UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE. CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

JEFFERSON CARLOS CARVALHAL DA SILVA

ESTUDO DO DESEMPENHO DOS CLUBES PROFISSIONAIS DE FUTEBOL DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA-CE (2008/2013)

FORTALEZA 2014

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JEFFERSON CARLOS CARVALHAL DA SILVA

ESTUDO DO DESEMPENHO DOS CLUBES PROFISSIONAIS DE FUTEBOL DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA-CE (2008/2013)

Monografia apresentada ao Curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Graduado em Economia.

Orientador: Prof. Dr. Fabio Maia Sobral

FORTALEZA 2014

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará Biblioteca da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade

______S58e SILVA, Jefferson Carlos Carvalhal da. Estudos do desempenho dos clubes profissionais de futebol da região metropolitana de Fortaleza - CE (2008/2013)/ Jefferson Carlos Carvalhal da Silva . – 2014. 84 f.: il., enc. ; 30 cm.

Monografia (graduação) – Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade, Curso de Ciências Econômicas, Fortaleza, 2014. Orientação: Prof. Dr. Fabio Maia Sobral.

1. Clubes de futebol. 2. Desempenho. 3. Indicadores econômicos. I. Título.

CDD 330 ______

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JEFFERSON CARLOS CARVALHAL DA SILVA

ESTUDO DO DESEMPENHO DOS CLUBES PROFISSIONAIS DE FUTEBOL DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA-CE (2008/2013)

Monografia apresentada ao Curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Graduado em Economia.

Aprovada em _____/______/______

Banca Examinadora

Prof. Dr. Fabio Maia Sobral (Orientador) Universidade Federal do Ceará (UFC)

Prof. Dr. Julio Ramon Teles da Ponte Universidade Federal do Ceará (UFC)

Prof. Dr. Jose de Jesus Sousa Lemos Universidade Federal do Ceará (UFC)

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Dedico este trabalho a minha esposa Karla Isaura Medeiros da Silva e aos meus amados filhos Gabriela Medeiros da Silva e Jefferson Carlos Carvalhal da Silva Filho.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pelo amor incondicional.

Aos meus pais, José Gerson Ferreira da Silva e Maria de Fátima Carvalhal da Silva, pela dedicação irrestrita.

A minha esposa Karla Medeiros da Silva pelo apoio e estímulo.

As minhas cunhadas Kelly Cristina Medeiros Ferreira,Caroline de Oliveira Medeiros e Ingrid Sousa da Silva pelas preciosas contribuições.

Aos meus sogros Adália de Oliveira Medeiros e João Carlos de Medeiros.

Ao meu tio Joaci Medeiros dos Santos que investiu no meu potencial.

Ao meu orientador Fabio Maia Sobral pela confiança em mim depositada.

Aos professores Júlio Ramon Teles da Ponte e José de Jesus Sousa Lemos, integrantes da banca examinadora pelo tempo e sugestões precisas.

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RESUMO

O presente trabalho tem por escopo a verificação do desempenho dos times de futebol profissional da Região Metropolitana de Fortaleza no período de 2008 a 2013. Os objetivos específicos são: verificar a evolução do futebol, sobretudo nos últimos cem anos, identificar os clubes que mais cresceram, verificar se houve acréscimo ou decréscimo do número de clubes no período, apontar possíveis causas para o crescimento dos times mais vitoriosos. Desse modo, examinar-se-á as campanhas dos times supramencionados nos campeonatos de 2008 a 2013, observando as seguintes variáveis – classificação, público e renda. Utilizar-se-á a metodologia qualitativa bibliográfica. Encerrar-se-á esta monografia observando a associação existente entre o futebol profissional atual sob o signo do capitalismo, da globalização e a economia, já que o fator econômico tende a favorecer os times com maior valorização mercadológica. Utilizar-se-á, entre outros, o ponto de vista de Pierre Bourdieu, Norbert Elias, E. Hobsbawm, Ronaldo Helal e Aidar e Leoncini.

Palavras-chave: Futebol. Região Metropolitana de Fortaleza. Economia.

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ABSTRACT

The following research has the scope to check the development of the Professional soccer teams from the metropolitan area of Fortaleza from 2008 t0 2013. The specific objectives are? Verify the evaluation of soccer in the last hundred years and so the teams which have developed more, to check if there was any increase or decrease in the quantity of these teams; point possible causes for development of the most victorious teams. It will be checked all of these schedules of these mentioned teams in all the championships they have associated during 2008 to 2013, concerning the following variables: classification, audience and income. It will be used the bibliographic quantitative methodology. This monograph will be based on the association between current professional soccer under capitalism mark, globalization and the economy, because the economic factor tends to support the most marketable valuable teams. Pierre Bourdieu’, Norbert Elias’, E. Hobsbawn’s, Ronald Helal’s, Aidar’s and Leoncini’s point of view will be considerate.

Keywords: Soccer, Metropolitan area of Fortaleza, Economy.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fases Principais do Futebol ...... 22

Figura 2 - Mercados do Mundo do Futebol ...... 34

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Cem anos de futebol (1886 – 1980) ...... 28

Quadro 2 - Tradição X Modernidade ...... 28

Quadro 3 - Indicadores Socioeconômicos de Fortaleza ...... 44

Quadro 4 - Clubes de Futebol Cearenses Profissionais Pertencentes à 1ª Divisão ...... 49

Quadro 5 - Clubes de Futebol Cearenses Profissionais Pertencentes à Série B ...... 50

Quadro 6 - Clubes de Futebol Cearenses Profissionais Pertencentes à Série C ...... 50

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Crescimento da FIFA ...... 32

Tabela 2 - Formação da Região Metropolitana de Fortaleza...... 45

Tabela 3 -: Série A - 2008 ...... 52

Tabela 4 - Campeonato Cearense Série A - 2009 ...... 54

Tabela 5 - Campeonato Cearense Série A - 2010 ...... 56

Tabela 6 - Campeonato Cearense Série A – 2011 ...... 59

Tabela 7 - Campeonato Cearense Série A – 2012 ...... 62

Tabela 8 - Campeonato Cearense Série A 2013 ...... 64

Tabela 9 - Pontuação por Competição ...... 65

Tabela 10 - Classificação dos Times Cearenses no Ranking ...... 66

Tabela 11 - Valor de Mercado dos Principais Campeonatos Estaduais e da em 2014 ...... 67

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...... 14

2 DO AMADORISMO AO PROFISSIONALISMO DO FUTEBOL NO BRASIL ...... 17

2.1 Origens do Futebol no Mundo...... 20

2.2 Origem do Futebol no Brasil ...... 23

3 PROFISSIONALIZAÇÃO DO FUTEBOL NO BRASIL ...... 30

3.1 As Leis Econômicas do Futebol...... 33

3.2 Aspectos jurídicos e Econômicos do Futebol Profissional ...... 37

4 PROFISSIONALIZAÇÃO DO FUTEBOL DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA ...... 43 4.1 O Futebol da Região Metropolitana de Fortaleza ...... 46

4.2 O Desempenho do Futebol Metropolitano Cearense – 2008 / 2013 ...... 51 4.2.1 Campeonatos de 2008, 2009 e 2010 ...... 51

4.2.2 Campeonatos de 2011, 2012 e 2013 ...... 59

4.3 Economia e Futebol Cearense ...... 65

5 CONCLUSÃO ...... 69

REFERÊNCIAS ...... 71

ANEXO A – Borderô 2008 / Fortaleza X Icasa 04 – Maio - 2008

ANEXO B – Borderô 2009 / Fortaleza X Ceará 03 – Maio - 2009

ANEXO C – Borderô 2009 / Ceará X Fortaleza 02 – Maio - 2010

ANEXO D – Borderô 2011 / Fortaleza X Ceará 30 - Jan – 2011

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ANEXO F – Borderô 2011 / Ceará X Guarani(J) 08 - Maio – 2011

ANEXO G – Borderô 2012 / Ceará X Tiradentes 01 – Fev- 2012

ANEXO H – Borderô 2013 / Fortaleza X Ceará 25- Maio - 2012

ANEXO I – Borderô 2013 / Ceará X Guarany(S) 19- Maio - 2013

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1 INTRODUÇÃO

Há pelo menos um século o futebol vem se convertendo em um grande negócio, haja vista a realização de contratos milionários envolvendo jogadores, clubes, mídia, empresários e outros profissionais ligados o esporte. As transações financeiras envolvendo jogadores de futebol representam uma parcela expressiva do montante de recursos deste segmento. Além das receitas procedentes das negociações com atletas, estes impulsionam a venda de itens esportivos e publicidade, em outras palavras, produtos e serviços se vinculam à imagem dos esportistas. A transformação do futebol em negócio para grande parte dos estudiosos é irrefreável. Ronaldo Helal (1997) trata do conflito advindo de duas visões opostas - moderna versus tradicional. A primeira ocupa-se da racionalização e comercialização do esporte e a segunda centra-se no “amor” à camisa, na paixão do torcedor.Em suma, há a contraposição do futebol-negócio ao futebol-arte, da razão à emoção. Os clubes de futebol europeus assumiram, ao longo dos últimos trinta anos, posição de destaque no que se refere à profissionalização1, tal postura tende inevitavelmente a refletir- se nos demais clubes espalhados pelo mundo haja vista o processo de globalização no qual se insere a sociedade moderna. Assim, no Brasil a profissionalização aporta atualmente em todas as regiões do país. Nesse contexto, o presente trabalho tem como temática a evolução dos agentes reguladores (Confederações, federações) e operadores (Clubes) do futebol cearense e especial os clubes da RMF. Um recorte temático, entretanto torna-se necessário, destarte analisaremos o crescimento dos clubes profissionais da Região Metropolitana de Fortaleza. Ver-se-á, pois como o futebol dos clubes profissionais da Região Metropolitana de Fortaleza chegou ao atual estágio, para tanto verificou-se seus históricos desde a fundação, passando da fase amadora à profissional em alguns times, como o Ceará, Fortaleza, Ferroviário e Horizonte o que comprova a tendência globalizante mundial supramencionada. A seguinte questão-problema norteará este estudo: Qual o desempenho dos clubes profissionais da Região Metropolitana de Fortaleza no período de 2008 a 2013.

1 Ação de profissionalizar (-se). Dar o caráter de coisa profissional. Tornar-se um profissional; adquirir caráter de profissional. (FERREIRA, 2004, p. 1637)

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A justificativa da delimitação temática deve-se ao fato de que o futebol dos grandes centros urbanos historicamente desenvolveu-se sempre mais rapidamente do que o futebol dos demais centros. Todavia, com o advento da globalização há uma forte tendência à homogeneização, consequentemente os demais centros sofrem influência dos maiores. Nessa conjuntura, o futebol da região metropolitana tende a acompanhar o desenvolvimento do futebol da capital, tradicionalmente na vanguarda dos acontecimentos que movimentam a sociedade moderna. Portanto,o objetivo central da pesquisa consiste em analisar o desempenho dos clubes profissionais da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) nos últimos seis anos. Os objetivos específicos são:

I) verificar a evolução do futebol, sobretudo nos últimos cem anos; II) identificar os clubes que mais cresceram economicamente; III)verificar se houve acréscimo ou decréscimo do número de clubes no período; IV)apontar as possíveis causas do crescimento dos clubes mais vitoriosos.

Para tanto, contextualiza-se o recorte temático na conjuntura em que se insere. Desse modo, o trabalho divide-se em três seções. A primeira seção versa sobre a origem do futebol no mundo e no Brasil a partir de uma perspectiva sociocultural, ou seja, trata tal desporto como uma atividade cultural que possui alta adaptabilidade para inserir-se na estrutura de uma sociedade. Assim, utilizou-se, sobretudo, o ponto de vista de dois estudiosos proeminentes da sociologia do esporte: Pierre Bourdieu (1983) e Norbert Elias (1995). Para o primeiro, a assimilação e o consumo desse esporte constitui uma expressão simbólica de identificação com as classes de elite. Para o segundo cientista, tal desporto surge como um componente de um processo cultural maior, consequência do processo civilizador dos costumes e da modernização do mundo ocidental. A seção seguinte trata da profissionalização do futebol e a sua transformação, ocorrida no final do século XX e que se mantém até a contemporaneidade, em um esporte altamente competitivo, tecnológico, científico, planejado e cada vez mais mercadológico. Para Hobsbawm (2007) o futebol é um agente da globalização por refletir o mundo atual. Serão expostas algumas leis que regem o futebol tanto as econômicas como as jurídicas. Tais leis refletem a complexidade de uma dada sociedade com todos os avanços e retrocessos caracterizadores de suas contradições. As leis econômicas aplicadas ao futebol com todas as

15 suas particularidades acompanham os novos rumos da economia local e global. Por sua vez, as leis jurídicas desse esporte sofreram inovações e anacronismos explicados pelo choque de interesse de partes contrárias. A terceira seção, seguindo a delimitação temática traçada, ocupa-se do desempenho dos clubes profissionais de futebol da Região Metropolitana de Fortaleza nos últimos seis anos. Destarte, verificou-se as campanhas dos times pertencentes a região metropolitana de fortaleza nos campeonatos de 2008 a 2013, observando as seguintes variáveis – classificação, público e renda – referentes ao campeonato cearense de futebol. Encerra-se esta seção com a verificação da associação existente entre o futebol dos times profissionais da RMF atual sob os signos do capitalismo, globalização e economia.

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2 DO AMADORISMO AO PROFISSIONALISMO DO FUTEBOL NO BRASIL

Americanização, globalização, imperialismo cultural, modernidade e espetacularização são questões centrais colocadas no sentido de compreender a dimensão e o significado assumido pelo esporte nos dias de hoje. Estamos falando de continuidades e rupturas de um fenômeno, talvez único, que nos últimos cem anos tem se expandido constante e, talvez, irremediavelmente. (ADEMIR GEBARA, 1995)

O esporte pode desempenhar papéis variados tanto na formação do homem quanto da sociedade, desse modo, funciona como meio de socialização e difusão de valores e/ou ferramenta de educação e saúde, por conseguinte, constitui-se fenômeno social observável na vida diária. Sob esse prisma, pretende-se nessa seção observá-lo à luz da história e da sociologia, e em especial, a do esporte. Assim sendo, inicia-se o pensamento tecendo considerações, sobretudo, sobre dois aspectos pertinentes à sociologia mencionada – secularização e racionalização. Em seguida, se descreve um breve histórico do esporte – origens no mundo e no Brasil. Todavia, a temática do esporte apresenta-se ampla em demasia, por isso, recorre-se a um recorte, optando pelo enfoque em uma modalidade - o futebol – e em um país específico – o Brasil. A sociologia do esporte, proposta por Pierre Bourdieu (1983) tem como objetivo compreender as funções das práticas esportivas nas sociedades contemporâneas, assim, ocupa-se do exame dos fenômenos sociais, nesse caso, os jogos competitivos, apreciando-os sob o ponto de vista de dois processos inerentes à modernidade – a secularização e a racionalização. A secularização versa sobre o desencantamento do mundo, ou seja, sobre a alteração das explicações de natureza mágica ou religiosa para os mais distintos fenômenos por outras de cunho racional, técnico e científico. Trata-se de um processo próprio da mudança social que consolidou as economias de mercado e as democracias de massa, baseadas em cálculos utilitários e regras escritas e não em mitos e tradições. Por sua vez, ainda conforme Pierre Bourdieu (1983), a racionalização considera a utilização da razão instrumental na ação humana. Em outras palavras, importa, nesse processo, a tomada de atitudes e decisões recusando elementos de ordem pessoal, afetiva e

17 emocional. Nesse contexto, eficiência e quantificação tornam-se imprescindíveis, à medida que, transformam-se em valores normativos passíveis de serem medidos, assim, as estatísticas igualam-se em importância aos eventos. Trazendo tais preceitos para o futebol, pode-se afirmar que no princípio a forma de se conceber essa modalidade esportiva era predominantemente lúdica e de caráter ritual, pois os jogos compunham as festas religiosas e reverenciavam os deuses, além dos corpos dos jogadores (juventude, beleza e força). Apesar de o esporte moderno ter se solidificado profissionalmente através de forças do mercado capitalista e da globalização, sua essência não se desvincula das crenças e rituais religiosos. Tal afirmação pode ser comprovada por meio da observação de dirigentes e torcedores que ao perceberem suas equipes na iminência de perder jogos recorrem aos mais variados rituais religiosos com o intuito de reverterem o quadro. Dentro desse processo de racionalização perdeu-se o caráter religioso, mas se manteve a idolatria ao corpo e certo conteúdo lúdico.Contudo essa brincadeira tornou-se um negócio profissional deixando de ser uma atividade puramente gratuita e desinteressada para uma regida por normas e regras específicas. Logo a secularização do esporte moderno se caracteriza pela mercantilização do jogo e dos atletas e da perda do saudosismo do espetáculo. A secularização e a racionalização constituem-se processos inerentes à modernidade. A visão moderna pode provocar consequências prejudiciais aos que se interessam pelo futebol de forma emotiva e legítima, destacam-se a dessacralização e a perda de identidade, haja vista, respectivamente, os excessos do merchandising e a imposição de métodos e técnicas característicos do ambiente europeu. Pierre Bourdieu (1983) teoriza ainda sobre o esporte enquanto reprodutor social da lógica dominante,não necessariamente econômica ao revelar-se como uma arena de conflitos entre dominantes e dominados movido por forças e interesses consolidados pela classe mais poderosa. O sociólogo enuncia que o esporte carrega consigo marcas de origem, como, por exemplo, a ideologia aristocrática que a despeito de apreendê-lo como atividade desinteressada:

Contribui para mascarar a verdade de uma parte crescente das práticas de esporte como o tênis, equitação, o iatismo, o golfe, deve sem duvida uma parte de seu interesse, tanto nos dias de hoje quanto em sua origem, aos lucros de distinção que ela proporciona (PIERRE BOURDIEU, 1983, p 143).

