jornal do CONASS - conselho nacional de secretários de saúde nº12

consensusjunho / 2005

CCONASSONASS apóiaapóia TTratadoratado IInternacionalnternacional contra o Tabaco P. 6 e 7

Novo Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Moisés Goldbaum, fala sobre medicamentos excepcionais, Farmácia Popular, pesquisas com seres humanos e economia em Saúde. P. 4 e 5

CONASS A FORÇA DOS ESTADOS NA GARANTIA DO DIREITO À SAÚDE EDITORIAL Brasil sem tabaco Ministro recebe

MARCUS PESTANA nova diretoria Presidente do CONASS consensus do CONASS em Consensus é uma publicação PRESIDENTE DO CONASS, MARCUS PESTANA, Cinco milhões de pessoas morrem todos os anos em decorrência mensal do Conselho Nacional de EXPÕE AO MINISTRO HUMBERTO COSTA AS PRIORIDADES DO CONASS. dos males causados pelo fumo. Só no Brasil, são cerca de duzentas Secretários de Saúde (CONASS), audiência mil mortes. Esse cenário levou os países-membros da Organiza- de distribuição gratuita. ção das Nações Unidas (ONU) a proporem, em 1999, o primeiro Os artigos assinados são de inteira A nova diretoria do CONASS esteve reuni- os líderes dos partidos no Congresso Nacional tratado internacional de saúde pública, que objetiva proteger a responsabilidade dos autores. da com o ministro da Saúde, Humberto Costa, para tratar do tema. Para ambos, é preciso elabo- população mundial e suas futuras gerações das conseqüências do COORDENAÇÃO EDITORIAL no último dia 8 de junho para discutir temas rar texto de Projeto de Lei. consumo do tabaco. O Brasil foi designado pelos demais países a Marcus Pestana, Ana Luiza Wenke, como: fi nanciamento do Sistema Único de Saúde ser o principal negociador do tratado e teve papel de destaque no LEI DE RESPONSABILIDADE SANITÁRIA Júlio Müller, René Santos e (SUS); Política de Assistência Farmacêutica; processo de elaboração e negociação do contrato internacional. O presidente Pestana opinou que a Lei de Res- Ricardo F. Scotti Atenção Primária; Recursos Humanos; o papel Os 192 Estados-membros da ONU levaram mais de quatro anos ponsabilidade Sanitária não pode tratar somente dos estados na gestão do SUS (Pacto de Gestão para elaborar a redação da Convenção-Quadro. Em 2003, então, o JORNALISTA RESPONSÁVEL de punições e deve ser conseqüência do Pacto de Ana Luiza Wenke na Saúde e Lei de Responsabilidade Sanitária); e documento foi aceito por unanimidade pelos membros da Organiza- Gestão da Saúde. O ministro acredita que ela deve RP 4313/14/21v/DF credenciamento de serviços de alta complexidade. ção Mundial da Saúde (OMS), durante a 56ª Assembléia Mundial estabelecer claramente as responsabilidades de da Saúde. A Convenção foi, assim, aberta para assinaturas e o Representando o CONASS, estavam o presi- ESTAGIÁRIA DE JORNALISMO cada esfera de governo e as punições para possíveis texto passou a tramitar nas esferas legislativas específi cas de cada dente Marcus Pestana (MG) e os vice-presidentes Adriane Cruz violações. Na opinião dele, a lei seria o instrumento país para a ratifi cação da adesão. Jurandi Frutuoso (CE), Luiz Roberto Barradas que permitiria cobrar o que for estabelecido no Em novembro de 2004, a Convenção alcançou a ratifi cação de Revisão (SP) e Osmar Terra (RS). Por parte do Ministé- Pacto. Existiria um Termo de Ajuste de Conduta 40 países, número mínimo necessário para entrar em vigor, o que Gisela Avancini rio da Saúde, participou todo o primeiro escalão. Sanitária para situações de falta de estrutura para aconteceu no dia 27 de fevereiro de 2005. O Brasil foi o segundo FINANCIAMENTO DO SUS o cumprimento das responsabilidades. país a assinar o tratado, mas enfrenta difi culdades para ratifi cá-lo. PROJETO GRÁFICO Fernanda Goulart Tendo sido aprovado por unanimidade e em