Engenhos e Maracatus: o desenvolvimento de rota turística em Tamisa Ramos Vicente – Faculdade de Comunicação, Tecnologia e Turismo de Olinda1

Resumo:

Este presente artigo tem como finalidade pontuar sobre o processo de planejamento turístico da região da Zona da Mata norte do estado pernambucano. A inauguração do Engenho Santa fé em 1997, transformado-se em um local de lazer turístico, chama atenção dos órgãos governamentais para o potencial turístico da região. Foram desenvolvidos ao longo dos anos dois projetos estruturadores intitulados Engenhos do Norte e Engenhos e Maracatus. Com 13 anos de trabalhos desenvolvidos em prol do turismo, com momentos de boa atração de visitantes, entretanto não se consolidou demanda turística para região. Para realização dessa pesquisa reconstruímos esses anos de atuação através de entrevistas com alguns atores do processo e artigos de jornais.

Palavras-chave: Engenhos e Maracatus; Turismo Cultural; Rotas turísticas.

Introdução:

O plano Nacional de Turismo 2007/2010 apresenta à sociedade em junho de 2007, busca entre outras ações norteadoras a Regionalização do Turismo através da estruturação dos segmentos turísticos:

“com base para a construção de roteiros turísticos[...] para promover a ampliação e a diversificação do consumo do produto turístico brasileiro, incentivando o aumento da taxa de permanência e do gasto médio do turista nacional e internacional ”(Brasil, 2009, p. 37)

1Bacharel em Turismo , Especialista MBA em Planejamento, Gestão e Marketing do Turismo, Mestre em Turismo. Docente da Faculdade de Comunicação Tecnologia e Turismo de , Diretora e coordenadora de projetos da Associação Reviva. E-mail:[email protected]. 2

Com este direcionamento em 2009 a Secretaria de Turismo de Pernambuco juntamente com a Empetur lançou o projeto Pernambuco conhece Pernambuco, caracterizado com uma série de Rotas Turísticas, com a função de divulgar e estruturar os mais diversos atrativos turísticos do estado. Com o intuito de incentivar os pernambucanos a conhecer os atrativos turísticos do Estado, o projeto engloba dez rotas, sendo elas: Rota Luiz Gonzaga; Rota do Cangaço e do Lampião; Rota da Crença e da Arte; Rota Náutica da Coroa do Avião; Rota da Moda e da Confecção; Rota dos Engenhos e dos Maracatus; Rota do Vinho e de São Francisco; Rota Costas dos Arrecifes; Rota da História e do Mar e Rotas Águas da Mata Sul. Entre as Rotas lançadas, a Rota Engenhos e Maracatus, têm incluído no seu roteiro algumas cidades da Zona da Mata Norte Pernambucana, são elas: , , Tracunhaém, Nazaré da Mata, Vicência, e Itambé. Esta Rota particularmente foi lançada oficialmente no ano de 2007, em parceria da secretaria de Turismo e uma instituição chamada Programa de Apoio ao desenvolvimento sustentável da Zona da Mata - PROMATA, que entre as suas funções está a diversificação econômica da região da zona da mata do estado. Percebe-se dessa forma que as políticas de turismo de Estado estão em consonância as políticas federais de desenvolvimento do Turismo. O objetivo da presente pesquisa é reconstruir os processos de desenvolvimento do turismo na região, iniciado em 1997, passando pelo projeto Engenhos do Norte, a entrada no Promata no processo e a criação da rota Engenhos e Maracatus, lançamento oficial em 2007 e o relançamento em 2009 pela Secretaria de turismo e a Empetur. Com a finalidade de perceber os problemas enfrentados na construção da Rota Engenhos e Maracatus e a dificuldade em consolidá-la. Como método de pesquisa, realizamos pesquisa documental nos dois maiores jornais do Estado, Jornal do Commércio e Folha de Pernambuco, entrevistas com Erivaldo Azevedo, dono do Engenho Santa Fé, empresário da ação desde o inicio, uma funcionária do Promata, Lucia Barbosa que trabalhou durante o processo de desenvolvimento do turismo na região, coordenado pelo órgão.

