DIAGNÓSTICO DOS ASPECTOS AMBIENTAIS DO MUNICÍPIO DE MARCELÂNDIA –

Alta Floresta, MT, Julho de 2007. Extrato de um estudo realizado pelo Instituto Centro de Vida no âmbito do projeto Y Ikatu Xingu Manito, com recursos da Comissão Européia e Fundo Naiconal do Meio Ambiente.

Autores Gustavo Vasconcellos Irgang Mestre em Ecologia e Coordenador do Programa de Conservação e Áreas Protegidas [email protected]

Roberta Roxilene dos Santos Geógrafa e Analista de SIG [email protected]

Ayslaner Gallo Engenheiro Florestal [email protected]

Rodrigo Marcelino Biólogo [email protected]

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Alta Floresta, Mato Grosso, Julho de 2007. 2

Sumário Diagnóstico dos aspectos ambientais do município de Marcelândia – Mato Grosso...... 3

1.O Município ...... 3 1.O Município ...... 3 2.Geologia – o substrato rochoso...... 5 2.Geologia – o substrato rochoso...... 5 3.Solos...... 7 3.Solos...... 7 4.Geomorfologia ...... 10 4.Geomorfologia ...... 10 5.Vegetação...... 14 5.Vegetação...... 14 6.Hidrografia...... 28 6.Hidrografia...... 28 7.Aptidão Agrícola da Terra...... 30 7.Aptidão Agrícola da Terra...... 30 8.Mapeamento das áreas com restrições ao desmatamento...... 33 8.Mapeamento das áreas com restrições ao desmatamento...... 33 9.Qtde de Restrições...... 35 9.Qtde de Restrições...... 35 10.Área em há...... 35 10.Área em há...... 35 REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA...... 38

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Diagnóstico dos aspectos ambientais do município de Marcelândia – Mato Grosso

O diagnóstico é a primeira etapa dentro de qualquer processo de planejamento estratégico. Nesta fase, reúnem-se as informações pertinentes aos mais diversos componentes tanto físicos como sociais e econômicos da área estudada. (GUERRA 1995).

Diante disso, este documento preliminar busca descrever, a partir de dados secundários e resultados analíticos, as características físicas do município de Marcelândia, e apresenta uma proposta metodológica de integração dos diferentes temas aqui abordados em Sistema de Informação Geográfica (SIG), a partir da necessidade de uma visão sistêmica do ambiente, que é formada a partir do conhecimento do todo.Os resultados produzidos servem para mostrar as possibilidades de uso desta ferramenta e também auxiliar na compreensão do ambiente para a tomada de decisão, na elaboração do Zoneamento Econômico – Ecológico de Marcelândia.

Mapa 1– Localização do município de Marcelândia – MT

1. O Município

Marcelândia é um município de Mato Grosso localizado no norte do estado na latitude 11º05'22" sul e longitude 54º27'02" oeste, distante da capital Cuiabá, aproximadamente 713km Mapa 1. Com uma extensão territorial de 1.230.545 há está a uma altitude média de 290 metros. O clima é do tipo Equatorial quente e úmido, com 03 meses de seca, de junho a agosto. A precipitação anual é de 2500 mm, com temperatura média anual de 24ºC.

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Segundo IBGE, até 2004 sua população era estimada em 17.353 habitantes. O município faz parte, da Microrregião de Sinop – Norte matogrossense e faz limite territorial com os seguintes municípios: , , União do Sul, , São Félix do Araguaia e São José do Xingu.

Sua colonização teve início em 1977, através do projeto de colonização - Colonizadora Maiká Ltda - de propriedade do Sr. José Bianchini e a cidade recebeu o nome de Marcelândia em homenagem ao filho do colonizador chamado Marcelo.

Dependência genealógica: do município, Cuiabá deu origem ao município de Chapada dos Guimarães, que deu origem ao município de Sinop, do qual originou-se o município de Marcelândia. Em 7 de dezembro de 1980 foi oficialmente fundado o patrimônio, em 10 de maio de 1982 a Lei nº 4.461 criou o Distrito de Marcelândia, jurisdicionado ao município de Sinop. E finalmente em 13 de maio de 1986 tornou-se município, através da Lei nº. 4992, posteriormente alterada pela Lei nº. 6692. Até o momento, o município teve apenas 5 gestões administrativas e atualmente tem como prefeito o Sr. Adalberto Navair Diamante. A localização geográfica do município no estado de Mato Grosso pode ser observada na Figura 1

A economia do município consiste no extrativismo madeireiro que é forte e desenvolve-se aceleradamente, influindo diretamente na economia local, seguido pela pecuária de corte e em menor proporção pela agricultura com culturas perenes e de subsistência e comércio.

Os impactos ambientais provenientes das atividades acima citadas vêm crescendo a cada ano e o desmatamento acumulado até 2005 chega a 22,6%.

Figura 1 - Fotografia aérea da área urbana de Marcelândia, março de 2007 O município faz parte de duas grandes bacias hidrográficas a do rio Teles Pires e a do rio Xingu nesta, está inserido majoritariamente, tem 64 % de sua área dentro da sub-bacia Manissauá- miçú.

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O Parque Indígena do Xingu ocupa uma área total de 144,171 há, à oeste de Marcelândia ou 13 % da área total do município.

Foram mapeadas no município três áreas de alta e extrema alta prioridade para a conservação da biodiversidade, no âmbito do projeto PROBIO/MMA 2007. As ações prioritárias propostas para essas áreas são o manejo de bacia, que inclui 641,333 há ou 89,92% da área do município, ação de recuperação com 39,851 há ou 5,59% e Implantação de Mosaico/Corredor de conservação representando 32,039 ha ou 4,49% da área total do município, conforme Mapa 8.

2. Geologia – o substrato rochoso

Geologia é a ciência que estuda a história física da Terra, sua origem, os materiais que a compõem e os fenômenos naturais ocorridos durante as várias eras e períodos da escala geológica terrestre. A geologia enquanto ciência se propõem a, entre outras:

i. Descrever as características do Interior e da superfície da terra, em várias escalas.

ii. Compreender as razões de ordem física e química que levaram o planeta a ser tal como o observamos.

iii. Definir de maneira adequada a utilização dos materiais e fenômenos geológicos como fonte de matéria-prima e energia para melhoria da qualidade de vida da sociedade.

Podemos observar, na Tabela 1, os dados quantitativos das formações geológicas que compõem o substrato rochoso do município de Marcelândia, conforme mapeamento da Companhia de Recursos Minerais – CPRM, Mapa 2.

Tabela 1- Unidades geológicas do município de Marcelândia Classes Geológicas Área total(ha) % Formação Ronuro 695.449 56,59 Grupo Colíder 324.620 26,41 Depósitos aluvionares 87.765 7,14 Formação Dardanelos 63.095 5,13 Granito Nhandu 33.692 2,74

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Coberturas detrito-lateríticas ferruginosas 24.347 1,98 Total 1.228.968 Fonte: CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

A Formação Ronuro ocupa mais da metade do substrato rochoso do município 56,59% e representa um depósito de sedimentos inconsolidados, composto por areia, argila e cascalho, fluvial datado do Fanerozóico Cenozóica, com ~5 milhões de anos.

