PLANO DE MANEJO

Parque Municipal São Francisco de Assis

Município de - MG

Fevereiro de 2015 Equipe Técnica

Coordenação Geral

Leonardo Paiva Rezende – CBCN

Coordenação Técnica

Gumercindo Souza Lima

Diagnóstico Sócio-Ambiental

Marcello Pinto de Almeida - Engenheiro Florestal

Fábio Fernandes Maia - Engenheiro Florestal

Israel de Sousa Brandão Edmundo - Geógrafo

Matusalém Miguel - Biólogo

Álvaro Augusto Naves Silva - Biólogo

Kassius Klay Santos - Graduando em Biologia

Magno César Siqueira - Graduando em Biologia

Sebastião Lopes Sobrinho - Dendrólogo

Zoneamento e Programas de Manejo

Gumercindo Souza Lima - Engenheiro Florestal

Marcello Pinto de Almeida - Engenheiro Florestal

Fábio Fernandes Maia - Engenheiro Florestal

Israel de Sousa Brandão Edmundo - Geógrafo Apresentação

O Parque Florestal Municipal São Francisco de Assis, que será denominado Parque São Francisco ao longo do texto, com seus 110 hectares representa um dos maiores patrimônios ambientais do Município de Varginha, MG, pois abriga um remanescente importante de mata Atlântica, no limite da área urbana da cidade.

O Parque São Francisco encontra-se protegido pelo Município desde 1976, quando uma porção de mata de 60 hectares, existente no local, foi transformada em Parque Florestal Municipal. Em 1982 essa área foi ampliada para 110 hectares, pela Lei Nº 1.280, de 14 de maio de 1982, recebendo o nome o Parque Florestal Municipal São Francisco de Assis, com as coordenadas centrais de 21º34’25” S e 45º24’ 2” O, tendo o objetivo de preservar uma amostra significativa de floresta estacional semidecidual, localizada nesse município.

O Município de Varginha destaca-se por ser um dos principais centros de comércio e produção de café do país, produzindo cafés de excelente qualidade, tendo grande parte de sua produção voltada para a exportação. O solo de excelente qualidade, em textura e fertilidade, é propicio para a cafeicultura e demais culturas agrícolas.

Varginha está localizada em área de ecótone do Cerrado e da Mata Atlântica, podendo ser encontrada em seus remanescentes florestais espécies típicas destes dois grandes biomas brasileiros.

O Município de Varginha sofreu grande pressão de desmatamento e uso alternativo de solo, no início do século XX, para estabelecimento da cultura cafeeira em suas terras.

A cidade é a terceira mais populosa do Sul de Minas e possui localização privilegiada e estratégica, estando situada entre as capitais São Paulo, e e próxima ao importante complexo turístico do Lago de Furnas.

O município possui uma área de 396 km² e está situado no domínio geomorfológico do Planalto Atlântico do Sudoeste. A altitude máxima é 1.239m, no morro do Chapéu, e a altitude mínima é de 868m, na foz do córrego Tijuco. O território é 4% plano, 80% ondulado e 16% montanhoso (WIKIPEDIA, 2015). i

O município de Varginha está situado na bacia do Rio Grande, sendo banhado pelo Rio Verde, que é formador do braço sul da represa de Furnas, juntamente com o rio Sapucaí.

A área do Parque São Francisco, por se constituir em remanescente de ecótone de cerrado e Mata Atlântica, possui grande relevância ambiental para o Município e para o meio científico, fator que muito estimulou o Centro Brasileiro para a Conservação da Natureza e o Laboratório de Conservação da Natureza da Universidade Federal de Viçosa para participarem deste estudo e elaboração do Plano de Manejo do Parque São Francisco.

Em , a Mata Atlântica cobria 49% da área do Estado, estando reduzida a 7% de sua cobertura original. A maior parte do que restou da vegetação de Mata Atlântica no Estado se encontra em remanescentes muito pequenos e em posse de proprietários particulares, confinadas em pequenos fragmentos especialmente localizados nos topos de morro, em áreas menos propícias à agricultura ou de difícil acesso.

Entretanto, apesar de tão fragmentada, a Mata Atlântica de Minas ainda abriga uma alta diversidade de espécies da flora e da fauna, incluindo várias espécies endêmicas e ameaçadas. A Mata Atlântica que ocorre em Minas Gerais é bastante heterogênea, com uma fisionomia vegetacional que vai desde a floresta ombrófila densa até as florestas estacionais semideciduais.

Minas Gerais abriga cerca de 70% das espécies de mamíferos que ocorrem em todo o Domínio da Mata Atlântica. A maioria das espécies de mamíferos registradas no Estado ocorre na Mata Atlântica, sendo aproximadamente um terço de espécies exclusivas desse bioma.

Dessa forma, consideramos de grande relevância, para a sociedade brasileira, a conservação desse importante fragmento de Mata Atlântica, localizado no Município de Varginha, o Parque Florestal Municipal São Francisco de Assis.

Prof. Gumercindo Souza Lima D.S. em Manejo de Áreas Protegidas Coordenador do Laboratório de Conservação da Natureza Departamento de Engenharia Florestal Universidade Federal de Viçosa

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Sumário

Indice Página Apresentação i Sumário iii Lista de Figuras, Fotos e Tabelas iv Lista de Siglas vi 1. Introdução 1 2. Contextualização do Parque 9 2.1. Enfoque Internacional 9 2.2. Enfoque Nacional 10 2.3. Enfoque Regional 16 3. Informações Gerais 19 3.1. Acesso 19 3.2. Histórico 20 3.3. Ficha-Resumo 21 4. Diagnóstico 24 4.1. Metodologia do Diagnóstico 24 4.2. Caracterização da Área 24 4.2.1. Meio Biótico 24 4.2.2. Meio Físico 61 4.2.3. Meio Social 66 5. Planejamento 76 5.1. Objetivos Específicos de Manejo 76 5.2. Zoneamento 76 5.2.1 Zona Primitiva 78 5.2.2 Zona de Recuperação 79 5.2.3 Zona de Uso Intensivo 80 5.2.4 Zona de Uso Especial 82 5.2.5 Zona de Amortecimento 83 6. Programas de Manejo 84 6.1. Programa de Proteção 84 6.2. Programa de Pesquisa 86 6.3. Programa de Uso Público 90 6.4. Programa de Administração 92 7. Referências Bibliográficas 95 8. Anexo I – Formulário de Entrevista 104 9. Anexo II – ROI- Registro de Ocorrência de Incêndio 106 10. Anexo III – Legislações Municipais 108 11. Anexo IV – Registros Fotográficos 115

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Lista de Figuras e Tabelas

Figura/Tabela

Tabela 01 - Tipos de unidades de conservação, de acordo com a Lei Nº 9.985/2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) Tabela 02 – Lista dos Parques Municipais da Região Sudeste, com área maior que o Parque Municipal São Francisco de Assis, localizado em Varginha – MG. Tabela 03 - Área coberta pela flora nativa do Estado de Minas Gerais em 2005, por tipologia. Fonte: Scolforo e Carvalho (2006) Figura 01 - Distribuição dos Biomas no Estado de Minas Gerais. Figura 02 – Mapa de áreas de importância ecológica no Estado de Minas Gerais Figura 03 - Localização do Parque São Francisco, no Município de Varginha Tabela 04 – Ficha-Resumo do Parque Florestal Municipal São Francisco de Assis, Varginha, MG. Figura 04 – Mapa de localização e perímetro do Parque São Francisco, Varginha-MG Figura 05 – Mapa de Uso e Ocupação do Solo no Parque São Francisco, Varginha-MG Tabela 05 - Lista das espécies amostradas no Parque Florestal Municipal São Francisco de Assis, Varginha, MG, agrupadas por famílias botânicas. As classificações dos itens: risco de extinção, origem, endemia, e ocorrência (Cerrado, Mata Atlântica) apresentadas são as adotadas pelos estudos do Programa REFLORA do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), para o item risco de extinção os estudos ainda estão em andamento e a maior parte das espécies desta lista ainda não foram avaliadas. * = informações sobre o gênero botânico, ** = informações sobre a família botânica. Tabela 06 - Número de espécies por famílias botânicas para o Parque Florestal Municipal São Francisco de Assis em Varginha, MG. Tabela 07– Cronograma das visitas para levantamento nas dependências do Parque São Francisco, Varginha-MG Figura 06 – Local de contato auditivo com a espécie pixoxó (Sporophila frontalis). Tabela 08 – Espécies de aves registradas no levantamento de campo, no Parque São Francisco, Varginha - MG. Figura 07 – Família de Ictinia plumbea (Sovi). Foto: Kassius K. Santos Figura 08 - Turdus leucomelas (Sabiá-branco) no ninho Figura 09 - Mata no Parque São Francisco, com cidade ao fundo Figura 10 - Trilha nas dependências do Parque São Francisco Figura 11- Trilha, com presença de lixo, provavelmente deixado por visitantes Figura 12 - Imagem demonstrativa das ações realizadas no Parque São Francisco de Assis, Varginha MG. Fonte: Google Earth®. Figura 13 - Áreas onde foram feitas as amostragens no Parque São Francisco de Assis, Varginha-MG. (A) Transecto 01, com área riparia dentro da mata ciliar, (B) Transecto 02, com área de campo aberto e lagoa artificial, (C) Transecto 02, contendo árvore com sinal de fogo recente. Figura 14 - Armadilha do tipo gaiola colocada no sub-bosque (A) e armadilha do tipo gaiola sendo iscada no solo (B), no Parque São Francisco de Assis, Varginha-MG. Tabela 9. Lista de espécies e formas de registro da mastofauna e herpetofauna do Parque São Francisco De Assis, Varginha-MG.

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Figura 15 - Armadilhas do tipo gaiola em sub-bosque (A), solo (B) e captura de Didelphis aurita (C). Figura 16. Pegadas de Dasypus sp. (A), toca de Dasypus sp. (B) e busca por vestígios (C), dentro do Parque São Francisco de Assis, Varginha-MG. Figura 17 - Crânio de gato (Felis catus) (A), pegada de cão (Canis familiares) (B) e fezes de cão (Canis familiares) (C), encontrados dentro do Parque São Francisco de Assis, Varginha-MG. Figura 18 - Aspectos climáticos para Varginha, MG. A - Temperatura média mensal. B - Precipitação mensal. C - Precipitação acumulada para o período de um ano. Nos três casos a linha vermelha corresponde aos dados históricos (1974 a 2013), a linha verde representa os dados de 2013 e a linha azul os dados de 2014. Fonte: Fundação PROCAFÉ (2014) Figura 19 - Croqui dos dois principais cursos d’água identificados no Parque São Francisco, Varginha – MG. Figura 20 - Perfil dos solos de várzea do Parque Florestal Municipal São Francisco de Assis, em Varginha, Minas Gerais. A - solo com predominância de ferro no estado oxidado (Fe3+). B – solo com predominância de ferro no estado reduzido (Fe2+).

Tabela 10 - Classificação da população de Varginha, Minas Gerais, no ano de 2010, por gênero, faixa etária e pela área de residência, rural ou urbana. Adaptado de IBGE (2015) Figura 21 - Número de mulheres em relação ao número de homens para o município de Varginha, Minas Gerais no ano de 2010. Adaptado de IBGE (2015). Figura 22 - Escolaridade da população para o município de Varginha, Minas Gerais, no ano de 2010. Adaptado de IBGE (2015). Figura 23- Rendimento nominal mensal da população para o município de Varginha, Minas Gerais, no ano de 2010. Adaptado de IBGE (2015). Figura 24 - Contribuição dos setores econômicos para a formação do Produto Interno Bruto do município de Varginha, Minas Gerais, no ano de 2012. Adaptado de IBGE (2015). Figura 25 - Respostas espontâneas fornecidas pelos entrevistados diante da pergunta: O(A) senhor(a) conhece a área? Já visitou? Com que frequência visita? Figura 26 - Respostas espontâneas fornecidas pelos entrevistados diante da pergunta: O(A) senhor(a) sabe a quem pertence a área do parque? Figura 27 - Respostas espontâneas fornecidas pelos entrevistados diante da pergunta: Qual importância o(a) senhor(a) vê para esta área? Figura 28- Respostas espontâneas fornecidas pelos entrevistados diante da pergunta: O(A) senhor(a) sabe de relatos da existência de animais nesta área? Quais? Figura 29- Respostas espontâneas fornecidas pelos entrevistados diante da pergunta: O(A) senhor(a) sabe de relatos da existência de animais nesta área? Quais? Figura 30 – Zoneamento do Parque São Francisco, Varginha-MG Tabela 11 – Zonas de manejo e suas respectivas extensões territoriais

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Lista de Siglas

Sigla Correspondência AER Avaliação Ecológica Rápida APA Área de Proteção Ambiental ARIE Área de Relevante Interesse Ecológico CBCN Centro Brasileiro para a Conservação da Natureza CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico DAP Diâmetro à altura do peito EMPRAPA Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias ESEC Estação Ecológica FLONA/FE/FM Floresta Nacional/Estadual/Municipal IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBDF Instituto Brasileiro do Desenvolvimento Florestal IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICMBIO Instituto Chico Mendes de Conserva da Biodiversidade INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais MEC Ministério da Educação MMA Ministério do Meio Ambiente MN Monumento Natural PARNA Parque Nacional PIB Produto Interno Bruto PNM Parque Natural Municipal RBMA Reserva da Biosfera da Mata Atlântica RDS Reserva de Desenvolvimento Sustentável REBIO Reserva Biológica RESEX Reserva Extrativista ROI Relatório de Ocorrência de Incêndios RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural RVS Refúgio de Vida Silvestre SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação UC Unidades de Conservação UICN União Internacional para a Conservação da Natureza UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

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1. Introdução

A Lei nº. 9.985, de 18 de julho de 2000, regulamentou o artigo 225 da constituição brasileira, e instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), definindo 12 categorias de unidades de conservação, divididas em dois grupos, Proteção Integral e Uso Sustentável (TABELA 01). Esta Lei, ainda definiu as condições para criação, implantação e manejo das unidades de conservação. Como uma de suas principais diretrizes básicas, o SNUC determina que logo após a sua criação as Unidades de Conservação devem dispor do “Plano de Manejo”. No caso das unidades de proteção integral, esse instrumento de planejamento e gestão deve contemplar uma zona de amortecimento e os corredores ecológicos, apresentando medidas que promovam a proteção da biodiversidade e o desenvolvimento regional, através do zoneamento e dos programas de manejo da área.

Conforme o SNUC, o Plano de Manejo trata-se de um “documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma Unidade de Conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da Unidade de Conservação”. Os Planos de Manejo são construídos dentro de um processo de planejamento integrado e multidisciplinar. Ao estabelecer normas, diretrizes, programas e zoneamento da UC, o documento auxilia no planejamento adequado de gestão da área, de modo a garantir o cumprimento das finalidades para as quais foi criada.

A ideia de basear a gestão de unidades de conservação em documentos norteadores, é uma metodologia de ação adotada no Brasil há algum tempo. No Brasil, as primeiras tentativas de elaboração e implementação de Planos de Manejo para Unidades de Conservação se deram em 1976, no antigo Instituto Brasileiro do Desenvolvimento Florestal (IBDF), um dos órgãos que veio a constituir o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) em 1989. Em 1996, num esforço de sistematização, visando unificar conceitos e orientações, o IBAMA estabeleceu o roteiro metodológico para o desenvolvimento dos Planos de Manejo, onde ordena o planejamento em diferentes fases, levando em consideração o nível de conhecimento sobre a unidade em questão (IBAMA & GTZ, 1996). Em 2002, esse roteiro metodológico foi atualizado, incorporando novos princípios introduzidos pelo SNUC (IBAMA, 2002). 1

Conforme o “Roteiro Metodológico de Planejamento: Parque Nacional, Reserva Biológica, Estação Ecológica” (IBAMA, 2002), o Plano de Manejo caracteriza-se por demandar constante atualização, através da incorporação de novas informações à medida que vai aumentando a quantidade e a qualidade das informações sobre os meios biótico e abiótico que a unidade protege.

O Plano de Manejo é elaborado sob um enfoque multidisciplinar, com características particulares diante de cada objeto específico de estudo. Ele deve refletir um processo lógico de diagnóstico e planejamento. Ao longo do processo devem ser analisadas informações de diferentes naturezas, tais como dados bióticos e abióticos, socioeconômicos, históricos e culturais de interesse sobre a Unidade de Conservação e como estes se relacionam. A interpretação do diagnóstico se relacionará com a definição de objetivos específicos de manejo, definições de zonas para as diferentes modalidades de usos, normas gerais e programas de manejo.

O Plano de Manejo é um documento de planejamento onde se elaboram ações para um cenário futuro, baseando-se em levantamentos de campo, que constituem um diagnóstico socioambiental da área. Estes levantamentos correspondem, em geral, às Avaliações Ecológicas Rápidas (AER), método descrito por Sayre et al. (2000), que permite a obtenção de algum conhecimento sobre uma área onde não tenham sido feitos estudos anteriores mais detalhados. Trata-se de uma boa opção quando se reúnem simultaneamente duas situações: uma área sobre a qual não existem, ou quase não existem informações e uma equipe de especialistas de alto nível, capazes de extrair toda a informação possível de um local onde jamais estiveram.

Após a elaboração do diagnóstico da UC, são feitas proposições com a finalidade de diagnosticar situações de potencial conflito e otimizar as demais situações, levando a um planejamento adequado. Outra instância importante neste processo é a constituição de um Conselho Consultivo, que deve ser composto por diversos atores sociais ligados à UC, das esferas governamentais (federal, estadual e municipal) e da sociedade civil organizada, presidido pelo Chefe da Unidade. A instalação do Conselho Consultivo antes, ou no início da elaboração do Plano de Manejo, permite que as propostas contidas no documento contemplem os anseios dos segmentos da sociedade, desde que estes não conflitem com as finalidades da UC.

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TABELA 01 - Tipos de unidades de conservação, de acordo com a Lei Nº 9.985/2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)

GRUPO CATEGORIA POSSE

Reserva Biológica (REBIO) Pública

Proteção Integral Estação Ecológica (ESEC) Pública

Parque Nacional (PARNA) Pública

Parque Natural Municipal (PNM) Pública

Monumento Natural (MN) Pública e Particular

Refúgio de Vida Silvestre (RVS) Pública e Particular

Área de Proteção Ambiental (APA) Pública e Particular

Uso Sustentável Área de Relevante Interesse Ecológico Pública e Particular (ARIE)

Reserva de Desenvolvimento Pública Sustentável (RDS)

Floresta Nacional (FLONA, FE, FM) Pública

Reserva Extrativista (RESEX) Pública

Reserva de Fauna Pública

Reserva Particular do Patrimônio Particular Natural (RPPN)

No caso do Parque São Francisco, o Conselho Consultivo de Gestão foi criado pela Lei Nº 5.166/2010 e já se encontra constituído por 14 membros, da sociedade civil organizada e das esferas públicas municipal, estadual e federal.

