UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO

ANDREZA ROBERTA DE FRANÇA LEITE

ANÁLISE PARASITOLÓGICA DA PARTE AÉREA E SISTEMA RADICULAR DA Lactuca sativa L. COMERCIALIZADA NAS FEIRAS LIVRES DOS MUNICÍPIOS DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO, BEZERROS E SURUBIM

Vitória de Santo Antão 2018

ANDREZA ROBERTA DE FRANÇA LEITE

ANÁLISE PARASITOLÓGICA DA PARTE AÉREA E SISTEMA RADICULAR DA Lactuca sativa L. COMERCIALIZADA NAS FEIRAS LIVRES DOS MUNICÍPIOS DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO, BEZERROS E SURUBIM

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Colegiado do Curso de Graduação em Nutrição do Centro Acadêmico de Vitória da Universidade Federal de Pernambuco em cumprimento a requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Nutrição, sob orientação da Professora Drª Vitorina Nerivânia Covello Rehn.

Vitória de Santo Antão 2018

Catalogação na fonte Sistema de Bibliotecas da UFPE – Biblioteca Setorial do CAV. Bibliotecária Jaciane Freire Santana, CRB4-2018

L533a Leite, Andreza Roberta de França Análise parasitológica da parte aérea e sistema radicular da lactuca sativa L. comercializada nas feiras livres dos municípios de Vitória de Santo Antão, Bezerros e Surubim./ Andreza Roberta de França Leite. - Vitória de Santo Antão, 2018. 50 folhas: Il.; color.

Orientadora: Vitorina Nerivânia Covello Rehn. TCC (Graduação) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Bacharelado em Nutrição, 2018. Inclui referências.

1. Alface – Comercialização - Análise parasitológica. 2. Alface – Pernambuco. I. Rehn, Vitorina Nerivânia Covello(Orientadora). II. Título.

641.3552 CDD (23.ed.) BIBCAV/UFPE-139/2018

Folha de aprovação

Andreza Roberta de França Leite

ANÁLISE PARASITOLÓGICA DA PARTE AÉREA E SISTEMA RADICULAR DA Lactuca sativa L. COMERCIALIZADA NAS FEIRAS LIVRES DOS MUNICÍPIOS DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO, BEZERROS E SURUBIM

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Colegiado do Curso de Graduação em Nutrição do Centro Acadêmico de Vitória da Universidade Federal de Pernambuco em cumprimento a requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Nutrição

Data: 17/07/2018 Nota: 9,8

Banca Examinadora:

______Christine Lamenha Luna Finkler (Examinadora interna) Universidade Federal de Pernambuco ______Diego Leandro Reis da Silva Fernandes (Examinador externo) Nutricionista ______Maria Carolina Accioly Brelaz de Castro (Examinadora interna) Universidade Federal de Pernambuco

Dedico à Deus por me abençoar sem ao menos merecer dEle é o mérito, à sociedade como contribuição, à Universidade Federal de Pernambuco - Centro Acadêmico de Vitória de Santo Antão e professores, à minha família em especial à minha mãe e irmão, a todos os anjos que de alguma forma colaboraram para realização deste projeto.

AGRADECIMENTOS

À Deus, por ter me agraciado com a oportunidade de graduação e com amizades fruto dessa trajetória, nos quais me apoiei nos momentos difíceis e me alegrei nos bons; À Universidade Federal de Pernambuco Centro Acadêmico de Vitória de Santo Antão por ter disponibilizado o laboratório de parasitologia e recursos para realização do trabalho; Imensamente à qual devo inteiramente este trabalho, minha orientadora Vitorina Rehn, que me presenteou com seu olhar maternal e caridoso; À minha família que conduziu a minha história para que eu me tornasse quem eu sou hoje.

"Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a DEUS não sou o que era antes". (Marthin Luther King)

RESUMO Lactuca sativa L (alface) é uma hortaliça herbácea comestível e muito apreciada em diversos países. Quando introduzida na dieta oferece macro e micronutrientes importantes para um desenvolvimento físico e mental equilibrado. É uma importante fonte de vitamina K, potássio e fibras (Dietary Reference Intakes) e como recurso terapêutico tem efeito na redução do colesterol e do oxido nítrico, importante mediador de inflamação, entre outros. Entretanto, conforme a forma de cultivo e manipulação, essa hortaliça pode veicular parasitos que provocam danos relevantes ao sistema gastrointestinal. O presente estudo investigou a qualidade sanitária da porção folhosa e sistema radicular da alface lisa comercializada em feiras livres de três cidades pernambucanas: Vitória de Santo Antão, Surubim e Bezerros. Dez plantas foram obtidas de cada feira livre. Uma folha de cada planta, com propriedades organolépticas preservadas, e o sistema radicular foram cortados e acondicionados em recipientes plásticos com tampa (60 mL) contendo 30 mL de solução de formaldeído tamponada a 5%. Após cinco minutos de agitação a 5 000 rpm as amostras foram submetidas a 24 horas de sedimentação e temperatura ambiente. Três alíquotas do sedimento de cada amostra foram analisadas com auxílio de microscópio óptico e a identificação morfométrica dos espécimes foi realizada conforme as descrições do Manual de Brook e Melvin (1984). Foram encontrados propágulos parasitários de geohelmintos (ovos de Ascaris, Trichuris, e ancilostomídeos; larvas de ancilostomídeos), cistos de Entamoeba e ovo de Enterobius. A feira de Surubim apresentou a maior diversidade de propágulos parasitários. O ovo de Enterobius foi encontrado em uma amostra de alface de Vitória de Santo Antão, indicando uma possível contaminação durante a manipulação da planta. Ovos de Ascaris foram encontrados nos sistemas radiculares de algumas plantas provenientes das três cidades, revelando o sistema radicular como um importante foco de contaminação da parte aérea comestível. A detecção de ovo de Ascaris é relevante porque é considerado um propágulo muito resistente, inclusive quando submetido aos sanitizantes utilizados nos domicílios. Sugere-se a remoção do sistema radicular no momento da venda da hortaliça a fim de reduzir o raio de contaminação, e vetar o consumo nas cidades investigadas porque estão em desacordo com a resolução nº 12 da ANVISA.

Palavras-chave: Hortaliça folhosa. Contaminação parasitária. Protozoários. Helmintos.

