PELOS DIREITOS DE SER ÍNDIO: ARTES E ATITUDES EDUCATIVAS

POUR LES DROITS D'ÊTRE INDIEN: ARTS ET ATTITUDES ÉDUCATIVES

Manuel Coelho Albuquerque1

Resumo: Neste artigo, procuro analisar a dupla reivindicação dos “índios ressurgidos” que, na década de 1980, além da exigência do direito aos territórios tradicionais, tentavam se firmar identitariamente em meio às ambigüidades de um contexto social que se apresentava favorável às lutas populares e se mostrava resistente à possibilidade de conquista, na prática, dos direitos reivindicados. Mobilizações sociais, memórias, artes e atitudes educativas se combinam na conquista de direitos culturais e constitucionais. Os índios, organizados, estabeleceram diálogos com vários setores sociais e buscaram interferir no processo de definição de direitos para a nova Constituição Federal, e assegurar a legitimidade de suas culturas, territórios e modos de viver. Neste sentido, conquistaram uma legitimidade social inédita na história do país, mas também enfrentaram inimigos poderosos. Mas, o que há de realmente novo neste campo é o deslocamento indígena dos bastidores (o lugar do silêncio) para o centro do palco (protagonistas da própria voz). Nesta situação, os índios passam a defender seu universo cultural e desenvolvem importantes ações educativas. Para tanto, apropriam-se de instrumentos da sociedade nacional, como a língua portuguesa, espaços institucionais, o rádio e a própria legislação. De outro lado, a sociedade brasileira também é contaminada pelos ventos das questões étnicas e ecológicas. Assim, setores sociais não indígenas também atuam no sentido de “educar” a sociedade para a causa dos índios. Palavras-Chave: Arte e educação. Identidade étnica. Legislação.

Résumé: Dans cet article je cherche à anayser la double revendication des “indiens en résurgence” que, dans la décennie de 1980, outré l´exigence du droit aux territories traditionnels tentaient de consolider leur identité dans un milieu d´ambiguïtés d´un cadre social qui se présenttait favorable aux lutes populaires et se montrait résistante à la possibilité de conquêt, dans la pratique, des droits revendiqués. Les mobilisations sociales, des memoires, des arts et des attitudes éducatives se combinent à la conquête de droits culturels et constitutionnelles. Les Indiens, avec votre organisation et de la large mobilisation, dialoguer avec les divers secteurs sociaux pour acquérir des droits dans la nouvelle Constitution, s'assurer de la légitimité des territoires, leurs cultures et leurs modes de vie. Mais, ce qui est nouveau dans ce domaine est le décalage indigène dans les coulisses (la place du silence) au centre de la scène (les protagonistes de la propre voix). Dans cette situation, les Indiens vont défendre leur univers culturel et développer leurs activités éducatives. L'indios appropriés da língua portuguesa, espaces institutionnels, radio, législation. Certains secteurs sociaux également agissent dans le sens de « éducation » de la société pour la cause des Indiens. Mots-clés: Art et education. Droits historiques. Législation

Introdução

Na década de 1980, evidenciam-se antigos e novos projetos políticos, aspirações, retomada e reinvenção de lutas, abortadas ou silenciadas pelo hiato da ditadura civil-militar instalada no país em 1964. Neste momento, ocorre uma entrada vigorosa de novos sujeitos na seara do político. Os índios, com sua organização e ampla mobilização, conseguem importantes espaços na sociedade dos não índios e buscam assegurar direitos na nova Constituição Federal. Mas para isso, precisam

1 - Mestre em História Social - Universidade Federal do Ceará; Professor UVA. [email protected].

do reconhecimento e da legitimidade social em relação às suas culturas, territórios e modos de viver. Neste contexto, antigas concepções sobre os índios sobrevivem e se transformam em meio a tensões e disputas de interesses políticos e econômicos. As ações educativas dos índios e de seus apoiadores, tornam-se primordiais na luta pela conquista de direitos históricos. Contrariando concepções muito bem arraigadas no imaginário social brasileiro, na historiografia, nos livros didáticos e em tantas expressões artísticas e “educacionais”, os povos indígenas entram em cena não apenas afirmando a sua presença no Brasil dos anos 80, mas especialmente exigindo o respeito e o reconhecimento de seus direitos. O fato é que “até os anos 1970 do século XX, a perspectiva pessimista do inevitável desaparecimento dos índios predominava entre os intelectuais brasileiros, incluindo os mais dedicados defensores de seus direitos” (CELESTINO, 2010, p. 18). Os anos 1980 assistem a uma intensa e surpreendente mobilização dos próprios índios que, “ressurgindo” em várias regiões do Brasil, organizam-se em torno da luta por direitos históricos que desejam ver assegurados na nova Constituição do País. Os povos indígenas, neste contexto, se por um lado recebiam significativos apoios de setores religiosos da igreja progressista e da classe artística, por exemplo, por outro lado também enfrentavam hostilidades de grupos governamentais e econômicos, que se empenhavam em negar as suas identidades étnicas. Os índios que ao longo do processo histórico brasileiro tiveram acentuado contato com a sociedade não-indígena foram os que mais experimentaram investidas contra seus direitos.