O SNUC estabelece 13 (treze) objetivos básicos das unidades de conservação que, de forma resumida são: 1) contribuir para a manutenção da diversidade biológica; 2) proteger espécies ameaçadas; 3) contribuir para a preservação e recuperação da diversidade de ecossistemas; 4) promover o desenvolvimento sustentável; 5) promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de 3

desenvolvimento; 6) proteger paisagens de notável beleza cênica; 7) proteger características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural; 8) proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos; 9) recuperar ou restaurar ecossistemas degradados; 10) incentivar a pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental; 11) valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica; 12) favorecer a educação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico e 13) proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais (BRASIL, 2000).

HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE VARGINHA

(Adaptação do texto de Marcus Madeira, encontrado na página da Web do Município de Varginha - http://www.varginha.mg.gov.br/a-cidade/historia).

Em 1808, o príncipe João foge para o Brasil e escapa de Napoleão Bonaparte, o homem mais poderoso do mundo. A colônia de Portugal somava 3 milhões de habitantes. A economia girava em torno da agricultura e extração mineral, movidas à base de escravos.

Dentro desse contexto surge Espírito Santo das Catanduvas, um arraial no Sul de Minas com cerca de 1.000 pessoas. A criação do povoado é toda influenciada pela religiosidade e pelos costumes portugueses. O trânsito de tropeiros no Sul de Minas era permanente. Entretanto, o desenvolvimento do núcleo ainda era lento.

Em 1832, a população de Varginha era de exatos 1.855 habitantes, um crescimento de 85%, tímido para duas décadas e meia. A Igreja adquiriu as áreas no centro da futura cidade, que pertenciam ao casal D. Thereza Clara Rosa da Silva e capitão Francisco Alves da Silva.

Durante 43 anos Varginha foi um curato (aldeias com condições necessárias para se tornar o distrito de um município). As principais obras que marcam esse período são as construções de igrejas (Matriz do Divino Espírito Santo e Rosário).

Em 1º de junho de 1850, o curato foi elevado à paróquia (ou freguesia, onde estão os fregueses da paróquia).

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Varginha experimentaria, então, o primeiro surto desenvolvimentista. Foram construídos os primeiros prédios públicos, como as duas primeiras escolas públicas e a cadeia.

A freguesia contava com 300 móveis, na avenida Rio Branco, rua Wenceslau Braz (rua da Chapada), Presidente Antônio Carlos (rua Direita), Delfim Moreira (rua São Pedro). Poucos resistem até hoje; a maioria foi modernizada.

O segundo boom desenvolvimentista da cidade advém do fim da escravatura. Para substituir a mão-de-obra escrava, é firmado um acordo com a Itália, onde vários imigrantes deslocam-se de sua terra natal para o Brasil. A passagem era paga pelo governo brasileiro, em troca de cinco anos de trabalho na lavoura.

Em 1.888 a recém-criada cidade de Varginha recebeu a maior leva de imigrantes, 1.020 no total. Eram 806 italianos (toscanos, lombardos e venetos procedentes, em sua maioria, de campos e aldeias), mais portugueses, espanhóis, turcos e alemães. Radicaram- se em Varginha, escrevendo uma das mais importantes páginas da história da cidade.

O principal impulso dos imigrantes ocorreu inicialmente na agricultura. As duas culturas significativas eram a cana-de-açúcar e o café.

A pequena vila contava com 113 estabelecimentos de beneficiamento de café no começo do século XX.

Em 1933, a cidade contava com seis engenhos e uma produção de 2 mil toneladas de cana-de-açúcar.

O terceiro momento relevante do desenvolvimento de Varginha acontece com o início do funcionamento da linha férrea em Varginha, em 1892 (no mesmo local onde está o prédio atual da estação ferroviária). A cidade recebia suas primeiras empresas e o movimento era intenso. São dessa época duas obras básicas de infraestrutura: as primeiras obras de calçamento e a iluminação pública, de gás acetileno e postes de metal.

Com o aumento da população, surgem opções de lazer, na rua da Chapada (onde hoje fica o calçadão da Wenceslau Braz, na altura aproximada da loja Ponto Frio).

O Theatro Municipal é inaugurado em 1904; seis anos depois, no mesmo local, é aberto o Cinema Brasil, talvez o primeiro do Sul de Minas. Foi instalado pelo 5

empreendedor capitão Pedro da Rocha Braga. A máquina era gerada por motor a querosene, desligado durante algumas sessões pela quantidade de fumaça. O cinema era itinerante, e o motor era levado em carro de boi a algumas cidades próximas.

Em 1913 a Empresa Telefônica Varginhense interligava 150 aparelhos na cidade.

Aos poucos o perfil da economia agrícola vai cedendo espaço, ainda de forma tímida, para a indústria.

CENTRO HISTÓRICO

Todo o movimento econômico girava em torno da estação ferroviária. Como a Rua Alves e Silva, antiga Rua dos Comissários, durante muito tempo o centro comercial e financeiro de Varginha. Nesta rua funcionaram agências bancárias, Casa Navarra e a Associação Comercial de Varginha. A Casa Navarra era o concessionário da Ford, comercializava materiais de construção, eletrodomésticos, materiais elétricos e era agente de grandes bancos na cidade, além de ter oficina eletromecânica própria.

O prédio onde funcionou a Associação Comercial foi posteriormente, durante muitos anos, o Clube Botafogo, da boemia da cidade. O imóvel foi construído originalmente na década de 20 para sediar a Rebêlo & Alves, uma das primeiras empresas de café da região. Durante longo período, funcionou ali o Banco do Distrito Federal. Homero Frota comprou a casa na década de 60. No imóvel ao lado da Rebêlo & Alves (onde é atualmente uma residência), funcionava o Banco Hipotecário e Agrícola de Minas Gerais. No quarteirão em frente à estação ferroviária, funcionava o Hotel Megda, sucedido pelo Grande Hotel Maduro. Embaixo, havia armarinhos e secos & molhados. No imóvel onde hoje está o Museu Municipal funcionava o Banco do Brasil. Ao lado, onde fica a sede do Jornal Sul de Minas, ficava o Banco do Comércio e Indústria. Em frente, no local onde hoje há vagas para carros, os passageiros embarcavam nas “jardineiras” para viagens regionais. Do lado de baixo da estação ferroviária ficava a Cervejaria Glacial Ártica, de propriedade da empresa Mello, Rezende Ltda. Em 1927 contava “com a producção diária de quatro mil garrafas e trez mil kilos de gelo”. Também produzia o guaraná “O Futurista”.

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Mas, segundo os documentos que registram a história do município, o progresso de Varginha foi intensamente impulsionado após 1925, com a visita do presidente do Estado, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada. Na ocasião, o presidente assumiu um empréstimo no valor de 2.500 contos de réis, o equivalente a cem fazendas. O empréstimo possibilitou a terraplenagem e reestruturação completa da cidade, com o asfaltamento das principais ruas, iniciando em definitivo o processo de urbanização.

Nesse período surgiram importantes instituições para Varginha: os colégios Marista e Santos Anjos; Banco do Brasil; Hospital Regional do Sul de Minas; e a Associação Comercial de Varginha.

Durante a Crise Econômica e a quebra da Bolsa de Nova Iorque acentua a crise do café no Brasil. Nosso país fica atolado com uma produção de 21 milhões de sacas, bem maior do que a demanda. O governo dos Estados Unidos desiste do empréstimo de 50 milhões de dólares para os cafeicultores brasileiros.

Apesar das dificuldades que sempre marcaram a cafeicultura, e mesmo neste momento particular, o café sempre foi considerado importante propulsor da economia local.

Com o tempo, a indústria cafeeira (beneficiamento e exportação) ultrapassou a produção (lavoura) na cidade. E Varginha começa a se expandir. Novos bairros surgem. O primeiro deles, a Vila Barcelona, formado em sua maioria por operários.

A cidade ainda se restringia ao “miolo” do centro. As casas terminavam na avenida Major Venâncio, no “Areião” (Fátima), na Vila Barcelona e nas Três . Bairros como Catanduvas, Jardim Andere, Bom Pastor ainda não existiam, eram considerados zona rural.

Começam a ser criadas regionais dos governos estadual e federal. A era do ensino superior tem início em 1965, com a primeira escola de ensino superior (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras). Nos anos seguintes são criadas a Faculdade de Direito de Varginha, Faculdade de Ciências Contábeis e de Administração, a Faculdade de Engenharia Mecânica (a hoje extinta Fenva) e a Fepesmig, que se tornou, depois, Centro Universitário do Sul de Minas. Mais recentemente, Unifenas e Unifal.

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Na década de 70 inicia-se o processo moderno de industrialização da cidade, notadamente durante as administrações dos prefeitos Eduardo Ottoni e Aloysio Ribeiro de Almeida. Foi nessa época que se instalaram em Varginha centros de educação profissional do SESI, SENAI, SENAC e, mais tarde, SEBRAE. Nas décadas seguintes, essas instituições garantiram a formação de mão-de-obra qualificada para cidades do Sul de Minas, o que ocorre até hoje.

O parque industrial contemporâneo de Varginha começou a tomar forma com empresas como Moinho Sul Mineiro, Café Bom Dia, Pólo Films, Plavigor, FL Smidth, Heatmaster, CBC e Cooper Standard.

Como já citado neste texto, a vocação agrícola de Varginha foi sendo substituída pela indústria e prestação de serviços. O mesmo ocorreu com o café. Hoje, os números da torrefação e da exportação do café são extremamente mais expressivos do que a lavoura do município. Essa adaptação ao mercado e aos novos tempos permitiu à Varginha ser a segunda praça de comércio de café do mundo, só perdendo para Santos, no litoral de São Paulo.

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2. Contextualização do Parque

2.1. Enfoque Internacional

Uma das grandes estratégias internacionais de conservação ambiental no planeta é o modelo de Criação de Reservas da Biosfera, instituído pela Unesco. A Reserva da Biosfera é um instrumento de conservação que favorece a descoberta de soluções para problemas como o desmatamento das florestas tropicais, a desertificação, a poluição atmosférica, o efeito estufa, entre outros. A Reserva privilegia o uso sustentável dos recursos naturais nas áreas assim protegidas e tem por objetivo promover o conhecimento, a prática e os valores humanos para implementar as relações entre as populações e o meio ambiente em todo o planeta. Cada Reserva da Biosfera é uma coleção representativa dos ecossistemas característicos da região onde se estabelece. Criadas pela UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - em 1972, as Reservas da Biosfera, espalhadas hoje por 110 países, têm sua sustentação no programa "O Homem e a Biosfera" (MAB) da UNESCO, desenvolvido com o PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, com a UICN - União Internacional para a Conservação da Natureza e com agências internacionais de desenvolvimento (MMA, 2015a).

Uma das reservas da Biosfera, reconhecidas pela Unesco é a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. A criação da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA), que abriga os principais remanescentes de Mata Atlântica e ecossistemas associados do Ceará ao Rio Grande do Sul, foi reconhecida pela Unesco em várias fases consecutivas, entre 1991 e 1993. As Reservas da Biosfera têm três prioridades como base em todos os trabalhos a serem nelas desenvolvidos: a conservação da natureza e de sua biodiversidade, o desenvolvimento social sustentado das populações que vivem na área, com ênfase para as comunidades tradicionais, e o aprofundamento da educação ambiental e do conhecimento científico.

Para viabilizar esses objetivos, as Reservas da Biosfera devem obedecer a um zoneamento que está centrado em três áreas principais: - a zona núcleo, que deve ser uma

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unidade de conservação de proteção integral ou uma RPPN. Nesse sentido, o Parque São Francisco pode se constituir em uma Zona Núcleo ou um Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica – RBMA, na região Sul do Estado Minas Gerais.

2.2. Enfoque Nacional

A Mata Atlântica é, desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, patrimônio nacional da população brasileira. Sua conservação deve ser estimulada pelo poder público, cabendo, ainda segundo a Constituição da República, artigo 225, parágrafo 1º, inciso III “definir, em todas as Unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos”. A Mata Atlântica brasileira, hoje reduzida a menos de 8% de sua extensão original, perfazia cerca de 1.400.000 km2 do território nacional, e estende-se desde o Nordeste Brasileiro até o Rio Grande do Sul (Fundação SOS Mata Atlântica & INPE, 2002). Essa região é de grande importância para o país, pois abriga mais de 60% da população brasileira e é responsável por quase 70% do PIB nacional. A devastação da Mata Atlântica é um reflexo da ocupação territorial e exploração desordenada dos recursos naturais. Os sucessivos impactos resultantes de diferentes ciclos de exploração, da concentração da população e dos maiores núcleos urbanos e industriais levaram a uma drástica redução na cobertura vegetal natural, que resultou em paisagens hoje fortemente dominadas pelo homem (Dean, 1996; Mittermeier et al., 2004).

A Mata Atlântica possui hoje mais de 800 unidades de conservação públicas e privadas, totalizando cerca de 13.000.000 ha. Considerando somente as unidades de conservação de proteção integral, menos de 2% (cerca de 2,5 milhões de hectares) da extensão do bioma se encontra oficialmente dedicado a esse objetivo.

Devido a sua importância ecológica pelo fato de estar em área de ecótone entre o Cerrado e Mata Atlântica, o Parque São Francisco deve ser visto como uma das áreas prioritárias para conservação da Mata Atlântica no Estado de Minas Gerais.

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O Parque São Francisco e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação é regido por diretrizes que:

 Assegurem que no conjunto das unidades de conservação estejam representadas amostras significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, salvaguardando o patrimônio biológico existente.

 Assegurem os mecanismos e procedimentos necessários ao envolvimento da sociedade no estabelecimento e na revisão da política nacional de unidades de conservação.

 Assegurem a participação efetiva das populações locais na criação, implantação e gestão das unidades de conservação.

 Busquem o apoio e a cooperação de organizações não governamentais, de organizações privadas e pessoas físicas para o desenvolvimento de estudos, pesquisas científicas, práticas de educação ambiental, atividades de lazer e de turismo ecológico, monitoramento, manutenção e outras atividades de gestão das unidades de conservação.

 Incentivem as populações locais e as organizações privadas a estabelecerem e administrarem unidades de conservação dentro do sistema nacional.

 Assegurem, nos casos possíveis, a sustentabilidade econômica das unidades de conservação.

 Permitam o uso das unidades de conservação para a conservação in situ de populações das variantes genéticas selvagens dos animais e plantas domesticados e recursos genéticos silvestres.

 Assegurem que o processo de criação e a gestão das unidades de conservação sejam feitos de forma integrada com as políticas de administração das terras e águas circundantes, considerando as condições e necessidades sociais e econômicas locais.

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 Considerem as condições e necessidades das populações locais no desenvolvimento e adaptação de métodos e técnicas de uso sustentável dos recursos naturais.

 Garantam às populações tradicionais cuja subsistência dependa da utilização de recursos naturais existentes no interior das unidades de conservação meios de subsistência alternativos ou a justa indenização pelos recursos perdidos.

 Garantam uma alocação adequada dos recursos financeiros necessários para que, uma vez criadas, as unidades de conservação possam ser geridas de forma eficaz e atender aos seus objetivos.

 Busquem conferir às unidades de conservação, nos casos possíveis e respeitadas as conveniências da administração, autonomia administrativa e financeira.

 Busquem proteger grandes áreas por meio de um conjunto integrado de unidades de conservação de diferentes categorias, próximas ou contíguas, e suas respectivas zonas de amortecimento e corredores ecológicos, integrando as diferentes atividades de preservação da natureza, uso sustentável dos recursos naturais e restauração e recuperação dos ecossistemas.

O SNUC dividiu as categorias de unidades de conservação em dois grupos: as unidades de proteção integral e as de uso sustentável. As Unidades de Proteção Integral são constituídas para preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.

O Parque São Francisco pertence ao grupo de proteção integral, na categoria de manejo “Parque”, sendo definida como uma área que tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. A posse e domínio dos Parques devem ser públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a legislação pertinente. A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua

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administração, e àquelas previstas em regulamento e as pesquisas científicas dependem de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade.

O Parque São Francisco contextualiza-se no Domínio da Mata Atlântica, bioma que apresenta percentual reduzido de remanescentes florestais protegidos sob a forma de unidades de conservação. A fragmentação e perda de habitats na Mata Atlântica têm implicado na necessidade de adoção de estratégias para a manutenção dos processos ecológicos. Outro fator relevante considerado foi o tamanho das áreas protegidas existentes nesse bioma, que em sua maioria são de tamanho reduzido, fato que geralmente conduz a alteração da composição e estrutura da vegetação principalmente no que tange ao efeito de borda, a que essas áreas são normalmente submetidas.

O Parque São Francisco, em conjunto com as demais unidades de conservação que existem no bioma da Mata Atlântica, contribuem para a conservação da diversidade biológica por meio do delineamento de instrumentos que viabilizem a participação efetiva das populações locais em sua gestão, bem como oportunizem o apoio e a cooperação de organizações não governamentais, de organizações privadas e pessoas físicas para o desenvolvimento de estudos, que garantam os processos ecológicos.

No entanto, ressalta-se que, em função de sua dimensão reduzida, torna-se imprescindível a adoção de estratégias que viabilizem a proteção das espécies e dinâmicas ambientais neste ecossistema, influenciado por atividades antrópicas. Isto se torna ainda mais importante pelo fato do Parque encontrar-se inserido na área limite da malha urbana da cidade de Varginha e rodeado por áreas de produção agrícola, especialmente a cafeicultura.

O Parque São Francisco ocupa a 33ª posição, em termos de área protegida, na lista de Parques Municipais da Região Sudeste. Sendo que praticamente todos esses Parques Municipais apresentam características semelhantes ao Parque São Francisco, em termos de localização, pois são em sua maioria, Parques periurbanos, conforme TABELA 02, a seguir.

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Tabela 02 – Lista dos Parques Municipais da Região Sudeste, com área maior que o Parque Municipal São Francisco de Assis, localizado em Varginha, MG. ÁREA NOME DA UNIDADE MUNICÍPIO UF (ha) 1. Parque Natural Municipal Montanhas Teresópolis RJ 4.397 de Teresópolis 2. Parque Natural Municipal do Ribeirão Conceição do Mato Dentro MG 3.150 do Campo 3. Parque Natural Municipal do Curió Paracambi RJ 1.100

4. Parque Natural Municipal Medanha Rio de Janeiro RJ 1.052 5. Parque Natural Municipal Salão das Conceição do Mato Dentro MG 857 Pedras 6. Parque Natural Municipal do Pedroso Santo André SP 857 7. Parque Natural Municipal do Rio de Janeiro RJ 805 Grumari 8. Parque Natural Municipal Atalaia Macaé RJ 704

9. Parque Natural Municipal do Trabiju Pindamonhangaba SP 604 10. Parque Natural Municipal do Aracruz ES 578 Aricanga 11. Parque Natural Municipal das MG 557 Andorinhas 12. Parque Natural Municipal Fazenda São Paulo SP 447 Carmo 13. Parque Natural Municipal Monte Cariacica ES 436 Mochuara 14. Parque Natural Municipal Santo André SP 426 Paranapiacaba 15. Parque Natural Municipal Jacarenena Vila Velha ES 346 16. Parque Natural Municipal Mata São Pedro da Aldeia RJ 269 Atlântica 17. Parque Natural Municipal Tancredo Ponte Nova MG 256 Neves 18. Parque Natural Municipal São Poços de Caldas MG 255 Domingos 19. Parque Natural Municipal Marapendi Rio de Janeiro RJ 248 20. Parque Natural Municipal Alto Rio MG 247 Tanque continua

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continuação da Tabela 02 ÁREA NOME DA UNIDADE MUNICÍPIO UF (ha) 21. Parque Natural Municipal Augusto São José dos Campos SP 247 Ruschi 22. Parque Natural Municipal de Belo Horizonte MG 236 Mangabeiras 23. Parque Natural Municipal Goiapaba Fundão ES 235 Açú 24. Parque Natural Municipal Santa Volta Redonda RJ 208 Cecília do Ingá 25. Parque Natural Municipal Paisagem Rio de Janeiro RJ 160 Carioca 26. Parque Natural Municipal da Prainha Rio de Janeiro RJ 147 27. Parque Natural Municipal Serra Belo Horizonte MG 142 Verde 28. Parque Natural Municipal do Vitória ES 142 Mulembá 29. Parque Natural Municipal Campo Campinas SP 136 Grande 30. Parque Natural Municipal Estuário Macaé RJ 128 Rio Macaé 31. Parque Natural Municipal Morro da Guarapari ES 127 Pescaria 32. Parque Natural Municipal Barão de Magé RJ 117 Mauá 33. Parque Florestal Municipal São Varginha MG 110 Francisco de Assis FONTE: Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (MMA,2015b)

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2.3. Enfoque Regional

O Estado de Minas Gerais detém cerca de 7% do território do país, e abriga parcelas expressivas da extensão original dos domínios da Mata Atlântica e do Cerrado.