caráter de urgência na O ministro Humberto Costa explicou que não Costa informou ainda que o presidente Lula Câmara dos Deputados, em maio de 2004, tornou-se polêmico em há margem para correção dos tetos fi nanceiros, já aprovou em linhas gerais o texto do Projeto de LAYOUT E DIAGRAMAÇÃO a não ser por meio de remanejamento do orça- Lei que está sendo produzido no Ministério da setembro do mesmo ano, porque a Associação dos Fumicultores Ad Hoc Comunicação do Brasil (Afubra) divulgou informações sobre supostas implica- mento, uma vez que não há previsão de recursos Saúde. O governo pretende abrir discussão com a ções negativas da validação do tratado para a economia brasileira IMPRESSÃO E FOTOLITO novos para 2005. Ele ressaltou que comparado a sociedade por meio de consulta pública. Acqua Digital – o que resultou na pressão das indústrias e de representações de outros países, o investimento em Saúde no Brasil RECURSOS HUMANOS agricultores no Senado. é bastante baixo e informou que no ano passado TIRAGEM Técnicos do Ministério informaram que o Há mais de um ano aguardando a decisão dos senadores, a houve um défi cit de R$ 300 milhões nas áreas de 5.000 exemplares serviço civil, chamado de Bolsa Trabalho, já foi Convenção-Quadro veio novamente à tona no último dia 31 – Dia média e alta complexidade hospitalar. Enfatizou ENDEREÇO E T ELEFONE aprovado na Comissão Intergestores Tripartite Mundial sem Tabaco. O ministro da Saúde, Humberto Costa, pediu que a mobilização política das três esferas de Esplanada dos Ministérios (EMI), (CIT) e no Conselho Nacional de Saúde (CNS). ao presidente do Senado, , que a medida seja gestão do SUS por mais recursos para 2006 deve Bloco G, sala 148 B A Bolsa será implementada a partir de agosto. ratifi cada e chamou de “lobby da morte” a ação das indústrias de começar logo. Ministério da Saúde – Ed. Anexo tabaco pela não-aprovação da Convenção. A preocupação principal dos Secretários Estadu- MEDICAMENTOS EXCEPCIONAIS Os Secretários Estaduais de Saúde consideram importante a 70.058-900 – Brasilia - DF ais de Saúde é a fi xação de profi ssionais de saúde aprovação no Senado Federal e o retorno da liderança de nosso Tel: (61) 315-2206 O CONASS solicitou a defi nição urgente de em áreas pouco atraentes para permanência. Fax: (61) 315-2894 país à frente desse tema. A dependência da nicotina gera doenças regras claras e baseadas em dados atualizados SERVIÇOS DE ALTA COMPLEXIDADE crônicas, fazendo do tabagismo o mais importante fator de risco E-MAILS sobre o fi nanciamento dos medicamentos excep- [email protected] O presidente do CONASS, Marcus Pestana, isolado para doenças graves e fatais como câncer, enfi semas, doen- cionais, bem como das responsabilidades de cada [email protected] solicitou ao Ministério maior agilidade para o ças cardiovasculares e respiratórias. Portanto, um problema que se esfera de governo nessa área. Costa disse que o credenciamento de serviços de alta complexidade. refl ete no Sistema Único de Saúde. INTERNET Ministério está trabalhando o Registro de Preços Contudo, o Secretário de Atenção à Saúde, Jorge A data-limite para entrega da ratifi cação brasileira da Conven- www.conass.org.br e que é preciso regular o mercado, tendo em vista ção-Quadro na OMS é 7 de novembro deste ano. Por esse motivo, Solla, explicou que existem muitas pendências nes- o país tem até o início de outubro para validar o tratado. Caso con- que há uma quantidade grande de medicamentos ses processos de credenciamento a serem solucio- trário, fi cará de fora das reuniões e das negociações internacionais novos e forte lobby das empresas produtoras. Ele nadas pelos estados. em torno do tema. CONASS propôs reunião do Ministério e do CONASS com .

