REDE DOCTUM DE ENSINO

REQUALIFICAÇÃO DE AREAS URBANAS CENTRAIS: PRAÇA DO BAIRRO ALPHAVILLE EM RAUL SOARES-MG

GUILHERME AUGUSTO SANTOS DO CARMO

CARATINGA-MG 2019

GUILHERME AUGUSTO SANTOS DO CARMO

REQUALIFICAÇÃO DE AREAS URBANAS CENTRAIS: PRAÇA DO BAIRRO ALPHAVILLE EM RAUL SOARES-MG

Monografia apresentada à Faculdade Doctum de como parte das exigências de Graduação em Arquitetura e Urbanismo, para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.

Orientador: Prof. Ms. Marine Luiza de Oliveira Matos

Coorientador: Prof. Ms. Bruno Reis Alcântara

CARATINGA-MG 2019

RESUMO

Este Trabalho de conclusão de curso pretende demonstrar a importância de áreas públicas de lazer nas cidades e como as mesmas interferem diretamente no bem estar da população. Entendem-se como requalificação urbana, intervenções realizadas em determinados espaços voltadas à melhoria do mesmo ao qual não está sendo utilizado de acordo com sua função, caso este da praça do bairro Alphaville na cidade de Raul Soares-MG, que através de diversas análises as quais poderão ser observadas, é um local em potencial, porém seu uso não condiz ao meio ao qual está inserido, o que ocasiona a falta uso de identificação dos moradores para com a mesma, tema esse, também tratado nesse artigo.

ABSTRACT

This course conclusion paper aims to demonstrate the importance of public leisure areas in cities and how they directly affect the well-being of the population. Urban requalification is understood as interventions carried out in certain spaces aimed at improving it, which is not being used according to its function, such as the Alphaville neighborhood square in the city of Raul Soares-MG, which, through various analyzes, which may be observed, is a potential place, but its use is not consistent with the environment in which it is inserted, which causes the lack of use of identification of residents to it, which is also addressed in this article.

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Mapas de Raul Soares como cidade; em e no Brasil respectivamente...... 22

Figura 02 - Inauguração Coreto de Raul Soares em 1930 ...... 23

Figura 03 - Vista aérea do loteamento Alphaville destacando a praça em sua área central...... 24

Figura 04 - Avenida principal do bairro Alphaville e sua praça com lixos depositados na mesma...... 25

Figura 05 – Imagem ilustrativa do projeto de iluminação pública, mobiliário e arborização nos calçadões...... 27

Figura 06 – Etapa 01 da intervenção. Travessia elevada para pedestres na Praça da Savassi...... 28

Figura 07 – Etapa 02 da Intervenção. Planta ilustrativa de mudanças no transito realizadas na Praça...... 28

Figura 08 – Levantamento de uso e ocupação do solo da Alameda Ade Grossi em Raul Soares-MG...... 30

Figura 09 – Levantamento arbóreo da Alameda Ade Grossi em Raul Soares-MG. .. 30

Figura 10 – Proposta de requalificação da Alameda Ade Grossi em Raul Soares- MG...... 31

Figura 11- Relação de distancias entre a praça do bairro Alphaville com as mais próximas da cidade de Raul Soares-MG...... 33

Figura 12 – Mapa de gabarito das edificações existentes ao redor da praça do bairro Alphaville em Raul Soares-MG...... 34

Figura 13 – Mapa de tipologia das edificações existentes na região central do bairro Alphaville em Raul Soares-MG...... 35

Figura 14 – Local ao qual seria destinado para uma igreja no bairro Alphaville em Raul Soares-MG...... 36

Figura 15 – Mapa de uso e ocupação do solo da região central do Bairro Alphaville em Raul Soares-MG...... 37

Figura 16 – Mapa de uso e permanência da praça do bairro Alphaville...... 38

Figura 17 – Três espécies de vegetações de grande porte plantadas na Praça do bairro Alphaville...... 39

Figura 18 – Vista da praça do bairro Alphaville com seu mobiliário e arborização.... 39

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. COOPERTRIM - Cooperativa dos Trabalhadores da Indústria Metalúrgica. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. NBR – Norma Brasileira Regulamentadora.

SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO ...... 10 2- EMBASAMENTO CONCEITUAL TEÓRICO ...... 13 2.1. Espaços públicos e requalificação urbana ...... 13 2.2 . Áreas verdes e arborização ...... 15 2.3. Mobiliário urbano e acessibilidade ...... 17 2.4. Leis urbanas, Infraestrutura e gestão publica ...... 19 2.5. Leis Federais e plano diretor...... 19 3- CONTEXTUALIZAÇÃO: RAUL SOARES-MG ...... 21 4- OBRA REFERENCIAL-REQUALIFICAÇÃO DE PRAÇAS PÚBLICAS. 26 4.1. Requalificação da Praça em – MG ...... 26 4.2. Estudo de Requalificação da Alameda Ade Grossi em Raul Soares – MG ...... 29 5– MÉTODOS, ANÁLISES E RESULTADOS...... 32 5.1- Mapa de relação do objeto de estudo para as praças mais próximas da cidade...... 32 5.2- Mapa de gabarito das edificações...... 33 5.3- Mapa de tipologia das edificações...... 34 5.4 Mapa de uso e ocupação do solo...... 36 5.5- Mapa de Fluxo viário...... 37 5.6- Análise de Vegetação...... 38 7- PROPOSTA PROJETUAL ...... 40 8- CONSIDERAÇÕES FINAIS ...... 42 9- REFERENCIAS BIBLIOGRáFICAS ...... 43

1- INTRODUÇÃO Em uma ampla definição, praça pode ser considerado qualquer espaço público urbano livre de edificações e que propicie convivência e/ou recreação para seus usuários. Na história das cidades, todas obtiveram seu desenvolvimento através de um ponto central de convivência no qual através dele se determinava as demais distribuições do espaço. Sendo uma área de recreação, beleza, memorias, contemplação a natureza e qualidade de vida, para uso de todos independente de idade ou classe social as praças comportam de grande influência sobre as cidades e bairros.

Somos seres históricos, sociais e levamos em consideração o contexto em que vivemos. Esses espaços de convivência são necessários para manter a cultura e a história como parte da nossa formação como indivíduos (PRAÇAS, 2016). De certa forma, as praças fazem parte da identidade dos moradores, pois são locais que criam memorias e servem como um ambiente de relaxamento e aproveitamento.

