NOVAS OCORRÊNCIAS DE LEGUMINOSAE PARA O MATO GROSSO DO SUL, BRASIL

Rosilene Rodrigues Silva1,2,3, Ana Paula Fortuna-Perez1,2,4 & Ana Maria Goulart de Azevedo Tozzi2,5

RESUMO (Novas ocorrências de Leguminosae para o Mato Grosso do Sul) Este trabalho apresenta novas ocorrências de espécies de Leguminosae para o Mato Grosso do Sul, Brasil. Comentários taxonômicos e morfológicos e dados de distribuição geográfica destas novas ocorrências estão sendo registrados neste trabalho. O inventário foi baseado em coletas próprias e na análise de material herborizado. Foram registradas 11 novas ocorrências, uma de Caesalpinioideae: Senna macranthera var. micans, cinco de : harrisii, Acacia lewisii, A. recurva, A. tucumanensis, Senegalia langsdorffii, e cinco de Papilionoideae: Aeschynomene gracilis, A. viscidula, Ateleia guaraya, Desmodium affine e D. tortuosum. Estes novos registros evidenciam a importância desse tipo de estudo para o conhecimento da flora regional e demonstram a necessidade de coletas mais intensivas no estado. Palavras-chave: Planalto Residual do Urucum, Pantanal sul-matogrossense, distribuição geográfica, taxonomia, morfologia. ABSTRACT (New records of Leguminosae in the state of Mato Grosso do Sul) This paper presents new records of species of Leguminosae in the state of Mato Grosso do Sul, Brazil. Taxonomic and morphological comments and geographical distribution of these new records are reported. The inventory was based on both herbarium material and our own collections. Eleven new records are reported, of which one belongs to the Caesalpinioideae: Senna macranthera var. micans, five to the Mimosoideae: Calliandra harrisii, Acacia lewisii, A. recurva, A. tucumanensis, Senegalia langsdorffii, and five to the Papilionoideae: Aeschynomene gracilis, A. viscidula, Ateleia guaraya, Desmodium affine, and D. tortuosum. These new records highlight the importance of regional floristic studies and the need to carry out intensive fieldwork to improve the sampling within the state. Key words: Planalto Residual do Urucum, Pantanal sul-matogrossense, geographical distribution, , morphology.

INTRODUÇÃO mais ricas em espécies. O Pantanal A família Leguminosae compreende Matogrossense é considerado uma das maiores cerca de 727 gêneros e 19.325 espécies (Lewis reservas da fauna e flora do mundo, sendo et al. 2005) e é tradicionalmente dividida nas ainda pouco estudado. Influenciado pela subfamílias Caesalpinioideae, Mimosoideae e vegetação proveniente do cerrado, floresta Papilionoideae. Os representantes de amazônica e chaco, esse bioma é um mosaico Leguminosae mostram ampla variação no de diferentes comunidades com freqüentes hábito, podendo apresentar-se desde arbóreas mudanças correlacionadas com a topografia e emergentes até diminutas herbáceas efêmeras muitos ecótonos (Prance & Schaller 1982). É (Lewis 1987). caracterizado por planícies de depósitos O Brasil é o país da América do Sul onde sedimentares, com altitudes entre 100 e 200 Leguminosae é considerada uma das famílias m, nas quais se destacam morros isolados, que

Artigo recebido em 07/2006. Aceito para publicação em 03/2007. 1Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal – Unicamp. 2Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Biologia, Departamento de Botânica, CP 6109, CEP 13083-970, Campinas, São Paulo, Brasil. 3Bolsista Capes. 