3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017

Universidade Federal do Paraná - UFPR Prof. Dr. Ricardo Marcelo Fonseca – Reitor

Setor de Ciências Biológicas Prof. Dr. Luiz Cláudio Fernandes - Diretor

Departamento de Zoologia Profª. Drª. Rosana Moreira da Rocha - Chefe

Programa de Pós-Graduação em Zoologia Prof. Dr. Marcio Roberto Pie - Coordenador

Coordenação do Evento Prof. Dr. Marcio Roberto Pie

Organização Avaliadores

Ana Paula Winter Dr. Alex Sandro Poltronieri Dr. Marcos Soares Barbeitos André Fernando Miyadi Msc. André Luiz Ferreira da Silva Dr. Mário Antonio Navarro Anacleto Dr. Andrey José de Andrade Msc. Angélica Massaroli da Silva André Eduardo Confetti Dr. Nei Moreira André Luiz Ferreira da Dr. Antônio Ostrensky Neto Msc. Barbara Maichak de Dr. Paulo César de Silva Carvalho Azevedo Simões Lopes Andrielli Medeiros Dr. Carlos Eduardo Conte Dr. Paulo da Cunha Lana Angélica Massarolli Dra. Carolina Arruda de Oliveira Dr. Paulo de Tarso da Bruna Todeschini Vieira Freire Cunha Chaves Camila Silva Santos Msc. Daliana Bordin Msc. Rafael Fernandez de Daliana Bordin Dr. Eduardo Luis Cupertino Alaiza Amador Eduardo Pires Renaut Ballester Msc. Rafael Rifino de Amorim Braga Msc. Eduardo Pires Renault Braga Msc. Renattho Nitz Oliveira Erika Zanon Dr. Emygdio Leite de Araujo Monteiro Filho Dr. Roberto Fusco Costa Fernando Ferneda Msc. Rodrigo Antônio Freitas Msc. Erika Zanoni Msc. Estevan Luiz da Silveira Martins de Souza Flavio Alberto Perez Dr. Fabio Andre Facco Jacomassa Dr. Rodrigo Barbosa Francielly Silveira Dr. Fabio Meurer Gonçalves Richardt Dr. Fernando Camargo Passos Dra. Rosana Moreira da Hanna Karolyna dos Msc.Gisleine Hoffmann da Costa e Rocha Santos Silva Msc. Salise Brandt Martins Joyce Ana Teixeira Msc. Henrique Chupil Dra. Setuko Masunari Julian Olaya Restrepo Dr. Henry Louis Spach Msc. Serena Mucciolo Msc. Sidnei Pressinatte Luana Marina de Castro Msc. Jéssica Cocco Junior Mendonça Dr. João Marcelo Deliberador Miranda Msc. Tamara Marcos José de Oliveira AkemiTakahashi Mariana Araki Braga Dr. José Marcelo Rocha Aranha Dra. Karla Magalhães Campião Dr. Thiago Correa de Mariele Pasuch de Dra. Lilian Tonelli Manica Freitas Camargo Msc. Livia de Moura Oliveira Dr. Vinicius Abilhoa Olimpio Rafael Cardoso Msc. Luana Marina de Castro Dr. Vinicius Sobrinho Pedro de Oliveira Mendonça Richardi Calixto Dr. Luís Amilton Foerster Sara Bandeira Emiliano Dr. Luís Fernando Fávaro Apoio Técnico Sara Cristina Batista Dra. Maria Angélica Haddad Vanessa Peres PPG Serena Mucciolo Dr. Marcio Roberto Pie em Zoologia – UFPR 2

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Sumário

1. INSEMINAÇÃO ARTIFICAL EM FELÍDEOS...... 7 2. SUCESSÃO DA COMUNIDADE INCRUSTANTE EM UM ESTUÁRIO SUBTROPICAL BRASILEIRO...... 8 3. DESCRIÇÃO DO PADRÃO HORMONAL REPRODUTIVO DA FÊMEA DE ANTA- BRASILEIRA (Tapirus terrestris)...... 9 4. TOXICIDADE DE INSETICIDAS AO ENDOPARASITOIDE LARVAL OOMYZUS SOKOLOWSKII (KURDJUMOV, 1912) (HYMENOPTERA: EULOPHIDAE) EM LARVAS DE PLUTELLA XYLOSTELLA (LINNAEUS, 1758) (: PLUTELLIDAE)...... 11 5. VOCALIZAÇÃO E DIETA DE Brachycephalus (Anura: )...... 13 6. FISIOLOGIA REPRODUTIVA E COMPORTAMENTO SOCIAL EM MACHOS DE QUEIXADA (Tayassu pecari)...... 14 7. LEVANTAMENTO DAS RAÇAS DE Spodoptera frugiperda (LEPIDOPTERA: ) EM DIFERENTES CULTURAS...... 16 8. BIOLOGIA COMPARATIVA DAS POPULAÇÕES DO CAMARÃO-BRANCO Litopenaeus schmitti (BURKENROAD, 1936) (CRUSTACEA: DENDROBRANCHIATA: PENAEIDAE) DA COSTA ATLÂNTICA DAS AMÉRICAS COM VISTAS AO CULTIVO...... 17 9. AS DIVERSIDADES Β ESPECÍFICA, FUNCIONAL E TAXONÔMICA RESPONDEM À SAZONALIDADE, TEMPERATURA E SALINIDADE ESTUARINA E NERÍTICA? UM ESTUDO DE CASO DA ICTIOFAUNA SUBTROPICAL BRASILEIRA...... 24 10. COMUNIDADE DE AVES EM DOIS AMBIENTES INSULARES NO LITORAL SUL DO ESTADO DE SÃO PAULO...... 25 11. CRIOPRESERVAÇÃO DE SÊMEN EM FELÍDEOS SILVESTRES: MORFOLÓGICA ESPERMÁTICA E AVALIAÇÃO DE NOVOS PROTOCOLOS...... 28 12. RELAÇÕES TRI-TRÓFICAS EM AGROECOSSISTEMA: FLUTUAÇÃO POPULACIONAL DE LEPIDÓPTEROS PRAGAS E SEUS INIMIGOS NATURAIS EM MILHO TRANSGÊNICO...... 29 13. BIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS PARA O CULTIVO DE SIRI-MOLE Callinectes danae (CRUSTACEA, DECAPODA, PORTUNIDAE)...... 32 14. DIVERSIDADE ICTIÍCA DE UM RIO NEOTROPICAL, SUL DO BRASIL...... 33 15. GENÉTICA DE POPULAÇÕES E FILOGEOGRAFIA DE Styela canopus SAVIGNY, 1816...... 35 16. DETERMINAÇÃO DO NÍVEL DE DANO ECONÔMICO PARA TRAÇA-DAS- CRUCÍFERAS EM COUVE-MANTEIGA...... 40 17. . COMPOSIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DOS HIDROIDES (CNIDARIA, HYDROZOA) NA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE, NORDESTE, BRASIL...... 43

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18. . CARACTERIZAÇÃO ALIMENTAR DE CULICIDAE (DIPTERA): IDENTIFICAÇÃO MOLECULAR E INTERAÇÕES COM HOSPEDEIROS...... 47 19. . PESO NA DETERMINAÇÃO DE SEXO DE FILHOTES DE HARPIA EM CATIVEIRO...... 51 20. . IMPORTÂNCIA E INFLUÊNCIA DE FATORES AMBIENTAIS NA PROPAGAÇÃO DE SONS DE Sotalia guianensis (van Bénéden, 1864)...... 54 21. . PADRÃO HORMONAL REPRODUTIVO DO MACHO DE ANTA (Tapirus terrestris)...... 57 22. . ANÁLISE DA DIETA E BIOLOGIA POPULACIONAL DE HISTIOTUS VELATUS (CHIROPTERA: VESPERTILIONIDAE) EM UM ABRIGO EM FLORESTA OMBRÓFILA MISTA...... 59 23. . CARACTERÍSTICAS MORFOMÉTRICAS DE CRESCIMENTO E COMPOSIÇÃO CORPORAL DE RHAMDIA QUELEN EM CRIAÇÃO COM GÊNEROS ISOLADOS E MISTOS...... 61 24. . VARIABILIDADE GENÉTICA E MORFOLÓGICA E ESTRATÉGIA REPRODUTIVA DAS POPULAÇÕES DOS CARANGUEJOS CHAMA-MARÉ Leptuca leptodactyla (RATHBUN, 1898) E Minuca mordax (SMITH, 1870) (CRUSTACEA, DECAPODA, OCYPODIDAE) AO LONGO DA COSTA DO BRASIL...... 62 25. . ESTUDO POPULACIONAL DA BALEIA-FRANCA-AUSTRAL – Eubalaena australis (DESMOULINS, 1822) - NO LITORAL SUL DO BRASIL...... 65 26. . ESTRUTURAÇÃO FILOGENÉTICA E FUNCIONAL DAS ASSEMBLEIAS DE RÉPTEIS EM DIFERENTES ESCALAS ESPACIAIS NA MATA ATLÂNTICA...... 66 27. . RELAÇÕES TRÓFICAS DE Centropomus (PERCIFORMES – CENTROPOMIDAE) NAS REGIÕES NORDESTE E SUL DO BRASIL...... 68 28. . UMA SOCIEDADE SUBAQUÁTICA: EXPLORANDO AS RELAÇÕES SOCIAIS DA POPULAÇÃO DE BOTOS-CINZA DO ESTUÁRIO DE CANANÉIA...... 72 29. . HISTÓRIA DE VIDA DE Menticirrhus americanus (Linaeus, 1758) EM UM AMBIENTE SUBTROPICAL DO ATLÂNTICO SUL...... 76 30. . TRATO REPRODUTOR FEMININO DE Mazama gouazoubira (FISCHER, 1814) e Mazama nana (HENSEL, 1872) (Mammalia: Cervidae)...... 80 31. . VAGILE FOULING COMMUNITIES, THEIR CONNECTIVITY ALONG SOUTHERN AND SOUTHEASTERN BRAZILIAN COASTS AND IMPLICATIONS FOR MARINE BIOINVASIONS………………………………………………………………………………83 32. . GENETIC DIVERSITY OF ESTUARINE POLYCHAETES FROM SOUTHERN : HISTORICAL AND PHYSIOLOGICAL DRIVERS...... 85 33. . DISTRIBUIÇÃO, DINÂMICA REPRODUTIVA E CONSERVAÇÃO DA ICTIOFAUNA DA RESERVA NATURAL SALTO MORATO, GUARAQUEÇABA, PARANÁ...... 86 34. . ESTRUTURA DE COMUNIDADE DA QUIROPTEROFAUNA (MAMMALIA, CHIROPTERA) DO PARQUE ESTADUAL SÃO CAMILO, OESTE DO ESTADO DO PARANÁ...... 89

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35. . CAPTURA DE MILHARES DE MARCADORES GENÉTICOS PARA A ELUCIDAÇÃO DA ESTRUTURA GENÉTICA EM POPULAÇÕES DE CORAL...... 93 36. . NEUROBIOLOGIA DO ESTRESSE EM MACACOS-PREGO (Sapajus nigritus) CRIADOS EM CATIVEIRO...... 96 37. . AVALIAÇÃO DA GENOTOXICIDADE DO ÓLEO DIESEL NO POLIQUETA Laeonereis culveri (Webster, 1879) E NO BIVALVE Anomalocardia flexuosa (Linnaeus, 1767)...... 99 38. . ATRIBUTOS DE AVES URBANAS NEOTROPICAIS...... 102 39. . DIVERSIDADE GENÉTICA E MORFOLÓGICA DE Diplosoma listerianum (APLOUSOBRANCHIA: DIDEMNIDAE) DA COSTA BRASILEIRA: ABORDANDO UM COMPLEXO DE ESPÉCIES...... 104 40. . ADAPTAÇÕES MORFOLÓGICAS DE Aegla parana SCHMITT, 1942 (CRUSTACEA, DECAPODA, AEGLIDAE) A AMBIENTES ALTERADOS...... 106 41. . SISTEMÁTICA DOS GÊNEROS DIDEMNUM SAVIGNY, 1816 E POLYSYNCRATON NOTT, 1892 (ASCIDIACEA, TUNICATA)...... 108 42. . ECOMORFOLOGIA DAS POPULAÇÕES DE Aegla parana SCHMITT, 1942 (CRUSTACEA, DECAPODA, AEGLIDAE) DA SUB-BACIA DO RIO DA VÁRZEA, ALTO RIO IGUAÇU, PR...... 111 43. . A ICTIOFAUNA DE RIACHOS COM DIFERENTES NÍVEIS DE CONSERVAÇÃO EM UMA BACIA HIDROGRÁFICA DA MATA ATLÂNTICA: DIVERSIDADE TAXONÔMICA E FUNCIONAL...... 112 44. . BIOINVASÃO EM COMUNIDADES INCRUSTANTES DE ESTUÁRIOS SUBTROPICAIS DO BRASIL: BIODIVERSIDADE HISTÓRICO-GEOGRÁFICA E CONECTIVIDADE...... 113 45. . DIVERSIDADE GENÉTICA, DELIMITAÇÃO DE ESPÉCIES E FILOGEOGRAFIA DO COMPLEXO SIDERASTREA DO ATLÂNTICO NO BRASIL...... 114 46. . INVESTIGANDO A EVOLUÇÃO E DIVERSIFICAÇÃO DA BIOTA NAS FORMAÇÕES ABERTAS SUL-AMERICANAS: ANÁLISE DA BIOGEOGRAFIA HISTÓRICA DE ANURA, AVES E RÉPTEIS (SQUAMATA)...... 115 47. . O USO DO ESPAÇO, DO ALIMENTO E DO TEMPO POR MORCEGOS NA FLORESTA OMBRÓFILA MISTA...... 117 48. . ESTUDO DE ANFÍBIOS ANUROS EM DOIS DIFERENTES NÍVEIS (POPULAÇÃO E COMUNIDADE): USO DO RECURSO ESPACIAL, ATENUAÇÃO E DEGRADAÇÃO ACÚSTICA E DIVERSIDADE ACÚSTICA...... 121 49. . BIOLOGIA REPRODUTIVA DOS CARANGUEJOS CHAMA-MARÉ (CRUSTACEA, DECAPODA, OCYPODIDAE) NA BAIA DE GUARATUBA, PARANÁ, BRASIL...... 125 50. . PADRÃO DE DIVERSIDADE TAXONÔMICA E FILOGENÉTICA DE ANUROS NA FLORESTA COM ARAUCÁRIA, BRASIL...... 128 51. . A PESCA ARTESANAL COSTEIRA EM PONTOS NO SUDESTE E SUL DO BRASIL: ECOFISIOLOGIA, ETNOECOLOGIA E CADEIA PRODUTIVA, SOB PANORAMA DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS...... 134

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52. . APLICAÇÃO INTEGRADA DE MORFOMETRIA GEOMÉTRICA E TAXONOMIA NA IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES DO GÊNERO SIDERASTREA (ANTHOZOA, SCLERACTINIA)...... 138 53. . ANÁLISIS PRELIMINAR DE LOS POSIBLES EFECTOS DEL CAMBIO CLIMÁTICO EN LA DISTRIBUCIÓN DE ESPECIES DE AVES ACUÁTICAS DE LA FAMILIA ARDEIDAE, EN CUBA...... 141 54. . DESCRIÇÃO DOS ESTÁGIOS LARVAIS DO CARANGUEJO CHAMA-MARÉ Leptuca leptodactyla (RATHBUN,1898) (CRUSTACEA, DECAPODA, OCYPODIDAE) OBTIDOS EM LABORATÓRIO...... 145 55. . MONITORAMENTO DA COMUNIDADE INCRUSTANTE EM PLACAS DE RECRUTAMENTO, EM CANANÉIA (SP), REGIÃO NORTE DO LAGAMAR (SÍTIO DO PATRIMÔNIO NATURAL DA HUMANIDADE - UNESCO – 1999), COM VISTAS À PROSPECÇÃO DE ESPÉCIES EXÓTICAS...... 149 56. . ANÁLISE PRELIMINAR DA OCORRÊNCIA DE MICROPLÁSTICOS EM ÓRGÃOS DE PEIXES NA REGIÃO DE MATINHOS, LITORAL DO PARANÁ...... 151 57. . DIVERSIDADE DE ENDOPARASITOS EM ANUROS DE ÁREAS REMANESCENTES DE FLORETA OMBRÓFILA MISTA...... 153 58. . IDENTIFICAÇÃO DOS TATUS DO GÊNERO Dasypus (CINGULATA: MAMMALIA) ATRAVÉS DA ANALISE DE MICROESTRUTURA DE PELOS...... 156 59. . ONTOGENIA COMPORTAMENTAL EM UM INDIVÍDUO MACHO DE Papio hamadryas MANTIDO EM CATIVEIRO...... 160 60. . ASPECTOS DA BIOLOGIA DE Ramphocelus bresilius (AVES: THRAUPIDAE) NO LITORAL SUL DO ESTADO DE SÃO PAULO...... 163 61. . A EVOLUÇÃO DA DIETA EM ANUROS DE SERRAPILHEIRA: TESTANDO A HIPÓTESE DE TOFT (1981)...... 166 62. . DIVERSIDADE DE PARASITOS DE MARINA EM LOCAIS NATIVOS E INVADIDOS...... 171 63. . REVISÃO E FILOGENIA DO GÊNERO EUHERDMANIA (ASCIDIACEA: APLOUSOBRANCHIA)...... 174

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1. INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM FELÍDEOS ANTONIO HENRIQUE CEREDA DA SILVA* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: Prof. Dr Nei Moreira

Há tempos a preocupação com a conservação de felídeos se mostra em destaque. Por estarem no topo da cadeia alimentar, são extremamente sensíveis a pequenas alterações provocadas pelo homem na natureza. A biotecnologia da reprodução ou reprodução assistida tem um potencial de impacto significativo na conservação de pequenos felídeos selvagens. Os objetivos da pesquisa incluem a validação da técnica de inseminação artificial por laparoscopia oviductal em felinos domésticos, para posterior execução em felídeos silvestres, especialmente em jaguatiricas e gato-do-mato pequeno, além da monitoração da taxa de fertilização e gestação nessas espécies, e o estabelecimento de parâmetros morfológicos (aspectos relacionados a embriologia e seu desenvolvimento) dos fetos de pequenos felídeos através da ultrassonografia gestacional. O projeto busca melhorar os índices reprodutivos em alguns felídeos selvagens neotropicais (especialmente as espécies-alvo do projeto), como forma de prevenir ou reverter a taxa de animais em extinção, bem como favorecer a reprodução dos mesmos em cativeiros ou zoológicos. O presente estudo será realizado na Clínica escola da União Dinâmica Cataratas (UDC), e no Refúgio Biológico da Itaipu, ambos em Foz do Iguaçu, onde localizam-se os felídeos. Serão utilizadas 10 gatas adultas, nulíparas, e que não fizerem uso de gonadotrofina exógena, e dois gatos machos adultos serão utilizados para coleta de sêmen. Após validação da técnica nos mesmos, o protocolo de inseminação artificial em tempo fixo será realizado em fêmeas de gato-do-mato e jaguatirica, em um total de dez animais, e inclui ainda a coleta de sêmen e posterior inseminação artificial laparoscópica, detecção da gestação e avaliação fecal através de dosagem hormonal. Por fim, a avaliação da história natural de pequenos felídeos será realizada.

Palavras-chave: Reprodução; jaguatirica; gato-do-mato pequeno; laparoscopia

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2. SUCESSÃO DA COMUNIDADE INCRUSTANTE EM UM ESTUÁRIO SUBTROPICAL BRASILEIRO LARISSA AJALA* *E-mail: [email protected] ORIENTADORA: MARIA ANGÉLICA HADDAD LABORATÓRIO DE ESTUDOS DE CNIDARIA E COMUNIDADES INCRUSTANTES CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPQ)

As comunidades de organismos marinhos incrustantes têm recebido muita atenção nas últimas décadas, proporcionando a descoberta de novas espécies e permitindo inferir conceitos sobre a dinâmica das populações e sobre interações intra- e inter-específicas. Após serem submetidas a perturbações, ou quando um novo substrato imerso é disponibilizado, inicia-se o processo de sucessão ecológica, onde mudanças na composição, riqueza e abundância de espécies podem ser observadas. Durante os primeiros dias do desenvolvimento dessas comunidades (fouling em substratos artificiais), observa-se o assentamento de microorganismos que produzem um biofilme, propiciando a colonização de algas e larvas de invertebrados de desenvolvimento rápido, como hidroides e algas filiformes. Estes, por sua vez, preparam o substrato para o próximo estágio de desenvolvimento, onde o macrofouling (ex. espécies de mexilhões) ganha espaço. Fatores bióticos e abióticos, como o assentamento inicial de espécies, fotoperíodo, temperatura e o ciclo de vida dos organismos, têm influência sobre o processo de sucessão. Nas pesquisas sobre comunidades incrustantes, a utilização de substratos artificiais tem sido cada vez mais comum, especialmente em regiões costeiras e portuárias, a exemplo do Complexo Estuarino de Paranaguá (CEP). No CEP, as pesquisas voltadas à taxonomia, biologia e ecologia do fouling e à detecção de espécies invasoras tiveram grande impulso na última década. Este impulso justifica-se pela vulnerabilidade ambiental das regiões portuárias à introdução de espécies não-indígenas. Contudo, para a ilha da Cotinga, há somente um estudo reportando. Assim, este estudo visa averiguar o processo de sucessão das comunidades de fouling da ilha da Cotinga, inferindo sobre as possíveis causas das variações temporais da comunidade. Serão testadas as seguintes hipóteses nulas: a) não há diferença entre as comunidades de fouling dentro e entre os fatores temporais (quinzenas e meses) e; b) a composição, riqueza e abundância do fouling não varia sob a influência das variações de temperatura e salinidade. Para o estudo, oito placas de polietileno foram presas, duas a duas, em quatro estruturas retangulares e estas amarradas em um ancoradouro da ilha e submersas durante o período de março de 2011 a maio de 2012. As placas foram fotografadas quinzenalmente e serão analisadas com o programa Photo Quad para edição e padronização da área. Com o programa, a presença das espécies será auferida em 200 pontos igualmente distribuídos. O número de pontos representará a porcentagem de cobertura das espécies. Será conduzida uma Permanova para averiguar as diferenças dentro e entre os fatores temporais, e uma análise GLM será utilizada para analisar os efeitos dos parâmetros abióticos sobre a comunidade. Após, uma Análise de Correspondência Canônica (CCA) será conduzida para visualizar a distribuição da comunidade em relação aos fatores temporais e aos parâmetros abióticos.

Palavras-chave: Ecologia; Fouling; Substrato artificial. 8

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3. DESCRIÇÃO DO PADRÃO HORMONAL REPRODUTIVO DA FÊMEA DE ANTA- BRASILEIRA (Tapirus terrestris) BRUNA TODESCHINI VIEIRA* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: NEI MOREIRA LABORATÓRIO DE FISIOLOGIA DA UFPR – SETOR PALOTINA CO-ORIENTADOR: DR. JANINE L. BROWN LABORATÓRIO DE ENDOCRINOLOGIA DO INSTITUTO SMITHSONIANO DE CONSERVAÇÃO BIOLÓGICA – FRONT ROYAL, VIRGINA, EUA. COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES)

Antas são mamíferos ungulados da ordem Perissodactyla, pertencendo à família Tapiridae. Estão distribuídos em uma ampla região geográfica, abrangendo quase toda a América do Sul, América Central, e uma parcela do Sul da Ásia. A pressão sobre as áreas naturais é a maior ameaça a conservação das antas, sendo a caça ilegal e a fragmentação de habitats as principais causas. Com a intensificação das ameaças de perda de habitat, caça e doenças infecciosas, logo a espécie poderá ser considerada ameaçada de extinção. Na floresta Atlântica, três regiões mantêm populações com mais de 200 indivíduos, e somente a população mantida nas unidades de conservação do Parque Nacional do Iguaçu (Paraná) e Parque Estadual do Rio Doce () são geneticamente viáveis. A estimativa de declínio da espécie em áreas que existem populações consideradas viáveis é de 50% nos próximos 33 anos. Visto o padrão decrescente para a espécie em vida livre, é importante manter uma população geneticamente viável em cativeiro, tanto para a manutenção da espécie, quanto para futuros projetos de reabilitação e soltura dos animais. Portanto, os estudos na área de fisiologia reprodutiva devem ser desenvolvidos, com intuito de, futuramente, as técnicas de tecnologia reprodutiva (por exemplo: inseminação artificial, fertilização in vitro) serem colocadas em prática. A descrição do padrão hormonal do ciclo estral das fêmeas é um dos estudos que vem a complementar o que há descrito sobre a espécie. A validação dos métodos não invasivos de dosagem hormonal envolve a possibilidade do uso de amostras biológicas que não necessitem de contenção física ou farmacológica, facilitando a coleta e diminuindo o estresse causado para o . Fêmeas de anta-brasileira (Tapirus terrestris) do Refúgio Biológico Bela Vista – ITAIPU Binacional – Foz do Iguaçu, Brasil, e do Zoológico Regional da ITAIPU, Hernandarias, Paraguai, serão selecionadas para coletas de amostras. Os animais serão treinados para colaborar com as coletas assim, não sendo necessário uso de anestesia. Duas fêmeas com ciclos regulares serão submetidas a coletas de sangue (punção venosa) e saliva (swab bucal), no mesmo intervalo de tempo, três vezes por semana, durante três ciclos estrais, com o objetivo de comparação dos níveis hormonais em ambas amostras, para a validação do uso da saliva como amostra biológica. Assim que ocorrer a validação, somente a coleta de saliva será mantida, em cinco fêmeas, cinco vezes por semana, em um período de seis a oito meses. Os hormônios progesterona e estrogênio serão dosados, por meio de enzimoimunoensaio em ambas as amostras. As hipóteses propostas são: O ciclo estral da Anta-brasileira (Tapirus terrestris) tem duração de 30 dias; a quantidade dos hormônios Estrogênio e Progesterona presentes no sangue equivalem a quantidade presente na

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Palavras chave: Endocrinologia, Fisiologia Reprodutiva, Progesterona, Estrogênio, Enzimoimunoensaio.

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4. TOXICIDADE DE INSETICIDAS AO ENDOPARASITOIDE LARVAL OOMYZUS SOKOLOWSKII (KURDJUMOV, 1912) (HYMENOPTERA: EULOPHIDAE) EM LARVAS DE PLUTELLA XYLOSTELLA (LINNAEUS, 1758) (LEPIDOPTERA: PLUTELLIDAE) BRUNA CAMILA GUALDA BERSANI* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: LUÍS AMILTON FOERSTER LABORATÓRIO DE CONTROLE INTEGRADO DE INSETOS COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES)

Oomyzus sokolowskii (Kurdjumov, 1912) (Hymenoptera: Eulophidae) é um endoparasitoide larval, gregário e cenobionte da principal praga de brássicas em todo o mundo, o microlepidóptero Plutella xylostella (Linnaeus, 1758) (Lepidoptera: Plutellidae). O método de controle deste lepidóptero é por meio de produtos químicos, contudo, frequentemente estes produtos não são seletivos e atuam eliminando os inimigos naturais presentes na área, causando a seleção de populações resistentes, poluindo o ambiente e contaminando os alimentos. Assim, o uso de produtos químicos no controle de pragas interfere na preservação da biodiversidade. O objetivo deste projeto será avaliar a seletividade de produtos químicos e biológico sobre o endoparasitoide O. sokolowskii e o efeito sobre lagartas de P. xylostella. As criações e bioensaios serão mantidos em estufa com temperatura controlada de 25±2 °C, umidade relativa de 70±10% e fotofase de 12 horas. Os bioensaios serão compostos por 5 tratamentos: controle negativo (água), controle positivo (acefato), novaluron, imidacloprido e Bacillus thuringiensis com 10 repetições e 5 insetos por repetição. Lagartas de P. xylostella coletadas em campo serão criadas em folhas de couve-manteiga, metade desta criação será destinada ao parasitismo e a outra metade para a manutenção da criação. Pupas parasitadas de P. xylostella serão mantidas em tubos de vidro até a emergência dos adultos de O. sokolowskii que serão alimentados com filetes de mel e em seguida lagartas serão ofertadas para parasitismo. Para a avaliação do efeito de produtos químicos sobre lagartas de P. xylostella por ingestão, discos de couve serão imersos nos tratamentos e ofertadas para alimentação, em bioensaio de contato, as lagartas serão pulverizadas com os tratamentos, em ambos os bioensaios será avaliada a mortalidade. As pupas resultantes desses bioensaios serão observadas quanto à emergência dos adultos e sua capacidade reprodutiva ofertando-se lagartas de terceiro instar. Na avaliação da toxicidade dos produtos químicos sobre pupas de P. xylostella, oriundas de lagartas parasitadas, as mesmas serão imersas por 10 segundos nos tratamentos e avaliadas quanto à emergência e a capacidade de parasitismo dos parasitoides. Para a avaliação da seletividade dos produtos químicos sobre adultos de O. sokolowskii, plantas de couve serão pulverizadas e discos de 8 cm serão recortados e colocados em placas de Petri, onde serão liberados adultos do parasitoide. Objetivando avaliar o poder residual dos produtos químicos, folhas pulverizadas a 3, 6, 9, 18 e 27 dias serão ofertadas aos parasitoides. Nestes bioensaios as avaliações serão realizadas após 2, 4, 6 e 24 horas, com registro da mortalidade, longevidade e a capacidade reprodutiva dos sobreviventes, seguindo a metodologia descrita anteriormente. A partir dos bioensaios que serão realizados, espera-se que os produtos testados apresentem diferentes graus de toxicidade ao endoparasitoide O. sokolowskii, permitindo indicar produtos químicos que sejam seletivos ao endoparasitoides, facilitando o estabelecimento de populações deste

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 inimigo natural em campo, como agente de controle de P. xylostella, e consequentemente reduzindo o uso de produtos químicos que afetem a biodiversidade local.

Palavras-chave: Controle biológico, seletividade, biodiversidade.

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5. VOCALIZAÇÃO E DIETA DE Brachycephalus (Anura: Brachycephalidae) ANDRÉ EDUARDO CONFETTI* *E-mail: [email protected] HYPERLINK "mailto:[email protected]" ORIENTADOR: MARCIO ROBERTO PIE LABORATÓRIO DE DINÂMICA EVOLUTIVA E SISTEMAS COMPLEXOS CO-ORIENTADOR: MARCOS ROBERTO BORNSCHEIN COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES)

A região neotropical abrange uma vasta área que vai desde o sul do México até o sul da América do Sul, onde abriga a maior parte da anurofauna mundial descrita, contudo algumas espécies ainda não estão totalmente estudadas e descritas. Há dois pontos que merecem destaque quando se estuda a história natural de anuros em geral, a dieta e aos padrões de vocalização. A dieta é um parâmetro que está intimamente ligada aos padrões evolutivos de qualquer espécie animal, pois ela está relacionada com as interações entre os organismos, seja por predação, herbivoria ou parasitismo. Já a vocalização tem um papel importante como mecanismo de comunicação, principalmente para os anuros, seja ela utilizada na atração de fêmeas (cantos reprodutivos) ou na defesa de território (Cantos agressivos). O gênero Brachycephalus é composto por anuros do grupo Terrana que estão distribuídos pela serra do mar brasileira desde o norte de Santa Catarina até o sul da Bahia. Pelo fato de estarem distribuídos em morros isolados na serra do mar, esses animais apresentam um padrão de microendemismo que reflete as características topográficas de seu habitat. Pouco se sabe da história natural desses organismos. Quanto a dieta do grupo, há poucas espécies que se conhece a dieta (B. brunneus, B. garbeanus e B. pitanga), e que há uma preferência alimentar por ácaros e formigas. Já no campo da bioacústica, se faz necessário melhores estudos para a compreensão da macroestrutura de cantos do grupo B. pernix, para que sejam mais precisas as comparações de canto. Como objetivo, trabalho visa ampliar o conhecimento da história natural do gênero, com um enfoque maior na vocalização e na evolução da estrutura dos cantos dento do grupo B. pernix. O trabalho será realizado em duas fases, uma de coleta de dados em campo e outra em laboratório, onde será feito a triagem do conteúdo estomacal para análises de dieta, e da análise bioacústica das gravações realizadas em campo.

Palavras-chave: Bioacústica, Forrageio, Estrutura de canto

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6. FISIOLOGIA REPRODUTIVA E COMPORTAMENTO SOCIAL EM MACHOS DE QUEIXADA (Tayassu pecari) LAÍS ALINE GROSSEL* *E-mail: [email protected] HYPERLINK "mailto:[email protected]" ORIENTADOR: NEI MOREIRA LABORATÓRIO DE FISIOLOGIA ANIMAL – SETOR PALOTINA CO-ORIENTADOR: EMYGDIO LEITE DE ARAUJO MONTEIRO-FILHO LABORATÓRIO DE BIOLOGIA E ECOLOGIA DE VERTEBRADOS CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

O queixada, Tayassu pecari é encontrado na Região Neotropical e apresentava distribuição em todo o território brasileiro. Contudo, as populações de queixadas vêm sofrendo com a extensa perda de vegetação em diversos biomas e estão apresentando reduções drásticas, visto que são extremamente sensíveis a estas perturbações. No país a espécie está classificada como “Vulnerável” e sofre também com a caça e doenças. Pesquisas com o manejo, conservação e aspectos biológicos dos queixadas têm sido realizadas nos últimos anos e a manutenção de populações em cativeiro possibilita a realização destes estudos. Os parâmetros físicos e morfológicos do sêmen podem fornecer informações sobre as condições ambientais nas quais os indivíduos se encontram, pois anomalias morfológicas nas células espermáticas podem estar relacionadas com condições de estresse ambiental e acabam por influenciar negativamente a reprodução das espécies. Sendo o sêmen um material biológico de fácil acesso, existe grande interesse na conservação deste material em Bancos de Reserva Genômica e posterior utilização em técnicas de reprodução assistida. Desta forma é imprescindível a compreensão dos fatores que afetam a criopreservação deste material, além do conhecimento primário da biologia do sêmen das diferentes espécies, a fim de otimizar protocolos de criopreservação e conservação nos bancos genéticos. Mecanismos endócrinos são fundamentais no controle de diversos processos fisiológicos dos organismos e a atividade endócrina pode ser detectada no sangue e em outros fluidos secretados pelos animais, podendo ser inferida através do método de enzimoimunoensaio (EIA). Além disso, observações do comportamento dos animais são importantes e recomendadas para melhor interpretação dos resultados hormonais obtidos nas análises. As amostras serão coletadas dos nove indivíduos machos de T. pecari no recinto para visitação, do Zoológico Municipal de Curitiba, dentro de um período de um ano, a cada três meses. Será realizada contenção química com o uso de zarabatana para o lançamento dos dardos anestésicos, os animais serão retirados do recinto, anestesiados pelos profissionais responsáveis e será efetuado o exame andrológico, incluindo a coleta de sêmen, por eletroejaculação e sangue, por punção venosa. Os indivíduos serão monitorados após as coletas e recuperação do efeito da anestesia, para reintrodução no grupo. Durante aproximadamente 15 dias antes e depois das coletas, será realizado acompanhamento comportamental dos animais, com observações individuais e em grupo. As análises laboratoriais serão realizadas no Laboratório de Dosagens Hormonais da UFPR, Setor Palotina. Serão observados os padrões do sêmen quanto ao volume total do ejaculado, ocorrência de diferentes frações, vigor, concentração, motilidade, viabilidade e morfologia espermática, bem como realizadas dosagens hormonais séricas através de 14

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 enzimoimunoensaio. Os dados comportamentais serão analisados juntamente com os resultados das análises laboratoriais e concomitantemente às coletas e análises, serão testados protocolos de criopreservação de sêmen para a espécie, tomando como base protocolos já existentes para a criopreservação de sêmen de catetos (Pecari tajacu) e suíno doméstico (Sus scrofa domesticus).

Palavras-chave: Queixadas; Sêmen; Criopreservação; Testosterona; Etologia.

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7. LEVANTAMENTO DAS RAÇAS DE Spodoptera frugiperda (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) EM DIFERENTES CULTURAS FRANCIELLY SILVEIRA RICHARDT* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: DR. LUÍS AMILTON FOERSTER LABORATÓRIO DE CONTROLE INTEGRADO DE INSETOS – UFPR, CENTRO POLITÉCNICO, CURITIBA - PR CO-ORIENTADORA: DRª. ADRIANA MICHELI LABORATÓRIO DE ENTOMOLOGIA E FITOPATOLOGIA - FUNDAÇÃO ABC, RODOVIA PR 151 - KM 288, CASTRO – PR COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES)

Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae), conhecida em sua fase larval como lagarta-do-cartucho ou lagarta-militar, é a principal praga do milho no Brasil e, nos últimos anos, está se expandindo para várias outras culturas, tais como: sorgo, soja, algodão, arroz, trigo, aveia, cana-de-açúcar, milheto, cevada, gramíneas entre outros. Esta espécie tem sido geneticamente diferenciada em duas raças ou estirpes associadas às principais plantas hospedeiras, milho e arroz. Além de diferenças genéticas, são relatados: isolamento pré e pós-zigótico, devido à presença de período temporal de acasalamento diferentes, e adicionalmente, a rejeição de parceiro de plantas hospedeiras distintas; isolamento químico, com diferença nos componentes de feromônio e diferenças na tolerância aos inseticidas. Sendo assim, o objetivo desse trabalho é avaliar geneticamente a existência dessas estirpes de S. frugiperda encontradas nas culturas de milho, soja, cevada, trigo e aveia em diferentes regiões do estado do Paraná, realizar a caracterização das populações de S. frugiperda da região através da quantificação da variabilidade genética dentro e entre as populações estudadas e por fim realizar uma análise do Complexo Spodoptera encontrado na região. As lagartas serão coletadas em plantações da região onde há incidência dessa praga, e serão mantidas em laboratório até chegarem à fase adulta. O DNA genômico dos adultos será extraído através do protocolo CTAB (Cetyl Trimethylammonium Bromide) com modificações. A delimitação de espécie será realizada através de uma sequência de DNA repetida, chamada FR (For Rice), que é encontrada exclusivamente no genoma dos indivíduos da “raça arroz” e PCR-RFLP da região COI (Cytochrome oxidase I) com as enzimas de restrição MspI e SacI. A análise populacional de S. frugiperda e do complexo Spodoptera será feito por sequenciamento das regiões COI e 28S. Esses resultados tendem a somar aos estudos do controle biológico, fornecendo maiores informações para uma melhor eficiência no controle dessa praga na região.

Palavras chave: Estirpes, lagarta-do-cartucho, PCR-RFLP, filogenia e Fall Armyworm.

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8. BIOLOGIA COMPARATIVA DAS POPULAÇÕES DO CAMARÃO-BRANCO Litopenaeus schmitti (BURKENROAD, 1936) (CRUSTACEA: DENDROBRANCHIATA: PENAEIDAE) DA COSTA ATLÂNTICA DAS AMÉRICAS COM VISTAS AO CULTIVO RAFAEL FERNÁNDEZ DE ALAIZA GARCÍA-MADRIGAL * *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: PROF. DR. EDUARDO LUIS CUPERTINO BALLESTER LABORATÓRIO DE CARCINICULTURA, UFPR - SETOR PALOTINA CO-ORIENTADOR: PROF. DR. UBIRATAN ASSIS SILVA CENTRO DE AQUICULTURA MARINHA E REPOVOAMENTO – CAMAR/GIA CENTRO DE ESTUDOS DO MAR – CEM CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

O camarão-branco do Caribe e do Atlântico Sul Litopenaeus schmitti (Syn. Penaeus schmitti)1, está distribuido das Antilhas Maiores, de Cuba até as Ilhas Vírgens, e na costa atlântica do Centro e Sul da América, de Belize até o Uruguai2. Esta espécie é um importante objeto de pesca, atingindo um volume de mais de 4.400 toneladas em 2012. Nas décadas de 1990-2000, em vários países das regiões mencionadas, o cultivo de L. schmitti desenvolvia-se com sucesso, chegando-se à produção de 2.300 t no ano 20003; 4. Entretanto, devido as características comerciais da atividade de carcinicultura, preponderam as espécies de melhor crescimento, por isso, desde 1990, na maioria dos países da costa atlântica da América Central e do Sul, o cultivo comercial de L. schmitti e outras espécies nativas foi abandonado e substituído pelo cultivo do camarão branco do Pacífico, Litopenaeus vannamei5; 6; 7. O objetivo deste estudo é avaliar o potencial zootécnico de L. schmitti, como base para seu cultivo pelos habitantes da costa atlântica das Américas, utilizando como ferramenta o estudo de características biológicas da espécie. Para tanto, pretende-se: 1. Conhecer a tendência atual do uso de diferentes espécies de camarões peneídeos na carcinicultura mundial; 2. Diferenciar aspectos da biologia reprodutiva, usando medidas morfológicas e outros indicadores biológicos; 3. Comparar o desempenho zootécnico de juvenis do camarão-branco L. schmitti e do camarão cinza L. vannamei em condições controladas de laboratório.

MATERIAL E MÉTODOS

Para alcançar os objetivos mencionados, a tese foi dividida em 3 capítulos. No primeiro capítulo, realizou-se uma revisão das publicações sobre carcinicultura nos diferentes países e sistemas de produção, onde foi comparado o desempenho zootécnico de espécies nativas e não nativas. Posteriormente foram utilizadas ferramentas de Meta- análises, para estabelecer as diferenças em desempenho entre ambos grupos. O efeito estudado, foi o diferencial exercido pelo uso de espécies de camarões peneídeos nativas e não nativas, sobre os indicadores quantitativos de eficiência do cultivo (variáveis resposta). As buscas foram realizadas em várias bases de dados, até abril/2017, nos

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 tópicos: Aquaculture, Fisheries & Science. Os dados foram processados usando o software MetaWin8; 9. No Capítulo 2, algumas variáveis biológicas foram selecionadas, para comparar populações do camarão-branco geograficamente isoladas. Para a seleção das áreas de amostragem, foram consultados estudos já realizados sobre as zonas de maior abundância desta espécie10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17. Em cada locação foram coletados, no mínimo, 32 exemplares. As medidas morfológicas determinadas são as estabelecidas para camarões peneídeos por vários autores18; 19; 20; 21. Os indivíduos foram medidos, pesados e foi registrado o número de dentes rostrais superiores21; 22. Durante os anos 2014-2016, um total de 220 exemplares foram coletados e processados em: Manzanillo (Cuba), Touros, Aracaju, Vitória, Cabo Frio, Pontal do Paraná e Laguna. Para o processamento de dados, o coeficiente de variação médio (CV) e a frequência de ocorrência segundo o número de dentes rostrais foram calculados. Além disso, análises de Correlação, PCA, CLUSTER, MANOVA e CVA foram realizados 23. Para o experimento do Capítulo 3, foi criado um estoque de juvenis de L. schmitti e L. vannamei, de tamanho e peso similares. Para isso, pós-larvas de L. vannamei produzidas em Laboratório, foram obtidos em nov./2016, e camarões juvenis de L. schmitti foram coletadas na baía de Guaratuba (PR) em jan./2017. Os exemplares foram transladados ao Laboratório CAMAR, na Praia de Leste, Pontal do Paraná, e mantidos com renovação diária de água e alimentação com ração. A comparação do crescimento foi realizada em tanques de 50 L, sob condições controladas (temperatura média de 26,1oC), durante um período de 60 dias. Duas densidades foram estabelecidas: 6 e 10 exemplares/tanque (30 e 50 camarões/m2), respectivamente, para ambas as espécies isoladas. Além disso, exemplares do L. schmitti e L. vannamei foram confinados juntos (densidade 30 camarões/m2), em outros 2 tratamentos, com e sem alimento. No total, iniciou-se o experimento com 110 exemplares de cada espécie (6 tratamentos, 5 réplicas cada um), os quais não foram substituídos em nenhum caso. O peso e comprimento médio inicial dos camarões da espécie L. schmitti foi de 1,66–2,04 g, e 60-65 mm, e do L. vannamei de 1,59-1,91 g, e 59-64 mm, respectivamente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Capítulo 1. A revisão retornou 4.680 resultados, correspondentes aos artigos que incluíam um dos critérios anteriormente estabelecidos. Sete publicações (22 estudos), preencheram os requisitos para a meta-análise. O tamanho do efeito calculado foi positivo, sendo que, o uso de espécies não nativas resultou geralmente em maiores valores de taxa de crescimento em relação às espécies nativas. Concluímos que, embora as vantagens de usar espécies não nativas, especialmente L. vannamei, sobre espécies nativas são claras, existem evidências convincentes suficientes para apoiar a viabilidade do cultivo de espécies nativas. Também, argumenta-se por que as empresas, governos e associações deveriam financiar e apoiar o desenvolvimento do cultivo de espécies nativas. Capítulo 2. Houve diferenças significativas entre todas as populações estudadas (p< 0,001), segundo as variáveis consideradas. As variáveis de maior influência segundo o PCA foram: Comprimento do Abdômen, Peso Total, Comprimento Total e Peso da Cauda com Carapaça. Nas populações de Cuba e Rio Grande do Norte, encontraram-se animais mais robustos segundo a relação comprimento total - peso, o que poderia indicar uma maior potencialidade para atingir tamanhos maiores, para fins de cultivo. Também, se reporta a presença de manchas brancas nas fêmeas (que parecem mimetizar a posição e aspecto do espermatóforo dos machos), coletadas em várias localidades do Brasil, que não apareceram nas populações de Cuba e poderiam representar algum tipo 18

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 de diferenciação nos caracteres externos entre populações. No Capítulo 3, o crescimento dos camarões das espécies L. vannamei e L. schmitti, tanto para os tratamentos com as densidades de 50 como para os de 30 exemplares/m2, foi de 1,0 e 0,1 g/semana, respectivamente. Na densidade maior (50), o peso final do L. vannamei (10,4g), foi 3,7 vezes maior que o de L. schmitti (2,8g), enquanto que na densidade 30, esta diferença foi de 3,4 vezes. O baixo crescimento do L. schmitti nas condições descritas, corroboram o efeito negativo da alta densidade e a falta de alimento natural no cultivo desta espécie24; 25; 26; 27; 28. L. vannamei mostrou um maior interesse pelo alimento e voracidade29, que L. schmitti, mas em condições de jejum estrito, ambas as espécies praticaram depredação/canibalismo entre si de forma indistinta e oportunista. A forma e tamanho do hepatopâncreas, e a espessura do intestino, permitiram diferenciar os animais de ambas as espécies, em cultivo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

O artigo: "Use of native and non-native shrimp (Penaeidae, Dendrobranchiata) in world shrimp farming" (Capítulo 1), foi aceito pelo jornal Reviews in Aquaculture (16-05- 2017). Os resultados da comparação entre as populações do L. schmitti e os conhecimentos adquiridos sobre sua biologia, poderiam ser aplicados para a conservação das populações naturais desta espécie nativa e para o desenvolvimento de seu cultivo. Além disso, as observações sobre as diferenças e a interação entre as duas espécies do gênero Litopenaeus sp. também poderiam ser úteis, considerando o possível impacto de L. vannamei, cuja presença como espécie exótica já foi reportada em áreas marinhas de Brasil30; 31; 32; 33, Estados Unidos34, México35 e Tailândia36. Palavras-chave: Meta-análise; Espécies nativas; Estudos populacionais; Carcinocultura; Litopenaeus vannamei.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 PÉREZ FARFANTE, I. K., B. Penaeoid and Sergestoid shrimps and prawns of the world. Keys and diagnoses for the families and genera. Memories du Museum National D’Historie Naturelle, p. 233, 1997.

2 ZOLESSI, L. C.; PHILIPPI, M. E. Lista sistemática de decapoda del Uruguay (Arthropoda:Crustacea). Com. Zool. Mus. Hist. Nat, Montevideo, Uruguay, v. 12, n. 183, p. 1-23, 1995. ISSN 0027-0113. Disponível em: < http://www.mnhn.gub.uy/innovaportal/file/12406/1/cz183.pdf >.

3 FAO. Species Fact Sheets. Penaeus schmitti (Burkenroad, 1936). Food and Agriculture Organization of the United Nations, Fisheries andAquaculture Department, 2016.

4 FERNÁNDEZ DE ALAIZA, R. et al. Cultivo de Camarón en Estanques de Agua Salobre. Una Guía de la Tecnología Básica Aplicada en Guyana. Editora Instituto de Oceanología, Cuba, p. 60 pp. , 2012. ISSN 978-959-298-029-7

5 ESCOBAR, G. Overview of penaeid culture in the Americas. Proceedings of the First International Conference on the Culture of Penaeid Prawns/Shrimps. Iloilo City, Philippines: Aquaculture Department, Southeast Asian Fisheries Development Center., p. 23-26, 4-7 December 1984, Iloilo City, Philippines 1985. Disponível em: < http://hdl.handle.net/10862/873 >.

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6 ROSENBERRY, R. The Status of Shrimp Farming in the Western Hemisphere in 1990. Technical and Economic Aspects of Shrimp Farming. . Proceedings of the Aquatech ’90 Conference, Kuala Lumpur, Malaysia. Editors: Michael B. New, Henri de Saram and Tarlochan Singh., June 11-14, 1990 1990. Disponível em: < http://www.shrimpnews.com/FreeReportsFolder/HistoryFolder/HistoryWesternHemispher/ WHHistory1990.html >.

7 FONSECA, F.; FERNÁNDEZ DE ALAIZA, R. Cuban Shrimp Enterprise. Shrimp News International, World Shrimp Farming 2003, R. Rosenberry., 2003. Disponível em: < http://www.shrimpnews.com. >.

8 U.C.D.H.S.C. How to Perform a Meta-Analysis using MetaWin. UCDHSC Center for Nursing Research. Microsoft Word - MetaWinHowTo.doc p. 1 - 15, 2006. Disponível em: < http://www.ucdenver.edu/academics/colleges/nursing/Documents/PDF/MetaWinHowTo.pd f >.

9 BORENSTEIN, M. et al. Introduction to Meta-Analysis. John Wiley & Sons, Ltd., Chichester, West Sussex, U. K., p. 413 pp., 2009. ISSN Print ISBN: 9780470057247, Online ISBN: 9780470743386.

10 NEIVA, G. S.; DOS SANTOS, E. P.; JANKAUSKIS, V. Análise preliminar da população de Camarão legítimo Penaeus schmitti, Burkenroad, 1936, na Baía de Santos-Brasil. . Bol. do Inst. de Pesca. S. Paulo. , v. Vol. 1, n. No. 2 p. p.7-14, fev. 1971. 1971.

11 SILVA, J. D. L. E.; NAKAMURA, I. T. Espécies de Penaeus Fabricius, 1798 (Crustacea, Penaeidae) do litoral do Estado do Paraná, Brasil. Acta Biológica Paranaense, v. 10, 1981. ISSN 2236-1472. Disponível em: < http://revistas.ufpr.br/acta/article/view/939 >.

12 SOSA, B. M. Las pesquerías de arrastre de camarón en Cuba. FAO-UNEP-REBYC Reduction of Environmental Impact from Tropical Shrimp Trawling, through the introduction of By-catch Reduction Technologies and Change of Management (EP/GLO/201/GEF), n. Cuba. Centro de Investigaciones Pesqueras, p. 1-43, 1999. Disponível em: < ftp://ftp.fao.org/fi/document/rebyc/cuba/Laspesquerias.pdf >.

13 ANDRADE, G.; SALAS, S.; SEIJO, J. C. Interacciones entre las flotas artesanal e industrial del camarón blanco en el occidente de Venezuela. En S. Salas, M.A. Cabrera, J. Ramos, D. Flores y J. Sánchez. (eds). Memorias Primera Conferencia de Pesquerías Costeras en América Latina y el Caribe. Evaluando, Manejando y Balanceando Acciones. Mérida, Yucatán, 4-8 Octubre, 2004. , p. 122-131, 2004. Disponível em: < http://www.mda.cinvestav.mx/eventos/Coastfish2007/Contribuciones/CFE15_G_Andrade_ et_al_(Venezuela).pdf >.

14 SANTOS, J. L. D.; SEVERINO-RODRIGUES, E.; VAZ-DOS-SANTOS, A. M. Estrutura populacional do camarão-branco Litopenaeus schmitti nas regiões estuarina e marinha da baixada santista, São Paulo, Brasil. B. Inst. Pesca, São Paulo, v. 34, n. 3, p. 375 - 389, 2008. Disponível em: < file:///C:/Users/Rafael/Downloads/2008%20Santos%20et%20al.%20BIP-34- 3%20Litopenaeus.pdf >.