Portanto, para Bourdieu(1983) assimilação e consumo de certos esportes constitui um fenômeno de reprodução de uma lógica peculiar aos campos sociais,em que se 18 insere uma relação de dominação, tratando-se de uma tentativa de afirmação do grupo social, ou ainda, uma expressão simbólica de identificação com os extintos dominantes. Ainda dentro da visão sociológica, além do ponto de vista de Pierre Bourdieu(1983), destaca-se o de Norbert Elias (1995) cuja abordagem pauta-se na argumentação comprobatória de que o esporte surge como componente de um processo cultural mais vasto decorrente do processo civilizador dos costumes e a modernização do mundo ocidental - o processo civilizatório - contribuiu para a consagração do esporte como prática social legitima. Nessa perspectiva, a vontade do ser humano de agir,segundo seus instintos e paixões,e obter resultados impreterivelmente positivos gera certo grau de estresse na vida social, uma vez que por mais que o ser humano se eduque sempre subsiste um resquício de tensão individual e/ou coletiva acarretando uma espécie de mal estar. Assim sendo, o futebol pode funcionar como instrumento de fuga da realidade opressora, capaz de promover a liberação das tensões ocasionadas no âmbito social. Logo, os indivíduos dirigem-se a locais com espaços limitados, caso dos estádios de futebol, para exteriorizarem suas tensões, todavia, de modo regulamentado, pois a existência de regras controla seus impulsos mais violentos. Segundo Elias (1995 p. 64-65):

Dentro de sua cenografia específica, o esporte – como outras atividades recreativas – , graças à maneira como está desenhado, pode evocar uma determinada tensão, uma excitação agradável, permitindo assim que os sentimentos fluam com mais liberdade. Pode servir para afrouxar, liberar talvez, as tensões por sobre-esforço. A cenografia do esporte, como a de muitos outros exercícios recreativos, está desenhada para despertar emoções, evocar tensões em forma de excitação controlada e bem equilibrada, sem os riscos e tensões habitualmente associados com a excitação em outras situações da vida; ou seja, uma emoção “mimética” que pode ser agradável e produzir um efeito liberador e catártico.

Para Elias(1995), o aparecimento do esporte na era moderna não se constitui uma reedição de tradições clássicas - greco-romanas.Antes se trata de um processo cultural de “esportização” de atividades lúdicas que implicam esforço físico, processo cuja dinâmica origina um conjunto de práticas sociais inteiramente diversas de suas possíveis antecessoras. Segundo Elias, a “esportização” de competições físicas corresponde, no âmbito do lazer, ao processo civilizatório verificado na política inglesa e no convívio social. Nesse sentido, a transformação de atividades recreativas em modalidades esportivas é um dos componentes de uma significativa mudança nos hábitos e nos valores de toda uma civilização. O sociólogo defende que a partir da segunda metade do século XVIII certas atividades físicas 19 atingiram o status de desporto na Inglaterra, considerada modelo, através da criação de regras muito claras orientadas pelas idéias de justiça e igualdade aos participantes. O rigor das regras ocasionou um nível de ordem e autodisciplina jamais visto até então proporcionando um equilíbrio de forças e uma razoável proteção contra ferimentos físicos. A “esportização” possui, portanto, o caráter de um impulso civilizador. O esporte não se dissocia da sociedade, veja-se a origem no mundo e no Brasil da atividade esportiva mais popular da contemporaneidade – o futebol.

2.1 Origens do Futebol no Mundo

O esporte é uma manifestação cultural e, portanto, social e esta subseção observará sua origem com o objetivo de descrever o desenvolvimento histórico do futebol desde o início até a fase moderna, destacando a mudança de paradigma do esporte primitivo ao moderno. Rogério da Cunha Voser (2010) em Futebol: história, técnica e treino de goleiro oferece um panorama da história do futebol que se inicia ainda na pré-história quando os antepassados chutavam pedras, crânios e pinhas. A literatura trata de jogos com bola já na Odisséia, de Ulisses. Há ainda relatos desses jogos entre os maias, incas e astecas. Observem- se os registros relativos à origem desse jogo na China, Japão, Grécia Antiga, Roma Antiga, França e Itália. Por volta de 2.600 a. C. o chinês Yang-Tsé criou um jogo, o “kemari”, praticado na China e depois no Japão, para aperfeiçoamento militar que consistia em chutar uma bola feita de fibra de bambu, apesar de não contabilizar pontos, o uso das mãos era vedado e desclassificava-se o jogador que tocasse no cabelo do adversário. Mais tarde essa prática militar foi adotada pela corte imperial como forma de lazer. Na Grécia Antiga, o “epyskiros”, jogo disputado com bola de bexiga de boi coberta com uma capa de couro assemelhava-se ao futebol por permitir o chute com os pés. Relatos históricos descrevem que as técnicas de passe curto ou longo contavam pontos, assim como a ultrapassagem da linha de meta (linha de fundo). Todavia, não há registros de suas regras. Na Roma Antiga, o “haspartum” era praticado com uma bola de bexiga de boi inflada com ar, o “follis”. O jogo era disputado em um campo que possuía duas linhas de meta 20 transversais às linhas laterais e uma linha divisória no meio do campo. Vencia a partida a equipe que trocando passes ultrapasse a linha de meta adversária. Não há certeza quanto ao emprego do pé, mas a posição dos jogadores era bem definida – havia os “locum stadium”, jogadores mais lentos que atuavam na defesa; os “medicurrens”, situavam-se no meio do campo e os ”área pilae praeter-volantis et supriactae”, jogadores ofensivos. Há divergência sobre a origem do “soule”, alguns historiadores apontam à França e outros a Inglaterra. Todavia, a maior parte situa o aparecimento na França com profunda influência do “haspartum” romano. O jogo consistia “em transpor a bola, através de arremesso, pela linha de meta, demarcada por duas estacas cravadas no chão”, conforme Voser. (2010, p. 19). Dependendo da região o “soule” passava a ser denominado de “shoule”. Na Idade Média, o “soule” encontrou resistências, pois passou a ser considerada uma prática violenta. Na Itália, o “cálcio”, teria se originado em 17 de fevereiro de 1530, conforme Figueiredo (2003, p.18) em Florença que se encontrava sitiada pelas tropas militares do príncipe Orange. As duas forças resolveram disputar a vitória em um jogo de bola, cada equipe compunha-se de vinte e sete jogadores (cinco goleiros, três defensores, quatro meio de campo e quinze atacantes). Permitia-se o uso das mãos e dos pés, chutes, cabeçadas, bloqueios desleais por se tratar de uma batalha. Os competidores objetivavam levar a bola à barraca adversária, construída sob a linha de meta de cada campo. Giulianotti (2010) em Sociologia do futebol, dimensões históricas e socioculturais do esporte das multidões afiança que grande parte desses “jogos primitivos” originou conflitos entre as classes dominantes. Na China, durante a dinastia dos Ming, o imperador Zhu Yuanzhando ordenou a amputação das pernas dos que desobedecessem à proibição de jogar futebol. A lei foi decretada em 1389, sendo revogada somente em 1625. Na Inglaterra, em 1314, Edward II proibiu essa modalidade esportiva para que o arco e flecha fossem mais praticados Dando continuidade a essa proibição, James I autorizou os oficiais a multar os infratores. Entre os séculos de XVI e XVII, jovens de cidades escocesas como Aberdden eram acusados de conduta profana no Sabbath por beber, dançar e jogar futebol. Os jogos não tinham regras claras, os times eram formados por jogadores rivais de cidades e povoados vizinhos com jogadores nos mais variados níveis de tamanhos e habilidades, existindo, assim, um grande desequilíbrio. O principal objetivo consistia em agarrar a bola e levá-la ao gol adversário, era permitido pegá-la com a mão antes de chutar, e

21 o gol não tinha um tamanho definido, não tinha árbitros, não existia esquema tático ou posicionamento dos jogadores em campo. Em suma, não havia qualquer controle de fiscalização, por isso a incidência em alto grau de violência. Durante os séculos XIII e XIV era comum jogadores carregarem punhais, ferir os adversários. Socos, pontapés nas canelas e lutas diversas ocorriam, pois os jogadores se vingavam de jogos passados.Mortes eram frequentes. Os jogos também eram disputados entre igrejas de cidades vizinhas, homens casados e solteiros, mulheres casadas e solteiras, escolas contra outras, ou cidades contra campo, segundo Giulianotti (2010, p.17). Na história moderna, o título de país de origem do futebol coube à Inglaterra através da criação da Football Association, cujas regras remontam ao final século XIX, base desse desporto na atualidade. Apesar da origem elitista, o futebol inglês passou a ser praticado pelas classes populares e, à proporção que o público começou a demonstrar interesse em assistir às partidas, transformou-se em uma atividade lucrativa com a cobrança de ingressos, conforme Giulianotti (2010, p.19-20). A escalada do futebol inglês que de meio de lazer e socialização rapidamente configurou-se como atividade econômica, verificou-se uma tendência praticamente global e no Brasil não foi diferente. As três fases principais desse esporte desde sua origem até a contemporaneidade podem ser assim esquematizadas, conforme a Figura 1.

Figura 1 - Principais Fases do Futebol

Fase ancestral-prática cultural Esporte amador  Ritual de guerra – Tsü-tsü   Redefinição de significado e função  Lazer da nobreza – calcio  Conquista simbólica das massas  Jogo popular –mob football

 Esporte profissional Redefinição de significado e função  Reinterpretação popular  Consolidação da indústria do espetáculo esportivo

Fonte: A nova gestão do futebol (2002)  

R

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2.2 Origem do Futebol no Brasil

Três etapas marcam o desenvolvimento do futebol no Brasil, de esporte amador a negócio altamente rentável, capaz de movimentar bilhões de dólares, segundo Frederico Lustosa da Costa (2000) em Fome de bola: desafios da gestão esportiva e o futebol no Brasil. São elas: evolução do futebol independente do aparelho de Estado; interferência do Estado no crescimento e popularização do futebol; substituição do Estado pelo Mercado (investidores, empresários, empresas de mídia) no processo de transformação do futebol em negócio de entretenimento e lazer. A descrição das etapas iniciais justifica-se, pois este trabalho tem por objeto de estudo a evolução do futebol profissional para a qual se dedicam as próximas seções. Todavia, antes de adentrar-se nessa fase, consideramos relevante historicizá-la, para tanto verificaremos a história amadora e sua transição, predecessoras da profissional. As divergências sobre a origem do futebol no mundo também se verificam na chegada deste esporte ao Brasil.Todavia, há unanimidade na consideração de que a participação de Charles Miller (1874-1953) foi essencial. Trata-se de um anglo-brasileiro (pai cônsul britânico e mãe brasileira) que em 1894 aos vinte anos, retorna da Inglaterra para o Brasil e em 1895 realiza o primeiro jogo oficial no país na Várzea do Campo (SP) entre os times Gás Company X São Paulo Railway, time de Miller. As duas equipes eram formadas por ingleses e anglo-brasileiros. Miller além de ser o principal responsável por introduzir o esporte em solo brasileiro atuou como jogador, dirigente de clube e árbitro. O futebol brasileiro é, portanto, um desporto importado dos ingleses, há pouco mais de cem anos, atravessou diversas fases até se tornar o esporte da preferência nacional, segundo Aidar e Leoncini (2002, p.86-87) No início, era um esporte amador e de ricos, o material era importado e caro, as partidas, denominadas matchs de futebol, eram disputadas por muitos estrangeiros e poucos brasileiros. Em 1897, o futebol foi introduzido no Rio de Janeiro, por empreendimento de outro descendente inglês, Oscar Cox, filho brasileiro de família inglesa abastada. De início, a nova prática esportiva nascida sob o signo do novo, do moderno, do chique restringia-se aos clubes de regatas, depois passou ao ambiente dos colégios católicos e militares reservados às famílias ricas. Inserido em uma sociedade tradicional, o novo esporte assumiu um caráter cultural contraditório, pois se chocou com valores historicamente implantados, conforme explica: Matta (1994, p.11)

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Habituada a jogar e não a competir, a sociedade brasileira, construída de favores, hierarquias, clientes, e ainda repleta de ranço escravocrata, reagia ambiguamente ao futebol. Esse estranho jogo que, dando ênfase ao desempenho, democraticamente produzia ganhadores e perdedores sem subtrair de nenhum disputante o nome, a honra ou a vergonha. Foi preciso que essa sociedade fincada por valores tradicionais aprendesse a separar as regras dos homens e da própria partida para que o futebol pudesse ser abertamente apreciado entre nós.

Precisar a transformação do esporte de elite em um esporte de massas não é tarefa fácil. Pode-se apontar, todavia que o surgimento das primeiras indústrias brasileiras contribuiu para tal democratização. Os times formados nas fábricas realizavam seus jogos fora do circuito dos bairros ricos. O primeiro foi o Bangu, em 1904, fundado como The Bangu Athletic Club pelos mestres tecelões ingleses contratados pela Companhia Progresso Industrial do Brasil. Há ainda a formação de equipes suburbanas como o Corinthians Paulista, em 1910, e a chegada de imigrantes europeus que fundaram, por exemplo, o Palestra Itália, em 1914. As camadas populares, dispensando os campos gramados, as bolas importadas e as balizas, jogavam nas várzeas com bolas de meias improvisando os contornos do campo e do gol. Essa popularização antecedeu ao surgimento dos primeiros grandes clubes – “Fluminense, Botafogo, América, Flamengo, São Cristóvão, quando também nasce a Liga Metropolitana para Sports Athletics (LMSA), para organizar competições e campeonatos do novo esporte que começava a atrair cada vez mais adeptos” (GORDON JUNIOR, 1995, p.79). Nessa mesma época, os campos de futebol se abrem às camadas mais pobres da população e o esporte começa a se consolidar no cenário brasileiro. A despeito dessa disseminação, um fenômeno curioso retrata o caráter segregacionista das elites e os preconceitos sociais que envolviam a prática do futebol. Havia um distanciamento entre os clubes instalados nos bairros nobres e os dos subúrbios, “As distâncias sociais, com todas as suas graduações, deveriam ser mantidas religiosamente dentro e fora do esporte” (GORDON JUNIOR, 1995, p. 80). Os preconceitos racial e social existiam e até 1918, a Federação Brasileira de Sports, órgão surgido em 1914, regulamentava o futebol em todo o território brasileiro, proibia a inscrição de negros nos times profissionais. O modelo elitista baseava-se no amadorismo, todavia a expansão do futebol impossibilitava tal base, pois o dinheiro das bilheterias e o pagamento aos jogadores tornavam-na insustentável, assim como a entrada de jogadores oriundos das classes inferiores. A década de vinte já fornece pistas sobre o esfacelamento desse modelo, a consagração do Vasco da Gama, composto por negros e brancos pobres, sendo o primeiro time a eleger um 24 presidente negro Cândido José de Araujo. A equipe cruzmaltina tinha um método diferente pra recrutar os jogadores negros, os comerciantes portugueses empregavam esses jogadores com o pretexto de trabalhar em suas lojas, mas na prática eles serviam apenas para o time,porém,como era um sistema amador ,tinham que estar trabalhando porque só poderiam jogar se estivessem vinculado a algum contrato de trabalho.Com força física e técnica acima dos demais times por causa dos treinamento o Vasco da Gama conseguia ter grande vantagem sobre seus adversários e em 1922 sagrou-se campeão da segunda divisão do e no ano seguinte em 1923 se tornou campeão carioca provocando a reação dos clubes de elite - Flamengo, Fluminense, Botafogo e América - que culminou em uma onda de denúncias baseadas no fato de que os jogadores recebiam gratificações, “bicho”, e preparavam-se em regime de internato para as partidas. O ápice foi à expulsão do Vasco da Liga sob a alegação de que não possuía estádio próprio, relata Junior (2008). Mário Rodrigues Filho em O negro no futebol brasileiro (1964, p.128) a esse respeito escreve que os clubes finos da sociedade estavam diante de um fato consumado, os brancos e ricos não detinham mais a hegemonia, uma verdadeira revolução operava-se nos campos de futebol: “Desaparecera a vantagem de ser de boa família, de ser estudante, de ser branco, o rapaz de boa família, (...) tinha de competir em igualdade de condições, com o pé- rapado, quase analfabeto, o mulato e o preto para ver quem jogava melhor”. Saliente-se que o peso das questões econômicas e sociais nacionais - país recentemente saído da escravidão e entrado no sistema republicano - fez com que negros e pobres entrevissem nesse esporte uma oportunidade de ascensão única. Pode-se apontar assim, um entre outros fatores que concorreram para a crise do modelo amador - a expansão e a popularização do futebol que concorreu para a entrada de atletas pobres nesse circuito. O futebol brasileiro começa realmente a se profissionalizar e a se internacionalizar a partir da década de trinta. Nesse período, realizaram-se as primeiras copas do mundo que colaborarão para o desenvolvimento do futebol profissional. A profissionalização gerará modificações expressivas. Para Lopes (1999) o aparecimento do futebol como profissão teve o poder de romper com os padrões elitistas dos clubes amadores e com o paternalismo dos clubes semi-amadores, contribuindo ainda para a expansão das formas de recrutamento e a invenção de um estilo nacional, representado pelo vultoso acesso de jogadores de classes populares e negros. Nascia o futebol-arte repleto de efeitos contorcionistas ainda que não se convertessem em gol, o drible valia mais que o resultado positivo. Segundo, Mario Filho o