Ser índio ou não ser

Ainda comumente chamados de “índios aculturados”, as comunidades indígenas “ressurgidas” na década de 1980, principalmente no Nordeste do Brasil, travaram luta difícil, dado que, em primeiro lugar, precisavam provar e ter reconhecida, pública e oficialmente, a sua indianidade. A luta dos índios no Ceará coincidiu com a discussão e tentativas de implementação de direitos diferenciados para índios ditos “aculturados” ou “assimilados”, de um lado; e índios considerados “silvícolas” ou “preservados”, de outro. Essa questão contaminou, de forma veemente, os espaços da política e do político, tanto no plano regional, na luta dos Tapeba e Tremembé no Ceará, envolvendo conflitos com latifundiários, industriais e políticos locais, como no plano Nacional com as representações de grandes ruralistas organizados na UDR2 e o grupo de Deputados do “Centrão”3, além dos decretos governamentais e as posturas anti-indígenas da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, neste período.

No dia 04 de maio de 1988, há poucos meses da promulgação da nova Constituição, os direitos dos chamados “índios aculturados” foram ameaçados por uma portaria assinada pelo presidente da FUNAI, Romero Jucá Filho. O Jornal do Brasil do dia 16 de maio daquele ano destacou: “De agora em diante, os índios do Brasil estão proibidos, entre outras coisas, de dominar a língua portuguesa, sob o risco de não mais serem considerados índios e perder alguns de seus direitos fundamentais – como o direito à terra, por exemplo”(JORNAL DO BRASIL, 1988, p. 5). Na verdade, a FUNAI estava apenas retomando e regulamentando um decreto do presidente José Sarney, do ano anterior, que criava distinção entre as terras indígenas habitadas por “silvícolas não aculturados” e “silvícolas aculturados ou em adiantado processo de aculturação”. Estes últimos teriam suas terras drasticamente reduzidas, sob a alegativa de que os seus modos de vida não condiziam com a necessidade de “extenso território”. Na mesma reportagem, , coordenador da União das Nações Indígenas (UNI), observou: “Às vésperas do centenário da

2 - União Democrática Ruralista, UDR, entidade criada pelos grandes proprietários rurais para se contrapor às pressões dos movimentos sociais que reivindicavam, na constituinte, a aprovação de lei favorável a uma ampla reforma agrária no país. A UDR conseguiu aprovar na Constituição de 1988 a lei que preserva os direitos dos latifundiários sobre as terras produtivas, garantindo, dessa forma, a não-democratização da terra. 3 - O Centrão foi um agrupamento de parlamentares conservadores, formado dentro da Assembléia Nacional Constituinte e que influiu decisivamente no resultado de votações importantes, como a da reforma agrária.

abolição da escravatura, o governo decreta a escravidão indígena e coloca definitivamente a canga em nosso pescoço”. E complementa adiante: “Os índios são obrigados a falar português para poderem se comunicar com o governo e mesmo com os próprios funcionários da Funai, que não são treinados em língua indígena”. Megaron, liderança indígena no parque do Xingu, também foi ouvido pelo jornal e indagou: “Será que os brasileiros que falam inglês são aculturados?”.

Os decretos do presidente Sarney, contudo, não estavam isolados de uma ampla resistência conservadora que dificultava o reconhecimento dos direitos culturais e históricos dos povos indígenas na Assembleia Nacional Constituinte. Em agosto de 1987, por exemplo, os índios foram vítimas de uma campanha comandada pelo jornal O Estado de São Paulo, logo após encerrarem um movimento de coletas de assinaturas em todo o Brasil a favor das propostas indígenas para a Constituinte. O próprio Ailton Krenak, apresentador do Programa de índio4 na rádio USP, faz a seguinte narrativa:

