Artigo recebido em O futebol-arte na imprensa 13/09/2014 Aprovado em 24/10/2014 nacional: a construção de um FILIPE FERNANDES estilo de jogo RIBEIRO MOSTARO Filipe Fernandes Ribeiro Mostaro Universidade do Estado do – fi [email protected] Resumo Mestrando do PPGCom da Nosso objetivo neste trabalho é realizar um panorama crítico das narrativas en- UERJ. Possui graduação contradas na imprensa nacional sobre o futebol-arte. O recorte temporal estabe- em Comunicação Social pela UFJF (2006), lecido é o da Copa do Mundo de 1938, quando acreditamos ter nascido a ideia de especialização em futebol-arte, até a Copa de 1970, que seria a consolidação deste estilo. Partimos do Jornalismo Esportivo e entendimento de que a ideia de um estilo distinto de praticar o futebol foi edifi cado Negócios do Esporte pela em densas narrativas que tiveram como pano de fundo a questão da mestiçagem e a FACHA-IGEC-RJ (2012). Bolsista de Apoio Técnico identidade nacional construída nos anos 1930. O potencial mobilizador do futebol a Pesquisa do CNPq - e sua importância na nossa sociedade teriam plasmado a representação do futebol- Nível 1A no projeto LEME -arte como algo tipicamente nacional. Recorreremos aos jornais O Globo, Jornal do - UERJ Brasil e A Noite para investigar tal questão.

Palavras-chave imprensa, futebol-arte, copas do mundo, identidade

Abstract Our objective in this paper is accomplish a critical overview of the narratives in the national press about football art. Th e period of study starts in the World Cup 1938, when we believe was born the idea of football art until the World Cup in 1970, whi- ch would consolidate this style. We understand that the idea of a distinctive style of football practice was built in dense narratives that have as a backdrop the miscege- nation and national identity constructed in the 1930s. Th e mobilizing potential of football and its importance in our society have shaped the representation of football art as something typically national. We explore the newspapers O Globo, Jornal do and A Noite to investigate this issue.

Keywords press, football-art, world cups, identity

Estudos em Jornalismo e Mídia Vol. 11 Nº 2 Julho a Dezembro de 2014 ISSNe 1984-6924 354 DOI: http://dx.doi.org/10.5007/1984-6924.2014v11n2p354 ideia de que além de pedaços, fragmentos de fatos e episódios sermos o “país do separados” (VELHO, 1994, p.103). Dessa futebol” somos o maior forma, ao unir tais narrativas, estabelece- exemplo da escola do se um maior entendimento de sua futebol-arte “bailarino” continuidade, possibilitando percepções e “dionisíaco” é frequentemente abordada de possíveis descontinuidades. Apela mídia. Neste artigo vamos traçar Entenderemos neste trabalho a algumas considerações sobre estilo de jogo construção de uma notícia não como e, logo após, demonstrar como a mídia manipulações deliberadas, nem como alimentou este discurso ao longo dos anos. uma “imitação” do real, mas sim como Nosso recorte temporal de análise se inicia uma elaboração narrativa com o emprego na Copa de 1938, com as considerações de de aspectos da realidade para produzir um Gilberto Freyre no artigo Football Mulato, discurso análogo dentro de uma referência publicado no dia 17 de junho de 1938 no sócio-histórica da vida cultural (Cf. jornal Diários Associados de Pernambuco, SODRÉ, 2009). Consideramos que seja e termina na Copa do Mundo de 1970. por meio desses recursos acionados pelos Partimos do pressuposto de que a Copa de meios de comunicação que se construam 1938 foi o embrião do nosso estilo distinto tais representações (MOSCOVICI, de praticar o futebol e de que a Copa de 1970 2012). Além disso, concordamos com consolidou toda esta construção. Nosso Helal e Cabo que as “investigações sobre corpus compreenderá as edições do Jornal o discurso da imprensa esportiva em do Brasil e O Globo, durante a realização períodos de Copas do Mundo nos ajudam das Copas do Mundo compreendidas a entender melhor a relação entre imprensa no espaço-temporal pesquisado: 1950, e formação de identidades nacionais pelo 1954, 1958, 1962, 1966 e 1970. Em 1950, meio do esporte”. (HELAL e CABO, 2014, também analisamos o jornal A Noite, pela p.13). sua importância no cenário midiático e em função do pouco espaço destinado ao Estilos de jogo e identidades esporte no Jornal do Brasil. nacionais 1- Tal pensamento A metodologia utilizada será a Análise de É importante salientar que ao se pensar se caracteriza por Narrativas. Esta metodologia se coaduna uma nação, trava-se uma disputa ideológica entender que o jornalismo aborda de forma apropriada com as questões que entre diversas correntes sociais, cada uma alguns temas de pretendemos solucionar neste trabalho. com sua