A Formação Colíder, é uma faixa vulcânica que se apresenta ligada ao arco plutono- vulcânico , erigido entre 1,85 a 1,75Ga. Entre seus componentes principais, destacam-se derrames de lavas ácidas riolíticas vitrofíricas e microporfiríticas, riodacitos e dacitos, e lavas intermediárias andesíticas, porfiríticas, com freqüentes intercalações de depósitos piroclásticos e epiclásticos.

Mapa 2 - Geologia do município de Marcelândia

Os depósitos aluvionares destacam-se por sua morfologia típica de planícies sedimentares associadas ao sistema fluvial, sendo que as aluviões sub-recentes ocorrem em posições topográficas mais alçadas em relação às aluviões recentes. Essas coberturas aluvionares são

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formadas por sedimentos arenosos e argilosos inconsolidados e semiconsolidados, com níveis de cascalho associados, concentrando-se na área ao longo dos rios maiores.

A Formação Dardanelos são sedimentos heterogêneos que correspondem a arenitos arcoseanos médios a grosseiros, com lentes de conglomerados, subgrauvacas vulcânicas e arcóseos.

O Granito Nhandu é uma unidade constituída por batólitos e stocks graníticas. Ocorrem ainda fácies subvulcânicas, na forma de diques e sills. Os litótipos plutônicos são constituídos de magnetita- biotita granitos, magnetita-biotita monzogranitos e sienogranito cinza-avermelhados a rosados, finos a grossos, eqüigranulares a porfiríticos, com enclaves de dioritos e quartzo monzodioritos. As fácies subvulcânicas são mais restritas e formadas por granitos finos a microquartzo monzodioritos, granófiros, eqüigranulares a porfiríticos.

A Cobertura Detrito-Laterítica Pleistocênica representa um depósito de sedimentos argilo- arenosos amarelados, caoliníticos, alóctones e autóctones, parcial a totalmente pedogeneizados (Latossolos argilo-arenosos), gerados por processos alúvio-coluviais, datado do Fanerozóico Cenozóica Quaternário Pleistoceno , aproximadamente a 5 milhões de anos.

3. Solos

O solo é resultante da ação conjunta dos agentes intempéricos sobre uma unidade litológica, enriquecida de detritos orgânicos. O solo é um fator natural de desenvolvimento e, portanto, um dos principais recursos naturais do planeta.

O conhecimento das propriedades dos solos é importante na compreensão da importância desse recurso natural como base fundamental de sustentação da vida no planeta. Propriedades como grau de erodibilidade, espessura, profundidade, textura, entre outros são fatores que podem ser indutores ou restritivos ao uso para determinadas práticas agrícolas.

Marcelândia possui 7 tipos de solos, segundo dados do ZSEE-MT, conforme apresentado na Tabela 2. Há uma predominância de 64.29% da área total do município do tipo de solo chamado Latossolo Vermelho-Escuro, localizado em toda a porção Leste e sul do município.

Tabela 2- Desmatamento acumulado até 2005 por tipo de solo Classes de Solo Área total (ha) (%) Desmat(ha) (%)

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Latossolo Vermelho-Escuro 789,306 64.29 183,695 23.27 Latossolo Vermelho-Amarelo Podzólico 284,005 23.13 28,633 10.08 Glei Pouco Húmico 62,760 5.11 6,422 10.23 Podzólico Vermelho-Amarelo Álico 53,521 4.36 7,984 14.92 Solos Litólicos 33,916 2.76 2,922 8.62 Solos Concrecionários Latossólicos 3,636 0.30 736 20.24 Solos Aluviais Distróficos 621 0.05 74 11.92 Total 1,227,765 230,466 Fonte: Zoneamento Econômico-Ecológico do Estado do Mato Grosso – SEPLAN

Segundo SEPLAN (2000), são solos minerais, profundos, com elevado nível de intemperização, caracterizados por apresentar um horizonte B latossólico, de cor vermelho- escura. Apresentam elevada porosidade e permeabilidade, considerados relativamente resistentes à erosão de superfície.

Apresentam textura média e argilosa que devido aos seus aspectos químicos limitam as atividades agrícolas, impondo a necessidade de correções pesadas para uma utilização plena. Os solos argilosos, em geral, são muito utilizados com lavouras cíclicas em sistemas de manejo desenvolvidos, enquanto os de textura média são mais explorados com pastagens plantadas.

Esses solos possuem ótimas condições físicas que aliadas ao relevo plano ou suavemente ondulado onde ocorrem, favorecem sua utilização com as mais diversas culturas adaptadas à região. Por serem ácidos e distróficos, ou seja, com baixa saturação de bases, requerem sempre correção de acidez e fertilização. A ausência de elementos tanto os considerados macros quanto os micronutrientes é uma constante para estes solos.

Em geral, não apresentam nenhum tipo de impedimento físico, tais como presença de cascalhos, pedras, matacões ou outros, que comprometam o uso de máquinas ou o desenvolvimento de raízes.

A segunda tipologia de solo mais representativa no município é conhecida como Latossolo Vermelho-Amarelo Podzólico, que representa 23.13% da área total do município e estão localizadas na porção noroeste do município.

Estes solos apresentam um gradiente textural excepcionalmente elevado para a classe dos Latossolos. Têm textura média e ocorrem sob vegetação de Cerrado Tropical Subcaducifólio em relevo plano e suave ondulado, associados a Podzólicos Vermelho-Amarelos.

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Quanto ao uso agrícola as principais limitações estão relacionadas aos aspectos químicos. Práticas de adubação e calagem são inevitáveis, para sua colocação no processo produtivo. Esse tipo de solo apresenta características que lhes atribui uma maior vulnerabilidade frente aos processos erosivos.

Também podemos encontrar no município os solos chamados Glei Pouco Húmico, encontrados margeando os cursos d´água, num total de 5.11%, Mapa 3. Tais solos caracterizam- se por serem minerais hidromórficos, ou seja, ocorrem principalmente em locais permanentemente alagados, como é o caso das planícies de inundação dos rios. Apresentam normalmente cores cinzentas ou azuladas devido a presença de ferro em sua forma reduzida (Fe+2).

São mal ou muito mal drenados, encharcados, ocorrendo em áreas baixas aluvionares, com textura variável de média a muito argilosa, portanto com baixa aptidão para o uso agrícola, principalmente no emprego de máquinas agrícolas. Há grande suscetibilidade à inundação que são freqüentes.

Após drenagem e correção das deficiências químicas, sobretudo nos solos álicos e distróficos, prestam-se para pastagens, capineiras, e diversas culturas, principalmente cana-de- açúcar, banana e olericultura.

Tem erodibilidade variável em razão de fatores como, textura, descontinuidades litológicas, etc.

