1ª VERSÃO – 2018

Udo Döhler Prefeito Municipal

Nelson Henrique Coelho Vice-Prefeito

Jonas de Medeiros Secretário de Agricultura e Meio Ambiente

Valdeci Marcos Moraes Diretor Executivo da SAMA

Felipe Hardt Diretor Executivo da SAMA

Clailton Dionízio Breis Gerente da Unidade de Desenvolvimento e Gestão Ambiental da SAMA

COMISSÃO DE ELABORAÇÃO DO PMMA

(conforme Portaria Conjunta SAMA/SEPUD nº 119/2018)

Coordenador da Comissão: Clailton Dionízio Breis (Gerente da Unidade de Desenvolvimento de Gestão Ambiental – UGA)

Supervisor Técnico da Comissão: Giampaolo Barbosa Marchesini (Engenheiro Agrônomo)

Membros Técnicos da Comissão: Cristina Henning da Costa (Engenheira Sanitarista) Emilia Grasiele Nicolodi (Geógrafa) Flávia Luiza Colla (Engenheira Florestal) Giampaolo Barbosa Marchesini (Engenheiro Agrônomo) Isabelle Costa Luís (Arquiteta) Leonardo Rhoden Rech (Engenheiro Sanitarista) Lucas Araújo Costa (Geólogo) Luis Gustavo Ravazolo (Biólogo) Pryscilla Menarin Dzazio (Engenheira Agrônoma) Marcela da Cruz Soares da Silva (Pedagoga) Magda Cristina Villanueva Franco (Coordenadora I – Msc. Gestão de Políticas Públicas, Advogada) Gilberto Lessa dos Santos (Arquiteto)

Colaboradores: Gizele Ribeiro da Silva da Luz (Agente Administrativo) Henrique Bastos de Lacerda (Engenheiro Florestal) Jéssica Oneda da Silva (Engenheira Florestal) Marcos Aurélio de Freitas (Engenheiro Agrônomo) Michel Gessner Ribeiro (Técnico Agrícola) Juliana Serpa de Lima (Estagiária de Biologia) Sandra Costa Amaral Dellape (Estagiária de Engenharia Sanitária)

Apoio: Projeto ANAMMA (Associação Nacional dos Órgãos Municipais e Meio Ambiente) ONU Meio Ambiente

SUMÁRIO

1. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO ...... 7

1.1 HISTÓRICO DO MUNICÍPIO ...... 7

1.2 LOCALIZAÇÃO, INSERÇÃO REGIONAL E DIVISÃO POLÍTICA E ADMINISTRATIVA...... 9 1.2.1 Inserção regional ...... 11 1.2.2 Divisão Política e Administrativa ...... 16

1.3 ASPECTOS ECONÔMICOS ...... 17

2. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL ...... 21

2.1 MEIO FÍSICO ...... 21 2.1.1 Aspectos climatológicos ...... 21 2.1.2 Geodiversidades ...... 29 2.1.3 Solos ...... 38 2.1.4 Geomorfologia ...... 39 2.1.5 Recursos hídricos...... 41

2.2 DIAGNÓSTICO DOS REMANESCENTES DE MATA ATLÂNTICA NO MUNICÍPIO DE ...... 49 2.2.1 Fitofisionomias originais ...... 49 2.2.2 Remanescentes florestais ...... 56 2.2.3 Espécias endêmicas, ameaçadas, de importância econômica e exóticas invasoras ...82 2.2.4 Fauna...... 82 2.2.5 Áreas de risco e fragilidade ambiental ...... 85 2.2.6 Núcleos urbanos ...... 104 2.2.7 Estrutura fundiária ...... 110 2.2.8 Terras públicas ...... 116 2.2.9 Unidades de Conservação ...... 118 2.2.10 Populações tradicionais ...... 131 2.2.11 Belezas cênicas, atrativos naturais e histórico-culturais arqueológicos ...... 135

2.3 MUDANÇAS CLIMÁTICAS ...... 142 2.3.1 Impacto das mudanças climáticas em Joinville ...... 142 2.4 VETORES DE DESMATAMENTO OU DESTRUIÇÃO DA VEGETAÇÃO NATIVA...... 148

2.5 CAPACIDADE DE GESTÃO AMBIENTAL PÚBLICA DO MUNICÍPIO ...... 159 2.5.1 Catalogação da legislação federal, estadual e municipal afetas à gestão da Mata Atlântica ...... 164

2.6 PLANOS E PROGRAMAS INCIDENTES NO MUNICÍPIO ...... 169 2.6.1 Plano Diretor Municipal ...... 169 2.6.2 Plano Municipal de Saneamento Básico ...... 172 2.6.3 Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental Serra Dona Francisca ...... 175

2.6.4 Plano de Manejo da Área de Relevante Interesse do Morro do Boa Vista ...... 177 2.6.5 Resumo da avaliação dos planos e programas ...... 178 2.6.6 Programas e ações de educação ambiental no município de Joinville ...... 179

3. ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CONSERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA ...... 187

ANEXOS ...... 204

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Este diagnóstico é parte integrante do Plano Municipal de Recuperação e Conservação da Mata Atlântica (PMMA) do município de Joinville/SC. A elaboração deste diagnóstico vem de encontro aos itens previstos na Lei da Mata Atlântica (Lei Federal nº 11.428/2006 e Decreto Federal nº 6.660/2008), onde é exigido o levantamento e mapeamento dos remanescentes de MA; a descrição do grau de conservação ou degradação; e a indicação de quais remanescentes encontram-se em área urbana ou rural. Este diagnóstico está dividido em três partes. No primeiro capítulo consta a caracterização do município, com sua contextualização histórica, localização e inserção regional, divisão política e administrativa e aspectos econômicos. O segundo capítulo apresenta os resultados dos levantamentos efetuados para atendimento da Lei da Mata Atlântica. Além do atendimento à legislação através desses itens, como forma de enriquecer o diagnóstico, realizou-se também todo um diagnóstico da situação desses remanescentes no município através da caracterização do meio físico; levantamento das fitofisionomias originais; identificação da situação dos remanescentes das áreas urbana e rural; comparação das áreas vegetadas dentro de APPs e reservas legais de propriedades rurais conforme o CAR; identificação das unidades de conservação presentes no município e seu entorno; identificação das comunidades tradicionais localizadas em Joinville; identificação de áreas de risco; levantamento de terras públicas e a sua situação com relação à Mata Atlântica; dentre outros itens. Também apresenta uma investigação bibliográfica sobre Mudanças Climáticas, com o objetivo de identificar os impactos potenciais das mudanças graduais de temperatura e precipitação pluviométrica no bioma Mata Atlântica e no município de Joinville. Ainda no segundo capítulo é apresentado o levantamento dos vetores de desmatamento ou destruição da vegetação nativa, que também é um item previsto na legislação. Após este item, é apresentado um diagnóstico da capacidade de gestão do município a partir do arcabouço legal e da análise de como funciona a gestão ambiental em Joinville. O terceiro capítulo apresenta a definição das áreas prioritárias para recuperação e conservação, sendo também um item previsto na legislação. Em virtude da grande quantidade de dados já produzidos no município para outros estudos, bem como dos importantes dados levantados a partir do mapeamento dos remanescentes e de suas fitofisionomias, optou-se por apresentar todas as informações coletadas a partir deste apêndice. A partir deste diagnóstico completo, será realizada a sua sistematização para que possam ser apontados os desafios e oportunidades para o PMMA e a

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definição dos objetivos e ações prioritárias para conservação e recuperação da Mata Atlântica no município de Joinville. Convém destacar que para elaboração deste diagnóstico, foram realizadas quatro oficinas técnicas com entidades que apresentam experiência na área ambiental dentro do município. As oficinas técnicas tinham como objetivo apresentar os dados previamente levantados para os participantes, onde eles poderiam propor inclusão, retirada ou reforço das propostas apresentadas. As oficinas tiveram como tema: 1 – Participação social e Áreas Prioritárias para Conservação; 2 – Corredores Ecológicos; 3 – Programas de Educação Ambiental; 4 – Remanescentes de Vegetação Nativa e Indicação dos principais vetores de desmatamento ou degradação. Todas as informações coletadas nas oficinas foram consideradas para finalização deste diagnóstico.

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1. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

1.1 HISTÓRICO DO MUNICÍPIO

Habitualmente remonta-se o surgimento da Colônia Dona Francisca, atual cidade de Joinville, ao contrato assinado em 1849 entre a Sociedade Colonizadora de Hamburgo e o príncipe e a princesa de Joinville (ele, filho do rei da França, e ela, irmã do imperador D. Pedro II), mediante o qual estes cediam 8 léguas quadradas à dita Sociedade para que fossem colonizadas. Assim, oficialmente, a história de Joinville começa com a chegada da primeira leva de imigrantes europeus e a “fundação” da cidade em 9 de março de 1851. Sabe-se, no entanto, que, há cerca de cinco mil anos, comunidades de caçadores já ocupavam a região, deixando vestígios (sambaquis, artefatos, oficinas líticas e fornos). Índios ainda habitavam as cercanias quando aqui chegaram os primeiros imigrantes. Por fim, no século XVIII, estabeleceram-se na região famílias de origem portuguesa, com seus escravos negros, vindos provavelmente da capitania de São Vicente (hoje Estado de São Paulo) e da vizinha cidade de São Francisco do Sul. Essas famílias adquiriram grandes lotes de terra (sesmarias) nas regiões do Cubatão, Bucarein, Boa Vista e Itaum, e aí passaram a cultivar mandioca, cana-de-açúcar, arroz, milho, entre outros. Por volta da década de 1840, uma grave crise econômica, social e política assolou a Europa. Fugindo da miséria, do desemprego e de perseguições políticas, milhares de pessoas resolveram imigrar. Um dos destinos era a Colônia Dona Francisca, para onde vieram cerca de 17 mil pessoas, entre 1850 e 1888. Em sua maioria protestantes luteranos e agricultores sem recursos, estimulados pela propaganda que apresentava o lugar como se fosse um verdadeiro paraíso terrestre. A intenção da Sociedade Colonizadora, formada por banqueiros, empresários e comerciantes, era, entretanto, auferir grandes lucros com a “exportação” dessa “carga humana” e estabelecer uma Colônia “alemã”, vinculada aos interesses comerciais alemães, como a especulação imobiliária. A diversidade étnica foi uma característica do processo colonizador em Joinville. À população luso-brasileira e negra juntaram-se, sobretudo, os germânicos (alemães e suíços que eram maioria no início – noruegueses, austríacos, suecos, dinamarqueses, belgas e holandeses), franceses e italianos. Os primeiros tempos na Colônia foram dificílimos para os imigrantes. Enfrentaram a natureza, a mata fechada, o solo pantanoso, o clima úmido e as doenças tropicais, responsáveis por inúmeras mortes. Superadas as dificuldades iniciais, a situação dos colonos melhorava sensivelmente.

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Em 1866, Joinville foi elevada à categoria de vila, desmembrando-se politicamente de São Francisco do Sul. Em 1877, Dona Francisca já contava com cerca de 12 mil habitantes, a maioria vivendo na área rural. A indústria e o comércio, porém, começavam a se destacar. Havia quatro engenhos de erva-mate, 200 moinhos e 11 olarias. Exportava-se madeira, couro, louça, sapatos, móveis, cigarros e mate; importava-se ferro, artigos de porcelana e pedra, instrumentos musicais, máquinas e instrumentos agrícolas, sal, medicamentos, trigo, vinho, cerveja, carne seca e sardinha. Na década de 1880, surgiram as primeiras indústrias têxteis e metalúrgicas. O mate transformou-se no principal produto de exportação da Colônia Dona Francisca. O seu comércio, iniciado por industriais vindos do Paraná, deu origem às primeiras fortunas locais. Nesse período, Joinville já contava com inúmeras associações culturais (ginástica, tiro, canto, teatro), escola, igrejas, hospital, loja maçônica, corpo de bombeiros, entre outros, cujo modelo de organização era o existente nos países de origem dos colonos de descendência germânica. No início do século XX, uma série de fatos acelerou o desenvolvimento da cidade. Foi inaugurada a Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande, que passava por Joinville, rumo a São Francisco do Sul. Surgia a energia elétrica, o primeiro automóvel, o primeiro telefone e o sistema de transporte coletivo. Na área educacional, o professor paulista Orestes Guimarães promoveu a reforma no ensino em Joinville. Em 1926, a cidade tinha 46 mil habitantes. O chefe do executivo era o superintendente (depois prefeito), auxiliado por quatro intendentes por ele escolhidos. O poder legislativo era formado por nove conselheiros (depois vereadores). Na economia, percebia-se o fortalecimento do setor metalmecânico. Surge, assim, o capital acumulado durante décadas pelos imigrantes germânicos e seus descendentes. A partir de 1938, a cidade passou a sofrer os efeitos da “Campanha de Nacionalização” promovida pelo governo Vargas. A língua alemã foi proibida, as associações alemãs foram extintas, alemães e descendentes foram perseguidos e presos. Essas ações intensificaram-se ainda mais com a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Foi o período mais triste da história da cidade. Entre as décadas de 1950 e 1980, Joinville viveu outro surto de crescimento. Com o fim do conflito mundial, o Brasil deixou de receber os produtos industrializados da Europa. Isso fez com que a cidade se transformasse, em pouco tempo, num dos principais polos industriais do país, recebendo, por isso, a denominação de “Manchester Catarinense” (referência à cidade inglesa de mesmo nome). O perfil da população modificou-se radicalmente com a chegada de imigrantes vindos de várias partes do país, em busca de melhores condições de vida. Aos descendentes dos imigrantes que colonizaram a região, somam-se hoje pessoas das mais diferentes origens

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étnicas, formando uma população de cerca de 546.981 mil habitantes. Joinville vive o dilema de uma cidade que pretende preservar sua história e inserir-se na “modernidade”.

Fonte: SEPUD/PMJ (2017) - adaptado de texto de Dilney Fermino Cunha (professor e historiador); sociedade amigos de joinville (org,). álbum do centenário de joinville: 1851 - 9 de março - 1951; pp. 19 - 20 e ibge- censo demográfico 2010

1.2 LOCALIZAÇÃO, INSERÇÃO REGIONAL E DIVISÃO POLÍTICA E ADMINISTRATIVA

O município de Joinville encontra-se localizado no estado de , região Sul do Brasil (Figura 1). Faz divisa ao norte com o município de (SC), a noroeste com Campo Alegre (SC), a leste com Jaraguá do Sul (SC), a sudoeste com Schroeder (SC), a sul com (SC), a sudeste com (SC) e a leste com São Francisco do Sul (SC). Joinville está localizada entre as coordenadas 26°18’05” S e 48°50’38” W, nas proximidades da divisa de Santa Catarina com o estado do Paraná, estando a aproximadamente 130 km de distância de Curitiba (PR). O município se desenvolveu em uma planície situada entre a Floresta Atlântica da Serra do Mar e a Baía da Babitonga. Esta posição foi estratégica para o desenvolvimento do município em seus primeiros anos de colonização – apesar das restrições ambientais –, visto que a localização ao fundo do sistema hídrico formado pelo Rio Cachoeira, Lagoa do Saguaçu e Baía da Babitonga, favorecia o acesso à antiga colônia para o escoamento da produção vinda do planalto norte catarinense em direção aos portos (Santana, 1998). Joinville é um município de grande importância para o Sul do Brasil, sendo um dos polos industriais desta região, com volume de receitas geradas aos cofres públicos inferior apenas as capitais Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR) (SEPUD/PMJ, 2017), o que o torna Núcleo Metropolitano da Região Metropolitana do Norte/Nordeste Catarinense e também município sede da Agência de Desenvolvimento Regional de Joinville (ADR-Joinville). Conforme IBGE (2018), a população estimada para o município de Joinville para o ano de 2018 é de 583.144 habitantes. No último Censo Demográfico, realizado no ano de 2010, a população era de 515.288 habitantes, tendo o município uma densidade demográfica de 457,58 hab/km2. De acordo com IPPUJ (2016), a taxa de crescimento populacional do município no ano de 2016 foi de 1,33%. A previsão é de que até o ano de 2030 a população de Joinville amplie para 676.689 habitantes (SEPUD, 2017).

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Figura 1: Localização do Município de Joinville/SC

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1.2.1 Inserção regional

1.2.1.1 Divisões regionais conforme IBGE

No ano de 2017 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) substituiu a divisão do Brasil de mesorregiões e microrregiões pela divisão por regiões geográficas imediatas e intermediárias, respectivamente (IBGE, 2017). Esta revisão seguiu uma metodologia comum para todo o território brasileiro e tem o objetivo de subsidiar o planejamento e gestão de políticas públicas em níveis federal e estadual e auxiliar na divulgação de dados estatísticos e geocientíficos (IBGE, 2017). Essa nova proposta de regionalização do território brasileiro baseou-se na identificação de cidades-polo e dos municípios a elas vinculados (IBGE, 2017).

 Regiões Geográficas Intermediárias

De acordo com IBGE (2017), as Regiões Geográficas Intermediárias foram delimitadas com a inclusão de metrópole ou capital regional; nos casos onde não existiam esses dois casos, foram utilizados os centros urbanos de menor dimensão que fossem representativos para a região. Essas regiões “organizam o território articulando as Regiões Geográficas Imediatas por meio de um polo de hierarquia superior diferenciado a partir dos fluxos de gestão privado e público e da existência de funções urbanas de maior complexidade” (IBGE, 2017). Conforme mapa da Figura 2, o município de Joinville é polo da Região Geográfica Intermediária de Joinville, que é composto pelos seguintes municípios (Tabela 1):

Tabela 1: Municípios que compõem a Região Geográfica Intermediária de Joinville (IBGE, 2017) Municípios 1 Araquari 2 Balneário Barra do Sul 3 4 5 Corupá 6 Garuva 7 Guaramirim 8 Irineópolis 9 Itaiópolis

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Municípios 10 Itapoá 11 Jaraguá do Sul 12 Joinville 13 Mafra 14 15 Massaranduba 16 Monte Castelo 17 18 Porto União 19 20 São Bento do Sul 21 São Francisco do Sul 22 São João do Itaperiú 23 Schroeder 24 Três Barras

Figura 2: Região Geográfica Intermediária de Joinville

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 Regiões Geográficas Imediatas

De acordo com IBGE (2017), As Regiões Geográficas Imediatas têm na rede urbana o seu principal elemento de referência. Essas regiões são estruturadas a partir de centros urbanos próximos para a satisfação das necessidades imediatas das populações, tais como: compras de bens de consumo duráveis e não duráveis; busca de trabalho; procura por serviços de saúde e educação; e prestação de serviços públicos (…).

Partindo dessa definição, verificou-se que Joinville é o centro urbano de referência para os municípios de Araquari, Balneário Barra do Sul, Corupá, Garuva, Guaramirim, Itapoá, Jaraguá do Sul, Massaranduba, São Francisco do Sul, São João do Itaperiú e Schroeder, que juntos formam a Região Geográfica Imediata de Joinville (Figura 3). Partindo dessa definição, verificou-se que Joinville é o centro urbano de referência para os municípios de Araquari, Balneário Barra do Sul, Corupá, Garuva, Guaramirim, Itapoá, Jaraguá do Sul, Massaranduba, São Francisco do Sul, São João do Itaperiú e Schroeder, que juntos formam a Região Geográfica Imediata de Joinville (Figura 3).

Figura 3: Região Geográfica Imediata de Joinville

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1.2.1.2 Região Metropolitana do Norte/Nordeste Catarinense

O estado de Santa Catarina, conforme as Leis Complementares n° 475/2010, 523/2010 e 571/2012, é formado por 11 Regiões Metropolitanas: regiões metropolitanas de Florianópolis, do Vale do Itajaí, do Alto Vale do Itajaí, do Norte/Nordeste Catarinense, de , da Foz do Rio Itajaí, Carbonífera, de Tubarão, de Chapecó, do Extremo Oeste e do Contestado. O município de Joinville é a sede da região metropolitana do Norte/Nordeste Catarinense. Esta região possui sua área de expansão formada pelos seguintes municípios (Tabela 2 e Figura 4):

Tabela 2: Área e população dos municípios da Região Metropolitana do Norte/Nordeste Catarinense MUNICÍPIO ÁREA (km2) POPULAÇÃO ESTIMADA 2017 Araquari 383,98 35.268 Balneário Barra do Sul 111,28 10.317 140,35 27.781 Bela Vista do Toldo 538,13 6.304 Campo Alegre 499,07 12.012 Canoinhas 1.140,39 54.403 Corupá 402,78 15.541 Garuva 501,97 17.479 Guaramirim 268,58 42.872 Irineópolis 589,55 11.133 Itaiópolis 1.295,43 21.506 Itapoá 248,40 19.355 Jaraguá do Sul 529,44 170.835 JOINVILLE 1.124,10 577.077 Mafra 1.404,03 55.907 Major Vieira 525,49 8.015 Massaranduba 374,07 16.455 Monte Castelo 573,58 8.471 Papanduva 747,86 19.015 Porto União 845,34 35.207 Rio Negrinho 907,31 42.029 São Bento do Sul 501,634 82.842 São Francisco do Sul 498,64 50.701 São João do Itaperiú 151,42 3.690 Schroeder 164,38 20.095 Três Barras 437,55 19.146 Dados: IBGE Cidades (2018)

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Figura 4: Inserção do município de Joinville na Região Metropolitana do Norte/Nordeste Catarinense

1.2.1.3 Associação dos Municípios do Nordeste do Estado de Santa Catarina (AMUNESC)

De acordo com SEPUD/PMJ (2017) e AMUNESC (2018), a Associação dos Municípios do Nordeste do Estado de Santa Catarina surgiu como sucessora da Fundação para o Desenvolvimento de Santa Catarina (Fidesc), em 1973. É uma entidade sem vinculação político-partidária e foi reconhecida como de utilidade pública estadual pela Lei nº 4.313, de 19 de maio de 1969. A AMUNESC presta serviços nas áreas de planejamento urbano e regional, assessoria jurídica, assessoria financeira, elabora projetos de engenharia e arquitetura, além de atuar em áreas específicas, como educação e saúde. É composta por nove municípios do Nordeste do Estado: Araquari, Barra do Sul, Campo Alegre, Garuva, Itapoá, Joinville, Rio Negrinho, São Bento do Sul e São Francisco do Sul (Figura 5).

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Figura 5: Inserção do município de Joinville na região abrangida pela AMUNESC

1.2.2 Divisão Política e Administrativa

Conforme SEPUD/PMJ (2017), a área total do município de Joinville é de 1.124,10 km2. Os limites da área urbana e da área rural de Joinville estão estabelecidos na Lei Complementar nº 470/2017 e podem ser observados no mapa da figura 6; já suas dimensões podem ser verificadas na Tabela 3. Atualmente o município conta com 41 bairros e duas zonas industriais, além de possuir um distrito denominado Pirabeiraba – que também está dividido em área urbana e rural (Figura 6).

Tabela 3: Divisão política e administrativa do município de Joinville Divisão Áreas Área do Perímetro Urbano 210,40 km2 Área Rural do Distrito Sede 517,40 km2 Área Rural do Distrito de Pirabeiraba 396,30 km2 Área Total do Município 1.124,10 km2 Dados: SEPUD/PMJ (2017)

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Figura 6: Divisão Política e Administrativa do Município de Joinville

1.3 ASPECTOS ECONÔMICOS

De acordo com o diagnóstico Joinville Cidade em Dados 2017, elaborado pela Secretaria de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável (SEPUD), o município de Joinville é a maior cidade catarinense, polo industrial da região Sul, com volume de receitas geradas aos cofres públicos inferior apenas às capitais Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR) e, responsável por cerca de 20% das exportações catarinenses. O Produto Interno Bruto (PIB) de Joinville é um dos maiores do país, tendo fechado o ano de 2015 com o PIB em torno de R$ 25.599.406.720,00, conforme divulgado no último levantamento disponibilizado pelo IBGE, o que corresponde ao 30º lugar no ranking do PIB nacional. No que tange às instituições financeiras, a fim de suprir a demanda da maior economia do Estado de Santa Catarina, Joinville possui 10 agências bancárias (37º posição no ranking nacional), conforme apresenta o levantamento realizado pelo IBGE, referente ao ano de 2016. Ainda segundo o diagnóstico supracitado, a cidade concentra grande parte da atividade econômica na indústria, com destaque para os setores metalmecânico, têxtil, plástico, metalúrgico, químico e farmacêutico. A partir dos anos 90, este perfil industrial foi sendo ampliado para os setores de serviços e de tecnologia, com o desenvolvimento comercial

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descentralizado dos bairros, cada vez mais independentes do centro, ao mesmo tempo em que a taxa de crescimento demográfico se estabiliza e se mantêm na casa dos 1,50% ao ano. O Município de Joinville possui um total de 57.373 empresas, sendo estas divididas da seguinte maneira: 9.997 considerados como microempreendedor individual, 7.312 autônomos, 15.033 classificados como comércio, 2.093 indústrias da transformação e 22.938 prestadores de serviços (Joinville Cidade em Dados 2017 – SEPUD). Conforme Cadastro Central de Empresas 2015 (IBGE, 2017), o número de pessoas ocupadas no município de Joinville em 2015 correspondia a 225.927 pessoas (40,2% da população), dos quais 195.934 assalariados, sendo o salário médio mensal dos trabalhadores formais é de três salários-mínimos (220º posição no ranking nacional). As atividades de comércio e de serviços tendem a se estabelecer em áreas urbanas já consolidadas e, de tal forma não oferecem riscos significativos sobre os remanescentes naturais. Observa-se no Quadro 1, o número de estabelecimentos e de empregos formais dividido por setor de atividade econômica.

Quadro 1: Número de estabelecimentos e de empregos formais dividido por setor de atividade econômica. Setor de atividade Número de Número de Empregos Número de Empregos econômica (IBGE) Estabelecimentos1 Formais2 Formais3 1 – Extrativa mineral 16 452 472 2 – Indústria de transformação 3.190 65.297 63.903 3 – Serviços industriais de 45 2.009 1.999 utilidade pública 4 – Construção Civil 1.739 6.694 6.845 5 – Comércio 8.724 35.364 37.534 6 – Serviços 16.151 73.476 69.607 7 – Administração Pública 29 668 10.856 8 – Agropecuária, extração 156 555 423 vegetal, caça e pesca Total 30.050 184.515 191.639 1 Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). 2 Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), referente à 1º Jan/2018. 3 Dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), referente à 31/12/16.

Como demonstra o quadro acima, embora represente uma fatia pequena do número total de estabelecimentos e de empregos formais, os setores do extrativismo mineral e da agropecuária (em especial as de extração vegetal, caça e pesca) tem uma forte tendência de se expandir nos próximos anos, colocando em risco a manutenção dos remanescentes da Mata Atlântica existentes na zona rural do município, com destaque aos vales do Rio Piraí e Rio Cubatão.

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Acerca do setor de serviços primários, além da bovinocultura leiteira, destacam-se o cultivo de arroz irrigado, de banana, de hortaliças, provenientes sobretudo da agricultura familiar (Joinville Cidade em Dados 2016 – IPPUJ). Considerando apenas os produtos da lavoura permanente, para o ano de 2016, a banana e palmito são os produtos de maior representatividade econômica para o município (IBGE CIDADES, 2016). Pode-se observar no Quadro 2, os principais produtos produzidos no ano de 2016 nas lavouras temporárias e permanentes no município de Joinville. Outra atividade em desenvolvimento em Joinville, sobretudo no vale do Rio Piraí, é a piscicultura continental, sendo o município o terceiro maior produtor estadual de peixes (de água doce) no ano de 2016, com uma produção de 1.106.650 quilogramas, de acordo com o último levantamento da Epagri, divulgado através do relatório intitulado “Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina 2016-2017”.

Quadro 2: Principais lavouras implantadas no município de Joinville. Quantidade Valor da Rendimento médio Área Plantada Área Colhida Lavoura Produzida Produção (quilograma por (hectares) (hectares) (Toneladas) (Reais) hectare) Arroz (em casca) 16.000 12.800.000 2.800 2.800 5.714 Banana (cacho) 15.500 9.472.000 620 620 25.000 Cana-de-açúcar 50.000 7.556.000 1.000 1.000 50.000 Mandioca 15.000 9.750.000 1.000 1.000 15.000 Milho (em grão) 240 67.000 60 60 4.000 Palmito 2.750 8.449.000 550 550 5.000 Fonte: IBGE Cidades (2016)

Em relação à atividade econômica da construção civil, com mais de 1,7 mil estabelecimentos e 6.845 empregos formais no município (conforme se apontou no Quadro 1) e a mineração, atividade estreitamente associada à construção civil (maior mercado consumidor de produtos brutos da mineração como areia, brita, cascalho e rochas ornamentais), são as atividades que mais tem pressionado as áreas naturais remanescentes no município. A primeira notadamente na parte oeste do município, com destaque para a região do Bairro Vila Nova e, a segunda, sobretudo na região da Área de Proteção Ambiental (APA) Serra Dona Francisca, unidade de conservação da natureza de uso sustentável. Conforme dados obtidos na Unidade de Aprovação de Projetos, setor da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, através do Relatório dos Alvarás de Construção Emitidos por Bairro no Período de Jan/2013 a Jun/2018, o bairro Vila Nova lidera o número de alvarás emitidos com 875 alvarás de construção, que correspondem a uma soma aproximada de 350.994,25 m² de área a ser edificada ou já edificadas. Em seguida, aparece o Bairro Aventureiro com 700 alvarás e 227.081,61 m² de área a ser edificada ou já edificadas.

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A atividade industrial, no que concerne principalmente as indústrias de maior porte, está comumente confinada nas áreas específicas previstas na lei de ordenamento territorial do município vigente (Lei Complementar Municipal 470/2017). As indústrias de menor porte, por sua vez, exercem uma pressão nas áreas naturais remanescentes, devido a natureza difusa da sua dispersão territorial. A exemplo disso, são as indústrias de pequeno porte que se instalam nos galpões para locação em áreas periféricas, com destaque àqueles construídos nas proximidades da BR-101. Mais de 40% dos Alvarás de Construção referentes à atividade econômica de nível industrial, emitidos no período de Jan/2013 a Jun/2018, concentram-se na Zona Industrial Norte, região que ainda apresenta aproximadamente 45% da sua área coberta por remanescentes da Mata Atlântica, conforme levantado no diagnóstico de remanescentes da Mata Atlântica (Capítulo 3). Além da Zona Industrial Norte e Zona Industrial Tupy, está previsto no planejamento territorial do município, a instituição, a curto prazo, da Zona Industrial Sul, a qual deverá abranger grandes áreas de remanescentes do bioma. Com esse cenário, embora o município estabeleça legalmente as áreas específicas para a instalação industrial, as zonas industriais ainda representam focos de pressão sobre os remanescentes da Mata Atlântica, especialmente pelo fato dessas zonas conter áreas ainda bastante vegetadas. Adicionalmente, na análise dos dados (alvarás relativos ao uso industrial), destacam-se ainda os bairros Jardim Sofia e Pirabeiraba, estes com 17,61% e 38,78% de área de remanescentes da Mata Atlântica, respectivamente. Ainda que não esteja estruturado como em outras cidades catarinenses, o turismo de Joinville, principalmente o rural, tem grande potencial de crescimento, devido às diversas unidades da conservação da natureza instituídas no município e seus atrativos naturais. Atualmente, tal atividade tem foco no comércio de alimentos e hospedagem de apoio ao turismo rural, embora muitos visitantes passem apenas parte do dia aproveitando os rios da região (em particular da APA Dona Serra Francisca), sem a utilização desses serviços. Não por acaso, o bairro Vila Nova se destaca quanto ao número de alvarás sobre serviços associados à hospedagem.

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2. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL

2.1 MEIO FÍSICO

2.1.1 Aspectos climatológicos

2.1.1.1 Classificação climática

Um dos sistemas de classificações climáticas mais abrangentes é o de Köppen, que partiu do pressuposto de que a vegetação natural é a melhor expressão do clima de uma região e desenvolveu um sistema muito utilizado até os tempos atuais. Na determinação dos tipos climáticos de Köppen são considerados a sazonalidade e os valores médios anuais e mensais da temperatura do ar e da precipitação. Cada grande tipo climático é denotado por um código, constituído por letras maiúsculas e minúsculas, cuja combinação denota os tipos e subtipos considerados. Conforme a classificação proposta por Köppen, o estado de Santa Catarina se enquadra nos climas do grupo C, denominado Mesotérmico, pois as temperaturas do mês mais frio estão abaixo de 18°C e acima de 3°C. É classificado como úmido (f), pois não possui estação seca definida. E, por conta do fator altitude, pode ser classificado em dois subtipos: (a) de verão quente, onde as temperaturas médias do verão são as mais elevadas e (b) de verão fresco, nas áreas mais elevadas do planalto (Governo do Estado de Santa Catarina, 2008). Conforme pode ser visualizado na Figura 7, o tipo climático predominante em Joinville é o Cfa. O clima Cfb ocorre em pequenas áreas a oeste do município, representada por planaltos, ou seja, áreas de elevada altitude.

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Figura 7: Classificação climática segundo Köppen para o estado de Santa Catarina. Dados: EPAGRI (2002).

2.1.1.2 Sistemas atuantes

Conforme o Governo do Estado de Santa Catarina (2008, p. 4), o clima da região “é determinado pelo mecanismo geral da circulação atmosférica no sul do Brasil e do comportamento das massas de ar produzindo os vários tipos de tempo”. Por conta desta configuração, o estado de Santa Catarina é a região do país que apresenta a melhor distribuição de precipitação pluviométrica anual. Na região nordeste de Santa Catarina, o clima é fortemente marcado por duas épocas distintas do ano, o verão e o inverno. No inverno, a região é influenciada principalmente pela ação da Massa Polar Atlântica (mPa) que, em contato com a Massa Tropical Atlântica resulta na Frente Polar Atlântica, também conhecida como frente fria. A mPa avança sobre o sul do Brasil, elevando a pressão atmosférica e diminuindo a temperatura e a umidade (Governo do Estado de Santa Catarina, 2008). De acordo com o Governo do Estado de Santa Catarina (2008), no outono, podem ocorrer eventos extremos, como geadas, provocados por fortes massas de ar frio. Entretanto, bloqueios atmosféricos podem impedir a passagem de frentes frias, fazendo com que o ar quente proveniente do norte do país eleve as temperaturas (Governo do Estado de Santa Catarina, 2008).

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Ainda citando o Governo do Estado de Santa Catarina (2008), a primavera é caracterizada pelo aumento da temperatura e por variações bruscas nas condições climáticas. Dependendo da intensidade das frentes frias, podem ocorrer temporais isolados e de curta duração, com chuva forte, granizo isolado e rajadas fortes de vento. Já no verão, predominam as massas de ar tropical, caracterizadas como quentes e úmidas, responsáveis pelas altas temperaturas. O período também apresenta altos índices pluviométricos, onde as chuvas são acompanhadas de rajadas de vento, trovoadas, descargas elétricas e, até mesmo, granizo. Nesta estação, atuam as massas equatoriais e tropicais (mEc e mTa) e, eventualmente, pode haver a influência da Massa Tropical Continental (mTc) que provocam nebulosidade e chuvas rápidas de verão (Governo do Estado de Santa Catarina, 2008).

2.1.1.3 Precipitação

Conforme EPAGRI (2002), Joinville apresenta um regime de chuvas que varia entre 1700 mm e 2700 mm anualmente (Figura 8), sendo esta uma das regiões de Santa Catarina que apresenta os maiores índices de pluviosidade.

Figura 8: Distribuição da precipitação total anual no estado de Santa Catarina. Dados: EPAGRI (2002).

No Gráfico 1 é apresentada a precipitação média mensal para o município de Joinville entre os anos de 1996 e 2014. O que pode ser analisado é que a região apresenta diferenças

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entre as estações do ano. Os meses de verão são os que apresentam os maiores índices pluviométricos do município. Nos meses de inverno há uma redução significativa. Entretanto, como se trata de uma região em que o clima é classificado como mesotérmico úmido, não há estação seca definida. A média mensal de precipitação nos últimos 18 anos é de aproximadamente 180 mm/mês, com totais mensais que podem chegar próximo aos 600 mm/mês.

Gráfico 1: Precipitação média mensal entre o período de 1996 a 2014. Dados: Estação Meteorológica da UNIVILLE (2015).

A explicação para os grandes índices pluviométricos da região, principalmente no verão, é a atuação da massa equatorial continental (mEc), que se origina na planície amazônica e que provoca altos valores de temperatura e umidade, com chuvas que se apresentam sob a forma de intensas chuvas de convecção, típica dos meses de dezembro a fevereiro. A atuação da mEc é ampliada pelo efeito orográfico da Serra do Mar, elevando o índice pluviométrico, pois esta serra atua como uma barreira para os ventos úmidos vindos do Oceano Atlântico (Veado et al., 2002). Essas informações são corroboradas através do trabalho de Mello et al. (2015), que caracterizaram a distribuição da precipitação mensal em Joinville, através da utilização de dados de 42 estações pluviométricas, referente à série histórica de 1979 a 2008 (30 anos). Os autores dividiram as estações pela sua localização, de acordo com os diferentes ambientes em que estão instaladas: planície, proximidades da frente da serra, serra e planalto. Conforme Mello et al. (2015), a estação do ano que possui o maior acumulado de precipitação na região de Joinville é o verão (janeiro, fevereiro e dezembro), equivalendo a 35% da quantidade de chuva precipitada durante o ano. Em seguida vem a primavera (26%) (setembro, outubro e novembro), o outono (22%) (março, abril e maio), e por fim, o inverno (17%) (junho, julho e agosto).

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A Figura 9 apresenta as médias dos acumulados de precipitação para cada estação do ano. A média geral refere-se à média dos 42 pluviômetros e após, são apresentadas as médias gerais para cada ambiente.

Figura 9: Precipitação sazonal na região de Joinville. Fonte: Mello et al., 2015.

Na Figura 10 constam os gráficos com os acumulados médios de precipitação para todos os meses do ano, na média geral e nos diferentes ambientes.

Figura 10: Precipitação média mensal na região de Joinville. Fonte: Mello et al., 2015. Elaborado por Yara de Mello, 2017 (Disponível em: http://geokiriri.com/precipitacao-mensal-em-joinville/#more-697)

O gráfico A (Figura 10) apresenta as médias de todas as estações. Mello (2018) verificou que a distribuição espacial da precipitação é mais regular nos meses de inverno, ao contrário do que ocorre nos meses de janeiro, fevereiro e março, principalmente, onde ocorrem eventos torrenciais. Também dá ênfase a diferença de precipitação nos diferentes compartimentos geomorfológicos, com destaque para as proximidades da frente da serra e o

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planalto, onde a média de precipitação nas proximidades da serra é 23% maior do que no planalto. Todos esses dados demonstram que, embora existam variações sazonais na distribuição da precipitação durante o ano, verifica-se que não há estação seca definida, visto se tratar de uma região em que o clima é classificado como mesotérmico úmido.

2.1.1.4 Temperatura

A região nordeste de Santa Catarina apresenta uma das maiores variações de temperatura do estado. Conforme a Figura 11, as temperaturas médias anuais para a Planície Costeira do município de Joinville estão acima de 20°C. No entanto, acima das escarpas da Serra do Mar, já no Planalto Ocidental, as médias anuais de temperatura são mais baixas, variando entre 14°C e 17°C.

Figura 11: Distribuição da temperatura média anual no estado de Santa Catarina. Dados: EPAGRI (2002)

As maiores temperaturas para o município de Joinville estão relacionadas aos primeiros meses do ano, onde as médias mensais apresentam-se acima de 25°C, com maior destaque para o mês de fevereiro. As temperaturas mais baixas ocorrem entre os meses de junho a setembro, onde as médias mensais não ultrapassam os 20°C. Nos meses de maio e junho podem ocorrer temperaturas acima de 30°C na região em estudo. Isto pode ocorrer devido a ação da Massa Tropical Atlântica (mTa) sobre a Frente Polar. Como consequência deste bloqueio, temos o fenômeno conhecido como “Veranico”,

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quando em pleno inverno ocorrem dias com temperaturas máximas absolutas que podem ultrapassar os 30°C (Veado et al., 2002). O Gráfico 2 representa um climograma, onde estão relacionados os dados pluviométricos e de temperatura. Pode-se notar nas séries históricas climáticas da região que os dados apresentam um comportamento bem definido pela estação do ano. Os dados demonstram uma queda de precipitação nos meses de inverno, provavelmente provocada pela maior ação das massas polares, que também atuam nas temperaturas. Conforme Veado et al. (2002), as massas polares deslocam as massas tropicais para o norte, causando assim queda de precipitação e temperatura. A fronteira entre estas duas massas de ar de temperaturas diferentes (tropical, mTa, e polar, mPa) é chamada de frente polar, e sua entrada na região se caracteriza por chuvas com trovoadas seguida de ar frio e seco, típico da presença da massa polar.

Gráfico 2: Climograma referente aos dados climatológicos do município de Joinville – média mensal entre o período de 1996 e 2014. Dados: Estação Meteorológica da UNIVILLE (2014) e Estação Meteorológica da Defesa Civil (2014).

2.1.1.5 Umidade relativa

Conforme EPAGRI (2002), a média da umidade relativa do ar no município de Joinville varia entre 82 e 86%. As áreas mais úmidas concentram-se a leste do município, região dominada pela planície costeira. Como pode ser verificado na Figura 12, a região nordeste de Santa Catarina apresenta a maior umidade relativa do estado. Este fato se dá pela localização geográfica e pelo relevo da região.

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Figura 12: Distribuição da umidade relativa anual no estado de Santa Catarina. Dados: EPAGRI (2002).

Visto que Joinville está localizada próxima ao litoral, este sofre influência da umidade proveniente do Oceano Atlântico. As áreas mais elevadas da região – caracterizadas pela presença do Embasamento Cristalino – atuam como barreira a este umidade. Aliado a isto, a grande presença de vegetação nas áreas próximas as serras aumenta a evapotranspiração. Por esta razão, a umidade relativa média mensal da região se mantém quase sempre acima dos 80%.

2.1.1.6 Ventos

Segundo Veado et al. (2002), na região nordeste de Santa Catarina os ventos (Figura 13) predominam com maior frequência das direções leste (26,5%) e nordeste (16,4%). Em menor frequência, ocorrem ventos das direções sudoeste (16,4%), sudeste (14,7%) e sul (13,4%). Em menor frequência, predominam os ventos de norte (5,4%), oeste (4,4%) e noroeste (2,3%). Ainda conforme o autor, os ventos de leste e nordeste predominam no verão e os ventos das direções sudeste e sul marcam presença no inverno. A velocidade média dos ventos é de 10 Km/h.

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Figura 13: Direção dos ventos na região de Joinville. Fonte: Veado (2002).

2.1.2 Geodiversidades

Conforme CPRM (2006) Geodiversidade é a natureza abiótica (meio físico) constituída por uma variedade de ambientes, fenômenos e processos geológicos que dão origem às paisagens, rochas, minerais, águas, solos, fósseis e outros depósitos superficiais que propiciam o desenvolvimento da vida na terra, tendo como valores intrínsecos a cultura, o estético, o econômico, o científico, o educativo e o turístico.

O desenvolvimento do conceito se deu pelo Serviço Geológico do Brasil – CPRM, buscando “protocolo facilitador de comunicação com os vários setores do governo, mediante abordagem integrada do meio físico terrestre (…) como uma contribuição a ser levada em conta no planejamento do ordenamento territorial sustentável” (SILVA, 2008, p. 5). Neste sentido, buscou-se conciliar a precisão geocientífica com a compreensão universal, na linguagem utilizada, entendido que o público-alvo é bastante variado. O objetivo foi popularizar a geodiversidade, tornando claras suas aplicações, nos setores sociais, ambientais e econômicos. É possível afirmar que “por meio da geodiversidade, facilita-se, enormemente, a inserção da geologia nas politicas públicas governamentais como fator de melhoria da qualidade de vida das pessoas.” (SILVA, 2008, p. 6). Em termos de unidades geológicas, pode se observar no município de Joinville pelo menos três compartimentações:  Um setor a oeste, próximo a escarpa da Serra do Mar, onde predominam os batólitos graníticos encaixados nos ortognaisses granulíticos da Unidade Luis Alves. O corpo de granito com maior extensão é o Granito Dona Francisca, seguidos do Piraí e Morro da Neve. Nesta porção também se observa as Sequências Vulcânicas e Vulcanossedimentares;

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 Um setor na porção centro-sul do município, onde observa-se a ocorrência de maciços dispersos do Ortognaisse Luis Alves. Estes encontram-se formando feições positivas do relevo, sendo as elevações de maior porte fixadas por cristas de paragnaisses, que ocorrem localmente interestratificadas com os ortognaisses;  Um setor compreendendo os Sedimentos Cenozóicos, de origem continental ou transicional/marinho. Tais coberturas sedimentares apresentam maior extensão nas porções sudeste e nordeste do território municipal, ocorrendo ainda de forma notável ao longo das calhas dos principais rios do município.  Registram-se ainda a ocorrência da Formação Serra Geral, na forma de rochas vulcânicas de composição basáltica, observadas na extremidade nordeste do município (vale do rio Três Barras) e na área a montante da escarpa serrana, acima do curso do rio Piraí, na forma de cristas alongadas com orientação NW-SE (CPRM, 2015). Considerando que os estudos de geodiversidade podem servir como instrumentos para o planejamento e ordenamento territorial e que fornecem subsídios técnicos para os diversos setores (mineração, energia, agricultura, saúde pública, urbanismo, moradia, defesa civil, transporte, turismo, meio ambiente, planejamento, entre outros) (CPRM, 2015), serão elencadas abaixo (Quadro 3) as unidades geológico-ambiental presentes no território de Joinville (Figura 14), bem como, a influência dessas unidades nas adequabilidades e limitações frente ao uso e ocupação do solo e nos potenciais mineral e geoturístico.

