Anne Dorval Suzanne Clément Antoine Olivier Pilon
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PRÉMIO DO JÚRI FESTIVAL DE CANNES Anne Dorval Antoine Olivier Pilon Suzanne Clément Não há amor como o amor de mãe. escrito & realizado por XAVIER DOLAN DOSSIER DE IMPRENSA MAMÃ SINOPSE Uma mãe solteira viúva com muita garra, dá por si com o fardo de ter a guarda exclusiva do seu filho de 15 anos, que é muito agitado e sofre de Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA). Enquanto ela tenta sustentar ambos e lida com esta situação difícil, Kyla, a nova e peculiar vizinha da frente, oferece-se para a ajudar. Juntos encontram um novo sentido de equilíbrio e a esperança é restaurada. NOTA DO REALIZADOR Desde o meu primeiro filme, falei muito de amor. Falei da adolescência, sequestro e transsexualidade. Falei de Jackson Pollock e dos anos 90, de alienação e homofobia. Os colégios internos, a palavra altamente franco-canadiana “especial”, vacas leiteiras, a cristalização de Stendhal e o Síndrome de Estocolmo. Já falei com muito calão e também com muitos palavrões. Já falei em Inglês, e de vez em quando, também disse muitos disparates, demasiadas vezes. Porque essa é a questão quando “falamos” de coisas, creio eu, é que há quase sempre o risco inevitável de dizer disparates. E por isso decidi falar só daquilo que sei, ou que era – mais ou menos – próximo de mim. Temas que eu julgava conhecer bastante bem ou pelo menos suficientemente, pois eu conhecia a minha própria diferença e o subúrbio onde fui criado. Ou porque sabia como era vasto o meu medo dos outros, e ainda é. Porque sabia as mentiras que contamos a nós mesmos, quando vivemos em segredo, ou o amor inútil que continuamos teimosamente a dar aos ladrões do tempo. Conheço suficientemente estas coisas para querer até falar delas. Mas se há tema, um apenas, sobre o qual sei mais do que qualquer outro, um tema que incondicionalmente me inspira, e que au adoro acima de tudo, seria certamente a minha mãe. E quando digo a minha mãe, creio que me refiro à MÃE em geral, à figura que ela representa. DOSSIER DE IMPRENSA MAMÃ Porque é a ela que eu volto sempre. É ela que eu quero ver vencer a batalha, é para ela que quero inventar problemas, para que ela tenha o mérito de os resolver a todos, é através dela que me coloco questões, é ela que quero ouvir gritar bem alto quando não dissemos nada. É ela que quero que esteja certa quando nós estávamos errados, é ela, haja o que houver, que terá a última palavra. Na época de J’AI TUÉ MA MÈRE, sentia que queria castigar a minha mãe. Apenas cinco anos se passaram desde então e acredito que, através de MAMÃ, agora procuro a vingança dela. Não perguntem. - Xavier Dolan, maio 2014 SOBRE XAVIER DOLAN Nascido em Montréal em 1989, Xavier Dolan começou a carreira como actor em filmes e séries de televisão, e a fazer dobragens. Começou a receber atenção quando a sua primeira longa-metragem, J’AI TUÉ MA MÈRE, onde era também protagonista, conquistou três prémios no âmbito da Quinzena dos Realizadores, no Festival de Cannes 2009. Desde essa altura, J’AI TUÉ MA MÈRE já foi vendido para mais de 30 países, e foi o candidato canadiano ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro. O segundo filme de Dolan, AMORES IMAGINÁRIOS (HEARTBEATS - distribuído por Alambique), estreou na secção Un Certain Regard durante o Festival de Cannes de 2010. A sua terceira longa-metragem, LAURENCE PARA SEMPRE (LAURENCE ANYWAYS - distribuído por Alambique) foi, novamente, seleccionada para a competição do Un Certain Regard, em 2012, onde Suzanne Clément ganhou o prémio para Melhor Actriz pelo seu desempenho electrizante. Além das participações nos seus próprios filmes, Dolan entrou ainda no controverso filme de Pascal Laugier, MARTYRS, GOOD NEIGHBOURS, de Jacob Tierney, e MIRACULUM, de Daniel Grou (Podz). Pode também ser visto ao lado de Bruce Greenwood em ELEPHANT SONG, de Charles Binamé. Em 2013, estreou a sua quarta longa-metragem, o thriller psicológico TOM NA QUINTA (TOM AT THE FARM - distribuído por Alambique), que conquistou o Prémio FIPRESCI no Festival de Veneza. MAMÃ é a última obra do realizador e venceu o Prémio do Júri no Festival de Cannes 2014. DOSSIER DE IMPRENSA MAMÃ EFEITOS VISUAIS Como sempre, quis que os atores fossem o centro de tudo. Tenho um fascínio infinito por eles e estudar a arte de representar, investigar todas as suas formas e estilos, analisar a sua estrutura, refiná-la, compreendê-la é o meu derradeiro objetivo. Desta vez, esperava levar o elenco por um caminho menos “latino”, menos exuberante, do que em LAURENCE PARA SEMPRE, e por um caminho menos cerebral que em AMORES IMAGINÁRIOS. As personagens de MAMÃ não estão a brincar e não sabem expressar os seus sentimentos com a facilidade