ATLETISMO CURSOS DE GRADUAÇÃO– EAD AtleƟ smo – Profa. Ms. Flórence R. Faganello Gemente e Profa. Dra. Nilva Pessoa de Souza

Meu nome é Flórence Rosana Faganello Gemente. Sou licenciada em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista UNESP – Rio Claro - 2001, especialista em Ciência do Treinamento Esportivo pela Universidade de Campinas – UNICAMP – 2003, mestre em Ciências da Motricidade Humana, pela Universidade Estadual Paulista – UNESP/Rio Claro – 2008. Integro o GEPPA – Grupo de Estudos Pedagógicos e Pesquisa em Atletismo, desde 2003. Sou ex-atleta de atletismo e de 2003 a 2005 fui técnica de atletismo da cidade de Rio Claro. Durante seis anos trabalhei como professora de Educação Física escolar. Atualmente sou docente da Universidade Federal de Goiás – UFG/Goiânia, onde ministro as disciplinas de Metodologia de Ensino e Pesquisa em Atletismo e Núcleo Temático de Pesquisa em Esporte. E, é com muita alegria que venho contribuir para sua formação profissional! Agora, convido você a participar do nosso estudo sobre o incrível universo do atletismo. Desejo que esse estudo seja realizado de forma prazerosa e desperte o seu interesse em estudar ainda mais sobre esse belo esporte e, também, que lhe traga confiança para levá-lo até a escola. E-mail: [email protected]

Olá acadêmicos, Convido-os a dialogar conosco durante a leitura do texto didático sobre o atletismo. Esperamos que esse diálogo os leve a refletir sobre a prática pedagógica e sobre a própria profissão, contribuído assim para a formação inicial de vocês. Meu nome é Nilva Pessoa de Souza, sou professora de Educação Física, formada pela Escola Superior de Educação Física de Goiás – ESEFFEGO, Especialista em Organização, administração da educação física, esporte e lazer também pela ESEFFEGO. Mestre em Pedagogia do Movimento pela Faculdade de Educação Física/UNICAMP e doutora em Ciências do Esporte também pela UNICAMP. Atualmente sou professora do curso de Educação Física da Universidade Federal de Goiás, cargo que ocupo desde 1991. E-mail: [email protected] Flórence R.Faganello Gemente Nilva Pessoa de Souza

ATLETISMO Caderno de Referência de Conteúdo

Batatais Claretiano 2013 © Ação Educacional Clare ana, 2008 – Batatais (SP) Versão: dez./2013

796.42 G286a

Gemente, Flórence Rosana Faganello Atletismo / Flórence Rosana Faganello Gemente, Nilva Pessoa de Souza – Batatais, SP : Claretiano, 2013. 222 p.

ISBN: 978-85-67425-23-8

1. O atletismo como um dos conteúdos da Educação Física. 2. Possibilidades e dificuldades do ensino do atletismo em aulas de Educação Física. 3. Provas esportivas, fundamentos técnicos e normativos próprios do atletismo. 4. Fundamentos básicos do atletismo na forma de jogos pré-desportivos sem descaracterizar a “essência” desta modalidade esportiva. 5. Orientações didático-pedagógicas capazes de viabilizar o ensino do atletismo, de acordo com o Projeto Político Pedagógico da escola. I. Souza, Nilva Pessoa de. II. Atletismo.

CDD 796.42

Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Coordenador de Material DidáƟ co Mediacional: J. Alves

Preparação Revisão Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira Camila Maria Nardi Matos Felipe Aleixo Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira Cá a Aparecida Ribeiro Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz Dandara Louise Vieira Matavelli Rodrigo Ferreira Daverni Elaine Aparecida de Lima Moraes Sônia Galindo Melo Josiane Marchiori Mar ns Talita Cristina Bartolomeu Lidiane Maria Magalini Vanessa Vergani Machado Luciana A. Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Luis Henrique de Souza Projeto gráfico, diagramação e capa Patrícia Alves Veronez Montera Eduardo de Oliveira Azevedo Rita Cristina Bartolomeu Joice Cristina Micai Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Lúcia Maria de Sousa Ferrão Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana.

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Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação SUMÁRIO

CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO ...... 7 2 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO ...... 9

UNIDADE 1 COMPREENDENDO O ESPORTE 1 OBJETIVOS ...... 27 2 CONTEÚDOS ...... 27 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ...... 28 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ...... 28 5 ESPORTE ...... 29 6 ESPORTES ENQUANTO INSTRUMENTO APROPRIADO ...... 31 7 ESPORTE CONTEMPORÂNEO ...... 34 8 MANIFESTAÇÕES DO ESPORTE...... 36 9 O USO DO DOPING ...... 47 10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ...... 52 11 CONSIDERAÇÕES ...... 52 12 EREFERÊNCIAS ...... 53 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 53

UNIDADE 2 HISTÓRIA DO ATLETISMO 1 OBJETIVOS ...... 55 2 CONTEÚDOS ...... 55 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ...... 56 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ...... 56 5 O ATLETISMO NA PRÉHISTÓRIA ...... 59 6 O ATLETISMO NA ANTIGUIDADE ...... 61 7 O ATLETISMO NA IDADE MÉDIA ...... 68 8 O ATLETISMO CONTEMPORÂNEO ...... 69 9 AS PROVAS DO ATLETISMO UM POUCO DA HISTÓRIA ...... 73 10 AVANÇOS TECNOLÓGICOS ...... 82 11 O ATLETISMO NO BRASIL ...... 90 12 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ...... 93 13 CONSIDERAÇÕES ...... 94 14 EREFERÊNCIAS ...... 94 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 95 UNIDADE 3 O ATLETISMO 1 OBJETIVOS ...... 97 2 CONTEÚDOS ...... 97 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ...... 98 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ...... 98 5 O ATLETISMO DEFINIÇÃO E ORGANIZAÇÃO ...... 99 6 CONHECENDO A PISTA DE ATLETISMO ...... 102 7 FUNDAMENTOS TÉCNICOS E REGULAMENTARES DAS PROVAS DE PISTA DO ATLETISMO ...... 103 8 FUNDAMENTOS TÉCNICOS E REGULAMENTARES DAS PROVAS DE CAMPO DO ATLETISMO ...... 126 9 AS PROVAS COMBINADAS ...... 159 10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ...... 161 11 CONSIDERAÇÕES ...... 163 12 EREFERÊNCIAS ...... 164 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 165

UNIDADE 4 O ATLETISMO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 1 OBJETIVOS ...... 167 2 CONTEÚDOS ...... 167 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ...... 168 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ...... 168 5 O ESPORTE COMO CONTEÚDO DA EDUCAÇÃO FÍSCA ESCOLAR ...... 169 6 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ENSINO DO ATLETISMO ...... 173 7 O ENSINO DO ATLETISMO NA ESCOLA POSSIBILIDADES ...... 178 8 O PAPEL DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA E O ENSINO DO ATLETISMO ...... 182 9 O ENSINO DO ATLETISMO E O ESPAÇO FÍSICO ...... 187 10 O ENSINO DO ATLETISMO E OS MATERIAIS ALTERNATIVOS ...... 195 11 SUGESTÕES DE ATIVIDADES ...... 208 12 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ...... 218 13 CONSIDERAÇÕES ...... 219 14 E REFERÊNCIAS ...... 220 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 220

Claretiano - Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo CRC

Ementa ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– O atletismo como um dos conteúdos da Educação Física. Possibilidades e difi - culdades do ensino do atletismo em aulas de Educação Física. Provas esporti- vas, fundamentos técnicos e normativos próprios do atletismo. Fundamentos básicos do atletismo na forma de jogos pré-desportivos sem descaracterizar a "essência" desta modalidade esportiva. Orientações didático-pedagógicas capa- zes de viabilizar o ensino do atletismo, de acordo com o Projeto Político Peda- gógico da escola. ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

1. INTRODUÇÃO

Seja bem-vindo! Caro discente, iniciaremos o estudo de Atletismo. Neste Ca- derno de Referência de Conteúdo, você encontrará unidades que o auxiliarão a compreender o Atletismo como um elemento cul- tural, a dominar e ser capaz de transmitir os aspectos históricos e sociológicos, como também os fundamentos técnicos e táticos do atletismo, inseridos no contexto escolar e analisar criticamente o ensino do atletismo, focalizando questões educacionais signifi- 8 © Atletismo cativas, tais como: relação professor – aluno e especificidades do conteúdo. O atletismo é um dos conteúdos relacionados aos esportes; todavia, a abordagem estará direcionada para um contexto mais amplo, afinal, trataremos de sua inserção nas aulas de Educação Física Escolar. Assim, nosso intento é o desenvolvimento de apren- dizagens que o auxiliarão na compreensão do trabalho docente, uma vez que é esse o principal foco de estudo e atuação de um licenciado em Educação Física. A Educação a Distância exigirá de você uma nova forma de estudo, uma vez que você será o protagonista de sua aprendiza- gem. No entanto, você não estará sozinho, pois terá todo o apoio necessário para a construção do seu conhecimento. Esse será um desafio que enfrentaremos juntos, e, com sua dedicação, o cresci- mento profissional e pessoal será conquistado. Ao iniciar este estudo, não se esqueça de assumir o com- promisso de participar e de interagir com seus tutores e com seus colegas de curso das tarefas indicadas, assim como fazer a leitura não só deste material, como também das bibliografias indicadas. Tenha a certeza de que, ao apropriar-se dessa postura, você faci- litará a aprendizagem de novos conhecimentos, o que o levará, certamente, a um exercício profissional comprometido com a va- lorização das possibilidades educacionais das práticas corporais crítico-reflexivas. Visando ao favorecimento dos estudos, o conteúdo deste material está organizado em quatro unidades. Na Unidade 1, estudaremos como se materializa a prática social e educacional nas manifestações do Esporte/Atletismo, e também, refletiremos e contextualizaremos as práticas nessas ma- nifestações, como as instituições financeiras, políticas e educacio- nais se apropriam delas e influenciam a sociedade. Na Unidade 2, conheceremos o processo histórico do atle- tismo, seu surgimento, evolução e organização como modalidade © Caderno de Referência de Conteúdo 9 esportiva, bem como a grande influência dos avanços tecnológicos na organização das competições e resultados dos atletas. Já na Unidade 3, estudaremos sobre a organização do Atle- tismo atual, conheceremos as provas que compõe o programa do atletismo, suas regras, fundamentos técnicos e táticos. Encerrando a Unidade 4, discutiremos o atletismo enquanto conteúdo da Educação Física escolar, suas possibilidades de ensi- no, a importância do papel do professor de Educação Física, da adaptação do espaço físico e de materiais para o desenvolvimento desse conteúdo e, também, apresentaremos algumas sugestões de atividades que possam auxiliar no trabalho de criação e adapta- ção de novas atividades direcionadas ao ensino do atletismo. Desejamos, no início desta trajetória, que se empenhe em cumprir as tarefas propostas, concentrando-se, sempre, na quali- dade de sua formação! Bons estudos!

2. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO

Abordagem Geral Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. No entan- to, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento bási- co necessário a partir do qual você possa construir um referencial teórico com base sólida – científica e cultural – para que, no fu- turo exercício de sua profissão, você a exerça com competência cognitiva, ética e responsabilidade social. Vamos começar nossa aventura pela apresentação das ideias e dos princípios básicos que fundamentam este Caderno de Referência de Conteúdo .

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No sentido de possibilitar e efetivar o ensino de qualidade na Educação Básica, institutos, faculdades e universidades têm pro- movido cursos que possam dar a formação de qualidade aos fu- turos professores. Essa preocupação tem-se desdobrado também para cursos à distância. De certa forma entendemos que as pesso- as que procuram essa modalidade de curso, são aquelas já imersas no mundo do trabalho, muitas vezes na área da própria educação. A fim de promover uma formação que seja significativa ao acadêmico, acreditamos que seja necessária a aquisição de conhe- cimentos ligados a cultural geral. Diante disso, o professor em for- mação deve adquirir competências e habilidades que permitam aprender a aprender, aprender a ensinar, saber comportar-se e agir de acordo com o conhecimento a ser ensinado na sala de aula, ter habilidades comunicativas, domínio dos diversos tipos de lin- guagens, saber articular os conteúdos com as mídias e multimídias existentes, ter conhecimento aprofundado em relação à disciplina que ministra, dentre outras competências (LIBÂNEO, 2001). Nessa perspectiva, defendemos que os futuros: [...] professores necessitam ter três tipos de conhecimento: con- teúdo, conhecimento pedagógico do conteúdo e curricular. O pri- meiro tipo de conhecimento refere-se ao conhecimento do conte- údo específico, próprio da matéria a ser ensinada. É a quantidade e organização do conhecimento dos fatos e conceitos de uma área especifica [...] O segundo tipo de conhecimento diz respeito ao co- nhecimento pedagógico dos conteúdos, que vai além do conteúdo especifico, e está mais relacionado à capacidade de ensinar. Impli- ca analogia, exemplificação, demonstrações, explicações e outras formas de apresentação do conteúdo especifico com o objetivo de torná-lo compreensível para o aluno. O terceiro tipo de conheci- mento é o curricular, presente nos programas dos diferentes níveis de ensino, juntamente com os materiais didáticos relacionados a esses programas [...] compreende a estruturação e a organização de conhecimentos escolares e seus respectivos materiais, como li- vros-textos, propostas curriculares, jogos pedagógicos, vídeos, sof- twares, CD-ROMs etc. (FACCI, 2004 apud SOUZA, 2007, p. 36-37).

Dessa forma, durante a formação, cada disciplina deve con- tribuir para a materialização dos conteúdos específicos, das didá- ticas, das metodologias sem, contudo, perder de vista a sua espe- © Caderno de Referência de Conteúdo 11 cificidade. Esses conhecimentos necessários aos professores é que permitem a eles a interpretação do currículo, bem como da pro- posta pedagógica da escola. Considerando inclusive que as con- cepções de educação, os valores dos conteúdos, o conhecimento sobre o aluno, a realidade da escola e da sociedade em que está inserida estão expressos na proposta pedagógica. Outro fator, também importante na formação, é que os fu- turos professores devem estar cientes do seu papel enquanto su- jeito do processo educacional. É fundamental que o trabalho do professor, independente da sua disciplina, deve ser permeado por um trabalho coletivo, principalmente na elaboração do Projeto Po- lítico Curricular da escolar. No projeto algumas ações devem ser consideradas, tais como: Contextualização da escola – que deve apresentar os aspectos so- ciais, econômicos, culturais e geográficos, condições físicas e mate- riais, as características dos elementos humanos, e ainda, um breve histórico sobre a escola (faculdade ou curso); Diagnóstico da con- cepção de educação e de práticas escolares – que corresponde à concepção de escola e do perfil de formação dos alunos, princípios norteadores da ação pedagógico-didática; Diagnóstico da situação em que se encontra a escola – levantamento e identificação de pro- blemas e de necessidades a serem atendidas pelas ações do proje- to, definição das prioridades; Traçar objetivos gerais; Identificação da estrutura de organização e gestão da escola – aspectos orga- nizacionais, administrativos e financeiros; Elaboração da proposta curricular – contendo os fundamentos sociológicos, psicológicos, culturais, epistemológicos e pedagógicos e a proposta de organi- zação curricular (da escola, séries e/ou ciclos, plano de ensino das disciplinas); Programa e políticas de formação continuada dos pro- fessores; Proposta de intervenção no trato com os pais, comunida- de e outras escolas, e, formas avaliativas do projeto – visto que a avaliação constante do projeto garante o caráter dinâmico da vida escolar em todas as suas dimensões (SOUZA, 2007, p. 39).

Quanto ao projeto pedagógico acreditamos, assim como Souza, 2007, que: Para que o projeto pedagógico seja validado são necessários a par- ticipação e o trabalho coletivo, caso contrário, não passará de um mero documento institucional de gaveta. Os profissionais têm que, a partir dos eixos e da ementa da disciplina, articular os objetivos, conteúdos, metodologias de ensino, avaliação e bibliografia em

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consonância, mantendo uma harmonia pedagógica e objetivando a formação de homens para a sua sociedade. Deve-se ter em vis- ta que sem o desenvolvimento e o conhecimento proporcionados pela educação, o homem não se torna homem (p. 41).

De acordo com Tardif e Lessard (2005) apud Souza (2007, p.46): [...] a organização do trabalho pedagógico na escola é, antes de tudo, uma construção social contingente oriunda das atividades de um grande número de atores individuais e coletivos que buscam interesses que lhes são próprios, mas que são levados, por diversas razões, a colaborar numa mesma organização. Portanto, é a ação e a interação dos atores escolares, através de seus conflitos e suas tensões (conflitos e tensões não excluem colaborações e consen- sos), que estruturam a organização do trabalho na escola.

Em contrapartida, o projeto de uma disciplina deve ser de- senvolvido considerando a construção histórica e concreta dos conteúdos, as metodologias de ensino, os princípios do projeto pedagógico, o conhecimento e experiência do professor acerca da área em que atua e, pressupostos da educação e outras áreas de conhecimento que fazem articulação com a sua própria. Assim, entendemos ser de relevância, considerar na organi- zação do trabalho pedagógico a interdisciplinaridade como princí- pio na elaboração da proposta pedagógica, bem como da própria disciplina. No ensino a distância esses princípios, fatores e pressupos- tos apresentados e discutidos não são diferentes. Contudo, cabe ao acadêmico, por meio de uma organização temporal e didática participar de todos os momentos colocados a sua disposição no moodle (plataforma do curso). Na formação a distância a materialidade dos conhecimen- tos recaem nas leituras dos textos, na discussão dos fóruns, nos chats, nas vídeoconferências, web conferências dentre outras fer- ramentas colocadas a disposição da formação. Assim, requer certa responsabilidade e participação efetiva dos acadêmicos, afinal, so- mos sujeitos de nossa própria formação. © Caderno de Referência de Conteúdo 13

De forma mais específica entendemos que a formação a dis- tância deve objetivar uma formação que atenda as necessidades sociais mediante uma proposta política e pedagógica nos campos de intervenção referentes a educação física. Também é papel do curso articular conhecimentos e componentes curriculares articu- lando-os com as novas tecnologias de comunicação e informação, além da inclusão na rede mundial de computadores, acesso que permite a aproximação dos conhecimentos produzidos na área nos últimos tempos. A formação de professores, ou seja, o curso de Graduação a distância deve preocupar-se com as competências e habilidades dos futuros professores no que concerne a sua função enquanto formador, com conhecimentos advindos da pedagogia, da cultura e da sociedade da ciência e da política. Cada disciplina, em especial o Atletismo, deve dar condi- ções ao futuro professor de apreender novos conhecimentos, ao mesmo tempo em que possa reconstruí-los com base na cultura corporal do movimento humano, na tentativa de consolidar uma produção de conhecimento que seja significativa para o aluno e para a sociedade na qual está inserido. Além de tudo, por meio do texto, dos referenciais teóricos, apresentar, dar condições ao acadêmico de compreender como se dá a produção de conhecimento e a construção de saberes tanto da área da educação física quanto de outras áreas que com ela se articulam. A materialização desses conhecimentos deve se dar no cam- po pedagógico, quando o então professor conseguir lançar mãos de conteúdos, estratégias de ensino, metodologias e avaliações que permeiam o avanço científico e tecnológico da área, conse- guindo compreender as relações que permeiam o conhecimento do corpo com a educação, a cultura, a sociedade, a política e as necessidades básicas no ser humano.

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É primordial que na formação seja desenvolvida a autono- mia intelectual, reflexiva, investigativa, inquiridora dos acadêmi- cos, no sentido de se tornarem profissionais qualificados e críticos durante a formação e ao mundo do trabalho. Os pressupostos até agora apresentados e necessários para a formação de professores, não é diferente, pois o mesmo se ma- terializa na escola como um conteúdo de uma disciplina, Educação Física Escolar, e como os demais se articulam entre si, pois pos- suem especificidades, ao mesmo tempo que se aproximam. Não podemos considerar o atletismo como um esporte de base para os demais, haja vista que, além de ser o esporte prati- cado há centenas de séculos, para não dizer milhares, cada mo- dalidade praticada possui um rol de gestos técnicos que possuem uma especificidade, um sentido e um significado próprio da área. É certo que sua pratica é cerceada de movimentos intrínsecos ao ser humano desde a sua humanização, mas isso não é uma retórica que explicaria ou o colocaria como base para as demais modalida- des esportivas. O que nós profissionais da área da Educação Física e Esportes devemos entender é que, em todas as atividades moto- ras e atléticas, o andar, o correr, o saltar, o arremessar e o lançar, de uma forma ou de outra, estão presentes. Contudo, em cada atividade, jogo, brincadeira e esporte possuem gestuais, sentidos e significados diferentes. O atletismo por ser uma atividade motora de fácil assimila- ção na fase inicial de aprendizagem torna-se bem aceita no meio estudantil, além do que os materiais necessários para ensiná-lo são de certo modo fáceis de serem adaptados, fato que o aproxi- ma ainda mais da formação de alunos. No decorrer desse Caderno de Referência de Conteúdo, prin- cipalmente da Unidade 4, perceberemos que é possível a mate- rialização do ensino do atletismo na escola. Mesmo com mate- riais adaptados é possível que o professor faça uma abordagem de ensino que seja significativa e real para os alunos. Com base © Caderno de Referência de Conteúdo 15 em novas experiências e experiências por meio de atividades já conhecidas dos alunos, como os jogos e as brincadeiras, ensinar o atletismo dando autonomia para o aluno, para que além de co- nhecer o atletismo, possa escolher que tipo de prática gostaria de fazer, ou seja, na perspectiva do lazer ou da competição. Faça a diferença na sua formação, procure participar efetiva- mente de todas as possibilidades que lhe for oportunizadas.

Fonte: Diretório Acadêmico Mariana Amália. Disponível em:. Acesso em: 4 set. 2010. Figura 1 Educação a distância

Desejamos a todos bons estudos!

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Glossário de conceitos O Glossário permite a você uma consulta rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento dos temas tratados neste caderno. Para a indicação do Glossário estaremos dialogando com autores que se ocuparam da elaboração de dicionários sobre os temas aqui tratados, tais como: Tubino et al, (2007); Gomes et al. (2004); Parlebas (2008); González; Fensterseifer (2008); dentro outros autores que também trataram dessa temática como Kunz (1994); Souza (2007); (Daólio,2004 ). Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos: 1) Alto rendimento: relacionado ao esporte, o alto rendi- mento diz respeito a uma máxima exigência em relação aos fundamentos técnicos e táticos, em que a prepara- ção física e o próprio treinamento é realizado sistema- ticamente obedecendo a um tempo e um espaço pré- definidos por calendários. O trabalho realizado no alto rendimento é feito por meio de um pool de profissionais de forma interdisciplinar buscando um único objetivo (SOUZA, 2007). 2) Atividade física: é entendida como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos do qual resultam dispêndios energéticos (GONZÁLEZ; FENSTER- SEIFER, 2008). 3) Atletismo: é uma prática corporal e esportiva, em que as capacidades motoras humanas como andar, correr, saltar, lançar e arremessar são constantemente testadas e avaliadas seguindo um critério regulamentar imposto e gerido por uma entidade internacional. Sua prática re- monta a pré-história e sempre esteve ligado as comemo- rações religiosas e profanas (SOUZA, 2007). 4) Brincadeiras: é a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lú- dica. Pode-se dizer que é o lúdico em ação. Desta forma, brinquedo e brincadeira relacionam-se diretamente com © Caderno de Referência de Conteúdo 17

a criança e não se confundem com o jogo (KISHIMOTO, 2002). 5) Capacidades motoras: representação vivida do próprio corpo e de suas possibilidades dinâmicas de interven- ção, relacionadas antecipadamente de acordo com as características vinculadas ao espaço e aos instrumentos, ao tempo e ainda, impostas pelas obrigações da ação motriz desejada (Parlebás). Qualidade geral do indivíduo relacionada com a execução de uma variedade de habi- lidades ou tarefas. 6) Contextualização: é a ação do leitor em realizar um de- sencadeamento de ideias do texto, por meio do levan- tamento e fornecimento de informações a ele relacio- nadas. 7) Cultura: é a própria condição de vida de todos os seres humanos. É produto das ações humanas, mas é também processo contínuo pelo qual as pessoas dão sentido às suas ações. Constitui-se em processo singular e privado, mas é também plural e público. É universal, porque to- dos os humanos a produzem, mas é também local, uma vez que é a dinâmica específica de vida que significa o que o ser humano faz. A cultura ocorre na mediação dos indivíduos entre si, manipulando padrões de significa- dos e fazem sentido em um contexto específico (DAÓ- LIO, 2004). 8) Desenvolvimento motor: campo de investigação que estuda o comportamento motor (habilidades padrões, generalizações motoras e capacidades físicas) em po- pulações normais ou não, em diferentes faixas etárias. Estuda as teorias que fundamentam o sentido/significa- do do movimento humano no processo de desenvolvi- mento e aprendizagem humana. Estabelece princípios básicos para fundamentar a ação pedagógica (PALAFOX, 2002). 9) Educação Física: é uma prática pedagógica que trata/te- matiza as manifestações da nossa cultura e, essa prática busca fundamentar-se em conhecimentos científicos, oferecidos pelas abordagens das diferentes disciplinas. Ou seja, o campo acadêmico da Educação Física vem se

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constituindo a partir da absorção e/ou incorporação de práticas científicas fortemente marcadas por aborda- gens monodisciplinares do fenômeno do movimento humano ou da atividade física (BRACHT, 1997). 10) Educação Física Escolar: disciplina que compõe o currícu- lo da educação básica, que possui um saber necessário a formação do homem. Ela tematiza as diferentes formas culturais do movimentar-se humano, promovendo um esclarecimento crítico a seu respeito, desvelando suas vinculações com os elementos das demais áreas de co- nhecimento. Objetiva-se formar indivíduos dotados de capacidade crítica em condições de agir autonomamente na esfera da cultura corporal de movimento e de forma transformadora como cidadãos políticos (SOUZA, 2007). 11) Escola: é um espaço de produção do conhecimento, de socialização, de aprendizagem, de transformação, de emancipação, de ações reflexivas e críticas, que propor- ciona ao educando uma visão da sociedade, dando-lhe condições de compreendê-la, vivenciá-la e transformá- -la da melhor forma possível, na tentativa de obtenção da cidadania (SOUZA, 2007). 12) Esporte: uma atividade física regrada e competitiva, em constante desenvolvimento, construída e determinada conforme sua dimensão ou expectativa sociocultural, e finalmente, em franco processo de profissionalização, mercantilização e espetacularização (GONZÁLEZ; FENS- TERSEIFER, 2008). 13) Fundamento regulamentar: são gestos realizados por atletas que possuem uma regulamentação quanto a for- ma de execução, instituída pelo órgão máximo da moda- lidade em questão. 14) Fundamento técnico: são gestos motores realizados por atletas na execução dos movimentos biomecanicamente construídos no sentido de alcançar o máximo rendimento. 15) Habilidades motoras: pressupõe ações motoras volun- tárias do indivíduo objetivando realizar alguma ação. As habilidades motoras são apreendidas e, a aprendizagem dessas habilidades ocorre no decorrer do desenvolvi- mento humano, bem como o seu aperfeiçoamento. © Caderno de Referência de Conteúdo 19

16) Jogo: poderíamos considerá-lo uma atividade livre; conscientemente tomada como "não-séria" e exterior à vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorver o jogador de maneira intensa e total. É uma atividade desligada de todo e qualquer lucro, praticada dentre de limites espaciais e temporais próprios, segundo uma cer- ta ordem e certas regras. Promove a formação de grupos sociais com tendência a rodearem-se de segredo e a su- blinharem sua diferença em relação ao resto do mun- do por meio de disfarces ou outros meios semelhantes (HUIZINGA, 1999). 17) Lazer: fenômeno tipicamente moderno, resultante das tensões entre capital e trabalho, que se materializa como um tempo e espaço de vivências lúdicas, lugar de organização da cultura, perpassa por relações hegemô- nicas (GOMES, 2004). 18) Mídia: é todo suporte de difusão da informação que constitui um meio intermediário de expressão capaz de transmitir mensagens; o conjunto dos meios de comuni- cação social de massas [Abrangem esses meios o rádio, o cinema, a televisão, a imprensa, os satélites de comu- nicações, os meios eletrônicos e telemáticos de comuni- cação etc.] (HOUAISS, 2009). 19) Problematização: é um exercício intelectual e social que demanda um levantamento de problemas e questiona- mentos em relação às mensagens apresentadas em um texto, que tem o propósito de elevar a discussão e, con- sequentemente, o conhecimento a um ponto de vista mais objetivo e científico, fato que permite uma tomada de consciência mais elevada de si mesmo e do mundo em que vive. 20) Sociedade: organização humanamente fundada ou sis- tema de interrelações que articula indivíduos em uma mesma cultura. Todos os produtos da interação huma- na, a experiência de viver com outros em torno de nós. A interação se dá por meio da partilha de valores, normas, propósitos, costumes, crenças, ideologias, etc.

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21) Tática: método ou habilidade utilizada pelo atleta ou equipe, para sobrepor-se ao adversário em situações de disputa e/ou confronto. 22) Técnica: domínio dos gestos motores de uma determi- nada modalidade esportiva que o atleta executa em ações individuais. 23) Treinamento desportivo científico: “é a forma funda- mental de preparação, baseada em exercícios sistemá- ticos, representando um processo organizado pedago- gicamente com o objetivo de direcionar a evolução do desportista" (Matveiev, 1983, s/n). Uma ação sistemáti- ca de treinamento implica na existência de um plano em que se define igualmente os objetivos parciais, os conte- údos e os métodos de treinamento, cuja realização deve desenvolver mediante controle dos mesmos (Dicionário de Ciências do Esporte, 1992). Bompa (1983) define o treinamento como uma atividade desportiva sistemática de longa duração, graduada de forma progressiva a nível individual, cujo objetivo é preparar as funções humanas, psicológicas e fisiológicas para poder superar as tarefas mais exigentes.

Esquema dos conceitos-chave Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais im- portantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Es- quema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteú- do. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignifican- do as informações a partir de suas próprias percepções. É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en- tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino. © Caderno de Referência de Conteúdo 21

Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esque- mas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimen- to de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es- colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es- tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem. Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape- nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci- so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con- siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei- tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog- nitivas, outros serão também relembrados. Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da construção do próprio conhecimento, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações in- ternas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por ob- jetivo tornar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou de co- nhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponível em: . Acesso em: 11 mar. 2010).

Claretiano - Centro Universitário 22 © Atletismo

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Figura 1 Esquema dos conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo: Atletismo.

Como você pode observar, o esquema anterior apresenta- -lhe uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo. Seguindo esse esquema, você poderá transitar entre um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu processo edu- cativo. Por exemplo, com base no Esquema dos Conceitos-chave, é possível compreender com mais facilidade que o conceito de Elemento Sócio-Cultural tanto pode estar associado ao atletismo enquanto esporte escolar, como ao lazer e também para o esporte de alto rendimento, dependendo, para isso, da reflexão e da crítica realizadas. Observamos que o Esquema dos conceitos-chave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem somar-se àqueles dispo- níveis no ambiente virtual com suas ferramentas interativas, bem como às atividades didático-pedagógicas realizadas presencial- © Caderno de Referência de Conteúdo 23 mente no pólo. Lembre-se de que você, aluno na modalidade à distância, pode valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio conhecimento.

Questões autoavaliativas No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha ou abertas com respostas objetivas ou dis- sertativas. Vale ressaltar que se entendem as respostas objetivas como as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada, inalterada. Responder, discutir e comentar essas questões, bem como relacioná-las com a prática do ensino de Atletismo pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a re- solução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhe- cimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profis- sional. Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabari- to, que lhe permitirá conferir as suas respostas sobre as questões autoavaliativas (as de múltipla escolha e as abertas objetivas).

As questões dissertativas obtêm por resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado. Por isso, não há nada relacionado a elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus colegas de turma.

Bibliografia básica É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio- grafias complementares.

Claretiano - Centro Universitário 24 © Atletismo

Figuras (ilustrações, quadros...) Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte- grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra- tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con- teúdos, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o con- ceitual faz parte de uma boa formação intelectual.

Dicas (Motivacionais) Este estudo convida você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo de emancipação do ser humano. É importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com- partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade. Você, como aluno do curso de Graduação na modalidade EAD e futuro profissional da Educação, necessita de uma forma- ção conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas. É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode- rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ- ções científicas. Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. © Caderno de Referência de Conteúdo 25

No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure- cimento intelectual. Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores. Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você.

Claretiano - Centro Universitário Claretiano - Centro Universitário Compreendendo o EAD esporte 1

1. OBJETIVOS • Compreender como se materializam na prática social e educacional as manifestações do Esporte/Atletismo. • Relacionar as manifestações do Esporte/ Atletismo e o ensino da Educação Física na Escola. • Refletir e contextualizar as práticas nas manifestações do Esporte/Atletismo e como as instituições (políticas, finan- ceiras e educacionais) se apropriam delas e influenciam a sociedade.

2. CONTEÚDOS • Esporte. • Esportes enquanto instrumento apropriado. • Esporte contemporâneo. • Manifestações do esporte. 28 © Atletismo

• Esporte de lazer. • Esporte educacional. • O uso do doping.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE

Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Para que você consiga realizar leituras significativas para sua formação procure, inicialmente, fazer uma leitura preliminar, identificando palavras, termos científicos e autores que você não conhece. Para isso, às vezes, é necessário recorrer a um dicionário específico da área. Isso porque, a compreensão desses termos e autores o auxiliarão na assimilação dos conteúdos tratados nessa unidade. 2) É importante também situar sempre tanto os autores como os fatos com a história cultural, educacional, social e política da sociedade em que ocorreram, uma vez que a lógica nas mudanças possuem estreita relação com a história de uma forma geral. 3) Lembre-se que este texto é introdutório. Para aprofun- dar questões que são tratadas nele é necessário buscar novas leituras que possuem novos olhares sobre o tema. A rede mundial de computadores é um ótimo lugar para isso, portanto, procure artigos, resenhas, que foram pu- blicadas em revistas cientificas digitalizadas, pois pos- suem uma qualidade mais apurada. Da mesma forma que deve utilizar as bibliotecas virtuais das universida- des, para pesquisar em dissertações e teses, no qual é um campo rico em informações científicas.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE

Que a leitura desse texto não seja vista de forma obrigatória na formação, mas que seja vista e refletida como um convite na © U1 - Compreendendo o esporte 29 tentativa de elucidar questões a respeito da prática esportiva, em especial do Atletismo, pois, partindo do pressuposto que somos sujeitos de nossa própria educação, devemos sempre buscar no- vas leituras, novos olhares sobre as linguagens representadas pela grafia, pelo corpo, pela fala, pelas imagens e pela web. Fato bem elucidado por Merleau-Ponty (1996) [...] eu não sou o resultado ou o entrecruzamento de múltiplas cau- salidades que determinam meu corpo ou meu 'psiquismo', eu não posso pensar-me como uma parte do mundo, como o simples obje- to da biologia, da psicologia e da sociologia, nem fechar sobre mim o universo da ciência. Tudo que sei do mundo, mesmo por ciência, eu o sei a partir de uma visão minha ou de uma experiência do mundo sem a qual os símbolos da ciência não poderiam dizer nada (apud KUNZ, 2009, p. 31).

Diante disso, acreditamos que o adentrando no conhecimen- to acerca de um determinado assunto, nesse caso específico do esporte (atletismo), o acadêmico do curso de EAD, esteja prepara- do para realizar fantásticas aventuras, utilizando-se da imaginação refletidas nas imagens, nos textos, nos livros, nas pessoas, na rede mundial de computadores e nos atletas. Entendemos que antes de entrar na especificidade do ensino do atletismo na formação de professores e também na formação de alunos na educação básica, faz-se necessário uma discussão acerca do fenômeno esportivo, para compreender a sua influência nas aulas de educação física, bem como na vida cotidiana do ser humano de uma forma geral. Assim, passaremos a seguir a apre- sentar e discutir vários autores que contribuíram com a temática em questão.

5. ESPORTE

Considerando que o esporte é um fenômeno sociocultural, historicamente ele vem sendo tratado, modificado e usado na me- dida em que as instituições sociais, educacionais, econômicas e políticas se apropriam dele.

Claretiano - Centro Universitário 30 © Atletismo

Na tentativa de contribuir para uma conceituação aproxi- mada do esporte e entendendo a complexidade em defini-lo, o Dicionário Crítico de Educação traz a seguinte contribuição a esse respeito: [...] uma atividade física regrada e competitiva, em constante de- senvolvimento, construída e determinada conforme sua dimensão ou expectativa sociocultural, e finalmente, em franco processo de profissionalização, mercantilização e espetacularização (2008, p. 129).

Marchi Júnior (2002, p. 77) afirma que Na atualidade, o esporte tem sido considerado uma das manifesta- ções culturais que, marcadamente, mais têm apresentado evoluções e transformações, sejam elas de ordem técnicas ou de referentes à forma de exposição e absorção pela sociedade. Desta consideração emerge o entendimento do esporte como um fenômeno social em processo de constituição, ou seja, as práticas esportivas refletem, na análise de seu contexto histórico, continuidades e rupturas que caracterizam a expansão de suas fronteiras [...].

Como se sabe o esporte surgiu na Inglaterra e, inicialmen- te, foi praticado em escolas, contudo, as modalidades esportivas surgiram em diferentes espaços e de acordo com a necessidade, objetivando sempre uma prática que atendesse a um determinado grupo social. Stigger (2005, p. 14) com base nos referenciais de Mandell, afirma que [...] diversos esportes existiam antes da fundação dos grandes im- périos e refere-se a exemplos de práticas esportivas realizadas em diferentes momentos históricos e localizações geográficas. Nesse percurso, chega à Inglaterra do século XIX, onde considera ter sido inventado o esporte moderno. Especificamente sobre este, con- sidera-o fruto das transformações da sociedade inglesa, marcada pelo processo de industrialização, pelo desenvolvimento tecnoló- gico e por novas formas de organização, assim como por algumas características daí recorrentes: a racionalização, a estandardização e a precisão das medições.

As modalidades esportivas surgiram ao longo do tempo, a exemplo: o futebol surgiu nas escolas inglesas; o basquetebol foi criando por um professor da ACM (Associação Cristã de Moços) © U1 - Compreendendo o esporte 31 nos Estados Unidos para alunos; o voleibol também criado pelo professor de educação física da ACM (Associação Cristã de Moços de Massachusetts) cujo objetivo era criar um jogo sem contato fí- sico, principalmente para pessoas com idades mais avançadas; o handebol que possui controvérsias quanto a sua origem, mas sen- do que a mais aceita, inclusive pela IAF (Federação Internacional de Handebol) é que surgiu na Alemanha, para atender a necessi- dade de novas práticas, principalmente voltadas para as mulheres; e o atletismo que incontestavelmente é a modalidade esportiva mais antiga que se tem conhecimento.

As modalidades esportivas: para este estudo, a ênfase será dada as modalidades que se materializam enquanto conteúdo da edu- cação física na escola, como: o basquetebol, o futebol, o hande- bol, o voleibol e com ênfase no atletismo.

O atletismo é um esporte que surgiu ainda na antiguidade, em que cidades paravam, inclusive guerras, para realizarem com- petições de corridas, lançamento de dardo, arremesso de peso dentre outras provas, como arco e flecha, corrida de bigas, lutas corporais e também com espadas. As modalidades esportivas mais conhecidas e ensinadas em ambientes escolares são o futebol, o handebol, o basquetebol, o voleibol e atletismo, devido ao espaço comum exigido para sua prática. Contudo, o atletismo na maioria das vezes é deixado de lado por professores de educação física em decorrência da falta de espaço específico e também de material, mas esse assunto será abordado com maior ênfase mais a frente.

6. ESPORTES ENQUANTO INSTRUMENTO APROPRIAͳ DO

Diante dos caminhos percorridos pela prática esportiva per- cebemos que os objetivos do esporte moderno não se modifica-

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ram na contemporaneidade. Proni (2002) afirma que o esporte moderno tem seu aparecimento no decorrer do desenvolvimen- to do capitalismo industrial, e que a comercialização dos grandes eventos esportivos tem por objetivo gerar lucros, o que leva alguns autores a comparar o esporte como um produto do capitalismo. Apesar disso, devemos estar atentos para isso, pois, na verdade as indústrias e marcas esportivas, bem como governos, utilizam do esporte para promover suas marcas e suas políticas públicas. Fatos que acabam por gerar aumento de consumo e mascaramento de políticas assistencialistas. Esses fatos são facilmente comprovados quando vemos nos meios de comunicação a utilização da imagem de grandes atletas como sinônimos de marcas esportivas, alimentos, bancos, dentre outros. Além de projetos e políticas governamentais que trazem como slogan que o "esporte é saúde", "esporte não é droga", por- tanto, “pratique esporte”. Com base nessas proposições concordamos com Souza (2003, p. 109) quando afirma que o esporte "hoje em dia está a serviço, principalmente, de instituições financeiras e passou a ser um produto vendido de variadas formas: trabalho, mercadorias e entretenimento". Ou seja, se as pessoas são atletas de finais de semana consomem os mesmos produtos que os atletas profissio- nais; se são apenas admiradores pagam ingressos e sistema de TV fechada para assistir a jogos, shows e jornais especializados. Se as pessoas são atletas profissionais vendem seu talento para a em- presa/clube que pagar mais. De acordo com as influências que o esporte vai sofrendo ao longo de sua história e prática, assume papéis e significados dife- renciados. Segundo Souza (2003, p. 108), [...] o esporte constitui-se a partir dos sentidos e direcionamentos tomados pela prática, podendo o mesmo se constituir em "esporte social e esporte espetáculo". Diante disso, o esporte social pode ser considerado de responsabilidade do Estado e compreende o cam- po sócio-educacional (esporte educação ou esporte na escola – es- porte educacional e esporte escolar) e o esporte na comunidade ou © U1 - Compreendendo o esporte 33

esporte-lazer. O esporte espetáculo que abrange o esporte de ren- dimento, principalmente o de alto rendimento, vai se modificando em função da mídia e da própria burocratização, transformando-se em grandes espetáculos, como é o caso da Liga Mundial de Voleibol e o Campeonato Americano de Basquetebol.

