SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO Superintendência da Educação Diretoria de Políticas e Programas Educacionais Programa de Desenvolvimento Educacional

UNIDADEUNIDADE DIDÁTICADIDÁTICA Literatura e Cinema: Ressignificando Leituras Literárias

Unidade Didática apresentada como um dos requisitos do PDE - Programa de Desenvolvimento Educacional 2012, ofertado pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná/SEED, na área de Língua Portuguesa, em parceria com a Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, campus de Marechal Cândido Rondon.

Orientador: Prof. Dr. Antonio Donizeti da Cruz

MARECHAL CÂNDIDO RONDON - PR 2012 SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO Superintendência da Educação Diretoria de Políticas e Programas Educacionais Programa de Desenvolvimento Educacional

UNIDADEUNIDADE DIDÁTICADIDÁTICA Literatura e Cinema: Ressignificando Leituras Literárias

Título Literatura e Cinema: ressignificando leituras literárias

Autor Amauri de Lima

Escola de Implementação do Projeto e sua localização Colégio Estadual Euclides da Cunha - E.F.M. Município da Escola Matelândia

Professor Orientador Antonio Donizeti da Cruz

Instituição de Ensino Superior Unioeste - Campus de Marechal Cândido Rondon

Relação Interdisciplinar Arte e História

Resumo A ideia do Projeto é pensar e aproveitar o cinema como um recurso de estimulo para a leitura de obras literárias na escola e desenvolver reflexões sobre as experiências de escrita representadas na literatura e no cinema. O projeto, que terá como público alvo alunos do Ensino Médio, objetiva a realização de um estudo comparativo entre arte literária e arte cinematográfica; análise de obras cinematográficas adaptadas a partir de obras literárias; e produção de releituras de textos literários em formato de vídeo. Entendemos que o ensino de literatura pode apontar experiências gratificantes por defrontar o aluno com uma grande quantidade de textos, desde os mais simples e motivadores até os mais complexos. A leitura não estará apenas associada a livros, já que há uma multiplicidade de textos, inclusive midiáticos, que fazem parte da vida do estudante. O trabalho com o cinema em sala de aula pode contribuir para que o estudante conceba o texto literário como parte integrante de sua cultura e, ao ler, seja capaz de refletir sobre arte e sobre o seu próprio cotidiano, pois conforme indica Vázquez (2010), a arte é, pois, uma das formas pelas quais o mundo, a realidade, revela-se ao homem.

Palavras-chave Literatua; cinema; leitura; ressignificação Formato do Material Didático Unidade Didática

Público Alvo Alunos de Ensino Médio

2 UNIDADEUNIDADE DIDÁTICADIDÁTICA Literatura e Cinema: Ressignificando Leituras Literárias

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO...... 4 UNIDADE 1 – Literatura e cinema convidam...... 6 UNIDADE 2 – Ler para quê? A literatura responde...... 9 UNIDADE 3 – No mundo do cinema: os filmes nos contam muito...... 12 UNIDADE 4 – A escrita no cinema e na literatura...... 15 UNIDADE 5 – Nós escrevemos e você?...... 18 UNIDADE 6 – Vamos filmar...... 20 UNIDADE 7 – Você precisa ver...... 22 UNIDADE 8 – Para que serve isto?...... 23 REFERÊNCIAS...... 24

MARECHAL CÂNDIDO RONDON - PR 2012 3 UNIDADE DIDÁTICA Literatura e Cinema: Ressignificando Leituras Literárias Apresentação Em “O prazer e o dever”, o poeta português e professor de literatura, Fernando Pinto do Amaral, faz algumas reflexões sobre o ensino de literatura,

Quando se discutem os modos (ou até a relevância) do ensino da literatura colocam-se desde logo problemas de transmissão que relevam de uma esfera essencialmente subjetiva, na qual a motivação de cada aluno e a personalidade do professor desempenham um papel provavelmente mais decisivo do que em matérias de conteúdo científico. (...) Nenhum professor de literatura deverá inibir-se de por em prática leituras, comentários ou interpretações que estimulem nos estudantes a sensibilidade, o sentido crítico, a capacidade argumentativa, e sejam assim susceptíveis der lançar alguma luz sobre essa realidade indefinível a que chamamos universo literário. (AMARAL, 1999, p. 92,)

Buscando, portanto, lançar alguma luz sobre essa realidade a que chamamos universo literário é que esta Unidade Didática se apresenta. A ideia básica está em torno de pensar e aproveitar o cinema como um recurso de estimulo para a leitura de obras literárias na escola. Entendemos que o ensino de literatura pode apontar experiências gratificantes por defrontar o aluno com uma grande quantidade de textos, desde os mais simples e motivadores até os mais complexos, pois não há ensino de literatura sem contato com o texto literário. Entretanto, é importante ressaltar que a leitura não pode estar apenas associada a livros, pois há uma multiplicidade de textos, inclusive midiáticos, que fazem parte do contexto do estudante. Por isso vemos no cinema uma possibilidade de abertura multicultural para contextualizarmos, a partir da escola, a intersecção do texto literário com as mais diversas e heterogêneas formas de linguagem. Amaral (1999) lembra que um texto literário pode implicar maior ou menor grau de experiência estética. A leitura é “um ato que envolve a personalidade de quem lê e contribui para lhe provocar algum prazer ou alguma perturbação” (AMARAL, 1993, p. 93). Por isso a necessidade do contato com o texto literário. Tal contato, como sabemos, é sempre complexo num ambiente tão plural como o da escola. Para Amaral (1999), neste ponto reside “o fulcro da questão, já que – ao contrário do que se verifica noutras disciplinas mais facilmente transmissíveis – o ensino/aprendizagem da literatura joga-se sempre na eventual capacidade de partilhar com os outros o prazer de ler, a fruição individual decorrente do ato da leitura (AMARAL, 1999, p. 93). É na busca desta partilha que este trabalho será desenvolvido, já que se pressupõe que só quem realmente é sujeito do ato de ler poderá estar imerso na literatura e, em contrapartida, poderá “receber/entender” literatura. Se o ensino de literatura passa pela leitura, o trabalho com o cinema em sala de aula pode contribuir para que o estudante conceba o texto literário como parte integrante de sua cultura e, ao ler, seja capaz de refletir sobre arte e sobre o seu próprio cotidiano. Conforme indica Vázquez (2010), a arte é, pois, uma das formas pelas quais o mundo, a realidade, revela-se ao homem. Essa realidade, em princípio, encontra-se em constante processo de mudança; daí a necessidade de que variem os meios de expressão. A historicidade da realidade objetiva impõe, ao mesmo tempo, uma historicidade dos meios expressivos, e com isso, determina o próprio movimento da arte. (VÁZQUES, 2010, p. 36)

4 UNIDADE DIDÁTICA Literatura e Cinema: Ressignificando Leituras Literárias

A partir da perspectiva apontada nas Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa do Estado do Paraná, de que “é tarefa da escola possibilitar que seus alunos participem de diferentes práticas sociais que utilizem a leitura, a escrita e a oralidade, com a finalidade de inseri-los nas diversas esferas de interação” (SEED, 2009, p. 48), constatamos oportuno discutir como se constroem mecanismos que possibilitam as práticas de leitura, escrita e oralidade em atividades de sala de aula. Assim acreditamos que, se há múltiplas linguagens presentes na escola, há condições do professor se aproveitar desta variedade de interferências externas, como a influência das mídias, para propor alternativas de reflexão do processo ensino aprendizagem e implantação de novos mecanismos de aprimoramento de suas práticas de ensino. Uma destas possibilidades é o uso do cinema como fator motivador para o ensino de literatura. Esperamos que os estudantes do Ensino Médio, para quem esta Unidade foi concebida, sejam “provocados” a participar das atividades, já que as atividades que serão propostas envolvem trabalho com imagem em movimento e este recurso se estabelece como um dos mais utilizados expedientes tecnológicos apresentados à sociedade contemporânea para envolver, abordar e discutir a própria sociedade. Nossa ação como docentes converge para o desenvolvimento de uma proposta dialógica que envolva a participação ativa dos estudantes de forma que os mesmos encarem a possibilidade de executar releituras literárias como uma dinâmica de releituras do próprio cotidiano e de suas próprias realidades. A Unidade Didática se apresenta em oito partes. Na Unidade 1 - Literatura e Cinema convidam, apresentamos algumas atividades com o intuito de despertar o interesse dos estudantes para a análise literária e para a análise de obras cinematográficas, avançando para além da simples posição de leitor ou de expectador. Na Unidade 2 – Ler para quê? A literatura responde, os estudantes serão apresentados às diferentes possibilidades de leitura do texto literário, especialmente das obras selecionadas para este trabalho: “Antes que o Mundo Acabe”, “A Hora da Estrela” e “A troca e a tarefa”. Na Unidade 3 – No mundo do cinema: os filmes nos contam muito, os estudantes terão a oportunidade de assistir aos filmes e fazer o contraponto com as obras homônimas estudadas na Unidade anterior. Na Unidade 4 – A escrita no cinema e na literatura, haverá encaminhamento de atividades para que o estudante tenha capacidade de analisar como se dá o trabalho da criação de roteiros para o cinema, especialmente a partir de obras literárias. Na Unidade 5 – Nós escrevemos e você?, os estudantes serão estimulados a escrever roteiros para produção de seus próprios filmes. Na Unidade 6 – Vamos filmar, os estudantes colocarão em prática o trabalho de captação e produção de imagens que compõe o seu próprio filme. Na Unidade 7 – Você precisa ver, haverá momento para que os participantes apresentem o seu trabalho à comunidade escolar e, na Unidade 8 - Para que serve isto?, os estudantes responderão questionário de avaliação das atividades. É um desafio, mas acima de tudo é uma oportunidade para estabelecermos uma nova dinâmica nas aulas de língua portuguesa, abrindo espaço para aproximarmos a tradição literária da arte cinematográfica e, sobretudo, para incentivarmos as manifestações criativas dos estudantes. Seja bem vindo, vale a pena, vale o filme, vale a educação.

