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Dossier Ambiente A Redação

Redação Helga Silveira

Conselho de Ediçao O Extracto de notícias é um serviço do Centro de Allan Cain, Jose Tiago Documentação da DW (CEDOC) situado nas e Massomba Dominique instalações da DW em Luanda. O Centro foi criado em Janeiro de 2001 com o objectivo de facilitar a recolha, Editado por armazenamento, acesso e disseminação de informação Development Workshop sobre desenvolvimento socio-economico do País. Endereço Através da monitoria dos projectos da DW, estudos, Rua Rei Katyavala 113, pesquisas e outras formas de recolha de informação, o C. P. 3360, Luanda — Angola Centro armazena uma quantidade considerável de documentos entre relatórios, artigos, mapas e livros. A Telefone +(244 2) 448371 / 77 / 66 informação é arquivada física e eletronicamente, e está disponível para consulta para as entidades interessadas. Email cedoc. dwang@angonet. Org Além da recolha e armazenamento de informação, o Centro tem a missão da disseminação de informação Com apoio de por vários meios. Um dos produtos principais do Development Workshop Centro é o Extracto de notícias. Este Jornal monitora a OXFAM Novib imprensa nacional e extrai artigos de interesse para os Fundação Bill & Melinda Gates leitores com actividades de interesse no âmbito do International Development Research Centre desenvolvimento do País. O jornal traz artigos Civil Society Challenge Fund categorizados nos seguintes grupos principais. Norwegian & The Netherlands Embassies European Union 1. Redução da Pobreza e Economia 2. Microfinanças Dislaimer

3. Mercado Informal

4. OGE investimens públicos e transparência 1. Content

5. Governação descentralização e cidadania DW – CEDOC provides this service solely for academic 6. Urbanismo e habitação and research purposes. The articles are displayed as 7. Terra originally published, with reference to the source and 8. Serviços básicos date. DW – CEDOC does not give any guarantee for the 9. Género e Violência 10. Ambiente accuracy of the transcription or its completeness.

As fontes monitoradas são: 2. References and Links The content of the articles do not necessarily represent – Jornais: Jornal de Angola, Agora, Semanário, the views or opinions of DW-CEDOC. DW-CEDOC Angolense, Folha 8, Terra Angolana, Actual, A reserves the right to change, complete or delete parts Capital, Chela Press, O Independente, Angolense, or the whole website without prior announcement. e o Semanário Africa. – Websites: ANGOP, Angonoticias, Radio Nacional 3. References to Articles de Angola, Ibinda. DW-CEDOC facilitates this information library service – Publicações Comunitárias como ONDAKA, Ecos and sets an example to mention the original source and da Henda, InfoSambila, Voz de e Jornal date of the articles. If (parts of) articles are referred to Vida Kilamba e Chella. in other documents, original sources should be cited.

O Corpo das notícias não é alterado. Esperamos que o jornal seja informativo e útil para o seu trabalho. No âmbito de sempre melhorar os nossos servi-ços agradecemos comentários e sugestões.

Grato pela atenção. INDÍCE

1. JANEIRO 1

1.1 As boas e más marés da vida dos pescadores 1 1.2 Chuvas deixam famílias sem tecto 2 1.3 Recém-nascido ao relento 2 1.4 Sinistrados lançam grito de socorro 3 1.5 A nossa costa marítima 4 1.6 "Isto agora está mal" 4 1.7 Projectos imobiliários afectam sobrevivência dos pescadores artesanais 5 1.8 Chuvas desalojam famílias 6 1.9 Abate de árvores sem controlo periga a existência de espécie 6 1.10 Ravinas do bairro Boa. Esperança III Administradora de Cacuaco promete solução em 30 dias 6 1.11 Exploração ilegal de inertes é uma constante 7 1.12 Chuva interrompe circulação rodoviária 8 1.13 Temporal desaloja dezenas de famílias 8 1.14 Desafios ambientais de Luanda 9 1.15 Proteção Civil cria plano de apoio às vítimas de calamidades naturais 12

2. FEVEREIRO 13

2.1 Camponeses pedem soluções imediatas 13 2.2 Revelados estragos das chuvas no país 13 2.3 Serviço de Proteção Civil realoja famílias 14 2.4 Abate indiscriminado de árvores preocupa ecologistas 14 2.5 Exploração ilegal de inertes provoca danos ambientais 15 2.6 Gestão ambiental exemplar 16 2.7 Ministério do Ambiente apresenta em relatório plano de biodiversidade 17 2.8 Arborização no melhora o espaço urbano 18 2.9 Criado viveiro para ornamentar avenidas e ruas 18 2.10 Exploração ilegal preocupa autoridades 18 2.11 Chuva deixa zonas de Luanda intransitáveis 18 2.12 Mais de 20 famílias ao relento em 19 2.13 Uma cidade vulnerável á chuva 20 2.14 Roubo de madeira na fronteira é preocupante 21 2.15 Construção em zonas de risco 22 2.16 Chuvas desalojam famílias no Cuito 23 2.17 Projecto acautela desastres na bacia do 24 2.18 Milhares de plantas no Zango 24 2.19 Abate indiscriminado de árvores aumenta níveis de desflorestação 24

3. MARÇO 26

3.1 O pão que vem do mar 26 3.2 Revelados estragos das chuvas no país 27 3.3 Serviço de Proteção Civil realoja famílias 27 3.4 Os raios da nossa desgraça 28 3.5 é cidade ecológica 29 3.6 Projectos melhoram a produtividade de famílias camponesas no Cunene 29 3.7 Chuva torrencial destrói moradias 30 3.8 Chuvas intensas feriram pessoas 30 3.9 INAMET prevê chuvas destruidoras em Abril 31 3.10 Mais de 10 mil hectares destruídos por ano 31 3.11 Seca e chuva só atingem os pobres 31 3.12 Chuva desaloja mais de 200 famílias no 33 3.13 Chuvas de Abril podem ser catastróficas 33 3.14 Morador arrependido 35 3.15 Chuvas causam estragos 35 3.16 Chuva faz um morto e desalojou famílias 36 3.17 Estradas novas, problemas velhos 36 3.18 Recursos florestais 37 3.19 Chuva forte causa destruição de escolas 38 3.20 Chuvas deixam famílias ao relento 38 3.21 Estiagem arrasa culturas das populações do interior 39 3.22 Huambo tem plano para a arborização 39 3.23 Pulmão de Luanda volta a respirar 40

4. ABRIL 42

4.1 Reabilitação está prevista para iniciar ainda este ano 42 4.2 Operadoras de inertes fogem ao fisco 42 4.3 Gesstão dos casos por prioridades 43 4.4 O dia que Luanda estremeceu 44 4.5 Tem mesmo de ser sempre assim? 45 4.6 Luanda muitas vezes! 46 4.7 Chuva obriga moradores a abandonarem casas 46 4.8 PR assustou mas não viu tudo 47 4.9 Chuva vs tráfego 47 4.10 Tramados pela chuva 48 4.11 Chove na grande cidade 48 4.12 Tramados pela chuva 49 4.13 Luanda continua vulnerável às chuvas 50 4.14 GPL(nota negativo) 51 4.15 Chuvas intensas matam e destroem diversas habitações 51 4.16 Zangas assemelham-se ao Rangel e ao Sambizanga 51 4.17 Chuvas torrenciais destroem casas na Lunda-Norte 51 4.18 Reparação das ruas reduz impacto da chuva 52 4.19 Chuva desaloja famílias na localidade de Cungula 53 4.20 Alunos impedidos de ir às aulas 53 4.21 Ravina separa vila do Cafunfo e Luremo 54

5. MAIO 56

5.1 Titulo Artigo 56 5.2 Titulo Artigo 56 5.3 Titulo Artigo 58 5.4 Titulo Artigo 59 5.5 Titulo Artigo 59 5.6 Titulo Artigo 64 5.7 Titulo Artigo 65 5.8 Titulo Artigo 65 5.9 Titulo Artigo 65 5.10 Titulo Artigo 65 5.11 Titulo Artigo 66 5.12 Titulo Artigo 66 5.13 Titulo Artigo 66 5.14 Titulo Artigo 66 5.15 Titulo Artigo 66 5.16 Titulo Artigo 66 5.17 Titulo Artigo 67 5.18 Titulo Artigo 67 5.19 Titulo Artigo 67 5.20 Titulo Artigo 67 5.21 Titulo Artigo 67 5.22 Titulo Artigo 68 5.23 Titulo Artigo 68 5.24 Titulo Artigo 68 5.25 Titulo Artigo 68 5.26 Titulo Artigo 68 5.27 Titulo Artigo 68 5.28 Titulo Artigo 69 5.29 Titulo Artigo 69 5.30 Titulo Artigo 69 5.31 Titulo Artigo 69 5.32 Titulo Artigo 69 5.33 Titulo Artigo 70 5.34 Titulo Artigo 70 5.35 Titulo Artigo 70 5.36 Titulo Artigo 70 5.37 Titulo Artigo 70 5.38 Titulo Artigo 70 5.39 Titulo Artigo 71 5.40 Titulo Artigo 71

6. JUNHO 72

6.1 ADRA analisa efeitos da seca e aponta saídas 72 6.2 Alerta “vermelho” nos 72 6.3 Seca e Fome na Huila 75 6.4 Mais de 30 mil famílias camponesas afectadas pela estiagem 76 6.5 Técnicos do Ministério avaliam efeitos da seca 76 6.6 A resposta do Governo é lenta por falta de um plano de contingência 76 6.7 Mais apoio as para vítimas das chuvas 79 6.8 Serviços Meteorológicos adoptam normas 79 6.9 Apreendidas Grandes quantidades de carvão 80 6.10 Programa reduz impacto da desertificação 81 6.11 Atravessar a fronteira tem sido a opção 82 6.12 tem plano de reflorestamento 82 6.13 Lopo Bravo “ A transumância também traz vantagens às populações” 83 6.14 Mais de 70 mil cabeças de gado bovino à procura de água 84 6.15 Seca no Cunene impacto na produção regional e na vida das populações 86 6.16 Governo devia prevenir e não actuar como bombeiro 87 6.17 Derrames forçam Cabinda a importar Peixe 88 6.18 Fome e seca ceifa vidas 91 6.19 Oposição fala em falta de vontade política do Executivo 92 6.20 Exploração de área preocupa camponeses 93

7. JULHO 95

7.1 Furos de água atenuam efeitos da estiagem 95 7.2 Consequências da estiagem são abordadas em seminário 96 7.3 Chuva em pleno Cacimbo 96 7.4 Governador considera seca uma praga 97 7.5 Ministro avalia o impacto da seca 98 7.6 Lavadores de carros beneficiam de apoio 98 7.7 Sistemas de água atenuam os efeitos da estiagem 99 7.8 Combate à exploração ilegal de inertes 100 7.9 Milhares de alma expostas à seca e à fome no centro-sul 100 7.10 »Os Peixes estão a desaparecer« 103 7.11 Seca ameaça milhões de crianças 105 7.12 Furos de água minimizam problema 106

8. AGOSTO 107

8.1 Ruas da Comissão do Cazenga 11 entupidas" com dejectos 107 8.2 Tecnicos da Epal acusados de garimpar água 108 8.3 Obras centradas no sistema de drenagem 109 8.4 Reunião no Cunene definiu estratégias 110 8.5 Calemas deixam 100 famílias sem-abrigo em Porto-Amboim 110 8.6 Calemas desabrigam 500 pessoas 111 8.7 Aldeias de Cabaia e Egipto Praia foram inundadas pelas altas calemas 112 8.8 Mina de Cuango envolta por mar de problemas 112 8.9 Citadinos preparam-se como podem 113 8.10 Prevenção é pouco levada em conta... 114 8.11 Governo prepara terreno para vítimas das calemas 115 8.12 Falta de água e alimentos tiram dignidade aos habitantes do Cunene 115 8.13 Animais e pessoas consomem água turva. 116 8.14 Drama da seca e fome continua na Huila e Cunene 117 8.15 Uma seca eterna? 120

9. SETEMBRO 121

9.1 Seca lança centenas de pessoas em situações difícil 121 9.2 Valas de drenagem são transformadas em lixeiras 123 9.3 Exploração de inertes afecta província 124

10. OUTUBRO 127

10.1 Chuvas provocam mortes 127 10.2 O decreto presidencial 127 10.3 Executivo não sana as consequências negativas por capricho 128 10.4 Zaire. Aguaceiros desalojam populares 130 10.5 Chuvas destroem centenas de casas 130 10.6 Chuva desaloja famílias 131 10.7 Fortes chuvas destroem casas no Norte do país 131 10.8 Chuvas desalojam famílias 131 10.9 Ambientalistas fazem formação 132 10.10 Fortes chuvas causam danos no município 132 10.11 Pouca chuva ameaça cultivo 132 10.12 Governo provincial disponibiliza verba para a construção 133

11. NOVEMBRO 134

11.1 São Pedro tenha piedade de Luanda 134 11.2 Chuvas desalojam famílias 135 11.3 Chuva destrói moradias 135 11.4 Executivo toma medidas contra estiagem na região 135 11.5 Extensas áreas florestais são devastadas 137 11.6 Chuva cria transtornos a habitantes do Huambo 137 11.7 Sistema de alerta rápido reduz desastres 138 11.8 Mitigação da seca no Sul depende de eficiência e eficácia na implementação de plano de contingência 139 11.9 Exploradores ilegais dos dois Congos roubam madeira da província 140 11.10 Primeiras consequências iá se fazem sentir 142 11.11 Vandalismo leva à destruição de bens públicos 143

12. DEZEMBRO 144

12.1 Huambo com elevado nível de despovoamento florestal 144 12.2 Seca e programas improvisados maltrataram os angolanos 144 12.3 Corte ilegal de madeira atinge níveis alarmantes 146 12.4 Vítimas da chuva recebem apoios 147 12.5 'Gastaram dinheiro à toa' 147 12.6 Palmeiras de 7 mil dólares secam por falta de manutenção 148 12.7 Huambo está a formar engenheiros florestais 149 12.8 Seca afecta famílias em 150 12.9 Ruas da Terra Nova ficam intransitáveis quando chove 151 12.10 Derrames de petróleos merecem mais atenção 152 12.11 Chuvas fortes na província deixam famílias ao relento 152 12.12 Faltam estudos de impacto ambiental 153 12.13 O drama do Cunene 153 12.14 Criada Associação da Indústria de Rochas 154 12.15 Devastação das florestas é preocupante 155

Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 1

perdidos no mar por falta de equipamento próprio 1. JANEIRO para nos orientarmos, principalmente na época das calemas, e os familiares em terra ficam com o coração na mão" e pedem "socorro" aos colegas 1.1 As boas e más marés da vida para os localizar. Francisco Ambrósio confessa dos pescadores que já salvou muitos colegas de profissão e viu, também, morrer alguns deles em locais onde Jornal de Angola pouco ou nada podia fazer, por falta de 04 de Janeiro de 2013 comunicações com terra, pois, como se sabe, "o país ainda não está preparado para socorro em O Jornal de Angola conversou com alguns destes casos do género, ao contrário do que acontece em valorosos homens do mar, no bairro do países mais evoluídos". Muitas vezes, os Velho, sobre o dia-a-dia dos pescadores artesanais, pescadores têm de mudar a rota habitual quando para se inteirar das vicissitudes que enfrentam para não há pescado, indo para áreas desconhecidas pôr o peixe em terra, sabendo que muitos deles para não regressarem sem o produto que lhes perecem nessa dura profissão. A partida para o permite ganhar dinheiro para o sustento das suas mar alto é feita, em geral, ao fim da tarde, para lá famílias, correndo riscos inimagináveis. Peixeiras chegarem já noite cerrada. sacrificadas As peixeiras podem ser consideradas mulheres empreendedoras. A maioria delas Sem pregar olho, ali pernoitam, expostos às levanta-se entre as quatro e as cinco da manhã para adversidades e no desejo que nada de mal perturbe se dirigirem à praia do Lobito Velho, Cabaia ou o trabalho, uma vez que a surgir algum imprevisto do Bebé, na cidade do Lobito e município da não têm modo de pedir ajuda. Após chegarem do , à espera das chatas ou traineiras mar, o que acontece entre as 5h00 e as 7h00, fazem abarrotadas de peixe para venda. Algumas já têm as vendas, verificam os lucros que obtiveram e acordos com os proprietários dessas embarcações, repartem-nos entre os membros da equipa. sendo elas que se encarregam da recepção do Depois, cada um segue o seu caminho, na certeza produto pescado e fazem a revenda a outras do reencontro nesse mesmo dia ao fim da tarde, colegas ou pessoas interessadas..Percorrem várias para mais uma jornada. Durante o período em que artérias da cidade com cestos ou banheiras à estão em terra, reparam as redes quando estão cabeça e entoam o seu pregão, "peixe, peixe, peixe, esburacadas, ou preparam a isca e as linhas, se olha peixeira, olha peixeira, olha peixeira", que faz efectuam a pesca com anzóis. O resto da manhã é com que as donas de casa cheguem até aos portões ocupado a resolver os problemas do lar, entre os para comprar. Há épocas em que num ápice quais a compra de alimentos ou de outros géneros comercializam todo o produto em poucas horas e, necessários. Após um breve descanso, há que se necessário, voltam a encher os cestos. Mas verificar se está tudo em ordem para o também existem aqueles dias em que pouco "embarque", conviver um pouco com os parentes vendem, sendo obrigadas a levar o restante para a e amigos, até que chega a hora da partida. casa, onde o salgam. Sob o olhar de familiares e conhecidos, as Maria Madalena, que trabalha há mais de 20 anos embarcações afastam-se no mar. Experiências como peixeira, confessou tratar-se de uma contadas António Manuel optou pela profissão de profissão lucrativa, não obstante as caminhadas pescador aos 17 anos, seguindo o caminho dos que muitas vezes trazem problemas de saúde, seus antepassados que, durante toda a vida, se como varizes, dores nas pernas e reumatismo. "O dedicaram ao mar. Actualmente na casa dos 50, sofrimento que nós passamos, só nós é que diz que do mar tem boas e más recordações, e que sabemos, mas como temos filhos, e uma mãe por já passou por várias situações que quase lhe um filho faz tudo para o ver estudar e crescer com custaram a vida. "Ser pescador não é fácil e não uma vida normal, não temos outra alternativa tenho vergonha de dizer que muitos dos meus senão enfrentar essa batalha", referiu. A peixeira colegas, para ganharem coragem para ir ao mar, Luzia da Conceição não hesita em afirmar que têm de se inspirar, isto é, bebem uma cerveja ou com garra e determinação as mulheres que se um copo de vinho, que é da praxe", disse. Muitas dedicam a esta profissão podem dar-se bem na vezes, acrescentou, "ficamos dois ou três dias vida, prosperando no negócio, pois, como sabido, Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 2 o peixe fresco ou seco um produto muito O porta-voz dos Serviços de Protecção Civil e procurado pano consumo das populações da Bombeiros da província da Huíla, Emanuel cidade e do campo. "Felizmente, com o meu Castro, informou que como resultado do negócio pude construir uma casa e consigo desabamento de tectos e inundações de sustentar os meus filhos. Com a ajuda do meu residências, vários artigos domésticos foram marido, conseguem comprar uma carrinha, que destruídos. Emanuel Castro indicou que foram serve para levarmos peixe seco para zona mais afectadas famílias que vivem no bairro Lucrécia e distantes, onde vendemos sem problemas", Maringa, arredores do , que já estão a ser assegurou. "Se as coisas continuarem a correr bem apoiadas pelas autoridades competentes. O porta- e com os créditos bancários que o Executivo está a voz do Serviço de Bombeiros exortou a população pôr à disposição para quem de facto quer a abster-se de construir em locais de risco. trabalhar, já estamos a pensar em adquirir uma Emanuel Castro referiu que o governo da loja no interior, para incrementarmos o comércio província da Huíla, no quadro do programa de rural". Com os filhos às costas, expostas ao sol, urbanização, está a distribuir terrenos em perfeitas chuva, ou frio, não abandonam a profissão na condições e torna-se imperiosa a ocupação e esperança de um dia a vida melhorar porque, construção nessas áreas, para maior segurança das como diz um velho. populações.

1.2 Chuvas deixam famílias sem 1.3 Recém-nascido ao relento tecto Novo Jornal Jornal de Angola 11 de Janeiro de 2013 07 de Janeiro de 2013 AS ENXURRADAS de domingo não pouparam a O porta-voz do Serviço de Protecção Civil e jovem Domingas Pascoal Mateus, moradora da Bombeiros na Huíla, Emanuel Castro, que zona há 16 anos e mãe de um bebé de apenas um prestou a informação ao Jornal de Angola, mês de idade. A sua casa rachou ao meio e as indicou que foram afectadas famílias que vivem chapas do tecto foram levadas pelo vento. "Em nos bairros Zona A e B, Kwandja, Antero, 1992 estávamos nas tendas de Caxito e, no mesmo Pedreira, Zona Académica e Lucundja. As chuvas ano, conseguimos este terreno, onde começámos a e os ventos fortes afectaram ainda moradias dos construir um ano depois. Em 1993, a nossa casa bairros Viongue, Malave, Wiela, Aerogare encontrava-se ainda fora de perigo. Caíram mais Municipal, Santa Teresinha, Novas Centralidades, de dez casas em frente à minha e outras ao lado Coca-Cola, Ngangula e Comuna de também foram". A sorte que tem estado ao seu /. As chuvas causaram lado acabou por abandonar a família, Com a também o desabamento do tecto de uma escola de última chuvada duas paredes da casa de Domingas 20 salas. caíram. Todas as coisas acabaram por se molhar e a família teve de passar a noite fora com a bebé de O administrador municipal adjunto da Jamba, apenas um mês. "Tenho cinco filhos e ninguém António Bemardo Cahala, informou que cinco veio aqui resolver a nossa situação. Nem a pessoas sofreram ferimentos ligeiros. António administração nem a comissão do bairro. Está Bemardo Cahala informou que as autoridades tudo descontrolado e não sabemos para onde ir competentes já foram informadas e que se aguarda com estas crianças", queixou-se, notando que os apoios. "Aguarda-se a qualquer altura os apoios desde domingo, a família passa as noites fora de que se impõem", disse o administrador municipal casa. "Viver nesta área é um caos, principalmente adjunto da Jamba, que se situa 315 quilómetros a nos últimos dias em que observamos pessoas a leste do Lubango. No Lubango, as fortes chuvas abandonar as suas residências, mesmo em épocas que caíram na noite de 31 de Dezembro de 2012 não chuvosas", desabafou um funcionário da causaram a morte de um cidadão de 22 anos, comissão de moradores. o espaço das ravinas serve devido ao desabamento do muro da escola 10 de igualmente para o depósito de resíduos sólidos Dezembro, vulgo "Popular", e afectaram outras 36 produzidos pelos próprios moradores, o que faz pessoas, que ficaram ao relento em consequência perigar a saúde daquela comunidade. As crianças das inundações. aproveitam as valas para a prática de algumas Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 3 brincadeiras, apesar da discordância dos pais. precipitação. “Se ficarmos dentro podemos ser "Não tenho medo de brincar aqui", declarou um vítimas, como aconteceu a muitas pessoas que pequeno conhecido por Mateus. foram levadas nos anos anteriores. Pais e filhos arrastados pelo desastre. Há momentos em que O problema é lastimável e piora quando as chuvas saímos todos e, noutras circunstâncias, deixamos caem. As promessas das autoridades do município as crianças dentro de casa e permanecemos fora já levam cerca de uma década, com garantias de para controlar as chuvas", contou Arlete Moisés, disponibilizarem casas ou terrenos na área da via moradora desta zona há mais de 14 anos e mãe de expresso Cacuaco -Viana, bairro da Pedreira, seis filhos, com os quais vive numa casa de um bairro Anda e outras zonas daquela quarto, disse que nesta última chuvada o risco de municipalidade.. desabamento foi enorme para a sua família."A chuva começou à uma da manhã e terminou às 1.4 Sinistrados lançam grito de nove. Durante todas estas horas ficámos em pé. socorro Os colchões estavam completamente molhados e as crianças tiveram um dia de febre", lembrou a Novo Jornal mulher. Contou ainda que, na altura em que a 11 de Janeiro de 2013 administração municipal distribuía os terrenos para as famílias que corriam maior risco de Corpo MAIS DE 500 FAMÍLIAS já foram desabamento, encontrava-se internada numa desalojadas do bairro da Boa Esperança m por unidade hospitalizar. causa das enxurradas, tendo este número crescido durante as chuvas de Janeiro de 2007, que Quando recebeu alta, perdeu a ocasião de ter o seu deixaram famílias ao relento até hoje. A espaço. "Quando fui à administração de Cacuaco precipitação que se abateu sobre Luanda na falaram-me numa outra oportunidade", assegurou, madrugada de domingo fez novos estragos. solicitando ao governo um espaço para viver com Algumas casas ruíram, outras ficaram inundadas, os seus filhos. Outro morador que se viu obrigado destruindo os seus haveres. O cenário é de a arrendar uma casa próxima da sua, para não destruição e desalento: O sobressalto mantém-se, perder a possibilidade de adquirir um espaço com o medo de novas chuvas. Criado nos anos cedido pela administração, é José Bernardo, 1980, o bairro Boa Esperança m possui cerca de morador no local desde 1987. Este chefe de família quatro quilómetros de superfície e alberga uma assegura que a sua moradia se encontrava fora de população estimada de 60 mil habitantes, perigo pelei facto de, na altura, as ravinas estarem distribuídos por 12 sectores e 48 mil famílias para a mais ou menos 50 metros de distância. "Com as 12 mil casas. Faz fronteira com os bairros N - chuvas que caíram em 2007 em Cacuaco nós Gangula, Boa Esperança Central, Dala e, a oeste, sofremos muito. Sair daqui é a única possibilidade. com o Oceano Atlântico, onde começa o choro Evacuei as coisas que se encontravam em casa e a pelos estragos e diminui a esperança de quem quer fanu1ia toda. Os meus filhos estão numa casa que ver a sua vida melhorar. "Aqui está mesmo tudo arrendei nos arredores para controlar a minha", mal. Prédios caíram, casas racharam e desabaram, apontou o morador, argumentando que a chapas levadas pelos ventos e pessoas molhadas administração, através de uma equipa, passou por dentro da própria casa. O número é grande, lá e concedeu alguns espaços no bairro Anda, que porque todas as casas em perigo caíram", disse foram apoderados pelos moradores daquele nesta segunda-feira, uma senhora, visivelmente bairro. "Eu recebi o espaço pela terceira vez, mas apavorada com a situação, explicando que uma mesmo assim perdi-os porque sempre aparecem vizinha foi forçada a abandonar a sua residência pessoas a dizer que são os donos", asseverou, para viver no bairro do musseque, numa casa de apelando governo de Luanda para fazer mais pelo chapa de zinco, e outra moradora foi levada pelos seu povo pois sempre que reclamam junto da seus irmãos da igreja Bom Deus. administração apenas mandam esperar.

No momento em que as chuvas caem, os Uma moradora que preferiu falar sob anonimato moradores são obrigados a abandonar as casas para garantiu que desde as últimas chuvas não houve não serem levados pela água e para não serem nenhum responsável do governo no local. "Nem engolidos pelas ravinas, que vão sucumbindo à funcionários da comissão de moradores e nem os Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 4 da administração municipal chegaram até aqui. capturam espécies demersais e de valor inferior Este buraco que está em frente à minha casa não tais como a garoupa, o luciano, o pargo, a corvina estava assim. Está a aumentar com cada chuva", e a lagosta. Os pescadores semi-industriais e denunciou, sustentando que a sua mãe solicitou industriais procuram principalmente espécies aos seus patrões um dia de folga para resolver a pelágicas (cavala, sardinela, atum), camarão e situação junto da administração de Cacuaco. "Se caranguejo vermelho de profundidade. realmente a administração estivesse aqui não seria necessária a mãe deslocar-se lá", notou. Sobre os Saúde do sector terrenos para construção dirigida que a A sobrepesca e as mudanças nas condições administração municipal alega ter distribuído, a hidroclimáticas reduziram fortemente o potencial moradora garante que tudo não passou de fachada. da contribuição económica das Pescas na "Alguns vizinhos que foram para lá confirmaram economia. Dados disponíveis indicam que a pesca que receberam uns terrenos. Mas que não são alvo comercial representa cerca de 178 milhões de de atendimento. Está a haver muita confusão e dólares. São cobradas receitas directas de pesca tiveram de os abandonar', finalizou.. através de taxas de licenciamento de embarcações, do pagamento de quotas e coimas pelas infracções 1.5 A nossa costa marítima praticadas (excessos nas capturas permitidas, nas Agora zonas de pesca, no tamanho das espécies, etc.). Um terço da proteína animal é proveniente do 12 de Janeiro de 2013 peixe. A maioria do peixe capturado (mais de 90%) é vendida no mercado nacional, sendo a Corpo A costa angolana tem aproximadamente procura de peixe per capita elevada e não 1900 km de comprimento e duas correntes totalmente satisfeita. Portos pesqueiros divergentes (a de Angola e a de Benguela), que Essencialmente, todas as pescas semi-industriais e criam um forte sistema de upwelling responsável industriais estão baseadas em quatro portos pela produção básica de recursos marinhos. principais: Namibe, Benguela, Porto Amboim e Contudo, a sobre pesca e as mudanças nas Luanda. As actividades de pesca artesanal estão condições hidroclimáticas reduziram fortemente o dispersas ao longo da costa, com cerca de 102 potencial das pescas, que se estima ser actualmente locais de desembarque regular identificados. da ordem de 36 mil toneladas/ano, compreendendo 285 mil toneladas de pequenas espécies pelágicas, como o carapau e a sardinela, e 1.6 "Isto agora está mal" 55 mil toneladas de várias espécies demersais, Agora incluindo 7 mil toneladas de camarão de águas profundas. A área de Lobito até à foz do rio 12 de Janeiro de 2013 Cunene é, de longe, a mais produtiva das zonas de Corpo Desde Novembro do ano passado, a pesca pesca, com abundância de carapaus, sardinhas, de cerco ou mesmo à linha já não está a dar bons atum e um vasto número de espécies demersais. A resultados. Como consequência, diminuíram zona norte estende-se de Luanda até à foz do rio igualmente os rendimentos, ainda que não pare de Congo e a zona central de Luanda a Benguela. crescer o fluxo de pessoas que lá vão, não apenas Modalidades para aquisição de peixe, ou mergulhar, mas também para observar a paisagem, ou instalar-se O país possui uma combinação de pesca numa cabana de palha ao lado e apreciar um bom industrializada e artesanal. A maioria dos assado de peixe fresco ou frango e não só. Por isso pescadores está envolvida no sector artesanal, que mesmo, quem fica prejudicado com esta inclui mais de 4.600 embarcações de pesca (0-14 m empreitada da dragagem não são apenas os de comprimento) e 35 mil pescadores, estimando- pescadores mas, também, as vendedoras de comes se que estejam directa e indirectamente envolvidas e bebes que têm no local o seu ganha-pão. Como no sector 85 mil pessoas. Apenas cerca de 20% das dissemos no princípio, a dragagem em curso não embarcações artesanais são motorizadas e, ocorre apenas no Km 26 mas, em quase toda a portanto, estão limitados à zona costeira adjacente faixa costeira de Luanda sem qualquer explicação. (até 3 milhas náuticas). Os pescadores artesanais Se os pescadores do Km 26 querem saber a razão Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 5 das obras e o seu futuro junto da Administração Novembro, a comunidade de pescadores diz que do Estado, a mesma sorte não tiveram os colegas reduziram consideravelmente as capturas, e o do Morro dos Veados, que foram turismo de ocasião também foi severamente compulsivamente transferidos para o Zango, afectado. O soba Marcolino Francisco que reside praticamente, sem aviso prévio. "Uns acabaram no local há cerca de 30 anos, sente-se muito por vender as casas porque não se adaptaram preocupado com a transformação da praia, que, aquele modo de vida e outros andam por ai com além de afectar a zona de reprodução do peixe, problemas mentais, resultantes da forma como complicou igualmente a vida dos pescadores e foram transferidos. Por este motivo, acho que os banhistas. Por não saber o objectivo da dragagem, nossos governantes deviam acautelar a maneira de a máxima autoridade da Praia do Km 26 já formou viver dos cidadãos antes da tomada de qualquer uma equipa que deverá procurar explicações junto medida em que esteja em causa o seu modo de da Administração Municipal de Belas, sobre as vida. No nosso caso, não vivemos em zonas de obras na sua zona de jurisdição. Há quem diga que risco, estamos à beira-mar e adaptamo-nos a viver o espaço, onde as maquinas não param de do mar. Por isso, se o objectivo é acabar com o trabalhar dia e noite para espalhar as areias, será lugar onde exercemos a nossa actividade então transformado num condomínio habitacional, a seria melhor, para não ficarmos prejudicados, exemplo das Ilhas Palmeiras do Dubai. indicarem-nos outras alternativas", defendeu um pescador que pediu anonimato. Outros dizem que a ideia é de instalar, além do condomínio, uma oficina de barcos, havendo A suposta privatização das praias de Luanda já outras vozes a traduzir que com a dragagem, afectou os pescadores da Ilha da Cazanga, nas pretende-se construir uma ponte aérea que deverá imediações do Futungo 11. Uma pequena ilha que iniciar no Ponto Final, na Ilha de Luanda, servia de base dos pescadores artesanais, onde passando pela Barra do Kwanza, continuando chegavam a ficar vários dias para escalar peixe terá depois, a fazer parte de um projecto de ligação de sido entregue a uma alta figura do poder. Em resto do litoral até ao Namibe. Mas tudo isso são troca, os pobres pescadores que usavam chatas de apenas conjecturas. A população quer saber a madeira receberam embarcações a motor. Com verdade depois de ter sido surpreendida isso, muitos transformaram os pequenos vasos de recentemente com uma longa vedação de chapas fibra e vidro em táxis cobrando a corrida 500 a mil de zinco que impede o acesso a uma boa parte da kwanzas a quem queira deslocar-se ao Mussulo a praia. "O nosso habitat foi invadido desde partir do Futungo 11 e vice-versa. "Outros Novembro com barulhentas máquinas que não simplesmente faliram por não saberem trabalhar nos deixam dormir à vontade. Não sabemos de com os barcos. Os que receberam dinheiro quem são e nem o que estão a fazer. Surgiram também estagnaram", referiu uma quitandeira de repentinamente sem aviso", lamentou o soba. As peixe visivelmente amargurada por causa da obras em curso provocaram aprofundamento da dragagem que está a afectar a sua actividade e a praia de de menos de um metro para oito e por destruir as zonas de desova das espécies marinhas.. esta causa têm morrido muitos incautos na água. No pretérito domingo, um jovem de 20 anos morreu afogado e nem mesmo os bombeiros, 1.7 Projectos imobiliários afectam chamados para o socorrer, conseguiram salvá-lo. sobrevivência dos pescadores artesanais O perigo não é apenas da profundidade mas, também, da lama. Por isso, os mergulhadores não Agora conseguiram descobrir o corpo na altura do 12 de Janeiro de 2013 incidente por ter ficado preso no lodo. Apenas no dia seguinte o corpo emergiu e foi resgatado pelo Os pescadores impotentes, que nada podem fazer jovem Francisco Mangueira "Chiquinho" e para impedir as obras, lamentam o facto de posteriormente transportado pelos agentes da estarem a ser prejudicados na sua actividade. Já Direcção Nacional de Investigação Criminal não pescam à vontade e nem mesmo conseguem (DNIC) para ser analisado e entregue aos ancorar bem as suas embarcações. No quilómetro familiares. "Depois de emergir ligamos para a 26, por exemplo, com a dragagem iniciada em DNIC que prontamente apareceu com uma Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 6 ambulância e levou o corpo", contou Para acudir à situação dos sinistrados, a Comissão "Chiquinho" que participou na operação de Provincial de Proteção Civil criou dois centros de resgate dos restos mortais do jovem cujo nome acolhimento, sendo um transitório, no bairro não foi identificado. Esta, porém, não é a primeira Alto Luena, e outro permanente, na zona do 4 de vítima desta praia. Desde o início da dragagem, de Fevereiro. Além disso, mais de 700 famílias dos acordo com o soba Marcolino Francisco já bairros Alto Luena, Aço Novo e 4 de Fevereiro morreram afogadas 12 pessoas. Mais grave ainda, receberam chapas de zinco, bens alimentares e acrescentou, é o facto de as pessoas não terrenos para a construção de novas casas em perguntarem aos nativos sobre o que se está a locais de maior segurança. passar e nem respeitarem uma tabuleta colocada à entrada do bairro e a sinalização existente no meio das águas. "As pessoas não querem, saber das 1.9 Abate de árvores sem controlo instruções. Chegam e entram logo no mar. Como periga a existência de espécie isto agora está fundo, quem não sabe nadar acaba Jornal de Angola por afogar-se", explicou o soba, que, no entanto, 15 de Janeiro de 2013 não quer ser afastado "anarquicamente" do lugar onde vive com a mulher e filhos. "É aqui onde O chefe de departamento do Instituto de tenho os meus ' haveres. A minha vida é o mar e Desenvolvimento Florestal (IDF) na província do quem quiser um dia tirar-me daqui deverá instalar- Bié, Rosário Lopes Teixeira, admitiu, na cidade do me a beira-mar. Fora disso, será assinar a minha Cuito, a hipótese de extinção de algumas espécies sentença de morte", declarou. E não é apenas a sua de árvores, em função do abate Indiscriminado, vida que estará em risco mas, também, da maioria principalmente por parte dos carvoeiros. Rosário dos pescadores como ele que, utilizando as várias Teixeira prestou a informação à agência de técnicas tradicionais de pesca, dedicam o tempo a notícias Angop, quando apresentava o balanço das captura de pargos, garoupas, cachuxos e chocos, actividades desenvolvidas pela instituição em 20 que depois comercializam no mercado e com os 12. O responsável pelo IDF na província do Bié rendimentos sustentam as famílias. sublinhou que o provável desaparecimento dessas espécies resulta do abate de árvores em toda a 1.8 Chuvas desalojam famílias província, para fins comerciais. Rosário Teixeira dis e que a instituição precisa de três fiscais em Jornal de Angola cada município, para conter ° abate 14 de Janeiro de 2013 indiscriminado de árvores no Cuito, , Kunhinga, , , Kamacupa, As chuvas que se abateram, durante as duas Kataboh Kuemba e Nhârea. O município de últimas semanas, na província do Moxico, Andulo, acrescentou, constitui maior preocupação provocaram a morte de seis pessoas e destruíram do Instituto de Desenvolvimento Florestal. A 2.365 residências, afirmam os Serviços de Proteção província do Bié, com umpopulação estimada em Civil e Bombeiros. dois milhões de habitante, tem floresta densas, favoráveis à prática da caça, principalmente nos O porta-voz da corporação, sub-chefe Paulo municípicipio de Chitembo, Kuemba, Chitembi Mohongo, afirmou na sexta-feira que os casos de KamacupaeAndulo.. destruição de casas se verificaram nos municípios do Moxico, , , , Leua, Luau, -Cameia e , 1.10 Ravinas do bairro Boa. deixando l3.248 famílias desalojadas. Esperança III Administradora de Ao fazer o balanço das mais recentes ocorrências, Cacuaco promete solução em 30 disse que as chuvas, acompanhadas de ventos dias fortes e trovoadas, causaram ainda a destruição de Semanário Novo Jornal sete postos médicos, 13 escolas, 22 igrejas e está a contribuir para a progressão de ravinas. O 18 de Janeiro 2013 município do Moxico foi o mais afetado. A ADMINISTRADORA MUNICIPAL de Cacuaco solicitou, em declarações ao Novo Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 7

Jornal, pelo menos 30 dias para dar soluções De recordar que o bairro Boa Esperança li foi rápidas ao drama que se abateu sobre os criado nos anos 1980, possui cerca de quatro moradores da Boa Esperança ITI, depois das quilómetros de superfície e alberga uma população chuvas de há uma semana que deixaram muitas estimada de 60 mil habitantes, distribuídos por 12 famílias ao relento. Para além de casas destruídas, sectores, num total de 48 mil famílias para 12 uma criança de apenas um mês ficou sem abrigo. casas. Faz fronteira com os bairros N "Ganqula, Rosa Dias dos Santos disse que, nesta altura, a sua Boa Esperança Central, Dala e, a oeste, com o administração está a trabalhar para identificar um Oceano Atlântico, onde começa o choro pelos terreno numa localidade no município que ofereça estragos e diminui a esperança de quem quer ver a maior segurança de habitabilidade para abrigar os sua vida melhorar.. moradores desalojados. "Nós sabemos que se trata de um deslizamento de terras na orla marítima. Vamos distribuir os terrenos às fanu1ias e 1.11 Exploração ilegal de inertes é esperamos que não haja um aproveitamento de uma constante burladores ou, oportunistas ,que quando fizermos Seminário Factual a transferência da população", frisou, 19 a 26 de Dezembro de 2013 acrescentando que já foi criado um grupo de negociações composto por elementos da comissão A exploração de inertes é feita ao longo da via de moradores e uma equipa técnica da expressa Cacuaco/Benfica, por pessoas singulares administração para dar resposta à situação. A que vivem no bairro Sequele e nas proximidades. responsável por aquela administração referiu ainda Por sua vez, os garimpeiros alegam que a venda de que a saída de uma área de risco pressupõe inertes foi a única forma encontrada para o trabalhar com muito afinco para se criarem sustento da família. A exploração ilegal de inertes, melhores condições de habitabilidade para a como areia, burgau e rocha, para a construção população. civil, tem provocado sérios problemas à conservação do ambiente, uma situação que exige Questionada sobre o número de pessoas da autoridade municipal de Cacuaco uma maior cadastradas pela sua municipalidade para o atenção, no sentido de se estancar com o garimpo. reasseceantamento da população, Rosa Janota Dias Ao longo da via expressa no sentido Benfica/ dos Santos disse desconhecer o número exacto, Cacuaco é possível notar vários amontoados de mas avança que a primeira fase de recolha de areia, burgau e rochas, a fim de serem dados era da responsabilidade da comissão técnica, comercializados. Exploração acontece a escassos composta pela comissão de moradores e alguns metros da via expressa. A exploração é realizada membros da administração municipal. ''Temos as mesmo a escassos metros da via expressa, o que fichas técnicas, as pessoas bem identificadas por demonstra a não existência de uma fiscalização casa e o número de famílias para facilitar o capaz de pôr fim à exploração ilegal de inertes. trabalho no momento de reasseceantamento", esclareceu, sustentando: "Vamos trabalhar com as Segundo ambientalistas, a exploração irracional de pessoas que têm 'os seus dados inseridos no . inertes tem estado a provocar deslizamentos de nosso sistema para se evitar os amigos do alheio, terra, progressão de ravinas e ameaçado o habitat porque muitos sabem das dificuldades e quando natural de muitos seres vivos, bem como coloca chega a fase dos terrenos pode, haver em risco a sustentabilidade do ambiente. Admite- aproveitamentos" Relativamente às constantes se ainda que, nos últimos tempos, se tem registado queixas que a administração tem recebido de uma exploração ilegal intensa de inertes em várias moradores daquela zona, que não foram localidades da província de Luanda, com grande cadastrados no momento das listagens feitas pela referência para o município de Cacuaco, onde o comissão, a responsável assegurou, citando o chefe garimpo de areia, de burgau e rochas, é feito em da comissão de moradores, que nestas casas grande escala. Fruto da extracção ilegal de inertes, normalmente encontram-se pessoas que já não muitos bairros, hoje, a nível da província de residem naquela circunscrição devido ao facto de Luanda, sobretudo nas tonas periféricas, se as suas residências terem desabado nas chuvas debatem com muitos problemas, como anteriores. deslizamentos de terras e o aparecimento de grandes ravinas, pondo em perigo a vida de muitos Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 8 citadinos. Por outro lado, a exploração ilegal de para Mbanza-Congo e ", acentuou o inertes poderá pôr em risco a via expressa motorista João Sebastião. Cacuaco/Benfica, as ravinas abertas poderão progredir em direcção à via, o que demonstra a Para tentar inverter a situação, a administração necessidade de se regular a exploração de inertes municipal do Nzeto enviou ao local duas naquela zona. máquinas para abri- rem valas de drenagem para o escoamento da água pluvial. Em todo o país, as Garimpeiros também põem em risco a própria chuvas torrenciais caem com frequência nesta vida. Para além de pôr em perigo a circulação época do ano e provocam um rasto de destruição. rodoviária, os garimpeiros que exploram os inertes de forma manual colocam também em risco as suas próprias vidas, visto que não dispõem 1.13 Temporal desaloja dezenas de de nenhum equipamento de protecção. Por isso, famílias cabe às direcções do urbanismo, ambiente, Jornal de Angola geologia e minas e outras instituições, como a 21 de Janeiro de 2013 polícia e as administrações, prepararem-se perante as consequências visíveis que estão a ser Cerca de trinta famílias ficaram desalojadas, no provocadas pela exploração ilegal de inertes. Nzeto, província do Zaire, em consequência da Segundo ambientalistas, a exploração de inertes forte chuva que, na madrugada de quarta- feira, deve ser feita mediante a realização de estudos caiu sobre a localidade. geológicos e ambientais para mitigar o efeito desta acção. Numa das visitas de campo realizada à praia O administrador municipal do Nzeto, Pedro do Sarico, na localidade de Tando, em Cacuaco, e Miguel Lito, disse à Angop que a chuva, na comuna de Calumbo, em Viana, no pretérito acompanhada de fortes ventos e relâmpagos, ano, o Ministro da Geologia e Minas, Francisco inundou dezenas de moradias nos bairros Kondo a Queirós, falou que o cenário de exploração ilegal Fuku, Kitana e primeiro de Maio, periferia da vila. de inertes, constitui um atentado ao ambiente. E, aos ilegais, o Ministro prometeu acções rigorosas Pedro Miguel Lito anunciou a criação de uma de combate. comissão que está a proceder ao levantamento dos prejuízos provocados pela chuva nos bairros afetados. 1.12 Chuva interrompe circulação rodoviária Logo que termine a avaliação das necessidades, a administração municipal do Nzeto vai enviar o Jornal de Angola relatório à Comissão provincial de Proteção Civil 21 de Janeiro de 2013 para a disponibilização de meios materiais, a fim de ajudar a população afetada, garantiu Pedro A circulação rodoviária entre a sede municipal do Miguel Lito. Nzeto e a comuna da Mussera, na província do Zaire, foi interrompida devido a fortes chuvas que Manuel Chamanto, morador do bairro Kondo a caíram na região na madrugada de quarta-feira. Fuku, disse à Angop que perdeu a maior parte dos seus haveres, em consequência da chuva. "A Segundo a Angop, mais de 80 viaturas minha casa caiu por completo e não conseguimos provenientes da capital do país, Luanda, estão retirar quase nada. Estamos alojados em casa do impossibilitadas de seguir viagem para o interior vizinho", declarou. da província do Zaire devido às enchentes que se registam na localidade de Kingandu, a seis António Kassoma, morador do bairro Kitana, quilómetros da sede municipal. disse que a chuva, além de destruir a sua moradia, causou prejuízos à loja anexa. A administração João Sebastião, camionista há muitos anos, municipal, em colaboração com empresas de considerou preocupante o estado atual do troço construção civil sedeadas na região, está a rodoviário, embora esteja a beneficiar de obras de trabalhar para minimizar os prejuízos materiais. reabilitação. "Estamos impedidos de seguir viagem Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 9

1.14 Desafios ambientais de Luanda mais estradas para circular, mais lugares para se O País estacionar e mais ar para se respirar. 25 de Janeiro de 2013 Com isso se sobrecarrega a empresa de águas que deve acomodar esta zona nobre (em detrimento Neste clima de festa, propõe-se-nos um exercício doutras). Como a eletricidade "não é de confiar" para aferir sobre a realidade ambiental de Luanda, estes monstros são já concebidos com potentes que a jusante se repercute na qualidade de vida dos geradores a diesel ou turbinas que para além da seus habitantes. eletricidade que fornecem também "oferecem" gases tóxicos (óxidos de carbono e enxofre, metais Ponto Prévio Tal como todas as cidades grandes, pesados) e ruídos. Luanda tem os problemas decorrentes desse "status", ocupa grandes áreas onde; o asfalto, o Tem mais gente a circular, parte antes arejada betão, o vidro e o cimento substituíram o verde, ganhou ar pesado, nalgumas horas do dia há criando assim microclima próprio que alguns lugares em que se respira com dificuldade, as especialistas convencionararn chamar "clima pessoas ficam aflitas sem saberem porquê. urbano". Quando chove a água não tem por onde escoar. A cidade de Luanda encerra "várias cidades" Há ruas e calçadas que se converteram em "caixas" dentro dela, por isso com várias realidades e com pois não se vê mais nada senão uma torre a frente perfis ambientais diferentes, a exigirem outra atrás outra e outra ainda ao lado, com urna intervenções também de diferentes níveis. Sem um proliferação de painéis publicitários (luminosos ou critério rigoroso propomos uma análise com as não)! características de "cada Luanda" que elegemos. E a imagem já não é daquela Luanda, mas de uma A Luanda do casco urbano (que abrange a cidade qualquer e em qualquer parte do mundo: é tradicional baixa de Luanda, vai ao Bairro Azul, o modernismo! Está- se à janela já não se vê nada Maianga, Vila Alice, São Paulo e Miramar, e todas bonito e nem apetece sair à rua para passear os "ár do asfalto"; 2.A Luanda da periferia "colonial" filhos. [Rangel, Sambizanga, Cazenga, Samba, Prenda, Golf, Popular, Indígena, Petrangol, para além dos Solução é sentar-se à frente da televisão ver filmes, satélites Viana e Cacuaco; A Luanda das novas novelas e jogar ao computador. Opções de lazer urbanizações (Benfica, Ramiros, Kilamba, Luanda diminuídas e o habitante torna-se vulnerável Sul, Nova Vida, Talatona, Éden, Zango, por aí) e obesidade, ao stress e a chuvas, poluição visual e 4. poluição social.

As outras Luandas que emergiram das iniciativas Cada uma das "luandas" responde de maneira populares, sem o mínimo de ordenamento (Vila específica, e as vezes diferente, a estes indicadores. da Mata, Terra Vermelha, Iraque, Bagdade, Casco Urbano É uma parte da cidade antes Paraíso, Fubú, Nguanhã, Catintõn, Bairro do constituída por áreas modernas, com asfalto, , Bairro Malanjino, Bairro Uíge e urna abastecimento de água e eletricidade regulares, ínfinídade deles). conectados por uma rede de esgotos que, sem tratamento, desembocavam na marginal de Feita esta destrinça das luandas de Luanda, vamos Luanda (defronte ao Ministério do Interior, Banco analisar o perfil ambiental desta cidade com base Nacional de Angola e CIT). em parâmetros como: poluição atmosférica, poluição sonora, águas residuais, , Sempre foi o postal bonito da cidade, célebre congestionamentos no tráfego de enchentes acolá. fotografia da marginal, diurna ou noturna, com o "falecido" Prédio Cuca a despontar. As clareiras, as zonas verdes e os parques foram rendidos por enormes "torres de betão", vivendas De muitas habitações se contemplava a beleza da deram lugar a arranhacéus" e com eles, claro, arquitetura, com tectos de diversas tonalidades e aumentou o número de pessoas que utilizam e que deixavam apreciar o horizonte com frondosas precisam dos serviços básicos desta urbe: precisa- árvores, de fruta ou ornamentais, visualizando no se de mais água potável, mais energia eléctrica, Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 10 fundo um céu azul ou até o céu a poisar no mar, chafarizes onde os hábitos da cidade cruzavam conforme se olhava numa ou noutra direção. com costumes rurais. Intervenções do estado foram alterando o visual dalguns deles, com Tráfego brando e ar sem preocupações, clareiras, arruamentos, es- truturas sanitárias, água zonas verdes e largos para diversões, pressupostos canalizada e eletricidade. de qua- lidade de vida para os seus habitantes (poucos). Com dificuldades, mas vivia -se velando pela higiene das habitações e cercanias, sob pena de Hoje, com raras exceções, a área do velho casco punição se este pressuposto não fosse observado. urbano de Luanda, converteu-se numa "floresta de betão", com vidro intercalando aqui e a trabalhar Actualmente, e fruto do aumento de capacidade e a viver, o tráfego rodoviário é praticamente fmanceira da maioria dos seus habitantes inviável, e assim mais gases tóxicos são emitidos tradicionais, es- tas áreas mudaram de cara. O (pelas viaturas) e agravam os transtornos para a adobe e o paua-pique foi rendidos por betão. população, porque as árvores que ajudariam, dando mais oxigénio, rareiam. Edificaram-se, com alguma imponência; residências, armazéns, lojas, padarias e fabriquetas. Também são produzidas maiores quantidades de A moda é a mesma; continuam os becos, as lixos, seja das moradias (restos de comida e clareiras desapareceram e as ruelas minguaram roupas), dos escritórios (papel, cartuchos de tinta), ainda mais. dos hospitais e clínicas ($eringas, ligaduras e gases de curativos e até partes de corpo humano Acresce-se o comércio informal que ocorre em resultantes de cirurgias), dos salões de beleza quase todas esquinas e cruzamentos. Aumentou a (facas, tintas, unhas, cabelos), das oficinas e produção e consequentes amontoados de lixos estações de serviços (peças usadas, lubrificantes e sólidos (sobressaem plásticos, sucatas, farrapos e desperdícios), dos mini e supermercados (papelão, desperdícios de construções), o saneamento básico plástico, produtos deteriorados, detergentes), sem praticamente não existe, por isso as casas são já falar das tipografias e lavandarias. concebidas com fossas particulares.

Não é difícil deduzir o que vai para os esgotos Elas estão tão apinhadas que não so- bra espaço (também conhecido por águas negras ou efluentes) para o verde. Resultado; são áreas geralmente dada a natureza dos produtos empregues nesses muito quentes porque não há purificação do ar, a serviços. circulação automóvel carrega a atmosfera com poeiras e outras partí- culas sólidas, quando chove A bela fotografia da urbe luandense desfalcou as áre- as ficam intransitáveis e as águas se definitivamente, a nanire- za foi substituída por acumulam por longos períodos. engenhacas ... e as obras continuam; mais fuligem e poeiras evolam, mais ruídos emitidos pela São ambientes propícios aos paludísmos, malárias, máquinas e trepidações dos solos (prenúncio de tuberculoses, outras doenças respiratórias, cólera, erosões) . outras diarreias e o inconformismo que se apossa dos moradores é depressivo. O aspecto visual é A cidade inchou, os acessos enco- lheram, o ar mal deplorável; montanhas de lixos e charcos nos se mexe logo, esta frustração. Outro choque visual locais de venda de alimentos cozidos ou não. é o emaranhado de cabos eléctricos e tu- bos de água a irromper pelas paredes dos edifícios, As Novas Urbanizações No começo, surgiram da agravado pelos pratos de parabólicas nas janelas e necessida- de de se construir para uma fran- ja da terraços, qual cogumelos voadores! população com algum destaque social; funcionários de grandes empresas e funcionários Periferia "colonial" Maioritariamente habitada por do Estado. fa- mílias de baixa renda, funcionários públicos, serviçais e outros "não assimilados", alguns desses São projetos como o Nova Vida e os condomínios bairros foram construídos com materiais do Talatona, para além dos condomínios do BNA, precários, com acessos por ruelas e becos, sem os vários condomínios da Sonangol e muitos adequado saneamento, abastecimento de água por outros. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 11

Sua principal característica é terem arruamentos, marcar a sua presença e dar alguma tranquilidade áreas verdes e espaços comuns (quadras de jogo, aos moradores. restaurantes, piscinas e parques), circuitos fechados de abastecimento de água e, como não No final Onde começa e termina "cada" Luanda? podia esca- par, geradores. Muitos deles não têm o Geograficamenté faz-se um exercício para sistema de esgotos ligados a redes públicas o que distinguir. Mas am-blentálfireIite nao se e. coloca inquietações no que toca a capacidade dos Tent os . contextualizar cada área da cidade para pro- motores (gestores ) destes projectos em no final vermos onde cada parâmetro tem maior garantirem a manutenção desses muito outros incidência, pois entendemos Luanda como um casos, a iniciativa popular, com o ordenamento ecos- sistema em constante movimento e das administrações municipais> deu lugar a convivência entre todos e entre todos e o meio majestosos complexos habitacionais. físico. Vemos o Benfica, Kifica, Zona Verde, Cacuaco e Vive-se numa área, trabalha-se e circula-se noutras muitas outras zonas em que as administrações e o mal que afecta uma área pode ter repercussão cederam terrenos para autoconstrução dirigida noutras. Luanda tem os problemas comuns a com ruas bem estruturadas e uma boa resposta por cidades deste tipo, principalmente dos países em parte dos ciddãos que construíram verdadeiros vias de desenvolvimento, variando apenas a palácios (cada um ao gosto do seu bolso) e magnitude de cada parâmetro, uns mais e outros seguiram a exigência que as municipalidades menos graves. impuseram para plantar árvores nos perímetros adjacentes as casas. Viver em Luanda é viver com sin- tomas simples que sempre nos cercam, nós próprios ou pessoas Feliz iniciativa, apenas a espera que as redes próximas a nós, sentimos com frequência; públicas (de esgotos, de água potável e de cansaço, dores de cabeça, dores abdominais, eletricidade) cheguem a todos lugares. Também o irritação das vias respi- estar, paludismo. asfalto deve chegar para evitar as nuvens de poeiras e pós. Fruto do meio em que vivemos! Não é desesperante mas é crítica a situação do ambiente As áreas de Luanda nesta condição necessitarão de de Luanda. Sempre há solução, que depende de um acompanhamento minucioso para acudir aos nós e de acções que sejamos capazes de problemas estruturantes que surgirão e clamarão empreender e reverter alguns problemas, porque por acções. não adianta querer fazer tudo pois sabemos que lata, chapa e papelão; são os revestimentos da não será possível. maior parte dessas habitações. A natureza desses Também não adianta termos a ilusão de receber terrenos tornou os seus habitantes em alvos e propostas prontas vindas do "além", qual vara vítimas prediletas das intempéries; chuva, calor, mágica! Temos de olhar com realismo e poeira e com elas as epidemias. conscientes que é difícil, leva tempo e esforços A erosão dos solos é frequente nessas áreas o que mas chega -se lá! tem pro- vocado desmoronamento das casas. De Ninguém tem uma solução única de "atacar" tão precárias essas áreas são também o antro todos esses problemas e os resolver, pois nenhuma privilegiado da de- sordem social, onde os crímes cidade do mundo com mais de cinco milhões de mais estranhos acontecem com normalidade. habitan- tes os conseguiu resolver e Luanda não Aqui destacar a "coragem" das empresas públicas será essa excepção, por mais que queiramos. de eletricidade e água que têm ido ao encontro A educação e sensibilização, a aplicação da dessa franja de população para lhes fazer chegar o legislação existente, as acções coercivas das serviço, com todas as di- ficuldades inerentes. entidades vocacionadas, a vontade de fazer, o Outra palavra para a polícia que faz por se respeito pelo bem comum e um investimento "encaixar" nos espaços que ainda sobram para sério na investigação científica ajudar-nosão, certamente, a encontrar o caminho. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 12

Prabens Luanda, nunca é tarde!

1.15 Proteção Civil cria plano de apoio às vítimas de calamidades naturais Jornal de Angola 26 de Janeiro de 2013

Bênção Mateus, que efectuou uma visita de trabalho à província de Malange, disse que o plano incide no apoio às comissões provinciais de Protecção Civil, com o objetivo de aliviar o sofrimento de pessoas que, eventualmente, venham a ser vítimas de calamidades naturais. O oficial, que inspecionou naquela província as atividades do órgão que dirige, disse ter recebido reclamações relativas às promoções dos efectivos e à falta de meio de protecção individual. O comandante nacional adjunto dos Serviços de Protecção Civil e Bombeiros reconheceu a dificuldade dos efetivos em desenvolverem as suas atividades sem todos os meios necessários.

Bênção Mateus apontou dificuldades ligadas aos recursos humanos, transportes e logística. O Ministério do Interior, acrescentou, traçou um plano de gestão que contempla três aspetos fundamentais a organização, a disciplina e o rigor. O segundo comandante nacional dos Serviços de Proteção Civil e bombeiros anunciou que está preparação, pelo Ministério do Interior, um projecto que visa a construção e apetrechamentos dos quartéis de bombeiros no país. Os Bombeiros reconhecem haver um défice de infra-estruturas no país.

Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 13 2. FEVEREIRO Malombes como forma de pedir à Deus que envie chuvas para uma agropecu- ária eficaz.

2.1 Camponeses pedem soluções Para o engenheiro e chefe do departamento provincial da Estação de Desenvolvimento imediatas Agrário do Kwanza-Sul, Abel Bala, a devastação Novo Jornal das florestas, está na base da ausência das chuvas. 01 De Fevereiro de 2013 Abel Bala defende a necessidade do Instituto de Desenvolvimento Florestal traçar políticas que Corpo O Kwanza-Sul vive um tempo de intervalo visem desencorajar esta prática, numa altura em desde as primeiras chuvas, mas que não foram que a direção do IDF está apenas com atenções suficientes para inver- ter a ameaça de fome que viradas para as receitas arrecadadas pelas brigadas pesa sobre as populações da província. Se em estacionadas nos municípios, sem contudo, centrar algumas regiões, as chuvas não caíram na as atenções no fenómeno do abate in- proporção desejada, noutras houve chuva em discriminado de árvores. O engenheiro alerta' que, demasia, tendo mesmo provocado estragos na caso não haja celeridade no processo, a situação produção agrícola. poderá pôr em risco vidas humanas.

