Cais da Pedra a Sta. Apolónia

N: 01

Mensal Gratuito Outubro 2008 a nossa vida é toda para diante. Canibais dançando com astronautas Catarina Portas

São noites raras e porém fatais. A lua inquietante não passa de mero pretexto e parente dentro de nós. Uma verdade que pode estar cheia ou nem por isso, pode- décor conveniente. A meteorologia senti- sobe à tona e acena, braços no ar. São mo- mos ser só nós com uma cheia no coração. mental, essa é que é ela. Pode acontecer mentos de rara lucidez, flechas de súbita Começa com um redemoinho inquieto que quando sentimos que nos apaixonamos, certeza que nos atingem entre a multidão nos titila a vontade e rapidamente se trans- pode suceder quando nos baralhamos, até tumultuosa, preciosos e decisivos momen- muta em compulsão para transbordar em pode dar-se quando celebramos. Pode sim- tos. Dançamos de balanço com o mundo, comoção. Há noites assim em que ouvimos plesmente ser a vontade de respirarmos. equilibramo-nos no difícil fio de trapézio da gritar dentro de nós uma ordem imperiosa: Mas com o corpo todo. vida. Temos os pés no chão? Não, segura- dançar! dançar! dançar! E não há maneira Nessas noites, corremos toda a cida- mos o coração nas mãos. de a amordaçar. de. Procuramos um albergue musical, uma Quantas horas passámos nós nes- Oh não, nada a ver com as noites ro- cabana calorosa, uma clareira nocturna. se êxtase lânguido? Neste tão frágil luxo? tineiras, uns instantes distractivos na pista E quando a realidade se compadece com Tanto faz, o tempo perdeu a sua ansiedade de dança, entre dois copos e três conver- as nossas ânsias, chegámos lá. No recreio e refastelou-se esquecido em puro prazer. sas. Essa dança sabe bem mas não passa da escola, quando jogávamos à apanha- A energia brota do chão, chove do firma- da, existia um canto onde ninguém nos conseguia apanhar nem nos podia tocar. Há noites Chamava-se o “coito”. Mais tarde, apren- Mais, garanto: demos-lhe outro significado mas a ideia é assim em que sempre a mesma: um lugar onde existe a algumas das possibilidade de nos salvarmos e onde po- ouvimos gritar demos saborear o seu prazer exultante. Em mais drásticas plena cumplicidade, a liberdade. dentro de nós Pois tal como no jogo, numa pista de decisões de dança podemos alcançar um certo estado uma ordem de protecção do mundo e de suspensão vida, tomei-as sobre a vida. A música passeia pela nos- imperiosa: sa pele, o ritmo sacode-nos as mágoas, os a dançar acordes acordam-nos os sentidos tal como dançar! dançar! nos acordam com o universo. A fúria doce mento luminoso sobre nós, abraça-nos da felicidade dança connosco. Nesses ins- pela música e é-nos oferecida pelos ou- dançar! E não tantes, o sexo pode sair-nos pela ponta dos tros, esses nossos novos camaradas que dedos, tal como a bondade. E se compar- dançam connosco. E benditos são aqueles há maneira de a tilhamos o momento suspenso com quem que têm o dom de nos fazer dançar, nessas dança connosco, podemos formar família. ocasiões. “Sois deuses” apetece sussur- amordaçar Amigos, conhecidos ou desconhecidos, rar ao ouvido do DJ mascarado ou soprar tanto faz, a música até pode não ser à orelha de quem soube organizar essa essa mas “We are family”. Porque todos so- conjuntura perfeita, inventar esse mundo de entretém. Não é disso que falo. Falo de mos agora canibais musicais. Todos somos certo que responde e acrescenta ao nosso urgência, desvario, obsessão. Há noites em astronautas flutuando com a gravidade que gáudio e desassossego. que precisamos de dançar como se disso dá a felicidade espontânea. E na madrugada, de regresso a casa dependesse a nossa salvação. Ou a nossa Verdades inequívocas como esta num táxi que atravessa já o dia e voa so- ressurreição, talvez seja mais justo. tornam-se muito nítidas, na escuridão e bre a cidade estremunhada, só aí o pulsar De onde vem o redemoinho? Em que deslumbramento da iluminação piscante das nossas veias abranda finalmente. Mas paisagem nasce ele, o futuro furacão? (Pois de uma pista de dança. Mais, garanto: algu- sentimo-las ainda absolutamente vivas e sim, tive uma t-shirt que dizia: “El Ninõ take mas das mais drásticas decisões de vida, dentro delas dançam ainda, na cadência me with you” e poderia ser uma boa farda tomei-as a dançar. O corpo liberto e feliz de um slow antigo, todos os glóbulos que para ir dançar.) Existem condições me- pode deixar a cabeça muito clara. Tudo são agora brancos, como a paz. teorológicas propícias, como a tal da lua se desfoca em nosso redor para que algo cheia. Mas, geralmente, a lua possante e se torne subitamente incrivelmente trans-

Quimpostor A cona de Picasso Tiga ao telefone de Da varanda do Lux Quim Albergaria João Paulo Cotrim Montreal Vítor Belanciano — pág. 02— — pág. 03— Tiago Manaia — pág. 05— — pág. 04— Muitos lados O Outro Oráculo 10/08 A primeira página da mesma história Maria Antónia Oliveira & António Néu Anamar — pág. 12— Susana Pomba — pág. 10— — pág. 11— — pág. 09— N: 01 Outubro 2008 página: 02 N: 01 Outubro 2008 página: 03

baixo e Yen no bar, Dezperados ou Tiago + Basement Jaxx. Felix Buxton veio prestes a surgir do papele. Talvez veja logo Nuno e dexter + Zé Pedro Moura ou Nanau. em 2002 mas agora também vem Simon ali uma gota e nisso se jogue tudo (tudo 10x10=10 Subimos e descemos escadas à procura da Ratcliff. Não sabemos o que vão fazer mas A cona de se joga sempre numa gota). Percebo neste surpresa, do hit esquecido, do maxi novo, sabemos que são capazes das maiores ex- instante que a gota se torna essencial para Isilda Sanches do bootleg mais improvável, da batida in- travagâncias, por isso antecipamos a festa. perceber a essência: neste pequeno cine- falível, do groove hipnótico, do conhecido Magda. É uma mulher entre homens, ma (agora escuro, como na sala do dito), e do desconhecido. E das outras pessoas uma miúda sem medo que dá a cara pelo mini- Picasso neste enorme teatro (agora iluminado nos E se não houvesse Lux? que, tal como nós, procuram música liber- mal e encerra Outubro sob o signo de Berlim. detalhes, como personagem prestes a A vida seria a mesma? Faríamos as mesmas tadora que faz dançar e pensar (quem esti- James Holden. Alguém disse que é mais João Paulo Cotrim agir), mora cada princípio, cada recome- coisas? Gostaríamos da mesma música? ver para isso, claro). rápido do que a nossa cabeça. É verdade. De- çar, o conforto e o prazer, mas também a Teríamos os mesmos amigos, os mesmos Fui ao site contar os nomes que pas- safia o espaço-tempo. É de outra dimensão. aspereza e a dor das nossas vidas. Neste amantes? Seríamos as mesmas pessoas? saram pelo Lux desde que abriu. Desisti no Boys Noize. Infalível, implacável, fun- Mal o mundo suspire de cansaço, eis a de amor. Não desgosto das que se vestem endereço se encontra a suprema alegria de Aposto que não. final de 1999, em Tim ‘Love’ Lee, quando pop, rock, os nomes podem ser muitos. cional em regime new ou old rave, para hora certa. Pouse-se o rosto na coxa como de nuvem, mas a sua macieza contém o jogar com os sentidos, não apenas os cin- percebi que já ia no 64... não é preciso fa- As ligações só não são evidentes para quem não teme a compressão no som e a um cair de tarde e admire-se. Não basta perfume de lugares quentes e secos, onde co, mas os outros que desaguam nesses zer as contas a todos os que vieram para quem não quiser ver que tudo está ligado, explosão na pista. Levantem-se os braços sonhá-la, como se nunca tivesse existido; se torna difícil respirar e plantar flores. As como marés, aquilo que fomos ou o que es- Toda a gente tem uma história com o seriam iguais. Isto é da ordem da matéria chegar à conclusão de que 10 anos de Lux que não há contradições e tudo é possível. como se não houvesse amanhã! não interessa invocá-la, resgatando-a aos que surgem como traço apenas a rasgar o tamos para ser, o que preferimos esquecer Lux. Mesmo os que nunca entraram, ou os e da forma das coisas, e também é o que também são 10 anos de contacto directo O ciclo começou com James Mur- 2manydjs. Nem me atrevo a imaginar confins da memória ou às páginas de um triângulo das coxas fazem as vezes do sus- e apagar. Está tudo ali, na cona de Picasso, que nunca sequer tentaram. Mesmo antes faz o Lux, Lux. Mas há o espaço e há como com os melhores DJs, produtores, bandas phy, sob o signo do disco, recuperando quantas histórias haverá com eles no Lux livro; não serve sequer vê-la: temos que a surro antes do desmaio, da queda: “estás que pintava com o caralho. de abrir, eu já tinha uma história com o Lux. se preenche. A música foi o que sempre e projectos, acompanhando o fluxo criativo clássicos e pérolas obscuras. Prosseguiu mas há espaço e tempo para muitas mais. dizer, devemos escrevê-la. Só assim entra- bem? Não!” E eis-nos no chão. A seta in- Ofereceram-me 10, depois 15 contos (foi no me levou ao Lux. O que sempre nos levou e as suas curvas. Prince em 1998, Rinôce- com um histórico do house, François 10 noites com amigos, de fora e de mos nela verdadeiramente. dica o que nos aguarda, a terra e a morte. tempo do escudo) pelo convite da caixa de e ainda leva. Lamento as noites do Lux a rose em 2000, Liars em 2003, Digitalism Kevorkian, que passou pelo Studio 54 dentro. Yen convida Glue, dos Da Weasel, Ora parecendo que o pintor possui Estes sinais possuem o calor da vida, mas plástico branco. Fui à festa. E ainda tenho que não fui e queria ter ido, Goldie, Her- em 2007. 10 anos não se resumem. Mas e Paradise Garage, marcou e continua para uma sessão de funk, soul e hip hop (e bastantes, algumas até emprestadas, ne- não esquecem a frieza da morte, seja de a caixa e as fotos dentro e, mesmo agora, bert, Moodymann, mas tenho memórias vi- podem multiplicar-se. O que virá a seguir? a marcar a história da música de dança. o que mais lhes ocorrer) para fazer a pista cessário se torna sacrificar ao menos uma que tamanho for, pequena ou em por isso. continuava a não fazer o negócio. Não foi vas de Cinematic Orchestra, das primeiras Aceitam-se apostas. Seguem 8 magníficos: mexer sem preconceitos. Zé Pedro Moura vida para encontrar a que nos explicará a Nestas escondeu o pintor, está bem bem de propósito, mas fui guardando me- noites 2manydjs, Mocky, Jamie Lidell, DJ Para já, prolonga-se a celebração de- Tiga. É o rapaz poster do electro, mas e João Peste convidam Pedro Mesquita e humidade e as palavras. Pode esconder-se de ver, outra, a que explica o vento e os morabilia do Lux. Flyers, convites, bilhetes, Shadow, LCD Soundsystem, Greg Wilson, safiando a matemática: é mais do que isso. É um produtor de recur- Carlos Moura (d’Os 7 Magníficos) para uma num triângulo colorido que mija um oceano insectos, o acelerador de partículas e o caixas de fósforos (encontrei uma há dias, Buraka Som Sistema, Animal Collective... sos e um DJ para lá dos rótulos mas sem- noite em que o single será rei e em que ou naquele leão de juba negra com um úni- Cântico dos Cânticos, a lua e a carne. Ve- foi bem útil!). Mais histórias. Não existiriam noites de sábado, quinta ou sexta, Rui em 10X10=10 pre a favor da celebração. poderemos ouvir as pérolas mais imprová- co olho, mas são apenas faces, lados de um jamos como o corpo se constrói, cortina e da mesma maneira se não houvesse Lux, M.A.N.D.Y. Get Physical. Usamos o veis, cortesia de verdadeiros colecciona- cubo que roda em vertigem para nos ofere- bastidores, palco tão só para o que aconte- porque o cenário também é parte da peça São 10 DJs em 10 noites. Cada um re- nome da editora como se fosse um slogan dores e amantes de música. Mais haverá cer enganos, tentações, delícias, horrores. ce entre pernas. Pode figurar-se compondo e a arquitectura do espaço facilitou muitos presenta uma peça do puzzle Lux. Regres- activista porque é mesmo assim. Quem re- nestas 10 noites de celebração do que já Por exemplo. As gigantescas, de mãos poses, lado a lado, erguendo-se, gritando encontros e desencontros, às vezes mesmo sam porque são amigos e também heróis, siste ao electro house alemão? vivemos, mas também do que ainda não rudes abrindo sucessivas camadas ovais, ou repousando, que os nossos olhos são tropeções e algumas quedas, do tipo físico porque as suas noites deram vida a muitas Erol Alkan. DJ, produtor, agitador, ho- experimentámos, ou sequer imaginamos parecem diamantes por polir, mas são levados para sul, o seu sul. Possui o traço, e emocional. Noutro sítio, com as mesmas histórias. Cada um tem território próprio, mem de mashups, bootlegs, remixes, um que exista. Olhar para trás é importante, entradas para o labirinto. Outras que pare- lá está, mas fez-se sinuoso como o s, cobra pessoas e circunstâncias idênticas, as coi- mas entre si também há cumplicidades. dos irreverentes mais criativos neste mo- porque antecipa o futuro. E o futuro come- cem rodeadas de pequenas labaredas, de esguia prometendo agilidades. Os poucos sas poderiam até ser parecidas, mas nunca Disco, house, techno, minimal, maximal, mento da história. ça sempre agora. fósforos moles, fingem-se de sóis para falar pêlos são arabescos, algarismos, palavras

