PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO ESPACIAL

Rosilene Aparecida do Nascimento

ANÁLISE DAS INUNDAÇÕES DE 1979, 1997, 2008 e 2012 NA BACIA DO RIO PIRANGA-MG

Belo Horizonte

2013

Rosilene Aparecida do Nascimento

ANÁLISE DAS INUNDAÇÕES DE 1979, 1997, 2008 e 2012 NA BACIA DO RIO PIRANGA-MG

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Geografia – Tratamento da Informação Espacial da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Geografia.

Orientador: Prof. Dr. José Flávio Morais Castro Co-orientador: Prof. Dr. Ruibran Januário dos Reis

Belo Horizonte 2013

FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Nascimento, Rosilene Aparecida do N244a Análise das inundações de 1979, 1997, 2008 e 2012 na Bacia do Rio Piranga-MG / Rosilene Aparecida do Nascimento. Belo Horizonte, 2013. 178f.: il.

Orientador: José Flávio Moraes Castro. Coorientador: Ruibran Januário dos Reis. Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Tratamento da Informação Espacial.

1. Inundações - Piranga, Rio, Bacia (MG). 2. Climatologia. 3. Bacias hidrográficas. I. Castro, José Flávio Moraes. II. Reis, Ruibran Januário dos. III. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Tratamento da Informação Espacial. IV. Título.

CDU: 556.51

Rosilene Aparecida do Nascimento

ANÁLISE DAS INUNDAÇÕES DE 1979, 1997, 2008 e 2012 NA BACIA DO RIO PIRANGA-MG

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Geografia – Tratamento da Informação Espacial da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Geografia.

______Prof. Dr. José Flávio Morais Castro (Orientador) – PUC Minas

______Prof. Dr. Ruibran Januário dos Reis (Co-orientador) – PUC Minas

______Prof. Dr. Luiz Eduardo Panisset Travassos – PUC Minas

______Prof. Dr. Edson Soares Fialho - UFV

Belo Horizonte – 24/06/2013

Aos meus pais: Roberto e Maria Madalena, e minha querida Evelyn Vitória.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela vida, pelas pessoas maravilhosas que colocou no meu caminho, além de permitir a realização de mais uma etapa na minha vida acadêmica. Aos meus pais pelo apoio, incentivo, carinho, compreensão e dedicação. Aos meus familiares, amigos e amigas: Danisio, Guislene, Nega, Pina, Filucha, Dirce, Darci, Andréia, Adriana, Dudu, Beatriz, Lucineia, Imaculada, Paulinha, Cristiane, Cyntia, Fernanda, Telma, Rosier, Luciana, Denilson, Geraldo, Daniel Viana, Leonardo, Claudinei, Gustavo, Mahyhaly, Silvano e Rogê pelo apoio, incentivo e colaboração no desenvolvimento deste trabalho. Ao meu namorado Fernando pela paciência e dedicação. Ao Programa de Pós-Graduação em Geografia – Tratamento da Informação Espacial, em especial aos professores, funcionários e discentes pela motivação e contribuição acadêmica. Ao meu orientador, Professor Doutor José Flávio Morais Castro pelo crédito em mim depositado nesta pesquisa, além do apoio, incentivo, ensinamentos, paciência ao longo da elaboração desta dissertação. Ao Professor Doutor Ruibran Januário dos Reis, co-orientador, pelo auxílio durante a elaboração do trabalho. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, pela concessão da bolsa de mestrado. A todas as pessoas que direta e indiretamente contribuíram para o desenvolvimento desta pesquisa, em especial: Edilson Francisco Siqueira e Murilo Vidigal Carneiro pelas informações e dados disponibilizados, Carlos de Araújo Silva, José Brigolini, José Barbosa dos Santos, Maurício Romualdo da Silva e Edson Soares Fialho pelas fotos cedidas.

Surge da nascente, alegre, saltitante... Beijando o cascalho que lhe cobre o caminho. Infância rápida, pois novos regatos vêm engrossar-lhe as águas, atingindo a juventude... Agora jovem exibe suas jóias: os peixinhos multicores... Tem o primeiro encontro com uma linda pedreira, amor à primeira vista, nasce uma cachoeira... Recebendo novos córregos e ribeirões, tórna-se adulto, impetuoso... Aproxima-se de uma grande cidade, fica amargurado... Que fizeram de suas águas claras e cristalinas? Onde estão seus peixinhos multicores? Caminha ofegante com suas margens carcomidas... Por fim, atinge o mar que é o céu de todos os rios e onde espera descansar em paz... (CARNEIRO, 2013)

RESUMO

A Bacia do rio Piranga está inserida na Unidade de Planejamento Doce 1 (DO1) e envolve as nascentes do rio Piranga e demais afluentes como Xopotó, Turvo, Turvo Sujo e Turvo Limpo que, na confluência com o rio do Carmo, formam o rio Doce. Esta bacia passou por um processo de ocupação e transformação, principalmente a partir da instalação de Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs, entre as sedes de Guaraciaba e . Esta dissertação tem como objetivo geral analisar a gênese das inundações de 1979, 1997, 2008 e 2012, nos municípios de Piranga, , Presidente Bernardes, Guaraciaba e Ponte Nova, a partir da análise da distribuição espacial e temporal da precipitação. Parte-se dos aspectos históricos, físicos e humanos para compreender os impactos ambientais e sociais existentes nos municípios, bem como da correlação dos dados de precipitação, da cota fluviométrica e das cartas sinóticas, disponibilizados pela Agência Nacional de Águas (ANA), Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM), Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN), Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC). Os dados foram tratados por meio do Programa de Geoprocessamento ArcGIS, gerando-se mapas temáticos que permitiram a realização da análise espacial. Foram realizados também trabalhos de campo nos municípios, entrevistas com o Poder Publico Local e com alguns moradores, registro fotográfico e de manchetes de jornais. A análise dos resultados permitiu identificar que a unidade DO1 destaca-se como uma das mais chuvosas, sendo que as nascentes dos rios Piranga e Xopotó apresentaram os maiores índices pluviométricos. Dentre as inundações analisadas, em 2012 as chuvas concentraram-se em apenas três dias e 2008 destacou-se por apresentar dois dias consecutivos de chuvas superiores a 100 mm na cabeceira do rio Piranga e Xopotó; a inundação de 2008 foi de maior magnitude nos municípios de Porto Firme, Guaraciaba e Ponte Nova, ao passo que em Piranga e Presidente Bernardes foi a de 2012. As PCHs contribuem para diminuir o escoamento das águas do rio entre as sedes de Guaraciaba e Ponte Nova. Assim, embora a ZCAS seja responsável pelos volumes de chuva excepcionais, a frequência e magnitude das inundações podem estar atribuídas à intervenção humana na bacia ao longo dos séculos.

Palavras-chave: Bacia hidrográfica. Rio Piranga. Inundação. Análise climatológica.

ABSTRACT

The Watershed of river Piranga is within the Planning Unit Doce 1 (DO1) and involves the headwaters of the river and other great flows as Xopotó, Turvo Sujo and Turvo Limpo that, at the confluence with the Carmo river, form the Doce river . This watershed has undergone a process of occupation and transformation, mainly from the installation of Small Hydro Powers - PCH, between the headquarters of Guaraciaba and Ponte Nova. This dissertation aims at analyzing the genesis of floods in 1979, 1997, 2008 and 2012 in the municipalities of Piranga, Porto Firme, Presidente Bernardes, Guaraciaba and Ponte Nova, from the analysis of the spatial and temporal distribution of rainfall. It starts with the historical aspects, physical and human resources to understand the environmental and social impacts in the municipalities, as well as the correlation of rainfall data, fluviometric quota and synoptic maps, provided by the National Water Agency (ANA), Company Research of Mineral Resources (CPRM), Hydrographic and Navigation Management (DHN), Center for Weather Forecasting and Climate Studies (CPTEC). The data were handled through the GIS program ArcGIS, generating thematic maps that allowed the realization of spatial analysis. There were, also, conducted fieldwork in the cities, interviews with the Local Public Administration and with some local residents, photographic recording and newspaper headlines. The analysis identified that the unit DO1 stands out as one of the wettest, and the sources of the rivers; Piranga and Xopotó rivers showed the highest rainfall. Among the analyzed floods, the rains in 2012 were concentrated in just three days in 2008 and highlighted by displaying two consecutive days of rainfall exceeding 100 mm in the headwaters of Piranga and Xopotó rivers; the flood in 2008 was of greater magnitude in Porto Firme, Guaraciaba and Ponte Nova municipalities, while in Piranga and Presidente Bernardes municipalities it was in 2012. The PCHs contribute to decrease the flow of the river between the headquarters of Guaraciaba and Ponte Nova. Thus, although the ZCAS is responsible for the exceptional quantities of rain, the frequency and magnitude of floods might be related to human intervention in the watershed over the centuries.

Keywords: Watershed. Piranga River. Flood. Climatic analysis.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Situação habitual dos sistemas atmosféricos na América do Sul...... 24 FIGURA 2 – Configuração de uma ZCAS ...... 26 FIGURA 3 – Mecanismos de Resposta aos Eventos Pluviais Intensos sobre 35 Paisagens Desmatadas...... FIGURA 4 – Localização Geográfica da Bacia do Rio Doce...... 43 FIGURA 5 – Unidades de Planejamento da Bacia do Rio Doce...... 44 FIGURA 6 – Unidades Geomorfológicas da Bacia do Rio Doce...... 46 FIGURA 7 – Rede Hidrográfica da Unidade de Planejamento – DO1...... 49 FIGURA 8 – Mapa da Geologia da Unidade DO1...... 55 FIGURA 9 – Mapa da Geomorfologia da Unidade DO1...... 56 FIGURA 10 – Mapa Hipsométrico da Unidade DO1...... 57 FIGURA 11 – Mapa de Vegetação da Unidade DO1...... 59 FIGURA 12 – Mapa de Solos da Unidade DO1...... 60 FIGURA 13 – Perfil Longitudinal do Rio Piranga...... 61 FIGURA 14 – Municípios que compõem a Unidade DO1...... 63 FIGURA 15 – População Urbana por Município da Unidade DO1...... 65 FIGURA 16 – População Rural por Município da Unidade DO1...... 66 FIGURA 17 – Taxa de Urbanização por Município da Unidade DO1...... 68 FIGURA 18 – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDH-M...... 69 FIGURA 19 – Diferenciação entre Enchente e Inundação...... 70 FIGURA 20 – Estações Pluviométricas da Unidade DO1 e Entorno...... 73 FIGURA 21 – Impactos na Bacia do rio Piranga...... 77 FIGURA 22 – Etapas da Pesquisa...... 78 FIGURA 23 – Segmento retilíneo na localidade de Jurumirim, zona rural de 79 Guaraciaba...... FIGURA 24 – Perfil de Latossolo em Piranga...... 80 FIGURA 25 – Pastagem, em área de ocorrência de Argissolos, entre Porto Firme e 81 Guaraciaba...... FIGURA 26 – Nota do Jornal Estado de Minas – Carta à Redação 30/05/1996...... 82 FIGURA 27 – Dragas às margens do Rio Piranga na estrada entre Porto Firme e 83 Guaraciaba...... FIGURA 28 – Extração ilegal de ouro no município de Porto Firme...... 83 FIGURA 29 – Cartas sinóticas de 1979 (12GMT)...... 84 FIGURA 30 - Cartas sinóticas de 1979 (12GMT)...... 85 FIGURA 31 - Cartas sinóticas de 1997 (12GMT)...... 86 FIGURA 32 - Cartas sinóticas de dezembro de 2008 (12GMT)...... 87 FIGURA 33 - Cartas sinóticas de 2012 (12GMT)...... 89 FIGURA 34 – Precipitação Anual entre 1961 e 1990 na Unidade DO1 e Entorno.... 92 FIGURA 35 – Média Histórica na Unidade DO1...... 93 FIGURA 36 - Normal Climatológica Mensal...... 94 FIGURA 37 – Anomalias Climatológicas no Período de Inundação...... 95 FIGURA 38 – Média Mensal da Cota Fluviométrica...... 96

FIGURA 39 - Hidrograma de janeiro e fevereiro de 1979...... 98 FIGURA 40 - Hidrograma de dezembro de 1996 e janeiro de 1997...... 100 FIGURA 41 - Hidrograma de dezembro de 2008...... 101 FIGURA 42 - Hidrograma de dezembro de 2011 e de janeiro de 2012...... 103 FIGURA 43 - Cota Fluviométrica de ...... 104 FIGURA 44 - Precipitação em ...... 105 FIGURA 45 - Precipitação em Guaraciaba...... 107 FIGURA 46 - Precipitação Acumulada e Normal Climatológica...... 108 FIGURA 47 – Vista panorâmica de Guaraciaba...... 113 FIGURA 48 - Croqui da área de abrangência da inundação de 1979 114 em Guaraciaba...... FIGURA 49 – Centro de Ponte Nova na inundação de 1979...... 114 FIGURA 50 – Avenida Artur Bernardes pós-inundação de 1979...... 115 FIGURA 51 – Áreas inundadas em Piranga...... 116 FIGURA 52 – Rio Piranga atravessando a área urbana em Piranga...... 117 FIGURA 53 – Avenida Arthur Bernardes pós-inundação de 1997...... 118 FIGURA 54 – Áreas afetadas, pela inundação de 2008, em Piranga...... 119 FIGURA 55 – Nota do Jornal Tribuna de Piranga – 2008...... 120 FIGURA 56 – Presidente Bernardes em dezembro de 2008...... 120 FIGURA 57 – Praça Juquinha Moreira, Porto Firme em dezembro de 2008...... 121 FIGURA 58 – Guaraciaba em dezembro de 2008...... 122 FIGURA 59 – Ponte de Guaraciaba após inundação...... 122 FIGURA 60 – Área de abrangência da inundação em Guaraciaba, 1979 e 2008...... 123 FIGURA 61 – Bairro Copacabana...... 125 FIGURA 62 – Áreas afetadas em Ponte Nova...... 125 FIGURA 63 – Áreas afetadas em Piranga – 2012...... 126 FIGURA 64 – Jornal Tribuna de Piranga – 2012...... 127 FIGURA 65 – Áreas afetadas em Presidentes Bernardes...... 127 FIGURA 66 – Imagem de satélite com destaque para as áreas inundadas em 128 Presidente Bernardes – 2012...... FIGURA 67 – Áreas afetadas em Porto Firme – 2012...... 129 FIGURA 68 – Nível da água na Rua General Dutra em Guaraciaba...... 129 FIGURA 69 – Inundação em Guaraciaba...... 130 FIGURA 70 - Nota do Jornal Folha de Ponte Nova – 2012...... 131 FIGURA 71 – APP em Piranga...... 132 FIGURA 72 – Assoreamento no perímetro urbano de Piranga...... 133 FIGURA 73 – Estação Fluviométrica em Piranga...... 133 FIGURA 74 – Aterro pós-inundação de 2012 em Guaraciaba...... 133 FIGURA 75 – Área urbana afetada pelas inundações em Piranga: 1997, 2008 134 e 2012...... FIGURA 76 – Comparação da inundação em 2008 e 2012 em Piranga...... 135 FIGURA 77 – Marcas deixadas pela inundação de 2008 e 2012 na Rua General 135 Dutra...... FIGURA 78 – Praça Juquinha Moreira...... 136 FIGURA 79 – Erosão marginal e laminar, em Venda Nova, zona rural de Presidente 139 Bernardes......

FIGURA 80 – Assoreamento e alargamento do Rio Piranga...... 139 FIGURA 81 – PCH Brecha...... 140 FIGURA 82 – Ponte a jusante da PCH Brecha...... 141

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – População entre 1970 a 2010...... 64 TABELA 2 –. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDH-M...... 67 TABELA 3 – Precipitações acima de 100 mm por década...... 109 TABELA 4 – Precipitação acima de 100 mm por ano...... 111 TABELA 5 – Precipitação máxima no período de inundação...... 137

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Principais agravantes antrópicos relacionados com os desastres...... 30 QUADRO 2 – Estações Fluviométricas...... 75

LISTA DE SIGLAS

AAI - Avaliação Ambiental Integrada AB - Alta da Bolívia ANA - Agência Nacional de Águas APP – Área de Preservação Permanente ASAS – Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul ASPARPI - Associação dos Pescadores e Amigos do Rio Piranga cE - Massa Equatorial Continental CEDEC - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil cP - Massa Polar Continental CPRM - Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais CPTEC - Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos cT - Massa Tropical Continental DHN - Diretoria de Hidrografia e Navegação DMAES - Departamento Municipal de Água, Esgoto e Saneamento de Ponte Nova DO1 – Unidade de Planejamento Doce 1 E - Circulação Perturbada de Leste EPE – Empresa de Pesquisa Energética FPA – Frente Polar Atlântica CETEC - Fundação Centro Tecnológico de Minas IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDH-M - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal IGA – Instituto de Geociências Aplicadas IGAM - Instituto Mineiro de Gestão das Águas INMET - Instituto Nacional de Meteorologia INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais IT - Linhas de Instabilidade Tropical mA – Massa Antártica MAB- Movimento dos Atingidos por Barragens

mE - Massa Equatorial Marítima mP - Massa Polar Marítima mT - Massa Tropical Marítima OMM - Organização Meteorológica Mundial ONG - Organização Não Governamental PCH – Pequena Central Hidrelétrica S - Circulação Perturbada de Sul SIG – Sistema de Informação Geográfica UHE – Usina Hidrelétrica UPGRH’s - Unidades de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos W - Circulação Perturbada de Oeste ZCOU - Zona de Convergência de Umidade ZCAS – Zona de Convergência do Atlântico Sul

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...... 17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...... 22

2.1 Aspectos Climáticos Regionais e de Larga Escala...... 22 2.2 Eventos Extremos...... 27 2.3 Água e Ações Antrópicas no Contexto da Bacia Hidrográfica...... 32

3 CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICA E GEOGRÁFICA DA ÁREA DE ESTUDO ...... 40

3.1 Bacia do Rio Doce...... 40 3.2 Bacia do Rio Piranga...... 48 3.3 Aspectos Físicos da Bacia do Rio Piranga...... 53 3.4 Aspectos Humanos da Bacia do Rio Piranga...... 62

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...... 70

5 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIO PIRANGA...... 79

5.1 Componentes Físicos da Bacia do Rio Piranga...... 79 5.2 Síntese Sinótica do Período de Inundação...... 83 5.3 Análise da Normal Climatológica...... 90 5.4 Análise da Cota Fluviométrica...... 96 5.5 Análise da Precipitação e da Cota Fluviométrica no Período de Inundação...... 97 5.6 Análise da Série Histórica...... 108 5.7 Inundações...... 113

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...... 145

REFERÊNCIAS...... 149

ANEXOS...... 160

17

1 INTRODUÇÃO

Os elementos climáticos têm provocado impactos que afetam a vida do homem de maneira direta e indireta, desencadeando problemas no espaço geográfico. Neste sentido, em regiões tropicais, um dos principais causadores desses impactos é a precipitação. Para Britto, Barletta e Mendonça (2006, p. 36) um dos fenômenos físicos decorrentes da variabilidade climática é a variabilidade da precipitação pluvial, importante fator no controle do ciclo hidrológico e uma das variáveis climáticas que maior influência exerce na qualidade do meio ambiente. A variabilidade da precipitação anual, juntamente com o regime sazonal ou diário (distribuição temporal) e a intensidade de chuva (volume/duração) são algumas das características que afetam direta ou indiretamente a população, a economia e o meio ambiente. Conforme estes autores, o clima regional é caracterizado pela interação dos sistemas meteorológicos com os elementos da paisagem geográfica como o relevo, latitude, maritimidade e continentalidade. A pluviosidade é condicionada principalmente pela dinâmica atmosférica em relação ao relevo que, pela sua compartimentação, promove a distribuição espacial da precipitação. Segundo Gonçalves (2003, p. 69) no Brasil, as catástrofes estão relacionadas à natureza climática, ou seja, fenômenos relacionados às variações bruscas de temperatura e oscilações hídricas que causam impactos no meio ambiente, à população e à economia do país. Em decorrência tanto do processo de urbanização, quanto de práticas inadequadas no meio rural, a dinâmica da água foi alterada devido à diminuição da infiltração e consequente aumento do escoamento superficial. Este novo balanço hídrico intensificou os problemas das enchentes/inundações, decorrentes de fatores naturais e/ou associados às ações humanas. As inundações derivam do excesso de volume de água no corpo hídrico, desencadeando o transbordamento do canal fluvial para suas margens e sua planície de inundação, muitas destas ocupadas pela população. Segundo Mendes (2004, p.8), dentre as catástrofes naturais registradas no mundo no período de 1985 a 1999, as inundações corresponderam a um terço (29,0%) das ocorrências de “catástrofes naturais”, causando mais da metade (53,0%) das mortes humanas e um terço (29,0%) das perdas econômicas. Mendes (2004, p. 10) também observou que no período entre 1973 a 2002 foram registrados 240 eventos de inundações na América do Sul, o equivalente a 11,8% do total mundial neste mesmo período. Em 2004 (p. 12), entre janeiro e março, 1.224 municípios 18

Brasileiros foram assolados por inundações. Desse total o estado de Minas Gerais registrou o maior número de municípios afetados (157). Conforme Cupolillo (2008, p. 29) os eventos pluviais ocorrem frequentemente na região Sudeste em virtude da dinâmica atmosférica, que se caracteriza pela atuação de sistemas tropicais e de latitudes médias. Entretanto, durante os meses de maior atividade convectiva, ou seja, durante o verão, a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), um dos principais fenômenos atmosféricos, influencia o regime pluviométrico de Minas Gerais. A ZCAS é “[...] definida como sendo uma faixa de nebulosidade persistente orientada no sentido noroeste-sudeste, associada a um escoamento convergente na baixa troposfera, que se estende desde o sul da Amazônia ao Atlântico Sul-Central [...]” (DIAS; MARENGO, 2002, p. 71). A ZCAS é caracterizada por 4 a 7 dias de chuvas intensas, desencadeando transtornos à população, como quedas de barreiras, desmoronamento de encostas, enchentes/inundações (ABREU, 1998, p. 19). Os municípios mineiros de Piranga, Porto Firme, Presidente Bernardes, Guaraciaba e Ponte Nova banhados pelo rio Piranga, principal formador do rio Doce, registraram inundações em 1951, 1979, 1997, 2008 (FIALHO et al., 2010; NASCIMENTO, 2009; SILVA, 2009) e 2012. Estes municípios, exceto Ponte Nova, possuem população rural superior à população urbana, sendo que a ocupação e o desenvolvimento desses municípios basearam-se na extração vegetal e mineral, acarretando sérias consequências ambientais tais como: cobertura vegetal quase inexistente, assoreamento e poluição dos corpos d’água em decorrência do processo erosivo e lançamento de esgotos domésticos, resíduos industriais e de mineração. Além disso, as margens do rio nas sedes urbanas encontram-se ocupadas, e as principais estradas de acesso a estes municípios, em muitos trechos, acompanham o leito do rio. Há também, atualmente, duas Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs em operação, (Brecha e Brito), situadas entre as sedes de Guaraciaba e Ponte Nova. Entretanto, há projetos de construção de mais quatro PCHs neste trecho do rio: Jurumirim, Cantagalo, Bom Retiro e Pontal, além da ampliação da PCH Brito, denominada Nova Brito já com licença de instalação (FOLHA DE PONTE NOVA, 2010). Este mesmo trecho do rio já foi alvo de projetos de maior porte como a Usina Hidrelétrica (UHE) do Pilar, na localidade denominada Três Tiros, zona rural de Guaraciaba. Esta usina seria construída por meio do consorcio Fiat Automóveis/Novelis, porém com as manifestações na década de 1990, e questionamentos sobre os estudos realizados, o projeto foi suspenso. Em 2007, manifestações na comunidade 19

de Casa Nova, Guaraciaba, também impediram as sondagens deste consorcio na localidade de (projeto UHE Pirapora). Nesta conjuntura, a população é diretamente afetada pelas inundações do rio. Em dezembro de 2008, o rio Piranga registrou uma de suas maiores inundações. Na época, os moradores dos municípios banhados por este rio consideraram o fato inédito. A magnitude desta inundação despertou o interesse da autora pelo tema, abordado em sua monografia de final de curso: Análise dos impactos e repercussões do evento pluvial intenso no município de Piranga-MG, em 17 de dezembro de 2008 (NASCIMENTO, 2009). Contudo, alguns questionamentos surgiram: Apesar dos sistemas sinóticos atuantes em dezembro de 2008 terem favorecido a intensidade e constância das chuvas ocasionando o transbordamento do rio Piranga, este evento teria tido a magnitude que teve se fosse apenas um fenômeno natural? As modificações inseridas pelo homem no ambiente natural tais como o desmatamento e ocupação das margens do rio, tiveram papel fundamental na magnitude das inundações ocorridas nos municípios banhados pelo rio Piranga? O padrão pluvial tem apresentado significativas variações ao longo dos anos, o que justifica a diminuição do tempo de retorno da inundação, se bem como sua magnitude? As PCHs instaladas no rio Piranga exerceram alguma influencia na magnitude das inundações a montante e jusante de sua localização, ou mesmo na bacia? Além disso, as inundações registradas em Piranga, não podem ser explicadas apenas com as variáveis deste município, como precipitação, desmatamento, assoreamento. Assim, faz-se necessário, uma investigação da Bacia do rio Piranga. Esses questionamentos instigaram o aprofundamento da pesquisa culminando nesta dissertação que irá abordar a distribuição da precipitação na Unidade de Planejamento Doce 1, denominada DO1. Esta unidade é formada por 79 municípios. A Bacia do rio Piranga está inserida na referida unidade, envolve as nascentes do rio Piranga e demais afluentes como Xopotó, Turvo, Turvo Sujo, Turvo Limpo que se avolumam ao Piranga, antes de encontrar o rio do Carmo e denominar-se rio Doce. Para este trabalho, serão focados a Bacia do rio Piranga e os cinco municípios: Piranga, Presidente Bernardes, Porto Firme, Guaraciaba e Ponte Nova que possuem a sede banhada pelo rio Piranga. Todavia, optou-se em trabalhar com a Unidade de Planejamento, para que as peculiaridades da bacia sejam analisadas, principalmente a distribuição da precipitação. A população afetada pelas inundações situa-se em áreas que estão em desacordo com a Lei Federal, por serem Áreas de Preservação Permanente – APP. Segundo o Código , especificamente o Artigo 2º, entende-se por APP as áreas situadas: 20

a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima seja: 1 - de 30m (trinta metros) para os cursos d’água de menos de 10m (dez metros) de largura; 2 - de 50m (cinquenta metros) para os cursos d'água que tenham de 10m (dez) a 50m (cinquenta metros) de largura; 3 - de 100m (cem metros) para os cursos d'água que tenham de 50m (cinquenta metros) a 200m (duzentos metros) de largura; 4 - de 200m (duzentos metros) para os cursos d'água que tenham de 200m (duzentos metros) a 600m (seiscentos metros) de largura; 5 - de 500m (quinhentos metros) para os cursos d'água que tenham largura superior à 600m (seiscentos metros) [...]

Parágrafo único - No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observar-se- á o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo (BRASIL, 1965).

Ao observar apenas este artigo tem-se a justificativa para esta pesquisa, pois áreas que deveriam ser preservadas encontram-se ocupadas. A identificação das áreas de inundação poderá auxiliar o Poder Público Local na execução de projetos que inviabilizem novas construções em APPs. Além de facilitar a retirada da população dos prováveis locais afetados nas futuras inundações do rio, o que amenizará as perdas e danos materiais e humanos da população diretamente afetada. Assim, anseia-se por oferecer informações que subsidiem a compreensão do uso e ocupação do solo nestes municípios. E que o Poder Público Local possa melhor planejar suas diretrizes, principalmente as questões ambientais, a fim de favorecer a qualidade de vida aos munícipes. Esta pesquisa busca também compreender a distribuição temporal e espacial da precipitação na Unidade DO1, além de contribuir para o entendimento das inundações e subsidiar ações que amenizem os prejuízos inerentes a esse fenômeno. Para Monteiro (1990, p. 9 e 17) os estudos climatológicos devem ser realizados por geógrafos, pois é necessário levar em consideração tanto os aspectos físicos, quanto os aspectos humanos, uma vez que o homem atua diretamente na modificação e transformação da paisagem. O geógrafo é capaz de compreender as relações entre os fatores termodinâmicos e sociais da cidade, e contribuir para o planejamento urbano por meio da adequação do uso e ocupação do solo e a preservação de áreas verdes. Nesta problemática, a pesquisa tem como objetivo geral analisar a gênese das inundações de 1979, 1997, 2008 e 2012, nos municípios de Piranga, Porto Firme, Presidente Bernardes, Guaraciaba e Ponte Nova, a partir da análise da distribuição espacial e temporal da precipitação. Como objetivos específicos pretende-se: 21

 Analisar os sistemas sinóticos atuantes em Minas Gerais;  Analisar a distribuição sazonal da precipitação na unidade de planejamento DO1;  Fazer um levantamento das repercussões dos eventos pluviais ocorridos nos municípios de Piranga, Porto Firme, Presidente Bernardes, Guaraciaba e Ponte Nova;  Identificar as áreas afetadas pelas inundações (1979, 1997, 2008 e 2012) nos municípios estudados.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A revisão bibliográfica envolve os fundamentos teórico-metodológicos que nortearam a pesquisa. São abordados temas relacionados aos aspectos climáticos, eventos extremos e ações antrópicas.

2.1 Aspectos Climáticos Regionais e de Larga Escala

Para Nimer (1979, p. 9) todas as massas de ar responsáveis pelas condições climáticas na América do Sul atuam no Brasil. As massas de ar de atuação direta no Brasil são a Equatorial Atlântica (mEa), Equatorial Continental (mEc), Tropical Atlântica (mTa), Tropical Continental (mTc), Antártica (mA), Polar Atlântica (mPa), Polar Pacífica (mPp) e Superior (mS). Há também a atuação da circulação secundária como frentes, ciclones e anticiclones móveis. Em seu estudo sobre a “Climatologia da Região Sudeste”, Nimer (1979, p. 265) verificou a complexidade climatológica desta região em relação à distribuição de precipitação e de temperatura por tratar-se de uma região tropical de transição climática. Para este autor é importante conhecer e compreender os fatores de ordem estática (posição, topografia acidentada) e de natureza dinâmica (circulação atmosférica) que atuam nesta região. Nesta linha, Sant’Anna Neto (2005, p 46 a 59) por meio do artigo “Decálogo da Climatologia do Sudeste Brasileiro” demonstrou como as peculiaridades desta região influenciam e determinam os tipos climáticos. Enumerou dez fatores ou processos que explicam a diversidade climática do sudeste: Uma posição latitudinal peculiar; O predomínio das “terras altas”: uma topografia acidentada; O palco de um conflito anunciado; Os moventes e as interações; Um mar que não é para todos; Uma chuva que não sabe chover; O calor que arde e o frio que congela; Sobre os verões e invernos; Um ano não é igual a outro e As derivações antropogênicas. Borsato e Borsato (2009, p. 3) consideram que fatores locais, regionais e globais influenciam na quantidade e distribuição da precipitação. Assim, a interligação entre estes fatores faz com que as regiões Centro-Oeste e Sudeste apresentem, em função da circulação regional, duas estações bem definidas ao longo do ano com verão quente e úmido e inverno seco. Para Nimer (1979, p. 270) as correntes de circulação perturbada de Sul (S), de Oeste (W) e de Leste (E) são as responsáveis pela instabilidade e bruscas mudanças de tempo na 23

região Sudeste. Atualmente, autores como Dias e Marengo (2002, p. 72) atribuem à formação das instabilidades tropicais ao fenômeno conhecido como Alta da Bolívia (AB). A AB trata-se de uma circulação anticiclônica nos altos níveis da troposfera, que atua no verão no hemisfério sul, com forte atividade convectiva e intensas precipitações na região tropical da América do Sul. A presença da AB nos meses de verão pode ser entendida como uma compensação local ao grande movimento ascendente, associado à atividade convectiva, atuante nesta época do ano. Em conformidade com Varejão-Silva (2000, p. 418), Ferreira (2006, p. 137), Reis (2011, p. 55) e Ayoade (2012, p. 100) as massas de ar podem ser classificadas de acordo com a região de origem, considerando-se apenas a temperatura e a umidade. Assim, o grupo principal é constituído pelas massas de ar Tropical – T (incluindo a Equatorial - E) e Polar - P, subdividido em continentais (c) e marítimas (m), conforme sua formação sobre o continente ou o oceano. Em geral, as massas de ar continentais são relativamente secas, quando comparadas às de origem marítima. São designadas da seguinte forma: Tropical Marítima – mT, Tropical Continental – cT, Polar Marítima – mP, Polar Continental – cP, Equatorial Continental – cE, Equatorial Marítima – mE (REIS, 2011, p. 55-56). Como Nimer (1979, p. 309), Borsato e Borsato (2009, p. 4) entendem que a região Sudeste encontra-se sob o domínio dos sistemas intertropicais e polares. Para Borsato e Borsato (2009, p. 4) os sistemas que interferem no Sudeste são: mT, cT, mP. No período mais quente, predomina a atuação dos sistemas de baixa pressão e nos demais meses do ano há uma alternância entre os sistemas de alta e de baixa pressão, prevalecendo os sistemas de alta pressão. Entretanto, mesmo com o predomínio do sistema de baixa pressão nos meses mais quente, a mP, que é de alta pressão, avança pelo Sul do Brasil e desvia-se para o interior do Atlântico Sul. O deslocamento desse sistema origina as frentes que com frequência avançam e provocam chuvas frontais por onde atuam. Na estação de verão a cT e cE se ampliam e passam a dominar os tipos de tempo no Centro-Oeste e às vezes, atuam no sul do país, norte e nordeste do estado do Paraná, em Minas Gerais e em São Paulo. Como a cT se origina no interior do continente, sua participação se amplia a partir do interior do continente. Os avanços dos sistemas frontais em contrastes com a baixa pressão e a elevada umidade relativa, características da cE, desestabilizam a atmosfera contribuindo com a maior altura pluviométrica (FIGURA 1).

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Figura 1 – Situação habitual dos sistemas atmosféricos na América do Sul; Fonte: SANT’ANNA NETO, 2005, p. 50.

Segundo Cupolillo (2008, p. 26) a grande quantidade de energia solar, que atinge o sudeste durante todo o ano, explica o inverno ameno. Nesta estação predomina a atuação das frentes frias e do Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul – ASAS. O ASAS, que afeta Minas Gerais, é um sistema de larga escala que se origina da circulação geral da atmosfera, e possui seu centro sobre o oceano Atlântico Sul. Durante o inverno, este anticiclone atua com circulação continental, antes de o sistema frontal atingir Minas Gerais, e com circulação predominante do quadrante sul-leste, após a passagem da Frente Polar Atlântica - FPA, originada do sul do continente. Esta frente alcança este estado com pouca atividade convectiva, ou seja, com pouca chuva, devido ao baixo teor de umidade no ar. A massa de ar na retaguarda desses sistemas frontais atinge Minas Gerais, provocando queda de temperatura. Já no verão, o anticiclone subtropical posiciona-se mais sobre o oceano, assim este estado sofre forte influência de sistemas convectivos, responsáveis pelo padrão climático de precipitação sobre a região (CUPOLILLO, 2008, p. 27). Durante os meses de verão a mP, que é um anticiclone, posiciona-se sobre o Atlântico Sul (entre -20º a - 40º de latitude), em contra partida a mT mantêm-se ativa sobre o Atlântico (entre -10º a -15º de latitude), consequentemente a mP constitui-se num bloqueio às frentes frias que frequentemente avançariam pela região Sul (ABREU, 1998, p. 19; CUPOLILLO 2008, p. 29). 25

Para Jardim (2012, p. 42) as chuvas no território mineiro têm origem complexa e deve ser explicada pela ação dos sistemas frontais (FPA), no estabelecimento de Linhas de Instabilidade - LI, na formação de sistemas convectivos associados à influência da cE e ao forte aquecimento basal das massas de ar (atividade convectiva), seguidas pelo estabelecimento ocasional (durante a primavera e principalmente no verão) da Zona de Convergência de Umidade – ZCOU e da Zona de Convergência do Atlântico Sul - ZCAS, caracterizadas por vários dias seguidos de chuva. Conforme Pallotta e Nakazato (2010, p. 2) a ZCOU se assemelha à ZCAS em vários aspectos como o fato de serem zonas de convergência de umidade assinaladas por nebulosidade e precipitação intensas. Contudo, há diferenças no padrão de escoamento, principalmente em médios e baixos níveis, que desfavorecem a persistência e organização da banda de nebulosidade e precipitação, caracterizando assim uma ZCOU ao invés de ZCAS. Uma ZCOU pode ser caracterizada em situações onde os padrões são similares aos de ZCAS, porém a duração do sistema é de apenas 3 dias. Caso o padrão persista por um quarto dia, o sistema passa a ser considerado ZCAS. À ZCOU pode ser atribuída uma situação previamente estabelecida de ZCAS em situação de dissipação, onde ainda é possível ser identificada uma banda de nebulosidade organizada. Ainda segundo Pallotta e Nakazato (2010, p. 1) o ASAS é importante para manter a convergência nos baixos níveis, uma vez que seu movimento anticiclônico sobre o oceano é centrado em aproximadamente 30ºS, e assim transporta vapor d’água em direção à costa sudeste do Brasil, intensificando a convergência de umidade já existente. De tal modo, tanta umidade disponível torna viável o fato da região da ZCAS ser de alta variabilidade convectiva. Conforme Mendonça e Danni-Oliveira (2007, p. 92) a ZCAS é resultado da intensificação do calor e da umidade provenientes do encontro de massas de ar quentes e úmidas da Amazônia e do Atlântico Sul na parte central do Brasil. Geralmente, a ZCAS estende-se desde o sul da Amazônia até a porção central do Atlântico Sul. Ferreira (2006, p. 117) refere-se a este fenômeno como uma persistente banda de nebulosidade orientada no sentido noroeste-sudeste, associada a uma zona de convergência nos níveis baixos da troposfera, que se estende desde o sul da Amazônia até o centro do Atlântico Sul, às vezes por milhares de quilômetros (FIGURA 2). Para este autor, a dinâmica de formação da ZCAS parece estar associada à convecção sobre o continente, principalmente nos meses de verão, com a liberação de grande quantidade de calor latente, além de outros fatores, responsáveis pela grande quantidade de precipitação, principalmente no Sudeste e Centro-Oeste. 26

Figura 2 – Zona de Convergência do Atlântico Sul; Fonte: CUPOLILLO, 2008, p. 30.

Para Abreu (1998, p. 19) este canal carregado de umidade que escoa do interior da Amazônia é responsável pela sequência de dias chuvosos, que juntamente com a nebulosidade, favorece a ocorrência de inundações nas áreas afetadas. Para Pallotta e Nakazato (2010, p. 1) a ZCAS é um importante sistema meteorológico que atua na América do Sul no verão austral, sinalizando a estação chuvosa devido aos períodos de intensa precipitação. Segundo Cupolillo (2008, p. 31) e Abreu (1998, p. 19) por estar associada à convecção tropical que se estabelece na região amazônica, a ZCAS tende a se manifestar na primavera e, na região Sudeste, a partir do mês de outubro. Entre outubro e novembro a ZCAS atua principalmente no norte de Minas Gerais e sul da Bahia. Já no início do verão ela predomina sobre o centro-sul de Minas Gerais, norte do Rio de Janeiro e Espírito Santo e, posteriormente desloca-se para o sul, atingindo os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Deste modo, a ZCAS apresenta uma variabilidade espacial deslocando-se de norte, no início da estação chuvosa para sul, no meio da estação chuvosa. 27

Para Abreu (1998, p. 17) Minas Gerais, por sua localização geográfica, sofre a influência de fenômenos meteorológicos de latitudes médias e tropicais que imprimem à região características de um clima de transição. O estado também pode ser caracterizado por apresentar duas estações bem definidas: uma seca e uma chuvosa. Em relação à climatologia de Minas Gerais, Cupolillo, Abreu e Vianello (2008, p. 46) consideram que esta se origina de circulações globais, como as células de circulação atmosférica tropical, e os sistemas frontais (fatores dinâmicos) e de suas interações com a continentalidade tropical e a topografia regional (fatores estáticos), bastante acidentada. Segundo Nimer (1979, p. 289), o relevo acidentado exerce influência na distribuição da precipitação, pois:

[...] as áreas serranas do Sudeste do Brasil, e suas proximidades, especialmente ao longo daquelas referidas trajetórias mais frequentadas por correntes perturbadas, são as mais copiosas. As Serras do Mar e Mantiqueira destacam-se entre outras, não apenas por estarem sob as trajetórias preferidas pelas frentes polares e linhas de IT, mas também por sua orientação paralela ao litoral, no sentido WSW-ENE. Com esta orientação, as escarpas abruptas das referidas serras se opõem frontalmente às correntes de chuvas frontais de componentes, geralmente de S a SE, representadas pelas descontinuidades polares. Nenhuma outra serra do território nacional exerce tanta influência no sentido do acréscimo de precipitação quanto estas duas. Nas situações de chuvas generalizadas por toda a região, quase sempre os índices mais elevados se dão nas referidas serras ou proximidades. Muitas vezes, enquanto na Baixada Litorânea, e no Vale do Paraíba as chuvas são insignificantes, e até mesmo inexistentes, em largos trechos dessas serras se verificam intensos aguaceiros.

De acordo com Cupolillo (2008, p. 26), o clima da Bacia do rio Doce também é influenciado pela dinâmica atmosférica regional que atua no estado de Minas Gerais, e pela de larga escala, que atua no Brasil. Ao estudar a climatologia da Bacia do rio Doce, este autor observou a heterogeneidade climática, a exemplo da região sudeste, devido aos mecanismos dinâmicos de escalas (meso e larga) que atuam no estado influenciarem o regime hídrico da bacia. Além disso, durante o verão a ZCAS estaciona, muitas vezes, sobre os paralelos 19º e 20º de latitude sul, correspondentes à localização da Bacia do rio Doce, provocando catástrofes em muitos municípios, como inundações, deslizamentos, dentre outras.

