MINISTÉRIO PÚBLICO DO PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO – NAT

Relatório Técnico de Vistoria Nº 713/ 2013 - NAT / AMBIENTAL

INTERESSADO: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE

OBJETO DA VISTORIA: SANEAMENTO BÁSICO

MUNICÍPIO: BARBALHA

OFÍCIO Nº: 246/2013/CAOMACE/PGJ/CE

DATA DA VISTORIA: 08/10/2013

DATA DO RELATÓRIO: 12/11/2013

1 – DA SOLICITAÇÃO

Em atendimento à solicitação do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente – CAOMACE, face às deliberações oriundas do encontro de Coordenadores Regionais de Promotorias de Justiça das Bacias Hidrográficas, bem como dos encaminhamentos da Reunião de Coordenadoria Regional da Bacia do Salgado, este Núcleo de Apoio Técnico - NAT realizou vistoria técnica no município de BARBALHA, para fins de verificar - com base em dados secundários, entrevistas qualificadas, e inspeção local - o atendimento dos aspectos que abrangem o SANEAMENTO AMBIENTAL municipal: abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.

2 – DA BACIA HIDROGRÁFICA DO SALGADO

A bacia do Salgado posiciona-se na porção meridional do Estado, limita-se a oeste com a sub-bacia do Alto , ao sul com o Estado de , ao leste com o Estado da Paraíba e a nordeste com a sub-bacia do Médio Jaguaribe.

O principal rio desta sub-bacia é o rio Salgado. Seu trajeto dá-se no sentido sul-norte, até encontrar com o rio Jaguaribe, próximo à cidade de Icó, logo à jusante da barragem do

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO CEARÁ PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO – NAT açude Orós. Possui uma extensão de 308 km e drena uma área de 12.623,89 Km², o equivalente a 9% do território cearense.

s Percentual da área da baciado Salgado em relação ao Estado do Ceará

Municípios das bacias e principais afluentes

O rio Salgado é formado pela confluência dos riachos dos Porcos e Rio das Batateiras, e é o principal afluente da margem direita do Jaguaribe. A sub-bacia do Salgado compreende 24 (vinte e quatro municípios): , Aurora, , Barbalha, Barro, , Caririaçu, , Crato, , Icó, , Jardim, Jati, Juazeiro do Norte, , , Milagres, Missão Velha, Penaforte, Umari, Várzea Alegre e pequena parte do município de Orós, portanto, 23 (vinte e três) integralmente.

3 – DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE SANEAMENTO BÁSICO

Em 2007 é publicada a Lei Federal Nº 11.445/071, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico - como o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações de

1Decreto de Regulamentação nº 7.217, de 21 de junho de 2010

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO CEARÁ PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO – NAT abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem de águas pluviais urbanas - e institui a política nacional para o saneamento.

Com a publicação da Lei todas as prefeituras têm obrigação de elaborar seu Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB). O PMSB é um dos instrumentos da Política de Saneamento Básico do município. Essa Política deve ordenar os serviços públicos de saneamento considerando as funções de gestão para a prestação dos serviços, a regulação e fiscalização, o controle social, o sistema de informações, conforme o Decreto 7.217/2010.

Sem o PMSB, a partir de 2014, a Prefeitura não poderá receber recursos federais para projetos de saneamento básico. O documento, após aprovado, torna-se instrumento estratégico de planejamento e de gestão participativa, passando a ser a referência de desenvolvimento de cada município, estabelecidas as diretrizes para o saneamento básico e fixadas as metas de cobertura e atendimento com os serviços de água; coleta e tratamento do esgoto doméstico, limpeza urbana, coleta e destinação adequada do lixo urbano e drenagem e destino adequado das águas de chuva.

A lei 11.445/07 restabelece o papel do poder público local na participação do planejamento do setor, na tentativa de reduzir o distanciamento dos municípios em relação aos problemas de saneamento, delegados em sua maioria às empresas estaduais. Ao mesmo tempo, a Lei oferece alternativas de regionalização ou formação de consórcios públicos.

Dos quatro eixos do saneamento básico:

(a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição;

(b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente;

(c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas;

(d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas.

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Município de Barbalha

3.1 - ABASTECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL

A água constitui-se em elemento essencial à vida. O acesso à água de boa qualidade e em quantidade adequada está diretamente ligado à saúde da população, contribuindo para reduzir a ocorrência de diversas doenças.