As praças também podem ser classificadas como uma categoria de área verde, quando cumprem a função de espaço público acessível com predomínio de vegetação arbórea, e destinam-se, principalmente ao convívio e ao lazer da população (LIMA et al. 1994; BARGOS; MATIAS, 2011).

No entanto, muitas vezes esses locais estão deixando de serem espaços de convivência e se tornando apenas de circulação, nos quais não há apropriação ou identificação dos moradores, que estão buscando cada vez mais lazeres em locais privados, como por exemplo, shopping centers, parques, zoológicos, etc. Tal falta de apropriação, dá-se por meio desses ambientes não serem projetados levando em conta o que os habitantes necessitam e como os mesmos irão utilizar daquele espaço. Esse fato está muito presente, por exemplo, em novos loteamentos nos quais os proprietários procuram utilizar quase todo o espaço para fonte de renda, gerando certo descaso para infraestrutura e projeto de ambientes propícios de lazer dos futuros moradores.

Esse estudo se desenvolve na cidade de Raul Soares –MG, onde os moradores têm como parte de sua cultura, frequentar praças para meio de 10 recreação; cada bairro possui sua área de lazer, além das praças principais no centro da cidade nas quais concentram grande parte da população por conta de atrativos institucionais, de serviço ou ate mesmo comerciais em seus arredores. Porém, o descaso da administração do município para com alguns desses ambientes também pode ser considerado algo que afeta diretamente na falta de uso da população nesses locais, uma vez que tal desdenho acarreta na falta de manutenção dos mesmos e de suas vias, tornando os locais não habitáveis e de difícil acesso.

Justifica-se esse estudo na necessidade de ambientes adequados para áreas de lazer na cidade de Raul Soares-MG, tanto nas regiões centrais, quanto nos bairros e a importância dos mesmos serem projetados para os moradores de tal local; o projeto deve conter elementos que trazem identificação para os usuários de modo que eles se apropriem do espaço criando laços e memorias, o que faz com que sua cultura se mantenha viva de certa forma toda vez que frequentarem ou passarem por esse ambiente. A opinião pública nesse tipo de projeto social é de extrema importância, uma vez que o uso se dará por meio da própria população.

Essa pesquisa tem como objetivo geral analisar a viabilidade projetual de requalificação da Praça pública do bairro Alphaville na cidade de Raul Soares-MG, inserida na zona da mata do estado de Minas Gerais; um ambiente tomado pelo descaso das gestões da cidade, apresentando todas as problemáticas até então destacadas. Tendo como objetivos específicos:

1. Mapear o espaço público da cidade de Raul Soares – MG e estabelecer a relação das demais áreas públicas de convivência com a do bairro Alphaville; 2. Analisar o perfil dos usuários da praça do bairro Alphaville em Raul Soares –MG em busca do diagnóstico das necessidades dos mesmos em relação à área; 3. Analisar e realizar uma proposta para viabilização e requalificação de um espaço público de lazer para o bairro Alphaville em Raul Soares - MG.

Os métodos utilizados na construção dessa pesquisa se deram por meio de: 11

 Embasamento conceitual teórico em fontes pertinentes a respeito de requalificações e processos de urbanização;  Realizar um levantamento fotográfico, confecção de mapas com demonstração de análises das distancias entre os pontos públicos de lazer da cidade, e como os mesmos podem se relacionar;  Diagnostico visual e visita em campo;  Analise de leis municipais e estaduais tais como código de obras, plano diretor, zoneamento municipal, código , entre outros.

A primeira etapa se desenvolve a partir da análise dos mapas e distancias entre as praças principais dos bairros e suas correlações, a fim de mostrar como as mesmas podem se interligar, beneficiando assim os moradores e formando um correto desenho urbano.

A segunda etapa se dá por meio de visita em campo coletando informações dos moradores em relação à praça tendo como ponto principal as necessidades dos mesmos quanto à questão de identificação com o ambiente.

E por fim, a terceira etapa consiste em através de todas as informações obtidas com as etapas citadas acima, a elaboração de um projeto de requalificação da praça do bairro, em busca da criação de um ambiente em que os moradores possam usufruir, contando com boa infraestrutura e área de lazer.

Espera-se como resultado desse trabalho de conclusão de curso ressaltar a importância de um adequado projeto urbano destacando a participação popular como um dos pontos principais para qualquer tipo de projeto social que envolva apropriação e identificação da população, além do fornecimento de um material consistente de estudo sobre o tema e a cidade de Raul Soares-MG que poderá servir de respaldo e embasamento para estudos futuros.

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2- EMBASAMENTO CONCEITUAL TEÓRICO

Este capítulo apresenta a analise das principais citações de bibliografias retiradas de livros, artigos e dissertações de autores que fundamentam essa dissertação. São renomados arquitetos, urbanistas, escritores e paisagistas que desenvolveram suas teses baseados em estudos das cidades e da paisagem urbana se tratando de espaços públicos voltados para a população; composta pelos tópicos:

2.1. Espaços públicos e requalificação urbana

Como definição conceitual de espaços livres de uso público temos: praças, bosques, áreas verdes, áreas de lazer e similares. Tais espaços constituem de extrema importância para melhoria da qualidade de vida urbana, possuindo também função ecológica. Para Nucci, (2001), áreas verdes e espaços livres não são a mesma coisa, uma vez que as áreas verdes compõem de uma categoria do espaço livre.

O uso do espaço público foi se modificando ao longo dos séculos a partir de mudanças sociais, econômicas e espaciais. A rua, outrora espaço de socialização e brincadeira, foi tornando-se espaço de perigo, principalmente para as crianças. No século XX foram criadas as praças e os parques públicos como alternativas de lazer e locais de brincadeira (OLIVEIRA, 2004). Tais áreas passaram a ser vistas como pontos principais de encontros para famílias e amigos, o que faz com que as mesmas se tornem ponto focal de uma cidade.

A escolha/preferência por um dado espaço em detrimento de outro está relacionada aos atributos ambientais (espacial, físico e social) oferecidos e percebidos por seus usuários. (MIN E LEE, 2006). Tal dado mostra como esses atributos causam influencia na forma como o espaço virá a ser utilizado quanto à frequência e variedade de comportamentos dos utilizadores do ambiente. Existem diversas praças praticamente abandonadas que perderam sua utilidade pública uma vez que não estão sendo mantidas suas devidas manutenções e acabam sendo vítimas do descaso com sua conservação fazendo com que não sejam utilizadas.

