Ephemerelloidea (Insecta: Ephemeroptera) Do Brasil
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Volume 47(19):213-244, 2007 Ephemerelloidea (Insecta: Ephemeroptera) do Brasil Lucimar G. Dias1,3 Carlos Molineri2 Paulo S.F. Ferreira1 AbsTRacT In the present paper new records of the superfamily Ephemerelloidea are presented from Brazil. Keys to the identification of adults and nymphs of all documented families, genera and species in the country are also presented. The genera included are: Amanahyphes Salles & Molineri (1 species), Coryphorus Peters (1 species), Leptohyphes Eaton (5 species), Leptohyphodes Ulmer (1 species), Macunahyphes Dias, Salles & Molineri (1 species), Melanemerella Ulmer (1 species), Traverhyphes Molineri (4 species), Tricorythodes Ulmer (6 species), and Tricorythopsis Traver (9 species). Keywords: Taxonomy, Pannota, Ephemerelloidea, Southeast region, Brazil. INTRODUÇÃO encontra unida às veias A e CuA por uma veia trans- versal. A superfamília Ephemerelloidea encontra-se Na América do Sul, Ephemerelloidea está repre- agrupada com Caenoidea (Caenidae e Neoephe- sentada por três famílias: Leptohyphidae, Corypho- meridae) dentro da subordem Pannota (McCa- ridae e Melanemerellidae. Destas, Leptohyphidae é a fferty, 1991). Ephemerelloidea é um grupo diverso, mais diversa (distintos autores reconhecem entre 12 de distribuição mundial e formado por 8 famílias a 18 gêneros) e apresenta uma distribução Panameri- (McCafferty & Wang, 2000). Algumas caracterís- cana, enquanto Coryphoridae e Melanemerellidae são ticas de Ephemerelloidea (Kluge, 2004) são: ninfas monotípicas e endêmicas da América do Sul (Moli- com palpos maxilares sem musculatura e geralmente neri et al., 2002; Molineri & Domínguez, 2003; Orth reduzidos ou ausentes, paraglossas fusionadas ao sub- et al., 2000; Peters, 1981; Ulmer, 1920). mento, brânquias abdominais sobrepondo as sub- Um significativo avanço no conhecimento seqüentes, às vezes formando verdadeiras brânquias taxonômico dos Ephemerelloidea na América do Sul operculares (nos segmentos abdominais II, III ou IV, ocorreu a partir da década de 90 (Domínguez et al., dependendo do grupo). Os adultos se caracterizam 2006; Pescador et al., 2001; Salles et al., 2004). Nesta por apresentar fórceps com segmento terminal curto região, a superfamília está atualmente constituída por (às vezes ausentes) e, nas asas anteriores, a veia CuP se doze gêneros e 74 espécies (Domínguez et al., 2004; 1. Museu de Entomologia, Departamento de Biologia Animal, Universidade Federal de Viçosa, MG, Brasil. 2. INSUE-CONICET, Facultad de Ciencias Naturales, Universidad Nacional de Tucumán, Argentina. 3. E-mail: [email protected] 214 Dias, L.G. ET AL.: Ephemerelloidea do Brasil Emmerich, 2004; Molineri, 2004). No Brasil, os ResULTadOS Ephemerelloidea estão representados por nove gêne- ros e 29 espécies (Dias & Salles, 2005, 2006; Salles Leptohyphidae: et al., 2004; Salles & Molineri, 2006; Siegloch & Fro- ehlich, 2006). Gênero: Amanahyphes Salles & Molineri (MONOTÍ- Neste trabalho, são apresentados novos registros PICO) para a região Sudeste do Brasil, chaves de identifica- ção para as famílias, gêneros e espécies brasileiras de Espécie-tipo: Amanahyphes saguassu Salles & Molineri, Ephemerelloidea e diagnose dos gêneros e espécies 2006. com suas respectivas citações complementares e dis- tribuição geográfica. Diagnose: Adulto: 1) olhos dos machos (Figs. 1A-B) grandes em relação ao das fêmeas, apresentando uma porção superior e outra inferior distintas em tamanho, MATERial E MÉTODOS ambas com coloração negra; 2) asa anterior não alar- gada na região anal (Fig. 2); 3) asa posterior ausente A terminologia morfológica utilizada neste tra- em ambos os sexos; 4) presença de longos filamentos balho foi baseada nas descrições originais das espécies membranosos no mesoescutelo (Fig. 3); 5) fórceps e gêneros, e em recentes revisões (Molineri, 2001a, bissegmentado (Fig. 5); 6) pênis fusionado, exceto 2002, 2003, 2004; Molineri et al., 2002; Molineri incisão apical. Ninfas: 1) olhos dos machos grandes & Domínguez, 2003). Na distribuição geográfica das em relação ao das fêmeas; 2) palpo maxilar reduzido espécies, os asteriscos usados nos estados e municípios e setiforme (Fig. 6); 3) teca alar posterior ausente em indicam novos registros para os mesmos. ambos os sexos; 4) pernas longas e delgadas (Fig. 7); As seguintes abreviaturas representam as insti- 5) região dorsal do fêmur de todas as pernas com 5-7 tuições onde estão depositados os espécimes examina- cerdas espatuladas, formando uma fileira transversal dos no trabalho: MNRJ, Departamento de Entomo- subdistal sigmóide (Fig. 7); 6) brânquias presentes logia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio nos segmentos abdominais II-V, lamela da brânquia de Janeiro, RJ, Brasil; DZRJ, Coleção Entomológica, com