ano IV – número 10 dezembro de 2008

DE TODOS OS JEITOS DE TODOS OS LUGARES Os jovens brasileiros que abraçaram a nossa Olimpíada

Na Ponta do Lápis – ano IV– nº 10 3

tica

2 4 8 o De Gênero 12 14 10 18 23 ária a Liter ã Desafio ESPECIAL Minha vida Minha Entrevista gin REPORTAGEM em que se vive que em Pá ura Óculos De Leit Quest Prá De Olho Na A maratona olímpica o lugar abraçar Como João Wanderley Geraldi Wanderley João O gênero textual crônica O gênero e suas palavras voadoras palavras e suas A crônica nossa de cada dia cada nossa de A crônica Esses cronistas maravilhosos Crônica: Uma prosa bem afiada bem Uma prosa Crônica: ­ - ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ Escre Página Página Literária, um texto inédito do mi Por isso Por as saudamos e ­ educadoras educa Nesta última edição do ano, apresentamos Na Também Também trazemos informações sobre um Um artigo do escritor Mi e Jorge professor professor e entrevistadolingüista o é Nosso leitura finalótimo boa um e Desejamosuma Se a língua é um dos traços distintivos de em 2010. em 2010. língua ponta da Na os -os a convidando estarem conosco novamente dores dores que participaram de nossa Olimpíada, nossa identidade e presença no mundo – “Minha – “Minha mundo no e identidade presença nossa pátria é a língua portuguesa” já disse o poeta fazer os fundamental é –, que Pessoa Fernando ­ apro se e aproximem sebrasileiros estudantes usos seus sobre refletindo dela, mais ainda priem jáe possibilidades, que falamos, escrevemos, português. em bom e sonhamos pensamos uma reportagem com cenas das oficinas regio reportagem com uma dos gêneros literáriosgêneros dos mais praticados Brano Geraldi, Wanderley pela doutor João Unicamp, um principais especialistasdos brasileiros em práticas parapedagógicas o ensino da Língua Portuguesa. de ano. nais da Olimpíada de Língua Portuguesa Portuguesa Língua de Olimpíada da nais vendo o Futuro, que reuniram brasileiros. Estados os professores todos de alunos e era cronista o origem, sua em Se, sil:crônica. a responsável por registrar para a posteridade feitos memoráveis de reis, generais ex as são hoje de e cronistas os para outros poderosos, aparentemen cotidianas, e pessoais periências te banais e contidas em partículas de tempo, merecemque ser relatadas. guel Marinho fala da evolução da crônica Brasil, no mencionando os escritores que mais para contribuíram o gênero. do aprimoramento coorde Brant, Maria Carmo a professora Já do nadora do Cenpec, destaca a importância do em “lugar seque vive”, temasempre estu dos participamdantes que Olimpíada. da neiro Luiz Ruffato, escritor premiado no Brasil e no exterior e um dos mais originais da nova geração. Na Ponta do Lápis – ano IV– nº 10 2 o o otxo ainl a dcço U se Um educação. da nacional contexto o com quisatambéme napreocupação que sedeve ter sor, como atividade acadêmica voltada para pes profes do trabalho no pensar fez me Isso vida. dade, levei minha experiência e minha história de universi a para fui Quando básica. educação na noturnoensino deprofessor como comecei Eu sino da língua na educação básica? a preocuparse tário com questões deas en O que levou o lingüista universi e professor brasileiros. doutorandos de orientação na colabora onde Alemanha, na Siegen, Lingüística, associado de pesquisador em e Universidade professor ser doutorado da de além e Portugal, em Aveiro, nas mestrado de educação e em Porto o pós-graduação do de universidades concluiu programas de onde visitante professor como Unicamp, participado tem da Geraldi Linguagem, da 5ª Estudos de de Ensino de ensino o o para para Básicas sistematização “Unidades de projeto proposta o uma dele É Português”, e língua. públicas da políticas ensino de o proposição a para para pedagógicas referência práticas coletânea é hoje da até organizadores que 1984 dos em publicada um obra é aula, Geraldi sobre Portuguesa. brasileiros pesquisadores Língua principais de dos ensino da um o voluntário e colaborador (Unicamp) professor Campinas atualmente de Geraldi, Estadual Wanderley Universidade João lingüista do é conselho O contados, produzidos pelos próprios alunos? textos os que ano terceiro segundoe primeiro, as para queadequadocrianças.O pode adequados mais o ser para textos de atrás corre sor o difícil infantil, acessoo de profesa literatura material é que em escola numa exemplo, Por em contraposiçãoera a uma escola reprodutiva. épocaconcorrênciamercado. Na node sentido no usada sido tem pois complicada, mamente extre esteja palavra a emborahoje mais – produtiva escola de espécie uma criar era idéia A correção.da questão à avaliação, da questão à limitados, eram extremamente de voltadostexto produçãoda escolares objetivos linguagem,os da discursiva perspectiva uma em com base so Na década de 1980, quando dis comecei a tratar significa? escreverlere tenham finalidade. O queisso falar, que em situações de meio por ver-se aprendizagem da língua precisam desenvol aula de publicaçãoa Desde dolivro não podeficarforadasquestõesdasociedade. universidade a e fundamental é professor do cia postura política: acho que a uma atitude de interferên é dúvida, de sombra sem aspecto, gundo “Professor nãopodetermedodeerrar” (1984), aprendemos(1984), a ensino quee o O texto na sala sala na texto O América MarinhoAmérica ------pela escola é marcada por sua obra.porsuamarcadajo não é escolaAo pela e outrosalunos. porpassagem biblioteca Sua lida podeser na fica que obra uma em formar fessor e ilustrado crianças,pelas pode se trans pro pelo trabalhado de depois material, Esse ter objeto para ensinar. para objeto ter sem perdidos ficariam acostumados, estavam como gramática a ensinassem que, não se vam pensaortodoxos eram que os idéias; nossas das aproximam se escola da ortodoxia a contra eram já época naquela que um.Aqueles cada de história depende da dos professores reação ocupara passa mento umlugarsua vida. em A conheci esse escrita, a interpretar e refletir a mundo.que,quandocomeça diria criança Eu a o acessar para disponho que de conceitos de conjunto o desloca porque antes, pensava eu tudo o que altera que eu aprendo. reflexão aquiloEssa sobre reflexão de processo um é são; Aprendizagem não é só um processo de apreen língua. da usosos sociais conta em levasse se produtivo mais muito processo dade esse seria ver Na alfabetização. de processo do função em separação, essa professoresMuitos tentam própriavida.sua da sujeito o separar é escola na uso esse Impedir escola. na entrar de antes dosA criança participa usos sociais da escrita cabeça. de Como você reações? duas vê dor essas enorme uma outros, para usos sociais foi como dosum meio “abre-te, por Sésamo”; dá língua se da ensino o que compreensãoalgunsParaprofessores,a de memória. meça a criar uma coisa que valorizamos muito: a a cultura – ao mantê-los na biblioteca –, você co gar fora a contada,história o papel, o desenho e - 8ª a - éi. xdrtr o Instituto do Ex-diretor série. txo a aa de sala na texto O ------Na Ponta do Lápis – ano IV– nº 10 3

------Éramosseis,de João João Ubaldo Ri é professora de língua Essa liberdade permite que a . sibilidade ­sibilidade de ultrapassarmos os ção ção fomos nós mesmos que criamos da história, ao não longo foi algo que caiu do céu. O se caminho faz ao ca minhar. Caminhar é um processo às vezes doído, às vezes alegre. E nós caminhando. estamos América Marinho portuguesa. Para finalizar, que recado aos daria professores brasileiros, leito res desta publicação? Que o professor não tenha medo de ­ Acre errando. muito Aprende-se errar. errou você qual o com aluno o que ­­­­­­­­ dite mais Quando, mais. muito aprender vai tarde, o aluno disser “aquele profes sor errou quando fez tal coisa”, vai mostrar onde você acertou. Se você não errou, se culpe – você está fazen momento. no pode que o máximo do acho Também essencial que os res ponsáveis pelas políticas olhem públicas para o professor como gente, da mesma forma que os professores precisam olhar para o aluno gente. Isso como cria outro compromisso; cria diálogo, cumplicidade. Cria pos a limites que nós mesmos temos nos imposto ao da longo história. Porque os limites e crises de hoje na educa nossa nossa caminhada de leitura. Em mi experiêncianha de trabalho vi alunos lendo começaram que terminaramlendo e Dupré MariaJosé Sargento Getúlio, de beiro criança possa de fato começar lendo leitura baraconsideramos nós o que ta e terminar lendo literatura de boa qualidade. Agora, se ela literatura com começou barata terminoucom e literaturabarata, nasala porque éde aula não estavam circulando outros livroo é qualidade boa de Livro livros. que os leitores gostam de ler. O que aque É paracriança? livro bom um é le que a criança lê com prazer, que ela tem vontade. É preciso abrir um Acho leque. que isso explica melhor o conceito de liberdade eu que estou trazendo. ------? ­­ tos qualidade literários boa de cipal critério que o professor pode ter. ter. pode cipal critérioprofessor o que nós Todos somos capazes de fazer pular e hoje são considerados clássi pular e sãohoje considerados cos. Penso que a liberdade do leitor de construir sua caminhada é o prin exemplo, no século XVI, exemplo, os textos de Shakespeare eram da literatura po um um grande tempo. Nesse tempo, há notas outraspermanecem, que ficam anos esquecidas e ressurgem. Por A noção A de noção “literatura de qualidade” a prefiro Eu história. da longo varia ao idéia do grande tempo. Nós vivemos De que critérios o professor deve se valer para indicar a leitura de tex aprender aprender a usar aquele de que tiver necessidade. todo o seu processo de escolaridade, de escolaridade, o seu processo todo não tenha feito textonenhum no gê da Ao vida, elelongo vai Y. nero X ou portantes dentro da escola, como o resumo, a anotação, a dissertação. Não faz mal que um aluno, durante se esquecem inclusive de gêneros que que gêneros de inclusive esquecem se são acadêmicos; circulam e são im eles forem para grêmio avançarem estudantil, no processo escolar. Os que têm essa de concepção trabalho momento em eles que momento a vão aprender conhecimento esse que fazerofício, o vai se tornar necessário; na hora que ensinar ensinar ofício vai tornar-se parte da obrigação de trabalhar todos os gê chegar Vai o paraAgora, quê? neros. nenhuma situação planejadanenhuma na esco la, nem a necessidade de as crianças mandarem um ofício para o prefeito, eu vou supor eu que vou supor uma pessoa só co nhece um gênero se for ensinado na tenho não se eu exemplo, Por escola? ensinados na escola. Isso é um absur um é Isso escola. na ensinados do, pois, se os gêneros têm que ver com as atividades por humanas, que dos na escola. Mas o que estáaconte que o Mas escola. na dos crença a é 1990 anos dos partir a cendo de que todos os gêneros têm de ser na na escola, o que não quer dizer que os todos gêneros devam ser ensina dos dos no currículo da educação bá sica? Qualquer gênero pode ser ensinado Que gêneros devem ser privilegia devem Que gêneros Na Ponta do Lápis – ano IV– nº 10 4 aazs ( rataízes Brasília, nodia1º Luiz InácioLuladaSilva,numacerimôniaem 15 estudantesforampremiadospelopresidente todos osquadrantesdopaís.Naetapafinal, de intensaatividadecom brasileirosde São Paulo,reuniu620pessoasemtrêsdias professores. Emsuapenúltimafase,em de seismilhõesestudantesequase200mil o Futuro A OlimpíadadeLíngua Portuguesa de umaOlimpí A maratona coordenadoraOlim pedagógicada dação Itaú Social, ­ e por Sônia Madi, do Cenpec, vin Acolhida ( garida ( nia Caiapô brasileiras: bem cidades de nomes indicavam peito no ostentavam professores e estudantes que crachás Os dosdiferentes. mo de mas língua, mesma a falando todos gente, sua de amostras de meio porespaço, oportunidade a num mesmo inteiro conhecer de Brasil o rara tiveram hotel no pedados sorrir.hosde Estrangeirosandar e de jeitos pele, de tons sotaques, seus com brasileira da Olimpíada, emBrasília. etapa última a para finalistas os saíram grupo Desse professores. e estudantes 620 experiên Manacapuru ( Bacabeira ( Bacabeira três três dias com oficinas deformação, trocas de Portuguesagua novembro dade a 1ª-semifinal 19 e Olimpíada de17 Lín dias os entre recebeu que Paulo, noHotel minoria eram Transamérica, São em homens vez primeira mulherese negóciosde professoresseus vindos e Pela todopaís. de o jovens adolescentes, por tomados tavam ­das foram dadas por Claudia Sintoni, da Fun s aa e s ordrs o oe es hotel do corredores os e salas As No imenso salão de convenções,de boas- as salão imenso No No encontro, um mosaico da diversidade da mosaico encontro,um No o g , eeeaã ( Regeneração ), a b começoucomaparticipaçãodemais cias e roteiros culturais envolvendo culturais roteiros e ­cias s e ), entre outras. outras. entre ), a m , erbds ( Derrubadas ), Luiz Henrique Gurgel m a ), Poconé), ( - ), Chalé ), ( Chalé dedezembro. . Foram Futuro. o Escrevendo i p t m g m , ulz ( Queluz ), ), Japaratuba ( Japaratuba ), s r ), Salinas da Mar , axr ( Xanxerê ),