Para Mesquita, (2000) devido sua extrema importância, as praças como pequenos espaços na malha urbana deveriam ter suas funções protegidas por lei, 13 inclusive com relação à manutenção do seu entorno com edificações de até um ou, no máximo, dois pavimentos, por questões de escala e proporção, uma vez que, as mesmas acabam se perdendo em meio a tantos arranha-céus existentes nas cidades.

O arquiteto Jan Gehl cita em grande parte de suas obras o quanto é imprescindível que as cidades sejam construídas mais voltada para as pessoas, uma vez que quando um local é pouco propicio as pessoas, as mesmas tendem a utiliza-lo apenas para atividades necessárias, enquanto quando são projetadas de acordo com os utilitários com funcionalidade e qualidade a tendência é que as pessoas passem mais tempo naquele local, assim como aumentar o número de utilitários. Diversas atividades podem ser desenvolvidas em áreas públicas, e para isso são necessários espaços livres apropriados e distribuídos pelos bairros nas cidades, atingindo assim, um maior número de usuários.

Além das citadas vantagens em se obter um adequado espaço público e sua importância para as cidades, é nesse espaço onde se encontra diversos tipos de pessoas; tal encontro auxilia em troca de experiências de distintas personalidades, o que auxilia na criação de conexões sociais e urbanas entre pessoas. Tratando-se ainda quanto a necessidade de apropriação publica urbana é valido citar a definição de praça expressa por Robba e Macedo (2002) como “espaços livres públicos urbanos destinados ao lazer e ao convívio da população, acessíveis aos cidadãos e livres de veículos”. Uma vez que tais espaços não estejam cumprindo seu devido papel, é necessário que sejam analisadas possíveis intervenções para que os mesmos passem a despertar maior interesse da população.

Os termos reabilitação urbana e requalificação urbana correspondem a uma fórmula que se difundiu de forma ampla, sobretudo com a multiplicação das intervenções nos chamados centros históricos ou nas zonas desprezadas ou maltratadas pelo processo de urbanização e que, extravasando esse contexto, acabou por ser convencionada e partilhada por aqueles que desenvolvem a sua atividade neste domínio. Usadas muitas vezes de forma acrítica e indiferenciada, relativamente a outros termos que se difundiram com uma nova sintaxe que acompanhou o protagonismo crescente dos centros históricos e de áreas urbanas

14 negligenciadas, entretanto reconvertidas para novos usos, tem-se vindo a assistir a uma progressiva conceitualização e operacionalização dos termos, quer em domínios técnicos, quer em domínios científicos. (AGUIAR ET AL., 1997)

Basicamente, o termo requalificação trata-se de uma melhoria em determinado espaço no qual seu uso não esteja de acordo, promovendo a melhoria na qualidade de vida e lazer dos usuários. Para realizar uma requalificação são necessários diversos estudos e análises do local a qual será imposto tal proposta a fim de obter conteúdos os quais auxiliarão na reestruturação do espaço urbano sem retirar a importância do próprio patrimônio como elemento da composição urbana.

Conceber um programa de requalificação que seja efetivo no objetivo de ampliar o convívio social em espaços públicos, requer discussão junto aos cidadãos de forma que o projeto não se limite à criação de espaços espetaculosos e seja, de fato, uma resposta urbanística aos desejos da coletividade. (PRISMA, 2012)

A mudança de determinado espaço para melhor atribui-se a mudanças sociais positivas, onde para Souza, (2002) tal mudança social precisa contemplar não apenas as relações sociais, mas, igualmente, a espacialidade.

2.2 . Áreas verdes e arborização

Segundo NUCCI, 2003, áreas verdes, definem-se como um tipo especial de espaço livre, onde o fundamental elemento de composição é a vegetação, satisfazendo três objetivos principais que são: ambiental, estético e lazer; aponta ainda alguns critérios para essas áreas, tais como:

Devem ser ocupados pelo menos, 70% da área verde em solo permeável e vegetação; servindo à população e propiciando uso e condições para recreação. Não devem ser consideradas áreas verdes: canteiros, jardins de ornamentação, arborização e rotatórias, mas sim, "verde de acompanhamento viário", que juntamente com calçadas pertencem à categoria de espaços construídos e de integração urbana. (NUCCI,2003)

Esses espaços desempenham um papel de extrema importância na qualidade das cidades, as mesmas equilibram o meio ambiente em si e o espaço modificado. Além do próprio equilíbrio tais áreas podem oferecer um diferenciado ornamental e plasticidade ao meio urbano que por muitas vezes anda devastado diante da deterioração das cidades. 15

A qualidade de vida urbana está interligada diretamente a diversos fatores que estão reunidos na infraestrutura, no desenvolvimento econômico-social e a questão ambiental. O ambiente se constitui elemento de extrema importancia para o bem-estar da população, pois influencia diretamente na saúde física e mental da população. (LOBODA, 2003 p.20)

Tais áreas são uma das variáveis integrantes da estrutura urbana e a preservação das mesmas está relacionada com sua integração na dinâmica da cidade e seu uso, que são reflexos das ações humanas e estão vinculadas ao processo histórico, o que traduz na atenção do poder público no que diz à implantação e manutenção desses espaços na malha urbana (LIMA, 2006). Com o acelerado processo de expansão urbana é evidente a carência de planejamento físico, que reflete diretamente na falta de adequados projetos de áreas verdes, que devem ser feitos baseados seguindo normas por leis estabelecidas.

A arborização urbana traz muitos benefícios para a população da cidade, destacando-se, entre eles, os benefícios estéticos (cores, texturas e formas, que quebram a monotonia e suavizam linhas arquitetônicas, constituindo uma harmonia paisagística, no espaço urbano); traz melhorias climáticas e ambientais (melhora o microclima, equilibrando a temperatura, graças à sombra e a evapotranspiração, reduz os níveis de poluição do ar e da poluição sonora, além de ser atração para a avifauna). Sem falar nos efeitos psicológicos (antiestresse), fisiológicos, econômicos (agregando valor às propriedades) e sociais. (CABRAL, 2007). Sendo assim, notam- se inúmeros ganhos tanto para a cidade quanto para os moradores que uma correta arborização de ambientes pode gerar, destacando o bem-estar dos usuários que deve ser levado em consideração em primeiro lugar.