ideologia. O Brasil entrou na modo espaçado, com notícias diárias frag- Conforme Motta (2007) aponta, através década de 1930 com profundas mudanças mentadas e disper- das análises de narrativas podemos político-sociais. A industrialização, mesmo sas, sem construir um significado mais estabelecer sequências de continuidade que tardia, cresceu de maneira importante. amplo e concre- integrando passado, presente e futuro e As oligarquias perderiam seu poder com to. Seria preciso, então, conectar estas construir uma certa “organização” das a Revolução de 1930, liderada por Getúlio partes para que narrativas, transformando-as em uma Dornelles Vargas, que chegou ao governo um encadeamento 1 narrativo cronológi- única história . Como indica Gilberto em 3 de outubro do referido ano. Com o co possibilitasse uma Velho, a memória é fragmentada, ou apoio de vários setores da sociedade que melhor compreensão do assunto. (MOT- seja, “o sentido da identidade depende pretendiam estabelecer uma nova visão TA,2009) em grande parte da organização desses do país, o governo Vargas encontrou uma 355 conjuntura política e social, em que se fazia nossos atletas”. (FRANZINI, 2003, p.16) necessário construir um novo pensamento O jornalista Americo Netto ainda aponta do que vinha a ser brasileiro e, além disso, que o brasileiro havia criado um estilo acomodar diferentes grupos sociais neste novo de praticar o futebol, diferente novo panorama. dos europeus, podendo, com este estilo, Seguindo o pensamento de Moscovici sermos campeões do mundo. No entanto, (2012): era necessário tornarem-se as tensões que marcavam construção da familiares todas essas transformações identidade nacional também estavam que eclodiam no país. Entretanto, a tarefa presentes na afirmação de um estilo: não era simples. Um dos pontos de maior buscar algo nacional ou copiar o estilo antagonismo de ideias era a questão britânico (cf. Soares e Lovisolo, 2003). racial. As reminiscências do escravismo Para alguns setores, o modo brasileiro proporcionavam distinções agudas entre de atuar, individualista, sem disciplina, as classes sociais e raças no Brasil. Neste sem rigor tático, com excesso de dribles último quesito, observava-se, após anos de e até certo ponto exótico, simbolizava insensibilidade ao ignorar a contribuição nossa ignorância e não entendimento do dos escravos em nossa cultura, a presença que seria o futebol, preconizado pelos das três raças: branco, índio e negro, ingleses. Era o embate jogador versus como formadoras da sociedade brasileira. equipe, drible versus jogo de equipe. Era Tal questão dividia opiniões entre a o que Oliveira Vianna (1987)2 entendia: mestiçagem, onde Nina Rodrigues, o brasileiro considerado incapaz de se Silvio Romero e Euclides da Cunha organizar, sendo individualista, sem acreditavam que o “embranquecimento” sentimentos coletivos e que aguardava um de nossa população seria nossa salvação governante redentor para salvá-lo. Para para o “atraso” (ORTIZ, 2012), enquanto Viana, estas características eram oriundas Gilberto Freyre acreditava na mestiçagem da mestiçagem e se evidenciavam de como nossa qualidade diferencial entre os forma clara no futebol. Elucidando tal outros povos. pensamento: os jogadores brasileiros Franzini afirma que após o Campeonato preferiam se destacar de forma individual, Sul-americano de 1919, o jornal O Estado sem pensar na equipe e nos companheiros, de São Paulo começou a delinear um e em uma jogada definiriam o jogo, sendo estilo de jogo nacional: “os jogadores o herói, o salvador do time e idolatrado brasileiros evidenciaram possuir as pela torcida. Todavia, este pensamento melhores qualidades que se podem pessimista sucumbiu na construção da desejar em footballer [futebolistas], identidade nacional, focada nas ideias de qualidades que somente eles, e nenhum Freyre, antagônicas às de Viana. Além outro povo, reúnem todas” (FRANZINI, disso, como o contexto histórico pregava 2- A obra que mais 2003, p.16). Ademais, Franzini indica que uma ruptura com a metrópole, os setores apresenta tais argu- mentos de Viana é em novembro do mesmo ano, o jornalista que descreviam nosso estilo de jogo como Populações meri- Americo R Netto retomaria essa ideia para nossa singularidade e um estilo exclusivo dionais do Brasil, lançado em 1920. A anunciar o surgimento de “certa escola desenvolvido pelas características data indicada neste brasileira de futebol, cuja originalidade intrínsecas ao caráter nacional mestiço trabalho é da sétima edição do livro lança- basear-se-ia no talento individual de prevaleceram. da em 1987. 