Assistência Técnica à Sociedade Civil

Financiado pela União Europeia

Mapeamento da Sociedade civil Cabo-verdiana Financiado pela União Europeia

Mapeamento da Sociedade civil Cabo-verdiana ÍNDICE

1. Contextualização e o objetivo do Mapeamento ...... 13

2. Sumário das principais dinâmicas da sociedade civil ...... 19

3. Metodologia ...... 21

PARTE I Ficha Técnica Os resultados do Inquérito - Contexto, Quadro legal e capacidades das OSC/AL

Título: Mapeamento da Sociedade Civil Cabo-verdiana 4. Perfil das OSC e AL participantes ...... 31 Propriedade: União Europeia - Assistência técnica e Capacitação das Organizações da Sociedade Civil e Autoridades Locais 5. Enquadramento sociopolítico e histórico ...... 39

Autoras/es: 6. Ambiente institucional e legal da sociedade civil na atualidade ...... 47 Anna Topliyski, Chefe da equipa Isis Labrunie, Perita de género 6.1. As tipologias das OSC e o Quadro legal ...... 47 Deborah Cristina Vera Cruz, Perita de comunicação 6.1.1. Avaliação geral do Quadro legal no âmbito do Inquérito ...... 53 Nardi Sousa, Sociólogo Eveline Nair Tavares, Assistente 6.2. Perceções da sociedade civil sobre o ambiente legal e institucional ...... 54 6.2.1. A liberdade de expressão/imprensa ...... 54 Estatísticas Patricia Dantas dos Reis 6.2.2. O (bi)partidarismo, como principal obstáculo identificado pelas OSC no ambiente legal e institucional...... 55 Revisão 6.2.3. O limitado recurso à informação como constrangimento ...... 57 Catarina Cardoso 6.2.4. Falta de coordenação entre as instituições ...... 59 Designer e paginação 6.2.5. Melhorias e retrocessos no ambiente legal atual, segundo o Inquérito ...... 61 Jaime Silva

Editora Recomendações ...... 62 Artemedia Produções 7. As Capacidades atuais das OSC ...... 63 Fotografia Arquivo da Delegação da União Europeia em Cabo Verde 7.1. Capacidades materiais - Instalações/equipamentos sociais ...... 64

Tiragem 7.2. Capacidades financeiras ...... 64 200 exemplares 7.3. Recursos humanos - O voluntariado como principal fonte de sustentabilidade das OSC ...... 72

Impressão 7.4. Capacidades e eficácia na gestão, planeamento e prestação de contas ...... 79 Tipografia Santos 7.5. Capacidades para a intervenção em políticas públicas ...... 88 7.5.1. Capacidades de advocacy ...... 88 Setembro 2020. 7.5.2. Capacidades para a elaboração de relatórios sombra ...... 90

7.6. Necessidades de reforço técnico ...... 92

7.7. As capacidades das Autoridades locais ...... 93 O estudo foi produzido com o apoio da União Europeia. O seu conteúdo é da exclusiva responsabilidade do projeto de «Assistência técnica e Capacitação das Organizações da Sociedade Civil e Autoridades Locais em Cabo Verde na gestão de projetos de desenvolvimento» (AT) e não reflete necessariamente os pontos de vista da União Europeia. Recomendações ...... 96 PARTE II Lista de siglas e acrónimos As dinâmicas e redes da sociedade civil AAN - Associação Cabo-verdiana dos Amigos da Natureza ACD - Associação Comunitária de Desenvolvimento 8. Dinâmicas e relacionamento entre a sociedade civil e o Estado ...... 101 ACDI/VOCA - ONG Estado-unidense de Desenvolvimento do Crescimento económico e da Agricultura 8.1. A necessidade de criar novos mecanismos e espaços de articulação ...... 101 ACLCVBG - Associação Cabo-verdiana de Luta Contra a Violência Baseada no Género 8.2. Plataformas existentes ...... 105 ADA - ONG luxemburguesa que tem como objetivo o apoio ao desenvolvimento autónomo/microfinanças em países terceiros 8.3. Os principais programas/fundos do Governo indicados pelas OSC no âmbito do Inquérito ... 107 ADEGA - Empresa de Comércio Geral, S.A.

8.4. Tendências e paradigmas atuais ...... 109 ADPM - Associação de Defesa do Património de Mértola ADIRV - Associação de Desenvolvimento Integral de 8.5. Políticas e relações a nível descentralizado - AL e OSC ...... 121 AECID - Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento

Recomendações ...... 127 AGECABO - Agência cabo-verdiana de Promoção do Emprego e Desenvolvimento Local AJOC - Associação sindical dos Jornalistas cabo-verdianos 9. dinâmicas e redes da sociedade civil ...... 129 ANAS - Agência Nacional de Água e Saneamento

9.1. Relações entre as OSC ...... 129 ANMCV - Associação Nacional dos Municípios em Cabo Verde AO - Apoio Orçamental 9.2. Um registo de boas práticas e dinâmicas a nível da sociedade civil em Cabo Verde ...... 131 APIMF - Associação Profissional das Instituições de Microfinanças em Cabo Verde 9.3. A inexistência de uma agenda não governamental comum ...... 136 ARC- Autoridade Reguladora para a Comunicação Social ASA - Aeroportos e Segurança Aérea Recomendações ...... 138 ASDIS - Associação para a Solidariedade e Desenvolvimento Comunitário da Ilha de Santiago AT - Assistência técnica 10. Relações entre a União Europeia, atores de Cooperação BAD - Banco Africano de Desenvolvimento Internacional e a sociedade civil cabo-verdiana ...... 140 BCA - Banco Comercial do Atlântico 10.1. O compromisso da UE com a sociedade civil e as suas linhas de financiamento ...... 140 BCV - Banco de Cabo Verde 10.2. A avaliação das relações da sociedade civil cabo-verdiana com a UE, BM - Banco Mundial Estados Membros e ONGs europeias ...... 149 CCS - Conselho de Concertação Social 10.3. As OSC com financiamento da UE em curso CCSL - Confederação Cabo-verdiana dos Sindicatos Livres - Os seus desafios e opinião sobre o desempenho da UE ...... 150 CEDAW - Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres 10.4. Os programas de financiamento para AL e os desafios na sua implementação ...... 152 CEDEAO - Comunidade dos Estados de África Ocidental

10.5. Relação com outros parceiros internacionais ...... 155 CERAI - ONG espanhola - Centro de Estudios Rurales/Agricultura internacional CERMI - Centro de Energias Renováveis e Manutenção Industrial, Entidade Pública Empresarial Recomendações ...... 158 CESA - Conselho Económico, Social e Ambiental Citi-Habitat - Centro de Investigação Intermediária Organizações não Governamentais Conclusões gerais ...... 160 CNDHC - Comissão Nacional de Direitos Humanos e da Cidadania CNEST - Conselho Nacional Estatístico Anexos CoM SSA - Pacto de Autarcas na África Subsariana, iniciativa financiada pela UE COSPE - ONG italiana - Cooperação para o Desenvolvimento de Países Emergentes I. Bibliografia ...... 162 CRP - Comissão Regional de Parceiros

II. Lista de entrevistas realizadas ...... 167 CVE - Escudos de Cabo Verde CVED-LUX - ONG luxemburguesa Cap Vert Espoir et Développement III. Questionários aplicados no âmbito do Inquérito ...... 168 DUE - Delegação da União Europeia IV. Projetos da sociedade civil em curso financiados pela UE ...... 189 DECRP - Documento de Estratégia para o Crescimento e Redução da Pobreza V. Programas de financiamento à sociedade civil em Cabo Verde ...... 191 DRI - ONG alemã que promove a participação política e democracia (Democracy Reporting International) EM - Estados Membros VI. Principais redes e plataformas da sociedade civil em Cabo Verde ...... 192 ENACOL - Empresa Nacional de Combustíveis, SA. ENAPOR - Empresa Nacional dos Portos ERT - Equal Rights Trust OPAD - Organização dos Pioneiros Abel Djassy ESDIME - ONG portuguesa - Agência para o Desenvolvimento Local no Alentejo Sudoeste ORAC-SN - Organização das Associações Comunitária de São Nicolau ESS - Economia Social e Solidária OSC - Organização da Sociedade Civil EUR - Euro OSC/AL - Organizações da Sociedade Civil/Autoridades locais FAC - Fundo de Apoio às Cooperativas OSCD - Organizações da Sociedade Civil de Desenvolvimento FADEP - Federação das Associações para o Desenvolvimento Comunitário de Porto Novo PADFI-CV - Projeto de Apoio ao Desenvolvimento da Finança Inclusiva em Cabo Verde FADOC - Fundo de Apoio ao Desenvolvimento das Organizações Comunitárias PAICV - Partido Africano para Independência de Cabo Verde FAIMO - Frente de Alta Intensidade de Mão-de-Obra PAIGC - Partido Africano da Independência de Guiné e Cabo Verde FAMI-Picos - Associação de Apoio às Iniciativas de Autopromoção Familiar PALOP - Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa FECAD - Federação Cabo Verdiana das Associações de Pessoas com Deficiência PAR - Programa de Assistência Rural FED - Fundo Europeu de Desenvolvimento PDSS - Programa de Desenvolvimento do Setor Social FG Turismo - Associação de Turismo da ilha do Fogo PEDS - Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável FIDA - Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola PEMDS - Plano Estratégico Municipal de Desenvolvimento Sustentável FOFA - Forças/ Oportunidades/ Fraquezas/ Ameaças PIB - Produto Interno Bruto FPEF - Fundo de Emprego e Formação Profissional PIDCP - Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos FRESCOMAR - Indústria Transformadora de Pesca e da Aquacultura PIDESC - Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais GAP - Gabinetes de Apoio Permanente PLPR - Programa de Luta contra a Pobreza no Meio Rural GAO - Grupo de Apoio Orçamental PNLP - Programa Nacional de Luta contra a Pobreza GARANTIA - Companhia de Seguros de Cabo Verde, S.A PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento GEP - Gabinete de Estudos e Planeamento POSER - Programa de Promoção de Oportunidades Socioeconómicas Rurais ICCA - Instituto Cabo-Verdiano da Criança e do Adolescente PRAG - Guia dos Procedimentos contratuais da União Europeia para a ajuda externa ICIEG - Instituto Cabo-Verdiano para a Igualdade e Equidade de Género PRRA - Programa de Requalificação, Reabilitação e acessibilidade IDRF - Inquérito às Despesas e Receitas Familiares Projeto FATA - Projeto Ecoturismo Fogo, Água, Terra, Ar IEC - Informação, Educação e Comunicação Pro-PALOP TL ISC - Projeto para o reforço das competências técnicas e funcionais das Instituições Superiores de Controlo IEDDH - Instrumento Europeu para a Democracia e os Direitos humanos (ISC), parlamentos nacionais e sociedade civil para o controlo das finanças públicas nos PALOP e em Timor-Leste IMF - Instituições de Microfinanças PSGD - Promoção socioeconómica de grupos em desvantagem ÍMPAR - Companhia cabo-verdiana de Seguros RASSOL CV - Rede Animação Social e Solidária de Cabo Verde IMVF - Instituto Marquês Valle Flor Red’ ANIMAR - Rede das Organizações Promotoras do Desenvolvimento Participativo INC - Instituto Nacional das Cooperativas Rede TAOLA - Rede Nacional de Proteção das Tartarugas Marinhas INE - Instituto Nacional de Estatísticas REPAL SV - Rede de Abastecimento Local de Cantinas Escolares de São Vicente INPS - Instituto Nacional de Previdência Social RH - Recursos Humanos JAAC - Juventude Africana Amílcar Cabral RTC - Rádio televisão cabo-verdiana LBGTI - Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans- e Intersexuais SE4ALL - Iniciativa Energia sustentável para todos MOAVE - Moagem de Cabo Verde, AS SEACAP - Plano de Ação para o Acesso a Energia sustentável e o Clima MORABI - Associação de Apoio à Auto-Promoção da Mulher no Desenvolvimento SPG + - Sistema de Preferências Generalizado MPD - Movimento para a Democracia SITA - Sociedade Industrial de Tintas, SA NOAA - Instituto Governamental de Meteorologia e Oceanografia dos Estados Unidos SNRPC - Sistema Nacional de Registo das Pessoas Coletivas OADISA - Organização de Associações de Desenvolvimento Comunitário da Ilha de Santo Antão TdR - Termos de Referência OAF - Organização das Associações do Fogo TIC - Tecnologias de Informação e Comunicação OASIS - Organização Associativa dos Agricultores e Silvicultores de Santiago TCV - Televisão de Cabo Verde OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico UA - União Africana ODS - Objetivos Desenvolvimento Sustentável UCP - Unidade Coordenadora do POSER OIT - Organização Internacional do Trabalho UE - União Europeia OMCV - Organização das Mulheres de Cabo Verde UNITEL T+ - Empresa de Telecomunicações cabo-verdiana ONG - Organização Não Governamental UNTC-CS - União Nacional dos Trabalhadores Cabo-verdianos - Central Sindical ONGD - Organização Não Governamental de Desenvolvimento USAID - Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional ONG PSF - ONG Farmacêuticos sem fronteiras VBG - Violência Baseada no Género ONU - Organização das Nações Unidas VIH/SIDA - Vírus de Imunodeficiência Humana/Síndrome da imunodeficiência adquirida Índice dos Gráficos Gráfico 39: Ferramentas utilizadas na recolha de dados pelas OSC para a elaboração de ações e projetos Gráfico 40: OSC engajadas em ações de advocacy em relação ao âmbito e impacto de intervenção Gráfico 1: Desembolso da Comissão Europeia em Cabo Verde, entre 2007 e 2019 Gráfico 41: Participação da OSC na elaboração de algum relatório sombra Gráfico 2: Desembolso da Comissão Europeia em Cabo Verde por ano Gráfico 42: As áreas que precisam de reforço técnico (OSC) Gráfico 3: Tipo de OSC conforme o seu estatuto Gráfico 43: As áreas que precisam de reforço técnico (AL) Gráfico 4: Áreas geográficas de atuação por município Gráfico 44: Autoavaliação da eficácia da Câmara Municipal nas áreas indicadas Gráfico 5: OSC inquiridas que implementaram projetos da UE em 2019 Gráfico 45: Capacidades internas da Câmara Municipal nas áreas indicadas Gráfico 6: As áreas de atuação mais escolhidas pelas OSC Gráfico 46: Na experiência da sua organização, as instituições e autoridades cabo-verdianas estão abertas a envolver a sociedade civil na elaboração de políticas? Gráfico 7: Principais grupos-alvo e pessoas beneficiárias das OSC Gráfico 47: Alguma vez a sua organização já foi convidada para participar num diálogo (formal ou informal) com o Gráfico 8: Grau de satisfação das OSC com a legislação referente à sociedade civil e a sua aplicação a nível local Governo em relação à identificação, preparação, revisão, monitoria e/ou avaliação de uma política? e nacional Gráfico 48: Na sua experiência, existe atualmente algum fórum ou espaço de diálogo permanente entre o Estado e Gráfico 9: Nível de satisfação das OSC com a liberdade de expressão, reunião e associação em Cabo Verde as OSC que tenha um impacto real nas políticas públicas? (segundo as OSC) Gráfico 10: Principais dificuldades identificadas pelas OSC em relação ao ambiente legal e institucional Gráfico 49: Na sua experiência, existe atualmente algum fórum ou espaço de diálogo permanente entre o Estado e Gráfico 11: Nível de satisfação das OSC relativamente ao acesso à informação facultado pelo Estado por áreas as OSC que tenha um impacto real nas políticas públicas? (segundo as AL) Gráfico 12: Como avalia o ambiente institucional e legal para a sociedade civil em Cabo Verde desde 2016? Gráfico 50: De acordo com a experiência da sua organização, como avaliaria a sua relação com o Governo (local e Gráfico 13: Distribuição do orçamento das OSC por classes nacional)? Gráfico 14: Meios de intervenção das OSC por classe do orçamento Gráfico 51: A sua organização já recebeu apoio financeiro do Estado? Gráfico 15: Principais fontes de financiamento das OSC para a implementação de projetos e ações Gráfico 52: Os ODS prioritários segundo as OSC Gráfico 16: Principais fontes de financiamento das OSC para o seu funcionamento Gráfico 53: Os ODS prioritários segundo as autoridades locais Gráfico 17: OSC que realizam alguma atividade geradora de rendimento Gráfico 54: Áreas onde as Câmaras Municipais consideram ter obtido resultados com impacto real na vida dos munícipes Gráfico 18: Tipos de atividades geradoras de rendimento apontadas pelas OSC Gráfico 55: Existe um programa de financiamento para organizações da sociedade civil no município? (segundo as Gráfico 19: OSC que receberam financiamento de um parceiro internacional AL) Gráfico 20: OSC que receberam apoio (financeiro/técnico/material) por parte de uma empresa nacional Gráfico 56: Os projetos e ações da OSC contam com o apoio (não só financeiro) das autoridades locais? Gráfico 21: Maior obstáculo identificado pelas OSC para obter financiamentos Gráfico 57: Avaliação do grau de participação das organizações da sociedade civil na definição das prioridades dos Gráfico 22: Maior obstáculo identificado pelas OSC para obter financiamentos por classe de orçamento programas do município (segundo as AL) Gráfico 23: Distribuição do trabalho voluntário e remunerado das OSC Gráfico 58: De acordo com a experiência da Câmara, como avaliaria a sua relação com as OSC? Gráfico 24: Distribuição dos recursos humanos das OSC por cargo Gráfico 59: Enquanto OSC, como avaliaria a sua relação com outras OSC? Gráfico 25: Distribuição dos recursos humanos das OSC por cargo e remuneração Gráfico 60: Grau de satisfação das OSC com a articulação existente entre elas nas áreas indicadas Gráfico 26: Distribuição dos recursos humanos das OSC por sexo (recursos humanos remunerados e voluntários) Gráfico 61: A avaliação das relações da sociedade civil cabo-verdiana com a UE, Estados Membros e ONGs europeias Gráfico 27: Distribuição dos recursos humanos das OSC por tipo de cargo e sexo Gráfico 62: Avaliação do desempenho da UE por parte de OSC que implementaram em 2019 projetos financiados Gráfico 28: Avaliação da eficácia pelas OSC em diferentes áreas pela UE Gráfico 29: A OSC tem as capacidades técnicas necessárias para o seu funcionamento? Gráfico 63: Avaliação da sua relação com os parceiros indicados (segundo as OSC) Gráfico 30: A OSC tem recursos financeiros suficientes para sustentar recursos humanos especializados? Gráfico 64: Avaliação da sua relação com os parceiros indicados (segundo as AL) Gráfico 31: A OSC tem uma administração financeira com quadros técnicos e sistemas adequados? Gráfico 32: % das OSC que tem um plano estratégico, de ação ou de atividades atualizado e em vigor Gráfico 33: Instrumentos utilizados pelas OSC durante a implementação e monitorização de projetos Gráfico 34: % das OSC que integram uma abordagem participativa e inclusiva com os/as beneficiários/as na definição, execução e avaliação das suas ações Gráfico 35: A OSC considera o impacto meio-ambiental da sua atividade em cada projeto? Gráfico 36: A OSC aplica uma abordagem de género durante a elaboração e gestão de projetos/ações? Gráfico 37: Seguimento de uma abordagem inclusiva das OSC por âmbitos ou beneficiários/as Gráfico 38: A OSC realiza estudos e diagnósticos antes de começar um projeto ou ação? Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

1. Contextualização e objetivo do Mapeamento

Cabo Verde é um pequeno Estado insular Especial inscreve-se no contexto da aplicação do com uma localização geoestratégica, formando Acordo de Cotonu e está baseada em valores e uma ponte entre os 3 continentes - África, Europa princípios comuns relativos à democracia, à boa e América. Após a obtenção da independência governação, ao respeito pelos direitos humanos de Portugal, em 1975, consolidou-se como e ao Estado de Direito, que representam os democracia em 1991 e é hoje uma referência alicerces para um maior desenvolvimento a nível africano, tendo atingido o estatuto de das relações entre a UE e Cabo Verde. Neste país de rendimento médio com um PIB per sentido, a Parceria Especial (2007) e o Acordo capita de cerca de 3500 dólares anuais e um de Cotonu (2000) promovem a participação índice elevado de desenvolvimento humano, ativa da sociedade civil quando evocam, entre com destaque para a educação, saúde e os seus objetivos: democracia (Índice Mo Ibrahim 2019). Não obstante, persistem grandes vulnerabilidades «Será dedicada especial atenção à consolidação a nível económico e ambiental, refletidas por e ao aprofundamento da democracia, do Estado um índice de pobreza e desemprego juvenil de Direito e da participação da sociedade civil 01 na vida política do país, bem como ao reforço do crescente, assim como uma vulnerabilidade ambiental devido às condições climatéricas diálogo político e da cooperação, em especial em Contextualização da região, com períodos cíclicos de secas e matéria de democracia e de direitos humanos.» inundações, e com a agravante de vir a sofrer (Parceria Especial, 2007)1 consequências das alterações climáticas. «Fortalecer a capacidade dos atores no Com o reconhecimento do estatuto de desenvolvimento e melhorar o quadro institucional país de rendimento médio, a Ajuda Oficial para garantir a coesão social, o funcionamento ao Desenvolvimento foi reduzida de forma de uma sociedade democrática, uma economia considerável, implementando-se novas de mercado, assim como o surgimento de modalidades de cooperação com o arquipélago. uma sociedade civil ativa e organizada é parte Neste sentido, a UE reconhece a importância integrante da abordagem desta parceria» (artigo 2 de Cabo Verde enquanto parceiro estratégico 1.º do Acordo de Cotonu, 2000) e celebra com o país desde 2007, uma Parceria Por meio do 11º. Fundo Europeu Especial, baseada numa relação de parceiros e de Desenvolvimento (FED), e de um apoiada pela modalidade financeira de Apoio montante equivalente a 74 milhões de Euros Orçamental (AO). (8.159.610.000,00 CVE) para o período 2016- 2020, a UE apoia o Governo cabo-verdiano em A Parceria Especial é única no continente duas áreas principais de intervenção: africano e destina-se a reforçar a concertação

e a convergência das políticas em matéria de 1 Comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu (24 desenvolvimento e segurança entre a UE e de outubro, 2007). Sobre o futuro das relações entre a União Europeia e a República de Cabo Verde. [SEC(2007) 1415]. Bruxelas, p. 4. Cabo Verde permitindo acrescentar um quadro 2 Acordo Cotonou (2010). Acordo entre os países ACP (África, Caraíbas e de interesses comuns, ultrapassando a relação Pacífico) e a Comunidade europeia e os seus Estados membros.Ouagadougou. Artigo 1.º - Objetivos da Parceria, p. 16 (traduzido pelos autores do tradicional de doador-beneficiário. A Parceria Mapeamento). 12 01 13 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

- Apoio ao desenvolvimento e luta contra a O montante total desembolsado foi repartido da seguinte forma - de acordo com o gráfico 2: pobreza; - Reforço da Parceria Especial entre a UE e Gráfico 2:Desembolso da Comissão Europeia em Cabo Verde por ano Cabo Verde. 40M Os objetivos do 11º. FED vão ao encontro das metas estabelecidas pelo Governo de 30,09M Cabo Verde no seu Plano Estratégico de 30M 27,88M Desenvolvimento Sustentável (PEDS) 2017- 22,05M 21, assim como da Agenda dos Objetivos de 21,22M 19,37M Desenvolvimento Sustentável que se projetam 20M no horizonte de 2030. 16,4M 16,01M 17,65M 13,62M 12,65M Incluindo o Apoio orçamental, a Comissão 10M 11,92M Europeia investiu em Cabo Verde, entre 2007 11,5M 11,22M 9,25M e 2020 um total de 240 de milhões de EUR (26.463.600.000 CVE) apoiando, entre outras, 0 principalmente as áreas seguintes (ver gráfico 1): 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Fonte: EU Aid Explorer (2020)4 - Os valores em 2020 representam uma estimação/previsão.

Gráfico 1:Desembolso da Comissão Europeia em Cabo Verde, entre 2007 e 2019 A partir de vários programas temáticos, Em Cabo Verde, o exercício de Mapeamento nomeadamente o Programa temático para da sociedade civil é o primeiro a ser realizado as Organizações da Sociedade Civil e Apoio Orçamental 137,84M e responde à preocupação e recomendação do Autoridades Locais e o Programa SPG + Roteiro 2014-17 que indica que: «(...) não existe Transporte rodoviário 18,45M (Sistema de Preferências Generalizado), a UE um mapeamento com informações mais detalhadas Abastecimento de água e saneamento 17,82M apoia igualmente atores da sociedade civil e a sobre os desenvolvimentos recentes na sociedade Associação Nacional dos Municípios de Cabo Ajuda multissetorial 11,33M civil cabo-verdiana, pelo que a elaboração de um Verde (ANMCV) na implementação de projetos mapeamento seria extremamente útil para o país, Políticas do setor público e gestão administrativa 8,64M de desenvolvimento. bem como para os parceiros e a sociedade civil.»5 Política energética e gestão administrativa 5,2M O presente Mapeamento foi elaborado e Gestão/eliminação de resíduos 4,75M financiado no âmbito do Programa temático das Política de comunicação e gerenciamento administrativo 4,68M Organizações da Sociedade Civil e Autoridades Participação democrática e sociedade civil 4,39M Locais e faz parte do esforço da UE para conhecer o panorama atual da sociedade civil a fim de Política de turismo e gestão administrativa 4,24M desenvolver ações específicas no quadro de um Política de população e gestão administrativa 3,2M Plano de Ação (Roteiro) para o período de 2020 Política ambiental e gestão administrativa 2,89M a 2025 que promova um maior compromisso com os atores da sociedade civil. O Roteiro tem Política de saúde e gestão administrativa 2,39M como propósito ativar e garantir um diálogo 0 50M 100M 150M estruturado e uma cooperação estratégica com Fonte: EU Aid Explorer (2020)3 a sociedade civil, aumentando a consistência e 5 Delegação da União Europeia em Cabo Verde (2017). Roteiro da UE para o impacto das ações da UE. um compromisso com a Sociedade civil 2014-2017. Cabo Verde, p. 2. 3 Comissão Europeia, EU Aid Explorer. Consultado no dia 21 de agosto 2020 (screenshot). URL: https://eeas.europa.eu/sites/eeas/files/20150106-roteiro-da-ue-para- https://euaidexplorer.ec.europa.eu/content/explore/recipients_en 4 Idem. um-compromisso-com-a-sociedade-civil-2014-2017-cabo-verde_pt.pdf

14 15 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

A fim de responder e analisar os objetivos mencionados, o presente Mapeamento foca-se na O estudo análise das dinâmicas principais da sociedade civil cabo-verdiana (Capítulo 2), a partir de uma tomou metodologia quali-quantitativa (Capítulo 3) aplicada à atores da sociedade civil e autoridades como amostra locais (Capítulo 4). Neste sentido, o Mapeamento procura estudar a contextualização sociopolítica 189 OSC e histórica da sociedade civil (Capítulo 5); o seu ambiente institucional/legal (Capítulo 6); as suas capacidades financeiras, de gestão e de governança e 17 Câmaras (Capítulo 7), assim como as suas dinâmicas internas (Capítulo 9); e relações com o Estado cabo- Municipais verdiano a nível nacional e local e com os atores de desenvolvimento presentes no país, em particular a que atuam UE (Capítulo 8 e 10). no território O estudo foi produzido com o apoio da União Europeia. Os Mapeamentos e os Roteiros da UE A UE apoia a aplicação destas prioridades O seu conteúdo é da exclusiva responsabilidade do têm a sua origem na Comunicação da através de programas de financiamento e do projeto de «Assistência técnica e Capacitação das cabo-verdiano. Comissão (2012) «As raízes da democracia e diálogo político com o Governo cabo-verdiano. Organizações da Sociedade Civil e Autoridades do desenvolvimento sustentável: o compromisso Locais em Cabo Verde na gestão de projetos de 7 da Europa com a sociedade civil no domínio das Na perspetiva da Comissão Europeia, desenvolvimento» (AT) e não reflete necessariamente três OSC Organizações da Sociedade Civil relações externas». A comunicação apresenta as ( ) os pontos de vista da União Europeia. prioridades que devem orientar o apoio da UE são entidades baseadas na adesão, na defesa à sociedade civil de países parceiros e que foram de uma causa ou na prestação de um serviço, O mesmo tomou como amostra 189 OSC e 17 consideradas como pilares durante o exercício entre as quais se incluem: as organizações Câmaras Municipais que atuam no território cabo- 6 de Mapeamento : não governamentais (ONGs), as organizações verdiano e que se disponibilizaram em participar num locais, as organizações religiosas, as fundações, inquérito geral sobre a sociedade civil cabo-verdiana promover um 1. Aumentar os esforços para os centros de investigação, as organizações de para partilhar informações sobre as suas capacidades e ambiente propício para as Organizações da defesa da igualdade de género e de defesa dos necessidades atuais. Procurou-se dar um espaço para Sociedade Civil (OSC) nos países parceiros. direitos LGBTI, as cooperativas, as associações a visão e perceção da sociedade civil sobre diferentes profissionais e comerciais e os meios da temáticas pertinentes, a fim de apoiar a elaboração participação significativa e sem fins lucrativos. 2. Promover uma comunicação social participativa do «Roteiro para um maior compromisso estruturada das OSC nas políticas domésticas Os sindicatos e as organizações patronais da UE com a sociedade civil em Cabo Verde». A equipa ciclo de programação dos países parceiros, no (parceiros sociais) constituem uma categoria da AT selecionou variáveis das perguntas que achou da UE processos internacionais. e nos específica de OSC. Este Mapeamento incluiu a pertinentes, baseando-as nos 3 objetivos principais do categoria específica dos sindicatos, assim como Mapeamento visando a formulação de um Plano de capacidade das OSC locais 3. Aumentar a as instituições de microfinanças, tendo em conta Ação. As informações foram completadas por várias de desempenhar as suas funções como atores que várias OSC em Cabo Verde e especialmente outras ferramentas qualitativas, tais como entrevistas independentes de desenvolvimento de maneira as ONGs têm um forte pendor de atuação na e mesas de diálogo. O projeto optou pelo anonimato eficaz mais . área das microfinanças. dos/as participantes das mesas de diálogo a fim de

6 Comunicação da Comissão (2012) ao Parlamento Europeu, ao Conselho, garantir a livre expressão de cada um/a. ao Comité Economico e Social Europeu e ao Comité das Regiões. As raízes da democracia e do desenvolvimento sustentável: o compromisso da Europa com a Sociedade civil no domínio das relações externas. [COM/2012/0492 final]. 7 Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, Agradecemos a todas e todos pela sua disponibilidade, Bruxelas. Consultado o 10 agosto 2020. URL: https://eur-lex.europa. ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões. eu/legal-content/PT/TXT/?uri=CELEX:52012DC0492, p. 4. COM(2012) 492 final. Bruxelas. tempo e dedicação para tornar este estudo possível.

16 17 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

2. Sumário das principais dinâmicas da sociedade civil

O estudo do Mapeamento tem como objetivo assistencialismo e redistribuição de recursos, analisar as dinâmicas inerentes da sociedade sem a consolidação de uma prática de advocacy civil cabo-verdiana a fim de contribuir para um profissionalizada. Plano de ação/Roteiro pertinente e participativo da UE, visando um maior compromisso com a Verifica-se uma fraca cultura de parceria sociedade civil. A partir de uma metodologia entre os atores da sociedade civil, inclusive de de análise quali-quantitativa, aplicada por meio algumas organizações chapéu, e a inatividade de dados recolhidos em inquéritos, mesas de dos principais fóruns e plataformas para este diálogo e entrevistas, o estudo expõe o contexto efeito, o que pode explicar a pouca capacidade e o desempenho em termos de capacidades das de influência da sociedade civil nas políticas organizações da sociedade civil. públicas à data atual. Estas condições têm conduzido a um cenário de empobrecimento No âmbito do enquadramento sociopolítico do diálogo entre a sociedade civil e o Governo, e histórico das recentes dinâmicas (Capítulo 5) no quadro da definição de políticas públicas - a 02 constata-se que o contexto colonial e de partido partir de consultas públicas regulares - segundo único do país condiciona até à atualidade a lei. Os dados do estudo realizado demonstram SUMÁRIO a iniciativa das cabo-verdianas e dos cabo- que o (bi)partidarismo é o problema principal verdianos, relativamente à participação em identificado pelas OSC quanto ao ambiente associações e espaços de tomada de decisões. institucional, o que dificulta o surgimento de Assim, a práxis em termos de política e de uma sociedade civil autónoma e dinâmica a intervenção dos atores nacionais e internacionais longo prazo. de desenvolvimento persiste num modelo de Em geral, os dados do Mapeamento indicam uma fraca profissionalização das OSC existentes em Cabo Verde. Com poucas Os dados excepções, a maioria das OSC demonstram:

• Mecanismos de prestação de contas do Mapeamento fracos e/ou inexistentes, assim como um conceito de prestação de contas, conforme indicam uma fraca é entendido pelas OSC, diferente do requerido pelos financiadores; profissionalização • Uma fraca capacidade financeira e de recursos humanos, que dificulta o das OSC existentes seu funcionamento e sustentabilidade quotidianamente: 45,7% das OSC que participaram no Inquérito tem um em Cabo Verde. orçamento anual inferior a 1,1 milhões de CVE (10 000 EUR); 18 02 19 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

• Um regime de trabalho baseado no a pobreza, a saúde e a educação como as áreas voluntariado, sendo esta a principal principais em que o Governo deveria priorizar forma de sustentabilidade e sobrevivência as suas políticas públicas (ODS prioritários). das associações participantes: 49,2% das No âmbito da graduação como país de OSC inquiridas não têm nenhuma pessoa rendimento médio, existe o risco dos ganhos remunerada na sua equipa; obtidos não serem fortalecidos. A sociedade civil será a primeira a sentir retrocessos, caso • Uma feminização das suas equipas, com não exista uma estratégia específica para o seu exceção dos cargos diretivos; empoderamento, que assegure o seu reforço • Uma tendência para a personificação, institucional. Atualmente, assiste-se a uma sem a existência de um corpo técnico e política de reestruturação no âmbito dos profissional sustentado. Assim, 34,6% programas de luta contra a pobreza no meio do pessoal que trabalha nas OSC está rural a favor de uma abordagem que favoreça na direção (presidente e órgãos sociais) a inclusão das OSC numa lógica produtiva: a e 84,8% das OSC não possui recursos economia social e solidária. Nesta conjuntura, financeiros para sustentar recursos um grande número das OSC não tem as humanos especializados. capacidades suficientes para se adaptar às novas condições. Nesse sentido, uma política Embora Cabo Verde tenha atingido em institucional baseada num diálogo a nível 2008 o estatuto de país de rendimento médio, central e local com a sociedade civil, assim como fundamentado em progressos feitos na redução uma linha de financiamento previsível e que 03 da pobreza e na melhoria de indicadores garanta o reforço institucional da sociedade civil na área de educação (aumento da taxa de cabo-verdiana é fundamental para assegurar a Metodologia alfabetização) e de saúde (diminuição da taxa sobrevivência e a profissionalização das OSC, de mortalidade e melhoria da saúde materna), o e nomeadamente das OSC mais frágeis - as estudo demonstra que a sociedade civil percebe associações comunitárias.

20 03 21 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

3. Metodologia

Análise prévia da bibliografia e Paralelamente, foram estudados mapea- associações/entidades de fim não lucrativo que buscava analisar a frequência de todas abordagem geral mentos de delegações europeias noutros países em Cabo Verde. Foram também consultados as variáveis do ponto de vista estatístico, dos PALOP, tais como Moçambique e Angola, livros recentes e ainda, durante o percurso da estabelecendo um diálogo com os dados O presente estudo iniciou-se com para elaborar uma estrutura e posteriormente elaboração do estudo, com o estabelecimento qualitativos, para outorgar maior profundidade a realização de uma análise prévia da um modelo de questionário pertinente. de contatos personalizados, acedeu-se a analítica e interpretativa. bibliografia publicada durante os últimos anos estudos e avaliações, muitas vezes internos e/ sobre a sociedade civil em Cabo Verde. Neste Relativamente ao enquadramento histórico e ou pouco/não divulgados (estudos em versão Igualmente, primou-se por uma abordagem contexto, foram analisados dados recentes do sociopolítico (Capítulo 5), foi feita uma extensa 0). Neste sentido, foi criada uma biblioteca qualitativa, participativa e inclusiva que levou ao Mapeamento (versão 0) efetuado no quadro pesquisa bibliográfica que incluiu obras, virtual no Googledrive, tendo em conta a desenho de ferramentas - e à contínua adaptação do projeto Pro-PALOP TL ISC (2017), assim artigos científicos, relatórios sobre a realidade inacessibilidade da Biblioteca e do Portal e flexibilidade das mesmas - com vista a garantir como do último estudo diagnóstico realizado sociopolítica e económica de Cabo Verde, em linha da Plataforma das ONGs durante a intervenção direta de múltiplos agentes. pela Plataforma das ONGs (2015). Foram desde o período anterior à independência o período de investigação e elaboração deste Pretendia-se, assim, representar a pluralidade igualmente analisadas as avaliações e estudos até à atualidade, de modo a compreender as estudo. Cabe destacar que a falta de acesso a das organizações da sociedade civil e das existentes em relação ao Programa Nacional dinâmicas inerentes à sociedade civil cabo- informações públicas e a dispersão do Quadro autoridades cabo-verdianas, numa aposta por de Luta contra a Pobreza e o programa POSER, verdiana. No que concerne à análise do legal revelaram-se bastante desafiantes uma gestão democrática do poder de decisão. assim como estudos sobre dinâmicas recentes, contexto legal e institucional (Capítulo 6), foram durante a análise prévia ao estudo. Aliás, o diagnóstico debruçou-se sobre questões nomeadamente na área da economia social e examinados documentos do ordenamento fulcrais no tocante à igualdade de género, ao solidária e o surgimento das Organizações da jurídico cabo-verdiano, mormente decretos, Após a revisão documental inicial, foram incluir, por exemplo, considerações vinculadas Sociedade Civil de Desenvolvimento. leis, i.e. os regimes jurídicos relativos às desenhadas as ferramentas para a realização ao uso dessa abordagem por parte das OSC, do levantamento de dados precedente ao assim como uma análise da distribuição por sexo Mapeamento. Neste processo, tendo em conta dos cargos profissionais dentro das mesmas. a complexidade e a dimensão do diagnóstico Similarmente, foi contemplado o trabalho a ser efetuado, a metodologia adotada foi de realizado pela sociedade civil em matéria de caráter quali-quantitativo, com o objetivo de inclusão social e responsabilidade ambiental. dar lugar a um estudo descritivo e interpretativo As ferramentas quantitativas – ponto I, II e III - consistiram em três questionários, aplicados A metodologia às OSC e autoridades locais e, em menor escala, a algumas instituições nacionais. Para a adotada foi de aplicação das mesmas, a equipa da AT deu apoio permanente por via telefónica às organizações caráter quali- inquiridas durante o período de 25 de junho a quantitativo, 6 de setembro de 2019. Os dados procedentes dos questionários foram tratados com recurso com o objetivo de ao programa estatístico SPSS versão 22 (Statistic Package for Social Science), que permitiu fazer dar lugar a um a análise da consistência estatística dos dados recolhidos, como também o cruzamento das estudo descritivo variáveis descritivas e analíticas mais relevantes para o estudo, imprescindíveis para os objetivos e interpretativo. preconizados.

22 23 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

No entanto, como se verá a seguir, para o Inquérito em linha, através da ferramenta determinados constrangimentos exigiram SurveyMonkey; o mesmo foi enviado numa fase alterar a metodologia de implementação dos de teste para um total de 10 OSC participantes questionários para garantir o caráter abrangente e - com o objetivo de excluir problemas técnicos participativo do estudo. Outrossim, devido à falta no momento do preenchimento. A primeira de registo das OSC e/ou à elevada quantidade versão de teste foi baseada num modelo de de trabalho que é realizado de forma voluntária questionário distribuído durante os meses de pelas mesmas, algumas respostas abertas e novembro e dezembro de 2018, no quadro de informações preenchidas nos questionários sessões de consulta à sociedade civil. Tratava-se revelaram-se incompletas e/ou contraditórias - de um questionário curto que incluía questões em muitos casos por falta de conhecimento das abertas sobre temáticas pertinentes alinhadas pessoas inquiridas - implicando um desafio para com os objetivos do Mapeamento. A partir deste a interpretação dos dados. questionário preliminar visou-se conhecer, e posteriormente definir, as opções de resposta Cabe reforçar que durante a aplicação de escolha para o questionário final em linha. dos inquéritos e a realização das mesas de subdivididas em 4 áreas principais, refletindo equipamentos informáticos e dificuldades diálogo, participaram maioritariamente os/ Terminada a fase de teste e realizadas as assim os 3 principais objetivos do Mapeamento linguísticas no domínio do português por parte as presidentes das OSC, ainda que no caso das correções necessárias, enviou-se o questionário (ver p. 16): das OSC (sendo o crioulo a língua materna ONGs de maior dimensão, se tenha observado a um total de 600 OSC (aquelas com suposto cabo-verdiana). uma maior participação dos quadros técnicos. acesso a correio electrónico). Destas somente 1) Identificação da OSC; 459 receberam os e-mails com o questionário 2) Contexto da sociedade civil em Cabo Verde; Para remediar os fatores limitadores e As ferramentas qualititativas aplicadas são em linha. 3) Capacidades existentes; permitir um acesso igualitário de participação resumidas no ponto IV - mesas de diálogo - e 4) Parcerias, colaboração e articulação. de todas as OSC, foram organizadas 5 sessões V - entrevistas. presenciais para a aplicação dos questionários E-mails E-mails OSC sem I) b. Aplicação presencial de nas ilhas de Maio, Brava, Fogo e duas sessões Ilhas entregues devolvidos e-mails I. a. Aplicação de questionários questionários para as OSC na cidade da . Assim, as OSC tiveram a oportunidade de preencher os inquéritos para as OSC Maio 22 2 21 Ao longo da implementação do Inquérito em salas com equipamentos informáticos Boavista 17 3 4 online constataram-se fatores que limitavam e com apoio e esclarecimentos por parte Primeiramente, foi atualizada, por via a aplicação do questionário tais como a falta da equipa da AT. Foi permitido, em alguns telefónica, a lista de contatos do Guia das Brava 13 4 6 de conhecimentos informáticos das pessoas casos, a aplicação dos questionários em papel ONGs (2015), identificando-se os dados Fogo 51 20 39 inquiridas, o desconhecimento de alguns - quando a pessoa não tinha experiência básicos de mais de 850 organizações termos técnicos usados no questionário, ex: com computadores - e nesses casos a equipa (endereço, nome da pessoa responsável, área Sal 25 17 7 abordagem inclusiva, advocacy, relatório sombra, transferiu a informação para o sistema de intervenção, telefone e correio electrónico). São Nicolau 26 4 24 etc. - assim como a falta de acesso a internet/ informático do SurveyMonkey. Graças à amplitude deste levantamento inicial, Santo. Antão 43 10 89 participaram neste Mapeamento - agrupadas sob a denominação «OSC» - todos os tipos de São Vicente 53 11 43 Encontros realizados para a aplicação dos inquéritos organizações de caráter social, como ONGs, Praia – Santiago 115 22 56 associações de desenvolvimento comunitário, Outros municípios Conselho da Praia (UniCV) Santa Catarina Ribeira Grande de Santiago associações juvenis e desportivas, fundações, 94 31 71 Total na ilha de Santiago 22 e 24 de Julho 2019 22 de Agosto 2019 13 de Agosto 2019 6 de Setembro 2019 organizações religiosas, cooperativas, organizações de caráter sindical e da área de Total 459 143 341 Nº Participantes e OSC 14 14 14 5 47 microfinanças. Homens 10 12 12 1 35 O questionário incluía 40 perguntas e 10 Em simultâneo, com os contatos iniciais, foi campos adicionais para a identificação das Mulheres 4 2 2 4 12 desenhada uma primeira versão do questionário OSC (ver informação recolhida no Capítulo 4),

24 25 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

A pesquisa recolheu 189 questionários III) Questionário em linha Mesas de diálogo realizadas nas ilhas preenchidos de forma completa pelas OSC, simplificado para os ministérios que compõem a amostra das organizações da Santo Antão sociedade civil do presente estudo. Adicionalmente, no âmbito institucional, Maio Fogo Brava São Vicente Total foram contactadas as instâncias dos seguintes Porto Novo Ribeira Grande II) Questionário em linha para as ministérios: autoridades locais Data 25.06.2019 02.07.2019 03.07.2019 12.11.2019 14.11.2019 15.11.2019 - Ministério das Finanças; Nº OSC 12 21 13 19 16 12 93 Um segundo Inquérito de 29 perguntas foi partilhado com todas as Câmaras Municipais - Ministério da Agricultura e o Ambiente; Nº Participantes 13 21 13 19 16 12 94 dos 22 municípios, com o desígnio de se - Ministério da Cultura e das Indústrias Homens 10 16 7 6 8 8 55 conhecer as suas relações com a sociedade civil. Criativas; As 4 áreas e grande parte das perguntas eram Mulheres 3 5 6 13 8 4 39 iguais às do questionário aplicado à sociedade - Ministério de Educação/ Família e civil. Neste Inquérito, 17 das 22 Câmaras Inclusão Social; No caso das ilhas de Sal, Boavista e São Nicolau, as encontros e mesas de diálogo para a discussão Municipais do país participaram, compondo - Ministério do Turismo. mesas de diálogo, previstas para serem realizadas de temas específicos. Assim, foi realizada uma a amostra de autoridades locais do presente em abril de 2020, foram canceladas. Devido à mesa de diálogo com a participação de 5 OSC na estudo. Para este efeito, foi desenvolvido um situação da pandemia mundial provocada pelo cidade de Praia que indicaram no questionário questionário simples de 6 perguntas que novo Coronavirus COVID-19 e atendendo às terem participado na elaboração de relatórios procurava conhecer os programas de orientações das autoridades nacionais para o sombra no passado. Paralelamente financiamento existentes, as OSC financiadas isolamento social, definiu-se a realização de entre 2016 e 2019, assim como as dinâmicas de encontros via Skype ou telefone. Neste contexto, V) Entrevistas à aplicação dos relacionamento com a sociedade civil e as boas foram contactadas um total de 6 OSC. práticas institucionais. O objetivo era cruzar A fim de reforçar e confirmar informações questionários as informações recolhidas pelos atores da Para a dinamização das mesas de diálogo, recolhidas pelos questionários durante a sociedade civil com as das instituições públicas. a AT apresentou alguns dos dados obtidos fase de análise estatística, foram realizadas através dos questionários e dinamizou debates cerca de 15 entrevistas com coordenadores/ foram IV) Mesas de diálogo em torno dos mesmos com os/as participantes, as de programas e organizações/instituições mediante «seed questions» - perguntas abertas fundamentais. As pessoas entrevistadas incluem organizadas, Paralelamente à aplicação dos questionários iniciais, que promoviam a participação representantes de CRPs, de ONGs financiadas foram organizadas, entre os meses de junho de de todos/as os/as presentes. Os dados pela UE, de redes importantes, associações entre os meses 2019 e novembro de 2019, mesas de diálogo na apresentados e a moderação do discurso foram de desenvolvimento comunitário, sindicatos, maioria das ilhas sobre as temáticas principais realizados dependendo de onde tinha lugar instituições de microfinanças e programas de de junho de 2019 dos inquéritos. As mesas contaram com a a mesa de diálogo e das OSC participantes, financiamento à sociedade civil mencionadas participação de um total de 93 OSC e tinham atendendo a características como urbano-rural, repetidamente nos questionários tal como o e novembro de como objetivo aplicar questionários no terreno, âmbito de trabalho, tipos de financiamentos a Programa das Plataformas ODS, o Programa confirmar conceitos e informações recolhidas que já tiveram acesso, entre outras questões. POSER e o Fundo de Ambiente. Adicionalmente no âmbito dos inquéritos e/ou difundir foram contactados e consultados os Estados 2019, mesas resultados preliminares dos questionários, Relativamente a algumas temáticas membros da UE (ver a lista de entrevistas – pertinentes, foram realizados pequenos dependendo do momento em que foram anexo III). de diálogo na realizadas as mesas. Com a aprovação de todos/as os/as participantes, foram realizados maioria das registos audiovisuais e transcrições das mesas A fim de confirmar informações recolhidas pelos para que se pudessem refletir e citar as opiniões questionários, foram realizadas entrevistas. ilhas. dos/as participantes posteriormente.