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Quadro 3: Influência das unidades geológico-ambiental presentes no território de Joinville nas adequabilidades e limitações frente ao uso e ocupação do solo e nos potenciais mineral e geoturístico Domínios dos sedimentos Cenozoicos inconsolidados ou pouco consolidados, depositados em meio aquoso Unidade geológico- Adequabilidades Limitações ambiental 1 – Ambiente marinho costeiro - Superfícies subhorizontais, constituídas por depósitos arenosos, bem - O material desestabiliza-se com facilidade em escavações. drenados. - Existência de espessos depósitos de areia muito friável, sujeitos ao - Materiais com boa capacidade de suporte e baixa resistência ao corte e fenômeno da liquefação (tipo areia movediça). à penetração. - Solos com pequena capacidade de retenção de água e nutrientes, baixa - Relevo plano favorece mecanização agrícola. fertilidade natural e de difícil manejo devido à constituição arenosa. -Aquíferos superficiais com alta possibilidade para água subterrânea. - Alta suscetibilidade às erosões costeira, normalmente associada a Potencial para atendimento de grandes demandas através de poços episódios de ressaca que são registrados no litoral sul do Brasil, e eólica. tubulares de grande diâmetro. É comum o atendimento de pequenas - Alta vulnerabilidade à contaminação dos recursos hídricos superficiais e demandas através de ponteiras. O teor salino das águas é, em geral, subterrâneos. baixo. - Águas subterrâneas podem ser, eventualmente, cloretadas. Existe o - Existência de jazimentos de minerais detríticos como ilmenita, risco de intrusão da cunha salina caso os poços sejam superexplotados. magnetita, zircão e monazita. Ambiente geológico favorável para existência de depósitos de conchas calcárias, cujo material tem utilização principalmente nos setores agrícola, cerâmico, de celulose, de rações balanceadas, além da indústria farmacêutica. Potencial de explotação de areia para uso industrial e na construção civil. - Abrange a faixa litorânea que configura ambientes de grande beleza cênica. 2 – Ambiente misto (marinho / - Ambiente de transição entre os ambientes terrestre e marinho, sujeito - Áreas sujeitas a inundações diárias pelo avanço das marés. continental) ao regime das marés e caracterizado por uma biodiversidade típica. - Terrenos com baixa capacidade de suporte, sujeitos a adensamentos, - Terrenos constituídos por intercalações irregulares de sedimentos recalques e rupturas de fundações. Contem porções permanentemente arenosos e argilosos, em geral, ricos em matéria orgânica. alagadas. - Compreendem ecossistemas bastante diferenciados, com fauna e flora - Solos ácidos podem provocar a corrosão de tubulações e de estruturas adaptadas, e de grande valor científico, razões pelas quais constituem de aço ou concreto e, com isso, vazamentos em dutos, além da áreas de preservação permanente. São conhecidos como berçários deterioração de blocos de ancoragem e estacas. onde uma série de espécimes animais se reproduzem. - Alta vulnerabilidade à contaminação dos mananciais hídricos. Se caracterizam pela lenta dispersão e depuração dos poluentes. - Baixo potencial para explotação de água subterrânea. 3 – Ambiente de planícies - Intercalações de camadas constituídas por areia, argila e cascalho com - Áreas sujeitas a cheias sazonais provocadas pelo extravasamento dos aluvionares recentes características hidráulicas e geomecânicas bastante distintas. rios em períodos mais chuvosos. - Terrenos com boa capacidade de suporte para obras de até médio - Relevo plano e lençol freático próximo à superfície conferem risco de porte. alagamentos às escavações. - Materiais com baixa resistência ao corte e penetração, exceto nas - Podem ocorrer solos com baixa capacidade de suporte, sujeitos a camadas com cascalho. adensamentos, recalques e rupturas de fundações.

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Domínios dos sedimentos Cenozoicos inconsolidados ou pouco consolidados, depositados em meio aquoso -Superfícies topograficamente mais elevadas, na forma de terraços, com - Materiais desestabilizam-se com facilidade em escavações. menor suscetibilidade a inundações resultantes de cheias sazonais. - Níveis de cascalho promovem maior desgaste de equipamentos de - Áreas com baixo potencial erosivo devido à topografia muito suave. sondagem e oferecem maiores dificuldades para escavação. Mecanização agrícola favorecida principalmente na época mais seca. - Localmente, ocorrem solos orgânicos com elevada acidez o que pode - Boa potencialidade para culturas de ciclo curto ou adaptadas ao provocar a corrosão de tubulações e de estruturas enterradas. encharcamento quando os solos são eutróficos. - Os solos são em geral imperfeitamente a mal drenados, argilosos e - Aquíferos superficiais de baixo custo de explotação através de poços pouco permeáveis. Restrições à mecanização agrícola. Terrenos escavados, cacimbas e ponteiras, com potencial para atendimento de inadequados para o plantio de culturas perenes ou espécies de raízes pequenas demandas. profundas. - Potencial mineral para areia e cascalho de uso na construção civil e - Água subterrânea pode apresentar sabores e odores desagradáveis argila para uso cerâmico. Depósitos do tipo plácer de metais nobres, devido à presença de material orgânico. como , e de gemas. -Alta vulnerabilidade à contaminação dos mananciais hídricos superficiais e subterrâneos. Domínio dos Complexos Gnaisse-Migmatíticos e Granulitos 4 – Gnaisse granulíticos - Os migmatitos ortoderivados ocorrem em uma estreita faixa alongada - Alternância de níveis de composição muito distinta e de espessuras ortoderivados. Podem conter segundo a direção nordeste constituída por rochas que alternam níveis variadas, que apresentam comportamento geomecânico e hidráulico porções migmatíticas de composições distintas. distintos. - Os terrenos onde predominam os gnaisses paraderivados ocorrem - Rochas muito fraturadas, portadoras de muitas superfícies planares que 5 – Predomínio de gnaisses geralmente em pequenos afloramentos descontínuos, aparentemente atuam como descontinuidades geomecânicas e hidráulicas. Podem paraderivados. Podem conter encaixados em gnaisses granulíticos. Corpos de quartzitos são provocar o desprendimento de blocos e instabilidades em taludes de migmatíticas frequentes sendo que aqueles de maiores dimensões concentram-se na corte, principalmente quando as rochas se encontram alteradas. região de Joinville, formando cristas alinhadas que se estendem por - As rochas se alteram de forma que alguns blocos podem ficar imersos vários quilômetros. no manto de intemperismo. Estes blocos podem dificultar a execução de - Os solos são em geral espessos, argilo-siltosos, com boa fertilidade obras subterrâneas e provocar instabilidades em edificações. natural. São ricos em cálcio e magnésio. - Terrenos com declividades maiores são suscetíveis à erosão e a - Rochas com alta resistência ao corte e penetração. movimentos de massa, dentre os quais, quedas de blocos, embora - Potencial mineral em terrenos onde predominam gnaisses possam ocorrer escorregamentos em relevos suaves induzidos por paraderivados e gnaisses granulíticos relacionado a jazimentos de intervenções antrópicas, como taludes de cortes em estradas. coríndon com coloração avermelhada em condições de aproveitamento - Solos gerados a partir dos gnaisses paraderivados possuem baixa como gema, minerados em garimpos em colúvios e aluviões. fertilidade natural e são muito aluminosos. - Em terrenos ocupados pelos gnaisses granulíticos, jazimentos de ouro - Predominam solos residuais pouco evoluídos, rasos. Apresentam associados a depósitos alúvio-coluvionares e a filões e veios fragmentos de rocha e ocorrem em declividades acentuadas limitando a hidrotermais nas regiões de Schramm e Subida, são objeto de extração. mecanização agrícola. Também ocorrem mineralizações de ferro associadas a formações - Os terrenos com relevos mais baixos apresentam pequeno potencial ferríferas a magnetita e a níveis ferruginosos com magnetita intercalados para água subterrânea. As demais áreas são praticamente improdutivas. em quartzitos, esporadicamente exploradas em pequena escala. - Nestas rochas também são registradas ocorrências de filões pegmatíticos com potencial para aproveitamento industrial de muscovita,

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Domínios dos sedimentos Cenozoicos inconsolidados ou pouco consolidados, depositados em meio aquoso feldspato, quartzo e caulim. -Dentre os gnaisses paraderivados, os quartzitos apresentam potencial para utilização como revestimento e até mesmo como gema, saibro e areia para construção civil e uso industrial. - Nos terrenos dos gnaisses e gnaisses granulíticos ortoderivados, são registradas atividades de produção de brita. - De forma geral, os solos residuais podem ser utilizados como material de empréstimo. - Potencial geoturístico associado às belezas cênicas da paisagem, que engloba os relevos escarpados, como a Serra Dona Francisca, os rios com corredeiras, quedas d´água e cachoeiras, como na região de . Domínio dos Complexos Granitóides não Deformados 6 – Séries graníticas alcalinas - Rochas com alta resistência ao corte e à penetração. - Rochas com comportamento geomecânico anisotrópico. Estruturação na - Apresentam boa capacidade de suporte para obras de grande porte. rocha resultante da deformação atua como planos de descontinuidade - Materiais escaváveis por detonação. geomecânica e hidráulica. As rochas alteradas estão sujeitas ao - Predominam solos pouco evoluídos, pouco profundos a rasos, com desprendimento de placas. textura argilosa a média, moderadamente drenados. - Terrenos suscetíveis a instabilidades em taludes de corte, principalmente - Vulnerabilidade à contaminação moderada a alta, devido à capacidade quando as rochas se encontram alteradas. O manto de intemperismo de retenção de poluentes pelos solos argilosos e à infiltração limitada pode ser espesso, com profundidades superiores a 3 metros. Estão pelas fraturas. sujeitos à erosão e a movimentos de massa, entre os quais, quedas de - Potencial mineral relacionado a jazimentos de fluorita filoniana que blocos, principalmente nos relevos mais declivosos. Também podem integram o Distrito de Fluorita de Santa Catarina. Quartzo que ocorre ocorrer escorregamentos em relevos suaves induzidos por intervenções preenchendo falhas e em pegmatitos, juntamente com feldspato, são antrópicas, como a execução de taludes de cortes em rodovias. explotados como insumos para a indústria cerâmica. Jazidas de saibro - Terrenos apresentam, predominantemente, relevos acidentados e são explotadas para manutenção de estradas vicinais. Potencial de declivosos, impróprios para ocupação urbana. aproveitamento da rocha para produção de brita e para rocha - Os solos são muito aluminosos e pouco férteis. Apresentam em geral ornamental. fragmentos de rocha. Relevo e a pequena profundidade do solo - Potencial geoturístico associado às belezas cênicas da paisagem, que restringem a mecanização agrícola. engloba relevos escarpados, rios com corredeiras e cachoeiras. - A maior parte dos terrenos não apresenta características de aquífero, são praticamente improdutivos., Apresentam pequena potencialidade para água subterrânea nas porções topograficamente mais baixas. As águas podem apresentar enriquecimento em flúor. Domínio das Sequências Vulcânicas ou Vulcanossedimentares Proterozoicas, não ou pouco dobradas e metamorfizada 7 – Predomínio de sedimentos - Terrenos constituídos por conglomerados, arenitos e intercalações - Rochas com características hidráulicas e geomecânicas muito distintas. arenosos e conglomerados, rítmicas de arenitos e níveis de siltitos e argilitos. As rochas mostram-se Podem ocorrer surgências de água em taludes de corte. com intercalações de organizadas em camadas, mais espessas no caso dos arenitos. Estas - Taludes instáveis quando o acamadamento da rocha apresenta

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Domínios dos sedimentos Cenozoicos inconsolidados ou pouco consolidados, depositados em meio aquoso sedimentos síltico-argilosos estruturas são pouco desenvolvidas nos conglomerados. caimento em direção ao corte, ao invés de para o interior da encosta. - Rochas com moderada a alta resistência ao intemperismo físico- Rocha bastante fraturada resulta em terrenos suscetíveis à queda de 8 – Predomínio de vulcanismo químico, ao corte e à penetração blocos em taludes. ácido a intermediário - Os relevos mais íngremes são predominantes. - A escavabilidade do manto de intemperismo pode ser dificultada pela - Os terrenos situados mais ao norte apresentam boas características pequena espessura dos solos e pela presença de blocos de rocha. como aquífero. - Nos terrenos onde ocorrem os conglomerados, a execução de - Potencial mineral associado a veios e filonetes de quartzo e carbonatos sondagens é dificultada pela presença de blocos que promovem maior (raros) portadores de metais preciosos (ouro e prata), que cortam desgaste dos equipamentos. principalmente os conglomerados. Mineralizações de metais base - Os solos são predominantemente argilosos, ácidos e com baixa (chumbo, zinco e cobre) em veios e filonetes de quartzo e carbonatos fertilidade. São solos jovens, rasos, moderadamente drenados, com alta (raros). Também ocorre mineralização de ouro com wolframita em veio saturação em alumínio e argilas de atividade baixa. Possuem isolado de quartzo encaixado em siltito, depósito que é atualmente pedregosidade associada e são frequentes os afloramentos de rocha. Os retirado em garimpos rudimentares nos aluviões. Depósitos secundários relevos declivosos limitam a mecanização agrícola. Estas áreas devem ter de ouro em aluviões e colúvios gerados a partir das rochas desta sua cobertura vegetal preservada. unidade. - A maior parte dos terrenos se comporta como aquíferos porosos com - Os siltitos quando endurecidos, com alta fissilidade e resistência, são pequena potencialidade para água subterrânea ou como improdutivos. extraídos em placas que podem ser utilizadas como rocha ornamental. Os solos residuais podem ser utilizados como material de empréstimo. - Potencial para geoturismo associado às belezas cênicas das paisagens serranas, dos rios com corredeiras e das cachoeiras. Domínio dos Complexos Granitóides Deformados 9 – Séries graníticas - Rochas com alta resistência ao corte e à penetração. - Rochas com comportamento geomecânico anisotrópico. Estruturação na subalcalinas - Apresentam boa capacidade de suporte para obras de grande porte. rocha resultante da deformação atua como planos de descontinuidade - Materiais escaváveis por detonação. geomecânica e hidráulica. As rochas alteradas estão sujeitas ao - Predominam solos pouco evoluídos, pouco profundos a rasos, com desprendimento de placas. textura argilosa a média, moderadamente drenados. - Terrenos suscetíveis a instabilidades em taludes de corte, principalmente - Vulnerabilidade à contaminação moderada a alta, devido à capacidade quando as rochas se encontram alteradas. O manto de intemperismo de retenção de poluentes pelos solos argilosos e à infiltração limitada pode ser espesso, com profundidades superiores a 3 metros. Estão pelas fraturas. sujeitos à erosão e a movimentos de massa, entre os quais, quedas de - Potencial mineral relacionado a jazimentos de fluorita filoniana que blocos, principalmente nos relevos mais declivosos. Também podem integram o Distrito de Fluorita de Santa Catarina. Quartzo que ocorre ocorrer escorregamentos em relevos suaves induzidos por intervenções preenchendo falhas e em pegmatitos, juntamente com feldspato, são antrópicas, como a execução de taludes de cortes em rodovias. explotados como insumos para a indústria cerâmica. Jazidas de saibro - Terrenos apresentam, predominantemente, relevos acidentados e são explotadas para manutenção de estradas vicinais. Potencial de declivosos, impróprios para ocupação urbana. aproveitamento da rocha para produção de brita e para rocha - Os solos são muito aluminosos e pouco férteis. Apresentam em geral ornamental. fragmentos de rocha. Relevo e a pequena profundidade do solo - Potencial geoturístico associado às belezas cênicas da paisagem, que restringem a mecanização agrícola. engloba relevos escarpados, rios com corredeiras e cachoeiras. - A maior parte dos terrenos não apresenta características de aquífero,

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Domínios dos sedimentos Cenozoicos inconsolidados ou pouco consolidados, depositados em meio aquoso são praticamente improdutivos., Apresentam pequena potencialidade para água subterrânea nas porções topograficamente mais baixas. As águas podem apresentar enriquecimento em flúor. Domínio do Vulcanismo fissural do tipo platô 10 – Predomínio de rochas - Terrenos constituídos por basaltos e basaltos-andesitos, rochas com - As rochas apresentam comportamento geomecânico e hidráulico básicas extrusivas (basaltos) alto grau de coesão e textura fina. bastante variável na horizontal e na vertical como resultado da - As rochas apresentam alta resistência ao corte e à penetração e boa estruturação interna dos derrames. A estruturação colunar (disjunção) na capacidade de suporte para obras de grande porte. Já os solos porção central dos derrames é, em geral, bem desenvolvida. São comuns residuais, em geral, não oferecem problemas com relação a fundações, níveis amigdalóides, brechados, arenitos intertrápicos e sedimentos comportando-se como pré-adensado. É necessário o uso de explosivos vulcanogênicos, materiais menos coesivos e mais permeáveis, com para desmonte das rochas. menor resistência ao intemperismo físico-químico. - Os solos são argilosos, de boa capacidade hídrica e moderadamente - Rochas com muitas fraturas e descontinuidades verticais (disjunções) permeáveis. Em geral, apresentam boa capacidade de reter e fixar que podem comprometer a estabilidade de taludes de corte. São terrenos nutrientes e assimilar matéria orgânica, respondendo bem à adubação. suscetíveis ao desprendimento de blocos de rochas. - Nos relevos mais planos, os solos são, predominantemente, profundos, - Nos relevos mais dissecados podem ocorrer problemas de bem drenados, argilosos a muito argilosos, com alta saturação em escavabilidade devido à existência de depósitos de encosta de alumínio e argila de atividade baixa. As baixas declividades favorecem o composição bastante heterogênea, incluindo fragmentos de rocha, e pela manejo do solo. existência de solos rasos, pouco desenvolvidos. Nessas áreas, onde as - Os terrenos com relevo suave apresentam características regulares declividades podem ser muito elevadas, é alta a suscetibilidade à como aquífero. As vazões situam-se entre 2 e 15 m³/h e as águas ocorrência de movimentos de massa, como escorregamentos, quedas de apresentam baixo teor de sais dissolvidos. blocos e corridas. - As rochas compreendem excelente fonte para materiais de uso na - Nas áreas de relevo mais escarpado, os solos são jovens, com grande indústria da construção civil, como brita e pedra de talhe irregular, com quantidade de minerais primários. São pouco profundos e argilosos. emprego especialmente para pavimentação asfáltica, calçamento de - Terrenos suscetíveis, mesmo em relevo suave ondulado, a movimentos ruas, meio-fio e fundações. Existe potencial para ocorrência de de massa induzidos por intervenções antrópicas como em taludes de jazimentos de gemas, como ametista e ágata, inclusive com registro de cortes e aterros de rodovias. mineração em pequena escala. Também são registradas ocorrências de - Alta vulnerabilidade à contaminação da água subterrânea em função da cobre. Ambiente geológico favorável para ocorrência de zeolitas de uso grande quantidade de descontinuidades nas rochas através das quais potencial na agricultura, indústria do cimento e do papel. O produto de ocorre rápida percolação de poluentes. A vulnerabilidade é menor onde os alteração das rochas pode ser utilizado como saibro e os solos argilosos solos são espessos e argilosos devido à alta capacidade de retenção e podem ser usados na indústria cerâmica vermelha e como material de fixação de poluentes. empréstimo. - Terrenos com relevo muito entalhado apresentam potencial muito baixo - A grande beleza cênica da paisagem que engloba belas formas de para água subterrânea. Recomenda-se a captação de fontes para relevo, rios com corredeiras em leitos rochosos e cachoeiras, constitui atendimento de pequenas demandas. grande atrativo turístico. Domínio dos Complexos Alcalinos intrusivos e extrusivos 11 – Série alcalina saturada e - Rochas com alta resistência ao corte e à penetração. A capacidade de - Solos, localmente, com pequena espessura e com fragmentos de rocha

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Domínios dos sedimentos Cenozoicos inconsolidados ou pouco consolidados, depositados em meio aquoso alcalina subsaturada suporte da rocha é alta e do solo é média. É necessária a utilização de tem limitações quanto à escavabilidade. Nos relevos mais acidentados, explosivos para desmonte da rocha. são comuns os depósitos de tálus e colúvios constituídos por fragmentos - O relevo formado por estas rochas, na região de Lages, comumente se de rocha imersos em matriz argilo-siltosa. destaca do entorno. Já em Anitápolis, afloram em uma grande - A abertura de taludes de corte em rocha pode exigir a execução de depressão circular com cerca de 6 km² em meio a relevo montanhoso. medidas estruturais para estabilização, o que pode encarecer os projetos - Os solos residuais são profundos, argilosos, com argilas de atividade de engenharia. Dependendo do grau de estruturação da rocha, os taludes baixa e alta saturação em alumínio. de corte podem sofrer instabilidades devido à queda de blocos. - Moderada vulnerabilidade à contaminação das águas subterrâneas. - Solos argilosos bastante aderentes e escorregadios quando molhados, - O ambiente geológico também é favorável à ocorrência de depósitos de se compactam ao serem submetidos a cargas elevadas. argila vermelha, argila plástica e material de empréstimo. As rochas - Áreas suscetíveis à erosão e movimentos de massa, especialmente nos podem ser utilizadas para produção de agregados para construção civil. relevos mais declivoso, embora também possam ocorrer em relevos mais suaves induzidos por intervenções antrópicas. - A pequena expressão areal destas rochas, associada a sua natureza cristalina e à ocorrência de fraturas desconectadas, conferem muito baixo potencial para aproveitamento de água subterrânea. Domínio dos Corpos Máfico-Ultramáfico 12 – Série básica e - Rochas isótropas a foliadas que ocorrem em afloramentos na forma de - Presença de blocos e matacões de rocha imersos no solo, o que dificulta ultrabásicas blocos e matacões em encostas de morros. sua escavabilidade. - As rochas apresentam alta resistência ao corte e penetração e alta - Os solos são bastante plásticos, o que dificulta a utilização de capacidade de carga. maquinários e ferramentas quando molhados. - Quando inalteradas, necessitam do uso de explosivos para escavação. - Os solos apresentam alta capacidade de compactação. - Rochas com moderada a baixa resistência ao intemperismo químico. - Nas declividades moderadas a altas (28c, 28d), é elevada a - Os solos residuais são ricos em ferro, potássio, cálcio e magnésio. São suscetibilidade à erosão e a movimentos de massa, dentre os quais, de boa fertilidade natural. Apresentam alta saturação por bases e argila quedas de blocos. de atividade alta. - A presença de fragmentos de rocha no solo, associada ao relevo que - Terrenos com elevada capacidade de fixar e reter poluentes. pode ser muito declivoso, dificultam a mecanização agrícola. - Ambiente geológico favorável à existência de mineralizações como - Aquíferos com muito baixa possibilidade para água subterrânea em cromo, manganês, talco e asbesto. fratura. - Os solos residuais, quando mais espessos, apresentam potencial para argilas de uso na indústria cerâmica vermelha. Possibilidade de utilização do solo também como material de empréstimo. - Os relevos dissecados, drenados por rio encachoeirados e com vegetação de Mata Atlântica bem preservada nos topos, configuram belas paisagens. Associadas ao padrão de ocupação de pequenas propriedades rurais, indicam potencial para o turismo rural.

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Figura 14: Geodiversidades do município de Joinville

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2.1.3 Solos

A formação e o tipo do solo dependem de alguns fatores, como: material de origem, clima, relevo, presença de organismos vivos e tempo de atuação de todos esses fatores. De acordo com Uberti (2011), a análise da cobertura geológica do município de Joinville é de extrema importância para identificação da origem do solo, ou seja, se autóctone ou alóctone. Solos de origem autóctone possuem estreita relação com a rocha matriz. Já os solos de origem alóctone são aqueles oriundos de fontes distantes, formados pela sedimentação recente de origem argilosa, arenosa e orgânica, referente ao Período Quaternário. Conforme Oliveira et al. (2009), a distribuição de solos na região de Joinville também é condicionada pela compartimentação do relevo. Uberti (2011) traz a fragmentação de Joinville em Terras Altas e Terras Baixas. Nas Terras Altas – exemplificada pela Serra Dona Francisca – os solos são de origem autóctone, originados de rochas cristalinas (Uberti, 2011), predominando portanto os Argissolos Amarelos, Neossolos Litólicos e Cambissolos Háplicos. Nas Terras Baixas há o predomínio de materiais de origem sedimentar do Período Quaternário, correspondendo, em sua maioria, a depósitos aluvionares formados por areias finas e grossas, cascalho, silte e argila, além de material de origem orgânica, sendo solos jovens, bem ou mal drenados (Uberti, 2011). Em depósitos arenosos das Terras Altas, ocorrem perfis de Neossolo Quartzarênicos Hidromórfico, Neossolo Quartzarênico Órtico (bem drenado), Espodossolo Hidromórfico, Planossolo e Neossolo Litólico (Uberti, 2011). Nas Terras Baixas, em relevo plano, onde os depósitos recentes são argilosos e siltosos e apresentam má drenagem, ocorrem os Gleissolos Melânico e Háplico. Ainda em relevo plano, mas onde há boa drenagem, ocorre o Cambissolo Háplico – unidade esta que predomina nas Terras Baixas. Nas áreas em que há o domínio de sedimentos recentes de origem orgânica, tem-se a presença de Organossolo (turfas) – classe esta que ocorre apenas na Bacia Hidrográfica do Rio Piraí (Uberti, 2011). O Solo Indiscriminado de Manguezal também ocorre nas áreas de relevo plano, localizado nas Bacias Hidrográficas do Rio Cachoeira, Palmital, Cubatão e Independentes da Vertente Leste e da Vertente Sul, nas margens dos estuários e ao redor da Baía da Babitonga. No território das Terras Baixas em que o relevo pode apresentar as fases suavemente ondulada, ondulada, fortemente ondulada e montanhosa, a geologia é representada pelas rochas metamórficas do Complexo Granulítico de Santa Catarina. Nestas áreas, os solos são de origem autóctone. Nas áreas de relevo suavemente ondulado (declividades entre 3 – 8%) ocorre predominantemente o Cambissolo Háplico. O relevo suavemente ondulado (declividades entre 8 – 20%) apresenta alternância entre o Cambissolo Háplico e Argissolo

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Amarelo. Nos relevos fortemente ondulado e montanhoso ocorrem apenas o Argissolo Amarelo (Uberti, 2011).

2.1.4 Geomorfologia

O Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro (PMJ, 2007), dividiu o município de Joinville em seis compartimentos geomorfológicos: Alto Estuário, Baixada, Planície Flúvio- Marinha, Morrarias, Serra do Mar e Planalto.

 Alto Estuário

O compartimento do Alto estuário da Baia da Babitonga possui cerca de 35.611.121 m2, representa cerca de 3% do total de área municipal. Caracteriza-se por constituir diversas “zonas de rio” do Complexo estuarino da baia da Babitonga, advindo daí a denominação proposta de “Alto Estuário”. Apresenta baixas profundidades predominando entre 0 e 2 metros, nas porções sul e central, as quais são caracterizadas por planícies de marés, manguezais em franja e gamboas. Destaca-se ainda, na porção central, a “Lagoa de Saguaçu”, a qual define-se como uma reentrância de fundo de baia, ou “saco” associado a desembocadura do Rio Cachoeira. Em sua porção norte abrange a margem oeste do Canal do Palmital, e apresenta profundidades maiores (de até 8 metros), exibindo alinhamentos típicos de influência de controle estrutural dado pelo embasamento cristalino, nas direções NNW-SSE e WNW-ESSE. A desembocadura do Rio Cubatão, também caracteriza-se como um elemento importante, devido a ser o maior aporte de água doce em todo Complexo Estuarino da Baia da Babitonga. Em tal feição a característica de estuário de “Rio” torna-se mais explícita. Suas principais feições são Canais e Barras sedimentares.

 Baixada

A Baixada compreende-se principalmente de áreas intermareais dominadas por planícies de marés, manguezais, marismas e canais estuarinos (Gamboas), constituindo essencialmente o litoral joinvilense. Representam cerca de 4% da área total do município. Os canais estuarinos possuem grande expressão na porção central do litoral de Joinville, destacando os denominados Canal e Lagoa do Varador, além dos canais interdistributários associados à foz do Rio Cachoeira.

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Na porção norte e passa a ocorrer diversos canais estuarinos e manguezais associados a foz de rios menores, tais como: Rio Pirabeiraba, Rio Sete Voltas, Rio Três Barras, Rio das Onças e Rio Palmital, além do próprio Rio Cubatão, o qual exibe extenso sistema de canais, já alterados por intervenções antrópicas.

 Planície Flúvio-Marinha

A planície Flúvio-Marinha abrange cerca de 27% da área total do município, com uma área total de 3.285.950.773 m2, alcançando cerca de 20 metros de altitude máxima. É constituída por depósitos sedimentares predominantemente fluviais e a coalescência de leques aluviais. Tais depósitos apresentam-se planos ou com elevações suaves e isoladas, principalmente em adjacências de leitos dos rios Cubatão, Piraí, entre outros. No entanto, ocorrem também depósitos marinhos recobertos por depósitos eólicos de idade holocênica, em três principais áreas contíguas a orla litorânea do alto estuário. Os depósitos marinhos não apresentam feição de cristas praias ou de barreiras arenosas associada a depósitos paleolagunares ou paludiais. Provavelmente, pode ter ocorrido a dissipação das feições de cristas praias, e o não desenvolvimento de barreiras expressivas, típicas de ambientes dominados por ondas, o que parece não ter sido o ocorrido.

 Morraria

As Morrarias consistem-se de elevações residuais compostas por gnaisses granulíticos e formações ferríferas associadas com rochas ortoderivadas e ainda quartzitos, no caso das maiores elevações. Estão presentes em cerca de 10 % do município, e possuem elevações que variam de 20 à 100 metros de amplitude. Constituem elementos topográficos, tais como de Colinas, Outeiros e Morros. Elevações maiores que 100 metros caracterizam os Morros Isolados, representados pelos morros do Finder e Boa Vista. Ocorrem principalmente em área entre a Serra do mar e a planície Flúvio-Marinha, e na porção sul do município, o qual denota sua divisa.

 Serra do Mar

A Serra do Mar é o maior compartimento geomorfológico do município alcançando cerca de 39% ocupando uma área de 462.296.474.6 m2. Está representado por encostas de amplitude de até 800 metros, associados a vales encaixados de forte influência de controle

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estrutural dada pelas rochas do Complexo Granulítico de Santa Catarina e pelas Suítes Graníticas intrusivas. Possuem altitudes que alcançam 1.320 metros, associadas às intrusões graníticas, e o desenvolvimento de um reverso da Serra que faz contato com a morraria do planalto adjacente. É formado pelas unidades de Encosta, as quais predominam em aproximadamente 28% da área municipal, os vales, destacando o Vale do Rio Cubatão e do Rio Piraí,e o Reverso da Serra, o qual foi supracitado e ocorre apenas na porção norte da Serra do Mar. Feições de escarpas ocorrem entre as altitudes de 650 a 800 metros, caracterizando explicita ruptura do declive das encostas, e ocasionando cachoeiras, e associando-se a movimentos de massa frequentes.

 Planalto

O Planalto existente no município de Joinville, representa cerca de 17% de sua área total, além de ser o início da unidade geomorfológica em escala estadual denominada Planalto de São Bento. É formado principalmente por rochas do Complexo Granulítico de Santa Catarina e pelas rochas efusivas e Vulcano-Sedimentares do Grupo Campo Alegre. Seu relevo é dado por conjunto de morros de baixa amplitude altimétrica, a qual varia entre 40 a 200 metros.

2.1.5 Recursos hídricos

O município de Joinville localiza-se na Vertente Atlântica da Serra do Mar, que é formada por um conjunto de bacias hidrográficas isoladas, compreendendo 37% da área total do estado de Santa Catarina. Os rios desta vertente apresentam um perfil longitudinal bastante acidentado no curso superior. No curso inferior (médio e baixo curso) aparecem as planícies aluviais gerando meandros. O município de Joinville exemplifica muito bem esta configuração, visto que sua geomorfologia é representa por três diferentes ambientes: a planície costeira, as escarpas da Serra do Mar e o planalto atlântico. Esta configuração geomorfológica – que “comprime” o sítio escolhido para construção da cidade de Joinville (Santana, 1998) em uma planície situada entre as escarpas da Serra do Mar (a oeste) e os manguezais da Baía da Babitonga (a leste) – influencia na elevação do índice pluviométrico da região através do efeito orográfico da Serra do Mar, que atua como uma barreira para os ventos úmidos vindos do Oceano Atlântico.

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O elevado volume pluviométrico decorrente da conformação discutida acima, mais a baixa altitude da planície em relação ao nível de base regional (nível do mar, i.e. Baía Babitonga) implica em um nível freático bastante raso na maior parte do município. Desta forma, a geomorfologia do território de Joinville, associada às condições climáticas e à cobertura vegetal, propiciam o desenvolvimento de uma densa rede de drenagem e numerosa ocorrência de nascentes. Essa densa rede de drenagem encontra-se dividida em sete bacias hidrográficas (Figura 15). Destas, as bacias hidrográficas Independentes da Vertente Leste e Vertente Sul, do Rio Cubatão, Rio Palmital e Rio Cachoeira fazem parte do Complexo Hídrico da Baía da Babitonga. Já os rios da Bacia Hidrográfica do Rio Piraí e do Rio Itapocuzinho fazem parte da Bacia Hidrográfica do Rio Itapocu – rio este que tem como foz a Lagoa do Itapocu. A bacia hidrográfica do Rio Cachoeira está totalmente inserida na área urbana de Joinville, drenando uma área de 83,12 km2, o que representa 7,3% da área do município (IPPUJ, 2015). Esta bacia ocupa uma região relativamente plana, sendo que suas nascentes se encontram numa altitude de aproximadamente 40 metros. A foz localiza-se numa região estuarina sob a influência de marés, com a presença de remanescentes de manguezais (IPPUJ, 2015). Com praticamente 100% da bacia hidrográfica ocupada, o rio Cachoeira recebe os efluentes gerados nas residências e por grande parte das atividades econômicas (FATMA, 2002). A bacia hidrográfica do Rio Cubatão do Norte compõe 34% do território de Joinville, atingindo os bairros: Pirabeiraba-Centro, Bom Retiro, Jardim Paraíso, Jardim Sofia, Vila Cubatão e Zona Industrial Norte. Conforme Oliveira (2007), a rede hidrográfica da bacia do Rio Cubatão do Norte apresenta forte controle estrutural principalmente nas áreas elevadas, com padrão de drenagem variando de paralelo para retangular, com canais geralmente retilíneos. Já na planície costeira o padrão passa de paralelo próximo a Serra do Mar para meandrante (Oliveira, 2007), com percurso sinuoso no seu baixo curso. Por conta da dinâmica fluvial, associada a baixa densidade de drenagem nesta parcela da bacia, as correntes do rio promovem erosão de uma das margens e deposição a jusante na outra margem. As formas dos meandros vão se alterando podendo chegar a se separar do canal do rio, através da avulsão, que promove um encurtamento no trajeto do rio no ponto mais estreito dos meandros dando origem a meandros abandonados. No baixo curso do Rio Cubatão do Norte foi construído na década de 1950 um canal de derivação com pouco menos de 12 km de extensão, como tentativa de diminuir os constantes transtornos ocasionados pelas cheias do rio na região de Pirabeiraba e Estrada da Ilha (FATMA apud Haak, 2013). “Desta forma, a configuração da bacia hidrográfica do rio Cubatão em seu baixo curso foi alterada, passando a incorporar novas áreas de planície costeira” (OLIVEIRA apud Haak, 2013, p. 32).

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A bacia hidrográfica do Rio Itapocuzinho está localizada no extremo oeste do município, totalmente inserida na área de planalto, com reduzida antropização. É abrangida pelo zoneamento rural do município. Drena uma área de 141,15 km2, que representa 12,5% da área de Joinville. A bacia hidrográfica do Rio Palmital é caracterizada por fazer contribuição a um braço da Baía da Babitonga e encontra-se quase que totalmente margeada a leste por grandes manguezais, visto que está localizada em uma área estuarina, com importante dinâmica de marés associadas. A bacia hidrográfica do Rio Piraí possui suas nascentes localizadas na Serra do Mar. Esta bacia, em seu médio e baixo curso é formada por extensas planícies fluviais, que favorecem o cultivo de arroz irrigado. Esta região é responsável por cerca de 90% de áreas de rizicultura do município, onde foram implantados vários quilômetros de valas de irrigação para o abastecimento das áreas de produção de arroz. Entretanto, por conta da expansão urbana verificada nos últimos anos, algumas áreas antes destinadas a esta cultura, estão sendo aterradas para implantação de loteamentos – o que traz frequentes problemas em relação a estabilidade dos terrenos. Os bairros Vila Nova, Morro do Meio e parte dos bairros Nova Brasília e São Marcos estão inseridos nessa bacia. As bacias hidrográficas Independentes da Vertente Leste correspondem a pequenas sub-bacias que deságuam diretamente na Baía da Babitonga e na Lagoa do Saguaçu. Os cursos d'água desta bacia têm suas nascentes localizadas junto aos morros do Boa Vista e Iririú. Estas bacias abrangem os bairros: Aventureiro, Comasa, Espinheiros, Iririú, Boa Vista, Jardim Iririú e Zona Industrial Tupy. Esta região foi, no passado, uma das mais ricas na presença de manguezais. Entretanto, a ocupação humana trouxe a degradação ambiental deste ecossistema. Caracteriza-se por extensas planicíes de baixa cota altimétrica, com cursos d’água refletindo uma dinâmica estuarina, visto a forte influência de maré. Nas bacias hidrográficas Independentes da Vertente Sul os cursos escoam diretamente na Lagoa do Saguaçu. Abrange os bairros Adhemar Garcia, Ulisses Guimarães, Jarivatuba e Paranaguamirim. Assim como nas bacias independentes da vertente leste, caracteriza-se pelas planicíes de baixa cota altimétrica e cursos d’água com dinâmica com influência de maré.

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Figura 15: Bacias Hidrográficas do município de Joinville

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2.1.5.1 Levantamento hidrográfico do município de Joinville

Desde o ano de 2011, profissionais da antiga Fundação Municipal do Meio Ambiente (FUNDEMA) e da atual Secretaria de Agricultura e do Meio Ambiente (SAMA) vêm realizando o mapeamento da hidrografia do município de Joinville. Como a hidrografia das restituições aerofotogramétricas disponibilizadas pela Prefeitura Municipal de Joinville apresenta todos os tipos de corpos hídricos (sem diferenciá-los entre naturais ou artificiais) e não apresenta os trechos em que os rios encontram-se tubulados, sentiu-se a necessidade de realizar o registro georreferenciado das vistorias realizadas pela equipe durante as atividades de análises de processos da SAMA. O levantamento hidrográfico encontra-se aprovado através do Decreto Municipal nº 32.344/2018. A metodologia do trabalho encontra-se no documento “Levantamento Hidrográfico do Município de Joinville/SC – Nota Técnica”. Através da metodologia utilizada, foram mapeadas até o momento aproximadamente 14.000 nascentes, sendo que desse total, 1.500 estão localizadas dentro dos limites do perímetro urbano. Essas nascentes dão origem a aproximadamente 5.895,5 km de cursos d’água que foram divididos, de acordo com a situação da sua calha, nas seguintes classes: natural, murado e duto. A Figura 16, Figura 17, Figura 18, Figura 19, Figura 20, Figura 21 e Figura 22 apresenta o levantamento por bacia hidrográfica.

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Figura 16: Bacia Hidrográfica do Rio Cachoeira Figura 17: Bacia Hidrográfica do Rio Piraí

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Figura 18: Bacias Hidrográficas Ind. Vertente Leste Figura 19: Bacias Hidrográficas Ind. Vertente Sul

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Figura 20: Bacia Hidrográfica do Rio Cubatão do Norte

Figura 21: Bacia Hidrográfica do Rio Palmital

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Figura 22: Bacia Hidrográfica do Rio Itapocuzinho

2.2 DIAGNÓSTICO DOS REMANESCENTES DE MATA ATLÂNTICA NO MUNICÍPIO DE JOINVILLE

2.2.1 Fitofisionomias originais

O município de Joinville está inserido na área de ocorrência natural do bioma mata atlântica, nas ecorregiões Florestas Costeiras da Serra do Mar, Floresta com Araucária, e Manguezal (Instituto Life, 2015). Segundo Klein (1978), a Floresta Ombrófila Densa ocupava originalmente 31% da área total do estado, tendo a sua ocorrência na quase totalidade do Município de Joinville, existindo apenas uma pequena porção mais a oeste, considerada de transição com a Floresta Ombrófila Mista (FOM), conhecida como Floresta com Araucária (Figura 23). Dentro dessa ecorregião, observa-se a ocorrência da Floresta Ombrófila Densa (com as seguintes fitofisionomias: Aluvial, Terras Baixas, Submontana, Montana e

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Altomontana), Restinga e Manguezal, ainda faixas de transição com a Floresta Ombrofila Mista e ocorrência de campos de altitude.

Figura 23: Mapa fitogeográfico do Estado de Santa Catarina. Fonte: Inventário Florístico de Santa Catarina (Vibrans et. al., 2012)

A subdivisão entre as fitofisionomias é determinada pela altitude, conforme a Tabela 4 e ilustrada pela Figura 24, e em alguns casos confirmada e/ou detalhada por meio de análise pedológica.

Tabela 4: Classificação vegetacional conforme Manual Técnico da Vegetação Brasileira. Tipologia Altitude Característica Floresta Ombrófila Densa Aluvial --- Ribeirinha Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas De 0 a 30 m Planície Costeira Floresta Ombrófila Densa Submontana De 30 a 400 m Relevo de Planaltos e Serras e Morros Floresta Ombrófila Densa Montana De 400 a 1000 m Relevo montanhoso Floresta Ombrófila Densa Altomontana Acima de 1000 m Cume das montanhas Fonte: Adaptado de IBGE (2012)

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Figura 24: Perfil Fitofisionômico. Fonte: Veloso, Rangel Filho e Lima (1991).

Joinville apresenta uma característica bastante distinta de outros municípios de ocorrência da Mata Atlântica, por apresentar quase a totalidade das fitofisionomias características desse ecossistema, além de apresentar ecossistemas associados (manguezal e restinga), refúgios vegetacionais e contatos florísticos. A Figura 25, numa escala 1:55.000, demonstra as principais fitofisionomias de Joinville, no que diz respeito a área de abrangência, levantadas em 2007 a partir de imagens de 2005.

Figura 25: Fitofisionomias no município de Joinville. Fonte: FUNDEMA/PMJ, 2007.

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2.2.1.1 Floresta Ombrófila Densa Aluvial (FDA)

A floresta ombrófila densa aluvial é um tipo de vegetação que relaciona-se com ambientes situados nas margens de alguns cursos de água, periferia de brejos, bem como em baixadas úmidas, e até mesmo em áreas alagadas temporariamente. Também é conhecida sob as designações de floresta ciliar, floresta de galeria e floresta ribeirinha. É uma formação higrófila, densa, de porte médio, onde podem ser constatadas espécies tais como: Pera glabrata, Psychotria nuda, Psidium cattleianum, Calophyllum brasiliense, Tapirira guianensis, Andira anthelminthica, Syagrus romanzoffiana, Euterpe edulis, Tabebuia umbellata, Myrcia insularis entre outras. Relaciona-se, principalmente, com solos hidromórficos e mal drenados. Esta fitofisionomia não está delimitada no mapa fitofisionômico apresentado devido a uma questão de escala de mapeamento e a necessidade de confirmações a campo. Por isso será objeto de um programa específico dentro do PMMA, onde serão delimitadas e/ou confirmados os limites de cada fitofisionomia com uma escala de mapeamento maior.

2.2.1.2 Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas

A floresta de terras baixas ocorre na faixa de altitude de 0 a 30 metros, em solos de drenagem deficiente – Organossolos, Espodossolos e Neossolos Quartzarênicos, quando hidromórficos –, as fases vegetacionais mais evoluídas são caracterizadas pelo predomínio de Calophyllum brasiliense (Clusiaceae), formando um estrato arbóreo contínuo entre 20 e 25 metros de altura, e geralmente acompanhado por Handroanthus umbellatus (Bignoniaceae), Pseudobombax grandiflorum (Bombacaceae), Ficus luschnatiana, Ficus adhatodifolia (Moraceae) e Tapirira guianensis (Anacardiaceae). Nos estratos inferiores são comuns Clusia criuva (Clusiaceae), Pera glabrata (Euphorbiaceae), Tabebuia cassinoides (Bignoniaceae), Marlierea tomentosa (Myrtaceae), Guarea macrophylla (Meliaceae), Syagrus romanzoffiana e Euterpe edulis (Arecaceae) (Roderjan et 1996et. al.)

