TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA Fls 1572. DIRETORIA DE CONTROLE DE ATOS DE PESSOAL

PROCESSO Nº: TCE-10/00703611 UNIDADE GESTORA: Prefeitura Municipal de Joinville RESPONSÁVEIS: Marco Antônio Tebaldi – Prefeito Municipal de 30/04/2002 a 31/12/2008 Carlito Merss – Prefeito Municipal de 1º/01/2009 a 31/12/2012 INTERESSADO: Assis Marciel Kretzer – Promotor de Justiça ASSUNTO: Irregularidades atinentes ao pagamento de pró-labore a médicos e dentistas da rede municipal de saúde RELATÓRIO N.: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo

1. INTRODUÇÃO

Tratam os presentes autos de TOMADA DE CONTAS ESPECIAL, decorrente de Representação formulada pelo Sr. Assis Marciel Kretzer, Promotor de Justiça da 13ª Promotoria de Justiça da Comarca de Joinville, por meio do Ofício n. 272/2010/13ª PJ, do dia 17/09/2010, acostado às fls. 02 e 03, e anexos de fls. 04 a 402, relatando irregularidades atinentes ao pagamento de pró-labore a médicos e dentistas da rede municipal de saúde do Município de Joinville, em descumprimento ao previsto no art. 37, inciso X, da Constituição Federal.

O Corpo Técnico desta Diretoria de Controle de Atos de Pessoal (DAP), ao compulsar os autos, inicialmente editou o Relatório n. 00896/2011 (fls. 403 a 431), pugnando pelo conhecimento da Representação e a realização de diligência junto à Prefeitura Municipal de Joinville, para que fossem encaminhados documentos e esclarecimentos necessários à instrução dos autos, no que foi acatado pela Conselheira Substituta, de acordo com a Decisão Singular acostada às fls. 435 a 437.

Tendo em vista os documentos e informações prestadas pela Prefeitura Municipal de Joinville, foi editado o Relatório de Audiência n. 1783/2013 (fls. 1241 a 1248), autorizada pelo Conselheiro Relator e remetida aos responsáveis por meio dos Ofícios n. 6.728/2013 (Sr. Marco Antônio Tebaldi – fl. 1249), 6.729/2013 e 10.121/2013 (Sr. Carlito Merss – fls. 1250 e 1272,

1 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo respectivamente). O Sr. Marco Antônio Tebaldi juntou suas justificativas às fls. 1257 a 1269.

No que tange ao Sr. Carlito Merss, cabe informar que restaram infrutíferas as tentativas de entrega dos ofícios supracitados, sendo procedida a audiência do referido por edital, de acordo com as disposições constantes no art. 57, inciso IV, da Resolução n. TC-06/2001 (Regimento Interno do Tribunal de Contas), a qual foi autorizada pelo Conselheiro Relator (fls. 1276 e 1277). Verifica-se nos autos que o responsável em tela não juntou suas justificativas no presente processo.

Tendo em vista que restaram algumas questões a serem esclarecidas, foi editado novo Relatório, de n. 1817/2014 e juntado às fls. 1278 a 1287v, que sugeriu ao Diretor da DAP diligenciar à Prefeitura Municipal de Joinville para que encaminhasse documentos e informações indispensáveis à instrução do processo, no que foi respondido, em parte, às fls. 1297 a 1483.

A análise dos documentos acostados pela unidade gestora sedimentou os entendimentos já esposados no decorrer da instrução do presente processo, o que resultou na edição do Relatório Técnico n. 4593/2014 (fls. 1486 a 1495), que sugeriu ao Tribunal Pleno a conversão da Representação em Tomada de Contas Especial e a Citação dos responsáveis Marco Antônio Tebaldi (Prefeito Municipal de Joinville de 30/04/2002 a 31/12/2008) e Carlito Merss (Prefeito Municipal de Joinville de 1º/01/2009 a 31/12/2012), para que apresentassem alegações de defesa e/ou recolhessem a quantia devida acerca das irregularidades apuradas.

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas editou o Parecer n. MPTC/29.486/2014 (fls. 1497 a 1502), manifestando-se igualmente pela conversão do presente processo em Tomada de Contas Especial e pela Citação dos responsáveis.

O Tribunal Pleno desta Corte de Contas, ao compulsar os autos e apreciar o voto emitido pelo Conselheiro Relator, de n. GAC/HJN – 300/2014 (fls. 1503 a 1505), exarou a Decisão Plenária n. 0039/2015 (fls. 1513 e 1513v), nos seguintes termos:

O TRIBUNAL PLENO, diante das razões apresentadas pelo Relator e com fulcro no art. 59 c/c o art. 113 da Constituição do Estado e no art. 1° da Lei Complementar n. 202/2000, decide: 2 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo Fls 1573.

6.1. Converter o presente processo em "Tomada de Contas Especial", nos termos do art. 32, da Lei Complementar n. 202/2000, tendo em vista as irregularidades apontadas pelo Órgão Instrutivo, constantes do Relatório DAP/Insp.1/Div.1 n. 04593/2014. 6.2. Determinar a CITAÇÃO dos Responsáveis adiante discriminados, nos termos do art. 15, II, da Lei Complementar n. 202/2000, para, no prazo de 30 (trinta) dias, a contar do recebimento desta deliberação, com fulcro no art. 46, I, b, do mesmo diploma legal c/c o art. 124 do Regimento Interno deste Tribunal, apresentar alegações de defesa, e/ou recolher a quantia devida, acerca do pagamento de ―gratificação de produtividade‖, nos valores a seguir especificados - os quais deverão ser atualizados, de acordo com a legislação vigente - a médicos e dentistas em exercício de função no Município de Joinville sem previsão legal, sem a comprovação da contraprestação, e a profissionais que não estavam no quadro da Prefeitura Municipal de Joinville, nos exercícios especificados abaixo (Quadros 01 e 02 do Relatório DAP), em desacordo com o previsto no art. 37, X, da Constituição Federal; irregularidade essa ensejadora de imputação de débito e/ou aplicação de multa prevista nos arts. 68 a 70 da Lei Complementar n. 202/2000: 6.2.1. do Sr. MARCO ANTÔNIO TEBALDI – Prefeito Municipal de Joinville no período de 30/04/2002 a 31/12/2008, CPF n. 256.712.350-49, referente aos exercícios de 2005 a 2008, quanto ao montante de R$ 9.867.677,59 (nove milhões, oitocentos e sessenta e sete mil e seiscentos e setenta e sete reais e cinquenta e nove centavos); 6.2.2. do Sr. CARLITO MERSS – Prefeito Municipal de Joinville de 1º/01/2009 a 31/12/2012, referente ao exercício de 2009, quanto ao montante de R$ 4.043.941,27 (quatro milhões, quarenta e três mil e novecentos e quarenta e um reais, e vinte e sete centavos); 6.3. Dar ciência desta Decisão, bem como do Relatório e Voto do Relator que a fundamentam, aos Responsáveis nominados no item 3 desta deliberação, ao procurador constituído nos autos, à Prefeitura Municipal de Joinville e ao Representante. O responsável Marco Antônio Tebaldi juntou sua resposta à citação às fls. 1529 a 1545, assim como o responsável Carlito Merss, que acostou sua resposta às fls. 1548 a 1555, com anexos juntados às fls. 1556 a 1567. Tais alegações serão analisadas no item a seguir.

2. ANÁLISE

O presente processo trata de Tomada de Contas Especial, advinda de Representação formulada por membro do Ministério Público do Estado de Santa Catarina, acerca de irregularidades atinentes ao pagamento de pró- labore a médicos e dentistas da rede municipal de saúde do Município de Joinville, em descumprimento ao previsto no art. 37, inciso X, da Constituição Federal.

3 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo A análise dos documentos acostados aos autos demonstrou que 196 (cento e noventa e seis) profissionais da área médica e odontológica que exerciam suas funções no Município de Joinville entre os exercícios de 2005 a 2009 perceberam valores, a título de ―gratificação de produtividade‖, sem previsão legal e sem comprovação de que teriam efetuado procedimentos que embasassem o pagamento de tais valores, bem como por meio de depósito direto em conta bancária, sem a correspondente demonstração da verba no contracheque. O quadro abaixo especifica os valores auferidos em decorrência da situação aqui narrada:

QUADRO 01 – Planilha com os nomes dos profissionais que receberam “gratificação de produtividade”, com os respectivos valores em reais, por exercício e em sua totalidade Nome 2005 2006 2007 2008 2009 TOTAL 1 Armando Dias Pereira - - - 21.766,52 8.098,48 29.865,00 Junior 2 Agostinho Rosa - - - - 696,40 696,40 3 André Tuma - - 12.883,00 26.900,17 5.756,37 45.539,54 4 Adelina Elisabeth 30.758,46 10.410,00 10.500,00 17.923,17 27.581,08 97.172,71 Lehmkuhl 5 Adriana Morato Rosas 9.377,93 6.025,00 6.870,00 23.024,95 15.623,73 60.921,61 6 Adriano Eduardo Rosa - 540,00 26.468,71 24.411,45 20.376,22 71.796,38 7 Alesandra Queiroz - - 11.874,08 264,00 2.462,57 14.600,65 Cerqueira 8 Alessandra Barcellos 8.146,08 7.695,52 16.438,92 3.020,56 - 35.301,08 Petracco 9 Alexandre Duarte - - 27.417,70 64.812,81 66.932,70 159.163,21 Baumer 10 Alexandre Carvalho - - - 8.114,75 9.757,58 17.872,33 Gliosci 11 Alexandre Gonsalves - - - 38.002,44 49.908,55 87.910,99 Carvalho 12 Aline Carla Bubniak 10.225,04 7.019,09 12.537,89 21.615,60 11.650,40 63.048,02 Reichardt 13 Aline Santiago - - - 4.921,86 1.282,85 6.204,71 14 André Ramos da Costa 20.105,61 16.754,40 21.230,74 20.859,03 10.459,42 89.409,20 Moreira 15 Amanda L. Figueiredo 6.310,00 17.817,35 - - - 24.127,35 16 Antônio Carlos Ribeiro 47.336,74 28.930,00 26.168,46 37.731,03 34.166,69 174.332,92 de Marichal 17 Apolinar Aris Panozo 51.299,78 54.511,75 81.187,21 69.931,46 - 256.930,20 18 Asdrúbal César da 12.460,94 - - - - 12.460,94 Cunha 19 Antonio de Paula 13.309,04 3.097,60 11.226,63 23.342,52 19.865,87 70.841,66 Ferreira Júnior 20 Arthur How Min Wong - - - 32.843,32 30.195,93 63.039,25 21 Alan Vieira Barlete - - - 17.448,61 23.519,83 40.968,44 22 Betina Mac Ginity - - - 9.315,89 22.268,68 31.584,57 Vilarino 23 Beatriz Reu - 3.344,94 3.748,65 7.343,97 770,00 15.207,56 24 Bruno Meira 10.649,52 46.417,26 35.946,66 366,18 - 93.379,62 25 Carlos Alberto Machaco 22.942,49 17.542,45 23.519,12 22.322,90 20.404,17 106.731,13 26 Carlos Alberto Corsi - - - - 611,97 611,97 Janota 27 Carlos Alberto Seabra 11.235,00 9.230,00 9.035,00 22.621,43 27.384,00 79.505,43 Assunçao 28 Carlos Augusto Pedroso 73.786,46 66.602,12 48.511,84 67.034,81 75.429,02 331.364,25 29 Caetano da Costa - - - 8.544,62 15.080,85 23.625,47 Souza 30 Cassiano Gonçalves 5.627,94 13.274,40 40.682,06 75.723,49 85.941,55 221.249,44 Ucker 31 Carlos Eduardo P. - - - 1.133,87 2.373,00 3.506,87 Arruda 4 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo Fls 1574.