Zé Pedro Moura Ka§par & Rui Vargas Sofia M Yen Sung Tiga Gonçalo Siopa Quinta 09 Quinta 02 Sábado 04 Quinta 09 Quinta 02 Quinta 02

estranho porque ela já estava a fumar. vamos sempre dizer a verdade. nho. Obriga-me a não ser honesto, nem co- que o fazemos? Porque é que a ordem ve- Será que ia fumar dois cigarros ao mesmo O meu avô, o que de mais próximo de migo, nem com aquilo que faço, nem com lha, protectora de privilégios bafientos, não A canção que eu gostaria Quimpostor tempo? Só para me mostrar que era muito herói eu tenho (talvez porque nunca real- aqueles com que me comprometo. reconhece que não vai viver para sempre, e mais rebelde que eu? Eu disse génio, não mente o tenha conhecido), dizia que uma É verdade ou mentira que para termos começa a investir e criar condições para um de ter escrito Quim Albergaria disse estúpida. Acendeu esse cigarro com mentirilla, ou mentira branca, era preferível melhor, temos de dar mais? futuro melhor, mesmo que seja sem eles? um Quinas de caixinha. Pôs-me uma mão para agilizar uma ou outra situação, poupar O mundo acelerou e deu-nos coisas Uma mentira que me custa admitir é a no ombro e apertou-o. Com a outra mão uma cena ou os sentimentos de alguém maravilhosas, mas isto do multi-tasking é de que as escolhas que tenho feito me põem Camané João Grosso Vou-vos dizer a serem). E é dessa vala que vem a terra mais enfiou-me na boca o SG Filtro que tinha a que não valia a pena magoar. Quando és um grandessíssimo barrete. Especialmente a sobreviver, não a viver como queria. verdade: eu minto. fértil, onde se devia plantar cultura. Um pai mais e disse: “Chupa.” O medo e a novida- um antifascista na clandestinidade, com a numa cultura que está criar cada vez mais Mas o que eu acho que quero mes- Smile though your heart is aching Je t’aime nunca poderá ser um melhor amigo. de, do cigarro e da coacção, mandaram-me mala cheia de propaganda libertária e em seres com ADD’s vários e não ensina mé- mo com isto tudo é gostar e que gostem Smile even though it’s breaking oh, oui je t’aime! Porque a mentira é sexy e porque na Lembrem-se que minto e lembrem-se obedecer. Tosse, lágrimas e ranho saíram pleno estado novo, acho que a mentira, todos de trabalho nem gestão de esforço. de mim. Para isso acho que vou continu- When there are clouds in the sky, moi non plus maior parte das vezes é mais segura que que não sou o único. de mim, surpreendidos. Sobre a agonia do mais do que uma má prática moral, é uma Tudo ao mesmo tempo, tudo para já ou on- ar a mentir. Há mentiras que fazem tão you’ll get by oh, mon amour... a verdade, a minha nova coluna não terá Com 5 anos descobri que a minha primeiro contacto com a nicotina, a minha ferramenta de sobrevivência. E porque ho- tem, tudo colado com cuspo. Nunca vi tan- bem. Como qualquer certeza sem provas, If you smile through your fear and sorrow comme la vague irrésolue muito mais do que fraudes descartáveis e irmã, com 14, tinha começado a fumar. irmã dava-me uma das primeiras lições mens e mulheres como o meu avô lutaram tos putos cansados. Reparem nos putos na só pela possibilidade de criar ou desco- Smile and maybe tomorrow je vais je vais et je viens filosofias de elevador. Porque quero que por o mínimo de liberdade que temos hoje, próxima vez que saírem a rua. Pensem na brir algo novo. Como qualquer afirmação You’ll see the sun come shining through entre tes reins esta coluna seja o mais cervical possível, eu tomei a liberdade de continuar a mentir. for you et je me retiens-je t’aime je t’aime vou-vos oferecer uma leitura promíscua e Os episódios que melhor guardas Uma das mentiras que me espeto oh, oui je t’aime! honestamente estúpida. Sabem quando com alguma frequência é que tenho uma Light up your face with gladness moi non plus o zapping corre bem e apanham cenas fi- dos anos quando ainda te carreira. Sim, tenho o 51, de Belém a Mira- Hide every trace of sadness oh mon amour... xes? Vou tentar pôr isso por escrito com a flores que me deixa quase à porta da firma. Although a tear may be ever so near tu es la vague, moi l’île nue certeza desde já, que um falhanço é muito deixavas crescer, são aqueles que Tenho um salário que me dão por eu pen- That’s the time you must keep on trying tu va et tu viens bom entretenimento. Quero, da maneira sar em marcas - como elas se devem ves- entre mes reins mais inconsequente possível, acelerar par- não podes contar aos teus pais. tir, comportar e falar. Eu sou maquilhador Smile, what’s the use of crying? tu vas et tu viens tículas até a um bing bang da tanga, para da verdade, eu trabalho nos bastidores do You’ll find that life is still worthwhile entre mes reins descobrirmos alguma verdade na mentira Estas mentiras são mãos cheias Design e da Publicidade. Faço mentiras If you just smile et je te rejoins- je t’aime je t’aime e percebermos onde está a treta da hones- bonitas, sou mais um dos sofistas. Vêem média de pessoas que conhecem que tra- infundamentada só pela liberdade e pela moi non plus tidade. Vá lá ver, a ver vamos. de terra que separam o novo onde fui aplicar a criatividade maquiavélica balham e estudam, que têm mais que um agitação da coisa. Como a Esperança, a That’s the time you must keep on trying oh, mon amour... A minha mãe não sabe que eu fumo. que a minha irmã me ensinou? Entretanto emprego ou que depois de um dia de traba- Imaginação e a Fé. Smile, what’s the use of crying? Os episódios que melhor guardas dos do velho ainda quero fazer música e ser artista. Faço lho ainda vão malhar nos seus projectos. Fica aqui para os cansados e os que You’ll find that life is still worthwhile “Je T’Aime Moi Non Plus” Serge Gainsbourg anos quando ainda te deixavas crescer, são canções para dançar e para ajudar a esque- Sim, por um lado é óptimo, estamos a estão à beira de uma decisão; para os eter- If you just smile aqueles que não podes contar aos teus pais. “Aaaaiiiaaaaaíííí!!! Vou dizer.” Um cin- sobre a mentira - “Se disseres à Mãe que cer. Subo lá para cima para o palco, dou as deixar de esperar que nos venham salvar. nos estagiários e os explorados; para os so- Estas mentiras são mãos cheias de terra tilar de pânico acendeu-lhe os olhos, logo eu fumo, eu digo que tu também.” Tinha 5 minhas piruetas, canto as minhas coisas a Mas que merda de salário mínimo é esta zinhos e os fartos; para os frustrados e os “Smile”, Charlie Chaplin que separam o novo do velho. Às coisas seguido de um rasgo de génio maquiavéli- anos e minto desde então. E fumo também, querer acreditar que fazem bem a quem as que nos obriga a tanto esforço? Que filha- que se recusam a assumir o knock out, dou- que não sabemos dos nossos pais e ao que co, como só uma miúda de 14 anos conse- mas não desde os 5. ouve e vê. Insistir em querer fazer isto tudo -da-putice é essa noção de estágio não vos uma das melhores e mais úteis menti- eles desconhecem dos seus filhos, chama- gue ter. Tirou das Lois um maço mole de Aprendemos com o exemplo, e se por ao mesmo tempo, é não querer escolher, é remunerado? Porque é que não nos dizem ras de sempre – VAI FICAR TUDO BEM. se vala geracional (ou evolução, como qui- SG Filtro, e sacou um cigarro. O que achei exemplo, nos mentem, não acredito que querer comer maior do que a boca que te- a verdade e dizem que o futuro somos nós

Pinkboy & Pan Sorbe Leonaldo de Almeida Tiago Mr. Mitsuhirato M.A.N.D.Y. DJ Vibe Sexta 03 Sábado 04 Sexta 03 Quinta 09 Quinta 09 Sábado 10 N: 01 Outubro 2008 página: 04 N: 01 Outubro 2008 página: 05

