BOLETIM PETBio | UFMA ISSN: 2237-6372 ANO 14, N. 51, MAR /2020

A BELEZA E OS DESAFIOS DA VIDA NO MAR

Um mergulho nos recifes naturais e artificiais do Brasil Imagem: https://www.mundoportugues.pt/wp-content/uploads/sites/3/2018/04/australia_coral.jpg Imagem:

ENSAIO LINHA DE PESQUISA As bailarinas que brilham no mar Profa. Dra. Marianna Basso Jorge O mistério da bioluminescência da lula de Humboldt ISSN: 2237-6372 ANO 14, N. 51, MAR 2020

SUMÁRIO

Notícias Ensaios O rastreamento de predadores marinhos para a 3 delimitação de áreas de conservação no Oceano Antártico 4 Produção científica vem do mar! Por Gabriele Silva Neves Por Larissa Helena Sousa Baldez Carvalho

De olho no oceano! 5 Plásticos: problemáticas e soluções 19 Linha de pesquisa Por Daniely Feitoza Aires, Adones Almeida Rocha e Gustavo Augusto Silva Santos Profa. Dra. Marianna Basso Jorge Conheça as linhas de pesquisa desenvolvidas por esta pesquisadora! Megalodon, o maior tubarão que já existiu Por Vinicios Olegario e Daniely Feitoza 6 Quando e o que levou a extinção do gigante dos mares? Por Ana Vitória Santos Jorge

7 Pequenos, porém, sinalizadores de grandes 20 Entrevista mudanças O PETBio entrevistou a petiana egressa e Organismos da meiofauna como bioindicadores para mestranda em Microbiologia, Ana Carolina de mudanças globais e impactos humanos Araújo Butarelli Por Vinicios Olegario Mesquita Arraes Por Vinicios Olegario Mesquita Arraes e Anna Letícia Silva Da Costa 16 As bailarinas que brilham no mar O mistério da bioluminescência da lula de Humboldt Por Juliana Rivas Figueredo Pereira Artigo: 17 Lagosta-boxeadora de um soco só A beleza e os desafios da Por Ana Caroline Carvalho Araujo vida no mar: Um mergulho nos recifes Branco é a cor mais quente 18 O fenômeno do branqueamento de corais e sua relação naturais e artificiais do com o aquecimento global Brasil Por Juliana Mendes Sousa

8 Por Roberta Neves Alcântara

2 Boletim PETBio UFMA / nº 51/ Março de 2020

NOTÍCIA Pixabay.com Imagem: EDITORIAL O rastreamento de predadores Caros leitores, marinhos para delimitação de áreas Os ambientes marinhos constituem mais de 70% da superfície de nosso planeta e, em sua vastidão, são os lares de incontáveis e maravilhosas formas de vida. de conservação no Oceano Antártico Além de sua beleza, elevada biodiversidade, bem como pelo espírito de aventura e um “que” de Larissa Helena Sousa Baldez Carvalho mistério, investigar estes sistemas biológicos é extremamente importante, visto que atuam direta- Curso de Ciências Biológicas/UFMA - São Luís mente na homeostase global (p.ex. regulação dos De norte a sul, de leste a oeste, os diferentes ecossistemas da Terra climas). Esse constitui o principal objetivo da Biolo- gia Marinha (ou Oceanografia Biológica), que, em um interligam-se, sendo alguns integrantes da manutenção das condições ambientais sentido amplo, pode ser definida como “o estudo dos ao redor do mundo. O Oceano Antártico, por exemplo, possui uma vasta extensão, organismos, suas inter-relações e com os ambientes que habitam (oceânicos, costeiros e transicionais, tendo uma diversidade considerável na sua fauna, além de possuir áreas propícias como manguezais e estuários)”. A Biologia Marinha para a extração de petróleo e gás natural. Em 1959, foi assinado o Tratado da compreende uma abordagem interdisciplinar de in- vestigação destes sistemas biológicos e representa um Antártida entre diversas nações, como o Reino Unido, França, Brasil e Japão, com meio para o uso racional de seus recursos, resolu- o objetivo de ter a área para pesquisas científicas, tendo em vista a diversidade ção de problemas decorrentes de suas dinâmicas e dos presente no território e a sua atuação em processos biogeoquímicos e no sistema impactos das nossas ações nestes sistemas. climático mundial. Nesta edição 51, o Boletim PETBio tem como Entretanto, apesar da curiosidade e empenho de diversos países, os temática a Biologia Marinha. No artigo “A beleza e os desafios no mar”, temos uma discussão sobre os re- ecossistemas da Antártica foram afetados por atividades de exploração para fins cifes naturais, as ameaças que estes sistemas vêm econômicos, como a pesca em massa. Um exemplo desta relação, é o caso do crustáceo sofrendo e uma possível forma de enfrenta-las. Já nos ensaios, observamos a abordagem interdisciplinar Euphausia superba, chamado de krill antártico. Esta é uma espécie abundante e dela da Biologia Marinha de forma explícita, com uma mi- extrai-se um óleo para fins farmacêuticos, mas a sua exploração em grande escala ríade de questões relacionadas a diversas áreas da causou impactos diretos nas relações tróficas, pois trata-se de uma espécie-chave, ciência, desde a Paleontologia à Biotecnologia. Como entrevistada, temos Ana Carolina de Araújo uma vez que se encontra próxima da base da cadeia alimentar e são consumidos por Butarelli, petiana egressa do PET Biologia e muitos animais de níveis tróficos superiores. Com isso, pesquisadores desenvolveram atualmente mestranda em Ciências Biológicas (Microbiologia) na Universidade de São Paulo (USP). uma pesquisa que utilizou as rotas de diferentes espécies de predadores marinhos Apresentamos a Linha de Pesquisa da Profa. Dra. para mapear quais áreas seriam de maior importância. Marianna Basso Jorge, da Universidade Federal do Maranhão, que tem contribuído de forma essencial Realizou-se, então, análises por meio do cruzamento dos dados de aves para a compreensão da ecotoxicolo- e mamíferos sobre qual região era preferida entre eles, utilizando como indicador gia nos ambientes marinhos maranhenses. de área ecológica significante. Observou-se que a distribuição desses locais era relacionada com ambientes adequados para a reprodução e repouso, tendo a BOLETIM PETBIO UFMA temperatura da superfície da água e o vento como fatores que influenciavam na Ano 14, N. 51, Março de 2020 ISSN: 2237-6372 escolha da área. Mesmo tendo o reconhecimento de sua importância, ainda há ameaças que cercam esses ecossistemas no Oceano Antártico. O aquecimento CORPO EDITORIAL global tem colocado em risco algumas áreas ecológicas utilizadas pelos animais rastreados na pesquisa, pois a temperatura da água tem se modificado, assim como Realização a distribuição territorial do gelo tem diminuído em certos locais e aumentado em Grupo PET Biologia - UFMA outros, ocasionando mudanças no deslocamento e reprodução dos grupos. Supervisão geral Além disso, é necessário uma força tarefa entre as diferentes nações para Profº Drº Leonardo Dominici Cruz controlar a quantidade de animais capturados, proteger espécies específicas, assim Revisores como ter um bom diálogo entre as leis de diferentes países, uma vez que há espécies Profº Drº Leonardo Dominici Cruz que migram para águas internacionais . Gabrielle Silva Neves Juliana Mendes Sousa No final das contas, acredita-se que uma boa rede de áreas protegidas Juliana Rivas Figueredo Pereira tende a suavizar os efeitos das mudanças climáticas e diminuir os estresses ambientais Roberta Neves Alcantara causados pela exploração econômica, como a pesca e caça. O aquecimento global Revisão do artigo é uma realidade e, apesar de muitas espécies se adaptarem às novas condições, ter Profa. Dra. Marianna Basso Jorge dados sobre áreas de maior biodiversidade é uma alternativa em potencial para a

Diagramação conservação da natureza. O Oceano Antártico trata-se de um exemplo de como a Ana Caroline Carvalho Araujo ciência pode auxiliar a política nas tomadas de decisões a respeito do gerenciamento Ana Vitória Santos Jorge dos impactos no ambiente. Com o auxílio dela, as medidas de proteção tomadas Fabricio Pires Chagas Larissa Helena Sousa Baldez Carvalho podem ser melhor direcionadas, assim como ter um uso mais responsável de Ruth Myrian de Moraes e Silva recursos financeiros e tecnológicos.

CONTATOS E-mail Referências [email protected] HINDELL, M.A.; et al. Tracking of marine predators to protect Southern Ocean ecosystems. Nature, Site [s. l.], 18 mar. 2020. DOI https://doi.org/10.1038/s41586-020-2126-y. Disponível em: https://www. petbioufma.wordpress.com nature.com/articles/s41586-020-2126-y#citeas. Acesso em: 25 mar. 2020. Instagram instagram.com/petbioufma/

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Fonte: Freepick Imagem: gratispng.com/png Imagem: - - - -

- . 7ª ed. 7ª . Zoologia dos Invertebrados Tese de Mestrado em Químicaem Tecnológi Mestrado de Tese

Gabrielle Silva Neves Silva Gabrielle (2017), doi: https://doi.org/10.1016/j.food (2017), doi: Imagem de: Maria Ghelia; FONTE: Researchgate. FONTE: Ghelia; de: Maria Imagem Desenvolvimento de novos polímeros biocompatíveis biocompatíveis polímeros novos de Desenvolvimento Ciências Biológicas- UFMA/São Luís Gabrielle Silva Neves Silva Gabrielle Ciências Biológicas- UFMA

Chemistry

Food Além da beleza e biodiversidade desses animais que vêm vêm que dessesanimais belezada Além biodiversidade e tagi. tagi. Catostylus . Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa, 2019. Disponível em: Maznah, I., Chan, B., M., Basri, Jamilah, F., N.M.H., Md.Yusoff, Khong, extraction from collagen Improved H. et al. N. M. KHONG, solubilization physicalinduced increased with hardenbergi) (Acromitus processes, chem.2017.12.083 ser decompostos por microrganismos, não deixando resíduos po resíduos deixando não microrganismos, por serdecompostos atualmente, que, no caso microplásticos dos ocorre como luentes, boaocupam dos oceanos. parte con também séculos, há medusas as humanidade a encantando o possibilitam medicinal, e como bem científica tribuemforma de impactos os reduzir objetivam de pesquisasque desenvolvimento são que não biodegradáveis compostos por causada da poluição ser grupoum es pouco Por despejadosnatureza. na diariamente descobertas o podem inúmeras com ainda serrealizadas tudado, podeo que ser sanado essesanimais, de pesquisassobre incentivo em pesquisae conservação das espécies. investimento com ------Chiro é o poli ácido lático-co-ácido gli lático-co-ácido ácido poli o é Produção científica vem do mar! do vem científica Produção Catostylus tagi² tagi² Catostylus a vespa do mar, é considerada o mais letal do mais o animal é considerada do mar, vespa a Outro composto que vem sendopartira extraído me das vem que composto Outro O corpo de uma medusa é basicamente composto por por composto basicamente é corpoO medusa de uma Os cnidários são exclusivamente aquáticos, majoritaria aquáticos, exclusivamente são Os cnidários dários. Esse grupo é bastante diverso e conta com a pre a com conta e diverso Essegrupo dários. bastante é s medusas, popularmente conhecidas como águas-vivas, águas-vivas, como conhecidas popularmente medusas, s grupoao pertencentes cni dos invertebrados animais são