Se observarmos as paisagens urbanas, veremos que ela está se modificando gradualmente, com nuances esverdeadas que vão envolvendo e bordando nossas cidades, tornando-se agradável ao olhar, devolvendo-nos o prazer de nelas habitar. Estas transformações são frutos do trabalho da área do paisagismo, que se faz através da recuperação e conservação de praças, parques e jardins e do estímulo da criação de mais espaços destinados à implantação de novas áreas verdes (GATTO; PAIVA; GONÇALVES, 2002)

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Um projeto paisagístico para uma praça é muito importante, pois o mesmo além de função estética estabelece um diferente olhar para o ambiente, onde se visa buscar bem-estar psicológico para os usuários através de seus elementos. Para Burle Marx (1994), o jardim é uma adequação do meio ecológico ás exigências naturais da civilização. Tal conceito exprime a ideia de que a paisagem está relacionada com a evolução histórica.

Burle Marx, coloca em seus jardins, além da natureza, elementos que dão efeitos estéticos, fugindo do tédio, oferecendo ao olhar um espaço relativamente autônomo, de um conjunto formador de uma paisagem. Pode-se afirmar sem exagero que o jardim, paisagem construída, está ligado a história dos ideais éticos e estéticos de cada época (LEENHARDT, 2006).

A ausência de vegetação em áreas urbanas, em especial de porte arbóreo, pode afetar o microclima, estando estes ambientes mais sujeitos à ocorrência de ilhas de calor. Nestas áreas urbanizadas a temperatura é maior e a umidade relativa do ar é menor do que nas áreas rurais circunvizinhas (SANT’ANNA NETO, 2000)

A arborização é essencial a qualquer planejamento urbano e tem funções importantíssimas como: propiciar sombra, purificar o ar, atrair aves, diminuir a poluição sonora, visual e do ar, constituir fator estético e paisagístico, diminuir o impacto das chuvas, entre outros. (SANTOS, 2001). Atualmente nota-se que boa parte da população tem se preocupado com questões ambientais e com a qualidade de vida nas cidades, assim, a arborização urbana possui grande relevância o que faz com que a gestão urbana tome partido e elabore meios de conservação, manutenção e implantação das mesmas.

2.3. Mobiliário urbano e acessibilidade Segundo Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1966), mobiliários urbanos são todos os objetos elementos e pequenas construções integrantes da paisagem urbana de natureza utilitária ou não, implantados mediante autorização do poder publico em espaços públicos e privados. O mobiliário urbano complementa o espaço público e projeta-lo significa pensar em equipamentos bem resolvidos no projeto e como o mesmo pode colaborar para a melhoria do espaço comum, organização, além de poderem criar uma identidade visual para o ambiente. 17

Tais objetos enquadram-se, por exemplo, semáforos, paradas de ônibus, postes de sinalização e de iluminação, cabines telefônicas, lixeiras e bancos, etc. (JOHN, 2010)

Montenegro, (2005) relata que o mobiliário auxilia na preferencia das pessoas pelo espaço publico, ao relacionar-se com os elementos de entorno e ao ser projetado para atender determinadas funções, influenciando na percepção dos indivíduos sobre determinado espaço. Sendo assim, é necessário que a disposição do mobiliário tenha certa relação com a estética urbana e que ele esteja de acordo com os demais elementos constituintes pela paisagem.

Muitas vezes, o mobiliário urbano é implantado sem considerar as características das edificações, gerando incompatibilidades formais, e sem considerar a funcionalidade dos espaços, prejudicando o uso (LONDON, 2000). Atualmente há em algumas legislações de cidades brasileiras a abordagem do mobiliário urbano e sua relação com o entorno, porem essas leis não entram em critérios específicos com relação a característica dos mobiliários direcionadas a satisfação dos usuários dos espaços, o que faz com que isso não seja respeitado, e em alguns casos nem mesmo sua relação com a paisagem urbana. Grande parte dos mobiliários geralmente são escolhidos por meio de catálogos de empresas fornecedoras, o que ocasiona total incompatibilidade com as necessidades do ambiente e sem relação alguma com o entorno. Portanto, nota-se que a escolha do mobiliário baseada na qualidade visual da paisagem e do entorno e no uso do espaço sob a ótica dos usuários, obtém-se mais sucesso quando o resultado esperado é que o espaço seja mais bem aproveitado.

Outro aspecto de extrema importância quando se trata em qualidade de espaços públicos é a acessibilidade. De acordo com dados do IBGE, (2010) hoje no Brasil cerca de 6,2% da população possui algum tipo de deficiência, e essa parte da população enfrentam dificuldades diárias em relação a acessibilidade em diversos ambientes, incluindo espaços públicos.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio de sua norma 9050 cria parâmetros técnicos a serem observados quanto ao projeto, construção, instalação e adaptação do meio urbano e rural, e de edificações às condições de 18 acessibilidade. (NBR 9050, 2015). Tal normal visa propor com segurança a utilização dos espaços ao maior número de usuários possíveis, independente de idade, condição física ou qualquer tipo de limitação.

A melhor maneira de ajudar a diminuir as distancias entre os portadores de necessidades especiais e seu direito constitucional de ir e vir é divulgar e incentivar a implantação de um desenho universal, com o comprometimento público e da iniciativa privada. (PUPO, 2005). Ao se criar novos espaços, ou até mesmo requalificar alguns já existentes, deve-se pensar que esses locais não serão utilizados somente por pessoas que gozam de boa saúde e perfeição física, então esses espaços devem promover inclusão, e um ótimo meio de que esse exercício seja realizado é propor um ambiente em que todos possam ter acesso independentes de suas habilidades e capacidades.

2.4. Leis urbanas, Infraestrutura e gestão publica Como método de estabelecer diretrizes para o desenvolvimento urbano foram criadas diversas leis, federais, regionais e municipais com o objetivo de gerar qualidade de vida a todos visando conceitos de infraestrutura, sociais, ambientais, urbanísticos, entre outros. Sua utilização garante que futuros projetos sejam feitos adequadamente e aprovados visando suas regras.

2.5. Leis Federais e plano diretor. Na ausência de leis municipais que formam diretrizes para parâmetros de parcelamento do solo, temos a Lei Federal nº 6.766 de 19 de dezembro de 1979, trata-se da regulamentação de parcelamento do solo urbano para execução de loteamentos, conforme cita em seu artigo 2º:

Art. 2º. O parcelamento do solo urbano poderá ser feito mediante loteamento ou desmembramento, observadas as disposições desta Lei e as das legislações estaduais e municipais pertinentes.