Mapa 3 - Solos do município de Marcelândia

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Os solos Podzólico Vermelho-Amarelo Álico, compreendendo 4.36% à nordeste do município são solos minerais, não hidromórficos, profundos. O principal tipo de uso verificado sobre os mesmos é a pastagem plantada. Em Marcelândia ocorrem em áreas de relevo de morros e morretes. Neste caso, não são recomendados para agricultura, prestando-se para pastagem e reflorestamento ou preservação da flora e fauna.

Os demais solos do município correspondem aos solos lateríticos como os Litólicos com 2.76% de extensão, que é comum apresentarem formas pedregosas e os solos Concrecionários Latossólicos que apresentam baixa fertilidade natural, representando 0.30% do município e ainda Solos Aluviais Distróficos que representam apenas 0.05% do município.

4. Geomorfologia

A geomorfologia estuda as formas de relevo, tendo em vista a origem, a estrutura, a natureza das rochas, o clima da região e as diferentes formas internas e externas que formam o relevo terrestre.

Segundo, (MORENO et alii 2005) sendo as formas de relevo, em primeiro nível, facilitadoras ou dificultadoras dos processos de ocupação das terras, de produção e arranjo dos espaços territoriais, suas características são importantes para definir, entre outros,os tipos de atividades agropecuárias mais adequadas em função dos sistemas de produção e de transporte disponíveis em cada lugar.

O diagnóstico e análise quantitativa dos aspectos geomorfológicos do município foram gerados a partir dos dados do zoneamento econômico ecológico do estado de Mato Grosso. O município de Marcelândia possui quatro tipos de relevo, conforme Tabela 3.

Tabela 3- Desmatamento acumulado até 2005 por tipo de relevo Classe Geomorfológicas Área total (ha) (%) Desmate (ha) (%) Sistema de Aplanamento 1,143,397 92.92 268,736 23.50 Sistema de Dissecação em Colinas e Morros 20,638 1.68 4,596 22.27 Sistema de Planície Fluvial 5,255 0.43 278 5.29 Sistema de Planície Aluvionar Meandriforme 58,641 4.77 3,928 6.70 Total 1,230,564 277,538 Fonte: Zoneamento Econômico-Ecológico do Estado do Mato Grosso – SEPLAN

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É representado majoritariamente por relevos do grupo denudacional, representado por formas de relevo que se encontram em processo geral de esculturação onde predominam os aspectos destrutivos, com rebaixamento contínuo das formas de relevo, Mapa 4

São relevos gerados com baixo ou sem controle estrutural, através de sistemas denudacionais de aplanamento e que predominam na paisagem do município, Figura 2, representando 92.92% da área total, Tabela 3. Esses sistemas são identificados através do perfil longitudinal plano com similitude de altitude dos topos, material superficial homogêneo e presença de relevos residuais representativos de superfícies mais altas.

Figura 2 - Relevo aplainado, março 2007.

Segundo CASSETI (1995), esse tipo de relevo corresponde a “uma topografia mais ou menos plana, resultando de um trabalho prolongado da erosão, em condições tectônicas e climáticas estáveis” (Archambault et al, 1967). Encontram-se associadas a processo de pediplanação, em fase climática seca. “Uma superfície de aplainamento constitui uma etapa importante na história do relevo. Ela marca o fim de uma longa evolução e pode constituir o ponto de partida de uma nova etapa do aparecimento de formas após o desencadeamento de uma nova onda de erosão”. Além do comportamento topográfico, outros argumentos contribuem para a caracterização de uma superfície de aplainamento, como: independência da topografia em relação à estrutura, seja ela friável ou resistente; testemunhos de uma cobertura discordante sobre a rocha subjacente; e testemunhos de uma evolução exposta sob forma de paleossolos.Relevos formados a partir do Sistema de Dissecação em Colinas e Morros, encontrados em 1.68% da área do município em uma pequena mancha à noroeste do município,comportam as formas que ocorrem nas áreas de transição entre os sistemas de aplanamento, caracterizando-se preferencialmente por áreas dissecadas em rebordos erosivos, que podem encontrar-se escalonados em patamares.

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O grupo dos sistemas Agradacionais, representam 5.20% da área da bacia, baseiam-se nas diversas tipologias de processos de acumulação proporcionadas pelos sistemas geomorfológicos e onde a variação destes sistemas está associada predominantemente à variabilidade climática, em especial aos climas sazonais com grandes alterações de temperatura e precipitação. Os principais agentes que atuam nos processos de acumulação são a água (em suas diversas formas), a gravidade e o vento. Nas regiões tropicais úmidas, a água torna-se praticamente a maior responsável pelo transporte e acúmulo de materiais.

Nesse grupo encontramos os sistemas agradacionais fluviais como as que aparecem na bacia do Manito: Planície Fluvial e Planície Aluvionar Meandriforme, elaborados pela acumulação de material transportado por rios, córregos e ribeirões, normalmente situados às margens destes, e com configuração alongada.

Os relevos formados pelos sistemas de planície fluvial, totalizando 0.43% de área, correspondem às áreas que têm como gênese processos de agradação preponderantemente fluvial, sendo que esse sistema tem desenvolvimento local, fato associado à existência de nível de base local. Possuem formato alongado acompanhando o canal fluvial. Geralmente, estão associados a rios de menor porte, onde em função da escala de mapeamento, não é possível identificar a padronagem dos rios (meândricos, anastomosados, braided), ou efetivamente estão ligadas a rios pouco sinuosos.

O Sistema de Planície Aluvionar Meandriforme representado em 4.77% da área, Figura 3 corresponde a depósitos sedimentares dos canais fluviais meandrantes, os quais possuem gênese associada ao baixo gradiente das superfícies regionais. O padrão de relevo é composto por planícies aluviais elaboradas pelos rios atuais. As planícies meândricas possuem todo o sistema hidrográfico e fisiográfico em formação. Os meandros possuem feições características, como as margens côncavas, onde ocorre o processo de escavação (bancos de solapamento), enquanto nas margens convexas ocorre a sedimentação (point bar). Pântanos de reverso ocorrem à retaguarda dos diques marginais, com presença de depósitos orgânicos. Na evolução dos meandros podem formar-se pedúnculos adelgaçados, que podem formar ilhas temporárias, graças a erosão dos pedúnculos.

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Mapa 4 - Relevo do município de Marcelândia

Segundo AB’SABER (1975) a formação dos meandros abandonadas dá-se após a erosão dos pedúnculos e a partir do momento em que “a água atravessa o novo canal e pouco a pouco forma restingas fluviais na margem voltada para o antigo meandro, isolando aquele braço do rio em relação a correnteza. O meandro fica abandonado, ou seja, perde relação direta com o leito estabelecido no pedúnculo”. Por conta deste tipo de processo as planícies meândricas apresentam lagos em forma de ferradura, bem como depressões entulhadas, correspondentes a antigos meandros abandonados.