5 UnidadeUnidade 11 Literatura e Cinema convidam

OBJETIVO: Apresentar aos estudantes como a literatura e o cinema fazem parte do nosso cotidiano e por isso Para representam a nossa maneira de ser e de agir. começar DURAÇÃO: 3 horas/aula

A literatura se apresenta a Que a literatura é um convite para conhecer novos mundos já é notório e sabido. Entretanto este conhecer não é apenas uma viagem descompromissada. Se a obra é transposição da realidade por meio de uma linguagem elaborada, significa dizer que a literatura vem representando direta 1 ou indiretamente a realidade social. Assim, como aponta Eagleton (2011), a mentalidade social de uma época é condicionada pelas relações sociais dessa época e “não há outro lugar em que isso fica mais evidente do que na história da ATIVIDADE Arte e da Literatura” (EAGLETON, 2011, p. 19). Isso significa dizer que as relações sociais não surgem apenas em temas e questões, mas no estilo, ritmo, na imagem, na qualidade e forma. Ainda de acordo com Eagleton “escrever Leia o texto ao bem é mais do que uma questão de estilo, significa também ter a disposição lado com seus uma perspectiva ideológica que permite captar por meio de insights alunos. progressistas ou reacionários, os fatos do cotidiano”. (EAGLETON, 2011, p. 23) Em seguida Em outras palavras a literatura nos apresenta determinado momento oriente que social que pode representar o nosso mundo e é isso que nos convida a respondam as embarcar em obras como “A hora da estrela”, de , “A troca e a questões. tarefa”, de Lygia Bojunga Nunes e “Antes que o mundo Acabe” de Marcelo Carneiro da Cunha.

Discutindo o tema Professor registre as informações na lousa 1) Antes de estudarmos alguns textos literários, vamos refletir um pouco. Apresente oralmente o que você imagina que os textos escolhidos para este trabalho estarão abordando.

A Hora A troca Antes que da Estrela e a tarefa o mundo acabe

2) Responda oralmente: você gosta de ler? Por quê

3) Leia o resumo dos livros A hora da estrela, de Clarice Lispector e Antes que o mundo acabe, de Marcelo Carneiro da Cunha e do conto A troca e a tarefa, de Lygia Bojunga Nunes. Em seguida confronte as informações apresentadas inicialmente com os resumos recebidos. 6 RESUMO RESUMO RESUMO A Hora A troca Antes que da Estrela e a tarefa o mundo acabe A Hora da Estrela foi o último livro da "A troca e a tarefa" é um conto do "Antes que o mundo acabe", é autora publicado em vida. O narrador livro Tchau, da renomada escritoria considerada uma novela juvenil pelo do romance é Rodrigo S. M., sendo que Lygia Bojunga. O livro, na sua próprio autor Marcelo Carneiro da há no decorrer da narrativa um diálogo segunda edição (1986) é de Cunha. A obra contextualiza o olhar de do narrador com o leitor sobre o estilo publicação da Editora Agira, no Rio um jovem que está em uma das fases de sua narrativa. A personagem de Janeiro. mais contraditórias do ser humano: a principal é Macabéa (Maca). a d o l e s c ê n c i a . O p e r s o n a g e m Nordestina, de origem alagoana, foi O conto aborda de forma criativa e protagonista é Daniel, que transita entre criada por uma tia beata após a morte de poética a passagem da vida. De certa o mundo da escola, o mundo do primeiro namoro, das amizades, da seus pais quando tinha 2 anos. Já forma a narrativa apresenta como as adulta vem para o Rio de Janeiro família e, com o primeiro contato com pessoas lidam com as emoções que seu pai, também chamado Daniel e que buscando crescimento pessoal. vai conhecendo com a passagem do Segundo a narrativa ela “acumula em ele nunca viu. Com 15 anos de idade seu tempo. A personagem principal (a primeiro contato com o pai por meio de seu corpo franzino, 'herança do sertão', narração é em primeira pessoa, todas as formas de repressão cultural, o cartas. Seu pai é fotógrafo e gira o revelando que escritora pode estar mundo fotografando lugares dos mais que a deixa alheada de si e da escrevendo sobre a sua própria vida) é sociedade. Ela nunca se deu conta de exóticos aos mais perigosos, inclusive apresentada ao ciúme quando ainda que vivia numa sociedade técnica onde ambientes de guerra. Por meio de cartas criança. Neste momento começa a e l a e r a u m p a r a f u s o e fotos enviadas a Daniel pelo correio, dispensável”.Trabalhava como descobrir seu papel na família. Ela é a seu pai vai apresentando os os lugares datilógrafa, profissão da qual tinha irmã mais nova, que não é bonita onde passou e justifica que seu trabalho muito orgulho. Era virgem e inicia como a irmã mais velha. Sempre por de fotografar civilizações nos lugares namoro com Olímpico de Jesus, meio de comparações com a irmã mais remotos faz parte do projeto também nordestino. Assim como ela mais velha o texto vai descrevendo “Antes que o mundo acabe”, que dá tinha o sonho de ser uma “estrela de que a personagem não gosta de nome à obra e visa registrar diferentes cinema” (daí o título do livro). Por estudar como a irmã mais velha, que manifestações culturais, antes que elas conselho de uma amiga, Glória, não sabe poesia e não sabe dançar, se rendam à cultura de massa da Macabéa vai procurar ajuda em uma como a irmã mais velha. Assim o sociedade moderna. É uma estratégia de chamar a atenção do leitor como o cartomante, sendo esta a única vez em ciúme tornar-se seu companheiro, até processo de avanço tecnológico altera que se dera conta da vida medíocre que que decide ir para um colégio interno as relações sócias e nossa maneira de se levava; fora preciso Madame Carlota e descobre que ali o ciúme aparecia comunicar. Além disso a obra traz dizer isso a ela. A cartomante faz pouco, mas quando voltava para casa reflexões sobre a vida do adolescente e previsões de que a vida da personagem nas férias, lá estava ele novamente. A os problemas enfrentados no namoro e mudaria a partir do momento em que menina vai crescendo, conhece o na escola. Ao ajudar o amigo Lucas, saísse de sua casa. Foi a primeira primeiro amor e junto, muitas outras acusado injustamente de roubo na esperança representada por ela. frustrações. E com tanta dor, sente que escola, ao conversar com o padrasto e Segundo a vidente um homem lindo precisa transformá-los. E consegue. sua mãe e ao discutir seu apareceria em sua vida. Ao sair da casa Todos os acontecimentos de sua vida, relacionamento com Mim, sua da Cartomante, Macabéa é atropelada suas frustrações e ilusões viram namorada, Daniel estabelece uma por um Mercedes Benz. A “hora da história e as histórias se transforma relação direta com o leitor juvenil que estrela” enfim chegou, de forma em livros. Com muita criatividade, também vivencia ações semelhantes. trágica. Ela vomita uma “estrela de mil poesia e emoção, a narradora descreve No final Daniel não se encontra o pai, pontas”. Com ela, morre também o que escreveu 27 livros, sendo que ao mas encontra, de certa forma um novo narrador, identificado com a escrita do terminar seu último livro, termina rumo para a vida. romance, que neste instante se acaba. também sua vida.

4) Os livros “A Hora da Estrela” e “Antes que o Mundo Acabe” possuem adaptações para o cinema. Você prefere ler o livro ou assistir ao filme primeiro?

5) Você já leu livros que foram adaptados para o cinema? Qual foi a sua percepção?