2 consensus * junho / 2005 consensus * junho / 2005 3 Moisés Goldbaum ENTREVISTA Queremos fazer o melhor possível, e é isso que me move

Moisés Goldbaum tem um CONSENSUS – No imaginário coletivo, o Brasil estamos aprendendo, mas já temos um siste- currículo marcado pela vida investe pouco em pesquisa. Se não há mais recur- ma consolidado. A Resolução nº 196/1996 do sos, o que é possível fazer? Conselho Nacional de Saúde regula a ética em acadêmica. Graduado em GOLDBAUM – Isso não é só o imaginário, é pesquisas de saúde em seres humanos. Temos medicina em 1967, fez espe- verdade. Mas, entre 2004 e 2005, foram R$ 117 diretrizes e normas estabelecidas. Todas as pes- cialização em Saúde Pública milhões para fi nanciar projetos de pesquisa em quisas em seres humanos têm de passar pelos todo o Brasil. O montante de recursos vem cres- conselhos de ética. Como isso é novo ainda, e obteve os títulos de mestre e cendo. Estamos criando uma agenda nacional de tem sempre um pouco de acomodação. Porém, doutor em Medicina Preven- SECRETÁRIO prioridades em pesquisa na área da Saúde que acredito que já temos uma boa experiência. DE CIÊNCIA, contemple toda a cadeia de conhecimento. Pesqui- Por isso, estamos promovendo uma avaliação tiva. Foi presidente da Asso- TECNOLOGIA E INSUMOS sa em medicamentos, em vacina etc. em todos os conselhos de ética, para estudá-los ciação Brasileira de Pós-Gra- ESTRATÉGICOS DO CONSENSUS – O que é o Projeto Pesquisa para o melhor e podermos apoiar o desenvolvimento MINISTÉRIO DA duação em Saúde Coletiva e SAÚDE, MOISÉS SUS: gestão compartilhada em Saúde? deles no país todo. Os comitês são ligados a GOLDBAUM. desenvolveu diversos projetos GOLDBAUM – Como nós estabelecemos priori- universidades, a institutos de pesquisa; ou seja, dades em pesquisa, essa é uma delas. Ou seja, o toda instituição que realiza esse tipo de pesqui- CONSENSUS – Quais as principais tarefas da Secretaria que como consultor da Opas, do Ministério está priorizando pesquisas que possam sa tem de ter um comitê de ética. o sr. assumiu? CNPQ, do Ministério da Saú- aprimorar o desenvolvimento do SUS, que é o CONSENSUS – Como será a parceria do sr. com GOLDBAUM – A Secretaria vai além do desenvolvimento coração de nossa atividade. Esse é um prêmio os Secretários Estaduais? de, do Governo do Estado de da área de Ciência e Tecnologia no país, porque tem três anual para estimular quem trabalha nesse campo. GOLDBAUM – Acredito que precisamos ser abso- São Paulo, entre outros. Como departamentos (Assistência Farmacêutica; Ciência e Tec- São premiados os estudos que trazem respostas lutamente solidários nas decisões e nas implemen- nologia; Economia em Saúde) e mais um componente que acadêmico e pesquisador, tem tações das ações. Na questão da Assistência Far- é a Farmácia Popular. As atividades do Departamento de para os problemas enfrentados no SUS. Com isso, macêutica, por exemplo, estamos buscando o que é diversas publicações em epi- Assistência Farmacêutica e do Programa Farmácia Popular queremos aproximar a comunidade científi ca dos o melhor para a população. Espero que, no campo são convergentes, pois tratam da provisão de medicamentos gestores, para que os resultados possam ser rapi- demiologia e saúde pública da Ciência e Tecnologia e dos estudos de economia para a população. Esse é o maior departamento que temos. O damente incorporados ao sistema. É uma forma de apresentadas em congressos em saúde, possamos estar nos apoiando mutua- Departamento de Ciência e Tecnologia, por sua vez, visa im- aprimorar a gestão em Saúde. O prêmio é incen- mente. Os estados podem desenvolver programas internacionais. Assumiu a plementar a determinação da 1ª Conferência Nacional de Ci- tivo para isso. São vários níveis: artigo, mestrado, semelhantes aos que temos no nível federal. Um ência e Tecnologia em Saúde, realizada em 1994, que insere a doutorado, curso de especialização. Secretaria de Ciência, Tecno- exemplo é a parceria que o Ministério da Saúde Política Nacional de Ciência e Tecnologia em Saúde como um CONSENSUS – Existem 14 projetos nos Estados logia e Insumos Estratégicos tem com o Ministério da Ciência e Tecnologia, que componente da Política Nacional de Saúde. O Ministério tem do , Amapá, Rondônia, e , poderia ser repetido entre as respectivas Secreta- do Ministério da Saúde no dia um papel central no desenvolvimento dessa política em todos por meio do Projeto Pesquisa para o SUS – Saúde rias nos estados. os âmbitos em que ela se desenvolve, aportando recursos, Amazônia. Que tipo de pesquisa é feito? 20 de maio. A Secretaria foi CONSENSUS – Qual é o maior desafi o à frente apoiando e fomentando pesquisas. O terceiro Departamento GOLDBAUM – A região Norte é extremamente criada em 2003 para imple- dessa Secretaria? é o de Economia em Saúde. Vamos acompanhar a discussão carente na área de Ciência e Tecnologia. E, além GOLDBAUM – Os desafi os são muitos. Como mentar ações em Saúde que de orçamento e tudo que diz respeito a essa área. Atuaremos disso, tem problemas muito específi cos que não são somos um país de recursos limitados, temos junto ao Congresso Nacional e a outros ministérios, estados e explorados. Muitas vezes, as pesquisas são feitas visam possibilitar o acesso muitas difi culdades. O que acredito ser o maior municípios. por pessoas de fora da região, que acabam não da população aos insumos de desafi o é melhorar a articulação entre os di- CONSENSUS – A crescente demanda pelos medicamentos e trazendo benefícios para aquela população. A idéia ferentes projetos que estão sendo implementa- saúde e ao desenvolvimento a insufi ciência de recursos são questões importantes para os é criar uma base de estudo científi co e tecnológico dos, para evitar duplicações e racionalizar me- estados. Qual a solução? na Amazônia. científi co-tecnológico que lhor. Outra difi culdade é como estabelecer as GOLDBAUM – Vamos elaborar propostas, fazendo investiga- CONSENSUS – Como funciona o Sistema de tenham aplicação no Sistema prioridades em pesquisa, pois o leque é grande. ções, buscando soluções para os problemas, identifi cando os Informações sobre Ética em Pesquisa Envolvendo Não é uma tarefa fácil e simples. Queremos Único de Saúde (SUS). Veja, gargalos. A Farmácia Popular vem responder a uma neces- Seres Humanos (Sisnep)? fazer o melhor possível, e é isso que me move. a seguir, a entrevista que ele sidade da população que vai à farmácia. É uma política de GOLDBAUM – Já avançamos bastante nas governo bastante interessante. O ideal é que todos tivessem questões éticas no Brasil. Temos comitês no concedeu ao Consensus. acesso a medicamentos sem restrições. país todo, praticamente. É obvio que ainda .