2.2.1.3 Floresta Ombrófila Densa Submontana

A Floresta Ombrófila Densa Submontana caracteriza-se por apresentar um grande número de árvores altas, formando uma cobertura contínua e densa, sob a qual se desenvolvem outros estratos. Uma particularidade desta floresta está no elevado epifitismo, não igualado em outras partes do país, principalmente, chamando atenção para as dezenas de

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espécies de bromélias, que cobrem tanto os troncos quanto os ramos das árvores, formando um verdadeiro jardim suspenso (FUNDEMA, 2010). Na vegetação, de um modo geral, alguns indivíduos de grande porte se destacam na paisagem, Ficus luschnathiana, Magnolia ovata, Virola bicuhyba, Syagrus romanzoffiana, Ocotea catharinensis, Nectandra rigida, Cedrela fissilis, Cabralea canjerana, Aspidosperma parvifolium, Copaifera trapezifolia, Hyeronima alchorneoides, Tapirira guianenses e Schizolobium parahyba (PMJ,2010). No subosque da floresta ocorrem Bathysa australis, Sorocea bonplandii, Psychotria carthagenensis, Psychotria suterella, Psychotria vellosiana, com destaque para a palmeira Euterpe edulis.

2.2.1.4 Floresta Ombrófila Densa Montana

A floresta montana ocorre nas altitudes de 400 a 1000 metros e pode ser considerada fisionomicamente semelhante à formação submontana, mas sua florística é diferenciada, com a diminuição até a ausência de espécies de caráter tropical, isso devido a diminuição das médias térmicas anuais, em função da elevação em altitude, incluindo a ocorrência regular de geadas e a menor profundidade efetiva dos solos. Nesses ambientes, ainda bem conservados, são dominantes Ocotea catharinensis, Ocotea odorifera, Copaifera trapezifolia, Aspidosperma olivaceum, Pouteria torta, Lamanonia speciosa, Cabralea canjerana e Cedrela fissilis, entre outras. Nos estratos inferiores destacam-se Drimys brasiliensis , Weinmannia paullinifolia, Inga sessilis, Ilex paraguariensis, Ilex taubertiana, Ilex microdonta e Dicksonia sellowiana, além de Myrtaceae e Rubiaceae, comuns aos pisos altitudinais anteriores.

2.2.1.5 Floresta Ombrófila Densa Altomontana

Floresta Ombrófila Densa Altomontana compreende as formações florestais que ocupam as porções mais elevadas da Serra do Mar, que conforme o IBGE(2012) ocorrem em media acima de 1000 metros acima do nível do mar, confrontando com as formações campestres e rupestres das cimeiras das serras (Refúgios Vegetacionais). É composta por associações arbóreas simplificadas e de porte reduzido (3 a 7 metros de altura), isso devido as condicionantes climáticas e pedológicas mais restritivas ao desenvolvimento das árvores (baixas temperaturas, ventos fortes e constantes, elevada nebulosidade e solos progressivamente mais rasos e de menor fertilidade – Neossolos Litólicos e Organossolos não-saturados).

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Nestas situações são típicas Ilex microdonta (Aquifoliaceae), Siphoneugena reitzii (Myrtaceae), Podocarpus sellowii (Podocarpaceae), Drimys brasiliensis (Winteraceae), Ocotea catharinensis (Lauraceae) e as exclusivas Handroanthus catarinensis (Bignoniaceae), Weinmannia humilis (Cunoniaceae) e Clethra uleana (Clethraceae), entre outras. Neste ambiente reduz-se o epifitismo vascular e é abundante o avascular (musgos e hepáticas), recobrindo integralmente os troncos e ramificações das árvores (Roderjan, 1994; Portes, 2000)

2.2.1.6 Manguezal

Joinville integra a região da Baía da Babitonga, os manguezais presentes nessa Baía representam os maiores maciços desse ecossistema no estado de Santa Catarina. A Baía e seu entorno abrigam uma grande de espécies da fauna e flora e, por isso, são considerados como “Áreas Prioritárias para Conservação da Biodiversidade Costeira Brasileira” com “extremamente alta importância biológica, recomendando-se a criação de Unidades de Conservação no local (MMA /IBAMA, 2007). As espécies que compõem esse ecossistema são predominantemente a Laguncularia racemosa, Avicenia schauerianae, Rizophora mangle. Conforme citado anteriormente, os manguezais da Baía da Babitonga integram um importante remanescente desse ecossistema no estado de Santa Catarina e por consequência do sul do Brasil.

2.2.1.7 Restinga

Já a restinga, é de acordo com a Resolução CONAMA nº 261/1999 (CONAMA 1999), um conjunto de ecossistemas que compreende comunidades vegetacionais, florísticas e fisionomicamente distintas, situadas em terrenos predominantemente arenosos, de origens marinha, fluvial, lagunar, eólica ou combinações destas. Esse tipo de vegetação ocorre em solos arenosos de origens variadas, ocorrendo três fitofisionomias distintas (herbácea/ subarbustiva, arbustiva e arbórea), ( FALKENBERG, 1999), sendo que no município de Joinville predomina a restinga arbórea, que por vezes é confundida erroneamente com os estágios sucessionais da FOD. Quanto a composição florística as espécies de porte arbóreo mais frequentes são as pertencentes a família Myrtaceae (nove), seguida por Primulaceae e Sapindaceae (quatro cada), Aquifoliaceae, Asteraceae e Lauraceae (três cada). Nove famílias são representadas

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com duas espécies cada e 16 com apenas uma espécie cada. Dentre os gêneros com maior número de espécies estão: Myrcia (cinco), Myrsine (quatro) e Ilex (três). (KORTE et.al,2013) Alguns exemplos de espécies ocorrentes em restinga:  Estrato Arbustivo: Myrsine spp., Schinus terebinthifolius, Lithrea brasiliensis, Pera glabrata, Erythroxylum argentinum, Erythroxylum spp.; Guapira opposita, Vitex megapotamica, Butia capitata, Psidium cattleyanum, Gomidesia palustris, Eugenia spp., Myrcia spp., Vitex megapotamica, Ilex spp., Sapium glandulatum, Calliandra tweediei, Hibiscus tiliaceus, Annona glabra, Huberia semiserrata.  Estrato Arbóreo: Clusia parviflora, Gomidesia spp., Psidium cattleyanum, Alchornea triplinervia, Ocotea pulchella, Calophyllum brasiliense, Tapirira guianensis, Guapira opposita, Nectandra oppositifolia, Nectandra megapotamica, Citharexylum myrianthum, Inga spp., Jacaranda puberula, Cupania vernalis, Matayba guianensis, Geonoma spp.

2.2.1.8 Floresta de transição entre Ombrófila Densa e Ombrófila Mista

Na porção oeste do município ocorre o contato florístico da FOD com a FOM, nessas faixas de transição há ocorrência de espécies características das duas formações vegetacionais. Na elaboração do plano de manejo da Reserva Particular do Patrimônio Natural Caetezal foram localizadas as seguintes espécies características da FOM: Clethra scabra (carne de vaca), Drimys brasiliensis (casca da anta), Ilex paraguariensis (erva-mate), Erythroxylum cuneifolium (corticeira), Nectandra megapotanica (canela preta), Ocotea pulchella (canela), Sloanea monosperma (laranjeira-do-mato). Por meio, do levantamento florístico constata-se que são necessárias coletas em outros pontos amostrais para delinear os padrões florísticos desta fitofisionomia. Ainda é possível na área de planalto do município, observar a ocorrência da Araucaria angustifolia, outra espécie característica da Floresta Ombrófila Mista.

2.2.1.9 Campos de altitude

Em Joinville foi possível identificar a ocorrência de vegetação típica de campos de altitude, localizado na Serra Queimada, região das nascentes do Rio Cubatão. Essa fitofisionomia, descrita por Klein (1979), foi caracterizada no Plano de Manejo da RPPN Caetezal e citam a presença das seguintes espécies: Carex brasiliensis (tifa),

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Andropogons lateralis (capim caninha), Paspalum maculosum (caninha), Baccharis uncinella (vassoura).

2.2.2 Remanescentes florestais

Para cálculo dos remanescentes no Município de Joinville, foi utilizado o arquivo vetorial “uso da terra” na escala de 1:5.000. A Classificação de Uso da Terra do município de Joinville foi efetuada a partir de interpretação da Ortofoto do Município de Joinville na escala 1:10.000, cujo aerolevantamento foi executado pela empresa Aeroimagem no ano de 2010. Esta escala foi adotada por se tratar da escala de origem do voo das fotos da maior parte da área rural. Tal trabalho foi realizado pela equipe de Geoprocessamento da Secretaria de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável (SEPUD) e pode ser visualizado no mapa da Figura 26.

Figura 26: Mapa de uso da terra

Do mapeamento de classificação de uso da terra, foram utilizadas as áreas mapeadas como floresta ou vegetação nativa. Então se procedeu com a divisão das diversas fitofisionomias existentes no município. Primeiramente, foi realizada a classificação pelas

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diversas faixas de atitude e na sequência foi realizado um cruzamento com as informações pedológicas do município. Isso permitiu identificar, dentre outras características, informações como as áreas de transição. Conforme descrito no item “Fitofisionomias originais”, o município de Joinville apresenta uma alta diversidade de ecossistemas, todos característicos da mata atlântica.

2.2.2.1 Remanescentes totais no município

Utilizando a base de dados do MapBiomas (www.mapbiomas.org) – que fornece um histórico da ocupação florestal no Brasil –, por esse mapeamento, em Joinville, restariam 77.611,07 hectares de remanescentes da Mata Atlântica. Entretanto pelo mapeamento realizado para este diagnóstico, em uma escala mais detalhada, o resultado foi de 68.420,98 hectares de remanescentes da Mata Atlântica. Essa diferença se explica pelos usos de diferentes escalas de mapeamento, sendo o segundo um retrato mais próximo da realidade. Isso representa que cerca de 60,87% da área total do município é coberta com vegetação característica do bioma Mata Atlântica e se configura conforme o Gráfico 3 e mapa da Figura 27.

Gráfico 3: Distribuição dos remanescentes de Mata Atlântica em Joinville por fitofisionomias

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Figura 27: Distribuição dos remanescentes de Mata Atlântica por fitofisionomias no município de Joinville

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Uma análise interessante pode ser extraída das estatísticas fornecidas pelo MapBiomas. Embora os números absolutos não coincidam com o mapeamento realizado para a realidade de Joinville, fica evidente que a redução da área florestada esta relacionada com o aumento da agricultura e da infraestrutura urbana ao longo do tempo, como pode ser observado no Gráfico 4 e Gráfico 5, extraídos do MapBiomas.

Gráfico 4: Evolução das áreas florestadas no município de Joinville entre os anos de 1985 e 2017. Fonte: MapBiomas (2018).

Gráfico 5: Evolução das classes de uso do solo agropecuária e infraestrutura urbana entre os anos de 1985 e 2017. Fonte: MapBiomas (2018)

Partindo desta análise, com o intuito de preservar os remanescentes e inclusive aumentar a área ocupada com vegetação característica da mata atlântica é interessante que

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não ocorram expansões de área urbana ou agricultura tradicional, mas que seja priorizada uma melhor utilização dos espaços sem vegetação nativa e incentivo às práticas de agricultura agroflorestal em consórcio com espécies nativas.

2.2.2.2 Análise dos remanescentes por fitofisionomias

 Campos de Altitude Situados da porção noroeste do município os campos de altitude contemplam cerca de 213 hectares, encontram-se parcialmente degradados em virtude da ocorrência de invasão por Pinus sp e também da pecuária nessa região (Figura 28).

Figura 28: Sobrevoo realizado nos campos de altitude localizado dentro da APA da Serra Dona Francisca. Créditos: UGA – SAMA/Joinville.

 Floresta Ombrófila Densa Altomontana A floresta ombrófila densa altomontana está situada na porção noroeste do município, acima de 1000 metros de altitude e normalmente associada aos campos de altitude. Compreende uma vegetação arbóreo-arbustiva e no município encontra-se em um bom estado de conservação, registrando ocorrências de vegetação primária – isso é esperado uma vez que são áreas de difícil acesso e muito pouco exploradas. Através do levantamento realizado, constata-se que remanescem 2.201,6 hectares de vegetação característica da floresta ombrófila densa altomontana, representando cerca de 2% dos remanescentes no Município.

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Figura 29: Vegetação característica da Floresta Ombrófila Densa Altomontana. Créditos: UGA – SAMA/Joinville.

 Floresta Ombrófila Densa Montana Essa tipologia florestal ocorre normalmente nas faixas de 400 a 1.000 metros de altitude, em regiões de declive acentuado que por conta da dificuldade de acesso apresenta remanescentes com pouca ou nenhuma intervenção humana, estando no município em um bom grau de conservação (Figura 30). Compreendem atualmente 28.156,5 hectares de remanescentes, perfazendo um percentual de 25,05 %.

Figura 30: Registro da Floresta Ombrófila Densa Montana em sobrevoo realizado dentro da APA da Serra Dona Francisca. Créditos: UGA – SAMA/Joinville.

 Florestas de transição Ombrófila Densa Montana / Ombrófila Mista Através do mapeamento realizado observa-se a ocorrência de uma faixa de transição entre as florestas ombrófilas densa e mista. Esta transição é caracterizada pela ocorrência de

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espécies típicas das duas formações florestais. Por exemplo, na região delimitada observa-se a ocorrência de Araucaria angustifolia, espécie característica da ombrófila mista. Além da fotointerpretação para a delimitação dessas áreas foram utilizados os estudos da RPPN Caetezal e da APA Dona Francisca, que citam e delimitam áreas de transição entre as duas tipologias florestais citadas. Essa faixa de transição compreendem 3.803,13 hectares totalizando 3,38% dos remanescentes do município. Quanto ao grau de conservação, observa-se a ocorrência de silvicultura de Pinus sp em áreas que ocorria essa transição e ainda ocorrência em menor proporção de pastagens, com pouca ocupação humana. Os remanescentes mapeados são considerados em um bom estado de conservação compreendendo formações secundárias em estágio médio, avançado e formações primárias.

 Floresta Ombrófila Densa Submontana Essa fitofisionomia ocorre das faixas de altitude de 20-400 metros e apresenta relevo de ondulado a fortemente ondulado (Figura 31), compreendem atualmente a 21.459,10 hectares de formação característica de floresta ombrófila densa submontana, isso representa cerca de 19,09% dos remanescentes do município. Esse montante expressivo de remanescente provém do resultado das políticas municipais urbanísticas de ocupação reduzida das “cotas 40” incluindo inclusive na lei orgânica municipal tal proteção. Ainda outro fator que favoreceu a conservação deste tipo de vegetação foi a instituição de unidades de conservação municipais (ARIE Morro do Boa Vista e Morro do Iririú). Quanto aos estágios de formação, estes são os mais variados de inicial a avançado, normalmente secundários restando poucos ou nenhum maciço primário. Inventários florestais recentes, apresentados a secretaria de meio ambiente para a obtenção de autorização de corte, apontam a maioria dos remanescentes como estágio médio e avançado de sucessão secundária.

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Figura 31: Floresta Ombrófila Densa Submontana localizada nas ARIEs Morro do Boa Vista (primeiro plano) e Morro do Iririú (segundo plano). Créditos: UGA – SAMA/Joinville.

 Floresta ombrófila densa das terras baixas Essa fitofisionomia ocorre normalmente até a altitude de 20 metros e apresentam características florísticas distintas da floresta ombrófila densa submontana. Restam no município cerca de 67.28,71 hectares que representam um percentual de aproximadamente 6%. Ressalta-se que esta é uma das fitofisionomias que mais foi atingida pelo desenvolvimento da cidade e que a grande parte dos remanescentes compreendem fragmentos muito reduzidos. Quanto ao estado de conservação este é bastante precário. Conforme mencionado anteriormente, esse tipo de formação encontra-se bastante fragmentado devido à ocupação urbana e na área rural pela agricultura, especialmente pela rizicultura. Pelo mapeamento realizado foi possível identificar um grande maciço de floresta ombrófila densa de terras baixas na porção sudoeste do município ainda na área rural. Esse maciço tem aproximadamente 1.000 hectares de vegetação provavelmente primária e bem conservada, sendo de extrema importância a manutenção deste maciço.

 Restinga Uma característica das formações florestais de restinga é a textura arenosa do solo. Com as informações pedológicas do município foi possível identificar as manchas de restinga existentes em Joinville. Isso totaliza 3.108,57 hectares compreendendo 2,77% e mais 1.344 hectares de transição Restinga/ Mangue (1,2%). Por ocorrerem em áreas mais planas também é um tipo de vegetação que foi bastante impactado pela ocupação urbana.

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Figura 32: Restinga arbórea localizada dentro do Parque Natural Municipal da Caieira. Créditos: UGA – SAMA/Joinville.

 Manguezal Situado na região costeira do município o manguezal compreende cerca de 3.777,35 hectares, representando 3,36% dos remanescentes no município de Joinville. Atualmente encontram-se bastante degradados e um dos fatores aprontados é o ataque sofrido por uma lagarta no ano de 2016 que impactou largamente a espécie conhecida como mangue preto (Avicenia shaureana) (Figura 33). Outro fator de possível degradação é recorrente poluição na região da Baía da Babitonga que pode tornar desfavorável à manutenção do mangue.

Figura 33: Foto realizada no ano de 2017 no manguezal localizado no Bairro Espinheiros, após o ataque das lagartas ao mangue preto (Avicenia shaureana). Créditos: UGA – SAMA/Joinville.

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2.2.2.3 Remanescentes na área rural do município de Joinville

Na área rural o percentual total de remanescentes é de 72,6%, sendo a maior parte composta por remanescentes da floresta ombrófila densa montana e submontana (Gráfico 6 e Figura 34). Isso ocorre principalmente pelos fatores descritos anteriormente – vegetação localizada em áreas de elevada altitude e de declive acentuado, que geram dificuldade no acesso.

Gráfico 6: Distribuição dos remanescentes de Mata Atlântica na área rural de Joinville por fitofisionomias

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Figura 34: Distribuição dos remanescentes de Mata Atlântica por fitofisionomias na área rural do município de Joinville

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2.2.2.4 Remanescentes na área urbana do município de Joinville

Passando para a realidade da área urbana de Joinville, restam apenas 30,5% de áreas com vegetação nativa. Sendo que desse percentual 19,4% corresponde a fitofisionomia característica da Floresta Ombrófila Densa Submontana e apenas 7,4% correspondem à Floresta Ombrófila Densa das Terras baixas (Gráfico 7 e Figura 35). Ressalta-se que esse percentual referente à FOD Submontana provém dos resultados das políticas de proteção das “cotas 40” e da existência de Unidades de Conservação municipais, sejam elas ARIE do Morro do Boa Vista e do Iririú. Nota-se também quem não há um maciço considerável de vegetação característica da Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas, estando os remanescentes bastante fragmentados devido, justamente, a maior ocupação urbana situarem-se nessas áreas.

Gráfico 7: Distribuição dos remanescentes de Mata Atlântica na área urbana de Joinville por fitofisionomias

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Figura 35: Distribuição dos remanescentes de Mata Atlântica por fitofisionomias na área urbana do município de Joinville

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2.2.2.5 Remanescentes da Mata Atlântica e corredores ecológicos

Com o cruzamento das informações referentes à proposta de corredores ecológicos (que será descrito no item sobre a definição de áreas prioritárias para conservação e recuperação do bioma) e o mapeamento dos remanescentes, pode-se obter as informações da porcentagem de remanescentes em cada um dos corredores ecológicos proposto bem como a área em hectares de cada fitofisionomia, a constar na Tabela 5 e Gráfico 8. Associado ao mapeamento (Figura 36), essas informações podem nortear futuros programas de recuperação bem com as compensações ambientais.

Tabela 5: Quantificação dos remanescentes de Mata Atlântica dentro dos corredores ecológicos propostos Área de Porcentagem de Corredor Porcentagem total Fitofisionomia remanescentes remanescentes Ecológico de remanescentes (ha) por fitofisionomia Anaburgo FOD Submontana 400,36 48,25% 55,43% Restinga 0,11 0,01% FOD das Terras baixas 59,42 7,16% Manguezal FOD Submontana 28,93 0,36% 86,22% Mangue 3551,38 44,76%

Restinga 1176,43 22,39% FOD das Terras baixas 316,97 3,99% Transição Restinga 1167,30 14,71% Manguezal Pamital FOD Submontana 601,74 37,84% 84,18% Mangue 2,18 0,14% Restinga 213,08 16,62% FOD das Terras baixas 422,63 26,58% Piraí FOD Submontana 624,33 26,68% 49,87% Mangue 3,70 0,16% Restinga 4,30 0,18% FOD das Terras baixas 534,82 22,85% Piraí-1 FOD Submontana 238,51 17,53% 41,35% FOD das Terras baixas 324,09 23,82% Rio Cubatão FOD Submontana 42,4 7,46% 21,23% Mangue 1,32 0,23%

Restinga 2,31 0,41% FOD das Terras baixas 70,13 12,45% Transição Restinga / 3,80 0,67% Manguezal

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Área de Porcentagem de Corredor Porcentagem total Fitofisionomia remanescentes remanescentes Ecológico de remanescentes (ha) por fitofisionomia Rio do Braço FOD Submontana 75,55 32,09% 66,53% FOD das Terras baixas 81,05 34,43% Vila Nova FOD Submontana 399,95 60,65% 69,49% FOD das Terras baixas 58,30 8,84%

Gráfico 8: Distribuição dos remanescentes por corredor ecológico proposto

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Figura 36: Distribuição dos remanescentes de Mata Atlântica por fitofisionomia nos corredores ecológicos e unidades de conservação

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2.2.2.6 Remanescentes por bairros

A Tabela 6 apresenta a área de remanescentes por bairros, bem como a porcentagem que ocupam em relação à área total de cada bairro. Lembrando que esse percentual refere-se somente a vegetação de bioma da Mata Atlântica, desconsiderando reflorestamentos ou árvores isoladas. Esses resultados, somados ao mapeamento, podem futuramente nortear políticas de arborização urbana com espécies nativas.

Tabela 6: Remanescentes de Mata Atlântica por bairro Porcentagem de Bairro Remanescentes (ha) Remanescentes por Bairro Adhemar Garcia 34,97 17,85% América 71,92 15,84% Anita Garibaldi 28,32 9,31% Atiradores 113,03 40,23% Aventureiro 280,99 30,56% Boa Vista 188,79 35,19% Boehmerwald 29,64 9,45% Bom Retiro 115,73 29,63% Bucarein 4,51 2,21% Centro 0,90 0,69% Comasa 12,03 4,43% Costa e Silva 90,38 13,74% Dona Francisca 37,69 34,28% Espinheiros 68,88 25,15% Fátima 22,53 10,18% Floresta 75,77 15,17% Glória 132,97 24,76% Guanabara 29,60 11,60% Iririú 201,45 32,38% Itaum 27,49 7,39% Itinga 381,96 49,41% Jardim Iririú 28,49 8,63% Jardim Paraíso 13,02 4,04%

Jardim Sofia 37,60 17,61% Jarivatuba 7,77 3,73% João Costa 64,25 18,84% Morro do Meio 205,65 37,77%

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Porcentagem de Bairro Remanescentes (ha) Remanescentes por Bairro Nova Brasilia 359,33 45,75% Paranaguamirim 299,48 26,03% Parque Guarani 212,83 48,25% Petrópolis 45,55 14,97% Pirabeiraba 236,01 38,78% Profipo 49,95 30,08% Rio Bonito 112,42 19,62% Saguaçu 154,50 31,61% Santa Catarina 272,59 50,30% Santo Antônio 35,06 1,74% São Marcos 364,68 66,81% Ulisses Guimaraes 83,59 25,88% Vila Nova 440,01 30,49% Zona Industrial Norte 1367,15 45,46% Zona Industrial Tupy 31,17 21,14%

2.2.2.7 Remanescentes da Mata Atlântica por bacias hidrográficas

Juntamente como o mapeamento de localização dos remanescentes (Figura 37, Figura 38, Figura 39, Figura 40, Figura 41, Figura 42 e Figura 43), os resultados apresentados na Tabela 7 são um indicativo da situação atual das bacias hidrográficas do município, permitindo futuras análises referentes à qualidade da água e porcentagem de remanescestes e, no mesmo sentido, orientar programas de fomento/ recuperações setorizadas por bacias hidrográficas.

Tabela 7: Remanescentes de Mata Atlântica por bacia hidrográfica Remanescentes Porcentagem Porcentagem total Bacia Hidrográfica Fitofisionomia por fitofisionomia por de remanescentes (ha) Fitofisionimia Mangue 209,94 2,53% Cachoeira FOD das terras baixas 373,67 4,51% 24,31% FOD Submontana 1430,60 17,27% Campos de Altitude 213 0,54% FOD Altomontana 2133,68 5,44% Cubatão FOD Montana 10672,26 27,20% 68,75% FOD Submontana 7799,76 19,88% FOD das terras baixas 1703,22 4,34%

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Remanescentes Porcentagem Porcentagem total Bacia Hidrográfica Fitofisionomia por fitofisionomia por de remanescentes (ha) Fitofisionimia Mangue 289,12 0,74% Restinga 62,69 0,12% Transição FOD 3754,85 9,57% Montana /FOM Montana Transição Restinga/ 351,42 0,90% Manguezal FOD Submontana 345,71 6,27% FOD das Terras 312,83 5,38% Independentes da Baixas 53,75% Vertente Leste Mague 1421,56 25,79% Restinga 881,98 16% FOD Submontana 155,02 3,15% FOD das Terras 63,39 1,29% Independentes da Baixas 44,40% Verterte Sul Mangue 1421,56 25,79% Restinga 1390,49 28,25% FOD Altomontana 61,64 0,50% FOD Montana 11390,40 92,63% Itapocuzinho 93,19% Transição FOD 7,59 0,06% Montana /FOM Montana FOD Montana 357,27 3,59% FOD Submontana 1969,35 19,79% FOD das Terras 837,64 8,42% Baixas Palmital 58,04% Transição FOD 25,65 0,26% Montana /FOM Montana Transição 992,59 9,97% Restinga/Manguezal FOD Montana 5554,69 17,9% FOD Submontana 7955,27 25,63% Restinga 439,73 1,42% Piraí 56,19% FOD das Terras 3349,97 43,67% Baixas Transição Altomontana 43,67 0,14% / Campos de Altitude

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Figura 37: Distribuição dos remanescentes de Mata Atlântica por fitofisionomia na BH do Rio Cachoeira

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Figura 38: Distribuição dos remanescentes de Mata Atlântica por fitofisionomia na BH do Rio Piraí

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Figura 39: Distribuição dos remanescentes de Mata Atlântica por fitofisionomia nas BHs Independentes da Vertente Leste

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Figura 40: Distribuição dos remanescentes de Mata Atlântica por fitofisionomia nas BHs Independentes da Vertente Sul

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Figura 41: Distribuição dos remanescentes de Mata Atlântica por fitofisionomia na BH do Rio Cubatão

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Figura 42: Distribuição dos remanescentes de Mata Atlântica por fitofisionomia na BH do Rio Palmital

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Figura 43: Distribuição dos remanescentes de Mata Atlântica por fitofisionomia na BH do Rio Itapocuzinho

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2.2.3 Espécias endêmicas, ameaçadas, de importância econômica e exóticas invasoras

Considerando os vários levantamentos florísticos e fitossociológicos realizados no município de Joinville e o conhecimento de campo, podem-se destacar algumas espécies raras: Guanandi (Calophilum brasilienses), Canela preta (Ocotea catarinensis), Canela sassafrás (Ocotea odorifera), Caxeta (Handroantus casinoides), Palmito (Euterpe edulis), Araucaria (Araucaria anguistifolia), Podocarpos (Podocarpus sellowii), Mamãozinho do mato (Vasconcellea quercifolia). Dentre as espécies de importância econômica destacam-se: Palmito (Euterpe edulis), Cedro (Cedrela fissilis), Guanandi (Calophyllum brasilienses), Caxeta (Handroantus casinoides), Araucaria (Araucaria angustifolia), Bracatinga (Mimosa scabrella), Canelas (Ocotea sp.), Erva mate (Ilex paraguaiensis). Espécies exóticas invasoras podem degradar os ecossistemas naturais, já que crescem em espaços antes ocupados por plantas nativas e interferem nas relações ecológicas locais, inclusive com atração de animais também não nativos (Almeida, 2013). Como exemplo, destacam-se o Pinus sp, Uva japão (Holvenia dulcis), jambolão (Syzygium jambolanum), lírio do brejo (Hedychium coronarium), Coreutéria (Koelreuteria paniculata), Palmeira leque (Livistona chinensis), Nespera (Eriobotrya japonica), Brachiaria sp.

2.2.4 Fauna

A supressão dos ecossistemas afeta a composição e diversidade da fauna e da flora, o comportamento da fauna e a estrutura das comunidades, além dos processos ecológicos associados aos componentes da biodiversidade (Lyrajorge; Ciocheti; Pivello, 2008; Machado et al., 2004a). A perda de habitat é considerada uma das principais ameaças para as espécies (Primack, 2010). Esta situação é especialmente preocupante no caso dos hotspots, que são áreas de altíssima importância para a conservação por abrigar uma proporção alta de espécies endêmicas e sofrer uma grande perda de habitat (Myers et al., 2000). Das 25 áreas classificadas por Myers e colaboradores como hotspots, 2 delas se encontram no Brasil: a Mata Atlântica e o Cerrado. Na caracterização ambiental é fundamental a correlação entre o meio e a fauna, merecendo destaque a análise da vegetação, os aspectos físicos e geomorfológicos, as alterações físicas causadas por animais e pelo homem, o sistema aquático, o suprimento de alimento, a presença ou não de predadores, competidores, parasitas ou doenças, os distúrbios humanos, a pressão de caça, o clima e condições meteorológicas. Todos estes dados são relevantes, por ser a fauna produto do meio que a suporta, visto que todos os organismos são

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dependentes do seu habitat para satisfazer as necessidades específicas de sobrevivência e reprodução (Firkowski, 1991). O Estado de Santa Catarina apresenta uma fauna diversificada, incluindo muitas a serem confirmadas, o que evidencia a necessidade de levantamentos de longo prazo para haver um melhor conhecimento sobre a riqueza de espécies (Tabela 8). A perda e a fragmentação de habitat, decorrente de atividades humanas, constituem uma das maiores ameaças aos mamíferos terrestres no Brasil (Costa et al., 2005), principalmente as espécies com distribuição no bioma Mata Atlântica (Chiarello, 1999; Canale et al., 2012). No estado de Santa Catarina, que é inserido exclusivamente dentro do bioma Mata Atlântica, restam atualmente 17,46% de florestas nativas preservadas (Medeiros, 2002). Os resultados desta perda de habitat, associados com outras ações como a caça predatória, já ocasionaram a extinção de espécies de grande porte em grandes porções de seu território, como a Panthera onca, que tem seus últimos registros em Santa Catarina, próximos à divisa com o Paraná, na região da Serra do Mar (Cimardi, 1996, Mazzolli, 2008). As aves estão presentes em uma ampla variedade de ambientes e constituem o grupo animal mais bem estudado no estado de Santa Catarina, se comparado com a masto e herpetofauna. Apesar do grande impacto antrópico sobre suas áreas verdes, é ainda considerada uma das três microrregiões do estado com maior diversidade em espécies de aves do estado (Alves et al.2000), inclusive com a presença de várias ameaçadas de extinção (Bencke et al. 2006, Reinert et al.2007, Cremer & Grose, 2010). A paisagem compreende um complexo mosaico ambiental devido à proximidade com o estuário da Babitonga e a Serra do Mar, integrando diversos ambientes de transição, como floresta submontana, floresta de terras baixas e manguezal. Todas estas formações sofrem grande impacto de origem antrópica, principalmente esgoto doméstico e resíduos industriais, ocupação irregular, desmatamento e caça. Os anuros têm sido pouco estudados em Santa Catarina, por isso existem grandes lacunas no conhecimento sobre as espécies deste Estado. Estas espécies representam 17% da riqueza de anuros no Brasil e 35% da riqueza de anfíbios. A fauna de répteis do estado é pouco conhecida, e com poucas áreas já inventariadas. Os dados secundários se basearam principalmente em Bérnils et al. (2001), Marques et al. (2001; 2004), Lema (1994; 2002) e Gonsales (2008). Apesar do crescente número de pesquisas realizadas sobre a fauna de répteis do Estado de Santa Catarina nos últimos anos, sabe-se da necessidade de amostragem de novas áreas, a fim de contribuir para uma melhor caracterização da fauna reptiliana do Estado. Da mesma forma, a reunião de dados ecológicos que se refiram à ocupação de microhabitats antrópicos e conservados pela herpetofauna é fundamental para sua compreensão e proteção (Tabela 8).

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Tabela 8: Dados da fauna de Santa Catarina Grupo Nº de espécies Nº de espécies ameaçadas Aves 702 97 Anfíbios 144 15 Mamíferos 152 33 Peixes - 54 Répteis 115 12 Dados: Anexo I

As espécies ameaçadas de extinção necessitam de medidas para garantia de sua preservação, mantendo sua ocorrência dentro da área do município, principalmente por meio de ações de gestão ambiental que protejam os maciços florestais que lhes servem de habitat. A criação de espaços especialmente protegidos, como as unidades de conservação da natureza, contribuem para perpetuar os ecossistemas e a diversidade de fauna e flora. A Figura 44, Figura 45, Figura 46 e Figura 47 apresentam alguns exemplares da fauna ameaçados de extinção existentes na região de Joinville.

Figura 44: Alouatta clamitans (Bugio-ruivo) Figura 45: Hollandichthys multifasciatus (Lambari listrado)

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Figura 46: Hemitriccus kaempferi (Maria Figura 47: Ramphocelus bresilius (Tiê-sangue) Catarinense)

2.2.5 Áreas de risco e fragilidade ambiental

Frequentemente se observa nos municípios um avanço nas frentes de crescimento urbano sobre áreas com consideráveis restrições em relação à estabilidade geológica. Muitas vezes estas frentes se dão através de ocupações por populações com reduzido acesso a distribuição de renda, e consequente dificuldade na implementação de soluções estruturais e infraestruturais para lidar com as variáveis geoambientais destas áreas. Ainda, em muitos casos, verificam-se que porções dos remanescentes vegetacionais nas áreas urbanas encontram-se associadas a situações de considerável risco geológico, sujeitas as pressões de ocupação. Isto posto, pode se observar que as ocupações em áreas com condicionantes geotécnicos expõem as populações a situações de vulnerabilidade, atuando como acelerador ou indutor de processos de instabilidade, bem como promovendo a degradação das condições ambientais de remanescentes vegetais, e tornando-se assim uma questão relacionada a problemática socioambiental. Pode se definir risco como a relação entre a possibilidade de ocorrência de um dado processo ou fenômeno, e a magnitude de danos ou consequências socioeconômicas sobre um elemento, grupo ou comunidade. De maneira geral, entende-se que quanto maior a vulnerabilidade, maior o risco. Destaca-se aqui que a definição de risco geológico leva em conta dois fatores principais: a vulnerabilidade, que pode ser vista como o “grau de perda para um dado elemento, grupo ou comunidade dentro de uma determinada área passível de ser afetada por um fenômeno ou processo” (Ministério das Cidades/Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT, 2007), juntamente com a suscetibilidade a ocorrência de eventos destrutivos. Assim, definida a suscetibilidade e a vulnerabilidade de um determinado local, chega-se a graus de risco, que pode ser dividido em baixo, médio, alto e muito alto. Áreas que

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implicam consideráveis cuidados são assim tratadas como “áreas de risco”(Ministério das Cidades/Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT, 2007). No município de Joinville-SC, o Serviço Geológico do Brasil -CPRM caracterizou e mapeou pontos de risco, no âmbito do Plano Nacional de Gestão de Riscos, prevendo a futura elaboração de um plano municipal de redução de riscos. Seu resultado foi publicado nos anos de 2012 e 2013. Tais levantamentos definiram e mapearam graus de suscetibilidade, identificando pontos de vulnerabilidade que, analisados conjuntamente, apontaram 55 áreas com graus de risco geológico relacionado à encostas no território do município. O resultado da análise dos dados disponíveis, apontam que as áreas com maior sensibilidade ambiental no município de Joinville estão concentradas nas zonas Leste e Sul, que apresentam condições de distribuição de renda e justiça social mais baixas (Prefeitura Municipal de Joinville, 2016). Destaca-se ainda a influência da declividade e da altitude nos índices de perigo, tornando as áreas mais declivosas com maiores índices de perigo. No caso das encostas, surgem áreas de perigo relacionados aos movimentos gravitacionais de massa. Assim, pode- se afirmar que “há uma coerência entre as características geomorfológicas das áreas susceptíveis a inundações e a escorregamentos” (PMJ, 2016, p. 78). Ainda, no que se refere ao risco de escorregamentos, já foi destacada a dificuldade do poder público na fiscalização da ocupação irregular em áreas destinadas a preservação/conservação ambiental, atuando em conjunto com a negligência dos padrões técnicos construtivos executados nas construções – identificando que o risco as construções se origina da execução de obras civis em desacordo com as normas técnicas vigentes (Prefeitura Municipal de Joinville, 2016) No Quadro 4 apresentam-se as áreas classificadas pelo CPRM como de risco alto e muito alto, podendo assim, ser identificado, no município de Joinville-SC, as áreas mais ameaçadas por desastres naturais e/ou erosão. Na coluna “situação” está descrito a situação dos remanescentes de mata nativa nessas áreas. Na Figura 48, Figura 49, Figura 50, Figura 51 e Figura 52 são apresentados os mapas com a localização dessas áreas. O Quadro 5 apresenta as áreas classificadas pelo CPRM como de risco alto relacionada à inundação e descreve a situação de cada área. O mapa da Figura 53 apresenta a localização dessas áreas de risco. No item “Mudanças Climáticas” será abordada a relação entre os remanescentes do bioma Mata Atlântica no município e a ampliação dos riscos de inundação.

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Quadro 4: Áreas classificadas pelo CPRM como de risco geológico alto e muito alto no município de Joinville/SC Setor Localização Grau de risco Situação 1 SC_JO_SR_01_CPRM Rua Ortílio L. dos Santos – Muito Alto Encosta convexa, onde declividade e a ausência de drenagem da encosta, associada Bairro Petrópolis com o despejo de água servida direto na encosta e da proximidade das casas em Coordenadas UTM: 716820 E / relação a base ao topo do talude, induz a ocorrência de deslizamentos. Possui 7083570 S remanescente de Mata Atlântica.

Sugestões de intervenções: guarda segurança em relação à base e ao topo do talude; drenagem da encosta; instalação de canaletas nas ruas, interligadas a caixas coletoras da drenagem pluvial; não lançar água servida direto na encosta. 2 SC_JO_SR_02_CPRM Rua Afenas – Bairro Petrópolis Alto Encosta convexa-côncava, com casas muito próximas a base e ao topo do talude, e Coordenadas UTM: 717112 E / ocupando a linha de escoamento da drenagem. O tipo de corte realizado na encosta e 7083848 S a falta de um sistema de drenagem pluvial potencializam a ocorrência de deslizamentos. Possui remanescente de Mata Atlântica.

Sugestões de intervenções: preservação da vegetação instalada nos caminhos preferenciais do escoamento da drenagem; drenagem da encosta; limpeza das manilhas; controle dos cortes realizados na encosta. 3 SC_JO_SR_03_CPRM Rua Colombo – Bairro Alto Encosta convexa, com aproximadamente 10m de altura, apresenta-se dissecada por Petrópolis uma linha de drenagem e solo exposto a processos erosivos, esse fato associado a Coordenadas UTM: 717244 E / proximidade das casas em relação a base e ao topo do talude potencializam a 7083785 S ocorrência de deslizamentos.

Sugestões de intervenções: drenagem da encosta; guarda distância de segurança em relação a base e ao topo do talude; preservação da vegetação instalada nos caminhos preferenciais do escoamento da drenagem. 4 SC_JO_SR_04_CPRM Rua Heitor Dominoni – Bairro Alto Encosta convexa com aproximadamente 15m de altura e 70m de comprimento. Petrópolis Apresenta cobertura vegetal no topo da encosta e solo residual espesso e exposto a Coordenadas UTM: 717165 E processos erosivos, como sulcos e ravinamento. Possui remanescente de Mata /7083224 S Atlântica.

Sugestões de intervenções: drenagem da encosta; revestimento do solo exposto; Controle da ocupação, com interdição de cortes sem a realização de um estudo técnico. 5 SC_JO_SR_05_CPRM Rua Luiz W. Dolfo Shoene – Alto Encosta convexa com cortes para instalação de residências. A deficiência de Bairro Boehmerwald drenagem, associada com a proximidade das casas em relação ao topo e a base do Coordenadas UTM: 717031E / talude, favorece a instalação de processo de rastejo e deslizamentos pontuais. Possui 7082756 S remanescente de Mata Atlântica.

Sugestões de intervenções: criação de canaletas de captação de águas pluviais nas

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Setor Localização Grau de risco Situação ruas; microdrenagem do talude, em relação as casas muito próximas a base do talude; evitar cortes subverticais na encosta; drenagem da encosta; evitar despejo de água servida na encosta. 6 SC_JO_SR_06_CPRM Rua Rodolfo Shoene – Bairro Alto Encosta convexa, com manto de intemperismo espesso e com vários cortes para Boehmerwald instalação de residências, na qual modificou o comportamento hidrológico da encosta e Coordenadas UTM: 717020 E / o ângulo de estabilização com registro de deslizamentos em 2008. Possui 7082583 S remanescente de Mata Atlântica.

Sugestões de intervenções: evitar cortes subverticais na encosta; drenagem da encosta; evitar despejo de água servida na encosta; criação de canaletas de captação de águas pluviais nas ruas. 7 SC_JO_SR_07_CPRM Rua Boehmerwald – Bairro Alto Encosta convexa, com aprox. 10m de altura e 35m de comprimento. Apresenta Boehmerwald cobertura vegetal no topo da encosta, material espesso e instável, com solo exposto a Coordenadas UTM: 717319 E erosão e a infiltração. Proximidades de um grande remanescente de Mata Atlântica. /7082297 S Sugestões de intervenções: muro de espera; drenagem da encosta; revestimento do solo exposto. 8 SC_JO_SR_08_CPRM Rua Paulo Schroeder – Bairro Muito Alto Encosta convexa, com vegetação no topo e algumas casas na base e no topo do Petrópolis talude. Ha histórico de deslizamento com a interdição de uma residência que se Coordenadas UTM: 662020 E / encontra no caminho preferencial. Presença de degraus de abatimento e água minando 7022854 S na base da encosta.

Sugestões de intervenções: controle de ocupação da encosta; remoção das casas localizadas no caminho preferencial da drenagem com risco de novos deslizamentos; revestimento e drenagem da encosta. 9 SC_JO_SR_09_CPRM Rua Prof. Maria Raquel da Alto Encosta convexa com 80 de inclinação. Apresenta algumas árvores inclinadas e trincas Silveira Nehme – Bairro no muro de duas residências, que associada a declividade e ao despejo de água Petrópolis servida direto no solo potencializa a ocorrência de deslizamentos. Possui remanescente Coordenadas UTM: 716998 E / de Mata Atlântica. 7084561 S Sugestões de intervenções: drenagem da encosta; evitar despejo de água servida direto na encosta e cortes subverticais. 10 SC_JO_SR_10_CPRM Rua dos Astronautas – Bairro Alto Encosta convexa, dispersora de drenagem, seccionada pela rua dos Astronautas na Petrópolis meia encosta e com vários cortes para instalação de residências. Apresenta sistema de Coordenadas UTM: 716735 E / drenagem pluvial deficiente. Possui remanescente de Mata Atlântica. 7084855 S Sugestões de intervenções: drenagem da encosta; evitar despejo de água servida

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Setor Localização Grau de risco Situação direto na encosta e cortes subverticais; criação de canaletas de captação de águas pluviais nas ruas. 11 SC_JO_SR_11_CPRM Rua Valdomiro Satiro de Oliveira Alto Encosta convexa, com aproximadamente 70 de inclinação e 10m de altura. Apresenta – Bairro Floresta casas muito próximas ao topo e a base do talude, com ocorrência de deslizamento em Coordenadas UTM: 716051 E / 2008. Possui remanescente de Mata Atlântica. 7084794 S Sugestões de intervenções: Não ocupação do terreno localizado na base da encosta; drenagem da encosta. 12 SC_JO_SR_12_CPRM Rua Jairo Aristides Siridarks – Alto Encosta convexo-côncava, com aproximadamente 70 de inclinação e 10m de altura em Bairro Itaum alguns pontos. Na vertente foi realizado um corte, com a criação de um patamar, para a Coordenadas UTM: 662020 E / implementação de um lote. Possui remanescente de Mata Atlântica. 7022854 S Sugestões de intervenções: drenagem da encosta; análise da casa instalada no caminho preferencial da drenagem para uma possível remoção. 13 SC_JO_SR_13_CPRM Rua Teresópolis – Bairro Itaum Muito Alto Encosta com risco induzido pelo corte, exposição do solo a processos erosivos, Coordenadas UTM: 716902 E / existência de uma linha preferencial de drenagem, com água minando na base do 7085563 S talude e com casas próximas ao escoamento e valetas profundas favorecendo a infiltração. Possui remanescente de Mata Atlântica.