Nessa mesma perspectiva Linhares (1997, p. 228) afirma que: O esporte transforma-se em um negócio lucrativo na medida em que a "indústria esportiva" comporta uma infinidade de produtos rentáveis. Além do próprio espetáculo esportivo que, a cada dia, refina e amplia sua condição de mercadoria, outros mercados cres- cem em função do esporte, produzindo e comercializando uma in- finidade de produtos e serviços. Esse movimento que, por um lado, significa a massificação da oferta do esporte como um produto de consumo, por outro, descaracteriza a idéia do esporte como um direito social (p. 228).

Também a esse respeito Bracht (2002, p. 196) chama a aten- ção, principalmente, para o esporte como prática de lazer. Ele afir- ma que: A mercadorização do esporte significa a extensão da lógica da mer- cadoria para o âmbito das práticas corporais (de lazer), tanto no sentido de consumo de prestação de serviços (serviços e equipa- mentos) quanto na produção e no consumo de espetáculo esporti- vo e de seus subprodutos. Normalmente se discute ou se entende que a mercadorização do esporte acontece apenas no plano do esporte-espetáculo, como aprofundamento do esporte do espor- te profissional com o seu acoplamento ao sistema dos meios de comunicação de massa. É claro que hoje que esse esporte é hoje um segmento, dos mais significativos, da economia mundial (as cifras que o negócio do esporte movimenta são realmente signi- ficativas).

Assim, no que se refere ao esporte que deveria ser de acesso de todos, é importante perceber que: [...] a prática esportiva não tem o poder de evitar doenças, não di- minui a evasão escolar e, muito menos, o uso de drogas e a cri- minalidade. Se esses aspectos fossem verdadeiros, como se expli- caria o número de acidentes entre atletas causados pelo uso de anabolizantes (drogas para melhorar o rendimento)? Além do mais, o esporte por si só não daria conta do que é de responsabilidade do Estado, a exemplo disso, podemos observar que para alcançar os objetivos propostos nos programas e projetos do Ministério do

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Esporte são necessárias políticas públicas sociais e educacionais, ou seja: aumento de empregos, possibilidade de moradia, escolas de qualidade, melhoria do sistema de saúde, melhoria salarial para os profissionais e aumento de vagas no ensino. Mas essas políticas de- vem ser reais e não assistencialistas, devem ser efetivadas para que crianças, jovens e adultos tenham condições de obter uma qualida- de de vida ativa (SOUZA, 2007, p. 110).

Kunz (1994, p.22) citado Souza (2007, p. 112) afirma que: O esporte é atualmente um produto cultural altamente valorizado em todo mundo, pelo menos no sentido econômico. São investi- das somas extraordinárias para que resultados cada vez melhores sejam alcançados. E a ciência que está a sua disposição não é uma ciência com interesse no humano ou na sua dimensão social, mas com um interesse tecnológico e de rendimento (p. 22).

Diante do exposto a escola deve-se apropriar do esporte no sentido em que os alunos sejam capazes de fazer uma leitura crí- tica e real da situação do esporte. E, tendo por base as constan- tes transformações no campo econômico, político e social que os sujeitos do processo educacional sejam capazes de lutar por "de- mandas em que as políticas públicas sejam efetivas no campo da educação e sociedade de uma forma geral". Nesse sentido a formação de professores, presencial ou a distância deve manter em seus currículos disciplinas que discutam com eficácia, as questões que envolvem o ensino do esporte como um todo, ou seja, nas manifestações esportivas, que a literatura nos traz: lazer, educacional e rendimento.

7. ESPORTE CONTEMPORÂNEO

Para retratar as questões ligadas ao esporte contemporâneo utilizaremos a descrição que consta no Dicionário Enciclopédico Tubino do Esporte (2007, p. 37): O esporte contemporâneo é considerado um "fenômeno sociocul- tural cuja prática é considerada direito de todos e que tem no jogo o seu vínculo cultural e na competição seu elemento essencial, o qual deve contribuir para a formação e apropriação dos seres hu- manos ao reforçar o desenvolvimento de valores como a moral, a © U1 - Compreendendo o esporte 35

ética, a solidariedade, a fraternidade, e a cooperação, o que pode torná-lo um dos meios mais eficazes para a convivência humana. Ainda, segundo o Dicionário, as práticas esportivas ao longo da história ganham sentido e significados diferentes, considerando as questões culturais, sociais, políticas e econômicas e ainda as di- reções que seguem a prática. Nesse sentido as práticas podem se constituir, também com base na legislação esportiva em esporte social e esporte-espetáculo. O esporte social ganha relevância gradualmente tornando-se uma das responsabilidades mais marcantes do Estado. O Esporte-Es- petáculo, que inicialmente abrangeu o esporte de rendimento e, principalmente, o esporte de alto rendimento, em toda a sua ple- nitude, vai aos poucos tornando-se uma função da mídia. Pelas várias implicações sociopolítico-econômicas dos fatos es- portivos da contemporaneidade, o Esporte ganhou uma dinâmica impressionante, que fez o mundo esportivo desenvolver-se por correntes ou vertentes esportivas, a saber: esportes tradicionais; esportes de aventura/ na natureza/radicais; esportes das artes marciais; esportes de identidade cultural; esportes intelectivos; es- portes com música; esportes com motores; esportes com animais; esportes adaptados; esportes militares; e esportes derivados de outros esportes (DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO TUBINO DE ESPOR- TE, 2007, 37, grifos dos autores).

O dicionário ainda descreve que o esporte contemporâneo pode ser estudado com base em duas vertentes: formal e não formal. O formal (institucionalizado) é quando a prática esportiva está vinculada as regras institucionalizadas, sem nenhuma altera- ção (regras instituídas por federações internacionais). E, quando ocorrem alterações às regras para atender a demanda de quem joga, a prática esportiva é considerada como não formal ou não- institucionalizada. Como por exemplo: campeonato mundial de atletismo, como prática esportiva formal; e, prática esportiva em praças e clubes sociais, em que há uma necessária adaptabilidade às regras, para dar condições de jogo às pessoas. No esporte contemporâneo, as práticas esportivas ganham sentidos diferenciados de acordo com a direção tomada. Nessa perspectiva o ele pode ser entendido com base na expressão de suas manifestações:

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a. Esporte-educação ou esporte na escola (esporte educacional e esporte na escola); b) Esporte na comunidade (esporte-lazer); c) esporte institucionalizado ou esporte de desempenho (esporte de rendimento e esporte de alto-rendimento) (DICIONÁRIO EN- CICLOPÉDICO TUBINO DE ESPORTE, 2007, p. 37).

8. MANIFESTAÇÕES DO ESPORTE

A importância em estudar as manifestações do esporte se configura pelo fato de que tanto professores quando alunos de- vem compreender o esporte e suas possibilidades de práticas. Essa compreensão da qual estamos falando se refere à formação de alunos que por princípios privilegia a reflexão crítica, a autonomia, a emancipação e a práxis. Esses princípios têm como objetivo for- mar sujeitos capazes de fazer escolhas dentro ou fora do ambiente escolar, ou seja, se querem, com base em sua formação, fazer es- colhas quanto à prática do esporte, seja enquanto espectadores, jogadores de tempo livre (lazer), ou ainda se tornar atletas de uma determinada modalidade esportiva. Tanto na literatura específica da área do esporte e da edu- cação física, quanto na legislação brasileira acerca do esporte, as manifestações do esporte de classificam em: • esporte educacional (escolar); • esporte de participação (lazer); • esporte de alto rendimento (alto nível, profissional). A seguir, estaremos dialogando com alguns autores que se ocuparam com esse tema, ou que de alguma forma contribui para o conhecimento e esclarecimento de cada uma dessas manifesta- ções.

Esporte de alto rendimento O esporte de alto rendimento tem-se perpetuado ao longo da história na cultura, na sociedade e também na Educação Físi- © U1 - Compreendendo o esporte 37 ca. Hoje, mais do que em outros tempos, passou a fazer parte do nosso cotidiano, devido ao fato de ser um dos principais assuntos da mídia. Observando isso, basta prestarmos a atenção em alguns detalhes, tais como: os jornais impressos possuem cadernos de notícias especializados sobre o esporte; os canais televisivos tam- bém possuem programas especializados diariamente, além de apresentar notícias nos grandes programas jornalísticos. Existem revistas também especializadas da área e ainda conta com espaço em revistas como: Isto é, Veja dentre outras. O esporte de alto rendimento recebe vários nomes de acor- do com a literatura da área, também recebe a nomenclatura de esporte espetáculo, esporte de alto nível e esporte especializado. Segundo Souza (2007, p. 115), O esporte de rendimento é caracterizado pelo esporte "profissio- nal", em que os atletas são empregados de uma determinada em- presa ou clube, dedicando seu tempo a treinamentos físicos, téc- nicos e táticos sob o comando de equipes especializadas formadas por técnicos, assistentes técnicos, médico, psicólogo, fisioterapeu- ta, preparadores físicos, dentre outros. O trabalho realizado com esses atletas está sob a ótica do treinamento científico e tecnoló- gico e ainda de acordo com os calendários das respectivas Federa- ções e Confederações.

Assim, entendemos o esporte de alto rendimento como uma prática que compreende níveis de execução (técnico e tático) su- periores, que são acompanhados de treinamentos especializados, com bases científicas e tecnológicas, que contam com a participa- ção de empresas de materiais esportivos, equipes científicas da área médica, tecnológicas, profissionais da área de educação física e esporte, marketing, gestão esportiva dentre outras. O esporte de alto rendimento é o esporte disputados nos grandes campeonatos mundiais e nacionais tais como: Campeo- nato Brasileiro de Futebol, Troféu Brasil de Atletismo, Olimpíadas, Copa do Mundo de Futebol, Copa Diamante de Atletismo, Liga In- ternacional de Voleibol.

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De acordo com Röthig (1983) apud Weineck (1991, p. 14) [...] o esporte de alto nível é o esporte competitivo praticado em nível regional, nacional e internacional, com o objetivo do desem- penho máximo absoluto. Os principais critérios são recordes e su- cesso internacional.

O esporte de alto rendimento é o nível de prática esportiva em que há uma maior influência do sistema econômico e político, devido ao grande alcance populacional divulgado pela mídia de uma forma geral. As somas investidas anualmente tanto nos cam- peonatos, quanto em atletas (individualmente) chegam a superar os investimentos de países, como o Brasil, no que se refere às polí- ticas públicas de intervenção na área de esporte como um todo. Por meio de tecnologias de ponta, grandes empresas de ma- terial esportivo, tem investido de forma substancial na fabricação tanto de equipamentos esportivos, quanto de instalações. As em- presas têm conseguido resultados fantásticos na melhoria da qua- lidade dos produtos e, consequentemente, na melhoria da prática esportiva, no que se refere a superação de resultados, marcas e rendimento de atletas. Esse fato pode ser notado no investimento realizado nos projetos para reforma e construções de instalações para abrigar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas em 2016. O esporte de alto rendimento tem como princípios básicos, a busca pela superação, o rendimento técnico, o treinamento cientí- fico, a especialização de papéis, que o diferencia das demais possi- bilidades de práticas. Essa diferenciação é perceptível do ponto de vista técnico, nas características exigidas nas atividades motoras e interações sociais e educacionais que cada manifestação (dimen- são) do esporte exige. No mundo contemporâneo objetivando elucidar e efetivar essas formas de atividades nas manifestações do esporte, a área da Educação Física, principalmente nas universidades brasileiras, esse tema foi (e talvez ainda seja) centro de discussões e pesquisas tendo-o como expressão da cultura corporal de movimento. © U1 - Compreendendo o esporte 39

Quanto a isso Bracht (2009, p. 11-12) ) afirma que: Efetivamente o esporte de rendimento já esteve no centro das dis- cussões pedagógicas na educação física (EF). Algumas razões para tanto foram ou são: b) o esporte (de rendimento) tornou-se a expressão hegemônica da cultura de movimento no mundo moderno; b) uma das bases da legitimação do sistema esportivo era sua alegada contribuição para a educação e a saúde; c) o esporte é/era o conteúdo domi- nante no ensino da EF; d) o sistema esportivo viu na escola uma instância contribuidora importante para o seu desenvolvimento, uma de suas "bases"; e) com a sociologia crítica do esporte (e da educação) surgem dúvidas ao valor educativo do esporte

Como veremos mais adiante, não é papel da Educação Física Escolar tratar o esporte como seu único conteúdo. Deve sim tema- tizá-lo e incorporá-lo como uma atividade física capaz de contribuir com o desenvolvimento do ser humano. Contudo, os professores devem negar o ensino do esporte que o trata [...] com a mesma lógica com que é praticado no contexto das com- petições esportivas federadas; conscientes ou não, essa perspectiva visualizava a escola como mera transmissora dos valores culturais da sociedade na qual está inserida (STIGGER, 2005, p. 106-107).

Diante do exposto podemos afirmar que o esporte de alto rendimento tem como objetivo principal a melhoria do desempe- nho pessoal e coletivo. A alegria em jogar ou no movimentar-se fica em segundo plano, da mesma forma que o convívio social fica relegado a obrigatoriedade dos treinos e confinamentos de con- centrações. Assim, o convívio social fica restrito a equipe de trei- namento (WEINECK, 1991). No caso do atletismo existem hoje centros de treinamentos espalhados pelo Brasil, como é o caso dos Estados do Amazonas e de São Paulo em parceria com empresas (Caixa Econômica Fe- deral). Ex-atletas, como André Domingos tem viajado por todo o Brasil divulgando o projeto e ainda, de olho em "pequenos atletas" (considerados amadores), para que os mesmo possam fazer parte dos projetos existentes, com o intuito de que com base nos trei- namentos especializados possam se tornar atletas de ponta, com vistas inclusive para a participação nas Olimpíadas de 2016.

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Esporte de Lazer Seguindo a mesma lógica do tópico anterior, também usare- mos aqui a definição de esporte-lazer baseada no Dicionário Enci- clopédico Tubino de Esportes (2007, p. 42). É o esporte praticado na comunidade, pelo aproveitamento das oportunidades de práticas esportivas existentes ou como conse- qüência de promoção de instituição pública ou privada. É também muito conhecido como esporte na comunidade e às vezes como esporte popular. É praticado de modo voluntário com modalidades institucionalizadas ou não, com regras oficiais ou adaptadas. Deve contribuir para a integração dos praticantes, promovendo a saúde dos mesmos e outros aspectos da vida social. Os princípios da parti- cipação, da inclusão e do prazer são essenciais no esporte-lazer.

Se partirmos do princípio do que a gênese do esporte reside no jogo, podemos afirmar que a prática do jogo surgiu da neces- sidade das sociedades em praticar uma atividade lúdica que fos- se caracterizada de uma livre escolha, de forma desinteressada de fins, tempo e espaço. Diante disso, concordamos com Stigger (2005, p. 114) quando afirma que "o esporte é resultado de uma ruptura com os jogos e passatempos realizados antes do seu sur- gimento". O esporte de lazer ou como prática de lazer deve ter outro sentido e significado para quem o pratica. Assim, diferentemente do esporte de alto rendimento, o esporte de lazer deve ser, segun- do Bracht (1997, p. 83), uma prioridade do estado e "[...] precisa ser entendido como um elemento da cultura/lazer e ser inserido no plano das políticas culturais/lazer e como tal estar integrado às outras políticas sociais". Segundo Padiglione (1995, p.32) citado por Stigger (2005, p. 71) "um esporte, se bem estruturado por regras, valores e cená- rios simbólicos, pode sempre ser manipulado de forma lúdica e consciente por parte de grupos sociais e realidades locais". Isso nos leva a crer que a prática esportiva na perspectiva do lazer deve também, ser direcionada de forma que os praticantes entendam © U1 - Compreendendo o esporte 41 de forma crítica e consciente o sentido e o significado do esporte em suas manifestações, com ênfase é claro no modo de fruição da busca pelo lazer e pela qualidade de vida ativa. Souza (2007, p 116) afirma que: O esporte de lazer ou de participação é caracterizado pela partici- pação espontânea do indivíduo, podendo o mesmo ser dirigido por clubes, entidades de classes e praças esportivas ou ainda, podendo ser praticado sem direção, quando o intuito somente é de reunir os amigos e jogar uma "partida" sem interferência de um profissional ou árbitro (grifos da autora).

Também nessa perspectiva de adotar novas perspectivas na prática do esporte, Stigger (2005, p. 116) afirma defender que "no contexto do lazer e em universos culturais particulares, indivíduos e grupos apropriam-se do esporte de diversas formas, ressignifi- cando-o". A prática do esporte com vistas ao lazer deve partir do prin- cípio de que Cada vez mais precisamos do lazer que leve a convivencialidade, mesmo, por paradoxal que isso possa parecer, sendo fruído indivi- dualmente. Convites à convivência significam minimizar os riscos da exacerbação dos próprios componentes do jogo, tão bem co- locados por Callois (1990), e aqui por mim retomados, em inter- pretação livre: a competição, que não leve à violência, a vertigem que não leve ao risco não calculado de vida, a imitação, que não promova o fazer de conta imobilizante da pior fantasia, sorte/azar, que não provoque alheamento. E não se trata de censura, ou coisa que o valha, sobre o que fazer, mas posições ou proposições, do como fazer (MARCELLINO, 2001, p. 21-22).

Desta forma, ao procurarmos uma prática de esporte que nos torne acima de tudo seres sociais, que em busca de fruição da qualidade de vida possamos realizar atividades em que o coletivo esteja acima do individual. Não há uma prática, na perspectiva do lazer que não possa ser compartilhada, pois concordamos com An- drade (2001, p. 157) quando afirma que O lazer é um dos mais eloquentes modos naturais de celebração da vida; uma maneira especial de depuração das limitações vitais na- turais e adquiridas, além de garantia da esperança de que os níveis e a qualidade de vida individual e coletiva podem melhorar, pelo

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menos um pouco. Sempre que as pessoas se divertem, sua vida ganha novos sentidos e ampliam-se os horizontes de suas expecta- tivas e esperanças.

Desse modo, compreendemos que a prática de uma atividade física para atender aos anseios de quem a pratica deve acontecer com base na espontaneidade, sem regras rígidas que conduzam a forma de fazer (jogar), e ainda, que os momentos sejam de alegria, descompromissados, e acima de tudo, usufruído com liberdade e ao mesmo tempo com certo ordenamento capaz de gerar descon- tração e afirmação de seus praticantes (ANDRADE, 2001). Quanto à procura por uma determinada prática, Andrade (2001, p. 128-129) afirma que As opções individuais por tipos, formas e modos de lazer procedem de motivações e conveniências internas e externas, que dependem da formação de cada indivíduo, e variam de acordo com suas ha- bilidades, ideias a respeito da vida e seus conceitos de tempo de trabalho e de tempo livre, de diversão e dos graus pretendidos para recuperação de energias, em repouso, distração ou entretenimen- to. A escolha por praticar alguma modalidade do atletismo no tempo livre, muitas vezes, fica no campo dos corredores de rua e cross-country (tipo de corrida rústica, realizada em terrenos irregu- lares e/ou acidentados). E, invariavelmente, as pessoas que optam por esses dois tipos de atividade, devido à prática estar associada ao seu tipo de trabalho, como é o caso dos garis (pessoas que tra- balham na limpeza urbana) e repórteres esportivos que cobrem maratonas, acabam aderindo a prática da corrida de rua. Em ou- tros casos, temos as pessoas que para a melhoria das condições de saúde corporal começam a fazer caminhada nas praças e acabam por se tornarem corredores de ruas. Em todos os casos anteriores, alguns chegam até a participarem de alguns eventos nacionais e até mesmo internacionais como é o caso da São Silvestre.

Esporte Educacional Entender o fenômeno esportivo em ambiente escolar antes de tudo é necessário situar em qual perspectiva é tratado, tanto © U1 - Compreendendo o esporte 43 por vias legais quanto por vias de domínio da área da educação física e do esporte. Perspectivas essas que auxiliaram na discussão com autores que se têm debruçado sobre o tema em questão. O esporte educacional, segundo Tubino et al. (2007) [...] compreende as atividades praticadas nos sistemas de ensino e nas formas assistemáticas de Educação, evitando-se a seletividade e a hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação para a cidadania e a pratica do lazer ativo. O esporte Educacional, para que assim seja considerado, deve ser praticado referenciado em princípios socioeducativos, tais como: (a) princípio da inclusão; (b) princípio da participação; (c) princípio da cooperação; (d) princí- pio da co-educação; (e) princípio da co-responsabilidade; e outros (p. 41).

De acordo com a legislação brasileira O Esporte Educacional, pela Lei n° 9815 de 24/03/1998, no seu art. 3°, Inciso I, está conceituado como aquela manifestação esportiva praticada nos sistemas de ensino e em formas assistemáticas de Educação, evitando-se a seletividade, a hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação para o exercício da cidada- nia e a prática do lazer. O Esporte Educacional no conceito acima é referenciado em princípios sócio-educativos, como os princípios da inclusão, da participação, da cooperação da co-educação, da co-responsabilidade, e outros, e está consolidado como prioridade de recursos públicos no art. 217 da Constituição Federal de 1988. Há uma aceitação internacional que é o Esporte Escolar, diferen- temente do Esporte Educacional, embora tenham pontos comuns ao incorporar objetivos educativos, é aquele disputado nos am- bientes escolares, com os mesmos códigos e regras do esporte de competição de adultos, privilegiando os jovens de mais habilidade esportiva, inclusive, oferecendo condições para que desenvolvam suas potencialidades, sem descuidar da formação para a cidadania (BRASIL, 2005, p. 26 apud SOUZA, 2007, p. 117-118).

Como finalidade expressa o site da Secretaria de Esporte Educacional do Ministério do Esporte, apresenta que A finalidade do esporte escolar é o desenvolvimento integral do homem como ser autônomo, democrático e participante. Embora resguardando seu significado educativo, e os objetivos do projeto político pedagógico de cada instituição, deve ter tratamento dife- renciado dependendo de sua especificidade como objeto de estu- do da Educação Física ou como atividade complementar da escola.

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Caracterizado como espaço de intervenção e de direito social o esporte escolar deve enriquecer e ampliar o currículo garantindo a gestão democrática e participativa e a elevação da qualidade de ensino. Precisa abranger a educação básica, pública e privada, e tra- tar seu conteúdo sob a perspectiva da inclusão. O foco é a elevação dos índices de freqüência, o compromisso com a qualidade e a uni- versalização do acesso às práticas do acervo popular e erudito da cultura corporal (BRASIL, 2010).

Nessa perspectiva precisamos lembrar que somente a edu- cação física não é capaz de promover tais quesitos, é necessário que a proposta pedagógica da escola estabeleça princípios em que todos os sujeitos da escola estejam envolvidos no processo educa- cional, tornando o esporte realmente da escola e não da Educação Física. No entanto, mesmo que a prática do esporte esteja ligada ao ensino da educação física na escola, e mesmo que sua prática ainda se prende ao modelo do esporte de alto rendimento, que tem como especificidade o treino, a competição, o atleta e o ren- dimento esportivo (KUNZ,1994). E ainda, tendo como exemplo o esporte veiculado pela mídia enquanto espetáculo e enquanto mercadoria, a comunidade escolar deve e pode elaborar propos- tas pedagógicas objetivando mudanças no ensino aprendizagem do esporte na escola, tornando-o do e para o aluno. A situação anterior vem sendo foco de estudo e pesquisa de vários autores, que tentam modificar esse quadro buscando dar um novo trato ao ensino do esporte em ambiente educacional, como é o caso de Assis (2001), Kunz (1994), J. B. Freire (1999), Paes (2006), Faganello (2008) dentre outros, que já apresentam pesqui- sas e proposições que privilegiam um ensino de esporte que seja significativo para o aluno enquanto sujeito individual e social. Se- gundo Stigger (2005, p. 107) a ideia central desses autores era e é [...] encontrar ações pedagógicas capazes de, a partir, de práticas alternativas, produzir um conhecimento significativo sobre o espor- te, que fosse além da prática vista como um fim em sim mesma e da mera reprodução da expressão dominante. © U1 - Compreendendo o esporte 45

A prática do esporte na escola, seja ela parte do conteúdo da Educação Física, seja enquanto equipe representativa da escola, deve partir de princípios diferentemente do esporte de rendimen- to, uma vez que nesse ambiente educacional não se tem condições físicas, materiais e de pessoal qualificado para que esse modelo seja adotado devido a sua especificidade já discutida anteriormen- te. Nessa perspectiva Kunz (1994, p. 35) acrescenta que "em lu- gar de ensinar os esportes na Educação Física Escolar pelo simples desenvolvimento de habilidades e técnicas do esporte", o profes- sor deve promover mudanças no ensino que deverá incluir "con- teúdos de caráter teórico-prático que, além de tornar o fenômeno esportivo mais transparente, permite aos alunos melhor organizar a sua realidade de esporte, movimentos e jogos de acordo com as suas possibilidades e necessidades”. Belbenoit (1974, p. 107) diante da necessidade de entender o ensino do esporte na escola, alerta que [...] introduzir a iniciação ao desporto de competição nos progra- mas ou na vida escolar não é aceitar para a escola a missão expres- sa de produzir atletas capazes de assegurar o prestígio desportivo do país. Esse pode ser um efeito secundário, que não é o caso para recusar. Não poderia ser esse o objetivo principal, que continua a ser o alargamento a todos de uma gama tão extensa quanto possí- vel de actividades formativas: se admitimos a competição, é porque lhe teremos reconhecido virtudes educativas [...]. A competição em desporto, não começa com os campeonatos em forma, os seus re- gulamentos, os seus calendários, as suas eliminações, as suas re- compensas. Ela nasce com o desejo de fazer melhor, de o provar a si próprio e perante testemunhas, quer por referências a padrões objectivos (e é a procura da "performance" ou do "Record"), quer da confrontação com um adversário, encontro ou desafio.

Da forma que o autor coloca suas ideias, podemos observar que o erro do sistema educacional e/ou político está em qualificar a escola enquanto produtora de talentos, embora os professores não possam se calar frente ao surgimento de talentos, entende- mos que o principal papel é dar oportunidades para que os alunos vivenciem todas as possibilidades de esportes, bem como as pos-

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sibilidades da competição, como forma de avaliar seu rendimento em relação a si mesmo e ao outro. Assim, no que se refere ao esporte educacional, o professor deve utilizar-se dos conhecimentos das "ciências que dão supor- te a sua intervenção" (FERREIRA, 2003, p. 148) e também do co- nhecimento científico e prático das modalidades esportivas. Desse modo, o ensino deve ser pautado na perspectiva de que o aluno se aproprie de conteúdos que lhe dê, acima de tudo, autonomia e conhecimento do seu próprio corpo. Assim, o aluno poderá apre- ender técnicas corporais capazes de contribuir com seu desenvol- vimento, pois suas ações se configurarão pelo gosto, pela alegria e pelo desejo em conseguir realizar movimentos antes desconhe- cidos. A realização de atividades nos esportes acima de tudo ne- cessita contribuir para o desenvolvimento dos alunos em: Sua coordenação motora, enquanto estrutura, sintetiza o ajusta- mento postural, a lateralidade, o equilíbrio, elementos básicos para suas ações, mas seus movimentos não são mecânicos, eles conso- lidam intenções, desejos, medos, fantasias. Ali acontece simulta- neamente desenvolvimento psicomotor/espiritual/emocional, nos permitindo dizer que aquela criança se expande em instantes de encontro consigo mesma, na percepção do que é capaz de fazer. Aqueles que "aprendem" a se perceber enquanto corpos/movi- mento/significação têm mais chances de ver o mundo como algo que vale a pena se conhecer/viver, de gostar mais da vida, de inves- tir em afetos, de se sentir melhor nesse mundo (FERREIRA, 2003, p. 148-149, grifos da autora).

O ensino do esporte será efetivamente na perspectiva da educação [...] quando conseguirmos ensinar um esporte às nossas crianças de tal forma que as mesmas possam crescer, se desenvolver e se tornar adultas através dele, e quando isto acontecer, quando se tornarem adultas, possam praticar esportes, movimentos e jogos como crianças (KUNZ, 1994, p. 56).

Contudo, deve-se observar que a efetivação desse conheci- mento somente será possível se as aulas de educação física pautar por práticas que privilegiem a cooperação, a solidariedade e, aci- © U1 - Compreendendo o esporte 47 ma de tudo, o respeito às diferenças, sejam elas de gênero, raça, credo, sexualidade, corporal, dentre outras, além de práticas que sejam significativas para os alunos e que pertençam ao universo deles. Concordamos com Kunz (1994, p. 31) quando ele afirma que o esporte pelo viés da educação deve "[...] libertar o jovem das condições que limitam o uso da razão crítica e com isto todo o seu agir social, cultural e esportivo”.

9. O USO DO DOPING

Para entendermos em que e como o doping age no organis- mo do atleta, é importante antes elucidarmos algumas questões que são inerentes às ações esportivas do ponto de vista científico. Segundo Weineck (1991, p. 14) "do ponto de vista da biologia do esporte, das diversas cargas do corpo através de diferentes formas de ação, é necessário a definição de exercício, treinamento e com- petição". Segundo Parlebas (2008, p.79) entende-se por competição a situação objetiva de enfrentamento motor em que um ou mais in- divíduos realizam uma tarefa motriz, submetida obrigatoriamente a regras que definem suas obrigações, seu funcionamento, e muito especialmente os critérios de êxito e fracasso.

Como exercícios, entendemos a série ou processos de movi- mentos que tem por objetivo a assimilação de conteúdos, técnicas e mecânicas corporais e táticas individuais ou coletivas e, podem ser realizados sob diferentes circunstancias, repetitivas ou não, e ainda, com ou sem a utilização de materiais. Segundo a biologia e a medicina do esporte, o exercício é definido como a repetição sistemática de sequência de movimentos obje- tivos, com o intuito de melhorar o desempenho, sem alterações morfológicas palpáveis (HOLLMANN/HETTINGER, 1980 apud WEI- NECK, 1991, p. 14).

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A repetição de movimentos tem por objetivo melhorar as habilidades motoras, como: força, velocidade, resistência, coorde- nação, agilidade, dentre outras. Weineck (1991, p.15) citando Hollmann/Hettinger (1980) aponta que "do ponto de vista da biologia e medicina esportiva, treinamento é a repetição sistemática de tensões musculares di- rigidas, com fenômenos de adaptação funcional e morfológica, visando a melhora do desempenho". Diante disso, o treinamen- to do desempenho esportivo dos atletas depende do período de competição, consequentemente, o desempenho varia em aquisi- ção, manutenção e redução. Essas variações decorrem de fatores intrínsecos dos calendários esportivos, pois o atleta se submete a um número considerável de competições (regionais, nacionais e internacionais). É importante também considerar que Através dos componentes competitivos, surgem, na competição, cargas ou sobrecargas, que só podem ser trabalhadas biopositiva- mente e utilizadas para melhoras subseqüentes do desempenho por organismos saudáveis. Porém, estas cargas podem conter, para pessoas com distúrbios orgânicos, o perigo de um excesso de carga causando lesões (WEINECK, 1991, p. 16).

As formas de competição, a exigência dos treinamentos, a cobrança por resultados por parte dos patrocinadores, e ainda, o desejo dos atletas em alcançar resultados em curto prazo, aca- bam por gerar o uso de substâncias ilícitas que encurtam etapas de aquisição de desempenho, e consequentemente, auxiliam na melhora do rendimento durante as competições esportivas. Para entendermos melhor essas questões a respeito do uso dessas substâncias - doping - voltaremos um pouco na história. Weineck (1991) afirma que a busca em melhorias do desem- penho motriz e esportivo através de substâncias não é recente. Segundo o autor [...] alguns estimulantes já eram usados pelos antigos guerreiros es- candinavos da mitologia nórdica, que com a droga Bufoteína, extra- ída de um cogumelo, teriam aumentado cerca de 12 vezes sua força de luta. Dos relatos de Philostratus e Galen pode-se depreender, que os atletas gregos da antiguidade, no 3º século antes de Cristo, © U1 - Compreendendo o esporte 49

tentaram aumentar seu desempenho nos Jogos Olímpicos ingerin- do ervas, cogumelos, testículos de touro, entre outros (p. 515).

Outros registros também na América do Sul e Central rela- tam o uso da folha de coca, como estimulantes. Contudo, Exemplos documentados de doping no esporte moderno, são en- contrados a partir da segunda metade do século 19. O primeiro caso documentado, de ingestão de drogas não permitidas no es- porte, surgiu em 1865 em nadadores num canal de Amsterdã. Já em 1886, o primeiro caso de morte de uma ciclista foi causado por uma overdose de trimetil (Ibdem, 515).

A apropriação de esporte de rendimento, já discutida neste texto, é uma das principais causas do uso exacerbado de substân- cias ilícitas no esporte. Entretanto, há uma relação intrínseca entre o aumento da utilização de drogas com o aumento de mortes en- tre atletas, principalmente no esporte de alto rendimento. Devido ao uso desmedido dessas substâncias, desde meados do século 20, iniciou o controle e proibição dessas substâncias no esporte, principalmente nas competições nacionais e internacio- nais. Hoje, constantemente os atletas passam por testes, obrigato- riamente, no tempo em que estiverem competindo. Sabemos que mesmo sendo proibido, legalmente o uso, e com controle rígido a esse respeito [...] o problema do doping não se resolveu, mas apenas foi desloca- do, pois agora a atenção da indústria farmacêutica dirige-se a aten- ção mais intensamente ainda para a preparação de substâncias não detectáveis farmacologicamente (ALBRECHT, 1980 apud WEINECK, 1991, p. 516).

Assim, diante disso, ainda vemos casos de utilização dessas substâncias principalmente no atletismo, em que atletas buscam a superação a qualquer custo.

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Figura 1 Doping & Atletismo

Casos como do Ben Johnson (canadense) que em Seul, 1988, venceu os 100 metros, com 9 segundos e 79 décimos, quebrando o recorde mundial da prova. Contudo, logo após divulgarem o re- sultado do exame anti-doping, constataram a substância estanozo- lol, um esteroíde anabolizante que tem por princípio o aumento da massa muscular e a explosão nas arrancadas. A fama durou pouco, pois Ben Johnson teve que devolver a medalha, além de ser bani- do do esporte em 1993. A velocista americana Florence Grift Joyner falecida com menos de 40 anos de parada cardíaca. Mesmo sem comprovação oficial da ligação da parada cardíaca com o consumo de esteróides, têm-se especulações a esse respeito. A revista Veja, em relato so- bre sua vida como atleta e consequências de sua morte escreveu que: Os tempos das corridas de Florence foram curtíssimos. Ela correu os 100 metros em 10s49 e os 200 metros em 21s34, recordes que nenhuma outra mulher conseguiu ameaçar até hoje, passados dez anos. O que deverá ser longo, e talvez jamais suficiente, será o tem- po necessário para explicar os flashes de exuberância atlética de Florence Griffith Joyner. “Se ela fez algo, chegou a hora de contar tudo para esclarecer as gerações futuras”, disse Evelyn Ashford, ex-recordista mundial dos 100 metros rasos e grande rival de Florence nas pistas, conceden- do-lhe agora o privilégio da dúvida. “No começo da carreira ela era © U1 - Compreendendo o esporte 51

muito feminina, mas algum tempo depois já parecia um homem”, disse o campeão olímpico dos 800 metros Joaquim Cruz na épo- ca de suas grandes conquistas. Cruz foi muito criticado, mas hoje suas observações são endossadas. “Sua incrível transformação fí- sica não foi natural. Mesmo treinando dez, quinze horas por dia, é humanamente impossível transformar-se daquela forma. Pelo uso de drogas ela perdeu alguma imunidade cardiovascular. O processo é conhecido”, diz o francês Jean-Pierre de Mondenard, especialista em drogas no esporte. Florence passou incólume por todos os testes, mas, quando a Fe- deração Internacional de Atletismo anunciou que passaria a fazer testes aleatórios fora do calendário de competições, ela abando- nou as pistas (VEJA, 2010).

Com atletas brasileiros do atletismo, os problemas de doping mais conhecidos, foram o caso de Maurren Maggi, que depois de suspensa por dois anos nas pistas de atletismo, voltou em grande estilo e é a atual campeã olímpica do salto em distância. E, no ano passado no Campeonato Mundial de Atletismo realizado em Ber- lin, caso semelhante ao Maurren, culminou com o afastamento de vários atletas, inclusive dos técnicos. O fato antecedeu a participa- ção dos atletas no Campeonato Mundial de Berlin, em agosto de 2009. Segundo o jornal Estadão do dia 4 de agosto de 2009: Cinco atletas da delegação brasileira que já estavam na Alema- nha, participando do treinamento preparatório para o Mundial de Atletismo, foram suspensos nesta terça-feira após testarem para substâncias proibidas em exames antidoping realizados no Brasil. Segundo nota da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), os atletas Bruno Lins Tenório de Barros, Jorge Célio da Rocha Sena, Jo- siane da Silva Tito, Luciana França e Lucimara Silvestre foram pegos em exames antidoping realizados de surpresa, fora do período de competição, em 15 de junho. [ ]Os atletas deixaram a delegação e começaram sua volta ao Brasil ao lado dos treinadores Jayme Net- to Junior e Inaldo Justino de Sena. A CBAt determinou a abertura de um inquérito administrativo para investigar o caso (ESTADÃO, 2010).

Mesmo com rigor adotado pelas entidades mantenedoras do esporte nacional e mundial, o uso indiscriminado de substân- cias ilícitas ainda continuará a ser um problema, no âmbito do es- porte, do comércio e, principalmente, de saúde. Pois, os atletas e, mesmo as pessoas comuns que fazem usos dessas substâncias,

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não pensam em longo prazo e nem nas consequências que podem causar a saúde do corpo de forma geral. Para maiores informações acerca das substâncias proibidas no atletismo visite o site da Confederação Brasileira de Atletismo, disponível em: . Acesso em: 4 set. 2010. E, veja também, a lista divulgada em fevereiro de 2010.

10. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS

No sentido de verificar até que ponto você conseguiu assi- milar os conteúdos tratados nessa unidade, procure realizar as se- guintes tarefas: 1) Busque por meio da iconografia (imagens) contar a his- tória do esporte, passando por todos os períodos histó- ricos, inclusive suas manifestações. 2) Entre no site do Ministério do Esporte e verifique quais os projetos voltados para as manifestações esportivas e quais são efetivadas no contexto populacional. 3) Entre no site da Secretaria de Esporte de São Paulo e também verifique quais projetos e/ou programas exis- tem relacionados com a temática dessa unidade. 4) Faça um parâmetro entre os projetos e programas em ní- vel nacional e estadual, identificado quais governos con- seguem melhor efetivar propostas para a população. 5) Pesquise nas Propostas Curriculares para a Educação Bá- sica do Estado de São Paulo e aponte como o ensino do esporte é tratado nas mesmas.

11. CONSIDERAÇÕES

Esperamos que as leituras realizadas nessa primeira unidade tenham despertado em você conhecimentos e mesmo curiosida- des acerca do que é e do que deveria ser o esporte, bem como sua prática em diferentes ambientes. Haja vista, que entrar na especi- © U1 - Compreendendo o esporte 53 ficidade de uma determinada modalidade esportiva faz-se neces- sário conhecimentos considerados adjacentes, mas fundamentais, que nos permitirão avançar em discussões e aprofundar nossos estudos na área da educação física e esportes. Na Educação a Distância, em nossa concepção, as leituras propostas, as tarefas indicadas e as propostas de estudos são fun- damentais, para as discussões que ocorrerão nos fóruns, chats, trabalhos individualizados e também nos encontros presenciais. Assim, esperamos contribuir para mudanças em sua formação acadêmica.

12. EͳREFERÊNCIAS

Lista de figura Figura 1 - Doping e atletismo. Disponível em: . Acesso em: 2 set. 2010.