Leia o artigo Cinema e Educação: Pensando em uma Proposta de Ensino do Cinema Brasileiro, de Salete Paulina Machado Sirino, que traz DÚVIDAS reflexões sobre a necessidade de uma proposta metodológica para o ensino do Cinema Brasileiro, com vistas à formação de professores para a utilização desta no ensino fundamental e médio. Leia mais... http://www.unemat.br/revistas/ecos/?link=resumo&vol=MQ==&f=MQ==&r=Nw==&a=OA== 7 O Cinema está no ar

Entre as diferentes alternativas metodológicas para encaminhar possibilidades de aprendizagem em sala de aula está o trabalho com cinema. Napolitano (2010) a sustenta que o cinema ajuda a escola a “reencontrar a cultura ao mesmo tempo cotidiana e elevada, pois o cinema é o campo no qual a estética, o lazer, a ideologia e os valores sociais mais amplos são sistematizados numa mesma obra de arte” (NAPOLITANO, 2010, p. 12). Faraco (2002) também faz referência ao cinema como forma de contemplar 2 textos das diferentes esferas sociais na escola. Para ele,

[...] (as artes visuais, a música, o cinema, a fotografia, a semiologia gráfica, o vídeo, a televisão, o rádio, a publicidade, os quadrinhos, as charges, a multimídia e todas as ATIVIDADE formas infográficas ou qualquer outro meio linguageiro criado pelo homem), percebendo seu chão comum (são todas práticas sociais, discursivas) e suas especificidades (seus diferentes suportes tecnológicos, seus diferentes modos de Leia o texto ao composição e de geração de significados). (FARACO, 2002, p.101, apud DCEs, 2009, lado com seus p. 49) alunos. Entendido como uma prática discursiva presente na escola o cinema, ao se Em seguida tornar um dos recursos midiáticos mais acessíveis nos últimos anos, alimenta oriente que caminhos para aproximar os estudantes do texto literário, incentivando o hábito da respondam as leitura, da escrita e da oralidade. No primeiro caso porque os filmes ao fazerem questões. referência a obras literárias podem suscitar o interesse por obras escritas (mesmo que o filme ou documentário não seja uma adaptação direta); no segundo caso por permitir que os estudantes preparem roteiros para criar releituras dos próprios filmes ou de obras literárias afins à obra assistida; e, por último, a oralidade, pois abre espaço para que os próprios alunos interpretem e encenem seus textos por ocasião de um trabalho de montagem das cenas. Discutindo o tema 1) Quais motivos você aponta para gostar ou não gostar de cinema?

2) Você lembra a quais filmes assistiu recentemente?

3) A partir das informações, registre em seu caderno quais filmes pertencem a cada um dos seguintes gêneros:

Comédia Ação/Suspense Drama

4) Entre os gêneros apontados, qual o seu preferido. Por que razão?

5) O que estes filmes tem a ver com a sociedade, com o mundo em que vivemos e com a sua própria vida?

6) E para finalizar, escreva de forma objetiva qual história você contaria se pudesse fazer um filme?

Acesse o endereço: http://culturaecurriculo.fde.sp.gov.br/cinema/Cinema.aspx?menu=14 DÚVIDAS Site do projeto O cinema vai à escola da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, que busca subsidiar a rede pública de ensino com materiais, equipamentos e acervos didáticos de apoio à prática pedagógica com uso Leia mais... do Cinema. O material é riquíssimo. 8 UnidadeUnidade 22 Ler para quê? A Literatura responde

OBJETIVO: Discutir e problematizar o conteúdo das obras escolhidas para o desenvolvimento das atividades. Para DURAÇÃO: 4 horas/aula começar

Lendo “A hora da Estrela”

a Personagens Macabéa: nordestina (alagoana) que migra para o Rio de Janeiro. Protagonista da narrativa. Olímpico de Jesus: imigrante nordestino assim como Macabéa. Torna-se seu namorado. 1 Glória: amiga de trabalho de Macabéa. Seu Raimundo Silveira: chefe da firma que contrata Macabéa. ATIVIDADE A tia: beata que cria Maca após a morte da mãe As quatro Marias: Maria da Penha, Maria Aparecida, Maria José e Maria, colegas Vamos conhecer as de quarto da nordestina. obras desta Madama Carlota: a cartomante que prevê o futuro de Macabéa. Unidade e seus O médico: atende Maca pela primeira vez na vida. autores. Estabeleça O rico ocupante do Mercedez Benz: dono do carrão amarelo. prazo para leitura O narrador: Rodrigo S. M., também personagem. extra escola.

Quem é Clarice Lispector Clarice Lispector nasceu na Ucrânia, mas seus pais imigraram para o Brasil pouco depois. Chegou a Maceió com dois meses de idade, com seus pais e duas irmãs. Mudou-se para Recife em 1924. Aos oito anos, perdeu a mãe. Com 11 anos mudou-se com seu pai e suas irmãs para o Rio de Janeiro. Estudou Direito entre 1939 e 1943. Foi redatora na Agência Nacional e jornalista no jornal "A Noite". Casou-se em 1943 com o diplomata Maury Gurgel Valente, com quem viveria muitos anos fora do Brasil. O casal teve dois filhos, Pedro e Paulo. Seu primeiro romance foi publicado em 1944, "Perto do Coração Selvagem". Separada de seu marido, radicou-se no Rio de Janeiro. Em 1960 publicou seu primeiro livro de contos. Em 1967 Clarice Lispector feriu-se gravemente num incêndio em sua casa, 10/12/1920, provocado por um cigarro. Já no final de sua vida publicou "A Hora da Estrela", seu ultimo Tchechelnik, Ucrânia 9/12/1977, romance, que foi adpatado para o cinema, em 1985. Clarice Lispector morreu vitimada por Rio de Janeiro (RJ) câncer, na véspera de seu aniversário de 57 anos.

Texto disponível in: http://educacao.uol.com.br/biografias/clarice-lispector.jhtm, acessado em 25/11/2012 (com adaptações)

Análise da obra Professor indique que as respostas sejam feitas no caderno.

1) Onde a narrativa se desenvolve? O que este espaço representou para a personagem protagonista?

2) O tempo da narrativa é cronológico e linear? Qual a intenção da autora ao escolher esta forma de progressão da narrativa?

3) Qual a significado do título “A Hora da Estrela” para o desenvolvimento da narrativa?

4) Leia o conto A Cartomante, de Machado de Assis e faça uma comparação com Madame Carlota, personagem de “A Hora da Estrela”. O que elas têm de semelhanças?

5) Você acha que hoje as pessoas ainda acreditam em cartomantes ? Por quê? 9 a Lendo “A troca e a tarefa” Personagens Menina – personagem protagonista 2 Irmã – irmã por quem a menina senti ciúmes Ciúme – conversa com a menina quando esta apresenta sinais de ciúme. ATIVIDADE Pais da menina – Apresentam, na opinião da menina, certa preferência pela irmã mais velha. Analise mais Omar - rapaz por quem a menina se apaixona, mas casa-se com sua irmã. esta obra.

Quem é Lygia Bojunga Nunes (Pelotas - RS 1932) Lygia Bojunga Nunes, passa sua primeira infância em uma fazenda. Aos 8 anos muda-se com a família para o Rio de Janeiro. Em 1951, torna-se atriz da Companhia de Teatro Os Artistas Unidos, viajando pelo interior do Brasil. Ao abandonar os palcos começa a escrever para o rádio e para a televisão. Em busca de uma vida mais integrada à natureza, refugia-se no interior do estado do Rio de Janeiro. Funda, acompanhada de seu segundo marido, o inglês Peter, uma escola rural para crianças carentes, a Toca, que dirige por cinco anos. Faz sua estréia literária em 1972, com o livro Os Colegas e, já em 1973, recebe o prêmio Jabuti. Em 1982, torna-se a primeira autora, fora do eixo Estados Unidos-Europa, a receber o Prêmio Hans Christian Andersen, uma das mais relevantes premiações concedidas aos gêneros infantil e juvenil. Nesse mesmo ano muda-se para Inglaterra, alternando entre esse país e Brasil. Em 1988, volta ao teatro, escrevendo e atuando em palcos no país e no exterior. Trabalha com edição e produção de livros, feitos de forma artesanal. Em 1996, publica Feito à Mão, uma realização alternativa à produção industrial, como indica o título, composta manualmente, com papel reciclado e fotocopiado. Em 2002, publica Retratos de Carolina, o primeiro livro da sua própria editora, a Casa Lygia Bojunga. Pelo conjunto de sua obra, em 2004, ganha o Memorial Award, prêmio criado pelo governo da Suécia, jamais antes outorgado a um autor de literatura infantil e juvenil. Com esse incentivo, cria nesse mesmo ano a Fundação Cultural Lygia Bojunga com o intuito de desenvolver ações que aproximem o livro da população brasileira. Texto disponível in: http://www.itaucultural.org.br. acessado em 25/11/2012 (com adaptações)

Análise da obra

1) O tema da morte está presente no conto de Lygia Bojunga Nunes. Qual a relação do ciúme com este tema?

2) O ato de escrever é apresentado de forma poética e com muito sentimento. Apresente duas passagens do texto para confirmar esta característica.

3) Leia este trecho e reflita sobre o que a personagem/autora quis dizer com inventar a vida?

– Mas por que você vai querer ser igual a ela? Você tem que ser igual a você! Você é tão legal, você tá sempre pronta pra cantar, pra brincar, você tá tão a fim de viver a vida, pra que você vai querer ser feito ela que só tá a fim de inventar a vida! (NUNES,1986, p.35-6).