ABSTRACT

Lactuca sativa L (lettuce) is an edible herbaceous vegetable and very appreciated in several countries. When introduced into the diet provides macro and micronutrients important for a balanced physical and mental development. It is an important source of vitamin K, potassium and fiber (Dietary Reference Intakes) and as a therapeutic resource has an effect on the reduction of cholesterol and nitric oxide, important mediator of inflammation, among others. However, depending on the form of cultivation and handling, this vegetable can carry parasites that cause damage to the gastrointestinal system. The present study investigated the sanitary quality of the leafy root and root system of the smooth lettuce marketed in free markets in three cities of Vitoria de Santo Antão, Surubim and Bezerros. Ten were obtained from each fair. One leaf of each with preserved organoleptic properties and the root system were cut and packed in plastic containers with a lid (60 mL) containing 30 mL of 5% buffered formaldehyde solution. After 5 minutes of stirring at 5,000 rpm the samples were subjected to 24 hours of sedimentation and room temperature. Three aliquots of the sediment from each sample were analyzed using an optical microscope and the morphometric identification of the specimens was performed according to the descriptions of the Brook and Melvin Manual (1984). Parasite propagules of geohelminths (Ascaris eggs, Trichuris, and hookworms, hookworm larvae), Entamoeba cysts and Enterobius egg were found. The Surubim fair presented the highest diversity of parasitic propagules. The Enterobius egg was found in a sample of lettuce from Vitória de Santo Antão, indicating a possible contamination during the manipulation of the plant. Ascaris eggs were found in the root systems of some plants from the three cities, revealing the root system as an important source of contamination of the edible shoot. The detection of Ascaris egg is relevant because it is considered a very resistant propagule, even when submitted to the sanitizers used in the households. It is suggested the removal of the root system at the time of the sale of the vegetable in order to reduce the radius of contamination, and to veto consumption in the cities investigated because they are in disagreement with ANVISA Resolution nº. 12. Keywords: Hardwood greenery. Parasitic contamination. Protozoa. Helminths.

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...... 10

2 OBJETIVOS ...... 11

2.1 Geral...... 11

2.2 Específicos ...... 11

2 JUSTIFICATIVA ...... 12

4 REVISÃO DA LITERATURA ...... 14

4.1 Aspectos gerais da Alface (Lactuca sativa L.) ...... 14

4.1.1 Botânica ...... 14

4.1.2 Origem e tipos de alfaces ...... 14

4.1.3 Cultivo e ciclo de vegetativo ...... 16

4.1.4 Aspectos Nutricionais ...... 18

4.1.5 Uso terapêutico ...... 20

4.2 Contaminação da alface com propágulos de parasitos ...... 21

4.2.1 Protozoários ...... 21

4.2.1.1 Entamoeba sp ...... 21

4.2.1.2 Giardia lamblia ...... 22

4.2.1.3 Toxoplasma gondii ...... 22

4.2.1.4 Cystoisospora belli ...... 23

4.2.1.5 Cryptosporidium parvum ...... 23

4.2.2 Helmintos ...... 24

4.2.2.1 Ascaris lumbricoides...... 24

4.2.2.2 Trichuris trichiura ...... 25

4.2.2.3 Strongyloides stercoralis ...... 26

4.2.2.4 Ancylostomatidae ...... 27

4.3 Transmissão dos propágulos parasitários ...... 28

5 MATERIAIS E MÉTODOS ...... 30

5.1 Tipo de pesquisa ...... 30

5.2 Local de coleta das alfaces ...... 30

5.3 Período da coleta ...... 32

5.4 Manipulação das amostras ...... 32

5.5 Análise parasitológica ...... 32

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...... 34

7 CONCLUSÕES E SUGESTÕES ...... 38

REFERÊNCIAS ...... 39

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1 INTRODUÇÃO Os alimentos naturais oferecem micro e macronutrientes que, numa combinação harmônica, contribuem para um desenvolvimento físico e mental saudável em cada fase do desenvolvimento humano (ARAÚJO et al., 2013). A introdução de hortaliças folhosas na dieta, que oferece carboidratos, lipídios, proteínas, vitaminas, fibras e fitonutrientes (polifenois, carotenoides, esteróis vegetais e ácidos graxos poli-insaturados), diminuem o risco de desenvolver doenças cardiovasculares e metabólicas (MARTIN; LI, 2017). A alface (Lactuca sativa L.) é um exemplo de hortaliça que contribui tanto para a nutrição como para a recuperação da saúde. Embora existam diversas cultivares, submetidas a diferentes regimes de cultivo e tratos culturais, de um modo geral as folhas disponibilizam carboidratos com baixa digestibilidade, gorduras poli- insaturadas, folato (vitamina B9), vitamina K, vitamina E (α e ɣ-tocoferóis), vitamina C, potássio, cálcio, fósforo, ferro, zinco, e fibra (KIMA et al., 2016). Esses pesquisadores ainda afirmam que dependendo da cultivar, 100g de alface fresca podem fornecer até 10% da dose diária de fibras recomendada para adultos. Apesar dos benefícios supracitados, as folhas dessa espécie botânica também vêm sendo citadas como veículo de propágulos parasitários infecciosos para o homem. Espécies de Cryptosporidium, Entamoeba, Giardia, Ascaris, Trichuris, Strongyloides e ancilostomídeos estão entre os parasitos mais citados e ocorrem em diversos países (e.g. Polônia – KŁAPEĆ; BORECKA, 2012; Etiópia - DELESA, 2017; Nigéria - PATROBAS, et al., 2018) inclusive no Brasil (BELO et al., 2012; PEREIRA, 2010). Alguns autores apontam a água de irrigação como um dos principais meios de contaminação do solo (JARAMILLO; RESTREPO, 2017) e da alface (FERREIRA; SILVA, 2018), e sugerem desenvolver estratégias para reutilizar e oferecer água limpa, inclusive para os agroecossistemas (BASTOS et al., 2013), e manter a sanidade das folhas desde a produção até o consumidor (MALDONADE et al., 2014; OLIVEIRA; PEREZ, 2014). Considerando o fato de que a planta é comercializada com o sistema radicular e este pode estar contaminado com cistos, oocistos, ovos ou larvas de parasitos (GORDON et al., 2017), onde alguns podem se manter viáveis por anos em estado de latência e aderidos às partículas de solo (ROCHA et al., 2016), também é relevante inspecionar essa parte da planta.

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2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Realizar uma análise parasitológica da Lactuca sativa L. comercializada nas principais feiras livres dos Municípios de Vitória de Santo Antão, Gravatá, Bezerros e Surubim

2.2 Específicos

 Investigar a contaminação parasitária em amostras de folhas e rizosfera de Lactuca sativa L.

 Constatar se a solução de formaldeído tamponado a 5% conserva os propágulos parasitários presentes nas folhas e raízes de alface.

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2 JUSTIFICATIVA

Dentro da produção de hortaliças, as alfaces lisas e crespas são as mais conhecidas e consumidas no Brasil (HENZ; SUINAGA, 2009) em estado crú (ALCÂNTARA, 2009). Visto que geralmente são plantadas em hortas domésticas (HENZ; SUINAGA, 2009), que alguns lugares do nordeste são de clima propício a escassez hídrica fazendo-se necessário o uso de sistemas de cultivo inteligentes, como a utilização de água de residuais para irrigação (SOUSA et al., 2005) e que o serviço de tratamento dessas águas é deficiente (ALMEIDA, 2010) existe a probabilidade de contaminação do solo e da alface por propágulos de enteroparasitas durante o processo (SOUSA et al., 2005). São poucos os trabalhos que avaliam a qualidade das hortaliças destinadas à população (TAKAYANAGUI et al., 2001), desse modo se faz importante o levantamento de informações sobre os parasitas presentes não só da parte aérea, mas também do sistema radicular que está em contato direto com o solo. Alguns parasitas humanos, mesmo que não tenham o solo como habitat definitivo, podem ser encontrados nele, como é o caso dos geohelmintos, que para evolução do ciclo de vida necessita de uma passagem no solo (HOLANDA; VASCONCELLOS, 2015), e dos protozoários, onde por motivos de precariedade sanitária da região, por fezes utilizadas como adubo, saneamento precário, manipuladores ou recipientes contaminados, pode ser contaminado com fezes de indivíduos parasitados tornando-se um meio de infecção caso seja utilizado para plantio (SOUTO, 2005; ARBOS et al., 2010a; SILVA et al., 2014; VIANA et al., 2017; FIGUEREDO, 2017). É preciso investigar a sanidade da rizosfera da alface, uma vez que a porção comestível (folhas) é comercializada junto com raiz. A tríade raiz, solo e água de irrigação (ALMEIDA, 2010) gera um ambiente propício para a maturação e sobrevivência dos parasitos (HOLANDA; VASCONCELLOS, 2015; ROCHA et al., 2016). Com este trabalho, além de registrar a qualidade sanitária do sistema aéreo e radicular da hortaliça distribuída nessas regiões, fornecerá dados atuais para a Vigilância Sanitária, por ser uma informação de relevância para saúde pública uma vez que durante a manipulação da planta, os propágulos infecciosos presentes na rizosfera (SOUSA et al., 2005) podem contaminar outros espécimes no campo de