Escrevendo

píada. Em ­píada. p s

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­ realizá-lo”, afirmou Sônia.realizá-lo”, so um de atrás correram ­­­­dalhasdebronze como semifinalistas. “Vocês seguida professores e alunos receberam as me de opinião. de queconcorriam poesia, artigos – e memórias ção, divididos conforme o gênero em de texto alunose formaoficinasas de seguiram- para Separados,professoresseguinte. dia no çar os do Nordeste. os e Belém doem em Fortaleza Recife, Norte; em Centro-Oeste; do os Goiânia em Sul; do os Curitiba Sudeste em Paulo); São de exceção do(com participantes os reuniu zonte, Hori - Belo em ocorrido: haviam já texto de categoria dessa semifinais as país doregiões dotes Estado de São Paulo, quejá nas outras Mas as principais atividades iriam come iriam atividades principais as Mas Apenas a de poesia reunia só participan só reunia poesia de a Apenas h e conseguiram e ­­­­­­­­nho ­ - - Na Ponta do Lápis – ano IV– nº 10 5 - - ), c e Nas oficinas com estudantes do Ensino escreveu ao lado da foto de seu entrevistado, entrevistado, seu de foto da lado ao escreveu brancas, barbas de aposentado, pescador um ao lado de uma jangada na praia, uma frase poética extraída de seumar”. do cheiro o texto: sentindo “Eu pescador continuo pequeno Médio que partici pam da artigos de opinião Olimpíada cada um pôde apresentar com ma Sempre abordou. temaque o colegas aos suas intervirem de preocupação a nifestando as- variedade de grande uma com realidades, mostravam-se agudos preocupações, e suntos Ficavam comunidades. suas de observadores surpresos e empolgados para falar sobre o que escreveram ao ouvir os relatos dos co legas. Numa mesma turma, um estudante do trechos das conversas. Eram antigas antigas imagensEram conversas. das trechos em cores ou em preto e Ivani branco. Moura da Silva, de São Amarante Gonçalo do ( - - - - ), ), s p b a ­­­­­­ tinadas às de oficinasprofessores regiões O ambiente nas salas me de nas ambiente O oficinas das Todas as oficinas para professores e alunos alunos e professores para oficinas as Todas mória era propício. Todos os estudantes trou estudantes os Todos erapropício. mória destacando entrevistados, seus de fotos xeram que que trabalhou com memórias, afirmou “que os alunos perceberam que as pessoas mais velhas não são invisíveis, elas têm uma his ( Poções de VicenteCosta, Luiz tória”.Já a observar os alunos os incentivou disse que detalhes da pequena cidade pelas lembran entrevistados.ças dos des diversas trocavam opiniões e experiências. Marta Chiva de Mangabeira, São ( Paulo O dia-a-dia das oficinas trataram da elaboração, revisão e reescrita de textos, além de conforme o gênero atividades trabalhado. Nas 17 salas específicas Na Ponta do Lápis – ano IV– nº 10 6 tes no municípionode ( Freire Vitorinotes doSalgado, uma comunidade - habitan de mil Pedra em mora que Oliveira, de Silva Felipe de caso o Foipessoal. experiência da partir a criativa, forma de tema o Algunstrataram violência.da escola exaltação a questionava militar, uma de estudante Minas, de outro, eucaliptos; de plantio pelo ameaçada nativa mata pela temia Bahia da colega um quanto preocupação da com o patrimônio histórico falava de sua cidade, Sul en do Grande Rio alguns textos dos estudantes e também ouviu, deles deles ouviu,mesmos, sobre escrito oque suas haviam histórias. também e estudantes dos textos alguns seguinte, uma emocionanteatividade para o ator: ele leu dia No porAcaiabe. narradas memórias as com texto memória de das pela Acaiabe. suscita histórias as anotavam e perguntas faziam que contar sua própria de história vida ospara adolescentes TV Globo, deum enfrentar o teve ator desafio diferente: no Barnabé,de Tio papel noprograma histórias encontroo com João ConsagradoAcaiabe. contador de foi memórias de comtextos Olimpíada da participavam João Acaiabe da cidade de cidadeTamboara ( da Oliveira, de Mariane lugar.Já do ruas pelas radores do que vilarejo porcoscriavam soltos combom humor, da polêmica mo entre falou eos a nrvsa o etdne eceea o escreveram estudantes os entrevista, da Depois Uma das mais esperadasatividades pelos alunos que Rá-Tim-Bumda , noe Cultura, TV r p , da , Picapau-Amarelo do Sítio ), levantou o pro- o levantou ), a m ), que ), - - o epc rpru m oietd jogo movimentado um equipe preparou Cenpec do A atividade. empolgante outra ram estudante. a explica espada”, a é facão O armadura. de estar pareça queele roupa, la faz botas luva, do imagem cortador, aquela parecendo um cavaleiro. com Toda acordei aque vez sonho: um “Uma de veio texto no usada imagem a que explica ela cana”; da “Cavaleiros dos falar para cana, de cortador pai, próprio do história baseou-senanoite, à estuda e jeans Mariane, que trabalha numa de fábrica calças seu município que pode o desemprego. trazer em cana de corte do mecanização da blema - tive ainda Médio Ensino do alunos Os - - Na Ponta do Lápis – ano IV– nº 10 7 ------de dezembro, de o dezembro, presidente Luiz

