BIBLIOTECA DIGITAL DE TESES E DISSERTAÇÕES UNESP

RESSALVA

Alertamos para a ausência das fig. 1 e 2, não enviadas pelo autor no arquivo original.

Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Gerbi – SP ______

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Instituto de Geociências e Ciências Exatas Campus Rio Claro

“IDENTIFICAÇÃO E MAPEAMENTO DE CAVAS E PILHAS DE BOTA- FORA DE MINERAÇÃO COMO UNIDADE GEOLÓGICO-GEOTÉCNICA NO MUNICÍPIO DE – SP”

Luciano Willen Candido

Orientador: Prof. Dr. José Eduardo Zaine

Dissertação de Mestrado elaborada junto ao Curso de Pós-Graduação em Geociências – Área de Concentração em Geociências e Meio Ambiente para a obtenção do Título de Mestre em Geociências.

Rio Claro (SP) 2004 1 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

624.151 Candido, Luciano Willen C217r Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no município de Estiva Gerbi - SP / Luciano Willen Candido. – Rio Claro : [s.n.], 2004 68 f. : il., tabs., fots., mapas

Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Instituto de Geociências e Ciências Exatas Orientador: José Eduardo Zaine

1. Geologia de engenharia. 2. Mapeamento geológico- geotécnico. 3. Áreas modificadas. 4. Alterações ambientais. 5. Mineração. I. Titulo. Ficha Catalográfica elaborada pela STATI – Biblioteca da UNESP Campus de Rio Claro/SP

2 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Dr. José Eduardo Zaine (Orientador)

Prof. Dr. José Cândido Stevaux

Prof. Dr. Antonio Roberto Saad

Rio Claro, 19 de Novembro de 2004

3 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

Aos meus pais, João e Alice

e a minha mulher Telma

4 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

AGRADECIMENTOS

Primeiramente Deus, por me conceder a graça de estar vivo. Ao Prof. Dr. José Eduardo Zaine, por sua amizade, constante estímulo e contribuição como orientador. Às Prefeituras Municipais de Estiva Gerbi e Mogi Guaçu, pelo apoio e fornecimento de material para a pesquisa. Ao CNPQ, pelo auxílio à pesquisa e suporte financeiro para este trabalho. Aos professores, Dra. Paulina Setti Riedel e Dr. Leandro Cerri pelas sugestões e correções realizadas no exame de qualificação. Aos amigos Artur e Norton pelo grande apoio, pousada e companheirismo. Aos grandes amigos Rogério Porcinio de Souza, Adelson Andrei de Campos e Marcelo Luiz Messias, pelo grande carinho e apoio; A Haroldo do IPT, pelo apoio e fornecimento das fotografias aéreas. A Tânia e Armando pela amizade e apoio nas horas difíceis. A Telma, amiga e companheira de todas as horas, pelo grande amor e incentivo na realização deste trabalho. Aos meus pais João e Alice, e meus irmãos Lessandro e Léo pelo amor, carinho e apoio dados durante todos os anos de minha vida.

5 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

SUMÁRIO

ÌNDICE...... i

ÍNDICE DE FIGURAS ...... iii

ÍNDICE DE FOTOS...... iii

ÌNDICE DE TABELAS ...... iv

ÍNDICE DE APÊNDICES ...... v

RELAÇÕES DE SIGLAS ...... vi

RESUMO ...... vii

ABSTRACT ...... viii

CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO...... 1

CAPÍTULO II. MÉTODO E ETAPAS DE TRABALHO...... 3

CAPÍTULO III. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...... 10

CAPÍTULO IV. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO...... 30

CAPÍTULO V. APRESENTAÇÃO E ANÁLISES DOS RESULTADOS ...... 44

CAPÍTULO VI. CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES ...... 63

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 66

6 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

ÍNDICE

I INTRODUÇÃO...... 1 1.1 Importância do tema...... 2 1.2 Objetivo...... 2

II MÉTODO E ETAPAS DE TRABALHO...... 3

2.1Fundamentos Metodológicos...... 3 2.2 Método de Trabalho ...... 4 2.3 Materiais utilizados e procedimentos ...... 4 2.3.1 Fontes bibliográficas ...... 5 2.3.2 Material cartográfico utilizado ...... 6 2.4 Etapas de Trabalho ...... 6 2.4.1 Revisão bibliográfica...... 6 2.4.2 fotointerpretação...... 7 2.4.3 Trabalho de Campo ...... 7 2.4.4 Elaboração do mapa geológico-geotécnico ...... 8 2.4.5 descrição e classificação de áreas modificadas ...... 9 2.4.6 interação, análise e interpretação dos dados e considerações finais...... 9

III REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...... 10 3.1 Principais metodologias utilizadas na confecção de cartas e/ou mapas geotécnicos ...... 10 3.1.1 Principais metodologias internacionais ...... 10 3.1.2 Principais metodologias brasileiras ...... 12 3.1.2.1 Metodologia utilizada na UNESP/Rio Claro ...... 13 3.1.3 Análise Comparativa entre os Metodologia do IPT, EESC/USP e UNESP/RC .....15 3.2 Alterações e impactos ambientais ...... 18 3.2.1 Impactos decorrentes de atividades do meio ...... 20 3.2.1.1 Atividades de Mineração ...... 20 3.2.1.2 Atividades Agropecuárias ...... 22 3.2.1.3 Urbanização...... 22 3.2.1.4 Deposição de resíduos urbanos ...... 24 3.2.1.5 Industrias ...... 25 7 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______3.3 Definições para depósitos tecnogênicos...... 26 IV CARACTERACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO...... 29 4.1 Localização e vias de acesso ...... 29 4.2 Aspectos históricos...... 29 4.3 Aspectos climáticos...... 31 4.4 Hidrografia ...... 31 4.5 Aspectos geomorfológicos ...... 33 4.6 Aspectos geológicos ...... 34 4.6.1 Rochas Cristalinas ...... 34 4.6.2 Grupo Tubarão...... 36 4.6.3 Grupo Itararé ...... 36 4.6.4 Formação Aquidauana...... 38 4.6.5 Formação Tatuí...... 39 4.6.6 Sedimentos Cenozóicos...... 40 4.6.7 Rochas Intrusivas...... 41 4.7 geologia local ...... 42 V APRESENTAÇÃO E ANÁLISES DOS RESULTADOS ...... 43 5.1 Mapa geológico-geotécnico...... 44 5.1.1 Unidade I: solo areno-argiloso em relevo de média vertente da Formação Aquidauana ...... 44 5.1.2 Unidade II: solo argiloso em situação de baixa vertente da Formação Aquidauana46 5.1.3 Unidade III: Solo coluvionar em situação de meia encosta de cobertura cenozóica indiferenciada ...... 47 5.1.4 Unidade IV: solo residual de topo de colinas amplas de cobertura cenozóica indiferenciada ...... 50 5.1.5 Unidade V: solo aluvionar de planície de inundação ...... 51 5.1.6 Unidade VI: área modificada pela atividade de mineração...... 53

VI CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES...... 61 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 64

8 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 01: Fluxograma de elaboração de um projeto de pesquisa condicionado pelos recursos disponíveis ( ANDREW & HIDELBRAND, 1982) ...... 3

FIGURA 02: Fluxograma da seqüência das etapas de trabalho...... 5 FIGURA 03: Mapa de localização do município de Estiva Gerbi ...... 30 FIGURA 04: Mapa geológico regional...... 35

FIGURA 05: Coluna estratigráfica representativa da unidade V (ponto EG 57)...... 53 FIGURA 06: Esquema de estudos posteriores para caracterização da área em escala de detalhe ....63

ÍNDICE DE FOTOS

FOTO 01: Córrego dos Ypês...... 32

FOTO 02: Córrego Anhumas...... 33

FOTO 03: Perfil de solo característico da unidade I...... 45

FOTO 04: Detalhe da foto anterior...... 45

FOTO 05: lamitos da unidade II...... 46 FOTO 06: Contato geológico entre as unidades II e III...... 47 FOTO 07: vista geral da Unidade III...... 48 FOTO 08: Espessura de material inconsolidado...... 48 FOTO 09: Detalhe da interface de material inconsolidado e substrato...... 49 FOTO 10: linha de seixos...... 49 FOTO 11: : Processos erosivos instalados na unidade III...... 50 FOTO 12: Unidade IV...... 51 FOTO 13: Erosão e lixo...... 52 FOTO 14: Planície aluvionar...... 52 FOTO 15: Trincas em construção...... 54 FOTO 16: Depósito de assoreamento...... 54 FOTO 17: Cavas abandonadas nas proximidades da área urbana...... 56 FOTO 18: Perfil de solo da Unidade VI...... 59 FOTO 19: Depósito construído do tipo espólico...... 59 FOTO 20: Depósito construído do tipo espólico...... 60 FOTO 21: Catadores e proliferação de urubus...... 61 9 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

ÍNDICE DE TABELAS

TABELA 01: Roteiro de trabalho (SANTOS, 2002)...... 4

TABELA 02: Algumas metodologias internacionais de cartografia geotécnica (ZAINE, 1997): .11

TABELA 03: Síntese das etapas do método do detalhamento progressivo (ZAINE, 2000): ...... 14

TABELA 04: : Comparação entre as principais metodologias utilizadas no Brasil...... 17

TABELA 05: - Diferentes tipos de impactos ambientais de acordo com Deliberação CECA nº 1078 de 25/junho/1987 (RJ)...... 19

TABELA 06:. Formas de mineração e impactos decorrentes no município de – SP (IG in Collares 2000) ...... 21

TABELA 07: Alterações físicas e químicas decorrentes de intervenções antrópicas sobre o meio físico (FAO in COLLARES, 2000)...... 23

TABELA 08: Problemas gerados devido à disposição inadequada de resíduos (CUNHA & CONSONI in COLLARES, 2000)...... 25

TABELA 09: Divisão proposta para o Quartenário, englobando-se o tecnógeno (PELOGGIA, 1999...... 26

TABELA 10: Classificação dos depósitos segundo Oliveira apud Peloggia (1998)...... 26

TABELA 11: : Classificação de camadas tecnogênicas segundo Flanning & Flanning (1989 apud PELLOGIA, 1998)...... 27 TABELA 12: Descrição das áreas de mineração de acordo com o apêndice 3...... 58

ÍNDICE DE APÊNDICES

APÊNDICE 1: Mapa de pontos 1:50.000

APÊNDICE 2: Mapa geológico-geotécnico 1:25.000

APÊNDICE 3: figuras de detalhes da unidade VI.

10 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

RELAÇÕES DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

ABGE – Associação Brasileira de Geologia de Engenharia ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas N.A. – Nível d’água subterrâneo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas IG – Instituto Geológico

11 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

RESUMO

A pesquisa tem como tema central o reconhecimento de áreas modificadas pela atividade de mineração como uma unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi (SP). As últimas décadas têm sido marcadas por grandes mudanças tecnológicas, pelo aumento da população e o decorrente aumento das cidades, tendo como reflexo a conseqüente elevação do consumo dos recursos naturais. Este estudo caracterizou cavas e pilhas de bota- fora, geradas pela atividade extração de argila para a indústria cerâmica, como modificadoras das características geológico-geotécnicas naturais dos terrenos. Para atingir o objetivo deste estudo foi realizado um mapeamento do Município de Estiva Gerbi onde a área de estudo foi dividida em 6 unidades geológico-geotécnicas: Unidade I - solos areno-argilosos, em relevo de média vertente da Formação Aquidauana; Unidade II - solos argilosos, em situação de baixa vertente da Formação Aquidauana; Unidade III - solo coluvionar, em situação de meia encosta de cobertura cenozóica indiferenciada; Unidade IV - solo residual, de topo de colinas amplas de cobertura cenozóica indiferenciada; Unidade V - solo aluvionar, de planície de inundação, e Unidade VI - áreas modificadas, onde foram agrupadas as áreas oriundas da atividade de mineração, individualizadas como uma unidade geológico-geotécnica específica. A pesquisa comprovou que as cavas e pilhas de bota-fora e sua área de influência possuem características particulares em relação às outras unidades. Através de observações de campo conclui-se que as principais alterações ambientais desta unidade são: a mudança no perfil de solo, a declividade do terreno, alterações no nível de água subterrâneo, a formação de lagos, as condições de permeabilidade, a aceleração de processos erosivos e a disposição de lixo. De acordo com a literatura específica sobre depósitos tecnogênicos, as pilhas de bota-fora são classificadas como camada construída do tipo espólico.

PALAVRAS CHAVE: mapeamento geológico-geotécnico, Estiva Gerbi (SP), áreas modificadas, alterações ambientais, mineração.

12 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

ABSTRACT

The research main issue is the recognition of areas modified by mining activity as a geological-geotechnical unit in the Municipality of Estiva Gerbi (State of ). The last decades have been marked by great technological changes, population boost and the resulting enlargement of cities caused the elevation of natural resources consume. This study characterized furrows and putting out piles, generated by the activity of clay extraction to the ceramic industry as modifiers of geological-geotechnical natural aspects of the soil. To achieve the aim of this study, the Municipality of Estiva Gerbi was mapped and the study area was divided in 6 geological geotechnical units. Unit I sand-clay soils on a mid hogback relief of “Aquidauana Formation”; Unit II – clay soils, on a low hogback situation of “Aquidauana Formation”; Unit III – adjacent to river soil on a mid cliff of surface finish; Unit IV – residual soil, on the top of wide hills with Cenozoic undistinguished surface finish; Unit V – river soil, on flooding plains and Unit VI – modified areas, where the areas deriving from mining activity where grouped, individualized as a specific geological-geotechnical unit. The researched proved that furrows and putting out piles and its influence area has particular characteristics comparing to other units. Through field observations, it was concluded that the main environmental alterations of this unit are: the modification of the soil profile, the declivity of the terrain, subterranean water level alterations, the formation of lakes, the conditions of permeability, the acceleration of erosive processes and the disposal of refuse. According to specific literature about technogenical deposits, the putting out piles are classified as a built layer of spolic type.

KEYWORDS: geological-geotechnical mapping, Estiva Gerbi (SP), modified areas, environmental changes, mining.

13 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

I. INTRODUÇÃO

As últimas décadas têm sido marcadas por grandes mudanças tecnológicas no âmbito social, tecnológico, econômico e ambiental. Um dos grandes fatores que tem contribuído para esse desequilíbrio é, sem dúvida nenhuma, o crescimento da população e o decorrente aumento das cidades, tendo como reflexo, a conseqüente elevação do consumo dos recursos naturais. O Município de Estiva Gerbi (SP), antigo Distrito de Mogi-Guaçu, foi emancipado em 19 de maio de 1992 e tem hoje um grande potencial de crescimento. A expansão urbana e o estabelecimento de novos empreendimentos, principalmente os industriais, requerem ações de planejamento. A cada dia aumentam o número de pessoas, o espaço ocupado e as necessidades de recursos naturais, em conseqüência do crescimento acelerado dos municípios. O aparecimento de problemas ambientais está relacionado à má gestão e à falta de um planejamento adequado do crescimento urbano das cidades. O desenvolvimento de um município necessita de uma política ambiental que contemple, para intervenções e obras potencialmente impactantes, a realização de estudos de viabilidade e de avaliação de possíveis impactos ambientais. Dentre os estudos do meio ambiente, está o mapeamento geológico-geotécnico, com investigações e análises necessárias para a caracterização do meio físico. O método do detalhamento progressivo, proposto por Cerri et al. (1996) e aplicado por Zaine (2000) no Município de Rio Claro, apresenta-se como uma alternativa aos estudos geológico-geotécnicos, tendo como objetivo principal a produção de instrumentos adequados para a gestão e o planejamento urbanos, diante das necessidades de seus principais usuários. Estudos geológicos e geomorfológicos são fundamentais para uma melhor caracterização das diferentes unidades do meio físico, e a análise conjunta permite a definição de unidades que compõem o mapa geológico-geotécnico elaborado na 1ª etapa do método do detalhamento progressivo de Zaine (2000). Seguindo esse raciocínio, Santos (2002) considera que o trabalho deve ser separado em etapas, para uma melhor organização frente a um determinado problema, cada qual com seu objetivo e os principais cuidados que se deve tomar em cada etapa de trabalho. 14 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______A pesquisa proposta prevê, a partir de um levantamento geológico-geotécnico, aplicando a primeira etapa do detalhamento Progressivo, o cadastro e cartografia das unidades geológico-geotécnicas e a identificação de áreas modificadas por fatores antrópicos no Município de Estiva Gerbi, classificando-as como uma unidade geológico-geotécnica.

1.1 – Importância do tema

As cidades que cresceram devido às atividades de mineração, necessitam de estudos detalhados para que possa ocorrer um crescimento sustentável. Muitas vezes, tal atividade deixa marcas que, provavelmente, se transformarão em obstáculos para o crescimento almejado. Pretende-se, então, com a aplicação do método do detalhamento progressivo no Município de Estiva Gerbi, gerar um mapa geológico-geotécnico com indicativos de áreas para estudos posteriores de semidetalhe e detalhe; indicar os impactos ambientais relacionados e delimitar zonas modificadas pela mineração, contribuindo, assim, para um melhor desenvolvimento do município. Assim, duas questões podem ser colocadas: • É possível identificar e individualizar áreas modificadas pela atividade de mineração e classificá-las como unidade geológico-geotécnica? • Município pequeno e novo, como Estiva Gerbi pode, com base na caracterização do meio físico e dos processos da dinâmica natural e da dinâmica induzida pela ação antrópica, orientar medidas corretivas simples e adotar medidas preventivas?