356 As narrativas do futebol-arte na O ano de 1938 é assim o marco his- tórico, se precisamos de um, da des- imprensa nacional coberta do Brasil como o “país do No dia 17 de junho de 1938, Gilberto futebol”, unido de modo nacional Freyre publica, em sua coluna no jornal à noção de brasilidade emanada de sua seleção em campos estrangeiros, Diários Associados de Pernambuco, jogando com características próprias um texto que se torna emblemático na e que, com o tempo, se tornariam in- construção da mestiçagem ao nosso dissociáveis da própria definição que o brasileiro faria de si mesmo. (GU- futebol e, consequentemente à nossa TERMAN, 2009, p.84) brasilidade. Intitulado Football Mulato, Freyre diz que o sucesso da equipe está O Brasil terminou na terceira colocação justamente na mistura étnica presente nos e , artilheiro da competição jogadores convocados. Além disso, Freyre com oito gols, foi exaltado pelos jornais estabelece uma distinção do nosso estilo europeus como o “diamante negro” e o de jogo com os dos europeus. “homem borracha”. Pereira e Lovisolo ...uma das condições de nosso triun- fo, este ano, me parecia a coragem, (2014, p.44) afirmam que Leônidas que afinal tivéramos completa, de “ganhou notoriedade mundial durante a mandar à Europa um time forte- Copa da França por causa de seu poder de mente afro-brasileiro. Brancos, al- guns, é certo; mas grande número, pretalhões bem brasileiros e mulatos Acreditamos que a ainda mais brasileiros. [...] O nosso estilo de jogar futebol me parece con- trastar com o dos europeus por um denominação futebol- conjunto de qualidades de surpresa, de manha, de astúcia, de ligeireza e -arte está intimamente ao mesmo tempo de espontaneida- de individual em que se exprime o mesmo mulatismo de Nilo Peçanha ligada à formação da que foi até hoje a melhor afirmação na arte política. Os nossos passes, os identidade nacional da nossos pitu‘s, os nossos despistamen- tos, os nossos floreios com a bola, o alguma coisa de dança ou capoeira- década de 30 gem que o estilo brasileiro de jogar futebol, que arredonda e adoça improvisação, que passaria a caracterizar o jogo inventado pelos ingleses e por o futebol brasileiro”. Leônidas da Silva eles e por outros europeus jogado tão angulosamente, tudo isso parece surgiu como o grande representante deste exprimir de modo interessantíssimo estilo, instituindo o modelo representativo para psicólogos e sociólogos o mula- tismo flamboyant e ao mesmo tem- do que viria a ser o “jogador brasileiro de po malandro que está hoje em tudo futebol”. Os jornais franceses abordaram que é afirmação verdadeira do Brasil da seguinte forma o estilo de jogo de (FREYRE, 1938, s/p). nossos atletas: “os brasileiros são perfeitos artistas com a bola nos pés. Dribles não Guterman (2009), também indica que são segredos para eles. Seus movimentos a Copa do Mundo de 1938 é um marco são ágeis e sua sutileza é notável. Um time para o futebol como identidade nacional, formidável” (PEREIRA e LOVISOLO, uma espécie de mito de origem do suposto 2014, p.42). estilo: 357 Ao seguir as definições de Stuart Hall de 1938, A ideia de democracia racial sobre a construção de identidades na encontrou no futebol um exemplo modernidade, partiremos da idéia de que de fácil assimilação e compreensão, a identidade também se forma na visão principalmente pelo potencial mobilizador dos outros. Tal argumentação indica que que o esporte exercia na sociedade através da opinião não só dos jornais (SARMENTO, 2013). Para Soares e franceses, mas dos europeus, forma-se um Lovisolo (2003), a imagem do que se estereótipo do nosso estilo de jogo agregado determinou chamar de “estilo brasileiro de ao que seria definido e classificado como futebol” são da alegria, do improviso, dos tipicamente nacional. Ainda com base dribles, das firulas e serviu para construção no pensamento de Hall, é importante dos sentimentos de pertencimento a uma ressaltar que estabelecer a fronteira entre nação miscigenada. Para Franzini (2003, p. “nós” e “eles” foi fundamental na formação 78), Freyre vai definir nosso estilo a partir dos estados nacionais latino-americanos3. da contraposição do padrão de cultura Dessa forma, o futebol seria um terreno apolíneo (formal, racional, ponderado), fértil para a produção de significados, que seria o estilo europeu, ao passo símbolos e representações do que é “ser que, o estilo dionisíaco (individualista, brasileiro”. emocional, impulsivo), peculiaridade Franzini cita de forma apropriada o mestiça “demarcaria a singularidade pensamento de Freyre na construção do brasileira”. mulato como fator diferencial de nosso No futebol brasileiro, a idealização do estilo de jogo do futebol-arte, esporte: representação que permanece mui- Nosso futebol mulato, com seus flo- to forte até os dias atuais quando se reios artísticos cuja