- 1º ­ vencedo 15 os ouro, de medalhas das Além No encerramento em da BrasíOlimpíada, O presidente do Banco Itaú e da Fundação Itaú e Banco da Fundação do O presidente lia, no dia do do Pilar Lacerda Almeida e Silva enfatizou a parceria da com Fundação o federalgoverno na os realização 150 Todos da se Olimpíada. mifinalistas receberam medalhas de prata e som. de aparelhos res e seus professores receberam - computa ganharam escolas Suas impressoras. e dores um laboratório de informática com dez com putadores, uma impressora e livros para ­biblioteca. a Em Brasília: 16 horas Inácio Inácio Lula da Silva entregou pessoalmente as 15 medalhas de “No aos ouro vencedores. Brasil, paramuitas nós vezesjogados somos - serhu nenhum que é hoje viuse que O baixo. estiver motivado”, não se movimenta se mano disse o presidente durante seu Já discurso. o ministro da Educação, Fernando Haddad, lembrou o bom desempenho de estudantes, im a como várias de apesar dificuldades, que possibilidade de dedicar-se exclusivamente aos estudos por precisar trabalhar, ficaram finalistasentre os da Olimpíada. Itaú Social, Roberto Setúbal, destacou a par ceira com o governo federal na realização da públi setor o entre colaboração “A Olimpíada: fazerpara frente é fundamental e o privado co país”, afirmou. nosso do sociais desafios aos - - - ­ - - - - ­seu 1ª- Olim­ ­­­­ 1ª- Escrevendo o safiodooferecerpaísque é edu Mas os três dias não foram só para trabalhar trabalhar para só foram não dias três os Mas A festa que anunciou os finalistas os da festaanunciou A que cação de qualidade para todos”. Em seguida, a seguida, Em todos”. para qualidade de cação MariaMEC, do Básicasecretária Educação de do ­­­­­­­­ “maior de do Futuro aconteceu no Teatro Abril, em São Paulo. A atriz Rosi Campos, a Morgana do Castelo, foi Rá-Tim-Bum a mestre de cerimô especial mensagem uma telãoexibiu Um nias. do ministro da Educação Fernando Haddad para os participantes. Em da nome Fundação Itaú Social, Antonio Matias, vice-presidente estudantes da e entidade, cumprimentou pro é a parteOlimpíada que destacando fessores, ­­ ­­­píada de Língua Portuguesa Passaporte para a final go, o Museu da Língua Portuguesa e o Mu Portuguesa Língua da o Museu go, Independência. da Parque no Paulista, conhecer São Paulo, visitando o Centro Anti Centro o visitando Paulo, São conhecer com textos. Além das oficinas, todos puderam puderam Além todos das oficinas, textos. com de de tabuleiro que serviu como ponto de par tida para os textos que durante deveriam uma escrever das oficinas. Por sorteio, estudantes tinham os de discutir, defender ou refutar de vistapontos uma das ques sobre tões polêmicas sugeridas pelo jogo: multas de trânsito, devastação da Amazônia, redu ção da maioridade penal, entre Debatesoutros. acalorados com troca desarmamento, de idéias de vistae pontos marcaram as ofi a para possibilidades as enriquecendo cinas, criação artigos. seus de Na Ponta do Lápis – ano IV– nº 10 8 como Resende. Lara sugeria Otto queo vez você primeira todovê dia, ver”, sem pela ver “Experimente convite: um existe lha esco dessa trás Poracaso.propostopor foi potencial de partilha e construção coletiva. des e exclusões sofridas muitas vezes abafam o expressa,semprenem se que pois vulnerabilida as comunidade conceito do profundo mais mungam uma mesma cotidiana. vida co- futuro, de projetos e identidades cultura, valores, portam redes, a vinculam-se dade: proximide relações de alimentam se e físico território mesmonum vivem que pessoas de espaço encontros.e projetos de têm para vida culos e saberes, potencializam, se identidades com tam” e sua seu território comunidade, vín PortuguesaLíngua to. Mais quecomunidade,to. a isso:Mais abraçar ao a acolhimen de habilidadespúblicos serviços comunidade. a também perde-se perde, se capital Quandoesse oferece. dade comuni a que social capital maior o é fiança público.confiança serviço perdida no con A comunidadena recuperar se a para cessária ne é base Essa cidades. grandes nas tudo sobrecomunitária, base de carecem social assistência de centros e saúde de básica de Como abraçarolugaremquesevive Quando escolas, professores e alunos “fler Os serviços públicos comoserviços escola,unida Os sentidoo Compartilhamentoeis – fraterno Comunidade é aqui entendida como coletivo de Olimpíada da tema vivo, onde lugar O Por isso da solicita-se escola e dos demais à comunidade,aproximamosalunosdavidacotidianaehistórialocal, Quando escolaseoutrosserviçospúblicossãocapazesdeintegrar-se reforçando aidentidadeeosentimentodepertencimento. Escrevendo o Futuro o Escrevendo Maria do CarmoMaria de Carvalho Brant , não , ------pública. participação e cultura com enlaçando-a de, escola–comunida relação movera de formas interesse eaprendizadointeresse dos alunos. no significativamente interfere comunitário cultural e informacional o repertório o quanto hoje Sabe-se aprendizagem. na nidade” comu - chamadoo “efeito potencializa escola Contextualizar a aprendizagem é uma das uma aprendizagemé a Contextualizar na lavoura.” na contradas por colonos nos seus trabalhos enforamquehabitavam que regiãoe a índios de tribos utilizadas pelas lascadas pedras de colonizadores e dos antigos objetos com museu pequeno um nizou histórias do nosso município que e orga da da visita de um escritor ‘especial’, um aluno a receberam Também internet. na e tos cípionabiblioteca, noslivros, documen “Ascrianças pesquisaram sobre munio gam para acomunidade.” melhoresas histórias (memórias) divule rádionalocal alunosonde os selecionam “Hoje temos, toda quarta-feira, um espaço APAE Profª- Vilma Salete dos Santos Pereira Profª- Santos dos Salete Vilma Profª- que escreveu dois livros sobre Maira Joceli Miranda Pereira Maira (Inácio Martins –PR) Martins (Inácio (Campo Alegre –SC)

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- Na Ponta do Lápis – ano IV– nº 10 9 ­ - - - - - ­ - - - , doutora , em doutora Serviço (Santa Bárbara – MG) Claydes Regina Ricardo Regina Claydes Profª- Profª- “Assim que ouvi as primeiraspropaganas ouvi - “Assimque dasda Olimpíada, desejoo tive de parti - cipar. Motivar meus alunos a participar desafio.meu entãoerao nada dizerSem sobreOlimpíada,excur a organizeiuma nossa à e sãoaté cidade – Itabira vizinha berço de um dos Carlosmundo: maiores Drummond Andrade.de poetas do Itabiraabriga hoje Projetoo Drummon zinho, que consiste basicamentevencer barreiras sociais através emda arte, da poesia. Nós conhecemos vários dos ‘caminhosdrummondianos’ acompanha dos por dos um do Drummonzinhos pro ­jeto, que, além de contar a história desua cidade, declamou divinamente di- versas poesias de Drummond. Os mo mentos de declamação, a meus reação34 alunos diante dosdaquele adoles cente, no meio da rua, com barulho de carro, gente conversando... me fizeram nossapartia certeza maisterque ainda cipação nessa Olimpíada aconteceria de maneira significativa.” Por isso é importante compreender a idéia é isso importante compreender Por para a construção do ser social e percepção com valores, lado, um por Se, coletividade. da portamentos, saberes e ações de um em seu povo território são chaves para a indução desses processos, por outro, é preciso ga- rantir e mundos abertura circulação a outros possíveis. Maria do Carmo Brant de Carvalho Cenpec. do é coordenadora-geral Social pela PUC – SP, de de coalizão e com a com o comunidade terri tório algo O maiscomo conhecimento fundo. precisa a escola que e propõem seu currículo - di habitamos que poesia a e prosa a envolver ferentes e espaços sujeitos capazes de - ensi crian de aprendizagem a contrário, Caso nar. clausura. da o risco ças corre e adolescentes - - -

) ------– CE (Curitiba – PR) (Camocin Ades Nascimento Ades [Curitiba]. É um Profª- Profª- Profª- Francisca Elane CostaProfª- “Acomunidade/cidade tem sempre suas questões polêmicas: ‘A chegada de es trangeiros, comprando terras em nossa cidade,geraçãodesenvolvimentotraráe de emprego ou será outra forma de co lonização?’”. bairro que não fica muito distanteperiferia da e atraiu, isso, provavelmente inúmeros por jovens residentesvilas vizinhas em ao referido shopping. O fato é que seguranças domento impediram a estabelecientrada de dezenas de adolescentes sob a alegação tratar de de gangues, se formadas para ‘apa vorar’ os clientes e lojistas com atos de vandalismo. Na sala de aula comentei o ocorrido e a reaçãodos foialunos bombástica. Qua se todos queriam emitir sua opinião si multaneamente. ‘O que são lugares pú- blicos?’,‘Desordeiros perfil que têmum os identifique?’, e por aí quente foi e o debate, acirrado. Foi necessário malizar for um debate sobre criada:‘Grupos com adocincomais ou - a polêmica lescentes, com as características já ci tadas não podem entrar no shopping’. Você é contra ou a favor?” “Há algumas semanas foi inaugurado um mega shopping center centro-sul na da cidade região O sentido de pertença e a iniciação ao Construir Construir argumentos e contra-argumen mundo público sãopúblico mundo exercícios fundamentais tos tos para elaborar artigo um confe de opinião geralpouco em possibilidade escrita à uma re explorada nas escolas: tornar podem alunos-autores que - cidadãos ins como crevendo-se respei sentema e pensam que aquilo público vivem. onde lugar to do Na Ponta do Lápis – ano IV– nº 10 10 ele entendia ele tudo. O senhor mandava umele deitar, rolar, sentar, feita ficar paradinho feito porque falar, entender, certa faltava só lá bitelo o compastor-alemãoe Apareceuadestradorum trabalho”. de medo ter “não a aprender poder eu para contatomando deixa quando,me em vez de e, verde carrinho um tem Ele chamar se vai vendepipoca.onde pai meu Ele Rita, Santa Joli,Praça nomeumnabonito aniversário. queouvi de presente de cachorro um dar me prometeu Ainda hoje pensoolhar apaisagem... deixado ele que não se tivesse Ronrom.do miado o ouvimos mais nunca mas ele, especulandosobreoutro, o gente chegar no Paraíso e sumiu.ele Passei vários dias andando de um a ladoBastoufora. para para cabeça quepusessea ar, de deixei sentindofalta estava ele preocupado se trajeto, o Durante antiga. casa a para voltava caminho,senão o ver podianão que saco-de-estopa,porqueumfalaram de dentro preso veio Ele possuíabranquinho-branquinho,umgato, raboassustado,de chamado Ronrom. minha vida, brincando de bola no campinho, de piquebué.tenho o vergonha,abriNão na soluceimesmo. melhoresosanos chácara, passei da Ali indo à escola... Eu lesmas,grilos, paquinhas, minhocas, um sapo-boi, daságuas, até e naestação e a para levar mudança, corri para o quintalzinho, onde em camaradagem comvivia fora. trouxas, dez são Hoje umas foram quinze masjá por semana. roupa para lavar cozinhare mãe minha para banhoe o garantir para revezamos de um poço de metros vinte de fundura, com uma bomba Marumby. Todosluz. águatem tiramos aindanãoA Nosso bairro enfezadas. as sanguegente, nósda nos cabeçudas, arrancam queSão pastos.dos combatemosaltos nos pai meu e eu de quissuco egarrafões tomate que minha eminha mãe irmãfaziam. a entre pão-com-molho-de-Vila deviagens carregando Paraíso,sacos Teresa o e pneu-balão, contra-pedal, que freio meu Phillips, pai tinha bicicleta comprado na montado de fim: segunda-mãosem para lufa-lufa mim, numa emendeifiquei várias outros, os baldes transbordando de mão em passavam mão. Eu mesmo, nesse dia, uns entre e e sobre madeirame; massa o a cima,osque em espalhavam água;lá e caminho-de-formiga:embaixo, lá cimento, areia, os que pedra-britada misturavam oslaje, colegas do meu irmão da organizaramManufatora um mutirão. Parecia um dinheirosem noaluguel. o pagar fim do mês para mas, dentro,orgulhoso, de as meu que pai pintar fala pelo menose já nãofora precisamosde mais medoter paredes de ficar as emboçar Falta pronta. está não Composição deLuizRuffato, corrigidapelaprofessora D.Aurora a mna ã dse u o gts ã asm em, eardcds e desagradecidos, mesmo, assim são gatos os que disse mãe minha Mas encostoucaminhão da o Vila passado Teresa. ano noQuando falta sinto Eu Aquilo lembrava mesmo um caminho-de-formigas, que, depois que o sol morre, construção.a durante danada correria a Uma Todosbater de dia No ajudaram. ainda Ela Paraíso. no casa nossa a para mudamos que ano um tem Agora Minha vida Na Ponta do Lápis – ano IV– nº 10 11 aluno do quartoaluno