Zona da Mata Norte de Pernambuco

Composta por dezessete municípios, foi uma das primeiras áreas a ser explorada economicamente na primeira metade do século XV, primeiro com a extração

do Pau Brasil e depois pelo cultivo de cana de açúcar e a implantação dos engenhos para o fabrico do açúcar. Desde então, a região caracteriza-se economicamente pela monocultura da cana e de seus derivados. “eram terras que foram utilizadas principalmente pelo cultivo da cana-de-açúcar, e esse cultivo fez surgir engenhos, casas grandes, senzalas” (SILVA, 2008, p.24). A região da zona da mata norte também é rica na construção e na perpertuação das manifestações culturais de Pernambuco , o Maracatu Rural que tornou-se símbolo do turismo do Estado é um exemplo, existe também outras danças fascinantes como o Cavalo Marinho e a Ciranda. Dessa forma além do patrimônio material com os engenhos, o patrimônio imaterial com as danças e músicas da região são um traço marcante da Zona da Mata Norte, a criação cultural do seu povo. Com a decadência econômica da região através das décadas, devido a uma série de acontecimentos desde a produção do açúcar de beterraba e aos processos de abolição da escravatura, à revolução das máquinas, secas e etc. Transformando muitos engenhos em apenas plantadores de cana e não mais produtores de açúcar. Esses acontecimentos transformaram a região da mata Norte, hoje caracterizada como:

Possui um quadro sócio-ambiental que evidencia a pobreza e a falta de oportunidades que comprometem a vida das pessoas, ampliado pelo uso predatório dos recursos naturais, um crescimento urbano desordenado e o pouco investimento em políticas públicas com a finalidade de promover o desenvolvimento humano (Promata, www.promata.pe.gov.br)

Entretanto, a pesar da pobreza da maioria de sua população a região, possui uma grande influência na história e na cultura do Estado, ainda com construções que remontam o período do auge do açúcar; com casas grandes, engenhos e senzalas em razoável estado de conservação. Com essas peculiaridades que o primeiro empreendimento com objetivos para o lazer turístico foi organizado na região. O engenho Santa Fé adapta suas instalações para o turismo, com a criação de um Restaurante, lago para pesque e pague e a adaptação do antigo curral em apartamentos para hospedagem em 1997.

“aqui a atividade era a cana[...] com a crise das secas na década de 1990 tive que criar uma alternativa para não perder a propriedade, como isso aqui era um ponto favorável perto de , tem uma estrutura boa, casa de purgar, eu fiz uma opção pelo turismo rural [...] tudo desenvolvido com minha cabeça e recursos meus, tudo”(AZEVEDO,2010) 4

Após a visualização pelo governo da potencialidade da zona da mata para o turismo a partir desse empreendimento foi sugerido a criação do projeto maior para a atividade, com a criação do Projeto Engenhos do Norte, uma parceria entre a Seplandes, Prefeitura de Nazaré da Mata, Sebrae e o Consórcio dos Donos dos Engenhos.

Consórcio Engenhos do Norte

Projeto criado pela arquiteta Vitória Andrade, que concebeu o projeto arquitetônico do Engenho Santa Fé em local de lazer, sugere a então Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Social do Estado – Seplandes, a ação Engenhos do Norte, “O projeto de revitalização produtiva dos engenhos da Mata Norte [...] visando a diversificação econômica da região” (Jornal do Commércio, 20.05.2001). Integrando inicialmente cinco engenhos da cidade de Nazaré da Mata, foram eles: Santa Fé, Lagoa Dantas, Várzea Grande, Ventura e Bonito. Cada um desses engenhos teria um apelo diferenciado, nas palavras da idealizadora: “tomando como critérios vocações e potencialidades existentes”. O Santa fé com a temática lazer e hospedagem; o Lagoa Dantas, local do inicio da cidade de Nazaré da mata, seria o engenho de eventos; o engenho Várzea Grande, na época o mais preservado teria como função o engenho de cerimoniais, mais propriamente casamentos; O engenho Ventura, como já possuía uma pequena escola, aumentaria as suas ações educacionais se tornando o engenho escola, para capacitação nas mais diversas atuações necessárias para a atividade turística; E por fim, o engenho Bonito na visitação de sua capela secular e no fabrico de doces da região. O projeto teve o investimento inicial de R$ 4 milhões de reais (JORNAL DO COMMÉRCIO, 20.05.01) em parceria com o governo do estado, Sebrae, Prefeitura de Nazaré da Mata e o consórcio de donos dos engenhos. Esse primeiro recurso direcionados na recuperação das estruturas dos engenhos, implementando atividades que diversificassem os produtos produzidos pelos mesmos, e, por fim, na captação de mão de obra local para serem absorvidos pelos engenhos nas áreas de hotelaria, organização de eventos e guias de turismo. (JORNAL DO COMMÉRCIO, 20.05.2001) Segundo esta mesma matéria jornalística cerca de 525 trabalhadores foram capacitados pelo projeto.

