Revista Brasileira Fase Ix
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Revista Brasileira FASE IX • ABRIL-MAIO-JUNHO 2019 • ANO II • N.° 99 ACADEMIA BRASILEIRA REVISTA BRASILEIRA DE LETRAS 2019 D IRETORIA D IRETOR Presidente: Marco Lucchesi Cícero Sandroni Secretário-Geral: Alberto da Costa e Silva C ONSELHO E D ITORIAL Primeira-Secretária: Ana Maria Machado Arnaldo Niskier Segundo-Secretário: Merval Pereira Merval Pereira Tesoureiro: José Murilo de Carvalho João Almino C O M ISSÃO D E P UBLI C AÇÕES M E M BROS E FETIVOS Alfredo Bosi Affonso Arinos de Mello Franco, Antonio Carlos Secchin Alberto da Costa e Silva, Alberto Evaldo Cabral de Mello Venancio Filho, Alfredo Bosi, P RO D UÇÃO E D ITORIAL Ana Maria Machado, Antonio Carlos Secchin, Antonio Cicero, Antônio Torres, Monique Cordeiro Figueiredo Mendes Arnaldo Niskier, Arno Wehling, Cacá R EVISÃO Diegues, Candido Mendes de Almeida, Vania Maria da Cunha Martins Santos Carlos Nejar, Celso Lafer, Cicero Sandroni, P ROJETO G RÁFI C O Cleonice Serôa da Motta Berardinelli, Victor Burton Domício Proença Filho, Edmar Lisboa Bacha, E D ITORAÇÃO E LETRÔNI C A Evaldo Cabral de Mello, Evanildo Cavalcante Estúdio Castellani Bechara, Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Carneiro, Geraldo Holanda ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS Cavalcanti, Helio Jaguaribe, João Almino, Av. Presidente Wilson, 203 – 4.o andar Joaquim Falcão, José Murilo de Carvalho, Rio de Janeiro – RJ – CEP 20030-021 José Sarney, Lygia Fagundes Telles, Marco Telefones: Geral: (0xx21) 3974-2500 Lucchesi, Marco Maciel, Marcos Vinicios Setor de Publicações: (0xx21) 3974-2525 Vilaça, Merval Pereira, Murilo Melo Filho, Fax: (0xx21) 2220-6695 Nélida Piñon, Paulo Coelho, Rosiska Darcy E-mail: [email protected] de Oliveira, Sergio Paulo Rouanet, Tarcísio site: http://www.academia.org.br Padilha, Zuenir Ventura. ISSN 0103707-2 As colaborações são solicitadas. Os artigos refletem exclusivamente a opinião dos autores, sendo eles também responsáveis pelas exatidão das citações e referências bibliográficas de seus textos. Transcrições feitas pela Secretaria Geral da ABL. Esta Revista está disponível, em formato digital, no site www.academia.org.br/revistabrasileira. Sumário CICERO SANDRONI Apresentação 7 CICLO CADEIRA 41 EVANILDO CAVALCANTE BECHARA Antenor Nascentes, um tardio na Cadeira 41 9 MARIA LAURA VIVEIROS DE CASTRO CAVALCANTI Luzia Homem, de Domingos Olympio: criação de um mito mulher 13 HUGO ALMEIDA Osman Lins, 40 anos depois, mais atual 19 CICLO PATRIMÔNIO CULTURAL ARNO WEHLING Do patrimônio histórico e artístico ao patrimônio cultural 31 JOAQUIM FALCÃO A constituição e o patrimônio cultural 35 MARIA CECILIA LONDRES FONSECA Uma breve trajetória do patrimônio cultural brasileiro: políticas, atores, perspectivas 43 MARCIA SANT’ANNA Política urbana e patrimônio: monumento, documento e espetáculo 53 ULPIANO T. BEZERRA DE MENEZES As falsas dicotomias do patrimônio cultural 63 CICLO PRESENÇAS FUNDAMENTAIS EVALDO CABRAL DE MELLO Nabuco: sua visão do passado brasileiro 75 CELSO LAFER Dimensões da atualidade do legado de Rui Barbosa 87 ENSAIO ARNALDO NISKIER Castro Alves, o poeta do amor 97 ANTONIO CICERO Poesia e música a partir de Homero 103 SIMON SCHWARTZMAN Os dilemas do novo ensino médio 113 SANDRA BAGNO Da civilização cordial de Ribeiro Couto ao homem cordial de Sérgio Buarque de Holanda 119 JOSÉ CARLOS DE