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cinal, os objetos que foram produzidos a partir do PLGA poderão partira PLGA do produzidos foram que objetos os cinal, pelo sistema, não causando respostas agressivas à sua inserção. Por Por inserção. sua à agressivas respostas causando não pelo sistema, medi finalidade sua concluir após biodegradável, serum material humano, os ácidos lático e glicólico são facilmente reconhecidos reconhecidos facilmente são glicólico e lático ácidos os humano, vido a sua mínima toxicidade. Visto que são compostos que fazem que compostos são que Visto toxicidade. mínima sua vido a corpono existentes já metabólicas vias das subprodutos dos parte xertos, próteses e sistemas de administração de medicamentos de de medicamentos de administração sistemas e xertos,próteses cólico (PLGA), que é um polímero sintético biodegradável muito muito biodegradável sintético um polímero é que (PLGA), cólico en suturas, implantes, de produção a para medicina na utilizado dusas da espécieda dusas predadores que se atrevem a consumir esses organismos. esses organismos. a consumir se atrevem que predadores do assim como um controle populacional, visto que poucos são os são poucos que visto populacional, um controle como do assim determinadas épocas do ano, se proliferam demasiadamente, agin demasiadamente, se proliferam determinadasépocas do ano, suína. Outro motivo para a extração de colágeno das medusas seria das medusas a extração de colágeno para motivo Outro suína. em que, dessesanimais população a diminuir de possibilidade a Judaísmo não consomem produtos que tenham origem bovina ou ou bovina origem tenham que produtos não consomem Judaísmo colágeno infectado com o agente infeccioso da doença, um príon. doença,da infeccioso príon. um agente o infectado com colágeno o e Hinduísmo Islamismo, o como religiões algumas disso, Além da vaca louca”, podem ter ocorrido em humanos através do usodo de através podem ocorridoter humanos em louca”, vaca da mente dos gados bovino e suíno, no entanto, alguns casos de ence alguns no entanto, e suíno, dos gados bovino mente “doença como conhecida patologia bovina, espongiforme falopatia de saúde quanto socio-religiosas. O colágeno é extraído principal é extraído socio-religiosas.O colágeno quanto de saúde extração da proteína em medusas. A necessidade de buscar fontes fontes de buscar A necessidade em medusas. extraçãoda proteína questões por se tanto deu extraçãoa colágeno de para alternativas nos ramos da medicina e da cosmetologia são desenvolvidas para a para desenvolvidas são cosmetologia e da medicina da ramos nos geno a proteína mais abundante. Devido à quantidade relevante de relevante Devido quantidade à abundante. mais proteína a geno pesquisas diversas atualmente corpono dessesanimais, colágeno bém apresenta uma porcentagem de sal e proteínas, sendo colá o proteínas, e sal de porcentagem uma bémapresenta tam corporal composição A de seu99% de 95 a peso. cerca água, veneno. veneno. nex fleckeri¹, nex seu com de 50 humanos de mais morte a podendo causar mundo, podem causar ardência ou até mesmo a morte. A espécie morte. mesmo a até ou ardência podem causar substâncias, quando entram em contato com o outro organismo organismo o outro com em contato entram quando substâncias, um mecanismo de defesa que também é utilizado para a captura a captura para é utilizado também que de defesa um mecanismo algumas com juntamente espinhosos filamentos em que de presas, culos desses animais chamadas cnidócitos. Essas células possuem possuem células Essas cnidócitos. chamadas culos dessesanimais vas ou caravelas são notificados anualmente. Esse fato ocorre de ocorre Esse fato anualmente. notificados são caravelas ou vas nos tentá especializadasencontradas de células vido à presença águas tropicais rasas. Acidentes envolvendo banhistas e águas-vi banhistas envolvendo Acidentes rasas. tropicais águas em principalmente podeme marinhos, serencontrados mente cavidade digestiva. digestiva. cavidade tem sistemas circulatório e respiratório, eles foram os primeiros a primeiros os foram eles respiratório, e circulatório tem sistemas nervosas, locomoção de uma e células mecanismos apresentarem caravelas (colônias flutuantes). Embora esses animais não apresen não animais esses Embora flutuantes). (colônias caravelas lônias dando origem aos recifes de corais, as anêmonas e hidras, e anêmonas as de corais, recifes aos origem dando lônias e pelas águas-vivas representados natantes, organismos bemcomo sença de animais sésseis, como os pólipos, que podem formar co podem que os pólipos, formar sésseis,como sençade animais A

ENSAIO google.com.br pinterest.de/pin/4. Imagem: ENSAIO ------5 - , 2016, p. , 2016, p. Environmental Environmental Elsevier em relação aqueles de aqueles em relação Daniely Feitoza Aires¹ Aires¹ Daniely Feitoza Adones Almeida Rocha² Rocha² Adones Almeida bio-based bio-based International Edition Angewandte Angewandte Edition International Gustavo Augusto Silva Santos² Silva Augusto Gustavo Revista Meio Ambiente e Sustentabili Ambiente Revista Meio Boletim PETBio UFMA / nº 51 / Março de 2020 PETBio UFMA / nº 51 / Março Boletim , v. 30, n. 13, p. 1-14, 2018. 30, n. 13, p. , v. Diante de toda complexidade em engenharia, nas abordagens abordagens nas em engenharia, de toda complexidade Diante , v. 58, n. 1, p. 50-62, 2019. 58, n. 1, p. , v. Curitiba, n. 5, v. 10, p. 74-81, 2016. 10, p. n. 5, v. Curitiba, Referências de animais milhares S. S. Dieta indigesta: J. CAVALCANTI, M. C. B.; ARAÚJO, plásticos. estão consumindo marinhos dade. Engineering. Oxford: to Bioplastics ASHTER, S. Introduction 286. no plásticos dos resíduos dos impactos N. M. Inclusão CASAGRANDE, em: https://repos de vida. Disponível de ciclo em avaliação marinho ambiente itorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/193766/PGEA0605-D.pdf?se em 17/03/2020. Acessado quence=-1&isAllowed=y. inter de direito uma questão plásticos: por marinha L. C. Poluição CUNHA, em: https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/37297/1/ Disponível nacional. em 17/03/2020. ulfd136349_tese.pdf. Acessado their toxic and microplastics and plastics litter et al. Marine F. GALLO, measures. preventive urgent the need of components: chemical Sciences Europe Poly Biodegradable of The impact the Future? of et al. Plastics P. T. HAILER, Society. on and the Environment on mers Chemie Rethinking the New Plastics Economy: The FORUM. ECONOMIC WORLD em: de aprofundamento científico como as diferentes alternativas aos plásti aos alternativas diferentes as como científico aprofundamento de do evidente Apesar marinhos. os organismos afetam fóssil cos de origem de plásticos ambiental impacto menor pode nos oceanos acar também primeiros descartar estes fóssil, origem criticam recentes Pesquisas semelhantes. ecológicos desequilíbrios retar marinhos ambientes os emular não por de biodegradabilidade testes os degradável pouco como PLA, exemplo, o por apontando fiel, maneira de em laboratório. testes em toxicidade relativa e com nos oceanos pro discutido, ser mais precisa problema o ambientais, e econômicas de minimização na foco com Circular, Economia uma pondo-seentão utilização de eficiência da aumento extraçãonão-renováveis, de recursos de ajuda a modelosagregando de negócios, de novos e implementação per quando caro pagará sociedade.da A humanidade todasparcelas as plásti por peixes substituir desvantajoso foi o quanto ceber tardiamente cos nos oceanos. Glossário do ácido láctico. polímero láctico, 1: poliácido ------exigem: consumo de água e de água consumo exigem: De olho no Oceano! olho De Plásticos: problemáticas e soluções problemáticas Plásticos: bio-based , por exemplo, pode ser produzido a partir pode do álcool ser produzido exemplo, , por bio-based Surgiu também o interesse de se manipular polímeros natu polímeros de se manipular interesse o também Surgiu plásticos do de produção opções as para desafios, dos Apesar A alternativa apresentada pelo comércio internacional de internacional pelo comércio apresentada A alternativa Os resíduos dos plásticos à base de petróleo chegam ao mar em ao mar à base chegam de petróleo dos plásticos Os resíduos o decorrer da História, existem vários registros de que o ser hu de que registros vários existem da História, o decorrer a partir em sociedade. Assim, de progredir formas busca mano partira de elaborado plástico, o surge tecnológicos, avanços dos

carece Contudo, razoáveis. são econômico e vistatecnológico de ponto amido e pectina, por exemplo, tem atraído o interesse da comunidade da comunidade o interesse tem atraído pectina, e amido exemplo, por volumosos subprodutos parte dos fazerem esses polímeros por científica alimentícia. na indústria A sintéticos. plásticos os com parecidas propriedades obter visando rais lignina, celulose, como partira de biopolímeros de biomassa utilização fundamental na dinâmica da economia internacional. Rotas usando os usando Rotas internacional. da economia dinâmica na fundamental porém caras, mais e são distante estão mais microbiológicos biofilmes PLA¹,o como biodegradáveis plásticos produzem que sintéticas rotas tem se mostrado promissoras. rigorosamente, com um manejo adequado de recursos naturais. Apon naturais. de recursos adequado um manejo com rigorosamente, de plásticos ta-sefração a produção na usada que de petróleo também tem papel o petróleo sendo afinal extraída, continuaria 4%) de (cerca o mesmo, o impacto continua nos ecossistemas onde acaba sendo des acaba onde nos ecossistemas continua o impacto o mesmo, os plásticos Em adendo, cartado. condizendo, não usoo e agrotóxicos, de cultivável território fertilizantes, plásticos são os plásticos bio-based, ou seja, que tem origem não fóssil. O fóssil. não tem origem seja,que ou bio-based, os plásticos são plásticos polietileno é ainda final o produto renovável, origem da Apesar de açúcar. cana da da poluição, bem como, a capacidade do plástico de absorver materiais, de absorver materiais, do plástico capacidade a bem como, poluição, da do das partículasno organismo a bioacumulação podeo que provocar na cadeia trófica. desses compostos à transferência levando animal, gestivo ou emaranhamentos causados por pedaços desses materiais, que que pedaços por dessesmateriais, causados emaranhamentos ou gestivo de dispersão na interferência a também podemOcorre morte. à levar se protegerem para locais outros para migram espéciesalgumas quais as e tamanhos, assim, os seres vivos ingerem grandes resíduos ao confun ao resíduos grandes ingerem vivos seres os assim, tamanhos, e absorvem como partículas pequenas ou conhecidas comida, com di-los di aparelho no danos sofrem animais muitos Comisso, microplásticos. da ação dos ventos e correntes oceânicas e, um exemplo desse problema, desse problema, exemplo e, um oceânicas e correntes da ação dos ventos flu lixo mais local o sendo com Pacífico, Oceano no Plásticas Ilhas as são formas de várias se ambiente no dissemina material O planeta. no tuante de e seeles acumulam isso, com e ações por antropogênicas, maioria sua meio por marinho, do ambiente distintos pontos para se dispersam pois exposição solar, sofrendo uma fragmentação gradual e atingindo quase quase atingindo e gradual fragmentação uma sofrendo exposiçãosolar, Estima-se que o marinho. principalmente naturais, todos os ambientes e descarte desse mate de produção em 2050, seguindoatuais os padrões nos oceanos. peixes do que plástico rial, mais existirá benefícios para o cotidiano. E dentre as vantagens deste material, temos material, deste vantagens as E dentre benefícioso cotidiano. para Apesar produção. a sua custo para e o baixo a resistência a versatilidade, da diante se deteriora somente e benefícios,dos biodegradável, é não ele frações do petróleo, sendo um importante material que trouxe inúmeros inúmeros trouxe que material sendo importante um fraçõespetróleo, do 2- Engenharia Química/UFMA 2- Engenharia 1- Ciências Biológicas/UFMA 1- Ciências N