4Bolsista CNPq. 5Autor para correspondência: [email protected] 250 Silva, R. R.; Fortuna-Perez, A. P. & Tozzi, A. M. G. A. são os pontos culminantes do estado do Mato USZ (acrônimos segundo Holmgren & Grosso do Sul, como o Planalto Residual do Holmgren 1998). Urucum. Essa região possui uma notável A apresentação dos táxons segue a ordem biodiversidade, destacando-se alguns táxons de alfabética de subfamília e, em cada, a ordem Leguminosae raros ou poucos conhecidos alfabética de gênero e espécie, acompanhados (Silva 2006). de descrições dos táxons baseadas nos Se de um lado há um mosaico de tipos espécimes coletados, comentários taxonômicos vegetacionais que formam o complexo do e dados sobre o ambiente de ocorrência e de Pantanal do Mato Grosso do Sul, incluindo distribuição geográfica. hábitats ímpares, de outro há escassez, ou mesmo ausência, de estudos florísticos. Um RESULTADOS E DISCUSSÃO trabalho florístico de impacto realizado no Estão sendo confirmadas 11 novas Pantanal foi o de Pott & Pott (1994), que ocorrências para o Mato Grosso do Sul, mais listaram 97 famílias, dentre elas sobressaindo especificamente para o Planalto Residual do Leguminosae com 98 táxons, sendo 23 Urucum, das quais uma de Caesalpinioideae, pertencentes a Caesalpinioideae, 23 a cinco de Mimosoideae e cinco de Papilionoideae. Mimosoideae e 52 a Papilionoideae. Além Considerando o levantamento florístico de deste, outros trabalhos florísticos mostrando a Leguminosae para o Pantanal (Pott & Pott riqueza da família no Mato Grosso do Sul foram 1994), para cada uma das subfamílias, a maior feitos, como os de Pott & Pott (2000) e de contribuição do presente trabalho foi em relação Romagnolo & Souza (2000), que trataram 13 e a Mimosoideae, cujo acréscimo de táxons foi seis espécies de Leguminosae, respectivamente. da ordem de 21,67%, seguida de Papilionoideae, Com o objetivo de ampliar o cerca de 9,5%, e de Caesalpinioideae, com conhecimento de Leguminosae no estado do 4,35% de novas ocorrências. Adicionalmente, Mato Grosso do Sul, este trabalho trata de esses valores também são expressivos na flora novas ocorrências da família, incluindo do Pantanal, no qual, até onde se conhece, comentários taxonômicos e morfológicos, nenhuma família apresentou riqueza sobre o ambiente de ocorrência e de comparável à de Leguminosae (Silva 2006). distribuição geográfica. Caesalpinioideae MATERIAL E MÉTODOS Senna macranthera var. micans (Nees) H.S. O inventário foi baseado em coletas Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. próprias e no exame de material herborizado. 35(1): 181. 1982. A maior parte das coletas foi realizada no Caracterizada por apresentar folhas com Planalto Residual do Urucum, conhecido 2 pares de folíolos, com glândulas estipitadas, localmente como “Maciço do Urucum”, com fusiformes, tomentosas na face abaxial e uma área de 5.327 ha, localizado em Corumbá nervuras com indumento amarelo, flores com e Ladário, na borda oeste do Pantanal do corola alaranjada, pétalas internamente Mato Grosso do Sul, Brasil (19º04’51"S e tomentosas, indumento amarelo, ovário 57º21’14"W; 19º23’00"S e 57º46’00"W). O encurvado, tomentoso, indumento amarelo-ouro. planalto está constituído pelas serras do Material examinado: Corumbá, Serra Santa Cruz, Jacadigo, Santa Cruz, Urucum, São Domingos, 14.III.1990, fl., L. F. Boabaid 1 (COR). Tromba dos Macacos, Grande, e Rabichão. O Senna macranthera var. micans era material testemunha foi depositado no herbário citada apenas para os estados do Ceará e Bahia UEC. Foram consultadas as coleções dos (Irwin & Barneby 1982). Apresenta seguintes herbários: COR, CGMS, CPAP, HC, semelhança com S. macranthera var. HMS, MBM, RB, SPF, SP, UEC, UPCB e nervosa (Vogel) H.S.Irwin & Barneby, da

