Estudo sobre as regiões de planejamento de ZONA DA MATA

Zona da Mata

A região reúne 2,32 milhões de habitantes, 11,1% da população mineira. Cerca de 81% da população regional vive em áreas urbanas, com destaque para os municípios polos: , , Manhuaçu, Muriaé, , Ubá e Viçosa. A Zona da Mata responde por 8% do PIB mineiro. A distribuição setorial do PIB da Zona da Mata revela a predominância dos serviços (52,7%) em comparação à participação relativa da indústria (19,2%) e da agropecuária (5,8%). A região é responsável por 9,5% dos empregos formais e de 3,2% das exportações totais da economia estadual. Dentre as atividades econômicas desenvolvidas na região, destaque para a produção de suco de fruta natural, café, produtos alimentares, metalurgia-zinco, siderurgia e automóveis.

Organização territorial

Microrregiões: ; Juiz de Fora; Manhuaçu; Muriaé; Ponte Nova; Ubá; e Viçosa.

Municípios: ; ; Além Paraíba; Alto Caparaó; Alto Jequitibá; ; ; Antônio Prado de Minas; ; ; ; ; Barão de Monte Alto; ; ; ; ; Brás Pires; ; ; Canaã; Caparaó; ; Carangola; Cataguases; Chácara; Chalé; ; Cipotânea; Coimbra; ; ; Divinésia; Divino; Dom Silvério; Dona Eusébia; ; Durandé; Ervália; ; ; Eugenópolis; Ewbank da Câmara; ; ; Goianá; Guaraciaba; Guarani; Guarará; ; ; ; ; Juiz de Fora; ; ; Laranjal; Leopoldina; Lima Duarte; ; Manhuaçu; ; ; Maripá de Minas; ; ; Matipó; Mercês; ; Miraí; Muriaé; Olaria; ; Oratórios; Orizânia; Paiva; Palma; Patrocínio de Muriaé; Paula Cândido; ; ; ; Pedro Teixeira; ; ; ; Piranga; ; Piraúba; Ponte Nova; ; Presidente Bernardes; ; ; ; ; Rio Doce; ; Rio Novo; ; Rio Preto; ; Rodeiro; Rosário da Limeira; Santa Bárbara do Monte Verde; ; Santa Margarida; ; ; ; ; Santana do Manhuaçu; Santo Antônio do Aventureiro; Santo Antônio do Grama; Santos Dumont; São Francisco do Glória; São Geraldo; São João do Manhuaçu; São João ; São José do Mantimento; São Miguel do Anta; São Pedro dos ; São Sebastião da ; Sem-Peixe; ; ; ; ; Silveirânia; Simão Pereira; Simonésia; ; ; Tocantins; ; Ubá; Urucânia; ; Viçosa; ; Visconde do Rio Branco; e .

Caracterização socioeconômica da Zona da Mata

A região mineira possui cerca de 2,32 milhões de habitantes em seu território, saldo 6,7% superior ao observado pelo último Censo Demográfico (IBGE/2010). A taxa de alfabetização – percentagem de pessoas que sabem ler e escrever - corresponde a quase totalidade da população local (92,1%).

Gráfico 1: População (em milhões) 2,32 Taxa de alfabetização 2,17 (Censo 2010) 2,15 92,1%

2005 2010 2017

Com uma população bem distribuída segundo o sexo, a maioria dos domicílios se encontram em território urbano.

Sexo - Censo 2010 Situação dos domicílios - Censo 2010

Homens Mulheres Urbana 49,1% 50,9% 80,8% Rural 19,2%

Fonte: elaboração própria com base nos dados do Censo 2010, do IBGE

A razão de dependência, isto é, a participação da população dependente (com 14 anos ou menos e de 65 anos ou mais de idade) em relação à população potencialmente ativa (com idade de 15 a 64 anos) diminui substancialmente no período de 1991 a 2010, na região. Em 2010, essa taxa era de 44,7%. Tal movimento pode ser associado ao comportamento da taxa de fecundidade1.