4 consensus * junho / 2005 consensus * junho / 2005 5 Tabaco CAPA Controle Mundial do Tabaco

Há um ano, tratado internacional aguarda aprovação no Senado para líderes partidários e me empenhar na votação ser ratifi cado pelo Brasil. Ministro da Saúde pede agilidade ao presiden- da matéria”. No entanto, ele acredita que uma mobilização popular acerca do assunto seja HUMBERTO COSTA, te do Senado, que promete empenho na votação. fundamental para enfrentar o lobby feito pela RENAN CALHEIROS, PRESIDENTE DO SENADO. MINISTRO DA SAÚDE. indústria do tabaco. No Dia Mundial sem Tabaco, celebrado em texto deixou de ser prioridade em setembro do O Brasil se destacou nas transações e na ela- 31 de maio, o ministro da Saúde, Humberto ano passado, quando a Associação dos Fumicul- boração do contrato internacional e foi indicado Costa, entregou ao presidente do Senado, Renan tores do Brasil (Afubra) divulgou informações para ser seu principal negociador. O tratado foi Se quiser participar das negociações e Calheiros, uma carta com 24 mil assinaturas, sobre supostas implicações negativas da vali- proposto em 1999 pelos países-membros da buscar apoio para o desenvolvimento de alter- coletadas em diversos estados do país, reque- dação do tratado para a economia brasileira Organização Mundial de Saúde (OMS), a fi m nativas economicamente viáveis e saudáveis rendo a ratifi cação do primeiro tratado interna- – o que resultou na pressão das indústrias e de de proteger a população mundial e suas futuras para a cultura do fumo, o Brasil deverá validar cional de saúde pública – a Convenção-Quadro representações de agricultores, obstruindo a gerações das conseqüências sanitárias, sociais, o tratado e enviá-lo à ONU. A data-limite de para o controle do tabaco. A carta dizia: “So- ratifi cação do tratado no Senado Federal. ambientais e econômicas do consumo e da expo- recebimento das ratifi cações é 7 de novembro licito aos senadores que apóiem e participem O ministro pediu a Calheiros que a medida sição à fumaça do tabaco. deste ano. ativamente da ratifi cação da Convenção-Qua- seja ratifi cada e chamou de “lobby da morte” a Em novembro de 2004, a Convenção alcan- Aproximadamente cinco milhões de pessoas dro, reafi rmando o compromisso de proteger e ação das indústrias de tabaco pela não-aprovação çou 40 ratifi cações necessárias para entrar em morrem todos os anos em decorrência dos ma- preservar a saúde da nossa sociedade, buscando da Convenção. O Ministério da Saúde entregou vigor, o que aconteceu em 27 de fevereiro deste les causados pelo fumo. No Brasil, o número garantir ao povo brasileiro o direito à qualidade aos senadores cartilhas produzidas pelo Instituto ano. No início do mês de abril, 61 países haviam de mortes chega a 200 mil. Segundo a OMS, de vida e ao país condições necessárias para Nacional do Câncer (Inca), que desmitifi cam a validado o tratado, entre eles: Alemanha, Aus- se a atual tendência de expansão do consumo avanços sociais e econômicos”. idéia de que a aprovação do tratado prejudica- trália, Canadá, Dinamarca, Espanha, Finlândia, do tabaco for mantida, por volta do ano 2030, Apesar de ter sido aprovada por unanimidade rá os plantadores de fumo no Brasil – principal França, Índia (3° maior produtor mundial de o número de mortes anuais será de 10 mil e em caráter de urgência na Câmara dos Deputa- argumento da indústria do tabaco. Em resposta, tabaco), Japão, México, Países Baixos, Peru, – metade delas em pessoas de 35 a 69 anos. dos, em maio de 2004, a Convenção está há mais Renan Calheiros disse que pretende dar caráter Quênia, Reino Unido, Turquia e Uruguai. de um ano aguardando a decisão do Senado. O de urgência ao assunto: “Vou discutir o tema com