25 comportamento exibicionista de nossos primeiros jogadores de subúrbio diante de negros e trabalhadores do início do século proferindo que aqueles eram "doidos para experimentar aquela coisa gostosa, o aplauso. Jogavam para a arquibancada" (FILHO, 1964, p.49). Atitude admirada e incentivada pelos torcedores para quem o futebol devia ser alegre, enfeitado. Improvisação e prazer definiam, portanto, o futebol brasileiro, assim como a proximidade da relação entre o jogador e a torcida no momento do jogo. A partir da popularização do esporte ocorre a intervenção do Estado nos negócios do futebol. Nesse contexto, Getulio Vargas oferece apoio ao escrete nacional na III Copa do Mundo e em 1941 cria o Conselho Nacional de Desportos (CND), ação reveladora da importância atribuída pelo Estado Novo às práticas esportivas. Tais empreendimentos ancoravam-se na idéia de que futebol traduz-se em diversão do povo, escola de democracia e fonte de saúde para as massas. A partir de então, constroem-se os grandes estádios nacionais, uma vez que a prática do futebol necessitava de instalações físicas imponentes, à altura do espetáculo oferecido às massas. Nesse contexto, em 1941, inaugura-se o estádio do Pacaembu, em São Paulo, palco de aproximação entre sociedade e governo. Ressalte-se que nas comemorações do dia do Trabalho uma partida de futebol era disputada entre os principais times da cidade. O futebol atraía, assim, o povo para eventos políticos. Data dessa época a prática de compra de passes e o aparecimento dos mitos brasileiros, fenômeno verificado até a atualidade(fontes ?). O profissionalismo trouxe consigo a possibilidade de mobilidade social para os jogadores oriundos das camadas mais baixas. Sobre isso Rosenfeld (1993) - professor alemão que na década de 1920 lecionou na USP, na tentativa de apreender o Brasil, adotou como temas de ensaios três elementos característicos da cultura brasileira: o negro, a macumba e o futebol - explana que a ascensão econômica já existia na época do amadorismo e que hoje é corriqueira. Desse modo, Rosenfield explica que o salário médio de um jogador do time principal de um dos grandes clubes de São Paulo ou Rio, elevasse, no momento [1956], a cerca de 8 até 15 mil cruzeiros mensais, ou seja, maior do que o salário de um professor em ginásios oficiais. A oportunidade de sediar a IV Copa do Mundo (1950) precipitou o processo de edificação e melhorias dos estádios. O maior evento esportivo do mundo angariaria prestígio, além de constituir uma boa ocasião para o Brasil se desvencilhar da visão negativa embasada na ideia de desorganização e pouca capacidade de iniciativa. Haveria, assim, a oportunidade de mostrar facetas positivas do país, logo o Governo Federal seria beneficiado pela

26 popularidade do futebol. A boa imagem do futebol brasileiro serve de propaganda para o país e para o povo, motivo de orgulho, paixão nacional, catalisador de sentimentos diversos. O estímulo político-institucional conferido pelo governo e suas agências de propaganda tinha o objetivo de demonstrar que a força do povo brasileiro reflete-se no futebol e vice-versa. Em 1958, o Brasil conhece alguns “heróis” da nação como: Garrincha, Pelé que se tornaria o melhor jogador de todos os tempos, Vavá, Zito, Mazzola, Nilton Santos, Didi, Gilmar, Zagallo, entre outros por conseguirem trazer o título de campeão ganhando de 5 a 2 da Suécia jogo realizado no estádio Rasunda na Suécia. Já na sétima Copa do Mundo, em 1962 realizada no Chile, o Brasil manteve a maioria dos jogadores da copa anterior, portanto tinha um time entrosado e conseguiu vencer na final a equipe da Tchecoslováquia por 3 a 1 sagrando-se bicampeã .Assim, a vitória brasileira na Copa do Mundo, em 1970, convenientemente restaura a confiança e o ufanismo do povo no país incentivado pelo governo. Na década de 1980, a despeito da seleção canarinho não vencer o principal campeonato mundial, apresenta grandes jogadores e um belo futebol, embora não eficiente, evidenciando a mentalidade tradicional pautada no futebol-arte. Em 1994, a Copa do Mundo foi sediada nos EUA e apesar de pouca tradição no futebol bateu todos os recordes de audiência televisiva, já que o marketing estava amplamente inserido no futebol. Na final, a equipe brasileira comanda pelo “baixinho” Romário vence a Itália nos pênaltis e se converteu na primeira seleção tetracampeã mundial. A copa de 2002 foi a primeira disputada em dois países Japão e Coréia do Sul e teve a participação de 32 times. O Brasil dispunha de “Ronaldinho” que acabara de voltar a jogar após passar por dois anos em inatividade por causa de grave contusão no joelho. Esse jogador foi o comandante de um triunfo de 2 a 0 contra a Alemanha e se tornou o artilheiro da competição que se tornou pentacampeã mundial da copa. A coexistência das mentalidades tradicional (amadora) e moderna (profissional) persiste até os dias de hoje. Rezende (2004,p.24) destaca alguns eventos ligados à história do primeiro século deste esporte no Brasil, marcantes da transição do amadorismo ao profissionalismo. Segue quadro demonstrativo.

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Quadro 1 - Cem Anos de Futebol (1886 – 1980) ANO ACONTECIMENTO

1886 Fundação da International Football Association Board.

1894 Charles Miller traz as regras do futebol para o Brasil.

1904 Criação da FIFA (Federação Internacional de Futebol Associados), cujas principais funções são: organizar e fiscalizar o futebol mundial. 1916 Fundação da CBD (Confederação Brasileira de Desportos)

1941 Fundação da Federação Paulista de Futebol (FPF) e do Conselho Nacional de Desportos (CND) 1980 Criação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF)

Fonte: Estudo sobre as decisões identificadas na gestão de contrato de jogadores de futebol: O caso do clube Atlético Paranaense(2004).

Desse modo, o mundo futebolístico do amadorismo à profissionalização vê-se em meio às mudanças. Observa-se assim, distintas etapas históricas desse desporto no Brasil: a origem elitista (evolução do futebol independente do aparelho de Estado), a transição ao profissionalismo e a tutela estatal (interferência do Estado no crescimento e popularização do futebol). Santos (2002,p.73) esquematiza as diferentes visões características da fase amadora que coincide com os valores tradicionais e a fase profissional que reflete os valores modernos para três segmentos: jogadores, dirigentes e espetáculo,conforme mostrado no quadro 2.

Quadro 2 - Tradição X Modernidade SEGMENTOS TRADIÇÃO MODERNIDADE

Jogadores “Amor à camisa, improvisação, estilo Mentalidade profissional, êxodo, individual de jogo, dribles”. racionalização do jogo.

Dirigentes Amadorismo e política de favores. Busca pelo modo empresarial, profissionalização, ética do lucro e marketing. Espetáculo Baixo grau de comercialização, poucos Propaganda nos estádios e uniformes, times no campeonato, regulamento estável televisão, mais clubes competindo e e muitas estrelas. menos estrelas. Fonte:Luis Vídeiro Vieira Santos (2002)

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Impulsionado pela força do mercado capitalista e globalizado esse novo mundo convive em sua etapa atual com a espetacularização e a mercantilização do esporte (substituição do Estado pelo Mercado - investidores, empresários, empresas de mídia). Afinal, conforme pensamento de Gebara (1995) selecionado para epígrafe desta seção “Estamos falando de continuidades e rupturas de um fenômeno, talvez único, que nos últimos cem anos tem se expandido constantemente e, talvez, irremediavelmente.” Acompanhando essa trajetória, dedicaremos os próximos capítulos à profissionalização desse esporte.

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3 PROFISSIONALIZAÇÃO DO FUTEBOL NO BRASIL

[...] e só quem não tem a menor sensibilidade é capaz de dizer que a platéia do futebol é uma platéia de passivos. Porque ninguém me convence de que não fiz junto com Basílio aquele gol que libertou o Corinthians de vinte e dois anos sem titulo [...]; e que eu não estava junto com o Taffarel, na defesa do pênalti, na Copa de 94. [...] Foi num campo de futebol que se abriu, pela primeira vez, na História, uma faixa pela anistia aos presos políticos brasileiros; foi no Morumbi, com cem mil pessoas, num jogo entre Corinthians e Santos. E por que num campo de futebol com cem mil pessoas? Porque não dava pra polícia chegar lá em cima e prender todo mundo; quando a polícia chegou, a faixa já havia desaparecido. [...] o futebol é mais ou menos como a praia, que uniformiza todo mundo. Por mais que o estádio tenha suas divisões, a arquibancada do Maracanã é o único lugar, num país de estratificação tão poderosa como o Brasil, em que ainda se vê um rico abraçar um pobre. Não entender todas essas características, e que o futebol imita a vida, como pouquíssimas áreas da atividade humana, é, no mínimo, uma pena.

(2KFOUR, 1996 apud SANTOS, 2002)

Enfocar-se-á nessa segunda seção do trabalho os aspectos sociais, econômicos e jurídicos inerentes à relação atual entre futebol e sociedade no Brasil. Para tanto, iniciamos o segundo capítulo com a longa e emocionada citação do jornalista Kfour, 1996 apud Santos, 2002 quando indagado sobre a influência do futebol na educação da juventude por compreendê-lo como uma manifestação cultural e que, por conseguinte, reflete irremediavelmente a sociedade. Em seu caráter histórico, o esporte reproduz características a uns só tempo locais e globais. Foi assim nas primeiras décadas no final do século XIX e início do século XX possuindo caráter elitista, proibitivo ou excludente e preconceituoso ou racista, configurava-se mera atividade de lazer, secundária e amadora. Posteriormente, passa a ser atividade principal, remunerada, especializada e aberta a todas as classes sociais e ressalte-se extremamente popular. Algumas razões podem ser apontadas para levarem o futebol a conquistar tamanha popularidade. Entre elas, três se destacam: permite que seus praticantes possuam biótipos diversos (alto, baixo, magro, etc.); foi introduzido como uma prática da elite europeia, este fato conferia valorização social ou status aos praticantes; possui caráter imprevisível, o que agrega intensa emoção aos praticantes e aos espectadores.

2 KFOURI, Juca. A mídia e o marketing esportivo. In: Anais do Seminário INDESP de marketing esportivo. Publicações INDESP, Série Ciências do Esporte, Ministério Extraordinário dos Esportes, Ouro Preto, 1996.

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Assim, esse fenômeno de popularidade transformou-se em um esporte altamente competitivo, tecnológico, científico, planejado e cada vez mais mercadológico. Hobsbawm (2007) descreve-o como síntese da globalização por ilustrar perfeitamente o mundo contemporâneo. A capacidade de inserção na estrutura social faz do futebol uma potência de esporte universal, originando um extraordinário mercado e se revelando um agente inegável da globalização. Todavia, Hobsbawm aponta três aspectos negativos da globalização em relação ao futebol: o modelo vigente gerou um enfraquecimento da posição de todos os clubes que não são integrantes dos grandes torneios internacionais ou exportadores de craques; a lógica transnacional dos grandes clubes prejudica a identificação nacional; e o aumento do comportamento xenofóbico e racista entre os torcedores dos países europeus como Itália, Espanha e Inglaterra. A alta adaptabilidade do futebol na estrutura social da sociedade moderna computa aspectos negativos e positivos, entre os primeiros há o forte impacto das pressões internacionais sobre o mercado interno da bola, que pode ser prejudicial para o local. Por outro lado, o futebol institui uma rede global, interligando países, idéias, competições e até comercialização de jogadores. O equilíbrio gerado pela magia do futebol em escala mundial, centrado na paixão local pelos clubes e na identificação com as seleções nacionais pode estar comprometido para Gurgel (2008) que explica que o equilíbrio global dos negócios e paixões, o modelo de globalização que está em marcha conduz a um futuro incerto para uma das maiores paixões do ser humano. “Na prática, as dúvidas sobre a globalização do futebol não se diferenciam das dúvidas sobre a globalização no sentido amplo, visto que os perdedores nos dois casos são os mesmos.” (GURGEL, 2008, p.62) As primeiras décadas do século XX constituem-se um marco fundamental para a compreensão das aspirações globais do futebol. A criação da FIFA, em 1904, reúne rapidamente diversos grupos espalhados pelo globo terrestre, fazendo com que a recém-criada entidade, contasse com representantes de quase todos os continentes. Para comprovação de sua grandiosidade, uma comparação com a ONU torna-se válida, já que atualmente a Federação Internacional de Futebol Associado dispõe de 209 membros enquanto que a Organização das Nações Unidas possui 193. O COI (Comitê Olímpico Internacional) registra 205 membros. Segue tabela sobre a crescente ampliação da entidade máxima do futebol desde sua fundação.

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Tabela 1 - Crescimento da FIFA Evolução do número de confederações associadas à FIFA REGIÃO 1904 1925 1950 1975 1990 2007 EUROPA 8 28 32 35 36 51 AMÉRICA DO SUL 0 6 9 10 10 10 AMÉRICA DO NORTE E CENTRAL 0 3 12 22 27 35 ÁSIA 0 1 13 33 38 46 ÁFRICA 0 1 1 35 48 53 OCEANIA 0 0 1 4 8 12 TOTAL 8 39 68 139 167 208 Fonte: FIFA (2014)

O crescimento da FIFA reflete o interesse do mundo por esse esporte que, inegavelmente, é o mundialmente mais importante em termos econômicos por movimentar quantias de grande vulto quando bem gerido. A gestão desse esporte inserida na contemporaneidade não pode prescindir de valer-se dos recursos dispostos no meio atual. Adaptar-se, modernizar-se pode significar a sobrevivência, o fracasso ou o sucesso. Brunoro e Afif (1997, p.49) conceituando a gestão moderna assim a definem: “Modernidade significa estar a par de tudo aquilo que passa por um processo de transformação: teorias administrativas, avanços tecnológicos – na informática e na medicina esportiva – tendência de mercados de jogadores no Brasil e no exterior, etc.”. Apesar da modernização e globalização do futebol, o saudosismo persiste. A esse respeito Helal (1997, p.17-18) defende que sua tese era a de que com a chegada da publicidade e da mídia retiraram “muito da aura mística e sagrada do futebol, fazendo com que este universo se transformasse em mero meio comercial, desencantando os torcedores e contribuindo para a queda do público.” Todavia, essa tese não se confirmou. Apesar de haver certa nostalgia pelo tempo "não comercial", mais "romântico" e "amador" do futebol, os torcedores acostumaram-se à mudança e compreenderam que a comercialização foi o meio encontrado para os clubes equilibrarem seus orçamentos. Esse saudosismo pelos tempos primeiros do futebol reflete o conflito entre o moderno e o tradicional e revela que a dicotomia se fez presente. O torcedor ainda que defenda a modernização e a profissionalização do futebol, sente um apego pelo modelo antigo, idealizado, puro, amador.