1.2 Objetivo

O objetivo deste estudo foi, a partir de um mapeamento geológico-geotécnico do Município de Estiva Gerbi (SP), identificar, descrever e cartografar áreas de cavas e pilhas de bota-fora, oriundas da atividade de mineração, individualizando-as como uma unidade geológico-geotécnica específica.

15 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

II. MÉTODO E ETAPAS DE TRABALHO

Neste capítulo é apresentada a base teórica utilizada para a estruturação desta pesquisa e são descritas as diferentes etapas de trabalho realizadas para se buscar uma melhor forma de investigação, análise e interpretação das características do meio físico (natural e modificado) do Município de Estiva Gerbi (SP).

2.1 Fundamentos metodológicos

Para o desenvolvimento desta pesquisa, foi necessário uma organização e um método aplicado. Andrew & Hildebrand (1982), através de um diagrama em forma de cone, procuraram demonstrar a estruturação e o fluxo seguido pela pesquisa.

ASSUNTO

SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA

PROBLEMA PESQUISÁVEL

PREMISSAS/HIPÓTESES

OBJETIVOS

RECURSOS DISPONÍVEIS

PLANO DE TRABALHO

Figura 1: Fluxograma de elaboração de um projeto de pesquisa condicionado pelos recursos disponíveis ( ANDREW & HIDELBRAND, 1982).

Este fluxograma mostra que os recursos disponíveis são um fator limitante e determinante para se dimensionar uma pesquisa, entendendo-se que recursos disponíveis não dizem respeito somente a recursos financeiros, mas também a recursos humanos, laboratoriais e de capacitação técnica, entre outros.

16 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______Santos (2002) indica um roteiro de trabalho, o qual é seguido nesta pesquisa, no qual organiza e expõe as diversas etapas de trabalho frente a um determinado problema, contendo os objetivos e os principais cuidados que se deve tomar em cada etapa (Tabela 1):

Tabela 1: Roteiro de trabalho (SANTOS, 2002).

FASES DO OBJETIVO PRINCIPAIS CUIDADOS TRABALHO - Recolhimento de todos os registros -Identificação preliminar dos problemas bibliográficos e técnicos e de testemunho de potenciais ou ocorridos. Circunscrição do pessoal local. -Enquadramento geológico-geomorfológico do problema local. - Caracterização das feições e dos processos - Delimitação e caracterização da área de trabalho geológicos geomorfológicos naturais locais e regionais presentes - Pesquisa de situações semelhantes, - Caracterização dos parâmetros geológicos e especialmente na região. geotécnicos necessários ao entendimento dos Análise e Diagnóstico - Identificação dos processos geológicos e fenômenos envolvidos dos Fenômenos geotécnicos originalmente presentes. - Diagnóstico final e descrição qualitativa e Presentes - Adoção de hipóteses fenomenológicas quantitativa dos fenômenos implicados nas inter- progressivas e esforço investigativo e relações solicitações/meio físico. observativo para sua aferição. - Zelo especial pela perfeita aderência Formulação de - Apoiar a engenharia na formulação das soluções solução/fenômeno. soluções adequadas Busca do barateamento da solução encontrada. - Garantir a correta execução dos trabalhos e Acompanhamento da - Zelo para que a solução implantada cumpra propor ajustamentos técnicos eventualmente implantação perfeitamente as funções desejadas necessários - Selecionar os indicadores de desempenho, Monitoramento do - Acompanhar o desempenho da solução instalar eventual instrumentação e programar desempenho implantada sua observação qualitativa ao longo do tempo.

2.2 Método de trabalho

A fundamentação metodológica desta dissertação foi baseada na etapas 1 (Circunscrição do problema) e 2 (Análise e Diagnóstico dos Fenômenos Presentes) das hipóteses progressivas de Santos, 2002 (Tabela 1). O método, especificamente adotado, parte das etapas tradicionais do mapeamento geológico-geotécnico, ou seja, revisão bibliográfica, fotointerpretação e trabalho de campo e integração das informações geológicas, geomorfológicas e pedológicas para a sua elaboração. A partir deste estágio foram plotadas as áreas de mineração e analisadas as principais alterações, definindo-se assim as unidades modificadas. A seqüência de etapas desta pesquisa é apresentada no fluxograma da Figura 2.

17 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

2.3 Materiais utilizados e procedimentos

Neste item são descritos os materiais e equipamentos utilizados, assim como os procedimentos seguidos para a melhor conclusão da pesquisa.

ETAPA 1: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

ETAPA 2: FOTOINTERPRETAÇÃO

ETAPA 3: TRABALHO DE CAMPO

ETAPA 4: ELABORAÇÃO DE MAPA GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO ( Integração das informações geológicas, geomorfológicas e do perfil de solo)

ETAPA 5: DESCRIÇÃO E MAPEAMENTO DE ÁREAS MODIFICADAS PELA ATIVIDADE DE MINERAÇÃO

ETAPA 6: ANÁLISE DOS DADOS E CONCLUSÕES

Figura 2: Fluxograma da seqüência das etapas de trabalho.

2.3.1 Fontes bibliográficas

Para o desenvolvimento da revisão bibliográfica, na busca de trabalhos clássicos referentes ao tema e das principais metodologias sobre mapeamento cartográfico geotécnico

18 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______no Brasil, a principal fonte de pesquisa foram as bibliotecas do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de Rio Claro; do Departamento de Geotecnia da Escola de Engenharia de São Carlos/USP – EESC/USP, da Divisão de Geologia do IPT, e da Faculdade de Engenharia Ambiental “Franco Montoro” de Mogi-Guaçu (SP). Assim, os métodos empregados nessa pesquisa foram fundamentados nas metodologias utilizadas tanto pelo EESC/USP como pelo IPT, além do Detalhamento Progressivo proposto por Cerri et al. (1996) e aplicado por Zaine (2000).

2.3.2 Material cartográfico utilizado

Para a elaboração do mapa geológico-geotécnico, foi preciso utilização de mapas topográficos em verias escalas, além de mapas temáticos, como o geológico e o geomorfológico, tanto para atualização das estradas como para a posterior cruzamento das informações entre eles, Assim utilizou-se as seguintes folhas: Folhas topográficas 1:50.000 IBGE (1972) • Folha topográfica Mogi-Guaçu SF – 23 – Y – A – III – 3 • Folha topográfica Aguaí SF – 23 – Y – A – III – 1 Folhas topográficas 1:10.000 (IGC, 1979) 1. (060/101) – Rio Oriçanga SF – 23 – Y – A – III – 1 – SO – F 2. (061/101) – Ribeirão Anhumas SF – 23 – Y – A – III – 3 – NO – B 3. (061/100) – Estiva SF – 23 – Y – A – III – 3 – NO – A 4. (060/100) – Bairro Itaqui SF – 23 – Y – A – III – 1 – SO – E • Mapa Geológico do Estado de São Paulo 1:500.000 (IPT 1981) • Mapa Geomorfológico do Estado de São Paulo 1:500.000 (IPT 1981) • Mapa geológico Folha Campinas 1:250.000, Projeto Sapucaí (1979)

2.4 Etapas de trabalho Das etapas de trabalho seguiram um cronograma pré-definido levando em consideração a melhor maneira para se desenvolver a pesquisa.

2.4.1 Revisão bibliográfica

19 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______Esta etapa consistiu na busca de fundamentação teórica para a realização da pesquisa, a partir de consulta a vários trabalhos relacionados a mapeamento geológico-geotécnico e foi realizada uma comparação entre eles. Foram também consultados trabalhos relacionados a meios impactados e camadas formadas por ação antrópica.

2.4.2 Fotointerpretação

Para a fotointerpretação seguiu-se a sistemática proposta por Soares & Fiori (1976). Esta etapa foi dividida em fotointerpretação preliminar e a fotointerpretação definitiva. Na foto interpretação preliminar, as fotos foram separadas em zonas homólogas, com base para a definição na análise de relevo e drenagem, adotando-se os seguintes critérios: diferentes densidades de drenagem e relevo, formas de topo e encosta, assimetria de relevo, amplitude e tonalidade. Dessa maneira, a fotointerpretação preliminar permitiu orientar os trabalhos de campo. Com as informações de campo foi possível realizar a fotointerpretação definitiva de onde delimitou-se as unidades de relevo com base nas rupturas de declive e controle de campo, para a elaboração do mapa geológico-geotécnico. Nessa etapa foi utilizado um jogo de aerofotos na escala 1:25.000 (IBC-GERCA, datadas de 1972), obtidas junto à Prefeitura Municipal de Mogi-Guaçu-SP e na Divisão de Geologia do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT S.A. e um jogo de aerofotos coloridas, ampliadas para a escala 1:10.000 (AERO-DATABASE S/A e datadas de 2000), fornecidas pela Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Estiva Gerbi.

2.4.3 Trabalho de campo

O trabalho de campo contou com o apoio da Prefeitura Municipal de Estiva Gerbi e foi realizado seguindo os critérios do método do detalhamento progressivo numa densidade de pontos de 1,23 pontos por km2, observando-se e anotando características relacionadas ao solo, tais como: cor, espessura, geometria, granulometria, substrato rochoso e, quando possível, as estruturas existentes, observação da existência ou não de cisternas para tomada de nível d’água, constituição do acervo fotográfico da pesquisa, tomadas dos pontos com GPS para confecção do mapa de pontos. Os pontos foram descritos em cortes de estrada, cavas abandonadas de mineração, ravinas, drenagens etc. 20 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

2.4.4 Elaboração do mapa geológico-geotécnico

Para o mapeamento geológico-geotécnico do Município de Estiva Gerbi foi definida a escala 1:25.000, com a definição da área total do Município a ser estudada. Para esta área foi realizada a caracterização do meio físico geológico, geomorfológico e pedológico. A partir desta caracterização foi realizada uma integração com os impactos ambientais registrados para um melhor entendimento da dinâmica do meio físico. A base topográfica utilizada nessa pesquisa foi digitalizada a partir das folhas topográficas de Aguaí e Mogi-Guaçu 1:50.000, ampliadas para a escala 1:25.000 e os mapas 1:10.000 reduzidos para essa mesma escala, no intuito de se obter: • uma base na escala 1:25.000 contendo drenagens, estradas, curvas de nível e demais componentes de fundamental importância, atualizados com as aerofotos na escala 1:10.000 e confirmações de campo com o auxílio de GPS Garmin ETREX de 12 canais. Para a determinação das unidades geológicas que ocorrem na área, na fase de pesquisa bibliográfica utilizaram-se os mapas geológicos: 1) do Estado de São Paulo na escala 1:500.000 (IPT, 1981b); 2) CPRM (1979), complementarmente, nos trabalhos de campo, estas informações geológicas foram detalhadas. O contexto geomorfológico foi baseado no mapa geomorfológico do Estado de São Paulo, na escala 1:500.000 (IPT, 1981a), a caracterização local e detalhamento foi baseada na fotointerpretação e em observações de campo. O perfil de solo foi todo extraído das observações de campo, na qual, foi observado: a espessura de solo, coloração, composição e possível classificação em solo residual ou coluvionar. Outro dado utilizado na caracterização das unidades e observado em campo foi o nível d’água subterrâneo, cuja informação foi obtida com o auxilio de moradores da região, que possuem cisternas em suas propriedades. Para o mapeamento das áreas de cava e bota-fora de mineração foi utilizada uma aerofoto ampliada para a escala 1:10.000 (AEROFOTOBASE S.A de 2000). Na confecção do mapa geológico-geotécnico foram integradas as características geológicas, geomorfológicas e o perfil de solo. Desta forma, para a identificação e separação das unidades geológico-geotécnicas do Município de Estiva Gerbi, foram seguidos os procedimentos aplicados por Zaine (2000) em Rio Claro (SP), na sua etapa inicial, que utilizou o método do detalhamento progressivo proposto por Cerri et al. (1996). 21 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

Os contatos entre as unidades cartografadas foram fechados a partir da fotointerpretação detalhada da área em questão acompanhada de anotações de campo. Após a identificação das unidades, no campo foram observados cartografados os processos geológicos instalados e eventuais problemas de natureza geológico-geotécnica, relacionados a cada unidade. O mapeamento geológico-geotécnico realizado na escala 1:25.000 apresenta-se compatível com o material disponível, ou seja, mapas, aerofotos e controle de campo, onde foram obtidos 115 pontos (média de 1,23 ponto por km2).

2.4.5 Identificação e descrição de áreas modificadas pela atividade de mineração

As áreas modificadas foram definidas como uma unidade de análise a ser individualizada e cartografada a partir do cruzamento das unidades geológico-geotécnicas mapeadas na etapa anterior, com as áreas caracterizadas pelo registro de atividades de mineração. Estas áreas foram descritas e caracterizadas com base em dados extraídos de aerofoto na escala 1:10.000 e nos levantamentos de campo, onde foram identificadas e descritas feições como cavas, bota-foras, lagos e sua área de influência. A partir desta identificação foi elaborada uma tabela com as principais características de cada uma das áreas mapeadas, como: localização, morfologia, profundidade do nível de água subterrâneo, quantidade de cavas e bota-fora, tamanho e representatividade, em percentuais, em relação à área total do município.

2.4.6 Integração, análise e interpretação dos dados

Com os dados obtidos foi gerado o mapa geológico-geotécnico, destaque para as áreas modificadas pela atividade de mineração. Com base nesse cartograma foi realizada a análise e interpretação da interferência e reflexos das áreas de mineração no município de Estiva Gerbi.

22 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

III - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A base teórica desta pesquisa se fundamentou em vários temas extraídos da literatura. São definições e métodos de mapeamento geológico-geotécnico, dando ênfase para o método do Detalhamento Progressivo, principais alterações ambientais do meio físico com ênfase aquelas relacionadas a atividades de mineração e as definições para depósitos tecnogênicos e suas classificações, tanto como tempo geológico, como camada modificada por ação antrópica. Com esses temas, pode-se ter um embasamento teórico para a definição das áreas modificadas por atividades de mineração, como uma unidade geológico-geotécnica.

3.1 – Principais metodologias utilizadas na confecção de cartas e/ou mapas geotécnicos

Neste item são abordadas algumas características relacionadas às diferentes metodologias cartográficas utilizadas no Brasil e no mundo.

3.1.1 – Principais metodologias internacionais

Muitas dissertações e teses defendidas por alunos na EESC/USP e na Unesp – Rio Claro citam autores internacionais que descreveram um grande número de metodologias de cartografia geotécnica. Nos trabalhos são relatadas publicações muito antigas relacionadas ao tema, algumas datando do início do século como a de Moldenhawer (1919 apud ZUQUETTE, 1993), e que são citadas de forma parcial, direcionadas a certos objetivos. Alguns trabalhos, como os de Aguiar (1997) e Guerra (1998), apresentam as principais metodologias internacionais. A tabela 2 mostra, de forma resumida, as características dos principais trabalhos de cartografia geotécnica.

23 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

Tabela 2: Algumas metodologias internacionais de cartografia geotécnica (ZAINE, 1997):

DOCUMENTOS METODOLOGIA HISTÓRICO ESCALA OBS GRÁFICOS Baseada em trabalhos Pré-definida de IAEG desenvolvidos em diferentes acordo com a Básicos Assoc. Intern. de paises, tem finalidades gerais finalidade. Sintéticos Geologia de e especificas. Grande (1:10.000) Zoneamento Engenharia Aspectos de meio físicos Intermediária (ANON,1972 e 1976 (classes taxonômicas) enfocados: rocha, solo, água (1:10.000 a 1:100.000) apud AGUIAR,1997) e relevo. Pequena (1:100.000) Condicionada pela finalidade. Regional ( (<1:100.000) Produz documentos Local(>1:100.000): semelhantes aos da Baseada em trabalhos IAEG: • Metrópoles realizados por universidades Carta de documentação Francesa = 1:50.000 ou e institutos; tem finalidades Cartas de fatores a 1:100.000; SANEJOUAND gerais e especificas. (substrato geológico, • Cidades = (de avaliação o uso Aspectos do meio físico formações superficiais, 1:25.000 a racional do meio enfocados: rochas, hidrogeológica, 1:50.000; físico) hidrologia, geomorfologia e geomorfológico) Áreas matérias de cobertura • Carta de aptidão específicas (fundações, materiais, = 1:5.000 a zoneamento geotécnico) 1:2.000; • Detalhe > 1:1.000. Estudos das relações entre PUCE aspectos geomórficos, Pattern Unit solos, águas, rochas e Representação das Component vegetação. Classificação unidades por Evaluation Tem finalidades gerais e taxonômica (Província, números (Australia) especificas. Padrão, Unidade, (GRANT, 1975 a,b) Enfoca os aspectos Componente) geomórficos. São realizadas 3 fases:* Baseada em trabalhos de 1. Bibliogr/d mapeamento geotécnico e ados problemas. ZERMOS 1:50.000 2. Geomorfo Finalidade – riscos. Zoneamento (zonas expostas ao 1:25.000 l./fotointe Enfoca os seguintes aspectos: Relatórios movimento dos solos) 1:5.000 rpretação. litologia, estrutura, 3. Estudo e drenagem, encosta e histórico controle dos movimentos. em cartas 1:50.000 1a. Ordem: Proposta como uma Observacionais. MATHEWSON & sistematização de estudo de Apresentam mapas 2a. Ordem: de Geologia FONT, 1974 geologia ambiental utilizado onde a informação de Engenharia (USA) em trabalhos de geológica é aplicada 3a. Ordem: ordenação da planejamento; estudos e à adequabilidade de interpretativos informação geológica seleção de área para a uso (limitações do 4a. Ordem: de uso do para uso do solo definição do uso do solo. meio físico) solo (recomendado pela Enfoca aspectos geológicos. Geologia).