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6 Boletim PETBio UFMA/nº51/ Março de2020 O mais pequenos (tubarão-lanterna anão - encontrarpodemos diversas de tubarões, espécies os desde superiores das cadeias alimentares marinhas. Atualmente, fatores bióticos foram responsáveis desaparecimento pelo estudo que mostra além da mudança de temperatura, outros temperatura corporal diante doresfriamento dosmares. O Uma tersido a incapacidade pode das de regularrazões sua dos mares estavam caindo, transformando oespaço oceânico. esfriando, então as geleiras estavam expandindo se e osníveis por um intenso resfriamento. O mundo inteiro estava O motivo? Exatamente quando os oceanos da Terra passaram primeiras marinhasespécies não chegaram seguinte. à época Não somente omegalodonte, masaproximadamente 36%das desapareceu Plioceno¹. de anos, há 2,6 milhões no período redor domundo econcluíram que gigante esse dosmares que analisou os 42 fósseis de dentes de megalodonte ao Pimiento e Christopher F. Clements realizaram umestudo tubarão foi extinto, eosmotivos que levaram aisso. Catalina Zurique conseguiram descobrir o momento exato que esse outro tubarão. Porém, sabe sobre pouco se asua extinção. chegar até 17 centímetros, 3 vezes maior do que qualquer – é justamente ao tamanho devido dente: do seu poderiam uma grande quantidade de comida. nome Seu – megalodonte manter ocalor interno, os megalodons alimentavam-se de alimentavameles se de1tonelada de carne por dia, pois para e quetoneladas, em cetáceos, emmédia rica possuía uma dieta atingir atépoderia 18metros de comprimento, pesava 60 Branco gigante, estudos científicos sugerem que essa espécie megadolon. de sua existência nos fósseis: o que viveu de anos há milhões e atualmente temosregistros só acerca de tubarões primitivos relatam sobre ummegatubarão a vida, o que explica fósseisesses em abundância. Os estudos possuir dezenas de milharespodem de dentes durante toda cálcio e apatita que facilmente são fossilizados. peixes Esses fossilizado. A dentição de um tubarão consiste em fosfato de e maisde ser difícil cartilaginoso ser corpo ao seu devido maisem casos raros foi achado o fóssil quase completo, praticamente foram só encontrados fósseis de dentes. Apenas continentes. dos vertebrados terrestres e de várias plantas ocuparem os aproximadamente de anos 400milhões atrás, antes mesmo predadores. noplaneta Eles estão Terra há muito tempo, os que alimentamdesde se de plâncton aos que são exímios baleia - - 30centímetros de comprimento) aos imensos (tubarão ambientes oceânicos, além de ocuparem os níveis dos Chondrichthyes e habitam osmais diversos s tubarões da classe são peixes cartilaginosos Felizmente, pesquisadores da Universidade de Também conhecido como Megalodonte ou Tubarão Quando oassunto étubarão pré-histórico, Rhincodon typus Rhincodon Megalodon, omaiortubarãoquejáexistiu Quando eoque levou aextinção do gigante dos mares? - 12metros de comprimento), Carcharocles Etmopterus perryi (ou Carcharodon ) conservação deecossistemasconservação modernos. marinhas à remoção de predadores, ajudando assim, a parabase melhorar a compreensão das respostas de espécies estudarseja, otempo do deextinção vivaúnica espécie do mesmogênero domegalodonte. Ou tubarão branco ( tubarões de extinção, emrisco estão como por exemplo, o de ponta é,portanto, degrande interesse. Afinal, muitos nos oceanos. O estudo de tubarões da extinção predadores tubarões grandes, diminuindo estão significativamente que ocupam o topo das cadeias alimentares, especialmente Nospara a ecologia moderna. sistemas marinhos, predadores de predadoresA extinção tem sido de fundamental interesse depararamse com dealimento. escassez ter ido para poderiam lugares com latitudes mais baixas, onde disponível, pois, com a mudança climática, os megalodons mega desse tubarão, como por exemplo, a falta de comida of Biogeography megalodon over reveal time clues about mechanisms. extinction PIMIENTO, C.etal.Geographical distribution patterns of Carcharocles 2014. analysis Anew become of extinct? fossil the record. PIMIENTO, C.F. C;CLEMENTS, When didCarcharocles megalodon Northern California. Carcharocles megalodon from Formation Mio-Pliocene Purisima the of W. R. BOESSENECKER, First record of megatoothed the shark Referências compreendida entre cerca deanos de5e2milhões atrás. Terciário doperíodo 1: Última época daeraCenozoica. Está Glossário: Tubarão Branco. Imagem 1:Dente deMegalodonte emcomparação aodente de Mas por que estudar algo que já foi extinto? É simples. , v. 43,n.8,p. 1645-1655,2016. Carcharodon carcharias Carcharodon PaleoBios , 33.2016. Ciências Biológicas/UFMA -São Luís AnaVitória Santos Jorge C. megalodon ), que inclusive éa PLoS One PLoS , v. 9,n.10, fornece a Journal

Imagem:Imagem: vecteezy vecteezy Imagem:Imagem: vecteezy vecteezy Natural History Museum, London. (IFREMER); Figura 1. Visão microscópica da meiofauna. Fontes: A diversidade, além disso, sua rápida geração e rápido metabolismo arenosas. organismos Esses possuem alta abundância e protistas unicelulares e metazoários diversificadas comunidades do meio marinho, incluindo como aspoluições. populações sofrem bastante com as pressões antropogênicas climáticas intensificadaspelo aquecimento global, essas queas espécies vivem costeiras. emregiões Além das pressões terãoconsequênciasséculo profundas para a meiofauna, e para conter avanços. seus Mudanças climáticas ao longo do próximo os impactos humanas das ações sobre omeio ambiente para uma queda dameiofauna. Entretanto essa condição de água, diminuindo a quantidade de fitoplânctons, acarretando causardessas pode distúrbios como físicos, aturbidez da efeitos negativos quanto positivos. modo, Desse oderretimento macrofauna. que sãomais esses tolerantes condição comparado atal se à não causa tantas mudanças aparentes nameiofauna, uma vez mudanças ambientais. No entanto, a desoxigenação do oceano presença usada como ser dessasum indicador pode espécies de até favorecidaspodem ser por condições ambientais extremas. A bentônica consequências sérias trazer parao que pode a cadeia alimentar presentes,das espécies alterando sua abundância e diversidade, meiofaunísticas. isso,Com tais alterações causam a mortalidade mudançaspelas climáticas globais, afetam as comunidades assimpolares das calotascomo as modificações causadas tempo degeração pelágica curto eàfalta dedispersão larval uma alta sensibilidade às mudanças ambientais ao seu devido ecossistema. isso, Com essa comunidade por é caracterizada tornam organismos esses vitais para o funcionamento do Organismos da meiofauna bioindicadoreshumanos como impactos da e paraOrganismos mudançasglobais Pequenos, porém,sinalizadoresdegrandesmudanças “Meiofauna” éumnome coletivo para uma das mais Alterações nas calotas polares tanto trazer podem O aquecimento, a acidificação e o níveloceanos, dos 3 . Algumas espécies . Algumas de nematódeosespécies e foraminíferos e na Terra. isso,Com necessáriotorna-se entender consequência, acabam alterando oequilíbrio davida humanos já atingiram globais e, como escalas s alterações no meio ambiente causadas seres pelos :Moorea project; Biocode f : C. Fontanier (IFREMER); 1 que vivem nas praias a, b, d c, : D. Zeppilli 2 . g : óleos eausência deoxigênio. suscetíveis à poluição causada por descarga metais pesados, de como exemplo que da classe são mais Ostracodes, oscrustáceos de poluição,do tipo algunssão mais grupos afetados que outros, desaparecimento mais sensíveis. de grupos Portanto, dependendo geralmente menores emambientes poluídos, ao devido antropogênicos. A diversidade e abundância de táxons são respostasexibem aespecíficas diferentestipos de distúrbios um ótimo bioindicador deextinção.risco nas ameaçadasplataformas por modificações de gelo, correndo nordeste e no Fiorde meiofaunísticas únicas, como as encontradas na Polinia que a meiofauna aumente. Contudo, algumas comunidades que são fontes decarbono para a meiofauna, fazendo com das zonas costeiras, promovendo a proliferação de fitoplânctons dos níveiselevação dos oceanos, que acarretará a submersão derretimento criar novos das calotas pode habitats da a partir doecossistema.perturbação não foi identificada e para reconhecer dediferentes formas de como bioindicador ésobretudo útil quando afonte dealteração comparado aoutros componentes bentônicos, uso e oseu impacto. A análise dessa comunidade possui baixo efetivo custo em valiosa especial pouconos estudos ser estudada, de mas pode bentônicos, a meiofauna é muito negligenciada e geralmente biótico ou abiótico deumaárea ambiental. 6: Uma que deespécies ou espécie refletem grupo oestado chosas. 5: Éumagrande entrada de mar entre altas montanhas ro sazonalmente nomesmohorário acadaano. elocal 4: Área cercada deáguas por abertas gelo marinho que ocorre bientes aquáticos. 3: Comunidade de organismos que vive nosubstrato deam marinhos para dosfundos sobreviverem.pendem oceânica onde2: Região vivem osorganismos que nãode que compõem oReinoAnimalia. 1: Organismos pluricelulares, eucariontes e heterotróficos Glossário: and anthropogenic impacts?. ZEPPILLI, D. etal.Is meiofauna the indicator agood for climate change p. 263-280,2008. impact assessment. C.G.;BETT,MOORE, B. J. Theuse of meiofaunapollution inmarine Referências: Contudo, em comparação com outros grupos assim, a meiofaunaSendo considerada ser pode Zoological Journal of Societ theLinnean Zoological Boletim PETBioUFMA /nº51Março de2020 5 de Ikka ambos na Groelândia, estão Marine Biodiversity 6 dequalidade ambiental, pois Vinicios Olegario Mesquita Arraes Ciências Biológicas/UFMA -São Luís , v. 45,p. 505-535,2015. , v. 96,n.3, 4 do - - - 7

Imagem: dynamicx ENSAIO

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A BELEZA E OS DESAFIOS DA VIDA NO MAR Um mergulho nos recifes naturais e artificiais do Brasil imagem: by Nolan Krattinger on Unsplash

8 Boletim PETBio UFMA / nº 51/ Março de 2020 imagem: by Nolan Krattinger on Unsplash Bacharelado) no primeiro semestre tornou de2018ese membro doPET Biologia emsetembro NevesRoberta Alcântara de 2018.No PETBio, Boletim atua na Científica, Comissão além deexecer outras atividades importantes para aorganização dogrupo. Atualmente, éintegrante de Linha da Pesquisa Animal, coordenada emGenética Prof. pelo Dr. Luis Fernando Carvalho Costa, ondeCosta, desenvolve acerca Variação pesquisa da doSistema emGenes Imune no Tubarão ( Lixa : ingressou deCiências Biológicas no curso UFMA(modalidade da Ginglimostoma cirratum Ginglimostoma ). Boletim PETBioUFMA /nº51Março de2020 9