Minas Gerais é um dos Estados da Federação que protege uma das mais significativas porções da biodiversidade brasileira, incluindo diversas espécies endêmicas ou ameaçadas de extinção. Seu território é ocupado por três grandes biomas e seus ecossistemas associados: o Cerrado, ocupando a maior parte do Estado, seguido pela Mata Atlântica e, em menor extensão, pela Caatinga (Figura 01).

O Cerrado, no estado de Minas Gerais, compreende um mosaico de tipos vegetacionais, incluindo as formações abertas (desde o campo limpo aos campos cerrados e campos rupestres) e as formações florestais características (veredas, matas de galeria e cerradão).

A Mata Atlântica, considerada um dos ecossistemas mais diversos do mundo, ocupava, originalmente, 38% do território mineiro. Esse bioma abrangia toda a porção oriental (leste-sudeste) do Estado, em um magnífico conjunto de formações florestais: Floresta Estacional Semidecidual; Floresta Baixo-Montana; Floresta Ombrófila Mista, também denominada de Mata de Araucárias; Floresta Ombrófila Densa; Floresta Estacional Decidual em determinadas latitudes, bem como os campos de altitude.

No Estado, a Mata Atlântica encontra-se reduzida a cerca de 4% da área original, e mesmo assim, o maior fragmento tem apenas 35 mil hectares, em grande parte incluídos hoje no Parque Estadual do Rio Doce. A devastação continua acelerada, e entre 1990 e 1995, por exemplo, houve perda de 89 mil hectares. Do cerrado, restam em Minas Gerais cerca de 25% da cobertura original, mesmo assim bastante alterados por incêndios e expansão da cobertura por gramíneas exóticas. O Cerrado sofre, em comparação à Mata Atlântica e outros biomas, em função do baixo apelo que desperta no público leigo a sua destruição ou conservação. Este baixo apelo pode ser creditado em parte ao fato de o Cerrado abrigar poucas espécies endêmicas restritas, em comparação com a Mata Atlântica e com os campos rupestres.

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De acordo com o Mapeamento da Flora Nativa de Minas Gerais (Scolforo e Carvalho, 2006), o Estado ainda detém 33% de sua cobertura vegetal original, sendo 20% de remanescente do Cerrado e cerca de 12% da Mata Atlântica (Tabela 03).

Desta forma, juntamente com outras unidades de conservação estaduais existentes na região sul de Minas Gerais, o Parque São Francisco busca resguardar e proteger amostra do ecótone Mata Atlântica/Cerrado e diversas espécies importantes da flora e fauna mineira.

Tabela 03 - Área coberta pela flora nativa do Estado de Minas Gerais em 2005, por tipologia. Fonte: Scolforo e Carvalho (2006) FISIONOMIA ÁREA (ha) %

Campo 3.872.318 6,60

Campo Rupestre 617.234 1,05

Campo Cerrado 1.501.992 2,56

Cerrado Sensu Stricto 5.560.615 9,48

Cerradão 355.011 0,61

Veredas 406.887 0,69

Floresta Estacional Decidual 2.040.920 3,48

Floresta Estacional Semidecidual 5.222.582 8,90

Floresta Ombrófila 224.503 0,83

Total 19.802.061 33,76

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Figura 01 - Distribuição dos Biomas no Estado de Minas Gerais.

Figura 02 – Mapa de áreas de importância ecológica no Estado de Minas Gerais Fonte: Atlas de Conservação da Biodiversidade, Fundação Biodiversitas (Drumond et al. 2005)

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3. INFORMAÇÕES GERAIS

3.1. Acesso

O Parque São Francisco está localizado no Município de Varginha, MG, tendo como coordenadas centrais 21º34'25 S e 45º24' 2 O.

O município de Varginha possui uma área de 396 km² e está situado no domínio geomorfológico do Planalto Atlântico do Sudoeste, sendo a terceira cidade mais populosa do Sul de Minas. O município está localizado na Sub-Bacia do Rio Verde (21º32'46.77''S/45º25'52.44''O, 878 m alt.), sendo banhado pelo Rio Verde, que é formador do braço sul da Represa de Furnas, juntamente com o Rio Sapucaí.

O Parque São Francisco tem sua portaria principal localizada na esquina da Rua Ruth Carvalho com a Avenida José Elias de Oliveira, no Jardim Sion. A Portaria do Parque São Francisco está localizada a cerca de 200 metros do Estádio Municipal Dilzon Melo. Distancia cerca de 3,0 km do centro de Varginha, tendo como acesso principal, a partir do centro da cidade, as ruas Resende Xavier, Dr. José Biscaro e Avenida Dr. Antônio Frederico Ozanan (Figura 03).

Figura 03 - Localização do Parque São Francisco, no Município de Varginha, MG. 19

3.2. Histórico

O Parque Florestal São Francisco era uma área de 60 hectares, pertencente à Prefeitura Municipal de Varginha, que foi transformada em Parque Florestal Municipal, pela Lei nº 865 de 11/10/1976, na gestão do Prefeito Aloísio Ribeiro de Almeida. Nos anos seguintes, os 60 hectares iniciais foram ampliados em mais 20 hectares pela Escola Técnica de Agricultura e Pecuária e pelo IBC - Instituto Brasileiro de Café.

Em 1982 o então Prefeito Eduardo Benedito Ottoni ampliou mais uma vez a área para 110 hectares, sendo feito também a regulamentação do Parque através do Decreto 902 de 03/06/1982. Em 2010, foi criado o Conselho Consultivo de Gestão, que tem o nome de “Conselho Municipal do Parque São Francisco”, através da Lei Nº 5.166/2010, na gestão do Prefeito Eduardo Antônio Carvalho.

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3.3. FICHA-RESUMO

Tabela 04 – Ficha-Resumo do Parque Florestal Municipal São Francisco de Assis, Varginha, MG. Nome da Unidade Parque Florestal Municipal São Francisco de Assis

Posse/Proprietário Prefeitura Municipal de Varginha

Nome do representante / Joadylson Barra Ferreira – Secretário Municipal de Contato Meio Ambiente. Telefone (35) 3690-2311

Endereço para Rua Presidente Antônio Carlos, 522. Centro. Varginha, correspondência Minas Gerais

Área documental do Parque 110 hectares

Área do Shape 146 hectares (Geoprocessamento)

Avenida José Elias de Oliveira, Jardim Sion. Varginha, Localização Minas Gerais

Coordenadas Geográficas 21º34'25 S e 45º24' 2 O Extremas

Data da criação e Número da Lei n 865 de 11/10/1976 Lei

A Sudoeste, o Estádio Municipal Prefeito Dilzon Luiz de Melo. A Sudeste, Empresa Proluminas Marcos e referências Lubrificantes. A Noroeste, o Loteamento de Casas importantes nos limites e confrontantes Populares. A Nordeste Cultura de Café, Fundação PROCAFÉ.

Bioma principal, Mata Atlântica, com ocorrência de espécies de cerrado, caracterizando-se em um ecótone Bioma de Mata Atlântica/Cerrado.

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Figura 04 – Mapa de localização e perímetro do Parque São Francisco, Varginha, MG.

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Figura 05 – Mapa de Uso e Ocupação do Solo no Parque São Francisco, Varginha, MG. 23

4. DIAGNÓSTICO

4.1. Metodologia do Diagnóstico

Para o diagnóstico socioambiental da área do Parque São Francisco, utilizou-se técnica de Estudo Ecológico Rápido, uma vez que o objetivo é apenas a caracterização do ambiente, sendo que o aprofundamento das informações se dará em projetos específicos futuros de monitoramento ambiental do parque.

No Estudo Ecológico Rápido utilizam-se levantamentos de curta duração, utilizando-se técnicas de amostragem definidas em áreas pré-selecionadas, visando obter maior densidade de dados em um menor tempo de campo. Esses dados são comparados entre os diversos meios e discutidos entre os especialistas que compõem a equipe multidisciplinar. Para o estudo no Parque São Francisco utilizou-se preferencialmente coleta de dados em caminhamentos ao acaso nas trilhas já existentes no interior do Parque e através de transectos pré-definidos de forma a abranger todos os ambientes presentes no interior da unidade. Utilizou-se um mapa-base, construído a partir da imagem de satélite, como apoio para definição das áreas a serem amostradas.

4.2. Caracterização da Área

4.2.1. Meio Biótico

O diagnóstico do meio biótico foi desenvolvido a partir de uma análise interdisciplinar dos resultados obtidos pelas áreas temáticas de pesquisa em campo e acesso aos dados secundários. Os grupos temáticos contemplados nesse diagnóstico foram: Botânica (Flora arbórea), Mastofauna (mamíferos), Avifauna (aves) e Herpetofauna (anfíbios e répteis). Para a coleta dos dados utilizou-se a metodologia da Avaliação Ecológica Rápida (AER), com adaptações.

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4.2.1.1. Flora

Metodologia

Para levantamento das espécies arbóreas ocorrentes no Parque São Francisco foram selecionadas as estradas de aceiros e duas trilhas florestais presentes na área. Durante o caminhamento os indivíduos foram identificados através de suas características dendrológicas, a cada constatação de nova espécie esta foi acrescentada na lista de espécies ocorrentes.

Alguns indivíduos não puderam ser reconhecidos até o nível de espécie, seja por não apresentarem as partes essenciais ao reconhecimento, como ramos com folhas ou inflorescência, ou por estarem danificadas pelo fogo. Estes indivíduos então foram reconhecidos até o nível de gênero ou família botânica.

Resultados

Foram encontradas 122 espécies arbóreas pertencentes a 101 gêneros e 43 famílias botânicas (Tabela 05). A família botânica com maior representação foi a Fabaceae, também chamada Leguminosae, com 28 espécies, seguida por Bignoniaceae com sete, Myrtaceae e Euphorbiaceae também com seis espécies (Tabela 06). Das 28 espécies representantes da família Fabaceae 12 são classificadas como pertencentes à subfamília Mimosoideae, 10 da subfamília Faboideae e seis da subfamília Caesalpinioideae.

Os gêneros botânicos com maior número de espécies foram Casearia, Handroanthus, Machaerium, Miconia e Solanum, todos com três espécies cada. Os gêneros Allophylus, Annona, Croton, Enterolobium, Ficus, Mimosa, Myrcia, Ocotea, Schefflera, Tapirira e Zeyheria apresentaram duas espécies cada. Os demais gêneros botânicos foram representados por uma única espécie cada.

Das espécies levantadas, 23 foram avaliadas quanto ao risco de extinção pelos pesquisadores do Programa Reflora mantido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), dessas 16 estão classificadas como risco pouco preocupante; três, Bowdichia virgilioides, Tachigali rugosa e Xylopia brasiliensis como quase ameaçadas; duas, Cedrela fissilis e Zeyheria tuberculosa como

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vulneráveis e duas, Araucaria angustifolia e Ocotea odorifera, como em perigo de extinção.

A presença de Araucaria angustifolia no Parque São Francisco deve ser melhor estudada uma vez que a área de ocorrência natural desta espécie em Minas Gerais é muito reduzida e coincide com cotas de altitude superiores a 900 metros (LORENZI, 1992).

O levantamento apontou a presença de 26 espécies endêmicas do Brasil na área do Parque São Francisco, ou seja, espécies que apenas ocorrem em território nacional.

Foram encontradas nove espécies lenhosas exóticas: Coffea arabica, Eriobotrya japonica, Ficus lyrata, Hovenia dulcis, Leucaena leucocephala, Mangifera indica, Citrus sp., Eucalyptus sp. e Pinus sp. Dessas espécies apenas duas possuem potencial de invasão considerável sendo elas a leucena (Leucaena leucocephala) e o eucalipto (Eucalyptus sp).

A metodologia utilizada oferece uma estimativa satisfatória, garantindo boa representatividade das espécies ocorrentes na área de estudo no período atual. Contudo, por se tratar de uma metodologia amostral, a presença de espécies não descritas neste documento pode ser uma realidade. Por este motivo recomenda-se manter na área do PMNSFA pesquisas que envolvam o monitoramento da flora a fim de acrescentar na lista as possíveis espécies não relatadas neste estudo e também as espécies que possam surgir naturalmente no decorrer na sucessão ecológica.

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Tabela 05 - Lista das espécies amostradas no Parque Florestal Municipal São Francisco de Assis, Varginha, MG, agrupadas por famílias botânicas. As classificações dos itens: risco de extinção, origem, endemia, e ocorrência (Cerrado, Mata Atlântica) apresentadas são as adotadas pelos estudos do Programa REFLORA do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), para o item risco de extinção os estudos ainda estão em andamento e a maior parte das espécies desta lista ainda não foram avaliadas. * = informações sobre o gênero botânico, ** = informações sobre a família botânica.

OCORRÊNCIA FAMÍLIA ESPÉCIE NOME COMUM RISCO EXTINÇÃO ORIGEM ENDEMICA CERRADO M. ATLANTICA Anacardiaceae Lithrea molleoides aroeira-brava não avaliada nativa não sim sim Mangifera indica mangueira - exótica - não não Myracrodruon urundeuva aroeira-do-sertão pouco preocupante nativa não sim sim Tapirira guianensis pau-pombo não avaliada nativa não sim sim Tapirira sp. pombeiro - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Annonaceae Annona coriacea marolinho pouco preocupante nativa não sim não Annona sylvatica araticum não avaliada nativa sim não sim Xylopia brasiliensis pindaíba-vermelha quase ameaçada nativa sim não sim Apocynaceae Aspidosperma sp. tambú - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Araliaceae Schefflera sp. - - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Schefflera sp. 2 - - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Araucariaceae Araucaria angustifolia pinheiro-brasileiro em perigo nativa não não sim Arecaceae Acrocomia aculeata macaúba não avaliada nativa não sim sim Syagrus romanzoffiana coquinho-babão pouco preocupante nativa não sim sim Asteraceae Eremanthus erythropappus candeinha não avaliada nativa sim sim sim Moquiniastrum polymorphum cambará-de-folha-larga não avaliada nativa não sim sim Piptocarpha macropoda pau-fumo não avaliada nativa sim não sim Vernonanthura divaricata pau-fumo não avaliada nativa não sim sim Vernonia polyanthes assa-peixe não avaliada nativa não não sim continua

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continuação da Tabela 05 OCORRÊNCIA FAMÍLIA ESPÉCIE NOME COMUM RISCO EXTINÇÃO ORIGEM ENDEMICA CERRADO M. ATLANTICA Bignoniaceae Cybistax antisyphilitica ipê-verde não avaliada nativa não sim sim Handroanthus ochraceus ipê-amarelo não avaliada nativa não sim sim Handroanthus serratifolius ipê-amarelo não avaliada nativa não sim sim Handroanthus sp. ipê-roxo - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Jacaranda cuspidifolia jacarandá-boca-de-sapo não avaliada nativa não sim sim Zeyheria montana ipê-preto pouco preocupante nativa sim sim sim Zeyheria tuberculosa ipê-preto vulneravel nativa não sim sim Boraginaceae Cordia sellowiana poleiro-de-morcego não avaliada nativa sim sim sim Burseraceae Protium heptaphyllum almecegueira não avaliada nativa não sim sim Cannabaceae Celtis sp. grão-de-galo - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Caryocaraceae Caryocar brasiliense pequi - nativa não sim sim Celastraceae Maytenus sp. congonha - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Erythroxylaceae Erythroxylum sp. pimentinha-do-cerrado - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Euphorbiaceae Alchornea glandulosa casca-doce não avaliada nativa não sim sim Croton floribundus capichingui não avaliada nativa sim sim sim Croton urucurana sangra-d'água não avaliada nativa não sim sim Gymnanthes klotzschiana branquilho não avaliada nativa não não sim Maprounea guianensis vaquinha-branca não avaliada nativa não sim sim Sapium glandulosum leiteiro não avaliada nativa não sim sim Fabaceae/ Bauhinia sp. pata-de-vaca - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Caesalpinioideae Copaifera langsdorffii copaíba não avaliada nativa não sim sim Hymenaea courbaril var. stilbocarpa jatobá não avaliada nativa não sim sim Schizolobium parahyba guapuruvú não avaliada nativa não não sim Senna multijuga canafístula não avaliada nativa não sim sim Tachigali rugosa mamoneira-vermelha quase ameaçada nativa sim não sim continua

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continuação da Tabela 05 OCORRÊNCIA FAMÍLIA ESPÉCIE NOME COMUM RISCO EXTINÇÃO ORIGEM ENDEMICA CERRADO M. ATLANTICA Fabaceae/ Acosmium sp. unha-d'anta - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Faboideae Andira sp. angelin - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Bowdichia virgilioides sucupira-preta quase ameaçada nativa não sim sim Dalbergia miscolobium jacarandazinho-do-cerrado não avaliada nativa sim sim não Erythrina sp. sumaúma - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Machaerium aculeatum bico-de-pato-vermelho não avaliada nativa sim sim sim Machaerium nyctitans bico-de-pato pouco preocupante nativa não sim sim Machaerium villosum jacarandatã pouco preocupante nativa não sim sim Platycyamus regnellii folha-de-bolo não avaliada nativa sim sim sim Platypodium elegans jacarandá-branco não avaliada nativa não sim sim Fabaceae/ Albizia polycephala farinha-seca não avaliada nativa sim sim sim Mimosoideae Enterolobium contortisiliquum orelha-de-negro não avaliada nativa não sim sim Enterolobium gummiferum orelha-de-negro-do-cerrado não avaliada nativa sim sim não Inga sp. ingá - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Leucaena leucocephala leucena - exótica - não não Leucochloron incuriale chico-pires não avaliada nativa sim sim sim Mimosa caesalpiniifolia sansão-do-campo pouco preocupante nativa sim sim sim Mimosa sp. jurema-preta - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Piptadenia gonoacantha jacaré pouco preocupante nativa não sim sim Plathymenia reticulata vinhático-do-cerrado pouco preocupante nativa não sim sim Samanea inopinata sete-cascas não avaliada nativa não não não Stryphnodendron adstringens barbatimão pouco preocupante nativa sim sim não Hypericaceae Vismia guianensis ruão não avaliada nativa não sim sim Lamiaceae Vitex polygama tarumã não avaliada nativa sim sim sim Lauraceae Ocotea odorifera canela-sassafrás em perigo nativa sim sim sim Ocotea sp. canela-loura - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Persea willdenovii massaranduba pouco preocupante nativa sim sim sim continua