O Estado de São Paulo nos apontaram como os maiores suspeitos contra a soberania nacional. Estaríamos ameaçando a segurança da pátria, com a nossa insistente campanha de demarcação de terras, para assegurar o nosso direito à vida e à nossa cultura. E a partir daí o Estadão conseguiu eco no jornal O Globo, com os editoriais do senhor a favor das mineradoras e contra os povos indígenas, conseguindo que outros jornais em outros locais do Brasil repercutissem a notícia de que os índios estavam conspirando contra o país. A partir da repercussão deste noticiário, muitos parlamentares retiraram do texto as garantias que o povo indígena tanto vinha reivindicando e lutando. Então hoje nós temos um texto que é sob medida para as empresas mineradoras. Toda essa campanha tem um objetivo só: arrancar dos territórios indígenas o máximo de riquezas no menor tempo possível. Não é o povo indígena que conspira contra o Brasil, o que conspira contra o Brasil é a ganância, a burrice, a pobreza de espírito. (PROGRAMA DE ÍNDIO, Rádio USP, 6/9/1987).

No mesmo Programa de índio, Ailton fala sobre o protesto que fez no plenário da Assembleia Nacional Constituinte, na data marcada para a defesa da proposta dos índios:

Então com essa história toda de campanha aí, no dia 04 de setembro eu estive lá em Brasília, com a responsabilidade de defender na plenária a nossa proposta e decidi, em vez de contar uma história, fazer um protesto. Pintei o meu rosto com genipapo e fiz um luto, contra a agressão que nosso povo estava sofrendo. (PROGRAMA DE ÍNDIO, Idem).

Interessante é ver como Ailton se apropria da comemoração oficial dos cem anos de abolição da escravidão negra no Brasil (ocorrido em 1988), nestes dois momentos referidos acima, de ameaça e ataque aos direitos indígenas. Primeiro, afirmando que às vésperas do “centenário da abolição” o governo “decreta a escravidão indígena”, e, pode-se concluir, que a referência ao decreto remete, ao mesmo tempo, ao de 1888 (Lei Áurea), mas também ao de 1988 (índios “aculturados”); ambos “oficiais”, ambos ilusórios e enganadores, na perspectiva dos índios e negros. No segundo momento, o protesto no plenário da Assembléia Nacional Constituinte, onde Ailton Krenak pinta o rosto com jenipapo (costume indígena), mas utiliza misturas e a tinta torna-se preta (cor negra) conforme vemos em fotos divulgadas na imprensa. De outro lado, o preto também simboliza o luto pela derrota momentânea dos povos indígenas. Desta forma, estabeleceu-se um diálogo entre passado e presente; entre lutas, vitórias e derrotas do povo negro e indígena. Claro que Ailton sabia da repercussão que este último ato teria e cuidadosamente “montou” o seu “teatro”, as frases ditas e o ato no plenário procuravam impactar e, no fim das contas, aproximar a causa indígena do que naquele momento tinha maior repercussão e parecia sensibilizar mais fortemente a sociedade, os cem anos da abolição. Em todos os sentidos o seu ato foi educativo.

4 - Os Programas de índio foram veiculados semanalmente pela rádio USP entre 1985 e 1990. São 179 programas, hoje disponibilizados na internet. “O site Programa de Índio foi criado em 2009 para disponibilizar o acervo de quase 200 programas de rádio realizados pelo Núcleo de Cultura Indígena. Programa de Índio foi uma iniciativa pioneira que abriu espaços através do rádio para o pensamento, a história, a luta e a cultura dos povos indígenas de nosso país”. http://www.programadeindio.org/index.php?s=pi>. Acesso em 20/06/2012.

Neste processo de elaboração da nova Constituição do Brasil, os índios conquistaram muitos parceiros e apoiadores, mas também inimigos declarados e não declarados. A FUNAI, por exemplo, foi declarada inimiga pelos povos indígenas, não obstante o seu discurso pró-índio. Em Abril de 1988, A FUNAI produziu e divulgou uma campanha nacional para homenagear o índio na semana em que se comemorava o seu dia. A mensagem publicitária de 60 segundos foi gravada para a TV com Roberto Carlos, cantando em estúdio a música Águia dourada, apresentando o índio como preservador da natureza, enquanto se mostra imagens do Xingu. Ao final do vídeo a mensagem do órgão indigenista governamental: “A Funai acredita que mais do que nunca é preciso falar dos índios, cuidar de sua liberdade, preservar suas terras, sua cultura, e principalmente ouví-los. 1988 – ano da cultura indígena”5. A Mensagem foi amplamente divulgada no rádio e televisão e fez parte de uma campanha imensa da Funai, incluindo também jornais, revistas semanais e outros meios de divulgação. Ailton Krenak comentou a campanha:

A mensagem é mentirosa na sua essência, a FUNAI afirma que é preciso ouvir os índios, mas ela não ouviu nem o parque do Xingu, não ouviu o próprio diretor do parque, o Megaron. Não perguntou se podia ou não veicular a imagem do povo do Xingu. O próprio Roberto Carlos foi constrangido a não gravar dentro do parque”. (PROGRAMA DE ÍNDIO, Rádio USP, 8/5/1988).