É complicado... Eu acho que é um bocado já o ouvi demais. Eu gosto de pessoas. Seja O tubarão de plástico azul que me ofere- uma personagem. Para mim a imagem sem- o Prince ou o Bowie, o que eu gosto é de ceste, que ainda guardo comigo. Uma rela- “Gostava de pre foi uma coisa divertida, de fora talvez liberdade. Da varanda ção são tantas coisas. As histórias que me pareça que levo as coisas demasiado a sé- A imprensa usa o termo metrosexual contaste do teu pai e da tua mãe. Os SMS rio... Mas só me estou a tentar divertir, tento quando se refere a ti. A palavra metro- trocados quando estavas na China. Tu, em experimentar coisas com outra identidade. sexual faz-me ficar na dúvida... O que é Nova Iorque, prostrada em frente à montra ser lembrado Vamos falar do teu primeiro álbum a que querem realmente dizer com isso... do Lux Vítor Belanciano da loja de animais. O cheiro da tua casa. O solo “Sexor” (2006). Parece-me que estão justificar qualquer teu cheiro. Abraçar-te, com a minha mão Os dois primeiros singles tinham voz: coisa... do género ele é heterossexual, sobre a tua barriga. O orgulho que sentia em “You Gonna Want Me” usavas a voz apesar de parecer gay... Recordo-me bem: era a nossa primei- paço para o fazer. Fico ali, mudo, a conter sempre que me mostravas o teu trabalho. como o do Jake Shears e, no segundo “ Far From Eu não gosto dessa palavra. Faz-me pensar ra vez, 24 para 25 de Abril, noite DIY t-shirt, a minha zanga. Pensando que te ajudei a O teu rosto, lindo, entrecortado pela lua, Home” eras tu que cantavas... Acho que em pessoas como o David Beckham, ho- no Lux, estávamos na varanda quando nos fortalecer para acabares noutros braços. quando nos deslocávamos para o teu car- depois ficámos todos à espera de te ver mens que compram muitos cremes para se beijámos. Mais tarde, dirias que havia sido Dizes-me que é o teu ex. Perguntas-me se ro, perto do Fórum Lisboa. Quando te rias. cantar durante os teus DJ sets, ou pelo tornarem perfeitos... corajoso, talvez porque quando te conheci estou surpreso. Não, é o mais fácil, quando Quando ficavas séria. Tu a descreveres-me rapaz mais menos que fosses nessa direcção... E tu não és assim... não estavas grande coisa, fragilizada, dú- Bem... Nos últimos 5 anos, eu tenho pensa- Não... Nem por isso... Eu não tenho medo vidas com anteriores relações, incertezas do nisso todos os dias. A evolução natural daquilo que posso ser ou parecer aos olhos com o futuro. Chego eu, confiante, intenso, Nunca me senti tão bem, tão eu das coisas, seria dar concertos. Mas sem- dos outros. Quando olho para mim na capa seguro, ajudo a tirar-te da merda, digo que engraçado de pre fiquei muito nervoso com essa transi- de um disco, só quero pensar que estou és linda, que vales imenso. Partilho o mais próprio, com alguém. ção, passar de DJ para cantor. Sinto-me tão bem. Às vezes isso significa que tenha de íntimo de mim, sinto que também o fazes confortável na minha posição actual. Ser estar nu, ou que vista um fato. Mas se és comigo, mas vacilas. Queres acreditar em ainda não conseguimos cortar com o que já o teu avô. A tua família. Tu a dançares. Ver- DJ era o meu sonho de miúdo, eu cresci um homem e apareces numa fotografia a mim. Mas não estás certa. Sentes-te dividi- foi. Dito isto. Claro que fiquei surpreso. De -te a falar com os outros. Comunicares. sempre...” num mundo de techno, onde ser DJ era o usar maquilhagem, é obrigatório, as pesso- da. Digo-te para não teres medo de contem- contrário, não estaria ali, à tua frente, mais O primeiro dia deste ano, em tua casa, jun- objectivo. as têm de dizer qualquer coisa. plar em frente. A minha segurança, a cer- uma vez. Claro que ainda tinha esperan- tos. A intimidade. Acordar e ver-te acordar, Tiga ao telefone de Montreal com Tiago Manaia Mas como tu dizias, quando o meu álbum O que é que vai mudar com o próximo teza do meu amor, atrai-te, mas também te ça. Não conheço o teu ex. Mas conheço-o imensamente. Ver um filme contigo e ador- saiu devia ter começado a dar concertos. álbum? assusta. Começo a relacionar-me contigo através de ti, pelo que me disseste. E, sim, mecer passado cinco minutos. A tua forma Se não o fizer agora, vou deixar um vazio É a primeira vez que vou falar dele, está como se tivesse que cuidar de ti. Contas- sinto-me desiludido. Até por ti. Voltar atrás. de te vestires. O almoço, no vegetariano É o primeiro número deste jornal, por pesado. Tive de tocar todas as canções, de qualquer. praticamente pronto. A grande diferença é -me enigmas, anseios, choras à minha fren- Disseste-me que não te tratou bem. Fiz-te da Luciano Cordeiro, com a tua mãe, a pri- isso queria começar por lembrar algu- todos os discos. Sentes muita pressão exterior? que foi escrito como um disco normal. É um ter uma reacção completamente diferente te. Protejo-te, abraço-te, cubro-te. És linda. carícias por causa disso. Disse-te que eras meira vez que a vi, simpatizei logo com ela. mas das tuas primeiras vezes... As raparigas de cor vinham gritar comigo, Sim. Toda a gente, mas mesmo toda a gen- álbum muito mais musical, as canções são nas pessoas à noite. É credibilidade instan- Criativa. Espontânea. Calorosa. Nunca me grande, linda, fantástica, e és, por que não O último filme que vi contigo, “O Segredo A tua primeira festa? “What are you doing?” te. O meu manager, as pessoas que traba- melhores. As músicas vão na mesma direc- tânea. Mas nunca tive nenhuma reacção senti tão bem, tão eu próprio, com alguém. percebia como é que alguém te poderia ter de um Cuscuz”. Podia continuar, continuar Foi na Índia, em Goa. Devia ter 8 ou 9 anos. Lembro-me dos 50 dólares que me paga- lham na minha editora, os meus fãs... Mas ção de “Far From Home” e “Good as Gold”. do Nelly. Acho que muitos dos tipos do hip Mas, nesse processo, esqueço-me de mim. tratado mal. Transmitiste-me que era ima- e continuar. Uma relação não é só o que Era uma espécie de rave na praia, com ram e daquelas pessoas todas zangadas co- sabes, a vida é igual para todos... Há coisas Gosto muito das letras que escreves... hop, nem sequer percebem, devem pensar, Do que sou, quero, desejo. Estou sempre a turo, sombra, renitente, recolhido sobre si se fez, sentiu, viveu. É também aquilo que hippies europeus. Os indianos vendiam migo... Lembro-me de ter poucos discos! que sabes que tens de fazer, mas tens de te Então vais ficar mesmo satisfeito desta quem é este gajo que está ali a cantar a ver aquilo que a relação pode ser, mas às próprio, de costas para o mundo e para ti, se desejou e não chegou a acontecer. Mas cigarros, chá e jogavam às cartas. Era ao pé Mesmo assim adorei. obrigar a fazê-las. Com o último álbum eu vez. (risos) minha canção? vezes esqueço-me daquilo que realmente que tanta abertura tens. Chega de pensar agora estou outra vez na varanda do Lux. deles que eu queria estar, eles apostavam O feeling de ser DJ, sente-se no final de pensei: vou esperar e ver como o público Elas vão em todas as direcções, é um Depois de tantos anos a viajar pelo mun- é. Talvez me seja cómodo ter uma relação em ti, digo para mim. Ser rejeitado. Prete- Durante meses tentei, juro que tentei, sair dinheiro. Os meus amigos insistiam para noite... Quando a discoteca fecha, quando reage à música, ver o que acontece. Depois mundo surreal... Em que te inspiras? do, acho que nos podes dar um conse- assim, onde sinta que sou o protector. Tal- rido. Custa. Olho para ti, uma última vez, daqui, mas afinal ainda aqui estou. À frente que fumasse um charro, mas eu tinha medo. estão a limpar tudo e tu arrumas os teus tive preguiça e nunca o fiz. Desta vez vai Em temas como “Pleasure From The Bass”, lho. Como é que se organiza uma mala vez me seja difícil, afinal, pensar numa rela- naquele restaurante. Choras, ainda. Pedes- o azul da água. Um pequeno barco, anda E quando é que fumaste o teu primeiro discos... Quando falas com o empregado ter de ser. a letra existe para apoiar a batida e não de viagem? ção, como tanto quero, de igual para igual. -me que te passe um lenço. Faço-o e pen- lá ao longe. Acabei de falar com o John, charro? do bar sobre a noite, quando recebes o teu E gostaste da resposta que o público deu tem um significado particular. Mas depois (Risos) Essa foi a melhor pergunta que já Onde ambos olhem na mesma direcção. so: penso que o problema é esse. Enquanto de Baltimore, onde já estiveste. Ouvi-lo foi Muito mais tarde. Foi na época das rave dinheiro... ao disco? existem letras que escrevo a partir de um alguma vez me fizeram. É o que eu sei fa- Madura. Autêntica. A ti confortou-te ter um tu choras, eu não o faço, não me permito. como ouvir-te a ti. Estava com a Mary, que parties em 93. Estávamos num campo de Que tipo de pessoa eras tu quando an- Sim, muito. Eu não gosto de demasiado sentimento específico. Começa sempre zer melhor! Juro! Tenho todo o tipo de ba- irmão mais velho. Alguém que te compre- E o que eu queria mesmo era chorar. Ter me fez lembrar a tua vizinha de L.A.. Tudo futebol e tive a reacção típica: fartei-me de davas no liceu? Eras intelectual ou eras “hype” à volta das coisas. Acredito numa com uma frase e algumas palavras. “Far gagens, malas para partir durante um dia, endeu, incitou, ergueu. O problema, ainda também quem me passasse um lenço para isto é muito, porque estou vivo. Mas tam- rir, achei que a relva do campo estava mui- From Home” falava de viagens, tentei cap- outras para dois ou para uma semana... bém é pouco, porque não o posso partilhar to verde, que era tudo muito bonito. tar a coisa sentimental que sentimos quan- Tenho de dizer isto às pessoas que pagam contigo. Gosto muito de ti. Mas, agora, es- O teu primeiro pecado? Eu nunca pequei, nunca tenho do estamos longe dos nossos amigos. “3 para me ver: o dinheiro que ganho é inves- Ainda sinto intacto os teus lábios tão a chamar-me e tenho mesmo que ir até Eu nunca pequei, nunca tenho sentimentos Weeks” é sobre a morte da minha mãe. tido em malas de viagem! ali, dançar. de culpa. Podemos errar, nunca pecar. sentimentos de culpa. Podemos Quem são as pessoas que estão a traba- Passo muito tempo sozinho, posso perder quando te beijei... A tua primeira vez em Lisboa? lhar contigo no próximo álbum? tempo a pensar nessas coisas. Um conse- Foi no Lux, há 6 ou 7 anos. Foi dos primei- errar, nunca pecar. Não te vou contar muita coisa... Basica- lho: levem sempre as coisas de que gostam maior, é que eu também sou o que sou, me limpar. Perdi-te, irremediavelmente. ros sítios onde toquei na Europa. E não me mente são as mesmas pessoas que traba- com vocês. com fragilidades, dúvidas, receios. Quan- Para sempre. Custa aceitar. Por agora ainda lembro bem onde dormi... daqueles tipos sexy, muito populares? reacção justa. Acho que tudo o que fiz até lharam no outro (Soulwax), mais o Gonzales É importante ter papel e uma caneta comi- do mostro isso, vacilas. Não estás prepa- sinto intacto os teus lábios quando te beijei A primeira vez que pensaste, “sou um (Risos) Era muito parecido com aquilo que agora foi sempre bem recebido. “Sexor” e o James Murphy. Conhecer o Gonzales foi go. Há algo de muito inspirador no movi- rada para me aceitares, para estares ao na varanda do Lux. Os teus ombros quando DJ”... sou agora. Era um bocado estranho. Não era um bom álbum, mas não era incrível. como encontrar um irmão. mento. É fácil ter ideias num avião, na al- meu lado nos momentos em que não sei. os acariciei pouco depois em tua casa. O Quando tocas para um grupo de pessoas, fazia parte do grupo de pessoas cool. Tinha A única coisa que me desiludiu, foi o single Porque é que assinas alguns dos teus titude. Quando se ouve música num avião, Sim, fizeste-me carícias que não esqueço sentimento de exaltação vivido na minha já és DJ, mesmo que sejam só 15 miúdos o cabelo muito comprido, era tímido. Não “You Gonna Want Me” parecia-me ser um trabalhos com o nome Dove? existe uma emoção natural. Viajar é a coisa e disseste-me coisas que vou para sempre varanda quando regressei a casa pela ma- numa cave. Com 18 anos, arranjei um tra- havia nada em mim que fosse normal: o hit. Quando o toco em qualquer do mun- (Risos) Não tem nada a ver com paz. Come- mais mágica que existe no mundo. guardar. Mas foram fragmentos e era ne- nhã e te enviei um SMS. A tua mão sobre a balho numa discoteca R&B, estavam fecha- meu nome não era normal, a minha família do, todos sabem a letra de cor. Do ponto çou quando eu era novo, era uma persona- Como é que gostavas de ser lembrado? cessário qualquer coisa que ultrapassasse minha no cinema Londres, no IndieLisboa, dos durante uma semana e deixaram-me não era normal, era muito pequeno e não de vista comercial, com as vendas, fiquei gem de filme que matava pessoas e deixa- Gostava de ser lembrado como o rapaz o mero fascínio mútuo, a descoberta dos dias depois de te ter beijado. A felicidade pôr música... Acho que ainda não usava era bom em educação física! (risos) desiludido. va na mão das vítimas a fotografia de uma mais engraçado de sempre... Mas tenho pontos de encontro entre duas pessoas. da tarde contigo na loja do cidadão e numa o meu nome. As pessoas que frequenta- Mas o meu sentido de humor foi sempre Uma vez vi uma entrevista tua num ca- pomba. Devo ter achado que era perigoso ainda muito trabalho pela frente. Qualquer coisa de verdadeiro, orgânico, repartição algures na Avenida da República vam a discoteca era as mesmas das noites a minha grande força, e eu era um rapaz nal de televisão francês, na Pink TV... e exótico. Mas foram os meus amigos que Queria acabar com uma pergunta que fiz que passava por saber falar dos problemas, nem sei para fazer o quê, desde que fosse R&B... E eu só tinha 20 discos de techno engraçado. Sim, isso foi engraçado. me começaram a chamar assim. Eu nunca uma vez a Dita Von Tesse... mas também partilhar o ir ao supermerca- contigo. Rirmo-nos, incrédulos, ao ver a E depois tornaste-te num dos DJs mais Dizias que todos os teus ídolos eram lhes pedi nada, ou talvez tenha pedido... (ri- Ela já esteve no Lux!? do. Não fugir à primeira contrariedade. longa reportagem da SIC sobre o homem conhecidos do mundo. gay... sos) não tem nada a ver com a realidade. Sim, várias vezes... Tentar perceber, mesmo, o outro. Gostava que necessitava de cuidados médicos. Os És um DJ com dinâmica de estrela da Engraçado, ontem li um artigo, em que Fala-me das versões que costumas fazer Acho que a falhei por pouco, estive aí pou- tanto de o ter feito contigo. Mas trabalhas, momentos de conflito também, porque im- pop. A tua imagem é muito forte... se dizia que a homossexualidade era um com músicas de outros artistas. Quem co tempo depois. viajas, charros, um amigo que vem, frene- portam, não os rejeito. Quando queria ficar Eu não sinto as coisas assim, mas talvez produto da educação superior. Diziam que trata das autorizações, tu ou a tua edito- Diz-me então, a banda sonora ideal para sim, nunca te vi parar. Para pensar. E che- contigo e dizias que não. A frustração que seja o que se vê de fora. Quando falo com sociedades educadas, com muita cultu- ra? Tens algum contacto com as pessoas um striptease? gámos aqui. Deixei que chegássemos aqui. me acompanhava, no caminho, até casa. pessoas, quando trabalho, quando faço mú- ra, tinham uma comunidade homossexu- que cantam o original? É aquela canção do Seal (risos e começa Deixaste que chegássemos aqui. Hoje lá Chamar-te querida. Não era só chamar, era sica, não é essa a minha perspectiva. Para al maior. Digo-te isto, porque concordo A maioria delas são feitas sem pedir nada a cantar) “Kiss From a Rose”... I’ve been vieste despedir-te. Lá foste ter comigo, por a emoção de me permitir fazê-lo. Passar a mim a imagem é como uma experiência ar- com a ideia. Quando volto atrás e penso a ninguém, por exemplo a versão de “Hot kissed by a rose... Isto era de um filme... respeito. Dizes que tens outro. Dizes “isto mão pela tua face, por ti, toda. Cozinhares tística. Imagino as capas dos meus discos nos poetas, escritores, músicos de quem in Here” do Nelly, foi feita numa perspecti- Sim, acho que era de um Batman... só podia acabar assim”. E eu penso, sem para nós. Resmungares por qualquer coisa como uma criança, como a visão que ela gosto... Muitos são gay. No cinema, adoro va de fã. A música estava em todo o lado, (Canta) I’ve been kissed by a rose... Isto é a o dizer, “vai-te foder!”. Isso é apenas um que não percebia e dizeres “deixa lá isso!” teria de uma estrela. O David Guetta ou o o Fassbinder, todos os anos arranjo uma na televisão, na rádio e eu estava num es- música ideal para um espectáculo de strip. pensamento que, a ti, conforta. Estás a fa- Fazer a cama de tua casa, para sentir a Bob Sinclair... Esses sim, são estrelas. desculpa para voltar a ver os filmes dele. túdio... Pensei, vou fazer a minha versão! Existem dois tipos de striptease: o muito lar para ti, não para mim. Não tinha que tua satisfação de o ter feito. Sentir que te Então o Tiga que o público conhece não é Na música, tenho ouvido Morrissey e como A vantagem de fazer música quando se é lento e romântico e, o striptease de festa. acabar assim. Acredita, há outras formas ajudava, que estava contigo. Os primeiros uma espécie de personagem que inven- é óbvio os Smiths, são incríveis. Também DJ, é que pode ser testada de imediato. O Eu gosto do que é mais lento (risos)... Mas das pessoas se separarem. E, entretanto, MMS que te enviei quando foste para o taste? costumava ouvir muito Marc Almond, mas que é uma ideia engraçada à tarde, pode é um bocado pessoal. começas a chorar. Nem me dás, a mim, es- Alentejo, pergunto-me se ainda os terás.