2.2 Eventos Extremos

Conforme White citado por Marandola Junior e Hogan (2004, p. 99) “os danos são causados pela forma de ocupação do território e pela não consideração dos impactos e riscos que tal uso ou o próprio local podem gerar a si mesmas”. Nesta perspectiva, sugerem a integração entre natureza- 28

sociedade-tecnologia para o desenvolvimento de pesquisas que abordem a relação homem/natureza. Mendonça e Danni-Oliveira (2007, p. 19), consideram que a partir da década de 1960 e principalmente sobre a influência de Monteiro, a Climatologia Brasileira passa a produzir trabalhos de cunho regional e local. Para Sant’Anna Neto (2008, p. 56) a contribuição de Monteiro na sua proposta de análise geográfica do clima - Climatologia Geográfica, os estudos passaram a enfocar a interação do clima (natureza) com as atividades humanas (sociedade), em um jogo de interação. Segundo Sant’Anna Neto (2001, p. 54), com o advento da cibernética e das técnicas computacionais, aliados aos conhecimentos introduzidos pelas observações realizadas pelos satélites artificiais, por meio do sensoriamento remoto, pela primeira vez na história houve a possibilidade de obter uma visão da Terra em escala planetária, como um planeta orgânico. Este autor esclarece que a Climatologia Geográfica tem sido eficiente na compreensão e na explicação dos mecanismos da circulação atmosférica regional e dos sistemas produtores dos tipos de tempo. Entretanto, ainda não foi possível obter um conhecimento suficientemente claro e sistemático para prognosticar e projetar o futuro em relação ao comportamento do clima. Conforme Monteiro (1976, p. 136) o impacto pluvial refere-se a eventos que variam de forma extrema e violenta do ritmo, ou seja, afastamentos ou desvios dos padrões habituais, acompanhados por irregularidades de frequência, que “conforme os mecanismos de circulação regional em que se inserem, podem ser raros e até mesmo excepcionais” (MONTEIRO, 1976, p. 136). Para este autor (1976, p. 136-139) qualquer região climática do globo está sujeita a impactos meteóricos, mesmo que de diferentes tipos e intensidades. Todavia, os efeitos desses fenômenos são agravados pela conformação da paisagem urbana, desde que o solo apresente- se impermeabilizado, a drenagem natural seja modificada, a limpeza urbana e o planejamento sejam ineficientes e as áreas verdes sejam escassas. Dessa forma, para se compreender a repercussão dos fenômenos atmosféricos é imprescindível que se considere a dimensão social do espaço atingido. Conforme Barbosa (2008, p. 2) a atmosfera é dinâmica por sua própria natureza, seguindo um ritmo composto por eventos usuais e eventos extremos, anômalos ou excepcionais. Assim, os eventos usuais são registrados com maior frequência, possibilitando a sua absorção pelas sociedades que se adaptam ao seu ritmo natural. Gonçalves (2003, p. 75) define os eventos usuais, como aqueles que não se afastam significativamente das médias, possuindo uma frequência alta, em escala temporal diária de ocorrência. Para Marandola Jr. e Hogan (2004, p. 98) os “eventos extremos são aqueles eventos que rompem um ciclo ou um 29

ritmo de ocorrência dos fenômenos naturais, sejam estes geológicos, atmosféricos ou na interface destes”. Segundo Gonçalves (2003, p. 69) apesar do avanço tecnológico, a sociedade se mantém “refém” das forças da natureza, pois, os homens são vulneráveis diante dos eventos naturais extremos, principalmente, aqueles de origem meteorológica, hidrológica e geológica. Assim:

[...] na medida em que a população do planeta cresce numa progressão geométrica e que a ocupação se faz em áreas cada vez mais extensas, também aumentam a chance e o risco diante de tais eventos. Quaisquer que sejam suas origens e onde quer que ocorram, têm uma característica comum: acarretam grandes perdas e prejuízos às economias nacionais e às populações afetadas [...] (GONÇALVES, 2003, p. 69).

Ainda para Gonçalves (2003, p. 69) no Brasil, os eventos de maior repercussão nas atividades humanas são de natureza climática: as variações bruscas de temperatura e os eventos pluviais extremos negativos e positivos (secas e enchentes). Embora, as repercussões dos efeitos das variações bruscas de temperatura reflitam negativamente na economia agrícola, os eventos relacionados aos episódios pluviais são os mais significativos, pois causam sérios impactos no meio ambiente e no meio socioeconômico. De acordo com Brandão (2005, p. 47-48) o alto nível de tecnologia utilizado para prever os fenômenos atmosféricos, ainda não é suficiente para amenizar os danos materiais e as perdas humanas. Segundo a mesma autora, os eventos naturais extremos estão relacionados direta ou indiretamente à atmosfera, e englobam: enchentes, secas, nevoeiros, geadas, granizos, descargas atmosféricas, nevascas, tornados, ondas de calor, ciclones tropicais e vendavais, além dos desmoronamentos/deslizamentos de vertentes, ressacas, e os impactos pluviais concentrados, que afetam os domínios intertropicais. Para Gonçalves (2003, p. 69) os eventos naturais extremos, são influenciados pelas ações antrópicas no decorrer do tempo, tanto nas áreas rurais quanto urbanas, o que tem sido primordial para a maior frequência e agressividade destes fenômenos. As áreas urbanas e metropolitanas são as mais afetadas, justamente por serem as áreas mais antropizadas, o que aumenta a vulnerabilidade das áreas afetadas. Desta maneira:

[...] a chuva, na sua maior ou menor escala de intensidade, assume a condição de impacto na medida em que atua sobre um espaço mais adaptado pelo homem, nele interferindo com diversos graus de significância em função da sua vulnerabilidade [...] (GONÇALVES, 2003, p. 75).

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Conforme Barbosa (2008, p. 2), os eventos extremos são aqueles em que os totais num certo período (anual, sazonal, mensal ou diário) apresentaram desvios de chuva superiores ou inferiores ao comportamento habitual da área no período analisado. São definidos como aqueles eventos que ocorrem raramente, se distanciando da média, variando em magnitude. Oliveira, Saldanha e Guasselli (2010, p. 415) consideram que os eventos extremos relacionados ao regime fluvial têm como características principais a alta magnitude e a baixa frequência de ocorrência, sempre associada aos períodos de cheias, desencadeando as enchentes e inundações. Para Kobiyama et al. (2006, p.7) os fenômenos naturais severos como as inundações, escorregamentos, secas e furacões, quando ocorrem em locais ocupados pelo homem, gerando danos e prejuízos, passam a ser considerados “desastres naturais”. Entretanto, estes desastres de causas naturais podem ser agravados pela ação antrópica (Quadro 1).

Quadro 1 - Principais agravantes antrópicos relacionados com os desastres

Fonte: KOBIYAMA et al., 2006, p. 12.

White (1974) citado por Brandão (2005, p. 57) afirma que os eventos naturais extremos representam:

[...] cada parâmetro da biosfera, sujeito a flutuação sazonal, anual ou secular, consiste num hazard para o homem na medida em que o seu ajustamento à frequência, magnitude ou desenvolvimento temporal dos eventos extremos é baseado em conhecimento imperfeito. Onde existir previsão acurada e perfeita do que poderá ocorrer e quando ocorrerá na intrincada malha dos sistemas atmosféricos, hidrológico e biológico, não existirá hazard. De modo geral, os eventos extremos apenas podem ser antevistos como probabilidades cujo tempo de recorrência é desconhecido (BRANDÃO, 2005, p. 57).

Segundo Gonçalves (2003, p. 75) os fenômenos normais (aqueles que não se afastam significativamente da média) são frequentes, sendo que as sociedades se adaptam a eles naturalmente. Contudo, existem fenômenos de grande intensidade que ocorrem periodicamente ou ocasionalmente acarretando grandes danos ao homem. Para Monteiro (1976, p. 136), a caracterização dos eventos extremos não deve levar em conta apenas as médias anuais ou mensais, mas também, a análise episódica dos índices pluviais extremos. A 31

partir desses dados definem-se os anos padrões secos ou chuvosos, o sistema atmosférico responsável por situações extremas de precipitação, além de se considerar as características naturais do sítio urbano e a ocupação humana nas planícies de inundação. Conforme Brandão (2005, p. 58) embora os eventos naturais extremos derivem de fatores naturais associados às disritmias no sistema meteorológico, a ação antrópica contribui para sua maior frequência, intensidade e expansão areolar. Christofoletti (2004, p. 147) considera que:

[...] o principio da magnitude e frequência assinala que os eventos de alta magnitude são raros e os de baixa magnitude comuns [...] Embora os eventos de muito alta magnitude [...] possam deixar traços na paisagem, que subsequentemente os eventos menores levarão longo tempo para apagá-los, o impacto dominante sobre o meio ambiente será aquele do tamanho do evento que possui conjuntamente magnitude e frequência suficientes para gerar a taxa temporal mais alta de dispêndio de energia. Todavia, se essa abordagem propicia aplicação no que se refere à composição geomorfológica e ecológica das paisagens, ela encontra maiores dificuldades em sua aplicação para avaliar os aspectos ambientais nos sistemas socioeconômicos. [...].

Na atualidade, o número de pessoas afetadas pelos desastres climáticos (secas, inundações e tempestades) tem aumentado, sendo que muitas são as especulações que estes desastres estejam ligados às alterações climáticas. No entanto, segundo o Relatório de Desenvolvimento (2007/2008, p. 75) a ciência irá investigar esta ligação, mas as evidências mostram que as alterações climáticas aumentam o risco de exposição aos desastres climáticos, pois,

[...] entre 2000 e 2004 foi registrada uma média de 326 desastres climáticos por ano. No mesmo período, cerca de 262 milhões de pessoas foram, anualmente, afetadas, mais do dobro do que foi registrado na primeira metade da década de 80. No período 2000-2004, numa base média anual, um em cada 19 habitantes do mundo em vias de desenvolvimento foi afetado por um desastre climático (RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO, 2007/2008, p. 75-76).

De acordo com Kobiyama et al. (2006, p. 89) apesar de existirem outros elementos meteorológicos significativos para o estudo dos desastres naturais, a chuva, devido a sua importância e facilidade de medição, é um dos principais elementos estudados. Destaca-se que os dados medidos de chuva podem ser utilizados na previsão do tempo, no estabelecimento de sistema de alerta, no mapeamento de áreas de risco e na construção de obras de engenharia, como barragens, pontes, estradas, portos, diques, entre outros. O registro das precipitações também pode subsidiar estudos de estimativas das vazões máximas da inundação e a frequência com que ocorrem. 32

Para Monteiro (1976, p. 138) os aguaceiros são impactos pluviais concentrados que atingem vários municípios localizados em diferentes regiões Brasileiras, principalmente no período primavera-verão, em que descontinuidades frontais violentas e estacionamento de frentes podem produzir fortes impactos pluviais, sobretudo na região sudeste. Após analisar outros autores, Barbosa (2008, p. 3) afirma que:

[...] os principais processos com grande potencial de alterar rapidamente a dinâmica da paisagem em meio tropical úmido são desencadeados pela pluviometria, portanto, a caracterização e compreensão desse evento atmosférico são de notória relevância tendo em vista que de acordo com o local, suas gêneses e dinamizações são distintas, fazendo-se necessário uma periodização desses episódios na região.

Segundo Conti (1998, p. 34) é preciso levar em consideração as irregularidades, uma vez que de ano para ano a precipitação varia de acordo com as características da dinâmica atmosférica. As chuvas podem ser consideradas intensas a partir de 30 mm/h e criticas quando ultrapassam 50 mm/h, o que denota catástrofes, pois “[...] a capacidade dos canais do sistema hidrográfico é insuficiente para conduzir as águas, causando transbordamentos que, em áreas densamente ocupadas, irão provocar grandes desastres” (CONTI, 1998, p. 35-36).

2.3 Água e Ações Antrópicas no Contexto da Bacia Hidrográfica

A água é um dos elementos mais importantes na composição da paisagem por interligar fenômenos da atmosfera e da litosfera, proporcionando a vida animal, vegetal e humana. Está presente acima e abaixo da superfície terrestre, seja na forma líquida, sólida ou gasosa. Entre as múltiplas funções da água, destaca-se seu papel como agente modelador do relevo da superfície terrestre. Em relação à ação das forças exógenas, que atuam como modeladores do relevo, os cursos d’água possuem papel fundamental. Segundo Christofoletti (1980, p.102) "(...) os cursos d’água constituem processo morfogenético dos mais ativos na esculturação da paisagem". Para este autor a erosão pluvial se manifesta de duas formas: por meio da ação mecânica das gotas de chuva e do escoamento superficial. As gotas de chuva, ao chegarem ao solo, exercem uma força mecânica variando de acordo com o tamanho e a velocidade das mesmas. Para Hernani (2003) citado por Mendonça (2007, p. 51), na escala geológica de tempo, a água modela as formas de relevo e constrói paisagens. Por conseguinte, mediante o poder modelador, esculpe as bacias hidrográficas, também denominadas de bacias de drenagem. A 33

área de superfície terrestre da bacia hidrográfica é drenada por um rio - canal principal e seus afluentes ou tributários, delimitada pelos divisores de água. Esses divisores drenam água, sedimentos e materiais dissolvidos para uma saída única. Logo, uma bacia hidrográfica é uma unidade natural que pode ser definida a partir dessa saída comum ou ponto de saída (foz), o que possibilita o estabelecimento de seus limites sobre uma base cartográfica ou ainda ter seu limite ou divisores de água identificados em campo. Segundo Pires, Santos e Del Prette (2005, p. 17), o conceito de Bacia Hidrográfica remete-se ao “conjunto de terras drenadas por um corpo d’água principal e seus afluentes e representa a unidade mais apropriada para o estudo qualitativo e quantitativo do recurso água e dos fluxos de sedimentos e nutrientes”. Em relação aos tipos de leito, Cunha (2005, p. 213-214) define:

Leito menor corresponde à parte do canal ocupada pelas águas e cuja frequência impede o crescimento da vegetação. Esse tipo de leito é delimitado por margens bem definidas. O leito de equivale à parte do canal ocupada durante o escoamento das águas de vazante. Suas águas divagam dentro do leito menor seguindo o talvegue, linha de máxima profundidade ao longo do leito e que é mais bem identificada na seção transversal do canal. O leito maior, também denominado leito maior periódico ou sazonal, é ocupado pelas águas do rio regulamente e, pelo menos uma vez ao ano, durante as cheias. Dependendo do tempo ocorrido entre as subidas das águas, é possível haver a fixação e o crescimento da vegetação herbácea. O leito maior excepcional é ocupado durante as grandes cheias, no decorrer das enchentes. A frequência do escoamento das águas nesse tipo de leito obedece a intervalos irregulares, que podem se estender a algumas dezenas de anos.

Para Christofoletti (1980, p. 84), ao considerar a litologia, existem leitos que correm sob rochas coerentes, ou seja, que atravessam material consolidado. A resistência encontrada pela corrente faz com que os leitos se encontrem inadaptados às exigências hidrodinâmicas. A largura e a profundidade variam em pequenas distâncias, o declive é irregular e as margens geralmente são mal definidas. Já os rios com leitos sobre material móvel são os que atravessam sedimentos facilmente mobilizáveis. A facilidade com que estes materiais respondem às exigências hidrodinâmicas do escoamento faz com que os leitos estejam sempre calibrados. Segundo o autor, os meandros se caracterizam por apresentarem curvas sinuosas, largas, harmoniosas e semelhantes entre si, devido ao trabalho de escavação na margem côncava (ponto de maior velocidade da corrente) e de deposição na margem convexa (ponto de menor velocidade), todavia os detritos são depositados na mesma margem de origem. Os meandros representam:

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[...] a forma pela qual o rio realiza o seu trabalho pela “lei do menor esforço”. Representa o equilíbrio em seu estado de estabilidade, denunciando o ajustamento entre todas as variáveis hidrológicas, inclusive a carga detrítica e a litologia por onde corre o curso de água. Considerado na perspectiva de todos os possíveis tipos de canais que o rio pode apresentar, o meandro é o mais provável, porque minimiza a declividade, o cisalhamento e a fricção. Desde que se estabeleça o meandramento praticamente não será alterado, a menos que um distúrbio muito intenso venha atuar sobre a região. A observação de que os meandros são mais frequentes nos baixos cursos fluviais encontra ressonância nas diversas considerações expendidas a proposito do comportamento fluvial e da tipologia dos canais. Em direção de jusante, à medida que diminuiu competência, há decréscimo na granulometria dos sedimentos, aumentando a porcentagem da fração silte-argila na composição do material detrítico componente do perímetro do canal e predomínio cada vez maior da carga em suspensão em detrimento da carga do leito. Essas condições estão associadas às formas e tipos de canais. Quando predomina a carga do leito, com material grosseiro, os canais são largos e rasos e apresentam baixos índices de sinuosidade. Quando predomina a carga em suspensão, com materiais finos, os canais são estreitos e profundos e apresentam altos índices de sinuosidade. Desse inter-relacionamento, em consequência surge o fato de que os meandramentos são predominantes nos baixos cursos e a probabilidade maior de que os canais retos e anastomosados ocorram nos trechos pertencentes ao alto e médio cursos. [...] (CHRISTOFOLETTI, 1980, p. 89)

Para Christofoletti (1980, p. 65) todo e qualquer evento que ocorra na bacia de drenagem repercutirá, direta ou indiretamente nos rios, “[...] as condições climáticas, a cobertura vegetal e a litologia são fatores que controlam a morfogênese das vertentes e, por sua vez, o tipo de carga detrítica a ser fornecida aos rios [...]”. Conforme Pires, Santos e Del Prette (2005, p. 31-32):

[...] a retenção de sólidos (assoreamento) nas planícies inundáveis e nos rios associados também proporcionam grande preocupação. As modificações geomorfológicas da planície de inundação podem [...] interferir no transporte fluvial e no padrão de cheias [...] a erosão de solos e degradação de terras agricultáveis provocam um aumento na pressão do uso dos sistemas naturais, por meio do desmatamento para fins agrícolas, agravando a perda da diversidade biológica [...] Estes processos são responsáveis pelas modificações do leito e alinhamento dos rios e, como consequência, provocam o aumento do período de inundação das áreas ribeirinhas, além da maior frequência de inundação e erosão localizada em áreas urbanas devido à destruição de matas ciliares.

Segundo Casseti (1995, p. 64 - 67) com a transformação da natureza pelas ações antrópicas (ex: desmatamento) ocorre o desaparecimento expressivo da fauna. Por conseguinte, a infiltração é substituída pelo escoamento superficial da água, acarretando a erosão, e posteriormente o assoreamento dos cursos d’água, favorecendo a incidência de enchentes e inundações, devido à diminuição da área da seção transversal do canal e a consequente diminuição do volume de água circulante. Assim:

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A partir do momento em que a vertente começa a ser ocupada, o processo é iniciado com a retirada da cobertura vegetal, as relações processuais morfodinâmicas se alteram: os solos são castigados diretamente pela incidência dos raios solares e efeitos pluvioerosivos, além de permitir aumento da velocidade dos ventos, o que favorece a dessoloagem. Inicia, portanto, um aumento do fluxo por terra [...] e consequente redução da infiltração. [...] As superfícies desprovidas de cobertura vegetal e pavimentação, por sua vez, contribuem com uma carga elevada de material (depósito de cobertura), que tende a se acumular ao longo do curso d’água, sobretudo naqueles de baixo gradiente, gerando o processo denominado de assoreamento. Tem-se, portanto, uma alteração total do sistema hidrológico da vertente e consequentemente do curso d’água. [...] (CASSETI, 1995, p. 73-74).

Christofoletti (2004, p. 99-100) elaborou um fluxograma que aborda os mecanismos de resposta aos eventos pluviais (FIGURA 3).

Figura 3- Mecanismos de Resposta aos Eventos Pluviais Intensos sobre Paisagens Desmatadas; Fonte: CHRISTOFOLETTI, 2004, p. 100.

Segundo Brasil (2007, p. 97-98) os condicionantes naturais climáticos e geomorfológicos de um determinado local (pluviosidade, relevo, tamanho e forma da bacia e gradiente hidráulico do rio) são determinantes na frequência de ocorrência, tipologia e dinâmica do escoamento superficial de processos de enchentes e inundações, aliados às intervenções antrópicas no meio físico. Este conjunto de ações modifica o ciclo hidrológico, pois altera a vazão devido a impermeabilização dos terrenos em decorrência da urbanização. Botelho e Silva (2004, p. 61) definem o ciclo hidrológico como um “fenômeno de circulação de água entre a atmosfera e a superfície terrestre”. Entretanto, a nível global, é considerado um sistema fechado e a nível local, um sistema aberto em razão da origem e ocorrência 36

da precipitação não ser necessariamente a mesma. Para estes autores o ciclo hidrológico é composto pela evaporação/evapotranspiração, precipitação, interceptação, infiltração e escoamento subsuperficial. Estes componentes não ocorrem da mesma forma em todo o planeta, o que implica que o ciclo não seja homogêneo. Para Mendonça e Leitão (2008, p. 153) a água é um dos principais bens da natureza, sendo de importância fundamental aos seres vivos. Kobiyama et al. (2006, p. 23) consideram que a vida no Planeta depende da água. Além disso, a água tem o papel de manter a temperatura média global, uma vez que o vapor d’água é o grande responsável pela retenção do calor na atmosfera, gerando o efeito estufa. Entretanto, estes autores afirmam que mesmo dependendo essencialmente da água para sua vida, o homem estabeleceu uma relação negativa com este elemento natural resultado do processo de degradação. Ainda que a chuva seja importante e benéfica para o homem e suas atividades, seu excesso poderá ocasionar inundações e escorregamentos, e sua escassez poderá acarretar estiagens e secas. Conforme Canal (2011, p. 20) as chuvas intensas são fenômenos meteorológicos caracterizados por forte precipitação contínua e de curta duração que podem ocasionar enchentes. Os transtornos decorrem principalmente em áreas mais ocupadas quando, de uma forma geral, os sistemas de drenagem passam a ter menor eficiência em função da redução da infiltração da água no solo e aumento do escoamento superficial. O excesso de água, por sua vez, ao não ser absorvido de imediato pela superfície, alimenta os canais fluviais, causando o transbordamento dos cursos d’água muito rapidamente, ocasionando danos materiais e humanos e transtornos à população de modo geral. Para Oliveira, Saldanha e Guasselli (2010, p. 140) as enchentes e inundações ocorrem naturalmente em todos ambientes fluviais, sendo importantes na manutenção da dinâmica hidrológica e dos processos geomorfológicos. As enchentes consistem na elevação do nível da água de um rio, acima de sua capacidade de escoamento, podendo causar inundações. Conforme Enomoto (2004, p. 4) enchente não é sinônimo de catástrofe, trata-se de um fenômeno natural dos rios, uma vez que possuem sua área natural de inundação. As inundações passam a ser um problema para o homem quando este deixa de respeitar os limites naturais dos rios. Para a autora, as enchentes podem ser lentas ou rápidas e geralmente, vão se avolumando no decorrer dos dias, dependendo da região em que ocorrem. Contudo, em áreas rurais, parte da precipitação é retida pela vegetação, outra infiltra no solo e o restante escoa pela superfície produzindo um hidrograma com variação lenta de vazão e com picos de enchente moderados. Nas áreas urbanizadas, a impermeabilização reduz a infiltração e aumenta a velocidade do escoamento no sistema de drenagem à medida que evolui a 37

ocupação urbana trazendo, como consequência direta, o aumento dos processos erosivos na calha principal, margens e contribuintes dos rios. De acordo com Veyret e Richemond (2007, p. 64) as inundações afetam a população em diversas partes do mundo, todavia, é preciso diferenciar as cheias (enchentes) das inundações. Para as autoras, “a cheia é definida pela alta das águas, que podem permanecer no leito menor do curso d’água. A partir do momento que este não é mais capaz de conter o escoamento, a água transborda e se espalha pelo leito maior, provocando uma inundação” (VEYRET; RICHEMOND, 2007, p. 64). Kobiyama et al. (2006, p. 45) definem a inundação como o aumento do nível dos rios, além da vazão normal, ocasionando o transbordamento de suas águas sobre as planícies de inundação. Já as enchentes se caracterizam quando o rio, apesar de ficar cheio, não transborda. Para os Órgãos Públicos, dentre eles a Secretaria Nacional de Defesa Civil a enchente se caracteriza quando as águas da chuva, ao alcançarem um curso d’água, causam o aumento da vazão por certo período de tempo. Este acréscimo na descarga d’água tem o nome de cheia ou enchente. Assim:

- Enchente ou Cheia: é a elevação temporária do nível d’água em um canal de drenagem devido ao aumento da vazão ou descarga. Já a inundação ocorre durante o período de enchente, as vazões atingem tal magnitude que podem superar a capacidade de descarga da calha do curso d’água e extravasar para áreas marginais habitualmente não ocupadas pelas águas. Este extravasamento caracteriza uma inundação e a área marginal, que periodicamente recebe esses excessos de água denomina-se planície de inundação, várzea ou leito maior, quando a enchente atinge cota acima do nível máximo da calha principal do rio (BRASIL, 2007, p. 90-91).

Oliveira e Herrmann (2005, p. 175) explicam que ao ocorrer o transbordamento das águas fluviais, ocorre a catástrofe sob a população residente na planície de inundação, uma vez que este espaço natural não deveria ser ocupado. Para os autores, a frequência das inundações tem aumentado assim como os prejuízos por ela causados, devido ao avanço das ocupações nas planícies de inundação. Segundo Silveira (2007, p. 38) as enchentes e inundações podem ser de dois tipos: a) Enchentes e inundações regionais – associadas a longos episódios de chuvas (dias até semanas), e que atingem extensas áreas (urbanas e rurais) com certo período de recorrência. Nesse tipo a área pode permanecer inundada por semanas. b) Enchentes e inundações localizadas – associadas às chuvas de grande intensidade e de curta duração (horas), afetando áreas urbanas de forma descontínua. A área permanece inundada por apenas algumas horas. 38

Para Tucci (2003, p. 25 a 27) existem dois processos responsáveis pelas inundações em áreas urbanas que podem ocorrer de forma isolada ou integrada: Inundações de áreas ribeirinhas - ocorre quando a população ocupa o leito maior dos rios que é inundado em média a cada dois anos. Esse tipo de inundação está associado à ocupação inadequada do espaço urbano devido à ausência de Plano Diretor, invasão de áreas ribeirinhas, além da ocupação de áreas que são atingidas com menor frequência. Os principais impactos desse tipo de inundação são perdas materiais, humanas, interrupção das atividades econômicas das áreas inundadas e doenças associadas à contaminação da água, como leptospirose e cólera. Inundações devido à urbanização - corresponde ao aumento da frequência e magnitude das enchentes, devido à ocupação do solo por superfícies impermeáveis e escoamento por meio de canais e condutos que aumentam a vazão máxima, aumento da produção de sedimentos (erosão e resíduos sólidos), deterioração da qualidade das águas superficiais e subterrâneas. Além disso, tem-se a forma desorganizada da infraestrutura urbana, que pode desencadear obstruções ao escoamento, como pontes, aterros e obras de drenagem inadequadas. Wollmann e Sartori (2009, p. 11) entendem que enchentes e inundações são resultados do escoamento das vertentes de uma bacia hidrográfica, e que o somatório do escoamento concentrar-se-á no canal principal de drenagem. No caso de uma bacia com alto gradiente altimétrico, quanto maiores forem os índices pluviométricos à montante, maior será o somatório à jusante resultando na inundação. Caso ocorra uma elevada precipitação nas cabeceiras de uma bacia hidrográfica, cujas altitudes sejam elevadas em relação às áreas de inundação, o processo de formação de uma inundação será maior quanto maior for a intensidade pluviométrica. Isso ocorre, pois tanto o escoamento superficial quanto o subsuperficial são responsáveis, geomorfologicamente, pelas inundações, aliado às formas do relevo. Segundo Vieira e Cunha (2005, p. 112) o problema da enchente/inundação é amplo e não se trata apenas da precipitação. Está associado ao crescimento urbano e à transformação do leito do rio.

Nos últimos anos, o homem tem participado como agente acelerador dos processos modificadores e de desequilíbrios da paisagem [...]. As enchentes urbanas vêm constituindo um dos mais importantes impactos sobre a sociedade e podem ser provocadas por uma série de fatores, como aumento da precipitação, vazão dos picos de cheia e estrangulamento das seções transversais do rio, causados pelas obras de canalização, assoreamento, aterro e lixo (VIEIRA, CUNHA, 2005, p. 112).

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Para Gonçalves e Guerra (2005, p. 189):

As áreas urbanas, por constituírem ambiente onde a ocupação e concentração humana se tornam intensas e muitas vezes desordenadas, tornam-se locais sensíveis às gradativas transformações antrópicas, à medida que se intensificam em frequência e intensidade o desmatamento, a ocupação irregular, a erosão e o assoreamento dos canais fluviais, entre outras coisas.

Para Kobiyama et al. (2006, p. 49) a construção de estradas, casas e prédios entre outros, desencadeiam o processo de impermeabilização do solo, impedindo que o solo absorva a água da chuva. Desta maneira, a água da chuva escorre diretamente para os canais fluviais, fazendo com que o nível do rio aumente rapidamente. Por outro lado, o desmatamento também contribui para o escoamento superficial, além de acelerar o processo de perda do solo, resultando no assoreamento dos cursos d’água. Neste contexto, o lixo entope bueiros, canais e tubulações pluviais, contribuindo para o alagamento das áreas urbanas. Assim, as inundações proporcionam efeitos maléficos para a população afetada. Estes podem ser classificados como diretos e indiretos:

[...] Os principais efeitos diretos são mortes por afogamento, a destruição de moradias, danos materiais diversos e gastos com recuperação. Os indiretos são principalmente aqueles relacionados às doenças transmitidas por meio da água contaminada, como a leptospirose, a febre tifoide, a hepatite e a cólera [...] (BRASIL, 2007, p. 99).

Conforme Monteiro (1991, p. 8-9) inundações e desabamentos de encostas não seriam desastrosos se a população não fosse induzida a ocupar as áreas de risco que deveriam ser preservadas. Para Mendonça e Leitão (2008, p. 150) no Brasil, o aumento dos riscos urbanos deve-se a ocupação irregular, fato que implica em uma combinação tanto de riscos naturais do clima tropical, quanto ao emprego de baixa tecnologia empregada nas construções em geral e no modo de vida da população.

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3 CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICA E GEOGRÁFICA DA ÁREA DE ESTUDO

A caracterização histórica e geográfica da área de estudo permite além de situar o leitor, fazer relações entre os aspectos físicos e humanos, e assim compreender os impactos ambientais e sociais existentes nos municípios.

3.1 Bacia do Rio Doce

Os primeiros registros do nome rio Doce datam desde 1540, no mapa de Jorge Reinel, de acordo com Teixeira (2002, p. 10). Dentre os trinta e dois mapas históricos analisados por este autor no período entre 1550 e 1600, em apenas quatro mapas não foi identificado este rio. Conforme Teixeira (2002, p. 9):

[...] foram necessários dois séculos até que os bandeirantes paulistas rasgassem os sertões dos Goitacases e vissem o ouro refulgir no fundo de suas bateias. Mas e sua foz? Como não perceber o desembocar no Atlântico de um rio de tal volume e dimensão? Na avaliação do príncipe Neuwied, o rio devia ter “pouco antes de se reunir ao mar, na estação das chuvas, o dobro da largura do Reno, nos locais em que ele mais se estende”.

Ainda segundo Teixeira (2002, p. 23-24) por volta de 1567, sob comando de Martins Carvalho, ocorreu a primeira expedição de caráter exploratório, provavelmente na parte noroeste da Bacia do rio Doce e alguns afluentes da margem esquerda. Em 1572, Sebastiao organizou a segunda expedição visando subir o rio Doce em busca de pedras preciosas. Todavia, em uma nova expedição, comandada por Antônio Dias Adorno, as esmeraldas foram consideradas de qualidade medíocre, o que contribuiu para esfriar o entusiasmo dos desbravadores por mais de 20 anos. Depois de quase dois séculos em busca de ouro, prata e pedras preciosas a partir de sua foz, foi na cabeceira do rio Doce, num córrego junto ao , seu afluente, em um lugarejo denominado Casa da Casca, atual , que o paulista Antônio Rodrigues Arzão encontrou as primeiras pepitas de ouro. Antes de morrer, Arzão deixou a seu cunhado Bartolomeu Bueno de Siqueira, informações que permitiriam o prosseguimento das descobertas auríferas nas proximidades de e Mariana, especialmente , distante oito léguas de Ouro Preto. O desempenhou um importante papel no período colonial, no qual o progresso e o desenvolvimento se deram de maneira muito rápida, durante o ciclo do ouro. Em 1721, surgia a nova Capitania de Minas Gerais (TEIXEIRA, 2002, p. 29-30). Segundo Teixeira (2002, p. 44) indígenas habitavam a Bacia do rio Doce e no litoral viviam os índios derivados da tribo dos Tupis, com exceção da foz do rio Doce, onde raramente se fixavam. 41

Já no interior da bacia descendiam principalmente dos Cuietés ou Aimorés, originários da tribo dos Tapuias. No alto rio Doce viviam os Coroados, Puris, Coropós, Goitacases, Manachós, Malalises, Caposes, Panamés e outros. No médio rio Doce, Pancas, Inkut-Crac, Crenac, Nacna-Nuc. O norte e noroestes da bacia eram habitados pelos Pupuris, Macuanis, Camarachós, Malalis, Tocoiós. Os aimorés botocudos eram nômades e circulavam por diversas regiões da bacia, principalmente no baixo e médio rio Doce. Dentre estes grupos, os botocudos se destacaram por serem guerreiros por natureza, e estarem em constante luta contra os brancos. Para Teixeira (2002, p. 48) a presença desses indígenas retardou a colonização no baixo e médio rio Doce. O atual município de Linhares – baixo rio Doce, no estado do Espírito Santo, foi o primeiro município a se implantar na calha do rio, sendo elevado a essa categoria em 1833. No médio rio Doce, no século XIX, não havia sede municipal a menos de 100 km do rio:

[...] Os primeiros municípios surgiram em Minas, a partir das cabeceiras, com Mariana e Ouro Preto, em 1711, e , em 1714, em função da descoberta do ouro. Entre 1833 e 1888 seis outras sedes municipais foram criadas, todas afastadas do Rio Doce: , Santa Barbara, Conceição do Mato Dentro, Piranga e Ponte Nova. Nas ultimas décadas do século XIX, surgiram ainda outros 11 municípios: Viçosa, Guanhães, Peçanha, Manhuaçu, Visconde do Rio Branco, , , São Domingos do Prata, Alto Rio Doce, Alvinópolis e Abre-Campo. Desses, o mais próximo do Rio Doce era Caratinga, a cerca de 50 quilômetros em linha reta. Ainda assim, e mesmo considerando os municípios que foram criados já no século XX – Antônio Dias, Ipanema, Rio Casca, , e São João Evangelista (todos em 1911) -, nenhuma localidade surgiu às margens do Rio Doce. É espantoso que, em 1915, numa área de 30 mil quilômetros quadrados, no médio Rio Doce, não houvesse uma única cidade, nem mesmo uma vila! (TEIXEIRA, 2002, p. 95).

No início do século XIX, com o decreto de Dom João concedendo liberdade de indústria, estava aberto o caminho para o desenvolvimento da região do rio Doce. A quantidade e qualidade do minério de ferro em Minas e, sobretudo nesta região, favoreceram a implantação de várias forjas e fábricas de ferro:

[...] A primeira usina, Fabrica Patriótica, começou a operar em 1812, e depois vieram as de Morro do Pilar e do Intendente Câmara, a de Itabira, Forja do Jirau, e as de Timbopeba, , Santa Bárbara, Congo Soco, entre muitas outras. Por volta de 1864, o relatório do governador da província registrava a existência de 120 fábricas de ferro em Minas, a maioria na região do Rio Doce. (TEIXEIRA, 2002, p. 80).

A concretização da ocupação do Vale do Rio Doce ocorreu a partir da segunda metade do século XIX, por meio das ferrovias - Estrada de Ferro Vitória a Minas e a Estrada de Ferro Leopoldina, segundo Teixeira (2002, p. 114):

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Não foi o rio Doce o caminho fluvial que os antigos sonharam como propulsor do desenvolvimento e progresso da vasta região da sua bacia. Mas foi o guia, a trilha, a vereda: bem a seu lado, sobre os trilhos, costeando suas margens, corria agora um veiculo de insofismável progresso que, aos poucos, teria papel fundamental na povoação e economia de uma bela e fértil região.

Em 1942, o então Presidente da República Getúlio Vargas, ao criar a companhia Vale do Rio Doce, estavam lançadas as bases para a integração rumo ao desenvolvimento do vale do rio Doce. Atualmente, a bacia do rio Doce abrange 230 municípios, sendo 202 no Estado de Minas Gerais e 28, no Espírito Santo (COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE, 2012). Sua economia é baseada, segundo Cupolillo (2008, p. 14), em uma gama de atividades. São elas a mineração, silvicultura, siderurgia, exploração de pedras preciosas e semipreciosas; pecuária de corte e leiteira, suinocultura, cana de açúcar, cafeicultura, geração de energia hidrelétrica, além de atividades agrícolas de subsistência. Deste modo, a referida bacia exerce influencia na economia mineira e nacional. O processo de ocupação e crescimento econômico, nesta bacia, concentrou-se a partir de 1950, no entanto, a ocupação ocorreu de forma desordenada. Nas cidades, praticamente todo o esgoto e lixo são lançados nos cursos d'água ou em suas margens. Além disso, concentrações pontuais de grandes indústrias (siderurgia e celulose no Vale do Aço, suinocultura e beneficiadoras de cana-de-açúcar, em Ponte Nova, e mineração, em Itabira) podem comprometer tanto qualitativa quanto quantitativamente os usos múltiplos dos recursos hídricos (COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE, 2012). Na zona rural encontram-se vastas áreas em estado avançado de desertificação, lagoas eutrofizadas, nascentes desprotegidas e processos erosivos. Da cobertura vegetal original, mais de 90% foi devastada. Aliado a isto, as características dos solos, juntamente com o manejo inadequado, desencadearam os processos erosivos, tornando-se um dos maiores problemas ambientais da região (COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE, 2012). A Bacia do rio Doce, federal, localizada nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, insere-se na Bacia do Atlântico Sudeste (FIGURA 4). Possui uma área de drenagem de 83.400 Km2, sendo 14% localizada no Espirito Santo e 86% em Minas Gerais (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2005, p. 7). Esta bacia tem como referência geográfica as coordenadas de 18º 45’ e 21° 15' de latitude sul e 39° 55' e 43° 45' de longitude oeste, limitando-se ao sul com a bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul, a oeste com a bacia do rio São Francisco, e, em pequena extensão, com a do rio Grande. Ao norte, limita-se com a bacia dos rios e Mucuri e a noroeste com a bacia do rio São Mateus (COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE, 2012). 43

Figura 4 – Localização Geográfica da Bacia do Rio Doce.

O principal formador do rio Doce é o rio Piranga, cuja extensão é 853 km (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2005, p. 7). O rio recebe o nome de Doce após o encontro das águas dos rios Piranga e Carmo, no município de rio Doce e sua foz está situada em Regência distrito de Linhares no Espírito Santo. Trata-se, portanto, de um rio interestadual, sendo que os principais afluentes são: pela margem esquerda: Piracicaba, Santo Antônio e Suaçuí Grande, em Minas Gerais; Pancas e São José, no Espírito Santo; pela margem direita: Casca, Matipó, Caratinga-Cuieté e Manhuaçu, em Minas Gerais; e Guandu, no Espírito Santo (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2005, p. 7-8). Os principais limites geográficos da bacia são, ao norte, as Serras Negra e Aimorés (Serra de São Félix); a oeste, a Serra do Espinhaço; a sudoeste e ao sul, a Serra da Mantiqueira; a sudeste, a Serra do Caparaó; a leste o Oceano Atlântico (CUPOLILLO, 2008, p. 13). A Bacia do rio Doce é composta por sete Unidades de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos (UPGRHs), dentre estas se têm a Unidade DO1 que abrange os rios Piranga, Carmo e Xopotó (FIGURA 5). Esta unidade compreende desde a nascente do rio 44

Piranga, em , até a confluência do rio Doce com o rio Piracicaba. Trata-se, portanto, da região de cabeceira da bacia que abrange uma área de 22.000 Km2 (ÁGUAS DO RIO DOCE, 2007).

Figura 5 – Unidades de Planejamento da Bacia do Rio Doce.

Segundo o Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce - CBH-Doce (2012) em função das características físicas, a bacia é dividida em três áreas distintas (FIGURA 5):  Alto Doce: da nascente em Ressaquinha até a confluência com o rio Piracicaba, nas proximidades da cidade de , em Minas Gerais;  Médio Doce: da confluência com o rio Piracicaba até a divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo, nas proximidades da confluência com o rio Guandu no Espírito Santo;  Baixo Doce: da divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo até a foz no Oceano Atlântico.