Rodriguésia 58 (2): 249-254. 2007 Leguminosae no Mato Grosso do Sul 251 qual difere especialmente pelo tamanho menor Acacia recurva Benth., London J. Bot. 1: dos folíolos e frutos, número inferior de óvulos 519. 1842. e menor porte. Estas diferenças parecem Caracterizada por apresentar ramos com ser de natureza ambiental, considerando que, acúleos recurvos, dispersos e com o ápice enegre- de acordo com Irwin & Barneby (1982), cido, folhas com folíolos apresentando 43−65 S. macranthera var. micans é referida para pares de foliólulos, pecíolo com glândula séssil caatinga e carrasco e S. macranthera var. e elipsóide, inserida próximo à base do pecíolo. nervosa, que está distribuída nos estados da Material examinado: Corumbá, Serra do Urucum, Bahia, Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro, 28.I.2003, fl., R. R. Silva & V. V. Filho 201 (UEC). para floresta de galeria e cerrado. Acacia recurva é citada para a Argentina, Paraguai e Brasil (Cialdella 1984). No Brasil, Mimosoideae para os estados de Goiás, Paraná, Rio Grande Acacia lewisii Bocage & S. Miotto, Bradea do Sul e Santa Catarina (Burkart 1979). No 11(1): 11-16. 2005. Planalto Residual do Urucum ocorre na floresta Caracterizada por apresentar ramos com estacional decidual. Espécie próxima de A. acúleos retos a recurvos, enegrecidos, lewisii, mas difere por apresentar ramos armados estípulas vermelho-enegrecidas, lanceoladas, enegrecidos e estípulas vermelho-enegrecidas. nervadas, folhas com 10−14 pares de folíolos, Como no caso mencionado anteriormente, esta pecíolo com uma glândula enegrecida, linear- espécie deverá ser transferida para Senegalia. elíptica, séssil, inserida na porção central, Acacia tucumanensis raque caniculada, abaxialmente aculeada, Griseb., Abh. Konigl. com glândulas arredondado-côncavas entre Ges. Wiss. Gottingen 19: 135. 1874. os três últimos pares de folíolos, folíolos com Caracterizada por apresentar ramos 16−52 pares de foliólulos e legumes de 6−10 lenticelados com acúleos recurvos, dispersos, × 1,5−1,7 cm. amarelos e com o ápice avermelhado a Material examinado: Corumbá, Serra do Urucum, enegrecido, folhas com folíolos apresentando − 17.II.2004, fr., R. R. Silva & Calisto 1354 (UEC); 20 43 pares de foliólulos, pecíolo com glândula Serra Grande, 18.XII.2003, fl., R. R. Silva & J. S. subséssil a estipitada, inserida próximo ao Velásquez 685 (UEC); Ladário, Serra do Rabichão, primeiro par de folíolos, glândulas circulares 24.XI.2003, fl., R. R. Silva & M. V. Silva 1338 apicais entre cada um dos dois pares de folíolos (UEC); 26.VIII.2004, fr., R. R. Silva & M.V. Silva e legumes de 11,0−13,5 × 1,6−1,8 cm. 1094 (UEC). Material examinado: Corumbá, Serra do Jacadigo, Acacia lewisii era citada apenas para 30.IV.2004, fr., R. R. Silva & J. S. Velásquez 930 e os estados da Bahia e norte de Minas Gerais 932 (UEC); Serra Grande, 24.XI.2003, fl., R. R. Silva (Du Bocage & Miotto 2005). No Planalto & J. S. Velásquez 617 (UEC); Ladário, Serra do Residual do Urucum ocorre na floresta Rabichão, 15.XI.2003, fl., R. R. Silva & M. V. Silva estacional decidual. Subordinada a Acacia 561 (UEC); 18.XI.2004, fl., R. R. Silva & M. V. Silva subg. Aculeiferum sect. Aculeiferum, a 1280 (UEC). espécie deverá ser transferida para Acacia tucumanensis era citada apenas Senegalia, considerando a adoção da para a Argentina, Bolívia, Paraguai e Brasil proposta aprovada pelo Comitê de (Cialdella 1984). No Brasil, para os estados Spermatophyta no Congresso de Viena, que do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina aceitou a mudança da espécie tipo de (Burkart 1979). No Planalto Residual do Acacia. Desta forma, a circunscrição do Urucum ocorre na floresta estacional decidual. gênero Acacia deve ficar restrita à do Esta espécie difere de A. lewisii e A. recurva subg. Phyllodineae, sendo que deste por apresentar pecíolo com glândula subséssil devem ser excluídas as espécies do a estipitada, e também deverá ser transferida subgênero Aculeiferum. para Senegalia.