Sites pesquisados CBAT. CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ATLETISMO. Competindo limpo. Disponível em: . Acesso em: 2 set. 2010. JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO. ESPORTES. Atletas brasileiras são suspensos por doping na Alemanha. Disponível em: . Acesso em: 2 set. 2010. MINISTÉRIO DE ESPORTES. Disponíevel em: . Acesso em: 2 set. 2010. VEJA ESPORTES. O adeus antes do fim. Disponível em: . Acesso em: 2 set. 2010.

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, J. V. de. Lazer: princípios, tipos e formas na vida e no trabalho. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. BELBENOIT, G. O desporto na escola. Lisboa: Estampa, 1974. BRACHT, V. Esporte, História e Cultura. In: PRONI, M.; LUCENA, R. (Orgs.). Esporte: historia e sociedade. Campinas: Autores Associados, 2002.

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______. Sociologia Crítica do Esporte: uma introdução. Vitória: UFES, Centro de Educação Física e Desportos, 1997. FAGANELLO, F.R. Análise dos livros de atletismo como subsídio para o seu ensino no campo escolar. 2008. 150 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Motricidade Humana). Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro. FERREIRA, N. T. Os Jogos Escolares no Imaginário dos Professores de Educação Física. In: FERREIRA, Nilda T.; COSTA, Vera L. M. (Orgs.) Esporte, Jogo e Imaginário Social. Rio de Janeiro: Sharpe, 2003. GASPARIN, J. L. Uma didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. Campinas: Autores Associados, 2009. GONZÁLES, F.J.; FENSTERSEIFER, P. E. (Orgs.). Dicionário Crítico de Educação Física. Ijuí: Editora Unijuí, 2008. KUNZ, E. Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí: Editora Unijuí, 1994. KUNZ, E. Esporte: uma abordagem com a fenomenologia. In: STIGGER, M. P. & LOVISOLO, H (Orgs.). Esporte de rendimento e esporte na escola. Campinas: Autores Associados, 2009. MARCELLINO, N. C. (Org.) Lazer e esporte. Campinas: Autores Associados, 2001. MARCHI JÚNIOR, W. Bourdieu e a teoria do campo esportivo. In: PRONI, M.; LUCENA, R. (Orgs.). Esporte: historia e sociedade. Campinas: Autores Associados, 2002. PARLEBAS, P. Juegos, deporte y sociedades: léxico de praxiología motriz. Badalona/ Espanha: Editorial Paidotribo, 2008. SOUZA, N. P. O ensino das disciplinas esportivas coletivas nos cursos de licenciatura em Goiás: um estudo descritivo. (Tese de doutorado). Faculdade de Educação Física/ UNICAMP, 2007. STIGGER, M. P. Educação Física, Esporte e Diversidade. Campinas: Autores Associados, 2005. TUBINO, M. G. et al. Dicionário Enciclopédico Tubino do Esporte. Rio de Janeiro: SENAC Editoras, 2007. WEINECK, J. Biologia do esporte. Rio de Janeiro: Manole Ltda, 1991. História doAtletismo 2. CONTEÚDOS 1. OBJETIVOS Oatletismo noBrasil. • • Avanços tecnológicos. Asprovas doAtletismo –umpouco dahistória. • Oatletismo contemporâneo. • Oatletismo naantiguidade. • Oatletismo napré-história. • Conheceroprocesso histórico doAtletismo noBrasil. • Conhecerasmodificações doesporte ocasionadas pelos • Relacionar osurgimento dasprovas doAtletismo com a • Conheceraorigem eevolução doAtletismo. • avanços tecnológicos. necessidade histórica dohomem. 2

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3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE

Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Leia os livros da bibliografia indicada para que você am- plie e aprofunde seus horizontes teóricos. Esteja sempre com o material didático em mãos e discuta a unidade com seus colegas e com o tutor. 2) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos expli- citados no Glossário e suas ligações pelo Esquema de Conceitos-chave para o estudo de todas as unidades deste CRC. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu desempenho.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE

Estudar a história do atletismo é apropriar-se dos conheci- mentos acerca da evolução das ações do homem no decorrer de sua humanização. Esses conhecimentos nos permite transformar a realidade, as formas de fluir os treinos e aprendizados, da plasti- cidade das técnicas corporais e, consequentemente, melhorar os tempos e as distâncias percorridas nas provas do atletismo. Como perceberemos neste texto, durante sua humanização o homem experimentou diversos sentidos e significados sobre o andar, o correr, o arremessar, o lançar e o saltar. Essas habilidades estiveram presentes sob formas de sobrevivência, comemorações profanas e religiosas, além é claro, de expressar uma linguagem corporal capaz de distinguir a raça e a nacionalidade do homem. Conhecer essas habilidades do atletismo acaba por explicar e compreender o presente e ainda, dá subsídios suficientes para reproduzir uma ação capaz de melhorar e projetar, pelo viés de pesquisas científicas, ações para o futuro, para que o presente possa ser novamente superado. Contudo, não podemos deixar cair no esquecimento, que se vivemos hoje, uma era em que o atletis- © U2 - História do Atletismo 57 mo atinge certo apogeu, em que o homem consegue correr 100 metros abaixo de 10 segundos, foi devido ao estudo das técnicas corporais utilizadas no passado e superados no presente pelo es- tudo científico da biomecânica corporal. A historiografia pelo viés da iconografia nos permite ver com clareza como as técnicas corporais em relação às habilidades con- sideradas naturais do ser humano evoluíram ao longo da história. As imagens das Figuras 1, 2 e 3, sem tanta exigência de um olhar especializado, permitem-nos visualizar essa evolução.

Figura 1 Evolução

Figura 2 Herói do Atletismo

Claretiano - Centro Universitário 58 © Atletismo

Figura 3 Modalidades do Atletismo

Pelas imagens apresentadas percebemos que a evolução no atletismo se deu e com certeza ainda dará pelos vieses da estrutu- ra corporal dos atletas e também pelo aparato do material utiliza- do, desde a vestimenta e calçado, ao tipo de pista e equipamentos como a vara, o peso e o disco. Percebemos que a história do atle- tismo, assim como a história de forma geral, pertence a um campo de conhecimento que trabalha por meio da interdisciplinaridade com outras áreas do saber, no sentido de, cientificamente, contri- buir para a compreensão do passado, presente e perspectivas para o futuro. Entendemos que para compreender e apreender o atletismo na formação, seja ela de professores ou de alunos da educação básica, seja necessário o estudo tendo como princípio primeiro a história, pois somos seres humanos cujo desenvolvimento se deu a partir do conhecimento evolutivo da espécie, ou seja, da forma- ção social e dos elementos da cultura – a história. Diante disso, traremos a seguir a história do atletismo, uti- lizando-nos de textos científicos e imagens que contribuem sig- nificativamente para a compreensão das técnicas corporais e dos modernos equipamentos tecnológicos utilizados na prática do © U2 - História do Atletismo 59 atletismo, em suas diversas modalidades, como as corridas, a mar- cha atlética, os saltos, lançamentos e arremesso.

5. O ATLETISMO NA PRÉͳHISTÓRIA

O período pré-histórico vai do aparecimento do ser humano sobre a Terra até a introdução da escrita, estimado em cerca de um milhão de anos. Nesse período, o homem não tinha conheci- mento suficiente para modificar a natureza, fato que o obrigava a estar sempre em busca de novas terras que dessem condições de sobrevivência, caracterizando o estilo de vida nômade. Assim, o homem andava grandes distâncias, rastejava, trepava em árvores, saltava grandes alturas, transpunha abismos, fossos e obstáculos, levantava e transportava pedras, troncos e outros objetos, corria em velocidade, ou por longo período, arremessava pedras e paus. Essas habilidades: caminhar, correr, saltar, lançar e arremessar, se constituíam para o homem primitivo, questão de vida ou morte. Com o passar do tempo o homem começa a dominar ques- tões relacionadas com sua sobrevivência, como a agricultura, pas- sando a se fixar em um só local, de terra fértil, abundante em água e que propiciasse a caça. Fatores que tornaram a vida menos dura, mas havia a necessidade de manter-se em bom estado físico, tan- to para o cultivo da terra, como também para demonstrar capaci- dade de ação diante dos inimigos, pois nesse período, a vida era marcada pela rivalidade entre as tribos e lutas constantes, pelo domínio das melhores terras. Sendo assim necessário treinar seus descendentes através de exercícios naturais, de caráter utilitário e guerreiro, a fim de torná-los mais corajosos, fortes, ágeis e resis- tentes. Com a fixação do homem na terra e consequentemente a formação de vilas e povoados, que mais tarde se tornariam gran- des cidades. As habilidades outrora utilizadas somente para a so- brevivência, para o trabalho da terra e também em defesa de seus

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domínios, o homem passa a utilizá-las em forma de confronto para festejar: as boas colheitas, os rituais sagrados, como o nascimento e a morte, em forma de recreação e principalmente em culto aos deuses, em agradecimento pela sua sobrevivência. Como nos mostra Ramos (1982, p. 16 – 17): Nos tempos pré-históricos, principalmente a partir do período pa- leolítico, existiram expressões de jogos utilitários e recreativos. Tais práticas, como as de hoje, sempre tiveram seu próprio cerimonial e regras estabelecidas e, geralmente, tanto vencedores como ven- cidos aceitavam o resultado desportivamente. Vem das civilizações primitivas, diz Diem, o aforismo: "Para ganhar é preciso saber per- der", forma antiqüíssima do atual "fair play". Pelo visto, as atividades físicas das sociedades pré-históricas – den- tro dos aspectos natural, utilitário, guerreiro, ritual e recreativo – objetivavam a luta pela vida, os ritos e cultos, a preparação guerrei- ra, as ações competitivas e as práticas recreativas.

Na antiguidade, com a formação das grandes civilizações, o culto ao corpo tomou proporções gigantescas, comparando o homem aos deuses. Essa relação foi efetivada principalmente na Grécia, em que passou-se a realizar os Jogos com intuito de apre- ciação dos deuses do Olímpio, onde "grandes atletas eram glorifi- cados como heróis populares, verdadeiros semideuses" (RAMOS 1982, p. 86). Os exercícios físicos, uma das formas de exibição do corpo, estavam ligados ao espírito e religião, e se materializavam no perí- odo em que os gregos reverenciavam e homenageavam os deuses, considerados modelos de força e beleza: Com jogos atléticos, música e poesia. Nessas competições, os jo- vens da Grécia cantavam hino de louvor aos deuses, ou reprodu- ziam cenas de sua vida em danças rítmicas e corais, acompanhadas por música e canto, ou competiam entre si em corridas, salto, luta, lançamento de disco e dardo e compareciam com aurigas de carros tirados pelos mais velozes cavalos (VARGAS, 2006, p. 23 – 24).

As práticas realizadas nos Jogos Gregos deram origem a al- gumas modalidades esportivas, como a corrida de carro, a corridas de cavalo, o arco-flexa e as modalidades do atletismo - as corridas, © U2 - História do Atletismo 61 lançamentos e arremessos. Por quase toda a antiguidade, esses jogos foram traduzidos em belezas, em ritmos e em perfeição, re- gistrados em estátuas magníficas e vasos decorados que revelam o caráter competitivo dessas atividades. Contudo, com o advento do cristianismo na idade média, e consequentemente da conversão dos gregos, os jogos deixaram de existir, e o Coliseu que ora fora palco de homéricas disputas, fora considerado lugar sagrado e tornou-se ponto de representação bí- blica pelo Papa Bento XIV (VARGAS, 2006). Com o poder exercido pelo cristianismo por toda a idade média, os Jogos ficaram na história, sendo renascido já na idade moderna, com a realização dos Jogos Olímpicos, em Atenas em 1896. O Francês Barão de Coubertin, educador e apaixonado pelo esporte, sem medir esforços idealizou e realizou os primeiros Jo- gos da Era Moderna.

6. O ATLETISMO NA ANTIGUIDADE

Como vimos desde o aparecimento do homem na terra as provas atléticas esteve presente no seu cotidiano, seja pela sobre- vivência, sejam por questões sacras, ou mesmo profanas. As pro- vas atléticas que viraram séculos e permanecem até hoje, foram as corridas, os saltos e os lançamentos. As corridas sempre fizeram parte dos jogos atléticos nos sé- culos que antecederam a Era Cristã. As corridas eram parte de fes- tas citadinas e nacionais e estiveram presentes desde a primeira competição disputada em Olímpia e ficou até a última versão de número XVII. As disputas eram realizadas somente por homens, cujas provas, os atletas as disputavam nus e descalços. Grifi afirma que as especialidades distinguiam-se em: Corrida de velocidade ou “Stadion” – O Stadion era uma unidade de medida correspondente a aproximadamente 192,27 metros, não fixa, mas habitualmente melhor definida tendo como base o comprimento do retilíneo, onde efetuava-se a prova, que consistia,

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evidentemente, em percorrer uma só vez o comprimento daquele que seria posteriormente definido o Stadio. Esta prova, como o resto as demais corridas, tinham origem reli- giosa porque, segundo a lenda, nasceu em Eléa, onde os atletas disputavam a honra de acender o fogo sobre o altar de Zeus. Segundo Junther, de fato, tal hipótese afirmada por Filostrato, foi sugerida ao escritor pelo fato que o vencedor, na competição do Stadio, cujo limite era colocado aos pés do altar de Zeus em Olím- pia, gozava do privilégio de acender o fogo sagrado em honra do deus, tradição essa que se solidificou, embora modificada até os nossos dias, durante a cerimônia de abertura das Olimpíadas Mo- dernas (1989, p. 58).

O Stadio (Estádio), ilustrado na Figura 4, tinha a forma de "U", com 211 por 23 metros. As competições eram assistidas por centenas de pessoas, devido ao seu significado, ou seja, jubilavam as vitórias juntamente com os atletas, em homenagens aos deu- ses do Olímpo. Lembrando que os vencedores eram considerados como um semi-deus (os preferidos dos deuses).

Figura 4 O Stadio

Anos depois, outro tipo de prova atlética passou a ser dis- putada, era o diaulos ou duplo stadio – prova realizada da mesma forma que o stadio, contudo, tinha um percurso em dobro, ou seja, os atletas corriam sempre em reta, devendo os atletas fazer a volta em um terminal colocado no final da reta. © U2 - História do Atletismo 63

O Dolikos ou corrida de resistência, depois de alguns anos também passou a ser realizada no Stadio, sendo que os atletas deveriam percorrê-lo em certo número de vezes, mínimo de 7 sta- dios e máximo de 24 stadios, da mesma forma que o diaulos, os competidores tocavam o terminal colocado no final da reta. A corrida armada ou militar, os soldados percorriam os per- cursos armados de escudo, elmo, e armaduras de pernas. Fato, que utilizam também como preparação de guerreiros devido às permanentes guerras travadas entre cidades. O lançamento do disco talvez seja a modalidade de maior repercussão no nosso meio, devido ao fato dele ter sido e talvez ainda seja, o símbolo de várias escolas de educação física, ou mes- mo de prática desportiva. Afinal, quem desconhece a imagem do "discóbolo" de Myron (Figura 5 e 6)?

Figura 5 Discóbolo de Myron

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Fonte: Ramos Figura 6 Lançador do disco

Para Grifis (1989, p. 60) o disco juntamente com o dardo são duas das provas do atletismo que não foram redescobertas pe- los anglo-saxônicos ou celtas britânicos, "indubitavelmente, junto com à corrida, representam as mais antigas manifestações espor- tivas próprias e verdadeiras e que retornaram à nova vida com os escandinavos, somente próximo ao fim de 1800". A respeito da popularidade do lançamento de disco, o autor aponta que [...] no mundo grego é testemunhado pelas inúmeras represen- tações figurativas sobre os relevos marmóreos, nas estátuas, nas pinturas vasculares que representam vários "discóbolos" em dife- rentes posições e das múltiplas citações encontradas na literatura. [...] O disco, chamado "solos", cuja tradução é "pedra", segundo Gardiner, era um aparelho gímnico diferente do atual, de peso e proporções variáveis de, no mínimo, 1 quilo e de, no máximo, 3 quilos (com o objetivo de melhor adaptá-lo à força e à idade dos lançadores), inicialmente formado de uma lastra de pedra ou de madeira; posteriormente, de metal (de ferro ou de bronze), muito mais achatado do que aquele moderno e de diâmetro maior (1989, p. 60, grifos do autor) © U2 - História do Atletismo 65

O lançamento de dardo (ákon), representado na Figura 7, era apresentado de duas formas: uma com um lançamento para atingir a maior distância conseguida e a outra, no sentido de atin- gir um alvo fixo, esse último mais conhecido as disputas militares. O dardo era [...] constituído de uma haste, de abeto ou freixo, na qual vinha inserida uma longa ponta aguçada e afiada, alguma vez recoberta para proteção, o aparelho tinha um cordão de couro enrolado ao centro do bastão que servia para imprimir a este, um movimento rotatório (fazendo-se força com o dedo indicador e o dedo médio), que permitia adquirir melhor direção de lançamento. Por esse mo- tivo, o dardo era chamado também mesakylion, isto é, "com a cilha no meio" (GRIFI, 1989, p. 62, grifos do autor).

Fonte: Ramos Figura 7 O Lançador do dardo

O salto também é outra modalidade do atletismo exaltada nos poemas homéricos e nos jogos gregos, fez parte inclusive do penta- thlon. A prova mais utilizada nos jogos gregos referente ao salto era em o em distância, em que o atleta a partir de uma linha demarcada no solo dava a impulsão nos dois pés realizando o salto. No salto em distância (Figura 8) os atletas usavam halteres de pedra ou metal, com o peso de um quilo a quatro quilos e meio, de formas diferentes, que eram empunhados em ambas as mãos, acreditando que esse procedimento contribuiria para obter uma maior distância.

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Fonte: Ramos Figura 8 Salto em distância

O Pentathlon dentre todas as modalidades atléticas era a mais esperada pelos espectadores dos jogos, pois o resultado dele revelava o atleta mais completo, mais próximo dos deuses. Consti- tui-se fundamentalmente de cinco provas: a corrida, a luta, o salto, o lançamento do disco e do dardo. São cinco provas, da palavra athla (premio na sua origem) que se presumia inspiradas a partir do constante ideal helênico da har- monia e da graça, do desejo e da consciência de evitar excessivas especializações, a propósito das quais subsistem ainda muitas in- certezas sobre as particularidades técnicas do desenvolvimento das competições e, sobretudo, sobre os critérios da compilação das classificações, para a atribuição da coroa. [...] é totalmente difícil considerar o caso que um atleta saísse vencedor em todas as cinco provas; é, portanto, "pentatleta" aquele que tivesse ganho a palma da vitória em três das cinco provas (GRIFI, 1986, p. 68).

O pentathlon entrou para as XVIII Olimpíada (708 a. C.) para adulto e para alguns jovens. Atualmente ainda é praticado nas Olimpíadas da contemporaneidade, entretanto, também as mu- lheres participam dessa prova. O desenvolvimento dos jogos e consequentemente das pro- vas atléticas se deram de forma gradativa, a cada edição novas pro- vas eram acrescidas. Na I Olimpíada a única prova realizada foi a de corrida denominada "stadiom" (estádio). Inicialmente os Jogos tinham duração de apenas dois dias, contudo devido à inclusão de novas provas, esse tempo foi aumentado, mas ainda perma- © U2 - História do Atletismo 67 necendo as festividades que acompanhavam os jogos, tais como: oferendas, fogo de Zeus, corridas, entrega de prêmios, banquetes e festas. Da primeira a décima terceira olimpíada somente a corrida de velocidade (estádio ou stadio) era praticada. Grifi (1986, p. 80) aponta assim a evolução das provas: Além da corrida a pé, as principais competições que se aliaram for- ma em ordem de tempo: Na 14ª Olimpíada (724 a.C.) – a corrida dupla ou diaulo; Na 15ª Olimpíada (720 a.C.) – a corrida de resistência ou dólico; Na 18ª Olimpíada (708 a.C.) – a luta e o pentatlo; Na 23ª Olimpíada (688 a.C.) – o pugilismo; Na 25ª Olimpíada (680 a.C.) – a corrida das quadrigas; Na 33ª Olimpíada (648 a.C.) – a corrida de cavalos e o pancrácio; Na 65ª Olimpíada (520 a.C.) – a corrida com as armas ou o oplitó- dromo.

Assim, podemos perceber que o atletismo esteve presente na vida do homem desde a sua humanização. Até a idade antiga sofreu poucas modificações quanto a sua prática, sendo as provas assim identificadas, corridas de stadio (estádio), diaulo e dólico, lançamento de disco e dardo, e mais tarde o pentatlo. A mudança mais significativa ocorridas nos Jogos Olímpicos na Antiguidade aconteceu no século 7° a.C. na cidade de Esparta, quando as mulheres tiveram sua primeira participação. Mesmo depois do domínio romano sob os gregos (século 1° a. C.), os jogos mantiveram sua tradição. Somente no ano Cristão de 393 é que o Imperador Teodósio, depois de ser convertido ao cristianismo, para agradar Ambrósio, Bispo de Milão, suprimiu qualquer festivi- dade considerada pagã, dentre elas os Jogos Olímpicos.

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7. O ATLETISMO NA IDADE MÉDIA

Com o advento do cristianismo abandonou-se tudo que era relacionado ao corpo, o que interessava era a manutenção da pu- reza da alma para alcançar a salvação eterna. Qualquer atividade que indicasse culto ao corpo era considerada profana e herege, passível de punição. Assim, pouco se realizou ou se fez em relação às práticas esportivas e ao atletismo em especial. Outras modali- dades foram surgindo, como o pólo, corrida de cavalo, a esgrima e o remo. De forma isolada algumas escolas praticavam as corridas e os lançamentos. De forma bem discreta as disputas atléticas começaram a ser realizadas. Mas ainda de forma bem discreta. Isso, porque as provas do atletismo até então conhecidas não eram consideradas esportes nobres. O interesse em esportes pelos nobres da épo- ca girava em torno de competições a cavalo, como as corridas, os pólo, e outras como o remo e a esgrima. Todavia foi na Inglaterra medieval que provas de corridas, saltos, lançamentos, inclusive o martelo, foram sendo novamente praticado, sem, contudo, ter regras fixas para a sua prática. Contudo com o Renascimento, grandes movimentos artís- ticos e culturais voltaram ao cenário mundial, principalmente na Europa, levando inclusive a Igreja a tomar novas medidas quan- to a cultura popular, incorporando inclusive algumas delas, como por exemplo: as corridas por ocasião da páscoa. Assim, aos pou- cos as práticas corporais voltam a ter sentido novamente para os homens. A iconografia nos permite fazer uma comprovação disso, basta olharmos os desenhos, os quadros e as estátuas produzidas nesse período por Michelangelo, Rafael, Da Vinci, dentre outros. Os ingleses foram os responsáveis em reviver as clássicas competições de pista e campo, mesmo durante o período das proibições reais, algumas provas do atletismo eram praticadas clandestinamente. Mais tarde, com autorização expressa do rei, as provas de atletismo foram permitidas. © U2 - História do Atletismo 69

8. O ATLETISMO CONTEMPORÂNEO

No início do século 19, as corridas se tornaram frequentes na Inglaterra. Por volta dos anos de 1830, os alunos do colégio de Eton, realizaram as primeiras competições de corridas com bar- reiras e corrida de fundo, com obstáculos, chamada steeplechase (RAMOS, 1982; GRIFI, 1989). De acordo com a história da humanidade e também das prá- ticas corporais realizadas na Grécia que o nome "atletismo", vem do grego "athla" que significa esforço, concurso, ou "athlon" com- bate e luta, dando origem também a palavra atleta (combatente). Da mesma forma, percebemos que o atletismo é a única modali- dade esportiva que esteve presente em todas as versões da Olim- píada, desde a antiguidade, idade moderna e contemporânea. Na moderna definição, o Atletismo é um esporte com provas de pista (corridas), de campo (saltos e lançamentos), provas combi- nadas, como decatlo e heptatlo (que reúnem provas de pista e de campo), o pedestrianismo (corridas de rua, como a maratona), cor- ridas em campo (cross country), corridas em montanha, e marcha atlética (ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DAS FEDERAÇÕES DE ATLE- TISMO, 2010).

O Atletismo voltou ao cenário mundial, na configuração da primeira olimpíada da era moderna, realizada em Atenas em 1896. Foi o Comitê Olímpico Internacional que primeiro organizou o atle- tismo, elaborando regras inclusive.

A era moderna aqui referenciada, não está ligada ao período his- tórico, pois a primeira olimpíada, idealizada por Coubertin, ocorreu no período histórico da contemporaneidade, que teve início por volta de 1790.

No ano de 1912, foi inaugurada por dezessetes federações nacionais de atletismo, a International Athletic Amateur Fede- ration (IAAF), que viram a necessidade de uma padronização de equipamentos técnicos e recordes mundiais, passando a admi- nistrar o atletismo. A partir de então a IAAF, com sede atual em

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Mônaco, passa a controlar e supervisionar tudo que estiver rela- cionado às provas do atletismo, como as regras, homologação de recorde, dimensões, formas de demais detalhes da pista ou campo (IAAF 2010). Incontestavelmente as olimpíadas foram o maior divulgador do atletismo na história mundial, fato que ocorre até os dias atu- ais. Atletas e países têm-se consagrado mundialmente pelos fei- tos realizados durante os jogos olímpicos. Acrescentado ainda os Campeonatos Mundiais e Territoriais, como é o caso do Panameri- cano. Assim, podemos afirmar que a história dos Jogos Olímpicos culmina também com a história do próprio atletismo. De acordo com autores como Grifi (1989). Ramos, (1982), Tubino at al. (2007) em cada versão da Olimpíada, um atleta foi imortalizado pelos seus feitos no atletismo, da mesma forma, gradativamente as ino- vações foram acontecendo na organização da Olimpíada: Em Paris, 1900 – Início das competições da prova de lança- mento do martelo para homens. Em Estocolmo, 1912 – Hannes Kholemainem (finlandês) nas corridas de fundo; Jim Thorpe (americano) no declato e pentatlo. Nessa edição as provas de 5.000 metros e 10.000 metros rasos passaram a fazer parte do programa olímpico. Foi também em Estocolmo que: Pela primeira vez, os Jogos reuniram atletas dos cinco continentes. Para a contagem de tempos e resultados, aparece o photo-finish e os cronômetros manuais são trocados por relógios elétricos. O segundo passou a ter décimos (VARGAS, 2006).

Em Amsterdam, 1928 – Paavo Numi (finlandês) vencendo os 10mil, 5 mil e 3 mil metros com obstáculos. Foi nessa edição que as mulheres começaram a participar da prova de corrida dos 100 metros rasos. Em Los Angeles, 1932 – Chuhei Nambu (japonês) no salto- triplo. E também essa edição foi marcada pelo aparecimento do pódio para os três primeiros lugares. © U2 - História do Atletismo 71

Em Berlim, 1936 – Jesse Owens (americano) chamado o deus dos deuses. "Contra tudo e contra todos, o atleta negro, Owens su- perou a pretensa superioridade da raça ariana" (VARGAS, 2006). Em Londres, 1948 – Fanny Blanders-Hoen (holandesa), ex- traordinária velocista; e Zatopeck (tcheco), o locomotiva humana, batendo o recorde dos 10.000 metros. Em Helsinque, 1952 – novamente Zatopeck, recordista nos 5.000m, 10.000m, e na maratona. O brasileiro Ademar da Silva conquista a medalha de ouro e bate o recorde no salto triplo e José Telles da Conceição conquista a medalha de bronze no salto em altura. Em Melbourne, 1956 – Vladimir Kuntz nos 5.000m, 10.000m; e novamente Ademar da Silva conquista a medalha de ouro e bate o recorde do salto triplo. Em Roma, 1960 – o etíope , correndo descalço ganhou a corrida da maratona. Wilma Rudolph (americana) consa- grou-se nos 100, 200 e 4x100. Essa Olimpíada marcou o início da transmissão televisiva. E também foi nessa edição que as mulheres começaram a competir na prova de 800 metros rasos. Na cidade do México, 1968 – o atleta brasileiro Nelson Pru- dêncio conquista a medalha de prata no salto triplo. Em Munique, 1972 - a alemã Heidi Schüller no salto em dis- tância. Nessa edição foi incorporada a prova de 1500 metros fe- mininos. E o brasileiro Nelson Prudêncio conquista a medalha de bronze no salto triplo. Em Montreal, 1976 – o brasileiro João Carlos de Oliveira con- quista a medalha de bronze no salto triplo. Em Moscou, 1980 – o brasileiro João Carlos de Oliveira repe- te o feito da edição anterior e conquista novamente a medalha de bronze no salto triplo. Em Los Angeles, 1984 – as mulheres disputaram pela primei- ra vez a prova dos 3.000 metros rasos, que atualmente foi substi-

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tuída pela prova dos 5.000 metros rasos. Também foi nesses Jogos que aconteceu a primeira edição da maratona olímpica feminina. E ainda, nessa edição o atleta brasileiro Joaquim Cruz conquistou a medalha de ouro na prova dos 800 metros rasos. Em Seul, 1988 – o amadorismo deixou de ser obrigatório. Nessa edição, o velocista brasileiro Robson Caetano conquistou a medalha de bronze nos 200 metros rasos, e o atleta Joaquim Cruz conquista a medalha de prata nos 800 metros rasos E também nes- sa edição as mulheres começaram a competir na prova dos 10.000 metros rasos. Em Atlanta, 1996 – pela primeira vez empresas privadas bancam a realização dos Jogos. Nessa edição a equipe brasileira do revezamento 4 X 100 metros, masculino,formada pelos atletas: Arnaldo de Oliveira, Robson Caetano, Edson Luciano, André Do- mingos, conquista a medalha de bronze Em Sydney, 2000 – a era digital, os Jogos foram transmitidos também pela rede mundial de computadores. Nessa edição a equi- pe brasileira do revezamento 4 X 100 metros, masculino, formada pelos atletas: Vicente Lenilson, Edson Luciano, André Domingos e Claudinei Quirino, conquista a medalha de prata. E também nessa edição as mulheres passam a competir na prova de lançamento do martelo. Em Atenas, 2004 – o atleta brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima, após ser agarrado pelo irlandês Cornelius Horan quando li- derava a prova, obteve a terceira colocação na maratona. Em Pequim, 2008 – a atleta brasileira Maurren Maggi con- quista a medalha de ouro na prova do salto em distância. Nas últimas versões das Olimpíadas, nomes como Karl Lewis, Flo Jô; Javier Soto Maior, Maurren Maggi, Fabiana Murer, Asafa Powell, Usain Bolt. Yelena Isinbayeva, dentre outros, têm escrito seus nomes na História do atletismo e de seus países. © U2 - História do Atletismo 73

Com o aumento do interesse e desempenho no esporte, in- centivados também pela cobertura televisiva, gerando interesses comerciais, o princípio de amador foi difícil de ser seguido, princi- palmente pelos recursos necessários para formar atletas de elite. Assim em 1982, A IAAF abandonou o tradicional conceito de ama- dorismo e passou a criar fundos de custódia para os atletas, para que um maior números de atletas talentosos pudessem alcançar a alta performance. Em 2001, devido o movimento para um esporte mais profis- sional o Congresso da IAAF votou por unanimidade para o nome da organização ser alterada, passando de Associação Internacional de Atletismo Amado para Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF 2010). Atualmente além das competições de atletismo realizadas a cada quatro anos, nos Jogos Olímpicos, o programa oficial da IAAF inclui, campeonatos como: Campeonato Mundial Júnior, Campe- onato Mundial da Juventude, Campeonato Mundial Indoor, Cam- peonato Mundial, Campeonato Mundial de Cross Country, Cam- peonato Mundial de Marcha Atlética, Mundial de Meia Maratona, entre outros.

9. AS PROVAS DO ATLETISMO ͳ UM POUCO DA HISͳ TÓRIA

Atualmente o programa do atletismo é composto por provas de pista, de campo, provas combinadas, corridas de rua, corridas em campo, corridas em montanha e marcha atlética (programa que estudaremos de modo mais aprofundado na Unidade 3). Estudando a história do atletismo podemos perceber que as provas que hoje integram o programa atual da modalidade foram surgindo ao longo do tempo. Dessa forma, existem provas que estão presentes desde as primeiras competições, como a corrida

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dos 200 metros e as provas que foram criadas mais recentemente como a corrida com barreiras, criadas pelos ingleses em meados do século 19. Dando continuidade e aprofundando o nosso estudo sobre a história do atletismo, veremos agora um pouco do histórico de suas provas, seguindo o histórico apresentado pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt, 2010)

Corridas de Velocidade Na era moderna não existe um registro preciso de quando a prova dos 100 metros rasos começou a ser disputada. Os ingleses, responsáveis pela renovação do esporte, disputavam a prova de 100 jardas (91,40m). Após a criação da IAAF, o primeiro recorde considerado foi do atleta Donal Lippicontt com o tempo de 10s6, nos Jogos Olím- picos de Estocolmo em 1912. As competições femininas nos 100 metros rasos foram integradas nos Jogos Olímpicos de Amsterdã, no ano de 1928. Os 200 metros rasos, provavelmente é a mais antiga de to- das as provas, já que a primeira corrida que se disputou nos Jogos Olímpicos da Antiguidade, o "stadion", media aproximadamente 600 pés gregos, o que equivale sensivelmente aos nossos moder- nos 200 metros. Na era moderna, o primeiro recorde que se tem notícia é do inglês Willian Collet, em 1866, correndo as 220 jardas (201,16m) em 23 segundos. A competição dos 200 metros rasos faz parte da programação olímpica masculina desde 1900, nos Jogos Olímpicos de Paris. E em 1948, nos Jogos Olímpicos de Londres, a prova pas- sou a fazer parte da programação feminina. A prova dos 400 metros rasos é tão antiga como os 200 me- tros, já que o "diaulo", ou duplo "stadion", com a distância de aproximadamente 385 metros, começou a ser disputado em 724 © U2 - História do Atletismo 75 a.C, na décima quarta edição dos Jogos Olímpicos da Antiguidade. Na era moderna faz parte da faz parte da programação Olímpica masculina desde 1896 e na feminina foi incorporada no ano de 1964.

Corridas de Meio Fundo e Fundo Os 800 metros rasos eram disputados desde a Antiguidade, nos Jogos Istmios, Nemeus e Panatenáicos, mas nunca fez parte do programa Olímpico. Era conhecida como "Hippios" e aparente- mente era a mesma distância corrida pelos cavalos. Na era moderna, os 800 e 1.500 metros fazem parte do pro- grama masculino, desde a primeira edição dos Jogos Olímpicos de 1986 em Atenas. Em 1928, nos Jogos Olímpicos de Amsterdã a prova foi in- cluída na programação feminina, mas como as atletas não tinham preparo nenhum para essa prova, as atletas chegaram a desmaiar na chegada. Assim a competição foi abolida, voltando a ser dispu- tada apenas nos Jogos Olímpicos de Roma, em 1960. E os 1.500 metros rasos feminino foi incorporado em 1972, nas Olimpíadas de Munique. Disputada desde a Antiguidade, a corrida dos 5.000 metros rasos, tem como referência a décima quinta Olimpíada (720 a. C), a prova era chamada "dolichos" e inspirava-se nas proezas dos men- sageiros militares que transportavam mensagens e instruções por grandes distâncias, principalmente em tempo de guerra. Em meados do século 19, as corridas de fundo eram de gran- de interesse popular. Nos Jogos Olímpicos de 1912, em Estocolmo as provas de 5.000 e 10.000 foram integradas na programação. Na programação feminina, a prova de 3.000 metros que foi disputada pela primeira vez em Los Angeles, foi substituída em 1994 pela corrida dos 5.000 metros rasos, e os 10.000 metros pas- sou a integrar a programação em 1988, nos Jogos Olímpicos de Seul.

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Realizada pela primeira vez em 1896, nos Jogos Olímpicos de Atenas, a maratona é originária da história do soldado grego "Pheidippides", que no ano de 490 a.C. teria corrido aproximada- mente 40 km, distância entre a cidade de Maratona e Atenas, para dar a notícia da vitória dos gregos sobre os persas e, em seguida teria morrido. Em 1908, os últimos metros do percurso atual da marato- na (42.195m) foram inseridos para completar a rota do Castelo de Windsor ao estádio de Londres, sendo essa distância oficializada a partir dos Jogos Olímpicos de Paris, em 1924. E no ano de 1984, nos jogos Olímpicos de Los Angeles, a maratona passou a integrar a programação feminina.

Corridas com barreiras e com obstáculos Inicialmente disputada pelos ingleses e provavelmente ser uma imitação das competições hípicas. Nas primeiras competições as barreiras eram simples toras de madeiras enterradas no solo. A prova masculina, dos 110 metros com barreiras faz parte dos Jo- gos Olímpicos desde 1896 e a prova feminina dos 100 metros com barreiras passou a integrar a programação olímpica em 1932, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles. Nos Jogos Olímpicos de Paris, em 1900 a prova dos 400 me- tros com barreiras começou a fazer parte da programação mascu- lina e na programação feminina iniciou em 1984, nas Olimpíadas de Los Angeles. A primeira corrida com obstáculos, também conhecida como steeplechase, aconteceu no ano de 1828 em Edimburgo. Essa cor- rida foi introduzida nos Jogos Olímpicos de 1900 em Paris, dispu- tadas nas distâncias de 2.500 e 4.000 metros. E nos Jogos Olímpi- cos de Antuérpia em 1920, a distância dessa prova foi padronizada para 3.000 metros, porém nem sempre se disputava a corrida com o mesmo número de obstáculos, assim a IAAF só reconhece como primeiro recorde a marca do atleta Sandor Roznyoi, da Hungria, © U2 - História do Atletismo 77 obtida no ano de 1954, durante os campeonatos da Europa. Na programação olímpica feminina, a prova dos 3.000 metros com obstáculos, foi realizada pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de Pequim, no ano de 2008.

Corridas de Revezamento As corridas de revezamento já eram, realizadas pelos gregos na Antiguidade. Disputada por cinco equipes, formadas por qua- renta atletas cada, uma prova de revezamento chamada "Lampa- dodromia" ou "Corrida das Tochas" era realizada nas Panatenéias em homenagem à deusa Atena. Nessa competição a tocha não podia se apagar, e a equipe que acendesse a fogueira com a tocha colocada no Altar de Prometeu, localizado no marco da chegada, seria a vencedora era aquela Em 1912, nos Jogos Olímpicos de Estocolmo, as corridas de revezamento 4X100 e 4X400 metros passaram a incluir a progra- mação olímpica masculina. E na programação olímpica feminina, o revezamento 4X100 foi integrado em 1928, nos Jogos Olímpicos de Amsterdã, já o revezamento 4X400 só foi introduzido no ano de 1972, nos Jogos Olímpicos de Munique.

Marcha Atlética A marcha atlética também é uma criação inglesa, os "foot- man" percorriam longas distâncias nos séculos 17 e 18. Mas a marcha como conhecemos foi criada pelo americano Edward Pay- son Wetson, que passou grande parte da sua vida atravessando o continente americano marchando. Em 1908, nos Jogos Olímpicos de Londres, a marcha atlética foi introduzida, com as distâncias de 3.500 metros e 10 milhas, porém inúmeras mudanças ocorreram e em 1952 as provas mas- culinas de marcha atlética passaram a ser de 20 e 50 km.

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A marcha atlética feminina passou a integrar a programação olímpica nos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1999, sendo dis- putada na distância de 10 km. E em 1999 as mulheres passaram a disputar a prova de 20 km de marcha atlética, a qual faz parte atualmente da programação olímpica e mundial.

Salto em Distância Disputada desde a Antiguidade, o salto em distância é a pro- va mais antiga dentre as provas de salto do Atletismo. A com- petição do salto em distância, realizada pelos gregos eram com a utilização de halteres de pedras nas mãos, pois acreditavam que obteriam uma distância maior. Na era moderna, o salto em distância faz parte da programa- ção olímpica masculina desde 1896 e na programação feminina foi introduzido nos Jogos Olímpicos de 1948, em Londres.

Salto Triplo A história dessa prova é um pouco obscura, mas sabe-se que os Celtas já praticavam o salto triplo nos seus Jogos Tailtianos. To- davia, diferente das regras atuais, o salto triplo era disputado na Irlanda e na Escócia no final do século 19. Nos Jogos Olímpicos, o salto triplo integra a programação masculina desde os Jogos Olímpicos de Atenas, em 1896. Já nas competições femininas, o primeiro recorde mundial homologado foi em 1990 e anos mais tarde a prova foi incorporada no progra- ma olímpico feminino.