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A geologia da Bacia do rio Doce pode ser sintetizada em três províncias principais: as rochas arqueanas e proterozóicas (mais antigas), as terciárias do grupo Barreiras e os sedimentos atuais ou holocênicos de idade quaternária (mais recentes). A província das rochas arqueanas e proterozóicas são preponderantes em quase toda a bacia do rio Doce. São rochas muito antigas, possuindo idades que podem alcançar, às vezes, mais de 1,8 bilhão de anos, com uma variação em torno de 577 milhões de anos. A província do grupo Barreiras posiciona-se em uma zona ao longo do litoral, em uma faixa de aproximadamente 50 km de largura e em uma área restrita a partir da cidade de Linhares até as proximidades da cidade de Colatina, no baixo rio Doce. As camadas do grupo são solos que variam de cascalho, areia, silte e argila, possuindo coloração das mais variadas (do branco ao vermelho, passando inclusive pelo verde e azul). A província dos sedimentos atuais está representada por depósitos aluviais ou de rio, que se apresentam como depósitos de areias intercalados com argilas e cascalhos, às vezes adicionados à matéria orgânica. Esses sedimentos estão presentes principalmente, na foz do rio Doce e nas margens e calhas dos rios Santo Antônio e Corrente Grande (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2006, p. 155). Observando a geologia e a geomorfologia Strauch (1958, p. 85), definiu as seguintes unidades geomorfológicas para a Bacia do rio Doce: planície litorânea; tabuleiros; serras litorâneas e pontões; zona dos maciços elevados dos rios Caratinga e Manhuaçu; planalto deprimido central; zona ondulada do norte; e zona da Mantiqueira e Espinhaço (FIGURA 6). Para o Comitê de Bacia Hidrográfica do rio Doce (2012) deve-se levar em consideração não apenas as diferenças altimétricas que definem os grandes compartimentos topográficos, mas também os critérios de ordem lito-estrutural. Assim, foram definidas quatro grandes unidades geomorfológicas, a saber:  Planaltos Dissecados do centro-sul e do leste de Minas: corresponde a mais extensa unidade geomorfológica, ocupando cerca de 70% da área, constituída predominantemente por formas de dissecação fluvial do tipo colinas, cristas, pontões e vales encaixados, elaboradas sobre rochas granito-gnáissicas do embasamento pré- cambriano.  Depressão do Rio Doce: ao longo do rio Doce e seus afluentes encontra-se uma zona rebaixada, com altitudes variando de 250 a 500 metros, configurando-se como uma depressão interplanaltica. O contato com as formas de relevo dos planaltos circundantes é muito bem marcado por desníveis altimétricos abruptos. No seu interior encontram-se elevações que são residuais dos Planaltos Dissecados do Centro-Sul e do Leste de Minas. 46

Figura 6 – Unidades Geomorfológicas da Bacia do Rio Doce.

 Serra do Espinhaço: é uma unidade morfoestrutural que se caracteriza por um conjunto de relevos ruiniformes resultantes da atuação de processos de dissecação fluvial em rochas predominantemente quartzíticas do supergrupo Espinhaço e grupo Macaúbas. Localiza-se na extremidade ocidental da área, funcionando como o divisor de águas das bacias dos rios Doce, São Francisco e Jequitinhonha.  Quadrilátero Ferrífero: é um conjunto de relevos acidentados, localizados na extremidade oriental da área. Apresenta altitudes elevadas, que variam de 1.000 a 1.700 metros, sendo que na serra do Caraça atingem até 2.064 metros. Configura-se como unidade morfoestrutural onde a estrutura geológica exerceu um importante controle no processo de dissecação do relevo, no qual sobressaem os alinhamentos de cristas com vales encaixados e vertentes ravinadas. A nascente do rio Piracicaba, um dos principais afluentes do rio Doce, encontra-se nesta unidade.

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Conforme Cupolillo (2008, p. 17) os aspectos geomorfológicos diversificados, aliados aos mecanismos atmosféricos de larga escala, interferem no padrão de distribuição da precipitação na Bacia do rio Doce. Para este autor (2008, p. 24), do ponto de vista climatológico, há três compartimentos na Bacia do rio Doce, ou seja, marcos de transição topográfica que permitem a identificação de unidades espaciais de fácil delimitação:  O primeiro é representado por um conjunto de terrenos de altitudes modestas, ou no nível do mar (Planície Litorânea e Tabuleiros). A característica deste compartimento topográfico além das baixas altitudes é a presença de uma superfície de baixa a nula rugosidade, fato influente no caminho das massas de ar que circulam por este compartimento;  O segundo compartimento é o mais amplo e se estende das adjacências da foz até as serras ao leste que delimitam a bacia. Esta área é dominada por feições do tipo “colinas meia laranja” - domínio dos Mares de Morros, no qual as altitudes crescem discretamente em direção a oeste e é provido de uma rugosidade evidente. Neste domínio encontram-se serras, algumas de dimensões mais pontuais, outras de abrangência regional, como a Serra do Caparaó. De forma geral, do ponto de vista da dinâmica climatológica, independentemente do contexto morfogenético, estes aspectos influenciam no comportamento das massas de ar no contexto regional;  O terceiro compartimento é representado por conjuntos de serras de influência continental, como as serras das Mantiqueira e Espinhaço, importantes fronteiras da ação de algumas massas de ar geradas no oceano Atlântico. Em relação ao solo, há predominância de dois tipos: Latossolo Vermelho Amarelo - acentuadamente drenados ocorrem principalmente nos planaltos dissecados, e Argissolo Vermelho Amarelo - formados a partir de gnaisses diversos, a principal limitação deste solo é o relevo forte ondulado e/ou montanhoso (COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE, 2012). De acordo com a classificação de Köppen-Geiger, existem três tipos climáticos na bacia: Clima Tropical de Altitude com chuvas de verão e verões frescos, presente nas vertentes das serras da Mantiqueira e do Espinhaço e nas nascentes do rio Doce; Clima Tropical de Altitude com chuvas de verão e verões quentes, presentes nas nascentes de seus afluentes; Clima Quente com chuvas de verão, presentes nos trechos médio e baixo do rio Doce e de seus afluentes (COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE, 2012). A precipitação média anual na bacia varia de 1.500 mm, nas nascentes localizadas nas serras da Mantiqueira e do Espinhaço, a 900 mm, em Aimorés-MG, voltando a aumentar em 48

direção ao litoral (COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE, 2012). Os eventos chuvosos intensos no alto rio Doce deve-se a topografia acidentada (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2006, p. 57) Segundo Cupolillo (2008, p. 32) a Bacia do rio Doce é influenciada pelas massas de ar: mT, mP e cE. A região sofre influência da maritimidade, provocando temperaturas mais elevadas em Baixo Guandu, no Espírito Santo, e em Aimorés, Governador Valadares e na região do Vale do Aço (Timóteo, e Ipatinga), em Minas Gerais. No entanto, de maneira geral, a temperatura é mais amena no alto rio Doce. O regime pluvial apresenta dois períodos bem definidos: chuvoso - outubro a março, e seco - abril a setembro.

3.2 Bacia do Rio Piranga

No passado acreditava-se que o rio do Carmo o formador do rio Doce. Em seguida, foi atribuído ao Xopotó este papel. Somente a partir de 1950 o rio Piranga, passou a ser oficialmente considerado, nascente do rio Doce (TEIXEIRA, 2002, p. 30). Ribeiro Filho (2008, p. 112) afirma que:

Bem no alto da serra, com o inocente nome “Trapizonga”, dentro de uma verdejante matinha, escorre uma aguinha límpida. Aquele que não estiver prevenido, jamais poderá supor que é ali, no centro daquela bucólica paisagem, que nasce, que brota o nosso rio.

A serra da Trapizonga é a denominação regional que recebe a serra da Mantiqueira no município mineiro de Ressaquinha, onde a 1.200 metros de altitude nasce o rio Piranga. Conforme Ribeiro Filho (2008, p. 114) à medida que o rio Piranga vai descendo a serra da Mantiqueira, a ele vão se incorporando diversos córregos e ribeirões. O primeiro grande afluente do rio Piranga é o rio Xopotó que se encontram na zona rural do município de Presidente Bernardes. No município de Rio Doce, o Piranga recebe, em sua margem esquerda, o rio do Carmo, daí até sua foz passa-se a chamar rio Doce (FIGURA 7). Segundo Ribeiro Filho (2008, p. 33), a primeira referência oficial em que aparece o rio Piranga, data de dezembro de 1750. Para este autor, este rio tem importância vital na região, além de ter servido como ponto de referência e orientação para os Bandeirantes que desbravaram a região. Em relação à origem do nome Piranga, para este rio, há algumas polêmicas. Alguns acreditam que quando os Bandeirantes se depararam com as “águas amarronzadas, tingidas pelo barro de seu leito, já o encontraram com um nome dado pelos naturais: Guarapiranga” (RIBEIRO FILHO, 2008, p. 25). Também há divergências sobre o 49

termo Guará, que de acordo com o Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, há dois animais com esta denominação: “O primeiro mamífero carniceiro da família dos Cânidas e o segundo uma ave da família dos Ibídidas [...], dando como sinônimo para essa ave as seguintes denominações: flamengo, flamingo, gansão e ganso-do-norte” (RIBEIRO FILHO, 2008, p. 25).

Figura 7 – Rede Hidrográfica da Unidade de Planejamento – DO1.

O termo Piranga também tem significados: “[...] barro vermelho e, [...] uma planta da família das Bignoniáceas, da qual os índios extraem uma tinta vermelha com que fazem as suas tatuagens” (RIBEIRO FILHO, 2008, p. 25). 50

Em relação à ocupação dos municípios estudados ocorreu durante o século XVII com o advento das Bandeiras. Alguns membros da expedição foram destinados a plantar roças, prática realizada às margens dos rios. Desta maneira, surgiram as antigas povoações da Zona da Mata, Guarapiranga, Calambau, Tapera, Barra do Bacalhau e São Sebastião, atualmente correspondem aos municípios de Piranga, Presidente Bernardes, Porto Firme, Guaraciaba e Ponte Nova, respectivamente. Nestas povoações, a atividade agrícola foi impulsionada com o intuito de abastecer as regiões auríferas, por possuírem solos impróprios para a agricultura. A ocupação de Piranga ocorreu no século XVII pelos paulistas, por meio das Bandeiras. O arraial recebeu o nome de Guarapiranga, em decorrência da presença de pássaros vermelhos nas margens do rio. Em um primeiro momento foi encontrado ouro, no entanto, mais tarde, a região de Ouro Preto de Mariana sobressaiu na exploração aurífera e o arraial de Guarapiranga passou a ter uma importância secundária, uma vez que fornecia alimentos para esta nova região mineradora. No início do século XVIII, o arraial de Guarapiranga, mais especificamente o povoado de Bacalhau (hoje distrito denominado Santo Antônio do ), foi palco do final da Guerra dos Emboabas (ARQUIVO DO CONHECIMENTO, 2013). Em 1841, o Arraial é elevado à categoria de vila, em 1870 à categoria de cidade com a denominação de Nossa Senhora da Conceição do Piranga, e em 1923 passa a chamar-se apenas Piranga. Segundo Castro (2008, p. 23) no final do século XVII, na confluência do rio Piranga com o rio Bacalhau, objetivando encontrar ouro, estabeleceram os primeiros povoadores do atual município de Guaraciaba. As denominações antigas deste município foram Barra do Bacalhau, Bacalhau e Santana de Guaraciaba. Ainda de acordo com Castro (2008, p. 48), é possível observar “vestígios de canais construídos ao longo das vertentes, provavelmente para lavação do ouro. Esses canais constituem fortes evidências de intensos trabalhos ligados à extração do ouro ao longo do rio Piranga”. Para Ribeiro Filho (2008, p. 39), entre Piranga e Guaraciaba surgiram outras localidades no final do século XVII e início do XVIII, dentre elas Calambau (atual Presidente Bernardes), que surgiu no vale do rio Piranga em torno de minas ou de ouro. Outras localidades, como Tapera (atual Porto Firme) surgiram pela sua posição estratégica para as Bandeiras, uma vez que servia de ponto de apoio para os viajantes. Outra localidade que também se destacou durante o ciclo do ouro, tornando-se uma “rancharia” foi São Sebastião, depois São Sebastião e Almas de Ponte Nova, São Sebastião de Ponte Nova e finalmente Ponte Nova. Conforme Ribeiro Filho (2008, p. 48): 51

[...] De tão procurada, a trilha passou a ser um caminho regular, estrada normalmente usada. Sobre o rio Piranga foi construída, inicialmente, uma passagem rústica, no estilo das pinguelas. Mais tarde, para substituir essa antiga e rústica passagem, construíram uma ponte maior e mais segura. Surgindo, nesse momento, o nome “Ponte Nova”, que se conserva até hoje.

Conforme Ribeiro Filho (2008, p. 49) no final do século XVIII, o vale do rio Piranga encontrava-se povoado. Posteriormente, em virtude da fertilidade dos solos, Ponte Nova sobressaiu com o cultivo da cana-de-açúcar. Por esse motivo, em muitas propriedades, deste município, foram instalados engenhos de ferro fundido a partir de 1860, como as Fazendas Sacramento, Vau – Açu e Pontal. No ano de 1885 foi inaugurado o Engenho Gerais e a Usina de Açúcar Anna Florência, e em seguida, é estendida até Ponte Nova a Estrada de Ferro Leopoldina Railway (RIBEIRO FILHO, 2008, p. 20). Ainda de acordo Ribeiro Filho (2008, p. 20), devido ao surgimento de novos empreendimentos agropecuários, inaugurou-se a PCH do Brito em 1913. Esta PCH foi a primeira instalada no rio Piranga para servir as oficinas e fundições que surgiam, atender a demanda dos produtores de açúcar, além de iluminar a cidade e as fazendas de Ponte Nova. Segundo Silva (2009, p. 17) a partir da segunda metade do século XIX, o manejo inadequado do solo em Ponte Nova, favoreceu a compactação e, consequentemente, a intensificação do processo erosivo além do assoreamento dos cursos d’ água. Assim, os sedimentos depositados no leito do rio, favorecem os problemas relacionados às enchentes e inundações, uma vez que diminuem a lâmina d’água. Concomitantemente, para Castro (2008, p. 85 e 105), os problemas ambientais encontrados em Guaraciaba iniciaram no século XVIII devido aos impactos inerentes à extração e lavação do ouro. Já no século XIX, os impactos originaram-se do desmatamento advindo da atividade agropecuária. No século XX, os impactos são resultantes das enchentes, assoreamento e PCH Brecha. Segundo este autor, os maiores impactos ambientais ocorridos em Guaraciaba são “decorrentes dos desmatamentos por queimadas para fins de pastagens e de comércio de carvão”, tendo como consequência a erosão do solo e o assoreamento dos corpos d’água, o que contribui para as enchentes e inundações, além dos processos erosivos em encostas (CASTRO, 2008, p. 116). Para Nascimento (2009, p. 52) os impactos ocorridos em Piranga derivam da substituição da Mata Atlântica pelo cultivo agrícola, pelas pastagens e, atualmente pela silvicultura. Esses procedimentos favorecem o processo erosivo das encostas e o assoreamento dos corpos d’água, contribuindo para as inundações. Problemas ambientais como o lançamento de lixo, despejo de dejetos de suínos sem tratamento prévio e esgoto domiciliar in natura no rio, além das construções e aterros em APPs, são verificados neste município. 52

Segundo Ribeiro Filho (2008, p. 108-109) o lançamento de esgotos domésticos e dos resíduos de agroindústria, como vinhoto e soro, subprodutos da aguardente e dos laticínios, respectivamente, além do lançamento dos dejetos de suínos e restos de abatedouros clandestinos, contribuem para a poluição do rio, no município de Ponte Nova. A extração mineral também é abordada por este autor. Na década de 1990, um laudo do Departamento Municipal de Água, Esgoto e Saneamento de Ponte Nova (DMAES), apontou elevados índices de mercúrio nas águas do Piranga, decorrente do garimpo ilegal. Deste modo, a Organização Não Governamental (ONG) Associação dos Pescadores e Amigos do Rio Piranga – Asparpi, juntamente com o Ministério da Justiça, Polícia Florestal e Federal, promoveram uma campanha contra o garimpo ilegal realizado em vários pontos do rio. Esta ação obteve um resultado positivo com a retirada de dezenas de balsas (RIBEIRO FILHO, 2008, p. 99). Todavia esta prática ainda acontece. Além desses impactos que ocorrem de forma geral em todo o vale do rio Piranga, tem-se duas PCHs instaladas entre as sedes de Guaraciaba e Ponte Nova. Segundo Ribeiro Filho (2008, p. 82 e 84), a primeira surgiu no início do século XX, em virtude do crescimento econômico que passava Ponte Nova. O lugar escolhido foi a Cachoeira do Brito, no município de Ponte Nova. Entretanto, durante as obras para a construção desta usina, uma enchente no rio Piranga, em 1910, danificou as obras, retardando a inauguração, que só foi possível em 1913. Já na década de 1950, há 11 quilômetros da sede do município de Guaraciaba instala- se a PCH Brecha, atualmente pertencente a Novelis do Brasil Ltda. (antiga ALCAN), com sede em Ouro Preto. Segundo Ribeiro Filho (2008, p. 91) “a barragem elevou, em aproximadamente dez metros, o nível da água em relação ao leito original”. Consonantemente, para Castro (2008, p. 105) “[...] a partir da construção da PCH Brecha, aquele rio apresenta-se, a jusante, perfeitamente encaixado no seu vale, com presença de cachoeiras e ilhas, e, a montante, assoreado, com elevação do nível do seu leito natural, causando enchentes no município [...]”. Desse modo, há uma ampla discussão sobre a influência das barragens nas inundações que afetam os municípios banhados pelo Piranga, sobretudo Guaraciaba e Ponte Nova a jusante e a montante das PCHs. Em 1997, a ALCAN elaborou um diagnóstico sobre as inundações em Guaraciaba:

[...] inundações na cidade de Guaraciaba [...] ocorreriam independentemente da existência do barramento, comprovação largamente documentada pelas operações de rebaixamento dos níveis na região do aproveitamento, tanto em ocasiões de períodos de vazões maiores, quanto nas épocas de estiagem. [...] o intenso processo erosivo existente na bacia do rio Piranga, causado por inadequado uso do solo, o que significa aumento da vazão solida levada para a calha do rio e de seus afluentes, é a mais importante causa do entulhamento do leito do rio, que vem ocorrendo mesmo em seções mais distantes da usina, como as regiões de Porto Firme e Presidente Bernardes, situadas a montante, e, também, que o 53

processo de assoreamento notado nessas áreas distantes é absolutamente independente da presença da barragem (ALCAN, 1997, p. 1-2).

Conforme Fialho et al. (2010, p. 15) os moradores de Ponte Nova acreditam mais na interferência da Usina Hidrelétrica Risoleta Neves – Candonga (inaugurada em 2004, no rio Doce, esta usina situa-se entre os municípios de rio Doce e ) que da Brecha. Já os moradores de Guaraciaba alegam que a Brecha intensifica as inundações neste município. Todavia mencionam que o assoreamento contribui com as inundações, não só nestes dois municípios, mas em toda a bacia. Para Ribeiro Filho (2008, p. 61), as enchentes/inundações do rio Piranga possivelmente eram maiores em tempos remotos que na atualidade, uma vez que as chuvas eram mais constantes e em maior volume, em virtude da densa vegetação que ocupava a região. Entretanto, a alteração do uso do solo, iniciada no final do século XIX e início do XX, acarretou a diminuição do volume da precipitação. Segundo este autor (2008, p. 61 - 65) o registro mais antigo de enchente/inundação do rio Piranga, em Ponte Nova, foi em fevereiro de 1865, no século XIX. As demais enchentes/inundações mais significativas, que possuem registros oficiais, ocorreram no século XX: 06 de janeiro de 1906, início de dezembro de 1918 até o final de janeiro de 1919, 29 de março de 1951, 01 de janeiro e nos primeiros dias de fevereiro de 1979, 01 de janeiro de 1997 e 17 de dezembro de 2008 (SILVA, 2009, p. 44). Oficialmente em Piranga, tem-se o registro dos dias 25 a 29 de março de 1951, no período de 1961/1962 e 1970/1971, 1979/1980, 1990/1991, 1996/1997, janeiro de 2004 (ARQUIVO DO CONHECIMENTO), 17 de dezembro de 2008 (NASCIMENTO, 2009, p. 59). De acordo com Fialho et al. (2010, p. 18) Piranga, Presidente Bernardes, Porto Firme, Guaraciaba e Ponte Nova foram afetadas por inundações em 1951, 1979, 1997 e 2008, sendo que dentre estas, 2008 foi considerada a de maior magnitude. Estes autores também mencionam as enchentes de 1961 em Piranga e 1986 em Ponte Nova. Nos primeiros dias de janeiro de 2012, os cinco municípios também foram afetados por outra inundação.

3.3 Aspectos Físicos da Bacia do Rio Piranga

Nesse estudo, torna-se necessária a caracterização dos aspectos físicos da bacia, como geologia, geomorfologia, solo, vegetação e clima, por se tratar de um trabalho com ênfase nas inundações. 54

Em relação a geologia (FIGURA 8), a Bacia do rio Piranga é composta por rochas arqueanas do Complexo Cristalino Brasileiro, com predomínio do gnaisse, sendo as rochas submetidas a intenso intemperismo. Os municípios analisados integram o Domínio dos Planaltos Cristalinos Rebaixados, correspondendo à região compreendida entre as escarpas da Serra da Mantiqueira, a leste, e a Serra do Espinhaço, a oeste (INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS APLICADAS, 1984). Para Silva (2009, p. 13) o rio Piranga apresenta um padrão predominantemente retilíneo, desde a sua nascente em Ressaquinha até Presidente Bernardes, onde passa a ser predominantemente meandrante até Ponte Nova, no entanto, no perímetro urbano deste último município, o rio volta a apresentar um traçado mais retilíneo. No primeiro trecho, o canal fluvial se apresenta mais retilíneo devido a altitude (que varia entre 750,1 a 1.250 metros) associada ao controle estrutural de rochas resistentes da unidade litoestratigráfica Complexo . O segundo trecho retilíneo está situado no baixo vale (altitude entre 150 a 500 metros), a drenagem é controlada pela unidade litoestratigráfica Gnaisse Piedade. O trecho meandrante, também está inserido na área de influência do Gnaisse Piedade, porém com uma orientação mais vertical e, portanto mais facilmente intemperizável, favorecendo o meandramento. Esse trecho localizado no médio vale do rio Piranga está situado entre 500,1 a 750 metros. O rio Piranga atravessa uma área de dissecação homogênea, que apresenta vertentes retilinizadas e entalhadas por ravinas. Acima do nível de colinas de topos convexizados, destacam-se elevações do tipo cristas das quais partem vertentes irregulares e ravinadas. As ravinas, sobretudo no nível topográfico inferior, são herdadas, desse modo, onde foi mantida, a vegetação as recobre, indicando que tais ravinas não estão sob ambiente climático favorável à sua evolução. No entanto, em trechos em que ocorreu a retirada da cobertura florestal, elas se tornam ativas (PROJETO RADAMBRASIL, 1983). De acordo com Silva (2009, p. 11) o rio Piranga atravessa uma área de dissecação homogênea na área compreendida entre os municípios de Piranga e Ponte Nova. Nesse fragmento o relevo é composto de colinas e morros de topos convexo-côncavos, frequentemente dominados por linhas de cumeadas e cristas de topos aguçados. As incisões de drenagem são em geral profundas e configuram vales em “V” encaixados, mas em alguns trechos, a planície se alarga, favorecendo a inundação.

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Figura 8 – Mapa da Geologia da Unidade DO1.

A Bacia do rio Piranga está predominantemente inserida no Domínio de Morros e Serras Baixas. As nascentes dos rios Piranga e Xopotó localizam-se nas Escarpas Serranas, parte dos municípios de Piranga e uma significativa extensão do município de Ponte Nova (incluindo a sede) inserem-se no Domínio de Colinas Dissecadas e Morros Baixos. Os municípios de Presidente Bernardes, Porto Firme e Guaraciaba inserem-se no Domínio de Morros e de Serras Baixas (FIGURA 9). Segundo a classificação de Strauch (1955) citado por Cupollilo (2008, p. 22) o vale do rio Piranga encontra-se no Planalto Deprimido Central, no qual a paisagem é representada pelos Mares de Morro. Ainda de acordo com esta 56

classificação, o Planalto Deprimido Central limita-se com a Zona Ondulada do Norte, Zona dos Maciços Elevados dos rios Caratinga e Manhuaçu e a Zona da Mantiqueira e Espinhaço.

Figura 9 – Mapa da Geomorfologia da Unidade DO1.

A análise do mapa hipsométrico revela que as altitudes predominantes da bacia variam entre 750,1 a 1.000 metros, todavia a partir da sede de Piranga até Ponte Nova o leito do rio situa-se na faixa entre 500,1 a 750 metros. Após a sede municipal de Ponte Nova até a confluência com o Rio do Carmo a altitude varia entre 150 a 500 metros. A altitude predominante, nos municípios de Piranga, Presidente Bernardes, Porto Firme e Guaraciaba, varia na faixa de 750,1 a 1.000 metros, contudo no extremo norte deste último município 57

(região do Cantagalo) e em Ponte Nova a altitude varia entre 150 a 500 metros. Assim, dentre os municípios pesquisados, Ponte Nova apresenta a menor altimetria (FIGURA 10).

Figura 10 – Mapa Hipsométrico da Unidade DO1.

Segundo o INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS APLICADAS (1982) a sede municipal de Ponte Nova localiza-se às margens do rio Piranga, estendendo-se por algumas colinas que margeiam o vale. As principais ruas e avenidas da cidade estão situadas no leito maior, por isso são afetadas pelas inundações. Já a parte da cidade localizada sobre as colinas apresenta problemas relacionados aos deslizamentos no período chuvoso. 58

A rede de drenagem no município de Ponte Nova é densa e o direcionamento do rio Piranga sofre frequentes e bruscas mudanças, o que reflete a importância do controle estrutural na organização da drenagem. Predominam as direções S-N e W-E ao longo do rio e as mudanças geralmente são marcadas por cotovelos com ângulos de 90º. Trechos muito encaixados alternam-se com trechos em que o rio ocupa vale aberto, com várzeas e terraços fluviais (INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS APLICADAS, 1982). Conforme Nascimento (2009, p. 46) entre os municípios de Ressaquinha (onde está localizada a nascente do rio Piranga) até Piranga, os limites dos municípios acompanham o rio, salvo Ressaquinha e Carandaí onde o rio atravessa um pequeno segmento destes municípios. Os municípios de Senhora dos Remédios, Caranaíba, , Rio Espera, , , Itaverava e não têm grandes problemas relacionados à inundação do rio Piranga, somente algumas localidades da zona rural são afetadas. No entanto, nos municípios situados entre Piranga e Ponte Nova as respectivas sedes são banhadas pelo rio, afetando tanto a população urbana como a rural pelas inundações. O rio Piranga praticamente divide ao meio os municípios de Presidente Bernardes, Porto Firme, Guaraciaba e Ponte Nova, o que sugere que estes municípios sejam mais afetados em decorrência da elevação do nível do rio. Os municípios foco deste estudo localizam-se na Zona da Mata Mineira e estão inseridos no domínio morfoclimático denominado “Mares de Morro” (AB’SÁBER, 2003, p. 49) em áreas de ocorrência de florestas tropicais. Estes municípios eram cobertos pela Floresta Tropical Atlântica Subperenifolia, todavia, submetida à intensa devastação, restam apenas manchas esparsas, em algumas encostas e elevações (INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS APLICADAS, 1984). Segundo Ribeiro Filho (2008, p. 61) nos dois primeiros séculos da chegada dos Bandeirantes, o desmatamento da região foi insignificante, uma vez que procediam desta maneira somente para o plantio de pequenas plantações para subsistência. Contudo, no final do século XIX e início do XX, iniciaram-se as grandes derrubadas em virtude das culturas introduzidas (cana, café e pastagem) demandarem extensas áreas. A retirada da vegetação dos topos de morros, juntamente com as matas ciliares, favoreceu a erosão das encostas e margens dos rios e encostas desencadeando o assoreamento do leito, fato observado em muitos pontos do rio Piranga. Na atualidade a vegetação predominante da bacia é a Floresta Estacional Semidecidual Montana e a partir de Ponte Nova a Floresta Estacional Semidecidual Sub Montana (FIGURA 11).

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Figura 11 - Mapa de Vegetação da Unidade DO1.

As classes de solos (FIGURA 12) predominantes na Bacia do rio Piranga, são os Latossolo Vermelho Distrófico e Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico, ocorrem principalmente nos planaltos dissecados desde o relevo plano ao suave ondulado, até o forte ondulado e montanhoso com predominância deste ultimo. O Argissolo Vermelho-Amarelo é encontrado 60

desde o relevo plano, suave ondulado até forte ondulado e/ou montanhoso (COELHO, 2007, p. 68; COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE, 2012). Em menor proporção, ocorre o Cambissolo Háplico e Neossolo em relevo montanhoso. Com exceção de Piranga, nas demais sedes há predominância de Argissolo.

Figura 12 - Mapa de Solos da Unidade DO1.

De acordo com Cardoso e Jucksch (2008, p. 226), o fato dos solos serem profundos e relevo em declive faz com que a Zona da Mata possua grande número de nascentes/olhos d’água e pequenos cursos de água (córregos). 61

Para Christofoletti (1980, p. 96) o perfil longitudinal de um rio mostra a sua declividade, ou gradiente, sendo a representação visual da relação entre a altimetria e o comprimento de determinado curso d’água. O perfil característico do rio é côncavo, com declividades maiores em direção à nascente e com valores cada vez mais suaves em direção ao nível de base. A Figura 13 retrata o perfil longitudinal do rio Piranga, em que as maiores altitudes ocorrem na nascente, desta até a confluência com o rio do Carmo, o Piranga perfaz cerca de 320 km, e um desnível de quase 800 metros. Entre a nascente e a sede de Piranga há um gradiente de quase 500 metros, e entre esta e Ponte Nova 300 metros.

Figura 13 - Perfil Longitudinal do Rio Piranga; Fonte: Dados da pesquisa

Para Barros (1967, p. 14), o rio Piranga e alguns de seus afluentes possuem desníveis consideráveis, como nas regiões do Brito, Jurumirim, Brecha, Bom Jardim, Sete Cachoeiras, Pau Grande e Piranga; dentre estas, as regiões do Brito e da Brecha apresentam instalação de PCHs. Em relação aos aspectos climáticos, segundo Coelho (2006, p. 2) o clima que atua no interior da Bacia do rio Doce é o tropical úmido que é caracterizado por uma diversidade climática, explicada por vários fatores, principalmente devido à posição geográfica, características do relevo e das diferentes massas de ar que atuam no interior da bacia. Para este autor a mT juntamente com a cE, ocasionam as IT, sobretudo no verão, provocando chuvas intensas, sendo responsáveis por cerca de 60% do total das chuvas anuais. Geralmente, a estação chuvosa inicia-se em novembro e prolonga-se até maio com uma distribuição heterogênea no interior da bacia. Para Coelho (2007, p. 69 e 71) as nascentes dos rios Piranga e Xopotó são tidas como uma das áreas de maior índice pluviométrico anual da Bacia do rio Doce (acima de 1500 mm por ano), seguida pelas áreas litorâneas (1200 mm por 62

ano), os fundos de vales e regiões deprimidas são as que apresentam menores totais anuais, variando entre 700 e 1000 mm (COELHO, 2006, p. 2). Segundo Fialho et al. (2010, p. 6) a porção sul da região Sudeste é afetada pela maioria dos sistemas sinóticos que afetam o Brasil meridional, com algumas diferenças em termos de intensidade e sazonalidade. Além disso, uma situação estacionária da circulação de grande escala em latitudes médias pode influir diretamente na precipitação e temperatura sobre o Sudeste, caso a região esteja ou não sendo afetada por sistemas associados ao escoamento ondulatório da atmosfera. Esse tipo de situação é denominado bloqueio, afeta, além do Sudeste, o Sul do Brasil. Durante o verão, de acordo com Mello (2007, p. 538), é comum a ocorrência de ZCAS, gerada por zonas de baixa pressão atmosférica no Oceano Atlântico, com acúmulo de grande quantidade de nuvens; este fenômeno, combinado com os sistemas ciclônicos, gera grande volume de chuva. Para Fialho et al. (2010, p. 7), as chuvas têm sua gênese em função da intensa penetração de sistemas frontais e da atuação de calhas induzidas, relacionadas aos mecanismos frontais estacionários. Segundo Gontijo e Assis (1997, p. 59) no final da década de 1970, mais precisamente entre outubro de 1978 e março de 1979, ocorreram fortes eventos pluviais concentrados em todo o sudeste Brasileiro, assim como em 1997, 2008 (NASCIMENTO, 2009) e 2012 a atuação das ZCAS desencadeou chuvas intensas e constantes causando inúmeros danos à população da Bacia do rio Piranga. Conforme Cupolillo (2008, p. 26) o clima da Bacia do rio Doce é influenciado pela dinâmica atmosférica regional, que atua no Estado de Minas Gerais, e de larga escala, que atua no Brasil. Em virtude da extensão a Bacia do rio Doce apresenta início e fim das estações chuvosa e seca em períodos diferentes, em cada Unidade de Planejamento. Este autor observou que a Unidade DO1 apresenta um alto índice pluviométrico, com destaque para os meses de dezembro e janeiro.

3.4 Aspectos Humanos da Bacia do Rio Piranga

A Unidade DO1 é composta por 79 municípios. A densidade demográfica, está em torno de 10 hab/km², e a população estimada é de 686.263 habitantes, com predominância da população urbana sobre a rural. Entretanto, muitos municípios são de pequeno porte, em área e população, com forte tradição agrícola, o que demonstra a importância que a agropecuária exerce nesta região, sendo a principal atividade geradora de emprego e renda (ARANTES, 63

2009, p. 41). Nos municípios com estas características há predominância da população rural sobre a urbana. A Bacia do rio Piranga é composta por 43 municípios, porém algumas sedes não fazem parte da bacia (FIGURA 14). A população total da bacia evoluiu entre 1970 e 2010 (481.730 para 710.631 habitantes). Nestes 40 anos a população urbana teve um significativo aumento de 217.503 para 558.464 habitantes (saldo positivo de 340.961 habitantes), todavia a população rural apresentou uma queda 264.227 para 152.167 habitantes (saldo negativo de 112.060 habitantes).

Figura 14 - Municípios que compõem a Unidade DO1.

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Em relação à população dos municípios de Piranga, Presidente Bernardes, Porto Firme e Guaraciaba, em 40 anos (TABELA 1), percebe-se que as populações de Piranga e Porto Firme apresentaram ligeiro aumento 657 e 671 habitantes, respectivamente. Ao passo, que em Presidente Bernardes e Guaraciaba ocorreram perda de população, 2.534 e 1.462 habitantes, respectivamente.

Tabela 1 - População entre 1970 a 2010

Fonte: IBGE, 2010

Embora nestes quatro municípios a população rural tenha apresentado queda, esta se mantem maior que a população urbana; mais de 50% da população total ainda reside na zona rural, o que reflete o significado que desempenha o setor primário na economia destes municípios. Ponte Nova é o município que possui o maior número de habitantes, além de apresentar o maior crescimento populacional, 11.696 habitantes, entre 1970 a 2010. Em 2010, 89,19% da população pontenovense concentravam-se na zona urbana, o que denota a peculiaridade deste município em relação aos demais. Ao observar a distribuição da população na Bacia do rio Piranga verifica-se que a população urbana (FIGURA 15) predominante entre 1970 e 2010, situava-se abaixo de 5.958 habitantes, com exceção de Ponte Nova e Viçosa que apresentaram uma evolução ao longo desses 40 anos (entre 15.485 a 31.609 para 31.610 a 70.474 habitantes). Em relação à população rural (FIGURA 16), observa-se uma queda entre 1970 e 2010, na bacia. Em 1970 a população rural situava-se entre 2.838 a 6.650 habitantes. Em 2010 a população rural predominante na bacia situava-se abaixo de 2.838 a 6.650 habitantes, entretanto os municípios de Piranga e Guaraciaba apresentaram população rural acima de 6.651 habitantes. 65

Figura 15 - População Urbana por Município da Unidade DO1. 66

Figura 16 - População Rural por Município da Unidade DO1. 67

Em relação à Taxa de Urbanização (percentagem da população urbana em relação à população total) fez-se o calculo conforme o INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE, da seguinte maneira:

Tx = Pop. Urb. x 100 (1)

Pop. Total

Onde: Tx : Taxa de Urbanização; Pop. Urb.: População Urbana; Pop. Total: População Total.

A taxa de urbanização na Bacia do rio Piranga apresentou crescimento, variando de 9 a 27% em 1970 para 27 a 45% em 2010 na maioria dos municípios. Viçosa e Ponte Nove em 1970 apresentavam taxa de urbanização entre 65 a 82%, e em 2010 entre 83 a 100% (FIGURA 17). O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - IDH-M (FIGURA 18) dos municípios da bacia, em 1991, situava-se entre 0,549 a 0,678. Ponte Nova, Viçosa, Ouro Preto, Ouro Branco, e Ubá se sobressaiam em relação aos demais (0,679 a 0,706). Em 2000, todos os municípios apresentaram IDH-M mais elevado entre 0,643 a 0,706, com destaque para Viçosa, Ubá, Carandaí, , Coimbra, Ouro Branco, Ouro Preto e Ponte Nova, cujo IDH-M situa-se na faixa de 0,752 a 0,831. Em linhas gerais, entre 1991 e 2000 houve uma evolução do IDH-M, dos municípios pesquisados. Em 1991, Guaraciaba e Ponte Nova apresentaram o pior e o melhor IDH-M, 0,564 e 0,688, respectivamente, ao passo que em 2000 Piranga e Ponte Nova se destacaram, 0,661 e 0,766, respectivamente com o pior e melhor IDH-M. Em relação à área territorial, Piranga se destaca dentre os municípios de maior extensão, ocupa a 4ª posição, em relação à Unidade DO1 e a 1ª dentre os municípios pesquisados, 659,3 km², seguido por Ponte Nova, 471,7 km² (Tabela 2).

Tabela 2 - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDH-M

Município IDH-M Área (km²) 1991 2000 Guaraciaba 0,564 0,666 349,5 Piranga 0,595 0,661 659,3 Porto Firme 0,604 0,686 285,8 Pres. Bernardes 0,613 0,699 237,6 Ponte Nova 0,688 0,766 471,7 Fonte: ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO, 2003. 68

Figura 17 - Taxa de Urbanização por Município da Unidade DO1. 69

Figura 18 - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDH-M.

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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Após delinear os objetivos do trabalho, fez-se a revisão de literatura e posteriormente os procedimentos metodológicos. Adotou-se a definição de cheia, enchente e inundação conforme a Secretaria Nacional de Defesa Civil (FIGURA 19), assim:

CHEIA - Enchente de um rio causada por fortes chuvas, elevação temporária e móvel do nível das águas de um rio ou lago. ENCHENTE - Elevação do nível de água de um rio, acima de sua vazão normal. INUNDAÇÃO - Transbordamento de água da calha normal de rios, mares, lagos e açudes ou acumulação de água por drenagem deficiente, em águas não habitualmente submersas (COORDENAÇÃO DE DEFESA CIVIL DA PREFEITURA DE PORTO ALEGRE, 2006, p. 29-30).

Figura 19 - Diferenciação entre Enchente e Inundação; Fonte: BRASIL, 2007, p. 92.

Portanto, os episódios de janeiro e fevereiro de 1979, janeiro de 1997, dezembro de 2008 e janeiro de 2012 tratam de inundação, uma vez que o nível do rio Piranga ultrapassou a calha natural e ocupou o leito maior, nas sedes dos munícipios estudados. Embora março de 1951 tenha ocorrido inundação (RIBEIRO FILHO, 2008, p. 62; FIALHO et al., 2010, p. 18), esta não será abordada neste trabalho por falta de informações consistentes (falhas entre 1950 a 1953 na estação pluviométrica de Piranga, e operacionalidade apenas das estações de Porto Firme e Ponte Nova no rio Piranga). Para entender os eventos pluviais que ocasionaram as inundações abordadas neste trabalho, recorreu-se aos fundamentos da analise rítmica proposta por Monteiro (1969), em que as cartas sinóticas são analisadas em sequência continua, uma vez que a mesma conduz ao ritmo, e o ritmo é a essência da análise dinâmica, permitindo assim a análise geográfica do clima. Fez-se o recorte apenas para os períodos em que ocorreram as inundações por meio da análise das cartas sinóticas dos dias que antecederam e sucederam as inundações a fim de analisar a dinâmica dos sistemas sinóticos. As cartas sinóticas e suas respectivas análises foram obtidas por meio da Diretoria de Hidrografia e Navegação – DHN (12 GMT), Instituto 71

Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE e do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos - CPTEC. Em virtude da insuficiência de estações meteorológicas em municípios inseridos na Unidade DO1, não foi possível analisar o comportamento dos elementos climáticos como temperatura, direção e velocidade de vento, umidade e pressão atmosférica. Fez-se apenas a análise da precipitação obtida junto à Agência Nacional de Águas – ANA e Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais - CPRM. Outra dificuldade encontrada neste trabalho foi reunir um conjunto consistente de dados de longo período sem ou com poucas falhas. Dados de natureza temporal são constantemente comprometidos pelo problema de dados faltantes, uma vez que a não observação de determinada variável pode ser consequência da falta do observador, de uma medição incorreta por parte do instrumento de medição ou mesmo o não funcionamento do instrumento. Conforme Bertoni e Tucci (2009, p. 182) os erros mais grosseiros nas observações são o preenchimento indevido do valor na caderneta de campo, a soma errada das provetas quando a precipitação é elevada, o valor estimado pelo observador por não se encontrar no local no dia da amostragem, o crescimento de vegetação ou outra obstrução próxima ao posto de observação e a danificação do aparelho e problemas mecânicos no registrador gráfico. Segundo Lanna (2009, p. 82) o total precipitado em um pluviômetro no período entre as 7 horas de um dia às 7 horas do dia seguinte, são anotados em cadernetas apropriadas, e de três em três meses repassados aos órgãos responsáveis, neste caso à ANA/CPRM, para assim formar uma série de valores discretos, disponibilizados por dia. Primeiramente, considerou-se os dados de precipitação das 29 estações existentes na Unidade DO1, nos seguintes municípios: Abre Campo, , Alto Rio Doce, , , Brás Pires, , Córrego Novo, Desterro de Melo, Dionísio, Guaraciaba, , Mariana, Matipó, Piranga, Porto Firme, Ponte Nova, Presidente Bernardes, , Rio Casca, Santana dos Montes (pertencia ao município de Conselheiro Lafaiete, se emancipando em 1965, quando a estação finalizou a operação), São José do Goiabal, São Miguel do Anta, São Pedro dos Ferros e Viçosa. Dentre estes municípios Alto Rio Doce, São José do Goiabal, Viçosa e Ponte Nova apresentaram duas estações pluviométricas. Utilizou-se, também, 13 estações próximas à Unidade DO1 localizadas nos municípios: Barbacena, Carandaí, , Conselheiro Lafaiete, Cristiano Otoni, Entre 72

Rios de Minas, , Muriaé, , Ouro Preto, , Santa Barbara e Ubá. Neste primeiro momento não foi considerada a operacionalidade das estações. Os dados referentes à precipitação são disponibilizados diariamente, podendo ser obtidos os totais mensais e anuais. Nesta etapa, priorizaram-se os totais mensais e anuais, uma vez que a ênfase é a distribuição espacial e temporal da precipitação na Unidade DO1. Os dados foram transferidos para uma planilha do Programa Microsoft Office Excel 2010 e tratados a fim de averiguar a consistência dos mesmos, ou seja, se a estação apresentava ou não falhas. Ao observar a operacionalidade de cada estação e suas referidas falhas, verificou- se a necessidade de padronizar os dados de forma a obter sua consistência. Neste sentido, recorreu-se aos critérios recomendados pela Organização Meteorológica Mundial – OMM que estabelece as "Normais Climatológicas". As Normais Climatológicas são obtidas por meio do cálculo das médias de parâmetros meteorológicos, sendo que estas médias referem-se a períodos padronizados de 30 (trinta) anos, sucessivamente, de 1901 a 1930, 1931 a 1960 e 1961 a 1990. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia - INMET (2012), no Brasil, somente a partir de 1910 a atividade de observação meteorológica passou a ser feita de forma sistemática. Assim, o primeiro período padrão possível de ser calculado, no Brasil, é o de 1931 a 1960. Todavia, as primeiras estações pluviométricas na Unidade DO1 iniciaram a operacionalidade após 1941, portanto, utilizou-se para a Normal Climatológica os dados do período de 1961 a 1990. Utilizaram-se as 18 estações pluviométricas (FIGURA 20), que operaram neste período, localizadas nos seguintes municípios: Abre Campo, Acaiaca, Bom Jesus do Galho, Desterro do Melo, Guaraciaba, Mariana, Piranga, Porto Firme, Raul Soares, Rio Casca, Carandaí, Barbacena, Congonhas, , Muriaé, Nova Lima, Rio Pomba, Santa Bárbara. A estação de Conselheiro Lafaiete, embora tenha operado neste período, não foi utilizada por apresentar 54 falhas no referido período. Após esta etapa, empregou-se o recurso “Tabela Dinâmica” para obter a média mensal e o total anual de cada estação no período de 1961 a 1990. A seguir, estes dados foram tratados para a confecção dos mapas de espacialização da precipitação na Unidade DO1 por meio do Programa de Geoprocessamento ArcGIS v. 10.0. Adotou-se, portanto, a representação gráfica por meio de “coleção de mapas” para precipitação anual e para as médias mensais para o período analisado. A técnica de “coleção de mapas” permite identificar o padrão da distribuição da precipitação no período analisado. Em seguida, fez-se o mapa da média histórica (Normal Climatológica).