Gráfico 4: Razão de dependência total (%)

1991 62,0 2000 53,1 2010 44,7

Fonte: Fundação João Pinheiro.

A taxa de fecundidade, tida como o número médio de filhos por mulher durante o período reprodutivo (15 a 49 anos de idade), saiu de 2,8 filhos por mulher em 1991, para 1,8 filho, em 2010.

Gráfico 5: Fecundidade (média de filhos) 1991 2,8 2000 2,2 2010 1,8

Fonte: Fundação João Pinheiro.

Quanto à taxa de envelhecimento, o comportamento da região de planejamento segue o padrão mundial, ou seja, observa-se um aumento da população considerada idosa (65 anos ou mais) em relação à população total. Paralelo a isso, a expectativa de vida da população local contribui para a mudança no padrão etário da região.

Gráfico 6: Envelhecimento (%) Gráfico 7: Expectativa de vida

1991 6,3 1991 66,8

2000 7,7 2000 70,9

2010 9,5 2010 75,2

Fonte: Fundação João Pinheiro.

1 Dados calculados para a região por meio de médias ponderadas pela população do ano de referência de cada indicador.

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) O IDH é um índice que mede o bem-estar de uma população em uma escala de 0 a 1, sendo 1 a melhor avaliação. Em síntese, ele mensura o progresso em longo prazo em três dimensões básicas ao desenvolvimento humano: renda, educação e saúde. O IDH da região da Zona da Mata apresentou evolução de quase 50% no período compreendido entre 1991 e 2010, saltando de 0,481 no início dos anos 1990, para 0,716, em 2010. No gráfico abaixo podemos ver a evolução do IDH em suas três dimensões.

Gráfico 8: Evolução do IDH da Zona da Mata - 1991, 2000 e 2010 IDH: 0,481 IDH: 0,619 IDH: 0,716 0,844 0,785 0,713 0,717 0,596 0,666 0,609 0,454 0,261

1991 2000 2010 IDHM Longevidade IDHM Renda IDHM Educação

Fonte: Fundação João Pinheiro.

Atividade econômica Segundo dados do IBGE, a região da Zona da Mata apresentou, em 2015, um Produto Interno Bruto (PIB) de mais de 41,7 bilhões de reais. A cifra corresponde a quase 45% mais que a riqueza em bens e serviços finais produzidas no território, em 2011.

Gráfico 9: Produto Interno Bruto (Em R$ milhões) 41.738 36.827 39.583 28.851 30.230

2011 2012 2013 2014 2015

Fonte: IBGE | Elaboração: Fecomércio MG

Na região, o setor terciário responde pela maior participação no PIB da região, correspondendo a cerca de 53% da riqueza gerada.

Gráfico 10: Participação do PIB a preços correntes por gênero de atividade - 2015 Adm., saúde e ed. Serviços públicas e seguridade 52,7% social 22,3%

Agropecuária Indústria 5,8% 19,2% Fonte: IBGE | Elaboração: Fecomércio MG

Dentre os 142 municípios que compõem a região, os dez com as maiores participações são: Juiz de Fora, Ubá, Manhuaçu, Muriaé, Cataguases, Viçosa, Ponte Nova, Visconde do Rio Branco, Leopoldina e Santos Dumont. Tabela 1: Ranking dos maiores PIB dos municípios da Zona da Mata Município PIB (em milhões de R$) Juiz de Fora 14.432 Ubá 2.371 Manhuaçu 1.956 Muriaé 1.893 Cataguases 1.415 Viçosa 1.398 Ponte Nova 1.390 Visconde do Rio Branco 991 Leopoldina 975 Santos Dumont 846 Fonte: IBGE Cidades

Já os dez municípios com os menores Produtos Internos Brutos são elencados na tabela abaixo.

Tabela 2: Ranking dos menores PIB dos municípios da Zona da Mata Município PIB (em milhões de R$) Argirita 26 Rio Doce 25 Silveirânia 24 Rochedo de Minas 23 Pedro Teixeira 20 Olaria 20 Senador Cortes 20 Aracitaba 20 Antônio Prado de Minas 20 Paiva 19 Fonte: IBGE Cidades

Composição dos setores econômicos Segundo dados mais recentes da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), a região da Zona da Mata contava, em 2016, com mais de 100 mil estabelecimentos, sendo que grande parte desses (78%) atuavam no setor terciário (comércio e serviços).