Salto em Altura A origem dessa prova não é bem definida, registros históri- cos apontam que o salto em altura faz da programação olímpica masculina desde os Jogos Olímpicos de Atenas em 1896 e da pro- gramação olímpica feminina desde os Jogos Olímpicos de Amster- dã, em 1928. © U2 - História do Atletismo 79

Mas a IAAF reconhece como seu primeiro recorde masculino, a marca de 2,00 metros, obtida pelo americano George Horine, no ano de 1912 em Palo Alto. E o primeiro recorde feminino a marca de 1,47 metros, obtida pela francesa Elise Constant, em 1912. Em termos técnicos, essa prova é provavelmente a que mais teve modificações desde que começou a ser disputada em nossos dias. No início, o estilo utilizado para saltar era apenas o "tesoura". Em 1893 o irlandês Michael Sweeneey criou o estilo "rolo para o interior". Anos mais tarde o norte-americano David Albritton re- alizou o estilo "rolo ventral". Até que nos anos 60 o americano Richard Fosbury revolucionou a prova, criando o estilo "Fosbury Flop", passando se costas sobre o sarrafo, o que lhe rendeu o título olímpico de 1968, nos Jogos Olímpicos do México com a marca de 2,24 metros.

Salto com vara Registros históricos mostram que o salto com vara era bas- tante popular entre a nobreza inglesa, a ponto de ser praticado pelo rei Henrique VII. Inicialmente o salto com vara era praticado por homens na ginástica e passou a integrar a competição oficial de atletismo nos Jogos Olímpicos desde 1896, em Atenas. E no programa olímpico feminino, o salto com vara passou a integrar a competição apenas nos Jogos Olímpicos de Sydney em 2000.

Lançamento do Dardo O dardo sem dúvida era utilizado para a caça e para guerrear, assim pode-se dizer que o lançamento do dardo é a prova mais relacionada com a vida do homem nos tempos antigos. O lançamento do dardo fazia parte do Pentatlo,prova dis- putada nos Jogos Olímpicos da Antiguidade. Na era moderna faz parte do programa Olímpico masculino desde 1908 e nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1932 passou a ser disputado tam- bém pelas mulheres.

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Lançamento do Disco Assim como o dardo, o lançamento do disco na Antiguidade fazia parte do Pentatlo, contudo não se tem informações precisas sobre o tamanho, peso e material que o disco era feito. Sobre o tamanho fontes históricas registram um diâmetro entre 17 a 32 centímetros, com peso variando entre 1,3 e 6,6 kg, e o material já foram encontrados discos de ferro, bronze e pedra. Na era moderna o lançamento do disco faz parte da progra- mação masculina desde a primeira edição dos Jogos Olímpicos, em Atenas, no ano de 1896. Durante os anos o disco sofreu algumas alterações e a partir dos Jogos Olímpicos de Londres, em 1908, teve seu peso atual de 2 kg fixado. O lançamento do disco femi- nino, embora tenha sido realizado em competições com o disco pesando 1,5 kg, foi introduzido nos Jogos Olímpicos de Amsterdã, em 1928 com o peso oficial atual de 1 kg.

Lançamento do Martelo O folclore irlandês, conta-nos que em determinada celebra- ção, um tal de Cuchulain (que significa herói em gaélico) fixou o eixo de união das rodas de uma carruagem e com esse engenho rodou sobre o próprio corpo e lançou "a uma distância que ne- nhum homem podia igualar" (CBAt, 2010). E assim teria nascido o "roth-cl heas", o lançamento do martelo. O primeiro registro conhecido pertence ao irlandês Micha- el Kennedy, que lançou 33,52 metros em 1839. A IAAF reconhece como primeiro recorde do lançamento do dardo a marca de 57,77 metros alcançada por Patrick Ryan, 1913. O lançamento do martelo faz parte do programa olímpico masculino desde os Jogos Olímpicos de Paris, em 1900. E apenas em 1999 passou as ser disputado também pelas mulheres e nos Jogos Olímpicos de Sydney passou foi introduzido na programação feminina. © U2 - História do Atletismo 81

Arremesso do Peso Registros históricos apontam que no início da Era de Cristo, os Celtas disputavam uma prova de arremesso de pedra nos Jogos Tailteanos, e pelas descrições se assemelham com a competição atual. Todavia, a forma de como a competição é realizada hoje foi criada pelos britânicos, inclusive o peso do implemento de 7,256k correspondente a 16 libras inglesas. Em termos técnicos a prova do arremesso do peso passou por várias transformações. Willian Parry O'Brien revolucionou essa prova nos anos de 1950 quando criou um estilo que o atleta inicia o movimento de costas para o setor de arremesso. Parry O'Brien, venceu os Jogos Olímpicos de Helsinque e Melbourne, ganhou prata em Roma e foi o primeiro atleta a vencer mais de 100 com- petições consecutivas. O arremesso do peso faz parte do programa olímpico mascu- lino desde a primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. E a história feminina nessa competição começa com o movimento de emancipação da mulher nos esportes, no início doa anos 20, e nos Jogos Olímpicos de Londres em 1948 passa a fazer parte da programação olímpica feminina. Decatlo Sempre em busca da perfeição absoluta, ou do atleta com- pleto, o povo grego criou em 708 a.C uma competição que permi- tisse aos campeões menos dotados numa prova mostrar, em um programa completo, as sua possibilidades. Criaram então o Penta- thon. Na segunda metade do século 19, alguns países europeus começaram a disputar algumas provas múltiplas de diversos tipos. E no final do século, foi disputado nos EUA, o "torneio do atleta completo", como as provas: 100 jardas, peso, altura, 880 jardas, marcha, martelo, vara, 120 jardas com barreiras, peso de 56 libras, distância e milha.

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Em 1912, sob proposta da Suécia o COI resolveu incluir no programa o Decatlo como conhecemos hoje. No primeiro dia: 100m, salto em distância, arremesso do peso, altura e 400 metros. No segundo dia: 110 metros com barreiras, lançamento do disco, salto com vara e 1.500 metros. As mulheres começaram a disputar as provas combinadas em 1928, com a disputa do Pentatlo, com as provas: peso, distân- cia, 100 metros, altura e dardo. No ano de 1964, nos Jogos Olím- picos de Tóquio foi introduzido o pentatlo no programa feminino com as seguintes provas: 80 metros com barreiras, arremesso do peso, salto em altura, salto em distância e 200 metros. E nos Jo- gos Olímpicos de Los Angeles, em 1984 iniciou-se a competição do heptatlo com a mesma formação atual. No primeiro dia: 100 metros com barreiras, salto em altura, arremesso do peso e 200 metros. No segundo dia: salto em distância, lançamento do dardo e 800 metros. Com provas diferentes o decatlo atualmente também é reali- zado por mulheres, com as provas: Primeiro dia: 100 metros rasos, lançamento do disco, salto com vara, lançamento do dardo e 400 metros rasos. No segundo dia: 100 metros com barreiras, salto em distância, arremesso do peso, salto em altura e 1.500 metros ra- sos.

10. AVANÇOS TECNOLÓGICOS

Desde muito tempo a tecnologia tem sido empregada tanto para melhor organização das competições, como para melhorar o rendimento e a performance dos atletas. Os avanços tecnológicos são empregados desde a elaboração do piso das pistas até as roupas e calçados dos atletas. Os calçados que antes inicialmente eram sapatos com pregos colocados, hoje as sapatilhas são cada vez mais leves e confortáveis. As roupas atu- almente são criadas com materiais que diminuam o atrito do ar. © U2 - História do Atletismo 83

Como mencionado anteriormente, a tecnologia utilizada para uma melhor organização das competições são utilizadas des- de os Jogos Olímpicos de Estocolmo, em 1912, com a introdução do photo-finish (Figura 9) e da cronometragem elétrica para deter- minar a classificação, como também o tempo exato de cada atle- ta. Atualmente existem dois sistemas de cronometragem utili- zados em grandes competições, um para as corridas de velocidade e outro para as corridas de fundo, como a maratona. Nas corridas de velocidade existem sensores de toque nos blocos de partida, assim no momento da largada, o gatilho da pistola envia uma cor- rente elétrica para os blocos de partida e outra para o cronômetro, ao mesmo tempo em que o barulho do tiro da pistola é ampliado por alto-falantes colocados nos blocos de cada corredor. Na linha de chegada um laser é projetado até o outro lado onde existe uma célula fotoelétrica, e quando o corredor cruza a linha de chegada o raio é bloqueado e a célula envia um sinal ao cronômetro para gravar o momento da chegada. Enquanto isso uma câmera de vídeo posicionada na linha de chegada grava uma imagem em câmera lenta a 2 mil quadros por segundo. Assim quando o tronco do atleta cruza a linha de chegada, a câmera en- via um sinal para o cronômetro gravar o tempo. As imagens são enviadas ao computador que as sincroniza com o tempo do cronômetro, e essas imagens podem ser transmi- tidas em um vídeo 30 segundos após o final da prova.

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Figura 9 Sistema de Photo-finish

Nas corridas de longa distância, o sistema é diferente, eti- quetas de radiofrequência (RFIDs) são colocadas nos tênis de cada corredor e são acionadas no momento em que o atleta passa sobre o pano colocado na largada, que possuem um circuito que capta o sinal de cada corredor. Na linha de chegada outro pano é colocado para gravar o tempo de cada corredor e comparado com o tempo do cronôme- tro acionado pela pistola na largada e interrompido quando o pri- meiro atleta cruzou a linha de chegada. © U2 - História do Atletismo 85

Os avanços tecnológicos são também utilizados nas diferen- tes ciências, Biomecânica, Fisiologia, dentre outras; direcionadas para a preparação física e estruturação do treinamento de cada atleta, como também a criação de equipamentos específicos, dire- cionados para o desenvolvimento das capacidades físicas e aper- feiçoamento das técnicas das diferentes provas, como mostra a Figura 10, a Campeã Olímpica e Mundial, no lançamento do disco, treinando em uma máquina de carga regulável para o treinamento da força dirigida.

Figura 10 Máquina para o treino do lançamento do disco

Os avanços tecnológicos, direcionados para o melhor rendi- mento dos atletas tem proporcionado resultados surpreendentes, levando a quebra de recordes cada vez mais constantes, como po- demos observar no Quadro 1 de Recordes Mundiais, masculino e feminino:

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Quadro 1 Recordes Mundiais, masculino e feminino: Recordes Mundiais Masculino – ano de referência 2010 Prova Marca Atleta Nac. Data do Recorde 100 m 9s58 Usain Bolt JAM 16/08/2009 200 m 19s19 Usain Bolt JAM 20/08/2009 400 m 43s18 Michael Johnson USA 26/08/1999 800 m 1min41s01 David Lekuta Rudisha KEN 29/08/2010 1.000 m 2min11s96 Noah Ngeny KEN 05/09/1999 1.500 m 3min26s00 Hicham el Guerrouj MAR 14/07/1998 1 milha 3min43s13 Hicham el Guerrouj MAR 07/07/1999 2.000m 4min44s79 Hicham el Guerrouj MAR 07/09/1999 3.000m 7min20s67 Daniel Komen KEN 01/09/1996 5.000m 12min37s35 Kenenisa Bekele ETH 31/05/2004 10.000m 26min17s53 Kenenisa Bekele ETH 26/08/2005 10 km 27min01s Micah Kipkemboi KEN 29/03/2009 15 km 41min29s Felix Limo KEN 11/11/2001 15 km 41min29 Deriba Merga ETH 20/02/2009 20.000 m 56min26s ETH 27/06/2007 20 km 55min21 ERI 21/03/2010 1 hora 21.285 m Haile Gebrselassie ETH 27/06/2007 Meia Maratona 58min23s Zersenay Tadese ERI 21/03/2010 25.000m 1h13min55s8 Toshihiko Seki JPN 22/03/1981 25 km 1h11min50s Samuel Kiplimo Kosgei KEN 09/05/2010 30.000 m 1h29min18s8 Toshihiko Seki JPN 22/03/1981 30 km 1h27min49s Haile Gebrselassie ETH 20/09/2009 Maratona 2h03min59s Haile Gebrselassie ETH 28/09/2008 100 km 6h13min33s Takahiro Sunada JPN 21/06/1998 3.000 m com 7min53s63 Saif Saaeed Shaheen QAT 03/09/2004 obstáculos 110 m com 12s87 Dayron Robles CUB 12/06/2008 barreiras 400m com 46s78 Kevin Young USA 06/08/1992 barreiras Salto em Altura 2,45 m Javier Sotomayor CUB 27/07/1993 Salto com Vara 6,14 m Sergey Bubka UKR 31/07/1994 Salto em 8,95 m Mike Powell USA 30/08/1991 Distância Salto Triplo 18,29 m Jonathan Edwards GBR 07/08/1995 Arremesso do 23,12 m Randy Barnes USA 20/05/1990 Peso © U2 - História do Atletismo 87

Recordes Mundiais Masculino – ano de referência 2010 Prova Marca Atleta Nac. Data do Recorde Lançamento do 74,08 m Jürgen Schult GDR 06/06/1986 Disco Lançamento do 86,74m Yuriy Sedykh URS 30/08/1986 Martelo Lançamento do 98,48m Jan Zelezný CZE 25/05/1996 Dardo Decatlo 9026 pontos Roman Sebrle CZE 27/05/2001 20.000m 1h17min25s6 Bernardo Segura MXE 07/05/1994 Marcha Atlética 20km Marcha 1h17min16s Vladimir Kanaykin RUS 29/09/2007 Atlética 30km Marcha 2h01min44s1 Maurizio Damilano ITA 03/10/1992 Atlética 50.000m FRA 3h40min57s9 Thierry Toutain 29/09/1996 Marcha Atlética 50km Marcha 11/05/2008 3h34min14s Denis Nizhegorodov RUS Atlética Revezamento 37s10 Bolt Usain, Powell Asafa, JAM 22/08/2008 4x100m Carter Nesta, Frater Michael Revezamento 1min18s68 Heard Floyd, Burrell Leroy, USA 17/04/1994 4x200m Marsh Michael, Lewis Carl Revezamento 2min54s29 Johnson Michael, Valmon USA 22/08/1993 4X400m Andrew, Reynolds Harry, Watts Quincy Revezamento 7min02s43 Yiampoy William, Kombich KEN 04/09/2009 4X800m Ismael Kipngetich, Mutua Joseph Mwengi, Bungei Wilfred 4X1.500m 14min36s23 Rono Geoffrey Kipkoech, KEN 04/09/2009 Choge Augustine Kiprono, Tanui William Biwott, Gathimba Gideon Revezamento 1h57min06 Mwangi Daniel Muchunu, KEN 23/11/2005 em rua Mathathi Martin Irungu, Ndambiri Josphat Muchiri, Nyerre Onesmus, Kariuki John, Mogusu Mekubo

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Recordes Mundiais Feminino – ano de referência 2010 Prova Marca Atleta Nac. Data do Recorde 100 m 10s49 Florence Griffith Joyner USA 16/07/1988 200 m 21s34 Florence Griffith Joyner USA 29/09/1988 400 m 47s60 Marita Koch GDR 06/10/1985 800 m 1min53s28 Jarmila Kratochvílová TCH 26/07/1983 1.000 m 2min28s98 Svetlana Masterkova RUS 23/08/1996 1.500 m 3min50s46 Yunxia Qu CHN 11/09/1993 1 milha 4min12s56 Svetlana Masterkova RUS 14/08/1996 2.000m 5min25s36 Sonia O’Sullivan IRL 08/07/1994 3.000m 8min06s11 Junxia Wang CHN 13/09/1993 5.000m 14min11s15 Tirunesh Dibaba ETH 06/06/2008 10.000m 29min31s78 Junxia Wang CHN 08/09/1993 10 km 30min21s Paula Radcliffe GBR 23/02/2003 15 km 46min28s Tirunesh Dibaba ETH 15/11/2009 20.000 m 1h05min26s6 Tegla Loroupe KEN 03/09/2000 20 km 1h02min57s Lornah Kiplagat NED 14/10/2007 1 hora 18.517m Dire Tune ETH 12/06/2008 Meia Maratona 1h06min25s Lornah Kiplagat NED 14/10/2007 25.000m 1h27min05s9 Tegla Loroupe KEN 21/09/2002 25 km 1h19min53s KEN 09/05/2010 30.000 m 1h45min50s Tegla Loroupe KEN 06/06/2003 30 km 1h38min49s Mizuki Noguchi JPN 25/09/2005 Maratona 2h15min25s Paula Radcliffe GBR 13/04/2003 100 km 6h33min11s Tomoe Abe JPN 25/06/2000 3.000 m com 8h58min81s RUS Gulnara Galkina 17/08/2008 obstáculos 110 m com 12s21 BUL Yordanka Donkova 20/08/1988 barreiras 400m com 52s34 RUS Yuliya Pechenkina 08/08/2003 barreiras Salto em Altura 2,09 m Stefka Kostadinova BUL 30/08/1987 Salto com Vara 5,06 m Elena Isinbaeva RUS 28/08/2009 Salto em 7,52 m URS Galina Chistyakova 11/06/1988 Distância Salto Triplo 15,50 m Inessa Kravets UKR 10/08/1995 Arremesso do 22,63 m URS Natalya Lisovskaya 07/06/1987 Peso Lançamento do 76,80 m GDR Gabriele Reinsch 09/07/1988 Disco © U2 - História do Atletismo 89

Recordes Mundiais Feminino – ano de referência 2010 Prova Marca Atleta Nac. Data do Recorde Lançamento do 78,30 m POL Anita Wlodarczyk 06/06/2010 Martelo Lançamento do 72,28 m CZE Barbora Špotáková 13/09/2008 Dardo Heptatlo 7291 pontos Jackie Joyner-Kersee USA 24/09/1988 Decatlo 8358 pontos Austra Skujyte LTU 15/04/2005 10.000 m 41min56s23 URS Nadezhda Ryashkina 24/07/1990 Marcha Atlética 20.000 m 1h26min52s3 RUS Olimpiada Ivanova 06/09/2001 Marcha Atlética 20 km Marcha 1h25min41s RUS Olimpiada Ivanova 07/08/2005 Atlética Revezamento 41s37 Göhr Marlies, Gladisch- GDR 4x100m Möller Silke, Rieger-Günther 06/10/1985 Sabine, Auerswald-Lange Ingrid Revezamento 1min27s46 Jenkins LaTasha, Colander USA 4x200m LaTasha, Perry Nanceen, 29/04/2000 Jones Marion Revezamento 3min15s17 Nazarova Olga V., URS 4X400m Ledovskaya Tatyana, Vladykina-Bryzgina Olga, 01/10/1988 Kulchunova-Pinigina Mariya Revezamento 7min50s17 Borisova Lyudmila, URS 05/08/1984 4X800m Podyalovskaya Irina, Olizarenko Nadezhda, Gurina Lyubov Revezamento 2h11min41s Jiang Bo, Zhao Fentgting, CHN 28/02/1998 em rua Dong Yanmei, Ma Zaijie, Lan Lixin, Lin Na Ao estudarmos sobre a história do Atletismo e conhecer os atuais recordes mundiais, podemos chegar à conclusão, que o atle- tismo, pela beleza, pela plástica de seus movimentos, pela supe- ração dos próprios limites dos atletas, pelas glórias conquistadas, pela facilidade de iniciar sua prática ainda continuará sendo o es- porte com maior número de feitos realizados pelo homem desde a sua humanização.

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11. O ATLETISMO NO BRASIL

No Brasil o atletismo começou a "ganhar vida" por voltam de 1880, quando, imigrantes ingleses e alemães começaram a realizar competições em alguns clubes do Rio de Janeiro, São Paulo e mais tarde Porto Alegre. No ano de 1914 cria-se a Confederação Brasileira de Despor- tos (CDB), que passa a dirigir a maioria dos esportes, inclusive o Atletismo, a partir de então o Brasil está filiado a IAAF. Ainda no mesmo ano, o jornal 'O Estado de São Paulo, organizou um cam- peonato, conhecido como "Campeonato do Atleta Completo, no qual, cada atleta disputava um conjunto de 12 provas combinadas, um "Duodecatlo". E em 1918, o atletismo ganha novo interesse, a corrida de rua, denominada de 'Estadinho', o mesmo jornal, patro- cinou uma corrida de 24 km pelas ruas de São Paulo. Os Jogos Olímpicos de Paris em 1924, foi a primeira parti- cipação brasileira na modalidade do atletismo, compunham a equipe os atletas: Alfredo Gomes, Narciso Valadares, Guilherme "Willy" Ricardo Seewald, Álvaro de Oliveira Ribeiro, Alberto Jack- son Byington Júnior, Eurico de Freitas, Octávio Zani e José Galim- berti (MELLO e TURCO, 2006). Em 1931 os atletas brasileiros participaram pela primeira vez do Campeonato Sul-Americano. Em 1937, São Paulo cedia o even- to e, o Brasil conquista o título inédito de campeão por equipes. O Troféu Brasil de Atletismo foi criado pela Diretoria de Es- portes do Governo do Estado de São Paulo, em 1945, e atualmente é a principal competição do calendário da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), que foi fundada em fundada em 1977 com sede no Rio de Janeiro. Em 1994, a sede foi transferida para a ci- dade de Manaus. Com 27 federações estaduais filiadas, a CBAt, é a única enti- dade de direção nacional do Atletismo brasileiro em todas as suas modalidades, incluindo pista e campo, corridas de rua, marcha © U2 - História do Atletismo 91 atlética, corridas através do campo, corridas de montanha e areia, em conformidade com o estatuto da IAAF. E dentre outros, tem como objetivo administrar, dirigir, controlar, difundir e incentivar, no país a prática do Atletismo em todos os níveis (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ATLETISMO, 2010).

Corrida de São Silvestre Inspirada em uma corrida noturna francesa, na qual os com- petidores carregavam tochas de fogo durante o percurso, o jorna- lista Cásper Líbero, organizou em 1924, a corrida de São Silvestre, nome em homenagem ao santo do dia, disputada a meia noite de 31 de dezembro, e o atleta do clube Espéria, Alfredo Gomes foi o primeiro vencedor da competição (SÃO SILVESTRE, 2009). Diferente da competição que conhecemos hoje, a São Sil- vestre era disputada apenas por homens e brasileiros. No ano de 1945 a competição assumiu caráter internacional com a presen- ça de convidados do Chile e Uruguai e posteriormente america- nos, europeus, africanos e asiáticos. E em 1975, o organizador da competição, o jornal “A Gazeta Esportiva”, realizou a primeira competição feminina, em conjunto com a masculina, mas com a classificação em separado. A primeira campeã foi a alemã Christa Valensieck, que voltou para repetir o feito no ano seguinte (SÃO SILVESTRE, 2009). A partir do ano de 1989 foram feiras diversas alterações na estrutura da corrida: o sentido do percurso foi invertido e a corri- da masculina foi separada da feminina e o horário da competição passou para o período da tarde. Para atender às especificações da IAAF e poder integrar o calendário de provas de rua, o percurso foi ampliado para 15 mil metros. E em 1998 os atletas de elite pas- saram a usar chip para a cronometragem e a organização as duas pistas da Avenida Paulista para a chegada (SÃO SILVESTRE, 2009). Atualmente a corrida de São Silvestre é considerada uma das mais importantes do mundo em sua categoria.

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Atletismo Brasileiro – necessidade de maiores divulgações Como vimos anteriormente, o Brasil possui vários "heróis" do atletismo mundial. Mas mesmo sendo um dos esportes que mais traz medalhas Olímpicas para o Brasil, e também as conquistas iné- ditas atuais, como a medalha de ouro, da atleta Fabiana Murer, no Campeonato Mundial Indoor de Atletismo 2010, na prova do salto com vara. O atletismo no Brasil precisa de maiores divulgações e aumentar o número de pessoas que treinem para que os resulta- dos possam ser mais expressivos, pois seu nível técnico ainda está muito aquém dos outros países. Em notícia divulgada pelo site "UOL" (2010), os melhores re- sultados dos atletas brasileiros da categoria adulto são iguais ou inferiores aos resultados obtidos por atletas de elite da categoria juvenil em diversas provas do atletismo, como mostra o Quadro 2:

Quadro 2 Brasil Perde Para Elite Dos Juvenis Brasil Perde Para Elite Dos Juvenis Prova Ouro Juvenil Melhor Brasileiro Dexter Lee (JAM) Nilson de Oliveira 100 metros rasos 19 anos 26 anos masculino 10s21 10s21 Stormy Kendrick (EUA) Ana Claudia Silva 200 metros rasos 19 anos 21 anos Feminino 22s99 23s21 Shaunae Miller (ROM) Jailma Sales de Lima 400 metros rasos 16 anos 23 anos Feminino 52s52 52s70 Elena Lavric (ROM) Christiane Santos 800 metros rasos 18 anos 33 anos Femininos 2min01s85 2min03s84 Luvo Manyonga (AFS) Rubens dos Santos Salto em distância 19 anos 26 anos Masculino 7,99 metros 8,01 metros Mutaz Barshim (QAT) Guilherme Cobbo Salto em altura 19 anos 22 anos Masculino 2,30 metros 2,20 metros © U2 - História do Atletismo 93

Brasil Perde Para Elite Dos Juvenis Prova Ouro Juvenil Melhor Brasileiro Dailenys Alcántara (CUB) Gisele Lima Salto triplo 18 anos 30 anos Feminino 14,09 metros 13,83 metros Caleb Ndiku (QUE) Leandro Oliveira 1.500 metros 18 anos 28 anos Masculino 3min37s30 3min41s84 3.000 metros com Jonathan Nduku (QUE) Hunson de Souza obstáculos 18 anos 33 anos Masculino 8min23s48 8min45s81 David Belt (QUE) Marilson Gomes 5.000 metros rasos 17 anos 33 anos Masculino 13min23s76 13min34s92 Dennis Masai (QUE) David Macedo 10.000 metros rasos 19 anos 26 anos Masculino 27min53s88 28min58s

12. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS

Procure responder, discutir e comentar as questões a seguir que tratam da temática desenvolvida nesta unidade. A autoavalia- ção pode ser uma ferramenta importante para você testar seu de- sempenho. Lembre-se de que, na Educação a Distância, a constru- ção do conhecimento ocorre de forma cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas descobertas com os seus colegas. Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade: 1) Nesta unidade estudamos a história do atletismo, sua evolução, avanços tecnológicos e atualidades. Com base nos estudos dessa unidade responda: Qual a importân- cia do conhecimento histórico de uma modalidade es- portiva para o seu ensino? 2) Acesse o site da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e faça uma relação entre as Provas Oficiais do Atletismo com o Programa dos Jogos Olímpicos atual e também com o Programa do Troféu Brasil de Atletismo.

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Em seguida faça uma análise dos recordes de cada com- petição. 3) Trace um histórico com base em fotos e informações dos principais atletas brasileiros em duas diferentes provas do Atletismo. 4) Faça um levantamento dos estilos técnicos existentes das provas do Salto em Altura e Arremesso do Peso, identificando o ano e atleta que realizou pela primeira vez cada estilo. 5) Elabore uma atividade direcionada ao ensino do atletis- mo por meio de uma perspectiva histórica

13. CONSIDERAÇÕES

O foco desta unidade foi conhecer a origem e evolução do Atletismo. Para isso, o caminho seguido foi o estudar do Atletismo desde a Pré-História, em seguida passamos pela Antiguidade, até chegarmos ao Atletismo Contemporâneo no Brasil e no mundo. Estudamos também, um pouco do histórico de cada uma das provas do atletismo e as modificações do esporte ocasionadas pelo avanço tecnológico. Os conteúdos estudados nessa unidade são conhecimentos que garantem ao professor o desenvolvimento do ensino do atle- tismo na escola, não só direcionado a dimensão procedimental, mas também a dimensão conceitual e atitudinal. Até a próxima unidade!

14. EͳREFERÊNCIAS

Lista de figuras Figura 1 – Evolução. Disponível em: . Acesso em: 6 set. 2010. Figura 2 – Herói dos esportes. Disponível em: . Acesso em: 6 set. 2010 © U2 - História do Atletismo 95

Figura 3 – Modalidades do Atletismo. Disponível em: . Acesso em: 6 set. 2010. Figura 4 - O Stadio. Disponível em: < http://veja.abril.com.br/especiais/olimpiadas/>. Acesso em: 6 set. 2010. Figura 5 - Discóbolo de Myron. Disponível em: < http://rizoma.sites.uol.com.br/historia_ da_arte/estatuas_gregas.htm>. Acesso em: 6 set. 2010. Figura 9 - Sistema de Photo-finish. Disponível em: . Acesso em: 6 set. 2010. Figura 10 - Máquina para o treino do lançamento do disco. Disponível em: < http:// www.atletason.com/index.php?option=com_phocadownload&view=category&id=3&It emid=41>. Acesso em: 6 set. 2010. ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DAS FEDERAÇÕES DE ATLETISMO. Disponível em: < http:// www.iaaf.org>. Acesso em: 6 set. 2010. CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ATLETISMO. Disponível em: < http://www.cbat.org.br/ acbat/estatuto.pdf>. Acesso em: 6 set. 2010. SÃO SILVESTRE. Disponível em: . Acesso em: 6 set. 2010. UOL ESPORTE. Disponível em: Acesso em: 6 set. 2010.

15. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Lista de figuras Figura 6 - RAMOS, J. J. Os exercícios físicos na história e na arte: do homem primitivo aos nossos dias. São Paulo: IBRASA, 1982. Figura 7 - RAMOS, J. J. Os exercícios físicos na história e na arte: do homem primitivo aos nossos dias. São Paulo: IBRASA, 1982. Figura 8 - RAMOS, J. J. Os exercícios físicos na história e na arte: do homem primitivo aos nossos dias. São Paulo: IBRASA, 1982. GRIFI, G. História da educação física e do esporte. Porto Alegre, 1989. Porto Alegre: D.C. Luzzato Editores, 1989. RAMOS, J. J. Os exercícios físicos na história e na arte: do homem primitivo aos nossos dias. São Paulo: IBRASA,1982. TUBINO, M. G. et al. Dicionário Enciclopédico Tubino do Esporte. Rio de Janeiro: SENAC Editoras, 2007. VARGAS, A. Esporte e realidade: conflitos contemporâneos. Rio de Janeiro: Shape, 2006.

Claretiano - Centro Universitário Claretiano - Centro Universitário O Atletismo 2. CONTEÚDOS 1. OBJETIVOS As provas combinadas. • Fundamentos técnicos eregulamentares dasprovas de • Fundamentos técnicos eregulamentares dasprovas de • Conhecendoapista deatletismo. • Oatletismo –definição eorganização. • Conhecerecompreender osfundamentos técnicos ere- • Distinguir asprovas oficiaisdoatletismo. • Conheceraorganização doatletismo. • campo do atletismo. pista doatletismo. gras básicas dasdiferentes provas doatletismo 3

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3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE

Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Realize o estudo dessa unidade com muita atenção, pois trataremos aqui de todo o conteúdo do atletismo, sua organização, as provas que compõe o atletismo, suas re- gras básicas e fundamentos técnicos, sendo esses conte- údos essenciais para sua aprendizagem. 2) Nesta unidade, apresentamos as regras necessárias para o conhecimento e entendimento das diversas provas do atletismo. Para um maior aprofundamento das regras, acesse o site da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), disponível em: . Aces- so em: 4 set. 2010 e, também, o site da Associação Inter- nacional das Federações de Atletismo (IAAF), disponível em: . Acesso em: 4 set. 2010. 3) Para um maior aprofundamento e visualização dos movi- mentos das provas do atletismo acesse o site disponível em: . Acesso em: 4 set. 2010. Nesse site você en- contrará, animações gráficas que exemplificam os movi- mentos e estratégias de várias provas do atletismo. 4) Procure também aprofundar seus estudos, realizando leituras das referências bibliográficas indicadas no final da unidade.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE

Na unidade anterior, realizamos um percurso histórico do atletismo, iniciamos com suas origens na pré-história, passando pela antiguidade, era medieval, moderna até chegarmos à idade contemporânea e nas competições do atletismo na atualidade, nos possibilitando conhecer um pouco das transformações que ocorreram ao longo do tempo. © U3 - O Atletismo 99

Nesta última unidade, estudaremos de forma aprofundada o atletismo em sua definição, organização atual, como também os fundamentos técnicos e regulamentares das diferentes provas que fazem parte da programação oficial dessa modalidade. Elementos fundamentais para o seu conhecimento dessa rica modalidade es- portiva. Bons estudos!

5. O ATLETISMO ͵ DEFINIÇÃO E ORGANIZAÇÃO

Na atual definição o Atletismo é um esporte com provas de pista (corridas), de campo (saltos e lançamentos), provas combi- nadas, como decatlo e heptatlo (que reúnem provas de pista e de campo), o pedestrianismo (corridas de rua, como a maratona), corridas em campo (cross country), corridas em montanha e mar- cha atlética (IAAF 2010). As provas de pista são aquelas cuja realização se dá na pis- ta de Atletismo, independentes de serem utilizadas em ambientes abertos ou em ambientes fechados, ou seja, outdoor, sem cober- tura, como estádios ou ginásios, ou indoor, (com cobertura). As provas de pista compreendem as provas de marcha e de corridas realizadas, exclusivamente, na pista de atletismo. As provas de campo são realizadas dentro do campo do atle- tismo, no setor de competição de cada prova. Podem ser realiza- das em campo aberto, outdoor, ou em campo fechado, indoor. São divididas em saltos, lançamentos e arremesso. De acordo com a IAAF (2010), apresentamos a organização das provas oficiais de atletismo, para efeito de recorde mundial, no Quadro 1.

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Quadro 1 As provas oficiais do Atletismo

As Provas Oficiais do Atletismo

Feminino Masculino 20.000 m 10.000 m 20 km 20.000 m 30.000 m Marcha Atlética 20 km 50.000 m 50 km

100 m Corridas Rasas de 200 m Velocidade 400 m

800 m 1.000 m 1.500 m Corridas Rasas de Meio 1 milha (1.605 m) Fundo 2.000 m

3.000 m 20.000m 30.000 m 5.000 m 20 km 30 km 10.000 m 1 hora Meia maratona Corridas Rasas de 10 km (em km – 25.000 m Maratona Fundo prova de rua) 25 km 100 km 15 km Feminino Masculino Corridas com Barreiras 100 m 110 m 400 m 400 m Corridas com 3.000 m Obstáculos Feminino Masculino 4 X 100 m 4 X 100 m 4 X 200 m 4 X 200 m 4 X 400 m 4 X 400 m Corridas de 4 X 800 m 4 X 800 m Revezamento 4 X 1.500 m Revezamento em rua Revezamento em rua Salto em Distância Salto Triplo Saltos Salto em Altura Salto com Vara © U3 - O Atletismo 101

As Provas Oficiais do Atletismo Lançamento do Dardo Lançamento do Disco Lançamentos Lançamento do Martelo Arremesso Arremesso do Peso Feminino Masculino Heptatlo Provas Combinadas Decatlo Decatlo Além dessas provas, existem as corridas de montanha e o cross-crontry, provas que também estudaremos no decorrer da unidade. Em cada competição a programação das provas se modifica. Assim, como exemplo, mostraremos a programa da competição, cujo qual o atletismo é mais divulgado pela mídia, os Jogos Olímpi- cos, realizados no ano de 2008, no Quadro 2.

Quadro 2 Programação das provas de Atletismo nos Jogos Olímpi- cos – ano de 2008

Programação das provas de Atletismo nos Jogos Olímpicos – ano de 2008

Feminino Masculino Marcha Atlética 20 km 20 km 50 km

100 m Corridas Rasas de 200 m Velocidade 400 m

800 m Corridas Rasas de Meio 1.500 m Fundo

5.000 m 10.000 m Corridas Rasas de Maratona Fundo Feminino Masculino Corridas com Barreiras 100 m 110 m 400 m 400 m

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Programação das provas de Atletismo nos Jogos Olímpicos – ano de 2008 Corridas com 3.000 m Obstáculos 4 X 100 m Corridas de 4 X 400 m Revezamento Salto em Distância Salto Triplo Saltos Salto em Altura Salto com Vara Lançamento do Dardo Lançamento do Disco Lançamentos Lançamento do Martelo Arremesso Arremesso do Peso Feminino Masculino Heptatlo Provas Combinadas Decatlo Decatlo

6. CONHECENDO A PISTA DE ATLETISMO

A pista oficial de atletismo é constituída de duas retas para- lelas e duas curvas de raios iguais, e seu comprimento deve ser de 400 metros medidos em sua borda interna. Embora haja pistas oficiais com seis raias, a maioria das pis- tas possui oito raias com 1m,22cm de largura. E de acordo com as regras da Confederação Brasileira de Atletismo (2010) as compe- tições internacionais devem acontecer em pistas com no mínimo de oito raias, as quais devem ser numeradas da esquerda para a direta. E a direção das corridas e marcha atlética será com o lado esquerdo do atleta voltado para a borda interna da pista. É importante ressaltar que nas diferentes provas de corrida e marcha atlética, a linha de chegada é sempre no mesmo lugar, as- sim, o que muda, são os locais de saída de cada uma das provas. A pista de atletismo também possui os setores específicos para cada uma das provas de campo, como podemos observar na Figura 1. © U3 - O Atletismo 103

Figura 1 A pista oficial de atletismo

Agora que já conhecemos sobre a organização do atletismo e também a pista, local de realização de grande parte das provas do atletismo iniciaremos o estudo sobre as técnicas básicas do mo- vimento de cada e suas regras básicas.

7. FUNDAMENTOS TÉCNICOS E REGULAMENTARES DAS PROVAS DE PISTA DO ATLETISMO

Marcha atlética A marcha atlética é uma progressão de passos executados de tal modo que o atleta mantenha um contato contínuo com o solo, não podendo ocorrer a olho nu, a perda do contato com o solo. A perna que avança deve estar reta, ou seja, não flexionada no joelho, desde o primeiro contato com o solo, até a posição ereta vertical (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ATLETISMO, 2010, p.91).

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Na marcha atlética os braços devem ser movimentados no sentido ântero-posterior, de acordo com o ritmo da passada e fle- xionados a 90 graus. O tronco deve estar ligeiramente inclinado para frente e acompanha de maneira contrária o movimento do quadril. Durante a marcha atlética observamos duas fases. São elas: • Fase de apoio simples: caracterizada pelo contato do cal- canhar no solo, pela estabilização, momento de apoio da planta do pé no solo e a impulsão realizada pela ponta do pé, ocasionando um rolamento do pé sobre o solo. • Fase de duplo apoio: caracterizada pelo final da impulsão, momento que a ponta do pé posterior entra em contato com o solo e o pé dianteiro inicia o "ataque", a partir do contado do calcanhar, como ilustra a Figura 2.

Figura 2 Marcha atlética

Regras Básicas da Marcha Atlética Seguindo as regras da Confederação Brasileira de Atletismo (2010) apresentamos algumas regras básicas para as competições de marcha atlética. © U3 - O Atletismo 105

1) A progressão de passos deve provocar um contato con- tínuo com o solo, ou seja, não deve haver a fase área – perda de contato com o solo. 2) A saída deve começar pelo disparo de uma arma e os comandos ocorrem nos moldes das provas de longa dis- tância: "as suas marcas", seguido do disparo. 3) Quando um atleta perde o contato com o solo ou flexio- na o joelho durante qualquer parte da competição, ele receberá um cartão vermelho. 4) Um marchador não poderá receber uma segunda puni- ção do mesmo árbitro. 5) Quando um competidor recebe três cartões vermelhos de três árbitros, ele é desqualificado.

As corridas Durante o nosso processo do desenvolvimento motor, com a aquisição de equilíbrio e velocidade na realização dos movimen- tos, passamos do andar para o correr. No início, sem muita coor- denação a corrida se caracteriza como um andar rápido, mas com o aprimoramento motor, aos poucos essa corrida passa a ser mais coordenada de modo que os movimentos dos braços e pernas pas- sam a ser mais sincronizados, nos permitindo passadas mais lon- gas e maior velocidade na corrida (MATTHIESEN 2007b). Mesmo após o nosso processo de desenvolvimento motor, não adquirimos uma corrida perfeita. Se observamos diferentes pessoas podemos perceber os diferentes padrões de corrida e o quanto cada um deles difere do movimento do correr dos atletas da televisão, e o que difere esse movimento é a técnica da corrida aprimorada por meio dos treinamentos. Educativos de Corrida Para melhor aprendizagem e aprimoramento da técnica das corridas e saltos, existem vários exercícios de coordenação, cha- mados de "educativos de corrida". Esses exercícios, realizados por corredores, saltadores, lançadores e marchadores, podem ser re-

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alizados durante diferentes momentos de uma sessão de treina- mento, como por exemplo, como aquecimento ou como parte do treinamento técnico específico. Em geral, a nomenclatura dos educativos de corrida é proce- dente da língua inglesa ou alemã, e dentre eles apresentamos o: Dribbling, Skipping, Anfersen, Hopserlauf e Grande Roda, exercí- cios que estudaremos a seguir. Dribbling: deslocamento curto realizado pela movimentação alternada da ponta e planta dos pés, com ligeira flexão do quadril. Priorizando a frequência do movimento, estando com os cotovelos flexionados a noventa graus, os braços movimentam-se no sentido ântero-posterior. Para melhor compreensão, observe a Figura 3:

Figura 3 Dribbling

Skipping: deslocamento proporcionado pela elevação alter- nada dos joelhos até a altura do quadril, mantendo o tronco ereto. Priorizando a frequência do movimento, estando com os cotove- los flexionados a 90 graus, os braços movimentam-se no sentido ântero-posterior, como ilustra a Figura 4. © U3 - O Atletismo 107

Figura 4 Skipping

Anfersen: deslocamento proporcionado pela flexão alterna- da dos joelhos, tocando os calcanhares nos glúteos, mantendo o tronco ligeiramente inclinado para frente. Priorizando a frequência do movimento, estando com os cotovelos flexionados a 90 graus, os braços movimentam-se no sentido ântero-posterior. Veja o edu- cativo de corrida, Anfersen, na Figura 5:

Figura 5 Anfersen

Hopserlauf: deslocamento proporcionado por saltos alter- nados com a elevação do joelho, movimentação alternada dos membros superiores e inferiores, mantendo o tronco ereto. O Hopserlaut pode ser realizado em progressão vertical, enfatizando

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a impulsão, ou em progressão horizontal para enfatizar a amplitu- de da passada, como podemos observar na Figura 6.

