Análise Política
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BOLETIM DE ANÁLISE POLÍTICA 29/03 a 02/04 de 2021 fatos, tendências e conjuntura política no Congresso Nacional RAPS • BOLETIM DE ANÁLISE POLÍTICA • 29 DE MARÇO A 2 DE ABRIL DE 2021 AMEAÇAS E OPORTUNIDADES Prognóstico para a semana de 5 a 9 de abril O cenário nacional desta semana deve ser marcado por duas discussões principais: 1) A saída possível para a execução do Orçamento 2021; 2) A aceleração da vacinação contra a covid-19. Também é aguardada a reunião de senadores e deputados em sessão do Congresso Nacional para avaliação dos vetos que restaram na pauta, sendo os principais deles: 1) o pacote anticrime, 2) o Auxílio Emergencial à mulher provedora de família monoparental, 3) as assinaturas eletrônicas, 4) às parcelas devidas por entidades junto ao Programa de Acompanhamento e Transparência Fiscal (Profut) e 5) 23 dispositivos vetados na Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (PNPSA). Já a pauta da MP do Novo Auxílio Emergencial (ou Auxílio Emergencial 2021), que vinha sendo esperada na Câmara, não deve ser pautada. Vale lembrar que, em 2020, a MP que estendeu o auxílio não foi pautada com receio de que os congressistas aumentassem o valor do benefício. Esse temor ainda prevalece e pode levar à MP a caducar e a perder seus efeitos após o pagamento dos benefícios. Há ainda a expectativa reforçada de que, brevemente, temas ambientais sejam pautados na Câmara sob liderança de Arthur Lira (PP-AL), como a regularização fundiária e o licenciamento ambiental. Desse modo, a RAPS tem direcionado seu radar, principalmente, para a tramitação das seguintes propostas legislativas: Altera a Lei nº 12.651/2012, que dispõe sobre a MPV 867/18 extensão do prazo para a adesão ao Programa de Regularização Fundiária Regularização Ambiental. Trata da regularização sobre os assentamentos em PL 2633/20 terras da União. Coloca o Brasil em estado de emergência climática PL 3961/20 até que deixem de ser necessárias ações para reduzir o impacto da atividade humana no clima. Trata do programa de operação e registro de ativos PL 7578/17 de natureza intangível, originários da atividade de conservação florestal. Pauta Verde Câmara dos Deputados Fortalece o monitoramento e o controle das autorizações de desmatamento de vegetação PL 4689/19 nativa, além de aumentar punições para os infratores. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas PL 3337/19 derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. 2 RAPS • BOLETIM DE ANÁLISE POLÍTICA • 29 DE MARÇO A 2 DE ABRIL DE 2021 Sanciona penais legais e administrativas sobre Pagamento por Serviços Ambientais PL 5028/19 condutas lesivas ao meio ambiente, aumentando as multas sobre os chamados crimes ambientais. Exige Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA), com ampla publicidade para instalação de obra, Licenciamento Ambiental PL 3729/04 empreendimento ou atividade potencialmente causadora de degradação do meio ambiente. Flexibiliza o modelo de licitação e os contratos Concessões Florestais PL 5518/20 para concessão de florestas públicas. Regulamenta a exploração de recursos minerais, Mineração em Terra Indígena PL 191/20 hídricos e orgânicos em reservas indígenas. Regulamenta o Mercado Brasileiros de Redução de Emissões (MBRE), determinado pela Política Mercado Brasileira de Carbono PL 528/21 Nacional de Mudança do Clima (Lei nº 12.187/ 2009). Dispõe sobre a implantação da Política Nacional CIDE CARBONO PL 624/21 de Incentivo às Fontes Limpas e Renováveis de Geração de Energia Elétrica. Estabelece a meta de neutralização das emissões Emergência Climática PL 3961/20 de gases de efeito estufa no Brasil até 2050 e prevê a criação de políticas para a transição sustentável. Enquanto a Câmara lida com a Reforma Administrativa, o Senado deve capitanear as discussões em torno da Reforma Tributária - o presidente Rodrigo Pacheco (DEM- MG) pretendia votá-la em março, mas não especificou qual das propostas na mesa deve aglutinar as discussões. Já os os temas prioritários no Congresso Nacional para este ano incluem: • Marco Legal das Ferrovias (PLS 261/2018), no Senado; • Novo Marco do Setor Elétrico (MP 998/2020); • Licenciamento Ambiental (PL 3729/2004), que deve retornar à tramitação com a relatoria do deputado Neri Gller (PP-MT) – o relator teve audiência recente com o ministro Ricardo Salles; • Regularização Fundiária (PL 2633/20), que deve retornar à tramitação com a relatoria do deputado Bosco Saraiva (SOLIDARIEDADE-AM); • Reforma Tributária, que deve tramitar na forma da PEC 45 e/ou 110/2019 no Senado Federal; • Reforma Administrativa: o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tem trabalhado com um calendário de 6 a 8 meses para aprovação da proposta. Na Comissão Especial, Lira indicou como coordenador o deputado Fernando Monteiro (PP-PE) e como relator o deputado Arthur Maia (DEM-BA). O texto, contudo, ainda tramita na CCJ; • Plano Mansueto/Auxílio aos Estados e Municípios (PLP 101/20), que deve ser analisada no Senado Federal. 