O Ocaso De Outubro
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O ocaso de Outubro: o construtivismo russo, a Oposição de Esquerda e a reestruturação do modo de vida Thyago Marão Villela O ocaso de Outubro: o construtivismo russo, a Oposição de Esquerda e a reestruturação do modo de vida dissertação de mestrado apresentada ao programa de pós-graduação em Artes Visuais, área de concentração “teoria, ensino e aprendizagem da arte”, linha de pesquisa “história, crítica e teoria da arte”, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de mestre em artes, sob a orientação do prof. Dr. Luiz Renato Martins. São Paulo, 2014. 2 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, desde que citada a fonte. email: [email protected] 3 nome| Thyago Marão Villela título| O ocaso de Outubro : o construtivismo russo, a Oposição de Esquerda e a reestruturação do modo de vida dissertação apresentada à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Artes Visuais aprovado em banca examinadora Prof. Dr.____________________________ Instituição _______________________________ Julgamento ________________________ Assinatura ________________________________ Prof. Dr.____________________________ Instituição _______________________________ Julgamento ________________________ Assinatura ________________________________ Prof. Dr.____________________________ Instituição _______________________________ Julgamento ________________________ Assinatura ________________________________ 4 agradecimentos a ao orientador Luiz Renato Martins e a todos que contribuíram para a elaboração deste trabalho: Afonso Machado, Alexandra Santos, Ana Sotratto, André Acier, Clara Figueiredo, Francisco Pontes, Gabriel Fardin, Gabriela Salomé, Gustavo Motta, Iuri Tonelo, João de Regina, Júlia Abdalla, Leonardo Coutinho, Mônica Lopes, Natália Mantovan, Pollyana Rosa e Rita Frau. Agradeço especialmente meus pais, por todo o incentivo dado ao longo destes dois anos e meio, e Karlene de Oliveira, por toda a paciência e doçura. 5 RESUMO| A presente dissertação tem como objeto um debate que se desenvolveu durante o processo revolucionário russo, entre os anos de 1923 e 1928. Tal debate envolveu dois grupos: a Oposição de Esquerda, liderada por Leon Trotsky, e a Frente de Esquerda das Artes (LEF), movimento que aglutinou os artistas construtivistas. Ambos os grupos estavam interessados na reestruturação do modo de vida do proletariado russo como uma das dimensões do combate à burocratização do regime soviético e ao processo de modernização iniciado com a promulgação da Nova Política Econômica. A pesquisa examina, assim, as distintas posições e estratégias formuladas pela Oposição de Esquerda (e, posteriormente, Oposição Unificada) e pela LEF para o combate nos campos da cultura e do psiquismo. Palavras-chave: Construtivismo russo; Oposição de Esquerda; Revolução de Outubro; Nova Política Econômica 6 ABSTRACT | This dissertation is about a debate that developed during the Russian revolutionary process, between the years 1923 and 1928. This debate involved two groups: the Left Opposition – led by Leon Trotsky – and the Left Front of Arts (LEF), a movement that brought the constructivist artists together. Both groups were interested in restructuring the way of life of the Russian proletariat as a crucial part of the fight against bureaucratization of the Soviet regime and the process of modernization, started with the enactment of the New Economic Politcy. The research thus examines the different positions and strategies formulated by the Left Opposition (and, later, the United Opposition) and the LEF for the combat in the fields of culture and psychism. Keywords: Russian Constructivism; Left Opposition; October Revolution; New Economic Policy 7 | SUMÁRIO INTRODUÇÃO 12 PREÂMBULO: o fetiche da mercadoria no mundo da NEP 20 CAPÍTULO I: o combate pelo novo byt: o “permanentismo” contra o “etapismo” (1923) 1 | A LEF contra a NEP 31 1.1| “A arte na revolução e a revolução na arte” 32 1.1.1. a “arte emigrada” 33 1.1.2. as escolas figurativistas 36 1.1.3. a estética contemplativa da AKhRR 37 1.1.4. a manutenção do fetichismo na URSS 39 1.1.5. da estética contemplativa ao psiquismo contemplativo 41 1.1.6. a burocratização da revolução 42 1.1.7. o trabalho alienado e o taylorismo 43 1.1.8. a crítica de Tretiakov ao governo bolchevique 44 1.1.9. Tretiakov e o produtivismo 45 1.1.10. a “encomenda social” 46 1.1.11. o estranhamento e a reelaboração da linguagem 47 1.1.12. a reestruturação da produção 48 1.1.13. a “encomenda social” e o permanentismo 50 1.2.