Gráfico 11: Quantidade de estabelecimentos na região

109.195 108.798 107.642 106.797 105.649105.146 103.904103.629 100.408 97.874 97.011

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Fonte: Rais | Elaboração: Fecomércio MG Seguindo a característica nacional, a maior parcela desses estabelecimentos é caracterizada como microempresas, segundo metodologia do Sebrae.

Gráfico 12: Representatividade das empresas, segundo o porte 5.484 508 516

100.289 Micro Pequena Média Grande

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Rais/MTE.

No que diz respeito ao número de empregos gerados em cada setor, observamos que o maior saldo de vínculos é atribuído ao comércio e aos serviços. Na tabela abaixo destacamos os vínculos empregatícios, bem como o número de estabelecimentos por setor em 2016. Tabela 3: Estabelecimentos e vínculos ativos, por setor - 2016 Atividade Estabelecimentos Vínculos ativos Indústria 11.003 86.555 Construção Civil 4.375 19.398 Comércio 40.853 96.725 Serviços 42.139 146.182 Agropecuária 426 58.812 Adm. Pública 8.001 18.712 Total 106.797 426.384 Fonte: Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) | Elaboração: Estudos Econômicos

Conforme destacado, os setores da região empregavam cerca de 426 mil pessoas em 2016, sendo que a remuneração média atribuída era de R$1.749,36. Um recorte realizado por porte de empresas aponta que, ainda que um maior número de empresas seja enquadrado como micros e pequenas, o maior número de vínculos, bem como a maior parcela da massa salarial, pode ser atribuído aquelas classificadas como médias e grandes empresas.

Gráficos 13 e 14: Emprego e massa salarial, por porte da empresa

51,8% 48,2% Micro e 39,9% pequena Média e 60,1% grande

Emprego: 426.384 Massa salarial: R$ 745 milhões Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Rais (MTE)

A crise econômica imputou forte retração ao setor produtivo nacional. As empresas da região também sofreram os impactos do cenário adverso. Porém, esses efeitos podem ser observados nos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), segundo o qual, nos últimos três anos, foram encerrados pouco mais de 16 mil postos de trabalho formais. No balanço deste ano (dados até agosto de 2018), 6.618 vagas formais de emprego foram geradas, indicando uma possível recuperação no mercado de trabalho.

Gráfico 15: Movimentação do emprego na região

Admitidos Desligados Saldo

162.472

153.290

139.302

132.260

131.652

131.594

6.618

96.813

666 666 90.195

2015 2016 2017 2018*

9.182 7.650 - - Fonte: Caged | Elaboração: Estudos Econômicos – Fecomércio MG | *dados até agosto/18

Tabela 4: Movimentação do emprego na região, por setor Setor 2015 2016 2017 2018* Indústria -5.536 -2.932 1.140 2.040 Construção Civil -1.836 -1.165 -86 516 Comércio -1.464 -1.805 -38 -1.031 Serviços -74 -1.295 -641 3.400 Agropecuária -14 -355 192 1.599 Total -9.182 -7.650 666 6.618 Fonte: Caged | Elaboração: Estudos Econômicos – Fecomércio MG | *dados até agosto/18

No recorte para o setor do comércio vemos que o mesmo é responsável por cerca de 40% dos estabelecimentos na região, totalizando, em 2016, 40.853 empresas registradas.

Gráfico 16: Número de estabelecimentos no comércio da região da Zona da Mata 2006 41.278 2007 41.384 2008 42.244 2009 43.722 2010 43.019 2011 42.916 2012 42.187 2013 43.651 2014 41.557 2015 42.073 2016 40.853 Fonte: Relação Anual de Informações Sociais (Rais) | Elaboração: Estudos Econômicos

Do total de estabelecimentos no setor, 95,53% são caracterizadas como microempresas, 4,20% como pequenas, 0,22% como médias e 0,18% como grandes empresas. Ainda segundo a Rais, o setor do comércio empregava 96.725 funcionários na região, em 2016, sendo que 87% desses vínculos correspondiam ao varejo, enquanto 13% encontravam-se empregados no segmento atacadista.