4) No trecho a seguir fica marcada a visão da autora sobre o que é ser escritora. Por que, em sua opinião, um escritor pode viver transformando?

Achei tão bom poder transformar o que eu sentia em história que eu resolvi que era assim que eu queria viver: transformando. Foi por isso que eu me virei em escritora (NUNES,1986, p.58).

DÚVIDAS Acesse o link: http://www.casalygiabojunga.com.br/ Leia mais... Site oficial da escritora Lyia Bojunga 10 a Lendo “Antes que o Mundo Acabe” Personagens Daniel – personagem protagonista 3 Mim – namorada de Daniel ATIVIDADE Lucas – amigo de Daniel, foi adotado depois de ser abandonado pelos pais biológicos. Strossman – menino valentão que enfrenta Daniel Vamos conhecer Antonio – padrasto de Daniel mais uma obra Daniel – pai de Daniel. Fotógrafo que viaja o mundo. trabalhada nesta Mãe de Daniel – arquiteta e bem sucedida profissionalmente Unidade

Quem é Marcelo Carneio da Cunha Marcelo Carneiro da Cunha nasceu em Porto Alegre. É formado em jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e, como escritor, já publicou 18 livros, tendo recebido prêmios da Associação Paulista de Críticos de Artes, da União dos Escritores do Brasil e da Fundação Nacional do Livro Infanto-Juvenil, entre outras. Escreveu o roteiro do filme Batalha naval e o argumento de O branco — premiado nos festivais de cinema de Berlim, Rio de Janeiro, Biarritz e outros. Em 2000, foi escritor-residente da Fundação Ledig House, de Nova York. Em 2004, lançou o romance O nosso juiz, seu primeiro livro para o público adulto. Em 2005, publicou o volume de contos Simples — O amor nos anos 00. Texto disponível in: http://www.record.com.br/autor_sobre.asp?id_autor=287 acessado em 25/11/2012 (com adaptações) Porto Alegre, 01/09/1957

Análise da obra

1) Com qual dos personagens você mais se identificou, por quê?

2) Além das relações familiares e fraternais, quais os outros temas que o livro destaca?

3) O comportamento de Strosmann pode ser considerado Bullyng? Justifique:

4) Leio o trecho do livro e faça uma análise do que o personagem Daniel comenta ao terminar o namoro com Mim. Este comportamento acontece ainda hoje?

O Antônio diz que era tudo muito mais simples no passado. As mulheres não tinham profissão, essas coisas todas. Viviam pra gente, para nós, homens, quero dizer. Não tinha essa cosia de garota ter banda e pegar estrada. Não tinha essa coisa de ficar com o coração na boca, pensando em coisas tipo como quem a garota da gente podia estar ficando. Claro que naquele tempo só a gente podia ficar, e as mulheres é que ficavam em casa, com o coração na boca, imaginando com quem os caras tavam ficando. Bons tempos. Claro que eu sei que era errado, e que hoje a gente tem igualdade, essas coisas. Mas que é uma droga é. Quando inventaram essa conversa de igualdade, ninguém pensou no que ia dar, isso é o que eu acho. Eu morro de ciúmes da Mim e pronto. Um pai já tinha me abandonado, ia me abandonar também. Era muita abandonação para um cará só, e eu me sentia mal, mesmo. (Antes que o Mundo Acabe, 2011, p. 74)

Acesse o endereço http://www.casacinepoa.com.br/antes-que-o-mundo-acabe DÚVIDAS É o endereço do site da Casa de Cinema de Porto Alegre, criada em 1987 por um grupo de cineastas gaúchos que já trabalhavam em conjunto desde o início dos anos 80. A Casa é a responsável pela produção do filme Antes que o Mundo Acabe. Você vai poder acompanhar mais Leia mais... detalhes sobre esta produção. 11 UnidadeUnidade 33 No mundo do cinema: Os filmes nos contam muito

OBJETIVO: Assistir aos filmes homônimos das obras literárias e fazer o contraponto entre arte literária e arte cinematográfica, além de refletir sobre as possibilidades de Para criação a partir de obras que não possuem adaptação. começar DURAÇÃO: 5 horas/aula

Assistindo “Antes que o mundo acabe” a FICHA TÉCNICA Diretor: Ana Luiza Azevedo Elenco: Pedro Tergolina, Eduardo Cardoso, Blanca HORA DO Menti, Janaina Kremer, Mauro Grossi. Carolina Guedes CINEMA 1 Produção: Ana Luiza Azevedo Roteiro: Paulo Halm Fotografia: Jacob Solitrenick ATIVIDADE Trilha Sonora: Leo Henkin Duração: 102 min. Após assistir a Ano: 2009 fragmentos do filme Gênero: Drama “Antes que o mundo acabe”, os estudantes Cor: Colorido deverão imitir suas Distribuidora: Imagem Filmes opiniões a respeito Estúdio: Casa de Cinema de Porto Alegre das cenas do filme. Classificação: 10 anos

O cinema é, antes de tudo, uma das experiências sociais mais fortes da sociedade de massas, desde as primeiras décadas do século XX. A possibilidade de assistir a imagens em movimento numa tela de grandes dimensões vem impactando multidões, de diversas origens sociais, formações culturais e raízes étnicas. Fruto da sociedade industrial e de massas, o cinema nasceu junto com o século XX e seus modernismos estéticos e sociabilidades modernas. (BENJAMIN, 1985; CHARNEY & SCHWARTZ, 2001, apud NAPOLITANO, 2009, p. 11)

O filme a que você irá assistir é uma adaptação do livro ‘Antes que o mundo acabe’, de Marcelo Carneiro da Cunha, que você leu na Unidade anterior. Depois de assistir a fragmentos do filme, exponha suas impressões sobre o que acabou de ver e debata com seus colegas e professor, sempre levando em conta a comparação entre o filme a o livro. Análise do Filme 1) Diferentemente do que acontece no livro, há uma triangulação sentimental entre os três personagens principais. O que você pensa sobre este enredo dado pela diretora do filme?

2) Você considera que o filme conseguiu retratar bem as relações familiares; iniciação amorosa e bullyng, levantadas, direta ou indiretamente, por Marcelo Carneiro da Cunha no livro?

3) Qual estratégia utilizada pelo filme e pelo livro para tratar do tema globalização?

4) Por que a meia-irmã caçula de Daniel ganha destaque no filme?

12 Assistindo “A Hora da Estrela” a Ver um filme é, antes de tudo, compreendê-lo, independente do seu grau de narratividade. Em certo sentido, ele “diz” alguma coisa, e foi a partir desta constatação que nasceu, na década de 20, a ideia de que, se um filme comunica um sentido, o cinema é um meio de comunicação, uma linguagem. (Dicionário teórico e crítico de cinema, de Jacques Aumont e Michel Marie)

2 O filme ‘A Hora da Estrela’, foi baseado na obra homônima de Clarice Lispector. Depois de assistir a fragmentos do filme, exponha suas impressões ATIVIDADE sobre o que acabou de ver e debata com seus colegas e professor. Após assistir a Ficha técnica: fragmentos do Brasil, 1985, Cor HORA DO Direção: Suzana Amaral CINEMA filme “A hora da Roteiro: Suzana Amaral e Alfredo Oroz estrela”, os Fotografia: Edgar Moura estudantes Edição: Idê Lacreta deverão emitir Elenco: Marcélia Cartaxo (Macabéa), José suas opiniões a Dumont (Olímpico de Jesus), (Madame Carlota, a cartomante), respeito das Tamara Taxman (Glória), Umberto Magnani (seu cenas do filme. Raimundo), Denoy de Oliveira (Pereira) Você pode assistir ao filme na integra acessando: Fonte: Cinemateca Brasileira. http://www.youtube.com/watch?v=376JgN-2cEc

Análise do Filme

1) Você percebeu que não há um narrador no filme como acontece na obra homônima escrita. Quais elementos do filme substituem o narrador-personagem do livro?

2) Quais passagens do filme revelam o tom pessimista de Clarice Lispector em relação a personagem?

3) A ideia de morte está presente no livro e no filme. Como sabemos “A hora da estrela foi o último livro de Clarice Lispector em vida. Discuta com seus colegas e analise em que medida esse sentimento de impotência diante do fim da vida influenciou na criação da personagem Macabéa.

4) No livro o ato da escrita e a saga da Macabéa são apresentados pelo narrador- personagem Rodrigo S.M. de forma paralela. Esta preocupação com o processo de escrita é revelado de alguma maneira no filme?

5) Em várias cenas Macabéa observa-se frente ao espelho. Qual a simbologia que esta atitude revela?

