Complexo Mítico Da Nova Identidade Portuguesa De Matriz Republicana
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ROGÉRIO ALVES DE FREITAS COMPLEXO MÍTICO DA NOVA IDENTIDADE PORTUGUESA DE MATRIZ REPUBLICANA: REFUNDAÇÃO DE PORTUGAL/RECONVERSÃO MÍTICA Orientador: Prof. Doutor Nuno Estêvão Ferreira Co orientador: Prof. Doutor José Eduardo Franco Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração Lisboa 2013 ROGÉRIO ALVES DE FREITAS COMPLEXO MÍTICO DA NOVA IDENTIDADE PORTUGUESA DE MATRIZ REPUBLICANA: REFUNDAÇÃO DE PORTUGAL/RECONVERSÃO MÍTICA Dissertação apresentada para a obtenção do Grau de Mestre em Ciências das Religiões no curso de Mestrado em Ciências das Religiões conferido pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologi as. Orientador: Prof. Doutor Nuno Estêvão Ferreira Co orientador: Prof. Doutor José Eduardo Franco Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração Lisboa 2013 EPÍGRAFE A secularização arrasta consigo uma certa reinvenção religiosa. Marcel Gauchet A religião civil atua como religião política quando se assiste à socialização de uma ideologia e de um movimento político. Gentile 2 DEDICATÓRIA Curvo-me perante quem me gerou, sou grato a quem me formou e presto homenagem a quem me apoiou. Minha mulher Helena e meus filhos Marcelo e Denise foram um apoio incondicional. A eles dedico especialmente este trabalho. Quero também, com este trabalho, prestar uma homenagem sentida ao grande património humano e material responsável pelos principais momentos da realização de minha vida, a cidade do Porto. 3 AGRADECIMENTOS Ter amigos como Alice Matos, Fátima Lourenço, Leonor Nunes e Isabel Clemente ajuda muito quando queremos avançar num projeto destes. Agradeço-vos do fundo do meu coração. A todos os professores, pela forma como me ensinaram ao longo deste percurso, um muito obrigado. Um agradecimento especial ao Dr. Paulo Mendes Pinto por ter estado sempre presente e motivador nesta fase de minha vida como Diretor e, sobretudo, como amigo. Finalmente, agradeço aos doutores Nuno Estêvão Ferreira e José Eduardo Franco, meus orientadores e um exemplo como investigadores, que me marcaram pela mestria e entusiasmo com que ensinam 4 RESUMO O mito da República e do novo cidadão republicano em Portugal foi um projeto que assentou na ideia de identidade, tendo para tal urdido uma reconstituição da história e da tradição portuguesa. Tal desiderato surgiu muito na linha do que fora a República em França mas, sobretudo, de um modo subjacente, na linha dos mitos primordiais, ritualizados na forma utópica de uma República ideal. A nova identidade portuguesa, de matriz republicana, foi engenhosamente elaborada por um conjunto de intelectuais e políticos irmanados e convencidos da cientificidade do projeto que resultaria na transformação de uma sociedade portuguesa decadente. A identidade impôs-se na memória, nos afetos, na educação, nos tempos, nos espaços, nos ritos… a identidade confundiu-se, no fundo, com o regime que, já antes de o ser, se assumiu como herdeiro do passado glorioso e mitificado e, ao mesmo tempo, representante direto do presente e do futuro promissor de Portugal. O ideal republicano gerou no seio da sociedade uma identidade que se consubstanciou nas ritualidades cívicas. Palavras- Chave Mito, identidade, memória, ritualidade, República 5 ABSTRACT The republican myth and the new republican citizen in Portugal was a project based on the idea of identity, which led to a reconstitution of the history and of the Portuguese tradition. This aspiration emerged in line with what was the Republic of France, but especially and in an subjacent way, in the line of the primordial myths and ritualized in the utopian way of an ideal Republic. The new Portuguese identity, within the republican model, was skilfully drafted by a united group of intellectuals and politicians. This group was truly convinced about the scientific approach of the project that would change the Portuguese decadent society. The identity was established in the memory, in the affections, in the education, in the times, in the spaces and in the rites… The identity merged with the regime that acted as heir of the glorious and mystified past, and at the same time, as a direct representative of the present and the promising future of Portugal. The republican ideal developed within the society an identity that embodied itself in the civic rituality. Key words Myth, identity, memory, rituality, Republic 6 ÍNDICE EPÍGRAFE ................................................................................................................................................. 2 DEDICATÓRIA ........................................................................................................................................ 3 AGRADECIMENTOS ............................................................................................................................... 4 RESUMO ................................................................................................................................................... 5 ABSTRACT ............................................................................................................................................... 6 ÍNDICE ...................................................................................................................................................... 7 ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................................ 10 ÍNDICE DE FOTOGRAFIAS ................................................................................................................. 11 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 12 I - DO MITO DOS PRIMÓRDIOS AO MITO REPUBLICANO EM PORTUGAL ............................. 17 1- Definição de mito. ........................................................................................................................ 17 2- Arquétipos arcaicos e sua função. ................................................................................................ 18 3- A relação entre mito e história. .................................................................................................... 20 3.1 Considerações conceptuais. ........................................................................................................ 20 3.2 A evolução do mito na história................................................................................................... 21 3.3 Quando o mito se torna mais forte que a história. ...................................................................... 22 3.4 A identidade portuguesa de fundamentação mítica. ................................................................... 24 II RECONSTRUÇÃO MITIFICANTEDE UMA NOVA MEMÓRIA HISTÓRICA ............................. 29 1- Termos e conceitos: A Primeira República e a construção de uma nova identidade. ................. 29 1.1 Ideias centrais do Republicanismo português. ........................................................................... 29 1.2 A laicidade republicana. ............................................................................................................. 30 1.3 Via filosófica ou religiosa? ....................................................................................................... 31 2- Teorizadores de uma nova história de Portugal. .......................................................................... 33 2.1 O papel das elites intelectuais na refundação de Portugal. ......................................................... 33 2.2 A via cultural e científica como solução. ................................................................................... 34 3- Precursores e idealizadores de uma evolução histórica, modeladora de uma nova identidade nacional. ............................................................................................................................................... 35 7 3.1 Escritor – Ramalho Ortigão. ....................................................................................................... 36 3.2 Poeta – Antero de Quental. ........................................................................................................ 37 3.3 Romancista – Eça de Queiroz. ................................................................................................... 40 3.4 Caricaturista – Rafael Bordalo Pinheiro. .................................................................................... 41 3.5 Dramaturgo – Henrique Lopes de Mendonça . .......................................................................... 43 3.6 Filósofo/Politico – Teófilo Braga ............................................................................................... 45 4- Os heróis símbolos de um Portugal novo em reconstrução. ......................................................... 47 4.1 A figura do herói. ....................................................................................................................... 47 4.2 Culto aos heróis. ......................................................................................................................... 48 4.3 Os mártires como precursores. ................................................................................................... 50 III OS CRIADORES E MEDIADORES DE UMA IDENTIDADE MITIFICADA. .............................. 52 1- Os políticos republicanos – figuras centrais