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continuação da Tabela 05 OCORRÊNCIA FAMÍLIA ESPÉCIE NOME COMUM RISCO EXTINÇÃO ORIGEM ENDEMICA CERRADO M. ATLANTICA Lythraceae Lafoensia pacari dedaleira pouco preocupante nativa não sim não Magnoliaceae Magnolia ovata pinha-do-brejo pouco preocupante nativa sim sim sim Malpighiaceae Malpighiaceae 1 - - (**) nativa (**) não (**) sim (**) sim Byrsonima sp. murici não avaliada nativa não sim sim Malvaceae Ceiba speciosa paineira-rosa não avaliada nativa não sim sim Guazuma ulmifolia periquiteira não avaliada nativa não sim sim Luehea grandiflora açoita-cavalo não avaliada nativa não sim sim Pseudobombax sp. Imbiruçu-do-cerrado - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Melastomataceae Miconia sp. quaresmão - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Miconia sp. quaresminha - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Miconia sp. zumbi - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Meliaceae Cedrela fissilis cedro-rosa vulneravel nativa não sim sim Moraceae Ficus lyrata ficus-lirata - exótica - não não Ficus sp. figueira-branca - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Maclura tinctoria tajuba não avaliada nativa não sim sim Myrtaceae Calyptranthes sp. cabelo-de-negro - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Eucalyptus sp. eucalipto - (*) exótica - (*) não (*) não Myrcia splendens guamirim não avaliada nativa sim sim sim Myrcia tomentosa goiabeira-vermelha não avaliada nativa não sim sim Plinia cauliflora jabuticaba não avaliada nativa sim não sim Psidium sp. araça-do-mato - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Phyllanthaceae Hyeronima alchorneoides liquerana não avaliada nativa não sim sim Phytolacca dioica pau-cebola não avaliada nativa não não sim Pinaceae Pinus sp. pinus - (*) exótica - (*) não (*) não Primulaceae Myrsine sp. capororoca - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Proteaceae Roupala montana var. brasiliensis carvalho-brasileiro não avaliada nativa não sim sim continua 30

continuação da Tabela 05 OCORRÊNCIA FAMÍLIA ESPÉCIE NOME COMUM RISCO EXTINÇÃO ORIGEM ENDEMICA CERRADO M. ATLANTICA Rhamnaceae Hovenia dulcis uva-do-japão - exótica - não não Rosaceae Eriobotrya japonica ameixeira - exótica - não não Rubiaceae Amaioua guianensis azeitona-do-mato não avaliada nativa não sim sim Coffea arabica cafeeiro - exótica - não não Cordiera sessilis marmelada-de-cachorro não avaliada nativa não sim não Randia armata bosta-de-pato não avaliada nativa não sim sim Rutaceae Citrus sp. limão-galego - (*) exótica - (*) não (*) não Metrodorea stipularis chupa-ferro não avaliada nativa sim sim sim Zanthoxylum rhoifolium mama-de-porca não avaliada nativa não sim sim Salicaceae Casearia arborea espeto-arbóreo não avaliada nativa não sim sim Casearia gossypiosperma espeto-vidro pouco preocupante nativa não sim sim Casearia sylvestris café-do-mato não avaliada nativa não sim sim Sapindaceae Allophylus edulis três-folhas-vermelhas não avaliada nativa não sim sim Allophylus sp. três-folhas - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Cupania vernalis camboatá não avaliada nativa não sim sim Matayba sp. camboatá - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Siparunaceae Siparuna brasiliensis siparuna pouco preocupante nativa sim sim sim Solanaceae Solanum cernuum panacéia-braço-de-mono não avaliada nativa sim sim sim Solanum granulosoleprosum capoeira-branca pouco preocupante nativa não sim sim Solanum lycocarpum lobeira não avaliada nativa não sim sim Urticaceae Cecropia glaziovii embaúba-vermelha não avaliada nativa sim não sim Verbenaceae Aloysia virgata canela-de-velho não avaliada nativa não sim sim Citharexylum myrianthum pau-viola não avaliada nativa não sim sim Vochysiaceae Qualea sp. pau-terra - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim Vochysia sp. pau-tucano - (*) nativa (*) não (*) sim (*) sim

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Tabela 06 - Número de espécies por famílias botânicas para o Parque Florestal Municipal São Francisco de Assis em Varginha, MG. FÁMILIA Nº ESPÉCIES FÁMILIA Nº ESPÉCIES Fabaceae/Mimosoideae 12 Apocynaceae 1 Fabaceae/Faboideae 10 Araucariaceae 1 Bignoniaceae 7 Boraginaceae 1 Euphorbiaceae 6 Burseraceae 1 Fabaceae/Caesalpinioideae 6 Cannabaceae 1 Myrtaceae 6 Caryocaraceae 1 Anacardiaceae 5 Celastraceae 1 Asteraceae 5 Erythroxylaceae 1 Malvaceae 4 Hypericaceae 1 Rubiaceae 4 Lamiaceae 1 Sapindaceae 4 Lythraceae 1 Annonaceae 3 Magnoliaceae 1 Lauraceae 3 Meliaceae 1 Melastomataceae 3 Phyllanthaceae 1 Moraceae 3 Phytolaccaceae 1 Rutaceae 3 Pinaceae 1 Salicaceae 3 Primulaceae 1 Solanaceae 3 Proteaceae 1 Araliaceae 2 Rhamnaceae 1 Arecaceae 2 Rosaceae 1 Malpighiaceae 2 Siparunaceae 1 Verbenaceae 2 Urticaceae 1 Vochysiaceae 2 TOTAL 122

Naves & Berg (2012), também estudaram a flora do Parque São Francisco, realizando levantamento florístico e fitossociológico na porção mais extensa de mata no Parque. Os pesquisadores trabalharam com amostragem de parcelas e não em transectos, como no estudo da equipe de campo desse Plano de Manejo. Foram lançadas, pelos pesquisadores, 25 parcelas de 20m x 20m e medidos e cadastrados todos

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os indivíduos arbóreos com DAP > 5cm. Foram encontrados por estes 1568 indivíduos que, juntos, somaram área basal de 23,65 m2, sendo registrados 102 espécies, 72 gêneros e 42 famílias no levantamento fitossociológico e 111 espécies, 77 gêneros e 43 famílias no levantamento florístico. As famílias com maior número de espécies foram Myrtaceae, Fabaceae e Melastomataceae. As espécies de maior valor de importância foram Casearia arborea, Copaifera langsdorffii, Tachigali rugosa e Myrcia splendens. Os resultados encontrados são os esperados para as Florestas Estacionais Semideciduais da região.

Segundo informações da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, da Prefeitura Municipal de Varginha, a cobertura vegetal no Município , era a 15 anos atrás, composta de 28% de cerrado, 10,8% de campo, 7% de matas, 12% de capoeiras, 10% de pastagens, 1,1% de reflorestamento e 17,8% de culturas perenes.

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4.2.1.2. Avifauna

As aves atuais constituem uma classe com aproximadamente 10.000 espécies no mundo. Na América do Sul ocorrem cerca de 3.200 espécies. O Brasil contribui com 1.901 espécies, o que representa 59% das aves da América do Sul (CBRO, 2014). Aves são componentes importantes na avaliação da qualidade ambiental de ecossistemas por ocuparem diferentes hábitats e níveis tróficos, e por apresentarem um número expressivo de espécies com elevada sensibilidade às modificações que ocorrem no ambiente (Silva, 2004). Antas e Almeida (2003) consideram as aves como componentes importantes em estudos ambientais por apresentarem hábitos predominantemente diurnos podem ser detectadas e identificadas por visualização direta e pelo canto característico de cada espécie, uma vez que a maioria das espécies já foi identificada cientificamente, além de existirem protocolos de coleta de dados bem definidos para a obtenção de listagens de espécies. O presente documento refere-se aos resultados da campanha de levantamento da avifauna, realizada na área do Parque São Francisco, localizado no município de Varginha, Estado de Minas Gerais. O objetivo geral foi realizar um levantamento qualitativo da avifauna no Parque Florestal São Francisco, obtendo dados para análise do estado de conservação da área e sua importância. Além de fornecer subsídios para programas de monitoramento da fauna local, programas de educação ambiental, ecoturismo e criação de um plano de manejo para o parque.

Para a obtenção da listagem de espécies da avifauna existente na área de influência do parque foram adotadas metodologias distintas e complementares, a de Transectos, onde são percorridos caminhos enquanto são anotadas as espécies detectadas por contato auditivo ou por contato visual, e em alguns momentos a metodologia de Pontos Fixos onde o pesquisador escolhe um ponto, ao longo de um transecto ou não, e permanece por instantes registrando as espécies ouvidas e visualizadas (Develley, 2006; Zanzini & Alexandrino, 2008). Foram utilizadas as trilhas e estradas já existentes nos diversos ambientes do parque e foram percorridas, conforme o cronograma das visitas de observação à área (Tabela 07).

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Tabela 07– Cronograma das visitas para levantamento de avifauna nas dependências do Parque São Francisco, Varginha, MG. Horários das observações 13/12/2014 12:00 as 16:45 horas 14/12/2014 06:30 as 14:30 horas 19/12/2014 10:20 as 18:45 horas 20/12/2014 6:15 as 18:35 horas 21/12/2014 6:30 as 12:00 horas

No presente levantamento foi utilizado gravadores digitais Sony 710, para gravação e realização de play back, binóculos Nikon 8x40 para a visualização das espécies e máquina fotográficas com super zoom Fuji HS-20 e Canon SX-20 HD.

Resultados

Os levantamentos por contato auditivo e visual, registraram na área de influência do parque um total de 151 espécies da avifauna, distribuídas em 14 ordens, 41 famílias.

Do total de 151 espécies registradas, 126 espécies (83%) são similares ao estudo realizado em 2006 por Lopes, nos municípios de Varginha e Eloi Mendes, ao longo do curso do Rio Verde e em três fragmentos florestais, sendo o maior deles a Mata da Palmela, com 70 ha (LOPES, 2006).

Apenas duas espécies aparecem na lista nacional oficial de espécies da fauna ameaçadas de extinção (ICMBIO, 2014), o chupa-dente (Conopophaga lineata) e o pixoxó (Sporophila frontalis), ambos na categoria vulnerável.

O registro do pixoxó no parque merece destaque por se tratar de uma espécie fora de sua área de distribuição e estritamente dependente de taquaras (Santana & Anjos, 2010), preferencialmente do gênero Chuskea, encontradas normalmente em áreas montanhosas. O registro foi apenas auditivo e na ocasião parecia tratar-se de apenas um único indivíduo, que vocalizou em 4 intervalos, no mesmo local, em meio a vegetação 35

(Figura 06) e com a tentativa de aproximação para registro visual e fotográfico, a ave se deslocou para longe e não mais foi ouvida nos limites do parque. Registros isolados de espécies de aves fora de sua área natural de distribuição não são comuns, mas podem ser justificados como sendo um indivíduo em deslocamento migratório ou como soltura acidental de um animal de cativeiro.

Figura 06 – Local de contato auditivo com a espécie pixoxó (Sporophila frontalis).

A Tabela 08, a seguir, apresenta o Check List da avifauna, registrada nas dependências do Parque São Francisco.

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Tabela 08 – Espécies de aves registradas no levantamento de campo, no Parque São Francisco, Varginha - MG. NOME DO TÁXON NOME POPULAR Registro Status

Galliformes Linnaeus, 1756 Cracidae Rafinesque, 1815

Penelope obscura Temminck, 1815 jacuaçu A, V Pelecaniformes Sharpe, 1891

Ardeidae Leach, 1820

Bubulcus ibis (Linnaeus, 1758) garça-vaqueira V Syrigma sibilatrix (Temminck, 1824) maria-faceira V Cathartiformes Seebohm, 1890

Cathartidae Lafresnaye, 1839

Cathartes aura (Linnaeus, 1758) urubu-de-cabeça- V vermelha Cathartes burrovianus Cassin, 1845 urubu-de-cabeça- V amarela Coragyps atratus (Bechstein, 1793) urubu-de-cabeça-preta V Accipitriformes Bonaparte, 1831

Accipitridae Vigors, 1824

Leptodon cayanensis (Latham, 1790) gavião-de-cabeça- A, V cinza Accipiter striatus Vieillot, 1808 gavião-miúdo K.K.S. Ictinia plumbea (Gmelin, 1788) sovi A,V Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) gavião-carijó A, V Geranoaetus albicaudatus (Vieillot, 1816) gavião-de-rabo-branco V Buteo brachyurus Vieillot, 1816 gavião-de-cauda-curta V Gruiformes Bonaparte, 1854

Rallidae Rafinesque, 1815

Aramides saracura (Spix, 1825) saracura-do-mato A Pardirallus nigricans (Vieillot, 1819) saracura-sanã A Charadriiformes Huxley, 1867

Charadriidae Leach, 1820

Vanellus chilensis (Molina, 1782) quero-quero A, V Columbiformes Latham, 1790

Columbidae Leach, 1820

Columbina talpacoti (Temminck, 1811) rolinha-roxa V Columbina squammata (Lesson, 1831) fogo-apagou A, V Columba livia Gmelin, 1789 pombo-doméstico V Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) pombão A,V Patagioenas cayennensis (Bonnaterre, 1792) pomba-galega A,V Leptotila verreauxi Bonaparte, 1855 juriti-pupu A,V Leptotila rufaxilla (Richard & Bernard, 1792) juriti-gemedeira A continua

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continuação da Tabela 08 NOME DO TÁXON NOME POPULAR Registro Status Cuculiformes Wagler, 1830

Cuculidae Leach, 1820

Piaya cayana (Linnaeus, 1766) alma-de-gato A,V Crotophaga ani Linnaeus, 1758 anu-preto A,V Guira guira (Gmelin, 1788) anu-branco A,V Caprimulgiformes Ridgway, 1881

Caprimulgidae Vigors, 1825

Hydropsalis albicollis (Gmelin, 1789) bacurau VE Trochilidae Vigors, 1825

Phaethornis pretrei (Lesson & Delattre, 1839) rabo-branco-acanelado A,V Eupetomena macroura (Gmelin, 1788) beija-flor-tesoura A,V Chlorostilbon lucidus (Shaw, 1812) besourinho-de-bico- V vermelho Thalurania glaucopis (Gmelin, 1788) beija-flor-de-fronte- V violeta Leucochloris albicollis (Vieillot, 1818) beija-flor-de-papo- V branco Amazilia lactea (Lesson, 1832) beija-flor-de-peito-azul V Bucconidae Horsfield, 1821

Malacoptila striata (Spix, 1824) barbudo-rajado V Piciformes Meyer & Wolf, 1810

Ramphastidae Vigors, 1825

Ramphastos toco Statius Muller, 1776 tucanuçu A,V Picidae Leach, 1820

Picumnus cirratus Temminck, 1825 pica-pau-anão-barrado A,V Veniliornis passerinus (Linnaeus, 1766) picapauzinho-anão V Colaptes melanochloros (Gmelin, 1788) pica-pau-verde- A,V barrado Colaptes campestris (Vieillot, 1818) pica-pau-do-campo A,V Celeus flavescens (Gmelin, 1788) pica-pau-de-cabeça- A,V amarela Campephilus robustus (Lichtenstein, 1818) pica-pau-rei V Cariamiformes Furbringer, 1888

Cariamidae Bonaparte, 1850

Cariama cristata (Linnaeus, 1766) seriema A Falconiformes Bonaparte, 1831

Falconidae Leach, 1820

Caracara plancus (Miller, 1777) caracará A,V Milvago chimachima (Vieillot, 1816) carrapateiro A,V Falco sparverius Linnaeus, 1758 quiriquiri V Falco femoralis Temminck, 1822 falcão-de-coleira V continua

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continuação da Tabela 08 NOME DO TÁXON NOME POPULAR Registro Status Psittaciformes Wagler, 1830

Psittacidae Rafinesque, 1815

Psittacara leucophthalmus (Muller, 1776) periquitão-maracanã A,V Aratinga auricapillus (Kuhl, 1820) jandaia-de-testa- A,V vermelha Eupsittula aurea (Gmelin, 1788) -rei A,V Forpus xanthopterygius (Spix, 1824) tuim A,V Brotogeris chiriri (Vieillot, 1818) periquito-de-encontro- A,V amarelo Passeriformes Linnaeus, 1758

Thamnophilidae Swainson, 1824

Dysithamnus mentalis (Temminck, 1823) choquinha-lisa A Herpsilochmus atricapillus Pelzeln, 1868 chorozinho-de-chapéu- A preto Thamnophilus ruficapillus Vieillot, 1816 choca-de-chapéu- A,V vermelho Thamnophilus caerulescens Vieillot, 1816 choca-da-mata A,V Pyriglena leucoptera (Vieillot, 1818) papa-taoca-do-sul A,V Conopophagidae Sclater & Salvin, 1873

Conopophaga lineata (Wied, 1831) chupa-dente A,V VU Dendrocolaptidae Gray, 1840

Sittasomus griseicapillus (Vieillot, 1818) arapaçu-verde A Lepidocolaptes angustirostris (Vieillot, 1818) arapaçu-de-cerrado A,V Lepidocolaptes squamatus (Lichtenstein, 1822) arapaçu-escamado A,V Xenopidae Bonaparte, 1854

Xenops rutilans Temminck, 1821 bico-virado-carijó A,V Furnariidae Gray, 1840

Furnarius rufus (Gmelin, 1788) joão-de-barro A,V Lochmias nematura (Lichtenstein, 1823) joão-porca A Automolus leucophthalmus (Wied, 1821) barranqueiro-de-olho- A,V branco Philydor rufum (Vieillot, 1818) limpa-folha-de-testa- A baia Phacellodomus rufifrons (Wied, 1821) joão-de-pau A,V Synallaxis ruficapilla Vieillot, 1819 pichororé A Synallaxis cinerascens Temminck, 1823 pi-puí A,V Synallaxis frontalis Pelzeln, 1859 petrim A,V Synallaxis spixi Sclater, 1856 joão-teneném A,V Pipridae Rafinesque, 1815

Chiroxiphia caudata (Shaw & Nodder, 1793) tangará A,V Tityridae Gray, 1840

Pachyramphus polychopterus (Vieillot, 1818) caneleiro-preto A,V Cotingidae Bonaparte, 1849

Pyroderus scutatus (Shaw, 1792) pavó A,V continua 39

continuação da Tabela 08 NOME DO TÁXON NOME POPULAR Registro Status Platyrinchidae Bonaparte, 1854

Platyrinchus mystaceus Vieillot, 1818 patinho A,V Rhynchocyclidae Berlepsch, 1907