32 Carlos Eduardo Boeira 25.328,45 3.619,26 7.045,00 - 124,20 36.116,91 33 Carlos Roberto Campos - - 8.769,00 9.048,54 - 17.817,54 34 Claudia Aparecida 7.393,86 5.855,00 7.820,00 10.010,08 11.352,53 42.431,47 Feron 35 Claudia Steuernagel 4.691,72 8.930,36 12.125,93 17.671,00 17.333,65 60.752,66 Kravtchenko 36 Claudio Celso Faria - 6.355,00 77.940,32 40.565,18 40.994,32 165.854,82 37 Clovis Vitali Filho 69.889,77 62.297,49 53.956,41 57.010,60 53.735,99 296.890,26 38 Cristina Aparecida 5.706,94 - 5.005,50 19.693,20 7.436,26 37.841,90 Rahine 39 Carmen L. M. C. de 11.360,40 1.593,50 2.710,00 28.633,03 21.208,66 65.505,59 Gregório 40 Cristina Reghlin 1.867,97 - - - - L867,97 41 Carin Albino - - - 5.096,32 13.275,14 18.371,46 42 Danielle Machado - - 2.429,93 3.446,76 9.358,56 15.235,25 Moreira Ramos 43 Daniela Débora - 5.205,15 17.513,66 - - 22.718,81 Gonçalves 44 Danielle M. Manganelli - - - 16.984,18 4.865,75 21.849,93 45 Dalva Maria N. Ramos - - - 12.426,41 25.342,47 37.768,88 46 Dionete Alles Silva 24.749,83 21.156,76 28.791,14 31.611,43 24.982,17 131.291,33 47 Deonizio Werlich - - - 11.063,74 6.431,59 17.495,33 48 Eduardo G. S. Neto - - 2.916,20 33.074,30 46.992,12 82.982,62 49 Eduardo Júlio Selbach - 8.877,09 14.796,70 24.994,24 23.689,15 72.357,18 50 Eduardo Augusto de - - - 18.171,13 23.125,06 41.296,19 Oliveira H. Paul 51 Edgar Vitor Huscher - - 12.219,33 51.772,53 35.169,93 99.161,79 52 Elisa Schenkel 27.985,00 28.510,00 17.695,00 31.804,61 37.454,66 143.449,27 53 Elisabeth Abreu Pereira 15.095,00 16.075,00 11.165,00 23.901,38 35.717,24 101.953,62 54 Emilene Cristina da - - 2.657,15 13.865,82 9.019,83 25.542,80 Cunha 55 Eugênio B. Chaves 1.320,00 15.597,13 36.012,12 - - 52.929,25 56 Euler Teixeira Andrade 1.925,97 - 1.492,74 4.651,71 2.610,40 10.680,82 57 Evelise Boehm Naka 12.736,05 10.893,49 14.821,18 12.520,65 16.139,43 67.110,80 58 Elvenise Peres Elias 12.475,24 33.441,50 28.195,62 40.178,87 45.042,21 159.333,44 59 Fabíola Fátima Keiko 10.268,05 - 163,04 330,00 4.093,49 14.854,58 Yamada Pretto 60 Fernando Ritzmann 8.615,00 10.463,46 10.137,90 3.620,89 - 32.837,25 61 Francisco Carlos de 35.245,00 41.070,00 2.750,00 - - 79.065,00 Melo 62 Francisco Farias Costa 17.966,45 18.772,99 1.174,08 - - 37.913,52 Júnior 63 Franco Haritsch 8.440,73 5.954,44 4.284,32 124,80 - 18.804,29 64 Franciani Dal Fono - 5.610,72 14.904,34 20.515,06 Scholz 65 Fábio Fernandes da 5.478,76 - 5.666,00 13.784,76 24.599,12 49.528,64 Rosa 66 Flávia Helena de Freitas - - 1.835,00 14.276,62 10.458,11 26.569,73 Moner - 29.985,53 67 Fernanda Correa - 6.957,17 1.557,20 21.471,16 Bitencourt 68 Gabriela Roncone 10.612,98 6.814,84 - - - 17.427,82 Gastal 69 Giuliano Teixeira Pacher 13.434,79 12.526,91 17.838,41 21.602,65 16.070,03 81.472,79 70 Gilberto C. Pasqualotto - - 5.189,38 37.756,05 35.643,39 78.588,82 71 Gustavo Nelson Garcia - - 9.550,00 41.390,09 53.216,39 104.156,48 Cardenas 72 Glenio Fernandes 1.956,28 - - 23.423,75 19.151,25 44.531,28 Nunes Kanaan 73 Glaura Guimarães - - 3.777,59 49.573,63 67.977,93 121.329,15 Mariusso 74 Gerson de Mattos Ritz - - 2.325,79 32.782,28 47.736,85 82.844,92 Filho 75 Gustavo Lara Ochoa - - 1.319,53 14.706,37 30.170,91 46.196,81 76 Gerd Baggenstoss - - - 4.219,63 2.956,80 7.176,43 Junior 77 Gustavo Maciel Gouvêa 1.601,22 2.953,68 3.329,02 4.696,32 11.542,20 24.122,44 78 Jackson T. Martins 5.365,00 15.514,38 12.973,41 213,48 - 34.066,27 79 Jobair Schapaschek 30.900,00 49.801,52 57.126,14 68.069,85 59.217,93 265.115,44 80 Jonas Ferreira Nunes da - 10.854,95 30.198,70 24.099,84 22.617,79 87.771,28 Silva 81 Jonny César Souza 6.627,25 8.753,13 12.527,78 10.233,64 9.601,69 47.743,49

5 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo 82 Jorge Demétrio 9.337,86 10.778,58 17.393,60 31.248,51 33.903,41 102.661,96 Albernaz Filho 83 José Luiz de Freitas 10.412,88 14.275,00 19.912,80 26.150,84 21.722,78 92.474,30 Oliveira 84 José Carlos Teixeira de - 2.556,00 20.268,00 33.134,08 45.770,73 101.728,81 Freitas 85 Juliano Kohler - - - - 41.187,68 41.187,68 Ganzenmuller 86 José Carlos Coelli - - 1.195,07 2.754,55 1.156,68 5.106,30 87 Juliana Vieira Gomes - - - - 7.402,27 7.402,27 88 Juliana A. D. Fronza - - - 15.501,17 16.925,08 32.426,25 89 Juan Antônio Navia 459,57 111,01 44.815,32 39.258,41 17.178,87 101.823,18 Ordonez 90 Karla Subtil de Moraes - - 5.439,63 9.354,38 44.469,45 59.263,46 Machado 91 Kátia de M. Elkbaittb - - 5.036,00 8.544,96 7.689,93 21.270,89 92 Keitiane M. Kaefer - - - 4.024,01 13.912,92 17.936,93 93 Kink Douglas L. - 10.566,72 15.205,94 25.002,98 11.482,51 62.258,15 Tonchuk 94 La Hore Tjada Schuster 1.030,00 28.779,31 21.537,55 - - 51.346,86 95 Larissa Carolina - - 12.447,45 23.350,29 40.705,45 76.503,19 Sgrigotti 96 Lenise de Souza 25.291,59 32.882,80 40.107,85 63.389,53 66.043,29 227.715,06 Ferreira Arias 97 Laura R. G. Grecol 1.475,00 1.959,82 - - - 3.434,82 98 Letícia Santos de 9.425,08 10.880,04 10.595,00 31.545,78 33.893,38 96.339,28 Freitas 99 Lúcia Fátima de Castro 5.627,44 4.981,92 9.967,24 9.880,65 11.057,51 41.514,76 Ávila 100 Louise Trindade de - - - 6.611,76 33.994,14 40.605,90 Oliveira 101 Luiz Afonso da Fonseca - - 1.558,81 11.394,84 27.371,91 40.325,56 102 Lúcia Costa Santos - - - 132,00 9.327,58 9.459,58 103 Luiz Carlos da Silva 15.580,00 16.237,00 18.080,84 30.216,77 35.883,74 115.998,35 Filho 104 Luciane G. do Carmo - - 22.195,75 44.944,32 39.440,06 106.580,13 Toledo 105 Luciana Krause Santana - 15.923,46 2.200,00 - - 18.123,46 106 Lusinete Henriques - - 3.759,60 343,20 820,64 4.923,44 Soares 107 Lilian Rocha 4.114,62 1.355,00 9.930,06 3.575,98 3.358,04 22.333,70 108 Luiz Mário Durieux - - - 17.548,60 4.441,24 21.989,84 109 Marco Aurélio Lopes - 4.006,99 14.450,96 24.958,20 50.955,15 94.371,30 Gamborgi 110 Marcelo da Rosa Prates 31.039,67 43.338,97 39.707,92 81.580,24 77.345,57 273.012,37 111 Marcelo Ferreira de 26.657,47 16.100,00 13.947,68 - - 56.705,15 Lima 112 Marco A. Severgnini 7.115,00 7.315,00 9.775,00 26.397,96 22.028,58 72.631,54 113 Marco Antônio Silva 22.093,23 11.595,00 14.305,00 25.262,03 27.382,26 100.637,52 Molina 114 Margarete Damian 19.564,50 9.315,00 7.295,00 18.846,64 28.495,28 83.516,42 115 Daroit 7.690,00 9.995,00 11.277,00 4.528,74 20.658,08 54.148,82 116 Marcelo Saavedra - 646,88 34.242,46 12.978,92 - 47.868,26 Arana 117 Marcelo Thome Schein 11.400,76 12.803,88 21.761,92 19.820,24 17.604,15 83.390,95 118 Márcio Passeri Hansen 21.238,46 21.780,00 21.305,23 30.546,47 32.455,37 127.325,53 119 Marcos A. de Moura - - 7.185,76 50.820,58 31.812,11 89.818,45 Campos 120 Maria Adelaide dos S. - - 24.152,27 48.078,88 40.385,05 112.616,20 R. de Deus 121 Maria Cláudia Coutinho 8.382,22 11.919,32 18.141,22 16.738,79 17.806,73 72.988,28 Rocha 122 Maria Rita de Cássia 4.855,00 215,00 - 3.327,83 24.014,70 32.412,53 Valente Aragão 123 Marilise Alves 7.470,00 6.560,00 2.711,65 - - 16.741,65 124 Marisa Peçanha 35.190,00 44.585,22 51.280,80 58.930,23 53.776,17 243.762,42 Knelsen 125 Moacir de Freitas - - 16.558,77 8.151,18 4.818,16 29.528,11 Toledo 126 Maria Júlia Alves 5.408,46 4.063,75 16.958,20 31.843,04 30.839,64 89.113,09 Coimbra 127 Maria das Graças Macia 4.195,00 6.800,00 4.850,12 - - 15.845,12 128 Maurício Benetton de 2.335,00 16.855,00 17.715,80 - - 36.905,80 Medeiros 6 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo Fls 1575.

