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presentes dentro del mismo canal de programas infantiles. El presente trabajo partió del análisis de episodios específicos de diferentes series animadas de , donde se realizaron búsquedas en escenas donde hay temáticas relacionadas a las diversidades sexuales y de géneros. Se entiende que los niños son influenciados directamente por los médios de comunicación, y los dibujos animados son de hecho las mejores formas de construir las identidades de los niños. Estos programas infantiles forman parte del universo de los pequeños desde muy nuevos, que por lo tanto están expuestos a diferentes AS DIVERSIDADES SEXUAIS E DE maneras de pensar, ver y conversar con el mundo, por lo GÊNEROS PRESENTES NAS que si hay una necesidad de estudiar y estar a la par de lo que los niños asisten en estos canales y entenderlos como ANIMAÇÕES DO CANAL TELEVISIVO espacios educativos, pues son indispensables para la 1 INFANTIL CARTOON NETWORK formación moral, cívica e intelectual de nuestros niños.

Fábio Ortiz Goulart2 Palabras clave: dibujos animados, diversidades, infancias, géneros, sexualidades.

RESUMO

No presente texto busca-se apresentar as diferentes séries Introdução animadas realizadas pelo canal televisivo infantil Cartoon Network e as diversidades sexuais e de gêneros presentes Levando-se em conta que as crianças dentro do mesmo canal de programas infantis. O presente trabalho partiu da análise de episódios específicos de são influenciadas pelo que as cercam, diferentes séries animadas do Cartoon Network, onde foram feitas buscas em cenas onde se há temáticas incluindo os programas midiáticos como os relacionadas às diversidades sexuais e de gêneros. Entende-se que as crianças são influenciadas diretamente desenhos animados, se há uma necessidade de pela mídia, e os desenhos animados são de fato as melhores formas de construir as identidades das crianças. explorar cada vez mais as mídias a que elas Estes programas infantis fazem parte do universo dos estão expostas, e também uma maior pequenos desde muito novos, que consequentemente são expostos a diferentes maneiras de pensar, ver e conversar vigilância ao que elas assistem, pois é através com o mundo, portanto se há uma necessidade de estudar e estar a par do que as crianças assistem nestes canais e destes programas que construímos as entendê-los como espaços educativos, pois eles são indispensáveis para a formação moral, cívica e intelectual identidades delas e seus modos de pensar e de nossas crianças. relacionar-se com o mundo e com que lhe é Palavras chave: desenhos animados, diversidades, infâncias, gêneros, sexualidades. diferente.

RESUMEN No presente texto nós utilizamos como corpus do trabalho, as animações exibidas En el presente texto se busca presentar las diferentes series animadas realizadas por el canal televisivo infantil Cartoon pelo canal de televisão infantil norte- Network y las diversidades sexuales y de géneros americano, Cartoon Network. Entre as

1 Este texto incorpora partes de um capítulo publicado elegidas, encontram-se: ; em GOULART (2016). 2 Acadêmico do bacharelado em Arqueologia na The Marvelous Misadventures of Flapjack; Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Membro do Núcleo de Estudos sobre Populações Costeiras e ; Steven Universe; e Clarence. Saberes Tradicionais (NECO), da mesma universidade. A escolha destas animações foi óbvia, uma E-mail: [email protected].

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vez que este trabalho pretende apresentar as análises em diferentes artefatos culturais diversidades nas séries do Cartoon Network e presentes no mundo das crianças para que se todas estas séries em algum momento possa entender como se dão estas construções, mostraram cenas e/ou episódios inteiros sejam elas de gênero3 ou sexualidade. lidando com temáticas relacionadas às diversidades sexuais e de gêneros. As Séries e Suas Personagens

Referencial Teórico The Powerpuff Girls: No Brasil, recebeu o título de As Meninas O presente trabalho partiu da análise Superpoderosas, esta série animada foi criada qualitativa de episódios específicos de por Craig McCracken e exibida originalmente diferentes séries animadas do canal televisivo nos EUA no período de 1998 a 2005. Conta a Cartoon Network, onde foram feitas buscas história de três meninas superpoderosas que em cenas onde se há temáticas relacionadas às foram criadas em um laboratório por um diversidades sexuais e de gêneros. Tomamos cientista e professor chamado Utônio, o qual como base artigos publicados em revistas on- acabou por se tornar pai das meninas, pois line relacionadas a temáticas sobre tanto ele como as meninas tratam-se como diversidades e os próprios episódios das séries pai e filhas. Além desta característica não já citadas. muito comum em desenhos animados, há Para tanto, utilizamos como outros dois pontos em que a série nos mostra referencial teórico o texto de Magnanelli como fortes indícios de diversidade presente (2005), onde a autora afirma que os contos de no Cartoon. Primeiro a identificação da fadas – aqui utilizamos desenhos animados - personagem Docinho, uma das filhas de são importantes para o desenvolvimento Utônio, esta garota possui características ditas infantil. Assim como também o artigo de masculinas em nossa sociedade, sendo muito Magalhães e Ribeiro (2014), que trazem o diferente das suas outras irmãs, Florzinha e seguinte: de que discutir e trazer à tona Lindinha. Outro ponto é o personagem vilão animações com temáticas relacionadas a Ele (no original em inglês Him; Figura 1) que gêneros e sexualidades, possibilita perceber o é um demônio que possui características quanto é importante analisar estas animações afeminadas, o que colabora em muito a ideia para repensarmos e discutirmos a construção de feminilidades e masculinidades na 3 Cabe salientar que compreendemos gênero como uma construção de si, sempre ativa (CONNEL, PEARSE, infância. Portanto fazem-se necessárias 2015).