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3.1 As Leis Econômicas do Futebol

As leis econômicas que regem o futebol-negócio diferem de outros mercados. Desse modo, o sucesso do clube e da liga disputada está interligado, uma vez que o interesse do torcedor incide sobre a incerteza, assim quanto maior a dúvida quanto aos resultados da partida e do grande vencedor maior será o público presente nos estádios. O equilíbrio entre as equipes mobiliza as torcidas e quando dois times similares se encontram a expectativa é de estádio cheio e grande audiência televisiva.O contrário se verifica quando uma equipe forte disputa com uma fraca, por conseguinte quanto mais disputa, maiores as receitas. Os adversários precisam estar em pé de igualdade, pois a rivalidade é peça fundamental neste mercado esportivo diferenciado,em que os competidores necessitam-se para produzirem o que vendem. A transformação das partidas em eventos constitui outra lei econômica do futebol. “Os times deveriam disputar campeonatos organizados e conectados, em que todos os jogos valham pontos que levem ao título, e, este, a um campeonato mais importante e com maior grau de dificuldade”, segundo Aidar e Leoncini (2002, p. 117). Além disso, os jogos não devem ser excessivos para que o caráter especial não seja retirado. Decorre dessas leis a importância de uma liga forte e de um bom calendário. A reestruturação dos estádios para garantir maior conforto aos torcedores também influencia os números desse mercado, pois muitos indivíduos pertencentes às classes média e alta deixam de comparecer aos jogos por estes não oferecerem comodidade e/ou segurança. A transformação dos estádios em arenas diversifica os negócios, favorecendo o consumo de alimentos e bebidas alcoólicas, a venda de itens esportivos – bonés, camisas dos clubes, entre outros. Um bom exemplo de obsolescência planejada é a mudança das camisas oficiais que ocorre anualmente. Aidar e Leoncini (2002) comparam a diversificação das fontes de renda dos clubes da atualidade com os do passado:

Se os times que ganham mais jogos nos gramados faturam mais que os vitoriosos do passado, a explicação está na multiplicação das fontes de faturamento. Décadas atrás, se um elenco era imbatível, ganhava, no máximo, mais dinheiro com mais ingressos porque mais gente estava interessada em ver os esquadrões em ação. Hoje, quem faz mais gols e fatura mais partidas aparece mais na TV, que gera melhores contratos de patrocínio e merchandising. E mesmo a tradicional bilheteria dos estádios passou a valer mais, pois o torcedor que vê seu time ganhando não se contenta em pagar para ver os jogos ao vivo: ele quer, e pode comprar centenas de produtos licenciados criados pelos departamentos de marketing dos novos clubes- empresas. (AIDAR E LEONCINI, 2002, p 108) 33

Na base da geração de receitas estão os milhões de torcedores apaixonados, conforme Aidar e Leoncini (2002, p.121), “mas desde que parte dessa legião se transforme em clientes”. O tamanho da torcida determina o potencial da receita que cada clube pode gerar, logo, o valor de uma equipe sofre influência direta do número de torcedores. Alterar o tamanho da torcida demanda tempo e depende do desempenho dos jogadores em campo, em outras palavras, a torcida relaciona-se com a tradição e com os resultados positivos. Por outro lado, torna-se inviável não se levar em consideração o fator emocional quando se trata do torcedor, pois o mesmo não muda de time, embora este apresente fracassos, o que pode ser alavancado é a formação de futuros torcedores. O potencial de geração de receitas para os times com maior torcida é enorme, se levarmos em consideração, por exemplo, conforme pesquisa pela Pluri Consultoria em 2012, que o Flamengo conta com uma massa de cerca de 29 milhões de torcedores, o Corinthians possui 25 milhões, o São Paulo 9,7 milhões, o Grêmio 5,8 milhões, o Cruzeiro 4,4 milhões. Em se tratando do campeonato cearense as duas maiores torcidas são a do Ceará com 1 milhão e do Fortaleza com 990 mil. Ainda para Aidar e Leoncini (2002, p.133) o torcedor constitui-se como o consumidor ou cliente final, os clientes intermediários se dividem em duas categorias – mercado de revenda (TV, mídia e empresas licenciadas) e mercado industrial (empresas interessadas em marketing), como demonstra a figura 2 a seguir.

Figura 2 - Mercados do Mundo do Futebol

 1 Mercado produtor (Organizações de futebol – ligas e clubes)   2 2 Mercado intermediário de revenda  Mercado intermediário industrial (TVs, empresas licenciadas) (Empresas de marketing)

 3  Mercado consumidor (Torcedores ou fãs do clube)

Fonte :(Adaptado)A nova gestão do futebol (2002)

Os mercados produtor, intermediário e consumidor relacionam-se entre si e geram vários tipos de receitas a partir destes relacionamentos. Adair e Leoncini (2002, p.98) destacam algumas:

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 relacionamento comercial 1 – relacionamento com a TV (direitos de transmissão);  relacionamento comercial 2 – relacionamento com o patrocinador principal (uso via marketing/co-gestão);  relacionamento comercial 3 - relacionamento com loterias (exploração de jogos de azar);  relacionamento comercial 4 – relacionamento com o cliente torcedor / amante do futebol (bilheteria/ merchandising);  relacionamento comercial 5 – relacionamento com o patrocinador técnico (uso via marketing);  relacionamento comercial 6 – relacionamento com empresas produtoras de bens (exploração da marca via licenciamento / placas de publicidade);  relacionamento comercial 7 – relacionamento com outros clubes / federações / empresas patrocinadoras (negociações de jogadores).

Na conjuntura do futebol brasileiro, o papel dos jogadores torna-se essencial, uma vez que se apresenta como a principal fonte de renda de muitos clubes nacionais. Ainda sobre cadeias de relacionamentos no futebol negócio destaca-se o papel da mídia como “instrumento de divulgação, a propaganda como negócio, o comércio de mercadorias esportivas e a construção da logomarca de um produto”, conforme Adair e Leoncini (2002, p. 98). Ter um produto que não sofra alteração de demanda quando seu preço se modifica e ao mesmo tempo tenha sua demanda incrementada com o crescimento da renda é o ideal para qualquer produtor. Economicamente o produto deve ter baixa elasticidade em relação ao preço e alta elasticidade em relação à renda informam Aidar e Leoncini (2002, p.115). O futebol quando bem gerido pode apresentar as duas condições expostas: baixa elasticidade em relação ao preço e alta elasticidade em relação à renda. A demanda por futebol é considerada inelástica em relação ao preço, já que não se abala fortemente à mudança de preço. Tornar esse segmento sem substituto para o torcedor é tarefa possível para uma gestão eficaz que se valha de todos os recursos e estratégias condizentes com as leis econômicas especiais aplicadas ao futebol. A respeito da gestão,Santos (2002) enfatiza que atualmente o mundo dos negócios se faz presente cada vez mais no mundo do futebol e esta é uma tendência mundial. Para o

35 autor não há ainda certezas sobre tal realidade, todavia hoje a gestão amadora está definitivamente obsoleta. “O capital exige um mínimo de previsibilidade ou, ao menos, condições de calcular o risco do investimento. Para isso é necessário que haja uma gestão profissional que garanta um mínimo de organização.” (2002, p.34)Santos ainda reitera que décadas atrás, exigia-se tão somente a formação de um bom time para o campeonato seguinte uma dose de sorte, poderia definir o campeão. Hoje, até a alimentação dos atletas deve ser controlada e balanceada de acordo com as necessidades de cada jogador durante o ano. Na história da evolução do futebol moderno, inúmeras batalhas forma travadas: amadorismo versus profissionalismo, esporte-prática versus esporte-espetáculo, esporte de elite versus esporte popular, clube social versus clube empresa profissional e mais recentemente gestão amadora versus gestão profissional. Para Aidar e Leoncini (2002, p. 81), em cada dessas batalhas um sistema esportivo responsável pela oferta de produtos esportivos se posiciona configurando a oferta do setor. Para os autores citados, essa oferta compõe-se por um sistema de instituições e agentes direta ou indiretamente ligados à existência de práticas e de consumos esportivos:

 agrupamentos esportivos (clubes, ligas, CBF e federações estaduais);  produtores e vendedores de bens necessários à pratica (equipamentos esportivos, exemplo: Nike, Adidas e etc.);  produtores e vendedores de serviços diretos ( professores, treinadores, médicos especialistas e outros);  produtores e vendedores de espetáculos esportivos e bens associados ( loterias esportivas, transmissões pelas TV e outros).

Logo, o futebol insere-se na indústria do entretenimento com todas as suas peculiaridades e acompanha os novos rumos da economia local e global. A profissionalização irreversível dita tais caminhos a serem trilhados e exige leis que a regulamente.

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3.2 Aspectos Jurídicos e Econômicos do Futebol Profissional

A Constituição Federal Brasileira de 1988 nos artigos 5º e 217 detalha e sistematiza a matéria relativa à prática esportiva. O primeiro artigo mencionado trata das garantias e direitos fundamentais, como demonstram os incisos XVII e XVIII, conforme Aidar e Leoncini (2000, p 21)

“XVII - é plena a liberdade de associações para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;” “XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem da autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento.” XXVIII, “a” assegura a proteção à reprodução da imagem e voz humanas nas práticas esportivas: “a) a proteção a participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e da voz humanas nas individuais inclusive nas atividades coletivas.”

Já a competência para o Estado legislar, está prevista no artigo 24: “Art. 24. Compete à União, aos estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre”: IX – “educação, cultura, ensino e desporto;”. O artigo 217 destaca que: “É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um, observados.” Conforme Aidar e Leoncini (2000, p.22):

I – a autonomia das entidades desportivas dirigentes de associações, quanto à sua organização e funcionamento; II – a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento; III – o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não profissional; IV – a “proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.”.

A leitura dos artigos que versam sobre o desporto revela a clara intenção de minimização da ingerência estatal na gestão do esporte, em contraposição aos documentos anteriores emitidos pelo Estado Novo, o decreto-lei nº. 3199 de 1941, por exemplo, caracterizados pela forte presença estatal na gestão do esporte. A Lei nº 8.672 do ano de 1993 ficou conhecida como “Lei Zico” por causa do ex- jogador Arthur Antunes Coimbra então Secretário Federal dos Esportes no governo de

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Fernando Collor de Melo. Esta lei serviu de precursora a uma série de conceitos incorporados em 1998 pela Lei nº 9.615, a “Lei Pelé”. Todavia, a “Lei Zico” antes de ser revogado pela “Lei Pelé”, legislou sobre os seguintes pontos:

a) facultou às entidades de prática e às entidades federais de administração do esporte a manutenção da gestão de suas atividades a cargo de sociedades com fins lucrativos; b) arquitetou a criação das ligas regionais e nacionais; c) coligou o direito de arena na conjuntura de uma legislação especificamente esportiva; d) regulamentou a Justiça Desportiva.

A “Lei Zico” objetivava disciplinar as relações do esporte por meio de um projeto de profissionalização que visava à criação do clube-empresa e a regulamentação dos jogos de azar. Contudo, este novo projeto foi desfigurado na Câmara dos Deputados, pois as mudanças não interessavam aos dirigentes esportivos que garantiram através de acordos políticos a manutenção da estrutura vigente. Ao final da votação, na referida Câmara a lei tão somente se converteu numa lei dos bingos que regularizou tal jogo de azar no país. Mais tarde, o projeto do Ministro dos Esportes, Edson Arantes do Nascimento resgataria pontos importantes vetados. Aidar e Leoncini (2000, p.22-23) esclarecem sobre as motivações da Lei Pelé:

A implementação de medidas moralizadoras: que, sem ferir o princípio constitucional da autonomia das entidades desportivas, colocam o esporte brasileiro na direção do futuro, profissionalizando as relações decorrentes de sua prática e inserindo a iniciativa privada em seu processo de desenvolvimento. Entre essas “medidas moralizadoras” merecem destaque o fim do passe, previsto no art. 28; a democratização dos processos eleitorais das entidades nacionais de administração do desporto, no art.22; e o art. 27, que, no prazo de dois anos da promulgação da lei, passaria a limitar a participação em competições envolvendo atletas profissionais às sociedades civis com fins econômicos, às sociedades comerciais admitidas na legislação em vigor ou às entidades de prática desportiva que constituíssem sociedade comercial para administração de suas atividades esportivas.

As reações contrárias ao texto desta lei originaram uma série de modificações nas medidas provisórias posteriormente aprovadas. Assim, o artigo 27, no texto original propunha a obrigatoriedade da adaptação do clube ao regime empresarial que por fim tornou-se apenas facultativa. Além disso, houve a imposição de várias amarras legais para a transformação do clube em empresa, seguem três: exigência do controle da sociedade pela entidade de prática 38 desportiva; vedação da participação simultânea de uma mesma empresa na gestão de mais de um clube e representação da sociedade por dirigente com mandato eletivo. No artigo “Parecer jurídico sobre as alterações na Lei Pelé3” (In: AIDAR e LEONCINI, 2000, p 54-60) os autores defendem que o texto ao tratar sobre a primeira amarra-manutenção do controle obrigatório da entidade de prática desportiva de 51% no mínimo e direito a voto - “há uma clara e desautorizada ingerência na organização e funcionamento dessas entidades e suas confederações, o que é vedado pelo (...) inciso I do art. 217 da Constituição Federal.” Sobre a segunda amarra - vedação da participação simultânea de uma mesma empresa na gestão de mais de um clube – os pareceristas afirmam que a intenção consiste em “vedar a terceiros formas de parceria, contratuais ou societárias, pelas quais estes passariam a exercer o efetivo controle de prática desportiva.” O artigo supramencionado traz ainda uma nota sobre a Lei nº 9.981 por alterar a nomenclatura de “semiprofissional e amador” para “não profissional”, assim o atleta não mais se define pela idade, mas pela inexistência de contrato de trabalho, ou seja, fica desassistido pela legislação trabalhista. Todavia, o clube caso queira exercer com o atleta não profissional o “contrato de preferência” terá o direito de assinar com este o primeiro contrato de profissional, cujo prazo não poderá ser superior a dois anos. Por sua vez, o texto “Desmitificando a Lei Pelé” In: Aidar e Leoncini (200, p.61- 64) trata do artigo 28 da Lei Pelé previa o fim do passe do atleta profissional para março de 2000, o prazo foi então alterado para o ano seguinte e com a ressalva de que os direitos adquiridos decorrentes dos contratos de trabalho e os vínculos desportivos dos atletas profissionais deveriam ser respeitados. Para Aidar as diversas medidas provisórias que sucederam a “Lei Pelé” representam um retrocesso no que tange às inovações anteriormente asseguradas pela referida lei. Segundo Aidar: “Voltamos aos princípios da Lei Esportiva de 1976, da época do regime militar. A obrigatoriedade da transformação dos clubes em empresas virou opção.” Ainda para o autor as possibilidades abertas pelo clube-empresa, na busca por uma administração profissional e transparente tornou-se mais difícil o que ocasiona a limitação da capacidade de multiplicação de renda e emprego nesse setor. “Enfim, mudaram para pior.”