129 Marcelo Gonçalves - - - - 6.092,77 6.092,77 130 Marcos André Wehmuth 3.690,41 - 5.853,00 16.494,37 17.304,75 43.342,53 131 Marília Luz Daddario - - 4.259,18 17.826,44 25.169,51 47.255,13 132 Margarita Conceição R. - - 9.349,90 13.043,68 18.806,62 41.200,20 Souto 133 Messimara Dias - - 11.676,52 23.811,34 17.235,36 52.723,22 Rodrigues 134 Marco Antônio Lopes - - - 23.270,02 23.323,94 46.593,96 Braga 135 Milena Zanella - - - - 14.200,64 14.200,64 136 Maria Dalva de S. - - 6.838,68 23.380,61 17.225,88 47.445,17 Schroeder 137 Marilena Celino 4.161,40 - 8.514,19 29.136,90 15.744,37 57.556,86 Cavalcanti 138 Mônica Behuke - - 3.191,60 894,00 4.085,60 Damásio 139 Mário Sérgio Loma 3.507,19 93,86 3.252,82 660,00 2.587,20 10.101,07 Vidotto 140 Melvis Bazanini - - 4.080,00 16.633,26 8.595,12 29.308,38 141 Maurício J. Rodrigues - - 694,00 1.122,00 2.956,80 4.772,80 Mandalis 142 Mário Mejia Paz 2.003,75 - 3.939,00 10.987,87 8.578,80 25.509,42 143 Maria Cristina Gussela - 828,00 3.670,00 14.232,05 10.151,08 28.881,13 144 Nestor Daniel Huaco 20.274,60 11.150,00 9.940,00 21.741,82 32.868,62 95.975,04 Palomino 145 Nylton Luiz Flugel Jr. 26.790,00 23.459,96 2.019,50 46.173,28 - 98.442,74 146 Nelson Vieira do Carmo - - 23.892,66 36.368,01 30.212,12 90.472,79 Júnior 147 Orlando Poffo 55.983,65 48.622,66 62.364,63 47.420,88 35.877,28 250.269,10 148 Olga Elena Anzardo - - - 924,00 2.951,37 3.875,37 Licea 149 Orli Alberto Grudtner - 5.442,92 36.854,33 97.805,94 87.873,59 227.976,78 Junior 150 Patrícia Silva Farah 3.990,00 6.365,00 4.940,00 - 1.157,17 16.452,17 151 Patrick Hoepfner - - 19.372,81 8.309,11 - 27.681,92 152 Paulo Marco Anderli 18.246,89 17.661,96 24.277,13 22.656,68 17.208,39 100.051,05 153 Paulo André Ribeiro 29.523,73 26.762,89 17.827,18 35.897,92 14.011,58 124.023,30 154 Pedro Estácio Stumm 74.571,92 82.080,00 65.273,59 113.103,01 118.632,11 453.660,63 155 Paulo César de Simas 13.825,00 16.225,00 13.675,00 24.355,08 28.690,40 96.770,48 156 Paulo Duarte de 10.623,98 3.802,64 8.827,96 17.370,31 22.724,84 63.349,73 Carvalho 157 Paulo Roberto B. Costa - - - 20.136,10 26.833,31 46.969,41 158 Paolo Farris - - - 5.870,40 11.542,20 17.412,60 159 Ricardo Paredes 5.087,81 2.085,42 8.714,35 11.965,91 9.852,55 37.706,04 Rodrigues 160 Roberto Lauro Stelter 7.686,56 8.830,31 11.551,62 12.678,83 7.873,12 48.620,44 161 Rogério Dantas 12.830,45 11.750,20 15.229,25 18.379,02 28.070,61 86.259,53 162 Roberto de Almeida 73.057,19 61.620,00 35.900,00 32.150,52 31.912,47 234.640,18 Guedes 163 Rafaela de Campos 18.182,18 15.395,00 14.149,11 28.683,56 16.450,97 92.860,82 Benvenutti da Costa 164 Regiane da Silva - - - 7.957,84 6.949,12 14.906,96 165 Renato de Lima - - - 4.255,26 29.766,34 34.021,60 Pimentel 166 Rodrigo Haristsch 16.203,55 35.476,42 55.610,94 87.874,03 125.659,42 320.824,36 167 Ronaldo Bezerra da 19.270,00 26.661,91 26.621,05 29.419,25 21.251,55 123.223,76 Silva 168 Ramon Evelio Arzola - - - - 4.474,84 4.474,84 Calvo 169 Ronald Marcos de 2.801,46 - 20.146,98 31.532,87 32.894,39 87.375,70 Gregório 170 Rúbia Fuzza F. Santos - 6.695,00 13.572,49 10.146,42 - 30.413,91 171 Ricardo G. Timm 11.551,19 12.844,06 21.152,85 20.924,39 17.697,62 84.170,11 172 Rafael Armínio Selbach 15.971,09 2.480,46 551,88 124,80 - 19.128,23 173 Ricardo Lemos 8.009,05 6.005,75 6.104,76 249,60 - 20.369,16 174 Rosemeri N. Bichet Rios 630,00 8.663,72 - - - 9.293,72 175 Rosana Eskin Gentile - - 1.321,00 5.460,60 4.668,00 11.449,60 176 Rafaela Bruggmann - - - 13.227,28 15.034,38 28.261,66 177 Roberta C. Del Pino - - 584,00 2.314,00 2.712,00 5.610,00 178 Sandra Cunha Dias - - 10.475,36 18.214,67 2.458,30 31.148,33 Bueno 179 Santos Dante Pinan 19.692,58 - 17.512,94 5.235,17 16.233,36 58.674,05 Roque 180 Saul Job de Souza 54.309,08 72.819,66 76.158,89 129.570,24 105.206,30 438.064,17 7 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo 181 Silmara Regina Nunes 7.664,59 - 21.225,87 6.104,04 14.867,36 49.861,86 182 Simone Depner Tessaro 16.685,00 10.825,00 13.947,18 31.756,11 44.469,08 117.682,37 183 Silvana Odília Peres 10.137,14 8.659,91 13.221,16 - - 32.018,21 184 Schichenori Iwamura - - 818,34 213,48 21.643,21 22.675,03 185 Tânia Martins da Rocha - - 15.013,30 41.902,91 42.670,51 99.586,72 186 Tatiane de Oliviera 14.280,00 12.620,00 10.860,00 14.572,46 18.906,06 71.238,52 187 Thiago Neves Veras - 28.096,25 25.810,12 - - 53.906,37 188 Tatiane Cristina Duarte 2.375,65 - - 7.487,11 17.165,45 27.028,21 Selbach 189 Vanessa Engelmann - - - - 5.516,13 5.516,13 190 Victor Antônio Alves de 8.869,36 11.787,16 18.317,16 26.360,85 25.845,25 91.179,78 Abreu 191 Victor Vinícius Pavini 2.675,00 19.134,28 16.633,53 355,80 - 38.798,61 192 Vicente Henrique - - - 16.252,75 4.290,03 20.542,78 Sansana 193 Walter Gert 9.925,08 8.431,86 1.438,88 5.355,60 11.847,66 36.999,08 Schunemann 194 Wong Shi Man 41.488,58 59.560,00 80.095,00 112.882,33 118.396,61 412.422,52 195 Wilda Lacerda da Silva - - 10.785,82 13.890,40 10.305,81 34.982,03 196 Zoraida do Amarilho - - 1.822,00 8.684,00 8.458,05 18.964,05 Nichtigal TOTAL 1.656.572,66 1.773.217,84 2.527.455,04 3.910.432,05 4.043.941,27 13.911.618,86 Fonte: Planilha juntada às fls. 882 a 885

Ademais, cabe retomar o fato informado no Memorando n. 170/2011- SGP/AAG, de 04/07/2011, acostado às fls. 445 e 446, que informou que a folha de pagamento de alguns servidores, solicitada pela diligência constante do Relatório de Admissibilidade n. 896/2011, às fls. 403 a 432, não poderia ser fornecida, pois os profissionais não pertenciam ao quadro da unidade gestora à época dos períodos solicitados. O quadro abaixo, que enumera os profissionais supracitados, demonstra a situação suprarrelatada, aportando, também, os valores recebidos pelos mesmos a título de ―gratificação de produtividade‖, conforme já demonstrado pelo Quadro 01:

QUADRO 02 – Profissionais que receberam “gratificação de produtividade” sem pertencerem ao quadro da Prefeitura Municipal de Joinville – PMJ, ou que já não estavam mais no quadro da PMJ quando receberam a “gratificação de produtividade” ou eram pertencentes ao quadro do Hospital Municipal São José - HMSJ Servidores Diligência solicitada Informação Verbas Verbas pelo Relatório n. prestada pelo recebidas, no recebidas 00896/2011 Memorando n. período como 170/2011-SGP/AAG solicitado em “gratificação diligência, como de “gratificação de produtividade produtividade” ” entre 2005 e (em R$) 2009 (em R$) 01 Alexandre Folha de pagamento Não pertencente ao 224,40 (fl. 29) 17.872,33 Carvalho Gliosci relativa ao mês de quadro de abril/2009 servidores da PMJ 02 Apolinar Aris Folha de pagamento Não pertencente ao 5.525,67 (fl. 41) 256.930,20 Panozo relativa ao mês de quadro de junho/2005 servidores da PMJ 03 Arthur How Min Folha de pagamento Desligou-se da 14.832,65 (fl. 46) 63.039,25 Wong relativa ao mês de Municipalidade em abril/2009 10/03/2009 04 Danielle M. Folha de pagamento Não pertencente ao 1.097,81 (fl. 92) 21.849,93 Manganelli relativa ao mês de quadro de julho/2008 servidores da PMJ

8 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo Fls 1576.