eficiência – me- refere à seleção brasileira, tem seu nos na defesa que no ataque – ficou embrião em um artigo do intelectual 3- Helal e Cabo demonstrada brilhantemente nos Gilberto Freyre, escrito para o Jornal (2014), também encontros deste anos com os polo- o Diário Associados de Pernambuco nos apontam que neses e os tcheco-eslovacos, é uma durante a Copa do Mundo de 1938 nossos países vizi- expressão de nossa formação social, na França. “Foot-ball mulato” atribui nhos trilharam um democrática como nenhuma e rebel- características dionisíacas ao estilo caminho recheado de a excessos de organização interna de jogo brasileiro que estariam dire- de semelhanças e congruências com e externa; a excessos de uniformiza- tamente relacionadas aos elementos a nossa edificação ção, de geometrização, de estandar- culturais de um povo miscigenado. dização; a totalitarismo que façam de uma identidade Criatividade, espontaneidade, ma- nacional através do desaparecer a variação individual ou lemolência seriam atributos do fu- futebol. Percebe-se espontaneidade pessoal. (FREYRE tebol brasileiro, oriundos da mistura que a construção Apud FRANZINI, 2003, p.78) das raças que formariam a Nação. do futebol como (SOARES, BARTHOLO e SALVA- identidade nacio- Deste modo, acreditamos que DOR, 2007, p.5) nal, principalmente para designar uma a denominação futebol-arte está diferenciação ao intimamente ligada à formação da Assim, as narrativas continuaram com o modelo europeu é visto tanto no identidade nacional nos anos 1930, em Estado Novo. Contudo, entendemos que o Brasil, como em que o traço mestiço do brasileiro ganhou momento em que as representações sobre nossos países vizinhos força na narrativa do que viria a ser estilo de jogo, reforços e ressignificações e Uruguai. Dessa nossa brasilidade. O futebol se tornou de identidades nacionais ganham maior forma, o estilo de jogo sul-americano uma cristalização daquele pensamento, intensidade é nas Copas do Mundo. Andrew confrontaria o principalmente após a Copa do Mundo Tudor (2006) sugere esta construção de estilo europeu de jogo. 358 estereótipos esportivos combinados à vitórias (ambas no quadrangular final) identidade nacional de forma mais intensa contra a Suécia, 7 a 1, e Espanha, 6 a 1, é durante estes eventos. O autor observa que possível identificar elogios exacerbados ao os times são conjecturados com traços nosso estilo de jogo e, principalmente, a que derivam da construção histórica voz dos outros sobre o nosso futebol, um de seu caráter nacional. Evidenciando dos fatores de consolidação e construção este pensamento é comum observar os de uma identidade. (cf. Hall, 2011). O clichês do tipo: a seleção japonesa vai jornal A Noite estampou como manchete jogar baseada na aplicação e dedicação, da capa a opinião dos italianos, na ocasião como os samurais. Já os países nórdicos bicampeões do Mundo (1934-1938), sobre vão concentrar seu jogo na força física, o nosso futebol: “Esplêndida! Irresistível! enquanto os africanos vão demonstrar Ultrapoderosa – assim a imprensa italiana muita ginga e pouca organização. Tais classifica a equipe brasileira”. (A Noite, 14 premissas são constantemente observadas jul. 1950, p.1) E completavam com outro na mídia às vésperas e durante esta comentário dos jornalistas italianos: competição, indicando um reforço, “Jamais testemunhamos, em nossa mesmo que seja impreciso e homogêneo, carreira jornalística nos sports, fenômeno do que determinado país tem como como o do Brasil”. Depois da vitória sobre identidade e, consequentemente, é a Suécia, o jornal A Noite publicou uma associado ao seu estilo de jogo. Pablo entrevista com o técnico do país nórdico, Alabarces (2008) afirma que “esse esporte que declarou: foi um forte operador de nacionalidade, Perdemos para uma equipe que re- presenta uma das forças máximas do construtor de narrativas eficazes para a football mundial. O “english team” ideia de identidade nacional específica nem nenhum outro quadro teria que varia segundo a conjuntura histórica.” chance frente ao jogo praticado, hoje, pelos brasileiros. [...] O team (ALABARCES, 2008, p.27) brasileiro apresentou-se em campo Com o fim do Estado Novo, em 1945, fazendo lembrar uma orquestra bem regida. (A Noite, 10 jul. 1950, p.12) e com a experiência democrática, foi necessário definir novas diretrizes nos Porém, na partida final contra o campos políticos e sociais, o que não Uruguai, diante de um Maracanã com retirou do futebol sua relevância na mais de 200 mil pessoas, e toda a euforia construção do ethos nacional. Mais do que construída pelos resultados anteriores, a isso, com a escolha do país como sede da seleção brasileira foi derrotada. O impacto Copa do Mundo