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uando se pensa no mar é incrivelmente fácil lem- e presume-se que 20% dos recifes de corais remanescentes brar-se de um ambiente composto de beleza e do mundo, atualmente considerados ameaçados, possam ser mistério, ou associá-lo a um cenário cinematográfi- perdidos até o ano de 2050 (WILKISON, 2004). A redução Qco, à sua frequentemente representação em pinturas magnífi- da biodiversidade dos recifes de corais pode ser atribuída cas, e por vezes a um lugar romântico que as músicas adoram a diversos fatores naturais, como grandes tempestades e enfatizar. Esta obra de arte também conhecida pela ciência, é tsunamis, doenças, surto de predadores; além de fatores um ambiente formidável, quimicamente composto por água provocados pela atividade humana, como poluição por e diversos elementos químicos tais como, cloro, sódio, sulfa- efluentes de água e esgoto, derramamento de combustível de to, magnésio, cálcio, potássio, entre outros. Fisicamente é um navio, quebra de coral por mergulhadores, acidificação do corpo líquido entre as temperaturas de 0°C a 100°C; e do pon- oceano, pesca destrutiva, pesca intensiva e desenvolvimento to de vista biológico, um lugar incrivelmente diverso, afinal, é costeiro, e principalmente, as mudanças climáticas. onde está presente boa parte da biodiversidade da Terra. O aquecimento global provoca o aumento da Adentrando o mar é possível deparar-se com centenas temperatura média da água do mar que por sua vez acarreta ou até mesmo milhares de espécies de elasmobrânquios¹, no branqueamento de corais, fenômeno ecológico causado holocephali², actinopterygii³, sarcopterygii4, algas, cetáceos5, por uma quebra na relação entre corais escleractinianos7 moluscos, artrópodes e mais uma enorme variedade de seres e suas algas simbiontes, podendo levar o coral à morte. vivos que têm como base de seu habitat os recifes compostos Nas últimas décadas diversos eventos de branqueamento por diversos organismos bentônicos6, e entre eles, os famosos ocorreram nos corais do mundo todo, levando a uma ampla corais. mortalidade dos mesmos, o que representa uma ameaça Os Recifes Naturais (RN) são ambientes marinhos particularmente significante para o futuro dos ecossistemas formados por estruturas de constituição rochosa ou de recifes de coral. Entretanto, vale ressaltar que existem outros fatores que associados às mudanças climáticas, pela sobreposição de organismos, apresentando grande contribuem de forma significativa para o branqueamento de abundância e uma alta diversidade marinha (PADILHA, corais, tais como anomalia da temperatura da superfície do 2012). Os recifes de coral são ecossistemas tropicais complexos mar (SSTA) negativa, aumento da irradiância ultravioleta, e diversos organismos participam de sua edificação, circulação oceânica local, altas taxas de sedimentação e principalmente corais, hidrocorais8, moluscos gastrópodes baixa salinidade. Segundo Krug et al. (2012), a capacidade de vermetídeos e algas calcárias (KAPLAN, 1982). Entretanto, avaliar os impactos das mudanças climáticas nos recifes de os recifes não são meras estruturas físicas. Além da geologia, coral em escala regional depende de uma sólida compreensão devemos incluir na sua definição aspectos ecológicos, sociais from Pixabay from Pixabay Oberholster Venita imagem: Oberholster Venita da natureza, da dinâmica e dos fatores que contribuem para o e econômicos, fazendo deles imprescindíveis tanto para a branqueamento de corais. natureza quanto para o homem (STEINER et al., 2006). De acordo com Guest (2012), estudos mostram Ao longo de vários anos, outro tipo de recife vem se consideráveis variações na suscetibilidade ao clareamento nos desenvolvendo nas águas marinhas, os recifes artificiais. De táxons escleretianos, sugerindo uma capacidade subestimada acordo com a Instrução Normativa N° 22 do IBAMA, recife para os corais se adaptarem e/ou aclimatar-se ao estresse artificial é a estrutura construída ou composta de materiais térmico. Em um estudo realizado no litoral da Bahia, com o de origem natural ou antropogênica, inerte e não poluente, intuito de caracterizar os ambientes de branqueamento de disposta intencionalmente em meio subaquático em contato corais e sua variação, foi possível observar que o complexo direto com o substrato, capaz de alterar significativamente, de de recifes de Abrolhos está exposto a condições ambientais forma planejada, o relevo dos fundos naturais ou influenciar extremas. Segundo Krug et al. (2012), é verdade que as processos físicos, biológicos, geoquímicos e socioeconômicos, comunidades de coral desta área evoluíram e provavelmente de acordo com interesses nacionais, regionais e locais. estão adaptadas a essas condições. No entanto, em cenários Recifes de Corais Naturais futuros de mudança climática de aumento da temperatura da superfície do mar (SST) e aumento do nível do mar, os Os corais costumam ser os seres vivos que mais impactos provavelmente serão maiores. caracterizam os recifes marinhos, comumente apreciados por compor boa parte da estética dos oceanos. Entretanto, também Um estudo intitulado “Contrasting Patterns of é importante entender o papel ecológico, extremamente Coral Bleaching Susceptibility in 2010 Suggest an Adaptive essencial, dessas espécies. Os corais são animais que vivem Response to Thermal Stress”, (GUEST et al., 2012) sugere em simbiose com algas fotossintéticas que os nutrem, e estes que a mortalidade seletiva entre indivíduos dentro das por sua vez fazem parte da alimentação de diversos peixes, populações pode estar relacionada há variabilidades genéticas além de oferecer abrigo para muitas espécies marinhas, sobre a qual a seleção natural pode atuar. Vários estudos mantendo então um equilíbrio ecológico. Infelizmente esses documentam o aumento da tolerância térmica e taxas indivíduos são altamente sensíveis às alterações em seu decrescentes de mortalidade induzida pelo clareamento ao habitat, e em função dessas alterações os recifes de corais longo de episódios sucessivos de clareamento. Da mesma têm diminuído globalmente. Mais de 19% dos recifes de forma, a história térmica e a exposição anterior ao estresse corais em todo o mundo desapareceram nos últimos 60 anos foram mostradas como fatores para determinar as respostas

10 Boletim PETBio UFMA / nº 51/ Março de 2020 imagem: Oberholster Venita from Pixabay Oberholster Venita from Pixabay colônias afetadas pelo clareamento, duranteaocorrência coral mais abundante nas duas pesquisas, teve 60,3%desuas harttii ou forte).Das seis espécies registradas, apenas bem como diferentes intensidades de clareamento (fraco e/ diferentes porcentagens de área afetada pelo clareamento, Miranda demonstram queoscorais et al. (2013) apresentaram últimos dezanosparaestaregião. (MIRANDA et al., 2013), éovalor mais alto registrado nos da temperatura daágua que chegouaatingir 31 °C, que semanas, atingindo um valor máximo de 0,75 °C no aumento Estas passaram por anomalias térmicas durante oito alcicornis, Mussismilia braziliensis Montastracea cavernosa, Mussismilia hispida, Millepora região as espécies mais encontradas são de Caramuanas (Baía de Todos os Santos - Brasil). Nessa El Niño questão pode ser elucidada a partir de uma análise do evento agravar significativamente a degradação dos recifes. Esta ambientais. No entanto, os impactos antropogênicos podem as atividades humanas as únicas que provocam problemáticas naturais capazes de causar degradação, não sendo, portanto, ecossistema, os recifes coralinos sofrem com impactos tenha impulsionadoarespostaobservadanessaspopulações. necessária para avaliar a probabilidade de queaadaptação e na frequência gênica entre as populações de corais, é seguida de estudos para quantificar mudanças na expressão genes que respondem ao estresse térmico e estão sob seleção, de colônias inteiras após estresse térmico. A identificação de anos e tipicamente experimentam altas taxas de mortalidade esses táxons tornam-se sexualmente maduros dentro de2a 3 maior probabilidade de umaadaptação rápida. Por exemplo, ra e Policopora), têm características de história de vida com algum sinaldebranqueamento fraco. Após as anomalias, apenas duas colônias ainda apresentavam maior porcentagem afetada por forte descoloração (38%). valor observado entre todas as espécies estudadas, e sendo a No total, 58% desua superfície foi branqueada, sendo o maior apresentando algum grau de branqueamento (fraco ou forte). ocorrência de águas quentes, com 81%desuas colônias cavernosa afetada pelo branqueamento fraco e/ou forte. sinal de clareamento, commenosde1%daárea da colônia evento branqueamento forte. Após o período de ocorrência do 34% foramporbranqueamento fraco e apenas 3% por das anomalias térmicas. Dos 37% da área da colônia afetada, El Niño queocorreuentrefevereiro e abril no recife de 2010 não sofreubranqueamento. Durante o evento Compreende-se que, comoqualqueroutro foi a espécie de coral mais afetada durante a , apenas 5,8% das colônias ainda apresentaram El Niño e de 2010, os dados de Siderastracea Mussismilia harttii Siderastracea Montastracea Mussismilia spp., o spp., . o coral sol, pertencente ao gênero caso dos corais do Brasil, um invasor bastante conhecido é as espécies nativas na competição por recursos naturais. No esses indivíduos invasores acabam levando vantagem sobre corais é a competição com espécies invasoras, muitas vezes resiliência aobranqueamento,permitindosuamanutenção. antropogênicos neste recife pode aumentar sua resistência e de sua importância. A eliminação ou redução dos efeitos seu primeiro relatório, em 1998,é mais uma evidência mostrado resiliente a eventos debranqueamento desde de umasemana. O fatodeorecife de Caramuanas ter se anomalia térmica não exceder 0,75 °C durante um período se tornar tolerante aos efeitos doclareamento quando a indicam que a fauna de corais do recife de Caramuanas pode resultados encontrados no trabalho de Miranda et al. (2013), durar períodos mais longos e causar impactos mais graves. Os estresses ambientais provocados por humanos costumam as espécies registradas conseguiram se recuperar parcial ou e, após o estresse provocado pelas anomalias térmicas, todas evento, não houve nenhuma que sofreu branqueamento total, de algumas espécies terem sido bastante impactadas pelo nos corais de Caramuanas, é possível observar que, apesar durante oevento Figura 1. Fotografia decorais branqueados ao longo dacosta leste doBrasil nas funçõesdascomunidades eecossistemas. recifes, resultando em perda da biodiversidade e alterações negativo em todososorganismos que dependemdestes aos corais nativos, havendo como consequência um impacto que o os corais nativos, prejudicando-os em sua estrutura, uma vez por espaço no substrato é o fator que afeta significativamente bem menores, uma vez que, diferente do por fatores antrópicos, as chances de recuperação seriam as colônias de corais estivessem sendo afetadas também totalmente do branqueamento. A partir disso, supondo que Tubastraea A partir dos efeitos provocados pelo Uma outra problemática enfrentada pelos recifes de ElNiño tem umcrescimento acelerado em relação 2010. Fonte:extraídadeLeãoetal.,2016. Boletim PETBioUFMA /nº51Março de2020 Tubastraea El Niño . A competição El Niño 2010, os 2010 11