No mesmo Programa, a Funai é ainda criticada pelo seu presidente está totalmente envolvido com as madeireiras e mineradoras. Megaron, líder dos Txucarramãe e diretor do parque do Xingu, observou:

A FUNAI se aproveitou da intenção do cantor de homenagear e defender os interesses indígenas, para passar aos brasileiros a imagem de um povo pobre, pacífico, bom e sempre pronto a estender as mãos aos brancos. Não aceitamos um comercial de índio sem que sejam citados problemas de terras, invasão e ataques, enquanto eles existirem: estamos sendo arrancados à força de nossas terras pelos garimpeiros, fazendeiros e madeireiros, e assassinados, como aconteceu recentemente com os Tikunas, e essas coisas precisam ser ditas. (CASTANHO, 1988, p. 9).

Ouvir os índios e respeitá-los, era recomendação que a própria Fundação Nacional do Índio estava longe de cumprir, diante das suas práticas de dificultar o reconhecimento da identidade étnica de muitos povos e a demarcação de suas terras e, principalmente, diante do seu atrelamento a governos anti-indígenas estabelecidos no poder desde o final dos anos 1960.

Em meio a isso tudo, sobressai-se uma questão: a deliberação e motivação do órgão indigenista oficial em patrocinar e tornar pública tal campanha, utilizando-se da arte e do prestígio de Roberto Carlos. Em primeiro lugar, está a própria canção, o forte apelo sentimental nela contido, sintonizada com o crescente ideário de defesa da ecologia. No trecho gravado para a TV, Roberto Carlos canta: “Mostra a esse povo civilizado que todo índio sabe viver com a natureza sempre a seu lado...”. A canção assume, dessa forma, o seu papel educativo. A mensagem é clara: o índio merece respeito por saber viver em harmonia com a natureza e, por isso mesmo, ser capaz de civilizar o dito homem civilizado. Ao “promover” os índios, de forma genérica, a Funai estava realizando uma auto-promoção. Ao dizer o que a sociedade queria ouvir, procurava legitimar-se junto a ela. Interessante, contudo, é percebermos a ambiguidade dessa campanha pois, mesmo com os problemas apontados acima, a mensagem, ao ser maciçamente divulgada, atuava educativamente sobre o conjunto da sociedade, transmitia valores e gerava simpatias à causa indígena; o lado negativo é, mais uma vez, negar e ocultar o índio real e seus problemas reais. Neste sentido, as críticas das lideranças indígenas são procedentes e pertinentes, pois índios conviviam diretamente com todo o desrespeito e descaso da FUNAI, e mais que isso, todo o seu compromisso com uma política desenvolvimentista anti-indígena.

5 - Trecho reproduzido no filme Yndio do Brasil, de Sylvio Back (1995) e no Programa de Indio da Rádio USP, em 8/5/1988.

É neste contexto de tentativas de redução dos direitos indígenas e tentativas de ludibriá-los com discursos, em pleno processo constituinte, que se inserem as lutas dos índios no Ceará. Deputados Estaduais e pretensos proprietários da fazenda Soledade em Caucaia-Ce, por exemplo, pressionavam a FUNAI e setores do governo federal para o não reconhecimento dos Tapeba como índios. Esmerino Arruda, um dos que se diziam proprietários da área, em requerimento enviado à Funai diz que “a pretendida área indígena não passa de fantasia, alimentada pelo Cardeal Arcebispo de Fortaleza, dom Aloísio Lorscheider, com pretensão de recriar, com sua fértil imaginação, nos Mangues de Caucaia, um Brasil pré-cabralino, habitado por silvícolas” ( JORNAL O Povo, 22/05/1988, p .9). No entanto, como bem observa o jornal, “ele próprio se contradiz ao anexar um laudo de avaliação onde, por duas vezes, a área é identificada como um antigo aldeamento”. Neste caso, evoca-se o “Brasil pré-cabralino” para deslegitimar os Tapeba como índios, dada a distância e as diferenças entre o “Brasil” antes de Cabral e o “Brasil” dos índios de Caucaia. Ao referir-se a área dos Tapeba como o lugar de “antigo aldeamento”, Esmerino Arruda quis associá-la a algo pertencente a um passado superado, reforçando a idéia de que os aldeamentos jesuíticos eliminaram a identidade indígena6. O que não consegue perceber é que grupos étnicos podem resistir, e resistem, por caminhos sinuosos, não-lineares, conquistando para sua causa, inclusive, lideranças religiosas do catolicismo, como Dom Aloísio Lorscheider.