Mionectes rufiventris Cabanis, 1846 abre-asa-de-cabeça- A cinza Leptopogon amaurocephalus Tschudi, 1846 cabeçudo A,V Corythopis delalandi (Lesson, 1830) estalador A,V Tolmomyias sulphurescens (Spix, 1825) bico-chato-de-orelha- A,V preta Todirostrum poliocephalum (Wied, 1831) teque-teque A,V Hemitriccus nidipendulus (Wied, 1831) tachuri-campainha A,V Tyrannidae Vigors, 1825

Hirundinea ferruginea (Gmelin, 1788) gibão-de-couro V Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) risadinha A,V Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822) guaracava-de-barriga- A,V amarela Elaenia obscura (d'Orbigny & Lafresnaye, 1837) tucão A,V Myiopagis caniceps (Swainson, 1835) guaracava-cinzenta A,V Phyllomyias fasciatus (Thunberg, 1822) piolhinho A,V Serpophaga subcristata (Vieillot, 1817) alegrinho A,V Myiarchus swainsoni Cabanis & Heine, 1859 irré A Myiarchus ferox (Gmelin, 1789) maria-cavaleira A,V Myiarchus tyrannulus (Statius Muller, 1776) maria-cavaleira- A,V ferrugem Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) bem-te-vi A,V Myiodynastes maculatus (Statius Muller, 1776) bem-te-vi-rajado A,V Megarynchus pitangua (Linnaeus, 1766) neinei A,V Myiozetetes similis (Spix, 1825) bentevizinho-de- A,V penacho-vermelho Tyrannus albogularis Burmeister, 1856 suiriri-de-garganta- V branca Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819 suiriri A,V Tyrannus savana Vieillot, 1808 tesourinha V Empidonomus varius (Vieillot, 1818) peitica A,V Colonia colonus (Vieillot, 1818) viuvinha A,V Myiophobus fasciatus (Statius Muller, 1776) filipe A,V Fluvicola nengeta (Linnaeus, 1766) lavadeira-mascarada A,V Lathrotriccus euleri (Cabanis, 1868) enferrujado A,V Knipolegus lophotes Boie, 1828 maria-preta-de- V penacho Xolmis cinereus (Vieillot, 1816) primavera V Xolmis velatus (Lichtenstein, 1823) noivinha-branca V continua

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continuação da Tabela 08 NOME DO TÁXON NOME POPULAR Registro Status Vireonidae Swainson, 1837

NOME DO TÁXON NOME POPULAR Registro Status Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789) pitiguari A,V Vireo chivi (Vieillot, 1817) juruviara A Hylophilus amaurocephalus (Nordmann, 1835) vite-vite-de-olho-cinza A Corvidae Leach, 1820

Cyanocorax cristatellus (Temminck, 1823) gralha-do-campo A,V Cyanocorax chrysops (Vieillot, 1818) gralha-picaça A,V Hirundinidae Rafinesque, 1815

Pygochelidon cyanoleuca (Vieillot, 1817) andorinha-pequena-de- A,V casa Stelgidopteryx ruficollis (Vieillot, 1817) andorinha-serradora V Troglodytidae Swainson, 1831

Troglodytes musculus Naumann, 1823 corruíra A,V Turdidae Rafinesque, 1815

Turdus leucomelas Vieillot, 1818 sabiá-barranco A,V Turdus rufiventris Vieillot, 1818 sabiá-laranjeira A,V Turdus amaurochalinus Cabanis, 1850 sabiá-poca A,V Mimidae Bonaparte, 1853

Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) sabiá-do-campo A,V Passerellidae Cabanis & Heine, 1850

Zonotrichia capensis (Statius Muller, 1776) tico-tico A,V Ammodramus humeralis (Bosc, 1792) tico-tico-do-campo A Arremon flavirostris Swainson, 1838 tico-tico-de-bico- A,V amarelo Parulidae Wetmore, et all., 1947

Setophaga pitiayumi (Vieillot, 1817) mariquita A,V Basileuterus culicivorus (Deppe, 1830) pula-pula A,V Myiothlypis flaveola Baird, 1865 canário-do-mato A Myiothlypis leucoblephara (Vieillot, 1817) pula-pula-assobiador A,V Icteridae Vigors, 1825

Psarocolius decumanus (Pallas, 1769) japu A,V Chrysomus ruficapillus (Vieillot, 1819) garibaldi A,V Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789) vira-bosta A,V continua

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continuação da Tabela 08 NOME DO TÁXON NOME POPULAR Registro Status Thraupidae Cabanis, 1847

Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) cambacica A,V Saltator similis d'Orbigny & Lafresnaye, 1837 trinca-ferro-verdadeiro A,V Nemosia pileata (Boddaert, 1783) saíra-de-chapéu-preto A,V Thlypopsis sordida (d'Orbigny & Lafresnaye, 1837) saí-canário A,V Tachyphonus coronatus (Vieillot, 1822) tiê-preto A,V Lanio pileatus (Wied, 1821) tico-tico-rei-cinza A,V Tangara sayaca (Linnaeus, 1766) sanhaçu-cinzento A,V Tangara palmarum (Wied, 1823) sanhaçu-do-coqueiro A,V Tangara cayana (Linnaeus, 1766) saíra-amarela A,V Schistochlamys ruficapillus (Vieillot, 1817) bico-de-veludo A,V Tersina viridis (Illiger, 1811) saí-andorinha A,V Dacnis cayana (Linnaeus, 1766) saí-azul A,V Hemithraupis ruficapilla (Vieillot, 1818) saíra-ferrugem A,V Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766) canário-da-terra- A,V verdadeiro Sicalis luteola (Sparrman, 1789) tipio A,V Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) tiziu A,V Sporophila frontalis (Verreaux, 1869) pixoxó A VU Sporophila lineola (Linnaeus, 1758) bigodinho A,V Sporophila nigricollis (Vieillot, 1823) baiano A,V Sporophila caerulescens (Vieillot, 1823) coleirinho A,V Cardinalidae Ridgway, 1901

Cyanoloxia brissonii (Lichtenstein, 1823) azulão A,V Fringillidae Leach, 1820

Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) fim-fim A,V Euphonia cyanocephala (Vieillot, 1818) gaturamo-rei K.K.S. Estrildidae Bonaparte, 1850

Estrilda astrild (Linnaeus, 1758) bico-de-lacre A,V Passeridae Rafinesque, 1815

Passer domesticus (Linnaeus, 1758) pardal A,V

A lista apresenta 151 espécies, registradas em cerca de 40 horas de campo, que deverá aumentar com o acumulo de horas de campo, mas mesmo assim já possibilita a caracterização da avifauna no Parque, para os fins propostos. Porém, vale ressaltar que boa parte da riqueza da avifauna registrada, é constituída por espécies de hábitos generalistas com ampla distribuição geográfica. Contudo, as duas espécies vulneráveis, registradas nesta expedição de campo e as espécies endêmicas de Mata Atlântica e Cerrado, merecem destaque,

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assim como vários registros de espécies com ninhos ativos e famílias com filhotes (Figuras 07 e 08), que corroboram para a importância do parque na preservação e manutenção da avifauna e reprodução das mesmas. O Parque além de inserido na zona urbana (Figura 09) possui fácil acesso para visitantes (Figura 10), suas estradas e trilhas são limpas e podem ser facilmente percorridas (Figura 11). Estas características somadas ao conhecimento da biodiversidade, principalmente da avifauna, sugerem a possibilidade de desenvolvimentos de práticas de educação ambiental e ecoturismo através da observação de aves e reforçam a importância da preservação e manejo correto das áreas do parque e sua biodiversidade.

Figura 07 – Família de Ictinia plumbea (Sovi). Foto: Kassius K. Santos.

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Figura 08 - Turdus leucomelas (Sabiá-barranco) no ninho.

Figura 09 - Mata no Parque São Francisco, com cidade ao fundo.

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Figura 10 - Trilha nas dependências do Parque São Francisco.

Figura 11- Trilha, com presença de lixo, provavelmente deixado por visitantes.

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4.2.1.3. Mastofauna

As capturas, coletas e observações relativas à fauna foram feitas mediante autorização do SISBIO/MMA (Autorização para atividades com finalidade científica), o qual foi expedido com base na Instrução Normativa nº 03/2014. Por meio do código de autenticação (Código de autenticação: 26373445), pode-se verificar a autenticidade ou regularidade deste documento, por meio da página do Sisbio/ICMBio/MMA na Internet (www.icmbio.gov.br/sisbio).

São conhecidas 5.418 espécies de mamíferos no mundo, as quais apresentam grande diversificação na ocupação dos habitats terrestres e aquáticos (WILSON & REEDER, 2005).

No Brasil, são verificadas mais de 650 espécies mamíferos nos diferentes ecossistemas, o que representa cerca de 13% da mastofauna do mundo e a maior riqueza de mamíferos de toda a região neotropical (FONSECA et al., 1996; REIS et al., 2006).

O Brasil é um país que possui diversas formações vegetais que possibilitam a ampla diversidade de mamíferos, sendo o país que têm a maior riqueza de espécies de mamíferos, além do grande número de endemismo, principalmente de primatas e roedores (CÁCERES, 2007).

No Bioma Cerrado a ocorrência dos mamíferos totalizam cerca de 195 espécies, sendo que 18 delas são endêmicas e 17 estão incluídas na lista nacional das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção (MMA – Ministério do Meio Ambiente, 2002).

Em Minas Gerais, existem cerca de 240 espécies de mamíferos distribuídas em nove ordens, das onze descritas para o Brasil. O estado também apresenta quase todo seu território inserido no Bioma Cerrado, o qual tem aproximadamente 160 espécies de mamíferos descritos, sendo 19 endêmicas deste bioma (CÂMARA & MURTA, 2003).

O grupo ecológico mais diversificado dentre os mamíferos é formado pelos marsupiais e pequenos roedores, os quais exercem influência importante na dinâmica dessas florestas, por meio da predação do banco de sementes e plântulas, dispersão de sementes e fungos micorrízicos (PARDINI, 2006).

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Os biomas brasileiros vêm sofrendo pressões antrópicas desde o início da colonização. O uso e ocupação da terra reduziram extensas áreas florestais a pequenos fragmentos florestais. Esses novos ambientes abrigam uma diversidade ainda não calculada e ameaçada, podendo ainda não conter uma amostra representativa das florestas originais, já que são pequenas manchas de florestas distribuídas pela área (ESPÍRITO-SANTO et al. 2002).

Os fragmentos que ainda restam geralmente sofrem com o fogo, agropecuária, retirada de madeira, crescimento urbano ao seu redor e isolamento de outras áreas de vegetação natural. As florestas semidecíduas, particularmente, foram drasticamente reduzidas, uma vez que sua ocorrência coincide com os solos mais férteis e úmidos, sendo mais visados pela agropecuária (OLIVEIRA-FILHO et al. 1994; DALANESI et al. 2004). No entanto, muito há que se conhecer ainda sobre os limites de distribuição geográfica e a sistemática das espécies de pequenos mamíferos à medida que novos estudos são realizados (FONSECA et al., 1996).

O conhecimento da diversidade biológica do planeta é extremamente escasso, devido principalmente ao ritmo de destruição dos ecossistemas naturais, aliado as altas taxas de extinção de espécies (WILSON, 2005).

O grupo ecológico mais diversificado dentre os mamíferos é formado pelos marsupiais e pequenos roedores, os quais exercem influência importante na dinâmica dessas florestas, por meio da predação do banco de sementes e plântulas, dispersão de sementes e fungos micorrízicos (PARDINI, 2006).

O grau de ameaça e a importância ecológica desse grupo torna evidente a necessidade de incluir informações sobre os mamíferos terrestres de pequeno, médio e grande porte em inventários e diagnósticos ambientais (PARDINI et al., 2003).

Muitos são os aspectos que envolvem a conservação da biodiversidade no contexto urbano. Estes aspectos devem ser estudados à luz da legislação ambiental, da gestão urbano ambiental, da educação ambiental, das tendências da política urbana ou ainda da análise de indicadores que medem os benefícios ambientais e apresentam valores aos mesmos (MELO, 2006).

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Marsupiais e roedores são bons indicadores de alterações nos locais de habitat e alteração de paisagens, pois o número de espécies desses animais depende da complexidade da vegetação, assim podemos relacionar a amostra observada com o estado de preservação da área. Espécies bioindicadoras como marsupiais e roedores são de grande importância para constatar impactos ambientais (PARDINI, 2006). Neste contexto, inventariar as espécies da fauna presentes numa determinada porção de ecossistema é o primeiro passo para sua conservação e uso racional (CULLEN et al. 2004).

Avaliação ecológica rápida

O inventário foi executado com base na metodologia da Avaliação Ecológica Rápida (AER), publicado pela THE NATURE CONSERVANCY (TNC) em 2003, cujo objetivo é coletar e analisar o maior número de informações em um curto espaço de tempo.

Foram feitas coletas e amostragens na área do parque para a realização do trabalho de campo relativo ao plano de manejo do parque com duração de cinco dias. As coletas foram realizadas em março de 2015, entre as datas do dia sete ao dia onze somando, cinco dias de coleta e amostragem. Nesse período ocorreram chuvas intensas na região do estudo.

Coleta de dados

Foram selecionadas duas áreas dentro do parque onde foram definidos os transectos para realização das coletas e amostragens. O transecto 01 estava dentro da área de preservação permanente, inserida em uma área riparia, ou seja, próxima ao corpo hídrico, correspondendo em sua maior parte de mata ciliar. O transecto 02 foi localizado em área de campo aberto, próximo a um pequeno córrego, onde se encontrava uma lagoa artificial no início do transecto (Figura 12 e 13). 48

Cada transecto mediu 300 metros lineares, cobrindo uma área linear de 600 metros dentro do parque. Em cada transecto foram utilizadas bases de captura, ou seja, armadilhas do tipo gaiola, distantes umas das outras em 12 metros.

Figura 12. Imagem demonstrativa das ações realizadas no Parque São Francisco de Assis, Varginha MG. Fonte: Google Earth®.

Figura 13. Áreas onde foram feitas as amostragens no Parque São Francisco de Assis, Varginha-MG. (A) Transecto 01, com área riparia dentro da mata ciliar, (B) Transecto 02, com área de campo aberto e lagoa artificial, (C) Transecto 02, contendo árvore com sinal de fogo recente.

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Os métodos de amostragem na área de estudo foram: a) Métodos diretos: consistiu em visualização de espécimes por meio de caminhadas feitas nos transectos lineares, avistamento de animais, procura de pegadas em áreas naturais ou busca de sons como vocalização de primatas, segundo metodologias propostas por PITMAN et al. (2002) e CULLEN et al. (2004). b) Métodos indiretos: consistiu na utilização de armadilhas do tipo gaiolas para pequenos animais, busca de pegadas e entrevistas com a população local, de acordo com metodologias propostas por BECKER E DALPONTE (1999); PITMAN et al. (2002) e CULLEN et al. (2004). c) Transecto linear: Consistiu de linha imaginária que buscou amostrar o máximo de ambientes dentro da área de estudo, com a finalidade de orientação para o armadilhamento e avistamento de fauna, conforme metodologias de PITMAN et al. (2002) e CULLEN et al. (2004).

Capturas de pequenos mamíferos por meio de armadilhas.

Foram utilizadas armadilhas do tipo gaiola (11cm x 11cm x 30 cm), também chamadas de armadilhas de carreiro, as quais foram confeccionadas em arame de metal galvanizado (Figura 14). As gaiolas foram compostas de apenas uma entrada com um gatilho com isca no seu interior, que desarmava por meio do fechamento da porta. Essas armadilhas foram colocadas sobre o solo ou em galhos de árvores (sub-bosque) conforme metodologia de CULLEN et al. (2004).

Foram utilizadas para as amostragens 50 armadilhas do tipo gaiola, as quais foram distribuídas nos dois transectos, de 300 metros lineares cada. Em cada transecto foram usadas 25 armadilhas dispostas separadamente a cada 12 metros.

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(A) (B) Figura 14. Armadilha do tipo gaiola colocada no sub-bosque (A) e armadilha do tipo gaiola sendo iscada no solo (B), no Parque São Francisco de Assis, Varginha-MG.

Registros por buscas, visualizações e vestígios

Durante a realização das coletas e amostragens também foram feitas buscas para registro de visualizações de vestígios como rastros, fezes, pêlos e vocalizações, conforme metodologia de CULLEN et al. (2004).

Os vestígios e visualizações foram registrados ao acaso durante o percurso dos transectos. As caminhadas de avistamentos foram realizadas nos períodos das 13 horas às 18 horas, durante a avaliação das armadilhas nos transectos.

Também foram feitos registros fotográficos de rastros e vestígios. Os rastros e os vestígios foram fotografados com escala graduada utilizando câmera fotográfica digital Fuji Finepix SH10 com 10.0 megapixels, medidos e identificados de acordo com BECKER & DALPONTE (2013) e BORGES (2008).

Registro de mastofauna por relatos

Durante os trabalhos realizadas no parque São Francisco de Assis também foram levantamento de informações com moradores do entorno, usuários e funcionários do

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Parque, com o objetivo de registrar em forma de relatos a mastofauna presente na área de estudos. As entrevistas foram realizadas segundo metodologia adaptada de CULLEN et al. (2004) .

Para confirmação do registro por meio das entrevistas foi observado o grau de detalhes sobre cada espécie descrita e onde foram realizados os avistamentos. Não foi utilizado questionário pré-formulado e sim uma conversa informal onde ao decorrer da mesma os entrevistados foram indagados sobre as espécies de mastofauna e animais domésticos (cães, gatos e outros) possivelmente existentes na área de estudo, adaptado de CULLEN et al. (2004). As espécies descritas durante a entrevista somente foram incluídas no levantamento após solicitação de uma descrição detalhada e posterior confirmação da identificação a partir de uma imagem do animal. Para a aplicação desta metodologia foi utilizado o trabalho de CÂMARA & MURTA (2003).

Inventário das espécies

Na área do Parque São Francisco de Assis foram inventariados sete espécies de mamíferos silvestres de pequeno, médio e grande porte (Tabela 1). Dentre essas espécies, uma foi classificada como de pequeno porte, quatro de médio porte e duas espécies de grande porte. Essas espécies foram classificadas taxonomicamente de acordo com HAYWARD & PHILLIPSON, (1979) e WILSON & REEDER (2005).

Foram considerados mamíferos de médio e grande porte aqueles com peso corporal acima de 1 kg quando adultos. As espécies inventariadas foram distribuídas em seis Ordens, sendo elas: Rodentia, Carnivora, Primatas, Didelphimorphia, Pilosa, Artiodactyla (Tabela 9).

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Tabela 9. Lista de espécies e formas de registro da mastofauna e herpetofauna do Parque São Francisco De Assis, Varginha-MG.

Ordem / Espécie NP* Capt. Visual. Indícios Entr. Colet.

MASTOFAUNA

Rodentia: I F P FZ Ind. Vt.

