Universidade Federal Da Bahia O Desejo Por Justiça
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO E CULTURA CONTEMPORÂNEAS LISIEANNE ARAÚJO BARBERINO O DESEJO POR JUSTIÇA: UM ESTUDO SOBRE LINCHAMENTO VIRTUAL EM SITES DE REDES SOCIAIS Salvador 2017 LISIEANNE ARAÚJO BARBERINO O DESEJO POR JUSTIÇA: UM ESTUDO SOBRE LINCHAMENTO VIRTUAL EM SITES DE REDES SOCIAIS Dissertação apresentada ao Programa de Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção do título de mestre. Orientador: Prof. Dr. José Carlos Ribeiro Salvador 2017 AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu orientador José Carlos Ribeiro, por todo acolhimento, encorajamento e apoio necessário para a realização do presente trabalho de pesquisa. Demonstro também profunda gratidão pelo financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPQ, bem como ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas que me proporcionou condições para o desenvolvimento da dissertação. Agradeço aos professores André Lemos, Malu Fontes e Graciela Natansohn pelas preciosas contribuições, durante as disciplinas ministradas e em outras ocasiões de interlocução. Sou imensamente grata aos professores que compuseram a banca, Marcos Palácios e Rodrigo Nejm. Agradeço também às suplentes, Malu Fontes e Bianca Becker pela generosa disponibilidade. Manifesto gratidão a todos os participantes do Grupo de Pesquisa em Interações, Tecnologias Digitais e Sociedade – GITS, que em diferentes momentos e de diferentes maneiras me encorajaram, inspiraram e apoiaram durante o período da pesquisa. A dissertação nunca seria possível sem a preciosa ajuda de Laura Paes Machado, seu constante incentivo e confiança em meu trabalho. Obrigada por não me deixar desistir! Obrigada a Jonas pela companhia e pelo carinho. Agradeço também a Eduardo Paes Machado e Ligia Matta e Machado pelas conversas descontraídas e enriquecedoras. Como não poderia deixar de ser, agradeço à minha mãe, Arlene Lopes de Araújo, ao meu pai Jorge Barberino, aos meus irmãos, Bianca, Rodrigo, Yuri, Wyne e Luna. Agradeço também aos meus queridos avós Luzia, Alvina e Adolfo. Obrigada aos meus tios e primos da família Souza-Araújo, Grassi e a toda família Barberino pelo apoio incondicional. Aproveito para agradecer a meus amigos pela paciência com as inúmeras ausências e períodos de reclusão. RESUMO O presente trabalho busca refletir sobre a conformação do linchamento virtual na sociedade brasileira. Investiga o modo como o fenômeno se expressa e se configura em Sites de Redes Sociais – SRS. Linchamento virtual, enquanto categoria analítica, remete ao enquadramento jornalístico sobre a expressão coletiva de grupo que, mobilizado por um sentimento de revolta ou indignação, age contra um ou mais indivíduos considerados desviantes para aplicar-lhe(s) justiça extralegal. Linchador, portanto, significa acusação moral que recai sobre os diferentes atores implicados na resolução de conflitos de modo violento. O modo complexo de condutas, visões de mundo, emoções e atitudes acionadas pelos diferentes atores em busca de justiça e reparação constitui a cena sob a qual o empreendimento investigatório se debruçará. O ponto de partida metodológico adota a descrição de casos inseridos em um universo social, cultural, político e ético que lhes imprime sentido e lógica própria de funcionamento. Persegue a identificação de um roteiro comum de acontecimentos, que permite confirmar o a priori de que as ações de justiceiros guardam similitudes entre si. A percepção de risco de práticas punitivas em plataformas digitais abrange a rotulação persistente das vítimas e a falta de proporcionalidade punitiva que pode acarretar em injustiças e contribuir para acentuação de sociabilidade opressora. A justiça extralegal, típica de linchamentos virtuais, oculta demandas profundas da sociedade brasileira. Ainda que se verifique extremamente danoso para suas vítimas, o linchamento virtual se constitui em sociabilidade que produz poderosa força gregária no espaço público em rede. Palavras-chave: Linchamento Virtual. Sites de Redes Sociais. Justiçamento. Vigilância. Acusação. Desvio. Punição. ABSTRACT The present work reflects on the conformation of virtual lynching in contemporary Brazilian society. Investigates how the phenomenon is expressed and configured in Social Networking Sites – SRS. Virtual lynching, as an analytical category, refers to the journalistic framework on the collective expression of a group that, mobilized by a feeling of revolt or indignation, acts against one or more individuals considered deviant to apply extralegal justice. “Linchador”, therefore, incomes moral accusation that reaches different actors involved in conflict resolution in a violent way. The complex mode of conducts, world