imagem: by Clker-Free-Vector-Images from Pixabay Em um estudo sobre Tubastraea spp. em recifes de Recifes Artificiais corais e substratos artificiais na Baía de Todos os Santos (BA), Como uma alternativa para compensar, em parte, Miranda et al., (2012) mostra que no recife de coral do Cascos a perda de biodiversidade nos recifes de corais, e visando foi encontrada a espécie Tubastraea tagusensis competindo também interesses econômicos, atualmente diversos países e afetando as espécies nativas: Montastraea cavernosa, têm investido na criação de Recifes Artificiais Marinhos Mussismilia hispida, Madracis decatis, M. cavernosa, (RAM) que, de acordo com Salem, (2008; apud PADILHA Favia leptophylla, Meandrina braziliensis, Siderastrea sp. e 2012), podem ser definidos como estruturas submersas, que, Phylangia americana. Já no naufrágio Marina de Itaparica quando dispostas no ambiente marinho, fornecem substrato foram registradas as espécies T. tagusensis e T. coccinea para a colonização de diversos organismos, criando um em competição com as espécies de coral nativas Phylangia ambiente artificial similar aos recifes naturais. Várias espécies americana e Astrangia brasiliensis. Portanto de acordo com de peixes de importância econômica e ecológica utilizam MIRANDA et al., (2012), é necessário o desenvolvimento de estes habitats como abrigos contra predadores, áreas de estudos sobre os efeitos da competição entre esses corais e são crescimento, reprodução e alimentação. imprescindíveis ações contínuas de monitoramento e manejo para controlar e erradicar esses corais invasores visando a Os primeiros registros foram encontrados no Japão conservação marinha nesta região. em meados do século XVII, onde o conceito de recife artificial foi criado e depois se espalhou para os EUA e depois para De modo geral, os recifes de coral brasileiros a Europa (FABI et al., 2011). Devido ao crescente interesse representam uma área prioritária para a conservação da pelo assunto, em 1974 foi realizada a primeira Conferência biodiversidade do Oceano Atlântico devido aos seus níveis Internacional sobre Recifes Artificiais, organizado em relativamente altos de endemismo (cerca de 25% para peixes Houston (EUA). O foco principal foi o uso, avaliação e 30% para corais escleretianos) concentrados em uma e gerenciamento de recifes artificiais para fins de pesca pequena área de recife (5% dos recifes do Atlântico Oeste). (BORTONE, 2015). Posteriormente, os recifes artificiais A pesca artesanal não é regulamentada e representa cerca passaram a ser vistos também como uma ferramenta para de 70% do total de desembarques de peixes na costa leste do o aumento do valor ecológico dos habitats aquáticos. Na Brasil, onde os recifes de coral estão concentrados. Apesar edição da Conferência Internacional realizada em San Remo de sua importância, os recifes brasileiros estão sob crescente (Itália), em 1999, o título mudou para CARAH - Conferência perturbação antropogênica, principalmente sobrepesca9, Internacional sobre Recifes Artificiais e Habitats Aquáticos poluição e sedimentação. A recente proliferação de doenças Relacionados (BORTONE, 2015). Atualmente, o uso de de corais no Brasil e o prognóstico da morte em massa de recifes artificiais no Brasil é devidamente normalizado pelo uma das principais espécies endêmicas de construção de IBAMA através da Instrução Normativa n°22, de 10 de recifes (Mussismilia braziliensis) são motivos de especial julho de 2009. Essa dispõe da abrangência, da autorização preocupação. (FILHO et al., 2013). e exigências, das restrições, das infrações e das disposições Visando a necessidade de conservação dos recifes transitórias dos recifes artificiais brasileiros. de corais do Brasil, Cruz et al., (2015), propuseram um Existe uma variedade significativa de recifes Índice de Prioridade de Conservação (IPC) que visa refletir artificiais, podendo ser constituídos com diferentes valores, dinâmicas e processos nos recifes brasileiros. O IPC estruturas tais como pilares de piers13, cerâmica, cimento, exige que os julgamentos do local avaliado, com os atributos concreto, pneus, policloreto de vinila (PVC), carcaças de ‘desejáveis’ sendo adicionados à pontuação e os atributos navios e rebocadores, sucatas de bases petrolíferas etc. Em ‘indesejáveis’ subtraídos da pontuação, considerando na função dessas características, os recifes oferecem diferentes avaliação: 1. Índice de riqueza de espécies; 2. Índice médio habitats para as espécies marinhas e consequentemente de idade das colônias das colônias (cm); 3. Densidade de são colonizados de modos diferentes. Estudos mostram, recrutas de corais10; 4. Cobertura de coral (%); 5. Cobertura por exemplo, que recifes de cerâmica são rapidamente de algas calcárias incrustantes (%); 6. Cobertura de algas colonizados quando comparados aos de concreto e PVC, calcárias articuladas (%); 7. Cobertura de macroalgas (%); além disso as primeiras espécies que costumam colonizar 8. Cobertura filamentosa (%); 9. Cobertura de cianobactéria esses locais correspondem àquelas de rápida maturação e (%); 10. Cobertura de esponjas (%); 11. Cobertura de Palythoa vida curta, enquanto as que colonizam em momentos mais caribeorum11; (%); 12. Cobertura de Epizoanthus sp12. (%). tardios, geralmente correspondem a espécies que exibem Pode-se observar que ao longo dos anos os recifes cuidados parentais e produz menor número de descendentes. vêm sofrendo com diversos fatores, naturais e antropogênicos, Um RAM deve satisfazer a dois critérios: que influenciam na sua biodiversidade e ecologia, havendo, portanto, a necessidade de medidas de conservação e a) ser construído de material localmente abundante sustentabilidade desses importantes ecossistemas. e relativamente barato (RISK, 1981; PEARCE; CHANG, 1982; apud GOMES et al., 2010). b) apresentar, quando pronto, uma ampla variedade de interstícios e cavidades. Uma grande variedade de formatos dos módulos é descrita na literatura, sendo o formato então

12 Boletim PETBio UFMA / nº 51/ Março de 2020 da comunidade de Guaxindiba - RJ, para aumentar os recursos costeiros e melhorar a pesca artesanal. Esses recifes são compostos por bolas de 1m³ cobrindo uma área de 60.000 m², cada módulo pesando 500 kg com furos de 20 cm de diâmetro (LIMA et al., 2019). Esse tipo de recife é bastante eficiente para várias espécies marinhas, como lagostas e ostras, pois sua estrutura possibilita a criação de habitats para as mesmas; além disso tem como função impedir a pesca industrial. Lima et al., (2018) mostraram que os pescadores no litoral norte do Rio de Janeiro usaram a área onde os recifes artificiais foram implantados como uma área de pesca auxiliar para capturar algumas espécies-alvo, usando artes de pesca que melhor se adaptam às características dessa área como linhas e anzóis, Figura 2. Projeto de um recife artificial (AR). As aberturas no AR foram palangres14 e redes de emalhe de superfície15. Nesse contexto, seladas no interesse da segurança para impedir a entrada de mergulhadores. a implementação do recife artificial resultou em benefícios Fonte: extraída de Polak et al., 2012. para os pescadores e essas estruturas emergem como uma área de pesca auxiliar para capturar algumas espécies comerciais como Centropomus parallelus, Centropomus undecimalis, Entre as vantagens dos RAMs, que basicamente Rhizoprionodon porosus e Rhizoprionodon lalandii (LIMA et consistem em imitar os Recifes Naturais para que haja uma al., 2018). redução de pressão das atividades humanas sobre os mesmos, está a conservação de espécies, aumento da economia através Embora existam diversos registros que comprovem a da atividade pesqueira artesanal e do turismo, este último eficiência dos RAM, a literatura especializada registra alguns apesar de parecer uma atividade pouco impactante, provoca casos de insucesso. Os fracassos estão geralmente associados à diversos problemas. Mergulhadores, principalmente quando falta de objetivos claros na concepção dos respectivos projetos; são inexperientes, causam danos aos recifes devido ao impacto de critérios na execução; e de um acompanhamento sistemático das barbatanas, agitação de sedimentos, atropelamentos, que garanta a perenidade na consecução dos seus objetivos ajoelhando em organismos bentônicos, tocando em corais propostos. Diversos estudos científicos nessa área indicam a e atingindo corais com equipamentos soltos (ZAKAI; importância da realização de inventários ambientais prévios, CHADWICK-FURMAN, 2002; HASLER; OTT, 2008; LUNA nas áreas onde serão instalados os “RAM”, dedicando-se um et al., 2009; apud GUEST, 2012). A presença de turistas e as planejamento prévio dos tipos de estruturas e sua constituição. mudanças causadas para recebê-los são grandes ameaças aos De outro ponto de vista, destaca-se ainda a implantação de um ecossistemas marinhos. Por exemplo, nas ilhas do Pacífico programa de monitoramento ambiental e pesqueiro, assim como central e sudeste, a remoção de corais, areia e manguezais de planos de manejos com o envolvimento das comunidades. para construção, danifica as lagoas e os recifes próximos às Além disso, muitos pesquisadores veem os RAM como algo grandes cidades; além disso, as estradas, aeroportos e hotéis controverso, alegando que esses novos ambientes inicialmente construídos nessas áreas impactam negativamente esses atraem os peixes, concentrando-os nessas áreas e deixando-os ambientes (SALVAT, 2002) e modificam a paisagem natural. mais vulneráveis à exploração. Afirmam que a única maneira (BARRADAS, 2012). de minimizar esta exploração é com o estabelecimento de uma fiscalização adequada e eficiente nessas áreas. (SALEM, 2008). Uma das atividades humanas que mais impacta os recifes é a sobrepesca, portanto a instalação de recifes artificiais Desta forma, através dos estudos realizados com torna-se uma boa alternativa para elevar a abundância de recifes até o momento é possível verificar, de um ponto de espécies marinhas, a biomassa dos recursos pesqueiros e vista positivo, que algumas colônias de corais são capazes de se melhorar as taxas de pesca artesanal. Esta última tem como recuperar naturalmente após estresses térmicos e outros fatores, benefício uma pesca de maior seletividade quando comparada e que existem técnicas artificiais que visam contribuir para com a pesca industrial, que por sua vez é considerada um dos essa recuperação natural. Entretanto, as ações antropogênicas fatores responsáveis pela redução em estoques pesqueiros. A negativas, crescentes ao longo dos anos, têm se mostrado diminuição dos estoques de peixes não é um fenômeno apenas superior à capacidade de recuperação dos recifes em todo o brasileiro. A Organização para a Agricultura e a Alimentação mundo, principalmente no que diz respeito ao aquecimento (FAO) da Organização das Nações Unidas (ONU) estima que global. Logo não é correto acreditar que os recifes de corais entre 47% e 50% dos estoques pesqueiros marinhos do mundo vencerão o estresse térmico nos oceanos e irão adaptar-se encontram-se sob exploração plena, não havendo, portanto, às altas temperaturas provocadas pela atividade humana, e qualquer possibilidade de expansão das suas capturas em bases tampouco acreditar que os recifes artificiais, por melhor que sustentáveis. Entre 15% e 18% estão sobre-explorados, e 9% a pareçam ser, substituirão os recifes naturais, pois apesar de 10% já entraram em colapso, encontrando-se exauridos ou em abrigar biodiversidade, esses não possuem uma estrutura recuperação. (CASTELLO, 2008; apud PADILHA et al., 2012). composta de corais. A despeito do iminente colapso dos recifes coralinos em todo o planeta, ainda é possível diminuir os danos Em 1966, recifes artificiais foram instalados a 5 km