05 Gerson de Mattos Folha de pagamento Não pertencente ao 4.928,53 (fl. 147) 82.844,92 Ritz Filho relativa ao mês de quadro de abril/2009 servidores da PMJ, e sim do HMSJ 06 Jackson T. Martins Folha de pagamento Desligou-se da 6.629,25 (fl. 153) 34.066,27 relativa ao mês de Municipalidade em agosto/2007 16/07/2007 07 Juliana Vieira Folha de pagamento Não pertencente ao 2.306,80 (fl. 171) 7.402,27 Gomes relativa ao mês de quadro de dezembro/2009 servidores da PMJ, e sim do HMSJ 08 Keitiane M. Kaefer Folha de pagamento Desligou-se da 579,84 (fl. 177) 17.936,93 relativa ao mês de Municipalidade em abril/2009 14/04/2008 09 Lusinete Folha de pagamento Desligou-se da 62,10 (fl. 208) 4.923,44 Henriques Soares relativa ao mês de Municipalidade em abril/2009 01/05/2002 10 Marco Aurélio Folha de pagamento Desligou-se da 3.164,56 (fl. 213) 94.371,30 Lopes Gamborgi relativa ao mês de Municipalidade em abril/2009 01/08/2007 11 Maria Júlia Alves Folha de pagamento Desligou-se da 3.037,83 (fl. 253) 89.113,09 Coimbra relativa ao mês de Municipalidade em abril/2009 01/08/2006 12 Orlando Poffo Folha de pagamento Não pertencente ao 3.616,59 (fl. 287) 250.269,10 relativa ao mês de quadro de abril/2009 servidores da PMJ 13 Rogério Dantas Folha de pagamento Desligou-se da 1.068,00 (fl. 316) 86.259,53 relativa ao mês de Municipalidade em abril/2009 01/08/2007 14 Regiane da Silva Folha de pagamento Foi admitida na 229,40 (fl. 323) 14.906,96 relativa ao mês de Municipalidade em abril/2009 10/01/2011 15 Roberta C. Del Folha de pagamento Não pertencente ao 997,60 (fl. 346) 5.610,00 Pino relativa ao mês de quadro de abril/2009 servidores da PMJ 16 Schichenori Folha de pagamento Não pertencente ao 932,12 (fl. 361) 22.675,03 Iwamura relativa ao mês de quadro de abril/2009 servidores da PMJ, e sim do HMSJ Fonte: Planilha juntada às fls. 882 a 885; Memorando n. 170/2011-SGP/AAG, de 04/07/2011, acostado às fls. 445 e 446 e extratos das contas-correntes da Prefeitura Municipal de Joinville e do Fundo Municipal de Saúde de Joinville no Banco do Brasil (fls. 29, 41, 46, 92, 147, 153, 171, 177, 208, 213, 253, 287, 316, 323, 346 e 361) Nessa senda, cabe trazer à baila as alegações dos responsáveis, para que as mesmas sejam devidamente analisadas à luz dos fatos abordados nos autos do presente processo, de acordo com o que segue.

2.1 – Alegações do Sr. Marco Antônio Tebaldi

O responsável alegou, primeiramente, que os pagamentos efetuados aos servidores enumerados no Quadro 01 deste Relatório se deram com base na Lei Complementar n. 21/1995, vigente à época dos fatos apontados, que assim asseverava em seu art. 52:

Art. 52 - A remuneração do cargo de carreira compreende: I - vencimento; II - vantagens gerais: a) adicionais de insalubridade e periculosidade;

9 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo b) adicional de serviços extraordinários; c) adicional noturno; d) abono de férias; e) gratificação natalina ou 13º salário; f) salário-família. III - vantagens individuais: a) as decorrentes da evolução funcional, ou seja, os acréscimos aos vencimentos por merecimento e tempo de serviço; b) adicional pelo exercício anterior de cargo em comissão; (Revogada pela Lei Complementar nº 36/1997) c) adicional por tempo de serviço prestado como servidor municipal; d) gratificação de função; e) gratificação por produtividade. IV - compensações financeiras: a) vale-transporte; b) reembolso de despesa de viagem; c) ajuda de custo. Dessa maneira, o referido aduziu que, mesmo que a denominação dos pagamentos não seja especificamente vinculada à vantagem pro labore, gratificação por produtividade ou adicional de serviços extraordinários, os profissionais teriam recebido por ―serviços extraordinários prestados à Administração Pública, quer em razão do tempo extraordinário, em virtude do esforço ou desempenho extraordinário‖, sendo, por isso, os pagamentos lastreados na legislação supramencionada. O responsável aduziu, ainda, que a Lei Complementar n. 266/2008, que revogou a Lei Complementar n. 21/1995, também trouxe as mesmas previsões legais que embasariam tais pagamentos1.

1 Art. 54 A remuneração do servidor do quadro permanente compreende: I - vencimento; II - vantagens gerais: a) remuneração ou compensação por serviços extraordinários; b) adicional noturno; c) abono de férias; d) gratificação natalina; e) salário-família; f) adicionais de insalubridade e periculosidade; III - vantagens individuais: a) as decorrentes da evolução funcional, ou seja, os acréscimos aos vencimentos por merecimento e tempo de serviço; b) adicional por tempo de serviço; c) adicional pelo exercício anterior de cargo em comissão, função de confiança ou cargo de agente político; d) gratificação de função; e) adicional de função e gratificação por produtividade; f) adicional de sobreaviso; g) gratificação pela ministração de aulas de capacitação; IV - compensações financeiras: a) vale transporte; b) reembolso de despesas de viagem. 10 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo Fls 1577.

Nessa senda, rememora-se o documento encontrado à fl. 11 dos autos deste processo, relativo ao Ofício n. 362/2010, de 23/09/2010, oriundo da Secretaria da Saúde do Município de Joinville e que visava prestar esclarecimentos à 13ª Promotoria de Justiça da Comarca de Joinville acerca do pagamento dos valores em comento, que afirmava que ―os médicos e dentistas dos Prontos-Atendimentos de Joinville recebem valores por produtividade, tomando por base os procedimentos realizados‖.

De outro norte, o Ofício n. 414/PGM, de 08/07/2011, protocolado neste Tribunal em 11/07/2011 sob o número 014007/2011 e juntado às fls. 442 a 444, traz os seguintes esclarecimentos com relação aos pagamentos que foram objeto de análise prévia por esta instrução:

Outrossim, esclarecemos que se trata de pagamento de gratificação de produtividade dos servidores médicos e odontólogos que, efetivamente, exercem as suas funções junto ao PA – Pronto Atendimento do Sistema de Saúde do Município, sendo justificável pelas peculiaridades do serviço.

Os recursos utilizados para pagamento da gratificação são integrantes do SUS, oriundos das transferências do Fundo Nacional de Saúde para o Fundo Municipal de Saúde – custeio da Assistência Hospitalar e Ambulatorial - gerados pelo incremento médio das tabelas de procedimentos (SAI/SUS e SHI/SUS) e previstas nas Normas Jurídicas de Regência Lei nº 8.080/90 e Lei nº 8.142/90. Um novo projeto de lei está sendo elaborado para a regulamentação da matéria, cópia em anexo, e será encaminhado para a Câmara de Vereadores para aprovação (grifo nosso) A análise dos valores recebidos pelos médicos e dentistas que prestaram serviço perante a área da Saúde do Município de Joinville, atestada pelos Relatórios emitidos pelo Corpo Técnico desta Corte de Contas n. 896/2011 (fls. 403 a 432), 1783/2013 (fls. 1241 a 1248) e 4593/2014 (fls. 1486 a 1495), não permitiu identificar quais foram os critérios utilizados pela unidade gestora para o pagamento dos referidos valores, até porque foi verificada uma disparidade muito grande nas verbas recebidas pelos servidores em tela, de acordo com o verificado no Quadro 01 supracitado.

Ressalta-se que, visando esclarecer, de fato, quais foram os critérios utilizados pela unidade gestora para o pagamento das verbas constantes do Quadro 01 deste relatório, foi efetuada diligência junto ao Poder Executivo Municipal, de acordo com o Relatório n. 1817/2014, já citado anteriormente, o qual foi remetido por meio do Ofício n. 6078/2014 (fl. 1288).

11 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo No que tange às informações relativas aos pagamentos efetuados para os servidores constantes do Quadro 01 supracitado, que pudessem esclarecer os critérios que alicerçaram os valores pagos aos referidos e a disparidade existente entre os valores recebidos pelos servidores, a unidade gestora aduziu, através do Memorando Interno n. 079/2014 (fl. 1299), o que segue:

Verificamos a documentação que foi utilizada pela Gerência Administrativa financeira para efetuar os pagamentos referente gratificação de produtividade, porém, não foi possível visualizar os critérios utilizados para formação dos valores pagos. A época, a Gerência Administrativa Financeira recebia da Gerência de Assistência Ambulatorial e Hospitalar/Gerência da Unidade de Serviço de Referência, relatórios com dados pessoais e profissionais dos servidores, quantidade de horas laboradas, valor das horas, valor total da produtividade, bem como o valor a ser pago para cada profissional. Denota-se, mais uma vez, que as informações prestadas pela unidade gestora demonstram que os valores apurados por este processo dizem respeito ao pagamento de ―gratificação de produtividade‖ aos profissionais médicos e odontólogos que exerceram função na Prefeitura Municipal de Joinville durante os exercícios de 2005 a 2009, não se referindo a valores relativos a serviços extraordinários ou pro labore, conforme o alegado pelo Sr. Marco Antônio Tebaldi em suas justificativas, até porque o pagamento de verbas relativas a serviços extraordinários foi verificado no contracheque dos servidores objeto desta Tomada de Contas Especial, de acordo com o demonstrado às fls. 449 a 867, e são valores diversos daqueles pagos diretamente por meio de depósito bancário na conta corrente dos servidores.

No que tange ao pagamento de horas-extras, foram verificadas também inconsistências nos controles de frequência juntados às fls. 1313 a 1482 (pedido efetuado pelo item 3.2 do Relatório n. 1817/2014), que demonstram que o registro da jornada de trabalho dos profissionais da saúde referentes aos presentes autos era feito, na maioria das vezes, de modo meramente formal, com os mesmos horários de entrada e saída registrados diariamente, não apontando de forma fidedigna a real hora de início e fim da jornada de trabalho e o cumprimento de horas-extras.

Ademais, cabe argumentar que, se a verba denominada ―gratificação de produtividade‖ estivesse prevista em lei, conforme alegado pelo gestor, não haveria como efetuar seu pagamento sem que os valores referentes a tal

12 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo Fls 1578. gratificação estivessem dispostos nos contracheques de seus servidores, o que não foi verificado.