Os loteamentos ainda devem atender a alguns requisitos, dentre eles, citado em seu capítulo 4 Inc. I:

I - as áreas destinadas a sistemas de circulação, a implantação de equipamento urbano e comunitário, bem como a espaços livres de uso 19

público, serão proporcionais à densidade de ocupação prevista pelo plano diretor ou aprovada por lei municipal para a zona em que se situem.

Segundo lei Federal nº 6.766/79 de parcelamento do solo, todos os loteamentos devem garantir uma área destinada a equipamentos públicos acerca de 35% em relação a densidade populacional

A lei nº 9.785/99 complementa a lei nº6766/79 se tratando de regulamentos para expansão urbana, porém em seu artigo 4ª Inc. I retira o parâmetro de 35% deixando apenas a proporção em relação a densidade populacional de cada cidade.

"I - as áreas destinadas a sistemas de circulação, a implantação de equipamento urbano e comunitário, bem como a espaços livres de uso público, serão proporcionais à densidade de ocupação prevista pelo plano diretor ou aprovada por lei municipal para a zona em que se situem." (NR)

Nota-se diversos questionamentos de investidores quanto a necessidade de reserva dessas áreas ao se projetar loteamentos, chamadas de áreas institucionais, que muitas vezes sequer possuem projeto, o que as tornam áreas sem uso. Para Carvalho (1999), referente as disposições da lei, ocorriam diversos problemas uma vez que os loteamentos eram definidos por matricula de gleba a qual será loteada, o que implica desigual distribuição do espaço público. Ora também, as áreas públicas são definidas de acordo com o desenho urbano do

O plano diretor é uma lei regulamentada pelo poder executivo do município, a prefeitura, e aprovada pelo poder legislativo, câmara dos vereadores, na qual estabelece regras e parâmetros para diretrizes urbanas e o desenvolvimento da cidade, como ordenação do uso e ocupação do solo, seu parcelamento, o disciplinamento das edificações, bem como as medidas de atendimento das necessidades de educação, saúde e higiene, habitação e transporte, principalmente para a população de baixa renda, promovendo qualidade de vida a todos os cidadãos,

Em outras palavras, Villaca (1999) define o plano diretor como um plano que, a partir de um diagnóstico científico da realidade física, social, econômica, política e administrativa da cidade, do município e de sua região, apresentaria um conjunto de

20 propostas para o futuro desenvolvimento socioeconômico e futura organização espacial dos usos do solo urbano, das redes de infraestrutura e de elementos fundamentais da estrutura urbana, para a cidade e para o município, propostas estas definidas para curto, médio e longo prazos, e aprovadas por lei municipal. Para todos e quaisquer projetos a serem desenvolvidos para um município deve ser consultado o plano diretor municipal a fim de que os mesmo de diretrizes para elaboração e execução de projetos com responsabilidade social e ambiental.

3- CONTEXTUALIZAÇÃO: RAUL SOARES-MG

Este capítulo apresenta a cidade de Raul Soares- MG e o objeto de estudo, Praça do bairro Alphaville, quanto à geografia, historia, desenvolvimento e análises locais e sociais.

Segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, (IBGE) 2017, o município de Raul Soares possui população em cerca de 23.814 habitantes, está localizada na Zona da Mata Mineira, a leste do estado; possui uma área de 765,89 km², limita-se com os municípios de São Pedro dos , Abre-Campo, Capotara, , Santa Bárbara do Leste, Caratinga, e Córrego Novo e está distante 219 km da capital, Belo Horizonte podendo ser acessado pelas rodovias BR 262 e MG 329.

No início, a povoação chamou-se São Sebastião de Entre Rios e foi ainda com esse nome que passou a distrito, pela Lei do município de , número 146, de 3 de fevereiro de 1902. Em 1911 pertencia ao município de . Pela Lei estadual nº 843, de 7 de setembro de 1923, o distrito de São Sebastião de Entre Rios foi desmembrado de Rio Casca, com a sede distrital elevada à categoria de vila, passando a integrar o município de Matipó. A Lei estadual nº 862, de 19 de setembro de 1924, alterou para Raul Soares o topônimo. (IBGE, 2017)

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Figura 01 – Mapas de Raul Soares como cidade; em Minas Gerais e no Brasil, respectivamente.

Fonte: Arquivo desenvolvido pelo autor através de imagens do IBGE, 2017.

A cidade é conhecida por alguns de seus belos atrativos turísticos, e a região está situada entre picos rochosos e serras nas quais dentre elas se destacam o Pico do Boachá e a Represa do Emboque. Dentre tantos, o município foi sede da Industrial São Sebastião SA, atualmente COOPERTRIM - Cooperativa dos Trabalhadores da Indústria Metalúrgica de Raul Soares, fabricante das ferramentas Tarza, consideradas uma das mais antigas e melhores marcas do gênero do país. Também possui expressiva produção de café, que é exportado para vários países.

Desde a emancipação de Raul Soares, todos os eventos públicos da cidade são realizados na praça ao centro da cidade, eventos esses que vão desde comícios políticos até shows de entretenimento (Fig.02). Atualmente um dos acontecimentos que mais movem a economia de cidade durante seu período é o carnaval, o mesmo é realizado tradicionalmente no centro da cidade, mais especificamente nas praças. Dentre tantos, é notável a importância desses espaços públicos no município, uma vez que os mesmos auxiliam no lazer dos moradores da cidade.

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Figura 02 - Inauguração Coreto de Raul Soares em 1930.

Fonte: Blog Fotos antigas de Raul Soares, 2017.

O Plano diretor da cidade de Raul Soares-MG em seu artigo 19 cita:

Art. 19 - A legislação de parcelamento definirá as exigências relativas aos parâmetros urbanísticos referentes às dimensões dos lotes, vias e áreas de equipamentos públicos, a serem adotadas nos novos parcelamentos, impedindo a ocupação das áreas de risco geológico efetivo ou potencial, de modo a garantir a habitabilidade das novas áreas urbanas;

Em seu inciso II estabelece ainda, que em novos loteamentos sejam garantidos reservas de espaços destinados a recreação, esporte e lazer, com regulamentações específicas para cada área. Tratando das leis de uso e ocupação do solo, obtém-se o Artigo 23 do Plano diretor no qual determina diretrizes e categorias de uso quanto a residencial, comercial, misto ou industrial e suas distribuições entre zonas.