Boletim PETBio UFMA / nº 51 / Março de 2020 13 Glossário FABI, G. et al. Overview on artificial reefs in Europe. Brazil.J. , n.59 (Special issue CARAH), p. 155-166, 2011. 1: subclasse dos condrichthyes, representada pelos tubarões e Ocean raias; FILHO, R. B. F. et al. Dynamics of Coral Reef Benthic 2: subclasse dos condrichthyes, representada pelas quimeras; Assemblages of the Abrolhos Bank, Eastern Brazil: Inferences on Natural and Anthropogenic Drivers. 3: subclasse dos osteichthyes, representada pelos peixes que Disponível em: . Acessado em: apresentam nadadeiras raiadas; 30/03/2020. 4: subclasse dos osteichthyes, representada pelos peixes que FREHSE, F. D. A. ARTIFICIAL AQUATIC HABITATS: A apresentam nadadeiras carnosas; GLOBAL REVIEW, COLONIZATION EXPERIMENTS BY 5: ordem de animais com habitat aquático, que pertencem à FISH AND COMPARISON OF SAMPLING METHODS IN classe mammalia; RESERVOIRS. 2018. Tese (Doutorado) - Programa de Pós- graduação em Ecologia e Conservação, Universidade Federal 6: organismos vinculados ao substrato; do Paraná, Paraná, 2018. 7: corais pertencentes à ordem Sclerectinia; GUEST, J. R. et al. Contrasting Patterns of Coral Bleaching 8: corais pertencentes à classe Hydrozoa; Susceptibility in 2010 Suggest an Adaptive Response to Thermal Stress. Centre for Marine Bio-innovation,University 9: pesca predatória desenfreada; of New South Wales, Sydney, Australia. Disponível em: 10: organismos na fase juvenil dos corais; . Acessado em: 30/03/2020. 11: espécie de cnidário pertencente à subclasse Hexacorallia; IBAMA. Portaria N° 22, de 10 de julho de 2009. Licenciamento ambiental para instalação de recifes artificiais 12: cnidários pertencentes à família Epizoanthidae; no Mar Territorial na Zona Econômica Exclusiva brasileiros, 13: tipo de passarela construída sobre a água, sustentada por 2009. pilares KAPLAN, E. H. Field guide to coral reef of the Caribbean and 14: tipo de arte de pesca à linha constituído por uma linha Florida. Boston: Houghton-Mifflin, 1982. principal, de onde dependem outras linhas secundárias mais KRUG, L. A. et al. Characterization of coral bleaching curtas, onde cada uma termina em um anzol environments and their variation along the Bahia state coast, 15: rede disposta verticalmente na coluna d’água, funcionando Brazil. International Journal of Remote Sensing, São Paulo, de forma passiva, presa à embarcação ou não Vol. 33, No. 13, p. 4059–4074, 2012. LEÃO, Z. M. A. N. et al. Brazilian coral reefs in a period of global change: A synthesis. BRAZILIAN JOURNAL OF OCEANOGRAPHY, Bahia, n. 64, 97-116, 2016. Referências LIMA, J. S. Ethnoecology and socioeconomic around an BARRADAS, J. I. et al. TOURISM IMPACT ON REEF FLATS artificial reef: the case of artisanal fisheries from southeastern IN PORTO DE GALINHAS BEACH, PERNAMBUCO, Brazil. Biota Neotropica, Rio de Janeiro, 19(2): e20180620, BRAZIL. Arquivos de Ciências do Mar, Fortaleza, n. 45(2), p. 2019. 81 - 88, 2012. LIMA, J.S et al. Artisanal fisheries and artificial reefs on the BORTONE, S. A. CARAH (International Conference on southeast coast of Brazil: Contributions to research and Artificial Reefs and Related Aquatic Habitats): An historical management. Ocean Coast. Manage, n. 163 p.372-382, 2018. perspective of accomplishments. J. Appl. Ichthyol, n. 31(S3), p. 3-14, 2015. MIRANDA, R. J.; Cruz, I. C. S.; Leão, Z. M. A. N. Coral bleaching in the Caramuanas reef (Todos os Santos Bay, CASTRO, C.B.; PIRES, D. Brazilian coral reefs: what we Brazil) during the 2010 El Niño event. Latin American already know and what is still missing. B. Mar. Sci, 69(2), p. Journal of Aquatic Research, Valparaiso, vol. 41, n. 2, p. 351- 357-371, 2001. 360, 2013. CRUZ, I. C. S. et al. Reef quality criteria for marine reserve MIRANDA, R. J. et al. CORAL INVASOR Tubastraea spp. selection: an example from eastern Brazil. AQUATIC EM RECIFES DE CORAIS E SUBSTRATOS ARTIFICIAIS CONSERVATION: MARINE AND FRESHWATER NA BAÍA DE TODOS OS SANTOS (BA). In: Congresso ECOSYSTEMS, Bahia, n. 25, p. 223–234, 2015. Brasileiro de Oceanografia – CBO, 2012, Rio de Janeiro. DE'ATH, G. et al. The 27–year decline of coral cover on the Anais... Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Oceanografia Great Barrier Reef and its causes. PNAS, vol. 109, n. 44, p. (AOCEANO), p. 1527 - 1532, 2012. 17995–17999, 2012.

14 Boletim PETBio UFMA / nº 51/ Março de 2020 PADILHA, R. A.; HENKES, J. A. A UTILIZAÇÃO DE RECIFES ARTIFICIAIS MARINHOS COMO FERRAMENTA DE RECUPERAÇÃO DA FAUNA MARINHA. R. gest. sust. ambient., Florianópolis, v. 1, n.1, p. 41-73, 2012. PEREIRA, C. M. RECRUTAMENTO DE CORAIS RECIFAIS (: SCLERACTINIA) NAS PISCINAS NATURAIS DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DO RECIFE DE FORA, PORTO SEGURO (BA). 2015. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-graduação em Zoologia Aplicada, Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, 2015. POLAK, O.; SHASHAR, N. Can a small artificial reef reduce diving pressure from a natural coral reef? Lessons learned from Eilat, Red Sea. Ocean & Coastal Management, Eilat, n. 55, p. 94 - 100, 2012. SANTOS, L. M. F. RESPOSTA DA CALCIFICAÇÃO DO CORAL Montastraea cavernosa (LINNAEUS, 1767) À HETEROTROFIA DURANTE EVENTO DE BRANQUEAMENTO. 2012. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Biomonitoramento, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2012. SANTOS, L. N. Fish colonization of artificial reefs in a large Neotropical reservoir: material type and successional changes. Ecological Applications, 21(1), p. 251–262, 2011. STEINER, A. Q. et al. O TURISMO EM ÁREAS DE RECIFES DE CORAL: CONSIDERAÇÕES ACERCA DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL COSTA DOS CORAIS (ESTADOS DE PERNAMBUCO E ALAGOAS). OLAM Ciência & Tecnologia, São Paulo, Vol. 6, No. 2, p. 281-295, 2006.

Boletim PETBio UFMA / nº 51 / Março de 2020 15 Figura 1: A lagosta-boxeadora possui um corpo multicolorido, com olhos pedunculados excepcionais. Fonte: Extraída de Reddit.com ENSAIO As bailarinas que brilham no mar O mistério da bioluminescência da lula de Humboldt Juliana Rivas Figueredo Pereira Ciências Biológicas- UFMA/São Luís

magine-se entrando no mar para um delicioso mergulho fotóforos foram expostos, com a remoção das camadas dér- à noite. Em meio à escuridão, o espetáculo é ainda maior, micas do manto do animal e liofilizado¹. Com o objetivo de diante de lulas gigantes, que com movimentos de uma ver- identificar a luciferase, foi utilizado a espectrometria de massa, Idadeira dança de balé, emitem uma intensa luz azul, saindo resultando na detecção de desidrocolenterazina, além de seus como faíscas brilhantes por todo o seu corpo. Você fica curio- produtos de oxidação como a coelenteramina. Para provar que so em tentar entender, como essas lulas conseguem criar estes era essa a proteína responsável, ela foi submetida a um extrato riscos longos de luz que brilham como fogos de artifício. Em bruto em um luminômetro sem adição de outros reagentes, e termos científicos, a resposta é simples: a luz bioluminescente em seguida foi adicionado uma catalase e peróxido de hidrogê- é uma reação endergônica acionada pela hidrólise de ATP, um nio, além da água do mar. Finalmente, o surpreendente aconte- processo que converte energia química em energia luminosa. ceu! Uma luz azul brilhante irradiou! Confirmando, assim, que Na linguagem popular, resume-se à luminosidade cativante, esta molécula é a verdadeira luciferina presente e produzida que prende e encanta. O fato é que um conceito não anula o pela própria D. gigas. outro, enquanto o mais informal revela o anseio por conheci- Os resultados encontrados na lula de Humboldt, são mento, o científico descobre, investiga e informa. semelhantes a outras lulas luminescentes, principalmente no Diante desse contexto, verifica-se que o fenômeno da que se diz respeito ao seu tipo de luciferina. Entretanto, ape- bioluminescência consiste na emissão de luz via reações quí- sar da bioluminescência já ser generalizada na maioria dos micas por um ser vivo e é comum em muitos organismos ma- filos que são predominantes nos oceanos, ainda é escasso o rinhos, além de ser muito utilizado para confundir ou assustar conhecimento que se tem sobre esses sistemas luminescentes, predadores e até mesmo para servir de isca e atrair suas presas. incluindo numerosas espécies de lulas. É necessário, portanto, Recentemente, pesquisadores se depararam com o maior orga- muitos estudos futuros para caracterizar o sistema lumines- nismo marinho luminescente, uma lula da espécie Dosidicus cente desses animais. Afinal, essas verdadeiras bailarinas do gigas, que é mais conhecida como a lula de Humboldt, devido mar, ainda têm muitos espetáculos para realizar! a sua morada nas águas frias da corrente de Humboldt, locali- zada no Oceano Pacífico. O animal é capaz de atingir até dois Glossário: metros de comprimento, e pode pesar mais de 50 quilos. Sua 1: processo de desidratação, através da congelação brusca, se- carne tem alto valor comercial, atraindo grandes barcos pes- guida de uma pressão altíssima em vácuo. queiros. Através da inspeção da carne da lula, investigadores notaram pontos amarelos por onde irradiava luz azul, permi- Referências: tindo acreditar que aquilo se tratava de luz bioluminescente. GALEAZZO, G. et al. Characterizing the Bioluminescence of the Humboldt Por meio dessa inspeção foi possível agregar conhecimentos Squid, Dosidicus gigas (d’ Orbigny, 1835): One of the Largest Luminescent in the World. American Society for Photobiology, São Paulo, 95: aos estudos relacionados à bioluminescência, promovendo, 1179-1185, 2019. mais tarde, essa espécie ao posto de um dos maiores animais HADDOCK, S. H. D. et al. Bioluminescence in the Sea. Annual Review of bioluminescentes do mundo. Marine Science. 2(1)443-493, 2010 Diante da descoberta a respeito da lula gigante, cien- LOHRMANN, K. B. Fotóforos subcutáneos en el calamar gigante Dosidicus gigas (d’Orbigny, 1835) Cephalopoda: Ommastrephidae). Revista de Biolo- tistas se uniram para caracterizar pela primeira vez a lumines- gía Marina y Oceanografía, Chile, 43(2):275-284, 2008. cência dessa espécie, interessados em desvendar o mistério das NIGMATULLIN, C. M. et al. A review of the biology of the jumbo squid luzes brilhantes. Para isto, uma das lulas foi levada ao labora- Dosidicus gigas (Cephalopoda: Ommastrephidae). Fisheries Research. tório para uma análise. Nesse estudo, perceberam que havia 54(1), 9-19, 2001. distribuído em volta de todo o seu corpo, órgãos denomina- SADAVA, D. et al. Vida: A Ciência da Biologia. 8 ed. Porto Alegre: Art- med, 2009, v.1. dos de fotóforos que se assemelham a grânulos ovóides, nos lembrando grãos de arroz. Na maioria das vezes, são nesses órgãos que ocorre uma reação química, onde uma substância chamada luciferina reage com o oxigênio e ATP na presença de uma enzima chamada luciferase, formando uma nova molécu- la que, no oceano, emite um brilho que varia em tons azulados ou esverdeados. A outra alternativa é a presença de organismos simbiontes nestes grânulos, como as bactérias, que também podem fazer esse papel de geradores de luz bioluminescente. No entanto, deve-se ressaltar que existem vários tipos de luciferina, encontradas tanto no próprio organismo como nas bactérias simbionte, por isso, o objetivo foi encontrar a verdadeira luciferase presente nesse gigante. Dessa forma, os

16 Boletim PETBio UFMA / nº 51/ Março de 2020 Figura 1: A lagosta-boxeadora possui um corpo multicolorido, com olhos pedunculados excepcionais. Fonte: Extraída de Reddit.com