De uma ou de outra forma, são várias as "Os problemas serão frequentes enquanto não localidades que antevê em o espectro da fome a atacarmos o problema de raiz e que se prende com aproximar-se e que apelam à intervenção do a devastação das florestas. Se os camponeses governo, com soluções imediatas. No município persistem em cortar árvores indiscriminadamente agrícola da Cela, por exemplo, os riachos secaram corre-se o risco. Nós temos instituições estatais, e os camponeses já sentem o aproximar da fome. como é o caso do IDF, que devem ser mais bem equipadas, mais munidas por forma a levarem a O presidente das associações e cooperativas de cabo o seu objeto social". camponeses da Cela, Silveira Matias, fez-se porta- voz dos receios da população. "A seca é a pior A seca no Kwanza-Sul poderá trazer coisa que nos acontece e não se espera uma consequências graves nos lares, sobretudo nas colheita satisfatória no presente ano agrícola", comunidades rurais, onde a agricultura de resumiu. subsistência se destaca como antídoto para combater a fome e a pobreza. Por isso, a Quem também se mostra preocupado com a preocupação não deve ser só dos camponeses, mas situação é o representante da Estação de também das estruturas afins ligadas ao governo da Desenvolvimento Agrário local, Ernesto da Silva, província, alega a população local. que descarta a possibilidade de boas colheitas este ano. A seca não ameaça só o município da Cela. Do Seles vem também o grito de socorro dos 2.2 Revelados estragos das chuvas camponeses. no país Jornal de Angola "Em primeiro lugar, tudo o que tivemos que meter no campo está a secar. O motor já não 01 De Março de 2013 aguenta porque os rios não têm água e isso O documento, que refere em pormenor os efeitos preocupa-nos bastante, porque, afinal de contas, negativos das alterações climáticas no país, salienta quando as chuvas se vão e os riachos descem, de que a chuva também provocou ferimentos em 50 caudal, ficamos preocupados com o produto que pessoas e a destruição de 2.110 casas, nove escolas, metemos no chão. Então, pedimos ao governo que 12 instalações religiosas, cinco pontes e outros vele pela nossa situação, como o problema de tantos postos de saúde. O relatório anuncia que adubos, para ver se encostamos junto do rio 170 casas ficaram parcialmente destruídas, 1.909 Cambongo". inundadas e que "as chuvas torrenciais afetaram 32 Já em Porto-Amboim, o soba Silvério Pascoal mil famílias em várias regiões do país". Capolo lamenta os danos que a falta de chuvas está a provocar e defende a realização de rituais nos Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 14

Entre 2010 e 2011, sublinha o documento, a chuva Emanuel Castro enumerou também a destruição causou 387 mortes, 189 feridos, a destruição de total de uma escola com seis salas, no município 36.539 casas e o desalojamento de 192.661 pessoas. dos Gambos, o rompimento do teto do quartel do Face a esta situação, afirma, o Executivo por Serviço de Bombeiros da Jamba e da Matala e intermédio de vários departamentos ministeriais outras infraestruturas. O porta-voz informou que "desenvolve planos exequíveis para a mitigação e foram ainda registados 213 desabamentos de adaptação às altera- ções climáticas". O Ministério residências, constituindo assim 1.278 famílias que do Ambiente, que lidera uma comissão ainda clamam por ajuda humanitária. multissectorial, realiza um Programa de Acção Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas, O Serviço de Proteção Civil e Bombeiros na que é um canal de comunicação de informações província, resgatou também nove cidadãos nos relativas às necessidades urgentes e imediatas de municípios da , Lubango e . Para adaptação. combater a sinistralidade e catástrofes naturais na província, o Serviço de Proteção Civil e Bombeiro Apesar da disponibilidade limitada de recursos na Huíla conta com três viaturas, sendo duas financeiros e do fraco envolvimento do sector ambulâncias de suporte vital e uma de salvamento privado, garante o relatório, continuam a ser e pronto-socorro. desenvolvidos esforços para mitigar os efeitos das alterações climáticas. 2.4 Abate indiscriminado de árvores preocupa ecologistas 2.3 Serviço de Proteção Civil Jornal de Angola realoja famílias 02 de Fevereiro de 2013 Jornal de Angola 01 De Março de 2013 O chefe de departamento da direcção provincial, Gaspar Barros, considerou grave a situação O Serviço de Proteção Civil e Bombeiros da Huíla ambiental na província, e em particular em realojou, no mês de Janeiro, em áreas seguras, 191 Ndalatando, devido ao constante aumento do famílias que se encontravam a residir em locais de número de árvores que são abatidas risco, informou ontem o porta-voz da corporação, indiscriminadamente para a feitura de carvão. Emanuel Castro. O porta-voz disse à Angop, no Além disso, classificou de preocupante o nível Lubango, ao fazer o balanço dos estragos das crescente e desordenado de caçadores furtivos, que enxurradas na Huila, que foram realojadas famílias todos os dias vendem animais de todas as espécies dos municípios da Matala, Lubango, Humpata, em quase todo o território da província, uma Chibia e Jamba. prática que se tomou comum para a população do Kwanza-Norte, que alega ser esta a sua fonte de As famílias, acrescentou, beneficiaram de parcelas subsistência. Entre os animais que são abatidos de terra, chapas, blocos e outros materiais para a mais frequentemente inclui-se a seixa, veado, construção das suas residências. O responsável paca,javali, pacaça e muitos outros, expostos adiantou que o processo de realojamento contou diariamente ao longo da estrada 230 e do percurso com a colaboração das administrações municipais, entre Ndalatando, , e Samba que cederam os terrenos e materiais de construção Cajú. Gaspar Barro referiu que, apesar das civil. florestas do Kwanza-Norte serem maltratadas com a devastação de árvores, ainda assim a província "Vamos continuar a trabalhar de forma a retirar possui um nível ambiental estável. Para ele, tem aquelas famílias que vivem próximo de riachos, sido difícil controlar índice de transgressões pontes, postes de alta tensão, montanhas e florestais devido ao défice de pessoal qualificado ravinas", realçou. Em relação aos danos para o efeito, uma vez que o sector não possui provocados neste período de chuvas, Emanuel fiscais para contrapor estas dificuldades. "Apesar Castro referiu a destruição de quatro pontes nos desta situação, nós vamos continuar a realizar rios Cului e Mbua, no município da Jamba. acções de sensibilização junto das comunidades, através de palestras e debates, mas que, a meu ver, não têm sido suficientes para consciencializar a Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 15 população, no sentido de reduzir as acções contra construída uma escola florestal na província, as florestas", disse. As alegações mais constantes instalada no município de Lucala, que está em vias têm sido a procura de solos férteis para a prática de ser inaugurada, e foram produzidas 15.877 de uma agricultura itinerante rentável, visto que plantas diversas, o que corresponde a 132 por nas áreas tradicionais os solos se apresentam, em cento do planificado. Com o volume de plantas certa medida, já cansados, daí que os detritos dos produzidas e comercializadas foi possível obter tecidos vegetais queimados ou apodrecidos 531.500 kwanzas. De acordo com Guilherme da garantam maior consistência de estrumes para os Costa, foram emitidas 44 licenças para carvoeiros, solos, durante um período de produção de dois correspondendo a um volume de 3.972 toneladas, anos."E de realçar que as queimadas podem e 15 autorizações para madeira em toro, também contribuir de forma negativa para o equivalente a 7.920 metros cúbicos. Deste volume, aumento do dióxido de carbono na atmosfera, os operadores económicos conseguiram produzir e situação que pode contribuir para o aumento do pôr no mercado de Luanda e Ndalatando, 4.972 aquecimento global, assim como para doenças metros cúbicos de madeira em toro e2.496 respiratórias agudas", referiu. Por sua vez, o toneladas de carvão vegetal. presidente da Associação Horizonte do Saber, José Jerónimo, defende a criação de mecanismos para resolver problemas ambientais, como a poluição 2.5 Exploração ilegal de inertes do Rio Muembeje que atravessa a cidade, onde a provoca danos ambientais população deita lixo e dejectos, apesar de ser o Jornal de Angola local onde muitos retiram a água para lavar a 2 De Fevereiro de 2013 louça e a roupa. O encarregado da empresa de saneamento Recolix, Paciência da Graça, referiu O especialista em ambiente e ordenamento do que tem encontrado muitas dificuldades na território Silvano Levi afirmou na quinta-feira recolho do lixo na cidade de Ndalatando e estar preocupado com a exploração ilegal de arredores, por falta de colaboração da população, inertes e outro recursos naturais no Lubango, o que inúmeras vezes deita o lixo para o chão. A que tem tido algum impacto ambiental negativo, acrescentar a isto, era necessário haver um melhor com a formação de ravinas. Em declarações à acesso para a viatura de recolha de resíduos sólidos Angop, a propósito do Dia Nacional do Ambiente nos bairros Posse, Camungo e Banga, uma vez que assinalado no passado dia 31, o ambientalista disse nas circunstâncias actuais o trabalho é realizado que a exploração de inertes tem sido praticada por com muitas limitações. Paciência da Graça garante empresas privadas e pessoas singulares sem igualmente que a sua operadora tem efectivos anuência das autoridades administrativas. suficientes para dar resposta às necessidades de Ndalatando na recolha do lixo, e esclareceu que Silvano Levi denunciou a existência, na área do este é depois depositado num aterro sanitário Cristo Rei, arredores da cidade do Lubango, de localizado em Carianga, cerca de sete quilómetros garimpeiros que exercem a sua actividade de a Norte do centro da urbe. forma ilegal e exploram de forma desordenada inertes, como areia, burgau e rochas para a Caça furtiva construção civil, o que provocado problemas à conservação do ambiente. Além deste local, há O Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF) habitantes do Lubango que realizam escavações na no Kwanza-Norte prevê reduzir, este ano, o índice periferia, para a produção de adobe para a de caça furtiva em toda a região da província, o construção civil, provocando a degradação do abate incorrecto de árvores para produção de solo. "Nos próximos anos, poderemos assistir ao carvão vegetal e manter os níveis de produção de nascimento de ravinas pela cidade do Lubango 15 mil plantas diversas por ano. De acordo com o devido à exploração anárquica de inertes. Por isso, chefe do departamento da instituição é urgente há que tomar as medidas necessárias para que essa baixar os níveis de caça em torno da via índole de actividade termine", sublinhou. Pediu, Trombeta/Zenza/Luanda e a feitura de carvão de ainda, que as autoridades governamentais criem forma desordenada. Guilherme da Costa mecanismos para licenciar os garimpeiros, tal considerou que as actividades realizadas no ano como a atribuição de áreas específicas e orientadas passado foram positivas, uma vez que foi por técnicos para esta actividade. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 16

O Dia Nacional do Ambiente é caracterizado pelo cada província desenvolver programas de gestão lançamento de alertas aos diferentes sectores sobre ambiental em que se privilegiam os resíduos a necessidade de se adoptarem padrões de vida sólidos constitui um grande passo. sustentáveis e que promovam uma gestão equilibrada dos recursos naturais. No dia 31 de Desta estratégia consta a construção de aterros Janeiro de 1976 terminou a primeira Semana de sanitários em locais apropriados, precedidos de Conservação da Natureza, realizada em Luanda, e estudos de impacto ambiental para salvaguardar a na qual estiveram presentes delegações saúde e o bem-estar as populações que residem nas provenientes de Moçambique, Guiné-Bissau, São suas proximidades. As campanhas de Tomé e Príncipe e Cabo Verde. sensibilização e educação das populações devem prosseguir no sentido do melhor manuseio dos resíduos sólidos, numa altura em que crescem as 2.6 Gestão ambiental exemplar lixeiras a céu aberto, um sinal evidente de que Jornal de Angola ainda temos muito caminho a percorrer. 04 De Fevereiro de 2013 Enquanto existir uma lixeira a céu aberto não podemos falar em qualidade de vida. A construção O crescimento das cidades angolanas acarreta de aterros sanitários é da inteira responsabilidade desafios na área de gestão, recolha e tratamento de de órgãos devidamente credenciados pelo Estado, resíduos sólidos. Em muitas localidades, urbanas e pelo que é ilegal a criação de lixeiras em locais rurais, a pressão demo gráfica é uma realidade que inapropriados. A reciclagem rudimentar feita pelas requer planos para viabilizar a protecção, a populações, que acorrem às lixeiras a céu aberto, conservação e a gestão do Ambiente, segundo as deve dar lugar à criação de fábricas para reciclar os exigências e convenções internacionais. A resíduos sólidos. A quantidade de lixo produzido transformação do país no sentido de atingir níveis diariamente e a vertente económica dos resíduos de desenvolvimento e progresso que satisfaçam as são factos que não podem ser subestimados. Não é aspirações das populações, tem alguns "danos economicamente viável a situação que prevalece colaterais", como a produção de lixo em grandes ao nível da gestão dos resíduos sólidos. Por isso é quantidades e a degradação dos solos. preciso lançar campanhas de informação para que O Ambiente é tudo o que s rodeia os seres vivos e as comunidades façam a separação do lixo ao qual estão interligados de forma equilibrada. A doméstico: vidro, papel e plástico. Angola precisa sustentabilidade da vida depende em grande de fazer melhor aproveitamento dos resíduos que medida da capacidade do homem em salvaguardar produz até como medida para prevenir que os os fundamentos em que se alicerça a vida aterros sanitários esgotem as suas capacidades. E, ambiental. Os níveis de desenvolvimento que o mais importante, para evitar que surjam mais país regista e o crescimento populacional elevam o lixeiras a céu aberto. É preciso combater práticas consumismo, a produção de lixo e a degradação que atentam gravemente contra o espaço em que dos solos. Trata-se de um problema global e cujas todos nós estamos inseridos, nas cidades, vilas e respostas devem conhecer preferencialmente aldeias. soluções locais. Felizmente, Angola tem soluções A caça furtiva é um problema ambiental grave. Os para os problemas e desafios ambientais que caçadores furtivos estão a destruir espécies em enfrenta. Mas a recolha e tratamento de lixo extinção, matam fêmeas prenhas e crias. São requerem programas e planos concretos que têm atentados graves ao Ambiente que todos devemos de ser executados já e permanentemente. Esta área combater para que Angola tenha um Ambiente não tem intervalos nem para respirar. Para lidar sustentável e pela salvaguardada da qualidade de com a situação, o Executivo criou o Plano vida. Não é aceitável que empresas ligadas a Nacional Estratégico de Gestão dos Resíduos exploração de inertes contribuam para acelerar a Sólidos que está em curso em todo o território degradação dos solos, muitas vezes, desviando o nacional. E um projecto ambicioso que curso dos rios em benefício próprio. Estes proporciona ao país condições para ser um problemas existem em maior ou menor dimensão exemplo em termos de desenvolvimento em todo o país, muitas vezes inviabilizando sustentável no médio e longo prazos. A projectos de desenvolvimento sustentável. disponibilização de 40 milhões de dólares para Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 17

Apesar destes desafios todos, temos razões para Uma estimativa preliminar, de acordo com o acreditar que o plano estratégico vai proporcionar documento, indica que pelo menos 73 espécies (de às populações educação, qualificação na área da cerca de 96 regis- tadas a partir do sistema) foram gestão ambiental, qualidade ambiental, recolhidas. Quatro a cinco espécies de peixes ainda conservação de biodiversidade, produção por descrever foram encontradas no sistema de sustentável e de suporte económico. Uma das Okavango, incluindo o pequeno vairão "barbine", coisas que deve acompanhar a execução destes tal como o Hyphen Barb (Barbus bifrenatus), que programas a nível das províncias é a indica uma mistura das afinidades do Delta do descentralização das acções ambientais, facto que Okavango, do Cunene e do Cuanza, salientando permite soluções consentâneas com a realidade assim o potencial e importância da especialização local. Para o sucesso do Plano Nacional ao longo destes divisores de água. Estratégico de Gestão dos resíduos sólidos é fundamental o contributo que cada angolano vai A pesquisa permitiu ainda a documentação de 19 dar. Mas para isso é preciso promover a educação espécies de anfíbios e 17 espécies de répteis, a ecológica nas escolas e nas comunidades. Muitos maior parte com amostras testemunhadas. Cada problemas ambientais que enfrentamos resultam registo feito durante a pesquisa, dentro do sistema da ignorância. Grande parte dos atentados contra do Okavango em Angola, representou um novo o Ambiente tem origem na falta de informação. recorde confirmado para a fauna nacional. Para sermos um país verde, temos de começar por De acordo com o documento, não existe nenhuma cada um de nós.. coleção histórica ou de museu para esta área pesquisada, ex- cepto para uma mão cheia de 2.7 Ministério do Ambiente amostras recolhidas a partir da área do Cuito apresenta em relatório plano de Cuanavale. Esta pesquisa da biodiver- sidade biodiversidade aquática vai permitir que a SAREP contribua para o desenvolvimento de um inventário das espécies Jornal de Economia e Finanças dentro do sistema, bem como fornecer um índice 05 De Fevereiro de 2013 de referência a partir do qual será possível monitorizar a sua distribui- ção, estado e situação. O relatório sobre a biodiversidade aquática da parte superior da bacia hidrográfica do rio Entre várias ameaças à biodiversidade da bacia Cubango-Okavango foi apresentado quarta-feira, hidrográfica Cubango Okavango, os especialistas na província do Kuando Kubango, pelo (nacionais e estrangeiros) puderam notificar o uso Ministério do Ambiente, no quadro das não regulamentado dos recursos naturais, como celebrações do 31 de Janeiro, Dia Nacional do níveis extensivos de desmatação, dependência Ambiente. sobre os rios para a utilização diária da água para maior parte da população dentro desta. Elaborado em parceria com o Programa Ambiental Regional da Africa Austral (SAREP), a Existem ainda provas de caça de mamíferos de pesquisa teve por ob- jectivo traçar estratégias para pequeno e médio porte, enquanto nas áreas melhorar a conservação e uso sustentável dos próximas das aldeias toma-se óbvia a falta de recursos biológicos da bacia hidrográfica do rio pássaros. Assim, o programa Ambiental Regional Cubango Okavango. da Africa Austral (SAREP), em associação com o Ministério do Ambiente e o Instituto Nacional de Segundo a Angop, o relatório cumpre passos Investigação Pesqueira, estão a planear a realização iniciais de ajuda à mitigação de ameaças críticas à de uma segunda pesquisa conjunta, com vista a biodiversidade dentro do sistema. Realizado em traçar outras estratégias em prol da biodiversidade Maio de 2012, no quadro do memorando assinado aquática da bacia hidrográfica ao rio Cubango em 2011, entre o Ministério do Ambiente e a Okavango. direção da Sarep, os trabalhos foram realizados em 25 localidades, ao longo da bacia, abrangen- do as A gestão dos vários processos ambientais continua regiões de (Cacuchi, Cutato a a ser um desafio nacional, atendendo ao equilíbrio Cubango), áreas circundantes ao Huambo, Kuito e do ecossistema.. . Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 18

2.8 Arborização no Cazenga manutenção das áreas, como na revitalização das melhora o espaço urbano vias, largos e praças da cidade capital", refere o documento, citado pela Angop. Para atender à Jornal de Angola crescente demanda, o cultivo está a ser 06 De Fevereiro de 2013 intensificado e já conta com mais de 2.100 mudas em fase de crescimento. Outro estudo, que teve a O responsável dos serviços comunitários e espaços sua fase de testes em Agosto do ano passado, é o verdes da Administração Municipal do Cazenga, da produção de relva em tapetes. O Projecto Vias Carlos Almeida, anunciou que a instituição está a de Luanda incide na reabilitação das principais investir na arborização dos espaços públicos. vias rodoviárias da capital do país e abrange a Carlos Almeida disse que, numa primeira fase, colocação de novos pavimentos. jardins, está a ser feita a plantação de árvores em avenidas, iluminação pública, mobiliário pública, hospitais e mercados por serem zonas delineadas e recuperação de lancis e valas técnicas. O Projecto sem problemas de futuros abates. Carlos Almeida Vias de Luanda é desenvolvido pela construtora apontou estes locais como ideais para a brasileira Odebrecht e já permitiu a reabilitação de arborização por estarem já dentro dos parâmetros vário largos, Avenidas e ruas em toda a cidade de da requalificação urbana do município. O projecto Luanda, que tem sido, há anos, um canteiro de só abrange as áreas indicadas para não ferir o obras.. plano director daquilo que vai ser, no futuro, o município do Cazenga, um dos mais populosos da província de Luanda. Sublinhou que o objectivo 2.10 Exploração ilegal preocupa da administração do Cazenga é tornar o autoridades município cada vez mais verde nos próximos Jornal De Angola tempos. Cazenga, um dos sete municípios da província de Luanda, tem uma população de dois 15 De Fevereiro de 2013 milhões de habitantes. A arborização das cidades é O secretário de Estado para os Recursos essencial para a oxigenação do meio ambiente, Florestais, André de Jesus, está na província do para permitir a manutenção da saúde de toda a Kuando Kubango, onde constata a atual situação população. Em Angola, várias iniciativas têm sido da exploração da flora naquela região. André de realizadas pelo Estado e por algumas organizações Jesus disse que existem relatos sobre a exploração de defesa do meio ambiente, entre as quais a "descontrolada" de recursos florestais no Kuando- Associação Ecológica de Angola e a Rede Kubango, onde os carvoeiros insistem no corte de Ambiental Maiombe. A preservação do meio árvores para a produção de carvão. ambiente é um tema que tem provocado debates acalorados em todo o mundo, sobretudo desde a A deslocação do secretário de Estado à província assinatura do Protocolo de Quioto, que criou do Kuando Kubango também visa sensibilizar os balizas para o combate ao aquecimento global. cidadãos envolvidos em práticas nocivas ao Ambiente e alertar as administrações municipais 2.9 Criado viveiro para ornamentar para exercerem maior controlo sobre os recursos avenidas e ruas florestais. Jornal de Angola O secretário de Estado esteve no município do 10 De Fevereiro de 2013 , a 93 quilómetros da cidade de Menongue, onde teve con- tacto com a administradora local, Um viveiro com mais de 20 espécies de plantas e Verónica Mutango Adolfo, e inspecionou o árvores foi criado em Talatona para ornamentar as viveiro florestal. André de Jesus desloca-se ainda avenidas e largos que estão em reabilitação, no aos municípios do , e , onde quadro do Projecto Vias de Luanda, em curso ações de exploração ilegal da fauna e flora são desde 2009. Segundo um documento do projecto, notórias. a que a Angop teve acesso na quinta-feira, o viveiro conta com uma área total de 1.400 metros 2.11 Chuva deixa zonas de Luanda quadrados. "Trata-se de uma das iniciativas que diferencia o trabalho realizado tanto na intransitáveis Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 19

Semanário factual Para os munícipes, os trabalhos efetuados pela 16 a 23 de Fevereiro de 2013 administração municipal, com vista a atuar antes, durante e depois da chuva, não tem sido A chuva que se abateu por Luanda na manhã de satisfatório, visto que são de uma durabilidade terça- feira, 12, deixou alagado quintais ruas e efémera, o que causa mais constrangimentos avenidas, dificultando a locomoção de pessoas e de ainda. Para António Raimundo, morador da zona automóveis, Entre os municípios mais afetados da Decorang, existe uma certa falta de pelas quedas pluviométricas destacam-se os preocupação dos dirigentes do município do municípios de Viana e do Cazenga, bem como o Cazenga, pois as áreas já estão identificadas mas distrito urbano do Rangel, onde a chuva mostrou nada é feito para colmatar a situação. o seu valor, face a um deficiente sistema de "É do conhecimento da administração a situação saneamento. em que vivemos aqui no Cazenga, mas nada eles No município de Viana, concretamente no bairro fazem para acudir", desabafou o morador. da Caop, a situação ficou lastimável, tendo em Durante a chuva que caiu na terça-feira, o Factual conta que várias residências, ruas e avenidas visitou algumas zonas consideradas criticas, como ficaram inundadas, para desespero dos moradores. o caso das zonas da Decorang, do Kalawenda e das Muito embora se dançasse o Carnaval na nova imediações da TCUL, onde foi possível ver o marginal de Luanda, a preocupação era a acúmulo de água. consequência da chuva, tendo em conta a sua Na zona da TCUL, foi possível ver que a vala de intensidade. drenagem ali existente não funciona na sua Paulo do Nascimento, morador do bairro Caop, plenitude. No distrito do Rangel, com grande afirmou ao Factual que "a chuva caiu com referência a zona da Terra-Nova, a situação intensidade e inundou o meu quintal. Tive de usar continua desagradável, desde as escavações feitas pedras para conseguir sair à rua". com vista á requalificação das vias secundárias e terciárias. Para Engrácia Gaspar, moradora da rua O automobilista João Manuel teve de redobrar os do Alentejo, no bairro da Terra- Nova, a situação cuidados, face à existência de muitos buracos na está muito desagradável. via "Aqui, na zona da Caop, as vias encontram-se todas es- buracadas e se não tivermos atenção "É um autêntico desrespeito aos cidadãos, aqui na redobrada acabamos por danificar a viatura". rua do Alentejo. As obras têm início mas nunca um fim. Eu fico estupefacta se a administradora O que toca ao município do Cazenga, a situação é distrital não sabe do que estamos a passar", ainda pior. O Semanário passou por várias ruas indagou a moradora. Para além da rua do afectas ao bairro Curtume, onde pôde constatar o Alentejo, a mesma preocupação é vivida nas alagamento das vias, bem como a inundação de outras ruas que compõem o bairro da Terra- nova. várias residências, com realce para a zona da Para os moradores, é necessária uma rápida sétima avenida. As condições em que se intervenção da administração distrital do Rangel, encontram hoje a viver os moradores do bairro com vista a suprir o seu sofrimento. Curtume tem desencadeado uma série de reclamações, visto que, até ao momento, nada está 2.12 Mais de 20 famílias ao relento a ser feito por parte da administração municipal, com vista a resolver os problemas dos moradores. em Cabinda Agora O saneamento básico, as vias de circulação e a energia eléctrica, são alguns dos problemas que os 16 De Fevereiro de 2013 munícipes querem ver resolvidos. Segundo o Pelo menos, 24 famílias encontram-se ao relento administrador adjunto para a área social do na aldeia de Chimpemba, Comuna de Inhuca, município do Cazenga, João Adão, falando à Município de Buco Zau, em consequência da imprensa, garantiu que o executivo local está a destruição das suas residências pela chuva no intensificar o seu trabalho para cumprir com o domingo último. O Administrador de Inhuca, programa de acção para atuar antes, durante e Alexandre Luemba, disse terça-feira, que os depois da chuva. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 20 desalojados foram acolhidos por familiares, traduzir que a "maka" tem a ver com o atraso das amigos e vizinhos, enquanto se aguarda por apoios verbas. Verdade ou não, o certo é que era do Governo. necessário marchar depressa e programar melhor para que as obras não se deparassem com o As famílias afetadas perderam quase todos os seus período de chuvas, conforme disse o arquiteto haveres, desde casas, roupa, utensílios domésticos, Cardoso Eduardo, explicitando que "o trabalho de entre outros artigos indispensáveis. O alvenaria feito em época chuvosa não representa Administrador Adjunto de Buco Zau, José Macai, grande coisa, senão para justificar o orçamento da afirmou estarem em curso diligências com o apoio empreitada". do Governo da Província e do Comando Provincial de Proteção Civil e Bombeiros, para O especialista questionou porque motivos o GPL acudir os afetados. nunca levou os empreiteiros faltosos a Tribunal quando muitos destes já receberam mais de metade do "kumbú" do orçamento da obra. 2.13 Uma cidade vulnerável á chuva Entretanto, há males que vêm por bem. Agora 16 De Fevereiro de 2013 Em várias zonas da cidade de Luanda a chuva permitiu a populares recolher água para suprir a A chuva que caiu na passada terça-feira sob carência do precioso líquido. No Futungo 11, Luanda, embora não tenha feito vítimas mortais, Benfica, Km 30 e Ramiros, a chuva não provocou deixou alagadas as estradas, dificultando a danos assinaláveis, senão alguns charcos muitos circulação de viaturas e peões. Os buracos dos quais já desa- parecidos. existentes em vários troços rodoviários ficaram "Estamos há cerca de um mês sem água nas cobertos de água e lama, forçando os torneiras e, por isso, a chuva caiu em boa hora: automobilistas a uma condução mais prudente. aproveitamos para recolher água para cozinhar e O Governo Provincial de Luanda não avançou lavar a roupa", contou Fátima dos Santos uma vítimas, nem relatou os danos materiais que terão empregada doméstica que diz ganhar muito pouco sido provocados pela queda pluviométrica desta para "aguentar" sozinha a casa e os cinco filhos semana. Mas o Agora apurou que, no Município estudantes. do Cazenga, com mais de 1 milhão e 500 mil No Morro Bento a situação é praticamente habitantes, a chuva fez estragos consideráveis às semelhante a do Cazenga. Entre a pastelaria Nice, obras de requalificação em curso. e o supermercado Mundo Verde, a lama na estrada Obras que, no entanto, estão há mais de um mês atrapalha o tráfego automóvel, ocorrendo o paralisadas, não se sabendo ao certo quais as mesmo entre o condomínio Mangueirinhas e o razões na origem desta situação. "Com as obras ao supermercado Maxi. meio, foi muito fácil as águas das chuvas Onde também a circulação rodoviária ficou penetrarem nos sulcos abertos pelos chineses, afetada foi no bairro Catinton com um grande complicando todo o trabalho que vinha sendo mercado paralelo a céu aberto próximo das casas. feito", disse um morador do Cazenga para quem A lama e o lixo agravam ainda mais a "terão de começar tudo de novo porque os danos comercialização, sobretudo dos bens de consumo, são avultados e estão à vista de todos". principalmente verduras, peixe fresco e carne Ainda no mesmo Município, a chuva acelerou a espalhados no chão. degradação da estrada 5 Avenida / Condel e da Uma vendedora ambulante disse que, se no Escola Angola e Cuba! Escola da FESA, levando cacimbo a preocupação é com a poeira e as os automobilistas e transeuntes a circular num moscas, nesta época chuvosa o problema é das troço único, obrigando-os a contornar o "famoso" águas estagnadas, lama e resíduos sólidos. As Imbondeiro do Cazenga. "montanhas" de lixo têm sido foco de doenças A paralisação das obras de requalificação, ou de como a cólera que já fez várias vítimas mortais em estradas a cargo da Odebrecht é um dado Luanda. adquirido, havendo apenas comentários avulsos a Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 21

"Quando chove, as águas arrastam todo o lixo do Namíbia, a sul, e com a Zâmbia, a leste, com Catinton para o interior do bairro. É um mal a centenas de quilómetros sem qualquer guarnição, que tem de ser posto travão se queremos uma uma situação que tem sido aproveitada para o melhor qualidade de vida", indicou o professor abate indiscriminado de árvores e vegetação. O Benjamim Cativa, sugerindo a transferência secretário de Estado afirmou que, pelas urgente do mercado para longe da zona informações colhidas no local e alguns vestígios residencial. encontrados durante a visita àqueles municípios, o roubo de madeira e de capim para a cobertura de Em 2007 9 lixo arrastado pelas chuvas do Roque casas turísticas é uma prática que se arrasta há 30 Santeiro para o Interior do bairro da Boavista anos. provocou uma reação enérgica da então Administradora do Município da Ingombota. A província do Kuando-Kubango possui uma Suzana de Melo chegou a reunir todos os chefes de extensa floresta que a toma numa das mais ricas do secção municipal de diversos sectores, orientando país em termos de recursos florestais. os responsáveis da Saúde no sentido de Infelizmente, a falta de investimentos faz com que mobilizarem agentes sanitários para a os recursos não sejam aproveitados em benefício sensibilização da população sobre cuidados de da população local. Daí a preocupação das higiene a observar contra doenças. autoridades para atrair investimentos no sector.

Na realidade tem-se falado muito sobre a ineficácia André de Jesus lembrou que, durante o conflito das autoridades no que ao saneamento básico diz armado, sobretudo no período pós-independência, respeito, mas nunca se disse que em grande parte a estas fronteiras ficaram durante longos anos sob o culpa da acumulação de detritos e outras controlo da UNITA e o território namibiano era indecências tem a ver com o próprio ocupado ilegalmente por forças do regime do comportamento dos cidadãos. apartheid, da Africa do Sul.

"Para além da atuação das operadoras de lixo têm "Foi exatamente nesse pe- ríodo que a prática de de ser adotadas políticas que obriguem as pessoas a exploração das nossas florestas provocou enormes terem uma cultura de higiene, preservando a saúde prejuízos para o Estado", disse o secretário de e o meio ambiente", defendeu a educadora social Estado dos Recursos Florestais. André de Jesus Irene Mateus. No mesmo ano em que as chuvas acrescentou que, apesar de as fronteiras terem causaram prejuízos de mas de 80 milhões de passado para o controlo do Estado angolano, não dólares, ou seja, a 22 de Janeiro de 2007, incluindo existem ainda mecanismos para a sua fiscalização a destruição da ponte sobre o rio seco, no Benfica, efetiva. milhares de populares ficaram ao relento, obrigando as autoridades a evacuá-las das zonas de Para se ter uma ideia da fraca fiscalização ao longo risco para outras de maior segurança a exemplo do da fronteira, apontou o facto de o Instituto de Zango. Desenvolvimento Florestal (IDF) na província ter menos de 25 agentes e a Polícia de Guarda De lá para cá pouco ou nada tem funcionado Fronteira ter também um reduzido número de devidamente quanto às estatísticas dos enormes efetivos. O secretário de Estado assegurou, no prejuízos das sucessivas chuvas que têm assolado a entanto, que a situação pode ser invertida nos metrópole. próximos tempos.

Outra situação não menos importante, disse, 2.14 Roubo de madeira na fronteira prende-se com o corte desordenado de árvores é preocupante pelos produtores tradicionais de carvão que estão a Jornal de Angola abrir enormes clareiras nas florestas. ''Nós conversámos com a população e alguns 18 De Fevereiro de 2013 madeireiros tradicionais do Cuangar, Calai e Dirico. Julgamos que nos próximos tempos vamos André de Jesus, que falava à imprensa no termo da encontrar uma saída desta situação alarmante", sua visita à província, lembrou que o Kuando- realçou André de Jesus, acrescentando que a maior Kubango partilha uma extensa fronteira com a parte dos cidadãos que residem nas localidades Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 22 fronteiriças não possui bilhete de identidade e as famílias. Os anos de paz e estabilidade implicam autoridades que trabalham ao longo da fronteira melhor concepção e ponderação, por parte das têm sérias dificuldades em distinguir o angolano populações, na hora de definir os locais do namibiano, devido à existência de laços apropriados e seguros para a construção de casas e familiares de um lado e outro. abrigos.

O vice-governador disse que o governo provincial Não podemos continuar a assistir a uma espécie de está ao corrente da situação e já começou a situação de emergência permanente em que trabalhar na criação de condições técnicas para Serviços de Bombeiros e Proteção Civil devem acabar com as constantes violações das fronteiras intervir para acudir as populações em zonas de do Kuando-Kubango por homens não risco. Com campanhas de sensibilização e identificados. Em relação à questão da atribuição educação das populações é possível acautelar do bilhete de identidade às populações das zonas situações preveníveis, como as que verificamos um fronteiriças, assegurou que também já foram pouco por todo o país. acionados os mecanismos junto da direção provincial da Justiça, para o envio ao Calai, As populações devem juntar-se aos esforços da Cuangar e Dirico de equipas de registo civil e dos governação no sentido de inverter o quadro serviços de identificação. relacionado com os acidentes que resultam da construção em zonas de risco. Os trabalhos de Na presença do secretário de Estado para os requalificação que numerosas zonas conhecem, Recursos Florestais, o vice-governador do implicando na transladação das populações para Kuando-Kubango para a área económica, Ernesto áreas seguras, são parte da estratégia do Executivo Kiteculo, denunciou que, recentemente, um no sentido de proporcionar melhores condições de helicóptero não identificado proveniente da habitabilidade e segurança. Namíbia entrou em território angolano, na localidade de Cuangar, para a prospeção de zonas Acompanhada das preocupações ligadas a de exploração de madeira. acomodação das populações em zonas seguras, está o trabalho de educação e sensibilização junto das Ernesto Kiteculo disse ter recebido também de populações em zonas de risco. O fim do conflito camponeses residentes ao longo da fronteira com a militar não reduziu a zero as preocupações das Namíbia informações segundo as quais, em populações mais carentes em construir abrigos diversas ocasiões, cruzaram-se com viaturas de sem a cuidada atenção para com as questões de todo o terreno com matrícula estrangeira que risco e insegurança envolvidos. entram no território angolano de noite e saem carregadas de madeira, carne de caça e capim em Em muitas localidades do país, continuamos ainda grandes quantidades. a assistir a construção de abrigos precários próximo das linhas de água, de empreendimentos estratégicos do Estado e reservas fundiárias do 2.15 Construção em zonas de risco Estado. Deve ser desencorajada a construção de Jornal de Angola casas junto de encostas, ravinas e localidades 21 De Fevereiro de 2013 porque, além de não oferecerem segurança, atentam contra a vida das pessoas. Viver em zonas de risco constitui sempre grande Acreditamos que urge uma ampla campanha de desafio para as populações e muito mais para as sensibilização das populações no sentido de entidades responsáveis pelo planeamento cooperarem com as entidades locais responsáveis urbanístico. Por razões ligadas ao conflito militar pela gestão urbanística e paisagística. Inverter a e às suas consequências, a ocupação dos solos para situação de construção em zonas de risco constitui a construção de abrigos nem sempre obedeceu aos um processo que envolve o esforço de toda a ditames urbanísticos e tão pouco a questões de sociedade e não apenas das instituições segurança. governamentais. A acomodação em zonas de risco foi seguramente Milhares de famílias viram melhorar as suas resultado de uma conjuntura que precisamos de condições habitacionais quando foram transferidas reverter para o bem da estabilidade e sossego das Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 23 de áreas de risco para localidades como o Panguila Mais vidas são preservadas com este processo de e Zango. A preservação da vida humana está entre educação e sensibilização que, a ser permanente, as preocupações imediatas do Executivo, razão reduz a zero os riscos de acidentes resultantes da pela qual tem desenvolvido esforços no sentido de construção em áreas inadequadas e proibidas. melhor acomodar as populações.

Todos os dias, testemunhamos gestos que se 2.16 Chuvas desalojam famílias no enquadram na criação das condições habitacionais Cuito para as populações. O projecto de construção auto Jornal de Angola dirigida, que abarca mais de sessenta projectos de construção de casas sociais para as populações em 23 De Fevereiro de 2013 todo o país, constitui um exemplo do interesse do Corpo Pelo menos quatro famílias ficaram sem Estado em ver as populações melhor acomodadas. abrigo, em consequência do derrube total das suas A necessidade de um abrigo não pode colocar a residências pelas fortes chuvas, que se abatem vida das pessoas em risco, bem como servir como sobre o Cuito, i nformou o Serviço provincial de meio de pressão junto das autoridades para Proteção Civil e Bombeiros no Bié. O obtenção de uma residência. O processo de alastramento da ravina no bairro da Câmara, construção de casas condignas está em curso em provocado pela força da água da chuva, foi um todo o país e, embora seja compreensível os passos factor que facilitou a destruição total das referidas dados pelas famílias para a autoconstrução, não faz casas. sentido correr riscos. A par destas, duas outras, situadas nos bairros A autoconstrução precisa de ser dirigida para Catemo e Cambulucuto, no município do Cuito, acautelar situação ligadas não só a segurança e ficaram sem tecto. O Serviço de Proteção Civil e comodidade, mas igualmente a gestão, urbanismo Bombeiros prestou ainda ajuda a 40 pessoas que e ordenamento do espaço. Numa altura em que se ficaram feridas, em consequência da colisão de aproxima a época das chuvas, somos de opinião dois comboios, no passado dia 16, no município que os trabalhos de sensibilização junto das do . populações devem continuar. A Proteção Civil salienta que um dos comboios Defendemos que se continue a realizar de forma do acidente levava inertes para a manutenção da recorrente seminários, palestras e outras ações linha férrea, enquanto o outro transportava 281 educativas, muitas delas já em curso, junto das passageiros, provenientes da província do Moxico. populações em zonas de risco. Obviamente que o No período entre 11 e 18 de Fevereiro, os alvo do trabalho educativo e das campanhas de bombeiros efetuaram oito evacuações de pacientes sensibilização estende-se para além das populações para o Hospital Provincial. em zonas de risco, para evitar que outras recorram às mesmas localidades para a construção de abrigo. Os mesmos foram vítimas de acidentes de viação, agressões físicas e patologias diversas. Os Neste âmbito, as autoridades nas diferentes bombeiros extinguiram, ainda, no mesmo localidades do país que enfrentam os desafios período, dois incêndios de pequenas proporções, ligados a construção em zonas de risco, devem ser sendo um causado por fogo posto num contentor as primeiras a dar o passo na inversão da situação. de resíduos sólidos, e outro por curto-circuito, Engajar as populações é fundamental e com os numa residência, cujos prejuízos foram avaliados devidos esclarecimentos relativamente aos perigos em 65 mil kwanzas. que envolvem a perda de vida e de bens. Foram ainda realizadas duas proteções e uma Os desafios continuam a ser enormes porque assistência a aeronaves, no aeroporto Joaquim reconhecemos que é ainda numeroso o universo Kapango, do Cuito, quando estas eram de famílias que residem em zonas de risco. Mas se reabastecidas de combustível. formos bem sucedidos no trabalho educativo de sensibilização para que as famílias deixem de encarar as zonas de risco como a saída para se abrigarem Angola inteira é que ganha. ' Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 24

2.17 Projecto acautela desastres na preservar o meio ambiente e melhorar a imagem bacia do Cuvelai da localidade. A informação foi avançada pelo gerente de sustentabilidade da empresa Odebrecht, O Independente Adriano Maricato Ramos. De acordo com o 23 de Fevereiro de 2013 responsável, para o Projecto Zango, cuja execução está a cargo da Odebrecht, foi escolhida a espécie O Ministério do Ambiente e os seus parceiros Acácia Rubra, cujo plantio começou em meados elaboraram o projecto de Promoção de de Dezembro de 2012. O trabalho de cultivo vai Desenvolvimento Resistente ao Clima e Reforço ser intensificado no ano de 2013, com a plantação da Capacidade de Adaptação, para suportar os de mais 15 mil plantas. No estaleiro do projecto riscos de desastres na Bacia do Rio Cuvelai. existe um viveiro de mudas onde são criadas Avaliado em 28 milhões e 50 mil dólares espécies nativas como goiabeiras, mangueiras e americanos, o projecto está enquadrado nas acácias."Lá recebem o tratamento adequado até políticas de desenvolvimento sustentável do que estejam em idade e tamanho suficiente para Executivo Angolano. O projecto visa reforçar o serem transportadas para os passeios das casas e conhecimento e a compreensão da variabilidade espaços públicos como canteiros de avenidas, climática e das ameaças induzidas pelas alterações escolas e rotundas", referiu Adriano Ramos. climáticas, nomeadamente as chuvas torrenciais. Segundo disse, o plano de arborização do Zango Com o apoio do Fundo Global do Ambiente faz parte das iniciativas sócio-empresariais voltadas (GEF), no quadro do Mecanismo de à preservação do meio ambiente. Para atender à Desenvolvimento Limpo (MDL) e de outras crescente demanda, o viveiro passou a produzir agências do sistema das Nações Unidas, o sete a oito mil mudas num período de 14 meses. O projecto, que arranca em breve, vai permitir Projecto Zango conta com uma equipa de responder de forma. manutenção que tem estado no terreno a observar o crescimento e a substituir as árvores que "rápida" às condições meteorológicas adversas. A apresentem defeitos, bem como a garantir a rega iniciativa vai de igual modo possibilitar a das mesmas. realização de acções de adaptação às alterações climáticas no quadro da implementação da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, de que Angola é parte signatária. De acordo com uma fonte do Ministério do Ambiente espera-se criar, no âmbito do mesmo projecto, um sistema de disseminação 2.19 Abate indiscriminado de de informação de riscos, de forma antecipada. árvores aumenta níveis de Liderado pelo Ministério do Ambiente, o projecto desflorestação conta com a participação dos Ministérios da Jornal de Angola Agricultura e Desenvolvimento Rural, Energia e Águas, dos governos das províncias do Cunene e 27 De Fevereiro de 2013 Namibe, assim como dos serviços de protecção O abate indiscriminado de árvores e as queimadas civil. Com ele, pretende-se reforçar a capacidade estão a provocar níveis de desflorestação das de adaptação das comunidades, reduzindo os principais zonas verdes em Angola em cerca de riscos de perdas económicas induzidas pelas 10.600 hectares por ano, refere o Relatório do alterações climáticas. Estado Geral do Ambiente de 2012. O documento apresentado pelo Ministério do Ambiente, afirma 2.18 Milhares de plantas no Zango que, no quadro desta desflorestação "legal e legal", O Independente não se sabe ao certo quantas espécies de animais e plantas são mortos por ano, mas o habitat de 23 de Fevereiro de 2013 muitos animais tem sido destruído durante esse processo. Mais de onze mil árvores foram plantadas nos últimos 12 meses no bairro Zango, em Luanda, Ao fazer a caracterização do sector da Agricultura com a intenção de arrefecer a temperatura, na Gestão Sustentável dos Solos, o documento Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 25 refere que o sector florestal representa 43,3 por cento da superfície do território nacional e o uso atual dos solos agrícolas é de cerca de 40 por cento, uma acção que registou um aumento em consequência do processo de desminagem ainda em curso no país.

Da percentagem do uso do solo, os pequenos agricultores em média usam 1,4 hectares por família, segundo o documento publicado pelo Ministério do Ambiente.

O documento descreve ainda que perto de 370 hectares em plantações florestais (polígonos florestais) estão sob controlo do sector florestal, locais de onde são retiradas algumas mudas para o repovoamento das zonas verdes que tem sido afetadas, na sua maioria, para fins comerciais.

Em 2012, o sector da agricultura em Angola contribuiu para o Produto Interno Bruto com 10,5 por cento. As autoridades angolanas estão preocupadas com a desflorestação, tendo em conta o seu impacto negativo na vida das populações. Para conter a situação devem implementar medidas punitivas mais duras.

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quatro a cinco mil kwanzas. Nos dias úteis da 3. MARÇO semana apenas ganha entre 1500 a 2000kwanzas. Benedito é desenvolto e assim vai fazendo a vida. 3.1 O pão que vem do mar Morador na Samba, conta que todos os dias acorda às quatro ou cinco horas da manhã, pronto Novo Jornal para a labuta. Além de tirar escamas ao peixe, 01 De Março de 2013 Benedito ajuda a transportar a chata dos pescadores. "Quando faço isso ganho mais, O mar é tradicionalmente uma grande fonte de porque, se eu chegar mais cedo, posso ajudar a rendimento para muitas famílias de Luanda. levar quatro ou cinco, eles me dão peixes e eu Sempre assim foi Pescadores e peixeiras depois vendo. Quando escamo peixe de três ou conseguem retirar do mar o rendimento para quatro clientes faço um bom dinheiro", garantiu, alimentar as suas famílias. Ultimamente, devido às manifestando preocupação porque em breve, serão dificuldades da vida e fazendo jus ao ditado: retirados dali e quem vive à sombra do mar não "Sofrimento gera criatividade", o leque de sabe o que vai ser da sua vida. actividades em tomo do mar alargou-se e há mais pessoas a encontrar nas ondas o seu sustento. A DOIS PEIXES POR CADA "PUXADA" nossa reportagem foi à Praia da Mabunda, no distrito da Samba, e apurou que por falta de Um jovem que preferiu o anonimato prefere emprego noutras áreas, muitos jovens se viraram puxar a chata por ser uma tarefa mais fácil e mais para o mar. Uns escamam peixe, outros ajudam a lucrativa. "Escamar o peixe dá mais trabalho e empurrar a chata (embarcações) dos pescadores até gasta mais tempo. Eu puxo as chatas e ganho à beira da praia e outros ainda. Com os carros de peixe, vendo alguns e o resto levo para o meu mão, transportam o peixe da praia até ao lugar consumo", revelou acrescentando ainda que onde os carros estão estacionados. Estes são alguns quando o dono da chata é generoso, dá uma boa dos novos ofícios que o mar, na das maiores quantidade de peixe e assim consegue levar três riquezas naturais de Angola, proporciona. Às mil kwanzas para casa, mesmo quando não é fim- 6hOO de uma segunda-feira, altura em que a de-semana. António (nome fictício), com o seu reportagem do Novo Jornal chegou à praia da carro de mão, vai andando entre a praia e a Mabunda, o frio ainda se fazia sentir e as ondas paragem de táxi e cobra, por cada cliente, batiam forte. Pensávamos que iríamos ser os consoante a quantidade de peixe que transporta. primeiros a chegar, mas não. Àquela hora, dezenas Os preços rondam os 100 kwanzas e, dependendo de jovens estavam por ali e já tinham chegado uns do número de clientes, pode ganhar entre dois mil às 4hOO, outros às 5hOO da manhã... Sentados a quatro mil kwanzas. O jovem conta que iniciou na areia, conversavam enquanto aguardavam a esta actividade em Benguela, sua terra natal, e que chegada da primeira chata, iriam ajudar a nunca mais pensou em fazer outra coisa. Tal como descarregar e receber em troca alguns peixinhos os outros. António está preocupado com o que para depois, venderem. Outros limpam o peixe está para acontecer brevemente, quando retirarem dos clientes que preferem levar o pescado para toda a população da praia da Mabunda, pois não casa sem escamas. Uns e outros conseguem levar sabe o que fazer sem o mar, que tem sido a sua dinheiro para casa e garantir o pão para a família. principal fonte de rendimento. "Por favor, eu Minutos depois da nossa chegada, o pequeno peço ao governo que pense em nós. Somos muitos grupo de jovens espalhou-se para começar a nesta situação, não sei o que será de nós se nos jornada. Uns dirigiram-se para a rua que dá acesso tirarem daqui", alertou. Mas, depois de descobrir, à praia, porque é a partir dessa altura que através de amigos, que a praia era mais rentável começam a abordar os clientes. Amiga, não vais decidiu abandonar o fabrico de blocos. "Na praia, arranjar peixe", dirigiu-se Benedito a uma senhora a pessoa ganha por dia. Quando batia blocos que tinha acabado de chegar à praia pagavam muito pouco Q era por mês", justificou. Beto José, que apenas escama peixe, conta que vive Para comprar peixe. O jovem conta que escama há com a mulher e os três filhos. a que ganha, cinco anos e que o faz por falta de emprego. segundo ele, não dá para sobreviver. "Às vezes, é Benedito relata que nos dias de maior afluência, difícil encontrar clientes. Há dias em que só ou seja aos fins-de-semana, consegue juntar entre consigo levar '1.000 kwanzas para casa. Só aos Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 27 fins-de-semana é que consigo, por vezes, quatro ou tantos postos de saúde. O relatório anuncia que cinco mil", lamentou, revelando que tem sido 170 casas ficaram parcialmente destruídas, 1.909 discriminado por exercer essa actividade e nem inundadas e que "as chuvas torrenciais afetaram 32 sempre é fácil lidar com isso. "Estou nisto por mil famílias em várias regiões do país". falta de emprego, mas muita gente ignora o que faço, só que é deste trabalho Entre 2010 e 2011, sublinha o documento, a chuva causou 387 mortes, 189 feridos, a destruição de VELHAS ARCAS VIRAM BANCADAS 36.539 casas e o desalojamento de 192.661 pessoas. Face a esta situação. Afirma, o Executivo por Todos procuram formas de ganhar alguma coisa intermédio de vários departamentos ministeriais com as oportunidades que surgem na praia. Uma "desenvolve planos exequíveis para a mitigação e antiga peixeira decidiu dedicar-se à limpeza do adaptação às altera- ções climáticas". local e montou uma enorme quantidade de arcas estragadas, onde os jovens arranjam o peixe dos O Ministério do Ambiente, que lidera, uma clientes e cobra a cada um 300 kwanzas por dia. A comissão multissectorial, realiza o Programa de mulher arranjou um grupo de jovens que, Acção Nacional de Adaptação às Alterações semanalmente, tira todo o lixo que resulta da Climáticas, que é um canal de comunicação de escamação do peixe. Beto José afirmou que a ex- informações relativas às necessidades urgentes e peixeira tem sido muito radical na cobrança da imediatas de adaptação. limpeza, ao ponto de não permitir escamar o peixe dos clientes, mesmo que seja fora das arcas. Apesar da disponibilidade limitada de recursos "Se não pagamos é guerra. Há vezes em que financeiros e do fraco envolvimento do sector tentamos estender um saco de plástico na areia privado, garante o relatório, continuam a ser para arranjar o peixe e ela fica brava, nos dá desenvolvidos esforços para mitigar os efeitos das corrida e até nos agarra pelos colarinhos".Natural alterações climáticas. do Huambo, o jovem conta que antes fa1ja blocos que sai o meu pão de cada dia". Benvindo, 3.3 Serviço de Proteção Civil morador no Cassequel, conta que todos os dias realoja famílias acorda às 5h00 para chegar cedo ao local de trabalho. Com um filho e a mulher para sustentar, Jornal de Angola diz que com o que ganha consegue sobreviver. No 01 De Março de 2013 fim-de-semana, revela, pode ganhar entre quatro a cinco mil kwanzas. Durante a semana, 2.000 a O Serviço de Proteção Civil e Bombeiros da Huíla 2500 kwanzas. Quantias que superam as que os realojou, no mês de Janeiro, em áreas seguras, 191 colegas chegam a arrecadar. a jovem diz que não famílias que se encontravam a residir em locais de tem outro lugar onde ir buscar sustento, por isso, risco, informou ontem o porta-voz da corporação, não pensou duas vezes antes de fazer o que faz. Emanuel Castro. O porta-voz disse à Angop, no Como é estudante, Benvindo entra no trabalho Lubango, ao fazer o balanço dos estragos das muito cedo e larga às I2h00 para poder estudar. As enxurradas na Huíla, que foram realojadas famílias duas actividades deixam-no, muitas vezes, exausto, dos municípios da Matala, Lubango, Humpata, mas há que seguir em frente. Sem vacilar. Chibia e Jamba.

As famílias, acrescentou, beneficiaram de parcelas 3.2 Revelados estragos das chuvas de terra, chapas, blocos e outros materiais para a no país construção das suas residências. O responsável Jornal de Angola adiantou que o processo de realojamento contou com a colaboração das administrações municipais, 01 De Março de 2013 que cederam os terrenos e materiais de construção civil. O documento, que refere em pormenor os efeitos negativos das alterações climáticas no país, salienta "Vamos continuar a trabalhar de forma a retirar que a chuva também provocou ferimentos em 50 aquelas famílias que vivem próximo de riachos, pessoas e a destruição de 2.110 casas, nove escolas, pontes, postes de alta tensão, montanhas e 12 instalações religiosas, cinco pontes e outros ravinas", realçou. Em relação aos danos Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 28 provocados neste período de chuvas, Emanuel solo, evitando assim acidentes. Segundo Emanuel Castro referiu a destruição de quatro pontes nos Castro, o Serviço de Proteção Civil e Bombeiros rios Cului e Mbua, no município da Jamba. está a recomendar e a alertar a população para a adoção de "medidas de autoproteção". Emanuel Castro enumerou também a destruição total de uma escola com seis salas, no município O governador em exercício da província do dos Gambos, o rompimento do teto do quartel do Huambo, Guilherme Tuluka, garantiu esta quarta- Serviço de Bombeiros da Jamba e da Matala e feira, na vila do Bailundo, que o Governo vai outras infraestruturas. O porta-voz informou que apoiar os 13 sobreviventes da descarga eléctrica foram ainda registados 213 desabamentos de registada na aldeia de Mbanje Kui1o. residências, constituindo assim 1.278 famílias que ainda clamam por ajuda humanitária. A posição do governante foi expressa no final da visita efetuada às vítimas de uma descarga eléctrica O Serviço de Proteção Civil e Bombeiros na internados no hospital do município do Bailundo. província resgatou também nove cidadãos nos municípios da Chibia, Lubango e Humpata. Para Guilherme Tuluka assegurou que o governo combater a sinistralidade e catástrofes naturais na provincial solidariza-se com as vítimas do província, o Serviço de Proteção Civil e Bombeiro incidente, pelo que soli- citou às direções das na Huíla conta com três viaturas, sendo duas Universidades José Eduardo dos Santos (UJES) e ambulâncias de suporte vital e uma de salvamento Agostinho Neto (UAN), no sentido de fazerem e pronto-socorro. um estudo profundo sobre as descargas elétricas que têm ocorrido, de modo inusitado, nos últimos tem- pos. 3.4 Os raios da nossa desgraça O independente O director do hospital municipal do Bailundo, Evaristo Paulino Chissende, informou que 10 dos 02 De Março de 2013 13 sobreviventes, que se encontravam internados na unidade hospitalar, já receberam alta, dada a Em algumas províncias do país o fenómeno raio, recuperação favorável. quando chove, é um perigo que, em alguns casos, tem vindo a tirar a vida a pacatos cidadãos. "Temos outras três pacientes internadas, mas que se encontram fora de perigo e a sua recuperação Apesar de ser um fenómeno natural inevitável, decorre satisfatoriamente, pensamos que dentro de existem meios para minimizar as suas alguns dias vão ter alta", disse. consequências. Isso mesmo é o que o Serviço de Proteção Civil e Bombeiros tem vindo a alertar e a A última grande descarga eléctrica na aldeia de elucidar. Mbanje Kuilo, no Bailundo, provocou a morte de oito pessoas e o ferimento de 13. Na Huíla, esta instituição está a aconselhar a população a instalar, nas suas residências, para- Cinco pessoas morreram e seis outras ficaram raios, de modo a evitar acidentes provocados pelas feridas em consequência de uma descarga eléctrica descargas elétricas. O porta-voz do Serviço de provocada pela chuva que se abateu nesta terça- Proteção Civil e Bombeiros na Huíla, Emanuel feira sobre o município do , 171 Castro, disse à Angop ser necessário que os quilómetros a sudeste da cidade de Benguela. munícipes adquiram, junto desta instituição, os instrumentos de proteção. O facto aconteceu por volta das 18 horas, no mercado informal do Bairro da Passagem, Emanuel Castro referiu que o sistema protege das arredores da cidade do Cubal. Das vítimas mortais calamidades provocadas pelas fortes chuvas e pelas constam três crianças com idades compreendidas trovoa- das, que, às vezes, acabam por provocar entre os sete e 13 anos. Os feridos recebem mortes e danos materiais avultados. cuidados médicos no hospital municipal.

De acordo com o responsável, os para-raios são O corpo clínico do hospital municipal caracteriza acessórios porque intercetam a corrente eléctrica o estado dos sobreviventes de razoável, atmosférica e a conduz de forma segura para o descartando qualquer perigo de vida. Face ao Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 29 sucedido; a administração municipal O Instituto do Desenvolvimento Agrário (IDA) disponibilizou-se a apoiar os funerais e organizou em parceria com a firma António Zeferino, ligada um velório coletivo no cemitério local. a diversos sectores com destaque para o da agricultura, está a apoiar cerca de 2.000 famílias camponesas localizadas nos seis municípios da 3.5 Huambo é cidade ecológica província do Cunene. Jornal de Angola 05 De Março de 2013 O projecto conta com a ajuda direta do governo provincial e consiste na atribuição de terras e O ambientalista Valdimiro Russo considerou, em materiais agrícolas, tendo abrangido um total de Luanda, a cidade do Huambo como a mais 776 associações e 11 cooperativas de agricultores, ecológica de Angola. Em declarações à Angop, dos municípios da , , , Vladimiro Russo disse que, apesar deste Cuvelai, e Ombandja. reconhecimento, o Huambo deve solucionar as Segundo o proprietário da empresa, Jorge questões que se prendem com a introdução de António Zeferino, em 2012, o sector agrícola teve energias alternativas e a construção de um aterro um desempenho positivo, graças ao trabalho sanitário para melhorar a gestão dos resíduos. desenvolvido e que continuará nos próximos anos. Falando por ocasião do dia africano do Ambiente, Em relação ao programa de combate à pobreza, o assinalado no domingo, Vladimiro Russo disse ser responsável da firma informou que o governo difícil estabelecer um critério para se determinar a local vai apoiar este ano, criadores de gado e 700 cidade mais limpa. Mesmo assim, o ambientalista pescadores artes anais das 36 associações e seis Valdimiro Russo referiu que muitas delas dão cooperativas de pescadores, com a distribuição de passos nessa direção, tendo como principal eixo a embarcações de arte de pescas. sua sustentabilidade. "Os programas de apoio à agricultura aumentam a O ecologista defende que todos os cidadãos devem capacidade produtiva das famílias rurais, contribuir para uma Angola melhor e mais limpa, combatendo à pobreza nas comunidades e e analisar o impacto na natureza. Vladirniro Russo melhora a segurança alimentar da população", ressaltou que a seca, as alterações climáticas, a disse. Na ocasião, a fonte assegurou que a empresa desflorestação e a rápida urbanização de algumas tem estado a trabalhar em programas de extensão zonas são fatores determinantes que afetam o de desenvolvimento rural e de fomento agrícola, ecossistema. na entrega de sementes, fertilizantes, enxadas, O ecologista adiantou que a União Africana já catanas e charruas.. tomou um conjunto de iniciativas para minimizar Durante a última campanha agrícola, foram esta situação, cujas propostas passam pela assistidas na província cerca de 91 mil famílias discussão dos problemas ambientais e a procura de organizadas em associações e cooperativas soluções. agrícolas. Para este ano, prevê-se uma produção de Vladirniro Russo disse que os países africanos 72 mil toneladas de cereais, entre milho, debatem-se com vários problemas e cada um deve e massambala, além de alface, repolho, batata, desenvolver ações consideradas mais importantes cebola, feijão verde e milho. para a resolução dos problemas ambientais. O empresário explicou que recentemente foram Defendeu a educação ambiental dos cidadãos. inscritos no programa de comércio rural nos municípios de Cuanhama e Curoca onde cerca de 3.6 Projectos melhoram a 43 comerciantes têm à sua disposição 15 armazéns produtividade de famílias com capacidade para 61.927 metros cúbicos. camponesas no Cunene Na ocasião, Jorge Zeferino disse que o milho é o Jornal de Economia e Finanças cereal que serve para o consumo direto das 05 De Março de 2013 populações e para a indústria de rações, por isso, Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 30 necessita-se de grandes quantidades para o 3.7 Chuva torrencial destrói aumento da produção de carne. moradias Quanto ao crédito agrícola, a fonte destacou que Jornal de Angola quatro cooperativas, já se beneficiaram, com 07 De Março de 2013 destaque para o município de Ombandja, onde 102 camponeses beneficiaram diretamente e 636 A chuva que caiu sobre a província do Bié entre os de forma indireta. Para este ano, acrescenta a meses de Janeiro e Fevereiro destruíram 497 infra- fonte, cerca de 5.500 camponeses irão beneficiar estruturas sociais, informou no Cuito o porta-voz do crédito agrícola, urna vez que os documentos já do comando provincial do Serviço de Proteção foram enviados para os bancos operadores para a Civil e Bombeiros. De acordo com Vasco Chioca sua aprovação. foram atingidas várias habitações, estabelecimentos escolares e centros médicos. Para este ano revelou o proprietário da empresa Antônio Zeferino vai apostar na continuidade dos Além de danos materiais, segundo Vasco Chioca, programas ligados à agropecuária, com o os prejuízos causados pela chuva torrencial incremento do fomento da criação de gado bovino feriram três pessoas e destruíram alguns campos e caprino."Queremos apresentar ao Governo agrícolas. O responsável do Serviço de Bombeiros projectos de desenvolvimento na perspectiva de no Bié disse que a chu- va deixou milhares de transformar os produtos de origem local", famílias desalojadas, que necessitam de assistência sustentou. humanitária urgente.

O empresário, acrescentou que existe muitas O Serviço de Proteção Civil, em parceria com a empresas privadas engajadas no sector para a Direção Provincial da Assistência e Reinserção produção de carne, frangos e cereais. Na visão do Social, tem distribuído bens de primeira empresário, o projecto vai contribuir necessidade às comunidades afetadas pela chuva. significativamente no crescimento do sector nos As quedas pluviais provocam um rastro de próximos anos, com particular realce para o destruição em todo o país, sobretudo nas zonas período 2014/2015. rurais. de forma indireta. Para este ano, acrescenta a fonte, cerca de 5.500 camponeses irão beneficiar 3.8 Chuvas intensas feriram pessoas do crédito agrícola, urna vez que os documentos já Jornal de Angola foram enviados para os bancos operadores para a 08 De Março de 2013 sua aprovação. Pelo menos três pessoas ficaram feridas ao serem Para este ano revelou o proprietário da empresa atingidas por um raio na quarta-feira, na comuna Antônio Zeferino vai apostar na continuidade dos da Cambândua, município do Cuito, província do programas ligados à agropecuária, com o Bié, afirma uma nota, do Serviço de Proteção incremento do fomento da criação de gado bovino Civil e Bombeiros, chegada à redação do Jornal de e caprino."Queremos apresentar ao Governo Angola. projectos de desenvolvimento na perspectiva de transformar os produtos de origem local", Abel Calende, Ana Butão e Valéria Chinengue, de sustentou. O empresário, acrescentou que existe 32, 22 e 21 anos, foram levados-pelo Serviço de muitas empresas privadas engajadas no sector para Proteção Civil e Bombeiros para o Hospital a produção de carne, frangos e cereais. Na visão Provincial do Biê, onde se encontram a receber do empresário, o projecto vai contribuir cuidados médicos. significativamente no crescimento do sector nos próximos anos, com particular realce para o O documento refere que os sinistrados foram período 2014/2015. surpreendidos dentro de casa, quando caía uma intensa chuva, acompanhada de fortes vendas.