Sugestões de intervenções: drenagem da encosta; criação de canaletas de captação de águas pluviais nas ruas; impermeabilização das valetas; remoção das famílias próximas ao escoamento preferencial da drenagem. 14 SC_JO_SR_14_CPRM Rua Waldemiro José Borges – Alto Encosta convexa, dispersora de drenagem, com aproximadamente 20m de altura, Bairro Santa Catarina 100m de comprimento e 60° de inclinação. Apresenta cobertura vegetal no topo da Coordenadas UTM: 715361 E encosta, material espesso e instável, com solo exposto a erosão e a infiltração. Possui 7082545 S remanescente de Mata Atlântica.

Sugestões de intervenções: drenagem da encosta; revestimento do solo exposto por vegetação apropriada. 15 SC_JO_SR_15_CPRM Rua Aquino da Natividade Costa Alto Encosta convexa-côncava com aproximadamente 65º de inclinação. Apresenta - Bairro Santa Catarina cobertura vegetal no topo da encosta e uma linha de drenagem bem definida na Coordenadas UTM: 715213 E / paisagem, com casas muito próximas ao topo do talude e ao escoamento de drenagem. 7082618 S Possui remanescente de Mata Atlântica.

Sugestões de intervenções: drenagem da encosta; guardar distância em relação ao topo do talude; evitar despejo de água servida direto no talude; manutenção da vegetação ao longo da linha preferencial de drenagem.

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Setor Localização Grau de risco Situação 16 SC_JO_SR_16_CPRM Rua João Filete de Oliveira – Muito Alto Encosta convexa, dispersora de drenagem, com aproximadamente 25m de altura e 75° Bairro Santa Catarina de inclinação. Apresenta encosta com material espesso e instável, com solo exposto a Coordenadas UTM: 715623 E / erosão e a infiltração. Possui remanescente de Mata Atlântica. 7082755 S Sugestões de intervenções: remoção das famílias em épocas de chuvas intensas; revestimento do solo exposto; drenagem da encosta. 17 SC_JO_SR_17_CPRM Rua Isabel Bernal de Souza – Alto Encosta convexa com aproximadamente 10 m de altura. Nela foi realizada um corte Bairro Santa Catarina para a implementação de um loteamento. Apresenta encosta com material espesso e Coordenadas UTM: 662020 E / instável, com solo exposto a infiltração e a processos erosivos. 7022854 S Sugestões de intervenções: drenagem da encosta; afastamento das residências da base do talude; muro de espera; revestimento do solo exposto. 18 SC_JO_SR_18_CPRM Rua Carlos Drumond de Alto Encosta convexa, com aproximadamente 60m de comprimento e com cobertura vegetal Andrade – Bairro Santa Catarina no seu topo. Apresenta casas muito próximas ao topo e a base do talude, com Coordenadas UTM: 714315 E ocorrência de deslizamento. Possui remanescente de Mata Atlântica. /7083709 S Sugestões de intervenções: drenagem da encosta; preservação da vegetação no topo do talude. 19 SC_JO_SR_19_CPRM Rua Américo Vespúcio – Bairro Alto Encosta convexa, com aproximadamente 70m de comprimento e 12m de altura. Nova Brasília Apresenta cobertura vegetal no seu topo, que foi retirada em alguns pontos para a Coordenadas UTM: 713343 E / instalação de casas. 7085578 S Sugestões de intervenções: drenagem da encosta; revestimento do solo exposto; controle dos cortes realizados na encosta. 20 SC_JO_SR_20_CPRM Rua Bom Retiro – Bairro Nova Alto Encosta convexa, em sua maior extensão de baixa declividade, onde a existência de Brasília movimento na encosta, rastejo, danificaram as residências aí localizadas. Coordenadas UTM: 712763 E 7085414 S Sugestões de intervenções: drenagem da encosta; monitoramento de possíveis vazamentos de água. 21 SC_JO_SR_21_CPRM Rua Francisco de Souza Vieira Muito Alto Encosta convexa com problemas observados em três vertentes. Todas possuem – Bairro Nova Brasília declividade alta, drenagem deficiente e risco induzido pelo corte. Uma dessas vertentes Coordenadas UTM: 712199 E / tem uma linha de drenagem bem definida com casas no topo e no caminho do 7085647 S escoamento. Possui remanescente de Mata Atlântica.

Sugestões de intervenções: drenagem da encosta; modificação da obra de drenagem realizada; evitar despejo de água servida direto na encosta; estudos técnicos para estabilizar a encosta.

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Setor Localização Grau de risco Situação 22 SC_JO_SR_22_CPRM Rua Otton Hofmann – Bairro Alto Encosta convexa, com aproximadamente 100m de comprimento e 50m de altura. Nova Brasília Apresenta cobertura vegetal no seu topo, que foi retirada em alguns pontos para a Coordenadas UTM: 712404 E / instalação de casas. Possui remanescente de Mata Atlântica. 7085410 S Sugestões de intervenções: drenagem da encosta; evitar despejo de água servida direto na encosta. 23 SC_JO_SR_23_CPRM Rua Esperança e Rua Paquetá Alto Encosta convexa, com aproximadamente mais de 120m de altura e 150 m de – Bairro Boa Vista comprimento. Apresenta cobertura vegetal no topo da encosta e pequenas reentrâncias Coordenadas UTM: 716872 E / indicando o caminho preferencial do escoamento. 7089263 S Sugestões de intervenções: drenagem da encosta; remoção das famílias localizadas no caminho preferencial do escoamento em eventos extremos de pluviosidade. 24 SC_JO_SR_24_CPRM Rua Adolfo Brezinki – Bairro Alto Encosta convexa exibindo cobertura vegetal no seu topo e apresentando uma pequena Boa Vista reentrância indicando o caminho preferencial do escoamento das águas pluviais, com Coordenadas UTM: 716568 E / canais naturais de drenagem passando pelos fundos das casas da Rua Adolfo Brezinki. 7089270 S Sugestões de intervenções: Drenagem da encosta. 25 SC_JO_SR_25_CPRM Ruas Monte Tabor e Ribeirão da Alto Encosta de alta declividade, com atuação combinada de processos erosivos Lagoa – Bairro Boehmerwald (ravinamentos e caminhos preferenciais de drenagem) e indícios de rastejo (presença Coordenadas UTM: 717361 E / de árvores inclinadas, trincas em muros de residências e degraus de abatimento no 7082113 S terreno). Possui remanescente de Mata Atlântica.

Sugestões de intervenções: obras de drenagem da encosta; controle urbano; evitar o despejo direto de águas servidas; planos de monitoramento e alerta de risco; conscientização ambiental em relação as áreas de risco do município. 26 SC_JO_SR_26_CPRM Rua Vereador Valmor Maes – Muito Alto Encosta convexa, de povoamento consolidado, composta por material muito espesso e Bairro Boehmerwald coeso, de aproximadamente 8m de altura, originada de um granulito indiferenciado, Coordenadas UTM: 717551 E / apresentando um pequeno patamar na meia encosta e casas bem próximas a base do 7081637 S talude.

Sugestões de intervenções: drenagem da encosta; não lançar água servida no talude; implantação de controle urbano e palestras visando uma conscientização ambiental e em relação as áreas de risco do município. 27 SC_JO_SR_27_CPRM Rua do Horto Florestal – Bairro Alto Edificações próximas a cortes subverticais na encosta, com vegetação de mata nativa Boa Vista em caminhos preferenciais de drenagem e área de ocorrência de enxurradas, em que a Coordenadas UTM: 717237 E / água chega a invadir as residências bruscamente. Possui remanescente de Mata 7089456 S Atlântica.

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Setor Localização Grau de risco Situação

Sugestões de intervenções: retirada das edificações em risco; controle urbano; drenagem da encosta; evitar o despejo direto de águas servidas; monitoramento e alerta de risco; conscientização ambiental em relação as áreas de risco do município. 28 SC_JO_SR_28_CPRM Rua Arno Schwatz – Bairro Boa Alto Encosta convexa, de povoamento consolidado, composta por material muito espesso e Vista coeso, na qual a atuação contínua da linha preferencial da drenagem formou um Coordenadas UTM: 717607 E pequeno talvegue na meia encosta. Possui remanescente de Mata Atlântica. /7089915 S Sugestões de intervenções: drenagem da encosta; monitoramento da área de risco, para emissão de alertas em eventos de intensa pluviosidade; implantação de controle urbano e palestras visando uma conscientização ambiental e em relação as áreas de risco do município. 29 SC_JO_SR_29_CPRM Rua Oxford ou Rua Emilia Alto Conjunto de três residências de muito baixo padrão construtivo (padrão misto, madeira Bonfanti Pavanello – Bairro Boa e alvenaria) situadas em meia encosta com vegetação nativa, abaixo do nível da rua. Vista As residências estão instaladas em talude de corte onde foi assentada a Rua Oxford. Coordenadas UTM: 717667 E /7089677 S Sugestões de intervenções: retirada das edificações em risco; controle urbano; drenagem da encosta; monitoramento e alerta de risco; conscientização ambiental em relação as áreas de risco do município. 30 SC_JO_SR_30_CPRM Rua Servidão Serra dos Alves – Alto Encosta convexa, de povoamento consolidado na base, na qual a atuação contínua da Bairro Boa Vista linha preferencial da drenagem forma um pequeno córrego permanente e onde esta Coordenadas UTM: 717477 E / instalada algumas residências. 7089607 S Sugestões de intervenções: expansão da canalização da drenagem; manutenção do canal; monitoramento da área de risco, para emissão de alertas em eventos de intensa pluviosidade; implantação de controle urbano e palestras visando uma conscientização das áreas de risco. 31 SC_JO_SR_31_CPRM Rua Palma Sola – Bairro Iririú Alto Ocorrência de evento anterior (2008) de deslizamento de solo em encosta de Coordenadas UTM: 717259 E / declividade acentuada, recoberta por vegetação nativa. Em pontos da encosta o 7091408 S material argiloso está se destacando, formando degraus de abatimento.

Sugestões de intervenções: construção de muro de espera; controle urbano; drenagem da encosta; monitoramento e alerta de risco; conscientização ambiental em relação as áreas de risco do município. 32 SC_JO_SR_32_CPRM Rua Arco-Íris – Bairro Iririú Alto A presença de árvores inclinadas, associada a proximidade das casas em relação a Coordenadas UTM: 717283 E / base do talude, o despejo de água servida pelas residências localizadas no topo, a alta 7091553 S declividade e a ausência de drenagem da encosta, potencializa a ocorrência de

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Setor Localização Grau de risco Situação deslizamento. Possui remanescente de Mata Atlântica.

Sugestões de intervenções: drenagem da encosta; não lançar água servida no talude; implantação de controle urbano e palestras visando uma conscientização ambiental e em relação as áreas de risco do município. 33 SC_JO_SR_33_CPRM Rua Itamaracá – Bairro Iririú Alto Deslizamento de solo pontual que atingiu uma residência. O risco consiste na Coordenadas UTM: 717192 E combinação de fatores declividade e altura do talude, exposição do talude de corte a /7091432 S ação da erosão pluvial e proximidade das edificações ao seu topo e base. Possui remanescente de Mata Atlântica.

Sugestões de intervenções: guardar distância do topo e base do talude em futuras construções; controle urbano; drenagem do talude; monitoramento e alerta de risco; conscientização ambiental em relação as áreas de risco do município. 34 SC_JO_SR_34_CPRM Rua Tangará – Bairro Iririú Alto O posicionamento das casas em frente a linha de drenagem, associada com a Coordenadas UTM: 716933 E declividade, expõe as casas a enxurradas e a deslizamentos pontuais nos fundos das 7091675 S residências. Processos estes recorrentes em eventos de alta pluviosidade.

Sugestões de intervenções: canalização da drenagem; manter distância em relação a base do talude; monitoramento da área de risco, para emissão de alertas em eventos de intensa pluviosidade; implantação de controle urbano e palestras visando uma conscientização das áreas de risco. 35 SC_JO_SR_35_CPRM Rua Chopin – Bairro Iririú Alto Setor caracterizado por três residências situadas no topo e três residências na base de Coordenadas UTM: 717502 E / talude de corte onde ocorreu um deslizamento de solo durante evento chuvoso no ano 7091961 S de 2010, no qual duas residências foram interditadas.

Sugestões de intervenções: medidas de contenção do talude; controle urbano; drenagem do talude; monitoramento e alerta de risco; conscientização ambiental em relação as áreas de risco do município. 36 SC_JO_SR_36_CPRM Rua Manoel de Miranda Alto Encosta convexa, dispersora de drenagem, de mais de 15m de altura, composta por um Coutinho – Bairro Iririú espesso manto de intemperismo e de alta declividade, com seu topo recoberto por Coordenadas UTM: 716819 E / vegetação, mas com vertentes exposta a processos erosivos e a infiltração. 7092616 S Sugestões de intervenções: drenagem da encosta; revestimento vegetativo do flanco; manter distância em relação a base; muro de espera; monitoramento da área de risco, para emissão de alertas; implantação de controle urbano e palestras visando uma conscientização das áreas de risco.

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Setor Localização Grau de risco Situação 37 SC_JO_SR_37_CPRM Rua – Bairro Iririú Alto Encosta subvertical de altura aproximada de 20 metros, com presença de cicatrizes de Coordenadas UTM: 716441 E / escorregamento, bananeiras e árvores de grande porte inclinadas com risco de 7092426 S tombamento, podendo atingir edificações. Um degrau de abatimento está se formando no terreno. Possui remanescente de Mata Atlântica.

Sugestões de intervenções: medidas de contenção da encosta; controle urbano; drenagem da encosta; monitoramento e alerta de risco; conscientização ambiental em relação as áreas de risco do município. 38 SC_JO_SR_38_CPRM Rua Santo Amaro da Imperatriz Alto A exposição desse talude a infiltração e a erosão, a alta declividade, a proximidade da – Bairro Iririú casa em relação a base, e a presença de bananeiras na meia encosta, favorecendo o Coordenadas UTM: 716868 E fluxo de tronco e com isso uma maior infiltração da água no solo, induz a /7092843 S deslizamentos.

Sugestões de intervenções: drenagem da encosta; manter distância em relação a base; estudo geotécnico para a estabilização do talude; monitoramento da área de risco, para emissão de alertas; implantação de controle urbano e palestras visando uma conscientização das áreas de risco. 39 SC_JO_SR_39_CPRM Rua Francisco F. do Nascimento Alto Encosta parcialmente recoberta por vegetação onde houve um deslizamento de solo – Bairro Iririú que interditou três residências. Houve uma obra de retaludamento da encosta; a Coordenadas UTM: 716911 E / medida foi insuficiente pela ausência de drenagem e cobertura vegetal da vertente 7092982 S remodelada.

Sugestões de intervenções: medidas de contenção da encosta; controle urbano; drenagem da encosta; monitoramento e alerta de risco; conscientização ambiental em relação as áreas de risco do município. 40 SC_JO_SR_40_CPRM Rua Xaxim – Bairro Iririú Alto Encosta convexa de declividade e altura variada, recoberto por vegetação no topo das Coordenadas UTM: 717275 E / encostas. Apresenta cortes subverticais para a instalação de moradias de alto padrão 7093435 S construtivo, com a presença de retaludamento em alguns pontos e com drenagem ineficiente.

Sugestões de intervenções: ampliação da drenagem da encosta; manter distância em relação a base; estudo geotécnico para a estabilização do talude; monitoramento da área de risco; Implantação de controle urbano e palestras visando uma conscientização das áreas de risco. 41 SC_JO_SR_41_CPRM Rua Tenente Ervino Hille – Alto Encosta mostrando contato entre o solo de litologia gnássica alterada (onde houve Bairro Aventureiro deslizamento planar em 2008) e um dique de diabásio, exibindo paredes de rocha Coordenadas UTM: 717462 E / sujeita a desplacamento e tombamento de blocos próximos a residências. Possui

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Setor Localização Grau de risco Situação 7093557 S remanescente de Mata Atlântica.

Sugestões de intervenções: medidas de contenção da encosta; controle urbano; drenagem da encosta; monitoramento e alerta de risco; conscientização ambiental em relação as áreas de risco do município. 42 SC_JO_SR_42_CPRM Rua Belém do Pará – Bairro Alto Encosta convexa de declividade e altura variada, composta por um espesso manto de Aventureiro intemperismo, recoberto por vegetação. Apresenta cortes subverticais para a instalação Coordenadas UTM: 717344 E / de moradias de alto padrão com a presença de retaludamento, mas sem drenagem. 7093863 S Sugestões de intervenções: ampliação da drenagem da encosta; manter distância em relação a base; estudo geotécnico para a estabilização do talude; monitoramento da área de risco; implantação de controle urbano e palestras visando uma conscientização das áreas de risco. 43 SC_JO_SR_43_CPRM Rua Rudolph Finder – Bairro Alto Encosta de alta declividade mostrando caminhos preferenciais de drenagem, sendo por Aventureiro vezes obstruídos por algumas residências. Em evento chuvoso ocorrido em 2011, toda Coordenadas UTM: 717292 E / a área esteve sujeita a enxurradas e pequenos deslizamentos de solo pontuais. Possui 7094492 S remanescente de Mata Atlântica.

Sugestões de intervenções: controle urbano; drenagem da encosta; monitoramento e alerta de risco; conscientização ambiental em relação as áreas de risco do município. 44 SC_JO_SR_44_CPRM Rua Itajubá – Bairro Bom Retiro Alto Encosta convexa-côncava, composta por um solo espesso e com vegetação, apresenta Coordenadas UTM: 715890 E / cortes na sua base para a instalação de moradias de médio a baixo padrão construtivo. 7094781 S A vulnerabilidade das residências, uma de madeira, quase perdendo a sustentação, a proximidade das casas em relação a base do talude e a disponibilidade contínua da drenagem na parte côncava da encosta, potencializa o desencadeamento de deslizamentos.

Sugestões de intervenções: drenagem da encosta; implantação de controle urbano para inibir a construção e ocupação de novas casas; manter distância da base do talude; remoção da casa que não oferece segurança e está prestes a desmoronar; monitoramento da área de risco, para emissão de alertas em eventos de intensa pluviosidade; palestras visando uma conscientização ambiental e em relação as áreas de risco do município. 45 SC_JO_SR_45_CPRM Rua Tenente Antônio João – Alto Encosta com rocha coberta por espesso manto de alteração; notam-se ocorrências Bairro Bom Retiro pontuais de deslizamentos de solo, alguns atingindo grandes proporções; edificações Coordenadas UTM: 714452 E / bem próximas a encosta; exposição de contato solo/rocha em alguns locais de 7095306 S deslizamento. Possui remanescente de Mata Atlântica.

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Setor Localização Grau de risco Situação

Sugestões de intervenções: controle urbano; guardar distância da encosta; drenagem da encosta; monitoramento e alerta de risco; conscientização ambiental em relação as áreas de risco do município. 46 SC_JO_SR_46_CPRM Rua Joinville – Bairro Alto Encosta convexa, de alta declividade, de solo bem espesso e com vegetação arbustiva Pirabeiraba no topo e gramíneas na vertente, apresenta cortes na sua base para a instalação de Coordenadas UTM: 714452 E / moradias de alto padrão construtivo. Possui remanescente de Mata Atlântica. 7095306 S Sugestões de intervenções: ampliação da drenagem da encosta; manter distância em relação a base; monitoramento da área de risco; implantação de controle urbano e palestras visando uma conscientização das áreas de risco. 47 SC_JO_SR_47_CPRM Rua Paulo Schossland – Bairro Alto Encosta onde se notam caminhos preferenciais de drenagem obstruídos, cortes São Marcos subverticais para assentamento de edificações. No ano de 2011 ocorreu um Coordenadas UTM: 711757 E / deslizamento de solo em evento chuvoso que derrubou um muro da residência; muros 7086207 S embarrigados e trincas no solo. Possui remanescente de Mata Atlântica.

Sugestões de intervenções: controle urbano; medidas de contenção da encosta; drenagem da encosta; monitoramento e alerta de risco; conscientização ambiental em relação as áreas de risco do município. 48 SC_JO_SR_48_CPRM Rua Caramuru – Bairro Nova Alto Encosta convexa, com presença, em alguns pontos, de pequenos patamares, Brasília apresenta declividade variada, solo bem espesso e com vegetação arbustiva no topo e Coordenadas UTM: 713295 E / cortes na sua base para a instalação de moradias de alvenaria. 7085019 S Sugestões de intervenções: ampliação da drenagem da encosta; manter distância em relação a base; monitoramento da área de risco; implantação de controle urbano e palestras visando uma conscientização das áreas de risco. 49 SC_JO_SR_49_CPRM Rua XV de Novembro – Bairro Alto Setor caracterizado por encosta subvertical, onde apos evento chuvoso em 2008 houve Glória um deslizamento de solo de maiores proporções, que atingiu a parte dos fundos de um Coordenadas UTM: 712428 E restaurante, ocasionando feridos. Um posto de gasolina próximo também foi atingido. 7089799 S Possui remanescente de Mata Atlântica.

Sugestões de intervenções: controle urbano; Medidas de contenção da encosta; drenagem da encosta; monitoramento e alerta de risco; conscientização ambiental em relação às áreas de risco do município. 50 SC_JO_SR_50_CPRM Rua Purpuratas – Bairro Vila Alto Encosta convexa, com reentrâncias, delineadas pelo caminho preferencial da Nova drenagem, contem solo espesso e argiloso, declividade variada, vegetação arbustiva no Coordenadas UTM: 709568 E / topo, alguns patamares e retaludamento em um flanco da encosta.

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Setor Localização Grau de risco Situação 7092254 S Sugestões de intervenções: drenagem da encosta; controle urbano para inibir a construção de cortes subverticais; manter distância em relação a base do talude; expansão do retaludamento com drenagem; monitoramento de área de risco e palestras visando uma conscientização das áreas de risco. 51 SC_JO_SR_51_CPRM Rua Servidão Miguel Angelo – Alto Setor caracterizado por encosta subvertical, com altura em torno de 20 metros, Bairro Vila Nova composta por solo compacto, onde houve deslizamento de solo em talude de corte de Coordenadas UTM: 710927 / alta declividade atingindo os fundos de duas residências. O entorno caracteriza-se por 7089349 ser uma área de fragilidade, com ocorrências de mata nativa de porte arbóreo e caminhos de drenagem expressivos.

Sugestões de intervenções: medidas de contenção da encosta; drenagem e canalização da encosta; controle urbano para coibir novas ocupações; sistemas de monitoramento e alerta para as áreas de risco; palestras visando uma conscientização ambiental em relação as áreas de risco do município. 52 SC_JO_SR_52_CPRM Rua José Renan Filho – Bairro Alto Encosta convexa, superior a 20m de altura, apresenta no geral alta declividade, manto Itaum de alteração espesso e vegetação arbustiva na vertente. Nela foi observada dois Coordenadas UTM: 715714 E / caminhos de drenagem, onde foram registrados pequenos deslizamentos. 7085619 S Sugestões de intervenções: drenagem da encosta; não jogar água servida direto no talude; obra geotécnica; monitoramento da trinca na meia encosta; manutenção da interdição das casas no topo da encosta; monitoramento da área de risco e palestras visando uma conscientização das áreas de risco. 53 SC_JO_SR_53_CPRM Estrada Quiriri – Área Rural Alto Área situada no piemonte da região serrana da cidade, próximo à localidade que sofreu Coordenadas UTM: 698625 E pequenos tremores de terra. A região é composta por encosta convexa e côncava, 7106895 S possuindo grande número de nascentes e rios caudalosos. Foram observadas, em campo e por análise do Google Earth, duas linhas de drenagem principais, e elas e outras linhas, que porventura não tenham sido mapeadas, são áreas suscetíveis a esses processos descritos anteriormente. Área possui grande remanescente de Mata Atlântica.

Sugestões de intervenções: Estudo mais aprimorado da área de risco, para análise técnica da viabilidade da realocação da residência em outro ponto do terreno; monitoramento da área de risco, para emissão de alertas em eventos de intensa pluviosidade; palestras visando uma conscientização das áreas de risco. 54 SC_JO_SR_54_CPRM Estrada do Salto Um – Área Alto Região serrana, escalonadas, em alguns pontos, por patamares, é composta por Rural encosta convexa e côncava, possuindo grande número de nascente e linhas de

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Setor Localização Grau de risco Situação Coordenadas UTM: 700845 E / drenagem ao longo da vertente. Apresenta cicatrizes de deslizamentos planares, 7090032 S contato solo/rocha, que podem obstruir os canais de escoamento e potencializar a deflagração de corrida de massa, ao longo da linha de drenagem. Fenômeno esse ocorrido em 2011, atingindo algumas residências adjuntas ao escoamento da drenagem. A alta declividade dessa região e a grande disponibilidade de água, associadas com a proximidade das casas a linha de drenagem, potencializa a ocorrência de novos eventos. Área possui grande remanescente de Mata Atlântica.

Sugestões de intervenções: estudo mais aprimorado da área de risco, para análise técnica da viabilidade da realocação da residência em outro ponto do terreno; monitoramento da área de risco, para emissão de alertas em eventos de intensa pluviosidade; palestras visando uma conscientização das áreas de risco. 55 SC_JO_SR_55_CPRM Estrada do Atalho – Área Rural Alto Setor caracterizado por encosta subvertical, com vegetação nativa no topo e solo Coordenadas UTM: 706653 E / exposto na meia encosta onde se notam alguns caminhos preferenciais de drenagem 7091547 S por vezes obstruídos por edificações. Em evento chuvoso anterior, um deslizamento de solo derrubou parcialmente duas residências. Em um ponto do setor existe uma obra de retaludamento sem drenagem impermeabilizada (apenas valetas escavadas no solo) e já totalmente exposta a ação de processos erosivos, evidenciando sulcos e ravinamentos, que podem evoluir para deslizamentos de solo pontuais.

Sugestões de intervenções: medidas de contenção da encosta; drenagem e canalização da encosta; controle urbano para coibir novas ocupações; sistemas de monitoramento e alerta para as áreas de risco; palestras visando uma conscientização das áreas de risco.

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Quadro 5: Áreas classificadas pelo CPRM como de risco alto de inundação no município de Joinville/SC Setor Localização Grau de risco Situação

1 SC_JO_SR_56_CPRM Área de inundação do Rio Alto A fim de atenuar os efeitos da inundação, foi criado um canal extravasador associado a Cubatão do Norte diques artificiais. Mas, essa obra não foi suficiente para o total controle de cheias que afetam essa parte da cidade, gerando danos materiais as casas e estrutura urbana. 2 SC_JO_SR_57_CPRM Área de Inundação do Rio Alto Área de inundação de maior expressão da cidade, inserida na área urbana, atinge mais Cachoeira de 18 bairros e é resultante de cheia brusca do Rio Cachoeira, de 14,9 Km de extensão, que está relacionada a eventos de alta pluviosidade ao longo da bacia e a influência da maré. 3 SC_JO_SR_58_CPRM Área de Inundação do Rio Alto O Rio Águas Vermelhas, se caracteriza por ter um pequeno comprimento, com resposta Águas Vermelhas rápida a eventos de alta pluviosidade, com subidas bruscas do nível do rio. Porém, sua capacidade de escoamento é lenta, em virtude de apresentar extensas várzeas para espraiamento do fluxo. 4 SC_JO_SR_59_CPRM Área de Inundação das Alto A 1 Vertente do Leste apresenta rios de pequeno comprimento, com parte do seu Vertentes Independentes trecho canalizado e com ocupação bem consolidada. A 2 Vertente do Sul apresenta suas áreas de escape de escoamento preservadas, no caso os manguezais.

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Figura 48: Localização das áreas de risco geológico na região sul de Joinville

Figura 49: Localização das áreas de risco geológico na região norte de Joinville

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Figura 50: Localização das áreas de risco geológico na região da Estrada Quiriri

Figura 51: Localização das áreas de risco geológico na região leste de Joinville

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Figura 52: Localização das áreas de risco geológico na região oeste de Joinville

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Figura 53: Áreas de risco de inundação no município de Joinville

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2.2.6 Núcleos urbanos

Para compreender a atual configuração política e administrativa de Joinville, se faz necessário primeiramente analisar sua evolução demográfica e também como se deu a ocupação do seu território. O município de Joinville possuía no ano de 2016 uma população estimada em 569.645 habitantes (SEPUD, 2017). Deste total, 550.272 habitantes ocupavam a área urbana, localizados em uma área de 210,40 km2, contra 19.373 pessoas residentes na área rural (Figura 54).

Figura 54: População de Joinville por área de ocupação. Fonte: SEPUD/PMJ (2017)

Até a década de 1950 havia um equilíbrio entre a população urbana e rural de Joinville. Conforme IPPUJ (2016), esse equilíbrio, que era observado desde a criação da Colônia, foi rompido devido à intensificação do processo de industrialização da economia local. Em termos espaciais, o crescimento da cidade está vinculado à expansão da base econômico industrial que também trouxe o crescimento populacional, devido a imigração proveniente do interior de Santa Catarina e Sudoeste do Paraná (SEPUD/PMJ, 2017). Portanto, a expansão urbana de Joinville está atrelada ao processo de industrialização da economia local, onde se verificou que a partir da década de 1960 as taxas de crescimento demográfico aumentaram mais do que o dobro em relação às taxas verificadas no estado de Santa Catarina e no Brasil (IPPUJ, 2016). Dois fatos atrelados a industrialização de Joinville deflagraram a sua expansão urbana: a transferência da Fundição Tupy, no ano de 1954, do núcleo central para o Bairro Boa Vista, que contribuiu para a criação e adensamento de grande parte dos bairros da zona leste; e a criação do Distrito Industrial no ano de 1973, localizado na zona norte. A Figura 55 apresenta a evolução urbana de Joinville entre os anos de 1851 até o ano de 2015 (IPPUJ, 2016), onde pode ser observado este aumento da expansão urbana a partir da figura que representa o ano de 1960, com a presença de ocupações além do núcleo inicial da colônia.

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Figura 55: Evolução urbana de Joinville entre os anos de 1851 e 2015. Fonte: IPPUJ (2016)

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De acordo com IPPUJ (2016), no ano de 1980, Joinville possuía 22 bairros; no ano de 1991 passou a ter 34 bairros; já no ano de 2007 passou a ter os atuais 41 bairros, sendo que três estão inseridos no Distrito de Pirabeiraba, conforme já verificado na Figura 6. Mudanças na delimitação do perímetro urbano, com a sua regressão, e a criação de novos bairros entre 1996 e 2008 contribuíram para a alteração da mancha urbana do município:

Em 2000 foi anexada ao município de Joinville uma área de aproximadamente 25 km2 , pertencente ao município de Araquari. Em 2004 foi criado o Bairro Ulysses Guimarães, desmembrado do Bairro Adhemar Garcia, e em 2007, após plebiscito realizado na comunidade, o bairro Itoupava-açu passou para o Município de Schroeder. Neste ano também houve criação dos Bairros Profipo, desmembrado do Bairro Santa Catarina e Parque Guarani, localizado entre os Bairros Itinga, Boehmerwald, João Costa e Paranaguamirim. Em 2010, com a aprovação da Lei Complementar nº 318/2010, que alterou o Perímetro Urbano de Joinville, os bairros limítrofes a este perímetro sofreram pequenas adequações e ajustes de seus limites (IPPUJ, 2016).

O mapa da Figura 56 apresenta os núcleos urbanos atuais do município de Joinville. Como pode ser observado, algumas áreas urbanizadas ultrapassam os limites do perímetro urbano. Isto pode ocorrer devido a diversos fatores, como as alterações que ocorreram no perímetro urbano no decorrer dos anos, bem como, por conta de ocupações irregulares em área rural. Algumas áreas dentro do perímetro urbano não possuem áreas urbanizadas, pois se tratam de extensas áreas que ainda apresentam remanescentes de mata nativa, sendo áreas de várzeas de rios e manguezal ou localizadas em morros – representada pela Floresta Ombrófila Densa Submontana. Conforme o item 2.2.1, a fitofisionomia que mais foi atingida pelo desenvolvimento da cidade é a Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, justamente por ser uma vegetação representativa das áreas até 20 metros de altitude, onde se deu a urbanização do município. Na área urbana restam apenas 30,5% de áreas com vegetação nativa.

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Figura 56: Núcleos urbanos do município de Joinville

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2.2.6.1 Áreas verdes urbanas

“Áreas Verdes Urbanas” são definidas no Código Florestal (Lei Federal nº 12.651/12) como: Espaços, públicos ou privados, com predomínio de vegetação, preferencialmente nativa, natural ou recuperada, previstos no Plano Diretor, nas Leis de Zoneamento Urbano e Uso do Solo do Município, indisponíveis para construção de moradias, destinados aos propósitos de recreação, lazer, melhoria da qualidade ambiental urbana, proteção dos recursos hídricos, manutenção ou melhoria paisagística, proteção de bens e manifestações culturais (...).

Estes espaços verdes, cobertos por vegetação, tanto nativa como exótica, podendo ser arbórea, arbustiva ou rasteira (gramíneas), compõem os canteiros centrais das vias públicas; praças, parques, florestas, as Áreas de Preservação Permanente (APP) e as próprias unidades de conservação (UC) urbanas. Em Joinville, as áreas verdes urbanas são encontradas basicamente nas Unidades de Conservação, nas APPs de rios e nos morros. Não são contemplados os canteiros centrais, praças, e outros tipos de parques, e até a arborização das ruas, que apesar destes espaços possuírem sua importância ambiental e contribuírem para a melhoria da qualidade de vida da população, possuem a função mais recreativa do que proteção da biodiversidade. A Lei Complementar nº 470/2017 do município define área verde urbana como “área caracterizada pela continuidade e predominância de cobertura vegetal natural ou artificial, excluídas as Áreas de Preservação Permanente e as de Reserva Legal definidas em lei vocacionadas ou não para o lazer e a recreação”. Pelo macrozoneamento do município, definido na mesma lei, estas áreas são divididas em áreas de proteção ambiental (AUPA), setor especial interesse de conservação de Morros (SE-04) e setor especial de interesse de conservação de várzeas (SE-05) e possuem normas e usos específicos. Estas áreas encontram-se mapeadas neste diagnóstico, no item em que são definidas as Áreas Prioritárias para Conservação e Recuperação. Segue as definições de cada uma:  AUPA: regiões que apresentam grandes fragilidades ambientais, caracterizando-se por áreas acima da isoípsa 40, consideradas reservas paisagística que necessitam de grandes restrições de ocupação efetiva, proteção, recuperação e manutenção.  SE-04: onde estão inseridos os Morros do Boa Vista, do Iririú, do Atirador, do Itinga e do São Marcos, sendo os Morros do Boa Vista e do Iririú Unidades de Conservação.  SE-05: áreas que pela sua situação e atributos naturais, devem ser protegidas e/ ou requeiram um regime de ocupação especialmente adaptado a cada caso, podendo constituir Unidades de Conservação.

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2.2.6.2 Áreas de Preservação Permanente no Perímetro Urbano

O artigo 4º da Lei Federal nº 12.651/2012 estabelece quais são as áreas de preservação permanente, independente se localizadas em zonas rurais ou urbanas. Na área urbana do município de Joinville podem ser identificadas as seguintes áreas de preservação permanente de acordo com o artigo 4º da lei florestal:  APPs de cursos d’água: faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura e 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;  APPs de nascentes: as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros;  APPs em encostas: as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive;  Os manguezais, em toda a sua extensão. As Áreas de Preservação Permanente de cursos d’água são as mais expressivas em Joinville. Conforme poderá ser verificado no capítulo referente aos aspectos físicos do território de Joinville, mais especificamente no item sobre hidrografia, a área urbana do município possui mapeado até o momento aproximadamente 1.500 nascentes que dão início à 784,96 km2 de cursos d’água. A maior parte da vegetação em APP desses rios da área urbana já não existe, ou ainda, os rios encontram-se canalizados e até mesmo sob edificações, gerando inúmeros conflitos de ocupação do solo urbano. No caso das APPs de curso d’água localizadas na área urbana, a Lei Federal nº 12.651/2012 apresenta, nos artigos 64 e 65, possibilidades de flexibilização da ocupação dessas APPs através das regularizações fundiárias de interesse social e específico inseridos em área urbana consolidada. De acordo com o artigo 64 da Lei Federal nº 12.651/2012, no caso da regularização fundiária de interesse social (Reurb-S) dos núcleos urbanos informais que ocupam as APPs de curso d’água, a regularização fundiária será admitida por meio da aprovação do projeto de regularização fundiária, na forma da lei específica de regularização fundiária urbana. Já o artigo 65 trata da regularização fundiária de interesse específico (Reurb-E) e dispõe que os núcleos urbanos informais que ocupam APPs não identificadas como áreas de risco, a regularização fundiária será admitida por meio da aprovação do projeto de regularização fundiária, na forma da lei específica de regularização fundiária urbana. Também especifica no parágrafo 2º que nos casos de regularização de interesse específico ao longo de

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cursos d’água, será mantida faixa não edificável com largura mínima de 15 (quinze) metros de cada lado. Conforme entendimento do Ministério Público de Santa Catarina, através de seus Enunciados, esta flexibilização pode ser regulamentada pelos municípios, desde que os mesmos delimitem sua área urbana consolidada e elabore um diagnóstico socioambiental identificando áreas de relevante interesse ecológico e risco ambiental. Este estudo foi elaborado pelo município de Joinville e homologado através do Decreto Municipal 26.874/2016. Como sugestão de ação para este plano propõe-se que seja realizado o levantamento das APPs de cursos d’água em área urbana, que estejam degradadas, porém, localizadas dentro de áreas prioritárias para recuperação, com o intuito de promover a recomposição e a formação de corredores entre os fragmentos de vegetação nativa da Mata Atlântica.

2.2.7 Estrutura fundiária

Os dados que compõem este item são provenientes do Cadastro Georural realizado pela Prefeitura Municipal de Joinville, das informações disponibilizadas pelo Cadastro Ambiental Rural (CAR) e do Censo Agropecuário do ano de 2006 (visto que até o fechamento deste diagnóstico não foram disponibilizados os dados do Censo realizado no ano de 2017). Segundo os critérios definidos pela Lei Federal nº 11.326/2006, a agricultura familiar é aquela cuja área do estabelecimento ou empreendimento rural não excede quatro módulos fiscais; a mão de obra utilizada nas atividades econômicas desenvolvidas é predominantemente da própria família; a renda familiar é predominantemente originada dessas atividades; e o estabelecimento ou empreendimento é dirigido pela família. De acordo com a Tabela 9, em Joinville, 95,04% das propriedades rurais apresentam menos de 50 hectares – e estas ocupam o equivalente a 32,24% da área rural total. Considerando que o módulo fiscal no município é de 12 hectares e que a pequena propriedade rural é aquela que possui entre 1 a 4 módulos fiscais, verifica-se que a sua estrutura fundiária é baseada em pequenas propriedades rurais.

Tabela 9: Estrutura fundiária do município de Joinville (por hectare) GRUPO Nº DE ESTABELECIMENTOS % Menos de 01 hectare 675 17,95 01 a 02 hectares 639 16,99 03 a 05 hectares 584 15,53 06 a 10 hectares 590 15,69 11 a 20 hectares 654 17,39

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GRUPO Nº DE ESTABELECIMENTOS % 21 a 50 hectares 432 11,49 51 a 100 hectares 94 2,50 101 a 200 hectares 38 1,01 201 a 500 hectares 21 0,56 501 a 1000 hectares 15 0,40 1001 a 5000 hectares 19 0,51 TOTAL 3.761 100 Dados: Cadastro Georural (PMJ, 2010)

Considerando os dados da Tabela 9, onde se verifica uma estrutura fundiária baseada em pequenas propriedades, bem como as informações disponibilizadas pela PMJ (2012) de que 86,02% das propriedades em Joinville são compostas por agricultores familiares, verifica- se que no município a base do setor primário é a agricultura familiar, onde se destaca o cultivo de arroz irrigado, de banana e hortaliças. Também se destaca a bovinocultura leiteira, presente em 68% das propriedades e a piscicultura que apresenta um grande desenvolvimento nos últimos anos (IPPUJ, 2016). Sendo Joinville a maior cidade do estado, proporciona um grande mercado consumidor. Entretanto, também atrai a força de trabalho do jovem da área rural para a indústria, que reflete o aumento da idade média do agricultor na região (IPPUJ, 2016) e também num menor número de habitantes. Outra situação a ser destacada no município é a existência de 34 propriedades rurais com área acima de 500 hectares e que ocupam cerca de 51,50% da área rural total. Conforme afirma PMJ (2012), estas áreas pertencem a investidores que compraram terras com vistas à exploração futura e também pertencem a empresas que realizam o plantio de Pinus sp. Grande partes desses imóveis estão localizados na Unidade de Conservação Área de Preservação Ambiental da Serra Dona Francisca e, portanto, possuem vegetação nativa preservada. Destaca-se a presença de dois imóveis com dimensões acima de 500 hectares e que possuem remanescentes dos ecossistemas manguezal e restinga, considerados Áreas de Preservação Permanente conforme a Lei Federal nº 12.651/2012. Conforme dados disponibilizados pelo Censo Agropecuário de 2006 do IBGE, em 93,09% dos imóveis rurais de Joinville o produtor era o proprietário dos estabelecimentos.

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2.2.7.1 Cadastro Ambiental Rural e Áreas Protegidas de Imóveis Rurais

A Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012 (Código Florestal) criou o “Cadastro Ambiental Rural” (CAR), que foi regulamentado por meio do Decreto nº 7.830, de 17 de outubro de 2012. Conforme o Ministério do Meio Ambiente (2018), o Cadastro Ambiental Rural (CAR) é um instrumento fundamental para auxiliar no processo de regularização ambiental de propriedades e posses rurais. Consiste no levantamento de informações georreferenciadas do imóvel, com delimitação das Áreas de Proteção Permanente (APP), Reserva Legal (RL), remanescentes de vegetação nativa, área rural consolidada, áreas de interesse social e de utilidade pública, com o objetivo de traçar um mapa digital a partir do qual são calculados os valores das áreas para diagnóstico ambiental. Como uma ferramenta importante para auxiliar no planejamento do imóvel rural e na recuperação de áreas degradadas, o CAR fomenta a formação de corredores ecológicos e a conservação dos demais recursos naturais, contribuindo para a melhoria da qualidade ambiental, sendo atualmente utilizado pelos governos estaduais e federal. Conforme dados coletados no site do projeto (http://www.car.gov.br/), 2.546 imóveis em Joinville foram incluídos no CAR até o fechamento deste diagnóstico. Porém, constam no CAR apenas 1.637 reservas legais delimitadas (Tabela 10), que correspondem a um total de 10.206,90 hectares de área protegida nessa modalidade. Dessas áreas, apenas 179 estão averbadas, contra 1.450 reservas legais que foram apenas propostas. O mapa da Figura 57 apresenta esses dados espacializados.

Tabela 10: Reservas Legais conforme o Cadastro Ambiental Rural TIPO Nº DE CADASTROS Reserva Legal aprovada e não averbada 06 Reserva Legal averbada 179 Reserva Legal proposta 1.450 Reserva Legal vinculada à compensação ambiental 02 TOTAL 1.637 Dados: Sicar (2018)

Foi realizada a filtragem dessas áreas que constam no cadastro com as informações sobre remanescentes de vegetação nativa e verificou-se que 9.360,92 hectares das Reservas Legais estão vegetadas, ou seja, 91,71%. Com relação às Áreas de Preservação Permanente, foram cadastrados 10.077,81 hectares de APPs (Figura 58), conforme classificação disposta na Tabela 11. Ao realizar a

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filtragem das APPs cadastradas em relação aos remanescentes de vegetação nativa, verificou- se que apenas 32,23% dessas áreas estão preservadas.

Tabela 11: Áreas de Preservação Permanente conforme o Cadastro Ambiental Rural (CAR) TIPO ÁREA (HECTARES) APP segundo art. 61-A da Lei 12.651 de 2012 584,65 Área de Preservação Permanente a Recompor de Rios até 10 metros 548,14 Área de Preservação Permanente de Rios até 10 metros 4242,43 Área de Preservação Permanente a Recompor de Rios de 10 até 50 59,33 metros Área de Preservação Permanente de Rios de 10 até 50 metros 387,30 Área de Preservação Permanente de Nascentes ou Olhos d'Água Perenes 619,28 Área de Preservação Permanente a Recompor de Nascentes ou Olhos 3,47 d'Água Perenes Área de Preservação Permanente em Área de Vegetação Nativa 3143,53 Área de Preservação Permanente em Área Antropizada não declarada 221,04 como Área Consolidada Área de Preservação Permanente de Lagos e Lagoas Naturais 33,28 Entorno de Reservatório para Abastecimento ou Geração de Energia 1,99 Área de Preservação Permanente de Manguezais 126,24 Área de Preservação Permanente de Topos de Morro 78,68 Área de Preservação Permanente de Reservatório Artificial Decorrente de 5,84 Barramento de Cursos d'Água Área de Preservação Permanente de Áreas com Declividades Superiores 9,14 a 45 graus Área de Preservação Permanente a Recompor de Lagos e Lagoas 0,49 Naturais Área de Preservação Permanente a Recompor de Rios de 50 até 200 0,10 metros Área de Preservação Permanente de Rios de 50 até 200 metros 10,54 Área de Preservação Permanente de Banhado 2,35 TOTAL 10.077,81 Dados: Sicar (2018)

Sugere-se que uma das propostas para este plano seja a criação e implementação de programa para levantamento das Reservas Legais e Áreas de Preservação Permanente dos imóveis rurais que devem ser recuperadas, visto que essas áreas podem formar corredores ecológicos combinados aos fragmentos de vegetação nativa da Mata Atlântica. A criação de programas com esse enfoque deve incentivar os proprietários desses imóveis a realizar a recuperação e conservação das reservas legais e APPs de seus imóveis. Como exemplo, sugere-se a criação de Programas de Regularização Ambiental, programa para implantação e manejo de Sistemas Agroflorestais e Programas de Pagamento por Serviços Ambientais.