Acesse o link: DÚVIDAS http://www.uece.br/posla/dmdocuments/gleydaluciacordeirocostaaragao.pdf Neste endereço você vai poder analisar um excelente trabalho comparativo entre aos obra escrita e filmada, lendo a dissertação Do livro a tela: identidade e representação em A Hora da Estrela de Clarice Leia mais... Lispector, de autoria de Cleyda Aragão. 13 Assistindo “Narradores de Javé” HORA DO CINEMA a SINOPSE DO FILME: Somente uma ameaça à própria existência pode mudar a rotina dos habitantes do pequeno vilarejo de Javé. É aí que eles se deparam com o anúncio de que Javé pode desaparecer sob as águas de uma enorme usina hidro-elétrica. Em resposta à notícia devastadora, a comunidade adota uma ousada estratégia: vão preparar um documento contando todos os grandes acontecimentos 3 heróicos de sua história, para que Javé possa escapar da destruição. Como a maioria dos moradores são analfabetos, a primeira tarefa é encontrar alguém que possa escrever as histórias. Você pode assistir ao filme na integra acessando: http://www.youtube.com/watch?v=Trm-CyihYs8 ATIVIDADE FICHA TÉCNIA Título original: Narradores de Javé Direção de arte: Carla Caffé Após assistir a Gênero: Comédia Figurinista: Cris Camargo Duração: 100 min. Letreiros: Carla Caffé e Rafael Terpins fragmentos do Lançamento (Brasil): 2003 Edição: Daniel Rezende filme “Narradores Distribuição: Lumière e Riofilme Elenco: José Dumont (Antonio Biá); Matheus de Javé”, os Direção: Eliane Caffé Nachtergaele (Souza); Nélson Dantas estudantes Roteiro: Luiz Alberto de Abreu e Eliane Caffé (Vicentino); Rui Resende; Gero Camilo (Firmino); Produção: Vânia Catani e Bananeira Filmes Luci Pereira; Nelson Xavier (Zaqueu); Jorge deverão imitir Co-Produção: Gullane Filmes e Laterit Humberto e Santos Altair Lima (Galdério); suas opiniões a Productions Alessandro Azevedo (Daniel); Henrique (Cirilo); respeito das Música: DJ Dolores e Orquestra Santa Massa Maurício Tizumba (Samuel); Orlando Vieira; cenas do filme. Som: Romeu Quinto (Gêmeo); Roger Avanzi (Outro) Fotografia: Hugo Kovensky

O filme a que você irá assistir agora, diferentemente dos outros trabalhados anteriormente, não é uma adaptação de obra literária. O filme recebeu dezenas de prêmios no Brasil e exterior e já foi tema de vários estudos acadêmicos. Assista com atenção e tente perceber porque o filme chamou atenção de tanta gente de diferentes segmentos sociais. Em seguida debata as suas percepções com o professor e colegas.

Análise do Filme

1) Por que, na sua opinião, Antônio Biá não conseguiu escrever o livro das memórias?

2) Segundo a personagem Antônio Biá, há diferenças entre contar e escrever. Você consegue apontar algumas que ele apresentou no filme?

3) Qual a diferença, segundo os moradores de Javé, entre escrita convencional e escrita científica?

4) Por que você imagina que cada pessoa ouvida por Biá tinha a sua própria versão sobre a história do povoado?

5) O filme problematiza o progresso como justificativa para por fim a muitas cidades e até pessoas. O que você pensa sobre isso?

Acesse o enderço: http://cac-php.unioeste.br/pos/media/File/letras/amauri_de_lima.pdf DÚVIDAS Você vai ter acesso a dissertação Identidade, Memória, Oralidade e Escrita em Narradores de Javé, de Amauri de Lima, um dos dezenas de trabalhos de pesquisa que discutiram as Leia mais... representações que o filme suscita. 14 UnidadeUnidade 44 A escrita no cinema e na literatura

OBJETIVO: Analisar os processos de criação de roteiros para o cinema, especialmente a partir da obra literária e como o tema da escrita é recorrente em todas as obras Para selecionadas, tanto cinematográficas quanto literárias. começar DURAÇÃO: 4 horas/aula O ato de escrever a O que é escrita? (Ingedore Koch e Wanda Elias) proporcionam diferentes modos de responder a questão Se houve um tempo em que era comum a existência em foco. [...] de comunidades ágrafas, se houve um tempo em que a Apesar da complexidade que envolve a questão, não escrita era de difícil acesso ou uma atividade destinada a é raro, quer em sala de aula, quer em outras situações do alguns poucos privilegiado, na atualidade, a escrita faz dia-a-dia, nos depararmos com definições de escrita, tais parte da nossa vida, seja porque somos constantemente como: “escrita é inspiração”; “escrita é uma atividade para 1 solicitados a produzir textos escritos (bilhetes, e-mail, alguns poucos privilegiados (aqueles que nascem com listas de compras, etc, etc.), seja porque somos solicitados esse dom e se transformam em escritores renomados)”; ATIVIDADE a ler textos escritos em diversas situações do dia-a-dia “escrita é expressão do pensamento” no papel ou em outro (placas, letreiros, anúncios, embalagens, e-mail, etc. etc.). suporte; “escrita é domínio de regras da língua”; “escrita é Barré-de-Maniac (2006:38) afirma que “hoje a escrita trabalho” que requer a utilização de diversas estratégias Na Unidade 4 não é mais domínio exclusivo dos escrivães e dos eruditos da parte do produtor. vamos trabalhar a [...] A prática da escrita de fato se generalizou: além dos Essa pluralidade de respostas nos faz pensar que o escrita trabalhos escolares eruditos, é utilizada para o trabalho, a modo pelo qual concebemos a escrita não se encontra comunicação, a gestão da vida pessoal e doméstica”. dissociado do modo pelo qual entendemos a linguagem, o observando como Que a escrita é onipresente em nossa vida, já o texto e o sujeito que escreve. Em outras palavras, subjaz o processo de sabemos. Mas, afinal, “o que é escrever?”. Responder a uma concepção de linguagem, de texto e de sujeito criação artística é esta questão é uma tarefa difícil, porque a atividade de escritor ao modo pelo qual entendemos, praticamos e construído no escrita envolve aspectos de natureza variada (linguística, ensinamos a escrita, ainda que não tenhamos consciência cinema e na cognitiva, pragmática, sócio-histórica e cultural). disso. Como é de nosso conhecimento, há muitos estudos (In: KOCH, I.V; ELIAS, V.M. Ler e escrever: estratégias de literatura sobre a escrita, sob diversas perspectivas, que nos produção textual. 2ed. São Paulo: Contexto, 2011, p. 31-32)

Discutindo o tema ROTEIRO CENA 29 – ESCOLA/ESCADA – INT/DIA 1) Após esta discussão inicial, responda: (Mim está descendo a escada, apressada. Daniel tenta alcançá-la). DANIEL - Mim... a) Como você pode observar o ato da escrita também é (Mim diminui seu passo. Para e dirige seu olhar a Daniel, que está um dos temas das obras estudadas nesta Unidade alguns degraus acima). DANIEL (atrapalhado) - Só queria saber... Quanto tempo é um didática. Procure voltar a leitura de “A hora da estrela” tempo?! e aponte como o narrador se refere a escrita. (Mim pensa um pouco). MIM - Sei lá, Daniel. Um tempo... é um tempo. Não sei quanto tempo é, mas ainda não passou. DANIEL - Vou contar até cem. MIM - Conta até mil. Eu tenho que ir, tou atrasada. b) No livro “Antes que o mundo acabe” o autor usa a (Mim dá as costas para Daniel e se afasta, descendo outro lance da estratégia do uso cartas para lançar reflexão sobre o escada. Daniel observa Mim se afastando em direção à saída da escola. Alguém chega por trás e dá um tapinha consolador em papel da escrita. Qual seria esta possível reflexão? suas costas. É Beto, que se aproxima acompanhado por COLEGAS, um deles com uma bola na mão). BETO - Azar o teu, Presunto. Não foi na festa, agora a Mim tá caidinha por mim. c) Escrever não é uma tarefa simples. Em se tratando DANIEL - É. Eu notei. BETO - Vamos jogar bola? Conseguimos a quadra até às dez. de escrita para o cinema este trabalho é mais complexo DANIEL - Não tou a fim. ainda, pois exige que o autor busque, além de OUTRO COLEGA - Qualé, Daniel? Vai ficar sofrendo por um rabo de saia? explicitar a fala dos personagens, apresentar aquilo BETO - Se bem que, por um rabinho como o da Mim, até que vale a que pretende que os atores façam e ainda como o pena... (Daniel encara Beto, entra no laboratório. Beto segue com os cenário deve ser preparado. Leia o fragmento do colegas). Antes que o mundo acabe, Cena 29. In: Roteiro de Ana Luiza Azevedo, Giba Assis Brasil, roteiro do filme “Antes que o mundo acabe”, ao lado e Jorge Furtado e Paulo Halm. Filme da Casa de Cinema de Porto Alegre. São Paulo: observe as características da escrita de um roteiro: Imprensa Oficial, 2010