26 27 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana PARTE I Os resultados do inquérito - Contexto, quadro legal e as capacidades das OSC/AL

28 29 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

4. Perfil das OSC e AL participantes

No Inquérito efetuado entre junho e Torna-se importante destacar que o Inquérito setembro de 2019, participaram um total de 189 não pretende representar as percentagens reais organizações da sociedade civil (OSC). Destas, da repartição entre ADC, ONGs e outras OSC 4 OSC (2,1%) indicaram não estar registadas no território nacional - sendo que a tipificação oficialmente. utilizada neste Mapeamento parte do próprio critério das organizações inquiridas. Um Relativamente ao tipo de organização estudo diagnóstico por parte da Plataforma e estatutos, a grande maioria das OSC das ONGs realizado em 2015, demonstra que participantes está constituída como das 724 organizações cadastradas em todo o Organização Não Governamental (ONG) país, a maioria não é ONG (19,8%), mas sim (40,2%) e Associação de Desenvolvimento associação de desenvolvimento comunitário Comunitário (ADC) (34,4%), o que corresponde (cerca de 73,5%).8 a 74,6% das OSC. As restantes OSC (25,4%) dividem-se entre associações recreativas e/ ou desportivas, que têm o seu próprio Quadro 04 legal e estatuto, (7,9%); Sindicatos (4,8%), Fundações (3,2%), Cooperativas (2,6%), PERFIL Organizações religiosas (2,1%), Instituições de microfinanças (1,6%), OSC sem estatuto legal (2,1%) e OSC que colocaram «Outros» (1,1%) 8 Plataforma das ONGs de Cabo Verde (2015). Estudo diagnóstico das ONG (ver gráfico 3). em Cabo Verde. Praia, p. 9.

Gráfico 3: Tipo de OSC participante conforme o seu estatuto

Organização Não Governamental 40,2%

Associação de Desenvolvimento Comunitário 34,4%

Associação Desportiva e/ou Recreativa 7,9%

Sindicato 4,8%

Fundação 3,2%

Cooperativa 2,6%

A organização não tem estatuto 2,1%

Organização religiosa 2,1%

Instituição de Microfinanças 1,6%

Outro 1,1%

Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE 30 04 31 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

No mapa seguinte pode-se verificar as OSC que participaram no estudo - considerando a ilha Gráfico 4:Áreas geográficas de atuação por município onde se encontra a sua sede principal.

40,0%

35,0%

30,0%

25,0%

20,0%

15,0%

10,0%

5,0%

0,0%

Sal Paul Praia Maio Brava Picos Boavista São Filipe Mosteiros Santa Cruz São Vicente Porto Novo São Miguel Tarrafal de ST São Domingos Tarrafal de SN Ribeira Brava Santa Catarina ST Ribeira Grande SA Ribeira Grande de ST Santa Catarina do Fogo São Lourenço dos Órgãos

Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE

Existem assimetrias regionais fortes em Gráfico 5: OSC inquiridas que implementaram Cabo Verde, sobretudo quanto ao acesso a projetos da UE em 2019 informações e a recursos financeiros. A ilha de Santiago encontra-se numa situação paradoxal, visto que é a ilha com mais habitantes, onde Sim está o centro administrativo e financeiro do 9,5% país, mas simultaneamente a que apresenta os municípios mais pobres e com menor índice de desenvolvimento humano. Um dos fenómenos decorrentes desta situação tem Não sido a elevada migração rural, fenómeno 90,5% que faz com que pessoas deixem as zonas do interior para procurarem melhores condições socioeconómicas nos centros urbanos da Praia.

Das OSC participantes 9,5% (18 OSC) são organizações que implementaram em 2019 um projeto financiado pela UE em Cabo Verde, seja Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE Quando observamos as áreas geográficas (27,5%) e Tarrafal de Santiago (27%). Nota- de forma direta como requerente/corequerente de atuação das OSC, por município (gráfico se, por outro lado, que os municípios mais ou de forma indireta enquanto associado a 4), os resultados revelam uma maior dinâmica pequenos têm menos intervenção, i.e.: alguma atividade específica de um projeto com interventiva das OSC nos municípios das Mosteiros (15,3%), Santa Catarina do Fogo fundos europeus (gráfico 5). ilhas mais centrais (Santiago e São Vicente), (15,9%), Picos (17,5%), São Lourenço dos i.e.: Praia (35,5%), Santa Cruz (31,8%), Santa Órgãos (17,5%), Ribeira Brava (18%), Brava Catarina de Santiago (28,6%), São Vicente (18,5%) e São Miguel (18,5%).

32 33 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

As áreas principais de intervenção das 189 OSC participantes (gráfico 6) incluem: Gráfico 7: Principais grupos-alvo e pessoas beneficiárias das OSC

83,6% 82,0% 1) A inclusão social de grupos vulneráveis, com 57,7% das OSC a trabalhar nesta área; 69,8%

2) A educação com 54,5%; 60,8% 59,8% 56,6% 3) A igualdade de género com 54%; 50,8% 42,3% 4) O desenvolvimento local e/ou rural com 51,9%; 30,2% 5) A sensibilização com 50,3%. 18,5% 16,4% 15,9% 8,5%

Mulheres Jovens Homens Vulnerabilidade social Gráfico 6: As áreas de atuação mais escolhidas pelas OSC Crianças População urbanaIdosos Pessoas com discapacidadesPopulação ruralAnimais Migrantes Outro Coletivo LGBTI

57,7%

54,5% 54,0% Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE

51,9%

50,3%

Inclusão Social de Educação Igualdade de género Desenvolvimento Sensibilização grupos vulneráveis Local e/ou Rural

Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE

Quanto aos principais grupos-alvo e beneficiários das ações desenvolvidas pelas OSC inquiridas (gráfico 7), nota-se que as mulheres (83,6%), os jovens (82%), as pessoas em situação de vulnerabilidade (60,8%), as crianças (59,8%), a população rural (56,6%) e os idosos (50,8%) constituem os objetivos prioritários. É interessante observar que a defesa dos direitos dos animais (18,5%) começa a constituir-se como um alvo de intervenção cada vez mais importante, estando mesmo à frente do grupo-alvo migrante (16,4%). Verifica-se também a preocupação com os direitos e a inclusão social do coletivo LGBTI (8,5%).

34 35 Mapeamento e daRoteiro Sociedade da Sociedade Civil Cabo-verdianacivil Cabo-verdiana

PERFIL das Autoridades locais participantes

Participaram um total de 17 Câmaras Municipais (CM) no quadro do Inquérito. As suas informações foram cedidas na sua maioria pelos Diretores e Assessores dos Gabinetes dos Presidentes das Câmaras Municipais e 3 foram preenchidos pelos Gabinetes de Estudos e Planeamento (GEP).

Das 17 CM, 7 implementaram em 2019 um projeto financiado pela UE em Cabo Verde, seja de forma direta como corequerente com fundos próprios (10 a 20%) ou de forma indireta associados a alguma atividade específica de um projeto com fundos europeus tal como o projeto «Cidades seguras e sustentáveis» da Associação Nacional dos Municípios de Cabo Verde (ANMCV).

36 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

5. Enquadramento Sociopolítico e histórico

Uma sociedade civil incipiente Surgem também as primeiras associações funerárias, enquanto mecanismo de proteção Cabo Verde, até 1975, era uma colónia social e que asseguram a realização comum portuguesa. Enquanto colónia, o regime do das despesas ligadas aos funerais. Hoje em dia Estado Novo não reconhecia a liberdade de ainda existem, sobretudo na ilha de Santiago, associação, nem de expressão. A existente política associações funerárias e «os grupos de interesses de assimilação, através das restrições legais, comuns - o miting, o boto, as tabancas, o toto- condicionou a livre iniciativa dos cabo-verdianos caixa, para além de várias organizações de base em termos de participação em associações e comunitária (...). que têm servido para proteger espaços de tomada de decisões, limitando a sua as camadas mais desfavorecidas, que se encontram soberania. As associações que manifestassem insuficientemente cobertas ou não cobertas por algum descontentamento e reivindicações outros sistemas de proteção social»12 contra o Governo poderiam ser sancionadas e repelidas, tanto em Portugal, como nas colónias.9 Essas formas de solidariedade típicas da sociedade cabo-verdiana podem ser vistas como 05 Durante esse período, desenvolveram-se as fatores de sobrevivência socioeconómica de práticas solidárias que marcam ainda hoje o um certo cooperativismo inventado pelos/as ENQUADRAMENTO panorama da sociedade civil em Cabo Verde: cabo-verdianos/as na sua luta pela resistência djuda e djunta-mo. Podem ser consideradas e sobrevivência e que persiste na atualidade.13 formas informais de cooperação espontânea para resolver situações concretas e pontuais, O surgimento dos primeiros pro- deixando de existir logo que a situação acabe gramas de assistencialismo no mundo sem prestar contas a ninguém. «Djuda» significa, rural segundo Varela (1991)10 «apoiar alguém para resolver um problema ou exercer uma atividade, Enquanto país arquipelágico vulnerável sem esperar nada em troca». «Djunta-mo» «é uma com um clima semiárido, Cabo Verde sofreu espécie de compra e venda de força de trabalho, ciclos de seca, ligados a períodos de fome, onde onde o dinheiro não entra. Só entra a força de milhares de habitantes morriam, especialmente trabalho.» Ainda para além do djuda e djunta- na década de 40 do século passado. mo, existiam, antes da independência, grupos de (organização coletiva de livre As fomes e as secas obrigaram, desde associativismo e interajuda de caráter cultural o período colonial, o Governo a assumir, e religioso), de funaná, de batuko - grupos gradativamente, um caráter assistencialista socioculturais, e também religiosos, que que se traduziu na adoção de uma política tecem formas específicas de sociabilidade.11 social direcionada para a criação de emprego

9 Segundo o Boletim Oficial de Cabo Verde nº 28 de 10 junho 1954. 10 Varela da Silva, Tomé (1991). Djuda y Djunta Mo, Formas Informal 12 Ministério do Trabalho, Família e Solidariedade, Direção Geral da (Marjinal?) di Koperativismu. Encontro de Reflexão Sobre o Movimento Solidaridade Social (2008). Estratégia para o Desenvolvimento da Cooperativo cabo-verdiano. 1 a 3 de julho de 1991, Praia. p. 52-59.p.53. proteção social de Cabo Verde. Consultado o 15 julho 2020. URL: 11 Teixeira, Ricardino J. D. (2016). Estado e Sociedade civil em Cabo Verde https://www.mindbank.info/item/3612, p.24. e Guiné-Bissau: Djuntamon para novas relações. Cadernos de Estudos 13 Varela da Silva, Tomé (1991). Djuda y Djunta Mo, Formas Informal Africanos [Online] 31. Posto online no dia 29 setembro 2016. Consultado (Marjinal?) di Koperativismu. Encontro de Reflexão Sobre o Movimento o 30 abril 2020. URL: http://journals.openedition.org/cea/2043. Cooperativo cabo-verdiano. 1 a 3 de julho de 1991, Praia. p. 52-59. p.53. 38 05 39 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

massas, tais como a Organização dos Pioneiros A experiência das cooperativas em Abel Djassy (OPAD), a Juventude Africana Cabo Verde Amílcar Cabral (JAAC), a Organização das Mulheres de Cabo Verde (OMCV), os Sob a tutela do partido único, começou Sindicatos (UNTC-CS) e o Instituto Nacional a promover-se o cooperativismo como das Cooperativas (INC). Até 1988 só as organização socioeconómica instituída com organizações de massa eram reconhecidas base em valores de solidariedade social para a como ONGs a nível nacional.17 resolução de problemas comuns. O movimento de cooperativismo não era novo: Nos últimos O documento «Analyse Sommaire de la Situation anos da Administração Colonial, de 1897 a Demographique du Cap-Vert (1995)» enfatiza que 1975, foram criadas as primeiras cooperativas as atividades das ONGs internacionais em Cabo de funcionários públicos e cooperativas Verde começaram, em 1975, com a independência agrícolas nas ilhas de Santo Antão e Fogo.19 nacional. Os domínios tradicionais das intervenções dessas organizações estavam Neste cenário foram concebidas as bases enquadrados nos objetivos gerais das políticas necessárias: Em 1975 foi criada a Central das nacionais das populações, designadamente Cooperativas de Cabo Verde que se converteu o desenvolvimento do associativismo, em 1978 no Instituto Nacional das Cooperativas alfabetização, proteção materno-infantil e (INC) e em 1979 foi publicada, mesmo antes da Lei público e renda sazonais para socorrer as se, principalmente, nas obras de conservação planificação familiar, cuidados primários de sobre associações sem fins lucrativos (1987), a Lei populações mais pobres e rurais do país. Foi de solos e água no âmbito da luta contra a saúde, etc. Até 1987 existiam no país pelo menos de Bases Gerais das Cooperativas. Para financiar através do programa de «Apoio às vítimas desertificação, na construção e reabilitação de 40 ONGs estrangeiras, trabalhando em regime as cooperativas, foi concebido em 1981 o Fundo de sinistradas pela seca», de finais de 1960 a 1974, estradas, caminhos vicinais, infraestruturas mais ou menos permanente.18 Nesse período, Apoio às Cooperativas (FAC), organismo público que se implementou um amplo programa de comunitárias e habitações sociais.15 o Instituto Cabo-verdiano de Solidariedade dotado de autonomia financeira e administrativa, obras públicas, nomeadamente, construção de centralizava as relações com as ONGs e responsável pela coordenação das ajudas estradas, com recurso ao trabalho intensivo, As ONGs no período do partido único estrangeiras enquanto parceiras do Estado. externas ao setor e pelo surgimento de centenas 20 visando prover a população camponesa de unidades cooperativas. 14 Com o início da 1ª República (1975 a atingida pela seca, de meios de subsistência. 17 Cardoso, Humberto (2016). O partido único em Cabo Verde, um Assalto à 19 OIT (1981). Relatório de Missão ao Governo da República de Cabo Verde Sobre 1991), o partido PAIGC (Partido Africano Esperança, Pedro Cardoso Livraria. Praia, p.190. a Apoio ao Instituto Nacional das Cooperativas e Formação e Educação Coop- da Independência de Guiné e Cabo Verde)16 18 Biaye, Mady (1995). Analyse Sommaire de la Situation Démographique du erativa. Genebra. p. 23. Após a independência, o Governo de Cabo Cap-Vert. Unidade de Recursos Humanos, Direção Geral do Planeamento. 20 Fórum Cooperativo (2001). Diagnóstico Estratégico da Animação Rural e assumiu toda a organização da vida Ministério Cabo-verdiano da Coordenação Económica. Praia, p.66. Promoção Cooperativa. Praia. p-1-7, p.1. Verde, com recurso ao Fundo de Contrapartida económica, política e cultural. No sentido da Ajuda Alimentar e também através do de gerir o processo de desenvolvimento, o próprio Orçamento do Estado, instituiu um Estado de partido único procurava suprimir Programa de emergência para as populações a autonomia da sociedade civil, promovendo rurais mais afetadas pelo mau ano agrícola, organizações da sociedade civil de massas disponibilizando-lhes meios alternativos que eram subvencionadas pelo Orçamento do de sobrevivência de emprego e renda. Este Estado e institucionalizadas pela Constituição programa foi implementado através das FAIMO (1980, artigo 7.º). Assumindo para si as ações (Frentes de Alta Intensidade de Mão de Obra), de luta contra a pobreza, as organizações geridas e executadas numa parceria entre o não partidárias da sociedade civil foram Governo, as Câmaras Municipais e as associações desincentivadas em favor das organizações de comunitárias. Os trabalhos concentraram-

15 14 Coelho de Carvalho, J. M. (2012). Os liames de Solidariedade entre o Idem. p.163. Estado e as Organizações de Economia Solidária na Luta Contra pobreza 16 Convém salientar que o PAIGC governou Cabo Verde e Guiné-Bissau de nas comunidades rurais em Cabo Verde. Tese de Doutorado. Brasília. 1975 a 1980. Com o golpe de Estado na Guiné-Bissau em novembro de Consultado o 16 julho de 2020. URL: https://www.scielo.br/scielo. 1980, Cabo Verde passou a ser governado pelo PAICV e Guiné-Bissau php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922013000100013 p.161. por PAIGC, dando a ruptura histórica do partido.

40 41 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

Em 1980, existiam em Cabo Verde 10 organizações com personalidade jurídica de cooperativa, sendo que destas, 6 eram de consumo. A maior percentagem das cooperativas (90%) localizava-se na ilha de Santiago e 72% do total das organizações (cooperativas e pré- cooperativas) encontravam-se nesta ilha.21

No Encontro de Reflexão Sobre o Movimento sobre as cooperativas ficou inserida no Código O Programa PL 480 - Abordagem A ACDI/VOCA trabalhou em Cabo Verde de Cooperativo Cabo-verdiano, de 1991, criticou-se das empresas comerciais. No início do ano Descentralizada e Participativa das 1992 a 2007. Foi esta organização que introduziu o enquadramento do movimento cooperativo 2001, das cerca de 287 cooperativas legalizadas Associações Comunitárias o sistema de microcrédito moderno em Cabo cabo-verdiano pós-independente. A intervenção em Cabo Verde, repartidas em 22 ramos de Verde. Durante o período em que esteve em excessiva do Estado foi considerada como uma atividades, apenas 85 estavam a funcionar.24 Na década de 1990, o Governo de Cabo Verde foram concedidos mais de 33 000 das causas do fracasso das cooperativas. Com Cabo Verde teve a iniciativa de continuar a microcréditos e foi introduzida uma abordagem o processo de liberalização iniciada por Cabo Em junho de 1991, realizou-se o primeiro reproduzir as experiências das FAIMO e contou descentralizada e participativa que resultou na Verde nessa altura iniciou-se a diminuição encontro das ONGs e em 1992 já existiam 22 neste caminho com a importante parceria do elevação da autoestima dos trabalhadores da influência das autoridades públicas nas ONGs e várias outras associações em Cabo Programa PL 480, um Programa motivando-os à auto-organização, a produzir estruturas cooperativas.22 Verde. Em abril de 1993, a Cidade de Praia de Segurança Alimentar e Desenvolvimento com qualidade e a responsabilizarem-se pela acolheu o segundo encontro no quadro de Agrícola, implementado pela ONG americana manutenção das infraestruturas.28 A fase do liberalismo (1991-2001) – um projeto do PNUD de apoio às ONGs. A ACDI/VOCA com o financiamento da USAID. O florescimento das ONGs e o início do assembleia constituinte das ONGs de Cabo Verde A estratégia de responsabilizar a fim do cooperativismo foi realizada no período de 15 a 16 de junho de No âmbito do programa PL 480, fomentou- comunidade pela identificação dos projetos, 1996, no âmbito da qual foi criada a Plataforma se a criação de associações comunitárias nas definição das prioridades, execução dos Com a abertura política e as eleições das ONGs de Cabo Verde. Em 2002, contavam-se ilhas com mais tradição agrícola (Santo Antão, trabalhos e ainda pela gestão e manutenção dos legislativas em 1991, pôs-se fim ao regime político cerca de 100 ONGs, muitas das quais criadas nos São Nicolau, Santiago e Fogo). As associações e mesmos tornou-se um modelo de atuação que de partido único e introduziu-se o pluralismo. anos 80 por iniciativa autónoma da sociedade comunidades agrícolas identificavam as obras foi adotado por outros parceiros internacionais Nasceu um novo modelo baseado nos direitos civil, sendo a maioria filiada numa entidade de conservação do solo necessárias, com o com presença em Cabo Verde e, no ano 2000, humanos, na cidadania e na descentralização, única, a Plataforma das ONGs.25 apoio técnico do PAR (Programa de Assistência pelo Programa de Luta contra a Pobreza no ligado ao surgimento das ONGs que defendiam Rural) que trabalhava em articulação com o Meio Rural (PNLR). estes valores. O setor que conheceu uma maior No início do ano 2000, muitas ONGs, em Ministério de Agricultura e recebiam formação expansão na luta pela efetivação de direitos de cooperação com as nacionais ou estrangeiras, e assistência técnica em engenharia rural PNLP – O Programa Nacional de Luta cidadania e descentralização foi o das ONGs e (OMCV, MORABI e a Citi-Habitat, por e contabilidade para execução das obras. contra a Pobreza das associações comunitárias. Até 1990, apenas exemplo), concentraram as suas ações Adicionalmente promoviam-se atividades 11 ONGs estavam recenseadas.23 nos seguintes domínios: Ensino e formação geradoras de rendimento, diversificando O Programa Nacional de Luta contra a profissional, proteção da família (da mulher eda os meios de subsistência da população. Em Pobreza (PNLP) foi lançado em 1997 como Este modelo de Estado mais liberal, apostou criança) com base na saúde integral da mulher e 1996, com a assistência da ACDI/VOCA, resposta do Governo aos compromissos do país numa economia de mercado, começando a saúde materno-infantil, planeamento familiar e as associações criaram a Organização das na Cimeira Mundial para o Desenvolvimento desinteressar-se pelo movimento cooperativo. saúde reprodutiva, desenvolvimento comunitário, Associações de Agricultores, Pecuários e Social (Copenhaga, 1995) com o objetivo de Assim, a partir daí o cooperativismo começou a promoção empresarial, ambiente, infraestruturas Avicultores da ilha de Santiago.27 reduzir a pobreza de maneira sustentável, entrar em decadência. Em março de 1999, a Lei e saneamento básico, pobreza e satisfação das promover a coesão social e aumentar a necessidades básicas.26 participação dos cidadãos. Com efeito, o PNLP 21 Emmanuel Kandem (1991). L’ O.I.T et les Cooperatives en Afrique, in Encontro de Reflexão Sobre o Movimento Cooperativo cabo-verdiano. Praia. 1 24 Fórum Cooperativo (2001). Diagnóstico Estratégico da Animação Rural e surge em substituição às FAIMO e ao projeto a 3 de Julho de 1991, p.63. Promoção Cooperativa. Praia. p-1-7, p 3. 27 PL 480 enquanto estrutura institucional que 22 25 Coelho de Carvalho, J. M. (2012). Os liames de Solidariedade entre o Estado Idem, p.32. Ferreira Couto, C. (2002). Antropologia do Desenvolvimento: Santiago de e as Organizações de Economia Solidária na Luta Contra pobreza nas comuni- 23 Teixeira, Ricardino J. D. (2016). Estado e Sociedade civil em Cabo Verde Cabo Verde, um estudo de caso. Cadernos de Estudos Africanos [Online], 3. dades rurais em Cabo Verde. Tese de Doutorado. Brasília. Consultado o 15 e Guiné-Bissau: Djuntamon para novas relações. Cadernos de Estudos Posto online no dia 16 outubro 2013, consultado o 17 agosto 2020. URL: julho de 2020. URL: 28 Documentário: ACDI/VOCA’s work in Cape Verde 1992-2007. Con- Africanos [Online] 31. Posto online no dia 29 setembro 2016. Consultado http://journals.openedition.org/cea/1092. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid sultado o dia 20 de Julho 2020 URL: https://www.youtube.com/ o 30 abril 2020. URL: http://journals.openedition.org/cea/2043, p. 121. 26 Idem. =S0102-69922013000100013 p.161. watch?v=UUw7kXn7_vg

42 43 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

visa administrar iniciativas de redução de a ser o FIDA (Fundo de Desenvolvimento nº35/VI/2003, de 15 de setembro, procurando pobreza. Neste sentido, em 2002, foi elaborado Agrícola), fruto de um acordo de empréstimo melhores mecanismos de luta contra a pobreza. no quadro do PNPL o Documento de Estratégia assinado em 1999 com o Governo de Cabo Esta lei define as CRPs como «associações de de Crescimento e Redução da Pobreza (DECRP), Verde. A partir de um orçamento total de direito privado, sem fins lucrativos, dotadas de principal instrumento de planeamento do US$ 18,3 milhões de dólares, sendo do FIDA personalidade jurídica própria» e permite que Orçamento do Estado até ao ano 2016.29 (50%), do Governo de Cabo Verde (36%) e das elas adquiram, automaticamente, o estatuto contribuições da comunidade (14%), foram de pessoas coletivas de utilidade pública com Em parceria com as associações comunitárias, reinvestidos um total de 482,9 milhões de o registo da sua constituição.35 A sua diferença a metodologia usada pelo Programa era assente CVE no âmbito do PLPR, sendo que 75% dos de fundo em relação a outras associações de na perspetiva bottom-up, visto que o processo de fundos foram atribuídos a atividades sociais e fim não lucrativo reside no fato do Estado tomada de decisões partia dos sujeitos a nível 25% a atividades relacionadas com atividades lhes assegurar financiamento direto ao seu das comunidades.30 geradoras de rendimento.32 funcionamento corrente através da realização dos Programas de Luta contra a Pobreza no O Programa Nacional de Luta contra a A nível individual, o setor da habitação foi Meio Rural, designadamente o PLPR (2000 a Pobreza dividia-se em três componentes: responsável por mais de metade dos fundos, 2012) e o POSER (2013 a 2017). seguido pelo setor da água e saneamento. Os • Projeto A: Desenvolvimento do Setor projetos agrícolas representavam a iniciativa As CRPs são constituídas por vários parcei- Social (PDSS); geradora de rendimento mais importante, com ros/associados na sua região, mormente as • Projeto B: Luta contra a Pobreza no Meio 14% do orçamento. O número total de pessoas associações de desenvolvimento comunitário, Rural (PLPR); ou agregados familiares que participaram em ONGs, Câmaras Municipais e serviços • Projeto C: Promoção Socioeconómica de algum momento da fase I do PLPR foi de 16 520. desconcentrados do Estado. São responsáveis Grupos em Desvantagem (PSGD). 81% dos beneficiários estiveram envolvidos pela aprovação dos projetos pelas assembleias em um dos três programas de habitação social, comunitárias, pelo controlo social e a O Projeto B: Programa de Luta contra a água ou educação.33 disponibilização de um espaço para o debate Pobreza no Meio Rural (PLPR), lançado e a decisão participativa das prioridades em 2000, foi a vertente mais importante do Durante a primeira fase do PNLP, os de desenvolvimento das comunidades. Os Programa PNLP, tendo como objetivo «reduzir projetos eram agenciados pela Agência membros das associações devem ser moradores a pobreza rural através do desenvolvimento do Cabo-verdiana de Promoção do Emprego das localidades envolvidas. capital social dos pobres, assente na mobilização das e Desenvolvimento Local (AGECABO), potencialidades existentes no domínio de iniciativas que tinha a responsabilidade da elaboração No âmbito do programa POSER em vigor, económicas e sociais a nível das comunidades de programas de concursos, cadernos de as CRPs deparam-se com uma situação de 31 locais.» Funcionou durante 12 anos, até encargos, seleção e adjudicação de obras, adaptação e ameaça da sua sustentabilidade, 2012 (em diferentes fases). A partir de 2013, executadas em regime de empreitada por pois o atual Governo já não as considera este programa passou a ter a designação de empresas, associações comunitárias e ONGs.34 como parceiros fundamentais no combate à Programa de Oportunidades Económicas pobreza, apostando em trabalhar diretamente Rurais (POSER). As CRPs – Comissões Regionais de com instituições governamentais e as Câmaras Parceiros Municipais.36 (mais informação em relação Desde o seu início, em 2000, o programa ao Programa POSER pode ser encontrada no funcionou em duas fases - a fase I que decorreu Em 2003, são criadas as Comissões Capítulo 8, p.110). entre 2000 e 2008, e a fase II que abrangeu 2009 a Regionais de Parceiros (CRPs) através da Lei 2012. O financiador do programa era e continua 32 OIT (2012). A Proteção Social em Cabo Verde: Situação e Desafios. CIF OIT. 29 OIT (2012). A Proteção Social em Cabo Verde: Situação e Desafios. CIF OIT. Turim, p. 166. Turim, p. 160. 33 Idem. p. 167. 30 35 Pires, Ana Rita (2007). Associativismo e Desenvolvimento Local em Cabo Ver- 34 Santos, J. e Cardoso, E. (2016). PNLP/POSER: Estudo do Quadro Idem, p.4. de: Notas sobre alguns percursos de revitalização rural. Actas do III Congresso Institucional de Parceria para a Promoção do Desenvolvimento Local: A 36 Santos, J. e Cardoso, E. (2016). PNLP/POSER: Estudo do Quadro Institu- de Estudos Rurais (III CER). Faro. Universidade do Algarve. Consultado problemática da sustentabilidade das CRP- Programa de Oportunidades cional de Parceria para a Promoção do Desenvolvimento Local: A problemática o dia 15 de julho 2020. URL: http://hdl.handle.net/10961/3812, p. 6. Económicas Ruais (POSER). Relatório de Consultoria (Versão Zero). da sustentabilidade das CRP- Programa de Oportunidades Económicas Ruais 31 Idem. Praia, p.6. (POSER). Relatório de Consultoria (Versão Zero). Praia, p.33.

44 45 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

6. O ambiente institucional e legal da sociedade civil na atualidade

6.1. As tipologias das OSC e o Quadro associações de fins não lucrativos através legal do Sistema Nacional de Registo das Pessoas Coletivas (SNRPC) a nível nacional e 577 A Constituição da República de Cabo Verde destas estão localizadas na cidade da Praia. e o Plano Estratégico de Desenvolvimento Esses números indicam um fraco registo Sustentável (PEDS) 2017-21 não propõem uma de associações formais nas ilhas periféricas definição específica das OSC. No entanto, o e nas zonas rurais, ligado provavelmente artigo 7.º da Constituição (2010), afirma que à falta de acesso a financiamentos a nível uma das subtarefas do Estado é «incentivar a descentralizado e uma alta centralização solidariedade social, a organização autônoma da dos serviços de apoio na capital. Verifica-se sociedade civil, o mérito, a iniciativa e a criatividade igualmente que o Ministério da Justiça não tem individual.» conhecimento do número de associações ativas e uma vez registadas, não existem mecanismos Em Cabo Verde, o reconhecimento de para assegurar a conformidade com a lei das associações para efeitos de aquisição de atividades das OSC. 06 personalidade jurídica é da competência do Ministro da Justiça, através do Sistema A lei que instituiu a liberdade de associação AMBIENTE Nacional de Registo das Pessoas Coletivas entrou em vigor em dezembro de 1987 (Lei (SNRPC). nº 28/III/87 de 31 de dezembro). Para além desta lei, o Código Civil a partir do artigo Atualmente (Data de consulta no Cartório 162º dá orientações reais pertinentes para o - 5 de março de 2020) estão registadas 968 funcionamento das associações de fim não lucrativo. Em 2003, definiu-se um novo regime jurídico geral da constituição de associações de Uma das tarefas fim não lucrativo (Lei nº 25/VI/2003 de 21 de julho), que veio revogar a Lei n.º 28/III/87 de do Estado é 31 de dezembro.

«incentivar a Em termos legais, todas as organizações que são de fins não lucrativos estão enquadradas solidariedade social, a no regime jurídico geral da lei de 2003, sem organização autônoma existir nenhum tipo de distinção entre as organizações. No entanto, numa análise mais da sociedade civil, o aprofundada dos atos legislativos promulgados pela Assembleia Nacional, no âmbito do artigo mérito, a iniciativa 2.º da Lei nº 69/VII/2010 de 16 de agosto - que estabelece o regime de parcerias público- e a criatividade privadas de âmbito regional, municipal ou local - surgem categorias de OSC diferenciando entre individual.» ONGs e associações comunitárias (artigo 2.º): 46 06 47 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

culto em Cabo Verde. Esta lei aporta (artigo 2.º) um conjunto de definições, entre as quais figuram: «Coletividades religiosas», «Organizações religiosas», «Instituições religiosas»: organismos autónomos constituídos, instituídos ou fundados pelas igrejas, comunidades ou organizações religiosas, designadamente organismos de enquadramento de fiéis consagrados mediante votos, associação, assim como fundações para a prossecução de qualquer das suas funções ou dos seus fins. As organizações religiosas são • «Organização da Sociedade Civil (OSC)» estão inscritas nesta categoria. Considerando Verifica-se que as associações desportivas livres na sua organização e na das respetivas - organização privada sem fins lucrativos; as condições de disponibilidade de meios estão igualmente enquadradas no regime instituições religiosas (artigo 17.º), e podem de financiamento no momento de registo, especial - o Decreto nº 34/88, de 17 de abril. As ainda, sem qualquer discriminação, exercer • «Organização Não Governamental pode-se concluir que este regime é aplicado associações, assim como federações ou escolas atividades com fins não religiosos (artigo (ONG)» - organização da sociedade civil maioritariamente a ONGs estrangeiras que têm de iniciação desportiva de fim não lucrativo 20.º), incluindo atividades comerciais e outras que tem por objetivo específico o apoio à a sua sede fora do país e querem apenas realizar podem ter acesso a apoios do Governo, lucrativas (que sejam instrumentais), ter autopromoção social, cultural e económica ações ou atividades específicas em Cabo Verde incluindo a comparticipação financeira, escolas privadas e cooperativas, universidades, das populações ou de determinadas e/ou ONGs que já atraíram fundos externos. cedência e o acesso a espaços desportivos que faculdades e institutos de ensino superior, ações categorias sociais ou a realização de fins Neste caso, este regime pode ser usado pelas seja da sua propriedade ou que esteja sob sua de beneficência, de cultura e prestações de específicos de natureza sectorial. OSC europeias requerentes do Programa gestão. Além disso, a Lei nº 18/IX/2017 de 13 cuidados de saúde. Num Decreto-regulamentar • «Associação Comunitária» - organização temático das OSC/AL. de dezembro que aprova as bases das políticas de 2016 (nº 6/2016 de 16 de abril) é criado um da sociedade civil de base comunitária em de desenvolvimento da atividade física e Sistema Nacional de Registo das Coletividades que os/as cidadãos/ãs se associam com o Além da Lei geral das associações de do desporto em Cabo Verde, permite que Religiosas (SNRCR), cuja função é organizar os objetivo de promoção e desenvolvimento fim não lucrativo (2003) e das Organizações pessoas coletivas sem fins lucrativos - atletas registos das igrejas, comunidades, organizações socioeconómico de uma determinada da Sociedade Civil de Desenvolvimento e movimentos desportivos possam aceder a ou instituições religiosas. comunidade local ou agrupamento de (2016), o Quadro legal define as seguintes fundos e assinatura de contratos programa comunidades locais de um determinado subcategorias: com o Governo. É considerado tarefa do A Lei nº 122/VIII/2016 de 24 de março que território municipal. Estado, através das suas instituições públicas, estabelece o regime jurídico da economia As associações juvenis são definidas de promover o desporto enquanto via importante social, identifica as entidades da economia Em 2016 surge uma nova designação - as forma separada (Lei 26/VI/2003, de 21 de julho) de integração e promoção socioeconómica, social (artigo 5.º), e destaca também as OSCD - Organizações da Sociedade Civil como instituições de jovens com personalidade de educação e de fortalecimento das relações cooperativas. Contrariamente às definições de Desenvolvimento - (Lei n.º 114/VIII/2016 jurídica, sem fins lucrativos e que prosseguem humanas. Neste sentido, estas associações da UE, no Quadro legal cabo-verdiano ficam de 22 de março), definidas (artigo 3.º) como objetivos de acordo com a Constituição e a lei. e organismos da sociedade civil privados e excluídas, até certo ponto, as cooperativas do pessoas coletivas de direito privado, sem fins A lei (artigo 2.º) define que os menores com organizados, recebem apoios formais do Estado. panorama das organizações da sociedade civil. lucrativos, cujo âmbito de atividades (artigo idade igual ou superior a 14 anos gozam de 5.º) abrange o nível «comunitário, municipal, capacidade jurídica para o exercício do direito de Além das organizações sem fins lucrativos, Quanto às cooperativas («sociedades com nacional, regional e internacional (...)». A principal associação. Uma prática que já existia em muitas a legislação cabo-verdiana contempla outros número de sócios e capital variáveis, que exercem a diferença relativamente às associações de associações sem fins lucrativos e que desta tipos de organizações que também podem ser sua atividade com base na cooperação e entreajuda fins não lucrativos, deve-se ao fato das OSCD forma foi institucionalizada. Adicionalmente, consideradas como parte da sociedade civil; dos sócios e na observância dos princípios terem que demonstrar e apresentar no pedido estas associações gozam de várias modalidades como as associações religiosas, as cooperativas, cooperativos»), poderia considerar-se que em de registo um «Plano de atividades para o ano em e formas de apoio (artigos 11.º a 14.º) na área o setor de microfinanças ou as organizações termos legislativos houve um retrocesso ao curso» e «Meios de financiamento»(artigo 3.º). No financeira, jurídica, institucional e material sindicais. enquadrá-las como empresas comerciais Cartório onde se realiza o registo, no sistema por parte do Estado, assim como de isenções e (Decreto-legislativo nº 2/2019 de 23 de julho). SNRPC, verificou-se que atualmente (Data de benefícios (artigo 19.º), denotando a vontade do A Lei nº 64/VIII/2014 de 16 de maio estabelece Em muitos países, a cooperativa pode ser consulta -5 de março de 2020) só 8 organizações Estado em apostar no associativismo juvenil. o regime jurídico da liberdade de religião e de classificada como instituição do terceiro setor,

48 49 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

pelo fato de promover o desenvolvimento Em relação aos sindicatos, a Constituição Neste contexto de grande dispersão O regime jurídico de utilidade socioeconómico para milhares de pessoas e de ter de Cabo Verde reconhece a todos/as os/ legislativa, e de modo a facilitar a compreensão, pública a particularidade de, mesmo tendo lucro, não o as trabalhadores/as a liberdade de criação o presente estudo decidiu empregar as distribuir entre os dirigentes, mas reinvestindo-o de associações sindicais ou de associações definições correntes usadas pelas próprias O Decreto-Lei nº 59/2005 de 19 de na própria cooperativa e comunidade onde está profissionais para a defesa dos interesses e OSC e fazer a distinção entre as associações de setembro, que define o regime jurídico geral inserida. Contudo, nota-se que a lei (artigo 358.º direitos coletivos e individuais, gozando os desenvolvimento comunitário (ADC), com das pessoas coletivas de utilidade pública do Código das empresas comerciais) permite mesmos de plena autonomia organizacional, âmbito geográfico a nível da comunidade, surge para auxiliar as associações e fundações que as cooperativas solicitem o estatuto de funcional e de regulamentação interna. Portanto, e associações que atuam a nível nacional. a beneficiarem de um estatuto legal que lhes interesse público, ainda que enquadradas como a democracia permitirá, a partir dos anos 90, Assim, foram consideradas como ONGs todas permita ter acesso a meios para a valorização empresas comerciais. Neste sentido e para a criação de condições jurídicas institucionais as OSC que atuam no apoio à autopromoção e expansão da sua atividade, através da favorecer o alinhamento com o estatuto de para a materialização do pluralismo e liberdade social, cultural e económica das populações concessão do estatuto de utilidade pública. interesse público, alguns intervenientes do setor sindical em Cabo Verde, através da publicação num âmbito geográfico mais vasto, que possa Consideram-se pessoas coletivas de utilidade mencionam a necessidade de alterar o estatuto do Decreto-Lei 170/91 de 27 de novembro, sobre ser nacional, regional ou internacional, e pública (artigo 2.º), as associações ou fundações das cooperativas e repensar o seu Quadro legal: Direito de associação sindical, e das normas que hoje em dia estão cobertos pelo regime que prossigam fins de interesse geral, da incluídas na Constituição de 1992.37 As duas jurídico das OSCD. comunidade nacional ou de qualquer ilha ou «Tem que trabalhar-se o quadro do cooperativismo. centrais sindicais, a UNTC-CS (União Nacional concelho, cooperando com a Administração Quando uma pessoa tem um tipo de negócio dos Trabalhadores de Cabo Verde – Central Pública Central ou Local, e merecerem da que poderia funcionar em comunidade, não é Sindical), e a CCSL (Confederação Cabo- Tipologias - Autoridades locais parte desta a declaração de utilidade pública. vantajoso formar uma cooperativa para a pessoa, verdiana dos Sindicatos Livres) fazem parte A declaração de utilidade pública é da porque não existe um Quadro legal que a proteja. do Conselho de Concertação Social, estando Enquanto AL são consideradas todas competência do Primeiro-ministro, podendo Se for montada uma cooperativa, é o Código presentes no diálogo social como representantes as instâncias de poder local. No caso de este delegá-la a outro membro do Governo. comercial das empresas que se aplica. Então é dos/as trabalhadores/as. Cabo Verde, estas estão localizadas nos As fundações estão sujeitas a prestar preferível montar uma microempresa. Mas uma 22 municípios do país e representadas contas ao Governo e a enviar relatórios. microempresa não é comunitária. A nível da Nesta análise de tipologias que o Quadro pela organização nacional «Associação As pessoas colectivas de utilidade pública organização, quando se entra em questões legais, legal cabo-verdiano oferece, pode-se fazer Nacional dos Municípios de Cabo Verde» geral gozam das isenções fiscais que foram uma pessoa tem que fazer uma escolha e nunca é ainda a classificação das Comissões Regionais (ANMCV).38 previstas na lei (artigo 15.º) e beneficiam de vantajoso fazer uma cooperativa.» de Parceiros, que são associações de direito algumas regalias como isenção de taxas e Entrevista com um especialista privado, sem fins lucrativos, dotadas de No âmbito do artigo 2.º da Lei nº emolumentos (artigo 16.º). em associativismo, Fevereiro 2020 personalidade jurídica própria, criadas no 69/VII/2010 de 16 de agosto, define- âmbito da execução dos Programas Nacionais se como Autarquias locais: «Pessoas O regime de exercício da atividade de de Luta contra a Pobreza e que se regem pela colectivas públicas territoriais dotadas microfinanças por parte de associações Lei nº 35/VI/2003, de 15 de setembro. de órgãos representativos das respectivas privadas está regulado na Lei nº 12/IX/2017 e populações, que prosseguem os interesses que veio proceder à alteração do regime jurídico 37 Coelho de Carvalho, J. M. (2012). Os liames de Solidariedade entre o Estado próprios destas». e as Organizações de Economia Solidária na Luta Contra pobreza nas comuni- da atividade das microfinanças, aprovado pela dades rurais em Cabo Verde. Tese de Doutorado. Brasília. Consultado o 15 julho de 2020. URL: Lei nº 83/VIII/2015, de 16 de janeiro, face https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid 38 https://eeas.europa.eu/sites/eeas/files/20150106-roteiro-da-ue-para- à existência de práticas de microcrédito no =S0102-69922013000100013. p.41. -um-compromisso-com-a-sociedade-civil- 2014-2017-cabo-verde_pt.pdf país, e de modo a regular o setor. O diploma considera microfinanças (artigo 3.º), como «a atividade exercida pelas entidades autorizadas e que consiste na prestação de serviços financeiros adequados e sustentáveis a favor das populações de baixo rendimento, normalmente excluídas do sistema financeiro tradicional.» (mais informação em relação ao setor de microfinanças pode ser encontrada no Capítulo 8, p.114)

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O Código de Ética das ONGs 6.1.1. Avaliação geral do Quadro Um documento orientador para o setor legal no âmbito do Inquérito de fim não lucrativo é o Código de Ética das ONGs e das associações cabo-verdianas de Questionados sobre o nível de fim não lucrativo, criado na Praia a 15 de satisfação com o Quadro legal, dezembro de 2009. Este Código de Ética baseia- promulgado pela lei e referente à se na Constituição da República de Cabo Verde sociedade civil, verifica-se que cerca de e demais leis do país, mas não é vinculativo. 72% das OSC consideram-se «plenamente Nota-se que nas mesas de diálogo (realizadas satisfeitas» (8,5%) e «satisfeitas» (63,5%). no Fogo, Brava, Ribeira Grande de Santo Antão, São Vicente e Porto Novo), só se faz referência 50,8% considera «plenamente uma única vez ao Código de Ética, pelo qual satisfatório» (4,8%) e «satisfatório» (46%) a Pese a existência de uma legislação específica intervenção ao serviço dos indivíduos, das famílias se supõe a falta de divulgação do mesmo e por Aplicação a nível nacional; e 49,3% das que regula a utilidade pública, o artigo 9.º da e da comunidade desenvolvidos sem fins lucrativos conseguinte também o desconhecimento deste OSC considera «plenamente satisfatório» Lei das OSCD (Decreto-Lei 114/VIII/2016) por entidades públicas ou privadas.» por parte da maioria das OSC. Este documento (10,1%) e «satisfatório» (39,2%) a Aplicação enfatiza que a estas organizações também orientador visa promover no seio do setor com a nível local. pode ser reconhecido o estatuto de utilidade Existem algumas atividades excluídas do fim não lucrativo em Cabo Verde princípios pública por um período de dois anos; e ainda voluntariado (artigo 5.º): « a) As desenvolvidas éticos que vão no sentido de interesses coletivos. Nota-se que o país é dotado de se repararmos no Decreto-Lei nº 2/2019 de 23 em consequência de uma relação laboral, O código está ligado a princípios em que instrumentos legais modernos, mas de julho, o fato dos ramos do setor cooperativo administrativa, comercial ou profissional de assentam a credibilidade das organizações da as dúvidas e insatisfações verificam- abrangerem o crédito, habitação e construção, qualquer tipo; b) As atuações voluntárias sociedade civil: « i) O caráter sem fins lucrativos se na prática, no quotidiano. No artesanato, pescas, cultura, solidariedade social isoladas, esporádicas, ou prestadas à margem da atividade: ii) A independência e integridade seguinte Capítulo 6.2. são analisadas (artigo 356.º); e portanto serem semelhantes e se de organizações promotoras, executadas por política; iii) A representatividade e prestação de as dificuldades principais que as OSC sobreporem a muitas áreas de intervenção das razões familiares, de benevolência, amizade contas perante a população; iv) A transparência identificam a nível do ambiente legal e OSCD (artigo 11.º), percebe-se que a legislação é ou boa vizinhança; e c) As que geram algum na gestão e governação internas.»39 institucional do país. confusa e permite que as cooperativas, embora benefício económico para as pessoas, entidades 39 Loada, A. e Moderan, O. (2015). Envolvimento da Sociedade civil na inseridas no Código das empresas comerciais, ou organizações que as realizem. Exige-se um Governação e Reforma do Sector de Segurança. Em Ornella Moderan (ed.), Caixa de Ferramentas para a Reforma e Governação do Sector de possam pedir o estatuto de utilidade pública, programa, atividades e projetos para que um/a Segurança na África Ocidental. Genebra, p.7. e assim receber subsídios públicos e/ou ser voluntário/a possa participar. Deve ainda consideradas OSCD. receber formação, participar no planeamento Gráfico 8:Grau de satisfação das OSC com a legislação referente e receber os meios necessários para o exercício 63,5% à sociedade civil e a sua aplicação a nível local e nacional O regime jurídico do voluntariado da sua atividade, ser reembolsado/a, pela organização promotora das despesas derivadas O Decreto-Lei n.º 42/2010 de 27 de da atividade voluntária, desde que devidamente 46,0% setembro estabelece o regime jurídico do autorizadas; ter cobertura de um seguro por 39,2% 31,7% voluntariado, visando promover e facilitar a danos e prejuízos, nos casos em que a atividade 30,2% participação solidária da cidadania, em ações pressupõe riscos para a pessoa voluntária; ter garantidas condições de higiene e segurança, de voluntariado, no seio de organizações 16,9% públicas ou privadas (artigo 1.º). Aplica-se às semelhantes às previstas na lei do trabalho e 10,1% 11,6% 11,6% 8,5% 7,4% 8,5% 7,4% pessoas voluntárias e organizações públicas vigentes para os que prestam uma atividade 4,8% 2,6% ou privadas, de âmbito nacional ou local. laboral; etc.» (artigo 8º) Existem também alguns Entende-se por voluntariado: «O conjunto de deveres (artigo 10º), como por exemplo, «h) Plenamente satisfatório Satisfatório Pouco satisfatório Insatisfatório Não sei atividades e ações de interesse social e comunitárias Não exigir nem receber qualquer tipo de realizadas de forma altruísta e solidária por pessoas, contraprestação material no exercício da sua Legislação Aplicação a nível nacional Aplicação a nível local no âmbito de projetos, programas e outras formas de atividade.» Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE

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6.2. Perceções da sociedade civil de 29 de junho, e revista pela Lei nº 107/V/99, sobre o ambiente legal e institucional de 2 de agosto, regula a liberdade de reunião e de manifestação. 6.2.1. A liberdade de expressão e a prática de autocensura No Inquérito do presente estudo, cerca de 85,2% das OSC cabo-verdianas, quando O artigo 22.º da Constituição de Cabo Verde questionadas sobre o nível de satisfação da assegura a liberdade de associação - «Toda sua organização com a liberdade de expressão e qualquer pessoa tem o direito de se associar (artigo 47º), reunião e associação (artigos 51.º livremente com outras, incluindo o direito de e 52.º), encontram-se «satisfeitas» (61,4%) e constituir sindicatos e de a eles aderir para a proteção «plenamente satisfeitas» (23,8%) com o Quadro dos seus interesses.» Por outro lado, o artigo legal, neste caso a Constituição. Entretanto, 48.º da Constituição reconhece igualmente a a nível prático este nível de satisfação cai liberdade de expressão: «Todos têm liberdade de consideravelmente para 66,7%, sendo 13,8% Cabo Verde têm a ver com o receio de represálias Questionadas sobre estas, a maioria das exprimir e de divulgar as suas ideias pela palavra, («plenamente satisfeitos») e 52,9% («satisfeitos»), profissionais. A AJOC tem afirmado nos últimos organizações da sociedade civil (53,4%) indica pela imagem ou por qualquer outro meio, ninguém enquanto quase um terço (27%) está «pouco anos que a autocensura pões em risco a prática como obstáculo principal o «partidarismo». Em podendo ser inquietado pelas suas opiniões políticas, satisfeito» ou «insatisfeito». jornalística em Cabo Verde. Numa entrevista a segundo lugar, com 42,3% das OSC, é colocado filosóficas, religiosas ou outras.» A Lei nº 81/III/90 RTC, a Presidente da AJOC afirmou em 2017: o «insuficiente acesso à informação». Em «De forma como vemos o espaço mediático a diminuir, terceiro e quarto lugar, são indicadas a «falta os jornais que fecham, uma imprensa que não cresce, a de coordenação entre instituições» (41,3%) Gráfico 9: Nível de satisfação das OSC com a liberdade autocensura aumenta, porque os espaços do exercício e a «complexidade e burocracia das instituições de expressão, reunião e associação em Cabo Verde da profissão vão ficando cada vez mais reduzidos, e públicas» (39,2%). Em quinto lugar (37,6%) são as pessoas (jornalistas) muitas vezes pensam no seu apontados a «falta de espaço de diálogo social e 61,4% emprego antes de pensar em outras coisas.»40 estabelecimento de consensos» (gráfico 10). 52,9% Segundo a AJOC, a prática de autocensura não se baseia na baixa ou deficiente formação académica e/ou competências técnico- profissionais dos jornalistas cabo-verdianos, 23,8% 23,8% mas no fato de o Estado se constituir ainda no 13,8% maior grupo (e logo, o maior empregador) de 9,5% 6,3% comunicação social do país, num sector onde as 4,8% 3,2% ,4% 0,5% oportunidades de emprego são escassas. 53 das OSC inquiridas Plenamente satisfatório Satisfatório Neutro Pouco satisfatório Insatisfatório 6.2.2. O (bi)partidarismo como principal indicam como obstáculo Na lei Na prática obstáculo identificado pelas OSC no ambiente legal e institucional principal no ambiente legal Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE o «partidarismo», seguido A perceção de limitações na liberdade de pelo o «insuficiente acesso Nota-se uma discrepância de 18,5% acerca do social serem maioritariamente geridos pelos expressão/imprensa sentidas pelas OSC pode nível de satisfação com a liberdade de expressão, órgãos estatais. Este aspeto acaba por gerar, estar também ligada às suas percepções sobre à informação» e a «falta reunião e associação a nível da lei e a nível da segundo a AJOC (Associação sindical dos as principais dificuldades das organizações de coordenação entre prática. Jornalistas Cabo-verdianos), uma certa em relação ao ambiente legal e institucional. insegurança e falta de sustentabilidade. instituições». Das entrevistas realizadas uma das razões Observa-se que alguns fatores de autocensura 40 RTC, Entrevista com Presidente da AJOC. 3 de maio 2017. Consultado no dia 15 de julho 2020. URL: http://rtc.cv/index.php?paginas=13&id_ apontadas é o fato dos meios de comunicação dos/as jornalistas no exercício da profissão em cod=57736

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Gráfico 10: Principais dificuldades identificadas pelas OSC em relação ao ambiente legal e institucional

Partidarismo 53,4%

Insuficiente acesso à informação 42,3%

Falta de coordenação entre instituições 41,3%

Complexidade e burocracia das instituições públicas 39,2%

Falta de espaços de diálogo social e de consensos 37,6%

Centralização 24,3%

Ausência de espaços de consulta pública 16,9% Desconhecimento do quadro legal 16,4% esvaziar as competências dos municípios que 6.2.3. O limitado recurso à informação Não aplicação das normativas 10,1% não são afetos à sua formação política. Desde a como constrangimento

Quadro legal insatisfatório 9,5% década de 90, segundo este autor, praticaram- se alguns atos que figuraram como exemplo «(...) Em Cabo Verde não cultivamos o dever Dispersão da regulamentação sobre ativismo 5,3% de instrumentalização: «Foi o caso da legalização, de memória, e desde logo o dever da memória Outros 3,7% por todo o país, de dezenas de associações de caráter institucional.»44 económico, social, cultural ou desportivo, a quem, Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE estatutariamente foram confiadas atribuições, em Em vários momentos, o Inquérito demonstra regra da esfera de competências dos municípios, mas que o acesso à informação e à «memória A liberdade de expressão, associação e pluralistas em 1991 deu origem a um sistema cuja representatividade e feição «descentralizada» institucional», é um dos maiores obstáculos para reunião estão intimamente ligadas com a de competição polarizada em torno de dois eram uma máscara usada por simples grupos o crescimento das OSC no contexto sociopolítico liberdade e o acesso à informação. A falta de partidos: o Partido Africano para Independência identificados com o poder para efeitos de propaganda e económico atual. informação e a partidarização dos meios de de Cabo Verde (PAICV) e o Movimento para política (...) Outro caso foi o da lei que criou, em 1998, comunicação e das próprias OSC influenciam Democracia (MpD), partido formado por um a figura do Governador Civil, entidade representativa Como analisado anteriormente, quando as capacidades que as OSC têm para agregar grupo dissidente do PAICV, e que teve um papel do Governo nos concelhos e que veio a merecer as OSC inquiridas foram questionadas sobre fundos e/ou operar de forma independente e determinante no processo de abertura política consagração constitucional no texto da Constituição as principais dificuldades das organizações deste modo influenciar as políticas públicas. no país. Esta configuração de alternância revista em 1999.»43 em relação ao ambiente legal e institucional, política entre dois grupos caracteriza as eleições identificaram oinsuficiente acesso à informação Os dados produzidos no âmbito do legislativas até hoje. «Em todas as seis eleições Apesar da situação, atualmente, ser um (42,3%), como a segunda maior dificuldade. Mapeamento confirmam os números do realizadas nesse período, os dois partidos, que se pouco diferente, os dados do Inquérito e as estudo do projeto Pro-PALOP TL ISC, que revezaram no poder várias vezes, concentraram informações recolhidas nas mesas de diálogo Questionadas sobre a sua satisfação no aplicou um Inquérito a 207 organizações, juntos mais de 90% dos votos e elegeram acima confirmam que o partidarismo continua a ter acesso à informação, facultado pelo Estado, e que demonstra que 90% destas OSC se de 95% dos representantes para a casa do poder um impacto direto na fragmentação e na falta em diferentes áreas, cerca de 47,1% das OSC consideram politizadas. Constata-se uma legislativo, a Assembleia Nacional, confirmando a de diálogo. Convém frisar que o bipartidarismo avaliam o «acesso à informação sobre financiamento 42 forte dependência do Governo para a obtenção consolidação do sistema bipartidário.» representa um risco na construção de (convites, subvenções, orçamento do Estado)» como de fundos, o que resulta numa politização das políticas públicas a longo prazo, visto que «pouco satisfatório» (34,4%) ou «insatisfatório» OSC e tentativas de controlo por parte dos Neste contexto, é mencionado em vários elas requerem um tempo superior ao das (12,7%). Enquanto para o «acesso à informação 41 partidos políticos. estudos que a formação de OSC tem sido usada legislaturas, de modo a alcançar resultados e sobre procedimentos jurídicos (registo, litígios e amiúde como instrumento para implementar resolver os desafios do país, em áreas essenciais contratações)» o número de insatisfação atinge Após quinze anos de regime de partido estratégias partidaristas. Assim, Silveira como a redução da pobreza, do desemprego ou 49,7% (gráfico 11). único em Cabo Verde, a introdução de eleições (2001) identifica o fato de os partidos tentarem grandes infraestruturas/investimentos na área de água/saneamento, saúde, etc. 41 Carvalho, F. e Moniz Varela, C (2017). Mapeamento das OSC com vocação 42 Speck, B. W. e Correia Gonçalves, A. S. (2019). O bipartidarismo em Cabo para participação no processo da definição das políticas e seguimento das contas Verde: a dinâmica do surgimento dos terceiros partidos e a magnitude dos públicas, tratamento e disseminação de informação. Versão Zero. Plataformas distritos. Revista Brasileira de Ciência Política, nº 29. Brasília, maio - 43 Silveira, Onésimo (2001). Administração Pública e Descentralização em Cabo das ONGs. Praia, p.8. agosto de 2019, p. 45-88, p.44. Verde. Paper apresentado no ISCTE. Lisboa. p.1-22. 44 Tolentino, J. (2016). Tempos de Incertezas. Spleen edições. Praia.

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Gráfico 11: Nível de satisfação das OSC relativamente caso, o desafio está na disponibilização e na 6.2.4. Falta de coordenação entre as ao acesso à informação facultado pelo Estado por áreas partilha das informações disponíveis por parte instituições do Estado e das instituições e plataformas 49,8% 47,1% existentes, respeitando os princípios consti- 41,4% das OSC participantes indicam 41,5% 40,6% 39,7% 36,5% tucionais de igualdade e de justiça social. como maior constrangimento no ambiente 31,2% 32,4% 32,1% institucional e legal, «a falta de coordenação 25,9% 26,1% 27,3% 24,3% 23,8% 21,7% O acesso às tecnologias e equipamentos entre as instituições». adequados desempenha um papel importante Com efeito, em Cabo Verde, apesar de para que se possa beneficiar das vantagens existirem boas capacidades de planificação e 2,6% 3,2% 1,6% das TIC, como é partilhado durante uma planos estratégicos, verifica-se uma falta de articulação entre as instituições, e inclusive Acesso a Procedimentos Regime fiscal Dados estatísticos Assuntos de Outro mesa de diálogo, por uma representante de financiamento jurídicos interesse público uma ADC: entre estruturas de um mesmo ministério. Esta

Plenamente satisfatório e Satisfatório Neutro Pouco satisfatório e Insatisfatório práxis transforma-se num grande desafio no dia «...Nas zonas do interior onde não se tem acesso a dia e tem consequências diretas na execução Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE a novas tecnologias, existe muita necessidade de dos planos. informações e as associações têm dificuldades de Um dos principais desafios que a cidadania «A implementação deve ser considerada como o chegar nas instituições e vice-versa.» Um exemplo da falta de coordenação de cabo-verdiana que quer estar informada grande desafio para Cabo Verde, que já possui (Membro de ADC) instituições pode ser observado no âmbito do enfrenta, é o escasso acesso a sistemas de uma infinidade de documentos estratégicos Quadro legal relativamente às associações sem informação, registos e arquivos no seio das e de diagnósticos em praticamente todos os Cabe aqui mencionar que a falta de acesso fins lucrativos: o registo e/ou reconhecimento universidades e das entidades públicas. Pode-se setores. Observa-se que há uma falta de cultura à informação e prestação de contas entre a do regime jurídico das associações sem fins fazer referência à falta de documentos históricos, de prestação de contas a nível de instituições sociedade civil e o Estado é recíproca, limitando lucrativos é da responsabilidade do Ministério ao fraco seguimento de programas/projetos do Estado, Autoridades locais, associações, igualmente o conhecimento dos decisores de Justiça e a fiscalização das suas atividades e dos seus resultados, por meio de estudos de federações e entidades da sociedade civil. Em políticos para poder concretizar políticas é da responsabilidade do Ministério de impacto/avaliações e à falta de dados estatísticos geral, com exceções honrosas, a prestação de públicas com base nas reais necessidades das Finanças. Pela débil articulação entre as duas produzidos em várias áreas socioeconómicas contas não é incutida na maneira como as comunidades. instituições, atualmente não existe nenhum fundamentais para a ação de entidades públicas, instituições funcionam em Cabo Verde.» privadas ou do terceiro setor, tais como o emprego, a formação, a pobreza rural, a situação No quadro do Capítulo 7.4. (p. 79) analisam- das pessoas com deficiência, os direitos das se com maior rigor as capacidades de prestação crianças, etc. de contas das OSC.

Neste quadro, é importante questionarmo- Associada ao fraco acesso à informação, nos sobre as razões por detrás do fraco acesso à pode-se acrescentar ainda a condição de Cabo informação que se constatou. Verde enquanto arquipélago que cria grandes assimetrias regionais. Assim, existem dois A avaliação final do Documento de Estratégia centros urbanos (Praia e São Vicente), onde de Crescimento e Redução da Pobreza, estão sediados o Governo, a Cooperação e as financiado pela UE e que avalia o impacto do Embaixadas, o que permite que as OSC com Fundo de Apoio orçamental durante o período sede nestes centros tenham maior acesso à 2012-2016, identifica como uma das razões informação do que as OSC que se encontram principais e enquanto desafio fundamental a em outras regiões e ilhas periféricas. nível do país - a prestação de contas45: Entretanto, as tecnologias da informação e 45 Tradução feita pelos autores do documento na base de: UE (2017). Final Evaluation of the Growth and Poverty Strategy Paper 2012-2016, Cape comunicação (TIC), mormente as redes sociais, Verde (GPRSP III), implemented by DFC, financed by UE, Executive summary, p. III. vieram facilitar o acesso às informações e neste

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registo atualizado das OSC ativas e das suas à informação e falta de coordenação entre as atividades. Isto tem como consequência um instituições), 69,8% das OSC indicam não ter elevado número de associações fantasma e uma sentido melhorias. Neste caso, as respostas insuficiente transparência da distribuição e podem parecer contraditórias ou simplesmente gestão dos fundos. muitas OSC não consideraram o ambiente legal e institucional no seu todo, cingindo- As falhas na articulação entre instituições se à interpretação do quadro legal e das leis podem estar ligadas à inexistência de uma existentes, por exemplo. cultura de partilha de informação e à limitação das capacidades de trabalho em rede. Assim, Das OSC que perceberam melhorias no Cabo Verde carece de um sistema de governação ambiente institucional e legal, 19,3% fazem política que garanta a participação efetiva e referência a melhorias no acesso à informação e permanente de todos os atores envolvidos no 15,8% das OSC à criação de espaços de diálogo processo da tomada de decisão, através do social e parcerias/sinergias mais fortes entre a diálogo e concertação permanentes. sociedade civil e as instituições.

6.2.5. Melhorias e retrocessos no As restantes indicam uma maior coordenação ambiente legal atual, segundo o Inquérito entre instituições (10,5%); melhorias no Quadro legal e/ou na sua socialização e aplicação (10,5%); uma política de proximidade com Gráfico 12: Como avalia o ambiente o cidadão - esforços de descentralização institucional e legal para a sociedade civil (5,3%); igualmente um maior esforço de em Cabo Verde desde 2016? descentralização com a criação das casas de cidadão (1%); menos partidarismo (3,5%), 39,2% 40% 37% infraestruturas de espaços de diálogo para jovens (3,5%); a redução da complexidade e 30% burocracia das instituições públicas (3,5%).

20% 15,3% Autoridades locais 10% 7,4%

1,1% Quanto às Câmaras Municipais, 52,9% 0% afirmam que o ambiente institucional e

Melhorou muito Melhorou Continua igual Piorou legal «melhorou» em Cabo Verde, 35,3% Piorou muito acreditam que «melhorou muito» e para 11,8% o ambiente «continua igual». Relativamente à pergunta sobre como as OSC Nenhuma das Câmaras inquiridas avaliam o ambiente institucional e legal para a afirmou que «piorou». sociedade civil em Cabo Verde desde 2016 (ano das últimas eleições legislativas), 46,6% das OSC consideram que o ambiente institucional É consensual, segundo as instituições e legal «melhorou»; 37% é da opinião que inquiridas - organizações da sociedade civil e «continua igual» e uma minoria (17,5%) diz autoridades locais - que em matéria legislativa que «piorou». De realçar que, no momento da houve avanços, no entanto, ainda existem análise dos principais obstáculos no ambiente fragilidades que devem ser trabalhadas e institucional (partidarismo, insuficiente acesso ultrapassadas.

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Recomendações do Capítulo 6

• Promover mecanismos TIC por parte • A revisão do enquadramento das do Governo, a Plataforma das ONGs cooperativas; e a Cooperação internacional para a • Um Código ético vinculativo e divulgação de informações, do Quadro atualizado que faça parte do Quadro legal e possíveis fontes de financiamento legal. em tempo útil às OSC. • Potenciar a transparência em relação • Melhorar a coordenação entre o Ministério aos financiamentos destinados às OSC da Justiça e o Ministério das Finanças e outros coletivos sociais, com especial para assegurar a fiscalização e o registo atenção aos de procedência pública. atualizado de todas as OSC do país e Neste âmbito, recomenda-se: prevenir associações fantasma. • Criar um Portal online de Trans- • Criar um Quadro legal global simplificado parência, que demostre os recursos para o terceiro sector, capaz de incluir destinados pelo Estado e AL às todas as organizações e entidades sem fins iniciativas da sociedade civil. lucrativos, que propõem serviços públicos numa base solidária (associações, ONGs, • Adotar e avaliar políticas para aumentar cooperativas, fundações, sindicatos etc). a autonomia das OSC e os meios de 07 Neste âmbito, recomenda-se que: comunicação, especialmente em relação aos poderes políticos, assim como • As tipologias das OSC sejam conforme combater a autocensura. capacidades com os estatutos das OSC; Neste sentido, recomenda-se: • O reforço do sistema nacional de registo • Fomentar através de formação e uma maior divulgação do Quadro e sensibilização, uma cultura de legal junto das OSC, especialmente cidadania participativa e crítica, nas ilhas periféricas e nos municípios tanto para membros de OSC como rurais; profissionais da comunicação social; • A compilação e divulgação de • Promover e reforçar financiamentos uma coletânea legislativa de toda a para trabalhos independentes e críticos legislação existente no país sobre o realizados por elementos da sociedade terceiro sector; civil.

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7. As capacidades atuais da sociedade civil Gráfico 13: Distribuição do orçamento das OSC por classes

Neste capítulo, abordamos os recursos e a Durante as mesas de diálogo que gestão dos mesmos por parte das OSC, com o acompanharam o presente Mapeamento, foi 11,6% objetivo de sintetizar e avaliar as capacidades possível confirmar estes dados: Constatou-se 20,3% dessas organizações. que uma grande parte das OSC participantes 0 movimenta-se de forma informal, por 1 a 1,1 milhão de CVE A análise vincula-se ao objetivo 3 do meio de telefones móveis (privados) e no Mapeamento, que visa «aumentar a capacidade ambiente das suas próprias casas, estando 7,2% 1,101 Milhão de CVE a 5,5 milhões de CVE das OSC locais para desempenhar as suas funções toda a documentação relativamente à gestão 34,1% como atores independentes de desenvolvimento de e à prestação de contas guardada em casas 5,501 milhões de CVE a 11 milhões de CVE maneira mais eficaz». Pretende-se realizar uma privadas. Especificamente, as OSC das ilhas do Acima de 11,001 milhões CVE caracterização das capacidades das OSC no Fogo e da Brava, identificaram a construção de intuito de identificar os âmbitos nos quais é uma sede própria como prioridade absoluta e 26,8% necessário reforço para que possam levar a cabo urgente. as suas funções. 7.2. As capacidades financeiras das Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE 7.1. As capacidades materiais - OSC Instalações/equipamentos sociais Verifica-se assim, que dessas OSC, 45,7% milhões de CVE verificamos que estas são: Orçamento das OSC participantes têm fundos anuais inferiores a 1,1 milhão A proteção do meio-ambiente; a inclusão O último estudo diagnóstico das ONGs de CVE (10 000 EUR). Aliás, também cabe social de grupos vulneráveis e a igualdade em Cabo Verde (2015) demonstra que as No âmbito do Inquérito, 73% (138 OSC) destacar que 31,2% das OSC que participaram de género. Contrariamente, para as OSC fragilidades em termos de capacidades das das organizações indicaram o seu orçamento no Inquérito não responderam a esta questão, com um orçamento médio inferior a 1,1 OSC começam com a inexistência de uma sede anual médio dos últimos três anos (2016-2018). o que na maior parte dos casos - como milhão de CVE, as áreas de atuação mais própria: Das 724 OSC inquiridas na altura, 67% Conforme o gráfico 13, a maior parte dessas ficou patente nas mesas diálogo - se deve à relevantes são a educação, a inclusão social e não tinham sede própria; a este respeito verifica- OSC (34,1%) tem um orçamento médio entre 1 inexistência de fundos, evidenciando a grande o desenvolvimento local ou rural. se uma certa predominância nas associações de e 1 100 000 CVE (aprox. 1 - 10 000 EUR). fragilidade financeira destas organizações. Em desenvolvimento comunitário (71%), usando contraste, 27,5% das OSC contaram com um Contudo, como se infere do gráfico 14, as em muitos casos as próprias casas dos/as A segunda classe mais representativa tem orçamento médio superior a 5,5 milhões de OSC mais robustas financeiramente usam presidentes e sócios/as para as atividades e os um orçamento compreendido entre 1,1 milhão CVE, revelando a disparidade nos recursos como principais meios de intervenção as encontros da associação.46 de CVE e 5,5 milhões de CVE (aprox. 10 000 financeiros do associativismo a nível nacional. ações de advocacy (38,4%), o apoio financeiro - 50 000 EUR), representando 26,8% das OSC. (33,4%) e a formação e capacitação (31,1%). Entre as OSC com mais recursos, 7,2% (10 OSC) Por outro lado, observa-se que os recursos Enquanto as OSC com menos de 1,1 milhão contam com um orçamento médio que vai de económicos mostram uma relação clara com de CVE elegem o apoio social (44,2%), a 5,5 milhões a 11 milhões (aprox. 50 000 - 100 000 a área de intervenção das OSC. Previamente, formação e capacitação (43,7%) e as ações de EUR), e 20,3% (28 OSC) possuem um orçamento no Capítulo 4 - «Perfil das OSC participantes» sensibilização (43,5%). Pelo que, apesar das acima de 11 milhões (mais de 100 000 EUR). verificou-se que as três prinicipais áreas diferenças existentes em termos de orçamento, Destaca-se, igualmente, o fato que 11,6% (16 de intervenção das OSC inquiridas são: A observa-se que há meios utilizados em OSC) manifestaram não ter tido nenhum fundo inclusão dos grupos vulneráveis; a igualdade comum. Evidencia-se desta maneira, algum para o seu funcionamento em 2018 (0 CVE). de género e a educação. No entanto, ao protagonismo das ações de formação e analisar as áreas selecionadas pelas OSC sensibilização no trabalho desenvolvido 46 Plataforma das ONGs de Cabo Verde (2015). Estudo diagnóstico das ONG em Cabo Verde. Praia, p. 23. com um orçamento médio de mais de 5,5 pelas OSC cabo-verdianas.

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Gráfico 14: Meios de intervenção das OSC por classe do orçamento Gráfico 15: Principais fontes de financiamento das OSC para a implementação de projetos e ações

45,4% 43,7% 43,5% 44,2% 41,3% Doações públicas ou privadas 50,3% 38,4% 36,1% 36,3% 33,4% Quotas de sócios 49,7% 31,1% 30,4% 37,7% 28,2% Subvenções do Estado 30,9% 23,2% Cooperação Internacional 26,9%

Atividades geradoras de rendimento 22,3%

Outro 15,4%

Subvenções municipais 12,0% Formação Ações de Ações de Apoio social Apoio técnico Apoio Outro (s) e capacitação sensibilização advocacy financeiro Linhas de crédito 5,1%

Superiores a 5,5 milhões de CVE Inferiores a 1,1 milhão de CVE Juros de empréstimos 2,9%

Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE Rendimento de contas poupança 2,3%

Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE Fontes de financiamento das OSC Autoridades locais Analisando a proveniência dos fundos Analisando os dados sobre o orçamento das OSC para a implementação de projetos anual das 17 Câmaras Municipais e ações, constata-se que os mesmos partem Assim, a predominância de doações pontuais inquiridas, este varia entre 170 milhões de principalmente de «doações públicas ou ou financiamentos concretos implica mais As doações CVE e 2 549 milhões de CVE. privadas» - (50,3% das OSC marcaram essa dificuldade para garantir a sustentabilidade opção como uma das suas principais fontes de das ações. Pelo contrário, a importância da públicas/ Nota-se que os municípios com menos financiamento) - e das«quotas dos sócios» (49,7% doação dos sócios, evidencia-se como uma expressão orçamental são os mais pequenos das OSC). As «subvenções do Estado» também força, ao permitir a autonomia das atividades privadas e as geograficamente, com menor densidade são de relevância, sendo das principais fontes implementadas pelas OSC. populacional e. cuja atividade económica de financiamento das ações de 30,9% das OSC. quotas dos sócios predominante é o setor primário. Já a «Cooperação Internacional» foi escolhida por De modo semelhante, as «doações públicas ou 26,9% das OSC. privadas» e as «quotas dos sócios» são também Sal e da são as fontes de No entanto, os municípios do as principais fontes de financiamento para o Boavista apesar de não serem os maiores funcionamento das OSC; mesmo que neste caso financiamento em termos geográficos e populacionais as quotas tenham um peso mais significativo apresentam os maiores valores orçamentais, (59,4%) do que as doações (40,6%). Isto é Praia seguido do município da , o que se positivo tendo em conta que aponta para uma principais das forte investimento no setor justifica pelo maior emancipação das OSC relativamente aos do turismo nestas ilhas e pela dinâmica gastos correntes do seu funcionamento, mesmo OSC. gerada pelo setor. que continue a ser evidente a dependência de doações esporádicas neste sentido.

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Gráfico 16:Principais fontes de financiamento das OSC para o seu funcionamento Das OSC que realizam alguma atividade geradora de rendimento, apenas 34,4% especificaram o tipo de atividade; destas 11,1% dedicam-se à «produção e venda de produtos» e «atividades recreativas»;

Quotas de sócios 59,4% 3,7% à «capacitação» e respetivamente 2,6% ao «arrendamento de espaço» e «restauração» (ver gráfico 18).

Doações públicas ou privadas 40,6% Gráfico 18: Tipos de atividades geradoras de rendimento apontadas pelas OSC Atividades geradoras de rendimento 22,3%

Subvenções do Estado 21,7% Atribuição de crédito 1,1%

18,9% Cooperação Internacional Restauração 2,6%

Outro 13,1% Arrendamento de espaço 2,6%

Subvenções municipais 8,6% Capacitação 3,7%

Linhas de crédito 4,6% Produção e venda de produtos 11,1% Rendimento de contas poupança 4,0% Atividades recreativas 11,1% Juros de empréstimos 2,3% Atividades sem especificar 65,6% Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE Observa-se no gráfico 17 que a maioria das OSC no terreno, como os gastos fixos das das OSC não realiza atividades geradoras de OSC. Pode-se afirmar que, pese a maior parte Por outro lado, como se pode verificar no gráfico rendimento (64%). No entanto, como vimos das OSC não realizarem atividades geradoras 19, grande parte das OSC nunca recebeu um nos gráficos 15 e 16, as «atividades geradoras de de lucro, para mais de metade daquelas que as financiamento de algum parceiro internacional rendimento» são umas das principais fontes de desenvolvem, essas atividades têm um grande (42,9%). Relativamente às que já tiveram algum recursos para 22,3% das OSC; sendo umas das peso tanto para o funcionamento como para a financiamento deste tipo, os parceiros mais poucas fontes de recursos que mantém a mesma implementação das suas ações. destacados são as ONGs internacionais (17,5%,) % importância tanto para garantir a intervenção seguidos das Organizações Internacionais 36das OSC realizam (16,9%) - tal como o Banco Mundial, BAD, alguma atividade ONU, CEDEAO, etc. Dentro do financiamento Gráfico 17:OSC que realizam alguma atividade geradora de rendimento da Cooperação Internacional, salientam como geradora de principais parceiros a Delegação da UE e Portugal rendimento. (respetivamente 13,8%), assim como Luxemburgo Sim, realiza alguma atividade (10,6%) e Espanha (9%).

36% 64%

Não realiza nenhuma atividade

Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE

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Gráfico 19: OSC que receberam financiamento de um parceiro internacional Conforme o gráfico 21, «o desconhecimento sobre as fontes de financiamentos» (18%) e «a falta de financiamentos para o objetivo específico da organização» (18%) são as dificuldades mais mencionadas Nenhum 42,9% pelas OSC como obstáculos no acesso a financiamentos. ONG internacionais e da Diáspora 17,5%

Organizações internacionais 16,9%

Delegação da União Europeia 13,8% Gráfico 21:Maior obstáculo identificado pelas OSC para obter financiamentos

Portugal 13,8% Outro 13,2% Falta de financiamentos para o objetivo especifico da organização 18,0%

Luxemburgo 10,6% Desconhecimento sobre as fontes de financiamentos 18,0% Espanha 9,0% Falta de capacidade técnica para elaborar projetos 16,9% Outros países da UE 6,9% Complexidade dos procedimentos do financiador 15,3% Cooperação de países não-membros da UE 6,4%

França 5,8% Falta de capacidade financeira e administrativa 9,5%

Setor privado internacional 3,2% Centralização das instituições, da informação e das oportunidades 7,4%

Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE Outra 4,8%

Deste modo, apesar da Ajuda Oficial ao Entre estas OSC, 27,7% indicam como Desinformação sobre as chamadas para apresentação de propostas 4,8% Desenvolvimento não ser a principal fonte patrocinador a CVTelecom, que foi identificada Falta de contatos pessoais e institucionais (networking) 3,7% de financiamento internacional das OSC como a empresa com maior responsabilidade Nenhum 1,6% inquiridas, destaca-se a relevância da União social no território, segundo as inquiridas. Europeia e dos Estados Membros como Outras empresas destacadas por realizar esta boa Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE parceiros de cooperação da sociedade civil prática são: UNITEL T+ (identificada por 7,7% cabo-verdiana. das OSC que responderam ter recebido apoio empresarial), Shell, SITA, Caixa Económica, O primeiro obstáculo mencionado interpela Esta última questão está explicitamente Ademais, conforme o gráfico 20, 34,4% das ENAPOR e ASA (6,2%); GARANTIA, IMPAR, a reconhecer a necessidade de se dar maior ligada aos seguintes dois obstáculos mais OSC indicam já ter recebido financiamento por Confecções Alves Monteiro e FRESCOMAR visibilidade às linhas de financiamento mencionados: «a falta de capacidade técnica para parte de empresas privadas. (4,6%); e ainda Sol Atlântico, Enacol, TCV, existentes. Neste sentido, a falta de redes e de elaborar projetos» (16,9%) e «a complexidade dos BCA, ADEGA, MOAVE (3%). plataformas de comunicação entre as OSC - que procedimentos do financiador» (15,3%), refletindo Gráfico 20: OSC que receberam será abordada em detalhe nos Capítulos 8 e 9 do assim o contexto nacional, em que a maior apoio (financeiro/técnico/material) Estes financiamentos foram atribuídos presente estudo - alavanca esta dificuldade. Pelo parte das OSC inquiridas são de pequena por parte de uma empresa nacional em diversos âmbitos conforme as diferentes que, como já vimos anteriormente (Capítulo dimensão com limitados recursos humanos necessidades das organizações (áreas de inclusão 6), o acesso à informação revela-se como um e técnicos. Convém lembrar que 45,7% das social, meio ambiente, empreendedorismo etc.), dos principais obstáculos relativamente ao OSC inquiridas têm um orçamento inferior a e a maioria representaram apoios de caráter financiamento das ,OSC e em consequência, 1,1 milhões de CVE; o que as limita na hora Sim pontual e/ou para projetos específicos. É de das relações entre os agentes da Cooperação de serem requerentes principais de uma parte 34,4% notar a ausência de empresas e operadores Internacional e as OSC. considerável dos financiamentos existentes, turísticos numa realidade onde o turismo, com principalmente aqueles da Cooperação quase 23% do PIB, é a principal fonte de riqueza Outro obstáculo colocado é a falta de Internacional - e concretamente da Delegação e o setor económico mais dinâmico do país. Não financiamentos específicos para a área de da UE e dos Estados Membros da UE - 65,6% trabalho das OSC. Isto pode estar vinculado que mostram um nível de complexidade Obstáculos para obter financiamentos à desinformação, mas conforme as mesas burocrática elevado, exigindo em muitos casos de diálogo, também alude à limitação dos um adiantamento e cofinanciamento mínimo Praticamente todas as OSC inquiridas financiamentos aos quais as OSC - principalmente de 10% do financiamento total. Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE declararam encontrar obstáculos na obtenção aquelas com menos recursos - têm acesso. de financiamentos (98,4%). 70 71 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

Gráfico 22:Maior obstáculo identificado pelas OSC identificadas mais de 1800 pessoas voluntárias, (1) uma média de 10 por cada OSC participante. para obter financiamentos por classe de orçamento «... a pessoa é voluntária faz aquilo nas suas horas vagas, mas, também, deveria ter algum estímulo, Nenhum pelo menos, em termos materiais. Muitas vezes

Centralização das instituições, Gráfico 23: Distribuição do trabalho não temos essa vertente, que é o que dá algumas da informação e das oportunidades voluntário e remunerado das OSC condições às organizações…». Falta de financiamentos para (Representante de ACD) o objetivo especifico da organização

Falta de capacidade (2) financeira e administrativa «As pessoas muitas vezes pensam, ou as Desconhecimento sobre as fontes de financiamentos instituições pensam, que tudo tem que ser à 37,8% Recursos base de voluntariado. Mas nós não pensamos Falta de contatos pessoais humanos e institucionais (networking) remunerados assim, pensamos que deve haver um mínimo de profissionalização, até para dar coerência ao Complexidade dos procedimentos do financiador 62,2% voluntariado que desenvolvemos, porque senão Recursos Falta de capacidade técnica humanos não há tanta seriedade no trabalho… é preciso para elaborar projetos voluntários esse mínimo.» Desinformação sobre as chamadas (Representante de ADC) para apresentação de propostas Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE (3) Outra Nas mesas de diálogo, os números constata-

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% dos foram ainda mais elevados que aqueles ob- «Exigir o voluntariado de um jovem que terminou tidos através do Inquérito; chegando o número a sua formação, está a dar voluntariado, não tem 0 1 a 1,1 milhão de CVE 1,101 milhão de CVE a 5,5 milhões de CVE 5,501 milhões de CVE a 11 milhões de CVE Acima de 11,001 milhões de CVE de recursos humanos voluntários das organiza- um emprego, é exigir demais. Nas associações ções presentes a atingir 90%, refletindo que é o onde há capacidade técnica, deveria haver Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE regime de voluntariado que assegura o funcio- quadros, funcionários mesmo, que trabalhassem namento da maioria das OSC em Cabo Verde. para ganhar porque são jovens que terminaram Quando se comparam os obstáculos 7.3. Os recursos humanos - O as suas formações e que querem naturalmente um apontados pelas OSC considerando a sua voluntariado como principal fonte de Aliás, a frágil sustentabilidade conseguida emprego. O voluntariado em Cabo Verde é bem capacidade financeira - como no gráfico sustentabilidade das OSC com base no trabalho voluntário, revela-se cada visível, mas precisa-se dar uma maior atenção. 22 - percebe-se que as únicas OSC que não vez menos fiável, uma vez que as OSC afirmam Os voluntários não têm nada que lhes garantam, identificam nenhuma dificuldade na obtenção A seguir, analisam-se as capacidades das encontrar crescentes dificuldades para mobili- não há qualquer incentivo para esses voluntários, de financiamento, são aquelas com um OSC relativamente aos recursos humanos, zar pessoas. Nesta linha, afirmam que o con- o que faz com que de repente tenhamos muitos orçamento superior a 11 milhões de CVE. focando no peso do trabalho em regime de texto cabo-verdiano mostra uma longa tradição voluntários e depois não temos nada. Em Por outro lado, destaca-se que as OSC com voluntariado, a composição das OSC por tipo de voluntariado, assim como uma população determinada altura disse-se que iria se criar um menor orçamento mostram mais dificuldades de cargo, assim como a paridade de homens e jovem e formada, enfrentando altas taxas de certificado… não há nada para que os voluntários específicas devido à falta de capacidade mulheres dentro das organizações. desemprego, o que oferece as condições ideais se sintam recompensados. É nesse sentido que nós interna; já aquelas com maior capacidade para o florescimento do trabalho sem remunera- reforçamos que o Governo deve criar uma rubrica financeira destacam como problemáticas A maioria das pessoas ativas nas OSC ção; porém, o trabalho voluntário mostra-se ser para as associações e aqui estou de acordo com questões externas - tais como a centralização (62,2%) trabalha como voluntária. Somente cada vez mais de alta rotatividade, já que os/ o colega J. L. que nas vertentes técnicas de cada das instituições. São sublinhadas, em comum, uma pequena porção das OSC inquiridas (10%) as jovens qualificados/as estão numa procura associação… falando da OMCV, antigamente a falta de contatos, a complexidade dos conta exclusivamente com trabalhadores/ constante de melhores condições e assumem quando não havia outras organizações, era só a procedimentos e o desconhecimento sobre as remunerados/as; enquanto, praticamente, esse compromisso exclusivamente enquanto OMCV, havia do Estado professores, psicólogos, as fontes de financiamento; do que se infere a metade das OSC (49,2%) depende não encontram uma saída profissional; como enfermeiros, médicos, que trabalhavam para a que são problemáticas que não se resolvem exclusivamente do trabalho voluntário. podemos ver nos seguintes extratos de mesas organização, mas recebiam do Estado.» somente com um maior acesso a recursos. No total, no âmbito do Inquérito, foram de diálogo realizadas com líderes comunitários: (Representante de ONG)

72 73 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

Existe, assim, a necessidade de uma maior Composição das OSC por tipo de cargo profissionalização das OSC em Cabo Verde, com fundos acessíveis para a contratação de Para compreender em maior profundidade técnicas/os. Desta forma, o fortalecimento o peso do trabalho voluntário nas OSC, assim financeiro das OSC revela-se como uma como o funcionamento das mesmas, é necessário condição necessária para refrear a perda analisar a composição das organizações a de quadros qualificados em favor do setor diferentes níveis. público e privado. Nesse sentido, percebe-se pelo gráfico 24 que Tendo em conta que a maioria das OSC a maioria dos/as colaboradores/as das OSC tem como principais fontes de financiamento inquiridas encontram-se na Direção (34,6%) ou O grande peso da Direção é notório, e das capacitações técnicas, as próprias associações as quotas dos sócios e as doações privadas, são parte do quadro técnico específico da área corresponde à tipologia da maioria das OSC em enviam-te um jovem, alguém da sua comunidade, e que as mesmas operam com um número de intervenção da OSC (22,1%). Logo depois, Cabo Verde: organizações pequenas, nas quais mas que não é alguém que está envolvido na elevado de recursos humanos voluntários, constam os/as profissionais vinculados/as com a maioria dos componentes que trabalham associação. Porque as pessoas que estão podemos concluir que a sociedade cabo- a gestão de projetos com 11%, seguido pelos de forma voluntária são considerados como envolvidas efetivamente na associação são verdiana participa voluntária -, ativa - e serviços gerais com 9,4%. Os departamentos parte da Direção. Este fenómeno supõe as pessoas da direção: o presidente ou as independentemente das políticas do Estado, de comunicação ou administração, apresentam uma fragilidade, pois evidencia a grande pessoas dos órgãos sociais, que quanto a mim no desenvolvimento e na luta contra a pobreza valores que rondam os 6 e 8%. Convém personalização do associativismo no contexto é um erro, ou seja, os órgãos sociais servem para no país. Não obstante, o seu trabalho só poderá destacar que o tipo de recursos humanos com nacional, devido à falta de recursos económicos a gestão geral da associação, mas não são corpo ser sustentável, quando as preocupações menor presença são aqueles vinculados com a para a contratação de quadros qualificados; técnico. Então o que acontece é que a maioria das comunidades que apoiam, se tornarem contabilidade, uma fragilidade que - como se pelo que muitas vezes o funcionamento e destas associações (rurais e comunitárias) preocupações de Agenda pública. verá em detalhe mais adiante - coloca em causa desempenho de uma organização recai de não tem um corpo técnico, da mesma forma a prestação de contas das OSC. forma quase integral num pequeno círculo de que não tem um contabilista, o que tem são os pessoas. órgãos sociais, que assumem determinadas funções e atividades.» Como relata uma técnica de uma organização que já teve financiamento da UE: Nesta linha, destaca-se que, no Inquérito, só Gráfico 24: Distribuição dos recursos humanos das OSC por cargo 76,2% das organizações indicam fazer eleições «As associações de produtores, as comunitárias... com a periodicidade marcada pelo seu próprio

Direção 34,6% são associações que são levadas à frente muitas estatuto; e ainda que as reeleições são habituais. vezes por uma figura central, geralmente Quadro técnico 22,1% a figura do presidente e que têm poucos Aliás, ao fazer-se o cruzamento de dados da técnicos, porque não têm recursos para terem composição por cargos com o voluntariado - Gestão de projetos 11,0% técnicos a trabalhar na associação. Para mim conforme representado no gráfico 25 - percebe-se este é o ponto número um e é a grande lacuna, as que praticamente todos os postos são ocupados Serviços gerais 9,4% associações não estão profissionalizadas, ou seja, maioritariamente por pessoas não remuneradas,

Administração/Secretária/RH 8,2% falta uma profissionalização do terceiro excetuando os serviços gerais (que corresponde sector, uma profissionalização efetiva, ou seja, a funções como as de guarda, responsável da Comunicação & relações públicas 6,6% acho que em Cabo Verde sobretudo, ainda se vê limpeza, condutor/a, etc.). Do que, novamente, ás associações como instrumento pontual, mas ressalta a necessidade de profissionalizar Contabilidade 6,1% que não têm um trabalho efetivo. (...) A nível das o trabalho das OSC de forma geral; mais pequenas associações com quais trabalhamos, a especificamente, em algumas áreas que Outro 2,0% maioria delas não tem um corpo técnico, porque exigem quadros qualificados para seu correto não tem recursos para pagar este corpo técnico. Ao desenvolvimento, como no caso dos quadros Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE nível, por exemplo, do projeto da UE trabalhamos técnicos específicos da área de intervenção da com associações rurais e comunitárias (...) a parte OSC, a gestão de projetos e a contabilidade.

74 75 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

Gráfico 25: Distribuição dos recursos humanos das OSC por cargo e remuneração Nota-se que em algumas organizações os crédito de dias em falta consideradas justificadas membros dos órgãos sociais acumulam cargos, por ano, para todos os efeitos legais, incluindo

Quadro técnico 314 345 pelo que são parte da Direção de maneira o direito a remuneração e outras regalias voluntária, mas desempenham outras funções devidas, para a participação em reuniões em Direção 201 830 assalariadas; o que em princípio parece que exerçam funções de representação ou com Serviços gerais 186 94 entrar em conflito com a normativa nacional. os órgãos de soberania ou do poder local, nos Gestão de projetos 130 199 Outrossim, conforme os testemunhos dados nas termos da legislação laboral.»