3 A Lei n° 9615 de 24 de março de 1998, mais conhecida como Lei Pelé ou Lei do Passe Livre, instituiu normas gerais sobre o desporto brasileiro com base nos princípios presentes na Constituição. 39

Ainda sobre as alterações das medidas provisórias, para Aidar (2002) a mais comprometedora do modelo modernizador da Lei Pelé reside em “tratar como amadores os atletas de modalidades esportivas diferentes do futebol. Por isso, somente como exceção a profissionalização vai acontecer nessas modalidades.” (AIDAR, 2002, p.63) O autor ainda ressalta que a Lei nº 9.981 “cria uma forma disfarçada do passe” ao dificultar o cálculo da multa tendo em vista a redação utilizada, pois da forma prevista, o texto legal parte da premissa de que somente o atleta é o causador da rescisão. Logo, na realidade, corre-se o risco de que as indenizações tornem-se objeto de longas batalhas jurídicas. Logo, o passe extingue-se, ou pelo menos, modifica-se a partir da promulgação da “Lei Pelé”, assim, o clube não mais detém a posse do jogador. Ambas as partes firmam um contrato definidor de prazo, salário, direitos de imagem, premiações. Os direitos de imagem ou de arena referem-se ao uso da imagem do jogador durante as partidas disputadas, em reportagens, reprises, compactos, notas em jornais e revistas. O conceito vigente é que a divulgação do ídolo significa publicidade para o clube o qual deve pagar por tal bônus que gera publicidade. Há um tipo de contrato que vem sendo adotado com maior frequência.Trata- se do contrato por performance que se baseia na performance do atleta como parâmetro para seus ganhos. O lado positivo de tal contrato reside no fato de que o jogador depende apenas de si para alcançar as metas desejadas e não do desempenho da equipe, além de estimulá-lo a render mais em campo. Por outro lado, o fim da lei do passe foi inicialmente bastante questionado por muitos jogadores que argumentavam a perda da segurança de pertencer a um clube e, consequentemente, ter um salário garantido. Atualmente, percebe-se que a profissionalização dos jogadores ainda não alterou significativamente o contexto de administração dos recursos ganhos durante a carreira. De um modo geral, os atletas após a curta carreira gastam o que receberam até o completo esgotamento dos recursos. Para Santos(2002), com relação à forma como os atletas encaram sua profissionalização a maturidade ainda deve ser alcançada:

. Com relação à sua profissão, a postura ainda continua amadora. Os jogadores de futebol continuam sendo apenas jogadores de futebol. Eles ainda não assumiram suas obrigações de atletas, o que significa cuidar do corpo, do preparo físico, da carreira, cumprir horários, treinar, controlar a alimentação, estudar adversários, desenvolver-se técnica e taticamente, dentre outras atividades, que deveriam compor a rotina de um atleta. Apesar dos salários, ainda impera uma cultura amadora, irresponsável, personalista e paternalista. Mas não por acaso. Como já vimos, o futebol passa por uma fase semelhante à que houve na administração pública brasileira, onde as relações pessoais eram mais importantes do que as relações profissionais. Como já apontado, a estrutura de poder do futebol reflete a forma como se estruturou a sociedade brasileira.

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A transformação que houve nos anos 1920 e 1930 não foram suficientes para romper com essa estrutura de dominação vigente, que mantém os jogadores numa posição subserviente, sem participar das decisões importantes. Ele apenas treina, joga, recebe o salário e uma bronca ou um afago, dependendo do seu comportamento. A profissionalização do atleta ainda é um processo que está por concluir. Essa transformação provavelmente só virá quando isso se fizer necessário. Isso só acontecerá quando o sistema finalmente adotar técnicas gerenciais de administração, porque, nesse caso, haverá um aumento das exigências no trato do capital que se estenderá aos jogadores. O risco do investimento tem que ser diminuído ao máximo e, para isso, todas as variáveis controláveis deverá estar em seu nível máximo, o que, em outros termos, significa um atleta na sua melhor forma física e técnica, o que só se consegue com uma postura de seriedade em relação à sua carreira. (SANTOS, 2002, p.88)

Ainda para Santos(2002) as mudanças dos últimos cem anos no mundo do futebol afetaram pouco a ética e a lógica do esporte mais popular brasileiro, com exceção da aceitação de pobres e negros e da profissionalização, o restante se configura “como uma lenta melhoria das condições do esporte” (SANTOS, 2002, p. 104) sujeita em alguns momentos a pioras. Somente nos anos de 1990 as mudanças tornaram-se inevitáveis ocasionadas por determinantes externos, tais como a rápida evolução da telemática que possibilitou a melhoria do acesso à informação e a desregulamentação da economia que criou um ambiente de maior liberdade para a troca à negociação. Santos (2002) ressalta que “o futebol foi o campo onde todo um ethos conservador, oligárquico e ultrapassado se manteve vivo. Não é à toa que a gestão das instituições, principalmente onde se dá a tomada de decisões, se manteve quase intacta em quase cem anos de existência...”(SANTOS 2002, p.108) Por fim, as leis econômicas e jurídicas que regem o futebol inserem-se numa conjuntura maior e refletem a complexidade de uma dada sociedade com todas as suas contradições e distorções, avanços e retrocessos. Para Edson Arantes do Nascimento em prefácio ao livro A nova gestão do futebol (2002, p.15-16) quando da criação da Lei 9.615 havia a expectativa de que ela fosse o caminho para um futuro melhor não só para o esporte, mas para o país, uma vez que a geração de riquezas favoreceria a economia nacional: “Se tivéssemos no futebol a mesma importância que detemos no PIB mundial, poderíamos acrescentar à nossa economia pelo menos RS 4 bilhões.”(2002, p.15)

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O pensamento de Nascimento4(In: AIDAR E LEONCINI, 2002) encontra respaldo na pesquisa realizada pela Pluri Consultoria em 2011 intitulada “O PIB do esporte brasileiro” baseada na seguinte questão: Qual o peso do esporte na economia brasileira? O estudo projeta um crescimento de 22% do esporte na economia brasileira no período de 2011 a 2016 impulsionados pela Copa do Mundo e Olimpíadas a serem realizadas no país em 2014 e 2016, respectivamente. Todavia, na comparação com o peso dos esportes na economia de outros países, o Brasil está abaixo do esperado para sua condição de país de futebol. Nesse contexto, Nova Zelândia registra 2,8%, Austrália: 2,3%, Estados Unidos: 2,1%, Inglaterra: 1,8%. Já o Brasil alcança 1,6% em 2011 e para 2016 o índice projetado sobe para 1,9%. Conforme Nascimento (2002, p.15-16) a referida lei “era a estrada e o capital investidor, o veículo, que levariam o futebol e o esporte brasileiro rumo ao mercado.” Tal mercado seria formado por estádios novos, campeonatos racionais e rentáveis, produtos oficiais de qualidade e contratos de trabalhos mais justos. A geração de empregos e renda se daria por meio “da construção de estádios, da organização dos torneios, da produção das linhas de licenciamento e da assessoria aos atletas”. Renda que atingiria as categorias de base, projetos entre clubes e escolas e comunidades carentes, enfim: “Seria a revolução social da alegria, movida pela paixão pelo esporte.” Todavia, a legislação posterior à lei 9.615 tornou esse caminho mais longo, mas “esse caminho é irreversível”.

4 NASCIMENTO, Paulo Tromboni de Souza; SIN 01H VU, Abraham; SOBRAL, Manha Cecilia. As orientações estratégicas em produtos populares. RAC, v.12, n.4, out./dez. 2008: 907-930

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4 PROFISSIONALIZAÇÃO DO FUTEBOL DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA

O futebol não foge aos espaços de conflito! A formação dos primeiros clubes na cidade de Fortaleza favoreceu uma elitização do esporte – quando nos referimos ao esporte dentro da prática concebida de regras e interesses sociais – em detrimento ao praticado entre as classes subalternas que disputavam os espaços e os meios sociais com as classes abastadas. O conflito de classes no espaço fortalezense [...] identificou nas ruas do Passeio Público da cidade de Fortaleza um espaço de choque social entre classes, entre uma elite detentora de privilégios e arraigada de valores moralistas, contra os excluídos por não ter acesso às riquezas de um mundo capitalista em formação... (RODRIGO MÁRCIO SOUZA PINTO, 2007)

A Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), também conhecida como Grande Fortaleza localiza-se no estado brasileiro do Ceará que se situa na Região Nordeste do Brasil, e foi criada pela Lei Complementar Federal nº 14, de 8 de junho de 1973, que, na ocasião, instituiu ainda outras regiões metropolitanas no país. Conta com uma população de 3.782.653 habitantes é a sétima maior região metropolitana do Brasil. O município de Caucaia possui a maior área com 1.227,895 km², ao passo que o município de Eusébio, desmembrado em 1987 de Aquiraz, possui a menor com 78,65 km². Quanto à densidade populacional, Pindoretama possui o menor número com apenas 18.322 habitantes. Atualmente, a RMF com mais que o triplo da população inicial e mais que o dobro de municípios, a principal dificuldade consiste na integração das cidades, ocasionada pelos altos preços e pouca abrangência dos transportes coletivos. (Wikipédia. Disponível em: Acesso em: 2014.). Formada inicialmente por cinco cidades: Fortaleza, Caucaia, Maranguape, Pacatuba e Aquiraz, a região metropolitana aglomerava uma população de aproximadamente 1 milhão de habitantes. Ao longo dos anos, outros municípios foram incorporados. Assim, em 1983, Maracanaú foi integrado e o mesmo ocorreu em 1987 com Eusébio. Em 1992 foi a vez de Itaitinga e Guaiuba, já a partir de 1999, mais quatro cidades entraram para a região metropolitana: Chorozinho, Pacajus, Horizonte e São Gonçalo do Amarante. Em 2009 o governo estadual incluiu mais duas cidades a RMF, Pindoretama e Cascavel. Apesar do constante crescimento, essa região metropolitana concentra quase a totalidade dos equipamentos urbanos em Fortaleza. Diversamente de outras cidades do Brasil que passaram por mudanças no sistema aeroportuário, (com a construção de aeroportos em municípios 43 próximos às capitais), o Aeroporto de Fortaleza foi reformado e recebeu um novo terminal, maior que o anterior, de modo a manter o tráfego aéreo sobre a cidade e a concentração de grandes equipamentos em Fortaleza. (Wikipédia. Disponível em: Acesso em: 2014.). Sendo assim, Fortaleza constitui-se o centro das decisões de interesse público, seja por reunir as principais vias de acesso - aeroporto internacional, confluência de ferrovias, rodovias e terminais rodoviários – ou por possuir os importantes pontos turísticos – hotéis, restaurantes, teatro, centro de comercialização de artesanato, shoppings e intensa vida noturna. Os indicadores socioeconômicos da capital cearense referentes à frota de veículos, estrutura de aeroportos, consumo de energia elétrica, atendimento de água e esgoto, existência de postos de combustíveis a situam no ranking nacional na décima terceira posição entre os municípios mais bem assistidos do país. Segue quadro sobre outros índices socioeconômicos de Fortaleza:

Quadro 3 - Indicadores Socioeconômicos de Fortaleza 13ª posição em relação aos municípios do Brasil com melhor infra-estrutura 4ª capital mais populosa do país com 2.447.419 habitantes PIB estimado para 2011 de 42 bilhões e PIB per capta em 2011 R$ 16.962,89 . Concentra 28,83% da população do Estado do Ceará. Fonte: IBGE (2014)

A economia da RMF gira em torno do Porto do Pecém onde se encontra o complexo industrial e portuário do Pecém, que abrigará uma siderúrgica e uma refinaria, em processo de implantação entre os municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante. O distrito industrial de Maracanaú, instalado na mesma cidade, abriga boa parte das indústrias da metrópole. O turismo e a expansão imobiliária são os principais mercados dos municípios com litoral (São Gonçalo, Caucaia, Aquiraz e Cascavel). Existem projetos de "resorts" e complexos turísticos nestes litorais, os quais tendem a melhorar o equilíbrio destas cidades com relação a Fortaleza.

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A despeito da concentração incontestável dos grandes equipamentos em Fortaleza, conforme Correia e Silva5 (in: Pequeno, 2009. p.26) quatro vetores concorreram fortemente para a diversificação das atividades econômicas na RMF: os incentivos fiscais garantidos no pólo de Maracanaú; abertura do eixo da BR 116 para Horizonte, Pacajus, Itaitinga e Eusébio; migração para a faixa litorânea oeste, incluindo a construção de conjuntos habitacionais para a população de baixa renda deslocada da capital para Caucaia, a transformação de segundas residências em residência oficial, além da instalação do complexo industrial do Pecém; desenvolvimento da porção leste capitaneados por Aquiraz e Eusébio por meio da expansão imobiliária, turismo litorâneo e transformação em primeira residência. Segue abaixo tabela com a atual formação da RMF.

Tabela 2 - Formação da Região Metropolitana de Fortaleza Município Área (km²) IDH População PIB (R$) PIB per capita (R$)

Aquiraz 482.573 0,641 72 628 801 369 000 10.893,00

Cascavel 837.325 0,646 66 142 484 886 000 7.255,00

Caucaia 1228.506 0,682 325 441 3 239 403 000 9.791,00

Chorozinho 278.413 0,604 18 915 99 976 000 5.281,00

Eusébio 79.005 0,701 46.033 1 472 107 000 31.301,00

Fortaleza 314.93 0,754 2 452 185 42 010 111 000 16.962,00

Guaiúba 267.128 0,617 24 091 108 678 000 4.451,00

Horizonte 159.98 0,658 55 187 1 075 084 000 18.917,00

Itaitinga 151.437 0,626 35 817 211 941 000 5.834,00

Maracanaú 106.648 0,686 209 057 4 797 824 000 22.709,00

Maranguape 590.873 0,659 113 561 802 652 000 6.951,00

Pacajus 254.479 0,659 61 838 600 109 000 9.495,00

Pacatuba 131.994 0,675 72 299 641 458 000 8.682,00

Pindoretama 72.964 0,636 18 683 101 648 000 5.358,00

São Gonçalo do Amarante 834.448 0,665 43 890 1 306 241 000 29.336,00 TOTAL 5,790.703 - 3.615.767 57 753 487 000 16.300,09 Fonte: IBGE: (2014)

5 SILVA, José Borzacchiello da; CAVALCANTE, Tércia Correia. Atlas Escolar, Ceará: espaço geo-histórico e cultural. João Pessoa: GRFSET, 2000.

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Para Correia e Silva6 (in: Pequeno, 2009, p.28) o crescimento dos últimos trinta anos da RMF ocasionado por recursos provenientes das agências regionais de desenvolvimento não romperam com a excessiva centralidade de Fortaleza sob o conjunto metropolitano. Desse modo, “a radioconcentricidade de seu sistema viário original mantém forte influência na distribuição da população e dos principais núcleos de serviços.” A ampliação do referido sistema eleva a “qualidade da circulação ao longo desses corredores de atividade e adensamento”, ao mesmo tempo em que amplia a ação do município e reforça sua centralidade. A respeito da compreensão de parte do processo de reestruturação do espaço metropolitano, Molina e Bezerra7 (in: PEQUENO: 2009, p.109) afirmam que a ação do setor imobiliário contribui para a elevação da segregação socioespacial, segmentação e exclusão social. As áreas com espaço paisagístico são os alvos principais tanto das intervenções imobiliárias quanto da instalação de grandes equipamentos, contribuindo para a exarcebação da apartação social na RMF. Desse modo, foram identificadas nesse conjunto metropolitano, sete diferentes tipologias socioespaciais (Superior, Médio Superior, Média Popular Operária, Inferior, Popular Periférica e Rural) componentes de uma hierarquia social profundamente marcada por disparidades econômicas. Assim como a economia necessariamente intervém no espaço socioespacial, o mesmo ocorre no âmbito cultural e esportivo para citar apenas dois exemplos. Logo, a centralidade socioeconômica de Fortaleza impõe-se no futebol cearense.

4.1 O Futebol da Região Metropolitana de Fortaleza

Conforme Nirez de Azevedo (2002) em História do campeonato cearense de futebol, o esporte em pauta de origem bretã chegou à Fortaleza no ano de 1903 por ocasião da excursão de um grupo de pebolistas europeus que objetivavam divulgar o novo esporte através de uma

6 SILVA, José Borzacchiello da; CAVALCANTE, Tércia Correia. Atlas Escolar, Ceará: espaço geo-histórico e cultural. João Pessoa: GRFSET, 2000.