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15 CAPPARELLI, M. V. et al. Ecological distribution of the shrimp Litopenaeus schmitti (Burkenroad, 1936) (Decapoda, Penaeoidea) in Ubatuba Bay, São Paulo, Brazil. Reproduction & Development, v. 56, n. 3, p. 173-179, 2012/09/01 2012. ISSN 0792-4259. Disponível em: < http://dx.doi.org/10.1080/07924259.2011.587272 >.

16 PANTALEÃO, J. A. F. Comparação da estrutura da assembleia de camarões marinhos (Penaeoidea e Caridea) em duas localidades do sudeste brasileiro. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Instituto de Biociências de Botucatu, SP, Brasil, p. 87, 2013. Disponível em: < http://hdl.handle.net/11449/108561 >.

17 BOCHINI, G. L. et al. Temporal and spatial distribution of the commercial shrimp Litopenaeus schmitti (Dendrobranchiata: Penaeidae) in the south-eastern Brazilian coast. Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom, Cambridge, UK, v. 94, n. 5, p. 1001-1008, 2014/008/001 2014. Disponível em: < https://www.cambridge.org/core/article/div-class-title-temporal-and-spatial-distribution-of- the-commercial-shrimp-span-class-italic-litopenaeus-schmitti-span-dendrobranchiata- penaeidae-in-the-south-eastern-brazilian-coast- div/5B8DEFC9F32744EC6FAE980BF8AEDA72 >.

18 ARENA, L. et al. Estudio morfométrico de 3 especies de camarón blanco Penaeus setiferus, P. vannamei y P. schmitti: Comparaciones Norte-Sur. Resúmenes del II Taller: “La Bioquímica en la Biotecnología Marina”, Facultad de Biología y Centro de Investigaciones Marinas de la Universidad de la Habana. Acuario Nacional de Cuba, p. G5, p20, 10-13 de dic. 1997, 1997.

19 LESTER, L. J. Developing a selective breeding program for penaeid shrimp mariculture. Aquaculture, v. 33, n. 1, p. 41-50, 1983/06/01 1983. ISSN 0044-8486. Disponível em: < http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/004484868390385X >.

20 ESPINOSA, G.; BEROVIDES, V.; DÍAZ-FERNÁNDEZ, R. Genética-Bioquímica y morfometría del camarón blanco P. schmitti de Cuba. Resultados preliminares. Rev. Invest. Mar. , v. 10, n. 2, p. 157-162, 1989.

21 ESPINOSA, L. G. et al. Variación genética y morfológica en poblaciones naturales y cautivas del camarón blanco Litopenaeus schmitti en Cuba. I Congreso Iberoamericano Virtual de Acuicultura CIVA 2002, p. 778-784, 2002. Disponível em: < http://www.civa2002.org >.

22 HOLDEN, M. J.; RAITT, D. F. S. Manual de Ciencia Pesquera Parte 2 - Métodos para Investigar los Recursos y su Aplicación. FAO, Roma. Departamento de Pesca, 1975. Disponível em: < http://www.fao.org/docrep/003/F0752S/F0752S00.htm#toc >.

23 JAMES, F. C.; MCCULLOCH, C. E. Multivariate Analysis in Ecology and Systematics: Panacea or Pandora's Box? . Annual Review of Ecology and Systematics, v. 21, n. 1, p. 129-166,, 1990.

24 FERNANDEZ DE ALAIZA, R.; JAIME-CEBALLOS, B.; SOSA-RODRÍGUEZ, R. Engorde intensivo del camarón P. schmitti en Santa Cruz del Sur, Cuba. Revista de Investigaciones Marinas, Cuba, v. 15, p. 157-163, 1994.

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25 OSTRENSKY, A.; BORGES, R. B.; FOES, G. K. Comparações técnicas entre Penaeus vannamei, P. schmitti e P. paulensis em cultivos comerciais realizados na região Sul do Brasil. In: AQUICULTURA BRASIL'98: DESENVOLVIMENTO COM SUSTENTABILIDADE, 1., Recife, 2-6/nov./1998. Anais…Recife: Associação Brasileira de Aquicultura, p. 83, 1998.

26 FRAGA, I. et al. Evaluación de niveles de proteína y densidades de siembra en el crecimiento del camarón blanco Litopenaeus schmitti. Rev. Invest. Mar. , v. 23, n. 2, p. 141-147, 2002.

27 ARTILES, M. A. R. Cultivo intensivo de camarón blanco (Litopenaeus schmittí) bajo diferentes densidades de siembra. BoL Centro lnvest. Biol., Universidad del Zulia, Maracaibo, Venezuela, v. 36, n. 1, p. 1-11, 2002.

28 MARQUEZ, J. E. Q. et al. Efeito da densidade de estocagem nos parâmetros zootécnicos da criação de camarões Litopenaeus schmitti. B. Inst. Pesca, São Paulo, v. 35, n. 1, p. 39 - 45, 2012.

29 CHAVANICH, S. et al. Laboratory assessment of feeding-behavior interactions between the introduced Pacific white shrimp Litopenaeus vannamei (Boone, 1931) (Penaeidae) and five native shrimps plus a crab species in Thailand. Aquatic Invasions v. 11, 2016.

30 SANTOS, M. D. C. F.; COELHO, P. A. Espécies exóticas de camarões peneídeos (Penaeus monodon Fabricius, 1798 e Litopenaeus vannamei Boone, 1931) nos ambientes estuarino e marinho do nordeste do Brasil. Bol Técn Cient CEPNOR, v. 10, n. 1, p. 209- 222, 2002.

31 BARBIERI, E.; MELO, G. A. S. Biodiversidade: ocorrência da espécie exótica Litopenaeus vannamei (Boone, 1931) no complexo estuarino-lagunar de Cananéia- Iguape-Ilha Comprida. O Mundo da Saúde, v. 30, n. 4, p. 654-9, 2006.

32 LOEBMANN, D.; MAI, A. C. G.; LEE, J. T. The invasion of five alien species in the Delta do Parnaíba Environmental Protection Area, Northeastern Brazil. Rev. Biol. Trop. , v. 58, n. 3, p. 909-923, 2010. ISSN 0034-7744. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20737846 >.

33 BARBIERI, E.; COA, F.; REZENDE, K. F. O. The exotic species Litopenaeus vannamei (Boone, 1931) occurrence in Cananeia, Iguape and ilha Comprida Lagoon Estuary Complex. Bol. Inst. Pesca, São Paulo, v. 42, n. 2, p. 479-485, 2016. Disponível em: < ftp://ftp.sp.gov.br/ftppesca/42_2_17BIPNotap479-485.pdf >.

34 BALBOA, W. A.; KING, T. L.; HAMMERSCHMIDT, P. C. Occurrence of Pacific white shrimp in Lower Laguna Madre, Texas. Proceedings of the Annual Conference Southeast Association Fish and Wildlife Agencies, v. 45, n. 288–292, 1991. Disponível em: < www.seafwa.org/resource/dynamic/private/PDF/BALBOA-288-292.pdf >.

35 WAKIDA-KUSUNOKI, A. T. et al. Aquatic Invasions Records Presence of Pacific white shrimp Litopenaeus vannamei (Boone, 1931) in the Southern Gulf of Mexico. Aquatic Invasions (2011) Volume 6, Supplem v. 6, n. 1, p. S139–S142, 2011. 22

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36 SENANAN, W. et al. The presence of the Pacific whiteleg shrimp (Litopenaeus vannamei, Boone, 1931) in the wild in Thailand. Journal of Shellfish Research v. 26, p. 1187-1192 2007. ISSN 0730-8000.

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9. AS DIVERSIDADES Β ESPECÍFICA, FUNCIONAL E TAXONÔMICA RESPONDEM À SAZONALIDADE, TEMPERATURA E SALINIDADE ESTUARINA E NERÍTICA? UM ESTUDO DE CASO DA ICTIOFAUNA SUBTROPICAL BRASILEIRA OLÍMPIO RAFAEL CARDOSO* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: HENRY LOUIS SPACH LABORATÓRIO DE ICTIOLOGIA MARINHA – CEM/UFPR CO-ORIENTADOR: RÍGUEL FELTRIN CONTENTE COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES)

A diversidade β descreve a diferença espacial e temporal da composição e abundância de espécies entre comunidades e foi concebida para inferir os processos ecológicos que levam às tais diferenças. Para incrementar o potencial de inferência, é necessária a decomposição da diversidade β em dois padrões distintos (substituição e aninhamento) e a investigação dessas métricas sob perspectiva multidimensional, i.e., integrando identidade específica, atributos funcionais e relações filogenéticas. Com tal abordagem, o primeiro objetivo da presente proposta de doutorado será investigar a diversidade β em função da sazonalidade de ambiente estuarino e nerítico (determinados pela salinidade e temperatura), utilizando, como modelos, sistemas costeiros subtropicais do Brasil, entre Babitonga (SC) e São Sebastião (SP), e suas ictiofaunas. Para isso, será utilizado um extenso conjunto de dados obtidos ao longo dos últimos 20 anos, em dois ecossistemas neríticos (Canal de São Sebastião e Plataforma do Paraná) e três estuarinos (Complexo Estuarino de Paranaguá, Complexo Estuarino de Cananéia e Baía da Babitonga), totalizando 3942 amostras de ictiofauna, salinidade e temperatura. Rigorosos procedimentos prévios de padronizações e comparações de variáveis respostas (presença/ausência e abundância) serão conduzidos para lidar com a heterogeneidade amostral. Com base em tal banco de dados, o segundo objetivo da proposta será a elaboração de modelos preditivos da diversidade β específica (i.e. composição e abundância de espécies) da ictiofauna do Complexo Estuarino de Paranaguá em função da temperatura e salinidade, para prever a resposta das assembleias de peixes frente ao eventual processo de "salinização" e elevação termal ao qual o estuário estará sujeito frente às mudanças climáticas. Tal resposta também será investigada às espécies ecologicamente importantes do estuário (i.e., as mais abundantes) e de interesse pesqueiro local (i.e. o Robalo-flecha, Centropomus parallelus, o Parati, Mugil curema, e Pescada branca, Cynoscion leiarchus), modelando suas abundâncias em função da salinidade e temperatura. Ao incorporar abordagens ecológicas modernas para responder questões relevantes no âmbito da Zoologia e da Oceanografia Biológica, espera-se resultados robustos e informativos que poderão subsidiar eficientes ações de conservação e gestão da biodiversidade marinhas frente às consequências ecológicas das perturbações humanas.

Palavras-chaves: Mudanças climáticas; biodiversidade marinha; assembleias de peixes; recursos pesqueiros.

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10. COMUNIDADE DE AVES EM DOIS AMBIENTES INSULARES NO LITORAL SUL DO ESTADO DE SÃO PAULO HENRIQUE CHUPIL* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: EMYGDIO LEITE DE ARAUJO MONTEIRO-FILHO LABORATÓRIO DE BIOLOGIA E ECOLOGIA DE VERTEBRADOS

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A Floresta Atlântica abriga uma rica comunidade de aves, contemplando 1020 espécies, o que corresponde a quase 54% da avifauna do Brasil, contribuindo diretamente na grande diversidade biológica que caracteriza o bioma5. Das espécies de aves brasileiras ameaçadas, 61% ocorrem na Floresta Atlântica, além de o bioma também abrigar 188 endemismos6. Diante disso, abundância e diversidade de espécies de aves podem servir de importantes ferramentas ao se avaliar o nível de perturbação de um ambiente, podendo influenciar na tomada de decisões para a conservação de um determinado ecossistema1. Aves comumente são utilizadas como indicadores biológicos, graças à elevada diversidade de espécies, ampla distribuição, um comportamento ativo que facilita a identificação e uma importante função trófica dentro dos ecossistemas2,3. No que se refere à função trófica, destaca-se a relação existente entre as aves e diversas espécies de plantas, onde estas atuam como importantes dispersoras de sementes4. Dentro deste contexto, o presente estudo foi estruturado com o objetivo de estudar a comunidade de aves em duas áreas de Floresta Atlântica situadas no litoral sul do Estado de São Paulo no que diz respeito à estruturação das comunidades. Os locais situam-se nas Ilhas de Cananéia (Mata do Brocuanha) e do Cardoso e englobam os ambientes de Manguezal, restinga e floresta. Os objetivos propostos incluem o estudo da riqueza, abundância, distribuição espaço-temporal, eventos migratórios, grupos funcionais, conservação e exploração de recursos alimentares pelas espécies frugívoras.

MATERIAL E MÉTODOS

O inventário das espécies é realizado mensalmente por dois dias em Cananéia (Mata do Brocuanha) e quatro dias na Ilha do Cardoso, totalizando 25 amostragens. Para isso, são utilizadas as técnicas de contato visual, auditivo e capturas com redes-de- neblina, visando a elaborar uma lista de espécies para as áreas e comparar a comunidade das ilhas e dos ambientes compartilhados. Para as capturas são utilizadas seis redes de neblina em cada ambiente (floresta, restinga e Manguezal). As redes são abertas nas primeiras horas da manhã e permanecem assim até o entardecer. Visando a testar a relação da morfometria em relação aos recursos utilizados, as aves capturadas além de anilhadas (anilhas fornecidas pelo CEMAVE) são pesadas e medidas. No que se refere à dieta e estudo da sobreposição de recursos alimentares, em paralelo aos trabalhos de levantamento e capturas, são efetuados registros visuais do consumo de frutos pelas aves ao longo das trilhas e estradas percorridas. Quando possível, as plantas consumidas são identificadas no local, caso contrário é coletado material botânico para posterior identificação. Conforme a disponibilidade, também são incluídas espécies identificadas pelas sementes expelidas pelas aves durante as capturas, seja pela comparação com as espécies que estão frutificando no momento,

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 posteriormente em consulta à literatura ou após as sementes serem colocadas para germinar.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Até o mês de junho de 2017 foram feitas 22 amostragens de campo, resultando na identificação de 316 espécies de aves, sendo que a Ilha do Cardoso e de Cananéia apresentaram respectivamente 298 e 204 registros. Ao compararmos as duas ilhas, estas apresentam até o momento uma similaridade de 59% (Índice de Jaccard) na composição da comunidade. Ao analisarmos os ambientes separadamente, as comunidades dos manguezais apresentam uma similaridade de 57%, enquanto que as restingas 60%. No que diz respeito à composição da comunidade, em Cananéia estão ausentes frugívoros de médio/grande porte, como Selenidera maculirostris (araçari-poca) e Penelope spp. (jacus); grandes rapinantes, como Spizaetus tyrannus (gavião-pega- macaco) e Geranoaetus albicaudatus (gavião-de-rabo-branco) e espécies típicas de ambientes poucos alterados, como Carpornis melanocephala (sabiá-pimenta) e Touit melanonotus (apuim-de-costas-pretas). A ausência de tais espécies pode estar relacionada principalmente com questões ambientais, como a ausência de ambientes florestais em contato com as áreas de restinga e um maior histórico de perturbação antrópica. Em relação às capturas com redes-de-neblina, até o momento foram capturados 805 indivíduos (incluindo 105 recapturas) de 92 espécies diferentes. A Ilha do Cardoso contempla a maior parte das aves capturadas (n=597), sendo 240 ocorridas no manguezal, 190 na restinga e 164 em ambiente florestal. Nos ambientes de restinga e floresta a guilda predominante é de insetívoros (49% e 51% respectivamente), enquanto que nos manguezais é a de onívoros (46%). Destaca-se a elevada ocorrência de onívoros nos manguezais com forte tendência à frugivoria (25%, incluindo as famílias Thraupidae e Turdidae), uma vez que era esperado uma abundância maior de insetívoros e consumidores de invertebrados aquáticos em tal ambiente. No que diz respeito à frugivoria, foram registrados 208 eventos envolvendo 38 espécies de aves que consumiram 35 espécies de plantas. Dentro do grupo das plantas, destaca-se Ossaea retropila (Melastomataceae), Schinus terebinthifolius (Anacardiaceae) e Ilex spp. (Aquifoliaceae) como as espécies com maior representatividade entre os registros (36%).

CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

Após a execução de 22 amostragens em campo destaca-se o grande número de registros efetuados, seja na área como um todo ou dentro dos ambientes amostrados. Nesse contexto, vale ressaltar a riqueza de espécies registradas em Manguezais, demonstrando que tais ambientes podem abrigar mais espécies do que se estima, seja como residentes, de maneira sazonal ou ao utilizarem o ambiente simplesmente como um local intermediário ao se deslocarem. Ao compararmos os ambientes entre as Ilhas, vale a pena ressaltar que mesmo Cananéia tendo menores dimensões, ausência de áreas florestais no seu entorno e um maior histórico de perturbação antrópica, apesenta 59% da comunidade de aves semelhante à Ilha do Cardoso, o que evidencia a importância do local para fins de conservação. No que se refere à frugivoria, os registros incluem diferentes espécies de aves explorando recursos semelhantes, o que demonstra a partilha de nicho alimentar entre elas, independente de suas características morfológicas.

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Palavras-chave: Avifauna; Guildas tróficas; Conservação

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 ANJOS, L. 2004. Species richness and relative abundance of birds in natural and anthropogenic fragments of Brazilian . Annals of Brazilian Academy of Sciences, 76:429-434.

2 BIERREGAARD, R. O. Jr.; P. C. STOUFFER. 1997. Understory birds and dynamic habitat mosaics in Amazonian rainforests. In: W. F. Laurance & R. O. Bierregaard Jr. (eds). Tropical forest remmants: Ecology, management, conservation of fragmented communities. University of Chicago Press. Chicago, 138-155.

3 FURNESS, R. J.; J. GREENWOOD. 1993. Birds as monitors of environmental change, London: Chapman and Hall, 356p.

4 GALLETI, M.; PIZO, M.A; MORELLATO, P.C. 2003. Fenologia, frugivoria e dispersão de sementes. In: Cullen-Jr; Valladares-Pádua, C e Rudran, R (eds.): Métodos de estudo em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Curitiba, 395-422.

5 MMA (Ministério do Meio Ambiente). 2000. Avaliação e ações prioritárias para a conservação da Mata Atlântica e Campos Sulinos. Conservation International of Brasil, Fundação SOS Mata Atlântica, Biodiversitas, IPE, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, SEMAD/IEF-MG. Brasília: MMA/SBF. Disponívelem: http://www.conservation.org.br/ma/index.html.

6 SILVEIRA, L.F. e STRAUBE, F.C. 2008. Aves ameaçadas de extinção no Brasil. In: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (A.B.M. Machado, G.M. Drummond e A.P. Paglia, eds). Ministério do Meio Ambiente e Fundação Biodiversitas, Belo Horizonte, 379-666.

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11. CRIOPRESERVAÇÃO DE SÊMEN EM FELÍDEOS SILVESTRES: MORFOLÓGICA ESPERMÁTICA E AVALIAÇÃO DE NOVOS PROTOCOLOS DIEFERSON DA COSTA ESTRELA* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: NEI MOREIRA

A reprodução assistida tem se tornado gradualmente mais acessível, sendo frequentemente incrementada com novas ferramentas e técnicas. Sua utilização em indivíduos de espécies ameaçadas de extinção, sobretudo as que possuem baixo sucesso reprodutivo, representa um importante segmento dentre os esforços de conservação. Nesse contexto, o presente estudo tem por objetivo estabelecer protocolos mais eficientes de criopreservação de sêmen proveniente das espécies jaguatirica (Leopardus pardalis), gato-do-mato-pequeno (L. guttulus) e gato-maracajá (L. wiedii), bem como descrever a morfologia espermática (padrão e anormalidades) de indivíduos destas espécies. Com o intuito de cumprir tais objetivos, serão coletadas amostras de sêmen de indivíduos cativos, residentes no zoológico da ITAIPU Binacional. Os animais serão anestesiados e submetidos a dois protocolos de coleta de sêmen, um por meio de eletroejaculação tradicionalmente utilizado e outro por cateterização uretral, recentemente desenvolvido em gatos domésticos, tido como menos invasivo que a eletroejaculação. Em seguida, serão avaliados diferentes procedimentos de separação dos espermatozoides e plasma seminal (centrifugação convencional, SPERM Filter® e centrifugação amortecida), diferentes meios de criopreservação e diferentes tempos de congelamento das amostras (vitrificação e curvas graduais automatizadas de refrigeração). Antes e depois de cada passo no processo de criopreservação, serão avaliados os parâmetros volume, pH, motilidade e vigor subjetivos, Índice de Motilidade Espermática e concentração de sêmen. Após o descongelamento das amostras serão realizados novamente todos os parâmetros citados e adicionadas análises de motilidade (%) e a velocidade curvilinear espermática (µm/s) utilizando um Sistema Computadorizado de Análise Espermática (CASA) e análise de dano genético. Por fim, serão realizadas análises descritivas da morfologia espermática das três espécies, evidenciando padrões morfológicos normais e alterações para as espécies. Para a descrição morfológica, amostras de indivíduos de outros cativeiros serão utilizadas, a fim de melhor compreender a variação na morfologia espermática, possivelmente presente ao longo da distribuição geográfica e populacional das espécies.

Palavras-chave: Morfologia de espermatozoides; SPERM Filter®; ejaculação farmacológica; Leopardus sp.; vitrificação.

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12. RELAÇÕES TRI-TRÓFICAS EM AGROECOSSISTEMA: FLUTUAÇÃO POPULACIONAL DE LEPIDÓPTEROS PRAGAS E SEUS INIMIGOS NATURAIS EM MILHO TRANSGÊNICO

JÉSSICA COCCO* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: LUÍS AMILTON FOERSTER LABORATÓRIO DE CONTROLE INTEGRADO DE INSETOS CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Os ecossistemas são compostos por interações dos organismos entre si e com o meio. Através de algumas dessas interações é possível realizar a troca de energia, formando as cadeias tróficas. Nessa cadeia os organismos desempenham diversas funções ecológicas e ocupam diferentes níveis tróficos, possuindo autorregulação natural1. Com o passar do tempo os ecossistemas vêm sendo substituídos por agroecossistemas, sistemas artificiais como agricultura, que não possuem a capacidade de manutenção da autorregulação dos sistemas naturais, necessitando que haja a intervenção humana para manter o processo produtivo2. As principais formas empregadas no combate das pragas nos agroecossistemas brasileiros são os agrotóxicos e, mais recentemente, as plantas geneticamente modificadas. No entanto pouco se sabe sobre os riscos do uso das plantas geneticamente modificadas ao ambiente e à saúde da população humana3. Nesse sentido este estudo visa verificar a sazonalidade de lepidópteros pragas e de inimigos naturais em milho transgênico.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento de campo foi realizado na Fazenda Canarinho (56°49’44.741”W e 14°9’6.923”S), no Município de Nortelândia (MT) na safrinha de 2016 e 2017. Foi utilizado um delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições para cada tratamento; cada repetição foi representada por parcelas de 20 linhas com 20 m, com espaçamento de 0,50 m entre linhas. O experimento constou com três variedades de milho transgênico YieldGard= proteína Cry1Ab, Pro= proteína Cry1A.105 + Cry2Ab2, Vip= proteína Vip3Aa20 e uma variedade de milho não transgênico (Controle). O levantamento de lagartas e inimigos naturais foi realizado por meio de inspeção de 20 plantas por parcela, duas vezes por semana, durante todo ciclo da cultura. As lagartas coletadas foram levadas ao laboratório, individualizadas em potes plásticos contendo dieta artificial e mantidas em sala de criação regulada para 26°C, 12 horas de fotofase e umidade relativa de 70% ± 10% até a emergência dos adultos ou dos parasitoides. Foi registrado o número de lagartas parasitadas de predadores da ordem Dermaptera e a taxa de parasitismo. Os adultos obtidos foram enviados a especialistas para identificação. Os dados foram analisados por análise de variância e teste de Scott- Knott a 5%.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o desenvolvimento da cultura em 2016 e 2017 foram coletadas 12 espécies de lagartas, no entanto a maioria destas ocorreu apenas uma vez. Em 2016 Spodoptera frugiperda e Leucania sp. se destacaram em relação às demais espécies, coletando-se 3454 e 74 lagartas, respectivamente. Para estas espécies houve diferença estatística entre os tratamentos, de modo que para S. frugiperda os tratamentos, Pro (média 5,46) e Vip (0,25) diferiram entre si e com os demais tratamentos, YieldGard com média de 9,50 e Controle com 9,45 lagartas não diferem estatisticamente. Já para Leucania sp. houve diferença estatística para o tratamento Vip, o qual apresentou a maior média 0,43. No segundo ano de coleta o padrão estatístico se manteve para os tratamentos em relação à densidade populacional S. frugiperda, sendo que as médias foram: Controle 5,60; YieldGard 5,06; Pro 1,36 e Vip 0,01. As outras espécies de maior ocorrência, Helicoverpa sp., total de 15 indivíduos e sp. com 16, no entanto sem diferença estatística entre os tratamentos. Resultados semelhantes para S. frugiperda foram observados em Lucas do Rio Verde-MT, em que as variedades que continham Cry1A.105 + Cry2Ab2 e Vip3Aa20 garantiram o controle de 100% da praga na safra de 2011/2012 em relação a variedade com Cry1Ab4. O terceiro nível trófico neste estudo é representado por parasitoides e predadores, no entanto não encontramos parasitoides de ovos apenas parasitoides larvais. Houve diferença estatística para a taxa de parasitismo entre os tratamentos nos anos analisados. Em 2016 o tratamento Vip diferiu estatisticamente dos demais e em 2017 houve diferença estatística para Vip e Pro, em relação aos demais tratamentos, sendo que estes apresentaram as menores taxas de parasitismos. Foram coletadas dez espécies de parasitoides de S. frugiperda em 2016 e nove em 2017. As espécies de maior ocorrência em 2016 foram Eiphosoma sp. (Cresson, 1865), Exasticolus sp. (Braconidae) e Archytas incertus (Macquart, 1851) (Tachinidae), e em 2017 foram Dolichozele sp. (Braconidae), Campoletis sp. (Ichneumonidae) e Eiphosoma sp.. Este conjunto de espécies tem sido relatada com frequência parasitando S. frugiperda5. Em 2016 nove espécies de Braconidae ocorreram parasitando lagartas de Leucania sp., sendo Aleiodes sp. a maior ocorrência 5 indivíduos. Até o momento nenhuma das espécies encontradas em nosso estudo foi relatada na literatura parasitando esse gênero. Existe o registro de outras duas espécies parasitando o gênero Leucania na américa central6. Foram coletadas duas espécies de predadores da ordem Dermaptera, Doru sp. e Euborellia annulipes nos dois anos de estudo, sendo que E. annulipes apresentou as maiores densidades, 192 indivíduos em 2016 e 50 em 2017. Em 2016 os tratamentos Pro (média 0,21) e Vip (média 0,11) diferiram estatisticamente de Controle (média 0,51) e YieldGard (média 0,57). Os agroecossistemas, por vezes, mantem apenas um tipo de variedade, esta que pode ser como a Vip, totalmente letal para S. frugiperda, causando a redução ou ausência do segundo nível trófico, herbívoro, consequentemente vai afetar o terceiro nível que utiliza a lagarta como recurso7.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

As relações tróficas dentro dos agroecossistemas constituídos por tecnologia geneticamente modificada podem afetar a flutuação populacional dos inimigos naturais, 30

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 principalmente pela ausência do segundo nível trófico como recurso, como observamos para o tratamento Vip em relação aos parasitoides larvais e tesourinhas.

Palavras-chave: Parasitoide; Predador; Praga; Agroecossistema; Controle Biológico

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 SILVA, A. G.; SOUZA, B. H. S.; RODRIGUES, N. E. L.; BOTTEGA, D. B.; BOIÇA JUNIOR, A. L. Interação tritrófica: aspectos gerais e suas implicações no manejo integrado de pragas. Nucleus, v. 9, n. 1, p. 35-48, 2012.

2 AGUIAR-MENEZES, E. L.; MENEZES, E. B. Bases ecológicas das interações entre insetos e plantas no manejo ecológico de pragas agrícolas. In: AQUINO, A. M.; ASSIS, R. L. (Ed.). Agroecologia: princípios e técnicas para uma agricultura orgânica sustentável. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, p. 324-339, 2005.

3 TAVELLA, L. B.; SILVA, Í. N.; FONTES, L. D. O.; DIAS, J. R. M.; SILVA, M. I. D. L. O uso de agrotóxicos na agricultura e suas consequências toxicológicas e ambientais. Agropecuária Científica no Semi-Árido, Santa Cecília, v.7, n. 2, p. 06-12, 2011.

4 OKUMURA, R. S.; DE CINQUE MARIANO, D.; DALLACORT, R.; ZORZENONI, T. O.; ZACCHEO, P. V. C.; EUGECIRC, H.; DA SILVA LOBATO, A. K.. Agronomic efficiency of Bacillus thuringiensis (Bt) maize hybrids in pest control on Lucas do Rio Verde city, State of Mato Grosso, Brazil. African Journal of Agricultural Research, v. 8, n. 19, p. 2232- 2239, 2013.

5 MOLINA-OCHOA, CARPENTER, J. E., HEINRICHS, E. A., & FOSTER, J. E. Parasitoids and parasites of Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) in the Americas and Caribbean Basin: an inventory. Florida Entomologist, v. 86, n. 3, p. 254-289, 2003.

6 DELFÍN-GONZÁLEZ, H.; BOJÓRQUEZ-ACEVEDO, M.; MANRIQUE-SAIDE, P. Parasitoids of fall armyworm (Lepidoptera: Noctuidae) from a traditional maize crop in the Mexican State of Yucatan. Florida Entomologist, v. 90, n. 4, p. 759-761, 2007.

7 SCHULER, T.H.; Poppy, G. M.; Kerry, B. R.; Denholm, I. Potential side effects of - resistant transgenic on natural enemies. Trends in Biotechnology, v. 17, p. 210-216, 1999.

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13. BIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS PARA O CULTIVO DE SIRI-MOLE Callinectes danae (CRUSTACEA, DECAPODA, PORTUNIDAE)

CAMILA PRESTES DOS SANTOS TAVARES* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: ANTONIO OSTRENSKY GRUPO INTEGRADO DE AQUICULTURA E ESTUDOS AMBIENTAIS - GIA COORIENTADOR: UBIRATÃ DE ASSIS TEIXEIRA DA SILVA CENTRO DE AQUICULTURA MARINHA E REPOVOAMENTO - CAMAR CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

O siri-mole é considerado mundialmente uma iguaria gastronômica, atingindo altos valores no mercado internacional. A sua produção é baseada essencialmente na coleta de siris, em estágio de pré-muda, diretamente do ambiente e na sua manutenção em instalações de cultivo, até que os animais atinjam o estágio de ecdise. Este processo produtivo está se tornando um componente efetivo da indústria de frutos-do-mar. No entanto, as altas taxas de mortalidade e o curto período em que o exoesqueleto do animal permanece nas consistências de alto valor comercial (mole e couro) limitam sobremaneira a produção dessa iguaria. Embora a produção de siris-moles não seja uma atividade desenvolvida comercialmente no Brasil, várias espécies aqui encontradas apresentam potencial para serem utilizadas neste processo produtivo. Esse é o caso de Callinectes danae, uma espécie de grande abundância regional, extensa área de distribuição e alvo de muitos estudos relacionados à sua biologia. Por outro lado, para que a produção em escala comercial de C. danae na forma de siri-mole possa vir a se tornar realidade, ainda é necessário um maior controle sobre do seu ciclo de muda e o domínio das técnicas de produção. Através do presente projeto de pesquisa propõe-se desenvolver bases científicas e tecnológicas para reduzir as perdas por mortalidade e aumentar a eficiência do processo produtivo de siris-moles, para que essa cadeia produtiva possa se consolidar como uma importante atividade da aquicultura brasileira. Para isso, serão descritos os estágios do ciclo de muda de C. danae e quantificadas as concentrações de ecdisteróides circulantes na hemolinfa durante esse ciclo, em sistema de recirculação de água. Será avaliada a taxa de sobrevivência de C. danae sob diferentes temperaturas em condições controladas, e identificada a presença ou ausência do reovírus causador de mortalidade em sistemas de produção de siris-moles. Será investigado também o efeito do pH e da amônia na redução do tempo de calcificação do exoesqueleto de C. danae em estágio de pós-muda. Além disso, será realizada uma análise econômica dos sistemas de produção de siris-moles nos Estados Unidos (um dos principais países produtores) com o objetivo de simular um processo produtivo comercial no Brasil. E por fim, com o objetivo de divulgar os resultados e os conhecimentos gerados durante os estudos realizados, será elaborado um manual técnico para a produção de siris-moles no Brasil.

Palavras-chave: Portunidae; Ecdise; Aquicultura; Soft-shell.

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14. DIVERSIDADE ICTIÍCA DE UM RIO NEOTROPICAL, SUL DO BRASIL

ESTEVAN LUIZ DA SILVERA* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: EDUARDO LUIS CUPERTINO BALLESTER LABORATÓRIO DE CARCINICULTURA CO-ORIENTADOR: ANDRÉ MARTINS VAZ-DOS-SANTOS LABORATÓRIO DE ESCLEROCRONOLOGIA FUNDAÇÃO GRUPO BOTICÁRIO/FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA

Alterações na composição das comunidades ictiícas representam o último estágio dos impactos da degradação da qualidade ambiental sobre corpos d’água. Localizado em uma área com alta importância para a conservação, e com parte de seu percurso inserido na Área de Proteção Ambiental da Escarpa Devoniana (APAED) e no Parque Nacional dos Campos Gerais (PNCG), o rio Verde (RV) tem extrema importância ecológica e sociocultural para o município de Ponta Grossa-Pr e região. Mesmo assim, o rio sofre impactos antrópicos agropecuários e urbanos que afetam seus nichos ecológicos e a biota associada. Objetivando avaliar a influência da qualidade ambiental sobre os estimadores de diversidade alfa, quatro áreas (1 e 2 em área rural; 3, rural/urbana; 4, urbana) foram amostradas mensalmente entre maio/2016 e abril/2017 empregando redes de diversas malhagens, tarrafas, puçás, espinhéis e caniços. Foram calculados Riqueza (0D), entropia de Shannon (1D), índice de Simpson (2D) e cobertura de amostra (SC), empregados na construção de curvas de interpolação/extrapolação baseadas em indivíduos e em cobertura para cada área amostral (software R e pacote iNEXT). Foram capturados 4.297 espécimes pertencentes a 4 ordens, 9 famílias e 15 espécies: Apareiodon ibitiensis (120 indivíduos), Astyanax fasciatus (20), A. paranae (303), ehrhardti (306), Geophagus brasiliensis (224), Hoplias malabaricus (7), Hypostomus albopunctatus (10), Hypostomus ancistroides (15), Hypostomus strigaticeps (28), Hypostomus tietensis (4), Neoplecostomus yapo (11), Oligosarcus paranensis (12), Phalloceros harpagos (3.204), Rhamdia quelen (27) e Trichomycterus davisi (6). Os 0 1 2 estimadores de riqueza resultaram em Darea1=5, Darea1=1.781±0.05, Darea1=1.436±0.033, 0 1 2 0 SCarea1=1, Darea2=13, Darea2=5.29±0.194, Darea2=3.565±0.165, SCarea2=1, Darea3=12, 1 2 0 1 Darea3=2.054±0.05, Darea3=1.462±0.025, SCarea3=1, Darea4=7, Darea4=3.171±0.368, 2 Darea4=2.474±0.263 e SCarea4=0.9516. As áreas 2 e 3 destacaram-se pela elevada heterogeneidade ambiental, incluindo lajeados, poços, corredeiras, remansos, e vegetação ripária considerável e, consequentemente, concentraram os maiores valores de 0D. Apesar disso, ambas as áreas não estão inclusas na APAED ou PNCG. Os valores de 1D e 2D na área 3 foram influenciados pela forte dominância de P. harpagos na amostra que, embora considerada indicadora de degradação ambiental, ocorreu abundantemente nas áreas com intermediária (área 3) e boa (áreas 1 e 2) qualidade ambiental, mas em pequena quantidade naquela de qualidade baixa (área 4), tendo sua ocorrência associada à presença de vegetação ripária marginal. A. paranae foi abundante nas áreas 1 e 2, rasas e estreitas, seu ambiente preferencial, enquanto A. fasciatus ocorreu nas áreas 4, 3 e 2, provinda do rio Pitangui durante migração reprodutiva. Espécies piscívoras co-ocorreram nas áreas com maiores abundâncias de seus itens presa. Apenas as curvas de interpolação/extrapolação das áreas 1 a 3 tenderam à assíntota, com SC indicando elevada eficiência na amostragem da comunidade. As 33

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 curvas da área 4 continuaram fortemente inclinadas, indicando que a área deveria exibir maior diversidade do que aquela observada, constituindo um indicativo dos severos impactos da degradação da área sobre sua diversidade alfa. Concluímos que as diversidades alfas no RV estiveram relacionadas aos gradientes longitudinais geomorfológico e, principalmente, de qualidade ambiental decorrente de atividades antrópicas, requerendo atenção das autoridades para a gestão responsável dos recursos ambientais.

Palavras-chave: Diversidade alfa, curvas de rarefação, curvas de interpolação, curvas de extrapolação, iNEXT

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15. GENÉTICA DE POPULAÇÕES E FILOGEOGRAFIA DE Styela canopus SAVIGNY, 1816

RODOLFO CORRÊA DE BARROS* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: ROSANA MOREIRA DA ROCHA SISTEMÁTICA E ECOLOGIA DE INVERTEBRADOS MARINHOS

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Styela canopus é uma ascídia solitária, não muito grande (raramente ultrapassa 2 cm de comprimento), com elevada variação morfológica externa6. Trata-se de um proeminente animal incrustador que explora a superfície de substratos artificiais em portos, preferindo habitats perturbados6. Sendo uma espécie que apresenta ampla distribuição geográfica (verificada em águas quentes a subtropicais) já foi registrada em diversas regiões ao redor do mundo, incluindo Atlântico Norte7,8, Caribe9,10, Atlântico Sul11,12,13, Indo-Pacífico14 e Austrália15. Sua distribuição geográfica nativa permanece incerta sendo, por alguns, considerada nativa da Ásia6. A ampla distribuição geográfica e a variação morfológica já reportada indicam a possibilidade de que espécies crípticas estejam sendo reunidas sob a mesma denominação. Este fato tem sido recorrente quando espécies de ampla distribuição são estudadas de maneira comparada e utilizando marcadores moleculares4,5,16. O uso da sistemática molecular, associada à sistemática clássica, tem contribuído para o delineamento de espécies e para a identificação de espécies crípticas1,2. Entre as ascídias, Pyura stolonifera (Heller, 1878) foi reconhecida como um complexo de espécies que pôde ser separada, morfológica e geneticamente, em quatro espécies distintas3,4. O mesmo foi verificado para Diplosoma listerianum (Milne-Edwards, 1841), para a qual divergências genéticas superiores a 17% (fragmento de COI) dividiram a espécie em quatro linhagens evolutivamente distintas, contudo, sem diferenciação morfológica5. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi buscar evidências moleculares e morfológicas que corroborem, ou não, a hipótese de que as populações de S. canopus constituem um complexo de espécies crípticas.

MATERIAL E MÉTODOS

No enfoque molecular, foram amostradas 15 populações de S. canopus, a saber: Atlântico Norte, Massachusetts (n = 5) e Geórgia (n = 12); Caribe, Panamá (n = 30); Atlântico Sul, Ceará (n = 29), Bahia (n = 30), Espírito Santo (n = 28), Angra dos Reis (n = 30), São Sebastião (n = 30), Penha (n = 30), Governador Celso Ramos (n = 30) e Luanda (n = 36); Pacífico Sul, Galápagos (n = 30); Pacífico Norte, Japão (n = 30) e Singapura (n = 30) e Mediterrâneo, Israel (n = 18). O DNA das amostras foi extraído de acordo com o método implementado no PureLink® Genomic DNA Kit (Invitrogen). A diversidade genética foi acessada usando a subunidade 1 da citocromo oxidase (COI), a partir dos primers universais LCO/HCO17. As reações de PCR consistiram de 10-50 ng de DNA molde, 2,5 µl de tampão 10X, 3 mM de MgCl2, 0,4 mM de dNTP (Biotools BeM Labs), 10 mol de cada primer e 1 U de Taq Platinum DNA polimerase (Invitrogen) em 25 µl de volume de reação. As reações foram realizadas em termociclador (Eppendorf) de acordo com os seguintes parâmetros: 95o C por 5 minutos, 35 ciclos de 94o C por 40 segundos,

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43o C por 30 segundos, 72o C por 45 segundos seguidos por uma extensão final de 3 minutos a 72o C. Os produtos de PCR foram purificados através do método Exo-Sap. O sequenciamento de DNA foi realizado pelo método Sanger em sequenciador ABI 3500xL (Life Technologies). Após checagem visual, as sequências foram alinhadas no programa CLUSTAL X18. A rede de haplótipos foi obtida segundo o método TCS23 implementado no PopART. As relações filogenéticas dos haplótipos foram recuperadas segundo o método de Máxima Verossimilhança usando o programa MEGA (v. 4)19. Como grupo externo foram utilizadas sequências de Styela plicata Lesueur, 1816 e Styela clava Herdman, 1881 obtidas no GenBank, números de acesso AM292601.1 e HG931920.1, respectivamente. O modelo evolutivo de substituição nucleotídica foi escolhido segundo o critério AIC, implementado no mesmo programa. Os valores de bootstrap (bs) foram calculados com 100 repetições através de busca heurística. A comparação morfológica foi procedida amostras provenientes de 19 populações: Massachusetts (n = 1), São Tomás (n = 5), Curaçao (n = 5), Martinica (n = 5), Panamá (n = 13), Ceará (n = 12), Bahia (n = 11), Espírito Santo (n = 6), Rio de Janeiro (n = 2), Angra dos Reis (n = 7), São Sebastião (n = 12), Paraná (n = 2), Penha (n = 10), Governador Celso Ramos (n = 9), Luanda (n = 8), Galápagos (n = 12), Japão (n = 2), Singapura (n = 8) e Israel (n = 3). Os espécimes foram dissecados sob microscópio estereoscópico, medidos e descritos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram obtidas 255 sequências de COI com 513 pares de bases de comprimento, sendo: Massachusetts (n = 3), Geórgia (n = 6), Panamá (n = 26), Ceará (n = 13), Bahia (n = 16), Espírito Santo (n = 10), Angra dos Reis (n = 16), São Sebastião (n = 19), Penha (n = 25), Governador Celso Ramos (n = 21), Luanda (n = 13), Galápagos (n = 23), Japão (n = 25), Singapura (n = 30) e Israel (n = 9). A rede de haplótipos obtida apresenta uma intricada relação genética entre as populações amostradas. Haplótipos de áreas distantes, tais como Galápagos, Ceará e Angra dos Reis foram reunidas em um mesmo clado. Por outro lado, os haplótipos referentes às populações do Japão e Panamá não foram registrados em outras regiões geográficas ficando isolados em clados exclusivos. Da mesma forma, os haplótipos das populações da Georgia e de Massachusetts formaram um clado separado dos demais. A árvore gerada por Máxima Verossimilhança, tendo GTR+G+I como modelo evolutivo, apresentou topologia que suporta as relações filogenéticas entre haplótipos verificadas pela análise TCS. Todos os haplótipos do Japão ficaram reunidos em um único clado (bs = 100), tendo como grupo irmão S. clava (bs = 95). Os clados formados pelos haplótipos do Panamá e de Geórgia/Massachusetts também tiveram elevado suporte (bs = 100). Estes resultados apontam para a possibilidade de que o tunicado tradicionalmente reconhecido como Styela canopus configure-se como um complexo específico formado, ao menos, por quatro linhagens evolutivas independentes. A análise morfológica de 134 espécimes permitiu a identificação de algumas diferenças morfológicas entre populações de S. canopus. O comprimento total do corpo, sem a túnica, variou entre seis e 31 mm, sendo que os maiores exemplares foram verificados no Panamá (31 mm) e no Rio de Janeiro (29 mm). O número de tentáculos orais demonstrou ser bastante variável, oscilando entre 15 e 103, e não tendo aparente relação com o tamanho corporal. O estômago de S. canopus costuma ocupar a região ventral do animal, não mais do que o terço proximal ao esôfago. No entanto, nos indivíduos de Santa Catarina, os estômagos foram duas a três vezes mais longos do que os demais, se estendendo além de dois terços da região ventral. O número de gônadas seguiu o padrão esperado para a espécie na maioria dos exemplares analisados (87%). 36

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Contudo, ressaltamos a elevada variação do número de gônadas verificada nos espécimes do Panamá. Em nove indivíduos (70%) o número de gônadas do lado direito foi maior que dois, oscilando entre três e cinco. Embora Syela canopus seja classicamente descrita como tendo duas gônadas de cada lado do corpo6,15,20, nossos resultados indicam que o número de gônadas é variável dentro de certos limites. A descrição original já previa que o número de gônadas poderia oscilar entre duas e quatro21. De acordo com Hartmeyer (1926)22, a variação do número de gônadas consistiria apenas em variação individual, o que não parece ser o caso da população do Panamá, onde sugere um padrão local de variação.

CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

Os achados moleculares e morfológicos são conflitantes. Enquanto os dados moleculares apontam para a existência de linhagens evolutivas independentes em Styela canopus, os achados morfológicos estão dentro das variações individuais e/ou regionais atualmente consideradas para a espécie, à exceção dos indivíduos do Panamá que apresentam conspícua variação no número de gônadas. Diante do exposto, acreditamos que as evidências apontam para um caso complexo de especiação críptica. Em busca de novas evidências moleculares estão sendo obtidas sequências do gene nuclear ANT (Transportador do Nucleotídeo Adenina) que serão utilizadas na construção de nova filogenia.

Palavras-chave: especiação críptica; sistemática molecular; citocromo oxidase.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 GOLDSTEIN, P.Z.; DESALLE, R. 2010. Integrating DNA barcode data and taxonomic practice: Determination, discovery, and description. Bioessays, 33: 135-147.

2 JÖRGER, K.M.; SCHRÖDL, M. 2013. How to describe a cryptic species? Practical challenges of molecular . Frontiers in Zoology, 10(59): 2-27.

3 RIUS M.; TESKE, P.R. 2011. A revision of the Pyura stolonifera species complex (Tunicata, Ascidiacea), with a description of a new species from Australia. Zootaxa, 2754: 27-40. 4 RIUS M.; TESKE, P.R. 2013. Cryptic diversity in coastal Australasia: a morphological and mitonuclear genetic analysis of habitat-forming sibling species. Zoological Journal of the Linnean Society, 168: 597-611.

5 PÉREZ-PORTELA, R.; ARRANZ, V.; RIUS, M.; TURON, X. 2013. Cryptic speciation or global spread? The case of a cosmopolitan marine invertebrate with limited dispersal capabilities. Scientific Reports, 3(3197): 1-10.

6 ABBOTT, D.B.; NEWBERRY, A.T.; MORRIS, K.M. 1997. Reef and shore fauna of Hawaii - Section 6B: ascidians (Urochordata). Honolulu: Bishop Museum Press.

7 LAMBERT, C.C.; LAMBERT, G. 1998. Non-indigenous ascidians in Southern California harbors and marinas. Marine Biology, 130: 675-688.

8 LAMBERT, C.C.; LAMBERT, G. 2003. Persistence and differential distribution of nonindigenous ascidians and harbors of the Southern California Bight. Marine Ecology 37

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017

Progress Series, 259: 145-161.

9 GOODBODY, I. 2003. The ascidian fauna of Port Royal, Jamaica I. Harbor and Mangroves dwelling species. Bulletin of Marine Science, 73(2): 457-476.

10 CARABALLO-PÉRES, V.; DÍAZ, O.D. 2011. Ascidias (Tunicata: Ascidiacea) del Golfo de Cariaco, Venezuela. Boletin del Instituto Oceanografico de Venezuela, 50(2): 233- 244.

11 ROCHA, R.M.; KREMER, L.P. 2005. Introduced Ascidians in Paranaguá Bay, Paraná Southern Brazil. Revista Brasileira de Zoologia, 22(4): 1170-1184.

12 ROCHA, R.M.; MORENO, T.R.; METRI, R. 2005. Ascídias (Tunicata, Ascidiacea) da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 22(2): 461-476.

13 ROCHA, R.M.; DIAS, G.M.; LOTUFO, T.M.C. 2011. Checklist das ascídias (Tunicata, Ascidiacea) do Estado de São Paulo, Brasil. Biota Neotropica, 11: 749-759.

14 TAMILSELVI, M.; SIVAKUMAR, V.; ABDUL JAFFAR ALI, H.; THILAGA, R.D. 2011. Distribution of alien tunicates (ascidians) in Tuticorin Coast, India. World Journal of Zoology, 6(2): 164-172.

15 KOTT, P. 1985. The Australian Ascidiacea - Phlebobranchia and Stolidobranchia. Memoirs of the Queensland Museum, 23: 1-440.

16 FEHLAUER-ALE, K.H.; MACKIE, J.A.; LIM-FONG, G.E.; ALE, E.; PIE, M.R.; WAESCHENBACH, A. 2014. Cryptic species in the cosmopolitan Bugula neritina complex (Bryozoa, Cheilostomata). Zoologica Scripta, 43(2): 193-205.

17 FOLMER, O.; BLACK, M.; HOEH, W.; LUTZ, R.; VRIJENHOEK, R. 1994. DNA iniciadores for amplification of mitochondrial cytochrome c oxidase subunit I from diverse metazoan . Molecular Marine Biology and Biotechnology, 3: 294-299.

18 THOMPSON, J.D.; GIBSON, T.J.; PLEWNIAK, F.; JEANMOUGIN, F.; HIGGINS, D.G. 1997. The Clustal X windows interface: flexible strategies for multiple sequence alignment aided by quality analysis tools. Nucleic Acids Research, 24: 4876-4882.

19 TAMURA, K.; DUDLEY, J.; NEI, M.; KUMAR, S. 2007. MEGA4: molecular evolutionary genetics analysis (MEGA) software version 4.0. Molecular Biology and Evolution, 24: 1596-1599.

20 LAMBERT, G.; FAULKES, Z.; LAMBERT, C.C.; SCOFIELD, V.L. 2005. Ascidians of South Padre Island, Texas, with a key to species. Texas Journal of Science, 57(3): 251- 262.

21 SAVIGNY, J.C. 1816. Mémoires Sur Les Animaux Sans Vertèbres. Paris: Chez Deterville.

22 HARTMEYER, R. 1926. Zur Kenntnis phlebobranchiater und diktyobranchiater Ascidien. Mitteilungen aus dem Zoologischen Museum in Berlin, 13(1): 157-196. 38

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017

23 CLEMENT, M.; SNELL, Q.; WALKER, P.; POSADA, D.; & CRANDALL, K. 2002. TCS: Estimating gene genealogies. Parallel and Distributed Processing Symposium, International Proceedings, 2: 184.

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16. DETERMINAÇÃO DO NÍVEL DE DANO ECONÔMICO PARA TRAÇA-DAS- CRUCÍFERAS EM COUVE-MANTEIGA

ANGÉLICA MASSAROLLI* *E-mail: [email protected] HYPERLINK "mailto:[email protected]" ORIENTADOR: DR. LUÍS AMILTON FOERSTER LABORATÓRIO DE CONTROLE INTEGRADO DE INSETOS (LCII)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Conhecida popularmente como traça-das-crucíferas, Plutella xylostella (Linnaeus, 1758) (Lepidoptera: Plutellidae) é um microlepidóptero cosmopolita, com distribuição em todas as regiões produtoras de brássicas do mundo1. Diversos estudos mostram que P. xylostella ocorre durante todo o ano no Brasil2, 3, 4.Por ser uma praga de ciclo curto e alto potencial reprodutivo, há um elevado número de gerações por ano 5, sendo, portanto, um fator limitante para o cultivo de brássicas em áreas tropicais. Para P. xylostella na cultura da couve-manteiga não há Nível de Dano Econômico (NDE) estabelecido, apesar de ser uma das principais pragas da cultura. Logo, estudos que avaliem o NDE de P. xylostella em cultivos de B. oleraceae var. acephala através do número de lagartas por planta facilitará o monitoramento e o momento ideal para o controle, garantindo o lucro na produção e o uso de químicos apenas quando necessário. Assim, o presente estudo teve como objetivo determinar o NDE para P. xylostella em cultivos de couve-manteiga.