Tabela 5: Número de estabelecimentos e vínculos ativos, por subsetor (2016) Atividade Estabelecimentos Vínculos ativos Comércio varejista 34.958 80.520

Comércio atacadista 5.895 12.205 Total 40.853 96.725 Fonte: Rais | Elaboração: Estudos Econômicos – Fecomércio MG

No gráfico abaixo observamos novamente o efeito da crise econômica na passagem de 2014 para 2015, fato que interrompeu o ciclo de expansão do emprego no setor.

Gráfico 17: Vínculos ativos no comércio na região da Zona da Mata 2006 68.192 2007 73.199 2008 78.159 2009 82.149 2010 87.568 2011 91.912 2012 94.089 2013 96.683 2014 99.399 2015 98.825 2016 96.725 Fonte: Relação Anual de Informações Sociais (Rais) | Elaboração: Estudos Econômicos Na distribuição do emprego, 80,3% dos vínculos empregatícios estão concentrados em micros e pequenas empresas, ao passo que 78% da massa salarial advém de vínculos em empresas de tais portes.

Gráficos 18 e 19: Emprego e massa salarial, por porte da empresa, no setor do comércio 78,1% 80,3% 21,9% 19,7% Micro e pequena Média e grande

96.725 empregados Massa salarial: R$ 124,5 milhões Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Rais (MTE) A fim de mensurar a volatilidade do emprego no setor nos últimos anos foram realizados recortes para o setor do comércio e para os subsetores que o compõem. Os dados do Caged nos mostram comportamento semelhante ao observado para o conjunto dos setores produtivos, incorrendo em fechamentos de vagas formais em 2015, 2016 e 2017, e mantendo o padrão até agosto de 2018, data em que o número de encerramentos totalizaram 1.031 vagas.

Gráfico 20: Movimentação do emprego no comércio da região

Admitidos Desligados Saldo

43.819

42.355

37.683

36.619

36.581

35.878

25.612 24.581

2015 2016 2017 38 2018*

-

1.031 1.464 1.805

- - - Fonte: Rais/MTE | Elaboração: Estudos Econômicos – Fecomércio MG | * dados até agosto.

Tabela 6: Movimentação do emprego no comércio Setor 2015 2016 2017 2018* Comércio Varejista -1.459 -1.669 -33 -1.026 Comércio Atacadista -5 -139 -5 -5 Total -1.464 -1.808 -38 -1.031 Fonte: Caged/MTE | Elaboração: Estudos Econômicos – Fecomércio MG.

Perfil do comércio varejista em Minas Gerais: desafios e oportunidades

Este estudo visa captar o perfil das empresas comerciais de Minas Gerais, nos diversos enfoques estruturais: segmento de atuação, número de funcionários, investimentos em inovação, atuação no comércio exterior, dentre outros pontos explicitados no instrumento de coleta anexo. Além disso, busca-se levantar os desafios enfrentados pelo meio empresarial nas diversas regiões de planejamento do Estado, com vistas a subsidiar ações da entidade e dos sindicatos.

O estudo possui como objetivos específicos:

 Conhecer o perfil das empresas do setor do comércio do Estado;  Identificar os desafios enfrentados pelo setor no Estado;  Identificar investimentos realizados, com foco na inovação.

Eventuais dúvidas quanto aos resultados podem ser encaminhadas por meio do e-mail: [email protected].

A) Perfil das empresas

Seguindo o padrão nacional, observamos que a maioria das empresas do comércio varejista da região da Zona da Mata atua no segmento de supermercados e hipermercados, seguida de estabelecimentos do varejo de vestuário.

