FABIANECUNHA

BIOECOLOGIAEIFESTAÇÃODALAGARTADOGIRASSOL, lacinia

saundersii (Doubleday&Hewitson)(:YMPHALIDAE),EMPLATAS

HOSPEDEIRASEGEÓTIPOSDEGIRASSOL

Tese apresentada como requisito parcial para obtenção

dograude“DoutoremCiências”noProgramadePós

graduação em Ciências Biológicas, Área de

ConcentraçãoEntomologia,daUniversidadeFederaldo

Paraná.

Orientador:Dr.FlávioMoscardi

Curitiba–PR

2010

ii

“Depoisdeescalarumgrandemorro,descobrimosquehámuitosoutrosmorros aescalar”

elsonMandela

ÀminhaMãeDarcideLourdesThomazini

DEDICO. iii

AGRADECIMETOS

ADeus,pelosdesafiosdiáriosquejustificamplenamenteavida. AoDr.FlávioMoscardi,meuorientadoreamigo,aquemtenhograndeadmiraçãopeloexemplode dedicaçãoàEntomologia. AoprogramadePósgraduaçãoemEntomologiadaUniversidade Federal do Paraná, a todo seu corpodocente,peloconhecimentotransmitido. À Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Soja), especialmente à equipe de Entomologia,pelaamizadeecolaboração. AospesquisadoresdaEmbrapaqueparticiparamdeformadiretaparaarealizaçãodestetrabalho: DrDanielSosaGómez,DraClaraBeatrizHoffmannCampo,DraIvaniLopesNegrão,DraMaria CristinadeOliveiraNeveseDrEliseuBinneck. Aos funcionários Sonia, Melquiades, Vilma, Jorge e Elisa do Laboratório de Tecnologia de Sementes que divedem o bloco onde se encontra parte do Laboratório de Entomologia, pelos intervalosdeplenaalegria. ÀequipedecampodaEntomologiaemeusamigosOriverto,Pavão,Wilson,Elias,Nivaldo,Valter eAdriano,peloaprendizadoededicaçãonascoletaseavaliações. ÀminhaMãeDarci,meusirmãosAndréLuizeAyslanemeussobrinhosGiovannieValentina,por representarememminhavidaaverdadeiraessênciadoamor. Aos meu cunhado Osmair e cunhada Kareenn, pela nossa amizade e por me proporcionarem momentosmágicosnasnossasreuniõesemfamília. iv

ÀTaniaReginadaCunha,umagradecimentoespecialpelaamizade,paciência,amorincondicional eprincipalmente,poracreditarqueestetrabalhoerapossível. À minha grande amiga Talita Moretto Alexandre, com enorme carinho por tudo que vivemos e passamosjuntaseatépelosapelidosquerecebemos,comoTicoeTeco,BatmaneRobin,Pinke Cérebro,etc. Aos amigos: Daniela, Dania, Beatriz, Cíntia, Priscila, Luzia, Rubens e Ivanilde pelo agradável convívionosúltimosanos. Àsamigasdesempre:SandraPierozan,HeloisaInêsdeJesuseValquiriadosSantosOchmanque, apesardadistância,sempresefizerampresentesemminhavida. A toda família Cervi, que por muitos anos fez parte da minha vida e sempre me deu o apoio necessárioparalevaradiantaosmeusestudos. Aos amigos de laboratório: Fábio Siqueira, Rogério, Flávia, Silvia, Renata, Jaqueline, Francine, LucianoeSamuel,pelosbonsmomentosquepassamosjuntos. AosTécnicosdeLaboratórioeLaboratoristasdoSetordeEntomologiadaEmbrapaSoja,dosquais meorgulhoemchamardeamigos:FabioE.Paro,IvanildaL.Soldório,Rose,JairoJosédaSilvae JovenilJ.daSilva,peloapoioegrandeexemplodegenerosidade. AosmeuspequenosYunadaCunhaeYandaCunha,pelosmomentosdedescontraçãoemmeioàs preocupaçõescomaelaboraçãodatese. v

ÍDICE

AGRADECIMENTOS...... iii

RESUMO...... viii

ABSTRACT...... xi

LISTADETABELAS...... xiv

LISTADEFIGURAS...... xvi

CAPÍTULO1

Introduçãogeral

1.1.Introdução...... 1

1.2.Objetivos...... 4

1.3.LiteraturaCitada...... 6

CAPÍTULO2

Diversidade genética de populações da lagartadoGirassol ( Chlosyne lacinia saundersii

Doubleday&Hewitson)(Lepidoptera:ymphalidae)

2.1.Introdução...... 10

2.2.Materialemétodos...... 11

2.3.Resultadosediscussão...... 15

2.4.Literaturacitada...... 21

vi

CAPÍTULO3

Preferênciaparaoviposiçãoeocorrênciadalagartadogirassol(C hlosyne lacinia saundersii)

Doubleday&Hewitson,(1849)(Lepidoptera:ynphalidae)emdiferentesplantashospedeiras

3.1.Introdução...... 27

3.2.Materialemétodos...... 28

3.3.Resultadosediscussão...... 31

3.4.Literaturacitada...... 34

CAPÍTULO4

Parâmetros biológicos e fisiológicos de Chlosyne lacinia saundersii Doubleday & Hewitson

(Lepidoptera:ymphalidae)emdiversasplantashospedeiras.

4.1.Introdução...... 38

4.2.Materialemétodos...... 39

4.3.Resultadosediscussão...... 44

4.4.Literaturacitada...... 54

CAPÍTULO5

Infestação da lagartadogirassol Chlosyne lacinia saundersii Doubleday & Hewitson,

(Lepidoptera:ynphalidae )emgenótiposdegirassolnaregiãodeLondrina,PR.

5.1.Introdução...... 58

5.2.Materialemétodos...... 59

5.3.Resultadosediscussão...... 62 vii

5.4.Literaturacitada...... 66

COSIDERAÇÕESFIAIS ...... 69

viii

RESUMO

O Girassol ( Helianthus annuus L.) (Asteracea) constitui a segunda cultura produtora de óleo comestíveldomundo.NoBrasil,amaiorpartedoterritórioestáaptaaoseucultivo,apresentaainda avantagemdepoderserplantadaemsucessãoàculturaprincipal,naseca,devidotantoaoseuciclo relativamente curto como à sua pouca sensibilidade ao frio e a seca, chegando, dessa forma, à indústria de extração numa época em que esta se encontra carente de matériaprima para o processamento.Paralelamenteaocrescimentodaculturadogirassol,diversosproblemasocorrem na produtividade, destacandose os insetos, como os coleópteros, pentatomídeos e lepidópteros destacando a lagarta do girassol Chlosyne lacinia saundersii Doubleday & Hewitson (1849)

(Lepidoptera: ). Visando aprimorar estudos relacionados a esta lagarta, foram realizadoestudosrelativosàbioecologiaeestruturagenéticadesuaspopulações,emoitoestados brasileiros(RS,PR,MS,SP,DF,MG,BAeRO)medianteatécnicadeRAPD.Insetosdaregião

Sul e CentroOeste (Santa Maria, Londrina e Dourados) foram geneticamente próximas (Dice =

0,76),quantocomparadascomaspopulaçõesdeVilhena,Uberaba,BarreiraseRibeirãoPreto.A maiordissimilaridadegenética(Dice=0,710,74)foiobservadoentreaspopulaçõesdeVilhenae

Uberaba,eamaiorheterogeneidadeocorreunapopulaçãodeVilhena.Osíndicesdefluxogênico

(m )variaramde0,9entreaspopulaçõesdeLondrinaeRibeirãoPreto,até6,7entreaspopulações deVilhenaeUberabaeaestimativaentretodasaspopulaçõesfoide 1,1.

Além da extensa área de ocorrência desse inseto, o mesmo também é encontrado em diversasplantashospedeiras.Nointuitodeaprofundarmaioresconhecimentosnessaárea,também foirealizadotestesdepreferênciadesselepidópteroemdiferentesplantashospederias: Parthenium hysterophorus(Família),Acanthospermumhispidum(Família),, Bidenspilosa(Família),,Galinsoga ix

ciliata(Família),, Tridaxprocuben(Família),Glycinemax(Família),, Seneciobrasiliensis ,Emilia sonchifolia (Família)eSonchusoleraceus(Família).Partheniumhysterophorus destacousetantona ausênciadogirassol(1ºépoca),comonapresençadogirassol(2ºépoca)comoaplantahospedeira preferencialdosadultos(1,81e2,05indivíduos/plantarespectivamente),oviposição(1,40 e0,70 massas de ovos/planta) e número de lagartas/planta (118,60 e 68,80). Dessa maneira, as plantas hospedeiras pré selecionadas no teste de preferência foram submetidas a um estudo de aspecto biológico e fisiológico para avaliar o efeito dessas plantas no crescimento, consumo alimentar, eficiêncianaassimilaçãoeconversãodosalimentosingeridosedigeridosembiomassadalagarta dogirassol.Constatousequeamaiormortalidadeocorreupara T.procubens ,seguidaporaquelas que se alimentaram de folhas de G. ciliata , no 3º e 7º instares respectivamente. Houve efeito significativodostratamentos,nospesosiniciaisdaslagartasde3ºínstar,pesodepupa,pesode dieta consumida, peso de fezes e tempo de alimentação. Em relação aos genótipos testados, observousequenãohouvediferençasignificativadeinfestaçãodalagartaparaaprimeiraépocade plantio(setembro),nostrêsanosdeavaliação(2006,2007e2008),emfunçãodabaixaocorrência do inseto. Já para a segunda época de plantio (dezembro), no primeiro ano de avaliação, os tratamentos distribuíramse no intervalo de 37,7% (AGUARÁ3) a 75,2% (CATISSOL01) de plantasatacadas.Nosegundoano,essainfestaçãofoi menor, ficando entre 25% (AGUARÁ3) a

63,5%(CATISSOL01),enoúltimoanofoide37,7%(AGUARÁ3)a64,7%(MG50).

PALAVRASCHAVE: Lepidoptera, preferência por oviposição, plantas hospedeiras, marcador

molecular. x

ABSTRACT

Sunflower( HelianthusannuusL.)isthesecondworldwidecroprelatedtotheproductionoftable oil,whichisveryhealthyduetothehighdegreeofinsaturation.Thiscropisverypromisingin

Brazil, where most of its territory is suitable for sunflower cultivation. Furthermore, it has the advantagetobeplantedasasecondcropafterthemainsummercrop,duetoitsrelativelyshort cycleandlowsusceptibilitytodroughtandcoldweather,beingthusavailabletotheindustryina periodwhenthereisalackofproductforprocessing.Withtheincreaseinthesunflowercultivated area in Brazil, various problems became relevant in limiting crop yield, such as pests, includingvariouscoleopterans,stinkbugsandmainlythesunflowercaterpillar, Chlosynelacinia saundersii Doubleday&Hewitson(1849)(Lepidoptera:Nymphalidae).Astheliteratureisscanty withthisspecies,withthemajorityoftrialsrelatedtouseofchemicalinsecticidesoreconomical impact, we aimed to conduct studies related to the bioecology and genetic structure of diferent geographical populations of the insect. Populations collected in eight Brazilian states were evaluatedusingtheRAPDtechnique.ThoseoftheSouth and South Central regions (Londrina,

DouradosandSantaMaria)weregeneticallyclose(Dice=0.76)whencomparedtothepopulations ofVilhena,Uberaba,BarreirasandRibeirãoPreto.Thehighestgeneticdissimilarity(Dice=0.71

0.74) was observed between populations from Vilhena and Uberaba. The most heterogeneous population was from Vilhena, as samples from this population were found interspersed among populationsfromotherlocalities.Thegeneflowindex( m )variedfrom0.9betweentheLondrina andRibeirãoPretopopulations,upto6.7forthoseofVilhenaandUberaba,withanestimateof1.1 amongalltestedpopulations. xi

Theinsectisfoundoveranextensivegeographicalareainthecountryandalsoonseveralhost plants.Inordertoimproveknowledgeonthesehostplants,preferencetrialswereconductedusing the following plants: Parthenium hysterophorus , Acanthospermum hispidum , Bidens pilosa,

Galinsoga ciliata , Tridax procubens , Glycine max , Senecio brasiliensis , Emilia sonchifolia e

Sonchus oleraceus . The Parthenium hysterophorus was the most preferred plant, either in the absence (first trial) or presence (second trial) of sunflower, for the adult (1.81 and 2.05 adults/plantrespectively),oviposition(1.40and0.70eggmasses/plant,respectively)andnumberof larvae(118.60and68.80larvae/plantrespectively).Evensomeofthelesspreferredplantscouldbe consideredasalternativehoststotheinsect,sinceonceinawhiletheywerechosenforoviposition andasfood.Someofthehostplantsselectedfromthesepreferencetrialswereusedforstudieson theinsect’sbiology andphysiology,throughevaluationontheeffectoftheseplantsongrowth, foodconsumption,efficiencyoffoodassimilationandconversionofingestedaswellasdigested foodinsunflowercaterpillarbiomass.Thehigherlarval mortality occurred for insects fed on T. procubens ,followedbythosefedon G.ciliata leaves,respectivelyonthethirdandseventhinstar.

Therewasasignificanteffectofthetreatmentsforallthestudiedvariables,includinglarvalweight attheendofthethirdinstar,pupalweight,weightofconsumedfood,weightoffaeces,andfeeding duration.Studieswithdifferentsunflowergenotypes,duringthreeconsecutiveseasons,resultedin no significant difference in larval infestation among the genotypes, for the first sowing date

(September),forthethreeseasons(2006,2007and2008),duetotheverylowinsectincidence.On theotherhand,forthesecondsowingdate(December),inthefirstseason(2006)thetreatments weredistributedintheintervalof37.75%(AGUARÁ3)to75.25%(CATISSOL01)ofattacked plants. In the second season (2007), the larval infestation was lower, varying from 25.00 %

(AGUARÁ3) to 63.50 % (CATISSOL01), and in the third season (2008) varied from 37.75 % xii

(AGUARÁ3)to64.75%(MG50).Duringthethreeseasons,thecorrelationbetweendamageand larvalattackwasover90%.