Dixon Rui Vargas & Rui Erol Alkan Glam Slam Dance Yen Sung convida Tiago & DJ Al Sábado 11 Murka Quinta 16 Quinta 16 Quinta 16 Sam The Kid Sábado 18 Quinta 23 N: 01 Outubro 2008 página: 06 N: 01 Outubro 2008 página: 07

que mais parecia ser uma versão politica- Até porque, sem roupa, o contacto com a mente correcta do Robert De Niro em “Taxi natureza é muito maior. O problema é que MD5 No melhor pano Driver”. há sempre um moralista escondido em A arte da fuga - Ó boneco, tu não digas isso dessa toda a parte. Até em Idanha-a-Nova. forma que ainda arranjas problemas. Além - Mas tu gostas de trance? - perguntei. Miss Dove dá-nos do mais, provocas-me arrepios. - Não, odeio. Se é para ouvir baru- Vasco Araújo no Jeu de Paume Vasco Araújo e Ângela Ferreira cinco daquelas para cai o Noddy - Isso é da estrica. A mim também me De 21 de Outubro a 4 de Janeiro de na Bienal de São Paulo deixar o indicador acontece às vezes. 2009, Vasco Araújo ocupa uma das salas 40 artistas participam na Bienal de dorido de tanto Topei-o logo. Já sei a que tipo de fes- do conceituado Jeu de Paume em Paris. São Paulo deste ano, que decorrerá entre clicar, apontar ou Entrevistas Impossíveis a entrevista. Marcámos encontro no hiper É por isso que estou todo de branco. tas o gajo ia. De certeza que tinha ido ao Parte da programação Satellite, que convi- os dias 26 de Outubro e 6 de Dezembro, passar páginas. de Joaquim António Rocha da Amadora. O boneco andava em digres- - Ah!!! – exclamei eu – Por momentos Boom. O gajo tinha arrepios na espinha, da um curador por ano para conceber um e é comissariada por Ivo Mesquita e Ana são pelo centros comerciais do país numa pensei que vinhas de uma dessas festas de amigos gnomos, vivia numa cidade de brin- programa específico, “Eco” de Vasco Araú- Paula Cohen. Vasco Araújo e Ângela Fer- Não foi fácil conseguir esta entrevista. espécie de concentração tuning de jovens fim de Verão em que toda a gente se veste quedos, usava um barrete com guizos, a jo é a primeira da série de exposições (que reira são os dois portugueses da lista que KEXP – Song of the day Não só porque se trata de uma entrevista pais e carrinhos de bebé. “Encontro-me de branco. Mas afinal és apenas um bone- equação estava feita: se prolonga até Outubro de 2009) comis- reúne nomes como Carsten Höller, Allan Dá-nos “uma maçã” por dia. De segun- impossível, mas também porque o boneco contigo na praça da alimentação”. Foi o co para miúdos que já pintam. - Foste ao Boom, aposto. sariadas, este ano, pela colombiana María McCollum, Los Super Elegantes, Assume da a sexta pelo menos. É o mais jovem pod- andava muito atarefado com o início das - Não, por acaso este ano não fui. lho, prefiro alguma coisa dentro do metal. Inés Rodríguez. Vivid Astro Focus, Matt Mullican, Sophie cast da KEXP, a rádio de Seattle nascida em aulas. “É a altura do ano em que tenho Tenho andado com muito trabalho. Mas Deves saber que gravei uma versão do “Eco” é uma vídeo-instalação inédita Calle e, espantem-se, Fischerspooner, que 1972. As canções variam entre performan- mais trabalho”. A proposição era facilmen- Tinha 47 anos, insistia em já vi todos os vídeos do festival que estão “Abram Alas para o Noddy”, “The Lord of onde vemos cinco misteriosas persona- está a desenvolver trabalho específico para ces no estúdio da KEXP, temas de artistas te verificável. Não havia hipermercado ou no Youtube. Aquilo está quase a tornar-se Darkness”, com os Moonspell. Aquilo cor- gens num diálogo à volta de uma mesa. a bienal. Ângela Ferreira também apresen- pouco conhecidos e alguns nomes de peso. loja de brinquedos onde o gajo não esti- vestir-se de miúdo e conduzia num festival respeitável. Não sei se sabes, reu bem e até deu origem a uma nova ten- Uma mulher, uma criança, um homem tará trabalho inédito, enquanto Vasco Araú- Tudo coisas novas. A lista é gigante, mas vesse. Eram prateleiras e prateleiras api- mas agora há uma zona branca. Chama-se dência: Death Metal for Kids. jovem, um homem maduro e um homem jo, para além de alguns vídeos no “video tomem lá cinco nomes: Glasvegas, CSS, nhadas com cadernos do Noddy, livros do um táxi amarelo, naquilo que “Groove Beach”. - Mas isso não provoca tendências velho falam estranhamente, todos, com lounge” da bienal, irá dar nova vida à sua The Blow, Booka Shade e The Gutter Twins. Noddy, lápis do Noddy, canetas do Noddy, - Mas isso é muito pouco psicadélico suicidas nos pequenotes? “uma” mesma voz. Como habitualmente performance de 2002, “Some Enchanted kexp.org tudo-e-mais-alguma-coisa do Noddy. O bo- mais parecia ser uma versão – fiz questão de salientar – “Groove Beach” - É provável que sim. Mas até agora Araújo recorre à literatura, neste caso es- Evening”. Nos dias 8 e 9 de Novembro, o neco tinha o dom da ubiquidade e estava está mais próximo de uma festa na praia do ninguém se queixou – assumiu com indi- pecífico a Cesare Pavese, para construir artista será carregado em ombros por seis A TV do Pitchfork por todo o lado. politicamente correcta do Robert Tamariz do que de um festival independen- ferença. uma instalação que também envolve um homens pela rampa do edifício criado por Já sabemos. Não temos que dizer Mas eu estava decidido. Era esta a fi- te de expressão artística. Se ainda fosse - Tu andas a arriscar muito, Noddy. ambiente com alguns elementos da práti- Oscar Niemeyer onde decorre a exposi- nada sobre o Pitchfork. Mas a televi- gura a entrevistar. Precisava de saber que De Niro em “Taxi Driver” “Groovy Bitch”... Olha que andei a pesquisar umas coisas ca teatral, como, por exemplo, marcações ção. “Some Enchanted Evening”, é o título são da Pitchfork tem vídeos, entrevistas personagem era essa que andava a aliciar - Por falar em “Groovy Bitch”, viste o sobre ti na net e há lá muita coisa que não pelo meio de um chão de vinil. da peça e da canção (do popular musical exclusivas (Cut Copy, Goldfrapp, Feist, toda uma geração de futuros contribuintes. combinado. Mas para grande espanto meu - Não, geralmente não vou a esse tipo vídeo de tipa a dançar toda nua? – pergun- abona a teu favor – disse-lhe em tom de “South Pacific”) interpretada por Araújo Justice), concertos ao vivo e principal- Seria uma boa influência? Tomaria drogas? apareceu um boneco todo branco: festas. A não ser que haja crianças. Se tou-me o boneco. aviso. Portugueses na Frieze Art Fair durante a performance. mente o “One Week Only”, que já mostrou Sairia à noite? Que locais frequentava? Iria - Não era suposto usares umas roupas houver crianças, é bem provável que me - Não, mas já ouvi falar. Acho que a - Ai sim?!!! – disse ele escarnecendo Antes da inauguração na Place de la documentários de fundo sobre o “The à missa? Quais os seus gostos sexuais? Fa- mais coloridas? – perguntei intrigado. vejas por lá. mandaram tapar – fiz questão de referir – então diz-me lá o que é que dizem sobre Concorde, em Paris, o trabalho de Vasco Alexandre Farto, Nova Iorque e Queen is Dead” dos The Smiths ou o fe- ria sexo em grupo? Que música ouvia? - Sim, habitualmente uso umas rou- Este boneco começava a assustar- com alguma decepção. mim? Araújo estará também na 6ª edição da o agente de Banksy nómeno da Chip Music (live sets feitos Decidi, por isso, insistir. E depois de pas vermelhas e amarelas a condizer com -me. Tinha 47 anos, insistia em vestir-se de - Vê tu bem. Aquilo é repressão. Se a - Bom, as opiniões dividem-se. Uns Frieze Art Fair, de 16 a 19 de Outubro, no Em 2007, Alexandre Farto aka VHILS com sons unicamente vindos de Game muito lhe telefonar, acabei por conseguir o carro. Mas eu hoje sou o Noddy de pintar. miúdo e conduzia um táxi amarelo, naquilo rapariga queria dançar nua, qual era o mal? dizem que não passas de um boneco de Regent Park, em Londres. Ângela Ferreira, mudou-se para Londres para ingressar na Boys da Nintendo). É mesmo para ter em madeira carcomida, uma má imitação Helena Almeida e José Pedro Croft são al- Central Saint Martins School. Em Maio “full screen” no monitor de 20 polegadas. do Pinóquio, e que desejas vingar-te da guns dos artistas da galeria que verão de deste ano participou no The Cans Festival, pitchfork.tv Dinis Basement Jaxx Humanidade, atormentando as suas crias, igual modo os seus trabalhos expostos na um evento organizado por Banksy total- Quinta 23 Quinta 23 só pelo simples facto de a ti nada te cres- feira. Em apenas cinco anos a Frieze tor- mente dedicado à street art, que decorreu Work no 850 Martin Creed cer. Nem as unhas. Outros, porém, vão nou-se imprescindível a qualquer “art glo- num antigo túnel do Eurostar desactivado O artista britânico Martin Creed já ga- mais longe e afirmam que fazes parte de be trotter”, não só porque reúne as mais (na Leake Street, em Londres). Desde há nhou o Turner Prize com uma sala em que uma seita satânica conhecida por praticar representativas e “trendy” galerias de arte pouco tempo, Farto partilha também com as luzes apagavam e acendiam. Não, não Disco é Cultura “” (United Ar- dos Can. “I Want More” é tão boa, vician- o Culto do Noddy, uma espécie de religião contemporânea mundiais mas também Banksy, o seu agente e galerista Steve o podiam ter feito, porque, na realidade tists, 1974) te e parva (num bom sentido) que nem dá BASEMENT new age, versão infantil, e que o teu único porque inclui desde o seu início uma série Lazarides. A Laz Inc tem galerias em Lon- não o fizeram. Fez o Martin Creed. A últi- Em 2008, krautrock não deveria ser Reduzidos a quatro, depois da partida para acreditar. Malha disco, lançada como objectivo é conseguires dinheiro para com- de programas curatoriais específicos - con- dres e Newcastle e dinamiza também uma ma incursão deste artista que também faz um segredo para ninguém. Conheça-se de , os Can continuam a mis- single no Reino Unido (onde obteve algum JAXX prar um carro novo. ferências, projectos de artistas feitos pro- série de exposições noutros locais. É esse música (edita pela Smartguy e pela Textile) bem ou mal, já é uma ciência e um esta- são cósmica/atmosférica de “” sucesso), divide alguns amantes da banda, - Ora aí está um assunto que me inte- positadamente para o espaço da feira, um o caso de “Outsiders – New York”, uma ex- são desportistas que enquanto passea- do da música do século XX que não pode num modo mais leve e relaxado. A soberba mas é tão deliciosa e cheesy que só não FELIX BUXTON BEST OF... ressa. Sabes que me roubaram o carro? programa de música e outro dedicado ao posição de artistas da galeria no Bowery mos pelo corredor austero da Tate Britain deixar de ser referenciado numa elevada contenção do álbum anterior explode aqui gosta quem tem medo de ser feliz. “Flow - Roubaram-te o carro? Não me digas cinema, e vários eventos pedagógicos. District, em Nova Iorque, que inaugurou no nos passam ao lado. A correr pela vida. percentagem dos discos editados nas dé- numa armadilha groove, cheia de arranjos Motion” é, como se pode imaginar, um Londres - “...de barco, no Tamisa.” que foste vítima de carjacking – referi com Para além da Galeria Filomena Soa- passado dia 26 de Setembro. Para além de martincreed.com cadas pós-70s, facilmente aplicável a qual- e detalhes que sobressaem mais que o álbum mais dançável, dançável numa lin- Livros - “Haruki Murakami” surpresa. res, que continua a ser a única portugue- VHILS, também participam Faile, Antony quer género, do rock à música cósmica, habitual à primeira vista. As vocalizações guagem difícil de perceber mesmo com o Cartoons - “Carmen Sandiego” - Pois aí está uma coisa que ninguém sa a participar na Frieze Art Fair, outros Micallef, Conor Harrington, Paul Insect, We Can Teach You How To Texas tudo pelo meio e até ao infinito. Nomes há ficaram a cargo de Karoli e de Schmidt, caminho desbravado em “Landed”. Trans- TV - “Curb Your Entusiasm (“Calma, Larry”, sabe. Eu sou uma vítima do crime violento. artistas estão também presentes mas em entre outros. Pelas fotos do blog eles devem ser muitos, variações também, mas o espaço é menos marcantes mas com a dignidade parece a paixão pelo reggae, dub, disco e na tradução da RTP) É sempre assim. Aperta-se com o galerias estrangeiras. É o caso de Leonor bons professores. As festas também pa- pouco e a pedagogia não dá para tanto, por de terem encontrado o seu próprio registo, alguma música étnica que havia fascinado (Real Life) Monkeys - “George Bush” bandido e ele faz-se de vítima. Eu já co- Antunes na Galerie Isabella Bortolozzi, que Filipa Ramos na Galleria Galica recem alucinantes mas as melhores fo- isso vale a pena, por hoje e agora, centrar levando as canções para outro local. Basta os quatro membros nos anos anteriores. Duplas musicais - “Airto Moreira & Chaka nhecia a estratégia e não iria ser apanhado pela primeira vez participa na feira londrina Até 15 de Novembro a Galleria Galica tos são, claro, as tiradas no Lux. Devem as atenções nos Can, naquela discografia a ouvir, logo a abrir, “Dizzy Dizzy” ou sentir “” (Virgin, 1977) Khan” desprevenido. e que apresentará uma peça inédita. em Milão recebe uma exposição comissa- estar todos na casa dos vintes e no blog que menos gente vai parar (seja pelas no- o lugar do improviso em “Chain Reaction” Álbum mutante, onde se consolida a Rave tunes - “We Are I.E.” Lennie De Ice - Mas isso não é mau de todo – con- riada por Filipa Ramos. Tendo como ponto estão só mesmo os momentos de lazer. tas do All Music Guide e de tantas outras para perceber que pouco mudou, embora imagem dançável e cheesy de “Flow Mo- Discos para dançar este Inverno - “Kings trariei - podes sempre comprar uma bici- Leonor Antunes em Berlim de partida a famosa frase “Why is There Quando fizerem enter certifiquem-se que enciclopédias, físicas e virtuais, ou pela re- em “Soon Over Babaluma” se fundam mais tion”, embora com outra manobra de in- Of Leon (Basement Jaxx Bootleg)” cleta. É uma boa forma de contribuíres Até 11 de Outubro, Antunes tem tam- Something Rather Than Nothing?”, de o volume do computador está no máximo. comendação descartável, apesar de tudo géneros estranhos ao imaginário Can do versão de estilo surpreendente e notável. Canções para fugir à policia - “Time After para a protecção do meio ambiente. Sim, bém uma individual na sede da Galerie Gottfried Leibniz, Ramos reuniu Ignasi Abal- wecanteachyouhowtotexas.blogspot.com muito útil nos dias de hoje). Ou seja, os ál- que em qualquer dos álbuns anteriores. Do disco ficam apenas as sombras, ou as Time” Cindy Lauper porque aquele teu carro, os anos que tem, Isabella Bortolozzi, em Berlim. “1763 – lí, Becky Beasley e Stefan Brüggemann. As buns posteriores àquele período magnífico “Landed” (Virgin, 1975) cinzas, se preferirem, e no ressalto surge Discos para ouvir na praia - “Sueño Lati- deve poluir e bem. Além do mais, se o 2008” apresenta trabalhos criados durante obras apresentadas têm em comum a re- The Book of Other People de 1971-73 (o que está para trás também OK, não vale a pena mentir: este é o uma intensa ligação com a música polirít- no” Lucky Luke trocou o cigarro por uma flor, tu a residência da artista no espaço Capace- flexão sobre o erro, o voltar a usar, o estar Editado pela Zadie Smith, este livro da leva o mesmo aDJectivo, mas surge com primeiro momento da discografia dos Can mica africana. Rosko Gee (baixo) e Rebop Desportos radicais - “saltar de um avião” também podes trocar o teu carro por uma te, no Rio de Janeiro. Entre eles está a peça inacabado. Penguin contém histórias, entre outros, de menos vigor nas ditas enciclopédias), onde que pode causar alguns calafrios. Mas é Kwaku Baah (percussão) são incluídos na Invenções humanas - “painéis solares” bicicleta. Não és mais do que os outros e que dá nome à exposição, uma caixa em Nick Hornby, Miranda July, Daniel Clowes o quarteto residente formado por Holger também aqui que as coisas começam a formação para Czukay expandir o seu cam- Disco tunes - “The Glow Of Love” Change até te ficava bem. madeira pau-brasil que contém um pedaço João Maria Gusmão e Pedro e Chris Ware. Estes dois últimos, conhecidos Czukay (baixo), (teclados), mudar e se traçam os caminhos que de- po de acção, entregando-se à manipulação Objectos pessoais - “óculos... Nu, mas Fez-se silêncio. Algo me dizia que esta de metal. No Brasil, Antunes descobriu uma Paiva em Milão autores de BD, têm direito, claro, a páginas (bateria) e pois se seguem. Aproveitam-se deixas de de electrónica e de fita, e Liebezeit recons- nunca sem...” entrevista estava a chegar ao fim. Noddy moeda antiga portuguesa datada de 1763 A dupla portuguesa está também nes- coloridas pelo meio do livro. A capa, cheia (guitarra) contou com a colaboração do ja- “Babaluma” e aprovam-se caminhos mais truir a sua linguagem rítmica (aqui muito Sexy thangs - “areia, mar, tequilla, dan- fixou-me o olhar e com um brilhozinho nos e que depois veio a descobrir tratar-se de te momento em Milão. Até 8 de Novembro, de pessoas “estranhas”, é de Charles Burns. ponês Damo Suzuki, descoberto numa rua destemidos, em direcção à fusão, como simplificada). çar” olhos, segredou: uma série cunhada a mando do Marquês João Maria Gusmão e Pedro Paiva partici- penguin.com em Munique, pouco antes de um concer- também se procuram ritmos, groove, num - Mais uma piada dessas e faço reben- de Pombal depois do terramoto de 1755, pam na colectiva “Part of the process 3” to (é verdade, muito bom para ser mito), prog-rock que apenas poderia ser criado e Flur Zé Pedro Moura & Yen Sung tar este cinto de ligas que trago carregado feita com o ouro e prata descobertos por na Galleria Zero. Hany Armanious, Micol composto pelos álbuns “Tago-Mago”, “Ege traduzido pelos próprios Can. Av Infante D. Henrique, Arm. b4, Sta Apolónia de explosivos. entre os destroços do grande terramoto. Assaël, Cezary Bodzianowski, Gino de Do- missdove.blogspot.com Bamyasi” e “Future Days” (disco da vida de “” (Virgin, 1976) 1900-264 lisboa A moeda/relíquia com o Rei D. José I, foi minicis e Thiago Rocha Pitta são alguns muito boa gente). Tempo para falar da fase Numa frase, daquelas que choca metro: Sta. Apolónia aminhamaodireita.blogspot.com refundida pela artista durante a sua resi- dos outros artistas participantes. seguinte, 1974-77. quem sabe escrever sobre música: “Flow telefone: 218821101 dência no Brasil, e é esse o metal misterio- Motion” tem a “House Of Jealous Lovers” [email protected] www.flur.pt so dentro da caixa em madeira pau-brasil. Susana Pomba