Administração/Secretária/RH 127 119 mesas de diálogo, também há organizações que

Contabilidade 93 88 embora não aceitem a acumulação de cargos, Em definitivo, há variedade de práticas que põem em prática um sistema de «gratificações» evidenciam a falta de clareza e a deficiente Comunicação & relações públicas 67 131 para os cargos diretivos à margem do regime socialização dos diplomas legislativos sobre Outro 11 49 jurídico das organizações em Cabo Verde. esta matéria. Além disso, há uma sensação de 0 200 400 600 800 1000 1200 abandono por parte do Estado nesse sentido, Recursos humanos remunerados Recursos humanos voluntários É importante frisar que o Decreto-Lei n.º principalmente dos/as líderes das associações, 114/VIII/2016 de 21 de março que define o que muitas vezes interpretam que a legislação é

Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE estatuto das Organizações da Sociedade Civil de contrária aos seus interesses, impedindo-os de Desenvolvimento, abreviadamente designadas profissionalizar o trabalho que desenvolvem. por OSCD, no artigo 12º (Direitos e regalias Igualmente, observa-se que a Direção é o ser remunerado. Para ser Coordenador, terá que dos dirigentes das OSCD) considera que os Análise de género da composição das OSC cargo que mostra uma tendência mais acentuada renunciar o cargo e assumir a coordenação.» dirigentes das OSCD que sejam trabalhadores a ser realizado sem remuneração. Vincula-se (Representante de ONG) por conta de outrem gozam dos seguintes Constata-se, ao analisar o gráfico 26, com o quadro legislativo do associativismo em direitos: «a) Usufruir de um horário de trabalho que a mão de obra das OSC é relativamente Cabo Verde, que prevê que os/as membros dos «Geralmente o que acontece em associações flexível, em termos a negociar com a entidade feminizada, pelo fato de 47,5% dos/as órgãos sociais de uma organização não devem pequenas é que o Presidente as vezes exerce o cargo empregadora, quando a natureza da respetiva colaboradores/as das OSC serem do sexo ter remuneração. No entanto, há discordâncias de Coordenador das atividades. Eu sou Presidente atividade o permita» e «b) Beneficiar de um masculino e 52,5% do sexo feminino. na interpretação da lei, assim como na prática de uma associação e eu coordeno atividades de das organizações neste sentido. uma rede nacional e elaboro e executo projetos da associação. Como é que não serei remunerado? Para ilustrar o exposto acima, apresenta-se Eu vou trabalhar a base do voluntariado? Se eu como exemplo, a Mesa de diálogo que decorreu tenho responsabilidades acrescidas, sou eu é que em São Vicente, onde foram colocadas e tenho que apresentar as contas. Eu é que elaboro e debatidas estas questões, como se pode verificar executo alguns projetos. Nos projetos existe uma nos seguintes extratos: verba que é para o Coordenador, não tem nada a ver com o Presidente.» «Qualquer membro que exerce cargo dentro (Representante de ADC) da Direção, dentro dos órgãos sociais, não pode ser remunerado, não pode acumular ao mesmo «É de Justiça também…por exemplo o Presidente tempo duas funções, não pode ser Coordenador e faz orientação, elabora o programa, os planos de Presidente de uma organização.» ação. Mas quando se chega na produção do projeto, (Representante de ONG) na visita aos potenciais parceiros, você tem pouco fundo disponível - 10 mil CVE que são 90 e tal «Uma pessoa pode ter cargo executivo, ou Euros. Se você for buscar um Coordenador fora coordenador conforme a associação achar para fazer tudo aquilo, primeiro não faz como tu conveniente, porque a lei não impede essa parte. e terás de pagar no mínimo 70 mil CVE para um Agora o Secretário Executivo ou o Coordenador, Coordenador. Temos que ser muito realistas.» são remunerados, o Presidente é que não pode (Representante de ADC)

76 77 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

Gráfico 26: Distribuição dos recursos humanos das OSC por sexo Gráfico 27:Distribuição dos recursos humanos das OSC por tipo de cargo e sexo

35,4% Administração/Secretária/RH 64,6% 42,9% Gestão de projetos 57,1%

Contabilidade 44,2% 55,8% Masculino 47,5% 52,5% Feminino 46,0% Comunicação & relações públicas 54,0% 46,4% Área de intervenção 53,6% 50,0% Outro 50,0% 51,1% Serviços gerais 48,9% 52,3% Direção 47,7%

Distribuição dos recursos humanos Distribuição dos recursos humanos Masculino Feminino remunerados por sexo voluntários por sexo Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE

Masculino 49,2% Porém, a diferença mais significativa entre 7.4. Capacidades e eficácia na gestão, Masculino 44,6% homens e mulheres observa-se nos cargos planeamento e prestação de contas 55,4% Feminino de «administração/secretária/RH» (variação de 50,8% Feminino 29,2 pontos percentuais); «gestão de projetos» Este capítulo aborda as forças e (variação de 14,2 pontos); e «contabilidade» dificuldades técnicas das OSC, contemplando (variação de 11,6 pontos). Esta variação está os instrumentos usados pelas mesmas para o vinculada com a divisão sexual do trabalho planeamento e a gestão das suas atividades. e a caracterização de certas tarefas como Analisa, igualmente, a capacidade de Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE masculinas ou femininas. Assim, vemos que prestação de contas da sociedade civil cabo- os trabalhos administrativos e de secretaria nas verdiana, enquanto elemento determinante OSC são desempenhados por praticamente o para avaliar o seu papel como agente de A tendência de feminização é mais expressiva dobro de mulheres que de homens. desenvolvimento, uma vez que se repercute nos cargos remunerados, pelo que podemos As mulheres na sua capacidade de alocar recursos e concluir que as mulheres compõem a maior Em conclusão, a maior parte do trabalho feito garantir, tanto a sustentabilidade das ações parte da mão de obra profissionalizada das OSC. compõem a nas organizações é realizado por mulheres. Elas que implementa, como a sustentabilidade da constituem a maior parte dos recursos humanos própria organização. Por outro lado, ao desagregar a composição maior parte da voluntários das OSC; mas principalmente, são das OSC por cargo e sexo – refletido no gráfico as que mais se profissionalizam nesta área. No A eficácia é um termo relativo que alude às 27 - observamos que as mulheres constituem a mão de obra entanto, apesar desta clara feminização das capacidades das OSC para obter resultados em maioria em todos os cargos das OSC, excetuando OSC, existe um viés de género relativamente à relação aos recursos existentes. Assim, percebe- «Direção» e «serviços gerais». No último caso, profissionalizada Direção. Assim, a tendência da feminização não se pelo gráfico 28 que as principais forças em a diferença é pouco representativa, variando se manifesta nos cargos diretivos, evidenciando termos de eficácia identificadas pelas OSC apenas 2,2 pontos percentuais; enquanto no das OSC. a necessidade de políticas de promoção interna e são: a «sensibilização/formação» (85,7% das OSC caso da Direção a disparidade de sexo é mais de seleção de cargos diretivos em conformidade consideram-se «eficazes» ou «muito eficazes» relevante, havendo um desequilíbrio de 4,6%. com os princípios de paridade. nesta área); a «capacidade para promover mudanças

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sociais» (84,1% das OSC consideram-se «eficazes»ou «muito eficazes»); a «prestação de contas interna, aos e financeiros tem prejudicado todas as áreas de Gráfico 29: A OSC tem as capacidades técnicas sócios e similares» (81,5% das OSC consideram-se «eficazes» ou «muito eficazes»); a «implementação de atuação das associações, mas principalmente, a necessárias para o seu funcionamento? ações e projetos no terreno» (81,5% das OSC consideram-se «eficazes»ou «muito eficazes»); e a «prestação gestão financeira relativamente à prestação de de contas aos financiadores, incluindo a elaboração de relatórios» (81% das OSC consideram-se «eficazes» contas, como testemunha o Presidente de uma ou «muito eficazes»). associação:

Gráfico 28: Avaliação da eficácia pelas OSC em diferentes áreas «Já que se fala muito em mudanças de paradigma, acho importante mudar o paradigma do funcionamento das associações, porque de Sensibilização e formação fato estão a morrer. Há uma questão para mim Capacidade para promover mudanças sociais fulcral...que é a questão da gestão financeira da Não Sim 29,6% 70,4% Implementação de ações e projetos no terreno associação. Isto é um dos grandes problemas que Prestação de contas interna temos. Chegando ao fim do mandato, muitas

Prestação de contas aos financiadores vezes não se apresentam as contas, porque não se

Gestão financeira contratou um tesoureiro com a função específica de acompanhar as operações de tesouraria, mas Abordagem de género fá-lo por voluntarismo. É voluntário, e depois Trabalho em rede e relação com parceiros chegando a 2 a 3 meses, chega à conclusão que Monitoria e avaliação de projetos e ações não dá. Tem que ser subsidiado e temos que ver Comunicação e redes sociais aonde ir buscar o subsídio, para financiar, para Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE Sustentabilidade depois do fim de um financiamento subsidiar a função do tesoureiro. Eu acho que a

Desenho de programas/projetos maioria das associações aqui presentes tem esse Esta leitura otimista denota uma apreciação grande problema. Há a questão do espaço, a Planeamento estratégico das OSC pelo trabalho que realizam e uma questão do divisionismo; nós temos que combater confiança na sua sustentabilidade, do qual se Identificar fontes de financiamento/Angariação de fundos o divisionismo e unirmos pelas causas. É o fulano infere um compromisso e autorreconhecimento Elaboração de materiais IEC e beltrano que não está aqui contente e pela porta valioso para o trabalho que desenvolvem. No Investigação e/ou análise estatístico de trás sai e vai fundar uma outra associação... entanto, este posicionamento também implica Outra uma associação fantasma.» um risco - principalmente desde a ótica dos Ações de advocacy (Presidente de ADC) financiadores - uma vez que parece indicar

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% divergências entre as capacidades expostas e as Estas incongruências evidenciam que reais, camuflando lacunas técnicas; o que torna há uma divergência no entendimento do mais complexa a avaliação das capacidades Muito Eficaz e Eficaz Pouco Eficaz e Ineficaz conceito de «prestação de contas» por parte de uma instituição face à consideração de

Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE das OSC e dos financiadores. Igualmente, propostas a serem financiadas. dão prova da tendência das OSC avaliarem o seu desempenho de forma favorável, No entanto, quando se foca em aspetos De acordo com estes dados, as OSC parecem Neste sentido, destaca-se a identificação principalmente quando falamos em termos concretos - como tratar dos recursos financeiros mostrar uma grande capacidade na parte de da prestação de contas - tanto interna como gerais. Isto pode ser constatado no gráfico 28, ou o quadro técnico das organizações - torna-se gestão - especificamente na prestação de contas externa - como uma força, o que contrasta com onde se verifica que as avaliações positivas evidente o impacto das limitações financeiras - e na implementação, com destaque para as o que foi manifestado pelas OSC noutras partes da eficácia da OSC - representadas no gráfico na gestão, no planeamento e na prestação de atividades no terreno, especialmente aquelas do Inquérito; assim por exemplo, menos de em azul - predominam. Também nesta linha contas das OSC. Tal como se pode constatar vinculadas com a sensibilização. Não obstante, metade das organizações inquiridas (42,3%) já compreende-se que segundo o gráfico 29, no gráfico 30, que aponta que 84,7% das OSC mostra-se necessário contrastar essa perceção realizou alguma auditoria. 70,4% das OSC consideram ter as capacidades manifestam que não têm recursos suficientes com a realidade, assim como com os obstáculos técnicas necessárias para o seu funcionamento, para garantir a sustentabilidade de recursos que as próprias OSC identificaram no contexto Similarmente, nas mesas de diálogo, as OSC pese o contexto de precariedade financeira e humanos especializados, revelando assim uma do Mapeamento. destacaram que a escassez dos recursos humanos económica detalhado anteriormente. situação crítica.

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Gráfico 30:A OSC tem recursos financeiros de fontes de financiamento» (48,2% das apenas 58,8% das organizações consideram Na mesma linha, 78,8% das organizações suficientes para sustentar recursos humanos OSC consideraram-se «pouco eficazes» ou que «têm uma administração financeira com consideram que não têm fundos adequados especializados? «ineficazes»); no «planeamento estratégico» (38% recursos adequados»; revelando assim, não só as para a comunicação/visibilidade das suas das OSC consideraram-se «pouco eficazes» dificuldades das OSC em termos económicos, ações. Este fato vincula-se, uma vez mais, com a 2,1% ou «ineficazes»); no «desenho de programas e mas a grande disparidade que existe entre as dificuldade de mobilizar financiamentos, assim projetos» (37% das OSC consideraram-se «pouco OSC de maior e menor dimensão. como a sustentabilidade dos projetos.

13,2% eficazes» ou «ineficazes») e na «sustentabilidade das ações após o fim do financiamento» (34,9% Gráfico 31: A OSC tem uma Os instrumentos usados para o planeamento das OSC consideraram-se«pouco eficazes» ou administração financeira com quadros e gestão das OSC «ineficazes»). técnicos e sistemas adequados? Neste contexto, é pertinente analisar os Estes dados ilustram um contexto que 4,3% instrumentos utilizados pelas OSC, para 84,7% se aproxima ao que foi relatado nas mesas compreender como conseguem desenvolver de diálogo: as OSC têm dificuldades em o seu trabalho, na maioria dos casos, com um realizar diagnósticos dos âmbitos nos quais marcado défice de recursos. pretendem atuar, o que é prejudicial tanto para Como se percebeu acima, uma porção elevada a identificação e desenho de ações, como para das OSC (38 %) relatou não ser eficaz em termos a justificação das mesmas frente aos sócios e de planeamento estratégico. No entanto, como financiadores, especialmente num contexto é possível observar no gráfico 32, 82,5% das 37,0% com limitações no acesso à informação. organizações inquiridas afirmam que as suas Simultaneamente, as dificuldades das OSC no ações se baseiam num plano estratégico, num Sim Não Não responde desenho de programas e projetos reflete-se - a plano de ação ou num plano de atividades. nível macro - em dificuldades relativamente 58,7% Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE ao planeamento estratégico. Desta forma, sem Gráfico 32:% das OSC que tem um plano contar com metas concretas a longo prazo, estratégico, de ação ou de atividades Deduz-se a importância de caracterizar as as OSC não exercem incidência política, o atualizado e em vigor limitações e dificuldades técnicas reais das OSC que juntamente com as dificuldades para e, neste sentido, as próprias organizações são comunicar aos coletivos beneficiários e ao 0,5% a melhor fonte de informação; mesmo que se público geral o impacto das suas atividades, 4,2% tenham que levar em consideração as distorções mina a sustentabilidade das ações. Sim Não Não responde que possam existir na autoavaliação das OSC, 12,7% especialmente ao falar das suas forças. Estes elementos demonstram o Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE funcionamento a curto prazo das OSC, Se se retomar a análise do gráfico 28 apresentando uma falta de planeamento «Avaliação da eficácia pelas OSC em diferentes estratégico, assim como a dificuldade para áreas» - desta vez para abordar as fraquezas levar a cabo, e manter, ações que não estejam (pelo que se pode deduzir que será menor a vinculadas a um financiamento concreto. distorção) - percebe-se que o Inquérito relata Conforme as informações coletadas pelo ,7% 82,5% marcadas dificuldades na realização de «ações Inquérito e as Mesas de diálogo, estas limitações 84 de advocacy» (58,8% das OSC consideraram-se relacionam-se principalmente com a falta de das organizações consideram «pouco eficazes» ou «ineficazes»), assim como na recursos. área de «investigação e produção de dados» (54,5% que não têm recursos das OSC consideraram-se «pouco eficazes» O Inquérito evidencia a grande dificuldade financeiros suficientes para ou «ineficazes»); na «elaboração de materiais de que implica a questão financeira para o sustentar recursos humanos Sim Não Não sei Não aplicável IEC» (53,4% das OSC consideraram-se «pouco funcionamento das OSC. Neste sentido, convém eficazes» ou «ineficazes»); na «identificação ressaltar que, como se verifica no gráfico 31, especializados. Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE

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Gráfico 33: Instrumentos utilizados pelas OSC durante Gráfico 34:% das OSC que integram uma a implementação e monitorização de projetos abordagem participativa e inclusiva com os/as beneficiários/as na definição, Cronograma de atividades 77,3% execução e avaliação das suas ações Plano de ação 73,0% ,3% Orçamento em Excel 56,1% 77 5,8% das organizações dizem Relatórios semestrais de implementação/monitorização 50,3% aplicar uma abordagem de Quadro lógico 40,2% 14,8%

Plano de monitorização interno 39,7% género durante a elaboração Sim Relatórios de auditoria 30,2% e gestão de projetos/ações. Mapeamento das partes interessadas 29,1% Não 79,4% Análise SWOT 28,0% Similarmente, 77,3% das organizações Análise de riscos 27,5% Não responde dizem aplicar uma abordagem de género Termos de referência para contratação externa 24,3% durante a elaboração e gestão de projetos/ Nenhum 6,4% ações (gráfico 36):

Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE Gráfico 36:A OSC aplica uma abordagem de género durante a elaboração e gestão Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE de projetos/ações?

De fato, em termos de planeamento, os Nesta linha, ressalta que apenas metade das O mesmo número de OSC (79,4%) afirma que instrumentos mais usados são o «cronograma organizações elaboram «relatórios semestrais» considera o impacto ambiental da sua atividade 4,7% de atividades» (77,3%) e o «plano de ação» (73%). dos projetos que implementam; um número em cada projeto (gráfico. 35): Face a estes valores elevados constata-se ainda menor trabalha com o modelo de 18,0% que as principais dificuldades das OSC não «quadro lógico». Igualmente, ressalta que os parecem estar tanto na falta de instrumentos instrumentos de avaliações internas, tais como Gráfico 35: A OSC considera o impacto Sim de planeamento, mas na aplicação efetiva do a «análise de riscos» (27,5%) e a «análise FOFA» ambiental da sua atividade em cada projeto? planeado devido às fragilidades internas da (28%) são instrumentos pouco utilizados. De Não 77,3% organização. igual forma, algumas boas práticas na gestão e implementação – tais como a elaboração de 8,4% Não responde «Termos de referência» (24,3%) e «Mapeamentos das partes interessadas» (29,1%) – também 12,2% mostram uma baixa incidência (gráfico 33). Apenas metade Sim Abordagem inclusiva das organizações Não 79,4% Analisar as capacidades técnicas das OSC Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE elaboram relatórios implica também considerar como as mesmas Não responde incorporam no seu trabalho as temáticas Como podemos observar no gráfico 37, semestrais dos transversais. Neste sentido, cabe destacar as OSC alcançam altos valores em relação à que 79,4% das OSC inquiridas manifestaram inclusão de determinados âmbitos/coletivos; projetos que integrar sempre uma abordagem participativa como no caso da juventude, a igualdade e inclusiva nas diferentes etapas do ciclo dos de género e as pessoas em situação de implementam. projetos; como se pode analisar no gráfico 34. Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE vulnerabilidade socioeconómica.

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Gráfico 37:Seguimento de uma abordagem inclusiva Gráfico 38:A OSC realiza estudos A fragilidade na capacidade de produção de das OSC por âmbitos ou beneficiários/as e diagnósticos antes de começar um projeto dados é especialmente prejudicial no contexto ou uma ação dos problemas de acesso à informação já referidos no Capítulo 6.2.3. deste estudo. Juventude

Igualdade de género 6,9% Através do Inquérito aplicado, 175 organizações descreveram as ferramentas Vulnerabilidade sócio-económica que utilizam para a recolha de dados (gráfico Pessoas idosas 39) e unicamente a metade destas OCS Pessoas com deficiência Sim (50,3%) afirmaram usar fontes estatísticas 25,4% nacionais - e um número ainda menor (29,1%) Outro Não indicaram recorrer a fontes de organizações Pessoas imigrantes internacionais. Do limitado uso de dados 67,7% externos para orientar a elaboração das ações Coletivo LGBTI Não responde das organizações deduz-se que as mesmas 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% dependem principalmente da sua capacidade

Sim Não interna para levantar, sistematizar e analisar informação; desta forma, as fragilidades Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE existentes nesta área têm um grande impacto.

Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE

Cabe destacar que a pobreza e a No entanto, ao falar sobre abordagem vulnerabilidade social são âmbitos de trabalho participativa e inclusiva, convém contrastar inerentes ao próprio surgimento das OSC os dados expostos com as dificuldades que de Cabo Verde. A igualdade de género tem as OSC manifestaram previamente. Nesta Gráfico 39:Ferramentas utilizadas na recolha de dados gradualmente adquirido relevância desde linha, além das limitações de recursos pelas OSC para a elaboração de ações e projetos os anos 80, quando aparecem as primeiras técnicos especializados, destacam-se os 92,6% OSC do país focadas nessa temática. Prova do constrangimentos expressados na área de crescente protagonismo deste âmbito é a Lei produção de dados e, portanto, na realização de n.º 114/VIII/2016 de 21 de março que define o diagnósticos. Estas limitações dificultam, por

Estatuto das Organizações da Sociedade civil exemplo, integrar uma abordagem participativa 65,1% de Desenvolvimento (OSCD), identificando 17 com perspetiva de género, ou avaliar o impacto áreas de intervenção, entre as quais a «Promoção ambiental de uma ação. 50,3% da igualdade e equidade do género» (artigo 11º). De igual forma, o Estatuto das OSCD também Assim, como se pode observar no gráfico 38, 42,3% contempla a «Proteção e defesa do meio ambiente» apenas 67,7% das OSC inquiridas manifestam (artigo 11º). realizar algum tipo de diagnóstico antes de 29,1% um projeto/ação; um número mais baixo Contudo, para além destas áreas que contam do que as que manifestaram considerar o com amplo reconhecimento, inclusive por impacto ambiental ou aplicar uma abordagem 5,1% parte do Estado, o gráfico 37 também reflete participativa e/ou de género. a emergência de novas áreas de trabalho no Experiência da Diagnósticos Fontes estatísticas Estudos elaborados Bases de Dados Outra contexto nacional, como os direitos do coletivo própria organização participativos nacionais pela organização de organismos com a população internacionais LGBTI; um âmbito no qual Cabo Verde se beneficiária destaca como pioneiro no quadro regional. Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE

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Gráfico 40:OSC engajadas em ações de advocacy em relação ao âmbito e impacto de intervenção

50% 47,6% 45% Assim, deve-se questionar a conceção que a pluralidade das áreas de intervenção 40% as OSC têm do significado e das implicações identificadas pelas mesmas no Inquérito, práticas da abordagem participativa e inclusiva; assim como a alta incidência de organizações 35% uma vez que as fragilidades que demonstram que manifestam colocar em prática uma 30% 24,9% dificilmente se coadunam com o elevado abordagem inclusiva e participativa, implica 25% número de organizações que se consideram o reconhecimento destas questões como 20% cumprir sempre com estes princípios. Nesta prioritárias. Este fator é positivo e deve ser 15,3% 15% linha, ressalta-se que a parte nominal do incentivado, no entanto, o reconhecimento da 10% Inquérito - onde as OSC explicaram como relevância da inclusão e representação amiúde 7,4% 4,8% colocam em prática a abordagem inclusiva - não passa de uma declaração de intenções que 5% evidencia uma compreensão limitada desta não é materializada devido às dificuldades 0% questão. Por exemplo, no caso da abordagem económicas e técnicas existentes. Assim, mostra- Sim, a nível Sim, a nível Não Sim, a nível nacional, Sim, a nível municipal, nacional, e tem tido municipal, e tem mas não tem tido mas não tem tido de género, muitas organizações reconheceram se ainda necessário passar de uma abordagem efeito e impacto tido efeito e impacto efeito e impacto efeito e impacto colocá-la em prática ao contratar tanto a homens teórica a uma aproximação efetiva e prática. como a mulheres na OSC, ou ao contemplar as Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE mulheres como beneficiárias de ações mistas. 7.5. Capacidades para a intervenção No entanto, foram poucas as organizações em políticas públicas Do gráfico também se infere que predo- de Estado para as OSC que trabalham com com ações específicas para mulheres, e são minam as organizações envolvidas em ações pessoas com deficiência. Na área da saúde várias praticamente inexistentes as referências a As diferentes fragilidades das OSC a nível nacional; e que a maioria das OSC que OSC mencionam ter conseguido contribuir e ter indicadores e marcadores de género, assim como abordadas neste Mapeamento, são impe- realiza ações de advocacy considera que consegue impactos na elaboração da Lei de VIH/SIDA e a análises de género, diagnósticos participativos dimentos para o pleno exercício do seu mandato impactar as políticas públicas adotadas, a Lei de saúde sexual e reprodutiva. estruturados ou objetivos concretos vinculados democrático de influenciar e monitorizar as principalmente a nível do Governo central. com a igualdade de género, sendo que a mesma políticas públicas, a fim de defender os direitos A nível municipal, as áreas mais relevantes situação se repete para os outros coletivos das camadas mais pobres e garantir a sua A nível nacional, as áreas mais mencionadas nas quais se realizaram ações de advocacy com identificados (juventude, LBGTI, pessoas com participação na elaboração e seguimento das nas quais as OSC tiveram impacto com as suas resultados positivos, incluem o orçamento deficiência etc.); pelo que podemos concluir que mesmas. Para compreender o engajamento das ações de advocacy incluem a igualdade de género participativo, o combate ao alcoolismo há fortes discrepâncias no que as OSC entendem OSC com a elaboração e avaliação de políticas - com resultados na definição de políticas de e drogas e ações em áreas do emprego, por abordagem inclusiva. públicas, analisa-se de seguida a incidência da género, como a Lei de Paridade e a Lei de VBG turismo, desporto/cultura, habitação social, realização de ações de advocacy das OSC, assim - assim como o ambiente, agricultura, pesca ordenamento do território, assim como na Neste sentido, é necessário realizar uma como a participação das mesmas na elaboração e vida marinha - com a Lei de criminalização saúde e educação. leitura crítica das áreas de intervenção das OSC, de relatórios sombra. da captura e consumo de tartarugas marinhas, tal como é referido no início deste diagnóstico. a revisão do acordo da pesca com a UE, a Pelas respostas recebidas, parece que muitas Como se verificou, a igualdade de género é 7.5.1. Capacidades de advocacy identificação e proposta das áreas protegidas e a das OSC equiparam as ações de advocacy com uma das áreas de intervenção mais destacadas; aprovação da estratégia nacional de segurança ações de participação e contribuições realizadas porém isto é questionável num contexto em que Para abordar esta questão, no Inquérito, alimentar e nutricional (2014-2020). Aparece no âmbito de consultas organizadas pelo muitas organizações resumem a integração da foi solicitado às OSC que indicassem se igualmente a área de direitos de pessoas com Governo face à elaboração de leis e/ou planos abordagem de género ao fato de ser uma OSC estão envolvidas em ações de advocacy com o deficiência, com resultados na área de educação de ação específicos. Algumas vezes, estas composta principalmente por técnicas mulheres. objetivo de influenciar políticas públicas e/ou a para a promoção da gratuitidade do ensino contribuições foram tidas em conta (e tiveram alocação de recursos públicos. Como se observa para pessoas com deficiência, as leis referentes impacto), outras vezes não. Poucas vezes as Contudo, pese às dificuldades das OSC no gráfico 40, pouco mais da metade das OSC aos direitos dos atletas paralímpicos e a ações de advocacy partem da iniciativa das na operacionalização de certos termos, (52,4%) responderam afirmativamente. disponibilização de mais recursos do orçamento próprias OSC.

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Também é importante ressaltar que a conexão direta entre esses entraves e o acesso capacidade interna que foi mais marcada às fontes de financiamento. Uma perceção Poucas vezes como ineficaz entre todas as áreas analisadas que deve ser levada em consideração, uma foi precisamente a de promover «ações de vez foi reiterada em diversas ocasiões pelas/ as ações de advocacy partem advocacy (incidência política)». os participantes das metodologias qualitativas do estudo. De igual forma, a perceção de da iniciativa das OSC. A limitada participação e eficiência das uma crescente fragilidade na capacidade de organizações da sociedade civil neste âmbito influência das organizações também foi referida é compreensível se levarmos em consideração em diferentes mesas de diálogo, principalmente Assim, apenas 24 organizações responderam A partir de uma mesa de diálogo específica que a advocacy requer envolvimento a longo por organizações que estão há mais tempo no ter participado da elaboração de um relatório para ações de advocacy realizada pela equipa prazo, normalmente sem retornos financeiros terreno e, especialmente, aquelas que trabalham sombra, entretanto só se pode comprovar de consultoras do Mapeamento com as diretos. Além disto, mesmo que a advocacy no âmbito rural. essa participação para 8,9% das organizações organizações, constatou-se que persiste a seja uma atividade inerente ao funcionamento inquiridas, representando um total de 17 necessidade de ações de capacitação no que se 47 da sociedade civil organizada, a recente 7.5.2. Capacidades para a elaboração de organizações. refere a questões de advocacy em geral, mas adoção deste termo, um anglicismo de caráter relatórios sombra também, mais especificamente sobre as questões técnico, pode implicar certa dificuldade Pelas respostas dadas na parte narrativa, foi chave a serem apresentadas nos relatórios falta de conhecimento do na sua compreensão pelos elementos das Na linha de capacidades existentes de possível identificar a sombra, o que lhes permitiria posteriormente conceito de relatório sombra organizações. participação e seguimento de políticas públicas, , mesmo em casos elaborar questionários no sentido de orientar foi igualmente avaliada a participação e de organizações que afirmaram ter participado. outras organizações para o preenchimento das Neste contexto, durante as mesas de diálogo, capacidades das OSC na elaboração de informações relevantes. o conceito de advocacy foi debatido: relatórios sombra (shadow reports). Assim, se No entanto, e graças a um forte engajamento pode observar no gráfico 41 que 87,3% das da Comissão Nacional de Direitos Humanos e Em 2018 realizou-se uma formação «Advocacy está ligado à questão de influenciar organizações inquiridas nunca participaram na da Cidadania (CNDHC), nos últimos anos tem- promovida pela Democracy Report International os poderes, de conseguir algo. Ter um bom elaboração de um relatório sombra. se verificado um aumento da participação das (DRI) em parceria com a CNDHC, no âmbito 48 relacionamento com as instituições. É que dentro organizações na elaboração de relatórios sobre a de um projeto financiado pela União Europeia aplicação das Convenções das Nações Unidas. Só cujos principais objetivos foram a sensibilização das associações haja pessoas com capacidade Gráfico 41:Participação da OSC em 2018 e 2019 foram apresentados 3 relatórios do público em geral para os direitos humanos, de influenciar os poderes públicos e privados e na elaboração de algum relatório sombra chegar às fontes de financiamento (...) Boa parte sombra referentes ao: Pacto Internacional sobre a capacitação da CNDHC e das OSC e a recolha das organizações não sabem sequer desta questão os Direitos Económicos, Sociais e Culturais - de dados para efeitos de monitorização. da advocacy, destes termos que foram criados PIDESC (setembro de 2018), Convenção sobre a Sim eliminação de todas as formas de discriminação Entre as questões levantadas durante as agora e que não deixam de ser mais que isso: poder 12,7% chegar às fontes de financiamento, capacidade de contra as mulheres – CEDAW (junho de 2019) discussões na mesa de diálogo surgiram a diálogo, ter a capacidade de movimentação e no e Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e falta de capacidade de registo das atividades fundo chegar aos recursos. Inicialmente, tinham Políticos - PIDCP (setembro de 2019). que as OSC realizam e consequentemente a esta capacidade depois foi-se perdendo.» sistematização de dados que podem servir Para além disto, os primeiros relatórios a na elaboração dos relatórios. Outro desafio (Representante de ADC, Ribeira Grande) Não 87,3% serem apresentados por parte de OSC cabo- relevante inclui a falta de capacidade das Esta intervenção refere a dificuldade de verdianas tinham sido referentes à CEDAW em organizações fazerem a socialização das compreender o próprio termo advocacy - uma 2013 e ao PIDCP em 2012 (primeiro relatório recomendações, que se vê muito necessário. consideração recorrente nas mesas de diálogo sombra alguma vez apresentado por uma OSC As OSC precisam conhecer as recomendações realizadas no contexto do Estudo – que se em Cabo Verde, realizado pela Associação Delta e perceber qual a melhor forma de informar a reflete igualmente sobre as capacidades atuais Cultura em parceria com uma organização população em geral para que esta também possa das organizações da sociedade civil neste internacional). apoiar no seguimento da sua implementação. sentido. Este discurso crítico demonstra um 47 Amigos da Natureza, AMJ; APIMUD, Morabi, ACLCVBG, Delta Cul- reconhecimento das limitações das organizações tura, ACRIDES, OMCV, AZM, Plataforma das Comunidades Africanas 48 Projeto implementado pela organização Democracy Report International Residentes em CV, ATD-CV, Associação Caboverdiana de Surdos, RA- (DRI) - Melhorar a monitorização e a eficácia da implementação das para influir nas políticas públicas, traçando uma Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE MAO, Associação Pró-Morro, FECAD, ACARINHAR e ADEVIC). principais Convenções da ONU e da OIT nos países do SPG +

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7.6. As necessidades de reforço Estas fragilidades correspondem parcialmente 7.7. As capacidades das Autoridades locais técnico às áreas nas quais as OSC consideram que precisam de reforço (gráfico 42). Assim, as áreas Questionados se as Câmaras Municipais têm as capacidades técnicas suficientes para o Como se verificou ao longo deste capítulo, mais destacadas foram as seguintes: seu funcionamento, 8 das 17 CM que participaram no Inquérito, responderam que não têm as as fragilidades financeiras têm impacto nos capacidades técnicas suficientes. Este número é mais elevado do que no caso das OSC (onde recursos humanos das OSC, apresentando • Mobilização de financiamento (área 29,6% indicam não ter capacidades técnicas suficientes). obstáculos no acesso a financiamentos, assim apontada por 50,3% das OSC); A maioria das AL - 76,5% - referem como necessidade primária o reforço técnico em «Áreas como dificuldades na gestão, referente à • Elaboração de projetos (35,5% das OSC); prestação de contas, comunicação, planeamento técnicas específicas (ex: urbanismo, ambiente, etc.)». Este é seguido pela necessidade de reforço • Gestão de projetos (33,9%); estratégico, elaboração de diagnósticos, nas áreas de «Mobilização de financiamento» (70,6%); «Arquivo/documentação», «Recursos humanos» realização de ações de advocacy ou aplicação de • Advocacy (23,8%); e «Línguas estrangeiras» (respetivamente 58,8%). Ainda 52,9% indica também necessidades de uma abordagem inclusiva. • Comunicação e marketing digital (23,8%). reforço em «Gestão de projetos» e «Auditoria/seguimento externo».

Gráfico 42:As áreas que precisam de reforço técnico (OSC) Gráfico 43:As áreas que precisam de reforço técnico (AL) Mobilização de financiamento e crowdfunding 50,3% Elaboração de projetos 35,5% Áreas técnicas específicas 76,5% Gestão de projetos 33,9% Mobilização de financiamento 70,6% Comunicação e marketing digital 23,8% Advocacy, incidência política e lobbying 23,8% Recursos humanos 58,8% Áreas técnicas específicas 23,3% Línguas estrangeiras 58,8% Área jurídica 16,9% Arquivo e documentação 58,8%

Línguas estrangeiras 15,9% Gestão de projetos 52,9% Administração e contabilidade 12,2% Auditoria e seguimento externo 52,9% Recursos humanos 12,2% Comunicação e marketing digital 47,1% Seguimento, avaliação e monitoria 11,1% Estatística e bases de dados 35,3% Mindfulness, team building, coaching e liderança 9,0% Área juridica 35,3% Informática 8,5% Auditoria e seguimento externo 5,8% Seguimento, avaliação e monitoria 35,3% Igualdade de género 4,8% Elaboração de projetos 35,3% Sensibilização e ativismo 4,2% Sensibilização 29,4% Estatística e bases de dados 4,2% Igualdade de género 23,5% Arquivo e documentação 3,2% Administração e contabilidade 17,6% Outros 1,6% Informática 17,6% Fonte: Dados recolhidos a paratir do Inquérito OSC/AL (2020), UE Mindfulness, team building, coaching e liderança 17,6%

Outras 5,9% É de realçar que as três opções mais se adaptem às características e capacidades escolhidas vinculam-se com elementos básicos das OSC nacionais, em conformidade com Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE para o funcionamento das OSC, nomeadamente a Comunicação da Comissão «As raízes da conseguir fundos, elaborar projetos e democracia e do desenvolvimento sustentável: O implementar os mesmos. compromisso da Europa com a sociedade civil no domínio das relações externas»; promovendo Isto aponta para a necessidade de novas também formações e capacitações que incidam formas de financiamento - especialmente sobre as fragilidades identificadas e potenciem daqueles financiadores que mostram um nível as capacidades necessárias, criando assim um de complexidade burocrática elevado ou que ambiente propício para o desenvolvimento exigem o desembolso de parte dos fundos - que das OSC.

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Apesar de 8 das 17 Câmaras Municipais terem indicado não possuir capacidades técnicas Adicionalmente, a grande maioria das antes de começar um projeto ou ação; 15 das 17 suficientes para o seu funcionamento, todas se avaliam como «(muito) eficazes» na «gestão Câmaras Municipais (16 de 17 CM) refere ter aplicam sempre uma abordagem participativa financeira», assim como na grande maioria das áreas indicadas no gráfico 44, incluindo a um plano estratégico de desenvolvimento local; e inclusiva com os beneficiários, durante a «prestação de contas ao Governo nacional», a «implementação das ações no terreno», a «identificação 14 das 17 Câmaras Municipais afirmam que definição, execução e avaliação de ações e das fontes de financiamento» e a «monitorização e avaliação de programas e ações». As únicas áreas os seus projetos são planificados/elaborados consideram sempre os indicadores vinculados onde uma maioria das Câmaras se avalia como «pouco eficazes» ou «ineficazes» são as áreas de com base no planeamento estratégico; 15 das com os ODS no seu funcionamento. 14 das 17 «investigação e/ou análise estatístico» e da «elaboração de materiais de IEC». 17 Câmaras tem uma administração financeira CM aplicam uma abordagem de género durante com pessoal e sistemas adequados; 13 das a elaboração e gestão de projetos/ações e, todas 17 tem um mecanismo de registo, arquivo e as 17 Câmaras consideram o impacto ambiental documentação e realizam estudos e diagnósticos da sua atividade, em cada projeto. Gráfico 44:Autoavaliação da eficácia da Câmara municipal nas áreas indicadas

Gestão financeira Gráfico 45:Capacidades internas da Câmara Municipal nas áreas indicadas Prestação de contas ao Governo nacional

100,0% Implementação de ações no terreno Considera o impacto meio-ambiental da sua atividade em cada projeto 0,0% 0,0%

Identificar fontes de financiamento/Angariação de fundos 94,1% Existe um Plano Estratégico de Desenvolvimento local em vigor 5,9% 0,0% Monitoria e avaliação de programas e ações 88,2% A Câmara sempre considera indicadores vinvulados com os ODS no seu funcionamento 5,9% Planeamento estratégico 5,9%

88,2% Garantir a sustentabilidade dos projetos/ações depois do término de um financiamento A Câmara aplica sempre uma abordagem participativa e inclusiva com os beneficiários durante a definição, execução e avaliação de ações 11,8% 0,0% Comunicação e Redes Sociais 88,2% A Câmara tem uma administração financeira 11,8% com pessoal e sistemas adequados Trabalho em rede e relação com parceiros 0,0% 82,4% Aplica uma abordagem de género durante Ações de sensibilização e/ou formação 17,7% a elaboração e gestão de projetos/ações 0,0%

Elaboração de projetos 82,4% Todos os projetos são planeados/elaborados com base no PE em vigor 17,7% 0,0% Capacidade para promover mudanças sociais 76,5% A Câmara realiza estudos e diagnósticos 23,5% Abordagem de género antes de começar um projeto ou ação 0,0%

76,5% Investigação e/ou análise estatística A Câmara tem um mecanismo de registo, arquivo e documentação 23,5% 0,0%

Elaboração de materiais IEC 5,9% O município tem recursos financeiros suficientes para sustentar recursos humanos especializados 82,4% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 11,8%

Muito Eficaz e Eficaz Pouco Eficaz e Ineficaz 5,9% O município tem recursos financeiros adequados 88,2% 5,9% Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE

Sim Não Não sei

Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE

94 95 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

Recomendações do Capítulo 7

• Promover um contexto que favoreça o • Criar incentivos financeiros para • Fomentar políticas de promoção interna organizações da sociedade civil acesso ao financiamento por parte das desenvolver a responsabilidade social do nas OSC conforme aos critérios de paridade seja contabilizado como créditos OSC, visando: setor privado e especificamente do setor de género; instaurando incentivos em académicos em disciplinas de • Dar maior visibilidade às linhas do turismo. relação à nomeação paritária de homens carreiras afins. e mulheres para cargos diretivos das de financiamento da Cooperação • Disponibilizar recursos materiais para • Formar e reciclar os técnicos e as organizações, especialmente aquelas de Internacional acessíveis às OSC, instalações e equipamentos sociais, técnicas das OSC em matéria de grande dimensão, que contam com mais promovendo uma maior articulação mediante: produção de dados; planificação entre os financiadores e as redes de recursos humanos e financeiros. • Facilidades para que as OSC tenham estratégica; elaboração de relatórios; organizações da sociedade civil; com acesso a espaços que possam usados • Passar a um modelo de associativismo que e diagnósticos participativos do especial atenção às zonas rurais, como sede. Recomenda-se a cedência equilibre melhor o trabalho remunerado contexto de atuação, assim como onde a comunicação é deficitária. de locais a serem divididos por e voluntário, outorgando um maior das forças e fragilidades da própria • Promover modelos de financiamento diferentes organizações de uma mesma reconhecimento a este último: organização. Outras áreas concretas que permitam a participação direta localidade. Isto permitiria melhorar • Rever as limitações legais para a que merecem especial destaque são das OSC de pequena dimensão em o arquivo e documentação, o que remuneração dos elementos dos as ações de advocacy, o desenho/ projetos de desenvolvimento, sob a indiretamente aumenta a capacidade órgãos sociais das OSC. Especialmente, elaboração de programas e projetos tutela de outra organização chapéu. de prestação de contas das OSC. a situação da remuneração dos/ (seguindo o modelo do Quadro lógico), a abordagem de género, a promoção • Complementar o modelo de • Criação de condições para garantir os as presidentes/as, com objetivo de da participação ativa da cidadania e corequerentes, com pequenos equipamentos e materiais necessários adaptar a legislação para que seja mais a inclusão de coletivos em situação financiamentos diretos para OSC de para o correto funcionamento das harmoniosa com a prática habitual das de vulnerabilidade, especialmente as menor dimensão, considerando as sedes, especialmente em relação às organizações. pessoas com deficiência. áreas de trabalho destas organizações ferramentas TIC. • Adotar protocolos que reforcem e adaptando as condições e a a articulação entre as OSC, as • Oferecer apoio institucional às • Oferecer beníficios fiscais e outras medidas complexidade dos procedimentos universidades e parceiros estatais organizações que abordam temáticas para aumentar a capacidade económica das às capacidades reais, assim como ao para favorecer a instauração de especialmente relevantes em matéria de OSC, incluindo a criação de uma rubrica potencial de melhora das OSC. programas de estágio remunerado nas direitos humanos e pouco trabalhadas específica no Orçamento do Estado para • Simplificar os procedimentos organizações da sociedade civil. - ou recentes - no contexto de Cabo as organizações consideradas de utilidade burocráticos inerentes ao Verde, como os diferentes coletivos pública. • Criar formas de mobilizar e motivar financiamento, procurando dentro o voluntariado além da remuneração e associações que têm surgido nos • Criar linhas de financiamento acessíveis do possível estabelecer maior coesão económica. Por exemplo: mediante a últimos anos vinculados com a defesa às OSC para a contratação de quadros entre os procedimentos de diferentes criação de um certificado padronizado dos direitos das pessoas LGBTI. financiadores, mormente da técnicos especializados, dando especial com reconhecimento a nível nacional; • Potenciar a capacidade das OSC para Cooperação dos Estados membros prioridade à contratação na área da e/ou acordos com as universidades a realização de ações de advocacy e da UE presentes em Cabo Verde. contabilidade. para que o trabalho voluntário em incidência política, especialmente a nível municipal, reforçando os espaços de diálogos existentes, a esse nível.

96 97 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana PARTEII As dinâmicas e redes da sociedade civil

98 99 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

8. Dinâmicas e relacionamento entre a sociedade civil e o Estado

8.1. A necessidade de criar novos Segundo o Coordenador de uma OSC na mecanismos e espaços de articulação ilha de São Vicente:

Durante o período do partido único (1975- «Existem alguns conselhos de concertação que 1991), o Estado procurou através da promoção incluem a sociedade civil, mas a maioria não das cooperativas e organizações de massas funciona com a regularidade com que devia e (OMCV, JAAC-CV, etc.) orientar a dinâmica que se encontra escrita nos regulamentos que os da sociedade civil, atribuindo fundos e outras cria. Muitas vezes não têm a representatividade regalias. A transição do regime do partido necessária tendo em conta o peso da sociedade único para a democracia não significou, civil (...) Ainda podemos citar que a sociedade imediatamente, a rejeição destas práticas; civil não está representada no Conselho de assim durante a abertura política (1991-2000), Concertação Social, onde estão representados o Estado promoveu várias associações locais e o Estado, patronato e os trabalhadores através ONGs através dos contratos programa, em que dos sindicatos. Os agricultores, os pastores, os/as líderes de associações eram muitas vezes pescadores, etc. que trabalham por conta própria 08 simpatizantes do partido no poder. e sem qualquer cobertura social não estão representados.» Dinâmicas e As transformações políticas ocorridas nos anos de 1990, levaram à atualização e Outro interveniente da ilha de Santo Antão ao surgimento de novas relações entre a (Presidente de ADC) confirma: relacionamento sociedade civil e o Estado. O processo de democratização trouxe, para as organizações «Nós estamos mais perto das famílias, dos e grupos da sociedade civil cabo-verdiana, alunos, das pessoas com dificuldades, das o desejo de romper com os mecanismos de crianças especiais, isto quer dizer que se tem um poder estabelecidos no regime anterior ao conhecimento mais aprofundado do que o poder partido único (PAICV). Não obstante, hoje local e, há momentos que nem somos ouvidas e em dia essas organizações confrontam-se nem tidas em conta para dar o nosso contributo com dificuldades de intervenção, quer em que vem da sociedade e que está representada termos da sua relação com o Estado, quer no por uma associação, neste caso, o Presidente, os cumprimento de agendas e metas. O desejo membros da Direção dentro dos estatutos têm a de parceria ainda não encontrou espaço representatividade, estas são questões que muitas ou mecanismos capazes de transformar as vezes dificultam as associações. Eu, pessoalmente organizações em construtores e executores posso dizer, neste momento, para nós, não há de seus próprios projetos, enquanto atores as mínimas condições para a gente dar o seu autónomos e complementares do Estado. contributo.»