No mesmo dia, o Serviço de Proteção Civil e Bombeiros foi chamado para neutralizar um Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 31 enxame de abelhas numa residência no bairro 3.10 Mais de 10 mil hectares Cantiflas, zona suburbana da cidade do Cuito. O destruídos por ano ataque não causou danos humanos. Folha 8 e Ainda no mesmo dia, os bombeiros neutralizaram 09 De Março de 2013 um incêndio numa residência, como resultado de um curto-circuito. Os níveis de desflorestação das principais zonas verdes em Angola são de cerca de 10 mil e 600 Os prejuízos foram avaliados em mais de 185 mil hectares por um ano como resultado do abate kwanzas. A nota do Serviço de Proteção Civil e indiscriminado e queima em várias regiões do Bombeiros destaca ainda a ocorrência de um outro País. O dado consta do 2º relatório do Estado incêndio no bairro Catraio, Cuito, devido a um Geral do Ambiente (REGA) 2012 apresentado curto-circuito, que carbonizou dez metros de cabo onde faz menção, entre outras áreas, a de um poste de transporte de energia eléctrica de caracterização do sector da Agricultura na Gestão baixa tensão, e a evacuação para o hospital Sustentável dos Solos. provincial de cinco feridos em consequência de acidentes de viação, agressões físicas e diversas O quadro desta desflorestação "legal e ilegal" não patologias. se sabe ao certo quantas espécies de animais e plantas são devastadas anualmente, mas o habitat de muitos animais tem sido destruído durante este 3.9 INAMET prevê chuvas processo, anualmente. destruidoras em Abril Folha 8 e De acordo o documento, o sector florestal representa 43,3 porcento da superfície do 09 De Março de 2013 território nacional e o uso atual dos solos agrícolas é de cerca de 40 porcento, uma acção que registou O INAMET adverte que as fortes chuvas um aumento em consequência do processo de estimadas para o mês de Abril poderão trazer desminagem ainda em curso no País. consequências catastróficas, com principal incidência para as provín- cias do Norte e leste de Da percentagem do uso do solo, os pequenos Angola. De acordo com o meteorologista, agricultores em média usam 1,4 hectares por Francisco Osvaldo o nosso país, só tem vinte por família, segundo o documento publicado pelo cento de cobertura de para-raios de proteção Ministério do Ambiente. Segundo ainda o contra as cargas elétricas. relatório, perto de 370 hectares em plantações florestais (polignos florestais) estão sob controlo "As últimas chuvas que vão ocorrer em Abril são do sector florestal, locais onde são retiradas de origem térmicas, a tendência é chuvas com algumas mudas para o repovoamento daquelas trovoadas e são chuvas fortes, que pode vir a nos zonas verdes que têm sido afectadas, na sua levar a situações catastróficas", informou. No País, maioria, para fins comerciais. acrescentou, no que concerne ao para-raios ou proteção sobre as cargas elétricas estamos basicamente com uma cobertura de 20 por cento, 3.11 Seca e chuva só atingem os porque nós temos muito mineral no solo que pobres atraem estas descargas. Folha 8 Por outro lado, aconselha as pessoas a evitar 09 De Março de 2013 práticas que podem perigar as respectivas vidas como estar debaixo de alvores ou falar o telefone O INAMET adverte que as fortes chuvas prevista durante as chu- vas, bem como expor a bateria dos para o mês de Abril poderão trazer consequências carros. Os últimos meses, a realidade tem estado ca- tastróficas, com principal incidência para as muito próxima das previsões do INAMET que províncias do Norte e leste de Angola. precipitar alertar as autori- dades no sentido de trabalharem no sentido de evitar danos maiores. E se não é a chuva é a seca. E, como sempre, o resultado desta realidade num país rico é o de urna mais uma, crise alimentar todos sabem que as Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 32 chuvas destroem plantações inteiras, provocam Importa neste, e em quase todos os outros dano na pecuária e também na estrutura de água contextos recordar as verdades ditas por Mo potável. Sabem, mas ao que parece isso não Ibrahim, o magnata britânico de origem sudanesa, preocupa quem manda. que arrasam com os donos do poder em quase todos os países africanos. As previsões indicam que em Angola, mais de 1,8 milhões de pessoas estão ou serão afetadas pela Mo Ibrahim, que acumulou fortuna no sector das escassez de alimentos. No Zimbabwe, Lesoto e telecomunicações no Reino Unido, Malawi o problema deverá atingir mais de seis responsabilizou as "falhas monumentais dos milhões. líderes africanos após a independência", explicando sem meias palavras que "quando Este alerta foi lançado por organizações ligadas a "quando nasceram os primeiros Estados africanos Cruz Vermelha e ao Crescente Vermelho que, independentes, nos anos 50, África estava melhor desde logo, acusam e bem os meios de em termos económicos". comunicação social de não falarem do assunto, procurando escamotear uma catástrofe que está ao Não se sabe, se por exemplo, José Eduardo dos dobrar da esquina, além disso, afirmam que as Santos, terá ficado satisfeito. Provavelmente não. autoridades destes quatro países não estão a dar a As verdades têm destas coisas. devida atenção ao problema. Mo Ibrahim explica que "as enormes falhas na No caso de Angola parece uma acusação injusta. governação provocaram o retrocesso", acusando Todos sabem que as autoridades (dizem que) igualmente os cidadãos porque foram eles que trabalham em prol das populações mais permitiram que os destinos do continente fossem desprotegidas e vulneráveis. conduzidos por maus líderes.

Ou não será assim? Acresce que, como começa a O empresário qualifica de "vergonhoso e um ser o crónico em Angola, à fome juntam-se golpe à dignidade" a contínua dependência de doenças como a malária, a diarreia e a cólera. África em relação ao ocidente, tendo em conta os "recursos impressionantes" que abundam no A Cruz Vermelha acusa mesmo os governos de, continente. em alguns casos, para além de nada fazerem para prevenir as calamidades estarem, igualmente, a " Não se justificam a fome, a ignorância e a bloquear a actividade das agências humanitárias. doença que assolam África", enfatiza Mo Ibrahirn, para quem a solução terá de passar Bloqueio que, se não existisse, levaria essas obrigatoriamente por "bons líderes, boas agências a denunciar que o regime branqueia a sua instituições e boa governação", sem os quais "não inoperância na luta contra a pobreza, ao mesmo haverá Estado de Direito, não haverá tempo que ajuda os ricos a serem cada vez mais desenvolvimento". ricos, em contraposição aos pobres que são ajudados a serem cada vez mais pobres. Pois é. Mas José Eduardo dos Santos garante que Angola está no caminho certo, faz um balanço E tudo acontece nas mais cândida impunidade positivo e exemplifica com as "realizações e os política, civil e criminal dos responsáveis. E isto empreendimentos inaugurados quase todas as acontece porque, citando José Ribeiro, director do semanas". "Jornal de Angola", "o Governo de Angola é constituído por gente tão honrada e tão séria Eventualmente por precisar que os meses tivessem como os governos de Portugal ou da Irlanda. mais semanas, o presidente garante que a "nova Angola" está "pronta para iniciar uma nova etapa O Presidente de Angola é tão honrado e tão sério da sua história, na qual todos os nossos esforços como os presidentes de Portugal, da Irlanda ou de estarão voltados para os mais desfavorecidos, qualquer outro país da União Europeia. E os aqueles que mais sofrem porque têm pouco ou nosso dirigentes políticos merecem o mesmo quase nada". respeito e a mesma consideração que os políticos de Portugal ou da Irlanda". Como cidadãos inimputáveis, os dirigentes do país podem fazer tudo o que lhes apetece. Razão tem o Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 33 moçambicano Tomaz Salomão, secretário desencorajar as populações que ainda habitam nas executivo da SADC (Comunidade para o áreas de risco a abandona- las e pedir para Desenvolvimento da África Austral), quando comparticiparem nos trabalhos que visam o afirma: "são ditadores, mas pronto, paciência... estancamento do efeito erosivo. Apontou a população dos bairros "Kuenha", "Bomba", "4 de São as pessoas que estão lá. E os critérios da Fevereiro", "Zorro", "Sangondo" e "Aço" como as liderança da organização não obrigam à realização mais ameaçadas pela progressão das ravinas. de eleições dernocráticas". Ainda para fazer face à calamidade a comissão de proteção civil prevê distribuir sementes agrícolas 3.12 Chuva desaloja mais de 200 às populações afetadas e garantir medidas de famílias no Moxico controlo sanitário para evitar a propagação de O País patologias. 15 De Março de 2013 3.13 Chuvas de Abril podem ser A Comissão Provincial de Proteção Civil no Moxico traçou quarta- feira, no Luena; estratégias catastróficas para acudir 12 mil e 765 vítimas das fortes chuvas O Independente que se abateram nos últimos dias sobre a região. 16 De Março de 2013 Segundo dados expressos no relatório da comissão, a que a Angop teve acesso, durante o mês em A fraca cobertura de pára-raios em Angola esta curso a chuva provocou a nível da província seis preocupar as autoridades, devido no registo de óbitos, oito feridos, desabamento de 2.203 casas de dezenas de mortos e feridos, principalmente nas construção precária. províncias, do centro e sul do pais, que nos últimos tempos foram vítimas de descargas Trezentas e 23 residências ficaram sem teto, foram eléctricas nalgumas regiões do pais. A preocupação destruídas 22 igrejas, 15 escolas e sete postos foi manifestada pelo Instituto Nacional de médicos. A nota esclarece que o município sede Meteorologia e Geofísica, de Angola que prevê (Moxico) é o mais afetado, com três óbitos, seis para Abril próximo chuvas fortes, com principal feridos, mil e 318 casas destruídas, 181 residências incidência nas províncias do sul, que poderio sem tetos e 215 pessoas desalojadas nos bairros trazer -alertou - «consequências catastróficas». "Kwenha", "Aço", "Sawam" e "Mandebwé". Francisco Osvaldo, meteorologista do INAMET, disse a O Independente que o país tem apenas 20 Em declarações à Angop, o porta-voz da comissão, por cento do seu território protegido contra Comissário Filipe Barros Espanhol, disse que para descargas eléctricas. «As últimas chuvas, que vão acudir a situação prevê-se distribuir chapas de ocorrer em Abril, são de origem térmica e a zinco e outros materiais gastáveis aos sinistrados tendência será de chuvas com trovoadas. São localizados nos municípios do Moxico (sede), chuvas fortes, o que nos pode vir a levar a Kamanongue, Léua, Luau, Alto Zambeze, Lumege situações difíceis se não forem tomadas medidas de Cameia, Bundas e Luacano. prevenção», disse o meteorologista. Na última Dada à insuficiência dos meios disponíveis, o semana, registou-se a morte de nove pessoas e o também delegado do Ministério do Interior no ferimento de 14, em menos de sete dias, no Moxico avançou que será realizada uma campanha município do Bailundo, na província do Huambo, de angariação de donativos a nível provincial e em consequência de descargas eléctricas nacional, para juntar aos bens existentes. provocadas por chuvas torrenciais. A Adiantou que neste momento já foram localizados administradora adjunta do Bailundo, Deolinda e preparados os terrenos para alojar as famílias que Miguel, disse que vão ser instalados pára-raios nas ficaram sem abrigo, em consequências das localidades onde se regista maior índice de enxurradas. descargas eléctricas. Deolinda Miguel referiu que não existe uma verba destinada para este fim, mas, Por outro lado, o administrador adjunto do dentro do orçamento disponibilizado pela município do Moxico, Bento Paulino Luembe, administração, parte dela vai servir para este fim, disse que os agentes da fiscalização vão com prioridade para as zonas onde este ano já Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 34 foram registadas mortes. «Não temos outros parcialmente os equipamentos da estação mecanismos de proteger as populações das repetidora da Rádio Nacional (RNA) e da descargas eléctricas. A única forma é instalar os Televisão Pública de Angola (TPA), privando os pára-raios nas áreas críticas, um processo que será munícipes de Informação por cerca de cinco dias. executado nos próximos dias», realçou aquela Importa referir que, em Dezembro de 2012, um só responsável governamental. Dados avançados pela raio causou, numa lavra na localidade de Serangola administradora adjunta do Bailundo dão conta que 12 mortos e dois feridos para o sector político e em menos de 15 dias foram registados 11 mortos e social. Eliseu Epalanga, um dos responsáveis pelo 25 feridos naquela circunscrição, localizada a 75 serviço de bombeiros, considerou que, apesar das quilómetros a norte da cidade do Huambo, no acções desenvolvidas pela Comissão Provincial de planalto central de Angola. No final de Fevereiro, Protecção Cívil, que muito têm contribuído para foram registadas igualmente a morte de cinco o sossego das populações, outras acções deverão pessoas e ferimentos em seis, no município do merecer a devida atenção, face às vitimas de Cubal, 171 quilómetros a sudeste da província de desastres naturais. O responsável disse que esta Benguela, causadas por descargas eléctricas. atenção está relacionada com a falta de pára-raios em algumas localidades e a permissão de Falta de pára-raios alarma no construções em zonas de riscos. O arquitecto Gerson Domingos Miguel, disse que muitos dos Por sua vez, os habitantes do município do prejuízos provocados pelas cargas eléctricas nas Balombo, a 182 quilómetros a nordeste da cidade zonas rurais, podem ser minimizados com a de Benguela, mostraram-se preocupados coma colocação de pára-raios nos edifícios. Gerson falta de pára-raios na região, devido às constantes Domingos Miguel disse que hoje por hoje não se descargas eléctricas que têm causado enormes fala muito na colocação de pára-raios, porque prejuízos humanos e materiais. Em alegasse a questão financeira uma vez que este declaraçõe5aestejornal,o munícípe Domingos equipamento é ainda muito caro. O pára-raios é Kapinji considera importante a colocação de pára- um material que logo a princípio é bastante caro, raios na região, visando minimizar os estragos para a sua montagem e sobretudo o seu causados pelas chuvas. "Só as descargas eléctricas funcionamento, é um material electrostático e é causadas pelas chuvas dos últimos dias também um material que precisa de manutenção provocaram dois mortos e quatro feridos nos constante. De acordo com o responsável, a melhor bairros da zona Urbana, Hoji-ya-Henda, Aldeias maneira de evitar acidentes com raios é não ficar de Bungue e paralisaram o funcionamento do Raio exposto em ambientes descampados, locais altos e X no hospital municipal", afirmou. Já Albino abertos e principalmente praias, campos de Kapingana e Domingas Maria residentes na sede futebol e piscinas. Por sua vez, o porta-voz do município, disseram que, quando chove as Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros, pessoas temem as descargas eléctricas e ficam na Faustino Camões Sebastião, aconselhou as pessoas incerteza do que poderá acontecer por falta de a não se protegerem perto de linha de transmissão, protecção dos pára-raios. Por seu lado, o postes, cerca metálicas e pára-raios. «Caso esteja a administrador municipal do Balombo, Júlio da dirigir mantenha toda a família no interior do Silva Kwanza Santos, lamentou as mortes e os veículo nunca par debaixo d arvores», explicou. prejuízos materiais causadas pelas descargas Acrescentou ser necessário tomar-se cuidado até eléctricas e ventos na sua área de jurisdição, tendo mesmo dentro de casa pois apesar da residência ser reconhecido a necessidade de se montar o referido um abrigo seguro, alguns cuidados devem ser equipamento em alguns pontos estratégicos para a tomados. «Deve-se evitar tomar banho durante a protecção dos munícipes e das instituições contra tempestade, falar ao telefone, bem como devem este fenómeno natural. Júlio da Silva Kwanza ser desligados todos os aparelhos electrónicos das Santos garantiu que vai encetar contactos junto do tomadas de corrente eléctrica». Para se evitar que governo da província para a concretização do as descargas eléctricas atinjam locais indevidos, projecto de colocação de pára-raios no município. como postes, edifícios, depósitos de combustíveis, O Independente apurou de fonte segura que, no linhas de transmissão eléctrica, de entre outros principio deste mes, as descargas eléctricas defendeu a necessidade da instalação de pára-raios, causaram um morto na Aldeia de Hanga, um que é constituído essencialmente de uma haste ferido na sede do município e danificaram metálica disposta verticalmente no alto da Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 35 estrutura a ser protegida. Esta haste é ligada à terra resolverem o problema. Quando comprou o através de um fio condutor. Quando a terra terreno, a empresa não existia, daí a segurança do adquire cargas eléctricas induzidas, estas se morador em relação a essa área dos Mulenvos, que concentram na ponta do pára-raios, de forma que se tornou num verdadeiro calvário para o povo a descarga eléctrica entre a nuvem e a terra se dá local, conforme considera Eliseu Sambango. através do fio. Faustino Sebastião alertou, por Marcela João Manuel de 31 anos de idade, outra outro lado que o perigo do raio é cerca de dez moradora que vive próxima do quintal da Ango- vezes maior no campo aberto do que na cidade. recicling informou que, em Dezembro de 2012, se Numa rua da cidade, prosseguiu os fios e as deu a primeira situação do género quando uma estruturas de aço dos edifícios protegem as pessoas máquina que se encontrava a juntar as garrafas como os pára-raios. embateu contra uma destas. "Estava aí um desses tractores a puxar as botijas mas, de repente, ouvimos um estrondo e em pouco tempo esta 3.14 Morador arrependido zona ficou coberta de um gás cuja cor se Jornal O País confundia entre branca e cinzenta com um cheiro 22 De Março de 2013 semelhante ao de lixívia, que começou a perturbar as pessoas", explicou, realçando que a maior parte Um dia depois se ter mudado para a sua nova casa dos moradores decidiu abandonar a área. A no Mulenvo de Cima, Eliseu Sambango de 50 anos entrevistada encontrava-se fora de casa na hora do de idade viveu e testemunhou com bastante sucedido, por isso teve de procurar os seus filhos tristeza a agitação geral que moveu o bairro pela de seis e quatro anos, entre os grupos de vizinhos. terceira vez, num espaço de três meses. "Nós Outros, aludiu Marcela, não conseguiram sair de chegámos no dia 16 e no dia seguinte dá-se logo suas casas, porque o ar já estava bastante poluído, essa situação, é claro que a primeira coisa que a tendo preferido ficar por aí, onde a moradora minha esposa e eu fizemos foi pensar mil vezes considerou mais perigoso. "Esta situação do porquê tanto azar", desabafou o morador que já Domingo passado foi a terceira vez, porque na pensou em vender a casa que ainda está em obra. segunda do dia oito de Janeiro de 2013 desmaiou Vale lembrar que a sua residência é a primeira no muita gente, quase o bairro todo", referiu, prolongamento sudeste do quintal da Ango- adiantando que por causa disso há pessoas que já recicling. Aliás, as botijas pareceriam estar no pá- não querem viver mais no bairro, foram para tio deles, não fosse o cerco feito pela EUSAL, na outras paragens. parte de traseira dos primeiros vizinhos da empresa vocacionada para a recuperação de metais. 3.15 Chuvas causam estragos Jornal de Angola Quando se apercebeu do mau cheiro calculou ser 22 De Março de 2013 originado por mosquiteiros novos trazidos por si para proteger os filhos das picadas de mosquitos, A chuva que caiu ontem em Luanda causou mas a esposa assegurou-lhe tratar-se de um gás do inundações em casas e quintais, intransitabilidade quintal da empresa vizinha. "Então, fui ter com os de algumas ruas e dificuldades de circulação guardas da Ango-recicling para me inteirar da noutras, devido aos buracos e lama, indica o situação e eles me confirmaram já ter havido um Serviço Nacional de Proteção Civil e Bombeiros. caso, em Janeiro, que fez desmaiar muita gente", declarou Eliseu Sambango, tendo recordado que Segundo um balanço provisório feito pelo porta- os seus pedreiros haviam sido vítimas deste voz da corporação, Faustino Sebastião, a chuva e o fenómeno. Apesar de ser novo na área, Sambango, vento provocaram também a queda de painéis como é tratado entre os vizinhos, ficou a saber publicitários e de árvores. que a Ango-recicling já tinha sido notificada pelas instâncias superiores do Governo, no sentido de De acordo com Faustino Sebastião, a situação nos retirar os reservatórios metálicos que contêm diferentes bairros da periferia da cidade capital é substância nociva. "Infelizmente aquilo que seria idêntica, com destaque para os distritos urbanos para três dias está a passar de três meses", da Ingombota, Sambizanga, Rangel, Samba e lamentou, apelando aos órgãos do Estado para Kilamba-Kiaxi municípios de Viana e Cacuaco. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 36

Acrescentou que ontem, a chamada "Ponte do algumas das principais vias do Cazenga, como a Balumuka" estava intransitável. Parte do bairro do Quinta Avenida, e as Lagoas do Mabululo e da Palanca, no Kilamba-Kiaxi, da Terra Vermelha e Catumbela. Uma equipa dos Bombeiros foi Lixeira, na Maianga, da Salina, Fubu e Dangereux, enviada ao local para a drenagem das águas da no município de Belas, estavam em situação chuva que caiu sobre a província de Luanda. idêntica. Várias equipas dos Bombeiros e das áreas técnicas No Cazenga, foram apontadas dificuldades na das administrações municipais e distritais estão, circulação na quinta e sexta avenidas, nos bairros desde quarta-feira, no município do Cazenga para das comunas Hoji ya Henda, Tala Hady e acesso a a drenagem das águas da chuva em moradias, algumas escolas, situação vivida igualmente nos quintais, escolas, hospitais e na via pública. A municípios do Cacuaco e Viana. província de Luanda, com uma área de 2.257 quilómetros quadrados, tem uma população de Faustino Sebastião disse que não foram registadas cinco milhões de habitantes, distribuídos pelos vítimas humanas e as equipas do Serviço Nacional municípios de Luanda, Cacuaco, Viana, Icolo e de Proteção Civil e Bombeiros e de áreas técnicas Bengo, Quissama, Cazenga e Belas. das administrações municipais e distritais combateram as inundações. 3.17 Estradas novas, problemas Nas operações de socorro foram utilizadas velhos motobombas no interior de residências, quintais e nas vias que estavam intransitáveis. Semanário Angolense 23 De Março de 2013

3.16 Chuva faz um morto e As chuvas que ultimamente se abateram sobre desalojou famílias Luanda viraram a cidade do avesso mostrando Jornal de Angola uma vez mais que da não está preparada para receber chuvas. Lamentavelmente Luanda 23 De Março de 2013 continua a «molhar-se», à mínima queda de águas pluviais. As ruas casas ficam inundadas e a cidade Um bebé de nove meses morreu electrocutado na traz à superfície todas as suas debilidades de infra- comuna do Kicolo, em Luanda, na sequência da estruturas: esgotos que não funcionam areias que chuva que caiu sobre a capital angolana, que invadem o asfalto e lixo que corre solto, ao sabor desalojou também 38 famílias nos municípios do das águas. Algumas avenidas da capital, mesmo as Cacuaco e Cazenga, segundo um balanço, ainda artérias que foram recentemente reabilitadas com provisório, divulgado pelo Serviço Nacional de novo tapete asfáltico, não têm resistido à força das Protecção Civil e Bombeiros. águas. A avenida N'gola Kiluanje, também O porta-voz do órgão operativo do Ministério do conhecida por «estrada da Cuca», apesar de ter Interior, Faustino Sebastião, disse, ontem, à sido recentemente reabilitada) já se encontra em agência de notícias Angop que algumas famílias estado lastimável, salpicada por buracos e crateras sinistradas viviam em 15 moradias desabadas no de vária índole. Neste troço, que liga o S. Paulo ao bairro do Lumundo, comuna da Funda. O alto Kíkolo, o trânsito tem ficado literalmente parado funcionário do Serviço de Bombeiros acrescentou durante um longo periodo de tempo, sobretudo que há ruas intransitáveis, como a Pescadores, sede no periodo matinal quando o musseque desce à municipal, Caop, Embondeiro, Cerâmica e 4 de cidade… Os utentes dessa via dizem que a Fevereiro, no município do Cacuaco. No passagem de nível tem sido um dos maiores município do Cazenga, um dos maiores em obstáculos à circulação rodoviária, devido a uma Luanda, 23 famílias estão desabrigadas devido às lomba lá existente. Soube-se esta semana que o inundações das suas moradias, situadas na Zona trânsito automóvel ficou cortado durante algumas 17,junto a urna vala de drenagem que horas, à conta de um comboio que domou a transbordou. O porta-voz do Serviço Nacional de iniciativa» de avariar mesmo em cima da passagem Bombeiros e Protecção Civil informou que de nível. Mas o rosário de lamentações não se fica continuam também inundadas e intransitáveis por aqui: os transeuntes queixam-se também dos buracos causados na via devido às águas residuais Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 37 da fábrica de cerveja, depois de estas extravasarem utilização não sustentável dos recursos florestais. as margens da vala do Soroca. Há quem compare As queimadas no Cacimbo continuam a ser uma este troço às tão propaladas «estradas de prática corrente entre as populações rurais na esferovite»; daquele gênero de obras de carácter' preparação dos solos para a agricultura. Os «volátil», que, no periodo das chuvas, caçadores furtivos continuam a queimar florestas «desaparecem do mapa». Poderão estar cobertos para a chamada "caça à rede". As explorações de razão, os moradores da CUCA que suspeitam artesanais de carvão causam a devastação de que depois das chuvas, esta avenida e mais outras arbustos e árvores de pequeno porte. O Norte, tantas de «esferovíte» entrarão novamente em Centro, Leste e Sudoeste do país são palcos de obras. graves atentados ambientais, com abates indiscriminados de árvores para produção de carvão. Só acções de educação ambiental e uma 3.18 Recursos florestais fiscalização permanente impedem a caça furtiva, as Jornal de Angola queimadas em grande escala e outras práticas que 23 De Março de 2013 ferem gravemente a floresta e os seus ecossistemas. Não podemos continuar a assistir ao mau Os recursos florestais em Angola são uma fonte de aproveitamento dos recursos florestais que riqueza ainda por avaliar e explorar. Está em acarreta perdas de receitas avultadas. marcha o Inventário Florestal Nacional, acompanhado pela elaboração de uma carta Numa altura em que é notável o crescimento cartográfica que permite ter informações mais económico, importa fazer um correcto concretas sobre o estado das florestas. Temos um aproveitamento de todos os sectores económicos. país com 53 milhões de hectares de floresta que, Números revelados pelo Instituto de em tempos de diversificação da economia, Desenvolvimento Florestam apontam para uma representam um potencial económico realidade preocupante. O Estado perde, só em significativo. O Executivo está atento a esta receitas fiscais provenientes da fileira da floresta, realidade, razão pela qual ensaia um programa de 15 milhões de dólares anualmente, realidade que repovoamento e florestação que representa um deve ser urgentemente alterada para que o futuro passo relevante no uso sustentável dos recursos das próximas gerações não fique hipotecado aos florestais. Num país onde 60 por cento da actuais garimpeiros de madeira, aos caçadores população vive no meio rural e tem na floresta a furtivos e à produção ilegal de carvão. E preciso principal fonte de subsistência, esta estratégia tem impedir o acesso desregrado aos recursos tudo para dar certo. Estamos perante um desafio florestais, sob pena de ser inviabilizada a estratégia que implica um aturado trabalho por parte das de repovoamento, reflorestação e os esforços de instituições ligadas ao desenvolvimento agrícola, utilização sustentável dos recursos florestais. As acompanhadas da colaboração das empresas e das instituições ligadas ao desenvolvimento florestal, a populações para o melhor aproveitamento do Polícia Nacional, as empresas e as famílias têm de potencial que representam as nossas florestas. E contribuir para uma melhor gestão e importante a formação de uma cadeia em que cada aproveitamento dos recursos florestais. Hoje, actor, desde o camponês ao investigador, passando ninguém duvida das vantagens sociais e pelo industrial madeireiro e as populações económicas dos recursos florestais. E uma cadeia consumidoras de produtos florestais, desempenhe que gera riqueza para o país e rendimentos para as o seu papel para que os recursos florestais sejam comunidades rurais. Por isso, é urgente trabalhar um beneficio de todos. Para isso não faltam regras para que as vantagens do uso sustentável dos e procedimentos legislativos que regulam acesso, o recursos florestais se reflictam na produção de uso e a exploração dos recursos florestais. Angola alimentos, no fornecimento de matérias-primas, está a lançar as sementes para que este sector no fornecimento de espécies para a medicina contribua decisivamente para o Orçamento Geral natural e convencional. Angola tem de criar do Estado. Nos próximos tempos, com muito capacidade para processar grande parte dos trabalho, os recursos florestais podem estar entre recursos florestais de que dispõe. O mercado as três principais fontes de receitas do Estado. A interno precisa de empresas que trabalhem nesta situação florestal em Angola é muito favorável. área, desde as serrações à indústria de mobiliário e Mas existem fundadas preocupações devido à celulose. O relançamento do comércio também Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 38 passa pela fileira da floresta. A madeira nacional comerciais e as instalações da administração tem variedade e qualidade. Mas é praticamente municipal do Kunda dia Base. toda exportada. A indústria de mobiliário é inexistente. Se esta tendência for invertida a favor Os sinistrados receberam bens alimentares, roupa do relançamento da actividade madeireira, os usada, cobertores, chapas de zinco, detergentes, esforços para combater a pobreza e o desemprego utensílios domésticos, entre outros meios. Além vão ter ainda mais sucesso. Produtos florestais da capital provincial, os municípios de "Feito em Angola" têm de ser uma realidade à Cangandala, Cambundi Catembo, , medida que se efectiva o inventário florestal e Quiuaba Nzoje, e Cacuso são os mais aumentam os investimentos para melhor afetados pelas chuvas. aproveitamento dos recursos. No que diz respeito A Comissão Provincial de Proteção Civil esteve ao relançamento de actividades ligadas ao segunda-feira reunida para abordar o dossier sobre aproveitamento dos recursos florestais, temos os edifícios em risco, construção de habitações em ainda muito trabalho pela frente. zonas de risco, aterro sanitário adequado na cidade de Malange e efeitos das queimadas 3.19 Chuva forte causa destruição de descontroladas. escolas Proximamente, vão ser criadas Comissões Jornal de Angola Municipais de Proteção Civil e Bombeiros para 26 De Março de 2013 acudir aos casos de calamidades naturais, apurou o Jornal de Angola de fonte oficial. As fortes chuvas que se abateram na província do Bié provocaram a destruição de 77 escolas, o que No encontro, orientado pelo governador cor- responde a 226 salas de aulas. provincial de Malange, Norberto dos Santos, os administradores municipais e diretores foram Informou o chefe de repartição municipal da informados do projecto de arborização e Educação no Cuito, Angelo Chissule disse que as repovoamento da localidade do Culamuxito, escolas foram construídas com material local e o arredores da capital provincial. facto ocorreu nas comunas do Trumba, Cunje, Cambândua e Chicala. Por outro lado, a chuva que se registou durante a semana finda destruiu cerca de 120 infra-estruturas A situação afetou cerca de 36 mil alunos, que sociais, entre escolas e residências, na sede atualmente estão a estudar ao relento, em salas municipal de , 116 quilómetros a sul provisórias de igrejas e noutras estruturas de apoio da cidade de Benguela e deixou também ao relento social. dezenas de famílias.

A situação está a ser analisada pelo Governo A Angop apurou que dos imóveis danificados Provincial, através da direção da Educação, para se figuram a escola primária n° 145, com capacidade encontrarem soluções que garantam a para mais de 1.500 alunos, 22 casas sociais e a normalização do ensino e aprendizagem nas residência dos médicos. localidades afetadas. A chuva, acompanhada de fortes ventos, destruiu também cabos de transporte de energia eléctrica, o 3.20 Chuvas deixam famílias ao painel solar que alimenta o sistema de relento telecomunicações e provocou a queda de árvores.

Jornal de Angola Os bairros Deolinda Rodrigues, Hoji-Ya-Henda, 27 De Março de 2013 Ngola Kiluanje e Simione foram os mais afetados. O vice-governador para a Esfera Técnica e Infra- Segundo uma nota da Comissão Provincial de estruturas de Benguela, Henriques Calengue, Proteção Civil e Bombeiros, as chuvas destruíram deslocou-se de imediato ao município de 300 casas, três escolas, dez igrejas, três postos de Caimbambo, onde avaliou os prejuízos causados saúde, postos policiais, estabelecimentos pela queda das chuvas. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 39

3.21 Estiagem arrasa culturas das vai fazer uma injecção de verbas para acelerar a populações do interior sua execução. O vice-governador alertou os administradores municipais para a necessidade de Jornal de Angola observância ri rosa na utilização dos recursos 28 De Março de 2013 financeiros em beneficio das populações, sob pena, sublinhou, de medidas disciplinares e judiciais. As populações dos municípios do Calai, Cuangar, Dirico, Nankova, e , província Formação de quadros do Kuando-Kubango, na orla fronteiriça com a Namíbia, que enfrentam uma severa estiagem que Ernesto Kiteculo anunciou ainda que o governo já provocou a morte de centenas de cabeças de provincial contratou uma empresa de dimensão gado bovino e caprino, vão receber proximamente internacional para a formação de quadros apoio alimentar do governo, disse segunda-feira ao administrativos para que estejam a altura dos Jornal de Angola o vice-governador Emesto actuais de fios. "É uma medida crucial e urgente Kiteculo. Ernesto Kiteculo explicou que foi criada para a província, pois temos tidos problemas uma comissão multissectorial integrada por sérios na tramitação da documentação, do responsáveis provinciais dos Ministérios da contacto e actuação do próprio agente público o Agricultura e Desenvolvimento Rural e da que dificulta, em grande medida, o balanço da Assistência e Reinserção Social para fazer, no execução de qualquer programa", frisou. O vice- terreno, uma avaliação pormenorizada da governador destacou, por outro lado, a contínua e situação. O vice-governador sublinhou que a seca frutífera colaboração com o Instituto de começou na orla fronteiriça, mas está agora a Formação da Administração Local (IFAL) na alastrar-se para todos os municípios do interior, formação intensiva dos quadros e a criação de onde se regista escassez de chuvas desde Dezembro condições para a acomodação de quadros do ano passado. Segundo o vice-governador, em provenientes de outras regiões do país. determinadas localidades foram feitos furos de água, que se tomaram-se inviáveis devido à 3.22 Huambo tem plano para a prolongada seca. O quadro de penúria alimentar devido à estiagem é agravado pelos constantes arborização ataques de manadas de elefantes contra as poucas Jornal de Angola culturas que sobreviveram à falta de água. O vice- 25 De Março de 2013 governador do Kuando-Kubango sublinhou que o Programa Municipal Integrado de A directora provincial de Ordenamento do Desenvolvimento Rural de Combate à Fome e à Território, Urbanismo e Ambiente do Huambo, Pobreza conhece uma execução na ordem de 80 Ana Paula de Carvalho, apresentou sexta-feira na por cento, apesar de alguns constrangimentos Casa Ecológica o plano de arborização urbana. A resultantes do avançado estado de degradação das necessidade "de preservação dos recursos naturais vias de acesso. Este programa, que tem como obriga que o plano contemple as características da objectivo melhorar as condições de vida das cidade, sem afectar a paisagem existente. Para populações, sobretudo aquelas que vivem nas áreas garantir o êxito do plano, o Governo do Huambo mais recônditas, é hoje uma referência no país, trabalha na criação de instrumentos e condições referiu Ernesto Kiteculo, sublinhando que a institucionais favoráveis à sua execução. Ana Paula merenda escolar, o reforço da autoridade de Carvalho esclareceu que o plano de arborização institucional e o reassentamento das populações urbana vai respeitar as características da cidade, são os principais marcos. Os administradores estabelecer as relações de equilíbrio ecológico, municipais foram aconselhados a maior atenção obedecendo às normas projectadas e minimizar os na execução os orçamentos, contratação das impactos negativos decorrentes das actividades empresas, fiscalização e cumprimento dos prazos humanas. Temas como, "Formação e educação das obras. "Observamos, por exemplo, que ambiental", "O direito e o dever de participação programa de construção de 200 fogos dos cidadãos no controlo e execução da política habitacionais não foi concluído pela maioria das ambiental", "Prevenção contra acções e actuações empresas que ganharam esta empreitada em todos com efeitos imediatos ou a longo prazo no os municípios", referiu, adiantando que o governo ambiente", dominaram o encontro. Os Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 40 participantes no encontro debateram e prenúncio" de obras idênticas noutros espaços aprofundaram temas relacionados com os semelhantes da capital, que têm igualmente o equilíbrios entre a política de desenvolvimento apoio do Governo Provincial. Para a recuperação económico e social, os princípios de conservação deste espaço do bairro de Alvalade, declarou, foi ambiental e o uso racional dos recursos naturais. elaborado um projecto de adequação e A actividade contou com a presença de membros ajustamento da área, com a instalação de infra- do governo, especialistas em ambiente, estudantes estruturas que se adequam aos espaços verdes. e convidados. Entre as infra-estruturas a construir, disse, fazem também parte um teatro a céu aberto, quiosques e locais para actividades infantis com vários 3.23 Pulmão de Luanda volta a atractivos, como pista de skate e baloiços. respirar Também vão ser construí das estradas para Jornal de Angola permitir a ligação de vias, como a destinada a dar 28 De Março de 2013 acesso ao Instituto Nacional de Bolsas de Estudos, que une o jardim ao Largo da Maianga "e evita As obras de requalificação, já em curso, destinam- que se tenha de dar uma volta enorme pelo bairro se a dotar a Zona Verde de meios instalados já em de Alvalade". espaços idênticos que beneficiaram de Moradores aplaudem iniciativa intervenções do género. O projecto prevê a construção de dois parque infantis, igual número Alguns moradores do bairro de Alvalade ouvidos de balneários, um ginásio e um es- paço para pelo Jornal de Angola aplaudiram a iniciativa da futebol de salão e a manutenção de outros dois já Comissão Administrativa da Cidade Luanda de existentes destinados à prática de andebol e reabilitar o parque abandonado há mais cinco basquetebol. O projecto, orçado em mais de dois anos. Erivaldo Paquete, estudante e morador há milhões de kuanzas, prevê igualmente a dez anos no bairro, salientou já ser "tempo da área reabilitação de arruamentos, passeios e de espaços beneficiar de obras, até por causa de marginais que verdes que vão fazer que a zona volte a ser o que lá vivem e provocam desordens". O estudante já foi, um espaço de lazer dos luandenses. As obras disse que "embora tarde, não deixa de ser bom desenvolvem-se em quatro fases, a primeira das saber que a zona vai mudar de imagem e quais contempla a construção de uma praça com transformar-se num dos cartões de visita da repuxos, cascata, e esculturas da kianda, um dos capital". A requalificação, afirmou, permite que os símbolos da cidade de Luanda. Os trabalhos munícipes voltem a ter um espaço de lazer e incluem também a instalação de um parque desapareça a criminalidade na zona. Roberta infantil, campo polivalente, restaurante, ginásio, Casimiro, jornalista, referiu que "a requalificação espaços para piqueniques, balneários públicos, vias é bem-vinda" por dar "nova dinâmica à área e pedestres, ciclo vias e de um lago artificial com trazer muitos benefícios aos luandenses, pequenas embarcações de lazer, além de parque de especialmente aos moradores de Alvalade". estacionamento para aproximadamente 430 viaturas automóveis. Os moradores do bairro, lamentou, têm poucos espaços de lazer e a Zona Verde era única onde, tal Início dos trabalhos como pessoas de outras partes de Luanda, podiam estar com criança em segurança. Com a O projecto, elaborado pela Creative requalificação, disse, passa a haver mais segurança, ImnovationAngola, começou a ser executado em pois a zona era frequentada por delinquentes que Julho pela empresa Rui Ribeiro Angola e deve assaltavam os transeuntes, principalmente à noite. estar concluída dentro de aproximadamente 16 Faustino Mally, funcionário público, residente há meses. O arquitecto responsável pelas obras mais de 20 anos no Catambor, também elogiou a confirmou ao Jornal de Angola que o projecto é iniciativa da Comissão Administrativa da Cidade executado de acordo com o definido pelo de Luanda por permitir que a Zona Verde Governo Provincial de Luanda. Luíz Carvalho recupere a imagem e o fim para que criada. elogiou a iniciativa da Comissão Administrativa da Cidade de Luanda de recuperar a zona verde de O projecto, pelo que observei na maqueta, disse, Alvalade e referiu que a intervenção "é o foi devidamente estruturado e o espaço vai ser Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 41 bem aproveitado, pois além da via que descongestiona o trânsito automóvel permite que o local deixe de ser palco de actuação de marginais. Helma da Costa, enfermeira, sublinhou que a recuperação da Zona Verde de Alvalade melhora a imagem não somente do bairro como de Luanda e passa a ser local privilegiado de passagem dos que precisam de ir à Maternidade Lucrécia Paim. Em termos arquitectónicos, referiu, o projecto é bastante atractivo por melhorar substancialmente aquela área que já foi refúgio de marginais, "mas é preciso que quem de direito vele por outros espaços verdes de Luanda que se encontram completamente abandonados".

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diamantífera russa Aprosa, Fedor Andreev, 4. ABRIL lembrou que a estratégia resulta de uma orientação do Presidente da República aplicada desde 4.1 Reabilitação está prevista para Outubro do ano passado. iniciar ainda este ano Com o novo mecanismo pretende-se que os Jornal de Angola operadores de inertes trabalhem dentro da lei. 03 De Abril de 2013 "Estarnos agora a trabalhar para regular o sistema, principalmente no domínio da comercialização e A rede de drenagem dos distritos urbanos do pagamento de taxas. município de Luanda vai receber, a partir do mês Esses instrumentos legais vão ser aprovados ao de Maio, novas sarjetas e manilhas de nível do Presidente da República, ministro das fibrocimento, para garantir a conservação das vias Finanças e da Geologia e Minas", assegurou, e a melhoria do saneamento básico. O ministro, que não determinou o número de O vice-presidente da Comissão Administrativa de empresas a operar no subsector dos minerais para Luanda para a área técnica, Agostinho da Silva, a construção civil, disse serem aos milhares disse à agência de notícias Angop que a obra vai espalhadas pelo país. contemplar a colocação de lancis e novas condutas de água e de energia eléctrica. "São muitas, mas o certo é que em relação a contribuições, nunca pagaram uma taxa sequer. O O responsável esclareceu que o trabalho vai ser aspecto mais chocante de todo este processo é que feito devido ao facto de a província de Luanda essas empresas não pagam taxas nem impostos. enfrentar difi- culdades no período das chuvas, por deficiente escoamento das águas residuais e Os recursos minerais, de acordo com a pluviais, uma situação que tem provocado a Constituição da República de Angola e de acordo degradação das ruas. com o Código Mineiro, são propriedade do Estado, que define as regras da exploração destes Agostinho da Silva disse que, no mesmo período, recursos", notou. vão ser reabilitados pelo menos 1.300 quilómetros de estradas secundárias e terciárias, com a "Se são do Estado", prosseguiu, "existindo um colocação de asfalto. privado a explorar, este tem de pagar impostos e taxas ao Estado e tem de desenvolver a actividade O trabalho vai ser executado pela Empresa com base na lei. Nacional de Construção de Infra-Estruturas Básicas (ENCIB), em parceria com as Não pode agir como se de uma propriedade administrações locais, EPAL e EDEL. privada se tratasse", alertou Francisco Queiroz. Relativamente, às empresas ilegais, o ministro 4.2 Operadoras de inertes fogem prometeu que o problema que deve ser estancado ao fisco com o tempo. Jornal de Angola "Não podemos ter a ambição, algo ingénua, de 04 De Abril de 2013 resolver isto de um dia para o outro. Temos de ter cuidado para não criarmos ruturas num serviço Francisco Queiroz disse que o atual cenário pode que ajuda bastante no processo de reconstrução mudar com a estratégia adotada ao nível central nacional, que exige cada vez mais fornecimento de assente em três momentos. O primeiro passa pela inertes e outros minerais para a construção civil. sensibilização, o segundo pela regularização do Não é inteligente trabalhar assim", realçou. Às mercado e o terceiro pela fiscalização e punição empresas que estão em situação ilegal, Francisco dos infratores. Queiroz reco- mendou a legalização, sublinhando O ministro da Geologia e Minas, Francisco que existe um mecanismo célere nas direções Queiroz, que falava à imprensa na quarta- feira provinciais. Um total de 80 por cento das depois do encontro com o presidente da Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 43 empresas do subsector de inertes já estão província de Luanda vivem inúmeros legalizadas. constrangimentos pelo atraso na realização de vários projectos e programas". Após as obras O Ministério da Geologia e Minas realiza de 25 a atingirem uma velocidade cruzeiro em meados de 27 de Abril o e seu Conselho Consultivo Alargado 2012, referiu, houve necessidade de se éanalizar as em Menongue. O objetivo é o passar em revista a energias para a disputa eleitoral no mês de estratégia do Executivo sobre o sector da Geologia Setembro e mais tarde para conformar os órgãos e Minas e o modo como a ex- ploração mineira saídos das eleições. "Perdeu-se a dinâmica de está a contribuir para o aumento de receitas trabalho e a velocidade cruzeiro que tínhamos fiscais, e patrimoniais para o Estado. adquirido em Maio/Junho de 2012, porque foi necessário fazer acertos aos programas e 4.3 Gesstão dos casos por conformá-los com o novo programa eleitoral prioridades aprovado pelos eleitores", disse José Eduardo dos Santos. Jornal de Angola 10 De Abril de 2013 Relançamente do trabalho O Presidente acrescentou que também foi A chuva intensa que caiu em Luanda Sábado necessário "reconfigurar o plano nacional; estudar passado, de que resultou na morte de nove pessoas o novo orçamento, identificar fontes de receitas", e o desaparecimento de quatro outras , pos a nu a uma vez que houve aumento substancial da gravidade da situação gerada pelo atraso e, em despesa para o cumprimento das promessas feitas muitos cases, paralisação das obras de construção nas eleições. O Chefe do Executivo evocou, por civil ligadas a projectos estruturantes na província isso, a necessidade de se encontrar rapidamente de Luanda. soluções para relançar o programa e retomar a Esta situação levou o Presidente José Eduardo dos dinâmica de trabalho a fim de garantir o bem-estar Santos a reunir ontem, no Marco Histórico do das populações. "Estamos numa fase de Cazenga, o Conselho de Coordenação Estratégica relançamento, para ver se recuperamos a dinâmica para o Ordenamento Territorial e de que havíamos de adquirido em meados do ano Desenvolvimento Económico e Social de Luanda, passado", disse José Eduardo dos Santos, ao a fim de como disse, "encontrar uma forma célere mesmo tempo que apontava os caminhos para de implementar os vários projectos que decorrem vencer mais este desafio: "temos grandes desafios de programas importantes aprovados para pela frente e os recursos são limitados, então é província". Antes do encontro, e acompanhado de necessário sabedoria". uma delegação composta por destacados membros do Executivo, José Eduardo dos Santos foi constar "in loco" o estado de algumas obras, especialmente Boa engenharia da sa, 68 e 78 avenidas do Cazenga, onde recebeu explicações sobre as causas da paralisação das Antes de anunciar a agenda da reunião, o obras, os constrangimentos que os empreiteiros Presidente José Eduardo dos Santos lembrou que, enfrentam e os reflexos no dia-a-dia da população. face ao aumento das despesas, o cumprimento dos O Presidente visitou também as obras de compromissos assumidos nas eleições impõe ao intervenção na zona da "Lagoa de São Pedro", na Executivo uma "boa engenharia" de gestão. comuna do Hoji ya Henda, onde em Maio de "Vamos ter uma gestão racional e parcimoniosa, 2011 visitou as obras de drenagem. O Presidente de modo a po- dermos trabalhar com base em considerou grave a situação da província de prioridades, atacando problemas essenciais, que, Luanda, no domínio das infra-estruturas, e por sua vez, permitam a resolução de outros explicou porque decidiu fazer a reunião no Marco problemas fundamentais". Histórico do Cazenga: "reunimos aqui porque entendemos que os membros do Executivo Comitiva importante deviam estar desta vez também mais próximo da Na jornada de trabalho o Presidente da República realidade das populações, das famílias deste foi acompanhado pelos ministros de Estado e município que em representação de toda a Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 44 chefes das casas Civil e de Segurança, os ministros Técnica de Saneamento de Luanda o ponto da do Planeamento e Desenvolvimento Territorial, situação sobre as estações de tratamento das águas da Economia, dos Transportes, da Construção, do residuais, e pediu contribuições sobre a matéria ao Urbanismo e Habitação, e de representantes dos ministro Femando Alberto da Fonseca, por ministérios da Energia e Aguas, Administração do entender tratar-se de "uma necessidade urgente". Território e o secretário de Estado do Tesouro. Durante a reunião foi também feita urna exposição sobre os processos de realojamentos e O Presidente da República tomou nota do ponto desalojamentos de famílias nas zonas de interesse de situação actual do programa e projectos das vias dos projectos fundamentais para a melhoria da estruturantes, bem como detalhes sobre os vida na província de Luanda. contratos de empreitadas em curso. O Chefe do Executivo fez questão de ouvir do ministro da Executivo atento Construção alguns subsídios sobre medidas necessárias para completar a execução do O ministro da Construção, Fer- nando da programa e as perspectivas para se concluir as Fonseca, realçou a atenção do Executivo e os empreitadas de obras de construção civil no esforços desenvolvidos para resolução das domínio das estradas. preocupações das populações, da capital do país e do todo nacional. Em declarações à imprensa Ponto crítico antes do encontro com o Presidente José Eduardo dos Santos, o ministro considerou a actividade Também foi focado no encontro o programa de "momento para reflectir sobre o andamento dos reabilitação das vias secundárias e terciárias, projectos, particularmente do grau de considerado pelo Presidente como "um ponto cumprimento das orientações deixadas aquando da crítico" da provincia de Luanda."As últimas visita anterior, em 25 de Maio de 2011". chuvas que foram muito intensas trouxeram à "Precisamente, corno bom govemante e bom superficie estes problemas graves e os líder, veio saber o que foi feito, de facto, e que constrangimentos que eles criam aos cidadãos e às outras iniciativas se devem implementar para populações e famílias de modo geral", sublinhou. melhorar as condições de vida das populações", A gravidade da situação do pro- grama de disse, Femando Fonseca disse existirem algumas reabilitação das vias terciárias e secundárias obriga, obras que apresentam dificuldades próprias do segundo o Presidente, a rapidamente identificar os ambiente em que se está a trabalhar, e outras recursos e estabelecer uma data para o lançamento resultantes de condicionalismos orçamen1ais, que do programa. E fez urna ressalva: "Mas é lançar o foram resolvidos programa para não parar". Foram também no quadro do OGE de 2013.Fer- nando Fonseca abordados outros projectos de referência, avançou que, tão logo este período mais intenso designadamente os referentes à requalificação do de chuvas termine, os trabalhos vão llados de uma Sambizanga, os projectos de execução de infra- forma mais incisiva. estruturas no espaço em que esteve o antigo mercado Roque Santeiro, a protecção das encostas da Boavista e da Rua das Forças Arrnadas. O 4.4 O dia que Luanda estremeceu ministro dos Transportes, Augusto Tomás, falou Correio Global das perspectivas para melhorar a circulação De 11 a 18 de Abril de 2013 rodoviária em Luanda, e realçou a questão dos transportes alternativos. Já no sector da Energia e A manhã de sábado, 6 de Abril, ficará marcada na Aguas, coube ao secretário de Estado Luís Filipe memória de muitas famílias. É que a forte chuva da Silva falar sobre possíveis fontes de recursos e que assolou a capital do País, Luanda, provocou a perspectivas à volta dos projectos no domínio da morte de nove pessoas. Estão, até ao momento, produção e distribuição de água potável, desaparecidas outras quatro. Os danos materiais concebidos para o Bita e Kilamba Grande. são incalculáveis. Muitas ruas ficaram quase "submersas", tornando, com isso, o trânsito mais Águas residuais caótico e a cidade praticamente paralisada, já que O saneamento básico também foi discutido. O às pessoas procuravam, a todo custo, salvar os seus Presidente da República quis saber da Unidade bens. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 45

O Presidente da República, José Eduardo dos 12 De Abril de 2013 Santos, foi ao Cazenga, nesta terça-feira, 9, "sentir de perto" as consequências que a chuva provocou Contar o que a chuva faz a Luanda é, no jargão e encontrar, com máxima urgência, uma solução, jornalístico, uma mais do que óbvia seca, daquelas com. a construção de estruturas que suportem que obrigam a um escavacar árduo e penoso no grandes quedas pluviométricas. O Chefe de universo das frases apropriadas. Tudo muito Executivo, ciente das responsabilidades que tem repetitivo, na verdade! Há, claramente, cansaço com o povo, não queria ficar pelos habituais das pessoas à volta deste problema. Assim não relatórios, contendo a sempre frase feita: "a fosse e não teríamos, por exemplo, o Presidente da situação está sob controlo" e, por isso, não há República a largar o seu habitual gabinete de motivos para alarmes. A chuva do último sábado, trabalho na Cidade Alta para dirigir uma espécie 5 de Abril, foi bastante agreste, pelo que se de 'sessão comprimida' do Conselho de Ministros esperava uma outra visão estratégica do em pleno Cazenga. E foi José Eduardo dos Santos Presidente. Não pensou duas vezes: reuniu os a assumir que Luanda vive problemas "graves" no "brains" do Executivo e foi ao terreno Medir a domínio das ínfra-estruturas e do saneamento pulsagacão dos estragos que a chuva provocou e básico, cuja solução "clama por inteligência". E transmitir palavras de solidariedade e conforto a aludir à inteligência, do modo como o Chefe de quem viu, num ápice, a vida desfeita por causa Estado o disse, será sem dúvidas invocar uma mão desta obra da natureza. É que os números cheia de opções, como a escolha criteriosa das apontados, provisoriamente, são desconfortáveis frentes a abrir e a atacar, fazendo-se o trabalho para quem tem a missão de administrar o Estado: com o saber de quem entende da poda. Haverá de nove pessoas mortas e quatro desaparecidas. Os juntar-se certamente à tal "inteligência" sugerida danos materiais são incalculáveis. pelo estadista a necessidade que a edilidade de uma urbe com a complexidade de Luanda tem de levar Por esta razão, o Presidente da República foi a sério as previsões da peremptório em afirmar: "os membros do Meteorologia. Executivo deviam estar, desta vez, também mais próximos da realidade das populações, das famílias Teremos sido muitos a escutar, no passado deste município que, em representação de toda a domingo, aquele técni- co dos Serviços de província de Luanda, vivem inúmeros Meteorologia que foi ao serviço noticioso da TPA constrangimentos pelo atraso na realização de dizer' sem rebuços, que muito do que aconteceu vários projectos e programas". Não houve poderia ter sido evitado se as autoridades fizessem quaisquer receios do Chefe de Executivo caso às informações disponibilizadas pelo seu reconhecer que a cidade de Luanda, projectada instituto, quealertou para o que ali vinha quase para 500 mil ha- bitantes, tem problemas três meses antes de tudo ocorrer. gravíssimos de infra-estruturas que foram destapados pelas chuvas. "Temos grandes desafios Luanda e lembrou-o o Presidente Eduardo dos pela frente e os recursos são limitados. Então, é Santos não é um portento como obra acabada. necessário sabedoria", enfatizou o Presidente. Herdou do colonialismo uma "situação complicada", até porque o lugar que mantém De acordo com relatos, a chuva de sábado, 5 de 'empilhados' hoje quase 10 milhões de habitantes Abril, foi a maior dos últimos 40 anos registada foi originalmente pensado para meio milhão em Luanda, só comprada a ocorrida em Abril de apenas, 600 mil, se tanto. Mais razões, portanto, 1963, em que a parte baixa da cidade ficou. para que quem lida com a crítica gestão da urbe se completamente "submersa", arrasando esmere e esfalfe na busca de soluções, onde já não estabelecimentos comerciais famosos, à época, basta apenas e só o dinheiro que ainda por cima é como a Katanhotonho, Quintas& Irmãos e pouco, não chega, como escutámos do Chefe de "engolindo" machimbombo (autocarro). Estado - mas é chamado o princípio da "gestão parcímoníosa".