De mim já nem se Mamma,son tanto felice , e o projeto Inferno Provisório, composto por por e Inferno o composto projeto Provisório, Vista parcial da noite das e O livro impossibilidades. em 2007 pela Editora Moderna. , publicado Luiz Luiz Ruffato é escritor, nasceu em Cataguasespublicados Tem (MG). Eles eram muitos cavalos “Minha “Minha vida” escolaré uma composição escrita um por ano primário do Grupo Escolar Flávia Dutra, de Cataguases, corrigida pela professora Dona Aurora Silveira, e conta de um mudanças pouco em o sua vida. momento Mudança de casa, de bairro,principalmente, de amigos, de e, perspectivas.A continuação da história do menino Luiz Ruffato está, de certa maneira, contada no livro jálançados: quatro quais dos volumes, cinco inimigo,O mundo lembra Está sendo difícil adaptar antes porque aqui, a gente vivia num cortiço, mas A irmã minha detesta é o e longe Paraíso, feio.porque Na hora de trabalhar, vai inscrever me que pai meu avisou primário, o terminando estou que Agora, estátua, buscar um pedaço-de-pau-lá-longe, e todos batiam palmas, encantados. encantados. batiam palmas, todos e pedaço-de-pau-lá-longe, um estátua,buscar Só pediu quando para tirar o chapéu do meu pai é que não gostei, levou um eleporque susto e quase caiu de costas e o de morreu povo rir (eu também, mas disfarcei). Este se alemão chamava Joli. pastor é que eraperto do paralelepípedo, de calçada elétrica rua, luz a e e encanada água com onde Barbosa, Rui Praça na estávamosjá e nova ponte Atravessávamosa centro. da cinemas dois estão Lá os noite. à sábado no rodavam irmã minha e irmão meu paratristeza e, bancos os lanchonetes, maiores as maisbonita, padaria a cidade, do meu pai, coitado, o melhor ponto para dele, A seuPraça Sebastião Santa Lopes. Rita vender não oferece só a nada, missa pipoca, da ocupado pelo xará causa das árvores por que Igreja escuro, Matriz Mas o lugar, e a fonte-luminosa. minha a diz como presta, não quem acolhe só postes, dos iluminação a escondem mãe. Imagina então a freguesia do também meu Teresa pai... havia VilaMas na inconvenientes. O correio de casas, muito perto do rio ficava Pomba, a enchente. vinha coberto quando pelas águas sol antes do Ela acorda atéela pé a ir tem ônibus. Beira-Rioo que um para pegar e desce a e morraria lamentando o xingando dia em Elanasceu. que reclama da poeirama, na estiagem, e na do barro, das E época chuvas. vive ameaçando que um dia se casa alguém com só Aí para mãeminha ir fica embora. brava, porque para dar vida uma paramais Teresa filhos, digna os ela Vilafala sair quis que da mas principalmente para minha irmã, onde já se viu criar uma menina no meio de marginais e Meu mulheres-da-vida? irmão entra e na discussão acusa minha irmã de ser é metida, que ela tem um confusão, de rei gosta não na que barriga, pai, meu e E que ao come. pratoinvés que de no louvar cospe famíliatem, a que começa a assobiar, a cantar, sai de fininho,e só volta quandocolocaram o assunto. uma sobre pedra no Senai, para eu uma Eleaprender poder profissão. querque eu seja torneiro- mecânico que nem meu irmão, e sonha um dia a gente ir para São Paulo para trabalharmãe A estáminha nas fábricas é ele onde que o de futuro, carro, acha. meu Mas separar. nos vamos nunca ela nós por porque nisso, pensar de só chora irmão já recebeu até proposta de em emprego Diadema, que, dizem, é E longe. minha irmã está firmenamorando edeve casar mesmo,não demora muito. Eu fico triste,só porque vai restareu edevo seguir Brasil,também para do fora. MasBanco eu não do bancário serera mesmo queria torneiro-mecânico, ser queria Aurora. Dona da o marido nem que O gênero textual crônica

Heloisa Amaral

A palavra “crônica”, em sua origem, está tantes escritores começam a usar as crôni- associada à palavra grega “khrónos”, que cas para registrar, de modo ora mais literá- signi­fica “tempo”. De khrónos veio chronikós, rio, ora mais jornalístico, os acontecimentos que quer dizer “relacionado ao tempo”. No sociais de sua época, publicando-as em veí- latim existia a palavra “chronica” para desig- culos de grande circulação. nar o gênero que fazia o registro dos aconte- Os autores que escrevem crônicas como cimentos históricos, verídicos, numa seqüên- gênero literário recriam os fatos que relatam cia cronológica, sem um aprofundamento ou e escrevem de um ponto de vista pessoal, bus- interpretação dos fatos. Como se comprova cando atingir a sensibilidade de seus leitores. pela origem de seu nome, a crônica é um gê- As que têm esse tom chegam a se confundir nero textual que existe desde a Idade Antiga com contos. Embora apresente característi- e vem se transformando ao longo do tempo. ca de literatura, o gênero também apresenta Justificando o nome do gênero que escreviam, características jornalísticas: por relatar o os primeiros cronistas relatavam, principal- cotidiano de modo conciso e ser publicadas mente, aqueles acontecimentos históricos em jornais, as crônicas têm existência breve, relacionados a pessoas mais importantes, isto é, interessam aos leitores que podem como reis, imperadores, generais etc. partilhar esses fatos com os autores por te- A crônica contemporânea é um gênero rem vivido experiências semelhantes. que se consolidou por volta do século XIX, As características atuais do gênero, po- com a implantação da imprensa em pratica- rém, não estão ligadas somente ao desenvol- mente todas as partes do planeta. A partir vimento da imprensa. Também estão intima- dessa época, os cronistas, além de fazerem mente relacionadas às transformações so- o relato em ordem cronológica dos grandes ciais e à valorização da história social, isto é, acontecimentos históricos, também passa- da história que considera importantes os mo- ram a registrar a vida social, a política, os vimentos de todas as classes sociais e não só costumes e o cotidiano do seu tempo, publi- os das grandes figuras políticas ou militares. cando seus escritos em revistas, jornais e No registro da história social, assim como na folhetins, ou seja, de um modo geral, impor- escrita das crônicas, um dos objetivos é

Na Ponta do Lápisdo Ponta Na – ano IV–12 nº 10 mostrar a grandiosidade e a singularidade No Brasil, a partir da segunda metade do dos acontecimentos miúdos do cotidiano. século XIX, muitos autores famosos passa- Ao escrever as crônicas contemporâneas, ram a escrever crônicas para folhetins. Coe- os cronistas organizam sua narrativa em pri- lho Neto, José de Alencar, meira ou terceira pessoa, quase sempre como estavam entre aqueles que sobreviviam do quem conta um caso, em tom intimista. Ao jornalismo enquanto criavam seus romances. narrar, inserem em seu texto trechos de diálo- Os cronistas, atualmente, são numerosos gos, recheados com expressões cotidianas. e costumam ter, cada um deles, seus leitores Escrevendo como quem conversa com fiéis. Hoje, os cronistas nem sempre são ro- seus leitores, como se estivessem muito mancistas que escrevem crônicas para ga- próximos, os autores os envolvem com refle- rantir sua sobrevivência. Há aqueles que vêm xões sobre a vida social, política, econômica, do meio jornalístico ou de outras mídias, por vezes de forma humorística, outras de como rádio e TV. Por isso, a publicação do gê- modo mais sério, outras com um jeito poéti- nero também ocorre em meios diversificados: co e mágico que indica o pertencimento do há cronistas que lêem suas crônicas em pro- gênero à literatura. gramas de TV ou rádio e outros que as publi- Assim, uma forte característica do gênero cam em sites na internet. é ter uma linguagem que mescla aspectos da Pelo fato de os autores serem originários escrita com outros da oralidade. Mesmo de diferentes campos de atividade e de pu- quando apresenta aspectos de gênero literá- blicarem seus textos em várias mídias, as rio, a crônica, por conta do uso de linguagem crônicas atuais apresentam marcas dessas coloquial e da proximidade com os fatos co- atividades. Por isso, há, atualmente, diferen- tidianos, é vista como literatura “menor”. Ao tes estilos de crônicas, associados ao perfil re­gistrar a obra de grandes autores, como de quem as escreve. Todos os estilos, porém, Machado, por exemplo, os críticos vêem seus acabam por encaixar-se em três grandes gru- romances como verdadeiras obras de arte e pos de crônica: as poéticas, as humorísticas as crônicas como produções de segundo plano. e as que se aproximam dos ensaios. Estas úl- Essa classificação como gênero literário me- timas têm tom mais sério e analisam fatos nor não diminui sua importância. Por serem políticos, sociais ou econômicos de grande breves, leves, de fácil acesso, envolventes, importância cultural. elas possibilitam momentos de fruição a mui- tos leitores que nem sempre têm acesso aos Heloísa Amaral é mestre em educação, autora do Caderno romances. do Professor – Pontos de vista. aPnad ái n V º10 nº IV– ano – Na Ponta do Lápis

13 Na Ponta do Lápis – ano IV– nº 10 14 palavras e no seu lugar – que este gênero gênero este que – lugar seu no e palavras suas nas reconhecer se e ver se de gência ur tem mundoque um de leitura a de pressa com auto-afirmar, se para expressão de que precisa de muitas vozes e muitas formas camaleônica versatilidade comaquelalocal, olhosno mundo no decisivo um e olharmais país novo que busca uma sua identidade com de os necessidades as com também, gem se atos, quer espontaneamente nosexpressivo na lingua espontâneo que, povo um de afetivo calor o com maior, história uma las deconfessar se nas coisas miúdas extrair e de vontade a com brasileiro, espírito o com A Esses cronistasmaravilhosos crônica e suaspalavrasvoadoras aqui entre nós se casou tão bem A história que agora passo passo que agora A história por que ainda acredito no no que aindaacredito por explica em grande parte parte grande em explica a contar do início do a contar Tutty Vasques ser humanoser – ô,raça! Jorge Miguel Marinho - - - é um modo muito nosso de ser. podedizer,segurança,com a se que singular na dasafirmação nossasque Letras e igualmente tão Brasileira ção da Literatura classificação uma formal, é presente tão no a processo de forma resiste ainda que rio, literá significativamente hoje jornalístico, outros calores da alma humana. E mais: que mais: humana.E alma da calores outros e atmosféricos” fenômenos dos amarela, febre da lua, da sol, do “acerca conjecturar depois para calor!”, “Que exclamar como de ou a origem da natureza a que humorinteligente aquele com com mesmo este título, afirmandofabulando e mento da crônica”, não por acaso numa nasci miúdas”,coisasdesvenda“O das criba cando e se seriamente autodenominando “es comodizer?, ninguém. não quepor poucoscomo dominame, leiros brasi escritores os que gênero jornalismo, e literatura encontroentre únicoum literária vai se gressivamente tornar na pronossa tradição que vida” da “reportagem pela avidez a registrar para Candido Antonio de feliz expressão numa – cotidiano” do farejadores “cães de time primeiro do parte fez Macedo, com to José de Joaquime Alencar Manuel de nossosescritores, foi também E deondevemacrônica? Pois é o nosso Machado mesmo que,brin- nossomesmoMachado o é Pois dos maioria a como Assis, de Machado crônica nasce de uma trivialida e, jun - cronista crônica crônica ------