15 Escrever livros e escrever para o cinema a Como você percebeu há diferenças entre escrever livros e escrever para o cinema. Vamos trabalhar algumas destas diferenças. 2 A escrita literária Ao discutir elementos da produção literária na obra Literatura e Sociedade, o crítico Antônio Cândido se reporta à relação escritor e público para mencionar que há fatores ATIVIDADE internos e fatores externos que interferem na criação literária. Para ele “o escritor, numa determinada sociedade, é não apenas o indivíduo capaz de exprimir a sua originalidade Oriente seus (que o delimita e especifica entre todos), mas alguém desempenhando um papel social, alunos a ocupando uma posição relativa ao seu grupo profissional e correspondendo a certas perceber como a expectativas dos leitores ou auditores. A matéria e a forma da sua obra dependerão em escrita literária e parte da tensão entre as veleidades profundas e a consonância ao meio, caracterizando a escrita uma diálogo mais ou menos vivo entre criador e público. (CÂNDIDO, 2010, P. 83-4) Segundo Cândido (2010), a literatura é pois um sistema vivo de obras, agindo umas cinematográfica sobre as outras e sobre os leitores; e só vive na medida em que estes a vivem, decifrando- tem a, aceitando-a, deformando-a. A obra não é produto fixo, unívoco ante qualquer público, características nem este é passivo, homogêneo. Para concluir ele diz ainda que autor e obra constituem próprias. um par solidário, funcionalmente vinculado ao público. CÂNDIDO, Antônio. Literatura e Sociedade: Estudos da Teoria e História Literária. 11ª ed. revista pelo autor. Rio Janeiro: Ouro sobre Azul, 2010 A escrita cinematográfica A escrita no cinema recebe o nome de Roteiro. O Roteiro nada mais é do que um caminho, uma esquema detalhado do que os envolvidos na produção e filmagem do filme devem seguir. Por isso o trabalho de quem escreve para o cinema, tanto como na Literatura, é sempre muito valorizado.

Segundo Angela Tamaru (2006), a linguagem que o cinema adota em suas cenas é composta por signos imagéticos. Ao atingir o teor poético, o cinema pode recuperar os movimentos e expressões esquecidos pela arte da palavra. Ainda de acordo com a autora “o cinema traduziu palavras em imagens”. O espectador atual pode ver o filme e pode ler a obra em que este foi inspirado. Mas terá ele duas obras distintas: enquanto uma é feita de palavras, encerrando em si a arte poética dos símbolos da escrita, a outra é composta de homens e objetos filmados analogicamente à realidade. Cabe ao espectador viver a multiplicidade de sentidos que são apresentados a ele, seja pela literatura, seja pelo cinema. (TAMARU, 2006, p. 146) TAMARU, Angela Harumi. Descrição e Movimento: imagens descritivas no cinema e na literatura. São Paulo: Scortecci, 2006 Cinema e Literatura dá para comparar? Angela Tamaru (2006) nos apresenta informações importantes a este respeito. De acordo com ela «analisando comparativamente filme e livro, encontramos elementos comuns utilizados pela escrita e pela imagem», pois o cinema é uma linguagem, já que ele obviamente comunica, porém não é uma língua porque não pode ser reduzido a unidades distintas além do nível da linguagem. Não tem, portanto, signos no mesmo sentido da linguagem verbal. (JOHNSON, Literatura e cinema, p. 14-5, apud TAMARU, 2006, p. 33) Para a pesquisadora, portanto, a imagem é uma representação analógica, contínua e icônica da realidade, ao passo que a escrita é não-analógica e simbólica. O que fica constatado de forma geral é que é possível sim fazer uma comparação entre as duas manifestações artísticas, porém cada uma tem suas especificidades e tem marcas constitutivas que a fazem única. Discutindo o tema 1) Como você percebeu nesta discussão, as linguagens literária e cinematográfica são manifestações artísticas de grande valor estético e cultural. O que, em sua opinião, os escritores e cineastas têm em comum?

2) Agora que você já conhece um pouco mais sobre literatura e cinema, procure apontar algumas diferenças que você percebeu:

3) Se você fosse um diretor de cinema e fosse convidado para adaptar para o cinema o conto ‘A troca e a tarefa’, de Lygia Bojunga Nunes, qual o seria o foco principal de seu filme, ou seja, o que você procuraria apresentar com maior ênfase ao público espectador?

4) Você acha que o filme Narradores de Javé poderia ser um livro de sucesso? Por quê? 16 a Leia o texto com seus Falando mais sobre roteiro alunos e em seguida selecione cenas dos Agora você vai ler um texto que trata da 3 filmes para analisar como o roteirista as escritura de Roteiros. Preste bem atenção, por ATIVIDADE escreveu. que depois você vai precisar.

A ESCRITURA DO ROTEIRO Giba Assis Brasil “O melhor roteiro não é o que tenha a escritura 3.2. VERBOS NO PRESENTE mais correta, mas aquele cuja estrutura narrativa Assistir a um filme é uma experiência que acontece preveja a realização de um bom filme. Feita essa no tempo, como a música ou o teatro, e ao contrário da ressalva, adianto que aqui, neste texto, eu me pintura, da escultura e da literatura, que acontecem no proponho a falar de escritura e apenas de escritura.” espaço. O tempo de visualização de um filme é sempre o Roteiro não é literatura. Ou seja: não é uma forma presente. Mesmo no caso de um flash-back: acabada de linguagem, não deve ser pensado como entendemos, por uma série de convenções, que a cena algo a ser apresentado ao público, mas como um se passa no passado em relação a outras cenas já momento intermediário de criação, e que portanto deve mostradas, mas, quando ela está sendo mostrada ao servir ao seu objetivo final: o filme. Sempre que tiver que público, ela é percebida como presente. Portanto, num optar entre uma frase agradável, esperta, "literária", e roteiro, todos os verbos devem ser colocados no uma frase clara, o roteirista deve ser claro. presente (ou, eventualmente, no gerúndio, que é um O objetivo de um roteiro, portanto, é tentar presente contínuo). estabelecer com o seu leitor uma relação o mais 3.3. ORDEM FÍLMICA parecida possível com a relação de um espectador Tudo no roteiro deve estar na ordem em que vai vendo um filme. Um objetivo impossível de se atingir, é aparecer no filme: não necessariamente na ordem claro, uma vez que um filme são imagens em movimento cronológica, mas na ordem fílmica. Evidentemente que numa tela acompanhadas de som, e um roteiro vai ser isso se aplica à ordem das cenas, que devem ser sempre palavras sobre papel. dispostas no roteiro conforme a ordem narrativa definida Uma utopia criativa a serviço de um objetivo pelo roteirista, e que, em princípio, deve ser seguida na fundamentalmente econômico: uma boa definição não montagem final do filme. só de roteiro, mas da própria essência do cinema. 3.4. NADA INFILMÁVEL Um roteiro não pode ter nada que não seja ELEMENTOS TEXTUAIS diretamente filmável. Esta é talvez a regra mais óbvia, e Um bom critério para reconhecimento de um roteiro a menos observada. Até porque é possível defender a no papel poderia ser a presença dos seguintes tese de que "tudo é filmável". No limite, qualquer texto elementos: (1) a DIVISÃO DE CENAS claramente literário (mesmo Kafka ou Joyce, por exemplo) pode ser indicada; (2) a NARRAÇÃO de toda a ação do filme, na filmado ordem cinematográfica; (3) breve DESCRIÇÃO física 3.5. EVITAR TERMOS TÉCNICOS dos personagens e dos cenários quando eles aparecem Um roteiro deve evitar ao máximo possível o uso de pela primeira vez; (4) as FALAS (diálogos e textos de especificações técnicas, ou expressões que indiquem narração) completos e destacados do restante do texto; explicitamente a filmagem, tais como "close", "plano e (5) RUBRICAS ou indicações para os atores durante geral", "travelling", "corta para", "a câmara mostra", as falas. "vemos agora". REGRAS DE ESCRITURA 3.6 TEMPO DE LEITURA 3.1. TERCEIRA PESSOA Cada narração, cada descrição, cada rubrica, deve Um filme é uma experiência externa, que acontece ser redigida de forma a ter um tempo de leitura o mais numa tela colocada à nossa frente, a uma certa próximo possível do tempo que se imagina que eles distância, com outras pessoas ou personagens. Por teriam no filme. A principal consequência disso é que, isso, todo roteiro deve ser narrado em terceira pessoa. num roteiro, só devem ser usadas frases que tenham a Como comparação: a maior parte da literatura é duração aproximada daquilo que elas narram ou narrada também em terceira pessoa, mas existe toda descrevem. uma tradição de ficção literária em primeira pessoa, e mesmo experiências isoladas de textos literários em Texto na integra você encontra em: segunda pessoa. http://www.roteirodecinema.com.br/manuais.htm#unisinos Discutindo o tema DÚVIDAS Como você percebeu, o Roteiro é um guia para que os demais participantes do Leia mais... processo de produção preparem o filme. Vamos analisar um roteiro. Selecione uma cena qualquer de um dos filmes a que você Acesse o endereço: assistiu e tente transcrever http://www.roteirodecinema.com.br/manuais.htm como o roteiro foi desenvolvido. 17 UnidadeUnidade 55 Nós escrevemos... e você...?

