-o indiscutivelmente em

um Gigante do esporte e da vida.

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Frank Williams: A Primeira Geração dos FW na Fórmula 1

Ao dedicar toda uma existência ao automóvel e suas vertentes, impulsionado que foi por uma paixão nascida ainda na infância, ele não apenas criou uma equipe vitoriosa.

Principalmente, ajudou a elevar a Fórmula 1 à condição de um dos maiores eventos do esporte mundial. Ele fez da construção de carros de corrida a manifestação de uma vocação, uma obstinação e, até mesmo obsessão.

Se nas últimas décadas a Fórmula 1 vem atraindo a atenção das grandes corporações mundiais do setor automobilístico, cujas participações no Mundial têm se dado de diversas formas, nunca é demais reiterar que tudo começou com a capacidade empreendedora de donos de pequenas oficinas, os chamados garagistas. Sem a fascinante trajetória desses nomes históricos, certamente essa modalidade de competição automobilística não teria revelado tantos pilotos

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Frank Williams: A Primeira Geração dos FW na Fórmula 1

maravilhosos, que ao longo dos anos puderam encantar o mundo com talento e arrojo.

O tempo implacável e a brutal elevação dos custos resultaram na venda de algumas equipes, fusões ou mesmo no fechamento de portas. É por isso que não haveria um único garagista, dentre as atuais equipes de Fórmula 1, não fosse a honrosa exceção da Williams. Fundada e presidida por Frank

Williams até hoje, em que pesem todas as limitações físicas impostas pelo acidente de 1986 (numa estrada da França, que o deixou paralítico), a equipe é um símbolo de resistência, perseverança e até mesmo teimosia.

Coube a ele encarar todas as modificações impostas pela evolução da Fórmula 1, transformando sua então pequena equipe - com menos de 10 pessoas, incluindo ele próprio, o motorista do caminhão e mulher de piloto cronometrando

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Frank Williams: A Primeira Geração dos FW na Fórmula 1

tempos - num gigantesco complexo tecnológico que emprega cerca de 800 pessoas. O enfrentamento das grandes transformações da categoria alternou momentos de muito sucesso com outros de ineficiência competitiva. Mas, sem dúvida, o saldo é altamente positivo no cômputo geral.

É verdade que os últimos anos da Williams no Mundial de Fórmula 1 não têm sido dos melhores. No período entre as temporadas de 2005 e a de 2018, a equipe venceu apenas uma vez. Não fosse a conquista do venezuelano Pastor Maldonado no Grande Prêmio da Espanha de 2012, com o Williams FW34

Renault, a equipe teria completado em 2018 a nada elogiável marca de 14 temporadas sem vitórias.

Mas é verdade, também, que a curva descendente, que teima em persistir, não tira da organização fundada por Frank

Williams a condição de equipe vitoriosa. Pelo contrário, os nove

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Frank Williams: A Primeira Geração dos FW na Fórmula 1

títulos no Mundial de Construtores colocam o time inglês como o segundo mais vitorioso, atrás só da Ferrari.

O mesmo grau de excelência é verificado no Mundial de

Pilotos, uma vez que Alan Jones (1980), Keke Rosberg (1982),

Nelson Piquet (1987), Nigel Mansell (1992), Alain Prost (1993),

Damon Hill (1996) e Jacques Villeneuve (1997) foram campeões com os carros da Williams.

Desde 1979, quando o suíço Clay Regazzoni conquistou em Silverstone (Grande Prêmio da Inglaterra) a primeira vitória para a Williams, 17 pilotos venceram nada menos que 114 vezes com os carros da série FW. No âmbito de poles, os números são maiores ainda, pois o grid de largada teve um carro Williams na posição de honra em 128 Grandes Prêmios.

Em todos esses quesitos, a Williams é a terceira melhor equipe na história da Fórmula 1.

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Frank Williams: A Primeira Geração dos FW na Fórmula 1

Entretanto, o presente trabalho não se dedica ao período glamouroso dos anos 80 e 90, nem tampouco tenta explicar o motivo de os bons resultados terem desaparecido, ainda no início dos anos 2000. Há toda uma realidade bem anterior aos tempos áureos, mais precisamente entre o fim dos anos 60 e início dos anos 70, quando os carros de Frank Williams eram sinônimos de fracasso nas pistas e refletiam a limitadíssima capacidade financeira da equipe.

A Williams só começou a crescer, de fato, a partir de

1978, quando da parceria com Patrick Head e patrocínios de empresas da Arábia Saudita, fazendo surgir a WILLIAMS GRAND

PRIX ENGINEERING, em substituição à pioneira FRANK

WILLIAMS RACING CARS.

Surgia assim o FW06, carro de Patrick Head como diretor técnico e Neil Oatley na função de projetista. Já no ano

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Frank Williams: A Primeira Geração dos FW na Fórmula 1

seguinte, a dupla concebeu o FW07 usado por Regazzoni para vencer o Grande Prêmio da Inglaterra de 1979. E foi esse mesmo

FW07, em sua versão aprimorada, o carro de Alan Jones na conquista do Campeonato Mundial de 1980.

Mas o que aconteceu na fase inicial,

quando a equipe nem construía seus

carros e precisou passar por muitas –

muitíssimas! – dificuldades até se

aventurar no campo da construção?

Como nasceu a série FW? E antes disso?

Afinal, quem é de onde veio Francis

Owen Garbett Williams?

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É essa a história que motivou esse trabalho que o Amigo

Leitor vai conhecer a partir de agora, o que obviamente me deixa muito feliz e agradecido.