No quadro da relação entre a sociedade civil Constatamos que ainda não se verificou e o Estado, apela-se à necessidade de maior uma forma de relação, de autonomia, articulação, uma petição que se evidenciou nas corresponsabilidade, e de valorização das mesas de diálogo. organizações da sociedade civil na prática. 100 08 101 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

Gráfico 46: Na experiência da sua organização, as instituições e autoridades cabo-verdianas Gráfico 47: Alguma vez a sua organização já foi convidada para participar estão abertas a envolver a sociedade civil na elaboração de políticas? num diálogo (formal ou informal) com o Governo em relação à identificação, preparação, revisão, monitoria e/ou avaliação de uma política? 50%

43,4% 60,3% 41,8% 60% 40%

30,2% 50% 30% 27% 39,7% 40% 20% 17,4% 16,9% 30% 12,2% 11,1% 10% 20% 0% Antes de 2017 A partir de 2017 10%

Abertas Relativamente abertas Pouco abertas Não abertas 0% Sim Não Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE

Questionados se, com base na experiência da Da mesma forma, cerca de 83,1% afirmam que, na sua experiência, não existe atualmente um organização, as instituições e autoridades cabo- fórum ou espaço de diálogo permanente entre o Estado e as OSC que tenha um impacto real nas verdianas estão abertas a envolver a sociedade políticas públicas (gráfico 48). civil na elaboração de políticas públicas antes e depois de 2017, a maioria das OSC respondeu que as autoridades nacionais estão «pouco Gráfico 48: Na sua experiência, existe abertas» ou «não abertas» a dialogar com a atualmente algum fórum ou espaço de diálogo sociedade civil. 55,6% das pessoas respondentes permanente entre o Estado e as OSC que consideraram que antes de 2017 as autoridades tenha um impacto real nas políticas públicas? nacionais estavam «pouco abertas» (43,4%) e «não ,1% abertas» (12,2%), valores que não se distanciam 83 muito dos 52,9% que responderam que a partir afirmam que, Sim de 2017 as autoridades nacionais estavam 16,9% na sua experiência, «pouco abertas» (41,8%) e «não abertas» (11,1%) no não existe atualmente envolvimento da sociedade civil na elaboração das políticas (gráfico 46). Nota-se que não houve um fórum ou espaço muita evolução desde 2017 até hoje. de diálogo permanente entre o Estado e as OSC Realmente, a falta de abertura política para o diálogo é confirmada em vários momentos do que tenha um impacto real Inquérito: Cerca de 60,3% das OSC inquiridas nas políticas públicas. indicam que a sua organização nunca foi Não convidada para participar num diálogo (formal 83,1% ou informal) com o Governo em relação à identificação, preparação, revisão, monitoria e/ ou avaliação de uma política (gráfico. 47). Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE

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temáticas como combate ao mau ano É nesse contexto que se ressalta a importância OPINIão das Autoridades locais agrícola/seca, o Fundo do Ambiente, da articulação de forma participativa e inclusiva assim como a Lei sobre a criminalização com as OSC e especialmente a sociedade

de ações contra tartarugas marinhas. civil jovem, composta por uma juventude Relativamente às autoridades locais inquiridas (gráfico 49), 58,8% dos inquiridos dizem que constitui a maioria da população e que não existir nenhum espaço ou fórum de diálogo permanente com as OSC e que tenha um • Cerca 14,5% das OSCs especificam pressiona para ter acesso a recursos e espaços impacto real nas políticas públicas, e 41,2% dizem existir. que embora tenham sido convidadas físicos para as suas organizações juvenis a a participar num diálogo, as suas nível local. contribuições não foram incorporadas e/ Gráfico 49: Na sua experiência, existe atualmente algum fórum ou espaço de diálogo ou não tiveram mais conhecimento sobre a 8.2. Plataformas existentes permanente entre o Estado e as OSC que tenha um impacto real nas políticas públicas? questão debatida. Num próximo ponto serão analisados os • Todas as associações filiadas na Federação espaços de diálogo existentes entre o Estado e Cabo-Verdiana das Associações de a sociedade civil que estão constituídos por lei. Pessoas com Deficiência (FECAD) estiveram envolvidas na regulamentação O Conselho de Concertação Social e o da Lei nº40/VIII/2013, e em conjunto Conselho Económico, Social e Ambiental apresentaram uma proposta. No que se (CESA) refere à temática da deficiência, algumas Não Sim 58,8% 41,2% organizações têm colaborado permanente O artigo 257.º da Constituição cabo-verdiana e continuamente com o Governo central define o Conselho de Concertação Social e local. Algumas das suas recomendações enquanto «o órgão consultivo de concertação em foram tidas em conta, como por exemplo matéria de desenvolvimento económico e social o aumento do número de sessões de podendo desempenhar outras funções que lhe sejam fisioterapia previstas no diploma. atribuídas por lei. O Conselho Económico e Social integra, na sua composição, representantes de todas Observa-se uma tendência de centralização as ilhas, das organizações das comunidades cabo- da tomada de decisões, que inclui fundos verdianas no exterior, das associações nacionais Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE disponibilizados a nível descentralizado, de municípios, das associações públicas e de mas principalmente a um nível institucional organizações representativas da sociedade civil.» (Câmaras Municipais), que exclui o acesso às A análise dos dados deixa compreender que • 6,7% das OSC participaram num diálogo organizações da sociedade civil. O desemprego O Conselho de Concertação Social é composto Cabo Verde carece de mecanismos permanentes em 2019; 13,3% em 2018 e 9,3% em 2017. e a pobreza aumentaram tendencialmente por representantes dos/as trabalhadores/ de diálogo entre o Governo, seja nacional ou Os restantes, participaram entre 2013 e desde a crise financeira em 2007, sem que as, das entidades empregadoras e o Estado. local, e a sociedade civil. 2016 ou não deram indicação exata. existam espaços e fundos suficientes para Atualmente, a representatividade da sociedade que as OSC possam dar o seu contributo para civil não está garantida. Numa análise mais aprofundada das • 5,3% das OSC indicam ter sido convidadas resolver as questões mais urgentes no âmbito respostas e dos comentários das OSC que para a preparação do Orçamento do do desenvolvimento do país. indicam ter recebido convite para avaliar Estado de 2018. políticas públicas (39,7%) e/ou que indicaram que existe algum fórum de diálogo permanente • Ainda que poucas organizações O Conselho de Concertação Social é composto (16,9%), constata-se que: especifiquem de que entidade receberam o convite, mais frequentemente são por representantes dos/as trabalhadores/as, • A maioria das OSC é convidada para dar mencionados consultas realizadas por os seus inputs sobre temáticas relacionadas parte do Ministério da Agricultura das entidades empregadoras e o Estado. aos objetivos da organização. e Ambiente (9,3% das OSC), para as

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Para além do Conselho de Concertação Social, As fontes de financiamento da Plataforma a Constituição (artigo 257.º) cria o Conselho têm sido diversas e incluem financiamentos A Avaliação das OSC das suas relações com o Estado, segundo o Inquérito Económico, Social e Ambiental (CESA), órgão através das quotas dos sócios, do Governo representativo da sociedade civil, cujo propósito central e da Cooperação bilateral e multilateral 32,8% das OSC participantes avaliou que têm uma «muito boa» (5,8%) ou «boa» relação é contribuir para o debate das questões ligadas (tais como o FIDA, BAD, UE, etc.). A UE (27%) com o Governo nacional, 29,6% classificou a sua relação como«razoável» e 37,6% como ao desenvolvimento sustentável e para graus financiou a Plataforma de ONGs de Cabo Verde «fraca» ou «muito fraca». superiores de harmonia social. em projetos na área de reforço institucional, na organização de fóruns de reflexão, na elaboração No caso das relações com o Governo local, 42,3% das OSC participantes avaliam a sua O CESA enquanto instrumento fundamental do Guia das ONGs, entre outras. Atualmente relação como sendo «muito boa» (13,2%) ou «boa» (29,1%); 28,6% classificou a sua relação como para assegurar a representatividade da a Plataforma enfrenta vários desafios que «razoável» e 29,1% como «fraca» ou «muita fraca» (gráfico 50). sociedade civil na concertação e definição de analisaremos no Capítulo 9.3. deste estudo. políticas públicas não está ativo. Neste sentido, a Lei nº 74/VIII/2014 que regula o funcionamento O Conselho Nacional de Estatísticas Gráfico 50: De acordo com a experiência da sua organização, do Conselho não está sendo cumprida, como avaliaria a sua relação com o Governo (local e nacional)? nomeadamente o artigo 5.º que define que «os A Lei nº 35/VII/2009, que legisla o Sistema 40% meios financeiros necessários ao funcionamento do Estatístico Nacional, define como órgãos Conselho Económico, Social e Ambiental são inscritos 29,6% Muito boa do Sistema Estatístico Nacional o Conselho 30% 29,1% no Orçamento do Estado.» Nacional de Estatística (CNEST), o Banco de 27% 28,6% 21,7% Cabo Verde e os Órgãos Delegados do INE. 20,6% Boa A Plataforma das ONGs 20% 15,9% 13,2% Esta Lei confere ao Conselho Nacional Razoável Desde a sua fundação em 1996, a Plataforma 10% 8,5% Estatístico a natureza de órgão do Estado que das ONGs é o interlocutor dos seus membros 5,8% superiormente orienta e coordena o Sistema Fraca junto ao Governo, estabelecida como um espaço 0% Estatístico Nacional. O Conselho Nacional de comunicação e de concertação permanentes Governo Governo local Estatístico é composto por representantes de nacional (municipal) Inexistente das OSC cabo-verdianas e afirmando-se como setores da Administração do Estado, do Banco um dos atores principais no combate à pobreza Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE de Cabo Verde, da Associação Nacional dos e promoção do desenvolvimento. Municípios (ANMCV), do setor empresarial privado, de associações sindicais, de ordens Na sua maioria são ADCs que indicam ter boas relações com o Governo local, referindo-se A Plataforma, apesar de ser uma Plataforma e associações profissionais, de associações a apoios pontuais (material, financeiro e de recursos humanos) para iniciativas e atividades das ONGs, é assumida pelos parceiros como uma de ambientalistas, de organizações não sociais, realização de festividades locais e realização de encontros de sensibilização para áreas entidade que representa todas as organizações específicas. da sociedade civil em Cabo Verde, incluindo governamentais, do meio universitário e de associações de base comunitária, associações personalidades independentes ao Conselho juvenis, associações socioprofissionais, Nacional de Estatística. O Conselho tem fundações, ligas, cooperativas e mutualidades.­ competências de natureza deliberativa e É uma organização não governamental, consultiva. independente e sem fins lucrativos, com 8.3. Os principais programas/fundos autonomia administrativa, financeira e Atualmente, o Conselho Nacional Estatístico do Governo indicados pela OSC no âmbito patrimonial. Passou a ter personalidade jurídica está focado na literacia estatística com o objetivo do Inquérito a 17 de fevereiro de 1998. Segundo o último de que toda a população esteja preparada para estudo diagnóstico das ONGs em Cabo Verde, analisar e interpretar informação estatística, Segundo o Inquérito (gráfico 51), 54,5% assim como avaliar a qualidade das estatísticas (103 OSC) das organizações receberam apoio ,5% publicado pela Plataforma das ONGs (2015), 54 304 organizações estão filiadas na Plataforma, produzidas no país. financeiro do Estado. Destas OSC, metade das OSC receberam constituindo cerca de 41,9% das OSC do país.49 (52,4%) receberam apoio financeiro nos últimos três anos (2017, 2018 e 2019), e para os outros apoio financeiro 49 Plataforma das ONGs de Cabo Verde (2015). Estudo diagnóstico das ONG em Cabo Verde. Praia, p.15. casos, os apoios foram dados entre 2012 e 2016. do Estado.

106 107 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

Gráfico 51: A sua organização já recebeu Entre as instituições mencionadas em termos apoio financeiro do Estado? de apoio às organizações da sociedade civil no seu funcionamento e na implementação 60% de projetos, o mais destacado é o Ministério 54,5% da Família e Inclusão Social. O ministério 50% 45,5% subvenciona ONGs na área de inclusão das 40% pessoas com necessidades especiais, na promoção da integração social do imigrante, 30% assim como no âmbito do Plano de Cuidados e Por outro lado, 5,8% das OSC (6) fazem previsibilidade e de accountability claro e 20% do acesso ao cuidado pré-escolar. referência a fundos recebidos por parte do transparente, pelo que é difícil de se prever ou Ministério de Cultura e da Indústrias criativas classificar.» 10% Em 2018, um total de 15 OSC que trabalham (em especial o Banco de Cultura e Bolsa de 0% com pessoas com deficiência receberam apoios Cultura). 8.4. Tendências e paradigmas atuais Sim Não do Ministério da Família e Inclusão Social. No Ministério de Justiça Com uma população estimada em 531 239 Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE âmbito do Plano Nacional de Cuidados e do 1 OSC faz menção ao . projeto «Garantia de acesso ao pré-escolar» habitantes, Cabo Verde tem quase um terço da

foram financiados 17 OSC. Assim, em 2017 Apenas 2,9% das OSC (3) referem-se ao sua população a viver numa situação de pobreza, Em relação aos mecanismos de acesso, e 2018, foram executados cerca de 600 000 programa POSER como fonte de financiamento. representando cerca de 35% da população, ou 14,6% (15 OSC) das OSC que receberam 50 EUR, representando 7,3% do orçamento de seja 179 909 cabo-verdianos/as. A avaliação da financiamento do Estado entre 2012 e 2019 investimento do Ministério. Destaca-se também que 45,5% das OSC Estratégia nacional de Crescimento e Redução indicam tê-lo ganho em concursos públicos; e participantes nunca receberam nenhum apoio da pobreza (2012-16) realizada no âmbito do 4,9% das OSC indicam ter assinado um contrato Outro fundo importante, indicado por financeiro. Apoio orçamental da UE destaca: programa e/ou protocolo de cooperação com várias OSC no âmbito do Inquérito é o Fundo o Governo, que assegura o seu funcionamento do Ambiente, gerido a partir de 2017 pelo Aliás, verifica-se que não existe uma «Apesar da redução da pobreza para 35% da corrente e a implementação das suas ações. Ministério da Agricultura e Ambiente. Em política deliberada e institucional de apoio população, de acordo com os dados preliminares

2018, o Fundo de Ambiente teve um orçamento ao funcionamento das OSC nem uma linha do IDRF 2015 (Pesquisa de Renda de Despesas total de 717.800.000 CVE (6,5 milhões de de financiamento formal e previsível para a Familiares), o ritmo da redução da pobreza tem EUR), dos quais 60% foram alocados para os sociedade civil contemplada no Orçamento desacelerado e as discrepâncias entre os meios municípios, 30% para a Administração Central do Estado e que possa ser consultada rurais e urbanos tornaram-se mais importantes. e 10% para projetos da sociedade civil e do setor pelas OSC. Alguns ministérios com fundos Muitas formas de pobreza persistem no país e privado (71.780.000 CVE = 650 000 EUR). disponíveis lançam concursos públicos, outras extensões da sociedade não têm acesso à qualidade entram diretamente em contato com OSC dos serviços públicos. As questões relacionadas % implementadoras para estabelecer protocolos à pobreza e exclusão social permanecem No âmbito deste fundo, o financiamento às 4,9 51 OSC e empresas é feito através de um concurso de parceria ou contratos programa para a estruturais em Cabo Verde.» das OSC indicam ter público. O plafond máximo nestes concursos realização de ações específicas. 50 Segundo o INE, atualmente 179 909 cabo-verdianos vivem em assinado um contrato para OSC é de 5 milhões de CVE por projeto e condições de pobreza (menos de 270 CVE por dia), sendo 54 000 em no caso das empresas privadas, de 10 milhões Um membro de uma OSC inquirida analisa pobreza extrema (menos de 140 CVE por dia). A grande maioria dos programa e/ou protocolo pobres, segundo o INE, se encontra no meio urbano, numa situação de de CVE. Em 2018, foram financiados, através de a situação da forma seguinte: desemprego alargado, o que acaba por afetar sobretudo as mulheres e população mais jovem, «53% dos pobres são mulheres, 60% tem de cooperação com o concurso, um total de 14 projetos da sociedade menos de 25 anos, sendo que 59% vive na ilha de Santiago, 51% vive no meio rural e 22% dos pobres vive no Concelho da Praia. Cerca de Governo, que assegura civil, 5 projetos de empresas nacionais e uma «Ao contrário da relação com os parceiros 44% das famílias consideradas pobres são monoparentais e 61% vive em da . Em 2020, serão internacionais onde a relação se estabelece agregados familiares com mais de seis pessoas». (Instituto Nacional de o seu funcionamento Estatística (2018). Perfil da Pobreza. Evolução da Pobreza Monetária Absoluta financiadas 15 OSC e 3 empresas, vencedoras dentro de um quadro claro de responsabilização 2001/02, 2007 e 2015. III Inquérito às Despesas e Receitas Familiares do Instituto Nacional de Estatística referente ao período entre 2014-2015. Praia. corrente e a implementação do concurso de 2019. As áreas atuais de que define as responsabilidades das partes eo Consultado no dia 15 de Agosto 2020. URL: http://ine.cv/wp-content/ financiamento incluem a restauração do ambiente seu relacionamento nos seus termos gerais e uploads/2018/06/idrf-2015-perfil-da-pobreza-versao-final.pdf, p. 72.). das suas ações. 51 Tradução feita pelos autores do documento na base de: UE (2017). Final rural e periurbano, a conservação da natureza, especiais com os organismos do Estado de Cabo Evaluation of the Growth and Poverty Strategy Paper 2012-2016, Cape Verde (GPRSP III). Implemented by DFC, financed by UE, Executive assim como projetos no âmbito de informação, Verde e municípios, não existe um quadro de summary p. IV. sensibilização e educação ambiental. 108 109 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

Apesar de que desde 2008, Cabo Verde é No âmbito do Programa do Governo da considerado um país de rendimento médio, as IX Legislatura, constatamos uma mudança do O programa encontra-se estru- suas taxas de pobreza e de desemprego crescem. paradigma da luta contra a pobreza para uma turado em 4 componentes O indicador de governança africana (Mo nova visão de responsabilização do cidadão, Ibrahim Index 2019) demonstra igualmente da criação de rendimentos e da promoção de Componente 1 uma ligeira redução do desempenho do país uma economia social e solidária. Neste sentido Fundo de financiamento na área de educação (-0.1). analisaremos de seguida a reestruturação dos programas no âmbito dos Programas de Luta contra a Esta componente apoia: o Nota-se que durante a transição para país Pobreza (PNPL) que existiam até 2013, assim cofinanciamento dos investimentos de rendimento médio, existe o risco de que como o início da visão da economia social e em programa, as equipas técnicas os ganhos obtidos não sejam fortalecidos e solidária em Cabo Verde, enquanto estratégia regionais para assegurar a planificação que a sociedade civil seja a primeira a sentir para as OSC. e execução das atividades do programa retrocessos, caso não exista uma estratégia e a capacitação dos beneficiários em específica para o seu empoderamento e o seu O POSER (Programa de Oportunidades termos de gestão e sustentabilidade reforço institucional. Económicas Rurais) dos investimentos do FIDA.

Assim, os grandes desafios no atual contexto Em 2013 surge o Programa POSER Componente 2 socioeconómico e político cabo-verdiano incluem (Programa de Oportunidades económicas Formação, Animação a redução das desigualdades, assimetrias rurais) enquanto continuação do Programa e trabalho em rede sociais e regionais e a descentralização das Nacional de Luta contra a Pobreza (PNLP), um Esta componente visa, essencial- decisões. Por isso, os processos de regionalização programa que intervém diretamente no meio mente facilitar a apropriação, pelos do PEDS e a elaboração dos PEMDS (Plano rural, em áreas principais como a agricultura, beneficiários, dos investimentos em estratégicos a nível municipal), assim como a pesca, pecuária e transformação agropecuária projetos estruturantes; promover procura de estruturas de diálogo e concertação de pequena dimensão. Financiado pelo FIDA a cadeia de valor a partir dos local são fundamentais - numa perspetiva de (Fundo Internacional de Desenvolvimento investimentos realizados em matéria visão partilhada e de reforço do diálogo entre o Agrícola das Nações Unidas) e o Fundo de mobilização de água para as poder central, o poder local e a sociedade civil - Fiduciário Espanhol, o POSER está atualmente atividades agrícolas e de projetos de modo a alcançar-se a realização dos Objetivos sob a tutela do Ministério da Agricultura e estruturantes no domínio da pesca. de Desenvolvimento Sustentável (ODS 2030). Ambiente.

Componente 3 POSER Clima Esta componente garante o apoio institucional à adaptação de pequenas propriedades rurais às mudanças climáticas regionais para combater a pobreza; o reforço das informações agrometeorológica; e o diálogo estratégico sobre a gestão de água para o uso agrícola.

Componente 4 Coordenação, gestão e finanças Diálogo político, coordenação, seguimento e avaliação de projetos.

110 111 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

Durante uma entrevista realizada com o retira o foco de microprojetos rurais (nas áreas AS Comissões Regionais de Parceiros (CRPs) Coordenador do POSER (2020), foi analisado o de infra-estruturas, agricultura, etc.), realizados novo programa estratégico e constataram-se as pela própria comunidade e/ou associações não Existem nove Comissões Regionais de suas funções incluem : i) Prestar apoio técnico seguintes alterações fundamentais ao programa lucrativas. Aposta em trabalhar diretamente Parceiros, nomeadamente, de Santo Antão, aos beneficiários do programa e ACDs; ii) desde 2017: com as instituições responsáveis e as Câmaras São Nicolau, São Vicente, Maio, Fogo, Brava, Mobilizar recursos; iii) Assegurar o seguimento Municipais para implementar projetos Santiago Norte, Santiago Centro e Santiago e implementação de microprojetos e atividades; • A mudança do foco da luta contra a estruturantes a partir de empréstimos, na área Sul. Cada CRP é composta por três órgãos: iv) Assinar os contratos de execução com as pobreza para áreas de resiliência e de abastecimento de água, pesca e áreas que a Assembleia Geral, o Conselho Fiscal e o ACDs; v) Assegurar a avaliação do impacto dos rendimento – áreas económicas (alinhado valorizam as potencialidades da região. Conselho de Direção. Os membros são eleitos microprojetos junto aos/às Beneficiários/as; vi) com o PEDS); para um mandato de três anos. Os membros Fortalecer a capacidade das ACD; e vii) Assegurar Inicialmente adaptado para pequenas • A centralização do Programa (Unidade das Comissões Regionais são representantes a organização administrativa, financeira e associações comunitárias e baseado numa Coordenadora do POSER) e a supressão da de instituições locais de luta contra a pobreza, contabilística da CRP. abordagem de participação e financiamento transferência de verbas e responsabilidades incluindo os serviços desconcentrados das associações comunitários, o programa para as Comissões Regionais de Parceiros do Estado, ONGs, Câmaras Municipais e Em 2011, existiam nove CRPs distribuídas atualmente não está desenhado para responder (CRPs) e associações/coletivos; associações comunitárias de desenvolvimento. pelo território. As primeiras cinco foram às necessidades reais de financiamento das OSC. criadas durante a Fase II do Programa Nacional • O Ministério de Agricultura e Ambiente Como analisado anteriormente, 45,7% das OSC A CRP é uma associação de direito privado de Luta contra a Pobreza (2004-2007) e foram como novo interlocutor para o programa não tem um orçamento mínimo para garantir com estatuto de utilidade pública. Tem como estabelecidas no Fogo, Brava, Santo Antão, São POSER e as unidades técnicas das CRPs o seu funcionamento, pelo que o requisito de objetivo desenvolver a capacidade organizacional Nicolau e Santiago. Depois, durante a Fase III, no terreno são diretamente transferidas garantir 10% de cofinanciamento com fundos da ACD, a fim de lutar contra a pobreza. O foram criadas quatro CRPs: no Maio, em São para o Ministério; próprios as exclui do acesso a este Programa. principal órgão de gestão das CRPs é a Unidade Vicente e duas em Santiago. A participação da • Introduzida uma componente específica Técnica. Ela é constituída por um gestor, os comunidade é um pilar e princípio orientador para a luta contra as mudanças climáticas Em 2017, e paradoxalmente durante a época animadores (um para cada município da região) e dos CRPs: quase 8 em cada 10 membros - POSER Clima com um valor total de 4 de inundações na ilha de Santo Antão, o Fundo um contabilista. A Unidade Técnica é responsável provêm de associações comunitárias, seguidos milhões de dólares; FIDA havia manifestado a sua «preocupação» pela gestão técnica das atividades das CRPs. As das ONGs. quanto à «fraca taxa de execução» do Programa • Nova abordagem de investimento POSER em todo o arquipélago, que, nessa gerido pelo setor privado no lugar de altura, rondava os 50%.52 microprojetos geridos pelas associações; • Supressão do Fundo de sustentabilidade A mudança estratégica do POSER tem de 5% para o funcionamento das um impacto evidente e reestruturante associações; na sustentabilidade das CRPs e das • Reforçadas as parcerias com as Câmaras associações comunitárias e ONGs que o Municipais, instituições (ICIEG, PNUD, integram. Até 2016, os programas PNLP e CERMI, ANAS, etc.) e unidades técnicas POSER eram executados pelas Comissões A partir de 2017, com a alternância política «...Neste momento, há um divórcio entre a CRP e a nível das regiões; Regionais de Parceiros (CRPs) e os projetos e a mudança de estratégia política, as CRPs o POSER que assina contratos diretamente com de desenvolvimento rural eram selecionados deixaram de ser consideradas as parceiras a unidade técnica, quase que em uma tentativa de • Envolvimento da sociedade civil está e aprovados pelas assembleias comunitárias. principais na redução da pobreza rural e aniquilar a sociedade civil, tentativa de retirar o reduzido à sensibilização, formação e A CRP era a entidade que fazia a gestão a suspenderam-se os financiamentos diretos do tapete para as organizações que já são de tal forma mão de obra; partir de uma unidade técnica, dos recursos Estado, tanto para o seu funcionamento como frágeis que ao retirar o financiamento acabam por • Novas condições de acesso (com um do programa PNLP e POSER, contratava as para a execução do Programa POSER. cair, não conseguem pagar contas de telefone, ter funcionamento a partir de empréstimos e associações e prestava contas aos parceiros. recursos humanos e sobretudo quando queremos um cofinanciamento mínimo de 10%). Esta informação foi partilhada no âmbito de candidatar a fundos europeus fica extremamente

52 Noticias Sapo. Santo Antão, Governo negoceia com FIDA prolongamento várias mesas de diálogo; até à presente data não frágil, sobretudo quando se sabe que uma parte é Contrariamente ao Programa PNLP ao do Poser até 2022. 18 de outubro 2018. Consultado no dia 20 de julho foi apresentada qualquer base legal para esta comparticipada...» 2020. URL: https://noticias.sapo.cv/economia/artigos/santo-antao- primeiro ciclo do POSER, desde 2017 o POSER governo-negoceia-com-fida-prolongamento-do-poser-ate-2022. reestruturação: (Participante em Mesa de diálogo)

112 113 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

Uma vez que está a desligar-se da com baixo grau de escolaridade. Grande parte do meio ambiente e desenvolvimento local, um lado, poderá permitir que as instituições abordagem de microprojetos, o Governo atual dos créditos são solicitados para investir em integram esta economia social, tendo meios de de microfinanças ganhem um mercado de considera que as CRPs não têm as capacidades negócios com lucro rápido (diversas formas produção comunitários geridos e possuídos microcrédito, aumentando a sua carteira de suficientes para gerir os fundos, pelo que esta de comércio), a fim de obter uma fonte de por comunidades locais (artigo 6.º). clientes junto às camadas mais pobres da responsabilidade é passada para uma Unidade rendimento para o sustento das suas famílias e população (quase 180 mil pessoas, segundo o Coordenadora do POSER (UCP) a nível do para suprir as necessidades básicas53. A aprovação da Lei quadro de economia INE, 2015) e aquelas pessoas que trabalham na Ministério de Agricultura e Ambiente. social e solidária, prevê a revisão do regime economia informal (cerca de 40 mil pessoas); Em 2016 foi realizado o Primeiro Congresso jurídico das cooperativas, assim como a ii) por outro lado, pode surgir um cenário de No âmbito do Inquérito participaram 8 das 9 de Economia Social e Solidária (ESS) dos reorganização das instituições de microfinanças. monetarização da intervenção social, i.e., as CRPs. O Inquérito demonstrou as suas grandes países lusófonos em Cabo Verde na Cidade da Neste contexto, são introduzidos um conjunto relações passam a ser sobretudo de crédito, o limitações para o autosustento, sobrevivendo Praia, com cofinanciamento da UE. O Governo de atividades que poderão ser desenvolvidas que pode reduzir a lógica de solidariedade e à base de voluntariado dos/as associados/as cabo-verdiano demonstrou desde então pelas instituições de microfinanças, além do intervenção pró-social junto dos mais pobres. (em 2019, as 8 CRPs indicam ter 94 profissionais uma forte aposta neste setor, sublinhando o tradicional microcrédito, incluindo poupança, Neste cenário, as instituições de microfinanças remunerados e 151 profissionais em regime de importante contributo da economia promovida consumo, microsseguro, etc.54 Adicionalmente poderão sentir-se tentadas a colocar o foco na voluntariado). As CRP apontam como áreas por cooperativas, associações mutualistas, é introduzido um funcionamento bancário a parte lucrativa da intervenção social. «pouco eficazes» a «identificação de fontes de associações comunitárias, fundações, e partir de um quadro normativo supervisionado financiamento» (62,4% das CRPs), «investigação e/ outras, no desenvolvimento do país. Como por um Banco central (Banco de Cabo Verde Cabe destacar igualmente que o setor é ou análise estatística» (75%), «ações de advocacy» analisado anteriormente, mais de 36% das - BCV), no qual todas as instituições ativas do apoiado pelo Grão-Ducado de Luxemburgo. (62,5%) e a «elaboração de materiais IEC» (62,5%). OSC já implementam atividades geradoras de país devem ser registadas para ser autorizadas a Assim, entre 2011 e 2015 foi implementado, rendimento no âmbito das suas ações e para exercer a prestação de serviço das microfinanças. no quadro da parceria entre o Governo de No entanto, 75% das CRPs indicam que a sua assegurar financiamentos. Cabo Verde e o Grão-Ducado de Luxemburgo, equipa tem as capacidades técnicas suficientes O diploma considera microfinança (artigo o programa de desenvolvimento de finança para o funcionamento e as áreas em que assumem Por parte do Governo, a ESS é igualmente 3.º), como «a atividade exercida pelas entidades inclusiva criando as bases jurídicas legais para precisar de reforço técnico, indicadas, foram: a vista como um instrumento fundamental na autorizadas e que consiste na prestação de serviços a modernização e profissionalização do setor. «mobilização de financiamento» (87,5%), assim como estruturação do setor informal e na promoção financeiros adequados e sustentáveis a favor das Assim, no quadro do Programa Indicativo de «advocacy, incidência política e lobbying» (50%). do emprego decente, sendo os/as principais populações de baixo rendimento, normalmente Cooperação 2016-2020, são disponibilizados beneficiários/as do microcrédito as mulheres excluídas do sistema financeiro tradicional» e define um total de 1 milhão de EUR para o reforço do Um Quadro legal para as microfinanças e a chefes de família, assim como jovens à procura 3 categorias de instituições de microfinanças55. setor das microfinanças (ver p. 143). economia social e solidária em Cabo Verde do primeiro emprego. Verifica-se que pelos montantes elevados exigidos no registo, por cada categoria, que a A Associação Profissional das Instituições Desde os anos 90, o microcrédito tem sido Com a introdução da Lei quadro (Lei n.º 122/ maioria das associações tem dificuldades em de Microfinanças de Cabo Verde (APIMF- utilizado em Cabo Verde como forma de VIII/2016) estabelece-se o regime jurídico da iniciar esta oportunidade de trabalho social CV), enquanto entidade privada, é o órgão combater a pobreza e a exclusão social. Não economia social, definindo-a (artigo 3.º) como e gestão de fundos próprios que a legislação representativo do setor de microfinanças em obstante, verifica-se uma fraca participação «o conjunto das atividades económicas e empresariais, proporciona. Assim, para as mutualidades Cabo Verde. A associação foi fundada em julho das pessoas mais pobres ou em situações livremente levadas a cabo, no âmbito privado, por (Categoria B) a caução mínima para o registo de 2004 por membros de várias instituições de de vulnerabilidade e exclusão. Devido às entidades que prosseguem os fins previstos como o é de 15.000.000 CVE e para as cooperativas da microfinanças no terreno (Morabi, FAMI-Picos, suas condições de vida, elas têm poucas primado das pessoas, autonomia política face ao Estado mesma Categoria é de 10.000.000 CVE. ASDIS, OMCV e ADIRV). possibilidades de arcar com as despesas de um e outras instituições, o princípio de solidariedade, empréstimo, carecendo de credibilidade para a gestão autónoma e independente das autoridade Com a alteração da Lei de microfinanças Atualmente existem 13 instituições de obterem um fiador e/ou uma poupança mínima. públicas» etc. As cooperativas, as fundações, abrem-se várias perspetivas e cenários: i) por microfinanças em Cabo Verde. Destas, apenas As mulheres são as clientes principais em todas as associações com fins altruísticos ligadas a 7 (6 da ilha de Santiago e 1 da ilha de Fogo) as atividades de microfinanças; existindo duas atividades científicas, culturais, educativas, 54 Regulado pela Lei n.º 12/IX/2017, que veio proceder à Alteração do estão registadas no Banco de Cabo Verde Regime Jurídico da Atividade das Microfinanças, aprovado pela Lei n.º instituições vocacionadas especificamente para recreativas, do desporto amador, da defesa 83/VIII/2015. (BCV) de acordo com o novo regime jurídico. a assistência às mulheres nesta área (OMCV e 55 A categoria A inclui as caixas económicas, as caixas de poupança postal e As restantes 6 estão inativas por falta de as caixas de crédito rural. A categoria B inclui cooperativas de poupança MORABI). A maioria das beneficiárias são mães 53 Orrico, Ivandro de Jesus Garcia (2015). O Microcrédito em Cabo Verde e e as mutualidades de poupança e crédito. Na categoria C são as meios financeiros para cumprir com as novas Importância do Microcrédito na Criação de Negócios Locais na Ilha de Santiago. entidades registradas nos termos do presente diploma para o exercício solteiras e chefes de família, de baixa renda e Tese Policopiada, ISCAL. Lisboa, p.103-105. de funções de intermediação na captação de depósitos. condições da Lei.

114 115 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

A Agenda 2030 e o processo de localização Nome da instituição de Sede Atividade dos Objetivos de desenvolvimento sustentável Os ODS estão microfinanças (ODS) OMCredito, gerido pela OMCV Praia, Santiago ativa com registo no BCV (Banco de Cabo Verde) alinhados Outra tendência a nível mundial que é MorabiCoop Praia, Santiago ativa com registo no BCV refletida em Cabo Verde é a implementação com o Plano da Agenda 2030 e a localização dos Objetivos CitiCoop, gerido pela Citi-habitat Praia, Santiago ativa com registo no BCV de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Os Estratégico de ASDIS Calheta, Santiago ativa com registo no BCV Objetivos de Desenvolvimento Sustentável fazem parte do compromisso de todos os SolmiCoop ativa com registo no BCV Praia, Santiago países das Nações Unidas para acabar com a Desenvolvimento Fami/Picos Picos, São Salvador do Mundo, Santiago ativa com registo no BCV pobreza, proteger o meio ambiente e garantir melhor qualidade de vida às populações no Sustentável de ADIRV Rui Vaz, São Domingos, Santiago inativa mundo. Cabo Verde tem investido recursos, fortalecendo parcerias para a implementação SoldiFogo São Felipe, Fogo ativa com registo no BCV Cabo Verde. dos ODS. Os objetivos estão alinhados com UNSOCOR São Felipe, Fogo inativa o Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável de Cabo Verde (PEDS). ORAC Ribeira Brava, São Nicolau inativa

Cooperativa Maence Porto inglês, Maio inativa

AMUSA Ribeira Grande, Santo Antão inativa

CRESCEBrava Brava inativa

A lei define que as «associações e outras representante de uma instituição na área de instituições que praticam microfinanças devem microfinanças: promover a segregação das funções de cariz social das de microfinanças, para que as suas atividades «Tem-se contribuído para a redução das passam a ser exercidas por entidades jurídicas Instituições de microfinanças sobretudo nas ilhas distintas...» (artigo 81.º Lei n.º 12/IX/2017), pelo periféricas. Neste momento assiste-se uma queda qual ONGs como Morabi, Citi-habitat e OMCV de Instituições de Microfinanças a nível nacional, abriram uma nova entidade para o exercício causada por uma política de exclusão de uns em das suas atividades de microfinanças. benefício de outros, localizadas em Santiago e Fogo. Por exemplo no Barlavento só há 2 instituições de Ainda em 2015, existiam entidades de microfinanças e não têm ainda o registo no Banco microfinanças em todas as ilhas; atualmente, de Cabo Verde, devido a dificuldades em mobilizar o fenómeno das microfinanças está recursos. A APIMF mobilizou do Governo em 2017, maioritariamente centralizado na ilha de 100.000.000 CVE (...) para a mitigação do mau ano O Programa - Plataforma para o pelo PNUD e financiado pelo Luxemburgo Santiago, ainda que grande parte das pessoas agrícola, e distribuiu apenas para as 7 IMFs agora Desenvolvimento Local com um total de 3,2 milhões de EUR. Com o com necessidades neste âmbito esteja radicada acreditadas pelo BCV. As outras ilhas não tiveram fim de apoiar o processo de desenvolvimento nas ilhas mais periféricas. acesso. Não se pode fazer um discurso de «ninguém O Programa Plataforma para o local e sustentável em Cabo Verde, o programa pode ficar para trás» para depois se concentrar em Desenvolvimento Local e dos Objetivos 20/30 visa a localização dos ODS em quase todos os Durante as mesas de diálogo e entrevistas algumas ilhas ou regiões…» em Cabo Verde parte da iniciativa do Governo municípios de Cabo Verde. no terreno, foi expresso por parte de um (Representante, IMF) cabo-verdiano e é atualmente implementado

116 117 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

A partir da promoção de um processo Os projetos de impacto em resposta aos Gráfico 52: Os ODS prioritários segundo as OSC participativo, o programa pretende ser uma ODS conseguiram mobilizar vários parceiros ferramenta inovadora e democrática que apoia tais como o Fundo de Turismo, de Ambiente, os municípios na tomada de decisões e boa o POSER, assim como parceiros da cooperação governança no âmbito do desenvolvimento descentralizada, e desta forma conseguiram- integrado dos seus territórios. Em Plataformas se multiplicar os montantes de financiamento locais, constituídas ao nível das Câmaras iniciais. Municipais, são elaborados juntamente com os serviços descentralizados e diversos atores (setor Desafios privado e sociedade civil) Planos Estratégicos Municipais de Desenvolvimento Sustentável A participação das OSC nas Plataformas (PEMDS) para responder às necessidades é fraca, dado o débil relacionamento entre as dos municípios. Com base nos PEMDS, os AL e as OSC. Assim a maioria dos projetos municípios escolhem projetos de impacto de impacto refletem, primariamente, a que implementam durante o programa e em visão das Autoridades locais (CM e serviços parceria com outros atores nacionais. Durante o descentralizados). Com exceção de alguns processo são realizadas capacitações na área de casos - entre os quais um projeto na área de boa governação, género, ODS, transparência e gestão de lixo plástico, desenvolvido por atores participação cidadã. da sociedade civil em conjunto com a Câmara municipal de Boavista - as OSC não participam No âmbito do programa está igualmente na implementação dos projetos de impacto. prevista a criação de um sistema de monitorização e avaliação dos ODS a nível das Os ODS prioritários, segundo o Inquérito ilhas e local, em concertação com o Ministério das Finanças e o INE. Questionados sobre quais objetivos deveriam ser prioritários para o desenvolvimento de Ganhos Cabo Verde nos próximos 5 anos, constata-se que para 46% das OSC a «Erradicação da pobreza» O programa conseguiu aumentar o número é o objetivo prioritário para o desenvolvimento de municípios que participam de 8 para 20. de Cabo Verde nos próximos 5 anos, seguido Espera-se poder cobrir, com o financiamento do pelo objetivo 3 «Saúde e bem estar» (41,8%) e Governo, os 2 municípios restantes (Tarrafal de o objetivo 4, a «Educação de qualidade» (41,1%) Santiago e Sal). (gráfico 52). Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE

Cabo Verde atingiu em 2008 o estatuto de Inquérito, 59,8% das OSC afirmam considerar país de rendimento médio, fundamentado nos sempre indicadores vinculados com os ODS progressos feitos na redução da pobreza e na nas suas ações. No entanto, é de realçar que Para 46% das OSC a «Erradicação melhoria de indicadores na área de educação e diversas OSC manifestaram que o uso de de saúde. Não obstante, o Inquérito demonstra indicadores vinculados aos ODS não era da pobreza» é o objetivo prioritário que a sociedade civil percebe que a pobreza, aplicável à sua organização (4,8%), ou que não saúde e educação continuam a ser as áreas que tinham conhecimento sobre se a OSC os utiliza o Governo deve priorizar na sua política pública. (10,6%). O país não dispõe de base estatística para o desenvolvimento de Cabo assente nos indicadores de ODS a fim de medir Em relação à adequação dos projetos à a contribuição das OSC. Neste sentido, os dados Verde nos próximos 5 anos. agenda internacional, destaca-se que, no não podem ser confirmados.

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Opinião das Autoridades locais

Gráfico 53: Os ODS prioritários segundo as autoridades locais

8.5. Políticas e relações a nível Entre as atribuições e competências das descentralizado - AL e OSC autarquias locais encontram-se as áreas de: Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE No âmbito do artigo 4.º da Lei nº 69/VII/2010 «Cartografia, cadastro, ordenamento do território Em alinhamento com a sociedade civil, O alcance dos ODS é uma tarefa coletiva, de 16 de agosto é estabelecido o quadro da e urbanismo; equipamento social, ambiente, água as Câmaras Municipais (CM) afirmam no entanto, quase 40% das CM manifestam descentralização administrativa bem como o e saneamento básico, saúde pública e defesa do como objetivos prioritários a «Erradicação da não ter capacidade para contribuir para os regime de parcerias público privadas de âmbito consumidor; habitação, ação social, energia/ pobreza» (14 CM) e a «Saúde e bem estar» (6 ODS. É ainda de destacar que um número regional, municipal ou local que define que: transportes e vias de comunicação, educação CM). elevado considera que não tem capacidades e formação profissional, cultura, e desporto, para contribuir para desenvolvimento da «É dever da administração central promover a proteção social, Polícia administrativa municipal, A «Igualdade de género» e «Água limpa localidade, o que pode ser explicado pela descentralização para as autarquias locais Promoção de atividades económicas e do e saneamento» constituem, igualmente, ainda fraca localização dos objetivos de de atribuições e competências que lhe são próprias empreendedorismo, assim como a Cooperação objetivos prioritários com muita relevância desenvolvimento e o conhecimento limitado sempre que se mostrar necessária para melhoria internacional descentralizada» (artigo 18.º). para as CM (gráfico 53). dos mesmos. e a eficiência dos serviços públicos prestados aos cidadãos, salvo disposição em contrário. As Neste quadro e atendendo às competências 10 das 17 CM afirmam ter a capacidade autarquias locais de grau superior devem conferidas às autarquias locais, no âmbito para contribuir para o alcance dos ODS em igualmente descentralizar atribuições e do Inquérito, as Câmaras Municipais foram Cabo Verde, enquanto 7 indicam não ter esta competências que lhe são próprias para as questionadas sobre quais as áreas que têm capacidade. autarquias locais de grau inferior e para as obtido resultados significativos e com impacto organizações da sociedade civil, sempre que real na vida dos munícipes: se mostrar necessária para melhorar a eficiência e a eficácia de serviços públicos prestados aos cidadãos, salvo disposição legal em contrário.»

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Gráfico 54: Áreas onde as Câmaras municipais consideram ter obtido resultados Existem Fundos a nível descentralizado? 47,1% (8) das Câmaras Municipais inquiridas com impacto real na vida dos munícipes indicam ter programas de financiamento Questionados sobre programas de dirigidos às OSC, nomeadamente nas áreas financiamento existentes para organizações da cultura, desporto, social, formação/ Água e saneamento básico 82,4% da sociedade civil, 52,9% das AL afirmam não empregabilidade e ambiente - com orçamentos Habitação 76,5% ter nenhum programa específico para as OSC que variam de 200 mil CVE a 50 milhões de

Educação 76,5% (gráfico 55). De fato, conclui-se que na maioria CVE. Ao especificar os programas disponíveis, dos municípios não existem programas formais as CM fazem referências a fundos de apoio Promoção social 70,6% e bem definidos direcionados às OSC, com ao associativismo juvenil, desenvolvimento Desporto 58,8% períodos concretos para concursos e pedidos desportivo, promoção cultural e religioso e,

Formação profissional 52,9% de financiamentos. Cada município planeia programas de melhoria de acessibilidade e os financiamentos à sociedade civil, sem um valorização ambiental. Cultura 52,9% quadro previsível. Saúde 47,1% Nota-se que mais que programas, são apoios financeiros pontuais e direcionados Planeamento e Urbanismo 47,1% Gráfico 55:Existe um programa em primeiro lugar às Câmaras Municipais, Cooperação descentralizada 47,1% de financiamento para organizações no âmbito de parcerias técnicas e financeiras Ambiente 47,1% da sociedade civil no município? de instituições nacionais e internacionais, (segundo as AL) Energia 41,2% como o Ministério da Agricultura e Ambiente (Fundo de Ambiente e POSER), o Ministério Proteção civil 35,3% da Cultura, a empresa pública Sociedade Turismo 29,4% de Desenvolvimento Turístico das ilhas de Emprego 23,5% Boavista e Maio, a Cooperação luxemburguesa, Islandap – Canárias, a União Europeia e ONGs Desenvolvimento rural 23,5% europeias tais como a ADPM, ONGs PSF e Transportes rodoviários 11,8% Não Sim CVED-LUX e instituições bancárias nacionais 52,9% 47,1% Comércio interno 5,9% (recurso ao crédito bancário).

Polícia 0,0% De forma análoga, 39,7% das OSC Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE inquiridas não contam com o apoio das Câmaras Municipais e 28% das OSC recebem só um apoio informal por parte das 82,4% afirmaram ter obtido maiores positivos nas áreas da «cultura», do «desporto», autoridades locais, o que indica a lógica de resultados no setor de «água e saneamento básico», «formação profissional», «ambiente» e «saúde» Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE apoios pontuais (gráfico 56). seguidos pela «habitação» (76,5%), «educação» (gráfico 54). (76,5%), e «promoção social» (70,6%). Nota-se uma preocupação, por parte das Autoridades Cabo Verde foi reconhecido como um locais, com a satisfação das necessidades país de rendimento médio, devido a avanços básicas da população. É interessante ressaltar significativos em várias áreas. A contribuição que nas áreas como o «comércio interno» (5,9%), dos municípios foi fundamental para alcançar «transporte rodoviário» (11,8%), o «emprego» este patamar. Os dados mostram-nos que têm (23,5%) e o «desenvolvimento rural» (23,5%) que havido resultados com impacto, principalmente são, também, estruturantes para a melhoria das no setor social, mas é necessário imprimir uma condições de vida dos munícipes, o nível do maior dinâmica nos setores vitais da economia impacto apresenta-se muito baixo. Existe ainda (turismo e emprego) para assegurar um um esforço na intervenção e com impactos desenvolvimento sustentável.

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Gráfico 56:Os projetos e ações Importa salientar a falta de programas Das informações recolhidas junto aos Que tipo de relações existem entre as OSC da OSC contam com o apoio (não só específicos para organizações da sociedade ministérios, a participação das OSC é elevada e as AL? financeiro) das autoridades locais? civil que sejam implementados na totalidade para o Ministério da Agricultura e Ambiente e dos 22 municípios. Existe, assim, a necessidade esta concretiza-se através de troca de e-mails/ Questionadas sobre a relação com os 39,7% 40% de estruturar e divulgar programas municipais mensagens e consultas. Por sua vez, o Ministério diversos atores da sociedade civil (gráfico 58), 32,3% direcionados para as OSC. da Família e Inclusão Social afirma ser baixa a a maioria das Câmaras Municipais avaliam-na 30% 28% participação e que a prática é a participação na como «boa» (64,7%). As OSC participam na definição de implementação de ações e não na definição de 20% programas e atividades da CM? prioridades. Gráfico 58De acordo com a experiência da Câmara, como avaliaria a sua relação 10% 64,7% das Câmaras Municipais inquiridas Como vimos no Capítulo 8.1. (gráficos 47 e com as OSC?