O objeto de estudo em questão é a praça principal do Bairro Alphaville em Raul Soares-MG, (Fig.03). Loteamento relativamente novo na cidade e que atualmente carece de infraestrutura adequada voltada para a população;

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Figura 03 – Vista aérea do loteamento Alphaville destacando a praça em sua área central.

Fonte: Google Earth, 2019.

É notória a falta de apropriação do espaço uma vez que, há ausência de arborização, mobiliário adequado, iluminação e atrativos para os moradores, transformando o espaço em um local não bem aproveitado no bairro, dado seu potencial sendo uma região central, o que acarreta com que o espaço se torne até muitas vezes deposito de lixo residencial para a população (Fig.04).

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Figura 04- Avenida principal do bairro Alphaville e sua praça com lixos depositados na mesma

Fonte: Guilherme A. S. Carmo, 2019

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4- OBRA REFERENCIAL - REQUALIFICAÇÃO DE PRAÇAS PÚBLICAS.

Este capítulo apresenta projetos de requalificação de áreas centrais urbanas, sendo um concretizado na cidade de Belo Horizonte – MG, e outro referente a um estudo desenvolvido na cidade de Raul Soares – MG; ambos apresentam e exemplificam os processos nos quais um projeto de requalificação deve passar, bem como os benefícios trazidos pelo mesmo.

4.1. Requalificação da Praça Diogo de Vasconcelos em Belo Horizonte – MG A Praça Diogo de Vasconcelos, conhecida como Praça de Savassi em Belo Horizonte – MG, no ano de 2012 passou por um processo de requalificação, tendo como ponto principal um projeto no qual houvesse privilégios para os pedestres. Tal requalificação gerou diversas melhorias urbanísticas e os resultados foram satisfatórios para a cidade.

Belo Horizonte possui uma área de cerca de 330 km² e aproximadamente 2,4 milhões de habitantes (censo IBGE 2010), é a 6ª cidade mais populosa do país e o 5º maior PIB do Brasil. A praça Diogo de Vasconcelos, popularmente chamada de Praça da Savassi, localizada na região central da capital mineira é configurada pelo encontro de quatro importantes vias da cidade, as avenidas Cristóvão Colombo e Getúlio Vargas e as ruas Pernambuco e Antônio de Albuquerque. (PRISMA, 2012)

O projeto propunha melhorias quanto a infraestrutura do local, paisagismo, mobilidade, acessibilidade, mobiliário urbano, entre outros. O cruzamento principal seria mantido, porem receberia um tratamento diferenciado com pisos intertravados e em diversas cores, essa entre outras medidas seriam tomadas para melhor conforto, aproveitamento e segurança dos pedestres.

Dentre as melhorias podem-se contar também com implantação de canteiros e jardineiras, rampas de acessos, execução de sistemas de drenagem, que é de extrema importância como prevenção de alagamentos em períodos chuvosos, implantação de fontes interligando os calçadões, sistema de irrigação para as

26 vegetações, remoção de arvores e plantio além de execução de arborização complementar; todos benefícios voltados para o bem estar da população.

O reforço na iluminação, o uso de mobiliários acessíveis e práticos e o correto uso de espécies arbóreas e projeto de paisagismo foram um dos pontos que mais obtiveram destaque no projeto de intervenção, por auxiliar na segurança, inclusão e acessibilidade dos usuários ao utilizarem a praça em qualquer período do dia (Fig. 05).

Figura 05 – Imagem ilustrativa do projeto de iluminação pública, mobiliário e arborização nos calçadões

Fonte: Arquivo Prefeitura de Belo Horizonte, 2012.

Como etapas da intervenção, houve primeiramente uma reforma nos quarteirões fechados da região, que incluíram serviços como de drenagem, alargamento de vias, colocação de pisos elevados, novo desenho de piso entre outros; foram adicionados taludes e fontes nas esquinas de modo que a praça se estendesse nos calçadões (Fig. 06).

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Figura 06 – Etapa 01 da intervenção. Travessia elevada para pedestres na Praça da Savassi

Fonte: Guilherme Mota, 2012.

Em uma segunda etapa foi desenvolvida a reforma da área central da praça, provocando mudanças no transito para priorizar os pedestres, para tal, foi desenvolvimento um esquema de planejamento e orientação aos motoristas. (Fig. 07).

Figura 07 – Etapa 02 da Intervenção. Planta ilustrativa de mudanças no transito realizadas na Praça.

Fonte: Arquivo Prefeitura de Belo Horizonte, 2012.

O resultado do projeto de requalificação trouxe diversos benefícios para a cidade de Belo Horizonte, tanto para os moradores que tiveram notórias melhorias como, por exemplo, no acesso da praça, controle de velocidade no transito, correta

28 sinalização, implantação de faixas elevadas, aumento da segurança no transito e pessoal, entretenimentos noturnos; quanto para a cidade de modo geral, uma vez que houve a valorização dos imóveis locados aos arredores da praça, melhoria do comercio local, implantação de estacionamentos privados administrados por diversas empresas, aquecimento do comercio em bares e restaurantes, e implantação de casas noturnas; fora o fato que os usuários se identificaram melhor com o ambiente passando a apropriar-se dele utilizando mais a praça e seus arredores.

4.2. Estudo de Requalificação da Alameda Ade Grossi em Raul Soares – MG O projeto se trata de um estudo desenvolvido pelos graduandos: Flúvio S. Barcelos; Guilherme A. S. Carmo e Nelielsen C. P. Reis no sétimo período da graduação de Arquitetura e Urbanismo da Rede Doctum de Ensino em Caratinga- MG, no qual apresenta uma proposta de requalificação da Praça Alameda Ade Grossi localizada na cidade de Raul Soares-MG. Local atualmente, carente de infraestrutura, projeto de mobilidade e atrativos para os moradores da cidade. Tendo visto tamanhas problemáticas os graduandos desenvolveram uma proposta na qual buscasse a valorização da praça, bem como sem entorno, o que traria diversos atrativos para a população, e dando um novo uso para o ambiente trazendo maior apropriação do espaço para os usuários.