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produção, o ambiente de comercialização e atingir o consumidor e seu domicílio, reforçando a necessidade do monitoramento sanitário no país. Também incentivar a busca desta hortaliça por seu baixo custo e excelente valor nutritivo, dado que o consumo de hortaliças no Brasil ainda é baixo comparados a outros países (BRASIL, 2007).

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4 REVISÃO DA LITERATURA

4.1 Aspectos gerais da Alface (Lactuca sativa L.)

4.1.1 Botânica

A alface (Lactuca sativa L.), pertence à família (MOGHARBEL; MASSON, 2005; MOTIKAWA, 2017), possui um caule curto (SEGOVIA et al., 2000; MOTIKAWA, 2017) com ramificação ausente, onde são localizadas as folhas. A cor das folhas pode ser desde o verde-amarelado até o verde-escuro (Figura 2) (SEGOVIA et al., 2000; MOTIKAWA, 2017) ou roxo dependendo do cultivo (MOTIKAWA, 2017). A raiz é pivotante (Figura 1), com ramificações finas e curtas (SEGOVIA et al., 2000) podendo alcançar 0,25m de crescimento no solo, quando transplantada ou até 0,60m em semeadura direta (MOTIKAWA, 2017).

Figura 1: Tipos de raízes Figura 2: Alface (Lactuca sativa L)

Fonte: BLOGDOENEM, 2018. Fonte: DEPOSITPHOTOS, 2018.

4.1.2 Origem e tipos de alfaces

A alface é originária do mediterrâneo, e foi introduzida no Brasil pelos portugueses por volta de 1650 (SALA; COSTA, 2012; MOTIKAWA, 2017). Sua variedade é bastante diversa (tabela 1), porém os tipos mais consumidos pela população brasileira são as alfaces com folhas lisas e crespas, sendo esta última muito requisitadas nos sistemas de fast-foods (MALDONADE et al., 2014).

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Quadro 1 – Principais tipos de alfaces

TIPOS CARACTERÍSTICAS

Repolhuda Folhas lisas e tenras lisa/repolhuda formando cabeças manteiga compactas.

Fonte da imagem: HENZ; SUINAGA, 2009.

Repolhuda crespa Folhas crespas, (Também embricadas, crocantes e conhecida como cabeça compacta. alface americana) Fonte da imagem: HENZ; SUINAGA, 2009.

Alface de folhas Folhas lisas e tenras, não lisas formam cabeças

Fonte da imagem: https://www.embrapa.br/busca-de-imagens/- /midia/888001/alface-lisa

Alface de folhas Folhas são soltas, crespas, crespas não formando cabeça.

Fonte da imagem: HENZ; SUINAGA, 2009.

Folhas são alongadas, duras, Tipo Romana com nervuras protuberantes e formam cabeça fofa.

Fonte da imagem: HENZ; SUINAGA, 2009. Fonte: MALDONADE et al., 2014 (adaptada).

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4.1.3 Cultivo e ciclo de vegetativo

As formas de cultivo da Lactuca sativa L. são diversificadas, como descritas abaixo, onde a forma de manejo fica a critério da forma mais cabível à realidade do produtor (MATOS et al., 2011).

 Plantio convencional a campo aberto em canteiros com uso do sistema de irrigação por aspersão (Figura 3):

Plantio convencional a campo aberto em canteiros com o uso do sistema de irrigação por aspersão realizado durante ano todo. Os canteiros geralmente são de 1m de largura e comporta três fileiras longitudinais, com espaçamento de 30 cm entre plantas. Este sistema exige mais mão-de-obra para capinar e predispõe maior incidência de doenças de solo. Entretanto, no período da seca e fria, a irrigação por aspersão, minimiza a incidência de pulgões transmissores de virose, a principal praga deste período (MATOS et al., 2011, p. 7).

Figura 3: Plantio convencional a campo aberto e irrigação por aspersão

Fonte: MATOS et al., 2011.

 Plantio a campo aberto em canteiros com utilização de cobertura de plástico (“mulching”) com o uso do sistema de irrigação por Irrigação ou gotejamento (Figura 4):

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Plantio a campo aberto em canteiros com utilização de cobertura de plástico (“mulching”) com o uso do sistema de irrigação por Irrigação ou gotejamento realizado com o mesmo espaçamento do sistema de plantio anterior. Utiliza-se plástico apropriado com 1,6 m de largura e 500 m de comprimento. Apresentam vantagens competitivas tais como: menor gasto de água e energia durante a irrigação, a não necessidade de capinar que propicia menor gasto com mão-de-obra, colheita mais precoce e, portanto, a produção chega antes no mercado e há maiores ganhos de produtividade. No período seco existe a inconveniência das plantas se desidratarem mais facilmente, após a colheita. O mulching pode ser utilizado até quatro plantios. (MATOS et al., 2011, p. 7).

Fonte: MATOS et al., 2011.

Figura 4: Plantio a campo coberto por plástico e irrigação por irrigação ou gotejamento

 Plantio em Túnel Baixo (Figura 5 ):

Utilizam-se arcos de aço galvanizado de uma polegada colocada sobre os canteiros, sendo que a distância entre os arcos ficam em torno de 3,50 m e entre os pés dos arcos 3,20 m, com altura final 1,80 m e em seguida é colocado o filme plástico (longa vida de 75 micra e com 4,0 m de largura), que é esticado sobre os mesmos e fixado nas extremidades do túnel em peças de madeira enterrado no solo. Também, são colocados sobre o filme plástico nos intervalos dos arcos, cintas de filme plástico de 200 micra de espessura por 20 cm de largura para fixação do túnel que são fixadas no solo. A dimensão do túnel padrão é de 3,20 m de largura por 50 m de comprimento. Abrange dois, canteiros, comportando cerca de 1200 pés de alface. Apresentam como vantagens competitivas: plantio adequado para uso na época das águas, para proteger as plantas do excesso de chuvas, colheita na entressafra, obtendo produção em épocas de melhores preços; precocidade da colheita; amplia o período de safra; melhor qualidade do produto, principalmente na pós-colheita, menores gastos com agrotóxicos, adubos e mão de obra e aumento da produtividade. (MATOS et al., 2011, p. 7).