Gráfico 21: Segmento de atuação

Tecidos, vestuário e calçados 23,4% Supermercados, hipermercados, produtos 22,9% alimentícios, bebidas e fumo Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de 20,0% perfumaria e cosméticos Material de construção 9,0%

Veículos e motocicletas, partes e peças 6,7%

Móveis e eletrodomésticos 6,0%

Outros artigos de uso pessoal e doméstico 5,2% Equipamentos e materiais para escritório, informática 3,0% e de comunicação Livros, jornais, revistas e papelaria 2,2%

Combustíveis e lubrificantes 1,5%

Fonte: Fecomércio MG

Cerca de 73% das empresas atuantes no setor possuem até nove funcionários em seu quadro, o que as caracteriza como microempresas. Além disso, pouco mais de um terço dessas atuam entre 10 e 20 anos no mercado.

Gráfico 22: Quantidade de Gráfico 23: Tempo de atuação funcionários Até 2 anos 0,5% 2,3% 4,4% 24,2% De 2 a 5 anos 9,6% Até 9 De 5 a 10 anos 15,5% De 10 a 49 De 10 a 20 anos 33,7% De 50 a 99 Acima de 100 De 20 a 50 anos 33,2% Acima de 50 anos 3,6% 72,9%

Pouco mais de 80% dos estabelecimentos comerciais declararam ser optantes pelo Simples Nacional, como disposto no gráfico abaixo.

Gráfico 24: A empresa é optante pelo Simples Nacional?

Sim Não Não sabe/não respondeu

B) Caracterização do estabelecimento comercial (operação, estrutura e investimentos)

B.1) Modalidade de pagamento Questionadas acerca da aceitação do cartão de crédito, a maioria das empresas afirmaram aceitar tal modalidade de pagamento. Na opinião de empresários, o fato de não trabalhar com cartões limita o fluxo de negócios da empresa, comprometendo a imagem do estabelecimento junto aos consumidores. Isso não implica em não trabalhar com outras formas de pagamento.

Aceitam cartão de crédito: 92,5%

Não aceitam cartão de crédito: 7,5%

Nesse sentido, segundo percepção das que aceitam cartão de crédito, 87,3% relataram não enfrentar problemas com a administradora da modalidade. Aquelas que enfrentam – 12,4% - apontaram para os seguintes entraves:

Gráfico 25: Problemas enfrentados com administradoras de cartão de crédito

Aluguel da máquina e taxas 45,0%

Problemas técnicos/defeito na máquina 22,5%

Dificuldade de negociação com as administradoras 15,0%

Falta de pagamento 10,0%

Porcentagem das participações sobre as vendas 5,0%

Cobrança indevida 2,5%

B.2) Modalidade de pagamento mais utilizada no estabelecimento Interpeladas quanto à forma de pagamento mais utilizada no estabelecimento, grande parte das empresas indicou a modalidade à vista, em dinheiro, seguida pelo cartão de crédito, parcelado.

Gráfico 26: Forma de pagamento mais utilizada

À vista, em dinheiro 39,4%

Cartão de crédito, parcelado 32,1%

Cartão de crédito, única parcela 15,4%

Boleto/carnê 9,8%

Cheque pré-datado 2,0%

À vista, no débito 1,4%

B.3) Diferenciação de preços Outro ponto da pesquisa no que diz respeito à modalidade de pagamento relaciona-se à concessão de descontos ao consumidor, conforme a modalidade por este utilizada. Com a instituição da Lei 13.455/2017, os comerciantes ficaram autorizados a oferecer preços diferenciados para pagamentos em dinheiro ou cartão de crédito ou débito. O texto permite tal diferenciação e obriga o fornecedor (que optar pela diferenciação) a informar, em local visível ao consumidor, os descontos oferecidos em função do meio e do prazo de pagamento. Caso não cumpra a determinação, o estabelecimento fica sujeito a multas previstas no Código de Defesa do Consumidor. Na avaliação da Fecomércio MG, a diferenciação de preços aumenta a eficiência econômica e possibilita ao empresário e ao consumidor escolher a melhor forma de pagamento. Isso poderá fazer com que as credenciadoras de cartões reduzam as altas taxas cobradas pelos serviços. Outro ponto importante é a minimização do chamado subsídio cruzado: dos clientes que não utilizam o cartão para aqueles que usam esse instrumento. Em outras palavras, o cliente que não pagava com débito ou crédito, ainda assim incorria nos custos dessas transações presentes no preço dos produtos. Agora, com a prática do desconto em dinheiro permitida, ele fará a opção pela modalidade que lhe proporcionar maior custo-benefício. Os resultados da região da Zona da Mata apontaram que 70,8% dos empresários praticam a diferenciação de preços em seu estabelecimento.