dexter Marcel Dettmann Sexta 24 Sexta 24 N: 01 Outubro 2008 página: 08 N: 01 Outubro 2008 página: 09

em 12 exposições. A minha maneira principal de o expri- a acontecer naquele momento está a acon- O seu trabalho, seja em que forma for, mir é trabalhando com bandas. Eu não te- tecer “naquele momento” e que em meia tem suscitado sempre interesse. Ryan Gan- E.R.O.L. nho uma banda, não pego nos instrumen- hora vai ser outra coisa diferente. Muitos lados der é um artista em clara ascensão. Sinal tos, não da maneira como os Soulwax são E o que se segue? No futuro próxi- disso é o convite da Tate para que comis- Erol Alkan à conversa com Susana Pomba em Londres uma banda, por exemplo – cada um de nós mo? sariasse uma exposição para o espaço Art tem a sua maneira de o exprimir, diferentes Estou a fazer música, muita música, Now da Tate Britain (neste momento em veículos. Não são meia dúzia de duos ou muita coisa diferente. da mesma exposição e até 26 de Outubro). O título, Num dos festivais de Verão deste ano, que a define. Nos anos 90 foi o “boom” meia dúzia de “one man bands” com tecla- Muita produção, muitas remixes? “The Way in Which It Landed” faz referên- enquanto esperava ordenadamente pelo da dance music, das raves. Achas que es- dos e guitarras.. Muitas remixes não, agora estou a fa- cia à acção proposta pelo artista – Gander próximo concerto, um rapaz aproximou-se tes últimos anos têm sido definidos pela As tuas remixes têm muito humor, zer uma para os Franz Ferdinand. Beyond desceu aos acervos da Tate e lançou uma de mim entusiasmado, quase esbaforido, junção do rock e da música de dança? concordas com isso? The Wizard Sleeve... estamos a tentar história moeda ao ar para escolher uma das grades a pedir-me para tirar uma fotografia à mi- mudar um bocado, é bom. Vou fazer mais que servem para guardar obras. A frente e nha t-shirt. Assim o fez e foi embora con- coisas com as bandas com quem trabalho. Susana Pomba o verso da gigante grade - pinturas, foto- tente, genuinamente contente. Visto essa O som dos Justice, por exemplo, Mas vou tentar não produzir tanto outras grafias e desenhos de diferentes épocas, t-shirt com alguma parcimónia e orgulhosa bandas, estou feliz com aquelas que tenho. colocados “em descanso”- foram tal e qual por ter tido tanta sorte em ter conseguido é diferente do dos tipos da DFA, Somos uma família. Não acredito que esta O cobertor sujo de Linus, o melhor amigo de instalados numa das paredes, em jeito de comprá-la -“E.R.O.L., Keeps Kids Dancing”. seja a altura ideal para me “vender” como Charlie Brown. Algo do qual não nos podemos “cabinet d’amateur”. O restante espaço foi É impossível negar a importância de Erol ou dos Soulwax, ou daquilo que produtor. A metade do trabalho de produ- separar. Esta é apenas uma hipótese. É bom ocupado por obras de artistas cujo traba- Alkan. O mito que cresceu com rumores zir, a parte importante, é trabalhar perto construir histórias a partir das obras do lho gosta, alguns são seus amigos, outros das noites de segunda-feira do clube Trash eu faço. Somos todos muito das bandas, é o trabalho que fazes também artista britânico Ryan Gander, que vem a nunca viu na vida: Carol Bove, Lucy Clout, em Londres, mais tarde com os seus famo- fora do estúdio. Não é só aparecer, mexer Lisboa inaugurar a Marz Galeria. Aurélien Froment, Nathaniel Mellors e sos mash-ups (“Can’t Get You Out Of My diferentes. No fundo, nós só nuns “faders”, dizer às guitarras para bai- David Renggli. O desdobrável produzido para Head” + “Blue Monday” nos Brit Awards...), xarem o som, e depois ir-me embora. Há a exposição é também uma obra - contêm depois no desenrolar de um enorme catá- crescemos a gostar mais ou mais do que isso (risos). Há pessoas que gostam de acumular olhos. Gander retirou os brincos à peça de uma entrevista que Gander fez a Gander. logo de remixes que vivemos e que rapida- Mas se tivesses um convite de uma coisas, papéis, por acharem que irão ser Monk, e deu-os à mãe, fotografando-a com Os trabalhos para a página impressa mente se tornaram épicos, lançaram “tren- menos dos mesmos discos, a me mandar uma também porque gostava banda de que gostasses muito, uma ban- necessários algum dia, para alguma coisa, eles presos nas orelhas – a peça tornou-se são recorrentes, colabora frequentemente ds” e que os mais cínicos ainda esperam de ver. E um mês depois ele mandou-me da mais conhecida, aceitavas? para o que for. Um dia vão ser essenciais “Enough To Start Over”. na revista do seu amigo Stuart Bailey, “Dot para ver se se colam com cuspo ou com gostar de certo tipo de artistas e a t-shirt e eu pensei “Uau”. Eu costumava Já tive isso. Bandas que cresci a ouvir, e vamos sentirmo-nos tão bem por os ter- Gander não conta histórias no sentido Dot Dot”, e já fez também dois projectos cimento. Esperemos mais uns anos mas usar a t-shirt “D.A.R.E. To Keep Kids Off que fizeram alguns dos meus álbuns favo- mos guardado. Enquanto lia sobre o tra- mais habitual do termo – não vemos narra- em forma de livro – também com Bailey, sem dúvida que as remixes para “Believe” de música pop. Drugs” e por acaso até já tinha pensado ritos de sempre. Disse-lhes que não, bem, balho de Ryan Gander lembrei-me de um tivas, mas às vezes exactamente o oposto, “The Appendix: A Translation of Practice dos Chemical Brothers, “Do You Wanna?” colocar no meu site, a dizer “E.R.O.L.” e no fundo não dei continuação a esses con- postal engenhoso que uma vez apanhei não temos a vida facilitada como quando (2003)” e “Appendix Appendix: A Proposal dos Franz Ferdinand, “Boys From School” Eu sempre tive a consciência dessas Sim, de certa maneira sim. Acho que mais qualquer coisa... O Xavier dos Justice vites, não os persegui. Porque, de alguma num lugar qualquer e que deve com certe- assistimos a um filme de narrativa linear, for a TV Series”. dos Hot Chip”, “Waters Of Nazareth” dos duas coisas juntas. Para mim o que está a todas têm diferentes níveis de humor, tris- até disse que devia dizer - “E.R.O.L. says maneira, para mim é como se estivesse a za estar bem arrumado dentro de um livro precisa e em que a maior parte das vezes No próximo dia 9 de Outubro Ryan Justice, “Golden Skans” dos Klaxons ou acontecer agora não é diferente do que o teza ou alegria. Depende. São todas muito no to boring trouble house” (risos) e nós ver um membro da minha família nu. Não ou no meio de outros tantos pedaços de já sabemos o que vai acontecer antes mes- Gander estará em Portugal para instalar “Mammoth” dos Interpol, vão ditar muita que os Chemical Brothers estavam a fazer diferentes, tento focar-me no que a canção íamos fazer isso e mudar constantemente há nada sexual nisso (risos). E para mim a sua exposição na nova galeria de Carlos coisa da História, que se escreverá depois, no início dos anos 90. Se quiseres pensar tem e tento trazer mais disso cá para fora. o slogan. Mas o meu amigo Rory Phillips tem que existir alguma coisa... não senti, Marzia e Nancy Dantas – a Marz Galeria. do que hoje vivemos. E mais se adivinha na música de dança e no rock a fundirem- Claro que enfatizo esses elementos porque que construiu o site disse que a ideia era no fundo que estivesse certo. E também “Com Gander não temos a João Seguro e Ryan Gander são os dois das suas colaborações recentes, como se basta pensares em muitas das produ- me relaciono com eles, talvez outra pessoa uma porcaria. Não lhe devia ter dado ouvi- porque às vezes podes estar tão deslum- artistas que inauguram este novo espaço produtor, com bandas como os The Long ções britânicas pop dos anos 80. tirasse algo diferente. Com certeza. dos! (risos). Então este miúdo veio com a brado com alguém e não te expressar cor- vida facilitada como quando desenhado por Miguel Vieira Baptista, em Blondes, Mystery Jets ou Late of The Pier. Mas agora não vês as coisas com Estava a pensar na remix de “Mam- mesma ideia do “E.R.O.L.” mas colocou o rectamente... podes dizer “uau, está ópti- Alvalade. Serão apresentadas três obras, E das suas aventuras como Beyond The Wi- mais clareza? Nesta nova cena? moth” dos Interpol, em que colocaste “Keeps Kids Dancing” e eu gostei imenso. mo, soa maravilhosamente” e depois... Eu assistimos a um filme de narrativa uma delas inédita. zard Sleeve ou Mustapha 3000. Mas nada Apercebemo-nos mais mas não acho aquele enorme silêncio, quase como A t-shirt “D.A.R.E.”, é de uma fun- sou um bocado duro com as bandas com “And It Came To Life” inclui “Flashes disto se completa sem estar lá. Num dos que a música tenha ficado mais potente uma piscadela de olho aos próprios dação americana contra as drogas e vio- quem trabalho. Mesmo que eu lhes grite, linear, precisa, e em que já of Beautiful Thinking – 10 October 2008”, seus sets. Gosto de pensar que E.R.O.L. é ou mais eficaz. Sempre ali esteve. Acho Interpol, e aos seus famosos breaks... lência, e esta agora falava de manter os ou que eles gritem comigo sabemos que “The Klingon Frowns and Simply Replies” e definitivamente um dos grandes maestros. miúdos a dançar. E dançar é uma acção estamos todos na mesma página, estamos sabemos o que vai acontecer “Linus Van Pelt and a World of Endeavour, E só tem trinta e poucos anos, imaginem o Adoro. Faz-me sentir sem idade. tão expressiva. Para mim é o equivalente a caminhar pela mesma estrada. E isso Ambition and Optimism”, esta última a que vem aí deste homem (de quase 2 me- da felicidade. Eu nunca vi ninguém triste leva tempo e confiança. E é muito impor- antes mesmo de o vermos no obra que Gander preparou para esta expo- tros!) que aos 4 anos, mesmo sem saber É o meu escape natural, a música enquanto está a dançar. É o melhor que as tante, vai-se construindo ao longo do tem- sição. Linus Van Pelt é a personagem do ler, conseguia distinguir os discos pelas ro- pessoas podem fazer enquanto estão num po. Não acho que esteja num momento em ecrã.” Snoopy (ou mais correctamente, dos delas e assim fazia de DJ para a mãe. e estar em sítios cheios de pessoas clube. A emoção que transmite é fantásti- que possa trabalhar com os meus heróis. Peanuts), o melhor amigo do Charlie Brown O Lux está a comemorar 10 anos, ca. Depois escrevi-lhe a dizer que gostava Achas que algum dia estarás? papel que enchem prateleiras. A frente e as mo de o vermos no ecrã. Gander gosta de que nunca larga o seu cobertor de estima- mas estamos concentrados no futuro. que posso falar mais ou menos por toda Sim, aquele drama deles, é verdade. muito da t-shirt e que gostava de fazer Ah sim, um dia quando conseguir ser costas desse postal eram iguais, ambos se suscitar no espectador outras sensações, ção. Na instalação vemos um cobertor usa- Tens planos para a próxima década? a gente envolvida nesta “cena” – ninguém Mas, por exemplo, os Rub-n-Tug quando algumas. Mandei-lhe algum dinheiro pelo cínico o suficiente. Acho que o cinismo assemelhavam ao verso de um postal vul- incitando-o a formar outras narrativas. do, pendurado num gancho, um saco de Eu nunca planeio nada. Tudo o que planeou juntar nada. Acho que é o nosso passam essa música passam-na muito len- design e depois pensei – faço 100, dou 50 ajuda. gar, com lugar apropriado para escrever a Em “Herald as The New Black” a sua papel castanho fechado e uma linha na pa- aconteceu nos últimos 10 anos tem sido gosto natural no que diz respeito à música. ta, com o pitch no - 8, e soa tão bem! Não e vendo as outras 50 para cobrir os custos. E estás a ir por esse caminho? morada, colocar o selo e escrever a mensa- primeira grande exposição individual no rede feita com as diversas bocas que Linus uma progressão natural. Vou de uma coi- Nenhum de nós acha que tem que seguir era a minha remix preferida de sempre, Quando as coloquei no site venderam-se De certa maneira, sim... (risos). Mas gem. Não tinha frente, não tinha “imagem”, Reino Unido (esteve em Birmingham, na faz durante um discurso em que aceita a sa para outra. Em termos de carreira isto fielmente uma só coisa. É tudo muito di- mas quando ouvi aquilo tão lento, achei em menos de uma hora! Comecei a achar acho que continuar a ter este “romance”, nem nenhum slogan. Apenas uma frase Ikon Gallery no início de 2008, na South presidência da escola no episódio de 1969, é quase uma coisa “suicida” – não saber ferente. O som dos Justice, por exemplo, super psicadélico, gostei muito. que devíamos fazer mais, e então fizemos não ajuda muito. adornava ambos os lados na perfeição – London Gallery, na Primavera e estará no “You’re not elected”. Em pesquisa youtube, o que se vai fazer. Eu acho isso entusias- é diferente do dos tipos da DFA, ou dos Não resisto em perguntar a história mais 100 que se venderam num dia. De- E não existe nada que nunca tenhas em fonte pequena e discreta – “There’s Museu Museum Boijmans van Beuningen, não encontrei esse mas um outro episódio mante. Quando comecei a gerir um clube Soulwax, ou daquilo que eu faço. Somos por detrás da t-shirt “E.R.O.L – Keeps pois comecei a ver a t-shirt no ebay por 50 feito e que queiras muito fazer? two sides to every story”/ “Existem sem- em Roterdão, em 2009) depois de um ano fulcral na história de Linus – aquele em que (Trash) comecei-o porque era isso que todos muito diferentes. No fundo, nós só Kids Dancing”. Como é que surgiu? libras e não achei isso bem. Continuámos Não sei. Tudo é novo para mim. Cada pre dois lados da mesma história”. sabático, Gander, entre muitas outras pe- dá a Charlie Brown o seu sagrado cobertor queria fazer, queria tocar, ter a liberdade a vendê-las baratas, são 14 libras, o que experiência é nova. Mesmo estar aqui a to- Ryan Gander gosta de contar histórias ças, apresentou “Man On a Bridge (A Study e em que, mais tarde, o reclama de volta para o fazer e tudo se desenvolveu daí. no fim de contas, depois do IVA e dos im- mar este chá é uma nova experiência. Nun- e construí-las das mais variadas maneiras. of David Lange)”. No vídeo vemos o actor - “my blanket, Charlie Brown, my blanket, Comecei a ser conhecido como DJ, e de- E dançar é uma acção tão postos, é mesmo barato. Estamos sempre ca te conheci antes, também é novo. Toda Tudo pode servir – a sua mãe, um trabalho Roger Lloyd (muito conhecido por ter sido I can’t be without it, after I gave you my pois a andar pelo mundo e a trabalhar com a tentar repor stocks. a gente baseia as coisas no “eu fiz isto, não de um outro artista, o vídeo, uma anima- o actor que mais vezes representou o papel blanket my life has been a nightmare”. bandas. Todas estas coisas aconteceram expressiva. Para mim é o Eu gosto muito da ideia que a t-shirt o vou fazer outra vez”, mas para mim é di- ção, um argumento, uma instalação, uma de Sherlock Holmes) a interpretar um ho- Dois lados de um mesmo postal não naturalmente, eu nunca sonhei que um dia é uma mensagem positiva. Um dia quan- ferente, cada momento é único, eu trato as escultura, uma pintura, um anúncio, um mem que atravessa uma ponte e se chega são com certeza suficientes para a quanti- fosse fazer isto ou aquilo, tornar-me num equivalente da felicidade. do eu já estiver todo gasto eles vão usar coisas dessa maneira. Mas sei o que não livro, uma fotografia, uma revista, a lingua- ao parapeito. A acção corta nesse mesmo dade de significados ou possibilidades das produtor ou num DJ. Não que não tivesse isso para me deitar a baixo, estou mesmo quero fazer. Essas regras são limitações, gem, outros criadores, uma conferência, momento e não sabemos mais. O que ve- obras de Gander. Existem muito mais lados a ambição. Sinto é que a única coisa que Eu nunca vi ninguém triste à espera, tipo - “ele já não consegue pôr não as tenho dessa maneira. uma entrevista. mos são 50 “takes” diferentes da mesma para cada história. realmente nos entusiasma criativamente, os miúdos a dançar” (risos). Mas daqui a O que esperas da noite no Lux? É Em 2006, Gander comprou uma acção, pequenas variações de comporta- ou em termos artísticos, é aquele “spark” enquanto está a dançar muito tempo, espero eu. um regresso muito aguardado, foi há obra de um artista seu contemporâneo – mento. “And It Came To Life” de Ryan Gander. que nos leva a fazer alguma coisa. Quando Percebe-se que ainda te dá muito muito tempo que cá estiveste pela pri- Jonathan Monk – repito que comprou a Em 2007, o seu ano sabático, Gander (Inaugura 9/10, às 22h. Até 22/11) sentimos que o que estamos a fazer é váli- crescemos a gostar mais ou menos dos Mais ou menos há dois anos recebi prazer o DJing. meira vez. obra, não se apropriou de uma imagem da desenvolveu outro projecto, com raízes MARZ Galeria. Rua Reinaldo Ferreira 20A (Alvalade). do. Tem sido tudo muito natural. Eu só faço mesmos discos, a gostar de certo tipo de um email de um tipo a dizer que gostava Adoro. Faz-me sentir sem idade. É o Estou muito honrado por estar neste obra nem refez a obra, nem nada disso - diferentes. Numa reacção ao mundo da 3ª a Sáb. das 12h às 20h coisas quando me sinto verdadeiramente artistas e de música pop. Foram as primei- muito do que eu fazia e que queria fazer meu escape natural, a música e estar em grupo dos dez anos, é muito simpático da comprou a própria obra de Monk – uma arte de hoje, gerido pelas feiras e grandes inspirado. ras coisas que experienciámos. uma t-shirt e se me importava que ele sítios cheios de pessoas. Não digo num vossa parte, de me pôr nessa categoria. fotografia tipo passaporte do artista en- leilões, Gander decidiu abrir um pequeno Estamos a chegar ao fim desta dé- Mas têm uma nova maneira de fizesse umas dez para ele e para os ami- sentido megalómano, mas é como ter um Talvez, como excepção, planeie essa noite! quanto teenager presa à parede por um espaço em Hoxton que durante 12 meses cada. Existe a tendência para pensar no abordar as coisas. gos. Eu disse –“claro!”, mas pedi-lhe para género de controlo, saber que o que está (risos). De maneira a não vos desiludir. par de brincos “lágrimas” enfiados nos apresentou o trabalho de 12 novos artistas

Zé Pedro Moura & Nneka ao vivo João Peste Sábado 25 Terça 28 N: 01 Outubro 2008 página: 10 N: 01 Outubro 2008 página: 11