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Figura 5: Plantio em túnel baixo

Fonte: MATOS et al., 2011

Em sua maioria, a época de plantio das cultivares é livre para todo o ano e sua colheita inicia-se após 45 dias da semeadura (MATOS et al., 2011). Segundo Filgueira (2007 apud SGORLON, 2016) o ciclo da alface possui duas fases, a fase vegetativa, que é a fase onde ela é consumida e comercializada, durando em torno de 35 dias, e a fase reprodutiva onde começam a emitir flores amarelas e a produzir sementes, sendo assim impróprias para consumo por conta da liberação de uma substância amarga, chamada de lactoaria.

4.1.4 Aspectos Nutricionais

As alfaces possuem baixa quantidade de calorias (OHSE et al., 2001; ABREU et al., 2010) sendo muito utilizadas em dietas, o que favorece a sua apreciação no estado cru (ALCÂNTARA, 2009). Também possuem capacidade antioxidante em seu extrato, onde alfaces do tipo crespa e lisa apresentaram capacidades superior e moderada de sequestro de radical respectivamente (MELO et al., 2006). Em um estudo de coorte, foi relatado ume menor incidência de fraturas ósseas entre os consumidores dessa hortaliça, por conta da função da vitamina K presente em sua composição (FESKANICH et al., 1999) que funciona como co-fator para a formação de um aminoácido presente na regulação de cálcio e osteocalcina na matriz óssea (KLACK; CARVALHO, 2006). Para cada 100g a alface dispõe 129µg de filoquinona (vitamina K) (SHEARER et al.,1996). Além da vitamina K a alface também é rica em potássio e tem teores consideráveis de cálcio, fósforo e vitamina C (Tabela 2).

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Tabela 2 – Valores dos principais nutrientes contidos em 100g da parte comestível da alface

Energia Proteína Lipídeos Carboidratos Fibra Cálcio Magnésio Fósforo Potássio Vitamina Hortaliça (Kcal) (g) (g) (g) aliment. (mg) (mg) (mg) (mg) C (g) (mg)

Alface 9 0,6 0,1 1,7 1 14 6 19 136 11 americana crua

Alface 11 1,3 0,2 1,7 1,8 38 11 26 267 15,6 crespa crua

Alface lisa 14 1,7 0,1 2,4 2,3 28 9 26 349 21,4 crua

Alface 13 0,9 0,2 2,5 2 34 9 51 308 13,5 roxa crua

Fonte: TACO, 2011 (adaptada).

Segundo a DRI (Dietary Reference Intakes), cujas revisões de recomendações diária de consumo de nutrientes e energia são mais recentes (PADOVANI, 2006), a ingestão desses minerais varia dependendo do sexo e estágio da vida do indivíduo (tabela 3). De acordo com as recomendações sugeridas pela mesma, em relação com os teores de micronutrientes referidos na tabela da TACO, nota-se que a alface é um forte aliado na contribuição de uma complementação alimentar visando uma maior aproximação da ingestão diária recomendada de micronutrientes, em destaque a vitamina K e potássio. As concentrações desses minerais podem variar dependendo do tipo de cultivo, como já visto para vitamina C onde existe o aumento quando cultivadas em sistemas hidropônicos (OHSE et al., 2001) e orgânicos (ARBOS et al., 2010b), ou diminuição, observado no cultivo convencional (ARBOS et al., 2010b).

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Tabela 3 – Variação de valores da recomendação diária dos principais micronutrientes contidos na parte comestível da alface

VARIAÇÃO DA RECOMENDAÇÃO DIÁRIA DE CONSUMO (DRI) MICRONUTRIENTES ESTÁGIOS DA VIDA Cálcio Magnésio Fósforo Potássio Vitamina Vitamina (mg) (mg) (mg) (g) C K (mg) (µg) Bebês (0 - 12 meses) 210-270 30-75 100-275 0,4-0,7 40-50 2-2,5

Crianças (1 - 8 anos) 500-800 80-130 460-500 3-3,8 15-25 30-35

Homens (> 9 anos) 1000-1300 240-420 700-1250 4,5-4,7 45-90 60-120

Mulheres (> 9 anos) 1000-1300 240-360 700-1250 4,5-4,7 45-75 60-90

Gestantes (< 18 - 50 1000-1300 350-400 700-1250 4,7 80-85 75-90 anos) Lactantes (< 18 - 50 1000-1300 310-360 700-1250 5,1 120-115 75-90 anos)

Fontes: INSTITUTE OF MEDICINE (1997; 2000; 2002; 2004 apud PADOVANI, 2006) (adaptada).

4.1.5 Uso terapêutico

A alface também é empregada para fins terapêuticos pela medicina popular. A infusão de folhas ou óleo das sementes é utilizada para tratar insônia (LORENZI; MATOS, 2008; SOUZA et al., 2016; YAKOOT et al., 2011; GARUTTI; PINHEIRO, 2011) e o emplastro é usado no tratamento de inchaço ou contusões (SOUZA et al., 2016). Em pesquisas também foi visto o uso pela população da parte aérea (folhas/talo) ou raiz, em decocção ou em salada para diversos fins como calmante (GRANDI et al., 1989; RITTER, et al., 2002; LORENZI; MATOS, 2008), tratar cefaleias infantis (GRANDI et al., 1989), antirreumática e laxante (GARUTTI; PINHEIRO, 2011; LORENZI; MATOS, 2008), diurética, antiácida, tosses, depressão, angústia, ansiedade, excitação, prurido, eczema, urticária (LORENZI; MATOS, 2008). O óleo das sementes da Lactuca sativa L. também foi referido com propriedades hipnóticas, sedativas,

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anticonvulsivas, analgésicas e anti-inflamatórias (YAKOOT et al., 2011; SAYYAH et al., 2004).

4.2 Contaminação da alface com propágulos de parasitos

A presença de propágulos infecciosos veiculados pelo consumo da alface é citada em numerosos estudos. Entre as infecções, alguns protozoários e helmintos são descritos, destacando-se a presença: de cistos da Entamoeba sp e Giardia lamblia; oocistos, de Toxoplasma gondii, Cystoisospora belli e Cryptosporidium parvum; ovos larvados de Ascaris lumbricoides e Trichuris; e larvas de Strongyloides stercoralis e ancilostomídeos (SILVA et al., 2005; ROCHA et al., 2008; ESTEVES; FIGUEIRÔA, 2009; TERTO et al., 2014). A infecção por esses parasitas pode comprometer a saúde e desenvolvimento do hospedeiro, tornando-se um risco para a saúde pública (GORDON et al., 2017).