Figura 6 Hopserlauf

Grande Roda: exercício realizado principalmente por barrei- rista consiste no deslocamento proporcionado pela combinação de três movimentos do dribbing ou skipping com a elevação do joelho e extensão da perna para frente, realizando um movimen- to circular até retornar a posição inicial para dar continuidade ao exercício, como vemos na Figura 7.

Figura 7 Grande Roda © U3 - O Atletismo 109

Corridas: especificidades Das diferentes provas que compõe o atletismo, as corridas, seguramente, são as mais conhecidas. E, dentro do programa do atletismo, elas aparecem de diferentes formas e ritmos, podendo ser classificadas de diferentes maneiras, como por exemplo: Quanto ao tipo da prova • Corridas rasas de velocidade: quando não existe nenhum tipo de barreira ou obstáculo durante o percurso. • Corridas com barreiras: quando existe a ultrapassagem de 10 barreiras durante o percurso, colocadas em distâncias pré-definidas. • Corridas com obstáculos (stteplechase): quando existe a ultrapassagem de obstáculos de madeira e de um fosso de água. Quanto ao tempo • Corridas de velocidade: com distância de até e, inclusive, 400 metros. • Corridas de meio-fundo: com distância entre 800 e 2.000 metros. • Corridas de fundo: distâncias acima de 3.000 metros. Quanto à participação • Individual: quando o atleta inicia e termina a prova. • Em equipes: quando ocorre o revezamento do bastão, na qual mais de um atleta realiza a mesma prova, mas parti- cipando em momentos diferentes. Dando continuidade ao nosso estudo, iniciaremos agora o estudo dos diferentes aspectos técnicos e regulamentares das di- ferentes provas de corrida que compõe o atletismo, seguindo a ordem: corridas rasas de velocidade, corridas de meio fundo e fun- do, corridas de revezamento, corridas com barreiras, corridas com obstáculos, cross-country e corridas em montanha.

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Corridas Rasas de Velocidade As corridas rasas de velocidades são as mais rápidas e de menor distância, assim podemos dizer que são corridas de alta in- tensidade e baixo volume. Quanto maior a velocidade da corrida será: 1) Maior inclinação do tronco. 2) Maior ênfase na movimentação dos braços no sentido ântero-posterior. 3) Maior frequência e amplitude das passadas. 4) Menor contato com os pés no solo. 5) Maior visualização da fase aérea, perda de contado dos pés com o solo. São classificadas como corridas rasas de velocidade as pro- vas de 100, 200 e 400 metros. Essas provas são realizadas em raia marcada, assim, a invasão de raia atrapalhando o outro competi- dor implica na desqualificação do atleta. Nessas provas é obrigatório a saída na posição agachada e o uso do bloco de partida. Durante a preparação e largada dos atletas, os comandos dados pelo árbitro de partida serão: "as suas marcas", "prontos", e quando os atletas estiverem "prontos" é dado o tiro de largada. Ao comando "as suas marcas" cada atleta deverá se posicio- nar dentro de sua própria raia, com os pés em contato com o bloco de partida, com ambas as mãos no chão, bem próximas a linha de saída, apoiadas principalmente com os dedos polegar e indicador, e com um dos joelhos em contato com o solo, como podemos ob- servar na Figura 8: © U3 - O Atletismo 111

Figura 8 Saída Baixa: posicionamento em "as suas marcas"

No comando de "prontos" o atleta deverá elevar o quadril, desequilibrando o corpo à frente, mantendo o contato com as mãos no solo e os pés nos blocos, podendo a cabeça e o tronco ultrapassar a linha de saída, como mostra a Figura 9:

Figura 9 Saída baixa: posicionamento em "prontos"

A partir dos 200 metros rasos a saída é escalonada para que a diferença ocorrida pela curva seja descontada, como podemos observar na Figura 10:

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Figura10 Saída escalonada

Quanto menor a distância da corrida, maior será a importân- cia de uma boa saída. E de acordo com o biotipo e as acomodações de cada atleta a saída baixa pode ser feita de três formas: • Saída curta: a distância entre a linha de largada e o corpo do corredor é bem pequena, ficando o atleta como corpo encolhido quando assume a posição de saída. • Saída média: a distância entre o pé anterior e a linha de largada é de aproximadamente dois pés do atleta. E o pé posterior fica distante cerca de um pé do anterior. • Saída longa: a distância entre a linha de largada e o pé anterior do atleta é maior, assim o corredor mantém o corpo mais estendido. © U3 - O Atletismo 113

De acordo com as regras da Confederação Brasileira de Atle- tismo (CBAt, 2010) a partir do dia primeiro de janeiro de 2010, em todas as corridas de velocidade, exceto nas provas combinadas, que veremos mais adiante, qualquer atleta responsável por uma saída falsa será desqualificado. Nas provas de corrida do atletismo é classificado como pri- meiro colocado o atleta cujo tronco cruzou em primeiro a linha de chegada, ficando assim excluídos braços, pernas, pés e cabeça. Embora as corridas de 100, 200 e 400 metros sejam classifica- das como corridas de velocidade, correr cada uma delas é diferen- te, cada uma exige aspectos táticos diferentes, ou seja, na corrida de 100 metros realizar uma boa saída é fundamental, em seguida o atleta tenta manter uma aceleração pelo maior tempo possível e no final da prova ocorre uma desaceleração. Desse modo, o atleta mantém um ritmo intenso do início ao fim da corrida. Na prova de 200 metros o trecho inicial é feito em curva, obrigando o atleta a inclinar o tronco para o interior da pista para contrapor à ação da força centrífuga, assim, é de grande impor- tância que o atleta realize uma boa corrida em curva, e por ser um percurso maior a desaceleração no final da prova é mais evidente do que a corridas dos 100 metros rasos. Já nos 400 metros por ser a prova de velocidade de maior percurso, essa prova não permite que o atleta desenvolva sua má- xima velocidade, pois é pouco provável que ele consiga manter essa intensidade até o final da prova. Assim podemos dizer que o atleta de 400 metros precisa saber dosar o ritmo da sua corrida. Corridas de meio-fundo e fundo As corridas de meio fundo e fundo são provas de maiores distâncias, embora, atualmente, os atletas realizem essas provas em uma velocidade considerável: cerca de 2 minutos e 30 segun- dos nos 1.000 metros rasos, e completam aproximadamente 1 km a cada 3 minutos na maratona. Essas corridas exigem do atleta,

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principalmente nas corridas de meio fundo, muita resistência de velocidade e nas corridas de fundo, muita resistência aeróbia, ou seja, capacidade de realizar um esforço de média intensidade por um longo período de tempo. Assim, podemos dizer que quanto maior a distância da corrida, maior será o seu volume e menor será a sua (velocidade) intensidade. As corridas rasas de meio fundo são as provas de: 1) 800 metros. 2) 1.000 metros. 3) 1.500 metros. 4) 1 milha (1.605 metros). 5) 2.000 metros. As corridas de fundo são as provas de: 1) 3.000 metros. 2) 5.000 metros. 3) 10.000 metros e 10 km. 4) 20.000 m e 20 km. 5) 25.000 m e 25 km. 6) 30.000 m e 30 km. 7) 1 hora. 8) Meia-maratona e maratona. 9) 100 km . Nas corridas de meio-fundo e fundo a saída é alta, ou seja, é feita em pé. Assim o comando dado pelo árbitro é "as suas mar- cas" para que o atleta se posicione atrás da linda de partida, e, em seguida, é dado o tiro de partida para o início da corrida. Com exceção a prova de 800 metros, em que a primeira curva é feita em raia marcada, sendo então necessário o escalonamento da saída, as demais provas de meio fundo e fundo (realizadas na pista), são feitas em raia livre, assim os atletas buscam correr na raia de número um, para não correr uma distância maior que a necessária para completar o percurso. Como podemos observar na Figura 11. © U3 - O Atletismo 115

Figura 11 Corrida de fundo

Algumas técnicas das corridas de meio-fundo e fundo se as- semelham com as corridas de velocidade, ou seja, existe a fase aérea, os braços se movimentam no sentido ântero-posterior. Po- rém, como a velocidade nessas corridas é menor que nas provas rasas de velocidade, o contato do pé com o solo é um pouco maior, havendo maior utilização da base plantar, como também menor inclinação do corpo e menor elevação dos joelhos que se projetam para frente. Corridas de revezamento As corridas de revezamento são as únicas provas disputadas em equipes no atletismo. Para efeito de recorde mundial, as pro- vas oficiais de revezamento do atletismo são: 1) 4 X 100 metros (masculino e feminino). 2) 4 X 200 metros (masculino e feminino). 3) 4 X 400 metros (masculino e feminino). 4) 4 X 800 metros (masculino e feminino). 5) 4 X 1.500 metros (masculino). 6) Revezamento em Rua (masculino e feminino). Sendo as mais disputadas, por fazerem parte do programa Olímpico, apresentaremos agora algumas das especificidades das provas de revezamento 4X100 e 4X400 metros.

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Regras Básicas das Corridas de Revezamento As corridas de revezamento possuem algumas regras básicas no que diz respeito ao bastão e a sua passagem, de acordo com a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt 2010). São elas: 1) O bastão pode ser de madeira, metal ou outro material rígido em uma peça única, dever ser um tubo liso, oco, circular, com comprimento entre 28 a 30 centímetros, de 12 a 13 centímetros de circunferência e pesar no má- ximo 50 gramas. 2) A passagem do bastão deve acontecer dentro da zona de 20 metros, denominada zona de passagem e com os atletas em movimento. 3) Se o atleta desejar, no revezamento 4 X 100, ele pode- rá utilizar a zona de aceleração de 10 metros, ou handi- cap. 4) Se o bastão cair durante a competição, e não atrapalhar os demais competidores, não ocorre a desclassificação da equipe e quem derrubar o bastão deverá pegar para dar continuidade a corrida. 5) Na prova de 4 X 100 metros, a corrida deverá ser toda realizada em raia marcada. 6) Na prova de 4 X 400 metros, o primeiro atleta corre em raia marcada, o segundo atleta recebe o bastão e corre até o final da primeira curva em raia marcada, na qual se inicia a corrida em raia livre; o terceiro e quarto atleta correm em raia livre.

Técnicas de passagem do bastão No revezamento 4 X 100 uma boa passagem do bastão é fundamental para o bom desempenho da equipe. Feita em grande velocidade, o atleta que recebe o bastão não olha para trás após ter iniciado sua corrida, assim dizemos que a passagem do bastão é "não visual", podendo ser realizada de três formas: 1) Passagem por baixo com troca de mão: todos os atle- tas recebem o bastão com a mão esquerda, durante a corrida trocam o bastão para a mão direita para então, © U3 - O Atletismo 117

realizar a passagem para o próximo corredor, colocando o bastão na mão do companheiro de baixo para cima, conforme ilustra a Figura 12.

Fonte: MATTHIESEN (2007a) Figura 12 Passagem do bastão por baixo com troca de mão 2) Passagem por baixo sem troca de mão: nessa técnica, pouco utilizada devido aos riscos de queda do bastão, o primeiro atleta corre com o bastão na mão direita, passando-o de baixo para cima para a mão esquerda do segundo atleta. O segundo atleta passa o bastão para a mão direita do terceiro atleta, que passa para mão esquerda do quarto atleta que finaliza a corrida. Para melhor compreensão dessa passagem, observe a Figura 13:

Fonte: MATTHIESEN (2007a) Figura 13 Passagem do bastão por baixo sem troca de mão 3) Passagem por cima sem troca de mão: essa é a forma de passagem mais usada pelas grandes equipes. O primeiro atleta inicia a prova com o bastão na mão direita, pro- curando correr na parte interna da raia, passa de cima para baixo, para a mão esquerda do segundo atleta, po- sicionado na parte mais externa da raia, o qual passa o bastão para a mão direita do terceiro atleta, posicionado na parte interna da raia, que passa o para a mão esquer-

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da do quarto atleta posicionado na parte externa da raia que finaliza a corrida. Ficou confuso? A Figura 14 te aju- dará a entender essa passagem:

Fonte: MATTHIESEN (2007a) Figura 14 Passagem do bastão por cima

No revezamento 4 X 400 metros a passagem do bastão não é tão rápida quanto no 4 X 100. A passagem é feita de forma que o atleta que recebe o bastão olha para o companheiro que o entre- ga, assim, chamamos de “passagem visual”. 4) Passagem visual: nessa passagem, feita de baixo para cima, todos os atletas recebem o bastão com a mão es- querda e o passam para o companheiro com a mão direi- ta, ocorrendo assim à troca do bastão da mão esquerda para a direita durante a corrida, como podemos obser- var na Figura 15.

Fonte: MATTHIESEN (2007a) Figura 15 Passagem do bastão visual

Em uma competição do revezamento 4 X 400 há uma pre- paração e organização dos atletas para realizarem a passagem do bastão. Como o terceiro e quarto corredor não recebem o bastão em raia marcada, os atletas de cada equipe ficam organizados um ao lado do outro, como mostra a Figura 16: © U3 - O Atletismo 119

Figura 16 Passagem do bastão revezamento 4X400 metros

Corridas com barreiras As corridas com barreiras são provas de velocidade, sendo assim obrigatória a saída baixa e a corrida em raia marcada. Exis- tem três provas de corridas com barreira: • 100 metros com barreiras (feminino). • 110 metros com barreiras (masculino). • 400 metros com barreiras (masculino e feminino). Nas três provas de corridas com barreiras, existem 10 barrei- ras que precisam ser transpostas, o que muda em cada uma delas são a altura das barreiras e a distância entre elas, como mostra o Quadro 3:

Quadro 3 Altura das barreiras Altura das barreiras 400 metros 400 metros 110 metros com 100 metros com barreiras com barreiras com barreiras barreiras feminino -masculino Juvenil Juvenil Juvenil Menores, Juvenil Mirim Menores e Menores Menores e e Adulto e Adulto Adulto Adulto 0,914 0,762 m 0,762 m 0,84 m 0,914m 1,067 0,762 m 0,84 m m

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Distância entre as barreiras Distância entre a Distância da linha Distância entre as última barreira e a Distância da Prova de saía à primeira barreiras linha de chegada barreira 100 m 13,00 m 8,50 m 10,50 m 110 m 13,72m 9,14 m 14, 02 m 400 metros 45, 00 m 35, 00 m 40, 00 m Feminino 400 metros 45, 00 m 35, 00 m 40, 00 m Masculino Para a realização da transposição da barreira, dizemos que a primeira perna que ataca a barreira é a "perna de ataque", a qual deve estar estendida, já a outra perna que passa com o joelho fle- xionado e em abdução, formando um "L", é chamada de "perna de rebote". É importante frisar que o movimento de transposição da barreira deve acontecer com o joelho bem próximo a barreira, de modo que o barreirista não a salta, para não prejudicar seu equilí- brio, ritmo de corrida e resultado final da prova. No momento do ataque da barreira o tronco é inclinado para frente e o movimento dos braços pode ser realizado de duas for- mas distintas: lançando o braço contrário à perna de impulsão em direção ao pé de ataque ou lançando os dois braços à frente. Nas corridas de 100 e 110 metros com barreiras, os atletas de alto nível atacam a barreira sempre com a mesma perna, reali- zando três passadas entre as barreiras. Já da saída para a transpo- sição da primeira barreira, como essa distância é maior, os atletas de alto nível costumam realizar de sete a oito passadas até a pri- meira barreira, como ilustra a Figura 17. © U3 - O Atletismo 121

Figura 17 Exemplo de transposição das barreiras nos 100 metros com barreiras

Caso o atleta tenha por opção técnica sete passadas, será necessário a inversão da perna de impulsão no bloco, para a rea- lização da saída baixa, ou seja, comumente a perna de impulsão é colocada a frente do bloco, mas para que a "perna de ataque" che- gue primeiro na barreira, a perna de impulsão deverá ser colocada no bloco de trás. Após a passagem da última barreira, o trecho restante (14,02m na prova masculina e 10,50m na prova feminina) deve ser realizado como no final de uma corrida de velocidade, projetando seu corpo para frente. Nas corridas de 400 metros com barreiras, devido à distância entre as barreiras, os atletas realizam um maior número de passa- das, entre 13 a 17 nas provas masculinas e entre 14 a 19 nas provas femininas, dependendo do potencial de cada atleta. A técnica da passagem das barreiras na prova dos 400 me- tros não difere das provas de 100 e 110 metros, mas nos 400 me- tros é necessário que o barreirista consiga realizar o ataque com ambas as pernas, pois além de possíveis erros na distribuição das passadas pode ocorrer alteração de ritmo da corrida nas últimas barreiras. Assim, o atleta capaz de realizar o ataque com as duas pernas terá prejuízos técnicos menores.

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Caso ocorra a queda da barreira durante a transposição, o atleta não será punido se não for propositalmente ou não tenha atrapalhado outro atleta.

Corridas com obstáculos A corrida de 3.000 metros com obstáculos se assemelha com as corridas de longa distância. Em cada volta o atleta deverá passar por quatro obstáculos seco e um molhado, o fosso. Assim, durante todo o percurso de sete voltas e meia o corredor realizará 28 pas- sagens pelos obstáculos seco e sete vezes pelo fosso. Os obstáculos são distribuídos pela pista como mostra a Fi- gura 18:

Fonte: MATTHIESEN (2007a) Figura18 Distribuição dos obstáculos na pista

Nessa prova, da saída até a linha de chegada, durante a pri- meira volta não deve haver nenhuma transposição, assim o obstá- culo correspondente a esse trecho deve ser colocado logo após a passagem dos atletas. A altura dos obstáculos é de 0,914 metros nas provas mas- culinas de 3.000 metros e de 0,762 metros nas provas femininas, posicionados de forma regular na pista, conforme ilustrado nas Fi- guras 19 e 20: © U3 - O Atletismo 123

Figura 19 Exemplo de obstáculo

Figura 20 Exemplo Fosso D’agua.

Diferente das barreiras, os obstáculos são fixos, e para maior segurança dos atletas, a transposição deve ser realizada com mais certeza de não bater nos obstáculos. Assim, o ideal é que o atleta saiba atacar o obstáculo com a perna direita e esquerda, e que a passagem seja feita como nas corridas de 400 metros com bar- reiras com um pouco mais de altura. Para melhor compreensão visualize a Figura 21:

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Figura 21 Exemplo de transposição do obstáculo

Realizada por atletas mais iniciantes, a transposição do obs- táculo também pode ser feita com o apoio dos pés sobre o obstá- culo. A passagem pelo fosso com água é feita com o apoio dos pés, pois como o fundo do fosso é um plano inclinado e a parte mais funda fica próxima ao obstáculo, como podemos observar na Figura 22, é recomendado que o atleta busque saltar mais a frente para evitar a parte do fosso mais funda e maior volume de água, dificultando a corrida.

Figura 22 Exemplo de Transposição do fosso d'água © U3 - O Atletismo 125

Cross-Country e corridas em montanha Ainda que pouco conhecidas aqui no Brasil as provas de cross-country (Figura 23), corridas por meio do campo, também fazem parte do programa oficial do atletismo. O percurso é caracterizado por curvas planas, retas curtas em terreno ondulado, sendo realizado nas distâncias e categorias, demonstradas no Quadro 4:

Quadro 4 Distâncias e Categorias do percurso de cross-country Prova Categoria Gênero 8 km Juvenil Masculino 6 km Juvenil Feminino 4 km (prova curta) Adulto Feminino e Masculino 12 km (prova longa) Adulto Masculino 8 km (prova longa) Adulto Feminino As corridas em montanhas são realizadas em campos, en- volvendo subidas e/ou descidas, são classificadas em: Corridas em subida de montanha e Corridas com largada e chegada no mesmo nível, conforme o tipo de percurso, ilustrado no Quadro 5:

Quadro 5: Corrida em subida de montanha Corrida em subida de montanha Categoria Distância Subida Masculino Adulto 12 km 1.200 m Feminino Adulto 8 km 800 m Juvenil Masculino 8 km 800 m Juvenil Feminino 4 km 400 m

Largada e Chegada no mesmo nível Categoria Distância Subida Masculino Adulto 12 km 750 m Feminino Adulto 8 km 500 m Juvenil Masculino 8 km 500m Juvenil Feminino 4 km 250 m

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Figura 23 Cross-country

8. FUNDAMENTOS TÉCNICOS E REGULAMENTARES DAS PROVAS DE CAMPO DO ATLETISMO

Como vimos anteriormente, as provas de campo são as pro- vas realizadas dentro do campo do atletismo, no setor de com- petição de cada prova. Podem ser realizadas em campo aberto, outdoor, ou em campo fechado, indoor. São divididas em: saltos, lançamentos e arremesso. Iniciaremos nosso estudo sobre as provas de campo do atle- tismo, começando pelas provas de salto em distância, salto triplo, salto em altura e salto com vara; seguindo com provas de lança- mento do dardo, disco e martelo e finalizando com o arremesso do peso. © U3 - O Atletismo 127

Os saltos As provas de salto do atletismo são quatro, duas enfatizam a projeção horizontal: o salto em distância e o salto triplo e, duas que enfatizam a projeção vertical: o salto em altura e o salto com vara. Iniciaremos o nosso estudo pelos saltos de projeção horizon- tal e em seguida estudaremos os saltos de projeção vertical. Salto em distância O salto em distância define quem salta mais longe e, para a sua realização, os atletas fazem sua corrida em um corredor de no mínimo 40 metros de comprimento e 1m 22cm de largura, tendo sua queda na caixa de areia. Existem três diferentes estilos para a realização do salto em distância, sendo o grupado o estilo mais simples e os outros dois mais elaborados: o arco e a passada no ar ou hitch kick. Esses três estilos possuem os mesmos princípios básicos, pois o que muda em cada um deles é a técnica empregada durante a fase de flutua- ção. Independente do estilo de salto que será realizado, o salto em altura pode ser dividido nas seguintes fases: 1) A preparação: corresponde a concentração inicial do atleta que está posicionado no corredor de salto, a uma distância da tábua, definida durante os treinamentos. 2) Corrida de aproximação: corrida até a tábua de impul- são: essa corrida pode ser progressiva até o momento da impulsão em alta velocidade, ou uma corrida ritmada e progressiva, quando o atleta, até chegar à tábua, altera a amplitude e a frequência das passadas. O importante é chegar à tábua em alta velocidade e com a perna de impulsão. Para maior segurança, muitos atletas adotam a "marca in- termediária", utilizada como referência para verificar se estão se aproximando da tábua de impulsão corretamente, ao passar por ela com a perna de impulsão.

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1) Impulsão: para maior aproveitamento do salto, deve ser realizada exatamente sobre a tábua com a planta do pé mais forte (de impulsão) do atleta. Nesse momento, o atleta deve buscar força vertical, eleva- ção, e para tanto a perna contrária a de impulso (perna de chute) é elevada para frente e para cima, com flexão do joelho e auxílio dos braços. 1) Flutuação: momento que aparece a diferença da técnica de acordo com o estilo desenvolvido. Vejamos cada um em separado: Estilo Grupado: a partir da extensão dos membros superio- res e inferiores, o atleta busca alcançar as mãos aos pés, inclinan- do o tronco à frente, para atingir maior distância, conforme ilustra a Figura 24.

Fonte: MATTHIESEN (2007a) Figura 24 Salto em distância estilo grupado

Estilo Arco: após a elevação, o atleta provoca um atraso na perna de chute e também nos braços, adiantando seu quadril e provocando um movimento de arco com o corpo, como podemos observar na Figura 25. © U3 - O Atletismo 129

Fonte: MATTHIESEN (2007a) Figura 25 Salto em distância estilo arco

Estilo Hitch kich ou Passada no ar: após a elevação, com a perna de chute adiantada e joelho alto, o atleta realiza um movi- mento de alternância entre pernas e braços, realizando uma pas- sada e meia no ar. Veja esse estilo na Figura 26:

Fonte: MATTHIESEN (2007a) Figura 26 Salto em distância estilo Hitch Kich 1) Queda Nesse momento, baseando-se na regra de medição com base na marca mais próxima à linha de medição, o atleta busca manter as pernas estendidas e elevadas ao máximo para projetar seu corpo o mais a frente possível, seguidos do tronco e quadril até o contato dos calcanhares com o solo. Independente do estilo técnico utilizado, o momento de queda é comum para todos.

Regras Básicas do Salto em Distância Seguindo as regras da Confederação Brasileira de Atletismo (2010) apresentamos algumas regras básicas para as competições do salto em distância:

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1) A ordem de realização dos saltos nas competições será sorteada. 2) Em competições oficiais com mais de oito atletas, cada atleta terá direito a três saltos, classificando os oito me- lhores para mais três tentativas. 3) Em competições com até oito competidores, cada salta- dor terá direito a seis tentativas, valendo para classifica- ção o melhor salto. 4) A impulsão deve acontecer sobre a tábua de impul- são. Caso aconteça antes o atleta não será punido, mas perderá alguns centímetros do salto. Mas, caso o salto aconteça após a tábua de impulsão, ou ao lado da tábua, o salto será invalidado. 5) O salto deverá ser realizado com apenas um dos pés e para melhor aproveitamento com o de impulsão. O salto será invalidado se o atleta realizar qualquer tipo de salto mortal. 6) A linha de medição da tábua de impulsão corresponde à borda mais próxima da caixa de areia. Dessa forma, a medição do salto corresponde ao espaço compreendido entre essa linha e a marca da areia mais próxima a ela. Salto triplo O salto triplo (Figura 27) define quem salta mais longe após a realização dos três saltos, e como no salto em distância, para a sua realização, os atletas fazem sua corrida em um corredor de no mínimo 40 metros de comprimento e 1m 22cm de largura, tendo sua queda na caixa de areia, com a diferença da tábua de impulsão que fica a 13 metros da caixa de areia para as competições interna- cionais masculinas e, 11 metros para as competições femininas . Os princípios básicos do salto triplo são semelhantes ao salto em distância. Em função dos três saltos consecutivos, a velocidade é um fator muito importante, uma vez que ela vai diminuindo em cada um dos saltos. De acordo com o regulamento do atletismo, o salto triplo deve ser realizado com os dois primeiros impulsos executados com © U3 - O Atletismo 131 a mesma perna e no terceiro e último deve haver a troca de perna. Ou seja, se o saltador realizou o primeiro impulso com a perna direita, o segundo também deve ser feito com a perna direita e então no terceiro ocorre à inversão da perna, sendo realizado com a perna esquerda, ficando da seguinte forma: Direita – direita – es- querda, ou esquerda – esquerda – direita. Como o terceiro impulso é realizado com menor velocidade, exigindo mais força do atleta, é recomendável que a perna mais forte, a de impulsão, seja "reservada" para a realização do terceiro impulso. O salto triplo compreende de três fases, sendo elas: 1) Fase de preparação para o salto: estando o atleta no corredor de saltos a uma distância da tábua de impul- são, definida em treino, a qual propiciará chegar a tábua em alta velocidade. Assim, como no salto em distância, há saltadores que realizam a corrida progressiva até o momento da impulsão, outros que realizam uma corrida ritmada e progressiva alterando o tamanho das últimas passadas e, também, os que utilizam a marca interme- diária. 2) Os três impulsos e o salto em si: seguido da corrida de velocidade, o primeiro impulso dever ser realizado na tábua de impulsão com a planta do pé. Com pequena flexão a perna que realizou o impulso, se estende im- pulsionando o quadril para cima e, a perna contrária é lançada para frente. Nesse momento, o braço que cor- respondente a perna que realizou a impulsão, vai para frente e o outro para trás, por meio da movimentação dos cotovelos. Durante a fase aérea do primeiro impulso, a perna que foi lançada a frente, é abaixada, ficando para trás, proporcionando a queda com a mesma perna que realizou o primeiro e que realizará o segundo impulso, por meio de uma pequena flexão seguida da extensão em direção ao terceiro impulso. Os braços continuam se movimentando de forma alternada.

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A perna que esteve livre nos dois primeiros impulsos será a perna de impulsão no terceiro, ocorrendo assim a queda do se- gundo impulso sobre ela, que realizará a impulsão igual ao salto em distância. 1) A queda: será como no salto em distância, obedecendo às mesmas regras para não invalidar o salto. Devido à menor velocidade do último salto, normalmente os sal- tadores finalizam o salto no estilo grupado ou arco, utili- zados no salto em distância.

Figura 27 Salto Triplo

Regras Básicas do Salto Triplo Seguindo as regras da Confederação Brasileira de Atletismo (2010) apresentamos algumas regras básicas para as competições do salto triplo. 1) A ordem de realização dos saltos nas competições será sorteada. 2) Em competições oficiais com mais de oito atletas, cada atleta terá direito a três saltos, classificando os oito me- lhores para mais três tentativas. 3) Em competições com até oito competidores, cada salta- dor terá direito a seis tentativas, valendo para classifica- ção o melhor salto. 4) A impulsão deve acontecer sobre a tábua de impulsão situada a uma distância de, no mínimo, 13 metros, nas provas oficiais masculinas, e 11 metros, nas femininas. 5) Se a impulsão for realizada antes da tábua, o atleta não será punido, embora perca alguns centímetros na medi- ção da distância, além de correr o risco de não atingir a caixa de areia na queda. © U3 - O Atletismo 133

6) O atleta será punido, com a invalidação do salto, se tocar o solo além da linha de medição, quer passe correndo sem saltar, quer passe no momento do salto, realizar o impulso ao lado da tábua de impulsão, seja à frente seja atrás do prolongamento da linha de medição. 7) A linha de medição da tábua de impulsão corresponde à borda mais próxima da caixa de areia. Dessa forma, a medição do salto triplo corresponde ao espaço compre- endido entre essa linha e a marca da areia mais próxima a ela. Salto em altura O salto em altura define o salto mais alto, assim, os atletas devem ultrapassar uma barra de fibra de vidro, com 4 metros de comprimento (o sarrafo), apoiada em dois postes e com um col- chão de espuma como área de queda. Como no salto em distância, existem três diferentes estilos de realização do salto em altura, sendo eles: tesoura, rolo ventral e fosbury flop. Iniciaremos agora o estudo de cada um dos estilos separa- damente. 1) Estilo Tesoura (Figura 28): esse estilo é o mais simples de realizar o salto em altura e, recebe esse nome em função dos movimentos das pernas para ultrapassar o sarrafo. Embora a utilização desse estilo não proporcione bons resultados, ele é um bom educativo para o ensino do Fosbury Flop. Nesse estilo podemos observar as seguintes fases: corrida de aproximação; impulsão, elevação e transposição; e a queda. Es- tudaremos agora cada uma delas separadamente. Corrida de Aproximação: embora não se atinja a velocidade máxima, o ritmo da corrida é crescente e com aumento progressi- vo na amplitude das passadas e do contato com o pé no solo, para a realização do impulso a partir do calcanhar.

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A corrida é realizada em um ângulo de aproximadamente 45 graus, e o saltador deve chegar ao sarrafo com a perna de impul- são estando do lado de "fora" em relação ao sarrafo e, a "perna de chute", que será lançada para cima estará mais próxima ao sarrafo, realizando o movimento de "tesoura". Assim, se a perna de impul- são for a direita, a corrida deve ser realizada do lado esquerdo, e se a perna de impulsão for a esquerda, a corrida deve ser realizada do lado direito. Impulsão, elevação e transposição: no momento da impul- são ocorre um abaixamento do centro de gravidade, devido à fle- xão da "perna de impulsão" que logo em seguida será estendida, projetando o corpo para cima juntamente com a transposição do sarrafo pela "perna de chute". Durante a transposição, ocorre o movimento de alternância das pernas, ou seja, a "perna de chute" que está acima do sarrafo é abaixada em direção ao colchão, e a "perna de impulso" é elevada. Queda: normalmente o saltador realiza a queda em pé, pos- sibilitando que esse estilo seja realizado em locais que não pos- suem o colchão. Caso haja o colchão, o saltador poderá realizar a queda sentado.

Figura 28 Salto em altura estilo Tesoura 2) Estilo Rolo Ventral (Figura 29): o estilo rolo ventral é ca- racterizado pela ultrapassagem do sarrafo na posição de decúbito ventral. Nesse estilo podemos observar as seguintes fases: corrida de aproximação, impulsão, elevação e transposição e a queda. Es- tudaremos agora cada uma delas separadamente. © U3 - O Atletismo 135

Corrida de Aproximação: ao contrário do estilo tesoura, o saltador que optar em realizar o rolo ventral deverá realizar a cor- rida do lado que lhe permita chegar ao sarrafo com a perna de impulsão mais próxima dele, assim a perna de chute deverá estar mais longe, do "lado de fora" do sarrafo. Assim, se a perna de im- pulsão for a direita, a corrida deve ser realizada do lado direito, e se a perna de impulsão for a esquerda, a corrida deve ser realizada do lado esquerdo, mantendo, em ambos os casos, um ângulo de 45 graus em relação ao sarrafo. Impulsão, elevação e transposição: a impulsão é realizada pela rápida flexão e extensão da perna de impulso que está pró- xima ao sarrafo e, ao mesmo tempo, a perna de chute é lançada para cima, juntamente com os braços contornando o sarrafo. Em seguida, a perna de impulsão também deverá contornar o sarrafo, estando o joelho flexionado e em abdução. Queda: a queda depende do tipo de rolamento que foi rea- lizada a transposição do sarrafo, podendo ocorrer de frente ou de costas, sendo necessária a utilização do colchão.

Figura 29 Salto em altura estilo Rolo Ventral 3) Estilo Fosbury Flop (Figura 30): no estilo Fosbury Flop a ultrapassagem do sarrafo é feita de costas. Alguns es- tudos biomecânicos apontam a maior eficiência desse estilo, devido ao maior aproveitamento da elevação do centro de gravidade. Como nos estilos estudados anteriormente, podemos obser- var as seguintes fases: corrida de aproximação; impulsão, elevação e transposição; e a queda. Estudaremos agora cada uma delas se- paradamente.

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Corrida de Aproximação: para a realização do Fosbury Flop a corrida é mais veloz e deve ser realizada em curva na fase final da aproximação do sarrafo, provocando na fase final do percurso a inclinação do tronco para dentro. Impulsão, elevação e transposição: com a corrida finalizada em curva, o saltador entra paralelamente ao sarrafo, realizando o impulso com a "perna de impulsão" que deve estar do lado de "fora" do sarrafo e no momento da elevação realiza um giro, fa- zendo com que a transposição do sarrafo seja feita de costas para ele. No momento da transposição do sarrafo, aparece o arco for- mado pela elevação do quadril, favorecendo o "chute" das pernas para cima e a cabeça e os braços estando para trás. O arco deve ser mantido até o momento que se inicia a queda, quando o tronco do atleta começa abaixar. Queda: ao iniciar a queda é importante que o arco seja des- feito para que o sarrafo não seja tocado pelas pernas, as quais de- vem ser elevadas para trás e para cima. A queda se faz com as costas no colchão, assim sendo, é indispensável à utilização do col- chão para a queda.

Figura 30 Salto em altura estilo Fosbury Flop

Regras Básicas do Salto em Altura De acordo com as regras da Confederação Brasileira de Atle- tismo (CBAt 2010), estudaremos as regras básicas para a realiza- ção das competições do salto em altura. 1) O saltador deve realizar a impulsão com apenas um dos pés. © U3 - O Atletismo 137

2) Cada atleta terá três tentativas para conseguir ultrapas- sar a altura, caso não consiga, será desclassificado da competição. 3) A tentativa será considerada falha se após o salto, o sar- rafo não permanecer nos suportes, ou se o saltador to- car o solo ou a área de queda, sem ter ultrapassado o sarrafo obtendo alguma vantagem. 4) Um atleta pode começar a saltar em qualquer altura anunciada pelo árbitro. Caso falhe na primeira tentativa, o atleta poderá rejeitar as próximas tentativas naquela altura e, ainda, saltar uma altura subsequente. 5) O sarrafo nunca será elevado a menos de 2 cm. 6) Mesmo após todos os outros atletas serem eliminados, um atleta tem o direito de continuar saltando até a altu- ra que conseguir. 7) A ordem dos saltadores em uma competição será sor- teada. Salto com vara O salto com vara, ilustrado na Figura 31, pode ser considera- do como uma das provas mais difíceis do atletismo, devido à com- plexidade técnica, como também pela necessidade de aprendiza- gem da utilização da vara. Atualmente, os saltadores de alto nível utilizam a vara flexí- vel, feita de fibra de vidro, mas devido o grande custo do material, as varas rígidas feitas de bambu são muito utilizadas na iniciação. Independente do tipo de material da vara, o salto com vara envol- ve: Empunhadura: a empunhadura deve ser feita mantendo a vara na posição horizontal, com a ponta ligeiramente elevada. A palma da mão, neste caso, a direita, estará na parte superior da vara, com a palma da mão voltada para cima, a partir da flexão de aproximadamente 90 gruas, do braço direito. A mão esquerda es- tará com a palma da mão voltada para dentro e um pouco a frente da mão direita, também a partir da flexão de 90 graus do braço.

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Corrida: a corrida de velocidade progressiva tem início com a vara posicionada do lado contrário a perna de impulsão, com a ponta ligeiramente elevada, que dever ser abaixada de forma gra- dativa para a preparação do encaixe da vara. Impulsão e Elevação: a impulsão acontece no momento do encaixe com a perna de impulsão, correspondente a mão que está na frente da vara, neste caso, a esquerda. A perna contrária, à di- reita, projeta o joelho para cima realizando a elevação do quadril. Com o auxílio dos braços o saltador procura se elevar para a posi- ção vertical (pernas para cima e cabeça para baixo), quando dará início ao giro. Giro e Transposição: no momento em que as pernas come- çam a estender, ocorre o giro de 180 graus resultante da passagem do pé direito sobre a perna esquerda. No momento do giro ocorre a transposição do sarrafo e também o empurrão da vara pra frente para que ela não caia sobre o sarrafo. Queda: a queda ocorre com as costas para o colchão, sendo indispensável à utilização do colchão, principalmente pela altura que os saltadores estão alcançando.

Figura 31 Salto com vara © U3 - O Atletismo 139

Regras Básicas do Salto com Vara De acordo com as regras da Confederação Brasileira de Atle- tismo (CBAt 2010), estudaremos as regras básicas para a realiza- ção das competições do salto com vara. 1) Cada atleta terá três tentativas para conseguir ultrapas- sar a altura, caso não consiga, será desclassificado da competição. 2) Um salto será invalidado se o sarrafo não permanecer nos suportes, ou se o atleta tocar o solo ou área de que- da com seu corpo ou com a vara antes de ter ultrapassa- do o sarrafo, obtendo alguma vantagem com essa ação. 3) Um salto será invalidado se o atleta após deixar o solo al- terar as posições das mãos, colocando a mão mais baixa acima da mais alta, ou movendo a mão de cima para um ponto mais alto da vara. 4) Um atleta pode começar a saltar em qualquer altura anunciada pelo árbitro. Caso falhe na primeira tentativa, o atleta poderá rejeitar as próximas tentativas naquela altura e, ainda, saltar uma altura subsequente. 5) O sarrafo nunca será elevado a menos de cinco cm. 6) Se durante uma tentativa a vara quebrar, o salto não será considerado falho e uma nova tentativa será dada ao atleta. 7) A superfície da vara deve ser lisa e poderá ser feita de qualquer material ou combinação de materiais, de qual- quer comprimento ou diâmetro. 8) Os atletas podem usar suas próprias varas e só poderão utilizar a vara de outro competidor com o seu consenti- mento. 9) A ordem dos saltadores em uma competição será sor- teada.

Os Lançamentos No atletismo existem três provas de lançamento, sendo elas: lançamento do dardo, lançamento do disco e lançamento do mar- telo. Estudaremos agora cada um deles, separadamente.

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Lançamento do dardo O lançamento do dardo define quem lança o dardo mais lon- ge e, para sua realização, os atletas fazem sua corrida em um cor- redor de no mínimo 30 metros e 4 metros de largura. Será feito de trás de um arco de um círculo traçado com um raio de 8 metros, como mostra a Figura 32.