seguinte, o Brasil viu em que o megaevento Copa do Mundo causou tal evento uma chance de se mostrar ao em nossa sociedade foi grande, inclusive mundo. sendo tratado pelo discurso midiático Pode-se considerar que o evento foi como a “maior tragédia nacional”. Essa um sucesso. As apresentações do time expressão é explicada por Roberto brasileiro, principalmente nos jogos do DaMatta da seguinte forma: “primeiro quadrangular final, alimentavam a ideia de porque implicou uma coletividade e trouxe um estilo diferenciado e de que tínhamos a visão solidária de uma oportunidade o melhor futebol do mundo, mesmo sem histórica. Segundo, porque ela ocorreu explicitar o termo futebol-arte. Após as 359 no início de uma década na qual o Brasil Já nas narrativas do jornal O Globo, buscava marcar o seu lugar como nação encontramos poucos elogios aos húngaros que tinha um grande destino a cumprir.” e uma maior atenção à seleção nacional. (DAMATTA, 1982, p.31) Em 1958, com o primeiro título nacional Entretanto, a derrota de 1950 não e a presença decisiva de Garrincha e Pelé, modificou a representação do futebol- já encontramos a definição de um estilo arte construída em 1938. Este trecho no de jogo nacional, muito influenciado pelo periódico O Globo Sportivo afirma que o talento desses dois jogadores. O Jornal do melhor time da competição foi o brasileiro: Brasil, em sua edição do dia 1° de julho, “A qualidade do jogo foi extraordinário e dedica uma página inteira ao olhar estran- todos os peritos europeus concordaram geiro sobre o nosso futebol. Os argentinos, nesta afirmação que nunca tinham visto por exemplo, assim definiram nosso estilo: um football de tão alto nível técnico e triunfou o futebol nativo, contra o artístico como o selecionado brasileiro sistema europeu, porque o Brasil re- frente à Suécia e sobretudo à Espanha”. (O presenta esse futebol. É mentira que Globo Sportivo, 21 jul. 1950, 13) seus homens tenham assimilado as características europeias. Muito Quatro anos mais tarde, durante a Copa pelo contrário, os seus retumbantes do Mundo de 1954, é interessante observar triunfos alicerçaram-se na incom- parável habilidade dos seus jogado- que a Hungria, time que praticava o res no domínio da bola”. (Jornal do futebol dito pela imprensa mundial como Brasil, 1 jul. 1958, Caderno1, p.21) o mais bonito e envolvente, em nenhum momento recebeu a alcunha de futebol- Já o britânico Daily Press afirmou: arte pelos jornais brasileiros, como se esta “Creio que essa final da Copa do Mundo designação fosse exclusiva e registrada viu no futebol do Brasil o mais próximo como uma “propriedade nacional”. da perfeição que onze homens podem Durante toda a Copa do Mundo de 1954, o alcançar.” O Daily Mirror estampou: “O máximo de elogio que a narrativa do Jornal brilhante e mágico futebol dos mestres do do Brasil chegou foi a seguinte descrição Brasil hipnotizou os suecos.” E o austríaco da equipe húngara: Express fez uma distinção aguda entre o estilo de jogo: “Vitória da técnica. O O onze da Hungria chegou quase a conseguir essa coisa difícil que se futebol força foi a K.O.” Nota-se o intenso chama perfeição. Uma boa defesa e embate entre estilo europeu versus sul- uma das linhas dianteiras mais rá- americano e força versus arte/talento. Já no pidas do mundo tornaram quase invencíveis esses assombrosos jo- O Globo, encontramos uma reportagem gadores do Danubio. Os magiares sobre o olhar dos franceses sobre o nosso não forma derrotados nos últimos quatro anos, e muitos entendidos futebol: “Em artigo intitulado “nada a fazer de foot-ball opinam que, dentro de contra o Brasil”, escreve “L’Aurore”[...] quatro anos, não surgirá outra equi- demonstrou as qualidades que lhe pe capaz de derrotá-los. Na realida- de, para serem vencidos, seus adver- haviam sido observadas contra a União sários teriam de marcar pelo menos Soviética, qualidades naturais, atléticas, quatro “goals”, porque eles raramen- acrobáticas, de destreza”( O Globo, 26 te fazem menos. (Jornal do Brasil, 24 jun. 1954, Caderno 1, p.12) jun. 1958, Caderno 1, p.19). Na mesma página outra notícia do L’ E q u i p e sobre 360 como os franceses viam nosso futebol: como um alento a toda a nação brasileira. “Como o ponteiro Garrincha, indolente, Nelson Rodrigues exalta a mestiçagem e felino, inspirado, os jogadores brasileiros o futebol-arte como elementos centrais pareciam ter vindo de outro planeta com da brasilidade, metonimizados em suas leis próprias, insensíveis aos pobres Garrincha.” (BARTHOLO e SOARES, mortais do futebol(...)” (O Globo, 26 jun. 2011, p. 71) A imprensa internacional 1958, Caderno 1, p.19). exalta o futebol-arte praticado por Os dribles de Garrincha e os lances de Garrincha, reafirmando