O Consórcio dos Engenhos do Norte, obteve um bom inicio, o dono do Engenho Santa fé, Erivaldo Azevedo, comemorava no ano de 2001 a média de público do seu estabelecimento de 150 pessoas por final de semana e sonhava em ampliar o números de Uhs da pousada. O Engenhos do Norte tornou-se o projeto piloto do recém criado Programa ao apoio ao desenvolvimento sustentável da Zona da mata de Pernambuco – Promata. O Promata programa criado pelo Governo de Pernambuco em 2001 com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com a proposta de desenvolver ações integradas nas áreas de saúde, educação, infra-estrutura, gestão de projetos ambientais e por fim na diversificação econômica. E é nesse último aspecto que a atividade turística é incentivada na região a partir do plano piloto do consórcio dos Engenhos do Norte. A prefeitura de Nazaré da Mata além de apostar no turismo através dos engenhos, também incentivou a manifestação cultural mais proeminente da cidade o Maracatu Rural. Criando o slogan NAZARÉ DA MATA A TERRA DO MARACATU, proporcionando além do encontro tradicional dos maracatus na segunda feira de carnaval, também no segundo semestre do ano.

Engenhos e Maracatus

A função do Promata centraliza-se na região da zona da mata como um todo, ela expande as ações do Consórcio do Engenhos do Norte para os outros municípios com potencial de se encaixar no projeto, então inserem-se no contexto as cidades de , Lagoa de Itaenga, Carpina, Vicência, Itambé, Aliança, Tracunhaén e Buenos Aires, além é claro de Nazaré da Mata. O Promata inicia suas atividades em 2001, porém só recebe o empréstimo do BID em 2002, com a estimativa de receber US$ 90 milhões do banco e o governo de Pernambuco entraria com cerca de R$ 60 milhões de contrapartida. Tem como função segundo o então governador do Estado Jarbas Vasconcelos:

A região exige uma maior presença do Estado há muito tempo e nunca tínhamos encontrado o caminho um caminho seguro. Agora, depois de estudos profundos, o Promata dará condições de mudar a face da Zona da Mata de Pernambuco [...] onde a 6

opulência dos canaviais sempre contrastou com a miséria dos trabalhadores (Folha de Pernambuco, 06.03.2002)

A proposta do Promata em relação ao turismo era diversificar a economia da região, acreditavam que: “Um dos pontos principais para o crescimento da atividade do turismo em uma determinada região é a existência de produtos turísticos estruturados que possibilitem a elaboração de roteiros turísticos.”2 (site promata). Com esse contexto o Promata inicia seu trabalho com o turismo levando para outras cidades da zona da mata, que possuíam esse recorte dos Engenhos do Norte, e realizam uma série de iniciativas para organizar as potencialidades em atrativos turísticos, como por exemplo a cidade de goiana, com a estruturação do engenho Uruaé para o turismo, a restauração do Engenho Poço comprido em Vicência, o único engenho tombado pelo IPHAN. A ação do Promata nesse caminho era de integrar as cidades através de rotas turísticas, e o define:

Planejar um Roteiro Turístico é, portanto, planejar um conjunto de atividades que definam, identifiquem e estruturem um caminho, segundo determinado objetivo ou tema entretenedor e de total satisfação ao usuário (site promata)