O poder de pressão dos proprietários da área, por sua vez, encontrou plena ressonância no presidente da FUNAI, Romero Jucá. No dia 23 de Julho de 1988 o Jornal O Povo noticiava:

Os índios Tapebas não são índios e por isso, ficarão sem direito à demarcação das terras que ocupam às margens do Rio Ceará, no município de Caucaia. Essa determinação foi tomada pelo grupo de trabalho interministerial em Brasília, que examinava a questão, e contraria decisões anteriores da Funai. O próprio presidente da Funai, Romero Jucá, determinou o arquivamento do processo de demarcação da área indígena Tapeba, desprezando uma longa luta a favor da demarcação dessas terras (JORNAL O Povo, 23/07/1988, p. 19).

Carlos Guilherme do Vale, tratando da extinção e sobrevivência dos aldeamentos indígenas no Ceará do século XIX, observou que, depois da Lei de Terras, de 1850, “o governo provincial passou a privilegiar os assuntos envolvendo os bens e o patrimônio territorial dos índios”. Segundo ainda o autor, “os documentos mostram como a maioria dos índios que viviam nos antigos aldeamentos não abandonou suas terras, mas foi obrigada a sair delas ou, então, teve que encontrar certos nichos ou pequenas áreas para viver”(VALE, 2009, p.122). O fato é que, a partir sobretudo da Lei de Terras, adotando como único meio de aquisição da terra a compra e venda, os indígenas no Ceará, conforme diziam as autoridades governamentais, passaram a ser “assimilados na massa da população”, restando-lhes apenas a identidade cabocla e, nos termos de Vale, a “dessubstancialização étnica”. Conforme observou CUNHA (1986, p. 57), “a partir da Lei das Terras haverá esforço explícito de usar a mestiçagem para descaracterizar como índios aqueles de quem se cobiçam as terras”.

As conclusões de BARRETO (1999, p. 99), em estudo sobre os Tapeba e a “Aldeia de Caucaia”, corrobora com essa mesma perspectiva. Segundo o autor, “Vila Nova de Soure, em que se transformou a Aldeia de Caucaia, é mencionada como ‘vila de índios’ até meados do século XIX”. Assim, coincidentemente, após essa data, Caucaia deixa de ser “dos índios” e os seus habitantes passam a ser “caboclos”, “mestiços”. De forma contínua, a partir de então, foi se

6 - Diversos autores e estudos de caráter antropológico-histórico, ao longo do século XX, já vinham contestando a ideia de uma identidade fixa e imutável. Max Weber já na década de 1920 e Frederick Barth, no final dos anos 1960, deixaram contribuições decisivas para a compreensão das dinâmicas dos grupos étnicos. STERN (1987, pp. 101 - 220), por sua vez, deu ênfase ao que chamou de “resistência adaptativa” dos índios nas novas condições de convivência com os colonizadores, reconhecendo que, embora com imensas perdas, estes povos agiram e agem no sentido de assegurar algumas sobrevivências fundamentais.

aprofundando a marginalização desses índios; vítimas de estigmas, tiveram que silenciar a sua identidade étnica; perseguidos, foram perdendo as suas terras. Passados mais de cem anos, os Tapeba viriam retomar a luta pela identidade étnica no início da década de 1980, estimulados pela mobilização social em torno da redemocratização do país e a organização de movimentos étnicos pela conquista de direitos. Nas palavras de Monteiro (2004, p. 223), “a principal voz discordante, em enfática negação da tese do desaparecimento, pertence aos próprios índios que, através de novas formas de expressão política – tais como as organizações indígenas -, reivindicam e reconquistam direitos históricos” .

Momento considerado decisivo e desaguador de todo um processo de lutas, desde que os índios no Brasil começaram a se organizar no período inicial de debilidade da ditadura militar, foi a movimentação em torno da Assembleia Nacional Constituinte, e as mobilizações logo após a aprovação de muitas das propostas reivindicadas pelos índios e seus apoiadores. O avanço dessa lei, em relação às anteriores existentes no país, só pode ser medida pelo contexto de efervescência e retomada das lutas sociais no país, pois como afirmou Vilar (2006, p. 32), “é fora do direito que aparecem as forças que exigem as mudanças no direito. E não há estudo na ‘sincronia’, não há pesquisa de`estrutura’ que possa se isolar de um passado e de um devir”. No caso dos índios, os direitos são reivindicados amparados na sua história e memória, que lhes respaldam a legitimidade e justiça das reivindicações, e também na perspectiva de um futuro em que o direito à cidadania seria assegurado a todos os sujeitos historicamente desprivilegiados e marginalizados, vítimas, ao longo dos séculos, de uma sociedade desigual, amparada no desequilíbrio da distribuição da riqueza. Se a Constituição de 1988 trouxe avanços para muitos setores sociais, ela é precisamente o resultado das expectativas e anseios coletivos que, num acúmulo, conseguiu furar barreiras de privilégios há muito intocadas.