4.5 Tem mesmo de ser sempre A cidade é, sem dúvidas, um caso nítido de assim? resposta para algo mais do que esforço O País voluntarioso. Tornou-se, não hoje nem ontem Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 46 mas há um bom par de anos, um desafio colossal transformaram os terraços de residências de dois a ao melhor do pensamento brilhante, da três pisos em rotas de passeio e traquinices da inteligência governativa, que deve ter noção clara criançada de então. Muitos de nós que fomos do que é estabelecer prioridades "atacando os apressadamente visitar amigos e conhecidos problemas essenciais". Há falência de métodos. naquele emaranhado de lixo e águas agitadas Que se ensaiem outros, pois! tivemos de ser afastados de superfícies que julgávamos firmes quando, na verdade, eram tejadilhos de viaturas que as areias tinham 4.6 Luanda muitas vezes! sepultado em rápidos minutos de revolta da O País atureza. 12 De Abril de 2013 A antena metálica resistente na sua derradeira A capital do país acumula um histórico de missão estava ali como certeza do proprietário de episódios negros na sua relação conflituosa com a que no lugar onde agora jazia um monte de terra chuva. Luís VIsconde, popular cantor urbano das vermelha, escondia-se o conforto e o privilégio de décadas de 60 e 70, transferiu para o vinil esse um AAZ conseguido à custa de um desempenho ritual folclórico da cidade que se desenvolveu à só ao alcance dum "trabalhador exemplar". beira do Atlântico' bordeada por uma baía icónica e que faz pela sua estampa turística o que quase 4.7 Chuva obriga moradores a mais nada consegue. Quer então o testemunho de abandonarem casas Luís Visconde dizer que os malefícios da chuva não são de hoje. Ficou, na queles anos, sem poder Angolense ver a namorada no subúrbio inundado, porque o 12 De Abril de 2013 chauffeur de praça (taxista) não queria partir o seu 'popó' (automóvel) mas a grande verdade é que A chuva que assolou a cidade de Luanda na antes dele e muitos anos depois, o filme teve e tem semana finda deixou várias famílias no município muitas outras exibições. Um 'dejá vu' tedioso! Há do Cazenga sem teto, para além de deixar memória de uma gigantesca enxurrada nos intransitáveis as vias de acesso que ligam a primeiros anos da década de sessenta que administração comunal a outros pontos daquela desbaratou Luanda, sobretudo a sua zona baixa a circunscrição da cidade capital. O balanço feito dá começar pela rua da Missão. Carros soterrados, conta de danos humanos e materiais. O caos passeios arrancados, esgotos esventrados, manilhas começa logo na rua que dá acesso à administração arrastadas, vivendas no chão, o cenário caótico comunal do Cazenga e estende-se aos bairros do que deixou os luandenses com a certeza de que a kurtume, Rua Comércio e quinta, 6a e T" sua cidade poderia ser linda, magnética com as avenida. De igual modo, encontram-se interditas suas colinas e morros, distinta com a mágica baía e as vias da Emissória do Cazenga que dão acesso ao ilha falsa a escoltar o porto, mas ao mesmo tempo Hospital Municipal, uma situação em que, na voz cheia de vulnerabilidades e fraquezas impossfveís da população local, andar pelo Cazenga quando de dissimular, muito menos subestimar. Se chove torna-se uma "missão impossível". De resultado de uma escolha equívoca dos seus acordo com modarores, há muito que a zona fundadores ou se vítima de urna qualquer carece de intervenção das entidades competentes a maldição ancestral, estava para se ver, mas a fim de melhorar as vias, com a construção de certeza, desde logo, era de que a chuva e a urbe esgotos para evacuar a água que se acumula nas não fechavam uma aliança de amantes cúmplices. estradas e bairros depois das chuvas. De realçar Nos anos oitenta, Luanda alagada oi sempre uma que grande parte das pessoas que viram suas imagem recorrente, disputando isolada um record residências inundadas vivem no bairro do Buraco, tenebroso que poucas outras cidades do país situado entre a 6a e T" avenidas, tendo refugiado queriam. para os. seus parentes e outros viram-se obrigados a arrendarem outras residências. "Se a pessoa não Os mais graúdos se lembrarão da quele primeiro está em casa quando chove já sabe que, quando lustro de 80 quando o bairro da Samba chegar, vai encontrar os bens em cima da água", praticamente soçobrou com as areias que conta Evaristo Lovengalenha, de 53 anos de idade deslizaram da parte alta do Prenda e e morador da 6a Avenida. Por sua vez, Salomão Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 47

Manuel, também morador da 6a avenida disse que 2012, referiu, houve necessidade de se canalizar as há muito que os moradores daquela avenida energias para a disputa eleitoral no mês de bateram as portas da Comissão de Moradores para Setembro e mais tarde uma possível intervenção sem sucesso. "A para conformar os órgãos saídos das eleições. Administração Comunal vai estar mais perto da "Perdeu-se a dinâmica de trabalho e a velocidade população quando aqui morrer pessoa, porque cruzeiro que tínhamos adquirido em Maio/Junho este bairro só vive muita gente em tempo de de 2012, porque foi necessário fazer acertos aos cacimbo, já neste tempo só fica os mais corajosos programas e conformá-los com o novo programa ou, se calhar, aqueles que não têm onde ir", conta eleitoral aprovado pelos eleitores", disse José Salomão Manuel. Eduardo dos Santos. Acrescentou que também foi necessário "reconfigurar o plano nacional, estudar o novo orça- mento, identificar fontes de receitas", 4.8 PR assustou mas não viu tudo uma vez que houve aumento substancial da Angolense despesa para o cumprimento das promessas feitas 12 De Abril de 2013 nas eleições. O Presidente evocou, por isso, a necessidade de se encontrar rapidamente soluções O chefe do executivo saiu a rua e considerou grave para relançar o programa e retomar a dinâmica de os problemas que a capital enfrenta, mas no fim de trabalho a fim de garantir o bem-estar das tudo despiu-se da culpa tendo atribuído a mesma populações. "Estamos numa fase de relançamento, ao colonialismo e a guerra que terminou há 11 para ver se recuperamos a dinâmica que já anos Marcia Vicente A gravidade da situação foi havíamos adquirido em meados do ano passado", reconhecida pelo próprio Presidente da República aferiu. Entre justificações e desculpas, José que desta vez decidiu reunir o Conselho de Eduardo dos Santos voltou a atribuir a culpa dos Coordenação Estratégica para o Ordenamento muitos problemas sociais que Angola vive a Territorial e de Desenvolvimento Económico e guerra, já terminada há 11 anos. Embora a saída Social de Luanda, no município do Cazenga. José do Presidente da República para o Município do Eduardo dos Santos reconheceu esta semana que a Cazenga esteja a ser considerado por alguns província de Luanda vive "graves problemas" extractos da sociedade como um sinal positivo, o decorrentes da situação complicada herdada do chefe viu apenas a ponta do icebergue do bicudo passado, principalmente no domínio das infra- problema que Luanda tem. estruturas e do saneamento básico, cuja solução exige inteligência. O presidente fez esta afirmação na abertura de uma reunião técnica que analisou 4.9 Chuva vs tráfego os problemas conjunturais da capital. Recorda-se Angolense que a chuva que caiu em Luanda, sábado passado, 12 De Abril de 2013 resultou na morte de nove pessoas e o desaparecimento de quatro outras. Uma situação Andar por Luanda quando chove é um "Deus nos que despiu a gravidade dos problemas da província acuda", até no Talatona, um dos bairros mais de Luanda, com obras atrasadas e algumas mesmo organizados da cidade, a situação não é fácil. Na paralisadas. Para tentar corrigir o " tiro", o rua que se situa, por exemplo junto ao prédio da Presidente José Eduardo dos Santos a reuniu no ZAP, sempre que chove uma boa parte do asfalto Marco Histórico do Cazenga, o Conselho de é coberto por amontoados de areia que acaba por Coordenação Estratégica para o Ordenamento complicar e de que maneira a circulação Territorial e de Desenvolvimento Económico e rodoviária. No período da manhã regista-se nesse Social de Luanda, a fim de, ponto muito engarrafamento, e no período como disse, "encontrar uma forma célere de nocturno os amontoados de areia acabam por implementar os vários projectos que decorrem de causar vários acidentes. No Camama, ao lado da programas importantes aprovados para ex rotunda, existe uns cinco buracos que tornam província". Dos Santos visitou também as obras impossível a vida dos automobilistas. "Quando de intervenção na zona da "Lagoa de São Pedro", esta via estava boa, gastava apenas cinco minutos na comuna do Hoji -ya-Henda, onde em Maio de da minha casa até aqui, mas agora ficamos aqui 2011 visitou as obras de drenagem. Após as obras parados durante duas horas para podermos passar atingirem uma velocidade cruzeiro em meados de este troço. Nos cobram a taxa de circulação, mas Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 48 nada fazem para alterar este quadro", lamentou E o mais grave de tudo corno o sublinhou o Arlindo Campos, automobilista contactado. Na Presidente da República é que a cidade sempre foi zona do Golfo li, na esquina que dá para os assim, muito mal servida no domínio das bombeiros e o Hospital Geral de Luanda, a infraestruturas para resistir às visitas cíclicas da situação é similar, buraços e águas paradas que chuva. Luanda é o termo teme os nove meses que resultam nos engarrafamentos e danificação das o clima reserva às quedas pluviométricas e deixa-se viaturas. E assim se encontra quase toda Luanda, despir numa sequência tormentosa de onde para além de não ter estradas em condições, vulnerabilidades que, a ciência certa, parece não as poucas existentes não são devidamente sugerir saídas vencedoras. cuidadas. São anos a lidar com o problema Devemos, por isso,perguntarnos, relativamente aos estragos da 4.10 Tramados pela chuva chuva, de que lado andam as culpas e os culpados. O País Há que assumi -lo sem rodeios: do homem! 12 De Abril de 2013 4.11 Chove na grande cidade Se as reacções da consciência colectiva pudessem alguma vez compatibilizar -se com respostas a O Pais quente, a esta altura a sociedade estaria a aplaudir 12 De Abril de 2013 todos aqueles que olham para a chuva como um malefício. Definitivamente, com provas e testemunhas que se estendem na tempo e replicam, Luanda, a capital É claro que não faz qualquer sentido -rrunca fará - da República de Angola, não. é cidade para olhar-se para o fenómeno da pluviosidade suportar cargas pluviamétricas. A chuva, esse sistérnica como algo indesejado, que oxalá pudesse fenómena benfazeja que África inteira associa à ser travado à custa de qualquer força sobrenatural. fecundidade da terra - pressupondo. mais A chuva, na verdade, é o contrário de tudo o que alimentos e menos penúria, assusta os luandenses uma fúria momentânea pode sugerir. Será, à que se encafuamnum caótica pedaço de uma semelhança da luz do sol e da correnteza dos geografia cama se os limites de Angola fossem já riachos e rios, das maiores bênçãos naturais, um ali, a doís palmos da nariz. Seja muita ou pouca a feliz e vital contributo à sobrevivência da cair, a cidade lida sempre mal com a água que da civilização humana. É assim e ponto final! alta se precipita porque redunda, regra geral, .em inundações e correntezas perturbadaras da ritmo As chuvas de Luanda - o mote para esta reflexão - de vida dos seus habitantes. O passada sábado, 6 de não são sequer temporais ou fenómenos duros Abril, foi mais uma daquelas jornadas de chuva como as monções famosas no Extremo Oriente . com prejuízos monstruosos, tanta na plana físico Límitam-se a benéficas e absolutamente generosas cama psicológica, amontoando-se as perdas precipitações pluviométricas, incapazes de humanas (mais de uma dezena, entre óbitas amargurar o dia a qualquer meteorologista de confírmados e pessoas desaparecidas) e as cifrões serviço. O problema não reside na chuva, nem em casas destruídas, viaturas arrastadas, sequer no seu volume de água. A questão é bem electrodomésticos a flutuar e mobiliário mais prosaica: Luanda é que não tem preparação inutilizada. VIsta de cima, a cidade mais parecia para lidar com o fenómeno, por óbvias disfunções uma ilha náufraga atravessada por canais estruturais que ressaltam à vista de toda a gente. entupidos de lixa e imundice de todos os formatos Não é preciso sequer entender de planeamento e proveniências. Se há uma mobilização geral que urbarústico, paisagismo,construção civil, funciona, lembrando. e, em grande medida, arquitectura, engenharia ou qualquer outra ciência superando. até os tempos delirantes da utopia ligada à utilização do espaço, para se acreditar nas comunísta com as idas ao corte de cana, colheita "culpas" colossais de uma cidade que se desarmou de café ou a alfabetização. de adultas, é claramente totalmente na batalha contra os estragos a chuva em Luanda: na periferia, os moradores potenciais da chuva. socorrem-se da que existir por perta para se manterem à tona depois de atirados para ílhotas de Isolamento: nas ruas a trânsito desacelera porque Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 49 as buracos que se sabe ali estarem ganharam a feliz e vital contributo à sobrevivência da opacidade que pode significar a fim da automóvel civilização humana. É assim e ponto final! gue se guia; os peões entregam-se à sorte da roleta porque tanta podem chegar a casa intactos cama As chuvas de Luanda - o mote para esta reflexão - sugados pela tampa inexistente de um esgoto não são sequer temporais ou fenómenos duros camarária; e até em insuspeitas e garbosas vias de como as monções famosas no Extremo Oriente .. águas amedronta as mais temerários. Não há Límitam-se a benéficas e absolutamente generosas indiferenças que valham na grande cidade quando. precipitações pluviométricas, incapazes de a assunta é chuva, uma verdadeira e democrática amargurar o dia a qualquer meteorologista de partilha de dissabores. O que muda apenas será a serviço. O problema não reside na chuva, nem proporção. com que chegam aos 'contemplados' sequer no seu volume de água. A questão é bem as chatices, sobrando a terror geralmente para as mais prosaica: Luanda é que não tem preparação piar instalados. Os relatas penosos que ficam cama para lidar com o fenómeno, por óbvias disfunções rescaldo deste recente acosso pluvíométrica de estruturais que ressaltam à vista de toda a gente. Abril envolvem as vizinhas das linhas de água, as Não é preciso sequer entender de planeamento célebres valas de drenagem que transbordaram urbarústico, paisagismo,construção civil, com uma fúria selvagem, sem tempo útil para arquitectura, engenharia ou qualquer outra ciência planos de fuga. Há, cama mágoa suprema, a vida ligada à utilização do espaço, para se acreditar nas perdida de uma criança de apenas doís anos que a "culpas" colossais de uma cidade que se desarmou queda de uma parede esmagou. Revistas as totalmente na batalha contra os estragos imagens que num repente se fizeram populares na potenciais da chuva. media e nas redes sociais, mais a que se pode ainda E o mais grave de tudo corno o sublinhou o veriflcar presencialmente depois de uma semana- Presidente da República é que a cidade sempre foi charcos que persistem e lagoas que subiram de assim, muito mal servida no domínio das nível ou swgiram da zero -, poder-se-á arriscar a infraestruturas para resistir às visitas cíclicas da palpite de que, apesar de tudo, houve generosidade chuva. Luanda é o termo teme os nove meses que vinda sem que se saiba bem de onde, pois a o clima reserva às quedas pluviométricas e deixa-se violência das águas, a farça da correnteza, a caos despir numa sequência tormentosa de das destroças em circulação. e a surpresa dos vulnerabilidades que, a ciência certa, parece não buracos, das valas, das ravinas e dos deslizamentos sugerir saídas vencedoras. de terra, poderiam perfeitamente ter multiplicada por muita mais os números da tragédia. São anos a lidar com o problema Devemos, por isso,perguntarnos, relativamente aos estragos da 4.12 Tramados pela chuva chuva, de que lado andam as culpas e os culpados. Há que assumi-lo sem rodeios: do homem! O Pais 12 De Abril de 2013 Devemos perguntar-nos, relativamente aos estragos da chuva, de que lado andam as culpas e Se as reacções da consciência colectiva pudessem os culpados. Há que assumi-lo sem rodeios: do alguma vez compatibilizar -se com respostas a homem! e, pelos registos, com muitos sinais de a quente, a esta altura a sociedade estaria a aplaudir situação saltar de má a péssima em numerosos todos aqueles que olham para a chuva como um pontos identificados. É óbvio que globalmente a malefício. batalha denota vitórias a espaços, corno se pode exemplificar tomando como amostra os bairros da É claro que não faz qualquer sentido -rrunca fará - Samba e Corimba, que nas décadas de oitenta olhar-se para o fenómeno da pluviosidade eram pouco menos do que desaguadouros de sistérnica como algo indesejado, que oxalá pudesse calamidades, com a sua rua principal quase sempre ser travado à custa de qualquer força sobrenatural. fechada à circulação cada vez que chovesse, e as A chuva, na verdade, é o contrário de tudo o que moradias inundadas até perto do tecto. Basta um uma fúria momentânea pode sugerir. Será, à passeio pelo seu interior para se constatar como semelhança da luz do sol e da correnteza dos quintais, escolas, inúmeras résidências, perderam riachos e rios, das maiores bênçãos naturais, um definitivamente valor de uso desde que as célebres precipitações daqueles anos expulsaram Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 50 moradores, estudantes e gente de inúmeras outras cidade "entupida" que cede facilmente às chuvas. ocupações como a pesca. Há, sem dúvidas, Entre os inúmeros casos que ajudam a ilustrar esta desolação geral com os estragos que a chuva problemática encontra-se a rua da Liga Africana, deixou como rescaldo. Bastava que tivesse que, quando chove, fica invariavelmente impedida acontecido uma única morte humana para ser para o tráfego automóvel, ocorrendo o mesmo no assim. Infelizmente até aconteceram mais do que troço entre o aeroporto e o bairro Kassequel do uma! O repto foi lançado mais uma vez e Luanda Buraco, já para não falar da via São Paulo-Cuca. tem de fazer-lhe face. Não se pode esperar por qualquer tolerância da atureza, até porque as Rasto de destruição variações do clima global levam a pensar em No Cazenga, para citar mais este exemplo, o situações agravadas no futuro. Só a competência administrador municipal, Victor Narciso, revelou, nos poderá livrar deste ciclo penoso. Fazer o que no final do mês passado, que 200 casas ficaram tem de ser feito, indo buscar, se for o caso, inundadas na zona 18. Inundações que, aliás, valências ali onde outros lidaram com problemas afectaram todo o município, sobretudo nas áreas semelhantes. Seja lá onde esse conhecimento consideradas crónicas, como as bacias e lagoas do existir, em nome de uma Luanda menos molhada, Tio-Mingo, Catumbela, Mabululo, Velho-Kim- vale a pena o investimento. Continuarmos com a bundu, Tunga-Ngô e o Buraco, bem como as 5.·, vulnerabilidade que se repete a cada nova época 6." e 7." avenidas. No município de Belas, de chuvosa é que não pode ser! acordo com as nossas fontes, as chuvas afectaram mais de 500 famílias residentes no bairro das 4.13 Luanda continua vulnerável às Salinas, no Benfica, que abandonaram as suas chuvas casas. O mau tempo também causou inúmeros transtornos na via defronte ao Hospital Geral de Agora Luanda, que, devido às escavações realizadas no 13 De abril de 2013 âmbito das obras de ampliação da estrada, encontra-se intransitável, condicionamento Lém das perdas humanas, registadas no passado agravado pela submersão da chamada "ponte fim -de-semana nos distritos da Samba e Kilamba molhada", onde encalharam duas viaturas. O Kiaxi, os fortes aguaceiros têm provocado estragos cenário repete-se no distrito urbano da consideráveis ao nível das ínfra-es-truturas básicas, Ingombota. Aqui as enxurradas também demonstrando que ainda há muito trabalho a fazer inundaram residências e quintais, e alagaram ruas para evitar situações de calamidade. O cortejo de dos bairros da Boavista, da Kinanga e da Chicala I destruição deixado pelas últimas chuvas inclui e II. As palavras de nada servirão se as autoridades valas de drenagem entupidas, bairros sub-mersos e não atacarem a fundo este problema. Eu penso estradas cortadas em quase todos os municípios e que identificadas as causas, nada melhor do que distritos, calvário que no entanto está longe de ser avançar com a requalificação do traçado urbano ao novo para as autoridades. Há muito que os mesmo tempo que se deve pensar em novas "experts" têm alertado para a necessidade de se soluções", defendeu um velho habitante de efectuarem investimentos maciços em redes de Luanda em entrevista à Rádio Ecclesia. escoamento das águas pluviais e esgotos da cidade, Entretanto, no final de Março, o Governador que continua a crescer à alta velocidade, sob infra- Bento Bento presidiu a estruturas exíguas e envelhecidas. Os especialistas, uma reunião onde foi manifestada a intenção da como o engenheiro Cardoso Quissassa, ou mesmo requalificação do baixo prenda, envolvendo os o conhecido arquitecto "Dinguanza" já o bairros Margoso e Chabá, no distrito da Maianga. disseram: "Esta é uma cidade velha que não Isto significa que os casebres serão transformados suporta mais. Deve ser abandonada para dar lugar num bairro nobre, com equipamentos sociais a outros pólos de desenvolvimento urbano na modernos, havendo já planos para o periferia". Apesar dos alertas, a verdade é que no desalojamento da população, incluindo a velho casco urbano continuam a ser erguidos transferência do dispensário de tuberculose para prédios, e nos bairros foram obstruídas as valas de outro local, longe da zona habitacional. Estes escoamento das águas residuais devido a programas devem chegar também a outras áreas construções desordenadas. Luanda hoje é uma críticas desta Luanda, que mais não tem do que as Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 51 suas gentes a viver com mil e um problemas, O chefe dos bombeiros referiu que as populações incluindo os já crónicos, de abastecimento de atingidas recebem apoios das administrações energia eléctrica e água. municipais e do do Governo Provincial, mas aconselha as populações a não construírem em zonas consideradas de risco. "A colocação e 4.14 GPL(nota negativo) instalação de Agora torres anti-raios é melindrosa, mas e pretendemos 13 De abril de 2013 dar prioridade a locais onde ocorrem frequentemente as descargas eléctricas. As chuvas que caíram esta semana em Luanda provocaram a morte de nove pessoas, deixando outras quatro desaparecidas. Será que essa tragédia 4.16 Zangas assemelham-se ao não poderia ser evitada? Na realidade, os Rangel e ao Sambizanga problemas de que enferma a maior cidade do país Semanarío Factual estão há muito identificados e têm nomes, como o De 13 a 20 de Abril de 2013 caso das valas de drenagem que devem ser construídas principalmente nas novas Ninguém podia prever que os Zangos se urbanizações. É que, no velho casco urbano não assemelhariam, actualmente, aos distritos do deviam continuar a ser erguidas infra-estruturas Rangel e do Sambizanga, pelo acumular da água da "pesadas" que acabam por influenciar chuva em zonas antes secas, pelo areal presente. negativamente a qualidade de vida dos habitantes. Quando chovesse, por mais torrencial que fosse a Além deprejudicarem a drenagem das águas das chuva, em pouco tempo a água desaparecia dos chuvas, as novas obras também,acabam por Zangos, por o terreno ser arenoso. Porém, com a "adulterar" o traçado arquitectónico da cidade. E construção desordenada de armazéns, sem um como não existe ainda plano Director, tudo se faz plano director, as ruas dos Zangos 1, 2 e 3 com e sem nexo. enchem-se de água, porque não têm local para evasão, e também porque 4.15 Chuvas intensas matam e o terreno à volta dos armazéns e de lojas se tornou endurecido. Assim, quando chove, as ruas dos destroem diversas habitações Zangos parecem piscinas, onde crianças, Jornal de Angola inocentes, brincam, alheias aos perigos que podem 13 De Abril 2013 correr. As diversas casas de chapa de zinco, aliadas à construção de moradias semelhantes aos musse- Pelo menos 14 pessoas morreram, 31 ficaram ques de Luanda, contribuem para a permanência feridas e cerca de 65 habitações foram destruídas da água da chuva por longo tempo, levando a pelas chuvas, no primeiro trimestre deste ano no engarrafamentos, antes inusitados. Será preciso Huambo, informou ontem o comandante reverter a situação para a melhoria dos Zangos, a provincial dos Serviços de Protecção Civil e menos que se queira que se assemelhe a zonas Bombeiros da província. João Ricardo, que fazia o alagadas da capital, numa altura em que estão em balanço dos serviços de bombeiros nos primeiros construção o Zango 5, com muitas casas já três meses, salientou que, de Janeiro a Março, as erguidas ... calamidades afectaram também igrejas, escolas, nos municípios do Bailundo, , Ecunha, Ucuma, , Huambo e Cachiungo. 4.17 Chuvas torrenciais destroem casas na Lunda-Norte As mortes deveram-se aos relâmpagos , razão pela Jornal de Angola qual o Governo do Huambo decidiu instalar novos pára-raios e substituir antigas torres de 23 De Abril de 2013 protecção das descargas eléctricas nos principais As chuvas constantes que se abateram sobre a centros urbanos e locais de maior aglomeração província da k.Inda-Norte nos últimos três meses populacional, para evitar mais acidentes. provocaram a morte de quatro pessoas e o desabamento de 225 casas, anunciou no Dundo o Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 52 comandante provincial dos Serviços de Protecção calculados em mais de quatro milhões de kwanzas. Civil e Bombeiros, Venãncio Caloto. Em termo de serviços de socorros pre ta- dos, foram assistidos mais de 120 casos, 14 extinções de O município do lidera a lista de pessoas incêndio e removido um cadáver. sinistradas, com mais de 170 cidadãos atingidos. Este ano, as chuvas foram acompanhadas de "Muitas vezes, a fraca intervenção dos bombeiros ventos fortes e granizo, tendo atingido na extinção de incêndios registados na periferia, grandemente as zonas consideradas vulneráveis às que acabam em vítimas mortais e danos materiais, ravinas e de pouco saneamento básico. tem a ver com as construções anárquicas e falta de arruamentos em locais de risco", disse, . Como consequência das fortes chuvas, as ravinas assegurando que a comissão de Protecção Civil e alastram, o que atrapalha a vida pública e das Bombeiros, em colaboração com as autoridade populações que vivem nas áreas afectadas, segundo tradicionais e a população, tem realizado acções de o comandante. sensibilização nas comunidades, para se evitar construções de casas em sítios inseguros e não Venâncio Catoto revelou que a comissão autorzados pelos órgãos competentes. provincial de Protecção Civil controla um total de 68 ravinas a nível da província da Lunda- Norte, A falta de infra-estruturas próprias para melhor sendo 46 consideradas co- mo de risco extremo, na prestação de serviços do órgão na sede da sua maioria localizadas no município do Chitato, província e de quartéis municipais, ausência de que alberga igualmente o maior número de mais extintores para fazer face aos incêndios, ravinas com tendências progressivas. meios de comunicação inter-municipais para corresponder à operatividade, acções de formação As 225 famílias sinistradas pelas enxurradas, de quadros médios e superiores, foram apontados durante os primeiros três meses deste ano, foram por Venâncio Catoto como sendo os principais apoiadas de imediato, pela comi são provincial de problemas com que se debate o órgão que dirige. Protecção Civil e Bombeiros, com géneros alimentícios, medicamentos, roupa usada, chapas Além disso, o comandante referiu haver falta de de zinco, tendas, entre outros bens, que transporte para o pessoal, meios informáticos, minimizaram de alguma forma as suas sistema HF para o apoio em zonas de acolhimento dificuldades. O comandante Venâncio Catoto dos sinistrados das chuvas e de mais efectivos para referiu que um número considerável de pessoas prestarem serviços nos municípios e comunas. que viviam em zonas de risco foi realojado em áreas de maior segurança. 4.18 Reparação das ruas reduz Aequipa técnica da comissão provincial de impacto da chuva Protecção Civil e Bombeiros montou dez pára- raios em algumas infra-estruturas e está previsto Jornal de Angola serem postos mais 28 sistemas nos próximos dias. 25 De Abril de 2013

O comandante adiantou ainda que a situação As avenidas Deolinda Rodrigues, Revolução de operativa da província da Lunda-Norte, de Janeiro Outubro e Ho Chi Minh, em Luanda, não a Março deste ano, conheceu alterações tiveram grandes problemas durante as últimas significativas, devido ao número reduzido de casos chuvas, graças às obras recentes de manutenção de incêndios, desabamentos de casas, mortes e dos seus componentes. Em declarações prestadas feridos, fruto da voluntariedade e entrega dos na terça-feira à Angop, o coordenador dos serviços efectivos da corporação, apesar das deficiências de limpeza urbana do Projecto Vias de Luanda, técnicas, materiais e humanas. Márcio Ribeiro, referiu que a manutenção permanente destes eixos viários é um modelo que O balanço trimestral regista cerca de 240 reduz o ocorrências diversas, menos 76 em relação ao impacto negativo do período de chuvas na cidade. mesmo periodo do ano transacto, com realce para "Durante todo o ano são realizados serviços de 15 incêndios, três acidentes de viação, que ampliação, correcção e desobstrução das redes de resultaram em oito mortes e danos materiais drenagem de águas pluviais e residuais nas Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 53 avenidas. As sarjetas e tubagens livres facilitam as famílias desalojadas foram acolhidas operações de escoamento durante e após as provisoriamente em residências de alguns chuvas", afirmou Márcio Ribeiro. "O lixo trazido familiares, vizinhos e amigos e enfrentam imensas pelas águas entope as grelhas das sarjetas. Também dificuldades, porque per- deram todos os seus há pontos em que a areia dos quintais, obras e ruas haveres. "Esta é a segunda vez, desde o principio sem pavimento desembocam nas avenidas e do ano, que passamos por uma situação idêntica. precisamos agir com rapidez para evitar As chuvas estão a destruir as nossas casas e lavras. constrangimentos", sublinhou. Nesta temporada, Estamos preocupados com e - duas equipas de desobstrução de galerias têm ta situação, por isso pedimos ajuda ao Governo no estado de alerta para lidar com as águas. "Quando sentido de minimizar o nosso sofrimento", disse começa a chover, a brigada circula pelas avenidas Lucas Dias. Caso a situação não seja resolvida a controlando potenciais pontos de obstrução e tempo oportuno, referiu, as famílias sinistradas alagamentos", frisou. As operações especiais de vão enfrentar uma grande crise alimentar, uma vez manutenção durante e após as chuvas incluem os que os habitantes da aldeia vivem da agricultura de serviços de limpeza das grelhas das sarjetas, subsistência. "Se nos derem cbapas de zinco e recolha de resíduos dispersos, raspagem dos barrotes vamos rapidamente recuperar as nossas pontos de acumulação de areia e lama, sucção de residências. Portanto, é esta ajuda que pedimos as águas paradas, lavagem de passeios e pistas, além autoridades da província", garantiu. O director da da recolha diferenciada de mobília e escola do ensino primário n° 69 do Cungula, electrodomésticos avariados. Conforme a Vieira Filipe Zoa, disse que a chuva afectou intensidade das precipitações, as operações de também as instalações do estabelecimento escolar, manutenção na Deolinda Rodrigues, Revolução de destruindo parcialmente o tecto e criou fissuras Outubro e Ho Chi Minh podem envolver até uma nas paredes. A aldeia de Cungula situa-se a 18 centena de trabalhadores e equipamentos diversos, quilómetros da cidade do Uíge. A população, como camiões cisterna, bombas de sucção, estimada em 750 habitantes, dedica-se vassouras mecânicas, compactadores e carrinhas. maioritariamente ao cultivo da mandioca, "O objectivo desta manutenção é assegurar as ginguba, milho, feijão, banana. café abacate, condições de salubridade e tráfego da via, zonas batata-doce e rena, abóbora, entre outro produtos. pedonais e áreas verdes no menor tempo possível, para beneficio dos citadinos", acrescentou. Mas, para que este trabalho seja de facto eficaz, é 4.20 Alunos impedidos de ir às aulas necessário que a população colabore, deitando o Jornal de Angola lixo apenas nos cestos e locais apropriados, uma 30 De Abril de 2013 vez que o lixo ao ar livre constitui a maior causa de alagamento das ruas Directores das escolas temem pela reprovação dos com redes de drenagem. estudantes

Os directores da escola do 11 ciclo de São Pedro, 4.19 Chuva desaloja famílias na José Luvumbo, e do Instituto Médio Politécnico localidade de Cungula do Sambizanga, Álvaro Domingos, estão Jornal de Angola preocupados com as faltas dos alunos, que não aparecem às aulas devido ao mau estado da estrada 25 De Abril de 2013 que dá acesso aos estabelecimentos de ensino.

Pelo menos 35 pessoas residentes na localidade de Em declarações ao Jornal de Angola, José Cungula, no município do Uíge, ficaram Luvumbo e Álvaro Domingos disseram que desde desalojadas em consequência da chuva as últimas chuvas que caíram sobre Luanda a via acompanhada de ventos fortes e granizo que que dá acesso às escolas ficou esburacada e caíram no último fim-de-semana sobre a região. praticamente intransitável. Os automobilistas e Em declarações ao Jornal de Angola, o soba de taxistas já não usam a via que liga São Pedro da Cungula, Lucas Dias, disse que a chuva provocou Barra à estrada principal entre o Cacuaco e a a destruição de sete residências e inundou as Boavista. instalações da Igreja Católica e as plantações. As Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 54

No Instituto Médio Politécnico do Sambizanga, Jornal de Angola na escola de 11 ciclo de São Pedro da Barra e 30 De Abril de 2013 noutros estabelecimentos de ensino existentes na zona, estudam alunos que saem de São Paulo dos As fortes chuvas que têm caído nos últimos dias bairros Nguanhá, Roque, Boavista, Petrangol, aumentaram o perigo Kwanzas, Porto Pesqueiro e têm aquela via como única alternativa. A estrada que liga o bairro Glka edá acesso a central térmica da vila do Cafunfo, a sede comunal Álvaro Domingos disse que o instituto está a do Luremo, no município do Cuango, provincla ponderar "não aplicar faltas", mas "infelizmente da Lunda-Norte, está cortada, em consequência da os progressão da ravina, Informou administrador. alunos estão a perder matérias", lamentou. José Luvumbo disse que a maioria dos alunos do Luís Figueiredo Muabonguedisse que em função período nocturno já não aparece nas aulas. do quadro actual, as autoridades municipais estão preocupados e envidam esforços no sentido de se As autoridades sabem da situação mas não estancar a calamidade natural, que tende a destruir resolvem o problema. "As autoridades locais não os bairros Gika, Balabala e a central térmica da nos querem aproximar", desabafou, visivelmente vila do Cafunfo. Com a progressão da ravina, transtornado. precisou o responsável, a circulação de pessoas e bens deixou de ser feita naquele perímetro. O director do Instituto Médio Politécnico do "Estamos preocupados com esta situação e Sambizanga disse que o mau estado da via está a reconhecemos os transtornos que a população está afectar também os professores e funcionários a viver", disse. administrativos. "A pontualidade dos docentes e funcionários administrativos baixou e as faltas O administrador do Cuango explicou que as aumentaram", disse. fortes chuvas que têm caido nos últimos dias na região têm contribuído para a progressão das As administrações do Ngola Kiluange, do Distrito ravinas, que já destruíram a ponte obre o rio Urbano do Sambizanga e da Comissão Candandji, nas imediações da vila de Cafunfo. Administrativa de Luanda já sabem da situação. Alvaro Domingos salientou que ainda não recebeu Admitiu que caso a situação se mantiver, muitas nenhuma resposta satisfatória para eliminar esta outras pontes ou pontecos poderão ter o mesmo dificuldade. destino e, por isso, disse ser necessária Uma intervenção urgente. "So dizem que vão resolver", disse Alvaro Domingos. Acrescentou que é preciso que as "Apelamos ao Governo Provincial no sentido de empresas dar resposta a situação vigente no município sob que trabalham naquela zona assumam a sua pena de se registarem danos irreparáveis em responsabilidade social para as comunidades, pois termos de vidas humanas ou prejuízos materiais o problema da estrada está a afectar as populações avultado . dos bairros da costa marítima do Ngola Kiluange. Não queremos que atinja este nível", notou o responsável. João António é taxista há nove anos. Faz o trajecto entre São Pedro da Barra e S. Paulo. E dos Sector da educação poucos taxistas que aceita arriscar passar pela estrada completamente esburacada. "Passo aqui O sector da Educação regista progressos com muita mágoa, porque danifico o meu carro, significativos no município do Cuango. mas não quero comentar muito sobre esta Actualmente a localidade conta com 61 escolas, realidade que infelizmente ainda existe sem razão sendo 30 de construção definitiva e 31 de carácter de ser", disse. provisório.

Apesar do progresso registado, com a construção 4.21 Ravina separa vila do Cafunfo e de mais salas e o ingresso de mais docentes, ainda Luremo assim o município carece de mais escolas. Para este Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 55 ano lectivo o administrador municipal disse que foram matriculados 39.840 alunos, sendo 27.605 no ensino primário, 8.247 no primeiro ciclo e 3.988 inscritos no segundo ciclo do sistema normal do ensino, o que, segundo o responsável, toma o Cuango o segundo município que congrega o maior número de alunos, apenas superado pela capital da província.

Neste momento o município necessita de mais de 102 salas de aulas, disse, considerando insuficiente a verba disponibilizada para as infra-estruturas, no âmbito do programa de combate à pobreza, para este ano. O município do Cuango possui uma população estimada em 140 mil habitantes. A população está distribuída em 214 bairros e aldeias, numa extensão territorial de 6.818,8 quilómetros quadrados.

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A população no Namibe exige mais dos deputados 5. MAIO do círculo Provincial no sentido de debaterem a questão da seca e da fome na Assembleia Nacional. 5.1 Fome aperta no interior do O Executivo através da sua Comissão de Protecção Namibe Civil, reuniu-se, recentemente, sob presidência do Angolense Vice-governador, António Correia e admitiu que a 03 de Maio de 2013 situação alimentar é preocupante no interior da província. A referida reunião concluiu que, o lençol A população, no município do Namibe, mostra-se freático da província baixou, o que faz escassear a solidária e preocupada com a situação que se vive água, quer para o consumo humano quer animal. no interior da província, onde a fome graça e Este jornal soube no fim do encontro que, nos ameaça a vida a centena de cidadãos. A comunidade próximos dias uma equipa do Executivo local, parte estudantil da sede da província, é a mais inquieta para as áreas afectadas para se constatar in loco o com os relatos que chegam dos municípios do problema. interior, segundo as quais, as crianças estão a abandonar as escolas por conta da fome. Justo 5.2 Populações da Boa Esperança em Joaquim, é estudante e defende que o governo tome posição imediata, para acudir aquelas populações, zonas críticas aguardam por de forma particular as crianças, que têm o futuro melhores dias ameaçado. "Pedimos ao nosso governo para ajudar Manchete aquelas crianças". Menina preparando fuba de 03 De Maio de 2013 forma tradicional na Com una do Munhino Na visão do estudante Justino Brito, o momento de Das 413 familiares que vivem em condições de risco, enormes quedas pluviométricas, fossem adoptadas 200 já tiveram os seus espaços garantidos, faltando medidas de conser vação de água, para que na falta apenas as 213 deste os reservatórios servissem de tábua de salvação. " Nós temos assistido em Luanda, A administradora municipal do Cacuaco garantiu, Benguela e Huambo, as pessoas têm vindo a gritar recentemente, que o seu pelouro está empenhado no porque a chuva está de mais. "Aqui no Namibe não processo que visa reassentar as populações do bairro temos e as pessoas vão morrer a fome. Nós Boa Esperança, nomeadamente, da zona do dependemos do Lubango em termos de Balumuca 3, que viram as suas casas engolidas pelas alimentação, se um dia acontecer a mesma coisa que ravinas. Rosa Janota, que falou em exclusivo para o vimos em 2011, as pontes foram-se embora pelas Manchete, salientou que os habitantes deste bairro águas da chuva. Então seria bom enquanto cedo, o enfrentam, nos últimos tempos, imensas Estado adoptar políticas que posteriormente dificuldades, no que tange à insegurança, devido ao possam assegurar a questão da água", sugeriu. estado em que ficaram as suas residências. De acordo Refira- se que a província do Namibe debate-se, com a interlocutora, o primeiro passo feito pela sua igualmente, com a falta de água o que faz com que administração, consistiu na identificação de um lugar animais e pessoas bebam da mesma fonte, seguro para a acomodação dos sinistrados, assim perigando deste modo a saúde das populações. como o cadastramento das famílias afectadas, para de Thongololo Mati, do município do , lamenta seguida dar-lhes terrenos que não irão apresentar, que o seu gado esteja a beira da morte por falta de futuramente, os mesmos problemas que se verificam pasto e água. "Este ano vou mesmo ficar sem nada, nas zonas anteriores. Acrescentou que o processo de se o restante do gado que tenho morrer tal como o entrega dos terrenos ainda está em curso, de forma a outro no ano passado, a riqueza da minha família proporcionar o equilíbrio de vida dos cidadãos que vai acabar. Aqui as pessoas estão em perigo de irão se instalar aí. Frisou, igualmente, que o processo morte por causa da fome. Se não houver de loteamento dos terrenos possui duas grandes fases intervenção rápida, pode acontecer danos piores. fundamentais, passando depois pela distribuição aos Para ter uma ideia, há pessoas que passam o dia sem futuros beneficiários. Rosa Janota apelou aos provar um único alimento, imagine o que populares no sentido de ajudarem as autoridades vivemos"! Nas zonas afectadas pela fome e falta de para a resolução dos problemas que os afligem. água, a população está a contas com a tuberculose, situação que preocupa as autoridades sanitárias. "É necessário que os cidadãos façam chegar as autoridades aquelas questões do seu domínio para que se encontre solução", disse. Afirmou ainda que, Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 57 das 413 familiares que vivem em condições de risco na localidade da Boa Esperança, 200 já tiveram os seus espaços garantidos, faltando apenas as 213 famílias, para a conclusão do respectivo processo de reassentamento das populações vítimas de ravinas. Salientou que a situação das ravinas naquela localidade já dura muitos anos, sem no entanto, haver possibilidades de se ultrapassar este problema, mas, que agora foi encontrada uma saída. Rosa Janota ressaltou que, com a conclusão do processo que visa reassentar estas mais de 400 famílias em locais seguros, abre-se uma perspectiva diante das mesmas, no sentido de terem casa própria. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 58

Até agora só beneficiou de uma intervenção de tapa 5.3 Obras de Santa Engrácia em buracos. Luanda

A Capital 04 de Maio de 2013 Rangel

NUMA ALTURA em que o que mais se advoga é a Neste distrito constatamos que decorrem obras de busca de soluções para oferecer melhor fluidez do reabilitação do troço que sai do Senado da Câmara, trânsito em Luanda) através do melhoramento de passa pelo Centro de Formação Profissional do vias estruturantes) terciárias e secundárias, eis que) Cazenga, até ao zé Pirão. Percorrer esta via, é um os panos de reabilitação de muitas delas, foram verdadeiro caos. A obra a cargo da empresa Teixeira concebidos em 2006 e, até hoje, nada. Duarte, não vislumbra no horizonte temporal qualquer sinal de conclusão, porque grande parte do Os factos falam por si e, aliás, contra factos não há troço que já havia sido asfaltado, voltou a degradar- argumentos. Foi com esta convicção que o A se, exigindo, desta feita, uma retoma dos trabalhos Capital passeou durante dois dias por várias artérias desde a estaca zero.A Senado da Câmara em si, é de Luanda. Apesar de o carro que nos transportou outra das que volta e meia, está em reabilitação, ser à tracção e a todo terreno, em muitos pontos sobretudo, a partir do prédio do livro, ao São Paulo, fomos, mesmo, obrigados a desviar de rota. O até à Cidadela Desportiva. Quando está boa, nosso ponto de partida foi no Distrito do representa uma importante via quanto ao Sambizanga, concretamente na Avenida Lueji-ya- descongestionamento do trânsito. Porém, há muito Nkonda, Esta importante estrada, necessita de deixou de exercer o seu real papel. Charcos e lixo intervenção urgente, isto é, desde a Administração passaram a ser o seu postal de visita, com o famoso local até às imediações da refinaria de Luanda. O Prédio Sujo a agudizar ainda mais a situação. Ainda troço clama pela substituição completa do tapete no distrito do Rangel, constatamos que as obras de asfáltico, alargamento da via e pela colocação de um reabilitação das vias secundárias e terciárias, sistema de drenagem capaz de escoar as águas aprovadas pelo MINUC e GATEC, a exemplo do pluviais e residuais, que muitas vezes estão na que está a ser feito no bairro Mártires do origem de erosões naquela zona. Entretanto, a Kifangondo, estão paralisadas, sem qualquer referida Avenida, já está em obras, faz tempo e, foi explicação por parte do dono da obra. adjudicada à construtora Odebrecht. Ao que se sabe, quando estiver concluída, vai ligar Cazenga Sambizanga ao município de Cacuaco. A rua 12 de O município descrito como o mais populoso da Julho é outra que sofre constantes reabilitações. Só província de Luanda, parece ser o mais martirizado que as respectivas intervenções são apenas para o no que respeita à abundância de estradas desgastadas. inglês ver, a julgar pela fragilidade das obras, e A nossa reportagem, passou pelas Avenida Ngola encontra-se, igualmente, arruinada. Depois Kiluanje, Sª, 6ª e 7ª avenidas, bem como pelas ruas entramos para a rua Nguanhã, na comuna do Ngola do Aviário, da Gamek e da Nocal. Uma realidade a Kiluanje. Do asfalto que a pavimentava nem sequer todos os títulos lastimável. Algumas destas vias estão os vestígios se podem ver, o que obriga os utentes a em desuso por causa do imensurável volume de utilizarem a Avenida Luejí-ya- Ngonda, quando águas, buracos e resíduos sólidos que neles se esta serviria de alternativa para ligar, ao Cazenga e à acumularam. Deu para verificar que decorrem obras zona do antigo mercado Roque Santeiro. A nossa a passos de camaleão na 5ª Avenida e na Ngola reportagem seguiu para famoso bairro Uíge, Kiluanje. Tais obras, como nos disse um encarregado passando pela estrada denominada Rua da da ZAGOP, que não se identificou, consistem na Sonangol. Segundo os moradores apesar de ter colocação do canteiro central, que vai drenar as merecido obras de reposição, ainda antes das águas todas e, só depois é que se vai atacar a estrada. eleições de 2008, o número de camiões que ali Estas obras, reforçou a fonte, tiveram início em circula para o carregamento de gás butano e meados de 2006. "Em certos casos as empresas usam combustíveis, põe em causa a durabilidade da fundos próprios só para manter a obra, porque as mesma. Ainda no Sambizanga, passamos pela verbas tardam a chegar, da parte do Instituto de importante rua que sai da Mulemba à Siderurgia da Estradas de Angola (INEA), que é o dono das obras", Sucanor. Diz-se que em função do seu acentuado deplorou, para refutar, com isso, o argumento da grau de destruição, terá, em Dezembro último população que imputa responsabilidades às empresas originado o aumento do preço do gás de cozinha. construtoras, quando a estas cabe apenas a Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 59 implementação. "Sem verbas nada se pode fazer. começou a trabalhar no sentido de criar condições Trabalhamos com máquinas e homens que se alimentares para as nossas populações e para o gado alimentam, todos os dias, que devem ganhar pelo que é o meiode subsistência do povo", disse António que fazem. É óbvio que sem dinheiro não podemos Didalelwa ao Jornal de Angola. trabalhar", observou. Situação idêntica, segundo o go- vernador, vivem as populações das comunas de Mucupe, Onepolo e , onde muitas pessoas já abandonaram as suas Recordou que por via dessa aludida desarticulação residências e estão acampadas na margem direi- ta entre construtores e dono das obras, a pressão da do rio Cunene,juntamente com os seus rebanhos. parte dos populares é enorme, tanto é que a Camargo Correia viu-se forçada a terceirizar a obra "A população dessas localidades está a passar para os chineses, pois, irados, alguns moradores do momentos muito dificeis, porque há dois anos que bairro Canivete terão queimado as suas máquinas, praticamente não chove nas suas regiões, facto que supostamente, devido à morosidade da mesma. está a prejudicar a economia das famílias, cuja base de subsistência é a agricultura e a criação de gado", Grande parte das estradas secundárias do Cazenga lamentou o governador. Na comuna de Om- bala yo reabilitadas nas vésperas das eleições de 2008, tendo Mungu, município de , os Serviços de inclusive beneficiado de tapete asfáltico, hoje apenas Protecção Civil e Bombeiros procederam, na quinta- restam crateras, infernizando, diariamente, os que feira passada, à distri- buição de água potável à por vários motivos servem-se dela. Uma das poucas população afectada pela seca. Foram distribuídos 250 ruas que está a beneficiar de obras é a antiga mil litros de água, transportada por camiões cister- Manauto-5, ou seja, a que sai do Embondeiro da nas, que serviram para minimizar a carência na Mabor para o Popalá da Sonef. região.

Nesta lamenta-se o facto de a empresa Chinesa O secretário de Estado do Interior para área de responsável pela obra estar a estreitar a via e as Serviços de Protecção Civil, Eugénio Laborinho, curvas o que tem causado vários transtornos aos garantiu que os serviços de protecção, em paralelo automobilistas. com outros minis- térios, "tudo estão a fazer para acudir às populações, com distribuição de água, 5.4 Governador do Cunene lança alimentos e 'kits' de sobrevivência compostos por um apelo urgente co- bertores, utensílios de cozinha, moto-bombas e outros". Jornal de Angola 07 De Maio 2013 No próximos dias, acrescentou Eugénio Laborinho, vão ser enviados para a província do Cunene os Mais de 300 mil pessoas estão em risco de fome por alimentos que já estão nos armaéns. "O governo causa da seca que assola a província do Cunene, provincial já tomou as primeiras providências e a onde não chove há dois anos, disse ao Jornal de comissão composta pelos Ministérios da Assistência Angola, por telefone, governador António e Reinserção Social e Agricultura está a envidar Didalelwa. esforços no sentido mandar alimentos para aquela população assolada pela seca", realçou. António Didalelwa referiu que o governo provincialjá tomou as primeiras providências para Eugénio Laborinho informou ain- da que, apesar do acudir às populações em situações mais difí- ceis. Cunene ser a pro- víncia mais afectada neste momen- "Estamos preocupados com a situação. Há falta de to, o problema da seca já afectou também as alimentos, água para as pessoas e para o gado. províncias do Narnibe e parte de Benguela. Estamos a trabalharnum plano para conseguirmos ultrapassar essas dificul- dades", referiu o 5.5 Exploração ilegal de inertes com governador. dias contados O governo provincial está a colher e armazenar Jornal de Angola grandes quantidades de cereais e alimentos e, 10 de Maio 2013 com o apoio do Executivo, a trabalhar com uma Comissão Multissectorial coordenada pelo ministro da Agricultura, que se vai acudir às necessidades da população. "A Comissão Multissectorial já Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 60

Os operadores dos minerais utilizados na construção civil que não cumprem as normas estabelecidas no Código Mineiro, que vigora desde 2011, têm os dias contados. O Ministério da Geologia e Minas anunciou, recentemente, que vai passar a exigir aos operadores desse subsector a obrigatoriedade de uma Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 61

licença e o pagamento de taxas para a exploração comercialização, obtêm lucros e não pagam dos mesmos. quaisquer taxas nem impostos ao estado; referiu.

Todos os dias, nas zonas suburbanas de Luanda e A Constituição da República de Angola e o Código das restantes províncias é possível avistarem-se Mineiro determinam que os recursos minerais são homens, e muitas vezes crianças, a retirar do propriedade do Estado, que define as regras da subsolo pedras, rochas, burgau, areia branca e exploração dos mesmos. "Se são do Estado, existindo vermelha. Na zona de Viana e Cacuaco, o Jornal de um privado a explorar, ele tem de pagar os impostos Angola constatou que alguns desses inertes são e as taxas ao Estado, e desenvolver a atividade com retirados com a ajuda de máquinas escavadoras e base na Lei. Não pode agir como se de uma dinamite. propriedade privada se tratasse", alertou Carlos Matano.

Estes materiais, depois de "garimpados", são colocados numa outra área, onde são triturados e peneirados, para serem posteriormente separados. Depois de postos na carroçaria do camião, são transportados para os estaleiros de algumas empresas de construção civil, onde são aguardados pelos clientes que estão a construir ou remodelar as suas casas. O preço do material,

dependendo do tipo, varia entre os seis e os 18 mil kwanzas.

As normas para o exercício desta actividade, que é fiscalizada por uma Comissão multissectorial, integrada pela Polícia Nacional, Forças Armadas Angolanas e Ministério do Ambiente, e coordenada pelo Ministério da Geologia e Minas, têm sido constantemente violadas por muitas empresas. "A violação da norma começa pelo incumprimento da segurança no transporte de inertes, ausência de equipamentos de protecção individual e colectiva, o que expõe os trabalhadores a enormes riscos. Existem empresas que não têm licenças de exploração", disse o inspector-chefe da Polícia Económica, Carlos Matano.

Das irregularidades registadas, "as que mais preocupam o Executivo é a falta de condições de segurança, higiene e saúde no trabalho, de estudo de impacto ambiental, áreas já exploradas sem restauro paisagístico e sem reflorescimento. Além disso, a maior parte das empresas, depois de cedido o espaço, realizam a introspecção e exploração, Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 62

A directora-geral do Instituto Nacional de Gestão uma estratégia de acção", explicou o ministro. O Ambiental, Julieta Condez, reconheceu que a Ministério vai, numa primeira fase, fazer um exploração de recursos minerais é importante para trabalho de sensibilização, destinado a esclarecer que o crescimento de qualquer país, mas, "como se viu, existe Lei para o exercício de exploração de inertes, a é necessário que haja trabalhos de recuperação obrigação do pagamento de impostos e taxas, assim paisagística seguidos de uma monitorização após a como o enquadramento daqueles que trabalham exploração, para que o mesmo local seja ilegalmente nessa actividade. aproveitado como um ponto turístico ou para a agricultura".

Para que todas as fases estratégicas a serem desenvolvidas terminem com êxito, o Ministério da A legislação ambiental obriga que todos os autores Geologia e Minas realizou o primeiro encontro de projectos, antes de estes serem desenvolvidos, apresentem a documentação referente ao estudo de impacto ambiental. No entanto de maneira geral ;isso se verifica nas áreas de exploração de inertes. Muitos deles, na realidade, têm a licença de exploração mineira, mas não a licença ambiental, portanto, as consequências são graves, porque podemos encontrar o surgimento de ravinas, degradação do solo, devastação da vegetação e palmeiras", realçou Julieta Condez.

Construções anárquicas

A construção anárquica, sem o cumprimento das normas, resulta da grande procura de inertes por várias pessoas e empresas de construção civil. "O país está em reconstrução. Existe um processo de reconstrução muito profundo e as empresas de construção civil necessitam de grandes quantidades de inertes para serem utilizadas nas obras. Daí as empresas de exploração de inertes procurarem fazer tudo para atender as necessidades de todos os clientes, só que o fazem de forma desordenada", explicou o ministro da Geologia e Minas, Francisco Queiroz.

Devido à situação que vive o subsector, o Ministério da Geologia e Minas está a trabalhar para que, o mais breve possível, se consiga alterar esta situação, para um trabalho mais organizado, respeitando as normas e pagando as taxas. "Mas, por ser muito importante o processo de reconstrução do país, e para não impedir o avanço das obras em curso, o Ministério da Geologia e Minas traçou uma estratégia que visa salvaguardar as obras que estão em reconstrução e construção, mas ao mesmo tempo corrigir os erros, obrigando os mesmos a respeitar as normas. Para isso, temos Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 63

Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 64 nacional de operadores do subsector de minerais plano de emergência para acudir rapidamente a para a construção civil, em Luanda, onde foram situação. Foi com base numa informação prestada dados esclarecimentos a 250 empresários, oriundos pelo ministro Pedro Canga, durante a sétima de todo o país, sobre os novos desafios e a sessão extraordinária da Comissão Económica do estratégia a ser desenvolvida, ao mesmo tempo que Conselho de Ministros que o foi incent

Tande, Funda, Calumbo, Bom Jesus, Cabala, Úcua, Cabire, , Quicabo, Porto Quipiri, Maria Teresa e Cabo Ledo são zonas onde se exploram anarquicamente os inertes, assim como a via que liga Luanda ao Dondo, passando por Catete. Em Viana, mais exactamente na zona Tande, há várias empresas a laborar na exploração de inertes. O empresário Domingos Júnior referiu o seu descontentamento com a situação que se está a viver no sector e condenou a atitude dos empresários, que trabalham sem respeitar o que está determinado no Código Mineiro. "Embora alguns de nós ainda tenham algumas pequenas lacunas, temos sabido cumprir as recomendações dos fiscais quando nos visitam para inspeção", salientou.

Quanto às iniciativas tomadas pelo ministro da Geologia e Minas, em relação à obrigatoriedade de licenças e pagamento de taxas por parte dos operadores, Domingos Júnior disse que, "se assim for, o sector de Geologia e Minas pode ser um dos contribuintes mais valiosos para os cofres do Estado".

O Código Mineiro exige que apenas empresas nacionais, de direito angolano, realizem trabalho de exploração de inertes no país, mas "muitas dessas empresas de direito angolano, dominadas por cidadãos nacionais, não possuem capital financeiro suficiente para arcar com todas as despesas das empresas. Normalmente, recorrem ao investimento estrangeiro, como é o caso da Odebrecht e outras", concluiu o ministro.

5.6 Executivo esboça estratégia de emergência para o Cunene O Independente 11 De Maio de 2013

A grave situação humanitária que se vive na província do Cunene, a braços com uma grave crise provocada pela seca (há mais de dois anos que não chove) levou a que o chefe do Executivo criasse uma comissão encarregue de criar um Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 65

Executivo tomou contacto com os detalhes, da Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. situação no terreno. A comissão, segundo um Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. comunicado do órgão, será coordenada pelo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Ministério do Planeamento e Desenvolvimento Corpo do texto. Corpo do texto. Territorial, Job Graça. O grupo de trabalho encarregue de pôr em marcha o plano, que visa garantir de imediato a assistência médica e 5.8 Titulo Artigo medicamentosa, em bens alimentares e de Fonte distribuição de água potável às populações mais Data carenciadas, integra os ministérios da Administração do Território, Assistência e Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Reinserção Social, Agricultura, Saúde, Energia e Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Águas e pelo Governo da Província do Cunene. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Para garantir uma intervenção consequente, a Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Comissão Económica orientou que no âmbito' do Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Plano de Execução do Orçamento Geral do Corpo do texto. Corpo do texto. Estado e do Plano Nacional de Desenvolvimento a Médio Prazo sejam desenvolvidas acções de Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. longo prazo de modo a garantir o controlo da Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. situação e das consequências das calamidades Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. naturais na província do Cunene. A comissão não Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. inclui os Serviços de Protecção Civil e Bombeiros, Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. que entretanto, adiantou-se a anunciar, na voz do Corpo do texto. Corpo do texto. secretário de Estado Eugénio Laborinho, a sua intervenção com a distribuição de 250 mil litros de 5.9 Titulo Artigo água, transportados por camiões cisternas. Eugênio Laborinho terá garantido em declarações Fonte ao Jornal de Angola, que os Serviços de Protecção Data Civil e Bombeiros «tudo está a fazer para acudir as populações com a distribuição de água, alimentos Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. e kits de sobrevivência compostos por cobertores, Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. utensílios de cozinha, motobombas e outros». A Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. fome no Cunene ameaça mais 300 mil pessoas, Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. segundo o governador da província, António Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Didalelwa. Segundo o responsável, foram Corpo do texto. Corpo do texto. tomadas, a nível local, algumas providências para Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. acudir as populações em situação mais difícil.. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. 5.7 Exploração da madeira e Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. negocio prospero Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fon Jornal de Angola Data 5.10 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Data Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 66

Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. 5.11 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Data

Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. 5.14 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Data Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. 5.12 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Data

Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. 5.15 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Data Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. 5.13 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Data 5.16 Titulo Artigo Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 67

Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Data Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. 5.19 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Data Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. 5.17 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Data Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. 5.20 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Data Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. 5.18 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Data Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. 5.21 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Data Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 68

Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. 5.22 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Data 5.25 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Data Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. 5.23 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Data 5.26 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Data Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. 5.24 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Data 5.27 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Data Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 69

Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Data Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. 5.28 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Data 5.31 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Data Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. 5.29 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Data 5.32 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Data Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. 5.30 Titulo Artigo Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 70

Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. 5.33 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Data

Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. 5.36 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Data Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. 5.34 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Data

Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. 5.37 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Data Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. 5.35 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Data

Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. 5.38 Titulo Artigo Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Fonte Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Data Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Corpo do texto. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 71

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5.39 Titulo Artigo Fonte Data

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5.40 Titulo Artigo Fonte Data

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A região semiárida do sul de Angola é 6. JUNHO ecologicamente frágil, propícia à ocorrência de secas cíclicas. Visto deste modo, a questão central, 6.1 ADRA analisa efeitos da seca e segundo a instituição, estará na prevenção dos aponta saídas efeitos da seca, com base numa planificação local proactiva, regional ou nacional, que leve em conta Semanário Angolenseida a probabilidade de secas e estiagens e os 01 De Junho de 2013 mecanismos endógenos de maneio que as populações desenvolveram ao longo dos séculos, O Conselho Directivo da ADRA reuniu-se em ao lidar com esta realidade ambiental. sessão ordinária aos 25 de Maio de 2013, num encontro em que analisou o contexto do país Numa outra vertente não menos importante, o quanto aos efeitos da seca, dinâmicas da sociedade Conselho Directivo da ADRA lamenta que, civil e da governação. depois das experiências menos bem-sucedidas em algumas províncias no passado, se insista no Na sua reunião de cúpula, fez ainda o ponto de método de desalojamentos forçados das situação sobre a aquisição do estatuto de utilidade populações em zonas suburbanas e fora do quadro pública para a ADRA, aprovou a admissão de estabelecido pela lei vigente, sem diálogo novos membros e tomou conhecimento das acções antecipado com as populações e sem que estejam e processos dos seus órgãos executivos e da criadas condições alternativas de habitação para a participação do seu presidente em dois seminários, sua acomodação que versaram sobre «Sociedade Civil em Angola e o seu papel e influência nas instituições do Estado, no contexto dos imensos recursos naturais à 6.2 Alerta “vermelho” nos Gambos disposição do Governo de Angola», eventos Semanário Agora organizados pelo Grupo África da Suécia (GAS) 01 De Junho de 2013 em parceria com o NAI – Nordic África Instituto. O rio Caculuvar, afluente do Cunene, está a secar Sobre os efeitos da seca e estiagem no Sul de e as suas águas já não correm leito abaixo. Angola, o Conselho Directivo da ADRA deplora a situação de emergência em que as populações Quando chegam próximo das povoações de estão expostas, lamentando o facto de não se ter Viriambundo e Quihita desaparecem na areia, tomando em conta os alertas lançados há mais de dando lugar a pequenas lagoas que, por sua vez, um ano por líderes religiosos e Organizações da também, entraram num rápido processo de Sociedade Civil (OSC) no sul de Angola. evaporação.

Os efeitos da seca e da estiagem fazem-se sentir de É no município dos Gambos onde múltiplas e diferenciadas for- mas nos agricultores desaparecimento do rio periga a população por ser e criadores de gado; nas mulheres, crianças, jovens a sua principal fonte de abastecimento. e idosos; no mercado de alimentos; no sistema de saúde e de educação escolar. Assim sendo, para a choveu pouco nos últimos três anos, e por isso, ADRA, a distribuição de alimentos às populações escasseia o pasto para o gado bovino que é a deve ser tão-somente uma das variadas respostas principal riqueza dos nativos. E tudo se agrava requeridas. com a pressão exercida pelo gado dos nómadas do Curoca (norte da província do Cunene) sobre o Neste sentido, o seu Conselho Directivo pouco capim seco que ainda sobra. manifesta-se aberto a partilhar a experiência da organização no que diz respeito à promoção de Receando que os animais venham a morrer em culturas agrícolas alternativas e resistentes à seca e série, alguns criadores têm praticado o abate, de comercialização, assim como a transferência de vendendo a carne no mercado informal a preços subsídios financeiros às populações em particular baixos, podendo um quilograma custar 300 aos grupos mais vulneráveis - feita em parceria kwanzas, contra 500 na cidade do Lubango e 1800 com o MINARS e o UNI- CEF, ao nível local em Luanda. (municípios e províncias) no Sul de Angola. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 73

A população teme o pior já que a época das chuvas de comercializar os animais e adquirir outros bens na região apenas ocorre a partir da segunda para diversificar a sua dieta alimentar e das suas quinzena de Outubro. Por esta altura, as cacimbas famílias'. e furos de água subterrânea, que deviam ser uma alternativa secaram. "A nossa vida é uma No entender do governador, não se justifica que incógnita", refere Gabriel, um homem de quase famílias com grandes quantidades de bovinos meia idade. padeçam de fome, sob pretexto de que os animais são para as gerações vindouras, ou por questões Na vila do , sede do município dos tradicionais. Gambos, existe apenas uma cacimba escavada no leito de um riacho intermitente que passa ao lado. E as trocas comerciais a que se referiu poderiam É ali onde um líquido esbranquiçado é disputado ser feitas em parceria com os camponeses e para consumo, lavagem de vestuário e do corpo, comerciantes dos municípios do norte e leste da bem como para o abeberamento do gado. província, pouco afectados pela estiagem e que são potenciais no cultivo de cereais, frutos e A água imprópria para consumo provocou em tubérculos. Abril último um surto de cólera que matou muita gente, tendo as estatísticas oficiais avançado que a O município dos Gambos pode concorrer com a epidemia fez apenas 14 vitimas mortais. produção de carne e derivados, podendo tornar-se rapidamente, neste domínio, num dos maiores "Os nossos quimbos estão dispersos pela mata e é fornecedores de perecíveis da província e do país, difícil nestas circunstâncias fazer uma avaliação segundo ainda o governador que, ao mesmo exacta da tragédia da cólera que afectou a tempo, defendeu a necessidade dos empresários da população. O mesmo ocorre neste momento com província investirem na abertura de a seca e a fome, sendo necessário fazermos um estabelecimentos comerciais, principalmente na diagnóstico com ajuda do Governo e das sede municipal de Chiange, visando impulsionar autoridades tradicionais para se saber a magnitude as trocas entre a cidade e o campo. dos problemas existentes e encontrar em conjunto uma saída", disse José Munhonhe, um velho No Chiange, os repórteres do Agora depararam-se habitante do Chiange. com um ambiente monótono. A olho nu, pode aferir-se que a localidade está ainda longe, muito Munhonhe é comerciante e acha que a população, longe do progresso. Não há lojas nem espaços de na sua maioria criadora de gado, deve ser diversão para a juventude. As ruas, por sinal sensibilizada para utilizar o gado como moeda de desertas, clamam por asfaltagem e o mercado troca com outros produtos de que necessita. Para informal, praticamente às moscas, tem que ser ele, muitas vezes por razões culturais, os nativos dinamizado. Neste último aspecto há uma luz no mesmo na aflição não largam o seu boi para fundo do túnel por ter iniciado a construção do resolver problemas imediatos, preferindo vê-lo novo mercado no âmbito dos investimentos morrer sem água e sem pasto. públicos.

E quando assim ocorre, sem água nem capim, das "Ainda que seja erguido um mercado novo, os vacas também não se deve extrair leite que é um resultados preconizados não serão alcançados a dos principais alimentos dos nhanecas (grupo breve trecho porque a população tem gado, mas etnolinguístico que habita não só a Huíla, mas não tem dinheiro. Tem que haver um exercício também boa parte do Cunene e Namibe). para mudar o pensamento dessa gente. Tem que ser feito muito trabalho para convencer as pessoas, Comércio rural fazendo com que não olhem só para o gado como a única esperança para as suas vidas", sublinhou A tese que dá conta da necessidade da permuta do José Munhonhe, entendendo que para lá do gado, gado com outros produtos do campa foi os nativos tem que ser educados também na igualmente defendida recentemente pelo vertente da necessidade da diversificação das fontes governador provincial da Huíla, João Marcelino de rendimento familiar, com aposta séria no Tyipinge, para quem "os proprietários das cultivo de produtos. manadas, que não são poucos, devem ter a cultura Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 74

Agricultura possível Na Huíla, a seca e a fome atingem também a população do município da Matala, onde a No Chiange, boa parte dos jovens entre 18 a 35 estiagem prejudicou seriamente as culturas de anos deambulam nas ruas sem qualquer tipo de milho, feijão, soja e batata-rena só para falar destes ocupação. produtos.

Mesmo aqueles que concluem a 12ªclasse acabam Em face disso, as autoridades traçaram um por ficar sem emprego e sem condições para programa de ajuda alimentar para acudir um continuar os estudos na cidade do Lubango. universo de 13 mil famílias afectadas.

José, 25 anos, filho de um antigo comissário (agora O administrador municipal, paiva vicente, disse administrador) municipal deu-nos conta que o que as localidades de Kalumbiga e Quiteve, na 'modus vivendi' da população tende a ficar cada comuna do Mulondo são as mais flageladas, vez pior, e por causa do desespero, o refúgio dos havendo necessidade de mobilização de recursos jovens tem sido o consumo exagerado de bebidas para enfrentar o problema. "Tem que se fazer um alcoólicas. grande esforço porque a população é pobre e nem sequer tem dinheiro para comprar os alimentos de "A frustração tomou conta de muita gente", que carece", referiu o administrador, denunciou Domingos Nelson, 21 anos, vendedor acrescentando que prossegue o cadastramento para de carne no mercado local. Disse ainda que, este se saber, na realidade, quantos estão afectados pela ano, não estuda por causa dos problemas, fome. recusando, porém, enumerá-los. Já nos Gambos, onde se estima haver pouco mais Reconhecendo que "vender não é trabalho", de 120 mil afectados, o soba do Tyipeio, Pedro Nelson disse que o melhor seria aumentar o seu Kakuchitua, manifestou-se satisfeito com a entrega nível académico e encontrar um emprego que lhe pelo Governo de 15 toneladas de alimentos garanta o indispensável para viver com a família incluindo fuba de milho, arroz e óleo alimentar. sem sobressaltos, vendo na agricultura uma Porém, entende que para além das ajudas, deve alternativa viável. ser' priorizada a instalação de uma central de Mas, como pode a agricultura prosperar numa captação de água e a reparação da estrada de região tão árida? A resposta é categórica: "Se ligação à sede municipal. temos fazendeiros que construíram nas suas Aos esforços governamentais para acudir a fazendas represas para acumular água das chuvas população flagelada pela seca e pela fome juntam- por longos períodos de seca, o governo também se também, aos poucos, iniciativas privadas com a pode fazer o mesmo, mas também intensificar a entrega de donativos compostos principalmente instalação e utilização de sondas de bombagem de por alimentos e medicamentos. água do lençol freático com recurso a energia solar". A sede dos Gambos está localizada à 140 quilómetros a sul da cidade do Lubango, e é para Com água das chuvas acumulada nas 'chimpacas' e lá onde, nos últimos dias, convergem as atenções captada do subsolo, pensa-se cultivar batata- doce e do governo provincial da Huíla. Mas dada a mandioca, principalmente. A partir daí, estariam magnitude do problema, o executivo provincial abertas as portas para absorver a força de trabalho deverá marchar depressa para evitar-se o pior nos de jovens desocupados que nada fazem senão próximos tempos. engrossar a legião de alcoólicos, com todos os danos para a saúde disso resultantes. E no Lubango'?