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de que a série veio para quebrar preconceitos o cachorro antropomórfico e seu amigo Finn, ainda tão atuais em nossa vivência. um humano que fora deixado pelos pais e The Marvelous Misadventures of criado pelo pai de Jake. Mas o foco deste Flapjack: No Brasil traduzido como As artigo busca citar e apresentar duas Trapalhadas de Flapjack. Foi criada por personagens secundárias (Figura 3), a Thurop Van Orman e exibida originalmente Princesa Jujuba do Reino Doce – um reino nos EUA no período de 2008 até 2010. E onde todas as pessoas são literalmente doces conta a vida de um garoto chamado Flapjack assim como as árvores, animais, casas e (Figura 2), que foi criado por uma baleia objetos – e de Marceline, a rainha dos chamada Bolha. A vida do garoto com sua vampiros que se alimenta da cor vermelha. A mãe era bem calma até Flapjack conhecer o história destas personagens já foi revelada Capitão Falange, um pirata aventureiro que pelos produtores da série, deixaram bem claro viaja os mares em busca da Ilha Açúcar e que as personagens já tiverem um caso, por assim pegar todos os doces presentes nela. assim dizer. Porém laços afetivos não são Flapjack decidi ir com o Capitão, e juntos eles muito vistos entre os episódios, com exceção passam por muitas trapalhadas. No episódio de um, intitulado de “O que faltava”, neste Falta Alguma Coisa (Something’s Amiss, no episódio muitos objetos especiais foram original) da primeira temporada, Flapjack é roubados de diversas pessoas em muitos constantemente confundido com uma menina reinos, e Jake e Finn são chamados pela por causa de sua voz fina, então o próprio Princesa Jujuba que também fora roubada garoto e Capitão Falange tentam para achar o ladrão e trazer os objetos de “masculiniza-lo”. O garoto cogita inclusive volta. No final da aventura é revelado o ladrão fazer uma cirurgia perigosa com um barbeiro e os objetos roubados. Então os heróis, para alterar a voz, porém ele encontra-se com Princesa Jujuba e Marceline descobrem que uma mulher com corpo masculinizado e voz quem estava por trás dos roubos é a própria feminina. No final do episódio, Flapjack Princesa, que fez isso para mostrar seus aceita a sua voz como ela realmente é. sentimentos por Marceline, e objeto Adventure Time: No Brasil, conhecida “roubado” da Princesa pela própria foi por Hora de Aventura, foi criada por justamente uma camiseta que a Rainha dos Pendleton Ward e exibida originalmente nos Vampiros havia lhe dado. A própria vampira EUA no período de 2010 a atualmente. A espantou-se ao saber que Princesa Jujuba série gira em torno de uma terra apocalíptica ainda possuía a camiseta, a princesa como chamada Ooo onde vive os personagens Jake, resposta diz que a usava todas as noites para dormir. A primeira vista não se parece que

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houve realmente um caso entre as duas, conta a história do menino Clarêncio que vive porém depois de muita especulação por parte com sua mãe e seu padrasto. Clarêncio possui dos fãs mais velhos, fora revelado pelo dois melhores amigos, Sumô, um menino estúdio e produtores que as duas realmente muito franzino e de uma família pobre com tiveram um caso. muitas crianças, e Jeff, que é filho adotivo de Steven Universe: No Brasil chamado EJ e Sue (Figura 5), um casal lésbico. Os de Steven Universo. A série foi criada por meninos, em especial Clarêncio, sempre se Rebecca Sugar – uma das roteiristas que metem em confusão tanto com outras pessoas, trabalhou em Hora de Aventura – e exibida como entre eles mesmos. A série nos mostra, originalmente nos EUA a partir de 2013 assim como Steven Universe, um casal continuando até hoje e conta a história de homoafetivo não caricato o que torna a Steven Universo e sua relação com as Crystal animação muito interessante para as crianças Gems, seu pai e sua herança genética, pois o que passam a ver a homossexualidade de garoto na casa dos 10 anos é filho de uma forma natural. Crystal Gem – uma raça alienígena - e um humano comum. Muito além das relações Considerações Finais inter-raciais presentes na série, há de se ressaltar que na série uma das heroínas, Todas as séries possuem em menor ou 4 Garnet é a fusão de outras duas personagens maior grau a sua contribuição no que diz menores, Rubi e Safira que são claramente respeito a inserção de personagens LGBTTI namoradas (Figura 4). Portanto o estúdio em seus episódios. Mais do que simplesmente deixou muito clara e direta a relação entre as apresentar estes personagens, as séries trazem duas personagens logo na primeira consigo diferentes formas de construção de temporada. Sem tornar a relação das feminilidades e masculinidades. Como em personagens caricata demais e comum, Flapjack que é interessante perceber a deixando as coisas acontecendo naturalmente. preocupação do personagem em possuir “voz Clarence: No Brasil conhecida por de menina”. Assim como também as Clarêncio, o Otimista, esta série foi criada por diferentes configurações de personagens Skylar Page e exibida originalmente nos EUA femininas em Steven Universo e suas relações no período de 2014 até o presente momento e amorosas e ainda em Docinho, n’As meninas superpoderosas. Ainda nesta última animação 4 Para saber mais sobre as Crystal Gems e o universo de Steven Universo, recomenda-se a leitura do artigo podemos perceber que a imagem do demônio de Goulart e Maio, publicado em 2015 na revista Diversidade e Educação da Universidade Federal do Ele é a de um personagem malévolo, que ao Rio Grande. 4