Praticam a diferenciação de preços 70,8% Concedem desconto para pagamento à vista, em dinheiro 69,6%

Concedem desconto para 47,4% pagamento à vista, no débito

B.4) Investimentos

No comércio varejista, estar atento às mudanças no mercado torna-se essencial, tendo em vista o ambiente altamente concorrencial e pulverizado. Para garantir competitividade – especialmente em momentos de mudanças no comportamento de um consumidor que tem se tornado cada vez mais exigente quanto às suas escolhas – é imprescindível realizar investimentos e acompanhar as tendências. Nesta abordagem, 91,3% das empresas do comércio varejista da região realizam investimentos.

94,5% Estabelecimentos que realizam investimentos... 5,5%

Indagados acerca de qual tipo de investimento realizam2 em seus estabelecimentos, os empresários elencaram os seguintes tópicos:

Gráfico 27: Áreas dos investimentos

Segurança 76,1% Tecnologia da informação 69,8% Capacitação de funcionários 69,1% Publicidade e propaganda 65,3% Logística 55,4%

Quase 76% dos empresários relataram investir na segurança do seu estabelecimento. Motivo de reclamações e atenção do setor privado, a falta de segurança que hoje acomete não apenas os grandes centros urbanos, tende a afetar o funcionamento do comércio de forma direta ou indireta. Em recente pesquisa realizada pela área de Estudos Econômicos3, da Fecomércio MG, intitulada “Vitimização dos estabelecimentos comerciais”, com estrato para a capital mineira, revelou que mais da metade dos estabelecimentos já sofreu com algum tipo de violência. Em 57,8% das lojas foram constatados furtos de produtos, sendo que em 9,7% essa ação ocorre com frequência. Além disso, em 39% do varejo, o empresário já sofreu algum tipo de crime, seja assalto ou agressão. Com isso, o indicador trazido nessa pesquisa revela que essa realidade se faz presente nos demais municípios do Estado, levando o empresário a destinar recursos para a segurança do estabelecimento, em detrimento de investimentos em qualificação, mix de produtos e inovação, fatores que geram competitividade. O grande número de estabelecimentos comerciais do setor e a baixa diferenciação dos bens e serviços ofertados obrigam o estabelecimento a disputar a preferência do consumidor por meio de ações promocionais e de divulgação da marca, investindo em publicidade e propaganda. Nesse tocante, 65,3% dos empresários da região relataram direcionar recursos a essa área.

2 Questão de múltipla resposta, podendo o empresário elencar mais de uma opção de área. Sendo assim, o percentual não soma 100% na apuração. 3 “Vitimização do Comércio – Varejo de ”. Junho de 2017.

Gráfico 28: Formas de investimento em publicidade

Veiculação em TV e rádio 46,95% 38,93% Divulgação em redes sociais 38,17% 21,76% Divulgação em jornais e revistas 14,50% 3,82% Patrocínio 2,67% 0,76% Eventos 0,76% 0,76% Outros 1,15%

B.5) Atuação no comércio exterior Atualmente, para se tornar competitiva, uma empresa deve constantemente buscar a inovação de seus processos e de sua forma de atuação. Além disso, abrir as portas aos mercados globais gera competitividade e amplia o market share. Nesse sentido, foi explorado na pesquisa a atuação das empresas varejistas da Zona da Mata no comércio exterior. Os resultados apontaram que apenas 5% das empresas atuam nesse nicho, sendo que 80% destas atuam importando bens de outros países. Constatamos, portanto, a ausência de grande parte das empresas no comércio exterior, seja por meio de importações e/ou exportações. Com isso, cabe aqui destacar as impressões de tais empresas, acerca de sua opção por não atuar no mercado externo: 32,68% delas afirmaram que não atuavam pelo fato da empresa ser pequena ou nova no mercado; 22,96% não possuem interesse; 20,23% apontam para o segmento de atuação; 7% para a falta de informação e orientação. Os demais fatores estão elencados no gráfico abaixo.