7 BEZERRA, Antônio. Notas de viagem. Fortaleza: Imprensa Universitária, 1965.

46 temporada internacional. Na escala em Fortaleza, antes da chegada ao sul do país onde ocorreriam de fato as partidas, organizou-se a apresentação. Em 1904, outros jogos foram realizados de acordo com a disposição de tripulantes e passageiros de naus europeias para divulgarem o foot ball. Nesse mesmo ano, realizou-se a primeira partida entre visitantes estrangeiros e jovens cearenses advindos da elite local no Passeio Público no dia 24 de dezembro. O futebol cearense, a exemplo do brasileiro, segundo Pinto (2007, p.43 - 44) “nasce no interstício do mundo fidalgo e do mundo do trabalho”, uma vez que a falta de jogadores profissionais motivava a conglomeração de trabalhadores braçais e funcionários de empresas britânicas instaladas no país. Desse modo, deu-se o primeiro “match” entre trabalhadores braçais do porto ou marujos a maior parte de origem inglesa contra filhos da classe abastada cearense. Ainda para Pinto a respeito desse jogo:

[...] o que não pode ser registrado, mas provavelmente ocorreu, foi a felicidade da diversão, o jogar por jogar, além de se fazer parte de um esporte nascido no modelo de civilização europeia. Assim, os citadinos abastados começavam a acreditar que estavam dentro do trem do progresso, em melhores condições do que os outros na cidade que ainda não tinham embarcado naquela novidade, assim como inocentemente, davam o primeiro pontapé para a proliferação do futebol proletariado. (PINTO, 2007, p. 45)

A elite local necessitava divulgar o novo esporte para poder contar com um maior número de adeptos, por isso aceitou até um determinado momento, conforme Pinto (2007) a interação entre classes sociais distintas. Os jogos praticados nas calçadas, sobretudo pelas crianças nas primeiras décadas do século XX, geraram dois vetores relacionados à bola, um referente às classes altas e outro direcionado às subalternas: os mais favorecidos passaram a praticar o esporte em clubes fechados sob elogios dos jornais, já os menos favorecidos jogavam nas ruas das periferias e sofriam severas críticas da mídia por interromperem o tráfego de pessoas e promoverem a desordem. Pinto (2007, p.53) salienta que o futebol introduzido pelos “filhos ilustres” de Fortaleza conviveu desde o início com as classes subalternas e nessa convivência o foot ball tornou-se futebol e na década de 20 “passou a ser expressão dos grupos excluídos sociais.” Antes disso, porém o futebol era concebido sob o signo do elitismo. Prova disso é a formação em 1915 do primeiro campeonato organizado pela Liga Metropolitana Cearense de Futebol que, a despeito de um grande número de times existentes na cidade, apenas

47 selecionou quatro – Ceará, Maranguape, Rio Negro e Stella – formados por jovens ricos. Posteriormente, o Rio muda seu nome para Ceará Sporting Club e o Stela para . Em 1920, a Associação Desportiva Cearense, atual Federação Cearense de Futebol, organiza o primeiro Campeonato Cearense de Futebol e mantém o caráter segregacionista, como comprova o artigo 4º da ata da fundação da referida instituição que informa que times suburbanos da capital não poderiam pertencer à série A, apenas à B ou C mediante pagamento de ingresso à entidade, conforme Pinto (2007, p. 65). Em outras palavras, o time podia filiar-se, mas já está classificado antes mesmo da inscrição por meio de critérios excludentes e não técnicos. Tal configuração facilitava a manutenção do status quo desportivo através da hierarquização de classes na formação das divisões. Na década de 1930, o debate sobre a profissionalização do esporte ganhou força haja vista sua popularização. Assim, na Associação Desportiva Cearense são admitidos três times oriundos do proletariado Ferroviário (formado por trabalhadores da Rede de Viação Cearense), Tramways (formado por funcionários da Ceará Tramways Light Co. – empresa fornecedora de eletricidade, também possuía linhas de bondes e ônibus) e Sem Rival (formado por associados da Sociedade Phoenix Caixeiral – congregava caixeiros). Na década de 1940, outra mudança significativa ocorre – a vitória de times de trabalhadores sobre os da elite. Nestes termos, em 1940, o Tramways ganha o campeonato cearense e o Ferroviário, em 1945, repete tal façanha. Nas décadas seguintes, o futebol cearense sofreu outras alterações em 1941 a associação Cearense de Futebol(ADC) passou a se chamar Federação Cearense de Desportos (FCD) por decreto pelo presidente Getulio Vargas. Em 22 de novembro de 1972 transformou- se em Federação Cearense de Futebol (FCF), substituindo os critérios de classificação antigos baseados na origem social por outros de foro técnico. Atualmente, o futebol cearense profissional estrutura-se em três séries, antigas divisões, A, B e C. Segue no quadro 4 referente à Série A, antes denominada primeira divisão.

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Quadro 4 - Clubes de Futebol Cearenses Profissionais Pertencentes à 1ª Divisão. Nome Completo Nome Fundação

Associação Desportiva Recreativa Cultural Icasa Icasa 07/01/2002

Associação Esportiva Tiradentes Tiradentes 15/09/1961

Ceará Sporting Club Ceará 02/06/1914

Crato Esporte Clube Crato 19/11/1997

Ferroviário Atlético Clube Ferroviário 09/05/1933

Fortaleza Esporte Clube Fortaleza 18/10/1918

Guarani Esporte Clube Guarani (J) 10/04/1941

Guarany Sporting Club Guarany (S) 02/07/1937

Horizonte Futebol Clube Horizonte 27/03/2004

Itapipoca Esporte Clube Itapipoca 20/12/1993

Quixadá Futebol Clube Quixadá 27/10/1965

Fonte: http:// www.futebolcearense.com.br (2014)

Os times hachurados pertencem à região metropolitana de Fortaleza, ao todo são cinco clubes num universo de 11. Esta ampla maioria pode ser creditada, entre outros, ao fator econômico que interfere diretamente no desempenho dos clubes, uma vez que tendem a contar com maiores recursos para treinamento e pagamento dos melhores atletas. Dentre os 16 municípios componentes da RMF, cinco estão na Série A, desse modo, procede-se a mais um recorte temático neste trabalho, ao verificar o desempenho dos referidos clubes pertencentes a Serie A. A título de ilustração, segue o quadros 5 e quadro 6 que cita os times das séries B e C.

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Quadro 5 - Clubes de Futebol Cearenses Profissionais Pertencentes à Série B. Nome Completo Nome Fundação

América FootBall Club América 11/11/1920

Associação Desportiva Arsenal de Caridade Arsenal 17/05/2007

Associação Desportiva Iguatu Iguatu 11/03/2010

Associação Desportiva São Benedito São Benedito 20/01/2005

Associação Nova Russas Esporte Clube Nova Russas 17/05/2008

Associação Trairiense de Futebol Trairiense 04/04/2004

Associação dos Desportistas de Pacatuba Pacatuba 15/03/2006

Barbalha Futebol Clube Barbalha 01/02/2002

Crateús Esporte Clube Crateús 01/02/2001

Maracanã Esporte Clube Maracanã 31/01/2005

Maranguape Futebol Clube Maranguape 17/11/1997

Fonte: http:// www.futebolcearense.com.br (2014)

Quadro 6 - Clubes de Futebol Cearenses Profissionais Pertencentes à Série C. Nome Completo Nome Fundação

Aliança Atlética Futebol Clube Aliança 27/03/2008

Associação Desportiva Limoeiro Futebol Clube Limoeiro 01/02/2001

Boa Viagem Esporte Clube Boa Viagem 22/12/1999

Calouros do Ar Futebol Clube Calouros do Ar 01/01/1952

Caucaia Esporte Clube Caucaia 16/04/2004

Centro Esportivo Morada Nova Morada Nova 26/03/2005

Eusébio Esporte Clube Eusébio 01/01/2005

Itarema Esporte Club Itarema 12/12/2012

Jardim Sport Clube Jardim 06/06/2006

Juazeiro Empreendimentos Esportivos Juazeiro 12/10/1998

Paracuru Atlético Clube Paracuru 12/06/2008

Sociedade Esportiva e Cultural Terra e Mar Clube Terra e Mar 01/06/1938

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Quadro 6 – Clubes de futebol Cearenses Profissionais Pertencentes à Série C / Conclusão

Sport Club Maguary Maguary 13/01/2009

Uniclinic Atlético Clube Uniclinic 07/03/1997

Uruburetama Futebol Clube Uruburetama 12/02/1994

Fonte: http:// www.futebolcearense.com.br (2014)

Sobre a Série B, dos onze clubes pertencentes, quatro são da RMF; já a Série C computa quinze agremiações esportivas e destas seis são da RMF. Nestas séries, a supremacia da presença da RMF não se confirma, uma vez que o interior do estado comparece de maneira mais forte. Voltando ao escopo de nosso trabalho, veremos no próximo tópico o desempenho dos times da RMF no exercício dos anos 2008 a 2013.

4.2 O Desempenho do Futebol Metropolitano Cearense – 2008 /2013

Nesta seção, verificaremos o desempenho dos times profissionais metropolitanos cearenses da Série A referente aos períodos de 2008 a 2013. Subdividiremos nossa análise sobre os últimos seis campeonatos cearenses em dois blocos – o primeiro contempla os anos de 2008, 2009 e 2010 e o segundo versa sobre os anos de 2011, 2012 e 2013.

4.2.1 Campeonatos de 2008, 2009 e 2010.

No campeonato Cearense Série A 2008, dez times formavam o grupo único do primeiro turno – Boa Viagem, Ceará, Ferroviário, Fortaleza, Guarani de Juazeiro, Horizonte, Icasa, Itapipoca, Quixadá e Uniclinic. Desta relação, quatro times após nove rodadas destacaram-se e garantiram participação nas semifinais, sendo eles: Fortaleza X Horizonte no grupo A e Ceará X Icasa no grupo B. Nesta etapa, Fortaleza e Icasa conseguem passar para a última fase, a grande final, e o Icasa sagra-se vencedor.

51

No segundo turno, novamente os dez times mencionados disputam nove jogos e ao final, quatro times passaram para as semifinais: no grupo A Ferroviário X Fortaleza e no grupo B Horizonte X Ceará. Vencem os jogos disputados Fortaleza e Horizonte, os finalistas. Ao final, o Fortaleza vence. Finalmente, os campeões dos turnos enfrentam-se: Icasa e Fortaleza, deste confronto o time fortalezense sai vitorioso e recebe o título de campeão. Segue tabela referente ao Campeonato 2008. Os times hachurados correspondem aos pertencentes da RMF.

Tabela 3 - Campeonato Cearense Série A - 2008 1ª Turno - Fase Classificatória - Grupo: Único Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Horizonte 17 9 5 2 2 14 8 6 62.96

2 Icasa 17 9 5 2 2 14 12 2 62.96

3 Ceará 16 9 5 1 3 15 13 2 59.26

4 Fortaleza 16 9 4 4 1 21 13 8 59.26

5 Quixadá 14 9 4 2 3 17 16 1 51.85

6 Ferroviário 13 9 4 1 4 17 17 0 48.15

7 Itapipoca 11 9 3 2 4 11 15 -4 40.74

8 Guarani (J) 11 9 2 5 2 11 11 0 40.74

9 Boa Viagem 9 9 2 3 4 17 18 -1 33.33

10 Uniclinic 0 9 0 0 9 10 24 -14 0.00

1ª Turno - Semifinal - Grupo: A Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Fortaleza 3 1 1 0 0 2 0 2 100.00

2 Horizonte 0 1 0 0 1 0 2 -2 0.00

1ª Turno - Semifinal - Grupo: B Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Ceará 3 2 1 0 1 2 1 1 50.00

2 Icasa 3 2 1 0 1 1 2 -1 50.00

1ª Turno - Final - Grupo: Único

Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Icasa 4 2 1 1 0 3 2 1 66.67

2 Fortaleza 1 2 0 1 1 2 3 -1 16.67

2ª Turno - Fase Classificatória - Grupo: Único Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Ferroviário 20 9 6 2 1 16 8 8 74.07

2 Horizonte 19 9 6 1 2 23 11 12 70.37

3 Ceará 18 9 6 0 3 21 14 7 66.67 52

Tabela 3 - Campeonato Cearense Série A - 2008 / Conclusão

4 Fortaleza 18 9 5 3 1 22 11 11 66.67

5 Boa Viagem 12 9 3 3 3 16 15 1 44.44

6 Icasa 12 9 3 3 3 12 14 -2 44.44

7 Itapipoca 7 9 1 4 4 12 16 -4 25.93

8 Quixadá 6 9 1 3 5 9 21 -12 22.22

9 Guarani (J) 6 9 0 6 3 5 14 -9 22.22

10 Uniclinic 4 9 1 1 7 10 22 -12 14.81

2° Turno - Semifinal - Grupo: A Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. % 1 Ferroviário 1 2 0 0 1 0 0 -1 16.67 2 Fortaleza 4 2 1 0 0 1 0 1 66.67

2° Turno - Semifinal - Grupo: B Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Horizonte 4 2 1 1 0 6 4 2 66.67

2 Ceará 1 2 0 1 1 4 6 -2 16.67

2° Turno - Final - Grupo: Único Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Fortaleza 3 2 1 0 1 3 2 1 50.00

2 Horizonte 3 2 1 0 1 2 3 -1 50.00

Final - Grupo: Único Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Fortaleza 6 2 2 0 0 6 2 4 100.00

2 Icasa 0 2 0 0 2 2 6 -4 0.00

Fonte: http:// www.futebolcearense.com.br (2014)

Ressalte-se ainda sobre o Campeonato Cearense8 2008, que o público do último jogo foi de 41.068 pagantes para uma renda de R$ 453.075,00. O campeão e o vice-campeão, respectivamente, Fortaleza e Icasa, ganharam o direito de disputar a 2009. Já Horizonte e Icasa, terceiro e segundo lugares, respectivamente, conquistaram o direito de disputar o Campeonato Brasileiro Série C. Por fim, Uniclinic e Guarani de Juazeiro foram rebaixados para a Série B do Campeonato Cearense. Dentre os três times melhores

8 Segue em anexo borderô referente à partida final do campeonato cearense 2008.

53 classificados – Fortaleza, Icasa e Horizonte – somente o Icasa não pertence à RMF e despontou com uma grande atuação no campeonato em análise. Sobre o Campeonato Cearense 2009, dez times o disputaram – Boa Viagem, Ceará, Ferroviário, Fortaleza, Guarany de Sobral, Horizonte, Itapipoca, Icasa, Maranguape e Quixadá. No primeiro turno, após nove rodadas, quatro despontaram – Ceará, Ferroviário, Maranguape e Fortaleza, onde se enfrentaram Ferroviário x Maranguape e Ceará x Fortaleza. Os dois primeiros disputam a final e nesta fase o Ceará vence e recebe o título de campeão do primeiro turno. O segundo turno é disputado pelos dez times citados e após nove rodadas, seguem para as semifinais apenas Fortaleza, Guarany(S), Ferroviário e Boa Viagem. Dentre eles, seguem na competição por vencerem as semifinais A e B, Fortaleza e Guarany(S) concorrentes na final. No confronto final, o Fortaleza venceu e conquistou o direito de disputar a grande final com o Ceará. Por fim, o Fortaleza sagra-se campeão após jogar com o campeão do primeiro turno, Ceará. Segue tabela referente ao Campeonato Cearense 2009. Os times hachurados correspondem aos pertencentes da RMF.