Rodriguésia 58 (2): 249-254. 2007 252 Silva, R. R.; Fortuna-Perez, A. P. & Tozzi, A. M. G. A. Calliandra harrisii (Lindl.) Benth., London na floresta estacional decidual. Esta espécie J. Bot. 3: 95. 1844. difere de Acacia recurva e A. tucumanensis Caracterizada por apresentar estípulas por apresentar pecíolo com glândula irregular- nervadas, folhas com 1 par de folíolos, venação arrendondada, inserida na região mediana. palmado-pinada, flores com cálice cuneiforme, nervado, giboso, corola sub-infundibuliforme, Papilionoideae com a porção distal verde e a porção terminal Aeschynomene gracilis Vogel, Linnaea 12: vermelha, esparso-pilosa, lobos ciliados e 891. 1838. gibosos no ápice. Caracterizada por apresentar ramos Material examinado: Ladário, Serra do Rabichão, prostrados, estípulas lanceoladas e sem acesso pela fazenda Progresso, 29.IX.2004, fl., R. R. apêndice basal, folhas imparipinadas com 3−5 Silva & M. V. Silva 1171 (UEC). folíolos, folíolos obovais, inflorescência axilar, Calliandra harrisiii é citada para 2-floras, vexilo orbicular e lomentos falcados Bolívia, Paraguai e Brasil, nos estados da com 2−6 artículos, estipitados. Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro (Barneby Material examinado: Corumbá, Serra do Urucum, 1998). No Planalto Residual do Urucum ocorre fl., 8.II.2002, S. S. S. 3 (COR); 4.X.1984, fr., C. A. C. na floresta estacional decidual. Trata-se de 1612 (CPAP); 22.I.2003, fl. e fr., R. R. Silva & Calisto uma espécie pouco freqüente, tendo sido 168 (UEC); 3.X.2003, fr., R. R. Silva & Calisto 288 encontrada apenas uma população com poucos (UEC); 24.VII.2004, fl. e fr., R. R. Silva & Calisto indivíduos. Essa espécie não foi coletada com 1003 (UEC); Serra Santa Cruz, 10.I.2003, fl. e fr., R. R. Silva & R. Silva 114 (UEC); 7.II.2003, fl., R. R. frutos, pois durante a floração ocorreu o aborto Silva & Ramires 243 (UEC); 23.VII.2004, fl. e fr., R. de todas as flores. R. Silva & Ramires 996 (UEC). Aeschynomene gracilis era citada Senegalia langsdorffii (Benth.) A.Bocage & apenas para os estados do Espírito Santo e Rio L.P. Queiroz, Neodiversity 1: 12. 2006. de Janeiro (Fernandes 1996). No Planalto Acacia langsdorffii Benth., London J. Residual do Urucum ocorre no campo cerrado. Bot. 1: 521. 1842. Difere de A. viscidula por apresentar folhas Caracterizada por apresentar ramos 3−5 folioladas e caule não glanduloso. lenticelados com acúleos retos a encurvados, caducos, sedoso-canescentes, tomentosos, Aeschynomene viscidula Michx., Fl. Bor.- − folhas com 3 7 pares de folíolos, pecíolo com Amer. 2: 74-75. 1803. glândula irregular-arredondada, inserida na Caracterizada por apresentar caule região mediana, tomentosas, folíolos com 12− víscido-pubescente, ramos híspido-capitados, 30 pares de foliólulos, pedúnculo sedoso- estípulas deltóides, sem apêndice basal, folhas tomentoso, flores com cálice tubuloso, imparipinadas com 5−9 folíolos, folíolos obovais, tomentoso, corola pubescente e legumes de flores em inflorescência racemosa, supra- 8,4−12,3 × 1,3−1,7 cm, verde-ferrugíneos axilar, víscido-glandulosa, brácteas semelhantes quando imaturos e castanho-avermelhados às estípulas, hispídulas, vexilo orbicular, quando maduros, sedoso-pubescentes. externamente pubescente e lomentos com Material examinado: Ladário, Serra do Rabichão, 2−3 artículos. 28.II.2004, fr., R. R. Silva & M. V. Silva 759 (UEC); Material examinado: Corumbá, Serra do Jacadigo, 18.III.2004, fr., R. R. Silva & M. V. Silva 784 (UEC); acesso pelo sítio Nossa Sra. Aparecida, 16.XII.2003, 21.IV.2004, fr., R. R. Silva & M. V. Silva 880 (UEC); fl. e fr., R. R. Silva & J. S. Velásquez 658 (UEC); 7.XII.2004, fl., R. R. Silva & M. V. Silva 1335 (UEC). Ladário, Serra do Rabichão, 18.III.2004, fr., R. R. Senegalia langsdorffii era citada para Silva & M. V. Silva 771 (UEC). o Brasil, apenas para os estados do Amazonas, Aeschynomene viscidula é citada para Bahia, Ceará, Minas Gerais e Piauí (Solomon os Estados Unidos, México, Guatemala, 2006). No Planalto Residual do Urucum ocorre Honduras, El Salvador, Cuba, Venezuela e para