O que fica claro, a partir do próprio crescimento da organização indígena no Ceará, é que o processo de luta ao longo da década de 1980 e as conquistas da Constituição de 1988 foram decisivos para o surgimento e organização de várias etnias nas últimas décadas, que passaram a reivindicar e afirmar, interna e publicamente, a sua indianidade. A índia Francisca, 53 anos, da localidade de Mundo Novo, município de Monsenhor Tabosa - Ce, expressa muito bem esse novo momento vivido por muitas comunidades, estimuladas a se afirmarem indígenas a partir do instante em que se tornaram sabedoras dos direitos que possuem na legislação:

A gente sempre soube que nós era índio. Como é que não ia saber? Desde que eu me entendi neste mundo fui vendo os mais velhos falando das histórias dos índios do passado, das perseguições dos fazendeiros, das furnas do Monte Nebo, das perambulações pra Serra Grande. Como é que a gente não ia saber? Ninguém pode virar índio. É porque eles não entendem... índio a gente sempre foi, o que não sabia era que tinha direito .(SILVA, 2009, p. 236).

Além das “perseguições dos fazendeiros”, os índios tiveram, durante séculos, as suas terras invadidas por latifundiários, posseiros, industriais, políticos... A esses invasores interessava, e ainda interessa, a negação da identidade étnica desses povos. Essa foi a situação vivida pelos povos indígenas no Nordeste do Brasil, dada a intensidade da investida sobre as suas terras e o seu modo de vida desde o período colonial. No Ceará, desde meados do século XIX, publicava-se oficialmente a não mais existência de índios no Estado. Os Tapeba foram os primeiros povos a se levantar contra essa “invisibilidade”. Atualmente, cerca de 15 povos exigem o reconhecimento de sua identidade étnica e o direito aos seus territórios.

Atitudes educativas, vicissitudes do ser índio

Em apoio à causa indígena, músicos, fotógrafos, cineastas, grupos teatrais, contribuíram com sua arte na sensibilização da sociedade para os direitos, a cultura e a afirmação identitária dos povos

indígenas. Ao longo da década de 1980, a cantora Marlui Miranda, por exemplo, desenvolveu um trabalho inédito de pesquisa, recriação e interpretação de músicas indígenas. Mais do que isso, buscou compreender essa música, os seus significados, a partir da sua funcionalidade no próprio grupo indígena que a criou ou que a tem como herança cultural. Na entrevista concedida ao “Programa de índio” da rádio USP, Marlui explicou:

Não quero fazer pura e simplesmente uma recriação sem conhecer o que significa cada música, o que está sendo dito, a importância dessa música... Entre os índios a música tem uma função básica para a comunidade, pra caçar, pra pescar, qualquer coisa que se faz na vida se usa a música, não é só expressão da alegria, está ligada a uma dimensão funcional da vida, se não existir a música, acho que não existe índio. ( PROGRAMA DE ÍNDIO, 20/09/1987).

Mais adiante na mesma entrevista, Marlui explicita o seu objetivo maior: o empenho de registrar a música indígena para que ela não pereça, não desapareça. “Se não se fizer um trabalho sério para se registrar essa música, ela vai fatalmente desaparecer. Esse meu trabalho vem muito da idéia de preservação desse repertório e dessa cultura que poderia desaparecer”( PROGRAMA DE ÍNDIO , 20/09/1987).

Portanto, vemos ainda o quanto Marlui está contaminada pela ideia que perpassou gerações de brasileiros e que se fez presente nas artes, nos livros didáticos, na historiografia, no imaginário social. A ideia do inevitável desaparecimento indígena7. Contudo, o seu trabalho, discos e shows, contribuiu para o conhecimento dos índios e para o respeito à sua cultura, reforçando a luta desses povos.

Milton Nascimento é outro artista que acompanhou de perto e apoiou as lutas dos povos da floresta na Amazônia. Em setembro de 1989, foi vivenciar de perto a realidade de índios e seringueiros que, naquele ano, fizeram uma aliança para lutar juntos, após a morte de Chico Mendes. A aliança dos povos da Floresta incluía o apoio às lutas pela demarcação imediata de todas as áreas indígenas do Acre e sul do Amazonas e a não aceitação das “Colônias Indígenas”8, que negariam e destruiriam o modo de vida e a cultura de cada povo.