o discurso: Pelé, principalmente o gol da final em que O futebol brasileiro – conclui Man- dá um lençol ou chapéu no zagueiro e faz o ning (jornalista do Daily Mirror) – gol, redefinem os estereótipos do que viria tem muitos reis para um só trono. a ser o estilo nacional. Entretanto, alguns Manning mostrou-se surpreso pois lhe disseram que Garrincha era meio elementos ainda permanecem latentes: burro e que agora ele não pode fazer dom natural, dribles, floreios, lances de uma ideia do que é ser inteligente pra os brasileiros. Todos os comen- efeito e ofensividade. Era a “certeza” de taristas ingleses presentes a Sausalito que “com brasileiro ninguém podia4”. foram unânimes em considerar o fu- Nota-se também que nos anos que se tebol de Garrincha “pura arte”. (Jor- nal do Brasil, 12 jun 1962, caderno sucederam à conquista da Suécia o futebol 1, p.12) nacional reforçou sua importância em nossa identidade, reafirmando-se como A consolidação do estilo nacional um símbolo nacional. A derrota definida como vexatória pela Em 1962, o Brasil consolida sua fama de imprensa na Copa de 1966, onde o Brasil estilo de jogo baseado na técnica de seus foi eliminado na primeira fase, causou um jogadores. Com a lesão de Pelé no músculo hiato no discurso de melhor futebol do adutor direito, Garrincha assumiu o posto mundo praticado pela seleção nacional. de principal nome da equipe. Mais do que Depois do bicampeonato, a expectativa isso, ele se tornaria símbolo do futebol- desenvolvida pela imprensa foi grande. O arte, sendo a síntese do futebol nacional. título simbolizaria a hegemonia de nosso 4- O termo se refere Bartholo e Soares (2011) descrevem futebol frente ao mundo, além da posse a música composta como a biografia do jogador, escrita por definitiva da taça Jules Rimet. por Wagner Maugeri, Lauro Müller, Maugeri Ruy Castro, vai revalidar a história do Iniciamos nossa análise sobre a Copa Sobrinho e Victor Dagô atleta encarnando significados coletivos de 1970 enfatizando o planejamento durante as comemo- rações da conquista sobre o futebol nacional e sobre o “ser da preparação da seleção para a da Copa do Mundo brasileiro”. “Garrincha seria a tradução altitude das cidades-sede da Copa do de 1958 pela seleção brasileira. e a encarnação do jogo bonito (beautiful México. Foi elaborada uma organização 5- O Planejamento game)” (BARTHOLO e SOARES, 2011, p. minuciosa pelos preparadores físicos da México foi coordenado pelo professor La- 55). A imagem de Mané se consolida após seleção, conhecida como Planejamento martine e baseava-se esta Copa do Mundo e ajuda muito na México5. Os autores Salvador e Soares no resultado de um estudo feito a partir do edificação do discurso de sermos realmente (2009) relatam de forma detalhada esta treinamento dos atletas o país do futebol. Outros elementos de preparação e afirmam que apesar de ser do pentatlo militar e da pesquisa esportiva em Garrincha ajudam na construção do jeito exaltada pela imprensa nacional, como grandes altitudes nas brasileiro de jogar futebol. “A estética do mostraremos a seguir, ela ocasionou uma Olimpíadas da cidade do México em 1968. estilo de jogo de Garrincha pode ser lida quebra no discurso de que o futebol- 361 arte nacional era baseado no improviso Guanajuato” traz uma entrevista com o e no dom natural. É notório que um dos preparador físico da seleção, Chirol, que grandes fatores para a vitória brasileira em enfatiza o treino de adaptação à altitude 1970 foi o congraçamento do talento dos como diferencial da equipe, ressaltando jogadores com a preparação física, todavia, o trabalho científico e o empenho dos mesmo com a exaltação do “Planejamento jogadores: México” na narrativa midiática em 1970, Por esse motivo, não concordo com os que afirmam que os joga- Salvador e Soares afirmam que a memória dores brasileiros não gostam de fa- construída sobre esta competição vai zer ginástica. É uma mentira. Tanto esquecer tal preparação exatamente por gostam que fizeram na Seleção. O importante é saber comandá-los, ir contra a construção identitária nacional dirigi-los, mostrando a eles o que dos anos 1930. está certo e o que está errado, quais os benefícios e os inconvenientes. Podemos apontar que o processo de (Chirol diz que a saúde atual se deve treinamento físico e a elaboração de a Guanajuato, Jornal do Brasil, 10 uma estratégia de adaptação à alti- jun. 1970, caderno 1, p.22) tude (baseada nos conhecimentos científicos da época) foram tão im- Interessante notar que o discurso portantes para a obtenção da vitó- ria em 1970 quanto a qualidade dos sobre o futebol-arte se redesenha a jogadores que compuseram aquela partir do jogador que será o modelo da equipe. Entretanto, tais