OBJETIVO: Desenvolver estratégias para o procedimento Para da escrita de roteiros para produção de filmes. começar DURAÇÃO: 5 horas/aula Você é o roteirista a O cinema entra na escola como “um outro”, um estrangeiro pela sua natureza, pelos seus instrumentos, pelos seus mediadores. O melhor objetivo que a escola pode propor hoje é se aproximar dos filmes como obras de arte e de cultura. (Adriana Mabel Fresquet) 1 Primeiros passos Após ler sobre literatura, cinema e como a escrita está presente no universo destas duas ATIVIDADE manifestações artísticas vamos escrever também. A intenção é que você escreva roteiros para produção de Apresentamos seu próprio filme. No nosso caso não pretendemos alguns textos fazer grandes produções cinematográficas, por literários como questões óbvias de estrutura, tempo e investimento. sugestão, mas Entretanto você pode produzir pequenos vídeos (curtas-metragem) que retratem algum tema que você você e seus considere interessante. Para tanto propomos duas alunos podem situações: a primeira, que os roteiros sejam realizados escolher textos a partir de textos literários; e a segunda, que você de seu possa escrever seu próprio roteiro a partir de um conhecimento. assunto que acredita ser argumento para um bom filme. Chegou a sua vez Escolha com ajuda de seu professor e de seus colegas um texto literário que você conheça e que imagina ser interessante adaptar para o cinema. após ler o texto, reúna-se em grupo pense como você faria um filme com base no texto escolhido. A partir das discussões comece a organizar as ideias para escrever o roteiro. Não se esqueça de observar as dicas da Unidade anterior sobre as regras da escritura de roteiros. Bom trabalho!

Dica Dica Alguns contos interessantes que podem Contos de Machado de Assis, como a “A merecer uma adaptação: Cartomante”; “O Enfermeiro”; “A Igreja A orelha de Van Gogh, Moacir Slciar; do Diabo”; entre outros, receberam Pausa, Moacir Slicar; várias adaptações realizadas por O consumidor, Luiz Puntel; estudantes. Você pode acessar a O bife e a pipoca, Lygia Bojunga Nunes; Internet e assistir alguns destes Nosso dia, Luiz Vilela; trabalhos e quem sabe também fazer o Apelo, Dalton Trevisan; seu vídeo curta-metragem a partir das Legião Estrangeira, Clarice Lispector; obras do escritor de “Dom Casmurro”. A máquina extraviada, de José J. Veiga; Contos de Luiz Fernando Veríssimo.

DÚVIDAS Leia o artigo de Angela Mabel Fresquet FRESQUET, A. M. Fazer Cinema na Escola: pesquisa sobre as experiências de Alain Bergala e Núria Aidelman Feldman. 2008. GT-16: disponível em: Leia mais... http://www.anped.org.br/reunioes/31ra/1trabalho/GT16-4996--Int.pdf 18 a Testando a criatividade Segundo Fresquet (2008) ao trabalharmos a arte cinematográfica com os alunos podemos trabalhar os valores que lhes são próprios, isto é, trabalho em equipe, constância, capacidade de espera, imaginação e sensibilidade. Quando 2 realizam os filmes, os alunos devem elaborar um roteiro, planejar a filmagem, assumir tarefas, transmitir e comunicar ideias, escutar e dialogar com os outros. O projeto visa um resultado que não se limita apenas ao filme, mas ATIVIDADE especialmente a todas as aprendizagens do processo. Na visualização de filmes, aprendem a olhar a realidade com atenção, a Conduza a pensar ou intuir como dar forma às ideias, a partilhar decisões e explicar as atividade para que próprias escolhas, o que, de alguma maneira, constitui uma outra forma de se o estudante relacionar com o mundo e com os outros. (FRESQUET, 2008, p. 09) escreva livremente, sem se preocupar neste momento Meu texto, meu mundo... com a escrita de Nesta atividade o autor é você. A partir das experiências pessoais e das roteiros. Depois informações discutidas até este momento, escreva um texto que aborde do texto pronto é questões que estejam presentes no mundo em que você vive. O texto pode que você e a ser uma poesia, uma história, uma opinião sobre assuntos de interesse social, turma poderão político, econômico ou esportivo. Fique a vontade para fazer a sua criação, a avaliar se o texto intenção neste momento é que você escreva algo que expresse a sua visão é argumento para de mundo. um bom roteiro.

Transformando textos em roteiros De acordo com Lotman (1978), qualquer unidade de texto (visual, figurativa, gráfica ou sonora) pode tornar-se elemento da linguagem a cinematográfica, a partir do momento em que ofereça uma alternativa (nem que seja o caráter facultativo do seu emprego) e que, por conseguinte, apareça no texto não automaticamente, mas associada a uma significação. Ainda segundo ele, é necessário que se distinga uma 3 ordem discernível (um ritmo). Esse ritmo implica afirmar que a escrita de uma história não deve ser feita somente por instinto, deve ser planejada. A história precisa ter início, meio e fim, transformados em etapas/atos: Ato I ATIVIDADE (início), Ato II (meio) e Ato III (fim). Portanto, como indica Lotman, a palavra não é elemento facultativo, suplementar na narrativa cinematográfica, Para a produção do roteiro solicite aos mas um elemento obrigatório desta. alunos que observem LOTMAN, Yuri. Estética e Semíótica do Cinema. Lisboa: Editorial Estampa, 1978 os elementos textuais do roteiro:1) DIVISÃO DE CENAS (2) O ato é todo seu Roteiro Cena 1 - No começo NARRAÇÃO; (3) Você leu textos literários, escreveu o DESCRIÇÃO dos personagens e dos seu próprio texto e agora você vai ter a cenários; (4) FALAS e oportunidade de transformar estes (5) RUBRICAS. textos em um roteiro para a produção de (Ver página 17) um filme.

Acesse o endereço DÚVIDAS http://www.massarani.com.br/Rot-Estrutura-Roteiro-Historia.html Neste site você encontrará textos importantes Leia mais... sobre o trabalho de produção e escrita de roteiros. 19 UnidadeUnidade 66 Agora vamos filmar!!!!

OBJETIVO: Incentivar os estudantes a executar o trabalho de coleta e produção de imagens que comporão um filme, além Para de realizar a montagem de vídeos curtas-metragem. começar DURAÇÃO: 5 horas/aula O Cenário e os ensaios Não se trata de “aprender cinema no colégio”, mas de aprender a pensar o mundo por a uma das experiências culturais mais fascinantes e encantadoras dentro de uma instituição que tem muito a oferecer. (NAPOLITANO, 2009, p. 30)

1 Dando cor a produção

De posse do roteiro e sabendo o que será ATIVIDADE filmado, o primeiro passo é preparar o cenário e os Para ensaiar as ensaios. Quanto ao cenário não há necessidade cenas você pode da criação de um espaço específico para as solicitar ajuda do gravações, você pode utilizar a própria sala de aula com fundo neutro e no caso de gravações professor de externas optar por ambientes que façam parte do Arte. Procure seu cotidiano, dando maior realidade as motivar os produções. Em relação aos ensaios é importante alunos para não lembrar que a intenção não é apresentar grandes perderem o foco atuações dramáticas, mas sim abrir espaço para do trabalho. que haja prática do exercício de interação sócio- comunicativa.

a Organizando as imagens Com o roteiro definido e c o m o s e n s a i o s 2 encaminhados, você p o d e c o m e ç a r a s filmagens. Use suas ATIVIDADE próprias câmeras digitais, Incentive os que atualmente possuem alunos a trazer uma boa capacidade de as suas resolução, para fazer as máquinas filmagens. Contudo a digitais para a maioria das escolas já CEnA escola. E possuem filmadoras que indique curtas podem ser utilizadas para EU QUERO ESCOLA FILMAR para que eles a r e a l i z a ç ã o d e s t e NA assistam. trabalho.

20 a Montando o filme Montagem - A definição técnica de montagem é simples, trata-se de colar uns após outros, em uma ordem determinada, fragmentos de filme, os planos, cujo comprimento foi igualmente determinado de antemão. Essa operação é efetuada por um especialista, o montador, sob a responsabilidade do diretor 3 (ou do produtor, conforme o caso). (Dicionário teórico e crítico de cinema, de Jacques Aumont e Michel Marie) ATIVIDADE O cineasta é você Esta atividade Para a montagem das cenas você pode usar programas como o Movie certamente Maker, disponível na maioria dos computadores, já que faz parte dos exigirá trabalho acessórios do sistema. Caso você não tenha o software a disposição, há extra classe. Por possibilidade de baixar, gratuitamente vários sotwares para a edição de isso converse imagens. No endereço http://pt.kioskea.net/download/edicao-de-video-76, com seus alunos você encontra alguns destes softwares de distribuição gratuita. para solicitarem Outra dica importante, seus vídeos deverão ter curta duração e, portanto, ajuda sempre você estará fazendo curta-metragem. que preciso.