imodesta com que muitas das minhas personagens anteriores o fizeram. Die, Steve e Kyla não são exibicionistas. Mas são seres altamente exuberantes e coloridos, capazes de transmitir a sua mensagem de forma coerente, em relação ao seu respetivo passado e situação. Para mim, trabalhar com Anne Dorval e Suzanne Clément novamente significava não regressar aos antigos padrões, mas experimentar uns novos. Foi um dos desafios mais emocionantes – e óbvios – do filme; o facto de não serem “reconhecidas”. Quanto a Antoine, ele foi a surpresa, claro. Qualquer realizador gosta de apresentar novos talentos, ou confirmar talentos que já tiveram o seu auge. Para mim, isso é tanto uma paixão quanto um objetivo: trabalhar com grandes artistas e com eles, criar grandes desempenhos, e tentar despoletar grandes emoções. Sinto que a dada altura, o nosso amor por personagens verdadeiras e exatas murchou e foi substituído por papéis tipo “pronto-a-vestir”, para benefício duma eficiência qualquer. Confiscamos os seus apelidos, a sua história, os seus tiques, os seus prazeres que os envergonham, os seus “detalhes”. Despachamos os atores em caixas rotuladas, desde que se encaixem na grande grelha da narração de histórias inteligível e rentável. Mas os seres humanos interessantes – pelo menos os heróis da minha infância – sempre existiram de forma mais concreta e os atores que eu admiro e com os quais adoraria trabalhar, colocam sempre a realidade concreta que conhecem e observaram ao serviço de um filme. E para mim, isso sempre foi típico dos grandes atores: criam personagens, não desempenhos. DOSSIER DE IMPRENSA MAMÃ MAMÃ VS. J’AI TUÉ MA MÈRE Há várias linhas paralelas que podem ser traçadas entre o meu primeiro filme e MAMÃ. Mas apenas à superfície. No que me diz respeito, desde a realização até ao tom, estilo de representação e efeitos visuais, esses dois filmes são dois planetas diferentes. Um desenrola- se através dos olhos de um adolescente caprichoso e o outro aborda as dificuldades de uma mãe. Além da já importante mudança de ponto de vista, eis porque penso que estes dois filmes são intrinsecamente diferentes: J’AI TUÉ MA MÈRE centra-se numa crise da puberdade. MAMÃ, numa crise existencial. Além do mais, não há qualquer interesse em eu fazer o mesmo filme duas vezes. Estou feliz por ter esta oportunidade de regressar a casa através desta dinâmica entre mãe e filho e esse tema sempre fez parte dos meus filmes. Mas estou ainda mais contente com a oportunidade de não só tentar explorar a novidade dentro da minha própria filmografia, mas também de tentar explorar a novidade numa escala mais vasta; a do género de filmes familiares. Porque isso representa a mais emotiva forma de comunicação com o público. A mãe é de onde nós somos, e o filho é quem somos, que nos tornámos. Nunca estamos verdadeiramente descansados com estas preocupações Freudianas, que são uma parte indelével de nós. MÚSICA Acho que a música no cinema alcança uma transação inconsciente com cada pessoa na plateia, incitando-os a envolverem-se no filme através da sua própria história. Dido, Sarah McLachlan, Andrea Bocelli, Céline Dion ou Oasis todos têm uma história com cada cinéfilo; quando por exemplo Wonderwall tocava em 1995, um deles estava a sofrer um desgosto de amor enquanto outro estava sozinho num bar, ou a passar a lua de mel em Playa Del Carmen, ou de regresso do funeral de um amigo. Quando são despoletadas pelo som da música, essas memórias privadas podem então abrir-se e o argumento do filme de repente vai mais longe do que pensámos que iria. Na pacatez de um cinema às escuras, nós vemos o filme, numa união anónima, e acho que isso é inegavelmente lucrativo para qualquer filme. DOSSIER DE IMPRENSA MAMÃ Além disso, a noção de que quase todas as músicas que tocam em MAMÃ provêm de uma cassete gravada que o marido de Die fez antes de morrer e não da minha própria lista de escuta, foi algo novo para mim em termos de sistema cinemático. Lembro-me de Pauline Kael escrever sobre Scorsese e dizer que, no tipo de filmes que ele fazia, as músicas já não tocavam NOS filmes, mas sim DENTRO deles; na rádio, na TV ou em cafés. Há, nesta abordagem diegética, uma forma de envolver o público na verdade autêntica e nua das personagens, de fazê-lo esquecer as ideias e desejos de um realizador. Gosto disso. USAR O 1:1 COMO FORMATO Depois de ter filmado um vídeo musical em 1:1 no ano passado, ocorreu-me que este rácio conferia uma certa emoção e sinceridade únicas. O quadrado perfeito no qual consiste enquadra os rostos com tal simplicidade e parecia ser a estrutura ideal para cenas de “retratos”. Não há distração, nem afetações possíveis num espaço tão restrito. A personagem é o nosso tema principal, não tem como não ser o centro da nossa atenção.