PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº , DE 2004
Dispõe sobre a realização de plebiscito para a criação do Estado de Piratini.
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º Na forma do art. 49, inciso XV, e do art. 18, § 3º, da Constituição Federal, fica convocado plebiscito em todos os municípios do Estado do Rio Grande do Sul para que a população se manifeste sobre a criação do Estado de Piratini. Parágrafo único. O Estado de Piratini de que trata o caput será formado pelos seguintes municípios: Bagé, Caçapava do Sul, Candiota, Dom Pedrito, Hulha Negra, Lavras do Sul, Agudo, Cacequi, Cachoeira do Sul, Cerro Branco, Dilermando de Aguiar, Dona Francisca, Faxinal do Soturno, Formigueiro, Itaara, Ivorá, Jaguari, Jari, Júlio de Castilhos, Mata, Nova Esperança do Sul, Nova Palma, Novo Cabrais, Paraíso do Sul, Pinhal Grande, Quevedos, Restinga Seca, Santa Maria, Santiago, São Francisco de Assis, São João do Polêsine, São Martinho da Serra, São Pedro do Sul, São Sepé, São Vicente do Sul, Silveira Martins, Toropi, Tupanciretã, Unistalda, Vila Nova do Sul, Arambaré, Arroio dos Ratos, Barão do Triunfo, Barra do Ribeiro, Butiá, Camaquã, Cerro Grande do Sul, Charqueadas, Chuvisca, Dom Feliciano, Mariana Pimentel, Minas do Leão, São Jerônimo, Sentinela do Sul, Sertão Santana, Tapes, Alegrete, Barra do Quaraí, Itaqui, Maçambará, Manoel Viana, Quaraí, Rosário do Sul, Santana do Livramento, São Borja, São Gabriel, Uruguaiana, Capivari do Sul, Mostardas, Palmares do Sul, Candelária, Encruzilhada do Sul, General Câmara, Pântano Grande, Passo do Sobrado, Rio Pardo, Vale Verde, Amaral Ferrador, Arroio Grande, Canguçu, Capão do Leão, Cerrito, Chuí, Cristal, Erval, Jaguarão, Morro Redondo, Pedro Osório, Pelotas, Pinheiro Machado, Piratini, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, Santana da Boa Vista, São José do Norte, São Lourenço do Sul, Tavares, Turuçu, Eldorado do Sul, Garruchos, Guaíba e Itacurubi, do Estado 2 do Rio Grande do Sul. Art. 2º Proclamado o resultado do plebiscito e em caso de manifestação favorável, será apresentado projeto de lei complementar, em uma das Casas do Congresso Nacional, propondo a criação do Estado de Piratini, conforme estabelece o § 3º do art. 18 da Constituição Federal e de acordo com o disposto no art. 4º, § 1º, da Lei nº 9.709, de 1998, que regulamenta a execução do disposto nos incisos I, II e III do art. 14 da Constituição Federal. Art. 3º Este decreto legislativo entra em vigor na data de sua publicação.
JUSTIFICAÇÃO
A Constituição Federal garante a todo brasileiro o direito de exercer sua cidadania por meio de instrumentos próprios da democracia, como o voto. O inciso I do art. 14 da Carta Magna, combinado com o art. 18, § 3º, prevê a realização de plebiscito para que a população dos estados e territórios federais se manifeste sobre a sua incorporação, subdivisão ou desmembramento para anexarem-se ou formarem novas unidades federadas.
Apresentamos, dessa forma, o presente projeto de decreto legislativo, propondo a criação do Estado de Piratini, pelo desmembramento dos 101 municípios do Rio Grande do Sul relacionados no parágrafo único do artigo 1º da proposição.
A simples visão do mapa do Estado do Rio Grande do Sul dá-nos a impressão nítida de que temos dois estados em um só. Um estado razoavelmente povoado, situado acima de uma linha que liga Guaíba a São Borja, bem desenvolvido, com economia dinâmica, bem servido por estradas, onde, todos os dias, surgem novos municípios em razão do progresso e de novas emancipações. O outro estado, situado abaixo dessa linha, possui pequena densidade populacional e economia estagnada. Praticamente inexistem estradas estaduais e as emancipações são raras, são bem pequenas as evidências de progresso quando se compara os indicadores locais com as médias do Estado ou, mesmo, com as do País. Como exemplo do esvaziamento populacional que a metade sul do Estado tem sofrido, citamos a evolução demográfica das dez cidades gaúchas mais populosas. Em 1939, oito dessas cidades encontravam-se na metade sul. Apenas Porto Alegre e Passo Fundo estavam na metade norte. 3 Em 1960, 50% das cidades mais populosas encontravam-se na metade sul. Atualmente, apenas três delas estão localizadas na porção meridional do Rio Grande do Sul.
Essa é a situação real, nem trágica, nem alentadora, que nos mostra a responsabilidade que tem a geração atual de gaúchos com a busca de novas alternativas de desenvolvimento para a metade sul do Estado. Essa região ocupa mais de 50% da extensão territorial gaúcha, abriga 30% de sua população e é responsável pela geração de quase 15% das suas receitas. Recebe, no entanto, apenas 9% dos seus investimentos. Ou seja, além de ser pobre e pouco desenvolvida, a metade sul sofre com um processo injusto de distribuição de recursos que são usados para custear o desenvolvimento de outras partes do Estado, criando desequilíbrios regionais em favor da metade Norte.
Isso ocorre, sobretudo, porque as decisões sobre a alocação de recursos para investimentos são tomadas quase sempre com base em critérios de natureza política que privilegiam a região metropolitana, em detrimento do desenvolvimento harmônico do Estado como um todo. A região meridional do Rio Grande do Sul é vítima de um círculo vicioso, que se inicia com a falta de investimentos públicos e privados. Sem investimentos, não há empregos, sem empregos, a evasão da população se intensifica. Com a redução da população, diminui também o número de eleitores e de seus representantes, diminuindo a força política da região. Sem força política, é maior a dificuldade em direcionar recursos e investimentos públicos e induzir, para lá, os investimentos privados.
Assim sendo, estamos convictos que a criação de um novo Estado, formado pelos municípios que se situam abaixo da linha que vai de Guaíba a São Borja, seria a única maneira de eliminar os entraves que dificultam o desenvolvimento dessa região, possibilitando o seu crescimento. Com isso, ganha também o povo gaúcho - já que todos permaneceremos gaúchos – e uma vez que teremos nossa atuação política reforçada junto aos centros de decisão.
Com a presente proposição, queremos dar ao povo do Rio Grande do Sul o direito de decidir sobre a criação de um novo Estado, num plebiscito que esperamos realizar tão logo seja aprovado este projeto. E, para concretizar esse ideal, estamos certos de poder contar com o apoio dos Nobres Pares. 4
Deputado Cezar Schirmer
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