Figura 3 – Planícies Aluviais Meandriformes do Rio Arraias

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5. Vegetação

O município de Marcelândia está localizado no Ecótono Sul Amazônico, integrando a região norte do estado de Mato Grosso. Tal ecótono é caracterizado por ser uma área de transição entre as florestas úmidas da Amazônia e os cerrados do Brasil Central.O Projeto RADAMBRASIL fez uma classificação detalhada para a cobertura vegetal desta região (DNPM/ RADAMBRASIL, 1980; IBGE, 1992), incluindo o Cerrado ou Savana, e a Floresta Estacional nos testemunhos areníticos da Chapada do Cachimbo; a Floresta Ombrófila Densa nos aluviões recentes e solos bem desenvolvidos; e a Floresta Ombrófila Aberta, nas depressões e quase sempre no relevo dissecado. Além destas principais tipologias, classificou as áreas de transição entre as mesmas, ou áreas de Tensão Ecológica, como Ecótono (mistura florística entre tipos de vegetação) ou Encrave (áreas disjuntas que se contatam), áreas de Formação Pioneira Fluvial em locais pedologicamente instáveis pela constante sedimentação do terreno (deposições aluviais) margeando os cursos de água e lagos, e incluiu, na classificação, áreas como Pecuária (pastagem) e Culturas Cíclicas. Esta classificação da vegetação foi posteriormente revisada pelo SIPAM, Mapa 5.

Mapa 5 - Vegetação do município de Marcelândia e entorno

Segundo o ZSEE-MT (SEPLAN, 1998), ocorre nesta região formações vegetacionais como Floresta Ombrófila, sobre solos do tipo podzólico; Floresta Estacional, presente em relevos dissecados, formando encraves; Formações Savânicas ou Cerrados com fisionomias arborizadas e florestadas, ocorrendo em correspondência às áreas mais dissecadas, aos topos tabulares e à ocorrência de solos rasos.

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Tabela 4 - Classes de Cobertura Vegetal no município de Marcelândia Classe Vegetacionais Área total (ha) (%) Floresta Estacional Semidecidual Submontana 975,348 79.58 Floresta Estacional Semidecidual 146,563 11.96 Savana Estacional Arborizada 36,749 3 Floresta Ombrófila Aberta Submontana 21,069 1.72 Floresta Estacional Semidecidual Aluvial 18,278 1.49 Floresta Ombrófila Densa Aluvial 16,134 1.32 Contato Formação Pioneira Sob Influência Fluvial e ou Lacustre - 11,482 0.94 Floresta Estacional Aluvial Total 1,225,623 Fonte: RADAM / SIPAM – Sistema de Proteção da Amazônia.

A região da Floresta Ombrófila (Densa e Aberta), nas porções norte e noroeste do Estado e as Áreas de Transição, foram pouco levantadas, o que gerou lacunas de conhecimento, pois embora já tenham algumas fisionomias estudadas, estas formações possuem um número extremamente elevado de subformações, com características peculiares de composição florística e estrutura. Estas características variam de acordo com a latitude, altitude, posição ao relevo, nível do lençol freático e, principalmente, das floras circundantes (SEPLAN, 1998). Deste modo, considerando o conjunto de dados provenientes das publicações e dos materiais depositados em herbários, pode-se afirmar que a flora matogrossense ainda é pouco conhecida, principalmente nas áreas de transição entre os biomas da Floresta Amazônica e do Cerrado (IVANAUSKAS, 2004).

Mapa 6 - Áreas prioritárias para a Botânica brasileira, na região do município de Marcelândia - PROBIO - Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira/MMA

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Buscando relacionar e descrever de forma clara os tipos de formações vegetacionais representativos ocorrentes na região do município de Marcelândia, considerando a escala trabalhada, uma uniformização das nomenclaturas fitofisionômicas mencionadas anteriormente foi necessária, considerando e mantendo seus conceitos base, resultando a seguinte relação: Floresta Estacional, Floresta Ombrófila e Cerrado ou Savana, em suas respectivas proporções e subdivisões.

As classes de vegetação relacionadas obedecem a subdivisões hierarquias que levam em considerações parâmetros como fase fisiológica, fisionomia estrutural da formação e fase ecológica, entre outros. Partindo deste conceito, relacionaremos e conceituaremos a seguir os tipos vegetacionais dispostos na tabela acima.

A Floresta Estacional tem seu conceito ecológico condicionado pela estacionalidade climática, que na região tropical é marcada por uma época de intensas chuvas de verão seguida por estiagens acentuadas. É constituída por fanerófitos com gemas foliares protegidas da seca por escamas (catáfilos ou pêlos), tendo folhas adultas esclerófilas ou membranáceas deciduais. Na região do município de Marcelândia, ocorre predominantemente a forma Semidecidual, pois em suas comunidades, há somente uma percentagem de árvores caducifólias em torno de 20 a 50%, e Submontana seguindo a hierarquia topográfica (Velloso et alii. 1991). Portanto a Floresta Estacional Semidecidual Submontana sendo característica desta região, ocorre em áreas onde o relevo varia de acidentado a plano, com solo mais raso e sujeito aos efeitos da seca, em geral

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sobre solos areníticos distróficos. Nos topos, podem ocorrer manchas de Refúgio Vegetacional Montano Herbáceo.

Figura 4 - Perfil esquemático de Floresta Estacional Semidecidual Submontana da região conforme Britaldo in INPE Sd2

De acordo com o ZSEE – MT (SEPLAN-

MT, 1998), “na região norte do estado, esta formação está relacionada aos relevos mais dissecados onde ocorre, sob a forma de encraves, em contato com a Floresta Ombrófila, revestindo afloramentos rochosos e, portanto, solos mais rasos com menor disponibilidade de água”. Este tipo florestal é bastante descontínuo e sempre situado entre dois climas, um úmido e outro árido (Velloso et alii.1991).

Outras pequenas áreas de Floresta Estacional Semidecidual Aluvial são mapeadas nos afluentes do rio Xingu, na região de Marcelândia. Encontrada com maior freqüência nas depressões, margeando os rio.

Figura 5 - Floresta Estacional Semidecidual Submontana e Floresta Estacional Semidecidual Aluvial, região da Bacia Hidrográfica Manissauá – Miçú.

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A composição florística destas florestas inclui mamica (Zanthoxylum sp.), jaracatiá (Jaracatia sp), jatobá (Hymenaea courbaril), embiruçu (Pseudobombax sp.) todas decíduas no período de estiagem, conforme ZSEE-MT (SEPLAN-MT, 1998). E também espécies como ipê- amarelo (Tabebuia serratifolia), Guarea sp, Croton balanostigma, Schyzolobium sp., Urera baccifera, e inúmeras espécies da família botânica Vochysiaceae, principalmente os gêneros Qualea e Vochysia entre outras.