24 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

3.1.2 – Principais metodologias brasileiras

O grande desenvolvimento das metodologias de cartografia e mapeamento geotécnico no Brasil se deu a partir de 1988, porém o avanço inicial dos trabalhos de cartografia geotécnica deu-se com Haberlehner (1966). No Brasil existem várias escolas de cartografia geotécnica, dentre as quais, as mais difundidas estão as de EESC/USP e IPT, porém há outras instituições como: Instituto de Geociências da Universidade Federal do – IG/UFRJ, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Instituto Geológico – IG e Universidade Estadual Paulista – Unesp/ Rio Claro. Segundo Barroso et al. (1986) e Barroso et al. (1993), os trabalhos realizados pelo IG/UFRJ são predominantemente relacionados a movimentos de massa e processos de uso urbano do solo, apresentando informações geológicas de coberturas e alteração antrópica. Dias (1995) destaca que os trabalhos realizados pela UFRGS enfocam os tipos de solos, associando-os com o substrato geológico, correlacionados a características geotécnicas e pedológicas. O Instituto Geológico de São Paulo também possui pesquisadores na área de cartografia geotécnica. Os estudos de Vedovello et al. (1995) baseiam-se no conceito de tipos de terrenos e geração de diversos produtos cartográficos, com avaliação de aqüíferos, indicação para os diferentes tipos de ocupação e áreas de maior fragilidade. A metodologia utilizada pela EESC/USP, (ZUQUETTE, 1987 e 1993) é dividida em três fases, segundo Vargas (1985): dedutiva, indutiva e experimental. Tal proposta visa um mapeamento preventivo em regiões onde as informações básicas são escassas, com a definição e delimitação das unidades geológico-geotécnicas associando-as ao substrato rochoso, às unidades geomorfológicas, aos materiais inconsolidados e ao sistema de águas subterrâneas e superficiais, entre outras medidas, com o estabelecimento das possibilidades de uso para cada faixa de escala (ZUQUETTE & GANDOLFI, 1992). Prandini et al. (1995) sintetizaram a base metodológica da cartografia geotécnica do IPT, que possui como característica fundamental, uma grande preocupação com a aplicabilidade prática dos documentos produzidos e com a natureza dos dados obtidos sobre o meio físico, buscando permitir a resolução do problema e seu gerenciamento futuro. Os objetivos dessa metodologia são: prever o desempenho da interação entre a ocupação e o meio físico, assim como, os conflitos e as diversas formas de uso e ocupação do solo e o

25 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______estabelecimento de medidas preventivas e corretivas que venham a minimizar os riscos e custos desnecessários nos empreendimentos de uso e ocupação do solo.

3.1.2.1 – Metodologia utilizada na Unesp – Rio Claro

O método do detalhamento progressivo (Tabela 3), como é chamado o método utilizado na Unesp-Rio Claro, foi proposto por Cerri et al. (1996) e aplicado por Zaine (2000), tal método consiste em três etapas distintas, partindo-se do mais geral passando pelo semidetalhe e o detalhe, onde cada etapa determina os temas técnicos e o nível de aprofundamento das etapas subseqüentes, desenvolvendo-se um mapeamento geológico- geotécnico em fases sucessivas. A primeira etapa ou etapa geral consiste em um mapeamento geológico-geotécnico regional, podendo ser nas escalas 1:50.000 ou 1:25.000, partindo-se da integração de dados de levantamento realizado em várias escalas, podendo ou não conter modificações. Para a segunda etapa, também chamada de etapa intermediária, Cerri et al (1996) sugerem a elaboração de cartas e/ou mapas geotécnicos na escala 1:25000, quando a primeira etapa for realizada na escala 1:50.000, ou 1:10.000, quando os trabalhos correspondem a um detalhamento da caracterização do meio físico geológico realizado na primeira etapa, com a identificação dos eventuais problemas de natureza geológico-geotécnica instalados na área de estudo. A terceira etapa, podendo também ser chamada de etapa de detalhe, sugere a execução de estudos geológico-geotécnicos temáticos específicos, levando em consideração a caracterização do meio físico geológico e identificação de eventuais problemas geológico- geoténicos instalados. Nesta etapa são selecionados temas temáticos e definidas as correspondentes áreas físicas para os estudos de detalhe. Nesta etapa, a escala de trabalho deve ser 1:5.000 ou maior, objetivando subsidiar a elaboração de projetos de obras de engenharia, sendo também necessária a quantificação de parâmetros geológico-geotécnicos pertinentes ao estudo temático específico.

26 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

Tabela 3: Síntese das etapas do método do detalhamento progressivo (ZAINE, 2000):

1° ETAPA 2° ETAPA 3° ETAPA GERAL INTERMEDIÁRIA OU DE DETLHE SEMIDETALHE PRODUTOS Cartas e/ou mapas Cartas e/ou mapas geológico- Estudos geológico- geológico-geotécnicos Geotécnicos na escala geotécnicos temáticos na escala 1:50.000 ou 1:25.000 (1a etapa = 1:50.000) especificados na escala 1:25.000 ou 1:10.000 (1a etapa = 1:5.000 ou maior (se 1:25.000) Detalhamento da necessário). Com base nos caracterização do meio físico resultados das etapas realizado na etapa anterior, anteriores são com identificação dos problemas selecionados os temas geológico-geotécnicos instalados. técnicos e áreas para estudos de detalhe. OBJETIVOS Caracterização do meio Fornecer subsídios para adequado Subsidiar a elaboração de físico com as planejamento e gestão do uso projetos de obras de identificações de suas urbano do solo. engenharia para sanar limitações e problemas já instalados potencialidades ante as e/ou a implantação de necessidades impostas novos empreendimentos. pelo uso urbano do solo. ÁREA DE ESTUDO Já urbanizada, com Já urbanizada com perspectiva de Restrita (podem ser perspectiva de urbanização a médio prazo, em realizados vários estudos, urbanização a médio áreas de adensamento e/ou nas respectivas áreas de prazo (10 a 20 anos) e expansão urbana, selecionadas a interesse). Definição da áreas adjacentes (nas partir do mapa geológico área é função dos estudos quais é fundamental a geotécnico da 1° etapa. A temáticos. caracterização do meio definição da área é função: a) das físico). A definição da prioridades dos estudos; b) das área de estudo é função: características do meio físico. a) do porte do núcleo Regiões metropolitanas e núcleos urbano e b) das urbanos de grande porte: priorizar características do meio setores dessas áreas, mesmo que físico. descontínuos. QUANTIFICAÇÃO Somente quando viável Desejável (declividades, Indispensável, exceto nos ante o objetivo e profundidade do N.A. espessura casos em que a captação condições de execução de unidades de cobertura, técnica acumulada (teórica do trabalho. Deve ser profundidade do topo rochoso e/ou empírica) seja restrita a aspectos mais etc.). plenamente suficiente para gerais, como, por permitir a adequada exemplo, a profundidade elaboração a projetos de do nível de água ou a obras de engenharia. espessura das unidades de coberturas.

27 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

3.1.3 – Análise comparativa entre as metodologias do IPT, EESC/USP e Unesp-Rio Claro

Após a exposição das várias metodologias de cartografia geotécnica mais utilizados, neste item é realizada uma análise comparativa entre elas, em relação a vários aspectos, conforme apresentado por Zaine (2000). (Tabela 4). a) Escala e área total de mapeamento

Comparando os três métodos, observa-se que as escalas de trabalho da EESC/USP são menores, se comparados com a dos IPT e da Unesp. Os trabalhos realizados pela EESC/USP possuem uma tendência à utilização de escalas menores, ou seja, 1:100.000 e 1:50.000, como por exemplo, os trabalhos realizados em , Amparo e Aguaí, em áreas de maior dimensão. Quando são trabalhos de maior detalhe, a escala chega a 1:20.000. A metodologia adotada pelo IPT tende a utilizar escalas maiores, 1:5.000 e 1:10.000. A adoção dessas escalas independe do tamanho da área de estudo, sendo um fator que difere tanto da metodologia da EESC/USP quanto da Unesp. Embora existam áreas em diferentes escalas, não há uma relação entre o detalhamento progressivo e a do IPT. No detalhamento progressivo adotado pela Unesp, utiliza-se sempre três escalas diferentes, dependendo da dimensão da área de trabalho, que variam de etapa para etapa, conforme sua necessidade. Na escala mais geral utiliza-se 1:50.000 ou 1:25.000; na etapa intermediária, escalas 1:25.000 (caso na primeira etapa tenha se adotado a escala 1:50.000), ou 1:10.000 (caso a escala adotada na etapa anterior foi 1:25.000). Na etapa final, a escala vai depender do grau de detalhes que se deseja, adota-se então uma escala 1:5000 ou maior. b) Números de zonas/Unidades geotécnicas

Comparando-se as três metodologias, observa-se que a metodologia utilizada pela EESC/USP possui um maior número de zonas e unidades geotécnicas, com destaque para o trabalho realizado em Piracicaba-SP, onde estabeleceu um total de 107 unidades. As unidades mapeadas pelo IPT não passam de 11 zonas, enquanto no método utilizado pela Unesp esse número é ainda menor, chegando a 6 unidades, podendo ser subdivididas em subclasses conforme aumenta-se o detalhe do mapeamento, como no trabalho de mapeamento realizado em Rio Claro (ZAINE, 2000). 28 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______c) Ensaios geotécnicos

Ensaios geotécnicos são muito utilizados pela EESC/USP. No IPT não é efetuado quantificação de parâmetros de ensaios de laboratórios e no caso da Unesp, apenas utilizam-se ensaios laboratoriais nas etapas de detalhe, eventualmente em escala de semidetalhe. d) Número de documentos cartográficos

A diferença fica bem visível na comparação das três metodologias. No IPT, em geral é apresentada uma carta geotécnica no final dos trabalhos. No método da Unesp são apresentados três cartogramas de diferentes escalas. A EESC/USP possui um maior número de mapas confeccionados em relação às outras metodologias. e) Processos geológicos

Na metodologia do IPT, os processos geológicos instalados e/ou potenciais, são sempre considerados, assim como na metodologia da Unesp. Segundo o método da EESC/USP, tais processos não são necessariamente utilizados, ficando clara a preocupação metodológica dos três centros em relação a problemas causados pela intervenção antrópica no meio físico. f) Finalidade

As cartas geotécnicas, elaboradas pelo IPT visam a aplicação mais imediata, pois levam em consideração a identificação dos problemas decorrentes da interação do meio físico geológico e a ocupação, buscando ainda a correção desses problemas. As cartas geradas pela metodologia da Unesp visam, além da caracterização do meio físico, identificar suas limitações, indicando assim áreas mais adequadas para o planejamento urbano e subsidiar obras de engenharia. Na metodologia da EESC/USP as cartas destinam-se ao uso e planejamento do solo.

29 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______Tabela 4: Comparação entre as principais metodologias utilizadas no Brasil.

ASPECTOS DETALHAMENTO EESC/USP IPT PROGRESSIVO ABORDADOS UNESP/RC Mapas geológico-geotécnicos Mapas geotécnicos como de para caracterização do meio Mapas geotécnicos (ou cartas) Santos, São Vicente, São físicos na escala 1:50.000 ou convencionais com Paulo e Petrópolis que, 1:25.000 (Rio Claro); mapas predomínio de escalas de independentemente da geológico-geotécnico na escala Escala e área 1:100.000 e 1:50.000, para dimensão da área de estudo 1:25.000 ou 1:10.000 para áreas de maior dimensão adotam escalas de 1:5.000 e maior detalhamento e detecção total mapeada (Piracicaba, Amparo e Aguaí), 1:10.000. Embora existam de problemas de planejamento com trabalho de maior detalhe áreas com mapas em diferentes e mapas geológico-geotécnicos realizado na escala 1:20.000 escalas, não há uma relação na escala 1:5.000 ou maiores (). entre eles nos moldes do para possíveis projetos de detalhamento progressivo. planejamento e solução de problemas. Apresentam um número Os mapas apresentam um Números de elevado de zonas/unidades número relativamente baixo de Os mapas apresentam um zonas/ unidades geotécnicas, destacando-se o zonas/unidades geotécnicas em número relativamente baixo de trabalho realizado no comparação às outras geotécnicas unidades geotécnicas, não município de Piracicaba (SP), metodologias, chegando a um superiores a 11. definidas no qual foram estabelecidas número de 6 em Rio Claro 107 zonas. (SP). Apresentam parâmetros A quantificação de parâmetros Parâmetros Não apresentam quantificação laboratoriais, a partir das geotécnicos por meio de de parâmetros por meio de etapas de semidetalhe e geotécnicos ensaios laboratoriais é muito ensaios laboratoriais. detalhe, sendo imprescindíveis utilizada. na etapa de detalhe Apresentam uma série de mapas/cartas geotécnicos São apresentados mapas/cartas (mapas das condições Números de geotécnicos em diferentes geotécnicas, mapa de Em geral, apenas uma carta escalas; dependendo da documentos zoneamento geotécnico e geotécnica é apresentada ao finalidade do estudo, pode-se mapa de zoneamento final dos trabalhos. cartográficos chegar a um número médio de geotécnico específico), cartogramas geotécnicos podendo ser considerada uma grande quantidade. Os processos geológicos Não necessariamente Na elaboração das cartas, os instalados são sempre Processos consideram a análise dos processos geológicos considerados desde a primeira processos geológicos instalados e/ou potenciais, são geológicos etapa, pois visam o instalados e/ou potenciais para sempre considerados desde o planejamento e ocupação e uso a elaboração dos cartogramas. início dos trabalhos. do solo. Apresentam cartas geotécnicas As cartas geotécnicas geradas dirigidas, que visam uma visam a caracterização do aplicação mais imediata, pois meio físico levando em conta parte da identificação dos suas limitações e problemas decorrentes da potencialidades, fornecendo Destinam-se ao planejamento Finalidade interação entre o meio físico subsídios para o adequado do uso do solo. geológico e a ocupação planejamento e uso urbano do buscando ainda a correção solo e na elaboração de desses problemas. Também se projetos e obras de engenharia destinam ao planejamento do para sanar problemas uso e ocupação do solo. instalados e/ou novos. Possui como base as Execução em três etapas, Método metodologias internacionais Dirige o trabalho de forma desenvolve-se através de fases clássicas, como IAEG e específica sucessivas, onde cada etapa SANEJUOAND determina a seguinte.

30 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

3.2 Alterações e impactos ambientais

Alterações ambientais são as mudanças e o dinamismo provocados ao meio ambiente, provenientes dos processos do meio físico e/ ou tecnológico. Para Fornassari Filho (1992), os processos são descritos pela análise de matéria e energia resultando em interações entre seus vários componentes. Os componentes abióticos são maioria nas interações que resultam dos processos físicos. Segundo Bittar (1995) e Fornassari Filho (1992), em termos qualitativos e/ou quantitativos, a caracterização desses processos constitui uma base para os planos de estudos ambientais. Os processos tecnológicos estão ligados à interferência antrópica no meio ambiente, sendo acionados por atividades modificadoras do meio e representadas por ocupações urbanas, mineração, cultivo agrícola, entre outras. As mudanças no meio ambiente decorrentes dos processos são designadas alterações ambientais; aquelas consideradas significativas são denominadas de impacto ambiental. Duinker & Beanlands (1986) incluem os seguintes aspectos na determinação da significância das alterações: • A importância dos atributos ambientais passíveis de serem alterados; • A distribuição das alterações no tempo e no espaço; • Magnitude das alterações; • O grau de confiança nas medições e previsões das alterações. Autores como Leopold et al. (1971), Tommasi (1994) incluem na conceituação de impacto ambiental um fator de julgamento, classificando-os em impactos positivos e negativos. O impacto positivo ou benéfico resulta de uma melhoria da qualidade de uma característica ambiental, enquanto o impacto negativo, ou adverso, resulta de um dano à qualidade de uma variável ambiental. Segundo Deliberação CECA nº 1078 de 25/junho/1987 (RJ), são várias as classificações de impactos, como mostradas na tabela 5.

31 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

Tabela 5 - Diferentes tipos de impactos ambientais de acordo com Deliberação CECA nº 1078 de 25/junho/1987 (RJ).

