Boletim Da Sociedade Das Ciências Antigas Publicação Da Sociedade Das Ciências Antigas — Todos Os Direitos Reservados
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Boletim da Sociedade das Ciências Antigas Publicação da Sociedade das Ciências Antigas — Todos os Direitos Reservados Volume 1, edição IV Julho de 2010 Nesta edição: Jean-Baptiste Willermoz Jean-Baptiste Nasceu em Lyon em 10/07/1730, morreu na mãos Antoine e Pierre-Jaques, seu sobrinho Willermoz 1 mesma cidade em 20/05/1824, era filho de Jean Baptiste Willermoz Neveu. Claude e Caterin Willermoz, comerciante da cidade. Devido às necessidades da família No meio ocultista era admirado pela solidez foi obrigado a deixar os estudos aos 12 anos de seus conhecimentos que eram praticados Introdução à de idade para ajudar seu pai nos negócios, juntamente com um pequeno grupo de eso- Doutrina 8 três anos mais tarde ingressou como apren- teristas, escolhidos criteriosamente no seio Martinista diz numa loja especializada no comércio de da Maçonaria. sedas. Durante sua longa Retrospectiva Tendo aprendido a existência, Willer- Histórica do 11 profissão, instalou- moz manteve corres- Martinismo se, aos 24 anos, por pondência com os conta própria, pro- principais ocultistas duzindo o comercia- de sua época: Marti- lizando sedas. Havia nez de Pasqually, sido iniciado na Ma- Saint Martin, Joseph çonaria aos 20 anos de Maistre, Savalette de idade, dois anos de Lange, Brunswick, depois já era venerá- Saint Germain, Cagli- vel da Loja, no ano ostro, Dom Pernety, seguinte, 1753, fun- Salzman e outros dou sua própria Loja ocultistas alemães, Maçônica, A PERFEI- franceses, ingleses, TA AMIZADE, a italianos, dinamar- qual teve um rápido queses, suecos e desenvolvimento russos. realizando estudos ocultistas e principal- Em 21 de novembro mente a alquimia. de 1756, sua Loja filiou-se à Grande Willermoz permaneceu Venerável dessa Loja da França, com a evolução dos traba- Loja durante 8 anos, dedicava parte de seus lhos, Willermoz fundou uma Obediência, recursos às obras de caridade junto à comu- composta por 3 Lojas, tornou-se o primeiro nidade, para o profano, era tido como um Grão Mestre da Grande Loja dos Mestres homem sério, honesto, enriquecido pelo Regulares de Lyon. Em 1760 as 3 Lojas con- trabalho com o comércio de sedas, cristão e tavam com 62 membros: A PERFEITA AMI- freqüentador da Igreja; pelos seus discípulos ZADE: 30 membros, A AMIZADE: 20 mem- era admirado pela sua cordialidade e pela bros, OS VERDADEIROS AMIGOS: 12 grande dedicação aos trabalhos maçônicos. membros. Foi eleito presidente da GRAN- DE LOJA DOS MESTRES REGULARES de Na própria família, outros membros se inte- Lyon, em 04/05/1760, o irmão Grandon, ressaram pelo ocultismo: sua irmã mais ve- recebeu do Conde de Clermont, o reconhe- lha, Claudine (Madame Provensal), seus ir- cimento da Grande Loja da França e tam- Página 2 Boletim da Sociedade das Ciências Antigas bém o direito de ocultar os Altos Graus Escoceses. doutrina de Martinez de Pasqually. Tinha 37 anos de idade quando foi iniciado por Pasqually na Ordem dos Willermoz elegeu-se Grão Mestre da Grande Loja de Elu-Cohens, em cerimônia realizada em Versailles, Lyon em 1761 e 1762 mas não aceitou a renovação de proximidades de Paris. seu mandato em 1763 para que pudesse dedicar-se mais à parte oculta. Em 1763 fundou, juntamente com Bacon colocou Willermoz em contato também com seu irmão Pierre-Jacques, o CAPÍTULO DOS CAVA- outros irmãos, juntamente com seu irmão Pierre Jac- LEIROS DA ÁGUIA NEGRA, nele, entraram os ir- ques, entraram na nova Sociedade, cujo chefe era Pas- mãos mais instruídos das Lojas de Lyon. As reuniões qually, um dos sete chefes soberanos universais da eram secretas para evitar a curiosidade dos demais Ordem, como ele próprio se apresentava. Iniciado há irmãos, a admissão de novos membros foi fechada, 18 anos na Maçonaria e possuidor de todos os seus estudavam particularmente o simbolismo e a impor- graus, compreendeu que até aquele momento nada tância dos diversos níveis e os catecismos dos diferen- sabia da Maçonaria essencial e que havia um vasto tes graus e sistemas maçônicos. campo de conhecimentos a percorrer. Willermoz e seus companheiros não aprovavam os Seus conhecimentos de alquimia, uma ampla base de graus de vingança contidos em muitos sistemas maçô- conhecimentos de simbolismo maçônico e do ocultis- nicos, com relação aos exterminadores da Ordem do mo em geral, permitiram-lhe destacar-se rapidamente Templo em 1313. na Ordem dos Elu-Cohens do Universo. As teorias expostas por seu novo Mestre respondiam aos dese- Os membros do Soberano Capítulo da Águia Negra, jos secretos que possuía e a tudo aquilo que sempre estariam ligados aos Iluminados de Avignon, dirigidos procurou. A nova Ordem detinha prescrições particu- por Dom Pernety, este, tinha contato com a Estrita lares à seus discípulos, era vetado o consumo de san- Observância Templária, na Alemanha e provavelmente gue, dos rins, e da graxa dos animais, recomendava a também com Dom Martinez de Pasqually e por seu prática mundana com moderação e duas vezes por intermédio, possivelmente, foi