A Convenção-Quadro para o controle do Redução da oferta de produtos do tabaco: tabaco objetiva preservar as gerações presentes eliminação do contrabando; e restrição ao apoio e futuras das conseqüências sanitárias, sociais, e aos subsídios relativos à produção e à manu- ambientais e econômicas do consumo e da fatura do tabaco. exposição à fumaça do tabaco. As principais Proteção ao meio ambiente. medidas a serem adotadas são: Responsabilidade civil: inclusão das ques- Redução da demanda por tabaco: apli- tões de responsabilidade civil e penal nas polí- cação de políticas tributárias e de preços; ticas de controle do tabaco, bem como estabe- proteção contra a exposição à fumaça do lecimento das bases para a cooperação judicial tabaco em ambientes fechados; regulamen- nessa área. tação dos conteúdos e das emissões dos Cooperação técnica, científica e in- produtos derivados do tabaco e a divulgação tercâmbio de informações: elaboração de de informações relativas a estes produtos; pesquisas nacionais relacionadas ao tabaco desenvolvimento de programas de educação e seu impacto sobre a saúde pública; coorde- e conscientização sobre os malefícios do ta- nação de programas de pesquisas regionais e bagismo; proibição de publicidade, promoção internacionais; estabelecimento de programas e patrocínio; e implementação de programas de vigilância do tabaco; e cooperação nas de tratamento da dependência de nicotina. áreas jurídica, científica e técnica. FONTE: INCA.

6 consensus * junho / 2005 consensus * junho / 2005 7 Opinião ARTIGO Questões fundamentais para a formulação do Pacto de Gestão