Rodriguésia 58 (2): 249-254. 2007 Leguminosae no Mato Grosso do Sul 253 o Brasil era citada apenas nos estados da Bahia Material examinado: Bonito, fazenda Pitangueiras, e Ceará (Rudd 1955; Fernandes 1996). No 16.I.2002, fr., G. P. Nunes et al. 19 (CGMS); Campo Planalto Residual do Urucum ocorre na Grande, Bairro São Francisco, 1.X.1998, fr., R. floresta estacional decidual. Schardong 377 (UPCB); Corumbá, Serra Santa Cruz, 13.III.2001, fl. e fr., G. A. Damasceno Jr. 2227 (COR). Ateleia guaraya Herzog, Repert. Spec. Nov. Desmodium affine era citada apenas Regni Veg. 7: 55. 1909. para os estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Caracterizada por apresentar folhas Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio com 7−13 folíolos, imparipinadas, folíolos Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e alternos a subopostos, elípticos a ovais, Pará (Azevedo 1981; Oliveira 1983). Coletada flores em panícula, brácteas oval- em floresta estacional semidecidual. acuminadas, tomentoso-ferrugíneas; cálice Semelhante a D. incanum DC., que possui com lobos obsoletos, tomentosos, pétala 1, estípulas soldadas em um dos lados, e a D. cuculada, estigma peltado e séssil, frutos axillare (Sw.) DC., que difere pelos lomentos samaróides, estipitados e sementes elíptico- com a margem superior côncava e com apenas oblongas a reniformes. dois artículos. Material examinado: Corumbá, sítio Alecrim, 24.IV.1989, fr., V. J. Pott et al. 917 (CPAP); Serra do Desmodium tortuosum (Sw.) DC., Prodr. Urucum, 6.X.2003, fr., R. R. Silva & Calisto 297 Syst. Nat. Regni Veg. 2: 332. 1825. (UEC); 12.V.2004, fl. e fr., R. R. Silva & Iziel 938 Caracterizada por apresentar ramos (UEC); 17.XII.2004, fl., R. R. Silva & Calisto 1348 angulosos, sulcados a estriados, pubérulo- (UEC); Serra Tromba dos Macacos, 25.III.2004, fl., uncinados a estrigosos, estípulas esverdeadas, R. R. Silva & J. S. Velásquez 851 (UEC); 28.IV.2004, ovais a sub-retangulares, estriadas, folhas com fr., R. R. Silva & J. S. Velásquez 912 (UEC); Serra 3 folíolos, flores com pedicelo geminado, híspido Santa Cruz, 17.XI.2003, fl., R. R. Silva & R. Silva 567 (UEC); 17.II.2004, fr., R. R. Silva & R. Silva 720 a seríceo, cálice verde com manchas roxas, (UEC); 15.XII.2004, fl., R. R. Silva & J. S. Velásquez bilabiado, corola rósea e pelos lomentos curto- 1346 (UEC); Serra Grande, 28.XII.2004, fl., R. R. Silva estipitados a sésseis, tortuosos, com 4−6 & J. S. Velásquez 1377 (UEC). artículos, orbiculares e istmo central. Ateleia guaraya é citada apenas para a Material examinado: Corumbá, fazenda Mandioré, Bolívia (Rudd 1968), portanto, sendo uma nova 31.III.2003, V. J. Pott & A. Pott 6128 (HMS); Serra ocorrência para o Brasil. No Planalto Residual do Urucum, 31.I.2003, fl., R. R. Silva & J. S. Velásquez 234 (UEC); Serra Tromba dos Macacos, do Urucum ocorre na floresta estacional 29.X.2003, fl., R. R. Silva & J. S. Velásquez 504 decidual e semidecidual e cerradão. Os (UEC); Serra São Domingos, 20.XI.2004, fr., R. R. indivíduos de A. guaraya ocupam a borda e o Silva & J. S. Velásquez 589 (UEC); Serra Santa interior das florestas. Espécie de rápida Cruz, 17.XII.2003, fl., R. R. Silva & R. Silva 680 germinação, sendo indicada para a (UEC); Serra Grande, 24.XI.2004, fr., R. R. Silva & recuperação de áreas degradadas. J.S. Velásquez 1308 (UEC). Desmodium tortuosum (sob D. Desmodium affine Schltdl., Linnaea 12: 312- purpureum (Mill.) Fawc. & Rendle) é citada 313. 1838. para os estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Caracterizada por apresentar ramos Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio estriados, pubescentes, com tricomas Grande do Sul e São Paulo (Azevedo 1981). uncinados, estípulas ovais, livres entre si, No Planalto Residual do Urucum ocorre na estipelas linear-triangulares, folhas 3-folioladas, floresta estacional decidual e no campo cerrado. flores com corola alva e lomentos verdes Assemelha-se a D. discolor Vogel, apresen- quando maduros, com a margem superior reta tando como principal caráter diagnóstico a e a inferior crenada, com 4−6 artículos semi- forma dos folíolos (elipsóide versus oval), além elípticos, istmo marginal. dos lomentos tortuosos em vez de planos.