views, emotions and attitudes triggered by the different actors in search of justice and reparation constitutes the scene under which the investigative enterprise will be investigated. The methodological point of departure adopts the description of cases inserted in a social, cultural, political and ethical universe that gives them their own sense and logic of functioning. It pursues the identification of a common route of events, which allows confirming the hypothesis that the actions of “justiceiros” keep similarities among themselves, revealing controversial aspects, typical of the traditional lynching. The perceived risk of punitive practices on digital platforms encompasses the persistent labeling of victims and the lack of punitive proportionality that can lead to injustice and contribute to accentuation of extremely oppressive sociability. Immune to control, extralegal justice, typical of virtual lynchings, hides deep demands of Brazilian society. Even though it is extremely harmful to its victims, virtual lynching constitutes a sociability that produces powerful gregarious force in the public network space. Keywords: Virtual Lynching. Social Network Sites. Policing. Accusation. Deviation Punishment. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1. Tuíte de Mayara, reprodução Twitter, caso Mayara Petruso...........................37 Figura 2. Ofensas a nordestinos 1, reprodução Twitter........................................................38 Figura 3. Ofensas a nordestinos 2, reprodução Twitter........................................................38 Figura 4. Ofensas a nordestinos 3, reprodução Twitter........................................................38 Figura 5. “Assistindo Um Linchamento”, Exposição “Without Sanctuary: Lynching Photography In América”, 2013....................................................................................71 Figura 6. Acusação original, reprodução Youtube, caso Camila Corrêa..........................72 Figura 7. Acusação original, reprodução Facebook, caso Família Bustamante...........73 Figura 8. Manchete racismo, reprodução Espn/Uol, caso Patrícia Moreira..................74 Figura 9. Acusação, reprodução Youtube, caso Patrícia Moreira.......................................74 Figura 10. Acusação, reprodução Facebook, caso Patrícia Moreira................................... 75 Figura 11. Ameaças e ofensas, reprodução Youtube, caso Cláudia Corrêa..................... 76 Figura 12. Circulação de publicação 1, reprodução Twitter, caso Mayara Petruso......78 Figura 13. Circulação de publicação 2, reprodução Twitter, caso Mayara Petruso......78 Figura 14. Circulação de publicação 3, reprodução Twitter, caso Mayara Petruso......78 Figura 15. Incentivo a replicação de acusações, reprodução Instagram, caso Patrícia Moreira....................................................................................................................................79 Figura 16. Validação acusatória, reprodução Facebook, caso Patrícia Moreira.............80 Figura 17. Empreendimento acusatório, reprodução Youtube, caso Camila Corrêa....81 Figura 18. Acusação ‘preconceituosa’ 1, reprodução Twitter, caso Mayara Petruso..82 Figura 19. Acusação ‘preconceituosa’ 2, reprodução Twitter, caso Mayara Petruso..82 Figura 20. Ofensas morais, reprodução Twitter, caso Mayara Petruso.............................87 Figura 21. Ofensas morais, reprodução Youtube, caso Camila Corrêa..............................87 Figura 22. Ofensas morais, reprodução Instagram, caso Patrícia Moreira......................88 Figura 23. Polarização 1, reprodução Facebook, caso Família Bustamante....................89 Figura 24. Polarização 2, reprodução Facebook, caso Família Bustamante....................89 Figura 25. Desculpas, reprodução Facebook, caso Família Bustamante...........................90 Figura 26. Informações pessoais 1, reprodução Twitter, caso Mayara Petruso............92 Figura 27. Informações pessoais 2, reprodução Twitter, caso Mayara Petruso............92 Figura 28. Dados privados, reprodução Youtube, caso Camila Côrrea..............................93 Figura 29. Perfil Facebook 1, reprodução Twitter, caso Mayara Petruso.........................93 Figura 30. Perfil Facebook 2, reprodução Twitter, caso Mayara Petruso.........................93 Figura 31. Perfil Instagram, reprodução Instagram, caso Patrícia Moreira....................93 Figura 32. Ofensas morais e preconceitos, reprodução Instagram, caso Patrícia Moreira..................................................................................................................................................................94 Figura 33. Perfil fake, reprodução Facebook, caso Mayara Petruso...................................95