3 RAPS • BOLETIM DE ANÁLISE POLÍTICA • 29 DE MARÇO A 2 DE ABRIL DE 2021 DESTAQUES DA SEMANA 29 de março a 02 de abril • “Centrão” amplia presença com gabinete no centro do Governo, mas mantém pressão por mudanças na Esplanada; • Em meio ao crescimento de rejeição, Bolsonaro muda, às vésperas do aniversário do golpe militar, o comando das Forças Armadas, mas não alça preferido ao comando do Exército; • Expectativa de interferência nas Forças Armadas é minimizada enquanto preocupação com Orçamento 2021 cresce; • Com queda de Ernesto Araújo do Ministério das Relações Exteriores, “ala ideológica” perde seu maior representante na Esplanada; • Troca na Justiça é indicação da “bancada da bala” e prevê mais flexibilizações na compra e posse de armas; • Com cenário político tumultuado e agravamento da pandemia, tramitação de reformas ficam paralisadas; • Guedes tem primeiro atrito com novo comando do Congresso a respeito do Orçamento 2021; • “Polo Democrático” com Doria, Leite, Huck, Mandetta e Ciro ganha manifesto e grupo com Moro é formado no WhatsApp. CONTEXTO GERAL A sensação de que as semanas são curtas demais para tantos acontecimentos no Governo predominou na semana entre 29 de março a 5 de abril. Em mais uma oportunidade, a agenda nacional ficou envolta em polêmicas entre os Poderes da República. Os brasileiros hoje estão sentados sobre três bombas-relógios imediatas: o 4 RAPS • BOLETIM DE ANÁLISE POLÍTICA • 29 DE MARÇO A 2 DE ABRIL DE 2021 Orçamento 2021 da União, o risco de irrupções nas forças militares estaduais e o surgimento de mais uma variante – ainda não estudada – do novo coronavírus. Após os presidentes do Senado e da Câmara, senador Rodrigo Pacheco (DEM- MG) e deputado Arthur Lira (PP-AL), terem protagonizado um roadshow com representantes do chamado “PIB brasileiro” e do setor financeiro, para saber a opinião do grupo sobre a situação do país, um recado foi enviado ao Planalto. Numa surpreendente mudança, o governo Bolsonaro alterou não apenas o ministro das Relações Exteriores, como era esperado, mas também cinco outros titulares da Esplanada num cenário em que a impopularidade do presidente chega à casa dos 59% (PoderData/abril). As alterações ministeriais se dividem em três propósitos: 1) desligar o “farol amarelo” aceso por Arthur Lira na semana anterior com a ascensão do PL de Valdemar Costa Neto na Secretaria de Governo da Presidência da República; 2) desarmar os senadores com a saída do chanceler do Itamaraty; 3) ampliar a influência ou, ao menos, o apoio presidencial nas Forças Armadas. A seguir, as trocas que ocorreram no governo federal: 1) CASA CIVIL Saiu: General Braga Netto Entrou: General Luiz Eduardo Ramos Comentários: A mudança na Casa Civil teve um aspecto essencialmente organizacional para que as outras mudanças pudessem ser realizadas. 2) SECRETARIA DE GOVERNO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Saiu: General Luiz Eduardo Ramos Entrou: Deputada Federal Flávia Arruda (PL-DF) Comentários: Troca considerada uma surpresa até mesmo para os deputados da base governista. A ida da presidente da Comissão Mista do Orçamento, Flávia Arruda (PL- DF), à Secretaria de Governo foi o aceno mais enfático ao chamado “centrão”, que hoje sustenta politicamente o Governo no Congresso. Arruda é esposa do ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda – atualmente preso por violar o painel de votação do Senado Federal, mas cuja ficha não se encerra neste processo –, bastante próxima do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e membra do PL, partido de Valdemar Costa Neto, que tem se aproximado de Bolsonaro. 5 RAPS • BOLETIM DE ANÁLISE POLÍTICA • 29 DE MARÇO A 2 DE ABRIL DE 2021 Segundo parlamentares, Arruda deve ser a representante de Lira no centro do Governo com a ideia de fidelizar ainda mais o “centrão” na base governista. É nesse fórum que se concentram as relações com os parlamentares, bem como a pressão pela liberação de emendas e verbas. Vale lembrar ainda que, com a nova pasta, o “centrão” soma três ministérios sob seu comando na Esplanada com Comunicações e Cidadania, e não esconde o intento de ocupar outras, como o Meio Ambiente e Minas e Energia. Enquanto na semana passada chegou a se falar sobre a eventual abertura de um processo de impeachment, foi reiterado neste relatório de que não se trata da vontade do Congresso nesse momento. O afastamento de um presidente é um processo traumático do qual, segundo cientistas políticos e parlamentares, não se faz sem o chamado “fator rua”, ou sem manifestações nas ruas. Contudo, o impeachment continuará como uma sombra em volta de Bolsonaro e funcionará como uma “ferramenta de controle” do Congresso quando o Governo se desviar para o extremismo ou recair na chamada “espiral de erros” dita por Lira no plenário da Câmara. A fragilidade deste movimento do Planalto reside em dois aspectos: 1) o “centrão” não é um bloco uniforme, de modo que a substituição agradou muito ao PL, mas não acenou a outros partidos como Republicanos e PP; 2) não há garantia de que a presença do PL do Governo paute o comportamento de Lira considerando, em especial, que neste ano todas as emendas parlamentares são de execução obrigatória.