TIPOS DE IMPACTO O QUE SÃO EXEMPLOS AMBIENTAL

Deslocamento de uma população residente em Quando a ação resulta na melhoria de um fator Impacto positivo ou benéfico palafitas para uma nova área adequadamente ou parâmetro ambiental localizada e urbanizada Quando a ação resulta em um dano à qualidade Impacto negativo ou adverso Lançamento de esgoto não tratado num lago de um fator ou parâmetro ambiental Resultante de uma simples relação de causa/ Perda de diversidade biológica pela derrubada de Impacto direto efeito uma floresta Resultante de uma reação secundária em relação Impacto indireto à ação, ou quando faz parte de uma cadeia de Formação de chuvas ácidas reação Quando a ação afeta o próprio sítio e suas Impacto local Mineração imediações Quando o impacto se faz sentir além das Impacto regional Abertura de uma rodovia imediações do sítio onde se dão as ações Quando o componente ambiental afetado tem Implantação de projetos de irrigação em áreas Impacto estratégico relevante interesse coletivo ou nacional flageladas pela seca Quando o efeito surge no instante em que se dá a Mortandade de peixe devido ao lançamento de Impacto imediato ação produtos tóxicos Impacto a médio ou longo Quando o impacto se manifesta certo tempo após Bioacumulação de contaminantes na cadeia prazo a ação alimentar Quando seus efeitos possuem duração Efeito de um derrame de petróleo sobre um Impacto temporário determinada costão rochoso exposto e bem batido pelas ondas Quando, uma vez executada a ação, os efeitos Impacto permanente não cessam de se manifestar num horizonte A derrubada de um manguezal temporal conhecido Anoxia devido à estratificação da água no verão Quando o efeito se manifesta em intervalos de e a reaeração devido à misturação vertical no Impacto cíclico tempo determinado inverno, num corpo hídrico costeiro que recebe esgotos municipais Quando o fator ou parâmetro ambiental afetado, Impacto reversível cessada a ação, retorna às suas condições Poluição do ar pela queima de pneus originais

32 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

3.2.1 Impactos decorrentes de atividades do meio

Dentre as atividades que podem provocar alterações nas paisagens, as mais importantes são aquelas provenientes da mineração, da agropecuária, da urbanização e de industrias, estas atividades, bem como, algumas de suas principais alterações serão descritas nesse sub-item.

3.2.1.1 Atividades de mineração

As fontes de impactos em atividades minerarias conforme o tipo de lavra e o tipo de minério é classificada por Mascarenhas (1989) como: 1) Conforme o tipo de lavra: • Céu Aberto – é o tipo de lavra que provoca o maior impacto: produz grande quantidade de estéril, além de poeira, ruído, vibrações e poluição das águas. • Subterrânea – o impacto é menor, o estéril pode ser jogado nas próprias galerias abandonadas, os efluentes líquidos são pontuais, o mesmo ocorre com a poeira, o ruído e vibrações. • Dragagem – é potencialmente poluidora, o revolvimento dos leitos dos rios e área vizinhas provocam turbidez e sólidos em suspensão. Havendo também poluição química devido a utilização de produtos químicos no beneficiamento, tendo como exemplo a utilização de mercúrio e cianeto na mineração de ouro.

2) Conforme o tipo de minério: • Minérios utilizados na construção civil – são geralmente pedreiras, cavas de argilas e areias. Quanto as pedreiras, provocam problemas, principalmente na ocasião das detonações e britagem, quanto as areias e argilas o maior problema encontra-se no final das atividades, provocando mudanças no nível d’água, no solo e também deixando para trás grandes cavas, às vezes preenchidas com água, além desses problemas, por estarem próximo a centros urbanos, acarretam poluição devido ao pó, vibração e ruído.

33 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______• Metálicos – Para obtenção do concentrado, mais de 90% do run-of mine é liberado como rejeito, em forma de lama fina, contaminadas com reagentes

químicos e orgânicos. Muitas vezes liberam também SO2 atmosférico, com produção de chuvas ácidas. • Ferrosos – geralmente libera grande quantidade de estéril, devido ao decapeamento. O minério é submetido a grande quantidade de beneficiamento gerando poluição. O rejeito é lançado na fase líquida em barragens de rejeito. • Carvão – abrange grandes áreas, quando a céu aberto, causando poluição no ar e água e quando subterrânea, pode liberar efluentes ácidos e gerar combustão e também esta sujeito à subsidência. IG (1993), apresenta, na tabela 6, as principais formas e tipos de ocorrentes a região de Campinas e seus impactos decorrentes

Tabela 6: Formas de mineração e impactos decorrentes no município de Campinas – SP (IG in Collares 2000) FORMA DE BEM MINERAL PRINCIPAIS IMPACTOS GERADOS LAVRA Cava seca Retirada do solo superficial; desmatamento; processos erosivos; assoreamentos das drenagens; formação de cavas abandonadas Argila para cerâmica Cava submersa Comprometimento da vegetação na planície de (planícies de inundação ou mata ciliar; formação de lagoas; inundação) alteração do perfil hídrico; assoreamento Dragagem no leito Aumento da turbidez das águas; erosão nas do rio margens; comprometimento da mata ciliar devido à disposição dos estoques de areia. Dragagem nas Comprometimento da vegetação na planície de Areia para construção planícies de inundação ou mata ciliar; formação de lagoas; civil inundação alteração do perfil hídrico; assoreamento Exploração com pá Referem-se a atividades procedentes em aluviões de (normalmente loteamentos) que ocasionam pequenas drenagens processos erosivos e assoreamento de drenagens Desmonte em Alteração da paisagem devido a desfiguração bancadas com topográfica e desmatamento; emissão de pó; Brita explosivo vibrações e ruídos devidos às detonações; praças de lavras abandonadas Desmonte com Comprometimento do patrimônio paisagístico; Pedra ornamental marretas ou desmatamento; processos erosivos; disposição similares irregular de rejeitos nas encostas Água mineral Captação superficial Sem impactos associados Trator ou Alteração da paisagem; desmatamento; retroescavadeira em instabilização de encostas e taludes; processos Saibro ou cascalho encostas ou cortes erosivos e assoreamento das drenagens no de estradas entorno; áreas de extração abandonadas 34 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

3.2.1.2 Atividades agropecuárias

A agricultura está causando sérias degradações e erosão nas terras de cultivo, devido a uso de métodos insustentáveis. Para Doyle (1991), no início dos anos 80, estimou-se que 6 toneladas de solo foram perdidos para cada tonelada e grão produzido, no mundo são gastos cerca de U$ 24 bilhões, anualmente, na tentativa de controlar a erosão nas plantações. O uso crescente de pesticidas, fertilizantes químicos e herbicidas está poluindo os aqüíferos e ameaçando pessoas e animais. Segundo Seaguer et. al (1992) só na Inglaterra e Pais de Gales, foram constatados cerca de 2.889 contaminações por pesticidas só em 1989. Além desses, há outros efeitos secundários relacionados a atividades agro-industriais, como podem ser citados: • A irrigação das terras de cultivos correspondem a 73% do consumo total de água em todo o mundo, segundo Corso (1993), apenas 43% é utilizado o restante são perdidos no estoque ou no transporte. Este desperdício começa a esgotar os estoques de água subterrânea e de superfície, e o uso excessivo, segundo Collares (2000), elimina os nutrientes do solo e pode fazer com que a terra fique alagada ou demasiadamente salinizada ou alcalinizada. • Para Seager et al. (1992), o lançamento de estrume animal é o principal causador de incidentes na Inglaterra e Pais de Gales. • Para Corson (1993) a abertura de clareiras, para a criação de gado e para cultivo, é uma causa importante das perdas de florestas, cerca de 16 milhões de hectares de floresta são desmatados a cada ano.

3.2.1.3 Urbanização

Collares (2000) afirma que o grande êxodo rural e conseqüente crescimento desordenado e acelerado das cidades tem provocado, além de uma situação de insalubridade nas áreas marginais, tais como, falta de saneamento, água tratada, coleta de lixo, dentre outros fatores essenciais para uma vida saudável, uma alta vulnerabilidade do terreno frente a erosões, assoreamentos e acidentes naturais, como escorregamentos.

35 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______Fao (1995) discorre sobre a influência de intervenções antrópicas sobre o meio físico e suas potenciais alterações decorrentes. A tabela 7 apresenta as alterações físicas e químicas a que são submetidos os constituintes do terreno, em função das diferentes intervenções antrópicas.

Tabela 7: Alterações físicas e químicas decorrentes de intervenções antrópicas sobre o meio físico (FAO in COLLARES, 2000).

Atividade Alterações físicas Alterações químicas Densidade de Relevo Cobertura vegetalSolo Ar Solo Água drenagem Urbanização X X X X X X Indústria X X X X Agricultura X X X X X X Manejo florestal X X Turismo X X X

O fator decisivo da origem e aceleração dos processos erosivos, conforme Salomão & Iwasa (1995), se dá com a ocupação humana iniciada pelo desmatamento, seguido pelo cultivo da terra, construção de estradas, criação e expansão das vilas e cidades, sobretudo quando efetuada de modo inadequado. Ao estudar as erosões na bacia do médio Tietê, Kertzman et al. (1991) indicaram as atividades sócio-econômicas como principais potencializadoras das erosões aceleradas. Os desmatamentos exagerados e as atuações antrópicas no sentido de concentrar o fluxo de água, tais como obras de drenagem, arruamentos e construções de cercas atuam, diretamente, na proliferação de ravinas e boçorocas. Segundo Collares (2000), um dos problemas mais sérios na deflagração de processos erosivos é a expansão de loteamentos em áreas impróprias ao uso do solo. Além das grandes perdas de terrenos, o assoreamento é uma das maiores conseqüências da erosão. O principal impacto gerado pelos assoreamentos é o desequilíbrio das condições hidráulicas, gerando: enchentes; perdas da capacidade de armazenamento d’água; incremento de poluentes; e prejuízos para o abastecimento e produção de energia. O processo mais importante (COLLARES, 2000), associado à dinâmica superficial, é o de escorregamento, tanto pela elevadas freqüências com que ocorre, como pela grande extensão de áreas com risco potencial.

36 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

3.2.1.4 Disposição de resíduos urbanos

Os ambientalistas vêm encarando com muita seriedade a questão da disposição de resíduos sólidos, justamente pelo seu alto potencial de cargas tóxicas que são lançadas no meio ambiente. Segundo dados da Organização Panamericana de Saúde (PHILIPPI JR., 1999), nos Estados Unidos estima-se que cada cidadão descarta, em média, 1,5 kg de lixo sólido por dia, e no Canadá, 1,9 kg. Na América Latina e Caribe, a quantidade de resíduos domiciliares gerados varia entre 0,3 a 0,6 kg/hab/dia, enquanto a quantidade bruta gerada é em média de 0,7 kg/hab/dia. A destinação do lixo gerado pode ser a reciclagem, a incineração ou os depósitos de resíduos. Quando se opta pelos depósitos, a disposição deve ser feita de maneira controlada, de forma a evitar a contaminação das águas subterrâneas e de superfície. Zuquette (1991) indica os seguintes fatores como principais causas da disposição inadequada de resíduos: • Falta de conhecimento regional das características do meio físico e do meio ambiente como um todo. • Não caracterização e separação dos tipos de resíduos. • Baixo índice de estudo em aterros existentes ou experimentais. • Falta de fiscalização pelos órgãos públicos e punição aos responsáveis pela disposição inadequada dos resíduos.

Para Bisordi (1999), a disposição direta no solo é a forma de destinação final de resíduos sólidos mais difundida e utilizada em todo o mundo, em especial em países menos desenvolvidos. No Estado de São Paulo, 56,4 % dos municípios dispõem lixos inadequadamente, 25,4% o fazem de forma controlada e apenas 18,2% de forma adequada. Tanto a aceleração de processos do meio físico quanto os problemas de contaminação podem ser gerados pela disposição inadequada de resíduos sólidos (tabela 8). Os principais fatores que conduzem a estes problemas, segundo Cunha & Consoni (1995), são os seguintes: • Imperfeito conhecimento das características do meio físico (rocha, solo, água, etc.) e dos resíduos ali dispostos, resultando em projeto inadequado. • Negligência no monitoramento das condições ambientais e operacionais do aterro. • Sobrecarga da capacidade inicial do projeto, no intento de prolongar sua utilização.

37 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

Tabela 8: Problemas gerados devido à disposição inadequada de resíduos (CUNHA & CONSONI in COLLARES, 2000).

TIPO ORIGEM CAUSAS Falha na impermeabilização Impermeabilização (solo/manta) incompatível com os de base (aterro/lagoa de percolados. tratamento de chorume) Má compactação. Contaminação Solo natural com propriedade inadequada. Recalques (aterro/lagoa de das águas Recalques devido às alterações (carga, aumento da tratamento de chorume) subterrâneas umidade, agressão ao solo, etc.). Dados insuficientes (nível piezométrico, pluviometria, Elevação do nível d’água vazões, etc.). acima da base do aterro Mau dimensionamento do sistema de drenagem. Cortes em altos anglos nas encostas. Cortes contra a foliação ou fratura. Escorregamentos e erosão Alterações na vegetação marginal. Potencialização de Deficiências de compactação dos aterros e resíduos processos do meio dispostos. físico Erosão dos cortes (solo de fácil alteração/instabilização). Carreamentos devido à deficiência na drenagem Assoreamentos superficial. Desvegetação/alterações nas áreas marginais.

Além dos problemas de localização e construtivos, os depósitos estão sempre sujeitos aos vários processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem entre os resíduos e o meio ambiente. Dentre estes, Campbell (1993) coloca os processos anaeróbicos acionados pela matéria orgânica contida nos resíduos, como um dos mais importantes. Como conseqüência destes processos, são produzidos percolantes ricos em amônia e com alto conteúdo orgânico e gases ricos em metano e dióxido de carbono. Embora o risco de contaminação seja o principal problema, outras conseqüências podem resultar da disposição de resíduos sólidos: impacto visual e estético; danos à fauna e a flora; doenças em animais e população carente; acúmulo de produtos não biodegradável no ambiente; e mau cheiro.

3.2.1.5 Indústrias

As indústrias têm a capacidade de lançar poluentes na água, que podem ser nocivos à saúde humana ou à sobrevivência de outros seres vivos. Os poluentes podem ser orgânicos, como derivados de petróleo, fenóis e detergentes, passando pelos derivados de fertilizantes e agrotóxicos, chegando até os metais pesados. Esses últimos constituem uma classe de destaque dentre os poluentes, tanto pelo grau de periculosidade de alguns elementos, como no caso do chumbo, cromo, cádmio e mercúrio, quanto pela sua mobilidade (COLLARES, 2000). 38 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

3.3 – Definições para depósitos tecnogênicos

A discussão sobre depósitos tecnogênicos teve origem com Ter-Stepanian (1988), que define esses depósitos como sendo marcados por uma grande variedade de feições diferenciadas, diversidade de composição e grande variação de espessura, caracterizando uma classe genética diferente ou independente, podendo ser traçado analogias com alguns depósitos naturais. Essas feições são representativas de intervenções antropogênicas, que se configuram como elemento diferencial introduzido na compreensão do tempo geológico, caracterizando, para alguns, um novo período: o Quinário, para o qual o autor propõe uma situação totalmente Quaternária pré-holocênica a uma situação totalmente pós-holocênica , ou “quinária”. Seguindo essa idéia, Peloggia (1999) propôs uma divisão para o Quartenário (Tabela 9). Contudo vale ressaltar que existem vários fatores que podem pesar contra tal idéia, sendo o mais forte relacionado ao tempo geológico, que tudo indica ser o maior obstáculo a essa linha de pensamento. Tabela 9: Divisão proposta para o Quartenário, englobando-se o tecnógeno (PELOGGIA, 1999). TECNÓGENO Época Atual Quartenário ou Antropógeno HOLOCENO Época de Transição PLEISTOCENO Época Antiga

Segundo Peloggia, deve ficar clara a distinção entre depósitos e camadas quinárias ou tecnógenos; camadas essas formadas durante o tempo geológico proposto como Tecnógeno, e depósitos e camadas tecnogênicas, ou seja, formados direta ou indiretamente pela ação antrópica. Um exemplo, segundo Oliveira apud Peloggia (1998), de classificação para depósitos tecnogênicos pode ser observado na tabela 10.

Tabela 10: Classificação dos depósitos segundo Oliveira apud Peloggia (1998).

TIPOS DE DEPÓSITOS CARACTERIZAÇÃO

Representados por corpos de rejeitos de mineração, Depósitos Construídos aterros etc. Sedimentos que se depositam em razão da erosão Depósitos Induzidos decorrente do uso do solo. Depósitos naturais alterados tecnogenicamente por Depósitos Modificados efluentes, adubos etc. 39 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

Outra classificação desenvolvida diz respeito à caracterização do material constituinte do depósito. Foi criada por Flanning & Flanning (1989) e abrange os materiais úrbicos, gárbicos, espólicos e dragados (Tabela 11). De acordo com esses autores (apud PELOGGIA, 1998), os materiais úrbicos constituem detritos urbanos, materiais terrosos que contêm artefatos manufaturados pelo homem moderno, freqüentemente em fragmentos, como tijolos, vidro, plástico, metais diversos etc. Os materiais gárbicos abrangem todo material detrítico com lixo orgânico de origem humana e que, apesar de conter artefatos em quantidades muito menores que a dos materiais úrbicos, são suficientemente ricos em matéria orgânica para gerar metano em condições anaeróbicas. Materiais espólicos são materiais terrosos escavados e redepositados por operações de terraplanagem, mineração e depósitos de assoreamento induzidos pela erosão acelerada. São materiais que contém pequena quantidade de artefatos. Materiais dragados são compostos por materiais terrosos provenientes da dragagem de cursos d'água e comumente depositados em diques, em cotas topográficas superiores às da planície aluvial também gerados por mineração ou desassoreamento de córregos e valetas.

Tabela 11: Classificação de camadas tecnogênicas segundo Flanning & Flanning (1989 apud PELOGGIA, 1998).

TIPO DE CAMADA CARACTERÍSTICA DO DEPÓSITO

Detritos urbanos, materiais terrosos que contêm artefatos manufaturados ÚRBICO pelo homem moderno, freqüentemente em fragmentos, como tijolos, vidro, plástico, metais diversos etc.