4.2.1 Protozoários

4.2.1.1 Entamoeba sp

O gênero Entamoeba sp abrange três espécies de protozoários entéricos importantes, E. dispar e E. histolytica, destacando-se esta última por ser o agente etiológico da amebíase (NEVES, 2016), e a espécie E. moshkovskii que ainda não foi relatada no Brasil (CALEGAR et al., 2016). Ambas parasitam o intestino grosso podendo viver como comensais, porém E. histolytica pode invadir os tecidos do trato intestinal podendo migrar para outros órgãos via corrente sanguínea, o que caracteriza a forma extra intestinal da doença (BRAZ et al.; 2015; NEVES, 2016). A infecção por esse parasita pode ser sintomática ou assintomática (HAQUE et al.; 2003; NEVES, 2016) variando desde disenteria, diarreia, abscessos hepáticos e, raramente porém letais, abcessos pulmonares ou cerebrais (BAXT; SINGH, 2008; NEVES, 2016) à alguns que não são exclusivos da parasitose, como por exemplo sintomas leves de constipação alternando com diarreia, náusea durante ou após alimentar-se, dor abdominal entre outros (WONG-BAEZA et al., 2010), além de

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ocasionalmente poder causar colite necrosante aguda, megacólon tóxico, ameboma ou ulceração perianal com potencial formação de fístula. NEVES, 2016),

4.2.1.2 Giardia lamblia

Giardia lamblia é um microrganismo eucariótico unicelular flagelado (ADAM, 2001) que parasita o intestino delgado do hospedeiro (NEVES, 2016) podendo ser assintomática na maioria dos casos, ou sintomática, com manifestações de cólicas, náuseas, inchaço, perda de peso, vômito e diarreia crônica ou aguda, podendo gerar desidratação e má absorção intestinal (ESCOBEDO et al.; 2010). Isso deve-se a atrofia das microvilosidades do intestino, gerada por sua forte adesão a superfície da mucosa intestinal. Existem hipóteses de que hajam respostas inflamatórias pelo hospedeiro ou liberação de substâncias citopáticas, que danificam o epitélio intestinal interferindo na atividade das enzimas digestivas e consequentemente afetando a digestão e absorção dos nutrientes (NEVES, 2016).

4.2.1.3 Toxoplasma gondii

O Toxoplasma gondii é um protozoário intracelular obrigatório (MONTOYA; LIESENFELD, 2004) causador da toxoplasmose e pode ser encontrado em diversos tipos de tecidos, células e líquidos orgânicos (NEVES, 2016). Quando infectado por T. gondii, o indivíduo imunocompetente geralmente não apresenta sintomas, podendo manifestar linfadenopatia cervical oculta (MONTOYA; LIESENFELD, 2004; FURTADO et al., 2011) ou vir acompanhada de mal-estar, dor de cabeça, febre, fraqueza e/ou dor muscular, exantema maculopapular, deglutição dolorosa e hepatoesplenomegalia (MITSUKA-BREGANÓ et al., 2010). Porém o parasita torna- se oportunista quando o hospedeiro é imunocomprometido, como transplantados, submetidos a quimioterapia ou portadores de HIV, podendo acarretar sérios problemas (LOPES; BERTO, 2012) como por exemplo encefalite, miocardite e pneumonite (MITSUKA-BREGANÓ et al., 2010). Independentemente da situação de imunocompetência ou deficiência, os indivíduos infectados tendem a desenvolver retinocoroidite (FURTADO et al., 2011) que é a toxoplasmose ocular. Mulheres gestantes quando infectadas podem transmitir ao feto, resultando em aborto, natimortos ou contagiar o feto com

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toxoplasmose congênita, podendo ser exposto a sequelas oculares e neurológicas (FLEGR et al., 2014). Esses problemas acontecem por conta da colonização do parasito no interior das células de diferentes órgãos seguido de necrose da área invadida, sendo possível a disseminação graças ao sistema linfático ou sanguíneo (NEVES, 2016).

4.2.1.4 Cystoisospora belli

Cystoisospora belli também é um parasita intracelular obrigatório (OLIVEIRA- SILVA et al., 2006; LAI et al., 2016) responsável pela isosporíase (OLIVEIRA-SILVA et al., 2006) também chamada de cistoisosporose humana (NEVES, 2016). Este protozoário tem como local de infecção o intestino delgado (SHAFIEI, et al., 2016) especialmente os enterócitos onde se multiplicam (NEIRA et al., 2010) e levam a alterações nas microvilosidades da mucosa como atrofia ou aumento das criptas por conta da destruição epitelial causada (NEVES, 2016). Em imunocompetentes, essa parasitose tende a ser auto limitante (NEVES, 2016; WOON et al., 2016) porém ainda assim pode ocasionar febre, dor abdominal (WOON et al., 2016; MARTÍ, 2016) , náusea, vômito (WOON et al., 2016), perda de peso, má absorção (MARTÍ, 2016) diarreia aquosa com diferentes graus de desidratação tanto em pacientes imunocompetentes quanto imunossuprimidos (LEGUA ; MARES, 2013; MARTÍ, 2016), entretanto, em pacientes com a imunidade debilitada a doença torna-se mais severa, sendo capaz de disseminar-se fora do intestino (LEGUA; MARES, 2013; WOON et al., 2016).

4.2.1.5 Cryptosporidium parvum

Cryptosporidium parvum, causador da criptosporidiose (TALI et al., 2011; PERÉZ-CORDÓN et al., 2016) é considerado um protozoário intracelular, mesmo seu vacúolo parasitóforo sendo extracitoplasmático (O’HARA; CHEN, 2011), ou seja, entre a membrana plasmática e o citoplasma da célula afetada (SMITH et al., 2005). Esse parasita tem como local de infecção o trato gastrointestinal (BOROWSKI et al., 2008), mais precisamente a borda em escova dos enterócitos, onde realiza todo seu ciclo de vida (SMITH et al., 2005; ORTEGA; STERLING, 2018) ou trato respiratório (NEVES, 2016).

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Em imunocompetentes, a infecção por este parasita pode acarretar em diarreia leve a moderada auto limitante que é o sintoma mais frequente da doença (TALI et al., 2011), podendo vir associada a perda de apetite, náusea, vômito, perda ponderal, dor abdominal, febre baixa e fadiga (PEREIRA et al., 2009; TALI et al., 2011; NEVES, 2016) anorexia, flatulência, dor de cabeça (NEVES, 2016), entre outras manifestações como hepatite, colecistite, pancreatite e problemas respiratórios (PEREIRA et al., 2009). Em imunodeficientes é comum encontrar a infecção extraintestinal (PEREIRA et al., 2009). Nestes pacientes a doença pode se cronificar tornando a infecção fatal (CHALMERS; DAVIES, 2010).

4.2.2 Helmintos

4.2.2.1 Ascaris lumbricoides

Ascaris lumbricoides popularmente conhecida como lombriga, é responsável por causar a doença ascaridiose, onde seu sítio de infecção é o intestino delgado, principalmente o jejuno e íleo (NEVES, 2016). Geralmente a infecção é assintomática (CUNHA, 2013) quando a carga parasitária é baixa (ANDRADE, et al. 2010), porém podem manifestar sinais clínicos respiratórios e intestinais (CARRASCO, 2016). SHARIF et al., 2011

Os sintomas respiratórios ocorrem por conta da migração das larvas nos pulmões (CARRASCO, 2016), são eles: síndrome de Loeffler, que é caracterizado por dispneia, sibilos, febre, infiltrados pulmonares; tosse seca; pneumonite leve repetida com febre; doença pulmonar restritiva (GREAVES et al., 2013; NEVES, 2016); tosse dispneia; eosinofilia (ANDRADE et al., 2010; NEVES, 2016). Já os intestinais, onde os vermes adultos podem levar a obstrução intestinal (CARRASCO, 2016) geram anemia, sangue fecal oculto, hemorragia da mucosa, distensão e sensibilidade abdominal (JOURDAN et al., 2018); anorexia; náuseas; vômitos; dor periumbilical intermitente (ZHENG, 2012; CUNHA, 2013; ANDRADE et al., 2015); déficits nutricionais (CARRASCO, 2016) em resposta a ação espoliadora e diante de infecção maciça, consumindo as proteínas, vitaminas, lipídios e carboidratos, levando o indivíduo a desnutrição (ANDRADE et al., 2010); perda de

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peso; falta de apetite (JOURDAN et al., 2018); além de manchas brancas na pele (NEVES, 2016) e fezes com presença de vermes (ANDRADE et al., 2015). Quando o ambiente intestinal é desvantajoso para o verme, como falta de alimento, febre, doença gastrointestinal entre outros déficits, o mesmo migrará para qualquer outro orifício e acidentalmente podem ser encontrados em ductos pancreáticos, biliares ou nasolacrimais; apêndice; nasofaringe; uretra ou bexiga; gerando diversas complicações e sintomas (ZHENG, 2012).