0% avaliaram como «moderada» a participação 48) a maioria das OSC (83,1%) afirma que não 70% Sim, a Sim, a Não das OSC na definição das prioridades dos existem espaços de diálogo permanente com o organização organização 64,7% conta com conta com programas e planos de atividades, 23,5% Estado, o que vem reforçar a afirmação das CM, uma parceria uma parceria como «baixa» e apenas 11,8% avaliam a sua onde 58,8% indicam que não existem espaços formal informal 60% participação como «elevada» (gráfico 57). de diálogo permanente. Isto significa que Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE grande parte das políticas públicas elaboradas em Cabo Verde parte do topo para a base, o Nas mesas de diálogo realizadas as Gráfico 57:Avaliação da participação das que dificulta a implementação e o sucesso das 50% organizações fizeram referência a alguns organizações da sociedade civil na definição mesmas. programas/fundos e apoios recebidos por das prioridades dos programas do município parte das Câmaras Municipais, nomeadamente: (segundo as AL) Na opinião das autarquias locais, as 40% fragilidades encontradas no âmbito do • O Programa de Requalificação, relacionamento com as OSC incluem: a) Reabilitação e acessibilidade (PRRA), um 11,8% reduzida participação da sociedade civil nos 30% Programa do Ministério de Infraestruturas 23,5% encontros promovidos; b) falta de organização que coloca à disposição dos municípios das OSC; c) distância entre a sede dos fundos para a execução de obras no qual Elevada municípios e as localidades; d) comunicação as Câmaras Municipais, por sua vez, ineficiente; e) falta de recursos financeiros; f) 20% contactam as associações para trabalhos baixa próatividade e espírito de iniciativa; g) 17,6% Moderada específicos, como a reabilitação de desigualdade de género; h) indisponibilidade 11,8% habitações; dos membros (fraco poder de participação de 10% Baixa • A doação de terrenos e disponibilização todos os membros); i) fraco conhecimento do 5,9% de espaços físicos para o funcionamento Quadro legal e funcionamento das leis; j) fraco espírito de voluntariado; k) desvalorização do das organizações; 0% 64,7% grupo em benefício do individual; l) dificuldades • Apoio em termos de materiais; e em resolver as preocupações em tempo útil; Muito boa Boa Razoável Fraca

• Apoios pontuais de acordo com projetos Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE m) fraca capacidade, nível de habilidade e Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE apresentados pelas OSC (várias vezes faz- competências de liderança; n) pouca prática de se referência a manutenção e trabalho nos Os mecanismos utilizados com maior registos e prestação de contas; o) dificuldades No entanto, nas mesas de diálogo realizadas trilhos vicinais). frequência para garantir a participação das OSC na elaboração e gestão de projetos baseados em nas diferentes ilhas do país, as OSC afirmaram são as sessões de informação (88,2%), seguidos resultados. a pouca abertura e colaboração por parte Fez-se também referência a algumas de encontros individuais (76,5%), partilha de das Câmaras Municipais, apesar de terem a Câmaras Municipais que trabalham através de informações por e-mails e mesas de diálogo/ noção da importância e do envolvimento das acordos programas para a execução de projetos grupos focais (70,6%), e por fim consultas Câmaras em todos os projetos e atividades que específicos com as OSC. (58,8%). desenvolvem.

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Diversas opiniões sobre o relacionamento «A Câmara tem toda a equipa com atual com as Câmaras Municipais, as limitações competências em diversas áreas que podem Recomendações do Capítulo 8 das ADC e as relações de parceria possíveis, orientar as associações, não só na elaboração foram recolhidas durantes duas mesas de dos seus projetos como também a Câmara pode • Ativar o CESA (Conselho Económico, pelas OSC no território, contemplando diálogo nas diferentes ilhas: fiscalizar a aplicação das verbas, pode avaliar Social e Ambiental) e criar condições formas de colaboração e de partilha de o impacto desses projetos no desenvolvimento administrativas e financeiras para que informação na elaboração das ações «...Em termos de influenciação onde se conseguiu que tem (...) É a Câmara que deve ser a mãe e este funcione, permitindo a participação e no momento do seu financiamento a execução de projetos, mesmo de forma direta ou as associações devem prestar contas, através de das organizações da sociedade civil em (reuniões, protocolos, acordos de indireta, precisamos da Câmara Municipal relatórios. A CRP foi apontada aqui como um assuntos de interesse nacional; colaboração, etc.); para executar o projeto porque estamos num exemplo de uma associação que tem feito estes • Garantir a representatividade da • Criar um Fundo de sustentabilidade território, onde a autoridade máxima é a Câmara, diálogos, mas não como um elemento fiscalizador. sociedade civil no Conselho de ao nível das autarquias locais, que temos de ter este bom relacionamento porque Foi apontado como o único exemplo... pelo menos, Concertação Social e no Conselho seja gerido em conjunto com OSC tudo o que se faz mesmo que não é de uma forma estou aqui há 18 anos e os encontros nos quais Nacional de Estatísticas; chapéus - para continuar a gestão/ direta, temos que coordenar com a Câmara. Uma eu tenho participado são da CRP. A Câmara cofinanciamento das redes e iniciativas • Estruturar programas direcionadas constatação é que teve um período de um certo às vezes participa. Como munícipe temos 30 depois do fim dos projetos UE, assim para as OSC, que sejam inscritos nos afastamento, falta de interação e diálogo com a minutos, antes da ordem do dia, que é para dar como para apoiar o funcionamento/ orçamentos municipais anuais, definindo própria instituição porque as associações tinham a nossa opinião e são três minutos por pessoa, e reforço institucional de associações procedimentos claros para acesso financiamento e para executar, muitas vezes às vezes nem chega, então não temos espaço (equipa técnica com espaço na Câmara aos financiamentos, quer através de punham de lado a própria CM. Isso não pode ser para dialogar com a Câmara e se tiver uma Municipal); feito. Há que ter um bom relacionamento.» associação mãe/chapéu, então, vai obrigar os concursos públicos, contratos-programa (Representante ADC) representantes a dar a sua opinião, a dizer o que ou protocolos e divulgá-los, para que as • Apoiar associações chapéu nas ilhas, está errado e a fazer advocacy.» organizações possam preparar-se para de modo a criar maior dinâmica e «...Tem-se um financiamento e há praticamente (Representante ADC) aceder a esses fundos; permitir a descentralização dos apoios financeiros e técnicos; um bloqueio nas instituições. Não se pode • Promover espaços de diálogo dizer que uma organização do Estado não vá para Podemos constatar que não existe um permanentes para a definição de • Criar um sistema de seguimento o campo por motivos de combustível; não consigo espaço de diálogo nem uma política deliberada prioridades ou programas conjuntos estatístico assente em indicadores dos introduzir isso na minha cabeça. É preciso e institucional de apoio ao funcionamento entre as Câmaras Municipais e os atores ODS para medir a contribuição das uma nova abordagem e temos de ter a força de e à formação técnica das OSC a nível dos da sociedade civil; OSC e AL na localização dos ODS. relacionar com essas pessoas e instituições. Nós municípios. De forma pontual, algumas Incluir no sistema de seguimento o uso • Promover o envolvimento das Câmaras temos um financiamento e eles tem o dever de Câmaras Municipais trabalham com as OSC de marcadores de género, a modo de Municipais na implementação e na assistir tecnicamente. Sentamos numa mesa e através de acordos programas para a execução calcular o investimento nessa área. avaliação dos projetos desenvolvidos analisamos para ver se de fato é combustível ou de projetos específicos, ou ainda apoios pontuais falta de vontade, é preciso ter tudo isso em linha de acordo com projetos apresentados pelas de conta…» OSC. Na sua maioria, estes acordos são feitos (Representante ADC) sem concursos prévios e são pouco divulgados.

«Há uma coisa, também, que não deixa as associações avançar muito, e que é o espaço físico, que não temos. Não temos meios para pagar uma renda, uma pessoa para estar lá 8h por dia de trabalho. Então é aí que vai entrar a Câmara, que tem espaços, com a qual podemos fazer uma parceria, chegar ao Presidente e dialogar, ter um espaço físico...» (Membro ADC)

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9. dinâmicas e redes da sociedade civil

9.1. Relações entre OSC

Questionadas sobre as suas relações com outras OSC nacionais, 36,5% das OSC participantes avaliaram-nas como «muito boas» (7,4%) ou «boas» (29,1%); 31,8% das OSC classificou esta relação como «razoável»; 16,4% como «fraca»; e 15,3% como «inexistente» (gráfico 59).

Gráfico 59: Enquanto OSC, como avaliaria a sua relação com outras OSC?

40%

31,8% 30% 29,1%

09 20% 16,4% 15,3% AS Dinâmicas 10% 7,4% e REDES 0%

Muito boa Boa Razoável Fraca Inexistente

Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE

O gráfico demonstra que a maioria das OSC arquipelágica de Cabo Verde, a dificuldade (63,5%) parece não ter (boas) relações com de dialogar e de partilhar informação é outras OSC nacionais. compreensível relativamente às OSC de ilhas diferentes. Não obstante, esta fragilidade é Fraca cultura de diálogo e partilha de também uma realidade para as OSC com sede informações entre as OSC na mesma ilha, com exceção da ilha de Santo Antão, onde se observaram durante as mesas Uma das razões para a inexistência de de diálogo dinâmicas diferentes, espelhadas no um relacionamento mais próximo, avançada diálogo mais frequente. por várias organizações durante as mesas de diálogo em todas as ilhas de Cabo Verde, é a Um membro de uma OSC avalia o diálogo falta de diálogo e de partilha de informação entre as OSC, atualmente, como mais fraco do entre as OSC. Tendo em conta a condição que durante a época do partido único (1975-1991): 128 09 129 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

«Foi em 1988, portanto já nessa altura o que podemos constatar que o maior desafio Assim, na ilha da Brava, onde existem menos de 20 associações ativas, constatou-se que as OSC eu notava e que permanece até hoje, é um em Cabo Verde é sistematizar e disseminar não tinham muito conhecimento das atividades das OSC parceiras. Entretanto, notou-se que quase secretismo da própria ONG/Associação...em informações. todas tinham desafios semelhantes, que poderiam ter sido abordados de forma unida: uma geração 1988, portanto, era um tempo de partido único crescente de pessoas idosas com necessidades especiais de cuidado que os hospitais não conseguem em que havia de fato algum medo de partilhar Como se infere do gráfico 60 - que diz respeito atender; um alto índice de jovens desempregados/as, sem outra perspetiva que não seja a migração alguma coisa, mas quer dizer, naquela altura à articulação existente entre as organizações e a inexistência de uma sede para o trabalho das OSC presentes na ilha. Não obstante, todas as OSC até eu acho que havia mais diálogo…parece - as áreas que apresentaram valores mais tinham preferido como estratégia contactar uma por uma, de forma isolada, à Câmara Municipal incoerente, mas é verdade, havia uma vontade satisfatórios no Inquérito foram a «divulgação para pedir apoios. Como já se analisou no Capítulo 7.5. a capacidade de advocacy das OSC continua de dialogar e encontrar espaço de diálogo. (...) de boas práticas», a «partilha de conhecimentos e a ser fraca, pelo que é necessária maior atenção à questão. Muito recentemente, participei na elaboração know how» e a «coordenação para o trabalho no de um documento projeto, para a União terreno»; enquanto que as que foram colocadas Não obstante, existem e têm existido boas práticas e dinâmicas de redes/parcerias de organizações Europeia, participei com umas instituições. como menos satisfatórias foram as áreas da de sociedade civil em Cabo Verde, que se apresentam no seguinte Capítulo 9.2. Quando foi ganho esse projeto (...) não houve «partilha de informação sobre financiamentos» e o partilha de informação. Há uma cultura de não «funcionamento das redes e parcerias existentes». apresentação, talvez, da informação (...) Por Destaca-se que nas áreas com melhores 9.2. Registo de boas práticas e dinâmicas a nível da sociedade civil em Cabo Verde isso, é que eu fiquei muito contente com este resultados os valores alcançados em relação Inquérito porque eu pensei que talvez o objetivo a satisfação não refletem sequer a metade das final fosse melhorar esse diálogo e esse acesso à OSC inquiridas. Este alto nível de insatisfação Ganhos A rede TAOLA - Rede Nacional informação com as redes.» corresponde com o que foi manifestado nas de Proteção das Tartarugas marinhas (Membro de OSC) mesas de diálogo e entrevistas, sendo também A Rede TAOLA tem tido sucesso na área de advocacy, tendo conseguido coerente o descontentamento relativo ao Cerca de 2% das OSC que alterar a legislação sobre tartarugas Juntando esta perceção com dados concretos secretismo em torno aos financiamentos e a participaram no Inquérito, fazem em Cabo Verde, para que as atividades e com a análise feita no âmbito do insuficiente precariedade das redes e parcerias existentes parte da rede TAOLA - Rede ilegais relacionadas com a captura acesso à informação facultado pelo Estado, entre as organizações da sociedade civil. Nacional de Proteção das Tartarugas e consumo fossem considerados marinhas. A rede foi criada há 10 anos um crime, o que culminou com a na sequência da iniciativa legislativa promulgação em 2018 da lei de do Ministério do Ambiente no âmbito Gráfico 60:Grau de satisfação das OSC criminalização de atividades como a da lei (Resolução n.º 72/2010) que com a articulação existente entre elas nas áreas indicadas captura e apanha de ovos de tartaruga. deu origem ao «Plano Nacional de Proteção das Tartarugas Marinhas A rede teve também um papel em Cabo Verde». A rede tem como importante na homogeneização dos Partilha de informação sobre financiamentos objetivo promover a socialização da dados e metodologias de trabalho e de lei e o reforço da sensibilização da formação. Um conselho científico foi Divulgação de boas práticas sociedade civil na área da proteção criado e trabalha na criação de uma base das tartarugas. É uma rede que é única de dados sobre as tartarugas. Coordenação para o trabalho no terreno constituída por ONGs de conservação e a implementação de atividades especificas da natureza de Cabo Verde, que Desafios trabalha com tartarugas, em todas a Partilha de conhecimentos e know/how ilhas. É sustentada por financiamentos O maior desafio é a falta de fundos da NOAA - Instituto Governamental Funcionamento das redes e parcerias existentes para o funcionamento constante da rede de meteorologia e Oceanografia dos com sede e técnicos permanentes - sem Estados Unidos. Cada ano, uma OSC 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0% 90,0% 100,0% a necessidade de contratação externa assume voluntariamente a liderança (ex. juristas). Os fundos existentes são Plenamente satisfatório Satisfatório Neutro Pouco satisfatório Insatisfatório da rede a fim de organizar o encontro exclusivamente para a organização dos anual. eventos anuais. Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE

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A mesa de diálogo FATA à volta de uma mesa. Através das mesas Outras boas práticas de redes existentes no nas ilhas onde interveio (...) Apresentávamos foram criadas sinergias e colaborações entre passado, incluem: projetos, normalmente na conservação de solo e Uma iniciativa e rede que foi criada em diferentes atores, incluindo o Fundo de Turismo, água, as obras eram seguidas, e o remanescente 2016 na ilha de Fogo durante a implementação a Associação dos Guias em Chã das Caldeiras A OADISA dos projetos financiados podia ser usado para do projeto de ecoturismo «FATA» («Fogo, e a Câmara Municipal de Santa Catarina. No atividades desportivas dos jovens, das mulheres, Água, Terra, Ar»), projeto implementado pela âmbito da rede foi igualmente constituída a Durante as mesas de diálogo em Santo contribuições para pequenas evacuações, portanto, ONG italiana COSPE e financiado pela UE. «FG Turismo» - Associação de Turismo da ilha Antão, o Programa PL 480, já referido no ao fim e ao cabo estávamos a desempenhar um No âmbito do projeto «FATA» a ONG italiana do Fogo, que tem como objetivo criar sinergias Capítulo 5 p. 32, e a criação de redes de papel de desenvolvimento comunitário, bolsas introduziu a mesa de diálogo que sustentava entre os atores privados para ter uma visão associações comunitárias com o suporte abaixo de estudo, material escolar, um conjunto de a «Rede Natour Fogo» para juntar parceiros comum do desenvolvimento do turismo da ilha de organizações chapéu, tais como a OADISA e atividades, intercâmbios que hoje não podemos de diferentes áreas a participarem numa do Fogo. outras, foram indicados enquanto boas práticas fazer porque faltam meios, houve uma certa Plataforma de partilha e de coordenação a fim a serem reativadas: vitalidade a nível do associativismo pelo menos de desenvolver ações de turismo solidário e Outro ganho importante inclui o em Santo Antão. Surgiu também o CRP, no sustentável na ilha de Fogo. desenvolvimento do primeiro código de «A OADISA pode-se perfeitamente reanimar. tempo do PLPR que também havia uma boa conduta sobre o turismo sexual de Cabo As associações existem, portanto, só que não se dinâmica, mas essa dinâmica caiu com o POSER, Ganhos Verde, a fim de prevenir a exploração sexual de consegue, neste momento ter o salto que tinha. por terem de fazer os reembolsos.» crianças e jovens. Para reanimar tinha que haver alguma fonte (Representante de ADC, Atualmente, esta rede continua ativa (depois de financiamento a fundo perdido para poder Ribeira Grande, Santo Antão) do término do projeto FATA, no quadro do Desafios reanimar a organização e pôr a funcionar.» projeto Rotas de Fogo), tendo reforçado o (Membro de ADC, No âmbito do mesmo programa foi criada trabalho em rede entre os 3 municípios do O desafio é garantir a sustentabilidade da Ribeira Grande, Santo Antão) em 1999 a Organização das Associações do Fogo e juntado parceiros da sociedade civil rede a partir da capacitação e transmissão de Fogo (OAF), sendo apenas 12 as associações (ONGs, associações comunitárias) e do sector competências para a Associação de Turismo da A OADISA (Organização das Associações fundadoras, mas, no entanto, em 2010 a rede privado (operadores turísticos) com parceiros ilha do Fogo (FG Turismo), entidade que dará de Desenvolvimento Comunitário da Ilha de contava com 42 membros entre associações institucionais tais como as Câmaras Municipais, continuidade à organização das mesas e outras Santo Antão) foi inicialmente fundada como comunitárias e de agricultores. o ICIEG, o ICCA, a Direção do Ministério de atividades, tal como a dinamização de novos uma organização chapéu para as associações Agricultura e Ambiente e o Fundo de Turismo, trilhos turísticos. de Santo Antão, com o financiamento da ONG As OSC membros da rede reconhecem ACDI/VOCA através do programa PL 480 que enquanto houve financiamento tiveram (implantado durante 17 anos, tendo terminado vários ganhos tais como: formações em em finais de 2007). Contudo, para a região de vários domínios, sobretudo aqueles ligados à Porto Novo foi constituída uma nova rede, a conservação de solos e água, transformação de FADEP, ficando a OADISA com as associações fruta, capacitação em liderança, contabilidade e dos municípios da Ribeira Grande e do Paul. gestão, entre outros.

Embora as áreas de atuação do programa PL Com a diminuição do financiamento, os/as 480 fossem projetos de conservação de solos e associados/as reconhecem que os propósitos água, implementação de sistemas de irrigação da rede estão a ser desvirtuados uma vez gota a gota, organização e sustentabilidade das que a grande maioria das associações se associações, microcrédito e criação de pequenas transformou numa espécie de agências de empresas, existia flexibilidade na utilização das emprego a nível local, resultando num grande verbas noutras atividades relacionadas com as défice de participação dos membros na vida das necessidades da comunidade: organizações comunitárias:

«O PL 480 foi um programa que não só ajudou «A organização chapéu foi sempre uma boa a emergir várias associações comunitárias prática. A OADISA trabalhou com fundos como também criou uma dinâmica enorme, do PL 480; o Ministério das infraestruturas

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assinava contratos para desencravamento das «A OADISA, creio que ficou algum remanescente O Programa FADOC rendimentos dos seus membros ou famílias comunidades, pequenos acessos e troços de estrada para ser sanado. O seu funcionamento e a sua carenciadas e que posteriormente era devolvido mas aquilo deixou de existir e a percentagem que filosofia era outra, havia um poder de captar No âmbito do programa FADOC - Fundo de num prazo e em condições previamente acordadas. a OADISA recebia deixou de existir, também financiamento e uma espécie de pelouro que era Apoio ao Desenvolvimento das Organizações Este foi um instrumento bastante importante 56 as associações não tinham como autofinanciar distribuído. As associações enviaram projetos Comunitárias - financiado pela Cooperação para o desenvolvimento local comunitário bem a OADISA e acabaram por cair. As associações que eram avaliados e depois financiados. Quer belga através da ONG Solidarité Socialiste, como um meio de capacitação dos dirigentes das ficaram, mas de forma isolada já não tem aquele dizer que todas as organizações tinham um foram dinamizadas duas redes de Organizações organizações comunitárias de base (OCB). Comunitárias de Base (OCB) em Cabo Verde, a entrosamento com pessoas, intercâmbios e financiamento sempre e era seguido pela própria RASSOL - Rede de Animação Social Solidária RASSOL – Rede de Animação Social Solidária assembleias para troca de experiências. Hoje OADISA que prestava contas à entidade que e a Red’ ANIMAR- Rede das Organizações vemos sinais de enfraquecimento, cada um age financiou o projeto. Quase todas as organizações Promotoras do Desenvolvimento Participativo Foi uma rede constituída por 24 OCB das ilhas por si só, não há esse chapéu.» trabalhavam com esta filosofia e também havia (que já existia desde 2003). de Santo Antão (15), São Vicente (6) e São Nicolau (Membro de ADC, Ribeira Grande, Santo Antão) organizações que tinham dificuldade em elaborar (3). A criação da rede deu-se a partir do objetivo projetos e entregavam a OADISA e faziam ...com Durante a sua execução, o programa de se promover a livre circulação de informação Essas duas redes beneficiavam das o tempo o financiamento foi diminuindo e a FADOC trabalhou em estreita parceria com entre todos/as os/as intervenientes, promovendo quotas das associações filiadas e de 3% do carga manteve se do grosso das pessoas houve a duas organizações principais, o Atelier Mar, a a criação de laços de solidariedade, a realização de financiamento de cada projeto para garantir especialização da organização.» coordenar a Rede RASSOL, a nível das ilhas do ações em conjunto mas também o apoio mútuo na o seu funcionamento e assistência técnica (Presidente de IMF, Ribeira Grande, Santo Antão) Barlavento e o Citi-Habitat, a coordenar a Red’ concretização de projetos individuais. às associações membro. No que concerne à ANIMAR a nível das ilhas do Sotavento. metodologia de trabalho, as duas redes, além Para além das redes mencionadas acima, Durante o funcionamento da rede, as do apoio técnico e de seguimento, apoiavam no âmbito do programa PL480, foram também O FADOC apostou fortemente no associações comunitárias tinham o poder de ainda as associações na área de contabilidade criadas, com a mesma filosofia, a OASIS desenvolvimento de parcerias e trabalho em decisão sobre quais das suas ações deveriam e na elaboração de projetos que depois eram (associação chapéu no interior de Santiago) e a rede, numa comunicação constante e eficaz entre ser priorizadas, sem interferir nas ações das outras. Ao mesmo tempo todas as associações submetidos aos financiadores: ORAC-SN (São Nicolau). os parceiros e entre as associações comunitárias e numa gestão participativa e transparente. comunitárias que eram membros tinham o mesmo Para isso, foi necessário estabelecer uma nível de responsabilidade, proporcionando uniformização de linguagem e procedimentos assim a coresponsabilidade na concretização dos entre todos os intervenientes locais, ou seja, entre objetivos da rede. as ONGs parceiras bem como as associações. Na disponibilização dos fundos havia sempre Red’ ANIMAR – Rede das Organizações a garantia de comparticipação das associações Promotoras do Desenvolvimento Participativo comunitárias e dos beneficiários em todas as etapas do projeto. O critério de distribuição dos Fundada em 2003, a rede reunia 39 organizações recursos por comunidade ou por OCB baseava-se da região Santiago Sul, com o objetivo comum de no diagnóstico das necessidades identificadas e melhorar as condições de vida das suas populações validadas pelas próprias comunidades, portanto e contribuir para uma democracia participativa um processo participativo e coletivo. quotidiana e uma transformação sustentável e harmoniosa das suas comunidades. A rede atuou Adicionalmente, uma boa prática identificada de forma a fortalecer técnica- e financeiramente as no programa foi o Fundo Rotativo, um associações comunitárias, intervindo nas áreas de empréstimo, e, portanto, um fundo reembolsável desenvolvimento comunitário, economia social e ou um crédito solidário, feito às organizações solidária, educação/formação formal e não formal, para investirem em atividades geradoras de cooperativismo, saúde e promoção da cidadania activa e democracia participativa. Às associações comunitárias membro, foram disponibilizados 56 A FADOC é um programa criado pela ONG Belga Solidarité Socialiste - Fond de Cooperation au Développement, que opera em 12 países, cujo diversos serviços, entre os quais: cofinanciamento objetivo é apoiar as populações mais desfavorecidas, através das suas organizações, para que estas tenham mais representatividade, maior de ações de formação e capacitação; produção capacidade de mobilização e de ação, no sentido de gerar dinâmicas de manuais de orientação; assistência técnica e positivas e mudanças sociais. (https://desenvolvimentocomunitario. blogs.sapo.cv/tag/fadoc/red%27+animar). financeira, etc.

134 135 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

9.3. A inexistência de uma agenda Neste quadro, o documento destaca: não governamental comum «A Plataforma perdeu, nos últimos anos, A atual Plataforma das ONGs de Cabo dinâmica enquanto Porta-voz e líder da Verde foi constituída em 1996, «após um processo sociedade civil organizada, elemento catalisador dinâmico de organização da Sociedade civil cabo- e empoderador do processo associativo, elo de verdiana (...), que tem como referências principais a ligação de defensor de políticas públicas mais independência do país, em 1975, a publicação da lei favoráveis à atuação das OSC, no espaço público sobre as associações, em 1987 (Lei nº 78/III/87), e a e junto do Governo. O modelo de governança abertura política, em 1991»57 atual revela-se ultrapassado face às exigências dos associados aos problemas sociais emergentes 46% das OSC inquiridas indicaram fazer e antigos e aos desafios que se colocam à sociedade atualmente parte de alguma plataforma, rede civil organizada no processo de desenvolvimento ou aliança temática/geral de organizações da socioeconómico do país, da expansão da Sociedade civil; destas a maioria (62%) assinala democracia e da cidadania e da construção de ser filiada à Plataforma das ONGs. novos paradigmas de ação pública.»59

O papel da Plataforma é de contribuir para o Durante as mesas de diálogo, uma das reforço das OSC e da ação não governamental maiores fragilidades constatadas, especialmente desenvolvidas e serviços prestados pela próprios associados na mobilização dos para promover a sua participação no processo nas ilhas periféricas, é «a falta de espaços de diálogo Plataforma. Em relação ao nível de apreciação recursos e na submissão de candidaturas a de desenvolvimento sustentável do país. social». Em muitos casos, as OSC não realizaram quanto ao relacionamento entre as OSC e a fundos, ainda que a sua função principal seja a Neste sentido, a Plataforma é responsável pelo encontros nos últimos três ou mais anos por Plataforma das ONGs, estes números são ainda de capacitação e aconselhamento na formulação desenvolvimento e seguimento de uma Agenda falta de espaços de diálogo a nível das ilhas. mais elevados: 31% das OSC demonstram-se de projetos e mobilização de recursos para os não governamental que possa servir como base «insatisfeitos» (35% entre os membros); 64% mesmos. para a efetivação de um diálogo político e Durante as mesas de diálogo, as OSC «nem satisfeitos nem insatisfeitos» (58% entre institucional entre as OSC e o Governo. participantes e afiliadas da Plataforma os membros) e só 4% (7% entre os membros) «A própria Plataforma surge como concorrência expressaram descontentamento do geralmente «satisfeitos» com o relacionamento às ONGs na Praia…» No âmbito da IX Legislatura, tal Agenda não funcionamento atual da Plataforma. A maioria que a Plataforma tem com eles. A maioria das (Membro de uma ADC durante uma mesa de diálogo) existe e tem impedido o trabalho em rede entre das OSC inquiridas não tem sido convidada OSC (69%) indicava que a Plataforma deveria as OSC que não dispõem de uma estratégia com para reuniões nem têm usufruído de serviços concentrar os seus esforços na mobilização de valores e ações comuns nem de uma plataforma prestados por parte da Plataforma, mesmo recursos e na facilitação de relacionamentos para influenciar as políticas públicas do país. que várias continuem a pagar as suas quotas das OSC com os parceiros. O próprio estudo anualmente. destaca que «...não existe uma relação direta. Segundo as linhas-forças de ação 2017/2020 Contudo deve-se destacar o papel da Plataforma na aprovadas em novembro 2017 pelo Conselho Um estudo diagnóstico publicado em 2015 divulgação permanente das linhas de financiamento de direção, a Plataforma enfrenta três crises pela Plataforma das ONGs já confirmava uma disponíveis no seu portal».60 No entanto, convém «1) de representatividade e abrangência 2) de insatisfação crescente por parte das OSC afiladas % realçar que no momento da elaboração do reconhecimento da sua utilidade institucional pelos e apontava para uma mudança de paradigma 69 presente Mapeamento, o portal (página web) seus associados (apenas 3% são satisfeitos com a sua necessária dentro da Plataforma. No estudo da Plataforma não estava operacional. das OSC indica que a prestação) 3) de apropriação e pertença: apenas 5% mencionado, 24% das OSC demonstram-se Plataforma deveria concentrar dos associados se reveem na Plataforma como uma «insatisfeitas» (22% entre os membros); 72% Além destas considerações, o descontenta- organização sua.»58 «nem satisfeitas nem insatisfeitas» (73% entre os seus esforços na mento das OSC está ligadado ao fato da os membros) e só 3% (5% entre os membros) Plataforma ser por vezes concorrente dos mobilização de recursos e na 57 Plataforma das ONG’s (2015). Guia das ONG. Cabo Verde, p. 6. geralmente «satisfeitos» com as atividades 58 Plataforma das ONG’s (2017). Linhas-forças da ação para o Triénio 2017- facilitação de relacionamentos 2020. Aprovadas pelo Conselho de Direção, na sua primeira reunião 60 Plataforma das ONGs de Cabo Verde (2015). Estudo diagnóstico das ONG ordinária do dia 17 de novembro de 2017. Praia, p. 1. 59 Idem. em Cabo Verde. Praia, p.32-33. das OSC com os parceiros.

136 137 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

«A Plataforma das ONGs está mal Recomendações do Capítulo 9 estruturada de raiz, no sentido em (...) que encontras uma plataforma que funciona • Apostar na descentralização dos apoios quase como uma ONG candidatando-se financeiros por parte dos atores da para os mesmos financiamentos que as Cooperação e do Estado; OSC, ela não é uma ligação das ONGs» (Entrevista com técnica na área de • Criar e/ou reforçar antenas de plataformas/ associativismo) redes, assim como organizações chapéu nas ilhas, que possam implementar ações para o Neste sentido, as linhas-forças reforço institucional e de funcionamento das identificadas pela própria Plataforma das OSC; ONGs também incluem como modelo • Apoiar as OSC no processo da criação de uma de governança e como objetivo principal agenda não governamental, alinhado com os o de «Recolocar a Plataforma ao serviço dos ODS; seus associados» e aplicar o «princípio da subsidiariedade, impondo que em nenhuma • Apoiar o reforço e a reestruturação do circunstância, a Plataforma será concorrente funcionamento interno da Plataforma das dos seus associados.»61 ONGs

Neste quadro é importante clarificar Neste quadro recomenda-se: o estatuto e papel da Plataforma das • A realização de um estudo de avaliação 10 ONGs e avaliar quais têm sido os desafios externa, e financiada pela Cooperação estruturais da Plataforma durante os internacional, a fim de definir ações últimos anos afim de responder a estes concretas para abordar os desafios RELAÇÕES com ações concretas, envolvendo todos os estruturantes da Plataforma das ONGs; associados e o Governo. • Desenvolver e partilhar o Plano estratégico da Plataforma das ONGs; • Definir uma agenda não governamental – com a participação de todos os parceiros e o envolvimento direto dos associados (a última data do período de 2012-2015); • Atualizar o código ético elaborado pela Plataforma das ONGs e os seus associados (o último data de 2009); • Analisar uma estratégia de descentralização para a implementação de coletivos regionais/assembleias regionais com o envolvimento participativo e inclusivo das OSC associadas em todas as ilhas periféricas; • Ativar o convénio de cooperação com o Governo e assegurar uma verba no Orçamento do Estado para o funcionamento 61 Plataforma das ONG’s (2017). Linhas-forças da ação para o Triénio corrente da Plataforma das ONGs. 2017-2020. Aprovadas pelo Conselho de Direção, na sua primei- ra reunião ordinária do dia 17 de novembro de 2017. Praia, p. 3. 138 10 139 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

10. Relações entre a União Europeia, Ano do Convite à Montante OSC financiadas apresentação de Temática/Objetivo do convite disponibilizado (Entidade requerente) atores de Cooperação Internacional propostas pela UE e a sociedade civil cabo-verdiana ADEVIC Federação Handicap International 1 033 349,05 EUR Promoção dos Direitos do Este capítulo analisará as relações entre a Locais». O objetivo geral do Programa temático 2013 Consumidor Movimento África70 para 4 projetos União Europeia e as organizações da sociedade é fortalecer as OSC/AL nos processos de selecionados civil em Cabo Verde – considerando tanto a desenvolvimento local e da boa governação. O Associação para a Defesa do Consumidor - ADECO relação com a Delegação da UE como com os programa apoia ações que permitem atender demais países membros da UE presentes no às necessidades das populações vulneráveis arquipélago. Assim, este capítulo debruça-se e potenciar a sua participação no processo de Persone como noi/ OMCV sobre a opinião da sociedade civil organizada, elaboração de políticas a diferentes níveis. Promover a Cultura Fundação Amílcar Cabral a sua perceção sobre o trabalho que é realizado 1 464 440,00 EUR como instrumento de criação de ONG Atelier Mar pelas representações e instituições europeias e No quadro do Programa temático às 2013 emprego para o desenvolvimento para 6 projetos Citi-Habitat outros organismos internacionais, as principais Organizações da Sociedade civil a UE já socioeconómico e a redução selecionados áreas de cooperação abordadas e as linhas de trabalhou com a Plataforma de ONGs de da pobreza em Cabo Verde Associação cultural Sete Sóis Sete Luas financiamento existentes. Cabo Verde, cofinanciando projetos na área CRP São Nicolau de reforço institucional, na organização de 10.1. O compromisso da UE com fóruns de reflexão e na elaboração do Guia das a sociedade civil e as linhas de ONGs, entre outros. A Plataforma das ONGs ESDIME Preservação e melhoria financiamento que existem em Cabo Associação Amigos da Natureza é reconhecida pela Cooperação internacional do patrimônio social, 2 380 740,46 EUR Verde como o parceiro de referência do setor não cultural e ambiental como fator Associação cultural Sete Sóis Sete Luas 2015 para 6 projetos governamental cabo-verdiano. de diversificação e desenvolvimento COSPE selecionados O Programa temático para as Organizações do turismo sustentável e solidário Instituto Marquês de Valle Flôr da Sociedade civil e Autoridades locais Entre 2013 e 2019, a UE atribuiu subvenções em Cabo Verde Fundação Amílcar Cabral a vários projetos da sociedade civil por meio A UE tem uma relação de cooperação de de convites à apresentação de propostas, longa data com a sociedade civil em Cabo no âmbito do mesmo programa. A seguir, Verde, sendo o seu principal instrumento de vemos um quadro resumo das temáticas COSPE financiamento o «Programa temático para as subvencionadas neste contexto: Promover o turismo sustentável Associação de Defesa do Património de Mértola 2 284 209,18 EUR Organizações da Sociedade Civil e Autoridades como fator de geração de 2016 rendimentos e melhoria das Instituto Marquês de Valle Flôr para 5 projetos selecionados condições socioeconómicas FECAD Movimento Africa 70

COSPE 2 427 749,81 EUR Promover a participação e inclusão Instituto Marquês de Valle Flôr financiado pelo socioeconómica e o respeito pelos Programa temático 2019 Associação Amigos da Natureza direitos dos jovens e das mulheres OSC/AL Movimento Africa 70 em Cabo Verde para 5 projetos European Partnership for Democracy selecionados

140 141 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

O valor atribuído a Cabo Verde tem sido humanos e pelas liberdades fundamentais nos países sempre crescente nos últimos anos devido ao parceiros a partir de apoios dirigidos a organizações Ano Organização requerente Atividades principais Montante (EUR) pedido excecional feito pela Delegação da União da sociedade civil relevantes, defensores dos direitos i) Promover a nível nacional uma melhor compreensão e Europeia em Cabo Verde para uso de verbas humanos e vítimas de repressão e abuso, assim Democracy Reporting uma maior consciência dos direitos humanos entre os 1 500 000,00 adicionais. Para além do montante atribuído ao como b) apoiar e consolidar a democracia nos países International cidadãos; país, existem ainda inúmeras possibilidades de terceiros, nomeadamente reforçando o papel ativo da ii) Reforçar as competências das OSC na preparação de 2016-2020 (Valor global convites à apresentação de propostas lançadas sociedade civil e do Estado de direito e melhorando a Comissão Nacional para relatórios sombra sobre as convenções relevantes; para os 9 países ao nível central para todo o mundo e em que confiabilidade dos processos eleitorais.62 os Direitos Humanos e a iii) Sistematizar a capacidade da CNDHC na recolha de beneficiários do Cidadania (CNDHC) dados para monitorizar e informar sobre as convenções instrumento SPG +) Cabo Verde é muitas vezes elegível. de direitos humanos. O montante atribuído diretamente a Cabo Outros instrumentos de financiamento para a Verde nos últimos anos é de cerca de 300 000 European Partnership for 1 421 693,39 promoção dos direitos humanos, da democracia EUR para três anos. Além disso, existem Democracy Projeto INSPIRED+: Diálogo político e do reforço da sociedade civil, incluem: muitas possibilidades lançadas ao nível central 2016-2019 Associação Cabo-verdiana e criação de um Plano de ação sobre os direitos (Valor global para os 9 países acessíveis a todos os países. O último projeto de Luta Contra Violência socioeconómicos das trabalhadoras domésticas. beneficiários do O Instrumento Europeu para a Democracia financiado neste âmbito, com uma importância Baseada no Género (ACLCVBG) instrumento SPG +) e os Direitos humanos (IEDDH) aproximada de 290 000 EUR, foi um projeto de reforço institucional à Comissão Nacional das Equal Rights Trust Construir um consenso entre a Sociedade civil para Os objetivos gerais do Instrumento Eleições de Cabo Verde. desenvolver uma lei abrangente de igualdade OMCV consistem em a) aumentar o respeito pelos direitos i) Construir a base de evidências sobre a necessidade de Projetos no âmbito do SPG+ uma lei abrangente sobre igualdade Laço Branco 1 486 063,02 ii) Aumentar a capacidade dos atores da Sociedade civil de SPG + (o sistema de preferências monitorar casos de discriminação (Valor global 2016-2020 Associação Caboverdiana de generalizado) é um instrumento da política Luta contra a VBG iii) Fortalecer a colaboração dos atores da Sociedade civil para os 9 países beneficiários do SPG + é um comercial da UE que visa incentivar países para monitorar a discriminação e advogar por reformas Associação Bafatá instrumento SPG +) terceiros, como Cabo Verde, a cumprirem os legislativas e políticas. instrumento da principais padrões internacionais nas áreas Comissão de Mulheres de direitos humanos e boa governança. O Sindicalistas do Mindelo – política comercial sistema permite um acesso preferencial (em UNTCCS termos de reduções ou suspensões tarifárias) da UE que visa a produtos cabo-verdianos exportados para Linhas de financiamento dos Estados financia atualmente com 3,2 milhões de EUR o o mercado da UE, livre de quotas e serviços. Membros da UE apoio à criação de plataformas de articulação incentivar países Em troca, Cabo Verde deve comprometer- multiníveis, multiatores, multisetoriais e se a ratificar e implementar efetivamente Luxemburgo multidoadores em Cabo Verde para melhorar terceiros, como Cabo as convenções internacionais essenciais o impacto, a coordenação e a gestão dos sobre direitos humanos e laborais, proteção No âmbito do Programa Indicativo de processos de desenvolvimento local em 17 Verde, a cumprirem ambiental e boa governança. O país Cooperação 2016-2020 (PIC IV), dotado de um dos 22 municípios de Cabo Verde. Esse apoio compromete-se igualmente a cooperar com envelope de 45 milhões de EUR, o Luxemburgo feito através do Programa Plataformas para os principais padrões os procedimentos de monitorização impostos financia várias ações desenvolvidas na área do o Desenvolvimento Local e Objetivos 20/30, por essas convenções e com o procedimento emprego/empregabilidade, do desenvolvimento implementado pelo Programa das Nações internacionais nas de monitorização da UE no âmbito do SPG +. local e das microfinanças/finança inclusiva. Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), conta Para apoiar Cabo Verde neste processo, a UE com uma estreita colaboração entre todos os áreas de direitos financiou e financia atualmente projetos na O Programa das Plataformas de desen- membros das Plataformas de cada município, área de formação: volvimento local (ver também p. 117) em especial com o envolvimento da sociedade humanos e boa civil. A sociedade civil beneficiou ao longo Visando promover o desenvolvimento da implementação do Programa de diversas 62 UE (2018). European Instrument for Democracy and Human Rights – governança. Multiannual Indicative Programme 2018-2020. Bruxelas, p. 8. local inclusivo e sustentável, o Luxemburgo atividades de reforço de capacidades. Ademais,

142 143 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

o Programa Plataformas estende a sua relação a Associação Profissional das Instituições de de regulação, supervisão, controlo e promoção pelas OSC da ilha de Santo Antão através da com a sociedade civil realizando eventos de Microfinanças, assim como com o Governo e o como, principalmente, das novas instituições modalidade de convocatória à apresentação localização de ODS em estreita colaboração Banco Central de Cabo Verde. de microfinanças, agora privadas. de propostas. A convocatória pretendeu com algumas associações locais, entre elas as favorecer a participação das comunidades associações de São Pedro, Eskadinha, Espaço Com um orçamento que ronda 1 milhão de Apoio ao Turismo rural e comunitário rurais em atividades de «serviços turísticos», Jovem, Safendi di Nos, Tira Chapéu. EUR, o Projeto PADFI-CV tem como objetivo no quadro do Programa Emprego e assumindo as OSC como pivô fundamental central apoiar a promoção da inclusão financeira, Empregabilidade para o desenvolvimento desses projetos e Fundo de Descentralização através da profissionalização dos atores da oferta a gestão dos recursos, garantindo maiores de serviços e produtos microfinanceiros, para A partir de 2017, foi iniciado um processo níveis de participação e apropriação por parte O Luxemburgo financia igualmente um assegurar uma oferta privada, diversificada, junto de um conjunto de OSC da ilha de Santo das próprias comunidades. Para a sua Fundo de Descentralização, implementado pelo descentralizada e orientada essencialmente Antão com o objetivo de promover iniciativas operacionalização trabalhou-se com o Fundo PNUD, com um total de 4,1 milhões de EUR, dos para a promoção socioeconómica dos grupos locais de emprego no âmbito do turismo de Emprego e Formação Profissional (FPEF) quais 2,8 milhões de EUR financiarão projetos e sectores mais vulneráveis da sociedade que rural e comunitário. Procurando promover entidade pública do setor com competências candidatos de atores locais, inclusive das OSC, não conseguem aceder aos serviços do banco o turismo rural e comunitário como fator de e experiência necessárias para gerir os que contribuam para o desenvolvimento local tradicional. Num primeiro momento, o projeto geração de rendimento e promoção do emprego processos de financiamento de projetos. em cada um dos 22 municípios de Cabo Verde. focou as suas atividades junto às associações e autoemprego junto das comunidades, O Programa de Apoio ao turismo rural O Fundo apoiará ainda a implementação desses e organizações da sociedade civil, pois, na particularmente os jovens e as mulheres, foi e comunitário enquadrado no Programa projetos, recorrendo para o efeito ao apoio e altura as atividades das microfinanças eram disponibilizado um apoio técnico e financeiro Emprego e Empregabilidade teve um expertise de duas OSC cabo-verdianas. exercidas no quadro destas organizações. No para a implementação de projetos neste orçamento de 374 704 EUR. entanto, com o suporte técnico do PADFI- domínio, na ilha de Santo Antão. Nesse sentido, Desenvolvimento da Finança Inclusiva CV, em dezembro de 2018, 7 instituições de foi realizado um programa de reforço de Apoios pontuais às OSC luxemburguesas e microfinanças foram registadas oficialmente e capacidades envolvendo agentes locais e líderes cabo-verdianas O projeto de Apoio ao Desenvolvimento da licenciadas pelo Banco Central, para exercerem associativos que culminou com a identificação Finança Inclusiva – PADFI-CV, é uma iniciativa de forma autónoma as atividades de oferta de de oportunidades de negócio e de iniciativas Adicionalmente, o Luxemburgo também conjunta de parceria estratégica entre o Governo serviços e produtos financeiros, sob a forma de de geração de rendimento neste setor para as promove a associação entre as OSC do da República de Cabo Verde e do Grão-Ducado empresa financeira, ao abrigo do novo Quadro associações comunitárias. Luxemburgo e atores locais de Cabo Verde, de Luxemburgo, financiado no âmbito do PIC legal e regulamentar. Assim sendo, as atividades inclusive as OSC do país, para a conceção e IV e executada pela ONG luxemburguesa de suporte do PADFI-CV passaram a centrar- Em 2019, lançou-se um instrumento de implementação de projetos de desenvolvimento. ADA, em estreita parceria com os atores das se exclusivamente no reforço das capacidades apoio e financiamento a projetos no âmbito Infra um quadro que resume os apoios nesse microfinanças, sua organização representativa, humanas e institucionais tanto, dos serviços do turismo rural e comunitário promovidos sentido nos últimos anos:

144 145 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

Duração Nome do Projeto ONG Montante (EUR) Ano Projeto ONG

Pharmaciens sans Fórum nacional sobre assédio sexual Associação Cabo-Verdiana de Luta Contra. 2015-2017 Melhoria das condições de vida 2 625,00 2017 frontières no local de trabalho Violência Baseada no Género

2017 Jantar de Gala beneficiente Fundação Infância Feliz Athénée-action 2017-2018 Apoio escolar e energia solar 42 767,00 humanitaire 2017 We Believe – Tolerância Zero We Believe

Beetebuerg hëlleft 2016-2020 Melhoria das condições de ensino 831 560,00 2018 Festival Sete Sóis Sete Luas 2018 Sete Sóis Sete Luas asbl

Animação socio-cultural para e com Programa de segurança alimentar 2018 Espaço Jovem Fondation Caritas a juventude da periferia da Cidade do Mindelo 2016-2020 para as ilhas de Santiago e Santo Antão Fase 132 800,00 Luxembourg 2014-2016 2019 Festival Sete Sóis Sete Luas 2019 Sete Sóis Sete Luas

Reforço dos direitos das pessoas em Fondation Caritas 2016-2020 480 000,00 Santo Antão e Santiago Luxembourg Associação Cabo-Verdiana 2019 Semana de reflexão sobre VBG de Luta Contra Violência Baseada no Género