AZEREDO Língua e educação – uma relação óbvia, uma interação mal compreendida 137 CONTO JUAREZ BARROSO Doutora Isa 141 HOMENAGEM A ALCEU DE AMOROSO LIMA ALCEU DE AMOROSO LIMA A evolução do conto no Brasil 145 Esta a glória que fica, eleva, honra e consola. MACHADO DE ASSIS Apresentação Cicero Sandroni Ocupante da Cadeira 6 na Academia Brasileira de Letras panorama cultural e literário brasi- e também palestrante, encontram-se textos leiro descortinado nesta edição da do jurista Joaquim Falcão, da socióloga Ma- O Revista Brasileira é múltiplo e su- ria Cecília Londres Fonseca, da arquiteta e gere ampla visão dos temas apresentados. urbanista Marcia Sant’Anna e do professor Do ciclo de palestras Cadeira 41, criado Ulpiano T. Bezerra de Menezes. E do ciclo pela acadêmica Ana Maria Machado para Presenças Fundamentais, as conferências lembrar aqueles que, embora com grande dos acadêmicos Evaldo Cabral de Melo e destaque nas letras nacionais por vários Celso Lafer. motivos e razões passaram ao largo da Aca- O leitor ainda encontrará nesta edição demia Brasileira, publicamos textos/ensaios textos de Arnaldo Niskier, Antonio Cicero, do professor Evanildo Bechara sobre Ante- Simon Schwartzman, José Carlos Azeredo e nor Nascentes, filólogo e lexicógrafo de vas- Sandra Bagno, e também o resgate do con- ta obra; da socióloga Maria Laura Viveiros to do escritor cearense Juarez Barroso. de Castro Cavalcanti sobre o romance Luzia E em destaque especial para a memória Homem do romancista Domingos Olympio; literária, o texto de Alceu Amoroso Lima, e do jornalista Hugo Almeida estudo sobre “A evolução do conto no Brasil”. Alceu, o romancista Osman Lins, quando de seus sempre é bom lembrar, segundo Otto Maria primeiros passos na literatura. Carpeaux exerceu “incomensurável influên- Do Ciclo Patrimônio Cultural Brasileiro, cia nas letras brasileiras”. coordenado pelo historiador Arno Wehling Boa leitura. CICLO CADEIRA 41 Antenor Nascentes, um tardio na Cadeira 41 Evanildo Cavalcante Bechara Ocupante da Cadeira 33 na Academia Brasileira de Letras Palavras introdutórias Palestra Boa tarde a todos os presentes. Boa tar- O Professor Antenor Nascentes é da- de aos nossos internautas, que nos acom- quelas pessoas, como dizia Capistrano de panham on-line. Um boa-tarde todo es- Abreu a respeito do Said Ali, “que não se pecial a dois representantes da família do comparam; é das pessoas que se separam”. professor Antenor Nascentes: um neto e Realmente, a produção científica e didática uma bisneta, e uma comissão de diretores do Professor Nascentes é uma atividade ex- do Colégio Pedro II tendo à frente a pro- traordinária, porque seguindo o conselho fessora Vera Rodrigues, que vieram home- de Goethe, tinha um olho voltado para a nagear esse extraordinário homem de uma ciência e o outro para a vida. De modo que família pobre, que chegou a ocupar os pos- ele era um estudioso de língua portuguesa tos mais altos dos estudos linguísticos em que nunca ficou recluso ao gabinete, nem nosso país, e de reconhecimento interna- tampouco assumiu a posição dogmática cional por algumas das suas obras dentro dos gramáticos que, de palmatória na mão, do campo da Romanística. estavam atrás dos que colocavam mal os Quero lembrar às pessoas que não estão pronomes das regências verbais trocadas. O ligadas aos estudos românicos que a Filolo- nosso Nascentes era um pesquisador nutri- gia Românica é uma disciplina