4.2.2.2 Trichuris trichiura

Trichuris trichiura também conhecido por “verme chicote” por causa da morfologia do verme adulto fêmea (KHUROO et al., 2010), é responsável pela doença chamada tricurose (NEVES, 2016) ou tricuríase (KHANUM et al., 2016), que infecta a mucosa do intestino grosso, preferencialmente a região do ceco, podendo se extender por todo o intestino do hospedeiro em infecções maciças, onde se alimenta, copula e libera seus ovos nas fezes (NEVES, 2016). Quando baixo o grau de parasitismo, a infecção tende a ser assintomática (SHARIF et al., 2011), porém quando a infecção é moderada ou maciça sintomas como irritação ou nervosismo, insônia ou sonolência, apatia, anorexia, retardo de crescimento, adinamia, palidez, redução de ingesta alimentar e déficits nutricionais, dor epigástriga ou no baixo abdome, prurido anal e/ou urticária, se fazem presentes (KHUROO et al., 2010; SHARIF et al., 2011; LIMA, 2014; LONGO; FAUCI, 2014; NEVES, 2016; MANZ et al., 2017). Outro sinal clínico, mais comum em crianças, é o prolapso retal (BROADHURST et al., 2010; KHUROO et al., 2010; SHARIF et al., 2011; JUNG et al., 2014; LONGO; FAUCI, 2014; NEVES, 2016) causado pela fixação dos vermes à mucosa relaxando o esfíncter e perda do tônus muscular resultantes da pressão descendente sobre a mucosa e sintomas comuns como diarreia e tenesmo (PAUL, 2008).

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4.2.2.3 Strongyloides stercoralis

Strongyloides stercoralis, é o helminto causador da doença conhecida por estrongiloidíase (ANDRADE et al., 2010) caracterizada pela presença de vermes adultos fêmeas imersas na mucosa do intestino delgado, sendo as glândulas de Lieberkühn e porção superior do jejuno as áreas acometidas (NEVES; 2016). A infecção por S. stercoralis costuma ser assintomática, mas quando sintomática pode causar sinais de infecção cutânea como urticária, prurido, dermatite serpiginosa na pele como também podem fazer migração intraderme (GREAVES et al., 2013), além de manifestações pulmonares e intestinais (GREAVES et al., 2013; PUTHIYAKUNNON et al., 2014). Os sintomas pulmonares comuns são: síndrome de Loeffler (GREAVES et al., 2013; NEVES, 2016) irritação traqueal, bronquite; que começam bem antes das manifestações intestinais (PUTHIYAKUNNON et al., 2014), que são: diarreia; vômitos (ANDRADE et al., 2010; GREAVES et al., 2013; PUTHIYAKUNNON et al., 2014); constipação (PUTHIYAKUNNON et al., 2014); anorexia, dor epigástrica que ao ingerir alimentos (ANDRADE et al., 2010;GREAVES et al., 2013), desnutrição proteico-calórica e perda de peso (ANDRADE et al., 2010; NEVES, 2016). Além dessas complicações, o verme pode facilitar a disseminação de bactérias entéricas para outros locais do corpo, caso consiga migrar do intestino via corrente sanguínea ou úlceras intestinais, podendo gerar bacteremia polimicrobiana e ocasionalmente meningite (PUTHIYAKUNNON et al., 2014). Em imunossuprimidos, essa translocação pode ser fatal nessa forma disseminada, pois a proliferação dessas larvas pode ocasionar sepse sistêmica e falência de múltiplos órgãos (GREAVES et al., 2013).

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4.2.2.4 Ancylostomatidae

A família Ancylostomatidae compreende espécies de nematódeos hematófagos que causa a doença chamada ancilostomose, que são eles o Ancylostoma duodenale, Necator americanus e A. ceylanicum (NEVES, 2016) sendo este último mais endêmico no sul da Ásia, geralmente parasitando cães e gatos (HSU; LIN, 2012; NEVES, 2016), enquanto que A. duodenale e Necator americanus são mais comuns em países em desenvolvimento (CROMPTON , 2000), onde o Brasil está inserido (IMF, 2018), e são os responsáveis pelas infecções humanas (LONGO; FAUCI, 2014). A infecção por A. duodenale e Necator americanus tem como habitat final o intestino delgado do hospedeiro, onde se mantêm fixo por meio das cápsulas bucais lesionando a mucosa intestinal e alimentando-se de sangue (SMITH; BROOKER, 2010; NEVES, 2016). Quando existem fatores favoráveis como abundância de vermes, longo período de infecção e dieta pobre em ferro, a doença é manifestada gerando anemia (LONGO; FAUCI, 2014). A infecção de A. duodenale e Necator americanus tendem a ser assintomáticas (SAHIMIN et al., 2017; JOURDAN et al., 2018). O contágio pode ser através da pele, com presença de erupções papulovesiculares pruriginosas eritematosa (NEVES, 2016), chamada de coceira do solo causada pela migração das larvas (JOURDAN et al., 2018). A. duodenale ainda pode ser adquirida por via oral, resultando em náuseas, vômitos, tosse, irritação faríngea e dispneia, sintomas que caracterizam a síndrome de “Wakana” (JOURDAN et al., 2018). Outros sintomas comuns são anemia, deficiência de vitamina A, retardo no crescimento e desnutrição (SAHIMIN et al., 2017), consequentes da hematofagia realizada pelo verme, que excede as reservas nutricionais do hospedeiro (BETHONY et al., 2006).