KEYWORDS:Lepidoptera,preferenceoviposicion,hostplants,geneticmolecular. xiii

LISTADETABELAS

CAPÍTULO2

Tabela2.1. Locaisdecoletada Chlosynelaciniasaundersiiparaanálisedavariabilidadegenética

intraeinterespecífica,usandomarcadoresRAPD...... 12

Tabela2.2.NúmerodelocosdeRAPDde Chlosynelaciniasaundersii ...... 15

Tabela 2.3. Número de bandas polimórficas produzidas pelos iniciadores utilizados para a

caracterizaçãodepopulaçõesde Chlosynelaciniasaundersii ...... 16

Tabela2.4.Análisedevariânciamolecular(AMOVA)deoitopopulaçõesgeográficasde C.lacinia

saundersii ...... 17

Tabela 2.5. Comparações pareadas entre populações de C. lacinia através do coeficiente de Nei,

paraestimativadefluxogênico( m )de Chlosynelaciniasaundersii ...... 19

CAPÍTULO3

Tabela3.1.Médiadeadultosde C.laciniasaundersii emdiferentesplantashospedeirasna1 aépoca

(semapresençadogirassol)ena2 aépoca(comapresençadogirassoleasplantashospedeiras

pré–selecionadaspeloinseto)...... 31

Tabela 3.2. Média de lagartas de Chlosyne lacinia saundersii e massas de ovos em diferentes

plantashospedeiras,emduasépocas,comousemapresençadogirassol...... 33

CAPÍTULO4

Tabela4.1.Porcentagemdemortalidadede Chlosynelaciniasaundersii acondicionadasemplacas

dePetriemantidasemestufasincubadorastipo B.O.D a27±1ºC;UR:90±10%,fotofasede xiv

12h alimentadas com diferentes plantas hospedeiras, para a realização do bioensaio dos

parâmetrosbiológicosefisiológicosda C.laciniasaundersii ...... 44

Tabela4.2.Pesoinicialdelagartas3ºinstar(mg),pesosecodepupa(mg),dietaconsumida(mg),

peso seco de fezes (mg) e tempo de alimentação (dias) (Média ± EP) de Chlosyne lacinia

saundersii alimentadascomfolhasdediferentesplantashospedeirasacondicionadasemplacas

dePetriemantidasemestufasincubadorastipo B.O.D a27±1ºC;UR:90±10%,fotofasede

12hparaarealizaçãodobioensaiodosparâmetrosbiológicosefisiológicos...... 45

Tabela4.3.Análisedecovariância(ANCOVA)paraverificaroefeitodosdiferentestratamentosno

ajustedepesodepupapelacovariávelpesoinicial(a,b),pesodepupapelascovariáveistempo

dealimentaçãoeconsumo(c,d,e,f),consumopelacovariáveltempodealimentação(c,d),peso

defezespelacovariávelconsumo(e),pesodepupapelacovariávelalimentodigerido(g,h)em

Chlosynelacinia saundersii...... 47

CAPÍTULO5

Tabela5.1.Sementesdegirassolutilizadasparaarealizaçãodoexperimentonassafrasde2006a

2008,emLondrinaPR,paraavaliarainfestaçãodeChlosynelaciniasaundersii ...... 60

Tabela5.2. Médiadeporcentagemdeinfestaçãode Chlosynelaciniasaundersii em12genótiposde

girassol,nassafras2006,2007e2008emLondrinaPR...... 63

Tabela 5.3. Análise de medidas repetidas no tempo para efeitos de tempo e interação tempo

genótipoconsiderandoainfestaçãodegirassolporChlosynelaciniasaundersii ...... 64

xv

LISTADEFIGURAS

CAPÍTULO2

Figura 2.1. Variação intra específica OPA05 produto da amplificação do DNA genômico de

populaçõesde C.lacinia deSantaMariaRSeUberabaMG.Comomarcadordepesomolecular

foiutilizadooDNAdofagoLambdadigeridocomasendonucleases Eco RI, Hind III,e Bam HI

...... 15

Figura2.2. Dendrogramade224indivíduosde C.lacinia emplantashospedeirasemoitoestadosdo

Brasil.OcoeficientedeDicefoicalculadousandoafrequênciaalélicademarcadoresRAPD,e

o dendograma foi gerado pelo método da média aritmética nãoponderada (UPGMA). Os

valoresem%indicamonúmerodevezesqueosinsetosagruparamjuntosem1000ciclosde

análisedebootstrapatravésdoprogramacomputacionalAppliedMaths(1998)...... 18

CAPÍTULO3

Figura 3.1. Estrutura (telado) construída para acondicionar as diferentes plantas hospedeiras e a

lagartadogirassol( Chlosynelacinia saundersii )...... 29

CAPÍTULO4

Figura 4.1. Bandejas mantidas em estufas incubadoras tipo B.O.D a 27 ± 1ºC; UR: 90 ± 10%,

fotofase de 12h com placas de Petri contendo folhas de losnabranca para a realização do

bioensaiodosparâmetrosbiológicosefisiológicosda C.laciniasaundersii ....... 41

Figura4.2.Relaçãoentrepesodepupa(mg)epesoinicialdelagartas (mg)de Chlosynelacinia

saundersii alimentadacomfolhasdediferentesplantashospedeiras...... 48 xvi

Figura4.3.aeb. Relaçãoentreaquantidadededietaconsumida(mg)comopesodepupa(mg)eo

tempodealimentação(dias)de Chlosynelacinia saundersii alimentadacomfolhasdediferentes

plantashospedeiras...... 49

Figura4.4.aeb. Relaçãoentreaquantidadededietaconsumida(mg)comopesodepupa(mg)eo

pesodefezes(mg)de Chlosynelacinia saundersii alimentadacomfolhasdediferentesplantas

hospedeiras...... 50

Figura4.5.Conversãodoalimentoconsumidopela Chlosyne lacinia saundersi em diferentes da

plantashospedeiras...... 50

Figura4.6.Relaçãoentrepesodepupa(mg)equantidadedealimentodigerido(mg)de Chlosyne

lacinia saundersii alimentadacomfolhasdediferentesplantashospedeiras...... 52

CAPÍTULO5

Figura 5.1. Parcelas com 12 genótipos de girassol para avaliação da ocorrência de C. lacinia saundersii emLondrinaPR,safras2006a2008...... 61

Figura5.2. Porcentagemdedesfolhacausadospela Chlosyne.lacinia saundersii emdoismetros

linearesemplantasdegirassolnassafrasde2006a2008...... 65

CAPÍTULO1

Introduçãogeral

1.1.Introdução

O cultivo do girassol, Helianthus annuus L.(Asteracea), tem sido explorado em várias partes do mundo, podendo ser plantado em períodos de primaveraverão e/ou outonoinverno, dependendodascondiçõeslocais.Porapresentarbaixasensibilidadefotoperiódica,desenvolvese em várias latitudes e ambientes, tanto no hemisfério Norte como no Sul, fazendo com que as práticas culturais mais adequadas devam ser adaptadas para cada situação climática específica

(Silveira etal .2005).

NoBrasil,ogirassolpodesercultivadodesdeoRioGrandedoSulatéoestadodeRoraima nohemisférioNorte.Apresentaaindaavantagemdepoderserplantadonasegundasafra,devido tantoaoseuciclorelativamentecurtoemenorsensibilidadeaofrioeàseca,chegandodestaformaà indústriade extraçãonumaépoca emque esta podese encontrar carente de matériaprima para processamento.

Além das características favoráveispara o cultivodogirassolnoBrasil,essaculturavem despertandointeressenacionaldevidoàexcelentequalidadedeseuóleo,tantoparaasaúdehumana emfunçãodoaltograudeinsaturação,comoraçãoetambémporrepresentarumaboaopção energéticacomoobiocombústivel.

No aspecto fitossanitário, diversos insetos ocorrem na cultura do girassol no Brasil, resultandoemreduçãonaprodutividadedaculturasenão foremcontroladosadequadamente.Os danospodemenvolverinsetosqueatacamasraízes,quecortamplântulas,reduzindooestandeda cultura,quecausamdesfolhaeosqueatacamahaste,ocapítuloeosaquênios. 2

Embora o girassol seja cultivado no Brasil desde a década de 1920 (Garcia, 1988), foi somente a partir da década de 1980 que passou a ser produzido em maior escala. Com sua expansão, insetos que tinham pouca expressão em termos de ocorrência e danos à cultura (ex. percevejos e lagartas) (Ungaro 1981, Moscardi & Corso, 1988) passaram a ocorrer em maior intensidadepopulacional,tornandoseeconomicamenteimportantes(Malaguido&Panizzi,1988a,

Camargo&Amábile,2001).

Dentre essas pragas a lagartadogirassol, C hlosyne lacinia saundersii (Doubleday &

Hewitson 1849) (Lepidoptera: Nymphalidae) é uma espécie que produz danos consideráveis, ocorrendonosestadosdeSãoPaulo,RiodeJaneiroeParaná(Lourenção&Ungaro,1983)eRio

GrandedoSul,MatoGrossodoSul,DistritoFederal,MinasGerais,BahiaeRondonia(Cunha etal .

2009).

Aliteraturaexistentesobre C.laciniasaundersii éescassatantoparaoenfoqueeconômico quanto aos demais estudos envolvendo bioecologia. Os trabalhos sobre aspectos genéticos restringemseàgenéticadavariaçãodascoresnaslarvasde C.lacinia saundersii (Gorodenski1969

Neck etal .1971,DeVries1987,Zucchi etal. 1993,Gallo etal. 2002&Moscardi2005..Comose tratadepragaagrícolaecomoaumentodaexpansãodogirassolnoBrasil,quenosúltimosseis anos passou de 77 mil hectares para 150 mil hectares (CONAB 2009), criouse um hábitat favorável,comrecursosdealimento,oquepodepossibilitaraumentodofluxogênico,diminuindoa diferenciação genética. Dessa maneira, estudos relacionados à genética de populações seriam adequados, os quais também se mostram como ferramenta necessária para o planejamento de estratégiasdemanejo.

ComrelaçãoaocontroledeC.laciniasaundersii ,amaioriadasaplicaçõesdeinseticidasna cultura do girassol são feitas visando ao controle dessa lagarta, como é o caso de obtenção de cultivaresresistentesqueproporcionariamreduçãonousodedefensivosagrícolas. 3

Paro Jr & Nakano (1976), com o objetivo de demonstrar a nocividade de C. lacinia saundersii à cultura de girassol, desenvolveram um ensaio com simulação de danos foliares em diferentes estádios de desenvolvimento dessa cultura. Assim, com base em desfolhas artificiais constataramqueosdanosprovocadosantesdos40diasdeidadedaplantalevamàreduçãototalda produção,enquantoque,noperíodode48a68diasdeidade,odesfolhamentocausouumaredução naproduçãode72a85%.

EmLondrina,VillasBoas&Moscardi(1985),efetuandoumadesfolhaartificialemplantas degirassol,concluíramquenosestágiosde50%e75%dafloração,asplantassemostrammais suscetíveis.Lourenção&Ungaro(1983),quetrabalhandoemCampinas,SP,com18cultivaresde girassol,verificaram,emcondiçõesdecampo,queascultivaresCargil33eEstanazuella75,com valoresde20,%e19,%dedesfolha,emmédia,respectivamente, comportaramse como as mais resistentesaoataquede C.lacinia saundersii, enquantoContiGH8121foiaqueapresentoumaior porcentagemdedesfolhapelaslagartasdestaespécie,comíndicemédiode57,8%.

Boiça Jr & Vendramim (1993) pesquisaram a infestação da C. lacinia saundersii em 16 cultivares,emcondiçõessemelhantesqueosautoresacimacitadoseconstaramqueascultivares

Cargil33,Contissol,IssankaF,PIGB,UruguaieContissol621apresentarammenorinfestaçãoe

Contissol711,Contissol112eRumanoP4sãoasmaisinfestadas.

A lagartadogirassol possui várias plantas hospedeiras alternativas, principalmente da família Asteraceae (CamposFarinha et al. 1997, Moscardi et al. 2005). Antes da presença do girassol em campo, essa lagarta é frequentemente encontrada alimentandose,principalmente das

Asteraceae: carrapichodecarneiro, Acanthospermum hispidum , losnabranca Parthenium hysterophorus e picãopreto Bidens pillosa (Moscardi et al. 2005). Entretanto, em áreas com a presença do girassol, que, aparentemente, é mais preferido por essa lagarta, verificouse que sua incidênciasobreplantashospedeirasalternativasfoibastantereduzida(Moscardi1983). 4

Conhecimentodosmecanismosenvolvidosnaestruturagenéticadaspopulações,resistência, e informações de interação desse inseto com suas plantas hospedeiras, pode contribuir para o desenvolvimentodetáticasdecontrolemaiseficiente para essa praga considerando as seguintes hipóteses:

1) Existediferençagenéticadentroeentreaspopulaçõesde C.laciniasaundersii coletadas

emregiõesdoBrasil;

2) Asplantashospedeirasinfluenciamocomportamentodoinseto,aalimentaçãodeadultos

eaoviposição;

3) Napresençadogirassolhádiferençanocomportamentodoinsetoemrelaçãoàsplantas

hospedeirasalternativas;

4) As plantas hospedeiras influenciam no desenvolvimento, nutrição e fisiologia das

lagartas;

5) Existepreferênciadoinsetopordiferentesgenótiposdegirassol

6) Aépocadeplantiodogirassolinfluencianaocorrênciada C.laciniasaundersii

1.2.ObjetivoGeral

Pesquisar a bioecologia da lagartadogirassol, bem como sua relação com plantas hospedeiras.