A convite do Conselho Nacional dos Seringueiros(CNS) e da União das Nações Indígenas(UNI), navegou 17 dias pelas águas castanhas do Alto Juruá e do rio Amônea, no extremo oeste do Acre, fronteira do Brasil com o Peru, no mês de agosto passado. Trocou seu tradicional boné por um chapéu de palha e ‘veio ver de perto para saber de perto’ a realidade dos povos da floresta. (...) Milton falou pouco, mas reparou em tudo com muita atenção. Recebeu dos ribeirinhos peixe e frutos de presente. Ao final, a viagem foi avaliada pelo próprio Milton e pelos demais integrantes do grupo como uma experiência marcante, que trará bons fluidos para o disco e show que fará no próximo ano, para apoiar a aliança dos povos da floresta (RICARDO, 1989/90, pp. 410/411) No ano seguinte, 1990, a luta histórica de Chico Mendes e dos povos da Floresta tornou-se parcialmente vitoriosa. O presidente da República e o Ministro do Interior assinaram decreto criando a reserva extrativista do Alto Juruá, no município de Cruzeiro do Sul, extremo Oeste do Acre. Também foi criada a Reserva Extrativista Chico Mendes. A área reservada incluiu todos os seringais reivindicados por Chico Mendes e também as áreas localizadas no rio Iaco, nas quais os seringueiros desenvolviam atividades de cooperativas, escolas e atendimento à saúde. Neste mesmo ano, Milton Nascimento lança os discos “Txai”, composto de canções com fortíssima referência à

7 - A perspectiva do inevitável desaparecimento dos índios ou de um futuro sem a presença indígena no Brasil, vicejou largamente nos estudos de historiadores, antropólogos e etnólogos até a década de 1970. Compreendia-se que o contato entre os índios e a sociedade nacional provocava nos primeiros, irremediavelmente, a perda de suas especificidades culturais e a própria morte física desses povos. 8 - Proposta inspirada no Estatuto do Índio – Lei nº 6.001, de 19 de dezembro de 1973, artigo 29: “Colônia agrícola ou Colônia indígena é a área destinada à exploração agropecuária, administrada pelo órgão de assistência ao índio, onde convivam tribos aculturadas e membros da comunidade nacional”.

cultura e modo de vida indígena. Do show, resultou o disco “O planeta blue na estrada do sol”, com a regravação emocionante da música “Um Índio”, de , original do LP “Doces Bárbaros”, de 1976.

No cinema, um filme que aborda de forma positiva o universo cultural dos índios é Ikatena. Este filme insere as crianças dos índios Zoró, de forma espontânea e poética, nas tradições do seu povo, nos ritos, na mitologia. Luiz Paulino, filho de índio e diretor do filme, explica os seus propósitos ou objetivos:

O resultado de Ikatena não é um resultado meu, é um resultado dos próprios índios. Ikatena nós fizemos com idealismo, trazer as crianças indígenas para que as crianças desse universo branco veja que o ser humano é igual, bonito, e o que acontece de ruim ocorre por conta da ganância de um mundo de competição e que o índio não tem nada a ver com ele. O ser humano é um só (PROGRAMA DE ÍNDIO, Rádio USP, 13/09/1987)

Aí estão as pretensões educativas do diretor. Luis observa ainda que a opção pelos Zoró foi devido ser um povo de contato super recente e a intenção era a de mostrar os índios integrados na natureza. Neste sentido, Luis Paulino ao afirmar este povo indígena, está também negando outros, uma vez que muitos já não se encaixavam neste perfil de índio “puro”, sem contato intenso com os não índios. Contudo, é um filme aonde os índios não aparecem apenas como figurantes ou como participantes de uma história que não é a sua, tão comum no cinema brasileiro até então. Aqui os índios aparecem inteiros e exclusivos, inseridos completamente no seu meio cultural. A intencionalidade educativa é explícita: “para que as crianças desse universo branco veja que o ser humano é igual, bonito”.