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Figura 57: Localização das Reservas Legais cadastradas no CAR no município de Joinville

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Figura 58: Localização das APPs cadastradas no CAR no município de Joinville

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2.2.8 Terras públicas

Através de levantamento realizado junto à Unidade de Cartografia Cadastral da Prefeitura Municipal de Joinville (PMJ) – para a área urbana – e nos dados disponibilizados pelo projeto Georural também da PMJ, verificou-se um total de 2.615 lotes públicos urbanos e 69 imóveis públicos rurais (Figura 59). A Tabela 12 apresenta a divisão dessas terras por proprietário, a quantidade de imóveis que ainda apresentam remanescentes de Mata Atlântica e a quantidade de imóveis localizados em Unidades de Conservação.

Tabela 12: Síntese das informações sobre as terras públicas localizadas no município de Joinville com remanescentes de Mata Atlântica Número Número de Imóveis Imóveis localizados em Unidades de Localização Proprietário Total de com Conservação Imóveis Remanescentes 6 imóveis localizados na RDS da ilha Rural União 23 21 do Morro do Amaral 1 imóvel localizado na APA da Serra Dona Francisca Rural Estado 3 2

1 imóvel localizado na E.E do Bracinho 16 imóveis localizados na APA da Serra Dona Francisca

1 imóveis localizado na RDS da ilha do Rural Município 43 31 Morro do Amaral

1 imóvel localizado no PE Prefeito Rolf Colin (os limites desta UC referem-se a este imóvel)

Urbano União 28 0 -

Urbano Estado 74 5 -

42 imóveis localizados na ARIE do Morro do Iririú ou PM Morro do Finder

30 imóveis localizados na ARIE do Morro do Boa Vista Urbano Município 2.513 771

1 imóvel localizado no PM Caieira

11 imóveis localizados na APA da Serra Dona Francisca

Sugere-se que uma das ações para este plano seja o detalhamento das informações sobre terras públicas, por meio de estudos técnicos, visando o levantamento de áreas que podem ser recuperadas para a formação de corredores ecológicos combinado aos fragmentos de vegetação nativa da Mata Atlântica. A criação de um programa com essas características poderia estar vinculada às compensações provenientes de licenciamentos ambientais.

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Figura 59: Localização das terras públicas no município de Joinville

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2.2.9 Unidades de Conservação

A Lei Federal nº 9.985/2000, que estabelece o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, define Unidade de Conservação como: Espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.

O SNUC classifica as UCs em duas categorias: as Unidades de Uso Sustentável, que possuem o objetivo de compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável dos seus recursos naturais, e as de Proteção Integral que visam preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos na própria Lei. Estas áreas protegidas são de grande importância na Conservação da Mata Atlântica, assegurando que amostras significativas de diferentes populações, habitats e ecossistemas possam ser salvaguardados, garantindo a sobrevivência das diferentes espécies e consequentemente a biodiversidade. Entre os objetivos de criação destas áreas destacam-se: a importância na regulação do clima; a função de proteção de mananciais de água; a proteção de espécies ameaçadas de extinção; a recuperação de áreas degradadas; a proteção de paisagens naturais pouco alteradas e de notável beleza cênica (montanhas, serras, cachoeiras, canyos, rios e lagos); a promoção do desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais; a proteção e recuperação dos recursos hídricos; a promoção da educação ambiental e do ecoturismo; o incentivo à pesquisa científica; e à sobrevivência das populações tradicionais. Em Joinville como são encontradas diferentes formações florestais pertencentes a Mata Atlântica, desde a Serra do Mar até o ecossistema de manguezal e restinga junto a Baía da Babitonga, a criação destas UC assegura a representatividade e proteção destas importantes variações. No município a criação de UC fundamenta-se no Código Municipal do Meio Ambiente (Lei Complementar nº 29/1996), que prevê como instrumento de proteção ao meio ambiente a criação de unidades de conservação, no seu art.º 6: “XI - criação de reservas e estações ecológicas, áreas de proteção ambiental e as de relevantes interesse ecológico, dentre outras unidades de conservação”. E no seu artigo 59, como instrumento de proteção da flora: A Prefeitura criará unidades de conservação, tais como:Áreas de Proteção Ambiental (APA), Parques Municipais, Estações Ecológicas e Reservas Biológicas, com a finalidade de resguardar atributos excepcionais da natureza, conciliando a proteção integral da flora, da fauna e das belezas naturais com o objetivo com a utilização para objetivos educacionais, recreativos e científicos para turismo ecológico (ecoturismo).

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Joinville possui no seu território 10 (dez) Unidades de Conservação (UCs), conforme mapa da , sendo 7 (sete) administradas pelo município, 1 (uma) estadual e 2 (duas) particulares. O município possui UCs dos dois grupos de categorias, conforme descrito abaixo:  06 UCs de Proteção Integral: Parque Ecológico Prefeito Rolf Colin; Parque Municipal do Morro do Finder; Parque Natural Municipal da Caieira; Estação Ecológica do Bracinho e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Caetezal e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Joinville;  04 UCs de Uso Sustentável: Área de Proteção Ambiental (APA) Serra Dona Francisca; Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) Morro do Boa Vista; ARIE Morro do Iririú; Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Ilha do Morro do Amaral. Ao todo, essas áreas protegem aproximadamente 550,14 km² de área do município, da qual 448,138 km² são remanescentes da Mata Atlântica. A gestão das UC administradas pelo município encontra-se atualmente sobre responsabilidade da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, por meio da Gerência de Gestão e Desenvolvimento. A seguir, a Tabela 13 apresenta algumas informações e aspectos gerais de cada UC, com o objetivo de demonstrar a importância destas áreas na conservação da Mata Atlântica.

Tabela 13: Unidades de Conservação no Município de Joinville (2018) Plano de Categoria Nº Unidade de Conservação Ato de Criação Área Localização Manejo Decreto Estadual 46,10 km² 1 Estação Ecológica do Bracinho Não Vila Nova nº 22.768/84 Decreto Municipal 16,30 km² 2 Parque Rolf Colin Não Vila Nova nº 6.952/92 Decreto Municipal 0,50 km² 3 Parque Municipal do Morro do Finder Não Bom Retiro Unidades de nº.7.056/93 Proteção Portaria do IBAMA 46,13 km² Reserva Particular do Patrimônio Integral 4 nº 168/2001. Sim Pirabeiraba Natural (RPPN) do Caetezal (Federal) Reserva Particular do Patrimônio Decreto Municipal nº 18,9 km² 5 não Pirabeiraba Natural de Joinville 32.246/2018 Decreto Municipal 1,27 km² 6 Parque Natural Municipal da Caieira Não Adhemar Garcia nº 11.734/04 408,42 km² Área Rural Área de Proteção Ambiental Serra Decreto Municipal 7 Sim (Vila Nova e Dona Francisca nº 8.055/97 Pirabeiraba) Decreto Municipal 3,90 km² Área Central Área de Relevante Interesse nº 11.005/03, alterado 8 Sim (Saguaçu, Iririú e Ecológico do Morro do Boa Vista pelo Decreto nº Boa Vista) 23.533/14 Unidades de Uso Decreto Municipal nº 3,36 km² Sustentável 6.182/89 9 RDS da Ilha do Morro do Amaral Não Paranaguamirim Recategorização Lei nº 7.208/12

Bom Retiro, Iririú, Área de Relevante Interesse Decreto Municipal Aventureiro, 10 5,26 km² Não Ecológico do Morro do Iririú nº 19665/2012 Saguaçu, Jardim Sofia

ÁREA TOTAL 550,14 km²

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Figura 60: Unidades de Conservação localizadas no município de Joinville

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2.2.9.1 Caracterização das Unidades de Conservação do Município

 Estação Ecológica do Bracinho Criada pelo Decreto Estadual nº 22.768, de 16 de julho de 1984, sua área possui 46 km² que abrangem os municípios de Joinville e Schroeder. A UC está localizada na porção oeste de Joinville, onde de 40 % de sua área encontra-se inserida na APA Serra Dona Francisca. Apresenta uma das regiões de Mata Atlântica mais preservadas do estado de Santa Catarina, importante amostra da Floresta Ombrófila Densa. Seu objetivo de criação foi de conservar sua região montanhosa de natureza exuberante, responsável pela manutenção do regime hidrológico dos rios e afluentes que abastecem as Usinas Hidrelétricas do Bracinho e do Piraí. Não apresenta Plano de Manejo, porém por ser uma UC de proteção integral, praticamente não apresenta ameaças a sua conservação. Sua gestão está atribuída à Centrais Elétricas de Santa Catarina S. A. (CELESC).

 Área de Proteção Ambiental (APA) Serra Dona Francisca Criada pelo Decreto Municipal nº 8.055, de 15 de março de 1997, com área mapeada de 408,02 km², abrange 35% da área total do município em sua porção oeste. Inserida na área rural, a importância de sua criação está na preservação e manutenção dos mananciais que abastecem o município de Joinville, os rios Piraí e Cubatão. Além de garantir a conservação de remanescentes da Mata Atlântica, são objetivos desta UC: melhorar a qualidade de vida das populações residentes, preservando suas culturas e tradições, fomentar o turismo ecológico e a educação ambiental. Por ser uma UC de uso sustentável, muitos conflitos afetam sua conservação, como a construção e parcelamento irregular do solo, ocupações de áreas de preservação permanente (APP), o uso de agrotóxicos e o esgoto não tratado. Possui Plano de Manejo e Conselho Gestor atuante. Possui Plano de Manejo aprovado pelo Decreto nº 20.451, de 17 de abril de 2013.

Figura 61: APA da Serra Dona Francisca. Créditos: SECOM. Disponível em SEPUD (2018).

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 Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Ilha do Morro do Amaral Criada pelo Decreto Municipal nº 6.182, de 11 de agosto de 1989, a categoria desta UC foi alterada de Parque para RDS pela Lei nº 7.208, de 12 de abril de 2012. Com uma área de 1,27 km² integrada ao estuário da Baía da Babitonga é considerada patrimônio natural pelo Poder Público, pela rica biodiversidade e beleza cênica do local. Localizada no Bairro Paranaguamirim, é composta por remanescentes de Mata Atlântica e ecossistemas associados, como Manguezal, Floresta Ombrófila Densa e ecossistema lagunar da Lagoa do Saguaçu. A região é importante também pela presença de sítios arqueológicos (sambaquis). Além de assegurar a qualidade de vida da população local são objetivos de sua criação disciplinar o uso e ocupação do solo, restringindo novas ocupações; fomentar turismo ecológico e a educação ambiental; preservar e valorizar a cultura, história e tradições locais; e preservar os sítios arqueológicos. Os principais impactos presentes nesta UC são com relação à construção e parcelamento irregular do solo.

Figura 62: RDS Ilha do Morro do Amaral. Créditos: SECOM.

 Parque Ecológico Prefeito Rolf Colin Criado pelo Decreto Municipal nº 6.959, de 30 de dezembro 1992, está localizado na Zona Rural do Município de Joinville, com 16,3 km² de área totalmente inserida na área de Proteção Ambiental Serra Dona Francisca. Sua criação teve como objetivo preservar um sítio ecológico de notável beleza, preservando a fauna e flora e as nascentes do Rio Piraí, importante manancial que abastece o município de Joinville. Seu acesso se dá pela Estação de Captação de Água adjacente Parque. Alguns conflitos foram identificados nesta UC, como a caça e captura de animais silvestres.

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Figura 63: Vista de parte do Parque Ecológico Prefeito Rolf Colin, próximo à ETA Piraí. Créditos: UGA – SAMA/Joinville.

 Área de Relevante Interesse Ecológico Morro do Boa Vista Criada pelo Decreto Municipal nº 11.005, de 07 de março de 2003, o qual foi alterado pelo Decreto 23.533 de 11 de dezembro 2014. Com 3,90 km² de área inserida na malha urbana do município, resguarda uma amostra importante do Bioma Mata Atlântica, representado pela Floresta Ombrófila Densa de formação Submontana. Além da preservação deste remanescente são objetivos de sua criação: fomentar o lazer e a educação ambiental. Na sua área encontra-se o Parque Zoobotânico e o Mirante de Joinville, que se tornaram um dos atrativos mais procurados do município. Possui Plano de Manejo aprovado pelo Decreto nº 18.289 de 29 de setembro de 2011.

Figura 64: Vista da face oeste da ARIE Morro do Boa Vista. Créditos: UGA – SAMA/Joinville.

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 Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Caetezal A RPPN Caetezal foi criada pela Portaria do IBAMA nº 168/2001, com o objetivo de proteger, conservar e recuperar uma parcela de floresta existente na Serra Dona Francisca e ser modelo na região para pesquisa da fauna e flora, educação ambiental e transformação socioeconômico ambiental das comunidades envolvidas. Possui área de 46,3 km². Reúne em seu território as seguintes fitofisionomias: Floresta Ombrófila Densa Montana, Floresta de Transição (Ombrófila Densa para Mista) e Campos de Altitude.

Figura 65: Cachoeira no Rio Cubatão, localizada dentro da RPPN Caetezal. Fonte: Plano de Manejo (2011).

 RPPN Joinville Criada pelo Decreto Municipal nº 32.246 de 10 de julho de 2018, composta por uma área de 18.848.90 m², onde 3.848,90 m² são constituídos por Áreas de Preservação Permanente – APP. Está situada dentro da APA Serra Dona Franciscano Distrito de Pirabeirada, além de garantir a proteção de remanescentes do Bioma Mata Atlântica, a criação desta UC tem como objetivo fomentar o turismo ecológico, a pesquisa científica e a educação ambiental.

 Parque Municipal do Morro do Finder Criado pelo Decreto Municipal nº 7.056 de 31 de maio de 1993, o qual foi alterado pelo Decreto nº 29.791, de 27 de setembro de 2017. Localizado em meio a área urbana de Joinville, sua criação teve como objetivo inicial a preservação da sua paisagem natural aliado ao espaço

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de lazer e educação ambiental. Possui 0,50 km² inseridos na UC Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) Morro do Iririú.

Figura 66: Entrada do Parque Municipal do Morro do Finder. Créditos: UGA – SAMA/Joinville.

 Parque Natural Municipal da Caieira Criado pelo Decreto Municipal nº 11.734, de 11 de março de 2004, são 1,27 km² situados as margens da Lagoa do Saguaçu, na porção centro-leste do município, que reúne elementos naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica. Dentre os objetivos de criação da UC, destacam-se: a preservação de sítios arqueológicos que constituem importante patrimônio histórico-cultural, conservar um dos últimos remanescentes do ambiente de manguezal e restinga junto ao perímetro urbano no município de Joinville, além de propiciar atividades de educação e recreação em contato com a natureza.

Figura 67: Baía da Babitonga vista do Parque Caieira. Crédito: UGA – SAMA/Joinville.

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 Área de Relevante Interesse Ecológico do Morro do Iririú Criada pelo Decreto Municipal nº 19.665, de 09 de outubro de 2012, com o objetivo de conservar a expressiva vegetação, remanescente representativo do Bioma Mata Atlântica, que encontra-se inserido na malha urbana. São 5,26 km² formada por duas áreas adjacentes divididas pela Avenida Santos Dumont, e reúne características de notável beleza e imenso potencial paisagístico natural.

Figura 68: Vista de parte da cidade de Joinville a partir da ARIE do Morro do Iririú. Créditos: UGA – SAMA/Joinville.

2.2.9.2 Proposta de criação de nova unidade de conservação no município

Joinville possui uma proposta de criação de uma Unidade de Conservação Estadual. Trata-se da Reserva Biológica Estadual Vale das Nascentes, conforme mapa da Figura 60. A seguir, segue informações e principais características desta nova proposta:

Reserva Biológica Estadual Vale das Nascentes: a proposta de criação desta UC localizada na região do Vale do Ricardo em Joinville é do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA). Com uma área de 15.125.000 m², a principal característica da área é a cobertura de vegetação nativa florestal bem conservada, composta por Floresta Ombrófila Densa Montana. A maior importância desta UC está na conectividade com outras áreas protegidas na região, como APA Serra Dona Francisca e remanescentes de Mata Atlântica, formando um corredor ecológico, ao nível de paisagem, que se estende do norte do estado do Rio Grande do Sul até o Rio de Janeiro. Este corredor é de elevada importância para as estratégias de conservação do bioma Mata Atlântica. Em nível regional, a área se mostra relevante para manter a conectividade entre remanescentes florestais da Serra do Mar do norte de Santa Catarina e com os do sul do estado do Paraná.

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2.2.9.3 Conectividade regional de UCs vizinhas ao município de Joinville

Em busca da efetividade nas ações em prol da conservação do Bioma da Mata Atlântica, é imprescindível expandir o olhar além dos limites geográficos e administrativos do município, identificando as conexões existentes a nível regional entre as áreas protegidas, a fim de interligá-las, e desta forma reduzir ou prevenir a fragmentação das florestas existentes mantendo a conectividade da paisagem, propiciando o fluxo genético entre as populações, a manutenção dos ciclos ecológicos e da biodiversidade. Para tanto, é importante que ações de escala local sejam definidas em um planejamento ambiental regional, visando à conexão das áreas protegidas, seja por meio da criação de corredores ecológicos ou ainda através de estratégias conjuntas que busquem evitar e/ou diminuir os impactos ambientais sobre as mesmas. Os mosaicos correspondem a estes objetivos, compatibilizando a biodiversidade, a valorização da sociobiodiversidade e as práticas de desenvolvimento sustentável no contexto regional, dividindo as responsabilidades entre os órgãos envolvidos. No mapa da Figura 69 foram identificadas quais são as Unidades de Conservação vizinhas que fazem conexão com as UC existentes no município de Joinville. Observa-se que a nível municipal as principais conexões estão relacionadas com a APA Serra Dona Francisca, onde seus limites territoriais fazem conexão a oeste com a APA do Alto Rio e a sudoeste com a Estação Ecológica do Rio Bracinho, cuja UC possui parte do seu território inserido na APA Serra Dona Francisca. Ao Norte, a APA Serra Dona Francisca faz limites com a APA Quiriri. Outras UC fazem parte das conexões sem fazerem limites com o município como: APA Campos do Quiriri e APA Rio Vermelho. Além disso, a Serra da Dona Francisca, limite austral da Serra do Mar, integra as Áreas Prioritárias para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição dos Benefícios da Biodiversidade Brasileira (Figura 70), sendo categorizada como de Extrema Alta Importância Biológica e prioridade de ação, segundo a revisão do Ministério do Meio Ambiente - Portaria n° 09 de 23 de janeiro de 2007. Abaixo segue principais características destas UC:

APA do Alto Rio Turvo: Com uma área de 7.000 hectares localizada no município de Campo Alegre, está UC foi criada pela Lei Municipal 2.347, de 18 de agosto de 1998, com o objetivo de proteger a nascente do Alto Rio Turvo, bem como seus afluentes, além de garantir a conservação da Mata e Pinhais (Floresta Ombrófila Mista) e Mata Atlântica (Floresta Ombrófila Densa) existentes na área.

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APA Quiriri: Criada pelo Decreto Municipal nº 055 de 07 de abril de 1997, esta UC está localizada no município de Garuva, com uma área que apresenta grande parte da floresta bem conservada. Devido à necessidade de maior proteção e conectividade entre a vegetação da APA Quiriri e da APA Serra da Dona Francisca, a área foi considerada como estratégica, apesar de estar fora dos limites do Município de Joinville. Dos impactos ambientais significativos estão as atividades agropecuárias e silviculturais, assim como as construções irregulares.

APA Campos do Quiriri: Criada em 1998 pela Lei nº 2.348, de 18 de agosto de 1998. Localizada em Campo Alegre, seu processo de criação partiu do Consórcio Quiriri, instituído oficialmente em 1997, resultante de uma iniciativa conjunta dos prefeitos das cidades de São Bento do Sul, Rio Negrinho e Campo Alegre, localizadas na bacia do alto Rio Negro, no Planalto Norte Catarinense, divisa com o estado do Paraná. Esta UC está situada na Bacia Hidrográfica do Rio Negro e tem como principal objetivo a proteção do Rio Negro e seus afluentes.

APA Rio Vermelho: Criada pela Lei nº 246, de 14 de agosto de 1998. Localizada no município de São Bento Do Sul com a finalidade de proteger as nascentes do Rio Vermelho, bem como seus afluentes, além de garantir a conservação da mata de Pinhais (Floresta Ombrófila Mista) e Mata Atlântica (Floresta Ombrófila Densa) existentes na área. Seu processo de criação partiu do Consórcio Quiriri, responsável pela sua administração e fiscalização em parceira com os órgãos competentes do Poder Executivo Municipal.

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Figura 69: Conectividade entre as unidades de conservação localizadas em Joinville e municípios vizinhos

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Figura 70: Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Repartição dos Benefícios da Biodiversidade localizadas na região de Joinville

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2.2.10 Populações tradicionais

O Decreto Federal nº 6.040/2007 – que instituiu a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais – define no artigo 3º o conceito de povos e comunidades tradicionais como

(…) grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição; (…)

No artigo 3º do decreto também está definido o conceito de territórios tradicionais: “os espaços necessários à reprodução cultural, social e econômica dos povos e comunidades tradicionais, sejam eles utilizados de forma permanente ou temporária (…)”. Considerando estes conceitos, foi elaborado o mapa da Figura 71 que apresenta a localização das comunidades tradicionais próximos ou inseridos no município de Joinville.

Figura 71: Comunidades tradicionais localizadas nas proximidades do município de Joinville

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 Terras Indígenas e Comunidades Remanescentes de Quilombos

Conforme os dados fornecidos pela FUNAI e presentes no mapa da Figura 71, não existem terras indígenas em Joinville. As terras indígenas mais próximas do município estão localizadas nos municípios de Araquari, Balneário Barra do Sul e São Francisco do Sul (Figura 71). O estado de Santa Catarina possui apenas uma Comunidade Quilombola decretada, localizada nos municípios de e , denominada “Invernada dos Negros”. Dentre as várias comunidades do estado que possuem processos abertos para reconhecimento, três delas estão localizadas em municípios próximos à Joinville (duas em Araquari e uma em São Francisco do Sul), porém, nenhuma está localizada neste município, como pode ser verificado no mapa da Figura 71.

2.2.10.1 Comunidade de Pescadores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Ilha do Morro do Amaral

A Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Ilha do Morro do Amaral é uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável localizada às margens da Lagoa do Saguaçu, na Baía da Babitonga (figura 14). Esta unidade possui uma área de 3.357.775,00 m² rica em biodiversidade, apresentando basicamente dois tipos de ecossistemas: manguezal e Floresta Ombrófila Densa (Mata Atlântica), todos importantes para o equilíbrio ambiental da região da Baía da Babitonga. A RDS da Ilha do Morro do Amaral abriga sítios arqueológicos (sambaquis) e uma comunidade tradicional de pescadores artesanais que desenvolve suas atividades em estreita relação com a conservação dos recursos naturais e manutenção de sua cultura. Teve sua categoria alterada através da Lei Municipal nº 7.208/2012, de Parque para Reserva de Desenvolvimento Sustentável, devido à presença desta comunidade tradicional, formada por uma população descendente de portugueses, açorianos, africanos e indígenas (Vieira, 2006). De acordo com Bértoli (2009, p. 33), a comunidade presente na RDS da Ilha do Morro do Amaral “se formou a partir de deslocamentos de pessoas ou famílias de localidades vizinhas, principalmente oriundas de São Francisco do Sul (…) e Araquari, possivelmente em fins do século XIX e início do século XX”. Ainda de acordo com a autora, a população dessa área tinha um maior contato com o município de São Francisco do Sul e Araquari; porém, com a construção do Mercado Público em Joinville e seu uso a partir de 1907, os moradores do Morro do Amaral passaram a estreitar sua relação com a cidade Joinville, para comercialização de seus pescados.

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A agricultura também era uma das principais atividades da região. Corrêa e Rosa apud Aviz (2013) afirmam que os moradores coletavam folhas do mangue para extrair resina a ser vendida para fábricas de Joinville. Também possuíam engenhos de farinha e plantavam aipim, batata, feijão, milho, cará, abóbora e cana-de-açúcar. Até o ano de 1935 a área era denominada “Riacho Saguaçu”. Posteriormente passou a ser denominada “Morro do Amaral”, visto que grande parte das terras era de posse da família Amaral (Aviz, 2013). A partir da década de 1970 o Morro do Amaral passou por muitas modificações, principalmente por conta da construção da estrada que liga a ilha ao continente, fazendo com que os moradores saíssem para trabalhar nas empresas da cidade (Aviz, 2013). Conforme Bértoli (2009), atualmente são poucos os que vivem exclusivamente da pesca e os que optaram por continuar a atividade vendem seus pescados para petisqueiras e restaurantes do município ou em São Francisco do Sul. A Lei Municipal nº 7.208/2012, em seu Capítulo III, artigo 4º, define como “População Tradicional Beneficiária” da Ilha do Morro do Amaral “(…) os moradores cadastrados pela FUNDEMA1 e que, comprovadamente, residiam na unidade de conservação em 09 de setembro de 2011”. Esta lei também define como deve ocorrer os usos nesta unidade por parte das populações tradicionais. A Portaria SEMA nº 53/2015 deu publicidade ao Cadastro de Moradores que constituem a população tradicional beneficiária da RDS da Ilha do Morro do Amaral. Conforme a portaria, residiam nesta UC, até setembro de 2011, 921 pessoas. A Tabela 14 apresenta um resumo das informações desta comunidade e o mapa da Figura 72 apresenta a localização dessas famílias dentro da RDS.

Tabela 14: Síntese das informações sobre a comunidade tradicional localizada no município de Joinville/SC Nome da Tipo Localização População Área Ocupada Comunidade RDS Ilha do Morro Pescadores UTM 723187 N / 921 pessoas Aprox. 159.645 m2 do Amaral artesanais 7089023 E

1 Atual Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente (SAMA).

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Figura 72: Localização da população tradicionalmente beneficiária da RDS Ilha do Morro do Amaral

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2.2.11 Belezas cênicas, atrativos naturais e histórico-culturais arqueológicos

2.2.11.1 Atrativos turísticos e belezas cênicas

Neste diagnóstico foram levantadas as áreas utilizadas ou não pela população como espaços de lazer e como pontos turísticos, que além da cobertura vegetal existente e a importância na preservação da Mata Atlântica, são locais que apresentam importante potencial para pesquisa científica e educação ambiental.

 PARQUE NATURAL DA CAIEIRA: Unidade de Conservação de administração municipal, situado as margens da Lagoa do Saguaçu. Constitui importante exemplar de remanescente de Mata Atlântica, onde são encontrados sítios arqueológicos e oficinas líticas que conservam o patrimônio cultural e histórias de povos sambaquianos. Possui trilhas e infraestrutura de atendimento ao visitante. Endereço: Rua Waldomiro Rosa, s/n – Ademar Garcia.

 PARQUE MUNICIPAL MORRO DO FINDER: uma Unidade de Conservação de administração municipal localizada na ARIE do Morro do Iririú, na malha urbana do município, este exemplar de remanescente de Mata Atlântica exerce papel fundamental na estabilidade microclimática, além de ser ótima opção de lazer para a população. Possui infraestrutura para visitação e trilhas. Endereço: Rua Antônio Haritsch – Iririú.

 PARQUE MUNICIPAL ZOOBOTÂNICO: inserido na ARIE do Morro do Boa Vista, na região central do município, é considerado um dos principais pontos turísticos de Joinville, constituindo excelente opção de lazer em meio a Mata Atlântica. Apresenta opções de contemplação de exemplares da fauna regional mantidos em cativeiro, infraestrutura de atendimento à população, quiosques, além de trilhas para caminhada no entorno do lago e na mata. Endereço: Rua Pastor Guilherme Rau, 462 – Saguaçu.

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Figura 73: Parque Municipal Zoobotânico. Fonte: SEPUD (2017).

 PARQUE DA CIDADE: está inserido em parte da mata nativa e remanescentes de manguezais, onde se encontra inserido um sítio arqueológico de sambaqui. É um dos principais pontos de lazer de Joinville, com trilhas, opções para prática de esportes e caminhada. Endereço: Rua Inácio Bastos, Bucarein.

Figura 74: Vista a partir do Mirante do Parque da Cidade. Fonte: A Notícia (2012)

 RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA ILHA DO MORRO DO AMARAL: Unidade de Conservação da Natureza de administração municipal, localizada às margens da Baía da Babitonga. Local de privilegiada beleza cênica e importância ambiental, além da presença de remanescentes da Mata Atlântica, abriga sambaquis e uma comunidade tradicional de pescadores. Endereço: Avenida Kurt Meinert, s/n – Paraguamirim.

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 ESTRADA DO RIO BONITO: localizada ao nordeste do município, faz divisa com o município de Garuva, constitui importante região por seus atributos naturais de grande beleza cênica e potencial turístico rural, além das construções típicas alemãs e suíças que lhe confere o potencial cultural. Alguns agricultores desta região disponibilizam a abertura de suas propriedades para visitação. Esta região é considerada pelo Plano de Manejo da APA como área estratégica externa para inclusão nos limites da APA Serra Dona Francisca.

Figura 75: Pórtico da Estrada Bonita. Créditos: SECOM. Fonte: SEPUD (2018)

 ESTRADA DO PIRAÍ: localizada na área rural de Joinville, esta região é conhecida pelo seu turismo rural, imersa em remanescentes da Mata Atlântica, com propriedades que permitem a visitação, pesque-pague, café colonial, pontos de banhos em rios e parques aquáticos. Outra atração é a hidrelétrica do Piraí, localizada no final da Estrada do Salto, ao pé da cachoeira do Piraí.

Figura 76: Cachoeira e hidrelétrica do Piraí. Créditos: UGA/SAMA.

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 REGIÃO DO RIO DO JÚLIO: a região é utilizada para atividades de turismo, e possui grande apelo em função da paisagem e belezas naturais. Considerada área estratégica externa pelo Plano de Manejo da APA para inclusão nos seus limites, contando com a presença desde áreas com influências de Florestas com Araucária nas porções mais elevadas até Florestas Ombrófilas Densas Montana e Submontana nas porções de altitudes médias e mais baixas, respectivamente.

Figura 77: Igreja Luterana localizada na Estrada Rio do Júlio

 MIRANTE DE JOINVILLE: localizado na ARIE do Morro do Boa Vista, o Mirante de Joinville é uma estrutura que fica no ponto mais alto do morro, na região central do município. Por meio dele, é possível visualizar boa parte da zona urbana da cidade e a Baía Babitonga, além de percorrer trilhas em meio a um importante remanescente da Mata Atlântica. Endereço: Rua Pastor Guilherme Rau – Saguaçu.

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Figura 78: Mirante de Joinville. Créditos: SECOM.

2.2.11.2 Patrimônio arqueológico

A Comissão do Patrimônio da Prefeitura de Joinville desenvolve trabalho conjunto com outros órgãos do governo municipal e representantes da sociedade civil com o intuito de valorizar, preservar e requalificar os bens históricos, arqueológicos, artísticos e naturais. Os sítios arqueológicos, considerados Patrimônio Cultural Brasileiro, são locais nos quais são encontrados vestígios do período colonial, geralmente restos de conchas de moluscos e ossos, e são classificados como sambaquis, oficinas líticas, fornos e estruturas subterrâneas. Em Joinville estes locais estão situados em regiões mais secas junto aos manguezais, lagoas, e rios, de onde estas populações captavam seus alimentos. Na Figura 79 segue uma tabela, obtida do Joinville em dados 2017, com a relação do patrimônio arqueológico encontrado no município. O mapa da Figura 80 apresenta a distribuição destes sítios.

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Figura 79: Relação do patrimônio arqueológico do município de Joinville. Fonte: SEPUD (2017).

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Figura 80: Distribuição dos sítios arqueológicos localizados no município de Joinville

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2.3 MUDANÇAS CLIMÁTICAS

2.3.1 Impacto das mudanças climáticas em Joinville

A percepção das grandes mudanças no clima global tem início com o surgimento das ciências naturais de perspectiva histórica, no século XVIII, usualmente com um olhar voltado para um passado muito distante, reconhecendo escalas de mudanças de centenas de milhares a milhões de anos relacionadas a dinâmicas do meio natural. Durante este período preambular das Ciências da Terra, entendia-se que os processos atuantes no planeta eram unicamente relacionados aos ciclos exógenos do planeta, sem participação da humanidade. Tal visão era então coerente com as escalas de ação humana das economias pré-industriais, ainda predominantes naquele período. Somente com a organização e intensificação das atividades produtivas durante a Revolução Industrial e seu consequente impacto sobre a Terra, associado a consolidação do sistema capitalista de exploração do meio natural com seus ciclos cada vez mais intensos e predatórios, ampliou-se de forma dramática o potencial destrutivo da ação antrópica sobre o meio físico e biótico. Este processo histórico resulta na percepção pela opinião pública mundial, primeiramente no início dos anos 1970, e novamente ao longo dos anos de 1980-1990, de mudanças aceleradas nos padrões climáticos globais. Tais discussões, oriundas em um primeiro momento dos espaços do ambientalismo, foram ganhando destaque na agenda de pesquisadores e instituições, e se consolidando com a problemática acerca da situação da camada de Ozônio, a partir de 1987; a conferência ECO 92 no Rio de Janeiro; e o Procolo de Kioto, de 1997. Diferentemente das discussões dos anos 1970, a nova fase de discussões buscou um olhar mais sistêmico sobre a problemática ambiental, visando novas políticas econômicas e sociais para alcançar a meta de um desenvolvimento sustentável em escala global (Bodansky, In Luterbacher & Sprinz, 2001). Ao longo de todo este período de intensa discussão científica e política sobre o tema, houve numerosas tentativas - muitas vezes conduzidas por pesquisadores das geociências históricas - de questionar e invalidar as conclusões dos estudos que apontavam tendências de mudança climática em escala de séculos e sua relação com a ação humana. Tal problema parece estar inerentemente ligado as diferentes escalas de tempo envolvidas, e a percepção de tendências discrepantes dentro de tendências de maior amplitude (as “pequenas curvas” dentro de outra curva, mais ampla, de variação de atributos climáticos). Contudo, atualmente a percepção da ação do homem pós-revolução industrial como poderoso agente geológico ganha contornos cada vez mais definidos, resultando no estabelecimento de proposta de uma nova

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época na escala do tempo geológico, o Antropoceno, em fase de discussão pelas organizações internacionais responsáveis (Crutzen & Stoermer, 2000; Crutzen, 2002). Dos grandes ciclos da história do planeta, vivemos atualmente em um período interglacial, com o evento conhecido como Último Máximo Glacial (UMG) a cerca de 17.000, marcando o momento mais recente de climas mais frios em escala milenar. Na história humana recente, cabe destacar a Pequena Idade do Gelo, entre os anos de 1650 e 1850, representando uma oscilação de escala secular, inclusa nas curvas de oscilação climática milenares – que por sua vez são incluídas em curvas mais amplas, da escala de milhões de anos. A luz do conhecimento técnico-científico atual e fazendo um recorte dos dados disponíveis, podem-se sumarizar as principais tendências de mudanças no clima, no futuro próximo, para a região sul do Brasil e áreas costeiras (Marengo, 2007). Para as áreas litorâneas do Brasil, destaca-se, com grande intensidade, a subida do nível do mar – oriunda do degelo das massas glaciais polares e continentais ao redor do globo – levando à redução das áreas emersas, remanejamento de populações e problemas na infraestrutura sanitária. Nota-se ainda um aumento da possibilidade de novos eventos climáticos de grande magnitude – como os furacões – na zona costeira (Marengo, 2007). Especificamente para a região sul, o aumento das temperaturas com o consequente incremento nas taxas de evapotranspiração, afetará o balanço hídrico regional, resultando no estabelecimento de secas mais frequentes nas áreas mais continentalizadas, com chuvas restritas apenas a eventos extremos de reduzida duração – os eventos torrenciais (Marengo, 2007). Para as áreas urbanas, as mudanças climáticas implicam em cidades com temperaturas ainda mais altas e elevadas precipitações pontuais implicando em mais inundações, enchentes, e movimentos de massa em encostas (Marengo, 2007). MMA/GIZ (2018), busca definir os impactos biofísicos potenciais da mudança do clima no Bioma Mata Atlântica, através da aplicação de dois modelos climáticos regionais disponíveis para o Brasil (Eta HadGEM2-ES e MIROC5) em dois cenários de emissão de gases de efeito estufa (GEE) – RCP4.5 (otimista) e RCP 8.5 (altas emissões) e quatro períodos de análise (1961-2005; 2011-2040; 2041-2070; 2071-2100). Foram analisados dentro destes parâmetros sete impactos potenciais para a área do bioma Mata Atlântica: inundação, evolução da erosão hídrica, deslizamento, disponibilidade de água no solo, zoneamento agroclimático, ocorrência de fitofisionomias e distribuição da dengue. Da síntese dos resultados disponíveis em tal estudo observa-se que, para a região sul do Brasil, o impacto mais recorrente nos diferentes modelos e cenários são as inundações decorrentes do aumento dos extremos de precipitação. Observa-se ainda, que mesmo em um cenário otimista de emissões de GEE (RCP 4.5) uma recorrência dos impactos relacionados a deslizamento de massa de solo, relacionada a pouca variação da precipitação nos meses de

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dezembro-janeiro-fevereiro (DJF), visto que tais meses na região sul em geral já concentram os maiores volumes de chuva. Conforme já abordado na Caracterização do Meio Físico (Item 2.1), Joinville está situada nos terrenos de transição entre as escarpas da Serra do Mar e a planície flúvio-marinha que circunda a Baía da Babitonga, assim sendo, possui características de relevo e hidrologia que suscita especial atenção em relação às mudanças climáticas e seu impacto no bioma Mata Atlântica e na população. A predominância de uma vasta planície com cotas altimétricas de pequena elevação sobre o nível relativo do mar (n.r.m.), com densa rede hidrográfica associada, oriunda da pequena profundidade do lençol freático e abundante recarga associado ao clima local – intensificado ainda com a ação da chuva orográfica da Serra do Mar e com o nível de base hídrico regional controlado pelo regime de marés da Baía Babitonga – implica em uma notável sensibilidade a inundações. Observa-se que dentre as áreas de risco reconhecidas em Joinville, cerca de 11,84% do território do município corresponde ao risco de enchentes (CPRM, 2014). Dentro desta vasta área de planície, sujeita a um regime pluviométrico intenso e pontualmente violento, situam-se colinas isoladas de material de alteração de rochas, com consideráveis declividades e acentuada suscetibilidade à movimentação de massa. Assim, analisando os estudos de ampla escala existentes acerca das mudanças climáticas, com os estudos disponíveis para Joinville, e associando as características de meio físico do município, depreende-se que considerável impacto deverá ser esperado no território municipal, associado às mudanças climáticas globais. Bastante claros são os impactos relacionados ao cenário de elevação do nível do mar, agravando os riscos de inundação e enchente na cidade, pelo nível de base hidrológico mais elevado. A oscilação climática costuma disparar uma resposta rápida na eustasia dos oceanos, como verificado na Pequena Idade do Gelo em partes da Europa continental (Jensen, 1994). Braun (2017) e Braun & Aumond (2017) modelam o impacto da elevação do n.r.m. na área do município de Joinville, em dois cenários de elevação: de uma subida entre 0,26 e 0,55m (RCP 2.6, otimista); e de uma subida entre 0,45 e 0,82m (RCP 8.5, pessimista). Braun (2017) considerou também a possibilidade de um aumento de 1m no nível do mar, como limite de variação. Destaca ainda que, embora os dados obtidos sejam projeções para o final do século XXI, no meio do século já haverá impactos observáveis na região. Com estes cenários, a autora destaca que ocorrem impactos em 20 dos 43 bairros da cidade (Figura 81). A maior parte dos impactos se dá em áreas rurais, ou em ecossistemas de mangue. Nota-se que o impacto se dá não apenas na porção litorânea a baía Babitonga, mas também nos vales fluviais. O regime de marés também deverá assumir uma dinâmica mais vigorosa – e nota-se importante efeito relativo à intrusão da cunha salina no aquífero freático e nos solos (Braun, 2017).

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Figura 81: Simulação da elevação do nível do mar em Joinville. Braun (2017).

Assim, áreas atualmente com solos de moderada a boa condição de drenagem deverão assumir configurações de encharcamento, e salinização – potencialmente afetando de forma negativa a distribuição das fitofisionomias no território. Um problema decorrente da estrutura urbana instalada, é que esta age como barreira à expansão dos ecossistemas de manguezais,

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que buscariam terrenos mais altos – o que poderá, contudo ocorrer nos espaços marginais a Baía Babitonga que não apresentem ocupação, com características rurais. Já o cenário de incremento nas temperaturas com o consequente aumento da evapotranspiração, implica em um clima ainda mais úmido para a área do município. Tal efeito, associado aos eventos de chuvas torrenciais mais frequentes, agrava os riscos relacionados a enchentes e movimentação de massa nas encostas, neste caso afetando negativamente as áreas de remanescentes florestais da fitofisionomia Floresta Ombrófila Densa Submontana – ampliando as instabilizações e a distribuição das áreas de risco, com um agravamento da vulnerabilidade socioambiental. Dos ecossistemas associados ao bioma Mata Atlântica, o manguezal será o que deverá absorver a maior parte dos impactos relacionados a elevação do n.r.m. relacionado as mudanças climáticas – Kirwan et al., (2010); Alongi (2007). Considera-se que o estresse advindo dos efeitos climáticos e eustáticos sobre o ecossistema, associado à pequena disponibilidade de espaço para a migração poderá levar ao desparecimento deste em muitos espaços hoje ocupados por manguezais (Braun, 2017). Assim, para Joinville, infere-se que: “Com a elevação média do nível do mar, os ecossistemas de mangues estarão limitados, sem espaço para migrar, diminuindo a resistência do sistema, afetando serviços ecossistêmicos prestados, além de uma maior exposição à erosão das margens, interferindo desta forma sobre a capacidade de equilíbrio do sistema ecológico” – Braun, 2017. Foi realizado o cruzamento dos resultados do mapeamento de remanescentes levantados para o presente Plano Municipal da Mata Atlântica com a simulação de aumento do nível do mar proposta por Braun (2017) e verificou-se que, além do impacto sobre os manguezais, haverá efeito da elevação eustática nos ecossistemas de Transição Restinga – Manguezal, na Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas e Submontana e sobre a fitofisionomia Restinga, como pode ser observado na Figura 82. Considerando a distribuição atual dos remanescentes (em área), elaborou-se a Tabela 15 que apresenta a porcentagem de cada ecossistema afetado pela elevação do nível médio do mar.

Tabela 15: Ecossistemas afetados pela elevação do nível médio do mar em Joinville Fitofisionomia Área (ha) % Manguezal 3.455,14 60,15 Restinga 1.112,02 19,36 Transição Restinga – Manguezal 610,22 10,62 FOD de Terras Baixas 561,64 9,78 FOD Submontana 4,98 0,09 TOTAL 5.744 100

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Figura 82: Fitofisionomias dos remanescentes de Mata Atlântica em Joinville em relação à simulação de aumento do nível médio do mar (Braun, 2017)

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2.4 VETORES DE DESMATAMENTO OU DESTRUIÇÃO DA VEGETAÇÃO NATIVA

Esse item visa determinar os principais fatores de pressão que estão causando ou poderão causar desmatamentos ou degradação adicionais, podendo, portanto piorar a situação atual de conservação ou prejudicar a restauração das áreas prioritárias de Mata Atlântica no município. A determinação dos principais vetores de desmatamento e de degradação de áreas indica os processos econômicos e sociais, além das principais demandas por espaço, no território do Município, causadoras de pressão por desmatamento da Mata Atlântica, ou pela degradação. Corresponde aos fatores antrópicos e climáticos responsáveis pela situação atual de fragmentação e degradação da Mata Atlântica no município. Esses aspectos foram levantados com auxílio do um mapa de uso e ocupação do solo da Lei de Ordenamento Territorial municipal (Figura 83) e estão listados no Quadro 6.