Material detrítico com lixo orgânico de origem humana e que, apesar de conter artefatos em quantidades muito menores que a dos materiais úrbicos, GÁRBICO são suficientemente ricos em matéria orgânica para gerar metano em condições anaeróbicas.

Materiais terrosos escavados e redepositados por operações de terraplanagem, mineração e depósitos de assoreamento induzidos pela ESPÓLICO erosão acelerada. São materiais que contêm pequena quantidade de artefatos.

São compostos por materiais terrosos provenientes da dragagem de cursos d'água e comumente depositados em diques, em cotas topográficas DRAGADO superiores às da planície aluvial, também gerados por mineração ou desassoreamento de córregos e valetas.

40 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

O novo conceito objetiva romper com o Quaternário clássico, no sentido de valorizar o advento da atividade humana como processo de transformação do planeta em sua totalidade (Suertegaray, 1997). Esta ruptura se faz, porque, conforme Rohde (1996), o Quaternário seria o período do aparecimento do homem e o Quinário, o homem sobrepondo-se ativamente à natureza, tendo sua origem há 10.000 anos, no início do Holoceno, e testemunhou relevantes situações indicadoras do advento da atividade técnica do homem como força relevante na intervenção, apropriação e construção da natureza: a Revolução Neolítica, a Revolução Agrícola e a Revolução Industrial. A partir de então, o homem passou a contribuir diretamente na evolução geológica do planeta. Esta sobreposição se explica pelo fato de que a atividade humana passa a ser qualitativamente diferenciada da atividade biológica na modelagem da biosfera, desencadeando processos tecnogênicos cujas intensidades superam em muito os processos naturais (OLIVEIRA, 1990).

41 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

IV. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A área escolhida para esta pesquisa possui 93 km2, correspondendo a toda a extensão administrativa do Município de Estiva Gerbi. Ela está inserida nas folhas topográficas na escala 1:50.000 (IBGE - Folha Mogi-Guaçu SF-23-Y-A-III-3 e Aguaí SF-23-Y-A-III-1), entre as coordenadas UTM 7.532 e 7.548 km N; 296 e 306 km E. A área está localizada na região leste do Estado de São Paulo, (Figura 3). Os municípios que fazem limite com a área de estudo são: Mogi-Guaçu, Aguaí e Espírito Santo de Pinhal, sendo Aguaí considerada de pequeno porte e Mogi-Guaçu e Espírito Santo de Pinhal de médio porte. Estiva Gerbi possui 8.856 habitantes (IBGE, 2000) e suas principais drenagens são o Córrego dos Ypês, o Ribeirão Anhumas e o Rio Oriçanga.

4.1 Localização e vias de acesso

O município de Estiva Gerbi está localizado a 69 km de Campinas. Partindo de São Paulo, o acesso se dá pela Rodovia Anhangüera até o trecho de acesso a Campinas, daí pela Rodovia D. Pedro I até o trevo da Rodovia SP-340, seguindo-se por essa rodovia até o km 178 sentido norte e então por estrada interna asfaltada por cerca de 2 km até a sede do município (Figura 3).

4.2 Aspectos históricos

Em meados de 1939, o Sr.Lourenço Gerbi mudou-se para a localidade de Estiva, com intuito de montar uma olaria. Na época, Estiva pertencia ao Município de Mogi-Guaçu. A qualidade do “barro” da região atraiu a família Gerbi, que instalou uma olaria em um terreno de 42 alqueires com uma produção diária de 400 manilhas. A família Gerbi começou a fabricar manilhas a partir da argila extraída do subsolo da região, conhecida como “taguá”, que era prensada em marombas movidas à roda d’água, pois não havia energia elétrica no local.

42 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

43 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______Com a chegada da energia elétrica em 1949, a olaria passou a produzir pisos conhecidos como “vermelhinhos”, feitos a partir da argila “taguá” que só era encontrada na Estiva. A partir da fabricação dos pisos, a olaria passou a ser chamada de Cerâmica Gerbi. A vinda da família Gerbi a Estiva determinou a atividade econômica, predominante no município nos dias atuais, que é a industria cerâmica. O bairro da Estiva foi elevado a distrito de Mogi-Guaçu em 1981 e sua emancipação política deu-se em 19 de maio de 1992 (JORNAL INTERATIVO, maio 2003).

4.3 Aspectos climáticos

Segundo Setzer (1976), o município de Estiva Gerbi está inserido no regime climático da transição entre o muito úmido subtropical, com estações secas marcantes (Mu-Cw), com as temperaturas médias no verão girando em torno de 24°C e as temperaturas mínimas próximas de 16°C. Nas estações e postos meteorológicos da região, os totais mensais de chuvas mostram que as máximas ocorrem nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, e as mínimas, nos meses de junho, julho e agosto (SETZER, 1976), sendo sua precipitação média anual em torno de 1300 mm/ano (Prefeitura Municipal de Estiva Gerbi).

4.4 Hidrografia

O município de Estiva Gerbi está inserido na bacia hidrográfica do Baixo Pardo-Mogi, dentro da sub-bacia do rio Oriçanga, ocupando partes dos municípios de Aguaí e Mogi- Guaçu, tendo sua foz no Bairro da Mombaça, em Mogi-Guaçu. O Rio Oriçanga tem suas nascentes no município vizinho de Aguaí e possui uma extensão aproximada de 75 km, desaguando no Rio Mogi-Guaçu. Em seu curso apresenta um padrão meândrico com muitos meandros abandonados e encontra-se em vales abertos em grandes planícies aluvionares. Através de análise em fotos aéreas, é possível observar um forte controle tectônico em seu curso, aproximadamente na direção NE-SW, com a mesma orientação do relevo. Ao passar para a quadrícula de Conchal, segue direção E-W até desaguar no Rio Mogi-Guaçu. O principal afluente do Rio Oriçanga, na área de estudo, é o Córrego do Ypê, pela sua margem esquerda. Próximo ao município de Estiva Gerbi, o Rio Oriçanga recebe uma carga de poluentes provenientes do Córrego dos Ypês que corta o município, porém esse poluente vem do vizinho Município de Mogi-Guaçu, onde este córrego atravessa grande parte da periferia da 44 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______cidade. O Córrego dos Ypês tem sua nascente no município vizinho de Mogi-Guaçu. Seu principal afluente, na área de estudo, é o Ribeirão Anhumas, pela margem direita. Tem direção S-N, cortando o município de Estiva Gerbi, próximo à Cerâmica Gerbi. Durante o trajeto percorrido, dentro do município de Mogi-Guaçu, o aporte de esgoto doméstico recebido é grande, sendo possível observar a poluição, pela quantidade de espuma gerada durante o percurso do córrego pelas partes encachoeiradas (FOTO 1), além de agrotóxicos provenientes de plantações na bacia do córrego. O Córrego dos Ypês vai desaguar no Rio Oriçanga a NW da cidade de Estiva Gerbi, próximo ao parque industrial do município.

Foto 1: Na foto observa a quantidade de espuma indicando a poluição do Córrego dos Ypês ao Município de Estiva Gerbi. (ponto EG 110)

O Ribeirão Anhumas também possui sua importância ao Município, (Foto 2), pois é nele que ocorre a captação de água para abastecimento, cerca de 60% da água consumida pelo município, sendo o restante captado por poços artesianos, ele corta a cidade na direção NE- SW, vindo a desaguar no Córrego dos Ypês, atrás do pátio da Prefeitura Municipal.

45 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

Foto 2:Ausência de vegetação arbórea na área de preservação permanente (APP) do Córrego Anhumas, e uma placa de protesto.(ponto EG 115)

4.5 Aspectos geomorfológicos

Segundo o mapa geomorfológico do IPT (1981a), a área situa-se regionalmente na transição entre dois domínios geomorfológicos: Depressão Periférica e Planalto Atlântico, sendo os limites desses terrenos coincidentes com o contato do Embasamento Cristalino e a Bacia Sedimentar do Paraná. Segundo ALMEIDA (1964), os terrenos constituídos pelo Embasamento Cristalino possuem predominância de morros de topos arredondados, vertentes com perfis retilíneos, presença de serras restritas, com alta densidade de drenagem, enquanto os terrenos pertencentes à Depressão Periférica possuem um relevo com formas suavizadas, levemente onduladas constituídos por colinas amplas. Localmente, a geomorfologia da área de estudo está inserida na Depressão Periférica, na zona do Mogi Guaçu, no local encontra-se relevo de degradação em planaltos dissecados, sendo relevos colinosos com predominância de baixa declividade, até 15%, segundo o IPT (1981a), pertencem a duas classes, 212 colinas amplas e 213 colinas médias.

46 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

4.6 Aspectos geológicos

Geologicamente, o município de Estiva Gerbi situa-se na porção nordeste da Bacia Sedimentar do Paraná, próximo ao limite com as unidades metamórficas e intrusivas do Embasamento Cristalino do Estado de São Paulo. De acordo com IPT (1981b), o município localiza-se na borda nordeste da Bacia do Paraná, com unidades estratigráficas representadas pela Formação Aquidauana, com diversos sills de diabásio correlatos à Formação Serra Geral, formando o substrato rochoso dos municípios de Estiva Gerbi, Mogi-Mirim, Mogi-Guaçu, Conchal e Cosmópolis. Também estão presentes as coberturas cenozóicas, tanto das formações correlatas à Formação Rio Claro, como depósitos aluvionares recentes e rochas granitóides e metamórficas do seu embasamento cristalino (Figura 4).

4.6.1 Rochas Cristalinas

Inúmeros trabalhos foram feitos, destacando – se, na área do embasamento cristalino. Os estudos pioneiros de Ebert (1955, 1957 a, b 1963, 1971 a,b 1974) e Rosier (1957), Artur (1980) Campanha et al (1983 a,b), Cavalcante et al (1979), Zanardo et al (1990). Na bacia sedimentar so Paraná, citam-se os trabalhos de Almeida & Barbosa (1953), Barbosa & Almeida (1949), Cotas et al (1981), Guirro (1991) Soares & Landim (1973) e Zalán et al (1987). Para o embasamento cristalino, Ebert (1955, 1957 a, b e 1963) e Rosier (1957), dizem existir um cinturão geossinclinal assintico, que contorna a parte sul do craton do São Francisco, apresentando uma tectônica de escamas com grande transporte de massa. Próximo a São João Del Rei este cinturão sofre uma bifurcação; o embasamento do cinturão norte seria o grupo Barbacena (EBERT, 1962) e, ao sul o grupo Amparo (EBERT, (1962, 1971 a)) os metassedimentos corresponderiam ao grupo . A área é cortada ao norte pela falha de Jacutinga, (EBERT, 1968, 1971 a,b e RODRIGUES, 1976) e pela falha de Ouro Fino (CAVALCANTE et alii (1979 e CAMPANHA et alii, 1983 a). Essas Falhas Pertencem à Zona de transcorrencia Carandaí – Mogi Guaçu, de caráter dextrogiro, possuem varias ramificações secundarias e, para leste, mudam de nomes e adquirem caráter de empurrão (CAVALCANTE et alii 1979).

47 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

48 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______Campanha et al, (1983 a) reconhecem na área uma compartimentação em blocos tectonicos, limitados por zonas milonítica. Caracterizaram quatro grandes blocos: Pinhal, Jacutinga, Itapira e Ferreiras.

4.6.2 - Grupo Tubarão

O grupo Tubarão, subdivide-se em dois ciclos, segundo os geólogos da comissão Geográfica e Geológica: o inferior glacial representado pelo grupo Itararé e o superior pós- glacial conhecido como grupo Tatuí no Estado, correspondente ao grupo Guatá nos estados sulinos. Soares et ali (1977) subdividem o grupo Itararé em três unidades litológicas baseadas na porcentagem de arenitos: a unidade inferior correspondendo aproximadamente à formação Itu, a média às formações , Capivari e Gramadinho e a superior à formação Tietê. Interdigitados no topo da formação Tietê na base da formação Tatuí aparecem os sedimentos avermelhados da formação Aquidauana. A formação Tatuí equivalente das formações Palermo e Rio Bonito no Sul assentam-se em discordância erosiva sobre os sedimentos do Itararé superior.

4.6.3 – Grupo Itararé

Os sedimentos do grupo Itararé assentam-se diretamente sobre o embasamento cristalino. Estudando-se afloramentos e perfis de poços verifica-se que o grupo Itararé é constituído predominantemente de arenitos finos e grosseiros, lamitos e diamictitos de cores amarelos, vermelhos e cinza claro nas partes superior e inferior, enquanto que a parte média é representada por arenitos finos siltitos lamitos, de cores cinza escuro e amarelas. Os arenitos freqüentemente feldspáticos ou mesmo arcozianos formam corpos psamíticos exibindo diversas estruturas sedimentares singenéticas como marcas ondulares, marca de sola, estratificação cruzada, estratificação gradacional, etc., além de estruturas devidas a deformação plástica penecontemporâneas à deposição. Na seqüência sedimentar aparecem abaixo dos arenitos, lutitos, siltitos ás vezes apontados como loessitos ou argilitos. Esses sedimentos finos podem se apresentar bem estratificados ou maciços. Na porção inferior distingui-se ritimitos do tipo varvitos exibindo alternação de lâminas cinza-escuras de argilitos e/ou siltitos com lâminas cinza-claras de siltito e/ou arenito fino, às vezes com seixos pingados. Os diamictitos ocorrem

49 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______esporadicamente, sendo os corpos de formas variadas e espessuras em torno de 5 a 10 metros contendo seixos estiados de quartzo, quartzito, metagrauvacas, metarcósios, granito, etc. Em função da maior freqüência de corpos arenosos na metade inferior e nos últimos 100-200 metros, Soares et ali (1977) apresentam, em caráter preliminar uma subdivisão do grupo Itararé em três pacotes citados anteriormente por Andrade & Soares (1970) e Soares & Landim (1973). Estas unidades litológicas foram divididas por Barbosa e Almeida (1949) e verificadas nos poços da Petrobrás (Assistência e Fazenda Pitanga) em formação que podem ser assim descritas sumariamente: Itararé inferior: formação Itu constituída de arenitos grosseiros a finos, conglomeráticos, varvitos, folhelhos e siltitos, diamictitos próximos à base: Itararé médio: Formação Elias Fausto, com tilitos, arenitos. Formação Capivari com arenitos e siltitos, intercalações de folhelhos, conglomerados locais e seixos pingados, formação Gramadinho representada por dois conjuntos de tilitos separados por arenitos, folhelhos e varvitos com seixos pingados. Itararé superior: formação Tietê com arenitos grosseiros a finos, siltitos e folhelhos, localmente conglomerados, lentes de calcário e camada de carvão e diamictito próximo ao topo. Nos poços da Petrobrás foi verificada uma espessura total de 1.100 a 1300 metros sendo em média 650 metros para o Itararé inferior, 400 metros para o Itararé médio e 180 metros para o Itararé superior. Do ponto de vista litológico, com base nas secções estratigráficas e nos perfis dos poços, verificou-se no Itararé, às vezes, repetições das litologias as quais são interpretadas como ciclos. Ocorrem também evidências de erosão penecontemporânea e retrabalhamento, que impedem o livre desenvolvimento do ciclo. Outro aspecto anotado neste grupo é a rápida mudança de fácies lateralmente. Regionalmente, como no médio Tietê o grupo Itararé é representado por: Unidade inferior, composta por arenitos grosseiros e estratificados mal selecionados, conglomeráticos, lenticulares, associados a ritimitos cinza claro e escuro, siltitos e lamitos perfazendo uma espessura de 200 metros e depositados num ambiente flúvio-glacial e lacustre, às vezes marinho: Unidade média, onde predominam arenitos com estratificação horizontal, lamitos avermelhados e diamictitos cinza esverdeados, às vezes folhelhos intercalados depositados em ambiente marinho, numa espessura de 250 a 500 metros:

50 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______Unidade superior, representada por arenitos grosseiros, conglomerados, diamictitos, argilitos e siltitos marrom-avermelhado em estratificação plano-pararelela depositados numa espessura de 200 metros. Na bacia do rio Pardo distinguem-se: Unidade média representada principalmente por lamintos conglomeráticos e arenosa, e arenitos muito finos a médio com laminação plano-paralela depositados num ambiente marinho de águas rasas do tipo praia, planície de maré e plataforma; Unidade superior composta por uma grande variedade de arenitos finos a muito finos e lamitos conglomeráticos amarelos ou marrom claro, depositados num ambiente flúvio- lacustre em planície glacial continental. A espessura desta unidade bastante variável é ainda desconhecida, todavia, atinge pelo menos uns 120 metros. Quando ao contado entre a unidade superior e média, existe um interdigitamento das camadas, bem como em relação à formação Aquidauana que aflora somente na parte nordeste da região. O grupo Itararé com uma largura máxima de afloramento de 35 quilômetros, estreitando-se para o norte, desenvolve-se em direção norte-sul, sofrendo pequenas interrupções por coberturas quartenárias dos rios Mogi-Guaçu e Pardo. A oeste de São José do Rio Pardo, o conjunto sofre um estreitamento reduzindo a faixa de afloramento para 10 quilômetros. Exposições representativas ocorrem próximas às cidades de , Piracicaba e Campinas, recobrindo uma área de aproximadamente 3.300 Km2.