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4.3 Transmissão dos propágulos parasitários

N. americanus e S. stercoralis infectam o hospedeiro através de larvas presentes no solo (NEVES, 2016), porém os protozoários E. histolytica, G. lamblia, T. gondii, C. belli, C. parvum, e helmintos A. lumbricoides, T. trichiura, A. duodenale podem ser transmitidos pela ingestão de água ou alimentos contaminados, , onde os vegetais estão inseridos compondo a salada crua (SRIKANTH; NAIK, 2004; TOMASS; KIDANE, 2012), com as formas infectantes, seja por conta de condições higiênicas ou saneamento básico precários (SRIKANTH; NAIK, 2004; VIEIRA et al., 2012; FLEGR et al., 2014; STRUNZ et al., 2014; BUSATO et al., 2015; ADEKOLUJO et al., 2015; ZAISS et al., 2015; NOGUEIRA et al., 2016; VIANA et al., 2017; OPAS, 2018; FILHO et al., 2018) gerando, como já citado, adoecimento ou até mesmo óbito de quem os alberga, fazendo-se um problema grave de saúde pública. Tendo a água como veículo de transmissão de parasitoses (LARRÉ et al., 2015; NEVES, 2016), estratégias como a reutilização de águas residuais, por conta de problemas ambientais de escassez hídrica (BENETTI, 2008; LIRA et al., 2015; SOUZA & RIBEIRO, 2016) ou por condições climáticas de regiões secas (TOMASS; KIDANE, 2012; LIRA et al., 2015) devem ser reconsideradas quando a mesma é destinada para agricultura (BENETTI, 2008; TOMASS; KIDANE, 2012; BARROS et al., 2015). No Brasil, a irrigação com águas residuais tem sido feita pelos usuários de forma desregulamentada, onde utilizam águas poluídas para este fim desconsiderando os efeitos negativos à saúde pública (ALMEIDA, 2010). A ineficiência do tratamento dessas águas no Brasil (PINHO et al., 2017) pode não ser capaz de remover ou inativar os propágulos tendo em vista a baixa porcentagem de esgotos que recebem tratamento no Brasil (MIGLIOLI et al., 2017) bem como a existência de resistência dos mesmos à sanitizantes (MIGLIOLI et al., 2017), à exemplo o cloro, como já reconhecido para Cryptosporidium spp (MCCUIN; CLANCY, 2006; DUNGENI; MOMBA, 2010; KITAJIMA et al., 2014); G. lamblia (SRIKANTH; NAIK, 2004; DUNGENI; MOMBA, 2010; KITAJIMA et al., 2014) e A. lumbricoides (JIMENEZ, 2007; OH et al., 2016), podendo estar presentes na água de reúso sendo também um meio de disseminação de parasitoses intestinais (DUNGENI; MOMBA, 2010). Sabendo que os vegetais, em especial a alface, podem ser contaminados com formas infectantes quando irrigados com água residual (MOURA, 2016), ou

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através da chuva que é capaz de dispersar os propágulos (PEREIRA, 2008; OLIVEIRA et al., 2011) contaminando mananciais que serão posteriormente utilizados para irrigação (PEREIRA, 2008) ou por condições higiênico-sanitárias defasadas e a ineficiência de desinfetantes para inativação de algumas espécies já citados anteriormente, se faz importante a análise parasitológica para garantir ao consumidor um produto isento de sujidades, parasitos e larvas como preconizada desde a resolução nº12 da ANVISA (1978), sendo seguros para serem consumidos (ARBOS et al., 2010a).

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5 MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 Tipo de pesquisa

Trata-se de uma pesquisa exploratória qualitativa (GIL, 2002).

5.2 Local de coleta das alfaces

Alface do grupo Solta Lisa (HENZ; SUINAGA, 2009) cultivadas de forma convencional sem “mulching” (cobertura plástica), foram adquiridas das principais feiras livres de três cidades do estado de Pernambuco: Vitória de Santo Antão (Figura 6) (Mata Meridional/ Latitude: 8° 6' 50'' Sul, Longitude: 35° 17' 29'' Oeste/ Rua Vital de Negreiros = Rua da Águia); Surubim (Figura 7) (Agreste Setentrional/ Microrregião Alto Capibaribe/ Latitude: 7° 50' 60'' Sul, Longitude: 35° 45' 18'' Oeste/ Rua da feira livre: Higino Corrêa, Centro, CEP: 55750-000/ Pátio de Feira de Frutas e Verduras); e Bezerros (Figura 8) (Agreste/ Microrregião Vale do Ipojuca/ Latitude: 8° 14' 33'' Sul, Longitude: 35° 47' 7'' Oeste/ Rua da feira livre: Major Zuzinha Guilherme, Centro, CEP: 55660-000/ Calçadão da Feira).

Figura 6: Mapa de Vitória de Santo Antão

Rio Tapacurá

Fonte: Google maps, 2018.

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Figura 7: Mapa de Surubim

Rio Capibaribe

Fonte: Google maps, 2018.

Figura 8: Mapa de Bezerros

Fonte: Google maps, 2018.

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5.3 Período da coleta

As amostras foram coletadas entre maio e junho. Os períodos de chuva no estado de Pernambuco ocorrem de março a maio e de seca, de setembro a novembro (SILVA et al., 2012).

5.4 Manipulação das amostras

Dez unidades da alface, com sistema radicular preservado, foram adquiridas por cidade. Cada planta foi acondicionada em saco de polietileno e um papel autoadesivo foi acrescentado contendo as seguintes informações: local, data, horário, tipo de sistema de cultivo. Uma folha externa de cada planta, com as propriedades organolépticas preservadas, foi cortada em tiras com aproximadamente um centímetro de largura com o auxílio de uma faca, higienizada em solução de hipoclorito a 2% e seca, e acondicionada em recipiente plástico com tampa de rosca (60mL) contendo 30mL solução de formaldeído tamponada a 5% (CARLI, 2007). Os sistemas radiculares também foram cortados e imersos na mesma solução de preservação (Figura 1). Nas dependências do Laboratório de Parasitologia do Centro Acadêmico de Vitória, todos os recipientes com as amostras foram submetidos ao Agitador Orbital modelo 255-B FANEM na velocidade 5000rpm durante cinco minutos, seguido de um período de sedimentação de 24 horas a temperatura ambiente (Figura 9).

5.5 Análise parasitológica

Com o auxílio de pipetas Pasteur de polietileno transparente e graduada (7 ml) coletou-se uma alíquota do sedimento, aproximadamente 0,05 ml, que foi dispensada em lâmina de microscopia e coberta com lamínula. Para cada amostra foram preparadas três lâminas. A leitura foi realizada em microscópio óptico (Lumen/ microscópio binocular 1600x lm2000b). Toda a lâmina foi percorrida com a objetiva de 10X. As estruturas parasitárias foram observadas e mensuradas utilizando ocular micrométrica de 40x. As fotos foram obtidas com o uso da câmera do celular Moto G5 Plus (12 Megapixels/ resolução 4032 x 3024 pixels). Para a identificação morfométrica dos espécimes utilizou-se o Manual de Brook e Melvin (1984).

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Figura 9: Fluxograma com etapas do processamento das amostras de alface adquiridas de feriras livres das cidades de Vitória de Santo Antão, Surubim e Bezerros.

Aquisição da alface com sistema radicular preservado

Corte da raiz Corte da folha

Acondicionamento Acondicionamento da folha da raiz

Agitação Fonte: LEITE, A.R.F., 2018

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6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Propágulos infecciosos foram encontrados em algumas amostras de alface comercializadas nas feiras livres das cidades de Vitória de Santo Antão, Surubim e Bezerros (Figura 9). Considerando o estado de Pernambuco, situação semelhante de contaminação foi relatada em Recife (SILVA et al., 2005; ROCHA et al., 2008) Caruaru (ESTEVES; FIGUEIRÔA, 2009) e Serra Talhada (TERTO et al., 2014). Luchesi e colaboradores (2016) acreditam que a recorrência no assinalamento de formas evolutivas infecciosas de parasitos resulta da morfologia favorável da alface, planta com várias folhas e porte herbáceo, da qualidade da água de irrigação e/ou emprego de práticas culturais inadequadas nos sistemas de cultivo tradicional, orgânico e hidropônico. Raízes e folhas de 70% das amostras provenientes de Surubim estavam contaminadas com cistos, ovos e larvas. Essas mesmas estruturas infecciosas foram encontradas nas cidades de Vitória de Santo Antão e Bezerros atingindo 40% das alfaces (Tabela 4). Terto e cols. (2014) alertam para a importância da frequência de parasitos em hortaliças e afirmam que esse valor indica as condições higiênicas e sanitárias, falhas nas condições de pré e pós-cultivo e na vigilância sanitária.