Curta metragem Porta Curtas

Curta-metragem, ou simplesmente Excelente site para pesquisar sobre a curta, é o nome que se dá a um produção de curta-metragens. O Portal filme de pequena duração. O possui mais de 7.700 curtas catalogados e mais de 1000 curtas disponíveis para Dicionário Houaiss define curta- assistir. São milhares de profissionais metragem como "filme com duração catalogados: de até 30 minutos, de intenção Artistas e Técnicos (36093) estética, informativa, educacional ou Atores (11058) publicitária, geralmente exibido Fotografia (4365) como complemento de um programa Diretores (6513) cinematográfico". Animadores (664) Acesse: http://portacurtas.org.br/

Curta na escola É um projeto apoiado pela Petrobrás, onde professores cadastrados compartilham suas vivências em torno da utilização dos curtas em sala de aula através de comentários aos filmes, discussões no fórum e, principalmente, do envio de relatos de suas experiências com a exibição de filmes aos alunos. Tais relatos integram um grande banco de experiências educacionais, permanentemente aberto para consultas por todos. Com a atividade a Petrobrás dá seguimento a uma idéia surgida ainda em 2002 com o início do projeto Porta Curtas Petrobrás.

A participação no Projeto é aberta a professores de todo o Brasil. Os educadores têm acesso, através deste site, a um conjunto de planos de aula que acompanham mais de 300 filmes brasileiros de curta-metragem. Acesse: http://www.curtanaescola.org.br/

Acesse o endereço: http://pt.kioskea.net Conforme o próprio site se apresenta é gratuito e DÚVIDAS acessível a todos. Este portal de comunidade permite reparar, ser ajudado e formar-se em informática e as novas tecnologias. O link abaixo trata especialmente da montagem de vídeos: Leia mais... http://pt.kioskea.net/faq/6370-como-fazer-uma-montagem-de-video 21 UnidadeUnidade 77 Vocês precisam ver!!!

OBJETIVO: Apresentar os filmes para a comunidade escolar Para como estratégia de aproximação entre texto literário e cinema. começar Duração: 4 horas/aula a Preparando a divulgação 1) Antes de organizar a Mostra final para toda a comunidade escolar, você e seus colegas irão assistir a todos os filmes produzidos durante esta 1 Unidade Didática. 2) Depois de assistir aos filmes faça um grande debate em sala de aula ATIVIDADE sobre quais foram as primeiras impressões sobre as atividades desenvolvidas. Você gostou ou não gostou do seu filme? E do filme de É o momento seus colegas? em que os estudantes poderão trocar 3) Converse com o seu professor e aponte inicialmente para ele quais ideias e emitir problemas você visualizou ao assistir o filme do grupo que não é o seu. opiniões sobre a Após aprovação do professor socialize com todo o grupo qual a sua produção dos “crítica” sobre a produção. Pense que este é um momento importante, pois colegas poderá antecipar o que o público em geral poderá pensar sobre seu trabalho e o trabalho de seus colegas. a É hora de mostrar... Depois de todo trabalho de elaboração, organização e divulgação, chegou o grande momento, os alunos vão organizar a Mostra de Cinema da Escola. Muito provavelmente haverão bons vídeos e outros nem tanto, 2 contudo você deve valorizar o trabalho de cada estudante e seu esforço para apresentar algo “defensável” em termos de produção ATIVIDADE literária ou cinematográfica.

1) Reúna-se em grupo e discuta quais vídeos tem afinidade temática e Peça ajuda ao em seguida organize a relação de quais filmes serão apresentados professor de primeiro. Arte. Com certeza ele trará muitas 2) Produza cartazes com o título do fime, destacando data, hora e local contribuições de projeção. para produção de materiais de divulgação. 3) Destaque um colega por grupo para visitar as demais salas e divulgar o evento. 22 UnidadeUnidade 88 Para que serve isto?

OBJETIVO: Contextualizar a percepção dos estudantes e da comunidade escolar sobre a realização das atividades Para Duração: 2 horas/aula começar O que eu penso, o que eu aproveitei? a 1) Você gostou de participar destas atividades? ( ) Sim ( ) Não

2) Qual parte atividades você mais gostou e quais você menos 1 gostou?

ATIVIDADE 3) Vacê pensa que o cinema pode ajudar a compreender melhor as Apresente o obras literárias? Por quê? pequeno questionário ao lado e solicite 4) Você vai assistir a filmes da mesma maneira que assistiu até a que apresentem realização destas atividades? Justifique. as suas impressões sobre as 5) Que tipo de filme você faria caso fosse um grande cineasta? atividades. Comente.

a Todos pensam como eu? 1) Você gostou de participar destas atividades? 2 ( ) Sim ( ) Não 2) Qual filme/vídeo você mais gostou? Por quê? ATIVIDADE Agora você vai solicitar a seus 3) Você assiste a muitos filmes? Qual sua preferência? alunos que entrevistem os colegas da escola, professores e 4) Este tipo de atividade incentiva o alunos a aprender mais? Por visitantes sobre a quê? experiência de assistir a filmes produzidos pelos próprios 5) Dê a sua sugestão para futuros filmes: estudantes.. 23 REFERÊNCIAS

AMARAL, Fernando Pinto do. O prazer e o dever. In: Ensino da literatura. Reflexões e propostas a contracorrente. Org. Maria Isabel Rocheta e Margarida Brada Neves. Edições Cosmos: Universidade de Lisboa, 1999.

AMARAL, Suzana do. A hora da estrela, 96 min. Embrafilmes, Rio de Janeiro, 1985.

ARAGÃO, Cleyda. Do livro a tela: identidade e representação em A Hora da Estrela de Clarice Lispector. Dissertação de Mestrado em Letras. Fortaleza, CE: UECE, 2009. Disponível in: http://www.uece.br/posla/dmdocuments/gleydaluciacordeirocostaaragao.pdf. Acesso em: 02 dez. 2012.

AUMONT, Jacques e MARIE, Michel. Dicionário teórico e crítico de cinema. Campinas: Papirus, 2003.

AZEVEDO, Ana Luiza. Antes que o mundo acabe / roteiro Ana Luiza Azevedo [et al.]; produção executiva Luciana Tomasi, Nora Goulart; direção Ana Luiza Azevedo – São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2010.

______. Antes que o mundo acabe. 104 min. Filme da Casa de Cinema de Porto Alegre. Porto Alegre, 2010.

CAFFÉ, Eliane. Narradores de Javé. 102 min. NTSC Cor. Produzido e distribuído por Videolar S. A., de Manaus, sob licença de Videofilmes Produções Artísticas LTDA, 2005.

CANDIDO, Antonio. Literatura e Sociedade: Estudos da Teoria e História Literária. 11. ed. revista pelo autor. Rio Janeiro: Ouro sobre Azul, 2010.

CUNHA, Marcelo Carneiro da. Antes que o mundo acabe. 17. ed. Porto Alegre: Projeto, 2012.

FRESQUET, A. M. Fazer Cinema na Escola: pesquisa sobre as experiências de Alain Bergala e Núria Aidelman Feldman. 2008. GT-16: disponível em: http://www.anped.org.br/reunioes/31ra/1trabalho/GT16-4996--Int.pdf. Acesso em: 02 dez. 2012.

GAPARIN, João Luiz Gasparin. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 5 ed. Campinas: Autores Associados, 2011.

KOCH, I.V; ELIAS, V.M. Ler e escrever: estratégias de produção textual. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2011.

KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de Metodologia Científica: teoria da ciência e prática da pesquisa. 15. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

LIMA, Amauri de. Identidade, memória, oralidade e escrita em Narradores de Javé. Dissertação de Mestrado em Letras. Cascavel, PR: UNIOESTE, 2009. Disponível in: cac-php.unioeste.br/pos/.../amauri_de_lima.pdf . Acesso em: 02 dez. 2012.

LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro, Rocco, 1998.

LOTMAN, Yuri. Estética e Semiótica do Cinema. Lisboa: Editorial Estampa, 1978.

MORI, Nerli Nonato Ribeiro. Metodologia da Pesquisa. Eduem: Maringá, 2010.

NAPOLITANO, Marcos. Cinema: experiência cultural e escolar. In: São Paulo (Estado) Secretaria da Educação. Caderno de cinema do professor: dois. Fundação para o Desenvolvimento da Educação; organização, Devanil Tozzi ... [e outros]. - São Paulo: FDE, 2009.

______. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2010.

NUNES, Lygia Bojunga. A troca e a tarefa. In: Tchau. Rio de Janeiro: Agir, 1985.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Educação Básica. Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Língua Portuguesa. 2009.

PARO, Vitor. Educação como exercício do poder: crítica ao senso comum em educação. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2010.

SIRINO, Salete Paulina Machado. Cinema e Educação: Pensando em uma Proposta de Ensino do Cinema Brasileiro. Cáceres: Revista Ecos vol. N. 12 – Ano IX, 2012. Disponível in: http://www.unemat.br/revistas/ecos. Acesso em: 02 dez. 2012.

TAMARU, Angela Harumi. Descrição e Movimento: imagens descritivas no cinema e na literatura. São Paulo: Scortecci,24 2006.

VÁZQUEZ, Adolfo Sanches. As ideais estéticas de Marx. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Ed. São Paulo: Expressão Popular, 2010.