No que se refere ao número de procedimentos de saúde efetuados ou quaisquer outros documentos que pudessem embasar os valores recebidos pelos servidores constantes do Quadro 01 deste relatório, de acordo com os critérios utilizados pela unidade gestora no pagamento dos valores em tela (item 3.3 do Relatório n. 1817/2014), a unidade gestora e o responsável não juntaram nenhuma informação, até porque, como já demonstrado anteriormente, a Prefeitura Municipal de Joinville aduziu que os pagamentos em tela eram perpetrados sem quaisquer critérios específicos que alicerçassem o seu recebimento pelos profissionais de saúde. Além disso, tais valores eram depositados diretamente nas contas bancários dos beneficiários, sem constituir-se em rubrica no contracheque dos referidos.

Há que se esclarecer, todavia, que mesmo que houvesse critérios para o pagamento de tais valores, tais requisitos deveriam estar previstos em lei, porque a concessão ou alteração de vantagens remuneratórias deve ser realizada mediante lei específica, conforme os ditames da Constituição Federal que prevê, em seu art. 37, inciso X, que ―a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica [...]‖ (grifo nosso).

Essa também é a disposição da Lei Complementar n. 266/2008, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos do Município de Joinville. A saber:

Art. 89. Poderão se (sic) criados por lei adicionais ou gratificações para determinadas categorias de servidores, de modo a compensar os encargos decorrentes de funções especiais que se apartam da atividade ordinária ou a remunerar acréscimos de trabalho que superam os padrões de normalidade. (grifo nosso)

Além da disposição constitucional, verifica-se, portanto, que o Estatuto dos Servidores Públicos do Município também dispõe que adicionais ou gratificações para determinadas categorias de servidores devem ser criados por lei.

O Supremo Tribunal Federal, em pronunciamento sobre a matéria, consolidou o entendimento de que a concessão ou alteração de vantagens

13 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo remuneratórias deve ser realizada mediante lei específica. Observe-se alguns excertos do julgado:

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO: REMUNERAÇÃO: RESERVA DE LEI. [...] I - Em tema de remuneração de servidores públicos, estabelece a Constituição o princípio da reserva de lei. É dizer, em tema de remuneração dos servidores públicos, nada será feito senão mediante lei, lei específica. CF, art. 37, X. [...]

Observadas, então, as alterações introduzidas pela EC 19, de 1998, [...], verifica-se que a Constituição estabelece, em tema de remuneração dos servidores públicos, o princípio da reserva de lei. [...]

No caso, tem-se um ato normativo, que não é lei, que majora ou reajusta a remuneração dos servidores do Legislativo e do Tribunal de Contas da União, ao arrepio do princípio da reserva de lei expressamente estabelecido nos incisos X do art. 37, IV do art. 51 e XIII do art. 52, todos da Constituição Federal (Medida Cautelar em ADI n. 3369-7/DF. Rel. Min. Carlos Velloso. Sessão de 16/12/2004) (grifo nosso)

Não é diferente o entendimento desta Corte de Contas, conforme dispõem os prejulgados abaixo acostados:

Prejulgado 915

A Resolução nº 641/79, de 14.12.1979, do Conselho de Política Financeira, que concedia vantagem adicional aos servidores da extinta Fundação Educacional de Santa Catarina - FESC (Decreto nº 2.184/92), foi revogada tacitamente pelas Leis Estaduais nº 8.092/90 e nº 8.245/91 e Lei Complementar nº 46/92, que lhe retiraram a possibilidade de incidência ao relotarem seus servidores na Fundação Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC e na Secretaria de Estado da Educação e do Desporto.

A concessão de vantagem pecuniária (gratificação propter laborem) a servidor público depende de lei formal específica, respeitando-se a iniciativa privativa e os limites orçamentários, nos termos do art. 37, X, c/c o art. 169, § 1º, I e II, ambos da CF/88. (Processo CON-00/00683574. Fundação Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC. Rel. Aud. Evângelo Spyros Diamantaras. Sessão de 04/12/2000)

Prejulgado 1939

[...] 5. Os cargos de provimento efetivo ou em comissão devem ser criados mediante Resolução aprovada em Plenário, limitados à quantidade necessária ao atendimento dos serviços e do interesse público, a qual deve estabelecer as especificações e atribuições dos cargos e a carga horária a ser cumprida, devendo a remuneração ser fixada mediante lei de iniciativa da Câmara (art. 37, X, da Constituição Federal), proporcional à respectiva carga horária, observados a disponibilidade orçamentária e financeira, bem como os limites de gastos previstos pela Constituição Federal (art. 29-A) e pela Lei Complementar (federal) nº 101, de 2000, e os princípios da 14 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo Fls 1579.

economicidade, da eficiência, da legalidade e da razoabilidade [...] (Processo n. CON-07/00413693. Cam. Mun. de Palmeira. Rel. Cons. Moacir Bertoli. Sessão de 05/03/2008) (grifo nosso)

A doutrina já se pronunciou sobre o assunto:

Finalmente, registre-se a existência de outra importante regra, inspirada pelo mesmo intento de impor procedimentos cautelosos para a irrupção de despesas com pessoal e para garantia do princípio da impessoalidade da Administração. Consiste na imposição de que só por lei se fixe a retribuição de cargos, funções ou empregos no Estado e em suas pessoas auxiliares de Direito Público. (In: BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 27ª Ed. São Paulo: Malheiros, 2010. Pág. 279)

A fixação ou alteração de retribuição, seja remuneração, seja subsídio, só será possível mediante lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso (art. 37, X). Lei específica é a que terá por objeto exclusivo a fixação ou a alteração da remuneração ou subsídio. [...] A gratificação pessoal é a atribuída ao servidor em razão de suas condições individuais. [...] São as gratificações instituídas e reguladas por lei e somente por ato dessa natureza podem ser alteradas ou extintas, respeitado, quando for o caso, o direito adquirido. (In: GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 15ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010. Págs. 244 e 286) (grifo nosso)

No que tange às questões atinentes ao direito constitucional à saúde, trazidas pelo responsável, esta instrução não olvida as demandas concernentes à prestação de serviços médicos e odontológicos que recaem sobre a Administração Pública Municipal, muitas vezes por força de determinação judicial, conforme demonstram os entendimentos jurisprudenciais citados pelo responsável em suas justificativas. Posto isso, não é razoável afirmar que o pagamento de valores a profissionais da área da saúde sem embasamento legal foi determinante para a manutenção dos serviços médicos e odontológicos no Município de Joinville, até porque o responsável não justificou, de forma clara, que a ausência de tal pagamento traria a interrupção de tais serviços.

Cabe ressaltar, ainda, que a aplicação de recursos públicos na área da saúde, mais especificamente no que tange ao pagamento de verbas remuneratórias aos servidores da unidade gestora, poderia ter sido regularizada através de lei, o que não foi efetuado por mais de três anos (entre os exercícios de 2005 a 2008) em que o Sr. Marco Antônio Tebaldi esteve à frente do Executivo Municipal Joinvillense enquanto os servidores perceberam irregularmente os valores aqui discutidos, sem qualquer embasamento legal e 15 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo sem quaisquer descontos relativos ao Imposto de Renda ou à Contribuição Previdenciária, tendo em vista que os valores foram pagos de forma integral.

No que se refere ao lapso temporal que teria estabelecido o período de 2005 a 2009 para a verificação dos valores pagos irregularmente, cabe destacar que a peça de Representação que originou esta Tomada de Contas Especial foi instruída com as informações prestadas pela própria Prefeitura Municipal de Joinville através do Ofício n. 362/2010 (fl. 11), onde a unidade gestora, por meio de sua Secretaria Municipal de Saúde, informou à 13ª Promotoria de Justiça da Comarca de Joinville que os valores que teriam sido pagos ―por produtividade‖ estavam em anexo junto ao referido Ofício, conforme o verificado às fls. 12 a 385, e nesse anexo consta que os valores foram pagos no referido período, de 2005 a 2009.

Com relação à possível convalidação dos pagamentos irregulares por meio da Lei n. 7042/20112, arguida pelo responsável, esta instrução repete os argumentos já esposados no Relatório Técnico n. 4593/2014, no sentido em que não há como proceder à convalidação dos pagamentos efetuados aos servidores constantes do Quadro 01 deste relatório com base na Lei n. 7042/2011, visto que não há comprovação nos autos dos atendimentos cirúrgicos ou odontológicos efetuados pelos profissionais de saúde nos exercícios de 2005 a 2009, além de também não haver a comprovação nos

2 Art. 1º Fica criada a gratificação de produtividade aos médicos e odontólogos plantonistas em exercício nos estabelecimentos de saúde de Pronto Atendimento - PA, nos seguintes termos: I - R$ 10,50 (dez reais e cinqüenta centavos) por atendimento cirúrgico ou odontológico, conforme for o caso; II - R$ 9,00 (nove reais) por atendimento pediátrico para o médico que efetuar a alta do paciente; III - R$ 7,60 (sete reais e sessenta centavos) por atendimento clínico ao médico que efetuar a alta do paciente. Parágrafo Único - A gratificação de produtividade instituída no caput não é cumulativa em caso do mesmo médico realizar o atendimento cirúrgico e na seqüência promover a alta do paciente. [...] Art. 3º Ficam criadas as funções gratificadas no valor de R$ 1000,00 (um mil reais) mensal cada, nos seguintes termos: I - 03 (três) de Coordenação de Especialidade Médica de Pronto Atendimento; II - 01 (uma) de Coordenação de Especialidade Odontológica de Pronto Atendimento.

Art. 4º O caput, do art. 3º, da Lei nº 4.178, de 30 de junho de 2000, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 3º Ficam criadas 14 (quatorze) funções gratificadas de auditor de nível superior e 03 (três) de nível médio, e 04 (quatro) de autorizador de procedimentos e serviços." [...] Art. 7º Fica instituído o pagamento em dobro da hora plantão dos médicos e odontólogos plantonistas em exercício em estabelecimento de Pronto Atendimento - PA quando do trabalho em sábados, domingos e feriados. (grifo nosso) 16 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo Fls 1580. autos de atendimentos pediátricos ou clínicos efetuados por médicos nos mesmos exercícios supracitados.

Desse modo, a convalidação somente poderia se operar se houvesse a demonstração de que os pagamentos efetuados anteriormente tivessem sido alicerçados em documentos que atestassem a existência dos fatos descritos pelo art. 1º, incisos I, II e III da Lei n. 7042/2011 nos exercícios e 2005 a 2009, o que não aconteceu.