damente as recomendações da mãe, “não Carneiro Um dos lados do teu cubo. E o quadrado Aquário andes esgargalado, que à noite já faz frio”. 18 21 Março a 20 Abril simboliza a matéria. Portanto, sugiro que 04 21 Janeiro a 19 Fevereiro O Outro Sim, em Viseu, já devia estar um frio de Ahah! Eis um desafio! Coragem Oráculo 10/08 trabalhes. Que ponhas a mão na massa. Olha um mês sem riscos… que rachar. não é problema, tens de sobra. Embora lá Que uses essa força e te afirmes. Que ocu- estranho. Tanta solidez, trabalho aplicado, Folhetim de Maria Antónia Oliveira & António Néu Saiu do metro com outra disposição. então a um mergulho interior. O que é que pes o teu espaço. Que sejas o teu próprio desenvolvimento sustentado, atenção ao A tarde caía. O ar, ainda quente, pareceu- se passa aí dentro? Que emoções habitam Isto não é um Horóscopo *. Isto é um mestre. Salvé. pormenor. Incrível! Tu?! Parece que sim. lhe mais nítido, e revigorou-o. a tua memória? O que é que te provoca? E ORÁCULO. E sobre isso já falámos na edição Verdade é que sabes bem como aplicar a Despertar nho e visto a t-shirt new rave para ir sair.” Findas as três horas de telefonemas mais importante: o que é que te faz sen- anterior. Este mês tem uma mensagem Escorpião tua energia num projecto de fundo. Podes na Rive Gauche Tinha ido às compras no dia anterior e, sem a tentar que uns gajos tesos pagassem as tir bem, único, inteiro? Vamos ver. És um especial. Transversal. Para todos. Cá vai: 22 23 Outubro a 21 Novembro não gostar disso sempre, mas sabes. E isso tempo para ir a casa a seguir ao trabalho, dívidas ao banco, Zé Miguel pôde enfim ati- guerreiro, lembras-te? Um corajoso inspi- É preciso escolher. Decidir. E só tu o podes Não sei o que se passa contigo é agora. Dá imenso trabalho, é verdade. a correr para os anos do Manel, deixara a rar-se para cima da sua cama. Adormeceu rado. Daqueles que reconhecem o valor fazer. É o teu papel. E será um prazer. Isto mas isso anda fogo! Tipo… fogo que arde Mas também isso não tem mal. E deixa-me Acordou com uma dor aguda no om- t-shirt no cacifo, por estrear. Tentou lem- de imediato. Acordou sobressaltado, com o do inconsciente e o poder de sonhos, lem- é, se decidires pelo que te faz sentir bem. sem se ver. By the book eu diria: é o mo- dizer que desenvolverás bases extraordiná- bro esquerdo. Mexeu-se muito lentamente brar-se da última vez que tinha tomado ba- martelar dos saltos altos do travesti do ter- branças, imagens. E que sabe que esses Simples, mas não tão fácil. Dizem por aí que mento de te descondicionares do passa- rias. Mesmo que estejas a trabalhar para e olhou em volta. Olhou mais, tentando nho. Pensou na mãe, e no que ela diria. Ora! ceiro andar e a noção de que já estava atra- registos, quando ignorados, mandam mais é normal viver contrariado. Ou do contra. do. Só daquilo que te possa limitar, claro. os outros este período será muito útil para perceber onde estava. Endireitou-se no Lisboa não era Viseu. Tanta coisa para fa- sado. Desceu as escadas de escantilhão, do que o que nos convém. E que por outro Ou condicionado demais para poder O apelo de uma nova liberdade interior ti. Para ti pessoalmente. Para aquilo em sofá e teve uma tontura. zer! Havia que acompanhar o andamento. perfumado e nervoso: finalmente, era ami- lado escondem talentos, bênçãos e dons. escolher. Ok. Mas em vez de, sem querer, chama por ti, não é? Sentes? É natural, és que te vais tornando. Vais ver. E da segu- A última coisa de que se lembrava era No metro para o Lumiar, recebeu um go do DJ. E talvez ela lá estivesse. Passou Estás pronto? Desafio-te agora a explorar dares força ao que achas mal, experimenta, um ser intuitivo e pressentes o que te faz rança de hoje nascerá a visão de amanhã. de estar à conversa naquele mesmo sofá telefonema da mãe. Tentou disfarçar o tom o Sétimo Céu impassível aos olhares que esse tesouro. Vai: toca o ser que és de por querer, dares atenção ao que achas bem. sentido… às vezes. Agora, é dedicares-te a Hang on. com a miúda gira da Capela... Grande mer- abatido da voz. se demoravam nele, espreitou no Majong origem, desde criança. Lembras-te como Investe na alternativa que te faz mais feliz. isso: descondiciona-te. Usa ajudas, se pre- da: agora ali estava, numa casa no Barrei- — Olá. Estava mesmo a pensar em ti. só para ver quem estava e entrou, triunfan- eras? Faz um esforço. E resgata um pouco Em síntese: decide bem, para viver melhor. ferires. Serão muito úteis. O que quiseres, Peixes ro, com uma ressaca brutal e – apalpou os Já falaste com o pai? te, no Mexe Café. Estava cheio. Conseguiu mais desse poder maravilha: o teu mundo Para ti é bom, e o mundo agradece. de psicoterapia a alinhamento de chacras, 18 20 Fevereiro a 20 Março bolsos – sem dinheiro. Tinha estado em Viseu nas férias e romper até ao bar e, de cerveja na mão, interior. Yes! passando por dar voltas ao quarteirão até A Lua é omnipotente e quem não O chão da sala estava cheio de dis- aproveitara para ter a tal conversa delicada acenou ao Kaló, na cabine do DJ. O Kaló, caíres para o lado. Limpar, libertar, aligei- vir isso é cego. Passo o exagero, mas até cos, cinzeiros cheios e garrafas de cerveja com os pais, adiada há uns tempos. Resol- porém, parecia muito concentrado nas pas- Touro rar bagagem. É que tens aí uma big viagem mesmo o pisciano mais pragmático a sen- vazias. Calçou os ténis e aventurou-se pela veu despachá-la logo que chegou: que ago- sagens. Zé Miguel ficou com a mão no ar, 11 21 Abril a 20 Maio pela frente! Interior e exterior… e mais não te assim. Portanto, prepara-te. Hoje a Lua casa: ninguém. Na mesa da cozinha des- ra é que tinha descoberto a sua vocação, ia pendurada e inútil. Acelerou o movimento Dizer a um taurino para “caval- digo, por enquanto. Pega num bom livro desceu aos teus pés. E vai ficar. É incrível cobriu um bilhete: “Zé Miguel fomos até à ser designer gráfico; que já tinha uns con- da mão e encaixou-o no beat. Não era moço gar o tigre” soa um pouco estranho. Mas de Tarot ou vai à net, mas com critério. Há mas agora podes contar com ela todos os praia quando saíres fecha a porta vemo- tactos e, de qualquer modo, Antropologia para se atrapalhar, mas ficou intrigado. Fo- é assim que os antigos chamavam ao nos- muita porcaria. Lê o significado da Carta dias. A enfeitiçar-te, motivar-te, inspirar-te, -nos no Bairro”. Bonito! Quem o mandava não dava para nada. Que tinha um amigo nix! Ainda nessa manhã tinha estado a cur- so animal oculto: o tigre. Às vezes é como sem Número, O Louco. É o último Arcano provocar-te. E o mais espantoso é que lhe ir em histórias de só-mais-um-copinho, que trabalhava na maior empresa de de- tir tão bem com o gajo... Olhou em volta. uma força incrível que nos habita e salta Maior do baralho. Em vigésimo segundo lu- podes dar troco facilmente. Podes criar para casa de pessoas que mal conhecia? sign portuguesa, e lhe tinha aconselhado Que chusmilha! E da miúda, nem sinal. quando menos se espera. Então tu! Tão gar. 22. A tua liberdade. obras de arte, perderes-te a dançar sem Agora, era meter-se à estrada: chegar aos a ETIC. Mas para isto precisava de dinhei- Avistou a cabeça ruiva da Tânia ao paciente, calmo… e depois quando te pas- fim, seres tão magnético para os outros barcos (onde seriam?), atravessar o rio, su- ro, porque o que ganhava no part-time não fundo, com umas pessoas que ele não co- sas… ui! Mas está tudo bem, no worry. O Sagitário que é melhor por defensas, inventares bir ao Bairro. E a miúda, teria ido também à chegava para as propinas. nhecia. Fez adeusinho, mas não se aproxi- tigre é a tua força. E podes usá-la agora. 01 22 Novembro a 21 Dezembro um novo mundo, tudo o que quiseres… praia? Se calhar, ao Meco... O que valia era Disse isto tudo de enfiada, atrapa- mou, com falta de paciência para as con- É uma questão de a gerires com sabedoria. Olha bem para ti. Um monte de desde que selecciones o que te interessa. ter tido um convite do Kaló para ir ao Mexe lhando-se com os argumentos, assim que versas habituais. A tua força deste mês é feminina. Animal. capacidades. Um poço de energia. Um Lembra-te que até mesmo o pisciano mais ouvi-lo tocar. E talvez ela estivesse lá. a família se sentou para jantar. O que Aproximou-se da cabine e gritou para Sentes-te intimamente poderoso? Então corpo na perfeição. Uma mente visionária. pragmático é uma esponja psíquica. Tende Se havia coisa que Zé Miguel não se conseguiu foi estragar o jantar e o resto cima: “Então a praia, fixe?” O Kaló acenou canaliza a energia sem ceder a impulsos Fortes razões para te abalançares a criar a a absorver a energia à sua volta. E se de- podia dar ao luxo era de desperdiçar uma das férias. Ao fim de quatro dias, já não com a cabeça, e virou-se logo, a falar ao supérfluos. Tens à tua disposição uma for- tua própria vida. Sabes bem que cada um cidisses ver um filme de terror só para ser oportunidade para engatar. Com 25 anos, aguentava mais. O pai, bom-dia, boa-tarde. ouvido de um rapaz à beira da cabine. Zé ça consciente, primordial, compreensiva, pode e deve investir em si. Na sua realiza- um querido e não contrariar alguém, ou dar tinha tido uma vaga namorada em Coim- A mãe, muito apoquentada