seu âmbito de ação, desaparecendo, por conseqüência, as associações corporativas, as igre- Texto elaborado pelo Grupo de Trabalho do CONASS os mecanismos de habilitação vigentes. jas, a mídia, os movimentos sociais, para a discussão do Pacto de Gestão. É preciso reorientar o eixo da programação que a fi m de que a sociedade organizada deverá ser feita pelo planejamento das necessidades. decida qual SUS quer e quanto está Sem desconsiderar os encami- OPacto interfederativo não deve se restringir a uma Assim, todo o planejamento do SUS deverá ser reali- disposta a pagar por ele, mediante nhamentos da CIT na reunião do melhoria dos mecanismos de gestão do SUS. É neces- zado para atender às necessidades de saúde, expressas impostos e contribuições fi nanceiras. dia 11 de maio de 2005, que defi niu sário que se institua como um Pacto pela Vida, cujo ob- em situações epidemiologicamente defi nidas e pelas O fi nanciamento deverá ser tri- os eixos temáticos (verticais) e a jetivo é melhorar as condições da vida dos brasileiros. expectativas e demandas das populações. partite, portanto, solidário entre a metodologia para a discussão do Para isso, o Pacto deve estruturar-se em torno de Os principais instrumentos de gestão a serem utili- trina federativa, obedecerá ao prin- Pacto, o CONASS entende que antes um conjunto restrito de metas sanitárias mobiliza- zados são: de certifi cação, de programação, de con- cípio da eqüidade e se fará, diversa- de entrar na discussão dos temas doras, a partir de compromissos sanitários e de ges- trole e avaliação; e de contratação. O SUS dispõe de mente, para custeio e investimentos. específi cos estabelecidos (Atenção tão que deverão ser atingidos pelo SUS. Uma delas, vários instrumentos de programação: a programação Os fl uxos de recursos intergestores Primária, Atenção de Média e Alta obrigatória, seria a redução da mortalidade infantil e pactuada e integrada da assistência à saúde; a progra- deverão ser feitos fundo a fundo e Complexidade e Assistência Farma- materna. mação pactuada e integrada da vigilância em saúde; em cinco grandes blocos: Atenção cêutica), é necessário que se defi nam O Pacto deverá realizar a mudança no modelo da o termo de ajuste e metas da vigilância sanitária; e Primária à Saúde, Atenção à Mé- as linhas gerais e os fundamentos atenção à saúde. A atual situação epidemiológica o pacto dos indicadores da atenção básica à saúde. dia Complexidade, Atenção à Alta para a formulação do Pacto de Ges- brasileira só pode ser enfrentada, com sucesso, por Haverá de se fazer um esforço de unifi cação desses Complexidade, Vigilância em Saúde e tão, cuja discussão deve responder meio da organização do SUS em redes horizontais de diferentes instrumentos. Assistência Farmacêutica. às questões-chave que o novo Pac- atenção à saúde, a fi m de garantir o acesso a serviços Para que as programações se concretizem, na prá- Essas transferências intergestores to pretende superar; e permitir um de saúde de boa qualidade. tica de um sistema instituído em variadas unidades de serão concretizadas mediante con- melhor detalhamento das questões Essas redes de atenção à saúde, coerentes com os saúde e em diferentes espaços territoriais, sob a forma tratos entre as partes que defi nam operacionais quando da discussão princípios do SUS, deverão ser construídas sob a égide de redes de atenção à saúde, haverá de se organizar os os produtos a serem realizados e dos eixos temáticos. da responsabilidade sanitária, adequar-se à realidade sistemas logísticos, especialmente o cartão de iden- seus resultados, com base na progra- O Pacto de Gestão deve contem- de cada região do país e integrar as ações da pro- tifi cação dos cidadãos e os sistemas de transportes mação pactuada e integrada; esses plar os princípios do SUS previstos moção da saúde, da atenção primária, da atenção a sanitários. contratos deverão ser monitorados e na Constituição Federal de 1988 médias e altas complexidades ambulatoriais e hospita- O controle social deverá ser ampliado. Além dos avaliados por um sistema de controle e na Lei nº 8.080/1990 e apontar lares, da vigilância em saúde e das políticas de recur- Conselhos Nacional, Estaduais e Municipais de Saúde, e avaliação acordado entre as partes. para a construção de um modelo de sos humanos. deverá ser estimulada a criação de Fóruns Microrre- O pagamento dos serviços aos atenção à saúde que busque respon- A construção social dos espaços territoriais deverá gionais de Saúde. prestadores será feito, também, com der aos desafios atuais da gestão e fazer-se, dialeticamente, em conformidade com os prin- A questão do fi nanciamento deverá representar um base na programação pactuada e dar respostas concretas às necessi- cípios de economia de escala e do acesso a serviços de ponto central do Pacto. É fundamental que os gestores integrada. Envolverá contratos entre dades de saúde da população brasi- qualidade e em obediência aos fl uxos assistenciais e às do Ministério da Saúde e das Secretarias Estaduais e os gestores e os prestadores e siste- leira. redes viárias existentes. É necessário ter, na utilização Municipais de Saúde acordem que os recursos com- mas de controle e avaliação desses Para a sua elaboração, é neces- desses princípios, uma fl exibilidade que permita res- prometidos com o SUS, mesmo se cumprida a Emenda contratos. O sistema de pagamento sário que sejam definidas questões- ponder às necessidades singulares de regiões de baixa Constitucional nº 29, não serão sufi cientes para ins- deverá evoluir, ao longo do tempo, chave (modelo de atenção à saúde, densidade demográfi ca, como, por exemplo, a região tituir um sistema público universal para toda a popu- para um sistema de pagamento por espaços territoriais, responsabili- Norte e a Amazônia Legal. lação brasileira, tal como determina a Constituição capitação ou orçamento global. dades de gestão, instrumentos de As responsabilidades de gestão deverão ser atri- Federal e a legislação infraconstitucional. Essa mensa- Com base na discussão dessas gestão e financiamento e alocação buídas de acordo com a legislação do SUS e com o gem deverá ser transmitida, de forma intensa e con- questões-chave e nos seus desdobra- de recursos) que balizem o seu princípio da responsabilização inequívoca. As ações de tinuada, à população brasileira e constituirá a sinali- mentos é que devem ser feitos a dis- desenho estratégico e que sirvam de atenção primária à saúde são responsabilidade dos mu- zação mais clara para o movimento de politização da cussão e o detalhamento operacional diretrizes para o detalhamento ope- nicípios. Deverão ser defi nidas as responsabilidades das Saúde no país. É necessário romper os limites setoriais dos eixos verticais (grandes temas). racional dos diversos temas a serem três esferas de gestão na média e na alta complexidade. e levar a discussão sobre a política pública de Saúde abordados. Todos os Entes Federativos serão gestores plenos, no para os parlamentos, as universidades, os sindicatos, .