O serviço de abastecimento de água através de rede geral caracteriza-se pela retirada da água bruta da natureza, adequação de sua qualidade, transporte e fornecimento à população através de rede geral de distribuição. Há de se considerar, ainda, formas alternativas de abastecimento das populações (água proveniente de chafarizes, bicas, minas, poços particulares, carros-pipas, cisternas, etc.).

MUNICÍPIO DE BARBALHA - ABASTECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL

Constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição Órgão gestor: CAGECE - Escritório: Av. Perimetral Oeste, 229 – Centro - Contato: Sr. Marcus

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Anderson Lima Santos (Encarregado do Núcleo) ETA: A infraestrutura da ETA-Barbalha, bem como as etapas de tratamento da água, mantêm regulares condições de manutenção, utilização e operação. Foram detectados alguns problemas pontuais, referentes a ausência de estrutura de alguns quadros de comando nos poços tubulares (horímetro, amperímetro e voltímetro). Verificou-se ainda problemas de infiltração na parede de alguns reservatórios. Etapas de Tratamento: Aplicação de Hypocal através de dosador de nível constante, nos reservatórios RSE-01 e RAP-01, e por meio de clorador de pastilha, no poços PT-04, PT-05, PT-06, PT-07 e PT-09. Portanto, são 07 (sete) sistemas de simples desinfecção Licença Ambiental: O Sistema Abastecimento de Água de Barbalha possui Licença de Operação da Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE, com validade até 30/8/2012, portanto, expirada (ver ANEXOS). O Gestor da unidade informa que o pedido de renovação está em andamento, aguardando manifestação do referido órgão ambiental Testes Físico-químicos (Cloro Residual Livre, Turbidez, Cor e pH) e Testes Microbiológicos (Coliformes): A água tratada distribuída é monitorada diariamente pelo mini laboratório local (realização de análises rotineiras), como também pelo Laboratório Regional da UNBSA/Juazeiro do Norte. Resultados recentes das análises dos parâmetros exigidos por Portaria do Ministério da Saúde para a qualidade da água distribuída no sistema de Barbalha, apontam devidamente a conformidade exigida Número de ligações e percentual: Atualmente, são 12.435 ligações ativas, com volume produzido de 267.342,47 m³. O índice de cobertura de água do sistema, bem como o nível de atendimento ativo de água, no município, são de 100% Manancial de Captação: O município de Barbalha tem nas águas subterrâneas da Bacia Sedimentar do a principal fonte de recursos hídricos necessário para seu desenvolvimento socioeconômico, com o abastecimento das populações, fundamentalmente por exutórios (fontes) e poços tubulares profundos. Atualmente, são 07 (sete) poços ativos. Informações Complementares: O abastecimento das comunidades rurais e até distritais, é fornecido por poços particulares ou pelo Projeto São José, que abrange a construção e instalação de 05 (cinco) sistemas de abastecimento com ligações domiciliares ou com chafarizes, beneficiando cerca de 300 famílias.

Figura 01 Figura 02

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Figura 03 Figura 04

Figura 05

Figura 06

Figura 01-06 – Área técnico-operacional do Sistema de Abastecimento de Água de :(01) licenciamento; (02, 03) poços tubulares; (04) reservatório; (05) laboratório; (06) estação elevatória. Fonte: Dados de vistoria NAT.

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3.2 - ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Da água distribuída pelo sistema de abastecimento público e efetivamente utilizada nas atividades humanas, 80%, em média, é transformada em esgoto, o qual deve ser coletado e tratado antes de ser lançado no solo ou em corpos d’água.

As características físicas e químicas do esgoto sanitário variam em função dos usos da água e podem apresentar em sua composição, além de grande quantidade de matéria orgânica, microrganismos patogênicos e substâncias químicas tóxicas. Estes componentes precisam, portanto, ser coletados e tratados adequadamente, de forma que seja evitada a transmissão de doenças ao homem e minimizados os seus impactos sobre o meio ambiente.

O tratamento de esgoto adotado pode ser individual ou coletivo. Nas aglomerações urbanas é recomendável que exista um sistema coletivo de esgotamento, composto de rede de coleta e estação de tratamento para as águas residuárias. As soluções individuais são indicadas para o meio rural ou para áreas de baixa densidade habitacional. Em ambas as situações, a adoção do esgotamento sanitário poderá causar novos danos ao homem e ao meio ambiente, caso não seja planejado e implantado de acordo com as recomendações técnicas pertinentes.