margem inteiriça (Fig. 8), ou seja, sem série de Departamento de Zoologia, Universidade Federal do lobos imbricados como em Leptohyphodes (Fig. 31B); Rio de Janeiro, RJ, Brasil; UFVB, Museu Regional de 7) brânquia II arredondada em forma de gota, com Entomologia, Universidade Federal de Viçosa, MG, linha transversal fracamente esclerosada (Fig. 8) e Brasil. tocando na linha mediana; 8) fórmula branquial: Abaixo do nome de cada gênero e espécie tra- 5/4/3/2. tados no presente trabalho são listadas as referências bibliográficas de cunho taxonômico concernente a Registro Geográfico (Tabela 1): Brasil: Amazonas cada táxon. (Manaus). Um mesmo conjunto de caracteres foi utilizado para diferenciar os gêneros de Leptohyphidae, assim Gênero: Leptohyphes Eaton como para as espécies dentro de um gênero ou subgê- nero. Em alguns casos foram incluídos caracteres adi- Espécie-tipo: Leptohyphes eximius Eaton, 1882:208; cionais “autapomórficos” para facilitar a identificação. Eaton, 1883:15; Eaton, 1884:140; Traver, 1958a:497; Como as famílias Melanemerellidae e Coryphoridae Needham & Murphy, 1924:32; Edmunds et al., são monotípicas esse critério não foi adotado. 1963:17; Allen, 1967:350; Allen, 1978:541; Ulmer, Na diagnose de alguns gêneros, subgêneros e 1933:206; Molineri, 2003:49. Bruchella Navás, espécies foi usado o caráter fórmula branquial [Ex.: 1920:56; Ulmer, 1933:207; Demoulin, 1952:281; fórmula branquial do subgênero Traverhyphes s.str.: Traver, 1958a:494. Cotopaxi Mayo, 1968:301; 3/4/3-4/3/2 (Fig. 50B-F)], onde o primeiro número Wiersema & McCafferty, 2000:340; McCafferty & representa o número de lamelas presentes em cada Wang, 2000:58; Domínguez et al., 2001:18. brânquia do primeiro par de brânquias, o segundo número representa o número de lamelas presentes em Diagnose: Adulto: 1) olhos dos machos de tamanho cada brânquia do segundo par de brânquias, e assim similar aos da fêmea; 2) asa anterior não alargada na sucessivamente. Quando o número de lamelas bran- região anal (Figs. 9A, 10A); 3) asa posterior presente quiais variar, o número de lamelas possíveis será apre- nos machos (Figs. 9A, 10A), nas fêmeas pode está sentado separado por hífen. presente (Fig. 9B), reduzida ou ausente; 4) presença Papéis Avulsos de Zoologia, 47(19), 2007 215 de longos filamentos membranosos no mesoescutelo; Leptohyphes mollipes Needham & Murphy 5) fórceps trissegmentado com segmento distal arre- dondado; 6) pênis dividido na 1/2 apical, extremos Leptohyphes mollipes Needham & Murphy, 1924:32; divergentes em ângulos variados (Fig. 11, 12); 7) ápice Lestage, 1931:60; Traver, 1958a:500; Hubbard, do pênis formado por lobos membranosos e por um 1982:274; Molineri, 2003:63. espinho mais ou menos esclerotizado (Fig. 11, 12). Ninfa: 1) olhos dos machos de tamanho similar aos Comentários: A espécie L. mollipes foi descrita base- da fêmea; 2) palpo maxilar relativamente grande, tris- ada em adultos de ambos os sexos. Baseando-se nos segmentado (Fig. 15); 3) teca alar presente somente desenhos originais (Needham & Murphy 1924), esta nos machos, ausente ou presente nas fêmeas; 4) região espécie poderia ser caracterizada por: 1) ausência de dorsal do fêmur anterior com fileira transversal de cer- veia ICu2 nas asas anteriores, 2) veia CuP da asa ante- das na região mediana, e fêmures mediano e posterior com fileira transversal de cerdas na base (Figs. 17-19); Tabela 1: Lista das espécies de Ephemerelloidea registradas para 5) brânquias presentes nos segmentos abdominais o Brasil. II-VI; 6) brânquia II ovalada, com uma crista pouco manchada e com projeção na base da lamela ventral Espécies de Ephemerelloidea Estados Brasileiros em que (Fig. 23-25); 7) fórmula branquial muito variável: registradas para o Brasil estão registradas Amanauhyphes: 3/6-10/6-8/5-8/5-1. A. saguassu AM Coryphorus: C. aquilus AM, PA Allen Leptohyphes cornutus Leptohyphes: L. cornutus SC, GO, RJ, ES*, MG* Leptohyphes cornutus Allen, 1967:357; Hubbard, L. mollipes Localidade Desconhecida 1982:273; Molineri, 2003:55. L. peterseni SC L. plaumanni SC, RJ, MG*, SP, ES* Diagnose: Adulto: 1) membrana da asa com coloração L. populus AM parda amarelada; 2) veias longitudinais pardas ama- Leptohyphodes: reladas sombreadas com negro; 3) veias transversais L. inanis SP, MG*, RJ* unindo as veias longitudinais com a margem poste- Macunahyphes: rior da asa (Figs. 9A, B); 4) asa posterior presente em M. australis PA, PR, MT, RR ambos sexos; 5) genitálias como na Fig. 11. Ninfa: Melanemerella: 1) olhos dos machos não divididos (Fig. 16); 2) região M. brasiliana SP, ES, RJ* dorsal da cabeça, pronoto e mesonoto com pares de Traverhyphes: tubérculos (Fig. 16); 3) coxa anterior e mediana com T. (M.) edmundsi RS, SC, PR, SP projeção dorsal, maior na coxa mediana (Fig. 17A, T. (T.) indicator SP B); 4) espinhos na região dorsal dos fêmures mediano T.