PERFIS MINEIROS

Os PERFIS MINEIROS publicados pelo INDICADOR a partir do n 24 constituem verbetes do DICIONÁRIO BIOGRÁFICO DE - Peflodo Republicano (1889-1991). elaborado pelo Centro de Estudos Mineiros UFMG/FUNI)EI, e atualizado, a partir de 1980, pela Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais, sempre sob a coordenação da professora Norma de G5es Monteiro. O dw,o,urio será pullicado pela Assembléia eni Convénio com a F(JN- 0EV. CRISPIM JACQUES

Político, magistrado, advogado, Promotor e fazendeiro, nasceu em Li- vramento, Distrito de , Província de Minas Gerais (hoje cidade de Oliveira Fortes) a 25 de outubro de 1847, e faleceu na cidade de Barbacena, a 14 de maio de 1917. Filho do Capitão da GN Francisco José de Oliveira Fortes e de Carlota Benedita de Oliveira Fortes. Casado com Adelaide de Araújo Fortes. Depois de fazer os primeiros estudos em Barbacena, cursou a (Facul- dade de Direito de São Paulo), pela qual se bacharelou em Ciências Jurídicas e Sociais em 1870, na turma de Joaquim Nabuco, Rui Barbosa, Afonso Au- gusto Moreira Pena e Rodrigues Alves. No início de sua vida pública exerceu os cargos de Promotor e Juiz Minicipal em Barbacena. Em 1879 exonerou-se da Magistratura e passou a militar na política. Nos períodos em que não desempenhava mandatos eletivos advogava em Barbacena, onde também se tomou fazendeiro. Filiado ao Partido Liberal, em 1881 elegeu-se Deputado Provincial pa- ia o restante da 23 9 legislatura. Seguidamente reeleito da 24 2 a 274 e para a última legislatura da Monarquia (1882-1889), diversas vezes ocupou a Presi- dência da Assembléia, distinguindo-se pela defesa dos interesses financeiros do governo e da moralidade administrativa. Em 1888, declarando-se republi- cano, renunciou ao mandato. Instaurado o regime republicano, a convite de João Pinheiro da Silva elaborou o anteprojeto de Constituição Mineira e, por nomeações sucessivas do Marechal Deodoro da Fonseca, exerceu o Governo Provisório do Estado em quatro períodos: de 24 de julho a 5 de agosto de 1890, de 14 de agosto a 3 de outubro de 1890, de 18 de outubro a 27 de dezembro de 1890 e de 7 de janeiro a II de fevereiro de 1891. Coube-lhe, então, presidir ao pleito para a Assembléia Nacional Constituinte em Minas Gerais. Nas eleições para o Congresso Legislativo estadual realizadas em 25 de janeiro de 1891, e presididas pelo Vice-Governador, Desembargador Frede- rico Augusto Álvares da Silva, elegeu-se Senador à Constituinte e para a 1 Legislatura (1891-1895). Como Presidente da Assembléia Constituinte, teve participação decisiva na elaboração da primeira Constituição Republicana do Estado. Em junho de 1894, renunciou à cadeira de Senador por haver sido eleito, a 7 de março, o segundo Presidente de Minas Gerais escolhido pelo voto popular. Durante seu quatriênio (719194-7/9/98), a capital do Estado foi

1.769 transferida, a 12 de dezembro de 1897, de para , denominação que substituía a de Cidade de Minas, como era conhecida a nova cidade durante sua construção. No Governo, procurou, dentro de uma política que definiu como de "aplicação econômica do produto do imposto", desenvolver a agricultura atraindo imigrantes para a lavoura e para o povoa- mento das terras incultas, ao mesmo tempo que cuidava de reformar o ensino agrícola e veterinário e de ampliar a rede de vias férreas. Depois de cumprido o período presidencial, retornou ao Senado, na vaga de Caetano de Souza e Silva, e ali permaneceu pelo restante da 3 le- gislatura (1899-1902) e nas seguintes até a 7 (1915-1918), tendo nesse pe- ríodo integrado a Comissão de Finanças. Faleceu no exercício do mandato. Durante a última fase de sua vida pública, enquanto cumpria mandatos le- gislativos, acumulou, durante cerca de dez anos, o cargo de Agente Executi- vo Municipal de Barbacena. Nesta posição, criou as bases do domínio políti- co que a família Bias Fortes desde então passou a exercer no Município. Foi Presidente do Senado Estadual de 1891 a 1893 e de 1912 a 1915, e da Co- missão Executiva do PRM, dita Tarasca, de 1898 a 1917. Na sucessão de Francisco Antônio de Sales na Presidência de Minas Gerais (1906), opondo-se publicamente à candidatura de Wenceslau Brás Pe- reira Gomes, sustentada pelos "silvianistas", ou seja, partidários de Francis- co de Almeida Silviano Brandão, foi indicado para o cargo pela corrente partidária conhecida como "biista". Para resolver o impasse, Francisco Sales lançou João Pinheiro da Silva como candidato de conciliação, nome imedia- tamente aceito pelas duas facções. Na mesma época, foi lembrado para candidato à sucessão de Rodrigues Alves na Presidência da República, mas não aceitou a indicação, optando por apoiar a articulação em torno do nome de Afonso Augusto Moreira Pena. Pertenceu ao Partido Liberal e ao PRM. Atuaram na política seu filho José Francisco Bias Fortes e seus netos Crispim Jacques Bias Fortes e Simão Tamm Bias Fortes, ex-Prefeito de Bar- bacena.

BIBLIOGRAFIA

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