4.6.4 – Formação Aquidauana

A denominação desta unidade deve-se a Lisboa (1909), sendo que Almeida (1948) reescreveu a Formação Aquidauana, quando realizou estudos nas cercanias da cidade homônima no Estado do Mato Grosso do Sul. A Formação Aquidauana pertence ao Grupo Tubarão (Permo-carbonífero), da Bacia do Paraná. A unidade aflora na região desde Araras, em pequenas manchas até a parte setentrional da região, tornando-se a litologia sedimentar dominante nas proximidades da região de Aguaí. Schobbenhaus Filho et al. (1975) não conseguiram dividir a Formação Aquidauana em unidades litológicas, devido à grande variação faciológica encontrada, tanto na vertical como na horizontal, apesar das grandes espessuras de sedimentos, entre 799 e 1.165 metros, encontradas em perfurações nas cidades de Alto Garças (MT) e Jataí (GO), respectivamente.

51 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______Do ponto de vista litológico, a Formação Aquidauana é constituída por arenitos muito finos a grosseiros, lamitos arenosos vermelhos com estratificação plano-paralela. Nota-se, também, dentro dos arenitos, a presença de seixos que variam em tamanho, desde milimétricos até 10 a 15 centímetros. Os sedimentos da Formação Aquidauana apresentam-se, em geral, interdigitados com os do grupo Itararé, enquanto na parte norte da área, assentam-se, diretamente, sobre a Formação Tatuí. A espessura atinge cerca de 70 metros na parte norte da bacia do rio Pardo, diminuindo gradativamente para o sul, na região de e Americana. Daemon & Quadros (1970) estabeleceram o intervalo Estefaniano-Sakmariano (Período Permiano) para a Formação Aquidauana, com base nos microfósseis encontrados por Schobbenhaus Filho et al. (1975) e Campos & Campos (1975). As litologias da Formação Aquidauana permitem considerá-la como tendo sido depositada no Permo-Carbonífero, em lago peri-glacial. Schobbenhaus Filho et al. (1975)

4.6.5 - Formação Tatuí Barbosa & Almeida (1949), Almeida & Barbosa (1953) e Barbosa & Gomes (1958) propuseram o nome de Formação para um pacote de rochas descrito por Washburne (1939), dividindo-a em dois membros: Tupi e Tatuí. Petri (1964) propôs o agrupamento do complexo glacial no subgrupo Itararé, conservando o nome de Formação Tatuí para essas rochas. As rochas da Formação Tatuí marcam o início do ciclo pós-glacial e está representado no membro inferior por siltitos e arenitos muito finos de cor marrom-avermelhado e no membro superior por siltitos de cores claras amareladas e esverdeadas intercalando corpos acanalados de arenitos (SOARES, 1973). No membro inferior ocorrem lamitos com finas lentes de calcários, enquanto na parte superior as camadas de calcários ocorrem mais raramente nos arenitos de granulação média. A formação Tatuí representa o fenômeno de transgressão em toda a bacia do Paraná. Dentro da formação não são conhecidos fósseis tipicamente marinhos salvos alguns espículos de esponjas encontradas em Iracemápolis por Barbosa e Almeida (1949). Em modelo ambiental, o membro inferior corresponde á sedimentação acima do nível das águas, marcando, marcando a evolução de condições continentais, que caracteriza a discordância pré-Tatuí para supramaré, enquanto que o membro superior mostra sucessões freqüentes de recobrimento e exposição pelas águas num regime de intramaré. Na região a formação Tatuí está representada em sua grande parte pelo membro inferior e aflora desde Mombuca até Araras e em menores proporções ao norte de . O 52 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______membro superior foi identificado somente na região de Araras. A formação possui uma espessura bastante variada que pode ser aproximadamente de 40 metros na região de Mococa, 25 metros em Limeira e de 60 a 70 metros perto do rio Tietê.

4.6.7 - Sedimentos Cenozóicos

Matoso & Robertson (1959) diz que estas rochas poderão abranger indistintamente as rochas de idades Terciárias e Quartenárias. Estes sedimentos são representados em geral por dois estágios, um inferior aluvial, arenoso, com conglomerado tipo brecha na base e espessura de 20 a 40 metros apresentando estratificação paralela, cruzada, estrutura de corte e preenchimento, e lentes de argilas, e o superior coluvial menos espesso e sem estrutura. Na região centro-leste do estado esses sedimentos se distribuem em três níveis: o mais alto de 900 a 1000 metros correspondendo ao elevado de São Carlos até Descalvado, ligeiramente a oeste da área estudada; o intermediário entre 800 a 900 metros sobre o qual desenvolve-se o serrado de Itirapina; e o inferior com cota de 600 metros onde se instalou a rede de drenagem principal (SOARES e LANDIM, 1976). Na região, os depósitos Cenozóicos podem ser classificados em três tipos, em função da sua origem e da sua posição espacial. Neste caso, os depósitos da região de Itaqueri-São Pedro remanescentes da ampla superfície de aplainamento Sul-americana são atribuídos ao primeiro tipo e representados por uma litologia constituídas de arenitos grosseiros a finos, camadas de argilas recobertas de conglomerados polimíticos. O segundo tipo correspondendo à superfície dos médios inter-flúvios desenvolveu-se na Depressão Periférica junto às escarpas basálticas nos vales dos rios Mogi-Guaçu e Pardo sob a forma de taludes de baixo declive e amplas planícies aluviais ao longo dos principais vales conseqüentes. Estes depósitos aluviais ocorrem atualmente sob forma de terraços de 80 a 120 metros acima do nível dos principais rios, ou entre 590 e 700 metros de altitude na Depressão Periférica. Assim, os depósitos próximos a Campinas e Casa Branca situam-se aproximadamente a 700 metros de altitude sendo correlatos aos de Limeira, e Rio-Claro. Tais depósitos são representados litologicamente por material componente de rochas vizinhas, conglomerados quartzosos, brechas, seixos, arenitos fino e grosseiros com intercalação de camada delgada de argilitos. O terceiro grupo de ocorrência restrita forma os baixos terraços distribuindo-se juntos aos principais rios em bacias morfológicas menores, sendo que as maiores encontram-se perto de Pirassununga, nos vales dos rios Mogi-Guaçu, Capivari e Corumbataí. Esses depósitos situados entre 40 e 60 metros acima do nível atual do rio são caracterizados por 53 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______conglomerados formados por seixos grandes de quartzitos e quartzo, meta-arcósios e cascalheiras de 3 a 5 metros de espessura.

4.6.6 – Rochas Intrusivas

Na região ocorrem numerosos corpos de rochas intrusivas, sob forma de diques e sills de diabásio, principalmente na bacia hidrográfica do rio Pardo. O sill de maior extensão desenvolve-se de forma contínua a baixo da formação Corumbataí desde Araras até Tambaú. Perto de Iracemápolis e Cordeirópolis, existe um sill entre a Formação Irati e Corumbataí, às vezes intrusivo dentro do próprio Irati. Outros numerosos corpos afloram próximo a Aguaí, Santa Bárbara D’Oeste, americana e Campinas. Estes sills estão intercalados dentro do Grupo Itararé ou diretamente em contato com o embasamento cristalino. Nos Poços de prospecção de petróleo de Assistência, Fazenda Pitanga e Charqueada, com mais de 1000 metros de profundidade até o embasamento, anotou- se a presença de 3 a 4 sills dentro do Grupo Tubarão, com espessura variando de alguns metros até 225 metros.

4.7 - Geologia Local

O Município de Estiva Gerbi encontra-se sobre rochas Paleozóicas da Formação Aquidauana (Grupo Tubarão), depósitos Cenozóicos de coberturas correlatos à Formação Rio Claro e por sedimentos aluvionares ao longo das principais drenagens. As rochas mais antigas (Permo-carboníferas) pertencem à Formação Aquidauana e estão representados por interdigitações de arenitos e argilitos. Os argilitos são avermelhados a róseos, com alternância de lâminas de coloração branca e laranja, apresentando atitude sub-horizontal. Seus principais afloramentos encontram-se em cortes de estradas e em cavas de mineração abandonadas. Os arenitos encontrados na região de estudo possuem coloração vermelho-rosado com intercalações milimétricas de siltito branco, aflorando, principalmente, em cortes de estrada ao longo de quase a totalidade da área, gera uma camada de solo espessa argilo-arenoso e também são pertencentes à Formação Aquidauana segundo o Mapa Geológico do Estado de São Paulo (IPT, 1981a). Coberturas Cenozóicas ocorrem nos topos das colinas amplas e médias, sendo representados por sedimentos correlatos à Formação Rio Claro. São constituídas por materiais argilo-arenosos, de coloração vermelho-alaranjada, com solos residuais e coluvionares. Os 54 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______solos coluvionares possuem linhas de seixos na base, compostos por quartzitos e lateritas. Os principais afloramentos desta unidade se encontram na rodovia SP-340. Os depósitos aluvionares são bastante expressivos na área, associados às planícies fluviais do rio Oriçanga e seus principais afluentes. São constituídos por areias e argilas inconsolidadas.

55 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

V – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo são apresentados os principais resultados da pesquisa. Para a separação das unidades, foram adotados os critérios da primeira etapa do método do detalhamento progressivo, com destaque para os procedimentos utilizados nesta etapa, ou seja, na fase de definição, caracterização e mapeamento das unidades geológico-geotécnicas na escala 1:25.000. Para esta compartimentação foram cruzados os aspectos geológicos, geomorfológicos e as características de solo, obtidas no campo. Com a integração dessas informações foi gerado o mapa geológico-geotécnico na escala 1:25.000.

5.1 Mapa geológico-geotécnico

O mapa geológico-geotécnico produzido nesta dissertação integra numa base topográfica, as informações geológicas, geomorfológicas e pedológicas levantadas. Geologicamente, a unidade de maior ocorrência na área de estudo é a Formação Aquidauana, com destaque para a presença de lamitos, que afloram praticamente em toda a área. Secundariamente, ocorrem arenitos interdigitados com os argilitos, restritos à porção leste da área urbana. Outra unidade geológica, as coberturas cenozóicas, ocorrem discordantemente sobre a Formação Aquidauana. Nos fundos de vales existem depósitos aluvionares, com argilas e areias inconsolidadas de várias colorações. Esses aluviões merecem destaque, pois são ocupados por parte da área urbana de Estiva Gerbi. Geomorfologicamente, ocorrem relevos de degradação em planaltos dissecados, são pertencentes a duas classes (IPT 1981a): - Colinas amplas, classe 212, com interflúvios superiores a 4 km2, topos extensos e aplainados, vertentes com perfis retilíneos a convexos, drenagem de baixa densidade, padrão sub-dentrítico, vales abertos, planícies aluvionares interiores restritas, presença eventual de lagoas perenes ou intermitentes - Colinas médias, classe 213, topos aplainados com áreas de 1 a 4 km2, vertentes com perfis convexos e retilíneos drenagem de baixa a média densidade, padrão sub-retangular, vales abertos e fechados, planícies aluviais interiores restritas, presença eventual de lagoas perenes ou intermitentes. 56 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______As características dos perfis de solo descritos, juntamente com o substrato geológico e a situação geomorfológica, compuseram o agrupamento necessário para o estabelecimento de diferentes unidades geológico-geotécnicas. Como Estiva Gerbi se desenvolveu principalmente pela atividade mineraria, os reflexos deixados pelas empresas de mineração mostram uma mudança significativa na paisagem, na forma de cavas e pilhas de bota-fora, definidas neste trabalho como uma unidade com características particulares. Desta forma, a área de estudo foi dividida em 6 unidades geológico-geotécnicas: • Unidade I: Solo areno-argiloso e arenitos da Formação Aquidauana, em relevo de média vertente; • Unidade II: Solo argiloso e argilitos da Formação Aquidauana, em situação de média e baixa vertente; • Unidade III: Solo Coluvionar e cobertura Cenozóica Indiferenciada, em situação de meia encosta; • Unidade IV: Solo residual e cobertura Cenozóica Indiferenciada de topo de colinas amplas; • Unidade V: Solo aluvionar de planície de inundação; • Unidade VI: Áreas modificadas pela atividade de mineração. 5.1.1 – Unidade I – Solo areno-argiloso e arenitos da Formação Aquidauana, em relevo de média vertente Corresponde às áreas de ocorrência de arenitos da Formação Aquidauana. Possuem coloração vermelho-rosado com intercalações de laminas de silte branco e algumas camadas, às vezes centimétricas, de sílex (foto 4). Seus afloramentos foram descritos, principalmente, nos cortes da ferrovia (foto 3), a oeste da sede do município (Apêndice 2). Geomorfologicamente, ocorre em situação de média vertente, com vales abertos com média declividade e baixa densidade de drenagem. Os solos desta unidade apresentam espessuras inferiores a 5 metros, formando um composto areno-argiloso de coloração vermelho-rosado. O nível d’água subterrâneo observado em poços ou cisternas, tem uma grande variação, podendo estar entre 5 e 25 metros. Os principais problemas, de natureza geológico-geotécnica, encontrados nessa unidade dizem respeito aos processos erosivos instalados junto às estradas vicinais, não pavimentadas, e também na ferrovia e são provocados, principalmente, pela concentração de águas pluviais nas caneletas laterais, não cimentadas. Outro problema refere-se à escavabilidade das rochas, quando ocorrem as camadas centimétricas de sílex, dificultando a escavação manual.

57 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

Foto 3: Afloramento com o perfil característico unidade I, rocha (arenito) e solo avermelhado espesso. (ponto EG 30)

Foto 4: Detalhe do arenito da Formação Aquidauana com intercalações de com silte branco. (ponto EG 30).

58 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

5.1.2 Unidade II – Solo argiloso e argilitos da Formação Aquidauana, em situação de média e baixa vertente É a unidade de maior ocorrência na área de estudo, localizada em quase toda a região central, norte e leste da área. Seus afloramentos estão mais bem expostos em cortes da rodovia SP 340 (Apêndice 2). Geomorfologicamente, ocorre em situação entre a média e baixa vertente, podendo conter feições de relevo como anfiteatros de cabeceira, bastante característicos nesta unidade. Apresenta densidade de drenagem média e declividades de 5 a 15%. O nível d’água subterrâneo varia entre 5 e 8 metros, dados estes verificados em poços e cisternas. Solos são pouco espessos, não superiores a 1 metro, geralmente coluvionares, de constituição argilosa. O substrato geológico está representado por argilitos da Formação Aquidauana. São rochas estratificadas com camadas e laminas variando de centimétricas a milimétricas, cores vermelho, branco, amarelo e cinza (Foto 5). São camadas sub-horizontais e bastante fraturadas. No limite noroeste da área observa-se o contato entre as unidade II e III . (Apêndice 2, Foto 6).

Foto 5: Perfil característico da unidade II, com pequena espessura de solo sobre lamitos arroxeados da Formação Aquidauana. Ponto EG 1, rodovia SP-340.

59 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

III

II

Foto 6: Contato geológico entre os Argilitos da unidade II e as coberturas Cenozóicas Indiferenciadas, aflorantes na rodovia SP 340, possuindo cor amarela com laminações siltosas brancas. (Ponto EG 107)

Na unidade foram observados processos erosivos instalados nas situações de meia encosta, que podem ser atribuídos a desmatamentos associados à concentração de fluxo de água pluvial.

5.1.3 Unidade III – Solo Coluvionar e cobertura Cenozóica Indiferenciada, em situação de meia encosta Esta unidade foi definida com base na ocorrência de solo coluvionar arenoso, proveniente de cobertura Cenozóica indiferenciada, correlata à Formação Rio Claro, em situação de meia encosta e com espessura inferior a 5 metros (Apêndice 2, foto 7) A unidade está caracterizada, geomorfologicamente, como vertente de média encosta, estando limitada em sua zona superior por uma quebra positiva de relevo, bem delineada em aerofotos. Apresenta média declividade e baixa densidade de drenagem. Seu limite inferior é marcado pelo contraste com o substrato impermeável da Unidade II (foto 7 e 8). Na base desta unidade ocorre linha de seixos centimétricos, de quartzitos, quartzitos laterizados e lateritas (foto 10). O nível d’água, observado em algumas cisternas, estava entre 4 e 15 metros, ultrapassando a unidade de origem atingindo o nível inferior.

60 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

Foto 7: Nesta foto é possível observar a espessura de material inconsolidado pertencente a unidade III. (ponto EG 108).

Foto 8: Afloramento com perfil característico da Unidade III, com a distinção entre o solo e o substrato arenoso. Processos erosivos instalados. (ponto EG 4).

61 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

Foto 9: Detalhe a interface entre o material inconsolidado e o substrato.(ponto EG 4)

Foto 10: Linha de seixos e lateritas encontrada em perfil característico da unidade III. Ponto EG 4.

Nesta unidade o principal processo geológico instalado em decorrência a ocupação antrópica, e bem observado em campo, refere-se a processos erosivos em bordas de pontes e em taludes da ferrovia (foto 11).

62 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

Foto 11: Processos erosivos instalados em beira de ponte sobre a linha férrea. (ponto EG 108).

5.1.4 Unidade IV – Solo residual e cobertura Cenozóica Indiferenciada de topo de colinas amplas.

Está unidade tem ocorrência restrita à região sudoeste da área de estudo, logo na entrada do município e em alguns pontos da rodovia SP-340 (Apêndice 2). Corresponde a uma faixa de afloramentos de solo residual arenoso de cobertura Cenozóica indiferenciada, caracteriza-se por possuir uma camada de solo inferiores a 5 metros

63 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______de espessura de composição argilo-arenoso, e seu substrato representado por arenitos de coloração avermelhada. Geomorfologicamente corresponde ao relevo de colinas amplas e suaves (foto 12), com baixa densidade de drenagem, indicando uma alta permeabilidade.