Os índios foram apresentados, representados e expostos também na fotografia. Uma exposição de 30 fotografias de José Albano, por exemplo, intitulada “Índio-criança-tapeba”, abria a programação da semana do índio na praça José de Alencar, em Fortaleza, no dia do índio de 1988. No dia seguinte, o Jornal O Povo anunciava em destacada manchete: “Exposição de fotos abre a semana do índio no Ceará”. Na abertura da reportagem, uma bela foto mostrava as crianças Tapeba apreciando-se nas fotografias e a legenda: “Garotos Tapeba foram à exposição que exibe fotografias com eles como tema”(JORNAL O Povo, 20/04/1988, p. 11). Assim, não apenas o grande público podia entrar em contato com os rostos indígenas do Ceará, mas também os próprios índios fortaleciam a sua identidade neste ato. O próprio José Albano nos fala da intencionalidade educativa da sua fotografia-arte:

Fiz essas fotos em 1986, sob encomenda da Pastoral Indigenista da Arquidiocese de Fortaleza, em parceria com a ‘Hoje Assessoria em Educação’. Os patrocinadores me pediram fotos só das crianças, mas não me disseram como deveria fotografá-las (....). Depois de alguns momentos de indecisão, entendi que o meu trabalho ali não deveria ser de fotojornalismo. Decidi, então, isolar as crianças do seu problemático contexto de miséria, fome e doença, optando pelos retratos em “close-up”, até porque, na forma do rosto e dos olhos, era mais visível e evidente a sua herança genética indígena. Restava o problema de onde posicioná-las para as fotos, onde encontrar um fundo neutro adequado. Não vendo nada em torno, resolvi, então, sentar as crianças na frente das janelas ou das portas abertas das suas casas, enquadrando somente as suas cabeças. Como as casas eram muito escuras por dentro, o filme não captaria detalhes internos, assim como a objetiva zoom, na posição tele e com o diafragma bem aberto, não daria foco no plano de fundo. A claridade no rosto das crianças era a luz natural do céu e a luz do sol refletida da rua que gerava também o brilho em seus olhos. Assim, eu queria passar, da forma mais pura, a emoção da beleza daqueles rostos9.

Está bem clara a intencionalidade de subverter a realidade desfavorável aos índios, através da sua construção fotográfica. Para além de um “retrato” do real, elabora-se a imagem a mais próxima

9 - TAPEBA. Disponível em: http://josealbanofotografias.wordpress.com/tapebas/. Acesso em: 20 de Janeiro, 2011.

possível de um ideal requerido e indispensável para a luta política. A preocupação fundamental, portanto, é a afirmação, reconhecimento e valorização da etnicidade indígena, apresentada de forma positiva.

Conclusão

“De tais povos na infância não há história: há só etnografia”. Esta frase, destacada da obra História Geral do Brasil (1854), de Adolfo Varnhagen, define, em traços gerais, uma concepção de índio e de História que se manteve dominante no Brasil até muito recentemente. A concepção de seres incapazes de história era a mesma concepção de seres incapazes de progresso, pois, segundo os mesmos termos, os índios seriam atrasados, selvagens, bárbaros e, por isso, tratados de forma simplificada, genérica e homogênea. Foram muitas as vozes que atuaram no sentido de negar a existência e o modo de vida dos índígenas, desde a ideia de que estariam misturados à população e invisíveis como povos específicos, presentes nos discursos oficiais da governança, até o tratamento que preponderantemente receberam nos livros didáticos de história, na historiografia, no cinema, no imaginário social brasileiro. Neste artigo, busquei analisar confluências e tensões entre discursos e práticas de índios e não índios na década de 1980, período de transições na política, na historiografia, nos livros didáticos, na atuação dos próprios índios em defesa de direitos históricos. De um lado, as narrativas produzidas sobre os índios; do outro lado as vozes, as narrativas dos próprios índios sobre eles mesmos e sobre a sociedade nacional. Os “Programas de índio”, produzidos pela UNI – União das Nações Indígenas e NCI – Núcleo de Cultura indígena, gravados e levados ao ar pela Rádio USP entre 1985 e 1990, onde os índios registraram suas falas, canções, aspirações, visões sobre aquele período histórico, são exemplos da organização e do poder de articulação que estabeleceram com a sociedade nacional, apropriando-se de instrumentos chave para se fazerem ouvidos e propagar suas vozes e mensagens, objetivando conquistar os “brancos” para suas causas. Aquele foi um período de transições e embates, em que a própria identidade étnica de muitos povos ainda era frequentemente negada e o confronto com fazendeiros, latifundiários, industriais e mineradores pela disputa territorial era uma constante. Os índios, contudo, não se deixaram abater e ao lado de seus apoiadores interferiram nos assuntos que diziam respeito às suas vidas, terras e culturas: da luta por direitos constitucionais ao direito de contar a sua própria história e lutar por dignidade. As conquistas foram importantes, ainda que relativas. Mas só ocorreram pelo intenso esforço educativo. Educar e sensibilizar para os valores da cultura indígena, foi tarefa primordial de índios e não índios neste período.

Referências

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JORNAIS E AUDIOVISUAIS

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