MATERIAL E MÉTODOS

Para avaliar o número de folhas danificadas, plantas de couve manteiga foram infestadas com diferentes quantidades de lagartas neonatas de P. xylostella. O bioensaio foi realizado em casa de vegetação, 30 dias após o transplante das mudas de couve para os vasos. Os tratamentos consistiram de zero (controle), duas, quatro e oito lagartas por planta, totalizando quatro tratamentos e sete repetições. Microtubos contendo as densidades de lagartas a serem inoculadas nas plantas foram abertos, permitindo com que as lagartas se dispersassem pelas folhas da planta. A avaliação foi realizada aos 7 dias após a inoculação (DAI) das lagartas na planta, as quais foram cortadas na base, colocadas em bandejas plásticas e levadas ao laboratório, onde as folhas foram retiradas do caule e avaliadas uma a uma quanto à presença de danos, sendo registrado o número de total de folhas (TF), o número de folhas danificadas (FD) e de folhas comercializáveis (FC) para calcular o percentual de redução da produção (RP). O NDE foi calculo pela equação: NDE = Cc / [(Prod*Pr)]*i], Onde: NDE = Nível de Dano Econômico (Nº de lagartas/planta); Cc = Custo de Controle Semanal (R$.ha-1); Prod = Produtividade Semanal (maços.ha-1); Pr = Valor maço; i = Índice de redução da produtividade (que é o percentual de redução da produtividade obtido diretamente ao comparar a produtividade média das plantas com a infestação de duas lagartas e a média de produtividade obtida no controle)6. Para a determinação do NDE de P. xylostella em couve-manteiga, se utilizou a metodologia descrita por Chiaradia et al., (2016)7 com adaptações. A estimativa do NDE

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 para P. xylostella em couve-manteiga foi obtida em diferentes cenários de custo de controle da praga (R$40, R$60, R$80, R$100 e R$120.ha-1), fixando o valor do maço de couve em R$2.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O número médio do total de folhas (TF) das plantas avaliadas, não diferiram estatisticamente em nenhuma das avaliações realizadas aos 7 após a inoculação das lagartas, garantindo assim que todas as plantas eram semelhantes e não influenciaram nos resultados obtidos após a inoculação das lagartas. A média de folhas danificadas (FD) por P. xylostella, diferiram estatisticamente, variando de 0,00 (no controle) à 5,85 no tratamento com oito lagartas inoculadas. Não há estudos que determinem o número de folhas que cada lagarta de P. xylostella é capaz de danificar durante o seu desenvolvimento. Ao avaliar o número de folhas que estavam aptas a serem comercializadas (FC), ou seja, do número de folhas produzidas pela planta, foram subtraídas as folhas danificadas por P. xylostella, e como resultado se observou que os tratamentos com duas e quatro lagartas não diferiram do tratamento controle, sendo que apenas oito lagartas reduziram significativamente o número de folhas comercializáveis. Apesar de as médias de folhas comercializáveis do controle não diferirem dos tratamentos de duas e quatro lagartas, isso ocorre devido ao desvio padrão das médias, fazendo que estatisticamente as médias sejam iguais, porem na prática, cada folha perdida pelo dano da lagarta significa prejuízo econômico para o produtor. Logo, se considerarmos que o controle e o tratamento com duas lagartas produziram 11,00 e 11,28 folhas respectivamente e o tratamento com quatro lagartas produziu 8,85 folhas, é uma diferença de aproximadamente três folhas. Então, apesar de estatisticamente não mostrar diferença, na pratica há uma diferença entre os tratamentos, e esta diferença foi avaliada com um número reduzido de plantas, mas se considerarmos um plantio comercial essa perda tem um aumento considerável. Ao calcular o percentual de redução da produção (RP), aos 7 DAI, o tratamento com duas lagartas reduziu 2,48%, enquanto no tratamento com quatro lagartas a redução foi de 21,54 e no tratamento com oito lagartas a redução foi superior a 50%. Baseado no percentual médio de perdas da produtividade de couve-manteiga causado por P. xylostella, foi possível estimar o NDE, considerando diferentes custos de controle semanal com o valor do maço de couve com aproximadamente dez folhas fixado em R$2. Nos cenários simulados, no menor custo de controle (R$40), o NDE é de 0,07 lagarta/planta, enquanto que no cenário de valor mais elevado (R$120) o número de lagartas por planta foi de 0,20 lagarta/planta.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS A determinação do NDE de uma cultura é fundamental para que o produtor obtenha lucro e para que as aplicações de produtos químicos ou mesmo outras estratégias de manejo, sejam utilizadas apenas quando necessário, garantindo assim uma maior preservação do meio ambiente, como também produtos mais saudáveis. O valor encontrado para o NDE no presente estudo é um valor pequeno quando comparado a outras culturas, mas a diferença é que para P. xylostella o dano é provocado diretamente no produto a ser comercializado.

Palavras-chave: NDE; Plutella xylostella; Brassica oleracea var. Acephala;

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 41

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017

1 TALEKAR NS, SHELTON AM. 1993. Biology, ecology, and management of the diamondback moth. Annual Review of Entomology, 38(1): 275–301.

2 CASTELO BRANCO, M.; GUIMARAES, A.L. 1990. Controle da traça-das-crucíferas em repolho, 1989. Horticultura Brasileira, 8(1), 24-25.

3 BARROS, R.; ALBERT JUNIOR, I.B.; OLIVEIRA, A.J. de; SOUZA, A.C.F. de; LOPES, V. Controle químico da traça-das-crucíferas, Plutella xylostella (L.) (Lepidoptera: Plutellidae) em repolho. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, 22, (3),463-469.

4 MARCHIORO, C. A. (2011). Flutuação Populacional de Plutella xylostella (L., 1758) (Lepidoptera: Yponomeutidae) e seus parasitóides no Sudeste do Paraná: Biologia Em Plantas Silvestres e Cultivadas e Exigências Térmicas. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas – Zoologia, Setor de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná.

5 ULMER, B.; GILLOT, C.; WOODS, D.; ERLANDSON, M. 2002. Diamondback moth, Plutella xylostella (L.), feeding and oviposition preferences on glossy and waxy Brassica rapa (L.). Crop Protection, 21(4), 327-331. DOI: 10.1016/S0261-2194(02)00014-5 .

6 PEDIGO, L. P., S. H. HUTCHINS, and L. G. HIGLEY. 1986. Economic injury levels in theory and practice. Annual Review Entomology 31:341 368.

7 CHIARADIA, L.A; NESI, C.N.; RIBEIRO, L.P. 2016. Nível de dano econômico do percevejo barriga-verde, Dichelops furcatus (Fabr.) (Hemiptera: Pentatomidae), em milho. Agropecuária Catarinense, 29(1), 63-67.

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17. COMPOSIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DOS HIDROIDES (CNIDARIA, HYDROZOA) NA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE, NORDESTE, BRASIL

LUANA MARINA DE CASTRO MENDONÇA* *E-mail: [email protected] ORIENTADORA: MARIA ANGÉLICA HADDAD LABORATÓRIO DE CNIDARIA E INVERTEBRADOS INCRUSTANTES, DEPARTAMENTO DE ZOOLOGIA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ CO-ORIENTADORA: CARMEN REGINA PARISOTTO GUIMARÃES LABORATÓRIO DE BENTOS COSTEIRO, DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA, UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

O filo Cnidaria é um dos grupos basais na filogenia de Metazoa1. Seus integrantes podem ser encontrados em dois planos corpóreos básicos: um organismo séssil, denominado pólipo, que tem forma cilíndrica, a extremidade oral rodeada por tentáculos. O outro plano básico é um organismo de vida livre, denominado medusa, de forma basicamente hemisférica2. As espécies do subfilo Anthozoaria têm somente formas pólipo e as do subfilo Medusozoa têm as duas formas nos seus ciclos de vida2. Dentre os Medusozoa, a classe Hydrozoa é a que apresenta maior diversidade de formas e uma riqueza estimada em 3800 espécies3. As formas polipoides bentônicas, geralmente coloniais, são conhecidas como “hidroides” e estão melhor representados em número de espécies nas subclasses Leptophecata (“tecados”) e Anthoathecata (“atecados”)4. Os hidroides são comuns em praticamente todos os tipos de comunidade bentônicas ao redor do mundo5, possuindo geralmente tamanho pequeno, mas suas colônias podendo atingir dezenas de centímetros. Seus representantes vivem geralmente sobre rochas ou sobre outros organismos e colonizam também substratos artificiais5. O estudo dos componentes da fauna bentônica e dos parâmetros ambientais a ela correlacionados é importante para a compreensão dos processos de dinâmica das comunidades. Estes conhecimentos auxiliarão na análise de áreas sujeitas a perturbações ou já perturbadas, possibilitando assim a realização um monitoramento ecológico dos hábitats constituintes6. Nesse sentido, esse projeto visa conhecer a diversidade de hidroides que compõe a megafauna bêntica da plataforma continental de Sergipe, bem como entender como suas populações se distribuem espacial e temporalmente, relacionando os resultados com parâmetros abióticos.

MATERIAL E MÉTODOS

A plataforma continental de Sergipe (PCS) tem 168 km de extensão e é recortada por vários cânions como os dos rios São Francisco, Piranhas, Japaratuba, Vaza-Barriz e Real. É considerada uma plataforma rasa, com o talude iniciando em média aos 41 m de profundidade, e estreita, variando de aproximadamente 12 km de largura em frente aos 43

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 cânions do São Francisco e Japaratuba a 34,9 km após o ravinamento sul do cânion de Piranhas7. A região costeira de Sergipe é caracteristicamente diferenciada das outras plataformas do Nordeste do Brasil pelo intenso aporte fluvial determinado pelo rio São Francisco, que deságua na porção norte do Estado e tem seus sedimentos carreados para o sul pela corrente do Brasil e pela ação dos outros rios que desaguam na sua costa7. A grande variedade de textura da PCS forma um mosaico sedimentar, com grãos mais finos geralmente próximos à costa e grãos mais grossos costa afora, excetuando-se a região dos cânions do São Francisco e Japaratuba que apresentam granulometria fina até o início do talude7. Os dados que estão sendo analisados para a elaboração da tese foram coletados no âmbito de dois projetos de monitoramento ambiental, realizados na plataforma continental de Sergipe (entre as coordenadas 10º30’ e 11º40’ S e 37º25’ e 36º10’ W), em conjunto entre PETROBRÁS, FAPESE e UFS, nos períodos de 1999-2000 e 2001-2003, a bordo de duas embarcações: “Red Fox”, rebocador disponibilizado pela PETROBRAS para coletas de sedimento e água de fundo e barco pesqueiro Oceano I, para a amostragem da megafauna. O primeiro projeto foi desenvolvido em quatro campanhas oceanográficas, nos meses de maio e agosto de 1999 (período chuvoso) e dezembro de 1999 e março de 2000 (período seco). Em cada campanha foram amostradas18 estações, distribuídas em seis transectos, nas isóbatas de 10, 20 e 30 m. No segundo projeto, as coletas foram semestrais, durante dois anos, em meses representativos dos períodos seco (dezembro de 2001 e 2002) e chuvoso (junho de 2002 e 2003), nas mesmas estações do projeto anterior. Em ambos os projetos foram realizados arrastos duplos, por estação, utilizando-se rede de arrasto camaroneira (comprimento total de 12,5 m; corpo com 6,5 m; largura de 12,0 m na tralha de chumbo e 11,4 m na tralha de boia; malhas com abertura de 35 mm nas mangas, 30 mm no corpo e 25 mm no sacador e sobressaco com 2,0 m de comprimento e malha com abertura de 12 mm), com duração de 15’, na velocidade de aproximadamente 2 nós, gerando uma área amostrada por estação de 11,2 km². A fauna obtida foi acondicionada em gelo e levada ao laboratório, onde foi triada, identificada em grupos taxonômicos superiores, fixada em formol a 10% e a maioria conservada em álcool 70%, encontrando-se depositada na coleção de invertebrados do Laboratório de Bentos Costeiro da UFS. Em cada estação foi medida a profundidade (ecobatímetro do barco) e a transparência da água (disco de Sechi) e coletada água de fundo (garrafa de van Dorn) para análise da temperatura, pH e salinidade, além de amostras sedimentológicas (draga de arrasto) para obtenção dos parâmetros granulométricos, de matéria orgânica e de carbonato de cálcio. Todo o material foi processado à época das coletas e, tanto o material biológico quanto os dados ambientais foram cedidos para esse estudo. As amostras separadas da megafauna como “pólipos de Hydrozoa” estão sendo retriadas sob lupa e os hidroides separados estão sendo identificados sob microscópio óptico até o menor nível taxonômico possível. As espécies serão analisadas quanto à fertilidade e substrato. O número de polipeiros, quando possível, será contabilizado. Com esses dados serão comparadas a composição, riqueza e abundância dos hidroides entre as estações, profundidades, períodos amostrais e anos de coleta. O material identificado será depositado parte na coleção de invertebrados da UFS e parte na Coleção de Cnidaria da UFPR.

RESULTADOS E DISCUSSÃO 44

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017

Até o presente momento, foram triados 165 lotes de amostras, representando pouco mais de 50 % do material disponibilizado para esse estudo. Já foram encontrados hidroides em 53 das 177 estações de coleta (18 estações em 5 anos) e, com este resultado, espera-se que mais estações contenham hidroides ao final da triagem. Do material já separado, foram identificados 25 morfoespécies, classificadas em 12 famílias, duas da Ordem Anthoathecata e 10 da Ordem Lepthoathecata. Anthoathecata teve representantes em 22 das 53 estações que continham hidroides e Lepthoathecata em 52. Dentre as famílias, destacam-se em representatividade amostral a Thyroscyphiidae, que ocorreu em 58% (31) das estações, Sertulariidae, em 56% (30) e Campanulariidae em 47% (25), todas da Ordem Lepthoathecata, o que condiz com a representatividade dessa ordem até o momento.

CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

Um novo objetivo foi acrescentado ao projeto inicial, que se refere à identificação de hidroides em substrato artificial, com a finalidade de monitorar possíveis espécies exóticas em três estuários da costa de Sergipe, que sofrem influência direta e/ou indireta do Terminal Marítimo Inácio Barbosa (TEMIB). Os substratos artificiais (placas de polietileno de 12X12 cm) foram instalados em janeiro do presente ano e retirados em abril, representando o período seco, e novas placas foram instaladas em julho e serão retiradas em outubro, caracterizando o período chuvoso. Todas as placas serão analisadas em termos de composição (riqueza) e abundância (percentual de cobertura). Todo o material dos arrastos e das placas estão em processo de triagem e identificação e o cronograma do projeto está dentro do previsto inicialmente.

Palavras-chave: Hydrozoa; Comunidade; Organismos incrustantes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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18. CARACTERIZAÇÃO ALIMENTAR DE CULICIDAE (DIPTERA): IDENTIFICAÇÃO MOLECULAR E INTERAÇÕES COM HOSPEDEIROS

CAMILA SILVA SANTOS* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: PROF. DR. MARIO ANTONIO NAVARRO DA SILVA LABORATÓRIO DE MORFOLOGIA E FISIOLOGIA DE CULICIDAE E CHIRONOMIDAE CO-ORIENTADOR: PROF. DR. MARCIO R. PIE LABORATÓRIO DE DINÂMICA EVOLUTIVA E SISTEMAS COMPLEXOS CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

O desenvolvimento da hematofagia em Culicidae ocorreu através da relação parasita/hospedeiro restrita à fêmea, preservando, em algumas espécies, a independência completa do hospedeiro vertebrado1. Desta forma, mosquitos fêmeas e machos se alimentam de líquidos vegetais2 e aquelas, em sua maioria, usam o sangue como principal fonte proteica investida na reprodução3. A eficiência reprodutiva e a frequência da interação mosquito/hospedeiro estão associadas a alguns fatores intrínsecos da fêmea4,5. Porém, as condições ambientais também interferem na busca e no contato com o vertebrado6, atuando na percepção do mosquito quanto aos estímulos químicos e físicos emitidos pelo hospedeiro7,8. A combinação destes e outros fatores (comportamentais, fisiológicos, morfológicos, ecológicos, geográficos, temporais e genéticos) pode ser determinante na escolha alimentar do mosquito que, ao minimizar ou superar as condições desfavoráveis, seleciona determinadas espécies hospedeiras mais do que outras e apresenta certa preferência alimentar9. Interações alimentares envolvendo mosquitos e múltiplos vertebrados aumentam a probabilidade de aquele entrar em contato com hospedeiros infectados, ficando expostos a diversos agentes infecciosos. Logo, conhecer os hábitos alimentares dos mosquitos e as interações que estes estabelecem, principalmente com seus hospedeiros, é essencial para melhor compreensão de sua biologia, do processo co-evolutivo das interações10 e da ecologia da transmissão de doenças11. Deste modo, o primeiro objetivo do presente estudo foi caracterizar o hábito alimentar de culicídeos de área urbana e florestal do município de Paranaguá, evidenciando as relações estabelecidas com seus hospedeiros por meio da amplificação do DNA do sangue ingerido. Várias técnicas de identificação de hospedeiros utilizando o repasto sanguíneo são empregadas em estudos com insetos, destacando-se a identificação molecular, principalmente a técnica de Reação em Cadeia de Polimerase (PCR). Esse método, juntamente com o crescente conhecimento das sequências de DNA de vertebrados, permite maior especificidade na identificação dos hospedeiros. No entanto, compreende algumas dificuldades que limitam o sucesso da amplificação como, por exemplo, o grau de digestão do sangue e a necessidade da preservação da integridade do DNA10. Após a ingestão do sangue, o processo de digestão degrada continuamente as moléculas de DNA, diminuindo o sucesso da identificação do hospedeiro12. Além disso, baixas temperaturas são comumente usadas para preservação da integridade do DNA, 47

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 porém, até mesmo a temperatura de -20 ºC combinada a longos períodos de armazenamento pode diminuir a ocorrência da amplificação do DNA extraído a partir do repasto sanguíneo10. Sendo assim, este estudo teve como segundo objetivo analisar o sucesso da amplificação do DNA do sangue quando este apresenta diferentes graus de digestão ou são estocados em diferentes temperaturas e períodos de tempo.

MATERIAL E MÉTODOS

Para a caracterização do hábito alimentar, foram utilizados mosquitos de uma área urbana (Ilha dos Valadares) e outra florestal (Floresta Estadual do Palmito – FEP), ambas localizadas no município de Paranaguá, litoral do Paraná. As coletas foram realizadas durante os meses de outubro de 2016 a março de 2017, pela manhã ou tarde, através do método de aspiração dos mosquitos que estavam em repouso no substrato ou eram atraídos pelos coletores, mas impedidos de se alimentarem dos mesmos. Após a identificação e separação das fêmeas ingurgitadas, estas foram submetidas à identificação do repasto sanguíneo por extração do DNA e amplificação pela técnica de PCR. Os primers utilizados foram baseados na sequência do gene mitocondrial COI (Citocromo c Oxidase subunidade I) de mamíferos, aves, répteis e anfíbios13 e as sequências geradas foram identificadas por comparação através da ferramenta BLAST usando os bancos do BOLD (Barcoding of Life Data Systems) e do GenBank (National Center for Biotechnology Information). As interações resultantes serão analisadas utilizando o método de redes, a análise de cluster e a curva de acumulação de espécies. Os mosquitos coletados na área urbana também foram utilizados para a análise do sucesso da amplificação segundo o grau de digestão do sangue, o qual foi mensurado de acordo com a escala de Sella (1= totalmente ingurgitado; 2-6= parcialmente ingurgitado; 7= sem sangue visível ou com ovos desenvolvidos)14. O número correspondente ao nível de digestão foi registrado e comparado com o sucesso da amplificação, verificando tal relação através do Wilcoxon Rank Sum Test. Na análise da amplificação segundo o armazenamento, foram utilizados mosquitos da colônia Rockefeller, alimentados com sangue de camundongos até preenchimento completo do abdômen. Logo após o repasto, as fêmeas foram mortas por congelamento e a conservação do DNA foi testada para as temperaturas de -20 ºC e -80 ºC durante os períodos de 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias. Para cada teste de temperatura e tempo, foram utilizados três mosquitos que estavam sob as mesmas condições, sendo submetidos aos mesmos protocolos de extração e PCR utilizados para as amostras de campo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram coletados 2.666 mosquitos, sendo 2.289 (85,86%) os representantes da área florestal e 377 (14,14%) da área urbana. Do total de culicídeos aspirados na FEP, 883 eram machos e 1406 fêmeas, das quais 255 (18,14%) exibiram o abdômen ingurgitado (última contagem). Na Ilha dos Valadares, do total de mosquitos coletados, 205 eram machos e 172 fêmeas, 110 destas (63,95%) apresentando o intestino com conteúdo alimentar. Até o momento, somente as 110 fêmeas ingurgitadas da Ilha dos Valadares foram submetidas à investigação molecular, resultando em 23 (20,90%) amplificações por PCR bem sucedidas, das quais 17 foram sequenciadas. Na determinação da fonte de repasto, estas sequências, todas pertencentes à Culex quinquefasciatus, revelaram a presença de DNA de aves (58,82%) e mamíferos (41,18%) representados por galinhas (52,94%), humanos (23,52), cães (17,66%) e um pardal (5,88%). Essa espécie de mosquito, muitas 48

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 vezes descrita como preferencialmente antropofílica15, mesmo em uma área urbana, demonstrou-se generalista e mais zoofílica, selecionando principalmente aves como seus hospedeiros. Esse tipo de interação pode favorecer a transmissão de vírus que têm aves como seus principais reservatórios (e.g. Vírus do Nilo Ocidental)16. As 23 amplificações bem sucedidas se concentraram entre os coeficientes 1 a 3 da escala de Sella, com um total de 20 fêmeas apresentando graus de digestão que vão desde o abdômen completamente ingurgitado a um pouco mais de sua metade cheio. As outras três fêmeas restantes foram classificadas nas escalas 4, 5 e 6 que, mesmo com amplificações bem sucedidas, ocorreram menos frequentemente. Esses resultados sugerem que avançados graus de digestão diminuem o sucesso da amplificação (p<0,0001, Wilcoxon Rank Sum Test), a qual é mais bem sucedida quando utilizando mosquitos recém-alimentados12. Quanto às verificações de conservação do DNA do sangue, no decorrer de 30 a 120 dias, o armazenamento à -20 ºC resultou na amplificação de todas as amostras testadas, mas duas amostras armazenadas a -80 ºC (PCR realizada após 60 dias e após 120 dias) não amplificaram. Embora os resultados parcialmente obtidos não representem o esperado, estes sugerem que, para mosquitos muito ingurgitados, o desempenho de armazenamento é equivalente em ambas as temperaturas, não exigindo a conservação à -80 ºC, mas necessitando que a extração ocorra o mais breve possível após a coleta.

CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

As observações parciais sugerem que Cx. quinquefasciatus frequentemente se alimenta de espécies de aves, mantendo as interações com hospedeiros humanos e outros mamíferos. Esse comportamento generalista pode ser um risco para o ser humano devido à importância desse mosquito como vetor de vírus aviários. A técnica de PCR é uma ferramenta que permite identificar os hospedeiros em nível específico, mas o grau de digestão do sangue e a quantidade de sangue ingerido podem dificultar o sucesso da amplificação do DNA. Além disso, baixas temperaturas de armazenamento dos mosquitos ingurgitados não interferem tanto na integridade do DNA quanto o tempo decorrido até a extração, necessitando haver alto planejamento entre as coletas e análise molecular.

Palavras-chave: Repasto sanguíneo, mosquito, escala de Sella, PCR, armazenamento

REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS

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9 TAKKEN, W.; VERHULST, N. O. Host preferences of blood-feeding mosquitoes. Annual Review of Entomology, v. 58, p. 433–453, 2013.

10 KENT, R. J. Molecular methods for arthropod bloodmeal identification and applications to ecological and vector-borne disease studies. Molecular Ecology Resources, v. 9, n. 1, p. 4–18, 2009.

11 FARAJI, A.; EGIZI, A.; FONSECA, D. M.; et al. Comparative host feeding patterns of the Asian Tiger Mosquito , Aedes albopictus , in urban and suburban Northeastern USA and implications for disease transmission. PLoS Neglected Tropical Diseases, v. 8, n. 8, p. e3037, 2014.

12 OSHAGHI, M. A.; CHAVSHIN, A. R.; VATANDOOST, H.; et al. Effects of post-ingestion and physical conditions on PCR amplification of host blood meal DNA in mosquitoes. Experimental Parasitology, v. 112, n. 4, p. 232–236, 2006.

13 ALCAIDE, M.; RICO, C.; RUIZ, S.; et al. Disentangling vector-borne transmission networks: a universal DNA barcoding method to identify vertebrate hosts from arthropod bloodmeals. PLoS ONE, v. 4, n. 9, p. e7092, 2009.

14 MARTÍNEZ-DE LA PUENTE, J.; RUIZ, S.; SORIGUER, R.; FIGUEROLA, J. Effect of blood meal digestion and DNA extraction protocol on the success of blood meal source determination in the malaria vector Anopheles atroparvus. Malaria Journal, v. 12, n. 1, p. 109, 2013.

15 AZMI, S. A.; DAS, S.; CHATTERJEE, S. Seasonal prevalence and blood meal analysis of filarial vector Culex quinquefasciatus in coastal areas of Digha, West Bengal, India. Journal of Vector Borne Diseases, v. 52, p. 252–256, 2015.

16 ALTO, B. W.; CONNELLY, C. R.; O’MEARA, G. F.; HICKMAN, D.; KARR, N. Reproductive biology and susceptibility of Florida Culex coronator to infection with West Nile Virus. Vector Borne and Zoonotic Diseases, v. 14, n. 8, p. 606–614, 2014.

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19. PESO NA DETERMINAÇÃO DE SEXO DE FILHOTES DE HARPIA EM CATIVEIRO

MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: NEI MOREIRA LABORATÓRIO DE REPRODUÇÃO ITAIPU Binacional

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A harpia (Harpia harpyja) é considerada a maior águia das Américas, atualmente ameaçada em todas as regiões de sua ocorrência1,6. No Paraná, a harpia ocorre historicamente em áreas florestais densas8. O manejo ex situ é uma das recomendações de ação para contribuir na conservação de uma espécie ameaçada de extinção5. A reprodução em cativeiro possibilita manter uma população de segurança ex situ que também pode ser utilizada para o manejo da população in situ, com potencial para contribuir com a redução de sua extinção na natureza9. Realizar o estudo do desenvolvimento de filhotes e jovens de harpia auxilia no aperfeiçoamento e na melhoria dos métodos de criação em cativeiro e fornece subsídios para estudos in situ. É verificado com frequência que aves de rapina apresentam dimorfismo sexual relacionado ao tamanho, com fêmeas maiores do que os machos1,4. Os objetivos deste estudo foram (1) avaliar a diferença de pesos entre machos e fêmeas de ninhegos de harpia nascidos em cativeiro, e (2) identificar a idade onde é possível determinar o sexo pelo peso.

MATERIAL E MÉTODOS

Dezenove harpias recém-nascidas em cativeiro, sendo 12 machos e sete fêmeas foram criadas artificialmente em ambiente controlado, no período entre 2009-2016, no Criadouro de Animais Silvestres da Itaipu Binacional (Casib), localizado no Refúgio Biológico Bela Vista, Foz do Iguaçu, Paraná. Determinou-se o sexo dos indivíduos por análise de DNA através da técnica de PCR (Reação de Cadeia de Polimerase), com amplificação gênica de segmentos específicos dos cromossomos sexuais Z/W, de amostras de sangue coletadas após a primeira semana de vida. Os ninhegos foram alimentados com porções de ratos criados em biotério, fornecidas de três a cinco vezes ao dia, diminuindo a frequência e aumentado as porções conforme cresciam. O alimento era fornecido até a saciedade. Cada filhote foi pesado diariamente em balança de precisão, antes da oferta do alimento. Para avaliar se a média do peso seria diferente entre machos e fêmeas foi utilizado o teste t de Student, com nível de significância de 5%. Os dados foram analisados de forma individualizada e agrupados em faixa etária de cinco dias, utilizando Microsoft Excel (2010). Para análise de crescimento foi construído um gráfico peso (gramas) x idade (dias), utilizando os 19 indivíduos, no intervalo de 2 – 150 dias de idade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Avaliando-se a diferença de peso entre machos e fêmeas de harpia por dia de idade, obteve-se diferença significativa a partir do 21º dia (p=0,027), sendo a média para machos (n=12) 523g ± 53 e para fêmeas (n=7) 595g ± 68. Ao serem agrupados em intervalos de 5 dias, as fêmeas alcançaram pesos superiores que os machos a partir da faixa etária de 17 - 21 dias de idade (p=0,0014), sendo a média para machos (n=55) 453g ± 73, e fêmeas (n=35) 507g ± 80. Avaliando o gráfico idade x peso, foi possível observar que os sexos se separaram a partir da 4ª - 5ª semana (28 - 35 dias). Para a águia-careca-americana (Haliaeetus leucocephalus), foi possível distinguir o sexo, na faixa etária de 20 – 24 dias, utilizando altura de bico e na faixa etária de 25 – 29 dias utilizando comprimento da planta do pé. Para essa espécie, os sexos foram claramente separados em torno de 40 – 45 dias2. Para a águia-marinha-de-steller (Haliaeetus pelagicus), em idade inferior a 6°a 7° semanas de vida (42 - 49 dias) não foi possível determinar com exatidão o dimorfismo sexual, manifestado mais tardiamente7. Em adultos já é de conhecimento que as harpias, assim como outros rapinantes, apresentam um forte dimorfismo sexual por tamanho1,4. Os dados aqui apresentados reforçam essa característica e ainda mostram que os machos são menores que as fêmeas já nas primeiras semanas de vida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Na literatura consultada, como descrito para a águia-careca-americana (Haliaeetus leucocephalus) e águia-marinha-de-steller (Haliaeetus pelagicus), além das informações encontradas para determinação de sexo e idade em ninhegos pela comparação de peso, outros dados de morfometria foram utilizados para compreender as relações entre ganho de peso e desenvolvimento de várias partes do corpo dos indivíduos2,7. No entanto, há uma lacuna de informações para as harpias, devido a carência de dados morfométricos para a elaboração de ferramentas eficientes para o manejo em cativeiro e investigações dessa espécie na natureza. Considerando os resultados apresentados, a informação referente ao peso de filhotes pode ser mais uma ferramenta útil na sexagem e, portanto, importante para o manejo e conservação da harpia. Para determinar com maior segurança a diferença entre os sexos através da morfometria, outras variáveis serão incluídas na análise. Este trabalho com filhotes de harpia é inédito e, portanto, relevante para estudos relacionados a crescimento, sobrevivência, comportamento de forrageamento, além de outros aspectos da biologia de grandes águias2,4.

Palavras-chave: Ornitologia; Aves de rapina; Massa corporal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2 BORTOLOTTI, G. R. 1984. Criteria for determining age and sex of nestling Bald Eagles. Journal Field Ornithology., 55(4):467-481.

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3 BORTOLOTTI, G. R. 1984. Physical development of nestling Bald Eagles with emphasis on the timing of growth events. Wilson Bull., 96(4): 524-542.

4 ICMBio 2008. Plano de ação nacional para a conservação de aves de rapina / Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Coordenação-Geral de Espécies Ameaçadas.Brasília.

5 IUCN/SSC 2014. Guidelinesonthe Use of Ex situ Management for SpeciesconservationVersion 2.0. Gland, Switzerland: IUCN Species Survival Commission. (http://bit.ly/2nyZmNT).

6 IUCN 2016.IUCN Red List ofThreatenedSpecies. Version 2016.1. Disponível em:< www.iucnredlist.org>acessado em 16 de junho de 2016.

7 MASTEROV, V. B. 2000. Postnatal development of Steller’s Sea Eagles sexing and aging techniques.pp. 17-28. In: UETA, M. & MCGRADY, M.J. (eds) First Symposium on Steller’s and White-tailed Sea Eagles in East Asia. Wild Bird Society of Japan, Tokyo Japan.

8 MIKICH, R.S.; BÉRNILS (Eds). 2004. Livro vermelho da fauna ameaçada no Estado do Paraná. Curitiba, Governo do Paraná, SEMA, IAP, 763p.

9 Workshop Hapia, 2017, Espírito Santo. Relatório da Análise de viabilidade populacional e de habitat da harpia no Brasil. Grupo de Trabalho Análise de Viabilidade Ex situ. Programa de Conservação do Gavião-real.

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20. IMPORTÂNCIA E INFLUÊNCIA DE FATORES AMBIENTAIS NA PROPAGAÇÃO DE SONS DE Sotalia guianensis (van Bénéden, 1864)

LUCIMARY STEINKE DECONTO* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: EMYGDIO LEITE DE ARAUJO MONTEIRO FILHO LABORATÓRIO DE BIOLOGIA E ECOLOGIA DE VERTEBRADOS CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

O Capítulo I tem como objetivo determinar quais são as características físico- químicas do ambiente (temperatura, salinidade, profundidade, oxigênio dissolvido, turbidez) que possuem maior influência sobre os sons produzidos por S. guianensis sob diferentes escalas de variação espacial (dezenas, centenas e milhares de metros) no litoral do nordeste e sudeste do Brasil. A nossa hipótese é de que haja uma variação no nível de pressão sonora (NPS dB re µPa) destes sons nas menores escalas de variação espacial devido às diferenças ambientais nestas escalas e também devido a perda do NPS com a distância da origem do som. Sendo os maiores valores de NPS registrados quando há uma maior temperatura, salinidade, turbidez da água e em menores profundidades e concentração de oxigênio dissolvido. O Capítulo II irá focar na composição do ruído natural e antropogênico do ambiente marinho na região de Cananéia, sudeste do Brasil. O objetivo deste capítulo é construir mapas acústicos de um setor deste estuário que caracterizem os ruídos naturais abióticos e antropogênicos produzidos nesta região e inferir a influência destes ruídos na comunicação de indivíduos de S. guianensis.

MATERIAL E MÉTODOS

Capítulo I

Para determinar a influência de parâmetros ambientais no NPS de sons de S. guianensis foram escolhidas três escalas de variação espacial: região (centenas de quilômetros; Nordeste e Sudeste do Brasil), local (centenas de metros; local externo e interno) e distância (dezenas de metros; 15, 50, 100 e 500m). Os locais são dois setores dentro de cada região com diferentes características ambientais. O experimento consistiu em emitir cada tipo de som três vezes, sendo um por vez, através de autofalante subaquático a 15, 50, 100 e 500 m de distância da estação de recepção dos sons (hidrofone multidirecional + gravador digital) em cada local e região. A cada distância parâmetros físico-químicos da água também foram coletados. Para verificar a influência das escalas de variação espacial, do tipo de som e dos parâmetros ambientais sobre o NPS foi realizado análise de regressão linear múltipla. A variável resposta foi o NPS e as variáveis preditoras foram região, local, distância, tipo de som, temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido, turbidez e profundidade, não havendo colinearidade entre nenhuma destas variáveis. Para obtenção do modelo mais parcimonioso, utilizou-se o processo de remoção sequencial das variáveis preditoras com base nos valores do Critério de Informação de Akaike (AIC) e do p-valor associado.

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Através deste processo foram removidas, uma a uma, a temperatura, a região e a profundidade, gerando o seguinte modelo que foi testado, o qual atendeu a todas as premissas para a realização da análise:

NPS = α + β*local + β*distância + β*tipo de som + β*salinidade + β*oxigênio dissolvido + β*turbidez + ε

Para verificar a influência da estação do ano e dos parâmetros ambientais sobre o NPS, outro modelo foi testado. A variável resposta foi o NPS e as variáveis preditoras foram estação do ano, local, distância, temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido, turbidez e profundidade, havendo colinearidade entre estação do ano e temperatura (r = 0,95; p<0,01) e entre local e salinidade (r = 0,79; p<0,01). Por isso, estas variáveis categóricas foram excluídas do modelo. O mesmo processo de remoção sequencial de variáveis preditoras foi realizado, removendo a temperatura, a profundidade e o oxigênio dissolvido. O seguinte modelo que foi testado, o qual atendeu a todas as premissas para a realização da regressão linear múltipla:

NPS = α + β*distância + β*salinidade + β*turbidez + ε

Capitulo II

Sete expedições de campo foram realizadas em Cananéia, SP. A cada expedição, 18 pontos de amostragem foram percorridos em zigue-zague. Foram estabelecidas três profundidades a cada ponto de amostragem. Em cada profundidade, um arquivo de dois minutos de som e parâmetros como a velocidade do vento, temperatura superficial da água (TSA), tipo de maré e presença de embarcações foram registrados. Testes de Mann-Whitney foram utilizados para comparação dos parâmetros sonoros entre marés, períodos do dia e presença/ausência de embarcações. Para comparação destes parâmetros entre os pontos de amostragem e entre profundidades foram realizados testes de Kruskal-Wallis. Além disso, um teste de correlação foi realizado para verificar a correlação entre os parâmetros sonoros e o vento e temperatura superficial da água. Os mapas acústicos foram confeccionados com o auxílio do programa Surfer 9 para a visualização da variação do NPS conforme mês, maré e presença de embarcações.

RESULTADOS

O modelo proposto para comparações entre as escalas de variação espacial e tipo de som foi capaz de explicar mais de 70% da variação do NPS em função das variáveis preditoras propostas (R2 = 0,72; F = 103,00, g. l. = 278, p < 0,0001). Através deste modelo, concluiu-se que o NPS diminui com a distância, com a salinidade, com a turbidez e aumenta com a concentração de oxigênio dissolvido na água (Fig. 10). Também, é menor no local interno e maior para os clicks. O modelo proposto para comparação entre estações do ano foi capaz de explicar mais de 60% da variação do NPS em função das variáveis preditoras propostas (R2 = 0,61; F = 48,93, g. l. = 89, p < 0,0001). Através deste modelo, concluiu-se que o NPS diminui com a distância e a turbidez e aumenta com a salinidade.

Capítulo II

O NPS do ruído em Cananéia é muito variável conforme data de amostragem, 55

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 principalmente devido ao tipo de maré e a presença de embarcações durante a amostragem. Finais de semana e períodos de férias são importantes datas, nas quais ocorre um aumento de ruído na região, devido a presença de embarcações. Os parâmetros sonoros do ruído ambiental no estuário não variaram entre os pontos de amostragem, entre as profundidades e entre os períodos do dia. Mas, foram significativamente diferentes entre maré enchente e vazante e na presença ou ausência de embarcações, com maiores valores de ruído ambiente na maré enchente e com a presença de embarcações. Não houve correlação entre vento e temperatura superficial da água com o ruído ambiental.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através dos resultados do Capítulo I pode-se perceber que a distância, a salinidade, o oxigênio dissolvido e a turbidez são os principais agentes modificadores do NPS de S. guianensis e que este parâmetro pode diferir em uma mesma latitude (locais) e ser semelhante em latitudes diferentes (regiões). Com as equações resultantes é possível prever a influência de alterações ambientais e de delineamentos amostrais em estudos de acústica sobre o NPS de sons da espécie. Por exemplo, a abertura do canal do Valo Grande ao norte do estuário de Cananéia, diminuiu 30 vezes a salinidade no local e aumentou muito a turbidez da água devido ao assoreamento. Mantendo outras variáveis constantes, o NPS sonora de um assobio a 500m da origem de emissão seria 26% menor, conforme a equação da reta obtida. Considerando que o som original possuía 80 dB re µPa, o som captado nas novas condições de salinidade e turbidez terá 59 dB re µPa. Isto estaria fora do limite de audição para a espécie, o qual é 67 dB re µPa entre 16 e 32 kHz1. O Capítulo II demonstra que os níveis de ruído no estuário de Cananéia podem ser elevados, devido à presença de embarcações, mas também por razões naturais, como o tipo de maré. Portanto, a população de S. guianensis nesta região enfrenta naturalmente níveis de ruídos elevados e que podem ser agravados devido a atividade humana. Assim, esta combinação de atores na geração do ruído ambiente poderia levar a espécie a ajustar o NPS para evitar a sobreposição de seus sinais com o ruído ambiental.

Palavras-chave: assobios; parâmetros ambientais; estuário; ruído ambiental; bioacústica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 SAUERLAND, M.; DEHNHARDT, G. 1998. Underwater audiogram of a tucuxi (Sotalia fluviatilis guianensis). J. Acoust. Soc. Am. 103: 1199-1204.

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21. PADRÃO HORMONAL REPRODUTIVO DO MACHO DE ANTA (Tapirus terrestris)

GEISSIANE NEVES TOLEDO* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: NEI MOREIRA LABORATÓRIO DE FISIOLOGIA ANIMAL DA UFPR – SETOR PALOTINA COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES)

A ordem Perissodactyla é representada por mamíferos herbívoros ungulados, com número ímpar de dedos nas patas. A família Tapiridae inclui um gênero vivo com quatro espécies, no Brasil encontramos apenas representantes da espécie Tapirus terrestris, que possui vasta distribuição geográfica podendo ser encontrada no Brasil, Gran Chaco, Bolívia, Peru, Equador, Venezuela, Guianas e Colômbia. No entanto está registrada como vulnerável segundo a Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas, da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), devido à redução contínua das populações, superior a 30% nas últimas três gerações (33 anos), ocasionada pela perda de habitat e caça ilegal. Se os regimes de caça continuarem, e ações conservacionistas para a proteção da espécie não forem prontamente implementados, esta pode ser localmente extinta em muitas partes de sua distribuição. Considerando o alto declínio das populações existentes em vida livre, os trabalhos realizados com animais em cativeiro são de suma importância para o entendimento da fisiologia reprodutiva e preservação de amostras biológicas, que possam garantir no futuro projetos de reprodução assistida e reintrodução. Programas de criação em cativeiro visando a manutenção de populações geneticamente saudáveis e minimização da consanguinidade, talvez sejam a única opção de conservação em curto prazo para muitas espécies. Pouco se sabe sobre a endocrinologia reprodutiva do macho de anta, poucos trabalhos foram realizados sobre hormônios testiculares circulantes ou excretados. Nos machos, as células de Leydig apresentam um padrão de secreção de testosterona ao longo da vida, que pode ser contínua ou sazonal, e a produção de sêmen é controlada pelas gonadotrofinas e testosterona. Reprodução e estresse são dois fatores correlacionados, pois o estresse influencia outros sistemas fisiológicos, consequentemente, altera a homeostase, o que pode prejudicar a reprodução. A utilização de métodos não invasivos, para monitorar hormônios utilizando coleta de urina, fezes e saliva, pode ajudar nas avaliações de fertilidade nos machos, podendo auxiliar o manejo da reprodução sem causar estresse. O trabalho será desenvolvido com machos de anta (Tapirus terrestris), alocados em recintos coletivos no Refúgio Biológico Bela Vista – ITAIPU Binacional – Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil. Para a validação da metodologia, três machos em idade reprodutiva serão submetidos a coletas de sangue (punção venosa) e saliva (swab bucal), no mesmo intervalo de tempo, cinco vezes por semana, para comparação dos níveis hormonais em ambas as amostras e validação do uso de saliva como amostra biológica. Posteriormente, será mantida apenas a coleta de saliva, em seis machos, por um período de 12 meses, que serão condicionados a colaborar com as coletas, visando causar o mínimo de estresse possível nos mesmos. Serão dosados os hormônios, testosterona e cortisol, nas amostras, por meio de enzimoimunoensaio (EIA). Hipóteses: Existe correlação entre a quantidade dos hormônios testosterona e cortisol no sangue e na saliva; a produção de testosterona no macho de anta (Tapirus terrestris) não apresenta sazonalidade. 57

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Palavras chave: Fisiologia Reprodutiva, Enzimoimunoensaio, testosterona, cortisol.

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22. ANÁLISE DA DIETA E BIOLOGIA POPULACIONAL DE HISTIOTUS VELATUS (CHIROPTERA: VESPERTILIONIDAE) EM UM ABRIGO EM FLORESTA OMBRÓFILA MISTA SARA BANDEIRA EMILIANO* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: JOÃO MARCELO DELIBERADOR MIRANDA LABORATÓRIO DE MAMÍFEROS DO SUL DO BRASIL CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

O estudo em abrigos de morcegos é um método importante para conhecer sua ecologia e como seus hábitos alimentares prestam serviços ecológicos. Os objetivos deste trabalho são: (1) estimar o número de indivíduos de uma colônia de Histiotus velatus; (2) analisar sua variação demográfica ao longo do ano; (3) testar se ocorre variação sazonal em sua dieta ao longo do ano; (4) estimar a biomassa de insetos consumida por noite por uma colônia de H. velatus. A colônia monitorada está presente no forro de uma residência de alvenaria desocupada na vila de Faxinal do Céu, no município de Pinhão, Paraná, Brasil. A região encontra-se no bioma Mata Atlântica, na formação Floresta Ombrófila Mista a 1.133m de altitude. Foram realizadas fases de campo mensais com redes abertas por duas noites até a meia noite. Os morcegos são capturados no momento de saída do abrigo com redes de neblina e manualmente dentro do abrigo. Cada indivíduo é acondicionado num saco de pano para posterior triagem e coleta de amostras fecais. Para a estimativa populacional será utilizado o método de captura, marcação e recaptura usando-se o estimador Jackknife. A partir das sexagens e classificações etárias dos espécimes capturados serão verificadas as métricas demográficas da colônia: razão macho/fêmea; razão adulto/jovem e taxa de maternidade. As amostras fecais são acondicionadas em microtubos com álcool 70% e triadas sob lupa em laboratório para separação dos itens alimentares identificáveis. Dentro do abrigo são estendidos pedaços de tecido preto sob indivíduos para coleta diária de fezes. Posteriormente será realizado um experimento no qual oferecidas larvas de Tenebrio molitor a indivíduos de H. velatus capturados até que seus intestinos estejam livres de resíduos anteriores. Em seguida serão oferecidos exemplares de insetos “duros” (Coleoptera ou Hemiptera) e “moles” (Diptera e Lepidoptera) capturados em armadilhas luminosas instaladas próximas ao abrigo. Os insetos serão pesados para uma estimativa de consumo pelo morcego, comparando-se a massa do inseto com a porcentagem encontrada nas fezes. Também será medido o intervalo de tempo entre ingestão e defecação. Para os itens alimentares encontrados serão calculadas Frequência de Ocorrência, abundância e variação sazonal. Serão estimadas relações entre números de indivíduos consumidos e biomassa de fezes em mg; e a quantidade em mg consumida de insetos e a biomassa de fezes produzida. Foram realizadas 5 fases de campo, quando 65 indivíduos foram capturados, 5 indivíduos foi coletado e 60 foram soltos e marcados. Desse total de capturas, 87,65% corresponderam a fêmeas (94,94% adultas e 5,06% jovens) e 12,35% machos (98,6% adultos e 1,4% jovens). Foi coletada uma amostra de fezes no abrigo (com massa de 7,02g) e 31 amostras individuais. Até o momento, foram registrados os itens Coleoptera, Diptera, Arachnida e partes ósseas (vértebras). Com base nos resultados preliminares, pode-se inferir que H. velatus forma, no presente abrigo, uma colônia maternidade, e que pode haver subgrupos em áreas próximas, os quais convergiriam para o abrigo estudado

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 na época reprodutiva, porém ainda não se pode inferir sobre dieta devido ao grande número de itens ainda não identificados presentes.

Palavras-chave: Dieta; Sazonalidade; Abrigo antrópico; Morcego insetívoro.

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23. CARACTERÍSTICAS MORFOMÉTRICAS DE CRESCIMENTO E COMPOSIÇÃO CORPORAL DE RHAMDIA QUELEN EM CRIAÇÃO COM GÊNEROS ISOLADOS E MISTOS

HANNA KAROLYNA DOS SANTOS* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: FÁBIO MEURER LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA EM AQUICULTURA (LATAq) CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

A execução do projeto teve início em março de 2017 no Laboratório de Tecnologia em Aquicultura da UFPR com o objetivo de acompanhar e descrever o desenvolvimento do Rhamdia quelen da fase de alevino á reprodutiva. Foi montada uma estrutura de cultivo formada por três sistemas intensivos de produção idênticos, composta por seis tanques de 20.000L (volume útil) em recirculação. Onde três desses tanques funcionam como área de cultivo e três funcionam como biofiltro. A biofiltragem é proporcionada por pela macrófita Eichhornia crassipes, juntamente com 5 m2 de redes dispersas em cada biofiltro para a formação de um biofilme. A troca de água do sistema é feita por uma motobomba com vazão de 3.500L/h, ligada 24h, diariamente, que proporciona troca de aproximadamente quatro vezes o volume total dos tanques. A fim de atender a demanda de oxigênio dois aeradores elétricos proporcionam aeração contínua. Diariamente são aferidos parâmetros físico-químicos da água com o auxílio de um oxímêtro e um phmetro. Semanalmente mede-se a transparência da água. Mensalmente coleta-se uma amostra de 500ml de água de cada tanque para uma análise mais elaborada em laboratório. As medições registram as seguintes médias: Oxigênio dissolvido 9,1 mg/L; temperatura 21,4° C e pH 9,0. Transparência de aproximadamente 60cm. Amônia 0.002mg/L; nitrito 0.001mg/L; alcalinidade 117,7mg/L; dureza 40,3mg/L; e condutividade 905,5Us/cm. A partir do período de inverno, serão realizadas análises nictemerais para se conhecer e avaliar a amplitude de variação e os períodos críticos do oxigênio, pH e temperatura do sistema. Na primeira avaliação (14/07) observou-se que o pico de oxigênio ocorre as 14h (12,42mg/L), o de pH ás 15h (9,76) e o da temperatura ás 16h (20,9°C). Os pontos críticos ocorreram as 8h para oxigênio e temperatura (3,98 mg/L e 16,5°C) e as 2h para o pH (7,63). De acordo com a literatura, esses registros indicam que a estrutura possui condições adequadas para a criação de jundiá mesmo nos períodos críticos das variáveis ambientais. Subsequente serão adquiridos indivíduos da espécie R. quelen, para que seja feito acompanhamento mensal do crescimento e ganho de peso dos indivíduos através das medidas morfométricas e dos cálculos dos parâmetros de crescimento, desde sua fase inicial até a fase reprodutiva, para que seja possível a comparação de crescimento entre gêneros e haja o registro do cultivo de jundiá em todas as fases de seu desenvolvimento.

Palavras-chave: jundiá, morfometria, espécie nativa, aquicultura.

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24. VARIABILIDADE GENÉTICA E MORFOLÓGICA E ESTRATÉGIA REPRODUTIVA DAS POPULAÇÕES DOS CARANGUEJOS CHAMA-MARÉ Leptuca leptodactyla (RATHBUN, 1898) E Minuca mordax (SMITH, 1870) (CRUSTACEA, DECAPODA, OCYPODIDAE) AO LONGO DA COSTA DO BRASIL

SALISE BRANDT MARTINS* *E-mail: [email protected] ORIENTADORA: SETUKO MASUNARI LABORATÓRIO DE ECOLOGIA DE CRUSTACEA UFPR CO-ORIENTADOR: CHRISTOPH D. SCHUBART (UNIVERSITÄT REGENSBURG, ALEMANHA) CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

As larvas dos caranguejos L. leptodactyla e M. mordax desenvolvem-se em ambiente aquático, apresentando uma vida bifásica, uma meroplanctônica e outra bentônica1. Essa estratégia de desenvolvimento representa um importante mecanismo para a dispersão das espécies, pois assegura a colonização de estuários adjacentes e geograficamente distantes entre si, garantindo o fluxo gênico entre as populações2,3,4. Os adultos de L. leptodactyla ocorrem exclusivamente em biótopos bentônicos nas imediações da boca das baías que são banhados por águas polihalinas com salinidades médias superiores a 205 e, portanto, é esperado que as suas larvas possam se desenvolver fora dos estuários, facilitando a troca gênica entre as populações através das correntes oceânicas, em ambiente de mar aberto. Por outro lado, os adultos de M. mordax que habitam exclusivamente substratos banhados por águas oligohalinas5,6, na parte mais interna das baías, as suas larvas são retidas dentro do próprio estuário6. Neste contexto, é esperado que ocorram diferenças morfológicas e genéticas mais acentuadas nas populações desta espécie, pois as suas larvas não têm necessidade de serem exportadas para o mar aberto, favorecendo uma redução do fluxo gênico entre os estuários. Os seguintes objetivos foram estabelecidos: 1) verificar a tolerância das larvas de L. leptodactyla frente às diversas salinidades, para inferir a estratégia reprodutiva da espécie, se as larvas seriam exportadas para o mar aberto ou retidas nos estuários; 2- elaborar figuras e descrições morfológicas detalhadas de todos os estágios larvais de L. leptodactyla; 3) avaliar quais características da história de vida e variáveis oceanográficas estariam atuando sobre as variabilidades morfológica (carapaça e quelípodo) e genética das populações das duas espécies ocorrentes ao longo da costa brasileira, utilizando técnicas morfométricas e moleculares e 4) estudo descritivo morfométrico comparativo da menor quela dos machos e das fêmeas de M. mordax utilizando a morfometria geométrica (MG).