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ESTADOS

DISTRITO FEDERAL Programa, que têm como fru- Walfredo Gurgel, no qual a ca- O Secretário de Saúde do to o Plano Diretor do próprio pacitação começou no dia 27 Distrito Federal, José Geraldo hospital da rede Pró-Hosp. de maio, o treinamento assume Maciel, já está colocando em caráter inédito por ter duração PARANÁ prática o seu plano de ação de três meses e público-alvo Em comemoração ao Dia para o setor. Entre as princi- em torno de 400 profi ssionais. Nacional de Redução da pais medidas adotadas, está o A grade de conteúdos do curso Mortalidade Materna, no REPRESENTANTE DO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE, fortalecimento dos centros e abrange os módulos: Nova dia 28 de maio, a Secre- NILDES ANDRADE; PRESIDENTE DO CONASS, MARCUS dos postos de saúde do DF, que Cultura no Atendimento Hospi- PESTANA; SECRETÁRIO DE SAÚDE DE SÃO LUIS, EDMUNDO taria de Saúde do Paraná contarão com clínico geral, pe- talar; Serviço Social e Relacio- COSTA; PRESIDENTE DO CONASEMS, SÍLVIO FERNANDES; E lançou manuais educativos MINISTRO DA SAÚDE, HUMBERTO COSTA. diatra, ginecologista, enfermei- namento em Saúde; e Aspectos que foram distribuídos para ros, auxiliares de enfermagem Jurídicos da Humanização. as 22 Regionais de Saúde. Posse do Conasems e pessoal de apoio, bem como O objetivo é melhorar ainda A solenidade de posse da nova diretoria do Conselho com suporte de remédios e in- PIAUÍ Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) Com a presença do Secre- mais a estrutura ofertada pela sumos básicos. Paralelamente, foi realizada no último dia 8 de junho em Brasília e contou tário de Estado de Saúde, Secretaria, visando sempre à o Programa Família Saudável com a presença do ministro da Saúde, Humberto Costa, do Marcus Pestana, e de vários qualifi cação no atendimento também será reforçado. O obje- presidente do CONASS, Marcus Pestana, de parlamentares, prefeitos e Secretários Muni- à gestante e aos bebês de alto tivo é desafogar os hospitais do prefeitos e autoridades da área da Saúde dos governos Fe- cipais de Saúde, foi lançada risco. No início de abril, sistema público. “Com a rees- deral, Estadual e Municipal. no dia 25 de maio, em San- o Secretário Cláudio Xavier truturação da Atenção Básica, O novo presidente, Sílvio Fernandes, falou sobre as diretri- ta Luzia, mais uma fase do lançou um grande mutirão atender a até 80% da zes a serem seguidas pelo Conselho nos próximos dois anos, Programa de Fortalecimento para combater a mortalidade demanda das unidades de nível com o objetivo de fortalecer a participação dos municípios e Melhoria da Qualidade dos materna e infantil no estado. secundário”, estima Maciel. nas discussões sobre Saúde Pública. Dois pontos citados por Hospitais do SUS/MG (Pró- Durante a reunião Biparti- ele como fundamentais foram o fi nanciamento e a gestão SÃO PAULO Hosp). Nessa fase, o Programa te, Xavier convocou todos do trabalho. O Estado de São Paulo regis- será estendido aos hospitais os prefeitos, os Secretários A importância do Conasems para a consolidação do trou em 2004 o menor índice de 55 microrregiões, implan- Municipais de Saúde e as SUS foi lembrada pelo ministro da Saúde, Humberto Cos- de mortalidade infantil da tando o Pró-Hosp em todo o instituições públicas e privadas Piauí consolida seu Plano ta, em sua saudação. história. É o que demonstra estado. O Governo de Minas a se engajarem no objetivo de Diretor de Humanização da o levantamento da Secretaria já investiu R$ 85 milhões no diminuir os índices em 10% Atenção e da Gestão da Saúde. de Estado da Saúde. Nas 645 Programa. Com a liberação até o fi m de 2006. Até agora, O desafi o de ser o segundo CNS não aprova Programa de já foram investidos mais de R$ cidades do estado, a marca foi de mais R$ 20 milhões para estado do país a aceitar a 7 milhões em equipamentos de 14,25 (14,25 mortes para os 55 pólos das microrregi- proposta de avaliar, implantar Transição das Equipes do PSF para hospitais de referência mil nascidos vivos), redução de ões restantes, já são mais de e adequar a Política Nacional para o tratamento de gestantes Reunido nos dias 8 e 9 de junho, o Conselho Nacional 83% em comparação a 1975, R$ 105 milhões do Tesouro do de Humanização do Minis- de alto risco. de Saúde (CNS) posicionou-se contrário ao Programa de quando o coefi ciente foi de estado investidos no Pró-Hosp. tério da Saúde começou a Transição das Equipes do Programa de Saúde da Família, 85,24. A assistência ao recém- Alguns dos hospitais benefi - ser discutido no mês de maio cuja proposta foi apresentada pelo Ministério da Saúde ao nascido, a expansão do sanea- ciados por essa nova fase já A humanização nos hospitais com representantes de todas Grupo de Trabalho de Atenção Básica. Foram sete votos mento básico e as campanhas receberam recursos em maio. tem sido fortalecida no Rio as regiões do Piauí. Durante O Pró-Hosp é uma iniciativa a favor, 16 contra e seis abstenções. Alguns conselheiros de vacinação são os principais Grande do Norte. O coordena- seminário realizado dias 18 consideraram a proposta um retrocesso que traria prejuízos do Governo de Minas Gerais dor do Programa Estadual de e 19 de maio, a Secretária motivos para a queda da taxa. ao modelo de Atenção Básica, pois possibilitaria a frag- que garante recursos adicio- Humanização da Assistência Estadual da Saúde do Piauí, Em 2003, o índice no estado mentação do fi nanciamento. Segundo esse argumento, se nais aos principais hospitais à Saúde, Tarcísio Gurgel, e sua Tatiana Chaves, explicou que foi de 14,8. No ano anterior, trataria de estratégia de reversão do modelo – sem apro- estaduais, visando à melhoria equipe estão realizando cur- a política estadual de humani- esse número era de 15,04. fundamento de avaliação e com graves distorções no país. no atendimento à população e sos em unidades hospitalares zação garante desde o apa- Em 2001, foi 16,07. Em 229 Eles acreditam que o plano pretendia qualifi car a Atenção do gerenciamento das diver- do estado, como no Hospital relhamento de hospitais, por cidades do estado, a taxa fi cou Básica, mas não trazia soluções pontuais. Além disso, se sas unidades hospitalares e Universitário Onofre Lopes, no meio da aquisição de novos abaixo de dois dígitos, nível aprovado, desagregaria as unidades básicas hoje vigentes, oferecendo ainda cursos de Hospital de Currais Novos e equipamentos, até a educação comparado com os países de- gestão hospitalar, obrigatórios no Hospital Pediátrico (Hos- permanente dos servidores. possibilitaria a precarização do trabalho de RH e aprofun- senvolvidos da Europa. para todos os participantes do ped) da UFRN. No Hospital . daria as diferenças salariais.