A Floresta Ombrófila, ocorre na área tropical mais úmida, sem período biologicamente seco (até 60 dias) durante o ano, com precipitação bem distribuída e temperaturas elevadas, sendo portanto, sua característica principal a ocorrência de ambientes ombrófilos. Tem sua vegetação caracterizada pela presença de grandes árvores, apresentando quatro estratos bem definidos: herbáceo, arbustivo, arvoreta e arbóreo, sendo constituída por árvores perenifólias, geralmente com brotos de crescimento desprovidos de proteção contra a seca, como também por fanerófitos (planta lenhosa que apresenta gemas e brotos de crescimento protegidos por folhas modificadas (catáfilos) situados acima de 0,25m do solo), além de lianas lenhosas e epífitas em abundância. Geralmente estabelecida sobre latossolos distróficos e excepcionalmente eutrófico, originados de vários tipos de rochas, desde cratônicas (granitos e gnaisses) até os arenitos com derrames vulcânicos de vários períodos geológicos (Velloso et alii, 1991). Esta formação é subdividida em Floresta Ombrófila Densa que posteriormente é classificada como Floresta Ombrófila Densa Submontana e Floresta Ombrófila Densa Aluvial segundo hierarquia topográfica, e Floresta Ombrófila Aberta, conforme sua fisionomia estrutural.

A Floresta Ombrófila Densa Aluvial (Figura 6 e Figura 7), não varia topograficamente e apresenta sempre ambientes repetitivos, ocorrendo ao longo dos cursos de água ocupando os terraços antigos das planícies quaternárias, na região prevalece em faixas estreitas e descontínuas ao longo dos grandes rios e alguns afluentes. Os solos são do tipo Areias Quartzosas, Hidromórficos e Podzólico Vermelho-Amarelo. É uma formação vegetal bastante complexa, apresentando geralmente uma submata baixa. Constituída por plantas de rápido crescimento, em geral de casca lisa, tronco cônico, tipo “botija” e raízes tabulares. Apresenta com freqüência um dossel emergente, em pontos com muitas palmeiras no estrato dominante e na submata. Esta formação também é marcada pela ocorrência de muitas lianas lenhosas e herbáceas, além de grande número de epífitas e poucas parasitas (Velloso et alii).

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Figura 6 - Perfil esquemático de Floresta Ombrófila Densa Aluvial, conforme Britaldo in INPE Sd2

São exemplos das espécies encontradas: cajuaçú (Anacardium giganteum), caucho (Castilloa ulei), sumaúma (Ceiba pentandra), angelim-de-saia (Parkia pendula), seringueira (Hevea brasilienses e H. bentholiana), bálsamo (Myroxilum peruiferum), maçaranduba (Manilkara uberi), pau-rôxo (Peltogyne densiflora), ipê- amarelo (Tabebuia serratifolia), ucuuba (Virola spp), varias de relevante importância econômica (SEPLAN-MT, 1998).

Figura 7 - Fácie vegetacional da Floresta Ombrófila Densa, correspondente a um perfil de Floresta Ombrófila Densa Aluvial, Gallo de na região Oliveira, 2006

A fisionomia da Floresta Ombrófila Aberta Submontana (Figura 8 e Figura 9), é marcada pela disposição espaçada das árvores, o que permite a passagem da luz, favorecendo o desenvolvimento de cipós ou trepadeiras, de palmeiras, sororoca e bambus, características que norteiam a subdivisão desta classe

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Figura 8 - Perfil esquemático de Floresta Ombrófila Aberta Submontana, conforme Britaldo in INPE Sd2

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Entre as espécies de maior porte destacam-se a castanheira (Bertholletia excelsa), os paricás ou angelim-de-saia (Parkia pendula). De valor econômico no mercado destacam se a ucuuba (Virola sp), jequitibá (Cariniana sp.), jatobá (Hymenaea sp.), pequiá (Caryocar villosum), esta formação tem sua composição florística similar a da Floresta Ombrófila Densa. Em algumas localidades, ocorre grande quantidade de palmeiras, dentre as quais citam-se paxiúbas (Iriatea sp.), inajá (Attalea maripa), palmito (Euterpe precatoria), bacabas (Oenocarpus spp.). A sororoca (Phenakospermum guianense) marca o sub- bosque nas expressões aluviais destas florestas e grupos de palmeira açaí (Euterpe oleracea) crescem sobre solos úmidos das baixadas e margens dos rios (SEPLAN-MT, 1998).

Figura 9 - Vista aérea da Floresta Ombrófila Aberta Submontana (1), e suas fáceis vegetacionais, onde (2) corresponde a Floresta Ombrófila Aberta com palmeiras; (3) a Floresta Ombrófila Aberta com sororoca.

De acordo com o projeto RADAM BRASIL (1980), o Cerrado ou Savana do norte de Mato Grosso pode ser definido como sendo uma

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vegetação xeromórfica, com fisionomias diversas, do arbóreo denso ao gramíneo-lenhoso. É caracterizada, de modo geral, por árvores de pequeno porte, isoladas ou agrupadas sobre um revestimento graminóide. Apresenta sua vegetação lenhosa com os brotos foliares bem protegidos, casca grossa rugosa (corticosa), órgãos de reserva subterrâneos, geralmente profundos (xilopódios), e folhas desenvolvidas com estômatos permanentemente abertos, protegidos de pêlos. As espécies características da referida formação não são poucas, no entanto as fisionomias se repetem sucessivamente. Fisionomicamente é semelhante ao Cerrado do Centro-Oeste brasileiro, mas difere substancialmente em estrutura e composição florística, tendo apenas poucos elementos representativos comuns, como é o caso dos muricis (Byrsonima sp.).

Figura 10 - Perfis esquemáticos dos Cerrados da região conforme Britaldo in INPE Sd2

O Zoneamento Sócio-Econômico-Ecológico, do estado de Mato Grosso (SEPLAN-MT, 1998), caracteriza os Cerrados ou Savanas da seguinte forma:

Cerradão (Savana Florestada), verifica-se que essa formação pode ocorrer em diferentes tipos de solo e de relevo, em contato com a Floresta Ombrófila e Estacional ou ocupando áreas de solos melhores em meio a Cerrados (Savana Arborizada). Preferencialmente, recobre áreas de relevos tabulares ou afloramentos rochosos, sobre solos profundos e de média fertilidade, freqüentemente do tipo podzólico e latossolos. Na parte norte do Estado de Mato Grosso ocorrem sob a forma de encraves.

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Fisionomicamente é descrita como a expressão florestal dos cerrados (formações savânicas). As árvores que constituem o dossel possuem troncos geralmente grossos, com espesso ritidoma, porém sem a marcante tortuosidade observada nos cerrados. A estratificação é simples e o componente arbóreo é perenifólio. Não há um estrato arbustivo nítido e o estrato graminoso é entremeado de espécies lenhosas de pequeno porte. Atinge altura em torno de 5 m, podendo chegar a 18 m.

A composição florística do cerradão é geralmente diversificada, contendo espécies das expressões mais abertas dos cerrados, que assumem hábito arbóreo, e da floresta estacional, raramente presente em outras fisionomias savânicas. Epífitas são raras.