MATERIAL E MÉTODOS 1) Larvas de L. leptodactyla foram obtidas de 10 fêmeas ovígeras e cultivadas em cinco diferentes tratamentos de salinidade (0, 5, 15, 25 e 35), da eclosão até o estágio de megalopa, sob fotoperíodo regular e temperatura média de 26,5°C. Cada tratamento foi realizado com 120 larvas, totalizando 600 unidades experimentais, nas quais, taxas de sobrevivência e a duração do desenvolvimento larval foram registradas; elas foram 62

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 alimentadas com microalgas, rotíferos e náuplius de artêmia. 2) As larvas foram dissecadas sob microscópio estereoscópico, as estruturas morfológicas montadas em lâminas escavadas e desenhadas sob microscópio óptico equipado com câmara clara. 3) Foram analisadas 380 carapaças e 360 própodos do maior quelípodo de machos adultos de M. mordax provenientes de 10 populações ao longo da costa do Brasil e, respectivamente, 204 e 186 de cinco populações de L. leptodactyla, com a técnica de MG7. Para M. mordax, foram estabelecidos 19 marcos anatômicos bidimensionais para a carapaça e nove para o maior quelípodo, enquanto para L. leptodactyla, foram 11 e seis, respectivamente. O material genético foi extraído dos tecidos musculares de apêndices locomotores de 117 e 113 indivíduos de L. leptodactyla e M. mordax, respectivamente, utilizando técnicas moleculares8. Foram utilizados os genes mitocondriais COI (para ambas as espécies) e NADH1 (somente para L. leptodactyla) e os primers COL8 e COH16 (965 e 726 pares de base) e NDL2 e NDH2 (726 pb), para amplificação das regiões dos genes mitocondriais COI e NDH1, respectivamente. As sequências nucleotídicas foram editadas no Chromas Lite e alinhadas manualmente no programa BioEdit. O número de haplótipos foi calculado no programa DnaSP e o fluxo gênico entre as populações avaliado com AMOVA no software Arlequin. A diversidade de nucleotídeos e haplótipos foi estimada para cada população com o programa DnaSP e as redes de haplótipos construídas pelo método estatístico de parcimônia no Pop Art com os dados previamente preparados no DnaSP. Inferências sobre a história demográfica das populações foram acessadas utilizando a análise de mismatch distribution. 4) Seis marcos anatômicos bidimensionais foram estabelecidos nas imagens das faces externa e interna do própodo do menor quelípodo de 32 machos e 27 fêmeas de M. mordax, e os dados analisados com a técnica de MG7.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

1) Houve mortalidade total das larvas zoeas de L. leptodactyla, nas salinidades 0, 5 e 15, enquanto o desenvolvimento completo até megalopa foi observado somente em 25 (n= 2) e 35 (n=18). Portanto, a necessidade de exportação das larvas em mar aberto foi confirmada nesta espécie. 2) L. leptodactyla apresenta cinco ou seis estágios de zoea e um de megalopa. De cada estágio foram desenhadas: carapaça; antênula, antena, mandíbula, maxílula, maxila, primeiro maxilípede, segundo maxilípede, terceiro maxilípede, abdome, pereiópodo, pleópodo e urópodo. 3) A forma tanto da carapaça como do quelípodo diferiu significativamente entre todas as populações das duas espécies. Houve uma elevada diversidade haplotípica tanto para o gene COI (Hd=0,992) quanto para o gene NADH1 (Hd=0,994) em L. leptodactyla, embora a diversidade nucleotídica tenha sido baixa (COI π = 0,00534 e NADH1 π = 0,00691), dada a diferença de poucos pares de bases entre os haplótipos. A relação hierárquica entre estes não demonstrou qualquer estruturação geográfica da diversidade genética. Ambas as análises de mismatch distribution apresentaram uma distribuição unimodal, indicando que as populações de L. leptodactyla sofreram eventos de expansão populacional recente. Este perfil é condizente com a provável estratégia de exportação das larvas desta espécie para o mar aberto, no qual fatores oceanográficos favorecem a dispersão das larvas. O mesmo padrão foi observado em M. mordax com o gene COI, cuja diversidade haplotípica foi alta (Hd= 0,974), porém, a diversidade nucleotídica foi baixa (π = 0,00622). A relação hierárquica entre os haplótipos também não demonstrou qualquer estruturação geográfica da diversidade genética entre as populações. Apesar disso, houve uma tendência das populações da região Sul (PR, SC e RS) apresentarem uma troca gênica reduzida com as populações da região Norte. A análise de mismatch distribution, também revelou uma distribuição unimodal, indicando eventos de expansão populacional recente. Os 63

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 resultados obtidos não são condizentes com a estratégia de retenção das larvas no ambiente estuarino, indicando um provável escape de larvas para a região costeira, mesmo reduzido, garantindo o fluxo gênico entre as populações. Esta suposição está baseada na sobrevivência de algumas raras larvas de M. mordax em salinidade 306. Por outro lado, a tendência de uma troca gênica reduzida entre as populações das regiões Sul e Norte pode estar relacionada a um conjunto de variações abióticas e bióticas locais, bem como do relevo e da morfologia da linha costeira, os quais estabelecem localmente o nível do mar e, consequentemente pode interferir no fluxo genético dentro dos estuários. 4) Houve dimorfismo sexual na forma e no tamanho do própodo do menor quelípodo (face externa e interna) entre machos e fêmeas de M. mordax. Os machos mostraram um padrão inverso das fêmeas em ambas as faces. Elas apresentaram a base do própodo mais alargada, margem superior mais recuada, porção posterior mais alargada e alongada e a margem interna mais curva; nos machos a forma é mais linear. Para a face interna, as fêmeas apresentaram a base do própodo mais alargada, região da junção superior e inferior entre o dáctilo e o manus mais recuada e a junção superior do carpo com o manus mais prolongada. O fato dos machos apresentarem o menor quelípodo mais robusto do que o das fêmeas pode ser um mecanismo compensatório, já que eles possuem somente um quelípodo para a alimentação, enquanto as fêmeas, dois.

Palavras-chave: Salinidade; Morfometria geométrica; Estrutura populacional; Homogeneidade genética; DNA mitocondrial; Dimorfismo sexual.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 ANGER, K. 2001. The biology of decapod larvae. Vol. 14. Lisse: AA Balkema Publishers, 420 pp.

2 SCHELTEMA, R.S. 1986. On dispersal and planktonic larvae of benthic invertebrates: an eclectic over view and summary of problems. Bulletin of Marine Science, 39(2): 290-322.

3 KINLAN, B.P.; GAINES, S.D. 2003. Propagule dispersal in marine and terrestrial environments: a community perspective. Ecology, 84: 2007-2020.

4 PALUMBI, S.R. 2003. Population genetics, demographic connectivity, and the design of marine reserves. Ecological Applications, 13:146-58. 5 MASUNARI, S. 2006. Distribuição e abundância dos caranguejos Uca Leach (Crustacea, Decapoda, Ocypodidae) na Baía de Guaratuba, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 23(4): 901-914.

6 MARTINS, S.B. 2014. Distribuição espacial de Uca (Minuca) mordax (Smith, 1870) (Crustacea, Decapoda, Ocypodidae) durante o ciclo de vida na Baía de Guaratuba, Paraná. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Paraná. 131 pg.

7 MONTEIRO, L.R., REIS, S.F. 1999. Princípios de morfometria geométrica. Holos.

8 SCHUBART, C.D. 2009. Mitochondrial DNA and decapod phylogenies: the importance of pseudogenes and primer optimization. Decapod Crustacean Phylogenetics, 18: 47-65.

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25. ESTUDO POPULACIONAL DA BALEIA-FRANCA-AUSTRAL – Eubalaena australis (DESMOULINS, 1822) - NO LITORAL SUL DO BRASIL

EDUARDO PIRES RENAULT BRAGA* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: PAULO CÉSAR SIMÕES LOPES LABORATÓRIO DE MAMÍFEROS AQUÁTICOS - UFSC

A baleia-franca-austral – Eubalaena australis – utiliza o sul do Brasil, principalmente a região centro sul de Santa Catarina, como área reprodutiva de julho a novembro. Na região são registrados tanto indivíduos solitários que migram com o objetivo de acasalar, quanto pares de mãe e filhote. A espécie foi intensamente caçada em toda costa do Brasil desde o período colonial até o ano de 1973, quando ocorreu o ultimo registro de caça no município de Imbituba/SC. Atualmente a baleia-franca é classificada como em perigo pela lista brasileira de espécies ameaçadas. Em 2000 foi criada na região a Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca, uma unidade de conservação que tem o objetivo de proteção da espécie em sua principal área de ocorrência. Desde 1987, o projeto Baleia Franca realiza sobrevoos com o objetivo de conhecer os padrões de distribuição da espécie e foto identificação dos indivíduos. A identificação individual ocorre através dos padrões de calosidades na região da cabeça. Os sobrevoos ocorrem uma vez ao mês, paralelamente à costa. A área de abrangência variou de um ano para outro, devido a disponibilidade de recursos. A fim de avaliar a população atual, serão utilizadas técnicas de marcação e recaptura considerando parâmetros como abundância, sobrevivência, probabilidade de captura, taxa de emigração e taxa de retorno. Dados de foto identificação foram coletados desde 1987 através dos sobrevoos. Para avaliar a população, será utilizado o modelo Desenho Robusto de Pollock, uma vez que existe uma provável taxa de migração e emigração da população de Baleias-franca-austrais que utilizam a Argentina como área reprodutiva. Para estas análises, e as demais que envolvem dados de foto identificação, todas as avistagens registradas durante todos os sobrevoos serão consideradas. Além disso, uma modelagem de habitat será realizada para verificar a sobreposição da área de ocorrência entre grupos de acasalamento, e pares de mãe e filhote. A fim de padronizar o esforço realizado, uma vez que, o mesmo variou ao longo dos anos, serão consideradas apenas as avistagens registradas no mês de setembro, dentro da APA da Baleia Franca. Para isso modelos aditivos generalizados serão aplicados. O número de baleias será modelado em função das variáveis explanatórias: temperatura da superfície da água, substrato, distância da costa, distância da isobata de 20 metros, e coeficiente de formação da costa (razão do tamanho real da linha de costa com o tamanho retilíneo). Espera-se que as mesmas variáveis influenciem no padrão de distribuição da espécie, mas que classes diferentes ocupem diferentes gradientes destas variáveis. A partir das variáveis selecionadas um novo modelo de máxima entropia (Maxent) será realizado para indicar potenciais áreas de ocorrência da espécie, expandindo desde o norte do Paraná ao extremo sul do Rio Grande do Sul. Por fim, os parâmetros populacionais estimados serão utilizados para elaboração de cenários em uma Análise de Viabilidade Populacional. A partir dos resultados obtidos, pretende-se gerar subsídios para estratégias de manejo e conservação da espécie no Brasil.

Palavras-chave: Eubalaena australis; Estimativas populacionais; Modelagem de Hábitat.

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26. ESTRUTURAÇÃO FILOGENÉTICA E FUNCIONAL DAS ASSEMBLEIAS DE RÉPTEIS EM DIFERENTES ESCALAS ESPACIAIS NA MATA ATLÂNTICA ANDRÉ LUIZ FERREIRA DA SILVA* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: FERNANDO DE CAMARGO PASSOS LABORATÓRIO DE BIODIVERSIDADE, CONSERVAÇÃO E ECOLOGIA DE ANIMAIS SILVESTRES - LABCEAS COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES)

A biodiversidade é um conceito multifacetado complexo que inclui escalas no espaço e no tempo, espécies e peculiariedades evolutivas. A consideração dos atributos funcionais e filogenia em estudos de estrutura de comunidade tem exigido o estabelecimento de nova semântica, índices e ferramentas para medir e analisar as peculiariedade e diversidade filogenética. É possivel observar a proposta de inúmeros modelos e abordagens alternativas para entender os padrões e processos das assembleias comunitárias. Em características filogenéticas e na diversidade têm sido utilizadas diferentes escalas espaciais para identificar os impactos relativos aos processos ecológicos tais como, filtragem ambiental e consequentemente limitando a semelhança nos processos alternativos, como a especiação aleatória e extinção, dispersão e deriva ecológica. A falta de informações sobre a biologia, distribuição e conservação da herpetofauna brasileira dificulta a formação de argumentos sólidos para um planejamento eficiente de medidas conservacionistas. Uma vez que esses organismos muitas vezes são extremamente sensíveis às mudanças em seus habitats é possivel utilizá-los como objeto de estudo para a formação de planos de manejo e preservação de ecossistemas. A importância para entendimento da composição das assembleias de répteis em diferentes localidades dentro de um ecossistema permite compreender como os processos associados à biogeografia, filogenia, atributos funcionais e ecologia interagem a nível local em diferentes escalas espaciais formando as comunidades. Sendo assim, a integração de escalas espaciais locais e regionais de diversidade, em conjunto com gradientes ambientais e barreiras biogeográficas, fornecem informações sobre o efeito em potencial de mecanismos que moldaram a composição da comunidade, sua diversidade filogenética e sua diversidade ecológica. Para isso serão obtidos os dados de presença ou ausência de espécies das comunidades de répteis em todo o bioma de Mata Atlântica a partir de dados publicados como artigos, dissertações e teses. Para reduzir possíveis tendências devido a diferenças metodológicas nos procedimentos de amostragem, serão apenas selecionados trabalhos cujas listas de verificação preencham os seguintes critérios: (i) metodologias de coletas que possuam observações casuais e por armadilhas; (ii) amostragens em todas as estações de pelo menos um ano. Para avaliar os padrões de diversidade local e regional, a composição taxonômica, filogenética e funcional para cada comunidade será quantificada através de diferentes índices englobando diversidade local (alfa) e regional (beta). Para as análises filogenéticas, será utilizada uma filogenia já pronta para o grupo, para aspectos de diversidade funcional, serão reunidas informações com caracteristicas das espécies. Para calcular a diversidade filogenética de cada comunidade será utilizado o índice Faith e para diversidade funcional será utilizado o índice de Mean Pairwise distance. Com base no índice de Sorensen (Bsor), por uma rotina em R (R Development Core Team, 2009) será calculada a matriz dissimilaridade 66

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 para as espécies, filogenia e atributos funcionais essas matrizes serão análises multivariadas e análises espaciais para determinar a influência dos gradientes ambientais e espaciais. Para obtenção dos dados climáticos será utilizando o programa World Clim, e também informações de variáveis ambientais tradicionalmente utilizados em estudos macroecológicos.

Palavras-chave: Biodiversidade, répteis, filogenia, atributos funcionais, Mata Atlântica.

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27. RELAÇÕES TRÓFICAS DE Centropomus (PERCIFORMES – CENTROPOMIDAE) NAS REGIÕES NORDESTE E SUL DO BRASIL

GISLEINE HOFFMANN DA COSTA E SILVA* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: VINÍCIUS ABILHOA MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL CAPÃO DA IMBUIA CO-ORIENTADOR: HUGO BORNATOWSKI CENTRO DE ESTUDOS DO MAR/UFPR

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

As relações tróficas e as redes alimentares dos ecossistemas marinhos fornecem importantes informações sobre as interações entre as espécies e as estruturas e funções dos ecossistemas7. As interações entre predadores e presas exercem grande influência na estrutura e funcionamento dos sistemas ecológicos, e quando esta organização é violada, por impactos da sobre-explotação, mudanças climáticas ou degradação ambiental, ocorrem mudanças nos mecanismos de equilíbrio dos ecossistemas provocando alterações nas características das comunidades, em seus níveis tróficos e nas interações entre as espécies, que podem se espalhar pela rede trófica sob o efeito de cascata trófica, em modelos top-down, bottom-up ou wasp-waist2,12,18,19. O entendimento dos processos ecológicos nos ecossistemas costeiros são questões fundamentais para a gestão pesqueira18. Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo geral investigar as relações tróficas das espécies de Centropomus (robalos) alvo da atividade pesqueira em ecossistemas costeiros na região nordeste e sul do Brasil, avaliando sua dieta e suas variações entre as classes de tamanho e sazonalidade, a sobreposição alimentar, a amplitude de nicho e o nível trófico (capítulos 1 e 2). Também serão construídas redes tróficas para as duas regiões, com o objetivo de verificar a importância de C. parallelus, avaliando as interações e o papel ecológico da espécie (Capítulo 3).

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo ocorreu na região nordeste, onde as coletas dos exemplares ocorreram no estuário de Caravelas (BA). Os robalos foram coletados com método de pesca de Gamboa, entre maio/ 2012 e outubro/ 2013. Também na região sul, onde as coletas ocorreram em Guaratuba (PR), Paranaguá (PR) e Itapoá (SC). Os robalos foram obtidos por meio de visitas aos mercados de peixes e também por coletas realizadas entre março/2015 e abril/ 2016. De cada exemplar foram registrados o comprimento total e padrão (CT – mm e CP – mm) e o peso total (PT – g). Os estômagos foram removidos, fixados em formol 10% e acondicionados em álcool 70%. Os conteúdos alimentares estão sendo triados e identificados1,8,16. Para as análises da dieta das foram avaliadas as espécies, sazonalidade e classes de tamanho. Para a região nordeste, a sazonalidade foi classificada em frio (T<28°C) e quente (T>28°C) e para a região sul em primavera, verão, outono e inverno. Já as classes de tamanho nas duas regiões foram classificadas em subadulto (CT  L50) e adulto (CT 

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L50). Para atender os objetivos dos capítulos 1 e 2, os itens alimentares estão sendo avaliados quanto a frequência de ocorrência10,11,21, frequência de peso10,11,21 e a 18 importância dos itens por meio do Índice de Preponderância (Ii) . Variações na dieta em função dos fatores determinados foram avaliadas por meio dos métodos de NMDS, PERMANOVA e SIMPER5. A amplitude de nicho trófico foi determinada pelo Índice de Levins’ padronizado15, a sobreposição de nicho foi calculada usando o Índice de Pianka20e pelo modelo nulo usando o pacote EcoSimR9 e os níveis tróficos6. Para o capítulo 3 será realizada a construção da rede trófica estruturada de C. parallelus para a área tropical e subtropical, usando como base as informações da dieta obtidas nos capítulos 1 e 2 e através da bibliografia a respeito da dieta dos outros componentes4. Está sendo construída a matriz quadrática de presença e ausência das interações entre predador-presa3, onde serão avaliadas a densidade da rede, grau de conectância e o “grau de nó”7. Também serão aplicados os índices de centralidade, com o índice de intermediação e o índice de proximidade3. Para avaliar a importância da espécie na rede e os efeitos de cascata trófica bottom-up, top-down e wasp-waist e será avaliado o índice de espécie chave “Keystone Index”13,14.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No capítulo 1, foram analisados 137 exemplares de C. pectinatus, 43 exemplares de C. undecimalis e 21 exemplares de C. parallelus. Para a dieta de C. pectinatus Aratus pisonii e Goniopsis cruentata foramos itens alimentares mais importantes para sazonalidades e a classes de tamanho adulto. Já para subadulto os itens mais importantes foram A. pisonii, Eurytium limosum, Alpheus sp. e Sessarma crassipes. Os itens mais importância para a dieta de C. undecimalis foram Teleostei, Euguerres brasilianus, Synodus sp. e Litopenaeus schimitti. Para o período frio contou com Teleostei, Bairdiella ronchus e L. schimitti, no período quente com E. brasilianus, Teleostei, Guavina guavina, Synodus sp. e Alpheus sp. Já para subadulto foi representado por Teleostei, E. brasilianus e Synodus sp., e para adulto foram Teleostei, E. brasilianus e Anthozoa. Os itens alimentares mais importantes para a dieta de C. parallelus foram Engraulidae, Anchoviella lepidentostole e Teleostei. Quanto ao período frio foram Teleostei e A. lepidentostole, no período quente foram Anchoviella sp., A. lepidentostole e L. schimitti. Já para subadultos o item mais importante foi A. lepidentostole e para adultos foram Engraulidae, A. lepidentostole e Teleostei. Para o PERMANOVA os fatores espécie e sazonalidade foram significativos, já o fator classes de tamanho não apresentou resultados significativos para o teste. O NMDS apresentou sobreposição entre as espécies, porém C. pectinatus obteve uma discrepância com relação às outras duas espécies. Para o SIMPER as principais espécies que contribuíram para a dissemelhança entre C. parallelus e C. pectinatusforam A. pisonii e A. lepdentostole, para C. parallelus e C. undecimalis foram Teleostei e A. lepdentostole e para C. pectinatus e C. undecimalis foram A. pisonii e Teleostei. Já as espécies que contribuíram para a dissemelhança na dieta das três espécies de Centropomus entre as sazonalidades foram às mesmas apresentadas anteriormente, no entanto apresentando valores de contribuição diferentes. As espécies apresentaram dieta especialista e também entre as classes de 69

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 tamanho. Já na sazonalidade no período frio C. pectinatus e C. undecimalis foram especialista e C. parallelus generalista e no período quente as três espécies apresentaram dieta generalista. As espécies apresentaram baixa sobreposição alimentar para todos os fatores avaliados. O nível trófico de C. pectinatus foi de 3,61, C. parallelus foi de 4,15 e de C. undecimalis com 4,48. C. pectinatus e C. parallelus não apresentaram variações nos valores do nível trófico entre os fatores, já C. undecimalis apresentou variações entre período frio (4,29) e quente (4,73) e para o subadulto (4,65) e adulto (4,29). No capítulo 2, foram coletados 390 exemplares de C. parallelus e 31 exemplares de C. undecimalis. Os estômagos das espécies estão sendo triados e em fase inicial de identificação, foram abertos 50 estômagos e até o momento foram identificados itens alimentares dos grandes grupos dos Crustacea e Teleostei. Para o capítulo 3, está sendo montagem da matriz quadrática de presença e ausência, com um total de 192 componentes da rede trófica para a região nordeste.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

O capítulo 1 está na fase de discussão dos resultados, onde as espécies apresentaram dieta carnívora e especialista, não havendo sobreposição alimentar. Uma hipótese para a coexistência das espécies ocorreu pela baixa sobreposição e por apresentarem diferentes níveis tróficos, C. pectinatus teve o menor nível trófico e Crustacea foi o grupo mais importante para sua dieta, já C. parallelus e C. undecimalis apresentaram níveis tróficos mais altos e Teleostei foi o item mais importante na dieta. O Capítulo 2 está em fase de triagens dos estômagos. O Capítulo 3 está em processo de montagem da matriz trófica da região nordeste para gerar a rede trófica. Palavras-chave: rede trófica; robalo; sobreposição alimentar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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28. UMA SOCIEDADE SUBAQUÁTICA: EXPLORANDO AS RELAÇÕES SOCIAIS DA POPULAÇÃO DE BOTOS-CINZA DO ESTUÁRIO DE CANANÉIA

CAIO NORITAKE LOUZADA* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: EMYGDIO LEITE DE ARAUJO MONTEIRO-FILHO LABORATÓRIO DE BIOLOGIA E ECOLOGIA DE VERTEBRADOS CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO – CNPq, CONSERVATION LEADERSHIP PROGRAMME – CLP; IDEA WILD E INSTITUTO DE PESQUISAS CANANÉIA - IPeC

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Estudos que buscam aprofundar o conhecimento em múltiplos aspectos ecológicos de uma população ou da espécie, corroboram para uma ampla compreensão de como os organismos utilizam o meio que ocupam e se relacionam. Algumas espécies gregárias optam pelo comportamento social como estratégia, o qual pode trazer vantagens para sobrevivência e reprodução1. O estudo de populações em vida livre, em muitos casos, pode ser complexo devido ao modo de vida ou ao meio habitado pela espécie alvo2. Esse é o caso de cetáceos, os quais ocupam ambientes aquáticos que na maioria dos casos são de difícil acesso e dispendem a maior parte do seu tempo submerso, restringindo muitas observações3. A foto identificação é um método que permite o registro de indivíduos mesmo quando se mostram por poucos instantes na superfície4. Modelos de ocupação permitem avaliar os efeitos da detecção dos indivíduos em campo e então aferir de maneira consistente a ocupação do espaço. Já a teoria dos grafos e os estudos de redes complexas permitem qualificar e quantificar as relações de organismos sociais. Este estudo tem como objetivo geral investigar múltiplos aspectos ecológicos de uma população de Sotalia guianensis em um estuário subtropical. Utilizando como base o método de foto identificação será avaliado o uso deste método para monitorar esta população em longo prazo. O uso de modelos de ocupação permitirá avaliar quais os fatores que interferem na detecção dos animais em campo e possibilitará avaliar o uso do espaço no estuário que ocupam. Por fim, pretendemos descrever a estrutura social da população, avaliando os padrões de associação e a topologia da rede de interações, além de explorar quais fatores que influenciam e possivelmente estruturam as associações entre os indivíduos.

MATERIAL E MÉTODOS

A população de S. guianensis a ser estudada encontra-se no estuário de Cananéia, Estado de São Paulo. O estuário é formado por diversos rios que formam dois canais navegáveis (Mar de Cubatão e Mar de Cananéia) e uma baia abrigada (Baía de Trapandé) que compreendem toda a área estudada5. Afim de permitir uma amostragem homogênea, a região foi dividida em três setores de iguais tamanhos. Rotas previamente determinados foram percorridas com embarcação. Grupos de boto-cinza foram procurados por dois observadores e, uma vez avistados, foram iniciadas sessão de fotografias com o intuito de identificação individual3. Além do registro fotográfico foram

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 registrados o estado comportamental predominante, o posicionamento geográfico, a estimativa do tamanho e coesão do grupo, bem como os parâmetros ambientais. Após o término de cada sessão fotográfica, a embarcação retornava à sua rota até que a amostragem do setor estivesse completa. As análises com modelos de ocupação multi-estações6, permite avaliar a mudança do uso do espaço ao longo do tempo. Adicionalmente, foram construídos modelos que incorporassem fatores que afetam a detectabilidade, tais como: profundidade, estado de agitação do mar, presença de embarcação, profundidade. Para os fatores que afetam o uso do espaço foram utilizados a distância da barra de acesso ao estuário, profundidade e presença de embarcação, abundancia de tainha (Mugil sp.) no estuário e estações de chuva/seca como um proxy para a salinidade da água. Os modelos mais parcimoniosos foram escolhidos por meio do método de seleção de modelos. Estas análises foram realizadas no programa PRESENCE6. Para as análises sociais foi construída uma matriz de associação entre os indivíduos identificados e o índice de pesos médio foram calculados. A existência de modularidade da rede de interações foi calculada com base na técnica da matriz de modularidade e uma série de métricas de redes também foram utilizadas para avaliar a estrutura da rede de interações. Para estas análises foi utilizado o programa SOCPROG 2.87.

RESULTADOS PARCIAIS

De agosto de 2014 até agosto de 2016 foram realizadas 24 expedições de campo para amostragem que resultaram em 102 ocasiões de amostragem embarcadas. Foram avistados 1.202 grupos de botos-cinza e mais de 225 horas de observação direta dos animais. Para as análises de ocupação foi utilizado apenas um recorte dos dados de 12 meses de expedições de campo e para as análises sociais todo o conjunto de dados. Após triadas, somente as fotos com qualidade ótima e presença de marcas de longa duração nas nadadeiras dorsais foram utilizadas. No total, aproximadamente 3.000 fotos permitiram a construção de um histórico de captura. Durante este período foi possível documentar e acompanhar diversos indivíduos com características especificas, bem como documentar comportamentos característicos. Com o uso da foto-identificação foi possível monitorar a permanência de alguns indivíduos por longos períodos no estuário, como um indivíduo que foi registrado na área pela primeira vez em 2000 e sua última avistagem foi em 2016. Além disso, a técnica permite monitorar a movimentação de indivíduos de outras áreas adjacente, além da saúde dos animais com a detecção da ocorrência e eventuais avanços de doenças de peles e processos de cicatrização. O modelo de ocupação selecionado mostrou um forte efeito positivo da presença de embarcação na detecção de indivíduos de boto-cinza, não sendo afetado pelas demais variáveis. Em relação ao uso do espaço, o modelo selecionado mostra que as áreas de maior uso estão próximas à Barra de Cananéia e que essa relação se mantêm ao longo de todo o período avaliado, não sendo afetada pela abundância de tainhas e pluviosidade. A presença de embarcações afeta positivamente a detecção dos indivíduos. Isto pode ocorrer em virtude da emissão do ruído gerado por estas embarcações ser um fator estressante aos animais que como consequência, diminuem o intervalo entre as respirações7. Em relação ao uso do estuário, como já era esperado, a área mais utilizada foi a região da Baía de Trapandé, área de maior proximidade com a Barra de Cananéia. Este uso se manteve constante ao longo do ano, não sendo afetado pela entrada que tainhas que utilizam a região para reprodução, período em que era esperado que fossem predadas pelos botos-cinza. 73

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Em relação às análises sociais, os dados apenas foram parcialmente analisados, mostrando uma maior ocorrência de grupos pequenos de botos-cinza. As maiores frequências foram de grupos de dois e três indivíduos, seguidos por grupos com quatro, cinco e seis indivíduos. Em princípio estes maiores agrupamentos indicam associações entre díades, entre díades e grupos com três botos e entre dois grupos de três. Com menor frequência ocorreram grupos com mais de sete indivíduos, podendo chegar até o máximo de 32. Ocorrências de grandes grupos estavam quase sempre associadas a atividades cooperativas de pesca e em muitas vezes não apresentavam fortes associações entre todos os indivíduos mas sim apenas entre os sub-grupos de poucos indivíduos8.

CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

A técnica de foto-identificação pode ser aplicada com sucesso para monitorar a população de botos-cinza do estuário de Cananéia e permitirá levantar informações a respeito da biologia, ecologia e saúde desta população. A aplicação dos modelos de ocupação ainda podem ser aprofundados, contudo, mostraram ser ferramentas interessantes para avaliar o uso do espaço pela população. Após o término da análise social completa desta população será possível ter um conhecimento mais profundo acerca das relações sociais que moldam os padrões de associação.

Palavras-chave: Organização social, modelos de ocupação, uso do espaço, Sotalia guianensis, redes complexas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017

29. HISTÓRIA DE VIDA DE Menticirrhus americanus (Linaeus, 1758) EM UM AMBIENTE SUBTROPICAL DO ATLÂNTICO SUL

BARBARA MAICHAK DE CARVALHO* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: LUÍS FERNANDO FÁVARO LABORATÓRIO DE REPRODUÇÃO E COMUNIDADE DE PEIXES CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Estudos que descrevem os parâmetros da história de vida de espécies, como: período reprodutivo, idade, taxas de crescimento, longevidade, são de suma importância para o manejo e preservação de estoques pesqueiros1. A espécie Menticirrhus americanus, a betara, é um recurso pesqueiro explorado pela pesca esportiva, artesanal e industrial2, 3, sendo o objeto deste estudo, o qual objetiva descrever o ciclo reprodutivo e a estrutura etária de Menticirrhus americanus no litoral do Paraná.

MATERIAL E MÉTODOS

Os exemplares da espécie foram obtidos através de coletas bimestrais, realizadas no estuário entre agosto/2015 e junho/2016, e também adquiridos no desembarque da frota pesqueira artesanal do balneário de Shangri-lá (25º30’ – 25º45’S; 48º07’ – 48º30’O) os exemplares obtidos na plataforma do litoral do estado do Paraná. Os indivíduos foram identificados, mensurados quanto ao comprimento e peso (LT - cm e WT - g, respectivamente), as gônadas foram retiradas e pesadas (WG – g) e os otólitos extraídos, limpos e emblocados em resina epóxi. Foi realizada macroscopicamente a identificação do sexo e do estágio de maturação gonadal4, sendo confirmada pela análise microscópica das gônadas. A confecção das lâminas histológicas foi realizada pelo processamento de rotina histológica, sendo as gônadas fixadas em ALFAC, incluídas em parafina e coradas com Hematoxilina- Eosina. Para a confecção da curva de maturação, o índice gonadossomático foi calculado individualmente para indivíduos de ambos sexos, através da fórmula GSI = (WG/WT)*100, a partir deste foi determinado o GSI mensal, analisado para sexos separados. A proporção sexual mensal foi testada com o teste Qui-quadrado (χ2). O comprimento de primeira maturação (L50) foi calculado através da curva logística onde: Fr é frequência relativa de indivíduos adultos; “e” é o logaritmo na base neperiana; “a” e “b” são os coeficientes estimados pelo método mínimo quadrado e Lm = ponto médio do intervalo de classe5. Os otólitos sagittae foram cortados transversalmente e posteriormente, lixados e polidos com alumina (1 µm). Os cortes foram fotografados em um microscópio estereoscópio e três leituras as cegas, dos anéis etários, foram realizadas. Para a verificação da consistência entre o número de anéis das leituras foi realizado o coeficiente de variância (CV), sendo eliminado das análises leituras que resultaram em coeficiente de variância acima 8% 6 O CV foi expresso pela fórmula , onde: sdi é

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 desvio padrão de idades atribuídas ao indivíduo i e i é a média de leituras. A determinação da época e periodicidade da formação dos anéis foi identificada como o período de maior porcentagem de bordas translucidas. A curva de crescimento para sexos agrupados e separados foi obtida através do ajuste da expressão matemática de von Bertalanffy (1938), onde: Lt é o comprimento total (mm) na idade t, L∞ o comprimento assintótico, k a taxa instantânea de crescimento e t0 a idade em que os peixes têm um comprimento teórico igual a zero ( ). A longevidade da espécie foi estimada através da equação de Taylor (1959)

, sendo o tempo que o peixe leva para a atingir 95% do L∞ 7.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram coletados 392 exemplares de M. americanus com LT mínimo = 12 cm e LT máximo = 44.20 cm e PT mínimo = 15.33 g e PT máximo = 897.37 g. Dentre os 392 exemplares amostrados 225 eram fêmeas e 167 machos. Os valores do IGS médio mensal demonstram um sincronismo entre machos e fêmeas, com dois picos reprodutivos, nos meses outubro/15 e abril/16, indicando um longo período reprodutivo com desova parcelada. Outros estudos demonstram que M. americanus apresenta um ou mais picos de desova ao longo dos períodos estudados, essa diferença de comportamento da espécie é um reflexo das variações ambientais na qual está inserida 8,9. Fêmeas e machos aptos a reproduzir estiveram presentes em todo o período do estudo, porém com maior frequência em agosto/15 e outubro/15. Durante todo o período amostral indivíduos jovens estiveram presentes com predomínio em fevereiro/16. O teste X2 detectou diferenças significativas na proporção sexual mensal de fêmeas e machos em agosto/15 (x2 = 21.16; dl = 1; p< 0.001) e em dezembro/15 (x2 = 4.84; dl = 1; p< 0.05). Devido ao reduzido número de machos imaturos em todo o período amostral (n=3), não foi possível identificar o comprimento da primeira maturação, entretanto, para as fêmeas o L50 foi 16,3 cm e L100 de 22,5 cm. O L50 das fêmeas no presente estudo foi menor em relação ao calculado para a mesma espécie em outras latitudes 8,9,10. Foram contados anéis etários de 183 cortes de otólito sagita (94 otólitos de fêmeas e 89 de machos). A idade estimada pela contagem dos anéis de M. americanus caracterizou a população com idades entre 1 e 6 anos, sendo mais frequentes os indivíduos entre 1 e 3 anos (68%). Assim como em outros estudos os indivíduos mais jovens foram dominantes na população10,11. As fêmeas apresentaram idade máxima de 6 anos e os machos de 5 anos. Através da análise dos otólitos, foi verificado que ocorre a formação de apenas um anel etário por ano. O mês de abril/16 apresentou a maior porcentagem de bordas hialinas, sendo assim considerado o período de formação do anel etário. A curva de von Bertalanffy demonstra que M. americanus tem um rápido crescimento principalmente nas fases iniciais como observado no Golfo do México12. Através do ajuste da curva de crescimento observou-se valores distintos dos parâmetros de crescimento para sexos agrupados (L∞ =38,5; k= 0,24 e t0 = -1,21), machos (L∞ =35,4; k= 0,26 e t0 = -1,25) e fêmeas (L∞ =41,6; k= 0,22 e t0 = -1,31). A longevidade para sexos agrupados foi 11,21 anos próximo ao calculado por outros autores13. Para sexos separados a longevidade das fêmeas foi de 12,30 anos e para os machos 10,27 anos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

A partir dos dados parciais do presente estudo observou-se que M. americanus

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 utiliza o estuário e a plataforma do litoral paranaense para a reprodução e o crescimento, considerando que foram capturados indivíduos em todos os estágios de maturação gonadal e de várias cortes etárias nos dois ambientes.

Palavras-chave: Sciaenidae; Idade; Reprodução; Doutorado

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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3 FREIRE, K. M. F.; TUBINO, R. A.; MONTEIRO-NETO, C.; ANDRADE-TUBINO, M. F.; BELRUSS, C.G.; TOMAS, A. R. G.; TUTUI, S. L. S.; CASTRO, P. M. G.; MARUYAMA, L. S.; CATELLA, A. C.; CREPALDI, D. V.; DANIEL, C. R. A.; MACHADO, M. L.; MENDONÇA, J. T.; MORO, P. S.; MOTTA, F. S.; RAMIRES, M.; SILVA, M. H. C.; V I E I R A, J. P. 2016. Brazilian recreational fisheries: current status, challenges and future Direction. Fisheries Management and Ecology, 23(3-4): 276-290.

13 FROESE, R.; PAULY, D. Editors. 2017. FishBase. World Wide Web electronic publication. , version (07/2017).

9 HALUCH, C. F.; ABILHOA, V.; FREITAS, M. O.; CORRÊA, M. F. M.; HOSTIM-SILVA, M. 2011. Estrutura populacional e biologia reprodutiva de Menticirrhus americanus (Linnaeus, 1758) (Teleostei, Sciaenidae) na baía de Ubatuba-Enseada, Santa Catarina, Brasil. Biotemas, 24(1): 47-59.

11 McDOWELL, D.E.; ROBILLARD, E. 2013. Life history characteristics and age validation of southern kingfish (Menticirrhus americanus (Linnaeus, 1758)) in the middle South Atlantic Bight. Journal Applied Ichthyology, 29: 839–846.

8 MUNIZ, E. R.; CHAVES, P. T. C. 2008. Condição reprodutiva da betara preta, Menticirrhus americanus (Teleostei, Sciaenidae), na pesca realizada no litoral norte de Santa Catarina, Brasil. Acta Sicentarium Biological Science, 30(4): 339-344.

1 PITA, A.; CASEY, J.; HANKINS, S.; VILLARREAL, M. R.; GUTIÉRREZ, M.J. CABRAL, H.; CAROCI, F.; ABAUNZA, P.; PASCUAL, S.; PRESA, P. 2016. Conceptual and practical advances in fish stock delineation. Fisheries Research, 173(3): 185-193.

5 POSSAMAI, B.; FÁVARO, L. F. 2015. Using mariculture as a breeding site: reproduction 78

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 of Hypleurochilus fissicornis (: Blenniidae). Scientia Marina, 79(3): 1-10.

7 SANTOS, R. S.; COSTA, M. R.; ARAÚJO, F. G. 2017. Age and growth of the white croaker Micropogonias furnieri (Perciformes: Sciaenidae) in a coastal area of Southeastern Brazilian Bight. Neotropical Ichthyology, 15(1): 1-12.

2 SOUZA, L. M.; CHAVES, P. T. 2007. Atividade reprodutiva de peixes (Teleostei) e o defeso da pesca de arrasto no litoral norte de Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 24(4): 1113–1121.

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30. TRATO REPRODUTOR FEMININO DE Mazama gouazoubira (FISCHER, 1814) e Mazama nana (HENSEL, 1872) (Mammalia: Cervidae)

RODRIGO ANTONIO MARTINS DE SOUZA* CO-AUTORES: NYCOLAS MELLO DE SALLES, PATRICIA ALANA OFNER MAERCONDES MARQUES e MURILO VIOMAR *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: EMYGDIO LEITE DE ARAUJO MONTEIRO-FILHO LABORATÓRIO DE VERTEBRADOS

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Assim como nos demais ruminantes, o trato reprodutor feminino dos cervos é constituído pelos seguintes órgãos: dois ovários, duas tubas uterinas, útero (com cornos, corpo e colo), vagina, vestíbulo vaginal e vulva. Estes órgãos atuam diretamente na ovulação, ascensão dos espermatozoides, fecundação e desenvolvimento do concepto1. Os cervídeos sul-americanos são indivíduos com poucos dados biológicos concernentes à reprodução. Esta escassez de informações dificulta seu manejo, como também as questões ambientais de manejo e preservação2. Dentre as duas espécies estudadas, a mais comumente encontrada na região de execução do projeto é a Mazama gouazoubira, que por sua vez é encontrada em todos os biomas do Brasil. Geralmente estão associados a florestas, onde a possiblidade de forrageamento é maior. Sua cor marrom acinzentada é bem característico da espécie. Já a espécie Mazama nana é a menos conhecida, com indivíduos medindo em média 50 cm de altura, 80 cm de comprimento, pesando menos de 15 Kg e com uma coloração marrom avermelhada2. Este trabalho compara estruturas macroscópicas do trato reprodutor feminino de M. gouazoubira e M. nana entre si e com os ruminantes domésticos.

MATERIAL E MÉTODOS

Para a coleta de dados utilizamos três cadáveres de fêmeas da espécie M. gouazoubira e dois da espécie M. nana (autorização SISBIO 57543-1). Todas adultas e não gestantes, provenientes do Serviço de Atendimento a Animais Selvagens da UNICENTRO-PR. As dissecções foram realizadas no Laboratório Anatomia Veterinária (LANAVET), da mesma universidade, por meio do uso de bisturis, pinças anatômicas, tesouras, serra manual e EPI’s. A fixação foi feita via artéria carótida com formalina 10%, seringas, agulhas, alfinetes e barbantes. Os cadáveres foram mantidos em tanques de formol. Para as mensurações das amostras empregamos réguas, paquímetro digital e fita métrica. Afim de acessar a cavidade pélvica para a retirada do trato reprodutor feminino, removemos os membros pélvicos direitos (juntamente com os coxais direitos). Retiramos o trato reprodutor feminino por completo em conjunto com o trato urinário. Lavamos as peças com água corrente e depositamos em recipientes plásticos com formol 10%. Seccionamos o trato reprodutor longitudinalmente na porção dorsal, tendo início na rima vulvar, seguindo até a extremidade do corno uterino.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A vulva de ambas as espécies não possui lábios externos como a dos ruminantes domésticos¹. Apresenta pelos de cobertura na região externa, porém em pouca quantidade. O clitóris se localiza na região ventrocaudal da vagina, próximo à comissura vulvar ventral. O vestíbulo vaginal é menor que a vagina, como nos ruminantes domésticos¹. Ele sofre uma angulação ventral caudal ao arco isquiático e mede em média cinco cm em ambas espécies (do óstio externo da uretra até a vulva). A coloração desta região é mais clara e possui pregas longitudinais bem evidentes e numerosas, que progridem cranialmente até a vagina. A vagina me em média oito cm em M. nana e 7,2 cm em M. gouazoubira, ou seja, na espécie maior, a vagina é menor. Suas paredes são finas e seguem até o início do óstio uterino externo. A porção vaginal do colo tem formato de pinha, com pregas segmentadas de coloração clara, e seu óstio possui formato elíptico. O canal cervical tem sua luz preenchida por pregas circulares dispostas longitudinalmente. A quantidade média encontrada destas pregas é cinco. A média do seu comprimento é de 3,3 cm em M. gouazoubira e de 2,78 cm em M. nana. O útero de ambas as espécies tem padrões semelhantes, não diferindo significativamente em formato e tamanho, porém observar-se que M. nana possui uma média menor de tamanho em relação a M. gouazoubira (a média deste é de 1,63 cm enquanto a de M. nana é de 1,02 cm). Como nos ruminantes domésticos, sua classificação é do tipo bicórneo3. Esses cornos enrolam-se cranioventralmente sobre si (diferentemente das fêmeas bovinas, em que o enrodilhamento é craniolateroventral3). Apresentam pregas longitudinais e semilunares internamente. O tamanho médio do corno uterino direto de M. gouazoubira é de 6,12 cm enquanto o de M. nana possui 5,46 cm. Já o corno uterino esquerdo tem uma média de tamanho menor em comparação com o direito, possuindo em M. gouazoubira 5,05 cm e em M. nana 4,45 cm. A presença de carúnculas nas espécies analisadas é menor se comparado com as espécies domésticas de ruminantes¹. Encontramos uma média de oito carúnculas no corno uterino direito e quatro no corno uterino esquerdo de M. gouazoubira e dez carúnculas do corno direito e oito no esquerdo em M. nana. A tuba uterina nas espécies analisadas, segue o mesmo padrão dos ruminantes domésticos3. Os ovários têm formato ovoide irregular e é o menor dos órgãos do trato reprodutor3. Embora o tamanho dos ovários seja parecido em ambas as espécies, há diferenças funcionais intraespecíficas. Os espécimes analisados possuem particularidades não somente em forma e tamanho, mas também em anomalias. Duas das fêmeas analisadas, sendo uma de cada espécie, possuem anomalias nos úteros e rins. O corpo do útero de ambas possui crescimento anormal com aparência semelhante (média de 2,24 cm, portanto maior que o das fêmeas normais) e deformidade nos cornos uterinos, sendo mais severa na fêmea de M. gouazoubira, em que a mesma não possui o corno, tuba e ovário esquerdos. Os rins da fêmea de M. nana possuem deformidades no córtex renal. Estas malformações podem ser oriundas da ingestão de substâncias tóxicas por suas mães no terço inicial das suas gestações. Os dados uterinos destas fêmeas foram desconsiderados, afim de evitar erros nas comparações entre as espécies estudadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

O trato reprodutor das fêmeas estudadas é semelhante ao das espécies de ruminantes domésticos. O colo uterino apresenta as mesmas estruturas e o corno uterino 81

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 tem o mesmo padrão morfológico. No entanto os lábios vulvares são vestigiais e há um número menor de carúnculas endometriais. Não é possível diferenciar espécies estudadas de Mazama através do trato reprodutor feminino sem mensurá-lo. O útero de M. gouazoubira é ligeiramente maior do que de M. nana, enquanto que a vagina desta espécie é mais desenvolvida. As anomalias encontradas não possuem tropismo por uma espécie, porque as mesmas deformidades do útero foram encontradas tanto em M. gouazoubira quanto em M. nana.

Palavras-chave: Biologia reprodutiva; Cervidae; Ginecologia

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

¹ DYCE, K.M.; SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. Tratado de anatomia veterinária. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

2 DUARTE, J.M.B.; VOGLIOTTI, A.; ZANETTI, E.S.; OLIVEIRA, M.L.; TIEPOLO, L.M.; RODRIGUES, L.F.; ALMEIDA, L.B. Avaliação do Risco de Extinção do Veado- catingueiro Mazama gouazoubira G. Fischer [von Waldheim], 1814, no Brasil. Biodiversidade Brasileira. ICM-Bio. Ano II, Nº 3, pg. 50-58, 2012.

3 KÖNIG, HORST ERICH E LIEBICH, HANS-GEORG. Anatomia dos Animais Domésticos. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.

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31. VAGILE FOULING COMMUNITIES, THEIR CONNECTIVITY ALONG SOUTHERN AND SOUTHEASTERN BRAZILIAN COASTS AND IMPLICATIONS FOR MARINE BIOINVASIONS

ANDREA DESIDERATO* *E-mail: [email protected] HYPERLINK "mailto:[email protected]" ORIENTADORA: MARIA ANGÉLICA HADDAD LABORATÓRIO ESTUDOS DE CNIDARIA E COMUNIDADE INCRUSTANTE (LABECCI), UFPR CO-ORIENTADOR: JAN BEERMANN DEPARTMENT OF FUNCTIONAL ECOLOGY, ALFRED WEGENER INSTITUTE HELMHOLTZ CENTRE FOR POLAR AND MARINE RESEARCH (AWI) CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

Fouling is defined as the assemblage of phyto- and zoobenthic species, settling on natural or artificial hard substrata. Within these communities, , gastropods, pycnogonids and planarians usually dominate the vagile fauna, that is still poorly studied when compared to sessile fouling species. Fouling communities are infamous for colonizing immersed artificial substrates rather quickly. Furthermore, artificial substrates harbour less diverse faunal communities than e.g. natural reefs, providing refuge and stepping stones for non-indigenous species. This project will investigate the structure and functioning of fouling communities in southern and southestern Brazil, by analysing both species community patterns and functional groups within. This will also allow for the determination of the proportional presence and potential facilitation of vagile alien species within the fouling communities. Besides, the outcome will provide crucial data for marine conservation and protection activities in the Lagamar region. The Lagamar region is situated in parts of the Southeast and of the South of Brazil, inserted in the largest continuous remnant of Brazilian Atlantic Forest. In this study, three estuaries in this region are studied: Cananeia, the Paranaguá Estuarine Complex (PEC) and Guaratuba Bay. In order to evaluate the effect of international ports on the vagile fouling, a fourth bay is used for comparison - the Babitonga Bay, which hosts two international ports such as Paranaguá. In each bay, 12 ropes were deployed containing three experimental plates each. The experimental design comprises two orthogonal factors, 'Port' and 'Season' with two levels each, and one nested factor for each orthogonal one, 'Bay' and 'Time' with two levels each. The third plate will be removed after a full year, in order to evaluate the maturity of the respective community. An additional experiment in the PEC will test for correlation between vagile assemblages along a salinity gradient, following the same experimental design as described above. Knowledge of the fouling community composition will provide crucial information on species identities, general patterns and diversity of fouling. The analysis of functional traits will allow for understanding possible mechanisms, providing knowledge on the ecological functioning of these communities, independent from species identity. Taxa that lack a planktonic larval stage are usually expected to have only low long- distance dispersal potential. There is, however, a growing awareness that this assumption 83

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 in many cases may be misleading. For this purpose, the study of the barcode region cytochrome c oxidase subunit 1 (COI) will elucidate the gene variation of four select fouling taxa along with the other works described above. The results are expected to give additional insights into population structures, highlighting regional dispersion and/or new introductions. Without understanding the ongoing baseline in, not only the PEC but the entire coast of Lagamar and North of Santa Catarina, it will be impossible to recognize future introductions or extinctions, as no studies were found concerning either the vagile fauna or alien-cryptogenic species associated with the fouling community regarding these coasts.

Palavras-chave: Fouling, vagile community, artificial substrates, functional diversity, phylogeography.

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32. GENETIC DIVERSITY OF ESTUARINE POLYCHAETES FROM SOUTHERN BRAZIL: HISTORICAL AND PHYSIOLOGICAL DRIVERS

SERENA MUCCIOLO *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: PAULO DA CUNHA LANA LABORATÓRIO DE BENTOS CO-ORIENTADOR MAIKON DI DOMENICO LABORATÓRIO DE MODELAGEM ECOLÓGICA COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES)

Current patterns of genetic variation are shaped by both historical and contemporary processes. Due to the fast climate changes that directly and indirectly influenced sea-level and related parameters worldwide, the Quaternary period strongly affected the distribution and the current genetic diversity of species belonging to different taxa. Estuarine and coastal marine faunas were among the most impacted by such change since regressive coastlines limited estuarine connectivity and caused the drying up of isolated, temporary lagoons. Southern Brazilian coasts were highly shaped by marine transgressions and regressions during the Late Quaternary, together with the fauna associated. Different hypotheses, have been formulated along the decades trying to explain patterns of genetic differentiation and speciation of different taxa related to the paleogeography., The taxon pulse model stands out among them, taking into account both environmental factors and biological dispersion that may have led to speciation. However, current population distribution and genetic diversity are the result of more complex factors also including local adaptation and life-history characteristics (e.g. salinity requirement, dispersal abilities). Brackish water are putatively among the most affected, since they have to deal with fast daily variations. The ability of molluscs and crustaceans to osmoregulate is well established, but less is known about polychaetes, and between annelid phylogeny and the capability to osmoregulate. Polychaetes, which play a major role in the benthic associations due to their ecological plasticity, are considered good models to investigate processes that affected different taxa through the time. This work will test if the distribution of contemporary species and the related genetic characteristics are the result of either historical or ecological drivers along the southern Brazilian coast. Populations of four target species, Alitta succinea, Laeonereis culveri, Isolda pulchella, Nephtys fluviatilis, each one usually associated to specific salinity ranges and substrates, will be sampled in Baías de Paranaguá, Guaratuba and Babitonga. Patterns of genetic differentiation in populations of each species will be investigated through the taxon pulse model. Formative processes will be inferred analysing the morphological traits associated with physiological adaptations to varying salinity regimes. Finally, by coupling both genetic and morphological approaches, the potential occurrence of cryptic species will be checked.