Foto 12: Relevo de colinas amplas, característico da unidade IV.

A unidade IV apresenta baixa declividade, pode ocorrer, em locais restritos, o nível d’água encontra-se profundo entre 10 e 15 metros, tendo uma característica interessante, a formação de lagoas, bem observadas em fotos aéreas, também observadas no município vizinho de Mogi-Guaçu. Os principais problemas encontrados nessa unidade refletem a ocupação antrópica desordenada e sem planejamento. Com o crescimento urbano, a construção de novas casas e asfaltamento das ruas, concentrou o fluxo de água pluvial, provocando um aumento no escoamento superficial e, conseqüentemente, uma aceleração dos processos erosivos (foto 13).

5.1.5 Unidade V – Solo aluvionar de planície de inundação

Tem ocorrência bastante expressiva nas planícies de inundação das principais drenagens do município: Rio Oriçanga, Ribeirão Anhumas e Córrego dos Ypês (Apêndice 2, foto 14). 64 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______Corresponde ao domínio de cobertura Cenozóica de fundo de vale (aluviões), representados por areias de granulometria média a grossa, encontrados nas planícies aluvionares do Rio Oriçanga, e argilas cinzas pouco arenosas de baixa plasticidade. Essa região é caracterizada por planícies aluvionares bem desenvolvidas em áreas planas e vales abertos.

Foto 13: Processo erosivo instalado na unidade IV, com acumulo de lixo. (ponto EG 109).

Foto 14: Vista da planície do Rio Oriçanga unidade V. (ponto EG 110).

65

Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______O solo aluvionar da planície aluvionar do rio Oriçanga foi investigado com trado manual pela empresa de Mineração Chiarelli Ltda. O perfil característico destes locais investigados tem um capeamento de argilas de 2 metros de espessura média, sobre uma camada de 3 metros de areias inconsolidadas, com isso pode-se gerar uma coluna estratigráfica representativa para essa unidade, onde é mostrado a média das espessuras dos materiais encontrados. (figura 5).

2 m Argilas inconsolidadas pouco arenosas

3 m Areias de granulometria média a grossa

Figura 5: coluna estratigráfica representativa da unidade V (ponto EG 57).

Nesta unidade, relacionados aos processos da dinâmica fluvial, potencializados e acelerados pela ação antrópica, foram registrados problemas ambientais ocasionados pela erosão, sedimentação e enchentes. A ocupação indevida (por residências) das várzeas na área urbana é afetada por enchentes sazonais do Córrego dos Ypês. Nas edificações desta unidade foram observadas trincas nas paredes, as quais podem ser atribuídas à baixa capacidade de suporte dos solos aluvionares argilosos (Foto 15). Depósitos de assoreamento (Foto 16) podem ser observados na planície do Rio Oriçanga e do Córrego dos Ypês, junto à área urbana, causados pelo grande aporte de sedimentos provenientes de áreas com solo exposto e vias não pavimentadas. Outro problema observado é a poluição do Córrego dos Ypês, proveniente do esgoto doméstico de Mogi Guaçu (SP).

66 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

Foto 15: Trincas nas paredes de casas e muros são comuns nesta unidade (ponto EG 111).

16: Na foto é possível observar a acumulação de sedimentos nas margens da represa, em afluente do Rio Oriçanga (ponto EG 110).

67 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

5.1.6 Unidade VI – Áreas modificadas pela atividade de mineração

Estiva Gerbi se desenvolveu, principalmente, por suas cerâmicas e olarias. Essa atividade pela explotação mineral deixou para o município um passivo ambiental, ou seja, áreas degradadas, expressivas, compostas por cavas e pilhas de bota-fora. As áreas foram delimitadas e definidas como uma unidade geológico-geotécnica e estão concentradas na região central do município. Esta unidade, denominada “Unidade VI – Áreas modificadas pela atividade de mineração” (Apêndices 2 e 3), encontra-se inserida, principalmente, dentro das unidades II e V, cujos materiais, argilas e argilitos, são as fontes da matéria prima para a indústria cerâmica. Desta forma estas áreas foram identificadas e cartografadas como unidade VI (unidades II e V modificadas).(tabela 12) Assim, esta unidade ainda pode ser dividida em sub-unidade VI-a, correspondente à unidade II modificada, em que foram mapeadas 6 áreas: VI.3, VI.4, VI.7, VI.9, VI.10 e VI.11, estas referentes à lavras abandonadas e em atividade de argilitos da Formação Aquidauana, e em sub-unidade VI-b, definida pela unidade V modificada, onde formam mapeadas 5 subáreas: VI.1, VI.2. VI.5, VI.6 e VI.8, referentes à antigas áreas de exploração de argila aluvionar (“barro de aluvião”) e areia para construção civil. A sub-unidade Via corresponde as áreas de exploração de argilito na unidade II modificada, estas áreas representam a maioria das cavas encontradas, caracterizam-se por apresentarem formas indefinidas com suas cavas completamente tomadas por água. Com a falta de recuperação dos taludes das cavas e a retirada da cobertura vegetal, contribuíram para o aparecimento de processos erosivos. As pilhas de bota-fora são expressivas nesta região, provocando a mudança na topografia e apresentando declividades que podem chegar a 80%. Na sub unidade VIb, correspondente a unidade V modificada, representa as minerações encontradas em aluviões, principalmente pela bacia de inundação do Rio Oriçanga, neste local as cavas possuem formas irregulares, apresentando mudanças no perfil hídrico da região, surgimento de processos erosivos seguido de assoreamento, mudança na topografia e enchentes. A grande quantidade de cavas abandonadas nas proximidades da sede do município representa um problema para a expansão urbana, como pode ser observado na Foto 17. As cavas de extração de argila e as pilhas de bota-fora, de um modo geral, apresentam formas irregulares, podendo apresentar-se parcialmente submersas ou secas, com taludes sub-

68 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______verticais a pouco inclinados, de até 4 a 5 metros de altura. As pilhas ou camadas de bota-fora são dipostas de forma alongada, com até 400 metros de extensão e declividade de até 80%.

Foto 17: Cavas abandonadas nas proximidades da área urbana – Foto aérea de 2000 com um panorama das cavas abandonadas (Áreas VI.3 e VI.6).

69 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______Na classificação dessas áreas foram verificados os critérios definidos pelo Instituto Geológico (COLLARES, 2000), para relacionar as principais mudanças no meio físico observadas (Tabela 6), ou seja: formação de cavas abandonadas (submersa ou seca); com retirada do solo superficial; com desmatamento; presença de processos erosivos; assoreamentos das drenagens; comprometimento da vegetação na planície de inundação ou mata ciliar e alteração do perfil hídrico. Levando em consideração as alterações decorrentes da atividade de mineração, esta unidade foi separada e classificada, como uma unidade geológico-geotécnica, de acordo com os seguintes aspectos: • Mudanças no perfil de solo; • Mudanças no nível d’água; • Mudanças na topografia; • Compactação do solo, com diminuição da permeabilidade; • Instalação de processos erosivos nas encostas dos taludes. Dessa forma, foram separadas e catalogadas 11 áreas de ocorrência da Unidade VI (Apêndices 2 e 3), conforme classificadas e descritas na Tabela 12. O perfil de solo encontrado nessa área apresenta significativa mudança em relação a sua unidade de origem. Devido a abertura das cavas, esses solos são condicionados a dinâmica atuante no local, ou seja, o solo é exposto a novos condicionantes que influenciam diretamente no local gerando erosão. (Foto 18). Associado às cavas, foram mapeadas as pilhas de bota-fora (Apêndice 3). Segundo as classificações de Oliveira apud Perllogia (1998) e Flaming & Flaming (1989) as pilhas de bota-fora desta unidade podem ser classificadas como depósitos tecnogênicos construídos, do tipo espólico e do tipo gárbico. Depósitos construídos do tipo espólico, que são representados por materiais terrosos escavados e redepositados, que incluem o material na forma de bota-fora de mineração (Fotos 19 e 20), e os depósitos construídos do tipo gárbico, que abrangem todo material detrítico com lixo orgânico de origem humana e que, apesar de conter artefatos em quantidades muito menores que a dos materiais úrbicos, são suficientemente ricos em matéria orgânica para gerar metano em condições anaeróbicas, na área são representados por uma cava preenchida por lixo (aterro controlado do município, Apêndice 3), conforme ilustrado na Foto 21.

70 assoreamento assoreamento veículos veículos instáveis instáveis topografia topografia. erosivos e mudanças e mudanças erosivos compactado compactado na topografia assoreamento. assoreamento. PROCESSOS PROBLEMAS ASSOCIADOS Processos erosivos Processos erosivos Processos erosivos. Processos erosivos. Processos erosivos, INSTALADOS E Talude instável, solo solo instável, Talude instabilidade de Talude, dos taludes, mudança na mudança taludes, dos mudança na topografia e topografia na mudança Processos erosivo, taludes Processos erosivo, topografia e Assoreamento e enchentes Assoreamento processos erosivos e taludes e taludes erosivos processos do taludes,, compactação do compactação do taludes,, Processos erosivos instalados, instalados, Processos erosivos solo devido a movimentação de movimentação a solo devido Processos erosivos nas encostas nas encostas Processos erosivos Processos erosivos nas encostas nas encostas Processos erosivos Processos erosivos, mudança na mudança erosivos, Processos Processos erosivos, mudança na mudança erosivos, Processos Processos erosivos instalados, instalados, Processos erosivos na e mudança instáveis taludes topografia

iva Gerbi – SP iva PROFUNDIDADE DO NÍVEL D’ÁGUA o nível d’água a 10 metros de de a 10 metros d’água o nível profundidade O nível d’água está aflorante aflorante está d’água O nível cava da interior no O nível d’água encontra-se encontra-se d’água O nível de 1 e 4 metros entre profundidade O nível d’água encontra-se a d’água encontra-se O nível profundidade de 7 metros nas é aflorante d’água O nível cavas submersas. O nível d’água está presente a presente está d’água O nível metros 8 aproximadamente encontra-se d’água O nível aflorante. O nível d’água apresenta-se a a apresenta-se d’água O nível nos profundidade de 1 metros elevados, locais mais A cava apresenta uma uma apresenta A cava de aproximada profundidade 10 metros 5 e entre O nível d’água encontra-se a d’água encontra-se O nível profundidade de 8 metros aproximadamente O nível d’água encontra-se encontra-se d’água O nível e submersa na cava aflorante na profundidade de a 5 metros cava seca. O nível d’água encontra-se encontra-se d’água O nível das cavas. na região aflorante

gular e um grande bota-fora bota-fora grande um e gular Os solos encontram-se, nos encontram-se, solos Os rtencente a Chiarelli Mineração, a rtencente forma irregular com grandes com irregular forma ade V modificada. Não verificado Processos no local de circulação de caminhão. Os de caminhão. circulação de no local rma irregular representadas por 5 cavas cavas 5 por representadas irregular rma ntra-se inserida dentro da unidade V da unidade dentro inserida ntra-se talude, possui forma arredondada com com arredondada forma possui talude, ssui uma pequena área de transição em em área de transição uma pequena ssui vermelho, marrom e amarelo e amarelo marrom vermelho, no mapa encontra-se 1 bota-fora e uma uma bota-fora e 1 encontra-se no mapa ersas, muito antigas praticamente estáveis,. antigas ersas, muito praticamente do Rio Oriçanga e Ribeirão Anhumas, antiga antiga Anhumas, e Ribeirão Oriçanga Rio do

lmente submersa em forma irre submersa em lmente 6 a 8 metros de altura, composto por vários materiais, desde materiais, vários por composto de altura, metros 8 6 a da, apresenta um conjunto de 2 cava, sendo uma submersa e submersa uma sendo 2 cava, de conjunto um da, apresenta mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Est Município de no geológico-geotécnica como unidade mineração e cavas submersas conjunto de um apresenta II modificada, e na unidade II modificada, apresenta uma grande cava seca em em seca cava grande uma apresenta modificada, II unidade na m aproximadamente 60% da área. 60% aproximadamente m rmanente. As cavas possuem possuem rmanente. As cavas , inserida nas unidades II modificada e V modificada. II e V nas unidades modificada , modificada. inserida 71 ubo alongado com, pe mineração ubo alongado com, pesso variando nas cores nas variando pesso 3) está sendo usada como aterro controlado. aterro controlado. como sendo usada 3) está argila com forma cônica inserida na unid na forma cônica inserida argila com grande área de atividade minerária enco minerária atividade de área grande ração vermelho claro, bastante compactado bastante claro, compactado vermelho ração encontra-se na planície de inundação na encontra-se encente a Cerâmica Gerbi, apresenta- fo a Cerâmica Gerbi, apresenta- encente uma cava na região central da unidade, da unidade, central cava na região uma submersa, em forma de um quadrado, po forma de um submersa, em em forma de elipses com e os bota-foras formam grandes cones de variada variada cones de grandes formam bota-foras e os com de elipses forma em por desmonte mecânico produzindo grande produzindo mecânico por desmonte rma irregular com um conjunto de 5 cavas subm 5 cavas de conjunto um com irregular rma ______com forma de feto, esse bota fora possui uma altura média de de altura média uma possui fora bota esse de feto, forma com de construções encontra-se metade outra a enquanto reflorestado, está bota-fora deste parte minério, de a restos solo moradia. ocorre a formação denotávelde taludesformação ocorre a altitude, a linhapróximo instáveis férrea. tonalidade com aproximadamente 10 metros altura. altura. metros 10 aproximadamente com tonalidade Possui forma irregular e compreende uma uma compreende irregular e forma Possui caminhões, de de transição áreas uma e 2 submersas, e seca cava grande 1 bota-foras, de 3 áreas por composta modificada, ocupa expressão, considerável possuem cavas as leiras e unidad na inserida e está brasil do do mapa forma Apresenta possu cavas bota-foras, as de elevações bota foras, nesta região uma das cavas (apêndice (apêndice das cavas uma nesta região foras, bota Área de antiga cava, material extraído cava, material antiga de Área o estoque de onde se faixa encontra Pequena Representada por duas cavas abandonadas a mais de 20 anos, possui forma irregular composta por duas cavas secas com com cavas secas duas por composta irregular forma possui anos, de 20 mais a abandonadas cavas duas por Representada solo do de compactação área grande e uma irregular forma forma de elipse, com 3 grandes conjuntos de bota-foras, O primeiro apresenta reflorestamento com pequena mudança de mudança pequena com reflorestamento apresenta primeiro O bota-foras, de conjuntos grandes 3 com de elipse, forma da na topografia mudança significante com quadrado, um de parecida forma apresentam dois outros os enquanto topografia pouco es porém de solo estratificação apresenta região, Caracteriza-se por apresenta forma irregular e está inserida e está inserida irregular forma por apresenta Caracteriza-se cava uma Caracteriza-se por apresentar torno da cava torno da Possui forma irregular é composto por uma grande cava parcia cava grande uma por composto é irregular forma Possui antiga leira de secagem na parte mais a sul na forma de t a sul na forma mais na parte secagem de antiga leira Possui forma irregular, encontra-se com com encontra-se irregular, forma Possui fo por apresentar caracteriza-se 4 cavas de conjunto um possui V modificada, unidade na inserida está e bota de uma forma apresentar por Caracteriza-se conjunto arredondadaforma de um váriospossuidesubmersas tamanhos, 3 na e para também de leiras forma secagem de inserida está que em unidade da típico aluvionar solo possui alongados tubos II modifica unidade na inserida está e irregular forma Possui pe preservação de grande área dois bota-foras, seca e outra cava associada a unidade V modificada, modificada, V unidade cava associada a submersas e parcialmente recuperadas recuperadas parcialmente e submersas cava de extração de argila e areia pert cava de extração região de transição de caminhão caminhão de de transição região Bota Fora foram reflorestados e pouco compactado compactado pouco e reflorestados foram Fora Bota Inserida na unidade V modificada. modificada. V unidade na Inserida de colo espesso pouco é taludes, seu solo

– Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de de bota-fora de e mapeamento de cavas pilhas – Identificação ação de acordo com o apêndice 3. ação de acordo com

VI.4 VI.4 VI.7 VIa.9 VIa.9 VIb.2 VIb.2 VIb.5 VIb.6 VIb.8 VIb.1 VIb.1 VIa.10 VIa.11 VIa.3B VIa.3B Candido, L.W. VIa.3A VIa.3C LOCAL CARACTERISTICAS

400 metros da sede do município seguindo seguindo município do sede da metros 400 A norte da sede do município de Estiva- de município do da sede norte A de bairro até a estrada novo ao próximo Gerbi terra no lixão. de da cidade metros 500 aproximadamente Estiva-Gerbi na antigaferroestrada de Aguaí. de município ao sentido na região N do município próximo a divisa próximo N do município na região Olaria dos Correias. Fazenda do Sr. Benedito Cortez Cortez do Sr. Benedito Fazenda região NE da sede do município, passando passando do município, NE da sede região pelo bairro novo Cercado da fazenda laranja de Na plantação do NE da município. sede situado Grande, pela antigaferro sentidode estrada Aguaí Região central da área de estudo, próximo a próximo de estudo, da área central Região metros 1.000 aproximadamente a Férrea linha município. do da sede de Estiva do da município NW sede Na região distância. de de 1200 m Gerbi, acerca Sítio doQuintiliano, Sr Márcio logo a frente dada cava Chiarelli. liga que interna na estrada Lanzi, Faz da EstivaEspírito Gerbi Santodo a Pinhal Próximo ao distritoPróximo ao industrial de Estiva Gerbi,

(solos/argilitos da Formação Aquidauana) Aquidauana) Formação da (solos/argilitos

VIa - Unidade V modificada (aluviões) (aluviões) modificada V Unidade - áreas de miner – Descrição das

VIb - VIb Unidade II modificada modificada II Unidade SUB-

UNIDADE UNIDADE

pela atividade de mineração mineração de atividade pela modificadas Áreas – VI Unidade UNIDADE UNIDADE

Tabela 12

Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

Foto 18: Perfil de solo da Unidade VI – O perfil de solo em cava abandonada na região central do município, exposto à dinâmica superficial (ponto EG 3).