A batata doce, a mandioca o massango e a A falta de água potável também faz-se sentir na massambala juntar-se-iam ao leite azedo muito própria cidade do Lubango, onde a população tem apreciados nestas paragens. que recorrer invariavelmente aos camiões cisternas e aos poucos furos que ainda resistem a seca. Outros flagelados O programa de abastecimento de água que estava em curso à luz dos investimentos públicos, atingiu Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 75 alguns bairros periféricos ainda no exercício do pequenas lagoas que, por sua vez, também, anterior governador Issac dos Anjos, mas não entraram num rápido processo de evaporação. É jorra nas torneiras. no município dos Gambos onde desaparecimento do rio periga a população por ser a sua principal O mesmo ocorre com a energia eléctrica que fonte de abastecimento. choveu pouco nos regista muitas falhas no período nocturno. As últimos três anos, e por isso, escasseia o pasto para razões apontadas, para além do abaixamento do o gado bovino que é a principal riqueza dos nível da albufeira, os equipamentos da barragem nativos. E tudo se agrava com a pressão exercida hidroeléctrica da Matala estão obsoletos e há pelo gado dos nómadas do Curoca (norte da muito reclamam por reforma. província do Cunene) sobre o pouco capim seco que ainda sobra. Receando que os animais venham Instado pelo Agora a pronunciar-se sobre os vários a morrer em série, alguns criadores têm praticado programas em andamento para 'salvar' a o abate, vendendo a carne no mercado informal a população do caos, o Gabinete de estudos, preços baixos, podendo um quilograma custar 300 planeamento e Estatística do governo provincial, kwanzas, contra 500 na cidade do Lubango e 1800 não 'tugiu' nem 'mugiu.', sob pretexto de que o em Luanda. seu director é novo, estando, por isso, a inteirar-se dos dossiês para depois 'atacar'. E esta evasiva de A população teme o pior já que a época das chuvas arrumar a casa alarga-se também a outros na região apenas ocorre a partir da segunda responsáveis do executivo provincial quinzena de Outubro. Por esta altura, as cacimbas recentemente nomeados pelo EDIL da Huíla, e furos de água subterrânea, que deviam ser uma Marcelino Tyipinge ele próprio também alternativa secaram. "A nossa vida é uma manifestou indisponibilidade de falar ao Agora incógnita", refere Gabriel, um homem de quase quando pretendíamos ouvir dele os últimos meiaidade. Na vila do Chiange, sede do município desenvolvimentos da acção governativa nos vários dos Gambos, existe apenas uma cacimba escavada domínios. no leito de um riacho intermitente que passa ao lado. É ali onde um líquido esbranquiçado é Entretanto, quanto a água, a solução apontada disputado para consumo, lavagem de vestuário e pelos munícipes passa pela construção de grandes do corpo, bem como para o abeberamento do reservatórios para a captação das águas . gado. pluviais, capazes de suportar longos períodos de seca. A água imprópria para consumo provocou em Abril último um surto de cólera que matou muita "A pressão da água da Nossa Senhora do Monte gente, tendo as estatísticas oficiais avançado que a reduziu consideravelmente. Se as chuvas não epidemia fez apenas 14 vítimas mortais. "Os caírem cedo, estaremos entregues ao Deus dará", nossos quiambos estão dispersos pela mata e é teme uma dona de casa do bairro da Laje. Esta difícil nestas circunstâncias fazer uma avaliação preocupação não é para menos e conforma o exata da tragédia da cólera que afectou a alerta 'vermelho' em que a Huíla, a exemplo do população. O mesmo ocorre neste momento com Cunene, está mergulhada. a seca e a fome, sendo necessário fazermos um dia- gnóstico com ajuda do Governo e das autoridades tradicionais para se saber a magnitude dos problemas existentes e encontrar em conjunto uma saí- da", disse José Munhonhe, um velho 6.3 Seca e Fome na Huila habitante do Chiange. Jornal Angolense Munhonhe f! Comerciante e acha que a 01 De Junho 2013 população, na sua maioria criadora de gado, deve ser sensibilizada para utilizar o gado como moeda O rio Caculovar, afluente do Cunene, está a secar de troca com outros produtos de que necessita. e as suas águas já não correm leito abaixo. Quando Para ele, muitas vezes por razões culturais, os chegam próximo das povoações de Viriam bundoe nativos mesmo na aflição não largam o seu boi Quihita desaparecem na areia, dando lugar a Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 76 para resolver problemas imediatos, preferindo vê- nacional de solidariedade para apoiar os afectados lo morrer sem água e sem pasto. nos municípios do interior.

E quando assim ocorre, sem água nem capim, das vacas também não se deve extrair leite que é um dos principais alimentos dos nhanecas (grupo etnolinguístico que habita não só a Huíla, mas também boa parte do Cunene e Namibe). 6.5 Técnicos do Ministério avaliam A tese que dá conta da necessidade da permuta do efeitos da seca gado com outros produtos do campo foi Jornal de Angola igualmente defendida recentemente pelo 07 De Junho de 2013 governador provincial da Huíla, João Marcelino Tyipinge, para quem "os proprietários das Um grupo de técnicos do Ministério da manadas, que não são poucos, devem ter a cultura Agricultura, Desenvolvimento Rural, Pescas e de comercio. Ambiente está desde segunda-feira na Huíla para avaliar os efeitos da seca e encontrar formas de 6.4 Mais de 30 mil famílias apoiar as vítimas com equipamentos agrícolas e camponesas afectadas pela sementes. estiagem O director da Agricultura na HuÍla disse que "a Semanário Continente viabilidade dos métodos de apoio à população, com bens alimentares e equipamentos de trabalho, 07 De Junho de 2013 é dos assuntos a serem tratados pela equipa técnica. Lutem Campos afirmou que os técnicos A fonte relata que para além da seca, associa-se analisam com os responsáveis das Administrações igualmente o "conflito homem/animal" (elefantes, Municipais dos Gambos e dos formas de hipopótamos, javalis, rinocerontes) que invadem serem canalizados mais apoios alimentares e as poucas culturas "sobreviventes" como a instrumentos de trabalho, às vítimas da seca. mandioca, batata-doce, incluindo casas e/ou aldeias. O Governo Provincial decidiu reabilitar e construir chimpacas para a retenção de água para Em função desta realidade preocupante, a o consumo de gado e furos para permitir o população local receia pela fome, perda de consumo da população. culturas, seca de pontos de água (poços, lagoas, lagos, riachos, rios), com a redução de Lutero Campos anunciou a chegada à província da produtividade primária na zona costeira de Huíla, nos próximos dias, de fertilizantes e Cubango, afectando negativamente a pesca, instrumentos de trabalho para a próxima redução de áreas de pastagem, subida de preços campanha agrícola. dos produtos agrícolas e de primeira necessidade, perda de vidas humanas e animais, perda da biodiversidade e eclosão de doenças. 6.6 A resposta do Governo é lenta O abandono escolar e absentismo laboral nos por falta de um plano de próximos tempos constituem um dos problemas contingência por enfrentar, daí que as famílias camponesas clamam por ajuda alimentar e outros apoios do Semanário AGORA Governo e seus parceiros sociais. 08 De Junho de 2013

Entretanto, as autoridades locais elaboraram já um Como o padre avalia o problema plano de contingência para acudir as populações, aguardando pela pronta intervenção dos Serviços da seca e da fome nos Gambos? de Protecção Civil e seus parceiros sociais, numa Em primeiro lugar, devo dizer que fenómeno da altura em que através da Cáritas de Angola, a seca afecta os mucubais, mundibas, vatchavicua, MBAKITA lançou igualmente uma campanha vakuroca e vahakavonas (subgrupo dos hereros), Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 77 portanto uma grande comunidade de pessoas que cólera, resultante da falta de água potável e do habita as províncias do Cunene, Namibe e Huíla. saneamento básico. Todavia, avaliando o problema, podemos aferir que a situação, particularmente nos Gambos, é As autoridades indicam que tudo está a ser feito crítica. para acudir as comunidades afectadas por esta calamidade? poderia explicar-se melhor? A resposta do Governo é extremamente lenta Quando há uma crise e as comunidades não porque não há um plano de contingência encontram soluções o desespero é maior. Esta é multissectorial. Em todas as regiões devia haver uma seca que se arrasta há mais de dois anos e na uma equipa de socorristas, pilotos, bancos de verdade, nesta região, as secas são cíclicas e sangue, ambulâncias, aviões para uma intervenção ocorrem num intervalo de sete em sete, ou de pontual em caso de necessidade. Só para citar um cinco em cinco anos. Em 2008, por exemplo, exemplo, na Itália, aquando da erupção vulcânica houve já uma seca aguda que também provocou ocorrida na região da Sicília, um grupo como o fome e outros efeitos colaterais como a cólera. que citei entrou imediatamente em acção. Aqui no Desta vez, a fome atingiu a chamada região da nosso país sabemos que a seca no sul ocorre em Chela, que abrange desde Chongoroi (Benguela), determinados intervalos de tempo, mas nunca há (Huíla) e a parte oeste do município respostas pontuais. Desde 2008 a esta parte do Lubango, Humpata, Chibia e Gambos e o podemos dizer que há seca nesta região e não município do Curoca (no Cunene). Esta é a zona vemos nenhuma resposta digna de registo. de maior incidência da seca e da fome. Notamos que a população está abandonada.

Qual é o universo de pessoas afectadas, Portanto, acha que o esforço do Governo é uma particularmente na região da sua arquidiocese? gota no oceano?

Não sabemos, pois ainda não foi feito um Exactamente! Muita burocracia, questões de levantamento exacto da presente situação nem disciplina partidária, falta de iniciativa só para sequer temos o número de afectados nos Gambos. ilustrar, impedem que se preste apoio da forma porém, entre Abril e Março do ano passado, o mais dinâmica possível à população afectada pela Fundo das Nações Unidas para Infância fome. Temos muitos indivíduos à frente das (UNICEF) fez um diagnóstico, dando conta da administrações extremamente limitados, portanto, existência de pelo menos 533 mil crianças menores estão com as mãos atadas e muito distancia dos da de cinco anos, do sul e sudeste do país, que dimensão da presente crise. Daí que me pareça que poderiam ser afectadas pela desnutrição em função enquanto persistir a lentidão, a resposta será ainda da estiagem. No entanto, as estatísticas mais lenta. apresentadas pelo governador indicam que só na Huíla estima-se que 830 mil pessoas estejam No meio disto tudo, qual tem sido papel da vossa afectadas pela fome. Verificamos que a situação diocese? inspira muitos cuidados, ou melhor, é mesmo Associamo-nos aos esforços da Igreja Católica crítica, nos Gambos. através da Cáritas, que está empenhada em Mas fala-se em 120 mil afectados? socorrer os mais vulneráveis, como mulheres grávidas, crianças e velhos, dando-lhes o mínimo De forma aleatória podemos falar em 153 mil, que de alimentos. é a população do município dos Gambos, que Ao nível da CEAST (Conferência Episcopal de recebe apoios irrisórios e esporádicos de 20 a 30 Angola e São Tomé) também foi lançada uma toneladas de alimentos. Soubemos que já estão a campanha para que todas as paróquias entrem em morrer acção. Nas paróquias de , , pessoas. e , estão a ser criadas condições para que cada cristão faça a sua parte em Quando o ano é de fome, tudo é possível, mas benefício das populações afectadas pela crise nos temos apenas connosco o conhecimento de que 14 Gambos. Concretamente, ao nível da nossa pessoas morreram em Abril por causa da maka da paróquia lançámos uma campanha na internet Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 78

'Mão na mão Quais são as estruturas intermédias que fazem a apoia luta contra a fome nos Gambos', visando ponte entre o camponês e o banco? É muito criar sinergias para apoiar todo esse processo. complicado na medida em que os poucos Com o dinheiros vão sendo 'abocanhados' pelos Ministério da Assistência e Reinserção Social empresários 'eleitos' que estão nesses grandes pretendemos avançar com o programa 'Comida projectos limitados a que já me referi. Portanto, pelo Trabalho'. são sempre as mesmas figuras, as mesmas pessoas beneficiárias do dinheiro que devia ser colocado à Como funcionará este programa? disposição daqueles que de facto podem produzir para o mercado interno e criar excedentes para O nosso objectivo é transformar cada capela em exportar. espaço de produção, com uma horta onde seja possível cultivar espécies de ciclo curto, como Tem-se falado em avanços no crescimento batata e mandioca, bem como couve, tomate e económico, com indicadores a traduzir que o cebola. Esta iniciativa será levada a cabo nas nosso país é um dos que mais cresce no continente paróquias situadas próximo das fontes de água, ou e no mundo. seja, serão abertos furos com o apoio do Governo e instaladas sondas com capacidade de bombear No meu ver, não houve grandes avanços. Não água para as plantações. houve uma resposta significativa às promessas eleitorais. Só para ilustrar, no domínio do ensino, Mudando de assunto, como caracteriza o a reforma educativa continua a mutilar as crianças. desenvolvimento social e económico do nosso A formação de base é muito débil. Portanto, o país? ensino não melhorou.

Começaria por falar da agricultura, por ser um O senhor padre tem algumasugestão para inverter sector que, se bem gerido, pode contribuir em esse quadro? grande medida para acudir o problema da falta de alimentos no nosso país. É preciso que haja a reforma da reforma educativa. Também tem sido muito crítico quanto à Portanto, a esse nível o Governo prefere investir democracia e liberdades. A democracia anda a em projectos de elite que apenas impulsionam as duas velocidades. Permita-me dizer que temos a importações. Nunca permitiram que o camponês democracia de Luanda, com uma cultive e crie excedente. certa visibilidade, e das províncias bem como dos municípios, comunas e aldeias com uma outra A sua resposta poderia ser melhor clarificada? dinâmica. Veja-se, por exemplo, cá na Huíla os O agro-negócio, ou seja, a existência de projectos municípios a sul e a leste da província, como limitados como Aldeia Nova, Nosso Super, entre , Chibia e Gambos são reserva do outros, são clichés para toldar os incautos e adiar partido no poder. É aqui onde agentes dos serviços cada vez mais a produção do camponês. E a secretos mais se evidenciam e andam à caça das produção do camponês com subsídios do Estado é pessoas que falam. a saída para a crise. No Botswana existe um banco Já foi alvo de perseguição? para apoiar a produção familiar. A exemplo desse país, onde a maior parte das fazendas tem cerca de Os leigos com os quais trabalho têm tido muitas 98% dificuldades no exercício das suas funções. do gado gentio, por que o nosso Governo não cria também um banco para apoiar a produção À frente da Associação Construindocomunidades tradicional de bovinos? (ACC) há pouco mais de uma década que balanço se lhe oferece fazer? Mas foi a pensar na descolagem do sector agro- pecuárío que o Executivo criou Penso que ao longo dos anos, ou melhor, desde os anos 90, a ACC tem cumprido o seu papel na o Banco de Desenvolvimento Angolano (BDA). sensibilização das comunidades para reconhecer os seus direitos. Consta que o seu posicionamento Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 79

à frente da Associação nunca foi bem visto por 6.7 Mais apoio as para vítimas das incitar a confrontos entrea população e os chuvas fazendeiros. Jornal de Angola Não vejo as coisas neste prisma. 09 De Junho de 2013

O que a ACC já fez e continua a fazer é despertar Cerca de 820pessoas afectadas pelas chuvas, no as consciências dos líderes comunitários para que a bairro Kalandanda, arredores do município do população reconheça por si mesma quais as suas Luau, receberam quinta- feira bens alimentares da obrigações e direitos. De um modo geral, direção provincial da Assistência e Reinserção contribuímos para que a população reconheça e Social do Moxico. defenda os seus direitos com conhecimento de causa. O director municipal da Assistência e Reinserção Social, Atanas Cajila, disse à agência Angop que o Se diz que as pessoas que consigo trabalham são lote de produtos incluía arroz, óleo alimentar, perseguidas não teme da sua parte o pior? feijão, farinha de milho e sabão.

Não temo represálias de forma alguma. De facto, A Administração Municipal do Luau vai ceder já passei por momentos muito delicados, como proximamente terrenos e chapas para a construção quando denunciámos a violação de menores numa em áreas mais seguras. das fazendas nos Gambos. Na sequência disso tive muitos problemas que já não importa recordar. Os responsáveis administrativos manifestaram-se Foram muitos os problemas que atravessámos. igualmente preocupados com os efeitos das fortes chuvas que causaram o aparecimento de uma Como foram ultrapassados? ravina, que ameaça destruir diversas casas construí das em zonas de risco, caso não se faça uma Tive de me 'refugiar' no estrangeiro (risos). Mas intervenção de emergência. esse meu 'desterro' em Inglaterra valeu a pena porque acabei por aproveitar o momento para Neste momento, as autoridades locais têm fazer um mestrado em Estudos de Paz e Gestão de desenvolvido acções de sensibilização para que os Conflitos. habitantes evitem construir em locais de risco. O município do Luau tem uma população estimada Mas ainda assim há quem diga que o senhor em mais de 70 mil habitantes. aia mais conflitos do que resolve. Exactamente! Na verdade, tenho observado que 6.8 Serviços Meteorológicos crio mais conflitos do que resolvo porque as adoptam normas pessoas não querem que toque em assuntos sensíveis que têm que ver com a nossa vida. Jornal de Angola 13 De Junho de 2013 Como consegue conciliar as suas funções na Arquidiocesedos Gambos e a docência no O Instituto Nacional de Meteorologia (INAMET) Instituto Superior de Ciências de Educação? começou em 2012 o processo destinado a adoptar um sistema de gestão de qualidade baseado na Como sabem, também sou professor no ISCED Norma ISO 9001 de 2008, recomendada pelos desde 2011 mas tenho estado a verificar que o órgãos reitores da meteorologia mundial e pela melhor mesmo será apostar num ensino muito Organização Internacional da Aviação Civil pragmático a exemplo do Instituto de Ciências (ICAO). Religiosas (ICRA) em Luanda. Já não me conforta dar aulas O director nacional do INAMET, Benjamim no ISCED, quero enveredar por uma instituição Domingos, disse ao Jornal de Angola que com o com um ramo para educadores sociais e cursos desenvolvimento e a aplicação do sistema de básicos de pecuária e agricultura e construção gestão de qualidade pretende-se criar condições civil, porque o país ainda não está reconstruído. para que o sector cumpra os requisitos e, deste modo, possa ser certificado usando ferramentas da Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 80 norma como apoio à melhoria da sua organização à aviação civil, com uma nova cobertura de administrativa e técnica. previsões meteorológicas para os aeródromos das cinco províncias, assim como na segurança aérea, O director nacional do INAMET referiu também apoio à eficiência dos voos e sobre o ponto de que o processo está em fase de finalização e tem vista económico da informação regional. agora a Auditoria da Certificação da primeira fase marcada para os dias 17 a 19 de Junho. 6.9 Apreendidas Grandes Nesta fase, os estudos centraram-se no quantidades de carvão departamento de vigilância de meteorologia, que realizou a operação e a manutenção das estações Jornal de Angola das cidades de Luanda, Benguela, Lubango, 14 De Junho de 2013 Huambo, e Luena. Mais de 35 toneladas de carvão foram apreendidas O projecto compreende o Centro Nacional de na periferia da cidade de Menongue, durante uma Previsão de Tempo, o Centro de Previsão para operação de rotina dos fiscais florestais em fins aeronáuticos e as Estações Meteorológicas coordenação com efectivos da Polícia Nacional para apoio aeronáutico das cinco províncias. revelou ao Jornal de Angola, o chefe do Departamento do Ambiente no Kuando- As operações efectuadas durante esta fase Kubango, Júlio Bravo. englobam a substituição dos sensores avariados e a calibração dos sensores através de uma estação A operação foi desencadeada ao longo da estrada móvel de calibração que serviu de estação de entre Menongue e Cuito Cuanavale, onde muitos referência, indicou o responsável do INAMET. madeireiros furtivos se dedicam ao abate de árvores para a produção de carvão, o que está a Benjamim Domingos notou que INAMET, contribuir para a desertificação acentuada da enquanto prestador de serviços meteoro lógicos à região. aeronáutica em Angola, tem de assegurar, com os níveis internacionais de qualidade padronizados, Júlio Bravo referiu que os produtores de carvão todos os serviços e produtos meteorológicos são incentivados por camionistas: "temos necessários de informação de voo de Luanda. informações de que camionistas e comerciantes mandam confecionar grandes quantidades de A informação do INAMET serve para apoiar o carvão e no dia combinado aparecem com planeamento, segurança e rentabilidade dos voos e camiões, pagando entre 300 a 500 kwanzas o sobre voos sobre o território angolano, o que saco", sublinhou o responsável do Ambiente no inclui as operações de aterragem e de descolagem Kuando- Kubango. nos aeródromos de Angola e o percurso ao longo do espaço aéreo territorial. O carvão tem como destino a cidade de Luanda, onde cada saco lega a ser vendido a cinco mil O processo começou em Novembro passado, Kwanzas, acrescentou Júlio Bravo. Os especialistas quando o INAMET fez um trabalho de do Ambiente também estão preocupados com as reorganização do Centro Nacional de Previsão de queimadas feitas por camponeses, criadores de Tempo e da Estação Meteorológica Principal de gado e produtores de carvão, pondo em causa as Luanda. futuras gerações. ''Nunca se sabe quem são os autores das queimadas", reconheceu Júlio Bravo, "Com este processo contínuo, o INAMET defendendo a sensibilização e educação das pretende garantir que as observações e as suas comunidades para os problemas que estas práticas previsões meteoro lógicas para apoio à aeronáutica acarretam a curto, médio e longo prazo. Explicou e vigilância meteorológica se processem de um que quer as queimadas e o abate indiscriminado de modo contínuo nas 24 horas do rua e se garanta árvores e de animais é uma prática secular, que se apoio meteorológico nas rotas de voos e prolongou durante a guerra, afectando a sobrevoos", garantiu. biodiversidade com reflexos muito negativos na A curto prazo, espera-se que o projecto gere um vida humana. impacto positivo na qualidade do serviço prestado "Precisamos das florestas para a produção de Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 81 oxigénio que garante a existência humana e das localizadas ao longo da orla costeira, zonas de espécies animais", sublinhou Júlio Bravo, exploração mineira e áreas de elevada exploração defendendo a formação contínua de fiscais da cobertura florestal e de grande concentração de florestais, para efectivos pecuários. combater os permanentes "atentados à natureza". "Conservando as terras semi-áridas podemos Exploração de inertes proteger fontes essenciais de água, promover a produção, segurança alimentar e reduzir a pobreza O responsável do Ambiente no Kuando-Kubango no país", frisa a nota. reconheceu a existência de muitas empresas de construção e de exploração de inertes que não O Ministério do Ambiente exorta a população, respeitam todos os parâmetros de impacto organizações sociais, grupos técnicos, entre outras ambiental, advertindo que podem pagar avultadas agremiações da sociedade, no sentido de multas. preservarem melhor os recursos hídricos do país, por haver uma escassez de água para o consumo Júlio Bravo disseque o seu departamento carece de humano no Mundo. meios técnicos para fazer a cobertura total do vasto território do Kuando-Kubango e pediu aos De acordo com a nota, as pessoas devem adoptar homens de negócios e à população para terem uma comportamentos e atitudes responsáveis que conduta honesta e deixarem de lapidar os recursos promovam a protecção dos recursos hídricos e naturais. evitem o desperdício de água.

O Departamento do Ambiente, em parceria com De toda a água disponível na Terra, apenas 2,5 por o Instituto de Desenvolvimento Floresta (IDF), cento é doce, usada maioritariamente pelo plantou este ano na cidade de Menongue mais de ecossistema, restando menos um por cento para 15 mil árvores, para contribuir para o equilíbrio suprir as necessidades humanas, refere anota. De ambiental, explicou. Questionado sobre a acordo com o documento, especialistas prevêem ornamentação, salientou que "ainda é prematuro que a escassez de água doce poderá causar um falar de espaços verdes, visto que a nossa cidade grande transtorno hídrico nas zonas áridas, semi- esta a ser requalificada". áridas e sub-húmidas secas, facto que vai resultar num empobrecimento das paisagens. O O chefe do Departamento do Ambiente revelou empobrecimento das paisagens, explica, vai que estão a ser desenvolvidas acções de provocar a desertificação dessas zonas. sensibilização junto das populações, escolas, igrejas e quartéis para a criação de jardins e campanhas de "A desertificação é a degradação de terras nas limpeza nas zonas urbanas e suburbanas. regiões áridas, semi-áridas e sub-húmidas secas, resultante de actividades humanas e variações climáticas, que atingem já 40 por cento da 6.10 Programa reduz impacto da superfície do planeta Terra", assinala. A nota desertificação acrescenta que a população mundial está estimada Jornal de Angola em 2,6 bilhões de pessoas, sendo que na África 19 De Junho de 2013 subsariana se calcula que 20 a 50 por cento do território esteja atingido pelo pro-cesso de O Executivo tem em execução um programa de desertificação, afectando cerca de 200 milhões de acção nacional de combate à desertificação, com o pessoas. objectivo de realizar actividades que visam atenuar O Dia Mundial de Combate à Desertificação foi o impacto da desflorestação no país. instituído pelas Nações Unidasem1994, e este ano De acordo com uma nota do Ministério do a data é celebrada sob o lema "Seca e escassez de Ambiente, divulgada ontem a propósito do Dia água". A região centro e sul do país vive uma Mundial de Combate à Desertificação, estima-se estiagem prolongada devido à ausência de chuvas que 31 por cento do território nacional seja regulares há cerca de dois anos. As províncias da susceptível à desertificação, principalmente as Huíla, do Cunene e do Kuando-Kubango são as regiões de clima semi-árido e sub-húmido seco, mais afectadas. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 82

O Executivo criou uma comissão interministerial A água é depositada em tanques de 10 mil litros que trabalha no terreno para reduzir o impacto da que o governo ofereceu. Okanamaconda e seca nas zonas agrícolas. Em Benguela, o Plano de Ohanamalo fazem parte da lista das muitas aldeias Desenvolvimento Económico e Social para o beneficiadas. quinquénio 201312017 define a prevenção da estiagem que tem assolado os camponeses da Mas a distância entre as aldeias tem região. impossibilitado o abastecimento, o que tem deixado insatisfeitos os populares. Em Okanamaconda os ânimos parecem estar mais 6.11 Atravessar a fronteira tem sido alterados. a opção "Há famílias de dez pessoas que recebem de dois Semanário O económico em dois dias apenas 25 litros de água. As vezes, é 20 De Junho de 2013 de cinco em cinco dias", diz um homem com um chapéu com as cores da bandeia da Namíbia. Viajando para norte da província, em direcção a , tal como noutros municípios do Para evitar a morte do gado, as aldeias fronteiriças Cunene, é difícil reconhecer sinais de extremas com a Namíbia estão a procurar pasto nos países dificuldades. Até onde a vista alcança, sucedem-se vizinhos. Só na Ohanamalo, foram 200 cabeças de os mesmos cenários: boas estradas e pontes, gado bovino. mulheres que falam em voz alta enquanto lavam nas águas do rio Cunene. A reacção dos populares provocou uma resposta enérgica de um membro da administração de A dificuldade aparece duas horas depois de viagem Xangongo. para o interior do município. As chanas secas e cercas de gado desertas fazem facilmente perceber O responsável do MINARS argumentou que "é a transumância na região. impossível um camião andar todos os dias mais de 300 quilómetros, sem contar com o custo do A 17 quilómetros da fronteira com a Namíbia fica combustível". O curso do rio Cunene tem cerca Ohanamalo, aldeia com cerca de dois mil de 1.200 km, dos quais 960 km exclusivamente habitantes. Sem vegetação e com um poço com em Angola. A bacia hidrográfica do rio Cunene é quatro metros de profundidade. de 272 mil kz, dos quais 150,8 mil km2 em território angolano, dividindo o município de Há quatro anos que não há colheita. Xangongo.

Não se apanhou o massango tradicional, com que A administração local prepara-se para pôr em se faz a fuba. Dezenas de hectares totalmente marcha um projecto que diz ser secos. O que comem então? A pergunta deixa-os circunstancialmente ambicioso: colocar tanques de intrigados: "Quem tiver gado, atravessa a fronteira água em todas escolas existentes nas aldeias. A e vende na ideia é fazer com que os alunos não abandonem as Namíbia uma cabeça de gado para comprar tuba, escolas. arroz e óleo. Quem não tem, está sujeito à fome e mendiga ou vai roubar". 6.12 Benguela tem plano de "Muitas pessoas sérias, tornaram-se ladras para reflorestamento sobreviver", diz uma mulher, franzindo o sobrolho. Os outros escutam e baixam os olhos, Jornal de Angola envergonhados. 20 De Junho de 2013

Quase sem meios, a administração do município O Instituto de Desenvolvimento Florestal prevê a do Xangongo não tem tido mãos a medir. revitalização do programa de reflorestação da Todos os dias faz deslocar um camião cisterna província de Benguela durante o quinquénio para levar água a várias aldeias. 2013/2017. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 83

De acordo com o chefe do Departamento água para dar de beber ao gado e produzir no Provincial, o projecto enquadra-se no programa de campo, evitando assim a fome", justificou. desenvolvimento económico e social da província recentemente aprovado pelo governo local. Para combater o avanço da seca no Deserto do Namibe, Cipriano Molongonga disse que o Cipriano Molongonga disse que a medida se insere Instituto de Desenvolvimento Florestal na no conjunto de acções que visam reflorestar toda a província de Benguela tem um viveiro que produz costa de Benguela e o interior. e distribui plantas, além de uma área vasta arborizada na Baía Farta, que deve ser ampliada. A "Pretendemos durante estes cinco anos plantar procura de vegetais para alimentação e o abate árvores em toda a província", disse Cipriano indiscriminados de árvores têm contribuído para a Molongonga, acrescentando que outrora, o desertificação. Para travar esta situação, município do Caimbambo foi uma zona muito sublinhou, é necessário melhorar a fiscalização em arborizada, mas devido ao derrube de árvores para toda a extensão da província de Benguela. a produção do carvão a zona ficou apenas com vegetação rasteira. Estudos científicos efectuados dês de 2004 indicam que uma média de 250 milhões de pessoas foram Cipriano Molongonga salientou que para além do afectadas directamente pelos fenómenos de Caimbambo estão identificadas outras localidades desertificação e quase 20 por cento da população onde é necessária a revitalização. Realçou a mundial vive em zonas de risco de desertificação e necessidade de construir mais um viveiro, com de chuvas torrenciais. vista a aumentar a produção de plantas. "Temos um viveiro que anualmente produz nove 6.13 Lopo Bravo “ A transumância mil plantas e faz a sua distribuição aos grupos também traz vantagens às organizados e às administrações municipais. populações” Estamos a criar um outro viveiro com vista a defendermo-nos contra a desertificação e neste Semanário Económico momento de corre já os trabalhos preliminares", 20 De Junho de 201 disse. O administrador do Cuvelai, Lopo Bravo, admite O governo da província de Benguela tem que é extremamente perigosa a convivência de capacidade para dar resposta às solicitações de gados vindos de diferentes localidades. Sublinha plantas para a arborização em todo o território da que o facto de este ano a transumância ter província. O chefe do departamento provincial do começado mais cedo, obrigará a fazer-se alguns Instituto de Desenvolvimento Florestal de sacrifícios. ' Benguela considerou imperioso que mais cidadãos locais se juntem à estratégia de combate à Quantas cabeças de gado bovino há no município, desertificação na província de Benguela. incluindo os animais vindos da transumância?

Cipriano Molongonga lembrou que a seca e a O município possui cerca de 35 mil cabeças de desertificação são problemas ambientais que gado bovino. Uma população de 96 mil pessoas, devem envolver o Instituto de Desenvolvimento 85% das quais se dedica ao trabalho no campo e à Florestal ou a Direcção Provincial do Ambiente. pecuária. Em suma, muitos são criadores de gado tradicionais. O combate a este problema passa pela concretização de medidas destinadas a mitigar a Qual é proveniência do gado da transurnância? desflorestação, através da construção de barragens, abertura de lagoas artificias, uso racional de Quase o dobro deste número chegou das outras recursos hídricos e arborização de zonas inóspitas. zonas, como Kwanhama, Ombaja e Namakunde. "Isto vai servir para aproveitar a água em E fala-se dos namibianos, mas não temos ainda momentos em que não há chuva, para que as provas cabais. localidades afectadas pela seca possam usar essa Cuvelai terá pasto e água para tanto gado? Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 84

Em princípio, sim, embora suspeite que possa Qual a perspectiva que abre esta via? haver uma pequena quebra, mas o município é extenso. Em termos de vegetação, por exemplo, as Nesse âmbito, perspectivam-se investimentos e comunas de Calonga, Mukolongondjo e Cubati parcerias com empresários locais, para garantir o têm vegetação de sobra. auto-sustento do próprio No que toca a água, o ambiente é também município e da província, na produção de cereais. saudável: os rios permanentes, como Cunene e Covango têm água durante todo o ano. Há quem defenda que existem bons indicadores de que a agricultura africana poderá tornar-se líder no Temos também rios intermitentes, como o futuro em termos de crescimento e em termos de Calonga, pequeno Cunene e o Cuvelai. potencial. Concorda? Como deve saber, temos a vantagem de termos Criar sementes mais resistentes ou desenvolver solos férteis. Na nossa região cultiva-se milho, técnicas que tornem a agricultura viável em locais feijão, massambala, massango, tabaco, cana-de- áridos ou com pouca água contribuirá para a auto- açúcar, vinha, algodão, trigo e citrinos. suficiência de muitas populações carenciadas. Esta Não receia que um tal aumento da quantidade de poderia ser uma grande aposta. Mas só o tempo o cabeças de gado, venha a provocar alguma dirá. doença nas manadas? É urna vantagem ter urna população que sempre Receio, sim. E muito. Mas estamos a tomar sérias se dedicou a agricultura? precauções. É extremamente perigosa esta Temos uma população que sempre se dedicou convivência de gados vindos de diferentes sobretudo à agricultura de subsistência, à pesca localidades. Mais: este ano a transumância artesanal e à pecuária. A província prosperava e começou mais cedo, julgo que em Março, pode de novo prosperar graças à sua situação enquanto normalmente começa entre Junho e geográfica, na principal rota comercial entre Agosto, e isto vai obrigar a alguns sacrifícios. Namíbia e Que precauções estão a ser tomadas? Angola. O Cuvelai está num bom caminho E quanto às políticas de combate à pobreza? Estamos a vacinar o gado local e o da transumância. Tem sido um processo evolutivo o Com construções de escolas e casas a bom ritmo, com Qual é o número de cabeças de gado já vacinadas? formação de professores e técnicos.

Neste momento, já foram vacinadas cerca de 20 mil e 205 mil cabeças de gado, em três das 6.14 Mais de 70 mil cabeças de gado quatro comunas, com excepção de Cubati, que bovino à procura de água será a última comuna. Semanário Económico E não receia que este número provoque quebras 20 De Junho de 2013 grandes na produção de alimentos no município? O avião rompe as nuvens e surge-nos Ondgiva. A Não. Na verdade o gado da transumância também primeira imagem é a de uma cidade de largas ruas, traz vantagens para a população local, aporta leite limpa e silenciosa, dormindo tranquila numa e estrume. Como vê, não é só prejuízo. manhã de sábado. Um cenário idílico que esconde as extremas dificuldades vividas pelas populações Fala-se de uma produção de 700 toneladas de do interior. milho até Setembro' proveniente de Cavelai. É verdade. Há um empresário privado que irá colher Com uma superfície de 87 342 km2, a maior parte essa produção até Setembro, o que pode ser útil do território da província do Cunene é preenchida para toda a província. com bosque seco ou com um mosaico de bosque seco e savana, que alberga uma população A estrada que ligará Cuvelai a Ondgiva está quase maioritariamente pronta. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 85 constituída por pastores. Estes grupos étnicos madeira, Cuvelai foi desde sempre o porto seguro vivem essencialmente do seu gado bovino, em das migrações do gado bovino no Cunene. A complemento com uma limitada agricultura de proximidade com a Jamba Mineira, Huíla, zona subsistência. Em virtude da escassez do pasto e das de terras férteis, e dos rios Cuvango, Cunene, chuvas, há centenas de anos, as manadas são Calonga, Cuvelai e pequeno Cunene, que cruzam criadas e mantidas num regime de transumância o município, oferecem a Cuvelai condições que implica migrações regulares. geográficas e ecológicas diferentes das do resto da província, garantindo pastos e água em Há mais de quatro anos sem chuvas, depois das abundância. E é para lá que os pastores se dirigem, grandes cheias que inundaram a cidade em 2009, as provenientes de vários cantos da província. dificuldades extremas que a seca provocou são visíveis a escassos quilómetros da capital da A estrada de 174 quilómetros que liga Ondjiva a província. Cuvelai, é uma espécie de ponte de salvação para Em Okapanda, por exemplo, a 14 quilómetros de os criadores de gado. Ondgiva, as águas esverdeadas que ficaram das cheias são disputadas nos reservatórios por bois e À medida que nos afastamos da cidade, a paisagem pessoas, que chegam das longínquas aldeias dos muda. O asfalto fica para trás e surgem ao longe arredores. grandes nuvens de poeira: são manadas de gado bovino. A poucos metros de , comuna onde É aqui que encontramos Xavier Ndahangetate, de está situada a Reserva actual com o mesmo nome, 20 anos de idade, de flecha na mão, acompanhado existe à beira da estrada uma aldeia onde nos do irmão de 10 anos, que o ajuda a vigiar mais de últimos 70 cabeças de gado bovino. O pai, um dias tinham chegado várias manadas de gado de septuagenário proprietário de gado, já não tem transumância. Cassilipio, de 56 anos, com umas forças para os acompanhar. " O meu pai ficou na sapatilhas demasia do rotas, é um dos cinco nossa aldeia que pastores que encontramos na aldeia. De prle dista a 30 quilómetros. É longe de mais e o gado mirrada, olhar desconfiado e casaco verde de corte tem de ir e voltar todos os dias", explica, administrativo. Conta que atravessou de noite a acrescentando que teme que a água possa acabar Reserva Natural, conhecida pela sua vasta nos próximos meses. diversidade de animais selvagens, entre leões, leopardos, hienas: "Quase não parei, caminhei Xavier Ndahangetate não é, evidentemente, a setenta quilómetros durante dois dias seguidos única pessoa a ter receio dos próximos meses. com uma manada de 50 bois". Faz uma pausa Escutamos manifestações de descrenças da boca de grande como não tivesse intenção de dizer mais vários criadores de gado, de diferentes idades. nada. Mas depois olha para o céu e acrescenta: Rosa, na casa dos 30 anos, anda todos os dias 40 "Deixei uma mulher e nove filhos, mas trouxe quilómetros para dar de beber às 25 cabeças de uma filha para poder estudar". Assim que chegou gado que garantem a à aldeia, Cassilipio vendeu um vitelo e enviou subsistência da família. O futuro não lhe sorri: "Se dinheiro, massango, milho e tortulho para a não chover este ano, a minha família acabará na família. Os rumores de uma possível peste, que miséria". poderia eclodir dada a quantidade de gado na região, não assustam, porém, o pastor: "Tinha Aqui, há jovens em idade escolar que percorrem mais medo que ele morresse de fome, a doença 18 quilómetros para transportar água. Para Maria, trata -se e sei que o Governo está a vacinar os de 15 anos, não resta outra alternativa: "Temos de animais", argumenta, rindo, virado para uma das escolher entre a escola e água", conta, com um lagoas da bacia do rio Cuvelai, onde agora pasta e sorriso inocente. bebe o seu gado. Os mais cépticos, porém, já se pasto e água e de Paramos diante da administração do Cuvelai, a melhores condições para o gado. O destino mais tempo de presenciar uma conversa entre os procurado é o Cuvelai. administradores comunais. Para além de a nordeste do município se localizar Discutem a seca e a transumância. Lopo Bravo, uma floresta muito procurada pelo valor da sua administrador do município, fala pelos outros. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 86

Conhecido como celeiro da província, Cuvelai vezes em produz milho, massango, mandioca, feijão, locais inapropriados, já que uma "chimpaca" deve ginguba. E é daqui que poderia sair a grande ajuda ser construída num local com acesso a uma linha para a província. Até Setembro, uma fazenda de água para que a drenagem dessa água fique privada prevê colher 700, toneladas de milho, que retida na "chimpaca". poderá vender ao governo provincial. É necessário também escolher tipo de terreno para Até lá, a grande preocupação da administração este fim, pois se a "chimpaca" for construída em está virada para chegada de milhares de cabeça de terrenos arenosos não retém água durante muito gado. Com receio de uma peste, uma campanha tempo. intensa de vacinação, encabeçada por um jovem angolano dinâmico, chefe de repartição da Por outro lado as acções de desflorestação agricultura do município, está a ser realizada em sistemáticas, sem a obrigatoriedade de reposição toda a região. Para já, mais de 20 mil cabeças de de árvores pelos usuários, sobretudo no município gados já foram vacinadas. de Ombanja (o município mais desflorestado em Angola, de acordo com dados da FAO), mas de forma geral em toda a província, têm contribuído 6.15 Seca no Cunene impacto na de sobremaneira para a seca e a desertificação produção regional e na vida das acelerada de algumas áreas na província, incluindo populações o município do Curoca. Jornal O económico Um dos municípios mais afectados, senão mesmo 20 De Junho de 2013 o mais afectado em toda a região, é precisamente o Curoca. A seca na província do Cunene é cíclica, fenómeno sobejamente conhecido e documentado O município conta cerca de 49,5 mil habitantes, ao longo de várias décadas, inclusivamente nos na sua maioria Hereros (Himbas, Tchimbas, registos orais das comunidades da região. Vacahonas, Dimbas, e Chvícuas) alguns Munganbwes e a quase totalidade dos Vátuas, que É igualmente sabido que o nível freático (nível das se dedicam à pastorícia itinerante, já que há pouca água subterrâneas) varia de acordo com a mesma água para a agricultura. seca. Paradoxalmente, o Curoca tem como limite a sul o rio Cunene e a norte o rio Curoca (que dá o O período colonial havia um programa anual de nome ao município) e que drena as águas da chuva combate à seca que imediatamente com do município dos Gambos, no planalto da Huíla. o fim das chuvas organizava a abertura de novas É, todavia, o município mais afectado pela seca, "chimpacas" (grandes reservatórios ao não tendo registado chuvas há já três anos. ar livre) e a limpeza das antigas, fazendo pequenas represas ao longo dos vários rios temporários A ajuda também demora a chegar pela quase (mulolas) e desassoreando as antigas, abrindo inexistência de estradas que só permitem passagem ainda, nos pontos mais apertados das curvas das a pé, de burro, ou com viaturas 4x4 ou camiões do "mulolas", canais de acesso às "chimpacas". tipo Kamaz.

Estas acções tinham a participação directa de O impacto na produção regional é terrível, pois todos os interessados, incluindo as populações 90% das populações da província de dicam-se à afectadas, que contribuíam com o seu trabalho. pastorícia itinerante. Todas estas acções tinham por objectivo obrigar a Há regiões em que mais de 35% do gado bovino já água a infiltrar-se no subsolo, aumentando assim o pereceu este ano, estando o gado caprino e ovino nível freático para os anos de seca. consideravelmente afectado.

Há mais de 30 anos que em alguns municípios do O impacto nas condições de vida das, populações Cunene não se faz nenhum destes trabalhos, e da província tem sido igualmente dramático, noutros tem-se circunscrito a acção de combate à reduzindo consideravelmente a sua capacidade de seca com a abertura de algumas" chimpacas" , por auto-sustento e contribuindo para o aumento da Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 87 pobreza. Para o especialista, que falou em exclusivo ao Estas populações encontram-se hoje em situações Expansão, nestes casos, o conhecimento ancestral de extrema vulnerabilidade por falta de recursos que, na sua opinião é sistematicamente ignorado para fazerem face à sua sobrevivência e dos seus provou ser bastante importante, pois, caso animais, até às próximas chuvas e até que o capim contrário, as volte a crescer. populações não teriam sobrevivido durante todos esses anos. Há também a questão da escolaridade das crianças das famílias que praticam a pastorícia itinerante, De acordo ainda com Fernando Pacheco, é cujo direito ao ensino está consignado no , Artigo necessário que se ponha igualmente em prática o 12 (Direito ao Ensino Itinerante, da Lei 25/12 de conhecimento científico, que começou a ser 22 de Agosto - Lei sobre a Protecção e produzido nos últimos anos do colonialismo, Desenvolvimento Integral da Criança). principalmente com os estudos da Missão de Inquérito Agrícola e teve seguimento logo após à Um direito que não tem beneficiado estas independência crianças. O Estado e sobretudo o Governo do Cunene e as administrações municipais e O especialista pontualizou ainda que Angola comunais têm de dedicar muito mais atenção e deveria colher e acatar as experiências dos outros recursos a este problema, que não vai desaparecer, povos que encontraram soluções relevantes no porque é cíclico. caso da seca e da falta de alimentos.

E que também pode ser minimizado com a Outras experiências utilização correcta das águas das chuvas e dos muitos rios existentes na província. Fernando Pacheco referiu ainda que há alguns anos, um pequeno grupo de angolanos esteve na República do Quénia a estudar as experiências dos 6.16 Governo devia prevenir e não povos Massai, na abordagem da equação homem- actuar como bombeiro água-pasto.

Semanário Expansão Este tipo de experiências e outras testemunhadas 21 De Junho de 2013 na localidade de Xangongo, província do Cunene pela Administração local, ADRA e pelo UNI O Governo deveria envidar os seus esforços na CEF deveriam ter sido levadas em conta para a questão da prevenção do fenómeno da seca, que resolução dos problemas que actualmente vive a vem assolando a região sul do País, funda- região sul do País, segundo Fernando Pacheco. mentalmente as províncias da Huíla e do Cunene há dois anos, do que actuar como bombeiro em Para Fernando Pacheco, a questão da seca nesta socorro das populações. região País deve ser vista como um fenómeno preocupante, uma vez ocorrer com alguma A informação é do engenheiro agrícola Fernando frequência, Segundo notou, o facto de as chuvas Pacheco, que completou afirmando que o mais serem muito concentradas, caindo apenas ente os importante é inteirar-se devidamente do problema meses de Fevereiro e Abril, faz com que as para depois agir. populações locais vivam permanentemente o drama da escassez de água e da seca. Uma das soluções para a problemática da seca, que vem assolando a região sul do País, nos últimos Esta situação, avançou, fez com que as populações dois anos, tem que ver com a mudança de atitude locais aprendessem, ao longo dos séculos, a por parte das autoridades governamentais. conviver com este drama, desenvolvendo Fernando Pacheco notou que o Executivo é mecanismos de gestão rigorosa e parcimoniosa da demasiado autista, ignorando a ajuda de outros água como por exemplo nas "mulolas" (pequenas especialistas para solucionar os graves problemas baixas). do País, sobretudo no que se refere à seca no sul do País. A falta de chuvas periódicas na região é a responsável pela prática da transumância (transferência de gado e de pessoas para áreas onde Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 88 eventualmente possam encontrar água e pastos, situações de forte carência de água? Porque o que por vezes, podem estar a centenas de Ministério do Ambiente está tão ausente de toda quilómetros. esta problemática, que é sobretudo uma questão ambiental ?", questionou' Fernando Pacheco. O especialista acentuou ainda que quando não chove no período entre Fevereiro e Abril, como Na sua maneira de ver as coisas, estas questões aconteceu nos dois últimos anos, o drama amplia- deveriam servir de ponto de partida para uma se e medidas de emergência têm de ser tomadas. reflexão profunda que leve à mudança de atitude e Infelizmente, no seu entender, o Executivo à tomada de decisões que permitam intervenções procura resolver situações deste tipo de modo sustentáveis e duradouras. administrativo e numa perspectiva política, à margem das populações, ignorando as suas experiências ancestrais.

Fernando Pacheco frisou que nesta altura todo o investimento com vista a melhorar o acesso à água potável por parte da população daquelas zonas é bem-vindo. 6.17 Derrames forçam Cabinda a importar Peixe Em relação ao projecto que tem que ver com a conclusão das obras da barragem de Kalueque, no Semanário A Capital rio Cunene, que prevê o aumento da superfície de 22 a 29 de Junho de 2013 irrigação no baixo Cunene em mais de 10 000 hectares, o Fernando Pacheco não acredita que ele Com o olhar fixo no horizonte, João Alexandre tenha prioridade sobre qualquer outro de projecto observa as ondas que vêm e vão numa praia em que vise atacar o problema da água na região. Lândana, vila localizada no município de a 45 quilómetros a norte do centro da cidade de Outras questões Cabinda, A atenção do angolano de 47 anos, 17 dos De acordo como o entrevistado, há uma série de quais como pescador, está presa ao tom negro da questões que se colocam nesta altura de crise, superfície das ondas que vai roubando o azul nomeadamente o que pensam as populações sobre outrora típico daqueles mares de onde, há vários a crise, quais as suas práticas de prevenção e anos, retira sustento para a sua família. actuação em situação do género, como armazenar adequadamente a água das chuvas e geri-la de "Agora está difícil", disse o cidadão. modo a manter as reservas para as crises. Quando diz isso, deixa por uns instantes de olhar Segundo Fernando Pacheco, aproveitamento do para o horizonte e dá ao redor de si uma volta de gado bovino e caprino e as aves, que as populações 360 graus com o indicador a mostrar para os pos- jornalistas tudo quanto numa questão de segundos suem, para a venda na época de crise, é uma acção pode ser visto enquanto ele descreve o ângulo. que confere muito mais dignidade do que a distribuição de bens pelo Executivo, que são . O tempo é curto, mas muita coisa pode ser, por sempre escassos e em nada contribui para o ali, observada numa fracção de segundos: pequenas desenvolvimento das economias locais. embarcações perfuradas, redes de pesca abandonadas, bancadas vazias e um grande Outra questão que preocupa o entrevistado tem número de homens de braços fortes, como os de que ver com as explicações que não foram dadas João, com o olhar igualmente preso no horizonte. em relação à gestão dos 40 milhões USD aprovados pelo Conselho de Ministros em Num quadro que se agrava há três anos, os Outubro de 2012 pescadores da província de Cabinda estão de para acudir os afectados pela estiagem daquele ano. braços cruzados por não terem meios para contornar a escassez de pescado nos mares da "Porque não se fazem esforços para se encontrar região, situação pela qual culpam, acima das culturas alternativas e mais aconselháveis em Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 89 demais, a Chevron, petrolífera norte-americana colegas da associação de Cacongo, queixam-se que opera na região. Sobretudo do facto de tais ocorrências terem um impacto deveras negativo sob o seu trabalho. João Razões para se queixarem não faltam. Os Tendele, da mesma organização profissional, pescadores reclamam do depósito no mar de um revelou que as praias estão de tal modo afectadas produto "estranho" com múltiplas implicações pelos derrames que a sobrevivência dos pescadores sobre o seu trabalho. João Alexandre, por está em risco. "Essas empresas americanas estão a exemplo, revela que essa substância está a perfurar estragar a nossa sobrevivência", comenta, por sua as chatas, a diminuir o tempo de vida útil das vez, António Dembo, um pescador de 55 anos de redes de pesca e, mais do que isso, a afugentar o idade. peixe nas áreas em que eles (os pescadores) são autorizados a trabalhar. Sobrevivência em risco

"Esse produto está, mesmo, a destruir o nosso Do município de Cabinda, que deu nome à material e mais do que isso: a nossa vida", constata província, o lamento vem de António de Jesus, o pescador. que preside a associação local de pescadores. É ele quem explica que a ocorrência de derrames tem É um produto estranho, tal como explicam os como consequência fundamental a redução de pescadores que se mostram certos de que a sua pescado na província de Cabinda a níveis nunca existência por ali seja fruto dos sucessivos antes visto. "E a poluição marítima não baixa, só derrames petrolíferos registados nos mares de piora", acrescenta. Cabinda. João Tende quele, presidente da Associação de Pescadores de Cacongo, município Conhecedor do seu mercado, António calcula que que alberga a vila de Lândana, confirma isso a oferta de pescado diminuiu na ordem dos 60 por mesmo. cento na província, indo de acordo com o drama relatado pelos próprios pescadores. João Ele diz que os sinais de derrames petrolíferos estão Alexandre aponta essa redução como resultado de bem visíveis nas praias da província, de tão uma fraca captura de peixes, decorrente da rápida repetitivos que se tomaram tais ocorrências. Com degradação dos meios de trabalho. Acima de tudo, efeito, só neste ano, a região registou até ao nota que a escassez de pescado deve-se a uma momento dois derrames petrolíferos. O curioso é "migração do peixe" para áreas dos mares de que ambos deram-se no passado mês de Fevereiro, Cabinda onde a poluição não se faz sentir coma tendo um acontecido no princípio e o outro no mesma intensidade que ali onde os pescadores fim. estão autorizados a trabalhar.

Mas tais ocorrências constituem, apenas, pequenos No passado, lembrou o cidadão, os níveis de capítulos de uma longa novela que tem os capturas eram muito grandes, sem que fosse derrames petrolíferos em Cabinda como pano de necessário navegar por muitas milhas. Agora, ir fundo, num conflito directo com os pescadores para o mar e regressar com algum peixe constitui locais. Tanto é assim que tais "mareantes", na "um autêntico milagre". ânsia de defenderem os seus interesses, criaram várias associações. Mas estas sentem-se, também, O pescador António Dembo enche-se de nostalgia de mãos atadas face à gravidade da situação ora para contar as virtudes dos tempos de antanho registada em Cabinda. quando, fruto da abundância de pescado, qualquer um dos seus colegas reunia peixe no valor de 100 "A ocorrência de derrames passou a ser normal" , mil kwanzas por semana. Entretanto, essas não considera o activista Raul Tati, acusando tanto a passam de memórias de um pescador nostálgico Chevron como o Ministério do Ambiente de que hoje se deixa vencer pela tristeza ao constatar reagirem, apenas, quando os sinais de um derrame a realidade actual em que não se consegue mais do são por demais evidentes na costa. que 3 mil kwanzas por semana com a venda do pouco peixe capturado. Os pescadores, entretanto, não estão apenas preocupados com a maré negra que se lhes avista No passado, conforme a lembrança de João vez a vez no horizonte. João Alexandre, e os seus Alexandre, os níveis de captura eram, de facto, Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 90 elevados. O pescador podia muito simplesmente Muitas outras peixeiras optaram pelo mesmo partir para o mar e regressar com grandes caminho de Fátima. Elas que, antes, enchiam logo quantidades, sem que fosse necessário navegar por pela manhã as praias de Lândana a aguardar pelo muitas milhas. É neste período que eles recordam regresso dos pescadores, estão a rumar para outras de voltar para a praia, depois de uma incursão ao paragens onde buscam um pouco do muito que mar, com havia na sua própria terra, desde as sardinhas, arcas frigoríficas cheias de espécies marinhas. corvinas, gambas e lagostas. "Todos os dias era assim", de acordo com o mesmo pescador, mostrando-se agastado com o "Até para encontrar sardinhas está difícil em facto de estarem, digamos, a remar contra a maré. Cabinda", interrompe João Alexandre. Ele conta que, para se capturar essa espécie, das mais fáceis "Se conseguirmos, hoje, voltar com meia arca de de encontrar nos mares da província, são hoje peixe, já é muita sorte", explica. Meia arca em um necessários dois longos dias de espera no mar. dia? "Nem pensar", responde o pescador para, em "Não obtemos lucros, já que, durante dois dias, seguida, deixar perplexo o Jornalista com a sua gastamos mais gasolina, mais comida e nem sequer resposta: "em sete dias". 10 mil kwanzas conseguimos com a venda do produto”. Peixe importado de Ponta Negra O índice de desistência, em função de todo esse o peixe é um elemento importante na dieta cenário, é grande. É a razão pela qual na praia de alimentar na província de Cabinda. Daí que a sua Lândana se avistam embarcações e demais escassez, nos termos em que é descrita pelos utensílios de pesca abandonados, testemunhando, pescadores, só pode redundar em problemas para afinal, aquilo que foi dito aos jornalistas pelos as comunidades locais. E é, pois, o que acontece. próprios pescadores: que estão a abandonar um a uma profissão. o mercado de Cabinda, o preço de pescado conheceu uma subida vertiginosa. Quem for ao "É um grande desgaste, fazer grandes esforços, mercado agora compra cinco peixes cachucho pelo remar e lançar as redes para nada pescar", desabafa valor de 5 mil kwanzas, o mesmo preço pelo qual António Dembo. "Não está a valer a pena", se vende quantidade igual de carapau. No passado, insiste, lembrando que a captura de um dia de o custo dessa porção era de apenas de mil e antes é a de quatro ou cinco dias de agora. "Mas 500kwanzas. Quem gosta de peixe mais caro, a nem sempre se consegue", alertou. chamada corvina antes abundante na região, "Muitas vezes ficamos duas, três ou mais noites no despende até seis mil kwanzas, ao contrário dos mar, para pescar apenas uma pequena banheira de dois mil e 500 pelos quais se comprava nos tempos peixe sardinha, quando não regressarmos com de abundância. absolutamente nada".