Palavras-chave: Polychaetes; Taxon pulse model; Morphology; Physiology; Southern Brazil. 85

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33. DISTRIBUIÇÃO, DINÂMICA REPRODUTIVA E CONSERVAÇÃO DA ICTIOFAUNA DA RESERVA NATURAL SALTO MORATO, GUARAQUEÇABA, PARANÁ

MARIELE PASUCH DE CAMARGO* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: JOSÉ MARCELO ROCHA ARANHA LABORATÓRIO DE ECOLOGIA DE VERTEBRADOS CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A ictiofauna de água doce da América do Sul é considerada a mais diversa dentre os continentes, estimando-se um número superior a 4000 espécies¹. Em riachos costeiros de Mata Atlântica, além de elevada diversidade, observa-se também altas taxas de endemismo para a fauna de peixes. No litoral paranaense, grandes porções de remanescentes florestais nativos e corpos hídricos associados encontram-se sob o domínio de unidades de conservação, a exemplo da RPPN Salto Morato. Não obstante, a ictiofauna desses remanescentes tem sido pouco documentada, principalmente em relação aos aspectos reprodutivos das espécies, como o período de maturação sexual e local de reprodução, que por sua vez, permitem conhecer as especificidades e exigências de cada táxon e consequentemente, adotar estratégias efetivas de conservação e manejo². Sendo assim, o objetivo desta pesquisa é determinar as espécies que ocorrem no Rio Morato, bem como descrever o ciclo reprodutivo das principais espécies e avaliar a efetividade da RPPN para a conservação da fauna de peixes.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo vem sendo desenvolvido no Rio Morato, localizado na RPPN Salto Morato, município de Guaraqueçaba/PR. As coletas de peixes foram realizadas mensalmente no período de novembro de 2016 a fevereiro de 2017, visando amostrar todas as etapas reprodutivas das espécies, uma vez que na Mata Atlântica essas ocorrem principalmente nos meses de verão. A partir de então, tornaram-se bimestrais até o término das coletas previsto para o mês de outubro de 2017. Estão sendo amostrados três pontos no interior da reserva, chamados de Aquário (trecho superior-médio), Camping e Falsa Baiana (trechos médios) e um Ponto Externo à RPPN (trecho médio-inferior). São utilizadas peneiras com malhas de 0,5 mm e rede de arrasto com malha de 2 mm e 2 m de comprimento em um trecho de aproximadamente 50 metros, adotando-se o esforço amostral de 1 hora. Além disso, no final da tarde, em cada um dos pontos, são colocadas redes de espera com malhas de 1,5 e 2,5 cm entre nós consecutivos, com despescas realizadas na manhã seguinte. Os peixes coletados são congelados, fixados em formalina 10% e transferidos para álcool 70% no Laboratório de Ecologia de Vertebrados da Universidade Federal do Paraná – Setor Palotina. Os indivíduos são identificados³ e dissecados, aferindo-se o sexo e medidas de comprimento total, comprimento padrão, peso total, peso da gônada e estádio de maturação gonadal. São considerados jovens os indivíduos cujas gônadas apresentam-se em estádio imaturo e adultos aqueles cujas gônadas estão em maturação,

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 maduras, desovadas e em recuperação. Para determinar o período reprodutivo das espécies estão sendo calculados parâmetros específicos para ambos os sexos, como o Índice Gonadossomático (IGS) e o Índice de Atividade Reprodutiva (IAR) que classifica a atividade das espécies em 5 categorias: Nula quando o IAR = 2; Incipiente quando 2 < IAR 5; Moderada quando 5 < IAR 10; Intensa quando 10 < IAR 20; e Muito Intensa quando IAR > 204. Além disso, tem- se calculado também as frequências de ocorrência de jovens e adultos e de indivíduos reprodutivos em cada ponto amostral. Esses dados de frequência serão submetidos ao teste do Qui-Quadrado para testar a aleatoriedade na distribuição das mesmas ao longo do rio. A análise conjunta dos diferentes parâmetros calculados separadamente permitirá determinar o período e o local para a reprodução de cada uma das espécies de ocorrência constante e frequente nas coletas, bem como avaliar se o ciclo de vida das espécies estudadas se dá inteiramente dentro da área de proteção.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Até o momento foram coletadas 28 espécies, pertencentes a 5 ordens e 13 famílias. As espécies mais frequentes, cujos aspectos reprodutivos vêm sendo descritos são Ancistrus multipinis, Characidium lanei, Characidium pterostictum, Kronicthys lacerta e Schizolecis guntheri. Para Ancistrus multispinis foram coletados 601 indivíduos, com maior frequência de ocorrência no mês de abril no Camping. Os maiores valores médios de IGS para machos e fêmeas foram obtidos nos meses de novembro e dezembro, enquanto que o cálculo do IAR demonstrou atividade reprodutiva intensa no Aquário e incipiente no Ponto Externo. Em relação a Characidium lanei, foram coletados 135 indivíduos, sendo estes mais frequentes no Aquário no mês de janeiro. Fêmeas apresentaram maiores valores de IGS nos meses de novembro, dezembro e janeiro, enquanto os machos nos meses de dezembro e janeiro. Tal como Ancistrus multispinis, o IAR demonstrou atividade intensa no Aquário e incipiente no Ponto Externo. Foram analisados também aspectos reprodutivos de 377 indivíduos da espécie Characidium pterostictum. A maior frequência de ocorrência deu-se no Camping no mês de Abril. Para o IGS, as maiores médias foram encontradas nos meses de dezembro e janeiro para as fêmeas, e em novembro e dezembro para os machos. Em relação à atividade reprodutiva, obteve-se atividade intensa no Camping e na Falsa Baiana. Para Kronichtys lacerta coletou-se 118 indivíduos, mais frequentes no Camping no mês de novembro. Valores mais altos de IGS para ambos os sexos foram observados também no mês de novembro, embora destaca-se a ocorrência de apenas uma fêmea no mês de abril. A atividade reprodutiva mostrou-se moderada no Camping e na Falsa Baiana e nula no Aquário e no Ponto Externo. Para Schizolecis guntheri, foram coletados 399 indivíduos, sendo a maior frequência obtida no Ponto Externo no mês de fevereiro. A maior média de IGS foi observada no mês de dezembro, para ambos os sexos. O Índice de Atividade reprodutiva demonstrou intensa atividade nos 3 pontos dentro da reserva, sendo baixa a ocorrência de jovens no Ponto Externo. Embora os maiores valores de IAR para as espécies Ancistrus multispinis e Characidium lanei tenham sido obtidos em trechos localizados no interior da reserva, obteve-se alta frequência de jovens no Ponto Externo, sugerindo que estas espécies dependem de trechos à jusante não protegidos para completarem o ciclo de vida. Por outro lado, este padrão não foi observado para Characidium pterostictum, Kronichtys lacerta e Schizolecis guntheri, demonstrando que para as mesmas, o ciclo de vida pode 87

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 ser realizado integralmente dentro da reserva. Por fim, destaca-se a ocorrência de trombas d’água nos meses de janeiro e fevereiro, e de fortes chuvas também no mês de junho. Durante as coletas nessas condições, foi possível perceber alterações nas características físicas do rio, assim como no número de espécies e indivíduos coletados.

CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

Embora estejam previstas mais 2 coletas, os resultados parciais sugerem o período reprodutivo das principais espécies durante os meses de verão, nos quais também se observaram as trombas d’água que desestabilizam e reestruturam a comunidade íctica. Para as espécies Ancistrus multispinis e Characidium lanei obteve-se alta frequência de ocorrência de indivíduos imaturos no Ponto Externo à RPPN, demonstrando a importância de ações de manejo que ultrapassem os limites da reserva, visto que algumas espécies parecem depender de trechos à jusante para completarem o ciclo de vida. O conhecimento dos aspectos reprodutivos de cada espécie são ferramentas importantes para se complementar os conhecimentos sobre a biologia das mesmas, bem como adotar ações efetivas de conservação, uma vez que é difícil encontrar padrões que se repitam para todos os táxons.

Palavras-chave: Zoologia; Riachos Costeiros; Unidades de Conservação; Mestrado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

¹ ALBERT, J.S.; REIS, R.E. 2011. Historical Biogeography of Neotropical Freshwater Fishes. University of California Press. London. England, p.1- 406.

² OKUTSU, T.; SHINJI, J.; CHANTHASONE, P. 2011. Growth and reproduction of the glassperch Parambassis siamensis (Teleoestei: Ambassidae) in Central Laos. Ichthyological Explorationof Freshwaters 22: 97-106.

³ MENEZES, N.A.; WEITZMAN, S.H.; OYAKAWA, O,T.; LIMA, F.C.T.; CASTRO, R.M.C.; WEITZMAN, M.J. 2007. Peixes de água doce da Mata Atlântica: lista preliminar das espécies de água doce neotropicais. São Paulo: Museu de Zoologia – Universidade de São Paulo. 405 p.

4 AGOSTINHO, A.A.; MENDES, V.P.; SUZUKI, H.I.; CANZI. C. (1993). Avaliação da atividade reprodutiva da comunidade de peixes dos primeiros quilômetros a jusante do reservatório de Itaipu. Unimar 15: 175-189.

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34. ESTRUTURA DE COMUNIDADE DA QUIROPTEROFAUNA (MAMMALIA, CHIROPTERA) DO PARQUE ESTADUAL SÃO CAMILO, OESTE DO ESTADO DO PARANÁ

SARA CRISTINA BATISTA* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: JOSÉ MARCELO ROCHA ARANHA LABORATÓRIO DE ECOLOGIA DE VERTEBRADOS CO-ORIENTADOR:EMYGDIO LEITE DE ARAUJO MONTEIRO-FILHO LABORATÓRIO DE BIOLOGIA E ECOLOGIA DE VERTEBRADOS CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Os morcegos são mamíferos placentários pertencentes à ordem Chiroptera, a segunda maior ordem de mamífero existente, com cerca de 1200 espécies e amplamente distribuídas no mundo1. O Brasil é um dos países mais bem representados, com 178 espécies registradas pertencentes a nove famílias2. Além da diversidade de táxons, os morcegos apresentam uma variedade de hábitos alimentares, com hábitos frugívoro, insetívoro, onívoro, nectarívoro, carnívoro, piscívoro e hematófago, fornecendo serviços ecossistêmicos fundamentais para a manutenção e regeneração de florestas3. Por ser um grupo diverso, ocuparem uma variedade de guildas tróficas e por serem facilmente amostrados, os morcegos são potenciais indicadores de qualidade ambiental4,5, sendo utilizados para avaliar os efeitos da fragmentação6. Em diferentes estudos há contradições quanto aos efeitos da perda de habitat na comunidade de morcegos, diferentes espécies em locais distintos respondem de maneiras desiguais, podendo ser afetadas positivamente ou negativamente7,8. Entretanto há um consenso de que fragmentos, mesmo os pequenos, contribuem para a manutenção e conservação de muitas espécies9. A co-existência de diferentes espécies de morcegos em florestas tropicais e subtropicais sempre foi alvo de discussão10 e é em parte explicada pela heterogeneidade espacial, com a existência de diferentes microhabitats em um mesmo fragmento florestal¹¹. O Parque Estadual São Camilo é uma unidade de conservação instituída em 1990 que está inserido em uma região altamente agrícola, com grandes matrizes de monocultura, sendo um dos poucos remanescentes florestais da região. Em seu plano de manejo constam apenas cinco espécies de mamíferos terrestres registradas, com nenhum registro de morcegos. Nesse contexto, este estudo tem por objetivo avaliar de que maneira a comunidade de morcegos está estruturada no parque, mais especificamente avaliar a distribuição espacial da comunidade, fornecendo um diagnóstico do local e obtendo a primeira lista de espécies para o parque.

MATERIALE MÉTODOS

O Parque Estadual São Camilo está localizado no município de Palotina. 89

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Caracterizado por Mata Atlântica, possui uma área de 385ha de floresta estacional semidecidual, rodeado por matriz agrícola de monocultura. Coletas foram feitas de setembro de 2016 a junho de 2017, utilizando sete redes de neblina (12m x 2,5m), as quais foram distribuídas em sete sítios amostrais diferentes, caracterizados por trilhas no interior do fragmento, bordas de mata, borda de um lago. As redes um e dois foram classificadas como “borda de mata”, as redes três a cinco foram classificadas como “interior de mata” e as redes seis e sete como “lago” (próximas a corpo d’água). As redes foram abertas após o pôr-do-sol e permaneceram assim por seis horas, por quatro noites mensais. Revisões foram feitas a cada 20 minutos. Os indivíduos capturados foram retirados da rede e levados a base de campo para serem triados. Foram calculadas as frequências gerais e por ambiente. Os índices ecológicos de Abundância, Riqueza (S), Equitabilidade de Pielou (J), diversidade de Shannon-Wiener (H’) foram calculados por ponto e comparados entre os três diferentes ambientes: borda de mata, interior e lago. Para verificar se existe diferença significativa entre os índices ecológicos nos diferentes ambientes foi utilizada uma Análise de Variância de um fator (ANOVA), os pressupostos foram verificados através da análise de resíduos e os dados foram transformados quando necessários. Para verificar de que maneira a comunidade de quirópteros se distribui entre os diferentes sítios amostrais foi utilizado o método de ordenação por Escalonamento Multidimensional Não-Métrico (NMDS), utilizando o índice de Bray-Curtis. E a fim de verificar se existe diferença significativa na composição da comunidade entre os pontos do interior de mata, borda de mata e lago foi aplicado a Análise de Variância Multivariada (PERMANOVA). Para o cálculo dos índices ecológicos foi utilizado o programa estatístico PAST e para as outras análises foi utilizado o programa R 3.3.3.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Um total de 330 capturas foi obtido até o presente, incluindo 17 recapturas, distribuídos em três famílias e doze espécies. A família Phyllostomidae foi a mais bem representada em número de espécies (n=8) e abundância (95%), seguido por Vespertilionidae com três espécies e 4% das capturas e, de Molossidae (n=1). Dentre os filostomídeos, Stenodermatinae foi a subfamília mais frequente (89%), seguida por Phyllostominae (6%) e Carollinae (5%). Artibeus lituratus, Sturnira lilium e A. fimbriatus foram as espécies mais frequentes, respectivamente e juntas perfazem 83% da amostra. A maior frequência de filostomídeos é comum na Região Neotropical, devido a alta diversidade dessa família e ao método de amostragem utilizado12. Artibeus lituratus, A. fimbriatus e S. lilium são espécies frugívoras que se alimentam de Cecropiaceae, Solanacea, Piperaceae e Moraceae13,14, que estão disponíveis no parque. Maior número de espécies e de capturas ocorreu na borda (nespécies=9; ncapturas=175), seguido por interior de mata (nespécies=8; ncapturas=113) e por lago (nespécies=7; ncapturas=42). Em contrapartida o ambiente interior de mata apresentou maior valor dos índices de diversidade e de equitabilidade (H’=1,7; J=0,82), seguido por borda (H’=1,39; J=0,63) e lago (H’=1,19; J=0,61). Entretanto os resultados da ANOVA não indicam diferenças significativas entre os ambientes para nenhum dos índices (p>0,05). Estudos comparando ambientes não alterados com ambientes alterados também não demonstraram diferenças quanto à riqueza de espécies, porém a diversidade é maior em ambientes com menos distúrbios4,15. O NMDS evidencia a distribuição heterogênea da quiropterofauna na unidade de conservação, com dois dos sítios amostrais similares entre si e com os sítios relacionados ao fragmento (borda e interior) agrupados. Entre os sítios relacionados ao fragmento há 90

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 uma tendência a segregar os da borda e do interior. O Stress foi baixo (0,015), indicando que a análise representa bem os dados originais. A análise de PERMANOVA indicou diferença significativa entre os ambientes (p=0,038). Com exceção de Myotis nigricans, as outras espécies insetívoras, de Vespertilionidae e Molossidae, estiveram mais associadas ao lago. Nesses locais há uma maior disponibilidade de alimento para espécies insetívoras16, além disso, molossídeos voam acima do dossel em florestas, assim são capturados com redes de neblina quando armadas sobre lagos17.Dentre os filostomídeos, espécies da subfamília Stenodermatinae estiveram amplamente distribuídas pelo parque, porém foram mais abundantes na borda. Em contrapartida, Chrotopterus auritus (n=1) e Phyllostomus hastatus (n=14) espécies da subfamília Phyllostominae, de hábito carnívoro e onívoro, respectivamente, ficaram restritos ao interior de mata. Filostomíneos são sensíveis a distúrbios ambientais, sendo considerados indicadores de pouco distúrbio, ao passo que espécies frugívoras apresentam maiores abundâncias em áreas com distúrbios15.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Este estudo permite entender de que maneira a comunidade de morcegos está distribuída no Parque Estadual São Camilo e evidencia a importância da conservação do parque em sua totalidade. O registro de espécies que são sensíveis a alterações ambientais, mesmo que em baixa frequência, pode indicar pouco distúrbio no parque e confirma seu papel fundamental na conservação da quiropterofauna da região. Com um aumento do esforço amostral, com a amostragem em estratos vegetais mais altos e a busca diurna em abrigos a riqueza de morcegos do parque pode aumentar.

Palavras-chave: morcegos, ecologia de comunidade, oeste do Paraná.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 SCHIPPER, J.; CHANSON, J.S.; CHIOZZA, F.; et al. 2008. The status of the world’s land and marine mammals: diversity, threat, and knowledge. Science, 322: 225–230.

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3 KUNZ, T.H.; TORREZ, E.B.; BAUER, D.; LOBOVA, T.; FLEMING, T.H. Ecosystem services provided by bats. 2011. Annals of the New York Academy of Sciences, 1223(2011): 1-38.

4 FENTON, M.B.; ACHARYA, L.; AUDET, D.; HICKEY, M.B.C; MERRIMAN, C.; OBRIST, M.K.; SYME, M.; ADKINS, B. 1992Phyllostomid Bats (Chiroptera: Phyllostomidae) as Indicators of Habitat Disruption in the Neotropics. Biotropica, 24(3): 440-446.

5 KASSO, M.; BALAKRISHNAN, M. 2013. Ecological and economic importance of bats (Order Chiroptera). ISRN Biodiversity, 2013: 1-9.

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7 ESTRADA, A.; COATES-ESTRADA, R. 2002. Bats in continuous forest, forest fragments and in an agricultural mosaic habitat-island at Los Tuxtlas, Mexico. Biological Conservation, 103(3): 237–245

8 GORRESEN, P.M.; WILLIG, M.R. 2004. Landscape responses of bats to habitat fragmentation in Atlantic Forest of Paraguay. Journal of Mammalogy, 85(4): 688-697.

9 BIANCONI, G.V.; MIKICH, S.B.; PEDRO, W.A. 2006.Movements of bats (Mammalia, Chiroptera) in Atlantic Forest remnants in southern Brazil. Revista Brasileira de Zoologia, 23(4):1199-1206.

10 FLEMING, T.H; HOOPER, E.T.; WILSON, D.E. 1972. Three Central American bat communities: structure, reproductive cycles, and movement patterns. Ecology, 53(4): 555-569.

11 KALKO, E.K.V.; HANDLEY JR.C.O. 2001. Neotropical bats in the canopy: diversity, community structure, and implications for conservation. Ecology, 153(1-2): 319-333.

12 STRAUBE, F.C.; BIANCONI, G.V. 2002. Sobre a grandeza e a unidade utilizada para estimar esforço de captura com utilização de redes-de-neblina. Chiroptera Neotropical, 8(1/2):150-152.

13 MIKICH, S.B. 2002. A dieta dos morcegos frugívoros (Mammalia, Chiroptera, Phyllostomidade) de um pequeno remanescente de Floresta Estacional Semidecidual do Sul do Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 19(1): 239-249.

14 PINTO, D.; ORTÊNCIO-FILHO, H. 2006. Dieta de quatro espéces de filostomídeosfrugívoros (Chiroptera, Mammalia) do Parque Municipal do Cinturão Verde de Cianorte, Paraná, Brasil. Chiroptera Neotropical, 12(2): 274-279.

15 MEDELLÍN, R.A.; EQUIHUA, M.; AMIN, M.A. 2000.Bat diversity and abundance as indicators of disturbance in Neotropical rainforests. Conservation biology, 14(6): 1666- 1675.

16 ALMEIDA, M.H.; DITCHFIELD, A.D.; TOKUMARU, R.S. 2014. Habitat characteristics and insectivorous bat activity. Chiroptera Neotropical, 20(2):1264-1270.

17 COSTA, L.M.; LUZ, J.L.; ESBÉRARD, C.E.L. 2012. Riqueza de morcegos insetívoros em lagoas no Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Papéis Avulsos de Zoologia (São Paulo), 52(2): 7-19.

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35. CAPTURA DE MILHARES DE MARCADORES GENÉTICOS PARA A ELUCIDAÇÃO DA ESTRUTURA GENÉTICA EM POPULAÇÕES DE CORAL

JULIÁN OLAYA RESTREPO* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: Dr. MARCOS SOARES BARBEITOS LABORATÓRIO DE EVOLUÇÃO DOS ORGANISMOS MARINHOS (LEOM) COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Os limites e fronteiras administrativas, como as delimitadas em áreas protegidas, raramente coincidem com as fronteiras dos processos biológicos em suas escalas espaciais e temporais, o que dificulta a implementação de possíveis medidas de manejo em grande escala1. Estudos de genética de populações, que ajudem a entender processos de conectividade e migração tanto atual como passada entre populações que habitem, por exemplo, uma rede de áreas protegidas, aportaram muito nessa direção. Para o desenvolvimento deste tipo de estudos o ideal é contar com um alto número de marcadores genéticos distribuídos através de todo o genoma. Neste trabalho, quero apresentar os avanços da pesquisa “Desenvolvimento de marcadores moleculares através do método ddRADseq em corais, e avaliação de sua utilidade para estudos de conectividade entre populações em uma rede de áreas marinhas protegidas alongo da costa brasileira”, mostrando o progresso no desenho e preparação das bibliotecas para sequenciamento. O protocolo foi especificamente adaptado para amostras de cnidários que se espera permitam a obtenção de aprox. 8000 polimorfismos de cópia única (SNPs). A técnica selecionada é conhecida como ddRADseq, a qual provê uma sub- amostragem do genoma que é gerada pela ação de duas enzimas de restrição (ER), que pode ser seletivamente sequenciada com técnicas de NGS. Existem protocolos gerais e disponibilizados na literatura2, mas estes devem ser ajustados as condições próprias de cada estudo e dos organismos alvo, sendo isto um fator critico para o logro dos objetivos propostos. Os dados obtidos com este protocolo ajudarão a avaliar se estas áreas marinhas protegidas contribuem na conservação de Porites astreoides e Millepora alcicornis, apesar das diferenças na biologia reprodutiva e as capacidades de dispersão, as quais poderiam gerar diferentes estruturas genéticas entre populações que habitam ecossistemas fisicamente similares alongo da costa brasileira.

MATERIAL E MÉTODOS

Os dados foram coletados em 7 áreas protegidas. O tecido de ao menos 10 indivíduos das espécies Porites astreoides e Millepora alcicornis, foi preservado em solução DESS após coletado. A preparação das bibliotecas para sequenciamento esta composto por seis passos principais: 1) Extração de DNA; 2) digestão pelas duas enzimas de restrição; 3) ligação dos adaptadores aos fragmentos de DNA obtidos; 4) seleção do tamanho dos fragmentos (~250 pb); 5) amplificação dos fragmentos selecionados e 6) sequenciamento em plataforma HiSeq da Illumina. Cada um dos passos do protocolo será presentado e

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 discutido na seguinte secção.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

1) Extração do DNA: Foi extraído DNA de 86 amostras pertencentes a sete populações diferentes usando o kit Invitrogen PureLink Genomic DNA Mini kit. Deve extrai-se entre 100 – 1000 ng de DNA de boa qualidade para garantir o eficiente desempenho das ER. 2) Digestão pelas enzimas de restrição: A seleção das enzimas de restrição é critico para decidir o número de loci e indivíduos necessários e obter uma boa razão custo- benefício entre o preço do sequenciamento e o número de SNPs obtidos. Depois de uma digestão in silico onde se testaram 96 ER de corte lento e 29 de corte rápido sobre o genomas de duas espécies (Acropora digitifera e Hydra vulgaris) filogeneticamente próximas a nossas espécies de estudo, foi selecionada a PacI como enzima de corte lento e a DdeI como de corte rápido. A combinação das PacI-DdeI, produz aprox. 26.279 fragmentos aleatórios de DNA (<250 pb), em uma razão de 4.2:1 entre o coral hospedeiro e o alga endosimbionte que habita nele. Outro aspecto importante é que com esta combinação de enzimas se obtém cerca de 8.660 SNPs, a um preço consideravelmente baixo, R$1.98 cada. 3) Ligação dos adaptadores: Os fragmentos que serão sequenciados serão apenas aqueles que têm os sítios de restrição das duas enzimas. O adaptador da extremidade 5’ é composto por 4 bases de reconhecimento ao enzima de restrição PacI, um barcode especifico de 8 pb e sítio para o anelamento do primer i5 durante amplificação. O adaptador na extremidade 3’ é um adaptador tipo “yoke” composto por 4 pb de reconhecimento a enzima DdeI, um barcode especifico de 8 pb e sítio para o anelamento do primer i7 durante amplificação. 4) Seleção do tamanho: porque a tecnologia de sequenciamento está sujeita a erros da polimerase, é necessário sequenciar cada base varias vezes para aumentar a confiabilidade dos dados. Para obter um nível de cobertura ótimo (10X) dos fragmentos obtidos da digestão PacI-DdeI, estes devem ser próximos a 250 pb de comprimento. A purificação destes fragmentos será feita usando contas magnéticas. 5) Amplificação PCR: As bibliotecas resultantes são amplificadas por meio do PCR com dois iniciadores (i5 e i7) que introduzem dois barcodes adicionais aumentando a capacidade de multiplexing, além de uma sequência para anelamento na célula de sequenciamento da plataforma Illumina. 6) Sequenciamento: Graças à alta capacidade de multiplexing obtida com os indexes (inclusos nos adaptadores e iniciadores do PCR), todas as amostras serão sequenciadas em uma linha só da plataforma Illumina HiSeq 2500 no Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol - CTBE/CNPEM. Esta plataforma permite duas leituras para cada fragmento de 250 pb (2 x 250 pb). Com este método de genotipagem será obtido aprox. 2,62 Gb de informação (26.279 fragmentos x 116 pb comprimento médio x 10X cobertura x 86 amostras = 2,62 Gb). Antes do seqüenciamento, será realizado um controle de qualidade com o Bioanalyzer 2100 Agilent para garantir que se conta com boa quantidade e qualidade de DNA.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os polimorfismos de nucleotídeos únicos (SNP) são alterações em uma única base da sequencia do DNA. No entanto, para ser considerado como SNP, o alelo menos frequente deve ter uma frequência de 1% ou superior. A identificação dos SNPs com dados provenientes de NGS requer filtragem dos dados para garantir que estes ocorrem 94

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 em todos os indivíduos, remover SNPs inadequados que representam diferenças de nucleotídeos entre loci paralogos versus alelos polimórficos, e a eliminação dos SNPs que presentem desequilíbrio de ligação3. Nos últimos anos a eficiência dos métodos para a captura de SNPs a longo do genoma tem melhorado consideravelmente. Porém, a elaboração dos protocolos deve ajustar-se as condições próprias de cada estudo e dos organismos alvo, sendo um passo critico ao longo do desenvolvimento da pesquisa e pode colocar em risco a qualidade e quantidade dos dados obtidos.

Palavras-chave: Cnidaria; Seqüenciamento; Enzimas restrição; ddRADseq.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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36. NEUROBIOLOGIA DO ESTRESSE EM MACACOS-PREGO (Sapajus nigritus) CRIADOS EM CATIVEIRO

ERIKA ZANONI* EMAIL: [email protected] ORIENTADOR: NEI MOREIRA

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Diversos autores relatam que os animais são considerados sencientes, ou seja, são capazes de sentir raiva, medo, alegria e compaixão 1. Algumas experiências emocionais intensas e estressantes, como as que são vividas em cativeiro, podem desencadear mecanismos neurobiológicos complexos e que se tornarem crônicos podem resultar em consequências deletérias físicas e emocionais. Animais confinados apresentam frequentemente, diversos distúrbios de comportamento, quando comparados aos exemplares vivendo em seu ambiente natural2. Animais cronicamente estressados podem apresentar reação exagerada do sistema nervoso simpático e apresentar a elevação de pressão arterial, diminuição de insulina, aumento do risco de diabetes, alterações no estômago, desequilíbrio do sistema imunológico e diminuição do interesse em buscar parceiros sexuais3. Até pouco tempo não se falava muito a respeito nas reais necessidades dos animais. Acreditava-se que para cuidar de um animal em cativeiro bastava alimentá-lo e aplicar técnicas sanitárias. Hoje sabe-se que os animais necessitam de uma estimulação ambiental complexa e estes podem experimentar sofrimento físico e psicológico. As síndromes comportamentais, portanto, teriam como função inicial uma compensação para a frustração ou inadequação do meio 4. O objetivo é conhecer quais os efeitos do estresse aos animais cativos e investigar se existe uma justificativa hormonal para os diversos comportamentos enfatizando a importância dos componentes emocionais. A criação de instrumentos para avaliar qualidade de vida psicometricamente é bastante utilizada na psicologia e psiquiatria humana, porém não há relatos da sua utilização na medicina veterinária. A escassez de instrumentos nacionais parece refletir a dificuldade da comunidade científica em desenvolver instrumentos de avaliação de qualidade de vida que se apliquem a animais cativos.

MATERIAL E MÉTODOS

Os animais escolhidos para o projeto são os macacos do gênero Sapajus, conhecidos como macacos prego. Essa espécie apresenta o porte médio e pesa em média de 2,5 a 4,5 Kg. Diversos autores relatam a alta capacidade de adaptação de macacos-prego a diferentes ambientes e à presença de humanos. O experimento está sendo desenvolvido na cidade de Telêmaco Borba-PR, utilizando 8 animais. Estes estão alojados em 4 recintos diferentes, pequenos e pouco atrativos. No histórico há registros de estereotipias, agressividade, apatia, anorexia e perda de peso. Em geral, são 2 grupos com 4 animais em cada. São machos (castrados) e fêmeas com idades entre 2 a 6 anos. Realizaram-se coletas de sangue para dosagens hematológicas, bioquímicas e hormonais iniciais. A avaliação comportamental foi realizada através de uma adaptação da escala do Inventário Pediátrico de Qualidade de Vida — Pediatric Quality of Life Inventory 4.0 —

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PedsQL.5. Foi aplicada uma escala de qualidade de vida adaptada do PedsQL levando em consideração o comportamento da espécie. Como não há provas, dado que este é um instrumento apropriado para examinar o comportamento dos primatas, realizou-se a validação utilizando a medida de correlação de escore final da escala e dosagem de cortisol (r=0,66; p=0,024). Foram realizadas coletas de sangue para avaliação do cortisol plasmático, glicemia, albumina, LHD, Proteína C reativa e hemograma. Estes são considerados marcadores biológicos de estrese. O eletrocardiograma foi realizado posicionando os animais em decúbito lateral direito, com os membros paralelos e perpendiculares ao eixo longo do corpo, utilizando eletrocardiógrafo computadorizado de 12 derivações para uso veterinário (InCardio for Vets®- InPulse, BR). Para comparação de variáveis qualitativas foi empregado o teste exato de Fisher e para comparação de variáveis quantitativas foi aplicado o teste-t de Student. As correlações foram aferidas através dos coeficientes de Pearson e tau de Kendall. Foram considerados significativos os valores de p<0,05. Para fins de cálculo, foi utilizado o programa estatístico MedCalc 5.1 (Bélgica).

RESULTADOS

Na avaliação hematológica foi possível verificar em um dos animais, aumento do hematócrito, o qual foi relacionado ao estresse da coleta. O leucograma de um animal apresentou leucocitose com desvio à esquerda regenerativo, sendo atribuído a uma infeção do trato respiratório. Na avaliação bioquímica em que se avaliou LDH e glicemia, foi observado um aumento dos valores quando comparados os valores de referência para a espécie e tal diferença atingiu o limiar de significância estatísticas e mostrou significativa (p < 0,05). O resultado da escala de qualidade de vida adaptada para os macacos, pode estar associado com os níveis de glicose e LDH, assim como os níveis de LDH tem correlação significativa com o cortisol e a glicose. Em dois macacos (n=2-40%), foram observadas alterações cardíacas. Na auscultação do macho alfa, havia sopro sistólico grau III/VI em foco mitral, ritmo juncional, o que indica sobrecarga discreta de átrio esquerdo. Num segundo caso, observou-se complexos QRS de baixa voltagem. Nesse animal as mucosas estavam cianóticas e o TPC aumentado, na auscultação foi observada a presença de crepitações em ausculta pulmonar e os pulsos femorais hipocinéticos, com déficit.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Frente ao objetivo desta pesquisa, concluiu-se que os macacos-prego podem sofrer alterações psicológicas e físicas quando estão em restrição de espaço e expressão de comportamento. A resposta hematológica frente ao estresse pode estar predominantemente relacionada ao aumento do hematócrito em resposta à adrenalina desencadeada por distúrbios emocionais e físicos. A escala de qualidade de viva possui correlação positiva com exames laboratoriais que indicam estresse. O estresse parece favorecer o aparecimento de doenças cardíacas.

Palavras-chaves: emoções, cardiopatias, distresse.

1 GRIFFIN, DR & SPECK, GB. New evidence of animal consciousness. Animal Cognition, v. 7, p. 5-18, 2004.

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2 DURHAM, E.R. Chimpanzés também amam: a linguagem das emoções na ordem dos primatas. Revista de Antropologia, São Paulo, v.46, n.1, p. 85-142, 2003.

3 FOWLER, M.E. Stress: Zoo and Wild Animal Medicine. Philadelphia: W.B.Saunders, 1986. 1127p

4 BROOM, D.M ; MOLENTO, C.F.M. Bem-estar animal: Conceito e questões relacionadas-revisão. Archives of Veterinary Science, Curitiba, v.9, n.2, p.1-11, 2004.

5 PEDIATRIC QUALITY OF LIFE INVENTORY (PedsQL™) version 4.0 Disponível em: PedsQL™ (www.pedsql.org/about_ pedsql.html)

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37. AVALIAÇÃO DA GENOTOXICIDADE DO ÓLEO DIESEL NO POLIQUETA Laeonereis culveri (Webster, 1879) E NO BIVALVE Anomalocardia flexuosa (Linnaeus, 1767)

MARIANA ARAKI BRAGA* E-mail: [email protected] ORIENTADOR: PAULO DA CUNHA LANA LABORATÓRIO DE BENTOS – CEM/UFPR CO-ORIENTADORA: KALINA MANABE BRAUKO LABORATÓRIO DE CONSERVAÇÃO E BIODIVERSIDADE MARINHA – UFSC CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

As atividades humanas costeiras comumente são responsáveis pela liberação de poluentes, que demandam urgentes estratégias de avaliação e monitoramento¹. A sensibilidade inter- e intra-específica a fração de óleo diesel marítimo será avaliada em dois bioensaios com duas espécies bênticas estuarinas, envolvendo o uso de testes de micronúcleos e avaliação do estresse oxidativo como biomarcadores.

MATERIAL E MÉTODOS

No primeiro experimento, foram coletados 1.040 Laeonereis culveri na Ilha da Cotinga. Foram alocados 20 indivíduos em cada um de 49 béqueres esterilizados de 1.000 mL, contendo 1 cm de sedimento defaunado e água do mar filtrada, previamente levados ao campo. A aclimatação durou cinco dias em laboratório. Os animais foram alimentados com extrato seco de Spirulina. O controle foi obtido em três etapas preliminares: 1) 30 poliquetas foram sacrificados em campo, como forma de controle inicial. Para análise de micronúcleo, 12 foram sacrificados e divididos em três microtubos contendo álcool metílico e 18 para avaliação de estresse oxidativo, distribuídos em 3 tubos criogênicos e colocados em isopor com gelo seco; 2) foram sacrificados 30 poliquetas logo após o término do campo, para avaliar eventuais efeitos do estresse pelo transporte; 3) 5 dias após a coleta e antes da exposição ao diesel, foram sacrificados poliquetas de três béqueres para avaliar possível estresse durante a aclimatação. O experimento contou com 5 tratamentos de 9 béqueres cada, a: 75%, 50%, 25% e 5% da fração hidrossolúvel do diesel marítimo, além do controle. Os animais desses tratamentos foram analisados em três tempos após exposição ao diesel: 24 h, 48 h e 7 dias (3 béqueres por tratamento em cada tempo). Para o segundo experimento, 363 indivíduos de Anomalocardia flexuosa foram coletados na Ilha dos Papagaios. No laboratório, 7 berbigões foram alocados em cada um de 48 béqueres esterilizados de 1.000 mL, contendo 3 cm de sedimento defaunado e água do mar filtrada. O processo de aclimatação durou cinco dias e a alimentação foi utilizando Chaetoceros muelleri. O controle também foi obtido em três etapas: 1) 9 bivalves sacrificados em campo; 2) 9 bivalves sacrificados imediatamente após a coleta e 3) bivalves de três béqueres sacrificados após os 5 dias de aclimatação. Para a análise de micronúcleos utilizando hemolinfa retirada com auxílio de seringa de 1mL contendo 99

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 anticoagulante MAS, posteriormente distribuída em três microtubos. Para avaliação do estresse oxidativo, a partir das brânquias e as glândulas digestivas distribuídas em 6 tubos criogênicos conservados em isopor com gelo seco. O número de béqueres nos tratamentos e tempos de exposição foram os mesmos utilizados no primeiro experimento. Os sedimentos e as águas dos tratamentos foram armazenados para futuras análises químicas de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs).

Fração hidrossolúvel de óleo diesel marítimo (FHD) O óleo diesel utilizado nos experimentos foi adquirido em posto marítimo e armazenado em frascos âmbar, protegidos da luz e mantidos sob 20ºC. Para o preparo da fração hidrossolúvel foram utilizados 5 balões volumétricos de 2 L, e em cada um deles foram adicionadas água do mar filtrada com salinidade 25 ppm e óleo diesel a 3:1. As soluções foram mantidas em agitador magnético por 16 h no escuro; depois foram expostas à luz solar por 6 h. A fração foi então retirada dos balões após 1 h de repouso. Somente a parte hidrofílica foi extraída com auxílio de mangueira e macropipetador.

Micronúcleos (MN) Para as lâminas de poliqueta, foram retirados os prostômios e os parapódios de 4-5 indivíduos por amostra. Os animais foram macerados em um microtubo de 2 mL contendo ácido acético glacial e álcool metílico absoluto a 3:1. A solução foi centrifugada por 4 minutos a 900 rpm e, após o descarte do sobrenadante (cerca de 0,5 mL), foi adicionado metanol absoluto no microtubo até completar 2 mL, novamente centrifugada. O sobrenadante contendo células desagregadas foi pipetado e disperso em lâminas coradas com uma solução 9:1 de água destilada e corante Giemsa, por 5 minutos. Para o teste micronúcleos no berbigão, foi utilizada a hemolinfa de 3 indivíduos por amostra, que foi disposta em lâminas com um micropipetador e deixadas em repouso por um dia para secagem. As lâminas foram imersas em álcool metílico absoluto por 1 minuto, e logo após em uma solução 9:1 de água destilada e corante Giemsa, finalizadas com lavagem por 1 minuto em água destilada. Serão contadas mil células para determinar a frequência de micronúcleos em cada amostra.

Estresse oxidativo Cerca de 6 a 9 indivíduos de L. culveri (até o peso 100 mg) foram homogeneizados em tampão fosfato de potássio 0,1 M, pH 7,0, utilizando um homogeneizador Ultra-Turrax basic IKA T10. A solução foi centrifugada a 15.000 g durante 30 min (-4 ° C) e os sobrenadantes foram coletados e armazenados a -80 ° C até a análise. Os sobrenadantes vão ser utilizados para estimar o teor de proteína, atividades de glutationa-s-transferase (GST), superóxido dismutase (SOD), glutationa peroxidase (GPX), peroxidação lipídica (LPO), catalase (CAT) e glutationa reduzida (GSH). A homogeneização de tecidos dos bivalves ainda será preparada. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dois experimentos propostos foram realizados após dois experimentos pilotos. Ao longo do primeiro experimento, houve mortalidade de 16,7% de L. culveri: 23 no controle, 33 no tratamento 5%, 30 no 25%, 41 no 50% e 47 no 75%. A mortalidade de parte dos indivíduos é comum em ensaios toxicológicos de laboratório, e não irá interferir nos resultados de micronúcleos e estresse oxidativo. Esses animais foram eliminados dos tratamentos, mas podem ser um indicativo precoce dos efeitos negativos esperados para o óleo diesel. Contagens preliminares de micronúcleos indicaram frequências baixas (0,0001%) nas lâminas de animais sacrificados em campo. Os poliquetas das dosagens 100

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 mais altas (50% e 75%) mostraram movimentação mais lenta que os demais tratamentos e dificuldade em se enterrar durante os sete dias de exposição. No segundo experimento, a mortalidade dos berbigões foi mais baixa que os poliquetas, de apenas 2,5% ao longo de todo o experimento: 2 no tratamento 5%, 1 no 25%, 2 no 50% e 4 no 75%. Esses resultados preliminares podem indicar que o bivalve é relativamente mais resistente ao contaminante, conforme a hipótese de que suas valvas agiriam como estruturas protetoras externas, que se fecham e isolam o organismo de possíveis estresses no local². As análises laboratoriais ainda estão em andamento, visto que os experimentos demandaram tempo para serem efetivamente executados devido a problemas de ajustes na manutenção dos animais vivos, preparação da FHD e do protocolo adaptado do teste de MN para L. culveri e A. flexuosa. Foram confeccionadas um total de 684 lâminas, que estão em fase de contagem. As análises bioquímicas dos biomarcadores de estresse oxidativo do L. culveri foram realizadas em junho e quantificamos a concentração de proteínas, os níveis de LPO e a atividade do SOD. O restante das enzimas e os cálculos para interpretação dos dados serão realizadas até setembro. Ao final, pretendemos relacionar a frequência de micronúcleo e resposta oxidativa das duas espécies com as dosagens e tempos de exposição, para concluir os potenciais efeitos do diesel sobre os organismos. Esta abordagem permitirá avaliar tanto a eficiência do teste de micronúcleos e resposta oxidativa como biomarcadores quanto a utilidade de dois táxons muito comuns em ambientes estuarinos, candidatos a bioindicadores de respostas rápidas a contaminantes genotóxicos.

Palavras-chave: Biomarcadores; Polychaeta; Bivalvia; Genotoxicidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

¹ FARRINGTON, J. W. 2014. Oil Pollution in the Marine Environment III: Fates and Effects of Chronic Oil Inputs. Environment: Science and Policy for Sustainable Development, 56(5): 12-25.

² BAUSSANT, T.; BECHMANN, R.; TABAN, I.; LARSEN, B.; TANDBERG, A.; BJØRNSTAD, A.; TORGRIMSEN S.; NVDAL A.; ØYSD K.; JONSSON G.; SANNI, S. 2009. Enzymatic and cellular responses in relation to body burden of PAHs in bivalve molluscs: a case study with chronic levels of North Sea and Barents Sea dispersed oil. Marine pollution bulletin, 58(12): 1796-1807.

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38. ATRIBUTOS DE AVES URBANAS NEOTROPICAIS

RAFAEL AMORIN* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: VINÍCIUS ABILHÔA LABORATÓRIO DE BIODIVERSIDADE URBANA E BIOINVASÃO CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Diversos atributos comportamentais e fisiológicos de aves que exploram o ambiente urbano são conhecidos para extrapolar o filtro ambiental, imposta pela urbanização, estas adaptações podem estar relacionadas à busca de novos locais para nidificação, exibição de comportamentos atípicos daqueles visualizados em ambiente natural, utilização de recursos alimentares fornecidos pelo ser humano, alterações no repertório vocal, alterações no horário de atividade e questões do âmbito fisiológico¹,2. Dentro desse contexto, o objetivo principal deste trabalho é avaliar como os efeitos da urbanização considerando diferentes níveis de organização biológica (comunidade, população e indivíduo), interferem em alguns atributos ecológicos de aves neotropicais. Desta forma este projeto de tese procura buscar respostas para algumas questões levantadas anteriormente, sendo estruturada em cinco capítulos, que abordarão (i) como as comunidades de aves das cidades da América do Sul são compostas e estruturadas taxonomicamente e funcionalmente; (ii) como a riqueza taxonômica, funcional e a abundância das comunidades de aves florestais circundadas pela matriz urbana são afetadas pela urbanização em uma escala local; (iii) como as relações de ectoparasita e hospedeiro podem ser afetadas pela urbanização; (iv) como uma espécie florestal canora (Myiothlypis leucoblephara) é afetada pelo ruído antropogênico e (v) como uma espécie florestal e com alta plasticidade ambiental (Turdus rufiventris) é afetada fisiologicamente pela urbanização.

MATERIAL E MÉTODOS

Para a avaliação das comunidades de aves da América do Sul (Capítulo I), foi realizada compilações de dados secundários das principais cidades do continente. De acordo com a localização geográfica, as cidades foram agrupadas em onze regiões conforme a classificação de Cracaft3. Análises multivariadas foram utilizadas para a observação de padrões na composição e estrutura funcional das comunidades de aves em relação à influência das variáveis ambientais indicadoras do nível de intensidade de urbanização. Para avaliações dos efeitos da urbanização sobre as aves em escala local (Capítulos II, III, IV e V), foi considerada como área de estudo sete fragmentos florestais de Curitiba e região metropolitana. A amostragem da avifauna foi concentrado nos horários de maior atividade das aves. O período de amostragem compreendeu duas estações (seca e chuvosa) durante dois anos, totalizando quatro fases de campo. Para avaliação qualitativa foi aplicado censo por transecção e a mensuração da abundância foi realizada através do método de ponto de escuta. Foram utilizadas técnicas de captura, através de redes-de-neblina do tipo mist nets.

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As aves capturadas foram inspecionadas em relação à presença de ectoparasitas, os indivíduos que estavam parasitados, tiveram os ectoparasitas retirados e alocados em frascos etiquetados, posteriormente transportados ao laboratório parasitológico do MHNCI. Técnicas de bioacústica foram utilizadas concomitantemente na aplicação do método de pontos de escuta. Em relação a avaliação fisiológica de T. rufiventris, os indivíduos capturados nas redes-de-neblina tiveram suas fezes alocadas e enviadas para o laboratório para avaliação de infestação de endoparasitas. Análises multivariadas serão utilizadas para a observação de padrões na composição, estrutura funcional e abundância das comunidades de aves em relação à influência do gradiente de urbanização.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A compilação de listas de espécies da América do Sul, até o momento está totalizando 36 cidades e uma lista de 1433 espécies que representa 44% da avifauna da América do Sul. Em relação as capturas de aves até o momento foram capturadas aproximadamente 400 indíviduos. Em todas as áreas amostradas, apresentaram aves capturadas com ectoparasitas, as espécies de ectoparasitas encontradas foram Ixodes auritulus e Amblyomma longirostre. Em todas as áreas foram possíveis realizar gravações de vocalizações de M. leucoblephara, demonstrando que a espécie foi uma boa escolha para representar os efeitos do ruído antropogênico em fragmentos de Floresta Ombrófila Mista. Sobre a captura de T. rufiventris, foi a espécie com maior indíce de captura, chegando como por exemplo na área ‘Bosque Reinard Maack’ com a captura de 33 indíviduos, sendo que deste total houveram diversas coletas de fezes que foram enviadas para análises laboratórias, sendo constatados até o momento a presença dos seguintes endoparasitas nas amostras coletadas: Cestoda, Ascaridia, Cappilaria sp., Syngamus trachea.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

No momento, as fases de coletas de dados estão sendo finalizadas e os dados organizados para que iniciem suas análises, desta maneira, no momento não é possível realizar considerações expressivas, apenas que os métodos de coletas apresentaram-se efetivos e ocorreram de forma satisfatória.

Palavras-chave: Metanálise; Estrutura da comunidade; Ectoparasitas; Ruído antropogênico; Endoparasitas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 CHACE, J.F.; WALSH, J.J. Urban effects on native avifauna: a review. Landscape and Urban Planning, Philadelphia, v. 74, n.1, p. 46-69, 2004. 2 CROCI, S.; BUTET, A.; CLERGEAU, P. Does urbanization filter birds on the basis of their biological traits? The Condor, Norman, v. 110, n. 2, p. 223-240, 2008.

3 CRACRAFT, J. 1985. Historical biogeography and patterns of differentiation within the South American avifauna: areas of endemisms. Ornithological Monographs. v. 36: p. 49-84. 1985.

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39. DIVERSIDADE GENÉTICA E MORFOLÓGICA DE Diplosoma listerianum (APLOUSOBRANCHIA: DIDEMNIDAE) DA COSTA BRASILEIRA: ABORDANDO UM COMPLEXO DE ESPÉCIES

JOYCE ANA TEIXEIRA¹,* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: ROSANA MOREIRA DA ROCHA¹ ¹LABIMAR – LABORATÓRIO DE SISTEMÁTICA E ECOLOGIA DE INVERTEBRADOS MARINHOS FOMENTO: CAPES, PROTAX (CNPQ) E FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA

Ascídias são organismos marinhos bentônicos pertencentes ao filo Chordata, com aproximadamente 3000 espécies conhecidas, compondo a classe Ascidiacea. A ordem Aplousobranchia é a mais diversa, reunindo um terço das espécies de toda a classe, sendo que 600 espécies pertencem à família Didemnidae. Nesta família, o gênero Diplosoma possui 43 espécies ao redor do mundo, sendo que Diplosoma listerianum é uma representante de ocorrência mundial. Atualmente, são conhecidas várias espécies de ascídias com ampla distribuição geográfica e, sabe-se que essas ocorrências estão também relacionadas às atividades humanas, tais como as navegações, causando a introdução de espécies em locais onde não existiam originalmente. Utilizando ferramentas moleculares aliadas às técnicas morfológicas clássicas é possível elucidar as causas de padrões atuais de ampla distribuição, se por dispersão natural, por bioinvasão ou se constituem complexos de espécies crípticas. Outros autores fizeram um estudo em escala global de D. listerianum utilizando espécimes provenientes de diversas regiões do mundo, mas os autores afirmaram não haver diferenças morfológicas suficientes que sustentassem os clados obtidos pelas análises moleculares. Entretanto, nenhum exemplar brasileiro foi incluído nas análises morfológicas ou moleculares. Dessa forma, este estudo tem como objetivo analisar molecular e morfologicamente espécimes brasileiros de D. listerianum. Os exemplares analisados serão provenientes da Coleção de Ascidiacea do Departamento de Zoologia – UFPR e também através da obtenção de espécimes através de coletas de material biológico em substratos naturais (costões rochosos), artificiais (marinas) e também utilizando de placas de recrutamento, que serão colocadas em locais onde a ocorrência da espécie já é confirmada (entre Rio Grande do Norte e Santa Catarina). Para as análises morfológicas serão separados zooides e larvas, confeccionadas lâminas permanentes que posteriormente serão fotografadas e terão suas estruturas medidas para análises posteriores. Das colônias conservadas em etanol 95%, serão separados fragmentos de 1 cm² para extração de DNA mitocondrial referentes à subunidade I da Citocromo Oxidase (COI). Após a extração, amplificação e purificação do DNA será realizado o sequenciamento e a correção das sequências para serem realizadas análises filogenéticas pelos métodos de Máxima Parcimônia, Máxima Verossimilhança e Inferência Bayesiana. Até o momento foram encontrados 13 novos haplótipos para a espécie e três clados exclusivamente brasileiros, revelando uma diversidade ainda desconhecida para a espécie. As análises morfológicas revelaram pequenas diferenças nos espécimes selecionados, como a cor das colônias em vida e pigmentação dos zooides, além de diferenças em relação ao tamanho e posicionamento de estruturas internas da larva. Ainda não foi possível estabelecer padrões para as diferenças encontradas, o que será investigado através das análises de morfometria das larvas e zoóides. Esses resultados mostraram uma diversidade genética não reconhecida

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 anteriormente, e poderão ajudar a esclarecer a origem e a estruturação genética das populações encontradas no Brasil, além de contribuir para o esclarecimento do relacionamento entre esses clados em escala global. Na próxima etapa do trabalho serão sequenciadas novas amostras das localidades já estudadas e serão adicionadas amostras de novas localidades.