Figura 83: Mapa do macrozoneamento urbano e rural do município de Joinville

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Quadro 6: Principais vetores de desmatamento e degradação da Mata Atlântica no Município de Joinville Tema Problemas atuais Potenciais problemas De 2010 a 2016 a população de Joinville aumentou Para o ano de 2030, a população estimada é de de 515.288 para 569.645 (+54.357), havendo a 676.689 (+107.044 ou 15,81%). Esse aumento necessidade por moradia e expansão da área populacional e de fluxos migratórios impactarão os urbana. remanescentes atuais de MA, como maior pressão Aumento populacional e migrações Os bairros com maior incremento são Vila Nova, sobre recursos naturais, demanda por áreas Paranaguamirim, Floresta, Iririú, Jardim Iririú, habitáveis e produtivas e na diminuição do uso e Aventureiro, Costa e Silva, Comasa e área rural produção rural. (SEPUD 2016). Entre o ano de 2008 e 2018 foram aprovados, pela Até o fechamento do diagnóstico, havia na Unidade Unidade de Aprovação de Projetos da SAMA, 19 de Aprovação de Projetos 14 condomínios fechados loteamentos e 9 condomínios fechados (incluindo, aguardando aprovação e emissão de alvará e 17 nos dois casos, residenciais e industriais). Em 12 loteamentos na mesma situação. loteamentos houve a necessidade de supressão de No caso dos condomínios, verificou-se que em 11 vegetação ou ainda há remanescentes. No caso dos casos os imóveis apresentam remanescentes de condomínios, em 3 imóveis foi necessária a mata nativa. E entre os loteamentos, são 13 imóveis realização de supressão. com grandes remanescentes. Há no município ainda, 16 condomínios fechados Observou-se que os condomínios e loteamentos que com obras em andamento. Neste caso, em 6 imóveis ainda estão aguardando aprovação, concentram-se foi realizada a supressão de maciços florestais e em em bairros mais periféricos. Destaca-se o bairro Vila 4 casos foi realizada a supressão de árvores Nova, pois há 4 processos em análise para isoladas. condomínios – em 3 será necessário supressão de Expansão imobiliária urbana regular Verificou-se que os condomínios já aprovados vegetação – e 3 para loteamentos – em 2 há concluídos ou ainda em obras concentram-se nos remanescentes. No bairro Morro do Meio verificou-se bairros mais centrais, como Glória e América. Quanto a presença de 3 áreas pretendidas para implantação aos loteamentos, verificou-se que concentram-se nos de loteamentos e em todos há grandes bairros mais afastados da porção central do remanescentes. município Na porção sudeste de Joinville identificou-se 5 Realizou-se a análise das autorizações de corte de imóveis em análise para loteamentos. Em 4 imóveis vegetação deferidas entre os anos de 2013 e 2018 e há presença de vegetação expressiva. verificou-se que, quanto a outros tipos de Acredita-se que a concentração de novos empreendimentos, foram autorizados no município a empreendimentos nas áreas mais periféricas do supressão de maciços em: 1 imóvel para construção município esteja associada a mais disponibilidade de de geminado; 23 imóveis para construção de imóveis de grandes dimensões. Entretanto, também condomínio vertical residencial; e 19 imóveis para são nas áreas mais próximas aos limites do

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construção de edificações para comércio ou serviços perímetro urbano onde se concentram os maiores e galpões. remanescentes de Mata Atlântica. Quanto aos condomínios verticais, verificou-se que até o momento do fechamento deste diagnóstico, havia 11 solicitações de supressão de maciços para construção deste tipo de empreendimento. Foi verificada também a solicitação corte de maciço para a construção de galpões em dois imóveis. Na LOT estão previstas quatro Áreas de Expansão Urbanas. Conforme dados disponibilizados pela Secretaria de Caso não sejam criados e implementados programas Habitação, há 453 áreas de ocupação irregular de regularização fundiária, aliadas às estratégias de dentro do perímetro urbano; destas, 177 já estão em proibição de novas ocupações, principalmente nas processo de regularização. Verificou-se que 18 áreas áreas verdes protegidas, poderá haver o aumento de ocupação irregular estão localizadas dentro ou das áreas desmatadas, principalmente nas áreas próximas aos limites das unidades de conservação mais frágeis como os manguezais, para implantação inseridas na área urbana. Também observou-se a de novos parcelamentos irregulares. Nas áreas concentração de ocupações irregulares nos limites definidas como unidades de conservação que Expansão imobiliária urbana irregular do perímetro urbano, principalmente na porção leste, possuem plano de manejo, devem ser colocados em (ocupações) onde estão localizadas as áreas de manguezais. No prática os programas destinados à regularização zoneamento SE-05 (Setor Especial de Conservação fundiária e fiscalização; nas demais unidades de de Várzeas), de acordo com a Lei 470/2017, há conservação, primeiramente, devem ser elaborados vários lotes em processo de regularização. Ao sul da seus planos de manejo onde devem ser incluídos área urbana observou-se que as áreas irregulares esse tipo de projeto. localizam-se em terrenos elevados, correspondendo às colinas costeiras, onde essas ocupações exercem pressão sobre os remanescentes de floresta ombrófila densa. De acordo com as informações da Secretaria de No caso das áreas de ocupações irregulares Habitação, 158 áreas de ocupação irregular estão localizadas dentro ou no entorno da APA da Serra localizadas na área rural (algumas dessas áreas Dona Francisca, entende-se que sem a localizam-se tanto na área rural como na área implementação do programa de proteção e Expansão imobiliária rural irregular (ocupações) urbana), sendo que 21 encontram-se em processo fiscalização estabelecido no seu Plano de Manejo e de regularização. Desse total, 16 áreas estão sem o estabelecimento de programa de localizadas dentro da APA da Serra Dona Francisca, regularização fundiária nas áreas já ocupadas, concentradas nas regiões da Estrada Mildau, Estrada poderá haver um aumento das ocupações irregulares

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Canela, Estrada Quiriri e Estrada Laranjeiras, muito a partir das áreas já levantadas, exercendo assim próximas aos remanescentes desta UC. Uma está uma pressão sobre os remanescentes desta UC. localizada na RDS da Ilha do Morro do Amaral – UC A RDS da Ilha do Morro do Amaral é de fundamental caracterizada pela presença do ecossistema importância a elaboração e implementação de seu manguezal. Plano de Manejo, pois este documento estabelecerá Verificou-se também que as demais áreas localizam- medidas a fim de promover a integração à vida se em áreas de preservação permanente de cursos econômica e social das comunidades ali residentes, d’água e nascentes e em manguezais – nesses bem como possibilitará estudos visando a casos algumas ocupações estão inclusive em regularização fundiária. Sem instrumentos que terrenos de marinha (caso de áreas localizadas possibilitem uma melhor fiscalização quanto às próximas à Vila Cubatão). ocupações irregulares e que possibilitem a regularização da comunidade tradicional ali estabelecida, a proteção aos ecossistemas desta UC estará comprometida. Das propriedades rurais, 95,04% apresentam menos Há obrigação legal de todas as propriedades de 50 hectares e estas ocupam o equivalente a possuírem cadastro no sistema CAR. 32,24% da área rural total. Após o término do cadastramento do CAR, deverá Existe em Joinville 2640 imóveis rurais, sendo que ser realizada a regularização e recuperação de Ocupação do solo em áreas rurais (Cadastro 2.546 foram incluídos no CAR até o fechamento áreas degradadas por meio dos PRAS, conforme Lei Ambiental Rural – CAR) deste diagnóstico. Apenas 1.637 reservas legais Federal 12.651/12. foram delimitadas. Das Reservas Legais, 91,71% estão vegetadas. Para as APP, verificou-se que apenas 32,23% dessas áreas estão preservadas. O município de Joinville possuía no ano de 2010 uma No Plano Viário instituído pelo Plano Diretor de 1973 extensão total de vias de 1.706.778 km (IPPUJ, (Lei Municipal 1.262/1973), foram levantadas 2010-2011). No ano de 2016 essa extensão passou algumas vias que deveriam receber obras de para 1.812.969 km (SEPUD, 2017). alargamento ou prolongamento. Caso implantadas Verificou-se nos últimos anos a ocorrência de todas essas obras, aproximadamente 2,17 km2 de ampliação ou alargamento de vias no município onde remanescentes seriam atingidos. Infraestrutura existente e prevista para transporte se fez necessário o corte de remanescentes de mata Pode-se citar como grandes projetos pretendidos no de pessoas e produtos nativa, como no caso da ampliação da Rodovia município nos próximos anos e que impactariam em Estadual SC-108 (Rodovia do Arroz) para fazer remanescentes de Mata Atlântica: alargamento do ligação com a Rodovia Federal BR-101, onde Eixo Industrial Hans Dieter Schmidt – Avenida Edgar verificou-se a realização de corte e consequente Nelson Meister; Eixo Ecológico Leste, com via fragmentação de maciços florestais; nas obras de ligando a Ponte do Trabalhador à Avenida Santo alargamento da Avenida Santos Dumont (trecho Dumont, passando por áreas próximas aos

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entre a Rua Tenente Antônio João e o aeroporto); e manguezais; ponte ligando os bairros Adhemar na ampliação da Rua Leopoldo Beninca, para criação Garcia e Boa Vista (obra esta que irá passar sobre do Binário do Vila Nova. área de manguezal). No caso da APA da Serra Dona Francisca verifica-se Com relação à infraestrutura de transportes, pode-se que a rodovia BR-101 passa pelo limite leste da UC e citar também o projeto do Contorno Ferroviário, onde que a rodovia SC-418 corta toda a APA. No pretende-se realizar o desvio da malha ferroviária diagnóstico faunístico realizado para o Plano de que atravessa parte da área urbana de Joinville para Manejo desta UC, é informado sobre a ocorrência de área periférica, objetivando a eliminação dos conflitos diversos animais atropelados na SC-418. existentes nas passagens de nível da Zona Sul. Tais obras necessitam de licenças ambientais para sua execução. Como forma medida compensatória pela possível supressão de vegetação, poderiam ser investidos recursos para recuperação de áreas degradadas. Conforme dados do SEPUD (2017), o consumo de Com objetivo de atender às novas demandas, energia elétrica em Joinville no ano de 2016 foi de principalmente da expansão do setor industrial, 2.555.611.816 kWh, sendo que o setor em que mais haverá a necessidade de instalação de novas linhas houve consumo foi o industrial (1.537.550.246 kWh). de transmissão de energia e de subestações no Conforme ANEEL, o município possui atualmente 10 município. Essas novas instalações poderão subestações de energia e 282,45 km de redes de acarretar na intervenção em remanescentes de Mata alta-tensão para transmissão. Verificou-se que há Atlântica. linhas de alta-tensão passando pela APA da Serra Quando há instalação de linhas de transmissão em Infraestrutura existente e prevista para geração e Dona Francisca, bem como por remanescentes de áreas recobertas por remanescentes, muitas vezes transmissão de energia Mata Atlântica. Nessas áreas com vegetação, se faz poderá haver a necessidade de estabelecimento de necessário o corte e roçada abaixo das linhas de corredores sob as linhas, que acabam fragmentando transmissão. trechos de mata. Desta forma, durante os processos de licenciamentos de obras para instalação de linhas de transmissão, bem como nas licenças de operação, podem ser propostas medidas alternativas de manejo racional da cobertura vegetal em áreas sob as linhas, visando minimizar os impactos da atividade nos remanescentes. O município de Joinville possuía no ano de 2016 uma A ETA Piraí está em processo de ampliação, onde capacidade instalada de rede de abastecimento de verificou-se a necessidade de supressão de 1.200m² Infraestrutura de saneamento (água, esgoto, lixo) água de 1.425 litros/segundo e uma produção de de vegetação. Há também a previsão de Nova ETA 2.063 litros/segundo. A extensão da rede de no rio Piraí, próximo à confluência deste curso com o

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abastecimento para o mesmo ano era de 2.149 km. rio Águas Vermelhas, mas em área que já está No ano de 2010 haviam 131.662 ligações de desmatada. abastecimento em Joinville, que em 2016 passou Conforme o Plano Municipal de Saneamento Básico, para 146.617 ligações (SEPUD, 2017). com a implantação de uma nova adutora na ETA Há no município duas estações de captação e Piraí, será necessário ampliar a reservação de água tratamento de água: uma localizada no rio Cubatão, tratada. Esses reservatórios são construídos em responsável pelo abastecimento de 75% de Joinville áreas elevadas que, geralmente, são locais que e a outra localizada no rio Piraí, responsável pelos ainda apresentam grandes remanescentes de mata 25% restantes. Ambas ETAs estão localizadas nativa. dentro da APA da Serra Dona Francisca. Ampliações na ETA Cubatão também poderão Quanto ao esgoto, entre os anos de 2010 e 2016 a demandar na ampliação dos reservatórios desse cobertura passou de 16,55% para 30% da população sistema. atendida (SEPUD, 2017). Há 12 estações de Quanto ao sistema de esgotamento sanitário, tratamento de esgoto em operação em Joinville, conforme o Plano Municipal de Saneamento Básico, sendo que 8 foram executadas pelos a CAJ está implementando um conjunto de obras no empreendedores de loteamentos e doadas à sistema de esgotamento sanitário de Joinville que irá Companhia Águas de Joinville, sendo que a aumentar de forma substancial a cobertura por rede concessionária é quem faz a operação, e 4 são da coletora e tratamento de esgotos. própria companhia. Há ainda uma nova ETE sendo construída no bairro Jarivatuba, próxima à outra Quanto ao aterro sanitário, como verificado, a cada estação já em operação que será desativada. ano há o aumento da quantidade de resíduos domésticos coletados no município (fora os resíduos Joinville possui um aterro sanitário localizado no encaminhados por outros municípios), o que implica Distrito Industrial Norte, rodeado por remanescentes na necessidade de ampliação do aterro. O aterro de Mata Atlântica. Conforme SEPUD (2017), no ano sanitário já possui LAI para sua ampliação e, para de 2016 a Área I, com 106.553 m2, possuía uma vida que isto ocorra, será necessária a supressão de útil de 9 anos; a Área II, com 130.447 m2, possuía remanescentes de Mata Atlântica que ainda uma vida útil de 8 a 10 anos; e a área para depósito, encontram-se no entorno da área já em operação. com 237.000m2, tem uma vida útil de 18 a 22 anos. Através da análise de imagens de satélite, verifica-se Não há informações sobre a quantidade de resíduos que nos últimos 10 anos houve ampliações que dispostos neste aterro nos últimos anos, entretanto, incindiram no corte de vegetação. Além de receber entende-se que com o crescimento industrial na todo o resíduo sólido recolhido pela coleta pública de região, o cenário previsto é que nos próximos anos Joinville – onde houve um aumento na coleta novas ampliações sejam necessárias, levando à domiciliar entre 2010 e 2016, passando de 9.490 supressão dos remanescentes que ainda estão t/mês para 10.468 t/mês – este aterro também preservados no seu entorno. recebe os resíduos coletados em outros municípios

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da região.

O aterro industrial de Joinville também está localizado na Zona Industrial Norte, envolto por remanescentes de Mata Atlântica. Foi verificado nas imagens de satélite dos últimos 10 anos a necessidade de supressão de vegetação. Além dos resíduos industriais de Joinville e municípios próximos, este aterro também recebe os resíduos domiciliares de Garuva e realizam o tratamento de efluentes. Destaque para a bovinocultura leiteira e para os A procura de novas áreas agricultáveis para cultivos de arroz irrigado, de banana e de hortaliças, expansão das atividades agropecuárias, sobretudo provenientes sobretudo da agricultura familiar nos vales do Rio Piraí e Rio Cubatão, colocam em (Joinville Cidade em Dados 2016 – IPPUJ). risco a manutenção dos remanescentes da Mata Considerando apenas a lavoura permanente, a Atlântica ainda preservados nessas áreas. banana e palmito são os produtos de maior Atividades agropecuárias representatividade econômica para o município (IBGE CIDADES, 2016). Na piscicultura continental, o município de Joinville foi o terceiro maior produtor estadual de peixes (água doce) no ano de 2016, com uma produção de 1.106.650 quilogramas (Epagri, 2018). A atividade econômica da construção civil, com mais O crescimento urbano se reflete na busca por de 1,7 mil estabelecimentos e 6.845 empregos propriedades disponíveis para a edificação de novos formais no município e a mineração, atividade empreendimentos, cuja procura avança nas áreas estreitamente associada à construção civil (maior urbanas já consolidadas, inclusive nas áreas verdes mercado consumidor de produtos brutos da nelas remanescentes. Quando o estímulo se dá pela mineração como areia, brita, cascalho e rochas municipalidade através do estabelecimento de novas Atividades da construção civil ornamentais), são as atividades que mais tem áreas de expansão urbana (como as previstas para pressionado as áreas naturais remanescentes no serem instituídas a curto prazo), se favorece a município. A primeira notadamente na parte oeste do horizontalidade da malha urbana do município e, município, com destaque para a região do Bairro Vila como resultado, a conversão de novas áreas de Nova e, a segunda, sobretudo na região da Área de remanescentes do bioma Mata Atlântica em áreas Proteção Ambiental (APA) Serra Dona Francisca, urbanas. Com essa conversão é gerada uma unidade de conservação da natureza de uso demanda para a implantação da infraestrutura

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sustentável. mínima necessária para a ocupação humana que, Conforme dados obtidos na Unidade de Aprovação além dos custos gerados, cria novas áreas de Projetos, setor da Secretaria de Agricultura e Meio periféricas sujeitas à ocupação irregular e, Ambiente, através do Relatório dos Alvarás de consequentemente, novos focos de pressão Construção Emitidos por Bairro no Período de ambiental. Jan/2013 a Jun/2018, o bairro Vila Nova lidera o número de alvarás emitidos com 875 alvarás de construção, que correspondem a uma soma aproximada de 350.994,25 m² de área a ser edificada ou já edificadas. Em seguida, aparece o Bairro Aventureiro com 700 alvarás e 227.081,61 m² de área a ser edificada ou já edificadas. Existem hoje 331 polígono cadastrados no DNPM Em relação as demais fases do regime de extração como áreas minerárias, no território do município, denominado concessão/autorização, há 122 totalizando 94.512,41 ha. Destes, se destacam 36 polígonos em fase de requerimento de lavra, áreas de mineração (6222,58 ha) com concessão de totalizando 10926,93 ha. Estes se encontram lavra emitido pelo DNPM, em sua maioria distribuídos, em porções marginais da Baía distribuídas principalmente nas zonas rurais dos Babitonga e Lagoa do Saguaçu, curso do rio setores de médio e baixo curso da bacia hidrográfica Cachoeira, Zona Industrial, vale do rio Cubatão e do rio Cubatão e nos contrafortes da escarpa da pequenos cursos d’água do entorno do Canal do Serra do Mar, dentro da APA Serra Dona Francisca, Palmital, correspondendo as bacias hidrográficas dos Estrada Mutucas, e Anaburgo. Já no regime de rios Piraí, Cubatão, Cachoeira, Independentes da extração denominado licenciamento mineral, o Vertente Leste e Independentes da Vertente Sul. Já município conta com 6 lotes, totalizando uma área de se encontram lotes em área urbana, diferentemente Atividades minerárias 30,16 ha, em sua maior parte correspondendo a das lavras anteriormente concedidas, extração de areia no rio Piraí. predominantemente em área rural. Em fase de autorização de pesquisa, existem 109 áreas, totalizando 45302,68 ha, distribuídos preferencialmente na porção centro sudoeste do município, nas bacias do rio Piraí, Cachoeira, Cubatão, Independentes da Vertente Sul e Palmital. Ampliou-se assim a presença de lotes dentro dos limites urbanos do município. Em fase de requerimento de pesquisa há 18 lotes, totalizando 10812,3 ha, distribuídos preferencialmente nas áreas urbanas da bacia do rio Cachoeira, nas bacias do rio Piraí, Cubatão e Palmital. Para o Regime de

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licenciamento mineral, há somente uma nova área de requerimento de licenciamento, correspondendo a 48,8 ha. Existem ainda 39 áreas minerárias em disponibilidade, pela base de dados do DNPM totalizando 21168,87 ha, em sua maioria nas bacias hidrográficas do rio Cubatão, Palmital, Piraí e Vertente Leste. Percebe-se assim que a expansão das áreas minerárias nas bacias dos rios Piraí e Palmital, bem como nas margens da baía Babitonga e Lagoa Saguaçu, e morros urbanos são vetores significativos de desmatamento no território do município, agravado pela ausência de um plano diretor de mineração do município. Joinville, o maior polo industrial do estado e um dos As zonas industriais, tanto as já instituídas (Zona maiores da região sul, possui 2.093 indústrias da Industrial Norte e Zona Industrial Tupy) quanto as transformação (Joinville Cidade em Dados 2017 – previstas para serem instituídas em curto prazo SEPUD). Tal atividade, no que concerne (Zona Industrial Sul que, à exemplo da primeira, principalmente as indústrias de maior porte, está deverá abranger grandes áreas de remanescentes comumente confinada nas áreas específicas do bioma na região sul do município), ainda que previstas na lei de ordenamento territorial do sejam áreas específicas para a instalação industrial município vigente, como a Zona Industrial Norte, previstas em lei, são focos de pressão sobre os Atividades industriais onde se concentram mais de 40% dos alvarás de remanescentes da Mata Atlântica. construção referentes à atividade econômica de nível industrial, mas que ainda conta com aproximadamente 45% da sua área coberta por remanescentes da Mata Atlântica. As indústrias de menor porte, por sua vez, exercem uma pressão nas áreas naturais remanescentes, devido a natureza difusa da sua dispersão territorial. Área de reflorestamento com Pinus sp., considerada Caso não haja um controle/monitoramento da Silvicultura espécie exótica invasora, localizada dentro da APA espécie, esta pode substituir a vegetação nativa, Serra Dona Francisca. devido seu grande potencial de dispersão. De um total de 57.373 empresas no município de Embora tenham a propensão de se expandir Comércio e Serviços Joinville, 15.033 são classificados como comércio e acompanhando o crescimento populacional, as 22.938 como prestadores de serviços (Joinville atividades de comércio e de serviços tendem a se

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Cidade em Dados 2017 - SEPUD). estabelecer em áreas urbanas já consolidadas e, de tal forma não oferecem riscos significativos sobre os remanescentes naturais. Ainda que não esteja estruturado como em outras Com grande potencial de crescimento, devido às cidades catarinenses, a atividade do turismo em diversas unidades de conservação da natureza Joinville, em especial o rural, tem foco no comércio instituídas no município e seus atrativos naturais, Turismo de alimentos e hospedagem de apoio ao turismo especialmente na região da Área de Proteção rural. Ambiental (APA) Serra Dona Francisca, o turismo rural tem como desafio se desenvolver de forma sustentável. Não existem elementos atuais ou estudos As principais tendências de mudanças no clima, aprofundados que possam avaliar a presença de onde se prevê um cenário a elevação da impactos em decorrência das mudanças climáticas já temperatura, os impactos potenciais para a área do atuantes no município de Joinville. bioma Mata Atlântica são: inundação, evolução da erosão hídrica, deslizamento, disponibilidade de água no solo, zoneamento agroclimático, ocorrência de fitofisionomias e distribuição da dengue. Para a região sul do Brasil, o impacto mais recorrente nos diferentes modelos e cenários de mudanças climáticas são as inundações decorrentes do aumento dos extremos de precipitação, o que consequentemente leva a uma recorrência dos impactos relacionados a deslizamento de massa de Mudança do Clima solo. Através dos estudos de Braum (2017), para Joinville, verificou-se que bastante claros são os impactos relacionados ao cenário de elevação do nível do mar no município – propiciado pelo aumento da temperatura global –, agravando os riscos de inundação e enchente na cidade. Pelo nível de base hidrológico mais elevado de uma subida entre 0,26 e 0,55m (RCP 2.6, otimista); e de uma subida entre 0,45 e 0,82m (RCP 8.5, pessimista) e também considerando a possibilidade de um aumento de 1m no nível do mar, como limite de variação, a autora verificou que podem ocorrer impactos em 20 dos 43

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bairros da cidade. A maior parte dos impactos se dá em áreas rurais, ou em ecossistemas de mangue. O regime de marés também deverá assumir uma dinâmica mais vigorosa – e nota-se importante efeito relativo à intrusão da cunha salina no aquífero freático e nos solos (Braun, 2017). Dos ecossistemas associados ao bioma Mata Atlântica, o manguezal será o que deverá absorver a maior parte dos impactos relacionados à elevação do n.r.m. relacionado às mudanças climáticas. Considera-se que o estresse advindo dos efeitos climáticos e eustáticos sobre o ecossistema, associado a pequena disponibilidade de espaço para a migração poderá levar ao desparecimento deste em muitos espaços hoje ocupados por manguezais (Braun, 2017) As áreas atualmente com solos de moderada a boa condição de drenagem deverão assumir configurações de encharcamento, e salinização – potencialmente afetando de forma negativa a distribuição das fitofisionomias no território joinvilense. Já o cenário de incremento nas temperaturas com o consequente aumento da evapotranspiração, implica em um clima ainda mais úmido para a área do município. Tal efeito, associado aos eventos de chuvas torrenciais mais frequentes, agrava os riscos relacionado a enchentes e movimentação de massa nas encostas, neste caso afetando negativamente as áreas de remanescentes florestais da fitofisionomia Floresta Ombrófila Densa Submontana – ampliando as instabilizações e a distribuição das áreas de risco, com um agravamento da vulnerabilidade socioambiental.

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2.5 CAPACIDADE DE GESTÃO AMBIENTAL PÚBLICA DO MUNICÍPIO

De acordo com a Constituição Federal e a Constituição Estadual, o Município possui autonomia política, administrativa e financeira. Assim, o município de Joinville tem sua própria organização regendo-se por sua Lei Orgânica de 1990, aprovada de acordo com os princípios estabelecidos na Constituição Federal e na Constituição Estadual de Santa Catarina. O Município de Joinville, nos termos da Constituição Federal de 1988 e da Lei Orgânica tem a competência de dispor sobre assuntos de interesse local, cabendo-lhe expressamente as seguintes atribuições relacionadas ao meio ambiente:  Elaborar o seu Plano Diretor;  Promover o adequado ordenamento territorial, mediante o planejamento e o controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;  Promover a limpeza das vias e logradouros públicos, a remoção e o destino do lixo domiciliar e de outros resíduos de qualquer natureza;  Ordenar as atividades urbanas, fixando condições e horário para funcionamento de estabelecimentos industriais, comerciais e similares, observadas as normas federais pertinentes;  Prestar serviços de atendimento à saúde da população, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado;  Regulamentar, autorizar e fiscalizar a afixação de cartazes e anúncios, bem como a utilização de quaisquer outros meios de publicidade e propaganda nos locais sujeitos ao poder de polícia municipal;  Promover a proteção do meio ambiente e do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual;  Conceder ou renovar licença de instalação, localização e funcionamento de estabelecimentos industriais, comerciais e similares;  Criar conselhos municipais;  Suplementar a legislação federal e a estadual no que couber, entre outras atribuições. Compete ao Município de Joinville em conjunto com o Estado, observada as normas de cooperação:  Proteger documentos, obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, monumentos, paisagens naturais notáveis, e sítios arqueológicos; impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico e cultura;  Proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;  Preservar as florestas, a fauna e a flora;

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 Registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seu território, entre outras descritas na Lei Orgânica. Assim, no âmbito de suas competências, o Município de Joinville está estruturado administrativamente através de um Sistema de Planejamento, que vem a ser o conjunto de órgãos, normas, recursos humanos e técnicos voltados à coordenação da ação planejada da Administração Municipal, assegurada a participação, a cooperação de associações representativas e legalmente organizadas. De acordo com o art. 78 da Lei Orgânica, a administração municipal compreende, a administração direta, exercida pelas Secretarias ou órgãos equiparados e pela administração indireta, exercidas pelas autarquias e fundações, entidades dotadas de personalidade jurídica própria. Neste contexto, o Município de Joinville está estruturado administrativamente atualmente conforme o Quadro 7.

Quadro 7: Organograma da estrutura administrativa do município de Joinville  Gabinete do Prefeito – GAP Gabinetes  Gabinete do Vice-Prefeito - GVP  Procuradoria-Geral do Município – PGM  Secretaria da Fazenda – SEFAZ  Secretaria da Saúde – SES  Secretaria de Administração e Planejamento – SAP  Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente – SAMA  Secretaria de Assistência Social – SAS  Secretaria de Comunicação – SECOM  Secretaria de Cultura e Turismo – SECULT Secretaria  Secretaria de Educação – SED  Secretaria de Esportes – SESPORTE  Secretaria de Gestão de Pessoas – SGP  Secretaria de Governo – SEGOV  Secretaria de Habitação – SEHAB  Secretaria de Infraestrutura Urbana – SEINFRA  Secretaria de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável – SEPUD  Secretaria de Proteção Civil e Segurança Pública – SEPROT  Subprefeitura da Região Centro-Norte – SPCN  Subprefeitura da Região Leste – SPL  Subprefeitura da Região Nordeste – SPNE Subprefeituras  Subprefeitura da Região Oeste – SPO  Subprefeitura da Região Sudeste – SPSE  Subprefeitura da Região Sul – SPS  Subprefeitura Distrital de Pirabeiraba – SPP  Departamento de Trânsito de Joinville – DETRANS Autarquias  Hospital Municipal São José – HMSJ  Instituto de Previdência Social dos

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Servidores Públicos do Município de Joinville – IPREVILLE Empresas  Companhia Águas de Joinville – CAJ  Conselho Municipal da Juventude – CMJ  Conselho Municipal de Alimentação Escolar – CMAE  Conselho Municipal de Assistência Social – CMAS  Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia – COMCITI  Conselho Municipal de Defesa do Consumidor – CONDECON  Conselho Municipal de Desenvolvimento Sustentável de Joinville, “Conselho da Cidade” – CMDSJ  Conselho Municipal de Educação – CME  Conselho Municipal de Política Cultural – CMPC  Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas – COMAD  Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Joinville – COMPIR  Conselho Municipal de Proteção e Defesa Civil – COMPDEC Conselhos  Conselho Municipal de Saneamento Básico – CMSB  Conselho Municipal de Saúde – CMS  Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional – COMSEAN  Conselho Municipal de Terras, Habitação Popular e Saneamento – CMTHPS  Conselho Municipal de Turismo – COMTUR  Conselho Municipal de Meio Ambiente – COMDEMA  Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – CMDCA  Conselho Municipal dos Direitos da Mulher – CMDM  Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência – COMDE  Conselho Municipal dos Direitos do Idoso – COMDI  Conselho Tutelar Norte – CTN  Conselho Tutelar Sul – CTS  Fórum Municipal de Educação – FME Fonte: https://www.joinville.sc.gov.br/departamentos/

Na estrutura apresentada, verifica-se que a gestão ambiental atualmente é exercida pela Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente – SAMA, vinculada a administração direta, que exerce as seguintes funções conforme a Lei Complementar nº 495/2018: a gestão das áreas protegidas, unidades de conservação, parques municipais de lazer, arborização urbana, fiscalização, licenciamento ambiental, educação ambiental, administração de cemitérios, serviços funerários, licenciamento de obras, consultas e alvarás, fiscalização de obras e posturas, mobiliário de praças, em especial na defesa e proteção animal e no controle

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de populações, para atingir o equilíbrio ambiental e o convívio mais harmonioso com os animais e a agricultura, através de políticas de desenvolvimento rural. A referida lei municipal criou uma nova estrutura institucional que além de propiciar uma economia de recursos públicos em termos operacionais também teve o intuito de promover a integração entre os serviços públicos afetos ao meio ambiente. Porém, antes de adentrar aos aspectos da atual capacidade de gestação, cumpre destacar que a gestão ambiental do município de Joinville sempre foi marcada pelo cuidado no trato das questões ambientais, tanto que a Fundação Municipal do Meio Ambiente – FUNDEMA, órgão ambiental executor das políticas públicas ambientais foi criada através da Lei Municipal nº 2.419 em 27 de julho de 1990, ou seja, logo após a promulgação da Lei Orgânica do município e anterior a política ambiental do município que somente foi promulgada com o Código Municipal de Meio Ambiente, através da Lei Complementar nº 29 de 1996. E posteriormente, com a política municipal de meio ambiente através da Lei Municipal nº 5.712 de 2006, regulamentada pelo Decreto Municipal nº 13.482 de 2007, que instituiu o Sistema Municipal de Meio Ambiente – SISMMAM, conforme a política nacional de meio ambiente. A FUNDEMA funcionou como órgão executor da política até o ano de 2013, possuindo autonomia de gestão e financeira, e para tanto contava com recursos do Fundo Municipal de Meio Ambiente, o qual foi instituído pela Lei Municipal nº 3.332 de 22 de julho de 1996, e contando com um orçamento próprio decorrente do orçamento municipal e também de recursos oriundo de contribuições de órgão públicos elencados na Lei nº 5.512/2006, para a execução dos programas ambientais do município. Porém em decorrência da reforma administrativa ocorrida em 2014, através da Lei Complementar nº 418/2014, a FUNDEMA foi extinta, sendo que todas as suas atribuições que eram basicamente a gestão ambiental para a proteção e conservação do ambiente e a fiscalização, passaram para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SEMA, que foi criada para abarcar outros serviços além das questões ambientais, englobando também os serviços referente a administração de cemitérios, serviços funerários, licenciamento de obras, consultas e alvarás, fiscalização de obras e posturas, mobiliário de praça e o bem estar animal, tornando- se uma “grande Secretaria”, concentrando todas as suas atividades em um único local, no sentido de proporcional uma economia aos cofres públicos e dar maior agilidade aos serviços públicos prestados. Passados, pouco mais de três anos da reforma, novamente foi proposta uma segunda reforma, que se deu através da Lei Complementar nº 475/2018, onde SEMA agregou ao seu rol de serviços as políticas vinculadas à agricultura. Portanto, todos esses serviços atualmente estão sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio ambiente - SAMA.

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E considerando o formato de Secretaria, como administração direta, é fato que este órgão perdeu a sua autonomia financeira e de gestão, que passou a ser centralizada na Secretaria de Administração e Planejamento. Já com relação aos recursos do Fundo Municipal de Meio Ambiente, estes passaram a integrar o patrimônio do município com a extinção da FUNDEMA, logo, passaram a ser partilhados não apenas para os programas ambientais, mas também passaram a ser partilhados para a execução dos diversos serviços desempenhados pela Secretaria. E diante deste novo cenário institucional, vários programas ambientais tiveram seus orçamentos encolhidos ou foram suspensos, dificultando consideravelmente a implantação de ações ambientais tais como: Planos de Manejo das Unidades de Conservação Municipais, tanto no que se refere a elaboração quanto a revisão e implantação; a elaboração do Plano de Gerenciamento Costeiro; a elaboração do Zoneamento Ecológico Econômico; entre outras ações e políticas que encontram-se pendentes por falta de recurso ou paralisadas devido a excessivos entraves burocráticos, decorrentes do atual sistema de gestão dos gastos públicos. De outro lado, com relação ao funcionamento do Sistema Municipal de Meio Ambiente, há que se considerar que o município tem um Conselho de Meio Ambiente – COMDEMA, que conta com mais de vinte anos de existência e experiência, sempre atuante; possui um setor de educação ambiental com atividades constantes; são realizadas Conferências Ambientais Municipais bienalmente e o setor de fiscalização, possui um considerável número de agentes, devido a unificação da fiscalização do município. Mas vale destacar também, que mesmo com a experiência e atuação dos membros do COMDEMA, que é bastante louvável, há que se considerar que quando da submissão do Plano Municipal de Recuperação e Conservação da Mata Atlântica poderá ter dificuldades de aprovação, em razão da constituição do Conselho, visto que atualmente a paridade entre os setores públicos, privados e terceiro setor está desequilibrada, pois houve a desistência de entidades do terceiro setor e o desligamento do IBAMA, o que pode ser considerado como um prejuízo. Portanto, atualmente os maiores fragilidades para a aprovação do Plano Municipal de Recuperação e Conservação da Mata Atlântica esta relacionada ao COMDEMA, bem como a ausência de membros na participação da elaboração do presente estudo. Já com relação à implantação do futuro plano aprovado, o entrave estará na dificuldade de recursos, de modo que, o próprio plano poderá fazer a previsão de formas alternativas de busca de recursos e parcerias com a participação da sociedade civil organizada, especialmente na recuperação das áreas degradadas, na implantação de corredores ecológicos, entre outros.

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2.5.1 Catalogação da legislação federal, estadual e municipal afetas à gestão da Mata Atlântica

A Constituição Federal de 1988, e a lei maior do Estado brasileiro, que visa “assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias”. A Constituição Federal traz um conjunto de normas pertinentes à organização do poder, à distribuição da competência, ao exercício da autoridade, à forma de governo, aos direitos da pessoa humana, tanto no aspecto individual quanto social, constituindo-se como fundamento de todo ordenamento jurídico brasileiro. Para o presente estudo um dos aspectos constitucionais relevantes a ser destacado refere-se art. 225, §1º, inciso III, que incumbe o Poder Público em todas as unidades da federação definir espaços territoriais e componentes a serem especialmente protegidos, sendo que sua alteração e supressão serão permitidos apenas mediante lei e o §2º, que considera a Mata Atlântica, como patrimônio nacional, de modo que sua utilização conforme a lei e dentro de condições que assegurem sua preservação quanto ao uso dos recursos naturais. Nesse sentido, passa-se a seguir a destacar as legislações que implicam na preservação e conservação da Mata Atlântica nos três níveis.

2.5.1.1 Legislação Federal

 Lei Federal nº 6.938/1981 – Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Considerações: Todas as ações do Poder Público e do Particular devem estar em consonância com esta política, cujo objetivo é manter o equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo. Ainda, deve ser considerada a racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; o planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; proteção dos ecossistemas; controle e zoneamento das atividades potenciais ou efetivamente poluidoras entre outros.

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 Decreto 99.274/1990 – regulamenta a Lei 6.902/1981, Lei 6.938/1981, que dispõe sobre criação de estação ecológica e áreas de proteção ambiental e sobre política nacional de meio ambiente, respectivamente.

 Lei Federal nº: 7661/1988 – Instituiu o Plano de Gerenciamento Costeiro. Considerações: O PNGC deverá estabelecer o zoneamento de usos e atividades desenvolvidas na Zona Costeira e dar prioridade à conservação e proteção aos recursos naturais renováveis e não renováveis; recifes, parcéis e bancos de algas; ilhas costeiras e oceânicas; sistemas fluviais, estuarinos e lagunares, baías e enseadas; praias; promontórios, costões e grutas marinhas; restingas e dunas; florestas litorâneas, manguezais e pradarias submersas; sítios ecológicos de relevância cultural e demais unidades naturais de preservação permanente e; monumentos que integrem o patrimônio natural, histórico, paleontológico, espeleológico, arqueológico, étnico, cultural e paisagístico.

 Decreto 5.300/2004 – Regulamenta a Lei no 7.661, de 16 de maio de 1988, que institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro - PNGC, dispõe sobre regras de uso e ocupação da zona costeira e estabelece critérios de gestão da orla marítima, e dá outras providências. Considerações: Para este estudo deve-se destacar o art. 15 e seguintes do capitulo III do Decreto que estabelece as regras para o uso e ocupação da zona costeira.

 Lei 9.605/1998 – Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Considerações: A referida legislação é conhecida como “lei de crimes ambientais”, trazendo sanções que implicam na responsabilidade criminal do sujeito ativo do dano, inclusive, com a possibilidade de responsabilização da pessoa jurídica pelo cometimento de crimes ambientais. Além da responsabilidade criminal a presente lei ainda traz capitulo específico que trata das infrações administrativas, que fundamentam a aplicação de multas, advertências, restrição de direitos, demolições, suspensão de atividades entre outros, que são instrumentos importantes na preservação da Mata Atlântica.

 Decreto 6.514/2008 – Dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, estabelecendo o processo administrativo federal para apuração destas infrações, uso, gozo, promoção, proteção, recuperação, meio ambiente, multa, advertência, apreensão, destruição, inutilização, embargo, suspensão, destruição, crimes ambientais, fauna, flora, poluição, ordenamento urbano, patrimônio cultural, administração ambiental, unidades de conservação.

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Considerações: Referido Decreto passa a regulamentar a lei de crimes ambientais e as disposições relativas ao processo administrativo ambiental para apurar a responsabilidade administrativa.

 Lei Federal n° 9.985/2000 – Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC e estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação. Considerações: O Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC, tem o objetivo de contribuir para a manutenção da diversidade biológica, proteger as espécies ameaçadas de extinção, entre outros, com destaque para os arts. 15, 22, 27, 28 e 30, que tratam da APA.

 Decreto n° 4.340/2002 – Regulamenta artigos da Lei no 9.985, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC, e dá outras providências. Considerações: Necessário destacar os art. 12 e 17, que tratam da criação do conselho gestor e plano de Manejo das unidades de conservação.

 Decreto nº 4.339/2002 – Institui princípios e diretrizes para implementação da Política Nacional da Biodiversidade.

 Lei nº: 11.428/2006 – Dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação do Bioma Mata Atlântica e dá outras providências. Considerações: A principal legislação de proteção e conservação do bioma Mata Atlântica, dos quais se destaca o art. 38, que menciona expressamente a necessidade de os municípios elaborarem seu Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica como condição para serem beneficiado com recursos do Fundo de Restauração do Bioma Mata Atlântica.

 Decreto 6.660/2008 – Regulamenta a Lei nº: 11.428/2006, que dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica. Considerações: No âmbito do Decreto regulamentador, destaca-se o art. 43, que traz as diretrizes mínimas que devem conter no Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica, quais sejam: diagnóstico da vegetação nativa contendo mapeamento dos remanescentes; indicação dos principais vetores de desmatamento ou destruição da vegetação nativa; indicação de áreas prioritárias para conservação e recuperação da vegetação nativa; e a indicação de ações preventivas aos desmatamentos ou destruição da vegetação nativa e de

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conservação e utilização sustentável da Mata Atlântica, a serem submetidos para aprovação do Conselho Municipal de Meio Ambiente.

 Lei Federal 12.651/2012 – Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. Considerações: Referida lei é de extrema importância, pois estabelece o regime jurídico para a proteção das áreas de preservação permanente - APP. Neste sentido, destaca-se o disposto no art. 4º, que trata da delimitação e preservação das áreas de preservação permanente que dentre as várias APPs existentes, destaca-se margens de rios, morros, mangues, restinga e outras que deverão ser observados.

2.5.1.2 Legislação Estadual

 Constituição Estadual – Promulgada em 5 de outubro de 1989, atualizada em 2009. Estabelece princípios e garantidas fundamentais, bem como, diretrizes gerais para as políticas publicas do Estado. Considerações: Traz diretrizes gerais para o desenvolvimento e proteção ambiental no Estado de Santa Catarina, cujos dispositivos deverão ser observados, com destaque para o capitulo VI, art. 182, IV, que dispõe que o Estado deve: “definir, em todas as regiões do Estado, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.”

 Lei Estadual n° 14.675/2009 – Institui o Código Ambiental de Santa Catarina. Considerações: Estabelece a política ambiental de Santa Catarina, com destaque ao art. 136 que cria o Sistema de Unidades de Conservação do Estado, e estabelece suas diretrizes.

 Lei nº 13.553/2005 – Institui o Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro. Considerações: O PEGC visa a orientar a utilização racional dos recursos naturais da Zona Costeira Estadual, considerada patrimônio nacional, propiciar a elevação da qualidade de vida de sua população e a proteção de seus patrimônios natural, histórico, étnico, cultural e paisagístico. Os municípios também poderão instituir, por lei, seus respectivos Planos Municipais de Gerenciamento Costeiro – PMGC, observadas as normas gerais, definições, diretrizes e objetivos específicos do PNGC e do PEGC.

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 Decreto nº 5.010/2006 – Regulamenta a Lei no 13.553, de 16 de novembro de 2005, que institui o Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro e estabelece outras providências. Considerações: Este Decreto institui objetivos e diretrizes e disciplina os instrumentos de execução do Gerco estadual.

2.5.1.3 Legislação Municipal

 Lei Orgânica do Município de Joinville – A Constituição do município fornece suporte legal a todas as ações e diretrizes municipais a serem implementadas no processo de construção do Planejamento Urbano, desenvolvimento, proteção ambiental, administração pública entre outros. Considerações: Destaque para os artigos 4º, 33, 77-A, 127, 141, 181 e 182 que mencionam a proteção ambiental como condição que assegure a qualidade de vida.

 Lei Complementar 29/1996 – Institui o Código Municipal de Meio Ambiente. Considerações: Estabelece a forma de gestão ambiental e demais instrumentos da política ambiental do município e estabelece as infrações ambientais e sua forma de processamento.

 Lei Municipal nº: 5.712/2006 – Institui a Política Municipal de Meio Ambiente e o Sistema Municipal de Meio Ambiente.

 Lei nº 261/2008 – Dispõe sobre as diretrizes estratégicas e institui o Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável do Município de Joinville, elaborado em consonância com a visão holística de futuro e com os princípios da Constituição Federal; da Constituição do Estado de Santa Catarina e da Lei Orgânica do Município. Considerações: O plano diretor engloba todas as diretrizes gerais de planejamento urbano e ambiental e demais instrumentos, destinando capítulo especial ao meio ambiente urbano nos artigos 79 e 80. O Plano Diretor ainda prevê em diversos capítulos a menção a proteção ambiental com uma das diretrizes fundamentais. Cabe destacar ainda que este prevê como instrumento o Código Municipal de Meio Ambiente, denominando este com Lei da Qualificação do Ambiente Natural, que deverá ser atualizada conforme as novas políticas ambientais. Esta legislação está sendo revisada desde o ano de 2016, sendo que a proposta está atualmente em

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discussão na Câmara Técnica do COMDEMA para contribuições, e dentre seus dispositivos já contemplam sua inter-relação com o futuro Plano Municipal da Mata Atlântica.