O programa atuou com ênfase no desenvolvimento do turismo da região entre os anos de 2002 a 2006, investindo em ações de construção e recuperação de equipamentos turísticos, obras de infra-estrutura básica e turística, capacitação de mão de obra e ações de divulgação dos atrativos turísticos da região. Ao longo desse período, várias ações de divulgação foram realizadas como por exemplo, o Sebrae em 2004 lança o projeto Roteiros de Pernambuco, material que propunha atividades de turismo nas regiões do Estado, um guia turístico com propostas de roteiros, para o público alvo que incluía a “imprensa especializada, embaixadas brasileiras, as universidades de turismo no pais, as centrais de divulgação e informações turísticas, as feiras de turismo e as principais entidades de promoção do turismo”(ROTEIROS DE PERNAMBUCO, 2004). Nesse material a zona da mata está inserida no contexto como roteiro ecorural com programa de 7 dias e 6 noites. Com inicio na cidade de Vicência passando por

2 WWW.promata.pe.gov.br . Acessado em 13 de abril de 2010

Carpina, Nazaré da Mata, Tracunhaém Lagoa do Carro e por fim Goiana. Com a introdução do roteiro por Mota Menezes:

“percorrer tais propriedades rurais e reavivar certos costumes – os doces e demais alimentos diferenciados – são melhores coisas de se fazer no momento. Por outro lado, a paisagem mansa e suave que se forma no horizonte, traduz a beleza da região, rica em arborização tropical e exótica. Estritos e antigos caminhos nos atraem e nos levam, de corpo e alma, àquela vida frugal e simples do campo, em absoluto com a agitação das cidades de hoje” (MENEZES, 2004, p.13)

Em 2005 o estado levou para o salão de turismo o destino zona da mata, e Márcia Borborema, a então diretora de interiorização da Empetur, afirmava que: “a região já conta com uma série de engenhos qualificados para o turismo” (JORNAL DO COMMERCIO, 19.05). No final de 2006, o Promata lança oficialmente a Rota Engenhos e Maracatus, com cerca de 90 atrativos turísticos e equipamentos turísticos espalhados pela região, divididos em três roteiros, denominados: ecológicos, histórico-culturais e religiosos. No período de lançamento o jornal local descreveu a rota da seguinte forma:

E se a idéia é justamente mergulhar na época dos senhores e sinhás, a viagem começa pelo Engenho Poço Comprido, em Vicência, o mais antigo do Estado que sobreviveu ao tempo. Data de 1736[...]Impagável da rota é ouvir as histórias de gente que viveu os tempos áureos dos engenhos, como João Correia de Andrade, proprietário do Jundiá, também em Vicência. Impressiona aqui a enorme casa de purgar preservada, além da casa grande, que conserva os moveis e decoração da época. “retirávamos até 40 pães de açúcar por dia no auge”, conta.[...] Em cada parada, a farta gastronomia interiorana é onipresente: pães, bolos, bolachas, queijo coalho, carne de bode, entre outros quitutes, incentivam a gula. A essa altura, qualquer turista estará convencido do quanto o turismo de Pernambuco é feito muito mais do que sol e mar (jornal do commércio, 30.11.2006).

Foram investidos no processo de desenvolvimento turístico da região pelo Promata os valores de R$10 milhões ao longo desses anos. Com o lançamento oficial e de grande escala no ano de 2006/2007, com a realização de vários famtur destinados aos jornalistas e operadores e agentes de receptivo, a expectativa do órgão era que: “as operadoras (e os turistas) comprem a idéia, definindo suas rotas especificas para a comercialização dos roteiros junto aos potenciais visitantes” (JORNAL DO COMMERCIO, 26.11.2006). Após o processo de divulgação da Rota Engenhos e Maracatus, em 2007, o Promata finaliza sua atuação na Zona da Mata com o viés turístico, passando então para a recém criada Secretaria de Turismo de Pernambuco e a Empetur a responsabilidade 8 pela divulgação continua do destino turístico Zona da Mata de Pernambuco. Após a saída do Promata, ações efetivas de publicidade para a rota Engenhos e Maracatus só acorre em 2009 com o lançamento do Projeto Pernambuco conhece Pernambuco.