Figura 32 Corredor do dardo

O lançamento do dardo, ilustrado na Figura 33, pode ser di- vidido nas seguintes fases: preparação e empunhadura, corrida de aproximação, preparação para o lançamento, o lançamento e conclusão do lançamento ou arremate, as quais estudaremos em separado. Preparação e Empunhadura: dentro do corredor do lança- mento, o atleta pode segurar o dardo pelo tipo de empunhadura escolhida (clássica, ou finlandesa, sueca ou garfo e americana). Es- colhida a empunhadura, feita com a mão dominante, o atleta deve manter o dardo acima do ombro, na altura da cabeça ou um pouco acima, dando início a corrida de aproximação. © U3 - O Atletismo 141

Corrida de Aproximação: com o dardo na posição horizontal ou com a ponta ligeiramente voltada para baixo, a corrida de apro- ximação deve ser de velocidade crescente, de modo que seu ritmo não prejudique a fase de preparação para o lançamento. Preparação para o lançamento: nos três primeiros passos preparatórios para o lançamento, passada cruzada, o lançador leva o dardo para trás, mantendo-o na altura do ombro, ao mesmo tempo em que realiza a rotação do tronco para a direita. No último dos três primeiro passos preparatórios, geralmente maior, ocorre um atraso do tronco, o braço esquerdo acompanha o movimento indo para frente. No quarto passo, ocorre a passada cruzada propriamente dita, realizada pelo lançamento rápido da perna direita para a fren- te, iniciando a formação do arqueamento do tronco e extensão do braço direito. Nessa posição o lançador realiza o quinto passo, apoiando o pé esquerdo no solo, para realizar o lançamento. O lançamento: o lançamento acontece entre o quarto e quin- to passo, com a formação do arco de lançamento, no momento em que a perna direita do lançador toca o solo pelo calcanhar, seguido da planta do pé dando inicio ao giro dessa perna para dentro. As- sentando o pé esquerdo no solo, o lançador realiza a puxada que deve ser realizada por cima do ombro. Esse movimento provocará uma suspensão no movimento do lado esquerdo do quadril, en- quanto o direito avança, acompanhando o movimento do tronco para a realização do lançamento. Apresentamos aqui, o movimento em cinco tempos, entre- tanto, existem lançadores que o realizam com sete tempos, execu- tando o movimento que descrevemos no sexto e sétimo passo. Conclusão do Lançamento ou Arremate: nessa fase ocorre a recuperação do equilíbrio. Estando a perna esquerda à frente e a direita estendida indo também para frente juntamente com o tronco. Ocorre então a inversão rápida das pernas, realizado pelo assentamento do pé direito no solo, seguido da flexão do joelho e

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abaixamento do centro de gravidade, realizando a interrupção do movimento, concluindo o arremate, a uma distância de aproxima- damente 1 metro do arco do setor de lançamento, como podemos observar na Figura 33.

Fonte: MATTHIESEN (2007a) Figura 33 Lançamento do dardo

Regras Básicas do Lançamento do Dardo De acordo com as regras da Confederação Brasileira de Atle- tismo (CBAt 2010), estudaremos as regras básicas para a consti- tuição do dardo, bem como para a realização das competições do lançamento do dardo. 1) O dardo é constituído de três partes: a cabeça metálica, terminando em uma ponta aguda; o corpo totalmente de metal ou outro material similar homogêneo e a em- punhadura de espessura uniforme, superfície não escor- regadia e sem saliências. 2) Seu peso total mínimo é de 800 gramas, para o dardo oficial masculino, e de 600 gramas para o dardo oficial feminino. 3) O comprimento do dardo oficial masculino pode variar entre 2,60 a 2,70 metros e o feminino entre 2,20 a 2,30 metros. 4) O atleta deve segurar o dardo na empunhadura, lançá-lo sobre o ombro ou acima da parte superior do braço de © U3 - O Atletismo 143

lançamento. O dardo não deve ser lançado com movi- mentos rotatórios; estilos não ortodoxos não são permi- tidos. 5) O lançamento deve acontecer sem que o lançador ul- trapasse o arco do setor de lançamento (de madeira ou metal) fixado no solo ao final do corredor 6) Para que uma tentativa seja válida, a ponta da cabeça metálica do dardo deve tocar o solo, dentro do setor de queda, antes de qualquer outra parte do dardo quando, então, o competidor pode deixar o setor de lançamento pela parte posterior. 7) A cabeça deve cair obrigatoriamente dentro do setor de queda de modo que a medição será feita a partir do local em que a ponta de metal tocar o solo pela primeira vez até a borda interna do arco, ao longo de uma linha do centro do círculo cujo arco faz parte. 8) Em nenhum momento, durante o lançamento, e até que o dardo tenha sido solto no ar, o atleta pode girar com- pletamente de modo que suas costas fiquem da direção do arco de lançamento. 9) Em competições oficiais com mais de oito atletas, cada atleta terá direito a três lançamentos, classificando os oito melhores para mais três tentativas. 10) Em competições com até oito competidores, cada lança- dor terá direito a seis tentativas, valendo, para classifica- ção, o melhor lançamento. 11) Em uma competição, a ordem dos lançadores será sor- teada. Lançamento do disco O lançamento do disco define quem lança o disco mais longe e, para a sua realização, os atletas fazem seus movimentos dentro de um círculo de 2,50 metros de diâmetro, como mostra a Figura 34.

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Figura 34 Círculo do disco

Fundamentos técnicos O lançamento do disco (Figura 35) pode ser dividido nas seguintes fases: preparação e empunhadura, balanceios e giro, lançamento propriamente dito e arremate, as quais estudaremos separadamente. Preparação e Empunhadura: a preparação para o lançamen- to é feita de costas para o setor de queda, em posição estacionária, com as pernas afastadas na parte posterior do círculo. A empunha- dura é feita com as falanges distais da mão dominante do lançador, com exceção do polegar que apoia lateralmente, sem tocar o disco com a palma da mão. Balanceio e Giro: com base na posição inicial, o lançador re- aliza movimentos levando o disco de um lado para o outro, os ba- lanceios, se preparando para a realização dos giros. Os balanceios podem ser realizados de duas maneiras: • Com o apoio do disco sobre o ombro contrário ao braço de lançamento: com as pernas semiflexionadas o lança- dor, neste caso destro, transfere o peso do corpo para a © U3 - O Atletismo 145

perna esquerda, levando o disco sobre o ombro esquer- do. Retornando, realizará a rotação do tronco transferin- do o peso do corpo para a perda direita, levando o disco para trás para reiniciar o movimento. • Em movimento de oito: com as duas pernas semiflexio- nadas, o lançador transfere o peso do corpo para a perna esquerda e ao mesmo tempo realiza o movimento de ba- lanceado do braço direito, trazendo o disco para o lado esquerdo. Em seguida, o peso do corpo é transferido para a perna direita ao mesmo tempo em que o movimento de balanceio dos braços leva o disco para mesmo lado, rea- lizando um movimento, a frente do corpo, parecido com o oito deitado. Quando o disco estiver do lado esquerdo ele estará em cima da palma da mão e quando for para o lado direito, estará embaixo da mão. O giro se inicia a partir do ponto baixo do balanceio, com a transferência do peso do corpo para a perna esquerda e giro para trás na ponta do pé. O pé direito fica no solo até o lançador estar equilibrado no pé esquerdo. De frente para o setor de lançamento, o lançador faz a transferência de apoio para a perna direita por meio de um salto rasante. Quando o pé direito, ainda estiver no ar, gira para dentro, buscando um apoio no centro do círculo. Quando o pé esquerdo é projetado em direção a parte anterior do círculo, é formada a posição do lançamento propriamente dito. Lançamento propriamente dito: com o apoio do pé direito no chão, o joelho deve girar para a esquerda, mantendo o disco atrasado. O quadril é lançado para a direção do lançamento e, nes- se momento, o ombro esquerdo deve ser projetado para cima e o braço direito, de lançamento, encontra-se estendido e atrasado. O disco é lançado na altura do ombro e, a partir do dedo indicador, saindo no sentido horário. Arremate: após a realização do lançamento, o lançador tem a tendência de continuar girando sobre a perna do último apoio

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e a perna contrária passa para frente a fim de permanecer no cír- culo. Também é possível realizar a reversão neste momento, ou seja, a troca de pés, trocando a perna de apoio, no caso descrito a esquerda, pela perna contrária, a direita, com a qual continuará girando até recuperar o equilíbrio.

Fonte: MATTHIESEN (2007a) Figura 35 Lançamento do disco

Regras Básicas do Lançamento do Disco De acordo com as regras da Confederação Brasileira de Atle- tismo (CBAt 2010), apresentamos as regras para a constituição do dardo, bem como para a realização das competições do lançamen- to do disco. 1) As faces do disco devem ser lisas e uniformes. O corpo pode ser sólido ou oco, ser de madeira ou outro mate- rial, envolto por um aro de metal cujas bordas sejam circulares, com um raio de 6 mm aproximadamente. No centro das faces do disco deve conter placas metálicas circulares ou ser construído com uma área plana equiva- lente. O peso mínimo para os discos oficiais femininos é de 1 kg e o masculino de 2 kg. 2) Para a segurança dos espectadores, árbitros e atletas, o lançamento do disco deve ser realizado dentro de uma proteção ou gaiola, a qual deve ter um círculo de 2,50 metros de diâmetro, dividido externamente, ao meio, por uma linha pela qual o atleta deverá deixar o setor pela metade posterior do círculo, após a quedo do disco no setor do lançamento. 3) Durante ou após o lançamento o atleta, não pode ul- trapassar o arco localizado na borda interna da metade © U3 - O Atletismo 147

anterior do círculo, caso ultrapasse, o lançamento será invalidado. 4) A medição do lançamento é feita com base no local do primeiro contato do disco com o solo até a parte interna do aro do setor de lançamento, onde será feita a leitu- ra. 5) Em competições oficiais com mais de oito atletas, cada atleta terá direito a três lançamentos, classificando os oito melhores para mais três tentativas. 6) Em competições com até oito competidores, cada lança- dor terá direito a seis tentativas, valendo para classifica- ção o melhor lançamento. 7) Em uma competição a ordem dos competidores será sorteada e cada atleta não deverá ultrapassar o tempo de 1 minuto para realizar o lançamento. Lançamento do martelo O lançamento do martelo define quem lança o martelo mais longe e, para a sua realização os atletas fazem seus movimentos dentro de um círculo de 2,135 metros de diâmetro, como mostra a Figura 36.

Figura 36 Círculo do martelo

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Fundamentos técnicos O lançamento do martelo pode ser dividido nas seguintes fases: preparação e empunhadura, molinete, giro, lançamento e arremate; as quais estudaremos separadamente. Preparação e empunhadura: na parte posterior do círculo, com as duas pernas semiflexionadas e afastadas, o atleta realiza a empunhadura do martelo, colocando a mão esquerda sobre a manopla e a direita acima dela. Os balanceios dão início ao molinete, e para realizá-los exis- tem duas formas: • O lançador posiciona o martelo à direita e atrás, com o corpo para o lado direito, realiza um quarto de giro levan- do o quadril para o lado esquerdo, iniciando o balanceio. • O lançador posiciona o martelo à sua frente, com as per- nas um pouco mais flexionadas e inicia o balanceio. Molinete: a partir dos balanceios, que são em torno de três, o atleta inicia o molinete, também em torno de três. O lançador inicia o molinete a partir da ação do tronco, o peso do corpo é transferido de uma perna para a outra, estando o quadril sempre do lado contrário da cabeça do martelo. Quando o martelo vai para o lado esquerdo, auxiliando na manutenção dos braços estendidos, o ombro esquerdo é abaixa- do, proporcionando o aumento do raio do movimento. Em segui- da, o cotovelo do braço esquerdo vai para frente, levando o mar- telo para o chamado "ponto alto". Ao passar o martelo para o lado direito, o peso do corpo vai para o lado esquerdo e com os braços bem estendidos o martelo atinge o chamado "ponto baixo". Giro: ao final do último molinete, um pouco antes do marte- lo atingir o "ponto baixo", o lançador inicia os giros. Nesse momen- to, o peso do corpo é transferido para a perna esquerda, dando apoio para o primeiro giro, iniciado pela elevação da ponta do pé esquerdo, que gira para trás. Inicialmente, o pé é apoiado no calca- © U3 - O Atletismo 149 nhar e, em seguida, na parte externa. Com a extensão dos braços o martelo vai para o "ponto alto". O atleta eleva o pé direito, saindo do solo, ao mesmo tempo em que aproxima do joelho direito, do joelho esquerdo e inclina o tronco para o lado esquerdo. Em seguida, o pé direito retorna rapidamente ao solo, o peso do corpo do lançador permanece na perna esquerda, o quadril se encontra na posição contrária a cabe- ça do martelo e, o que está em direção ao ponto baixo. O movimento para a realização dos próximos dois giros é semelhante ao primeiro, diferenciando apenas na diminuição da distância entre os apoios do pé. E o terceiro giro é realizado como apoio nas duas pernas em função do lançamento. Lançamento: o lançador inicia o lançamento ao final do ter- ceiro giro, no momento em que a cabeça do martelo ainda está um pouco atrás do "ponto baixo". Em seguida, o martelo passa da direita para a esquerda e de baixo para cima. Com a extensão total do tronco e elevação dos braços, o lançador gira nas pontas dos pés, apoia duas pernas estendidas no solo e fica de frente para o setor de queda e realiza o lançamento do martelo. Arremate: o arremate é feito para que o lançador permaneça no círculo. Dessa forma, alguns lançadores realizam a inversão das pernas, flexionando a perna direita que vai para frente, enquanto outros lançadores continuam girando sobre a perna direita, levan- do a esquerda para o centro do círculo. Para facilitar a compreensão do lançamento do martelo e to- das as suas fases, observe a Figura 37:

Fonte: MATTHIESEN (2007a) Figura 37 Lançamento do martelo

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Regras Básicas do Lançamento do Martelo De acordo com as regras da Confederação Brasileira de Atle- tismo (CBAt 2010), apresentamos algumas regras básicas para a constituição do martelo, bem como para a realização das competi- ções do lançamento do martelo. 1) O martelo é composto de três partes: cabeça de metal, cabo e empunhadura. 2) Deve ter um peso mínimo de 4 kg para as competições oficiais femininas e 7,260 kg para as masculinas. 3) A cabeça deve ser de formato esférico com um diâmetro mínimo de 95 mm e máximo de 110 para as mulheres e mínimo de 110 mm e máximo de 130 mm para os ho- mens. Deve ser feita de ferro maciço ou outro material que não seja mais macio que o latão ou um invólucro de qualquer desses materiais cheio de chumbo ou de outro material sólido. 4) O cabo deve ser inteiriço de arame de aço para as mo- las, podendo ter alças de conexão em uma ou ambas as extremidades. 5) A empunhadura deve ser presa ao cabo, rígida, sem qual- quer tipo de conexão articulada, de desenho simétrico, podendo ter um babo curvo ou reto com o comprimento máximo de 110 mm. 6) Assim como o disco, o martelo deve ser lançado de den- tro de uma proteção ou gaiola para garantir a seguranças dos espectadores, árbitros e atletas, a qual deve ter um círculo de 2,135 metros de diâmetro, dividido externa- mente, ao meio, por uma linha pela qual o atleta deverá deixar o setor pela metade posterior do círculo, após a queda do martelo no setor do lançamento. 7) A medição do lançamento é feita a partir do local do pri- meiro contato da cabeça do martelo com o solo até a parte interna do aro do setor de lançamento, onde será feita a leitura. 8) Em competições oficiais com mais de oito atletas, cada atleta terá direito a três lançamentos, classificando os oito melhores para mais três tentativas. © U3 - O Atletismo 151

9) Em competições com até oito competidores, cada lança- dor terá direito a seis tentativas, valendo para classifica- ção o melhor lançamento. 10) Em uma competição a ordem dos competidores será sorteada e, cada atleta não deverá ultrapassar o tempo de 1 minuto para realizar o lançamento. 11) A tentativa não será considerada falha se a cabeça do martelo tocar o solo, dentro ou fora do círculo, ou na parte superior da borda do aro. Se nenhuma regra for quebrada, o atleta pode parar e começar se lançamento novamente. Arremesso do peso O arremesso do peso é a única prova de arremesso do atle- tismo, ela consiste em arremessar uma esfera de ferro, o peso, a maior distância possível. E para sua realização os atletas realizam seus movimentos dentro de um círculo de 2,135 metros de diâme- tro, como mostra a Figura 38.

Figura 38 Círculo do peso

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Fundamentos técnicos Para o arremesso do peso existem diferentes estilos para a sua realização, sendo eles: lateral parado, lateral com deslocamen- to, o’brien e o rotacional. No que diz respeito à complexidade do movimento, o estilo lateral parado é o menos complexo e, por isso, sugerimos que para a iniciação desse estilo seja utilizado, seguido do lateral com des- locamento, e após o desenvolvimento dessa duas técnicas, dando continuidade a aprendizagem, inicia-se a aprendizagem dos estilos o’brien e rotacinoal, por serem estilos técnicos mais complexos, mas que propiciam melhores resultados. Realizaremos agora o estudo em separado de cada um dos estilos técnicos do arremesso do peso começando pelo mais sim- ples lateral parado e finalizando com o estilo rotacional. 1) Estilo Lateral Parado (Figura 39): o movimento para a realização desse estilo pode ser divido nas fases: empu- nhadura e preparação para o arremesso, o arremesso e finalização ou arremate, as quais veremos a seguir: Empunhadura e preparação: o peso deve ser empunhado de forma que os dedos estejam ligeiramente afastados e comple- tamente apoiados no peso, com exceção do polegar que estará apoiado lateralmente e sem contato nenhum com a palma da mão que estará voltada para o queixo e o cotovelo elevado, formando um ângulo de aproximadamente 45 graus. O atleta se posiciona na parte anterior do círculo de arremes- so, estando de lado para o setor de queda do peso e com as pernas afastadas, o atleta flexiona a perna direita, mantendo o peso do corpo sobre ela. O braço esquerdo, neste caso o contrário ao braço do arremesso, está estendido e elevado na frente do corpo. O Arremesso: o arremessador realiza uma pequena inclina- ção do tronco e rotação das pernas e, a partir dessa posição, faz o arremesso transferindo o peso do corpo para a perna esquerda. O peso sai da mão do arremessador pelas pontas dos dedos e a © U3 - O Atletismo 153 palma da mão fica voltada para fora. O peso deve ser arremessado para frente e para cima, em um ângulo de aproximadamente 40 graus. Finalização ou arremate: a finalização desse estilo pode ser feita com o arremate, ou seja, realizando a troca dos pés, passando a perna direita (neste caso, o arremesso foi realizado com a mão direita) para frente e flexionando o joelho para frear o movimento, evitando que o atleta saia do círculo.

Fonte: MATTHIESEN (2007a) Figura 39 Arremesso do peso – Estilo Lateral Parado 2) Estilo Lateral com Deslocamento (Figura 40): O movi- mento para a realização desse estilo pode ser divido nas fases: empunhadura e preparação para o arremesso, deslocamento e arremesso, e finalização ou arremate, as quais veremos a seguir: Empunhadura e preparação: assim como no estilo anterior, o peso deve ser empunhado de forma que os dedos estejam ligei- ramente afastados e completamente apoiados no peso, com ex- ceção do polegar que estará apoiado lateralmente e sem contato nenhum com a palma da mão que estará voltada para o queixo e o cotovelo elevado, formando um ângulo de aproximadamente 45 graus. O atleta se posiciona na parte posterior do círculo de arremes- so, estando de lado para o setor de queda do peso, com as pernas ligeiramente afastadas, com o peso do corpo na perna direita que está flexionada. O braço esquerdo, neste caso contrário ao braço de arremesso, está estendido e elevado na frente do corpo.

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Deslocamento e o arremesso: o arremessador inclina o tron- co em direção contrária ao setor de queda do peso, aumentando o apoio do peso do corpo na perna direita. Em seguida, a partir do deslocamento lateral rasante da perna direita para o centro do círculo e, da perna esquerda em direção a parte anterior, o atleta realiza o deslocamento em direção ao setor de queda. Com a transferência do peso do corpo para a perna esquerda provocada pela rotação do quadril levando o tronco para frente, ocorre o arremesso do peso, que deve sair pelas pontas dos dedos, ficando a palma da mão voltada para fora para que o peso seja direcionado para frente e para cima em um ângulo de aproxima- damente 40 graus. Finalização ou arremate: devido à movimentação realizada nesse estilo, existe uma tendência do arremessador se projetar para fora do círculo. Para que isso não aconteça, o atleta realiza o arremate, ou seja, a troca dos pés, passando a perna direita (neste caso, o arremesso foi realizado com a mão direita) para frente e flexionando o joelho para frear o movimento, evitando que o atle- ta saia do círculo.

Fonte: MATTHIESEN (2007a) Figura 40 Arremesso do peso - Estilo Lateral com Deslocamento

3) Estilo O’Brien (Figura 41): por ser muito eficiente, o esti- lo o’brien é um dos estilos mais utilizados pelos grandes atletas. O movimento para a realização desse estilo pode © U3 - O Atletismo 155

ser divido nas fases: empunhadura e preparação para o arremesso, deslocamento e arremesso do peso, e finali- zação ou arremate, as quais veremos a seguir: Empunhadura e preparação: como nos estilos estudados anteriormente, o peso deve ser empunhado de forma que os de- dos estejam ligeiramente afastados e completamente apoiados no peso, com exceção do polegar que estará apoiado lateralmente e sem contato nenhum com a palma da mão que estará voltada para o queixo e o cotovelo elevado formando um ângulo de aproxima- damente 45 graus. Estando de costas para o setor de queda do peso, o atleta se posiciona na parte posterior do círculo de arremesso, mantendo o peso do corpo na perna direita enquanto a esquerda está ligei- ramente afastada para trás, apoiada no solo com a ponta do pé e braço esquerdo semiflexionado a frente do corpo. Deslocamento e o arremesso: o deslocamento para a rea- lização do arremesso do peso no estilo O'Brien, é feito em três etapas, sendo elas: • Inclinação do tronco para frente, extensão e elevação da perna esquerda para trás. • Flexão das duas pernas, aproximando o joelho esquerdo do direito, o quadril é levado para trás provocando um desequilíbrio do tronco para frente. • Início do deslocamento do corpo para trás, decorrente dos movimentos anteriores. A perna esquerda é lançada rapidamente para trás e para baixo ficando próxima ao anteparo, enquanto a perna direita por meio de um des- locamento rasante vai para o centro do círculo, provocan- do uma ligeira rotação do quadril. O arremesso do peso propriamente dito, se inicia com a mo- vimentação da perna direita para trás, realizando o a rotação do quadril, direcionando o tronco para frente. O peso deve sair pelas pontas dos dedos, ficando a palma da mão voltada para fora para

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que o peso seja direcionado para frente e para cima em um ângulo de aproximadamente 40 graus. Finalização ou arremate: com a movimentação realizada, existe uma tendência do arremessador se projetar para fora do círculo. Para que isso não aconteça, o atleta realiza o arremate, ou seja, a troca dos pés. A perna esquerda é puxada para trás enquan- to a perna direita (neste caso, o arremesso foi realizado com a mão direita) é levada para frente e, flexionando o joelho para frear o movimento, evitando que o atleta saia do círculo.

Fonte: MATTHIESEN (2007a) Figura 41 Arremesso do Peso - Estilo O’Brien 4) Estilo Rotacional (Figura 42): o movimento para a reali- zação do estilo rotacional pode ser dividido nas seguin- tes etapas: empunhadura e preparação, deslocamento com giro e arremesso, e finalização ou arremate, fases que estudaremos a seguir: Empunhadura e preparação: como nos estilos estudados anteriormente, o peso deve ser empunhado de forma que os de- dos estejam ligeiramente afastados e completamente apoiados no peso, com exceção do polegar que estará apoiado lateralmente e sem contato nenhum com a palma da mão que estará voltada para o queixo e o cotovelo elevado formando um ângulo de aproxima- damente 45 graus. Estando de costas para o setor de queda do peso, o atleta se posiciona na parte posterior do círculo de arremesso com as per- nas afastadas lateralmente, mantendo o peso do corpo em ambas as pernas. © U3 - O Atletismo 157

Deslocamento com giro e o arremesso: o atleta inicia o des- locamento realizando uma rotação do tronco para a direita, ao mesmo tempo em que faz a flexão das pernas e deslocamento do peso do corpo para a perna direita preparando-se para a realiza- ção do giro. O giro é iniciado com a transferência do peso do corpo para a perna esquerda, fazendo com que o arremessador fique de frente para o setor de queda. Em seguida, por meio de um movi- mento rasante, em direção ao centro do círculo, o arremessador transfere o peso do corpo para a perna direita, enquanto a perna esquerda é lançada em direção a parte anterior do círculo, reali- zando o arremesso propriamente dito. O arremesso do peso ocorre quando o pé esquerdo está apoiado no solo e próximo ao anteparo, ao mesmo tempo que a ação da perna direita está sendo finalizada e o tronco está girando em direção do arremesso. Ao final do movimento, o peso é empur- rado pelo braço passando da flexão para a extensão, finalizando com a palma da mão voltada para fora (MATTHIESEN, 2007). Finalização ou arremate: com a movimentação realizada, existe uma tendência do arremessador se projetar para fora do círculo. Para que isso não aconteça, o atleta realiza o arremate, ou seja, a troca dos pés. A perna esquerda é puxada para trás en- quanto a perna direita (neste caso, o arremesso foi realizado com a mão direita) é levada para frente e flexionando o joelho para frear o movimento, evitando que o atleta saia do círculo.

Fonte: MATTHIESEN (2007a) Figura 42 Arremesso do peso - Estilo Rotacional

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Regras Básicas do Arremesso do Peso De acordo com as regras da Confederação Brasileira de Atle- tismo (CBAt 2010), apresentamos algumas regras básicas para a constituição do martelo, bem como para a realização das competi- ções do lançamento do martelo. 1) O peso deve ser esférico e sua superfície totalmente lisa, feito de ferro maciço, latão ou qualquer outro metal que não seja mais macio que o latão, ou um invólucro de qualquer desses metais cheio de chumbo ou outro ma- terial, com o peso mínimo de 4 kg para as competições femininas e 7, 260kg para as competições masculinas. 2) O arremesso do peso deve ser realizado com uma só mão e partindo do ombro. Ao iniciar o movimento o peso deve tocar o pescoço ou queixo, ou estar bem próximo, a mão não dever ser abaixada dessa posição durante o movimento e o peso não dever ser arremessado detrás da linha do ombro. 3) O peso deve ser arremessado de dentro do círculo de arremesso, o qual deve ter um anteparo branco, feito de madeira ou outro material com a forma de um arco e seu centro deve coincidir com a linha do centro do setor de queda. 4) Durante o arremesso o atleta pode tocar a parte interna do anteparo e, ao finalizar a tentativa, após o peso tenha tocado o solo, o atleta deverá sair pela parte posterior do círculo, demarcada pela linha externa que define sua metade. 5) O arremesso é medido a partir do primeiro contato do peso com o solo, até a parte interna do anteparo, onde é realizada a leitura. Para a medição a trena dever ser esticada até o vértice do centro do círculo. 6) Em competições oficiais com mais de oito atletas, cada atleta terá direito a três lançamentos, classificando os oito melhores para mais três tentativas. 7) Em competições com até oito competidores, cada lança- dor terá direito a seis tentativas, valendo para classifica- ção o melhor lançamento. © U3 - O Atletismo 159

8) A ordem dos competidores, para a realização das tenta- tivas, será sorteada e cada atleta não deverá ultrapassar o tempo de 1 minuto para realizar o lançamento

9. AS PROVAS COMBINADAS

As provas combinadas do atletismo são aquelas em que os atletas realizam provas de pista e campo durante um ou dois dias e são divididas conforme o gênero e número de provas. As provas combinadas masculinas, nas categorias juvenil e adulto são: o pentatlo e o decatlo. Pentatlo: compreende a cinco provas que são realizadas no mesmo dia, seguindo a ordem: salto em distância, lançamento do dardo, 200 metros rasos, lançamento do disco, 1.500 metros ra- sos. Decatlo: compreende a dez provas a serem realizadas em dois dias consecutivos na seguinte ordem: • Primeiro dia: 100 metros rasos, salto em distância, arre- messo do peso, salto em altura e 400 metros rasos. • Segundo dia: 110 metros com barreiras, lançamento do disco, salto com vara, lançamento do dardo e 1.500 me- tros rasos. As provas combinadas femininas, nas categorias juvenil e adulto são: o heptatlo e o decatlo. Heptatlo: compreende a sete provas a serem realizadas em dois dias consecutivos, na seguinte ordem: • Primeiro dia: 100 metros com barreiras, salto em altura, arremesso do peso e 200 metros rasos. • Segundo dia: salto em distância, lançamento do dardo e 800 metros rasos.

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Decatlo: compreende a dez provas a serem realizadas em dois dias consecutivos, na seguinte ordem: • Primeiro dia: 100 metros rasos, lançamento do disco, sal- to com vara, lançamento do dardo e 400 metros rasos. • Segundo dia: 100 metros com barreiras, salto em distân- cia, arremesso do peso, salto em altura e 1.500 metros rasos.

Regras Básicas das Provas Combinadas Como vimos, as provas combinadas são constituídas de pro- vas de pista e campo, que possuem suas próprias regras. Entre- tanto, para a organização das provas combinadas existem algumas regras básicas, de acordo com as regras da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt 2010). Conheceremos, agora, algumas regras das provas combinadas: 1) O intervalo para a realização entre uma prova e outra, sempre que possível, deverá ser de pelo menos 30 mi- nutos. 2) O intervalo entre a última prova do primeiro dia e a pri- meira prova do segundo dia, sempre que possível deverá ser de pelo menos 10 horas. 3) Para a realização de cada uma das provas, os atletas de- vem ser colocados com atletas de resultados similares. 4) Nas provas de pista apenas uma saída falsa é permitida, assim, o atleta que cometer a segunda saída falsa será desqualificado. 5) Nas provas de salto em distância, arremesso do peso e lançamentos cada atleta terá direito apenas a três ten- tativas. 6) O competidor deverá obrigatoriamente, participar de todas as provas que constituem a prova combinada em que estiver inscrito, sendo necessário pontuar em todas elas. 7) O vencedor será aquele que tiver somado mais pontos ao final da competição. © U3 - O Atletismo 161

8) A pontuação ao final de cada uma das provas ocorre de acordo com a Tabela de Pontuação da IAAF, após cada uma delas, devendo ser informada separada e cumula- tivamente. 9) Em caso de empate, vence o competidor que no maior número de provas tenha recebido o maior número de pontos. Caso persista o empate, o vencedor será o atle- ta que recebeu o maior número de pontos em qualquer outra prova. Se ainda persistir o empate, o vencedor será aquele com maior número de pontos na segunda prova, e assim sucessivamente, se o empate persistir.

10. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS

Procure responder, discutir e comentar as questões a seguir que tratam da temática desenvolvida nesta unidade. A autoavalia- ção pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se você encontrar dificuldades em realizar as ativi- dades, procure rever os conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas. Esse é o momento ideal para que você faça uma revisão desta unidade. Confira, a seguir, as atividades propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade: 1) Como vimos nesta unidade, as provas de corrida do atletismo podem ser classificadas de diferentes manei- ra, como: quanto ao tipo de prova, quanto ao tempo e quanto à participação. Embora pertença a mesma classi- ficação, existem particularidades técnicas, regulamenta- res e táticas em cada uma delas. Com base nos estudos realizados nessa unidade, acesse sites que disponibilizam vídeos na internet, como o site disponível em: . Acesso em: 5 set. 2010, e assista a vídeos das provas de: a) Corridas rasas: 100 m, 200 m, 400 m 800 m e 5.0000 m.

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b) Corridas com barreiras e Obstáculos: 100m ou 110m, 400m com barreiras e 3.000m com obstáculos. c) Corridas de revezamento: 4X100 e 4X400 metros. E, em seguida, faça um texto escrevendo sobre: I) A saída de cada uma dela. II) As especificidades técnica de cada uma: como a movi- mentação de braços, pernas e postura do tronco. III) As diferentes estratégias utilizadas. IV) As regras que foram possíveis de serem vistas. V) Curiosidades e/ou particularidades observadas no vídeo em que assistiu. 2) Com base nos estudos dessa unidade e nas leituras com- plementares, escreva sobre as principais características das competições dos saltos horizontais e verticais e pon- tue as diferenças entre cada uma delas. 3) Nessa unidade vimos que as provas de lançamento do atletismo são três: do dardo, disco e martelo; e que existe apenas uma prova de arremesso, o arremesso do peso. Com base nos estudos realizados nessa unidade, acesse sites que disponibilizam vídeos na internet, como o site disponível em: . Aces- so em: 5 set. 2010, e assista a vídeos das provas de lan- çamentos (disco, martelo e dardo) e arremesso (peso) e em seguida faça um texto falando sobre as principais características de cada uma delas, como: a) As diferentes técnicas de movimento. b) Aspectos regulamentares que foram possíveis de se- rem observados. c) Curiosidades/particularidades observadas no vídeo, como: distância alcançada, se recordes foram bati- dos, nomes dos atletas, qual era a competição, etc. 4) Pensando nas diferentes habilidades motoras e capaci- dades físicas trabalhadas no atletismo, monte uma ati- vidade em forma de circuito, envolvendo essas habilida- des motoras e capacidades físicas. © U3 - O Atletismo 163

11. CONSIDERAÇÕES

Esta unidade tem como principal objetivo a introdução dos fundamentos técnicos e regulamentares das diferentes provas do atletismo. Nesse sentido, iniciamos com a definição atual do atle- tismo para que você, acadêmico, possa compreender o conceito da modalidade esportiva que está estudando, entender como ela está organizada e, também, conheça o local, a pista de atletismo, onde se realizam a maioria das provas. Em seguida iniciamos o estudo das provas de pista do atletis- mo, suas definições, classificações, aspectos técnicos e regulamen- tares. Iniciando com a marcha atlética as corridas de velocidade, corridas de meio fundo e fundo, corridas de revezamento, corridas com barreiras, corridas com obstáculos e corridas em montanha. Dando continuidade, estudamos as definições, fundamentos técnicos e regulamentares das provas de campo, cuja realização acontece em setores específicos para cada uma delas, sendo elas: os saltos em distância, triplo, em altura e com vara; os lançamen- tos do dardo, disco e martelo e arremesso do peso. E finalizamos o estudo dessa unidade com as provas combi- nadas, o pentatlo, heptatlo e decatlo, provas nas quais os atletas competem em cinco, sete ou dez provas respectivamente, e, em cada uma delas, os atletas vão somando pontos vencendo no final o atleta com maior somatória de pontos. Agora que estudamos sobre o atletismo enquanto modalida- de esportiva, passaremos para a próxima unidade, na qual tratare- mos do atletismo como conteúdo da Educação Física Escolar. Até a próxima unidade!

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12. EͳREFERÊNCIAS

Lista de figuras Figura 1 – Pista oficial de atletismo. Disponível em: . Acesso em: 5 set. 2010. Figura 2 – Marcha Atlética. Disponível em: . Acesso em: 5 set. 2010. Figura 8 – Saída baixa: posicionamento em "as suas marcas". Disponível em: < http:// pt.wikipedia.org/wiki/100_metros_rasos>. Acesso em: 5 set. 2010. Figura 9 – Saída baixa: posicionamento em "prontos". Disponível em: < http://www. veja.abril.com.br/especiais/olimpiadas_2008>. Acesso em: 5 set. 2010. Figura 10 – Saída escalonada. Disponível em: . Acesso em: 5 set. 2010. Figura 11 – Corrida de Fundo. Disponível em: < http://www.all-athletics.com/files/ news_image/5000m>. Acesso em: 5 set. 2010. Figura 16 – Passagem do bastão no revezamento 4X400 metros. Disponível em: . Acesso em: 5 set. 2010. Figura 17 – Transposição das barreiras nos 100 metros com barreiras. Disponível em < http://www.iaaf.org/news/photo/photos.htmx?q=Hurdles#56067>. Acesso em: 5 set. 2010. Figura 19 – Exemplo de obstáculo. Disponível em: < http://www.cbat.org.br/regras/ default.asp>. Acesso em: 5 set. 2010. Figura 20 – Exemplo fosso d’agua. Disponível em: < http://www.cbat.org.br/regras/ default.asp>. Acesso em: 5 set. 2010. Figura 21 – Exemplo de transposição do obstáculo. Disponível em: . Acesso em: 5 set. 2010. Figura 22 – Exemplo de transposição do fosso d'agua. Disponível em: < http://www.iaaf. org/news/photo/photos.htmx?q=Steeplechase#57685>. Acesso em: 5 set. 2010. Figura 23 – Cross-country. Disponível em: . Acesso em: 5 set. 2010. Figura 27 – Salto Triplo. Disponível em: . Acesso em: 5 set. 2010. Figura 28 – Salto em altura estilo Tesoura. Disponível em: . Acesso em: 5 set. 2010. Figura 30 – Salto em altura estilo Fosbury Flop. Disponível em: http://bobtrump.com/ FIELD.HTML. Acesso em: 5 set. 2010. Figura 31 – Salto com vara. Disponível em: . Acesso em: 5 set. 2010. Figura 32 – Corredor do dardo. Disponível em: < http://www.cbat.org.br/regras/default. asp>. Acesso em: 5 set. 2010. © U3 - O Atletismo 165

Figura 34 – Círculo do disco. Disponível em: < http://www.cbat.org.br/regras/default. asp>. Acesso em: 5 set. 2010. Figura 36 – Círculo do martelo. Disponível em: < http://www.cbat.org.br/regras/default. asp>. Acesso em: 5 set. 2010. Figura 38 – Círculo do peso. Disponível em: < http://www.cbat.org.br/regras/default. asp>. Acesso em: 5 set. 2010. ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DAS FEDERAÇÕES DE ATLETISMO. Disponível em: < http:// www.iaaf.org>. Acesso em: 5 set.. 2010. CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ATLETISMO. Disponível em: . Acesso em: 5 set. 2010.

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Lista de figuras Figura 3 – Dribbling. Fotografia de Flórence Rosana Faganello Gemente. 11 ago. 2010. Figura 4 – Skipping. Fotografia de Flórence Rosana Faganello Gemente. 11 ago. 2010. Figura 5 – Anfersen. Fotografia de Flórence Rosana Faganello Gemente. 11 ago. 2010. Figura 6 – Hopserlauf. Fotografia de Flórence Rosana Faganello Gemente. 11 ago. 2010. Figura 7 – Grande Roda. Fotografada por Flórence Rosana Faganello Gemente. 11 ago. 2010. Figura 12 – MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007a. p.75 Figura 13 – MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007a. p.76 Figura 14 – MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007a. p.77. Figura 15 – MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007a. p.73. Figura 18 – MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007a. p.103. Figura 24 – MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007a. p.112. Figura 25 – MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007a. p.112. Figura 26 – MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007a. p.112. Figura 29 – MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007a. p.134. Figura 33 – MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007a. p.153.