que Willermoz conhe- ano praticavam um rigoroso jejum; abstinham-se de ceu Pasqually e que se tornou Delegado Geral da EOT toda alimentação algumas horas antes de seus traba- para a região de Lyon. lhos. Com a aprovação da grande loja da França, os maçons Pasqually concedeu-lhe o direito de estabelecer uma de Lyon desenvolveram seus trabalhos sob o comando Grande Loja do novo rito em Lyon e deu-lhe o título de sua própria Grande Loja, Willermoz deixou o de Inspetor Geral do Oriente em Lyon e fez com que Grão-Mestrado em 1763, tornando-se simples Guarda entrasse como membro não residente do Tribunal -selos e Arquivista, nunca deixou de exercer alguma Soberano de Paris. Em 13 de março de 1768, Bacon função na Maçonaria. de la Chevalerie ordena Willermoz no Grau Rosa Cruz. Willermoz acreditava, desde a sua primeira admissão na Maçonaria, que Ela detinha o conhecimento de um Willermoz iniciou longa correspondência com Pas- objetivo possível e capaz de satisfazer o homem ho- qually, através da qual era instruído acerca das opera- nesto. Trabalhos e estudos há mais de vinte anos, uma ções de equinócio e em relação aos trabalhos diários. correspondência particular intensa com os Irmãos Determinados irmãos iam de Bordeaux à Lyon para mais instruídos da França e do exterior e os arquivos operarem com Willermoz. Os irmãos de Paris realiza- da Ordem em Lyon, forneceram-lhe os meios para vam trabalhos a sós ou acompanhados por Pasqually, encontrar os inúmeros sistemas, alguns mais singula- como o Mestre não tinha meios de estar presente em res que os outros. todos os lugares ao mesmo tempo, havia irmãos des- contentes, Willermoz procurou acalmar os irmãos, Willermoz era em primeiro lugar, um discípulo esfor- tanto os de Paris como os de Versailles e com tom çado, dedicado aos estudos, em segundo, foi um gran- moderado solicitou a assistência do Mestre em Borde- de organizador de sistemas iniciáticos, grande pesqui- aux. sador, ativo e prático; pela relação com Dom Pernety, deu uma impregnação alquímica ao seu sistema maçô- Todos aguardavam suas promessas, os discípulos im- nico cujo objetivo era alcançar a iluminação, realizar a pacientes esperavam a manifestação do sinal do Repa- Grande Obra. rador. O Mestre mandou que estudassem com mais perseverança ainda e que tivessem paciência e espe- Em uma viagem à Paris, em maio de 1767, encontrou rassem que a luz se faria presente no interior de cada Bacon de la Chevalerie, substituto da Ordem dos Elu- um. Essa cobrança de que Willermoz foi o porta-voz, Cohens do Universo, no Grão Mestrado, foi nessa parece ter irritado o Mestre, que proibiu Willermoz oportunidade que constatou pela primeira vez com a de realizar os trabalhos de determinado equinócio. Volume 1, edição IV Página 3 própria raça humana. Sua ritualística está inserida den- Desde 1768 Willermoz mantinha correspondência tro de um contexto histórico, simbólico e iniciático. com Saint Martin, na época secretário de Pasqually, formou-se entre ambos uma forte amizade, estavam Em 1771 recebeu instruções de Saint Martin sobre a em início de carreira iniciática e ainda bastante imatu- ordem e o método, Willermoz era apegado à organi- ros na Iniciação Real. zação e às experiências, ainda que se sentindo cons- tantemente decepcionado pelos seus insucessos. Wil- Saint Martin reconfortava o líder lionês, seu estilo lermoz necessitava de provas para afirmar seu espiri- elegante, seu fervor espiritual e seus conhecimentos tualismo e sentia-se fascinado pelo cerimonial e pelo de ocultismo acalmaram a mente dos irmãos de Lyon, ritualismo. Saint Martin tentava faze-lo acessível à voz dando-lhes coragem e paciência. interior. Através de Saint Martin, Willermoz em 11.07.1770, Willermoz procurava obter por carta, maiores escla- Pasqually falou-lhe de seus mestres, sendo ele próprio recimentos acerca dos problemas que iam surgindo no apenas um intérprete, possuidor do terceiro grau de transcorrer de sua jornada iniciática. Os resultados uma Ordem originária dos Lendários Rosa Cruzes. positivos da iniciação não apareciam tão rapidamente como os discípulos desejavam, era necessário muito Willermoz encontrou nos novos trabalho como em qualquer siste- companheiros da Ordem dos Elu ma de iniciação, para que surgisse -Cohens: Grainville, Champole- alguma manifestação de aprimo- on, Bacon de la Chevalerie, Saint ramento espiritual. Martin, entre outros, uma grande fé em Martinez de Pasqually, na Difícil era encontrar adeptos ca- imortalidade da alma e na ilumi- pazes de professar uma Maçona- nação humana. Todos praticavam ria espiritualista, havia homens as técnicas mágicas oriundas do dispostos a praticar a Maçonaria sistema organizado por Pasqually; Ocultista tanto em Lyon, como esperavam pacientemente o de- em Metz, em Estrasburgo, em senvolvimento espiritual que se Paris, em Versailles; Willermoz mostrava lento para todos os mantinha contato com todos discípulos. esses grupos de maçons. Aguardavam a presença do agen- Os contatos com os grupos ma- te incógnito, da Chose, que deve- çons da Alemanha foram intensos ria um dia manifestar-se no seu a partir de 1772.