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Figura 20 - Estações Pluviométricas da Unidade DO1 e Entorno.

Com o intuito de observar se a precipitação registrada durante o período de inundação tratava-se de uma anomalia (acima da média), construiu-se uma planilha com as 18 estações utilizadas, juntamente com a média mensal das mesmas e a precipitação registrada no mês anterior e no mês da inundação. Em seguida, por meio da fórmula, obteve-se a anomalia para os meses que ocorreram as inundações e o mês anterior:

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A = PR – PMM (2)

Onde: A : Anomalia; PR : Precipitação registrada; PMM : Precipitação Média Mensal (Normal Climatológica).

Deste modo, caso PR seja maior que PMM tem-se uma anomalia positiva, ou seja, trata-se de uma precipitação acima da média. Por outro lado, sendo PR menor que PMM tem-se uma anomalia negativa, pois a precipitação registrada foi menor que a média. Assim, obteve-se a anomalia de janeiro e fevereiro de 1979, dezembro de 1996 e janeiro de 1997, novembro e dezembro de 2008, dezembro de 2011 e janeiro de 2012, sendo gerados os mapas de anomalia pelo ArcGIS v. 10.0, utilizando-se a técnica de “coleção de mapas”. Para Amorim et al. (2008, p. 87) os Sistemas de Informações Geográficas - SIGs são destinados à manipulação de dados georreferenciados, ou seja, informações codificadas espacialmente de forma precisa, rápida e sofisticada. A utilização de técnicas de espacialização, disponíveis nos SIGs, facilita a verificação da forma como as precipitações se distribuem no espaço. Esta técnica permite abranger grandes regiões com agilidade e precisão.

Conforme Marcuzzo, Cardoso e Mello (2010, p. 2) o uso de interpoladores para espacializar os dados de chuvas no Brasil se faz extremamente necessário em virtude da escassez de estações pluviométricas no país. Assim, para a geração dos mapas da precipitação anual, média histórica, médias mensais e anomalia utilizou-se o método de interpolação Inverso do Quadrado da Distância – IQD com expoente 2. Segundo Amorim et al. (2008, p. 87-88) este método é uma ferramenta de análise espacial que assume que cada amostra de ponto tem influência local que diminui com a distância. Também admite que os pontos mais próximos para o processamento da célula, influência mais fortemente que aqueles mais afastados, sendo muito utilizado em diversas situações por ser um método rápido de interpolação. Em relação aos dados referentes à cota fluviométrica, analisou-se as 15 estações fluviométricas existentes na Unidade DO1 (QUADRO 2), localizadas nos seguintes municípios: Acaiaca, Alto Rio Doce, Brás Pires, Caranaíba, Santana dos Montes, Desterro do Melo, Guaraciaba, Lamim, Mariana, Piranga, Porto Firme, Ponte Nova, São Miguel do Anta, Senador Firmino, Viçosa. Estas estações são pertencentes à ANA/CPRM. Devido a pouca operacionalidade das estações, 6 estações tornaram-se inativas na década de 1960, inviabilizando a discussão das inundações que ocorreram pós esta data. Pela ênfase do trabalho ser as inundações no rio Piranga, utilizou-se 7 estações das quais 3 estão localizadas no rio Piranga pertencentes aos municípios de Piranga, Porto 75

Firme e Ponte Nova, duas estações localizadas nos afluentes rio Turvo Sujo e rio Xopotó nos municípios de Viçosa e Brás Pires, respectivamente. A estação de Senador Firmino possui falhas em todo o ano de 1997, entretanto optou-se em utilizá-la por ser a única estação fluviométrica localizada no rio Turvo, importante afluente do rio Xopotó.

Quadro 2 - Estações Fluviométricas

* Estes dados referem-se à última consulta realizada em julho de 2012. Fonte: ANA/CPRM, 2012.

Os dados fluviométricos foram transferidos para uma planilha do Programa Microsoft Office Excel 2010 e, em seguida, com o recurso “Tabela Dinâmica”, obteve-se a média mensal de cada estação. Estes dados foram analisados por meio de gráficos. O nível (cota altimétrica) de um curso d’água é mensurado com o auxílio de réguas verticais graduadas e um observador. As leituras são realizadas às 7 e 17 horas diariamente, as réguas são geralmente constituídas de elementos verticais de 1 metro, graduados em centímetros. Segundo Chevallier (2009, p. 497) as réguas são de placas de metal inoxidável ou de madeira em que o elemento inferior fique na água, mesmo em estiagem excepcional. Estas leituras diárias são anotadas em uma caderneta própria e de três em três meses repassada para os órgãos responsáveis, neste caso a ANA/CPRM. Após uma análise minuciosa por parte do órgão responsável, faz-se a média diária e finalmente os dados são disponibilizados. Após esta etapa, priorizaram-se os dados diários de precipitação e fluviométricos no período das inundações: janeiro e fevereiro de 1979; dezembro de 1996 a janeiro de 1997; dezembro de 2008; dezembro de 2011 a janeiro de 2012. Os dados de precipitação e fluviométricos das cinco estações localizadas nos municípios de Brás Pires, Piranga, Porto Firme, Ponte Nova e 76

Viçosa, foram correlacionados por meio de gráficos e em seguida analisados. A escolha destas estações justifica-se, pois apenas estas possuem os dados fluviométricos e pluviométricos. As estações de Guaraciaba e Desterro do Melo possuem apenas os dados pluviométricos, contudo, optou-se por analisá-los, pois Guaraciaba é um dos municípios foco deste estudo e a PCH Brecha localiza-se neste município. Desterro do Melo é o município onde está localizada a nascente do rio Xopotó, importante afluente do Piranga, que se encontram no município de Presidente Bernardes. Para Souza (2005, p. 82), a análise quantitativa dos elementos meteorológicos não é suficiente para se identificar os episódios climáticos extremos, uma vez que nem sempre os episódios mais excepcionais do ponto de vista climático são aqueles que causam os maiores impactos. Neste sentido, dados disponíveis na imprensa surgem como forma de incorporar elementos qualitativos baseados em acontecimentos reais na análise meteorológica dos episódios. Nessa perspectiva, conforme Monteiro (1990, p. 12), além da análise espacial dos episódios pluviais, é necessário fazer uma análise junto à memória da cidade, seja por meio de revistas ou arquivos de jornais. Assim, buscou-se informações sobre as inundações nos jornais de circulação local e regional. No entanto, teve-se acesso apenas aos jornais Tribuna de Piranga (2008 e 2012), Folha de Ponte Nova (2009, 2010 e 2012) e os jornais on line Fato Real de Conselheiro Lafaiete (2008) e Brasil de Fato (2008). Procurou-se o registro fotográfico do período de inundações, contudo não foi possível para todos os municípios e em todas as inundações. Realizou-se o trabalho de campo nos municípios a fim de observar as áreas afetadas: 29 de agosto de 2009 em Porto Firme, 31 de outubro de 2009 em Guaraciaba e Ponte Nova, 18 de julho de 2012 em Guaraciaba, 14 e 15 de fevereiro de 2013 em Presidente Bernardes e Porto Firme, respectivamente. No campo fez-se o registro fotográfico das áreas afetadas pós-inundação com o objetivo de perceber a magnitude do evento e, a medida do possível, comparar as inundações. Como a autora reside em Piranga e acompanhou as últimas inundações não houve necessidade de realizar o campo para fazer o reconhecimento das áreas afetadas. Durante o campo houve a necessidade de entrevistar alguns moradores e membros do Poder Público Local. Foram entrevistados os Secretários de Meio Ambiente e Agricultura de Piranga (pós- inundação de 2008), Guaraciaba, Presidente Bernardes e Porto Firme (pós-inundação de 2012). As entrevistas foram realizadas de maneira objetiva com intuito de verificar em quais anos ocorreram enchentes/inundações, qual foi a de maior magnitude, quais áreas afetadas, quanto o nível das águas do rio se elevou e se voltou ao leito rapidamente ou não, quantos dias duraram a inundação e quais as prováveis causas das enchentes/inundações. Assim, foram identificadas as áreas urbanas afetadas na inundação de maior magnitude nos cinco municípios. 77

As Figuras 21 e 22 apresentam o roteiro metodológico desta pesquisa. Desta forma, primeiramente escolheu-se a área de estudo, em seguida, fez-se o resgaste histórico dos municípios pesquisados, relacionando-o com as etapas do desenvolvimento econômico e, os impactos na bacia do rio Piranga até os dias atuais (FIGURA 21). Após o levantamento dos anos em que ocorreram inundações delineou-se o caminho que seria percorrido para que os objetivos da pesquisa fossem alcançados (FIGURA 22).

Figura 21 – Impactos na Bacia do rio Piranga; Organização: Nascimento, R. A., 2013.

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Figura 22 – Etapas da Pesquisa; Organização: Nascimento, R. A., 2013.

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5 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIO PIRANGA

Os resultados foram obtidos por meio da inter-relação entre os componentes físicos, impactos ambientais da bacia, análise sinótica do período de inundação, dados de precipitação e cotas fluviométricas, e as inundações nos municípios estudados.

5.1 Componentes Físicos da Bacia do Rio Piranga

A Bacia do rio Piranga insere-se no Planalto Dissecado do centro-sul e do leste de Minas, constituída predominantemente por formas de dissecação fluvial. As cabeceiras de drenagem encaixam nas vertentes, sendo as formas principais de relevo as colinas e vales encaixados constituídos por rochas granito-gnáissicas do embasamento pré-cambriano. Em relação aos trechos retilíneos e meandrantes, Cunha (2005, p. 214) assinala que os canais naturais retos são pouco frequentes, representando trechos ou segmentos de canais curtos, à exceção daqueles controlados por falhas tectônicas. A condição básica para a existência de um canal reto está associada a um leito rochoso homogêneo que oferece igualdade de resistência à atuação das águas. Na Bacia do rio Piranga, os trechos retilíneos são controlados por falhas tectônicas, como observado em Jurumirim, zona rural de Guaraciaba (FIGURA 23), em que o canal fluvial corre sobre substrato rochoso homogêneo (migmatito-ganisse).

Figura 23 - Segmento retilíneo na localidade de Jurumirim, zona rural de Guaraciaba; Fonte: CNES/SPOT IMAGE, 2013, Foto de Leonardo Alves de Oliveira Silva, 18/07/2012.

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Já os canais meandrantes, representam um estado de estabilidade do canal, ou seja, um ajustamento entre todas as variáveis hidrológicas (declividade, largura e profundidade do canal, velocidade dos fluxos, rugosidade do leito, carga solida e vazão). Todavia, para Cunha (2005, p. 219), este estado de equilíbrio poderá ser alterado pela ocorrência de um distúrbio na região, como, por exemplo, a atuação do homem. Os meandros ocorrem em áreas de litologias diferentes, uma vez que a resistência das rochas é diferente. Isto é o que ocorre no trecho entre Presidente Bernardes a Ponte Nova, pois neste segmento há predominância de gnaisses, rochas metavulcânicas e formações ferro- manganesíferas. O solo predominante na bacia é o Latossolo (FIGURA 24). Considerado um tipo de solo antigo, intemperizado, profundo e poroso, apresentar boas condições de drenagem. Essas condições favorecem os Latossolos atuarem como verdadeiras caixas d’água, abastecendo o lençol freático. A serra da Mantiqueira, constituída por rochas cristalinas, aloja importantes nascentes como a do rio Piranga e Xopotó, os elevados índices de precipitação são absorvidos pelos solos, que equivalem a aquíferos porosos (FUNDAÇÃO CENTRO TECNOLÓGICO DE MINAS, 1983). Entretanto, o manejo inadequado desse tipo de solo (queimadas, desmatamentos, pisoteio de animais, cortes verticais nas encostas, dentre outras) originam os processos erosivos.

Figura 24 – Perfil de Latossolo em Piranga; Fonte: Foto da autora, 13/02/2013.

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Os Argissolos, que ocorrem em uma menor extensão na bacia, são de origem alúvio-coluvionar (sedimentos depositados pelo rio e oriundos das partes altas das vertentes), portanto estão localizados nas planícies de inundação, nos terraços (antigas planícies de inundação) e nas baixas vertentes. Estes solos são mais férteis se comparados aos Latossolos, contudo, são pouco porosos, pois apresentam alto teor de argila no horizonte B, sendo suscetíveis a erosão. Na área de ocorrência dos Argissolos há um intenso uso de pastagens, como observado entre os municípios de Porto Firme e Guaraciaba (FIGURA 25), o que favorece a compactação e, consequentemente, a erosão dos solos.

Figura 25 - Pastagem em área de ocorrência de Argissolos, entre Porto Firme e Guaraciaba; Fonte: Foto da autora, 18/07/2012.

Ao comparar o mapa de hipsometria e o de solos (FIGURAS 10 e 12), percebe-se que no vale do rio Piranga predominam os Argissolos, principalmente nas altitudes entre 150 a 500 metros, ao passo que nas áreas situadas entre 750,1 a 1.000 metros são os Latossolos. É notável a necessidade de conservar e reflorestar as áreas de topos, visando diminuir o processo erosivo em virtude do uso inadequado deste solo. Além disso, os Latossolos atuam como “caixas d’água”, o que denota que são os responsáveis pela manutenção do nível dos rios, principalmente na estação seca. Os impactos ambientais na Bacia do rio Piranga iniciaram com o ciclo do ouro, principalmente com os canais de lavras nas vertentes, a exemplo de Guaraciaba (CASTRO, 2008, p. 48-49). Entretanto, os maiores impactos ocorreram a partir da década de 1950, por meio de um processo predatório, principalmente em virtude da retirada da cobertura vegetal dos topos de morros e matas ciliares, além da abertura de estradas (NASCIMENTO, 2009, p. 92). A economia dos municípios é focada na agropecuária, sendo que as atividades de destaque são as pastagens, silvicultura, cana-de-açúcar e café que demandam extensas áreas. 82

Conforme Castro (2008, p. 116) os impactos ambientais decorrentes do desmatamento, para pastagem e carvoaria, no município de Guaraciaba, tem como consequência a erosão do solo e o assoreamento dos corpos d’água. Tucci (2009, p. 623) considera que a cobertura vegetal tem como efeito a interceptação de parte da precipitação que pode gerar escoamento e a proteção do solo contra a erosão. A perda desta cobertura para uso agrícola tem produzido como consequência o aumento da frequência de inundações devido à falta de interceptação da precipitação e ao assoreamento dos rios. Além disso, a extração mineral é uma prática antiga. De acordo com Castro (2008, p. 51) a existência de uma planta que data de 1879 comprova o desvio do rio e a extração de ouro no local que atualmente encontra-se a PCH Brecha. Geralmente, a extração de areia e ouro, no leito do rio, ocorre de forma ilegal, principalmente nos municípios de Presidente Bernardes, Porto Firme e Guaraciaba. Esta exploração ilegal foi denunciada na década de 1990 ao Jornal Estado de Minas (FIGURA 26). Segundo Fialho et. al (2010, p. 8), há apenas cerca de três anos, um areal foi parcialmente licenciado pelos órgãos competentes, em Porto Firme. Entretanto, sabe- se que a extração ilegal de areia e ouro ainda permanece. As FIGURAS 27 e 28 mostram duas dragas no leito do rio Piranga, na estrada entre Porto Firme e Guaraciaba, e uma balsa apreendida pela Policia do Meio Ambiente na zona rural de Porto Firme.

Figura 26 – Nota do Jornal Estado de Minas – Carta à Redação 30/05/1996; Fonte: CARNEIRO, 1996.

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Figura 27 - Dragas às margens do Rio Piranga na estrada entre Porto Firme e Guaraciaba; Fonte: Foto da autora, 18/07/2012.

Figura 28 - Extração ilegal de ouro no município de Porto Firme; Fonte: MADEIRA, 25/01/2013.

5.2 Síntese Sinótica do Período de Inundação

No dia 18 de janeiro de 1979 (FIGURAS 29 e 30) a Zona da Mata Mineira estava sob influência da cE, característica que permaneceu durante o dia 19. Nos dias 20 e 21 a chegada de uma Frente Fria ocasionou chuvas intensas e inundações. Entre os dias 22 e 25 o predomínio da Frente Fria desencadeou mais chuvas intensas. Nos dias 26 e 27, o avanço de uma Frente Fria pelo Sul do país provocou uma condição pré-frontal e no dia 28 esta Frente Fria encontrava-se sobre São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, causando chuvas fortes e de longa duração que persistiram até o dia 1º de fevereiro, em razão da Frente Oclusa. Entre os dias 2 e 4 a chegada de uma Frente Quente ocasionou precipitação. No dia 5, a convergência de ar quente e úmido vindo da Amazônia provocou intensa precipitação, afetando o Centro-Oeste e o Sudeste do Brasil causando inundações e escorregamentos. 84

Este evento foi decorrente de uma ZCAS. A partir do dia 6, uma nova Frente Fria penetrou pelo Sul do país ocasionando um aquecimento pré-frontal, esta frente atingiu o Sudeste do Brasil, mais precisamente os estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

Figura 29 - Cartas sinóticas de 1979 (12 GMT); Fonte: DHN, 2012.

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Figura 30 - Cartas sinóticas de 1979 (12 GMT); Fonte: DHN, 2012.

O dia 31 de dezembro de 1996, como os primeiros dias de janeiro de 1997, foram marcados por intensas chuvas decorrentes da atuação da ZCAS, que se encontrava no dia primeiro sobre o sudeste, ocasionando chuvas na Zona da Mata Mineira, Sul do Espírito Santo e Norte do Rio de Janeiro. No dia 2 este sistema se intensificou e vários municípios foram atingidos por inundações e escorregamentos. No dia 3 a ZCAS começou a se configurar 86

(FIGURA 31). Nos dias 4 e 5, a ZCAS continuou atuando e a intensa precipitação persistiu, atingindo Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Já no dia 6 a ZCAS se desconfigurou, porém, a LI continuou causando chuvas nesses mesmos estados. Os dias 7 e 8 foram dominados pela mT, que garantiu tempo estável.

Figura 31 - Cartas sinóticas de 1997 (12 GMT); Fonte: DHN, 2012.

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De acordo com o CPTEC (2009), o mês de dezembro de 2008 foi caracterizado pela atuação de sistemas frontais, tanto no litoral, quanto no interior do continente. Assim, no final do dia 11 formou-se uma onda frontal subtropical sobre o Atlântico, a leste de São Paulo, que voltou a instabilizar e provocar chuvas sobre boa parte do estado de Minas Gerais. Este sistema deslocou-se rapidamente para o norte, posicionando-se a leste do Rio de Janeiro, promovendo chuvas associadas à circulação de leste, na faixa litorânea de São Paulo e Rio de Janeiro. No entanto, esta onda frontal ajudou a intensificar a convergência de umidade entre o Sudeste, Centro-Oeste e o Norte do Brasil dando origem a um episódio de ZCAS no dia 12, que se prolongou até o dia 17/12. Em algumas cidades do Sudeste e do Norte, os acumulados superaram os 100 mm. A ZCAS continuou atuando, causando chuvas significativas entre Mato Grosso, Goiás, interior de Minas Gerais e Rio de Janeiro. O vórtice ciclônico que atuou no dia 15 entre o nordeste do Rio Grande do Sul, centro-leste de Santa Catarina e do Paraná, causou a advecção de vorticidade ciclônica, dando origem a um novo ciclone subtropical, este associado a uma onda frontal subtropical que reforçou a atuação da ZCAS no dia 16 (FIGURA 32). Este evento foi significativo e ocasionou alagamentos, deslizamentos de terra, prejuízos e mais de 12 mortes no Sudeste, principalmente em Minas Gerais onde as áreas mais atingidas pelas chuvas foram a Zona da Mata e o Centro-Oeste. Entretanto, este evento se desconfigurou na manhã do dia 21. Entretanto, até o final do dia 22, esteve presente sobre o interior do país uma ZCOU que associada ao aquecimento diurno e a influência em altitude continuou provocando chuva nestas áreas. A partir do dia 24 começou a se formar uma nova ZCAS, decorrente da convergência de ar da AB e de uma nova Frente Fria que chegou ao litoral de São Paulo e Rio de Janeiro. Essa ZCAS persistiu até o dia 27 quando se desconfigurou, passando a atuar a cE que continuou provocando chuva até o dia 29. No dia 30 o anticiclone subtropical estava sobre o Sudeste Brasileiro e por isso deixou o tempo estável, enquanto no dia 31 a aproximação de uma Frente Fria voltou a provocar chuvas em Minas Gerais. O mês de dezembro de 2011 foi caracterizado por quatro episódios de ZCAS entre as regiões Sudeste e o sul da Amazônia, além de um episódio de ZCOU. Estes fenômenos, de acordo com o CPTEC (2012), foram favorecidos pela persistência do padrão de bloqueio no Atlântico e são responsáveis pelos temporais e significativos acumulados de chuva em áreas das regiões Sudeste, Centro Oeste e no estado da Bahia. Os episódios de ZCAS tiveram início nos dias 4, 9, 15 e 25 de dezembro, sendo que este último episódio manteve-se no início de janeiro e foi responsável por significativa chuva. O posicionamento do sistema frontal sobre o Atlântico, na altura do litoral paulista, favoreceu a configuração do quarto episodio de ZCAS entre os dias 25 e 26. O processo de 88

formação deste sistema favoreceu a ocorrência de chuva forte e o acumulado de chuva. Entre os dias 27 a 29, a ZCAS causou chuva significativa no leste e Zona da Mata de Minas Gerais, Espirito Santo, norte de São Paulo e Rio de Janeiro. Os acumulados registrados foram acima de 60 mm.

Figura 32 - Cartas sinóticas de 2008 (12 GMT); Fonte: DHN, 2012. 89

O mês de janeiro de 2012 começou com a atuação da ZCAS (FIGURA 33) que ganhou força no dia 31 de dezembro. Sua atuação causou extravasamento de vários rios no interior de Minas Gerais, onde 103 cidades decretaram Situação de Emergência. A ZCAS desconfigurou-se entre os dias 6 e 7, mas persistiu um canal de umidade como ZCOU, voltando a restabelecer a ZCAS no dia 8. Este persistente canal de umidade entre a Amazônia e o Sudeste foi responsável por significativas chuvas no início de janeiro. Até o dia 10, em algumas cidades de Minas Gerais e Rio de Janeiro já havia chovido mais do que a média mensal. Estes acumulados foram responsáveis por vários transtornos à população.

Figura 33 - Cartas sinóticas de 2012 (12 GMT); Fonte: DHN, 2012. 90

5.3 Análise da Normal Climatológica

Entre 1961 a 1990 ao observar os totais anuais (FIGURA 34), verificou-se que o ano de 1963 registrou os menores índices de precipitação (194 a 754 mm). A exceção ocorreu na cabeceira, onde a precipitada anual variou entre 754 a 1.315 mm (Anexo 1 e 2). Por outro lado, 1979, 1983 e 1985, apresentaram altos índices pluviométricos, variando entre 1.315 a 2.437 mm em quase toda a extensão da Unidade DO1. Em relação à média destes 30 anos (FIGURA 35), a precipitação variou entre 1.279 a 1.509 mm na maior parte da Unidade DO1, as nascentes dos rios Piranga e Xopotó registraram os maiores índices pluviométricos (1.510 a 1.586 mm). O nordeste da bacia registrou os menores índices de precipitação (1.055 a 1.278 mm). Em relação à média mensal (FIGURA 36) obtida entre 1961 a 1990 (Anexo 3) os meses entre maio e agosto são os mais secos da Unidade DO1 (precipitação variou entre 10 a 50 mm). Logo, dezembro e janeiro destacaram-se como os meses mais chuvosos com 160 a 300 mm em toda a extensão da Unidade DO1. Os meses de junho (10 a 20 mm) e dezembro (250 a 300 mm) se sobressaem como os meses mais seco e chuvoso, respectivamente. Esta constatação vai de encontro ao estudo realizado por Nimer (1979, p. 273), pois a precipitação no verão está vinculada às LI e à Frente Polar (FP), ou seja, correntes de circulação perturbada de oeste – típica de verão, e de sul. Além disso, Nimer (1979, p. 292) considera que durante o solstício de verão, ocorre uma linha imaginária no sentido NW-SE que divide a Região Sudeste ao meio. Assim, nos municípios localizados a NE desta linha, os três meses consecutivos mais chuvosos são novembro, dezembro e janeiro. Enquanto, os meses de junho, julho e agosto são os meses mais secos. A ausência de chuva, nestes meses pode ser explicada pela dependência exclusiva das correntes perturbadas de sul, que durante o inverno tem como caminho preferencial o oeste dos Andes. Além disso, as precipitações nesta época do ano são pouco expressivas pelo fato do ar quente da mT, em ascensão dinâmica sobre a rampa frontal da Frente Polar, possuir pouca umidade específica por se tratar de inverno. Além disso, o anticiclone polar, devido ao trajeto continental após transpor os Andes, também possuir pouca umidade, tendendo a se estabilizar pela base em virtude do contato com a superfície continental intensamente resfriada pela radiação noturna. Ao observar a FIGURA 37 (Anexo 4) percebe-se que janeiro e fevereiro de 1979 apresentaram anomalia positiva, o que denota que as chuvas ocorreram acima do normal. Em janeiro a anomalia variou entre 90 a 500 mm, com exceção da parte nordeste (30 a 50 mm). 91

Em fevereiro a anomalia variou entre 120 a 500 mm, com destaque para a nascente do rio Piranga e de seus afluentes (200 a 500 mm). Já em dezembro de 1996, observam-se núcleos de precipitação negativa (-50 a -10 mm), ou seja, a chuva registrada foi menor que a média histórica para o mês de dezembro em parte da Unidade DO1. Contudo, há também núcleos que apresentaram as maiores precipitações, como na cabeceira (160 a 200 mm). Janeiro de 1997 apresentou anomalia positiva, em toda a extensão da unidade, o que denota que a precipitação foi acima da média histórica, variando entre 120 a 500 mm. Como em dezembro de 1997, novembro de 2008 também apresentou núcleos de anomalia negativa, como na cabeceira (-10 a 10 mm). Entretanto, em quase toda a extensão da Unidade DO1 a anomalia foi positiva variando entre 50 a 200 mm. Já em dezembro, a anomalia positiva (200 a 500 mm) ocorreu em quase toda a extensão da unidade (exceção do nordeste da unidade que variou entre 90 a 200 mm). Dezembro de 2008 se destaca dentre os demais representados como o mês em que a precipitação registrada superou a média histórica entre 200 a 500 mm, em quase toda a extensão da Unidade DO1. Dezembro de 2011 também apresentou anomalia positiva variando entre 90 a 200 mm. Em janeiro de 2012 a anomalia variou entre 120 a 500 mm na Bacia do rio Piranga, com destaque para a cabeceira do Piranga que registrou anomalia entre 160 a 200 mm. As nascentes dos rios Xopotó e Turvo apresentaram anomalia variando entre 120 a 160 mm.

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Figura 34 – Precipitação Anual entre 1961 e 1990 na Unidade DO1 e Entorno.

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Figura 35 – Média Histórica na Unidade DO1. 94

Figura 36 – Normal Climatológica Mensal. 95

Figura 37 – Anomalias Climatológicas no Período de Inundação.

5.4 Análise da Cota Fluviométrica

Em relação às médias mensais da cota fluviométrica (FIGURA 38) dezembro, janeiro e fevereiro são os meses que apresentam as maiores cotas, ao passo que junho, julho e agosto apresentam as menores cotas. Estas médias fluviométricas vão ao encontro dos meses mais chuvosos e secos, respectivamente. Como novembro é marcado pelo inicio das chuvas, a resposta em relação à média fluviométrica é mais lenta. Assim, este mês não está dentre os três que apresentam as maiores cotas.

Figura 38- Média Mensal da Cota Fluviométrica; Fonte: ANA/CPRM, 2012.

As estações fluviométricas localizadas nos municípios de Brás Pires (142 a 233 cm) e Porto Firme (142 a 250 cm), no rio Xopotó e Piranga, respectivamente, apresentam as maiores médias durante todo o ano. Por outro lado, a estação localizada no município de Viçosa, no 97

rio Turvo Sujo apresenta as menores médias (42 a 83 cm). Em relação às cotas médias do rio Piranga, Porto Firme possui a maior, seguida de Ponte Nova e Piranga.

5.5 Análise da Precipitação e da Cota Fluviométrica no Período de Inundação

Entre janeiro e fevereiro de 1979 (FIGURA 39) foram registrados 883,1 mm de chuva, equivalente a 47,15% do total anual (1872,9 mm) em Brás Pires. Os maiores volumes registrados foram 68 mm no dia 23/01, 88,1 e 85,3 mm nos dias 1 e 6/02, respectivamente. Em relação à cota fluviométrica não houve registro nos dias 20, 22, 25, 26, 27, 30 e 31 de janeiro, e em fevereiro têm-se dados de apenas sete dias, o que inviabiliza correlacionar a precipitação e a cota fluviométrica neste período (Anexo 5 e 6). No período, em Piranga, choveu 935,8 mm, equivalentes a 49,85% do total anual (1876,9 mm). As maiores precipitações foram 121,4 e 91,1 mm nos dias 20/01 e 06/02, respectivamente, já as máximas cotas fluviométricas do período foram 525, 596, 579 e 501 cm nos dias 23/01, 01/02, 02/02 e 16/02, respectivamente. Porto Firme registrou 899,9 mm o que equivale a 49,69% do total anual. Foram 100,4 e 87 mm nos dias 20/01 e 02/02. A cota fluviométrica máxima registrada em janeiro foi 517 cm no dia 24, entretanto nos dias 29 e 30 não houve registro. Há também falhas em fevereiro, que possui apenas nove registros. Ponte Nova destaca-se por apresentar a maior precipitação mensal em torno de 615,3 mm para o mês de janeiro, equivalendo a 27,95% do total anual. Janeiro e fevereiro foram responsáveis por 49,66% do total anual (2.201,2 mm). Nesta estação, os máximos de precipitação registrados foram 86,6 e 74,8 mm nos dias 31/01 e 05/02, e as cotas 383 cm dia 24/01, 519, 475 e 445 cm nos dias 03, 07 e 04/02, respectivamente. Em Viçosa, janeiro e fevereiro foram responsáveis por 43,13% do total anual (2.026,8 mm). As precipitações máximas registradas nestes dois meses foram 90,0; 61,6 e 58,6mm nos dias 20/01, 02/02 e 07/02, respectivamente, e as cotas 298, 335 e 360 cm nos dias 06, 07 e 15/02.

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Figura 39 - Hidrograma de janeiro e fevereiro de 1979; Fonte: ANA/CPRM, 2012. 99

Neste período as chuvas concentraram-se entre 17/01 a 09/02, sendo registrados os maiores volumes como em Piranga e Porto Firme: 121,4 e 100,4 mm, respectivamente, no dia 20/01. As chuvas de janeiro e fevereiro de 1979 corresponderam a quase 50% da precipitação total do ano de 1979 e os volumes registrados variaram de 43,13% em Viçosa a 49,85% em Piranga. Somente em janeiro a precipitação variou entre 19,68% a 27,95%, em Viçosa e Ponte Nova. Em fevereiro 21,71% a 26,25% em Ponte Nova e Brás Pires, estas porcentagens referem-se ao total anual precipitado. Nos meses de dezembro de 1996 e de janeiro de 1997 (FIGURA 40), embora tenham sido chuvosos, foram registradas precipitações totais inferiores à precipitação de janeiro e fevereiro de 1979 nas cinco estações. Foram registrados 740,3; 699,1; 819,2; 722,9; 698,2 mm nas estações de Brás Pires, Piranga, Porto Firme, Ponte Nova e Viçosa, respectivamente. Dezembro de 1996 apresentou picos de precipitação variando entre 48,6 a 98,0 mm em Viçosa e Porto Firme, respectivamente. Entre o dia 31/12/1996 ao dia 08/01/1997, foram registrados altos índices pluviais: 85,4 mm (Viçosa), 86,3 mm (Brás Pires), 98,3 mm (Piranga), 101,6 mm (Porto Firme) e 117,5 mm (Ponte Nova). Estes máximos foram registrados no dia 02, com exceção de Viçosa que registrou no dia 03. Em relação à cota fluviométrica, somente a estação de Porto Firme teve falha entre os dias 03 e 05/01, o que sugere que a cota nestes dias tenha sido superior a 585 cm, registrada no dia 06. As cotas máximas foram 315 cm (Viçosa, 04/01), 557 cm (Ponte Nova, 05/01), 624 cm (Brás Pires, 04/01) e 700 cm (Piranga, 03/01). O volume precipitado em janeiro foi de quase 30% do total anual de 1997 (variando entre 27,07% a 30,38%), nas cinco estações. Além disso, nos oito primeiros dias foram registrados 342,9; 396,3; 401,1; 406,7; 313,4 mm o que equivale a 80,19%, 87,77%, 90,74%, 92,22% e 85,53% do total do mês nas estações de Brás Pires, Piranga, Porto Firme, Ponte Nova e Viçosa, respectivamente. Em relação aos dias de chuva, em 1997 foram apenas oito dias, diferentemente do período de janeiro a fevereiro de 1979 que foram vinte e quatro dias, ou seja, em 1979, embora o volume de chuva tenha sido superior, a chuva foi distribuída, ao passo que em 1997 foi concentrada. Dezembro de 2008, se destacou como um dos meses mais chuvosos com 487,5 mm (Brás Pires), 528,7 mm (Piranga), 561 mm (Porto Firme), 428,4 mm (Ponte Nova), 547,9 mm (Viçosa). Assim sendo, somente neste mês, a precipitação variou entre 26,46% a 36,72% do total anual. As chuvas concentraram-se entre os dias 12 a 20 e em apenas nove dias, a precipitação variou entre 55,57% a 68,79% do total mensal (FIGURA 41).

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Figura 40 - Hidrograma de dezembro de 1996 e janeiro de 1997; Fonte: ANA/CPRM, 2012.

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Figura 41 - Hidrograma de dezembro de 2008; Fonte: ANA/CPRM, 2012.

Os máximos de precipitação registrados foram 70; 93,4; 102,0; 114,0 e 152,8 mm, em Ponte Nova, Viçosa, Brás Pires, Porto Firme e Piranga, respectivamente. A exceção foi Brás 102

Pires no dia 17, nas demais estações o registro ocorreu no dia 16. A precipitação registrada em Piranga no dia 16 foi a maior de toda série histórica (jul/1941 a maio/2012). Em relação as cotas fluviométricas, somente as estações nos municípios de Piranga e Viçosa não apresentaram falhas. Nestas estações as cotas máximas foram 860 e 328 cm, respectivamente, no dia 17. Brás Pires (17/12), Porto Firme (18/12) e Ponte Nova (18 a 21/12) apresentaram falhas no período de maior precipitação e por isso não é possivel ter com exatidão a cota máxima nestas estações. Dezembro de 2011 e janeiro de 2012 também se destacaram pelo índice de pluviosidade. Foram registrados 989,8; 904,3; 794,1; 662,0 e 825,0 mm nas respectivas estações de Brás Pires, Piranga, Porto Firme, Ponte Nova e Viçosa. A chuva concentrou-se a partir do dia 27/12 estendendo-se até dia 12/01, sendo que os maiores índices pluviométricos ocorreram nos primeiros dias de janeiro. Nos doze primeiros dias de janeiro de 2012 foram registrados 394,9; 324,6; 310,0; 247,4 e 306,5 mm de chuva, equivalendo a 73,75%, 69,86%, 76,24%, 88,67% e 65,36% do total mensal para o referido mês. A precipitação e cotas máximas registradas foram 151,4; 101,3; 93,3; 51,5 e 58,7 mm; 635, 920, 750, 590 e 315 cm nas estações de Brás Pires, Piranga, Porto Firme, Ponte Nova e Viçosa, respectivamente (FIGURA 42). Nos três primeiros dias de janeiro de 2012 foram registrados 42,30%, 38,35%, 32,02%, 41,54% e 26,35% do total mensal. Com exceção da estação de Porto Firme, as demais registraram o máximo de precipitação apenas nos três primeiros dias, o que sugere a concentração das chuvas, e a resposta imediata da cota fluviométrica registrada no dia 03/01, com exceção da estação de Ponte Nova que foi no dia 04/01. Assim, ao comparar janeiro de 2012 com os demais anos percebe-se que a concentração pluvial neste ano foi superior aos demais. As maiores precipitações registradas no período das inundações foram: Brás Pires 102,0 e 151,4 mm em 17/12/2008 e 02/01/2012; Piranga 101,3; 121,4; 152,8 mm em 03/01/2012, 20/01/1979 e 16/12/2008; Porto Firme 100,4; 101,6 e 114,0 mm em 20/01/1979, 02/01/1997 e 16/12/2008; Ponte Nova 86,6 e 117,5 mm em 31/01/1979 e 02/01/1997; Viçosa 90,0 e 93,4 mm em 20/01/1979 e 16/12/2008. Com exceção da estação no município de Viçosa, as demais apresentaram valores superiores a 100mm em 24 horas, sendo que Brás Pires em 2012, e Piranga em 2008, registraram mais de 150 mm.

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Figura 42 - Hidrograma de dezembro de 2011 e janeiro de 2012; Fonte: ANA/CPRM, 2012. 104

Em relação as cotas máximas registradas tem-se: 655 cm em 18/12/2008, 750 cm 03/01/2012 e 590 cm em 04/01/2012 nas estações de Brás Pires, Porto Firme e Ponte Nova. Entretanto, as estações possuem falhas em 1979, 2008 e 2012, podendo as cotas fluviométricas terem sido superiores a estas. A estação localizada em Piranga registrou as seguintes cotas máximas: 920 cm em 03/01/2012, 860 cm em 17/12/2008, 700 cm em 03/01/1997, sugerindo que pelos dados disponíveis, a elevação do rio Piranga é maior neste município que em Porto Firme e Ponte Nova. Todas as estações apresentaram cotas acima da média, no período estudado, o que reforça a questão da inundação. Todavia, o nível do rio apresentou um comportamento diferenciado nas inundações. Em janeiro e fevereiro de 1979 observou-se que a elevação do nível do rio Piranga ocorreu de forma lenta, pois a cota fluviométrica máxima ocorreu cerca de três dias após a precipitação máxima registrada. Logo, em janeiro de 1997 e dezembro de 2008 a elevação do nível do rio ocorreu no intervalo de 24 horas. Em janeiro de 2012 a elevação do nível do rio foi uma resposta imediata à precipitação (menos de 24 horas). Esta diferença de comportamento do nível do rio pode ser atribuída a toda intervenção humana ocorrida na bacia do Piranga nos últimos trinta anos, como desmatamento dos topos de morros e matas ciliares aliado ao assoreamento do rio. A estação fluviométrica de Senador Firmino (FIGURA 43) localizada no rio Turvo, apresenta falhas em todo o ano de 1997, e em alguns dias de dezembro de 2008, o que inviabiliza uma análise mais detalhada do comportamento fluvial. Entretanto, ao observar os dados disponíveis as maiores cotas fluviométricas são 439 cm (06/02/1979), 391,5 cm (02/01/2012), 329,5 cm (21/12/2008).