Na Ponta do Lápis – ano IV– nº 10 ------15 crônica, é

cronista, que “para Correio fo Mercantil o como gênero literário só vai olhe teu diálogo rônica, “é preciso saber que o es Esc e melhortua palavra ou teu melhor silêncio Mesmono silêncio come silêncioo Dialogamos. crônica Enfim, como pegar com ascom pegar palavras como Enfim, aspe A Só para iluminar mais a simplicidade e a quenas coisas, agarrarcoisas, quenas o a grande com sabe doria do miúdo, revelar a dimensão humana escutar a vida mínimas, co porções nas suas tidianamente, atenções estas presentes em e os tempos em as todas formas todos literá rias, deles mas o em com sentido nenhum de e o a “à singularidade vontade” permanência, ser ofício de cronistado . lhetim “Ao correr da pena”, título sugestivo para ilustrar a leveza e o tom corriqueiro da matéria que comentava desde a presença da plendor plendor da manhã não se abre com faca” e que, no jogo literário, a gente tem de peixe”. um de voz na pegar saber “como bem muito E aqui no Brasil dá para crônica? situar o começo da aparecer em 1854 com José de Alencar escre Alencar de José com 1854 em aparecer vendo para o jornal sutileza, por vezes, até refinadada quase quase uma sorte poder recorrer também às palavras de , hoje carinho ida as todas leitoresde por acolhido samente “o poeta des grande como das coisas peque a e “herança a elelevou que entendendo nas”, ciência da paracrônica” os seus poemas em e prosa avisa, voz de com pre labor apalpar as intimidades do mundo”, cioso da c ------a crônica, diria me crônica, mas é muito é mais velho do que Esdras, , para usar uma imagem nossa, nossa, imagem uma usar para , crônica crônica crônica aconteceu pela primeira vez Carlos Drummond de Andrade, que, como como que, Andrade, de Carlos Drummond É isto: por seu caráter de colóquio, prosa, Rubem e , imprimiu poesia e estados de alma à sitoriedade da vida com palavras aparentemente dispersas, porque “voadoras” triviais e palavras com ar de coisa nenhuma, mas impulso o no como urgentes necessáriase fundo natural de entrecomunicação dois amigos – rés- no se confessando escritorleitore que, – revelam vida, da da-calçada a e miudezas nas e a expe humana da condição complexidade riência viver. de única lhor, sugerindo, por sua vez, num poema, o sentido atávico e raizser atépor e, outro do mesmo busca como inexorável linguagem da e matéria tão antiga e presente na natureza ilustra humana, muito bem a origem remotís da sima “um vôo breve com o tempo da eternidade”, diálogo: puríssimo provável (e ainda quem nos alerta é Machado) alerta Machado) é nos quem ainda (e provável que a quando as duas primeiras vizinhas, de portasentaram se na depois jantar, tarefas das do agarrardiae o trana casapara sobre papear confissão, comunicação imediata, “graça”, sentido telegráfico, urgência, trivialidade e até o ainda que brincadeira, mesmo tema so esse tom tão trivialtão aparentemente bisbilho tom e esse teiro da Abraão, Isaque e Jacó, sugerindo para nós leitores que é mais velho atéque – por essas veredas da do fábula, não é que ne Noé, provavelmente muito – imaginar pecado nhum da exclamativoritmo prosaico e do utilizou se irradiar sabe quem ou crônicaparaanunciar iminência do maior dilúvio de todos os com notícia ameaçaesta, ou que, em tempos teve acreditou. gentea graça Deus, que de precisar para dá não seriedade, da tom liciteo em que época nasceu a Na Ponta do Lápis – ano IV– nº 10 16 t mso oo oatr ess páginas dessas co-autor como mesmo até vivida, experiência de fôlego com expressa sempre locutor que reconhece na matéria, se da seus extremos. registrar nas para ape vida”, à “bolsa dacompaixão, humor à das confissões introspectiva, ao comentário poéticas chulo, do contemplação à social dos literárias, ironiamordaz,à denúncia cartas alma da deapelos às ultimato do cas, inquietações digressõesàs do diário filosófi metafísicas, às piada da dia-a-dia, do tes de alquimistas comunidade que vão uma das memórias aos parecem flagran mais nários, imagi- vôosaos e factual registro ao dárias lhosos de e galeria compondo uma nacional” “idioma de espécie uma como persistindo Brasileira, Literatura na culoXIX meadosdosé de partir a destaque de lugar um ocupar vai e Letras nossas das nária, de Terra de Vera da Cruz. malefícios os e benefícios os teressado, D.el-rei Manuel, com olhos de descobridor in madrescom escrita “engenho a relata e arte”, co de conversa da segredado tom certo um e circunstanciale nodoobjetivo registro fato que, com o entusiasmo Caminha,de de PeroVaz de carta a Literatura Brasileira: da nascimento” de “certidão na da diante nação da Criméia. Guerra da indiferença a e época da especulativo furor o Janeiro,até de Rio o das dançastola e dos costumes que invadem euforia pela agulhas,passandodas dedilhar do graça a roubavaque costura de máquina cronista Em todos o tom da oralidade e o sentido sentido o e oralidade da tom o todos Em mas o Isso literária, ainda ofício não é arte de espírito o Mas solidariedade que, com é a primeira voz, ainda que embrio­ suaspalavras voadoras fazem do leitor um inter um leitor do fazem cronista cronista , a precisão cronista - maravi cronistas já está presente presente está já , soli , ------prosa e prosa Bandeira, Manuel que e volátil, da vido quepalavras o clima de conversa ao pé do ou coletiva. comosubjetividade de uma espécie escritas humano”. é da solidário espírito ousocial, Tutty Vasques, eterno que,o com amorosa auto-ironia da de sua própria classe ápice ao vai que Prata, Antonio Paulo, São por adoração e ódio tanto de fôlego” o der quechegasuprimir a pontuação a “per para como e brasileiros, jornais André Sant’Anna, para as diariamente mais conhecidas revistas que os atuais, mais escrevemséculo XX, até do primórdios dos folhetins seus nos lidade personagens, e mesclar eficção - sátiras, rea criar a chegaram que Barreto, Lima e Rio do tura pelos labirintos da labirintos pelos tura percursolei umde fazer expressão,devale também. crônica crever xa, provoca no um leitor enormedesejo de es elegendo sempre o tema da “solidariedade da tema o sempre elegendo e contar de ofício o palavras, das respiração própria na cultivar, de modos novos criando nossa a de busca” e constante desejo de se reinventar, “história enquantoMacunaíma herói do dade versatili da algo reassume e recuperaque so cronista É fato mais que É conhecidofato no universo das É isto: nesse trajeto tão humanamentetão nos É nesse isto: trajeto Por tanta expressividade e tantas formas tantas e expressividade Portanta na poesia, chamoupoesia,puxa-pu na cronista crônica crônica pru ana ceia o ser no acredita ainda “porque tcne a mso tempo mesmo ao e tocante , vna rtra o tempo no retorna e avança crônica crônica , confessa que que confessa , desde João desde na na cronista ” ------Na Ponta do Lápis – ano IV– nº 10

- - - 17 crônica

Na curva das curva Na

crônica que

O cavaleiro da tristíssima fi é professor de literatura, , prêmio Jabuti; Jabuti; prêmio , crônica coisa mesmo, que alegria ou tristeza, a gente , prêmio APCA; APCA; , prêmio Te dou a lua amanhã lua dou a Te crônica que é , prêmio HQMIX; Lis no peito, prêmio Jabuti. , prêmio “Muito bem, obrigada”, ela grita sol levee obrigada”, “Muitobem, ta nas entrelinhas dessa de lindamente da liberdade abusando sempre conversa ligeira, expressão que é seu território se lê quando livre trânsito das porque, idéias. Isso para o uma só só lendo paraa gentedescobrir, se perde no tempo imemorial de todos os tempos sem o menor interesse de se naquela HeitorCony achar, Carlos como a gente fica conta a conta históriasua a cade sua com de amor da eternidade breve a “Mila”:com linha que, igual à cachorrinha, nunca quer ser maior maior ser quer nunca cachorrinha, à igual que, do que a nossa “perde o medo do e mundo do vento” e fica crônicas das leu. não ainda saudade que com Jorge Jorge Miguel Marinho escritor, ator e roteirista. Entre as obras publicadas estão emoções gura E, para provisoriamente E, para nessas ponto final pôr um com que já estão linhas virar crônica, vontade de como vai ela hoje em dia? como vai ela

------folhetinistas Pensando mais uma vez junto com Antonio Antonio com junto vez uma mais Pensando de de fato, como eles eram país tropical. tão cronicamente nosso chamados, nesse Candido, ela, a nossa crônica, “pode servir de “pode crônica, ela, nossa a Candido, elaserve que vida paraa apenas não caminho de perto, mas para a literatura”, como que entre cronistas e leitores norte como da expe veredasessas por é E ler. riênciade imperdível de sensível e puríssima que comunicação ela veio se aclimatando desde os “tempos que já lá vão” com a pena missionária do padre Ma Anchieta de José padre do ou Nóbrega da nuel e se firmaprogressivamente Quinhentismo no nas décadas de 1930 e 1950 de forma única e originalíssima no Brasil, acolhendo o que as vanguardas ofereciam de melhor nos idos de 22, entrando no ritmo da faz“re e bossa conta quem de nova simplicidade aparente com a festejanportagem nota uma só, da vida” com comemorando Brasília, de criação a não ou do a primeira vitória da copa do mundo, “cami nhando contra o vento sem lenço nem docu mento” nas passeatas e comícios dos sessenta, anos transitando sempre na contramão de ditadura e qualquer artifícios e toda de dos estar a a por serviço parteda vida, expressão, história. essa sua toda de melhor rem, do fundo do coração e na memória do tempo, todos os cronistas ou Na Ponta do Lápis – ano IV– nº 10 18 Carrasco, FernandoCarrasco,Sabino...). os Apresente WalcyrÂngelo, Ivan Sant’anna, Romano Affon so Veríssimo, Fernando Luís Ubaldo, João Prata, Mário ( atuais dias dosoutros e de Queiroz, DrummondCarlos de Andrade...) Rachel Ramos, Graciliano Alencar, de José Assis,de Machado Rio, do (João XX século quedocronistas foram importantes início do preferidos os pelossão cronistas. temas áudio,em ouviram livros, ou jornais,já CD. quaisem sabem revistas, Pergunteeles se também com a atenção da leitura crônica. Pergunte se costumameles ler as crônicas que são publicadas escrita quepodemserdesenvolvidasemsaladeaula. pela crônica, preparamos, para você, professor, algumas sugestões de atividades de leitura e leitor,proximidade, entre e de identificação autor de aproveitar clima Para esse propiciado corriqueiros, miudezasdocomportamentodaspessoas,trazendoàtonaavidadacidade. fatos naturalidade com Narra conversa. uma quase espontânea, simples, linguagem uma usa cronista O humanos. sentimentos e atos sociais, questões sobre criticamente refletir a o leitor ajuda envolve, emociona, cronista o despretensioso, sensível, bem-humorado, tom Num Conheça oqueosalunosjásabememrelaçãoaogênero crônica. Procure mesclar textos de escritores escritores de textos Procuremesclar Pesquise crônicas bem interessantes. Crônicas deontemehoje que para cópiasos alunos do texto possam acompanhar Convide-os leitura. a ouvira as Providencie rodaleitura. a de para material prepareo e Escolhacrônicauma instigante De quefalamascrônicas? Ser brotinhoSer ... TÍTULO