Ação em Cabo Verde: 2017-2019 Criar uma rede de luta contra o abuso e ECPAT Luxembourg 200 000,00 2020 Ku mascara reutilizável nu protegi COVID-19 OMCV - Organização das Mulheres de Cabo Verde a exploração sexual

MORABI - Associação Cabo-verdiana 2020 Djunto nu ta venci és pandemia de COVID 19 Proteção e respeito dos direitos SOS Villages d’Enfants de Auto Promoção da Mulher 2016-2019 576 640,00 da criança em Cabo Verde Monde

Centro de Formação Sindical OGBL Solidarité 2018-2022 792 777,00 Portugal associações comunitárias - nas ilhas de e Profissional Syndicale Santo Antão, Maio e São Vicente. No âmbito do seu Programa Estratégico Melhoria das condições de ensino e de Cooperação (2017-2021), a Cooperação 2. Paralelamente, são disponibilizados 2019-2022 renovação de escolas primárias em Santa Beetebuerg hëlleft asbl 661 677,00 portuguesa apoia ONGs portuguesas e cofinanciamentos para OSC cabo- Catarina do Fogo cabo-verdianas em áreas essenciais, como o verdianas por parte do Gabinete de desenvolvimento local e a inclusão social. Estratégia e Planeamento do Ministério de Trabalho português, que trabalha em Projeto relativo ao reforço de 2020-2022 ECPAT Luxembourg 80 000,00 capacidades de redes locais 1. No quadro de uma linha de apoio a estreita cooperação com o Ministério ONGDs portuguesas, são atribuídos da Família e Inclusão social em Cabo cofinanciamentos da parte do Instituto Verde para a seleção dos projetos. Para Camões. Atualmente, existem 7 projetos o período de programação 2017-2021, o Por fim, o Luxemburgo financia também microprojetos de associações locais sem fins lucrativos e financiados e implementados por 3 Ministério da Família e Inclusão social apoios institucionais. Nos últimos anos, beneficiaram desse financiamento as seguintes associações: ONGD portuguesas - em conjunto com propôs desenvolver projetos na área da

146 147 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

proteção social - crianças e adolescência, Espanha 10.2. A avaliação das relações da So- No caso dos Estados Membros, 23,3% das deficiência e terceira idade e ainda ciedade civil cabo-verdiana com a UE, OSC inquiridas indicaram ter uma «muito desenvolvimento comunitário. Neste Em 2019, foi lançado o primeiro convite Estados Membros e ONGs europeias boa» (5,3%) ou «boa» relação (18%); e de forma quadro, foram financiadas entre 2016 e à apresentação de propostas da cooperação semelhante à relação com a Delegação, 11,1% 2019, 8 OSC cabo-verdianas, abrangendo espanhola específico para organizações Segundo o gráfico 61, a maioria das OSC classificaram a sua relação com os EM como projetos em 5 diferentes ilhas (Santiago, da sociedade civil em Cabo Verde. Neste inquiridas indica ter relações com a Delegação «razoável» e 18% como «fraca». No âmbito do Fogo, Sal, Santo Antão e São Vicente). contexto, foram selecionadas como linhas de da UE (56,1%) e os Estados membros (52,4%), relacionamento com os EM, só 6,8% das OSC ação prioritárias a saúde, o combate à fome, a representados em Cabo Verde (Portugal, que apontam ter «muito boas» e «boas» relações, 3. A terceira linha de apoio é chamada educação, a igualdade de género e a proteção Espanha, Luxemburgo e França), enquanto comentam a natureza dessas relações, tendo «Fundo de Pequenos projetos». É gerida dos ecossistemas terrestres. Nessa convocatória, 43,9% das OSC inquiridas indicam não ter recebido formações (Luxemburgo) e/ou pelo serviço de cooperação portuguesa da dois projetos de duas organizações foram nenhuma relação com a Delegação da UE financiamento (Luxemburgo e Portugal). 4,5% Embaixada de Portugal em Cabo Verde subvencionados (ONGD África Avança e e 47,6% nenhuma relação com os Estados das OSC fazem referência a financiamentos e destina-se a cofinanciar atividades na ONGD CERAI): o primeiro para a formação membros. recebidos de EM sem representação em Cabo área de educação e saúde, bem como de profissionais da saúde a nível nacional e o Verde (Reino Unido e Alemanha). nas áreas transversais, tais como os segundo para fortalecer a capacidade produtiva 27% das OSC participantes avaliou ter uma direitos humanos, igualdade de género e e comercializadora de comunidades rurais na «muito boa» (10,6%) ou «boa» relação (16,4%) Também as relações das OSC inquiridas com atividades geradoras de rendimento. Os ilha de Santo Antão. com a Delegação da UE; 11,7% classificou a sua ONGs europeias podem ser destacadas, sendo apoios concedidos são fundos de pequena relação como «razoável» e 17,5% como «fraca». que 63% das OSCs indicam ter relações com dimensão (máx. 4 000 EUR), destinadas Para 2020 está previsto o lançamento de um Entre as OSC que indicam «boa» ou «muito boa» estas - 22,8 % avaliam a sua relação «muito boa» a organizações da sociedade civil, novo convite de «Cooperação com a Sociedade relação com a Delegação, 39,2% comentaram a (4,8%) ou «boa» (18%); 18,5% categorizam a sua autoridades locais, entidades públicas e/ Civil» em Cabo Verde, ainda que no momento da natureza destas relações: 25,5% têm recebido relação com ONGs europeias como «razoável» e ou instituições académicas. Entre 2017 e elaboração do presente estudo estejam para ser financiamento, 7,8% fazem referência a uma 21,7% como «fraca». Entre as OSC que avaliam 2019 foram cofinanciados no âmbito deste definidos e anunciados os fundos disponíveis e «boa» relação em termos de comunicação/ as suas relações como «muito boas» ou «boas», fundo 66 ações/projetos abrangendo as as áreas prioritárias. articulação com a DUE; 3,9% à formações 23,3% comentaram a natureza destas relações, ilhas de Santiago, Fogo, Sal, Santo Antão recebidas por parte da DUE, e uma OSC indica indicando ter recebido financiamentos e/ou e São Vicente e São Nicolau. (ver anexo V Por outro lado, a «Estratégia de Resposta ter recebido estagiários por meio de programas reforço técnico em áreas específicas por parte para mais detalhe). Conjunta da Cooperação Espanhola à crise COVID- europeus (Associação Bons Amigos). das ONGs. 19» considera o envolvimento da sociedade civil, contemplando fundos globais para o Gráfico 61: A avaliação das relações da Sociedade civil cabo-verdiana com a UE, financiamento de ONGD, universidades, Estados Membros e ONGs europeias empresas e sindicatos. Esta estratégia global parte de uma compreensão transnacional 47,6% da crise, destacando a importância de uma 43,9% 40% resposta articulada à mesma. Nesta linha, 37% contempla-se uma «Convocatória de Projetos 30% % Especiais Coronavírus», aberta para a sociedade 27 21,7% civil de terceiros países, como Cabo Verde. 20% 18% 18% 18% 18,5% das OSC participantes 17,5% 16,4% avaliou ter uma «muito boa» Está igualmente pendente a assinatura de 10,6% 11,6% 11,1% um novo «Acordo de Cooperação Avançada entre 10% (10,6%) ou «boa» relação 5,3% Espanha e Cabo Verde». O processo sofreu alguns 4,8% (16,4%) com a Delegação da atrasos derivados da situação causada pela 0% Delegação da União Estados ONGs UE; 11,7% classificou a sua pandemia, razão pela qual no momento da Europeia (UE) Membros da UE europeias relação como «razoável» e elaboração do Estudo, ainda não tinham sido anunciadas linhas de ação prioritárias, nem o Muito boa Boa Razoável Fraca Inexistente 17,5% como «fraca». papel da sociedade civil no mesmo. Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE

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10.3. As OSC com financiamento A amostra de 18 OSC não é suficientemente grande para se tirar conclusões gerais, mas permite da UE em curso - Os seus desafios e analisar a tendência. Assim, pode-se inferir que em geral, as OSC avaliam o desempenho da UE opinião sobre o desempenho da UE como «excelente». A visibilidade dos projetos financiados é garantida, em grande parte mediante a página web da DUE: https://eeas.europa.eu/delegations/cabo-verde_pt, assim como as redes sociais 9,5% das OSC inquiridas neste estudo Facebook: https://www.facebook.com/ueemcv e Twitter: https://twitter.com/euincv, nas quais a implementaram em 2019 um projeto financiado 9,5% Delegação da UE têm apostado, com sucesso, nos últimos anos. pela UE em Cabo Verde. Estas demonstram na sua maioria uma grande satisfação com o das OSC inquiridas neste Poderia ser reforçada a assistência técnica Os financiamentos a fundo perdido da UE desempenho da UE. Questionadas no quadro estudo implementaram em por parte da UE, tendo em conta que 2 OSC abrangem entre 75% a 90%. A falta de recursos do Inquérito sobre o seu nível de satisfação, 2019 um projeto financiado demonstraram-se pouco satisfeitas nesta financeiros para suportar os financiamentos avaliaram maioritariamente de forma positiva o área. Neste âmbito, por parte da equipa da é uma realidade para as OSC nacionais e desempenho global da UE, sendo a «visibilidade pela UE em Cabo Verde. Assistência técnica UE, foi criada em 2019 uma europeias. Várias OSC europeias indicaram que dos projetos financiados pela UE» e a «divulgação página Facebook, especificamente para apoiar e os montantes de cofinanciamento são muito feita dos financiamentos existentes da UE» as áreas informar às OSC e dar apoio direto em relação a elevados. mais apreciadas (avaliadas como «excelente» questões técnicas: https://www.facebook.com/ por 55,6% e 61,1% destas OSC) (gráfico 62). rede.sociedade.civil.cv. • Uma forte carga burocrática

Gráfico 62:Avaliação do desempenho da UE por parte de OSC Os resultados podem ser interpretados no A maioria das OSC indicam que as questões que implementaram em 2019 projetos financiados pela UE quadro dos financiamentos disponíveis a nível administrativas e a aplicação de todos os nacional. Assim, atualmente a UE é a única procedimentos representam o seu maior 44,4% 33,3% 16,7% 5,6% organização internacional com sede em Cabo constrangimento. Aplicar todos os procedimentos O engajamento com a sociedade civil Verde que tem uma linha de financiamento obriga a uma carga burocrática que consome

50% 33,3% 16,7% especificamente para organizações da muito tempo na execução dos projetos. Vários Disponibilidade para a realização de diálogos e encontros sociedade civil e autoridades locais; pela qual procedimentos (adendas, etc.) trazem atrasos e lança convites à apresentação de propostas, entraves do ponto de vista técnico na execução 44,5% 38,9% 5,6% 11,1% definindo as prioridades e áreas de intervenção. das ações. Por vezes e apesar da informação estar Assistência técnica prestada pela UE disponível, persistem dúvidas sobre a aplicação 55,6% 38,9% 5,6% Pese a avaliação positiva em geral, das regras de aquisição. Visibilidade dos projetos financiados pela UE quando as OSC que são atualmente requerentes do Programa temático OSC/AL • A realização de auditoria 61,1% 16,7% 16,7% 5,6% Divulgação feita dos financiamentos existentes da UE foram questionadas sobre os seus maiores constrangimentos no âmbito da implementação Poucas empresas de auditoria em Cabo Verde 0% 50% 100% dos projetos da União Europeia identificaram conseguem realizar as verificações de despesas dificuldades concretas, nomeadamente: conforme as normas da União Europeia, o que Excelente Bom Razoável Pouco satisfatório Insatisfatório leva a muitos atrasos e problemas no momento Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE • Cofinanciamento de elaborar os relatórios.

Sem dúvida, a questão da obtenção e gestão • Falta de compromisso institucional do cofinanciamento é um dos maiores desafios para as OSC que trabalham em Cabo Verde. A falta de sensibilidade e de compromisso dos A negociação de um cofinanciamento pode dirigentes políticos nos setores em que se está a ser um processo moroso e trazer grandes intervir (inclusão social, deficiência, etc.) pode atrasos ao nível do projeto ou pôr em risco a ser um obstáculo na implementação dos projetos. implementação do mesmo. Aqui a importância da UE enquanto facilitador de diálogo político é fundamental para exigir a colaboração por parte do Governo nacional.

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• Falta de recursos humanos locais Apesar de várias formações realizadas qualificados e do reforço do Gabinete de Estudos e Planeamento por parte do projeto «Cidades A falta de recursos humanos locais seguras e sustentáveis», a falta de capacidade e qualificados e especializados pode ser um dos necessidade do reforço do Gabinete técnico de maiores constrangimentos para se trabalhar Estudo e Planeamento da ANMCV continua a conjuntamente com associações comunitárias ser uma prioridade. Atualmente, o Gabinete de no terreno. Estudos e Planeamento da ANMCV responsável por assegurar o estudo, o planeamento, a 10.4. Os programas de financiamento coordenação e a execução de medidas tendentes para AL e os desafios na implementação ao apoio técnico, institucional, financeiro e material aos municípios (Organigrama da Entre 2016 e 2020, no âmbito do «Programa associação, artigo 12.º), não tem nenhum técnico Temático para Organizações da Sociedade Civil e na área de Gestão de projetos, Urbanismo e social, Polícia administrativa municipal, promoção projetos. Neste contexto, constata-se uma Autoridades locais 2014-2020» a Delegação da Planeamento territorial. de atividades económicas e do empreendedorismo centralização de decisões no planeamento de UE em Cabo Verde atribuiu duas subvenções e Cooperação internacional descentralizada», projetos, com escassa delegação de tarefas enquanto atribuição direta à Associação Outros desafios são representados pela carecem de capacidades técnicas e ferramentas e fraca comunicação entre as Câmaras, as Nacional dos Municípios em Cabo Verde. escassa colaboração/comunicação com os práticas em áreas essenciais para este efeito. Assembleias, Gabinetes e outros atores Gabinetes técnicos municipais e a carência de municipais fundamentais. São necessárias O primeiro projeto na área de urbanismo - uma base de dados sistematizada que informe No âmbito do Inquérito, referente à pergunta medidas para atenuar a falta de mecanismos «Construindo cidades seguras e sustentáveis: Um sobre as capacidades e os projetos atuais a nível se a Câmara tem as capacidades técnicas de participação, de delegação e de prestação de desafio às Autoridades locais com o envolvimento municipal. Existe a necessidade de encontrar suficientes para o seu funcionamento, 8 das contas das despesas públicas. de todos e de cada um» visou a capacitação formas de garantir o compromisso e a aplicação 17 CM inquiridas responderam que não têm e sensibilização das Autoridades locais e das formações recebidas ao longo dos anos, capacidades técnicas suficientes. No quadro do Inquérito, a maioria das cidadãos cabo-verdianos a fim de melhorar para alcançar resultados sustentáveis. Há AL - 76,5% - indicam como necessidade a planificação, a gestão e o ordenamento de necessidade de reforçar a coordenação entre a O maior constrangimento dos municípios primária o reforço técnico em «áreas técnicas território nos 22 municípios, reforçando o ANMCV e os municípios, assim como o sistema reside na sua insuficiente capacidade específicas (ex: urbanismo, ambiente, )». etc. Este Gabinete de Estudo e Planeamento (GEP) para de informação municipal. financeira, que advém, essencialmente, do é seguido pela necessidade de reforço nas promover boas práticas urbanísticas a fim de fraco grau de desenvolvimento das atividades áreas de «mobilização de financiamento» (70,6%); reduzir as construções informais. Constata-se que, os Gabinetes técnicos a nível económicas locais, que resulta numa reduzida «arquivo/documentação», «recursos humanos» e dos municípios, responsáveis segundo o artigo base tributária local. A debilidade em termos «línguas estrangeiras» (respetivamente 58,8%). O segundo projeto «Valorizando o nosso 18.º da Lei n. 69/VII/2010 de 16 de agosto pelo financeiros, condiciona a capacidade técnica e Adicionalmente, 52,9% indicam também espaço público» que começou em 2019 tem planeamento e a produção de estudos em áreas a qualidade dos recursos humanos. Na maioria necessidades de reforço em «gestão de projetos» como objetivo dar continuidade ao projeto tais como a «cartografia, cadastro, ordenamento dos municípios, as capacidades técnicas em e «auditoria/seguimento externo». anterior capitalizando os conhecimentos e as do território e urbanismo; equipamento social, áreas de urbanismo e conceção de projetos capacidades de planeamento e ordenamento ambiente, água e saneamento básico, saúde pública são escassas, faltam técnicos com formação na Prioridades para fundos futuros às AL urbano, adquiridas pelos autarcas e técnicos e defesa do consumidor; habitação, ação social, área de meio ambiente, energias renováveis municipais dos 22 municípios durante os 35 energia/transportes e vias de comunicação, educação ou sociologia/áreas sociais. Igualmente No âmbito dos seus futuros programas de meses de implementação do projeto. e formação profissional, cultura, e desporto, proteção faltam planos de seguimento que garantem financiamento às AL, a UE visa a promoção de a sustentabilidade e a avaliação de projetos uma abordagem territorial do desenvolvimento, realizados. Observa-se também a carência de baseado em processos de múltiplos atores e Ano da atribuição direta Designação da ação Montante (EUR) mecanismos de democratização, por meio de multisetores, nos quais as diferentes instituições «Construindo cidades seguras e sustentáveis: Um desafio às 499 940,00 2016 espaços abertos à participação das populações e atores locais trabalharão em conjunto para autoridades locais com o envolvimento de todos e de cada um» (100% do montante total) e de associações representativas de diferentes definir prioridades e implementar estratégias de 500 000,00 segmentos da comunidade na formulação, desenvolvimento. A abordagem territorial ao 2018 «Valorizando o nosso espaço público» (94,3% do montante total) execução, e acompanhamento de planos e desenvolvimento visa fomentar uma mudança

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na qualidade de vida da cidadania e no seu Neste contexto, a UE visa desenvolver bem estar, garantindo um equilíbrio entre o progressivamente uma cultura de prestação de crescimento socioeconómico e a equidade contas e melhorar a capacidade administrativa social e aumentando a resiliência das pessoas e fiscal das autoridades locais para uma gestão mais vulneráveis. Além disso, esta abordagem mais eficiente e sustentável dos territórios deve igualmente reforçar os processos políticos urbanos (planeamento urbano, gestão da terra, locais, a transparência e aumentar a propriedade resiliência climática, transição de baixo carbono, democrática de desenvolvimento, através de etc.). uma monitorização contínua do progresso Aliás, Cabo Verde participa na ação «Pacto de 10.5. Relação com outros parceiros em direção à sustentabilidade. Para atingir os O foco nos últimos anos tem sido a promoção Autarcas na África Subsariana» (CoM SSA), uma internacionais objetivos, a UE promoverá a aprendizagem do desenvolvimento urbano integrado através iniciativa da UE inspirada no «Pacto de Autarcas e/ou o intercâmbio entre pares por meio da de parcerias construídas entre as Autoridades da Europa», lançado em 2008 pela Comissão Metade das OSC inquiridas no presente geminação e da cooperação descentralizada. locais dos Estados membros da UE e dos países Europeia para apoiar as autoridades locais e estudo especificam não ter relações com parceiros, de acordo com a Agenda 2030 sobre o regionais na luta contra as alterações climáticas outros parceiros da Cooperação internacional Das 17 Câmaras Municipais que participaram desenvolvimento sustentável. (CC). Como resultado, as autoridades locais não-membros da UE (50,3%), assim como no âmbito do Inquérito, a grande maioria (14) europeias, e as regiões vizinhas do Leste e do com organizações internacionais tais como o tem relação de geminação com uma ou mais As parcerias pretendem apoiar as Sul e da Ásia Central, comprometeram-se a Banco de Desenvolvimento Africano, o Banco cidades internacionais. No caso da ilha do autoridades locais dos países parceiros a reduzir as suas emissões e a adotar Planos de Mundial, os Organismos das Nações Unidas, Sal, registam-se até 14 diferentes geminações, abordar o desenvolvimento urbano sustentável ação climática e de energia sustentável. a OCDE, a CEDEAO ou a União Africana incluindo cidades em Portugal, Espanha, Brasil, através do reforço das capacidades e da (50,8%) (gráfico 63). China, Angola, entre outras. prestação de serviços. O intercâmbio entre O objetivo geral da ação CoM SSA, alinhado pares de autoridades locais está no centro desta com os objetivos da iniciativa SE4ALL Das OSC inquiridas, 14,3% (para a Uma importante vertente dos programas de abordagem. (Energia Sustentável para Todos) é aumentar Cooperação de Estados não-membros da UE) financiamento às AL consiste nofortalecimento as capacidades das cidades para fornecer às e 15,3% (para organizações internacionais) da governança urbana criando Cidades As novas prioridades políticas da UE, e populações urbanas e periurbanas serviços de classificam a sua relação como «muito boa» inteligentes63, com vista à crescente urbanização nomeadamente o «New Green Deal», formam acesso à energia de forma suficiente, sustentável e «boa»; 16,4% e 14,8% (respetivamente) no mundo: Em 2025, dois terços da população o núcleo desta cooperação que passa pelo e segura, prestando especial atenção às fontes de consideram a sua relação como «razoável»; e mundial viverão em cidades. Investimentos lançamento de convites à apresentação de energia eficientes e renováveis que resultam em em ambos casos, 19,1% das OSC consideram serão feitos na inclusão social das cidades, propostas. baixas emissões de CO2, resistência climática e a relação como «fraca». na tecnologia/inovação e na ecologização desenvolvimento sustentável. (greening) das cidades. Cabo Verde beneficia desde 2019 de um No caso das OSC que avaliam as suas projeto municipal vinculado com intercâmbio Numa primeira fase em Cabo Verde pretende- relações com as organizações internacionais 63 Cidades inteligentes, refere-se ao uso das tecnologias da informação e comunicação para aumentar a eficiência operacional das cidades, entre pares. se desenvolver um plano de ação para o acesso como «muito boas» e «boas», fazem referência compartilhar informações com o público e melhorar a qualidade dos serviços governamentais e o bem estar dos cidadãos. a energia e o clima sustentáveis (SEACAP) e às relações com organismos do Sistema das implementar dois projetos piloto nas cidades Nações Unidas: ONU Mulheres, ONU Habitat da Praia e Ribeira Grande de Santiago. e o PNUD. Montante Ano Parceiro Objetivo (EUR) Montante Ano Parceiro Objetivo (EUR) Capacitação, através de intercâmbios de pares, para promover iniciativas de governação local eficazes e alinhar as estratégias locais Câmara Municipal com a Agenda 2030; fornecer acesso direto a água e saneamento Apoio ao Pacto de Autarcas para o Clima e a Energia para a África 2019 de Madrid e Câmara 2 751 488,00 a áreas vulneráveis da cidade de Praia e fornecer apoio técnico Subsariana: Aumentar o acesso à energia sustentável para as 800 000,00 Municipal da Praia 2019 AECID para conceber acordos financeiros inovadores para investimentos populações urbanas e periurbanas e implementar ações locais para (ainda indicativo) sustentáveis de grande escala em infraestruturas e manutenção. combater as mudanças climáticas e os seus impactos.

154 155 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

Gráfico 64:Avaliação da sua relação com os parceiros indicados (segundo as AL)

Governo nacional

Associação Nacional de Municípios de Cabo Verde

Estados membros da UE

Outros municípios

Delegação da União Europeia

Organizações da sociedade civil nacionais

ONGs europeias

ONGs internacionais

Organizações internacionais

Cooperação internacional

0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0% 90,0% 100,0%

Gráfico 63:Avaliação da sua relação com os parceiros indicados (segundo as OSC) Muito Boa Boa Razoável Fraca Inexistente

Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE Governo local

Delegação da União Europeia A Embaixada dos Estados Unidos A Embaixada da Austrália (em Portugal)

Outras OSC nacionais A Embaixada dos Estados Unidos em Cabo A Embaixada da Austrália com representação Governo nacional Verde promove um Fundo de Autoajuda para diplomática em Portugal financia projetos em Estados membros da UE apoiar as comunidades mais carenciadas com Cabo Verde, Guiné Bissau e São Tomé e Príncipe.

ONGs internacionais financiamento de pequenos projetos, com Tem um programa de ajuda direta (PAD) para duração não superior a um ano, e que criem esses países visando a redução da pobreza e a ONGs europeias atividades produtivas e com impacto social. promoção do desenvolvimento sustentável dos Organizações internacionais Dependendo da disponibilidade orçamental, mesmos.

Cooperação internacional não UE os fundos para a globalidade do programa, são disponibilizados anualmente em agosto/ Os destinatários podem ser indivíduos, 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0% 90,0% 100,0% setembro. Em média os financiamentos por grupos comunitários, ONGs nacionais e

Muito Boa Boa Razoável Fraca Inexistente projeto são de $8,000 dólares e o total de projetos internacionais, entidades governamentais, financiados depende do montante global instituições académicas, museus ou outras Fonte: Dados recolhidos a partir do Inquérito OSC/AL (2020), UE recebido anualmente. Assim, em 2018 foram organizações sem fins lucrativos que trabalhem financiados 6 projetos, e em 2019, 8 projetos. em prol do desenvolvimento ao nível das comunidades e que incluam os beneficiários No caso das 17 Câmaras Municipais que como com a Cooperação internacional (Países As organizações beneficiárias devem ser na identificação e implementação do projeto. participaram no Inquérito (gráfico 64), 88,2% não membros da UE). associações sem fins lucrativos (ONGs ou de Este é um programa anual que permite, indicam ter «muito boa» relação com o Governo base comunitária) e devem demonstrar sistemas também, a seleção de atividades que podem Nacional e 58,8% afirmam ter «muito boa» relação 29,4% afirmam que é «inexistente» a sua de controlo interno e financeiro estabelecidos. ser implementadas num curto período de com a Associação Nacional dos Municípios de relação com organizações internacionais (BAD, tempo (seis a sete meses). No ano 2017-2018 Cabo Verde (ANMCV). BM, ONU, OCDE, CEDEAO, UA). As organizações podem submeter propostas foram financiados 5 projetos em Cabo Verde no de projeto para avaliação em qualquer altura do domínio da educação. Em 2019 foi aberto um 64,7% avaliam como «boa» a relação com as Entre os parceiros internacionais que ano até ao mês de agosto, seguindo as instruções período para submissão de candidaturas ao organizações da sociedade civil. 47,1% dizem atualmente estão a promover financiamentos no formulário em anexo e no site da Embaixada: PAD e aguardam a aprovação dos fundos para ter uma «boa» relação com os Estados membros para OSC e que partilharam informação, https://cv.usembassy.gov/embassy/praia/ a implementação das atividades em 2020 (ver e com a Delegação da União Europeia, assim incluem-se: small-grants-program (ver anexo V). anexo V para mais informação).

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Recomendações do Capítulo 10

• A UE deve assumir um papel de facilitador • Reforçar a transparência institucional municípios, assim como as ferramentas • Criar um fundo de sustentabilidade de diálogos promovendo diálogos de mediante a criação de uma base de dados práticas em áreas essenciais para este visando projetos e ações das OSC cooperação a nível do Governo nacional e a sistematizada que informe sobre as efeito; previamente financiados; nível descentralizado (com AL) capacidades e os projetos atuais a nível • Elaborar e implementar planos de • Apoiar e capacitar as AL na criação/ Neste quadro recomenda-se: municipal. sustentabilidade; utilização de um sistema de informação • Organizar consultas públicas à sociedade municipal que permita o seguimento • Desenvolver estratégias para assegurar • Assegurar o seguimento e a avaliação de civil no âmbito das negociações de dos seus projetos de desenvolvimento o reforço institucional das associações projetos realizados. acordos de cooperação internacional, territorial. comunitárias, ONGs e autoridades locais assim como no Grupo de Apoio • Facilitar o acesso ao financiamento e Neste quadro recomenda-se: • Reforçar a articulação entre a UE, os orçamental (GAO); reforçar a sustentabilidade das ações. • Incentivar parcerias de longo prazo, Recomenda-se: Estados membros e os organismos • Criar indicadores no âmbito do Apoio transferência de know-how em formações internacionais em todas as fases da orçamental que garantam a participação • Flexibilidade e celeridade de resposta da no local de trabalho e cooperação/ gestão de projetos destinados à sociedade da sociedade civil mediante mecanismos equipa da Delegação da UE; geminação entre pares; civil e às autoridades locais. Nesta linha, de democratização (espaços de consulta • Simplificar alguns dos procedimentos • Proporcionar ações especializadas de recomenda-se: a diferentes segmentos da comunidade que não sejam financeiros; formação para as empresas de auditoria, • Reforçar o diálogo com as autoridades durante a formulação, execução, e • Reforçar a modalidade de Apoio a no intuito que cumpram com os públicas como medida para atenuar acompanhamento de planos e projetos); terceiros nos Convites à apresentação de requisitos impostos pela UE; o risco imposto pela falta de • Reforçar a coordenação entre a ANMCV e propostas da UE para apoiar de forma • Realizar ações de formação para compromisso institucional; os municípios, assim como a colaboração continuada às associações comunitárias; os quadros técnicos das OSC e AL, • Estabelecer a prática por parte da entre os Gabinetes técnicos municipais, • Aumentar o cofinanciamento até 90% considerando os âmbitos prioritários Delegação da UE de marcar antes do criando espaços formais de comunicação para todas as OSC com financiamento da identificados, assim como priorizando início de cada projeto um encontro entre os mesmos; UE; determinados parceiros estratégicos com todas as partes interessadas. • Fomentar a comunicação entre as (como a ANMCV ou a Plataforma de • Usar modalidades financeiras que Câmaras, as Assembleias, Gabinetes e ONGs); apoiam a valorização do voluntariado outros atores municipais fundamentais; como fonte de cofinanciamento (até • Fortalecer as capacidades técnicas • Promover a prestação de contas das 50%); dos Gabinetes técnicos a nível dos despesas públicas;

158 159 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

Conclusões Gerais

Este Mapeamento representa o primeiro de intervenção - mesmo que nas zonas periféricas no âmbito do Orçamento do Estado, assim prioridades estratégicas da sociedade civil estudo a ser elaborado para avaliar as a situação ganhe contornos específicos. Estes como o desenvolvimento de uma estratégia de cabo-verdiana. capacidades atuais de mais de 250 OSC desafios incluem a dispersão do Quadro legal Economia social e solidária, na qual todas as ativas no território de Cabo Verde. Os dados a nível nacional ou a dificuldade de acesso à OSC podem desenvolver ações geradoras de Em definitivo, o Mapeamento põe em demonstram a necessidade urgente de informação, tanto em relação aos procedimentos rendimento para a sua sustentabilidade, são evidência o protagonismo da UE e dos Estados reforçar institucionalmente as OSC e elaborar burocráticos, como às linhas de financiamento fundamentais. membros da UE na Cooperação internacional estratégias que garantam que o Governo inclua e aos dados estatísticos. Igualmente no estudo em Cabo Verde, evidenciando o impacto das a sociedade civil cabo-verdiana no diálogo foram identificadas fragilidades similares nas Por outro lado, a inexistência de uma ações realizadas de forma continuada e o sobre a alocação de recursos e definição de diferentes organizações, como a masculinização agenda não governamental é uma grande grande volume de boas práticas acumuladas políticas públicas. dos quadros diretivos das OSC - pese a fraqueza da sociedade civil no momento de durante esse período. Porém, o estudo feminização da sua mão de obra - ou a falta de influenciar a intervenção política. A fim de enfatiza também os aspetos que podem ser A graduação de Cabo Verde como profissionalização do terceiro setor que conduz reforçar a participação da sociedade civil no melhorados, oferecendo recomendações país de rendimento médio em 2008 e à carência de quadros técnicos especializados e a diálogo político, é fulcral que exista uma base concretas que tomam em consideração a consequentemente a redução da Ajuda uma forte dependência do trabalho voluntário. de princípios, prioridades e diretrizes comuns grande importância que esta colaboração tem pública ao desenvolvimento tem tido como Neste contexto, as OSC veem-se limitadas na para a sua ação. O reforço das capacidades e para o desenvolvimento de Cabo Verde. Assim, consequência a redução de financiamentos nas sua capacidade de acesso a financiamentos e, espaços de diálogo, do trabalho em rede, de as recomendações aqui presentes pretendem zonas rurais e nomeadamente de fundos para no geral, para desenvolver o seu papel como advocacy e a formação de consensos devem servir de orientação para o «Roteiro da UE para organizações da sociedade civil. Neste quadro, promotoras dos princípios de participação ser parte do processo. É fundamental alinhar um maior compromisso com a sociedade civil 2020- o Governo cabo-verdiano ainda não conseguiu democrática. a agenda nacional não governamental com as 2025», com vista a facilitar a tomada de decisões reestruturar a sua política a fim de encontrar prioridades da Agenda 2030. Este Mapeamento mediante um conhecimento mais extenso do formas de apoio/linhas de financiamento Neste sentido, a criação de fundos específicos fornece informações essenciais e poderá formar contexto e da perceção das organizações da e garantir a participação ativa das OSC. para o financiamento e funcionamento das OSC a base para uma futura agenda que defina as sociedade civil que estão no terreno. Consequentemente, existem muitos desafios em todos os níveis da sociedade civil.

Constatamos que não foram criadas as bases necessárias para um desenvolvimento do mundo rural: Embora o desenvolvimento rural tenha sido, desde a independência, assumido como um dos setores prioritários da estratégia de desenvolvimento nacional, nota-se que as associações rurais permanecem fragilizadas e/ ou existem na base de voluntariado. Observa- se que desde a independência até hoje, os programas implementados tornaram as associações dependentes do assistencialismo e da redistribuição dos recursos promovidos pelo Estado e pela comunidade internacional (países, ONGs, etc), mas não reforçaram necessariamente as suas capacidades internas.

Aliás, as OSC enfrentam desafios comuns independentemente da sua localização ou área

160 161 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

Anexo I – Bibliografia

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162 163 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

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164 165 Mapeamento Mapeamento da Sociedade Civil da Sociedade Civil Cabo-verdiana Cabo-verdiana

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Decreto- regulamentar nº 6/2016 de 16 de Abril de 2016. Boletim Oficial da República nº 28 - I Série. Cria e regula o sistema nacional do registo das coletividades religiosas. Imprensa Nacional de Cabo Verde, SA. Praia.

Decreto-Lei nº 62/2016 de 29 de Novembro de 2016. Boletim Oficial da República nº 67- I Série. Regula o regime de financiamento dos projetos relativos a atividade de preservação do ambiente, bem como a organização e o modo de funcionamento do Fundo de Ambiente. Imprensa Nacional de Cabo Verde, SA. Praia.

Lei nº 12/IX/2017 de 4 de Julho de 2017. Boletim Oficial da República nº 38 - I Série.Altera a

166 167 Anexo III – Questionários aplicados Inquérito para atores da Sociedade civil em Cabo Verde - 2019

I. Identificação

Inquérito para atores da Sociedade civil em Cabo Verde - 2019 * Nome da organização

Este questionário foi elaborado com o fim de contribuir para o Mapeamento e a atualização do Roteiro para um compromisso da União Europeia (UE) com a Sociedade Civil Cabo-verdiana 2014-2017. O novo Roteiro identificará áreas e ações de intervenção precisas da UE no seu relacionamento com a Acrónimo da organização, nome curto ou abreviado sociedade civil Cabo-verdiana para o período 2020-2025. O seu objetivo é perceber as necessidades e a relação de parceria entre as Organizações da Sociedade Civil (OSC), o Governo e outros parceiros de desenvolvimento, assim como a sua participação na elaboração e seguimento de políticas públicas e no cumprimento dos objetivos de desenvolvimento sustentável. * Tipo da Organização conforme o seu estatuto Este questionário visa igualmente obter subsídios para contribuir para um melhor alinhamento do apoio da União Europeia no âmbito do Programa temático para a Sociedade Civil e Autoridades locais e Associação de Desenvolvimento Comunitário Cooperativa do Instrumento Europeu para a Democracia e os Direitos humanos. Associação Desportiva e/ou Recreativa Universidade/Instituição académica/pesquisa O mapeamento será partilhado com financiadores internacionais visando garantir futuros financiamentos para os atores da Sociedade civil em Cabo verde. Neste sentido é fundamental Organização Não Governamental Instituição de Microcrédito responderem ao questionário de forma completa e mais detalhada possível. Fundação Organização religiosa As respostas do questionário servem para uso interno e os resultados serão publicados unicamente de forma agregada. Os questionários individuais não serão publicados nem partilhados para outros Sindicato A organização não tem estatuto fins. Responda com total sinceridade, os seus dados serão tratados de forma confidencial por parte da Delegação da UE e da equipa da Assistência técnica. Outro (por favor especifique)

Em caso de dúvidas e perguntas relativamente ao questionário, não hesite em contactar diretamente a Assistência técnica por meio de email ou a página Facebook.

[email protected] https://www.facebook.com/assistencia.tecnica.526 Contato (telefone, email, nome e cargo da pessoa responsável)

A equipa da Assistência técnica agradece desde já a sua colaboração!

Endereço * Conhece o “Roteiro da UE para um Compromisso com a Sociedade Civil 2014-2017”?

Sim, contribuí para a sua elaboração * Ano de registo oficial da organização Sim, mas não contribuí para a sua elaboração

Não N. de Boletim Oficial

168 169 * Áreas de atuação (escolher todas as que se aplicam) * Grupo-alvos a Beneficiários:

Assistência técnica e Consultoria Igualdade de Género e/ou empoderamento de mulheres Animais Migrantes

Água e saneamento Inclusão social de grupos vulneráveis Crianças Coletivo LGBTI

Advocacy e incidência política Inovação Jovens Pessoas com necessidades especiais

Apoio jurídico e acesso a justiça Governança e Democracia Mulheres Pessoas em situação de vulnerabilidade

Agricultura Habitação Homens População urbana

Comunicação e Tecnologia Migração Idosos População rural

Cooperação e Relações internacionais Saúde Outro (especificar) / assim como vulnerabilidade e necessidades especiais dos grupo-alvos seleccionados

Crédito e Finanças Sensibilização

Cultura e recreação Transporte

Desporto Turismo * Qual é o âmbito de intervenção da sua organização?

Desenvolvimento local e/ou rural Proteção animal Internacional Nacional

Direitos humanos e Defesa de direitos Proteção do Meio ambiente/Recursos naturais Regional Local Educação Proteção social

Energia Pesquisa/Investigação * Especifique a área geográfica de atuação da sua organização em Cabo Verde:

Formação profissional Religião Paul São Miguel

Emprego e Acesso ao trabalho Urbanismo e Infraestruturas Ribeira Grande (Santo Antão) Santa Cruz

Fortalecimento institucional e Relações institucionais Porto Novo Picos

Outra área (especifique) São Vicente São Lourenço dos Órgãos

Tarrafal de São Nicolau São Domingos

Ribeira Brava Ribeira Grande de Santiago

Sal Praia

Boavista São Filipe * Que meios de intervenção a sua organização utiliza nas áreas definidas anteriormente? Maio Santa Catarina do Fogo Formação e capacitação Apoio técnico Tarrafal (Santiago) Mosteiros Ações de sensibilização Apoio financeiro Santa Catarina (Santiago) Brava Ações de advocacy Outro(s) * Por favor especifique as localidades Apoio social

* Por favor especifique necessidades e desafios que enfrenta no(s) meio(s) escolhidos(s)

Orçamento anual médio dos últimos três anos em CVE (aproximadamente)

170 171 * 5. Dos desafios identificados (na pergunta 4), tem visto ultimamente alguma melhoria?

Inquérito para atores da Sociedade civil em Cabo Verde - 2019 Sim

Não II. contexto da sociedade civil em cabo verde Caso sim, quais melhorias? (por favor dar exemplos concretos)

* 1. Qual é o nível de satisfação da sua organização com a liberdade de expressão, reunião e associação em Cabo Verde?

Plenamente * 6. Quais objetivos deveriam ser prioritários para o desenvolvimento de Cabo Verde nos próximos 5 satisfatório Satisfatório Neutro Pouco satisfatório Insatisfatório anos? (escolher 3 opções) Na lei 1. Erradicação da pobreza - Acabar com a pobreza 10. Redução das desigualdades - Reduzir as em todas as suas formas, em todos os lugares. desigualdades dentro dos países e entre eles. Na prática 2. Fome zero e agricultura sustentável - Acabar 11. Cidades e comunidades sustentáveis - Tornar as com a fome, alcançar a segurança alimentar e cidades e os assentamentos humanos inclusivos, melhoria da nutrição e promover a agricultura seguros, resilientes e sustentáveis. * 2. Qual é o nível de satisfação da sua organização com o quadro legal referente à Sociedade civil? E o sustentável. nível de satisfação com a aplicação deste quadro legal (a nível nacional e local)? 12. Consumo e produção responsáveis - Assegurar 3. Saúde e bem-estar - Assegurar uma vida saudável padrões de produção e de consumo Plenamente e promover o bem-estar para todos, em todas as sustentáveis. satisfatório Satisfatório Pouco satisfatório Insatisfatório Não sei idades. 13. Ação contra a mudança global do clima - Tomar Quadro legal 4. Educação de qualidade - Assegurar a educação medidas urgentes para combater a mudança inclusiva, e equitativa e de qualidade, e promover climática e seus impactos (*). Aplicação oportunidades de aprendizagem ao longo da vida a nível nacional para todos. 14. Vida na água - Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares, e dos recursos Aplicação a nível local 5. Igualdade de gênero - Alcançar a igualdade marinhos para o desenvolvimento sustentável. de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. 15. Vida terrestre - Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, 6. Água limpa e saneamento - Garantir gerir de forma sustentável as florestas, combater * 3. Como avalia o ambiente institucional e legal para a Sociedade Civil em Cabo Verde desde 2016? disponibilidade e manejo sustentável da água e a desertificação, deter e reverter a degradação Melhorou muito Melhorou Continua igual Piorou Piorou muito saneamento para todos. da Terra e deter a perda da biodiversidade.

7. Energia limpa e acessível - Garantir acesso à 16. Paz, justiça e instituições eficazes - Promover energia barata, confiável, sustentável e renovável sociedades pacíficas e inclusivas para o para todos. desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir 8. Trabalho decente e crescimento econômico - * 4. Na sua opinião quais são as principais dificuldades das organizações em relação ao ambiente legal e instituições eficazes, responsáveis e inclusivas Promover crescimento econômico sustentado, em todos os níveis. institucional ? (selecione 3 opções) inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para todos. 17. Parcerias e meios de implementação - Fortalecer Partidarismo Centralização os meios de implementação e revitalizar 9. Inovação infraestrutura - Construir infraestrutura a parceria global para o desenvolvimento Quadro legal insatisfatório Complexidade e burocracia das instituições públicas resiliente, promover a industrialização inclusiva e sustentável. sustentável, e fomentar a inovação. Desconhecimento do quadro legal Ausência de espaços de consulta e acompanhamento de políticas

Insuficiente acesso à informação Dispersão da regulamentação sobre ativismo * 7. A sua organização tem capacidade para contribuir efetivamente para alcançar os objetivos escolhidos na pergunta 6? Não aplicação das normativas Falta de espaços de diálogo social e de estabelecimento de consensos Sim Falta de coordenação entre instituições Não

Outros (especifique quais) * Caso tenha escolhido "Sim", por favor especifique como, para cada prioridade escolhida

172 173 Muito eficaz Eficaz Pouco eficaz Ineficaz Inquérito para atores da Sociedade civil em Cabo Verde - 2019 Garantir a sustentabilidade dos projetos/ações depois do término de um financiamento III. capacidades existentes

Outra * 8. Como avalia a eficácia da sua organização nas áreas indicadas?

Por favor especifique caso tenha escolhido Outra Muito eficaz Eficaz Pouco eficaz Ineficaz

Identificar fontes de financiamento / Angariação de Fundos

Planeamento estratégico * 9. Das áreas anteriores (pergunta 8) indique as duas (2) nas quais a sua organização é mais forte e as duas (2) nas quais é mais fraca. Para as mais fracas, aponte quais são os principais obstáculos. Desenho de programas/projetos (quadro lógico)

Investigação e/ou análise estatístico

Implementação de ações e projetos no terreno * 10. Reflita sobre a sua organização e responda às declarações seguintes:

Monitoria e avaliação Sim Não Não sei Não aplicável de projetos e ações

Ações de advocacy A organização tem um (incidência política) Plano Estratégico/de Ação/de Atividades atualizado em vigor Ações de sensibilização e/ou formação As ações da organização são Elaboração de materiais IEC feitas baseadas num Plano (informativo/audiovisual) Estratégico/de Ação/de Atividades

Comunicação e Redes Sociais A eleição dos órgãos sociais têm sido feita com regularidade Abordagem de género (conforme o estatuto)

Gestão financeira A organização tem uma administração financeira com Trabalho em rede pessoal e sistemas adequados e relação com parceiros

Prestação de contas aos financiadores A organização tem recursos (incluindo elaboração de relatórios) financeiros adequados, com relações estabelecidas com dois Prestação de contas ou mais doadores interna (à sócios e similares) A organização tem recursos Capacidade para financeiros suficientes para promover mudança sociais sustentar recursos humanos especializados

174 175 Sim Não Não sei Não aplicável * 11. A organização segue uma abordagem inclusiva no seu trabalho?

A organização tem um N/A (caso a organização não mecanismo de registo trabalha com o grupo-alvo) e sistematização das Sim Não experiências/boas práticas (arquivo e documentação) Igualdade de género

Se sim, como se materializa?

A organização realiza estudos e diagnósticos antes de começar um projeto ou ação Pessoas com deficiência

Se sim, como se materializa? A organização aplica sempre uma abordagem participativa e inclusiva, com os beneficiários, durante a definição, execução e avaliação de Pessoas imigrantes ações (levantamento de necessidades, mapeamentos, diagnósticos Se sim, como se materializa? participativos, etc)

A organização sempre considera Pessoas idosas indicadores vinculados com os ODS no seu funcionamento Se sim, como se materializa?

Juventude A organização já realizou uma auditoria das contas Se sim, como se materializa?

Coletivo LGBTI A organização tem fundos adequados para Se sim, como se materializa? a comunicação/visibilidade das suas ações

Pessoas em situação A organização aplica uma de vulnerabilidade sócio-economica abordagem de género durante a elaboração e gestão de Se sim, como se materializa? projetos/ações

Outro A organização considera o impacto meio- Se sim, como se materializa? ambiental da sua atividade em cada projeto

176 177 Elaboração e Implementação de Ações Recursos Humanos

* 16. Que postos ocupam as/os profissionais na organização com contrato remunerado? Número e * 12. Quais são os instrumentos que a sua organização utiliza durante a implementação e monitorização distribuição por sexo: de projetos? (escolher todos os que se aplicam) (Caso não haja, por favor seleccionar Nenhum=0 para as duas colunas) Nenhum Plano de monitorização interno Análise de riscos Mulheres Homens

Quadro lógico Orçamento em Excel Relatórios semestrais de Direção implementação/monitorização Plano de ação Análise SWOT/ FOFA Termos de referência Gestão de projeto para contratação externa Cronograma de atividades Mapeamento das partes interessadas Relatórios de auditoria Administração/Secretária/RH Profissionais/técnicos da Outro (por favor especifique): área de intervenção

Contabilidade

Comunicação e relações públicas * 13. Que tipo de ferramentas de recolha de dados que é usado pela sua organização para a elaboração de ações e projetos? (escolher todas as que se aplicam) Serviços gerais (Guarda, Limpeza, Conductor/a) A experiência prática da própria organização Outro Estudos elaborados pela organização

Diagnósticos participativos com a população beneficiária (grupos focais, etc.) Nenhum

Fontes estatísticas nacionais (INE, Câmaras Municipais, etc.) Por favor especifique caso tenha escolhido "Outro" Bases de Dados de organismos internacionais (ONU, BM, OCDE, etc.)