Oestudoteveosseguintesobjetivosespecíficos:

5

• Investigar populações de C. lacinia saundersii através da técnica de RAPD de diferentes

regiõesdoBrasil;

• Selecionar e comparar a preferência para oviposição e alimentação em diferentes plantas

hospedeiras,comesemapresençadogirassol;

• Avaliar parâmetros biológicos e fisiológicos da lagarta em relação a diferentes plantas

hospedeiras;

• Verificaraocorrênciadoinsetoemsafrasdegirassolcomaleternânciadeépocas;

• Compararainfestaçãodelagartasemdiferentesgenótiposemcondiçõesdecampo.

6

1.3.LiteraturaCitada

BoiçaJúnior,A.L.&J.D.Vendramin.1993.Infestaçãodegirassolpelalagarta Chlosynelacinia

saundersii emduasépocasdecultivo.ScentiaAgrícola50:244253.

Camargo,A.J.A&R.F.Amabile.2001. Identificaçãodasprincipaispragasdogirassolnaregião

CentroOeste.Comunicadotécnico50.EmbrapaCerrados,Brasília,Brasil,4p.

CamposFarinha A.E.C, .P.O. Pinto & J.S. Govone. 1997. Estudo do comportamento e

desenvolvimento de lagartas de Chlosyne lacinia saundersii , Doubleday & Hewitson (1849)

(Lepidoptera:Nymphalidae), no ataque a umaplantade girassol ( Helianthus annus L.). Arq.

Inst.Biol.64:143147.

Cunha,F.,D.R.SósaGomez,T.M.Alexandre&F.Moscardi..2009. Diversidadegenéticade

populações geográficas da lagartadogirassol ( Chlosyne lacinia saundersii Doubleday &

Hewitson) (Lepidoptera: Nymphalidae) determinada mediante marcadores moleculares de

RAPD.AnAcadBrásCiênc

DeVriesP.J.1987.TheofCostaRicaandtheirnaturalhistory.Papilionidae,Pieridae,

Nymphalidae.PrincetonUniversityPress,327p.

FortiL.C.1990. Ecologiadomanejointegradodepragas.In:CrocomoW.B.ManejoIntegradode

Pragas.Botucatu.CETESB350p.

LaraF.M.1991. Princípiosderesistênciadeplantasainsetos.SãoPaulo,Cone.336p. 7

GalloD.,O.akano,S.S.eto,R.P.L.Carvalho,G.C.Batista,E.BertiFilho,J.R.P.Parra,R.

A. Zucchi, S.B. Alves, J.D. Vendramim, L.C. Marchini, J.R.S. Lopes & C. Omoto. 2002.

EntomologiaAgrícola.Piracicaba,FEALQ,920p.

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10

CAPÍTULO2

DiversidadegenéticadepopulaçõesdalagartadoGirassol( Chlosyne lacinia saundersii

Doubleday&Hewitson)(Lepidoptera:ymphalidae)

2.1.Introdução

A lagartadogirassol, Chlosyne lacinia saundersii Doubleday & Hewitson (1849)

(Lepidoptera: Nymphalidae), de ocorrência Neotropical, é a principal lagarta desfolhadora do girassol Helianthus annuus (Asteraceae) (Ungaro 1981, Nakano et al . 1981, Gallo et al . 2002).

Citada pela primeira vez no Brasil por Maranhão (1945), em Piracicaba, SP, foi posteriormente referidaemoutrosEstados,comoParaná(Silva etal .1968,VillasBoas etal .1981,Moscardi1983,

VillasBoas&Moscardi1985),RiodeJaneiro(Silva etal .1968),MatoGrossodoSul(BoiçaJr. et al .1984)eSãoPaulo(Silva etal .1968,BoiçaJr. etal .1984).Deacordocomainfestação,estas lagartaspodemprovocardesfolhasdeaté100%,deixandoapenasasnervurasdasfolhasnasplantas atacadas(Nakano etal .1981).

Os trabalhos sobre aspectos genéticos restringemse à genética da variação das cores nas larvasde C.laciniasaundersii (Gorodenski1969,Neck etal .1971,DeVries1987,Zucchi etal .

1993).ComosetratadepragaagrícolaecomoaumentodaexpansãodogirassolnoBrasil,quenos

últimosseisanospassoude77milhectarespara150 mil hectares (CONAB 2009), criouse um hábitatfavorável,comrecursosdealimento,oquepodepossibilitaroaumentodofluxogênico, diminuindoadiferenciaçãogenética.Dessamaneira,estudosrelacionadosàgenéticadepopulações seriamadequados,osquaistambémsemostramcomoferramentanecessáriaparaoplanejamentode 11

estratégias de manejo, principalmente em espécies que sofreram alterações em seu hábitat

(Lougheed etal .2000).

Neste estudo optouse, dentre as técnicas moleculares, pela utilização de marcadores de

RAPD (random amplified polymorphic DNA), pois estas identificam o polimorfismo do DNA amplificadoaleatoriamente,atravésdautilizaçãodeumúnicoiniciadordesequênciaarbitrária,sem necessidadedeumconhecimentopréviodogenomadaespécie,alémdeserumatécnicadecusto reduzido (Williams et al . 1990). Apesar de ser uma técnica na qual são amplificadas sequências aleatórias, muitos trabalhos têm demonstrado sua eficiência na diferenciação de genótipos em populaçõesdeinsetos(Carvalho&Vieira2001,Oliveira etal .2002,LopesdaSilva etal .2004).

Considerandoque C.laciniasaundersii éuminsetodeocorrênciaemáreasdecondições climáticasegeográficasdistintas,fezseumestudocomoobjetivodeanalisaravariaçãogenética intraeinterpopulacionaldesseinseto,oquepodecontribuirparaodesenvolvimentodeestratégias demanejointegradodessapraga.

2.2.MaterialeMétodos

2.2.1.Coletadosinsetos Foramrealizadascoletasdelagartasde C.lacinia saundersii de2ºa4ºínstaremoitoestados doBrasil,deacordocomasignificânciadecadaregiãoparaaculturadogirassol(Tabela2.1).Os insetosforamcoletadosnoperíododedezembrode2007ajunhode2008,emplantasdegirassole emplantashospedeirasespontâneas,etransportadasaolaboratório.Aslagartasforammantidasem câmaradegerminação tipoBOD a26ºC ±1ºCe65% ±5 %deUR;fotofasede12h)paraeliminar parasitóideseentomopatógenos.Posteriormente,osinsetosforamacondicionadasdentrodetubos, 12

hermeticamentefechadosecontendosílicageldesidratada,emantidasa–15ºCatéomomentoda extração do DNA. Utilizaramse 30 indivíduos de cada população, sendo 10 indivíduos de coloraçãonigra,10bicolore10rufa.

Tabela2.1. Locaisdecoletada Chlosynelaciniasaundersiiparaanálisedavariabilidadegenética intraeinterespecífica,usandomarcadoresRAPD.

Local Hospedeira Data Coordenadas BarreirasBA Helianthusannuus 11/06/2008 12º07'2979"S44º59'1459"O BrasiliaDF Tithoniadiversifolia 10/03/2008 15º43'4376"S47º53'5861"O DouradosMS Partheniumhysterophorus 18/01/2008 22º16'5906"S54º49'1806"O LondrinaPR Helianthusannuus 13/12/2007 23º11'2974"S51º10'5993"O RibeirãoPretoSP Tithoniadiversifolia 30/04/2008 21º10'1218"S47º50'5155"O SantaMariaRS Helianthusannuus 31/01/2008 29º43'4134"S53º44'4089"O UberabaMG Helianthusannuus 10/03/2008 19º29'5464"S48º02'1910"O VilhenaRO Helianthusannuus 05/05/2008 12º07'2485"S60º17'2471"O

2.2.2.ExtraçãodoDA

O DNA foi extraído seguindo o protocolo de Rogers & Bendich (1988), com algumas modificações, sendo a extração realizada da cabeça para evitar a contaminação com a possível presençadeparasitóidesnahemoceledaslarvas(SosaGómez etal. 2002).

Cadaamostrafoimaceradaem480µldetampãodeextração,emumaconcentraçãofinalde

200mMTrisHCl(pH8.0),70mMEDTA,2MNaCle1%deβMercaptanol.Apósaadiçãode

120µldeCTABa10%,aamostrafoimantidaa65ºCpor5min.Adicionouse6µldeProteinaseK

(10mg/ml)eemseguidaaamostrafoiincubadanovamente65ºCpormais60min.Posteriormente, asamostrasforammantidasemtemperaturaambienteecentrifugadasa16.000rpmpor15min.O sobrenadante(500µl)foitransferidoparaoutrotubodemicrocentrífugaeacrescentouseomesmo volumedeclorofórmio/álcoolisoamílico(24:1). 13

Apósahomogeneizaçãoasamostrasforamnovamentecentrifugadasa16.000rpmpormais

15min.Emseguidafoiretiradaafaseaquosa(400µl)etransferidaparaoutrotubo,ondeosácidos nucléicosforamprecipitadoscomomesmovolumedeisopropanolfriomais45%dovolumede acetatodeamônia(10M).Essestubosforammisturadosporsuavesinversõesemantidosa20ºC por2ha4ºCduranteumanoite.Asamostrasentãoforamcentrifugadasa14.000rpmpor15min, descartandoseosobrenadanteelavandoseo“pellet”com300µldeetanola70%frio.Ospellets foram secos, com os tubos invertidos, em temperatura ambiente, por 10 min sendo então ressuspendidoscom100,8µldesoluçãodeRNAse(40µg/ml)maisTEeostubosforamcolocados emestufa,por30mina2horasparaadegradaçãodoRNA.AlíquotasdeDNAforammantidasa

15ºCedescongeladas,quandonecessário,pararealizaraamplificaçãodoDNA.

ODNAfoiquantificadocomoauxiliodeumespectrofotômetro Nanodrop ®ND1000V3.5

(Wilmington,DE,USA)esuaintegridadeavaliadaporeletroforeseemgeldeagarose0,8%,corado com10mg/mldebrometodeetídio.Aeletroforesefoirealizadacomtampão10mMdeNaOH,pH ajustado para 8,5 com ácido bórico (Brody Kern & 2004). O DNA foi visualizado e a imagem digitalizadacomosistemadecapturadeimagemusandoumtransiluminadorLPIX–STeLPIX

IMAGE7.1MPixel,programadecapturadeimagemLPIXIMAGE1.0.1(LoccusBiotecnologia,

SãoPauloSP).

2.2.3.ReaçõesdeRAPD

As reações de amplificação foram conduzidas em um volume de 25 µl contendo, aproximadamente,9ηgdeDNA,águaMilliQestéril,tampão10x,0,4µMdeprimer,2,4mMde

MgCl 2,0,1mMdedNTPeTaqenzimapolimerase(GibcoBRE)(1U).Ocontroleindependentedas reaçõesfoiconduzidosemoDNAmoldequandorealizadaaamplificaçãocomcadainiciador.Os iniciadoresquenãoproduziramamplificaçõesnítidasnãoforamconsideradosnaanálise.APCRfoi 14

realizadautilizandoumtermocicladorPTC200DNAEngine ™(MJResearch,ScientificSupport ,

Hayward,CA)versão3.8 comoseguinteprograma:45ciclosa94ºCpor15seg,39ºCpor30sege

72ºCpor1min,eumaextensãofinalde72ºCpor7min.Comumvolumede25µl,oprodutode

RAPDfoisubmetidoàeletroforeseemagarosea1,3%etampãoSB1xem120volts.ODNAdo fago Lambda, digerido com as endonucleases Eco RI, Hind III, e Bam HI, foi utilizado como marcadordepesomolecular. Os géisforamcoradoscom4,5µldebrometodeetídioa10mg/mle fotografadoscomosistemadescritoanteriormente.

2.2.4.Análisedosdados

Osgéis,depoisdefotografados,foramanalisadosvisualmenteregistrandoseapresença(1) eausência(0)debandasamplificadascomosdistintosiniciadores,portantoassumesequeocorrem doisalelosporloco.Somentebandasconspícuaseconsistentes,assimcomosuaausênciaforam consideradasparaaanálisedamatrizbinária.Paracadacombinaçãoentreoslocaisamostradosfoi calculadaasimilaridade,utilizandooCoeficienteDicepelafórmula2h/(a+b),onde“h”éonúmero de bandas presente e “a+b” o número total com a presença e ausência de bandas (Dice 1945).

Essamatrizfoisubmetidaàanálisedeconglomeradospelométododamédiaaritméticanão ponderada(UPGMA).OsprocedimentosforamrealizadosatravésdoprogramaNTSYSpc2.01de

TaxonomiaNumérica(Rohlf2000).Paraaverificaçãodoajusteentreamatrizdesimilaridadeeo dendrograma obtido, foi calculado o coeficiente de correlação cofenética (r), segundo Sokal &

Rohlf(1962).Aestabilidadeestatísticadosagrupamentosfoiestimadapelaanálisedebootstrap com1000replicaçõesatravésdoprogramacomputacionalAppliedMaths(1998).

A estrutura das populações foi determinada mediante a análise de variância de dados moleculares(AMOVA)medianteaoprogramaArlequin(Schneider etal .2000).

15

2.3.Resultadosediscussão

Os 10 iniciadores utilizados geraram 101 loci, caracterizando alto nível de polimorfismo entrepopulaçõesde C.laciniasaundersii .Onúmerodebandasgeradaspelosiniciadoresvarioude

5(OPC02)a19(OPA05)(Tabela2.2Fig.2.1).

Figura 2.1. Variação intra específica OPA05 produto da amplificação do DNA genômico de populaçõesde C.lacinia deSantaMariaRSeUberabaMG.Comomarcadordepesomolecularfoi utilizadooDNAdofagoLambdadigeridocomasendonucleases Eco RI, Hind III,e Bam HI

Portanto, este último iniciador foi o que proporcionou o polimorfismo mais elevado. O tamanho dos produtos de RAPD variou de 180 a 2564 pb. Não foram observados lócus monomórficosentreaspopulaçõesanalisadas,porémforamobservadosdentrodecadapopulação

(Tabela2.2).