uma prosa bemafiada Paulo Mendes Campos ... AUTOR o seu particular e aquele em que mais alargadamente vive.” eaquele emque alargadamente mais particular o seu - ÉPOCA 1960 ... pelos autores. usada linguagem a e escritas foram que em comparem os assuntos das crônicas, a época e comentem eles que para conversa de roda osdados juntocom osalunos. umaOrganize preenchaquadrolousaume Faça na rência. prefe sua de um selecione e trechos vários os leiam que alunos aos Peça aula. de sala da chão no disponha-os ou varal, ou mural num organize-os trechos, dos escolha e ra leitu a facilitar Para alunos.os para textos “(...) ao cronista compete registrador ser do tempo, jovens no início da década de 1960 Hábitos ecomportamentos dos José Neves, (1986apud Saramago 1995) ASSUNTO ...

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- ed. São Paulo: -

Rua do Ouvidor, de

contou diversas lojas de per

Memórias da rua do Ouvidor. Melhoramentos, s.d. pp. 309-312. Melhoramentos, . 2ª da pena correr Ao

A Rua do Ouvidor

E todavia não o era!... Com efeito não havia nem há rua mais opulenta 1855, José de Alencar. das flores”, “Falemos ...) O que é uma flor? Não: a flor é o tipo da perfeição, é a mais mais a é perfeição, da tipo o é flor a Não: espécies de flor. isso há muitas Por criaturas mimosas — vale do flores as Há Há doas céu — flores que — as estrelas, ( Será esta criação vegetal que na prima

fumarias, e, por conseqüência, devia ser a rua mais cheirosa, mais perfumada entre todas as da cidade do Rio de Janeiro. Atualmente de noite observa-se o mesmo fato. Naquele tempo, porém, isto é, nos tempos do

de aromas, de perfumes, de pastilhas odoríferas, de banhas e de pomadas de ótimo cheiro; mas tudo isso encerrado em vidrinhos, em frascos e em pe vera se abre do botão de uma planta? do botão se abre vera sublime expressão da beleza, é um sorriso de luz perfumado. é um raio cristalizado, que vivem o espaço de um dia, que se ali de luz e de sombras. de orvalho, mentam brilham à noite no seu manto azul, como os olhos de uma linda pensativa. quenas caixas bonitas que mantinham e mantêm a Rua do Ouvidor tão inodora como as outras de dia. “A Rua do Ouvidor”, .

Demarais, e ainda depois, a Rio de Janeiro: Tip. Perseverança, 1878, pp. 99-101 . fácil e reta comunicação com a praia, era uma das mais freqüentadas pelos condutores dos repugnan tes barris, das oito horas da noite até às dez

- - - - . - - - - - O cego de Ipanema. Aproxime os alunos do gênero textual crônica. os alunos do gênero Aproxime Rio de Janeiro: José Olympio, 1974. p. 259. “Ser brotinho”, Paulo Mendes Campos. [...] Ser brotinho é desdizer de enfeites modernos por Carlos Drummond de Andrade e outros A caminho de casa, entro num botequim da Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960, p. 15. Rio de Janeiro: Editora do Autor, “A última crônica”, . Elenco de cronistas e pinturas, e fazer uma cara lambida, arru lambida, cara uma fazer e pinturas, e mar os cabelos no vento, apagar o corpo dentro de um vestido em graça de doer, mas ir por aí espalhando fagulhas pelos olhos. Ser brotinho é lançar fagulhas pelos olhos. [...] Ser brotinho é possuirprópria, perambular vitrola pelas ruas do bairro vagaren comumarsonso–, moderninho– to, abraçada a uma porção de elepês esfu ziantes.dizerpalavraÉa feiaprecisamente no instante em que essa palavra se faz im prescindível e tão inteligente e superior.... Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade, estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar ins pirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida fru humano, conteúdo disperso seu de algo diária to da convivência, que a faz mais digna de ser vi vida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nes ta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num incidente doméstico, torno-me simples es pectador e perco a noção do essencial...

Na Ponta do Lápis – ano IV– nº 10 20 notícia: relatar o fato ocorrido de maneira o maneira de ocorrido fato o relatar notícia: comRetome os alunos o principal da objetivo Folha de S. Paulo, em 10 de setembro de 2001. jornal doCotidiano, caderno nopublicada

Mostre para o grupo trecho da notícia notícia da trecho grupo o para Mostre

adaptados para cinema, televisão, teatro e rádio. rádio. e teatro televisão, cinema, para adaptados

de 55 livros, em vários gêneros: conto, romance, crônica, ensaios. Recebeu vários prêmios e tem trabalhos trabalhos tem e prêmios vários Recebeu ensaios. crônica, romance, conto, gêneros: vários em livros, 55 de

Moacyr Scliar Scliar Moacyr

• Usa marcas de tempo e lugar que revelam fatos cotidianos. fatos revelam que lugar e tempo de marcas Usa •

• Partilha fatos cotidianos com seu leitor, dando singularidade a eles. a singularidade dando leitor, seu com cotidianos fatos Partilha •

• Traz aspectos de oralidade para a escrita: expressões de conversa familiar/íntima, repetições, pronome você. pronome repetições, familiar/íntima, conversa de expressões escrita: a para oralidade de • aspectos Traz

• Usa discurso direto no diálogo, verbos de dizer. de verbos diálogo, no direto discurso Usa •

• Usa 1ª Usa •

andando Da notíciaàcrônica

. nenhum. jeito De emprego? meu perca Que

você

devedora. Eu a a Eu devedora.

vou vou recurso:

de conta que nada tinha a ver com o assunto. assunto. o com ver a tinha nada que conta de

estou

eóis fi negócios

tentei vezes cobrador.Por diversas

cujos dizeres atraíam a atenção dos passantes: “ passantes: dos atenção a atraíam dizeres cujos

forte, mais Chovia

— —

dentro venhapara e , Aristides, isso com Acabe — -

Ela agora estava irritada: estava agora Ela

quero Não —

— Posso lhe dar um guarda-chuva... um dar lhe Posso —

? Se você está preocupada com minha saúde, pague o que deve. que o pague saúde, minha com preocupada está você Se ? daí E —

Ele riu, amargo: riu, Ele

Você — pessoa do verbo, singular e plural. plural. e verbo,singular do pessoa

começou a chuviscar. a começou momento Neste

— —

você Mas —

tornar públicaadívida.” como abusivas, técnicas usam ça cobran- de Empresas estratégia. intimidação “Cobrador usacomo

— —

paguei Não —

não me ouviu. E E ouviu. me não

— Claro que posso – – posso que Claro —

Você —

Ela abriu a janela e e janela a abriu Ela

Sou

fazendo.

Negativo

de um lado para o outro, diante da casa da diante outro, o para lado um de

Já sei sei Já seu marido – – marido seu

Cotidiano, 10 setembrode2001

advertiu – molhar se vai

nasceu em em 23/3/1937. É membro da Acadenia Brasileira de Letras, autor autor Letras, de Brasileira Acadenia da membro É 23/3/1937. em Alegre Porto em nasceu

caram prejudicados. Problema seu, ouviu? ouviu? seu, Problema prejudicados. ­ caram

ficar ficar

protestou – comigo isso fazer pode não

: não compre essa geladeira, geladeira, essa compre não : avisei

– ironizou ele. — — ele. ironizou –

. .

. Já usei todas as formas discretas que podia. discretas formas as todas . Já usei podia fazer isso de uma forma mais discreta... mais forma uma de isso fazer podia

enho Te

aqui

porque não tenho dinheiro. Esta crise... Esta dinheiro. tenho não porque

agora

agora

você até cartaz, este carregando ,

de carregar o cartaz, não um guarda-chuva. um não cartaz, o carregar de

retrucou

ali

Você — ele. replicou

quer que O dinheiro. o quer cobrança de empresa da lá pessoal o

.

estava ele, ele, estava

Borrada, a inscrição tornara-se ilegível. A ele, isso pouco importava: continuava continuava importava: pouco isso ele, A ilegível. tornara-se inscrição a Borrada,

ele – e oê Você

. doente ficando acabar Vai — ela.

você cobrar, lhe

diante

você

vai me dizer que por causa daquele ataque lá em Nova seus Nova York em lá ataque daquele causa por que dizer me vai

Vou

, até que não não que até , esgotando se foi paciência Minha

da casa, caminhando de de caminhando casa, da

, carregando o seu cartaz. seu o carregando ,

Você pagou. não comprou,

é minha mulher, mas mas mulher, minha é

ficar

Cobrança

eu não ganho não eu Aqui

os recursos cronista: pelo utilizados sal. Aproveite e analise junto com os alunos as para revelar desavenças liar na vida do - ca - fami discursodoirônico, típicas expressões tom um usa autor humorada.O bem crônica emconstruir,Scliar com na base notícia, uma Moacyr doescritor sensibilidade alunos osa com exploreconversa, de roda uma Em lher. mu- a e marido o entre estabelecido diálogo o expressar para mímica...) gestos, pausa, dramatizada, usandoleitura a entonação (voz, uma Faça jornal. no veiculada notícia numa publica semanalmente uma crônica, com base Scliar Moacyr escritor o que Esclareça dade. ambigüi- evitando possível, impessoal mais

. São Paulo: Global, 2001.) Global, Paulo: São . cotidiano imaginário O Scliar. (Moacyr

não pagou. não aqui

ela.