científica que do de ciência e voltado para a vida e para a se ocupa das línguas e das literaturas que vida da linguagem, que, com suas variações, representam a continuação do Latim. São é o espelho da vida do próprio ser falante. as chamadas línguas românicas, ou neo- Ele sempre dizia: “Eu procuro os cami- latinas. O Professor Antenor Nascentes foi, nhos novos, eu abro os caminhos dentro no início da nossa universidade, o primeiro das minhas possibilidades. Esta primeira professor dessa disciplina, ao lado de mes- abertura de caminho é uma abertura ainda tres franceses que vieram inaugurar, entre muito inocente, mas com todo o vigor da nós, este ramo da ciência linguística. minha inteligência e da minha capacidade Conferência pronunciada na Academia Brasileira de Letras em 2 de agosto de 2018. 10 • Evanildo Cavalcante Bechara de amar as coisas, tenho certeza de que era ajudar aqueles que precisavam ser aju- este primeiro caminho percorrido vai ter as dados. Os trabalhos dele revelam isso. suas falhas. Mas ele, se não for aberto por A turma de professores do Colégio Pe- mim, não encontrará sucessores meus que dro II daquela época era constituída de no- venham aplainar o terreno, corrigir as falhas mes que poderiam ser professores univer- de observação e apresentar este caminho sitários em qualquer universidade europeia como digno de ser estudado.” Ele dizia es- ou americana. Eram pessoas de grande ta- tas palavras e acentuava com ênfase entre lento, e a turma teve, somente para exem- dentes: “se as dificuldades existem, elas de- plificar, como professor de Grego, Ramiz vem ser vencidas”. Galvão; como professor de Alemão, Manuel O Professor Nascentes só chegou ao Co- Said Ali; como professores de Língua Portu- légio Pedro II porque sua professora primá- guesa, Fausto Barreto, Carlos de Laet e Silva ria sentiu no jovem aquelas centelhas de in- Ramos; como professor de História, João teligência e achou que ele, pobre, precisava Ribeiro e como professor de Literatura, José de um empurrão para poder abrir a estrada Veríssimo. Para enfronhar-se na bibliogra- vitoriosa da vida. Foi o que aconteceu. Fez fia técnica dos textos de Teoria Linguística, o primário com essa professora, que lhe pa- Antenor Nascentes exibia um bom conhe- gou a matrícula para fazer do admissão ao cimento de línguas estrangeiras, pois fala- primeiro ano ginasial da época. Ele corres- va perfeitamente o francês e o espanhol, e pondeu às expectativas da sua professora, traduzia, igualmente, o inglês e o alemão, e, durante os cinco anos do curso, esteve além de boa formação em latim e grego. no panteon dos primeiros lugares da tur- Enquanto o Professor Nascentes se for- ma, na companhia de ilustres colegas como mou em Direito, Sousa da Silveira concluiu Manuel Bandeira, Sousa da Silveira e Artur Engenharia e pertenceu ao primeiro grupo Moses. de profissionais que traçou as novas linhas Terminado o curso, conta a lenda que para o subúrbio do Rio de Janeiro. optou por fazer a faculdade de Direito por- Desde cedo Nascentes começou a publi- que estava instalada nas dependências do car trabalhos na área do Direito, como por Colégio Pedro II, para não se afastar daque- exemplo, o Resumo Histórico da Legislação la casa de ensino que ofereceu a ele e aos Penal Brasileira, saído em A Época, nos nú- seus companheiros tudo o que aprendeu meros de setembro e outubro de 1906, e de melhor para a vida.