No estrato arbóreo entre 4 e 8 m: muricis (Byrsonima spp.), lixeira (Curatella americana), oiti (Licania humilis), pau-santo (Kielmeyera coriacea); no estrato arbóreo entre 8 a 15 m: sucupira-branca (Pterodon pubescens), sucupira preta (Bowdichia vigilioides), pau-de-sobre (Emmotum nitens), carvoeiro (Sclerolobium paniculatum), capitão (Terminalia argentea), jatobá (Hymenaea coubaril), tingui (Magonia pubescens), pau-terra (Qualea grandiflora e Q. parviflora), jacarandá (Machaerium e Dalbergia), pau-de-arara (Salvertia convallariaeodora). No estrato intermediário: marmelada-de-cachorro (Alibertia edulis), unha-de-vaca (Bauhinia sp), melastomataceas, ciperáceas, rubiáceas, palmeiras e gramíneas; no estrato herbáceo: gramíneas, ciperáceas, bromeliáceas, musáceas, pteridófitas.

O Cerrado (Savana Arborizada), essa formação ocupa grandes áreas com solos e relevo bastante diferenciados, sendo sua ocorrência mais significativa abaixo do paralelo de 13º00’, até os limites com o Mato Grosso do Sul. Na região norte do Estado de Mato Grosso, ocorre na forma de pequenos encraves revestindo relevos dissecados em formas tabulares e colinosas da Chapada do Cachimbo capeados por Areias Quartzosas; relevo tabular com solos litólicos na Chapada de Dardanelos e de Areias Quartzosas no Planalto dos Parecis.

Fisionomicamente constitui-se em uma formação campestre, possuindo estrutura mais aberta e mais baixa que o cerradão (aproximadamente 5 m). É caracterizada por um tapete gramíneo lenhoso contínuo e pela presença de árvores gregárias de troncos e galhos retorcidos, casca espessa (às vezes suberosa), folhas grandes (podendo ser grossas, coriáceas e ásperas), de acordo com perfil esquemático apresentado na Figura 10. Ocorre sobre relevos tabulares ou ondulados e dissecados, com capeamentos areníticos.

Variações fisionômicas e estruturais, decorrentes de características pedológicas diferenciadas e de perturbações antropogênicas expressam-se pela distribuição espacial irregular de indivíduos, ora com adensamento do estrato arbustivo-arbóreo, ora com predomínio do componente herbáceo. A altura varia entre 2 m e 7 m. Apresenta, como característica marcante, estrato

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arbóreo composto de exemplares de troncos e galhos retorcidos, casca espessa e folhas grandes, muitas vezes coriáceas. Espécies características: jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa), ipê-do-cerrado (Tabebuia caraiba), araticum (Annona coriacea), pequizeiro (Caryocar brasiliensis), mangaba (Hancornia speciosa), lixeirinha (Davilla elliptica), colher-de-arara (Salvertia convallariaeodora), lixeira (Curatella americana), pau- santo (Kielmeyera sp), pau-terra (Qualea sp), muricis (Byrsonima sp), entre outras. A ocorrência de lianas não se dá de forma agressiva, sendo a maioria herbácea ou semilenhosa. Gallo de Oliveira,

Figura 11 - Cerrado (Savana Arborizada) na região.

Outra formação vegetacional representativa espacialmente é a Formação Pioneira com Influência Fluvial, que se caracteriza como vegetação de primeira ocupação, associada a espécies pioneiras que se desenvolvem sobre áreas pedologicamente instáveis, sob constantes deposições sedimentares, tais como da margens dos rios e ao redor dos pântanos, lagos e lagoas, desenvolvidas sobre Organossolos e Gleissolos, influenciadas pelo regime hídrico dos flúvios, ou então em depressões alagáveis durante ao menos um período do ano, condição ambiental que propicia o estabelecimento apenas de espécies adaptadas (IBGE, 1992).

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Figura 12 - Formação Pioneira com Influência Fluvial ao longo do rio Arraias.

São comunidades cujo desenvolvimento pleno é limitado por condições ambientais diferentes do clima regional, principalmente Irgang, 2007 hidromorfismo. Sua florística é mais simplificada em relação a florestas clímax e não há ainda formação de estratos (IBGE, 1992). Na região se distribui principalmente ao longo do rio Arraias e outros, tendo como espéciesbotânicas características o buriti (Mauritia flexuosa) e caranãs (Mauritiella armata).

As áreas pedologicamente instáveis pela constante sedimentação do terreno Irgang, 2007 (deposições aluviais) foram' denominadas de Áreas das Formações Pioneiras. Então, todas as formações situadas ao longo dos cursos de água e em redor dos lagos sobre os terrenos aluviais em formação são constituídas de vegetação de primeira ocupação.

Essas comunidades serais são encontradas desde herbáceas campestres aos arbustivos. Evidentemente, elas são dependentes das condições de adaptabilidade das espécies e de dispersão das sementes através dos grandes rios e grandes animais (no caso das palmeiras e outras com frutos pesados), do vento e pássaros (no caso das sementes leves aladas e farinosas). Assim sendo, as chamadas Áreas das Formações Pioneiras são os ambientes dependentes da sedimentação do terreno, pela deposição aluvial e das oportunidades ecológicas no transporte das sementes (Brasil, 1978).

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Toda região sofre forte pressão de frentes produtivas como a exploração madeireira seletiva e manejada, a pecuária e a agricultura. Muitas vezes conduzidas de forma predatória sobre o patrimônio natural.Segundo o projeto RADAMBRASIL, realizado entre o fim da década de 70 e início da década de 80, em toda região amazônica, visando nortear através de embasamentos técnicos a exploração das novas fronteiras. Neste contexto o projeto afirma que na região do município de Marcelândia “a extração vegetal é bem promissora, apesar de os elementos básicos estarem com distribuição irregular... as maiores potencialidades de madeiras por unidade de área estão localizadas na Floresta Ombrófila Densa, Aberta com palmeiras e na Floresta Estacional Semidecidual, com espécies que se prestam aos mais variados usos. ”Segue ainda como recomendação do projeto RADAMBRASIL que “estas áreas florestais apresentam amplas possibilidades, do ponto de vista técnico e econômico, de ter os seus recursos madeireiros explorados de forma racional, considerando-se a rede de estradas existentes, a favorabilidade do relevo para a exploração comercial e o potencial madeireiro disponível nas duas formações citadas e representado por espécies de alto valor econômico.” Considerando-se estas características favoráveis, fica evidente que os projetos madeireiros devam se instalar dentro destas duas formações, em áreas onde possam se beneficiar da infra-estrutura de estradas públicas existentes e das demais vantagens naturais disponíveis.” (Brasil, 1978).

Tabela 5- Classes de Cobertura Vegetal no Município de Marcelândia, e desmatamento acumulado até 2005. Classe Vegetacionais Área total (ha) (%) Desmate (ha) (%) 79.5 975,348 216,213 22.17 Floresta Estacional Semidecidual Submontana 8 11.9 146,563 43,982 30.01 Floresta Estacional Semidecidual 6 Savana Estacional Arborizada 36,749 3 4,272 11.62 Floresta Ombrófila Aberta Submontana 21,069 1.72 6,898 32.74 Floresta Estacional Semidecidual Aluvial 18,278 1.49 899 4.92 Floresta Ombrófila Densa Aluvial 16,134 1.32 4,231 26.22 Contato Formação Pioneira Sob Influência Fluvial e ou Lacustre - Floresta Estacional 11,482 0.94 1,060 9.23 Aluvial Total 1,225,623 277,555 Fonte: RADAM / SIPAM – Sistema de Proteção da Amazônia.