. Afinal, você . Afinal,

mora uma devedora inadimplente”. inadimplente”. devedora uma mora

saldar sua dívida. sua saldar

. . seu Problema

você até

Falei

o suficiente para pagar as prestações. Mas não, não, Mas prestações. as pagar para suficiente o

com

cumprir sua obrigação. sua cumprir

você marido, meu é

eusou

um lado para outro para lado um

você

Meu

é uma devedora inadimplente. E E inadimplente. devedora uma é

, ,

cobrador profissional e e profissional cobrador

problema é lhe cobrar. E é o que que o é E cobrar. lhe é problema

expliquei

, ,

avisei

mora aqui. mora

. Carregava um cartaz, cartaz, um Carregava .

você

. Nada. . Nada.

me restou restou me

que eu faça? faça? eu que

Você

você

eu sou eu

outro outro

fazia fazia

é é

Na Ponta do Lápis – ano IV– nº 10 - - - -

21

ura, proponha proponha ura,

leit

telonas nesta sexta-feira (5). (5). sexta-feira nesta telonas

Thomas, que chega às às chega que Thomas,

de e Daniela Daniela e Salles Walter de

Linha de passe de Linha (Brasil, 2008), 2008), (Brasil,

filme do centrais itens

os são sonhos realizar e

sobreviver para luta sua e

periferia de São Paulo (SP) Paulo São de periferia

A vida de uma família na na família uma de vida A

da periferia de SP de periferia da

família mostra

passe de Linha

delicadeza, Com Retome as idéias pelos sugeridas alunos e vá anotando-as e escrevendo na lousa os cole parágrafos Duranteiniciais. a produção tiva faça e dê perguntas orientações aju que dem o grupo na elaboração da Essa crônica. texto versãoinicial do deverá ser aprimorada processo. do decorrer no tando tando uma dose de ficção, lirismoou mesmo de Por exemplo, se humor. a notícia escolhi se eles ao grupo pergunte o riso, da sobre for riem com freqüência, em que situações cos grupo seu em se gargalhada”, “cairna tumam de há amigos alguém que está sempre rindo, ou faz rir? todo mundo Direcione a conversa - contri possam que situações seleção de para literário elaboração tom a parao dar para buir texto. do - - - - - dobrou Em dez anos, o uso de bicicletas De acordo com a pesquisa, o uso da bicicleta cresceu principalmente para viagens curtas e na periferia. A pesquisa também mostrou que pela primeira o número desde 1977 vez de pessoas que utilizam transporte motorizado coletivo ultrapassou o daqueles que individuais. usam veículos Produza coletivamente a versão inicial da crônica. coletivamente a versão Produza panhem a panhem leitura ler podem (ou em Se duplas). isso o não copie for textopossível, na É crônica? ­ acom eles que para alunos os para cheiros” de História “ crônica da cópias Providencie Agora, os alunos são Agora, os alunos os cronistas para Traga a sala de aula notícias - pu Organize jornais. em diversos blicadas

Sobre o riso Por que rimos? Ninguém sabe. O riso tem

Lembre Lembre à turma que o ponto de partida uma qualidade universal: todas as culturas têm seus contadores de piadas. E, mesmo que a piada tenha graça só para uma Amplie o repertório dos alunos por meio da leitura de crônicas. crônicas. da leitura de por meio dos alunos o repertório Amplie cultura, as pessoas reagem sempre da mesma forma. uma roda de conversa. Deixe os alunos manifestarem sua compreensão e opinião sobre o texto.o sobre opinião e manifestarem compreensão sua alunos Deixe os conversa. de roda uma Para explorar melhor as características ordene e prepare tarjas da crônica, crônica atençãoa observações releiamcom os com sobre que alunos aos Proponha autor. pelo utilizados recursos as tarjas texto. no lousa ou numa grande folha de papel. Planeje bem a leitura da crônica. Após a Após Planeje leituraa bem papel. crônica. de da folha grande numa ou lousa com com os alunos um mural com essas notícias e convide-os a lê-las. Peça-lhes que as ana lisem e entre escolham elas na uma opi que, nião deles, pode originar uma boa crônica. Diga aos que vamos alunos escrever a crôni troca possibilitaa coletivamente,caisso pois de experiência e a negociação entre e alunos professor. para a escrita da crônica é o aconte próprio cimento relatado na notícia e o acrescen fato, cronista do pessoal visão vai sua a colocar Na Ponta do Lápis – ano IV– nº 10

22

do leitor. do

O narrador- autor o aproxima

personagem pessoa primeira em fala de si mesmo narrativa A de um jeito que

envolve o leitor

fatos do cotidiano do fatos

que revelam que

tempo e lugar e tempo Usa marca de marca Usa Identifique asmarcas, os recursos utilizadospeloautornaescritadacrônica.

vai ser bom atravessar a Paulicéia, de madrugada, madrugada, de Paulicéia, a fundo. respirando atravessar bom ser vai Aí natureza. da água-de-cheiro.Água-de-cheirochova cheirososPaulofiquem Que Sãonovamente. de cidade remexido de dosestrume vaca da minha sítios infância. molhado,do mato do cheiro mesmo o Imaginoséculos? quatro de mais há prazenteira, e boachuva quando caía recebe pelos encanamentos. daquiloque– cheiro o – devolvendonhos. rio parte o Era vizi bairros aos chegou e margens as ultrapassou ros deperfume São Paulo, da cidade? ocheiro real o era esse que em pontochegamos ao que será Ou da? adubadoaveni da odores. quecanteiros haviam os osSerá todos iguala que cinzenta bruma a tinha não –, vido choporque havia mais ainda – poluiçãobaixara a hora chorume azedoera feito de lixão, esterco.parecia Àquela odor O luzes. das amarelo o molhada,refletindo e vazia urbe da bonita imagem a esvanecer poucosfez aos que que deacabara cair, a umcidade cheiro exalava estranho, chuvaúmido da ar o e calor o Com pneusasfalto. losno um e o chiado carro na pista outra da água espalhada pe altos, tudo molhado e de deserto gente, de vez em quando postes de saindo amarelada luz bonita a com vazia, ção, estrume bovinoestrume bom. tão mepareça de ver o pôr-do-sol. Talvez por isso, hoje, até o perfume do mesmo, onde o tempo escorre lento, tortuoso, sem pressa Naqueles possívelera sítios o contato prazeroso consigo Bicho insuportável, castigo de condenado no Juízo Final. carrapatos. quandopeguei mesmo natureza, a com tato espaços foram míticos, lugarescon desítios e fazendas oazul!”, como traz cantava Tom Jobim. quequemolha enche terra, a rio,o que limpa céu.o “Que chuva-criadeira, a cair remexido. Vi vaca de estrume de odor agradável ao molhado,misturado mato de gostoso raíba. Lá também chovido,havia vim embora com o cheiro úmido e quente. Eu tinha saído node um sítio Vale do Pa rush. Tinha chovido, e a cidadevazia molhada, estava o ar horadochegana se Piorgigante. o cruzar de ter de sina em casa. Quem mora no ABC Paulista tem sempre a triste gada. Vinha do interior a e cidadeatravessava para chegar Na minha utopia torço para que um dia os rios e a e rios os dia um que para torço utopia minha Na Paulo São de e Pinheirosdo cheiro o ser devia Qual calor,odorPinhei o rio do forte de recentes, dias Em Mas agora, em São Paulo, eu subia a rua da Consolada rua Paulo,a subiaSão eu agora,em Mas infância a desdecidade, em criado e nascidoMenino Fazia tempo que não passava por São Paulo de madru- História de cheirosHistória Luiz Henrique Gurgel

------

pelos sentidos pelos

Toda anarrativa forma peculiar forma

torno domesmo torno corriqueiro de corriqueiro

se organiza em trata um fato um trata

tema: cheiros

O autor traz autor O

impressões impressões

O narrador O

captadas captadas

Na Ponta do Lápis – ano IV– nº 10

-

- 23

-

-

-

-

- -

(“Sobre, 25/4/2007.) a crônica”,Ângelo. Paulo São Veja Ivan

...]

A arte de ser avó A

Livro Elenco de Cronistas Modernos, Editora José Olympio, 2003. Netos são como heranças: você os ganha sem merecer. Sem ter fei

to nada isso, de repente lhe caem do céu. É, como dizem os ingleses, Quarenta anos, quarenta e cinco... Você sente, obscuramente, nos

, 31 de agosto de 2008, Caderno de Esporte Esporte de Caderno 2008, de agosto de 31 , um ato de Deus. Sem se passarem as penas do amor, sem os compro Paulo S. de Folha missos do matrimônio, sem as dores da maternidade. E não se trata de um filho apenas suposto, como o filho adotado: o neto é realmente o sangue do seu sangue, filho de filho, mais que o filho mesmo... Todavia, também obscuramente, também sentida nos seus ossos, seus ossos, que o tempo passou mais depressa do que esperava. Não lhe incomoda envelhecer, é claro. A velhice tem as suas alegrias, as suas compensações – todos dizem isso embora você, pessoalmente, ainda não as tenha descoberto – mas acredita.

às vezes lhe dá aquela nostalgia da mocidade. Não de amores nem pai xões: a doçura da meia-idade não lhe exige essas efervescências. [...] (...) A crônica é frágil é relação uma A crônica pessoal. e íntima, (...) tanto. se expor pudesse ele, se o narrador, só se escrita fosse como Como leitor, para um leitor? é, não isto, vimos nós cúmplices: o momento, sobre Conversam

de descrições líricas? Ou as bem humoradas e irônicas? Ou as bem humoradas e irônicas? de descrições líricas? social, à realidade pelas ásperas críticas as marcadas Ou prefere quem abaixo e descubra crônicas das Leia trechos política e cultural? estão na página 25. As respostas são seus autores. Você gosta de ler crônicas? De que estilo? As poéticas, recheadas De que estilo? As poéticas, gosta de ler crônicas? Você A crônica nossa nossa A crônica dia de cada

Os jogadores são produzidos em série, para a exportação, como como exportação, a para série, em produzidos são jogadores Os

tou a quantidade e diminuiu a qualidade. [ qualidade. a diminuiu e quantidade a tou

Conformados e realistas e Conformados ma linha de produção dos medíocres. Há mercado para todos. Aumen todos. para mercado Há medíocres. dos produção de linha ma

O que queremos é ver mais qualidade. Não podemos nos contentar contentar nos podemos Não qualidade. mais ver é queremos que O

uma fábrica de parafusos. Os atletas de talento são colocados na mes na colocados são talento de atletas Os parafusos. de fábrica uma

Ninguém é tão ingênuo para achar que se deve jogar hoje no estilo estilo no hoje jogar deve se que achar para ingênuo tão é Ninguém

B outro. é futebol do encanto O correria. muita e tas

com um futebol medíocre, quase só de jogadas aéreas e de muitas fal muitas de e aéreas jogadas de só quase medíocre, futebol um com

dos anos 60. anos dos

Os conformados, os que têm pouco senso crítico e também os mo os também e crítico senso pouco têm que os conformados, Os

fundem modernidade com mediocridade. com modernidade fundem

momento certo para tentar fazer o gol virou sinônimo de lentidão. Con lentidão. de sinônimo virou gol o fazer tentar para certo momento