Para realização de tal projeto, foram feitos diversos levantamentos de informações com moradores e usuários da praça em relação a seu uso como, por exemplo, elaboração de mapas de uso e ocupação do solo (Fig. 08), os quais identificavam os períodos de maior utilização da praça e como a mesma era utilizada, a fim de analises das atividades e como as mesmas poderiam contribuir na elaboração do projeto quanto a melhoria da qualidade do espaço e a apropriação dos usuários; mapas de gabaritos, apresentando o perfil das edificações aos arredores; análise de arborização urbana (Fig. 09) o qual é feito o levantamento da vegetação encontrada no local com suas dimensões, características, áreas de infiltração, possíveis danos a pavimentação, entre outros, a fim de analisar possíveis remanejamentos e implantações arbóreas.

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Figura 08- Levantamento de uso e ocupação do solo da Alameda Ade Grossi em Raul Soares-MG

Fonte: Arquivo pessoal do autor, 2018.

Figura 09- Levantamento arbóreo da Alameda Ade Grossi em Raul Soares-MG

Fonte: Arquivo pessoal do autor, 2018.

Através da análise dos dados coletados foi desenvolvido um projeto no qual a praça seria estendida sendo transformada em um calçadão, voltado para priorizar os pedestres, o qual contaria com apenas uma faixa para veículos de carga e descarga e entrada de garagem para as residências e comércios locais. Foram acrescentadas áreas permeáveis, implantação de novas arvores compatíveis com o local, e um novo mobiliário acessível a todos, a praça possuiria também uma área de alimentação e um parque infantil como meio de recreação dos moradores e usuários

30 do ambiente. (Fig. 10) Todo o projeto foi feito baseado em normas e parâmetros de leis municipais e através desse projeto os usuários teriam mais elementos nos quais os fariam criar identidade com o local e apropriação com o mesmo, o que atualmente não se é visto.

Figura 10- Proposta de requalificação da Alameda Ade Grossi em Raul Soares-MG

Fonte: Arquivo pessoal do autor, 2018.

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5– MÉTODOS, ANÁLISES E RESULTADOS. Este capítulo ilustra os procedimentos metodológicos realizados e analisados para fins de propor um projeto de requalificação da praça do bairro Alphaville em Raul Soares, à adequando as necessidades da população em geral. O procedimento conta com coletas de dados com os moradores e visitas ao local onde se obtiveram diversas informações pertinentes para elaboração de diferentes mapas como meio de ilustração para os resultados obtidos, como por exemplo: mapa das distancias do objeto de estudo para as demais praças mais próximas do mesmo na cidade; mapa de gabarito; mapa de tipologias das edificações; mapa de uso e ocupação do solo e mapas de fluxo viário.

O bairro ao qual a praça está situada se encontra ainda em fase de desenvolvimento por se tratar de um loteamento relativamente novo na cidade de Raul Soares-MG, o que de certa forma interfere negativamente nos diagnósticos em relação aos usos das áreas do bairro.

5.1- Mapa de relação do objeto de estudo para as praças mais próximas da cidade. Para a realização de tal mapa, foi feito o acesso ao programa Google Maps a fim de descobrir a distancias do objeto de estudo para as demais praças mais próximas do mesmo na cidade, e como essa distancia interfere em relação a áreas públicas dentro do perímetro urbano e ilustrado de forma mais clara através do Google Earth (Fig. 11).

A importância de se obter locais de entretenimento e lazer para a população das cidades se dá, entre tantos, por meio de se obter bem estar físico e psicológico para os usuários. Em Raul soares-MG a praça principal se encontra no centro da cidade e a distancia da mesma para o objeto de estudo é de 1,5km, que obtém uma distancia de 1,7km para a próxima praça do bairro vizinho.

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Figura 11: Relação de distancias entre a praça do bairro Alhpaville com as mais proximas da cidade de Raul Soares-MG

Fonte: Imagem desenvolvida pelo autor através do Google Earth

Através dos levantamentos realizados para fins de diagnósticos pode-se observar que a cidade de Raul Soares-MG necessita de um ambiente público comum de lazer para a população e que esse ambiente se enquadra na praça do bairro Alphaville, uma vez que, a mesma encontra-se em um ponto central das duas praças mais próximas já existentes no município. Propõe-se então a criação desse ambiente no bairro, que através dela passará por diversas melhorias, tanto na infraestrutura quanto nos usos e apropriação dos moradores para com a praça.

5.2- Mapa de gabarito das edificações. Com base em visitas ao local e levantamento fotográfico foi possível desenvolver um mapa de gabarito das edificações ao entorno da praça para fins de conhecimento do numero de pavimentos ao qual estão sendo feitas as residências no bairro (Fig.12).

Baseado nas edificações já existentes no local nota-se que o mesmo se trata de um bairro classe média, com casas que variam entre um e três pavimentos sendo em sua maioria situadas na avenida principal. Ainda há inúmeros lotes a serem edificados, tanto na avenida quanto nas diversas ruas que fazem parte do bairro, e

33 através dessas futuras construções, possivelmente será sanado, em partes, a questão de pouca movimentação e habitação de pessoas nas ruas e áreas de lazer.

Figura 12: Mapa de gabarito das edificações existentes ao redor da praça do bairro Alphaville em Raul

Soares-MG.

Fonte: Mapa desenvolvido pelo autor, 2019.

5.3- Mapa de tipologia das edificações. Através de visitas ao local, levantamento fotográfico e análise das informações foi desenvolvido um mapa ao qual ilustra as tipologias das edificações já existentes no entorno da praça do bairro Alphaville (Fig.13).

Atualmente o bairro conta apenas com dois pontos comerciais em meio à maioria residencial, sendo eles, uma mercearia local e uma oficina de metalúrgicos. Com o desenvolvimento do bairro espera-se que mais comércios locais se instalem no entorno da praça, o que fará auxiliar no aumento do fluxo de moradores e visitantes nessa região, uma vez que pontos comerciais atraem diferentes públicos para seus arredores além de gerar movimentação econômica.

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Segundo o projeto original da praça, a mesma teria em seu espaço uma igreja destinada ao bairro, porém, até então a mesma não foi construída e o espaço está inutilizado no ambiente (Fig. 14).

Figura 13: Mapa de tipologia das edificações existentes na região central do bairro Alphaville em Raul Soares-MG.

Fonte: Mapa desenvolvido pelo autor, 2019.

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Figura 14: Local ao qual seria destinado para uma igreja no bairro Alphaville em Raul Soares-MG.