Américo Teixeira Junior Novembro 2018

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Frank Williams: A Primeira Geração dos FW na Fórmula 1

FRANK WILLIAMS - ANO A ANO

1942

Francis Owen Garbett Williams nasceu no dia 16 de abril de 1942 na cidade de South Shields, Condado de Durham, no Noroeste da Inglaterra.

1966

Frank Williams fundou a FRANK WILLIAMS RACING CARS.

1967

A FRANK WILLIAMS RACING CARS disputou a primeira corrida desde a fundação. Foi em etapa de Fórmula 3 (), ocasião em que Piers Courage pilotou um BT21.

1968

A FRANK WILLIAMS RACING CARS estreou na Fórmula 2 no Grande Prêmio de Barcelona, prova não válida pelo European Trophy e realizada em 31 de março no Parque Montjuich. Disputou também a temporada de Fórmula 3.

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1969

Frank Williams disputou sua primeira temporada na Fórmula 1, tendo Piers Courage como seu piloto titular. O carro era um Brabham BT26. Participou também da Tasman Series e da temporada de Fórmula 2.

1970

Dedicada apenas à Fórmula 1, a FRANK WILLIAMS RACING CARS disputou o Mundial com o e sofreu a primeira grande tragédia de sua história: Piers Courage morreu em acidente no Grande Prêmio da Holanda.

1971

Voltou a acumular participação nas temporadas de Fórmula 1, com chassis March 701 e 711, e na de Fórmula 2, passando a contar com o piloto brasileiro José Carlos Pace.

1972

Frank Williams a se dedicou unicamente à Fórmula 1, tendo como pilotos José Carlos Pace e o francês . Introduziu na temporada o Politoys, primeiro carro saído da fábrica da Williams.

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1973

Frank Williams utilizou o chassi ISO-Marlboro, que foi resultado do aprimoramento dos antigos Politoys.

1974

Os carros da equipe passaram a ser identificados como FW01, FW02 e FW03, mas no momento inicial se referiam ao número de chassis fabricados de um mesmo modelo.

1975

Foi para as pistas o FW04, inaugurando o padrão de identificação usado até hoje, com o número identificando o carro e não o número de chassis construídos; a equipe praticamente quebra em razão das dívidas.

1976

A FRANK WILLIAMS RACING CARS foi vendida para o empresário Walter Wolf (60%), mas Frank Williams manteve a chefia da equipe que fundou, mas na condição de sócio minoritário (40%).

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1977

Frank Williams saiu da Wolf Racing, após vender para Walter Wolf a parte minoritária que ainda detinha, e fundou a WILLIAMS GRAND PRIX ENGINEERING. Para diretor técnico, convidou Patrick Head, que projetou o FW06. Enquanto isso, competiu em alguns Grandes Prêmios de 1976 com March 761.

1978

Com o patrocínio majoritário de empresas oriundas da Arábia Saudita, o novo chassi FW06 e o australiano Alan Jones como piloto, a WILLIAMS GRAND PRIX ENGINEERING disputou sua primeira temporada completa. Era Frank Williams iniciando a sua fase mais conhecida, que perdura até os dias atuais, agora sob o comando de sua filha Claire Williams.

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1967 – ESTREIA DA FRANK WILLIAMS RACING CARS

último domingo de outubro (29) daquele 1967 já indicava o duro inverno que estava por vir. Chuva e frio foram O companhias constantes de todos aqueles que se dirigiram para o distrito de Sevenoaks, no Condado de Kent, mais precisamente para a Falkham Green Village, onde fica o circuito inglês de Brands Hatch. Sob aquelas condições aconteceria a competição de Fórmula 3 denominada ER Hall Trophy, homenagem ao piloto inglês Edward “Eddie” Ramsden Hall1.

A respeito dos competidores inscritos, exatos 73, não é difícil de imaginar que praticamente todos estavam em busca de um

1 Eddie Hall foi um piloto inglês nascido em 1900 e conhecido por ter disputado a 24 Horas de Le Mans de 1950 sem troca de piloto. Somente ele pilotou um modelo Bentley TT, num total de 236 voltas e 3.200 km. Fonte: Eoin Young

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objetivo muito claro e, de fato, muitos daqueles jovens mais tarde se tornariam mundialmente conhecidos como pilotos de Fórmula 1.

Lá estavam, por exemplo, Clay Regazzoni, Derek Bell, François Cevert, Henri Pescarolo, , Ian Ashley, Jackie Oliver, Jean-Pierre Jabouille, Jean-Pierre Jaussaud, John Miles, Peter Gethin, Piers Courage, Reine Wisell e , entre outros. O futuro dono de equipe na Fórmula 1 (Ensign) e Indy (Mo Nunn Racing), Morris Nunn, também estava no grid.

Mas não era apenas dentro dos cockpits que os primeiros passos estavam sendo trilhados, pois aquela competição marcou também a estreia de uma nova equipe inglesa, a FRANK WILLIAMS RACING CARS, sob o comando de um jovem de 25 anos chamado Francis Owen Garbett Williams, mais conhecido como Frank

O reduzido grupo da FRANK WILLIAMS RACING CARS trabalhava num chassi Brabham BT21, que rivalizava com o Matra MS5 como o melhor Fórmula 3 da temporada2. A preferência pelo produto saído da fábrica de e Ron Tauranac3 ficava

2 Foram construídos 50 carros BT21, que nasceu a partir do refinamento técnico aplicado ao modelo anterior, o também vitorioso BT18. Fonte: F3 History

3 Nota do Autor: A Brabham estava em alta porque seu fundador, o australiano Jack Brabham, havia conquistado o Mundial de Fórmula 1 de 1966 com o Brabham BT19,

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