Os projetos de esgotamento sanitário, quando corretamente executados, têm a finalidade de minimizar os efeitos do lançamento do esgoto in natura sobre o ambiente, caracterizando-se, assim, como um impacto positivo, possibilitando a redução dos índices de doenças e de perigo à saúde da população, a melhoria de qualidade das águas e o aumento dos benefícios dessas águas para os diversos usos.

Toda construção permanente urbana com condições de habitabilidade situada em via pública, beneficiada com redes públicas de abastecimento de água e/ou de esgotamento sanitário deverá, obrigatoriamente, conectar-se a rede pública, de acordo com o disposto no art. 45 da Lei Federal no 11.445, de 5 de janeiro de 2007, respeitadas as exigências técnicas do prestador de serviços.

MUNICÍPIO DE BARBALHA - ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente Órgão gestor: CAGECE Licença Ambiental: O sistema de esgotamento sanitário de Barbalha possui licença ambiental, porém vencida. O Gestor da unidade informa que o pedido de renovação está em andamento, aguardando manifestação do órgão ambiental ETE, EEE: O sistema dispõe de Estação de Tratamento dos esgotos coletados e 03 (três) estações elevatórias. A ETE é composta por tratamento preliminar através de gradeamento, caixa de areia, seguido de medidor Parshall, de 1 (uma) lagoa facultativa e 2 (duas) lagoas de Núcleo de Apoio Técnico – NAT - Rua: Assunção, nº 1100, Térreo – José Bonifácio - CEP: 60.050-011 Fortaleza – CE - Fone/Fax: 3452.1516 [email protected] 7

MINISTÉRIO PÚBLICO DO CEARÁ PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO – NAT maturação em série Tipos de Esgotos Recebidos e Tratados: Domésticos Número de Ligações Prediais: Rede coletora com extensão total de 46.334,78 metros, 1.889 ligações ativas e 5.189 ligações reais. Em setembro/12, o índice de cobertura de esgoto do sistema foi de 58,80%, enquanto que os níveis de atendimento real e ativo de esgoto foram, respectivamente, 23,32% e 10,12 %. Levando-se em conta o nível de atendimento ativo, significa que 48,68% da população não está utilizando o serviço de esgotamento sanitário, mesmo tendo-o disponível. Segundo a CAGECE, está prevista a ativação de mais 500 ligações. Monitoramento de Efluentes tratados: Face ao número reduzido de ligações à rede coletora, não existe efluente vertido da lagoa facultativa para as lagoas de maturação e, por fim, para o corpo receptor. Portando, em virtude da ausência de efluente proveniente da lagoa facultativa, a CAGECE ainda não realiza monitoramento da qualidade do esgoto tratado. Nesse contexto, destaca-se a realização semanal do monitoramento de vazão afluente da ETE de Barbalha (esgoto bruto) pelo laboratório da CAGECE em Juazeiro.

Corpo Receptor: Rio Salamanca Informações Complementares: Na vistoria in loco, foram verificados diversos pontos de escoamento de esgoto a céu aberto nas ruas do município, mesmo naquelas que apresentam rede coletora sob a via, como ocorre na Av. Antônio Francisco Sampaio, Rua José Noca, Rua da Ajuda, onde foram detectadas várias residências despejando seus esgotos em via pública. De acordo com informações obtidas de Relatório da ARCE (2012)2, 48,68% da população coberta não está utilizando o serviço de coleta de esgoto, mesmo tendo-o disponível, fazendo- se necessário que a CAGECE faça o levantamento de todos os imóveis e respectivos usuários, que tendo a rede de esgoto à disposição, não se interligam aos serviços, causando possível poluição ambiental

Figura 07

Figura 07 - Vista da ETE Barbalha. Fonte: Relatório ARCE (2012)

2 RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO RF/CSB/0073/2012. ARCE. Disponível em: http://www.arce.ce.gov.br/ Núcleo de Apoio Técnico – NAT - Rua: Assunção, nº 1100, Térreo – José Bonifácio - CEP: 60.050-011 Fortaleza – CE - Fone/Fax: 3452.1516 [email protected] 8

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Figura 08 Figura 09

Figura 10 Figura 11

Figura 08-11 – Esgoto bruto corre a céu aberto, nas vias públicas, e acaba por desaguar em córregos e riachos do município. Fonte: Dados de vistoria NAT e Relatório ARCE(2012).

Figura 12 Figura 13

Figura 12-13 – Vista do tratamento preliminar na ETE-Barbalha (caixas de areia, gradeamento e calha Parshall. Fonte: Dados de vistoria NAT e Relatório ARCE(2012).