com mais aque- Miguel fitou-o. Era um gajo com ar de cro- amorosa, calma, controlada. Ah, e depois ção. Porque isso te amplia. Te faz melhor. troco a gente que não te merece depois, bra, quando lá andara a estudar, também la reviravolta na sua carreira académica, mo importante, mais velho. A cara não lhe usa toda a sensualidade que vem no pa- E mais capaz de ajudar outros. Logo, abra- olha… ficaria todo esse lixo dentro de ti e muito vagamente, Direito. Desde que vie- enchia-o de perguntas difíceis. A irmã mas- era estranha. Seria também DJ? O Kaló só cote para relaxares nos intervalos. O tigre ça os mandamentos: Não procrastinarás pronto. Seria é uma pena. Portanto, curte, ra para Lisboa, apenas casos passageiros sacrava-o várias vezes ao dia, a pedir para tinha olhos para ele. também traz isso… hum… (vai ver ao dicionário se não souberes. Não curte, curte. Mas sóbrio, sóbrio, sóbrio. O com duas colegas da Nova, quando ainda ele a levar ao Lux: “não tens idade e não Ficou por ali, a dançar e a olhar de tiveres que tomar decisões importantes, ou Viste? Têm cá uma sorte, não têm? Esses deixes passar). Não discutirás. Não atalha- mundo aprovará. Mas atenção meu amigo: frequentava as aulas de Antropologia. Ti- me aborreças”. Quando chegou a Santa soslaio, à espera de uma oportunidade Gémeos esperas pelo mês que vem ou sugiro que nasceram mesmo virados para a Lua! Se ca- rás caminho. Não especularás. Descobre e selecciona com critério. Ah, abençoado nha pensado que em Lisboa seria diferen- Apolónia, respirou fundo, consolado. Viseu para chegar ao Kaló. Ela surgiu quando o 01 21 Maio a 20 Junho estejas mesmo muito tranquiiiiilo antes de lhar eles até merecem, e a verdade é que tu desenvolve os teus talentos e vantagens. luar… até amanhã musa linda. te. Principalmente desde que se tinha mu- pareceu-lhe muito distante e irreal. Lisboa rapaz desceu para a casa de banho. Zé Mi- Take #1. Ready, steady, Go. abrires a boca ou mexeres um pé. E tudo também não poderias parar e deixar o que Brinca com eles. Explora. Diverte-te. Toma dado para o Bairro Alto, as possibilidades era, definitivamente, a sua terra. guel atacou logo. É agora. Espero que tenhas pensado e isto para te dizer: não permitas que nada estás a fazer… não, agora tens mesmo de nota. Objectiva. Volta e meia faz um brains- * Importante pareciam infinitas. Mas, por um motivo ou Agora, lá de Viseu, a mãe respondia: — Quem? Ah, o Luís. É DJ. E muito trabalhado q.b. Que as tuas escolhas ac- nem ninguém interfira no teu equilíbrio na- estar em cima desta fase da tua vida, há torming existencial com os teus amigos. Horóscopos generalistas não, obrigada. Previsões outro, que ele próprio não sabia bem expli- — Meu querido! O que tens? Estás bom, por acaso. Às vezes toca no Lux. tuais sejam boas e consistentes. Porque… tural. All is well. And we love you. de facto prioridades… e falta bastante para Mexe-te. Get out of the box. To be conti- astrológicas são outro filme. Ciclos de vida únicos, car, nunca conseguia levá-las para o quarto constipado? Sim, já falei com o pai. Ele... foi Não me digas que nunca o ouviste. É meu ouve lá… agora é daqueles momentos!… O que o que tens em mãos esteja pelo menos nued… só teus. Se é isso que queres, vai a um bom astró- – àquelas que ele queria, claro. um bocado difícil, sabes como ele é. Bem, buddy, se calhar vou tocar com ele. É um que decidires iniciar este mês tem a bên- Leão bom… e se parasses agora haveria imensa logo. Agora é que é uma boa altura para ires. Mas Quando chegou ao Terreiro do Paço, se é mesmo isso o que tu queres... Ele vai fixe. É verdade: vais à festa do Lux? ção dos céus. O universo conspira a favor. 17 22 Julho a 22 Agosto coisa que talvez não evoluísse da melhor Capricórnio lembra-te: no fundo no fundo, tu é que escolhes o apressou-se. Já não dava para ir a casa fazer a transferência na segunda-feira. Apesar do calor, Zé Miguel gelou: é A tua mais pequena acção é ampliada. Fá- Eu tenho uns amigos leões que maneira… que parvoíce, essa coisa da sor- 18 22 Dezembro a 20 Janeiro que fazer da vida. Sempre. mudar de roupa antes de entrar ao servi- Zé Miguel suspirou aliviado. Já podia que não tinha convite, nem pensara sequer cil de ver que se agisses como uma borbo- andaram a trabalhar numa produção de ar- te não tem sentido nenhum… nem sequer Eu até que queria ver como é ço no call center. Cheirou-se. “Tanto pior”, fazer a matrícula. Desta vez é que a sua nisso. E não ia, de certeza, receber. Só leta tonta daria mau resultado. Mas sei que romba, e palavra que até parece que viciei há provas… que treta de desculpa essa, e que vais lidar com essa energia feminina ** Não menos importante pensou. “Vou assim mesmo. Logo tomo ba- vida ia tomar o rumo certo. Ouviu distrai- se houvesse um milagre. Mas ele não era não farás isso. Seria estúpido. E isso tu não as cartas, mas não… Felinos, chegaram as às vezes parece que as pessoas… Stop!!!!!! toda à tua volta. É um pouco embaraçoso, Menções a sites, livros, filmes, músicas ou o que for, crente. Que fazer, meu deus? Era já na se- és. Investe, age, comunica a tua escolha, o férias! Discretas, para não te sentires cul- Cabeça!!!!!!! Stop!!! Lê de novo o texto do não é? Emoções todas cá fora, imaginários são livres de acordos, percentagens e afins. Tran- mana seguinte, tinha de se pôr em campo teu projecto, a tua meta. Faz. Com frescu- pado já que todo o mundo anda a trabalhar. Leão e adapta ao que te der mais prazer. desfraldados, partos primordiais, episódios quilos. imediatamente. ra. Jovialidade. Espontaneidade. E aponta Vá, uns diazitos de vez em quando, tu me- Ao que mais te regenerar. Não há descul- alunarados (sim eu sei que não consta do — Não tens um convite a mais? para resultados concretos. Mágicos, diver- reces esse presente. O ambiente do mês é pas chéri. Stop. É uma ordem. Vais ver que léxico)... Não te assustes mas agora é as- *** Quase importante O Kaló virou para ele um olhar enjoa- tidos, e racionais. Racionais como a pala- tipo: desliga umas horas e sai do palco, do não és imprescindível. Boa sorte! sim mesmo: o desafio é largares amarras. O ORÁCULO fala as línguas que lhe apetece e eu não do e não respondeu. vra Ámen… Ãh? como o quê?!... Só mesmo trono, do controle, whatever. Arranja um Todas não. Mas como um gajo sério que és tenho nada a ver com isso. Ele vive no mundo todo e Zé Miguel desceu da cabine, pensati- um geminiano… programa tranquilo e mima-te. Tipo praze- Balança tens de admitir que estarás um pouquinho pronto. Mais nada a explicar. vo. “Bem, estou por minha conta.” res sensoriais, paraísos poéticos, jantares 04 23 Setembro a 22 Outubro encurralado se não fluíres com a corrente. Todos os anos ouvia falar daquela fes- Caranguejo íntimos, sonhos simples, oásis de paz. Só Olha que bom. Agora tens 4 pés, Insistir em andar no sentido da nascente **** Tu é que sabes se é importante ta e não tencionava voltar a perdê-la. Até 10 21 Junho a 21 Julho para variar. Tu sabes. E, last but not least, 4 eixos, 4 lados. És uma forma perfeita. Um só porque decidiste isso não sei já quando O ORÁCULO poderá talvez responder à tua questão àquele dia, só tinha tido direito a descri- Pois não sei bem o que te diga… acolhe a tua boa estrela. Ela diz-te que cubo. Sólido, harmonioso, equilibrado. Tens não faz lá muito sentido. Isso não é coerên- importante nós não sabemos mas podes tentar… ções extasiadas e relatos infindáveis, que Olha, foge de conflitos afectivos, está bem? tudo está bem, e até te dá umas dicas para toda a estrutura do mundo. Os pilares de cia. E depois, a Lua não morde! A Lua é o [email protected] o punham impaciente, num misto de inveja Não te ponhas em situações em que te resolveres facilmente qualquer coisita mais todos os templos. Os arcos das catedrais. número 18, para tua informação e registo. e curiosidade. apeteça partir a loiça, please. Não é que complexa. Enfim, é o que quiseres. Conce- Toda a base das pirâmides e mais o que te A responsável pela presente invasão emo- Apeteceu-lhe um cigarro. Foi buscar este mês seja mau, isso não existe. Mas se de-te este privilégio. Regenera. Segue a tua lembrares. Tudo belo. Portanto, confia em cional. So, come on! Tu és melhor que isso. uma cerveja e saiu, a apanhar o ar da noite. cedesses a uma coisa tipo birra daria mau intuição. Acolhe as bênçãos. Agradece os ti. Podes harmonizar contrários, cooperar Mostra lá que até o ser mais empedernido Sentou-se num degrau da Rua do Trombe- resultado… só isso. No mês passado foste milagres. Que sorte! amistosamente, criar beleza de facto. Ter pode ser hoje e sempre uma revelação op- ta, sozinho, a cabeça entre as mãos. apanhar ar? Boa. Então continua nessa, de agora 4 patas é muito bom para ti porque timal. Uau, se desta não te zangaste estás uma forma leve, descomprometida… quer Virgem assim balanças menos. Não te ofendas. salvo. És o maior. E para os que se dão (Continua) dizer: sem investimento sentimental de 17 23 Agosto a 22 Setembro Patas vêm com os bichos. Bichos vêm da bem com a Lua não há nada a dizer. Just sindicato.biz maior. Desculpa a minha franqueza mas, se Stop. Lê primeiro o texto do Leão. Terra. O símbolo da Terra é o quadrado. go. Showtime.