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mesmo tempo em que evoca a feminilidade que na escola e outros locais que constituem também pode trazer a ideia da as crianças como sujeitos e as ensinam, a homossexualidade ou da transexualidade televisão também funciona como um espaço como algo negativo. educativo, elevando a importância do estudo e Em Hora de Aventura, percebemos da reflexão sobre aquilo que as crianças que mesmo de forma subliminar, o assistem, pois é nestes programas que elas relacionamento das personagens Marceline e encontram referências para agir e se Princesa Jujuba se faz presente, devido a comunicar no mundo real (Goulart e Maio, pequenas passagens como a do episódio 2015). descrito neste trabalho. Outro caso Os resultados obtidos até o momento interessante em Hora de Aventura é o do referem-se a análises superficiais, portanto há personagem BMO, que é um videogame a necessidade de seguir analisando e amigo de Jake e Finn. Este personagem discutindo estas visibilidades veiculadas em afirma em muitos casos sentir-se como um programas para o público infantil para que se menino e em muitos outros como uma tenha um maior aporte de dados para menina. É interessante perceber que este encontrar maneiras de como se trabalhar essas comportamento é semelhante ao de pessoas animações no cenário da educação. não-binárias de gênero fluído (SCHMITT, Levando em consideração ao que fora 2015). E como já fora dito, em Clarêncio, o dito, gostaríamos de salientar que a avaliação otimista, percebemos que as mães do e análise de uma animação não deve se personagem Jeff não possuem uma construção restringir aos profissionais da educação caricatural. infantil, mas também aos pais, pois são estes Elencar e estudar o que as crianças que devem regular o que seus filhos devem ou assistem é de grande importância, pois é não assistir. através destas animações onde as crianças aprendem valores, respeito, amor ao próximo Referências Bibliográficas e constroem suas personalidades e identidades, portanto concordamos com CONNEL, Raewyn; PEARSE, Rebecca. Esperança e Dias (2010), quando as autoras Gênero: uma perspectiva global. São Paulo: afirmam que “A televisão veicula nVersos, 2015. informações, conhecimentos e valores que se dirigem à educação das crianças na ESPERANÇA, Joice Araújo ; DIAS, Cleuza contemporaneidade”, porque muito mais do Sobral. Meninos versus meninas:

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representações de gênero em desenhos . Acesso em: 20 set. 2015. infantis. Educação, Santa Maria, v. 35, n. 3, p. 533-546, set./dez. 2010. Disponível em: SCHMITT, Elaine. Hora da Aventura: . Acesso em: 26 set. 2015. abordagens de gênero. Mais que Amélias, v.2, nº1, 2015. Disponível em: GOULART, Fábio Ortiz. Reflexões: crônicas, . Acesso em: 25 dez. 2016. discussão. Rio Grande: CLP, 2016.

GOULART, Fábio Ortiz; MAIO, José

Endrew Vieira. As diversidades na série animada Steven Universo do Cartoon

Network. Diversidade e Educação, Rio Grande, v.3, nº6, p.34-35, jul./dez. 2015. Disponível em:

. Acesso em: 30 set. 2015.

MAGALHÃES, Joanalira Corpes; RIBEIRO,

Paula Regina Costa. (Re)pensando as representações de gênero nos episódios de Peppa Pig. Diversidade e Educação, Rio

Grande, v.2, nº4, p.24-26, jul./dez. 2014. Disponível em:

21/20>. Acesso em: 28 set. 2015.

MAGNANELLI, Andrea Pires. Era uma vez... E ainda é: Contos de fada – possível resolução para os conflitos infantis. ComCiência. Disponível em:

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ANEXOS

Figura 1. Ele. Fonte: . Acesso em 04 de jan. 2016.

Figura 2. Flapjack. Fonte: . Acesso em 04 de jan. 2016.

Figura 3. Marceline e Princesa Jujuba. Fonte: . Acesso em 04 de jan. 2016.

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Figura 4. Rubi e Safira. Fonte: . Acesso 04 de jan. 2016.

Figura 5. Jeff e suas mães EJ (esquerda) e Sue (direita). Fonte: . Acesso 04 de jan. 2016.

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