A convalidação de atos administrativos é um dos muitos institutos existentes no âmbito do Direito Administrativo que tratam da correção de vícios existentes num ato ilegal. A doutrina, ao dissertar sobre o assunto, aduz que a convalidação deve apoiar-se no interesse público e na existência fática que corrobore a correção a ser efetuada. A saber:

Convalidação ou saneamento é o ato administrativo pelo qual é suprido o vício existente em um ato ilegal, com efeitos retroativos à data em que este foi praticado. [...] Vale dizer que a convalidação aparece como faculdade da Administração, portanto, como ato discricionário, somente possível quando os atos inválidos não acarretam lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros; em caso contrário, tem-se que entender que a Administração está obrigada a anular o ato, ao invés de convalidá- lo. [...] Quanto ao motivo e à finalidade, nunca é possível a convalidação. No que se refere ao motivo, isto ocorre porque ele corresponde a situação de fato que ou ocorreu ou não ocorreu; não há como alterar, com efeito retroativo, uma situação de fato. Em relação à finalidade, se o ato foi praticado contra o interesse público ou com finalidade diversa da que decorre da lei, também não é possível a sua correção. (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 19ª Ed. São Paulo: Atlas, 2006. p. 252-254) (grifo nosso e do autor)

No que tange à alegação do responsável de que os profissionais da saúde que receberam os recursos em tela deveriam responder se trabalharam ou não, ou que os pacientes atendidos por tais profissionais deveriam ser ouvidos para ratificar os atendimentos recebidos na unidade de saúde, cabe destacar que, ainda que houvesse alguma comprovação da realização de procedimento que embasasse o pagamento dos valores aqui discutidos, não há, como já destacado, alicerce normativo para o pagamento de verbas sem a previsão legal.

17 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo Da mesma maneira, não se pode afirmar que houve omissão em solicitar à Secretaria Municipal de Saúde de Joinville informações e documentos acerca da possível realização de procedimentos médicos e odontológicos que pudessem, ao menos, demonstrar algum critério fático que explicasse os valores depositados na conta corrente dos profissionais da saúde, conforme explicitam as diligências solicitadas nos Relatórios Técnicos n. 896/2011 (fls. 421 a 431) e 1817/2014 (fls. 1285 a 1287v). Esse último Relatório Técnico foi ainda mais específico, conforme se percebe da transcrição de sua conclusão, que segue abaixo:

3.1 Informações relativas aos pagamentos efetuados para os servidores constantes do Quadro 01 deste relatório, que possam esclarecer os critérios que alicerçaram os valores pagos aos referidos e a disparidade existente entre os valores recebidos pelos servidores; 3.2 Cópia do Controle de frequência dos servidores constantes do Quadro 01, de acordo com os itens que seguem: a) referente ao mês de junho de 2005: 1 Alessandra Barcellos Petracco 2 Amanda L. Figueiredo 3 Apolinar Aris Panozo 4 Asdrúbal César da Cunha 5 Aline Carla Bubniak Reichardt 6 Carlos Eduardo Boeira 7 Fernando Ritzmann 8 Francisco Carlos de Melo 9 Francisco Farias Costa Junior 10 Franco Haritsch 11 Gabriela Roncone Gastal 12 Marcelo Ferreira de Lima 13 Marilise Alves 14 Nylton Luiz Flugel Jr. 15 Patrícia Silva Farah 16 Rafael Armínio Selbach 17 Ricardo Lemos 18 Silvana Odília Peres

b) Referente ao mês de julho de 2005: 1 Cristina Reghlin 2 Laura R. G. Grecol 3 Rosemeri N. Bichet

c) Referente ao mês de julho de 2006: 1 Luciana Krause Santana 2 Lilian Rocha 3 Maria das Graças Macia

d) Referente ao mês de agosto de 2007: 1 Bruno Meira 2 Carlos Roberto Campos 3 Daniela Débora Gonçalves 4 Eugênio B. Chaves 5 Jackson T. Martins 6 La Hore Tjada Schuster 18 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo Fls 1581.

7 Marcelo Saavedra Arana 8 Moacir de Freitas Toledo 9 Maurício Benetton de Medeiros 10 Patrick Hoepfner 11 Thiago Neves Veras 12 Victor Vinícius Paviani

e) Referente ao mês de julho de 2008: 1 Beatriz Reu 2 Danielle M. Manganelli 3 Fabíola Fátima Keiko Yamada Pr 4 José Carlos Coelli 5 Luiz Mário Durieux 6 Rúbia Fuzza F. Santos 7 Sandra Cunha Dias Bueno

f) Referente ao mês de janeiro de 2009: 1 Mônica Behuke Damásio 2 Silmara Regina Nunes g) Referente ao mês de abril de 2009: 1 Armando Dias Pereira Junior 2 André Tuma 3 Adelina Elisabeth Lehmkuhl 4 Adriana Morato Rosas 5 Adriano Eduardo Rosa 6 Alexandre Duarte Baumer 7 Alexandre Carvalho Gliosci 8 Alexandre Gonsalves Carvalho 9 André Ramos da Costa Moreira 10 Antônio Carlos Ribeiro de Marichal 11 Antonio de Paula Ferreira Jr. 12 Arthur How Min Wong 13 Alan Vieira Barlete 14 Betina Mac G. Vilarino 15 Carlos Alberto Machaco 16 Carlos Alberto Seabra Assunçao 17 Carlos Augusto Pedroso 18 Cassiano Gonçalves Ucker 19 Carlos Eduardo Arruda 20 Claudia Aparecida Feron 21 Claudio Celso Faria 22 Clovis Vitali Filho 23 Cristina Aparecida Rahine 24 Carmen L. M. C. de Gregório 25 Carin Albino 26 Danielle Machado Moreira Ramos 27 Dalva Maria N. Ramos 28 Dionete Alles Silva 29 Deonizio Werlich 30 Eduardo G. S. Neto 31 Eduardo Júlio Selbach 32 Eduardo Augusto de Oliveira H. Paul 33 Edgar Vitor Huscher 34 Elisa Schenkel 35 Elisabeth Abreu Pereira 36 Emilene Cristina da Cunha 37 Euler Teixeira Andrade 38 Evelise Boehen Naka

19 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo 39 Elvenise Peres Elias 40 Franciani Dal Fono Scholz 41 Fábio Fernandes da Rosa 42 Flávia Helena de Freitas Moner 43 Fernanda Correa Bite 44 Giuliano Teixeira Pacher 45 Gilberto C. Pasqualotto 46 Gustavo Nelson Garcia Cardenas 47 Glenio Fernandes Nunes Kanaan 48 Glaura Guimarães Mariusso 49 Gerson Ritz 50 Gustavo Lara Ochoa 51 Gerd Baggenstoss Junior 52 Gustavo Maciel Gouvêa 53 Jobair Schafaschek 54 Jonas Ferreira Nunes da Silva 55 Jonny César Souza 56 Jorge Demétrio Albernaz Filho 57 José Luiz de Freitas Oliveira 58 José Carlos Teixeira de Freitas 59 Juliano Kohler Ganzenmuller 60 Juliana A. D. Fronza 61 Juan Antônio Navia Ordonez 62 Karla Subtil de Moraes Machado 63 Kátia de M. Elkbaitb 64 Keitiane M. Kaefer 65 Kink Douglas L. Tonchuk 66 Larissa Carolina Sgrigotti 67 Lenise de Souza Ferreira Arias 68 Lúcia Fátima de Castro Ávila 69 Louise Trindade de Oliveira 70 Luiz Afonso da Fonseca 71 Lúcia Costa Santos 72 Luiz Carlos da Silva Filho 73 Luciane G. do Carmo Toledo 74 Lusinete Henriques Soares 75 Marco Aurélio Lopes Gamborgi 76 Marcelo da Rosa Prates 77 Marco A. Severgnini 78 Marco Antônio Silva Molina 79 Margarete Damian 80 Marcelo Oliveira Daroit 81 Marcelo Thome Schein 82 Márcio Passeri Hansen 83 Marcos A. de Moura Campos 84 Maria Adelaide dos S. R. de Deus 85 Maria Cláudia Coutinho Rocha 86 Maria Rita de Cássia Valente R. 87 Marisa Peçanha Knelsen 88 Maria Júlia Alves Coimbra 89 Marcelo Gonçalves 90 Marcos André Welmuth 91 Marília Luz Daddario 92 Margarita Conceição R. Souto 93 Messimara Dias Rodrigues 94 Marco Antônio Lopes Braga 95 Maria Dalva de S. Schoroeder 96 Marilena Celino Cavalcanti 97 Melvis Bazanini 20 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo Fls 1582.

98 Maurício J. Rodrigues Mandalis 99 Mário Mejia Paz 100 Maria Cristina Gussela 101 Nestor Daniel Huaco Palomino 102 Nelson Vieira do Carmo Júnior 103 Orlando Poffo 104 Orli Alberto Grudtner Junior 105 Paulo Marco Anderli 106 Paulo André Ribeiro 107 Pedro Estácio Stumm 108 Paulo César de Simas 109 Paulo Duarte de Carvalho 110 Paulo Roberto B. Costa 111 Paolo Farris 112 Ricardo Paredes Rodrigues 113 Roberto Lauro Stelter 114 Rogério Dantas 115 Roberto de Almeida Guedes 116 Rafaela de Campos Benvenutti 117 Regiane da Silva 118 Renato de Lima Pimentel 119 Rodrigo Haristsch 120 Ronaldo Bezerra da Silva 121 Ronald Marcos de Gregório 122 Ricardo G. Timm 123 Rosana Eskin Gentile 124 Rafaela Bruggmann 125 Roberta C. Del Pino 126 Santos Dante Pinan Roque 127 Saul Job de Souza 128 Simone Depner Tessaro 129 Schichenori Iwamura 130 Tânia Martins da Rocha 131 Tatiane de Oliviera 132 Tatiane Cristina Duarte Selbach 133 Victor Antônio Alves de Abreu 134 Vicente Henrique Sansana 135 Walter Gert Schunemann 136 Wong Shi Man 137 Wilda Lacerda da Silva 138 Zoraida do Amarilho Nichtigal

h) Referente ao mês de julho de 2009: 1 Mário Sérgio Loma Vidotto 2 Vanessa Engelmann

i) Referente ao mês de dezembro de 2009: 1 Agostinho Rosa 2 Alesandra Queiroz Cerqueira 3 Aline Santiago 4 Carlos Alberto Corsi Janota 5 Caetano da Costa Souza 6 Cláudia Steuernagel Kravtchenko 7 Juliana Vieira Gomes 8 Letícia Santos de Freitas 9 Milena Zanella 10 Olga Elena Anzardo Licea 11 Ramon Ervelio Arzola Calvo

21 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo 3.3 Número de procedimentos de saúde efetuados ou quaisquer outros documentos que possam embasar os valores recebidos pelos servidores constantes do Quadro 01 deste relatório, de acordo com os critérios utilizados pela unidade gestora no pagamento dos valores em tela; 3.4 Esclarecimento quanto à situação funcional dos servidores listados no Quadro 02 deste relatório, informando a esta Corte de Contas se os referidos são, ou foram, servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo, contratados por tempo determinado ou ocupantes de cargos de provimento em comissão; 3.5 Endereço residencial e/ou comercial e o CPF dos servidores constantes do Quadro 01 deste relatório. Nessa senda, não prospera o argumento trazido pelo responsável, de que esta Corte de Contas não solicitou à unidade gestora informações acerca do pagamento de gratificação de produtividade aos profissionais da saúde. Da mesma maneira, a documentação juntada aos autos pelo gestor não trouxe os esclarecimentos necessários para que a irregularidade aqui discutida fosse mitigada, conforme se depreende da leitura do Relatório Técnico n. 4593/2014. Além disso, a unidade gestora não juntou aos autos quaisquer informações relevantes acerca dos dados pessoais dos profissionais de saúde que receberam as verbas irregulares aqui discutidas, requisitadas de acordo com o item 3.5 do Relatório Técnico n. 1817/2014, reforçando o descontrole da gestão com relação aos pagamentos indevidos.