Mário João Novembro Novembro Magda Expander dexter convida Player Sexta 31 Rui Vargas e Zé Ladytron ao vivo Quinta 30 Quinta 30 Quinta 30 Pedro Moura Sábado 01 Terça 04 N: 01 Outubro 2008 página: 12

A primeira página Ela

Será ou não por acaso? Eis-nos chega- “Outro” em versão folhetim ou procure a imensas histórias, factos, ideias, reflexões, É para entrar sem medo, é para viver dos à última página sem a decência mínima cifra mais recôndita n’ “A Cona de Picas- memórias e orgulhos da primeira década lá dentro. Em 1966, Niki de Saint-Phalle, de nos ser dado a ler qualquer coisa que se so”. Coube tudo em 12 páginas? Então, de uma maturação feliz, mas não é isso o seu amor de longa data, o artista Jean assemelhe a um Estatuto Editorial? Nem mesmo se escusado, resta dizer que, por que nos ocupa o espírito hoje. É muito Tinguely e Per Olof Ultvedt construíram sequer um singelo Editorial? Mas quem é o razões importantes, todos os nomes e da- mais básico e importante. Uma espécie de juntos uma gigante figura feminina em fi- director? Afinal este é o 1º número ou não? tas dos quadradinhos que salpicam a coisa renovação dos votos entre o Lux e cidade bra de vidro, papier-maché e tinta. Nessa E isto é um jornal ou é o quê? Lux Frágil? É são para ser anotados na sua agenda. Tal de Lisboa. Um reforço da vontade de re- altura a peça, exposta dentro do Moderna uma discoteca ou não? Responda quem lê. como, nas páginas centrais, está mesmo torno ao compromisso inicial que, de certo Museet de Estocolmo, causou sensação – arrumado um quotidiano repleto dessas e modo, permanece indizível, porque incapaz homens, mulheres, todos podiam entrar or- de outras boas razões. Passa por isso tudo de se prender a palavras que não o limitem denadamente pela vagina da enorme mu- e por mais mil e uma coisas – e letras, pa- ou vulgarizem. À falta de melhor escolha lher e viver dentro daquele corpo. Mesmo lavras, textos, páginas – que ainda agora lexical, díriamos que é algo que tem a ver que apenas momentaneamente. Lá dentro nem conhecemos. com a criação e partilha de momentos es- encontravam projecções, locais onde se Por isso, nem aqui vão encontrar um peciais, mas também com o prazer da pro- sentar, caminhos a percorrer, um bar onde Estatuto Editorial. Quando muito, uma ten- cura, o deleite da descoberta. De quê? Do matar a sede. Um local de lazer, um local tativa de Estatuto Existencial da publicação que aí vem. Podia soar melhor mas, em boa de vida. Intitulado “Hon” (a palavra sueca que agora têm nas mãos: uma descendente verdade é mesmo isso. para “Ela”), esta obra foi a inspiração para bastarda de experiências e cumplicidades Outra vez os putos, que nos obrigam a estrutura que agora se encontra monta- ensaiadas em dezanove números, ao longo a viver o tal tempo que vem a seguir! E a da à entrada do Lux. Naturalmente outras de outros tantos meses, num pasquim que, tentar antecipá-lo, às vezes, mas sobretu- referências vieram a lume trazidas pela à falta de baptismo oficial, ficou conhecido do a percebê-lo enquanto está a acontecer, peça de Saint-Phalle a mais importante como Blah Blah Blah. Estatuto existencial tentando influenciá-lo num sentido em que sendo, “A Origem da Vida”, o quadro de esse que é comum às páginas que acaba se acredita. No fundo é isso: um punhado Courbet de 1866. Mas outras também nos de percorrer e ao local de onde elas ema- de convicções, outro de incertezas, em in- reforçaram a ideia - “Mulher - Terra - Vida” nam, algures entre os carris de Sta. Apoló- teracção com cada momento que passa. E uma escultura de Clara Menéres de 1977, nia e um Mar da Palha onde o Tejo encosta haverá momento de maior vontade, fascí- o excerto em jeito de filme mudo de “Fala ao Cais da Pedra. nio e desconhecido do que em vésperas de Com Ela” de Pedro Almodôvar, a frase que Quem dança. Releia. Redançe. Se calhar seria conveniente um tom entrada na idade teen? O tempo voa, pois. Dianne Weist exclama em “Balas Sobre a Experimente, por exemplo, voltar à mais peremptório e pragmático, do tipo: Por isso parece estranho, mas foi mesmo Broadway”, “(...) o mundo vai-se abrir para capa para sentir, com atenção e disponibi- queremos fazer assim e assado porque no milénio anterior, enquanto o Tejo ainda ti como uma grande ostra. Não, como uma lidade, a coreografia emotiva de “Canibais coiso e tal; prometemos alhos e bugalhos, refectia o firework da Expo 98, que a coisa ostra não, como uma maravilhosa vagina” Dançando com Astronautas”. Está lá, e a porque acreditamos nisto e naquilo; vai começou a respirar. Que a cidade se de- e as palavras do nosso Amadeo, que man- seguir, noutros textos, de maneiras múlti- ser preto e branco porque somos assim, e parou com um desafio que ninguém, mas temos sempre por perto - “(...) uma enorme plas, com tons diversos. De certeza que já assado e frito e cozido, etcetera e tal. Tal- mesmo ninguém, conhecia as consequên- mulher, cujo sexo escancarado defronta o conferiu o seu signo na página onze, mas vez. Mas não é bem por aí. Aqui não há dez cias e o reflexos no meio envolvente. Atlantico, esperando uma nova potencia e leia mais alguns, de amigos. Não acredita? alíneas profundas-e-poéticas-ou-políticas. Para tentativa de Editorial, que o não uma nova virilidade!!! (…)”. É para entrar É tudo mentira? Então descubra, na página Como não há mil certezas. Há, quase só, é nem deixa de ser, a prosa já vai longa. sem medo, é para viver lá dentro. dois, a sinceridade mentirosa do “Quim- a vontade de viver o tempo que está a Remate-se então com uma recomendação: SP postor” ou especule sobre a paisagem acontecer agora. Há também uma história na paternidade ou no trabalho, nunca acre- ficcional “Da Varanda do Lux”, na página de que se gosta e se quer continuar mes- ditem nessa coisa do “correr por gosto não cinco. Depois descanse. Olhe em redor. mo que, sem se perceber bem como, já vá cansa”. Cansa sim senhor! Às vezes muito, Procure um disco, ponha-se confortável. mais longa do que qualquer um dos per- sobretudo quando se corre muito. Apenas Saltite entre sugestões e alertas, listas e sonagens envolvidos conseguiria imaginar. quando se gosta e acredita é um cansaço cantigas, até mesmo a ocasional conversa Tentando formular de outra maneira… feliz. Às vezes descobrir cansa. Ou procurar com DJs a caminho desta cabine ou outras Estar de algum modo envolvido no desilude. Mas compensa. Sempre. Agora, e personagens de uma ficção cujo grau de que aqui se passa tem consequências, sempre, o que interessa não é o que está realidade se estilhaça ou amplia ao longo e dádivas, semelhantes às da paternida- para trás, mas sim o que aí vem. É por isso destas páginas, textos, palavras, letras. Já de. Juro que tentei, mas não consegui, que estamos muito mais interessados na Direcção: Manuel Reis agora, confirme se iniciou a descoberta do arranjar melhor analogia, e é com algum próxima década do que na anterior. Cada pudor, mas sem qualquer dúvida, que a vez mais curiosos, mesmo se cada vez mais Sede: Av. Infante D. Henrique, Armazém A, ela recorro. Porque, de facto, arrisco-me a velhos. Como os pais, interrogamo-nos so- Cais da Pedra a Sta. Apolónia, acreditar, mesmo que soe egoisticamente bre o que pode acontecer nos próximos 1950 – 376 Lisboa incorrecto, que a melhor coisa de ser pai dez anos. Como irão divertir-se e dançar T. 218820890 F. 218820899 é estarmos condenados ao desconhecido. os putos contemporâneos (sim, aqueles A única certeza é socraticamente banal: a que têm hoje entre cinco e dez anos!). Ou luxfragil.com de que nada sabemos. Vemos a cada dia, a como é que se combate aquele conformis- [email protected] cada hora, que a coisa, saída de uma barri- mo aconchegado de sofá, alimentado a ga, muda, descobre, evolui, transforma-se, soro mediático (infotainment?), servido em Textos de: Anamar, Catarina Portas, Isilda cresce. Com – e tal como - o mundo e o plasmas full (ou empty?) HD com true (ou Sanches, João Paulo Cotrim, Joaquim tempo que a rodeiam. Por isso somos obri- fake?) som Surround. António Rocha, Maria Antónia e António gados e, melhor ainda, desejamos viver o Pensando melhor, quanto ao tal Es- Neu, Pedro Fradique, Quim Albergaria, tempo que está para a frente. Como é do tatuto Editorial, talvez o encontrem se vol- Susana Pomba, Tiago Manaia e Vítor conhecimento geral, o Lux, qual Atena, não tarem à capa. É fácil: à direita no cabeça- Belanciano. nasceu da barriga da mãe mas da cabeça lho. Oferecido pelo inimitável e visionário do pai. Mas é um ser tão exigente que to- Amadeo, em resposta a um jornalista no Editados por: Pedro Fradique e Fernando dos os que o ajudam a crescer são obri- início do século passado. Nunes. gados a esse destino da paternidade que Ele tinha, e tem, razão porque, Design gráfico: Diogo Potes — Alva Design referi no início: estar condenado a viver o A nossa vida é toda para… Studio futuro. Sentindo, questionando e sabore- Revisão: Marta Martins ando o presente - e celebrando o passado - mas com absoluta e sincera vontade de Impressão: M2 entrar no que está a diante. Tiragem média: 7 000 ex. Claro que a memória sabe bem e há Conselho Editorial

Novembro Novembro Novembro Novembro James Holden Cut Copy ao vivo Boys Noize 2manydjs Quinta 06 Quinta 13 Quinta 13 Quinta 20