Pernambuco Conhece Pernambuco:

Projeto criado e implementado pela Secretaria de Turismo do Estado em conjunto com a Empetur, com objetivo de incentivar os turistas pernambucanos a viajarem pelo Estado ao invés de saírem de Pernambuco no seu período de descanso. O então secretário Silvio Costa Filho informava que “60% das pessoas que vivem no Estado viajam para outras regiões do país sem se dar conta de que as rotas pernambucanas têm muitos atrativos”. (www.ipernambuco.com.br) Foram utilizados na campanha cerca de R$ 3,5 milhões englobando 52 municípios do estado divididos em 10 rotas turísticas, dentre elas, a Rota Engenhos e Maracatus, entretanto o roteiro apresentado no projeto enfatiza as cidades de Paudalho, Carpina, Tracunhaém, Nazaré da Mata, Vicência, Lagoa do Carro e Itambé. Caracterizando-a da seguinte maneira:

A Rota Engenhos e Maracatus, nos leva a uma viagem em direção às origens da cultura pernambucana. O ciclo de açúcar, motor da economia no período colonial, está presente do início ao fim deste passeio. Nesta rota, o viajante tem a opção de ficar hospedado nas casas grandes dos antigos engenhos de açúcar, desfrutando da indescritível sensação de retornar ao passado.

Apesar do esforço do governo em divulgar a rota para os pernambucanos, o empresário Erivaldo Azevedo do Engenho Santa Fé, afirma que a campanha não levou turistas em quantidade significativa para a região: “Até aqui nada, agora reunião para isso sempre tem, até aqui não vi resultado nenhum prático, nada! inclusive nenhum telefonema[reserva] não chegou aqui sobre isso, nada zero” (AZEVEDO, 2010). Em entrevista ao Jornal do Commércio, Katia Rejane, responsável pelo receptivo do engenho Poço comprido em Vicência relata que: “infelizmente a zona da mata não atrai turista o ano inteiro [...] como não temos visitação continua é inviável abrir pontos fixos” (2008). Erivaldo analisa que a rota peca porque todas as ações são isoladas umas das outras, as iniciativas não conseguiram formar um cluster turístico na região. “isso aqui é tudo isolado, os hotéis são tudo isolado, que funciona tudo de forma artesanal”.

Como alternativa de manutenção dos espaços, esses dois engenhos Santa Fé e Poço Comprido se inseriram no processo de políticas públicas de Cultura propostas pelo ministério da Cultura o primeiro como local do escritório do projeto cultural Pontão de Cultura Canavial e o segundo como Ponto de Cultura Poço Comprido, os dois implementando ações de apoio às manifestações culturais da região, como maracatus, mamulengos, ciranda, etc.

“aqui teve uma melhoria exatamente através da cultura e não do turismo, com a instalação do ponto de cultura e do Pontão, trás melhoria [...] aqui na região a gente depende mais das ações da cultura para trazer os turistas do que das ações tomadas pelo turismo, então especificamente do turismo praticamente isso aqui acabou tudo” (AZEVEDO,2010).

Erivaldo também acredita que o principal problema da rota Engenhos e Maracatus está na falta de divulgação contínua, pois em 2007 com um processo de promoção acentuada no lançamento; um aumento real de demanda foi percebido, entretanto com a diminuição das promoções e propagandas, hoje quase não recebem visitantes, apenas em períodos de festejos como carnaval, São João, Encontro de Maracatus e no restante do ano os equipamentos permanecem ociosos. Ele ainda relata que neste ano fechou o pesque pague, e o restaurante só abre para excursões e encontros agendados.