O responsável alegou, ainda, que a existência de pagamentos a profissionais que não pertenciam ao quadro funcional da unidade gestora se deu porque a Prefeitura somente realizava o pagamento após o repasse de recursos pelo SUS, e que por isso o servidor poderia não pertencer mais ao quadro da Prefeitura quando recebia os valores aqui discutidos. Ademais, o gestor aduziu que a prestação de serviços médicos era feita por demanda, de modo que o profissional era chamado para atender mesmo que o referido não tivesse vínculo formal com a Prefeitura Municipal, tendo em vista o direito fundamental à saúde.

A Carta Magna, contudo, não autoriza o gestor público a contratar servidores de forma direta, restando à Administração Pública somente a admissão em caráter efetivo de servidores, através de concurso público, ou a contratação temporária de excepcional interesse público3. De tal modo, o

3 Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...] 22 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo Fls 1583. direito fundamental à saúde deve ser fortalecido pelo planejamento adequado a ser executado pela Administração Pública, que vise à constituição de quadro próprio que possa prestar os serviços de saúde para a população, que não pode depender de contratações precárias para o desempenho de funções tão importantes.

Cabe dissertar brevemente, ainda, sobre a responsabilidade do gestor com relação à restituição dos valores pagos indevidamente aos profissionais da saúde na Prefeitura Municipal de Joinville, no sentido em que o exercício do cargo de Prefeito Municipal vincula diretamente o responsável às irregularidades expostas pelo presente relatório, visto que o referido era o dirigente máximo do Poder Executivo de Joinville na época de seu mandato eletivo e possuía funções e atribuições inerentes às questões aqui explicitadas, conforme se depreende dos excertos abaixo aportados da Lei Orgânica do Município de Joinville:

Art. 37 Compete privativamente ao Prefeito a iniciativa dos projetos de lei que disponha sobre: [...] II - fixação ou aumento de remuneração dos servidores;

Art. 52 O Poder Executivo é exercido pelo Prefeito, auxiliado pelos Secretários.

Art. 68 Ao Prefeito compete: [...] II - exercer, com o auxílio dos Secretários Municipais, a direção superior da Administração Municipal; [...] IV - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Lei Orgânica; [...] XIII - prover e extinguir os cargos públicos municipais, na forma da Lei, e expedir os demais atos referentes à situação funcional dos servidores; XX - superintender a arrecadação dos tributos e preços, bem como a guarda e aplicação da receita, autorizando as dos créditos votados pela Câmara; XXXI - executar a Lei do orçamento, expedindo por decreto as tabelas analíticas da despesa e as suplementações autorizadas, distribuídas em quotas trimestrais que cada unidade orçamentária fica autorizada a utilizar;

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público; 23 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo É necessário ressaltar, ainda, que o responsável tinha consciência das irregularidades aqui discutidas, com base em sua própria argumentação, de que teria efetuado os pagamentos irregulares para manter ativos os serviços de saúde na Prefeitura Municipal de Joinville, conforme já exposto anteriormente.

Em voto proferido nos autos do processo n. TCE – 05/00518149, o Auditor Substituto de Conselheiro Gerson dos Santos Sicca discorreu acerca da responsabilidade do ordenador primário de despesas com relação à devida regularidade da aplicação de recursos públicos, tendo em vista a ausência de delegação expressa ou de manifesto descumprimento de ordem superior, o que se aplica ao caso em tela. A saber:

Como o responsável não demonstrou a delegação de poderes e nem o descumprimento de ordens dirigidas a subordinados, não resta dúvida que a responsabilidade recai sobre o ordenador primário, não merecendo reparos a conclusão a que chegou a DMU.

Portanto, ao teor do texto constitucional, do entendimento do STF e, também, do enunciado desta Corte de Contas, cabe ao Ordenador de Despesa o ônus de provar a regularidade formal da aplicação do dinheiro público e o bom resultado no dispêndio efetivado. Do dever de prestar contas sobressai cristalino o entendimento que a responsabilidade do Ordenador de Despesa somente poderá ser elidida caso prove que a suposta irregularidade tenha sido praticada por agente regularmente delegado, ou que o subordinado tenha descumprido as ordens recebidas.

Nessa linha de raciocínio, não procede a preliminar aventada pelo Sr. Henrique Peron. Passo à análise das irregularidades passíveis de imputação de débito. (Voto proferido nos autos do processo n. TCE – 05/00518149. Prefeitura Municipal de Mirim Doce. Relator Auditor Gerson dos Santos Sicca. Voto proferido em 08/04/2009) O entendimento acima proferido é reforçado pelo disposto no Prejulgado n. 1533 deste Corte de Contas, de acordo com o segue:

Prejulgado 1533

1. Na fixação de responsabilidade de quem seja ordenador de despesa nas diversas entidades do Poder Público Estadual e Municipal, deverá esta Corte, diante do ato de delegação de competência, proceder ao exame minucioso do referido ato, conforme disposições da Lei Complementar nº 202/00 (Lei Orgânica do Tribunal de Contas).

2. Do mencionado exame deverá constar a apreciação preliminar da competência para delegar, a qual se restringe, no âmbito da administração indireta estadual, pelas leis que autorizaram sua constituição e pelos respectivos estatutos ou contratos sociais, como por exemplo, nos termos do inciso III do § 3º do art. 58 da Lei Complementar nº 243, de 30 de janeiro de 2003, que estabeleceu a nova estrutura administrativa do Poder Executivo do Estado de Santa Catarina.

24 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo Fls 1584.

3. Em função dos requisitos de admissibilidade, a delegação administrativa deverá obedecer forma escrita com a indicação dos agentes delegando e delegado e a discriminação da matéria.

4. Também em face dos pressupostos de admissibilidade, a autoridade deve ser legítima e deter a competência a ser transferida, o que implica que sejam verificados os limites de tal competência, de conformidade com os atos normativos que regulem o funcionamento das entidades.

5. A função administrativa é, por si, matéria de natureza delegável pelo que, em princípio, não se vislumbra impossibilidade jurídica a que o ordenador de despesa originário delegue atribuições inerentes à administração financeira, contábil, operacional e patrimonial da entidade pela qual responda ou órgão a ela subordinado.

6. Ao ato de delegação deverá ser dado publicidade para que possa a autoridade delegada, a partir daí, exercer as atribuições que lhe são transferidas.

7. No que concerne à responsabilidade administrativa, o ordenador de despesa original, assim definido em lei, responde pelos atos e fatos praticados em sua gestão.

8. Em casos de existência de ato de delegação regular, serão partes nos processos de prestação e de tomada de contas, de auditoria e outros de competência desta Corte, somente os ordenadores de despesa delegados.

9. Serão solidariamente responsáveis, e com isso também partes jurisdicionadas nos mesmos expedientes, os agentes delegantes, nos casos de delegação com reserva de poderes ou de comprovada participação na realização de atos dos quais provenham conseqüências antijurídicas ou mesmo em razão de culpa pela má escolha da autoridade delegada. (Decisão n. 975/2004, proferida no Processo CON-04/00311879. CASAN. Relator Conselheiro Luiz Roberto Herbst. Sessão de 12/05/2004) (grifo nosso)

Da mesma maneira, a falta de comprovação de que os profissionais da saúde tenham efetuado procedimentos que embasassem o pagamento de ―gratificação de produtividade‖ reforça a responsabilidade do ordenador primário de despesa, no sentido em que o referido autorizou o pagamento sem que tenha sido devidamente comprovada a realização dos referidos procedimentos. Nessa seara, observe-se a posição exarada pelo Parquet Especial nos autos do Processo n. TCE-05/03978930:

Argumenta o responsável que, no Município, a acumulação de cargos pelo servidor era regular; e que não tinha como prever a prestação de serviços em outro município [...] A meu ver, inexiste demonstração nos autos que a responsabilidade pela indevida acumulação de cargo e funções públicas seja do prefeito e do secretário de administração de Caçador. A princípio, a imputação de débito ao gestor nessa hipótese representaria responsabilização objetiva, sem demonstração de dolo ou culpa.

25 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo Todavia, na auditoria, foi solicitado o controle de frequência do médico, mas não houve a entrega de documentos [...] Dessa forma, unicamente por não ter havido a comprovação da prestação dos serviços no âmbito do Município de Caçador, ou seja, por inexistir a regular liquidação da despesa, opino pela imputação de débito. (Parecer n. MPTC/4077/2010, exarado pelo Procurador do MPTC Aderson Flores em 27/07/2012, nos autos do Processo n. TCE-05/03978930) Ademais, cabe trazer à baila o disposto na Lei Federal n. 4320/1964, que assevera em seu art. 63, caput, que ―a liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito‖ (grifo nosso).

Por fim, cabe citar o posicionamento de Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, acerca da responsabilidade pela restituição do dano causado ao erário. A saber:

A regra é que seja inscrito como devedor no acórdão condenatório – título executivo – o agente que foi: a) considerado como responsável pelo dano; b) omisso no dever de prestar contas; ou c) sofreu aplicação de multa. (In: Tomada de Contas Especial. 2ª Ed. Brasília: Brasília Jurídica, 1998. p. 440) Desse modo, tendo por base a análise efetuada neste Relatório Técnico, no presente item 2.1, esta instrução entende que restou caracterizada a responsabilidade do Sr. Marco Antônio Tebaldi, no que tange ao pagamento de ―gratificação de produtividade‖, no valor de R$ 9.867.677,59 (nove milhões, oitocentos e sessenta e sete mil e seiscentos e setenta e sete reais, e cinquenta e nove centavos), o qual deverá ser atualizado, de acordo com a legislação vigente, a médicos e dentistas em exercício de função no Município de Joinville sem previsão legal, sem a comprovação da contraprestação e a profissionais que não estavam no quadro da Prefeitura Municipal de Joinville, nos exercícios de 2005 a 2008 (Quadros 01 e 02 deste relatório), em desacordo ao previsto no art. 37, inciso X, da Constituição Federal.