Fonte: Mapa desenvolvido pelo autor, 2019.

Apesar de novo, o bairro Alphaville é um local que possui potencial para expansão e através da proposta de melhoria de sua praça, a movimentação de pessoas no local seria muito maior; o intuito é que o mesmo passe a ser mais bem visto pela população, o que acarretará em investimentos em edificações de tipologia comercial, auxiliando em grande escala nos usos da praça.

5.4 Mapa de uso e ocupação do solo. Para confecção de tal mapa foram realizadas visitas ao local três vezes na semana e em diferentes horários, a fim de identificar os usos da praça e levantamento fotográfico a fim de analisar os atuais e possíveis usos da mesma (Fig.15).

A falta de elementos que despertem o interesse da população com a praça gerando assim uma apropriação do espaço faz com que em grande parte do tempo a mesma esteja deserta, tendo como uso apenas um determinado espaço ao qual foi apropriado por crianças e adolescentes como um ambiente de diversão e brincadeiras e uma faixa exclusiva na avenida principal para atividades físicas como, por exemplo, de caminhada para a população, o que é um ponto positivo do bairro, porém, a mesma só é utilizada ao amanhecer e ao entardecer do dia, uma vez que,

36 a falta de arborização no local impede que esse espaço seja utilizado em outros horários por constante exposição ao sol sem nenhum tipo de cobertura.

Figura 15: Mapa de uso e ocupação do solo da região central do Bairro Alphaville em Raul Soares-MG

Fonte: Mapa desenvolvido pelo autor, 2019.

5.5- Mapa de Fluxo viário. Para elaboração do mapa de fluxo viário foram feitas visitas ao local e as ruas que dão acesso ao bairro e levantamento fotográfico como meio de ilustrar os principais meios de acessos ao bairro, bem como nomenclatura e avenida principal (Fig.16).

Para ingresso no bairro Alphaville conta-se com três acessos principais, que se dão por meio das ruas João Farnez de Araújo, Rua Nair Campos Vieira e Rua Francisco Abrantes costas; as três ruas acessam a Avenida Brasil, principal avenida do bairro e local no qual está localizada a praça. Todas as demais ruas do bairro se dão acesso por meio da avenida principal; todas as vias contam com pavimentação asfáltica em bom estado de conservação.

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Figura 16: Mapa de uso e permanencia da praça do bairro Alphaville.

Fonte: Mapa desenvolvido pelo autor, 2019.

5.6- Análise de Vegetação. Por meio de visitas ao local para realizar levantamentos e medições do objeto de estudo obtiveram-se informações nas quais resultaram numa analise da vegetação existente na praça, a fim de identificar as mesmas e como elas interferem no uso e temperatura do ambiente.

A falta de planejamento e estudo de tipos de vegetações apropriadas para áreas urbanas e de lazer ocasionaram com que a praça conte com diversas espécies plantadas no mesmo ambiente (Fig. 17). Além disso, não conta com boa cobertura de vegetação fazendo com que em todo o tempo em diferentes locais da praça, a mesma esteja ensolarada, com temperaturas elevadas e ausência de sombras, e os que as possuem não há nenhum tipo de mobiliário que permita permanência (Fig. 18).

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Figura 17: Três espécies de vegetações de grande porte plantadas na Praça do bairro Alphaville.

Fonte: Guilherme A S Carmo, 2019.

Figura 18: Vista da praça do bairro Alphaville com seu mobiliário e arborização.

Fonte: Guilherme A S Carmo, 2019.

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7- PROPOSTA PROJETUAL Com base nos dados obtidos através desse trabalho de conclusão de curso, é possível elaborar uma proposta de projeto de requalificação da praça do bairro Alphaville em Raul Soares-MG ao qual são priorizados os usuários e a população em geral. Tal proposta será elaborada no trabalho de conclusão de curso II e o projeto abrangerá realizar algumas intervenções listadas a seguir:

 Correta Iluminação da área;  Plantio de arborização adequada, bem como manejo e manutenção das existentes;  Projeto de paisagismo;  Implantação de mobiliário urbano;  Acessibilidade em toda área da praça;  Criação de ambientes de atividades e lazer;

Com a realização de tal projeto de requalificação a população terá, dentre outros, mais um espaço confortável de lazer e diversão ao qual poderá usufruir de forma adequada, contendo muitos atrativos.

Através de um projeto paisagístico a praça pode se tornar mais atrativa visualmente, o que despertará mais atenção de possíveis usuários e moradores para a mesma, além disso, o paisagismo fará com que as pessoas se sintam em um ambiente tranquilo e relaxante; um bom e correto uso da iluminação pública transmite segurança, além de que se agrega ao paisagismo, destacando os elementos no local, sendo assim, haverá implantação de mais postes e luminárias na praça.

Tornar a praça um ambiente acessível a todos os tipos de públicos é um ponto de extrema importância por se tratar de inclusão social; para tanto, haverá implantação de rampas de acesso, piso tátil em todos os caminhos e elaboração de um mobiliário moderno e adequado.

A criação de ambientes de lazer atrairá mais pessoas para o local de modo que as mesmas passem a utiliza-lo com mais frequência, além de despertar olhares de possíveis empresários que possam investir em comércios no local trazendo mais

40 movimentação e melhora na economia do bairro. Visto que um dos usos do entorno da praça atualmente se da por meio de atividades físicas, uma das intervenções será a implantação da uma pequena área de exercícios ao ar livre, agregando uma das funções da praça.

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8- CONSIDERAÇÕES FINAIS Através desse trabalho de conclusão de curso pode-se observar que é notória a importância de áreas verdes e de lazer nas cidades, uma vez que as mesmas auxiliam no bem estar tanto físico quanto psicológico da população, e o quanto é essencial que o Arquiteto e Urbanista, se tratando de projetos públicos, realize diversos estudos e levantamentos em busca de projetar espaços voltados para que os usuários se identifiquem com os locais buscando usufruir dos mesmos, ou o resultado será um ambiente ao qual não exerce sua principal função que é a de levar lazer para os moradores. A requalificação de ambientes se dá por meio da realização de intervenções em um meio o dando novos usos, gerando assim qualidade para o local; e para que a mesma seja realizada é preciso realizar diversos levantamentos e análises a fim de descobrir a problemática e as possíveis soluções para que o projeto seja bem sucedido.

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9- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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