Para colmatar essa lacuna, os habitantes de João Alexandre e António Dembo são Cabinda já começaram a buscar outros mercados. persistentes, mas dizem que a força de ambos está Grande parte do peixe hoje consumido na a esgotar-se. O segundo por ser mais velho, disse província é importado de Ponta Negra, uma das não saber mais o que irá fazer, afinal sobreviveu a principais cidades da vizinha República do Congo, vida toda como pescador. "Estou nisso há 30 com a qual a província angolana partilha uma anos", enfatiza. O primeiro, mais jovem, pensa fronteira. reunir as forças que ainda lhe restam para interromper os seus 17 anos de vida no mar e "Está muito difícil comprar peixe em Cabinda", partir, definitivamente, para terra firme. "Estou a explica Fátima Tati, uma vendedora que optou pensar em abandonar tudo, e mandar-me para a por fazer viagens regulares à zona fronteiriça para vida do campo”, diz. a aquisição do pescado que revende na sua cidade. "A única coisa que sei fazer é pescar. A pesca é a "Como temos que sustentar as nossas famílias, minha fonte de sustento, mas com o somos obrigadas a comprar o peixe em Ponta desaparecimento do peixe, a minha vida só está Negra", de onde vêm essencialmente sardinhas. piorar, afinal há, definitivamente, muitos Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 91 pescadores para tão pouco peixe, segundo o "mais "Os constantes derrames de petróleo no mar de velho Dembo", Cabinda cobriram de óleo as águas pouco profundas, fazendo afastar os cardumes de peixe, António Dembo, com efeito, mostra-se muito que outrora eram vistos em cima das águas", mais desesperado. Com a voz algo embargada, resume o pescador, virando-se, de seguida, para a refere que criou e sustentou os seus 12 filhos com petrolífera norte-americana que, a seu ver, está o dinheiro da pesca. Mas agora que mais precisa, mais para complicar que para ajudar os vê essa garantia de sustento desaparecer numa pescadores. onda que leva tudo para o alto mar. "Estas empresas americanas chegam aqui, estragam a "Estão a proibir as pessoas de chegarem junto das nossa fonte de sobrevivência. plataformas, quando é lá que os peixes estão". E ninguém nos ajuda?", questiona-se. Petróleo versus meio ambiente Em Cabinda, os sinais de poluição são, muitas vezes, visíveis nas praias, não só pelo tom negro e Desde as primeiras experiências de instalações de gorduroso que as ondas muitas vezes apresentam, plataformas petrolíferas que, em Cabinda, se mas também pelo desaparecimento dos cardumes assiste ao conflito entre a exploração do que, no passado, eram vistos até na importante recurso que é o petróleo com a superfície. Quem anda nisso há muito tempo, manutenção do meio ambiente. Os pescadores como é o caso de António Henriques de Jesus, que reportam, desde então, a destruição dos recifes preside a associação de pescadores de Cabinda, naturais, algo que, segundo dizem, roubou uma sente-se em condições de alertar para a extinção de boa parte do espaço para a reprodução das espécies algumas espécies muito populares por aí. "O peixe marinhas. tubarão e o pargo dourado", considera. Num dos maiores de sempre, o derrame De uma maneira geral, assiste-se a migração do petrolífero de 2003 afectou, em grande medida, a peixe para as zonas menos poluídas. Além da lagoa de Cassango, então a principal fonte de perda das espécies que morrem em consequência sustento para a comunidade habitante entre as dos derrames, estes experimentados homens do vilas de Mandarim e Lândana. mar revelam que o peixe procura áreas livres da Desde então, acentuou-se a degradação dos poluição. Diz João Tendequele, da associação de mangais, uma vegetação aquática que serve de pescadores de Cacongo, que os resíduos dos alimento e de habitat para algumas espécies de derrames vêm todos dar à costa, razão pela qual os peixe, além de ajudar na oxigenação da água. O peixes que não são mortos por eles acabam por encerramento do canal que partia da ponte do rio refugiar-se no alto mar. Chiluango até à aldeia do Tandupale, acabou por Zona proibida complicar ainda mais a manutenção da lagoa do Cassango. O derrame de 2003 contaminou a lagoa, Os pescadores até gostariam de seguir para esta destruindo-a ao ponto de os mangais estarem a zona, mas não podem. Os peixes, hoje, secar e o peixe estar, simplesmente, a desaparecer. concentram-se numa área delimitada pela Chevron como parte do perímetro de segurança das plataformas petrolíferas. E quem a viola, 6.18 Fome e seca ceifa vidas segundo disseram, corre sérios riscos de ser preso, Semanário Angolense embora seja "ali onde está a maior quantidade de 28 De Junho de 2013 peixe". Em função deste problema, a Igreja Católica, "Neste momento, na costa é quase impossível lançou oficialmente no dia, 23, de Junho uma encontrarmos peixe", refere Tendequele como campanha de solidariedade com intuito de ajudar sendo esta a razão da falta de peixe em Cabinda e, as famílias que vivem necessidades extremas como também, das dificuldades sociais enfrentadas pelos a falta de alimentação, roupas e água potável para pescadores locais. o consumo. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 92

De acordo com dados estatísticos espelhados pela localidades visitadas pelo seu partido e avança que Caritas de Angola, estima-se que cerca de 800 mil são penosas as condições em que vive e dá acento pessoas estão apoquentadas pelas fome e a seca no tónico ao município do Virei. "No Virei é onde nosso país, um número que tende a aumentar e a temos maiores problemas: temos as localidades da provocar graves consequências caso não se faça Munda, Kande, Uchinda, Mungotunda, algo para amenizar a situação. Segundo o vice- Vichaviva, Luongui, Mukolo, Chitande, Emba, director da Caritas de Angola, esta campanha está Chakutu, Hanga, Sayone, Nhane, Embala, a ser organizada pela Igreja Católica, mas o apelo Bomba, Vinganganja, Vico de Azevedo. estende-se as demais denominações religiosas em "Nós até temos vindo a gritar, porque que o Angola e a sociedade em geral para que juntos Governo não faz algumas perfurações no terreno! unam forças para ajudar a estancar este dilema. A Há possibilidades disto, porque o lençol do rio falta de alimentos e água potável faz com que as Cunene abrange aquela área. Porquê que não se populações se alimentem apenas de raízes e frutos trabalha nisto!?", questionou o político, tendo silvestres. criticado ainda a homenagem que a FAO prestou ao Governo Angolano, por ter ultrapassado a Como consequência deste quadro muitas pessoas fome e reduzido a pobreza. Ndunduma considera nestas regiões estão com problemas de saúde que este reconhecimento da FAO ao Governo principalmente as crianças levando á morte Angolano está distante do que se vive em Angola, humanas e de animais também. a medida em que muitos cidadãos ainda morrem de fome, outros ainda vêem-se obrigados a Por outro lado, recentemente uma delegação da abandonar as suas áreas de residências à procura de comissão multi-sectorial do Executivo, chefiada melhores condições de vida. "Essas tomadas de pelo Ministro da Agricultura e Desenvolvimento posição, tornam-se contraditórias, porque nós Rural, Afonso Canga, deslocou-se a província do estamos aqui no terreno e sabemos o que se está a Cunene para aquilatar o impacto da seca naquela passar. Será que este inquérito feito é realista? Ou região, durante o período da visita de campo a apenas enviamos relatórios para agradar as comissão procedeu à entrega de bens alimentares e pessoas?", questionou, acrescentando que "porque medicamentos. nós temos de nos referir de Angola real. Angola A Caritas de Angola, em nome da Igreja Católica, da televisão, Angola dos relatórios, Angola das apela a todos os cidadãos, empresas públicas e conferências, etc, esta para o povo Angolano não privadas a contribuírem com bens alimentares não diz absolutamente nada. O dirigente do maior perecíveis, água, material de higiene pessoal, ou partido na oposição na terra da mulher mucubal, quantias monetárias para mitigar as necessidades referiu também sobre alguns apoios que as básicas das vítimas das secas. Os demais populações afectadas têm recebido e disse mesmo interessados em ajudar deverão contactar os que o que se dá não resolve absolutamente nada, terminais telefónicos: 923458756,921852954 ou porque apenas alguns quilogramas de fuba e alguns ainda o Correio electrónico secretaria@carita- sacos de arroz. Na sua percepção o Governo devia sangola.org. tomar políticas eficazes, no sentido de ajudar aquela população a cultivar para que situações de género não se repitam. Quanto ao PRS, na voz do 6.19 Oposição fala em falta de seu Secretário Provincial José Nguelessi, diz que vontade política do Executivo ocultar a realidade da população é abdicar-se de Semanário Angolense encontrar soluções para os problemas. O renovador aponta a aposta na agricultura como 28 De Junho de 2013 única via recomendável, para se ultrapassar o problema que na sua visão já se tornou crónico. O Partido do Galo Negro fez saber ainda ter "O problema da fome, o governante tem de saber realizado nos últimos dias um trabalho do junto isto tudo. Nós não vamos passar todos os anos a das comunidades do interior, no sentido de ver de importar comida, porque o nosso País é rico". perto o que de facto acontece, tendo lamentado José Nguelessi diz ainda não compreender como o que as autoridades governamentais ofuscam a Governo permite que o mesmo problema se repita realidade da população. O Secretário Provincial da anualmente e que esteja a causar morte das pessoas UNITA, Victorino Ndunduma, cita algumas e reitera ser urgente a tomada de medidas. Apela Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 93 por outro lado, para o fim do que chama enormes buracos abertos pelas potentes máquinas. publicidade do partido no poder dos pequenos "Aos poucos, vamos perdendo o espaço para a apoios aos visados. Por seu turno, o segundo produção agrícola", lamentou. Secretário Provincial do MPLA Carlos da Rocha Cruz, existem políticos da oposição que se estão a Lopes Francisco também está preocupado com a aproveitar do sofrimento daquela população para falta de prudência dos camionistas que por ali tentar somar pontos. Carlos da Rocha mostrou-se passam. "Eles circulam a alta velocidade no igualmente preocupado com o que acontece e interior do bairro, pondo em risco a integridade garantiu que o seu partido está atento a estas física dos habitantes, principalmente das crianças". situações. Fez saber ainda que o Governo da O agricultor garante que já sugeriu aos Província do Namibe está a envidar esforços junto camionistas que utilizem um desvio da estrada à do Governo Central e das ONG, com vista a entrada do bairro, para evitar maiores riscos, mas, angariar apoios para a população afectada. "A infelizmente, eles insistem em circular pelo transumância é de uma forma de semi generalizada interior do bairro. "Há muitas crianças e qual- porque, como sabemos, a população do interior da quer descuido pode levar alguém a ser vítima de Província do Namibe vive a base da criação de atropelamento, e nós não queremos que isso gado e estamos nesta situação. No Tômbwa, aconteça", sublinhou. também há falta de pasto, água, a população do Kambembua a parte do lona, está a descer para o Além disso, acusou o soba do bairro de ser Sarojamba e há esta movimentação. Já se lançou conivente com esta situação, uma vez que os um sos e está-se a tomar a nível do Governo, garimpeiros tiveram o seu beneplácito para a esperamos que nos próximos dias apoios possam, retirada dos inertes do lo- cal, antes cedido à chegar à província". Associação de Camponeses.

6.20 Exploração de área preocupa A reacção do soba camponeses Jornal de Angola Contactado pelo Jornal de Angola, o soba Kunga Mahinga reconheceu ter autorizado os 29 De Junho de 2013 garimpeiros, que trabalham para uma empresa cujo nome não revelou, a explorarem o local onde A população do sector de Carianga, nos arredores existia o campo agrícola dos camponeses de da cidade de Malange, está preocupada com a Carianga de Cima. exploração Ilegal de inertes por garimpeiros, em zonas destina- das à produção agrícola. Todos os "A Associação de Carianga de Cima já lavrou a dias, uma máquina retroesca-vadora e vários mandioca. Por isso, autorizei-os a retirar areia do camiões invadem a área cedida à associação local local, junto da nascente do rio Cacumba", de camponeses, de onde retiram areia para venda justificou aquela autoridade tradicional, que como no mercado paralelo. contrapartida recebe 500 kwanzas por cada camião que vai buscar areia ao local. Os habitantes, na sua maioria camponeses, temem vir a perder o local sem qualquer explicação, uma Kunga Mahinga afirmou não ter agido de má fé e vez que o mesmo foi alegadamente cedido pelo muito menos ter sido levado pelos lucros, uma vez soba do bairro a uma empresa, que faz a que reconhece os desafios do Executivo voltados exploração e consequente venda da areia. para o combate à pobreza.

A população considera que é importante "Eu não posso prejudicar a população que está sob construir, mas desde que sejam preservados os meu controlo, antes pelo contrário, trabalhamos espaços que estão destinados à produção agrícola, em comunhão no sentido de combater a fome", uma vez que também está em curso o Programa disse. de Combate à Pobreza. Os chineses, por seu lado, pedem por cada camião Samuel Fenando, membro da associação de de areia cinco mil kwanzas, que vendem a camponeses, disse estar preocupado com os camionistas que, por sua vez, fazem a revenda aos Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 94 interessados com obras em construção no centro daquilo que é a sua cobertura vegetal. Hoje, tende de Malange, a 18 mil kwanzas. Tiago Benedito para o surgimento, numa primeira fase, de buracos Barros, um cliente habitual dos chineses que deixados pelas escavações, e depois ravinas, pondo trabalham no local a vender areia, disse que os em risco vários objectivos estratégicos, incluindo a preços se devem ao mau estado da via de acesso ao própria Estrada Nacional 230", disse. A zona que local onde se escava a areia e aos combustíveis para neste momento está a ser alvo de acções de garantir a circulação da viatura. garimpo de areia é considerada estepe e Edgar Dala teme que a tendência possa ser a de evoluir Geologia e Minas para uma região de deserto. Uma região sem cobertura vegetal e, por essa razão, sujeita à O director provincial da Indústria, Geologia e influência directa das precipitações que Minas, Luís Monteiro, garantiu ao Jornal de apanham solos já abalados pela exploração, vai, de Angola que não foi autorizado qualquer agente a acordo com o ambientalista, produzir ravinas que fazer a exploração de inertes na zona da Carianga. podem representar maiores problemas para as Por- tanto, na sua perspectiva, o soba da populações residentes e afectar a agricultura.. localidade, a coberto de alguns dividendos, é que está a permitir esta situação. "Vamos ter de actuar no sentido de evitar que se degrade ainda mais essa zona do Quéssua", disse.

Luís Monteiro pediu aos vários agentes para deixarem de fazer exploração de areia na região a oeste da cidade de Malange, isto é, do posto de controlo número um até à comuna do Lombe.

Aos sobas da localidade, alertou para não mais permitirem o açambarcamento dos inertes da região, pois, como fez questão de esclarecer, "compete ao Estado a exploração dos recursos, assim como a sua autorização". Para acautelar as irregularidades decorrentes da situação, foi criada a Brigada Multissectorial de Inspeção e Fiscalização Mineira, que vai ter a missão de fiscalizar o exercício da actividade. Integram esta brigada representantes das direcções locais dos Ministérios do Interior, Ambiente, Geologia e Minas, Trabalho e Segurança Social e Urbanismo. Neste momento, está em curso a legalização de três empresas de exploração e comercialização de areia. Luís Monteiro não revelou o nome delas, mas assegurou que vão ser criadas ao abrigo do Quadro Mineiro, que determina que as empresas devem ser angolanas ou mistas, sendo que a parte estrangeira não pode deter mais de 30 por cento do capital.

Ambientalista alerta o ambientalista Edgar Dala alertou para o perigo que pode representar a exploração desenfreada de inertes naquela região de Malange. "Ecologicamente é um risco grande atendendo que aquela zona está a ser devastada pela exploração de inertes há muito tempo e já perdeu grande parte Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 95 7. JULHO

7.1 Furos de água atenuam efeitos Risco de agravamento da estiagem O administrador municipal dos Gambos, Elias Jornal de Angola Sova, que referiu que os novos furos, funcionam 05 De Julho de 2013 com painéis solares, também declarou que os que estão em funcionamento são insuficientes para o A abertura de furos tem minimizado os efeitos da consumo humano e do gado. seca no município dos Gambos, onde nove dos 20 furos programados pelo Governo Provincial já O pior, disse, é que a situação se pode agravar com fornecem água à população e ao gado de Cahuvi, a diminuição dos lençóis freáticos, o que a Ompapa, Chioco, Chatena, Tchicana e Chinana, acontecer obriga o gado a percorrer distâncias nas comunas de Tchibemba e Tchiange. ainda mais longas para encontrar pasto e água.

Os habitantes daquelas comunas, mesmo assim, Mais de 38 mil pessoas entre as 155.159 que querem que sejam abertos mais furos por constituem a população dos Gambos receberam consideraram os que existem insuficientes para ajuda alimentar do Governo Provincial, de fazerem face aos efeitos da estiagem que se Organizações Não-Governamentais, empresários e registou nos Gambos. de igrejas.

O secretário de Estado para os assuntos Sociais do Elias Sova afirmou recear que a situação Presidente da República acompanhado pela vice- provocada pela seca se agrave nos próximos governadora da Huíla para o sector Político e tempos se os apoios não continuarem a chegar ao Social, Maria João Tchipalavela, visitou o município dos Gambos, onde a campanha agrícola município dos Gambos e confirmou que a água 2012/2013 foi um fracasso. ) director provincial de dos furos é consumida de forma racional e que Energia e Aguas da Huíla, Abel da Costa, disse centenas de famílias se servem deles. que está a ser dada prioridade à captação de água para depois serem ergui das as infra-estruturas de Num dos novos furos, Augusta Kecove, 34 anos, apoio, concretamente reservatórios, lavandarias e partilha a água com centenas de bois, que se abeberamentos. "Há mais áreas onde vão ser juntam no abeberamento feito de árvore de abertos furos de água e tudo está mutamba. A movimentação dos animais leva-a a a ser feito, dentro das possibilidades financeiras, redobrar a atenção para não ser prejudicada. para o bem da população", afiançou.

O mesmo se passa com Abreu Liuvica, 13 anos, Os furos reabilitados e criados têm capacidade que quase se vê afastado dos bidões que quer para bombear entre dois a cinco metros cúbicos encher por um dos animais que percorrem entre por hora. A par dos furos, estão a ser criados em 20 a 30 quilómetros para poderem saciar a sede. várias localidades 22 abeberamentos. Abel João da Costa também insistiu na importância de se Fernando Kafiti, 65 anos, criador de gado bovino, aumentar o número de furos, pois "os que há não confirmou ao Jornal de Angola que a situação da satisfazem as necessidades" . seca nos Gambos é critica e que é preciso muita atenção das autoridades para se salvaguardar a Mais verbas riqueza do povo e vidas humanas. O secretário de Estado para os Assuntos Sociais do "Reconhecemos o esforço que está a ser feito pelo Presidente da República sublinhou que o principal Governo Provincial na abertura de furos e problema detectado no município dos Gambos é chimpacas, mas é insuficiente", disse. falta de água, pelo que é preciso aumentar a sua quantidade. "É visível o empenho do Executivo e Devido ao número elevado de gado, declarou, a do Governo Provincial em abrir mais furos de partilha do único sistema de abeberamento não água para o consumo humano e abeberamento dos chega e por isso devem ser aberto mais furos. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 96 animais, sobretudo das áreas afectadas", disse levadas às estruturas competentes, no sentido de se Simão Helana. disponibilizar recursos do Orçamento Geral do Estado para a concessão de projectos que O secretário de Estado para os Assuntos Sociais do controlem a situação. Presidente da República defendeu igualmente a conjugação de esforços para aumentar o número No fórum vai ser apresentado um estudo com de chimpacas para a retenção e armazenamento de orçamentos, áreas de acção, projectos e actividades água na época chuvosa. bem definidas por uma empresa nacional, nas localidades afectadas pela estiagem na província da Huíla.

7.2 Consequências da estiagem são Os administradores municipais de Gambos, abordadas em seminário Chibia, Humpata, Quipungo, Matala, as áreas Jornal de Angola mais afectadas 08 De Julho de 2013 pela seca na Huíla, e responsáveis das províncias do Namibe e Cunene estão também convidados Um fórum destinado a encontrar soluções para o para o encontro, assim como membros de problema da falta de água, causada pela estiagem Organizações Não-Governamentais, empresas nos municípios da província da Huíla, realiza-se petrolíferas, Faculdade de Ciências Agrárias do no próximo dia 12 deste mês, em Quilengues, na Huambo, Instituto de Veterinária e Agronomia e Huíla. os directores da Energia e Agua e da Agricultura das três províncias. O fórum decorre sob o lema "Agua é vida" e conta com a participação de especialistas dos sectores da 7.3 Chuva em pleno Cacimbo Energia e Agua e da Agricultura, consultores da Jornal de Angola Organização das Nações Unidas para a 09 De Julho de 2013 Agricultura e Alimentação (FAO), governantes e académicos. Uma chuva torrencial surpreendeu no sábado e no Os participantes vão abordar temas como "A Domingo os habitantes de várias localidades do caracterização geográfica e agrícola de Kwanza-Sul, um fenómeno desde já insólito, uma Quilengues", "Segurança alimentar" e "A escassez vez que as chuvas ocorrem apenas no tempo de água e seu impacto em termos de Saúde quente. Pública". O Instituto Nacional de Meteorologia O administrador municipal de Quilengues, (INAMET), que confirmou a ocorrência de chuva Armando Vieira, disse que tem havido esforços no Kwanza-Sul, disse no domingo à Rádio N para a resolução dos problemas causados pela acional de Angola (RNA) que este fenómeno estiagem, garantindo alimentos, vestuário e durante o Cacimbo se deve ao facto de, desde assistência médica e medicamentosa às populações. sábado, estar a registar-se, no planalto central, um aumento da nebulosidade ocasionada por uma Disse que se pretende com o encontro conceber massa de ar quente que teve início na província do projectos estruturados, com acções bem definidas, Uíge. para um melhor aproveitamento da água das chuvas e do subsolo . "As chuvas estão previstas para o norte do país, concretamente nas províncias do Zaire, Uíge e Armando Vieira sublinhou que as autoridades Kwanza- Norte", informou o meteorologista querem ouvir dos especialistas as estratégias que Sérgio Buck, adiantando que, no domingo, havia devem ser tomadas para se fazer agricultura nas também probabilidade de chuviscos na província baixas, utilizar as sementes de curta duração e do Kwanza-Sul. outras técnicas, com vista a garantir a segurança alimentar das populações. Frisou que as A cidade do , capital da província, e as recomendações que saírem desse encontro são localidades da e estão entre as Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 97

áreas que receberam chuva torrencial, um Vamos agora definir acções no sentido de fenómeno que surpreendeu a população local e minimizar os problemas existentes", disse Rui pôs em alerta máximo os agricultores. Falcão. O governador do Namibe disse que a situação, apesar de preocupante, está controlada Segundo a Rádio Nacional de Angola, no Sumbe a pelas autoridades das províncias afectadas: "houve chuva começou às quatro horas e durou nove um período que se podia tomar complicado, mas minutos, tempo suficiente para deixar as ruas felizmente fomos capazes de enfrentar o problema molhadas e num plano bastante escorregadio . com acções eficazes".

O sob a Morais Alfredo Candumbo, regedor do Cunene incentiva comércio Sumbe, disse que não se lembra de ter chovido alguma vez no Cacimbo. O governador provincial do Cunene, António Didalelwa, informou que os criadores de gado Na Quibala, centro da província do Kwanza-Sul, a estão a ser sensibilizados para aproveita- rem a chuva durou toda a noite, disse a RN A, através riqueza local e intensificarem as trocas comerciais. do testemunho de Lima Muciante. O governador Didalelwa afirmou que a maior parte das populações afectadas pela seca tem "A chuva começou a cair às 18h00 e prolongou-se manadas de gado bovino, que podem ser muito até às quatro horas da manhã", disse, quando bem aproveitadas para a sua rentabilização. Por contactado pela emissora radiofónica pública. isso, aconselhou os possuidores de gado a trocarem animais por mi lho, massango, 7.4 Governador considera seca massambala e outros produtosalimentares. uma praga O governador do Cunene salientou que é preciso Jornal de Angola fazer um aproveitamento do gado, 09 De Julho de 2013 independentemente das ajudas que se estão a receber do Executivo e das Organizações Não O governador Rui Falcão considerou, na cidade Governamentais e outras entidades singulares. do Lubango, que a seca que afecta as províncias da António Didalelwa informou que 542.997 pessoas Huila, Namibe e Cunene deve ser vista como uma estão afectadas com a seca na província mais a sul praga que tem de ser combatida com soluções do país. estruturantes. O governador do Namibe falava no Mas o número pode subir, uma vez que o ''pico'' final da segunda fase do curso sobre "Academia de da seca é em Agosto e só termina no próximo mês Liderança" e defendeu que é necessário encarar o de Novembro, uma altura que considerou critica problema como uma catástrofe e não como uma para as províncias da região. questão simples de resolver.

Rui Falcão defendeu soluções estruturantes entre Aproveitamento da água os governos da Região Sul para que com apoio do Executivo sejam aplicadas no combate à seca. O O governador do Cunene anunciou que estão em governador do Namibe disse que a Região Sul curso vários projectos com vista a melhor deve agir como um todo: "nós somos um aproveitamento das bacias dos rios Cunene, verdadeiro polo turístico deste país e temos de Cuvelai, Caculuvar, Mui e Calonga. Os projectos criar mais condições para que as potencialidades se são executados ao longo do dos anos 2013 e 2014, efectivem". com vista a dar outra capacidade de produção agrícola e água para o gado. As condições, disse Rui Falcão, passam pela criação de infraestruturas que resolvam O objectivo do Governo Provincial do Cunene é definitivamente os problemas na distribuição de a segurança alimentar e criar reservas de água ao água, que têm preocupado as autoridades, os longo dos rios, para permitir que no tempo seco investidores na área do turismo e os criadores de haja dificuldades de abastecimento para pessoas e gado. "Estamos em cima de um lençol aquífero animais. O governo do Cunene vai sensibilizar a imenso. E preciso saber explorar esse factor. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 98 população para produzir capim do tipo feno, para 30 permitir que haja sempre comida para os animais. toneladas de alimentos e sementes agrícola e cosméticos pelo Movimento Nacional Espontâneo, a responsável referiu que os Gambos 7.5 Ministro avalia o impacto da foi o município mais afectado da província, mas seca que a situação também atingiu a Chibia, Jornal de Angola Humpata, Matala, Quipungo, Lubango, , 09 De Julho de 2013 Quilengues, Chicomba, Caluquembe e Caconda. A situação, garantiu, está controlada desde que o O ministro da Administração do Território, Governo Provincial tomou conhecimento da Bornito de Sousa, avaliou sábado, em Ondjiva, situação em Maio e passou a dar apoios em bens Cunene, o impacto da seca na região, no de primeira necessidade às vítimas. seguimento das orientações do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, no sentido de Além dos apoios do Governo Provincial, a avaliar os trabalhos que estão a ser efectuados para sociedade, especialmente os empresários, resolver a situação da fome e encontrar soluções instituições religiosas e Organizações Não- futuras. Governamentais, declarou, também tem ajudado as vítimas da seca. Bornito de Sousa visitou algumas chimpacas (reservatórios de águas pluviométricas Catarina Manuel reafirmou o compromisso do tradicionais), que se encontram secas, e algumas Governo Provincial de continuar a apoiar as lavras familiares na localidade de Oipembe, onde famílias mais atingidas pela falta de chuva no efectuou a entrega de bens alimentares às Cunene. populações afectadas pela fome, e o centro de capacitação e tratamento de água. 7.6 Lavadores de carros beneficiam Segundo o ministro, como integrante da de apoio Comissão Ministerial designada para os efeitos da seca, teve a necessidade de constatar os efeitos da Jornal de Angola estiagem e vai propor diligências a nível central 13 De Julho de 2013 para solucionar alguns problemas imediatos, como a situação do abastecimento de água potável às Um projecto que consiste em criar uma zona comunidades rurais. verde na área do Cuando, na província do Huambo, foi lançado pelo velocista paralímpico e "Uma das questões marcantes foi a qualidade recordista mundial de atletismo nos cem, duzentos péssima da água que as populações estão a utilizar e quatrocentos metros, José Sayovô. no seu consumo diário, daí que há necessidade de aquisição imediata de equipamentos individuais ou Lançado terça-feira, a Leste da cidade do Huambo, colectivos para filtrar a água nas comunidades o projecto da Associação Amigos de Sayovo visa rurais, com vista a torná-la potável", referiu. ocupar os jovens lavadores de carros em projectos de jardinagem e de plantação de árvores. Dados do governo local apontam que a situação da seca afecta actualmente 542 mil e 979 pessoas e um "O projecto consiste em criar uma zona verde na milhão, 167 mil e 497 cabeças de gado na área do Cuando, onde os jovens lavadores de província do Cunene. carros podem trabalhar como jardineiros e plantar árvores, evitando dedicarem-se em actividade As famílias afectadas pela seca causada pela menos dignas", ressaltou Armando Sayovo. ausência 'regular de chuva nos últimos dois anos na Huíla precisam de apoio em bens de primeira Segundo Armando Sayovo, a escolha da área do necessidade, disse ontem, no Lubango, a directora Cuando deveu-se a questões ambientais, por ser provincial da Assistência Social. uma zona onde a maioria dos utentes de viaturas lavam os seus carros, poluindo o rio com óleo, Catarina Manuel, que falava à imprensa durante a combustível e sabão. entrega pelo Movimento Nacional Espontâneo de Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 99

Valentina Jeremias, porta-voz da Associação, Quilengues, Caconda e Quipungo igualmente afirmou que o projecto tem por objectivo afectados pela seca. sensibilizar os jovens e a comunidade para deixarem de contaminar o rio, uma vez que, em O ministro lembrou que o Executivo elaborou cada dia que passa, mais jovens de outras áreas um projecto de apoio às vítimas da seca e que o juntam-se ali para lavar viaturas. Presidente da República criou uma comissão multissectorial para atender em todo o país às Confirmou que a área do Cuando está a degradar- situações provocadas pela estiagem. O ministro, se e a perder a beleza natural, deixando de ser uma que entregou medicamentos para o tratamento de zona turística, devido à contaminação provocada sarna, carbúnculos e outras doenças que matam o pelos resíduos resultantes da lavagem de viaturas. gado, visitou também ontem, nos Quilengues, a Escola de Formação de Auxiliares de Pecuária e, Avançou que os jovens que fazem essa actividade no Waba, Caconda, as obras da Estação de na barragem do Cuando desconhecem os riscos Tratamento de Água. que podem provocar à saúde, à sociedade e ao país. Garantias aos agricultores

7.7 Sistemas de água atenuam os O ministro da Administração do Território, efeitos da estiagem Bornito de Sousa, avaliou, em Ondjiva, Cunene, o Jornal de Angola impacto da seca na região, no seguimento das orientações do Presidente da República, José 13 De Julho de 2013 Eduardo dos Santos, no sentido de avaliar os trabalhos que estão a ser efectuados para resolver a Os efeitos da seca nos Gambos, Huíla, vão ser situação da fome e encontrar soluções futuras. amenizados com a Instalação de 20 sistemas integrados de abastecimento de água para a Bornito de Sousa visitou algumas chimpacas população e ao gado. (reservatórios de águas pluviométricas tradicionais), que se encontram secas, e algumas Os sistemas, constituídos por bomba alimentada lavras familiares na localidade de Oipembe, onde por placas solares, chafarizes, reservatório, com efectuou a entrega de bens alimentares às capacidade de cinco mil litros, lavandaria e populações afectadas pela fome, e o centro de bebedouro, beneficiam inicialmente seis mil capacitação e tratamento de água. pessoas das 12 mil afectadas pela seca. Segundo o ministro, como integrante da Os sistemas, cada um dos quais orçado em 80 Comissão Ministerial designada para os efeitos da milhões de kwanzas, estão a ser construídos em seca, teve a necessidade de constatar os efeitos da várias localidades dos Gambos. estiagem e vai propor diligências a nível central para solucionar alguns problemas imediatos, como As obras, algumas já em fase de conclusão foram a situação do abastecimento de água potável às visitadas pelo ministro da Agricultura e do comunidades rurais. Desenvolvimento Rural. "Uma das questões marcantes foi a qualidade Pedro Canga visitou antes as obras da fábrica de péssima da água que as populações estão a utilizar fertilizantes, na povoação do Poiares, e as infra- no seu consumo diário, daí que há necessidade de estruturas de irrigação da represa da Quihita, aquisição imediata de equipamentos individuais ou Chibia. colectivos para filtrar a água nas comunidades rurais, com vista a tomá-la potável", referiu. O ministro avaliou as obras de instalação dos Dados do governo local apontam que a situação da sistemas integrados de abastecimento de água das seca afecta actualmente 542 mil e 979 pessoas e um povoações do Dongue, Ompapa, Chioco, milhão, 167 mil e 497 cabeças de gado na Tchatena, Mapupu, Lia mulola e colocou a província do Cunene. primeira pedra dos novos bebedouros. Seca controlada Pedro Canga, que concluiu ontem a visita de três dias, observou também as obras nos municípios de Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 100

As famílias afectadas pela seca causada pela Paula Joaquim informou que existem na província ausência regular de chuva nos últimos dois anos na da Huíla zonas autorizadas para explorar inertes, Huíla precisam de apoio em bens de primeira pedra e areia. Mesmo assim, tais zonas têm sido necessidade, disse ontem, no Lubango, a directora invadidas. Por falta de viaturas, a fiscalização desta provincial da Assistência Social. actividade encontra muitos obstáculos. Existem locais que, embora sinalizados, continuam a ser Catarina Manuel, que falava à imprensa durante a utilizados, numa clara violação das normas entrega pelo Movimento Nacional Espontâneo de estabelecidas pelas autoridades. 30 toneladas de alimentos e sementes agrícola e cosméticos pelo Movimento Nacional A brigada de Inspeção e Fiscalização de inertes na Espontâneo, a responsável referiu que os Gambos província da Huíla, esclareceu Paula Joaquim, foi foi o município mais afectado da província, mas criada em Março por causa da estratégia que visa o que a situação também atingiu a Chibia, cumprimento da lei. A brigada também fiscaliza as Humpata, Matala, Quipungo, Lubango, Cacula, regras de defesa e proteção do Ambiente, a Quilengues, Chicomba, Caluquembe e Caconda. segurança pública das vias, o respeito pelas regras A situação, garantiu, está controlada desde que o de segurança, higiene e saúde no trabalho. Governo Provincial tomou conhecimento da situação em Maio e passou a dar apoios em bens A exploração ilegal, disse Paula Joaquim, tem um de primeira necessidade às vítimas Além dos impacto negativo no Ambiente pois por causa apoios do Governo Provincial, a sociedade, deste fenómeno, surgem ravinas em zonas nobres. especialmente os empresários, instituições A Direcção Provincial da Indústria, Geologia e religiosas e Organizações Não-Governamentais, Minas proíbe a exploração de inertes em áreas declarou, também tem ajudado as vítimas da seca. destinadas à construção de moradias, fábricas e Catarina Manuel reafirmou o compromisso do outros empreendimentos. Paula Joaquim indicou Governo Provincial de continuar a apoiar as como exemplo a área do Cristo Rei, tida como famílias mais atingidas pela falta de chuva. proibida à exploração de inertes.

7.8 Combate à exploração ilegal de 7.9 Milhares de alma expostas à inertes seca e à fome no centro-sul Jornal de Angola Jornal O País 19 De Julho de 2013 19 De Julho de 2013

Uma brigada destinada ao combate à exploração A estiagem prolongada que comprometeu as de Inertes em situação Ilegal foi criada pelo culturas da primeira época agrícola em 2011 e Governo Provincial da Huila, através da direcção cujos efeitos nocivos estenderam-se até Outubro local da Indústria, Geologia e Minas. de 2012, é apontada por especialistas como sendo a principal causa da fome que afecta gravemente as Criada através do despacho número 328120l3, do populações da região Centro-Sul do país, com governador da Huíla, João Marcelino Tyipinge, a maior predominância no Cunene, Huíla e brigada integra ainda os sectores do Ambiente, da Namíbe, A cada dia que passa a situação da fome e Agricultura e do Desenvolvimento Rural. da seca consolida-se no seio de algumas comunidades rurais, faltando alimentos e água Fazem ainda parte da brigada criada na Huíla, a para consumo humano e para o abeberamento de Polícia de Inspeção e Investigação das Actividades gado, sendo que os poucos reservatórios vão se Económicas, Comando Provincial da Polícia esvaziando paulatinamente em função da Nacional e Forças Armadas Angolanas. demanda, segundo constatou a reportagem de O PAÍS nesta região Sudeste de Angola. A directora provincial da Indústria, Geologia e Minas da Huíla, Paula Joaquim, explicou que a Numa ronda efectuada recentemente na Huíla e criação da brigada técnica visa estancar o impacto no Namíbe, constatou-se que a situação é caótica e ambiental negativo que tem sido causado pela exigem-se esforços redobrados não só das exploração de inertes de forma ilegal na província. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 101 autoridades competentes (Governo), mas de toda a produz em pequena escala milho, massango, sociedade para se acudir a situação a que estão massambala, submetidos milhares de pessoas, na indigência feijão-frade e frutas. Mas com a falta da água está a desde Outubro do ano passado. atravessar um dos seus piores momentos em toda a extensão territorial, que conta com três Em contacto mantido com várias comunidades, comunas, designadamente Caitou, Lola e elas foram unânimes em afirmar que as reservas Kapangombe. alimentares que mantinham guardadas nos celeiros esgotaram-se, e, por isso, clamam por ajudas Aliás, segundo uma fonte ligada à Administração urgentes, embora essas têm estado a chegar de Municipal, que pediu para não ser identificada por forma colectiva ou singular da parte do Governo, falta da autorização da administradora local, a da Sociedade Civil e das Igrejas. Mas a realidade é penúria alimentar vive-se Um pouco em toda a que elas têm de ser mais reforçadas, dizem. extensão, à excepção do município sede da província. Virei, Camucuio e Tômbwa vivem O que está a ser canalizado nem sempre chega também os efeitos nefastos da seca e da fome. para duas semanas de consumo, em função do "Todos estamos dependentes das ajudas do alargado Governo e de outras entidades", afirmou a fonte. agregado familiar de alguns beneficiários, sobretudo naquelas comunidades em que por Preocupado com a situação, a fonte acrescentou razões culturais que a administração está de mãos atadas porque predomina a poligamia. não encontra solução para contornar o quadro actual, que tende a agravar-se ainda mais nesta Em declarações prestadas à reportagem de o PAÍS, época de cacimbo, onde, segundo a fonte, tudo a população sinistrada clama por mais ajuda, não parece mais complicado para uma população que só já habita no deserto, e em que maioria vive em em alimentação, mas também água, pedindo a condições difíceis. abertura de mais furos, pois a falta deste líquido está a forçar algumas famílias a abandonarem as A situação podia ser evitada suas terras de origem, indo para outras em busca de melhores condições para a actividade pastorícia. Esta é a visão do presidente da Associação Construindo Comunidades (ACC), padre Jacinto A transumância do gado alterou Pio Wakussanga, quando prestava declarações a significativamente de período e está a este jornal sobre a crise alimentar que assola a comprometer o pasto normal durante esta época. província da Huíla, com realce para o município ''As chimpacas estão secas, os detentores das dos Gambos, 146 quilómetros, onde a situação é manadas fazem o esforço de levá-las para um dramática. "Se o Governo ouvisse as pessoas, a outro sítio, mas também nem tudo está a correr situação não devia chegar a este ponto", disse bem, porque toda a região Sul está a sofrer o inicialmente. mesmo problema", lamentou um jovem que se identificou como sendo Matias Kamaty, 29 anos, Segundo o sacerdote da Arquidiocese do Lubango no município da . e pároco da Pró-Paróquia dos Gambos, o grito de socorro sobre a iminência da fome derivada da Essa localidade, com uma comunidade constituída seca foi lançado em Outubro do ano passado, maioritariamente por grupos itinerantes, entre os alertando às autoridades competentes sobre a quais os célebres guerreiros mucubais, é uma das situação da penúria alimentar que se desenhava na que estão a enfrentar uma penúria alimentar ao região, "mas ninguém se pronunciou sobre o nível do Namíbe, sendo que parte dos seus assunto, esperando até que chegássemos a esse habitantes procuram contornar a situação é menos ponto" , desabafou. grave. Pio Wakussanga, um jovem sacerdote que se Segundo ainda apurou este jornal, esta região que dedica de "corpo e alma" trabalhando junto é potencialmente agro-pecuária, com uma dascomunidades população rurais da Huíla, há já algum tempo, em conversa estimada em pouco mais 200 mil habitantes, com O PAÍS, no Lubango, mostrou-se Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 102 inconformado com a vivendo dias difíceis de manejar há nove noves é forma como a situação está a ser gerida pelo que o Governo trace políticas concretas e eficazes Governo Central. "Devia-se fazer mais, porque a que permitam estancar essa situação de uma vez situação não está a ser controlada como tal" , por todas. "Medidas concretas e não paliativas, observou. porque tapar o sangue a uma ferida não é curá-la", ironizou. Embora reconheça até agora os esforços dos governos Central e Local para acudirem as pessoas Calmo e prudente nas suas afirmações, Pio que se encontram em situação de risco, na visão de Wakussanga enfatizou que o seu discurso sobre a Pio Wakussanga devia-se redobrar este esforço, situação que afecta o Centro-Sul de Angola não acrescentando que algumas pessoas em zonas deve ser interpretado como uma "operação de afectadas estão a receber ajudas, mas o mesmo não charme", para tirar quaisquer dividendos, mas está a acontecer naquelas em que estão na apenas intervém como activista social. "Enquanto iminência de serem também atingidas pela seca e sacerdote e trabalhando com as comunidades não fome. posso me calar perante este quadro triste" , explicou. A distribuição dos alimentos não devia limitar-se só às comunidades afectadas do Cunene, Huíla e De acordo com o também sociólogo, a situação Namíbe, mas até naquelas em que começam já por que passa a região Centro-Sul é extremamente também a sentir o espectro da fome”, sugeriu. O difícil, e sobretudo numa altura em que se está sacerdote que já foi também o pároco da Missão numa época de Cacimba, em que não caem chuvas Católica da Quihita, sempre trabalhando ao lado durante este período do ano. "É com base nisso dos mais desfavorecidos, disse ser necessário que o nosso grito de socorro não vai se calar, até pensar-se já em medidas profilácticas. que a situação se normalize e que se devolva a tranquilidade a esta franja de cidadãos". "A seca e a fome não estão somente nestas comunidades, mas também noutras regiões destas Para a fonte, além do esforço do Governo que vai três províncias, e, pelo que se nota, as outras minimizando a situação com a entrega de bens limítrofes também, como o Huambo, Benguela e de primeira necessidade aos desfavorecidos das três Kuando Kubango, podem estar sujeitas a esse tipo províncias mais afectadas, as organizações de situações, "alertou Wakussanga, para quem a não-governamentais angolanas e estrangeiras que situação trabalham no país deviam também redobrar o exige a conjugação de esforços de todos os seu auxílio. "Sabemos das suas limitações, mas organismos estatais, privados e de pessoas de boa enquanto a situação prevalecer, deviam fazer um fé. pouco mais", apelou.

E é com base nesta preocupação que os Serviços Mas este apelo do jovem sacerdote dos Gambos Sociais da Igreja Católica, vulgo "Cáritas" não se limita às ONGs, mas também é dirigidos lançaram uma campanha de angariamento de às empresas estrangeiras, entre as quais as fundos e bens de primeira necessidade para os multinacionais que labutam no país, mormente às "flagelados do vento Sul", já que por essa altura a ligadas ao ramo petrolífero, diamantífero, sua situação continua a deteriorar-se. alimentar, têxtil e outros "solidarizando-se com as comunidades, 833 mil pessoas afectadas Estima-se ser este o dando ajudas como acontece noutros países, número de pessoas afectadas pela seca e pela fome quando surgem situações do género", comparou. no Sudeste de Angola, segundo revelou Pio Wakussanga, socorrendo-se de dados fornecidos Reconheceu que algumas têm dado o seu apoio pela Cáritas e por organizações não- desde a altura em que se lançou o grito de socorro, governamentais (ONG) nacionais e estrangeiras mas outras ainda não responderam ao apelo do que trabalham em Angola, algumas das quais nas Governo, das Igrejas, das próprias comunidades e províncias afectadas. algumas continuam indiferentes "fazendo ouvindo de mercadores, mas são elas que vêm explorar Apesar deste número, segundo a fonte, o que mais legal ou ilegalmente as riquezas do nosso povo, de se necessita para essas comunidades que estão Cabinda ao Cunene". Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 103

Reforma agrária O município do Soyo, província do Zaire, é um dos locais com maior concentração de pescadores Para minimizar a situação, embora com alguma artesanais, estando estes divididos, como ficamos a precipitação nos últimos anos, Pio Wakussanga saber, em várias comunidades piscatórias. defendeu uma política de reformas agrárias que Muitos deles vivem dessas duas actividades, a pesca consistiria na distribuição de terras às e a agricultura (mais da primeira que da segunda) e comunidades para agricultura de subsistência e se sentem abandonados, tanto pela «suposta» habitação. "Se houvesse esta vontade política pela associação de pescadores que lá existe, quanto por autoridade competente este problema há muito quem devia «bater o pé» contra a poluição do mar. seria resolvido", disse. A luta pelo sustento das suas famílias tem sido Exemplificou que nos Gambos, sua área de tremenda para essa classe de pescadores, pois bons jurisdição, as populações maioritariamente dias passaram, suspeitando que irão enfrentar o camponeses estão à braços para desenvolverem a pior, se continuarem a depender daquilo que o agricultura familiar como se esperava, porque as mar lhes oferece de bom, porque a indústria áreas de lavoura estão sendo invadidas por petrolífera tem «cuspido» cada vez mais no prato fazendeiros que as vão ocupando silenciosamente em que aqueles comem. e sem qualquer indemnização aos antigos possessores, como prevê a lei. «Às vezes, vejo uns líquidos que saem das plataformas e alguns peixes aparecem mortos. Segundo a fonte, "este processo escandaloso de Esses líquidos sujam as nossas redes, que só ficam invasão de terras começou há muito tempo, mas limpas depois de dois ou três dias no mar», contou as Alexandre José, ele que é pescador há 31 anos, autoridades competentes pouco ou nada fazem tendo em seguida lamentado que se sente para travar a situação". Acrescentou que a prejudicado com isso. expropriação de terras aos camponeses está a provocar a ira no seio das comunidades. "E isso Acrescentou que, por incrível que pareça, nas algum dia poderá resultar num conflito entre proximidades das sondas é onde existe maior comunidades e fazendeiros" , alertou. concentração de peixes, mas, infelizmente, não é permitido pescar nessa zona. Basta que o pescador Pio Wakussanga avisou ainda que ninguém está a tente aproximar-se para que o alarme toque e a coagir as comunidades para se rebelarem contra os equipa de segurança da plataforma expulsem as ocupantes dos seus terrenos de lavoura e de pessoas. abeberamento de gado, mas elas, de acordo com a fonte, estão ficando cada vez mais impacientes Essa interdição deve-se ao facto de, em tempos com a situação. "Se a terra pertence a todos, anteriores, «os irmãos do Congo», como nos porque não dar a cada um o seu pedaço", conta, terem roubado alguns materiais (baterias, interrogou-se a fonte. placas solares, etc) numa das plataformas que se encontram a explorar naquelas águas. Deste Segundo ele, "é necessário que Governo, que é a modo, o pescador do Zaire é obrigado a ir pescar autoridade máxima, reveja esta situação para se para outras regiões para conseguir o «pão de cada evitar no futuro situações pouco abonatórias entre dia». comunidades e fazendeiros". Sublinhou que a situação exige uma intervenção directa da Governo local não apoia a pesca «Esse líquido que autoridade máxima, já que a autoridade local não encontrámos, além de matar, faz com que os consegue resolver o problema que aflige os seus outros peixes fujam mais para o fundo do mar, governados. dificultando o nosso trabalho», enfatizou, revelando que esse não é o único problema que os pescadores enfrentam, uma vez que o governo 7.10 »Os Peixes estão a local não apoia a pesca. desaparecer« Semanário Angolense Há muito que os pescadores reclamam por melhores embarcações, redes em óptimas 20 De Julho de 2013 condições, cobertura aos barcos ou, pelo menos, Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 104 um pequeno colchão para cada um, já que passam para cultivo. Ainda assim, o ilhéu tudo tem feito a noite no mar, mas, até o momento, não lhes para conseguir algum dinheirinho, sustentar a ligam. O nosso interlocutor questionou a família, e principalmente, custear os estudos dos competência das autoridades locais, uma vez que filhos, na cidade do Soyo. os pescadores têm sido também vítimas constantes de arrastões, roubando-lhes muitas O nosso entrevistado mostrou que actualmente, redes. encontra-se aflito, porque há muito que não vai ao mar, pois perdeu a sua rede, e navegar com rede Apesar de existirem barcos para vigilância, estes alugada é um autêntico desperdício. Com a rede não são usados para tal, não se entendendo, por de outro, além de o pescador ter de dividir isso, para que serve a quota de 100.000,00 (percentagem iguais) o pescado com o dono da Kwanzas que têm pago anualmente à Capitania e canoa, procede de forma igual com o proprietário ao Ministério das Pescas (50 a cada instituição), já da rede. que estas não fazem absolutamente nada. «Tem havido desrespeito dos direitos humanos», O negócio da venda de pescado está menos aproveitou dar a queixa o ilhéu Alfredo, porque rentável por estas bandas, pois até mesmo as sempre que os pescadores vão à pesca, e porque peixeiras e os intermediários dos restaurantes normalmente vão de madrugada,> passam a noite locais têm reclamado, acusando alguns deles, no controlo da polícia e são obrigados a varrer as pescadores, de estarem a vender todo o produto a unidades. outros clientes que encontram no mar.

Para os navegantes, essa acusação não tem fundamento, uma vez que têm feito de tudo para Ajuda dos congoleses na saúde conseguir trazer alguma coisa, inclusive alguns «Os fuzileiros não nos fazem nada, apenas pedem pescadores luandenses, em solidariedade, os têm um pouco de carvão, porque levamos ao mar este oferecido pescado. material para cozinharmos. Mas a polícia, mesmo Fuga para Cabinda sabendo que fazemos nove horas de navegação, obriga-nos a acordar às 5h da manhã para A ilha do Libi é uma das mais conhecidas varrermos o quartel, que não é pequeno. Eles comunidades pesqueiras existentes no Soyo, além justificam esse acto dizendo que somos civis, por das de Lidamé, Vinde, Monte Seca I e II, Kicende, isso, devemos trabalhar para os que não são», Fundão, Kimpula, ponta do Bokolo, ponta do queixou-se ele. Padrão, etc. Praticamente, segundo o nosso entrevistado, todas estas são referenciadas pela Para finalizar, a nossa fonte aproveitou a última ilha citada, por ser o local onde se oportunidade rara que lhe foi dada para dizer que, encontram os postos da polícia e Fuzileiros quando se está doente naquela ilha, é mais fácil a Navais. população ir ao Congo Democrático do que à cidade do Soyo, para receber o devido tratamento. O ilhéu e pescador Alfredo afirmou que todos os Embora a assistência médica seja grátis nos seus colegas têm sido afectados por «alguma hospitais do Soyo, a pessoa chega a morrer, coisa», até porque havia tempo em que porque «os médicos atendem por cunha». demoravam dois dias no mar para encher um recipiente de 1000 litros com peixes, mas, agora, A deslocação à República Democrática do Congo fazem cinco dias e regressam apenas com 300 tem sido fácil, porque quando alguém está doente, litros. Não sabe explicar a causa dessa baixa, que não se paga nada. Alfredo fez recordar que, nos fez com que o coordenador da sua comunidade anos 2011 e 2012, houve uma epidemia (diarreia de optasse por navegar' nas águas de Cabinda. sangue) e o Governo congolês disponibilizou uma ambulância, que transportava e tratava A vida na ilha é difícil para as mais de mil pessoas gratuitamente os doentes. As doenças mais que lá habitam. Uma boa parte dos moradores, frequentes na ilha são a diarreia, malária e a febre senão todos, são pescadores, já que é impossível tifoide . enveredar pela agricultura, por falta de espaço Ambiente de mãos atadas Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 105

Mesmo com a existência da legislação do Estudo "Angola atravessa um período de seca prolongada de Impacto Ambiental (EIA), estudo que as que afecta milhões de crianças", alertou o porta companhias petrolíferas precisam realizar antes do voz da UNICEF em Genebra, Patrick Mc início de qualquer actividade do ramo, em que o Cormick. "Os níveis de água estão a baixar Ministério do Ambiente revisa e faz comentários rapidamente e cerca de 40 a 50 por cento dos sobre o pontos de água já não estão a funcionar", documento, antes da sua aprovação, pouco ou acrescentou. nada se tem visto a respeito. A UNICEF diz que são necessários 14,3 milhões Segundo informações a que o SA teve acesso, o de euros para ajudar o país a enfrentar esta Ministério do Ambiente demonstra incapacidade dramática situação de seca. técnica e raramente acompanha a implementação e monitora os EIA's. Essa constatação tem feito O bispo de , dom José Imbamba, diz que com que, dificilmente, se tomem medidas de a campanha lançada pela Caritas tem surtido mitigação ou se imponham penalizações aos efeitos muito positivos. Com a iniciativa, projectos que não cumpram com as regras e pretende-se arrecadar alimentos e água para ajudar recomendações do EIA. 1,5 milhões de pessoas carentes nas províncias do Cunene, Huíla, Namibe, Benguela e Kuando – Os pescadores do Soyo terão um desafio tremendo Kubango. pela frente, porque não há monitorização adequada pelo Governo, à eliminação dos resíduos "Não foi só a comunidade cristã que se mobilizou, perigosos produzidos pelas petrolíferas que porque o próprio Governo também está a exploram o mar, pois tal responsabilidade fica a trabalhar nesse sentido, com projetos pontuais de cargo das mesmas empresas de petróleo. médio e longo prazo", disse Dom José Imbamba.

"Esta é uma situação que nos abalou, mas que está controlada. E as ajudas que vão chegando também estão a atenuar as situações lastimáveis em que muitas comunidades se encontravam”, disse o prelado. Depois, continuou, “ faremos o balanço, 7.11 Seca ameaça milhões de para medir o impacto da ajuda de emergência que crianças está a ser completada pelo Governo, com a Jornal de Angola abertura de furos de água". 24 De Julho de 2013 Evitar crise alimentar

A seca que fustiga Angola e a Namíbia está a Sobre a Namíbia, o porta-voz da UNICEF disse provocar sérias preocupações às organizações que a organização quer concentrar as atenções na nacionais e internacionais, como a Caritas e o prevenção e tratamento da subnutrição e garantir Fundo das Nações Unidas para a Infância apoios na proteção e no acesso das crianças á (UNICEF). educação A UNICEF calcula que cerca 778 mil pessoas, incluindo 109 mil crianças com menos de A UNICEF lançou esta semana um apelo à cinco anos, correm, na Namíbia, sérios riscos de comunidade internacional para angariar cerca de subnutrição, depois de três décadas de fracas 17 milhões de euros, com vista a ajudar as chuvas e dois sem nenhuma. populações carenciadas de Angola e da Namíbia, enquanto a Cáritas Angola já tinha lançado este A organização afirma que para acudir os alerta a 23 de Junho. namibianos afectados pela seca são necessários cerca de 5,6 milhões de euros. Tanto em Angola A UNICEF diz que a situação de emergência, como na Namíbia, o objetivo é evitar uma crise provocada pela seca, está ainda no início, mas é alimentar. previsível que venha a agravar-se, razão pela qual considera "urgente" garantir condições logísticas para acudir as vítimas. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 106 7.12 Furos de água minimizam problema Jornal de Angola 29 De Julho de 2013

A seca que assola o interior da província do Namibe pode ser minimizada com abertura de mais furos de água, afirmou o governador da província, Rui Falcão.

O governador, que falou no sábado durante um comício no município do Camucuio, disse que, para o sucesso do combate à seca, é necessários mais furos de água em várias regiões, para permitir a prática da agricultura. "O mais importante é começarmos a interiorizar que o problema da seca não se resolve trazendo sacos de milho, de arroz, ou de qualquer outro produto, mas a encontrar possíveis soluções definitivas", disse o governador, que prometeu, ainda, a construção de mais escolas, postos de saúde e melhoramento das vias de acesso.

No encontro, a população do município sede apresentou algumas preocupações relacionadas com a saúde, ensino, energia, habitação e a construção de locais para o gado beber. O município do Camucuio tem uma superfície de 7.452 quilómetros quadrados e uma população calculada em 140.680 habitantes. A actividade principal é a pastorícia e a agricultura de subsistência.

O Executivo desenvolveu um programa de apoio às vítimas da seca nas províncias do Namibe, Cunene, Huíla e Kuando Kubango. Nas quatro províncias, milhares de pessoas passam fome, depois de terem as suas culturas destruídas por falta de chuvas. O gado também tem sido vítima. Várias cabeças já morreram desde o princípio do ano.

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fica a escassos metros da Comissão do Cazenga. 8. AGOSTO "Dizem que a água vem do tanque da EPAL. Quando eles estão a limpar as tubagens, ao invés 8.1 Ruas da Comissão do Cazenga de a água ir para o esgoto mais próximo da 11 entupidas" com dejectos empresa, tem feito retorno e desce para a parte baixa em que nos encontramos", explica o Novo Jornal interlocutor, apoiado pelos seus vizinhos, 09 De Agosto de 2013 acrescentando que a situação já dura há mais de três meses. HÁ MAIS DE TRÊS meses que os moradores da Comissão do Cazenga convivem com águas "Estamos assim desde as últimas chuvas. Antes, a paradas que deitam um cheiro nauseabundo. água desaguava, mas, lamentavelmente, hoje já não Pontes de pedras, de madeiras e de chapas são escoa fruto do mau trabalho dos homens da utilizadas como passagens pelos moradores, que se administração municipal", atira o jovem viram obrigados a improvisar para facilitar a descontente, que teme as próximas chuvas. circulação na zona. "Se a chuva encontrar esta situação, as águas vão As duas entradas principais do bairro, começando invadir as nossas casas e temos crianças pequenas, pela rua 1, já foram consumidas pela água verde o que poderá ser pior para nós. que se vai espalhando pelo interior da zona. Os As pessoas que cá estiveram, fizeram trabalhos moradores estão desesperados e temem que a empíricos", critica. situação possa agudizar-se ainda mais com o cair das chuvas que se avizinham. "PESSOAS DEVEM SER RESPONSABILIZADAS" Para os munícipes, a enchente de água nas ruas 1, 2, 3, 4e 5 deveu-se ao "mau trabalho prestado por Manuel Nicolau, morador de uma zona vizinha, uma empresa contratada pela administração pede que sejam apuradas responsabilidades à municipal que tinha a missão de velar pelo empresa que efectuou o trabalho naquela saneamento básico e drenagem das ruas daquela circunscrição, em função do "mau resultado da urbanização. empreitada".

Kilson Ferreira, de 24 anos, estudante e morador "A empresa que esteve cá a fazer este trabalho tem da zona há mais de 15 anos, narra ao Novo jornal de ser responsabilizada. Gastaram-se fundo o drama que se vive diariamente com a estagnação públicos nesta obra, que resultaram em nada. das águas. "Recentemente, estiveram cá alguns Eram homens que trabalhavam sem uniforme e homens da administração a trabalhar para sem identificação. Mas, conhecemos o responsável melhorar a questão da drenagem e do saneamento que estava à frente das obras, que é o senhor básico das nossas ruas. Abriram e fecharam as Khiosa. Ele é o dono da empresa contratada pela valas para limpeza. Mas, este trabalho não administração do Cazenga. Agora que tudo está demorou e mal, desapareceu e ninguém mais dá a cara", foram-se embora. Agora, a água está a inundar a denuncia o jovem morador do bairro Adriano cada dia que passa", relata o jovem, que teme o Moreira, que faz fronteira com a Comissão do pior com o aumento do lixo nas águas paradas. Cazenga

"Há muito lixo e as doenças também vão O jovem, que também acredita no entupimento surgindo. As crianças, as mulheres e pessoas mais das valas de drenagens corno causa, explica que, velhas caem na água quando tentam fazer a para atenuar a situação, a administração tem feito, travessia nas pontes inventadas", reclama o jovem, diariamente, a sucção das águas. "O trabalho deles notando que o entupimento das tubagens tem tem resultado em nada, devido ao retomo da dificultado desassoreamento das águas. água. Os esgotos já não estão em condições. A administração municipal vem sempre puxar a água Por outro lado, Kilson aponta ainda como pantanosa, durante algumas horas, e depois vão proveniência das águas paradas outros pontos da embora e tudo fica na mesma. Até há bem pouco zona, como a subestação de águas da EPAL, que Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 108 tempo, os carros e as pessoas circulavam sem nossas casas, Essa água vem da lagoa de S. Pedro e sobressaltos. do tanque. O senhor Khiosa é que piorou a Hoje temos de atravessar pontes com o risco de situação por não ter arranjado bem as manilhas", cair na água, onde há urina, fezes e lixo. Isto é atira urna das velhas, moradora da zona limítrofe doença", observa o vizinho da zona. da Comissão do Cazenga, sacudindo a água do seu capote. Rufino João Duarte, de 49 anos e morador na Comissão desde 1974, recorda que o bairro "sempre foi urna boa área para vivet'. Nota, 8.2 Tecnicos da Epal acusados de porém, que o problema da estagnação de águas nas garimpar água ruas é antigo e que afecta os moradores "somente" Jornal Manchete em época chuvosa. 09 De Agosto de 2013Artigo "Isto é um problema desde os anos 80, mas a água sempre teve passagem. Podia chover, com maior Segundo os populares, a zona do Pia Marta, ou menor dificuldade, ela desaparecia toda. Agora, Pizzaria, Quintalão do Petro e Gipambo, estão estamos há três meses com tempo seco, a conviver privadas do fornecimento de água potável nos com os mosquitos e o cheiro nauseabundo", chafarizes, devido ao garimpo que tem vindo a relata. ganhar corpo nos últimos tempos.

O mais velho critica igualmente as obras de A acção envolve elementos das comissões de "melhoramento da drenagem e saneamento que a moradores e técnicos da EPAL que celebram zona observou. "Disseram que estavam a limpar as contratos com proprietários de tanques de água valas. Meteram passeios e agora os esgotos estão para a venda nas cisternas. entupidos. Toda a água que vem de cima fica aqui Face a esta situação, os moradores prejudicados estagnada. dizem que caso as cisas não sejam revista o mais Dizem que o problema está nas casas vizinhas da depressa possível, não terão outra saída rua 1. Eu não acredito porque elas sempre que não seja a realização de uma manifestação estiveram lá. Com o entupimento das valas, os pacífica, no sentido de pressionarem as nossos carros já não têm acesso aos quintais e, autoridades a intervirem e responsabilizar os corno agravante, a fiscalização leva-os por culpados. estacionarmos na rua", denuncia o cidadão. "Nós vamos usar todos os mecanismos necessários "CASAS NÃO IMPEDEM PASSAGEM para exigirmos a reposição do precioso líquido nos DAÁGUA" chafarizes", disseram a nossa reportagem. Isabel Alguns moradores, que têm as casas erguidas junto Maindo, residente na zona há mais de 10 anos, às valas de desassoreamento das águas, negaram lamentou o facto de elementos ligados ao Estado que o problema das águas paradas tenha a ver com estarem a construção das suas residências. As cidadãs, que envolvidos no garimpo de água, prejudicando a proferiram o anonimato, convergem igualmente maioria dos moradores. na ideia de que tudo se deveu ao "mau trabalho Em seu entender, a situação é preocupante, na prestado pela empresa de um conhecido, de nome medida que força os penalizados a gastar valores Khiosa, por sinal morador da zona, que desde o avultados para a compra de água nos tanques. início das enchentes deixou de ser visto naquelas Contactado pelo Manchete, sobre o assunto, o paragens". porta-voz da EPAL, Domingos Paciência, "As nossas casas sempre estiveram aqui e nunca começou por esclarecer que alguns cidadãos têm impediram a passagem de água. A equipa do contrato com a EPAL, mas a questão apresentada senhor Khiosa, contratada pelo administrador, pelos residentes é preocupante, tendo prometido Tany Narciso, limpava o esgoto e não acabava o que aquela empresa irá investigar as denúncias. trabalho. As valas corno não estão totalmente "Caso os factos forem reais, a EPAL irá tomar as protegidas, toda a areia e lixo entra no esgoto e medidas necessárias", disse o nosso interlocutor. hoje entupiu na totalidade. Agora culpam as Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 109

Questionado sobre as razões que estão na base do ser alvo de acções de conservação relacionadas corte de água nos chafarizes, referiu que, com as redes técnicas de água, energia e esgotos. fundamentalmente, os populares também têm que ser mais educados, uma vez que são os próprios Na estrada Camama-Luanda Sul as obras seguem que têm estado a danificar alguns bens públicos. no eixo da Utanga até ao condomínio dos Cajueiros, com a instalação de toda a rede técnica Domingos Paciência salientou ainda que, a entrega e terraplenagem, enquanto na estrada Golfe- de água domiciliar aos bairros de Luanda, vai Camama as obras estão confinadas junto ao permitir nos próximos dias, que os infractores não Hospital Geral, para o mesmo efeito. tenham oportunidades para o seu aproveitamento. Esta acção vai permitir melhor fluidez do trânsito Por outro lado, o Manchete foi ao encontro da automóvel, uma vez que vão passar a ter mais Comissão de Moradores, tendo conversado com faixas de rodagem, ou seja, três em cada sentido, Amador Kuissaqui, coordenador do bairro, que acrescentou. confirmou a existência de redes, envolvendo técnicos da EPAL, que se dedicam ao garimpo de O director dos Serviços Comunitários da água naquela zona. Exemplificou, de seguida, o administração municipal de Viana, Bunga Filipe, episódio que ocorreu recentemente: "A EPAL disse que os trabalhos de limpeza nas valas de havia construído um chafariz a beira do quintal de drenagem devem ser contínuos, para que os um morador, mas' este, depois, fechou o chafariz, espaços permaneçam sempre limpos, de modo a canalizando a conduta para o seu tanque privado, permitir uma melhor fluidez das águas no tempo e ninguém diz nada, o que se denota o chuvoso. envolvimento dos técnicos daquela empresa nesta Escoamento das águas acção". Em declarações à agência de notícias Angop, 8.3 Obras centradas no sistema de explicou que as valas de drenagem, por serem vias drenagem que permitem o escoamento das águas das chuvas que se acumulam na superfície do terreno, devido Jornal de Angola normalmente ao excesso de precipitação que 11 De Agosto de 2013 ocorre nesta época, devem ser limpas antes das chuvas. No Município de Viana, a administração As vias secundárias e terciárias de Luanda estão a está a limpar as valas que se localizam junto da ser alvo de uma intervenção destinada a melhorar Igreja Católica, das Gembas e do Capalanga. a drenagem das mesmas para acautelar a época chuvosa que se aproxima, disse a directora A vala de drenagem da vila sede tem sido limpa provincial do Instituto de Estradas de Angola com frequência, mas para o êxito da drenagem (INEA). devem ser concluídas as estradas 11 de Novembro e Hoji-ya- Rosária Kiala, que deu este esclarecimento durante Henda, que se encontram em obras desde Julho do uma visita de campo do secretário de Estado da ano passado. Enquanto isso, a vala de drenagem Construção, António Teixeira Flor, adiantou que das Jembas constitui a via de passagem que está a ser feito tudo para acautelar a questão do transporta escoamento das águas pluviais das ruas e prevenir eventuais inundações. água para a Igreja Católica, culmi- nando na Vila Nova, onde se situa uma bacia de contenção que "Estamos a trabalhar para poupar a população de evita a inundação. constrangimentos derivados do acumular de águas pluviais durante a época chuvosa, com a conclusão Bunga Filipe garantiu que o tra- balho de limpeza da drenagem destas vias", disse. vai continuar. "Pensamos que nas próximas chu- vas não vão registar-se casos gra- ves de inundações Para ser mais concreta, referiu a situação de no município", acrescentou, ao mesmo tempo que ampliação dos 13 quilómetros das estradas pediu à população para colaborar na limpeza do Camama-Luanda Sul e Golfe-Camama, que estão a saneamento básico, que considerou uma Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 110 componente 8.5 Calemas deixam 100 famílias importante de qualquer sociedade. sem-abrigo em Porto-Amboim Novo Jornal

8.4 Reunião no Cunene definiu 16 De Agosto de 2013 estratégias Jornal de Angola NO BAIRRO DAS SALINAS, cidade de Porto- Amboim, mais de 500 pessoas pertencentes a uma 12 De Agosto de 2013 centena de fanu1ias encontram-se ao relento por causa das calemas que se fizeram sentir com maior O encontro dos comandantes do Serviço de intensidade na madrugada de quinta para sexta- Protecção Civil e Bombeiros (SPCB) da região feira passada. centro e sul do país, realizado em Ondjiva, traçou estratégias para uma intervenção conjunta e criou O número de casas afectadas não foi revelado formas de pelas autoridades locais, mas informações dão actuação, relativamente às mudanças climáticas conta que afectam a região. que mais de 50 habitações foram totalmente destruídas. O encontro, que teve a duração de quatros dias, juntou os comandantes do Serviço de Protecção Em consequência, Teresa Vidro e Josefa Alfredo Civil e Bombeiros das províncias do Kwanza-Sul, temem pelas consequências que podem advir Huambo, Bié, Namibe, Huíla, Benguela e apontando que sem casa as pessoas estão sujeitas a Kuando-Kubango. doenças como a pneumonia, o paludismo, doenças respiratórias, diarreias, entre outras que poderão Os participantes analisaram questões que têm a surgir. ver com os novos planos operativos de actuação conjunta, a intensificação dos programas de Para manter a saúde dos sinistrados controlada, o formação dos técnicos do sector, prevenção contra chefe da repartição de saúde de Porto-Amboim, riscos de desastres naturais e desenvolvimento Fernando Gomes Troco, garantiu, no dia do sustentável nas regiões afectadas pela seca, calemas sinistro, que iria fazer a distribuição de e cheias. mosquiteiros impregnados.