Lagosta-boxeadora de um soco só ENSAIO

Ana Caroline Carvalho Araujo Curso de Ciências Biológicas/UFMA - São Luís

A ordem Stomatopoda é formada por indivíduos de pequeno e médio porte caracterizados principalmente pela morfologia da segunda perna torácica, que é bem parecida com a de um louva-a-deus. Esses animais são predadores ativos que utilizam sua visão extremamente apurada para localizar suas presas. No Brasil, são representados por cerca de 40 espécies divididas em 9 famílias. Mesmo sendo um dos organismos mais especializados quando se trata do modo de vida predatório, são considerados um dos grupos mais primitivos da classe Malacostraca. Em geral, são animais marinhos de ambientes tropicais e subtropicais de águas rasas que vivem dentro de tocas construídas no fundo de recifes de corais ou em buracos deixados por outros animais em Figura 1: A lagosta-boxeadora possui um corpo multicolorido, com substratos firmes, lodosos ou ainda arenosos.São muito importantes pelo olhos pedunculados excepcionais. ponto de vista ecológico, pois contribuem para o controle populacional Fonte: Extraída de Reddit.com das espécies das quais se alimentam. Odontodactylus scyllarus, também conhecida como lagosta-boxeadora, é uma espécie da ordem dos estomatópodes que possui incríveis olhos pedunculados (Figura 1) com milhares de células fotorreceptoras, dentre elas os cones, que são responsáveis pela percepção de cores. Enquanto os humanos possuem somente três cones (que respondem às cores, azul, verde e vermelha) e as borboletas possuem cinco (com duas delas incapazes de serem sequer processadas pelo cérebro humano), a lagosta-boxeadora possui dezesseis desses receptores, podendo ser considerado o indivíduo com a visão mais aguçada do reino animal, uma vez que a faixa de espectro visível desses animais é maior que a dos humanos e insetos, podendo enxergar até mesmo a luz polarizada. Figura 2: A força dos apêndices da lagosta-boxeadora é capaz de quebrar a concha de crustáceos, que são sua principal fonte de alimentação. Mesmo não sendo animais tão grandes, podendo medir entre Fonte: Extraída de Reef Crab Exploy Inc 15 e 30 cm de comprimento, as lagostas-boxeadoras são consideradas como um dos animais mais violentos do planeta. Elas contam com um Glossário: par de maxilípedes1 adaptados em forma de garra que lembram as de 1: apêndices torácicos dianteiros que servem para auxiliar na um louva-a-deus (tendo, essa característica, dado a O. scyllarus o nome alimentação. de “mantis shrimp”2), usadas para escavação de tocas, alimentação ou 2: em inglês significa camarão-louva-a-deus. defesa. Esses apêndices, quando acionados, são capazes de desferir um golpe que possui a mesma velocidade de aceleração que uma arma de Referências: calibre 22, com uma força de impacto de cerca de 60 kg/cm3, produzindo uma onda de impacto que é capaz de matar a presa mesmo que ela não GOMES-CORRÊA, M. M. Stomatopoda do Brasil (Crustacea- Tese de Doutorado Universidade de São Paulo. São Paulo, seja diretamente atingida pelo golpe. Essa força esmagadora é o que Hoplocarida). . p. 226, 1986. lhe confere o título de “lagosta-boxeadora”, sendo capaz de facilmente quebrar conchas de gastrópodes (Figura 2) e carapaças de caranguejos, SILVA, F. P. M.; COSTA NETO, E. M.; CARQUEIJA, C. R. G. A sua principal fonte de alimentação. etnotaxonomia de crustáceos estomatópodes e decápodes segundo pescadores artesanais do litoral norte da Bahia, Brasil. Revista Ouricuri, Muito dificilmente as lagostas-boxeadoras são mantidas em vol. 5, n. 1, mar./abr. 2015. aquários, já que sua força é grande o suficiente para quebrar o vidro dos SILVA, J. B. P. Stomatopoda (Crustacea – Hoplocarida) no nordeste tanques. Além disso, esses animais são extremamente territoriais, sendo brasileiro: Morfometria como ferramenta taxonômica. Dissertação de capazes de matar outros organismos com quais dividisse o espaço. Por Mestrado – Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, p. 131, 2011. conta de toda essa força, cientistas estudam as células do corpo de O. scyllarus com o intuito de tentar produzir armaduras avançadas para tropas de combate, assim como pesquisas visando a construção de estruturas tão fortes quanto seus maxilípedes. Também existem estudos sendo elaborados com base em sua excelente visão, para fins de melhoria de componentes ópticos tecnológicos utilizados atualmente. A lagosta-boxeadora é um verdadeiro pesadelo dos mares, com sua força extrema, visão explêndida e corpo de beleza extraordinária.

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ENSAIO

18 I Boletim PETBio UFMA/nº51/ Março de2020 em corais. Dentre os componentes dessamicrobiota, rica um encontradosser até de microrganismos 100milhões por cm² mos que povoam Para corpos. seus ter uma ideia, podem se conhecerso a relação destes cnidários com os microrganis mundo, obranqueamento decorais. lemática que já atinge inúmeras formações recifais ao redor do conjunto de recifes do planeta, vem enfrentando uma prob talvez não saibam é que o “lar do Nemo”, o maior e mais rico nagens principais do filme habitam.Contudo, o que muitos fãs a Grande Barreira de Corais Australiana, onde local osperso ecossistema que representa omaior organismo vivo daTerra: na culturaseminação popular da imagem deumimportante com oconhecimento ocorreu espécie, desta também a dis phiprion conhecida ocellaris, como peixe-palhaço. carona De em 2004,emplacou anível mundial o sucesso Am daespécie personagem Nemo, do filme de animação lançadopela Pixar do habitante mais famoso dos recifes de coral do planeta! O corresponde esqueleto de carbonato ao seu de cálcio. A perda pigmentos.dos seus Ocoral assume, então, a cor branca, que entais resultar podem na expulsão das microalgas e degradação “branqueamento”termo toma significado. Perturbações ambi zantes das zooxantelas que nele habitam. pontoÉ nesse que o sua pigmentação resultante da cor dos pigmentos fotossinteti bastanteacterística chamativa: as cores. Corais saudáveis têm início, lembrar deve se que olar do Nemo possuía uma car você aindaE se não esqueceu as imagens dofilmecitado no a maioria cnidáriosdesses habita águas pobres em nutrientes. mente relacionado mutualística, a essa associação uma vez que calcificação docoral. nutrientes essenciais e contribuem para o aumento de das taxas totrófico. Além disso, atuam e na conservação reciclagem de compostos necessários à manutenção metabolismo au do seu viverem em umambiente protegido, com luz acessível e com glicerol e aminoácidos oriundos da fotossíntese de em troca coral. São responsáveis fornecimento pelo de oxigênio, glicose, gênero taxonômico,nificado se mas refere aos endossimbiontes do das como zooxantelas. “zooxantela” O termo não possui sig habitante chama emespecial atenção: as microalgas conheci ta-do na animaçãota-do “Procurando Nemo”, lembrou você se corpo.pelo você lembrou Se dopeixe-palhaço represen magine um simpático laranja peixinho com listras brancas Symbiodinium Para entender como dá fenômeno,esse se é preci O sucesso evolutivo eecológico doscorais intima está o fenômeno do branqueamento de corais esua , encontrados no interior das células do relação aquecimento o global com Branco éacormaisquente: ------produção de EAO excede a capacidade sistemasdesses de def defesas antioxidantes das algas e dos corais. Todavia, quando a saudável a produção das EAO é contida próprio pelo sistema de e ácidos nucleicos, gerando estresse oxidativo. Em um ambiente causar danos a diversas biomoléculas como lipídeos, proteínas de Oxigênio (EAO). Essas formas instáveis de oxigênio podem que passam a produzir grandes quantidades Ativasde Espécies dessas condições afeta oaparato fotossintético das microalgas, peratura e à alta incidência de luz. Isto porque a combinação fenômeno em larga a aumentos associada está escala de tem dem ocasionar obranqueamento, contudo aocorrência desse ma recifal. morre, resultando emconsequências graves oecossiste a todo ceptibilidade oestresse prolongado seja Caso a doenças. ocoral nas suasde crescimento taxas e fecundidade e aumento da sus das zooxantelas aoenfraquecimento leva docnidário, declínio sas Coral Vivo ZILBERBERG, C.etal. MediaBusiness LLC. Nature HUGHES, T.P etal.Globalwarming transforms coral reef assemblages. Referências oceanos somentesos aocinema! queal. Não ofuturo permitir podemos resguarde acor denos para mais ser exata): precisamos enfrentar o aquecimento glob E a realidade dos fatos é muito clara (é branca e translúcida, Grande Barreira de Corais entre março e novembro deste ano. de aproximadamente 30% doscorais a de toda de superfície ra enfrentou em 2016umaonda decalor que provocou aperda Recifes (Austrália), deCoral o maior ecossistema recifal da Ter do Centro depesquisa deExcelênciagrupo para o Estudo dos própria sentença! ração dessa condição de estresse, terdecretado ocoral sua pode a expulsão das zooxantelas. da intensidade A depender e du defesa, o coral decreta um ato final contra o dano oxidativo: irreversíveis aos tecidos outrasdo animal. Sem alternativas de esa, essas moléculas passam acumular ase eaprovocar danos , [s.l.],v. 556,n.7702,p.492-496, abr. 2018. Fatores como de salinidade e poluição variações po Segundo artigo publicadoSegundo na –RiodeJaneiro: Museu Nacional, UFRJ, 2016.

http://dx.doi.org/10.1038/s41586-018-0041-2. Conhecendo osRecifes Brasileiros: Conhecendo Ciências Biológicas/UFMA -São Luís Nature Juliana MendesSousa Springer Science and em 2018 pelo em 2018 pelo

Rede de Pesqui ------

Imagem: https://www.abc.net.au/ esta edição, o Boletim PETBio conversou com a Profa. Dra. Marianna Basso Jorge

N LINHA DE PESQUISA para nos apresentar um pouco sobre sua linha de pesquisa.

Por Vinicios Olegario Mesquita Arraes e Daniely Feitoza Aires Curso de Ciências Biológicas/ UFMA - São Luís