Palavras-chave: Biodiversidade, Ascídias, Especiação.

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40. ADAPTAÇÕES MORFOLÓGICAS DE Aegla parana SCHMITT, 1942 (CRUSTACEA DECAPODA AEGLIDAE) A AMBIENTES ALTERADOS

ANA MARTA SCHAFASCHEK* *E-mail: [email protected] ORIENTADORA: SETUKO MASUNARI LABORATÓRIO DE ECOLOGIA DE CRUSTACEA COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES)

A família Aeglidae Dana, 1852 está inserida na infraordem Anomura. Aegla Leach, 1820, é o único gênero existente da família e, as espécies estão presentes exclusivamente em ambientes de águas continentais das regiões temperadas e subtropicais da América do Sul. Os eglídeos são onívoros, se alimentando de matéria vegetal, detritos, algas, larvas e invertebrados aquáticos e, por outro lado, servem de alimento para várias espécies de vertebrados, como peixes, aves e mamíferos. Pertencem ao bentos de ambientes lóticos, e vivem sob pedras e folhas acumuladas no fundo de rios e riachos com correnteza e águas bem oxigenadas. A especificidade de habitat destas espécies confere maior vulnerabilidade das populações às perturbações ambientais como contaminação da água com pesticidas ou por esgoto urbano e práticas silviculturais. O número de espécies ameaçadas de eglídeos tende a crescer, não só porque existem várias espécies novas e altamente endêmicas aguardando descrição formal, mas, também, porque as espécies avaliadas como pouco preocupante pela União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN) como Aegla parana Schmitt, 1942, podem ser, na realidade, conjuntos de espécies crípticas cujas populações são vulneráveis e de tamanho reduzido. Ambientes distintos e pressões seletivas ao longo de sua distribuição geográfica pode gerar descontinuidades nos traços genotípicos e fenotípicos entre diferentes populações. Tendo como base estes argumentos, este trabalho tem por objetivo discriminar as possíveis alterações morfológicas nas populações de Aegla parana ocorrentes ao longo do Rio Negro, sub-bacia do Alto Iguaçu, Bacia do Iguaçu, em cinco pontos amostrais com graus variados de alteração ambiental. Os referidos pontos serão escolhidos nos seguintes trechos do Rio Negro: o primeiro a 7Km a jusante do limite da área urbana do município de Mafra/Rio Negro, representando o hábitat pouco alterado ou preservado na zona rural; o segundo na área central urbana de Mafra, representando o hábitat com perturbação antropogênica máxima; o terceiro, quarto e quinto, situados a 7, 13 e 20 Km a jusante do limite do município de Mafra, representando graus diferentes de recuperação das ações antropogênicas, na zona rural. As eglas serão capturadas utilizando armadilhas iscadas e rede Surber nos cinco pontos amostrais e, em cada ponto, serão medidas as variáveis abióticas da água (pH, temperatura e oxigênio dissolvido), e descritas as características físicas do rio (velocidade da correnteza, tipo de substrato, largura e profundidade). Os macroinvertebrados bentônicos serão coletados com rede Surber, em todos os pontos amostrais, para fins de diagnosticar o ambiente conforme o Índice BMWP. Os eglídeos serão levados ao Laboratório de Ecologia de Crustacea UFPR e, após identificação, somente 20 machos e 20 fêmeas adultos serão analisados com a técnica de Morfometria Geométrica. Os demais serão utilizados para definir os parâmetros populacionais como tamanho e estrutura das populações. Após diagnosticada a qualidade do hábitat, os

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 parâmetros populacionais e as diferenças morfológicas das eglas serão correlacionados com o grau de alteração ambiental encontrado nos cinco pontos amostrais.

Palavras-chave; Morfometria geométrica; eglídeos, BMWP.

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41. SISTEMÁTICA DOS GÊNEROS DIDEMNUM SAVIGNY, 1816 E POLYSYNCRATON NOTT, 1892 (ASCIDIACEA, TUNICATA)

LIVIA DE MOURA OLIVEIRA* *E-MAIL: [email protected] ORIENTADORA: DRA. ROSANA MOREIRA DA ROCHA LABORATÓRIO DE SISTEMÁTICA E ECOLOGIA DE INVERTEBRADOS MARINHOS CO-ORIENTADOR: DR. MARCOS SOARES BARBEITOS LABORATÓRIO DE EVOLUÇÃO DE ORGANISMOS MARINHOS CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

O gênero Didemnum Sluiter, 1816 é o mais diversificado dentro da família Didemnidae e o segundo dentro de toda a Classe Ascidiacea. Atualmente, ele contém cerca 230 espécies válidas distribuídas em todos os oceanos, principalmente no Oceano Pacífico. A redução no tamanho dos zooides, a relação estreita entre algumas espécies dentro de Didemnum, a consequente perda de caracteres morfológicos e a similaridade morfológica com o gênero Polysyncraton Nott, 1892 podem dificultar a história filogenética de Didemnum e também a identificação taxonômica dentro de ambos os gêneros1-5. Apesar dos poucos recursos existentes no passado, existem alguns trabalhos que discutem a história evolutiva dentro da família Didemnidae, porém algumas características morfológicas utilizadas não possuíam um valor específico para inferir a evolução entre os gêneros desta família. Buscando elucidar questões quanto a reconstrução filogenética de tunicados, marcadores moleculares mitocondriais e nucleares vem sendo utilizados com mais frequência nas últimas décadas, dentre eles podemos citar o marcador mitocondrial Citocromo oxidase I e o nuclear RNAr 18S6-8. Este estudo tem como objetivo estabelecer hipóteses filogenéticas entre as espécies dos gêneros Didemnum e Polysyncraton; caracterizar morfologicamente espécies dos dois gêneros de várias regiões do mundo e descrever novas espécies de Didemnidae para a costa brasileira.

MATERIAL E MÉTODOS

Durante este estudo, foram analisados 150 espécimes pertencentes aos gêneros Didemnum Savigny, 1816 e Polysyncraton Nott, 1892 de diversos museus. Os exemplares foram coletados nos Oceanos Atlântico e Pacífico e nos Mares Vermelho e Mediterrâneo entre 1886-2016. Parte das espécies-tipo analisadas são provenientes de importantes expedições oceanográficas como Siboga e Challenger. As colônias foram dissecadas com pinças microcirúrgicas sob Estereomicroscópio e, posteriormente, os zooides e larvas foram corados com Hematoxilina de Harris e visualizadas em um Microscópio de Contraste Diferencial Interferencial (DIC) acoplada a uma câmera. As espículas calcárias foram examinadas no Microscópio Eletrônico de Varredura com um revestimento de carbono rápido SC-701C no Naturalis Biodiversity Center, Leiden, Holanda. Para a análise morfológica, uma matriz de dados foi definida a partir de uma 108

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 seleção de caracteres utilizados para a identificação das espécies. Como grupo externo usamos a espécie Cystodytes dellechiajei. A análise filogenética foi reconstruída através da análise de Máxima Parcimônia (MP) com pesagem implícita através do TnT. Para a análise molecular, foram extraídos DNA de 160 espécimes de Didemnidae coletados em diversas regiões ao redor do mundo entre 2008-2016. A extração de DNA seguiu o protocolo do Kingfisher e a reação de amplificação da PCR seguiu o protocolo da Phire Green Hot Start II DNA Polymerase. Todas as sequências obtidas foram blasteadas e, em seguida, editadas usando o Sequencher. Posteriormente, elas foram alinhadas através do MAFFT. Como grupo externo, nós incluímos uma sequência de Cystodytes sp. (AY 821784.1). A reconstrução filogenética foi baseada em dois critérios: Máxima verossimilhança (ML) e Inferência Bayesiana (BI).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na análise morfológica, a matriz final inclui 38 táxons terminais e 56 caracteres dos quais 45 são binários e 11 são de múltiplo estado. A análise gerou cinco árvores igualmente parcimoniosas com o valor da constante K=4.3750, index de consistência (Ci) = 22 e índice de retenção (Ri) = 43. A reconstrução filogenética mostrou que há quatro sinapomorfias que separam as espécies do gênero Didemnum em quatro clados: Clado A é composto por espécies com distribuição tropical e com baixa densidade de espículas na túnica; Clado B é formado por espécies que formam pequenas colônias e poucas aberturas cloacais; Clado C é composto por espécies que possuem papilas na superfície da túnica e larvas com vários pares de ampolas e o Clado D pelas demais espécies de Didemnum. Este consiste em outros quatro clados menores. Na análise filogenética, 83 didemnideos foram sequenciados para o gene mitocondrial Citocromo Oxidase I (COI). Treze espécies de Didemnum foram identificadas e outras treze necessitam ser identificadas. O conjunto de dados contém 33 espécies de Didemnum. A reconstrução filogenética molecular deste gênero reafirma que ele é um grupo monofilético. A relação filogenética entre algumas espécies do gênero Didemnum ainda não está bem clara, no entanto, o COI separou o gênero em sete clados bem suportados, os quais poderão ser validados posteriormente. O clado que agrupa as espécies D. ligulum Monniot, 1983 e D. multispirale Kott, 2001 foi recuperado tanto na filogenia morfológica quanto na filogenia molecular, assim como os clados que agrupam D. duplicatum Monniot, 1983 com D. galacteum Lotufo & Dias, 2007 e D. cineraceum (Sluiter, 1898) e D. vanderhorsti Van Name, 1924. As três topologias (IB, ML e MP) baseadas no COI resolvem sete clados: D. ligulum Monniot, 1983 e D. multispirale Kott, 2001; todos os espécimes D. duplicatum Monniot, 1983 com Didemnum sp. 12; D. cuculliferum (Sluiter, 1909) e D. fragile Sluiter, 1909; D. vexillum Kott, 2002 e D. psammatodes (Sluiter, 1895); D. apersum Tokioka, 1953 e D. perlucidum Monniot, 1983; D. granulatum Tokioka, 1954, D. membranaceum Sluiter, 1909 e Didemnum sp.3; D. cineraceum (Sluiter, 1898), D. vanderhorsti Van Name, 1924 e Didemnum sp.4.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Esta é uma primeira reconstrução filogenética do gênero Didemnum Savigny, 1816, a qual inclui 33 espécies nas análises moleculares e 37 na análise morfológica. A filogenia morfológica mostrou que muitos caracteres são homoplásticos e que estes estão presentes em muitas espécies. Baseado no COI, a filogenia molecular para Didemnidae é similar à filogenia apresentada em Oliveira et al. (2017) com a filogenia basal do gênero Didemnum semelhante. No entanto, as relações entre as espécies deste gênero são 109

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 diferentes. Isto pode ser resultado de um maior esforço amostral. Em ambas as filogenias, apenas três clados foram recuperados. Estes são compostos por espécies que são consideradas crípticas. Após este estudo, novas hipóteses sobre a evolução dentro de Didemnum poderão fornecer uma base para novas pesquisas taxonômicas, através da resolução de problemas taxonômicos envolvendo espécies crípticas ou identificadas erroneamente por falta de caracteres morfológicos.

Palavras-chave: Didemnidae, ascídias, espécies coloniais, COI.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 KOTT, P. 1962. The Ascidians of Australia III. Aplousobranchiata Lahille: Didemnidae Giard. Australian Journal of Marine and Freshwater Research, 13(3): 265–334.

2 KOTT, P. 2001. The Australian Ascidiacea. Part. 4: Aplousobranchia (3), Didemnidae. Memoirs of the Queensland Museum, 47(1): 1–410.

3 MONNIOT, F. 1984. Ascidies littorales de Guadeloupe VIII. Questions de systématique évolutive posées par les Didemnidae. Bulletin Du Muséum National D’Histoire Naturelle, Paris, 6A(4): 885–905.

4 MONNIOT, F. 1995. Ascidies de Nouvelle-Calédonie XV. Le genre Didemnum. Bulletin du Muséum National D’Histoire Naturelle, Paris, 16A(2-4): 299–344.

5 SHENKAR N, GITTENBERGER A, LAMBERT G, RIUS M, ROCHA RM, SWALLA BJ & TURRON X. 2015. Ascidiacea World Database. Disponível http://www.marinespecies.org/ascidiacea. Acessado em 01-08-2015.

6 STEFANIAK L, LAMBERT G, GITTENBERGER A, ZHANG H, LIN S, ET AL. 2009. Genetic conspecificity of the worldwide populations of Didemnum vexillum Kott, 2002. Aquatics Invasions 4: 29–44. doi:10.3391/ai.2009.4.1.3.

7 TSAGKOGEORGA G, TURON X, HOPCROFT RR, TILAK M, FELDSTEIN T, ET AL. 2009. An updated 18S rRNA phylogeny of tunicates based on mixture and secondary structure models. BMC Evolutionary Biology 9: 187. doi:10.1186/1471-2148-9-187.

8 TURON X, LÓPEZ-LEGENTIL S. 2004. Ascidian molecular phylogeny inferred from mtDNA data with emphasis on the Aplousobranchiata. Molecular Phylogenetics and Evolution 33: 309–320. doi:10.1016/j.ympev.2004.06.011.

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42. ECOMORFOLOGIA DAS POPULAÇÕES DE Aegla parana SCHMITT, 1942 (CRUSTACEA, DECAPODA, AEGLIDAE) DA SUB-BACIA DO RIO DA VÁRZEA, ALTO RIO IGUAÇU, PR

JULIANA MARA PADILHA* *E-mail: [email protected] ORIENTADORA: SETUKO MASUNARI LABORATÓRIO DE ECOLOGIA DE CRUSTACEA UFPR COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES)

Aeglidae é constituída por um único gênero vivente, Aegla, exclusivo de águas continentais e endêmico do sul da América do Sul. Atualmente, são conhecidas 83 espécies do gênero, com previsão de novas descrições. As eglas possuem uma morfologia altamente conservada e, portanto, são de difícil identificação devido à semelhança entre as espécies. Por outro lado, as variações intraespecíficas são notáveis neste grupo animal. Por conta disso, a técnica da Morfometria Geométrica (MG), em conjunto com análises moleculares, estão sendo utilizados para demonstrar variações intraespecíficas como as ontogenéticas e as sexuais. Aegla parana tem distribuição ao longo da Bacia do Rio Iguaçu, desde o município de Tijucas do Sul, PR, se estendendo até a região de Misiones, na Argentina. Em função desta ampla distribuição geográfica e da alta plasticidade no formato da carapaça das populações, é possível que se trate, na realidade, de um complexo de espécies. O presente projeto propõe um estudo morfológico comparativo das populações de A. parana que vivem em hábitats com características físicas e abióticas distintas, para conhecer o grau de plasticidade da espécie relacionado com estes parâmetros ambientais. As eglas serão obtidas em três pontos distintos (cabeceira, curso médio e foz) de três afluentes do Rio da Várzea, localizadas entre os municípios de Mandirituba e Agudos do Sul, PR, nas quatro estações do ano (julho/2017, outubro/17, janeiro/18 e abril/18). De cada ponto de coleta serão medidas as variáveis abióticas (pH, oxigênio dissolvido e temperatura), e as características físicas do rio (correnteza, tipo de fundo, largura e profundidade) serão descritas. As eglas serão coletadas com armadilhas iscadas com fígado bovino, as quais permanecerão no ambiente por cerca de 10 horas, no período noturno. Duas armadilhas serão dispostas em cada ponto de coleta, totalizando 18 em cada estação do ano. Adicionalmente, amostragens com rede Surber serão realizadas no canal principal de todos os pontos amostrais. As eglas terão a carapaça fotografada, marcos anatômicos estabelecidos e as análises feitas com MG. Serão utilizados os programas tpsDig2 e tpsUtil para digitalização dos marcos e as análises realizadas nos programas MorphoJ e RStudio, com a utilização dos testes estatísticos ANOVA e MANOVA.

Palavras-chave: Macroinvertebrados; Águas continentais; Morfometria Geométrica.

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43. A ICTIOFAUNA DE RIACHOS COM DIFERENTES NÍVEIS DE CONSERVAÇÃO EM UMA BACIA HIDROGRÁFICA DA MATA ATLÂNTICA: DIVERSIDADE TAXONÔMICA E FUNCIONAL

ROGER HENRIQUE DALCIN* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: VINÍCIUS ABILHOA MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL DO CAPÃO DA IMBUIA COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES)

Estudos com peixes de água doce indicam que mudanças nos aspectos físicos, químicos e biológicos nos ambientes aquáticos em função da urbanização simplificam as propriedades funcionais das comunidades de peixes. A resposta típica é o aumento na abundância de espécies tolerantes e o desaparecimento de espécies sensíveis, resultando em um conjunto de peixes funcionalmente menos diversos. O estudo da diversidade funcional vem ganhando espaço em diversos grupos taxonômicos, devido a capacidade de avaliar os traços funcionais das espécies, levando a uma maior clareza dos processos ecossistêmicos. A diversidade funcional estima as diferenças entre os organismos diretamente a partir de características funcionais relacionadas com as hipóteses em estudo, identificando quais características estão correlacionados a uma condição ambiental em especifico, desta forma seria possível prever distúrbios na estrutura da comunidade. A área de estudo em questão é a bacia hidrográfica do rio cachoeira que está totalmente inserida dentro da área urbana de Joinville. O presente estudo terá por objetivo avaliar a influência de intervenções antrópicas na diversidade funcional e taxonômica das comunidades de peixes em riachos com diferentes níveis de conservação, em uma bacia hidrográfica da Mata Atlântica. Os padrões de diversidade taxonômica e funcional serão avaliados em um conjunto de 18 riachos em diferentes níveis de conservação distribuídos ao longo da bacia. Os peixes foram coletados por meio da pesca elétrica e durante as coletas os pontos amostrais foram caracterizados e dados físicos e químicos da água foram obtidos. Para a descrição da relação do uso do habitat, serão tomadas 18 medidas morfológicas de 15 indivíduos de cada espécie. A partir das medidas morfológicas obtidas, 13 atributos relacionados com as adaptações dos peixes ao fluxo da água, capacidade de natação e posição ocupada na coluna da água serão avaliadas. Os atributos associados à ecologia trófica serão mensurados a partir de análises do conteúdo estomacal. Para o cálculo da diversidade funcional serão utilizadas as matrizes de uso do habitat, morfologia, ecologia trófica e de riqueza. A partir destas matrizes, serão calculados os três índices que descrevem os três aspectos diferentes e independentes da diversidade funcional: riqueza funcional, uniformidade funcional e divergência funcional. A diversidade taxonômica será descrita pela riqueza presente na comunidade. Os níveis de associação entre a estrutura das assembleias e os fatores ambientais serão avaliados por meio de análises de correlação, ordenamento e agrupamento, além de modelos lineares generalizados. As análises serão conduzidas no programa R (R development Core Team 2009). Palavras-chave: Peixes; Rio Cachoeira; Morfologia; Ecologia Trófica.

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44. BIOINVASÃO EM COMUNIDADES INCRUSTANTES DE ESTUÁRIOS SUBTROPICAIS DO BRASIL: BIODIVERSIDADE HISTÓRICO-GEOGRÁFICA E CONECTIVIDADE CAMILLA FELIPPE* *E-mail: [email protected] ORIENTADORA: MARIA ANGÉLICA HADDAD LABORATÓRIO DE ESTUDOS DE CNIDARIA E COMUNIDADES INCRUSTANTES COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES)

A bioinvasão está entre as maiores causas responsáveis pela perda da biodiversidade marinha associada a prejuízos ecológicos e econômicos. Áreas estuarinas são consideradas porta de entrada para espécies introduzidas devido ao grande tráfego de embarcações, adição de substratos artificiais, descarga de resíduos proveniente dos portos e da cidade e variações das características ambientais. Após o estabelecimento da espécie introduzida, pode iniciar-se um ciclo de expansão geográfica, seja por meio de novas invasões mediadas pelo transporte em embarcações regionais, ou por dispersão natural. Ferramentas genéticas podem fornecer informações sobre a estrutura e a conectividade entre as populações e indicar como ocorre a dispersão da espécie. O objetivo geral da tese é continuar o monitoramento da fauna exótica incrustante na Baía de Paranaguá e expandir o estudo para outras regiões do Lagamar e para estuários ao Sul, sob uma abordagem taxonômica, ecológica e genética da bioinvasão, visando coligir dados que contribuam para a conservação e proteção da biodiversidade marinha nessas áreas. O projeto está subdivido em 4 capítulos: 1) Fauna incrustante nos estuários subtropicais do Brasil: alterações ao longo do tempo sob a perspectiva das bioinvasões; 2) Relação entre a poluição orgânica, composição da comunidade incrustante e a presença de espécies introduzidas em áreas portuárias. 3) Conectividade genética entre as populações das espécies exóticas Podocoryna loyola (Cnidaria, Hydrozoa, Hydractiniidae) e Stragulum bicolor (Cnidaria, Anthozoa, Clavulariidae) em estuários subtropicais do Brasil; 4) O papel das pequenas embarcações no ciclo de expansão geográfica de espécies exóticas incrustantes. A área de estudo é a região do Lagamar, desde Cananéia (SP) até parte do Complexo Estuarino de Paranaguá (PR). Baía de Paranaguá (PR), Baía de Antonina (PR), Baía de Guaratuba (PR) e Baía da Babitonga (SC). Para a coleta dos incrustantes serão utilizadas 12 placas de polietileno de 12 x 12 cm, distribuídas em cada um dos estuários estudados. As placas ficarão submersas por três e seis meses durante um ano. Dados de poluição orgânica serão adquiridos por meio da literatura. Para as análises genéticas, serão coletadas dez amostras de Stragulum bicolor e dez de Podocoryna loyola, para cada estuário. As análises genéticas serão feitas durante o doutorado sanduíche, previsto para 2019. Também serão coletadas amostras de raspagens de cinco embarcações regionais de cada estuário. Até o momento, todas as placas de inverno já foram instaladas nos locais de estudo, estas serão retiradas em setembro. Para o levantamento da fauna incrustante do Paraná (capítulo 1), já foram contabilizadas 79 espécies de Cnidaria, 80 de Bryozoa, 6 de Entoprocta, 36 de Ascídiacea, 11 de Cirripedia e 30 de Bivalvia.

Palavras-chave: Lagamar, Espécies introduzidas, Áreas portuárias, Poluição orgânica, Transporte regional.

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45. DIVERSIDADE GENÉTICA, DELIMITAÇÃO DE ESPÉCIES E FILOGEOGRAFIA DO COMPLEXO SIDERASTREA DO ATLÂNTICO NO BRASIL

ANA PAULA MARTINS WINTER* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: DR. MARCOS S. BARBEITOS LABORATÓRIO DE EVOLUÇÃO DE ORGANISMOS MARINHOS (LEOM) FUNDAÇÃO BOTICÁRIO DE PROTEÇÃO À NATUREZA / CAPES

Os recifes de coral estão entre os ecossistemas mais ameaçados do mundo pelas mudanças climáticas globais e sofrem com a forte pressão antropogênica. Os corais escleractíneos são extremamente sensíveis a perturbações ambientais e uma redução na sua abundância e diversidade acarretaria numa drástica diminuição dos organismos que dependem direta ou indiretamente dos recifes de coral. O Complexo Siderastrea do Atlântico é formado por três espécies: S. radians, S. siderea e S. stellata, sendo a última endêmica do Brasil. A identificação taxonômica de Siderastrea é considerada complicada pelos pesquisadores e têm causado controvérsias. Marcadores genéticos (polimorfismos hereditários que podem ser medidos em uma ou mais populações) permitem o estudo de questões importantes na genética populacional, genética ecológica e evolução. Recifes que apresentam alto grau de conectividade demográfica tendem a demonstrar maior resiliência diante das perturbações ambientais e maior grau de persistência em grandes escalas temporais e espaciais. Portanto, aspectos negativos como a diminuição da população podem ser revertidos desde que haja conectividade adequada entre populações. Neste estudo serão desenvolvidos novos marcadores moleculares a partir de Seqüenciamento de Última Geração utilizando Double Digest Restriction Associated DNA Sequencing (ddRADseq). Os marcadores utilizados serão Polimorfismos de Nucleotídeo Único (Single Nucleotide Polymorphims, SNPs) que permitem analisar o genoma em sua forma reduzida diminuindo, dessa forma, sua complexidade. Assim, será possível delimitar as espécies, estimar o fluxo gênico entre populações, determinar a estrutura filogeográfica e avaliar o tamanho populacional efetivo destas espécies. Todas as coletas nas sete localidades propostas ao longo da costa brasileira já foram realizadas. As extrações de DNA estão em andamento juntamente com a quantificação de DNA das amostras; em seguida será realizado o seqüenciamento através da Plataforma Illumina. A delimitação das espécies e análises filogeográficas serão feitas por métodos Bayesianos, baseados na Teoria da Coalescência.

Palavras-chave: Siderastrea spp., Seqüenciamento de Última Geração, ddRADseq, SNPs.

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46. INVESTIGANDO A EVOLUÇÃO E DIVERSIFICAÇÃO DA BIOTA NAS FORMAÇÕES ABERTAS SUL-AMERICANAS: ANÁLISE DA BIOGEOGRAFIA HISTÓRICA DE ANURA, AVES E RÉPTEIS (SQUAMATA)

SANDRO PAULINO DE FARIA [email protected] ORIENTADORA: KARLA MAGALHÃES KAMPIÃO LABORATÓRIO DE ECOLOGIA E EVOLUÇÃO DE INTERAÇÕES CO-ORIENTADOR: DIEGO SANTANA LABORATÓRIO MAPINGUARI – SISTEMATICA, BIOGEOGRAFIA E HISTÓRIA NATURAL DE ANFÍBIOS E RÉPTEIS. COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES)

Diversos trabalhos já foram levados a cabo a fim de tentar explicar a origem da diversidade do Neotropico, estudos de sistemática e biogeografia têm sido realizados tanto para propor hipóteses quanto para testá-las, alguns deles, especialmente com aves, mamíferos e anfíbios, sugerem que conexões históricas entre os domínios biogeográficos que compõem as Formações Abertas Sul-Americanas podem ter sido importantes na diversificação da biota do continente. Na década de 70, propostas zoogeográficas baseadas em centros de dispersão traçaram perfis independentes para as formações da /Florestas Sazonais Deciduais (FSDs), e Chaco, apontando um forte relacionamento biogeográfico entre as mesmas, estes trabalhos sugeriam que mudanças climáticas causaram importantes flutuações nas áreas limítrofes entre o Cerrado e a Caatinga, bem como na área central do Chaco, contribuindo para a diversificação de alguns táxons amplamente distribuídos nestas formações. A atual distribuição das FSDs, supostamente representa vestígios de uma antiga formação contigua e extensa que ocorreu durante o Pleistoceno tardio, período este congruente com a contração das florestas úmidas adjacentes. Relevantes trabalhos carregam a proposição de elos entre a Caatinga e o Chaco, considerados por alguns autores os extremos da “diagonal de formações abertas”, outros estudos demonstram que esta ligação Caatinga-Chaco não é tão significativa, e sugerem elos mais robustos entre a Caatinga e outras áreas nodais disjuntas de florestas sazonalmente semi-decíduas e decíduas da América do Sul, como os domínios de Missiones e Piedmont, conforme a hipótese do “Arco do Pleistoceno”, este possível padrão biogeográfico é negligenciado até os dias atuais. Múltiplos padrões evolutivos ocorreram nestas regiões, e provavelmente, produziram pegadas genéticas de difícil detecção, especialmente em táxons amplamente distribuídos com contatos secundários entre domínios distintos. Atualmente é possível realizar estudos baseados em milhares de segmentos genômicos, o que permite aumentar a confiabilidade da inferência de tempos de divergência e de relações filogenéticas, e, portanto, de reconstruir cenários históricos mais refinados e precisos. Este trabalho será realizado utilizando-se dados de sequenciamento de segunda geração de milhares de sequências e metodologias de reconstrução filogenética coalescente (species tree) para revelar histórias evolutivas complexas com níveis elevados de migração do fluxo gênico. Duas implementações serão testadas para a estimativa das árvores de espécies, a primeira delas através do software BEAST que analisa tempos de divergência através da abordagem bayesiana, a segunda implementação, denominada “Minimizando 115

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Coalescências Profundas”, é baseada em parcimônia e aponta como melhor hipótese aquela que minimiza a frequência de coalescências antigas. As reconstruções de áreas ancestrais considerando alopatria mediada por vicariância e alopatria mediada por dispersão serão realizadas através do programa “BiogeoBEARS”. Desta forma, para contribuir com a compreensão da evolução e diversificação da biota da América do Sul, o presente trabalho se propõe a testar e analisar os padrões biogeográficos dos domínios que compõe a diagonal de formações abertas sul-americana (Piedmont, Missiones, Gran- Chaco, Chaco, Cerrado e Caatinga) e responder se as relações mais próximas entre tais domínios refletem um número expressivo de espécies compartilhadas ou uma história compartilhada.

Palavras Chave: Biogeografia Histórica; Quaternário; Evolução; Biota; América do Sul.

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47. O USO DO ESPAÇO, DO ALIMENTO, E DO TEMPO POR MORCEGOS NA FLORESTA OMBRÓFILA MISTA

SIDNEI PRESSINATTE JUNIOR* *E-mail: [email protected] HYPERLINK "mailto:[email protected]" ORIENTADOR: JOÃO MARCELO DELIBERADOR MIRANDA LABORATÓRIO DE BIODIVERSIDADE DE MAMÍFEROS DO SUL DO BRASIL

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A ordem Chiroptera é a segunda maior ordem de mamíferos em riqueza de espécies e seus representantes estão entre os organismos mais amplamente dispersos no mundo 10,15. Devido a grande diversidade de hábitos e exigências alimentares os morcegos são excelentes modelos para se testar hipóteses relacionadas à coexistência, principalmente na região Neotropical, onde alcançam os mais altos níveis de diversidade taxonômica e funcional 1,2. A presente tese buscou avaliar como algumas espécies de morcegos registradas para a Floresta Ombrófila Mista usam o espaço, o alimento e o tempo. Sobre o uso do espaço espera-se que morcegos com asas mais afiladas e estreitas utilizem mais ambientes abertos e que morcegos de asas arredondadas e largas utilizem ambientes mais obstruídos. Quanto ao uso do alimento, espera-se que morcegos de crânio grácil utilizem alimentos mais moles e que morcegos de crânio robusto utilizem tanto alimentos moles como duros. E sobre o uso do tempo, é esperado que morcegos de diferentes guildas utilizem o tempo de maneira diferenciada.

MATERIAL E MÉTODOS

Duas áreas de Floresta Ombrófila Mista (FOM) foram amostradas: (1) Parque Municipal São Francisco da Esperança (25°03’48”S; 51°17’53”W) e (2) Jardim Botânico de Faxinal do Céu (25°54'23”S; 51°35'44”W). Cada área foi amostrada de setembro de 2014 à agosto de 2015, por duas noites consecutivas com 20 redes-de-neblina distribuídas igualmente entre sub-bosque, dossel, áreas abertas e bordas florestais. Cada ponto amostral (rede) foi caracterizado a partir de sete variáveis ambientais (complexidade florestal, cobertura do dossel (%), heterogeneidade de cobertura do dossel, altura do dossel, diâmetro à altura do peito (DAP), heterogeneidade do DAP e distância da água). Os cinco primeiros indivíduos de cada espécie capturados em cada área foram coletados e estes exemplares forneceram dados morfométricos alares e crânio-dentários. A captura de cada exemplar foi associada à rede específica e teve sua hora registrada. Os morcegos capturados foram armazenados em sacos de algodão, onde permaneceram por até uma hora até que defecassem. As fezes foram triadas e os itens alimentares identificados. A composição da dieta foi avaliada pela freqüência de ocorrência dos itens alimentares identificáveis nas fezes e expressa em percentagem do item em relação ao total de fezes coletadas de cada espécie. Depois, realizou-se dois testes de Chi², um para frugívoros e um para insetívoros com dois grupos e duas categorias alimentares em cada: morcegos de crânio robusto vs morcegos de crânio grácil e alimentos duros vs alimentos macios. Os indivíduos coletados terão seus crânios medidos (18 variáveis morfométricas) e analisados através de uma PCA a fim de se estabelecer categorias morfológicas a serem relacionadas ao uso dos diferentes itens

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 alimentares. Os indivíduos coletados tiveram suas superfícies alares mensuradas através de 5 variáveis: área do quirópteropatagio (A.Q.); área do plagiopatágio (A.P.); área do uropatagio (A.U.); carga alar (C.A.); razão de aspecto (R.A.) a partir de fotografias digitais. Para visualizar a existência de grupos morfológicos alares realizou-se uma análise de componentes principais (PCA) a partir de uma matriz de variância/co-variância com os valores logaritimizados das variáveis alares. Os grupos visualizados foram validados pela análise de K-means. A avaliação do uso do espaço pelos grupos morfológicos de morcegos foi feita testando se os ambientes amostrados (sub-bosque, área aberta e dossel) diferem (em abundância) dos grupos morfo-funcionais através de um teste de PERMANOVA (One-way) e verificando a relação dos grupos morfo-funcionais com as variáveis ambientais estandardizadas através de uma Análise de Correspondência Canônica (CCA). Para o uso do tempo, Os morcegos foram divididos em 6 guildas: carnívoros (Crotopterus auritus); frugívoros de dossel (Artibeus lituratus, A. fimbriatus e Pigoderma bilabiatum); frugívoros de sub-bosque (Sturnira lilium, S. tildae e Carolia perspicillata); hematófagos (Desmodus rotundus); insetívoros aéreos (Histiotus velatus, Lasiurus blossevillii, L. cinereus, L. ega, Molossus molossus, M. rufus, Eptesicus furinalis, E. taddeii, Myotis albescens, M. izecksohni e M. ruber); nectarívoros (Anoura caudifer). A fim de visualizar a existência de padrões com relação ao uso do tempo as horas de captura foram convertidas em minutos e posteriormente foram convertidas em ângulos. Assim, o ângulo de 0º correspondeu a 0 minutos (meia noite), e o ângulo de 360º corresponde 1440 minutos (23:59 horas). A frequência de capturas para cada categoria horária e ao longo do ano foi comparada com uma Anova (One-way).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Um esforço amostral de 311.040m².h. foi realizado, através do qual obteve-se 225 capturas de 202 indivíduos pertencentes a 20 espécies e três famílias. Os dois primeiros eixos da PCA explicaram 99% da variação total dos dados de morfologia alar e possibilitaram a visualização de 5 grupos morfofuncionais validados através do K-means. Estes grupos foram nomeados como: G1: alta razão de aspecto (A. caudifer, M. molossus, E. furinalis, M. albescens M. izecksohni); G2: alta razão de aspecto + uropatágio grande (E. taddeii, H. velatus, L. blossevillii, M. ruber e M. rufus); e G3: média razão de aspecto + uropatágio pequeno (C. perspicillata, D. rotundus, P. bilabiatum, S. lilium e S. tildae) G4: alta carga alar + baixa razão de aspecto (C. auritus e A. fimbriatus, A. lituratus). G5: baixa carga alar + uropatágio grande (L. cinereus L. ega). A PERMANOVA evidenciou diferenças no uso do espaço pelos grupos (p=0,009) indicando que a abundância dos grupos morfológicos foi diferente entre área-aberta e dossel. A CCA evidenciou que o G1 e G2 estão associados ao DAP, heterogeneidade do DAP e altura do dossel. Esta associação pode ser explicada pelo fato de morcegos com alta razão de aspecto apresentam voo mais rápido e pouco manobrado voando preferencialmente em ambientes desobstruídos9. O G3 não foi associado a nenhuma variável amostrada. A capacidade de voo torna a maioria dos morcegos não limitada a um estrato da floresta13, as espécies do G3 possuem asas arredondadas e são capazes de explorar vários estratos vegetais4,11, isso poderia explicar a falta de relação com alguma variável específica e a associação com ambientes mais heterogêneos respectivamente. O G4 é formado por frugívoros de dossel e carnívoros catadores e está associado à complexidade florestal, característica comum aos ambientes de sub-bosque aqui amostrados, associado a isso ressalta-se a grande área alar apresentada por esse morcegos que permite a eles voos mais manobrados necessários em ambientes mais 118

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 obstruídos9. O G5 foi associado a DAP, heterogeneidade do DAP e distância da água, de fato os dois exemplares que formam este grupo foram capturados em áreas abertas e a margem de corpos d’água onde provavelmente estavam forrageando12. O teste de Chi2 não evidenciou diferenças significativas entre a dieta de morcegos frugívoros de crânio robusto e de crânio grácil (Chi2= 7,79; g.l.=4; p=0,09). Dentre os morcegos frugívoros de crânio robusto S. lilium se alimentou principalmente de Solanaceae (23%) e os de crânio grácil como C. perspicillata se alimentaram proporcionalmente mais de Piperaceae (69%) o que reforça os dados da literatura para ambas espécies8,7. Não foram registradas diferenças significativas entre a dieta de morcegos insetívoros de crânio robusto e de crânio grácil (Chi2 = 4,43; g.l. = 6; p = 0,61). As espécies de crânio robusto (e.g. Eptesicus spp., Molossus spp. e H. velatus) se alimentaram principalmente de Coleoptera como o registrado na literatura4. No entanto para Myotis spp. e Lasiurus spp., que possuem crânios gráceis, mesmo sendo encontradas partes de Coleoptera estas tiveram menor frequência que partes de Lepdoptera, como na literatura5,14. As frequências de capturas das guildas não variaram significativamente ao longo das horas após o pôr do sol (One-way ANOVA F=0,40 p=0,95), porém foi possível observar que carnívoros apresentaram um pico de captura em torno de 4 horas após o pôr do sol, frugívoros de dossel possuem um pico de captura por volta de 7 horas após o pôr do sol, frugívoros de sub-bosque se distribuem ao logo de toda a noite com picos de capturas entre 4 e 8 horas após o pôr do sol, insetívoros apresentaram pico de capturas entre 2 e 5 horas após o pôr do sol, hematófagos foram capturados entre 4 e 7 horas após o por do sol e nectarívoros foram capturados no início e no fim da noite . Não foi registrada diferença significativa entre as guildas amostradas ao longo do ano (One-way ANOVA F=0,63 p=0,79), porém é possível visualizar que o mês com maior número de capturas foi outubro, influenciado principalmente por S.lilium, o que pode estar relacionado a maior suscetibilidade de capturas das fêmeas grávidas6, 3.

CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

Os dados analisados até agora sobre o uso do espaço reforçam a hipótese apontada na introdução sobre o uso deste recurso. Sobre o uso do alimento, dados morfométricos crânio-dentários ainda necessitam ser realizados, porém os dados obtidos até agora indicam que tanto morcegos insetívoros quanto frugívoros de crânio robusto selecionam menos o alimento que aqueles de crânio grácil. Sobe o uso do tempo, não foi possível notar diferença no uso do tempo pelas diferentes guildas ao longo da noite e ao longo do ano.

Palavras-chave: Quirópteros; Mastozoologia; Ecologia de comunidades; Mata com Araucária; Ecomorfologia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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J.M.D.; PASSOS, F.C. Reproductive data of a threatened bat, Myotis ruber (É. Geoffroy, 1806) (Chiroptera, Vespertilionidae) in a southern Brazilian deciduous seasonal forest. Mammalia, 78(1): 123–126, 2014.

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8 MUELLER, M.F.; REIS, N.R. Partição de recursos alimentares entre quatro espécies de morcegos frugívoros (Chiroptera, Phyllostomidae). Revista Brasileira de Zoologia, 9(3/4): 345-355, 1992.

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13 SAMPAIO, E.M.; KALKO, E.K.V.; BERNARD, E.; RODRIGUÉZ-HERRERA, B.; HANDLEY, C.O. A biodiversity assessment of bats (chiroptera) in a tropical lowland rainforest of Central Amazonia, including methodological and conservation considerations. Studies on Neotropical Fauna and Environment, 38(1): 17-31, 2003.

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48. ESTUDO DE ANFÍBIOS ANUROS EM DOIS DIFERENTES NÍVEIS (POPULAÇÃO E COMUNIDADE): USO DO RECURSO ESPACIAL, ATENUAÇÃO E DEGRADAÇÃO ACÚSTICA E DIVERSIDADE ACÚSTICA

CAIO MARINHO MELLO* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: DR. CARLOS EDUARDO CONTE

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A verticalização vegetal provê uma maior complexidade na estruturação do habitat, disponibilizando maiores quantidades de micro-habitat à serem ocupados1. Particularmente para anfíbios anuros, uma maior complexidade ambiental fornece um maior número de micro-habitats utilizados como sítios de vocalização2 o que permite a partilha do recurso espacial e favorece a coexistência das espécies3. A ocupação diferenciada desses sítios de vocalização pelas espécies, evolutivamente, ocorre depois da diferenciação na vocalização das espécies, pois uma vez a vocalização sendo diferenciada, existe uma maior plasticidade na escolha do sítio de vocalização4. O grupo dos anfíbios, provavelmente tenha sido o primeiro com a capacidade de captar sinais acústicos5 e os anuros o primeiro grupo com capacidade de emitir vocalizações6. Trabalhos com finalidades funcionais e sobre efeitos de interações sociais sobre o comportamento de vocalização constataram que a escolha do sítio de vocalização por cada indivíduo contribui para uma melhor dispersão do canto e reduz as interferências acústicas do ambiente7 e que diferentes espécies vocalizando em uma mesma assembleia podem atuar como um fator de pressão seletiva, capaz de causar divergências vocais8. Além disso, recentemente, novos trabalhos mostram que a disponibilidade de habitats ocupados para a vocalização sofre influência direta da heterogeneidade ambiental9 e que as características ambientais são capazes de exercer influência sobre a estruturação dos parâmetros que compõem os cantos10. A influência de variáveis ambientais, como temperatura, umidade, velocidade do vento e luminosidade lunar, exercendo influência na sazonalidade de anfíbios, é amplamente conhecida11, 12, 13, 14. Entretanto, a influência dessas variáveis sobre a distribuição espacial das espécies ao longo do ano, ainda não está esclarecida. Mesmo sabendo dos efeitos da distância na degradação e atenuação acústica15, pesquisas que explorem os efeitos que o ambiente pode causar nesses processos são extremamente necessários16. Em anfíbios anuros, a diversidade de espécies é influenciada pela heterogeneidade ambiental, sendo que ambientes mais heterogêneos apresentam uma maior diversidade17. Porém, mesmo neste grupo as vocalizações sendo espécie-específa18, espécies filogeneticamente próximas tendem a apresentar características ecológicas mais semelhantes19 e isso pode ser visto nas espécies com relatos de hibridização20. Então pode-se perguntar: como para a diversidade das espécies, ambientes mais heterogêneos podem apresentar uma maior diversidade acústica mesmo com a ocorrência de espécies filogeneticamente próximas com maior similaridade entre si, como por exemplo nos parâmetros acústicos de sua vocalização? A partir disto, a tese será dividida em três capítulos com os seguintes objetivos gerais: (a) verificar como ocorre a distribuição espacial de Dendropsophus minutus ao longo do ano; (b) verificar a degradação e a atenuação acústica na vocalização de Dendropsophus minutus; e (c) verificar a diversidade acústica em ambientes de campos naturais associados à floresta com araucária.

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017

MATERIAL E MÉTODOS

- Área de estudo. Os dados foram coletados na unidade de conservação Parque Estadual de Vila Velha, localizado no município de Ponta Grossa, estado do Paraná. - Coleta de dados. Foram selecionados nove ambientes de reprodução, sendo: três poças em área aberta, três poças em borda de mata, três poças no interior da mata. Cada ambiente foi amostrado através de levantamento em sítio de reprodução, sendo identificados e quantificados todos os indivíduos visualizados e/ou em atividades de vocalização. As coletas ocorreram duas vezes por mês, sendo uma coleta durante o pico da lua nova e a outra durante o pico da lua cheia. - Variáveis climáticas. As variáveis ambientais coletadas durante os períodos de amostragem foram: temperatura, umidade, luminosidade natural do ambiente e velocidade do vento. Elas foram coletadas com a utilização de termo-higroanemômetro-luxímetro digital. - Sítios de vocalização. Foram coletadas as seguintes variáveis de sítio de vocalização: (1) distância do indivíduo em relação a margem mais próxima, (2) posição do indivíduo em relação a margem mais próxima, (3) altura (cm) no sítio de vocalização com relação ao solo. -Vocalizações. A gravação da vocalização das espécies foi feita através de gravador digital acoplado à um microfone unidirecional à uma distância de 1 metro. Além disso, as vocalizações de D. minutus tiveram seus níveis de intensidades aferidos através de um decibelímetro digital. Para verificar a atenuação e a degradação acústica, as vocalizações de D. minutus foram transferidas para uma caixa de som e tiveram suas intensidades previamente ajustadas. Após isso as vocalizações foram reproduzidas e gravadas em cinco diferentes distâncias (2m, 4m, 6m, 8m e 10m). Elas foram analisadas através do programa Cool Edit e os seguintes parâmetros foram analisados: (1) frequência mínima, (2) frequência máxima, (3) amplitude de frequência, (4) frequência dominante, e (5) duração do canto medidos em segundos. - Descritores do ambiente. Foram determinados de maneira visual em cada uma das distâncias em que as vocalizações serão gravadas: (a) Porcentagem de vegetação (PV) sendo: 1 = 0-25%, 2 = 26%-50%, 3 = 51%-75%, 4 = 76%-100%; (b) Tipos de vegetação (TV) sendo: 1 = um tipo, 2 = dois tipos, 3 = três tipos, 4 = quatro tipos; considerando como estrados: arbustivo, herbácea, arbóreo e macrófita; (c) Altura da vegetação (AV) sendo: 1 = 0-30cm, 2 = 31- 60cm, 3 = 61-90cm, 4 = maior que 91cm. - Análises estatísticas. A análise dos dados está sendo feita através de: análise de similaridade, análise de escalonamento multidimensional não métrico, análise de variância, modelos lineares generalizados, análise de componentes principais, análise de covariância, além do uso dos índices de diversidade de Shannon e diversidade acústica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As coletas já foram finalizadas. Com relação aos dados que envolvem apenas a espécie D. minutus, foram registrados 830 sítios de vocalização ao longo do ano, sendo a maior parte durante o período de lua cheia. Os dados acústicos das espécies ainda não tiveram suas análises finalizadas, sendo que até o momento foram tabulados dados de 250 gravações ao longo das cinco distâncias estabelecidas. Os sonogramas mostram que 122

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 a atenuação é mais evidente em ambientes campestres, enquanto que a degradação é melhor visualizada em ambientes florestais. Assim, aumentando-se a distância em relação ao macho emissor, em ambientes estruturalmente distintos, a energia investida na vocalização sofre alterações de maneiras diferentes, o que pode afetar a recepção e interpretação do sinal acústico. Com relação aos dados de diversidade, foram registradas 21 espécies e 4784 indivíduos. O índice de Shannon mostrou que a maior diversidade de espécies se encontra em áreas de campo, já o índice de diversidade acústica mostra que a maior diversidade encontrada é em área de mata.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

O trabalho desenvolvido, ainda que não finalizado, se mostra muito relevantes aos aspectos acústicos e de história natural de anfíbios anuros. As análises estatísticas estão sendo iniciadas e espera-se o seu término até o mês de outubro. A redação da tese já foi iniciada, com os seguintes tópicos já escritos: introdução, objetivos, material e métodos e resultados de maneira parcial. Todos os créditos obrigatórios já foram cumpridos e a dedicação às análises de dados e redação da tese é exclusiva. A pretensão de defesa da tese é em março de 2019, com prazo limite até julho do mesmo ano.

Palavras-chave: Amphibia; Recurso espacial; Vocalizações; Processos Acústicos; Diversidade acústica.

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49. BIOLOGIA REPRODUTIVA DOS CARANGUEJOS CHAMA-MARÉ (CRUSTACEA, DECAPODA, OCYPODIDAE) NA BAIA DE GUARATUBA, PARANÁ, BRASIL ANDRÉ FERNANDO MIYADI ANACLETO* *E-mail: [email protected] ORIENTADORA: SETUKO MASUNARI LABORATÓRIO DE ECOLOGIA DE CRUSTACEA UFPR CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A família Ocypodidae é composta por três subfamílias, das quais Ocypodinae e Gelasiminae abrigam, entre outras, as 104 espécies de caranguejos chama-marés1. Os chama-marés têm um ciclo de vida bifásico, cujas larvas são planctônicas e os adultos bentônicos. Embora a contribuição das larvas de chama-marés seja reconhecidamente importante na biomassa do plâncton, não há dados sobre a sua contribuição numérica. Com o objetivo de estimar a referida contribuição para o plâncton da Baía de Guaratuba, PR, os seguintes parâmetros reprodutivos foram descritos para as sete espécies ocorrentes na mesma: fertilidade das fêmeas ovígeras (número de ovos em fêmeas recém-desovadas), fecundidade das fêmeas ovígeras (número de ovos em fêmeas com embriões em estágio final), relação entre o número de ovos e a largura da carapaça (LC) das fêmeas ovígeras, reconhecimento dos estágios de desenvolvimento embrionário e relação entre o diâmetro dos ovos e o respectivo estágio de desenvolvimento embrionário.