Tabela2.2. NúmerodelocosdeRAPDde Chlosynelaciniasaundersii

Primer Sequência nºbandas OPA–01 5'CAGGCCCTTC3' 8 OPA–05 5'AGGGGTCTTG3' 19 OPA–09 5'GGGTAACGCC3' 8 OPA–17 5'GACCGCTTGT3' 10 OPB–10 5'GTGAGGCGTC3' 11 OPC–02 5'GTGAGGCGTC3' 5 OPC–06 5'GAACGGACTC3' 12 OPC–10 5'TGTCTGGGTG3' 8 OPF–03 5'CCTGATCACC3' 11 OPM–02 5'ACAACGCCTC3' 9 16

Opolimorfismoentreaspopulaçõesvarioude31%a67%,sendoascommaiornúmerode lócuspolimórficos(57%e67%)provenientesdeUberabaeVilhena,respectivamente.Entretanto,o menor polimorfismo foi detectado na população proveniente de Brasília (31%), seguida pela populaçãodeRibeirãoPreto(35%)(Tabela2.3).

Tabela 2.3. Número de bandas polimórficas produzidas pelos iniciadores utilizados para a caracterizaçãodepopulaçõesde Chlosynelaciniasaundersii

Origemdapopulação nºlocuspolimórficos(%) Barreiras 42(41) Brasília 31(30) Dourados 48(47) Londrina 40(39) RibeirãoPreto 35(34) SantaMaria 46(45) Uberaba 58(57) Vilhena 68(67)

AmaiorpartedosindivíduosprovenientesdeBarreiras,Brasília,RibeirãoPreto,Dourados,

LondrinaeSantaMariaagruparamseemseisgruposprincipais,deacordocomasualocalização geográfica(Fig.2.2).Entretanto,osindivíduosprovenientes de Uberaba e Vilhena apresentaram semelhança com indivíduos de outros locais. Os insetos que apresentaram menor índice do coeficientedesimilaridadeforamospertencentesapopulaçãodeRibeirãoPretoeBarreiras,eos insetosqueapresentaramamaiorsimilaridadeforamoscoletatosnaregiãodeLondrina(Fig.2.2).

Aspopulaçõesmaissemelhantesentresiforamasde Londrina, Dourados e Santa Maria, queapresentaramcoeficientesdeDicede0,765a0,775,respectivamente(Fig2.2).Apopulação maisdivergentefoiadeVilhena,RO,comcoeficienteDicede0,695emrelaçãoàspopulações remanescentes. Esta população foi a que apresentou maior valor de locus polimórficos, diferentemente das populações de Brasília e Ribeirão Preto que foram as menos polimórficas

(Tabela2.3). 17

Os agrupamentos não se diferenciaram entre si em relação ao polimorfismo da cor apresentado pelas lagartas alaranjadas (rufa), de coloração geral preta e com manchas dorsais alaranjadas(bicolor)atéaquelastotalmentepretaseàsvezescompontuaçõesbrancasouamarelas nodorso(nigra).AanálisedeBootstrapseguiuumaconsistência geradapelodendrogramaDice

UPGMAemrelaçãoaosagrupamentos(Fig.2.2).ResultadosdaAMOVAapresentaramumíndice defixaçãodeфst0,34indicandoque33,64%davariaçãogenéticaestáentrepopulaçõese66,36% davariaçãoocorreudentrodaspopulações(P˂0.001)(Tabela2.4).

Tabela2.4.Análisedevariânciamolecular(AMOVA)deoitopopulaçõesgeográficasde C.lacinia saundersii

Fontedevariação g.l. Somade Componentes Porcentagem Probability Índicede quadrados daVariância devariação fixaçãoФst EntrePopulações 7 739,452 3,66(Va)* 33,64 P<0,001 0,34 Dentrode Populações 207 1,495.888 7,23(Vb)* 66,36 P<0,001 Total 214 2,235.340 10,89 *Va,variânciaentrepopulações *Vb,variânciadentrodepopulações

Populações da região Sul e Centro Oeste (Londrina, Santa Maria e Dourados) foram geneticamentepróximas(Dice=0,76)quantocomparadascomaspopulaçõesdeVilhena,Uberaba,

BarreiraseRibeirãoPreto.Amaiordissimilaridadegenética(Dice=0,710,74)foiobservadoentre aspopulaçõesdeVilhenaeUberaba,eamaiorheterogeneidadeocorreunapopulaçãodeVilhena, ondeamostrasdessapopulaçãoforamencontradasdentrodepopulaçõesdeoutraslocalidades. 18

Figura2.2. Dendogramade224indivíduosde C.laciniasaundersiiemplantashospedeirasemoitoestadosdo Brasil.OcoeficientedeDicefoicalculadousandoafrequênciaalélicademarcadoresRAPD,eodendogramafoi geradopelométododamédiaaritméticanãoponderada(UPGMA).Osvaloresem%indicamonúmerodevezes que os insetos agruparam juntos em 1000 ciclos de análise de bootstrap através do programa computacional AppliedMaths(1998). 19

Osíndicesdefluxogênico( m )variaramde0,9entreaspopulaçõesdeLondrinaeRibeirão

Preto,até6,7entreaspopulaçõesdeVilhenaeUberaba(Tabela2.5).

Tabela2.5. Comparaçõespareadasentrepopulaçõesde C.laciniasaundersiiatravésdocoeficiente deNei,paraestimativadefluxogênico( m )

Valoresdem Vilhena Uberaba Brasília RibeirãoPreto SantaMaria Londrina Dourados Barreiras Vilhena xxxxxx 6,7 2,3 2,1 2,7 2,1 3,2 2,0 Uberaba xxxxxx 2,5 2,2 2,9 2,0 2,8 2,1 Brasília xxxxxx 1,0 1,7 1,2 1,7 1,5 RibeirãoPreto xxxxxx 1,2 0,9 1,3 1,6 SantaMaria xxxxxx 1,8 3,5 1,6 Londrina xxxxxxx 1,9 1,1 Dourados xxxxxx1,8 Barreiras xxxxxx

Aestimativadoíndicedefluxogênicoentretodasaspopulaçõesfoide 1,1relativamente

baixoquandocomparadoapopulaçõesde Anticarsiagemmatalis(Lepidoptera:Noctuidae), ondeo

fluxogênico foide3,055(SosaGómez2004).Deacordocomesseautor,agrandecapacidadede

vôo desse lepidoptero explicaria a alta similaridade entre as populações, já que as distâncias

geográficasentreaspopulaçõeseramgrandes.Demaneirainversapopulações C.lacinia saundersii

apresentaram menor similaridade entre elas, consequentemente, ocorre menor troca de

característicasgenéticasentreessaspopulações,provavelmenteemfunçãodamenoráreadeplantio

degirassol,dificultandoofluxogênicoentreaspopulações.

AáreacultivadacomgirassolnoBrasilatualmenteéde150.000hectareseacomsojade21

milhõesdehectares(CONAB2009).Devidoàcontinuidadedasáreascomaculturadasojapoderia

haverofavorecimentodeumamaiormigraçãoeconsequentementemaioríndicedefluxogênico

para a lagartadasoja, em relação a lagartadogirassol, dada a relativa descontinuidade de áreas

cultivadascomgirassolnoPaís.

Poroutrolado,àlagartadogirassolpossuiplantashospedeirasalternativas,principalmente

da família Asteraceae (Moscardi 1983, CamposFarinha et al . 1997). Assim, é encontrada

alimentandose principalmente de carrapichodecarneiro ( Acanthospermum hispidum ), malme 20

quer ( Wedelia glauca ), losnabranca ( Parthenium histerophorus ) e picãopreto ( Bidens pilosa )

(Moscardi et al .2005).Atéomomentoédesconhecidaarelaçãode associação de genótipos da lagartadogirassol em relação a esses hospedeiros naturais. Diferentemente do que ocorre com

Spodopterafrugiperda (Lepidoptera:Noctuidae),queapresentamaiorsimilaridadegenéticaentre populaçõesdeumamesmaplantahospedeira(McMichael & Pashley 1999, Busato et al . 2004), sugerindoqueplantahospedeirarepresentaumaspectoimportantenoprocessodeseleçãonatural.

Portanto, estudos mais detalhados sobre barreiras geográficas, distribuição e abundância desses hospedeirospodemesclarecersobreseuimpactonofluxogênicodestaespécie.

Busato et al. (2004) avaliaram a diversidade genética de S. frugiperda com marcadores

AFLP,constatandoqueaspopulaçõesestudadasnãodiferiramentresi,ocorrendoasobreposiçãode indivíduos de diferentes populações na cultura do arroz e/ou milho. Conhecese pouco sobre o comportamento de migração da lagartadogirassol. Assim, a origem e freqüência de possíveis migraçõesnãosãoconhecidasparaesseinsetopragaocorrentesnaculturadogirassoledeplantas espontâneasnoBrasil.Esteinsetotambémocorreemdiversasregiõesdopaís,ondeaculturado girassol está presente, portanto é possível que apresente grande adaptabilidade para diferentes condiçõesdeclimaetopografia.

OsresultadosdaAMOVAdiscriminaramavariabilidadegenéticade C.laciniasaundersii ,

33,64%davariabilidadegenéticatotalquepodeseratribuídaadiferençasentrepopulaçõese66,36

%avariabilidadedentrodaspopulações,oqueéumindicativoqueaspopulaçõessãoestruturadas.

Valoressimilaresforamobtidosemestudosrealizados com Sternechus subsignatus (Coleoptera:

Curculionidae) com diferença entre as populações de 29% (SosaGómez et al . 2008). Já A. gemmatalis e S. frugiperda apresentaram variações entre suas populações de 14% e 18% respectivamente (SosaGómez 2004, Martinelli et al . 2006). Esses valores menores, observados para estas populações podem estar relacionados ao elevado fluxo gênico que ocorre, entre populaçõesdessasespécies. 21

OsmarcadoresRAPDutilizadosforameficientesnadiferenciaçãogenéticadaspopulações de C. lacinia saundersii , sendo este o único estudo realizado para esta espécie no presente momento. No entanto, estudos adicionais com marcadores moleculares mais específicos são necessáriosparacompreendermelhorcomosedáadistribuiçãodessaespécie.

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27

CAPÍTULO3

Preferênciaparaoviposiçãoeocorrênciadalagartadogirassol(C hlosyne lacinia saundersii)

Doubleday&Hewitson,(1849)(Lepidoptera:ynphalidae)emdiferentesplantashospedeiras

3.1.Introdução

Areduçãonaproduçãodaculturadogirassolestárelacionada a uma série de problemas fitossanitários. Dentre as pragas, destacamse: a lagarta do girassol, Chlosyne lacinia saundersii

Doubleday&Hewitson,quetemsidorelatadacomoaprincipalpragadacultura(Vendramim&

BoiçaJr1994),seguidadepercevejos(Hemíptera)evaquinhas(Coleoptera:Chrysomelidae.Esse lepidóptero pode causar danos de importância econômica, provocando intensos desfolhamentos duranteafaselarval(Nakano etal .1981),chegandoaumareduçãode85%deáreafoliar.Segundo

Lourenção & Ungaro (1983), avaliando o ataque dessa praga em 18 cultivares de girassol, em condiçõesdecampo,aadesfolhapodevariarde19a57,8%.

Oprimeiroregistrodaocorrênciade C.laciniasaundersii foifeitoporMaranhão(1945).

Silva et al . (1968) relatam lagartas dessa espécie em girassol cultivado, Helianthus annuus e tupinambur , Helianthustuberosus(Asteraceae).Biezanko etal .(1974)citamqueaslagartasde C. lacinia saundersii alimentamse de três espécies de Helianthus: H. annuus, H. tuberosus e H. debilis. Um dos aspectos importantes no controle de insetos é o conhecimento de hospedeiros alternativos,quepermitemacontinuidadedoseunocampo,possibilitandoaocorrênciadevárias geraçõesaolongodoano(Forti1990,Moscardi etal. 2005),podendoinfluenciarnadistribuiçãoe na abundância de pragas. São relatadas 14 espécies de plantas como hospedeiras de C. lacinia saundersii naregiãodeLondrina,sendo12espéciespertencentesàfamíliaAsteraceaetaiscomo: 28

carrapichodecarneiro, Acanthospermumhispidum ;cravorana, Ambrosiapolystachia ;picãopreto,

Bidens pilosa ; serralha, Emilia sonchifolia ; picãobranco, Galinsoga parviflora ; girassol, H. annuus ; losnabranca, Parthenium hysterophorus ; mariamole, Senecio brasiliensis ; serralhalisa,

Sonchus oleraceus ;assapeixe, Vermonia sp;malmequer, Wedeliaglauca eomalmequerWedelia paludosa. Além disso, uma Leguminosae, soja, Glycine max e uma Rubiaceae, Richardia brasiliensissãorelatadascomohospedeirasdalagartadogirassol(Moscardi1982).

Segundo Silva (1998) existem poucos estudos relativos à bioecologia de C. lacinia saundersii ,sendoqueamaiorpartedostrabalhosserestringeaosmétodosquímicos.Assim,este trabalho teve como objetivo testar a preferência dos adultos de C. lacinia saundersii para alimentação,oviposição eonúmerodelagartas/planta hospedeira, na presença e na ausência do girassol, para que seja possível elaborar novas estratégias de controle que sejam fundamentadas biologicamente

3.2.MaterialeMétodos

O experimento foi conduzido na área experimental da Embrapa Soja, em Londrina (23º

11'2974"S51º10'5993"O),PR.Paraarealizaçãodessetrabalhofoiconstruídoumaestruturado tipoteladomedindo8x6x3,5,comquatroblocoscomnovetratamentosnaprimeiraetapa(1º

época)ecincotratamentosnasegundaetapa(2ºépoca). 29

Figura3.1. Estrutura(telada)construídaparaavaliarapreferênciadosadultosdalagarta

dogirassol Chlosynelacinia saundersii ,quantoaalimentação,oviposiçãoeonúmerode

lagartasapóso3ºinstaremplantashospedeiras,emlondrina,PR,períodode05/11/2008a

10/03/2009.