e participarem de projetos de extensão e popularização da ciência. Assim, sua equipe atua nas redes sociais, através do Instagram do laboratório “@LabEcotox” Profa. Dra. Marianna Basso Jorge possui graduação em Oceanografia e desenvolvem o projeto de extensão “VIVAMAR”, o qual realizam atividades pela Universidade Federal do Paraná - UFPR (2006), onde desenvolveu educativas e interativas levando informações a respeito do ambiente marinho sua monografia com ênfase em dinâmica de metais. Realizou mestrado e os impactos humanos sobre o mesmo. Para conhecer mais ou participar do A(2006) e doutorado (2012) em Ciências Fisiológicas pela Universidade Federal do projeto escaneie o QR code. Rio Grande - FURG, orientada pelo Prof. Dr. Adalto Bianchine, desenvolvendo projetos relacionados a efeitos fisiológicos da presença dos metais no ambiente aquático e realizou 12 meses de doutorado sanduiche na McMaster University sob a supervisão do Prof. Dr. Christopher M. Wood. Nesse período realizou pesquisas na Estação Marinha de Bamfild, no Departamento de Biologia da McMater University e no Centro Canadense de Águas Interiores. Entre os anos de 2012 e 2013 realizou seu primeiro Pós-Doutorado dentro do Instituto Nacional de Tecnologia e Toxicologia Aquática (INCT-TA/FURG), estudando biomarcadores de contaminação aquática. Posteriormente, em 2013, trabalhou em seu segundo Pós-Doutorado na mesma área. O ano de 2016 trouxe outras conquistas, como a finalização do seu Pós-Doutorado e a aprovação como docente permanente da Universidade Federal do Maranhão. Além disso, participou do monitoramento do desastre Figura 1. QR code para o projeto “VIVAMAR” do rompimento das Barragens de Mariana aliada à equipe da FURG, sendo E dentre os projetos de pesquisa que estão sendo desenvolvidos coordenada pelo Prof. Dr. Adalto Bianchini. Com isso, participou de dois atualmente, temos: embarques oceanográficos para o monitoramento da Biota Aquática da Costa do Espírito Santo até Abrolhos, sendo considerada uma incrível experiência 1)A caracterização oceanográfica da plataforma continental e dos estuários em sua carreira. Dessa forma, com a bagagem em ensino, pesquisa e extensão, que deságuam na margem equatorial brasileira face a cenários de mudanças ela iniciou na UFMA ministrando disciplinas na área ambiental para o curso climáticas e expansão portuária; de Oceanografia e assumindo a coordenação compartilhada do Laboratório 2)Avaliação dos efeitos de biocidas e anti-incrustantes sobre a biota aquática da de Ecotoxicologia da UFMA (LabEcotox) juntamente com o Prof. Dr. Ricardo Ilha do Maranhão; Luzivotto Santos. O que possibilitou o desenvolvimento de projetos de pesquisas, orientações de iniciações científicas, monografias e supervisão de estágios. A 3)Bioindicadores de contaminação inorgânica para determinação e professora vem desenvolvendo pesquisas em Ecotoxicologia Aquática com ênfase monitoramento da qualidade ambiental; em: “Bioprospecção de Organismos Aquáticos para Estudos Ecotoxicológicos 4)Acumulação de metais em diferentes níveis tróficos como ferramentas para destinados à Biodiversidade e Conservação”, “Dinâmica de Elementos Metais” e determinação da qualidade, monitoramento e conservação dos ambientes “Biomarcadores de Contaminação Aquática” nos programas de Pós-Graduação aquáticos. em Oceanografia (PPGOceano) e Biodiversidade e Conservação (PPGBC) da UFMA. Atualmente, a professora ministra disciplinas para o Bacharelado Interdisciplinar em Ciências e Tecnologia (BICT) e atua como docente permanente da Rede BIONORTE, orientando assim, alunos de graduação, mestrado e doutorado. O LabEcotox possui a participação de vários professores e pesquisadores de dentro e fora do Brasil, o que viabiliza a mobilidade dos alunos para outras instituições e também o desenvolvimento de pesquisas de ponta. O laboratório abrange projetos de pesquisa e extensão que atendem à temática meio ambiente e está aberto ao acolhimento de alunos de todas as áreas por meio de entrevista prévia, podendo entrar em contato pelo email: maribj2@gmail. com, a fim de obter maiores informações. Como coordenadora do laboratório, ela busca instigar os alunos a trabalharem em equipe, desenvolverem pesquisas Figura 2. Laboratório de Ecotoxicologia.

Boletim PETBio UFMA / nº 51 / Março de 2020 19 esta edição, o Boletim PETBio entrevistou o a mestranda ENTREVISTA NAna Carolina de Araújo Butarelli para contar um pouco sobre sua trajetória no PET Biologia e apresentar perspectivas

sobre sua linha de pesquisa. A Owen Pixabay Imagem:

Ana Jessica Sousa Coelho Anna Letícia Silva da Costa Sabrina Torres Soares Curso de Ciências Biológicas/ UFMA - São Luís pessoalInstagram Fotografia:

na Carolina de Araújo Butarelli se formou em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Maranhão, na modalidade bacharelado, durante a sua graduação foi petiana e dentro do programa participou de várias ativida- des como apresentações de seminários, organizações de eventos e foi membro da comissão científica do Boletim APETBio. Foi bolsista voluntária pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica e estagiária no Grupo de pesquisa em Biodiversidade, Bioprospecção e Biotecnologia (GB3), onde desenvolveu projetos de pesquisa acerca do microbioma do Parque Nacional da Chapada das Mesas. Atualmente é mestranda em Microbiologia pelo Instituto de Ciências Biomédicas - USP e estagiária do Laboratório de Ecologia Microbiana – LECOM.

PETBio UFMA - O que a influenciou na escolha desta linha PETBio UFMA - Quais eram suas expectativas ao seguir esta de pesquisa? linha de pesquisa? Algo mudou entre a sua expectativa e Ana Carolina Butarelli: Durante toda a minha trajetória realidade? acadêmica, interessei-me pelo estudo de microrganismos. Ana Carolina Butarelli: Meu sonho sempre foi ser pesquisadora No início da minha graduação, tive a oportunidade de e, durante a graduação em biologia, tive espaço para conhecer realizar um projeto de pesquisa com fungos endofíticos de as várias áreas de atuação do biólogo. Apaixonei-me pelo plantas endêmicas do estado do Maranhão, sob coordenação estudo de microrganismos muito cedo e, assim que descobri o do professor Juliano dos Santos. No entanto, sempre tive que eu queria pesquisar, comecei a buscar novas possibilidades curiosidade acerca das bactérias, pois são organismos incríveis e comecei a sonhar com o mestrado. Tive que vencer alguns e resilientes, que podem ser encontrados em diversos lugares obstáculos, como começar a trabalhar com técnicas de do planeta, inclusive em ambientes extremos, como geleiras, biologia molecular que só conhecia na teoria, cultivar, in vitro, fontes geotermais e no fundo do oceano. Minha paixão por organismos fotossintéticos e, o maior dos desafios, trabalhar esses seres microscópicos influenciou-me a estudá-los e acabou no sistema operacional Linux e analisar os dados utilizando levando-me à outras experiências. Ingressei como estagiária técnicas de bioinformática. Muita coisa mudou entre minhas no Grupo de Pesquisa em Biodiversidade, Bioprospecção e expectativas e a realidade, pois foi bem difícil analisar todos Biotecnologia da UFMA (GB3), foi quando minha história esses dados sem ter, na época, a estrutura computacional que com o estudo da ecologia de microrganismos se iniciou. Tive precisávamos e sem ter muito domínio das técnicas de análise a oportunidade de desenvolver um trabalho pioneiro no estado das sequências de DNA. intitulado “Microbioma fotossintetizante de corpos d’água do No mestrado, minha maior expectativa sempre foi aprender Parque Nacional da Chapada das Mesas (PNCM), Maranhão, coisas novas, desde conceitos e técnicas a metodologias de Brasil”, onde utilizei uma abordagem que mesclou técnicas análises que ainda não tinha acesso. Tem sido um desafio, já que dependentes e independentes de cultivo para caracterizar os agora trabalho com amostras de micro-organismos coletados microrganismos fotossintéticos (cianobactérias e microalgas) no fundo do oceano. A pesquisa oceanográfica na USP tem encontrados na Chapada das Mesas. muito investimento e, assim, é possível realizar trabalhos como Quando ingressei no mestrado em microbiologia na esses, utilizando amostras tão difíceis de coletar. Nesse aspecto, Universidade de São Paulo, mantive a linha de pesquisa na área acho que fiquei impactada devido à dimensão e estrutura para porém, estudando bactérias metanotróficas de mar profundo a pesquisa dedicada a esse projeto, que envolve uma equipe da Bacia de Santos, como integrante do Laboratório de Ecologia multidisciplinar e a disponibilidade de diversos recursos, como Microbiana (LECOM) coordenado pela Profa. Dra. Vivian o navio Alpha Crucis utilizado na coleta das amostras. Helena Pellizari.

20 Boletim PETBio UFMA / nº 51/ Março de 2020 Fotografia: Instagram pessoal Imagem: A Owen Pixabay mesa, as plantas que você quintal, cultiva em seu ao cheirinho os dias, sejam elas relacionadas àcomida que chega na sua buscam responder as grandes perguntas que nos rodeiam todos Além de qualquer outra coisa, os pesquisadores/cientistas conhecer regiões fora doplaneta doque dentro dele. pararmosse para pensar que investe se mais dinheiro pra que sobre oceanos, dos nossos o que ofundo épreocupante, durante Conhecemos mais sobre as expedições. o solo lunar do que são caras e mãodeobra qualificada para estar nomar A estrutura para estudar oceânico exige o fundo ferramentas realizada de ser marinha dispendiosa. é A pordifícil pesquisa ser graduação nopaíspós inteiro, masprincipalmente, nonordeste. de serem “ociosas”, prejudicando assim, diversos programas de diversas com cortadas bolsas sendo CAPES estão a justificativa o país é que, ciência, não há progresso. sem oano passado, Desde grande problema do desmonte na educação que vem assolando para a ciência em geral, para não só a biologia marinha. O Ana Carolina Butarelli: Marinha? ofuturo para as em Biologia suas dapesquisa perspectivas PETBio o atual UFMA - Com político do Brasil,cenário quais outros que perigos afetam diretamente adiversidade marinha. derramamentosrecursos naspelágicas, regiões deóleo, dentre de material poluente que desequilibra a disponibilidade de conhecidaspequenas partículas como microplásticos, despejo plástico, variando sacolas desde que usamos nos mercados até enfrentandoestão ganham como evidência, a presença de outrasAlém dos gases, ameaças que os grandes oceanos efeito estufa nãochegue aatmosfera. microbiana é fundamental para que ogás que potencializa o energia através da oxidação metano.desse Essa comunidade metanotróficas, aeróbias e anaeróbias, que são capazes de obter oceano para é feito a superfície, por comunidades de bactérias do efeito estufa. O controle na emissão do gás, desse do fundo mais gás esse é o segundo importante quando estamos falando oceânico é o maiorO fundo reservatório de metano da Terra e, altas pressões eausência deluz solar. oceanos, essas regiões que apresentam temperaturas baixas, os organismos que habitam as regiões mais extremas dos profundo, os números são ainda menores, sabe sobre pouco se nem foram catalogadas. Quando falamos de regiões mar conhecidasuma infinidade deespécies e muitas que ainda Ana Carolina Butarelli: biodiversidade marinha? PETBio UFMA - O que tem sobre a dizer à as ameaças Ocenário político atual é desanimador A biodiversidade marinha compreende sobreviver em regiões que testam os limites da vida na Terra. Eu na busca deidentificar osmicro-organismos que são capazes de mais uma contribuição no estudo do mar profundo brasileiro, identificadasseu material de apartir genético. trabalhoMeu é que não são cultivadasbactérias em laboratório possam ser na biologia molecular e genética, que agora que permitem grandes mudanças nos últimos dez anos com as revoluções Ana Carolina Butarelli: futuro? estimular os pesquisadores podem de pesquisa do linha PETBio as suas UFMA- Como atividades exercidas em sua mudar omundo. renovar nossa paixão ciência, pois nossapela ela será força para um futuro melhor para as próximas gerações. Que possamos começaremos a reerguer muro, esse tijolo por tijolo e construir páginas de livros com palavras mas no cotidiano,nosso difíceis, conseguirempessoas compreender que apenas ela não está em Acredito que quando a ciência for desmistificada, quando as ciência? pararmos paraSe pensar, onde estaríamos não houvesse se que sentimos quando chove ou até do câncer. mesmoa cura que ocupam osmais remotos ambientes daTerra. incansável tarefa de desvendar quem são pequenos esses seres apaixonarde se e que atuem bactérias pelas conosco emnossa que as futurasdesejo gerações também tenham oportunidade meninos saibam simfazer ciência no Brasil. que Eu podem de altíssima credibilidade e que, cada vez mais, meninas e verdade. Que ocientista volte visto a comoser umprofissional mas, principalmente, inspire a buscar as pessoas sempre a no país inspirem as novas gerações na busca por respostas espero que trabalhos como o meu e de muitos outros cientistas

Boletim PETBioUFMA /nº51Março de2020 Oestudo dosmicrorganismos sofreu 21 O peixe-boi marinho, Trichechus manatus ma- natus, é o mamífero aquático mais ameaçado de extinção no Brasil. Atualmente, sua distribuição no país é restrita ao litoral norte - nordestino com algumas áreas de descontinuidade entre os estados do Amapá e Alagoas.

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