No acto de encerramento, o chefe do Para acautelar a situação e permitir que as fanu1ias departamento de planeamento de operações do afectadas não sintam directamente os efeitos, Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros, administrador local, Domingos Cruz da Fonseca, Francisco Vunge Bimba, disse que a realização afirmou à rádio local que todos os mecanismos deste encontro demonstra que os responsáveis estavam a ser ensaiados por forma a beneficiar os estão atentos às situações de emergência que as sinistrados. populações da região centro e sul do país enfrentam, como a seca e as calemas, para O aumento das calemas provocou uma escassez de encontrar soluções sustentáveis. peixe, para desagrado dos pescadores e o preço do pescado no mercado já se ressente, com Francisco Bimba informou que encontro debateu uma subida assinalável. as acções da Comissão de Protecção Civil perspectivadas para atenuar, de forma atempada, Se o monte de oito peixes tipo carapau custava os efeitos dos desastres naturais que possam surgir. 2.500 kwanzas, agora é vendido a 3.500 kwanzas. De acordo com o chefe de departamento, o O cachucho, que custava 3.000 kwanzas passou a encontro tomou decisões fundamentais para a estar nas bancas a 4.500 kwanzas. O mesmo Protecção Civil. A reunião foi dirigida pelo chefe acontece com outras espécies. do departamento nacional de planeamento de operações do Serviço de A falta de peixe, que abalou continua a abalar os Protecção Civil e Bombeiros, Francisco Vunge munícipes de Porto-Amboim, atinge também os Bimba. pescadores da Carimba, Primar, Candumba, Ouicombo, Barrote e Casa Branca, no município Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 111 do Bombeiros (SPCB) da região centro e sul de Sumbe. Angola, Francisco Vunge Bimba disse que o número de sinistrados corresponde a 165 famílias A agressividade com que as calemas se abateram afectadas pelo fenómeno natural. em Porto-Amboim fez com que os pescadores permanecessem nas embarcações durante mais de Indicou que o Serviço Nacional de Protecção 15 horas até ao desembarque. Uma das Civil encontra-se no local, para garantir apoio aos embarcações que tentou a atracagem no meio de sinistrados em bens de primeira necessidade. tanta agitação marítima só não aconteceu o pior, porque, segundo relatos teve a mão de Deus. O Esta é a segunda vez que as calemas assolam a orla jovem Russo, um dos tripulantes, não teve igual marítima de Porto Amboim. A primeira sorte. Russo deslocou a cintura e fracturou um dos aconteceu em Maio último, tendo desalojado 100 braços, estando neste momento sob cuidados Seiscentas e 56 latrinas e 481 aterros sanitários médicos em Porto-Amboim. domésticos foram construídos, em Julho desse ano, no município de Kambundi-Katembo, No Ouicombo, os pescadores dizem que o sinistro província de , pela empresa de Soluções provocou a perda de muitas redes numa província Higiene e Soluções (SHS). que apenas dispõe de uma pequena loja de venda de material de pesca e onde o sector passa O facto foi avançado, pela coordenadora despercebido ao órgão da tutela. assistencial da empresa, Maria Amélia Cruz, tendo realçado que as latrinas e os aterros sanitários vão "Compramos as redes na praça ou numa loja que ajudar a melhorar o saneamento básico da região. está lá do outro lado. Aqui, as pescas nada fornecem", queixa-se um pescador. Durante o mês de Julho, informou, a empresa atendeu em cuidados primários de saúde "Até compramos no mercado paralelo. Graças a comunitária três mil 302 famílias, 15 mil 231 Deus, um senhor que está naquela área da pessoas, 271 gestantes e três mil e 157 menores de Candumba. que vem de Luanda, é que nos tem cinco anos, acções realizadas em parceria com a vendido o material", acrescenta. Repartição de Saúde do município de Kambundi- Katembo. Os agentes comunitários da empresa, É de lembrar que para a construção dos barcos de referiu, promoveram campanhas de sensibilização pesca, os pescadores têm a tarefa dificultada por- a favor de uma melhor higiene na comunidade na que a madeira vem do Gungo e do Amboim, facto qual ensinaram a população a preparar soro de que, muitas vezes, leva os mestres a paralisarem as hidratação oral caseiro para prevenir desidratações suas actividades, devido à distancia na aquisição da provocadas por doenças diarreias, originadas pela matéria-prima. contaminação de lixo.

"As acções realizadas pelos nossos agentes 8.6 Calemas desabrigam 500 sanitários de casa em casa tiveram o objectivo de pessoas levar os conselhos clínicos mais próximo do Semanário Continente cidadão", precisou. 16 De Agosto de 2013 Segundo a responsável, a saúde preventiva é uma actividade de duração ininterrupta e fundamental Pelas menos 575 pessoas se encontram sem abrigo para garantir o bem-estar da população e uma no município de Porto Amboim, província do vivência saudável das pessoas. Disse que as acções Kwanza Sul, devido às calemas que assolam dos agentes comunitários de saúde da empresa a região do litoral do país, informou, em Porto- visam, fundamentalmente, sensibilizar e atender as Amboim, o chefe do departamento de gestantes, combate à desnutrição infantil, doença planeamento de operações do Serviço Nacional de diarreica e desidratação, combate à malária, Protecção Civil e Bombeiros, Francisco Vunge doença respiratória aguda e tripanossomíase. Bimba.

Ao falar à imprensa, no final de um encontro de comandantes do Serviço de Protecção Civil e Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 112

8.7 Aldeias de Cabaia e Egipto Praia comuna foi uma das que mais produzia de tudo foram inundadas pelas altas um pouco nos anos passados, tanto na pesca, calemas agricultura, e na criação de gado. Semanário Continente O Regedor sublinhou ainda que a zona foi 23 De Agosto de 2013 invadida pela seca e todos os animais morreram por falta de água, as chuvas não caíram durante os A comissão de moradores, dos referidos bairros, dois anos passados. O cultivo não foi suficiente, coordenados pelo senhor Laurindo Domingos, porque os produtos secaram, e o mar não forneceu disse ao Continente que a situação não é de hoje. nada. "No "Nos anos passados muito antes do administrador princípio, fornecia marisco e muito peixe, hoje, os Amaro Ricardo, ser indicado para a mesma chineses e os espanhóis fazem pesca de arrastões, e administração, antes sob controlo do senhor Zeca não deixam nada para os nativos, e a Moreno, que hoje é administrador de um dos administração local não se pronuncia" . "A última municípios da capital do país, já tínhamos escrito coisa que mexeu comigo, foram as calemas, que ao mesmo, e nunca obtivemos resposta, dessas desalojaram centenas de famílias que não têm autoridades locais", disse. onde se dirigir; dormem ao ar livre e estão com falta de sexta básica; o governo não tem programa Aquele responsável avançou ainda que o bairro de requalificação. Pedimos ao governo central sofreu inúmeras sinistralidades por falta de para olharem a situação do povo do Egipto Praia e interesse dos que governam. "Em 1984, esta cidade Cabaia, rogou o Regedor. do Lobito já sofreu este fenómeno, e as ondas altas inundaram toda cidade, da Restinga até ao bairro da Caponte, onde as pessoas faziam pesca artesanal 8.8 Mina de Cuango envolta por à peneira" , fez saber. De acordo com o mar de problemas coordenador da comissão dos moradores, no ano Jornal o País passado, o Governo Provincial de Benguela, 23 De Agosto de 2013 preocupou-se em colocar os porões para travar as calemas, que têm tirado o sossego aos moradores Situado a aproximadamente 800 Km a Sul do da Restinga, mas o projecto não continuou, Dundo, província da Lunda-Norte, o projecto finalizando infelizmente atrás da direcção dos diamantífero do Cuango, município de Cafunfo, é CFB, o Compão ficou com este problema até o mais importante projecto mineiro que a hoje. "Desde o dia que as ondas invadiram as província nortenha alberga. Gerido pela Sociedade residências, o governo local não se pronunciou, Mineira do Cuango, Lda. (SMC), é a única mina nem conseguiu mandar as motos bombas para que sobreviveu à crise que do sector em 2008 e enxugar as águas que invadiram a população, graça que agora tenta se recuperar. O ministro da as entidades religiosas, e as Caritas de Angola que Geologia e Minas, Francisco Queiroz visitou a estão a prestar atenção para este povo". mina e inteirou-se das suas dificuldades, grau de operacionalidade e estado actual. Egipto da Praia é uma das comunas situadas a norte do Município do Lobito, dista a 72 km, com O ministro, que esteve acompanhado pelo uma superfície de 400 km2, e com uma população governador da Lunda-Norte, Ernesto Muangala, e estimada em 4 480 pessoas, localizado na costa pelo PCA da Endíama-El; António Carlos marítima. Sumbula, viu de perto a exploração mineira de O representante tradicional MBumba Tchuntchá, "Janange", a 15 Km e esteve também na Estação disse que o problema que afecta os moradores da Central de Escolha. A mina de " Janange" é uma Cabaia, não é só deste povo, mas sim de toda exploração mineira aluvionar que entrou em província de Benguela. funcionamento em 2004, com a criação da Sociedade Mineira do Cuango. A área de O Continente contactou o Regedor do Egipto concessão da mina é de 976 Km2, com uma área e Praia, Gabriel Tchitupi, que disse a este Semanário exploração de 797Km2 e produz mensalmente 31 "ao meu povo foi virado às costas pela mil quilates de diamantes. administração local". o Regedor fez saber que esta Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 113

Com um capital social de 7.350 milhões de também trabalhar no Chitotolo. O que eu queria dólares, a SMC tem como accionistas a Endiama - é que o ministério do ambiente, no seu grau de EP, com 41%, a ITM- Mining Limited com 38% e exigência e na análise do grau dos programas a Lumanhe-Extracção Mineira, com 21 %. ambientais, deveria ter em atenção a rentabilidade Emprega 767 trabalhadores, na sua maioria dos projectos". angolanos e filipinos.

Nos últimos sete anos a produção de diamantes foi 8.9 Citadinos preparam-se como de 2.767.624 quilates A previsão de investimentos podem para 2012 é de USD 8 milhões e 725. A empresa Semanário Factual produz anualmente uma média de 400 mil quilates. De 24 a 31 de Agosto de 2013

Uma das grandes dificuldades do projecto é a Actualmente, é visível a preocupação de muitos questão do combustível. A mina gasta diariamente cidadãos, tendo em conta o cenário que as 35 mil litros de gasóleo, ao custo de 450 a 500 mil passadas quedas pluviométricas causaram em dólares por mês. O Presidente do Conselho de Luanda, onde o panorama se resumia a ruas e Gerência (PCG) do Cuango, Victor Nunes, disse avenidas alagadas, residências, escolas e centros que tem que fazer muito esforço para o projecto médicos inundadas, manter-se funcional. "A preocupação prende-se ao bem como constantes cortes no fornecimento de custo dos combustíveis. Como não temos energia eléctrica. electricidade hidroeléctrica fazemos com Devido a estes constrangimentos, os citadinos geradores térmicos. A energia térmica é muito preferem antecipar-se em criar condições para que cara. Qualquer alteração pode inviabilizar o não possam ser apanhados em contra pé. Mas a projecto e se o preço do combustível sobe onde grande preocupação reside na não conclusão das houver 20 a 30 metros de estéril já não poderemos obras de revitalização das vias primárias, explorar. Tem que se ir buscar às reservas mais secundárias ricas, como menos estéril, para tornar viável a e terciárias. exploração", referiu. Por esta situação, muitos munícipes a nível da O PCG da Sociedade Mineira do Cuango, Victor periferia de Luanda, resolveram pôr entulho em Nunes, disse também que o preço médio do algumas ruas onde os trabalhos não concluídos diamante explorado na mina do Cuango é de 280 oferecem certos riscos às pessoas, se nos últimos dólares enquanto no Chitotold este preço chega dias a capital do país registar alguma chuva. aos USD 300. "Nós aqui temos que explorar mais, daí que haja mais dificuldades em gerir a produção Ainda no sentido de se prevenirem de algumas neste projecto do que no Chitotolo". Se o preço tragédias devido à chuva, muitos citadinos que dos combustíveis sobe como se aventou, se subir residem em zonas onde as residências são para este projecto vai ser muito difícil para nós", constantemente inundadas, começaram já a salientou, indicando que "a Sonangol não nos põe abandonar as suas casas a fim de arrendarem zonas o combustível aqui na mina. Temos que ir buscar de maior segurança. a Malange. Portanto, o transporte de combustível de Malange para aqui é da conta do projecto e é Luanda não está preparada para enxurradas significativo". A capital do país não se encontra preparada para Quanto às questões ambientais, Victor Nunes as enxurradas que poderão se abater durante esta realça que "o que nós pedimos aqui é que o época chuvosa, alego m os citadinos, devido aos projecto ambiental tem que andar aqui de uma múltiplos problemas que a província apresenta forma. No Chitotolo temos disponibilidade", quanto à debilidade no saneamento básico e às vias disse, apontando que "enquanto aqui posso gastar estruturantes, secundária e terciárias danificadas. 3 a 5 milhões de dólares, no Chitotolo posso ir um bocado mais além. Porque ai a rentabilidade é Em várias zonas de Luanda e arredores são visíveis maior. Nos dois projectos vamos ter métodos no período chuvoso enormes dificuldades quanto uniformes .' A empresa que vai trabalhar aqui vai à acessibilidade. Os distritos do Rangel, do Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 114

Kilamba-Kiaxi e do Sambizanga, assim como os Sempre que chove em Luanda, o resultado é o municípios de Cacuaco, de Viana e do Cazenga, mesmo: ruas intransitáveis, árvores caídas, detritos são notabilizados por serem áreas onde a situação por tudo quando é lugar, enfim, as debilidades é mais angustiante. vêm ao de cima para mostrar que chover na capital é um desastre. Durante o período chuvoso, em Luanda é possível verificar o funcionamento pleno do conjunto de E isso já vem de longe, quando o índice procedimentos que visam proporcionar uma demográfico era menor. Hoje, com a paz há onze situação higiénica saudável para os habitantes, anos, a circulação de pessoas quase quintuplicou, como a recolha do lixo, o tratamento dos esgotos ou seja, a capital alberga mais de seis milhões de e valas de drenagem devido à ausência de habitantes. acessibilidade. As infra-estruturas não acompanharam o índice Francisco Paulo, morador do distrito do Rangel, demográfico, o fornecimento de energia falou ao Factual que "é muito difícil falar de ''baqueou", o abastecimento de água "esmoreceu" saneamento básico durante o período chuvoso, as e hoje paga-se pelo crescente número de locatários. viaturas não conseguem chegar a algumas áreas, pois estas se tornam inacessíveis. Então, nós, os Depois, vem o argumento de que Luanda, quando moradores, temos que conviver com esta foi fundada, previa apenas meio milhão de situação". pessoas. Isso é natural, mas passadas quase quatro décadas, o que se esperava? O Mundo não é No sentido de verificar o grau de comprimento de imutável mas está em constante alteração. algumas obras a nível da capital do país, que tiveram o seu inicio em 2008, no âmbito do Porém, foi o cruzar de braços que permitia a primeiro programa de reabilitação das vias instalação de milhares de angolanos na capital, estruturantes, secundárias e terciárias, o Factual sem falar da imigração de hordas de milhares de deslocou-se a alguns município e distritos de estrangeiros, a sua maioria na periferia, pondo em Luanda. causa o já péssimo saneamento, o fornecimento de energia eléctrica e o abastecimento de Nos distritos do Rangel e do Kilamba-Kiaxi, assim água,superando a demanda por parte da EDEL e como os municípios de Viana e do Cazenga, foi da EPAL. notória a insatisfação dos munícipes quanto ao actual estado em que se encontram aquelas áreas, Depois, a falta de abate de árvores, sazonalmente, receando ainda que o problema venha a agudizar- é outro handicap para milhares de viaturas se caso Luanda seja fustigada por fortes quedas estacionadas em todo o lugar. Se uma força de pluviornétricas. vento se fizer acompanhar da chuva, as árvores vêm abaixo, danificando veículos, sem que alguém Para os residentes nestes distritos e municípios, é apareça para assumir os estragos. necessário que as autoridades locais procurem maneiras de minimizar os problemas que poderão E assim foi, porque o pensamento negativo vem advir. prevalecendo! E comum ouvir-se: Luanda, já não muda no que toca ao péssimo saneamento porque, De recordar que mais trezentos milhões de dólares no tempo seco, ninguém se preocupou com o mau serão injectados para o reatamento do Programa estado das vias, com o lixo espalhado em todos os de Reabilitação das vias secundárias e terciárias lados, com ruas secundárias e terciárias sem Este valor servirá para a requalificação de cerca de reabilitação e sem sistema de drenagem, no tempo 250 quilómetros de vias na província da Luanda. chuvoso vai ser um tormento, com casas precárias de chapas de zinco à espera do pior, porque o 8.10 Prevenção é pouco levada em vento e a chuva andam de mãos dadas. conta... Parece mesmo a história da cigarra e da formiga: Semanário Factual no tempo bom, a formiga preparou todas as condições para enfrentar o tempo mau. Este De 24 a 31 de Agosto chegou com um frio de rachar. A cigarra, Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 115 preguiçosa, não cuidou de garantir o tempo mau. 27 De Agosto de 2013 Solicitou à formiga que lhe prestasse alguma ajuda. A laboriosa formiga somente perguntou: que Pelo menos 200 lotes de terreno, numa área de fazias no tempo quente, ao que a cigarra cerca de 60 mil metros quadrados, foram respondeu: eu cantava, tendo a formiga dito: Ah, terraplanados para ser entregues a 170 famílias sim? Então, agora dança! assoladas por calemas ocorridas em princípios deste mês no Deste episódio se tira uma lição: não garantir, a município de Porto Amboim, província do tempo, a criação de condições materiais e Kwanza-SuJ. financeiras para a execução de diversas obras, é o mesmo que empatar dinheiro sem fim O director provincial do Instituto Nacional do determinado. Ordenamento do Território e Urbanismo (INOTU), Leandro Sanito, garantiu, em Porto Sabe-se que o Executivo já disponibilizou as Amboim, que os terrenos vão beneficiar um total verbas para aos empreiteiros. Depois, é olhar para de 790 pessoas adultas o quadro apresentado pelo município do Cazenga e 435 crianças dos bairros Torre do Tombo, onde as obras nas suas diversas ruas nunca chegam Salinas e Cauíla. ao término. Leandro Sanito garantiu igualmente que cada uma Em todos os municípios há obras por terminar daquelas famílias vai beneficiar de uma parcela correspondente a 300 metros quadrados, destinado Outros municípios e distritos de Luanda, vivem a â construção de habitação. mesma situação, com obras por acabar. Isso supõe que se vai esperar o tempo quente (chuvoso) para Na área total já terraplanada, director provincial arrancar com as obras? "Precaver é muito melhor do INOTU rei riu que vão ser ali igualmente que remediar" e, no caso da chuva, é preciso construídas 200 habitações com todos serviços e reflectir que ela é necessária, mas pode também condições de habitabilidade, além de mercados, trazer dissabores. área de lazer, jardins, vias de drenagem das águas pluviais, escolas, centros e posto de saúde. Por isso, as empresas ligadas à reabilitação de vias têm de ficar atentas, pois se as obras decorrerem Leandro Sanito acrescentou que decorrem no período chuvoso, os buracos, a lama e águas trabalhos de aplicação de taças divisórias para a paradas vão dar início à sua actividade: a delimitação dos lotes e para orientar as famílias reprodução de mosquitos da malária, com as durante a construção das casas, para obrigar ao consequências para as famílias, as mais respeito dos espaços reservados a passeios e ruas. desfavorecidas e a viver na periferia. O director provincial assegurou que os trabalhos Exemplo palpável é os Zangos, onde obras de estão acelerados e que apenas a época das chuvas terraplenagem e asfaltagem de estradas são o dia-a- pode criar embaraços ao programa. O director do dia, com montanhas de barro vermelho retidas da Ordenamento do Território exortou as terra, deixando buracos em todas as vias. populações da província a evitarem construir em zonas de risco. Se entretanto chover, as populações dos Zangos serão as mais afectadas, pelas enxurradas sequentes. Mas antes que São Pedro abra as 8.12 Falta de água e alimentos tiram torneiras do Céu, os empreiteiros não podem dignidade aos habitantes do cruzar os braços, devendo empenhar-se para a Cunene conclusão, com êxito, dos empreendimentos a seu cargo. Semanário Continente 30 De Agosto de 2013

8.11 Governo prepara terreno para São milhares as pessoas que estão afectadas pela vítimas das calemas calamidade da seca na Província do Cunene, tendo Jornal de Angola como consequência a falta de água e alimentos, Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 116 que na ausência destes dois elementos implora o menino com um rosto sorridente como importantes, a vida humana fica, no entanto, sem que estivesse a enfrentar uma situação normal. sentido, tal como referiram algumas famílias abordadas no local, por este semanário. A pouca O mesmo clamor foi transmitido pelos munícipes ou quase inexistência de água, obriga aos de Ondjiva, que, por sinal, é a capital da Província populares socorrem-se de escavações profundas, do Cunene, onde igualmente a nossa reportagem com vista a se encontrar, nem que seja, um pouco ouviu o descontentamento e o grito de socorro, à do precioso líquido para satisfazer as necessidades semelhança dos Municípios de Ombandja e vitais da alma. Kuvelai. Durante o percurso à referidas localidades, foi Na viagem feita à Província do Cunene, o visível observar a fúria da seca, pois, o fenómeno Continente constatou "in loco" a realidade natural consumiu todas as plantações cultivadas daquelas populações, vítimas da seca e fome, e o pelos camponeses, não obstante, a sua população calvário por que passam. Nos municípios de ter no gado a sua principal riqueza. Namakunde, Ombanjda e Kuvelai, por exemplo, a nossa reportagem deparou-se com uma realidade A seca não poupou às árvores, tão pouco os rios, algo dramática, pelo facto de as populações não facto que perante esta triste realidade os terem saída à difícil situação que enfrentam. "A moradores das "terras do Rei Mandume", estão vida para nós está muito difícil, não temos água privados de usufruírem de uma vida condigna. para beber e a comida também está cada vez mais "Estamos a enfrentar uma vida complicada devido escassa; não temos nenhuma saída", lamentou o da seca e fome; o gado está a morrer por não senhor Jorge, que na altura em que fazíamos esta encontrar uma fonte de água e pastos para o reportagem, encontramo-lo sentado debaixo de alimento", revelou ao CONTINENTE a cidadã uma árvore, pois o sol estava ardente. Paula Francineth, desempregada e mãe de sete "Como vê" , indicando para água que estava numa filhos, que na altura em que colhíamos dados desta banheira, "é esta água turva que nós consumimos reportagem, esteve a lavar a loiça do almoço. com todas as consequências à saúde", disse o "Não temos água nem comida e, porque a sede é cidadão, admitindo que, "não temos outra ingrata, somos forçados a consumir água turva alternativa pois a sede nos obriga a usarmos, retida desta cacimba", disse a nossa interlocutora mesmo, assim", revelou com o rosto desanimado. indicando para um buraco cavado mesmo ao lado da sua residência. Paula Francineth, disse que por No mesmo local, encontramos o pequeno falta de alimento, à localidade de "Santa Clara", já Vladimiro Miguel, de 14 anos de idade, que que faz a fronteira com a República da frequenta a 4ª classe. Quando abordado pela nossa Namíbia, tem sido nos últimos a alternativa. Mas, equipa de reportagem, o relógio marcava 13 horas, Paula Francineth, revelou que a situação toma-se altura em que, em condições normais, o menino ainda mais complicado, pois são obrigados a pagar estaria já na sala de aulas. Mas, o momento em que taxas aduaneiras aos produtos comprados para o a Província vive não lhe permite ter uma consumo próprio. "Por falta de comida, frequência constante às aulas, pelo facto de a sua procuramos ir à Namíbia, mas infelizmente temos roupa que pagar à alfândega, até em duas lâminas de peixe e 50 quilos de fuba para o consumo", encontrar-se suja, por falta de água para lavá-la, lamentou Paula Francineth, para quem, "o nem mesmo para puder tomar banho, facto que governo deve olhar para esta situação, por quanto, está a repercutir-se no fraco desempenho do estamos mesmo mal aqui, no Cunene" , garoto na aprendizagem do "ABC". Entretanto, argumentou a senhora. perante este quadro, o pequeno lança o grito de socorro às autoridades competentes, no sentido de se encontrar um meio-termo para a solução do 8.13 Animais e pessoas consomem problema. "Não fui à escola porque tive que ir a água turva. procura de água nas cacimbas; gostaria que o Jornal O País nosso governo nos metesse aqui um tanque de água para nós bebermos e tomarmos banho", 30 De Agosto de 2013 Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 117

Todos os dias pessoas e animais caminham longas Jornal O País distâncias em busca do precioso liquido nesta 30 De Agosto de 2013 região sequiosa, por ironia do destino, uma das que mais travou renhidas batalhas durante a época Respondendo ao apelo da "campanha de de guerra no tempo do regime do apartheid. solidariedade às vítimas da seca no Centro-Sul, lançado pelo Comité Permanente da Comissão Apesar dos esforços do Governo do Cunene em Política (CPCP), a UNITA levou entre os dias 24 minimizar a situação, distribuindo água e e 26 de Agosto bens alimentares diversos às alimentação, a realidade é que a situação inspira províncias da Huíla e Cunene para ajudar a ainda cuidados redobrados para contrapor às minimizar as carências das populações afectadas inúmeras dificuldades que enfrentam as pela seca e fome. populações flageladas pela fome. Desta forma, o partido do galo negro juntou-se Foi doloroso ver homens e animais a beberem aos esforços do Executivo e de organizações civis, água imprópria para consumo no Marco 16, nomeadamente religiosas, que têm acudido as porque o que é canalizada pelo Executivo da populações. província, através de cisternas, não resolve o problema na generalidade, mesmo contando ainda A caravana automóvel, ida de Luanda na pretérita com os poucos furos artesanais que vão resistindo sexta-feira, transportando arroz, milho, fuba, óleo às intempéries do tempo. vegetal, feijão, peixe seco e roupa usada, depois de pernoitar no Lubango, capital da província da Em função desta situação, o quadro clínico do Huíla, no dia seguinte dirigiu-se ao sector da município, aliás, das zonas mais afectadas da Mukuma, município da Chibia, onde entregou os província, mudou desfavoravelmente, havendo a primeiros géneros alimentícios à população multiplicação da desnutrição entre as camadas flagelada. mais vulneráveis, crianças e velhos, que são apontadas pelas autoridades como sendo as o acto da entrega simbólica do donativo, o principais vítimas deste flagelo. presidente desta força política, Isaías Samakuva, que dirigiu a caravana, que ainda integrava o Um flagelo constatado em todas as localidades por secretário-geral, Vitorino Nhany, e deputados à onde a caravana passou, tanto na Huíla como no Assembleia Nacional, disse que a oferta Cunene, sendo nesta província que a situação é enquadrou -se no esforço de socorro lançado pelo mais dramática. Um flagelo que se repete de dois Executivo, Igrejas e organizações não- em dois ou de três em três anos. governamentais (ONG). Vítimas mortais "Viemos aqui para solidarizarmo-nos convosco, De Maio a Junho de 2013 morreram quatro sabemos que o que trazemos é tão insignificante e pessoas vítimas de fome no município dos não vai resolver o problema, mas pode atenuar, se Gambos (Huíla), segundo declarações prestadas a cada um receber um pouco para comer", afirmou este jornal, nesta quarta - feira, 28, pelo presidente Samakuva, acrescentando que o partido que dirige da Associação Construindo Comunidades (ACC), está comovido com a situação por que passam as padre Pio Wakussanga, que é também um dos comunidades que sentem os efeitos nocivos da responsáveis da Cáritas da Arquidiocese do fome, derivados da estiagem prolongada. Lubango. Segundo ele, poderão morrer mais "Não podíamos ficar indiferentes perante esta pessoas expostas à fome e à seca, sobretudo velhos, situação tão alarmante, em que estão a passar os se a situação não for rapidamente contornada, a nossos irmãos, e, por isso, lançámos um apelo julgar pela deterioração sistemática do quadro que para recolha de alguns bens alimentares", se vai agudizando de região para região ao nível do explicou, acrescentando que tais bens resultaram Centro-Sul. de ofertas dos secretariados provinciais que responderam ao apelo do partido. 8.14 Drama da seca e fome continua na Huila e Cunene Segundo a fonte, o apoio constituído por bens diversos e dinheiro que serviu para comprar Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 118 mantimentos e roupa usada, veio das províncias este fenómeno que está a afectar o Centro-Sul do do Uíge, Luanda, Lunda Sul, Kuanza Sul, Bié, país. Huambo e Kuando Kubango, que se juntaram neste acto de solidariedade às milhares de almas Enquanto a viagem demorava, ao longo da via a expostas à fome, em consequência da prolongada situação do flagelo mostrava contrastes, pois, estiagem que estragou as culturas da época agrícola apesar da falta da água suficiente para o gado, via- do ano passado. se manadas bem nutridas, e outras com aspecto de desnutrição. A pergunta sobre esta contrariedade Pediu que os bens fossem distribuídos feita pelo jovem fotógrafo de A Capital, José equitativamente a toda a comunidade. "É para Diogo, não teve resposta, pois ninguém sabia todos os que vivem nesta comunidade" , disse. explicar exactamente o que se passava.

Rumo aos Gambos Ao longo do bonito tapete asfáltico, de um lado e do outro, viam-se pequenas cubatas Depois deste acto, a delegação seguiu ao Chiange, maioritariamente sede do município dos Gambos, região agro- de formato arquitectónico circular, feitas à base de pecuária, pau-a-pique, barro e cobertas de capim. Embora que dista a 140 quilómetros a Sul do Lubango, em onde, com o mesmo propósito que na Mukuma, número reduzido, numa ou noutra aldeia fez também a entrega de algumas toneladas de divisavam-se furos artesanais para a captação de alimentos para um universo de 12 mil e 563 água, estando em volta dezenas de pessoas à espera pessoas afectadas. do precioso líquido, que por estas terras escasseia.

Postal de seca E não tarda, escalávamos o sector de Viriambundo, já no território dos Gambos, depois O PAÍS passou pela comuna da Quihita, ao longo de termos percorrido já 100 quilómetros de da estrada nacional número 105, que liga distância. Benguela, Lubango-Ondjiva. Durante o percurso Aliás, para trás ficava já o sector ou comuna do foram notórios os estragos provocados pela Rio D'Áreia, nome que resulta do próprio rio que estiagem, não havendo água nas chimpacas para o é sequioso. abeberamento do gado e campos de cultivo sem Devida à estiagem, os únicos produtos que qualquer espécie de cultura, mesmo as mais estavam a ser comercializados eram sacos de resistentes, como o massango e massambala. carvão e bebida de fabrico caseiro. Com uma velocidade que oscilava entre 100 a 120 Estiagem aumenta desnutrição Depois de quilómetros por hora, silêncio imperava. atingirmos o entroncamento entre Lubango e A aldeia de Ndongue, foi dos locais escalados, a Ondjiva, desviámo-nos para a direita e, em trinta escassos metros depois do desvio, à direita, que dá minutos, estávamos no Chiange. À chegada, a até à Missão Católica da Quihita, um ponto de caravana dirigiu-se ao Palácio Municipal dos referência de adoração para os cristãos da comuna. Gambos, onde Isaías Samakuva foi apresentar cumprimentos de cortesia ao administrador local, Curiosidade Elias Sova, de quem recebeu explicações sobre a situação socioeconómica da região. Havia outros jornalistas em reportagem na área. E como a maioria dos jornalistas, aliás, à excepção Em seguida a comitiva chefiada por Samakuva dos do Centro de Produção da Televisão Pública visitou o Centro de Saúde dos Gambos, onde, de Angola (TPA) da Huíla, não conhecia o durante Chiange, a curiosidade uma visita guiada pelo chefe da repartição local, Domingos Marcelo Capenda, recebeu explicações era tanta para se chegar ao destino, mas ainda pormenorizadas sobre o funcionamento desta faltava uma enorme distância. A vontade era unidade hospitalar, que conta com salas de chegar tão internamento para homens e mulheres, pediatria, cedo para constatar a realidade dos factos sobre sala de partos, laboratório de análises clínicas e farmácia. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 119

O referido Centro, construído de raiz, é Alertou que um estudo feito por um académico assegurado por funcionários administrativos, irlandês, no ano passado, em Angola, dizia que a técnicos médios de enfermagem e ainda por três situação poderia prolongar-se por muito mais médicos "visitantes", pois realizam consultas duas tempo. vezes por semana, de forma intercalada. O paludismo, doenças " Esses estudos dizem que o problema vai diarreicas agudas e respiratórias foram apontados continuar, não só nesta região dos Gambos, mas por Domingos Capenda, como sendo as patologias em toda mais frequentes na região. a região Centro-Sul do país, pois é uma região semi-árida e tem características muito próprias e se A desnutrição provocada pela escassez de forem alimentação em função da estiagem prolongada e geridas conseguem suster as comunidades que das precipitações irregulares, tem afectado nelas vivem", disse citando o estudioso. também algumas famílias, sobretudo crianças e velhos, esses últimos em função da sua avançada Pio Wakussanga explicou que com base nestas idade. Na altura em que visitávamos o hospital, pesquisas, que pediu que fossem mais encontrámos um petiz que padecia de aprofundadas por outros académicos, toda a região malnutrição, segundo o administrador Cipriano Centro- Sul poderá ter chuvas irregulares. "Poderá António. chover muito ou pouco, ou termos uma estiagem prolongada", afirmou. Por isso, acrescentou, "tem Estudos para conter a situação de haver estudos aprofundados para se controlar a situação". Para esta comunidade mais numerosa que a da Mukurna, a UNITA deixou também quantidade E no Cunene? de mercadoria diversa nas mãos de líderes religiosos. Os produtos não diferem os doados no Em Ondjiva, o partido do "galo negro" fez primeiro local em que visitou. Antes, Samakuva igualmente a entrega de mantimentos e roupas às teve um encontro com representantes destas vítimas da comunidade de Kapanda, local onde congregações sedeadas no município. está concentrada uma considerável moldura humana a viver em condições sub-humanas, Durante o encontro com responsáveis das igrejas derivadas pela fome e seca. Católica, Evangélica e Bom Deus, o político da UNITA inteirou-se sobre a real situação por, que Como na Huíla, Isaías Samakuva não fez qualquer passam os sinistrados deste fenómeno, e a forma pronunciamento político durante a entrega dos como o assunto está a ser mitigado, numa altura bens à população, expressando apenas a sua em que o grito de socorro ainda continua a ser solidariedade aos sinistrados, cuja situação ouvido. remonta a Outubro de 2012, altura em que o quadro começou a deteriorar-se drasticamente. Em resposta, o padre Jacinto Pio Wakussanga, pároco da Pró-Pa-róquia dos Gambos, em nome O gesto da UNITA não se resumiu apenas a esta do localidade situada a 6 quilómetros da cidade, grupo dos religiosos disse que a situação tem estendendo-se igualmente até ao Ounongue, estado a ser minimizada com a recepção de conhecido genericamente por "Marco 16", no mercadorias do município de Nacamanunde, no eixo fronteiriço Executivo Central e local, pelas ONG, tais como com a vizinha República da Namíbia. a AJAPRAZ e as Organizações Henriques & Durante o percurso de Santa Clara (sede do Filhos, que já estiveram no município, mas ainda município) até a esta localidade foi chocante assim "os apoios não chegam para atender a constatar as peripécias por que passam as pessoas e necessidade das pessoas", declarou. o gado, que estão a passar as piores agruras de O religioso reiterou o que já disse à imprensa em sempre. Crianças, mulheres e velhos são os que várias ocasiões sobre o assunto, defendendo mais sofrem os efeitos nefastos desta estiagem políticas concretas e eficazes para se resolver o prolongada. problema que continua a repetir-se anualmente. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 120

Depois de Nacamanunde, o gesto de solidariedade adaptadas à realidade; medidas de apoio a fim de a da UNITA foi levado também ao município de agricultura suportar os períodos de seca. Ombandja (Xangongo), onde doou bens aos que vivem o fenómeno da seca há quase um ano. Por Existem pressupostos para propiciar sucesso desta altura do fecho desta edição, a comitiva tinha actividade, dentre os quais proporcionar o acesso viagem marcada para Namíbe, com o mesmo ao uso da água com aproveitamento da água propósito. acumulada nas grandes represas, açudes e barreiras, perfuração de poços, construção de barragens subterrâneas e de cisternas rurais.

O deputado que falou aos jornalistas, mais nas 8.15 Uma seca eterna? vestes de agrónomo, do que de político, assegurou Jornal Acapital que a implantação de um projecto de transposição 31 De Agosto de 2013 das águas do rio Cunene para outras bacias hidrográficas das áreas habitualmente afectadas, No caso específico do Cunene, segundo o seria uma outra solução. engenheiro Vitorino Nhany, a esmagadora Relativamente às cheias que também têm assolado maioria do terreno tem topografia plana, por isso amiúde sobretudo a província do Cunene, Nhany a evaporação de água é grande, fazendo com que a diz área esteja sujeita aos efeitos das secas periódicas. que acorrem porque, quando uma determinada Segundo esclareceu, no caso concreto de Angola, a época os níveis de precipitação aumentam ao questão da seca não se resume na falta de água, contrário de uma distribuição irregular dando como exemplo a província do Cunene que provocando transbordo do rio causando danos às tem o precioso líquido, embora não seja culturas. Acrescem-se, outros elementos como a abundante. fraca educação cívica contra poluição, a falta de aproveitamento das águas através de pequenos Na sua óptica, o que deve acontecer, como nas regadios, a falta de dragas retroescavadoras e noutras regiões áridas e semi-áridas dos outros outros equipamentos afins. países, é aproveitar estes recursos hídricos na Contribuem ainda para o transbordo a não agricultura, por meio de irrigação. instalação de espécies vegetais que cubram bem o solo contrariando a erosão; ou seja espécies que Nhany, que também é deputado pela bancada contribuam para uma boa estruturação do solo. parlamentar da UNITA de que é ainda Secretário- Sobre este pormenor, aconselha as autoridades geral, afirmou que a realidade que se vive no angolanas a beberem da experiência da Namíbia, Cunene dá mostras de que, o homem como que apesar das cheias tem sabido com estes medida de tudo que existe na terra tem de métodos contorná-la. desenvolver esforços para que os efeitos da seca não incidam "tão drasticamente na vida das comunidades".

"A seca que é o atraso das precipitações ou da sua distribuição irregular; este fenómeno apresenta uma certa periodicidade e pode ser previsto com uma certa antecedência" , explicou, antevendo todos componentes da crise social como são os casos da fome, desnutrição, miséria e êxodo rural, caso não se tomarem medidas pontuais.

Uma delas, segundo sua visão, seria uma política de irrigação que adopte tecnologias de mais acesso aos trabalhadores rurais e que sejam mais Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 121

Desde que a paz chegou em 2002, a aldeia do O 9. SETEMBRO lupale ganhou apenas uma escola primária de cinco salas, que permitiu matricular pela primeira 9.1 Seca lança centenas de pessoas vez mais de 300 crianças no sistema de ensino, um em situações difícil posto médico com três camas de internamento e cinco residências para professores e enfermeiros. Jornal de Angola 08 De Setembro de 2013 Manuel Franessa disse que neste momento a administração municipal está sem capacidade para O município do Cuangar, a 450 quilómetros da acudir ao sofrimento da população e necessita de cidade de Menongue, está a viver um período um apoio urgente do Executivo, tendo em vista difícil devido à seca que afectou mais de 34 mil que está sem reservas de alimentos. "Nós já camponeses da região, que viram as suas culturas pedimos às estruturas competentes de âmbito destruídas por falta de chuva. Preocupado com a central e provincial para nos ajudarem a suprir situação, o administrador local, Manuel Franessa, esta situação, porque a aldeia do Olupale faz pediu uma intervenção urgente do Executivo e da fronteira com o município de Namacunde, sociedade civil para atenuar o sofrimento da província do Cunene, onde não existe nenhum rio população. nem furos de água", informou.

Com 43 mil habitantes, distribuídos pelas Falta um hospital comunas de Savate, Bondo Caíla e Cuangar, a Manuel Franessa disse que a falta de um hospital chuva caiu apenas em duas ocasiões este ano e está a criar sérios embaraços à assistência médica e como resultado as sementes lançadas à terra não medicamentosa da população e diariamente resistiram às altas temperaturas que se fazem sentir dezenas de pessoas com os seus parcos recursos são na orla fronteiriça com a Namíbia. obrigadas a transpor o rio Cubango em busca de Manuel Franessa explicou à reportagem do Jornal cuidados de saúde no Rundu, Namíbia. de Angola que a aldeia de Olupale, situada na Por esta razão, defendeu a necessidade da fronteira do Kuando-Kubango com a cidade construção com urgência de um hospital com namibiana de Okongo, é a mais afectada pela capacidade para pelo menos 70 camas de estiagem estando neste momento os 2.000 internamento e serviços especializados, tendo em habitantes da região a percorrer longas distâncias à vista que os pacientes que vão à procura de procura de água. assistência médica e medicamentosa no Rundu, A penúria, referiu Manuel Franessa, é tão grande para além de terem de pagar somas avultadas, que está a forçar os criadores de gado a venderem muitas vezes não são bem atendidas. as suas manadas para poderem alimentar-se e a A administração municipal, revelou, já fez a população sem recursos está a abandonar a zona proposta ao Governo Provincial para que no em busca de novos lugares onde se estão a instalar Programa de Investimentos Públicos (PIP) de 2014 de forma provisória. possa ser contemplado com a construção de um A região, disse, não tem qualquer furo de água e hospital. para as pessoas se abastecerem viajam durante dois Manuel Franessa explicou que no sector da Saúde, dias até a localidade de Savate ou Caíla banhadas o Cuangar conta com um centro médico na sede pelo rio Cubango, apesar do risco de serem municipal, dois postos médicos e cinco postos de atacados por animais ferozes que proliferam nas saúde nas comunas do Savate, Bondo Caíla e na florestas. aldeia de Olupale. Nesta luta pela procura de água muitas crianças do O município precisa de mais seis unidades Cuangar, estão a abandonar as escolas para sanitárias devido à sua grande extensão territorial, ajudarem os pais no pastoreio do gado até a 18.497 quilómetros quadrados, e ao mau estado margem do rio Cubango. das vias de acesso. Apoio urgente Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 122

"A construção destas unidades sanitárias, a par de adjudicou em 2008 a empreitada, sentiu dar resposta às doenças mais frequentes, vai inicialmente muitas dificuldades, mas com a melhorar substancialmente a assistência médica e chegada de novos equipamentos as actividades medicamentosa das populações, sobretudo aquelas arrancaram a todo o vapor e a colocação do asfalto que vivem nas áreas mais recônditas", disse o é uma questão de dias, já tendo vários quilómetros administrador municipal do Cuangar. de estradas queimadas com óleo preto.

Este ano, o município foi reforçado com uma O administrador municipal lamentou não existir médica, um enfermeiro licenciado e um ainda um horizonte temporal para o início dos especialista de estatística, tendo em vista que trabalhos no troço rodoviário Caiundo-Savate, um contava apenas com um médico e 38 enfermeiros percurso de 143 quilómetros da Estrada N auxiliares para atender uma população de 43.128 acional140, e se encontra num estado avançado de habitantes. degradação, situação que tem contribuído para o subdesenvolvimento da região. Manuel Franessa sublinhou que em termos de medicamentos, o município do Cuangar dispõe de Ponte cais um depósito devidamente para acudir à população da localidade até ao final do ano. No sector da Manuel Franessa anunciou ainda que estão em fase Educação, o administrador municipal explicou de conclusão as obras de construção de uma ponte que as dificuldades são semelhantes às da saúde, cais, nas margens do rio Kubango, na sede do uma vez que o município se debate ainda com o município do Cuangar, uma infra-estrutura que problema da falta de escolas para integrar mais de vai servir de apoio às ligações fluviais entre as 8.000 crianças no sistema de ensino e solucionar a localidades angolanas de Calai e Dirico com as da situação de outras que estudam debaixo das Namíbia situadas ao longo das margens do rio árvores. Kubango.

A administração necessita de construir uma escola O Cuangar, recordou, vai albergar a sede da do segundo ciclo do ensino secundário e três do delegação provincial fluvial, razão pela qual, em primeiro ciclo, para descongestionar as turmas, 20 12, o Ministério dos Transportes enviou para pois existem salas com mais de 60 alunos, o que é aquele município oito embarcações, das 56 contra as normas do Ministério da Educação. previstas, para apoiar a população que vive ao longo dos rios Cubango, Cuando e Cuito, O município do Cuangar tem sete escolas construí concretamente nos municípios do Cuangar, Calai, das de raiz e alguns estabelecimentos escolares em Dirico e na comuna do Caiundo (Menongue). As capelas, unidades militares e policiais, o que embarcações, acrescentou, têm capacidade para permitiu que neste ano lectivo fossem transportar 28 passageiros e mercadorias entre matriculados mais de 9.000 alunos da iniciação à uma a três toneladas, estando equipadas com um 12.a classe. Estão ao serviço 228 professores. dispositivo que permite medir a profundidade das águas, e com motores de 300 cavalos capazes de O Cuangar necessita de mais 100 professores para atingir uma velocidade de 100 quilómetros por colmatar o grande défice em Olupale, Bondo Caíla hora. e Cafuma, uma vez que os docentes existentes são obrigados a leccionar mais de três classes, uma "Por esta razão, é que neste momento não estão a situação que tem criado muitos problemas. funcionar devido a o caudal das águas dos rios estar muito baixo, face à seca que está assolar a Rede viária região, estando a efectuar apenas pequenos trabalhos, como a travessia da população de uma Manuel Franessa anunciou que já foram margem do rio para a outra", disse. retomadas as obras de reabilitação dos 116 quilómetros de estradas de Savate até à sede O administrador municipal sublinhou que a municipal de Cuangar, que incluem um ramal até entrada em circulação destas embarcações é uma Catuitui, na fronteira com a Namíbia, num resposta do governo provincial, tendo em conta o percurso de 16 quilómetros. A empresa de estado avançado de degradação das vias de acesso construção civil Consórcio Decar, à qual o Estado que força as populações do interior da província a Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 123 percorrer mais de 800 quilómetros até à cidade de Por outro lado, Eveline Albano apelou ainda aos Menongue, durante quatro a cinco dias. responsáveis pela limpeza das valas no município do Cazenga a envidarem esforços no sentido de se A entrada em funcionamento destas embarcações efectuarem trabalhos de assoreamento, devido à vai permitir ao governo da província do Kuando- chuva que, a qualquer momento, pode cair em Kubango levar os principais bens e serviços às Luanda e causar enormes consequências. populações do interior, sobretudo àquelas que vivem nos municípios do Cuangar, Calai, Dirico, Moradores deitam o lixo nas valas em detrimento e Cuito Cuanavale. de contentores

Durante a ronda efectuada pelo Factual na passada 9.2 Valas de drenagem são terça-feira (24), nas valas de drenagem do Soroca, transformadas em lixeiras no Senado da Câmara e no Rio Seco, foi possível Semanário Factual observar vários cidadãos a depositarem o lixo, em detrimento de contentores presentes, facto que De 28 de Setembro a 05 de tem contribuído para a imundície. Outubro de 2013 Em alguns casos, segundo contam moradores, As principais valas de drenagem a nível da várias pessoas, para além de utilizarem as valas de província de Luanda estão a ser transformadas em drenagem como lixeira, também as usam como verdadeiros depósitos de lixo. Em questão, local para eliminação de cães vadios. salientam-se as valas de drenagem do Rio Seco/Samba, Soroca/Cazenga, Senado da "Sempre vimos vizinhos a atirarem para a vala os Câmara/Rangel, que ligam os municípios do seus cães ainda vivos. Primeiro, amarram o cão e Cazenga, do Rangel, do Kilamba Kiaxi, da depois o jogam na vala. Maianga, da Samba e da Ingombota até ao mar. Em alguns casos, o cão passa cerca de uma semana A ausência de assoreamento das valas de drenagem a padecer até à morte", contou ao Factual o jovem a nível da província de Luanda está a deixar Paulo Miguel, morador do bairro Cassequel. preocupados os moradores circunvizinhos, tendo Para o cidadão, a má atitude das pessoas tem em conta as constantes inundações que ocorrem e contribuído muito para a inoperância das valas de os riscos de graves doenças, com a aproximação da drenagem, dada a pouca fluidez da água face ao época chuvosa. amontoado de detritos, facto que tem causado Numa ronda efectuada pelo Factual a várias valas grandes prejuízos materiais. de drenagem da província de Luanda, foi possível Por outro lado, importa referir que, para além da verificar, no seu interior, o amontoado de lixo, existência de detritos ao longo das valas, é também como sucatas de viaturas, aparelhos de ar possível verificar o crescimento de alguma condicionado, pneus, arcas avariadas, garrafas de vegetação, tanto na parte interna como externa plásticos e outros objectos, que condicionam o nas valas de drenagem, o que também condiciona curso normal das águas. a fluidez da água e facilita a reprodução de Para a moradora da comuna do Tala-Hadi, mosquitos. Eveline Albano, a situação das valas de drenagem, Eveline Albano, moradora no município do sobretudo no que se refere à vala do Soroca, é Cazenga, afirmou ser necessária a preocupante, tendo em conta a quantidade de consciencialização dos cidadãos quanto à detritos existentes. importância das valas de drenagem, evitando o ''Actualmente, a vala de drenagem do Soroca se depósito de lixo, de sucatas e de outros detritos. encontra completamente abarrotada de lixo, A moradora afirmou também ser necessário levar- muito por culpa dos moradores que vivem nas se a cabo a fiscalização ao longo das valas de proximidades, visto que estes jogam tudo que é drenagem, com vista a responsabilizar todos lixo para a vala de drenagem", explicou a aqueles que violem as regras impostas. moradora. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 124

Até ao fecho desta edição o Semanário Factual Ainda o ambientalista Samuel Mucabi fez saber procurou entrar em contacto com a área técnica que, do ponto de vista ambiental, a extracção de afecta ao Governo Provincial de Luanda e inertes acarreta três principais problemas, sendo o responsável pelo desassoreamento das valas de primeiro, ligada à afectação da qualidade de vida drenagem, mas sem êxito. das pessoas, quando a exploração é feita em locais impróprios, através de ruídos, emissão de poeiras e 9.3 Exploração de inertes afecta a criação de locais propensos para propagação de doenças. província Semanário Factual O segundo aspecto tem a ver com a degradação do habitar, resultante da remoção da vegetação e De 28 de Setembro de 2013 consequente afastamento dos animais, enquanto o terceiro assenta na alteração paisagística, em que a O ambientalista Samuel Mucabi está aflito com a paisagem fica completamente alterada, com a exploração ilegal de inertes na província do actividade ilegal de exploração de inertes, sem o Bengo, sua terra natal. cumprimento do previsto na legislação. O jovem, de 34 anos de idade, diz esperar que as A exploração de pedra na província, na maioria autoridades competentes tomem medidas urgentes dos casos, é feita à margem do quadro legal para se conter a prática. ''Vemos, diariamente, estabelecido pelas autoridades angolanas. centenas de camiões a transportarem inertes de uma forma ilegal", denuncia. Pedro Paciência Nsungo, que se dedica à exploração de carvão na região, está preocupado Na opinião deste ambientalista, a exploração ilegal com o fenómeno. de inertes tem estado a provocar prejuizos na arrecadação de impostos para os cofres do Estado. "J á recebemos uma formação por parte dos responsáveis do Instituto de Desenvolvimento ''A província do Bengo está a ser destruída em Florestal, a forma como devemos cortar os paus termos ambientais. É preciso um esforço junto das para o fabrico do carvão", adiantou este ex-militar autoridades para resolver este problema", da FAPLA. ''A exploração ilegal de inertes tem acrescentou. sido praticada por empresas privadas e pessoas A camponesa Maria Nito deixou de cultivar singulares sem a anuência das autoridades mandioqueiras numa sua quinta, localizada a 29 administrativas. quilómetros da comuna do Úcua. ''Não sabemos se estas empresas estão ou não O barulho das máquinas incómoda a camponesa. licenciadas para o exercício da exploração de ''Ao lado da lavra existe uma pedreira que nos inertes e quem as licenciou. Temos registado este incómoda", se queixa, denunciando que "na calada problema com muita preocupação", manifestou. da noite nota-se um movimento de camiões que Para pôr fim a este tipo de situações, diz o ancião transportam inertes ilegalmente" . Brandão Pedro, o Executivo tem que acompanhar O seu marido Paulo Finda aconselhou a esposa a o licenciamento das empresas envolvidas nesta abandonarem a quinta provisoriamente. "Faz actividade, de acordo com requisitos legalmente muita poeira quando as máquinas estão a operar exigidos. na pedreira", argumentou. "O objectivo não é estancar a actividade mas fazer Úcua regista exploração intensa de inertes com que os exploradores de inertes o façam dentro das normas legalmente revistas e no Nos últimos tempos, segundo apurou? Factual, respeito pelo ambiente, explicou. na comuna do Úcua, tem se registada uma exploração intensa de inertes e as autoridades não " Nos próximos anos, poderemos assistir ao sabem onde decorre e não têm formas de poder nascimento de ravinas devido à exploração fiscalizar no acto da extracção. anárquica de inertes, por isso há que se tomar medidas necessárias para que este tipo de Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 125 actividade termine", defendeu o camponês "O abate indiscriminado de árvores tem Geraldo Banza. provocado consequências de desequilíbrio ecológico, corno o elevado índice de As declarações do camponês são corroboradas desflorestação em 'quase toda a extensão da pelo funcionário público, Amadeu Suami: província, dizimando variedades de espécies animais", sublinhou uma fonte da administração "Esta prática tem produzido impactos ambientais comunal do Úcua. negativos, colocando em risco a estabilidade do ecossistema", asseverou. "O IDF no Bengo está preocupado com o nível de destruição das matas provocada pelos milhares de Licenciar os garimpeiros produtores artesanais de carvão e lenha que Todos os entrevistados pelo Factual são unânimes surgiram no país, na sequência do fim do conflito em defender que as autoridades governamentais armado", observou uma fonte da direcção da criem mecanismos no sentido de licenciarem os Agricultura e Desenvolvimento Rural. garimpeiros, assim como atribuírem áreas "Se verificarmos o número de pessoas que específicas e orientadas por técnicos para esta regressaram às suas zonas de origem, os hectares actividade. de mata que são limpos e a quantidade de camiões A situação constitui uma das maiores que entram diariamente em Luanda carregados preocupações de grande parte da província do com carvão e lenha, devemos dizer que, de facto, Bengo. esta é uma preocupação", afirmou a fonte.

As empresas autorizadas a explorar os recursos IDF lançou projecto com técnicas mais modernas naturais não estão a cumprir as exigências para aproveitar 90 porcento da lenha assumidas por altura da concessão das licenças", O problema da destruição das matas para produzir acusa o ambientalista Simão Mizila. carvão e lenha, que apenas afectava as zonas Em muitos casos, várias zonas são abandonadas florestais nas imediações das grandes cidades, após a exploração, ficando com enormes buracos, alastrou, na sequência do fim do conflito armado, o que, com a forte chuva, constitui um perigo a áreas que estavam inacessíveis. para os aldeões. A situação torna-se ainda mais grave porque as "O Executivo deve obrigar à preservação dos técnicas rudimentares que são utilizadas no fabrico solos, de modo a evitar-se o avanço de ravinas", do carvão apenas permitem aproveitar cerca de 20 aconselhou o estudante universitário, Sucami José. por cento da lenha que é queimada para produzir aquele produto. Exploração de carvão-outra doença Para melhorar o aproveitamento da madeira O abate indiscriminado de árvores, que culmina utilizada no fabrico do carvão, o IDF lançou um na produção de carvão vegetal para projecto-piloto na província do Bengo que comercialização, é um dos assuntos que mais permite, através de técnicas mais modernas, preocupa o Instituto de Desenvolvimento aproveitar até 90 por cento da lenha. Florestal (!DF) na província do Bengo. O ID F pretende agora "divulgar essas técnicas" O Instituto de Desenvolvimento Florestal não para promover um melhor aproveitamento da autoriza cidadãos a esta prática, mas alguns madeira que é utilizada para produzir carvão. insistem em fazê-lo, por isso é preciso que o Executivo crie um instrumento legal que puna ''Todos os dias úteis, mulheres e homens, indivíduos que desrespeitam o meio ambiente. munidos de instrumentos rudimentares, exploram, de forma anárquica, areia, pedras, brita IDF tem realizado, junto das comunidades, e burgau" lamentam as autoridades tradicionais do campanhas de sensibilização e fiscalização na Bengo. perspectiva de que as acções realizadas, principalmente, no período nocturno possam acabar. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 126

A actividade é exercida, sobretudo, por pessoas de famílias de baixo rendimento, com o propósito de buscar auto-sustento.

Para a exploração de inertes, foram exigidas às empresas todos os requisitos plasmados na Lei de Ordenamento Mineiro, mas os chamados garimpeiros fazem-no sem qualquer autorização das autoridades.

Dados geográficos A província do Bengo tem como a capital a cidade de Caxito. Tem 25 mil e 139 quilómetros quadrados e é composta por seis municípios: , , Dande, Dembos, e Pango Aluquém.

Situada no coração da região onde a influência portuguesa directa se fez sentir desde a fundação da cidade de Luanda como cabeça-de-ponte colonial, no século xv, a província constitui uma unidade administrativa recente, criada em 26 de Abril de 1980, por desagregação da província de Luanda, pela Lei nº 29/11, de 1 de Setembro.

A província do Bengo faz parte do habitat da etnia dos Ambundu. No entanto, as migrações causadas em Angola pela Guerra da Independência levaram à constituição de núcleos de Bakongo e de Ovimbundu no seu território.

Nas últimas décadas, o enorme crescimento demográfico de Luanda fez com que uma certa, por enquanto ainda bastante limitada parte da sua população, fosse morar no Bengo, onde as camadas economicamente privilegiadas de Luanda passaram também a construir um número crescente de residências secundárias. A população total da província não pára de aumentar.

Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 127 10. OUTUBRO critérios e procedimentos administrativos referentes ao licenciamento ambiental.