estratégias, vinculadas às imagens de racionali- época. Em 1962, com Garrincha como zação de meios, ao uso de tecnolo- herói, seus atributos como jogador serão gias, à disciplina do treinamento, são mais valorizados, enquanto em 1958 ele abafadas ou secundarizadas por não se ajustarem às imagens da “arte”, dividiu com Pelé. Em 1938, por exemplo, “genialidade” e “malícia” do jogador Leônidas definiu as características por brasileiro (SALVADOR e SOARES, ser nosso principal jogador. Em 1970, 2009, p.20). como nossos jogadores, entre eles Pelé, tido como principal pelos meios de Assim, pode-se entender que ao negar comunicação, demonstravam um vigor uma cientificidade por ser algo não físico excepcional, é necessário reajustar familiar ao nosso estilo de jogo, estamos a narrativa para que ela não fuja dos fatos reestabelecendo o vínculo e a memória visíveis e concretos ao receptor. com a ideia central do que vem a ser o Este processo indica que as futebol-arte nacional, demonstrando que representações convencionam objetos, as identidades são negociadas e repletas pessoas e acontecimentos. Ao definir de embates entre o que será esquecido jogadores como Garrincha, Pelé e Leônidas e lembrado pelos agentes da memória. como símbolos do nosso estilo, os sistemas Desse modo, o nosso estilo nacional é de classificação, as imagens e descrições algo que acontece “naturalmente”, sendo que constroem esta representação desnecessária a preparação e organização, implicam num elo prévio, feito pela como as narrativas sobre o jogador memória coletiva do que se entende como Garrincha demonstraram6. 6- Para um melhor futebol-arte, estereotipado nestes atletas entendimento dessas Na página 22 do dia 10 de junho do narrativas, ler: BAR- que apresentamos. Esta memória coletiva, Jornal do Brasil, a matéria intitulada THOLO e SOARES ou seja, os elos já presentes na sociedade (2011) “Chirol diz que a saúde atual se deve a 362 desde 1938, são frequentemente ativados de organização e modernização em nosso pelos meios de comunicação, com a busca esporte. Assim, a exaltação da preparação de antigas seleções e craques que servem da seleção foi incluída na narrativa, mesmo de exemplos para estabelecer e provocar indo contra as características que seriam reconhecimento das narrativas do futebol- intrínsecas ao futebol nacional, construídas arte. Em nossa pesquisa postulamos que em 1938. A unificação de um discurso a seleção da Copa de 1970, também se baseado no talento nacional e na recente tornará um elo quando se pretende definir organização e disciplina exemplar da o que seria o futebol-arte. seleção pode ser entendida perfeitamente A capa do O Globo no dia seguinte da pelas declarações do presidente Médici conquista trouxe a seguinte manchete: logo após o jogo, deixando transparente “Vitória maravilhosa do maior futebol do a tentativa do governo de usar o futebol mundo: 4x1”. Destaque para as hipérboles como fator de identificação e integração jornalísticas. No Jornal do Brasil a nacional: manchete “Brasil tri: A Copa é nossa!” Identifico no sucesso de nossa sele- ção de futebol, a vitória da unidade traz a seguinte frase iniciando a matéria: e da convergência de esforços, a vi- “Quando Carlos Alberto ergueu aos céus a tória da inteligência e da bravura, da Taça Jules Rimet, hoje à tarde, 700 milhões confiança e da humildade, da cons- tância e da serenidade da capacita- de pessoas em 50 países comprovaram ção técnica, da preparação física e a supremacia definitiva do futebol-arte- da consistência moral. Mas é preciso que se diga, sobretudo, que os nos- técnica-poesia: o Brasil acabava de sagrar- sos jogadores venceram porque sou- se tricampeão do mundo”. O grande beram ser uma harmoniosa equipe, número de adjetivos empregados na em que, mais alto que a genialidade individual, afirmou-se a vontade co- definição do nosso futebol demonstra que letiva. (Jornal do Brasil, 21 jun. 1970, a união de outros elementos redefiniria caderno 1, p.3) o futebol-arte. As outras reportagens exaltam a qualidade de nossos jogadores, Todavia, já deixamos claro que tais aliada à seriedade e preparação. O futebol narrativas são repletas de disputas regado de talento, mas sem organização, ideológicas e ao longo do tempo se individualista e, às vezes, a indolência dos modificam. Foi exatamente isto que jogadores era substituída pela aplicação, ocorreu com o discurso da Copa de 1970. ao lado de genialidade e coletividade. A presença de militares na comissão Em reportagem na página 3 do Jornal técnica fez com que nos anos seguintes e do Brasil, Zagalo exalta que a Copa veio preparação e disciplina fossem entendidas com disciplina. Aqui nota-se que Zagalo, por alguns pensadores, Joel