3.2.1.Criaçãodaslagartas

Massasdeovosforamcoletadasemplantiodegirassoldaáreaexperimental,cadamassafoi individualizadaecolocadaemplacasdePetri(6x15mm),queforammantidasemB.O.D26±

1ºC;UR:70±10%,fotofasede12h.Apósaeclosão,aslagartasforamtransferidasparacaixasde plástico(20x20x25cm),alimentadascomfolhasdegirassoldacultivarEmbrapa122V2000, permanecendo até a emergência de adultos. Após a emergência, os adultos foram sexados e 20 casaisforamtransferidosparaoteladoemcadabloco.(Figura3.1). 30

3.2.2.Conduçãodoexperimento

Oexperimentoconstituiusededuasetapas,sendonaprimeira(1ºépoca)efetuadooplantio emvasosdasseguintesespéciesdeplantashospedeiras:losnabranca(Partheniumhysterophorus ); carrapichodecarneiro ( Acanthospermum hispidum ); picãopreto ( Bidens pilosa); fazendeiro

(Galinsoga ciliata ); ervadetouro ( Tridax procubens ), soja ( Glycine max ); mariamole ( Senecio brasiliensis );falsaserralha( Emiliasonchifolia );serralha( Sonchusoleraceus ).Nasegundaetapa(2º

época), foram oferecidas, além do girassol (cv Embrapa 122 V 2000), as plantas hospedeiras identificadascomopreferenciaispeloinsetoparaoviposiçãonaprimeiraetapa,queforam:.losna branca.carrapichodecarneiro;picãopreto;fazendeiro;ervadetouro.

3.2.3.Avaliação

Após50diasdoplantiodasplantashospedeiras,foram liberados 20 casais de C. lacinia saundersii porblocodotelado,paraambasasépocaseavaliouseocomportamentonapreferência por alimento dos adultos em quatro tempos após a liberação (30’, 60’, 90’ e 120’ min), respectivamente. Posteriormente, foi avaliada, semanalmente, o número de posturas (massas de ovos)eonúmerodelagartas/planta.

3.2.4.Análiseestatística

Odelineamentoestatísticoutilizadofoiointeiramentecasualizado,comquatrorepetições.

As variáveis respostas consideradas neste trabalho foram: número de lagartas, massas de ovos

(postura)enúmerodeadultosvisitandoasplantashospedeiras.Inicialmenteforamrealizadostestes 31

estatísticosparaverificarsetodosospressupostosrequeridospelaanálisedevariância(ANOVA) foramatendidos.Emseguida,realizaramseasanálisesdevariânciaseasmédiasforamcomparadas pelotestedeTukeyaonívelde5%deprobabilidade(SASInstitute1996).

3.3.Resultadosediscussão

Losnabrancasedestacoucomoaplantapreferencialparaalimentaçãodosadultos,tantona ausênciadogirassol(1ºépoca),comonapresençadogirassol(2ºépoca),commédiasde1,81e2,05 indivíduos/planta,respectivamente.Carrapichodecarneironasduasépocasfoiasegundaplantana preferênciadosadultos,commédiade1,5e1,17.Porém,nosegundoteste(2ºépoca)comparado comogirassol,nãofoiobservadadiferençaentreeles(Tabela3.1).

Tabela 3.1. Média de adultos de C. lacinia saundersii em diferentes plantas hospedeiras na 1 a época (sem a presença do girassol) e na 2a época (com a presença do girassol e as plantas hospedeiraspré–selecionadaspeloinseto).

1°época 2°época Plantas/hospedeiras N°deadultos(média/planta) LosnaBranca 1,81a 2,05a CarrapichodeCarneiro 1,5b 1,17b Girassol 0,97bc PicãoPreto 0,81c 0,71cd Fazendeiro 0,75c 0,67d ErvadeTouro 0,37d 0,55d Soja 0,26de - MariaMole 0,13ef Serralha 0,08ef Falsaserralha 0,05f C.V 25,4 28 MédiasseguidaspelamesmaletranacolunanãodiferemestatisticamenteentresipelotestedeTukeya5%. 32

Nas plantas hospedeiras soja, mariamole, falsaserralha e serralha (Tabela 3.1) foram observado apenas os adultos de C. lacinia saundersii se alimentando. Não foram observadas posturas,nemamigraçãodelagartas,apósoterceiroinstarparaessasplantas,comoacontececom hospedeirospreferenciais,considerandoseocomportamentogregáriodessaslagartas(BoiçaJr et al. 1993; Moscardi et al. 2005). Esses dados são diferentes dos obtidos por Moscardi, (1982) e

CamposFarinha etal .(1997),quecitamessasplantascomohospedeirasde C.lacinia saundersii.

Losnabranca também se destacou na preferência do inseto para a oviposição, para a 1 a

época,sendoobservadaumamédiade1,40massasdeovos.Essaplantatambémapresentouum númeromédiodelagartassuperioràsdemaisplantashospedeirastestadas.Emfunçãodoseuhábito gregárioatéofinaldo3ºinstar,onúmerodelagartasfoicontadoapósesseperíodo,registrandose

118,6lagartasemplantasdelosnabrancaouseja,1,75vezesmaislagartasdoqueemcarrapichode carneiro.Emboraessahospedeiratambém,tenhasedestacadona1aépocamantendoapreferência doinsetotantoemmassadeovos(0,70)comoemnúmerodelagartas(67,80)emrelaçãoaoutras plantasdaninhascomoofazendeiro,picãopretoeervadetouro(Tabela3.2).

Na presença do girassol (2a época) não houve diferença significativa para número de lagartasemassadeovosemrelaçãoàlosnabrancasendo,respectivamente,de82,00e1,00parao girassol e 68,8 e 0,70 para a losnabranca (Tabela 3.2). Justus et al. (2003) realizaram testes de biologiaepreferênciadalagartadogirassolnalosnabrancaemrelaçãoaogirassoleobservouque ogirassolfoioalimentopreferencial,quealosnabrancaéumbomhospedeiroalternativoparaessa lagarta.

33

Tabela 3.2. Média de lagartas de Chlosyne lacinia saundersii e massas de ovos em diferentes plantashospedeiras,emduasépocas,comousemapresençadogirassol 1aépoca Plantas/hospedeiras N°delagartas(média) N°demassasdeovos(média) LosnaBranca 118,60A 1,40A CarrapichodeCarneiro 67,80B 0,70B Fazendeiro 14,15C 0,20C PicãoPreto 13,45C 0,15C ErvadeTouro 9,30C 0,10C C.V(%) 50,71 13,43

Plantashospedeiras 2a época Girassol 82,00A 1,00A LosnaBranca 68,80AB 0,70AB CarrapichodeCarneiro 34,05BC 0,40BC Fazendeiro 14,75C 0,15C PicãoPreto 13,95C 0,15C ErvadeTouro 9,35C 0,10C C.V(%) 89,02 16,51 MédiasseguidaspelamesmaletranacolunanãodiferemestatisticamenteentresipelotestedeTukeya5%.

Plantas da família Asteraceae, como losnabranca e o carrapichodecarneiro, são encontradasnamaiorpartedoanononortedoParaná, inclusive dentro do campo experimental ondefoirealizadotodootrabalho.Portanto,aescolha do hospedeiro pela fêmea pode acarretar implicações ecológicas e evolucionárias para a progênie e o desempenho larval pode ser muito afetadoporessaescolha(Thompson,1988).Adicionalmente,podeexistirumapressãoseletivapara queasfêmeascoloquemseusovosemhospedeirosdisponíveis,comaltaqualidadederecursos, conforme observado por Prince (1997), com a Phyllocnistis citrella (autor, ordem e família), possivelmente por ser inseto de hábito minador, obrigatóriamente, terá que permanecer no hospedeiroescolhido.Nocasodalagartadogirassol,essapressãoseletivapelomelhorhospedeiro podeserfortementeexercidapois,atéofinaldoterceiroinstar,aslagartaspermanecemagrupadas namesmafolha(Thorne1962,Bush1969,Stamp1977,DeVries1987,BoiçaJr etal.1993,Justus etal .2003,Moscardi etal. 2005). 34

Dessa maneira, é possível que a lagartadogirassol permaneça em plantas hospedeiras nutricionalmente adequadas enquanto não há girassol disponível no campo. Isso pode indicar, também, que parte da população sobrevive durante o inverno nessas plantas hospedeiras, como ocorrecom Anticarsiagemmatalis .Esseinsetopartedoanopartedoanosealimentade Indigofera hirsutaL. (falsoanil)esojaperene(Panizzidadosnãopublicados),emregiõesdeinvernomenos rigoroso.Assimsendo,adisponibilidadedeplantashospedeirasadequadasdurantetodooanopode serumfatorimportanteparaaumentarapopulaçãodalagartadogirassol,atingindopopulaçõesque podemocasionardanoseconômicosduranteoperíododeproduçãodogirassol.NoBrasil,apesarda importânciade C.laciniasaundersii ,comoprincipalpragadogirassol(Gallo etal .2002),nãohá estudos dedicados a bioecologia e o impacto de plantas hospedeiras alternativas sobre sua ocorrência,bemcomosuabiologia.Oconhecimentodasplantashospedeiras,conformegeradono presentetrabalho,éimportanteparaoestudodaflutuaçãopopulacionaldaespécie,bioecologiae manejodacultura.

3.3.LiteraturaCitada

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38

CAPÍTULO4

Parâmetrosbiológicosefisiológicosde Chlosyne lacinia saundersii Doubleday&Hewitson

(Lepidoptera:ymphalidae)emdiversasplantashospedeiras.

4.1.Introdução

Areduçãonaproduçãodaculturadogirassol,estarelacionada a uma serie deproblemas agronômicos como doenças e as pragas. Dentre estes, destacamse como pragas a lagarta do girassol, Chlosyne laciniasaundersii Doubleday,quetemsidorelatadacomoaprincipalpragada cultura(Vendramim&BoiçaJr.1994),seguidadepercevejosevaquinhas.Esselepidopteropode assumir importância econômica por provocar intensos desfolhamentos durante a fase larval

(Nakano et al . 1981), chegando a uma redução de 85% de area foliar. Segundo Lourenção &

Ungaro (1983), avaliando o ataque dessa praga em 18 cultivares de girassol, em condições de campo,encontramumavariaçãonadesfolhaentre19e57,8%.

Oprimeiroregistrodeocorrênciade C.laciniasaundersii éatribuídoaMaranhão(1945).

Silva et al . (1968) relatam lagartas dessa espécie em girassol cultivado, Helianthus annuus e tupinambur , Helianthus tuberosus . Biezanko et al . (1974) citam que as lagartas de C. lacinia saundersii alimentamsedetrêsespéciesde Helianthus:H.annuus,H.tuberosuseH.debilis.Um dosaspectosimportantesnocontroledepragaséoconhecimentodehospedeirosalternativos,que permitemacontinuidadedoseudesenvolvimentonocampo,duranteváriasgeraçõesaolongodo 39

ano (Forti 1990), podendo influenciar na distribuição, abundância do inseto. São relatadas 14 espécies de plantas como hospedeiras de C. lacinia saundersii na região de Londrina, sendo 12 espécies pertencentes à família Asteraceae tais como: carrapichodecarneiro, Acanthospermum hispidum ; cravorana, Ambrosia polystachia ; picãopreto, Bidens pilosa ; serralha, Emilia sonchifolia ; picãobranco, Galinsoga parviflora ; girassol, H. annuus ; losnabranca, Parthenium hysterophorus ; mariamole, Senecio brasiliensis ; serralhalisa, Sonchus oleraceus ; assapeixe,

Vermonia sp; malmequer, Wedelia glauca e o malmequer Wedelia paludosa. Além disso, uma

Leguminosae, soja, Glycine max e uma Rubiaceae, Richardia brasiliensis são relatadas como hospedeirasdalagartadogirassol(Moscardi1982).SegundoSilva(1998),existempoucosestudos relativos à bioecologia de C. lacinia saundersii , sendo que a maior parte dos trabalhos cita o controlequímicodoinseto.Parafornecersubsídiosnocontroledalagartadogirassol,avaliouseo efeito de diferentes plantas hospedeiras no crescimento, consumo alimentar, eficiência na assimilaçãoeconversãodosalimentosingeridosedigeridosembiomassadalagartadogirassol.

4.2.Materialemétodos

4.2.1.Seleçãoeplantiodasplantashospedeiras

OexperimentofoiconduzidonaáreaexperimentaldaEmbrapaSoja,emLondrina,PR.O capítuloanteriordescreveametodologiaparaaseleçãodasplantashospedeirasparaarealizaçãoda biologia. As plantas préselecionadas foram as Asteraceae: Losnabranca Parthenium hysterophorus ; carrapichodecarneiro acanthospermum hispidum ; picãopreto Bidens pilosa ; fazendeiro Galinsoga ciliata ; ervadetouro Tridax procubens e girassol Helianthus annuus. As sementesparaoplantioforamcoletadasdentrodafazendadaEmbrapaSojaesemeadasemoito vasosparacadaplantahospedeira.Acada40diasfoirealizadoumnovoplantioparatersempre folhasnovaseemboascondiçõesdeconsumopelaslagartas. 40

4.2.2.Preparodasfolhas

Asfolhasforamcoletadasnomesmohorárioemdiasalternados,ouconformeanecessidade doinseto,levadasaolaboratórioepesadas em balançadeprecisão (CeltacFA2104N).Apósa pesagem,ospecíolosdasfolhasforamenroladoscomalgodãoeumedecidacomáguadestilada, com exceção da folha de girassol que foi cortada em disco de 4cm de diâmetro. Para manter a umidade,águadestiladafoigotejadanopapelfiltrocolocadonabasedaplacadePetri.