Hidrochaeris hidrochaeris Capivara X

Cuniculus paca Paca X

Carnivora:

Eira barbara Irara X

Chrysocyon brachyurus Lobo Guará X

Cerdocyon thous Cachorro do X mato

Erinaceomorpha

Erinaceus sp Ouriço X

Primatas:

Callicebus personatus Sauá, guigó X X X

Callithrix penicillata Mico estrela X X

Didelphimorphia:

Didelphis aurita Saruê X X X X

Cingulata:

Dasypus sp. Tatu-Galinha X X X

Artiodactyla:

Mazama gouazoupira V.catingueiro X

HERPETOFAUNA

Amphibia

Scinax sp. Perereca X

Squamata

s.d. lagartos X

Bothrops sp Jararaca X

Crotalus durissus cascavel X

NP= nome popular, I= individuo, F=fotografia, INDIC= indícios, P=pegadas, F=fezes, I= individuo, FZ= fezes, E=entrevistas, Colet= coletados e VT= vestígios 53

As ordens registradas de mastofauna foram Rodentia (02), Carnivora (02), Primata (02), Didelphimorphia (01), Pilosa (01) e Artiodactyla (01). As espécies encontradas foram: Hidrochaeris hidrochaeris, Cuniculus paca, Eira barbara, Chrysocyon brachyurus Callicebus personatus, Callithrix penicillata, Didelphis aurita, Dasypus sp., Mazama gouazoubira. Todas estão registradas em listas de animais em risco e algumas são consideradas ameaçadas, vulneráveis ou em extinção pela lista de animais ameaçados segundo HAYWARD & PHILLIPSON, (1979), exceto Hidrochaeris hidrochaeris, Callithrix penicillata e Didelphis aurita.

Nas armadilhas do tipo gaiola foram amostradas uma espécie da Ordem Didelphimorphia (D. aurita). Esta espécie foi classificada como de pequeno porte (WILSON & REEDER, 2005) e está associada às matas e áreas urbanas típicas da região.

As armadilhas do tipo gaiolas são eficientes na amostragem de espécies de pequeno porte, mas devido ao grande número de variáveis relacionadas ao impacto sobre o grupo de mastofauna de pequeno porte na área de estudo, foi observada uma baixa porcentagem de capturas dessas espécies.

As espécies de mastofauna de médio e grande porte foram observadas por caminhadas de avistamento em trilhas e estradas próximas, coleta de indícios, observação de pegadas e entrevistas com funcionários do parque e moradores próximos da área de estudo. De acordo com estes dados foi construída uma tabela de espécies e tipo de ocorrência na área de estudo (Tabela 9).

(A) (B) (C)

Figura 15. Armadilhas do tipo gaiola em sub-bosque (A), solo (B) e captura de Didelphis aurita (C).

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Busca por vestígio e avistamento

As buscas por vestígio e avistamento de espécies foram efetuadas durante os horários da tarde, entre as 13 horas e as 18 horas. Nesse período, foram percorridos os transectos de armadilhas de captura e estradas internas da área de estudo. Esse esforço amostral foi realizado por duas pessoas por meio de caminhadas pela área de estudo. Essa amostragem totalizou 05 horas por dia. Este período foi multiplicado por dois, por ter sido feito por duas pessoas, obtendo no final, um esforço total de amostragem de 50 horas, de acordo com a metodologia proposta por CULLEN et al. (2004) e ZANZINI et al. (2008).

Neste estudo as buscas permitiram encontrar vestígios como fezes, carcaças e pegadas, além de encontros de forma direta com a fauna (Figura 16 e 17).

(A) (B) (C)

Figura 16. Pegadas de Dasypus sp. (A), toca de Dasypus sp. (B) e busca por vestígios (C), dentro do Parque São Francisco de Assis, Varginha-MG.

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(A) (B) (C)

Figura 17. Crânio de gato (Felis catus) (A), pegada de cão (Canis familiares) (B) e fezes de cão (Canis familiares) (C), encontrados dentro do Parque São Francisco de Assis, Varginha-MG.

Discussão

Apesar de ser uma área protegida pela legislação, o Parque São Francisco de Assis ainda sofre perturbações antrópicas irregulares em sua área. Dentro do parque são encontrados depósitos de lixo feito por moradores vizinhos, além de uma área chamada “bota fora”, onde são depositados pela prefeitura municipal entulhos e restos de podas de jardins e praças, além de um estande de tiro utilizado pelo Tiro de Guerra.

Foi detectado um grande impacto sobre a fauna existente na área de estudo do Parque São Francisco de Assis. Esse impacto foi causado pela presença de animais domésticos circulando dentro da área. Esse fato foi comprovado por pegadas e vestígios encontrados na área de estudo. Dentre estes animais foram identificados, cães, gatos e cavalos, onde os primeiros são potenciais predadores de espécies nativas da área de estudo. De acordo com PRIMACK (2001), a introdução de espécies exóticas é uma séria ameaça à vida silvestre no mundo inteiro e tem levado várias espécies nativas à extinção.

As populações de fauna silvestre correm o risco da invasão por animais domésticos, conforme observado nesse estudo, em especial cães (Canis familiaris) e

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gatos (Felis catus). O cão doméstico é uma praga cosmopolita, que interage com espécies nativas por meio de predação, competição por recursos limitados e introdução de doenças, ocasionando sérios danos à fauna silvestre (PRIMACK 2001, FUNK et al. 2001). Vários autores relatam que o principal impacto de cães e gatos em reservas é a predação de espécies nativas (MACDONALD 1981, KRUUK & SNELL 1981; BOITANI 1983, YANES & SUÁREZ 1996). Cães domésticos costumam agrupar-se em matilhas e nesta situação podem predar animais de grande porte (RODRIGUES 2002, LACERDA 2002).

Também foram encontrados vestígios de animais de grande porte como equinos, os quais pisoteiam e derrubam ninhos e tocas da fauna silvestre.

Um fator preocupante identificado nesse estudo foi às estradas que cortam as áreas abertas do parque. Essas estradas fragmentam o parque em relação a mastofauna de pequeno porte que se torna alvo fácil de predadores silvestres e exóticos ao transitarem nesses locais.

Também foi observada uma grande quantidade de árvores com marcas de fogo, o que mostra que a área de estudo foi vitima de incêndios em curto período de tempo. Segundo o corpo de Bombeiros do município de Varginha MG ocorreram três incêndios grandes durante o ano de 2014. Esse fato causou grande destruição no parque e prejudicou as fontes de recursos e abrigo para mastofauna de pequeno porte não voadora. Vários autores relatam que fogo prejudica a fauna local. Em longo prazo, estes processos serão responsáveis pela modificação da estrutura da floresta, afetando negativamente os processos ecológicos e causando a perda de algumas espécies de plantas e animais através das consequências da defaunação (TERBORGH, 1988; DIRZO & MIRANDA, 1990).

Outro grande problema encontrado nesse estudo foi a grande quantidade de lixo encontrada dentro do parque, tanto nas áreas próximas as casas, como dentro das áreas abertas e de mata ciliar (Figura 8). Esse lixo causa contaminação do solo e da água restringindo a ocupação de habitat por espécies silvestres.

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(C) (A) (B)

Figura 8. Lixo nas áreas de APP (A), Lixo nas áreas abertas de Cerrado (B) e Área aberta de cerrado dominada por gramíneas invasoras (C), no Parque São Francisco de Assis, Varginha MG.

Todas estas observações justificam o baixo nível de captura de pequenos roedores e marsupiais na área do Parque São Francisco de Assis. Essas espécies são de grande importância para manutenção do habitat (FACURE & GIARETTA, 1996; EMMONS, 1987).

Essa baixa ocorrência de mamíferos encontrada na área de estudo foi preocupante. Segundo vários autores, os mamíferos de pequeno, médio e grande porte, sociais ou não, são importantes dispersores de sementes, atuando junto com as aves na dispersão da maioria das árvores zoocórica (SILVA & TABARELLI, 2000; JORGE, 2008). Esses herbívoros também são recursos alimentares para seus predadores silvestres (FACURE & GIARETTA, 1996; GARLA et al., 2001; EMMONS, 1987) e têm importante papel na dinâmica das florestas (DIRZO & MIRANDA, 1990). De modo complementar, os grandes mamíferos predadores de topo são importantes para manter a diversidade local de suas presas e da comunidade (TERBORGH, 1988; CROOKS & SOULÉ, 1999; DUFFY et al., 2007).

Quanto a classificação das espécies de mastofauna na área de estudo em relação ao status de conservação tendo com referencia a lista IUCN (2006); MACHADO & CAVALCANTI (1998), MACHADO & CAVALCANTI (2005), as espécies ameaçadas encontradas e descritas para a área de estudo são:

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Didelphis aurita. Wied-Neuwied, 1826. Esta espécie se encontra em baixo risco de extinção pela IUCN (2006).

Callicebus personatus. Müller, 1996. E classificada pela IUCN (2006), como vulnerável, tendo outras espécies do gênero em risco de extinção. Foi avistado e ouvida sua vocalização dentro da área de estudo.

Mazamas sp. Erxleben, 1777. Esta espécie não é classificada pela IUCN ou em outras listas de espécies em extinção, apenas como espécie em perigo de extinção nos estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, (REIS et al., 2006).

Eira barbara. Linnaues, 1758. Descrita como baixo risco pela IUCN (2006); REIS et al. (2006).

Com relação à mastofauna de pequeno porte, a mata atlântica possui um alto grau de endemismo, com cerca de 73 espécies endêmicas de mamíferos (CONANA, 1997). Os marsupiais e roedores equivalentes a 78% desta fauna (STALINGS, 1989). Para MORI et al (1981), a fragmentação da mata atlântica representa um risco a diversidade biológica, por se tratar de um ecossistema de alta diversidade e elevado nível de endemismo, podendo levar a extinção um grande número de espécies e populações.

Os fragmentos florestais remanescentes podem diferir na forma, tamanho, microclima, regime de luminosidade, solo, grau de isolamento e tipo de uso do solo de áreas vizinhas (SAUNDERS et al., 1991). No entorno destes fragmentos, iniciam-se alguns processos que gradualmente diminuem a biodiversidade local, principalmente em razão da caça ilegal, destruição das bordas pela ação do fogo, colonizações, ressecamento pelo vento, invasão de gado doméstico, propagação de ervas daninhas agressivas e pesticidas (CULLEN, 1997).

Os resultados obtidos durante o trabalho de levantamento rápido qualitativo de mastofauna não voadora no Parque Municipal São Francisco de Assis em Varginha MG, mostrou que este fragmento florestal possui uma biodiversidade de mastofauna com níveis muito baixos de riqueza, principalmente com relação a mastofauna de pequeno porte não voadora que é o principal objetivo deste trabalho. 59

Esse resultado sugere pensar na necessidade de promover ações visando à conservação desta área natural, com áreas de passagem e ligação para outras áreas conservadas próximas. Isso se mostra possível ao fundo do Parque São Francisco de Assis, onde se encontra a fazenda experimental PROCAFÉ. Esta fazenda possui áreas de florestas bastante preservadas e isso poderia contribuir para a preservação e conservação das espécies do parque.

Com o estudo foi possível observar uma grande quantidade de animais domésticos principalmente (Felis catus e Canis familiares) invadindo a área de Preservação do Parque São Francisco de Assis. Estes animais domésticos na sua grande maioria são de moradores próximos e estão causando o risco de extinção das espécies silvestres dentro do parque devido ao seu alto nível de predação.

Os animais silvestres são de grande importância na manutenção da fauna e da flora desta área e são classificados em relação ao seu estatus de preservação por listas de animais ameaçados da IUCN. Dessa maneira, este estudo mostrou a importância de se conhecer a fauna local e preservar as áreas de reservas e corredores próximos, como as Áreas de Preservação Permanente (APP), que, estão dentro do parque. Além disso, essa preservação auxiliará na manutenção da fauna local por meio de corredores de ligações com outras áreas próximas à área de estudo.

Na área do parque não foram registrados indícios ou vestígios de caça predatória ou coleta de plantas. No entanto, foi observado que as dependências do parque também são invadidas por usuários de drogas para consumo e tráfico.

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4.2.2. Meio Físico

4.2.2.1. Metodologia

Para definição dos aspectos do meio físico foram consultados estudos específicos considerando o Município de Varginha como a unidade a ser definida, visto que o Parque São Francisco está totalmente inserido dentro do perímetro urbano desta.

Foram consultados os boletins informativos da Fundação PROCAFÉ, que possui sede próxima ao Parque São Francisco, os Mapas de Solo do Estado de Minas Gerais e a Carta Topográfica do Município de Varginha, além da visita ao local e levantamento de dados em campo.

4.2.2.2. Clima

O clima da região de Varginha segundo a classificação de Köppen-Geiger é Cwb, ou seja, Temperado Mesotérmico, com estações bem definidas, invernos secos, verões chuvosos e temperados. A temperatura média do mês mais frio, julho, oscila entre 16,1 e 17,0 °C e a do mês mais quente, fevereiro, entre 22,3 e 22,9 °C.

A precipitação média, considerando o período de histórico de leitura de 1974 a 2013, é 1.465,3 mm, porém segundo a Fundação PROCAFÉ (2014), desde 2007 vem ocorrendo déficit neste valor, sendo que no ano de 2014, o déficit foi de aproximadamente 750 mm (Figura 18).

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FIGURA 18 - Aspectos climáticos para Varginha, MG. A - Temperatura média mensal. B - Precipitação mensal. C - Precipitação acumulada para o período de um ano. Nos três casos a linha vermelha corresponde aos dados históricos (1974 a 2013), a linha verde representa os dados de 2013 e a linha azul os dados de 2014. Fonte: Fundação PROCAFÉ (2014)

4.2.2.3. Hidrografia

O município de Varginha, localizado na Região Sul de Minas Gerais, ocupa uma área de 395,4 km2 inserida no domínio do bioma Mata Atlântica. Situada na Bacia do Rio Grande Varginha é banhada pelo Rio Verde, seu principal fluxo hídrico, que juntamente com o Rio Sapucaí forma o complexo sul de abastecimento da Represa de Furnas.

Dentro da área do foram identificados dois cursos d’águas principais um que nasce ao norte da área da Unidade de Conservação identificado como curso d’água A e outro que nasce ao sul identificado como curso d’água B conforme ilustrado na Figura 19. Não existem trilhas de acesso até o afloramento de água das nascentes, o que é um ponto importante para a conservação das mesmas.

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. Figura 19 - Croqui dos dois principais cursos d’água identificados no Parque São Francisco, Varginha - MG.

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4.2.2.4. Relevo, Geologia e Solos

O Parque São Francisco está localizado na encosta de uma pequena bacia hidrográfica e o relevo observado em campo dentro da área da Unidade de Conservação variou predominantemente de suave ondulado a ondulado, com pequenas porções planas adjacentes às várzeas e às áreas brejosas.

A zona urbana de Varginha está localizada sobre duas unidades geológicas formadas durante a Era Neoproterozóica, são elas a Unidade Granulítica Basal e a Unidade . A área do Parque São Francisco está localizada nesta segunda unidade.

A Unidade de Arantina é caracterizada por ter se formado no período de 625 a 610 milhões de anos, e ser constituída por gnaisse (cianita-granada-K-feldspato gnaisse) com intercalações de quartzito, anfibolito e rocha calcissilicática, formando facies granulito de alta pressão. Com o passar dos anos a paisagem sofreu os efeitos das temperaturas elevadas e da alta pluviosidade da zona tropical e o intemperismo acelerado e contínuo dessa rocha deu origem aos solos que atualmente ocorrem no Parque São Francisco (UFRJ & CPRM, 2008).

Segundo o Mapa de Solos de Minas Gerais (UFV, 2010) o solo predominante na área do parque o LVd2 segundo a classificação proposta por EMPRAPA (2006). Trata- se de um Latossolo Vermelho distrófico típico, com horizonte A moderado e textura variando de argilosa a argilo-arenosa. As características marcantes típicas deste tipo de solo é a profundidade acentuada, a ausência de pedregosidade e cerosidade, a ocorrência em ambientes bem drenados e a uniformidade para as características de cor, textura e estrutura (EMPRAPA, 2006).

A Fundação PROCAFÉ (2015), através das análises física dos Latossolos ocorrentes na mesma microbacia hidrográfica do Parque São Francisco constatou que a estrutura granular varia de pequena a muito pequena formando agregados homogêneos, o que contribui para alta porosidade e baixa coesão que, juntamente com a ausência de adensamento sub-superficial, permite a boa permeabilidade deste solo. Pedregosidade e cerosidade também não ocorrem na área.

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-Do ponto de vista químico são solos com baixos teores de Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e matéria orgânica. O pH é baixo e os teores de Alumínio (Al) são elevados, esses fatores combinados causam a baixa fertilidade natural do solo ocorrente na área do parque.

Em campo detectou-se a dominância do Latossolo descrito em praticamente toda a área de solo seco do Parque São Francisco. Nas baixadas ocupadas por várzeas e nas áreas sujeitas à inundação, observou-se a ocorrência de solo hidromórfico composto por argila muito coesa de cor variando entre tons de amarelo e cinza e conhecido pelo nome de tabatinga pelos funcionários do parque (Figura 20).

Figura 20 - Perfil dos solos de várzea do Parque Florestal Municipal São Francisco de Assis, em Varginha, Minas Gerais. A - solo com predominância de ferro no estado oxidado (Fe3+). B – solo com predominância de ferro no estado reduzido (Fe2+).

Ao analisar os solos de várzeas de Minas Gerais, Curi et al. (1988) descrevem esse tipo de solo como sendo do tipo aluvial e explicam que a variação de cor é o resultado da redução do íon ferro (Fe3+ + e- → Fe2+), no estado oxidado o íon ferro frequentemente está na forma dos minerais hematita e goethita, de cor vermelha e amarela respectivamente, e no estado reduzido o ferro pode ser dissolvido na solução do solo e se ligar em estruturas diversas, inclusive amorfas, que apresentam cores acinzentadas.

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4.2.3. Meio Social

Conhecer os visitantes potenciais de uma Unidade de Conservação é fundamental para o planejamento das atividades desta área. Considerando a população de Varginha como principal público do Parque São Francisco, buscou-se conhecer o perfil dos residentes descrevendo-os quanto a faixa etária, escolaridade, renda e também a participação de cada um dos setores da economia na geração das receitas que sustentam o município. Outra preocupação indissociável para se traçar o plano de gestão de uma Unidade de Conservação é estabelecer contato com os moradores do entorno para considerar as expectativas e necessidades que possam ser supridas pela existência e manutenção da área protegida.

Metodologia

As informações apresentadas sobre o perfil dos habitantes de Varginha foram obtidas em consulta ao Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2010. Os indicadores econômicos foram extraídos do relatório de monitoramento publicados no Portal Cidades (IBGE, 2015) do mesmo instituto, porém o ano base é 2012. Na classificação da escolaridade e renda nominal mensal o IBGE considera apenas as pessoas com idade superior a 10 anos. A percepção dos moradores do entorno do Parque São Francisco foi obtida através formulário semi-estruturado em consulta realizada diretamente à população tendo como referência os questionamentos apresentados no ANEXO I, não foram apresentadas opções de respostas aos entrevistados que foram orientados a formular as respostas espontaneamente. Foram entrevistados 28 moradores do Bairro Padre Vitor e do Conjunto Habitacional Sion, ambos vizinhos da Unidade de Conservação.