Gráfico 29: Por que não atua no comércio exterior?

Empresa pequena/nova no mercado 32,68% Não tem interesse/necessidade 22,96% Segmento de atuação/produto 20,23% Falta de informação e orientação 7,00% Burocracia 4,67% Não está apta/não tem capacidade 3,89% Custos (taxas/impostos) 3,50% Filial/rede 3,11% Falta de oportunidade 0,78% Outros 1,17%

Em relação às empresas que atuam no mercado externo, foi questionado quais os principais entraves a estas no comércio internacional. Os principais fatores foram a alta carga de taxas e impostos nas operações e a elevada burocracia.

Entraves nas operações

Logística Taxas/impostos Burocracia (50,0%) (37,5%) (12,5%)

B.6) Inovação Em um ambiente altamente competitivo como o setor do comércio, o diferencial de um estabelecimento pode garantir aos negócios sobrevivência no mercado e sucesso junto aos consumidores. As inovações são capazes de gerar vantagens competitivas em médio e longo prazo, permitindo que as empresas acessem novos mercados, aumentem suas receitas, realizem novas parcerias, adquiram novos conhecimentos e elevem o valor de suas marcas. A inovação tem a capacidade de agregar valor aos produtos comercializados, tornando-se um diferencial, ainda que momentaneamente no ambiente competitivo. No varejo, onde os produtos são praticamente equivalentes entre os ofertantes, aqueles que inovam em produtos, processos ou até mesmo na estrutura do negócio ficam em posição de vantagem em relação aos demais.

Sabendo disso, foram abordados na pesquisa tópicos relacionados ao processo de inovação nos estabelecimentos comerciais. Para introduzir a temática aos empresários, foi questionado se os mesmos acompanhavam as tendências de mercado, ao passo que cerca de 90% afirmaram se atentar a este ponto. Além disso, cerca de 83% afirmaram ter implementado algum processo de inovação em seu estabelecimento nos últimos 12 meses.

Acompanha as • 88,4% tendências?

Inovou? • 83%

Lançou algum produto novo Introduziu alguma mudança Lançou algum processo ou com melhoria relevante? na estrutura organizacional novo ou com melhoria ou de marketing? relevante?

70,8% 48,1% 41,4%

Às empresas que afirmaram não ter implementado nenhum processo de inovação em seu estabelecimento (17%) foi questionado quanto aos motivos para tal comportamento, ao passo que as mesmas elencaram os pontos abaixo:

Gráfico 30: Por quê não inova?

É muito caro 48,0% Falta de informação 10,0% Dificuldade de conseguir recursos/crédito 10,0% Não tem interesse/necessidade 10,0% Empresa pequena/nova no mercado 8,0% Instabilidade econômica/crise 8,0% Não tem recurso/capacidade 4,0% Segmento de atuação/produto 2,0%

A ausência de informação foi um dos principais motivos apontados pelos empresários da região. Apesar da internet constituir-se em uma fonte rica em conteúdo, o excesso de informações contidas no meio, associado à falta de preparo dos empresários em lidar com informações muitas vezes técnicas, acabam inviabilizando seu melhor aproveitamento. Além disso, e intimamente associado à falta de informação, os empresários apontaram para os custos do processo de inovação como inviabilizador de sua implementação. Contudo, existem diversas maneiras de se inovar no varejo. Como o próprio conceito diz, inovação é “explorar com sucesso novas ideias”, independentemente de onde estas serão aplicadas. Com isso, as possibilidades de inovação são vastas dentro de uma empresa do varejo. A própria forma de atendimento, direcionada a cada perfil de cliente, a implementação de novos processos no controle de estoques, são exemplos de ações inovadoras.