4.2.3.Coletadosinsetos

As lagartas foram coletadas em girassol, na fazenda da Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária,emLondrina,PR(latitude23º18`S)eacondicionadasemcaixasplásticas(20x20x

25 cm), forradas com papel filtro. As lagartas foram alimentadas com folhas de girassol da variedadeEmbrapa122V2000atéafasedeprépupa.Nolaboratório,forammantidasem B.O.D a

26 ± 1ºC; UR: 70 ± 10%, fotofase de 12h. Após a emergência os adultos foram sexados e transferidosparaotelado,ondeforamliberados20casaisporbloco,comquatrorepetiçõeseseis tratamentos.Após10diasdaliberaçãodosadultos de C. lacinia saundersii , foram coletadas 15 massasdeovosporplantahospedeira(tratamento).Asmassasdeovosforamlevadasaolaboratório e acondicionadas em placas de Petri (9cm de diâmetro) contendo folhas da mesma planta hospedeiradeondefoicoletadoosovosnoteladoe mantidas até sua emergência. Para iniciar a biologiapadronizouseasdatasdeeclosão.

4.2.4.Conduçãodoexperimento

Paraavaliaçãodabiologiade C.laciniasaundersii,60lagartasnoiníciodo3ºinstarforam individualizados em placas de Petri (9cm) contendo folhas de uma das plantas hospedeiras e, 41

mantidasemestufasincubadorastipo B.O.D a27±1ºC;UR:90±10%,fotofasede12h.Oalimento foi renovado em dias alternados, ou conforme a necessidade. As lagartas foram avaliadas diariamente, observandose a mortalidade e o tempo de desenvolvimento de cada estádio. Por ocasiãodaindividualização,foiavaliadoopesofrescoinicialeseco.

Para a obtenção do peso seco inicial das lagartas, cinco lagartas por tratamento foram pesadas e posteriormente,foram mortas por congelamento, secas em estufa por 72h (60ºC) e novamentepesadas.Ofatordecorreçãodopesosecomédioinicialfoicalculadopeladivisãoentre opesosecoefrescodaslagartassendoovalorobtidomultiplicadopelopesofrescodecadalagarta do experimento. O mesmo procedimento foi adotado para o calculo do peso seco das folhas oferecidas aos insetos; após a pesagem, cinco folhas por tratamento foram secas (72h, 60ºC) e, novamente,pesadasparaaobtençãodofatordecorreçãopesofresco/pesoseco.Osrestosdefolha não consumidas pelas lagartas, remanescente na placa, foram separados das fezes, sendo ambos secasemestufa(72h,60ºC)e,posteriormente,pesados.Paraaobtençãodaquantidadedafolha consumidapelaslagartassubtraiusedopesoseco(pesofrescocorrigidopelofatordecorreção)da folhaintacta,antesdeserconsumidapelalagarta,opesosecodefolhasremanecentes.

As prépupas permaneceram nas placas em condições controladas de temperatura, luz e umidade,conformedescritasacima.Após48hdatransformação,aspupasforamcongeladas,secas emestufa(72ha60ºC)e,emseguida,pesadas.

42

Figura 4.1. Bandejas mantidas em estufas incubadoras tipo B.O.D a 27 ± 1ºC; UR: 90 ± 10%, fotofasede12hcomplacasdePetricontendofolhasdelosnabrancaparaarealizaçãodobioensaio dosparâmetrosbiológicosefisiológicosda C.laciniasaundersii .

4.2.5.AnáliseEstatística

Odelineamentoestatísticoutilizadofoiointeiramente casualizado, com seis tratamentos, representados pelos hospedeiros girassol, losnabranca, fazendeiro, ervadetouro e picãopreto, com60repetiçõesportratamento.Asavaliaçõesdeparâmetrosbiológicosdoinsetoforamfeitas diariamente até o estágio de pupa. As variáveis respostas consideradas neste trabalho foram: mortalidadedelagartasemtodososinstares,mortalidadetotaldelagartas,pesoinicial(mg)(fresco eseco),pesosecodepupa(mg),tempodedesenvolvimentoemtodososinstares(dias),tempototal dealimentação(dias),pesosecodedietaconsumida(mg)epesosecodefezes(mg).

Amortalidadefoianalisadapelotestedequiquadrado(χ 2),conformeBanzatto&Kronka

(1992),aonívelde5%deprobabilidade.Asdemaisvariáveisforamanalisadasconsiderandosetrês 43

etapas.Naprimeira,realizousetestesestatísticosqueverificaramtodosospressupostosrequeridos pelaanálisedevariância(ANOVA).Emseguida,foramrealizadasasanálisesdevariância,sendo as médias comparadas pelo testes de TukeyKraemer para tratamentos, ao nível de 5% de probabilidade. Na última etapa, foram realizadas as análises de covariância (ANCOVA), para avaliar o efeito das covariáveis sobre as variáveis de respostas. A ANCOVA foi utilizada para estimar o crescimento, consumo alimentar, eficiência na assimilação e conversão dos alimentos ingeridos e digeridos em biomassa, além do ganho de peso. Esta análise foi proposta por

Raubenheimer & Simpson (1992) como alternativa para os índices nutricionais de Waldbauer

(1968),considerandosequeessemétodopadrãotemmostradoproblemasmetodológicos(Schmidt

& Reese 1986; Van Loon 1991) e estatísticos (Raubenheimer 1995, Raubenheimer & Simpson

1992).

Ocrescimentoeoconsumodosinsetosnosdiferentestratamentosforamobtidospeloajuste, respectivamente,dopesodepupaedaquantidadededietaconsumida,pelacovariáveltempode desenvolvimento.Oganhodepesofoiestimadoatravésdoajustedepesodepupapelacovariável peso inicial. Para se obter a eficiência de conversão dos alimentos ingeridos e digeridos em biomassa,opesodepupa,nosdiferentestratamentosfoiajustado,respectivamente,pelaquantidade dedietaconsumidaedigerida[pesodepupasajustadopelacovariávelalimentodigerido(consumo

–fezes)],embiomassa.Aassimilaçãodosalimentosfoiobtidaatravésdacorreçãodaquantidade defezesproduzidaspelacovariávelquantidadededietaconsumida.

ApósarealizaçãodaANCOVA,quandoainteraçãoentreacovariável eotratamentofoi significativa, considerouse o efeito dos tratamentos ajustados pela covariável. Entretanto, se a interação(covariávelxtratamento)nãofoisignificativa,utilizouseomodelodelinhasparalelas, considerandosesomenteoefeitodostratamentos.Ainda, quando a interação entre tratamento e covariávelnãofoisignificativa,masambososfatoresoforam,asmédiasforamcomparadasatravés 44

dasmédiasdaANCOVA,oumédiasdosquadradosmédios,quenessecaso,sãoapresentadascomo gráficosinseridosnarespectivafigura.

ParaasanálisesestatísticasdestetrabalhofoiutilizadoopacoteestatísticoSASStatistical

AnalysisSystem(SASInstitute1996)

4.3.ResultadoseDiscussão

Otestedeχ²(5:p>0,05)indicaqueasdiferençasnaporcentagemdemortalidadeocorreram emfunçãodostratamentos.Amaiormortalidadeocorreuquandoaslagartasforamalimentadascom folhasdeervadetouro,seguidaporaquelasquesealimentaramdefolhasdefazendeiro(Tabela

4.1),no3ºe7ºinstaresrespectivamente.

Tabela4.1. Porcentagemdemortalidadede Chlosynelaciniasaundersii acondicionadasemplacas dePetriemantidasemestufasincubadorastipo B.O.D a27±1ºC;UR:90±10%,fotofasede12h alimentadas com diferentes plantas hospedeiras, para a realização do bioensaio dos parâmetros biológicosefisiológicosda C.laciniasaundersii .

Tratamento Ínstar 3º(n=75) 4º 5º 6º(n=6) 7º(n=29) Total(n=110) Girassol 7 50 0 7 Losnabranca 15 17 10 14 Fazendeiro 24 0 14 20 Ervadetouro 33 33 69 43 Picãopreto 21 0 7 16 P>χ² 0,0005 0,000001 0,000001 0,000001 45

AtravésdaANOVA,observouseefeitosignificativodostratamentosemtodasasvariáveis, ouseja,nospesosinicialdaslagartas(finaldo3ºínstar),pesodepupa,pesodedietaconsumida, pesodefezesetempodealimentação(Tabela4.2).

Opicãopretofoioalimentoquemaisintensamenteafetouopesoinicialdaslagartas(Tabela

4.2) enquanto o maior peso inicial foi observado quando as lagartas comeram folhas de losna branca. O maior peso de pupa foi observado nas lagartas alimentadas com folhas de girassol, seguidasdepicãopreto.Aslagartasalimentadascomfolhasdelosnaconsumirammaisalimento, seguidasdedaquelasalimentadascompicãopreto,ervadetouroefazendeiro.Omenorconsumo foi observado nas lagartas que comeram girassol. A menor quantidade de fezes foi observada quandoaslagartasforamalimentadascomfolhasdepicãopretoefazendeiro.Lagartascriadasem losnabrancaegirassolproduzirammaiorquantidadedefezesquandocomparadacomosdemais tratamentos. O tempo de alimentação das lagartas foi mais rápido para as lagartas que comeram folhasdegirassolemaislentonaslagartasalimentadascomfolhasdepicãopretoeervadetouro.

Tabela4.2. Pesoinicialdelagartas3ºinstar(mg),pesosecodepupa(mg),dietaconsumida(mg), pesosecodefezes(mg)etempodealimentação(dias)(média±EP)de Chlosynelaciniasaundersii alimentadas com folhas de diferentes plantas hospedeiras acondicionadas em placas de Petri e mantidas em estufas incubadoras tipo B.O.D a27±1ºC;UR:90±10%,fotofasede12hparaa realizaçãodobioensaiodosparâmetrosbiológicosefisiológicos.

Pesoseco(mg) Tempode Alimentação Tratamento Inicial Pupa dietaconsumida Fezes (dias) Girassol 1,14±0,03b 44,13±1,98a 179,38±11,60c 105,13±4,25a 8,70±0,30c Picãopreto 0,29±0,03d 31,97±2,09a 277,15±12,27b 84,54±4,49b 20,70±0,33a Losnabranca 2,38±0,03a 21,01±2,36b 370,20±13,84a 118,68±5,07a 14,03±0,37b Ervadetouro 0,47±0,06c 18,90±3,92b 239,34±22,95bc 101,78±8,41ab 19,17±0,60a Fazendeiro 0,50±0,34c 15,80±2,36b 289,61±13,84b 84,65±5,07b 14,90±0,37b ValordeF 30,40*** Médiasseguidaspelamesmaletranascolunas,nãodiferemsignificativamenteentresipelotestedeTukeyeKraemera5%de probabilidade(P˂0,05)***P˂0,001 46

. A análise de covariância indicou não haver efeito interativo entre os tratamentos e as covariáveispesoinicial(Tabela4.3a),tempodealimentação(Tabela4.3c),dietaconsumida(Tabela

4.3e),alimentodigerido(Tabela4.3g)emsuasrelaçõescomopesodepupa.Porém,observouse interação significativa entre covariável tempo de alimentação e os tratamentos (Tabela 4.3c) na estimativadoconsumodoinseto.Alémdisso,naavaliaçãodaassimilaçãodoalimento,estimada pela relação consumo (covariável) e quantidade de fezes produzidas (Tabela 4.3e) também foi observadoefeitointerativodacovariávelnostratamentos.

Naavaliaçãodoganhodepeso(pesoinicialxpesodepupa)observousequeindependente da espécie de hospedeiro todos os tratamentos apresentaram inflexões negativas nas retas observadas (Fig 4.2), indicando que os insetos com pesos iniciais maiores não necessariamente foram os que ganharam mais peso. Entretanto, quando se observa a figura 4.2 algumas particularidades podem ser observadas. Os hospedeiros oferecidos para os insetos formaram três gruposbemdistintos,sendonoprimeiroobservadofazendeiro,picãopretoeervadetouro.Nesse osinsetosapresentaram pequenaamplitudedepesos iniciais e ganho de peso intermediário, em picãopreto e baixo, nos outros hospedeiros. Jáno segundo e terceiro grupos se observa que os insetos alimentados com girassol e losnabranca tenderam respectivamente a uma amplitude intermediariaemaiordepesosiniciais,masapenasaspupasoriundasdaslagartasalimentadascom girassolatingirampesosmaiselevados.Entretanto,comoapenasseobservouefeitoprincipaldos tratamentosenãodacovariável,asdiferençasobservadaspelaANOVAsãoconsideradasválidas, confirmandoqueomaiorpesodepupafoiobservadonostratamentosgirassolseguidodepicão preto,comparadoscomosdemaispelotesteTukeyKraemer.

47

Tabela4.3. Análisedecovariância(ANCOVA)paraverificaroefeitodosdiferentestratamentosno ajustedepesodepupapelacovariávelpesoinicial(a,b),pesodepupapelascovariáveistempode alimentação e consumo (c,d,e,f), consumo pela covariável tempo de alimentação (c,d), peso de fezes pela covariável consumo (e), peso de pupa pela covariável alimento digerido (g,h) em Chlosynelacinia saundersii .