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Figura 14 Figura 15

Figura 14-15 – Lagoa facultativa: recepção dos esgotos e vista dos taludes. Fonte: Dados de vistoria NAT.

Figura 16 Figura 17 Figura 18

Figura 16-18 – Esgoto bruto é lançado a céu aberto, mesmo em áreas cobertas pela rede coletora de esgoto. Fonte: Dados de vistoria NAT. 3.3 - LIMPEZA URBANA E MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

No estado do Ceará as desigualdades ficam por demais visíveis quando se analisam os serviços básicos de saneamento, sendo o tratamento dos resíduos sólidos um dos mais importantes, não só pela coleta , mas também, pelo destino dos mesmos.

No interior do Estado, principalmente, o lixo quando coletado não passa por nenhum processo seletivo, à exceção de oito municípios3. Parte desses detritos é depositada a pouca distância de locais com atividades agropecuárias, fora do perímetro urbano, ou próximo a rios, lagoas, poços ou nas proximidades de áreas de proteção ambiental. Em alguns municípios o lixo é queimado, o que também contribui para a degradação dos corpos hídricos e para a poluição ambiental.

3 Caucaia,Maracanaú,Pacatuba, Horizonte,Sobral, Nova , e Núcleo de Apoio Técnico – NAT - Rua: Assunção, nº 1100, Térreo – José Bonifácio - CEP: 60.050-011 Fortaleza – CE - Fone/Fax: 3452.1516 [email protected] 10

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Esta grave situação, não ocorre somente no Ceará ou no Nordeste, mas em todo o território nacional, possuindo uma magnitude alarmante. Mais de 80% dos municípios brasileiros vazam seus resíduos em locais a céu aberto, em cursos d’água ou em áreas ambientalmente protegidas, a maioria com a presença de catadores, entre eles crianças, explicitando os problemas sociais que a má gestão do lixo acarreta.

A degradação resultante da utilização dos lixões nesses municípios, a escassez de recursos financeiros e a necessidade premente de investimentos no setor, sugere a implantação de infraestrutura e um Sistema de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos capaz de atender a demanda, de forma permanente e sustentável. O grande desafio é a estruturação da Política de Saneamento Básico, no seu integral conceito, buscando a universalização do acesso com qualidade. O desafio a ser enfrentado para atender às demandas deste programa, é a implantação do aterro sanitário para todos os municípios do Ceará, visando dar destinação adequada aos resíduos sólidos das cidades e da população difusa no meio rural.

A limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos considerados na Lei 11.445/07 são compostos pelas atividades de: coleta, transbordo e transporte dos resíduos; triagem para fins de reuso ou reciclagem; tratamento, incluindo compostagem, e disposição final dos resíduos. Refere-se também ao lixo originário da varrição, capina e poda de árvores em vias e logradouros públicos e outros serviços de limpeza pública urbana, relacionados no art. 3o da Lei.

MUNICÍPIO DE BARBALHA - LIMPEZA URBANA E MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas Destino final: O município dispõe seus resíduos a céu aberto ("lixão"), em terreno não licenciado pelo órgão ambiental competente, sem o devido manejo e controle ambiental da área, a saber: a disposição em valas, o recobrimento diário, dentre outros. Tipos de resíduos: Doméstico, comercial e urbano (poda e varrição) Tratamento do Lixo Hospitalar: Constatou-se in loco que os Resíduos de Serviço de Saúde (RSS's) são incinerados em Juazeiro, pela empresa Flamax Coleta Seletiva: O município realiza coleta seletiva e destina o material selecionado à Associação dos Catadores. Destaca-se que os referidos catadores foram retirados da área do lixão há cerca de 1 ano e recebem ajuda de custo da Prefeitura Municipal Reciclagem: Possui galpão de triagem de materiais plásticos, que encaminhados para a usina de reciclagem, são utilizados na fabricação da denominada "vassoura pet" Informações Complementares: O município está inserido no consórcio para a instalação de um aterro sanitário na região do Cariri (município de Caririaçu). Segundo informações da Núcleo de Apoio Técnico – NAT - Rua: Assunção, nº 1100, Térreo – José Bonifácio - CEP: 60.050-011 Fortaleza – CE - Fone/Fax: 3452.1516 [email protected] 11

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Prefeitura Municipal, as obras deverão iniciar durante o ano de 2014

Figura 19

Figura 19 – O terreno onde se localiza o lixão está situado a menos de 200 metros de vertentes, olhos d' água e outros recursos hídricos, tendo em vista sua proximidade (cerca de 160 metros) com braço (“Riacho do Ouro”) do recurso hídrico denominado Riacho Salamanca, afluente do Rio Salgado. Fonte: Dados de vistoria NAT.