 Lei Municipal Complementar nº 470/2017 – redefine o Instrumento de Controle Urbanístico - Estruturação Territorial, que tem por objetivo estabelecer macrozoneamento do Município como referencial ao zoneamento urbano e rural; e institui o Instrumento de Controle Urbanístico - Ordenamento Territorial, que visa promover a qualificação físico-territorial do Município. Considerações: A política de ordenamento territorial deve ser considerada, pois esta estabelece as diretrizes gerais de ocupação do solo no município, e cria zonas especiais de proteção ambiental, que devem ser consideradas no mapeamento para compor o Planto Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica.

2.6 PLANOS E PROGRAMAS INCIDENTES NO MUNICÍPIO

2.6.1 Plano Diretor Municipal

O plano diretor municipal é um instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana, previsto pela Lei Federal nº 10.257/2001 (Estatuto da Cidade), a qual indica também a revisão do referido Plano em, pelo menos, a cada dez anos. Portanto, em 2008, o município de Joinville instituiu o Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável do Município de Joinville (PDDSJ), através da Lei Complementar Municipal nº 261, de 28 de fevereiro de 2008, sendo que atualmente este se encontra em processo de revisão. As diretrizes estratégicas que nortearam o PDDSJ foram segmentadas na promoção econômica; promoção social; qualificação do ambiente natural; qualificação do ambiente construído; integração regional; estruturação e ordenamento territorial; mobilidade e acessibilidade; e gestão do planejamento participativo. O capítulo da qualificação do ambiente natural, de uma forma geral, traz os seguintes objetivos: qualificar a vida urbana; incorporar a agenda ambiental no desenvolvimento da cidade; e o licenciamento ambiental que regula a implantação e instalação de empreendimentos conforme legislação vigente. Especificamente sobre a qualificação do ambiente natural, o PDDSJ prevê, entre outros, a delimitação das áreas ambientalmente frágeis ou estratégicas; a preservação dos corredores de biodiversidade nas áreas urbana e rural; a redução ou eliminação dos conflitos entre as áreas ambientalmente frágeis, estratégicas para sustentabilidade da cidade, e as atividades urbanas e rurais; o controle da

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expansão urbana; a preservação dos ecossistemas de manguezais, restingas, morros, mata atlântica, encostas e áreas de inundações indicadas no zoneamento ou protegidas pelas leis ambientais vigentes; o provimento municipal de mecanismos de acesso rápido a informação e agilização nas providências judiciais cabíveis; a elaboração de estudos do impacto de enchentes nas bacias hidrográficas e nas áreas de influência das marés, visando criar e implantar soluções para evitar prejuízos à sociedade e ao meio ambiente; a preservação das nascentes e a conservação dos cursos d´água, em especial os de abastecimento público, restringindo a construção de barragens e hidrelétrica; introdução dos princípios do consumo responsável; fiscalização adequada na implantação de obras de infraestrutura e equipamentos públicos, nas invasões em áreas de interesse ambiental e na implementação de ações corretivas. Em termos gerais os objetivos e diretrizes estabelecidos pelo PDDSJ convergem com os objetivos do Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica (PMMA), uma vez que estabelece a necessidade da delimitação de áreas ambientalmente frágeis, criação de corredores ecológicos, preservação dos ecossistemas, preservação de nascentes, educação ambiental entre outros. Ainda, dentro do Plano Diretor são definidas as diretrizes e ações para a qualificação do ambiente construído, que dentre os objetivos estabelecidos, apresenta o de reformulação da Lei Complementar de Uso e Ocupação do Solo, instrução legal que traz possíveis interferências aos objetivos do PMMA, visto que a ocupação do solo possivelmente implica em intervenções diretas sobre a cobertura vegetal. A reformulação da Lei de Uso e Ocupação do Solo (LC nº 27/96), alterada pela LC nº 312/2010 e, posteriormente pela Lei de Estruturação e Ordenamento Territorial (LOT), LC nº 470/2017, atendeu em grande parte os objetivos descritos pelo PDDSJ sobre a qualificação do ambiente natural. Porém, as diretrizes estabelecidas acerca da: (i) delimitação dos corredores de biodiversidade; (ii) identificação e delimitação de áreas de recuperação de ecossistemas locais; (iii) identificação e cadastro de nascentes dos cursos d’água existentes no Município e; promoção da gestão integrada das unidades de conservação, não foram contempladas na revisão de uso e ocupação do solo, por se tratarem de legislações de cunho ambiental, regulamentados por Leis Federais, que se sobrepõem as questões estabelecidas pelo uso e ocupação do solo. No entanto, destaca-se que o item iii, os estudos que delimitam as nascentes no município de Joinville foram finalizados e divulgados no primeiro semestre de 2018. Em relação a: (i) adequação do perímetro urbano de acordo com o crescimento populacional desejado; (ii) promoção do adensamento urbano e; (iii) redução dos conflitos entre as atividades urbanas, rurais e áreas ambientalmente frágeis, podemos afirmar que em relação

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aos itens i e ii, estas ações foram parcialmente atendidas, uma vez que foram delimitadas áreas de expansão urbana que encontram-se em fase de regulamentação. As questões referentes à identificação e delimitação das áreas vocacionadas à preservação e conservação ambiental, as atividades primárias e as urbanas e de expansão, foram contempladas pela LOT (LC nº 470/2017) com a criação de zonas específicas (Setor Especial de Interesse de Conservação de Várzea; Setor Especial de Interesse de Conservação de Morros, Área Urbana de Proteção Ambiental (AUPA), Área Rural de Proteção Ambiental (ARPA)), que considerou a fragilidade e qualidade do meio ambiente, estabelecendo condições mais restritivas à ocupação, como, por exemplo, menores taxas de ocupação e usos menos intensivos. Contudo, a LOT instituiu três áreas de expansão urbana, sendo que conceitualmente isso traz impactos ao meio ambiente natural, devido as intervenções inerentes ao processo de ocupação do solo (supressão de vegetação, aterro, impermeabilização do solo, entre outras), fato que diverge em relação aos objetivos do PMMA. Porém a proposta de ocupação para estas áreas é de se adotar predominantemente índices urbanísticos restritivos para estas áreas, de forma que estes impactos sejam reduzidos. No entanto, observa-se que a Lei de Estruturação Urbana e Ordenamento Territorial foi aprovada antes da elaboração do PMMA e desta forma haverá necessidade de compatibilização dos objetivos destes instrumentos. O Plano Diretor de Mineração, previsto no Plano Diretor de 2008, ainda não foi elaborado pelo Município, mas está prevista sua elaboração, inclusive no processo de revisão do Código Municipal do Meio Ambiente, assim como o instrumento do Zoneamento Ecológico- Econômico ZEE, conforme divulgado no site da revisão do plano diretor de desenvolvimento sustentável de Joinville. Por fim, Joinville trabalha na elaboração dos seguintes documentos, que possuem grau de importância ao PMMA: revisão do Código Municipal de Meio Ambiente; processo de criação de nova unidade de conservação na região do Morro dos Atiradores, São Marcos e entorno do Rio Piraí; elaboração do Plano Municipal de Arborização Urbana; revisão e complementação do Plano Municipal de Saneamento Básico; e na revisão do Código de Obras, sendo que esses planos englobam as diretrizes propostas pelo PDDSJ de 2008. De forma geral, as diretrizes e ações desenvolvidas e os instrumentos de gestão de planejamento e complementares do Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável de Joinville (Planos de Integração Regional, Planos Diretores de Especificidades e Planos Setoriais) consideram a preocupação com a qualidade ambiental, incorporando nas suas diversas formas de implantação as diretrizes que visam a preservação, conservação ou mesmo o uso sustentável dos recursos naturais.

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2.6.2 Plano Municipal de Saneamento Básico

O Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) de Joinville foi aprovado em 06 de maio de 2016 (Decreto Municipal nº 26.680, de 25 de abril de 2016), sendo composto por três planos setoriais de saneamento básico: Plano Municipal de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário; Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos; e Plano de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais Urbanas. Para aperfeiçoamento do PMSB, a prefeitura de Joinville visa a atualização e complementação do Plano vigente, que será efetuado por meio de contratação, atualmente em processo de licitação.

Plano Municipal de Saneamento Básico – Componente Água e Esgoto O PMSB – Componente Água e Esgoto apresenta medidas que visam expandir o atendimento, melhorar o aproveitamento das instalações existentes e obter avanços sanitários e ambientais. Essas ações têm por objetivo atender às necessidades dos joinvilenses nas próximas décadas, planejando como meta a universalização do saneamento básico em 2035. O Plano revelou, em seus diagnósticos, que até o ano de 2011 apenas 16,6% dos moradores tinham acesso à coleta e tratamento de esgoto, situação que resultava em risco de danos ambientais, com lançamento de 61 milhões de litros/dia de esgoto sem tratamento no meio ambiente. No entanto, a Companhia Águas de Joinville (CAJ), por meio do Plano de Expansão 2010-2012, projetava a realização de obras e intervenções para ampliar a abrangência do sistema de esgoto a 53,64% da população de Joinville. As principais ações desenhadas pelo PMSB – Água e Esgoto, adotando cenários de projeção de população até 2035, foram:  Abastecimento de água – 100% da população urbana atendida no curto prazo (até 2017);  Coleta e tratamento de esgoto – 75% da população urbana atendida no médio prazo (até 2023) e 100% da população atendida no longo prazo (até 2035);  Implantação de redes de micro e macrodistribuição;  Implantação do projeto de redução de perdas;  Melhorias eletromecânicas do sistema.

O estudo elaborou alguns cenários para os sistemas produtores de água, relacionados à demanda futura (crescimento populacional) e disponibilidade hídrica atual, projetando curvas de duração das vazões em locais existentes e potenciais para a instalação de captações de água bruta. Os cenários apontados demostraram a necessidade de conscientização dos condutores das estratégias de desenvolvimento do Município sobre a importância do papel que o setor de saneamento (abastecimento de água e esgotamento sanitário) terá a desempenhar,

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tanto na proteção dos recursos hídricos necessários para a garantia de um desenvolvimento sustentável, como na distribuição regional eficiente e equitativa desses recursos. Ou seja, é iminente o aumento do risco referente a disponibilidade hídrica regional (volume de água disponível), indicando a necessidade de medidas preservacionistas e conservacionistas para o ambiente natural, principalmente nas áreas de recargas e nascentes dos mananciais de abastecimento público de água. e de unidades de conservação, necessárias à proteção das condições naturais e de produção de água. Em relação às intervenções propostas para o sistema de abastecimento de água, como medidas não estruturais o PMSB identificou a necessidade, do setor de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, de participar das seguintes ações visando à preservação dos atuais e futuros mananciais:  Apoio ao Comitê de Gerenciamento das Bacias Hidrográficas dos Rios Cubatão e Cachoeira no desenvolvimento das seguintes ações: Implantação de cadastro de usuários; Implementação do sistema de outorgas de retirada e lançamento nas bacias do município de Joinville; Implementação do sistema de cobrança pelo uso das águas;  Articulação com o planejamento de drenagem urbana e de manejo de resíduos sólidos na área dos mananciais. Em relação às medidas estruturais, nos cenários de maior população, o PMSB – Água e Esgoto aponta a necessidade de obras que englobam a implantação de novo sistema de captação de água na Bacia Hidrográfica do Rio Piraí; ampliação do Sistema Produtor Cubatão; edificação de novos reservatórios de água tratada; execução de novas extensões de rede de distribuição. Essas obras podem interferir diretamente em áreas com remanescentes da Mata Atlântica. No entanto, as cenarizações para o sistema de esgotamento sanitário, que indicam a necessidade de implantação de obras (execução de rede coletora de esgoto, estações elevatórias de esgoto, estações de tratamento de efluentes), não abordam os possíveis efeitos sobre áreas de remanescentes florestais, como por exemplo a estimativas dos custos com recuperação ou compensação de áreas verdes, tampouco configura em um planejamento com visão de sustentabilidade, sem indicar diretrizes que objetivam minimizar os impactos ambientais relacionados à implantação e desenvolvimento das ações, obras e serviços de saneamento básico e assegurar que sejam executadas de acordo com as normas relativas à proteção do meio ambiente.

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Plano Municipal de Saneamento Básico – Componente Resíduos Sólidos O PMSB – Componente Resíduos Sólidos se concretizou, em 2013, no Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos PMGIRS) do Município de Joinville. O PMGIRS tem como uma de suas metas “dispor de forma ambientalmente adequada os rejeitos” para 100% da geração de resíduos sólidos até o ano de 2032. Enfatizamos ainda que outra grande preocupação do Plano é ações que visam reduzir a geração de resíduos e a adoção de materiais e alternativas menos impactantes ao ambiente, fato que converge para os objetivos do PMMA. No entanto, o Plano impôs meta de 100% de atendimento para todos os objetivos elencados no prazo intermediário referente ao de 2017. Apesar de a presente análise não ter sido exaustiva, verificou-se que grande parte destas metas sugeridas no PMGIRS (2013) não foram atendidas até a atual data (2018).

Plano Municipal de Saneamento Básico – Componente Drenagem e Manejo de Água Pluviais Urbanas O Plano de Drenagem e Manejo Pluvial de Águas Urbanas (PDMAPU) para o município de Joinville, finalizado em 2013, teve como objetivo “incorporar soluções para o desequilíbrio estrutural e ambiental que o rápido e intenso processo de urbanização introduziu nas dinâmicas das águas na cidade. O plano apresentado busca construir estratégias capazes de reverter esta situação e de apontar as principais etapas e atividades que permitam uma relação mais sustentável entre o ambiente natural e o construído”. O PDMAPU de Joinville faz uma análise da relação entre os dados de precipitação anual e a frequência de inundações no município, concluindo que as inundações não se relacionam com possíveis mudanças climáticas, mas diretamente com a urbanização da bacia. Ainda, o Plano de Drenagem do município defende a implantação do conceito de drenagem urbana sustentável, na qual se baseia no reconhecimento da complexidade das relações entre os ecossistemas naturais, o sistema urbano artificial e a sociedade. No entanto, essa abordagem é feita superficialmente, quando apresenta como alguns dos princípios do Plano: adoção de soluções integradas à paisagem e aos mecanismos de conservação do meio ambiente; que o excesso de escoamento superficial deve ser controlado na fonte evitando a transferência para jusante do aumento do escoamento e da poluição urbana; priorizar o controle da impermeabilização, restrição da ocupação de áreas de recarga, várzeas e áreas frágeis e implantação de dispositivos de infiltração ou reservatórios de amortecimento em vez de obras de aceleração e afastamento das águas pluviais (canalização). Por fim, conclui-se que o Plano de Drenagem Urbana de Joinville ainda necessidade incorporar de forma mais evidente os conceitos de drenagem sustentável em seus projetos existentes e em desenvolvimento.

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Diante do exposto, entende-se que o PMSB convergem às perspectivas vislumbradas pelo PMMA, visto que também objetivam a adoção de medidas necessárias para maior controle da contaminação ambiental por esgoto e resíduos sólidos e, a importância da incorporação de alternativas para infiltração das águas pluviais, sem, no entanto, definir como diretrizes prioritárias, mesmo a longo prazo, no planejamento para este componente. Todavia, o documento atual não planeja a concretização efetiva de ações para proteção ambiental e a sustentabilidade dos mananciais de captação das águas para abastecimento público, por exemplo.

2.6.3 Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental Serra Dona Francisca

A Área de Proteção Ambiental (APA) Serra Dona Francisca foi criada pelo Decreto Municipal nº 8.055 de 1997 e, trata-se de uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável que objetiva proteger os recursos hídricos, garantir a conservação de remanescentes da Mata Atlântica, proteger a fauna silvestre, melhorar a qualidade de vida das populações residentes, fomentar o turismo ecológico e a educação ambiental e preservar as culturas e as tradições locais. Possui uma área mapeada de 40.177,71 hectares, equivalendo a 35% da área total do município. Em 2013 o município aprovou o Plano de Manejo da APA, com obrigatoriedade de revisão deste, em no máximo a cada cinco anos. Em relação as ações que objetivam a conservação ambiental dos recursos naturais, o próprio zoneamento ambiental da APA está em equilíbrio no que tange a preservação e ao uso dos recursos, ou seja, 48,75% da área da APA foi abrangida pelas zonas de Conservação e de Uso Especial e 51,25% da APA foi compreendida pelas Zonas de Uso Intensivo e Uso Restrito. A Zona de Uso Especial consiste em Unidades de Conservação existentes dentro dos limites da APA, sendo estas da categoria de proteção integral. A Zona de Conservação objetiva conservar a paisagem natural e as espécies ameaçadas, raras e endêmicas associada aos ecossistemas de Floresta Atlântica, proteger as nascentes dos principais mananciais de abastecimento do município. Já o objetivo de manejo da Zona de Uso Restrito é a manutenção do ambiente com impactos reduzidos e controlados. Ainda, o Plano de Manejo da APA levanta as Áreas Estratégicas Externas, sendo áreas que apresentam relevância biológica e relação direta com os ecossistemas da APA, sugerindo a incorporação dessas áreas à APA. A definição dessas áreas estratégicas teve como objetivo aumentar a proteção dos recursos ambientais no entorno da APA em função da cobertura vegetal que fornece suporte para fauna por formar um grande maciço florestal na região central da Unidade de Conservação, pela grande beleza cênica e pela utilização dessas regiões para o turismo e lazer.

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Outro resultado do Plano de Manejo, foi a listagem de programas e subprogramas sugeridos para cumprir os objetivos gerais e específicos da APA Serra Dona Francisca, entre eles citamos abaixo os de maior relevância ao PMMA.  Programa de Gestão – Subprograma de Fiscalização e Monitoramento: criar estratégias e instrumentos de fiscalização e monitoramento cujo objetivo principal estabelecer um sistema de fiscalização participativo, integrando atividades de orientação, prevenção, fiscalização e controle, para reduzir atividades ilegais e seus impactos sobre os recursos da APA.  Programa de Controle, Manejo e Proteção Ambiental: contemplam as ações a serem desenvolvidas para monitorar e controlar as atividades existentes na APA, proteger os recursos naturais e culturais existentes e restaurar ambientes, através da recuperação de áreas degradadas e de controle de espécies exóticas invasoras. São exemplos, entre outros, de subprogramas deste grupo que possuem relação estreita com o PMMA o Múltiplo de Preservação de Encostas, de Áreas com Solos Frágeis e de Nascente; Avaliação e Controle de Uso de Agroquímicos; Controle e Ordenamento da Atividade de Silvicultura; Controle e Espécies de Vegetais Exóticas e Invasoras; Restauração de Áreas Degradadas; Manejo do Palmiteiro.  Programa de Pesquisa e Monitoramento - Subprograma de Pesquisas da Flora e da Fauna e Subprograma de Monitoramento de Flora e Fauna: o primeiro gerar informações sobre a diversidade e os aspectos da ecologia de espécies, populações e comunidades biológicas da APA Serra Dona Francisca, com vistas à complementação do conhecimento existente sobre a Unidade; o segundo avaliar o estado de conservação, impactos incidentes e efetividade de ações de manejo e gestão sobre as espécies, populações e comunidades biológicas da APA Serra Dona Francisca e, ambos subprogramas seriam importantes para formar uma base de dados sobre a vegetação e a fauna da APA que permita o desenvolvimento contínuo de estratégias para sua conservação, gestão e uso sustentável.  Programa de Desenvolvimento de Gestão Ambiental - Subprograma de Desenvolvimento Sustentável da APA Dona Francisca: a população residente e do entorno necessita ser sensibilizada à defesa e valorização da UC.  Programa de Desenvolvimento de Gestão Ambiental - Subprograma de Incentivo à Criação de RPPN´s e de Regularização da Reserva Legal: efetuar a proteção de remanescentes florestais de interesse biológico existentes no interior e no entorno da APA Dona Francisca.

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2.6.4 Plano de Manejo da Área de Relevante Interesse do Morro do Boa Vista

A Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) do Morro do Boa Vista foi criada pelo Decreto Municipal nº 11.005 de 2003 e seu objetivo é resguardar uma amostra natural do bioma Mata Atlântica em meio à malha urbana, representando uma parcela da Floresta Ombrófila Densa de formação submontana que abriga relevantes ecossistemas com expressiva diversidade de fauna e flora. Possui uma área mapeada de 391,5 hectares, representando um grande remanescente de bioma da Mata Atlântica na área urbana de Joinville. Em 2011 o município aprovou o Plano de Manejo da ARIE, com obrigatoriedade de revisão deste, em no máximo a cada cinco anos. O zoneamento ambiental da ARIE estabeleceu nove zonas, incluindo a zona de amortecimento, onde duas dessas são classificadas como Zona Primitiva I e II, correspondendo a 86,11% da área total desta UC e, onde a vegetação (do bioma da Mata Atlântica) se mantêm mais conservada, definindo diretrizes de uso para essas áreas mais proibitivas em relação a interferência na sucessão vegetal ou restritivas em relação a ocupação do solo. Ainda, foi definido a Zona de Recuperação, que devem ser objeto de Plano de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD. As normas gerais da Unidade de Conservação ARIE do Morro do Boa Vista foram baseadas em princípios de preservação e conservação, principalmente quando refere-se a: proibição de coleta de indivíduos de qualquer espécie vegetal dentro da área da ARIE; a coleta de espécimes vegetais só será permitida para fins estritamente científicos; o abate e o corte, bem como o plantio de árvores, arbustos e demais formas de vegetação só serão admitidos nas Zonas de Uso Intensivo; é proibida a prática de qualquer ato de perseguição, apanha, coleta, aprisionamento e abate de exemplares da fauna, bem como quaisquer atividades que venham afetar a vida animal em seu meio natural; é vedada a introdução de espécies aos ecossistemas protegidos; controle de espécies alienígenas/exóticas; qualquer instalação necessária à infraestrutura da ARIE sujeitar-se-á a cuidadosos estudos de integração paisagística; nenhuma atividade humana poderá comprometer a integridade da área. Outro ponto que reflete diretamente no PMMA é que o Plano de Manejo define as diretrizes de programas e subprogramas relevantes para a proteção e conservação da área, dentre eles cita-se: Subprograma de Monitoramento Ambiental; Programa de Recuperação Ambiental; Programa de Compensação Ambiental; Programa de Corredores Ecológicos. Ressalta-se que quase 50% (cinquenta por cento) do território do município de Joinville está incorporado dentro de unidades de conservação da natureza, totalizando sete UC municipais e, que de forma geral objetivam a proteção e conservação da vegetação, especificamente o bioma da Mata Atlântica, e os recursos hídricos presentes nesses ambientes protegidos.

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2.6.5 Resumo da avaliação dos planos e programas

A Tabela 16 apresenta o resumo dos comentários positivos e negativos sobre os planos e programas que afetam o PMMA.

Tabela 16: Lista dos Planos e Programas municipais e a relação com o PMMA PLANOS E PROGRAMAS COMENTÁRIOS ACERCA DA RELAÇÃO COM O PMMA De forma geral as diretrizes convergem com os objetivos do PMMA, visto que consideram o princípio da Plano Diretor de Desenvolvimento sustentabilidade no desenvolvimento, adotando Sustentável planejamento com viés de preservação e conservação do meio ambiente. - Impactam de forma positiva: a criação de setores com o objetivo de conservar o meio ambiente Lei de Ordenamento Territorial – LC n° - Impactam de forma negativa: as áreas de expansão 470/2017 urbana, visto que haverá a necessidade de supressão de vegetação, movimentação de terra, entre outras intervenções. - As diretrizes convergem com o PMMA, pois o adequado tratamento e disposição final de efluentes contribuem para conservação dos recursos naturais. Plano Municipal de Saneamento Básico: - As medidas estruturais (obras) poderão conflitar com Água e Esgoto áreas de remanescentes do Bioma da MA, pois o atual Plano não contempla um planejamento sustentável, não incorporando ao documento diretrizes para as medidas estruturais que priorizam à proteção dos recursos naturais. - O PMMA complementará o PMSB – Drenagem, pois contribui quando a efetiva conservação de áreas vegetadas Plano Municipal de Saneamento Básico: com o bioma são medidas não estruturais para Drenagem e Manejo de Águas Pluviais minimização de inundações e enchentes. Urbanas - As medidas estruturais (obras) poderão conflitar com áreas de remanescentes do Bioma da MA. - O atendimento às metas do PMGIRS contribui com a redução da poluição e, consequente preservação dos recursos hídricos (superficiais e subterrâneos), do solo e Plano Municipal de Saneamento Básico: para a conservação da vegetação, considerando cenários Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de redução de volumes de resíduos sólidos destinados a aterros controlados. - As medidas estruturais (obras) poderão conflitar com áreas de remanescentes do Bioma da MA. - A implementação do Plano de Manejo, com o cumprimento das normas gerais e específicas do zoneamento e a implantação dos programas e Plano de Manejo APA Serra Dona Francisca subprogramas estabelecidos, promovem a conservação e recuperação da MA, e portanto diversas ações e programas já previstos no Plano de Manejo poderão ser reforçados ou ampliado no PMMA. - A implementação do Plano de Manejo, cumprimento das normas gerais e específicas do zoneamento e a Plano de Manejo ARIE do Morro do Boa Vista implantação dos programas e subprogramas estabelecidos, converge com os objetivos do PMMA.

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2.6.6 Programas e ações de educação ambiental no município de Joinville

Foram elencados os programas e ações referentes à Educação Ambiental existentes no município, relacionados à conservação e recuperação da Mata Atlântica, de realização do poder público, sociedade civil organizada e iniciativa privada.

1. Título: Programa Adote uma Árvore Entidade: Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente - SAMA /PMJ Ano: Vigente (Desde 2008) Através da doação de mudas de árvores de espécies nativas da Mata Atlântica o projeto visa sensibilizar a população sobre a importância de preservação e conservação da flora. Para tanto, os interessados em adotar uma árvore ou levar o projeto para eventos ambientais próprios podem entrar em contato pelo e-mail [email protected]. Cada muda adotada gera um cadastro preenchido com dados do adotante, os quais permitem o monitoramento do projeto.

2. Título: Capacitação de agentes multiplicadores Entidade: Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente - SAMA /PMJ Ano: Vigente (Desde 2014) O Núcleo de Educação Ambiental ministra semanalmente, na sede da SAMA, capacitação para agentes multiplicadores interessados em disseminar informações sobre Consumo Consciente ou Guarda responsável de animais utilizando seu material lúdico e informativo, ou em doar mudas de árvores através do Programa “Adote uma árvore”. Para participar da capacitação em qualquer um dos temas, os interessados deverão realizar agendamento pelo e-mail: [email protected].

3. Título: Vídeo das Unidades de Conservação Municipais Entidade: Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente - SAMA /PMJ Ano: Vigente (Desde 2017) Material audiovisual produzido em parceria com a SECOM para veiculação pública em vários pontos de TV das Secretarias da PMJ e em redes sociais. Objetiva a divulgação das Unidades de Conservação municipais, suas características, regramento e necessidade de proteção.

4. Título: Educação Ambiental nos Parques Entidade: Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente - SAMA /PMJ Ano: Vigente

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Monitores acompanham e orientam os grupos de visitantes nos parques Caieira, Zoobotânico e Morro do Finder, mediante agendamento, com o objetivo de levar os visitantes a conhecer o meio ambiente, suas características e importância,

5. Título: Projeto Trilhas Ecológicas Interativas Entidade: Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente - SAMA /PMJ Ano: 2017

Neste projeto os visitantes puderam conhecer os parques Zoobotânico, Morro do Finder ou Caieira e participar de uma trilha ecológica repleta de informação e sensibilização através da linguagem teatral. Durante o percurso, os grupos são conduzidos por um monitor e receberam a "visita" de espécies nativas da fauna e da flora, que interagindo com o público forneceram várias informações importantes sobre o ecossistema local, de forma lúdica e divertida.

6. Título: Eventos em datas comemorativas alusivas ao meio ambiente Entidade: Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente - SAMA /PMJ Ano: Anualmente Nos Dias da Água, do Meio ambiente, da Árvore e do Consumo Consciente, a SAMA promove eventos em locais públicos da cidade orientando a população sobre seu papel na preservação ambiental e divulgando iniciativas de diversas entidades em prol do meio ambiente. Além de promover, a SAMA continuamente participa de eventos ambientais realizados por entidades do poder público e privado, instituições de ensino, dentre outras.

7. Título: Livro Espiando a Mata Atlântica Entidade: UNIVILLE em parceria com a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente – SAMA / PMJ Ano: Vigente (Desde 2015)

Constitui uma importante ferramenta de educação e interpretação ambiental à disposição dos visitantes, estudantes e público geral que acessam as Unidades de Conservação municipais. Com recursos do Fundo Municipal do Meio Ambiente, a SAMA (extinta FUNDEMA) apoiou em 2012 a Universidade da Região de Joinville (Univille) e outras entidades no desenvolvimento de seus projetos. Esta obra é um bom exemplo de sucesso da parceria entre universidade e administração pública na implementação de políticas públicas. O Guia de identificação de plantas e aves da Mata Atlântica traz informações sobre a categoria de conservação, distribuição geográfica, características das espécies, etc, incentivando a preservação

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ambiental, e está disponível em pdf no site da Prefeitura Municipal de Joinville. Acesse https://www.joinville.sc.gov.br.

8. Título: Projeto Tour Ambiental Entidade: Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente – SAMA /PMJ Ano: Vigente (Desde 2016) Proporcionar aos alunos, bem como a toda comunidade, vivências relacionadas à importância da preservação ambiental, através do contato direto com o meio ambiente. Este é o objetivo do projeto Tour Ambiental, através do qual são cedidos transportes em ônibus aos grupos interessados em saídas de campo para estudos voltados à Educação Ambiental. Basta enviar solicitação de participação para o e-mail [email protected].

9. Título: Atividade interativa sobre a APA Serra Dona Francisca Entidade: Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente – SAMA /PMJ Ano: 2016/2017 Os participantes desta atividade, realizada nas Semanas do Meio Ambiente 2016 e 2017, puderam perceber a importância e riqueza natural da APA Serra Dona Francisca, inicialmente através dos sentidos aguçados do tato, olfato e audição, (de olhos vendados) e posteriormente com a disseminação de informações quanto ao bom uso dos pontos de banho, correta destinação de resíduos sólidos, sobre as ocupações irregulares em áreas protegidas e entrega de material informativo.

10. Título: Ação de Educação Ambiental Morro do Boa Vista Entidade: Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente – SAMA /PMJ Ano: 2015 Em cumprimento ao Plano de Recuperação Urbanística e Ambiental da àrea Leste do Morro do Boa Vista. a Secretaria do Meio Ambiente desenvolveu em 2015 um conjunto de ações de Educação Ambiental, com objetivo de sensibilizar e orientar os moradores da região quanto à relevância ecológica local. Foram realizadas palestras para agentes multiplicadores da região, os quais puderam disseminar as informações, como agentes comunitários de saúde (ACS), professores das escolas do entorno e alguns moradores (grupos sociais). Com o apoio dos ACSs foram distribuídos à toda a comunidade kits de material informativo e lúdico, ressaltando o papel de cada um na proteção do meio ambiente.

11. Título: Programa Consumo Consciente Entidade: Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente – SAMA/PMJ Ano: Vigente (Desde 2010)

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Tem como objetivo incentivar a população a fazer uso de bens de consumo, alimentos e recursos naturais de forma a não exceder as necessidades atuais. Também orienta a reduzir, reutilizar e separar os resíduos, com ênfase na correta destinação de cada tipo de material. Suas atividades incluem palestras, capacitação de multiplicadores e ações ambientais de sensibilização, as quais tem como material de apoio: sacolas retornáveis, informativos, imã de geladeira e lixeiro para carro sobre como separar RECICLÁVEIS e não RECICLÁVEIS.

12. Título: Agenda Ambiental na Administração Pública – A3P (com foco no Programa Consumo Consciente) Entidade: Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente – SAMA/PMJ Ano: Vigente (Desde 2015) Baseada nas diretrizes da Agenda 21, a SAMA iniciou em 2015 a implantação da A3P nas secretarias da Prefeitura, com o objetivo de sensibilizar os servidores municipais a praticar o Consumo consciente nas atividades laborais, buscando preservação ambiental, economia dos recursos naturais e consequentemente, institucionais, além da adoção de novos referenciais de sustentabilidade.

13. Título: Programa Guarda Responsável de Animais Domésticos Entidade: Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente – SAMA/PMJ Ano: Vigente (Desde 2012) Atividades de orientação, principalmente capacitação de agentes multiplicadores e palestras em escolas e empresas, sobre a responsabilidade com os animais que tem o objetivo de conscientizar as pessoas sobre a questão, visando eliminar a incidência de maus tratos e abandono por parte dos proprietários, incentivando também a adoção de animais que precisam de um lar.

14. Título: Projeto Guarda Responsável em cena Entidade: Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente – SAMA/PMJ Ano: 2014 – 2017 Este projeto buscava, através da linguagem teatral, incentivar a prática da guarda responsável por parte dos proprietários de animais, visando reduzir a incidência de maus tratos e abandono, bem como estimular a adoção daqueles que precisam de um lar. As apresentações do espetáculo, estavam disponíveis para as escolas, empresas e outros grupos da comunidade.

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15. Título: Ações de Educação Ambiental da Companhia de Águas de Joinville Entidade: CAJ Ano: Vigente (Desde 2006) A CAJ investe em ações para conscientizar crianças e adultos sobre a importância da preservação da água. Uma das iniciativas é o concurso teatral Água para Sempre, criado em 2006, que envolve centenas de alunos de escolas municipais todos os anos. A CAJ também criou a Patrulha da Água com aulas extras de educação ambiental. Além desses programas, o setor de educação socioambiental da Águas de Joinville também apresenta, durante todo o ano, o teatro de bonecos nas escolas, cujas histórias tratam de assuntos relacionados à preservação dos recursos naturais, além da realização de palestras de sensibilização.

16. Título: Projeto Viva Ciranda Entidade: Secretaria de Cultura e Turismo – SECULT/PMJ Ano: Vigente (Desde 2011) O Projeto de turismo rural pedagógico "Viva Ciranda" tem como um dos objetivos transformar a área rural de Joinville (propriedades rurais) em uma grande sala de aula ao ar livre, onde se propõe um aprendizado em meio à natureza, através de passeios voltados à preservação do meio ambiente.

17. Título: SOS Manguezais Entidade: Instituto COMAR Ano: Vigente (Ocorreu de 2015 a 2017 – Em parceria com a SAMA /PMJ (TP nº 069/2015) Parceria firmada com o Instituto COMAR, com objetivo de fomentar a conservação dos ecossistemas de manguezais no município de Joinville através de ações direcionadas de Educação Ambiental em áreas de adensamento urbano. A primeira etapa consistiu em diagnóstico prévio, para definição de áreas prioritárias de ação. Foram realizadas oficinas com atividades diversificadas, diretamente para alunos de escolas públicas, incluindo um passeio pela Baía da Babitionga. Materiais de comunicação como cartilhas, camisetas, adesivos, outdoors, instalação de placas, vídeo orientativo e site do projeto também foram utilizados para sensibilização da comunidade.

18. Título: Programa de Monitoramento e Manejo da Mastofauna nas ARIEs do Morro do Boa Vista e Morro do Iririú Entidade: UNIVILLE Ano: Ocorreu de 2015 a 2018 – Em parceria com a SAMA /PMJ (TP nº 068/2015) Um Programa de Monitoramento e Manejo da Mastofauna nas ARIEs do Morro do Boa Vista e Morro do Iririú, contribuindo com sua conservação por meio do levantamento de longa duração da mastofauna da região em questão, levantamento e manejo populacional da espécie

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Callithrix penicillata (saguis), avaliação do corredor ecológico Morro do Boa Vista – Morro do Iririú e ações de Educação Ambiental nestas UCs e comunidade do entorno, por meio de palestras e materiais informativos.

19. Título: Programas de Extensão voltados à Educação Ambiental Entidade: UNIVILLE Ano: Vigentes 19.1. Material Zoológico: seu preparo e sua exposição pública Objetivo: Dar continuidade aos processos de exposição de material zoológico preservado para aprimorar as noções conservacionistas de fauna dos cidadãos e proporcionar o preparo de espaço verde e área de interação com material zoológico natural, visando promover a convivência de visitantes com insetos polinizadores.

19.2. RECICLAR – Programa Institucional Reciclar Objetivo: Busca a sensibilização ambiental da comunidade interna bem como das comunidades externas, quanto à importância da correta destinação dos resíduos sólidos gerados e a coleta seletiva. Os objetivos são desdobrados em ações específicas envolvendo palestras, participação em eventos e campanhas, oficinas para confecção de papel reciclado / artesanatos com materiais recicláveis, dentre outras.

19.3. Programa Trilhas – Educação e Interpretação Ambiental nos CEPAs Objetivo: Desenvolver atividades interdisciplinares de Educação e Interpretação Ambiental nos Cepas (Centro de Estudos e Pesquisas Ambientais) dos campi da Univille, mediante parcerias institucionais, voltados à comunidade interna e externa, servindo de instrumento de extensão universitária, através da articulação entre o ensino e a pesquisa dos temas relacionados, tendo por princípio a busca da reflexão da relação homem/ natureza e contribuindo com a conservação ambiental.

19.4. CCJ - Programa de Assessoria Técnico-Científica ao Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Cubatão Norte e Cachoeira Objetivo: Assessorar técnico-cientificamente o CCJ – Comitê Cubatão Joinville.

20. Título: Ações de Educação Ambiental - Comitê Cubatão/Cachoeira – CCJ O Comitê de Bacia do Rio Cubatão promove atividade de educação ambiental por meio de programas, cartilhas e eventos em escolas que buscam difundir a ideia de preservação das matas ciliares e as nascentes dos Rios Cubatão, Rio Cachoeira e seus afluentes, de modo a garantir a qualidade das águas produzidas nas suas Bacias Hidrográficas e com isso contribuir

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com a preservação da fauna, com a manutenção da saúde pública e da qualidade de vida pra esta e as futuras gerações.

21. Título: Ações de Educação Ambiental – Polícia Militar Ambiental A Polícia Militar Ambiental promove atividade diversas de educação ambiental, por meio de projetos, cartilhas e eventos que buscam sensibilizar a comunidade acerca da importância da preservação do meio ambiente.

22. Título: Ações de Educação Ambiental – Clube de Observadores de Aves da Mata Atlântica – COAMA

O COAMA surgiu em maio de 2010 com o objetivo de disseminar a observação de aves em Joinville e desenvolver atividades em prol da preservação do meio ambiente, em especial da área em que estão localizadas as nascentes do Rio Cachoeira.

23. Título: Ações de Educação Ambiental – Clube de Observadores de Aves – COA O COA, através da promoção do lazer de seus membros, busca sensibilizar as pessoas para importância das aves e seu papel no equilíbrio ecológico.

24. Título: Ações de Educação Ambiental – Instituto Caranguejo O Instituto Caranguejo de Educação Ambiental tem como objetivo principal promover a Educação Ambiental nas Escolas e nas Comunidades. Utilizando-se de ferramentas do universo dos quadrinhos, da animação, dos recursos audiovisuais e do Design como apoio para as práticas da Educação Ambiental lúdica, o Instituto busca levar à reflexão e sensibilização para transformação de uma sociedade sustentável.

25. Título: Projeto Compromisso Piraí e outras Ações de Educação Ambiental – Instituto Socioambiental Rio dos Peixes – ISARP Nos meses de verão os voluntários do Instituto Rio dos Peixes realizam incursões ao Rio Piraí, com o objetivo de conscientizar os banhistas que podem usufruir das condições ambientais agradáveis que o rio oferece, sem causar impactos ao meio ambiente, de forma efetiva não deixando para trás seus resíduos. Durante os restantes dos meses do ano, os educadores ambientais do Instituto Rio dos Peixes promovem visitas nas escolas do município, onde através de atividades lúdicas buscam sensibilizar os alunos na redução dos impactos causados ao rio.

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26. Título: Ações de Educação Ambiental – Instituto Viva Cidade – IVC O IVC promove atividade diversas de educação ambiental, com atuação de voluntários e por meio de parcerias com órgãos públicos ou instituições privadas para produzir e executar projetos de conscientização e educação cultural e socioambiental. Atualmente capta recursos e incentiva investimentos para o Projeto Escola Sustentável – Práticas de Sustentabilidade que educam, pelo exemplo, a comunidade que tem como base a instalação de sistemas físicos na escola (Estação de Captação, Tratamento e Aproveitamento de Água de Chuva, Redutores de Vazão, Composteira, Horta e Recipientes de Coleta Seletiva de Resíduos) em conjunto com treinamentos e palestras de educação ambiental para a comunidade escolar e para a comunidade do entorno, com a finalidade que todos multiplicadores de boas práticas para a sociedade.

27. Título: Programa de Conservação do Bugio ruivo e outras Ações de Educação Ambiental do NEA Fábio Perini Entidade: Núcleo de Educação Ambiental Fábio Perini – Condomínio Perini Business Park Ano: Vigente (Desde 2012) O Núcleo de Educação ambiental Fabio Perini – NEA, busca através da atividade de educação ambiental sensibilizar a população urbana da sua responsábilidade na preservação da Mata Atlântica, promover uma mudança de hábitos e atitudes, relacionados ao uso, manejo e conservação do meio ambiente, e dentro desta temática abordar as questões que envolvem a espécie de primata Alovatta clamitans (Bugio-ruivo), presente no Condomínio Industrial Perini Business Park, e que está na lista de animais com risco de extinção no Estado de Santa Catarina. A metodologia utilizada é composta por visita em trilha ecológica, sensibilização com palestras e distribuição de material informativo.

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3. ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CONSERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA

As áreas prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade, para efeito da formulação e implementação de políticas públicas, são àquelas voltadas a programas, projetos e atividades sob a responsabilidade do poder público que contemplem: conservação in situ da biodiversidade; utilização sustentável de componentes da biodiversidade; repartição de benefícios derivados do acesso a recursos genéticos e ao conhecimento tradicional associado; pesquisa e inventários sobre a biodiversidade; recuperação de áreas degradadas e de espécies sobre exploradas ou ameaças de extinção; valorização econômica da biodiversidade. Todo o território do município de Joinville está inserido no Bioma Mata Atlântica, portanto, quaisquer ações de conservação e recuperação devem buscar proteger ou restabelecer as características ecológicas e ambientais originais, sempre que possível. Neste contexto, o estabelecimento de áreas protegidas é considerado um dos principais instrumentos para a conservação e manejo da biodiversidade. A criação de Unidades de Conservação ou outras áreas de conservação, assim como a detecção dos problemas nas UCs existentes, são medidas fundamentais para a conservação da biodiversidade. No entanto, a melhoria das ações de conservação necessita de um planejamento territorial adequado, que considere as florestas e outras áreas verdes como partes integrantes e fundamentais para o bom funcionamento da cidade e para manutenção de processos ecológicos que dão suporte a vida urbana e rural. As ações implementadas pelos órgãos e entidades responsáveis por elaborar e implementar políticas e programas relacionados com a biodiversidade deve considerar as seguintes classes de priorização: I - extremamente alta; II - muito alta; III - alta. Atualmente, existem algumas áreas que devem ser conservadas e recuperadas no município, estabelecidas pelo poder público por meio legal, sendo aqui complementadas por outras consideradas sensíveis sob o ponto de vista ambiental, sendo apresentadas no Quadro 8 e Figura 84, Figura 85, Figura 86 e Figura 87.

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Quadro 8: Áreas Prioritárias para Conservação e Recuperação do Bioma Mata Atlântica em Joinville Tamanho Código Nome da Área Prioridade Recomendação da Área Instituição de Corredor ecológico. COREC Corredor Ecológico Piraí Extremamente alta Projetos de recuperação florestal e uso 3.700,80 ha sustentável. Fiscalização Instituição de Corredor ecológico. COREC Corredor Ecológico Manguezal Extremamente alta Projetos de recuperação florestal. 7.934,79 ha Fiscalização. Instituição de Corredor ecológico. Corredor Ecológico Rio do COREC Muito Alta Projetos de recuperação florestal. 235,38 ha Braço Fiscalização. Instituição de Corredor ecológico. COREC Corredor Ecológico Vila Nova Muito Alta Projetos de recuperação florestal. 659,40 ha Fiscalização. Instituição de Corredor ecológico. COREC Corredor Ecológico Palmital Muito Alta Projetos de recuperação florestal. 1.590,23 ha Fiscalização. Instituição de Corredor ecológico. COREC Corredor Ecológico Anaburgo Muito Alta Projetos de recuperação florestal. 829,71 ha Fiscalização. Instituição de Corredor ecológico. COREC Corredor Ecológico Cubatão Extremamente alta Projetos de recuperação florestal. 563,36 ha Fiscalização. Área de Relevante Interesse Elaboração do Plano de Manejo. UC Muito Alta 5,26 km² Ecológico do Morro do Iririu Fiscalização. Área de Relevante Interesse Implementação do Plano de Manejo. UC Ecológico do Morro do Boa Muito Alta Fiscalização. 3,90 km² Vista Área de Proteção Ambiental da Implementação do Plano de Manejo. UC Muito Alta 408,42 km² Serra Dona Francisca Fiscalização. Reserva de Desenvolvimento Elaboração do Plano de Manejo. UC Sustentável da Ilha do Morro do Muito Alta Fiscalização. 2,70 km² Amaral Parque Natural Municipal da Elaboração do Plano de Manejo. UC Muito Alta 1,27 km² Caieira Fiscalização. Parque Ecológico Prefeito Rolf Elaboração do Plano de Manejo. UC Muito Alta 16,30 km² Colin Fiscalização. Parque Municipal do Morro do Elaboração do Plano de Manejo. UC Muito Alta 0,50 km² Finder Fiscalização. UC Estação Ecológica do Bracinho Muito Alta 46,10 km² Reserva Particular do UC Muito Alta 46,13 km² Patrimônio Natural do Caetezal Zona de Amortecimento da ZA Alta 4,8km² ARIE do Morro do Boa Vista Zona de Amortecimento da ZA Alta 5,12 km² ARIE do Morro do Iririú Zona de Amortecimento do ZA Parque Municipal do Morro do Alta 10,37 km² Finder Criação de Unidade de Conservação. 10.709,66 ZPC Rio do Júlio Muito Alta Fiscalização ha Realização de estudos para definir ZPC Piraí Muito Alta 3.469,5 ha ações prioritárias.