Figura 43 - Cota Fluviométrica de Senador Firmino; Fonte: ANA/CPRM, 2012. 105

Em janeiro e fevereiro de 1979 choveu 934,2 mm ou o equivalente a 48,16% do total anual em Desterro do Melo (FIGURA 44). Em vinte quatro dias choveu 560,8 mm (60,02% do total mensal), sendo que a precipitação registrada no dia 01/02 foi 121 mm. Já nos primeiros oito dias de janeiro de 1997, choveu 275,1 mm (62,98% do total mensal), correspondendo a 25,99% do total anual.

Figura 44 - Precipitação em Desterro do Melo; Fonte: ANA/CPRM, 2012.

Assim como no ano de 1979, em 2008, a chuva anual registrada na estação de Desterro do Melo foi superior a 2.000 mm, sendo registrados 2.022,8 e 2.225,2 mm, nestes respectivos anos. Somente em dezembro de 2008 choveu 702,3 mm (31,56% do total anual). Entre os dias 12 e 19 foram 348,7 mm (49,65% do total mensal). Nos dias 16 e 17 a 106

precipitação registrada foi 113,6 e 117 mm, respectivamente, equivalendo a 32,33% do total mensal. Nos doze primeiros dias de janeiro de 2012 choveu 275,1 mm (62,98% do total mensal), e a precipitação máxima registrada foi 56,1 mm no dia 02. Ao analisar o período das inundações, observou que na estação de Desterro do Melo, em apenas três a precipitação foi superior a 100 mm, 01/02/1979, 16 e 17/12/2008. Em 2008, foram dois dias seguidos, o que sugere que na cabeceira do Xopotó a precipitação de dezembro deste ano foi superior e mais concentrada que nos demais períodos analisados. Em Guaraciaba, nos vinte e quatro dias de chuvas consecutivas foi registrado 469,7 mm, o que equivale a 68,18% do total de janeiro e fevereiro de 1979 (688,9 mm). As maiores precipitações foram 79,4 e 41,4 mm nos dias 20/01 e 15/02, respectivamente. Já nos oito primeiros dias de janeiro de 1997, choveu 89,66% do total mensal (484,6 mm). Apenas no dia 03 foram 140 mm, e nos dias 04, 05 e 06 foram registrados 82,6; 70,8 e 68,2 mm, respectivamente. Em dezembro de 2008, entre os dias 12 e 19, choveu 356,7 mm, representando 61,94% do total mensal (575,8 mm). Nestes dias a maior precipitação foi 91 mm no dia 17. Nos cinco primeiros dias de janeiro de 2012 choveu 202,1 mm (57,56% do total mensal), sendo a maior precipitação (82,4 mm) registrada no dia 03. Ao analisar somente esta estação, percebe-se que as chuvas de janeiro de 1997 foram mais concentradas e de maior volume, pois em apenas oito dias choveu quase 90% do total mensal (FIGURA 45). Ao observar a precipitação acumulada (total de chuvas registradas em um mês) e a normal climatológica para os meses de janeiro, fevereiro e dezembro (meses que ocorreram as inundações estudadas) verificou-se que a precipitação acumulada foi superior a normal em todas as estações no período das inundações (janeiro e fevereiro de 1979, janeiro de 1997, dezembro de 2008 e janeiro de 2012). As estações localizadas nos municípios de Guaraciaba (248,6 mm) e Piranga (247,6 mm) registraram em dezembro de 1996, precipitações abaixo da normal climatológica (261,97 e 261,63 mm, respectivamente) (FIGURA 46). A Figura 46 (Anexo 7) revela, ainda, que as maiores precipitações acumuladas ocorreram em dezembro de 2008 nas estações de Carandaí e Desterro do Melo (625,9 e 702,3 mm respectivamente).

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Figura 45 - Precipitação em Guaraciaba; Fonte: ANA/CPRM, 2012.

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Figura 46 – Precipitação Acumulada e Normal Climatológica; Fonte: Dados da Pesquisa.

5.6 Análise da Série Histórica

Ao analisar a série histórica das sete estações localizadas no rio Piranga e em seus afluentes, juntamente com a estação de Carandaí que, embora esteja fora da bacia, é a estação mais próxima da nascente do rio Piranga, verificou-se que não são tão anormais os altos índices pluviais (acima de 100 mm), registrados em apenas 24 horas. Ao observar as ocorrências de registro acima de 100 mm, o mês de janeiro se destaca por apresentar 30 registros, seguido por dezembro (23), novembro (15), fevereiro (13), março (8), abril (4), outubro (3) e setembro (1). Em relação a este volume por estação, ao longo da série histórica, Desterro do Melo apresentou 22 registros, seguido por Porto Firme (21), Carandaí (19), Piranga (13), Ponte Nova (11), Viçosa (11), Guaraciaba (9) e Brás Pires (4). As estações de Desterro do Melo e Carandaí devem ter um olhar diferenciado em virtude da proximidade com a nascente do rio Xopotó e Piranga, respectivamente. 109

Ao analisar, por décadas, a distribuição das chuvas acima de 100 mm (TABELA 3), nota-se que estes registros existem desde a década de 1940. As décadas de 1970, 1990 e 2000 apresentaram 22, 19 e 25 registros, respectivamente, distribuídos em 21, 18 e 17 dias ao longo das respectivas décadas, o que denota que os registros acima de 100 mm ocorreram mais de uma vez no mesmo ano ou mesmo no mesmo dia em diferentes estações. Estes dados referem-se até o mês de maio para o ano de 2012. As estações nos municípios de Brás Pires e Viçosa iniciaram as atividades em fevereiro de 1967 e a de Guaraciaba em outubro de 1959.

Tabela 3 - Precipitações acima de 100 mm por década

Fonte: Dados da pesquisa.

Em relação aos anos que ocorreram inundações, em janeiro de 1979 as estações de Piranga e Porto Firme registraram 121,4 e 100,4 mm no dia 20, e em fevereiro foram 121,0 e 109,5 mm em Desterro do Melo e Viçosa, registrados nos dias 1 e 15. Guaraciaba no dia 3, Porto Firme e Ponte Nova no dia 2 de janeiro de 1997 registraram 140,0; 101,6 e 117,5 mm. Diferentemente, em dezembro de 2008, apenas as estações de Guaraciaba, Ponte Nova e Viçosa não registraram precipitação acima de 100 mm em um único dia. Sendo assim, tem-se 102,0; 152,8; 114,0 em Brás Pires (17/12), Piranga (16/12), Porto Firme (16/12), respectivamente. Em Desterro do Melo 113,6 e 117,0, e em Carandaí 118,5 e 133 mm nos dias 16 e 17. Já em janeiro de 2012, Piranga e Brás Pires, registraram 101,3 e 151,4 mm nos dias 2 e 3, respectivamente. A estação de Carandaí possui falhas em todo o mês de janeiro, o que dificulta a análise da precipitação na cabeceira. O diferencial nos anos que ocorreram as inundações é dezembro de 2008, pois foram cinco estações que apresentaram registro de mais de 100 mm, tendo em comum o dia do registro. Além disso, o maior volume de chuva ocorreu nas cabeceiras, Desterro do Melo e 110

Carandaí e em dois dias consecutivos. Este registro é de extrema importância, ao comparar a magnitude das inundações, sobretudo as de 2008 e 2012 nos cinco municípios, pois há divergências, em relação a maior inundação. Todavia, em relação aos demais anos que ocorreram chuvas acima de 100 mm, com exceção de novembro de 1967, janeiro de 2001 que ocorreram em três estações e em janeiro de 2004 em quatro estações, os demais volumes ocorreram em apenas uma ou duas estações (TABELA 4). Nestas datas, podem ter ocorrido enchentes ou até mesmo inundações pontuais, não em toda a bacia e nem mesmo com a magnitude, como nos anos estudados. Observou-se, também, que a precipitação superior a 100 mm por si só não iria desencadear uma inundação na bacia, e sim, a sequência de dias chuvosos que aliada a estes volumes extremos refletirá nas inundações. A sequência de dias chuvosos pode ser observada nas Figuras 39, 40, 41, 42, 43, 44 e 45.

111

Tabela 4 - Precipitação acima de 100 mm por ano

19/02/1967 01/05/1941 01/10/1959 19/07/1941 20/06/1941 01/01/1941 23/02/1967 26/07/1941 Operacio------nalidade 31/05/2012 31/05/2012 30/04/2012 31/05/2012 31/05/2012 31/05/2012 30/04/2012 30/04/2012 Desterro do Ano Mês Dia Brás Pires Melo Guaraciaba Piranga Porto Firme Ponte Nova Viçosa Carandaí

1941 Novembro 7 110,1 114

1942 Janeiro 21 102,4

1942 Dezembro 25 117,8

1944 Fevereiro 7 138

1944 Março 4 104,8

1948 Fevereiro 17 128

1953 Fevereiro 6 e 15 100; 145

1953 Dezembro 15 132

1955 Dezembro 23 125

1961 Fevereiro 14 105,4

1965 Outubro 30 132

1966 Janeiro 10 e 14 100,3 112

1967 Janeiro 18 103,2

1967 Março 8 115 19; 19 e 1967 Novembro 25 100,2 100 121

1968 Dezembro 3 e 25 121,8; 103

1969 Fevereiro 23 115,8

1971 Novembro 2 123,3

1971 Dezembro 14 e 24 113,2; 103

1972 Fevereiro 28 117,5

1973 Janeiro 17 129

1973 Fevereiro 4 110,2

1973 Abril 20 200,5

1975 Janeiro 2 112,4

1976 Dezembro 6 100,2 6; 13, 15 e 125,1; 117,8; 1978 Janeiro 16 112,5 110,2

1978 Fevereiro 22 112

1979 Janeiro 20 e 20 121,4 100,4

1979 Fevereiro 1 e 15 121 109,5

1979 Novembro 9 110 22, 20 e 1979 Dezembro 22 112 116,2; 208,4

1981 Abril 30 203

1981 Novembro 12 133,2 102

1981 Dezembro 17 107

1982 Janeiro 25 108,3

1982 Dezembro 27 149,2

1984 Março 8 107,4

1984 Novembro 21 100,5

1986 Janeiro 1 134

1987 Novembro 18 109,2

1987 Dezembro 19 e 8 128,4 105,2 112

(continuação) 19/02/1967 01/05/1941 01/10/1959 19/07/1941 20/06/1941 01/01/1941 23/02/1967 26/07/1941 Operacion ------alidade 31/05/2012 31/05/2012 30/04/2012 31/05/2012 31/05/2012 31/05/2012 30/04/2012 30/04/2012 Desterro do Ano Mês Dia Brás Pires Melo Guaraciaba Piranga Porto Firme Ponte Nova Viçosa Carandaí

1989 Dezembro 21 120

1991 Janeiro 18 e 11 107 108,3

1991 Novembro 15 106,8

1992 Janeiro 24 141

1992 Novembro 9 e 5 100,3 111,5

1993 Outubro 25 125

1993 Dezembro 21, 10 111 100,5

1994 Março 25 118,8

1994 Dezembro 23 100,5

1997 Janeiro 3, 2 e 2 140 101,6 117,5

1998 Fevereiro 18 e 12 135,7 110,2

1998 Novembro 27 117

1999 Março 3 102,4

1999 Dezembro 9 145,7

2000 Janeiro 23 e 15 106,8 118

2001 Janeiro 1, 3 e 3 101 117 132,4

2001 Março 12 102,3

2001 Novembro 3 101,3

2003 Janeiro 17 158,3 9, 17, 9 e 2004 Janeiro 9 120,5 113 102,2 143

2004 Abril 9 127,9

2005 Janeiro 9 100

2007 Dezembro 20 122

2008 Março 16 107,3 17; 16 e 17; 16 e 16; 16 e 2008 Dezembro 17 102 113,6; 117 152,8 114 118,5; 133

2009 Setembro 22 103,4

2009 Novembro 12 140,3

2010 Outubro 26 113 14; 14 e 2011 Janeiro 16 115 105,1; 231

2011 Março 7 108,3

2011 Abril 5 100,5

2012 Janeiro 2; 3 151,4 101,3 *

Legend a Inundaç ão

* Falhas Fonte: Dados da Pesquisa.

113

5.7 Inundações

Em 1979, em Piranga, as repercussões desta inundação não foram muito significativas para a população urbana, uma vez que havia apenas cerca de 3.000 habitantes no perímetro urbano, na Rua Nova e José Dutra (antiga Rua da Barreira). Havia poucas casas e o atual Bairro Cidade pasto. Assim, os maiores problemas, se referem às estradas, pois o município ficou isolado. Não se obteve informações detalhadas desta inundação em Presidente Bernardes e Porto Firme, mas acredita-se que os problemas foram similares aos de Piranga. Em Guaraciaba, segundo Castro (2008, p. 108 e 113), a Rua General Dutra, na margem esquerda do rio Piranga, foi uma das mais afetadas (FIGURA 47), bem como trechos das ruas Sete de Setembro, Direita e Coração de Jesus, na margem direita (FIGURA 48). Em Ponte Nova, as águas do Piranga invadiram e destruíram avenidas e casas localizadas às margens. Segundo Ribeiro Filho (2008, p. 64), no ano de 1979 foi contabilizado quase 2.000 desabrigados, 212 casas parcialmente destruídas, 125 casas totalmente destruídas e estradas vicinais intransitáveis (FIGURAS 49 e 50). Os bairros afetados em 1979 foram o Centro Histórico, Vila Alvarenga, Copacabana, Palmeiras, Santo Antônio, Vila Centenário, Triângulo e Rasa.

Figura 47 – Vista panorâmica de Guaraciaba; Fonte: CASTRO, 2008, p. 111.

114

Figura 48 – Croqui da área de abrangência da inundação de 1979 em Guaraciaba; Fonte: CASTRO, 2008, p. 113.

Figura 49 – Centro de Ponte Nova na inundação de 1979; Fonte: RIBEIRO FILHO, 2008, p. 64 e 65. 115

Figura 50 - Avenida Arthur Bernardes pós-inundação de 1979; Fonte: SILVA, 2009, p. 36.

Em 1997, as margens do rio em Piranga já haviam sido ocupadas em toda a extensão da Rua Nova e José Dutra. Em decorrência do êxodo rural, o Bairro Cidade Nova, cujo loteamento e abertura de ruas foram realizados na década de 1980, somente os quintais foram afetados. Neste episódio, apenas duas famílias da Rua José Dutra tiveram suas casas invadidas e danificadas pelas águas, sendo obrigadas a deixarem suas moradias. Além disso, um pequeno trecho, na baixada da Rua Nova, foi tomado pelas águas. Esta inundação causou prejuízos ao município, em relação às pontes de cabo de aço, pinguelas, além de abalar a estrutura da passarela recém-construída (ligando a Rua do Mercado ao Bairro Cidade Nova) (FIGURA 51). Os prejuízos dos moradores ribeirinhos (com exceção das duas famílias que tiveram que sair de casa) tanto da cidade quanto da zona rural foram somente no sentido de animais domésticos serem levados pelas águas. A cota fluviométrica foi 700 cm. Na época, esta inundação foi considerada inédita pelos moradores mais antigos da cidade. Na Figura 52 observa-se a área que fora loteada pós-inundação de 1997 e os três bancos de areia, sendo dois na margem esquerda do rio. Não se obteve informações detalhadas sobre esta inundação em Presidente Bernardes, Porto Firme e Guaraciaba, entretanto, os problemas em decorrência da inundação foram maiores, pois os municípios ficaram isolados. Em Porto Firme e Guaraciaba a travessia nas partes afetadas era realizada somente por botes. As áreas afetadas foram as mesmas que em 1979, porém com maior extensão, uma vez que o nível da água foi superior. De acordo com Ribeiro Filho (2008, p. 66), em Ponte Nova, 2.500 pessoas foram afetadas pela inundação, sendo que 500 ficaram desabrigadas, bairros ficaram ilhados e as estradas municipais intransitáveis (FIGURA 53). No ano de 1997, a cota fluviométrica 116

máxima registrada foi de 557 cm no dia 05 de janeiro, ao passo que no ano de 1979 foi de 519 cm no dia 03 de fevereiro. Novamente os bairros afetados foram o Centro Histórico, Vila Alvarenga, Copacabana, Palmeiras, Santo Antônio, Vila Centenário, Triângulo e Rasa.

A - Passarela que liga a Rua do Mercado ao Bairro Cidade Nova; B - Avenida São José (Ponte principal) que liga a Rua José Dutra e o Bairro Cidade Nova ao Centro da cidade; C e D - Trecho da Rua Nova.

Figura 51 – Áreas inundadas em Piranga; Fonte: Foto de José Brigolini e Carlos de Araújo Silva.

117

Rio Piranga atravessando a área urbana (acima) e nas proximidades do Bairro Cidade Nova, na década de 1990 (abaixo). No destaque as áreas loteadas e ocupadas pós-inundação de 1997

Figura 52 - Rio Piranga atravessando a área urbana em Piranga; Fonte: Fotos de Carlos de Araújo Silva. 118

Figura 53 - Avenida Arthur Bernardes pós-inundação 1997; Fonte: SILVA, 2009, p. 36.

No dia 16 de dezembro de 2008, a partir das 22 horas os moradores ribeirinhos foram surpreendidos novamente pela elevação das águas do rio Piranga, que afetou tanto moradores da zona urbana quanto da zona rural em Piranga. O Bairro Cidade Nova e a Rua José Dutra ficaram isolados do restante da cidade, uma vez que as águas do Piranga tomaram a Avenida São José (Ponte principal que liga o Bairro Cidade Nova e a Rua José Dutra ao centro da cidade), além da passarela e parte da Rua do Mercado. No Bairro Cidade Nova, uma extensão significativa das ruas Durval Moreira Marota, Nestor de Paula Andrada e Cristovão Lana foram tomadas pelas águas. Moradores da Avenida Floriano Peixoto (aberta e loteada em 2000/2001) também tiveram que deixar suas casas. A Rua Nova foi interditada, bem como vários trechos de estradas vicinais e de acesso às cidades circunvizinhas como Porto Firme, e Presidente Bernardes (FIGURA 54). No dia 17, o rio Piranga registrou a cota de 860 cm, 160 cm superior a 1997. Entretanto, ainda no dia 17, por volta das 18 horas, o rio (apesar de cheio) já se encontrava em seu leito. O transbordamento do rio Piranga foi noticiado pela mídia televisiva, impressa, on- line, como o jornal Fato Real de Conselheiro Lafaiete, que publicou uma matéria intitulada “Piranga é castigada pelas chuvas”, em 18/12/2008. O jornal de circulação interna da cidade – Tribuna de Piranga (FIGURA 55) também registrou este episódio, considerado inédito pelos moradores mais antigos da cidade. As Figuras 56 e 57 retratam a inundação na área central de Presidente Bernardes e Porto Firme, respectivamente. Nestas cidades as ruas e os bairros ficaram isolados, até as águas do Piranga voltarem ao seu leito e as estradas vicinais e os acessos às cidades vizinhas foram interrompidos. Em Presidente Bernardes as águas do Piranga somente começaram a 119

passar por cima da ponte. Já Porto Firme, única cidade em que as águas do Piranga não tomaram a ponte, permaneceu isolada até à tarde do dia 19, quando a Praça Juquinha Moreira foi liberada, até então, como em 1997 a travessia era realizada somente por botes.

A – Rua Cristovão Lana no Bairro Cidade Nova, B - Passarela e parte da Rua do Mercado; C – Avenida São José (Ponte Principal); D - Ponte na Rodovia MG-482 (acesso a Porto Firme); E e F – Rua Nova.

Figura 54 – Áreas afetadas, pela inundação de 2008, em Piranga; Fonte: Foto de Telma de Assis Bernardes, 17/12/2008. 120

Figura 55 - Nota do Jornal Tribuna de Piranga – 2008; Fonte: TRIBUNA DE PIRANGA, dez/2008, p. 1.

A – Ponte que permite o acesso ao Parque de Exposição, além de ligar o Centro da cidade aos Bairros Pedro Sabino, Bela Vista e cidades vizinhas como Senador Firmino e Brás Pires; B – Parque de Exposição. As fotos foram tiradas quando o nível da água já estava abaixando.

Figura 56 - Presidente Bernardes em dezembro de 2008; Fonte: Foto de Telma de Assis Bernardes, 17/12/2008.

121

Figura 57 - Praça Juquinha Moreira, Porto Firme em dezembro de 2008; Fonte: FIALHO, 2009.

De acordo com a matéria divulgada em 23/12/2008 pelo jornal on line, Brasil de Fato, 60% da área urbana de Guaraciaba ficaram inundadas durante três dias e cerca de 300 famílias foram atingidas. A cidade e parte da zona rural ficaram isoladas (FIGURA 58). Esta reportagem abordou a questão do assoreamento do rio, do desmatamento e da PCH Brecha, pois em Piranga, Presidente Bernardes e Porto Firme, os problemas foram bem menores que em Guaraciaba e Ponte Nova que ficam a montante e jusante, respectivamente, da PCH. A ponte que dá acesso ao Parque de Exposição, saída para Viçosa e Ponte Nova, foi parcialmente destruída pela força da água durante a inundação (FIGURA 59). A Figura 59 permite observar, também, lixo e madeira trazidos pelas águas. Ao comparar a área de abrangência da inundação de 1979 e 2008, é possível verificar a magnitude desta ultima (FIGURA 60). Observa-se que as Ruas: Direita, Coração de Jesus, Marechal Floriano e General Dutra foram totalmente cobertas pelas águas do Piranga em 2008.

122

Figura 58 - Guaraciaba em dezembro de 2008; Fonte: FIALHO, 2009.

Figura 59 - Ponte de Guaraciaba após a inundação; Fonte: FIALHO, 02/01/2009. 123

Figura 60 – Área de Abrangência da Inundação em Guaraciaba, 1979 e 2008. 124

Em Ponte Nova, o bairro Copacabana (FIGURA 61) foi um dos mais afetados. Neste bairro, há um trecho onde o rio Piranga faz uma curva de quase 90°. Isso faz com que a velocidade e, consequentemente força, tendendo a erodir a margem direita e destruir tudo o que tem pela frente. Após a curva, a água diminui a velocidade criando um remanso, usado para captação de água pelo Departamento Municipal de Água, Esgoto e Saneamento (DMAES). Neste trecho, as Ruas João Pinheiro e Marcos Giardini foram cobertas pela água, bem como as bombas e a casa de maquinas do DMAES. Assim, como nas inundações anteriores, o abastecimento de água foi interrompido. Muitas ruas e avenidas foram parcialmente ou totalmente destruídas pela força da água, principalmente no Centro Histórico, onde as avenidas estão localizadas às margens do rio. Bairros ficaram isolados e o acesso a outras cidades, como Belo Horizonte, foi comprometido (FIGURA 62). Segundo a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Ponte Nova - COMDEC, 30 casas foram destruídas, 544 pessoas ficaram desabrigadas e 4.070 desalojadas (SILVA, 2009, p. 47). Embora não se tenha o registro oficial da cota fluviométrica entre os dias 18 e 21, conforme Silva (2009, p. 45) o rio alcançou cerca de 900 cm, superando as cotas anteriores. Na madrugada do dia 2 para o dia 3 de janeiro de 2012, o rio Piranga voltou a deixar o leito, a cota fluviométrica registrada foi 920 cm em Piranga (FIGURA 63). Novamente o Bairro Cidade Nova, Rua José Dutra ficaram isolados, uma extensão ainda maior da Rua Nova foi tomada pelas águas. Muitos moradores que não tinham sido afetados em 2008, foram afetados, sendo obrigados a saírem de casa. As ruas afetadas foram: Nestor de Paula Andrade, Durval Moreira Marota, Cristovão Lana, Geraldo Maciel de Paiva (poucas casas foram afetadas nesta rua) no Bairro Cidade Nova, Rua do Mercado, José Euclydes, Avenida Floriano Peixoto e Avenida São José no Centro. Os acessos às cidades vizinhas e as estradas vicinais foram interrompidos. O Jornal Tribuna de Piranga publicou a matéria intitulada “A pior enchente da história” (FIGURA 64). Presidente Bernardes também registrou, em 2012 sua maior inundação. A ponte foi tomada pelo Piranga. O nível da água, calculado pela Prefeitura, foi de cerca de 700 cm, sendo 100 cm superior à inundação anterior. No Centro as inundações ocorreram na Rua São Vicente (entrada da cidade) e São José (uma das mais afetadas). No Bairro Praia, a Avenida Juca Quintão e, no Bairro Pedro Sabino, a Avenida Beira Rio, foram uma das mais afetadas (FIGURAS 65 e 66). Estas localidades foram afetadas nas inundações anteriores, porém, em 2012, em maior extensão. Neste município foram afetadas 2.500 pessoas, sendo 66 desalojadas e 5 desabrigadas, de acordo com o Departamento Municipal de Agropecuária, Abastecimento e Meio Ambiente (2012). 125

Figura 61 - Bairro Copacabana; Fonte: SILVA, 2009, p. 44.

A – Avenida Beira Rio; B - Pontilhão de Ferro; C - Avenida Abdala Felício no centro histórico; D - Avenida Arthur Bernardes nota-se a violência das águas nesta avenida.

Figura 62 – Áreas afetadas em Ponte Nova; Fonte: SILVA, 2009, p. 45 e 46. 126

A – Avenida São José B - Passarela tomada pelo Piranga; C - Entrada na cidade – Rua Nova; D - Trecho da Rua Nova; E e F - Cristovão Lana no Bairro Cidade Nova, próximo à passarela.

Figura 63 – Áreas afetadas em Piranga – 2012; Fonte: Foto de Fernanda Moreira, 03/01/2012

127

Figura 64 – Jornal Tribuna de Piranga – 2012; Fonte: TRIBUNA DE PIRANGA, jan/2012, p. 1

A e B – Rua São José; C – Ponte que liga o Centro aos Bairros Pedro Sabino, Bela Vista e cidades vizinhas; D – Rua São Vicente (entrada da cidade).

Figura 65 – Áreas afetadas em Presidente Bernardes; Fonte: DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE AGROPECUÁRIA, ABASTECIMENTO E MEIO AMBIENTE DE PRESIDENTE BERNARDES, 03/01/2012.

128

Figura 66 – Imagem de satélite com destaque para as áreas inundadas em Presidente Bernardes – 2012; Fonte: DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE AGROPECUÁRIA, ABASTECIMENTO E MEIO AMBIENTE DE PRESIDENTE BERNARDES, 2012.

Em Porto Firme (FIGURA 67) foram afetadas as mesmas áreas de 2008, porém em menores proporções. Em Guaraciaba (FIGURA 68) a inundação iniciou-se na manhã do dia 3, sendo que o perímetro urbano ficou isolado com as águas tomando a ponte até o fim da noite do dia 4. Embora não se tenham os dados fluviométricos de Guaraciaba, segundo o jornal Folha de Ponte Nova (06/01/2012, p. 15), o rio subiu cerca de 600 cm (FIGURA 69).

129

A – Ponte que interliga a área central de Porto Firme; B - Saída para Piranga; C e D – Praça Juquinha Moreira

Figura 67 – Áreas afetadas em Porto Firme – 2012; Fonte: Foto de Lucineia Fernandes Faria, 03/01/2012.

As setas mostram o nível da água em janeiro de 2012

Figura 68 – Nível da água na Rua General Dutra em Guaraciaba; Fonte: Foto de Beatriz Condé Ferreira, 04/01/2012. 130

Figura 69 – Inundação em Guaraciaba; Fonte: FOLHA DE PONTE NOVA, 06/01/2012, p. 15.

O Jornal “Folha de Ponte Nova” do dia 06 de janeiro de 2012 publicou em sua primeira página a manchete: “Destruição em horas” - “Ainda convivendo com alguns efeitos da tragédia da enchente de 2008, a população de Ponte Nova se viu às voltas, entre 3/1 e ontem, 5/1, com nova cheia do rio Piranga. A Prefeitura calculava, no fechamento desta edição, os prejuizos e a população afetada, que pode chegar a 8 mil pessoas” (FIGURA 70). Ainda de acordo com este jornal, a inundação do rio Piranga em Ponte Nova iniciou-se no dia 3 após as 11 horas. Novamente o trânsito ficou caótico e o acesso a cidades vizinhas comprometido. Entretanto, segundo o jornal, os danos foram menores que em 2012. A cota máxima registrada foi 590 cm no dia 4. Novamente os bairros afetados foram o Centro Histórico, Vila Alvarenga, Copacabana, Palmeiras, Santo Antônio, Vila Centenário, Triângulo e Rasa, em menores proporções que em 2008. Ao observar o poder destruidor das águas do Piranga, os municípios de Guaraciaba e principalmente Ponte Nova foram os mais afetados durante as quatro inundações. Estes dois 131

municípios foram os que apresentaram os maiores problemas como casas e pontes danificadas, parcialmente ou totalmente destruídas, corrimões de pontes contorcidos (FIGURA 59) ou arrancados pela força das águas. Tamanha destruição não foi verificada, na mesma intensidade, em Piranga, Presidente Bernardes e Porto Firme durante as inundações.

Figura 70 – Nota do Jornal Folha de Ponte Nova – 2012; Fonte: FOLHA DE PONTE NOVA, 06/01/2012, p. 1.

Durante as inundações observou-se lixo flutuante, material em suspensão na água e o lixo espalhado nas margens depois que o nível do rio voltou ao leito normal. A explicação pode estar relacionada ao desmatamento pelo qual vem passando a região, a falta de sensibilização ambiental da população e o desrespeito à legislação ambiental, além da fiscalização ineficiente por parte dos órgãos públicos. Em Piranga, após a inundação de 1997, houve a expansão do Bairro Cidade Nova, além do loteamento nas proximidades da passarela e abertura e loteamento da Rua Nestor de Paula Andrade. Também ocorreu a abertura e 132

loteamento da Avenida Floriano Peixoto saída para Porto Firme. Estas áreas foram afetadas em 2008, contudo, pós-inundação, houve mais construções em áreas que deveriam ser preservadas por serem APPs. Aterros também foram realizados às margens do Piranga, como verificado na Rua Cristovão Lana, próximo à passarela no Bairro Cidade Nova. Neste local o proprietário aterrou uma área de planície de inundação, inundada parcialmente em 1997 e totalmente em 2008 a fim de evitar que o rio inundasse a área novamente. Após o aterro, a Prefeitura colocou uma placa “Atenção Proibido jogar entulhos Lixo - Terra”, entretanto a mesma continua sendo desrespeitada. Em 2012, foi perceptível como o aterro favoreceu a magnitude da inundação para os moradores deste bairro. Antes de o rio cobrir a ponte, várias casas do bairro que não foram afetadas em 2008 já haviam sido tomadas pelas águas. Contudo, pós-inundação 2012, o local continuou sendo depósito de lixo e construções foram realizadas às margens do rio (FIGURAS 71 e 72). Na Figura 73 observa-se o lixo nas margens do Piranga, no terreno onde estão localizadas as réguas fluviométricas, 6 meses após a última inundação. Infelizmente estes procedimentos também acontecem nos demais municípios, a exemplo de Guaraciaba, conforme a Figura 74.

A e B - Área aterrada na margem direita do rio Piranga em 29/08/2009 e 21/01/2012; C – Construções na margem do rio, em 21/01/2012; D - Área aterrada na margem esquerda para o estacionamento da Rodoviária, em 17/07/2012. Figura 71 – APP em Piranga; Fonte: Fotos de Edson Soares Fialho, Leonardo Alves de Oliveira Silva e da autora. 133

Figura 72 – Assoreamento no perímetro urbano de Piranga; Fonte: Foto da autora, 21/01/2012.

A – Local onde estão as réguas fluviométricas, na Avenida São José (no detalhe a régua de 200 cm); B - Vista da Ponte. As setas vermelhas mostram a régua fluviométrica, e a seta amarela o nível do rio na inundação de 2012.

Figura 73 – Estação Fluviométrica em Piranga; Foto de Leonardo Alves de Oliveira Silva, 19/07/2012.

Lote sendo aterrado á Rua General Dutra na margem direita do rio. Figura 74 - Aterro pós-inundação de 2012 em Guaraciaba; Fonte: Foto da autora, 18/07/2012. 134

Dentre as inundações ocorridas em Piranga a de janeiro de 2012 foi a de maior magnitude, tanto em área e números de afetados. A Figura 75 mostra a área de abrangência da inundação de 1997, 2008 e 2012, em parte da zona urbana, sendo que todos os locais afetados na última inundação foram afetados nas duas anteriores. É possível comparar a inundação de 2008 e 2012 na Figura 76 que retrata o trecho da Rua Nova em 2008 e 2012 e o nível da água na Avenida São José.

Locais ocupados pelo rio na inundação de 1997 Locais ocupados pelo rio na inundação de 2008 Locais ocupados pelo rio na inundação de 2012

Figura 75 - Área urbana afetada pelas inundações em Piranga: 1997, 2008 e 2012; Fonte: Foto de Carlos de Araújo Silva. 135

A, B e C - Trecho da Rua Nova em 17/12/2008; 03/01/2012 e 20/07/2012; D – Avenida São José em 21/01/2012; As setas amarelas representam o nível da água em 2008, e as vermelhas o nível da água em 2012.

Figura 76 – Comparação da inundação de 2008 e 2012 em Piranga; Fonte: Foto de Telma de Assis Bernardes, José Barbosa dos Santos, Leonardo Alves de Oliveira Silva.

Com exceção de Piranga e Presidente Bernardes, nos demais municípios a inundação de 2008 foi a de maior magnitude, conforme as Figura 77 e 78 que retratam a área central de Guaraciaba e Porto Firme, respectivamente.

A seta amarela representa o nível da água em 2008 e a vermelha em 2012. Figura 77 – Marcas deixadas pela inundação de 2008 e 2012 na Rua General Dutra; Fonte: Foto da autora, 18/07/2012. 136

A e B - Praça de esporte, na área central, em 2008 e 2012, respectivamente; C - Área alegada na Praça Juquinha Moreira; D e E - Portal que dá acesso ao Escadão em 2008 e 2012, respectivamente. As setas amarelas retratam o nível da água em 2008, e as vermelhas em 2012.

Figura 78 – Praça Juquinha Moreira; Fonte: FIALHO, 2009.

A magnitude da inundação de 2012, superior a de 2008 apenas em Piranga e Presidente Bernardes, pode ser explicada pela precipitação na nascente do rio Piranga e seus afluentes. Em 2008, Carandaí, estação mais próxima de Ressaquinha, nascente do Piranga, a precipitação registrada foi 118,5 e 133,0 mm e em Desterro do Melo, nascente do rio Xopotó, a precipitação registrada foi 118,5 e 133,0 mm, ambas nos dias 16 e 17 de dezembro, respectivamente. Já em 2012, a precipitação registrada em Desterro do Melo foi 7,9 e 56,1 137

mm nos dias 01 e 02 de janeiro. Embora em 2012 a estação de Carandaí tenha apresentado falhas para todo o mês de janeiro, provavelmente a precipitação nesta estação foi igual ou superior que em 2008 devido ao nível máximo que chegou o rio Piranga na cidade de mesmo nome. Neste sentido, em 2008, as chuvas foram intensas nas cabeceiras, tanto do Piranga quanto do Xopotó sendo consequentemente, de grande magnitude para os cinco municípios. No entanto, em 2012 as chuvas foram bem inferiores na cabeceira do Xopotó, o que indica que a inundação de 2012 é atribuída somente ao rio Piranga, ao passo que em 2008 além do Piranga, os seus tributários. Esta explicação é plausível, uma vez que o Piranga encontra-se com o Xopotó na zona rural de Presidente Bernardes, após a sede municipal, assim com exceção de Piranga e Presidente Bernardes os demais municípios registraram, em 2008, a inundação de maior magnitude. Ao observar a precipitação máxima registrada em cada uma das estações localizadas na Bacia do rio Piranga, nos períodos de inundação todas as estações registraram chuvas acima de 42 mm, com exceção de Carandaí que registrou 17 mm em fevereiro de 1979 (Tabela 5). Neste sentido, um dos fatores para determinar a magnitude da inundação será a precipitação, principalmente na cabeceira. Em 2008 ocorreu o maior volume de precipitação, com exceção de Guaraciaba e Ponte Nova, nas demais estações foram registradas precipitações acima de 100 mm em 24 horas, principalmente, nas cabeceiras com dois dias consecutivos.

Tabela 5 - Precipitação máxima no período de inundação

Fonte: ANA/CPRM, 2012.

Em Piranga e Presidente Bernardes a elevação e o abaixamento do rio são rápidos. Assim, a inundação dura menos que 24 horas, diferentemente do que ocorre nos demais municípios principalmente Guaraciaba e Ponte Nova. A explicação pode estar relacionada ao 138

perfil longitudinal do rio (FIGURA 13), pois na sede em Piranga o rio está a uma altitude de quase 700 metros, enquanto nas demais o rio está a cerca de 650, 600, 550 e 400 metros em Presidente Bernardes, Porto Firme, Guaraciaba e Ponte Nova, respectivamente. Além disso, observa-se que entre Piranga e Presidente Bernardes existe um desnível mais acentuado que entre as demais sedes o que facilita o escoamento da água. Para Tucci (2009, p. 622) os rios normalmente drenam nas suas cabeceiras, áreas com grande declividade produzindo escoamento de alta velocidade. Assim, a cota fluviométrica durante a enchente ou a inundação pode ser de vários metros em poucas horas. Além disso, a várzea de inundação de um rio cresce significativamente, nos seus cursos médio e baixo, onde a declividade se reduz e aumenta a incidência de áreas planas. Por meio do perfil observou-se que em Piranga o desnível do rio favorece o escoamento da água. Já em Guaraciaba e Ponte Nova, por serem municípios com baixa declividade, o desnível do rio é mais suave e o escoamento é dificultado naturalmente. Além disso, neste trecho, há o meandramento do rio. Em Piranga o vale é estreito, o que sugere que a cota fluviométrica será maior e que a elevação e abaixamento do nível do rio serão rápidos. Nos demais municípios o vale é mais largo, o que indica que a água irá se espalhar mais e a cota fluviométrica será menor. Esta relação foi verificada nas estações fluviométricas de Piranga, Porto Firme e Ponte Nova. Ao observar as cotas do período de inundação têm-se as cotas máximas: 920, 750 e 590 cm, respectivamente, ambas em janeiro de 2012, sendo que Piranga e Porto Firme registraram estas cotas no dia 03 e Ponte Nova no dia 04. Ao comparar estas cotas registradas no período de inundação com a média de cada uma dessas estações fluviométricas tem-se uma inversão, pois Porto Firme registra as maiores cotas e Piranga as menores. Estes fatores reforçam a hipótese de que em Piranga, o vale é mais estreito e por isto o nível das águas sobe mais que nas demais estações durante a inundação. Além disso, o leito do rio está muito assoreado, o que favorece a elevação rápida. Para Nascimento (2010, p. 95) há uma relação quase que imediata entre a cota fluviométrica e a precipitação, em virtude do desmatamento e, consequentemente, do assoreamento na Bacia do rio Piranga (FIGURA 79). Além disso, conforme Cunha (2007, p. 224-226) impactos indiretos e diretos (substituição das matas ciliares por áreas cultivadas, avanço da urbanização, desmatamentos, atividades mineradoras, obras de engenharia, dentre outros), provenientes da bacia de drenagem causam a degradação dos canais. Uma das principais formas de degradação do canal é a alteração nas dimensões da calha em virtude da erosão das margens e do assoreamento. Desta maneira, ocorre o alargamento do canal fluvial para manter o fluxo de água. Um dos indicadores do alargamento do canal são as margens 139

erodidas, como observado em vários pontos do rio Piranga, principalmente após as inundações (FIGURA 80).

Figura 79 - Erosão marginal e laminar, em Venda Nova, zona rural de Presidente Bernardes; Fonte: Foto de Leonardo Alves de Oliveira Silva, 21/07/2012.

Rua Nova entrada da cidade de Piranga.

C Figura 80 – Assoreamento e alargamento do Rio Piranga; Fonte: Foto de Maurício Romualdo da Silva, set./2012.

Segundo Christofoletti (1980, p. 96) o desnível cada vez menor irá influenciar diretamente na velocidade das águas, pois com a diminuição do desnível e da velocidade, há diminuição da competência e, por isso, da granulometria dos sedimentos componentes da carga do leito. Para este autor, no canal fluvial de montante para jusante há aumento da 140

largura e da profundidade do canal, bem como diminuição do tamanho dos sedimentos, da competência do rio, da resistência ao fluxo e da declividade. Entre as sedes de Guaraciaba e Ponte Nova, embora exista um declive de quase 150 metros, o mesmo é suave, se comparado ao desnível entre as outras sedes. Além disso, tem-se as PCHs Brecha e Brito, o que sugere que neste trecho onde a velocidade da água já é naturalmente lenta, seja ainda mais lenta. Consequentemente, há dificuldade de escoamento em virtude da inundação. Esta explicação pode ser plausível ao considerar o tempo de duração das inundações nestes dois municípios serem maior que nos demais, além do nível do rio abaixar lentamente. De acordo com a Avaliação Ambiental Integrada – AAI elaborada pela EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA - EPE (2006, p. 143) um dos aspectos relevantes observado na bacia do rio Doce é “o intenso transporte de sedimentos nos cursos d’água e sua retenção nos reservatórios que causam a elevação dos níveis de cheia a montante e afeta o comportamento do rio a jusante”. Ao visitar as proximidades da PCH Brecha, este aspecto pode ser constatado, pois logo após a barragem, as margens do Piranga encontram-se erodidas, com presença de bancos de areia e blocos de rocha (FIGURA 81), sugerindo que ocorreu o entalhamento do rio devido ao rebaixamento do nível de base, reativando a erosão das margens e nas vertentes, uma vez que o equilíbrio do rio foi alterado pela barragem. A ocorrência de erosão linear (voçoroca) na margem direita do rio imediatamente após a barragem reforça a afirmativa. Na Figura 82, observa-se, a jusante da barragem, o rio entalhado.

A - Ponto em que o rio Piranga é barrado na PCH Brecha; B - Ponto logo abaixo da barragem em que o rio encontra-se assoreado. As setas retratam o banco de areia e blocos de pedra

Figura 81 – PCH Brecha; Fonte: Foto da autora, 18/07/2012. 141

Figura 82 - Ponte a jusante da PCH Brecha; Fonte: Foto da autora, 18/07/2012.