Já a numerosa turma do oba-oba, também chamada de otimista, otimista, de chamada também oba-oba, do turma numerosa a Já

futebol moderno é esse aí. Temos de engoli-lo. Tocar a bola e esperar o o esperar e bola a Tocar engoli-lo. de Temos aí. esse é moderno futebol

dernistas, que são muito bem preparados cientificamente, dizem que o o que dizem cientificamente, preparados bem muito são que dernistas,

Fernando Calazans e poucos outros jornalistas esportivos têm sido sido têm esportivos jornalistas outros poucos e Calazans Fernando

acha que somos muito pessimistas. muito somos que acha

seleção e dos clubes. Penso da mesma forma. Estamos preocupados. Estamos forma. mesma da Penso clubes. dos e seleção críticos e realistas sobre a qualidade e o futuro do futebol brasileiro, da da brasileiro, futebol do futuro o e qualidade a sobre realistas e críticos Na Ponta do Lápis – ano IV– nº 10

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sorrir, ao passo que Jacó passa por um varão arguto e hábil. [...] hábil. e arguto varão um por passa Jacó que passo ao sorrir,

genro; mas não sei que há na alma humana que Labão é que faz faz que é Labão que humana alma na há que sei não mas genro;

malhados. A boa-fé de Labão foi assim embaçada pela finura do do finura pela embaçada assim foi Labão de boa-fé A malhados.

ques, as cabras concebiam com os olhos nas varas, e os filhos saíam saíam filhos os e varas, nas olhos os com concebiam cabras as ques,

assim brancas e verdes a um tempo, e, havendo-as posto nos tan nos posto havendo-as e, tempo, um a verdes e brancas assim

, Organização de Afrânio Coutinho, RJ. Nova Aguilar, 1994 Aguilar, Nova RJ. Coutinho, Afrânio de Organização , Completa Obra

gou de umas varas de plátano, raspou-as em parte, deixando-as deixando-as parte, em raspou-as plátano, de varas umas de gou

que muitos trariam uma só cor; mas Jacó, que tinha plano feito, pe feito, plano tinha que Jacó, mas cor; só uma trariam muitos que

lhos das cabras que nascessem malhados. Labão concordou certo de de certo concordou Labão malhados. nascessem que cabras das lhos

sogro. Sabe-se que Jacó propôs a Labão que lhe desse todos os fi os todos desse lhe que Labão a propôs Jacó que Sabe-se sogro. dúvida sobre isso, não a pode haver quanto ao caso de Jacó e seu seu e Jacó de caso ao quanto haver pode a não isso, sobre dúvida

ruas (Companhia 1997). das Letras, reunida no clássico Notícias de Gazeta jornal o outros, entre para, crônicas suas escrever ao Coelho Alberto carioca Paulo João jornalista e escritor pelo usado Joãodo Rio – Eva a comer o fruto proibido, foi o texto primitivo do conto. Mas, se há há se Mas, conto. do primitivo texto o foi proibido, fruto o comer a Eva

nhece. A rigor, pode crer-se que o discurso da serpente, induzindo induzindo serpente, da discurso o que crer-se pode rigor, A nhece.

editor. editor.

autores da composição puderam receber integralmente os lucros do do lucros os integralmente receber puderam composição da autores

esta semana, bem contado, bem ouvido, bem vendido, porque os os porque vendido, bem ouvido, bem contado, bem semana, esta

O conto-do-vigário é o mais antigo gênero de ficção que se co se que ficção de gênero antigo mais o é conto-do-vigário O De quando em quando aparece-nos o conto-do-vigário. Tivemo-lo Tivemo-lo conto-do-vigário. o aparece-nos quando em quando De RJ (1881-1921). Pseudônimo Pre e u or foi obra sua de Parte .

A alma encantadora das A alma encantadora C Conto-do-vigário chado me confiou gravemente que a vida pode ter muito sofrimento, o mundo pode não ter explicação alguma, mas filhos, era melhor tê-los.

zes da vida, e de lá arrancara a certeza imperativa deFilhos que –a dizprocriação o poeta – melhor não tê-los. Já o professor Aníbal Ma é uma verdade animal, uma coisa que não se discute, fora de alcance do radar filosófico. “Eu não sei por que, Paulo, mas fazer filhos é o que há de mais importante.” A conclusão parece simples, mas não era; Aníbal tinha ido às raí

melancólicaimpostura daquelas palavras corrosivas do final de mórias póstumas: sa miséria”. Engraçado é que, depois dessa conversa, fui descobrindo devagar a mente o pessimismo daquele verso, quando pergunta: mas, se não os D temos, como sabê-lo? Resumindo: filhos, melhor não tê-los, mas é de

borar na imprensa escrita. escrita. imprensa na borar esportiva crônica Em brasileira. pouco tempo passou da a cola dos nomes um principais Tostão de fizeram logo gentes argumentosinteli equilibradosOs e são. televi na futebol jogosde comentar para convidadofoi 1990, Em hospitais.lhou em UFMG, na - traba e tornou-seprofessoruniversitário medicina estudou e do esporte Afastou-se mundial. e brasileiro bol derado um dos grandes jogadores do fute Conhecidocomo consi(1947-). Tostão,é – Andrade de Gonçalves Eduardo todo indispensável tê-los, mas é de todo indispensável tê-los para sa bê-lo; logo, melhor tê-los. [...] Filhos, melhor não tê-los, aliás, o mesmo poeta corrige antietetica Meu reino por um pente

“não transmiti a nenhuma criatura o legado de nos MG MG

- - - - - Alhos & Bugalhos, Civilização Brasileira, 2001

rtu m u or tms oo mr a carioca,vida conversas mar, de bar efutebol. o como temas obra sua em que tratou com simplicidade pela Destacou-se revista na anos,muitospor manteve e Carioca Diário no crônicas primeiras suas Escreveu nal. Nacio- Biblioteca da raras obras de seção da diretor foi e Livro do Nacional Instituto no trabalhou tradutor, e poeta Cronista, ( MG PauloMendesCampos– -

-

- - , uma colunasemanal. uma , Manchete 1922-1991).

-

- Me-

-

-

- Na Ponta do Lápis – ano IV– nº 10 E) João do Rio; F)Mário CamposAlberto Prata de Morais C) Machado de D)PauloAssis; Mendes Campos A) ; B)Eduardo Gonçalves de Andrade (Tostão) Resposta: - - – 25 -

-

-

-

-

[...] - Joaquim Joaquim Maria Machado de Assis drama contista, RJ (1839-1908) Cronista, - roman novelista, jornalista,poeta, turgo, o crítico cista, É e considerado ensaísta. rea- prosa ficcionistada mais expressivo lista da literatura brasileira. várias a sobre crônicas Escreveu escravidão e os dramas esconden sociais de seu tempo, atrásdo-se vários de pseudônimos. - O morto

MG (1946 -). -). (1946 MG , Editora Garnier, 1908 1908 Garnier, Editora , . Além Crônicas100 . e Pretobrancono

; A alma encantadora das ruas das encantadora alma A

Quem tem medo da mortadela?

tro e através desse vasto trabalho e nacionais. internacionais recebeu prêmios Mário Alberto Campos de MoraisPrata de – AlbertoCampos Mário reportagens editoriais, escreveu , jornais em Trabalhou e artigos. Entre seus livros podem-se citar: morreu que rir de de livros, escreveu roteiros novelas, e peças para tea F

-

A rua A Modismo é conosco mesmo. O brasileiro adora inventar moda. E todo Filho é bom, mas dura muito. Editora Maltese, São Paulo 1995. p. 157-159 O Es- [...]Agora já tem caipirinha de vodca e, pasmem, de rum. Caipirinha sem

mundo vai atrás dela.A última do brasileiro é “primeiro mundo”. Os publici tários nativos inventaram a expressão e agora tudo que nós queremos tem Todaessa introdução para chegar à mortadela. Ou mortandela, como pre E que ser coisa do “primeiro mundo”.

pre foi e sempre será de cachaça. Coisa de caipira mesmo. E é esta bebida que os europeus vêm procurar aqui. Mas já meteram a vodca e o rum nela para ficar com cara de primeiro mundo. Vamos deixar a caipirinha caipira, brasileiros! A cachaça e a mortadela são produtos do Brasil, do nosso querido terceiro

feremgarçons e padeiros. Quer coisa mais brasileira que a mortadela? Claro que ela veio lá da Itália. Mas tornou-se, talvez pelo baixo preço, o petisco do

brasileiro. O nome vem de murta, uma plantinha italiana que Ihe valeu o CE (1910-2003). nome. Infelizmente o brasileiro acha que mortadela é coisa de pobre, de fa minto. E o que somos nós, cara-pálidas?

mundo. Mas acontece que há um preconceito dos patrícios contra a cachaça e

a mortadela. Contra a mortadela o caso é mais grave. Se você oferecer morta

- Ora, a rua é mais do que isso, a rua é um fator da vida das cida das vida da fator um é rua a isso, que do mais é rua a Ora, dela numa festa, vão te olhar feio.Você deve estar perto da falência.

des, a rua tem alma. tem rua a des,

[...] [...] rua. da

tos notáveis. Só persiste e fica, legado das gerações cada vez maior, o amor amor o maior, vez cada gerações das legado fica, e persiste Só notáveis. tos

Os séculos passam, deslizam, levando as coisas fúteis e os acontecimen os e fúteis coisas as levando deslizam, passam, séculos Os

amor, o ódio, o egoísmo. Hoje é mais amargo o riso, mais dolorosa a ironia. ironia. a dolorosa mais riso, o amargo mais é Hoje egoísmo. o ódio, o amor, pria vida, resiste às idades e às épocas. Tudo se transforma, tudo varia – o o – varia tudo transforma, se Tudo épocas. às e idades às resiste vida, pria

tado. de S. Paulo Rachel Rachel de Queiroz – Foi a primeira mulher a Academia ingressar Brasileira na de Letras. Publi cou 23 livros individuais e está obra vasta quatro Sua preciosa parceria. e em traduzida e publicada em francês, - in glês, alemão e japonês. Além traduziu disso, 45 obras para sendo 38 o romances. Colaborou sema- português, nalmente no jornal crônicas com

- pró a como que, único o indissolúvel, e imperturbável sentimento o mesmo

lei e a polícia, mas porque nos une, nivela e agremia o amor da rua. É este este É rua. da amor o agremia e nivela une, nos porque mas polícia, a e lei

Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria seria vos não íntima toda natureza de sentimento Esse rua. a amo Eu aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a dor e os desprazeres, a a desprazeres, os e dor a com soframos, porque não povoados, nos aldeias,

somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades, nas nas cidades, nas iguais; e parecidos sentimos nos nós irmãos, somos

amor assim absoluto e assim exagerado é partilhado por todos vós. Nós Nós vós. todos por partilhado é exagerado assim e absoluto assim amor revelado por mim se não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este este que julgar, para tivesse não razões e julgasse, não se mim por revelado