Valor de F Variação GL Pesodepupa Consumo PesodeFezes (a)Pesoinicial(covariável) 1 4,10 ns Tratamento 4 0,54* Pesoinicialxtratamento 4 0,81 ns Resíduo 166 (b)Tratamento 4 39,90 * Pesoinicial 1 4,12 ns Resíduo 166 (c)Tempodealimentação(covariável) 1 0,32 ns 11.77 *** Tratamento 4 0,36 ns 37,38 *** Tempodealimentaçãoxtratamento 4 0,33 ns 3,65 ** Resíduo 166 (d)Tratamento 4 22,87 *** Tempodealimentação 1 0,32 ns Resíduo 166 (e)Consumo(covariável) 1 18,54** 25,24 *** Tratamento 4 1,19 ns 2,12 ns ConsumoxTratamento 4 1,69 ns 2,47* Resíduo 166 (f)Tratamento 4 38,75 *** Consumo 1 10,36** Resíduo 166 (g)AlimentoDigerido(covariável) 1 0,42 ns Tratamento 4 2,76* AlimentoDigeridoxTratamento 4 0,26 ns Resíduo 166 (h)Tratamento 4 20,83 *** AlimentoDigerido 1 0,43 ns *P˂0,05,***P˂0,001,nsnãosignificativo

Naestimativadeconsumo,calculadopeloajustedadietaconsumidapelotempodealimentação, todosostratamentosapresentaramrelaçãopositivacom a covariável tempo de alimentação (Fig. 48

4.3a), com exceção do o picãopreto. A relação positiva indica que ao aumentar o tempo de desenvolvimento,oinsetoaumentouoconsumo.Noentanto,nocasodopicãopreto,aslagartasque aumentaram o tempo de alimentação não foram aquelas que consumiram maior quantidade de alimento.

100 90 80 70 60 50 40 30 20 Pesopupade(mg) 10 0 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 Peso Inicial (mg) Girassol Losna-branca Fazendeiro Erva-de-touro Picão-preto Girassol Losna-branca Fazendeiro Erva-de-touro Picão-preto

Figura4.2.Relaçãoentrepesodepupa(mg)epesoinicialdelagartas(mg)de Chlosynelacinia saundersii alimentadacomfolhasdediferentesplantashospedeiras.

Naavaliaçãodocrescimento(pesodepupacorrigidopelacovariáveltempodealimentação) tambémseobservouumarelaçãopositivaentreosdoisfatores(Fig.4.3b),Comonãofoiobservado efeitointerativoentreostratamentos(plantashospedeiras)ecovariavel(tempodealimentação)o crescimentodoinsetopodeserrepresentadapelomodelodelinhasparalelas.Emborapositiva,a inflexão das retas de tendência foi pequena, e mesmo se alimentando por um tempo maior as lagartas deram origem a pupas com pesos muito semelhantes. Na avaliação da eficiência da conversão do alimento ingerido (peso de pupa ajustado pela covariável consumo) e assimilação

(peso de fezes corrigido pelo consumo) as interações tratamento x covariavel (consumo) não foi 49

significativa.Dessaforma,essasrelaçõespodemserrepresentadaspelomodelodelinhasparalelas

(Figs4.4aeb).

700 600

500 400 300

200 Dieta consumida Dieta 100 0 5 10 15 20 25 30 Tempo de alimentação (dias)

100

90

80

70

60

50

40

Peso de pupa (mg) pupa de Peso 30

20

10

0 5 10 15 20 25 30 Tempo de alimentação (dias)

Girassol Losna-branca Fazendeiro Erva-de-touro Picão-preto Girassol Losna-branca Fazendeiro Erva-de-touro Picão-preto Figuras4.3.aeb. Relaçãoentreaquantidadededietaconsumida(mg)comopesodepupa(mg)e otempodealimentação(dias)de Chlosynelacinia saundersii alimentadacomfolhasdediferentes plantashospedeiras. 50

60 100 a 50 90 b 40

80 bc 30 c c 70 20

10 60 0 50 girassol picão-preto erva-de-touro losna-branca fazendeiro Figura 4.5. Conversão do alimento em biomassa em pl a nt a s hospedeiras 40

Pesode pupa (mg) 30

20

10

0 0 100 200 300 400 500 600 700 Dieta Consumida (mg)

255

205

155

105 Pesode fezes (mg)

55

5 0 100 200 300 400 500 600 700 Dieta consumida (mg) Girassol Losna-branca Fazendeiro Erva-de-touro Picão-preto Série2 Série4 Série6 Série8 Série10

Figuras4.4.aeb. Relaçãoentreaquantidadededietaconsumida(mg)comopesodepupa(mg)e opesodefezes(mg)de Chlosynelacinia saundersii alimentadacomfolhasdediferentesplantas hospedeiras.

Entretanto,oefeitoprincipaldostratamentosedacovariável(consumo),emboranãointerativo,foi significativonaestimativadaconversãodoalimentoinserido(consumo)embiomasssa.Aslagartas alimentadas com girassol e picãopreto apresentaram uma melhor conversão do alimento consumidoembiomassa(Fig4.5)inseridanafigura4.4a. 51

Já as lagartas alimentadas com folhas de ervadetouro, losnabranca e fazendeiro foram menoseficientes,ouseja,maiorconsumodaslagartasnãoresultouemaumentoproporcionaldo peso das pupas. Apenas o tratamento afetou significativamente o peso de fezes e, nesse caso, a inflexãodasretasquerepresentamaassimilaçãodosalimentosousejaopesodefezesajustadopelo consumofoipositiva,indicandoquantomaioroconsumo,maioraproduçãodefezes(Fig4.4b).

O peso de pupa foi afetado pelos tratamentos sem interferência interativa do alimento digerido (Fig 4.6). Assim, a relação entre o peso de pupa e o alimento digerido (covariável) foi positiva,compequenasinflexõesdasretasdosdadosajustadossugerindoquemesmoaumentando drasticamenteaquantidadedealimentodigerido,oaumentodospesosfoipequeno.

Dentre todos os tratamentos estudados, as maiores porcentagens de mortalidade foram observadaseminsetosalimentadoscomfolhasdeervadetouroefazendeiro.Emgeralosinsetos apresentaram mortalidade mais acentuada no 3º instar (inicio do experimento), o que pode ser atribuído também ao fator de desagregação dessas lagartas, que possuem vida gregária até o 3º

ínstar(Moscardi etal. 2005).Maistardefoiobservadomortalidadenosúltimosinstares(6ºe7º) quando, em geral, ocorre maior consumo alimentar. Conseqüentemente, o inseto ingere maior quantidadedealeloquímicospresentesnasfolhasdasplantashospedeiras.

52

100 90 80 70 60 50 40 30 20 Pesopupade(mg) 10 0 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 Alimento digerido (mg) Girassol Losna-branca Fazendeiro Erva-de-touro Picão-preto Girassol Losna-branca Fazendeiro Erva-de-touro Picão-preto

Figura4.6.Relaçãoentrepesodepupa(mg)equantidadedealimentodigerido(mg)de Chlosyne lacinia saundersii alimentadacomfolhasdediferentesplantashospedeiras.

Lagartas alimentadas com folhas de losnabranca atingiram maiorpeso inicial (2,38mg) e maiorconsumodefolhas(370,20mg),entretantoissonãorefletiunopesofinaldapupaquefoide

21,01mgenotempodedesenvolvimentoquefoide14,03dias,quandocomparadoalagartasque consumiramfolhasdegirassolquefoide44,13mge 8,70diasrespectivamente.Curtotempode alimentação, pesos de lagartas e/ou de pupas elevados e baixos índices de mortalidade, são parâmetros que indicam adequada taxa de crescimento para insetos (Soo Hoo & Frankel 1966).

Todasasplantashospedeirascomexceçãodogirassolforamingeridasemmaiorquantidadeoque possivelmentesedeveaalgumaformadeadaptaçãodosinsetosainadequaçõesnutricionaisnafalta dogirassol.EssefatortambémfoiobservadoporCrócomo&Parra(1985)onde,lagartasdamesma espécie, apresentaram uma resposta compensatória diante da menor qualidade nutricional do alimento,ingerindooemmaiorquantidade.

Insetoscommaiornúmerodemortalidadeoprolongamentonotempodealimentaçãopode ser devido ao fato destes tentarem atingir o peso ideal para chegar a fase de pupa e posterior 53

reprodução,consequentemente,issoostornamaispredispostosafatoresnaturaisdemortalidade

(Piubelli2004).EstefenômenotambémfoiobservadoporPiubelli(2004)eHoffmannCampo etal .

(2006) que, estudando aspectos biológicos de Anticarsia gemmatalis com dietas acrescidas do flavonóiderutina,observaramumprolongamentonotempodealimentação.Essefenômenoficou especialmente evidente em lagartas alimentadas com picãopreto, que apresentaram menor peso inicial,masaumentaramoseutempodedesenvolvimento,consumirammaiorquantidadedefolhas e produziram menos fezes quando comparadas com as aquelas alimentadas com girassol.

Possivelmente, com estas estratégias, consegui atingiropesodepupamenorqueasdegirassol porém,maiordoqueasodaslagartasquesealimentaramcomosdemaistratamentos.

SegundoRaubenheimer&Simpson(1994),gráficosde dispersão bicoordenados podem distinguir quando um alimento afetou o inseto quantitativamente, ou qualitativamente, ou seja, diferençasnaeficiênciadeutilizaçãodeumdeterminadonutriente,quealteraasuaingestãoporum insetopodeafetálodeformaquantitativa.Noentanto,quandooefeitoéresultadodeumoutro fator, como a presença de toxinas no alimento, a influência no inseto é causada por um fator qualitativo.Asfiguras,4.3a,4.3be4.4mostramumfatorqualitativobastanteacentuadoindicando que além das variações nutricionais entre os hospedeiro, possivelmente, existam diferentes aleloquimicosafetandoodesempenhodaslagartas,emespecial,aquelasalimentadascomervade touro e fazendeiro; as retas que representam esses tratamentos, em geral, apresentaram menores inflexões. Além disso, observase que nesses hospedeiros, as lagartas apresentaram, em geral, o desempenhomenosadequado,ouseja,menorespesosinicialedepupaemenorconsumo,quando comparadascomosdemaistratamentos.

Noiniciododesenvolvimento,noterceiroinstar,aslagartasquesealimentaramdelosna brancaapresentaramomaiorpeso,Entretanto,apresentaramamenorsobrevivência,oseuganhode pesofoipequenoeproduzirampupascompesosemelhanteaodaslagartasquesealimentaramde ervadetouroefazendeiroemaislevesdoqueaquelasdogirassoledopicão.Ainda,aslagartas 54

alimentadas com losnabranca consumiram a maior quantidade de alimento, mas também produziram mais fezes. Possivelmente a baixa conversão de alimento consumido e digerido em biomassaemenorassimilação(grandeproduçãodefezes).

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CAPÍTULO5 Infestaçãodalagartadogirassol) Chlosyne lacinia saundersii Doubleday&Hewitson,(1849)

(Lepidoptera:ynphalidae )emgenótiposdegirassolnaregiãodeLondrina,PR.

5.1.Introdução

O girassol, Helianthus annuus L.(Asteraceae), planta originária da América do Norte, é cultivadaemváriaspartesdomundocomaproximadamente18milhõesdehectaresplantados.No

Brasil,aculturaevoluiude5milhectarespara150.000 hectares na safra 2007/2008 (CONAB

2008).Juntocomocrescimentodaculturaapareceramosproblemasfitossanitários.Umdosmais relevantes vem sendo a ocorrência de diversos insetos, dentre eles a espécie Chlosyne lacinia saundersii Doubleday &Hewitson(1849)(Lepidoptera:Nymphalidae). Aslagartasde C.lacinia saundersii ,deacordocomoníveldeinfestação,podemprovocardesfolhasdeaté100%,deixando, neste caso, apenas as nervuras das folhas nas plantas atacadas. Moscardi & Villas Boas (1982) estudaramoefeitododesfolhamentouniformedistribuídoemcinconíveis(0,25,50,75e100%),a partir do estádio de formação do botão floral, sobre o rendimento, o peso de 200 sementes, o diâmetrodocapítuloeaalturadeplantasdegirassol;baseandosenosestádiosdedesenvolvimento propostosporSiddiqui etal .(1975),everificaramqueosestádiosdametadedafloraçãoe¾da floração mostraramse como os mais críticos da desfolha.

O controle de C. lacinia saundersii noBrasilserestringeaosmétodosquímicos.Assim, métodos alternativos de controle devem ser pesquisados, dentre os quais pode ser citado o que utilizaaresistênciadeplantas,normalmenteconsideradoométodoidealdecontroletantoecológica 59

comoeconomicamente.Aresistênciadeplantaséumatáticaeficazparaocontroledepragas,uma vezqueécompatívelcomoutrosmétodosdecontrole,efrequentementeexibeefeitossinérgicos com inseticidas e inimigos naturais (Kogan 1989). Apesar de importantes, estudos visando a obtenção de resistência a C. lacinia saundersii em girassol são escassos. Lourenção & Ungaro

(1983), avaliando o ataque dessa praga em 18 cultivares de girassol, em condições de campo, encontraramumavariaçãonadesfolhaentre19,0e57,8%,oquepodeevidenciaraocorrênciade resistênciavarietalnoscultivaresplantados

Comoamaioriadasaplicaçõesdeinseticidasnaculturadogirassolsãorealizadasvisandoo controlede C.laciniasaundersii ,aobtençãodecultivaresresistentesaessapragaproporcionaria grande redução no uso de inseticidas nessa cultura. Com o objetivo de encontrar uma ou mais variedades tolerante(s)e/ou resistente(s) a praga, o presente trabalho avaliou a ocorrência dessa lagartaem11híbridoseumavariedade,emcondiçõesdecampoduranteduasépocasdecultivono períododetrêsanosconsecutivos.

5.2.MaterialeMétodos

OexperimentofoiconduzidonaáreaexperimentaldaEmbrapaSoja,emLondrina(23º

11'2974"S51º10'5993"O),PR.Foiutilizadaumaáreaondeserealizaplantiodireto,sendo cultivadacomgirassolemsemeaduradeprimeiraépoca(setembro)edesegundaépoca(dezembro) paraostrêsanos(2006,2007e2008).