MATERIAL E MÉTODOS

Fêmeas ovígeras e adultas não-ovígeras de chama-marés foram coletadas durante o seu período reprodutivo principal (setembro/16 a março/17). Elas foram transportadas para o laboratório em recipientes resfriados, identificadas e mantidas individualmente em aquários por cerca de 30 dias em temperatura constante de 26±1ºC. Foi coletado um total de 140 fêmeas não-ovígeras de Leptuca leptodactyla (Rathbun, 1898) das quais 20 realizaram a desova em laboratório; 54 ovígeras de Leptuca thayeri (Rathbun, 1900), 188 de Leptuca uruguayensis (Nobili, 1901) (30 ovígeras e 4 desovaram em laboratório), 42 não-ovígeras de Minuca burgersi (Holthuis, 1967) ( oito desovaram em laboratório); 22 ovígeras de Minuca mordax (Smith, 1870), 41 de Minuca rapax (Smith, 1870) (18 ovígeras e duas desovaram em laboratório) e 34 de Uca maracoani (Latreille, 1802-1803) (10 ovígeras e uma desovou em laboratório). A LC das fêmeas foi medida e o estágio de desenvolvimento dos embriões foi identificado nas ovígeras. Posteriormente, cerca de 20 ovos foram retirados das massas ovígeras de cada fêmea para a medida do diâmetro e descrição morfológica dos embriões. Para se estimar o número de ovos/embriões presentes na massa ovígera, esta foi removida integralmente do abdome das fêmeas com auxílio de pinça e estilete e os ovos transferidos para um recipiente contendo hipoclorito de sódio2, onde foram dissociados e isolados com o auxílio de uma pinça. Para a contagem, os ovos foram dispersos homogeneamente em uma placa de Petri quadriculada onde foram contados apenas os ovos presentes nas duas diagonais e a média do número dos ovos obtida

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 destas quadrículas foi extrapolada para o número total. A estimativa da contribuição larval foi realizada com base nos trabalhos de densidade populacional realizados na area3.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para L. leptodactyla foram identificados oito estágios de desenvolvimento embrionário com duração entre 12 e 13 dias. A média da largura da carapaça (LC) das fêmeas ovígeras foi de 7,64±0,65mm, o número total de ovos foi de 1389±517 ovos/fêmea, e o diâmetro foi de 225,25±38,68μm. A fertilidade apresentou um valor de correlação positiva (R²=0,0961) com a LC das fêmeas, com média de 1465,64±542,10 ovos/fêmea. A fecundidade foi de 1230±515,77 ovos/fêmea e a taxa de mortalidade de 235,64 ovos/fêmea. A relação entre o tamanho do ovo e o estágio de desenvolvimento foi positiva (R²=0,4674), indicando que o tamanho do ovo tende a aumentar conforme o desenvolvimento do embrião. Leptuca thayeri apresentou sete estágios de desenvolvimento embrionário com duração de 14 a 16 dias, sendo a LC média das fêmeas ovígeras de 19,97±1,77 mm; o número total de ovos foi de 16186,52±4534,13 e o diâmetro apresentou uma média de 275,23±18,41μm. A fertilidade foi de 18300,14±5270,82 ovos/fêmea, e correlação positiva (R²=0,4051) com a LC. A fecundidade foi de 13472,14±2842,67 ovos/fêmea, a taxa de mortalidade foi estimada em 4828 ovos/fêmea, e a relação entre o tamanho do ovo e o estágio de desenvolvimento embrionário foi baixa (R²=0,0828). Para L. uruguayensis, houve oito estágios de desenvolvimento embrionário, com duração de 8 a 10 dias. A LC média das fêmeas ovígeras foi de 6,66±0,74mm, a média do número total de ovos foi de 1041,28±471,57 e o diâmetro foi de 256,80±21,29μm. A fertilidade foi de 1253,14±594 ovos/fêmea, com correlação positiva (R²=0,3748) com a LC. A fecundidade média foi de 938,07±481,72 ovos/fêmea e a taxa de mortalidade foi estimada em 315,07 ovos/fêmea. A relação entre o tamanho do ovo e o estágio de desenvolvimento também foi positiva (R²=0,6813). Minuca burgersi apresentou sete estágios de desenvolvimento embrionário com duração de 13 a 14 dias. A LC média das fêmeas ovígeras foi de 11,55±1,40mm, o número total de ovos foi de 7040,87±2878, e o diâmetro de 237,70±7,02μm, com uma correlação positiva (R²=0,6289) com o estágio de desenvolvimento embrionário. A fertilidade foi de 8569±2842,67 ovos/fêmea e apresentou alta correlação com a LC (R²=0,9982). A fecundidade foi de 6124±1755 ovos/fêmea, indicando que a mortalidade nos embriões é de aproximadamente 2445 ovos/fêmea. Minuca mordax apresentou oito estágios de desenvolvimento embrionário com duração total de 15 a 16 dias. A LC média das fêmeas ovígeras foi de 16,20±1,45mm, o número total de ovos foi de 9660,20±3422,72 e apresentou um valor de correlação de 0,5577 com a LC; o diâmetro médio foi de 301,90±26,25μm com uma correlação positiva de 0,6181 com o estágio de desenvolvimento. A fertilidade foi de 13337 ovos/fêmea e a fecundidade de 12154,5 ovos/fêmea, com taxa de mortalidade de 1183 ovos/fêmea. Para M. rapax foram identificados oito estágios de desenvolvimento embrionário e duração de 13 a 14 dias. A LC média das fêmeas ovígeras foi de 14,19±1,30 mm, o número total de ovos foi de 10667,47±3947,47, e o diâmetro médio de 250,73±19,28μm. O número de ovos teve uma relação positiva com a LC (R²=0,6798), bem como o diâmetro em relação ao estágio de desenvolvimento (R²=0,4773). A fertilidade foi de 12019,75±3195,84 ovos/fêmea e o valor de correlação com a LC foi de 0,3695. A fecundidade média foi de 9684,55±4286 ovos/fêmea e a taxa de mortalidade de 2335,2 ovos/fêmea. Uca maracoani apresentou oito estágios de desenvolvimento embrionário, com duração de 16 a 17 dias, a LC média das fêmeas ovígeras foi de 25,01±3,15mm, o 126

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 número total de ovos de 34270,82±12349,26, e o diâmetro de 269,03±23,69μm. O número total de ovos teve correlação positiva com a LC (R²=0,8043) e o diâmetro apresentou uma correlação de 0,6678 com o estágio de desenvolvimento. As fêmeas com tamanho entre 26,00mm e 27,01mm tiveram fertilidade de 39267 ovos/fêmea, fecundidade de 35039 ovos/fêmea e a taxa de mortalidade de 4228 ovos/fêmea.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

A forte correlação entre o diâmetro dos ovos e o estágio de desenvolvimento, indicando um crescimento do embrião ao logo do tempo foi notável em todas as espécies. Também, o período de incubação dos ovos foi diretamente proporcional ao tamanho da fêmea da espécie; para fêmeas de tamanhos diferentes, porém, da mesma espécie, a amplitude do tempo de incubação foi a mesma. Entretanto, o número de estágios de desenvolvimento dos embriões variou de espécie para espécie. A contribuição numérica destas larvas para o plâncton da Baía de Guaratuba ainda será calculada.

Palavras-chave: Chama-maré; Fertilidade; Fecundidade; Desenvolvimento embrionário.

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017

50. PADRÃO DE DIVERSIDADE TAXONÔMICA E FILOGENÉTICA DE ANUROS NA FLORESTA COM ARAUCÁRIA, BRASIL

PEDRO DE OLIVEIRA CALIXTO* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: CARLOS EDUARDO CONTE CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A diversidade não se distribui aleatoriamente no espaço e no tempo e diferentes hipóteses baseiam-se em mecanismos e processos distintos para explicar os padrões observados na natureza1. Contudo, dependendo do grupo estudado, o padrão de diversidade pode diferir em relação as condições ambientais, presentes ou pretéritas e região geográfica2-5. Esta diferença está associada aos requerimentos ecológicos e de história natural do grupo em questão6,7. No caso de anfíbios anuros, por serem ectotérmicos, aspectos fisiológicos são fortemente afetados pela condição ambiental8,9. Tanto em escala global quanto local, é observado alta diversidade de anuros em regiões com maiores umidades e temperaturas médias10. Além disto, diferentes estudos demonstram como a temperatura e a umidade influenciam na ocorrência sazonal (riqueza e abundância) e reprodutiva11-13. Assim, anuros são um grupo interessante em estudos sobre padrões de diversidade devido sua dependência às condições ambientais. Por outro lado, quando avaliamos apenas a riqueza, desconsideramos outros componentes da diversidade, como a diversidade filogenética (DF)14. Nessa perspectiva, ao incorporar a DF nas análises de diversidade incluímos as relações de parentescos entre os táxons da região de estudo e um fator histórico, dado que a origem e diversificação dos clados são processos pretéritos15. Existem diferentes maneira de calcular a DF e a escolha da métrica depende da natureza dos dados (presença/ausência ou abundância). Além disto, a questão abordada no estudo como a composição filogenética ou quão filogeneticamente diferente são as comunidades avaliadas ou, por fim, a quantificação da regularidade de espécies não relacionadas em uma ou mais comunidades16. Há pelo menos 30 hipóteses sobre como se formam os padrões de diversidade2,17 e, até o momento, dificilmente haverá uma explicação única para formação dos padrões de diversidade no globo17-19. Neste sentido, as principais hipóteses relacionadas a variação na diversidade são as de disponibilidade de energia20,21, balanço de água- energia2,22, produtividade20,23, heterogeneidade ambiental5,24,25, restrição climática26,27 e fatores históricos10,26. Na região da Floresta com Araucária (FA), atualmente reduzida apenas a 3% de sua extensão original28, não existem trabalhos que abordem como e de que maneira a diversidade de anfíbios está estruturada no espaço. Desta forma, nosso objetivo foi mapear e determinar quais variáveis ambientais e históricas estão relacionadas aos padrões de diversidade taxonômica (DT) e filogenética (DF) de anuros na FA no Brasil.

MATERIAL E MÉTODOS

A área de estudo é a FA cuja extensão no Planalto Brasileiro abrangiam os estados

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul28,29. De forma a avaliar as hipóteses, foram sobrepostas quadrículas de 0,25° graus ao longo da extensão da FA, totalizando 427 quadrículas. Os dados de ocorrência de anuros na FA foram obtidos através de visita às coleções científicas e consulta à base de dados online speciesLink. Utilizamos apenas a DT superior a quatro espécies (n = 110 quadrículas). Adotamos este procedimento, pois é improvável que existam comunidades de anuros com uma riqueza tão baixa na área de estudo e como forma de diminuir vieses estatísticos30,31. Para DF, utilizamos o índice de Faith32 a partir de uma filogenia datada para anfíbios33. Espécies ausentes na filogenia foram inseridas manualmente em seus respectivos grupos taxonômicos. Todas as inserções foram em ramos terminais, de modo que não afetam o padrão filogenético geral34. As variáveis preditoras utilizadas para testar as hipóteses foram: Disponibilidade de Energia - média de temperatura anual (mtemp) e evapotranspiração potencial (mpet); Balanço Água-Energia - média de precipitação anual (mprec) e a taxa de evapotranspiração real (maet); Produtividade - média da rede de produtividade primária anual (mnpp); Heterogeneidade Ambiental - desvio padrão da altitude (stdalt), cobertura de vegetação (stdcanopy) e uso de solo (stdlandcover); Restrição Climática - coeficiente de variação da média de temperatura anual (cftemp), temperatura mínimas nos meses mais frio do ano (mintemp), desvio padrão da temperatura média anual (stdmintemp) e desvio do coeficiente de precipitação sazonal (stdprecsaz); Holoceno e Máximo Último Glacial – Foi utilizado as previsões de três modelos globais de circulação. As variáveis selecionadas foram mtemp, mpet, mprec, mintemp e stdprecsaz. Como forma de caracterizar o cenário ambiental destes períodos, realizamos uma análise de componentes principais, com método de parada de Broken Stick. Desta forma, utilizamos apenas o primeiro eixo de cada período (PCA1.holo e PCA1.lgm). Testamos a colinearidade entre as variáveis (VIF<10) para construção dos modelos35. Posteriormente, testamos as hipóteses relacionadas a DT e DF por modelos autorregressivos simultâneos (SAR) no software livre Spatial Analysis in Macroecology36. Uma das vantagens de utilizar esta abordagem, em relação a outros métodos de regressão linear, é por incorporar a autocorrelação espacial como parte da variação dos resíduos na criação dos modelos37. Por fim, selecionamos e classificamos o melhor modelo por dois critérios; (I) pelo valor de probabilidade (p) e, posteriormente, (II) pelo critério de Akaike (AIc).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram registradas 152 espécies para a Floresta com Araucária. A DT variou nas quadrículas entre 5 e 76 espécies (μ = 17±9) e a DF variou entre 362,89 e 3.151,1 (μ = 996,4±417,49). A diversidade foi relativamente constante ao longo da porção leste na FA, com as maiores DT e DF na porção centro-leste. O gradiente latitudinal foi fraco ou inexistente (DT e DP r² < 0,0001) e associamos a dois fatores, déficit wallaceano38 e à escala de estudo18,39. No que diz respeito ao primeiro, existem regiões historicamente com maior esforço amostral, enquanto outras há lacunas de inventários. Um ponto que reforça isto é o número de quadrículas utilizadas nas análises em relação ao total (110/427). Portanto, este déficit amostral poderia afetar a observação do gradiente latitudinal. Adicionalmente, a escala é um fator importante. A FA estende-se em cerca de sete graus de latitude e contém apenas uma fração da variação de espécie em relação a escala global. Assim, devido a estes motivos não seria possível observar tal gradiente latitudinal de diversidade em FA. O modelo que melhor explicou a DT e DF foi o global (28,6% e 27,1%, 129

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 respectivamente). Ao considerar o espaço nos modelos, estes foram melhorados apenas em 1% para ambas diversidades. As variáveis do modelo global que melhor explicam a variação na DT foram a mtemp (β = -1,472; t = -2,166) e mintemp (β = -0,357; t = -2,134). Em relação a DF, apenas a mtemp foi importante para explicar a variação (β = -1,52; t = - 2,213). Como observado, a temperatura apresenta uma relação negativa com ambas diversidades. Desta forma, nossos resultados apontam que o clima é um fator determinante e, possivelmente, limitante ao padrão de diversidade em anuros da FA. A limitação pode ser corroborada por estudos em escala local na FA, nos quais verificaram que as temperaturas mínimas afetam a atividade reprodutiva, bem como à abundância e riqueza12,40,41. Por outro lado, nossos resultados apresentaram um padrão diferente em escala regional para regiões subtropicais2,42,43. Nestes estudos, observaram que a precipitação foi a principal preditora na diversidade de anuros. Sendo assim, a diversidade em anuros em FA é influenciada de maneira semelhante àquelas observadas em regiões temperadas. Sugerimos que isto decorra devido às peculiaridades climáticas em FA, a qual apresenta frequentes geadas nos meses mais frios do ano e médias de temperatura mínima mais baixas quando comparada a ecossistemas subtropicais e tropicais2,44.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

A DT e DF em FA apresentam o mesmo padrão espacial. Nossos resultados demonstram que a temperatura, em específico as temperaturas mínimas, é um fator importante no padrão de diversidade em FA.

Palavras-chave: Anfíbios, Índice de Faith, Ombrófila Mista, SAR.

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51. A PESCA ARTESANAL COSTEIRA EM PONTOS NO SUDESTE E SUL DO BRASIL: ECOFISIOLOGIA, ETNOECOLOGIA E CADEIA PRODUTIVA, SOB PANORAMA DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS

DALIANA BORDIN* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: CAROLINA ARRUDA DE OLIVEIRA FREIRE LABORATÓRIO DE FISIOLOGIA COMPARATIVA DA OSMORREGULAÇÃO - UFPR CO-ORIENTADOR: FLÁVIA DUARTE FERRAZ SAMPAIO LABORATÓRIO DE BIOLOGIA – IFPR CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A partir da Revolução Industrial o homem passou a emitir quantidades significativas de gases estufa, em especial o CO2. Neste período, os níveis anteriores de 280ppm1 subiram a atuais 408,84ppm2, colaborando intensamente para a retenção de calor na Terra. Em consequência, o aumento da temperatura de superfície dos continentes e dos oceanos está levando a derretimento de geleiras e elevação do nível do mar. Além disso, o aumento no CO2 causa acidificação dos oceanos. Em conjunto, estes fatores podem gerar uma cascata de mudanças físicas e químicas em sistemas marinhos3. Tudo isso resulta em alterações na biodiversidade e capacidade de suporte destes ecossistemas, e migrações animais4, por exemplo. Prevê-se que as alterações climáticas tenham um impacto global nos ecossistemas, nas sociedades e nas economias, aumentando a pressão sobre os meios de subsistência e abastecimento de alimentos, incluindo os setores da pesca e aquicultura. Para uma gestão eficaz destas ameaças, é necessária uma sólida compreensão científica dos seus efeitos sobre as espécies, populações e comunidades. O objetivo geral desta tese é o de avaliar a influência das mudanças climáticas sob diferentes perspectivas: Capítulo 1: padrões biogeográficos de peixes marinhos-estuarinos; Capítulo 2: políticas públicas voltadas à pesca artesanal no Brasil; Capítulo 3: óptica da etnoecologia e da cadeia produtiva, e Capítulo 4: parâmetros fisiológicos.

MATERIAL E MÉTODOS

Capítulo 1. Para realizar a modelagem de distribuição geográfica das espécies relacionada às projeções de mudanças climáticas5, serão levantados os pontos de ocorrência das principais espécies capturadas na costa brasileira, seus limites de tolerância fisiológica e séries históricas de variáveis abióticas da água. Os dados ocorrência e limites de tolerância das espécies serão compilados a partir de publicações referentes aos dados de captura e nos sítios do “FishBase” e “Sea Around Us”, alimentado com dados da FAO. As variáveis abióticas serão solicitadas na Capitania dos Portos, CPTEC/INPE, EMBRAPA, EPAGRI, etc., e em sítios como NOAA/ESRL, INMET, Bio-ORACLE. Capítulo 2. O diagnóstico das políticas públicas voltadas à pesca artesanal no Brasil será feito a partir da consulta aos relatórios publicados pelas Instituições Oficiais, 134

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 do levantamento de dados de pesca, ministérios, subsídios do governo para as atividades de pesca e do status das atividades de pesca diante das evidências de desastres ambientais e outras atividades potenciais de redução do pescado. Capítulo 3. Esta seção será realizada através de entrevistas com pescadores artesanais em São Francisco do Sul, SC e Cananéia, SP. As entrevistas serão compostas por perguntas abertas a fim de se obter uma prévia dos fatores que possam estar envolvidos entre as mudanças ambientais e às atividades de pesca, pela percepção dos pescadores. A avaliação da cadeia produtiva será contemplada pelo acompanhamento dos mercados de peixe em cada localidade. Desta forma, serão levantadas informações das espécies pescadas e sazonalidade, variação de preços, origem do pescado e petrechos. Capítulo 4. Este capítulo será efetivado a partir de duas abordagens fisiológicas diferentes: A) coleta de dados letais e B) coleta de dados não-letais. A) A obtenção dos dados letais se dará pelo acompanhamento da pesca de praia (arrastão), no município de São Francisco do Sul, SC e cerco fixo (Cananéia, SP). Em cada ponto, serão coletadas amostras de sangue dos peixes imediatamente após a despesca. B) Os dados não-letais serão obtidos a partir de experimentos com robalo (Centropomus spp.) a fim de avaliar os limites de tolerância dos indivíduos em cenários projetados de mudanças climáticas5. Para as duas abordagens, as amostras de sangue serão colhidas via veia caudal com seringas heparinizadas. As respostas fisiológicas dos indivíduos serão avaliadas a partir de diferentes marcadores de estresse, como glicose, osmolalidade, lactato e concentrações iônicas.

RESULTADOS PRELIMINARES E DISCUSSÃO

Capítulo 1: Levantamento dos dados. Capítulo 2: Apesar das evidências de redução dos recursos pesqueiros6 e violação dos direitos dos pescadores artesanais, a regulamentação da pesca brasileira ainda permanece voltada à produção e visando o incremento da pesca industrial. Além disso, a carência de dados reais de captura dificulta o conhecimento atual do status da pesca. Os dados de desembarque referentes aos relatórios oficiais encontram-se defasados, incompletos e estocásticos. Muitos dos dados atuais de captura e desembarque são provenientes de iniciativas de pesquisadores vinculados a Instituições de ensino públicas e particulares. Desta forma, nota-se que a pesca artesanal no Brasil não é assegurada em termos legais, pelo contrário, houve um processo de perda dos direitos conquistados, como direito ao território, seguro-defeso e seguro-desemprego aos pescadores que exercem outras atividades subsidiárias, além de conflitos internos, como o não cumprimento da zona de pesca e falta de fiscalização, por exemplo. Relatórios oficiais e legislação foram acessados e este capítulo está em processo de escrita. Capítulo 3: A seção foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa com Humanos do Setor de Saúde, CEP/SD, e teve aprovação em julho/2017 (CCAE 69920317.9.0000.0102). Os questionários serão aplicados a partir de agosto/2017. Com relação à cadeia produtiva, ocorreu o acompanhamento da venda de pescados na Casa do Pescador (Enseada, SC) em maio, junho e julho/2017. Desta forma, pôde-se avaliar (preliminarmente) os principais recursos pesqueiros artesanais da região. Além disso, períodos distintos de pesca no interior da baía da Babitonga ficaram evidenciados, com os meses de acompanhamento referindo-se à pesca de inverno, com os esforços voltados principalmente à pesca da tainha, através de diversos petrechos. Em maio, as espécies disponíveis para venda referiram-se a tainha (22 reais/kg), sardinha (10 reais/kg), espada (17 reais/kg), peixe-galo (17 reais/kg), palombeta (15 reais/kg), guaivira (15 reais/kg) e cação-cambeva (27 reais/kg). Em junho, estavam disponíveis apenas a tainha, sardinha, 135

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 espada e peixe-galo, com os mesmos valores de venda do mês de maio. Julho foi o mês com maior diversidade de pescados e menores valores de venda: tainha (13 reais/kg), tainha filetada (18 reais/kg), espada (12 reais/kg), palombeta (15 reais/kg), peixe-galo (7 reais/kg), sororoca (13 reais/kg), betara (10 reais/kg), pescada (13 reais/kg) e pescada- bicuda (20 reais/kg). Capítulo 4: Com relação a abordagem com “dados letais”: foram analisadas 21 amostras referentes a 5 espécies (Mugil platanus, Euthynnus spp., Centropomus undecimalis, Trichiurus lepturus e Chloroscombrus chrysurus). Os valores de glicemia mostraram grande variação dentro e entre as espécies, sem um padrão claro, como já relatado em outros estudos7,8,9. M. platanus apresentou as maiores variações deste parâmetro, com mínimo de 14 mg/dL e máximo de 163 mg/dL. O estado nutricional dos peixes é um fator que pode ter efeito na resposta à glicose e, essas medidas, devido principalmente a sua variabilidade, devem ser um complemento de testes de estresse e não um indicador principal10. Os valores de osmolalidade apresentaram-se mais uniformes entre cada espécie, principalmente entre os exemplares de M. platanus, que exibiram valores entre 342-410 mOsm/kg H2O, com uma média de 385,2 mOsm/kg H2O. A variação geral da osmolalidade entre as espécies foi de 259 mOsm/kg H2O (T. lepturus) a 813 mOsm/kg H2O (Euthynnus spp.). O início dos experimentos com robalos, que visa a coleta de dados “não-letais”, está previsto para Novembro/2017, em parceria com o Prof Fabiano Bendhack, CEM UFPR.

CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

As tendências globais alarmantes de exploração excessiva e degradação de habitat, com a maioria das unidades populacionais comerciais em sobrepesca ou quase chegando à capacidade limite, aliado aos impactos das mudanças climáticas, perda da biodiversidade e carência de dados fisiológicos, enfatizam a necessidade de estudos com esse cunho.

Palavras-chave: Mudanças climáticas, Modelagem, Etnoecologia, Fisiologia, Peixes.

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017

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52. APLICAÇÃO INTEGRADA DE MORFOMETRIA GEOMÉTRICA E TAXONOMIA NA IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES DO GÊNERO SIDERASTREA (ANTHOZOA, SCLERACTINIA) FLAVIO A. PÉREZ* *E- mail: [email protected] ORIENTADOR: MARCOS SOARES BARBEITOS LABORATÓRIO DE EVOLUÇÃO DOS ORGANISMOS MARINHOS CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

No Brasil, os recifes coralíneos estão distribuídos em quatro áreas ao longo da costa, nas regiões norte, nordeste, leste e ilhas oceânicas, ocorrendo principalmente ao longo da costa tropical nordeste 8, porém espécies isoladas de coral podem ser encontradas em águas de maior temperatura nas enseadas da região sudeste 5, sendo os únicos recifes de corais verdadeiros conhecidos no Atlântico Sul 2. Quinze espécies de corais escleractíneos foram descritas para o Brasil, correspondendo a apenas 1% da diversidade de corais do mundo 3, sendo que algumas delas compartilham características morfológicas semelhantes com os seus congêneres, dificultando a identificação 4. Siderastrea é um pequeno gênero de corais escleractíneos, com cinco espécies representando este grupo, das quais Siderastrea savignyana e Siderastrea glynni são restritas a região do Indo-Pacífico, enquanto Siderastrea stellata (endêmica do Brasil), Siderastrea radians e Siderastrea siderea ocorrem no Oceano Atlântico e representam o chamado "Complexo Siderastrea do Atlântico" 7. Neste complexo, a variação morfológica coloca desafios para a classificação, já que devido à sobreposição de traços diagnósticos, os limites morfológicas interespecíficos deste grupo permanecem controversos 6. Dada a dificuldade na identificação destas espécies, é necessário estabelecer um enfoque que possibilite elucidar a problemática em questão, sendo assim, o emprego de taxonomia tradicional junto com a aplicação de morfometria geométrica, constitui uma nova abordagem integrada na busca de identificar ditas espécies. Os caracteres diagnósticos utilizados para identificar estas espécies estão representados por variáveis qualitativas, (tipo de brotamento, continuidade e estrutura dos septos) e quantitativas (diâmetro do coralito, número de anéis sinapticulares, número de septos, espessura do septo do primeiro ciclo e diâmetro e número de papilas da columela). Esses caracteres quantitativos expressos em termos de distribuições implicam uma dificuldade na identificação, uma vez que existe uma grande sobreposição nas distribuições entre as espécies. Por causa da referida sobreposição é necessário adoptar um método para superar este impedimento, sendo a técnica de lógica difusa uma ferramenta útil para esta finalidade, tornando-se portanto fundamental empregar este modelo prévio à aplicação de morfometria geométrica. A lógica difusa consiste em conceder valores lógicos as variáveis para separar as espécies en diferentes categorias. A teoria de conjuntos difusa, introduzido por L. Zadeh na década de 1960, assemelha-se ao raciocínio humano na utilização de informação aproximada e na incerteza para gerar decisões 9. A motivação para implementar a lógica

138

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 difusa surge da necessidade de estabelecer a possibilidade de capturar a pertença parcial em um conjunto. Até então, um elemento pertencia ou não a um conjunto, isto é, é válido seja verdadeiro ou falso, porém, na vida real nada é apenas preto ou branco, há muitos tons de cinza 1. Desta forma, o objetivo do estudo é avaliar a viabilidade do uso integrado de morfometria geométrica e taxonomia tradicional na identificação de espécies em corais escleractíneos. Assim, os objetivos específicos são: identificar as espécies que compõem o Complexo Siderastrea do Atlântico por meio de taxonomia tradicional com uma abordagem de lógica difusa; determinar a viabilidade da aplicação de morfometria geométrica no reconhecimento de estruturas coralíneas para construir funções discriminantes entre espécies.

MATERIAL E MÉTODOS

O gênero Siderastrea é encontrado ao longo da costa do Brasil, nas regiões norte (Maranhão, Ceará, Piauí e parte norte do Rio Grande do Norte), nordeste (costa leste do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas); este (Sergipe, Bahia e Espírito Santo), e as regiões sul e sudeste (Rio de Janeiro e São Paulo), bem como em ilhas oceânicas (Atol das Rocas, Fernando de Noronha, Arquipélago de São Paulo e as ilhas de Trindade e Martin), 5, registrando-se a ocorrência de Siderastrea stellanta em todas as regiões, sendo que Siderastrea radians e Siderastrea siderea são encontrados nas regiões este e nordeste. No entanto, as amostragens foram realizadas nos estados de Bahia (Abrolhos, Boipeba), Espírito Santo (Aracruz), Rio de Janeiro (Búzios), Rio Grande do Norte (Maracajaú), Pernambuco (Tamandaré) e Ceará (Fortaleza), obtendo-se exemplares de Siderastrea stellata em todas as localidades mencionadas, sendo que Siderastrea radians e Siderastrea siderea foram coletadas no Rio Grande do Norte, Bahia e Espírito Santo. O trabalho de pesquisa sobre o esqueleto colonial compreende a realização de uma serie de fotografias sobre o coralito e suas respectivas columnelas. Para a referida tarefa determina-se a escolha aleatória de cinco coralitos a partir de cada colônia. São considerados uma série de parâmetros descritivos do coral, tais como, tipo de brotamento, continuidade dos septos, diâmetro do coralito, número de anéis sinapticulares, número e estrutura dos septos, espessura do septo do primeiro ciclo, diâmetro e número de papilas da columela. Atualmente estão sendo medidos uma série de dados taxonômicos que serão submetidos à metodologia lógica difusa (Fuzzy logic). Complementarmente à análise de lógica difusa será aplicado uma abordagem de morfometria geométrica, para o qual serão estabelecidos marcos de refêrencia a partir de fotografias dos coralitos. Os ditos marcos representam pontos externos da superficie geométrica do coralito. Os dados, ainda em fase de desenvolvimento, serão submetidos ao programa de morfometria geométrica Morpho J. A avaliação realizada sobre este material permitirá determinar a viabilidade do processo. MorphoJ é um pacote de software integrado para morfometria geométrica o qual fornece uma plataforma para os mais importantes tipos de análises de morfometria.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dada a sobreposição nas distribuições das variáveis quantitativas para as espécies do género Siderastrea, o uso da técnica de lógica difusa permite determinar a distribuição desses caracteres de acordo com decisões baseadas na lógica, resolvendo o problema de sobreposição sobre os critérios de identificação, sendo possível tomar decisões com base em informações ambíguas. 139

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017

A técnica de lógica difusa poderá assim ser usada no estudo taxonómico. Em uma fase vindoura do projeto após dessa abordagem será aplicado o modelo de morfometria geométrica, a fim de tentar explicar através de um trabalho integrado, os problemas atuais na identificação de espécies em corais escleractíneos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

A problemática existente em identificar espécies faz necessária a implementação de diferentes abordagens. Já em relação ao gênero Siderastrea, (Complexo Siderastrea do Atlântico) a identificação é complicada por causa da grande sobreposição nos caracteres diagnósticos, motivo pelo qual não existe uma clara diferenciação.

Palavras-chave: Corais, Siderastrea, identificação.

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9 Prandi, F.; Brumana, R.; Fassi, F. 2010. Journal of Geographic Information System, 2, 55-62.

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017

53. ANÁLISIS PRELIMINAR DE LOS POSIBLES EFECTOS DEL CAMBIO CLIMÁTICO EN LA DISTRIBUCIÓN DE ESPECIES DE AVES ACUÁTICAS DE LA FAMILIA ARDEIDAE, EN CUBA

SUSANA AGUILAR MUGICA *E-mail: [email protected] ORIENTADORA: LILIAN TONELLI MANICA LABORATÓRIO DA ECOLOGIA COMPORTAMENTAL Y ORNITOLOGIA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANA

INTRODUCCION Y OBJETIVOS

Las zonas costeras constituyen áreas de crucial importancia pues albergan ecosistemas de alta fragilidad. Un elemento importante lo constituyen las aves acuáticas, uno de los grupos vulnerables a posibles impactos del cambio climático, por su sensibilidad a la destrucción de sus hábitats. Estas espécies utilizan las zonas de humedales durante todas las etapas del ciclo de vida anual y por tanto dependen de ellas para su supervivencia9,13. Los humedales costeros pueden ser afectados por la elevacion del nivel del mar y cambios en las variables climáticas relacionadas com temperatura y precipitación11. En este sentido, los modelos de nicho ecológico constituyen bases fundamentales para el desarrollo de investigaciones, en función de conocer el impacto del cambio climático sobre las especies y sus hábitats. En los últimos 20 años se han desarrollado algoritmos en los que a partir de datos incompletos de distribución, permiten generar modelos predictivos de la distribución de las especies 2,3,4,12. Éstos modelos permiten analizar factores ecológicos, asociados a la presencia de la especie y proyectar geográficamente su distribución 4,19. Por estas razones, el trabajo tiene como objetivo evaluar cambios en la distribución de tres especies de aves acuáticas, de la familia Ardeidae, orden Pelecaniformes, por variaciones climáticas, para el año 2070 en Cuba.

MATERIALES Y MÉTODOS

Se realizó la modelación de nicho ecológico de Ardea herodias, Egretta rufescens y Egretta caerulea, para predecir sus áreas de distribución potencial y proyectar esta distribución en el futuro, para el 2070. Se compiló información de localidades georreferenciadas con registros de presencia de las especies. Los datos se obtuvieron de publicaciones, datos de campo y bases de datos on-line. Para la modelación se empleó el programa Maxent16. Las variables ambientales (19 variables bioclimáticas) fueron obtenidas de la base de datos WorldClim Además, se utilizaron variables topográficas de suelo y altitud. Para la modelación de las especies en el futuro se utilizaron proyecciones para escenarios de máxima y mínima emisión de carbono (RCP2.6 W/m2 y RC P8.6 W/m2), avalados por el Panel Intergubernamental de Cambio Climático para 2070, para el modelo de circulación del Beiging Climate Center (bc). Para reducir el sobre ajuste y complejidad de los modelos, se redujo el número de variables independientes14, a traves de análisis de Jacckniffe y correlación de Pearson (se eliminaron variables com |r| > 0,85), para cada especie). Para la modelación em Maxent se usaron los siguientes parámetros: número

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 máximo de iteraciones 500, valor de regularización 1, umbral de convergencia de 0.00001 y número máximo de puntos de background (10.000). Se utilizaron 75 % de los registros de presencia para calibrar y 25 % para evaluar los modelos. Se corrieron 50 réplicas usando re-muestreos de sub-muestras de los datos de calibración y evaluación. Para la evaluación de los modelos se calculó el área bajo la curva (AUC) de la Curva Característica Operativa del Receptor (ROC), de los datos de calibración y de evaluación. Se utilizó el Sistema de Información Geográfica ArcGis, para la preparación de las variables, así como para los análisis espaciales de los resultados de la modelación.

RESULTADOS Y DISCUSIÓN

Los modelos de nicho ecológico de Ardea herodias, Egretta rufescens y Egretta caerulea presentaron valores de AUC de calibración por encima de 0,7 (0,947, 0,948 y 0,932 respectivamente) y AUC de evaluación (0,883, 0,871 y 0,882 respectivamente), valores que indican modelos de buena calidad predictiva. El porciento de contracción de la distribución potencial de las tres especies evaluadas, en escenarios climáticos del 2070, estuvo, en todos los casos, por encima de 40%, lo que representa una reducción considerable de su habitat adecuado. La reducción del habitat de estas especies, por encima de 40 % pudiera estar asociado a la afectación al habitat de manglar, el cual se considera entre los habitat más afectados por el efecto del cambio climático11. Los manglares son ecosistemas altamente diversos, en los cuales un gran número de especies de aves acuáticas buscan alimento y refugio13. Uno de los grupos que tipicamente se encuentran en estos ecosistemas son las garzas (família Ardeidae), dentro de las cuales se encuentran las tres especies en estudio. Los cambios en los patrones de precipitación causados por el cambio climático pueden tener profundos efectos em el ecosistema de manglar7,18. La disminución en las precipitaciones resulta en una disminución de la productividad del manglar, de su crecimiento y de la supervivencia de sus semillas y puede cambiar la compocisión de las especies de mangle, favoreciendo aquellas más tolerantes a la sal5,6. Además, puede resultar en la disminución del área de manglar y su diversidad18. A temperaturas por encima de 25°C, algunas especies de mangle muestran una disminución en la taza de formación de hojas17. Temperaturas por encima de 35°C han provocado un stress termal, afectando la estructura de las raíces y el establecimiento de las semillas del mangle20. La especie con menor reducción de su distribución potencial fue A. herodia, dado que es un ave que utiliza una mayor cantidad de habitat de humedales. Puede observarse en cualquier humedal, aunque prefiere las zonas costeras y los manglares1. E. rufescens y E. caerulea, resultaron tener mayor reducción de su distribución para escenarios climáticos del 2070. En este caso, E. rufescens es considerada la garza mas rara de Norte América10, y solo se encuentra en los humedales costeros con habitat salinos8, lo cual puede explicar el hecho de tener uma reducción mayor de su distribución. Por su parte E. caerulea, también es considerada una especie menos frecuente en los humedales cubanos1. No se observaron diferencias palpables entre los escenarios de mínima y máxima emisión de carbono para el 2070, en las tres especies. Se esperaba una reducción mayor en el escenario de máxima emisión de carbono12. Sin embargo, estos resultados obtenidos aun no son definitivos, puesto que se realizarán adecuaciones a los modelos que pueden cambiar estas predicciones futuras.

CONSIDERACIONES FINALES O PARCIALES

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 Se precisa realizar este trabajo utilizando otros modelos de circulación de WorldClim para el 2070. En este caso se utilizó solo un modelo de circulación, de un solo laboratorio (Beiging Climate Center), mas lo ideal es usar los modelos de tres o mas laboratorios y tomar los valores promedios de estos resultados.  Realizar estos análisis para otras especies de la comunidad de aves acuáticas.  Realizar la evaluación de los modelos con otras herramientas, para un mejor desempeño de los mismos. Se recomiendan acciones de manejo y conservación en función de minimizar los posibles impactos del cambio climático.

Palabras clave: aves acuáticas, cambio climático, familia Ardeidae, modelación de nicho, Maxent.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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8 GONZÁLEZ, A.; JIMÉNEZ, A.; MUGICA, L.; ACOSTA, M.; GARCÍA-LAU, I.; CASTRO, R.; LÓPEZ, M.; DE LA CRUZ J.M.; PÉREZ, A.; HERNÁNDEZ, Z.; AGUILAR, S. 2016. Current Status of Reddish Egret (Egretta rufescens) in Cuba. Waterbirds, 39(1):1-12.

9 GONZÁLEZ, A.; VICTORIANO, P.; ANGÉLICA, R. 2009. Schlatter Waterbird Assemblages and Habitat Characteristics in Wetlands: Influence of Temporal Variability on Species-Habitat Relationships. Waterbirds, 32(2): 225-233.

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017

York.

11 MCLEOD, E.; SALM, R. V. 2006. Managing Mangrove for Resilience to Climate Change. The World Conservation Union (UICN), Gland, Switzerland. 64 pp.

12 MOSS, R. H.; EDMONDS, J. A.; HIBBARD, K. A.; MANNING, M. R.; ROSE, S. K.; VAN VUUREN, D. P. 2010. The next generation of scenarios for climate change research and assessment. Nature, 463: 747-756.

13 MUGICA, L.; M. ACOSTA; DENIS, D. 2006. Conservando las aves acuáticas. Capítulo VII. pp En: Aves acuáticas en los humedales de Cuba. (L. Mugica, D. Denis, M. Acosta, eds.) Ed. Científico-Técnica. La Habana, Cuba.

14 PETERSON, A. T.; SOBERÓN, J.; PEARSON, R. G.; ANDERSON, R. P., MARTÍNEZ- MEYER, E..; NAKAMURA, M.; ARAÚJO, M. B. 2011. Ecological Niches and Geographic Distributions. Princeton Univ. Press. Monographs in Population Biology, 49.

15 PETERSON, A. T.; SOBERÓN. J. 2012. Species Distribution Modeling and Ecological Niche Modeling: Getting the Concepts Right. Natureza & Conservacao, 10: 102-107.

16 PHILLIPS, S. J.; ANDERSON, R. P.; SCHAPIRE, R. E. 2006. Maximum entropy modeling of species geographic distributions. Ecological Modelling, 190: 231-259.

17 SAENGER, P.; MOVERLY, J. 1985. Vegetative phenology of mangroves along the Queensland coastline. Proc. Ecol. Soc. Aust, 13:257-65.

18 SNEDAKER, S.C. 1995. Mangroves and climate change in the Florida and Caribbean region: scenarios and hypotheses. Hydrobiologia 295: 43-49.

19 SOBERÓN, J.; NAKAMURA, M. 2009. Niches and distributional areas: concepts, methods, and assumptions. PNAS, 17: 19644-19650.

20 UNESCO. 1992. Coastal systems studies and sustainable development. Proceedings of the COMAR Interregional Scientifc Conference, UNESCO, Paris, May, 1991. UNESCO, Paris. 276 pp.

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54. DESCRIÇÃO DOS ESTÁGIOS LARVAIS DO CARANGUEJO CHAMA-MARÉ Leptuca leptodactyla (RATHBUN,1898) (CRUSTACEA, DECAPODA, OCYPODIDAE) OBTIDOS EM LABORATÓRIO

CAMILA RAMOS BORGES Email: [email protected] ORIENTADORA: SETUKO MASUNARI CO-ORIENTADORA: SALISE BRANDT MARTINS LABORATÓRIO DE ECOLOGIA DE CRUSTACEA

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Os caranguejos chama-maré são caracterizados por um nítido dimorfismo sexual cujos machos possuem uma das quelas muito mais desenvolvida, enquanto as fêmeas, dois quelípodos minúsculos e do mesmo tamanho1. Baseado em análises moleculares2, os 12 antigos subgêneros de Uca foram elevados a nível de gênero, os quais contam atualmente com cerca de 100 espécies. No litoral brasileiro são registradas dez espécies: Leptuca cumulanta (Crane,1943), Leptuca leptodactyla (Rathbun,1898), Leptuca thayeri (Rathbun,1900), Leptuca uruguayensis (Nobili,1901), Minuca burgersi (Holthuis, 1967), Minuca mordax (Smith,1870), Minuca rapax (Smith,1870), Minuca victoriana (Von Hagen,1987), Minuca vocator (Herbst, 1804) e Uca maracoani (Latreille,1802-1803)3. Destas, cinco já tiveram todos os seus estágios de desenvolvimento larval descritos4,5,6,7,8 e três somente o estágio de zoea I ou megalopa9,10,11. Leptuca leptodactyla ocorre no Atlântico Ocidental, da Flórida ao Brasil (do Maranhão até Santa Catarina)12. Apesar desta ampla distribuição e abundância nos locais de ocorrência13, a espécie teve descrito somente o primeiro estágio larval (Z1) criado em laboratório na salinidade de 3410. O presente estudo tem como objetivo descrever os estágios larvais de L. leptodactyla obtidos em laboratório.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram coletadas manualmente dez fêmeas ovígeras de L. leptodactyla em um manguezal localizado na Barra do Saí, Itapoá, SC. Após, elas foram transportadas para o laboratório e mantidas em aquários até a eclosão das larvas. Estas foram individualizadas e criadas em placas de cultivo celular contendo água com salinidade 25 e 35 em sala climatizada de 26,5ºC e fotoperíodo controlado. A água do cultivo larval foi renovada diariamente e as larvas foram alimentadas com microalgas, rotíferos e náuplios de artêmia. As larvas mortas e as exúvias em diferentes estágios foram recolhidas diariamente e fixadas em formol 4%. As larvas fixadas foram dissecadas para a confecção de lâminas semi- permanentes e os desenhos das larvas foram efetuadas sob microscópio óptico equipado com câmara clara. Para cada estágio de desenvolvimento larval, foram utilizadas cerca de dez larvas para a análise morfológica. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A maioria das larvas passou por cinco estágios de zoea e um de megalopa; algumas, entretanto, mostraram seis estágios de zoea, com um de megalopa. Até o

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 presente momento, foram elaborados desenhos de quatro estágios larvais de zoea (ZI- ZIV) e do único estágio de megalopa. Zoea I: Olhos sésseis; abdômen com cinco somitos e desprovido de apêndices; telso com 6 cerdas plumosas, 3 de cada lado. Antênula não segmentada, cônica e com 2 a 4 estetos. Antena com protopodito provido de duas fileiras de espinhos; exopodito com três cerdas lisas apicais. Mandíbula com processo incisivo portando 4 projeções dentiformes. Maxílula com endopodito bissegmentado e 4 cerdas plumosas; protopodito com 1 cerda plumosa; endito basal com 6 cerdas e o endito coxal com 5 cerdas. Maxila com endopodito não-segmentado e 3 cerdas plumosas; exopodito com 4 cerdas marginais e 1 distal; endito basal distal e proximal com 3 cerdas plumosas cada; endito coxal distal com 3 cerdas e o proximal com 2 cerdas. Primeiro maxilípede com basopodito liso; endopodito pentassegmentado com 0, 1, 1, 1 e 5 cerdas; exopodito bissegmentado com 4 longas cerdas plumosas natatórias. Segundo maxilípede com basopodito liso; endopodito bissegmentado com 1 cerda plumosa e 3 cerdas lisas no segundo segmento; exopodito não-segmentado com 4 cerdas longas plumosas natatórias. Zoea II: Olhos parcialmente pedunculados; abdômen ainda pentassegmentado e desprovido de apêndices; telso com 6 cerdas plumosas, 3 de cada lado. Antênula como em zoea I, mas com 4 a 5 estetos. Antena como em zoea I. Mandíbula com processo incisivo provido de 4 projeções dentiformes. Maxílula com endopodito bissegmentado e 4 cerdas plumosas; protopodito com 1 cerda plumosa; endito basal com 4 a 6 cerdas e o endito coxal com 4 a 5 cerdas. Maxila com endopodito não-segmentado e três cerdas plumosas; exopodito com 4 cerdas marginais e 3 cerdas distais; endito basal distal e proximal com 4 cerdas plumosas cada; endito coxal distal com 2 a 3 cerdas e o proximal 2 a 4 cerdas. Primeiro maxilípede com basopodito portando 3 cerdas parcialmente plumosas marginais; endopodito pentassegmentado com 2, 2, 1, 1 e 5 cerdas; exopodito bissegmentado com 6 longas cerdas plumosas natatórias. Segundo maxilípede com basopodito portando 4 cerdas; endopodito bissegmentado com 1 cerda plumosa e 3 cerdas lisas no segundo segmento; exopodito bissegmentado com 6 cerdas longas plumosas natatórias. Zoea III: Olhos pedunculados; abdômen com seis somitos e a margem postero-laterais do terceiro somito diferenciando em projeções espiniformes; telso com 8 cerdas plumosas, 4 de cada lado. Antênula como em zoea II. Antena como em zoeas I e II, mas, com endopodito como um pequeno bulbo. Mandíbula com processo incisivo com 5 projeções dentiformes. Maxílula com endopodito bissegmentado e 4 cerdas plumosas; protopodito com 1 cerda plumosa; endito basal com 5 a 6 cerdas e o endito coxal com 4 a 5 cerdas. Maxila com endopodito não-segmentado e três cerdas plumosas; exopodito com 6 cerdas marginais e 4 distais; endito basal distal com 4 cerdas plumosas e o proximal, 5 cerdas plumosas; endito coxal distal com 2 a 4 cerdas e o proximal, 2 a 5 cerdas. Primeiro maxilípede com basopodito portando 1 cerda parcialmente plumosa marginal; endopodito pentassegmentado com 2, 2, 1, 2 e 5 cerdas; exopodito bissegmentado com 8 longas cerdas plumosas natatórias. Segundo maxilípede com basopodito liso; endopodito bissegmentado com 1 cerda plumosa e 3 cerdas lisas no segundo segmento; exopodito bissegmentado com 8 cerdas longas plumosas natatórias. Zoea IV: Olhos e abdômen como em zoea III. Antênula sem segmentos, cônica, com 4 estetos dispostos em dois níveis. Antena com endopodito rudimentar, demais estruturas como nos estágios anteriores. Mandíbula com processo incisivo portando 6 projeções dentiformes. Maxílula com endopodito bissegmentado e 4 cerdas plumosas; protopodito com 1 cerda plumosa; endito basal com 5 a 7 cerdas e coxal, 4 a 5 cerdas. Maxila com endopodito não-segmentado e três cerdas plumosas; exopodito com 12 cerdas marginais; endito basal distal com 4 cerdas plumosas e o proximal, 5 cerdas plumosas; endito coxal distal com 2 a 4 cerdas e o proximal 2 a 5 cerdas. Primeiro maxilípede com basopodito 146

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 provido de 1 cerda parcialmente plumosa marginal; endopodito pentassegmentado com 0, 1, 0, 2 e 5 cerdas; exopodito bissegmentado com 8 longas cerdas plumosas natatórias. Segundo maxilípede com basopodito portando 3 cerdas; endopodito bissegmentado com 1 cerda plumosa e 3 cerdas lisas no segundo segmento na região distal e uma cerda lateral; exopodito bissegmentado com 8 cerdas longas plumosas natatórias. Megalopa: Olhos pedunculados, abdômen com 6 somitos mais o telso desenvolvido em forma sub-retangular e margem posterior ligeiramente convexa. Antênula com segmento basal desenvolvido e 2 cerdas; pedúnculo trissegmentado, sendo o primeiro liso, o segundo com 1 cerda plumosa e o terceiro, 1 cerda plumosa; endopodito reduzido com 2 cerdas plumosas; exopodito trissegmentado com o segmento proximal liso, o segundo com 5 estetos e o terceiro com 7. Antena trissegmentada no pedúnculo e 2 cerdas lisas no terceiro segmento; flagelo antenal com 7 segmentos portando 0, 0, 1, 5, 3 e 3 cerdas. Mandíbula constituída de uma lâmina cortante; palpo bissegmentado com 4 cerdas plumosas. Maxílula com endopodito bissegmentado e 4 cerdas plumosas; protopodito com 1 cerda plumosa; endito basal com 7 a 10 cerdas e o endito coxal, 5 a 8 cerdas. Segundo maxilípede com endopodito trissegmentado com 0, 2 e 5 cerdas plumosas; exopodito trissegmentado com 4 cerdas plumosas distais. Terceiro maxilípede com endopodito pentassegmentado com, 6, 5, 3, 3 e 4 cerdas plumosas; exopodito bissegmentado com 4 cerdas distais; epipodito com 4 cerdas plumosas e 8 cerdas longas e lisas; protopodito com 3 cerdas plumosas.

Palavras-chave: morfologia larval; estágios de desenvolvimento; chama-maré.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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7 RIEGER, P. J. Desenvolvimento larval de Uca (Minuca) burgersi Houlthuis, 1967 (Crustacea, Decapoda, Ocypodidae), em laboratório. Revista Brasileira de Zoologia, 147

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017

Curitiba, v. 15, n.3, p. 727-756, 1998.

8 RIEGER, P. J. Desenvolvimento larval de Uca (Minuca) vocator (Herbst, 1804) (Crustacea, Decapoda, Ocypodidae), em laboratório. Nauplius, Rio Grande, v. 7, p. 1-37, 1999.

9 BATISTELI, N. M. Descrição morfológica e aspectos evolutivos larvais em Ocypodoidea e grupos relacionados (Decapoda: Brachyura). Master of Science Dissertation - Instituto de Biociências de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, São Paulo,. ix+134.2003.

10 SERBINO, N. M. B. Descrição do primeiro estágio larval de Uca leptodactyla (Rathbun, 1898) (Brachyura : Ocypodidae). Revista Eletrônica Inter.Texto, 2:42-52.2008.

11 NEGREIROS-FRANSOZO, M. L.; HIROSE, G.L.; FRANSOZO,A.; BOLLA, E. A. Jr. First zoeal stage and megalopa of Uca (Uca) maracoani (Decapoda: Brachyura), with comments on the larval morphology of South-American species of Ocypodidae. Journal of Crustacean Biology, 29(3):364=372. 2009.

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017

55. MONITORAMENTO DA COMUNIDADE INCRUSTANTE EM PLACAS DE RECRUTAMENTO, EM CANANÉIA (SP), REGIÃO NORTE DO LAGAMAR (SÍTIO DO PATRIMÔNIO NATURAL DA HUMANIDADE - UNESCO – 1999), COM VISTAS À PROSPECÇÃO DE ESPÉCIES EXÓTICAS

GEISY KELEN PLODOWSKI* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: MARIA ANGÉLICA HADDAD LABORATÓRIO DE ESTUDOS DE CNIDARIA E BRYOZOA Bolsa UFPR/TN - Edital PIBIC 2016-2017

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A região do Lagamar abrange o sistema estuarino Cananeia-Iguape, ao norte, e o Complexo Estuarino de Paranaguá (CEP), ao sul, onde já foram detectadas 15 espécies incrustantes marinhas exóticas. Estas espécies podem chegar por meio de atividades humanas, como a navegação e, quando passam a se reproduzir demasiadamente, expandindo sua população para fora da área de introdução, ameaçando as espécies nativas, são chamadas de invasoras¹. O comprometimento do equilíbrio natural do ambiente causado por espécies invasoras pode resultar em danos econômicos e sociais, visto que alguns organismos da comunidade incrustante marinha têm importância comercial direta, como as ostras e mexilhões. O número de bioinvasões tem aumentado drasticamente nas últimas décadas e isso tem modificado rapidamente nossos ecossistemas marinhos². Daí a importância de conhecer a fauna local e saber quais organismos estão chegando e podem vir a se tornar invasoras. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é identificar os invertebrados sésseis marinhos da região de Cananeia, analisar sua origem, classificando-os em introduzidos, nativos ou criptogênicos, avaliar sua abundância e distribuição temporal no período chuvoso (verão) e seco (inverno) e comparar estas informações com as da Baía de Paranaguá. Para se conhecer a comunidade incrustante marinha é amplamente difundido o uso de estruturas artificiais, como placas de recrutamento. Estas estruturas podem variar de tamanho e composição, além de outras características, mas disponibilizam substrato novo e padronizado para o assentamento larval e permitem saber o tempo de desenvolvimento da comunidade, além de mantê-la intacta para a análise em laboratório.

MATERIAL E MÉTODOS

Conjuntos experimentais foram instalados em três pontos da região, com três réplicas cada um, no início do inverno e do verão, ficando submersos por três meses. Cada conjunto foi composto por duas placas de polietileno negro de 12x12cm, lixadas e fixadas verticalmente em uma corda que foi amarrada em píeres e flutuadores. Na outra ponta da corda foi amarrada uma garrafa PET cheia de areia para fazer peso e manter a corda na posição vertical. O total foi de 18 placas para cada período. Na retirada das placas, os organismos foram anestesiados com mentol e fixados em formalina 4%. As placas foram analisadas sob estéreo-microscópio, com auxílio de uma grade, contemplando-se 21 quadrículas pré-determinadas. Foi calculada a área de cobertura de cada morfoespécie presente nas quadrículas e, quando possível, foram identificadas em

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 nível específico. Também foi feita a análise qualitativa, listando-se todos os organismos incrustantes presentes nas duas faces de cada placa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Até o momento foram analisadas todas as placas de inverno e 13 de verão. Já foram encontradas 27 morfoespécies, das quais 14 foram identificadas em nível específico, sendo duas nativas, três exóticas e nove criptogênicas. Dez morfoespécies foram exclusivas do verão – como as exóticas Garveia franciscana (Torrey, 1902), Podocoryna loyola Haddad, Bettim & Miglietta, 2014 e Amphibalanus reticulatus (Utinomi, 1967) – e apenas duas do inverno. As espécies mais abundantes foram o cirripédio nativo Fistulobalanus citerosum (Henry, 1973) e o hidrozoário criptogênico Clytia gracilis (Sars, 1850).