Figura 20 Figura 21

Figura 20-21 – Não há recobrimento dos resíduos com material inerte. Fonte: Dados de vistoria NAT. Núcleo de Apoio Técnico – NAT - Rua: Assunção, nº 1100, Térreo – José Bonifácio - CEP: 60.050-011 Fortaleza – CE - Fone/Fax: 3452.1516 [email protected] 12

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Figura 22 Figura 23

Figura 24 Figura 25

Figura 26 Figura 27

Figura 22-27 – Disposição irregular dos resíduos: a céu aberto, sem recobrimento do material, disposição em valas, ou qualquer outra forma de mitigação dos impactos ambientais ali presentes. Os resíduos são indevidamente queimados e há proliferação de animais necrófagos. O lixo hospitalar é encaminhado para incineração em Juazeiro do Norte, pela empresa FLAMAX. Diariamente, são realizados trabalhos de limpeza urbana. Fonte: Dados de vistoria NAT. Núcleo de Apoio Técnico – NAT - Rua: Assunção, nº 1100, Térreo – José Bonifácio - CEP: 60.050-011 Fortaleza – CE - Fone/Fax: 3452.1516 [email protected] 13

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3.4 - DRENAGEM E MANEJO DAS ÁGUAS PLUVIAIS URBANAS

No processo de assentamento dos agrupamentos populacionais, o sistema de drenagem se sobressai como um dos mais sensíveis dos problemas causados pela urbanização, tanto em razão das dificuldades de esgotamento das águas pluviais quanto em razão da interferência com os demais sistemas de infraestrutura, além de que, com retenção da água na qualidade de vida desta população.

O sistema de drenagem de um núcleo habitacional é o mais destacado no processo de expansão urbana, ou seja, o que mais facilmente comprova a sua ineficiência, imediatamente após as precipitações significativas, trazendo transtornos à população quando causa inundações e alagamentos. Além desses problemas gerados, também propicia o aparecimento de doenças como a leptospirose, diarreias, febre tifóide e a proliferação dos mosquitos anofelinos, que podem disseminar a malária. E, para isso tudo, essas águas deverão ser drenadas e como medida preventiva adotar-se um sistema de escoamento eficaz que possa sofrer adaptações, para atender a evolução urbanística, que aparece no decorrer do tempo.

Sob o ponto de vista sanitário, a drenagem visa principalmente:  desobstruir os cursos d’água dos igarapés e riachos, para eliminação dos criadouros (formação de lagoas) combatendo, por exemplo, a malária; e  a não propagação de algumas doenças de veiculação hídrica.

A microdrenagem urbana é definida pelo sistema de condutos pluviais a nível de loteamento ou de rede primária urbana, que propicia a ocupação do espaço urbano ou periurbano por uma forma artificial de assentamento, adaptando-se ao sistema de circulação viária. É formada de:  boca de lobo: dispositivos para captação de águas pluviais, localizados nas sarjetas;  sarjetas: elemento de drenagem das vias públicas. A calha formada é a receptora das águas pluviais que incidem sobre as vias públicas e que para elas escoam;  poço de visita: dispositivos localizados em pontos convenientes do sistema de galerias para permitirem mudança de direção, mudança de declividade, mudança de diâmetro e limpeza das canalizações;  tubo de ligações: são ligações destinadas a conduzir as águas pluviais captadas nas bocas de lobo para a galeria ou para os poços de visita; e  condutos: obras destinadas à condução das águas superficiais coletadas.

A macrodrenagem é um conjunto de obras que visam melhorar as condições de escoamento de forma a atenuar os problemas de erosões, assoreamento e inundações ao longo dos principais talvegues (fundo do vale). Ela é responsável pelo escoamento final das águas, a qual pode ser formada por canais naturais ou artificiais, galerias de grandes dimensões e estruturas auxiliares. A macrodrenagem de uma zona urbana corresponde à rede de drenagem natural preexistente nos terrenos antes da ocupação, sendo constituída pelos igarapés,

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO CEARÁ PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO – NAT córregos, riachos e rios localizados nos talvegues e valas. As obras de macrodrenagem consistem em:  retificação e/ou ampliação das seções de cursos naturais;  construção de canais artificiais ou galerias de grandes dimensões;  estruturas auxiliares para proteção contra erosões e assoreamento, travessias (obras de arte) e estações de bombeamento.