Tabela 4 - Campeonato Cearense Série A - 2009

1° Turno - Fase Classificatória - Grupo: Único Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Ceará 18 9 5 3 1 17 11 6 66.67

2 Ferroviário 18 9 5 3 1 17 14 3 66.67

3 Maranguape 16 9 4 4 1 21 16 5 59.26

4 Fortaleza 15 9 4 3 2 18 11 7 55.56

5 Horizonte 15 9 4 3 2 17 12 5 55.56

6 Guarany (S) 11 9 2 5 2 8 8 0 40.74

7 Itapipoca 10 9 2 4 3 11 17 -6 37.04 8 Boa Viagem 8 9 2 2 5 10 14 -4 29.63

9 Icasa 5 9 1 2 6 12 15 -3 18.52

10 Quixadá 4 9 1 1 7 10 23 -13 14.81

Semifinais do 1º turno - Grupo A Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Ceará 4 2 1 1 0 2 1 1 66.67 2 Fortaleza 1 2 0 1 1 1 2 -1 16.67

Semifinais do 1º turno - Grupo B

Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Ferroviário 4 2 1 1 0 2 1 1 66.67

2 Maranguape 1 2 0 1 1 1 2 -1 16.67

54

Tabela 4 - - Campeonato Cearense Série A - 2009 / Conclusão

Finais do 1º turno - Grupo: único Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Ceará 6 2 2 0 0 2 0 2 100.00

2 Ferroviário 0 2 0 0 2 0 2 -2 0.00

2º Turno - Fase Classificatória - Grupo: Único Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Fortaleza 19 9 6 1 2 20 11 9 70.37

2 Guarany (S) 16 9 5 1 3 17 14 3 59.26

3 Ferroviário 15 9 4 3 2 16 11 5 55.56

4 Boa Viagem 14 9 4 2 3 16 16 0 51.85

5 Ceará 13 9 4 1 4 15 17 -2 48.15

6 Quixadá 13 9 4 1 4 9 12 -3 48.15 Tabela 4 - Campeonato Cearense Série A - 2009 / Conclusão 7 Maranguape 12 9 2 6 1 16 10 6 44.44

8 Icasa 10 9 3 1 5 15 17 -2 37.04

9 Itapipoca 8 9 2 2 5 9 18 -9 29.63

10 Horizonte 4 9 0 4 5 9 16 -7 14.81

2º Turno - Fase semifinal - Grupo: Semifinal A Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Fortaleza 6 2 2 0 0 6 2 4 100.00

2 Boa Viagem 0 2 0 0 2 0 6 -4 0.00

2º Turno - Fase semifinal - Grupo: Semifinal B Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Guarany (S) 4 2 1 1 0 1 0 1 66.77

2 Ferroviário 1 2 0 1 1 0 1 -1 16.67

2º Turno - Fase Final Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Fortaleza 4 2 1 1 0 6 3 3 66.67

2 Guarany (S) 1 2 0 1 1 3 6 -3 16.67

Final do Campeonato - Grupo: Único Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Fortaleza 4 2 1 1 0 3 2 1 66.67

2 Ceará 1 2 0 1 1 2 3 -1 16.67

Fonte: http:// www.futebolcearense.com.br (2014)

Ainda sobre o Campeonato Cearense 2009, Fortaleza e Ceará foram contemplados como participantes da Copa do Brasil 2010 Ferroviário ganhou do direito de disputar a série D do campeonato brasileiro de 2009.O Icasa por ficar na décima posição foi rebaixado para a Série B do Campeonato Cearense. Nesta edição, apenas uma equipe foi

55 rebaixada e três ascenderam. O último jogo recebeu o maior público, foram 49.705 pagantes bem como a maior renda de R$ 668.985,009. No montante final, o campeonato cearense arrecadou 4,73 milhões para um público total de 429.633 pagantes. O campeonato de 2010, por sua vez, teve a participação de doze clubes – Boa Viagem, Ceará, Crato, Ferroviário, Fortaleza, Guarany de Sobral, Guarani de Juazeiro, Horizonte, Itapipoca, Limoeiro, Maranguape e Quixadá. No primeiro turno, estes times enfrentaram-se e ao final os quatro melhores Ferroviário, Guarany(S), Horizonte e Fortaleza se classificaram para disputar as semifinais: Guarany X Horizonte e Ferroviário X Fortaleza. Venceram esses jogos Fortaleza e Guarany(S) e na final o time da capital levou o título do primeiro turno. No segundo turno, após onze rodadas os quatro semifinalistas foram Guarany(S) X Horizonte e Ceará X Crato. Saíram vitoriosos desses confrontos Ceará e Guarany(S). Na final deste turno, o time da capital venceu. De sorte que para a grande final concorreram Fortaleza e Ceará e o time tricolor sagrou-se tricampeão. Segue tabela referente ao Campeonato Cearense 2010. Os times hachurados correspondem aos pertencentes da RMF.

Tabela 5 - Campeonato Cearense Série A - 2010

1º Turno - Fase Classificatória - Grupo: Único

Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Ferroviário 21 11 6 3 2 15 8 7 63.64

2 Guarany (S) 21 11 5 6 0 16 11 5 63.64

3 Horizonte 20 11 6 2 3 25 16 9 60.61

4 Fortaleza 20 11 6 2 3 22 15 7 60.61

5 Guarani (J) 19 11 6 1 4 17 17 0 57.58

6 Crato 15 11 5 0 6 16 12 4 45.45

7 Ceará 13 11 4 1 6 18 14 4 39.39

8 Quixadá 13 11 4 1 6 19 29 -10 39.39

9 Itapipoca 13 11 3 4 4 16 21 -5 39.39

9 Segue em anexo borderô referente ao jogo final do campeonato 2009.

56

Tabela 5 - Campeonato Cearense Série A - 2010 /Continuação

10 Maranguape 10 11 3 1 7 13 18 -5 30.30

11 Limoeiro 10 11 2 4 5 17 26 -9 30.30

12 Boa 9 11 2 3 6 13 20 -7 27.27

Viagem

Semifinais do 1º turno – Grupo A Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Fortaleza 4 2 1 1 0 2 1 1 66.67

2 Ferroviário 1 2 0 1 1 1 2 -1 16.67

Semifinais do 1º turno-Grupo B

Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr.%

1 Horizonte 1 1 0 1 0 2 2 0 50.00

2 Guarany 1 1 0 1 0 2 2 0 50.00 Guarany(s) (5) x (4) Horizonte vitória do Guarany(s) nas cobranças de pênaltis

Finais do 1º turno - Grupo: único Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. % 1 Fortaleza 1 1 1 1 0 4 4 0 50.00 2 Guarany 1 1 0 1 0 4 4 0 50.00 Fortaleza (5) x (4) Guarany (s) vitória do Fortaleza nas cobranças de pênaltis

2º Turno - Fase Classificatória - Grupo: Único Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Ceará 25 11 7 4 0 23 4 19 75.76

2 Guarany (S) 21 11 6 3 2 23 12 11 63.64

3 Horizonte 21 11 6 3 2 19 12 7 63.64

4 Crato 18 11 6 0 5 13 16 -3 54.55

5 Ferroviário 18 11 5 3 3 16 15 1 54.55

6 Fortaleza 17 11 5 2 4 17 13 4 51.52

7 Limoeiro 12 11 4 0 7 17 17 0 36.36

8 Maranguape 12 11 3 3 5 11 15 -4 36.36

9 Itapipoca 12 11 3 3 5 13 18 -5 36.36

10 Quixadá 11 11 3 2 6 8 23 -15 33.33

11 Guarani (J) 9 11 1 6 4 12 16 -4 27.27

12 Boa Viagem 7 11 2 1 8 12 23 -11 21.21

57

Tabela 5 - Campeonato Cearense Série A - 2010 /Conclusão

Semifinal do 2º turno-Grupo A

Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Ceará 3 1 1 0 0 4 0 4 100.00

2 Crato 0 1 0 0 1 0 4 -4 00

Semifinal do 2º turno-Grupo B

Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr.%

3 Guarany(s) 3 1 1 0 0 2 1 1 100.00

3 Horizonte 0 1 0 0 1 1 2 -1 00

Final do 2º turno - Grupo: único

Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Ceará 3 1 1 0 0 1 0 1 100.00

2 Guarany(s) 0 1 0 0 1 0 1 -1 0.00 Finais do Campeonato - Grupo: Único

Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Fortaleza 3 2 1 0 1 2 2 0 50.00

2 Ceará 3 2 1 0 1 2 2 -0 50.00

Fortaleza (3) x Ceará (1) vitória do Fortaleza nas cobranças de pênaltis

Fonte: http:// www.futebolcearense.com.br (2014).

A despeito do tricampeonato do Fortaleza, a campanha do Ceará merece destaque, uma vez que em 2009 e 2010 foi o time que mais levou torcedores ao estádio numa média de 11.012 torcedores por jogo como mandante sendo que na final do campeonato se estabeleceu um novo recorde tanto de público como de renda no futebol cearense que foi 52.766 de ingressos vendidos para uma renda10 de R$ 914.920,00. Registre-se ainda que Fortaleza e

10 Segue em anexo borderô referente ao jogo final do campeonato final de 2010.

58

Ceará ganharam as vagas da Copa do Brasil de 2011 e o Guarany(S) ficou com a vaga da serie D do mesmo ano, Maranguape e Boa Viagem por ocuparem as posições mais baixas na tabela de classificação foram rebaixados.

4.2.2 Campeonatos 2011, 2012 e 2013

Na edição de 2011, o campeonato cearense repete a fórmula adotada com doze times disputando dois turnos em onze rodadas cada turno. Passando os quatro melhores pontuados para as semifinais e os vitoriosos destas para a final. Por fim, os vencedores dos turnos disputam a grande final. Em 2011, destacaram-se no primeiro turno os seguintes times aptos para disputarem as semifinais Ceará, Fortaleza, Guarani(J) e Horizonte ocorrendo as seguintes semifinais: Fortaleza X Guarani (J) e Ceará X Horizonte. Venceram estes jogos os times da capital que avançaram para a grande final quando o Ceará tornou-se o campeão. No segundo turno, classificam-se para as semifinais – A – Guarani (J) X Horizonte e – B – Ceará X Guarany(S). Passaram para a final Ceará e Guarani (J). O time da capital venceu e como havia conquistado o primeiro turno sagrou-se campeão arrastão. Segue tabela referente ao Campeonato Cearense 2011. Os times hachurados correspondem aos pertencentes da RMF.

Tabela 6 - Campeonato Cearense Série A - 2011

1ª Turno - Fase Classificatória - Grupo: Grupo Único Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Ceará 29 11 9 2 0 22 7 15 87.88

2 Fortaleza 24 11 7 3 1 25 12 13 72.73

3 Guarani (J) 21 11 6 3 2 23 15 8 63.64

4 Horizonte 17 11 5 2 4 20 17 3 51.52

5 Guarany (S) 17 11 4 5 2 19 13 6 51.52

6 Tiradentes 15 11 5 0 6 21 15 6 45.45

7 Icasa 13 11 4 1 6 9 12 -3 39.39

8 Itapipoca 13 11 4 1 6 13 23 -10 39.39

9 Limoeiro 11 11 3 2 6 14 18 -4 33.33

10 Crato 9 11 2 3 6 13 20 -7 27.27

11 Quixadá 9 11 2 3 6 12 25 -13 27.27

12 Ferroviário 7 11 2 1 8 12 26 -14 21.21

59

Tabela 6 - Campeonato Cearense Série A - 2011/Conclusão

1ª Turno- Fase Semifinal - Grupo: A Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Ceará 3 1 1 0 0 4 0 4 100.00

2 Horizonte 0 1 0 0 1 0 4 -4 0.00

1ª Turno- Fase Semifinal - Grupo: B Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Fortaleza 3 1 1 0 0 2 0 2 100.00

2 Guarani (J) 0 1 0 0 1 0 2 -2 0.00

1ª Turno - Final - Grupo: Grupo Único Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Ceará 3 1 1 0 0 1 0 1 100.00

2 Fortaleza 0 1 0 0 1 0 1 -1 0.00

2ª Turno - Fase Classificatória - Grupo: Grupo Único Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Ceará 24 11 8 0 3 27 11 16 72.73

2 Guarani (J) 21 11 6 3 2 21 15 6 63.64

3 Horizonte 20 11 6 2 3 28 20 8 60.61

4 Guarany (S) 20 11 6 2 3 20 17 3 60.61

5 Itapipoca 19 11 6 1 4 16 13 3 57.58

6 Tiradentes 17 11 5 2 4 24 18 6 51.52

7 Fortaleza 15 11 5 0 6 19 17 2 45.45

8 Icasa 15 11 4 3 4 21 23 -2 45.45

9 Ferroviário 13 11 4 1 6 9 19 -10 39.39

10 Crato 12 11 4 0 7 20 27 -7 36.36

11 Quixadá 10 11 3 1 7 15 24 -9 30.30

12 Limoeiro 3 11 0 3 8 8 24 -16 9.09

2ª Turno- Fase Semifinal - Grupo: A Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Ceará 3 1 1 0 0 1 0 1 100.00

2 Guarany (S) 0 1 0 0 1 0 1 -1 0.00

2ª Turno- Fase Semifinal - Grupo: B Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Guarani (J) 3 1 1 0 0 4 0 4 100.00

2 Horizonte 0 1 0 0 1 0 4 -4 0.00

2ª Turno - Final - Grupo: Grupo Único Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Ceará 3 1 1 0 0 5 0 5 100.00

2 Guarani (J) 0 1 0 0 1 0 5 -5 0.00

Fonte: http:// www.futebolcearense.com.br (2014) 60

Em 2011, Limoeiro e Quixadá foram rebaixados para a Série B do campeonato cearense do ano seguinte. O Ceará mantém a primeira colocação tanto para renda como para público com uma média de 9.386 e totalizando 149.791 torcedores que foram aos seus jogos como mandante e acabou conquistando à vaga na Copa do Brasil de 2012, o Guarani(J) ficou com a vaga na serie D do mesmo ano. Os clássicos da capital ocorrido em 30/01 e 02/03 receberam os maiores números de pagantes e de bilheteria que foram respectivamente 29.935 e 44.766, R$ 719.200,00 e R$ 449.622,00. O jogo da decisão Ceará X Guarani (J) alcançou a sexta posição em renda R$ 176.890,00 e a sétima em público 11.459, conforme dados da federação cearense de futebol11.. O Campeonato Cearense de 2012 apresenta um novo regulamento, sendo assim, composto por três fases distintas: Fase Classificatória, Fase semifinal e Fase final. As 12 agremiações participantes da primeira etapa se enfrentaram em turno e returno, vinte e quatro rodadas, buscando as quatro melhores campanhas nos pontos corridos para avançar às semifinais. Em caso de empate entre os classificados, as equipes com maior número de vitórias(V), saldo de gols (SG), gols pró (GP) e vencedoras nos confrontos diretos (CD) levam vantagem. Se todos os critérios de desempate forem igualados, a decisão será por meio de sorteio. A semifinal terá jogos de ida e volta, o mando do segundo jogo de cada chave será disputado no estádio (casa) de propriedade da equipe com a melhor campanha. Avançará a equipe com o melhor saldo de gols no tempo regulamentar. Se houver empate, os gols marcados fora de casa terão peso extra. Se a igualdade persistir, será levada em consideração a colocação na fase de pontos corridos. A fase final postará frontalmente os vencedores da cada semifinal com jogos de ida e volta com mando de campo do último jogo do campeonato no estádio (casa) da equipe com a melhor campanha, levando em consideração a soma dos resultados da Fase Classificatória e da Fase semifinal. O clube com maior saldo de gols nos dois confrontos será considerado o campeão e, em caso de empate, os gols na casa do adversário terão peso extra. Se o placar agregado continuar em igualdade, o vencedor será o da melhor campanha na soma da primeira e segunda fase da competição. Deste modo, após as vinte e quatro rodadas da primeira fase, avançaram para as semifinais Ceará, Fortaleza, Horizonte e Tiradentes. Os vencedores das semifinais - A - Ceará X Tiradentes e - B - Fortaleza X Horizonte foram Ceará e Fortaleza, logo tiveram

11 Segue em anexo borderôs dos jogos citados

61 acesso à fase final os dois maiores clubes do Estado. Neste duelo final, o Ceará conquistou o bicampeonato. Segue tabela referente ao Campeonato Cearense 2012. Os times hachurados correspondem aos pertencentes da RMF.

Tabela 7 - Campeonato Cearense Série A - 2012

Classificatória - Grupo: Único Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Ceará 54 22 17 3 2 52 17 35 81.82

2 Fortaleza 52 22 16 4 2 42 19 23 78.79

3 Horizonte 44 22 14 2 6 50 30 20 66.67

4 Tiradentes 38 22 11 5 6 36 29 7 57.58

5 Crato 34 22 9 7 6 28 26 2 51.52

6 Guarani (J) 29 22 9 2 11 36 36 0 43.94

7 Guarany (S) 25 22 6 7 9 28 33 -5 37.88

8 Icasa 22 22 6 4 12 22 38 -16 33.33

9 Ferroviário 21 22 5 6 11 29 42 -13 31.82

10 Trairiense 17 22 4 5 13 27 40 -13 25.76

11 Crateús 13 22 7 5 10 30 36 -6 39.39

12 Itapipoca 7 22 1 4 17 13 47 -34 10.61

* O Crateús foi punido com a perda de treze pontos em virtude de decisão da 1ª Comissão Disciplinar do TJDF-CE.