10 consensus * junho / 2005 consensus * junho / 2005 11 serviços 8 e 9 de junho Reunião do Conselho Nacional de Saúde – Brasília/DF

13 e 14 de julho 14 a 18 de junho Reunião do Conselho Nacional de Saúde – Brasília/DF 1º Simpósio Internacional da Conferência Luso-Fran- cófona da Saúde (Colufras) 20 de julho – Montreal/Canadá Assembléia do CONASS – Brasília/DF

28 a 30 de junho Simpósio sobre Política Nacional de Saúde – Auditório Nereu Ramos – Brasília/DF

29 de junho Assembléia do CONASS – Brasília/DF

30 de junho 21 de julho Reunião da Comissão Interges- Reunião da Comissão tores Tripartite – Brasília/DF Intergestores Tripartite – Brasília/DF

CONASS PRESIDENTE: Marcus Pestana (MG). VICE-PRESIDENTES: Fernando Cupertino (GO); Fernando Dourado (PA); Jurandi Frutuoso (CE); Luiz Roberto Barradas (SP); e Osmar Terra (RS). SECRETÁRIOS ESTADUAIS DE SAÚDE: Anselmo Tose (ES); Cláudio Xavier (PR); Eugênia Glaucy Moura Ferreira (RR); Fernando Cupertino (GO); Fernando Dourado (PA); Gentil Porto (PE); Gilson Cantarino (RJ); Gismar Gomes (TO); Helena Maria Duailibe Ferreira (MA); José Antônio Alves (BA); José Geraldo Maciel (DF); José Lima Santana (SE); Jurandi Frutuoso Silva (CE); Kátia Born (AL); Luiz Eduardo Cherem (SC); Luiz Roberto Barra- das Barata (SP); Marcos Henrique Machado (MT); Marcus Vinícius Pestana (MG); Matias Gonsales Soares (MS); Milton Luiz Moreira (RO); Osmar Terra (RS); Reginaldo Tavares de Albuquerque (PB); Ruy Pereira (RN); Suely de Souza Melo (AC); Tatia- na Vieira Sousa Chaves (PI); Uilton José Tavares (AP); e Wilson Duarte Alecrim (AM). SECRETÁRIO EXECUTIVO: Ricardo F. Scotti. ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO: Adriane Cruz e Ana Luiza Wenke. ASSESSORIA TÉCNICA: Déa Carvalho, Gisele , Júlio Müller, Luiz Fernando Rolim, Regina Nicoletti, René Santos, Rita Cataneli e Viviane Luiz. APOIO ADMINISTRATIVO: Adriano Salgado, Carolina Abad, Júlio B. C. Filho, Luciana Tolêdo Lopes, Paulo de Paiva Arbués e Sheyla Ayala. CÂMARAS TÉCNICAS: Assistência Farmacêutica; Atenção à Saúde; Epidemiologia; Gestão e Financiamento; Informação e Informática; Recursos Humanos e Vigilância Sanitária.