Considerações

Apesar do grande potencial turístico da região, pela sua cultura seja ela material e imaterial, e as ações desenvolvidas tanto pelo projeto Consorcio do Engenho do Norte e as ações do Promata, proporcionaram o interesse dos donos dos engenhos a transformá-los em atrativos turísticos e a restauração de vários equipamentos culturais como casas de cultura, museus, dentre outros. Não conseguiram efetivar uma demanda turística para a região, inviabilizando a maioria dos empreendimentos turísticos criados no período. Os empresários e Lúcia Barbosa acreditam que o principal problema para não formação de uma demanda turística para o roteiro é a falta de divulgação continuada, mas percebemos ao longo dessa pesquisa que, as ações das instituições não conseguiram integrar harmonicamente 10 os empresários, impossibilitando um trabalho em conjunto e autônomo das ações governamentais, fomentando ainda a dependência para com as iniciativas do poder público. Acreditamos que tais dificuldades foram desenvolvidas pelas sucessivas mudanças dos órgãos responsáveis pelas ações ao longo do processo de turistificação, mesmo que, continuassem com os mesmos atrativos e as mesmas diretrizes de ação, pode ter impossibilitado o fomento das atividades de autonomia e a construção de cluster turístico da região, o que torna a rota Engenhos e Maracatus inviável sem o auxilio das políticas governamentais. Outra particularidade da rota é que apesar das ações de promoções feitas pelo Governo do Estado e o Sebrae nos mais diversos canais de divulgação para o turismo, a rota não consolidou nenhuma operadora e ou receptivo que propiciasse o deslocamentos dos turistas dos pólos como Recife, Olinda e de Galinha, por exemplo, para conhecer a rota Engenhos e Maracatus, das 05 agencias de receptivos listadas no site do Promata que supostamente fariam este roteiro nenhuma delas concretizou ao menos um grupo de turistas para a região. O ministério do Turismo em seu plano nacional de turismo 2007/2010 propôs a entre varias funções de estruturar roteiros turísticos. E a rota Engenhos e Maracatus deve ser utilizada como referência, enfatizando a importância de transformar os empresários da rota em atores protagonistas e deixar claro desde o inicio que as ações governamentais tem um limite de atuação e que eles devem aprender a seguir sozinhos e que apesar de ser uma boa ferramenta de desenvolvimento do turismo, a rota só é viável se ela for pensada e administrada em conjunto com todos que fazem parte dela desenvolvendo acima de tudo a autonomia da Rota Turistica.

Referências:

BRASIL, Ministério do Turismo. Conceitos básicos e apoio à comercialização de produtos segmentados. Brasília: O ministério, 2009.

MENEZES. J.L da M. Roteiros de Pernambuco. Sebrae, 2004.

SILVA. S. V. da. Maracatu Estrela de Ouro de Aliança: a saga de uma tradição. Recife: Associação Reviva,2008.

Entrevistas concedidas:

AZEVEDO, E. Erivaldo Azevedo. Depoimento [07 de abril]. Entrevistadora Tamisa Ramos Vicente. Nazaré da Mata, 2010. 1 cassete sonoro.

BARBOSA. L. Lucia Barbosa. Depoimento [25 de março]. Entrevistadora tamisa Vicente. Recife, 2010. 1 cassete sonoro.

Matérias de Jornais:

ENGENHOS diversificam atividades. Jornal do commércio, Recife, 20 de maio de 2001.

HOTEL Santa fé quer criar pólo de desenvolvimento na região. Jornal do commércio, Recife, 20 de maio de 2001.

MAIS que retratos na parede. Revista continente multicultural, Recife, maio de 2001.

PROMATA terá US$ 90 milhões do BID. Folha de Pernambuco, Recife, 06 de março de 2002.

ENGENHO do século 18 é reaberto. Jornal do commércio, Recife, 20 de junho de 2004.

PERNAMBUCO com novos roteiros. Jornal do commércio, Recife, 19 de maio de 2005.

OITO novos roteiros são lançados. Jornal do commércio, Recife, 02 de setembro de 2005.

PARA conhecer mais o Estado. Jornal do commércio, Recife, 04 de novembro de 2004.

PERNAMBUCO se livra do conceito Sol-e-mar. Jornal do commércio, Recife, 03 de novembro de 2005.

PARA mergulhar na historia. Folha de Pernambuco, Recife, 19 de outubro de 2006.

RUMO à época dos antepassados. Jornal do commércio, Recife, 19 de outubro de 2006.

ENGENHOS e rotas. Folha de Pernambuco, Recife, 30 de outubro de 2006.

VELHOS engenhos. Jornal do commércio, Recife, 30 de novembro de 2006.

GOVERNO investe R$ 10 mi turismo. Jornal do commércio, Recife, 30 de novembro de 2006.

ENGENHO Poço Comprido sem a merecida atenção. Jornal do commércio, Recife, 28 de setembro de 2008.

PERNAMBUCO de olho nos nativos. Jornal do commércio, Recife, 01 de maio de 2008. 12

ANTIGOS engenhos são opções de hospedagem. Jornal do commércio, Recife, 29 de janeiro de 2009.

Site:

WWW.promata.pe.gov.br – visitado em 13 de abril de 2010. www.ipernambuco.com.br – visitado em 13 de abril de 2010.