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Todas as morfoespécies encontradas já foram registradas no CEP, o que era esperado devido à conexão e proximidade dos dois corpos d’água.

Palavras-chave: Invertebrados sésseis; Biofouling; Recrutamento; Substrato artificial.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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² BUMBEER, J.; ROCHA, R.M. 2016. Invading the natural marine substrates: a case study with invertebrates in South Brazil. Zoologia (Curitiba), Curitiba, v. 33, n. 3, 2016.

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56. ANÁLISE PRELIMINAR DA OCORRÊNCIA DE MICROPLÁSTICOS EM ÓRGÃOS DE PEIXES NA REGIÃO DE MATINHOS, LITORAL DO PARANÁ

LARISSA CIDRAL CARLOTO* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: PAULO DE TARSO DA CUNHA CHAVES LABORATÓRIO DE ICTIOLOGIA ESTUARINA PROJETO DE VOLUNTARIADO ACADÊMICO (PVA)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

O uso de objetos plásticos tornou-se essencial no dia-a-dia da maioria das pessoas. Dentre os mais importantes na atualidade, destacam-se os microplásticos, que são partículas plásticas com tamanho entre 1μm a 5mm¹ , amplamente utilizados para os mais diversos fins. Estes podem ser encontrados em produtos de limpeza, cosméticos, produtos de beleza, e diversos outros produtos de uso industrial e doméstico, além de poder ser obtido através da fragmentação de plásticos maiores.² Estas partículas, à primeira vista inofensivas, têm se mostrado uma potencial ameaça ao meio ambiente, em especial ao ambiente marinho. A ingestão de microplásticos pode resultar em diversos problemas para os mais diversos animais, tais como obstrução intestinal, úlceras, alterações hormonais, entre muitos outros². Este estudo tem o objetivo de, além de iniciar a autora nas práticas científicas, realizar uma avaliação preliminar da ocorrência de microplásticos principalmente em estômagos de peixes na região do litorânea do Paraná, mais especificamente no município de Matinhos.

MATERIAL E MÉTODOS

Os órgãos analisados foram coletados no Mercado de Peixe de Matinhos, no litoral do Paraná, provenientes dos peixes pescados nos dias das coletas. Estes foram conservados em recipientes fechados, em solução de formol 10%. No laboratório, foram abertos e analisados, sendo confeccionadas lâminas com amostras de conteúdo estomacal em seu estado mais digerido possível, para posterior análise em microscópio óptico, especialmente sob as objetivas de 10x e 40x.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Resultados parciais demonstram que dos 31 estômagos analisados até então, apenas 4 não apresentaram fragmentos de microplásticos nas amostras de conteúdo estomacal analisadas. No total, foram identificados cerca de 118 microplásticos, que estavam heterogeneamente distribuídos entre 27 estômagos, 1 intestino e 1 arco branquial de onze espécies diferentes. Das espécies analisadas, as duas que tiveram uma maior ocorrência de microplásticos foram a Betara Preta, com ao menos 72 fragmentos encontrados em 4 exemplares de estômago e um exemplar de intestino, e a Garoupa, com ao menos 18 fragmentos presentes em um exemplar de arco branquial. Ao fazer uma estimativa da quantidade de plásticos observados, é importante ressaltar que muitos encontravam-se sob fragmentos de conteúdo estomacal, além de muitas vezes serem demasiadamente

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 pequenos, de modo que estes dois fatores dificultavam a observação das lâminas confeccionadas, muitas vezes dificultando até mesmo a focalização do microscópio, e, consequentemente, não permitindo uma contagem exata da quantidade de microplásticos. De cerca de 118 fragmentos encontrados, 32,5% (em torno de 38 fragmentos) foram classificados como “filamentos”, enquanto 67,5% (em torno de 79 fragmentos) receberam a classificação de “fragmentos”, sendo, em sua maioria, de forma irregular, mas também havendo uma presença notável de fragmentos retangulares. As cores mais abundantes são o rosa, alaranjado, multicoloridos, transparente e azul, sendo as três primeiras mais presentes nos fragmentos, enquanto as duas últimas foram mais encontradas nos filamentos. As espécies analisadas até o momento foram: Betara Preta, Cavala, Robalo Ferro, Abrotea, Raia Viola, Boca Larga, Bagre, Cangulo, Pescada Bembeca, Coroca e Garoupa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Por ser o primeiro contato da autora com um trabalho científico, é natural que possam ocorrer alguns erros e equívocos. Por falta de atenção, houve um problema na metodologia para a organização dos dados, tais como disparidade no número de estômagos, intestinos e arcos branquiais analisados por espécie, além da diferença do número de lâminas confeccionadas e analisadas para cada espécie. O ideal seria fazer a análise de tais dados com base em um número pré-estabelecido e padronizado, tanto de órgãos quanto de lâminas submetidas à análise. Para evitar que tais equívocos ocorram novamente, uma segunda fase do experimento está sendo realizada, buscando corrigir esses detalhes. Além disso, houve uma dificuldade em saber diferenciar o que seria, de fato, plástico, ou outros fragmentos, tais como possíveis estilhaços de conchas ingeridos pelos animais analisados, entre outras possibilidades. Ainda, ressalta-se que, para uma maior certeza, seria recomendável a realização de uma análise bioquímica, até mesmo para determinar com precisão quais são os tipos de microplásticos que mais estão poluindo o ambiente marinho, sendo possível até mesmo determinar a sua possível origem. Além disso, é interessante buscar alguma substância que seja capaz de digerir o material orgânico sem causar danos aos fragmentos sintéticos, a fim de possibilitar uma melhor observação das amostras.

Palavras-chave: Microplásticos, peixes, estômagos, poluição marinha.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

¹ SILVA, P. P. G. Contaminação e toxicidade de microplásticos em uma área de proteção marinha costeira. Dissertação (Mestrado em Ciências da Engenharia Ambiental). Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2016.

² PEREIRA, F. C. Microplásticos no ambiente marinho: mapeamento de fontes e identificação de mecanismos de gestão para minimização da perda de pellets plásticos. Dissertação (Mestrado em Oceanografia Biológica) - Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.

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57. DIVERSIDADE DE ENDOPARASITOS EM ANUROS DE ÁREAS REMANESCENTES DE FLORETA OMBRÓFILA MISTA

LORENA EUCLYDES DOS SANTOS* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: PROFa DRa KARLA MAGALHÃES CAMPIÃO LABORATÓRIO DE ECOLOGIA E EVOLUÇÃO DE INTERAÇÕES (LEEI)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Os anfíbios são amplamente distribuídos na região neotropical, sendo que 913 espécies são atualmente registradas para o Brasil, das quais 543 foram registradas para o bioma da Mata Atlântica¹. Apesar da elevada riqueza de espécies registradas para na região sul deste bioma, a características biológicas e história natural da anurofauna é pouco conhecida. Nesse sentido, a interação entre anfíbios e simbiontes antagonistas é um aspecto com importantes implicações evolutivas e ecológicas, e por isso vem sendo estudados de forma crescente nos últimos anos². Recentemente foram registrados 164 táxons de helmintos parasitos para o Brasil, correspondendo a 57% dos táxons conhecidos para a América do Sul, entretanto a biodiversidade de parasitos de anfíbios é ainda pouco conhecida, pois somente 8% dos anfíbios foram estudados em relação a sua helmintofauna³. E neste contexto o estado do Paraná é originalmente coberto por extensas áreas de Mata Atlântica o qual a maioria das espécies de anfíbios está associada e ainda é pouco estudado. Neste estudo, descrevemos a diversidade de parasitos em comunidades de nematodas de anuros pertencente as famílias Brachycephalidae, Bufonidae, Cycloramphidae, Hylidae e , coletados no município Piraquara no Paraná. Estudos sobre a diversidade deste grupo são importantes por exemplo para análises de interações parasito-hospedeiro, de abundância, relações tróficas e para taxonomia.

MATERIAL E MÉTODOS

Coleta de anuros Os anuros hospedeiros foram coletados entre Outubro de 2016 e Março de 2017 no município de Piraquara (25°31’18’’S e 49°5’29’’W), estado do Paraná, Brasil. Região composta por Floresta ombrófila mista. Foram coletados 53 hospedeiros pertencentes a cinco famílias (Brachycephalidae, Bufonidae, Cycloramphidae, Hylidae e Odontophrynidae) e 22 espécies. Os anuros foram eutanasiados com Lidocaína 4% aplicada na região ventral do corpo, e em seguida os espécimes foram necropsiados com abertura de uma incisão longitudinal no local da aplicação da Lidocaína. Para a coleta dos parasitos, foram examinados todos os órgãos do trato gastrointestinal, pulmão, e cavidade abdominal e armazenados em álcool 70%. A nomenclatura original para os hospedeiros foi atualizada de acordo com o American Museum of Natural History4. E dos parasitos de acordo com trabalho proposto por Roy Claude Anderson, Alain Chabaud e Sheila Willmott 5.

Montagem das lâminas e identificação dos parasitas Os nematodas foram conservadas em álcool 70%, e posteriormente clarificados com o óleo lactofenol de Aman e em lâminas temporárias, e identificadas ao menor nível

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 quando possível. Para a identificação utilizamos microscópios ópticos e as fotografadas em sistema computadorizado AxioVision e QWin, e para a biometria das estruturas dos parasitos utilizamos o software Image J. Estruturas analisadas dos parasitas Foram analisadas características morfológicas como tamanho de espículos, bulbo, esôfago, poro excretor e ovos. Com os comprimentos totais e de estruturas especificas de cada indivíduo analisado, realizamos uma revisão e comparações com a literatura, possibilitando a identificação de muitos indivíduos até espécies.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Encontramos 536 parasitos nematodas, pertencentes a três famílias. Cosmocercidae (n = 278), foi a mais frequente, seguido de Molineidae (n = 90) e Rhabdiasidae (n = 27). A elevada abundância destas três famílias, deve ao fato de serem compostas por espécie generalistas³. Também observamos parasitas menos frequentes como Physaloptera sp. e outros mais especialistas como Schrankiana sp.. Alguns hospedeiros compartilham espécies de parasitas das três famílias, em especial Rhinella abei (n = 101) que possui a maior quantidade de nematodas de todas as famílias. Os gêneros mais abundantes registrados são representantes da família Cosmocercidae sendo espécies de Cosmocerca e Aplectana encontrados em intestino. A espécie Cosmocerca brasiliense foi encontrado com maior prevalência em R. abei (n = 32), Cosmocerca parva em Ischnocnema guentheri (n = 1), Scinax catharinae (n = 1) e Cosmocerca podicipinus em Cycloramphus sp. (n = 1). Para o gênero Aplectana, as identificações a nível de espécies encontram-se em analise e ainda não foram definidas, estes ocorreram em Proceratophrys boiei, Ischnocnema guentheri, Scinax catharinae e Rhinella icterica. Para a família Cosmocercidae, observamos elevada abundância de parasitos fêmeas, fato este que se deve ao menor nível de identificação possível para fêmeas. As identificações a nível de gênero e espécie desta família é possível somente a partir de características dos machos, dificultando a identificação das fêmeas. A família Rhabdiasidae é representada pelo gênero Rhabdias, parasitas de pulmão. Estes ocorreram em pelo menos um representante de cada família de anuro. Os exemplares foram identificados até o nível de gênero, pois para a identificação a nível de espécie, assim como em outras famílias, é necessário medir atributos dos machos. Para a família Molineidae, foram identificadas até o presente momento as espécies Oswaldocruzia mazzai no intestino dos exemplares de R. abei (n = 53), e a espécie Oswaldocruzia lopesi também no intestino em Bokermannohyla luctuosa (n = 1). Estas espécies foram identificadas a partir do número e disposição de ramos de bolsas copulatórias, pelo comprimento total e padrão de asa cervical. Também foi possível observar nematodas do gênero Physaloptera (n = 2) no estômago de Elachistocleis ovalis, apenas em estágio larval, geralmente encontrados em anuros que ingerem insetos. Isso pode indicar que para Physaloptera os anuros podem ser hospedeiro intermediário6. Foi encontrado no intestino grosso o gênero Schrankiana (n = 11). Outros parasitos foram observados apenas no intestino dos gêneros Phyllomedusa, como Cosmocercella (n = 72) e Neocosmocercella (n = 99), que de acordo com a literatura, são nematodas exclusivos do gênero. Além dos parasitas já identificados, obtivemos novos registros de nematodas como C. brasiliense e O. mazzai (R. abei). Obtivemos três exemplares que representam novas espécies, dois espécimes do gênero Aplectana e um novo representante para do gênero Cosmocerca.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS 154

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Estes resultados apresentam dados importantes sobre a helmintofauna de anuros para a floresta da Mata Atlântica, pois apesar de poucos hospedeiros disponíveis, registramos elevada diversidade de parasitos, pertencentes as famílias Cosmocercidae, Molineidae e Rhabdiasidae. E ainda, apresenta novos registros parasitológicos para os gêneros Cosmocerca e Aplectana. Porém são necessários estudos com técnicas moleculares para uma melhor caracterização de alguns parasitos. Como perspectiva futura, iremos avaliar as características relacionadas ao compartilhamento de hospedeiros.

Palavra-chave: Parasitas, hospedeiros, nematoda.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

¹ HADDAD, C.F.B.; TOLEDO, L.F.; PRADO, C.P.A.; LOEBMANN, D.; GASPARINI, J.L.; SAZIMA, I. 2013. Guia dos anfíbios da Mata Atlântica: Diversidade e Biologia. Anolis, São Paulo, 55-56.

² GRAÇA, R.J.; ODA, F.H.; LIMA, F.S.; GUERRA, V.; GAMBALE, P.G.; TAKEMOTO, R.M. 2017. Metazoan endoparasites of 18 anuran species from the mesophytic semideciduous Atlantic Forest in southern Brazil. Journal of Natural History: 1-25.

³ CAMPIÃO, K.M.; MORAIS, D.H.; DIAS, O.T.; AGUIAR, A.; TOLEDO, G.M.; TAVARES, L.E.R. & SILVA, R.J. 2014. Checklist of Helminth parasites of Amphibians from South America. Zootaxa 3843(1): 1-93.

4 FROST, D. 2016. American Museum of Natural History. Disponivel em: < http://research.amnh.org/vz/herpetology/amphibia/ >. Acesso em: 18 jul. 2017.

5 ANDERSON, R.C., CHABAUD, A.G. & WILLMOTT, S. 2009. Keys to the Nematode Parasites of Vertebrates: Archival Volume. CAB International, London, 463 pp.

6 AGUIAR, A.; TOLEDO, G.M.; ANJOS, L.A.; SILVA, R.J. 2015. Helminth parasite communities of two Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826 (Anura: Leiuperidae) populations under different conditions of habitat integrity in the Atlantic Rain Forest of Brazil. Brazilian Journal of Biology: 963-968.

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58. IDENTIFICAÇÃO DOS TATUS DO GÊNERO Dasypus (CINGULATA: MAMMALIA) ATRAVÉS DA ANALISE DE MICROESTRUTURA DE PELOS

LUCAS ENES SANTOS *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: EMYGDIO LEITE DE ARAUJO MONTEIRO-FILHO LABORATÓRIO DE BIOLOGIA E ECOLOGIA DE VERTEBRADOS CO-ORIENTADOR: FABIANA SILVEIRA INSTITUTO DE PESQUISAS DE CANANÉIA (IPeC)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

O gênero Dasypus atualmente é composto por seis espécies viventes, é considerado o gênero com maior riqueza de espécies dentro da ordem e possui ampla distribuição, estando distribuído por todo o continente americano¹. O gênero é caracterizado pelo rostro alongado e fino, comprimento da cauda medindo aproximadamente 50% do tamanho do corpo, com 6 a 11 bandas (cintas móveis) na carapaça, dividindo os escudos escapular e pélvico². A similaridade morfológica dentro de Dasypus, provoca dificuldades na identificação, gerando diagnoses duvidosas, podendo levar a erros em inventariamento de fauna e no tombamento de espécies em coleções cientificas³. Uma vez que existe dificuldades na identificação, é possível a utilização de meios indiretos como o uso de escudos dérmicos, números de bandas e a diferenciação de suas tocas ³4. A Identificação através de pelos é outra forma de diagnose de animais, servindo como embasamento para a taxonomia, como também uma ferramenta de auxílio na identificação em diferentes situações, como em coleções cientificas e estudos de ecologia alimentar³5. Os pelos sãos anexos epidérmicos de exclusividade de mamíferos e constituídos de queratina. Possuem três camadas distintas, a cutícula que é a camada mais externa e composta por escamas, o córtex que é a camada intermediaria e a medula, camada mais interna onde há a presença de grânulos de pigmentos6. A identificação de pelos por meio de análise tricológica, possui ampla aplicabilidade e viabilidade, tornando-se uma técnica de fácil utilização pela obtenção de amostras de pelos e resistência dos pelos frentes diferentes processos químicos7. A análise de microestrutura do pelo permite a aplicação em diferentes áreas como descrição e identificação de espécies56, em analises forenses89, avaliação na qualidade de alimentos10, análises tróficas¹¹ e estudos de paleontologia¹². O objetivo deste estudo foi verificar as diferenças morfológicas em microestrutura de pelos por meio de microscopia ótica, descrever os padrões para cada espécie e o desenvolvimento de uma chave dicotômica.

MATERIAL E MÉTODOS

As amostras de pelos foram coletadas de espécimes oriundos das coleções de mastozoologia, do Museu de História Natural Capão da Imbuia (MHNCI) e da coleção do Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ). A coleta foi feita utilizando os dedos ou com auxílio de pinça, retirados das cintas moveis da carapaça na região dorsal. Após a coleta

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 os pelos foram armazenados em envelopes de papeis, contendo as informações do espécime coletado. Os pelos de cada amostra foram triados, utilizados preferencialmente aqueles com bulbo e haste. Posteriormente foram submetidos a limpeza por meio de lavagem em álcool a 70%. Para a análise das escamas cuticulares foi adotado o método impressão em meio gelatinoso, aplicando uma fina cada de esmalte em uma lâmina de vidro. Depois, com o esmalte seco foram adicionados os pelos e então prensados em uma morsa de mesa. Ao final deste processo, os pelos foram retirados e armazenados, para então serem analisadas nos aumentos de 100x e 400x e registradas em fotografias digitais. Para a análise de padrão medular, os pelos foram submetidos no processo de clareamento, a partir de sua imersão em mistura contendo água oxigenada 30 volumes e pó descolorante, por aproximadamente 50-180 minutos. Após o período de imersão os pelos foram lavados com água e secos em papel absorvente. Depois do clareamento, foi realizada montagem de lâminas permanentes, aplicando um pouco de resina sintética em lâmina de vidro, adicionando o pelo e cobrindo com lamínula. Após a secagem as lâminas foram observadas em microscópio nos aumentos de 100x e 400x, sendo também fotografadas digitalmente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao todo foram analisadas 29 amostras de pelos disponíveis, as quatros espécies do gênero de Dasypus, foram amostradas (D. hybridus N=1; D. kappleri N=3; D. novemcinctus N= 14; D. septemcinctus N= 11). O resultado da análise de padrão medular não permitiu a visualização de medula em nenhuma das espécies, exceto por alguns grânulos de pigmentação nas espécies D. novemcinctus e D. septemcinctus, característica já registrada na literatura5. A análise de impressão cuticular foi significativa para a diferenciação das quatros espécies, com o padrão cuticular ondeado irregular e com imbricamento das escamas do tipo pavimentoso. Dasypus hybridus possui de 2 a 3 fileiras longitudinais de escamas; as escamas estão orientadas na diagonal (padrão obliquo simples) e possuem borda ornamentada; o tamanho das escamas é variado. Dasypus kappleri possuem a borda das escamas descontinuas, acompanhadas de ornamentações salientes; ao longo da haste do pelo as escamas são estreitas, disposta na diagonal em único sentido; próximo ao bulbo ocorre a mudança de orientação das escamas proporcionando um aspecto obliquo duplo (sentidos opostos). Dasypus novemcinctus possui escamas com borda lisa e extremidades arredondada; podem apresentar curvaturas ou alongamentos entre 1/4 ou 1/3 da largura do pelo, orientadas transversalmente. Dasypus septemcinctus possui as escamas de tamanho variado, aspecto triangular e dispostas transversalmente. Na literatura é proposta a ausência estrutural de medula em Xenarthra5, contudo, neste estudo foi verificado a presença de alguns grânulos de pigmentação em D. novemcinctus e D. septemcinctus, podendo ser uma evidência da presença medula. Dasypus hybridus foi descrito baseado em uma única amostra, havendo a necessidade obtenção de mais material para fins de comparação. Quanto a D. kappleri que foi recentemente validado como espécie desmembrado em mais duas Dasypus pastasae e Dasypus beniensis, por ter sido diferenciado das demais espécies por apenas três amostras, precisa de ser melhor avaliado para permitir eliminar a possibilidade de ter sido diagnosticada uma variação geográfica a uma específica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A diferenciação das espécies do gênero Dasypus através da análise tricólogica, 157

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 permitiu a criação de uma chave identificação para o gênero, tornando-se uma ferramenta no auxílio na identificação. A diferenciação com base em análise de microestrutura de pelo, também é atrativo do aspecto econômico, sendo uma técnica barata e de fácil uso.

Palavras-chave: padrão cuticular, escamas, pavimentoso, ondeado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

¹ CASTRO, M.C. Sistemática y evolución de los armadillos Dasypodini (Xenarthra, Cingulata , Dasypodidae). Revista del Museo de La Plata, n.15 (73):1-50, 2015.

² GARDNER, A.L. (ed). Mammals of South America. Volume 1: Marsupials, Xenarthrans, Shrews, and Bats. University of Chicago Press, Chicago, Illinois, and London, United Kingdom, 2008,669 pp.

³ MEDRI, I.M; MOURÃO, G.M; RODRIGUES, F.H.G. Ordem Cingulata. In: REIS.N.R; PERACHI, A.L; PEDRO, W.A; LIMA, I.P. (2ed.). Mamíferos do Brasil. Londrina. 201.439p.

4 VICKARYOUS, M.K; HALL, B.K. Osteoderm morphology and development in the nine- banded armadillo, Dasypus novemcinctus (Mammalia, Xenarthra, Cingulata). Journal of Morphology.267:1273-1283, 2006.

5 QUADROS, J. 2002. Identificação microscópica de pêlos de mamíferos brasileiros e sua aplicação no estudo da dieta de carnívoros. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Paraná, Curitiba.

6 QUADROS, J.; MONTEIRO-FILHO, E. L. D. A. Revisão conceitual, padrões microestruturais e proposta nomenclatória para os pêlos-guarda de mamíferos brasileiros. Revista Brasileira de Zoologia, v. 23, n. 1, p. 279–292, 2006.

7 QUADROS, J.; MONTEIRO-FILHO, E. L. A. Effects of digestion, putrefaction, and taxidermy processes on Didelphis albiventris hair morphology. Journal of Zoology, v. 244, p. 331–334, 1998.

8 HICKS, J. W. Microscopy of Hair. Federal Bureau Investigation, FBI Laboratory, Washington D.C, 1977.

9 MOELLER, M. R, FEY, P., SACHS, H. Hair Analysis as Evidence in Forensic Cases. Forensic Science International 63 (1993) 43-53.

10 SILVEIRA, F., NAVARRO, M.A.; MONTEIRO, P.; QUADROS, J.; MONTEIRO-FILHO, E.L.A. Proposta de utilização da microestrutura de pêlos-guarda para fins de estudos forenses e no controle de qualidade de alimentos. Rev. Bras. Criminalística Vol. 2(1), 32-41, 2013.

¹¹ MAGEZI, G. S, 2013. Dieta de Felídeos em Áreas de Floresta Atlântica Costeira, Litoral Norte do Estado do Paraná. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Paraná, Curitiba.

¹² TARU, P.; BACKWELL, L. Identification of fossil hairs in Parahyaena brunnea coprolites from Middle Pleistocene deposits at Gladysvale cave, South Africa q. Journal of 158

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Archaeological Science, v. 40, n. 10, p. 3674–3685, 2013.

¹³ FEIJÓ, A.; CORDEIRO-ESTRELA, P. Taxonomic revision of the Dasypus kappleri complex, with revalidations of Dasypus pastasae (Thomas, 1901) and Dasypus beniensis Lönnberg, 1942 (Cingulata, Dasypodidae). Zootaxa, v. 4170, n. 2, p. 271–297, 2016.

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59. ONTOGENIA COMPORTAMENTAL EM UM INDIVÍDUO MACHO DE Papio hamadryas MANTIDO EM CATIVEIRO

MATHEUS MACIEL ALCANTARA SALLES* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: EMYGDIO LEITE DE ARAUJO MONTEIRO FILHO LABORATÓRIO DE BIOLOGIA E ECOLOGIA DE VERTEBRADOS

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A maturação comportamental de um indivíduo ocorre ao longo de toda a sua vida¹. No caso de primatas, cujos complexos comportamentos sociais tornam estudos de ontogenia ainda mais úteis e interessantes, são reconhecidas quatro principais fases de maturação fisiológica e de comportamento: infância, juventude, adolescência e idade adulta¹. Ao longo dessas transições, um indivíduo tem seu comportamento alterado essencialmente em resposta a desafios ambientais², sejam eles ecológicos ou mesmo sociais. Tais gatilhos de mudança, podem refletir tanto uma experiência empírica (transmitida através de aprendizado) quanto estados fisiológicos pontuais ao respectivo estágio de vida do indivíduo². Esta transição entre adolescência e idade adulta é caracterizada pela maturação reprodutiva dos indivíduos¹. Conforme esse período se aproxima, é esperado que os comportamentos de um adolescente sejam modificados tanto em termos da otimização de sua sobrevivência bem como de uma preparação para sua futura vida reprodutiva¹. Especificamente para machos neste período, são observados aumento na frequência de catação entre juvenis machos e fêmeas adultas¹,4; declínio significativo na frequência de comportamentos lúdicos em detrimento de comportamentos sexuais¹,5; e um contínuo declínio na tolerância entre adolescentes (ou juvenis mais velhos) e indivíduos adultos¹. Neste contexto o presente estudo visa a compreender de que modo ocorrem as mudanças comportamentais ao longo de tal transição em um indivíduo adolescente de Papio hamadryas (Linnaeus, 1758) inserido num ambiente de cativeiro. Pelo fato das observações terem sido realizadas tanto antes como depois da passagem do indivíduo para a idade adulta e, tomando como base as previsões citadas acima, é esperada uma clara diferença entre os comportamentos observados nesses dois momentos – seja ela qualitativa ou quantitativa. Mesmo considerando a condição de cativeiro e tamanho reduzido do grupo, não são esperados grandes desvios em relação aos padrões da espécie. Ao comparar a ontogenia comportamental desse indivíduo adolescente com dados de animais silvestres será possível avaliar o quanto de seu comportamento pode ser atribuído a mecanismos de aprendizado ou a processos de transmissão genética propriamente ditos.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado de junho de 2016 a junho de 2017 no Zoológico Municipal de Curitiba/PR. Foram observados os comportamentos de um grupo de quatro indivíduos de babuínos-sagrado (Papio hamadryas), sendo dois machos e duas fêmeas. O recinto dos babuínos é dividido em duas partes: uma casa fechada que serve como dormitório e conecta o recinto à entrada externa, bem como um ambiente aberto contendo árvores, troncos dispersos, escadas e uma fonte com água ad libitum.

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O indivíduo mais velho do grupo (Kimba) reside no Zoológico de Curitiba desde 2008, proveniente de uma apreensão do IBAMA. Em julho do mesmo ano, a fêmea Malika foi unida ao macho. Em 2010, uma segunda fêmea (Surya) foi transferida para o Zoológico. Já em agosto de 2011, houve o nascimento de um filhote macho, Rafiki – a partir do cruzamento entre Kimba e Malika. O filhote foi criado pela própria mãe, época na qual o macho Kimba foi retirado do recinto. Quando Rafiki se tornou independente da mãe, ele e Surya foram temporariamente retirados do recinto e então o macho Kimba (agora vasectomizado) retornou. Em 2015 os quatro indivíduos foram aproximados e atualmente todos se encontram no mesmo recinto. Foram realizadas pelo menos duas sessões de observações por mês. Inicialmente foi adotado o método ad libitum6, e depois, animal focal6 com registros contínuos. Em ambos os casos, foi realizada uma sessão de observação por dia com pelo menos duas horas de duração (período da manhã ou da tarde). As sessões de animal focal eram divididas em intervalos de 10 min para cada animal, durante os quais era realizada a descrição completa e o registro da frequência absoluta dos eventos comportamentais. A ordem dos animais a serem registrados em cada intervalo era sorteada sempre previamente ao início das sessões de observação. Os comportamentos foram categorizados em eventos, cuja frequência foi então contabilizada. A análise de ontogenia foi realizada numa comparação mês-a-mês e a frequência dos comportamentos foi avaliada por unidade de tempo. Foi feita uma análise de rede social contabilizando-se todos os eventos entre pares de indivíduos, para os momentos anterior e posterior à primeira observação de cópula do macho Rafiki. Todas as análises foram realizadas através do R Software7.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os comportamentos observados foram categorizados nos seguintes eventos: escavação, manuseio de objetos, mordiscada, toque, catação, conflito, perseguição, cópula e pastoreio. No que se refere ao comportamento do grupo, nota-se uma clara diferença na distribuição dos comportamentos entre os momentos prévio e posterior ao início da atividade sexual de Rafiki. A partir deste momento, ele praticamente não tem mais interações sociais com sua mãe, interagindo apenas com a fêmea Surya e com o macho Kimba. Estes dois, que anteriormente interagiam entre si, passam a não mais entrar em contato a partir do momento em que a fêmea inicia efetivamente a copular com Rafiki (entre outubro e novembro). A densidade de interações de Rafiki com Surya e Kimba parece não diferir, numericamente entre os dois períodos. A qualidade das interações entre Rafiki e Surya, por sua vez, pode ser diferenciada, com os comportamentos sexuais suplantando os demais no segundo momento. A isso se relaciona o fato de que a partir do momento em que primatas alcançam a puberdade, os indivíduos tendem a interagir cada vez menos com suas mães em detrimento de interações com outras fêmeas adultas1,3,4. O pico nas interações de catação, considerando que a maioria destas se deu com a fêmea adulta que não a sua mãe, pode ser interpretado como uma maneira encontrada pelo macho em acessar reprodutivamente a fêmea disponível em seu grupo. O declínio em alguns de seus comportamentos de brincadeira também tem fundamento social1, representando outro importante marco em sua transição para a fase adulta. No geral, as previsões iniciais são confirmadas. A maioria dos comportamentos observados, bem como o padrão geral da ontogenia, apresentam paralelos tanto em estudos de cativeiro como de animais silvestres da espécie ou de primatas no geral1,4,5. Fato este que acaba destacando as propriedades geneticamente transmitidas do comportamento. Assim mesmo, em alguns comportamentos específicos, o papel do 161

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 aprendizado deve ser colocado em evidência. Os eventos de brincadeira, por exemplo, provavelmente são muito mais modificados através de ensinamentos dos indivíduos mais velhos que por mecanismos genéticos em si. Considerando que o próprio comportamento de brincadeira serve como um tipo de aprendizado a ser posto em prática durante vida adulta do indivíduo8 e que muitos dos comportamentos lúdicos de Rafiki eram inicialmente realizados ao lado das fêmeas mais velhas, o aprendizado nesse caso claramente torna- se mais importante que qualquer tipo de influência genética na expressão desses fenótipos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por fim pode ser concluído que a mudança comportamental observada no início da vida adulta de um macho de P. hamadryas, mantido em cativeiro, se dá principalmente no sentido de estabelecer relações sociais com membros de seu grupo, com os quais ele mais pode obter experiência, ou mesmo desenvolver uma nova relação sociossexual. Somado a isso, se concluí que a modificação comportamental de um único indivíduo também interfere diretamente na configuração social de seu grupo como um todo.

Palavras-chave: Comportamento; Primatas; Etologia; Graduação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017

60. ASPECTOS DA BIOLOGIA DE Ramphocelus bresilius (AVES: THRAUPIDAE) NO LITORAL SUL DO ESTADO DE SÃO PAULO

PRISCILA LEMES GROSS* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: EMYGDIO LEITE DE ARAUJO MONTEIRO-FILHO LABORATÓRIO DE BIOLOGIA E ECOLOGIA DE VERTEBRADOS CO-ORIENTADOR: HENRIQUE CHUPIL INSTITUTO DE PESQUISAS CANANÉIA (IPeC)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

O tiê-sangue (Ramphocelus bresilius) é uma das três espécies do gênero Ramphocelus (Desmarest, 1805), subfamília Thraupinae e família Thraupidae, que ocorrem no Brasil, entretanto é a única endêmica1. A espécie possui duas subespécies2: Ramphocelus bresilius bresilius (Linnaeus, 1766), que ocorre na Mata Atlântica, da Paraíba ao sul da Bahia. Ramphocelus bresilius dorsalis (Scatler, 1855), que também ocorre na Mata Atlântica, porém mais ao sul, do Rio de Janeiro a Santa Catarina3. A única diferença entre as duas subespécies é a coloração do dorso nos machos, sendo mais escura em R. b. dorsalis se comparado a R. b. bresilius. Entre as fêmeas, não é observada nenhuma distinção (Novaes, 1959). O tiê-sangue é um passeriforme com um peso médio de 31g e medindo cerca de 19 cm. O macho possui uma coloração rubro- negra e também uma calosidade branca em seu bico. As fêmeas são mais discretas, apresentando uma coloração castanha e o bico sem calosidade. Os filhotes são semelhantes às fêmeas, e é quase impossível determinar seu sexo no primeiro ano de vida. Essa distinção só é possível quando os filhotes começam a muda das penas4. Os tiês-sangue se alimentam na maior parte do ano de frutos e sementes, porém em seu período reprodutivo eles podem se alimentar de artrópodes ou até mesmo de pequenos vertebrados1. Estudos acerca da biologia e dieta foram pouco realizados para esta espécie e são essenciais para a compreensão da história natural e exploração de recursos por estes animais. Objetivo geral  Estudar a história natural do tiê-sangue (Ramphocelus bresilius). Objetivos Específicos  Avaliar possíveis diferenças de tamanho entre machos e fêmeas;  Descrever os ambientes de ocorrência com base na captura com redes de neblina e observações;  Identificar as principais espécies de plantas que compõem a dieta da espécie;  Descrever o comportamento ao explorar diferentes itens alimentares;  Detectar o período reprodutivo.

MATERIAL E MÉTODOS Os dados utilizados no presente estudo estão sendo coletados desde setembro de 2015, sendo parte de um projeto cujo objetivo é o estudo da comunidade de aves em ambas as ilhas. A detecção bem como a localização dos indivíduos ocorre com o uso das técnicas de contato visual e auditivo. Visando à obtenção dos dados, os tiés-sangue estão

163

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 sendo capturados com a utilização de seis redes-de-neblina (mist-nets), as quais são armadas em dois ambientes distintos (restinga e manguezal) nas ilhas de Cananéia e do Cardoso, com no mínimo 50 metros de distância entre elas. Depois de capturadas, as aves são retiradas da rede e colocadas em sacos de contenção para que possam ser transportadas até o acampamento para serem anilhadas (anilhas metálicas numeradas fornecidas pelo CEMAVE). Após o anilhamento, utilizando um paquímetro, é realizada a medição dos indivíduos (largura, altura e comprimento do bico, comprimento da asa, tarso, cauda e comprimento total) e com uma balança de precisão, a massa corpórea. São também realizadas observações sobre a condição de saúde dos indivíduos com base na presença de ectoparasitos bem como a presença de mudas de penas. Com o objetivo de conhecer os itens utilizados na dieta, os espécimes capturados são mantidos em sacos de contenção até que defequem ou regurgitem. Animais se alimentando estão sendo fotografados e seus comportamentos anotados. Em ambos os casos, quando há sementes presentes nas fezes ou regurgito, elas são colocadas para germinar visando a reconhecer a espécie consumida e a taxa de germinação. Quando a ave foi visualizada se alimentando, o material botânico foi coletado para posterior identificação (com base na literatura ou comparando com as espécies de plantas que estavam frutificando no momento). Os dados sobre o período reprodutivo são estimados com base em observações diretas e a captura das aves.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Até o momento foram capturados 50 indivíduos, sendo 38 machos, 8 fêmeas e 4 jovens que ainda não haviam sofrido muda de penas. Do total, 29 foram capturados no manguezal e um na restinga da Ilha do Cardoso; 13 no manguezal e 8 na restinga da Ilha de Cananéia. O maior número de capturas no manguezal, para a Ilha do Cardoso, pode se dar por conta da distribuição das redes estar associada à restinga composta por uma vegetação mais alta, a única captura em restinga ocorreu na rede armada em uma área de restinga arbustiva. As aves foram visualizadas tanto no manguezal quanto em restinga arbustiva e de porte florestal. De uma maneira geral a espécie tem suas necessidades supridas em ambientes abertos e com vegetação arbustiva5, motivo pelo qual não costuma adentrar a restinga alta. Em Cananéia, a área da restinga está bastante alterada, isso pode ter influenciado no uso do ambiente pelo tiê-sangue, que foi visto ocupando quase todo o local de estudo. Esse tipo de alteração no ambiente pode causar uma escassez de recursos, fazendo com que o animal tenha que forragear em todos os locais disponíveis. Com relação à dieta, houve uma maior visualização de ingestão de frutos da família Myrtaceae (nove dos 17 eventos observados) seguido pela família Melastomatacea (três dos 17 dos eventos observados). Os animais foram vistos com mais frequência ingerindo frutos fora do período reprodutivo. O que está de acordo com o proposto por Sick1, visto que no período reprodutivo o tiê-sangue costuma consumir invertebrados e pequenos vertebrados. Com relação ao período reprodutivo, com base na captura de jovens e das mudas de penas, foi estimado que o mesmo ocorre entre setembro e março, similar ao período descrito por Castiglioni6.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Um fato a ser ressaltado é a ocupação do ambiente de manguezal. A exploração deste ambiente, pobre em relação à vegetação de restinga, pode ocorrer pela abundância de alimentos de origem animal, como invertebrados ou pequenos vertebrados. O presente estudo ainda está em andamento, os dados aqui apresentados são parciais e necessitam ainda de mais análises. Dados referentes a morfometria e descrição do comportamento 164

3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017 de exploração dos itens alimentares ainda precisam ser tratados, mas o que foi obtido até o momento está de acordo com os dados encontrados na literatura.

Palavras-chave: Orinitologia; História Natural; Thraupidae.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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3 NOVAES, F. C. 1959. Variação geográfica e o problema da espécie nas aves do grupo Ramphocelus carbo. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Nova Série, Zoologia, 22:163.

4 MALLET-RODRIGUES, F. CASTIGLIONI, G. D. A. & GONZAGA, L. P. 1995. Ramphocelus bresilius, muda e sequência de plumagens em Maricá, RJ. Araraiuba 3:88- 93.

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017

61. A EVOLUÇÃO DA DIETA EM ANUROS DE SERRAPILHEIRA: TESTANDO A HIPÓTESE DE TOFT (1981) MÁRIO JÚNIOR NADALINE E-mail: [email protected] ORIENTADOR: MARCIO ROBERTO PIE LABORATÓRIO DE DINÂMICA EVOLUTIVA E SISTEMAS COMPLEXOS CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A teia trófica é padrão natural a qual engloba os seres vivos, fruto da busca pela sobrevivência. Os organismos participam como decompositores, produtores, predadores ou presas, muitas vezes variável1. Um predador pode se alimentar de determinado conjunto de organismos, compondo uma dieta, a qual é mutável a condições gerais de clima, humidade, luminosidade e condições mais intrínsecas de cada grupo2. Como no caso dos anfíbios, os quais tem sua dieta influenciada pela palatabilidade, tamanho e agilidade de determinado item. Além disso de variar sazonalmente, bem como a disponibilidade de determinados itens dessa dieta2. A composição de recursos alimentares representa um importante eixo do nicho de anuros terrestres, afetando uma diversidade de aspectos de sua ecologia, como padrões de coexistência, partilha de recursos e estratégias de forrageamento3. Uma hipótese influente formulada por Toft (1981) sugere que anuros que vivem em serrapilheira formariam um contínuo de espécies especializadas em formigas e ácaros, passando por generalistas e finalmente chegando a espécies que evitam formigas e ácaros4. Neste estudo reexaminamos esta hipótese com a análise de ao menos 30 espécies de anuros de serapilheira.

MATERIAL E MÉTODOS

Utilizamos dados de dieta da literatura para elaborar um database de espécies de anuros terrestres, o qual foi composto por 30 espécies distribuídas em 11 famílias: Microhylidae, Leptodactylidae, Hylidae, Dendrobatidae, Bufonidae, Leiuperidae, Brachycephalidae, Hylodidae, , Cycloramphidae e Ranidae3,5-29. Em média foram registrados 108.8 espécimes adultos por estudo, os quais tiverem seus conteúdos estomacais caracterizados. Para cada espécie de anuro foi também utilizado uma medida morfométrica relacionado ao tamanho do corpo (Snout-vent length)8,12-14,16,18-38. Assim para realizar as análises foi sintetizado uma tabela contendo; identificação da espécie e tamanho de corpo (SVL), além da classificação taxonômica das presas, sua frequência (F) e volume (V) para cada ordem. Dados de F e V foram utilizados para averiguar a composição do espaço amostral da dieta das espécies. Itens alimentares presentes em menos de 10% das dietas estudadas foram excluídas das análises. Dado a gama de variáveis (presas) foi realizada a análise de componentes principais (PCA) para reduzir a dimensionalidade dos dados a partir da matriz de covariância. Para examinar a hipótese de Toft (1981)4 em relação ao tamanho do corpo de anuros e sua ecologia trófica, foi escolhido a análise de regressão linear. Desta maneira utilizamos a frequência e volume de cada presa, Formicidae e Acari, como varável resposta e o SVL como variável preditora. Todas as análises foram realizadas na plataforma R 3.2.4 (R Core Team).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Um padrão intrigante pôde ser detectado onde três táxons diferentes tiveram correlações particularmente fortes com cada um dos primeiros três eixos da ordenação: formigas, cupins e ácaros, explicando 30, 18 e 18% da variância no conjunto de dados, respectivamente. Finalmente, testando a influência do tamanho do corpo em anuros sobre a eletividade4, nenhuma das 4 análises realizadas tiveram correlação significativa (p > 0,5) entre o tamanho do corpo e as variáveis frequência ou volume para formigas e ácaros. Assim apesar da capacidade forrageamento ser um importante eixo na ecologia trófica de anuros39, este podem estar mais intimamente correlacionados com fatores sazonais bióticos. Portanto, esses resultados sugerem que a evolução da dieta em anuros de serrapilheira pode ter acontecido de maneira mais idiossincrática do que postulado por Toft (1981)4.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo apresenta um indício que a evolução da dieta em Anura é algo mais obscuro do que se imaginava, sendo assim de suma importância mais estudos de dieta das espécies existentes. É verificado o grande volume de dados isolados de ecologia trófica na literatura, todavia, há poucos estudos que se usufruem desta fonte de dados, podendo essa a ser uma abordagem promissora no futuro para desvendar os padrões alimentares dos anuros.

Palavras-chave: Nicho trófico, Amphibia, história natural, ecologia trófica.

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3º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2017

62. DIVERSIDADE DE PARASITOS DE RHINELLA MARINA EM LOCAIS NATIVOS E INVADIDOS

CAUE PINHEIRO TEIXEIRA* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: KARLA MAGALHÃES CAMPIÃO LABORATÓRIO DE ECOLOGIA E EVOLUÇÃO DE INTERAÇÕES

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Dentre as diversas espécies invasoras a Rhinella marina (Linnaeus, 1758) é considerada uma das 100 piores do mundo1. Esta é uma espécie de anuro de grande porte pertencente à família Bufonidae com distribuição nativa do sul da América do Norte e do norte da América do Sul2,3. Um dos principais motivos do sucesso de espécies invasoras é a ausência de inimigos naturais, que representam um empecilho em potencial para espécies invasoras. Os parasitos são um exemplo destes inimigos, os quais podem impedir o estabelecimento de espécies invasoras ou serem carregados pelos seus hospedeiros durante invasões bem-sucedidas4,5. Segundo a hipótese de “parasite release”, espécies invasoras perdem grande parte de seus parasitos e se tornam mais aptas para a colonização do novo local, ondem podem ou não adquirir novos parasitos (“spill-back”) e transportar alguns da sua localidade original (“spillover”)6,7,8. Diante disto, o objetivo deste trabalho foi integrar diferentes fontes de informações e avaliar o parasitismo de R. marina em seus diferentes locais de ocorrência ao redor do globo, e como essa interação pode estar associada a sua capacidade de invasão.

MATERIAL E MÉTODOS

Realizamos uma busca extensiva por artigos relacionados aos parasitos de Rhinella marina utilizando bases de dados como Web of Science, Scopus, e BioOne, bem como referências citadas nos artigos encontrados. Para avaliar a diferença de número de espécies de parasitos utilizamos um modelo linear generalizado, com o número de taxa como variável dependente e número de estudos e local (nativo e invadido) como variáveis preditoras. Para quantificar a variação na composição de parasitos e entender o mecanismo que mais explica o padrão observado (aninhamento ou pela substituição de espécies), realizamos uma análise de diversidade beta e um teste de partição dos seus componentes através do pacote “Betapart”9. Todas essas análises foram realizadas no o software R. versão 3.3.3 10 e para os gráficos utilizamos o pacote “GGPLOT2”11.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Encontramos em 263 estudos de distribuição global, 281 taxa de parasitos incluindo vírus, fungos, bactérias, protozoários e metazoários. Dentre os metazoários os principais foram: Nematoda, Trematoda, Cestoda, Acantocephala, Acari, Pentastomida, Culicidae e Monogenea. Destes, 169 taxa ocorreram apenas nos locais nativos, 89 apenas nos locais invadidos e 23 co-ocorreram em ambos os locais. Observamos interação entre local de ocorrência e número de parasitos, sendo os locais nativos os mais estudados (p = <0,01, z = -8,77, gl = 26). Assim, a variação na

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nosso trabalho contribuiu para um melhor entendimento da variação na no parasitismo que ocorre entre locais nativos e invadidos pela R. marina, sendo que a variação encontrada suporta a hipótese do “parasite release” como uma das possíveis causas para o sucesso de invasão da espécie. Além disso, vimos que há diversas possíveis implicações destas variações como a transmissão, disseminação e dreno de parasitos nos locais invadidos.

Palavras-chave: Anura; Espécies Invasoras; Parasitismo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 LOWE S.; BROWNE M.; BOUDJELAS S.; DE POORTER, M. 100 of the world’s worst invasive alien species: A selection from the global invasive species database. Aliens, 2000.12 p.

2 SOLÍS, F.; IBÁÑEZ, R.; HAMMERSON, G.; HEDGES, B.; DIESMOS, A.; MATSUI, M.; HERO, JM.; RICHARDS, S.; COLOMA, L.; RON, S.; LA MARCA, E.; HARDY, J.; POWELL, R.; BOLAÑOS, F.; CHAVES, G.; PONCE, P. Rhinella marina. The IUCN Red List of Threatened Species 2009. Disponível em: . Acesso: 20 fev. 2017.

3 FROST, D. R. Amphibian species of the world: an online reference. American Museum of Natural History, New York, USA, 2016. Disponível em: . Acesso: 18 fev. 2017.

4 LODGE, D. M. Biological invasion: lessons for ecology. TREE, v. 8, n. 4, p. 133–137, 1993.

5 PRENTER, J.; MACNEIL, C.; DICK, J. T. A.; DUNN, A. M. Roles of parasites in animal invasions. Trends in Ecology and Evolution, v. 19, n. 7, p. 385–390, 2004. 172

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6 DASZAK, P.; CUNNINGHAM, A. A.; HYATT, A. D. Emerging infectious diseases of wildlife - threats to biodiversity and human health. Science, v. 287, n. January, p. 443– 449, 2000.

7 TORCHIN, M. E.; LAFFERTY, K. D.; DOBSON, A. P.; MCKENZIE, V. J.; KURIS, A. M. Introduced species and their missing parasites. Nature, v. 421, n. 6923, p. 628–630, 2003.

8 HARTIGAN, A.; FIALA, I.; DYKOVÁ, I.; et al. A suspected parasite spill-back of two novel myxidium spp. (myxosporea) causing disease in Australian endemic frogs found in the invasive cane toad. PLoS ONE, v. 6, n. 4, 2011.

9 BASELGA, A.; ORME, D.; VILLEGER, S.; BORTOLI, J.; LEPRIEUR, F. betapart: Partitioning Beta Diversity into Turnover and Nestedness Components. R package version 1.4-1, 2017. https://CRAN.R-project.org/package=betapart.

10 R CORE TEAM. R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing,Vienna, Austria, 2017. URL https://www.R-project.org/.

11 WICKHAM, H. ggplot2: Elegant Graphics for Data Analysis. Springer-Verlag New York, 2009.

12 KELLY, D. W.; PATERSON, R. A.; TOWNSEND, C. R.; POULIN, R.; TOMPKINS, D. M. Parasite spillback: A neglected concept in invasion ecology? Ecology, v. 90, n. 8, p. 2047–2056, 2009.

13 LETTOOF, D. C.; GREENLEES, M. J.; STOCKWELL, M.; SHINE, R. Do invasive cane toads affect the parasite burdens of native Australian frogs? International Journal for Parasitology: Parasites and Wildlife, v. 2, n. 1, p. 155–164, 2013.

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63. REVISÃO E FILOGENIA DO GÊNERO EUHERDMANIA (ASCIDIACEA: APLOUSOBRANCHIA)

PEDRO MEYER TOKORO* *E-mail: [email protected] ORIENTADOR: ROSANA MOREIRA DA ROCHA CO-ORIENTADORA: LIVIA DE MOURA OLIVEIRA LABORATÓRIO DE SISTEMÁTICA E ECOLOGIA DE INVERTEBRADOS MARINHOS CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

O gênero Euherdmania (Ritter, 1904), apesar de possuir apenas 12 espécies, é amplamente distribuído em todos os oceanos. É composto, em geral, por espécies coloniais, caracterizadas pela presença de sifões com 6 lobos arredondados que se abrem diretamente na superfície da colônia, esôfago longo, estômago plicado, presença de abdome posterior, larva com duas papilas invaginadas e incubada no oviduto. Foram encontradas novas ocorrências para o Brasil e para o Panamá e feita uma chave tabular para identificação em nível de espécie. Neste trabalho, foi feita uma revisão bibliográfica do gênero para reconstruir uma filogenia com base em caracteres morfológicos a fim de compreender a relação entre as espécies e observar se as mesmas estão corretamente classificadas dentro do gênero.

MATERIAL E MÉTODOS

Com base na chave previamente elaborada e nos caracteres analisados, foi feita uma matriz com 33 caracteres com o uso do software Winclada e a árvore filogenética com o uso dos softwares Winclada e TNT.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pelo que foi observado na bibliografia, as espécies Euherdmania dumosa Monniot, 1987, Euherdmania divida Monniot, 2001, Euherdmania translucida Kott, 1992 e Euherdmania dentatosiphonis (Millar, 1975) possuem características muito discrepantes com o padrão do gênero. Euherdmania dumosa e Euherdmania divida possuem um esôfago muito curto, poucas fileiras de fendas, sifões pontiagudos, sendo que E. dumosa possui uma larva com três papilas pedunculadas e vesículas, semelhante à das famílias Polyclinidae e Ritterellidae, e incubada na cavidade atrial, sendo que o padrão para o gênero são larvas com duas papilas invaginadas e incubação no oviduto. Euherdmania translucida e E. dentatosiphonis não possuem abdome posterior, possuem sifão com seis lobos denticulados e um padrão muscular muito distinto, sendo que E. translucida possui ainda hábito de vida solitário. De acordo com a árvore filogenética, E. translucida e E. dentatosiphonis formam um clado separado na base da árvore e logo em seguida forma- se outro clado com E. dumosa e E. divida, também se separando dos demais. Isso pode sugerir que estas espécies estejam incorretamente classificadas no gênero Euherdmania.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

O gênero Euherdmania possui muitas espécies descritas com pouca informação, e que nunca mais foram encontradas, o que dificulta o acesso a material para análise molecular. Algumas espécies muito discrepantes com relação ao resto do gênero e sua separação logo na base da árvore filogenética sugere que estas espécies estejam incorretamente classificadas no gênero Euherdmania.

Palavras-chave: Morfologia, sistemática, filogenética.

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