2.2 – Alegações do Sr. Carlito Merss

Cabe abordar, primeiramente, a questão relativa ao possível cerceamento de defesa do responsável, que alegou não ter sido devidamente cientificado das irregularidades a ele imputadas no curso da instrução, tendo em vista que

26 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo Fls 1585. o referido não teria sido notificado pessoalmente para responder à Audiência constante do Relatório Técnico n. 1783/2013 (fls. 1241 a 1248v).

De tal modo, cabe trazer aos autos o disposto no art. 37 da Lei Complementar n. 202/2000 – Lei Orgânica do Tribunal de Contas do estado, de acordo com o que segue:

Art. 37. A diligência, a citação, a audiência e a notificação far-se-ão: I — diretamente ao responsável ou ao interessado, na forma estabelecida no Regimento Interno; II — via postal, mediante carta registrada, com aviso de recebimento, na forma prevista no Regimento Interno; e III - pela publicação da decisão no Diário Oficial Eletrônico do Tribunal de Contas na forma prevista no Regimento Interno; e IV - por edital publicado no Diário Oficial Eletrônico do Tribunal de Contas quando o seu destinatário não for localizado. Nessa seara, cabe ressaltar que a audiência foi remetida ao responsável em três oportunidades, de acordo com a Informação DAP n. 071/2013 (fl. 1276), sendo o referido gestor notificado por Edital em 03/09/2013 (fl. 1277) e citado para responder aos fatos a ele imputados no Relatório Técnico n. 4593/2014 de acordo com o Ofício TCE/SEG n. 2084/2015 (fl. 1515), que foi recebido pessoalmente pelo Sr. Carlito Merss (fl. 1515v). De tal maneira, entende-se que não houve cerceamento de defesa com relação ao responsável, tendo em vista que o referido foi devidamente citado para responder aos fatos aqui relatados, de acordo com as informações supracitadas.

No que tange ao mérito da questão, o responsável asseverou que a Lei n. 2752/1992, que reformulou o Fundo Municipal de Saúde, alicerçou os pagamentos efetuados aos profissionais médicos e dentistas, de acordo com o disposto abaixo:

Art. 3º. São atribuições do Secretário da Saúde do Município: [...] III - submeter ao Conselho Municipal de Saúde o plano de aplicação a cargo do Fundo, em consonância com o Plano Municipal de Saúde e com a Lei de Diretrizes Orçamentárias; [...] Art. 9º. A contabilidade do Fundo tem por objeto evidenciar a situação financeira, patrimonial e orçamentária do sistema municipal de saúde, observados os padrões e normas estabelecidos na legislação pertinente.

27 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo Art. 10. A contabilidade será organizada de forma a permitir o exercício de suas funções de controle prévio, concomitante e subsequente e de informar, inclusive de apropriar e apurar custos dos serviços, e, consequentemente, de concretizar o seu objetivo, bem como interpretar e analisar os resultados obtidos. [...] Art. 13. Nenhum despesa será realizada sem a necessária autorização orçamentária. Parágrafo Único - Para os casos de insuficiências e omissões orçamentárias poderão ser utilizados os créditos adicionais suplementares e especiais, autorizados por Lei e abertos por Decreto do Executivo. Art. 14. A despesa do Fundo se constituirá de: [...] II – pagamento de vencimentos ou salários e gratificações ao pessoal dos órgãos ou entidades de administração direta ou indireta que participem da execução das ações previstas no art. 1º da presente Lei. Repisa-se o entendimento já esposado anteriormente na análise da resposta do Sr. Marco Antônio Tebaldi, de que as verbas pagas aos profissionais da saúde a título de pro labore ou produtividade deveriam estar discriminadas de forma específica em legislação adequada, de acordo com o princípio da reserva legal já abordado neste relatório.

Tal ponto é reforçado pela própria argumentação trazida pelo responsável, ao citar a Lei n. 7042/2011, já abordada anteriormente no item 2.1 deste relatório, que autorizou o Executivo Municipal a conceder gratificação de produtividade aos médicos e dentistas em exercício nas unidades de saúde do Município de Joinville. De tal modo, a utilização do vocábulo ―concessão‖ denota que a gratificação em tela não existia anteriormente no ordenamento jurídico municipal, não sendo possível afirmar que tal lei teria somente regulamentado algo já existente na remuneração dos servidores da unidade gestora. Da mesma maneira, reforça-se o entendimento já explanado anteriormente, de que a Lei n. 7042/2011 não pode convalidar os pagamentos anteriores, tendo em vista a ausência de critérios que possam afirmar que as verbas pagas aos profissionais da saúde entre 2005 e 2009 eram vinculadas à realização de procedimentos específicos que pudessem nortear o pagamento de gratificação de produtividade.

No que se refere ao pagamento de vantagens a servidores que não eram do quadro funcional da Prefeitura de Joinville, o responsável asseverou que os profissionais foram contratados para exercerem a função técnica por tempo 28 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo Fls 1586. determinado, não tendo sido juntados aos autos os contratos aqui citados por não terem sido fornecidos, em tempo hábil, pela unidade gestora. Esta instrução mantém o apontado anteriormente com relação a essa irregularidade, já que não foram juntados aos autos quaisquer comprovantes acerca da solicitação feita pelo gestor à Prefeitura Municipal de Joinville, atinente aos contratos citados em sua resposta à citação.

Com relação à comprovação da realização de procedimentos que pudessem demonstrar os critérios utilizados pela unidade gestora para os pagamentos aqui abordados, o gestor repetiu os argumentos trazidos pelo Sr. Marco Antônio Tebaldi, no sentido de afirmar que esta Corte de Contas poderia ter requisitado oficialmente à Prefeitura Municipal de Joinville os dados que pudessem aclarar a situação em tela. Nessa seara, esta instrução repisa os argumentos constantes do item 2.1 deste relatório, aduzindo que tais requisições foram efetuadas por meio de Diligência solicitada no Relatório Técnico n. 1817/2014 (fls. 1285 a 1287v).

Desse modo, tendo por base a análise efetuada neste Relatório Técnico, no presente item 2.1, esta instrução entende que restou caracterizada a responsabilidade do Sr. Carlito Merss, no que tange ao pagamento de ―gratificação de produtividade‖, no valor de R$ 4.043.941,27 (quatro milhões, quarenta e três mil e novecentos e quarenta e um reais, e vinte e sete centavos), o qual deverá ser atualizado, de acordo com a legislação vigente, a médicos e dentistas em exercício de função no Município de Joinville sem previsão legal, sem a comprovação da contraprestação e a profissionais que não estavam no quadro da Prefeitura Municipal de Joinville, no exercício de 2009 (Quadros 01 e 02 deste relatório), em desacordo ao previsto no art. 37, inciso X, da Constituição Federal.

3. CONCLUSÃO

Ante o exposto, estando as irregularidades sujeitas à apuração por esta Corte de Contas, conforme as atribuições conferidas pelo art. 59 e incisos da Constituição Estadual, este Órgão Instrutivo sugere ao Conselheiro Relator que decida:

29 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo 3.1. JULGAR IRREGULARES, COM IMPUTAÇÃO DE DÉBITO, nos termos do art. 18, III, alínea "c", c/c o art. 21, caput da Lei Complementar Estadual n. 202/2000, as contas pertinentes à presente Tomada de Contas Especial, condenando os responsáveis a seguir:

3.1.1. Sr. Marco Antônio Tebaldi – Prefeito Municipal de Joinville de 30/04/2002 a 31/12/2008, CPF n. 256.712.350-49, ao pagamento do prejuízo causado ao erário no montante de R$ 9.867.677,59 (nove milhões, oitocentos e sessenta e sete mil e seiscentos e setenta e sete reais, e cinquenta e nove centavos) o qual deverá ser atualizado de acordo com a legislação vigente, em razão do pagamento de ―gratificação de produtividade‖ a médicos e dentistas em exercício de função no Município de Joinville sem previsão legal, sem a comprovação da contraprestação e a profissionais que não estavam no quadro da Prefeitura Municipal de Joinville, nos exercícios de 2005 a 2008 (Quadros 01 e 02 deste relatório), em desacordo ao previsto no art. 37, inciso X, da Constituição Federal;

3.1.2 Sr. Carlito Merss – Prefeito Municipal de Joinville de 01/01/2009 a 31/12/2012, CPF n. 248.327.079-49, ao pagamento do prejuízo causado ao erário no montante de R$ 4.043.941,27 (quatro milhões, quarenta e três mil e novecentos e quarenta e um reais, e vinte e sete centavos) o qual deverá ser atualizado de acordo com a legislação vigente, em razão do pagamento de ―gratificação de produtividade‖ a médicos e dentistas em exercício de função no Município de Joinville sem previsão legal, sem a comprovação da contraprestação e a profissionais que não estavam no quadro da Prefeitura Municipal de Joinville, no exercício de 2009 (Quadros 01 e 02 deste relatório), em desacordo ao previsto no art. 37, inciso X, da Constituição Federal;

3.2. Fixar o prazo de 30 (trinta) dias, a contar da publicação deste Acórdão no Diário Oficial Eletrônico desta Corte de Contas para comprovar, perante este Tribunal, o recolhimento do valor do débito aos cofres do Município atualizados monetariamente e acrescidos dos juros legais (arts. 40 e 44 da Lei Complementar Estadual n. 202/2000), calculados a partir das datas de ocorrência dos fatos geradores dos débitos, sem o que fica, desde logo,

30 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo Fls 1587. autorizado o encaminhamento da dívida para cobrança judicial (art. 43, II, do mesmo diploma legal);

3.3. Determinar à Prefeitura Municipal de Joinville que, ao atribuir vantagem remuneratória ou indenizatória aos servidores, atente ao Princípio da Reserva Legal, abstendo-se de pagar aos seus servidores valores que não estejam devidamente dispostos e regulados por lei, de acordo com o previsto no art. 37, inciso X, da Constituição Federal.

3.4. Dar ciência da decisão plenária ao Representante, à Prefeitura Municipal de Joinville, aos Responsáveis, à Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de Santa Catarina e à Delegacia da Receita Federal do Brasil em Joinville – SC.

É o Relatório. Diretoria de Controle de Atos de Pessoal, em 13 de outubro de 2015.

RAPHAEL PERICO DUTRA Auditor Fiscal de Controle Externo

De acordo:

FERNANDA ESMERIO TRINDADE MOTTA Chefe da Divisão

MARCOS ANTONIO MARTINS Coordenador

Encaminhem-se os Autos à elevada consideração do Exmo. Sr. Relator Herneus De Nadal, ouvido preliminarmente o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas.

REINALDO GOMES FERREIRA Diretor 31 Processo: TCE-10/00703611 - Relatório: DAP - 7930/2015 – Relatório Conclusivo