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Resultados

Perfil dos Residentes em Varginha-MG

Em 2010 a população registrada em Varginha foi de 119.061 pessoas residentes na zona urbana e 4.020 pessoas residentes na zona rural totalizando 123.081 habitantes que compunham aproximadamente 37,6 mil famílias (Tabela 10). A densidade populacional foi de 311,3 habitantes/km2, o que torna o município de Varginha um dos mais populosos da mesorregional sul do estado de Minas Gerais.

Tabela 10 - Classificação da população de Varginha, Minas Gerais, no ano de 2010, por gênero, faixa etária e pela área de residência, rural ou urbana. Adaptado de IBGE (2015)

GRUPO ETÁRIO MULHER HOMEM RAZÃO < 1 765 742 1,03 1-4 3.104 3.055 1,02 5-9 4.138 4.112 1,01 10-14 4.922 4.986 0,99 15-19 5.013 5.092 0,98 20-24 5.450 5.405 1,01 25-29 5.696 5.580 1,02 30-34 5.596 5.319 1,05 35-39 4.723 4.472 1,06 40-44 4.491 4.348 1,03 45-49 4.434 4.096 1,08 50-54 4.160 3.817 1,09 55-59 3.268 3.065 1,07 60-64 2.268 2.137 1,06 65-69 1.676 1.380 1,21 70-74 1.297 1.029 1,26 75-79 943 661 1,43 80-84 697 403 1,73 85-89 318 187 1,70 90-94 122 59 2,07 95-99 38 10 3,80 > 100 5 2 2,50 ÁREA ZURAL 1.894 2.126 0,89 ÁREA URBANA 61.230 57.831 1,06 TOTAL 63.124 59.957 1,05

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A proporção entre gêneros é equilibrada, em 2010 a razão geral registrada entre mulheres e homens foi de 1,05; porém nos grupos etários acima de 65 anos observa-se uma maior presença de mulheres em relação aos homens, chegando a uma razão de 3,80 para a faixa de 95-100 anos (Figura 21).

Figura 21 - Número de mulheres em relação ao número de homens para o município de Varginha, Minas Gerais no ano de 2010. Adaptado de IBGE (2015).

A taxa de alfabetização registrada entre os varginhenses com idade superior a 10 anos foi de 93,5%, maior que a taxa mineira para a mesma época que foi 89,1%; apesar disso o número de pessoas sem qualquer instrução escolar ou que não completaram o Ensino Fundamental é de 42,4% (Figura 22). A taxa de pessoas que concluíram do Ensino Superior e residem no município de Varginha, que em 2010 foi 26,5%, supera em mais de três vezes a taxa observada para todo o território nacional para a mesma época que foi de 7,9 %, segundo os dados disponibilizados pelo Ministério da Educação (MEC, 2015).

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Figura 22 - Escolaridade da população para o município de Varginha, Minas Gerais, no ano de 2010. Adaptado de IBGE (2015).

Aproximadamente um terço (31,4%) da população de varginha declarou não possuir qualquer rendimento e depender de familiares como pais ou cônjuges para se manter. Outras parcelas socioeconômicas expressivas em Varginha foram as compostas por pessoas que declaram receber entre um e dois salários mínimos e entre meio e um salário mínimo; 25,1 e 20,8% respectivamente (FIGURA 23).

Figura 23- Rendimento nominal mensal da população para o município de Varginha, Minas Gerais, no ano de 2010. Adaptado de IBGE (2015).

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Participação dos setores econômicos na formação do PIB do município

O Produto Interno Bruto (PIB) do município de Varginha no ano de 2012 foi de 3,16 bilhões de reais. Os principais setores formadores do PIB foram: Comércio e Serviços com contribuição de 77,0 % do valor total; Indústria (21,1%) e Agropecuária (1,9%) (Figura 24).

Figura 24 - Contribuição dos setores econômicos para a formação do Produto Interno Bruto do município de Varginha, Minas Gerais, no ano de 2012. Adaptado de IBGE (2015).

O domínio do setor Comércio e de Serviços é devido à posição geográfica estratégica do município em termos de logística de escoamento da produção agrícola e industrial permitindo as operações do Porto Seco Sul de Minas, uma Estação Aduaneira do Interior que atua como entreposto industrial e aduaneiro, tanto na exportação como importação de produtos alfandegados, com destaque para a exportação do café produzido na região.

Percepção da Unidade de Conservação pela população residente no entorno

Apesar de perceberem a existência do Parque São Francisco a maior parte dos moradores do entorno afirmam não fazer uso da área da Unidade de Conservação nas atividades que esta pode oferecer como passeios, caminhadas, interação com a meio natural e contemplação da paisagem.

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Dos entrevistados 21,4% declararam não conhecer a área da Unidade de Conservação, 28,6% disseram conhecer, mas não frequentar o local. O maior grupo foi composto por aqueles que declararam conhecer a área do parque, porém não frequenta- la com assiduidade, estes representam 32,1% dos ouvidos (Figura 25). Os que vão ao parque com a regularidade de uma ou duas vezes ao mês foram 3,6% dos entrevistados e aqueles que fazem uso contínuo da área através da visitação semanal ou mesmo diária foram 7,1%. Vale ressaltar que nem sempre a entrada dos visitantes é oficializada, sendo que muitos sequer utilizam a portaria do parque para o acesso, ao invés disso acessam a Unidade de Conservação por falhas no cercamento do perímetro desta.

Figura 25 - Respostas espontâneas fornecidas pelos entrevistados diante da pergunta: O(A) senhor(a) conhece a área? Já visitou? Com que frequência visita?

Outro ponto que reflete a falta de informação da população vizinha ao Parque São Francisco é o desconhecimento a respeito do órgão gestor da área; 46,4% dos entrevistados disseram não saber quem ou qual órgão e responsável pela gestão da Unidade de Conservação; 3,6% responderam que a entidade gestora era o Governo Federal e 7,1% que era o Governo do Estado de Minas Gerais. Menos da metade (42,9%) responderam que o órgão responsável era a Prefeitura Municipal de Varginha ou a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Figura 26).

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Figura 26 - Respostas espontâneas fornecidas pelos entrevistados diante da pergunta: O(A) senhor(a) sabe a quem pertence a área do parque?

Mais da metade (57,1%) dos entrevistados julga conhecer pelo menos um dos objetivos daquela área e indicaram, de acordo com seus princípios, um ou mais motivos que faz do Parque São Francisco uma área importante e que deve continuar sendo mantida e preservada. Os motivos mais importantes segundo estes moradores são a conservação da natureza e a manutenção da fauna silvestre, aparecendo em 39,3% das resposta cada um. O terceiro motivo mais citado, presente em 21,4% das respostas, foi o bem-estar e o lazer que área pode proporcionar aos moradores do entorno e aos visitantes da Unidade de Conservação. Outros motivos seis motivos foram citados conforme observado na Figura 27. Quando questionados se acreditavam ser importante a preservação da área do parque 85,7% dos entrevistados responderam que SIM e apenas 3,6% que NÃO; 10,7% não responderam a este questionamento. Os respondentes manifestaram interesse em visitar o parque mais vezes e 85,7% deles disseram que frequentaria o parque com maior assiduidade caso houvessem estruturas e recursos que possibilitassem a execução de atividades de lazer e interação com o meio ambiente tais como trilhas ecológicas sinalizadas, centro de informações e funcionários treinados para receber os visitantes.

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Figura 27 - Respostas espontâneas fornecidas pelos entrevistados diante da pergunta: Qual importância o(a) senhor(a) vê para esta área?

Também foi perguntado aos moradores quais os principais problemas de ordem ambiental, social e administrativa incidiam sobre o Parque São Francisco. O problema mais frequente, citado em 57,1% das entrevistas, foi a ocorrência de incêndios florestais na área, seguido pelo uso indevido por parte dos visitantes que apareceu em 35,7% das respostas. O temor em relação ao público ouvido é que a área do parque seja esteja sendo utilizada para o comércio e uso de entorpecentes. Falta de segurança aos visitantes, administração deficiente e descarte de lixo dentro da área do parque foram dividiram a terceira posição no ranking dos problemas mais citados, lembrados em 21,4% das respostas cada um. Degradação do ambiente, poluição dos corpos hídricos, abrigo para vetores de doenças, tais como ratos e mosquitos, e a captura de aves silvestre também foram citados como problemas aparecendo uma única vez cada nas respostas conforme ilustrado na Figura 28.

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Figura 28 - Respostas espontâneas fornecidas pelos entrevistados diante da pergunta: Quais os principais problemas o(a) senhor(a) identifica na área?

Por fim os respondentes foram convidados a listar os animais que já foram visualizados dentro da Unidade de Conservação. O animais mais citados foram as serpentes, em 64,3% das respostas, seguidos dos pássaros (53,6%) e primatas (micos e macacos) (50,0%). As frequências em que cada animal foi lembrado nas respostas podem ser conferidas na Figura 29.

Os animais inclusos na categoria outros foram citados em apenas uma única resposta cada (3,6%), são eles: abelhas, gado bovino, cachorro doméstico, cachorro-do- mato, capivara, corujas, formigas, gavião, lobo guará, lobinho (pela descrição acredita- se se tratar de uma espécie de raposa), maritaca (psitacídeo), ouriço, saracura e tucano.

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Figura 29 - Respostas espontâneas fornecidas pelos entrevistados diante da pergunta: O(A) senhor(a) sabe de relatos da existência de animais nesta área? Quais?

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5. PLANEJAMENTO

5.1. Objetivos Específicos de Manejo

Considerando os objetivos precípuos estabelecidos pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) para a conservação da Biodiversidade e os resultados obtidos durante os diagnósticos que subsidiaram o presente Plano de Manejo, cabe a administração do Parque São Francisco, buscar atingir os seguintes objetivos específicos:

 Proteger, em estado natural as áreas de mata presentes no Parque.  Proteger as comunidades faunísticas associadas: a herpetofauna, a avifauna e a mastofauna presentes no local.  Proteger áreas significativas das fitofisionomias de Mata Atlântica, preservando sua diversidade florística.  Proteger, de forma especial, espécies de animais e plantas classificadas em algum nível de ameaça de extinção.  Proteger a paisagem natural do parque.  Promover a educação ambiental, com ênfase na proteção da biodiversidade da Floresta estacional semidecidual, tipologia da Mata Atlântica;  Promover a conectividade entre os fragmentos de vegetação nativa do entorno do Parque, através da adoção de corredores ecológicos, beneficiando o fluxo gênico entre esses fragmentos.

5.2. Zoneamento

O estabelecimento de setores ou zonas, cada qual com objetivos de manejo e normas específicas, é uma importante etapa do planejamento e gestão de unidades de conservação, como é o caso do Parque São Francisco. A definição destas zonas visa proporcionar os meios e as condições necessárias para que os objetivos de criação da unidade sejam cumpridos. Em seus 146 hectares constatados por meio de ferramentas de geoprocessamento, o Parque São Francisco apresenta características diferenciadas, nos meios biótico e abiótico, que permitem a proposição de zonas específicas de manejo, conforme detalhado a seguir e definidas de acordo com o Decreto nº 84.017, publicado em 1979 (BRASIL, 1979) e de acordo com a Figura 30. 76

Figura 30 – Zoneamento do Parque São Francisco, Varginha-MG.

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5.2.1. Zona Primitiva

É aquela onde tenha ocorrido pequena ou mínima intervenção humana, contendo espécies da flora e da fauna ou fenômenos naturais de grande valor científico. O objetivo geral do manejo é a preservação do ambiente natural e ao mesmo tempo facilitar as atividades de pesquisa científica, educação ambiental e proporcionar formas primitivas de recreação.

Justificativa da escolha

A criação de um Parque, em qualquer das esferas administrativas (federal, estadual ou municipal) deve ter a preservação dos ecossistemas naturais como premissa. O Parque São Francisco apresenta 94,4 hectares de cobertura florestal em condições satisfatórias de conservação, onde as intervenções humanas são mínimas ou inexistentes. Estas áreas possuem grande potencial para proteção da biodiversidade local, incluindo espécies de fauna e flora ameaçadas de extinção, além de contribuir para a manutenção das características originais da área.

Normas de Uso

 As atividades permitidas serão a preservação dos atributos naturais, a pesquisa, a educação ambiental, em trilha interpretativa monitorada e a fiscalização.

 As atividades na Zona Primitiva não poderão colocar em risco a integridade dos recursos naturais.

 Não serão permitidas quaisquer instalações de infraestrutura de administração ou uso público, apenas intervenções garantir a preservação, tais como trilhas de fiscalização, pesquisa e aceiros.

 Na realização de pesquisas na Zona Primitiva não serão permitidas alterações no ambiente, como aberturas de trilhas e marcação invasiva de árvores, que provoque ferimentos ao tronco.

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5.2.2. Zona de Recuperação

É aquela que contém áreas consideravelmente alteradas pelo homem. Zona provisória, uma vez restaurada, será incorporada novamente a uma das zonas permanentes. As espécies exóticas introduzidas deverão ser removidas e a restauração deverá ser natural. O objetivo geral de manejo é deter a degradação dos recursos ou restaurar a área.

Justificativa da escolha

O Parque São Francisco apresenta um histórico de distúrbios antrópicos observados desde a sua criação, sobretudo causados pela ocorrência de incêndios florestais recorrentes. As áreas que apresentam algum tipo de degradação aparente totalizam 46,1 hectares, sendo destinadas à ações de manejo que visem à recuperação dos recursos naturais a médio e longo prazo.

Normas de Uso

 As atividades de recuperação de áreas degradadas e a retirada de espécies exóticas devem ser consideradas como prioritárias, pois a recuperação da diversidade do Parque é objetivo primordial de sua criação.

 Deve-se priorizar a recuperação através da regeneração natural, com enriquecimento de espécies, para aceleração do processo sucessional.

 Não é permitido o plantio de espécies exóticas e a utilização de qualquer tipo de fertilizante químico e/ou agrotóxicos. Para a recuperação ambiental, somente poderão ser utilizadas espécies nativas, priorizando-se aquelas que ofereçam maior diversidade de abrigo e alimento a fauna silvestre.

 Deverão ser estabelecidas normas para drenagem e contenção de encostas nas trilhas e acessos internos, realizando constante manutenção.

 Promover campanha educativa para evitar a entrada de plantas e soltura de animais exóticos dentro da área do Parque. 79

 As pesquisas sobre os processos de regeneração natural nas fitofisionomias típicas do Parque deverão ser incentivadas.

 Não serão instaladas infraestruturas nesta Zona, com exceção daquelas necessárias aos trabalhos de recuperação induzida e desde que sejam provisórias.

5.2.3. Zona de Uso Intensivo

É aquela constituída por áreas naturais ou alteradas pelo homem. O ambiente é mantido o mais próximo possível do natural, devendo conter: centro de visitantes, museus, outras facilidades e serviços. O objetivo geral do manejo é o de facilitar a recreação intensiva e educação ambiental em harmonia com o meio.

Justificativa da escolha

O desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico, são objetivos precípuos destas unidades de conservação, sejam elas Parques Nacionais, Estaduais ou Municipais. Para tanto, é necessário destinar uma zona da unidade para receber a estrutura básica de apoio ao visitante. Neste sentido, áreas que já sofreram alterações em sua paisagem devem ser priorizadas na escolha da Zona de Uso Intensivo, evitando, dessa maneira, novas intervenções antrópicas no meio natural.

Atualmente, o descarte de materiais de poda da arborização urbana do município de Varginha é realizado dentro dos limites do Parque São Francisco. Cabe ressaltar que esta atividade é incompatível com os objetivos da unidade. Portanto, recomenda-se que seja suspensa imediatamente, evitando danos mais severos decorrentes da contaminação biológica. Após suspensa as atividades incompatíveis do local, este poderá receber a infraestrutura de apoio ao visitante, conforme será detalhado no Programa de Uso Público deste Plano de Manejo. No total, esta zona compreende 3,5 hectares do Parque São Francisco.

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Normas de Uso

 Poderá ocorrer a recreação intensiva e educação ambiental em harmonia com o meio.

 Poderão ser feitas obras de recuperação e manutenção infraestrutura, de acordo com as normas estabelecidas neste Plano de Manejo.

 As edificações, obras e a instalação de equipamentos de uso público não podem causar grande impacto ao meio ambiente e não podem contaminar os solos e os recursos hídricos.

 As edificações deverão respeitar a fragilidade dos terrenos e devem apresentar harmonia com a paisagem e utilizar tecnologias de economicidade de energia e água.

 Os esgotos deverão ser tratados, preferencialmente com tecnologias alternativas de baixo impacto, e o lixo retirado e levado para local apropriado.

 A utilização desta zona deverá atender ao estudo de capacidade de carga de uso público.

 Esta zona deverá comportar sinalização educativa, interpretativa ou indicativa;

 Na Zona de uso intensivo deverá ser implantada Posto de Vigilância, Centro de Visitantes, Sanitários, Quiosques, Mesas para Pic-Nic, bebedouros e Pias.

 É proibido o uso de buzinas, sons automotivos e quaisquer ruídos sonoros incompatíveis com os fins de conservação da área.

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5.2.4. Zona de Uso Especial

É aquela que contém as áreas necessárias à administração, manutenção e serviços do Parque, abrangendo habitações, oficinas e outros. Estas áreas serão escolhidas e controladas de forma a não conflitarem com seu caráter natural e devem localizar-se, sempre que possível, na periferia do Parque. O objetivo geral de manejo é minimizar o impacto da implantação das estruturas ou os efeitos das obras no ambiente natural ou cultural do Parque.

Justificativa da escolha

A infraestrutura existente no Parque São Francisco inclui uma sede administrativa, localizada próxima à portaria principal, sob as seguintes coordenadas geográficas: 45° 24’ 52”W e 21° 34’ 03”S. Além disso, dentro dos limites da unidade localiza-se um viveiro de mudas, sob as coordenadas geográficas: 45° 24’ 28” W e 21° 34’ 15” S. Somadas, essas duas áreas totalizam 2,3 hectares e possuem um regime específico de funcionamento, por se tratar de locais que a administração do Parque utiliza para desenvolver suas atividades de gestão da unidade.

Normas de Uso

 O estacionamento de veículos nesta zona somente será permitido aos funcionários e prestadores de serviços;  Esta Zona deverá conter locais específicos para a guarda e o depósito dos resíduos sólidos gerados na Unidade, os quais deverão ser removidos para fora da UC tendo como destino aterro sanitário, fora da UC;  Os esgotos deverão ser tratados, preferencialmente com tecnologias alternativas de baixo impacto, e o lixo retirado e levado para local apropriado.

 É proibido o acesso do visitante às estruturas destinadas exclusivamente à administração e ao manejo do parque, sem a autorização prévia. 82

Tabela 11 – Zonas de manejo e suas respectivas extensões territoriais

ZONA EXTENSÃO (ha)

Zona Primitiva 94,4

Zona de Recuperação 46,1

Zona de Uso Intensivo 3,5

Zona de Uso Especial 2,3

Área total do Shape 146,3

Zona de Amortecimento 224

5.2.5. Zona de Amortecimento

A Zona de Amortecimento de uma Unidade de Conservação é a área adjacente imediatamente contígua à seus limites, delimitada especificamente para cada Unidade, no seu Plano de Manejo, onde as atividades humanas estão sujeitas à normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a UC (SNUC,2000).