Semifinais - Grupo A Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Ceará 6 2 2 0 0 6 0 6 100.00

2 Tiradentes 0 2 0 0 2 0 6 -6 0.00

Semifinais - Grupos B Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Fortaleza 6 2 2 0 0 5 1 4 100,00

2 Horizonte 0 2 0 0 2 1 5 -4 0.00

Final - Grupo: Único Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Ceará 2 2 0 2 0 1 1 0 33.33

2 Fortaleza 2 2 0 2 0 1 1 0 33.33

Fonte: http:// www.futebolcearense.com.br (2014)

62

Como saldo final, o Campeonato Cearense de 2012 rendeu a Ceará e Fortaleza vagas para o Campeonato do Nordeste 2013 e para o primeiro vaga na Copa do Brasil de 2013. Pelo quarto ano seguido o Ceará manteve a maior média de público e renda. 136.023 torcedores compareceram ao estádio para assistir os 9 jogos do alvinegro, totalizando uma média de 10.463. As partidas com o maior público foram as do dia 01/02 – Ceará X Tiradentes com 18.398 pagantes e do dia 25/03 – Ceará X Fortaleza com 16.098 torcedores12. Nesta edição o Horizonte ficou com a vaga da serie D do brasileiro e três times foram rebaixados para a Série B do Campeonato Cearense – Itapipoca, Trairiense e Crateús. Por sua vez, o Campeonato Cearense 2013 adotou uma nova fórmula, pois Ceará e Fortaleza estavam disputando a Copa do Nordeste e não dispunham de condições de competir na primeira fase do campeonato que foi composta por nove times – Crato, Ferroviário, Guarani (J), Guarany (S), Horizonte, Icasa, Maracanã, São Benedito e Tiradentes. Estes clubes enfrentam-se primeiramente em jogos de ida e volta, classificando-se os seis primeiros colocados. Na segunda fase, os seis classificados se juntam a Ceará e Fortaleza num octogonal formado por jogos de ida e volta, classificando-se para as semifinais os quatro melhores classificados. Nas semifinais, os jogos ocorrerão por cruzamento olímpico semifinal A (1º X 4º) semifinal B (2º X 3º) em dois jogos. Para a final, avançam os vencedores das semifinais A e B. Os dois clubes com pior desempenho na primeira fase serão rebaixados para a Série B do Campeonato Cearense. Desse modo, classificaram-se para a segunda fase Ceará, Fortaleza já pré- classificados e os melhores do 1º turno que foram Horizonte, Ferroviário, Icasa, Guarani(J), Tiradentes, Guarany(S). Nos confrontos desta etapa, classificaram-se para as semifinais os seguintes times: Icasa X Guarany (S) e Ceará X Fortaleza. Para a final enfrentou-se Guarany (S) X Ceará. O time alvinegro vence mais uma e se torna Tricampeão. Segue tabela referente ao Campeonato Cearense 2013. Os times hachurados correspondem aos pertencentes da RMF.

12 Segue em anexo borderôs dos jogos mencionados.

63

Tabela 8 - Campeonato Cearense Série A 2013

1ª Fase - Grupo: Único Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Horizonte 34 16 10 4 2 24 13 11 70.83

2 Ferroviário 30 16 9 3 4 30 17 13 62.50

3 Icasa 25 16 7 4 5 24 19 5 52.08

4 Guarani (J) 25 16 7 4 5 14 11 3 52.08

5 Tiradentes 22 16 6 4 6 23 20 3 45.83

6 Guarany (S) 22 16 6 4 6 21 22 -1 45.83

7 Crato 15 16 3 6 7 20 24 -4 31.25

8 São Benedito 12 16 2 6 8 20 34 -14 25.00

9 Maracanã 11 16 2 5 9 10 26 -16 22.92

2ª Fase - Grupo: Único Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Icasa 28 14 9 1 4 24 16 8 66.67

2 Ceará 26 14 8 2 4 27 14 13 61.90

3 Fortaleza 26 14 8 2 4 21 13 8 61.90

4 Guarany (S) 22 14 7 1 6 21 19 2 52.38

5 Tiradentes 22 14 6 4 4 21 21 0 52.38

6 Horizonte 19 14 5 4 5 18 17 1 45.24

7 Guarani (J) 9 14 3 0 11 13 31 -18 21.43

8 Ferroviário 8 14 2 2 10 10 24 -14 19.05

Semifinal -A-Grupo: C01 Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Guarany (S) 3 2 1 0 1 4 4 0 50.00

2 Icasa 3 2 1 0 1 4 4 0 50.00

Semifinal –B- Grupo: C02 Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Ceará 6 2 2 0 0 6 1 5 100.00

2 Fortaleza 0 2 0 0 2 1 6 -5 0.00

Final - Grupo: D01 Pos Clube PG JG Vit Emp Der GP GC SG Apr. %

1 Ceará 2 2 0 2 0 2 2 0 33.33

2 Guarany (S) 2 2 0 2 0 2 2 0 33.33

Fonte: http:// www.futebolcearense.com.br (2014)

O resultado final do Campeonato Cearense 2013 garantiu a Ceará e Horizonte participação na Copa do Brasil 2014 o Tiradentes ganhou vaga na serie D do brasileiro do 64 mesmo ano. O campeão Ceará e o vice Guarany (S) também se classificaram para a Copa do Nordeste 2014. Já São Benedito e Maracanã foram rebaixados para a Série B. O Ceará pelo quinto ano seguido mantém a maior média de público e renda, cerca de 109.066 pagantes em nove jogos – média de 12.118 pagantes. A maior renda e público registrado ocorreu no jogo entre Ceará X Guarany (S) em 19/05 com 1.064.554,00 reais e 49.609 pagantes13.

4.3 Economia e Futebol Cearense

Esta subseção se baseia em dois relatórios da Pluri Consultoria que verificam a importância do futebol estadual na economia nacional: “Ranking Brasileiro de Clubes PLURI 2013, por Região e Estado” divulgado em 03 de janeiro de 2014 e “Valor de mercado dos Estaduais e Copa do Nordeste 2014” divulgado em 30 de janeiro de 2014. O primeiro relatório abrange os resultados de todos os campeonatos Estaduais, Regionais, Nacionais e Internacionais dos quais os clubes brasileiros participam. Nele é possível avaliar os resultados dos clubes em 2013 e no acumulado dos últimos 6 anos (2008 a 2013) de acordo com as Regiões e Estados Brasileiros. Sendo assim, seguem tabelas correspondentes à pontuação por competição e à classificação dos clubes cearenses no ranking em análise.

Tabela 9 - Pontuação por Competição CAMPEONATOS PONTUAÇÃO Cam Vice 3º 4º 5º 6º 7º 8º Rebai peão xados ESTADUAIS 5 0 0 0 0 0 0 0 - AC, AP, RO, RR e TO. AM, DF, ES, MA, MS, MGS, 10 0 0 0 0 0 0 0 - PI, SE. AL, PA, PR, RN. 15 8 0 0 0 0 0 0 - CE, GO 20 10 6 0 0 0 0 0 - BA, PN, PE, SC. 30 15 8 0 0 0 0 0 - Mineiro e Gaúcho 40 20 12 7 0 0 0 0 - Carioca 50 25 15 9 0 0 0 0 -

13 Segue em anexo borderô sobre essa partida final.

65

Tabela 9 – Pontuação por Competição /Conclusão

Paulista 60 30 18 11 6 0 0 0 - REGIONAIS 45 23 14 8 0 0 0 0 - Copa do Nordeste NACIONAIS Camp. Brasileiro - Série A 150 75 45 27 16 10 6 0 -30 Camp. Brasileiro – Série B 30 15 9 0 0 0 0 0 -6 Camp. Brasileiro –Série C 15 8 0 0 0 0 0 0 -3 Camp. Brasileiro – Série D 8 0 0 0 0 0 0 0 - Copa do Brasil 90 45 27 16 10 6 0 0 - INTERNACIONAIS Copa Libertadores 225 113 68 41 24 15 9 0 - Copa Sulamericana 113 56 34 20 12 7 0 0 - Recopa Libertadores 23 0 0 0 0 0 0 0 - Copa Suruga 11 0 0 0 0 0 0 0 - Mundial de Clubes da FIFA 180 60 20 5 0 0 0 0 - FONTE: http://wwpluriconsultoria.com.br (2014)

Tabela 10 - Classificação dos Times Cearenses no Ranking. Os times hachurados correspondem aos pertencentes à RMF. Clube Brasil Região Estado Pontos Ceará 21 5 1 94,1 Fortaleza 23 6 2 83,5 Guarany(S) 42 15 3 23,5 Icasa 57 20 4 17,5 Horizonte 74 27 5 12,0 Guarani(J) 82 136 6 10,0 Ferroviário 134 49 7 06,0 FONTE: http://www.pluriconsultoria.com.br (2014)

Na tabela 9, os campeonatos hachurados correspondem aqueles com participação de clubes metropolitanos cearenses destes os dois mais bem pontuados são, respectivamente, Copa do Brasil e Copa do Nordeste frequentada por Ceará, Fortaleza, Guarany (S), Icasa e Horizonte, decorrendo deste fato as melhores classificações no ranking acima. Note-se ainda que destes times, o Ceará é apontado pela Pluri Consultoria como o mais valioso do estado e o sexto da Série B do Campeonato Brasileiro com um plantel de 33 milhões de reais em 2013. Tal valor está 14% abaixo do registrado em 2012 quando a avaliação chegou a 37 milhões de reais. O alto valor do Ceará parece interferir em seu desempenho em campo consideravelmente, pois no modelo atual de futebol profissional globalizado e capitalista os melhores atletas e instalações concentram-se nos clubes mais ricos favorecendo a obtenção de resultados positivos nos jogos disputados. Segue tabela sobre o

66 valor de mercado dos principais Campeonatos Estaduais e da Copa do Nordeste em 2014 para comprovação da associação entre economia e desempenho dos times profissionais de futebol.

Tabela 11- Valor de Mercado dos Principais Campeonatos Estaduais e da Copa do Nordeste em 2014 Rank Rank Rank Campeonato Nº de Valor de Mercado em Time Mais 2014 2013 2012 Clubes Milhões de Reais Valioso 1 1 1 São Paulo 20 1.162,0 Santos 2 2 2 Rio de Janeiro 16 710,0 Flamengo 3 4 4 Minas Gerais 12 601,6 Cruzeiro 4 5 - Copa do Nordeste 16 506,0 Bahia 5 3 3 Rio Grande do Sul 16 502,0 Grêmio 6 6 5 Paraná 12 316,1 Atlético- PR 7 10 9 Santa Catarina 10 273,6 Figueirense 8 7 6 Bahia 12 239,4 Bahia 9 8 7 Pernambuco 12 216,1 Sport 10 9 8 Goiás 10 183,3 Goiás 11 11 10 Cearense 11 118,9 Ceará 12 12 11 Rio Grande do Norte 10 77,0 América 13 14 12 Pará 16 74,4 Paysandu 14 13 13 Alagoas 10 64,7 CSA 15 17 15 Mato Grosso do Sul 14 53,5 CENE 16 16 17 Distrito Federal 12 49,8 Brasiliense FONTE: http://wwpluriconsultoria.com.br (2014)

O relatório da Pluri Consultoria analisa ao todo os vinte e um campeonatos estaduais e a Copa do Nordeste. A tabela acima registra apenas os quinze principais campeonatos e a copa supramencionada. Concluímos com base nos dados apresentados das tabelas 10 e 11 que economia e futebol hoje não se dissociam e o fator econômico tende a tornar-se preponderante na conjuntura atual capitalista em que se insere o futebol, esporte que extrapola os limites do campo e movimenta a sociedade em diversos aspectos, entre eles, o social, o político e o econômico. Se economia e futebol caminham juntos, o campeonato cearense retratado nesta seção descreve tal relação claramente no período de 2008 a 2013 quando observa-se os dois maiores times estaduais conquistarem o tricampeonato - Fortaleza (2008, 2009 e 2010) e Ceará (2011, 2012 e 2013). O fator econômico favorece tais conquistas, à medida que viabiliza tanto a contratação dos melhores atletas como a construção das melhores instalações 67 para treinamento com profissionais competentes em cada setor-Técnico, preparador físico, fisiologista, nutricionista, massagista, médico, preparador de goleiro, entre outros. Icasa, Guarany (S), Ferroviário e Horizonte são clubes que a despeito de contarem com orçamentos menores vem somando bons resultados, apesar de não vencerem as finais do campeonato. Destes quatro, os pertencentes à região metropolitana de Fortaleza são Ferroviário e Horizonte. Já Icasa e Guarany revelam a força do futebol do interior cearense. Contudo, as façanhas destes times não apaga a história dos grandes vencedores, os dois times mais ricos da capital cearense cuja valorização de mercado suplanta a de seus adversários.

68

5 CONCLUSÃO

O mercado futebolístico representa uma parcela economicamente significativa dentro do segmento esportivo, tratando-se de um negócio à parte, no sentido de conter características bem particulares, deste modo situa-se entre a competição e a cooperação entre os times. Assim, essas duas características do negócio deram origem a dois tipos de mercado nos quais, atualmente, o futebol opera: o mercado de jogadores e o de torcedores. Segundo as leis econômicas particulares que regem o futebol, os adversários precisam estar em pé de igualdade, pois a rivalidade é peça fundamental neste mercado esportivo diferenciado onde os competidores necessitam-se para produzirem o que vendem. Um jogo entre equipes similares atrai a atenção do espectador muito mais do que uma partida entre clubes díspares, pois a expectativa de um resultado incerto mobiliza os torcedores. A transformação das partidas em eventos sem substitutos constitui outra lei econômica do futebol,fazendo o mesmo ter uma demanda altamente elástica em relação a renda e inelástica em relação ao preço, por isso os jogos não devem ser realizados em excesso para que o caráter especial não seja retirado, decorre dessas leis a importância de uma liga forte e de um bom calendário. A reestruturação dos estádios para garantir maior conforto aos torcedores também influencia os números desse mercado, pois estádios confortáveis e seguros atrai o público para os jogos e também faz com que o torcedor que é um cliente fiel gaste mais dinheiro com alimentos,bebidas e outros produtos oficiais dos seu time de “coração”,como– bonés, camisas,agasalhos,etc. Logo a transformação dos estádios em arenas juntamente com bons resultado das equipes em campo diversificam os negócios do futebol. Um bom exemplo de obsolescência planejada é a estratégia mudança das camisas oficiais que ocorre anualmente. Enfim, as leis econômicas que regem o futebol inserem-se numa conjuntura maior e refletem a complexidade de uma dada sociedade com todas as suas contradições e distorções, avanços e retrocessos. Assim, assistimos ao longo da história futebolística grandes embates – amadorismo versus profissionalismo, esporte-prática versus esporte espetáculo, esporte de elite versus esporte popular, gestão amadora versus gestão profissional, cada um destes embates refletiu ou reflete choques entre gestores interessados em geri o futebol ou de maneira pessoal ou profissional. Todavia, a alta adaptabilidade do futebol na estrutura da

69 sociedade permitiu, a um só tempo, seu crescimento e sua configuração como representação da sociedade. Assim, esse prodígio de popularidade transformou-se em um esporte altamente rentável, competitivo, tecnológico, científico, planejado e cada vez mais mercadológico. Hobsbawm (2007) descreve-o como síntese da globalização por ilustrar “perfeitamente o mundo em que nós vivemos”. A capacidade de inserção na estrutura social faz do futebol a grande força de esporte universal, originando um respeitável mercado e se revelando um agente notório da globalização. Sob esse prisma, o esporte extrapola os limites do campo e movimenta a atual sociedade em distintos aspectos, sobretudo, econômico, político e social. Em nosso escopo,analisamos o desempenho dos clubes metropolitanos cearenses no período de 2008 a 2013. Observamos que na atual conjuntura globalizada e capitalista, economia e futebol não se dissociam e o fator econômico tende a favorecer os times com maior valorização de mercado. Logo, se economia e futebol caminham juntos, o campeonato cearense retratado ao longo do terceiro capítulo descreve tal afinidade com nitidez no período de 2008 a 2013, ocasião em que os dois maiores times estaduais conquistaram o tricampeonato - Fortaleza (2008, 2009 e 2010) e Ceará (2011, 2012 e 2013). O fator econômico beneficia tais captações de títulos, ao promover a contratação dos melhores atletas bem como a construção das melhores instalações para treinamento com profissionais competentes em cada setor - nutricionista, massagista, médico, preparador de goleiro, entre outros. Icasa, Guarany (S),e Horizonte são clubes que a despeito de contarem com orçamentos menores vem somando bons resultados, apesar de não vencerem as finais do campeonato. Destes três,o último pertencem à região metropolitana de Fortaleza - Horizonte. Já Icasa e Guarany revelam a força do futebol do interior cearense. Já Icasa e Guarany revelam a força do futebol do interior cearense. Contudo, as façanhas destes três não apaga a história dos grandes vencedores, os dois times mais ricos da capital cearense cuja valorização de mercado suplanta a de seus adversários.

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73

ANEXOS

74

ANEXO A – Borderô 2008 / Fortaleza X Icasa 04 – Maio - 2008

75

ANEXO B – Borderô 2009 / Fortaleza X Ceará 03 – Maio - 2009

76

ANEXO C – Borderô 2009 / Ceará X Fortaleza 02 – Maio – 2010

77

ANEXO D – Borderô 2011 / Fortaleza X Ceará 30 - Jan – 2011

78

ANEXO E – Borderô 2011 / Ceará X Fortaleza 02 - Maio – 2011

79

ANEXO F – Borderô 2011 / Ceará X Guarani 08 - Maio – 2011

80

ANEXO G – Borderô 2012 / Ceará X Tiradentes 01 – Fev- 2012

81

ANEXO H – Borderô 2013 / Fortaleza X Ceará 25- Março - 2012

82

ANEXO I – Borderô 2013 / Ceará X Guarany 19- Maio - 2013

83