Rufino dos obviamente, vai ressaltar o seu lado, afinal Santos (1978) por exemplo, como a o técnico não teria importância se apenas militarização do futebol. Supomos que o dom natural vencesse a competição. por este motivo encontre-se na memória Identificar o contexto com que as coletiva atual da Copa de 1970, conforme narrativas são produzidas é peremptório Salvador e Soares (2009) demonstraram, para elucidarmos de forma clara o que se uma negação e esquecimento da pretendia com o discurso. A derrota de preparação e do “Planejamento México”, 1966 foi amplamente explicada pela falta aliada ao fato de estas características irem 363 contra a construção histórica do estilo não importante da Copa de 1970. nacional. Tal fato demonstra que as A coluna de Armando Nogueira, identidades são sempre negociadas, no reverberando a entrevista do técnico entanto, uma quebra naquilo que é familiar Zagalo que enalteceu a ciência da comissão ao futebol-arte, pode causar uma ruptura técnica, no dia após a conquista do Brasil na representação e na identidade das prevê este acontecimento: narrativas midiáticas que fundamentam Arte e ciência. Essas declarações de Zagallo, leitor, são da maior impor- o nosso estilo nacional. Por isso, as tância pelo seguinte: o futebol bra- modificações podem ocorrer, mas não na sileiro, que é o melhor do mundo, costuma equivocar-se no instante sua estrutura central, sob pena de não mais da glória. Daqui a pouco, haverá serem reconhecidas como legítimas. no Brasil uma corrente de opinião, creditando o sucesso do Mundial de 70 ao talento puro do jogador. E Considerações Finais ninguém mais se preocupar com o Ao vencer a competição e reafirmar preparo tático e muito menos com o preparo físico, achando que arte a condição de campeões do mundo, a do craque vencerá sozinha a Copa seleção brasileira fica em definitivo com do Mundo, em 74. Nada disso, nada a Taça Jules Rimet, objeto que simboliza disso. O título de 70 deve ser exal- tado como a associação de valores as três conquistas do Brasil. A euforia por artísticos e científicos. A técnica in- este feito fez a narrativa buscar elementos comparável de Pelé e de Gérson só importantes não só na conquista de 1970, levou o futebol brasileiro a final do Asteca, domingo, porque um co- mas também nas duas anteriores no intuito mando competente soube executar de consolidar o discurso que vinha sendo um programa de preparação física e de habilitação tática, a meu ver, tão construído desde os anos 1930. Começa- precioso quanto o espírito de sacrifí- se a comparar as seleções para identificar cio dos jogadores. (NOGUEIRA, A. semelhanças e deslocar diferenças para Na Grande Área. Jornal do Brasil, 23 jun. 1970, caderno 1, p.35) unificar o discurso do “país tricampeão do Mundo”. Neste deslocamento, sugerimos Além disso, tal esquecimento pode que a preparação física, algo não familiar, foi retirado por não se encaixar na funcionar como uma forma de desvencilhar homogeneização do que seria o nosso a anexação que o governo fez do título do futebol-arte, agora remodelado por tricampeonato. Seria uma forma romântica elementos em comum das três conquistas do pensamento esquerdista de “devolver e tendo a seleção de 1970, mundialmente a seleção para o povo”, soltando-a das conhecida pela transmissão televisiva, amarras do militarismo e negando todo e como seu maior ícone. Nesta reconstrução, qualquer elemento que sugira uma relação a preparação física, inegável pilar da mais íntima com o governo militar, como conquista no México, ficou apenas na a disciplina. Também sugerimos que os memória de quem viveu aquele momento resultados obtidos nas Copas de 1974 e e de estudiosos sobre o assunto. 1978, e as queixas da aplicação demasiada Deste modo, a seleção da Copa da tática, fez com que este elemento fosse de 1970 serviu para demarcar o que seria esquecido ao longo do tempo como algo o futebol-arte. Toda a construção de um

364 suposto estilo se concretiza nesta Copa do mundial de nossa seleção reafirma que as Mundo. A brasilidade exercida por meio representações instauradas quarenta anos do futebol instaura um marco a partir desta antes ainda fazem sentido na sociedade, competição, ocasionando uma “obrigação” afinal “somos o maior campeão do mundo”, das futuras seleções de seguirem este estilo. detentores do troféu e “nosso” talento é A identidade nacional construída nos anos mundialmente reconhecido, tornando 1930 e a intenção do governo Vargas em a construção romântica e mitológica de usar o esporte para unificar o país ganha um “nosso” estilo de jogo um importante capítulo crucial em 1970. O tricampeonato elemento da identidade nacional.

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