A edição de 20/03/2009 da Folha de Ponte Nova (p. 7) divulgou uma matéria relatando a comemoração do Dia Internacional da Luta dos Atingidos por Barragens, quando representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB distribuiu folhetos sobre a inundação de 2008. Neste documento, o MAB alertava para os riscos de inundações maiores que em 2008 com a implantação de novas PCHs no rio Piranga. Para eles os principais fatores que desencadearam a inundação de 2008 foram a repetição das práticas adotadas pela PCH Brecha em 1979 e 1997, liberando água com o rio cheio, o rompimento de parte da PCH do Brito durante a inundação, e a construção da UHE de Candonga, no rio Doce. Além disso, o folheto trouxe alguns questionamentos, como: Por que o Piranga demora a baixar? Por que em Governador Valadares, em 2008, não ocorreu enchente como as de 1979 e 1997? Por que abaixo da barragem de Candonga a inundação foi 2 metros, menor que a de 1997 e, em Ponte Nova, acima da barragem, foi de 1,5 metro maior? Por que em dezembro de 2008 o volume de água menor que o de 1997 provocou destruição maior? A Folha de Ponte Nova, na edição de 15/01/2010 (p. 7), divulgou a matéria “As grandes enchentes sempre ocorreram em Ponte Nova, diz documento dos empreendedores de hidrelétricas instaladas ou previstas para o Piranga”. O documento citado é a AAI para o trecho entre a PCH Brecha e a UHE de Candonga, assinado pela Gerência de Projetos de Energia da Novelis do Brasil, entregue à Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Zona da Mata/Supram ZM. Este documento conclui que os barramentos existentes e previstos não contribuem para o agravamento das inundações em Guaraciaba e em Ponte Nova. Além disso, baseando-se no livro de Ribeiro Filho (2008, p 62 a 65), as inundações em Ponte Nova ocorreram em fevereiro de 1865, 06 de janeiro de 1906, 142

dezembro de 1918 a janeiro de 1919, março de 1951, janeiro e fevereiro de 1979, 01 de janeiro de 1997. A AAI, concluiu ainda que o sítio urbano de Ponte Nova se encontra em uma área alagada pelo vale do rio, ocupado de modo inadequado e imprudente. Em relação à inundação de 2012, o jornal Folha de Ponte Nova divulgou nota em que a Novelis garantiu que a PCH Brecha:

não tem qualquer efeito sobre as cheias que ocorrem em Ponte Nova, Guaraciaba e região. Essa PCH não tem capacidade de reservatório suficiente para modificar o regime natural das vazões e, portanto, das cheias [...] a Brecha operava, em 4/1, de acordo com procedimento de cheias e a Defesa Civil e as 2 Prefeituras (Ponte Nova e Guaraciaba) eram informadas constantemente sobre os índices de vazão do rio, suspendendo a geração de energia em função do grande volume de águas. Portanto, todo o volume de água está sendo vertido naturalmente pela barragem (FOLHA DE PONTE NOVA, 6/1/2012, p. 15).

Há uma ampla discussão sobre a influência destas barragens nas enchentes/inundações que afetam diretamente as cidades banhadas por rios represados, como o Piranga. Na visão da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil - CEDEC, as barragens são positivas, pois:

[...] seguram o máximo de água que elas podem, para não causar enchente a jusante da barragem, [...] só que em determinados momento a água pode transbordar, ultrapassar a barragem, então o que eles fazem? A quantidade de água que entra sai, não mais do que isto, não existe aquela coisa que vai abrir as comportas porque ela esta preste a romper. Não existe isto, [...] pelo contrário muitas vezes eles evitam até grandes enchentes porque eles vão segurar a água, até o máximo que a barragem aguenta, a partir daí tudo que entra de chuva desce, eles não seguram mais nada, ai é o efeito real da enchente se não tivesse a barragem [...] (NASCIMENTO, 2009, p. 93).

De acordo com Carvalho et al. (2000, p. 6), a construção de barragens e reservatórios modificam as condições naturais dos canais fluviais. As barragens provocam a redução da velocidade do fluxo, ocasionando a deposição dos sedimentos e assim originando o assoreamento do corpo d’água. Consequentemente, diminui a capacidade do reservatório e futuramente inviabilizará a operação do mesmo:

[...] Os sedimentos transportados pelo sistema fluvial são primeiramente depositados devido à redução de velocidade da água no reservatório. À medida que os sedimentos se acumulam no lago, a capacidade de armazenamento de água do mesmo vai diminuindo. Enquanto uma contínua deposição ocorre, há uma distribuição de sedimentos nos reservatórios cuja forma é influenciada pela operação e também pela ocorrência de grandes enchentes responsáveis por carreamento de muito sedimento [...]. Outros efeitos podem ser citados como, por exemplo, aqueles a montante da área de remanso que ficam sujeitos a enchentes mais constantes e também aqueles a jusante da barragem cuja calha de rio sofre erosão devido à falta de sedimentos no escoamento e devido à atenuação das enchentes e regularização do curso d’água (CARVALHO et al., 2000, p.7-8). 143

O MAB também comunga com este pensamento, assim:

[...] há 50 anos, em 1958, foi construída a barragem da Brecha, uma usina hidrelétrica implantada entre os municípios de Guaraciaba e Ponte Nova [...] Depois da construção dessa barragem, em maior ou menor grau, as enchentes castigam principalmente as cidades de Ponte Nova e Guaraciaba todos os anos. Em Guaraciaba, o rio, que foi represado logo abaixo, passou a ser lento e, no período das chuvas, o grande volume de água não tem como escoar, o que faz a água subir mais e ficar por um tempo maior. A água ancorada num tempo maior provoca estragos também maiores. Em Ponte Nova, a correnteza da barragem toma dimensões catastróficas quando a Brecha, por medida de segurança, abre a sua comporta. Moradores da região de Casa Nova reclamam sempre dessas águas repentinas, principalmente na época da chuva. E já denunciaram que inclusive, anualmente, costuma acontecer mortandade de peixes, quando Brecha libera, via comporta, uma água barrenta para limpeza do lago. Graças a isso, provavelmente, a hidrelétrica continua gerando a mesma quantidade de energia, desde sua implantação há cinquenta anos até hoje [...]. Muito provavelmente as águas violentas da noite do dia 17 têm a ver com esse dispositivo da barragem da Brecha. Tanto isso é verdade que outras cidades cortadas pelo mesmo Rio Piranga - que passou com tanta fúria em Ponte Nova e ancorou suas águas, inundando Guaraciaba -, como é o caso de Piranga, Presidente Bernardes e Porto Firme, os problemas foram infinitamente menores. [...] (FERNANDES, 2008).

Conforme Cunha (2005):

[...] o aproveitamento das águas fluviais, com o fechamento de um rio para a formação do reservatório [...] está associado à geração de uma série de alterações fluviais, em especial na dinâmica fluvial. Esses impactos no canal fluvial são, na maioria, fenômenos localizados que ocasionam efeitos em cadeia, com reações muitas vezes irreversíveis (CUNHA, 2005, p. 239)

Concomitantemente, segundo Cunha (2005, p. 240-241) a construção de barragens em vales fluviais rompe a sequência natural dos rios em três áreas específicas: a montante da barragem (nível de base é levantado, e assim ocorre a alteração da forma do canal e capacidade de transporte sólido, ocasionando o assoreamento. No entanto, estes impactos não são locais e estendem-se para montante do reservatório, ao longo dos perfis dos rios); no reservatório (como o fluxo da água torna-se mais lento implica em várias consequências que culminam por aumentar a carga de fundo e de suspensão, gerando o assoreamento do reservatório, e, por conseguinte diminuindo a sua vida útil.); a jusante do reservatório (o regime do rio sofre expressivas modificações em decorrência do controle artificial das descargas líquidas e de sedimentos no reservatório). Todavia, neste trabalho não se tem o propósito de afirmar qual vertente está correta. Para que se tenha uma comprovação de que as barragens interferem ou não na frequência e magnitude das enchentes/inundações, é preciso estudos detalhados que levem em consideração a vazão e a sedimentação, além do índice de desmatamento e assoreamento na 144

Bacia do rio Piranga. Embora, como já descrito, as PCHs contribuem para diminuir o escoamento do rio entre os municípios de Guaraciaba e Ponte Nova. Para Fialho et al. (2010, p. 18) apesar das inundações estarem associadas às chuvas intensas, as repercussões se tornaram maiores, muito em razão do aumento do contingente populacional situado nas margens do rio, contudo a inundação não é somente consequência da urbanização, mas também decorre da falta de vegetação nas vertentes e nas margens do rio. Neste sentido, mesmo em decorrência da ZCAS ter favorecido a intensidade e constância das chuvas ocasionando o transbordamento do rio Piranga, este evento não teria tido a proporcionalidade que teve em 2008 e 2012 se fosse apenas um fenômeno natural. Assim sendo, toda a intervenção humana realizada ao longo dos anos na bacia, implicaram na magnitude destas inundações.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, as condições físicas da Bacia do rio Piranga propiciam o escoamento da água nos trechos retilíneos e dificultam nos meandrantes. Além disso, as características físicas dos solos predominantes (Latossolos) permitem o abastecimento do lençol freático durante todo o ano. Entretanto, com a retirada da vegetação, inicia-se o processo erosivo e consequentemente, aumento do escoamento superficial quando os sedimentos são carreados para o leito do rio, tornando-os assoreados. Os impactos ambientais na bacia iniciaram-se em tempos remotos, desde o ciclo do ouro. Tornando-se de maiores proporções, sobretudo a partir da metade do século XX, com a introdução de novas culturas como cana-de-açúcar, café, pastagens, silvicultura. A extração de areia causa impacto à medida que é retirada de um único ponto, geralmente nas margens, o que denota a erosão marginal, além do alargamento do canal fluvial, contribuindo para a diminuição do nível de água e assoreamento a jusante. Em relação à precipitação a Unidade DO1 destaca-se dentre as unidades de planejamento como uma das mais chuvosas, sendo que as nascentes dos rios Piranga e Xopotó apresentaram os maiores índices pluviométricos. Os meses mais chuvosos são novembro, dezembro e janeiro, e os mais secos são junho, julho e agosto. Embora o volume de precipitação tenha sido elevado em janeiro e fevereiro de 1979, o mesmo foi distribuído ao longo de vinte e quatro dias. A relação precipitação/cota fluviométrica ocorreu de forma lenta, o nível do rio demorou cerca de três dias para responder à precipitação máxima ocorrida. Nesta inundação, os maiores problemas ocorreram em Ponte Nova e Guaraciaba. Em janeiro de 1997 a precipitação concentrou-se em apenas oito dias e a cota fluviométrica superou a de 1979. Esta inundação causou maiores problemas em virtude do contingente populacional às margens do rio e também ocorreram interdições de ruas e estradas, comprometendo o acesso aos municípios. Já em dezembro de 2008, as chuvas concentraram-se em nove dias, com destaque para os dias 16 e 17 em que ocorreram as maiores precipitações. O diferencial desta inundação foi a precipitação na cabeceira do rio Piranga e Xopotó, registrado pelas estações de Carandaí e Desterro do Melo em dois dias consecutivos: 118,5 e 133 mm e 113,6 e 117,0 mm, respectivamente. Assim, esta inundação é atribuída ao Piranga e ao Xopotó. Em janeiro de 2012, as chuvas concentraram-se em apenas três dias, entretanto esta pode ser atribuída somente ao rio Piranga, pois a estação de Desterro do Melo registrou 56,1 146

mm. A falta de dados da estação de Carandaí impossibilita conclusões precisas, contudo a elevação do nível do rio Piranga, na cidade de mesmo nome, sugere que nesta data a precipitação foi igual ou superior a de dezembro de 2008, na cabeceira. Para os municípios de Piranga e Presidente Bernardes, esta foi a maior inundação que se têm dados. Nestes dois municípios a área de abrangência e o número de afetados foram superiores que em 2008. Nos demais municípios, apesar dos transtornos, a inundação de 2008 foi superior. Diferentemente de 1979, nas demais inundações a cota fluviométrica respondeu à precipitação imediatamente. Em 2012 o tempo entre a precipitação e a cota máxima do rio foi inferior a 24 horas, o que sugere que o desmatamento e assoreamento contribuíram para a elevação rápida do rio Piranga. Ao analisar a série histórica de precipitação das estações estudadas, verificou-se que apenas em 16 e 17 de dezembro de 2008 houve registro de dois dias consecutivos com chuvas acima de 100 mm, o que reforça a magnitude desta inundação para a Bacia do Piranga. As chuvas acima de 100 mm em apenas vinte e quatro horas não são tão anormais, na Bacia do rio Piranga como se pensava. Entretanto, para ocorrer uma inundação é preciso ter este volume registrado em pelo menos três estações pluviométricas, além de ocorrer na nascente do Piranga. Somente assim tem-se a inundação na bacia. Se volumes acima de 100 mm forem registrados apenas na nascente do Xopotó, ou mesmo em uma ou duas estações poderá ocorrer uma inundação localizada ou uma enchente, e não uma inundação em toda bacia, como ocorreu nos anos estudados. Todavia o que será crucial para desencadear a inundação, na Bacia do rio Piranga, é a sequencia de dias chuvosos, aliado aos registros extremos. Entre 1941 a 2012, as estações pluviométricas de Desterro do Melo e Carandaí se destacam por apresentarem o maior número de registro de precipitação acima de 100 mm, em vinte quatro horas. Foram registrados vinte e dois e dezenove dias, respectivamente nas referidas estações. Estes registros reforçam a questão da cabeceira apresentar os maiores índices pluviométricos da Unidade DO1. Em relação à cota fluviométrica, dentre as estações localizadas no rio Piranga, no período de inundação, é maior em Piranga que nas estações de Porto Firme e Ponte Nova devido o rio ser mais estreito na estação de Piranga, se comparada as demais. A estação de Piranga registrou, ao longo da série histórica (que se têm dados), a maior cota fluviométrica em 03/01/ 2012, 920 cm, seguido por 860 cm em 17/12/2008 e 700 cm em 03/01/1997. Nos municípios de Piranga e Presidente Bernardes o nível do rio se eleva e abaixa rapidamente, o pico da inundação dura menos que vinte quatro horas, o que pode ser 147

explicado pelo desnível do rio. Já em Guaraciaba e Ponte Nova, a inundação dura no mínimo dois dias, e o poder de destruição das águas é superior ao verificado nos demais municípios. Além disso, o nível da água abaixa lentamente, o que também pode ser explicado pelo desnível e pela presença das PCHs entre estes municípios, contribuindo para a diminuição da velocidade e dificultando o escoamento das águas. Embora a ZCAS seja responsável pelos volumes de chuva excepcionais (os aguaceiros) a magnitude das inundações não deve ser atribuída somente a ela, já que a resposta da chuva é imediata. Com o desmatamento, o escoamento superficial é maior que a infiltração e, consequentemente, tem-se o assoreamento, pois a calha não irá comportar o volume de água, e o nível do rio tende a se elevar. Além disso, os aterros, as construções e ocupações nas margens do rio, e em áreas naturalmente inundáveis, fazem com que as inundações do Piranga sejam calamitosas. Em relação às PCHs, embora a discussão esteja longe de se esgotar, é notável que as mesmas interferem nas condições naturais do rio, uma vez que o nível de base é alterado, modificando a dinâmica da bacia. Contudo, quanto à influência das PCHs na frequência e magnitude das inundações é preciso realizar estudos mais detalhados. A frequência e magnitude das inundações podem estar atribuídas a toda intervenção humana na bacia ao longo dos séculos, devendo ser repensada as ações antrópicas. Infelizmente isto não foi observado em nenhum dos munícipios após as inundações de 2008 e 2012, ou seja, ainda é visível construções, aterros, depósitos de lixo nas margens do rio, além da falta de fiscalização dos órgãos competentes para coibir estas ações e fazer com que as APPs sejam preservadas. A preservação das APPs seria primordial para que futuras inundações não se tornem calamidades, além de diminuir o número de afetados. Durante a pesquisa surgiram dificuldades de levantamento de dados nos órgãos públicos dos municípios pesquisados. As informações e ações, na maioria das vezes, são centralizadas e não se tem a preocupação em arquivar dados e muito menos em se fazer ações efetivas antes, durante e, principalmente, pós-inundações do Piranga. Paralelamente, o que se tem é o esquecimento pós-inundação e quase nenhum planejamento futuro no sentido de preparar o município para receber uma nova inundação. Em decorrência de algumas dificuldades encontradas ao longo desta pesquisa e ao analisar alguns dados como precipitação e cota fluviométrica, tem-se como recomendação para a Bacia do rio Piranga:  Expansão das estações pluviométricas e fluviométricas para outros municípios da bacia, principalmente a montante do município de Piranga; 148

 Instalação de telepluviômetros ou estações automáticas na bacia, principalmente nas cabeceiras, a fim de obter dados relacionados ao volume de precipitação/hora;  Preservação e reflorestamento dos topos de morros e margens do rio Piranga e seus afluentes;  Parceria entre os municípios da bacia, principalmente dos municípios banhados pelo rio Piranga, no sentido de tomar medidas que visem à proteção de nascentes, topos de morro, matas ciliares, e desassoreamento do rio;  Incluir os municípios à montante de Ponte Nova, no sistema de alerta, a fim de que a população seja avisada, e retirada das áreas de risco antes da inundação, como já acontece em Ponte Nova;  Maior fiscalização dos órgãos competentes e, principalmente, do Poder Público Local, para que a extração de areia ilegal e ouro, além dos aterros e das construções às margens dos rios, deixem de ser um problema ambiental na bacia.  Maior comprometimento do Poder Público Local em relação ao lançamento de esgoto in natura, além de resíduos agroindustriais no rio;  Acessibilidade de informações por parte dos Órgãos Ambientais e do Poder Público Local, a fim de que a burocracia não seja um entrave para as pesquisas.

De posse das considerações desta pesquisa tem-se como perspectiva para trabalhos futuros:  Realizar estudos, sob o viés da Percepção, da visão dos afetados pelas inundações na bacia;  Efetivar estudos mais detalhados das PCHs, em relação a sua influencia ou não nas enchentes/inundações da Bacia do rio Piranga;  Analisar as variáveis: precipitação, cota fluviométrica, assoreamento, desmatamento, dentre outras, a fim de entender o comportamento dos afluentes do Piranga, e sua influência nas inundações na bacia, principalmente o Xopotó e Turvo.

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ANEXOS

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Anexo 1 – Precipitação Registrada nas Estações Pluviométricas da Unidade DO1 e Entorno (1961 – 1990)

Falhas 0 5 0 1 1 0 0 0 0 0 4 10 0 0 9 0 0 0

Bom Jesus Do Desterro Do Entre Rios Santa Município Acaiaca Carandaí Guaraciaba Mariana Piranga Porto Firme Raul Soares Rio Casca Abre Campo Barbacena Congonhas Muriaé Nova Lima Rio Pomba Galho Melo De Minas Barbara Acaiaca - Bom Jesus Do Desterro Do Usina Da Fazenda Usina Congonhas - Entre Rios Fazenda Rio Do Peixe Santa Estação Carandaí Piranga Porto Firme Raul Soares Rio Casca Abre Campo Usina Ituerê Jusante Galho Melo Brecha Paraíso Barbacena Linigrafo De Minas Umbaúbas (Mmv) Barbara Ano Meses Jan. 419,3 353,6 488,7 606 349,3 509,3 439,8 446,2 445,2 473,1 400 593,8 361,4 530,4 323,7 627,4 607,6 497,4 Fev. 278 110 329,4 492 230,2 58,8 175,7 325,2 76,6 124,1 146,8 399,2 345 436 374,4 364,4 361,9 221,8 Mar. 72 16,8 190,4 308 67,1 10,4 146,8 117,2 41,6 16,2 22 193,3 215,6 241,7 176 244 262,5 66,2 Abr. 42,1 118,3 98,2 87 61,6 15,3 54,8 55,8 57,7 43,2 31 101,6 108,4 91 38,2 103,7 87,6 47,2 Maio 12,6 17,5 27 10 10,2 1,2 32,2 22,7 3,6 2,5 0 28,6 25,4 29 13,3 12,7 34,4 33,7 Jun. 13,2 15,2 1 4 12,8 1,6 36,6 3,6 17,5 10,3 7,2 1 4,8 0 14,2 10,1 7,5 6,6 1961 Jul. 4,9 0 3,5 11 1,4 0,3 0 0 3 6,1 0 7 3,8 0 1,2 16,5 0 2,6 Ago. 1,2 0 0,1 0 0,5 0,5 0 0 0,4 2,6 0 0 1 0 0 0 0 1,5 Set. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3,3 0 0 2,1 0 0 0 Out. 24,2 16,3 35,4 102 30,3 2 20,7 51,1 30,2 58,1 28,4 59,2 45 9 44,3 43,4 24,2 40,1 Nov. 116,9 75 137,6 170 123,4 26 113,9 121,2 153,1 230,5 62 144,8 112,8 86,8 116,2 273,4 221,9 74,1 Dez. 101,8 85,9 113 160 70,7 14,8 192,4 150,7 117,8 158,8 112,8 246,6 282,7 118,9 226,4 179,8 207 121,3 Jan. 339,7 421,3 308,3 412 329,8 94,6 225,7 381,1 414,2 443,3 211,4 439,8 377,2 340 392,5 404,6 467,1 555,7 Fev. 314,8 182,5 182 504 197,7 227,1 104,3 323,8 328,8 262,8 163 375,5 242,8 230,1 306,1 335,2 429,4 339,3 Mar. 77,5 79,4 61,2 280 142,4 6,8 34,9 81,8 29,1 16,6 27 53,2 90,2 102 21,6 98,8 89,6 90,1 Abr. 84,7 30,2 20,3 63 38,4 46,5 50 51,8 73,6 50,9 6,4 83,3 36,4 9,4 147,4 25,9 69,8 51,6 Maio 4,7 21,2 21,4 40 3,9 3,7 33,5 53,6 4,6 7,1 0 18 7 14 17,3 40,9 24,7 1,1 Jun. 4,8 26,8 2,8 17 5,5 0,5 0 8,6 20 32,4 0 13,3 24,8 33 22,4 17 7,2 0,7 1962 Jul. 2,3 27,9 6,3 12 16,3 0,4 0 17,4 23,9 26,5 6,6 3,3 4,8 0 19,5 6,4 6,2 0,7 Ago. 0 6,4 9,9 5 0,3 0,2 8 17,8 3,5 11,6 8,6 7,3 5,2 0 9,4 27,4 6,1 0 Set. 88,7 30,3 67,6 87 77,7 10,1 34,9 91 55,9 133,9 57,8 70,2 87,2 80 122,4 77,1 87,6 23,9 Out. 120,1 142,5 38,5 120 134 13,6 95 200 111,3 96,7 98,1 109,9 155,2 145 140,4 161,9 147 108,5 Nov. 127,9 164,3 127,8 192 128,3 80,8 48,5 153,8 226,5 196,5 188 247,7 240,8 170 216,4 170,7 231,6 190,1 Dez. 445,5 398,4 297,7 479 469,7 303,4 361 441,5 416,1 471,9 355,2 392,4 452 391 346,7 532,5 397,4 541,4 Jan. 27,3 7,3 100,1 75 31,2 0,8 33,9 81,8 11,8 10,1 0 90,9 48,4 54 44,5 29,5 126,1 76,6 Fev. 52,4 54,3 219,1 186 53,3 3,8 32,4 105,4 67,9 98,1 66,4 322 171,4 186 178 110,5 137,8 145,4 Mar. 28,4 0 33 69 3 0,8 0 0 6,9 0,2 0 78,7 19,4 69 31,8 28,3 20,2 6,3 Abr. 53,6 46,9 41,9 28 70,2 63,9 42,4 52,2 70,4 52,1 55,1 27,3 48,6 0 75,5 18,3 36,7 7 Maio 0 0 0,4 5 0 0 0 2,2 0 0 0 2,9 0 0 38,2 2 7,4 0 Jun. 0 12,1 2,2 3 3,9 0 0 2,2 1,9 3,2 0 1,1 2,4 0 2 0,5 0 6,7 1963 Jul. 0 8,3 0 3 0,4 0 0 3,2 0 1,4 0 0 0,3 0 5,3 0 0 0 Ago. 13,4 0 12,4 17 3,1 14,2 15,2 6,4 0 0 0 13 7,2 0 12,1 1,5 13 0 Set. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,5 0 0 1,2 0 0,6 0 Out. 74,5 44,6 86,9 104 52,4 53,7 48,3 34 8,5 19,8 24,2 104,4 124,4 106,8 34,4 45,6 33,2 33,9 Nov. 221,2 141,7 141,4 252 191 11,2 86,2 211,9 16,2 43,1 82,4 232,5 135 130 187,5 188,1 215,2 93 Dez. 114 39 71,7 150 111,1 45,3 35,2 160 20,2 139,7 93,6 104,8 111,2 42 135,1 116,9 89 152,2 Jan. 619,6 337,2 291,9 463 314,3 207,4 286 397,8 42 403,6 361 353 387,8 394 414,3 600,6 334,2 540,5 Fev. 264,5 64,6 279,8 273,2 195,8 15,3 236,1 330,2 202,9 185 136,6 344,1 253,4 455 316,2 385,3 264,8 223,2 Mar. 40,2 158,8 26,4 64 110,7 45,2 94,7 99,4 92,1 121,8 176,3 18,2 113,5 21 112,3 96,2 44,4 60,7 Abr. 58,3 8,3 2,2 72 8,3 0 111,5 59,6 14,4 19,8 0 18,2 28,2 24 152,5 43,6 41,2 44 Maio 27,3 19,6 60,1 26 31,7 37,4 8,2 32,8 1,3 17,8 0 37,8 15,4 60,6 4,5 23,7 32,2 14,4 Jun. 12,1 25,3 15,9 38 32,2 20 10,2 15,8 1,2 12,2 6,6 33 15,6 33 45,3 14,9 21,2 16,1 1964 Jul. 38,1 27 14,3 28 58,8 23,3 43,6 94,4 34,3 66,2 61,6 20,4 40,8 32 64,5 58,8 25,8 50,2 Ago. 11 4,2 0 3 10,8 15,6 16 41,4 0,9 8,5 0 7,5 4,4 0 33,1 9,4 1,6 9,6 Set. 0 7,4 23,6 11,3 7,5 0 0 11 0 0 25 15 26,3 7 11,2 0 22 1,5 Out. 386,1 269,1 131,4 207 233,8 308,6 286,9 426,2 228,3 232,5 406 168,4 279,1 252 231,6 360,5 261,4 277,4 Nov. 181,7 224,7 165,8 197 150,5 200,2 159,9 238,6 159,6 96,1 460,8 106 157,1 192 177,4 254,9 182,8 199,7 Dez. 594 299,9 189,7 302 360,2 493,1 230 590,4 400,1 435,8 387,2 323,1 459,3 279 394,6 443,5 449,9 415,6 162

Jan. 198,6 227,6 246,2 441 228,7 230,5 264,6 305,4 176,5 196,6 x 398 307,3 286 215,9 350,1 347,5 252,8 Fev. 344,3 124 254,5 348 263,6 297,1 356,4 440,8 180,3 252,9 193,6 348,1 455,6 290 268,7 419,4 311,1 393,5 Mar. 242,3 203,9 148,2 228 238,6 178,9 133,8 238,2 225,5 229,2 196,8 140 194,4 155 161,9 221,5 122,7 241,9 Abr. 75,2 124,2 42,6 71,9 18,7 100,8 57 93,4 181 90,3 10,2 68 55,5 35 25,3 47,6 136,5 23,1 Maio 72,1 24,7 36,7 93 40 103 38,1 46 99,5 80,6 32,8 86,6 39,3 23 139,7 20,3 111,2 58,9 Jun. 0 8,6 0 2 0 0,2 3,8 10,8 0 5,5 8 0,8 0 0 3,6 0 26,3 12,3 1965 Jul. 26,4 28,3 6,1 11 4,5 7,1 4,1 26,4 25 22 36,2 13,6 22,4 5 25,6 10,2 21,7 11,2 Ago. 34,1 37,4 2,2 71,7 52,7 46,7 25,5 43,8 39,4 13,5 20 41,5 35,4 79 16,6 28,2 54,3 23,4 Set. 51,6 21,9 41,4 53,4 40,2 29,3 52,6 72,2 17,2 47,3 60 74 62,6 31 56,1 59,2 43 38,4 Out. 230,6 100,5 211,4 246,8 201 185,8 327,9 309 227,5 233,6 210,3 179,8 295,8 201 226,1 362,6 247,3 377,2 Nov. 189,6 265,3 189,4 242,2 170,9 153 145,7 95,8 229,7 132 61,2 184,7 222,4 139 270,9 200,4 275,9 233,2 Dez. 85,2 70,3 203,9 214,6 28,3 112,8 86,5 153,6 75,1 107,2 142,8 167,1 290,4 188 175,2 135,3 143,3 219 Jan. 372,4 340 540 375,7 319,1 369,6 481,5 431,4 299,1 400,1 717,2 445,6 448,8 342 379,4 433,6 371,7 399,8 Fev. 68,4 33,9 180 63,4 54 84,6 41,5 29,2 52,2 56,7 16 127,5 122 95 24,6 132,9 58,8 175,9 Mar. 156 15,7 99 23,6 72,9 168,4 144,4 112,2 60,7 100,6 37 145,7 135,6 99 64,4 166,9 102,9 235 Abr. 27,3 0 35,4 101,5 14,2 24,7 58,3 36,4 10,4 13,9 12,4 53,8 43 42 124,4 24,1 52,2 38,2 Maio 15,7 32,8 10,2 12,4 17,1 15,2 10,9 66,8 44,2 21,8 16,8 8,7 5,1 5 83 25,8 48,3 45,2 Jun. 0 6,2 2,2 0 0 0 1,5 0 0 0,3 2 0,8 2,6 0 5,4 0 0 0,2 1966 Jul. 48,1 21,6 7,2 24,3 31,3 49,3 4,3 33,1 37,6 41,5 46,4 8,5 24,2 0 51,4 5,5 24 24,7 Ago. 2,1 0 0 0,1 2,5 0 1,6 1,2 0 1,2 0 2,1 0 0 14,8 0 3,5 0 Set. 13,6 15,3 18,4 13,3 23 17,6 10,5 34,2 0 7,6 12,6 17,5 32,8 26 28,5 28,5 18 25,4 Out. 183,5 35,3 127,8 45 141,2 191,8 77,2 162 133,8 135,6 129,4 121,1 197,8 202,5 172,9 160,2 174,9 123,5 Nov. 225,5 81,4 293,9 137,9 x 239,3 223,9 346,8 161,2 179,5 244,3 242,2 230,8 211 228,9 234,3 227,6 263,9 Dez. 335,6 163,3 297,8 138,3 278,9 362 356,1 299 404,3 300,4 442,6 260,8 300,1 230 225,4 356,8 321,8 445,8 Jan. 353,4 x 326,2 192,5 359,6 366,6 306,1 305 212,9 151,7 137,6 366,9 410,8 215 443,6 296 297,2 254,4 Fev. 215,3 x 366,8 49,6 161,1 247,4 141,5 220,8 183,7 0 312,6 276,6 295 277,4 248,7 235 223,4 219,7 Mar. 136,1 66,3 252,9 43,5 198 152,3 186,7 143,3 79 104,6 46,2 153,3 153,2 178 287,5 120,6 174,3 130,6 Abr. 40,2 30,6 93,7 59,4 60,7 41,7 10,6 66,4 39,5 53,9 27 31,8 56,2 10 104,5 55,1 19,3 21,7 Maio 2,4 0 21,8 1,3 9,6 3 0,6 4,6 2,4 2,2 0 0,6 0,6 0 30,6 0 2,8 1,6 Jun. 0 0 7,2 1,5 5,8 0 0,1 1,2 0 0 0 18,4 3,2 3 3,4 0 3 3,3 1967 Jul. 2,8 12,2 0,2 6,7 0 2 2 0,4 0 0 0,2 0 0 0,6 10 5 11,7 22,4 Ago. 0 0 0 2,2 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1,2 0 1,8 0 Set. 15,4 0 0,8 14,4 16,3 6,3 0,8 29,9 0 27,8 0 10,4 6,6 0 16 0 33,2 5,8 Out. 29 71,5 189,8 46,5 108,5 29,2 62,1 57,8 38,4 34,3 36,4 120 176,8 155 47,6 52,5 36,6 43,5 Nov. 254,7 211,6 302,8 229,9 422,7 231,7 438,5 538,9 248,1 258,6 169 317,9 341,4 306 343,9 359,5 341,2 215,6 Dez. 246,9 x 221,4 267,9 210 240,4 127 234,4 327,8 189,2 183,8 187,4 230,2 204 305,2 325,9 347 232,5 Jan. 170,9 109,6 129,6 149,5 157,8 183,1 36,2 169,1 132,5 102 239 141,5 217 353 174,8 163,2 112,5 140,5 Fev. 157,3 257,8 154,2 166,7 150,8 207,1 145,2 229,1 199,6 288 261,8 141,6 164,4 531 288,3 354,6 152,1 208,5 Mar. 25,4 169,8 95,8 35,3 51,2 35,5 43 79,5 28,4 56,4 132 51,3 96,2 74 79,3 123,1 82 117 Abr. 53,7 172 36,9 2,9 91,2 46,5 42,8 39,9 139,4 92,5 108,7 97,1 81,3 5 77 136,1 95,4 61,9 Maio 38,6 0 11,6 0 29,3 37,1 6,1 28 8,3 81,2 41,1 3,1 2,9 0 3,5 22,9 3 7,1 Jun. 7,7 1,5 0 0 0,3 6,2 1,2 3,4 0,2 1,1 3,2 0,1 0 0 0 0 0 0 1968 Jul. 20,5 18 10,4 6,3 10,7 12,4 14,9 7,2 15,1 6,8 19,8 5,4 1,1 0 4,7 0 7,5 2,4 Ago. 22,4 35,1 38,2 27,3 21,6 18,8 8,7 31,1 22,8 24,1 44,5 38,4 14,8 18 30,7 20,3 28,5 15,3 Set. 73,1 41,5 97,8 48,9 79,2 102,9 66 85,1 59,8 55,9 71,6 67,8 80,2 55,4 126,7 68,8 124,8 93,4 Out. 208,8 122,7 173,6 159,3 288,3 189,9 167 281,3 162 147,8 198,3 109 190,2 230 176,9 181,7 95,1 158,2 Nov. 155 174,4 95,6 103,4 170,2 140 137,6 138,5 149,2 173,3 237,3 122,5 154,5 134 181,2 197,9 91,6 254,8 Dez. 177,1 251,6 359,2 189,3 259,3 261,2 149,8 284,1 156,3 148 315,7 279 318,1 243,8 291,9 334,5 305,5 215,4 Jan. 184,4 189,4 359,8 331,6 177,7 201,8 238,4 127,8 275,3 294,7 185,8 368,4 136,8 180,1 395 369,1 239 321,2 Fev. 136,1 4,7 94,3 162,1 92,6 156,9 65 178,5 128,3 66,6 73,2 158,5 67,9 106,9 150,2 166,3 84,2 248 Mar. 92,6 95,6 216,4 x 55,1 167,6 101,2 130,7 69,5 116,7 115,2 137,8 136,8 19 208,6 168,4 205,6 148,3 Abr. 48,8 46,9 37,8 82,8 23,6 27,4 10,4 16,6 64,5 19,3 9,3 20,8 17,3 35 82,1 32,6 73,7 29,2 1969 Maio 17,1 0 20,8 42,3 33,6 31 4,8 6,8 6,1 12,4 29,5 24,5 31,4 11,6 7,4 63,5 14,2 39,4 Jun. 31,5 29,6 60,6 55,3 40,7 26 56 56,7 35,5 43,1 24,8 75,1 45,2 54 52,9 54,7 58 39 Jul. 14,4 7,2 9,7 22 7,4 7,8 17,7 14,6 3,3 18,1 6,4 15,2 15,5 10 16,5 6,3 21 10,5 Ago. 17,5 8,5 17,6 21,8 14 24,6 13,3 17,4 7,2 23,2 26,4 9,3 16 47 21,1 71,2 27 22,4 Set. 29,3 33,7 45,4 32,9 41,2 8,4 50,1 57,2 25,2 13,2 14 27,7 30,4 15 21,1 27,9 60,8 34,1 163

Out. 116,5 142,5 240 189,1 141 131,4 242,8 174,7 48,9 93,6 146,1 197 219,5 293 118,3 262,6 184 185,2 Nov. 181,9 137 322,2 377,2 155,8 273,6 240,6 171,6 171 185 203,5 202,4 211,2 238 163,5 237,1 202,6 383,8 Dez. 235,7 284,1 290,2 222,1 293,4 313,2 244,2 324,7 349,5 253,1 290,2 146,8 293,7 252,4 248,3 274,5 198 227,1 Jan. 179,6 493,8 229,2 177,5 203,8 234 221,3 114,6 236,5 266,3 247,2 288 232,9 268,9 313,1 464,7 275,6 309,9 Fev. 124,9 72,6 83,6 111,2 130,2 92,8 65,1 21 23,6 50,6 19,2 129,6 77,7 79,6 59,8 118,6 91,8 87,8 Mar. 160,1 173,3 46 85,2 51,8 106 139,2 48,4 61,9 20,6 86,6 55,7 49,7 15,7 90 91,4 35 62,2 Abr. 221,7 40,7 72,2 138,5 110,2 122,6 62,6 89,2 98,7 119,1 97 56 101,6 54,6 66,7 104,5 116,7 74,6 Maio 5,6 0 8,2 4,7 2,3 2,4 0 0 3,1 2,4 0 6,5 2,8 2,2 21,3 0 2 0 Jun. 4,1 13,1 20,6 29,7 3,1 3,8 18 23,3 5,7 3,3 0,2 21,9 14,1 13 12,5 10,2 22,8 4,8 1970 Jul. 42,7 13,4 33,1 73,2 27,5 34 27,9 17,4 28,8 37 8 25,9 51 21,7 55,9 16,9 16 36,1 Ago. 85,2 3,2 51,6 95,3 37,5 61,2 48,2 47,9 17,4 31,1 60,6 66,3 52,4 66,6 77,9 29,2 37,6 21,6 Set. 92,4 35,9 79,4 88,5 65,7 80,2 81,5 56,6 59,9 59,8 103 62,4 56,6 86,2 63,3 62,8 62,4 95,9 Out. 179,5 221,2 147,9 137,7 87,9 191,8 129,1 151,5 94,8 123,6 70,4 201,5 120,4 163,8 247,4 246,2 110,1 166,6 Nov. 226,4 332,4 280,4 292,1 239,1 135,4 137,9 110 291,6 276,1 349 233,1 238,4 203,8 281,9 234,9 218,8 210,2 Dez. 67,8 199 119 225,5 211 114,4 148,8 94,9 193,6 183,4 x 119,1 94,6 74,2 173,5 139,9 166,2 175,5 Jan. 61,9 45,6 157,1 153,8 61,7 39,6 68,7 123 53,9 86,3 x 171 139,3 52,7 92,1 58,1 91 97 Fev. 38,1 32,5 88,8 187,1 35,8 50,9 54,3 8 28 35,3 x 74,8 154,2 50 139,2 99,3 81,6 58 Mar. 92,8 68,3 75 179,7 101,3 89,6 126,8 72,3 103,7 85,5 26 92,9 143,6 141,6 169,3 263 113,9 106,3 Abr. 104,6 28,9 37,8 37 110,2 102,8 40 44,2 50,3 89,8 26,2 81,5 66,6 58,8 15,2 93 32,4 116,8 Maio 7,9 23 4 7,5 2,3 1,8 16,1 63,5 11,2 14,4 0,3 3,5 12 23,4 16,8 52,1 27 19,3 Jun. 60 68,1 82,6 78,8 3,1 60,9 46,6 63,5 49,2 73,7 89,9 85,2 77,5 64,4 85 161,3 65,5 116,5 1971 Jul. 0 9,7 2,2 3,8 0 0 0 0 0 0 0 0 1,4 0 3,7 0 0 0,7 Ago. 11,8 5,6 13 54,1 0 0 6,7 12,2 4,5 9,3 0 33,7 0,8 2,3 39,2 0 18,4 7,1 Set. 66,8 28 63,6 76,8 78,1 60,6 38 51,3 90,8 159,5 33,6 115,4 104,9 105,7 162,9 162,4 118,7 71,3 Out. 154,2 129,3 82,8 218,7 137,4 140,6 37,7 87,5 100,4 107,3 139,2 87 114,6 109,8 122,7 383 65,7 202,4 Nov. 398,9 367 282,8 423,3 298,8 386,9 259,7 170,2 479,3 495,5 688,4 274,5 298,6 287,7 305 1067,4 150 346,2 Dez. 225,3 37,3 455,1 309,4 281,1 0 204,8 195,5 174,3 234,9 137,2 403,6 217,5 307,5 274,4 730,9 237,5 223,7 Jan. 100 50,9 150,4 47 75,2 111,6 110,9 51,8 91,5 112,4 63,7 189,2 108,1 121,4 52,6 170,2 109,3 160,3 Fev. 247,9 109,5 352 227 158,3 200 317,6 214,3 102,2 127,4 208 280,8 344,6 242 329,1 484 255,7 263,2 Mar. 175,4 79,1 184,7 165,4 136,3 199,4 176,3 106,8 206,8 173,6 78,9 113,5 212,9 203,1 144,3 417,8 168,3 223,9 Abr. 87,7 41,6 112,5 85,6 113,4 78 68,4 56,1 110,9 64,2 110,5 76,6 108,3 108,5 133,1 253,6 128,6 49,2 Maio 2 20,6 35,4 57 5,6 1,4 7,7 5,3 4,2 4,3 0,1 72,5 5 17,1 20,3 22,9 60,8 12,6 Jun. 0 4,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1972 Jul. 77 52,1 46,1 61,6 90,6 72,4 44 52,9 92,5 113,7 113 90,7 56,4 61,2 78,6 59,3 102,2 38,6 Ago. 13,5 33,1 34,7 35,5 59,5 10 15,8 55,4 51,1 19,5 26,9 21,7 26,8 15,6 30,1 33,9 36,7 70,7 Set. 81 68,9 84,4 56,3 35,2 111,2 40,2 37,8 58,7 55,1 34,7 50,7 65,2 39,4 89,1 19,7 52,3 36,2 Out. 135 106,9 127 117,1 147,3 88,8 159,4 101,2 91,2 125,1 147,7 109,4 143,6 109 99,1 171,7 126,6 146 Nov. 251 221,9 323,1 428,4 232,7 225,5 254,2 287,5 212,5 229,7 284,6 339,5 279,6 318,6 275,2 443 302 249,4 Dez. 362 183,1 276,7 370,5 251,2 339,4 466 129 260,8 281,9 430,4 295,6 333,8 339,8 426,7 421,4 295,6 338,9 Jan. 218 97,2 299,1 545,3 207,7 212 220,2 235,4 33,8 54,5 16 269,1 358,4 320,3 280,6 141,8 300,8 191,7 Fev. 166 20,1 124,3 161,4 135 223 88,4 164,7 72,8 56,8 41,9 161,7 151,7 135,8 107,4 88,7 155,6 142,1 Mar. 224,4 366,1 211,6 251,6 296,3 238,6 210,3 252,9 369,5 288 289,4 131,9 273,9 145,7 403,5 405,9 281,6 401,1 Abr. 31,3 23,4 48,7 307,6 75,8 27 81,9 61,8 14,6 47,9 48,8 150,2 31,4 20,7 52,5 32,2 131,8 16,5 Maio 17 47 62,9 61,7 52,2 13,2 21 20,7 55,2 41,9 8,9 88,2 24,6 34,4 36,9 25 127,8 10,1 Jun. 47,2 0 27,1 20,3 27,1 36,4 30,7 49,2 10,8 14,5 15,4 51,7 14 21,3 48,1 14,9 38,9 19,8 1973 Jul. 1 0 8,3 6,9 1,6 0,8 12,2 0 3 3,7 8,2 27,8 0,5 5,8 0 0 5,1 2,8 Ago. 6,3 7 29,4 30,8 7,2 10,6 6 9,7 6,7 6,8 16,6 42 8 5,1 21,5 5,9 34,5 3 Set. 22,5 25,6 18,8 45 14,9 27,6 5,8 7,5 17,3 13,5 57 45,7 23,3 41,2 15,2 37 26,3 26,3 Out. 128,5 171,1 165,7 201,7 178,3 172,8 31,8 116,3 165,7 227,3 288,1 146,5 115,1 140 120,7 206,6 161,3 174,4 Nov. 212,3 194,5 210,2 201,7 200,9 198,6 197,7 159,1 240,5 204,4 217,5 206,8 194 149 158 215,9 159 313,6 Dez. 215,1 108,1 348,2 265,9 193,1 245,4 183,1 120,2 157,6 142,5 234,6 241,5 300,4 220,6 143,2 395,7 213,2 486,6 Jan. 145 x 298,5 177,3 193,5 202,8 86,1 166,8 138,5 142,1 145,4 334,5 217,3 350,1 216,4 200,6 244 147,8 Fev. 79,9 48,8 74,8 126,1 101,8 103,9 36,1 40,4 95,3 108,1 83,4 46 41,8 22,9 83,2 48,9 38,1 105,9 Mar. 262,3 66,7 235 248,3 207,6 226,6 170 126,4 226,8 154,7 145,1 203,2 252,4 129,2 206,6 265,5 281,2 270,1 1974 Abr. 107,7 27,8 96,3 180 58,1 98,8 77 102,3 86,9 90 75 41,4 68,6 25,1 74,3 143,6 147,4 46,7 Maio 47,2 16,4 12,2 44,2 38,2 13 23,1 26,8 104,3 33 8 58,7 6,1 5,5 37,3 11,5 63,8 34 Jun. 32,4 6,6 28,8 19 27,7 34,4 35,5 43,9 31,8 29,1 23,4 56,6 42,9 16,7 44,3 6,9 49,7 10,7 164