Esta conjuntura serve para melhor entendermos a dinâmica realizada na região pelas atividades exploratórias, basicamente extrativistas, refletidas nos dados da Tabela 5.

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Mapa 7 - Mapa de Vegetação do município de Marcelândia e entorno, em destaque o Desmatamento acumulado até 2005.

Para Britaldo “a compreensão das relações de um meio ambiente e sua dinâmica requer uma visão integrada dos aspectos físicos e biológicos de sistemas naturais em relação às suas interações com os fatores sócio-econômicos e políticos” (INPE. 2007). Portanto sendo Marcelândia e região até anos anteriores, municípios sustentados fundamentalmente pelas atividades de base florestal, uma dinâmica foi traçada na região desde sua colonização até os dias atuais, norteada por tais atividades. Assim sendo ao observar os dados da Tabela 5 e a é possível notar que as classes vegetacionais mais alteradas e desmatadas compreendem a Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Densa e Aberta, devido ao alto potencial madeireiro destas classes.

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Figura 13 - Frentes produtivas consolidadas na região do município de Marcelândia, em destaque a exploração madeireira seletiva, a agricultura e a pecuária, geralmente mal conduzidas, Irgang, 2007 gerando graves danos ambientais

Contudo um panorama otimista vem sendo traçado para a região através de trabalhos como Irgang, 2007 Gallo de Oliveira, planejamento territorial, iniciativas sustentáveis, recuperação de áreas degradadas. Merecendo destaque a iniciativa empenhada pelo município de Marcelândia, como o projeto Fortalecimento do Planejamento, Ordenamento e Gestão Territorial e Ambiental de Marcelândia. A importância da região é enfatizada pelo trabalho do PROBIO 2007, identificando áreas e atribuindo prioridades e ações para a conservação da biodiversidade regional, através de mapeamento conforme Mapa 8.

Mapa 8 - Mapa de áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade para a região da bacia Manissauá-miçú

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6. Hidrografia

Um importante afluente do rio Xingu, o Manissauá-miçú é o principal rio do município, e está localizado na porção sul de Marcelândia. É também conhecido na região como rio Manito, Figura 14.

Sua bacia abrange uma área de 783,604 do município, ou 64 %.. Suas nascentes estão distribuídas entre os municípios de , Feliz Natal, Cláudia, União do Sul, Vera e Nova Ubiratan drenando para o canal principal que passa por Marcelândia e deságua no Parque Indígena do Xingu. Na sua foz, vive o Povo Indígena Manito com a presença das aldeias Velha Paraná Kururu/Kaiabi e Tuba-Tuba Yudjá.

Segundo relatos o rio Manito é navegável, com águas mansas, não havendo presença de rebojos, nem pedreiras, propício para o turismo náutico em sua extensão total. Sua largura média é de aproximadamente 60 (sessenta) metros, e profundidade em média de 10 (dez) metros.

Figura 14 - Fotografia aérea da foz do rio Arraias no Rio Manissauá- miçú

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Mapa 9 - Sub-bacias hidrográficas que compõem o município de Marcelândia

Vários são os problemas de degradação ambiental encontrados nas sub-bacias que compõe o município, preocupando pelo estado de conservação. O desmatamento das apps, para plantação de pastagem e para facilitar o acesso do gado ao leito dos rios, por exemplo,provocam a exposição do solo, tornando-o frágil e mais vulnerável à erosão e conseqüente assoreamento dos cursos d´água, Figura 15.

Figura 15 – Exemplo de desmatamento de APP, rio Manissaúa-miçu

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A situação das principais sub-bacias do Manito, que fazem parte do município pode ser observada nos dados da Tabela 6 , que mostra as 11 sub-bacias de nível 4 de Marcelândia e os dados quantitativos do desmatamento acumulado até 2005.

A maior delas é a sub-bacia do Rio Peixoto representando 18,39% da área do município e tinha até 2005, 25,18% de sua área desmatada.

A sub-bacia do Rio da Saudade está em situação mais crítica apresentando quase metade de sua área desmatada, 48,98% e apesar de ser a segunda menor do município 3,50% tem o agravante de estar localizada muito próxima a área urbana de Marcelândia.

Uma informação interessante diz respeito às sub-bacias localizadas dentro, total ou parcialmente, do Parque Indígena do Xingu, como a do Canal Principal do Rio Xingu e a da Foz do Rio Manissauá-miçú, que possuem as menores taxas de desmatamento.

Tabela 6– Sub Bacias Nível 04 que compõem o município de Marcelândia e o desmatamento acumulado até 2005 Sub Bacias Área total (ha) (%) Desmate (ha) (%) Canal Principal do Rio Xingu 39,088 3.18 202 0.52 Rio Jarina ou Juruna 22,000 1.79 5,922 26.92 Foz do Rio Manissauá-Miçu 81,046 6.59 2,444 3.02 Rio Arraias 90,102 7.32 22,693 25.19 Córrego Amarelão 79,940 6.50 6,275 7.85 Rio Pelé 106,090 8.62 15,126 14.26 Rio Itrio Barbosa 216,204 17.57 41,000 18.96 Rio Saudade 43,014 3.50 21,068 48.98 Córrego Urubus 174,516 14.18 92,355 52.92 Rio Peixoto 226,265 18.39 56,983 25.18 Rio Mosquito 152,276 12.37 13,596 8.93 Total 1,230,541 277,664 Fonte: ANA – Agência Nacional de Águas, ISA – Instituto Socioambiental, SEMA-MT

7. Aptidão Agrícola da Terra

O mapeamento de aptidão agrícola da terra do Estado elaborado pela Seplan –MT serve como um importante indicativo das potencialidades de desenvolvimento econômico para as diferentes regiões de Mato Grosso. A capacidade produtiva do setor agrícola de uma região

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depende fundamentalmente da disponibilidade e da qualidade do recurso natural terra, constituindo o conhecimento de suas diversas aptidões fator de grande importância para sua utilização racional na agricultura (SEPLAN, 2000)

Porém, é importante lembrar que mesmo que uma área seja julgada de bom potencial agropecuário pode, ao mesmo tempo, apresentar uma série de limitações importantes não consideradas neste sistema, que ao final levem a uma destinação não agrícola, tais como fragilidade de ecossistemas, ressalta SEPLAN em seu relatório técnico.

A falta de um planejamento racional de uso da terra tem promovido diversos impactos negativos, muitas vezes chegando a limites críticos em determinadas regiões, resultando em degradação ambiental e redução da qualidade de vida, não só para a comunidade rural, mas também para toda população (DENT& YOUNG, 1993)

No mapeamento elaborado para o zonemanento, foram identificadas em Marcelândia 6 classes de aptidão agrícola da terra, sendo que existe uma predominância de áreas com condições, de regular à boa, para pastagem plantada e lavouras mecanizadas.