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Figura 35 – MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007a. p.166. Figura 37 – MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007a. p.177. Figura 39 – MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007a. p.187. Figura 40 – MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007a. p.187. Figura 41 – MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007a. p.191. Figura 42 – MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007a. p.192. BARROS, N. Manual de atletismo: arremessos e lançamentos. Araçatuba: Leme – Empresa Editorial, 1984. ______. Manual de atletismo: I corridas. Araçatuba: Leme – Empresa Editorial LTDA. 1984. ______. Manual de atletismo: saltos. Araçatuba: Leme – Empresa Editorial, 1984. FERNANDES, J. L. Atletismo: arremessos. São Paulo: EPU, 1978. ______. Atletismo: os saltos; técnica, iniciação, treinamento. São Paulo: EPU, 1978. ______. Atletismo: corridas. São Paulo: EPU, 1979. MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007a. ______. Corridas: atletismo I. São Paulo: Odysseus Editora, 2007b. Física Escolar O Atletismo naEducação 2. CONTEÚDOS 1. OBJETIVOS Compreender aimportância dejogos ebrincadeiras para • Analisarcriticamente oensinodoatletismo, focalizando • Conheceresercapaz detransmitir, pedagogicamente, os • Compreender oatletismo como umelemento cultural. • Oensino doatletismo naescola –possibilidades, • Contextualização doensinoatletismo, • Oesporte como conteúdo da Educação Física Escolar, • o ensinodoatletismo. professor –aluno eespecificidadesdoconteúdo. questões educacionais significativas, tais como: relação fundamentos básicos, astécnicas eregras básicas. 4

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• O papel do professor de educação física e o ensino do atletismo, • O ensino do atletismo e o espaço físico, • O ensino do atletismo e os materiais alternativos, • Sugestões de atividades,

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE

Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Recomendamos a leitura por várias vezes dos textos deste material para fixar seus conteúdos. Para isso, re- comendamos realizar pequenos apontamos com a finali- dade de comparar e aprofundar pontos de destaque uti- lizando-se das fontes aqui elencadas e que já indicamos como indispensáveis para o estudo deste tema. 2) Fique atento a todo o conteúdo desta unidade, na qual você encontrará conceitos importantes para sua apren- dizagem. 3) Volte às unidades anteriores para entender e recordar os conceitos propostos. Consulte sempre o Glossário quan- do surgirem ideias que ainda não foram completamente assimiladas. 4) Leia os livros da bibliografia indicada, para que você am- plie e aprofunde seus horizontes teóricos. Esteja sempre com o material didático em mãos e discuta a unidade com seus colegas e com o tutor.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE

Chegamos a nossa última unidade! Em nossa trajetória ini- ciamos o estudo sobre o esporte e suas diferentes manifestações, e então, seguimos para o processo histórico do atletismo, a origem de suas provas, as modificações ocorridas ao longo do tempo, as inovações tecnológicas, o atletas que fizeram e fazem a história do © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 169 esporte. Dando continuidade aos nossos estudos, partimos para a organização atual do atletismo, as características das diferentes provas, como seus fundamentos técnicos e regulamentares. E, após todos os conhecimentos adquiridos com os estudos das uni- dades anteriores, chegou o momento de pensarmos no atletismo enquanto conteúdo da Educação Física escolar. E para tratarmos desse assunto é importante ressaltarmos que todo professor tem um compromisso com a educação dos seus alunos. Assim durante o processo educacional, o professor, ao ensinar um esporte não deve se limitar apenas em transmitir os conhecimentos técnicos acerca dessa modalidade. Educar é mui- to mais que isso! Enquanto educador, que de acordo com Alves (1982), é aquele que tem visões, paixões, esperanças e horizontes utópicos; o professor deve garantir a seus alunos uma prática, re- fletida, capaz de contribuir para a formação de cidadãos críticos atuantes e transformadores da sociedade. E pensando nas responsabilidades do professor de educa- ção física escolar, dentre elas está o ensino do atletismo, conteú- do pertencente à cultura corporal de movimento, conteúdo este, que é deixado de lado pela grande maioria dos professores. Assim, pensando no compromisso com a transformação da realidade, buscamos direcionar o conteúdo dessa unidade de forma que pos- sa garantir a você acadêmico, elementos necessários para ensinar o atletismo na escola por meio de ações que levem os alunos a conhecer, entender, refletir e discutir sobre o atletismo.

5. O ESPORTE COMO CONTEÚDO DA EDUCAÇÃO FÍSͳ CA ESCOLAR

A Educação Física escolar é hoje reconhecida como uma dis- ciplina que trata, pedagogicamente, do conhecimento de uma área denominada de cultura corporal (COLETIVO DE AUTORES, 1992). E, seus conhecimentos, estão organizados em três blocos de conteú-

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dos, sendo eles: esportes, jogos, lutas e ginásticas; atividades rít- micas e expressivas; conhecimento sobre o corpo; os quais devem ser estudados ao longo dos anos escolares. Seguindo essa organização, as diferentes modalidades es- portivas atualmente, fazem parte dos conteúdos que devem ser ensinados nas aulas de Educação Física escolar, e de acordo com Darido e Rangel (2005) o esporte focalizado na escola, Tem por finalidade democratizar e gerar cultura pelo movimento de expressão do indivíduo em ação como manifestação social e de exercício crítico da cidadania, evitando a exclusão e a competitivi- dade exacerbada (p. 180).

Mas, nem sempre foi assim. O esporte no decorrer da histó- ria, influenciou e foi influenciado pelo ensino da Educação Física e antes de iniciar nosso estudo do ensino do atletismo na escola, acreditamos ser essencial fazermos um breve resgate histórico so- bre o esporte como conteúdo da Educação Física Escolar. O esporte não esteve sempre presente como conteúdo da Educação Física Escolar. O grande crescimento da influência do es- porte sobre a Educação Física foi após a Segunda Guerra Mundial, o período do fim do Estado Novo no Brasil. E de acordo com Assis (2001): Registra-se como importante avanço dessa influência no Brasil a difusão do método denominado "Educação Física Desportiva Ge- neralizada", criado pelo Instituto Nacional de Esportes da França e que aqui chegou por volta dos anos de 1940. Foi difundido prin- cipalmente nos os cursos de aperfeiçoamento técnico-pedagógico ministrado pelo professor Auguste Listello, ficando conhecido como "Método Desportivo Generalizado" (p. 15). A ascensão do fenômeno esportivo aconteceu entre 1969 e 1979, período no qual o esporte passou a ocupar mais espaço na Educação Física escolar. Com isso, o binômio "Educação Física/ Esporte" passou a ser utilizado, além de acontecerem profundas mudanças na política educacional, subordinando a Educação Física escolar ao sistema esportivo (BETTI, 1991, p. 100). Segundo Listello apud Betti (1991), o Método Desportivo Ge- neralizado tinha como objetivos: © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 171

A iniciação nos diferentes esportes; orientar para a especialização através do desenvolvimento e aperfeiçoamento das atitudes e ges- tos; desenvolver o gosto pelo belo, pelo esforço e performance e provocar as necessidades de higiene (p. 98).

Nesse período o esporte passou a ser "esporte na escola e não o esporte da escola", sendo que a aptidão física foi definida como referência fundamental para orientar o planejamento, con- trole e avaliação da Educação Física (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 54). Nessa fase, caracterizada por Ghiraldelli Jr. (1997) como a da "Educação Física Competitivista" (p. 20), "o rendimento, a seleção dos mais habilidosos, o fim justificando os meios", o culto do atle- ta herói eram características ainda mais presentes no âmbito da Educação Física escolar (DARIDO, 2004, p. 7). Não existia diferença entre o professor e o treinador, enquanto o aluno era visto como atleta. Quanto aos procedimentos nota-se que eram empregadas práticas mecânicas e repetitivas dos movimentos esportivos (DARI- DO, 2004). A ginástica, o treinamento, os jogos recreativos ficavam submetidos ao desporto de elite, desenvolvendo-se o treinamento esportivo baseado nos avanços de estudos da Fisiologia do Esforço e da Biomecânica, capazes de melhorar a técnica e a performance (GHIRALDELLI, JR., 1997). A partir da década de 80, com o surgimento das novas abor- dagens para a Educação Física Escolar, o esporte de rendimento na escola passou a ser questionado e, então, surgem as novas formas de pensar a Educação Física na escola e estudos direcionados a uma re-significação do esporte, para que ele não tenha mais um "objetivo nele próprio" e passe a ser tratado pedagogicamente "como um meio para a uma melhor formação dos alunos" (Barro- so e Darido, 2006, p. 111). No entanto, segundo Bracht (1986), a tarefa que se impõe é o desenvolvimento de uma pedagogia que permita o acesso a

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uma cultura esportiva mais desmistificada, possibilitando aos alu- nos "analisar criticamente o do fenômeno esportivo, situá-lo e relacioná-lo com todo o contexto sócio-econômico, político e cul- tural" (p. 66). Ao ser reconhecido como elemento da cultura corporal e, portanto, ser inserido como conteúdo da Educação Física Escolar, se faz necessário "resgatar os valores que privilegiam o coletivo sobre o individual", que haja um "compromisso da solidariedade e respeito humano", a diferenciação de "jogar com o companheiro e jogar contra o adversário" e que seu "ensino não se esgote nos gestos técnicos" (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 71). Kunz (2003) defende o esporte como conteúdo da Educação Física, porém, aponta para a necessidade de uma transformação didático-pedagógica, e enfatiza que o esporte na escola não deve ser algo apenas praticado, mas sim estudado, possibilitando ao aluno a competência do entendimento sobre o mundo dos espor- tes e, oportunizando, a reflexão e o diálogo sobre essas práticas para conduzir a uma verdadeira superação do ensino tradicional pelas destrezas técnicas. Apesar de muitos estudos estarem direcionados para a su- peração dos problemas do ensino dos esportes na educação Física, muito ainda precisa ser feito, Paes (2006) aponta alguns proble- mas que ainda precisam ser superados como: a. O oferecimento do esporte de maneira desvinculada do projeto político pedagógico da escola. b. Conteúdos repetitivos do esporte em diferentes níveis do sis- tema escolar. c. Ensino fragmentado do conteúdo esportivo [...] Caracteriza- da pela falta de compromisso com o processo educacional (p. 220).

Para que esses problemas possam ser superados, os profes- sores precisam se conscientizar da responsabilidade que possuem no processo de educação dos alunos e, que os esportes, não de- senvolvem valores sozinhos. É preciso que o professor de Educa- © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 173

ção Física escolar se sinta responsável pela formação de alunos conhecedores das diferentes práticas esportivas, que sejam capa- zes de praticar, analisar e refletir sobre eles e sobre a influência no meio social. Em busca de conscientizar professores com a importante ta- refa de educar por meio do ensino do esporte Freire (2003) sinaliza que o desafio a ser vencido pelos professores de Educação Física é fazer com que todas as crianças tenham acesso ao esporte e, o praticando, aprendam-no bem e aprendam a gostar dele, para que futuramente possam utilizar esse conhecimento. E para que o ensino do esporte não se limite ao ensino dos gestos técnicos e possa fazer parte do processo da formação de cidadãos críticos, acreditamos na importância de se trabalhar o esporte nas três dimensões dos conteúdos, ou seja, o aluno deve aprender sobre os esportes por meio da dimensão conceitual, aprender a fazer os diferentes movimentos por meio da dimensão procedimental e a refletir como se deve ser com a dimensão ati- tudinal. Após esse breve estudo sobre o ensino dos esportes na Edu- cação Física escolar, pudemos perceber a importância do papel do professor no processo de formação dos alunos. E para aprofundar ainda mais esse estudo, realizaremos agora um estudo aprofunda- do sobre o ensino do atletismo na escola, sobre suas dificuldades e possibilidades no ambiente escolar.

6. CONTEXTUALIZAÇÃO DO ENSINO DO ATLETISMO

Estudando a história do atletismo pudemos perceber que ele sempre esteve presente na história do homem, suas diferentes provas exploram as habilidades motoras do ser humano, as quais foram utilizadas para sobrevivência em épocas ancestrais. Na Gré- cia Antiga, o atletismo configurou-se como esporte com o início dos Jogos Olímpicos, na qual suas provas já se faziam presentes

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desde as primeiras edições das competições Olímpicas e, atual- mente, é considerado como a modalidade mais tradicional e im- portante desse evento. Ao pensarmos na frase que circula no meio olímpico: "os Jo- gos Olímpicos podem acontecer apenas com o Atletismo. Nunca sem ele" (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ATLETISMO, 2008), po- demos dizer que o atletismo é considerado um esporte clássico, pois de acordo com Saviani (1991), "clássico é aquilo que se confir- mou como fundamental, como essencial" (p. 21). Mas, ao mesmo tendo que o atletismo é um esporte tão an- tigo e considerado clássico, ele é pouco difundido no Brasil e pra- ticamente esquecido nas aulas de Educação Física. Para fazermos uma breve constatação dessa triste realidade, como nos sugere Matthiesen (2007), podemos pensar em nossa própria trajetória escolar para buscar identificar se o atletismo esteve e como este- ve presente nas nossas aulas de Educação Física escolar. E como ocorre com a grande maioria dos acadêmicos de Educação Física, muito provavelmente a resposta será não. Calvo (2005) mostra que além de o atletismo ser pouco tra- balhado nas escolas, muitas vezes, o pouco contato com essa mo- dalidade esportiva, quando ele ocorre, é deficiente. Em seu estudo realizado em 2002 com graduandos no curso de Educação Física (Licenciatura e Bacharelado) da UNESP de Rio Claro ficou consta- tado que a maioria (73%) dos estudantes não teve contato com o atletismo na escola. Resultado semelhante ocorreu em 2005, quando constatou que a maior parte (62%) dos graduandos da mesma Universidade também não teve contato com o atletismo durante o período escolar. Além disso, Calvo (2002; 2005) identifi- cou em ambos os estudos que o conhecimento dos universitários sobre o atletismo está pautado em conteúdos veiculados pela mí- dia, voltados, portanto, a poucas provas do atletismo, quase sem- pre em época de grandes competições como os Jogos Olímpicos, conforme ressaltou Matthiesen (2009). © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 175

Infelizmente, sabemos que, na maioria das vezes, tudo que se conhece e é divulgado pela mídia sobre o atletismo está rela- cionado a recordes, índices, marcas e competições, o que pode provocar nos professores uma sensação que os impossibilite de desenvolver um trabalho com o atletismo dentro da sua realidade escolar. Contudo, é papel da escola e do professor de Educação Física difundir, esclarecer e proporcionar experiências a cerca dos "conhecimentos" transmitidos pela mídia (MATTHIESEN, 2005b), e isso deve ocorrer também em relação ao atletismo. Pela falta de cultura que existe no Brasil acerca do atletis- mo devemos ressaltar que muitos professores, por não terem tido contato com o atletismo durante a sua formação, não se sentem a vontade para ensiná-lo, como mostra Matthiesen (2005b) e ainda apontam o desinteresse dos alunos em aprender sobre o atletismo e afirmam que "os alunos só se interessam por bola". Em busca de uma visualização dos problemas básicos do atletismo na realidade escolar e seguindo a constatação de que as modalidades esportivas de maior prestígio nacional são coletivas e têm como implemento de ação a bola, talvez uma justificativa para o fato de o atletismo não ser trabalhado na escola, estivesse na sentença apresentada por Oro (1984) ou seja: “atletismo não tem bola!” (p. 4). Alguns professores entrevistados por Daólio (1994) reforçam essa ideia ao afirmarem que os alunos só se motivam com a bola e acabam justificando a divisão do ano letivo em modalidades espor- tivas coletivas. Seguindo essa afirmação dos professores e mesmo não sendo apresentadas no referido estudo, quais os esportes tra- balhados durante o ano letivo, poderíamos nos questionar: onde estaria o atletismo, já que ele não utiliza a bola? Realmente a bola e o futebol despertam grande interesse nas crianças de todas as idades, pois o Brasil é visto como o país do fu- tebol. Conforme nos lembra Matthiesen (2007) como uma criança em idade escolar pode se interessar por uma modalidade que ela

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ainda não conhece? Não é papel do professor de Educação Física transmitir os conteúdos pertencentes à cultura corporal? Assim, se faz necessário enfatizar sobre a responsabilidade do professor em garantir que os alunos tenham a oportunidade de conhecer, estu- dar, entender e saibam refletir sobre os diferentes conteúdos da cultura corporal independente de serem ou não valorizados pela mídia, como ressalta Matthiesen (2007, p. 16). No caso do professor de Educação Física, deve haver um compro- misso com a transmissão, em especial, da cultura corporal, que inclui, entre tantas outras coisas, o atletismo, negligenciado na maioria das vezes. Portanto, o gosto pelo atletismo ou o desejo de ensiná-lo, que poderia aparecer como justificativa de alguns, não se justifica se pensarmos no compromisso, que assumimos como professores, com a transmissão do saber.

Tentando investigar as razões para o não desenvolvimento do atletismo em aulas regulares de Educação Física, Silva (2005) realizou uma pesquisa com professores da Rede Pública da cidade de Rio Claro-SP. As informações fornecidas possibilitaram eviden- ciar as dificuldades apresentadas pelos professores ao se tratar do seu ensino na escola, sendo elas: falta de material e espaço físico; desinteresse dos alunos e da escola para com a Educação Física; falta de cultura ou tradição nessa modalidade esportiva. Ao pensarmos na realidade das escolas públicas brasilei- ras, dificilmente encontraremos uma escola que possua pista de atletismo e os materiais oficiais dessa modalidade como: dardo, disco, martelo, colchões para salto em altura e com vara. Mas, o professor de Educação Física deve ter claro quais são seus objeti- vos enquanto professor, pois provavelmente será na escola a única oportunidade dos alunos em conhecer, vivenciar e aprender sobre essa modalidade, e que para ensinar o atletismo na escola, esses materiais e espaço não são essenciais e ainda,Oro (1984) chama a atenção para o critério de rendimento absoluto que tem orientado a didática do atletismo no Brasil, concorrendo para uma precoce elitização e especialização precoce. Além disso, verifica-se que a atenção exagerada dada à correção técnica dos movimentos e ao © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 177 aproveitamento imediato dos alunos talentosos pelos professores e treinadores, parece ser reforçada pela literatura especializada à disposição dos professores. Segundo Ferreira (1993), isso con- tinuará acontecendo enquanto profissionais da área não se dis- puserem a procurar novos enfoques e formas alternativas para o ensino do atletismo na escola. Embora não apresentada por professores atuantes na escola, a produção bibliográfica na área do atletismo pode ser destacada como mais uma dificuldade ao ensinar o atletismo na escola, pois, a maioria dos livros direcionados ao ensino do atletismo possui uma perspectiva técnica do esporte, como nos revela a pesquisa realizada por Faganello (2008), na qual, foi constatada, uma predo- minância de livros "técnicos" em relação aos livros denominados "pedagógicos". Os livros "técnicos" são direcionados a formação de atletas, nos quais, o ensino do atletismo está direcionado a lo- cais que possuem uma pista e materiais oficiais, sendo que são poucas as atividades direcionadas para a realidade das escolas. Os livros "pedagógicos" são mais direcionados aos objetivos da Educação Física na atualidade, nos quais o ensino do atletismo envolve atividades lúdicas, críticas e participativas, as quais valori- zam e respeitam o conhecimento prévio dos alunos, contribuindo para a autonomia, a criatividade, reconhecimento de suas limita- ções e para a formação de indivíduos capazes de aprender diferen- tes possibilidades de movimento. Com base nessa constatação, é de fundamental importância que acadêmicos do curso de Educação Física, assim como os pro- fessores, tenham acesso e saibam fazer uso desse conhecimento, adaptando e criando novas atividades de acordo com a sua reali- dade, objetivos de ensino e local de trabalho. Devemos ressaltar que não é pelo simples fato de se realizar uma ou outra atividade que envolve a corrida, ou o salto, o lan- çamento e o arremesso que podemos afirmar que trabalhamos com o atletismo na escola. Como nos mostra Matthiesen (2006),

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o atletismo possui seus movimentos específicos sendo necessário contextualizar as habilidades de correr, marchar, saltar, arremessar e lançar em relação às provas do atletismo. Certamente as dificuldades para ensinar o atletismo na esco- la existem, mas para que ele aconteça e as dificuldades possam ser superadas depende da disposição do professor em adequar o es- paço físico, os materiais, os conteúdos com as reais possibilidades de ensino que garantam o contato inicial com cada uma das provas e, principalmente, tenha clareza dos objetivos e comprometimen- tos com a transmissão dos conteúdos pertencentes da Educação Física escolar (MATTHIESEN, 2007). Pensando nas dificuldades que os professores poderão en- contrar ao ensinar o atletismo na escola, como observa Matthie- sen (2007) é de grande relevância destacar o papel fundamental da formação dos professores, pois a grande maioria dos estudantes de Educação Física terá seu primeiro contato com o atletismo no ensino superior, assim, a forma de como o atletismo será ensinado nesse período, irá refletir na prática do futuro profissional no âm- bito escolar. Dessa forma, durante o período de formação procura- mos garantir, aos nossos alunos, possibilidades reais de conhecer e ensinar o atletismo de forma que as possíveis dificuldades possam ser superadas, para que futuramente não sirvam de justificativas para o não ensino do atletismo na escola.

7. O ENSINO DO ATLETISMO NA ESCOLA ͳ POSSIBILIͳ DADES

Atualmente, são várias as tentativas para modificar carac- terísticas que se tornaram marcantes na Educação Física escolar, dentre as quais: a valorização dos procedimentos; "o fazer pelo fazer"; a repetição mecânica dos movimentos; a "valorização dos mais habilidosos"; a caracterização dos alunos como atletas e dos professores como técnicos, já que são muitos os professores que trabalham seguindo esse modelo (DARIDO 2003, p. 7). © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 179

De acordo com os PCNs, o processo de ensino e aprendiza- gem em Educação Física não se restringe ao simples exercício de certas habilidades e destrezas, mas sim à capacitação do indivíduo para refletir sobre suas potencialidades corporais e, com autono- mia, exercê-las de maneira social e culturalmente significativa e adequada. Trata-se de compreender como o indivíduo utiliza suas habilidades e estilos pessoais dentro de diferentes linguagens e contextos sociais, pois um mesmo gesto adquire significados dife- rentes conforme a intenção de quem o realiza e de acordo com a situação em que ocorre (BRASIL, 1997). Seguindo a proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) entendemos a Educação Física como uma cultura corporal, sendo o conceito de cultura o produto da sociedade, da coletivi- dade à qual os indivíduos pertencem, antecedendo-os e transcen- dendo-os (BRASIL, 1997). Assim, É tarefa da Educação Física escolar garantir o acesso dos alunos às práticas da cultura corporal, contribuir para a construção de um es- tilo pessoal de exercê-las e oferecer instrumentos para que sejam capazes de apreciá-las criticamente (BRASIL, 1997, p. 28).

Entendendo que o papel da Educação Física escolar é trans- mitir os conhecimentos da cultura corporal, é preciso deixar claro que o atletismo, muitas vezes negligenciado, faz parte dos conte- údos que devem ser ensinado. Portanto, diante das dificuldades encontradas para ensinar o atletismo na escola, cabe ao professor buscar soluções, antes de utilizá-las como justificativas, para que os alunos tenham a oportunidade de conhecer essa modalidade esportiva tão tradicional e ao mesmo tempo esquecida. Na tentativa de mudar essa realidade, alguns autores têm se dedicado a estudar o atletismo e assim superar essas dificuldades apontando novos caminhos e possibilidades para que o ensino do atletismo nas escolas aconteça. Analisando a forma de como tradicionalmente o atletismo é ensinado Kunz (2003) acredita ser impossível atribuir ao atle- tismo algum valor "pedagógico-educacional", uma vez que "não

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há diversão, é pura busca de melhor rendimento” (p. 130). Dessa forma, o atletismo torna-se a modalidade menos atrativa para os professores, estudante de Educação Física e alunos das escolas. Entretanto, o autor apresenta possibilidades de trabalhar com o atletismo superando a forma tradicional de ensino, por meio de diferentes atividades sem alterar o significado do esporte e dá um bom exemplo quando fala que "na corrida de velocidade o objetivo é correr a toda velocidade" (KUNZ 2003, p. 126). Esse significado no conteúdo a ser estudado deve continuar inalterado, sabendo que o que muda, são as formas de alcançar esse obje- tivo. Ou seja, minimizar o tempo em uma corrida de velocidade trabalhando em duplas ou trios; brincando de somar tempos em equipes; são estratégias que poderão possibilitar às crianças que não possuem boa velocidade, contribuírem para o êxito do grupo. Desse modo, a transformação do ensino das corridas de ve- locidade, ocorre em relação às limitações físicas e técnicas dos alu- nos para realizar determinados movimentos, enfatizando o prazer e a satisfação do aluno em movimentar-se, uma vez que a tarefa da escola não é treinar o aluno, mas estudar o esporte de forma atrativa e compreensiva, incluindo a efetiva participação de todos (KUNZ, 2003). Buscando demonstrar as possibilidades do ensino do atle- tismo na escola, Matthiesen (2008), com seu projeto intitulado Atletismo se aprende na escola: aplicação na realidade escolar re- alizado em uma escola pública de Rio Claro – SP, realizado em três etapas: visita das crianças à pista de atletismo da UNESP – Rio Cla- ro, exposição de imagens do atletismo olímpico e para-olímpico no pátio da escola e aulas de atletismo nas aulas de Educação Física; nos mostra que apesar das dificuldades de espaço físico e mate- riais, notou-se um grande entusiasmo das crianças durante as ati- vidades, além de favorecer a aprendizagem do ensino do atletismo aos alunos da escola, e também de contribuir para a formação dos profissionais envolvidos no projeto. © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 181

A fim de difundir o salto com vara em aulas de Educação Física, Freitas (2009) verificou a possibilidade e as contribuições do ensino do salto com vara a partir de sua história. Sua pesquisa mostrou além de ser possível a realização desse trabalho, possi- bilitou aos alunos a contextualização dessa cultura para além das questões técnicas esportivas, ao contrário do que dizem muitos professores a respeito do desinteresse dos alunos em aprender no- vas modalidades esportivas daquelas que não fazem uso da bola. Durante um trabalho realizado, em uma das escolas da rede SESI – SP, com o atletismo, desenvolvido por meio de jogos, brincadeiras e confeccionando materiais juntamente com os alunos, foi possí- vel perceber o interesse dos alunos a respeito da nova modalidade que estava sendo trabalhada e ao final das atividades foi possível confirmar, por meio dos relatos dos alunos, o quanto gostaram do atletismo e como essa experiência foi rica para eles, tais como: "O melhor de tudo foi nossa diversão, depois confecciona- mos o peso, o martelo, o dardo e o disco com materiais alternati- vos, mas aprendemos do mesmo jeito". "Gostei mais dos lançamentos, porque gostei de fazer o ma- terial". "Achei interessante o que eu nunca tinha visto antes, princi- palmente a marcha atlética". “Eu posso compreender melhor o que vejo na TV”. Trabalhos como esses apontam diferentes caminhos para ensinar o atletismo na escola, contribuindo para desmistificar as justificativas como a impossibilidade de ensinar o atletismo na es- cola sem uma pista, materiais oficiais ou porque os alunos não se interessam. Partindo das dificuldades apontadas pelos professores de ensinar o atletismo na escola, e pensando em diferentes possibi- lidades de ensinar o atletismo, faremos agora um estudo sobre alguns pontos: “falta de materiais”, "espaço físico" e o "papel do

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professor e o ensino do atletismo” que acreditamos serem essen- ciais para que você, ao se tornar professor, sinta-se seguro em tra- balhar com o atletismo na escola e possa contribuir para mudar essa realidade.

8. O PAPEL DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA E O ENSINO DO ATLETISMO

O pouco conhecimento do professor acerca do atletismo e a forma de como ele lhe foi transmitido, muitas vezes não garantem ao profissional segurança em desenvolver essa modalidade espor- tiva, pois, como destaca Calvo (2005), o atletismo ainda é visto por muitos professores como um esporte exclusivamente técnico, que exige apenas esforços quantitativos e a superação de obstáculos, inviabilizando o seu ensino na escola. Assim, buscando garantir aos nossos alunos segurança em trabalhar com o atletismo quando estiverem atuando na escola, se faz necessário que o atletismo seja entendido como uma mo- dalidade esportiva que envolve as habilidades motoras básicas de marchar, correr, saltar, lançar e arremessar, com suas especi- ficidades técnicas distribuídas em suas diferentes provas, as quais podem ser desenvolvidas por meio de atividades que valorizam o conhecimento prévio dos alunos, exploram a criatividade, estimu- lam suas potencialidades, auxiliam no reconhecimento e respeito dos limites de cada um, não excluem os menos habilidosos e ainda criam situações pedagógicas para o desenvolvimento do ensino, fazendo com que o aluno aprenda, goste e pratique o atletismo. Durante as aulas de Educação Física, o professor ao realizar atividades direcionadas ao ensino das diferentes provas do atletis- mo, deve buscar o desenvolvimento dos movimentos e a compre- ensão das regras básicas indispensáveis ao conhecimento dessa modalidade esportiva. Ou seja, o professor não deve se preocu- par, meramente, com detalhes técnicos de cada movimento, e sim © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 183 verificar se o aluno está atendendo às especificidades do movi- mento, por exemplo: se está utilizando apenas uma das pernas para a realização do salto em altura, se o arremesso do peso tem início com o implemento encostado no pescoço, se no salto triplo o aluno está realizando os dois primeiros saltos com a mesma per- na, entre outras. Pois, a ênfase nos detalhes técnicos pode levar o professor a atuar de forma seletiva, excluindo os alunos menos dotados, além de diminuir a liberdade de criação e exploração do repertório motor dos alunos. Tani et al (2006) ressaltam que a aprendizagem motora é um processo de soluções de problemas motores, que não deve consi- derar a existência de uma única solução eficiente, mas um conjun- to de soluções apropriadas. Além disso, lembram que a prática não pode ser resumida a tentativas de repetição de um único padrão de movimento, pois pode resultar na aquisição de um padrão de movimento rígido e estereotipado, de baixa adaptabilidade. Ou seja: Prática significa a repetição do processo de solucionar problemas motores e não a repetição do meio de solucioná-los. Prática implica repetição sem repetição, pois se essa condição for negada, ela se tornará uma simples repetição mecânica de movimentos (BERSN- TEIN apud TANI, 2006, p. 232).

Na escola, como mostra Kunz (2003), o professor deve bus- car novas formas de ensino, alternativas para iniciar os alunos na modalidade e a compreender as suas possibilidades, oportunizan- do experiências práticas do correr, marchar, saltar, lançar e arre- messar sem se prender a particularidades técnicas muito específi- cas que objetivam apenas o desenvolvimento de um gesto técnico eficiente e o máximo rendimento. É importante ressaltar que não estamos dizendo que ao ensinar o atletismo não se faz necessário o ensino das diferentes técnicas das diversas provas do atletismo, pois o atletismo se ca- racteriza como modalidade esportiva devido a suas origens, histó- ria, conceitos e também por suas especificidades técnicas. Mas,

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queremos deixar claro que o ensino do atletismo não deve estar subordinado ao ensino dos gestos técnicos determinando como finalidade do trabalho o rendimento máximo. Como apresentado por Darido e Rangel (2005), é importante diferenciarmos rendimento máximo de rendimento ótimo. O con- ceito de rendimento máximo pode ser entendido como recordes, medalhas, fama e dinheiro. E o rendimento ótimo é a melhor per- formance de cada indivíduo na realização de uma tarefa. E assim como as autoras, defendemos que na escola o esporte "deve levar os alunos ao rendimento ótimo, explorando suas potencialidades, respeitando suas características individuais e suas limitações" (DA- RIDO e RANGEL, 2005 p. 189). O professor de Educação Física, ao ensinar o atletismo, deve se sentir responsável pela educação e formação de seus alunos, e não apenas serem transmissores de técnicas, preocupados única e exclusivamente com um bom desempenho. Como destacado por Paes (2006) o professor de Educação Física deve ser reconhecido como um educador, responsável pelo desenvolvimento, por meio da prática esportiva, da moral, das inteligências múltiplas, do au- toconhecimento, da autoestima, da afetividade, a sociabilidade, do reconhecimento da importância social do esporte, da educação para a autonomia, enfim, de contribuir para a formação do cida- dão que "poderá não ser um atleta" (p. 220). Como considerado por Paes (2005), em nenhum momento o esporte, realizado ou não dentro da escola, ou seja, na educação formal ou não formal, está desvinculado da educação, de modo que técnicos e professores de Educação Física devam estar preocu- pados com a educação dos alunos. "O professor deve estar atento em promover intervenções positivas; ter a participação, a coope- ração, a co-educação, a emancipação e a totalidade como princí- pios [...]" (PAES, 2005, p. 128). Como dissemos anteriormente, para que o atletismo seja realmente trabalhado, se faz necessário contextualizar as habili- © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 185 dades do correr, marchar, saltar, lançar e arremessar às diferen- tes provas pertencentes ao universo do atletismo que possuem seus movimentos e técnicas específicas. E não como acreditam alguns professores estarem trabalhando com o atletismo quando realizam qualquer atividade que envolva as corridas, os saltos, os lançamentos e arremesso, sem, contudo especificar, direcionar o conteúdo do atletismo. Para que o atletismo possa ser trabalhado na escola de for- ma prazerosa e sem esquecer as suas especificidades como mo- dalidade esportiva, um bom caminho é o seu ensino por meio dos jogos e brincadeiras. Pois como destaca Paes (2001): O jogo tem uma função mágica, pois ao mesmo tempo que acentua a ludicidade de uma prática que visa ao aprendizado de fundamen- tos, pode também acentuar exigências técnicas proporcionando a melhor execução do movimento (p. 77).

Por meio de jogos e brincadeiras que trabalham as habili- dades do correr, marchar, saltar, lançar e arremessar o atletismo pode ser explorado de forma lúdica indo ao encontro de suas téc- nicas específicas reforçando, com isso, um dos recursos pedagógi- cos proposto por Paes (2001), o "jogo possível" que: [...] possibilita o resgate da cultura infantil no processo pedagógi- co de ensino do esporte, tornando seu aprendizado uma atividade prazerosa e eficiente no que diz respeito à aquisição de habilidades básicas específicas. [...] permite adaptações relativas ao espaço físico, possibilita a par- ticipação de um grande número de alunos, pois trata-se de uma prática de inclusão e não de exclusão [...] (p. 94).

Ensinar o atletismo por meio de jogos e brincadeiras também é a ideia defendida por Freire e Scaglia (2003). Segundo os autores, os jogos, as brincadeiras, a construção são caminhos que levam desde os primeiros anos escolares até o final do ensino médio ao conhecimento e a aprendizagem, permitindo que o atletismo seja jogado, brincado e reconstruído de forma lúdica indo ao encontro de suas técnicas, e ressaltam:

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Não se deve confundir o aprofundamento dos conhecimentos es- portivos com o treino para o rendimento. As atividades direcionadas para o "desenvolvimento das técnicas esportivas devem ser preferencialmente lúdicas" (p. 112).

Durante o ensino das diferentes provas do atletismo, é im- portante que o professor não apresente o movimento pronto de cada uma delas ou realize modelos de execução que devam ser reproduzidos, mas garantir orientações aos alunos para que con- sigam solucionar o problema de cada atividade e encontre a sua melhor forma de realização do movimento, oportunizando a esti- mulação cognitiva, ações problematizadoras, a reflexão, o diálogo sobre as práticas realizadas e a realidade do esporte. Como desta- ca Freire (1997) sobre as formas de ensinar o salto em distância: Uma das maneiras de ensinar a alguém o salto em distância é o adestramento. Outra é a compreensão dos elementos envolvidos na atividade, como tempo, espaço, o próprio corpo, enfim, explo- rando a inteligência do praticante. Prefiro esta segunda. A Educa- ção Física tradicional, porém, tem demonstrado uma opção pela primeira. (p. 132).

Além da busca pelo entendimento dos movimentos realiza- dos no atletismo, há a necessidade do conhecimento de suas ori- gens, história e evolução para oportunizar a compreensão do mo- mento atual de cada uma das provas do atletismo. Desse modo, ao ensinar, por exemplo, a arremesso do peso, ou o salto em altura, se faz necessário que o professor proporcione ao aluno o conheci- mento histórico dessas provas, como ocorreu à evolução do arre- messar o peso, ou do saltar em altura, ou seja, buscar na história como, quando e por que os diferentes estilos técnicos surgiram. Enfim, para que o ensino do atletismo na escola possa acon- tecer de forma completa, devemos garantir que ele seja contem- plado nas três dimensões do conteúdo: 1) Conceitual: ensinar o conceito do atletismo, das suas diferentes provas, o histórico da modalidade e as mu- danças ocorridas no esporte desde suas origens até a atualidade. Analisar as razões da pouca divulgação desse esporte no Brasil. © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 187

2) Procedimental: vivenciar as diferentes provas do atletis- mo: a marcha, as corridas, os saltos, lançamentos e arre- messos, seus fundamentos e gestos técnicos. 3) Atitudinal: aprender com o ensino do atletismo valores como: a importância de respeitar o adversário, a partici- pação e cooperação nas atividades em grupos, reconhe- cer e valorizar atitudes não preconceituosas.

9. O ENSINO DO ATLETISMO E O ESPAÇO FÍSICO

Como pudemos observar, a falta de espaço físico, ou seja, da pista oficial de atletismo, tem sido uma das principais dificuldades para se trabalhar com o atletismo nas escolas, pois, muitos profes- sores possuem uma visão muito técnica do ensino do atletismo, fazendo-se essencial a presença de uma pista para que o ensino aconteça. Mais uma vez lembramos que o papel do professor de Edu- cação Física é: transmitir o conhecimento, neste caso o atletismo, e dar oportunidade de ampliação do repertório motor dos alunos, garantindo que o atletismo seja estudado, conhecido e praticado por seus alunos e não de buscar a formação de atletas com exe- cuções técnicas perfeitas. Afirmamos que embora a presença de uma pista possa auxiliar no processo de ensino e aprendizagem da modalidade, a falta dela não exclui a possibilidade de trabalhar de forma efetiva com o atletismo na escola. Na escola qualquer espaço livre pode ser um bom local para o ensino do atletismo, desde que alguns cuidados sejam tomados, como verificar as condições do piso, para a redução do impacto nas atividades de saltos, buscar realizá-las em terrenos macios (grama, areia, ou colchões), como também verificar a segurança das crianças nas atividades de lançamentos, entre outras coisas sugeridas por Matthiesen (2009). Mas para que o professor saiba utilizar esses espaços é fun- damental que se tenha clareza que o atletismo escolar deve ser

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ensinado de forma atrativa, priorizar o contato inicial com o co- nhecimento dos movimentos básicos e específicos do atletismo, garantindo a participação efetiva de todos os alunos e possibili- tar o reconhecimento do atletismo como prática social e não mais como um esporte mecânico, excludente, que visa a superação de limites e recordes. E, como estudamos anteriormente, um bom caminho para que isso aconteça é ensinar o atletismo por meio de jogos e brincadeiras direcionadas para o aprendizado de seus fundamentos, regras e conceitos. Além das possibilidades e benefícios oportunizados pela uti- lização dos jogos e brincadeiras no processo de ensino de apren- dizagem do atletismo, eles também possibilitam ao professor a adaptação dos espaços disponíveis na escola como a quadra, o pátio, um gramado, qualquer espaço livre e até mesmo a sala de aula. E para demonstrar a possibilidade de realização desses espa- ços para o ensino do atletismo na escola apresentaremos alguns exemplos de atividades que podem ser trabalhadas para o ensino de diferentes provas do atletismo.

Iniciando o trabalho Mesmo com a pouca divulgação da mídia e pouco conheci- mento prático do atletismo, certeza grande parte das crianças já viram alguma matéria na TV sobre o atletismo, mesmo sem saber que é o atletismo, como alguma matéria sobre quebra de recor- des, um escândalo de doping, e a competição de alguma prova principalmente em época de Jogos Olímpicos. Assim, ao iniciar um trabalho, é importante que o professor levante os conhecimentos prévios das crianças relacionados ao atletismo e, para isso, são inúmeras as atividades que o professor poderá realizar em qualquer espaço da escola, até mesmo na sala de aula. As sugestões de atividades para essa finalidade podem ser: © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 189

• O “Alfabetismo” no qual os alunos deverão escrever dife- rentes palavras sobre o atletismo iniciando com cada uma das letras do alfabeto. • Selecionar diferentes imagens do atletismo e pedir para que os alunos em grupos conversem sobre o que sabem sobre a imagem como: qual é a prova, algumas regras dessa prova, o nome do atleta da imagem ou de outros atletas que realizam essa prova. A marcha atlética Para ensinar a marcha atlética na escola podemos utilizar a quadra de esportes ou qualquer área livre, embora nas compe- tições oficiais a marcha seja realizada em longas distâncias, na aprendizagem o importante é a diferenciação entre o andar, o marchar e o correr. Assim, sugerimos que o trabalho seja iniciado com atividades que envolvam o andar, o andar mais rápido até que algumas especificidades técnicas da marcha sejam inseridas, como por exemplo: a inexistência da fase aérea, extensão da perna que avança desde o primeiro contato com o solo e o movimento do quadril. As corridas As corridas fazem parte do universo das brincadeiras das crianças. E no atletismo as corridas estão presentes em diferentes provas como nas corridas de velocidade, com barreiras, obstácu- los, de revezamento e de resistência. Durante o trabalho é importante que o professor incentive as crianças a conhecerem e criar gosto pela modalidade e, para isso, podemos e devemos aproveitar as brincadeiras já conhecidas pelos alunos, mas lembrando da importância de contextualizá-las com as diferentes provas de corrida do atletismo.