MUNICÍPIO DE BARBALHA - DRENAGEM E MANEJO DAS ÁGUAS PLUVIAIS URBANAS

Conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas Disposição final: Infraestrutura de drenagem das águas pluviais presente apenas na área central do município, onde a disposição final se dá no Riacho do Ouro Pavimentação / Pontos de Alagamento e/ou Inundações: Dados oficiais do município apontam o denominado “Conjunto Nassau” como área de risco, sujeita a alagamentos, face à geografia do terreno, ao desmatamento da área e às ocupações irregulares Informações Complementares: No município de Barbalha, esgotos correm a céu aberto e desaguam no sistema de drenagem das águas pluviais, conforme exposto no registro fotográfico

Figura 28 Figura 29

Figura 28-29 – Lançamento de esgoto através das galerias de águas pluviais, localizado no córrego da Rua Costa Cavalcante. Fonte: Relatório ARCE (2012)

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Figura 30 Figura 31

Figura 32 Figura 33

Figura 34 Figura 35

Figura 30-35 – A infraestrutura de macro e microdrenagem do município de Barbalha está, em grande parte, comprometida pelo lançamento clandestino de esgotos. Fonte: Dados de vistoria NAT.

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Figura 36 Figura 37

Figura 36-37 – Constatou-se in loco a execução das obras de implantação da Av. Perimetral (“Anel Viário”) com amplo sistema de drenagem. Fonte: Dados de vistoria NAT.

4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar da expansão dos serviços de abastecimento de água no centro urbano de Barbalha, a universalização das demais atividades de saneamento básico, seja esgotamento sanitário ou manejo de resíduos sólidos e drenagem urbana, permanecem em níveis incipientes.

O município de Barbalha ainda utiliza o sistema de fossa séptica como solução individual, bem como o lançamento do esgoto a céu aberto. O Sistema de Esgotamento Sanitário existente opera de forma deficiente, face às questões já expostas no quesito “Esgotamento Sanitário”. O manejo dos resíduos também é inadequado, sem qualquer preocupação na mitigação dos impactos ambientais da prática irregular. A ausência do tratamento de esgoto e a disposição irregular dos resíduos sólidos geram passivos ambientais e sociais, notadamente, na contaminação do solo, das águas subterrâneas, comprometendo também a saúde pública através do surgimento de doenças do trato digestivo, dentre outras. Nesse contexto, destaca-se que o município abriga importante Unidade de Conservação (UC), a Reserva do Parque Arajara. O município ainda não concluiu seu Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) abrangendo os serviços de abastecimento de água, de esgotamento sanitário, de manejo de resíduos sólidos, de limpeza urbana e de manejo de águas pluviais4. O referido Plano está em processo de elaboração por empresa de consultoria recentemente contratada pelo município.

Encaminhe-se o presente Relatório Técnico de Vistoria à Promotoria de Justiça da Comarca de Barbalha para os devidos fins.

4 A Prefeitura Municipal de Ubajara informa que atualmente não possui dotação orçamentária para a elaboração do Plano Municipal de Saneamento Ambiental, apenas em janeiro/14. Núcleo de Apoio Técnico – NAT - Rua: Assunção, nº 1100, Térreo – José Bonifácio - CEP: 60.050-011 Fortaleza – CE - Fone/Fax: 3452.1516 [email protected] 17

MINISTÉRIO PÚBLICO DO CEARÁ PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO – NAT

5 - ANEXOS

01 – INFORMAÇÕES DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA 02 – RELATÓRIO CAGECE DE QUALIDADE DA ÁGUA DISTRIBUÍDA 03 – LICENÇA AMBIENTAL DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Fortaleza, 18 de novembro de 2013.

Rafaela Sousa Oliveira Maria Aurelice Matos Borges Técnica Ministerial Técnica Ministerial Tecnóloga em Gestão de Turismo Engª Química CRQ-X/CE nº 60.241 Núcleo de Apoio Técnico – NAT Núcleo de Apoio Técnico – NAT

Núcleo de Apoio Técnico – NAT - Rua: Assunção, nº 1100, Térreo – José Bonifácio - CEP: 60.050-011 Fortaleza – CE - Fone/Fax: 3452.1516 [email protected] 18