Jul. 0 2,2 0 0 0,2 0 0,6 0 0,9 3,4 3,8 0 0 0 0 0 0 0 Ago. 12,4 4,6 0 2 5,2 8,4 9,4 8,5 2,3 8,3 8 1,7 2,8 0 5,2 2,2 1,6 9,5 Set. 0 0 0 0 0 0 2,1 9,3 0,4 0 0 0 0 0 17,3 0 2,4 0 Out. 178,1 188,6 237,7 178,2 225,3 189,2 110,6 181,9 196,6 196,4 150 178,5 170,1 219,3 140,6 131,6 127,7 161 Nov. 56 74 54,2 109 57,4 51,4 63,8 71,4 85,9 74,1 46 92,4 70 63,3 125,2 84,2 87,6 80,2 Dez. 284,5 218,5 205,1 258 207,6 286,8 210,2 269,7 227,2 300,6 172,6 174,4 313 263,3 371,2 322 287,4 271,1 Jan. 308 141,4 294,4 295,4 306,3 303 201,1 234,9 188,1 206 173,3 284,7 311,8 227,9 275,8 220,2 287,7 207,1 Fev. 205,9 32,8 210,3 188 173,4 168,2 164 162,8 106,3 128,3 40,2 284,2 270,2 105,1 104,2 243,5 227,7 209,7 Mar. 80,4 31,2 18 35,5 106,4 55,2 64,7 21,1 11,9 47,3 53,1 74,8 45,2 105,2 91,5 108,4 21,9 27,1 Abr. 68,9 66,2 64,5 67,4 59,8 58 68,1 66,8 52,2 100,7 35 25,6 139,8 40,1 76,2 146,4 62,3 146,6 Maio 14,2 35,4 28,7 35,5 21,8 13,2 23,3 21,1 14,9 15,4 17,2 36,7 46,2 53 18 35,1 44,5 85,3 Jun. 35,7 15,2 5 13,9 43,2 35,8 4,5 18,5 32,9 14,8 21,3 3,3 4,8 8,7 65,1 4,1 16,6 18,9 1975 Jul. 72,6 23,5 41,1 43,5 57,7 63,8 46 76,5 35,9 43,3 32,4 39,8 59,2 41,6 39,1 48,1 35,1 50,5 Ago. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Set. 31,2 17 19,2 39 31,8 32,4 40,4 37,7 31,4 27,7 36 30 45,8 25,7 43,8 6,6 49,9 17,7 Out. 123,4 64,8 82,2 146 252,6 101,8 187,1 207,9 129,1 129,8 160,3 98,3 186,2 91,4 81,3 112,4 221,9 134,6 Nov. 463,6 255,2 384,2 365,6 378,6 392,7 333,1 372,7 220,9 333,6 260 351,7 359,4 359,3 312,5 360,8 335,3 241,5 Dez. 71,7 62,4 89,8 98,5 145,8 128,9 151,6 106,2 110 109,5 100,5 126,9 123,6 74,5 135,1 136,5 127,4 118,2 Jan. 83,4 25,2 163,4 209,4 39,6 142,5 77 41,2 9,8 47,2 35,8 106 105,2 131,9 76,9 83,9 190,6 115,5 Fev. 176,9 114,9 270,3 201 137,6 150,4 242,6 143,5 120,3 114,9 141,1 194,5 192 215 121,7 244,9 198,3 127 Mar. 195,4 44,9 62,5 109,6 99,6 137,2 63,3 146,4 100,7 162,1 124,7 218,8 104,3 85,3 61,9 67 186,6 99,9 Abr. 32,8 6,9 16,6 14,7 7,4 34,8 25,1 9,2 7,6 5,3 3,9 13,7 72,6 6,5 52,5 33,4 5,6 33,7 Maio 92,7 x 94,3 73,6 91,1 71,2 61,6 66,1 30,6 28,4 27,2 90,5 29,5 43,7 85,9 17,1 69 12,5 Jun. 0,1 2,3 12,3 5,2 0,1 0,5 3 2,2 0 0 1,2 15,6 10,4 24,8 19,1 0 13 0 1976 Jul. 54 28,3 70,4 62 52,9 39,2 29,2 40,8 46,2 47,7 56,8 63,8 80,6 58,2 71,6 56,9 86 61,5 Ago. 56,1 10,5 36,4 49,7 33,4 61,6 75,6 43,8 15,2 21 20,7 99,1 42,8 57 65,9 61,1 53 20,4 Set. 244,7 198 216,7 154,7 261,7 215,4 200,9 197 223 179,9 219,3 123,6 214,4 179,4 171,6 209,5 132,7 127,3 Out. 152 221,6 292,5 278 169,1 194,5 113,5 179,5 181,8 227,9 162,7 148,2 161,2 188,2 290,9 224,1 183,4 260,7 Nov. 229,3 213,5 147,4 156,3 256 253 207,8 159,6 259 229,3 241,4 141,9 183,6 171,9 147,8 252 172,3 292,5 Dez. 245 237,3 251,4 240 330,6 285,8 370,6 321,5 265,3 460,8 299,5 241,1 351,2 329,1 289,7 282,9 325,1 293,2 Jan. 160,4 233,6 321,7 319,5 257,9 232,3 242,6 239,6 270,8 270,4 229,9 241,7 359,4 302,9 66,6 461,9 233,7 554,4 Fev. 45,9 49,7 35,5 0,1 21,5 23,8 12,3 0,5 75,3 47,5 101,4 11,8 1,9 3,8 0 25 0,2 21,9 Mar. 99,5 142 99,3 126,1 273,3 208 127,5 124,7 32,4 85,8 111 265,3 351,4 209,7 210,9 189,4 281,2 137,8 Abr. 52,9 41,1 45,8 87,3 50,7 50,8 83,3 132,6 39,2 26,5 36,9 64,1 52,6 26,4 108,6 49,3 56 44,8 Maio 2,3 17,6 11,1 2,9 5,5 4,8 6,6 5,3 6,6 9,4 28,2 2 10,4 17,3 34,5 12,8 12,2 8,8 Jun. 0,1 7,7 7,8 6,7 3,1 0,6 4,5 0,2 11 1,5 7,2 3,1 3,4 7,6 0 2,3 2,4 6,3 1977 Jul. 0 7,9 0 0 2,7 0 0,8 4,2 0 0 0 0 0 0 0 11,5 1,4 0 Ago. 0,3 1,9 6,2 3,1 0 2,4 0 0 0 0 0 1,6 2 3,9 6,2 21,9 6,1 1,4 Set. 55,4 24,4 161,2 91,8 63,2 50 58,3 54,7 30,4 56,3 56,4 123,1 60,2 65,6 82,3 85 88,8 53,1 Out. 75,6 89,1 67,7 76,1 65,8 91,4 23,5 45,4 98,3 95,9 68,5 51 36,6 32,8 45,8 57,6 61,6 71 Nov. 139,1 106,6 287,7 288,4 136,8 151,2 235,4 185,6 89,4 160 199,5 304,9 173,4 182,7 254,6 210,8 247,1 151,8 Dez. 215,5 202,3 312,9 256 292,9 196,5 265,7 267,7 101,3 202,8 183,6 154,4 222,4 213 304,9 200,2 313,7 272,1 Jan. 204,2 150,5 448,4 267,4 273,1 222,4 255,9 145,1 153,5 142,7 228 332,4 310,3 204,8 408,1 276,4 270

Fev. 127,5 254,5 201,1 345,4 241,9 117,2 169 258,1 171,6 182,3 126,2 202,7 125,5 178,7 200,8 246,2 232,7

Mar. 157,5 118,1 219,5 129,8 107,8 126,2 78,1 72,6 63,3 84,5 100,1 84,7 145,2 98,1 73,4 123,4 87,9 188 Abr. 90,5 98,1 74,9 46,1 74,3 92 53,8 59,1 35,7 44,9 26,1 55,5 120,6 117,3 77,7 81,3 101,8 84,7 Maio 120,6 64,6 121,6 66,7 124,2 98,1 124,7 113 71,8 70,4 86,9 82 137,4 100,4 92,5 83,8 78,6 86,4 Jun. 1,5 29,8 0 5,9 1,2 0,6 1,8 0 2,7 1,4 14,7 2,5 9,8 5,5 15,8 0 6,4 0,3 1978 Jul. 44,6 79 58,1 47,6 48,9 43 41,2 35,4 48,8 71,1 78,4 34,7 38 58,5 69,6 66,4 67,3 35,7 Ago. 1,4 5,7 30,3 14,8 8 1 5,3 16,4 0 0 2,1 5,9 19,2 12 2,3 0 5 3 Set. 46,6 41,4 36 35,4 52,3 47,9 25,9 34,9 44,7 59,1 71,8 45,6 31,8 72,8 27,2 40 18,7 92,8 Out. 155,8 65,9 148 246,4 230,6 161,8 182,8 182,4 131 205,1 272,4 127,9 123,6 108,7 133,3 195,4 160,1 99,9 Nov. 250,6 177 311,1 310,2 208 258,9 205,4 107,6 187,5 169,6 210,1 249,6 247,4 233,3 245,3 298,6 262,3 253,9 Dez. 174,8 147 236,9 231,2 261,8 182,4 236,3 213,3 137,4 190,4 183,7 285,3 204,8 169,2 324,1 169,8 256,1 195,3 Jan. 450,7 412,9 418,3 400,6 423,7 498,1 491,3 444,1 506,6 523,3 376,5 318,2 400,6 460,8 412,4 424 511,3 469,3 1979 Fev. 254,3 320,5 500,1 533,6 265,2 532,2 444,5 455,8 283,7 264,9 542,9 265,2 446,5 425 319,6 626,4 673,3

Mar. 109,2 234,7 77,6 151,6 130,9 101,8 137,9 105,3 119,7 164,6 155,9 89,1 137,6 106,4 140,1 111,4 283,7 166,7 165

Abr. 114 47,4 65,1 42,7 88,3 102,6 129 61,5 58,6 56,7 53,2 45,2 71,6 61,3 85,5 78,8 109,3 70,8 Maio 47,5 83,2 43,3 40,7 45,4 75,7 58,9 56,5 127 83,1 77,5 76,3 31 35,7 62,7 99,9 45,6 80,6 Jun. 2,8 0 0 0 1,1 0,5 0 0 1,3 0,6 0 0 0 0 6,9 0 0 0 Jul. 10,3 6,7 37,7 23 23 14,8 21,5 13 23,3 13,9 17,2 27 34,2 30,7 28,7 19 19,2 9,9 Ago. 33,8 16,3 71,7 38,2 41,2 37,1 70,4 53,7 19,5 42,2 24,6 71,3 25,4 36,9 54 56,1 25,9 7,4 Set. 82,1 24,2 120,2 72,7 72,2 73,6 79,3 49,7 19,5 51,5 41,8 60,2 75,8 91,2 37,7 119,9 66,8 80,9 Out. 27,9 48,4 107,2 118,4 67,5 38 33,7 32,1 41,2 53,8 43,6 87 66,6 58,3 115,1 61,4 25,4 94,3 Nov. 289,7 138,7 203,7 220,6 237,2 236,6 170,8 284,3 159,9 287,7 280 166,1 231,8 129,3 580 320,5 223,6 87,9 Dez. 322,1 225,9 278,3 380,7 246 304,2 239,6 254,9 192,1 434,4 235,7 358,9 313,2 362,1 413,6 218,1 101

Jan. 380,2 255 380,6 405,2 387,9 392,2 370,7 252,5 322,8 373,5 317,2 254,4 344 359,7 468,4 438,8 316,5 124,5 Fev. 128,3 186,9 141,4 138,8 133 118,8 72,3 80,4 112,9 99,1 126,5 124,3 91,7 41 327,6 149,1 128,8 38,4 Mar. 8,7 5 28,6 13,5 0 3,3 17,5 5,2 73,7 32,1 20,1 31,9 18,5 41,7 40,3 30,9 16,6 3,2 Abr. 141,5 200,3 144,3 200,1 112,1 107,4 129,6 114,8 178,4 123,4 100,7 131,9 132,9 167,2 268,5 176,2 153,8 55,6 Maio 58,6 29,4 16,9 1,2 87,4 18,2 6 87,5 41,8 49,4 34,6 8,8 24,7 8,4 123 5,1 4,5 0 Jun. 24,7 6,8 69,2 44,3 30 21,9 35,4 29,1 9,6 19,5 10,2 59 68,3 88,1 10 58,1 25,8 8 1980 Jul. 0 0 0,4 0 0 0 0 0 0 0 0 0,2 0 0 1,2 0 12,2 1,5 Ago. 42,1 3,8 15,6 15,4 8,1 23,2 17,6 8,5 3,3 30,3 22,2 25,9 4,5 6,6 55 0 15,1 8 Set. 14,2 6,8 24,2 16 18,6 14 23,7 27 5,3 10,7 4,2 21,9 14,9 22,7 31,4 20,5 18,1 1 Out. 31,8 29,2 74,6 91,7 39,2 42 41,4 34 36,4 38,4 44,5 73,5 51 101,6 81,4 59,2 65,1 9,5 Nov. 181 87,7 188 131,3 182,2 183 198,5 149 86,2 153,7 102,6 197,6 216,4 230,4 286,7 155,8 168,7 60,6 Dez. 294,1 196,8 463,2 394,3 305,2 349,1 434,4 345 334,9 372,1 293,2 419,7 394 394,2 347 502,1 290,2 91,4 Jan. 227,4 160,3 256,1 299,5 206,9 202,6 219,6 247,3 140,7 152,7 213,8 303,8 296,8 179,1 221 416,4 201,3 84 Fev. 72,3 72,1 113,9 95,1 143,3 49,6 125,6 171,6 76,2 60,4 103,2 79,2 64 91,4 67,2 74,8 73,1 32,1 Mar. 259,9 136,2 308,7 253 178,7 215,2 230,5 133,9 223,7 169,9 240,9 131,5 174,9 128,9 234,7 121,6 148 49,2 Abr. 26,2 31 23,7 219,2 5,5 17,6 14,6 18,5 8,4 22,2 8,1 28,3 40,2 39,3 53,5 38,3 81,1 5,9 Maio 16,7 14,3 25,2 37,3 4,2 11 6,6 6 8,3 23,2 23,8 14,5 13,5 18,5 27,4 23,6 27,5 9,9 Jun. 54 34,3 46,1 65,8 125,3 55,4 23,8 53,1 32,5 39,7 40 32,9 62,1 45,5 31,3 43,2 42,2 14 1981 Jul. 0 0 1 16 0,5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 0 0,3 0 Ago. 60 31,5 22,7 110,4 39,7 29,8 21,7 43,9 33,8 13,2 39,4 51,7 21,5 20,8 23,1 20 72,3 9,6 Set. 7,8 3 21,5 57 16,3 8,9 12,8 23,7 10 14,2 13,9 20,9 32,2 16,3 72,4 21 39,8 4 Out. 146,2 205,6 227,8 333,3 140 141,3 140,1 149,6 125,5 143 100,1 175,4 172,8 192,3 234 192,5 148,5 55,2 Nov. 346,1 447,7 307,6 282,4 299,6 266,5 340,8 292,7 417,8 370,4 429,8 219 360,5 274 578,5 471,9 175,6 106 Dez. 262,2 202,6 324,8 341,3 184,4 259,4 294 231,8 217,8 138,5 167,6 239,7 240,3 361,5 277,4 300,4 339,6 75,8 Jan. 412,6 148 395,6 340,4 299,8 384,8 404,9 284,5 270,5 324,2 253,8 259,7 230,8 419,2 397,9 293,7 358,9 111,2 Fev. 187,7 11,5 73,3 127,5 87,4 102,5 82,9 74 80 8,8 49,9 57,5 83,5 36,6 198,1 43,5 170,1 24,2 Mar. 377,6 358,7 246,4 462 470,3 384,6 397,3 318,1 172,4 296,9 279,5 389,5 382 209,8 400 247,5 426,7 101,5 Abr. 20,3 126,7 25 27 26 33,2 13,8 16,2 46,4 45,9 94,7 20,8 32,3 49,6 145,3 46,9 42,2 24,9 Maio 32 68 22,1 18,6 40,4 28,5 22,4 21,9 86,3 35 19,4 30,2 27,6 14,1 31,2 27 13,2 27,9 Jun. 10,7 2,2 42,2 21,3 2,9 65,3 3,6 32,9 0,2 1,5 0,2 10,4 5,6 21,5 3,3 0 19,4 0,4 1982 Jul. 15,9 6 24 11,4 15,6 14,8 16 23,8 13,1 5,7 15,8 21,6 23,8 15,5 15,6 1,5 15,4 4,9 Ago. 13,4 6,6 10,2 16,8 5,4 14,6 9,9 8 6,9 9,6 6,2 7,9 3,6 3,1 50,5 0 17,7 5,6 Set. 42,2 12,9 9,6 27,3 35,4 32,1 18 47,3 11,6 13,4 17 7,8 10,9 6,9 20,7 12,3 36,6 15,3 Out. 114,2 35,2 295 169,3 85,7 125,6 133,9 87,7 80,1 64,3 76 227,6 215,9 262 69,4 130,2 155,9 92,2 Nov. 77,5 39,7 156,8 207,4 70,6 72,8 107,4 85,7 96,8 62,4 6 150,8 103,7 109,6 104,9 99,1 44,5 57,4 Dez. 355,2 208,2 442,4 336,7 473,7 431,9 358 336,1 205,4 254 237 446,4 365,1 427,7 314,1 347,4 297,7 220,2 Jan. 384,8 280,1 283,8 382,2 433 456 362,7 398,4 304,9 355 554,8 314,2 236,4 383,5 333,8 498,1 612,8 445,9 Fev. 117,8 190,8 322,6 219,1 267,9 141,5 206,5 183,9 224,2 172,9 229,9 183,6 211,6 210,4 151,2 128,8 205,3 214,4 Mar. 225,7 166,2 301,7 360,6 128,2 195,7 240,5 155,8 212,1 266 181,4 215,7 333,4 210,8 219,8 287,7 278,2 162,4 Abr. 170,2 142 207,5 109,6 189,9 160,6 163,7 198,8 124,4 125,9 138,4 119,5 182,2 170,6 179,1 138 135,7 110,6 Maio 44,4 29,6 87 87,1 43,6 46,2 72,2 57,7 70,9 61,9 23,8 91,6 66,5 82,8 62,1 65,7 82,4 82 Jun. 18,2 10,8 56,2 50 23,1 15,9 61,9 26,3 34,6 28,2 28,4 97,5 12,7 37,3 65,3 25,4 91,2 24,8 1983 Jul. 39,9 15,8 29,8 35,8 45,2 52 31,1 33,4 8,6 12,3 13,6 30,4 34,4 26,3 45,8 37,7 32 22,7 Ago. 2,3 0 31 5 2 2,2 6,9 2,3 0 0 0 8 1,7 5,6 7,9 0 1,8 2,2 Set. 168,1 87,9 252,5 279,9 165,1 154,5 238,8 212,3 66 80,2 64,3 257,3 138,7 156,3 159,8 87,6 276,3 190 Out. 198,8 132,6 155,7 178,5 197,9 176,7 176,2 219,6 131,1 138,5 138,4 107,6 151,9 174,8 219,2 179,1 202,7 287,6 Nov. 284,6 175,9 198 185,8 158,4 233,8 136,6 165,7 198 199,6 214,3 174,2 162,5 151 231 222,5 169,3 226,9 Dez. 341,8 291,6 366,8 244,5 343,2 415,4 310,4 470,1 296 246,3 268,8 288,6 272,3 312,7 372,6 232 262,5 317,1 166

Jan. 130,1 80,4 273 163,9 78,6 169,6 202,5 111,5 192,4 97,3 78,2 275,5 98,2 123,5 159,5 61,5 157,3 69,5 Fev. 1,6 76 39,1 2,5 15,9 0,8 23 31,5 55,3 73,7 31 11,6 68,3 4,5 31,6 1,4 20,2 5 Mar. 264,3 79 40,5 81 227,5 259,6 147,2 229,8 87,4 223,2 162 80,8 53,7 84,1 223,2 42,5 240 109,3 Abr. 35,6 46,3 57,9 46,3 18,4 39,6 26,5 36,7 44,1 20,5 19,1 66 69,5 65,2 68,3 71,3 107,8 43 Maio 0 15,6 45,3 19,3 0 0,3 18,8 7,8 10,7 0 0,1 104 6 35,9 17,6 10,5 46,8 0 Jun. 0 19,9 16,2 4 0,7 0 0 0,2 0 0 0 2,2 0 3,6 4,8 0 1,5 0 1984 Jul. 7,7 3,9 6,2 11 29,7 14,6 11,5 16,4 44,6 5,4 2,7 2,3 8,2 9,7 19,4 0,6 18,1 4,4 Ago. 117,3 94,5 62,5 36,2 69,9 113,3 81,7 57,1 60,4 123,7 55,8 50,6 45,9 113,3 39,3 22,8 28 84,6 Set. 59,7 49,8 72,6 70,5 63,8 54,4 116,9 71,8 74,3 77,6 97,1 68,8 137,2 102,8 85,2 77,5 42 55,6 Out. 63,1 124,2 81,7 80,8 58,3 42,2 87,5 46,6 130,9 77,7 77,4 46,8 68,6 61,3 75,4 95,4 84,9 72 Nov. 185,8 177,5 263,1 274,1 259,6 214,9 176,8 237,3 201,8 201,3 291,3 205 277,8 193,1 285,9 180,3 222,9 196,3 Dez. 333,2 356,4 296,5 378,3 454,5 348,4 363,2 244,4 568 540,8 430,9 283 308,7 355,2 354,1 284,7 316,3 426,3 Jan. 662,2 425,1 417,3 547,7 451,3 615,4 581,9 498,7 657,2 781,8 647,1 441,4 474,3 399,9 412,8 542,9 527,6 541,3 Fev. 144,4 110,3 166,2 368,8 176,5 165 156,1 300,2 87,8 278,5 106,3 340,6 252,5 178,1 369,9 211,1 242,5 186 Mar. 292,1 106,9 233,1 367,6 239,5 235,6 375,5 315 148 451,5 100,6 327,7 235,1 244,3 174,7 319,3 446,8 266,3 Abr. 35,8 95,6 36,7 53 69,5 86 82,9 26,1 33,6 68,2 3,1 50,3 75,1 39,1 90,3 18,1 33 30,7 Maio 16,3 34,2 24,6 23,8 38,1 7,5 9,5 29,6 46,3 73 1,6 18,9 10,9 18,8 56,6 18,1 18,8 31,5 Jun. 0 0 0,7 0,3 0,4 0 0,5 0 0 0 0 4,3 0 4,2 1 4,2 42,8 0,6 1985 Jul. 0,8 0 0,1 2,2 0 2 1,3 0,3 0 0 0 0 0,2 0 20,9 0 1,7 2 Ago. 15,4 24 13,6 15,5 27,3 19,8 49,7 15,5 24,6 28 19,4 1 6,7 5,8 48,9 2,2 18,3 16,7 Set. 54,2 25,1 85,7 124,6 38,1 52,6 79,9 82,2 31,8 36,4 2,5 105,2 69,6 71,3 172,1 28,9 162,7 38,8 Out. 64,1 68,2 113,1 124,6 141 112,1 128,7 184,3 127,2 176,1 85,1 66 160,4 112,2 171 82,9 56,4 108,7 Nov. 216 170 256,2 278,8 227,8 272,4 243,3 243,4 224,3 278,8 178,1 196,2 252,6 234,5 229,8 162,2 232,2 159 Dez. 388,3 155,4 225,6 160,9 337,3 446,4 309 266,9 249,2 469,1 230,3 175 254,7 238,6 257,9 362,9 202,5 323,7 Jan. 174 164,5 193,3 295,2 206,7 154 302,4 246,5 146,8 399 149 230,6 266,9 247,7 302 288,9 353,9 241,9 Fev. 192,2 62 118,6 219,4 124,8 121,4 155,8 114,8 103,4 237,6 57,5 155 149,4 152,6 218,6 245,9 172 91,2 Mar. 103,6 13,1 53,4 190,9 69,9 73,6 139,7 113,9 60,8 71 28,7 81,4 126,2 59,3 147,3 227,7 162,5 57,4 Abr. 28 25,2 113,6 34,7 37,9 31,6 75,8 69,3 14,1 38 1,9 36 33,6 22,2 77,7 36,3 36,5 67 Maio 36,3 30,4 49,9 45,6 50 44 51,4 49,6 33,9 61,2 27,8 39,4 51,2 25,7 39,5 38,7 47,8 60,8 Jun. 17 15,7 8,4 8,7 9,2 22,7 13 28,7 12,2 39,5 13 7,8 15,4 8,7 15,9 12,3 5,2 8,4 1986 Jul. 40,7 44,2 64,9 44,9 26,7 34,8 31,5 30,4 29,4 71,7 15,6 61,8 86,5 76,5 67,9 38,2 49,8 50 Ago. 80,3 36,9 80,7 73,7 82,4 80,2 85,8 50,5 56,4 128,4 92,5 93,5 75,6 83,8 95,3 37 101,9 51,9 Set. 4,6 0 10,2 18,9 3,9 7,4 8,7 9,4 12,6 33 0,6 13,4 8,4 9,2 48,2 7,3 12,6 4,6 Out. 25,9 24,9 10,2 12,4 7,5 14,8 6,8 8,8 23,7 67,4 2,6 13,6 8 16,8 10,8 6,2 7,3 10,8 Nov. 195,3 82 168,4 216,1 107,6 201,4 284 140,8 116,1 170,4 153,7 136,8 133,5 106,6 119,2 150,8 95,8 116 Dez. 414,9 190,6 519,7 423,9 370,9 449 384,7 281,4 242,7 489,7 151,9 377 408,7 419,4 283,4 464,4 365,8 249,3 Jan. 125,7 228,8 201,4 187,2 226 209,7 178,9 185,1 151,9 296,8 180,4 171,2 127 151,7 183 220,7 248,1 215 Fev. 29,9 32,8 150,1 120,1 86,6 41,4 116,9 20,4 64,5 96,2 2,7 155 142,4 139,6 34,3 60,7 117,2 12,2 Mar. 258,1 201,4 162,6 227,5 222,8 235,6 218,4 239,6 175,8 286,2 137,5 120,6 219,2 178,5 141,1 301,3 151,2 190,5 Abr. 127,7 55,6 136,9 93,4 131,9 105,4 116,6 80,7 82,7 117,2 79,8 114,2 69,4 152,9 125,2 95,3 132,7 85,8 Maio 105,1 35,8 103,8 59,3 62,7 92,8 96,7 66,1 65,6 197,7 22,9 74,1 59,8 61,1 114,5 108,1 57,2 33 Jun. 9,3 17,6 3,6 10,4 11 7,2 3,3 0,5 33,8 48,1 13,4 6,9 4,5 24,4 11,6 28,4 12,8 24,4 1987 Jul. 16 3,1 6,7 3 14,7 7,8 35,6 14,2 6,1 4,4 0,6 0,6 3,1 0,3 0,5 0 13,9 19,1 Ago. 30,7 0 6,8 0,6 19,2 33,6 7,4 30 0,6 13,6 31,1 1,7 5,3 8,3 0,7 3,2 3,6 0 Set. 140,4 98,9 104,5 82,6 120,1 111,2 128 49,8 57,2 114,5 44,9 140,9 91,8 96,8 111,9 47,9 124,8 74,2 Out. 46,1 27,3 149,2 95,9 63,3 66 124,9 61,5 42 112,2 36,8 102,4 56,1 56,6 116,8 29,2 107,8 47,2 Nov. 132,8 112,9 136,9 255,5 147,7 122,2 146,2 102,9 96 321,7 156,3 141,4 118,3 84 126,3 187,6 126,4 104,4 Dez. 427,4 384,5 208,1 374,9 338 444,7 371,4 278,8 301,2 695,7 434,7 307,4 382 176,4 307,8 467,3 342,3 566,2 Jan. 157,7 160 280,1 243,7 194,5 223,4 228,6 361,1 340,9 358,6 181 275,1 208,2 143,7 180,7 209,4 298,8 220,9 Fev. 271,5 283,3 457,4 476,8 206,1 324,6 390,3 113,8 126,9 260 121,9 268,3 245,5 243,9 130,1 299,6 410,8 379,1 Mar. 153,1 55,7 103,4 75,5 104,6 118,7 123 150,8 195,4 120,9 108,4 108,3 123,2 126,3 210,3 120 92 66 Abr. 63,7 83 101 181,3 71,6 90,8 70,7 78,1 12,6 36,9 56,8 64,6 36,4 60,2 63,2 48,6 65,7 84,1 1988 Maio 33,2 33,5 23,1 35,6 20,1 29,4 40,1 35,4 40,2 35,8 48,6 21,1 45,9 9,1 56,4 25 72,2 50,9 Jun. 0 4,5 0,9 4,8 0 0 7,2 7 12,2 9,7 12,5 14,4 3,8 0 9,4 0 14,9 4 Jul. 0 4 0 0 0 0 0 0 0,2 0,2 0 0 0 0 3,8 0 0,7 0 Ago. 0,3 0 0 0,3 1,3 0 1,8 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,6 2,9 Set. 30,3 9 29,6 26,6 36,7 31,8 22,9 22 0 23,9 0,6 25,9 59,1 39,3 136 64 31,6 1 167

Out. 86,2 157,5 178,3 179,8 90,9 63 117,5 59,2 134,4 126,8 208,4 189,9 119,1 162,3 139,4 121,1 195,6 36,3 Nov. 128,2 239,1 239,9 261,5 162,2 147,5 215,5 150,7 99,9 91,8 69,8 190,8 121,5 125,8 142 122,9 209,7 158,5 Dez. 201,8 141,9 356,2 335,2 159,1 139,4 283,8 240,5 163 164,8 223,2 278,2 135,7 191 380,1 253,2 221,7 153,7 Jan. 97,4 182,1 175,7 222,1 125,4 148,4 221,6 175,4 84,3 99,3 93 180 101 31,6 189,8 170,1 181,9 123,5 Fev. 213,9 92,9 217,9 269,1 212,4 152,8 217,4 181,8 198,9 150,2 143,8 288,1 106,9 161,8 252,7 288,6 252,1 188,2 Mar. 164 128,6 162,7 209,4 171,4 145,8 201,9 104,5 203 162,7 133,1 x 121,9 201,2 45,5 184,2 121,8 107,2 Abr. 20 33,4 39,5 112,1 51,1 14,8 33,2 34,9 5,5 8,9 12,2 x 42 65,9 1,5 5,8 125,1 19,5 Maio 16,8 21,7 5,7 5,3 4,5 5,8 3,2 0 21 50 9,3 x 6,2 16,6 0 14,5 5,9 1,6 Jun. 87,3 38,5 58,9 77 92,8 79,3 66,9 62 57,2 67,9 54,5 x 32,5 47,7 93,7 57,1 108,5 74 1989 Jul. 41,3 18,8 44,9 39,1 44 47,8 35,4 38 31,4 28,2 9,9 x 36,1 40 69,4 48,4 28,8 42,7 Ago. 13,5 5 17,3 9,3 11,2 11,4 3,7 0 3,7 0,2 2,7 x 30,9 36,9 9,5 34 7,9 2,8 Set. 72 29,6 123,4 98,9 54,7 60,8 173,3 106,8 36 70,5 36,1 x 72,6 112,7 x 120,8 114,2 14,7 Out. 159,5 142,9 92,2 121,4 134 145 154,3 187,3 156,3 205,5 190 x 125 148,4 x 144 112,9 89,5 Nov. 170 273,5 214,3 156,9 214,8 201,4 226,8 176 273,7 205,4 277 x 199,1 116,9 x 196,1 64,8 120,4 Dez. 259,5 195,5 361,6 291,3 262 308,8 352,7 200,2 220,6 235,9 271,7 x 273,8 202,9 x 395,5 384,6 453,3 Jan. 65,6 46,8 136,1 109 54,4 53,2 97,5 10,2 28,7 124,1 112,2 181 99,5 85,2 x 118,9 117,9 38,6 Fev. 85,6 37 233,1 154,9 137,8 109,2 212,7 152,1 137,9 95,8 289,7 176,3 140,2 100,4 x 134,9 107,8 105,9 Mar. 71,7 76,8 181,4 246,3 63,6 92,2 102,1 87,7 47,1 73,4 59,8 206,2 129 17,7 x 136,5 268,8 69,7 Abr. 49,7 32,9 139,5 100,3 48,2 31,2 38,1 53 18,8 34,8 12,1 70,6 69,4 65,6 x 56,4 81,1 16,2 Maio 49,3 31 32,2 11,2 40,6 62,6 72,7 70,1 23,9 75,3 30,5 62,8 68,5 71,4 x 60,1 31,8 32,5 Jun. 0,9 1,2 3,9 2,1 1,4 1,6 1,1 0 13,8 2,2 6,3 0 5,1 0 16,5 2,2 0 4,8 1990 Jul. 26,2 7,6 54,4 28,6 15,9 22,1 38,9 55,8 16,2 34,2 20,6 18,3 27 26 74,1 26,6 40,8 37,1 Ago. 38,6 56 25,9 17,2 30,2 39,2 19,2 28,8 54 49,5 51,2 22 46,8 34,5 18,2 61,6 23,4 71,4 Set. 64,2 44,3 111,3 27,3 63,7 63,4 54,1 104,2 26,8 61,7 60,8 108 8,2 103,6 58,1 44,9 90,8 110,5 Out. 36,2 144,1 109 53,4 62 52,8 106,4 48,9 53 63,3 110,4 61,2 20,2 58,2 90,1 152,7 52,9 117,1 Nov. 175,5 87,9 177 216,8 83,3 197,8 162,1 140,6 78 100,6 105,4 112,6 142,4 80,6 311,1 148,9 231,8 169,7 Dez. 81 91,1 158 143,4 128,1 77,1 128,5 150,2 144,4 96,9 198,8 114,3 25,5 126 245,2 217,8 114,8 57,2

x Falhas

Fonte: ANA/CPRM, 2012.

168

Anexo 2 – Precipitação Total Anual (1961 – 1990)

Média 1961 1962 1963 1964 1965 1966 1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 Histó- Municipio Estacao rica

ACAIACA ACAIACA - JUSANTE 1086,2 1610,7 584,8 2232,9 1550 1448,2 1296,2 1110,5 1105,8 1390 1222,3 1532,5 1289,6 1205,5 1475,6 1562,4 847 1375,6 1744,4 1305,2 1478,8 1659,3 1996,6 1198,4 1889,6 1312,8 1449,2 1126 1315,2 744,5 1371,5 BOM JESUS DO GALHO BOM JESUS DO GALHO 808,6 1531,2 354,2 1446,1 1236,7 745,5 392,2 1354 979,2 1598,6 843,3 971,9 1060,1 654,2 745,1 1103,4 923,9 1231,6 1558,9 1007,7 1338,6 1023,7 1523,3 1123,5 1214,8 689,5 1198,7 1171,5 1162,5 656,7 1055,0

CARANDAÍ CARANDAÍ 1424,3 1143,8 709,1 1201,1 1382,6 1611,9 1783,6 1202,9 1714,8 1171,2 1344,8 1727 1554,3 1242,6 1237,4 1634,2 1356,9 1885,9 1923,2 1547 1679,1 1742,6 2292,6 1254,6 1572,9 1391,3 1370,6 1769,9 1514,1 1361,8 1491,6 DESTERRO DO MELO DESTERRO DO MELO 1950 2211 892 1684,5 2023,6 935,5 915,4 888,9 1539,2 1459,1 1730 1651,4 2099,9 1342,1 1328,3 1554,2 1258 1746,9 2022,8 1451,8 2110,3 1765,7 2138,1 1167,9 2067,8 1584,4 1510,4 1821,1 1611,9 1110,5 1585,8 GUARA CIABA USINA DA BRECHA 957,5 1544 519,6 1514,6 1287,2 954,2 1554,3 1309,9 1076,1 1170,1 1109,8 1305,3 1390,1 1122,6 1577,4 1479,1 1173,4 1632,1 1641,7 1303,7 1344,4 1613,2 1997,5 1276,9 1746,8 1097,5 1444 1047,1 1378,3 729,2 1309,9

MARIANA FAZENDA PARAÍSO 640,2 787,7 193,7 1366,1 1445,2 1522,5 1320,6 1240,7 1369,7 1178,6 933,7 1437,7 1406 1215,3 1353 1586,1 1011,8 1351,5 2015,2 1273,1 1257,3 1690,7 2050,5 1257,7 2014,8 1234,9 1477,6 1168,6 1322,1 802,4 1297,5

PIRANGA PIRANGA 1212,9 995,8 293,6 1483,1 1496 1411,7 1276 818,5 1284,5 1079,6 899,4 1660,5 1089,1 824,5 1283,9 1470,2 1060,5 1380,2 1876,9 1347,1 1430,1 1568,1 2007,5 1255,6 2018,3 1539,6 1544,3 1501,4 1690,4 1033,4 1327,8

PORTO FIRME PORTO FIRME 1293,7 1822,2 659,3 2337,6 1835,4 1552,3 1602,7 1376,3 1277,3 774,8 891,2 1098,1 1197,5 1047,4 1326,2 1350,8 1060,5 1237,9 1810,9 1133 1372,1 1336,2 2124,3 1091,1 1962,2 1144,1 1129,6 1218,6 1266,9 901,6 1341,1

RAUL SOARES RAUL SOARES 946,7 1707,5 203,8 1177,1 1476,7 1203,5 1131,8 1073,6 1184,3 1115,6 1145,6 1282,4 1147,5 1196,9 933,6 1259,5 754,7 894,5 1552,4 1205,3 1294,7 1069,7 1670,8 1469,9 1630 852,1 1077,4 1125,7 1291,6 642,6 1157,3

RIO CASCA RIO CASCA 1125,5 1750,2 367,7 1599,3 1410,7 1259,2 822,3 1177,1 1139 1173,3 1391,5 1306,9 1101,8 1139,8 1156,4 1524,5 956,1 1232,3 1976,7 1302,2 1147,4 1121,7 1686,8 1441,2 2641,4 1806,9 2304,3 1229,4 1284,7 811,8 1346,3

ABRE CAMPO ABRE CAMPO 810,2 1122,1 321,7 2021,1 971,9 1676,7 912,8 1673 1124,4 1041,2 1140,8 1498,5 1242,4 860,7 929,3 1334,3 1022,6 1315,2 1848,9 1076 1380,6 1055,5 1856,1 1245,6 1374,1 694,8 1141,1 1031,2 1233,3 1057,8 1200,5 BARBA CENA USINA BARBACENA 1778,4 1813,9 978,1 1444,7 1702,2 1434,3 1483,3 1056,8 1383,5 1266 1423,1 1640,2 1563,1 1187,4 1356 1456,8 1223 1404,4 1205,6 1349,1 1296,9 1630,2 1888,2 1196,6 1726,6 1246,3 1336,4 1436,6 468,1 1133,3 1383,6 CONGO CONGONHAS - NHAS LINIGRAFO 1505,9 1723,6 668,3 1780,9 1981,1 1542,8 1674 1320,7 1221,7 1092,2 1331 1684,3 1495,3 1185 1592,2 1547,8 1273,7 1535,7 1880 1360,9 1478,8 1484,8 1804,3 1142,1 1792,1 1363,4 1278,9 1098,4 1148 781,8 1425,7 ENTRE RIOS DE MINAS ENTRE RIOS DE MINAS 1542,8 1514,5 587,8 1749,6 1432 1252,5 1349 1644,2 1262 1050,3 1203,9 1575,7 1239,9 1095,4 1132,5 1491 1065,7 1464,8 1748,8 1461,6 1367,6 1575,6 1922,1 1152,2 1546,8 1228,5 1130,6 1101,6 1182,6 769,2 1328,0

MURIAÉ FAZENDA UMBAÚBAS 1330 1762,1 745,6 1957,5 1585,6 1403,1 1842,2 1435 1485 1463,3 1425,5 1678,2 1387,6 1321,6 1242,6 1455,5 1114,4 1466,8 2204,8 2040,5 1825,5 1751 2047,6 1364,3 2005,9 1425,8 1273,7 1451,4 662,1 813,3 1498,9

NOVA LIMA RIO DO PEIXE (MMV) 1875,4 1898,4 541,2 2291,4 1854,8 1568,6 1449,6 1603,1 1734,2 1519,3 3070,5 2497,5 1569,6 1217 1422,1 1532,8 1327,7 1713 2331 1595,8 1723,7 1249,1 1902,6 848,5 1752,8 1553,7 1549,7 1263,8 1659,1 1161,5 1642,6

RIO POMBA USINA ITUERÊ 1814,6 1963,7 679,2 1681,5 1840,8 1403,7 1491,5 1098 1368,1 1155 1001,7 1638,1 1635,9 1330,9 1430,3 1615,6 1304,4 1553,3 2202,2 1215,4 1349,3 1598,3 2350,2 1285,8 1985,3 1411,1 1438 1614,3 1508,5 1161,9 1504,2

SANTA BARBARA SANTA BARBARA 1112,5 1903,1 521,1 1852,9 1884,9 1777,6 1151,1 1274,5 1688,2 1245,2 1365,3 1589 1788 1137 1257,2 1444,2 1323,4 1310 1168,8 401,7 445,7 685,7 2086,6 1066 1705,3 1009,3 1372 1157,4 1237,4 830,7 1293,1

x Falhas

Fonte: ANA/CPRM, 2012.