Mapa 10 -. Aptidão agrícola da terra no município de Marcelândia

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Vejamos nos dados da abaixo, a análise quantitativa dos dados do Zoneamento, sobre a aptidão agrícola para Marcelândia.

Marcelândia apresenta 46% de sua área destinada, em grande parte, às atividades agrícolas mecanizadas, e é onde estão concentradas as maiores taxas de desmatamento acumulado até 2005.

As áreas com aptidão regular para pastagem plantada representam metade da área do município 50% e taxa de desmatamento acumulado de 21,20%. A Silvicultura possui pouca representatividade nesse cenário com 3,13% de área do município, mas é onde a principal atividade econômica do município se desenvolve elevando o percentual de área desmatada para essa classe de aptidão.

Tabela 7– Aptidão Agrícola do município de Marcelândia

Área total ( Desmate (% Aptidão do Solo (ha) %) (ha) )

1 29. Lavoura Mecanizada - Boa 239,857 9.49 70,348 33

2 21. Lavoura Mecanizada - Regular 323,919 6.32 68,212 06

0. 37. Lavoura Mecanizada - Restrita 11,859 96 4,396 07

4 21. Pastagem Plantada - Regular 613,795 9.88 130,143 20

0. 4.7 Sem Aptidão 7,141 58 336 1

2. 12. Silvicultura - Regular 33,534 73 4,096 21

Total 1,230,564 277,531

Fonte: Zoneamento Econômico-Ecológico do Estado do Mato Grosso – SEPLAN

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8. Mapeamento das áreas com restrições ao desmatamento

A descrição dos aspectos físicos do município, apresentados nesse diagnóstico, são de extrema importância para o conhecimento e compreensão do ambiente. Porém a melhor forma de entender o ambiente depende da maneira como ele é visto.

É através da compreensão das leis da natureza que se pode tratar das questões ambientais, e a natureza deve ser vista como um sistema maior formado por outros subsistemas integrados (CASSETI, 1995).

Com base na idéia de visão sistêmica do ambiente, sob esse enfoque de que na natureza nada pode ser entendido de modo estático e desarticulado do todo e também com o objetivo de contribuir para a adequação do uso e planejamento racional dos recursos naturais do município este trabalho apresenta uma proposta metodológica e um produto que integra os planos de informação, através de sistema de informação geográfica, a fim de mapear as áreas da bacia que apresentam algum tipo de fragilidade ou restrição ao desmatamento. Solos, geomorfologia, vegetação, hidrografia, aptidão agrícola da terra, áreas prioritárias para conservação da biodiversidade, terras indígenas fizeram parte desta análise.

Para tanto, os planos de informação foram analisados individualmente e identificadas todas as classes que apresentam alguma restrição a remoção da cobertura vegetal natural, ao desmatamento. Abaixo estão listadas as classes consideradas restritas ao desmatamento para cada plano de informação contemplados na presente análise:

• Solos: Glei Pouco Húmico, Areias quartzosas, Solos aluvionais distróficos e solos litólicos

• Geomorfologia: Sistema planície fluvial, Sistema planície aluvionar meandriforme

• Vegetação: Savana Estacional Arborizada, Contato Formação Pioneira Sob Influência Fluvial e ou Lacustre - Floresta Estacional Aluvial, Floresta Estacional Semidecidual Aluvial, Floresta Ombrófila Densa Aluvial

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• Hidrografia: apps dos cursos d´água em escala 1: 100.000, considerando 50 metros para cada lado do rio

• Aptidão da terra:Lavoura mecanizada (restrita e regular), sem aptidão e silvicultura regular

• Áreas Prioritárias classes: Recuperação e mosaico/corredor

• Terras Indígenas: Parque Indígena do Xingu

Através do método de reclassificação essas classes foram selecionadas e a elas atribuído valor 1. As classes que não apresentam nenhuma restrição ao desmatamento receberam valor 0, ou seja foram desconsideradas da análise. O resultado é um mapa somente das áreas restritas ao desmatamento para cada plano de informação, Mapa 11.

Mapa 11 – Áreas restritas ao desmatamento – Marcelândia

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O somatório dos mapas dos planos de informação, reclassificados para 1 e 0, resultou no mapa final das quantidades de restrições dentro do conjunto de dados analisados para o município de Marcelândia, apresentado na Tabela 8 abaixo:

Tabela 8 – Dados das áreas consideradas restritas ao desmatamento no município de Marcelândia

9. Qtde de Área total % Restrições 10.Área em há desmatada % Desmate 0 676.180 55 176.953 26 1 338.676 28 84.696 25 2 136.310 11 10.925 8 3 42.852 3,48 2.558 6 4 28.689 2,33 2.387 8 5 7.615 0,62 143 2 6 223 0,02 2 1 Área total com restrições 554.365 45 100.711 18 Total 1.230.545 100 277.664

Vale lembrar que a quantidade de restrições não esta diretamente relacionada com o nível de restrição da área, ou seja, uma área com quantidade de restrição 1 é tão restrita quanto uma área com quantidade de restrições 6. A diferença entre eles é que no último, está totalizada a sobreposição de 6 planos de informação.

Os valores da tabela nos mostram que mais da metade da área do município, 55% , não apresenta nenhum tipo de restrição e que 45% da área total do município apresentam restrições ao desmatamento. Dessas áreas restritas, 18% já haviam sido desmatadas até 2005. Os 28% representados pelo grupo 1, englobam a grande maioria de apps, conforme pode-se observar no Mapa 12.

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Mapa 12 – Áreas restritas X desmatamento acumulado até 2005.

Essa proposta de análise considera que esse resultado serve como um indicativo da situação ambiental do município trazendo informações qualificadas para a tomada de decisão e importantes para o zoneamento do município.

Com o objetivo de analisar a situação atual do município visando mapear o real potencial de aptidão agrícola do município integramos a análise sistêmica aos dados de aptidão. Obteve-se como resultado um mapa com as áreas de aptidão agrícola sem restrição ao desmatamento, conforme apresentado no Mapa 13

Mapa 13 – Áreas com aptidão agrícola da terra sem restrição ao desmatamento

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Na tabela abaixo, temos os dados quantitativos das duas principais classes de aptidão do município e a relação com o desmatamento. Este exemplo de análise simplificada já nos leva a perceber que a maior aptidão agrária do Município de Marcelândia sem restrição ao desmatamento é a pecuária com 41% de sua superfície, seguido de 14% da superfície, útil e com maior aptidão a lavoura mecanizada. Contrariando a percepção de muitos que acreditavam que a maior vocação do município seria a produção de soja

Tabela 9– Aptidão agrícola do Solo excluídas as áreas restritas ao desmatamento Área Des Classes de em ha sem Sem 20 20 2 mate aptidão restrição % desmate 00 03 005 Total %

Lavoura 1 117.8 14 41 1. 57.8 3 Mecanizada - Boa 175.672 4% 03 .309 .576 984 69 3%

Pastagem Plantada 4 409.0 7. 83 91.3 1 - Regular 500.46 1% 9 718 .647 5 7 8%

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