Rodriguésia 58 (2): 249-254. 2007 254 Silva, R. R.; Fortuna-Perez, A. P. & Tozzi, A. M. G. A.

AGRADECIMENTOS of Leguminosae tribe Cassinae subtribe À Coordenação de Aperfeiçoamento de Cassinae in the New World. Memoirs Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa of the New York Botanical Garden e apoio financeiro (PROAP). Aos curadores 35(1): 1-454. dos herbários citados pelos empréstimos de Lewis, G. P. 1987. Legumes of Bahia. Royal material e/ou pelas facilidades oferecidas para Botanic Gardens, Kew, 369p. a consulta do material. À Companhia Vale do Lewis, G.; Schrire, B.; Mackinder, B. & Lock, Rio Doce (Empresa Urucum Mineração) e ao M. (eds.). 2005. Legumes of the world. Grupo Rio Tinto Brasil (Empresa Mineração Royal Botanical Gardens, Kew, 727p. Corumbaense) pelo apoio logístico. Ao José Oliveira, M. L. A. A. 1983. Estudo taxonômico Soares Velásquez e ao Sargento da Marinha do gênero Desmodium Desv. Márcio Venino da Silva pelo auxílio no trabalho (Leguminosae-Faboideae) no Rio Grande de campo. do Sul. Iheringia 31: 37-104. Pott, A. & Pott, V. J. 1994. Plantas do REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Pantanal. EMBRAPA, Corumbá, 320p. Azevedo, A. M. G. 1981. O gênero Desmodium Pott, V. J. & Pott, A. 2000. Plantas aquáticas Desv. no Brasil: considerações taxonômicas. do Pantanal. v.1. EMBRAPA, Brasília, Tese de Mestrado. Universidade Estadual 404p. de Campinas, Campinas, 315p. Prance, G. & Schaller, G. B. 1982. Preliminary Barneby, R. C. 1998. Silk Tree, Guanacaste, study of some vegetation types of the Monkey´s Earring: A generic system for Pantanal Mato Grosso, Brazil. Brittonia the Synandrous Mimosaceae of the 34(2): 228-251. Americas. Part III. Calliandra. Romagnolo, M. B. & Souza, M. C. 2000. Memoirs of the New York Botanical Análise florística e estrutural de florestas Garden 74(3): 1-223. ripárias do alto Rio Paraná, Taquaruçu, Burkart, A. 1979. Leguminosas Mimosoideas. MS. Acta Botanica Brasilica 14(2): In: Reitz, P. R. (ed.). Flora Ilustrada 163-174. Catarinense, part 1. Herbário Barbosa Rudd, V.E. 1955. The American species of Rodrigues, Itajaí, 299p. Aeschynomene. Contributions from the Cialdella, A. M. 1984. El genero Acacia en la United States National Herbarium 32: Argentina. Darwiniana 25(1-4): 59-111. 1-172. Du Bocage, A. & Miotto, S. 2005. Duas novas Rudd, V. E. 1968. A Résumé of Ateleia and espécies de Acacia Mill. (Leguminosae- Cyathostegia (Leguminosae). Contributions Mimosoideae) para o Brasil. Bradea from the United States National 11(1): 11-16. Herbarium 32(6): 385-411. Fernandes, A. 1996. O táxon Aeschynomene Silva, R. R. 2006. Leguminosae no Planalto no Brasil. EUFC, Fortaleza, 130p. Residual do Urucum, oeste do Pantanal Holmgren, P. K. & Holmgren N. H. 1998 do Mato Grosso do Sul, Brasil: inventário, onwards (continuously updated). Index taxonomia e similaridade florística. Tese Herbariorum. New York Botanical de Doutorado. Universidade Estadual de Garden. http://sciweb.nybg.org/science2/ Campinas, Campinas, 318p. IndexHerbariorum.asp. Solomon, J. 2006. W3 Tropicos. http:// Irwin, H. S. & Barneby, R. C. 1982. The www.mobot.mobot.org./W3T/Search/ American Cassinae. A synoptical revision vast.html. Acesso em 1.Jan.2006.

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