5.2.1.Instalaçãodoexperimento

60

Cadaparcelafoicompostade5linhasde6,0mdecomprimento,espaçadasem0,80m.A distância adotada entre plantas foi de 0,30m totalizando, portanto 21 covas por linha, sendo semeadasquatrosementesporcova.Aemergênciaocorreucercadeoitodiasapósoplantio,sendo quedepoisdesetediasrealizouseodesbaste,ajustandooestandepara21plantasporlinha.Foram seguidas todas as práticas culturais recomendadas para a cultura, com exceção de aplicação de inseticidas(Silveira etal .2005)(Tabela5.1).

Tabela5.1. Sementesdegirassolutilizadasparaarealizaçãodoexperimentonassafrasde2006a

2008,emLondrinaPR,paraavaliarainfestaçãodeChlosynelaciniasaundersii.

Material/Nome Semente Ciclo AGB960 Híbrido Precoce AGUARÁ3 Híbrido Médio AGUARÁ4 Híbrido Precoce BRHS01 Híbrido Precoce BRHS03 Híbrido Precoce BRHS05 Híbrido Precoce BRHS09 Híbrido Precoce CATISSOL01 Variedade MédioPolinizaçãoaberta HELIO251 Híbrido Médio HELIO358 Híbrido Precoce M734 Híbrido Médio MG50 Híbrido Médio

5.2.2.Avaliações

As avaliações foram iniciadas 30 dias após o plantio, de acordo com a metodologia de

BoiçaJúnior&Vendramin(1993),atravésdaanálisevisualdedanopelalagartaem2mlinearesde plantasdegirassol,totalizando,emmédia,10plantasporparcela. 61

Figura5.1. Parcelascom12genótiposdegirassolparaavaliaçãodaocorrênciade C.lacinia saundersii emLondrinaPR,safras2006a2008.

5.2.3.AnáliseEstatística

O delineamento foi o de blocos casualizados com 12 tratamentos e quatro repetições, utilizandose o teste de variância (ANOVA), sendo as médias, em cada data de amostragem, comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Também foram realizadas análises de medidas repetidas no tempo e análises multivariadas, em virtude da possível falta de homogeneidadedevariânciasentreos“t”tempos.

62

5.3.ResultadoseDiscussão

Observousequenãohouvediferençasignificativadeinfestaçãodalagarta,nosgenótipos avaliadosparaaprimeiraépocadeplantio(setembro),nostrêsanosdeavaliação,emfunçãoda baixaocorrênciadoinseto(dadosnãomostrados).Jáparaasegundaépocadeplantio(dezembro), noprimeiroanodeavaliação,ostratamentosdistribuíramsenointervalode37,75%(AGUARÁ3) a75,25%(CATISSOL01)deplantasatacadas.Nosegundoano,essainfestaçãofoimenor,ficando entre25,00%(AGUARÁ3)a63,50%(CATISSOL01),enoúltimoanofoide37,75%(AGUARÁ3) a 64,75% (MG50) (Tabela 5.2). Alguns genótipos não mostraram o mesmo comportamento em relação aoataquedaslagartasnostrêsanos, como éocasodeAGB960,quenoprimeiroano apresentou maior ataque de lagartas e nos dois últimos anos, situouse entre aqueles de baixa infestação nas plantas. O inverso ocorreu com os tratamentos M734 e BRHS05, com menor intensidadedeinfestaçãonoprimeiroanoecomataquerelativamente altonosegundo eterceiro anosdeavaliação.

Pelosdadosmédiosobtidosduranteostrêsanosdecultivo,foramconstatadasdiferençasestatísticas entre a cultivar. CATISSOL01 e o híbrido MG50 onde tiveram infestação significativamente superior à registrada em AGUARÁ 3 e AGUARÁ 4, sugerindo que estas apresentam certa resistênciaaoataquede C.laciniasaundersii ,concordandocomrelatosapresentadosporLourenção

&Ungaro(1983).Comrespeitoàscausasdaresistênciaainsetos,Rogers(1979)observouforte relaçãoinversaentreapigmentaçãodeantocianinanostecidosvegetativosdaplantadegirassolea suscetibilidade ao ataque de alguns insetos. Ainda segundo esse autor, a resistência devida à antocianina parece expressarse como antixenose, ou não preferência, uma vez que lagartas de

Cynthia cardui L., também um ninfalídeo, evitam plantas pigmentadas se outras sem essas característicasestiveremdisponíveis.

63

Tabela5.2. MédiadeporcentagemdeinfestaçãodeChlosynelaciniasaundersii em12genótipos degirassol,nassafras2006,2007e2008emLondrinaPR.

GENÓTIPO 2006 GENÓTIPO 2007 GENÓTIPO 2008 CATISSOL01 75,25a CATISSOL01 63,50a MG50 64,75a MG50 71,25a MG50 61,00ab CATISSOL01 63,753a HÉLIO251 68,00a BRHS05 56,75abc BRHS03 61,25ab BRHS03 67,00ab BRHS03 56,75abc BRHS05 59,25abc BRHS09 67,00ab BRHS09 55,50abcd BRHS09 58,25abc ABB960 66,25ab M734 53,50abcd M734 58,25abc BRHS05 64,75ab HÉLIO251 52,50abcd HÉLIO251 55,50abc BRHS01 64,50ab BRHS01 49,25bcd BRHS01 53,00bc M734 62,75ab ABB960 47,00cd HÉLIO358 50,00cd AGUARÁ4 49,00bc HÉLIO358 42,25cd ABB960 49,25cd HÉLIO358 42,50c AGUARÁ4 32,50ef AGUARÁ4 41.25de AGUARÁ3 37,75c AGUARÁ3 25,00f AGUARÁ3 37.75e CV 23,01 18,05 15,52 Médias seguidas pela mesma letra na coluna não são significativamente diferentes pelo teste de Tukey(P<0,05).

Notase,também,atravésdaFigura5.2queoiníciodainfestaçãode C.laciniasaundersii se iniciaaos54diasapósoplantioeomaiorpercentualdeataquevariadeacordocomogenótipoeo níveldeocorrênciadalagarta,poisalgunscomooAGUARÁ3e4apresentammaioresinfestações somentenofinaldasafra,oquenãonecessariamenteseriaescolhadoinseto,massimporserfinal deciclodaculturaefaltadeopção.Paraestudosmaisdetalhadoscomrespeitoapreferênciadesses tratamentos,experimentosemlaboratóriorelacionadosachancedeescolha,bemcomodebiologia e nutrição poderiam confirmar tal preferência. Verificouse, ainda, que para vários genótipos a infestaçãosedeuaos65dias.JáBoiçaJr&Vendramin(1993),comsemeadurarealizadaemfinal de outubro obtiveram maior infestação aos 75 dias após o plantio, porém, para os genótipos plantadosemfevereiroessainfestaçãosedeuaos45diasapósoplantio.

Observandose os dados da tabela 5.3 para médias repetidas no tempo para efeitos de tratamento(genótipoetempo),eainteração(tempoxgenótipo),constatasequenoprimeiroanosó houve significância para genótipo e tempo isoladamente, notando que o ataque da lagarta 64

acompanhaumacurvadeprogressãoemrelaçãoaotempo(Fig5.2),sendomaisproeminenteno primeiroanodeavaliação.Confirmandoquenosdoisúltimosanos,ainteraçãotempoegenótipo tambémfoisignificativa.

Tabela5.3. Análisedemedidasrepetidasnotempoparaefeitosdetempoeinteraçãotempo genótipoconsiderandoainfestaçãodegirassolporChlosynelaciniasaundersii .

Safra2006 Safra2007 Safra2008 Variação GL QM Valor Pr>F GL QM Valor Pr>F GL QM Valor Pr>F F F F genótipo 11 0,45 3,79 0,0012 11 0,38 2,83 0,009 11 404,9 3,55 0,0019 bloco(genótipo) 36 0,12 2,51 <,0001 36 0,13 6,91 <,0001 36 114,2 4,82 <,0001

tempo 4 9 184,6 <,0001 4 7,4 385 <,0001 4 14408 860 <,0001 tempo*genótipo 44 0,054 1,14 0,2781 44 0,05 2,75 <,0001 44 41,4 1,75 0,0075 65

100 01-AGUARA3 02-AGUARA4

80 03-AGB960 saundersii 04-HELIO251 05-CATISSOL01 60

C.lacinia 06-M734 07-HELIO358 40 08-BRHS01 09-MG50

20 10-BRHS03 11-BRHS05 12-BRHS09 0 %Desfolhadeplantaspela 30 38 46 54 62 70 Tempo(DAP)

01-AGUARA3 100 Safra2007 02-AGUARA4 80 03-AGB960 04-HELIO251

60 05-CATISSOL01 06-M734 40 07-HELIO358 08-BRHS01 20 09-MG50 10-BRHS03 0 11-BRHS05 30 38 46 54 62 70 12-BRHS09

01-AGUARA3 100 Safra2008 02-AGUARA4 03-AGB960 80 04-HELIO251 05-CATISSOL01 60 06-M734 40 07-HELIO358 08-BRHS01 20 09-MG50 10-BRHS03 0 30 38 46 54 62 70 11-BRHS05 12-BRHS09

Figura5.2.Porcentagemdedesfolhacausadospela C.lacinia saundersii emdoismetroslineares emplantasdegirassolnassafrasde2006a2008. 66

5.4.LiteraturaCitada

BoiçaJúnior,A.L.,A.C.Bolonhezi&J.Paccinieto.1984.Levantamentodeinsetospragase

seusinimigosnaturaisemgirassol (Helianthusannuus L.),cultivadaemprimeiraesegunda

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69

COSIDERAÇÕESFIAIS

Ogirassoléumadasopçõesparaproduçãodebiocombustível,porapresentarelevadoteor deóleonosgrãos(38%a53%)eamplaadaptaçãoàsdiversasregiõesbrasileiras,alémdisso,seu cultivo deve ganhar força com o lançamento do zoneamento de risco climático para a cultura.

Atualmente,o girassol ocupa cercade100milhectaresnoPaís.NoCerrado,o girassoléuma opção preferencial como segundo cultivo no verão (safrinha). A possibilidade de uma cultura alternativaparaasafrinha,comcustodeproduçãode20a25%maisbaratodoqueomilhoeas váriasutilidadesdogirassol,explicamointeressedosagricultoresbrasileiros.Aproduçãodeóleo paradiversas finalidades,fareloparaconsumohumano e animal, farmacêutico, cosméticos entre outros,todoscomboaaceitaçãonomercado,sãoosprincipaisdestinosparaogirassol,aliadosa perspectivadecrescimentodaáreacultivada,bemcomoapossibilidadedeexportaçãodegrãose

óleos.

Com o aumento a área cultivada com girassol, aumentam também, os problemas fitossanitáriosedentreelesamaiorincidênciadepragasnacultura.Alagartadogirassol, Chlosyne laciniasaundersii, éconsideradaapragamaisimportantedacultura,eemcasodealtainfestação podeinviabilizarsuaprodução.Comoaliteraturaé escassa em relação a esse inseto, o presente estudoabordoupesquisaschavesparaoconhecimentodessalagarta,quevenhamapossibilitarum manejotáticonaculturadogirassol.

O estudo da variação genética intra e inter populacional desse inseto em oito regiões, variando do Sul ao Norte do País, indicou que a maior variação genética ocorreu dentro das populações, dentre estas as da região Sul e CentroOeste (Londrina, Santa Maria e Dourados), foramgeneticamentepróximasquandocomparadasasdemaispopulações.Apopulaçãodemaior heterogeneidadefoiencontradanosindivíduosprovenientesdeVilhena,ondeamostrasdessegrupo 70

foram encontradas dentro de populações de outras localidades. Outras observações foram relevantes,comoobaixofluxogênicodessaespéciequandocomparadaaoutras,alémdofatordo polimorfismodacornãoterinfluenciadonosagrupamentos.Noentanto,estudosadicionaiscom marcadores moleculares mais específicos podem contribuir para melhor compreender a variabilidadegenéticadessaespécie.

Além da ampla distribuição geográfica dessa lagarta, ela também é encontrada em várias plantashospedeirasealgumasdelas,comoalosnabrancaeocarrapichodecarneiro,semostraram muitoimportantes,nãoapenasparaalimentaçãodoadultomastambémparaoviposição.Oestudo dabiologiaefisiologiadelagartasemfunçãodealgumasplantashospedeiras,incluindoogirassol, indicouqueaplantadegirassolfoiomelhoralimentoparaesseinseto,mesmoquandoomaior consumodefolhasfoiobservadoemlosnabranca,masquenãoserefletiunopesofinaldapupa.O curtotempodealimentação,pesosdelagartase/oupupaselevadosebaixosíndicesdemortalidade, foramosparâmetrosqueindicaramadequadataxadecrescimentoparainsetos,oquefoiobservado paraaslagartasalimentadascomfolhasdegirassol.

Osresultadosdotestedecampocomdozegenótipos,emtrêsanossubseqüenteseemduas

épocas de cultivo, mostrou, que a infestação foi significativa somente para a segunda época

(dezembro),eainfestaçãodalagartaoscilou,sendomaiorparaoprimeiroano(2006)emenorpara osdoisúltimos(2007e2008).Ainfestaçãovariouentreosgenótipos,masospicosdoinseto,na maioria,sedeuaos64diasapósoplantio,sendoregistradoamaiormédiaentreacultivarCatissol

01eohíbridoMG50,eamenorfoiencontradaemAguará3eAguará4.

Porfim,oconjuntoderesultadosaquiapresentadosugerequeesteinsetoéencontradoem diversasregiõesdopaís,bemcomoemdiferentesplantashospedeirasequeestasafetamabiologia efisiologiada C.laciniasaundersii .Apresençadecaracterísticasderesistênciaporpartedealguns genótipospodemserimportantesparaafuturaintegraçãodetáticasdecontrolecontraoinseto.