Tabela 4 – Frequência de enteroparasitos observados em folhas e raízes de alface lisa comercializadas em feiras livres das cidades de Vitória de Santo Antão, Surubim e Bezerros.

Folha Raiz Frequência Cisto Ovo Larva Cisto Ovo Larva (%) Vitória Santo Antão + + + + 40 Surubim + + + + + + 70 Bezerros + + + + 40 + Presente Fonte: LEITE, A.R.F., 2018

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Figura 9: Formas evolutivas de protozoário e helmintos obtidos das amostras de folhas e raiz de Lactuca sativa L. comercializadas em feiras livres das cidades de Vitória de Santo Antão, Surubim e Bezerros.

Vitória de Santo Antão

Folha Raiz

Cisto de Entamoeba Ovo de Ascaris Larva rabditoide de ancilostomídeo

Surubim

Folha Raiz

Larva rabditoide de Ovo larvado de Ovo de Trichuris ancilostomídeo ancilostomídeo

Bezerros

Folha Raiz

Ovo de Ascaris Ovo de ancilostomídeo Larva rabditoide de ancilostomídeo Fonte: LEITE, A.R.F., 2018 Formas evolutivas parasitárias (cistos de Entamoeba, ovo de Ascaris e larvas rabditoides) foram encontradas nas amostras de folhas e raízes de alfaces

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comercializadas nas três cidades (Tabela 05). Os mesmos enteroparasitas foram relatados em alfaces comercializadas em Caruaru (ESTEVES; FIGUEIRÔA, 2009). Nas amostras de Serra Talhada, Terto e cols. (2014) assinalaram a presença de ovos de Taenia e cistos de Entamoeba, enquanto os ovos de Ascaris e larvas de ancilostomídeos estiveram ausentes. Silva e cols. (2005) afirmam que todos os parasitas supracitados têm importância para a saúde pública e são indicadores de contaminação fecal proveniente do homem ou de animais domesticados e silvestres.

Tabela 05: Distribuição do percentual geral de propágulos parasitários infecciosos em amostras de alface lisa comercializadas nas feiras livres das cidades pernambucanas de Vitória de Santo Antão, Surubim e Bezerros.

Formas evolutivas Vitória de Santo Surubim Bezerros Antão (n=10) (n=10) (n=10) (%) (%) (%)

Folha Raiz Folha Raiz Folha Raiz Cisto de Entamoeba 10 10 20 Ovo de Ascaris 10 30 10 10 Ovo de Trichuris 10 Ovo de Enterobius 10 Ovo de ancilostomídeo 10 30 20 Larva de ancilostomídeo 30 10 10 10 10 Fonte: LEITE, A.R.F., 2018

Embora o sistema radicular esteja presente no momento da comercialização da hortaliça, sua qualidade sanitária tem sido ignorada pelos pesquisadores. O presente estudo revelou uma maior diversidade de propágulos infecciosos associados as raízes das alfaces. Nas três cidades as amostras estiveram contaminadas com ovo de Ascaris e ovo/larva de ancilostomídeo (Tabela 02). A detecção de ovo de Ascaris é relevante porque é considerado um propágulo muito resistente, inclusive quando submetido aos sanitizantes utilizados nos domicílios (MARTIN, 1926; OH et al., 2016) e nos processos químico-físicos de recuperação de águas contaminadas para reuso, principalmente na agricultura. Por causa dessa competência refratária, o ovo de Ascaris é utilizado como indicador biológico de eficiência no tratamento da água (ROCHA et al., 2016). A baixa frequência de ovos de Ascaris nas folhas, apenas 10% da alface de Bezerros, gera um resultado conflitante quando comparado com a contaminação

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radicular para as três cidades (Tabela 02). Alguns pesquisadores optam pela introdução de um detergente (e.g. Tween 80, Triton X-100) na solução extratora, com o intuito de “soltar” os propágulos do substrato (AMOAH et al., 2017a in press). Mas Amoah e cols. (2017b) comentam que outros pesquisadores não conseguiram um bom rendimento na recuperação dos propágulos e ainda citam que existe uma publicação de 1954 que afirma o emprego de detergentes causa danos morfológicos que reduz a viabilidade dos ovos. Nesse trabalho optou-se por uma solução de formaldeído tamponada a 5% com a intenção de melhor preservar as formas evolutivas parasitárias (CARLI, 2007). Em Surubim também foi encontrado ovo de Trichuris (10%) na raiz. Esse geohelminto, junto com Ascaris, necessita das mesmas condições ambientais para incubar, se tornar larvado e se manter viável no solo, mas apresenta resistência as condições ambientais consideravelmente menores (GORDON et al., 2017). Enterobius foi assinalado em uma amostra de raiz (10%) proveniente de Vitória de Santo Antão. Como esse parasito não é um geohelminto, possivelmente a amostra foi contaminada durante a manipulação da alface. Esse helminto induz um prurido noturno intenso na região perianal e fragmentos do verme adulto, bem como os ovos larvados e infecciosos, se espalham nas mãos e se concentram sob as unhas (GORDON et al., 2017). Higiene pessoal precária favorece a transmissão do parasito para outros indivíduos. Apenas uma pesquisa nacional, desenvolvida em Brasília, apresentou um resultado negativo para a contaminação da alface por propágulos parasitários (FERREIRA; SILVA, 2018). Como o ‘n’ amostral foi reduzido (n = 4), os próprios autores reconhecem a necessidade de repetir o experimento.

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7 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

A utilização da solução de formaldeído tamponado, nas folhas e sistemas radiculares, manteve a preservação das estruturas parasitárias. Possivelmente este foi o primeiro trabalho científico que utilizou essa solução em amostras de alface. A investigação da situação sanitária do sistema radicular da alface revelou a presença de propágulos parasitários infecciosos numa diversidade e frequência maiores do que aquelas observadas nas respectivas folhas, o que não é interessante dado que o consumidor faz aquisição da hortaliça completa. A manutenção do sistema radicular no momento da comercialização da hortaliça em feiras livres favorece a contaminação de outros alimentos, do vendedor e do consumidor, pois presumivelmente ao ser embalada ou posta em cima de outras hortaliças no ambiente de comercialização, os resíduos contaminados da rizosfera podem ser dispersos, levando a contaminação para a parte comestível. Diante disso, sugere-se a remoção das raízes no momento da embalagem da alface e, diante dos resultados obtidos, investigar os campos de produção dessa hortaliça na cidade de Surubim, onde foi constatada uma maior frequência e diversidade de propágulos parasitários infecciosos, e vetar o consumo nas cidades investigadas porque estão em desacordo com a resolução nº 12 da ANVISA supracitada.

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REFERÊNCIAS

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