Outra (por favor especificar)

* 17. Que postos ocupam as/os voluntários na organização? Número e distribuição por sexo: (Caso não haja, por favor seleccionar Nenhum=0 para as duas colunas) Mulheres Homens

* 14. A organização está engajada em advocacy com o objetivo de influenciar políticas públicas e/ou a Direção alocação de recursos públicos? Sim, a nível municipal, e tem tido efeito Gestão de projeto Sim, a nível nacional, e tem tido efeito e impacto (*em que área e qual foi o resultado) e impacto (*em que área e qual foi o resultado) Administração/Secretária/RH Sim, a nível municipal, mas não Sim, a nível nacional, mas não tem tido efeito e impacto (*em que área) tem tido efeito e impacto (*em que área) Profissionais/técnicos da área de intervenção Não Contabilidade * Por favor especifique caso tenha respondido "Sim" Comunicação e relações públicas

Serviços gerais (Guarda, Limpeza, Conductor/a)

* 15. Sua organização já participou na elaboração de algum relatório sombra (shadow report)? Outro Sim Nenhum Não

*Se "Sim", por favor especifique em que áreas e em parceria com quais outras organizações Por favor especifique caso tenha escolhido "Outro"

178 179 * 18. A sua equipa tem as capacidades técnicas suficientes para o funcionamento da sua organização? * 22. A sua organização realiza alguma atividade geradora de rendimento?

Sim Sim

Não Não

* 19. Que áreas precisam de reforço técnico? (escolha 3 opções) * Caso tenha escolhido "Sim" por favor especifique com maior detalhe possível as áreas e/ou atividades:

Advocacy, incidência Arquivo Recursos humanos política e lobbying e documentação Áreas técnicas específicas Seguimento, Sensibilização e ativismo (ex: agricultura, psicologia, etc.) avaliação e monitoria

Área jurídica Comunicação Igualdade de género e marketing digital

Auditoria e seguimento externo Informática Mindfulness, team building, coaching e liderança * 23. Selecione a opção que considera ser o maior obstáculo da organização para obter financiamentos: Gestão de projetos Línguas estrangeiras Estatística e bases de dados Desinformação sobre as chamadas Falta de capacidade para apresentação de propostas financeira e administrativa Mobilização de financiamento Administração Elaboração de projetos e crowdfunding e contabilidade Falta de capacidade Falta de financiamentos para técnica para elaborar projetos o objetivo específico da organização

Outra(s) (por favor especifique): Complexidade dos procedimentos Centralização das instituições, do financiador da informação e das oportunidades

Falta de contatos pessoais Nenhum e institucionais (networking) Recursos Humanos Desconhecimento sobre as fontes de financiamentos

* 20. De onde provém a maioria dos fundos da organização para implementação dos projetos /ações? Outra (por favor especifique) (enumerar todas as opções válidas)

Quotas de sócios Subvenções do Estado Linhas de Crédito

Doações públicas ou privadas Subvenções municipais Juros de empréstimos (nacionais ou internacionais)

Atividades geradoras de rendimento Cooperação Internacional Rendimento de contas de poupança Outro (especificar)

* 21. De onde provém a maioria dos fundos da organização para funcionamento (enumerar todas as opções válidas)

Quotas de sócios Subvenções do Estado Linhas de Crédito

Doações públicas ou privadas Subvenções municipais Juros de empréstimos (nacionais ou internacionais)

Atividades geradoras de rendimento Cooperação Internacional Rendimento de contas de poupança Outro (especificar)

180 181 * 26. Como avalia o acesso à informação facultado pelo Estado nas seguintes áreas?

Inquérito para atores da Sociedade civil em Cabo Verde - 2019 Plenamente Pouco satisfatório Satisfatório Neutro satisfatório Insatisfatório

Acesso à financiamento IV. Parcerias, colaboração e articulação (concursos, subvenções, orçamento do Estado, etc.)

* 24. De acordo com a experiência da sua organização, como avaliaria a sua relação com: Procedimentos jurídicos (registo, litigios, contratações, etc.) Muito Boa Boa Razoável Fraca Inexistente Regime fiscal Delegação da União Europeia (UE) Dados estatísticos Estados Membros da UE Assuntos de interesse público

Outro ONGs europeias Por favor especifique caso tenha escolhido "Outro"

ONGs internacionais

Cooperação Internacional (de países não-membros da UE) * 27. Na experiência da sua organização, as instituições e autoridades Cabo-verdianas estão abertas a Organizações Internacionais (BAD, envolver a sociedade civil na elaboração de políticas? BM, ONU, OCDE, CEDEAO, UA, etc.) Abertas Relativamente abertas Pouco abertas Não abertas

Governo local (Municipal) Antes de 2017

A partir de 2017 Governo nacional

* 28. Alguma vez a sua organização já foi convidada para participar num diálogo (formal ou informal) Outras OSC nacionais com o Governo em relação à identificação, preparação, revisão, monitoria e/ou avaliação de uma política?

No caso das sinalizadas como “muito boa” e “boa”, por favor, especifique o tipo de relação existente; e principais lições Sim aprendidas e boas práticas nessa relação Não

*Se "Sim", por favor dê mais detalhes sobre a consulta: Qual área e em que data? Foi a nível nacional ou municipal? As recomendações realizadas foram incorporadas ou tiveram seguimento? Qual foi o resultado? Havia alguma barreira para a sua participação?

Definição de medidas políticas e orçamentais

* 25. A organização já recebeu apoio financeiro do Estado? * 29. Na sua experiência, existe atualmente algum forum ou espaço de diálogo permanente entre o Estado e as OSC que tenha um impacto real nas políticas públicas? Sim Sim Não Não *Se "Sim", por favor especifique: Quando? Para que iniciativa? Como foi o processo de seleção? *Se "Sim", qual? Especifique a configuração e o funcionamento. Que boa prática tem potenciado esse impacto real?

182 183 * 30. Os projetos e ações da sua organização contam com o apoio (não só financeiro) das autoridades Articulação entre as OSC locais (Câmara Municipal)? * 33. Qual é seu grau de satisfação com a articulação existente entre as OSC nas seguintes áreas? Sim, a organização conta com uma parceria formal com a Câmara (*em que sentido?) Plenamente Sim, a organização conta com uma parceria informal com a Câmara (*em que sentido?) satisfatório Satisfatório Neutro Pouco satisfatório Insatisfatório

Não (*na vossa opinião, qual é o motivo?) Partilha de informação sobre *Por favor especifique conforme a opção escolhida: financiamentos

Partilha de conhecimentos e know- how (apoio técnico, formações, etc.)

Divulgação de boas práticas Interação com parceiros de desenvolvimento

* 31. Por favor indique se a sua organização já recebeu financiamento de um parceiro internacional. Se Coordenação para o sim, indique qual(ais) parceiro(s): trabalho no terreno e a implementação de Nenhum Portugal ONG internacionais e da Diáspora atividades específicas

Delegação da União Europeia França Cooperação de países não-membros da UE Funcionamento das redes e parcerias existentes Espanha Luxemburgo Organizações Internacionais (BAD, BM, ONU, OCDE, CEDEAO, UA, etc.)

Outro Outro país da UE Sector privado internacional

*Indique o ano do apoio e a área temática para cada parceiro: * 34. A sua organização faz ou já fez parte de uma plataforma, rede ou aliança temática/geral de organizações da sociedade civil?

Sim, atualmente faz parte

Sim, no passado já fez parte

* 32. Como avalia o desempenho da UE nas seguintes áreas? Não

Excelente Bom Razoável Pouco satisfatório Insatisfatório *Caso tenha respondido "Sim", por favor dê mais detalhes: 1. nome, 2. alcance geográfico, 3. área de trabalho, 4. fonte de financiamento da rede Divulgação feita dos financiamentos existentes da UE

Visibilidade dos projetos financiados pela UE * 35. Entre os principais objetivos dessa plataforma, rede ou aliança está a incidência política e advocacy? Assistência técnica prestada pela UE Sim

Disponibilidade Não para a realização de diálogos e encontros *Caso tenha respondido "Sim", por favor indique que tipo de ações tem desenvolvido? qual tem sido o impacto das mesmas? O engajamento com a sociedade civil

184 185 * 36. Avalie a sua relação com os seguintes atores da Sociedade civil em Cabo Verde: * 39. Quais seriam as funcionalidades necessárias desta plataforma para melhorar o impacto das ações/ projetos desenvolvidos pela sua organização? Muito Boa Boa Razoável Fraca Inexistente Filtro de pesquisa de OSC em Cabo Verde - por área Ferramentas digitais de formação (E-learning) Associações Comunitárias geográfica e temática de Base/Desenvolvimento Lista de contatos atualizada de OSC Informação sobre oportunidades de financiamentos ONGs Divulgação de vídeos, reportagens, entrevistas no Seguimento de indicadores ODS Cooperativas terreno e/ou Sindicatos Informações sobre o contexto legal e institucional Ferramentas de comunicação direta entre Instituições de nacional membros da plataforma (Chat e outros) Pesquisa e/ou Universidades Outra (por favor especificar): Fundações

Movimentos sociais

Organizações profissionais

Empresas / setor privado * 40. Sua organização poderia disponibilizar recursos (humanos, materiais e/ou financeiros) para a manutenção desta plataforma? Media (Rádio Nacional/Comunitária, Televisão, Jornais, etc.) Sim, sempre que não implique nenhum custo adicional para a organização

Sim, mesmo que implique custos adicionais para a organização

Não * 37. A sua organização já recebeu apoio (financeiro/técnico/material, etc.) para a realização das suas atividades por parte de uma empresa nacional?

Sim

Não

*Caso sim, em que âmbito? Por que empresa?

* 38. Estaria interessado/a em participar na criação de uma rede/plataforma digital específica para a coordenação entre OSC Cabo-verdianas?

Sim

Não

186 187 Inquérito para Autoridades locais em Cabo Verde - 2019 Inquérito para Autoridades locais em Cabo Verde - 2019

Este questionário foi elaborado com o fim de contribuir para o Mapeamento e a atualização do Roteiro I. Identificação para um compromisso da União Europeia (UE) com a Sociedade Civil Cabo-verdiana 2014-2017. O novo Roteiro identificará áreas e ações de intervenção precisas da UE no seu relacionamento com a sociedade * 1. Contato (telefone, email, nome e cargo da pessoa de contato) civil Cabo-verdiana para o período 2020-2025.

Este questionário é direcionado às Autoridades locais com o objetivo de perceber a sua relação com a Sociedade civil e avaliar as suas capacidades na implementação das prioridades do Governo nacional e no cumprimento dos objetivos de desenvolvimento sustentável.

O mapeamento será partilhado com financiadores internacionais visando garantir futuros 2. Endereço financiamentos para os atores da Sociedade civil e Autoridades locais em Cabo Verde. Neste sentido é fundamental responderem ao questionário de forma completa e mais detalhada possível.

As respostas do questionário servem para uso interno e os resultados serão publicados unicamente de forma agregada. Os questionários individuais não serão publicados nem partilhados para outros fins. Responda com total sinceridade, os seus dados serão tratados de forma confidencial por parte da Delegação da UE e da equipa da Assistência técnica. * 3. Área geográfica - Municipio

Em caso de dúvidas e perguntas relativamente ao questionário, não hesite em contactar diretamente a Assistência técnica por meio de email ou a página Facebook Paul Maio Ribeira Grande de Santiago

Ribeira Grande (Santo Antão) Tarrafal (Santiago) Praia [email protected]

Porto Novo Santa Catarina (Santiago) São Filipe https://www.facebook.com/assistencia.tecnica.526

São Vicente São Miguel Santa Catarina do Fogo A equipa da Assistência técnica agradece desde já a sua colaboração! Tarrafal de São Nicolau Santa Cruz Mosteiros

Ribeira Brava Picos Brava

Sal São Lourenço dos Órgãos

Boavista São Domingos

* Conhece o “Roteiro da UE para um Compromisso com a Sociedade Civil 2014-2017”? * 4. Orçamento anual médio dos últimos três anos (aproximadamente) em CVE

Sim, contribuí para a sua elaboração

Sim, mas não contribuí para a sua elaboração

Não

188 189 Inquérito para Autoridades locais em Cabo Verde - 2019 * 8. A Câmara implementa ou participa atualmente enquanto co-requerente em algum projeto financiado pela UE?

II. contexto Sim

Não * 5. Como avalia o ambiente institucional e legal para a Sociedade Civil em Cabo Verde desde 2016?

Melhorou muito Melhorou Continua igual Piorou Piorou muito 9. Caso tenha respondido "Sim" na pergunta anterior, indique o nome do projeto e a percentagem de contribução da Câmara.

* 6. Considerando a planificação estratégica do município, quais destes objetivos são considerados prioritários? (escolher 3 opções)

1. Erradicação da pobreza - Acabar com a pobreza 10. Redução das desigualdades - Reduzir as em todas as suas formas, em todos os lugares. desigualdades dentro dos países e entre eles.

2. Fome zero e agricultura sustentável - Acabar 11. Cidades e comunidades sustentáveis - Tornar as 10. Caso tenha respondido "Sim" na pergunta 8, indique se existe uma parceria formal com a organização com a fome, alcançar a segurança alimentar e cidades e os assentamentos humanos inclusivos, requerente/implementadora. melhoria da nutrição e promover a agricultura seguros, resilientes e sustentáveis. sustentável. Sim 12. Consumo e produção responsáveis - 3. Saúde e bem-estar - Assegurar uma vida saudável Assegurar padrões de produção e de consumo Não e promover o bem-estar para todos, em todas as sustentáveis. idades. 13. Ação contra a mudança global do clima - Tomar 4. Educação de qualidade - Assegurar a educação medidas urgentes para combater a mudança inclusiva, e equitativa e de qualidade, e promover climática e seus impactos (*). * 11. Existe algum programa de financiamento para Organizações da Sociedade Civil no seu municipio? oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos. 14. Vida na água - Conservação e uso sustentável Sim dos oceanos, dos mares, e dos recursos 5. Igualdade de gênero - Alcançar a igualdade marinhos para o desenvolvimento sustentável. Não de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. 15. Vida terrestre - Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, 6. Água limpa e saneamento - Garantir gerir de forma sustentável as florestas, combater disponibilidade e manejo sustentável da água e a desertificação, deter e reverter a degradação 12. Caso tenha respondido "Sim" na pergunta anterior, especifique o(s) programa(s) e os recursos saneamento para todos. da Terra e deter a perda da biodiversidade. alocados anualmente para cada programa 7. Energia limpa e acessível - Garantir acesso à 16. Paz, justiça e instituições eficazes - Promover energia barata, confiável, sustentável e renovável sociedades pacíficas e inclusivas para o para todos. desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir 8. Trabalho decente e crescimento econômico - instituições eficazes, responsáveis e inclusivas Promover o crescimento econômico sustentado, em todos os níveis. inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para todos. 17. Parcerias e meios de implementação - Fortalecer os meios de implementação 13. Caso tenha respondido "Sim" na pergunta 11, indique quais são as fontes de financiamento para esses 9. Inovação infraestrutura - Construir infraestrutura e revitalizar a parceria global para o programas. Algum parceiro nacional/internacional contribui com fundos? Qual/quais parceiros? resiliente, promover a industrialização inclusiva e desenvolvimento sustentável. sustentável, e fomentar a inovação.

* 7. O municipio tem capacidade para contribuir efetivamente para alcançar os objetivos escolhidos na pergunta 6?

Sim

Não *Caso tenha escolhido "Sim", por favor especifique como contribui, para cada objetivo escolhido *Caso tenha escolhido "Não", especifique as limitações existentes

190 191 * 15. Como avalia a eficácia da Câmara nas áreas indicadas? Inquérito para Autoridades locais em Cabo Verde - 2019 Muito eficaz Eficaz Pouco eficaz Ineficaz

dentificar fontes de financiamento / III. Capacidades existentes Angariação de Fundos

Planeamento estratégico * 14. Em quais das seguintes áreas a Câmara tem obtido resultados significativos e com impacto real na vida dos municipes? Elaboração de projetos Água e saneamento básico Educação Promoção social

Investigação e/ou análise estatístico Ambiente Emprego Protecção civil

Comércio interno Energia Saúde mplementação de ações no terreno

Cooperação descentralizada Formação profissional Transportes rodoviários Monitoria e avaliação de programas e ações

Cultura Habitação Turismo Ações de sensibilização e/ou formação Desenvolvimento rural Planeamento e Urbanismo Elaboração de materiais IEC (informativo/audiovisual) Desporto Polícia

Comunicação e Redes Sociais

* Das áreas escolhidas por favor dê exemplos concretos: Abordagem de género

Gestão financeira

Trabalho em rede e relação com parceiros

Prestação de contas ao Governo nacional

Capacidade para promover mudanças sociais

Garantir a sustentabilidade dos projetos/ações depois do término de um financiamento

Outra

Por favor especifique caso tenha escolhido "Outra":

* 16. Das áreas anteriores (pergunta 15) indique asduas (2) nas quais é mais forte e as duas (2) nas quais é mais fraca. Para as mais fracas, aponte quais são os principais obstáculos.

192 193 * 18. A Câmara tem as capacidades técnicas suficientes para o seu funcionamento? * 17. Reflita sobre o seu municipio e responda às declarações seguintes: Sim

Sim Não Não sei Não

Existe um Plano Estratégico de * 19. Que áreas precisam de reforço técnico? Desenvolvimento local em vigor

Áreas técnicas específicas (ex: Seguimento, Sensibilização urbanismo, ambiente etc.) avaliação e monitoria Todos os projetos são planeados/elaborados com base no Plano Estratégico em vigor Área jurídica Comunicação e Igualdade de género marketing digital

A Câmara tem uma administração financeira Auditoria e seguimento externo Informática Mindfulness, team building, com pessoal e sistemas adequados coaching e liderança

Gestão de projetos Línguas estrangeiras Estatística e bases de dados O municipio tem recursos financeiros adequados Mobilização de financiamento Administração e Elaboração de projetos contabilidade

O municipio tem recursos financeiros Arquivo e documentação Recursos humanos suficientes para sustentar recursos humanos especializados

Outra(s) (por favor especifique para "Outra(s)" e/ou qualquer das areas que precisam de reforço técnico): A Câmara tem um mecanismo de registo, arquivo e documentação

A Câmara realiza estudos e diagnósticos antes de começar um projeto ou ação

A Câmara aplica sempre uma abordagem participativa e inclusiva, com os beneficiários, durante a definição, execução e avaliação de ações (levantamento de necessidades, mapeamentos, diagnósticos participativos, etc)

A Câmara sempre considera indicadores vinculados com os ODS no seu funcionamento

Aplica uma abordagem de género durante a elaboração e gestão de projetos/ações

Considera o impacto meio- ambiental da sua atividade em cada projeto

194 195 * 21. Avalie a sua relação com os seguintes atores da Sociedade civil em Cabo Verde: Inquérito para Autoridades locais em Cabo Verde - 2019 Muito Boa Boa Razoável Fraca Inexistente

Associações Comunitárias IV. Parcerias, colaboração e articulação de Base/Desenvolvimento

ONGs * 20. De acordo com a sua experiência da Câmara, como avaliaria a sua relação com: Cooperativas e/ou Sindicatos Muito Boa Boa Razoável Fraca Inexistente Instituições de Pesquisa Delegação da União e/ou Universidades Europeia (UE) Fundações Estados Membros da UE Movimentos sociais

ONGs europeias Organizações profissionais

Empresas / setor privado ONGs internacionais Media (Rádio Nacional/Comunitária, Televisão, Jornais, etc.) Organizações da Sociedade civil nacionais

Cooperação Internaciona (de países não-membros da UE) * 22. Quais são boas práticas institucionais da Câmara que considera relevantes no âmbito da cooperação com atores da Sociedade civil, desde 2016? (por favor dar exemplos concretos) Organizações Internacionais (BAD, BM, ONU, OCDE, CEDEAO, UA, etc.)

Associação Nacional de Municipios de Cabo Verde

Outros municipios * 23. Como avalia a participação das Organizações da Sociedade civil na definição das prioridades dos programas e planos de atividades da Câmara municipal? (selecione a opção que mais se adequa) Governo nacional Elevada Moderada Baixa Nenhuma

No caso das sinalizadas como “muito boa” e “boa”, por favor, especifique o tipo de relação existente; e principais lições aprendidas e boas práticas nessa relação

196 197 * 24. Quais são os mecanismos utilizados para garantir a participação das Organizações da Sociedade Interação com parceiros de desenvolvimento civil no planeamento estratégico das atividades do Municipio? * 27. Por favor indique se a Câmara já recebeu apoio (financeiro/técnico/material) de um dos seguintes Sim Não parceiros:

Partilha de informação por emails / msgs Nenhum Luxemburgo Organizações Internacionais (BAD, BM, ONU, OCDE, CEDEAO, UA, etc.) Se "Sim", por favor indique a ultima vez que foi realizada: Delegação da União Europeia Outro país da UE Sector privado internacional

Espanha ONG internacionais e da Diáspora Sector privado nacional Portugal ONG nacionais Encontros individuais Outro

Se "Sim", por favor indique a ultima vez que foi realizada: França Cooperação de países não-membros da UE

*Indique o ano do apoio e a área temática para cada parceiro:

Consultas

Se "Sim", por favor indique a ultima vez que foi realizada:

* 28. O seu municipio tem estabelecido alguma relação de geminação com outra cidade internacional?

Sim Sessões de informação Não Se "Sim", por favor indique a ultima vez que foi realizada:

Caso tenha escolhido "Sim", por favor especifique a(s) cidade(s) e a(s) área(s) de parceria:

Mesas de Diálogo / Grupos focais

Se "Sim", por favor indique a ultima vez que foi realizada:

* 29. Como avalia o desempenho da UE nas seguintes áreas?

Excelente Bom Razoável Pouco satisfatório Insatisfatório * 25. No âmbito do relacionamento institucional com as Organizações da Sociedade civil, quais são as Divulgação feita fragilidades encontradas? dos financiamentos existentes da UE

Visibilidade dos projetos financiados pela UE * 26. Na sua experiência, existe atualmente algum forum ou espaço de diálogo permanente entre o Estado e as Organizações da Sociedade civil que tenha um impacto real nas políticas públicas? Assistência técnica prestada pela UE Sim Disponibilidade Não para a realização de diálogos e encontros * Se "Sim", qual? Especifique a configuração e o funcionamento. Que boa prática tem potenciado esse impacto real? O engajamento com as autoridades locais

198 199 Anexo III - Questionário aplicado às instituições

No âmbito da elaboração de um mapeamento das Organizações da Sociedade Civil (OSC) em

Cabo Verde e a atualização do Roteiro para um compromisso da União Europeia com as OSC, foi Valor elaborado este questionário direcionado às instituições públicas com o objetivo de perceber a sua relação de parceria com as OSC e visão relativamente à colaboração das mesmas no processo de

elaboração de políticas, apoio no cumprimento dos objetivos da instituição bem como objetivos de 494 885,70 EUR (90% do da ação) elegível total custo 499 939,10 EUR (75% do da ação) elegível total custo 497 976,31 EUR (90% do da ação) elegível total custo 354 380,87 EUR (90% do da ação) elegível total custo (80% do 437 027,20 Euros da ação) elegível total custo desenvolvimento sustentável do país.

Este questionário também visa obter subsídios para contribuir para um melhor alinhamento do apoio orçamental da União Europeia. com os programas temáticos para a Sociedade Civil e Autoridades locais em Cabo Verde.

Assim, nos agradecemos a colaboração da vossa instituição, pelo preenchimento do mesmo, respondendo de forma detalhada, as questões abaixo:

1. Existe algum programa de financiamento para as Organizações da Sociedade Civil? Qual (ais)? Objetivo Qual é a % de recursos alocado anualmente no orçamento da instituição, para cada programa?

2. Quais as fontes de financiamento para esses programas (existem parceiros nacionais/ internacionais que contribuem com fundos)?

3. Quais as boas práticas institucionais que considera relevantes no âmbito da cooperação com as OSC, desde 2016?

4. Como avalia a participação das OSC na definição das prioridades dos programas e planos de no das comunidades uma maior integração para Contribuir e da ampliação através do turismo sustentável desenvolvimento Verde. em Cabo turística da oferta diversificação de de geração fator como o turismo sustentável Promover na socioeconómicas e melhoria das condições rendimentos diversificar específico objetivo como tendo Antão, Ilha de Santo património e na com base no turística a oferta e qualificar Antão das OSCs na Ilha de Santo capacitação e de proteção socioeconómicas as condições Melhorar da Ilha do Fogo rurais nas zonas ambiental a pessoas acessível de Cabo Verde cultural o património Tornar e Turismo Acessível do a promoção mediante deficiência, com - de traba as oportunidades no mercado aumentando Inclusivo, lho e a inclusão social da ilha do Maio, de vida da população Melhoria das condições Solidário e Sustentável do Turismo através atividades da instituição? (selecione a opção que mais se adequa)

Elevada Moderada Baixa Nenhuma EuropeAid/152680/DD/ACT/CV – Convite 2016 – Convite EuropeAid/152680/DD/ACT/CV Título da ação

Como se efetiva esta participação? (selecione os meios mais utilizados) «Comunidades no Centro – a identidade – a identidade «Comunidades no Centro do de desenvolvimento fator como local turismo sustentável» o para locais – Redes Raízes «Projeto em Santo e inclusivo turismo sustentável Antão» modelo do agro DO FOGO: «ROTAS das organizações reforço turismo como na e sustentável do turismo rural locais Ilha do Fogo» em Cabo – Acesso à cultura «ACCEDERE e turístico e desenvolvimento Verde das pessoas com de representação deficiência» Solidário e de Turismo «Projeto na Ilha do Maio» Comunitário Troca de emails / msgs Encontros individuais Consultas Sessões de informação Outra L ocal

Outra: Cidade da Praia, Ilha de Santiago Antão Santo Ilha do Fogo Ilha de Santiago, Ilha do Fogo Ilha do Maio

5. No âmbito do relacionamento institucional com as OSC, quais são as fragilidades encontradas?

6. Lista de contatos das OSC que beneficiam/beneficiaram de fundos da instituição nos últimos três anos. ONG Requerente MOVIMENTO AFRICA 70 MOVIMENTO do de Defesa Associação - de Mértola Património (ADPM) PER COOPERAZIONE DEI PAESI SVILUPPO LO – (COSPE) ONLUS EMERGENTI de Cabo-verdiana Federação com de Pessoas Associações - (FECAD) Deficiência Valle Flôr de Marquês Instituto – (IMVF) A nexo IV - P rojeto s da ociedade civil e m cur o financiado pela U nião E uropeia

200 201 202

EuropeAid/163250/DH/ACT – Convite 2018

ONG Requerente Local Título da ação Objetivo Valor

«Rede social para igualdade Apoiar e reforçar a sociedade civil, como ator de desenvolvimento 427 757,40 EUR (90% do Movimento África 70 Ilha do Sal das mulheres e dos jovens no sustentável, na promoção de direitos, na participação ativa das custo total elegível da ação) desenvolvimento sócio económico» Mulheres e jovens e na proteção das crianças em situação vulnerável.

COOPERAZIONE PER «PESSOAS. Participação E Serviços Reforçar a sociedade civil de Fogo e Brava na promoção da 500 000,00 EUR (82,8% do LO SVILUPPO DEI PAESI Ilha do Fogo Sociais Operacionais, Acessíveis, participação dos jovens, mulheres e menores e no respeito dos custo total elegível da ação) EMERGENTI ONLUS – (COSPE) Sustentáveis» direitos.

«Projeto de Promoção da Inclusão Instituto Marques De Valle Flor Promover a integração e inclusão de jovens e crianças com 500 000,00 EUR (80% do Cabo Verde de crianças e jovens portadores de – (IMVF) deficiências neurológicas. custo total elegível da ação) deficiências neurológicas»

Contribuir para um ambiente legal, institucional e social favorável em «Djuntu pa igualdadi! Uma resposta Cabo Verde, em que as autoridades públicas respeitem e promovam European Partnership for 500 000,00 EUR (89,9% do Cabo Verde participativa á violência baseada no os direitos das mulheres, em particular das vítimas de VBG, a fim Democracy – (EPD) custo total elegível da ação) género em Cabo Verde» de aumentar a sua participação na vida pública e assegurar a sua inclusão socioeconómica.

Favorecer a disseminação do conhecimento agroecológico e a prática Ilhas de São «Aliança para o Direito Humano a de uma agropecuária integrada, sustentável e inteligente como Associação Amigos da Vicente, Santo Alimentação Adequada e Iniciativas meio de conservação da paisagem terrestre e para o fortalecimento 499 992,41 EUR (90% do Natureza Antão e São de Empoderamento de Jovens e da resiliência nas comunidades rurais inseridas nas áreas naturais custo total elegível da ação) Nicolau Mulheres Rurais» protegidas e de amortecimento dos Parques Naturais das Ilhas de Santiago, Santo Antão e São Nicolau.

Anexo V - Programas de Financiamento à sociedade civil em Cabo Verde

Países/ Áreas de Programas existentes Condições d e elegibilidade Link de acesso Cooperação elegibilidade

Programa temático para as Varia de acordo Organizações da Sociedade com os objetivos do - Ser uma organização da sociedade civil Civil e Autoridades Locais convite - Estar estabelecida em Cabo Verde ou em um Estado-Membro da União Europeia https://webgate.ec.europa.eu/ Delegação da Instrumento Europeu para europeaid/online-services/index. União Europeia a Democracia e os Direitos Direitos Humanos - Ser diretamente responsável, juntamente com o(s) seu(s) correquerente(s) Humanos e entidade(s) afiliada(s), pela preparação e gestão da ação e não agir como cfm?do=publi.welcome intermediário Projetos SPG+ (Sistema de Direitos Humanos - Não ter fins lucrativos Preferências Generalizado) Governação

Descentralização Programa indicativo de Luxemburgo Microfinanças ONGs e municípios que visam o desenvolvimento sustentável https://caboverde.luxdev.lu/en/home cooperação 2016-2020 Localização dos ODS

São elegíveis a concurso, na qualidade de requerentes principais, organiza- https://www.praia. Desenvolvimento ções da sociedade civil (ONGs, associações comunitárias, etc.), autoridades Programa Estratégico de embaixadaportugal.mne.pt/pt/a- Portugal local locais, entidades públicas e instituições acadêmicas cabo-verdianas, que, pelo Cooperação 2017 – 2021 embaixada/noticias/programa-local- Inclusão Social seu cariz e menor dimensão em termos orçamentais, não sejam elegíveis para outro tipo de apoios institucionalizados no quadro da Cooperação portuguesa fundo-de-pequenos-projetos

ONGs e Associações de desenvolvimento comunitário que visam melhorar as condições económicas ou sociais básicas ao nível da comunidade local e ter valor a longo prazo. Embaixada Áreas produtivas e https://cv.usembassy.gov/embassy/ Fundo de Autoajuda O valor solicitado para a implementação das atividades não pode exceder US dos EUA com impacto social praia/small-grants-program/ $ 8.000. O financiamento é limitado a um projeto, que deve ser concluído dentro de 12 (doze) meses ou menos.

Redução da pobreza Centra-se no apoio a atividades de ajuda de pequena escala que (saúde, educação, proporcionam resultados práticos e tangíveis. saneamento, Embaixada https://portugal.embassy.gov.au/ Programa de Ajuda Direta ambiente) Apoia os esforços da comunidade local para a redução da pobreza e envolve de Austrália lbonportuguese/DAP2014.html Geração de uma ampla gama de parceiros, incluindo organizações não-governamentais,

203 rendimento grupos comunitários, instituições educacionais, instituições de saúde e Direitos humanos governos locais. 204 Anexo VI - Principais redes e plataformas da sociedade civil em Cabo Verde

Nome Objetivo / Missão Organizações membro* Contato (tel, nome, email)

Associação dos Agricultores e Criadores de Gado de Chã de Tanque Selada Assegurar a representação, defesa e pro- moção dos interesses comuns dos seus Associação dos agricultores da Ribeira Barca - associados, seu prestígio, dignificação e Associação dos Agricultores da Ribeira de Flamengos crescimento. Av. Amilcar Cabral, 2º Andar Cosmos Shopping, Cidade de Associação Associação dos Agricultores da Ribeira de Calheta de São Miguel , Santiago, C.P #3 Comercial Agrícola Promover, em espírito de solidariedade, o 2655353 Industrial e de apoio recíproco entre os seus associados Associação dos Agricultores da Ribeira de Selada/Porto Rincão [email protected] Serviços de Santiago e desta forma contribuir para um harmo- www.acaisa.org.cv (ACAISA) Associação dos Agricultores da Ribeira Engenhos nioso desenvolvimento do comércio e FB: @acaisapage serviços e da economia de Santiago, ten- Associação dos Agricultores da Ribeira dos Picos e do em vista a manutenção de um clima Associação dos Agricultores de Lourenço dos Órgãos/João Teves de progresso e de justa paz social. Associação dos Agricultores do Concelho de Tarrafal/

MORABI Associação Criar um ambiente favorável ao FAMI-Picos (Associação de Apoio às Iniciativas de Autopromoção Familiar) Rua 5 de Julho, nº 68, 2º Andar - Praia Profissional das desenvolvimento das Instituições 2621586 Instituições de de Microfinanças (IMF’s) de forma a ASDIS (Associação para [email protected] Microfinanças de oferecerem serviços financeiros ajustados a Solidariedade Desenvolvimento Comunitário da Ilha de Santiago) www.apimfcv.org.cv Cabo Verde (APIM à população excluída do sistema bancário FB: @apimfcv - CV) formal. OMCV ADIRV (Associação para o Desenvolvimento Integral de Rui Vaz)

Rua de Capela Av. Palácio das Comunidades, Achada Santo António Articular as intervenções das organizações Associação das Atividades Campestres dos Amigos Promotores de Atitudes - Praia Coalizão da sociedade civil e demais parceiros Responsáveis (ACAMPAR) 9192427 / 9936154 / 9162427 Caboverdiana dos na proteção e defesa dos direitos e Associação dos Agricultores e Criadores [email protected] Direitos da Criança na promoção do desenvolvimento da de Travessa Baixo - Engenho [email protected] (CCDC) criança e servir de elo de ligação com as www.ccdc.cv entidades públicas e privadas. ACRIDES - Associação de Crianças Desfavorecidas FB: @Coalizão-Caboverdiana-dos-Direitos-da-Criança

OMCV MORABI Laço Branco DELTA Cultura ACARINHAR - Associação das Familias e Amigos de Crianças com Paralisia Promover a igualdade e a não Cerebral discriminação. Entretanto este objetivo ACRIDES - Associação de Crianças Desfavorecidas global divide-se em (3) resultados: ACLCVBG – Associação Caboverdiana de Luta Contra Violência Baseada no Rua Andrade Corvo # 21, C.P. # 213 - Praia Coalizão · O desenvolvimento e adoção de uma Género 2611851 / 2612455 / 2612539 Caboverdiana dos lei abrangente de igualdade e não- APIMUD - Associação Cabo-verdiana de Promoção e Inclusão das Mulheres 9975568 Direitos Humanos discriminação; com Deficiência [email protected] (CCDH) · O combate às condutas e atitudes ATD-CV – Associação da(o)s Trabalhadora(e)s Doméstica(o)s de Cabo Verde [email protected] discriminatórias na sociedade; SNTDS - Sindicato Nacional dos · A promoção do estatuto dos voluntários Trabalhadores do Comércio, Domésticos e Serviços e ativistas dos direitos humanos. Associação Pró Morro SINTSEL - Sindicato Nacional de Agentes de Segurança Pública e Privada, Serviços, Agricultura, Comércio, Pesca e Afins SLTSA - Sindicato Livre dos Trabalhadores de Santo Antão Associação LGBTI - Praia Associação Comunitária para o Desenvolvimento de Ribeirão Chiqueiro

Coalizão Prevenção Prevenção do uso do álcool e outras AMCPC - Associação Mulheres Caminho e Progresso de na Luta contra Álcool ** drogas nas comunidades CCAD - Comissão de Coordenação do Álcool e outras Drogas e Droga

CRP Santiago Norte - José Júlio Correia- [email protected] – 9130219 CRP Santiago Centro - Fernando Monteiro de Carvalho - [email protected] - 9914865 CRP Brava - Ana Baptista - [email protected] -9572231/ 2852004 CRP Fogo - Elias Montrond Fernandes - [email protected] - 9999918 [email protected] - 5163179 Conselhos Regionais Organismos de Coordenação Várias organizações em todas as ilhas CRP Maio - Solange Conceição - [email protected] de Parceiros (CRPs) Socioeconómica 9218631 CRP Santo Antão - Luiz Baptista Gomes Andrade [email protected] - 9944659 CRP São Nicolau - José Romário Francez Silva - crpsn_plpr@ cvtelecom.cv - [email protected] - 5170005; 9727862; 2351611 CRP São Vicente - Andreia Reis - [email protected] 205 9865675 206

ADEVIC ACARINHAR Federação COLMEIA Cidadela – Praia Caboverdiana Representar, promover e assumir a defesa ACD 2629480 das Associações dos interesses comuns das associações de ACS 9571313 de Pessoas com pessoas com deficiência. APIMUD [email protected] Deficiência (FECAD) DOWN DO AMOR ADEF-CV ANAPEE-CV

Apoio institucional às ONG e Associações Achada S. Filipe - Praia, C.P. #76 membros; Mobilização de parcerias e 2617843 / 2617845 recursos para o reforço institucional Plataforma das 9732537 das ONG e a participação das mesmas Várias organizações ONGs de Cabo Verde [email protected] no processo de desenvolvimento; http://www.platongs.org.cv Promoção e desenvolvimento das ONGs; FB: @PlataformaDasOngs Desenvolvimento Social; Áreas diversas.

Visa o reforço das capacidades dos atores locais em matéria de articulação Coordenador do Programa Plataformas - PNUD Plataforma para o a vários níveis, a planificação estratégica Cristino Pedraza Lopez Desenvolvimento e desenvolvimento económico local, Várias organizações [email protected] Local e Objetivos contribuindo ainda para a parceria 2030 global para a inovação em matéria Facebook https://www.facebook.com/PDLO2030 de desenvolvimento territorial e de governação local.

FECAD (e todos os seus membros) CNDHC VERDEFAM CCSSIDA Promover os direitos das pessoas com PLATAFORMA DAS ONGs deficiência com destaque para a área da OMCV saúde sexual e reprodutiva através de ACLCVBG Av. Cidade Lisboa – Praia [email protected] Plataforma VIH/SIDA ações de advocacy junto dos decisores Morabi CCSSIDA - 2604303 / 2603787 e Deficiência nacionais, regionais e internacionais para A Ponte 9571313 inclusão das pessoas com deficiência nas ACARINHAR políticas e estratégias nacionais de luta Cruz Vermelha contra o VIH. CCSSIDA ICIEG Ministério da Saúde MFIS

Promover a integração socioeconómica das comunidades africanas residentes em Cabo Verde, zelar pela integração plena do imigrante e cidadão africano residente em Cabo verde, bem como pela Vários representantes de Comunidades de países africanos residentes em Plataforma das dinamização e o fomento de atividades de Cabo Verde, nomeadamente: Comunidades natureza cívica, social e cultural. Angola, Camarões, Côte D’Ivoire, Gambia, Gana, Guiné –Bissau, Guiné- [email protected] Africanas residentes Zelar pela legalização do imigrante Conacri, Mauritánia, Moçambique, Mali 9372245 / 5839648 / 9948391 em Cabo Verde e cidadãos estrangeiros africanos Nigéria, Senegal, Serra-Leoa, São Tomé e Princípe, Togo e Mulheres residentes; Zelar pelo escrupuloso Muçulmanas. respeito das leis, regulamentos, costumes de Cabo Verde pelos imigrantes e cidadãos estrangeiros africanos residentes;

Rede das Danilo Furtado Associações Todas as associações de caris juvenil com ACJS - Associação Comunitária Jovens Santiaguenses [email protected] Comunitárias e fim comunitário 9218711; 9226645 Juvenis 207 208

ACAT-SN- Associação comunitária Amigos de São Nicolau ADVIC- Associação dos Deficientes Visuais de Cabo Verde FECAP -Federação Cabo-verdiana de Professores ACIDES BARROS Associação Escola de Futebol ABC- Tarrafal SIPROFIS – Sindicato de Professores de Santiago Realizar ações de advocacy junto do Rede Nacional Mais Abraços - Santo Antão Av. Santo Antão Porta #43, C.P. # 629 Governo, sociedade civil, dos setores de Campanha de ACS- Associação Cabo-verdiana dos Surdos 5309632 públicos e privados para que a educação Educação para Todos APEBIP - Associação dos Pais e Encarregados de Educação da Escola Básica www.rnceptcv.org básica de qualidade seja acessível e (RNCEPT) Associação Delta Cultura FB: @m.me/rnceptcv usufruída por todos os cidadãos. Associação Mira Mar – Maio Associação Sol Luz – São Vicente FIF – Fundação Infância Feliz Acarinhar - Associação das famílias e crianças com paralisia cerebral Aldeia SOS ADEF – Associação Deficiente – São Vicente

Tornar o arquipélago numa referência na conservação e proteção das tartarugas marinhas e seus habitats, legando às gerações futuras um ambiente sadio e ecologicamente equilibrado e promover Rede TAOLA - Biosfera 1 - Associação para a defesa do meio ambiente a implementação do Plano Nacional Rede Nacional Associação Ambiental Caretta Caretta para a Conservação e das Tartarugas de Proteção Associação Projecto Vitó da ilha do Fogo Marinhas em Cabo Verde (PNCTM) numa FB: @taolacv das Tartaturgas Fundação Maio Biodiversidade da ilha do Maio lógica transversal e sistémica. A Taola Marinhas de Cabo Natura 2000 da ilha Boavista quer também promover a socialização e Verde Lantuna da Ilha de Santiago a coordenação das diferentes iniciativas para a conservação, protecção e troca de experiências, como forma de unificar os esforços locais, na implementação do PNCTM.

No âmbito da implementação do projeto de ecoturismo « FATA » introduziu-se a mesa de diálogo que sustentava a “Rede COSPE - Cooperação para o Desenvolvimento dos Países Emergentes São Filipe – Fogo Natour Fogo” para juntar parceiros de Rede Natour Fogo AGTC - Associação dos Guias Turísticos de Chã das Caldeiras 9933646 diferentes áreas a participarem numa Associação de Turismo da ilha do Fogo www.natourfogo.org Plataforma de partilha e de coordenação a fim de desenvolver ações de turismo solidário e sustentável na ilha de Fogo.

Promover uma parceria estratégica Rede Paz e para autonomização das mulheres, Segurança das equidade e igualdade entre os sexos e a ACLCVBG Achada santo António - Praia Mulheres do Espaço sua implicação na prevenção, mediação VERDEFAM 3561609 da CEDEAO, Antena e gestão de conflitos, bem como a sua MORABI [email protected] de Cabo Verde implicação nas instâncias de tomadas de Eco-Feminismo Cabo Verde (REPSMECO-CV) decisões na África Ocidental, segundo a resolução 1325 CSNU.

Diversas entidades Estatais/Governamentais e da Sociedade Civil, entre as quais: Prestar um apoio de qualidade às vítimas ICIEG de violência VBG com máxima celeridade, ACLCVBG segurança e eficácia possível, através AMJ da facilitação nos encaminhamentos, Rede Sol - Rede de MORABI Rua Serpa Pinto nº 63 - Praia atendimento personalizado e adequado, instituições de apoio OMCV 2616271 caso a caso (assistência jurídica e às vítimas de VBG Laço Branco [email protected] psicológica, apoio policial e social, VERDEFAM complementando os serviços que devem A Ponte ser prestados pelos Centros de Apoio às Procuradoria vítimas). GAV HAN

Rede Nacional de Prevenção e ACRIDES Combate Contra Prevenção e sensibilização contra o abuso 2611454 / 9967094 Várias Redes Locais formadas por diversas organizações da sociedade civil o Abuso e a e exploração sexual de menores [email protected] [email protected] assim como serviços de estado como PN, PJ, ICCA. Exploração Sexual de Crianças 209 210

Associação 14 MAIS, ADIRP – Associação de Desenvolvimento Integrado da Ribeira das Patas Promover o turismo sustentável como Associação Dragoeiro Câmara Municipal de Porto Novo Raízes - Redes Locais fator de geração de rendimentos e Câmara Municipal de Paúl [email protected] para o Turismo melhoria das condições socioeconómicas ISCEE – Instituto Superior de Ciências Económicas e Empresariais 3522059 Sustentável e na Ilha de Santo Antão. Ministério da Economia e Emprego https://www.raizes.adpm.pt/ Inclusivo em Santo Diversificar e qualificar a oferta turística IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional FB: @RAIZESdeSantoAntao Antão com base no património e na capacitação Áreas Protegidas de Santo Antão Ministério da Agricultura – Delegação de das OSCs na Ilha de Santo Antão. Santo Antão CNAD – Centro Nacional de Artesanato e Design Universidade do Algarve

Melhorar a capacidade das OSC de São Vicente e a participação no processo de desenvolvimento local e gestão do património territorial, social e ambiental. Promover o turismo sustentável e diversificado, ecologicamente correto, socialmente inclusivo e gerador de empregos em áreas remotas de São Vicente. Pró-Empresa – Instituto de Apoio e Promoção Empresarial Rede de Turismo 3536444 / 2323693 Valorizar e reforçar as práticas de turismo Instituto Superior de Ciências Económicas e Empresariais (ISCEE) Solidário e [email protected] solidário e comunitário de zonas remotas Ministério da Agricultura e Ambiente - Programa de Áreas Protegidas de São Sustentável São turismosustentavelsv.wordpress.com da ilha de São Vicente, bem como Vicente e Santa Luzia Vicente FB: @redeturismosustentavelsv melhorar e reforçar as competências e Associações Rurais e Comunitárias da Ilha de São Vicente a participação de pequenas associações locais na gestão turística local e no desenvolvimento sustentável do território como instrumento para melhorar as condições de vida, incentivar a economia local e manter o património social, cultural e ambiental da ilha de São Vicente.

Rede Nacional de Diversas entidades Estatais/Governamentais, ONGs, Associações, Sindicatos, Palácio da Presidência da República de Cabo Verde, Plateau – Praia, luta contra o uso Prevenir o uso abusivo do álcool Instituições de Ensino, Entidades Desportivas, Congregações Religiosas, 2612445 / 2612829 abusivo do álcool Entidades empresariais e Comunicação Social.

* As organizações membro, são as que foram obtidas através de dados do inquérito bem como pesquisas adicionais, apresentando assim uma lista não exaustiva de todas as organizações membro. ** Sem contato Assistência Técnica à Sociedade Civil Financiado pela União Europeia