Considerou-se para o estabelecimento da Zona de Amortecimento do Parque São Francisco um raio a partir do seu limite. Em função da largura média do Parque, optou- se por um raio de 500 metros ao redor da unidade, excluindo-se as áreas já urbanizadas, onde se encontram instaladas indústrias e residências (Figura 24).

Em todas os empreendimentos a serem estabelecidos na Zona de Amortecimento e que necessitam de licenciamento ambiental, de quaisquer natureza, o órgão autorizador ou licenciador deverá ouvir o Conselho Consultivo do Gestão do Parque, antes da emissão de licenças ou autorizações.

Não será permitido o uso de agrotóxicos ou uso do fogo na Zona de Amortecimento do Parque São Francisco.

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PROGRAMAS DE MANEJO

5.3. PROGRAMA DE PROTEÇÃO

Este Programa tem como objetivo garantir a proteção ambiental da área do Parque São Francisco, assegurando a preservação da biota existente no Parque e o desenvolvimento do processo sucessional dos ecossistemas, a segurança dos funcionários, visitantes e pesquisadores a preservação do patrimônio imobiliário e dos equipamentos existentes no Parque.

5.3.1. Subprograma de Proteção contra Incêndios

O Subprograma de proteção contra incêndios tem o objetivo de prevenir a ocorrência de incêndios florestais na área do Parque São Francisco, seja evitando as causas prováveis e mais comuns de ignição dentro da área ou evitando a entrada de fogo das áreas vizinhas para a área interna do Parque.

5.3.1.1. Ações Propostas

 Elaborar e Implementar um Plano Operativo de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais para o Parque São Francisco.  Construção de aceiros em todo o perímetro do Parque e manutenção anual desses aceiros, com controle do crescimento da vegetação (material combustível).  Manutenção das estradas e trilhas internas já existentes na área do Parque, para que venham funcionar como uma rede de aceiros internos, para controle da propagação do fogo e para deslocamento rápido de equipamentos de combate ao fogo.  Aquisição de equipamentos de combate a incêndios, tais como: Ferramentas, enxadas, pás, rastelo, abafadores, chicote de tiras, bombas- 84

costais, motobomba, mangueiras, pinga-fogo, radiocomunicação, máscaras, luvas, etc.  Formação e Treinamento de Brigada de Incêndios.  informar aos visitantes e demais usuários do local sobre a necessidade de proteção dos recursos naturais e instalações do Parque.  recuperação das áreas de cercamento do Parque, evitando a entrada de pessoas por locais diversos das entradas oficiais.  Realizar campanhas educativas sobre os riscos do uso do fogo, com as comunidades vizinhas.  Implantação do ROI (Registro de Ocorrência de Incêndios). Para todos os incêndios florestais que afetarem diretamente a Unidade de Conservação deverão ser registrados em formulário próprio (ROI – ANEXO II), contendo dados como, causa, origem, área queimada, coordenada geográfica, tempo para o primeiro ataque, tempo de combate, número de pessoas e equipamentos envolvidos no combate.  Realização de fiscalização e vigilância em toda a área do Parque, especialmente, nás épocas mais críticas de ocorrência de incêndios.  Retirada de todo o material que vem sendo depositado na área do Parque, tais como: entulhos, restos de podas urbanas. Os restos de podas de árvores urbanas além de aumentar o risco de incêndio pela deposição de material combustível, ainda oferece sério risco de dispersão de espécies exóticas através de sementes e propágulos, que podem apresentar características invasoras, promovendo a contaminação biológica.

5.3.2. Controle de Invasão

O Subprograma de Controle de Invasão tem o objetivo de prevenir a entrada irregular ou a utilização do local para fins diversos daqueles previstos no Sistema Nacional Unidades de Conservação e no Plano de Manejo do Parque São Francisco. Existem vários vestígios no local de entrada de pessoas para utilização de drogas entorpecentes, retirada de madeira e provavelmente caça (Figura 25).

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5.3.2.1. Ações propostas

 Elaborar e Implementar um Plano Operativo de Controle e Fiscalização para o Parque São Francisco.  Recuperação das cercas de divisa do Parque, evitando a entrada de pessoas sem controle da administração do Parque, ficando a entrada restrita às portarias oficiais do Parque São Francisco. As cercas deverão ter passagens para fauna silvestre, nas partes leste, norte e nordeste do Parque.  Desenvolvimento de uma rotina de vigilância e monitoramento das áreas de divisas.  Combater ostensivamente a utilização do Parque São Francisco para consumo de drogas ou outras práticas ilícitas, evitando prejudicar a imagem do Parque, para que não afugentem os visitantes da área.

5.4. PROGRAMA DE PESQUISA E MANEJO DOS RECURSOS

O Programa de Pesquisa e Manejo dos Recursos do Parque São Francisco tem como objetivo proporcionar a geração de informações e conhecimentos sobre o os meios físico, social e biótico da unidade de conservação. Tem ainda o objetivo de propor a criação de um setor de pesquisa no Parque, especialmente voltada para o estudo da biodiversidade em unidades de conservação periurbanas.

O conhecimento sobre o ecossistema local e as espécies que compõem esse ambiente são de grande importância nas tomadas de decisão de manejo em uma unidade de conservação de proteção integral, como é o caso do Parque São Francisco.

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5.4.1. Ações Propostas

 Criação de um “Setor de Pesquisas” ou “Coordenadoria de Pesquisas” no Parque São Francisco, sendo que as pesquisas a serem desenvolvidas no local deverão ser autorizadas por esse setor.

 Buscar parcerias com Instituições de Pesquisas, como as ligadas às Universidades localizadas na região, para avaliação dos pedidos de pesquisa e realização de pesquisas no Parque.

 Desenvolver um Subprograma de Monitoramento da Biodiversidade no Parque São Francisco.

 Desenvolver um Subprograma de controle e erradicação de espécies exóticas e invasoras no Parque São Francisco.

 Desenvolver um Subprograma recuperação de áreas degradadas no Parque São Francisco.

 Criar uma biblioteca para reunir todos os trabalhos de pesquisa desenvolvidos no Parque São Francisco.

 Instalação de uma estação meteorológica no parque, visando auxiliar com dados projetos futuros de pesquisa e monitoramento das condições ambientais, como por exemplo, o risco de incêndio.

 Manter atualizado a avaliação da efetividade de manejo do Parque e o impacto do uso público na unidade.

 Realizar estudo sobre capacidade de carga de visitação ao Parque São Francisco.

 Acompanhar a população das aves chupa-dente (Conopophaga lineata) (Figura 25) e o pixoxó (Sporophila frontalis) (Figura 26), que se encontram ameaçadas de extinção, na categoria vulnerável e que foram identificadas no Parque São Francisco.

 Acompanhar a população das árvores cedro-rosa (cedrela fissilis) e o ipê-preto (Zeyheria tuberculosa) que se encontram ameaçadas de extinção, na categoria

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vulnerável e a canela sassafrás (Ocotea odorífera) e o pinheiro (Araucaria angustifolia) encontram ameaçadas de extinção, na categoria em risco de extinção e que foram identificadas no Parque São Francisco.

 Desenvolver um guia de campo para identificação da fauna do Parque São Francisco.

 Monitorar a predação de animais silvestres por cães do entorno do Parque.

 Desenvolver um estudo fitosociológico da vegetação do Parque, considerando o ciclo sazonal completo.

 Estimular pesquisas que visem conhecer as inter-relações entre a fauna e a flora como, por exemplo, a ação de polinizadores e dispersores na manutenção das espécies vegetais.

 Realizar estudos de identificação de potenciais trilhas terrestres e implicações para a utilização das mesmas (infraestrutura, segurança, capacidade de suporte);

 Monitorar a percepção ambiental dos visitantes do Parque e dos moradores do entorno.

 Monitorar todas as pesquisas realizadas no Parque por meio de software que gere banco de dados georreferenciados.

 Acompanhar a recuperação de habitats após as intervenções para sua recuperação.

 Monitorar a qualidade das águas presentes no Parque e no seu entorno.

 Adquirir “Cameras-Trap” ou armadilhas fotográficas para monitoramento permanente da fauna e da entrada de cães na área.

 Elaborar um formulário a ser preenchido pelos pesquisadores ao final de cada trabalho desenvolvido no Parque, contendo os resultados da pesquisa e sugestões para o manejo da área, em função de suas observações. Além, de exigir de cada pesquisador cópia de todos as publicações decorrentes de dados levantados no interior do Parque, para compor o acervo da unidade.

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 Identificar, priorizar e incentivar novas linhas de pesquisa orientadas para o manejo do Parque São Francisco

 Promover seminários e incentivar periodicamente o “Encontro de Pesquisadores do Parque São Francisco”, para identificar novas linhas de pesquisa e monitorar as ações e resultados de pesquisas realizadas na unidade de conservação.

 Estabelecer anualmente a lista de pesquisas prioritárias para o Parque.

(Foto: MELLO, 2012) Figura 31 - chupa-dente (Conopophaga lineata).

(Foto: Cristiano Voitina, 2013) Figura 32 - Pixoxó (Sporophila frontalis)

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5.5. PROGRAMA DE USO PÚBLICO

O Programa de Uso Público visa, entre outros objetivos, favorecer a aproximação entre a unidade de conservação e a população local e regional, por meio de atividades que estimulem a educação e interpretação ambiental e o ecoturismo. Contudo, ressalta-se a necessidade de ordenar as atividades de uso público, evitando ou mitigando os impactos negativos, presentes ou potenciais, decorrentes do uso da área. Assim, também torna-se necessário elencar ações de manejo com o intuito de controlar os efeitos negativos sobre o ambiente.

6.3.1. Subprograma de Educação Ambiental

Este subprograma tem como objetivo primordial estabelecer diretrizes e estratégias capazes de fomentar atividades de educação ambiental, buscando envolver diversos atores neste processo, tais como moradores do entorno, escolas e universidades da região, além de outras instituições interessadas.

6.3.1.1. Ações propostas

 Realizar campanhas educativas regulares no município de Varginha, buscando favorecer o entendimento e a apropriação da unidade pela população.  Estabelecer parcerias com escolas e outras instituições de ensino para o desenvolvimento de atividades na área do Parque.  Produzir materiais impressos, tais como cartilhas, panfletos e cartazes, voltados à conscientização da população acerca de questões ambientais e da conservação do Parque São Francisco.  Elaborar projetos de políticas públicas de meio ambiente e educação para captar recursos.  Promover reuniões periódicas (trimestrais, semestrais ou anuais) abertas à população do entorno para compartilhar os avanços e desafios na gestão da unidade.

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 Instituir um Conselho Consultivo com representantes de diversos setores da sociedade, incluindo ONGs, empresas, prefeitura, moradores do entorno e outros interessados.  Promover cursos e oficinas de capacitação em educação e interpretação ambiental para professores da rede pública e privada de ensino.  Criar um programa de estágio para estudantes da UNIFAL, em seus diversos campi.

6.3.2. Subprograma de Ecoturismo

Este subprograma busca proporcionar as condições adequadas para a realização do ecoturismo na área do Parque, de modo a permitir que o visitante tenha a oportunidade de interagir de forma mais próxima com os recursos naturais, ao mesmo tempo em que visa garantir a integridade destes recursos.

6.3.2.1. Ações propostas

 Elaborar e aplicar questionário semiestruturado com o objetivo de levantar o perfil do visitante, suas expectativas e percepções acerca de sua experiência no Parque.  Planejar e implantar trilhas interpretativas em locais apropriados, destinados aos diferentes perfis de visitantes.  Realizar estudos técnicos de capacidade de carga antrópica para as trilhas abertas ao público.  Estabelecer e monitorar indicadores da qualidade do ambiente, sobretudo nos percursos onde se desenvolvem atividades frequentes, sejam elas realizadas por pesquisadores, visitantes ou mesmo por funcionários.  Implementar e/ou reformar a infraestrutura básica de apoio ao uso público: portaria; centro de visitantes, lanchonete, sanitários e bebedouros, que devem estar localizados na Zona de Uso Intensivo.  Construir um mirante com visão panorâmica da área do Parque, localizado aproximadamente sob as seguintes coordenadas geográficas: 21° 34' 29" S e 45° 23' 58" O. 91

5.6. PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO

O Programa de Administração do Parque São Francisco visa apresentar propostas para garantir o funcionamento da Unidade e apresentar uma efetividade satisfatória de manejo, no que se refere a recursos humanos, recursos financeiros, infraestrutura, equipamentos e gerenciamento da área e monitoramento das atividades de manejo do Parque.

5.6.1. Ações Propostas

 Dotar o Parque São Francisco de Estrutura Administrativa para garantir a implementação deste Plano.

 Capacitar os funcionários que atualmente desenvolvem atividades no Parque sobre Manejo de Áreas Protegidas.

 Adequar os usos atuais do Parque aos objetivos previstos no Sistema Nacional de Áreas Protegidas para a Unidade de Conservação de Proteção Integral, categoria Parque.

 Estabelecer rotinas operacionais de manejo da área e de administração da área.

 Implantar sistema de monitoramento das atividades operacionais

 Avaliar anualmente a Efetividade de Manejo do Parque

 Capacitar anualmente os membros do Conselho Consultivo de Gestão do Parque

 Reunir o Conselho Consultivo de Gestão do Parque pelo menos duas vezes a cada semestre para avaliar a gestão e propor novas medidas de acordo este Plano de Manejo

92

 Manter atualizado o cadastro do Parque junto a SEMAD/MG, atuando de acordo com os critérios do Fator de Qualidade do ICMS Ecológico, visando aumentar a cada ano a arrecadação do Município, no critério Unidade de Conservação

 Buscar Editais de Financiamento de Projetos Ambientais para investimentos no Parque São Francisco

 Elaborar Programa de Comunicação da Unidade, visando melhorar a imagem do Parque

 Desenvolver Projetos de implantação de infraestrutura e identificar fontes de financiamento para sua implantação

 Rever os instrumentos legais atuais e propor novo Projeto de Lei à Câmara Municipal adequando ao nome correto, previsto no SNUC. Mudando o nome de Parque Florestal Municipal São Francisco de Assis (Lei Nº 1316/1982) para Parque Natural Municipal São Francisco de Assis. Da mesma forma, propor a alterar o nome e a composição do Conselho de Gestão, mudando de Conselho do Parque São Francisco (LEI Nº 5.166/2010) para Conselho Consultivo de Gestão do Parque Natural Municipal São Francisco de Assis.

 Promover a cooperação interinstitucional para a implementação dos Programas de Manejo do Parque São Francisco

 Realizar treinamento e capacitação continuada do pessoal que atuará no Parque para Atendimento ao Público (comunicação e prestação de informações); Manejo de Visitação; Monitoramento do Uso Público; Manutenção da Infraestrutura; Manejo e Manutenção de Trilhas; Monitoramento Ambiental.

 Prover o Parque de materiais de expediente necessários à execução das atividades gerenciais e administrativas.

 Monitorar o estado de conservação das estruturas do Parque como construções, mobiliários e cercamento do Parque.

93

 Desenvolver Site e Perfil em rede social do Parque, visando disponibilizar informações e promover a interação com a comunidade.

 Elaborar anualmente o Planejamento Orçamentário do Parque.

 Desenvolver marca visual do Parque e confeccionar uniforme para todos os servidores.

 Realizar a cada 05 anos a revisão desse Plano de Manejo.

94

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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101

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102

ANEXO I – FORMULÁRIO DE ENTREVISTA COM MORADORES DO ENTORNO DO PARQUE SÃO FRANCISCO, VARGINHA-MG

103

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL LABORATÓRIO DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA

PERCEPÇÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO PELA POPULAÇÃO DO ENTORNO

1. O senhor conhece a área? Já visitou? Com que frequência visita? 2. O senhor sabe a quem pertence a área do parque? 3. O senhor tem conhecimento sobre o objetivo desta área? 4. Qual importância o senhor vê para esta área? 5. O senhor acredita ser importante preservar esta área? 6. Caso houvesse infraestrutura adequada (trilhas para lazer, sinalização, centro de informações, funcionários etc.), o senhor visitaria o local regularmente? 7. Quais os principais problemas o senhor identifica na área (ex.: segurança, infraestrutura, desconhecimento da área, etc.)? 8. Que tipo de pressões e ameaças esta área sofre (ex.: espécies invasoras, caça, desmatamento, incêndios, conflitos sociais etc.)? 9. O senhor já visualizou algum animal na área do parque ou próximo a ele? Quais? 10. O senhor sabe de relatos da existência de animais nesta área? Quais?

104

ANEXO II

ROI - REGISTRO DE OCORRÊNCIA DE INCÊNDIOS FLORESTAIS NO PARQUE SÃO FRANCISCO, VARGINHA-MG

105

PARQUE NATURAL MUNICIPAL SÃO FRANCISCO DE ASSIS REGISTRO DE OCORRÊNCIA DE INCÊNDIO

Número do ROI: ______Data: ______

II. Localização do incêndio

Dentro do Parque ____ Zona Primitiva ____ Zona de Recuperação

____ Zona de Uso Intensivo ____ Zona de Uso Especial

Fora do parque ____ Zona de Amortecimento

I. Dados do Incêndio Data da Ocorrência:

Causa Provável:

Agente detector do incêndio:

Horário de detecção:

Horário de Início do combate:

Número de pessoas envolvidas

no combate:

Equipamentos utilizados no

Combate:

Horário de extinção:

Danos observados:

Observações:

Responsável pela Informação:

106

ANEXO III

LEGISLAÇÕES DO MUNICÍPIO DE VARGINHA ALUSIVAS AO PARQUE SÃO FRANCISCO

107

108

109

110

111

112

113

ANEXO IV REGISTROS FOGRÁFICOS FEITOS DURANTE A PRIMEIRA CAMPANHA DE CAMPO

(14 A 17 DE OUTUBRO DE 2014)

114

A - Portaria do Parque São Francisco. B - Uma das estradas da Unidade de Conservação. C - Stand de tiro desativado. D - Pátio para depósito dos resíduos da poda das árvores da arborização da cidade.

115

E - Fachada da sede do Parque São Francisco. F - Salão principal da sede. G - Almoxarifado da sede. H - Cantina da sede.

116

I - Curso d’água da porção norte do parque. J - trecho onde a trilha cruza o curso d’água da porção norte do parque. K - Curso d’água da porção sul do parque. L - Captação de água para abastecimento do viveiro de mudas no curso d’água da porção sul do parque.

117

M, N, O e P - Trechos de vegetação queimada com regeneração de brachiaria e outros capins exóticos.

118

Q - Barramento do curso d’água (norte) pela estrada, o local é conhecido pelos funcionários do parque pelo nome de açude. R - Região de brejo sujeito a alagamento na época chuvosa, represa intermitente. S - Vista panorâmica do trecho de mata com mais avançado estágio sucessional. T - Área em espera destinada ao plantio de mudas nativas, solo temporariamente desprotegido sujeito à erosão hídrica. 119

U - Vestígio da extração da casca da copaíba ou pau-d’óleo (Copaifera langsdorffii). V - Curso d’água, logo após o barramento feito para a construção da estrada, sem proteção de mata ciliar. W – Proliferação indesejada de taquaras. X - Fezes de equino em uma das estradas comprovando a presença ou passagem de animais domésticos dentro do parque.

120