Foto 19: Pilha de bota-fora classificada como camada construída do tipo espólico. Notar casa instalada no alto do bota-fora. (Ponto EG 114)

72 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

Foto 20: Pequenas pilhas de Bota-fora com detritos urbanos caracterizando um depósito construído do tipo espólico. (ponto EG 114)

Estas cavas, via de regra, estão abandonadas. As localizadas nas proximidades da cidade são utilizadas de formas váriadas, uma como pesqueiro (ponto 114), outra como aterro controlado dos resíduos urbanos, neste caso, configura-se um sério problema ambiental para o município, agravado pela proximidade com a cidade e pela presença de catadores e de urubus (ponto EG 3, Foto 21).

73 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

Foto 21: Como se pode observar na foto, o lixo é jogado e depois enterrado, passando antes pelos catadores, urubus no canto esquerdo da foto (ponto EG 3).

74 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

VI.CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES

A etapa geral, ou primeira etapa, do método do detalhamento progressivo mostrou-se uma ferramenta eficaz aplicada ao mapeamento do Município de Estiva Gerbi, tendo como produto um mapa geológico-geotécnico na escala 1:25.000. Para a definição e classificação das unidades, foram correlacionados dados de geologia, geomorfologia e perfil de solo, obtidos através de pesquisa bibliográfica, fotointerpretação e trabalhos de campo. Com o cruzamento destes dados informações a área de estudo foi dividida em 6 unidades geológico-geotécnicas, com características particulares: • Unidade I: Solo areno-argiloso e arenitos da Formação Aquidauana, em relevo de média vertente; • Unidade II: Solo argiloso e argilitos da Formação Aquidauana, em situação de média e baixa vertente; • Unidade III: Solo Coluvionar e cobertura Cenozóica Indiferenciada, em situação de meia encosta; • Unidade IV: Solo residual e cobertura Cenozóica Indiferenciada de topo de colinas amplas; • Unidade V: Solo aluvionar de planície de inundação; • Unidade VI: Áreas modificadas pela atividade de mineração. Desta forma, o mapa geológico-geotécnico integra, numa base topográfica 1:25.000, as informações geológicas, geomorfológicas e pedológicas levantadas. A unidade geológica com maior área de ocorrência é a Formação Aquidauana, com destaque para a presença de lamitos, que afloram praticamente em toda a área. Subordinados e interdigitados ocorrem arenitos. As coberturas cenozóicas ocorrem, discordantemente, sobre a Formação Aquidauana. Nos fundos de vales existem depósitos aluvionares, com argilas e areias. Geomorfologicamente, ocorrem relevos de degradação em planaltos dissecados, são pertencentes a duas classes: de colinas amplas, classe 212 e colinas médias, classe 213. Como Estiva Gerbi se desenvolveu principalmente pela atividade mineraria, os passivos ambientais, deixados pelas empresas de mineração, mostram uma mudança

75 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______significativa na paisagem, caracterizada pela presença de cavas e pilhas de bota-fora. Estas áreas foram definidas como uma unidade denominada de “Unidade VI - Áreas modificadas pela atividade de mineração. A Unidade VI foi identificada e mapeada em onze áreas distintas, conforme a distribuição das antigas lavras. Esta unidade possui uma área total de 3,5 km2, correspondendo a 3,6 % da área total do município, mostrando, com isso, a importância de sua individualização, mapeamento e caracterização preliminar. Como cerca de 80% das áreas da Unidade VI encontra-se na área peri-urbana do Município de Estiva Gerbi, fica clara a importância da caracterização detalhada dessas áreas. Alguns usos e destinações verificados, como pesqueiro e depósito de lixo, demonstram problemas já existentes. Segundo classificação existente na literatura, as pilhas de bota-fora foram classificadas como depósitos tecnogênicos construídos do tipo espólico. O mapeamento geológico-geotécnico do Município de Estiva Gerbi destacou a presença das cavas e bota-fora como uma unidade cartografada na escala 1:25.000.. Desta forma, esta etapa geral selecionou dentro da área total do Município de Estiva Gerbi (96 km²) e indica para estudos mais detalhados e específicos uma área de 3,5 km². Essas áreas são indicadas para estudos caracterização geotécnica de semi-detalhe e detalhe (Método do Detalhamento Progressivo, Zaine, 2000), voltada para a recuperação das áreas degradadas pela atividade de mineração e orientar novas formas de reutilização ou destinação Para os estudos de semidetalhe, é indicado o mapeamento, na escala 1:10.00 ou 1:5.000, com medidas e quantificação de alguns atributos, com objetivo da avaliação da suscetibidade aos processos geológicos (erosão, assoreamento, inundações, colapso do solo) e avaliação de adequabilidade à possíveis intervenções (escavações, retaludamentos, fundações, obras de recuperação ambiental, disposição de resíduos). Os produtos cartográficos desta etapa são: mapas de declividade, profundidade do nível d`água subterrâneo e coberturas superficiais. A partir desta etapa de semi-detalhe, para a possível utilização de cada uma destas áreas modificadas pela extração de argila, deverão ser previstas investigações detalhadas e uma série de ensaios de laboratório com a quantificação de atributos específicos (Resistência à pentração, análises mineralógicas, granulométricas e físico-quimicas de solos e água).

76 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

Trado Estudos posteriores Preliminares manual

Investigações Indiretas Geofísica

Poço/trincheira de amostragem Diretas Sondagem a Percussão Granulometria Índices físicos Ensaio de adensamento Ensaios e análises Análise físico-Química (solo e água) Análise mineralógica SPT – Resistência a penetração Figura 6: Esquema de estudos posteriores para caracterização da área em escala de semidetalhe e detalhe.

77 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUIAR, R.L. Zoneamento geotécnico geral do Distrito Federal: procedimentos metodológicos e sua inserção na gestão ambiental. São Carlos, SP. 2v. (Tese de Doutoramento - Escola de Engenharia de São Carlos – USP). 1997. ALMEIDA, F.F.M. de. Fundamentos geológicos do relevo paulista. Boletim Instituto Geográfico e Geológico, 41: 169-263. 1964. ALMEIDA, F.F.M. de. Contribuição à geologia dos Estados de Goiás e Mato Grosso. Notas preliminares e estudos. Divisão de Geologia e Mineralogia, Rio de Janeiro, vol. 46, p. 15. 1948 ANDREW, C.O. & HILDEBRAND, P.E. Planning and Conducting applied agricultural Research. Westview: Boulder, 94p. 1982. BARROSO, J.A. et al. Geological geotechinical mapping of Rio de Janeiro metropolitan region. 5th INTERNATIONAL IAEG CONGRESS, 6, 1986, V.6, P. 1715-1724. Buenos Aires. 1986 BARROSO, J.A.; CABRAL, S.; MALTA, C.S. Subsídios geológicos-geotécnicos como apoio ao Plano Diretor do município do Rio de Janeiro. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA, 7., Poços de Caldas, 1993. Anais ... São Paulo, p. 167-176. BISORDI, M. S. Encerramento e projetos de recuperação ambiental de aterros sanitários. In: SEMINÁRIO SOBRE RESÍDUOS SÓLIDOS, RESID’99, São Paulo 1999, Anais. São Paulo, ABGE, 1999, P.69-82. BITAR, O.Y. (Coord.). –. Curso de geologia aplicada ao meio ambiente. São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia (ABGE) e Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), 1995. Capítulo 2 "Geologia de Engenharia e Meio Ambiente", p 5-15. 1995 CAVALCANTE J. C. et. al. Projeto sapucaí: Relatório final de geologia, Brasília, DNPM.1979. CAMPBELL, D. J. V. Enviromental management of landfill sites. Journal of the institutional of walter and environmneal management, v 7, 1993 p.170-174. CERRI, L.E.S.; AKIOSSI, A.; AUGUSTO FILHO, O. & ZAINE, J.E. Cartas e mapas geotécnicos de áreas urbanas: reflexões sobre as escalas de trabalho e proposta de elaboração com o emprego do método de detalhamento progressivo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA, 8,. Rio de Janeiro, 1996. Anais... Rio de Janeiro, ABGE, v2, p. 537-548. COLLARES, E. G. Avaliação de alterações em redes de drenagem de microbacias como subsídio ao zoneamento geoambiental dew bacias hidrográficas: aplicação na bacia hidrográfica do Rio Capivari - SP. São Carlos, SP. 2v. (Tese de Doutoramento – Escola de Empenharia de São Paulo/USP). 2000. CORSON, W.H., Manual global de ecologia: o que você precisa saber a respeito da crise do meio ambiente. Trad. de A. G. Camaru, São Paulo, Augustus, 1993 413p. COTTAS, L.R. Levantamento geológico-geotécnico para subsidiar o desenvolvimento urbano das cidades de Mogi-Guaçu, Itapira e Mogi-Mirim. Rio Claro-SP. (trabalho de formatura Unesp-Rio Claro). 118 p. 1998. 78 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______CUNHA M. A. & CONSONI A. J. Os estudos no meio físico na disposição de resíduos. In: BITTAR O. Y., coord. Curso de geologia aplicada ao meio ambiente, São Paulo, ABGE/IPT 1995 p.217-227. DIAS, R.D. Proposta de metodologia de definição de carta geotécnica básica em regiões tropicais e subtropicais. Revista do Instituto Geológico, São Paulo, volume especial, 1995 p.51-55. DOYLE, D. Sustainable development: growth without lousing ground. Journal of soil and water consevation, v 46, n 1, 1991 p.8-12. DUINKER, B. N. & BEANLANDS, G. E. The significance of environmental impacts: an exploration of the concept. Environmental Management, New York v10, n 2 1986 p.166-170. FAO. Land and water integration and river basin mamagement. Rome. FAO land and water bulletin, n 1, 1995. 81p. FORNASSARI FILHO, N. coord. Alterações no meio físico decorrentes de obra de engenharia, São Paulo, IPT (Boletim 61), 1992. 165p. GUERRA, S.M.S. –. Cartografia geológico-geotécnica de áreas costeiras: o exemplo de Suape – PE. Rio Claro, SP, 2v. (Tese de Doutoramento – Instituto de Ciências Exatas/UNESP). 1998 HABERLEHNER, H. Princípios de mapeamento geotécnico. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 20., 1966, Rio de Janeiro. Anais ... Rio de Janeiro: SBG, np.37-39. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA – IBGE. Folha topográfica Aguaí SF – 23 – Y – A – III – 1. escala 1:50.000. 1972 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA – IBGE. Folha topográfica Mogi-Guaçu SF – 23 – Y – A – III – 3. escala 1:50.000. 1972 INSTITUDO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO – IPT . Mapa geomorfológico do Estado de São Paulo – escala 1:1.000.000. São Paulo. 2v. (IPT. Séries monográficas). 1981. INSTITUDO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO – IPT . Mapa Geológico do Estado de São Paulo – escala 1:500.000. São Paulo. 2v. (IPT. Séries monográficas). 1981. IG – Instituto Geológico. Subsídios do meiofísico geológico ao planejamento do municipio de Campinas - SP. Programa Cartas Geológicas e Geotécnicas para planejamento ambiental na região entre e Campinas. secretaria do Meio ambiente do Estado de São Paulo. (CINP) (Relatório Técnico). 2v 1993. p187-202.] KERTZMAN, F. F., GOUVEIA, M. I. F., MANO, V.G.T. Orientações para o combate da erosão no Estado de São Paulo. IPT/DAEE, V1. São Paulo. IPT.1991. 102p. LEOPOLD, L. V., CLARKE, F. S., HANSHAL, B. B., BASLEY, J. R. A proacedure for evaluating environmental impact. United State of Geological Survey. Circ 645, Washington, DC. 1971. 13p. MASCARENHAS, G. R. Aspectos ambientais na elaboração do plano de aproveitamento econômico (PAE), In: SIMPÓSIO EPUSP SOBRE SOBRE CONTROLE AMBIENTAL E SEGURANÇA EM MINERAÇÃO, São Paulo,1989. p177-187. OLIVEIRA, A. M. S. Depósitos Tecnogênicos associados à erosão atual.In: Atas do Congresso Brasileiro de Engenharia. Salvador: ABGE, 1990, v. 1, p. 411-415.

79 Candido, L.W. – Identificação e mapeamento de cavas e pilhas de bota-fora de mineração como unidade geológico-geotécnica no Município de Estiva Gerbi – SP ______PELOGGIA, A. O Homem e o Ambiente Geológico. São Paulo: Xamã, 1998. 271 p. PHILIPPI Jr, A. Agenda 21 e resíduos sólidos. In: SEMINÁRIO SOBRE RESÍDUOS SÓLIDOS, RESID’99, São Paulo 1999, Anais. São Paulo, ABGE, 1999, p. 15-26. PRANDINI, F.L.; NAKAZAWA,V.A.; FREITAS, G.C.L. de & DINIZ, N.C. Cartografia geotécnica nos planos diretores regionais e municipais. In. BITTAR, O.Y. (coord). 1995. Curso De Geologia Aplicada Ao Meio Ambiente. ABGE/IPT-DIGEO. São Paulo. Série Meio Ambiente. P. 187-202. SETZER, J. Atlas Climático do Estado de São Paulo. Secretaria da Agricultura, São Paulo. 1976. ROHDE, G. M. Epistemologia Ambiental: uma abordagem filosófico-científica sobre a efetuação humana alopoiética. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1996. 234 p. SALOMÃO, F. X. T., IWASA, O. Y. Erosão e ocupação rural e urbana. In: BITAR, O. Y., coord. curso de geologia aplicada ao meio ambiente, São Paulo, ABGE/IPT, 1995, p. 31-57. SEAGER, J., JONES, F., RUTH, G. Assessment and control of farm pollution. Journal of institutional of water and environmental managemente, v. 6, 1992, p. 48-54. SUERTEGARAY, D. M. A. Geomorfologia: novos conceitos e abordagens. In: Anais do VII Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada e I Fórum Americano de Geografia Física Aplicada. Curitiba: Editora da Universidade Federal do Paraná, 1997, p. 24-29. TER-STEPANIAN, G. Beginning of The Technogene. In: Bulletin of The International Association of Engineering Geology. Nº 38. France: IAEG, 1988, p. 133-142. TOMMAZI, L.R. Estudo de impacto ambiental. CETESB, São Paulo, 355p. 1994. WERNICK, H. & PENALVA, F. As relações entre os grupos Amparo e Itapira, São Paulo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 27, Aracaju, 1973. Res. Comunicações... Aracaju. SBG, p. 116-117(bol. 1) VARGAS, M. Origem e Desenvolvimento da Geotecnologia no Brasil. Quipo, São Paulo, 1985. v.2, n.2, p. 263-279. ZAINE, J.E. Cartografia geotécnica por meio da sistemática do detalhamento progressivo. Rio Claro, SP. (Exame de Qualificação para doutorado – Instituto de Geociências e Ciências Exatas/UNESP). 1997. ZAINE, J.E. Mapeamento Geológico-Geotécnico por Meio do Método do Detalhamento Progressivo: Ensaio de Aplicação na Área Urbana do Município de Rio Claro (SP). Rio Claro, SP. 1v. (Tese de Doutoramento – Instituto de Geociências e Ciências Exatas/UNESP). 2000. ZUQUETTE, L.V. Análise crítica da cartografia geotécnica e proposta metodológica para as condições brasileiras. São Carlos, SP. (Tese de Doutoramento – Escola de Engenharia de São Carlos – USP). 1987. ZUQUETTE, L.V. Importância dos estudos geológico-geotécnicos para a disposição de rejeitos urbanos. In: SIMPÓSIO SOBRE BARRAGENS DE REJEITO E DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS, 2, Rio de Janeiro 1991, anais Rio de Janeiro - RJ. v. 1, 1991, p. 367-377. ZUQUETTE, L.V. Importância do mapeamento geotécnico no uso e ocupação do meio físico: fundamentos e guia para elaboração. São Carlos, SP. 2v. (Tese de Livre Docência – Escola de Engenharia de São Carlos – USP). 1993. ZUQUETTE, L.V. & GANDOLFI, N. Mapeamento geotécnico da região de Campinas (SP, Brasil) e sua importância par ao planejamento territorial. Geociências, São Paulo, 1992. 11(2); p. 191-206.

80 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA —JULIO DE MESQUITA FILHO“ INSTITUTO DE GEOCIÂNCIAS E CIÂNCIAS EXATAS Departamento de Geologia Aplicada

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA —JULIO DE MESQUITA FILHO“ INSTITUTO DE GEOCIÂNCIAS E CIÂNCIAS EXATAS Departamento de Geologia Aplicada

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA —JULIO DE MESQUITA FILHO“ INSTITUTO DE GEOCIÂNCIAS E CIÂNCIAS EXATAS Departamento de Geologia Aplicada