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Tamanho Código Nome da Área Prioridade Recomendação da Área Realização de estudos para definir ZPC Rio Bonito Muito Alta ações prioritárias. Projetos de 1.824,68 ha recuperação florestal. Realização de estudos para definir 13.321,17 ZPC Baixo Cubatão/Palmital Muito Alta ações prioritárias. Projetos de ha recuperação florestal. Criação de Unidade de Conservação. ZPC Rio Águas Vermelhas Muito Alta 2.700 ha Fiscalização. XV - área urbana de proteção ambiental: regiões que apresentam grandes fragilidades ambientais, caracterizando-se por áreas acima da Área Urbana de Proteção isoípsa 40, consideradas reservas AUPA Ambiental (LC 470/2017) paisagísticas que necessitam de grandes restrições de ocupação para efetiva proteção, recuperação e manutenção;

LXXV – setor especial de interesse de conservação de morros: áreas situadas a partir da isoípsa de 40m (quarenta 2.975,69 ha Setor Especial de Interesse de metros) que, pela sua situação e SE-04 Conservação de Morros (LC atributos naturais, devem ser 470/2017) protegidas e/ou requeiram um regime de ocupação especialmente adaptado a cada caso, podendo constituir Unidades de Conservação; LXXVI – setor especial de interesse de conservação de várzeas: áreas que, Setor Especial de Interesse de pela sua situação e atributos naturais, SE-05 Conservação de Várzeas (LC devem ser protegidas e/ou requeiram 470/2017) um regime de ocupação especialmente adaptado a cada caso, podendo constituir Unidades de Conservação; Área Rural de Proteção do 38.300,62 ARPA Ambiente Natural (LC ha 470/2017) Legenda: Corredor Ecológico (COREC); Unidade de Conservação da Natureza (UC); Zona Prioritária de Conservação (ZPC).

Abaixo serão descritas as áreas prioritárias para conservação e recuperação que ainda não foram estabelecidas pelo poder público por meio legal, mas que possuem grande importância para o bioma Mata Atlântica dentro do município e que por essa razão devem ser consideradas no estabelecimento dos objetivos e ações do PMMA.

 Zona Prioritária de Conservação Baixo Cubatão / Palmital A área apresenta crescimento desordenado, marcado por muitas ocupações por parcelamento irregular ou construção irregular. Situa-se na Bacia Hidrográfica do Rio Cubatão (BHRC) e do Rio Palmital, em sua maior porção na zona rural do município, reunindo muitos atributos ambientais.

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Compreende a área que está inserida entre o limite nordeste do município e os bairros Jardim Sofia e Zona Industrial Norte, localizados ao sul da área, limitando a oeste com distrito de Pirabeiraba e a leste com a Baía da Babitonga. Esta área contribui com a vazão do curso natural do Rio Cubatão, denominado baixo Cubatão, e do Canal Extravasador do Rio Cubatão, caracterizando uma grande área de manancial com vários afluentes, como o Rio do Braço. No seu interior localizam-se as estradas, Oeste, da Ilha, Timbé, Major Lima, entre outras e a localidade denominada Vigorelli. Encontram-se na área da bacia vilas e bairros pouco populosos, situados no baixo curso do Rio Cubatão, com exceção representada pelos bairros Jardim Paraíso, Jardim Sofia e Jardim Kelly. Conserva importantes características rurais, com predominância de pequenas propriedades, apesar da intensa pressão urbana e dos problemas socioeconômicos. A área integra o Bioma da Mata Atlântica, representada por Florestas Ombrófila Densa e Manguezais localizados na foz do Rio Cubatão. Salienta-se que o manguezal, presente na área encontra-se em ótimo estado de preservação, principalmente quando comparado com outras áreas de manguezal da cidade. É possível inferir que a implantação de projetos de adensamento urbanístico nesta área impactará de forma negativa nas áreas de manguezal. É de suma importância o incentivo a recuperação das APP nesta região, além de ações que visem conter de forma eficiente a ocupação irregular desenfreada nesta área, ao contrário de promover a ocupação da região, ação que afeta diretamente os recursos naturais do local. Atualmente a área em questão está sujeita a inundações e o aumento da ocupação da mesma acarretaria em um maior aporte de sedimentos para os cursos d’água acelerando significativamente o assoreamento destes e, consequentemente, aumentando a incidência de inundações na região. Além do assoreamento, a impermeabilização e supressão de vegetação destas áreas, sobretudo na planície de inundação, reduziria a taxa de absorção e retenção de água pelo solo e pela vegetação, fazendo com que grande volume da água pluvial permaneça disponível na superfície do terreno, caracterizando outro fator importante que auxilia no aumento da incidência de inundações. Tais impactos seriam sentidos proporcionalmente ao aumento da urbanização, e portanto necessitando da realização de grandes obras de engenharia para contenção, como macrodrenagem e desassoreamento. A região da BHRC apresenta os seguintes tipos de solos: argissolos, cambissolos, espodossolos e neossolos. Os Cambissolos contribuem para uma maior reserva nutricional para as plantas, fator importante em cultivos florestais e perenes (IAC, 2015). Essa aptidão agrícola do solo (qualidade nutricional) é importante parâmetro para definição de áreas agrícolas e deve ser considerada em um planejamento racional do uso da terra.

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Várias regiões na área em questão estão sobre solos moles (menos consistentes, geralmente de alto teor orgânico), sobretudo nos Cambissolos Flúvicos e no Mangue (Figura 5). Em virtude desta característica, não é recomendado erigir edificações, pois devido às condições geotécnicas do terreno, existe a possibilidade de rupturas em solo. O Rio Cubatão e seu afluente, o Rio do Braço, são corredores ecológicos naturais aos quais necessitam de medidas para sua recuperação e proteção. Já foram identificados pontos que necessitam ser recuperados. As características rurais atuais da região fornecem as condições necessárias para manutenção do fluxo de espécies da fauna e flora entre a APA e a ARIE. Este corredor tem importância significativa para evitar o isolamento da ARIE do Morro do Iririú, que está localizada em meio a malha urbana. A área em análise contribui com a vazão dos Rios Cubatão Velho e do Canal Cubatão, caracterizando uma grande área de manancial e, portanto necessitaria de normas mais restritas quanto a sua ocupação. Considera-se a área como de importância paisagística e ecológica, sendo que o Manguezal deve ser protegido. Em relação à localidade Vigorelli, essa necessita de projeto de regularização fundiária, no que tange às questões ambientais, incluindo arborização pública, drenagem pluvial, sistema de esgotamento sanitário, plano de recuperação de áreas degradadas (PRAD) e medidas para evitar a expansão do núcleo populacional da área.

 Zona Prioritária de Conservação Rio do Júlio A estrada Rio do Júlio é uma lateral da Dona Francisca, logo após o acesso ao Castelo dos Bugres e está localizada na Serra Dona Francisca. A região encontra-se assentada na Bacia Hidrográfica do Rio Itapocu, A sub-bacia hidrográfica do Rio do Júlio possui grande biodiversidade. A área do curso médio do rio principal, onde também foi construído um reservatório artificial, do qual a água captada é transferida por um túnel para a sub-bacia do Rio Bracinho, segue até a divisa sul de Joinville com o município de Schroeder. Essa região comporta um grande fragmento ainda bem preservado da Floresta Atlântica, de grande relevância para o município, pois abriga imensa biodiversidade, como a riqueza de espécies, variabilidade genética e relações ecológicas entre os organismos e entre estes e o meio físico. O decreto que instituiu o plano de manejo da APA da Serra Dona Francisca, estabeleceu a região do Rio do Júlio como Área Estratégica Externa (AEE) para esta unidade de conservação da natureza. A indicação é que se crie uma unidade de conservação nessa localidade, podendo ser incluída na área da APA da Serra Dona Francisca.

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 Zona Prioritária de Conservação Piraí Este importante alinhamento de serras, que separa o município de Joinville e Guaramirim, possui expressivas extensões de cobertura florestal. Encontra-se assentada na Bacia Hidrográfica do Rio Itapocu, Sub-bacia do Rio Piraí. Representa também uma importante referência ambiental para a população da região e integra o Projeto Corredores Verdes. Estes corredores viabilizam a estratégica de conexão entre os maciços de vegetação, ligando as unidades de conservação da natureza do município às demais áreas de floresta. Considera-se a área como de importância paisagística e ecológica.

 Zona Prioritária de Conservação Rio Bonito A região do Rio Bonito está localizada na Serra Dona Francisca. A região encontra-se assentada na Bacia Hidrográfica do Rio Palmital e possui grande biodiversidade. O decreto que instituiu o plano de manejo da APA da Serra Dona Francisca, estabeleceu a região do Rio Bonito como Área Estratégica Externa (AEE) para esta unidade de conservação da natureza. A indicação é que se crie uma unidade de conservação nessa localidade, podendo ser incluída na área da APA da Serra Dona Francisca.

 Zona Prioritária de Conservação Rio Águas Vermelhas Esta área abrange o Morro do Atiradores, o Morro do São Marcos e o maciço florestal de terras baixas, e está localizada na região sudoeste do município de Joinville, contendo um espaço territorial com aproximadamente 2.700 hectares (27.000.000 m²). A importância desta área está na conservação de importantes remanescentes da Floresta Ombrófila Densa Submontana, ecossistema com alta diversidade biológica, com destaque para fauna e flora. Além disto, abrange a adjacente ao Morro do São Marcos, na área rural do município, onde localiza-se um maciço florestal de terras baixas, representando um remanescente de Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, caracterizado por uma área vegetada com pouca intervenção ao longo do curso do Rio Piraí. Este local contém um ecossistema com alta diversidade biológica, no entanto, o município ainda não possui área legalmente protegida que represente essa tipologia de ambiente. Adicionalmente, a área apresenta aspectos de solos relevantes com notável sensibilidade ambiental, passíveis de serem preservados.

 Corredor Ecológico Piraí A região da várzea do rio Piraí possui importantes características ambientais para implantação de um corredor ecológico no local. A mata ciliar do rio Piraí e seus afluentes é corredor ecológico natural, a qual necessita de medidas para sua recuperação e proteção. As características rurais atuais da região fornecem condições necessárias para manutenção do

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fluxo de espécies da fauna e flora entre a Área de Proteção Ambiental – APA Serra Dona Francisca e à planície costeira, também denominada de terras baixas. A várzea do rio apresenta área alagável, que fornece nutrientes à vegetação e a fauna local durante a época de cheias. A vegetação ao longo destas áreas ainda está bem preservada, apresentando poucos pontos para recuperação, situação que reforça ainda mais a finalidade para implantação de corredores ecológicos. Os morros a leste da Rodovia BR 101, incluindo os dois bairros Itinga e Parque Guarani, e as áreas de várzea do Rio Pirai formam em conjunto um macrocorredor ecológico ao sul de Joinville, com grande potencial de conservação e dispersão de espécies nativas da Mata Atlântica, sendo indispensável sua preservação. Para mapeamento e dimensionamento do corredor ecológico proposto, utilizaram-se os seguintes critérios: áreas vegetadas, áreas com possibilidade de recuperação da vegetação, limites visíveis a campo (estradas, área de preservação permanente de rio, lotes vegetados, limites não visíveis (divisa do município, faixa de 700 metros na porção sul do Rio Piraí).

 Corredor Ecológico Manguezal Segundo o mapeamento realizado pelo MMA em 2009, os manguezais abrangem cerca de 1.225.444 hectares em quase todo o litoral brasileiro, desde o Oiapoque, no Amapá, até a Laguna em Santa Catarina, constituindo zonas de elevada produtividade biológica, uma vez que acolhem representantes de todos os elos da cadeia alimentar. Estão morfologicamente associados a costas de baixa energia ou a áreas estuarinas, lagunares, baías e enseadas que fornecem a proteção necessária ao seu estabelecimento (DIEGUES, A.C.2002). A conservação dos manguezais em toda sua extensão reveste-se de importância social por serem considerados berçários para os recursos pesqueiros, sustentando direta ou indiretamente muitas populações humanas. A ocupação desordenada ao longo da costa brasileira vem causando perda e fragmentação deste habitat, pela conversão destas áreas em carcinicultura, ocupações humanas e áreas destinadas ao turismo. Os manguezais de Joinville localizam-se junto à Baía Babitonga. Grande proporção do manguezal presente no município foi afetado devido o ataque de lagartas que ocorreu em 2016 e praticamente dizimou a espécie Avicennia schaueriana (mangue preto), a espécie de maior ocorrência na região, o que ressalta a importância da preservação desta porção do manguezal. Com base em estudos e nos fatos ocorridos no município em 2016, podemos concluir que a degradação de áreas de manguezais está intimamente relacionada a intensa urbanização próxima a este importante ecossistema. As áreas de manguezais com maior mortalidade de plantas já demonstram a perda da funcionalidade do ecossistema. As plantas são produtoras primárias e a mortalidade delas afeta toda a cadeia alimentar dos seres vivos que ali vivem ou dependem dos manguezais.

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A indicação é que se crie um corredor ecológico nessa região, de forma a proteger a área de manguezal e toda a biodiversidade que ele abriga.

 Corredor Ecológico Vila Nova A vegetação arbórea, às margens da Rodovia BR 101, a partir da Rua XV de Novembro, apresenta-se ainda bem preservada. As árvores nessa região formam um grande corredor, que liga o Morro do São Marcos à Serra Dona Francisca, permitindo que ocorra dispersão das espécies de fauna e flora entre a Nova ARIE e APA Serra Dona Francisca. Parte dessa grande faixa de vegetação abriga ainda algumas das nascentes do Rio Cachoeira e a criação de um corredor ecológico nesse local contribui de forma significativa para a proteção do rio. Para mapeamento e dimensionamento dos corredores ecológicos propostos, utilizaram- se os seguintes critérios: áreas vegetadas, áreas com possibilidade de recuperação da vegetação, limites visíveis a campo (estradas, área de preservação permanente de rio, lotes vegetados, servidão CELESC).

 Corredor Ecológico Rio do Braço A região do Rio do Braço está localizada na zona industrial. A região encontra-se assentada na Bacia Hidrográfica do Rio Cubatão, apresentando vegetação típica da Mata Atlântica. De maneira geral, a vegetação da região tem indícios de floresta que foi perturbada apenas por corte seletivo de árvores, visto que existem indivíduos muito grandes. Portanto, pode-se considerar que o nível de conservação da vegetação é de bom a muito bom, embora o efeito de borda possa estar colaborando com a descaracterização da mesma, aumentando as clareiras ocasionadas por árvores mortas. Dentre outras espécies, ocorre nesse local a presença de bugios, sendo este um fator decisivo para manter a diversidade e a estrutura da floresta, uma vez que estes primatas são bons dispersores de sementes, além de estarem ameaçados de extinção. Os resultados de distribuição dos grupos de bugios, os fragmentos de vegetação remanescente e as áreas de preservação permanente (APP) foram mapeadas gerando uma proposta para a implantação de corredor ecológico, ligando os principais remanescentes às Unidades de Conservação da Área de Proteção Ambiental Serra Dona Francisca e a Área de Relevante Interesse Ecológico do Morro do Iririú. Neste caso, as APP’s são as matas ciliares dos rios Mississipi, Amazonas e do Braço.

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 Corredor Ecológico Palmital A área faz parte da Bacia Hidrográfica do Rio Palmital e integra o Bioma Mata Atlântica, representada pela Floresta Ombrófila Densa e Manguezais localizados na foz do Rio Palmital. Salienta-se que o manguezal, presente na área encontra-se em ótimo estado de preservação, principalmente quando comparado com outras áreas de manguezal da cidade. É de suma importância o incentivo a recuperação das APP nesta região, além de ações que visem conter de forma eficiente a ocupação irregular desenfreada nesta área, ao contrário de promover a ocupação da região, ação que afeta diretamente os recursos naturais do local. A área tem grande potencial para criação de corredor ecológico.

 Corredor Ecológico Anaburgo A área esta localizada na Bacia Hidrográfica do Rio Itapocu, subacia do Rio Piraí, A mata existente no local, em conjunto com os corpos hidricos, é corredor ecológico natural, a qual necessita de medidas para sua recuperação e proteção. As características rurais atuais da região fornecem condições necessárias para manutenção do fluxo de espécies da fauna e flora entre a Área de Proteção Ambiental – APA Serra Dona Francisca e à planície costeira, também denominada de terras baixas. Também mantém a ligação entre a APA da Serra Dona Francisca e a nova ARIE.

 Corredor Ecológico Cubatão Esta área incluí o curso natural do Rio Cubatão, denominado baixo Cubatão e sua área de preservação permanente. A área integra o Bioma da Mata Atlântica, representada por Florestas Ombrófila Densa e Manguezais, estendendo-se desde a BR 101 até a foz do Rio Cubatão. A região da planície de inundação do Rio Cubatão necessita ser preservada, de forma a evitar o assoreamento do rio, a impermeabilização e supressão de vegetação destas áreas, sob o risco de reduzir a taxa de absorção e retenção de água pelo solo e pela vegetação, fazendo com que grande volume da água pluvial permaneça disponível na superfície do terreno, caracterizando outro fator importante que auxilia no aumento da incidência de inundações. O Rio Cubatão é corredores ecológicos natural, ao qual necessitam de medidas para sua recuperação e proteção. Já foram identificados pontos que necessitam de recuperação da mata ciliar. As características rurais atuais da região fornecem as condições necessárias para manutenção do fluxo de espécies da fauna e flora entre a APA e a ARIE do Morro do Iririú. Este corredor tem importância significativa para evitar o isolamento da ARIE, que está localizada em meio à malha urbana.

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Figura 84: Áreas protegidas pela Lei Complementar Municipal 410/2017 (Lei de Ordenamento Territorial)

Figura 85: Zonas Prioritárias de Conservação

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Figura 86: Unidades de Conservação e Corredores Ecológicos

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Figura 87: Áreas Prioritárias para Conservação e Recuperação da Mata Atlântica no município de Joinville

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202

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ANEXOS

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Anexo I – Tabela de Inventário de Fauna

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TABELA DE FAUNA

HERPETOFAUNA / ANFÍBIOS Família Espécie Nome popular Status Ischnocnema guentheri Steindachner Rã-da-floresta Brachycephalidae Ischnocnema henselii Peters Dendrophryniscus berthalutzae Izecksohn Sapinho-da-folhagem Dendrophryniscus leucomystax Izecksohn Sapinho-da-restinga Rhinella abei Baldissera, Caramaschi & Haddad Sapo-cururu Bufonidae Rhinella icterica Spix Sapo-cururu Rhinella henseli Lutz Sapo-cururu Rhinella ornata Spix Sapo-cururu Centrolenidae Hyalinobatrachium uranoscopum Müller Rã-de-vidro VU SC Craugastoridae Haddadus binotatus Spix Rã-de-folhiço Cycloramphus bolitoglossus Werner Cycloramphidae Cycloramphus izecksohni Heyer Proceratophrys boiei Wied-Neuwied Sapo-de-chifre Hemiphractidae Fritziana sp. aff. fissilis Gonsales Perereca-marsupial Aplastodiscus ehrhardti Müller Perereca-verde VU SC Aplastodiscus albosignatus Lutz & Lutz Rã-flautinha Aparasphenodon bokermanni Pombal Perereca-de-capacete Bokermannophyla circumdata Cope Perereca-da-serra-do-mar Dendropsophus werneri Cochran Perereca-grilo Dendropsophus microps Peters Pererequinha Hylidae Dendropsophus minutus Peters Pererequinha-do-brejo Hypsiboas albomarginatus Spix Perereca-araponga Hypsiboas bischoffi Boulenger Perereca Hypsiboas faber Wied-Neuwied Sapo-ferreiro Hypsiboas cf. bischoffi Boulenger Perereca Hypsiboas guentheri Boulenger Perereca

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Hypsiboas semilineatus Spix Itapotihyla langsdorfii Dumeril & Bibron Ololygon argyreornata Miranda-Ribeiro Ololygon littoralis Pombal & Gordo Ololygon sp. aff. perpusilla Pererequinha-das-bromélias Phyllomedusa distincta Lutz Filomedusa Scinax alter Lutz Perereca-do-litoral Scinax argyreornatus Miranda-Ribeiro Perereca Scinax catharinae Boulenger Perereca-malhada Scinax fuscovarius Oliveira & Vicentini Perereca-do-banheiro Scinax rizibilis Bokermann Scinax perereca Scinax tymbamirim Nunes,Kwet & Pombal Trachycephalus mesophaeus Hensel Crossodactylus caramaschii Bastos & Pombal Hylodidae Hylodes perplicatus Miranda-Ribeiro Physalaemus cuvieri Fitzinger Rã-cachorro Leiuperidae Physalaemus olfersii Lichtenstein & Martens Rã-bugio Adenomera bokermanii Rãzinha-piadeira Adenomera nana Rãzinha-piadeira Leptodactylus bokemanni Heyer Rãzinha Leptodactylus gracilis Duméril & Bibron Rã-listrada Leptodactylidae Leptodactylus latrans Steffen Rã-manteiga Leptodactylus nanus Müller Rãzinha Leptodactylus notoaktites Heyer Procerotophrys boiei Wied-Neuwied Rã de chifre Physalaemus gr. signifer Microhylidae Chiasmocleis leucoticta Boulenger Rãzinha-da-mata Legenda: Status: Espécies ameaçadas de extinção no estado de Santa Catarina e no Brasil, segundo Resolução CONSEMA 002/2011 e Portaria MMA 444/2014.

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HERPETOFAUNA / RÉPTEIS Família Espécie Nome popular Status Hydromedusa tectifera Cope Pescoço-comprido Chelidae Phrynops hilarii Duméril & Bibron Cágado de barbelas VU SC Trachemys dorbigni Duméril & Bibron Tigre-d'água Chironius bicarinatus Wied Cobra-cipó Chironius exoletus Linnaeus Cobra Chironius laevicollis Wied Cobra-cipó Chironius multiventris Schmidt & Walker Cobra-cipó Dipsas albifrons Sauvage Dormideira Echinanthera persimilis Cope Cobra-cipó Helicops carinicaudus Wied Cobra-d'água Liophis almadensis Wagler Cobra-de-capim Liophis amarali Wettstein Liophis miliaris Linnaeus Cobra-d'água Colubridae Liophis poecilogyrus Wied Cobra-de-capim Oxyrhopus clathratus Giraudo & Scrocchi Falsa-coral Oxyrhopus rhombifer Duméril, Bibron & Duméril Falsa-coral Philodryas aestivus Duméril, Bibron & Duméril Caninana-verde Philodryas olfersii Lichtenstein Cobra-verde Philodryas patagoniensis Girard Parelheira Sibynomorphus neuwiedii Ihering Dormideirinha Sibynomorphus ventrimaculatus Boulenger Dormideira Siphlophis longicaudatus Andersson Dormideira Sordellina punctata Peters Cobra-d'água VU SC Spilotes pullatus Linnaeus Caninana-amarela Caaeteboia amarali Wettstein Cobrinha-marrom-do-litoral EN SC Dipsadidae Clelia plumbea Wied-Neuwied Mussurana EN SC Uromacerina ricardinii Peracca Cobra-líquen

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Micrurus altirostris Cope Coral-verdadeira Elapidae Micrurus corallinus Merrem Coral-verdadeira Gekkonidae Hemidactylus mabouia Moreau de Jonnès Lagartixa-das-casas Gymnophthalmidae Pantodactylus schreibersii Boulenger Lagartixa-comum Polychrotidae Enyalius iheringi Boulenger Camaleãozinho Teiidae Salvator merianae Duméril & Bibron Teiú Bothrops jararaca Wied Jararaca Viperidae Bothrops jararacussu Lacerda Jararacussu Legenda: Status: Espécies ameaçadas de extinção no estado de Santa Catarina e no Brasil, segundo Resolução CONSEMA 002/2011 e Portaria MMA 444/2014.

MASTOFAUNA Família Espécie Nome popular Status Atelidae Alouatta clamitans Cabrera Bugio-ruivo VU SC Canidae Cerdocyon thous Linnaeus Graxaim Cavia aperea Erxleben Preá Cavidae Hydrochoerus hydrochaeris Linnaeus Capivara Cebidae Cebus nigritus Goldfuss Macaco prego Mazama americana Erxleben Veado EN SC Cervidae Mazama gouazoubira G. Fischer Veado-catingueiro Cricetidae Oligoryzomys nigripes Olfers Rato-da-árvore Cuniculidae Cuniculus paca Linnaeus Paca VU SC Cabassous tatouay Desmarest Tatu de rabo mole Dasypus novemcinctus Linnaeus Tatu-galinha Dasypodidae Dasypus setemcincus Linnaeus Tatu-mulita Euphractus sexcinctus Linnaeus Tatu peludo Dasyproctidae Dasyprocta azarae Lichtenstein Cutia Didelphis aurita Wied-Neuwied Gambá-de-orelha-preta Didelphidae Didelphis aubiventris Lund Gambá-de-orelha-branca Chironectes minimus Zimmermann Cuíca-d'água VU SC

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Gracilinanus microtarsus Wagner Guaiquica Micoureus demerarae Thomas Cuícão Micoureus paraguayanus Cuíca Monodelphis iheringi Thomas Cuíca Monodelphis scalops Thomas Cuíca Philander frenatus Cuíca Philander opossum Linnaeus Cuíca Phyllomys sulinus Rato-de-espinho Phyllomys medius Thomas Rato-de-espinho Echimyidae Euryzygomatomys spinosus G. Fischer Rato-de-espinho Kannabateomys amblyonyx Wagner Rato-de-espinho Erethizontidae Sphiggurus villosus Ouriço Herpailurus yagouaroundi É. Geoffroy Gato-mourisco VU BR Leopardus pardalis Linnaeus Jaguatirica VU BR, EN SC Felidae Leopardus guttulus Hensel Gato-do-mato Leopardus tigrinus Schreber Gato-do-mato EN BR Leopardus wiedii Schinz Gato-do-mato VU BR Nyctinomops laticaudatus Geoffroy Morcego Molossidae Tadarida brasiliensis Geoffroy Morcego Akodon montensis Thomas Rato do chão Delomys dorsalis Hensel Rato do mato Delomys sublineatus Thomas Rato do mato Euryoryzomys russatus Rato do chão Nectomys squamipes Brants Rato-d'água Muridae Oecomys sp. Oecomys catherinae Thomas Rato-da-árvore Oligoryzomys cf flavescens Oligoryzomys nigripes Rato do mato Oryzomys angouya Fischer Rato-de-arroz Oryzomys russatus Wagner Rato-cabeça-arroz

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Oxymycterus sp. Rato-do-brejo Oxymycterus judex Thomas Rato-do-brejo Eira barbara Linnaeus Irara Mustelidae Galictis cuja Molina Furão Lontra longicaudis Olfers Lontra Myocastoridae Myocastor coypus Ratão-do-banhado Myrmecophagidae Tamandua tetradactyla Linnaeus Tamanduá-mirim Anoura caudifera Geoffroy Morcego sem cauda Artibeus fimbriatus Gray Morcego Artibeus lituratus Olfers Morcego Carollia perspicillata Linnaeus Morcego Phyllostomidae Chrotopterus auritus Peters Morcego Desmodus rotundus Geoffroy Morcego vampiro Pygoderma bilabiatum Wagner Morcego Sturnira lilium Geoffroy Morcego amarelo de ombros Nasua nasua Linnaeus Quati Procyonidae Procyon cancrivorus Cuvier Guaxinim Sciurus aestuans Linnaeus Serelepe Sciuridae Guerlinguetus ignitus Gray Esquilo Guerlinguetus ingrami Esquilo Eptesicus furinalis Orbigny Morcego Histiotus alienus Thomas Morcego marrom de orelhas grandes CR SC Lasiurus borealis Müller Morcego vermelho Vespertilionidae Myotis sp. Morcego preto Myotis levis Geoffroy Morcego Myotis nigricans Schinz Morcego-preto Legenda: Status: Espécies ameaçadas de extinção no estado de Santa Catarina e no Brasil, segundo Resolução CONSEMA 002/2011 e Portaria MMA 444/2014.

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AVIFAUNA Família Espécie Nome popular Status Amadonastur lacernulatus Gavião-pombo-pequeno VU SC / BR Buteo brachyurus Gavião-de-cauda-curta Circus buffoni Gavião-do-banhado Elanoides forficatus Gavião-tesoura Accipitridae Geranospiza caerulescens Gavião-pernilongo Harpagus diodon Gavião-bombachinha Rupornis magnirostris Gavião-carijó Spizaetus tyrannus Gavião-pega-macaco VU SC Urubitinga urubitinga Gavião-preto Megaceryle torquata Martim-pescador-grande Alcedinidae Chloroceryle aenea Martim-pescador-miúdo VU SC Chloroceryle americana Martim-pescador-pequeno Amazonetta brasiliensis Ananaí Anas bahamensis Marreca-toicinho Cairina moschata Pato-do-mato Anatidae Dendrocygna bicolor Marreca-caneleira Dendrocygna viduata Irerê Nomonyx dominica Marreca-de-bico-roxo Chaetura cinereiventris Andorinhão-de-sobre-cinzento Apodidae Chaetura meridionalis Andorinhão-do-temporal Streptoprocne zonaris Taperuçu-de-coleira-branca Aramidae Aramus guaraúna Carão Ardea alba Garça-branca-grande Ardea cocoi Garça-moura Bubulcus ibis Garça-vaqueira Ardeidae Butorides striata Socozinho Cochlearius cochlearius Arapapá Egretta caerulea Garça-azul

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Egretta thula Garça-branca-pequena Nyctanassa violacea Savacu-de-coroa Nycticorax nycticorax Socó-dorminhoco Syrigma sibilatrix Maria-faceira Trigrisoma lineatum Socó-boi Malacoptila striata Barbudo-rajado Bucconidae Notharcus swainsoni Macuru-de-barriga-castanhas VU SC Nyctidromus albicollis Bacurau Caprimulgidae Hydropsalis torquata Bacurau-tesoura Lurocalis semitorquatus Tuju Cardinalidae Habia rubica Tiê-de-bando Cathartes aura Urubu-de-cabeça-vermelha Cathartidae Coragyps atratus Urubu Charadrius collaris Batuira de coleira Charadrius falklandicus Batuira de coleira dupla Charadrius modestus Batuira de peito tijolo Charadriidae Charadrius semipalmatus Batuira de bando Pluvialis dominica Batuiruçu Pluvialis squatarola Batuiruçu de axila preta Vanellus chilensis Quero-quero Columba livia Pombo-doméstico Columbina picui Rolinha-picuí Columbina talpacoti Rolinha Patagioenas cayennensis Pomba-galega Columbidae Patagioenas picazuro Asa-branca Leptotila verreauxi Juriti-pupu Leptotila rufaxilla Juriti-de-testa-branca Zenaida auriculata Avoante Conopophaga lineata Chupa-dente Conopophagidae Conopophaga melanops Cuspidor-de-máscara-preta

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Corvidae Cyanocorax caeruleus Gralha-azul Pyroderus scutatus Pavó EN SC Cotingidae Procnias nudicollis Araponga Ortalis squamata Aracuã-escamoso Cracidae Penelope obscura Jacuguaçu Penelope superciliaris Jacupemba CR BR Crotophaga ani Anu-preto Guira guira Anu-branco Cuculidae Micrococcyx cinereus Papa-lagarta-cinzento Piaya cayana Alma-de-gato Tapera naevia Saci Dendrocincla turdina Arapaçu-liso Dendrocolaptes platyrostris Arapaçu-grande Dendrocolaptidae Sittasomus griseicapillus Arapaçu-verde Xiphocolaptes albicollis Arapaçu-de-garganta-branca Xiphorhynchus fuscus Arapaçu-rajado Estrildidae Estrilda astrild Bico-de-lacre Caracara plancus Carcará Falco femoralis Falcão de coleira Herpetotheres cachinnans Acauã Falconidae Milvago chimachima Carrapateiro Milvago chimango Chimango Micrastur semitorquatus Falcão-relógio Formicarius colma Galinha-do-mato Formicariidae Chamaeza campanisona Tovaca-campainha Fregatidae Fregata magnificens Tesourão Euphonia chalybea Cais-cais Euphonia pectoralis Ferro-velho Fringilidae Euphonia violacea Gaturamo Sporagra magellanica Pintassilgo

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Anabacerthia lichtensteini Limpa folha ocráceo Automolus leucophthalmus Barranqueiro de olho branco Anabazenops fuscus Trepador-coleira Cichlocolaptes leucophrus Trepador-sobrancelha Certhiaxis cinnamomeus Curutié Furnarius rufus João-de-barro Furnariidae Heliobletus contaminatus Trepadorzinho Philydor atricapillus Limpa-folha-coroado Philydor rufum Limpa-folha-de-testa-baia Synallaxis ruficapilla Pichororé Synallaxis spixi João-teneném Syndactyla rufosuperciliata Trepador-quiete Haematopodidae Haematopus palliatus Piru-piru Progne chalybea Andorinha-grande Progne tapera Andorinha-do-campo Hirundinidae Pygochelidon cyanoleuca Andorinha-pequena-de-casa Stelgidopteryx ruficollis Andorinha-serradora Tachycineta leucorrhoa Andorinha-de-sobre-branco Agelaioides badius Asa de telha Cacicus haemorrhous Guaxe Chrysomus ruficapillus Garibaldi Icteridae Gnorimopsar chopi Graúna Molothrus bonariensis Chupim Molothrus rufoaxillaris Vira bosta picumã Sturnella superciliaris Polícia inglesa do sul Jacanidae Jacana jacana Jaçanã Chroicocephalus maculipennis Gaivota maria velha Laridae Larus dominicanus Gaivotão Mimus saturninus Sabiá do campo Mimidae Mimus triurus Calhandra de três rabos

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Mitrospingidae Orthogonys chloricterus Catirumbava Nyctibiidae Nyctibius griseus Urutau Onychorhynchidae Myiobius atricaudus Assanhadinho-de-cauda-preta VU SC Oxyruncidae Oxyruncus cristatus Araponga-do-horto Basileuterus culicivorus Pula-pula Geothlypis aequinoctialis Pia-cobra Parulidae Myiothlypis rivularis Pula-pula-ribeirinho Setophaga pitiayumi Mariquinha Passerellidae Zonotrichia capensis Tico-tico Passeridae Passer domesticus Pardal Phalacrocoracidae Nannopterum brasilianus Biguá Campephilus robustus Pica-pau-rei Celeus flavescens Pica-pau-de-cabeça-amarela Colaptes campestris Pica-pau-do-campo Dryocopus lineatus Pica-pau-de-banda-branca Picidae Melanerpes candidus Pica-pau-branco Piculus flavigula Pica-pau-bufador VU SC Picumnus temminckii Picapauzinho-de-coleira Veniliornis spilogaster Picapauzinho-verde-carijó Chiroxiphia caudata Tangará Pipridae Manacus manacus Rendeira Platyrinchus mystaceus Patinho Platyrinchidae Platyrinchus leucoryphus Patinho-de-asa-castanha VU SC Podicephorus major Mergulhão grande Podicipedidae Podilymbus podiceps Mergulhão caçador Rollandia rolland Mergulhão de orelha branca Polioptilidae Polioptila dumicola Balança rabo de máscara Procellariidae Procellaria aequinoctialis Pardela preta VU SC / BR Amazona aestiva Papagaio Psittacidae Brotogeris tirica Periquito-verde

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Forpus xanthopterygius Tuim Guaruba guarouba Arajuba Pionopsitta pileata Cuiú cuiú Pionus maximiliani Maitaca Psittacara leucophthalmus Periquitão marcanã Pyrrhura frontalis Tiriba Aramides cajaneus Saracura Aramides saracura Saracura-do-mato Gallinula galeata Frango d’água comum Rallidae Pardirallus nigricans Saracura-anã Porzana albicollis Sana carijó Rallus longirostris Saracura matraca VU SC Ramphastos vitellinus Tucano de bico preto Ramphastidae Ramphastos dicolorus Tucano-de-bico-verde Selenidera maculirostris Araçari-poca Recurvirostridae Himantopus melanurus Pernilongo-de-costas-brancas Eleoscytalopus indigoticus Macuquinho Rhinocryptidae Scytalopus speluncae Tapaculo-preto Hemitriccus orbitatus Tiririzinho-do-mato Hemitriccus kaempferi Maria-catarinense VU SC Leptopogon amaurocephalus Cabeçudo Mionectes rufiventris Abre-asa-de-cabeça-cinza Myiornis auricularis Miudinho Rhynchocyclidae Phylloscartes kronei Maria-da-restinga Phylloscartes ventralis Borboletinha-do-mato Phylloscartes sylviolus Maria pequena Poecilotriccus plumbeiceps Tororó Todirostrum poliocephalum Teque-teque Tolmomyias sulphurescens Bico-chato-de-orelha-preta Rynchopidae Rynchops niger Talha mar

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Scleruridae Sclerurus scansor Vira-folha Actitis macularius Maçarico pintado Arenaria interpres Vira pedras Calidris alba Maçarico branco Calidris canutus Maçarico de papo vermelho CR BR Calidris fuscicollis Maçarico de sobre branco Scolopacidae Calidris subruficollis Maçarico acanelado VU BR Limosa haemastica Maçarico de bico virado Numenius hudsonicus Maçarico de bico torto Tringa flavipes Maçarico de perna amarela Tringa melanoleuca Maçarico grande de perna amarela Tringa semipalmata Maçarico de asa branca Stercorarius maccormicki Mandrião do sul Stercorariidae Stercorarius parasiticus Mandrião parasítico Asio clamator Coruja-orelhuda Asio stygius Mocho diabo Strigidae Athene cunicularia Coruja buraqueira Megascops atricapilla Corujinha sapo Pulsatrix koeniswaldiana Murucututu-de-barriga-amarela Tachurididae Tachuris rubrigastra Papa-piri VU SC Drymophila ferruginea Trovoada Drymophila squamata Pintadinho EN SC Dysithamnus mentalis Choquinha-lisa Dysithamnus stictothorax Choquinha-de-peito-pintado Herpsilochmus rufimarginatus Chorozinho-de-asa-vermelha Thamnophilidae Hypoedaleus guttatus Chocão carijó Myrmoderus squamosus Papa-formiga-de-grota Myrmotherula unicolor Choquinha-cinzenta Pyriglena leucoptera Papa-taoca-do-sul Rhopias gularis Choquinha-de-garganta-pintada

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Terenura maculata Zidedê Thamnophilus caerulescens Choca-da-mata VU BR Thamnophilus ruficapillus Choca de chapéu vermelho Chlorophanes spiza Saí-verde Cissopis leverianus Tietinga EN SC Coereba flaveola Cambacica Conirostrum bicolor Figuinha do mangue VU SC Dacnis cayana Saí-azul Dacnis nigripes Saí-de-pernas-pretas Haplospiza unicolor Cigarra-bambu Hemithraupis ruficapilla Saíra-ferrugem Lanio cristatus Tiê-galo EN SC Lanio melanops Tié de topete Pipraeidea melanonota Saíra-viúva Ramphocelus bresilius Tiê-sangue VU SC Saltator similis Trinca-ferro Thraupidae Sicalis flaveola Canário-da-terra Sporophila angolensis Curió CR SC Sporophila caerulescens Coleirinho Sporophila frontalis Pixoxó VU SC/BR Sporophila lineola Bigodinho Tachyphonus coronatus Tiê-preto Tangara cyanocephala Saíra-militar VU BR Tangara cyanoptera Sanhaço-de-encontro-azul Tangara ornata Sanhaço-de-encontro-amarelo Tangara palmarum Sanhaço-do-coqueiro Tangara peruviana Saíra-sapucaia VU BR / EN SC Tangara sayaca Sanhaço-cinzento Tangara seledon Saíra-sete-cores Tersina viridis Saí andorinha

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Trichothraupis melanops Tiê-de-topete Volatinia jacarina Tiziu Plegadis chihi Caraúna Threskiornithidae Phimosus infuscatus Tapicuru Crypturellus noctivagus Jaó do sul EN SC Tinamidae Crypturellus obsoletus Inambuguaçu Crypturellus tataupa Inambu-chintã Pachyramphus castaneus Caneleiro Pachyramphus polychopterus Caneleiro-preto Pachyramphus validus Caneleiro-de-chapéu-preto Tityridae Schiffornis virescens Flautim Tityra cayana Anambé-branco-de-rabo-preto Tityra inquisitor Anambé-branco-de-bochecha-parda Amazilia fimbriata Beija-flor-de-garganta-verde Amazilia versicolor Beija-flor-de-banda-branca Anthracothorax nigricollis Beija-flor-de-veste-preta Aphantochroa cirrochloris Beija-flor-cinza Chlorostilbon lucidus Besourinho-de-bico-vermelho Eupetomena macroura Beija-flor-tesoura Trochiilidae Florisuga fusca Beija-flor-preto Heliodoxa rubricauda Beija-flor-rubi Leucochloris albicollis Beija-flor-de-papo-branco Lophornis chalybeus Topetinho verde Phaethornis squalidus Rabo-branco-pequeno Ramphodon naevius Beija-flor-rajado Thalurania glaucopis Beija-flor-de-fronte-violeta Trogon rufus Surucuá de barriga amarela Trogonidae Trogon viridis Surucuá grande de barriga amarela EN SC Trogon surrucura Surucuá-variado Troglodytidae Cantorchilus longirostris Garrichão-de-bico-grande

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Troglodytes musculus Corruíra Turdus albicollis Sabiá-coleira Turdus amaurochalinus Sabiá-poca Turdidae Turdus flavipes Sabiá-una Turdus leucomelas Sabiá-branco Turdus rufiventris Sabiá-laranjeira Arundinicola leucocephala Freirinha Attila phoenicurus Capitão-castanho Attila rufus Capitão-de-saíra Camptostoma obsoletum Risadinha Cnemotriccus fuscatus Guaracavuçu Colonia colonus Viuvinha Conopias trivirgatus Bem-te-vi-pequeno Contopus cinereus Papa moscas cinzento Elaenia flavogaster Guaracava-de-barriga-amarela Elaenia mesoleuca Tuque Elaenia obscura Tucão Empidonomus varius Peitica Tyrannidae Fluvicola nengeta Lavadeira-mascarada Hirundinea ferruginea Gibão de couro Knipolegus nigerrimus Maria-preta-de-garganta-Vermelha Lathrotriccus euleri Enferrujado Legatus leucophaius Bem-te-vi-pirata Machetornis rixosa Suiriri-cavaleiro Megarynchus pitangua Neinei Muscipipra vetula Tesoura-cinzenta Myiarchus swainsoni Irré Myiodynaster maculatus Bem-te-vi-rajado Myiopagis caniceps Guaracava-cinzenta Myiophobus fasciatus Filipe

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Myiozetetes similis Bentevizinho-de-penacho-vermelho Pintangus sulphuratus Bem-te-vi Pyrocephalus rubinus Príncipe Phyllomyias fasciatus Piolhinho Phyllomyias virescens Piolhinho-verdoso Ramphotrigon megacephalum Maria-cabeçuda Satrapa icterophrys Suiriri-pequeno Serpophaga subcristata Alegrinho Siryster sibilator Gritador Tyranniscus burmeisteri Piolhinho-chiador Tyrannus melancholicus Suiriri Tyrannus savana Tesourinha Cyclarhis gujanensis Pitiguari Vireonidae Hylophilus poicilotis Verdinho-coroado Vireo chivi Juruviara Xenopidae Xenops minutus Bico-virado-miúdo VU BR Legenda: Status: Espécies ameaçadas de extinção no estado de Santa Catarina e no Brasil, segundo Resolução CONSEMA 002/2011 e Portaria MMA 444/2014.

ICTIOFAUNA Família Espécie Nome popular Status Callichthyidae Corydoras ehrhardti Coridora-mármore Scleromystax barbatus Coridora-bandada Hollandichthys multifasciatus Lambari-listrado EN SC Characidae Astyanax laticeps Hyphessobrycon boulengeri Lambari Cichlidae Geophagus brasiliensis Cará Erythrinidae Hoplias malabaricus Traíra Gymnotus carapo Sarapó Gymnotidae Gymnotus pantherinus

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Heptapteridae Rhamdia quelen Jundiá Rivulidae Atlantirivulus haraldsiolii Synbranchidae Symbranchus marmoratus Mussum Phalloceros caudimaculatus Guaru-cauda-manchada Poeciliidae Poecilia reticulata Lebiste Rivulus haraldsiolii VU SC Legenda: Status: Espécies ameaçadas de extinção no estado de Santa Catarina e no Brasil, segundo Resolução CONSEMA 002/2011 e Portaria MMA 444/2014.

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