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Corridas de velocidade Direcionando as brincadeiras para o ensino das corridas de velocidade uma boa sugestão é o "pega-pega em linha reta”. Nes- sa atividade os alunos estarão divididos em grupos dispostos em fila e, ao sinal do professor, só poderão pegar o colega que está a sua frente antes que ele cruze a linha de chegada. Com essa atividade podemos trabalhar o tempo de reação dos alunos, a diversificação das formas de realizar a saída, dando início ao processo de descoberta da perna de impulsão e também a corrida em linha reta, já que nas provas de corrida de velocidade, barreiras, e revezamento 4X100 a corrida é realizada em raia mar- cada, possibilitando o conhecimento sobre as regras. Corridas de longa distância Uma das maiores dificuldades das crianças quando precisam correr por um tempo maior é o emprego do ritmo de corrida, ou seja, elas iniciam a corrida muito rápida e não conseguem finalizar com a mesma velocidade ou até mesmo desistem. Assim, para desenvolver um trabalho com corridas de velo- cidade uma das principais características dessas corridas é saber dosar o ritmo de corrida, ou seja, trabalhar a noção de tempo, es- paço e tempo-espaço, e para esse trabalho o professor não precisa de um espaço muito amplo. Para trabalhar com a noção de tempo pode sugerir que os alunos caminhem pela quadra até o momento que eles acredita- rem que se passou, por exemplo, um minuto, um minuto e trinta segundos. Já a noção de espaço pode ser trabalhada pedindo para que os alunos tentem adivinhar quantos pés são necessários para que cheguem do outro lado da quadra, do pátio, ou de outra área su- gerida pelo professor. © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 191

Para o trabalho com a noção de tempo-espaço, o professor define um número de voltas que devem ser dadas na quadra e o tempo em que isso deve ser feito, como exemplo duas voltas e dois minutos. Após cada uma das atividades, o professor conversa com os alunos sobre os resultados alcançados, dá algumas orientações e refazem as atividades mudando as distâncias e o tempo para que os alunos possam ao final adequar o ritmo da corrida com o espa- ço e tempo sugeridos pelo professor. Corridas de revezamento As corridas de revezamento são provas que auxiliam o traba- lho em grupo. Para essas provas é interessante realizar brincadei- ras de estafetas com grupos iguais ao oficial (de quatro pessoas) ou maiores. Uma das características das corridas de revezamento é a passagem de bastão em deslocamento, assim uma boa sugestão para escolas com espaços pequenos é a atividade de revezamento em círculo. Nessa atividade o professor faz três círculos no chão para cada grupo, enquanto os alunos que estão com o bastão cor- rem ao redor dos demais grupos, os demais alunos de cada grupo correm no respectivo círculo, assim ao receber o bastão, fará o movimento em deslocamento. Corridas com barreiras e obstáculos As corridas com barreiras e obstáculos são desafiantes para os alunos, embora possuam suas especificidades técnicas elas po- dem ser trabalhadas de forma adaptada na escola oportunizando o conhecimento dessas provas e a vivência do movimento de cor- rer transpondo obstáculos diferenciados e adaptados pelo profes- sor e alunos. Uma boa forma de iniciar as atividades com barreiras é utili- zando cordas, que aos poucos podem ser elevadas e aumentando

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o número. Para a realização dessas atividades o professor pode organizar grupos, percursos variados e o espaço da quadra é um bom espaço, o importante é a criatividade do professor. Os saltos As atividades envolvendo os saltos também constituem ver- dadeiros desafios para os alunos, que sempre querem conseguir saltar mais longe ou mais alto do que conseguiu na última vez. E para a realização dessas atividades as principais orientações sobre o espaço é procurar um local mais seguro, que seja plano como a quadra de esportes ou se a escolha possuir um gramado ou areia que auxilia na redução do impacto. Mas, caso a escola possua so- mente a quadra, as atividades envolvendo os saltos podem e de- vem acontecer, mas nesse caso o professor deve ficar atento ao número de repetição para não sobrecarregar a musculatura dos alunos. Salto em distância Para a iniciação do salto em distância, sugerimos atividades de saltar de diferentes formas: com os dois pés, com pé direito, com pé esquerdo, parado, com deslocamento, para depois come- çar a inserir especificidades dessa prova. Após a realização de diferentes tipos de saltos o professor pode colocar cordas, ou desenhar, delimitando o espaço que deve ser saltado e, assim, iniciar a realização dos saltos com apenas um dos pés (inicialmente é interessante o aluno revezar a perna du- rante a atividade, para que ele descubra qual a sua melhor perna para realizar o salto, ou seja, descobrir a sua perna de impulsão). Uma atividade bem interessante para realização do salto em distância trabalhando em equipes é a soma dos saltos, em que o primeiro aluno de cada equipe deverá saltar e marcar o seu salto com uma corda ou giz e o aluno seguinte deverá realizar o salto a partir da distância alcançada pelo aluno que saltou anteriormente e, assim, sucessivamente, e ao final da atividade mede-se a distân- cia atingida por cada grupo. © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 193

Salto triplo O salto triplo é uma excelente prova para trabalhar a coorde- nação motora dos alunos e pode ser iniciado, também, utilizando brincadeiras tradicionais da infância, como a amarelinha. Por meio da amarelinha, professor e alunos podem desenhar figuras de di- ferentes formatos e explorar saltos de diferentes formas. Para uma maior aproximação do movimento do salto triplo e, ainda brincando de amarelinha, o professor poderá desenhar duas figuras iguais e uma diferente, por exemplo, dois círculos e um retângulo nos quais os alunos deverão realizar o salto com a mesma perna nas figuras iguais e mudar de perna na figura dife- rente, realizando assim, o movimento do salto triplo de: direita, direita e esquerda ou esquerda, esquerda e direita. Salto em altura Assim como para as demais prova do atletismo, o salto em altura também pode ser realizado na quadra da escola, tomando os devidos cuidados para garantir a segurança dos alunos, como: não realizar muitas repetições e ir até uma altura que não ofereça riscos aos alunos. Para a realização do salto em altura o professor poderá ini- ciar o trabalho por meio de atividades com corda, como pular cor- da, pular a corda em movimentos horizontais ou verticais (cobri- nha), elevar um pouco a corda e mantendo-a parada. Todas essas variações podem ser feitas inicialmente com os dois pés, com um dos pés para que, posteriormente, inicie a aproximação com o mo- vimento do salto em altura. O estilo mais simples para a realização do salto em altura, sem dúvida é o tesoura e com o qual sugerimos que o trabalho seja iniciado. Com uma corda que deverá ser elevada aos poucos, os alunos deverão saltá-la com apenas uma das pernas e estando de lado para a corda. Inicialmente os saltos devem ser realizados com a corrida de aproximação pelo lado direito e esquerdo para que os alunos possam perceber a perna de impulsão.

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Salto com vara A principal dificuldade na realização de atividades direcio- nadas ao salto com vara é a falta de materiais, mas, com as adap- tações com cabo de vassoura, bastões e varas de bambu, como estudaremos mais a diante, as atividades podem ser realizadas na quadra de esportes, no pátio ou em uma área livre da escola. Os lançamentos e o arremesso Os lançamentos e arremesso podem ser iniciados por meio de diferentes jogos que trabalham o movimento do lançar, todos possíveis de serem realizados na quadra da escola, como: queima- da, acertar o alvo que pode ser fixos como: desenhos no chão ou arcos presos nas traves de futsal; ou móveis como: acertar uma bola lançada pelo professor, ou os alunos acertarem bolas lança- das pelos colegas. Em seguida, para uma maior aproximação e possibilitando a diferenciação dos movimentos das provas do lançamento do disco, dardo, martelo e arremesso do peso, é interessante que o profes- sor realize as atividades solicitando a realização dos movimentos de cada uma das provas, ou seja, realizar o lançamento de bolas de meia com extensão do braço para trás para o lançamento do dardo, lançar a bola com uma das mãos após a realização de giros para o lançamento do disco e com ambas as mão para o lança- mento do martelo e para o arremesso do peso, arremessar a bola iniciando o movimento com ela encostada no pescoço e direcio- nando o braço a frente. Essas e outras atividades que dadas nesse material, são ape- nas sugestões para que o professor, a partir de sua criatividade e realidade, possa criar novas atividades e adaptações. As provas combinadas A realização das provas combinadas é excelente para tra- balhar as diferentes provas do atletismo que já foram ensinadas. © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 195

Podem funcionar como uma atividade final do trabalho como a realização de uma mini competição de três provas: corrida de ve- locidade, salto em distância e arremesso do peso, ou outras provas que o professor achar interessante. Assim, os alunos conhecerão também sobre as competições das provas combinadas existentes no atletismo.

10. O ENSINO DO ATLETISMO E OS MATERIAIS ALͳ TERNATIVOS

Como vimos à falta de materiais específicos do atletismo, também é apresentada como uma das dificuldades para se tra- balhar com o atletismo na escola e servindo como justificativa para que seu ensino não aconteça. Sabemos que os custos desses materiais, o espaço necessário para guardá-los e para utilizá-los dificultam a aquisição desses materiais pelas escolas e, assim, di- ficilmente os professores terão acesso a esse tipo de material na escola. Embora possuir materiais específicos do atletismo possa contribuir para o aperfeiçoamento dessa modalidade, a falta de- les para um professor comprometido com o processo de forma- ção dos alunos e com a transmissão dos conhecimentos da cultura corporal, não será uma justificativa para que o ensino do atletismo não ocorra. Além de ser uma ótima estratégia para suprir a falta dos ma- teriais específicos, a utilização de materiais alternativos tais como: bolas de borracha, medicine-ball, cordas, cones, arcos, sacos plás- ticos, ou materiais confeccionados como exemplo: bolas de meia, bolas de meia com areia, discos feitos com pratinhos descartáveis, dardos feitos com jornal ou cano de PVC, entre outros, colaboram para incentivar a criatividade dos alunos em construir novos mate- riais para serem empregados na realidade de cada escola.

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Trabalhar com materiais alternativos para auxiliar o desen- volvimento das atividades além de facilitar e compensar deficiên- cias na execução de movimentos são sugestões também trazidas por Kunz (2003), que traz como exemplo saltar em distância e em altura com o uso de um mini trampolim, confeccionado por alunos e professor, para reforçar a dinâmica de impulsão, permitindo as- sim vivenciar conscientemente e sentir o movimento, superando os problemas de condução e de controle dos movimentos mais complexos e velozes. De acordo com Kunz (2003), o professor ao trabalhar com materiais alternativos, possibilita aos alunos o trabalho em peque- nos grupos o que auxilia na superação do medo, inseguranças e da falta de alguma habilidade, solucionando situações problemas trazidas pelo professor. Como apontam Netto e Pimentel (2010), ao se dedicar na fa- bricação dos materiais que serão utilizados nas aulas, além de oca- sionar o enriquecimento das aulas, propicia o surgimento de rela- ções interpessoais e também faz com que os alunos se envolvam desde a pesquisa do esporte e do material a ser usado, passando pela manufatura do mesmo e sua utilização como implemento da modalidade e, assim, passam a interagir com as regras e técnicas para o seu manuseio. Como pudemos perceber a falta de materiais não pode ser apresentada como uma justificativa de não ensinar o atletismo na escola, pois como vimos, trabalhar com materiais alternativos, além se suprir a falta dos materiais oficiais a confecção dos mate- riais por alunos e professores são de grande relevância no proces- so de ensino e aprendizagem. E para auxiliar na criação de novas ideias para a confecção de novos materiais, mostraremos alguns exemplos de adaptação e confecção de implementos do atletismo utilizando materiais alternativos. © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 197

As corridas Corrida de velocidade – saída baixa

Figura 1 Saída baixa

Dificilmente encontraremos uma escola que possua um blo- co de partida para a realização da saída baixa, obrigatória nas cor- ridas de velocidade, mas na Figura 1 mostramos a possibilidade da realização da saída baixa com o bloco de partida sem a utilização de material específico ou adaptado, apenas precisamos da cola- boração dos próprios alunos para a realização dos blocos com os próprios pés. Após a realização de atividades que auxiliam na descoberta da perna de impulsão, com essa adaptação oportunizamos a vi- vência de como posicionar o bloco de partida, em relação à linha de saída, e do movimento de saída baixa com o uso de um bloco de partida, a descoberta da função da perna de impulsão no mo- mento da saída baixa, como também a importância do trabalho em grupo para possibilitar a realização da atividade.

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Corrida com barreiras

Figura 2 Barreiras confeccionadas com cadeiras e bastão

Na Figura 2, apresentamos as barreiras construídas com duas cadeiras e bastão. É importante ressaltar que nessa adaptação os bastões estão colocados em cima da cadeira e não presos, para ga- rantir a segurança dos alunos e se aproximar da barreira oficial, a qual é derrubada se entrar em contato com ela durante a corrida. © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 199

Com as imagens podemos observar que atividade e o mate- rial adaptado possibilitaram o entusiasmo dos alunos em vencer os obstáculos, e a possibilidade de dinamizar a aula com a forma- ção de várias barreiras permitindo que vários alunos realizem a ati- vidade ao mesmo tempo, sem exigir um longo tempo de espera. Dependendo do espaço disponível na escola, para uma maior aproximação com as provas de barreira do atletismo, após os alunos terem vivenciado o movimento e estarem seguros, pode ser acrescentado mais barreiras em cada grupo. E para uma maior aproximação com as corridas com obstáculos a adaptação pode ser feita de obstáculos com pneus, caixotes de madeira, banco sueco, cones e outros materiais que o professor achar interessante. Salto em distância

Figura 3 Salto em Distância

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Para a realização do salto em distância, podemos observar na Figura 3 que os materiais utilizados foram corda e giz para de- senhar a tábua de impulsão. Após a realização de atividades sobre o salto em distância, é interessante que o professor realize uma atividade como esta para que o aluno tenha a experiência de vivenciar o movimento do sal- to em distância entendendo e fazendo uso da tábua de impulsão, permitindo aos alunos o estudo e conhecimento das regras dessa prova. Salto triplo

Figura 4 Salto Triplo: Amarelinha do Salto Triplo

Na Figura 4 apresentamos a realização de uma interessan- te atividade para a aprendizagem do salto triplo, na qual o único material utilizado é o giz para desenhar a "amarelinha do salto tri- plo". Essa atividade pode ser auxiliada no entendimento do movi- mento do salto triplo, os dois primeiros saltos com a mesma perna e o terceiro e último salto com a perna contrária. Nos desenhos iguais (círculos) os alunos realizam o salto com a mesma perna, onde o desenho é diferente (retângulo) o salto é realizado com a perna diferente. © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 201

Disco

Figura 5 Confecção do disco com materiais alternativos

Na Figura 5 apresentamos o disco feito com areia, sacola plástica, fita adesiva e pratinhos descartáveis, materiais de fácil acesso e baixo custo, dando a possibilidade de construir um mate- rial com formas que se aproximam do disco oficial. Com a confecção do disco com materias recicláveis além de explorar a criatividade dos alunos, permite a vivência e descoberta de diferentes movimentos, a realização de diversas atividades e a experiência de executar os movimentos dessa prova do atletismo, tais como: a) Segurar o disco com as falanges distais sem encostar a palma da mão no disco. b) Trocar de disco com o colega: fazer com que o disco role no chão até chegar ao colega à frente.

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c) Movimentos de balanceio: movimentar o disco de um lado para o outro formando um “oito” na frente do cor- po e transferindo o peso do corpo de uma perna para outra. d) Lançamento do disco: fazer o disco sair da mão pelo dedo indicador. Além dessas sugestões, o professor e alunos poderão criar novas atividades para a realização do lançamento do disco. Dardo

Figura 6 Confecção do dardo com folhas de jornal

Nessas imagens da Figura 6 apresentamos a construção do dardo utilizando apenas jornal e fita adesiva. É uma forma de tra- © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 203 balhar com um material que não oferece risco nenhum, permitin- do a realização da atividade em espaços pequenos e com todos os alunos trabalhando ao mesmo tempo com o seu próprio, o que dinamiza a aula, pois o aluno não precisa esperar sua vez e desper- ta a vontade do aluno em trabalhar com o material que ele mesmo construiu. É importante ressaltar que antes de iniciar o ensino dos mo- vimentos do lançamento do dardo, o professor deixe os alunos explorarem o seu material permitindo ao aluno a descoberta de novos movimentos e possibilidades de lançamento. Com esse material, podemos trabalhar todas as etapas do lançamento do dardo: 1) Empunhadura: deixar o aluno segurar o dardo de dife- rentes formas e depois mostrar os diferentes tipos de empunhadura, “finlandesa”, “americana” e “garfo”. 2) Lançar o dardo parado: deixando com que cada aluno encontre o melhor ângulo para realizar o lançamento do seu material. 3) Corrida de aproximação: correr com o dardo na altura da cabeça. 4) Corrida preparatória: realização da passada cruzada le- vando o dardo para trás mantendo-o na altura do om- bro. 5) O lançamento do dardo: realizar o lançamento comple- to, ou seja, após a realização da empunhadura, corrida preparatória e corrida de aproximação. A partir dessas sugestões, o professor e alunos poderão criar novas atividades para a realização do lançamento do dardo. Dardo

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Figura 7 Lançamento do dardo utilizando cano de PVC e barbante

Na Figura 7 apresentou a possibilidade da realização do lan- çamento do dardo com a utilização de um pedaço de barbante ou © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 205 nylon (utilizados em varal) passado por dentro de um cano de PVC e amarrado nas duas traves de futsal. Essa adaptação também não exige um grande espaço e não oferece risco, pois, com o cano de PVC preso ao barbante o mate- rial só poderá seguir na direção da outra trave de futsal. Com essa adaptação os alunos podem realizar o movimento do lançamento do dardo tanto parado como com deslocamento (corridas de aproximação e preparatória), além de fazer com que os alunos se sintam desafiados em conseguir lançar o PVC até al- cançar a outra trave, o que estimula a participação dos estudan- tes. Martelo

Figura 8 Lançamento do martelo confeccionado com materiais alternativos

As imagens da Figura 8 mostram a realização do lançamento do martelo, com o martelo confeccionado pelos alunos utilizando: areia, sacola plástica, uma meia e uma meia calça. Essa alternativa permite a aproximação ao implemento oficial, pois, seu produto fi- nal possui as mesmas partes do martelo: cabeça, cabo e empunha- dura, possibilitando aos alunos a descoberta e vivência de novos movimentos, como também os movimentos realizados na prova do lançamento do martelo, tais como:

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1) Lançamento do martelo de diferentes formas: possibili- tando aos alunos a exploração do seu material e encon- trando a sua melhor forma de lançá-lo. 2) Molinetes: transferência do peso de uma perna para a outra, realizando uma circundução do quadril sempre estando do lado contrário à cabeça do martelo. 3) Giros: sobre o próprio eixo e com a extensão dos braços, tentando conciliar o giro com o movimento do molinete. 4) Lançamento: fazendo um movimento de cima para baixo com extensão do tronco. Para essas atividades sugerimos que sejam realizadas no es- paço mais amplo da escola, para garantir a segurança dos alunos, pois, o material contém areia e ao ser lançado não se pode prever onde o material irá cair e durante a realização das atividades que envolvam os lançamentos é necessário ter o cuidado para que ne- nhum aluno esteja à frente do setor de lançamentos estipulado pelo professor. Antes de iniciar um trabalho específico de iniciação com cada uma das provas de lançamento do dardo, disco martelo e ar- remesso do peso, como apresentamos nas imagens, sugerimos a realização de atividades que envolvam lançamentos variados, em diferentes posições, com a mão direita e esquerda, com ou sem alvos fixos ou móveis. © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 207

Salto com Vara

Figura 9 Salto com vara realizado com materiais alternativos

Para muitos professores trabalhar o salto com vara na escola sem a existência de colchões, a vara e o sarrafo, é praticamente im- possível. Ainda que sua forma final seja bastante complexa, nessas imagens da Figura 9 apresentamos a possibilidade da realização do salto com vara utilizando bastões, cordas e colchonetes.

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Na primeira imagem observamos a disposição de apenas dois colchonetes para cada grupo, objetivando a iniciação do mo- vimento do salto com vara, sendo a corrida de aproximação, o apoio da vara e o giro. A segunda imagem mostra que todos os colchonetes foram utilizados para a formação de um único setor de queda, oportu- nizando mais segurança aos alunos e o movimento do salto com vara de forma mais completa, ou seja, finalizando o salto com o giro e de costas para o setor de queda, como também possibilitou a elevação da corda no decorrer dos saltos, proporcionando mais um desafio aos alunos. Assim, como exemplificado nas imagens anteriores, sugeri- mos que inicie o ensino do salto com vara a partir do manuseio do material que será utilizado como vara (bastões, cabo de vassoura, bambu). Em seguida, a condução da vara com a corrida e o apoio da "vara" no chão e início do movimento do salto, sem que haja um objeto para ser transposto. E após a familiarização dos alunos com o material e movimento do salto com vara, acrescente uma corda para a transposição. Com base nesses exemplos de construções de materiais al- ternativos, que podem e são efetivos na substituição dos oficiais, para a realização das diferentes provas do atletismo, acreditamos que você, futuro professor, seja capaz de aproveitar esses exem- plos para a construção de novos materiais juntamente com seus alunos, e fazer novas adaptações para desenvolver um bom traba- lho com o atletismo na sua realidade escolar.

11. SUGESTÕES DE ATIVIDADES

Como dissemos anteriormente, uma excelente estratégia, que auxilia a superar as dificuldades encontradas no ambiente escolar, como: falta de materiais, pouco espaço físico, pouco co- nhecimento dos alunos acerca da modalidade, acarretando em um © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 209 desinteresse inicial, é trabalhar com o atletismo por meio de jo- gos e brincadeiras. Mas, é de fundamental importância, para cada atividade realizada que o professor faça a contextualização com a prova do atletismo contemplada na atividade, desse modo, se faz necessário que o professor converse sobre as características da prova, suas regras e histórico, aproximando as atividades com a prova. Para auxiliar um futuro trabalho com o atletismo, apresen- tamos, agora, alguns jogos e brincadeiras direcionados para as diferentes provas do atletismo, possíveis de serem realizadas no ambiente escolar, mas você como professor, não deve usar essas atividades como receita de bolo, que não podem ser modificadas. Elas devem ser consideradas como exemplos que possam auxiliar e incentivar a sua criatividade e serem transformadas e adaptadas de acordo com a realidade e necessidade dos alunos.

Atividades direcionadas para as corridas rasas Nunca três Alunos organizados em duplas, sentados um na frente do outro e espalhados pelo espaço. Dois alunos iniciam a atividade, sendo um o pegador e o outro fugitivo. Quando o fugitivo sentar atrás de uma das duplas, o primeiro aluno levanta e passa a ser o pegador e o aluno que era o pegador passa a ser o fugitivo. E assim sucessivamente. Caso o fugitivo seja pego antes de sentar atrás de uma dupla, ocorre a inversão dos papéis: o pegador passa a ser fugitivo e o fugitivo passa a ser o pegador. Para diminuir o tempo de espera na atividade, após todos os alunos entenderem a atividade, o professor pode acrescentar mais duplas, realizando a atividade ao mesmo tempo, lembrando que os alunos deverão ficar atentos de qual pegador o fugitivo estava fugindo para que não haja confusão na hora de pegar o aluno cor- respondente aquele que sentou atrás da sua dupla.

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Corrida em círculo Dividir a sala em dois ou três grupos iguais, que deverão ficar de mãos dadas e formar círculos. Um aluno de cada grupo deverá ficar no centro do círculo e iniciar a atividade separando as mãos de dois colegas e dar a mão para o restante do grupo. Os alunos que tiveram as mãos separadas deverão correr em direções con- trárias ao redor do círculo e chegar ao lugar onde estava. O aluno que chegar primeiro deverá dar as mãos ao colega e fechar o círcu- lo. E o outro irá para o centro do círculo para reiniciar a atividade. Siga o sinal Alunos divididos em equipes, dispostas em duas colunas, em frente a dois cones distantes 30 metros. Ao primeiro sinal do pro- fessor, o primeiro aluno de cada equipe dará início a uma corrida de velocidade que será interrompida por um segundo sinal, a par- tir do qual deverá realizar um dos educativos de corrida (anfersen ou skipping) até que o professor dê o terceiro sinal para a retoma- da da corrida. Cada aluno realizará o percurso de ida e volta, ven- cendo a equipe que concluir o exercício, com todos os integrantes, primeiro (MATTHIESEN, 2009, p. 35). O fugitivo Alunos correndo pelo espaço, trocando passes entre si com uma bola de meia. O objetivo é cercar um dos participantes, cujo nome será dito pelo professor, tocando-lhe a bola. Este fugirá dos colegas que não poderão correr com a bola nas mãos duran- te a perseguição, devendo, apenas, efetuar passes (MATTHIESEN, 2009, p. 40). Jogo dos grupos Alunos correndo livremente pelo espaço em ritmo modera- do (de frente, costas, lateral), ao som de uma música ou das pal- mas do professor. Ao sinal, deverão formar pequenos grupos de acordo com o solicitado pelo professor: duplas, trios, quartetos, © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 211 quintetos. O professor devera intercalar a formação dos grupos com a corrida individual de modo que os alunos formem sempre grupos diferentes (MATTHIESEN, 2009, p. 40). Batalha de maratona Uma equipe formará um corredor sendo dividido em duas colunas, tendo em mãos bolas com o objetivo de acertar os inte- grantes da outra equipe. A equipe adversária terá como objetivo passar pelo corredor a ser atingido pelas bolas, se for atingido vol- tará ao final da fila e terá mais uma chance. Ganha a equipe que mais tiver alunos que não foram atingidos. Corrida em grupos Dividir a turma em grupos que deverão trotar pela quadra em fila. Dado o sinal do professor o último terá que correr para o início da sua fila e, então, ser o responsável em ritmar a corrida, e assim sucessivamente.

Atividades direcionadas para a marcha atlética Marchando em grupos Alunos formados em seis grupos dispostos um de frente para o outro. Dado o sinal, o primeiro aluno dos grupos do lado direito, deverão marchar até o outro grupo, os quais darão as mãos para o primeiro aluno e realizarão a marcha para o outro lado onde darão as mãos para o próximo, e assim sucessivamente. Ganha a equipe que formar primeiro um grande grupo, como todos os alunos. Pega-pega nas linhas Um aluno será o pegador e os demais fugitivos, dado o sinal os alunos deverão marchar sobre as linhas que demarcam as qua- dras de voleibol, basquetebol, handebol e futebol, das quadras. Ao serem pegos deverão sentar no local em que foram pegos de modo que irão interditar a passagem obrigando os alunos a voltarem e procurar outro caminho, aqueles que correrem para não serem pegos, desrespeitando as regras, passará a ser pegador também.

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Atividade direcionada para as corridas com barreiras e obstáculos Estafeta dos obstáculos Alunos dispostos em duas equipes, divididas em duas colu- nas de frente para o circuito formado por dois cones nos quais es- tão amarradas cordas em uma altura que propicie a transposição (similar a três barreiras); quatro arcos colocados no chão em forma de ziguezague e um caixote de madeira (ou tampa do plinto). Ao sinal, o primeiro aluno de cada equipe iniciará a corrida a partir da posição de saída baixa em direção aos obstáculos, retornando a sua equipe por meio de urna corrida de velocidade rasa, tocando o ombro do próximo componente. Vencerá a equipe que concluir todo o circuito primeiro (MATTHIESEN, 2009, p. 44).

Atividade direcionada para as corridas de revezamento Revezamento em círculo Alunos divididos em três equipes, dispostas em círculos "A", "B" e "C". Ao sinal, os alunos que estão formando os círculos deve- rão trotar no sentido horário, enquanto um dos alunos do círculo "A" sairá correndo com um bastão em volta do círculo “B”. Um aluno do círculo "B" sairá correndo com um bastão em volta do cír- culo "C" e um aluno do círculo "C" dará uma volta no círculo "A" e, então passar o bastão, em movimento para o próximo da equipe. Vencerá o jogo, a equipe que terminar todo o trajeto primeiro. Passando o bastão Alunos divididos em grupos de quatro, que deverão trotar em fila ao redor da quadra. O último aluno de cada grupo estará com o bastão na mão e deverá passar o bastão para o colega da frente realizando a técnica de passagem previamente combinada (passagem por baixo com troca de mão, passagem por baixo sem troca de mão, passagem por cima sem troca de mão e passagem visual), quando o bastão chegar ao primeiro da fila, esse aluno de- verá ir para o final da final e reiniciar a atividade. © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 213

Atividades direcionadas para os saltos horizontais (distância e triplo) Saltando com a bexiga Alunos correndo pelo espaço, com uma bexiga nas mãos. Ao sinal, deverão executar o movimento do salto grupado, saltando sobre uma corda estendida, fazendo com que a bexiga toque a ponta dos pés (MATTHIESEN, 2009, p. 59). Salto triplo em revezamento Alunos dispostos em colunas, formando duas equipes, de frente para um cone colocado a 5 metros de distância. Com um bastão em uma das mãos, o aluno deverá, ao sinal, realizar o mo- vimento do salto triplo em direção ao cone e voltar até o final da coluna, entregando o bastão para o último da equipe. Quando o bastão chegar ao primeiro da coluna, este reiniciará o exercício (MATTHIESEN, 2009, p. 66). Somando os saltos Divididos em grupos de quatro a seis, um aluno por vez de- verá realizar o salto em distância que deverá ser marcado com uma corda no local que alcançou. Em seguida, o próximo aluno deverá saltar tendo como limite para a sua corrida o local de queda do aluno anterior e assim sucessivamente. Ganha a equipe que com- pletar a distância da quadra em primeiro ou que após todos terem saltado, alcance a maior distância. Saltando em Corrente Dividir as crianças em colunas com igualdade de componen- tes; cada criança segurando a perna esquerda do colega, que es- tará dobrada para trás, com a mão esquerda. Com a mão direita apoiada sobre o ombro do colega que está a frente. Ao sinal do professor, as colunas irão deslocar-se sem quebrar até um ponto determinado. Variar as pernas a cada trabalho (GOMES; GARA- VELLO, 1985).

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Atividades direcionadas para os saltos verticais (altura e com vara) Corda inclinada Em duas colunas, as crianças deverão correr em direção à corda que esta parada e elevada a poucos centímetros do chão. Essa elevação deverá ser progressiva, mantendo a corda em um plano inclinado de forma que todas as crianças permaneçam sal- tando durante a atividade (MATTHIESEN, 2009, p. 70). Chutando as bolas Colocar duas bolas de meia em alturas diferentes. As crian- ças correm e com uma das pernas chuta a bola mais alta e ainda no ar, chuta com a outra perna a bola que está mais embaixo (GOMES E GARAVELLO, 1985, p. 60). Recuperando o bastão Alunos dispostos em colunas, de frente para uma caixa sus- pensa contendo um bastão. Ao sinal, o primeiro aluno da coluna deverá realizar uma corrida em direção a caixa, executando saltos verticais até recuperar o bastão que está dentro dela. Ao recuperá- lo, deverá entregá-lo ao próximo de sua equipe que fará o movi- mento inverso, isto é, colocará o bastão dentro da caixa. O profes- sor poderá sugerir que o impulso seja realizado com um dos pés; que o aluno transponha uma corda antes de chegar à caixa etc. (MATTHIESEN, 2009, p. 71). Primeiro contato Alunos dispostos em duas colunas, com uma vara de bambu nas mãos, de frente para um cone colocado a uma distancia de 20 metros dos participantes. Ao sinal, o primeiro aluno da coluna cor- rerá em direção ao cone, com a vara, contornando-o. Ao retornar a coluna, o próximo integrante o acompanhará no mesmo percurso e assim sucessivamente. O exercício terminará quando todos os in- tegrantes estiverem correndo juntos segurando a vara com as duas mãos, retornando ao ponto de partida (MATTHIESEN, 2009, p. 75). © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 215

Equilíbrio no bastão Cada criança deverá correr à vontade com um bastão de aproximadamente 1,10 metros nas mãos. Ao sinal do professor, ela irá fixá-lo no chão e, segurando-o, girar em volta do mesmo com as pernas afastadas para trás (GOMES; GARAVELLO, 1985, p. 88). Pendurando na corda Com uma corda amarrada em uma árvore, ou no suporte da cesta de basquetebol, os alunos deverão, inicialmente, balançar na corda e, em seguida, tentar ficar pendurados elevando as per- nas para o alto. Saltando o rio Duas varas de bambu colocadas paralelamente, em uma distancia inicial de 0,60m, que poderá ser aumentada. Alunos dis- postos de um dos lados das varas, com um cabo de vassoura nas mãos, deverão correr em direção as varas paralelas (que simboliza um rio), apoiando-o no chão a fim de realizar a transposição do “rio”. Obs.: O mesmo exercício poderá ser realizado com algumas orientações mais técnicas: empunhadura correta da vara; realiza- ção de giro na transposição etc. (MATTHIESEN, 2009, p. 75).

Atividades direcionadas para os lançamentos (dardo, disco e martelo) Lancebol Este jogo consiste em uma adaptação do baseball, em que a bola deverá ser apenas lançada com uma das mãos. Haverá duas equipes, sendo que uma realizará o ataque, por meio de um aluno que percorrera as quatro bases que formam um quadrado, até que seja interrompido por um adversário que poderá realizar lança- mentos entre os colegas de sua equipe para desclassificar o ata- cante. Cada vez que o competidor percorrer as quatro bases, mar-

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cará um ponto para a sua equipe. Caso a bola lançada seja pega no ar, o aluno (lançador) será desclassificado. O mesmo ocorrerá se o defensor entrar na base antes do atacante (MATTHIESEN, 2009, p. 82). Voleilance Realizado individualmente ou em equipes, cada aluno terá uma bolinha de meia que deverá ser lançada contra a bola de voleibol lançada para o alto pelo professor. O aluno que acertar a bola lançada pelo professor marcará um ponto (MATTHIESEN, 2009, p. 84). Trombada Em duplas, cada um com uma bolinha a uma distancia de 4 metros. Ambos lançam as bolinhas em direção ao centro com o intuito de acertá-las. A distância entre a dupla pode aumentar, progressivamente, e o mesmo exercício poderá ser feito em equi- pes (MATTHIESEN, 2009, p. 84). Lança e troca Alunos dispostos em duas equipes. Cada qual formará um circulo, com um dos integrantes posicionado ao centro. Ao sinal, a bola que estará com um dos integrantes do circulo será lançada para o colega do centro. Ao mesmo tempo, o integrante que a lan- çou corre para o centro, tomando o lugar daquele que a recebeu. O integrante do centro, que recebeu a bola, deverá lançá-la para o próximo integrante do circulo, correndo para o seu lugar. Ou seja, cada um deverá lançar a bola e correr na mesma direção em que ela foi lançada (MATTHIESEN, 2009, p. 89). Tempestade I Alunos dispostos em duas equipes com números iguais de integrantes. A quadra estará dividida em três campos de tamanhos iguais: no primeiro estará a equipe atacante, com um grande nu- mero de bolinhas de jornal; no segundo campo estará a equipe de- © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 217 fensora e no terceiro campo estarão dez arcos colocados no chão. Durante 15 segundos, a equipe atacante realizará os lançamentos das bolinhas de jornal em direção ao terceiro campo, objetivando mantê-las dentro dos arcos. A equipe defensora deverá tentar in- terceptar o percurso das bolinhas, mantendo-as consigo, caso con- sigam recuperá-las. Ao final dos 15 segundos, verificam-se quantas bolinhas estão dentro dos arcos, marcando pontos para a equi- pe atacante, antes da inversão das posições de ambas as equipes (MATTHIESEN, 2009, p. 92). Queimada adaptada ao lançamento do dardo Duas equipes, dispostas em campos opostos da quadra de voleibol. O objetivo do jogo é que a equipe de posse da bola de meia consiga “queimar” os adversários por meio de lançamentos que ocorrerão a partir da passada cruzada do lançamento do dar- do. O “cemitério” contornará a quadra, sendo que mesmo “quei- mado”, os alunos poderão permanecer na brincadeira, executando o mesmo movimento (MATTHIESEN, 2009, p. 101). Boliche americano adaptado ao lançamento do martelo Alunos dispostos em colunas, formando duas equipes de frente para 6 corredores demarcados por cordas ao final da qua- dra esportiva. De costas para os corredores, os alunos, alternada- mente, deverão realizar o lançamento do martelo adaptado (bola de jornal com meia de nylon), verificando qual a pontuação que este atingiu no momento da queda. Obs.: o aluno deverá realizar o movimento completo do lançamento do martelo (molinetes, giros e lançamento), somando-se os pontos de todos os integrantes da equipe (MATTHIESEN, 2009, p. 110).

Atividades direcionadas para o arremesso do peso Arremessando nos quadrados Alunos dispostos em 2 equipes com números iguais de in- tegrantes. A equipe 1 estará distribuída pelos quadrados de onde

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seus integrantes realizarão arremessos laterais (com uma bolinha de meia) para aqueles que estiverem nos demais quadrados. A equipe 2, distribuída pelo campo, tentará interceptar as bolinhas de meia, ficando com elas quando tiver êxito. As posições serão in- vertidas quando todas as bolas tiverem sido capturadas pela equi- pe 2 (MATTHIESEN, 2009, p. 114). Bolão de gude Alunos dispostos em colunas, com uma bola de medicine ball nas mãos, de frente para o setor de arremessos onde há uma se- quência de círculos marcados no chão. O objetivo é arremessar a bola, fazendo com que esta ultrapasse uma corda suspensa no ar e caia dentro do circulo, dentro da sequência (1, 2, 3, 4). Se o aluno acertar, ele continua arremessando, se errar, ele entrará no final da coluna. Vence o jogo aquele que acertar todos os alvos do percurso primeiro (MATTHIESEN, 2009, p. 117).

12. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS

Nesta unidade estudamos o esporte como conteúdo da Edu- cação Física escolar e seguimos com a contextualização do atle- tismo, onde pudemos perceber que embora seja considerado um esporte clássico ele é pouco difundido no Brasil e quase que es- quecido nas aulas de Educação Física. Dando continuidade ao nosso estudo, vimos as dificuldades apontadas pelos professores ao se trabalhar como atletismo na escola, muitas delas utilizadas como justificativas para que o seu ensino não aconteça. Mas diferentemente do que muitos profes- sores acreditam, ou não tomam como sendo responsabilidade do papel do professor, diferentes possibilidades de ensino do atletis- mo foram abordadas, mostrando que o atletismo pode ser traba- lhado na escola. Com base nos estudos da Unidade 4 e nas leituras complementares, responda as seguintes questões: © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 219

1) Por que é importante que se ensine o atletismo em aulas regulares de educação física? 2) Quais são as justificativas dos professores de educação física escolar para o não ensino do atletismo na escola? Aponte soluções para essas justificativas/dificuldades. 3) Qual a importância do papel do professor de educação física e o ensino do atletismo? 4) Pensando em superar as dificuldades encontradas para o ensino do atletismo nas escolas elabore atividades, que possam ser realizadas na educação física escolar, para as seguintes provas: a) Corridas (escolher uma). b) Marcha Atlética. c) Salto em distância ou triplo. d) Salto em altura ou com vara. e) Lançamentos (escolher entre o dardo, disco e mar- telo). f) Arremesso do peso. 5) Pensando na importância de se trabalhar nas três dimen- sões do conteúdo, elabore duas atividades direcionadas aos conceitos do atletismo.

13. CONSIDERAÇÕES

Durante os estudos das unidades, além de inserir você, aca- dêmico, no universo do atletismo, buscamos também desenvolver temáticas que possibilitem um conhecimento amplo e concreto que lhe garanta possibilidades e segurança em desenvolver um trabalho bem estruturado e direcionado ao ensino do atletismo nas aulas de Educação Física escolar, como também em outros contextos. Nesse sentido, esperamos que, ao se formar professor, você assuma o compromisso com o ensino desse apaixonante esporte e assim possa contribuir para o resgate do atletismo enquanto conte- údo essencial a ser trabalhado em aulas de Educação Física escolar.

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Esperamos que tenha aproveitado o estudo e que a partir de agora você procure aprofundar ainda mais o seu conhecimento acerca do atletismo!

14. E ͵ REFERÊNCIAS

CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ATLETISMO. Atletismo, o esporte número 1 dos Jogos Olímpicos. Disponível em: . Acesso em: 6 set. 2010. NETTO, R. S; PIMENTEL, G. G. A. O ensino do atletismo nas aulas de educação física. Disponível em: . Acesso em: 6 set. 2010.

15. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Lista de figuras Figura 1 – Saída baixa. Fotografia de Flórence Rosana Faganello Gemente. mar. 2008 Figura 2 – Barreira. confeccionadas com cadeiras e bastão. Fotografia de Flórence Rosana Faganello Gemente. mar. 2005. Figura 3 – Salto em Distânica. Fotografia de Flórence Rosana Faganello Gemente. mai. 2009. Figura 4 – Salto Triplo: amarelinha do salto triplo. Fotografia de Flórence Rosana Faganello Gemente. mai. 2009. Figura 5 – Confecção do disco com materiais alternativos. Fotografia de Flórence Rosana Faganello Gemente. mai. 2009. Figura 6 – Confecção do dardo com folhas de jornal. Fotografia de Flórence Rosana Faganello Gemente. mai. 2009. Figura 7 – Lançamento do dardo utilizando cando de PVC e barbante. Fotografia de Flórence Rosana Faganello Gemente. mai. 2009. Figura 8 – Lançamento do martelo confeccionado com materiais alternativos. Fotografia de Flórence Rosana Faganello Gemente. mai. 2009. Figura 9 – Salto com vara realizado com materias alternativos. Fotografia de Flórence Rosana Faganello Gemente. mai. 2009. ASSIS, S. O. A reinvenção do esporte: possibilidade da prática pedagógica. Campinas, SP: Autores Associados, 2001. BARROSO, A. L. R; DARIDO, S. C. Escola, Educação e Esporte: possibilidades pedagógicas. Revista Brasileira de Educação Física, Esporte, Lazer e Dança, v.1, n.4, p.101-112, dezembro 2006. © U4 - O Atletismo na Educação Física Escolar 221

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