169

Anexo 3 – Normal Climatológica Mensal

Média Mensal Município Estação Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Acaiaca Acaiaca - Jusante 247,15 158,12 153,54 70,49 31,87 15,84 21,61 24,55 55,07 121,85 208,80 262,74 Bom Jesus Do Galho Bom Jesus Do Galho 206,01 104,94 115,28 62,38 26,45 14,13 15,89 14,59 32,69 111,45 181,67 194,07 Carandaí Carandaí 285,48 201,15 139,17 68,97 35,58 19,41 19,57 21,33 64,65 139,34 218,92 278,03 Desterro Do Melo Desterro Do Melo 294,52 217,27 173,16 91,75 32,29 19,63 21,26 25,73 58,37 145,97 238,79 272,79 Guaraciaba Usina Da Brecha 232,48 146,38 144,23 63,24 31,85 16,92 20,94 19,87 52,55 130,40 195,59 261,97 Mariana Fazenda Paraíso 245,71 142,94 140,48 61,75 29,09 16,58 18,88 22,67 48,82 115,27 191,99 263,32 Piranga Piranga 248,62 155,05 145,77 63,08 29,23 15,69 17,04 21,04 55,48 118,49 196,62 261,63 Porto Firme Porto Firme 240,44 169,22 131,12 62,73 35,78 18,10 21,64 21,71 55,79 135,64 193,66 255,22 Raul Soares Raul Soares 213,11 125,58 117,63 59,15 34,93 14,26 19,04 14,49 35,53 108,65 187,66 234,33 Rio Casca Rio Casca 256,65 132,78 139,43 57,43 39,69 16,78 22,82 20,65 49,47 125,25 203,69 281,64 Abre Campo Abre Campo 230,82 135,75 112,51 43,32 20,56 13,45 19,13 19,32 41,22 128,33 215,64 248,61 Barbacena Usina Barbacena 283,84 199,46 137,76 62,55 41,14 21,34 17,87 24,99 59,08 119,59 202,95 252,83 Congonhas Congonhas - Linigrafo 258,13 182,65 159,61 69,72 27,10 16,18 21,78 16,89 54,92 135,69 205,68 277,29 Entre Rios De Minas Entre Rios De Minas 258,88 180,85 123,38 55,62 27,94 18,87 17,32 22,07 55,32 138,74 180,41 248,64 Muriaé Fazenda Umbaúbas 262,89 186,26 157,65 91,10 44,55 23,63 28,98 26,32 68,67 130,93 240,92 285,98 Nova Lima Rio Do Peixe (Mmv) 305,57 212,25 177,67 74,48 32,28 17,59 17,99 18,30 51,24 153,78 256,75 324,68 Rio Pomba Usina Ituerê 293,28 195,95 173,27 83,30 40,59 23,43 22,13 21,51 65,28 121,25 196,34 267,91 Santa Barbara Santa Barbara 259,27 159,56 132,06 51,72 29,37 14,19 18,16 15,73 44,46 126,15 187,02 266,00

x Falhas Fonte: ANA/CPRM, 2012.

170

Anexo 4 – Anomalias Climatológicas

Precipitação Normal Climatológica Anomalia 1979 1996/97 2008 2011/2012 Média Histórica 61-90 1979 1996/97 2008 2011/2012 Município Estação Jan. Fev. Dez. Jan. Nov. Dez. Dez. Jan. Jan. Fev. Nov. Dez. Jan. Fev. Dez. Jan. Nov. Dez. Dez. Jan. Acaiaca Acaiaca - Jusante 450,7 254,3 361 473,5 345,6 445 424,4 436,8 247,15 158,12 208,80 262,74 203,55 96,18 98,26 226,35 136,8 182,26 161,66 189,65 Bom Jesus Do Galho Bom Jesus Do Galho 255 186,9 222,1 301,7 319,1 309,7 341,1 163,3 206,01 104,94 181,67 194,07 48,99 81,96 28,03 95,69 137,41 115,63 147,03 -42,71 Carandaí Carandaí 418,3 500,1 346,8 477,7 187,1 625,9 497,4 x 285,48 201,15 218,92 278,03 132,82 298,95 68,77 192,22 -31,82 347,87 219,37 x Desterro Do Melo Desterro Do Melo 400,6 533,6 404,3 436,7 238,8 702,3 366,9 436,8 294,52 217,27 238,79 272,79 106,08 316,33 131,51 142,18 0,01 429,51 94,11 142,28 Guaraciaba Usina Da Brecha 423,7 265,2 248,6 484,6 317 575,8 393,6 351,1 232,48 146,38 195,59 261,97 191,22 118,82 -13,37 252,12 121,41 313,83 131,63 118,62 Mariana Fazenda Paraíso 498,1 532,2 363,6 459,2 382,4 509,7 468,9 425,9 245,71 142,94 191,99 263,32 252,39 389,26 100,28 213,49 190,41 246,38 205,58 180,19 Piranga Piranga 491,3 444,5 247,6 451,5 253 528,7 439,7 464,6 248,62 155,05 196,62 261,63 242,68 289,45 -14,03 202,88 56,38 267,07 178,07 215,98 Porto Firme Porto Firme 444,1 455,8 377,2 442 271,6 561 387,5 406,6 240,44 169,22 193,66 255,22 203,66 286,58 121,98 201,56 77,94 305,78 132,28 166,16 Raul Soares Raul Soares 506,6 283,7 208 424,3 266 518,5 335,5 215,2 213,11 125,58 187,66 234,33 293,49 158,12 -26,33 211,19 78,34 284,17 101,17 2,09 Rio Casca Rio Casca 523,3 264,9 307 538,3 363,3 x 452,8 235,6 256,65 132,78 203,69 281,64 266,65 132,12 25,36 281,65 159,61 x 171,16 -21,05

Abre Campo Abre Campo 376,5 542,9 282,7 384,3 461,2 533,2 356,7 340,3 230,82 135,75 215,64 248,61 145,68 407,15 34,09 153,48 245,56 284,59 108,09 109,48 Barbacena Usina Barbacena 318,2 265,2 376,1 498,4 190,7 481,5 494 601,9 283,84 199,46 202,95 252,83 34,36 65,74 123,27 214,56 -12,25 228,67 241,17 318,06 Congonhas Congonhas - Linigrafo 400,6 446,5 343,6 507,8 202,7 415,4 360,5 x 258,13 182,65 205,68 277,29 142,47 263,85 66,31 249,67 -2,98 138,11 83,21 x Entre Rios De Minas Entre Rios De Minas 460,8 425 327,1 541,4 161,5 543,2 393,9 547,6 258,88 180,85 180,41 248,64 201,92 244,15 78,46 282,52 -18,91 294,56 145,26 402,34

Muriaé Fazenda Umbaúbas 412,4 319,6 272,9 422,3 197,2 609,2 389,4 610,2 262,89 186,26 240,92 285,98 149,51 133,34 -13,08 189,41 -43,72 323,22 103,42 347,31 Nova Lima Rio Do Peixe (Mmv) 424 626,4 345,6 471,9 314,1 749,2 557,8 675,4 305,57 212,25 256,75 324,68 118,43 414,15 20,92 166,33 57,35 424,52 233,12 369,83 Rio Pomba Usina Ituerê 511,3 673,3 304,1 445 263,8 580,2 250 407,7 293,28 195,95 196,34 267,91 218,02 477,35 36,19 151,72 67,46 312,29 -17,91 114,42 Santa Barbara Santa Barbara 469,3 568,5 166,7 448,5 263,9 737,7 624,6 400,6 259,27 159,56 187,02 266,00 210,03 408,94 -99,3 189,23 76,88 471,7 358,6 141,33

x Falhas

Fonte: ANA/CPRM, 2012.

171

Anexo 5 – Precipitação no Período das Inundações

Precip. Dias Acum. Estações Ano Mês 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 1979 Jan. 0 1 16 9 33 20,4 21 0 2,1 0 0 4 8,3 0 0 0 0 1 7 55,3 7,1 41 68 7,2 1 9,4 8 8,2 7,2 45 11,1 391,3 1979 Fev. 88,1 52 9,3 17 20,1 85,3 9,4 33,3 2,1 0 0 0 0 25,6 74 14,2 0 0 21 3 21 9,3 5,1 2 0 0 0 0 491,8 1996 Dez. 3 0 0,2 4 9 0 8,2 16,1 34,2 0 0 46,2 35,3 51,3 4 0 4,2 10,4 8 0,3 13 0 2 13,3 12,3 2 0 1 2,4 0 32,3 312,7 Brás Pires 1997 Jan. 34 86,3 68,4 60,2 21,1 53,3 11,4 8,2 0 0 7 11,4 9 15,3 0 4,2 9,2 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 15,4 3,2 427,6 2008 Dez. 0 18 5,6 0,2 0 0,8 0 0 0 0 0 1,7 32,6 4 24,3 45 102 57,4 12 0 0 0 0 0 36,8 2 40 72,5 27,6 0 5 487,5 2011 Dez. 14 33,8 0 1 0 0 11,7 21,9 2,2 22,9 10 20,1 0 0 40,2 40 10 26,2 28,9 9,9 0 36 0 0 0 0 32,2 6,8 60,6 25,6 0,4 454,4 2012 Jan. 18 151,4 57,1 27,5 13,6 0 9,1 42,5 18 27,4 29,2 1,1 0 0 1,8 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 57,4 30,5 2,4 21,2 27 535,4 1979 Jan. 0 13,1 21,8 18,5 48,1 8 9 0 1,7 0 0 1,7 2 9,1 0 0 0 2,3 4 34,5 5,5 47 0,5 1 14,7 18 48 50 4,5 14,5 23,1 400,6 1979 Fev. 121 53 0 3,2 41 40,4 13 14,3 7,3 0 0 0 12,2 20 62 21,6 0 1,3 63 6,1 6,9 47,3 0 0 0 0 0 0 533,6 1996 Dez. 0 64,2 0 0 39,8 4,8 0 1 16,4 0 0 58,6 28 0,2 23,8 0 3 2 11 4 40,2 4,8 2 12 14 30,3 13,2 0 14 0 17 404,3 Desterro do Melo 1997 Jan. 17,5 22,1 42 50,1 20,2 38 6 25,2 5,3 19,8 6,3 0 20 18,1 0 73 8 14,3 0 0 0 8,2 0 0 0 14 0,1 1,4 0 0 27,1 436,7 2008 Dez. 0,4 0 23,6 1,4 0 5,1 1,2 1,3 0 0 0 18 11,7 2,7 30 113,6 117 49 6,7 0 0 0 0 65,8 2 0,5 58,3 55,9 64,2 23,1 50,8 702,3 2011 Dez. 30,4 16,6 3,2 0 0 0 0,4 13,4 9,6 12,7 8,1 0 13,1 0 24,8 42,8 4,4 21,8 22,4 20 0 1,4 0 0 9,1 0 23,3 0 39,5 16 33,9 366,9 2012 Jan. 7,9 56,1 45,4 6,7 17,6 0 11,3 24,6 53,4 42 10,1 0 0 0 3,3 2,8 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 32,1 8,3 50 63,2 436,8 1979 Jan. 0 0 3,1 0,5 3,8 10,4 19,2 2,5 7,2 0 1,4 2,2 10,2 1,2 0 0 30,4 3,7 8,9 79,4 27,2 28,2 20,2 29 38 3,4 11,2 9,3 1,3 48,6 23,2 423,7 1979 Fev. 36 12,4 1,2 0,4 28,8 7 3,6 17,5 0,8 0,4 0 0 6,2 31,6 41,4 9,2 0 0 16,4 10,2 19,2 13,8 9,1 0 0 0 0 0 265,2 1996 Dez. 0 0 0 4,2 0 14 4 12,5 18,4 0 0 13,5 31,5 0,9 33,6 0 13,8 38,6 0 14,5 3,4 0 0 5,3 19,2 6,8 0 0 1,1 0 13,3 248,6 Guaraciaba 1997 Jan. 29,7 36,5 140 82,6 70,8 68,2 0 6,7 0 0 0 4,8 0,2 32 2,1 0 2,4 3 5,6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 484,6 2008 Dez. 0,4 2,7 32,9 8,4 5,2 2,3 0,4 0 0 0 0 2,2 50,4 23,6 37,5 85 91 40 27 0 0 0 5,8 10 19,2 11,2 34,4 47,6 26,9 9,6 2,1 575,8 2011 Dez. 5,6 45 4,2 0,9 0 0 16,5 3,2 1,7 19,2 20,4 2,8 0 2,4 9 38,2 42,3 56,3 10,3 45,7 0 0,8 0 0 0 0 15,5 1,8 50,3 1,5 0 393,6 2012 Jan. 12,5 68,4 82,4 33 5,8 0 9 30,6 7 28,5 0,4 0 0 2,9 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 22,4 6,7 35 6,5 351,1 1979 Jan. 0 6 27,2 17,1 12 15,4 24,4 3 30,4 0 0 3,4 12 0 0 0 1,1 8 4,4 121,4 15,3 55,3 22,2 12,3 2,3 10,2 6,3 18,1 4,1 47,4 12 491,3 1979 Fev. 66,3 56,2 9,1 4,4 29,2 91,1 16,1 10 2,2 0 0 0 4,2 31,3 46,2 14,2 0,2 0 27 4,3 13,3 5,2 14 0 0 0 0 0 444,5 1996 Dez. 0 6,5 0 3,4 1,6 22,3 0 2,6 9,2 0 0 33,2 17,4 9,2 42 0 1,2 30 0 0,4 9 1,4 0,7 18,3 11 4,8 0 0 3,4 1 19 247,6 Piranga 1997 Jan. 7,7 98,3 91,3 66 23,4 62,4 11,1 36,1 0 0 0 0 1 0,9 27,2 19,3 5,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,7 0,6 0 0 0,3 451,5 2008 Dez. 0 0 1,9 2 0 0 0 0 1,2 0 0 10,5 20,3 0,4 19,8 152,8 84,8 56,5 17,9 0,7 0 0 0 0 13,7 0 45,6 51,3 24,5 13,2 11,6 528,7 2011 Dez. 11,2 19,8 0 0 0 2,9 14,5 9 6 15,3 16,3 2,3 0 0,1 39,1 71,3 21,9 36,1 29,6 21,8 0 0 0 0 0 0 19,3 22 62,5 0,5 18,2 439,7 2012 Jan. 17,5 59,4 101,3 11,6 21,5 0,8 16,5 55,6 9,3 17,8 13,3 0 0 0 0 3,4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7,1 47,9 15,2 66,2 0,2 464,6 1979 Jan. 0 4,3 2,2 8,2 12,3 18,2 25 0,2 11 0 7,3 0 0 0 0 0 0 7 0 100,4 15 41 25 29,5 0 0 10 14 12,2 76,1 25,2 444,1 1979 Fev. 20,3 87 18,3 12 30,1 25,3 19 32,2 6,3 0 0 0 1,2 22,2 67 8,1 0 0 54,2 13,3 18,2 12 9,1 0 0 0 0 0 455,8 1996 Dez. 0 0 0 3,7 1,9 46,1 0,8 16,1 9,3 0 0 23,9 6,7 7,2 98 0 41 13 36,2 0,3 23,8 0 0,6 8,6 19,8 1,6 0 1,2 0 0 17,4 377,2 Porto Firme 1997 Jan. 35 101,6 84,2 67 27,4 40 1,8 44,1 0 0 0 9,2 0,2 0,9 2,5 10,6 11,7 5,6 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 442 2008 Dez. 0 7,2 19,3 5,1 5 0,8 0 0 0 0 0 9,1 35,9 9,3 27 114 82 66,8 15,4 0 0 0 0 0,3 19,9 29,7 25,7 44,6 13,6 5,3 25 561 2011 Dez. 13 28,2 0 0,6 0 0 2 14,5 4,6 44,8 20,5 0 0 0 24,7 33,1 25,4 43,2 10,2 37,7 0 0 0 0 0 0 20,8 5,6 48,5 8,1 2 387,5 172

2012 Jan. 17,2 46,6 66,4 12 8,1 1,1 3,3 93,3 6,7 45,2 6,1 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5,5 40,3 4,7 36,3 9,8 406,6 1979 Jan. 0 0 0,1 7,2 17,3 15,5 0,1 27,3 0 0,5 3,5 20 0 0 0 0 0 10 71,4 13,2 54,3 32,5 57,2 12,8 24,7 27 33,5 4,4 52,2 44 86,6 615,3 1979 Fev. 45 5,7 42 36 74,8 45,4 4 0,2 0 0 0 0 41,2 64,5 5 0,7 0 9,5 49,6 29,4 13 0 0 0 12 0 0 0 478 1996 Dez. 0 0 0 0,7 0,3 15 25,4 4,8 6,7 0 0 12,8 8 1 47,3 0 78,3 2,5 3,3 2,8 1 0 15,2 7,8 20,6 14 0 0 2 10,8 1,6 281,9 Ponte Nova 1997 Jan. 21,6 117,5 81,5 70,1 58 52,2 5,8 0 0 0 0 0 1,8 5,3 0 2 6,4 1,2 16,5 0,4 0 0 0 0 0 0 0 0,7 0 0 0 441 2008 Dez. 0 0 9,7 7,3 0,2 0 0 0 0 0 0 8,3 11 18,3 12,3 70 52 38,2 21,2 6,8 0 0 0 3,2 3,7 4,9 79,9 51,1 23,1 7,2 0 428,4 2011 Dez. 8,8 39,8 21,3 0 0 0 19,8 1,5 3,2 18,9 15,3 0 0 0 2,9 35,6 38,2 38 34,5 34,9 0 0 0 0 0 0 1,5 1,7 55,9 4,5 6,7 383 2012 Jan. 18,6 45,8 51,5 36,8 11,2 3,3 13,4 40,8 1,6 24,4 0 0,3 0,3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7,3 12,9 10,8 0 279 1979 Jan. 0 0 7,2 2,8 34,2 17,4 23,2 0 9,4 0 0,9 3,5 7,6 0 0 0 3,1 7,3 1,3 90 6,2 31,6 18,6 8 28,2 2,9 10 6,4 15,4 49,4 14,4 399 1979 Fev. 55,4 61,6 19,2 18,4 23,6 57,2 58,6 9 1,1 0 0 0 0 22,6 49,4 6,6 0 0,3 23,6 9,6 24,8 4,4 27,2 2,6 0 0 0 0 475,2 1996 Dez. 0 1,2 0 6,2 0,8 26,2 0,6 6,8 11,8 0 0 16,8 18,6 9,8 48,6 0 43,4 15 15,6 10,2 7,6 0 0 7,8 14,2 18,2 0 0 0 7,8 44,6 331,8 Viçosa 1997 Jan. 24,6 52,4 85,4 63,4 26,2 44,2 1,8 15,4 0 0 0 8,6 22,6 2,2 6,4 0,2 9,4 1,6 0,6 0 0 0 0 0 0 0 0 1,4 0 0 0 366,4 2008 Dez. 0 0,8 36,7 4,2 3,7 0 0,5 0 0 0 0 7 23,7 13 34 93,4 84,8 73,2 18,5 0 0 0,9 0 0 8,7 19,3 52,6 34,1 10,4 2,2 26,2 547,9 2011 Dez. 11,2 27,8 0 0,5 0 1,2 0,2 9,2 1,1 32,2 28,2 5,5 0 0 9,5 26,7 20,8 16,3 7,6 52,4 0 8,8 0 0 0 0 45,5 5,8 38,9 5,7 1 356,1 2012 Jan. 21,2 43,7 58,7 56,4 12,7 0,7 2,6 52,2 3,2 41,1 5,9 8,1 0 0 0 0 0 0 0,3 0 0 0 0 0 0 0 6,7 26,6 6,4 34,5 87,9 468,9 1979 Jan. 0 4 4,2 1 18,1 17,2 22,6 0 10 0 0 0,6 1,2 1,4 0 0 0 1,3 23,1 47,6 13,9 83,3 23,2 1 36,5 36,7 23,2 25,2 7,6 7,4 8 418,3 1979 Fev. 8,5 17 1,1 5 70,2 21,3 9,1 5 18,7 0 0 0 54,1 20,2 109,5 16,4 0 4,3 29,6 11,2 5,7 89,6 3,6 0 0 0 0 0 500,1

1996 Dez. 0 0 0,9 3,6 14,3 0 0 5,6 4,4 16,8 0 26,3 16,5 3,3 50,6 0 15,7 0 7,6 11,9 3,9 60 0,6 9,3 19,2 7,6 10,7 2,8 27,5 6,6 21,1 346,8 Carandaí 1997 Jan. 26,5 48,7 86 73,1 16,6 52,3 6 31,2 0 17,4 8,6 0 14,4 4,2 0 58,5 18,7 4 0 0,6 4,1 0 0 0,1 0 0 0 1 0 0 5,7 477,7

2008 Dez. 1,1 0 16 1,4 0 0,2 0 0 0,1 0 10,6 17,7 58,5 3,5 10,1 118,5 133 80,2 5,5 5 0 11 0 8,4 12,7 1 13,4 58,2 40,4 1,2 18,2 625,9

2011 Dez. 2,8 54,5 0,1 0,3 0 0 11,3 9,5 27,5 25,5 7,5 0 40 5,7 60 39,3 0,3 8,8 18,6 4,7 18,5 24,7 0,3 0 6,3 0 25,4 15,6 67,6 0,9 21,7 497,4

Carandaí não possui dados de janeiro de 2012

Fonte: ANA/CPRM, 2012.

173

Anexo 6 – Precipitação e Cota Fluviométrica no Período das Inundações

Brás Pires Ano 1979 1996 199 7 2008 2011 2012 cota precip. cota precip. cota precip. cota precip. cota precip. cota precip. cota precip. Mês jan. jan. fev. fev. dez. dez. jan. jan. dez. dez. dez. dez. jan. jan. 1 183 0 481 88,1 153 3 391 34 160,5 0 186 14 334 18 2 182 1 x 52 157 0 540 86,3 167 18 305 33,8 635 151,4 3 273 16 x 9,3 169 0,2 576 68,4 183 5,6 344 0 625 57,1 4 342 9 421 17 180 4 624 60,2 173,5 0,2 316 1 493 27,5 5 434 33 401 20,1 204 9 550 21,1 166 0 297 0 404 13,6 6 382 20,4 x 85,3 205 0 475 53,3 161 0,8 216 0 321 0 7 369 21 x 9,4 211 8,2 530 11,4 157,5 0 235 11,7 294 9,1 8 297 0 467 33,3 211 16,1 362 8,2 155 0 212 21,9 475 42,5 9 255 2,1 463 2,1 248 34,2 282 0 153 0 200 2,2 405 18 10 228 0 x 0 214 0 203 0 150 0 224 22,9 490 27,4 11 213 0 x 0 214 0 203 7 139,5 0 280 10 393,5 29,2 12 210 4 x 0 213 46,2 205 11,4 148 1,7 307 20,1 306 1,1 13 216 8,3 x 0 208 35,3 205 9 153 32,6 287 0 244 0 14 213 0 x 25,6 210 51,3 341 15,3 162 4 273 0 234 0 15 211 0 x 74 215 4 327 0 187 24,3 251 40,2 227 1,8 16 201 0 x 14,2 215 0 421 4,2 475 45 226 40 222 0,2 17 194 0 445 0 214 4,2 538 9,2 102 227 10 216 0 18 195 1 x 0 212 10,4 362 10 655 57,4 210 26,2 207 0 19 196 7 443 21 203 8 311 0 480 12 204 28,9 200 0 20 x 55,3 x 3 197 0,3 282 0 324 0 197 9,9 197 0 21 279 7,1 x 21 289 13 274 0 187 0 190 0 196 0 22 x 41 x 9,3 275 0 267 0 155,5 0 190 36 194 0 23 448 68 x 5,1 250 2 250 0 156 0 190 0 191 0 24 434 7,2 x 2 262 13,3 244 0 143 0 191 0 190 0 25 x 1 x 0 286 12,3 236 0 270 36,8 215 0 190 0 26 x 9,4 x 0 388 2 238 0 368 2 230 0 190 0 27 x 8 x 0 375 0 237 0 404 40 242 32,2 237,5 57,4 28 450 8,2 x 0 347 1 229 0 441 72,5 243 6,8 242 30,5 29 500 7,2 363 2,4 225 0 429 27,6 249 60,6 235 2,4 30 x 45 381 0 223 15,4 405 0 274 25,6 342 21,2 31 x 11,1 387 32,3 278 3,2 377 5 287 0,4 330 27 Precipitação Mensal 391,3 491,8 247 312,7 336 427,6 487,5 242 454,4 305 535,4 174

Piranga Ano 1979 1996 1997 2008 2011 2012 cota precip. cota precip. cota precip. cota precip. cota precip. cota precip. cota precip. Mês jan. jan. fev. fev. dez. dez. jan. jan. dez. dez. dez. dez. jan. jan. 1 120 0 596 66,3 124 0 228 7,7 115 0 209,5 11,2 197 17,5 2 118 6 579 56,2 126 6,5 534 98,3 111,5 0 155,5 19,8 464 59,4 3 156 27,2 458 9,1 134 0 700 91,3 125 1,9 163 0 920 101,3 4 197 17,1 388 4,4 135 3,4 635 66 159 2 165,5 0 x 11,6 5 212 12 394 29,2 138 1,6 570 23,4 129 0 150 0 x 21,5 6 216 15,4 493 91,1 141 22,3 485 62,4 120 0 144 2,9 x 0,8 7 240 24,4 486 16,1 131 0 460 11,1 117 0 134 14,5 x 16,5 8 222 3 466 10 127 2,6 375 36,1 111 0 162 9 x 55,6 9 190 30,4 364 2,2 135 9,2 330 0 122 1,2 166 6 x 9,3 10 155 0 318 0 128 0 295 0 117 0 175,5 15,3 x 17,8 11 140 0 285 0 127 0 284 0 109,5 0 188 16,3 x 13,3 12 137 3,4 270 0 149 33,2 282 0 107 10,5 156,5 2,3 x 0 13 140 12 293 4,2 195 17,4 288 1 157 20,3 149,5 0 x 0 14 137 0 329 31,3 177 9,2 316 0,9 168 0,4 165 0,1 x 0 15 130 0 401 46,2 208 42 280 27,2 168 19,8 283,5 39,1 x 0 16 126 0 501 14,2 209 0 271 19,3 523 152,8 324 71,3 x 3,4 17 124 1,1 403 0,2 165 1,2 395 5,2 860 84,8 287,5 21,9 205 0 18 124 8 304 0 160 30 250 0 640 56,5 214 36,1 197 0 19 124 4,4 385 27 152 0 258 0 485 17,9 225,5 29,6 189 0 20 260 121,4 430 4,3 155 0,4 260 0 425 0,7 251 21,8 184 0 21 270 15,3 346 13,3 152 9 238 0 350 0 205,5 0 182 0 22 380 55,3 443 5,2 152 1,4 240 0 205 0 182 0 175 0 23 525 22,2 489 14 168 0,7 197 0 193 0 172 0 172 0 24 425 12,3 352 0 164 18,3 193 0 195 0 159 0 163,5 0 25 354 2,3 295 0 220 11 188 0 197 13,7 168 0 166,5 0 26 276 10,2 280 0 220 4,8 176 0 191 0 166 0 166 0 27 278 6,3 260 0 208 0 170 0,7 295 45,6 178 19,3 166 7,1 28 318 18,1 259 0 174 0 168 0,6 425 51,3 223 22 221 47,9 29 328 4,1 178 3,4 166 0 372 24,5 284 62,5 216 15,2 30 336 47,4 221 1 164 0 325 13,2 316,5 0,5 346 66,2 31 279 12 178 19 180 0,3 290 11,6 220 18,2 260 0,2 Precipitação Mensal 491,3 444,5 247,6 451,5 528,7 439,7 464,6

175

Porto Firme Ano 1979 1996 1997 2008 2011 2012 cota precip. cota precip. cota precip. cota precip. cota precip. cota precip. cota precip. Mês jan. jan. fev. fev. dez. dez. jan. jan. dez. dez. dez. dez. jan. jan. 1 196 0 496 20,3 141 0 311 35 86 0 195 13 309 17,2 2 190 4,3 x 87 149 0 434 101,6 77 7,2 209,5 28,2 397,5 46,6 3 199 2,2 x 18,3 140 0 x 84,2 85 19,3 201 0 750 66,4 4 272 8,2 x 12 146 3,7 x 67 109 5,1 184,5 0,6 688 12 5 330 12,3 x 30,1 147 1,9 x 27,4 109,5 5 133,5 0 447,5 8,1 6 339 18,2 x 25,3 170 46,1 585 40 78,5 0,8 117,5 0 375,5 1,1 7 338 25 x 19 162 0,8 510 1,8 68 0 112 2 312,5 3,3 8 312 0,2 x 32,2 167 16,1 494 44,1 66,5 0 121 14,5 345 93,3 9 272 11 x 6,3 166 9,3 412 0 66,5 0 137,5 4,6 448 6,7 10 243 0 508 0 150 0 367 0 66,5 0 168 44,8 463 45,2 11 224 7,3 493 0 158 0 328 0 65,5 0 172,5 20,5 475,5 6,1 12 208 0 374 0 161 23,9 385 9,2 71 9,1 159 0 338 4 13 221 0 384 1,2 161 6,7 357 0,2 100 35,9 125 0 278 0 14 208 0 x 22,2 176 7,2 315 0,9 110,5 9,3 124 0 248,5 0 15 203 0 x 67 195 98 313 2,5 117,5 27 161,5 24,7 242,5 0 16 203 0 x 8,1 x 0 268 10,6 356 114 356 33,1 237,5 0 17 200 0 x 0 x 41 380 11,7 670 82 314 25,4 216 0 18 200 7 x 0 x 13 417 5,6 x 66,8 284,5 43,2 204 0 19 201 0 x 54,2 200 36,2 326 0,2 630 15,4 221 10,2 195 0 20 353 100,4 x 13,3 193 0,3 259 0 399 0 275 37,7 189 0 21 344 15 x 18,2 181 23,8 254 0 236 0 227,5 0 183,5 0 22 375 41 x 12 178 0 246 0 221 0 191 0 178,5 0 23 487 25 x 9,1 179 0,6 237 0 195,5 0 162,5 0 171 0 24 517 29,5 x 0 192 8,6 229 0 184 0,3 147,5 0 165,5 0 25 423 0 396 0 x 19,8 x 0 204 19,9 139 0 161 0 26 418 0 377 0 x 1,6 198 0 196 29,7 152 0 155,5 0 27 337 10 363 0 198 0 190 0 211 25,7 184 20,8 150 5,5 28 378 14 349 0 190 1,2 187 0 408 44,6 200 5,6 156 40,3 29 x 12,2 191 0 185 0 441,5 13,6 290 48,5 161 4,7 30 x 76,1 198 0 180 0 395,5 5,3 309 8,1 369 36,3 31 486 25,2 200 17,4 192 0 338,5 25 296 2 352,5 9,8 Precipitação Mensal 444,1 455,8 377,2 442 561 196 387,5 302 406,6

176

Ponte Nova Ano 1979 1996 1997 2008 2011 2012 cota precip. cota precip. cota precip. cota precip. cota precip. cota precip. cota precip. Mês jan. jan. fev. fev. dez. dez. jan. jan. dez. dez. dez. dez. jan. jan. 1 156 0 351 45 143 0 222 21,6 136 0 239 8,8 282,5 18,6 2 152 0 418 5,7 140 0 315 117,5 149 0 235,5 39,8 302,5 45,8 3 147 0,1 519 42 141 0 421 81,5 141,5 9,7 225,5 21,3 460 51,5 4 153 7,2 445 36 151 0,7 520 70,1 175,5 7,3 205,5 0 590 36,8 5 202 17,3 378 74,8 144 0,3 557 58 177 0,2 185,5 0 447,5 11,2 6 235 15,5 411 45,4 157 15 513 52,2 157,5 0 171 0 344,5 3,3 7 234 0,1 475 4 173 25,4 429 5,8 148 0 162,5 19,8 310,5 13,4 8 235 27,3 461 0,2 166 4,8 392 0 143 0 163,5 1,5 307 40,8 9 229 0 396 0 154 6,7 339 0 156 0 177 3,2 346 1,6 10 204 0,5 332 0 162 0 333 0 143 0 194 18,9 383,5 24,4 11 176 3,5 295 0 157 0 251 0 140 0 217,5 15,3 378,5 0 12 168 20 278 0 157 12,8 243 0 149 8,3 201,5 0 337 0,3 13 172 0 269 41,2 190 8 248 1,8 145 11 184 0 279 0,3 14 169 0 296 64,5 213 1 250 5,3 191 18,3 165,5 0 264,5 0 15 163 0 350 5 247 47,3 253 0 195 12,3 174,5 2,9 238,5 0 16 159 0 393 0,7 228 0 249 2 261 70 198,5 35,6 235 0 17 183 0 379 0 234 78,3 248 6,4 406,5 52 251,5 38,2 237 0 18 161 10 341 9,5 235 2,5 297 1,2 x 38,2 320,5 38 225,5 0 19 162 71,4 303 49,6 214 3,3 268 16,5 x 21,2 268 34,5 216,5 0 20 249 13,2 334 29,4 197 2,8 216 0,4 x 6,8 273,5 34,9 210 0 21 284 54,3 385 13 184 1 215 0 x 0 267,5 0 205 0 22 294 32,5 345 0 194 0 204 0 340 0 228,5 0 200 0 23 304 57,2 322 0 185 15,2 195 0 329 0 204 0 199,5 0 24 383 12,8 348 0 182 7,8 199 0 227,5 3,2 194 0 200,5 0 25 353 24,7 307 12 183 20,6 190 0 206 3,7 182,5 0 200 0 26 295 27 267 0 206 14 187 0 231,5 4,9 175 0 198 0 27 261 33,5 250 0 201 0 183 0 241 79,9 192 1,5 198 0 28 266 4,4 255 0 199 0 184 0,7 308,5 51,1 221 1,7 202 7,3 29 268 52,2 197 2 180 0 359 23,1 267 55,9 230 12,9 30 359 44 183 10,8 178 0 354 7,2 282 4,5 282 10,8 31 367 86,6 201 1,6 177 0 313 0 272,5 6,7 295 0 Precipitação Mensal 615,3 478 281,9 441 428,4 383 279

177

Viçosa Ano 1979 1996 1997 2008 2011 2012 cota precip. cota precip. cota precip. cota precip. cota precip. cota precip. cota precip. Mês jan. jan. fev. fev. dez. dez. jan. jan. dez. dez. dez. dez. jan. jan. 1 74 0 245 55,4 38 0 165 24,6 45 0 54 11,2 81 21,2 2 75 0 289 61,6 36 1,2 177 52,4 31,5 0,8 75 27,8 255 43,7 3 69 7,2 237 19,2 35 0 295 85,4 203 36,7 74,5 0 315 58,7 4 67 2,8 241 18,4 38 6,2 315 63,4 155 4,2 51,5 0,5 202,5 56,4 5 116 34,2 236 23,6 38 0,8 251 26,2 70 3,7 46,5 0 150 12,7 6 130 17,4 298 57,2 54 26,2 259 44,2 48 0 58 1,2 127 0,7 7 144 23,2 335 58,6 43 0,6 187 1,8 40 0,5 59,5 0,2 113 2,6 8 134 0 251 9 44 6,8 162 15,4 36,5 0 55,5 9,2 153 52,2 9 90 9,4 206 1,1 51 11,8 129 0 33 0 67 1,1 154 3,2 10 78 0 188 0 71 0 110 0 33,5 0 94,5 32,2 158 41,1 11 70 0,9 169 0 53 0 93 0 29,5 0 90 28,2 134 5,9 12 73 3,5 158 0 58 16,8 88 8,6 37,5 7 68,5 5,5 126 8,1 13 89 7,6 147 0 70 18,6 133 22,6 38,5 23,7 54,5 0 110 0 14 85 0 176 22,6 77 9,8 93 2,2 62 13 46,5 0 100 0 15 76 0 360 49,4 97 48,6 79 6,4 96,5 34 53,5 9,5 90 0 16 70 0 244 6,6 97 0 75 0,2 228 93,4 82 26,7 78 0 17 68 3,1 205 0 138 43,4 75 9,4 328 84,8 90 20,8 78 0 18 75 7,3 166 0,3 146 15 73 1,6 300,5 73,2 87 16,3 76,5 0 19 72 1,3 210 23,6 111 15,6 71 0,6 206 18,5 117,5 7,6 75,5 0,3 20 215 90 241 9,6 117 10,2 68 0 114 0 149 52,4 72,5 0 21 248 6,2 234 24,8 92 7,6 65 0 97 0 95 0 71,5 0 22 212 31,6 199 4,4 75 0 62 0 87,5 0,9 67,5 8,8 76,5 0 23 258 18,6 198 27,2 58 0 60 0 76 0 59 0 73,5 0 24 225 8 170 2,6 56 7,8 59 0 67,5 0 55 0 72,5 0 25 208 28,2 154 0 70 14,2 58 0 67 8,7 51,5 0 73,5 0 26 179 2,9 145 0 73 18,2 56 0 74 19,3 50 0 72,5 0 27 185 10 138 0 74 0 56 0 139 52,6 133 45,5 117,5 6,7 28 162 6,4 136 0 60 0 56 1,4 165,5 34,1 105,5 5,8 114,5 26,6 29 147 15,4 52 0 54 0 149 10,4 136,5 38,9 104 6,4 30 251 49,4 51 7,8 54 0 143,5 2,2 89,5 5,7 112,5 34,5 31 193 14,4 88 44,6 56 0 100,5 26,2 67 1 286 87,9 Precipitação Mensal 133 399 213 475,2 70 331,8 114 366,4 107 547,9 77 356,1 123 468,9 x Falhas Fonte: ANA/CPRM, 2012. 178

Anexo 7 – Precipitação Acumulada e Normal Climatológica

Normal Precipitação Climatológica 1979 1996/97 2008 2011/2012 Município Estação Jan. Fev. Dez. Jan. Dez. Dez. Jan. Jan. Fev. Dez. Carandaí Carandaí 418,3 500,1 346,8 477,7 625,9 497,4 x 285,48 201,15 278,03

Desterro Do Melo Desterro Do Melo 400,6 533,6 404,3 436,7 702,3 366,9 436,8 294,52 217,27 272,79

Guaraciaba Usina Da Brecha 423,7 265,2 248,6 484,6 575,8 393,6 351,1 232,48 146,38 261,97 Piranga Piranga 491,3 444,5 247,6 451,5 528,7 439,7 464,6 248,62 155,05 261,63

Porto Firme Porto Firme 444,1 455,8 377,2 442 561 387,5 406,6 240,44 169,22 255,22 x Falhas

Fonte: ANA/CPRM, 2012.