| O perigo do mercado nepista: Pro Eto, de Rodchenko 54 1.2.1. “em quem finca seus dentes a LEF?” 55 1.2.2. Pro Eto, de Rodchenko 57 1.2.3. o byt dos nepmen 65 1.2.4. o proletariado e as mercadorias 70 1.2.5. a interpelação de Maiakóvski 72 1.2.6. o capital privado versus o capital estatal 75 2| O front cultural: a Oposição de Esquerda e a centralidade estratégica das “questões do modo de vida” 78 2.1| A “atenção aos detalhes”: a construção da nova cultura material 78 8 2.1.1. o processo de produção de “Questões do modo de vida” e o silêncio de Trotsky 79 2.1.2. os “homens do aparato” 81 2.1.3. a racionalização do byt e a “teatralidade ritual” 83 2.1.4. a circulação do livro e a radicalização do combate” 85 2.2.| O “novo curso” e o combate ao psiquismo contemplativo 86 CAPÍTULO II: as estratégias para a reorganização do byt (1923-1925) 1 | O debate entre Trotsky e Arvatov 95 1.1| Trotsky e a necessidade da apropriação da “cultura universal”: a construção da hegemonia proletária no processo revolucionário 97 1.1.1. o debate no Pravda sobre o Proletkult 97 1.1.2. Trotsky e a cultura proletária 99 1.1.3. a apropriação crítica da cultura pré-Outubro 101 1.1.4. as análises posteriores sobre o artigo de Trotsky 103 1.1.5. a posição de Bogdanov sobre a “cultura proletária” 104 1.1.6. contra quem argumentou Trotsky? 106 1.1.7. o psiquismo “revolucionário” 109 1.1.8. a derrota da Oposição de Esquerda e a publicação de “Literatura e Revolução” 110 1.1.9. a recepção crítica bolchevique de “A cultura e a arte proletárias” 113 1.1.10. o discurso “imobilista” da burocracia e o “socialismo em um só país” 114 1.1.11. a “heroicização” do Partido 116 1.1.12. o permanentismo cultural de Trotsky e a luta pela hegemonia proletária 118 1.2| Bóris Arvatov e a materialidade da ideologia: o “Sistema dos Objetos” e a construção da “cultura proletária” 120 1.2.1. a LEF contra Trotsky 120 1.2.2. Arvatov e o conceito de “Objeto” 121 1.2.3. a construção de um novo “Sistema dos Objetos” 122 1.2.4. o “Objeto-mercadoria” na sociedade burguesa 123 1.2.5. o “Objeto” socialista 125 1.2.6. o “americanismo” e os “artistas-engenheiros” 126 1.3| As estratégias distintas entre a Oposição de Esquerda e a LEF para a reestruturação do byt 127 9 2 | O “Clube de trabalhadores” de Rodchenko: a reorganização espacial como determinante da atividade política crítica 131 2.1| o “clube de trabalhadores” de Rodchenko 134 2.2| o “culto materialista” a Lênin 143 2.3| a exposição em Paris e o conflito entre o “Objeto” socialista e o “Objeto” oficial 145 2.4| o retorno do Clube a Moscou e a radicalização da NEP 148 CAPÍTULO III: o “termidor” soviético e o triunfo do velho byt (1926-1928) 1 | “Teses sobre revolução e contra-revolução”: o triunfo do velho byt 152 1.1| a Oposição Unificada 152 1.2| a reação termidoriana 154 1.3| os fatores do Termidor 157 1.3.1. A ambiguidade política dos mujiques 158 1.3.2. a “desilusão das massas” e a dialética da passividade 158 1.3.3. o campo da “lei e da ordem” 160 1.4| o ataque à perspectiva “permanentista” 163 1.5| a manutenção das conquistas revolucionárias 164 1.6| que fazer? 166 2 | A Novy LEF, a factografia e o combate ao avanço da AKhRR 168 2.1| o “revolucionário como discurso”: a ascensão da AKhRR 168 2.2| a Novy LEF e a proposta factográfica 172 2.2.1. o “Tolstói coletivo”: das belas letras à imprensa 172 2.2.2. os correspondentes operários 175 2.2.3. o “fetichismo do fato” 179 2.3| a tensão entre o permanentismo e o economicismo no movimento construtivista 181 2.3.1. o “Décimo primeiro ano” e a celebração da economia 181 2.3.1.1. decupagem dos fragmentos de “O décimo primeiro ano” 182 2.3.1.2. a representação das forças produtivas e a representação do trabalho 188 2.3.1.3. decupagem dos fragmentos de “A sexta parte do mundo” 192 2.3.1.4. as forças produtivas versus as relações de produção 193 10 2.3.2. o surgimento do “Bonaparte” 196 2.3.2.1. o “esgotamento” da Nova Política Econômica 196 2.3.2.2. a derrota da Oposição de Esquerda 197 2.3.2.3. a derrota da Oposição de direita e a construção do domínio stalinista 197 CONSIDERAÇÕES FINAIS 200 TÁBUA CRONOLÓGICA 203 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 207 11 | INTRODUÇÃO Esta dissertação tem como objeto um debate histórico ainda pouco estudado. Tal debate desenvolveu-se durante o processo revolucionário russo, entre os anos de 1923 e 1928, e envolveu dois grupos: a Oposição de Esquerda (posteriormente, Oposição Unificada), liderada por Leon Trotsky (1879-1940), e a Frente de Esquerda das Artes (LEF), movimento que aglutinou os artistas construtivistas. Ambos os grupos estavam interessados na reestruturação do modo de vida (byt 1) do proletariado russo como uma das dimensões do combate à burocratização do regime soviético e de crítica ao processo de modernização iniciado com a promulgação da NEP (em 1921).