C) Efeitos da crise econômica

A crise econômica registrada nos últimos anos foi, sem dúvidas, uma das maiores já registradas na história da economia brasileira. Nesse sentido, a pesquisa contemplou aspectos do período, intentando levantar o impacto sentido pelo comércio varejista da região.

73,3% dos estabelecimentos da região foram afetados pela crise econômica

Os principais impactos sentidos pelos empresários do setor estão elencados na tabela abaixo:

Tabela 7: Impactos da crise no estabelecimento Impacto % Queda na receita de vendas 90,50% Aumento da inadimplência 5,40% Redução do fluxo de clientes 2,70% Corte de investimentos 2,40% Corte de funcionários 2,00% Concorrência 1,40% Cautela do consumidor 1,00% Outros 1,00% Fechamento de pontos comerciais 0,70%

Como podemos observar, o principal impacto refere-se à queda nas receitas de vendas, tópico apontado por cerca de 90,5% dos varejistas. Além disso, o corte de funcionários e o aumento da inadimplência afetaram de forma negativa as empresas da região. Os empresários foram questionados, ainda, sobre qual fator possibilitou a sustentação dos resultados de seus negócios no período da crise. Esses fatores seguem elencados abaixo:

Gráfico 31: Fatores e ações que proporcionaram sustentação da empresa 82,8% 76,8% 64,6% 59,4% 55,4%

Variado mix de Estrutura da loja, Crédito facilitado ao Capacitação Vendas em produtos vitrine cliente constante de comemorativas funcionários

Além das ações apontadas acima, uma pequena fração de empresários (1%) afirmou que a tradição, o atendimento e a marca, foram as bases de sustentação de seus estabelecimentos no período.

D) Entraves ao setor

Elevada carga tributária, instabilidade política e econômica, falta de mão de obra qualificada, entre outros, foram quesitos apontados pelos empresários da região da Zona da Mata como entraves para as atividades do setor varejista. Após a concorrência, seja ela nacional ou internacional, apontada como um fator individual de entrave às atividades empresariais do setor varejista, a alta carga tributária é tida como o principal entrave comum ao comércio. Os pesados custos com tributação, que correspondem a cerca de 40% do faturamento das empresas, não se limitam apenas ao tributo em si. A questão é amplificada, dadas as despesas extras, decorrentes da complexidade e da burocracia para o pagamento de impostos. Além disso, levando em consideração que a maioria das empresas varejistas é de pequeno porte, o impacto no faturamento e, consequentemente na competitividade, é ainda maior.

Gráfico 32: Principais entraves ao setor na região

Alta carga tributária 21,2% 13,2% Concorrência 13,2% 8,2% Economia informal/concorrência desleal 8,0% 7,2% Falta de crédito para giro/investimentos 3,2% 2,7% Inadimplência 2,7% 1,5% Infraestrutura precária 1,0% 1,0% Acompanhar as atualizações do mercado 1,0% 1,0% Outros 1,0% 0,7% Falta de dinheiro/capital de giro 0,5% 0,5% Legislação/burocracia 0,2% 0,2%

O estudo buscou captar também, na avaliação do setor produtivo, quais ações o governo poderia dispender de forma a contribuir positivamente com as operações do dia a dia dos estabelecimentos comerciais. Corroborando o dado apresentado no último gráfico, a carga tributária foi apontada, mais uma vez, com o principal foco de ações.

Gráfico 33: Quais ações governamentais atingiriam positivamente o seu estabelecimento?

Redução da carga tributária 69,29% Crédito acessível para investimentos 4,56% Estabilidade política, menos corrupção 4,56% Combate à informalidade 4,15% Retomada da economia 2,90% Investir em infraestrutura (mobilidade urbana) 2,49% Gerar emprego 2,49% Melhoria nas leis/regulamentação 2,07% Reforma Trabalhista 1,24% Liberação do FGTS 1,24% Fim da guerra fiscal entre Estados 0,83% Retorno de programas sociais 0,41% Outros 3,73%