10.1 Chuvas provocam mortes O diploma define o Licenciamento ambiental» como sendo o procedimento administrativo pelo Jornal de Angola qual a entidade responsável pela política do 02 De outubro ambiente, verifica a observância das condições legais e técnicas, licencia a localização, instalação, A Direção Provincial de Proteção Civil da Lunda- ampliação e a operação de empreendimentos e Sul registou, entre Junho do ano passado e Junho actividades utilizadoras de recursos naturais deste ano, na cidade de Saurimo, a morte de 47 consideradas efectiva ou potencialmente pessoas e o desalojamento de 222 famílias na poluidoras, ou que, sob qualquer forma, possam sequência de chuvas torrenciais que caíram sobre a causar degradação e / ou modificação ambiental, e província. A informação foi divulgada ontem as normas técnicas aplicáveis ao caso. numa reunião da comissão provincial de proteção Civil, que apelou ao engajamento de todos os A norma jurídica angolana aplica-se ao tipo de membros para a resolução dos problemas actividades sujeitas à avaliação de impacte resultantes de calamidades naturais na província ambiental da Lunda-Sul. ou sejam susceptíveis de provocar impacte ambiental e social significativos e atribui Entre as infraestruturas destruídas na cidade de competência à entidade responsável pela política Saurimo, capital da Lunda-Sul, estão mais de 300 do ambiente (Ministério do Ambiente) a casas, oito escolas do primeiro ciclo, seis igrejas e concessão da licença ambiental subdividida em duas unidades da Polícia Fiscal. No mesmo licença ambiental de instalação e licença ambiental período, a Proteção Civil distribuiu terrenos a de operação. autoconstrução dirigi da nas imediações do bairro Saulímbo e Luar, a 192 famílias que viviam em O documento refere que o pedido de licença zonas consideradas de risco. No encontro, ambiental é feito mediante requerimento dirigido realizado no salão nobre do Governo Provincial à entidade acima referida logo que cumpridas da Lunda-Sul, o director provincial do todas as formalidades relativas ao processo de Ordenamento do Território Urbanismo e avaliação de impacte ambiental." Ambiente, Francisco Txiquendja, referiu que, de o artigo sexto do diploma sustenta que o pedido acordo com o plano de contingência para 2013120 de licenciamento ambiental deve conter a 14,já foram identificadas três áreas seguras nas descrição da instalação, da natureza e da extensão zonas do Luar, Nhama e Muangueji e 250 lotes de das suas actividades; certidão do Governo terrenos para famílias desalojadas. O responsável Provincial, declarando que o local e a instalação do Instituto Nacional Meteorologia (INAMET), ou actividade estão em conformidade com a Ramiro Txisso aquela, disse que a província vai legislação sobre a ocupação do solo; resumo não registar, em Novembro e Dezembro, chuvas técnico do estudo de avaliação de impacte acompanhadas de ventos fortes, pelo que alertou a ambiental; parecer vinculativo da entidade que população para evitar permanecer em zonas de tutela a respectiva, actividade. risco. -Estipula o Decreto Presidencial que a decisão do 10.2 O decreto presidencial pedido de licença ambiental é proferida prazo de 90 dias, a contar da data da recepção e que as Jornal O PAÍS decisões finais tomadas sobre os projectos 04 De Outubro de 2013 apreciados para efeitos de licenciamento ambiental, bem como os respectivos processos O Decreto nº 59/07, de 13 de Julho, estabelece a obrigatoriedade de licenciamento das actividades Devem ser objecto de divulgação pública, sem que, pela sua natureza, localização ou dimensão' prejuízo das limitações estabelecidas por lei. sejam susceptíveis de provocar impacte ambiental e sociais significativos e4bm como os registos, Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 128

O diploma estabelece a obrigatoriedade de embargo interdição da actividade, comunicando o licenciamento e argumenta que a construção, a facto ao Ministério Público e ao Ministério de instalação, a reforma, a recuperação, a ampliação, tutela da actividade. a alteração, operação e a desactivação de actividades que requeiram estudos de avaliação de impacte ambiental ficam sujeitas ao prévio 10.3 Executivo não sana as licenciamento ambiental. consequências negativas por capricho O artigo 15 o do diploma estabelece que a entidade responsável pela política do ambiente Semanário Angolense deve indeferir o pedido de licenciamento 12 De Outubro de 2013 ambiental quando a obra e/ou o exercício de actividades não obedeçam os requisitos exigidos, O engenheiro agrónomo Vitorino Nhany afirmou em especial as condições técnicas, as normas de que o país tem verbas suficientes que permitem ao prevenção da poluição, de higiene e segurança, Executivo angolano sanar as consequências bem como as normas urbanísticas e do negativas da seca que assola a região do sul de ordenamento do território e quando a obra e / ou Angola, referindo-se concretamente às províncias o exercício de actividades que façam perigar o da Huíla, o Namibe e o Cunene. ambiente e a saúde pública. O especialista, que falava num workshop sobre a O mesmo procedimento deve ser aplicado, seca nas regiões acima referenciadas, na cidade de segundo o decreto, quando resultar do Ondjiva, esclareceu que o orçamento que a ordenamento do ambiente que a instalação e/ou província tem em relação às suas necessidades é exercício de actividades tem como consequência a suficiente para travar o sofrimento das vítimas, até criação de capacidade de poluição acima do valor porque existe também uma quantia relativa que se mínimo exigido ou não efectuar avaliação de disponibiliza às regiões afectadas. impacte ambiental que é exigida pela legislação Depois dessas considerações, o versado em matéria aplicável. agrónoma começou por explicar que a seca pode O diploma prevê a fiscalização pela entidade ser entendida como o atraso das precipitações ou a responsável pela política do ambiente, ao sua distribuição irregular. O fenómeno da seca Ministério do Interior aos Governos Provinciais. apresenta uma certa' periodicidade e pode ser sem prejuízo da competência atribuída a outros previsto com antecedência. órgãos da administração devendo os operadores. Para Nhany, quando há uma deficiência acentuada Prestar toda a assistência necessária à realização de na quantidade de chuvas durante o ano, inferior acções de inspecção e de fiscalização na instalação, ao mínimo do que necessitam as plantas, a seca é designadamente, no que se refere a colheita de absoluta. amostras e disponibilização de informações solicitadas, sendo a obstrução passível de punição Por outras palavras, pode dizer-se que há seca nos termos da lei. sempre que o suprimento (abolição) de humidade armazenada no solo seja insuficiente para atender O Decreto Presidencial considera como sendo as necessidades hídricas das plantas. Existem infracção ambiental punível com multa o inicio de quatro tipos de seca: permanente, sazonal e implantação e/ou operação de actividades e contingente invisível. alterações das instalações antes de emitida a competente licença ambiental e a alteração do A nossa fonte esclareceu que a seca permanente sistema de produção ou de exploração sem devida ocorre nas regiões áridas onde nenhuma estação de licença ambiental. precipitação é suficiente, para satisfazer as necessidades hídricas das plantas em tais áreas, Aos prevaricadores sendo a agricultura impossível sem a irrigação ao O diplomata prevê a aplicação de uma multa de longo da estação de sementeira e crescimento. acordo com o valor do projecto e ainda a Causas prováveis suspensão, Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 129

A seca sazonal ocorre em áreas com estações secas ao Oceano Atlântico, se se carregar numa velo e húmidas bem definidas, como na maior parte cidade maior à da CFB, que serve de moderadora dos trópicos. Todos os anos, a seca pode ser às oscilações climáticas, podem ocorrer estiagens esperada, pois esta resulta das variações sazonais ou precipitações elevadas. nos padrões de circulação atmosférica. A agricultura é praticada com maior êxito durante a Informou que a Corrente Fria de Benguela é um estação chuvosa ou com o uso de irrigação durante dos mais importantes factores de moderações a estação seca. climáticas do país. Um dos braços da corrente quente do Brasil, que aparece sobre o Equador, Relativamente ao contingente invisível, o que avança para o Atlântico Sul. e acompanha as preocupa hoje a humanidade é a ambição costas do Brasil e da Argentina. desmedida do homem na procura do lucro fácil, trazendo consequências desastrosas ao meio Apontou que nos mares da Antárctida, choca ambiente e, por consequência, à pessoa humana. A contra as geleiras da região, apodera-se dos seca é o resultado da interacção de vários factores. «icebergues» e mistura-se com outras correntes de água fria. Começa então a desviar-se para o Dentre as várias causas da seca, o especialista nordeste, em direcção à costa ocidental de África. apresentou as seguintes: circulação dos ventos (ventos alísios pouco intensos), correntes Arrasta grandes globos de gelo, avança com eles marítimas relacionadas com o movimento em direcção à costa de Angola e passa a designar-se atmosférico, impedindo a formação de chuva em Corrente Fria de Benguela. Em suma, determinados locais, e vegetação pouco robusta. cientificamente, o fenómeno está explicado, podendo ocorrer em períodos cíclicos de 7, 6, 5, 4 Citou ainda a permanente desmatação sem a e até, às vezes, de 3 e 2 anos. devida reposição das espécies vegetais e a destruição do coberto vegetal por fogo, manchas Consequências solares, cinzas dos vulcões tropicais, poluição A seca é um fenómeno ecológico que se manifesta sempre crescente do meio ambiente e a na redução da produção agropecuária, provoca concentração de C02 na camada de ozono, uma crise social e transforma-se num problema responsável pela filtração dos raios solares, político. A crise social traduz-se em fome, provocando um anormal aquecimento do planeta. desnutrição, miséria e migração para os centros Salientou que, quando se trata de fenómenos da urbanos (êxodo rural). seca, refere-se justamente a dois elementos, El O agrónomo defendeu que, em Angola, a questão Nino, que se pode considerar uma irregularidade da seca não se resume à falta de água. «No climática que ocorre numa determinada zona do Cunene, por exemplo, há água, faltam soluções globo, traduzindo-se na oscilação da atmosfera na para resolver a sua má distribuição e as zona tropical do oceano pacífico. dificuldades do seu aproveitamento. As regiões Corrente Fria de Benguela áridas e semi-áridas do mundo são aproveitadas pela agricultura por meio de irrigação, como nos O que é normal é a ocorrência dos movimentos EUA, em Israel, no México, Perú, Chile ou o alísios, soprando do este para o oeste (responsáveis Senegal», indicou pela renovação das águas superficiais do oceano). Quando esse movimento não ocorre ou Informou ainda que, no caso específico do ocorrendo no sentido inverso, elevam-se as Cunene, a esmagadora maioria do terreno tem temperaturas, a descarga da tela de nuvens torna-se topografia plana, por isso, a evaporação da água é maior, verificando-se precipitações excessivas. grande. Logo, é a área sujeita aos efeitos das secas periódicas. Os latifundiários beneficiam-se de O segundo elemento é o La Nina, o fenómeno investimentos realizados de créditos bancários oposto, que ocorre quando as águas do pacífico concedidos, sendo os trabalhadores sem terra os equatorial se apresentam mais frias que o normal. mais vulneráveis à seca. A corrente quente ou fria, que parte do oceano pacífico, passa pelo sul da América do Sul, vem até Relativamente à apresentação da solução deste problema, em caso de escassez, salientou que, se o Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 130 fenómeno é conhecido e a escassez ou excesso de Jornal Agora chuvas provocam danos aos seres vivos, o homem, 18 De Outubro de 2013 que é a medida de tudo que se realiza sobre a terra, encontra sempre alternativas que acautelem danos Pelo menos 76 pessoas ficaram desalojadas em em épocas de ocorrências. consequência da forte chuva que caiu quarta-feira na comuna do Nkiende a oeste da cidade de Ao referir-se à quantidade de água que país possui, Mbanza Kongo, na província do Zaire. disse que Angola conta com um potencial de cerca de 130 a 140 mil milhões de metros cúbicos de De acordo com o administrador da comuna, água, arrecadando, por outro lado, cerca de 100 Alberto Lusala, em declarações à Angop, a chuva milhões de dólares por dia, como receita oriunda acompanhada de vento 'agressivo' provocou do petróleo. Para além disso, o Cunene tem a também ferimentos a um cidadão e destruiu 14 particularidade de proporcionar receitas casas e uma capela da Igreja Evangélica Baptista alfandegárias. em Angola.

Pequeno bolo do OGE Uma equipa técnica já está no local para apurar o prejuízos e estudar a ajuda às famílias que O Orçamento Geral do Estado do presente ano aguardam ao relento. destina uma cifra muito insignificante para o sector agrário. «Nada mais, nada menos que 1,01 por cento, depois de termos sugerido a sua 10.5 Chuvas destroem centenas de multiplicação por casas três, para que contribuíssemos na solução dos vários problemas que afectam as nossas Jornal de Angola populações», revelou. 19 De Outubro de 2013

Se se for para a página 173 do OGE/13, encontra- A Intensa chuva acompanhada de ventos fortes se uma despesa em cujo projecto/ actividade vem que caiu na quinta-feira à noite na província de referido: estamos contigo 44.324.738,00, o que Malange provocou a destruição de cerca de 400 equivale a cerca de meio milhão de dólares, casas e deixou mais de 1.500 pessoas ao relento, de ajuntou. acordo com o balanço provisório dos Serviços de Protecção Civil e Bombeiros, divulgado ontem. Para Vitorino Nhany, se Angola tivesse uma elite política com atenções mais viradas para o Na cidade de Malange, 255 casas ficaram destruí desenvolvimento humano, as soluções passariam das pelas chuvas, enquanto em Kunda Dia Base pela aposta na produção interna, a reforma agrária tiveram o mesmo destino 98 moradias, em Catepa que faça justiça social ao trabalhador rural e pelo 40 e no Cambaxe (município de Caculama) dez. estabelecimento de uma política de irrigação que Em consequência da tempestade, estão por adopte a tecnologias de mais acessos aos confirmar quatro mortes em Caculama e 17 trabalhadores rurais. pessoas ficaram feridas, duas das quais continuavam ontem a receber assistência médica As soluções passariam ainda, pela no Hospital Geral de Malange. institucionalização da agricultura irrigada nas áreas onde haja disponibilidade de água e Os serviços de Protecção Civil e Bombeiros desenvolver a instalação de culturas resistentes à anunciaram, ainda, a destruição parcial das seca e de ciclo vegetativo seco, pelo instalações do comando provincial da Polícia estabelecimento de uma política de Nacional, da unidade da Polícia de Intervenção industrialização com a implantação de industrias Rápida (pIR) e do Estádio 10 de Maio. As que beneficiem de matérias-primas locais, visando autoridades também registaram um corte nas a redução de custos com transporte, entre outras. comunicações telefónicas com o município de Caculama, o que parece ter sido causado pela danificação da antena da operadora de telemóvel. 10.4 Zaire. Aguaceiros desalojam Dada a gravidade da situação e para acudir aos populares sinistrados, o comando provincial de Protecção Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 131

Civil e Bombeiros reuniu-se ontem com os órgãos O administrador do município a- pelou aos competentes do Governo Provincial, no sentido cidadãos para não construírem casas em zonas de de ser elaborado um plano de emergência. risco, uma vez que as 108 casas que desabaram localizavam-se em áreas perigosas. A chuva e os ventos fortes em várias localidades de Malange teve origem na presença de "cúmulo Na semana passada a chuva provocou duas mortes nimbos", uma nuvem de desenvolvimento vertical e cinco feridos na comuna da Calenga, município com configuração espessa, explicou o responsável da Caála, a 33 quilómetros da cidade do Huambo. local do Instituto de Meteorologia.

João Marcolino acrescentou que sempre que se 10.7 Fortes chuvas destroem casas verificam anomalias nos parâmetros no Norte do país meteorológicos a nível da atmosfera, há a Jornal de Angola possibilidade de surgirem fenómenos, como raios, relâmpagos, trovoadas ou ventos fortes, como foi 23 De Outubro de 2013 caso de quinta-feira à noite. Mais de 120 casas, na sua maioria construí das em Os "cúmulo nimbos" são alimentados por zonas de risco, ficaram destruídas no fim-de- movimentos convexos, que dão origem a ventos semana em províncias o norte do país na que podem chegar aos 90 quilómetros por hora. sequência das fortes chuvas na região, disse á João Marcolino considerou o fenómeno Angop o porta-voz do relativamente raro em Malange e disse que a Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros. previsão sazonal, lançada há pouco tempo, De acordo com Faustino Sebastião, mais de 60 apontava para a queda de chuvas acima do normal casas, duas escolas, 11 postos de iluminação na província, ao contrário da região centro, que pública e uma igreja ficaram destruídas nos vai registar chuvas inferiores ao normal. De arredores da cidade do Uige, enquanto em acordo com o meteorologista, a quantidade de Malange ficaram destruídas 30 habitações e em chuva que está a cair em Malange há mais de uma Mbanza Congo 28 casas, três escolas e um posto semana não é habitual. de saúde.

10.6 Chuva desaloja famílias Apesar de não haver registo de vítimas humanas, disse o porta-voz do Serviço de Protecção Civil e Jornal de Angola Bombeiros, é preocupante o facto de muitos 23 De Outubro de 2013 cidadãos continuarem a construir as suas casas em zonas sem segurança. Chuva intensa, acompanhada de rajadas de vento, caiu sobre o município de Ecunha, a 45 Faustino Sebastião acrescentou que as casas quilómetros da cidade do Huambo, no último construídas sobre as valas de drenagem de águas final de semana, e causou o desalojamento de 108 residuais e fluviais, não são seguras por serem famílias, na sequência do desabamento das suas locais propensos a deslizamentos de terra. casas. Construir em zonas que são nascentes de rios e lençóis freáticos, coloca em risco a segurança da Em declarações à Angop, o administrador população. municipal, Cesário Calixto Chissaluquila, garantiu, segunda-feira, apoio às famílias De acordo com porta-voz as administrações sinistradas e lamentou o sucedido. municipais são chamadas a redobrar as acções de sensibilização para desencorajar esta prática que "Fizemos um levantamento que vamos remeter ao acarreta consigo muitos prejuízos e perdas de Governo Provincial para, com a Comissão vidas humanas. Provincial de Serviços de Protecção Civil e Bombeiros, estendermos a nossa mão solidária a estas pessoas, que ficaram sem habitações", disse. 10.8 Chuvas desalojam famílias Jornal Gazeta Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 132

24 De Outubro de 2013 26 De Outubro de 2016

Pelo menos 15 famílias ficaram desalojadas em Pelo menos 37 famílias das localidades de consequência das chuvas, acompanhadas de fortes Satchinemuna, Luando e Munhango, município ventos que caíram em , no Bié. do Cuemba, encontram-se desabrigadas devido à destruição das suas casas em consequência das As chuvas provocaram a destruição de duas fortes chuvas em várias áreas da província do Bié. escolas e outras infra-estruturas. Um documento do Serviço de Protecção Civil e Para Maria Luísa Bessa, responsável do Ministério Bombeiros do ' Bié a que o Jornal de Angola teve da Assistência e Reinserção Social, os "números acesso, refere que as chuvas destruíram 26 casas e podem subir a qualquer momento", devido ao que 11 outras ficaram afectadas parcialmente. levantamento ainda em curso em todos bairros e aldeias periféricas. Foi criada uma equipa As autoridades do Bié providenciam apoios às constituída por seis pessoas que trabalham junto famílias, distribuindo chapas de zinco, das comunidades para fazer o balanço dos alimentação e outros bens. estragos. Nos últimos dias, os serviços de Protecção Civil e Maria Luisa Bessa anunciou, que as famílias Bombeiros do Bié registaram 15 ocorrências em desalojadas "vão ser apoiadas" com 15 chapas de diferentes localidades, incluindo quatro incêndios zinco cada. que causaram três mortos e quatro feridos, com danos materiais avaliados em mais de 500 mil 10.9 Ambientalistas fazem formação kwanzas. Jornal de Angola Os bombeiros fizeram ainda sete evacuações de 26 De Outubro de 2013 pacientes para o hospital provincial, em consequência de acidentes de viação, agressões Mais de 30 activistas ambientais participaram físicas e patologias diversas. durante três dias, na cidade do Huambo, num seminário, tendo em vista a promoção e 10.11 Pouca chuva ameaça cultivo desenvolvimento da cultura ambiental nas comunidades. Jornal De Angola 29 De Outubro de 2013 Os activistas vão formar outros jovens ambientalistas, para sensibilizarem as Agricultores do Bié estão a ser aconselhados a comunidades para a importância da preservação mudar a aplicação do cultivo para o presente ano ambiental, através da observância de boas práticas agrícola face às ameaças constantes de falta de na preservação da Natureza. A directora do chuva, referiu o vice-presidente da União Ordenamento do Território, Urbanismo e Nacional dos Camponeses (UNACA). Albano Ambiente, Ana Paula de Carvalho, recordou, na Lussaty. abertura do seminário, a importância de haver jovens ambientalistas e movimentos sociais que De acordo com o responsável da UNACA deve-se eduquem a sociedade sobre a importância de mudar a estratégia na agricultura através de defesa do meio ambiente. actuação nos zonas de irrigação, para o desenvolvimento do sector em todas as localidades A directora local do Ordenamento do Território e da província, Urbanismo aconselhou, ainda, a sociedade a mudar de atitude e assumir valores mais dignos em Albano Lussaty disse igualmente que. se as chuva" relação ao meio ambiente. escassearem as culturas podem vir a ser transferidas para as zonas de irrigação ou para as margens dos rios, para se evitar as dificuldades que 10.10 Fortes chuvas causam danos no podem evitar as para a população. O Bié tem município identificado 463 associações cooperativas de Jornal de Angola camponeses que Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 133 recebem apoio do Governo em sementes, "Temos de estar preparados para minimizar os fertilizantes, instrumentos de trabalho e micro- feitos das cheias e evitar a destruição de bens crédíto. causada pela água", disse o governador António Didalelwa, acrescentando que a população da Apesar disso. Albano Lussaty alertou para a região tem sido afectada por dois fenómenos necessidade de haver uma boa gestão, para se naturais designadamente inundações e seca . Para manter o ritmo do cultivo nas comunidades, além prevenir a seca. é necessária a construção de de considerar que determinados apoios do represa ,canais e aberturas de furos de água, Governo do t6m sido bem gerido devido a acrescentou o governador. intermediários que participam na comercialização) de adubos e outro meios de cultivo.

O director provincial da Agricultura. Marcolino Rocha Sandemba disse haver Il necessidade de li criarem também melhores condições de vida para as populações ligadas ao campo.

10.12 Governo provincial disponibiliza verba para a construção Jornal de Angola 31 De Outubro de 2013

O Governo Provincial do Cunene vai disponibilizar mais de 565 milhões de kwanzas para a construção de oito diques de protecção contra inundações nos bairros de Ondjiva e arredores.

O auto de consignação da emp reitada, a cargo da construtora chinesa CRBC, realizou-se na terça- feira, naquela cidade, na presença do governador do Cunene, António Didalelwa.

As obras têm o prazo de seis meses. a partir de terça-feira, e compreendem a construção de oito diques numa extensão de 20 quilómetro, sete passagens hidráulicas e reabilitação de cinco, assim como a reposição do alheamento da Estrada Nacional Ondjiva-Cuvelai, em ce de um quilómetro.

O governador disse que a construção dos diques de protecção e passagens hidráulicas tem como objectivo proteger os bairros de Ondjiva das cheias, que em anos anteriores causaram muitos prejuízos. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 134

sucessivos governadores que por aqui já passaram 11. NOVEMBRO pouco ou nada fizeram, tendo a rara excepção sido Aníbal Rocha. 11.1 São Pedro tenha piedade de

Luanda Semanário Angolense Cidadão morre por negligência da Epal 02 De Novembro de 2013 Não obstante a leveza da chuva, um cidadão faleceu afogado nesse dia, após ter caído numa Apesar de estragos e constrangimento s que tem vala, aberta pela Empresa Provincial de Águas de estado a causar na capital do país, que nem por Luanda, no município de Cacuaco, que depois não isso recebe grandes torrentes de precipitações, esta a tapou, prática recorrente dessa firma e também cidade tem sido poupada por São Pedro, se da Edel. Claro que a Epal deve ser compararmos com as chuvas que habitualmente se responsabilizada pela perda dessa vida. Tem de se abatem sobre as outras províncias o Cunene, em acabar com a impunidade com que muitas particular - e países como, Moçambique, Brasil, instituições agem, visando tornar normal a etc. sociedade angolana.

Nem queremos imaginar o que seria dos No distrito urbano da Ingombota, exactamente no musseques de Luanda, como os Sambizangas, bairro da Boavista, foram enormes os estragos Cazengas, Rangeís, Kilambas Kiaxis, Ngola provocados por essas enxurradas, para além de Kiluanjis, Hoji-ya-Hendas, Rochas Pintos, Bairros outros menores noutras zonas da cidade. Malanjinhos e muitos outros, todos já de si Esperamos que, ao contrário de anos anteriores, as profundamente degradados, se fossem fustigados crianças de algumas escolas do Cazenga não se por uma descarga daquelas. Certamente que seria vejam impossibilitadas de estudar, devido a uma desgraça, com consequências catastróficas. inundações dos estabelecimentos escolares.

Mas a zona urbanizada também sofreria, como Na estrada Ngola Kiluanji, junto à linha férrea, aconteceu na década de 60, quando uma chuva crateras estão a alargar-se, representando um torrencial arrastou viaturas, electrodomésticos no perigo, tanto para as viaturas como os comboios, antigo Quintas & Irmão, para além de outros o mesmo acontecendo na rua Hoji-yá- Henda, estragos que causou na cidade, segundo se conta. próximo ao Hospital Américo Boavida, cujo Deus deve estar a poupar-nos e a compensar-nos asfalto até é novo. Estes dois casos, principalmente pelo prolongado sofrimento que os angolanos o primeiro, requerem intervenções urgentes. O S. tiveram de suportar durante a guerra fratricida. Paulo, nas imediações do antigo Cine com o Mas que não abusemos da sorte, da piedade que mesmo nome, está de igual modo esburacado. Ngana Nzambi tem de nós. Levanta-se o problema da fiscalização das obras Luanda há muitos anos não está preparada para públicas, a maior parte das quais, por carecerem receber cargas de água, mas, entra ano sai ano, os da qualidade desejada, são de duração efémera. cidadãos reclamam e, infelizmente, a situação não Assim é que muitas empreitadas, que deviam ter, é alterada. Nesta primeira chuva de terça-feira, 29, pelo menos, 10 anos de existência, «vivem» entre que até foi quase miudinha, a imagem habitual um e dois anos, se tanto. repetiu-se: ruas inundadas, trânsito infernal, estradas esburacadas, sistema de esgotos entupido, Como temos escrito em várias ocasiões, uma entre outras anomalias. forma de melhorar a imagem da cidade e reduzir esses constrangimentos é acelerar-se a A isso acresce as obras que se arrastam por longos requalificação dos populosos município do períodos de tempo, agravando ainda mais a caótica Cazenga e os distritos urbanos do Sambizanga e o situação que Luanda, outrora das cidades mais Rangel, que caminha a conta-gotas. Por que não se lindas de África, vive. É verdade que para tal, o imprime a mesma velocidade com que se ergueu a êxodo rural decorrente da guerra contribuiu Cidade do Kilamba e os estádios de futebol que grandemente, mas poderia ter-se feito mais e acolheram o CAN-201O? melhor em prol desta província, só que os Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 135

Governo devia ter pressa semana finda os Serviços de Bombeiros registaram três incêndios de pequenas proporções, no troço Não concordamos, por exemplo, que, também, se rodoviário do Zenza, na Aldeia Nova, no Bairro desse prioridade à requalificação da Marginal de Azul, no município do , e nas imediações Luanda, em detrimento dos aglomerados do Triângulo, no município do Golungo-Alto. populacionais acima referidos, que, uma vez urbanizados, irão beneficiar milhões de angolanos. Os incêndios causaram danos materiais e a O que estará a emperrar esses projectos de destruição de duas viaturas, uma motorizada e requalificação, que já se vão tornando «idosos»? ferimentos a três pessoas.

O melhoramento da cidade irá igualmente As causas dos incêndios foram um curto-circuito orgulhar os habitantes e as autoridades, que, acidental e outras não determinadas. julgamos, neste momento não se devem sentir nada confortáveis pelo cenário que a capital de O comando provincial dos Bombeiros e Protecção Angola, um país que vem registando bons índices Civil na província registou quatro invasões de de desenvolvimento, apresenta no tempo das abelhas no município do Cazengo, dois acidentes chuvas. O Executivo devia ter pressa de melhorar de viação, com duas vítimas mortais, no Morro do as condições de vida dos cidadãos, aplicando uma Mbinda e na rua Direita de Ndalatando, com espécie de «Plano Marshal.» quatro feridos. Estaríamos a dizer uma mentira grosseira se afirmássemos que o Governo nada fez, mas, e se 11.3 Chuva destrói moradias tivesse pressa, em dez anos de paz, muito mais Jornal de Angola poderia ter sido feito. Mas enquanto as condições 12 De Novembro de 2013 precárias de Luanda perdurarem, vamos continuar a pedir a São Pedro que tenha piedade de nós e Pelo menos 30 casas da aldeia de Essanjo, não mande aquelas chuvas torrenciais que causam município de Casongue, foram destruídas pela mortes e 'tudo levam. chuva que se abateu sexta-feira sobre a província do 11.2 Chuvas desalojam famílias Kwanza-Sul. Jornal de Angola Acompanhada de ventos e granizo, a chuva, que 08 De Novembro de 2013 durou cerca de duas horas, deixou ao relento muitas famílias, tendo ainda causado ferimentos As chuvas que se abateram nos últimos dias na graves a um dos sinistrados. As autoridades do província do Kwanza-Norte fizeram com que município de Cassongue já começaram a fazer o mais de 70 famílias fossem desalojadas nos bairros levantamento dos prejuízos causados pela chuva. São Filipe e Sassa, da cidade de Ndalatando. Neste momento, os técnicos da administração do município estão a fazer esforços para encontrar O porta-voz do comando provincial dos Serviços ajuda para os sinistrados, pois a administração só de Bombeiros e Protecção Civil, André da Costa dificilmente pode acudir às vítimas do mau tempo. Damião, disse que cinco casas ficaram sem tecto e outras, em número por determinar, foram Além das casas, a chuva destruiu as culturas da completamente danificadas. localidade, comprometendo, assim, as colheitas previstas. As chuvas provocaram ainda inundações de residências nos bairros do Tala-Hadi, Sambizanga, Primeiro de Agosto, Kilamba Kiaxi e Catomé de 11.4 Executivo toma medidas contra Cima e deixaram cerca de 700 pessoas sem os seus estiagem na região haveres. Jornal de Angola A direcção do Ministério da Reinserção Social 17 De Novembro de 2013 ofereceu bens alimentares, chapas de zinco, o ministro da Administração do Território utensílios de cozinha, colchões e tendas. Durante a garantiu, no Namibe, que o Executivo, está a Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 136 acompanhar os efeitos da seca e vai aumentar o Localizada a 27 quilómetros da sede municipal, a apoio às comunidades. aldeia de Kavelocamue está a dar passos no desenvolvimento da agricultura familiar. Com o Bornito de Sousa falou à imprensa no regresso da apoio do Governo Provincial, foram preparados povoação de Kavelocamue, município do Virei, 36 hectares, onde estão a ser produzidos tomate e uma das mais afectadas pela estiagem, E prometeu milho, numa experiência piloto que visa a criação levar as preocupações à apreciação do Chefe do de lavras familiares. Nos municípios da Bibala Executivo, mas garantiu, para já, mais eCamucuio, Bornito de Sousa constatou que a motobombas, mangueiras e camiões cisternas para situação é igual à do Virei, apesar de haver registo abastecimento e distribuição de água às de chuva fraca. populações. O ministro da Administração do Território Bornito de Sousa é membro da comissão sugeriu o cultivo da mandioca nestas regiões, a interministerial criada pelo Presidente da exemplo do município do Cubal, em Benguela, e República para avaliar o impacto da seca nas nalgumas zonas da província do Cunene, por ser regiões assoladas e tomar medidas para acudir às uma planta que consegue desenvolver-se sem comunidades. grandes quantidades de água. O trabalho do ministro da Administração do Território na O soba de Kavelocamue, Bakunhako Mutxinga, província do Namibe terminou ontem com visitas informou que a população está a consumir água às comunas da Lucira e do Bentiaba. Segundo não tratada, o que tem causado doenças, dados da Comissão de Protecção Civil, a ausência sobretudo às crianças. considerável de chuvas desde 20 11 está a afectar, Consequências da: seca na província do Namibe, 160.016 pessoas e 998. 197cabeças de gado bovino, caprino, suíno e A administradora do Virei considerou crítica a ovino. situação da seca, no município. Criadores de gado movimentam-se de um lado para outro à procura O ministro da Administração do Território, de pasto. Juliana Fonseca afirmou que muito gado Bornito de Sousa, orientou as autoridades morreu em consequência da seca e que a provinciais a criarem unidades especiais de transumância está a afectar o nível de escolaridade nutrição em todos os hospitais, com a missão de das crianças, que deambulam com os pais à educarem a população sobre a melhoria da procura de pastos e água. qualidade alimentar e da água.

"Em cada um dos quatro caldeamentos construí A avaliação realizada sobre o impacto da seca dos no ano passado, disse a administradora, foram revelam que todos os municípios foram afectados inscritas entre 200 e 300 crianças no presente ano pela insuficiência de chuvas, que provocou bolsas lectivo, mas estão a chegar ao fim apenas 30 a 40 de insegurança alimentar, como resultado das alunos", disse a administradora, que aponta como fracas colheitas e uma gritante falta de água para o solução a abertura de novos furos e reabilitação de consumo da população e dos animais. outros para apoiar as aldeias do município. O relatório refere também que foram distribuídos A administradora revelou que está em curso o diversos bens de primeira necessidade para mapa das localidades a serem contempladas com socorrer a população vulnerável. As áreas novos sistemas de abastecimento de água. O afectadas são abastecidas com camiões cisterna. A projecto engloba tanques de água elevados, população recebeu tractores, motobombas, bebedouros para o gado e lavandarias. Nas reservatórios de água, várias toneladas de milho, localidades onde a população animal se justifica, feijão, arroz e sal, caixas de óleo vegetal e de além dessas componentes, vão ser incluídos uma conservas de sardinha, e milhares de cobertores. manga de vacinação e um tanque banheiro. A O governador do Namibe, Rui Falcão, sublinhou administradora municipal do Virei, Juliana o espírito de sacrifício da população, sem o qual, Fonseca, relatou os esforços que as autoridades disse, "haveria na província um grande número de locais estão a desenvolver para combater a fome e mortes. "Temos de mudar a filosofia, deixar de ser a pobreza. assistencialistas para resolvermos, de forma Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 137 estruturante, este problema, com maiores itinerante da agricultura e caça furtiva, há garimpo investimentos que, na nossa óptica, não podem ser em áreas florestais, no caso a extracção de feitos no quadro do OGE tal como é concebido, madeira, feito por cidadãos nacionais e mas através de um programa especial de produção estrangeiros, sobretudo na zona norte, como de água", disse. Cabinda.

Devastação controlada 11.5 Extensas áreas florestais são devastadas Mateus André disse acreditar que, com a elaboração do primeiro Inventário Florestal Jornal de Angola Nacional, a taxa de devastação vai ser melhor 19 De Novembro de 2013 controlada, além de ser dado ênfase ao repovoamento. "Existe um grande programa de O chefe do Departamento Florestal do Instituto repovoamento a nível do país, já aprovado pelo de Desenvolvimento Florestal (IDF), Mateus Executivo e que prevê a plantação de árvores' em André, revelou, em Luanda, que 160 mil hectares 50 milhões de hectares em cinco anos", explicou de floresta são devastados anualmente em Angola, Mateus André. um fenómeno decorrente das queimadas, da agricultura itinerante, da caça furtiva, do abate de O programa vai também privilegiar a fiscalização; áreas para a produção de carvão e do garimpo de edução e sensibilização das comunidades, para madeira, uma gestão sustentável das florestas.

A revelação foi feita à agência de notícias Angop Para a gestão florestal, o Ministério da Agricultura pelo alto funcionário do Ministério da e Desenvolvimento Rural tem formado fiscais Agricultura, florestais, cujo número está ainda muito aquém que disse não ser preocupante a situação, pelo das necessidades, razão pela qual tem havido o facto de a taxa de desflorestação no país, em apoio da Polícia de Guarda Fronteira e das Forças comparação com a de outros países, estar ainda a Armadas Angolanas (FAA), na realização de um nível aceitável. operações contra os garimpeiros de madeira.

"Mas não vamos cruzar os braços em função desta realidade", salientou o engenheiro florestal, 11.6 Chuva cria transtornos a acrescentando que estão a ser desenvolvidas acções habitantes do Huambo destinadas a controlar a taxa de desflorestação Jornal Angolense existente com a reposição de árvores. 23 De Novembro de 2013 O especialista, que falava à Angop a propósito do primeiro Inventário Florestal Nacional, informou A grande quantidade de água provocada pelas que as queimadas "anárquicas" são a maior causa intensas chuvas que se abatem sobre a província de devastação das áreas florestais em Angola. está a criar transtornos aos habitantes da cidade do Huambo, com a deterioração da rede de es- gotos, : As queimadas, acrescentou, 'ocorrem, com maior reabertura das fossas sépticas e valas de drenagem. frequência nas savanas, enquanto na floresta tropical, como o Maiombe, em Cabinda, tem O administrador adjunto do município do havido urna "exploração direccionada", o que tem Huambo, João Figueiredo, disse na quarta-feira permitido o controlo da devastação. que as autoridades locais estão a fazer os possíveis para minimizar os estragos provocados pelas O inventário florestal é desenvolvido também chuvas, com intervenções pontuais nas zonas mais com recurso à captação de imagens por satélite, críticas. As obras já começaram e, nesta altura, uma tecnologia que é utilizada na sequência da estão a ser reabilitadas as zonas danificadas nos parceria da Organização das Nações Unidas para a largos do Katoto e Wasandjuka, enquanto se Alimentação e Agricultura (FAO). identificam outras situações nas diversas zonas da cidade. Os dados recolhidos por satélite, de acordo com o engenheiro, demonstram que, além da prática Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 138

A Rua 5 de Outubro, avenida principal da cidade, A delegação multissectorial foi integrada pelos é uma das mais afetadas, nas imediações do prédio ministros da Administração do Território, da FAPA. A administração, em parceria com Bornito de Sousa, da Saúde, José Van-Dúnem. algumas empresas privadas, pretende, nos Assistência e Reinserção Social, João Baptista próximos dias, reabilitar as ruas secundárias e de Kussumua, da Comunicação Social, José Luís de acesso aos principais mercados e locais de maior Matos, da Agricultura e Desenvolvimento Rural, concentração populacional. João Figueiredo Afonso Pedro Canga, e da Energia e Aguas, João reafirmou que existem meios humanos e técnicos Baptista Borges. Job Graça afirmou que 650 mil para a intervenção nos locais identificados e pessoas afetadas pela seca são assistidas, desde noutros ainda por identificar. Em algumas zonas Maio, com bens alimentares e não alimentares de já foi feito o levantamento necessário para a primeira necessidade e medicamentos, no âmbito prossecução das obras. de um plano de contingência liderado pelo Presidente da República. Orçado em 38 mil Além do desabamento de diversas casas, roturas milhões de kwanzas, o plano inclui a assistência das valas de drenagem, inundações nas redes de com água potável para consumo humano e esgotos e a dispersão de resíduos sólidos e areia animal, através de cisternas e reabilitação ou nos esgotos e nas fossas sépticas dos edifícios, as construção de furos artesianos. chuvas estão também a causar estragos nas ruas da cidade do Huambo e arredores. Até 31 de Outubro, do orçamento global foram gastos 10,9 mil milhões de kwanzas, Munícipes abordados pelo Jornal de Angola correspondendo a 30 por cento do total, o que afirmaram que nesta época aumenta também a permitiu distribuir 7.643 toneladas de alimentos, insegurança de muitas pessoas que vivem nas meios de transporte, equipamentos para provisão zonas consideradas de risco. Catarina Nhamele, de água, instrumentos agrícolas e medicamentos. moradora do bairro de Aviação, sublinhou que A execução do plano está a ser feita de forma em algumas avenidas da cidade o tapete asfáltico faseada, em função das características das está a ser arrastado pelas águas das chuvas e as operações logísticas de transporte, armazenamento fossas sépticas dos edifícios e residências estão a e distribuição de bens. desabar e a provocar incómodo aos moradores, devido ao mau cheiro. O ministro considerou positivo o apoio prestado até ao momento à população afectada pela seca nas províncias do Kwanza-Sul, Benguela, Huíla, 11.7 Sistema de alerta rápido reduz Namibe, Cunene e Cuando-Cubango, e elogiou a desastres solidariedade da sociedade civil nacional e Jornal de Angola internacional por se aliar aos esforços do 26 De Novembro de 2013 Executivo para acudir o problema que afecta os cidadãos. Em declarações prestadas durante uma conferência O ministro do Planeamento e Desenvolvimento de imprensa, Lubango, na qualidade de Territorial, Job Graça, entregou à população de coordenador da Comissão Multissectorial para a Muvialola (município da Chibia) e Cahila Assistência às Populações Afetadas pela Seca, o (Gambos), na província da Huíla, dois sistemas de ministro do Planeamento e Desenvolvimento captação, tratamento e distribuição de água Territorial, Job Graça, garantiu que as medidas potável, para mitigar a seca, numa das regiões mais constam no Plano Nacional de Desenvolvimento afectadas. Job Graça esteve durante dois dias na para 201312017, e já estão em curso. Huíla à frente de uma delegação da Comissão O ministro reuniu, no Lubango, os governadores Multissectorial para Assistência às Populações provinciais da Huíla, Namibe, Cunene, Kuando- Afectadas pela Estiagem e aval iou a situação no Kubango, Benguela e Kwanza- Sul, e terreno onde pessoas e gado foram afectados pela administradores municipais, para traçar seca. "estratégias para que, no futuro, o Plano de Os sistemas, erguidos no quadro do plano de Contingência seja executado com mais eficácia e contingência para as- sistência às pessoas afectadas, efetividade". custaram dez milhões de kwanzas cada e têm Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 139 capacidade para 600 mil litros por hora. Os locais. Energia e Aguas da Huíla, afirmou que os mesmos possuem placas de energia solar, tanques novos sis- temas de abastecimento de água vão para as senhoras cuidarem da higiene corporal e minimizar o sofrimento da população que antes do vestuário. A mais de 200 metros das duas áreas tinha de percorrer longas distâncias. Um grupo foi de captação, estão bebedouros para gado bovino e constituído por membros da comunidade para as- caprino. Job Graça afirmou que a visita ao segurar a preservação do equipamento, controlo município dos Gambos teve como objetivo, do abastecimento, comunicar às entidades em caso fundamentalmente, en- contrar um conjunto de de avaria e cuidar da componente higiénica dos soluções para mitigar os efeitos da estiagem e locais. melhorar a coordenação provincial para que a aplicação do plano de contingência seja o mais eficaz possível. "A entrega às comunidades de dois 11.8 Mitigação da seca no Sul sistemas de captação, tratamento e distribuição de depende de eficiência e eficácia água potável demonstra que as soluções começam na implementação de plano de mencionar ", disse o ministro. esclareceu que o contingência plano de contingência tem uma componente estrutural com a finalidade de mitiar, de modo Jornal O País substancial e sustentável, os efeitos da estiagem. A 29 De Novembro de 2013 delegação ministerial entregou também suplementos nutritivos no posto de saúde da O executivo angolano promete canalizar aju- comuna do Rio D' Areia e da Chibemba. Obras as às vítimas da seca e das inundações no Sul nas chimpacas A delegação multissectorial de Angola, até Junho de 2014, no âmbito do plano percorreu os 150 quilómetros do Lubango aos de contingência aprovado em Maio do corrente Gambos sob chuva in- tensa, razão para a ano, assegurou, no Lubango, o coordenador da população ter Ironizado que "os visitantes Comissão Ministerial de Assistência às Populações trouxeram a chuva". No local, Job Graça recebeu Vítimas dos Fenómenos Naturais, Job Graça. explicações sobre as obras do desassoreamento de O também ministro do Planeamento e do uma das maiores chimpacas situada entre Cahama Desenvolvimento Ter- ritorial, que falava no (Cunene) e Gambos (Huíla), local onde se término de uma reunião de balanço antecedida de concentram mais (le dez mil cabeças de gado uma jornada de campo que levou a Delegação bovino provenientes das províncias do Namibe, Ministerial à região fronteiriça do Cunene com a Huíla e Cunene nas épocas de estiagens amíbia e ao município dos Gambos na Huíla, uma prolongadas. O diretor provincial da Agricultura das zonas mais afectadas pela seca, anunciou que, e Desenvolvimento Rural, Lutero Campos, para acudir o quadro de emergência criado pela informou que a Meca- agro realiza a limpeza e seca nas.províncias do Cunene, Huila, Narnibe, restauração do reservatório a céu aberto e a Cuando-Cubango, Namibe e Kwanza-Sul o empresa Procal está a abrir um furo de captação Executivo aprovou um orçamento avaliado em 38 para cobrir a carência de água quando há falta de mil milhões de Kwanzas. Deste valor, segundo o chuva. Lutero Campos disse que os 20 sistemas de governante, foram gastos até 31 de Outubro, 10 captação, tratamento e distribuição de água biliões 915 milhões e 460 mil Kwanzas potável insta- lados no âmbito do plano de correspondentes a 29 por cento do valor global. contingência permitiram ofornecimento de água apropriada para o consumo a oito mil pessoas e a O dinheiro serviu para apoiar as vítimas da seca 84 mil cabeças de gado bovino que sofrem efeitos com 7 mil 643 toneladas de bens alimentares e da estiagem. Abel da Costa diretor de Energia e não-ali- Aguas da Huíla, afirmou que os novos sis- temas mentares de primeira necessidade, meios de de abastecimento de água vão minimizar o transporte, equipamentos para aprovisionamento sofrimento da população que antes tinha de de água, inputs agrícolas, medicamentos humanos percorrer longas distâncias. Um grupo foi e veterinários. constituído por membros da comunidade para as- segurar a preservação do equipamento, controlo Apesar de reconhecer a existência de um longo do abastecimento, comunicar às entidades em caso trabalho pela frente, sobretudo, no que se refere de avaria e cuidar da componente higiénica dos ao melhoramento da eficiência e eficácia na Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 140 assistência, Job Graça conside rou positivo o recursos como madeira, servindo-se da área apoio às vítimas até transfronteiriça para desenvolverem o comércio aqui prestados e agradeceu, de igual modo, à ilegal", acrescentou. mobilização da sociedade civil que se juntou aos esforços do Executivo em acudir as populações Quimbanda Pierre é um dos cidadãos da carenciadas. O plano de contingência abrange 650 RDCongo envolvido na exploração ilegal de mil pessoas. madeira na densa floresta de Maiombe.

A Delegação Ministerial integrou, igualmente, o Ele e mais quatro amigos são reincidentes, porque ministro da Adminis- tração do Território, já foram detidos três vezes por essa prática. Bornito de Sousa; da Saúde, José Van-Dúnen: da ''Estou consciente de que sou culpado", Assistência e Reinserção Social, João Baptista reconheceu Pierre, quando foi detido pelas F AA Kussumua; da Agricultu- ra' Afonso Pedro Kanga; na região de Belize. da Energia e Águas, João Baptista Borges e da Comunicação Social, José Luís de Matos, Um sargento das FAA, António Macaia Zangui, incluindo os governadores provinciais de contou ao a Factual que, em 2012, foram detidos Benguela, Isaac dos Anjos, do Cuando-Cubango, muitos estrangeiros a explorarem ilegalmente Higino Carneiro, do Cunene, António Didalelwa madeira nas matas do Maiombe. e os vice-governadores do Namibe e Kwanza-Sul. "Do grupo que havíamos apreendido destacam-se três malaios, nomeadamente, Ting Seng Chuan, de 11.9 Exploradores ilegais dos dois 43 anos; Yong Kyng Syew, de 47 anos, e Betory Congos roubam madeira da Drat Banyery, de 34 anos, além de 11 cidadãos do província Congo-Brazzaville que, segundo as F AA, Semanário Factual "exploravam madeira ilegalmente" ao longo do rio Engonça", recordou. De 02 a 09 de Novembro de 2013 Catorze indivíduos estavam ao serviço da empresa Na província de Cabinda, são vários os casos de "Nova Trabek" exploração e transporte ilegal da madeira que têm forte ligações com indivíduos do Congo- Adiantou ainda que os 14 indivíduos estavam ao Brazzaville e da RDCongo. serviço da empresa "Nova Trabek", propriedade de um cidadão congolês conhecido por Domenico As comunidades estão quase, todos os dias, a Giostra. denunciar o transporte de madeira ilegal, tanto no período diurno como no nocturno por Com eles foram ainda recuperados equipamentos exploradores ilegais. de exploração florestal, incluindo máquinas pesadas do tipo Skider Bulldozer, tractores ''Temos que reverter a situação e apostarmos na Caterpillar e um aparelho de comunicações que exploração por rendimento sustentável do país", lhes permitia contactar a sua direcção sediada afirmou uma fonte do Governo provincial de algures em território do Congo-Brazzaville. Cabinda, alarmado com a situação. A situação é preocupante no Maiombe, referiu Segundo a fonte, a exploração ilegal dos recursos João Zambo, um fiscal no município de Buco- florestais está cada vez mais com o cerco apertado, Zau, tendo adiantado que medidas vão ser com o comprometimento das autoridades dos dois tomadas para travar a exploração ilegal de madeira Congos na potenciação da gestão, fiscalização e na floresta do Maiombe, por cidadãos congoleses. comercialização a partir de uma maior colaboração transfronteiriça. ''A nossa riqueza é roubada por estrangeiros e espero que entidades competentes tomem medidas "Como se sabe, a exploração ilegal de recursos urgentes", acrescentou o fiscal que diz ter florestais e de fauna, bem como outros, é um "enormes dificuldades para controlar as densas problema que aflige os dois países, pois, vezes sem matas". conta, indivíduos ilegais têm vindo a delapidar Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 141

Controlo da floresta do Maiombe carece de mais herdadas da era colonial foram dadas a destinos fiscais impróprios, além a de que há necessidade de se construir outras novas em áreas onde nunca Fiscais contactados pelo Factual fizeram saber existiram. que é constante o derrube de árvores, mas medidas não são tomadas. Sublinham que, com esse propósito, se pretende garantir a cobertura integral da província, tendo ''A floresta é grande, os ladrões, em certas em atenção a apetência dos infractores vindos de ocasiões, ficam armados e nós somos poucos", dentro e fora do país. indicou um jovem que tem a fiscalização como o seu primeiro emprego. O sector precisa de muitas viaturas todo-o- terreno, de motorizadas, de sistemas de Um explorador de madeira, José Sungo, também telecomunicações e os já referenciados mil e 800 se manifestou preocupado com o número fiscais, a par da revisão da sua escala salarial. reduzido de fiscais para fazer face às constantes violações do território. Desrespeito a exploração de madeira

"Eles derrubam madeira de alta qualidade, tendo Centenas de madeireiros no enclave de Cabinda em vista o seu rendimento no mercado não têm respeitado as regras no que diz respeito à internacional", explicou José Sungo, exploração de madeira. acrescentando que "se o número de fiscais não for reforçado, as explorações ilegais vão continuar". Por isso, as autoridades competentes têm manifestado aos madeireiros locais a respeito pelas As autoridades de Cabinda ligadas à fiscalização regras de gestão e exploração de florestas, com defendem que "para manter um controlo mais vista a se evitar o corte ilegal de árvores. eficaz na fiscalização da floresta da região é necessário um número aproximado de pelo menos Exigem que os exploradores de madeira devem mil e 800 fiscais florestais". evitar a devastação, no sentido de se preservar o ambiente. Consideraram que os mil e 800 fiscais correspondem à necessidade da cobertura integral As potencialidades florestais de Cabinda dos sete mil e 270 quilómetros quadrados da As potencialidades florestais da província de superfície da província, consoante as regras Cabinda abrangem uma área de 250 mil hectares, internacionais de um fiscal, para dois a quatro dos quais 175 mil hectares correspondem à densa quilómetros quadrados. floresta do Maiombe. Para tal, apontam que "esse contingente de mil e A sua densidade média varia entre os 40 e 50 mil 800 fiscais serviria não só para o Instituo de metros cúbicos, com uma reserva de, pelo menos, Desenvolvimento Florestal, mas também para 20 milhões de madeira em pé. outros sectores, como da defesa e protecção do ambiente, de parques e reservas naturais, de modo Quem viaja no sentido Sul-Norte da província de a se fazer face a fenómenos como o garimpo ou a Cabinda vislumbra, logo à primeira vista, que a exploração ilegal de madeira, de mineiros e de maior parte da região é ocupada por florestas de inertes, incluindo a caça furtivas". clima equatorial pluvioso e húmido (floresta densa húmida), com diversas manchas que partem das Embora haja dificuldades com a fiscalização, as regiões do Tando-Zinze, de Cacongo e de , autoridades acreditam em melhorias, com os até à zona Norte do município de Belize. finalistas dos cursos de formação de fiscais para os parques e reservas naturais, que contam com a Significa dizer que Cabinda é uma zona de Nagola participação de ex-militares. com grandes potencialidades florestais por excelência. Nas regiões do Norte e do Leste, Avançam ainda que o sector se depara com a encontram-se densas florestas tropicais, sendo a carência de meios, como viaturas todo-o-terreno, floresta do Maiombe uma das mais vastas do para a locomoção dos fiscais, e infra-estruturas, tendo sustentado que algumas das infra-estruturas Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 142

Mundo e uma das mais ricas do continente No município do Cazenga várias casas ficaram africano. inundadas depois das quedas fluviométricas que se abateram sobre a capital na noite de terça-feira, 29. Maiombe, que comporta vários andares Este facto demonstra as debilidades quanto à rede dominados por árvores dispersas e de elevada de esgotos, porque as existentes não funcionam na estatura, resguarda um espantoso número de sua plenitude. espécies de excelentes madeiras, entre as quais se destacam o Numbi, Takula, Banzala, Wamba, Actualmente, é visível a preocupação de muitos Vuku, Limba, Kungulo, Pau-Rosa, Tolas Brancas cidadãos, tendo em conta o cenário que já se faz e Chinfuta, Lifuma, Kali, Kâmbala, Ndola, sentir em consequência da última chuva, em que o Livuite e Pau-Preto, além de guardar ciosamente panorama se resume em ruas e avenidas alagadas, milhares de espécies de animais. residências, escolas e centros médicos inundados, bem como constantes cortes no fornecimento de Actualmente, a exploração da madeira em energia eléctrica. Cabinda não chega a 20 mil metros cúbicos por ano, um valor bastante insignificante, atendendo Devido a estes constrangimentos, alguns citadinos às potencialidades florestais da província, que vivem em zonas de enchentes estão já a deixar significando que a floresta de Cabinda não foi as suas casas. Mas a grande preocupação reside na devastada e está em condições de dar ao mercado não conclusão, ainda, das obras de revitalização local e não só a quantidade de madeira necessária. das vias primárias, secundárias e terciárias.

Neste momento, a actividade de exploração Por esta situação, muitos munícipes a nível da florestal na província concentra-se nos municípios periferia de Luanda resolveram pôr entulho em de Buco-Zau e de Belize. algumas ruas, onde os trabalhos não concluídos oferecem certos riscos às pessoas, caso, nos 11.10 Primeiras consequências iá se últimos dias, a capital do país possa registar alguma chuva. fazem sentir Semanário Factual Taxistas aborrecidos por falta de condições das vias A chuva que se abateu na terça-feira 29, De 02 a 09 de Novembro de 2013 causou ainda o aborrecimento dos taxistas devido às condições desagradáveis em que se encontram as C asas inundadas, vias intransitáveis, longas filas vias. no trânsito, água e lama, foram estas as consequências da chuva que se abateu sobre Adão Paulo, taxista há cinco anos, falou ao Luanda, na noite de terça-feira, 29 de Outubro. Factual que "nós pagamos taxa de circulação e é aborrecido, quando saímos para trabalhar, não Numa ronda efectuada pelo Factual, foi possível termos condições. As estradas estão totalmente constatar, a nível de alguns bairros do município esburacadas e inundadas de água, como querem do Cazenga e do distrito do Rangel, várias ruas que baixemos os preços da corrida", questionou o inundadas, bem como algumas obras paralisadas taxista. em consequência da chuva. Para os utilizadores das vias, é necessário que as Segundo munícipes, os transtornos poderão autoridades procurem maneiras de minimizar os agudizar-se, visto que o período chuvoso apenas problemas que poderão advir. está no princípio, e as condições dos bairros não inspiram confiança. De recordar que mais de trezentos milhões de dólares foram injectados para o reatamento do Em vários pontos dos bairros foi possível avistar Programa de Reabilitação das Vias Secundarias e ruas e avenidas que não oferecem nenhumas Terciárias. Este valor servirá para a requalificação condições de tráfego, onde a água parada, o de cerca de 300 quilómetros de vias da província lamaçal e os buracos fazem o deplorável panorama da Luanda. que contribui para o aumento dos níveis de diversas enfermidades. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 143

11.11 Vandalismo leva à destruição de Já os separadores rodoviários sofrem embates de bens públicos automóveis, através de despistes e colisões com outras viaturas, enquanto as paragens montadas Semanário Factual para transportes públicos foram vandalizadas para De 09 a 16 de Novembro de 2013 a construção de Roullotes.

Os bens públicos construídos e implantados ao Taxistas ouvidos pelos Factual consideram a longo da rua Ngola Kiluanje (Refinaria), como ausência de sensibilização à população como uma paragens públicas, árvores, separadores das maiores razões para o acto de vandalismo, e rodoviários e sinalização de trânsito, estão a ser sugerem a instalação de passagens aéreas e de destruídos por cidadãos desconhecidos, pelo facto separadores rodoviários fixos, ao invés dos destes se sentirem insatisfeitos com suas famílias, móveis. com as escolas e locais de trabalho. Eduardo Figueiredo, ambientalista, fez saber que a O acto de vandalismo perpetrado por jovens, com destruição das árvores e de passeios retira as idades entre 18 e 24 anos, está a causar a destruição prioridades para a existência do bem-estar da de bens públicos, por falta de fiscalização. população, pois as árvores plantadas garantem a sustentabilidade ambiental, considerada como Segundo a constatação do Factual, as árvores uma das metas para o desenvolvimento do plantadas ao longo da via, nas imediações da Milénio. empresa petrolífera, Refinaria de Angola, são arrancadas e cortadas de forma indiscriminada O ambientalista sublinhou a importância da durante as noites, enquanto outras árvores são juventude ajudar a reverter a perda de recursos roubadas para destinos desconhecidos. ambientais até 2015, pelo facto destes recursos influenciarem muito o bem-estar de toda a Moradores nos bairros da Sical e da Refinaria sociedade, assim como na integração dos contaram ao Factual que estes actos têm sido princípios da sustentabilidade nas políticas praticados durante as noites por jovens que nacionais, o acesso à água potável, o esgotamento assistem a eventos culturais nas casas nocturnas sanitário e a melhoria dos assentamentos localizadas na rua Ngola Kilwanje, e sempre o precários. fazem quando estão embriagados O ambientalista Eduardo Figueiredo concluiu que Moradores acrescentaram que os jovens o vandalismo tem sido motivado por consumo insatisfeitos usam as árvores plantadas ao longo da exagerado de álcool, por desemprego juvenil, falta via como objectos de defesa durante uma luta e, de instrução e educação, e ausência de esquadras nestes casos, muitos acabam por levar tais árvores móveis em locais de maior concentração para casa, sem que as autoridades os possam populacional. impedir.

Os passeios, separadores rodoviários e paragens de táxis encontram-se parcialmente danificados, situação que preocupa a administração dos municípios do Cazenga e do Sambizanga, pois altera o panorama das áreas, e os custos chegam a pesar nos bolsos das administrações municipais.

Administrações pedem maior responsabilidade à Juventude.

O Factual constatou que, de igual modo, os passeios estão a ser destruídos por automobilistas e por proprietários de recauchutagem, pois fazem desse local um miro para bate-chapa Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 144

"A dimensão ambiental é trabalhada através do 12. DEZEMBRO apoio às populações desfavorecidas, na reabilitação dos seus sistemas de produção, no acesso ao 12.1 Huambo com elevado nível de crédito, organização comunitária, exercício da despovoamento florestal cidadania e alcance da sua autonomia, para que se tomem actores do processo de desenvolvimento Jornal de Angola das suas 10-calidades, protegendo o ecossistema e a 06 De Dezembro de 2013 preservação do ambiente", salientou a responsável,

A província do Huambo apresenta um elevado Maria Natália agradeceu à Petrobras, que nível de devastação florestal, revelou ontem a financiou o referido projeto, e pediu às populações representante local da Organização Não- de Cambongue e Calue para redobrarem esforços Governamental Acção para o Desenvolvimento na preservação do pedaço de floresta que foi Rural e Ambiente (ADRA). instalada, para que sirvam de exemplo a outras comunidades. Participaram na palestra Maria Natália disse, durante a apresentação da representantes das administrações municipais do segunda fase dos resultados do projeto de apoio ao Huambo e Caála, Associações de Camponeses, repovoamento florestal e comunitário, que ele Instituto de Desenvolvimento Florestal, Estação beneficiou diretamente 568 famílias e de Desenvolvimento Agrário da Caála, indiretamente 3.290, e foi desenvolvido no representantes do Centro Ecológico Tropical e de município da Caála, nas aldeias de Calue e Alterações Climáticas, Ecovisão, UNACA, DWe Cambongue, uma região caracterizada por um estudantes da Faculdade de Ciências Agrárias. elevado grau de degradação dos solos, baixa fertilidade e quase ausência de mata natural. 12.2 Seca e programas improvisados Com este projeto, a ADRA pretende ajudar, com maltrataram os angolanos o esforço de parceiros, na tarefa de recuperação Semanário Factual das áreas completamente devastadas, introduzindo um modelo de produção com o qual a agricultura De 07 a 14 de Dezembro de 2013 e a floresta podem coabitar, produzindo benefícios A Posição foi manifestada pelo Director para o homem. Os resultados apresentados Executivo da ONG nacional, "Rede Terra", constituem apenas uma pequena parte do Bernardo Castro, na hora do balanço da situação trabalho, referiu Maria Natália, que considera ser social dos angolanos no exercício 2013 e as urgente a recuperação florestal, o que passa,' perspectivas para o porvir. também, pela educação das futuras gerações sobre a preservação ambiental, Com tristeza, a fonte considerou que o fenómeno castiga, com maiores incidências, cinco ou seis "As árvores e as florestas são, para o ambiente, províncias e, lamentavelmente, os órgãos do uma fonte de pro- dutos e serviços de carácter Estado despertaram tardiamente, em boa verdade, social económico de extrema importância. Servem forçados pela penúria. para a manutenção da biodiversidade, captação e absorção do carbono, atenuação dos efeitos de Importa referir que, nestas alturas, respeitando a estufa, conservação das águas no solo, criação de pluralidade de opiniões, o Factual privilegia ouvir emprego e lazer, assim como para melhorar o quem trabalha com as comunidades, até porque, sistema de produção agrícola e as condições da segundo a máxima, "quem mora à beira do rio é vida humana", disse. quem sabe se os bagres comem milho.

Depois de condenar o abate indiscriminado de Então, para a fonte, é importante referir que os árvores, queima- das e práticas agrícolas eventos climáticos extremos na região sul de incorretas, considerou que elas têm contribuído Angola não são recentes, mas, ainda assim, o para a degradação das zonas verdes, razão pela Estado não actuou com base no princípio da qual a ADRA defende, na sua missão, a criação de prevenção. um modelo de desenvolvimento democrático sustentável e ambientalmente justo. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 145

"A estratégia de apoio tomada não foi do Estado, o que impõe disfunções e assimetrias participativa nem integrada, pelo que muitos regionais no país, com todas as implicações daí produtos têm sido desviados, enquanto, noutros resultantes", opinou. casos, são subtraídos para servirem de pagamento aos serviços de carga e descarga, transportação e Segundo afirmou acreditar, no interior do país, a armazenagem, por falta de cobertura financeira falta de proximidade dos serviços públicos às para as despesas complementares", criticou. populações é gritante e, hoje, é mais uma questão de má distribuição da riqueza do que da guerra As quantidades planificadas de apoios às que o país conheceu. comunidades nunca foram as mesmas que chegaram aos destinatários ''Milhares de cidadãos são obrigados a percorrer enormes distâncias e, vejam, 70 quilómetros ou Para o director executivo da associação da mais para ter acesso a uma Cédula Pessoal. A sociedade civil angolana, em resultado destes e pobreza e o desemprego no interior do país são outros constrangimentos, as quantidades muito expressivos. Há que convir que a pobreza, planificadas de apoios às comunidades nunca hoje, não é, apenas, uma questão de ter ou não ter foram as mesmas que chegaram aos destinatários. rendimentos, mas do acesso a estruturas de oportunidades e recursos", defendeu. De acordo com Bernardo Castro, os apoios têm sido canalizados. O Executivo faz um enorme Bernardo Castro reconhece os esforços que o esforço nesse sentido, mas a prevenção seria mais Executivo tem estado a empreender mas, ainda providencial e menos onerosa e objectiva, por isso assim, julga que as comunidades deviam ser mais reclamações não têm faltado por parte das ouvidas, para que se não lhe sejam impostos comunidades. programas ou objectivos que, se calhar, estão desajustados às suas reais necessidades. Para o activista social, mestrando em adaptação às alterações climáticas, as projecções sobre a seca no Por outro lado, se calhar, puxando a brasa à sua conjunto dos cinco continentes têm maior sardinha, como diz o provérbio, Bernardo Castro expressão em África, o que desencadeará revelou que outro factor de balanço se prende, migrações forçadas e lutas pelos espaços e "como é óbvio, com o seu objecto de trabalho: o recursos. direito à terra. Trata-se de um direito com dignidade constitucional e faz 22 anos desde a "O Estado angolano tem de aceitar o risco existência da primeira lei, 21-C/91, que confere ao ambiental, como instrumento processual e de cidadão o direito à terra e, dez anos desde que decisão na produção e implementação de políticas foram consagrados os cinco direitos fundiários, públicas, sob pena de condenar o desenvolvimento actualmente, vigentes". a um desastre que multiplicará mais custos com os danos. "Do ponto de vista formal, é um ganho, mas a O país precisa de investir em instrumentos de distância entre o formal e a prática legal é maior e monitoria dos riscos ambientais, implementar as atravessada por enormes violações", vincou. estratégias de HIOGO (estratégia ligada aos riscos decorrentes das alterações climáticas) e apostar na O activista considerou, em boa verdade, que, adaptação às alterações climáticas", alertou. quanto ao exercício do direito à terra, essencialmente, pelas comunidades cujas parcelas No interior a situação ainda é penalizante integram o domínio consuetudinário, não houve evolução. Para a fonte, outro elemento de destaque na hora do balanço tem que ver com o desenvolvimento "Ou seja, a questão terra em Angola não foi desigual do país. objecto de tratamento, tanto pelo Executivo como pela Assembleia Nacional, numa conjuntura ''Apesar de esforços tímidos, mas dignos de internacional, em que as terras africanas são reconhecimento, em matéria de investimentos, assaltadas por corporações internacionais, através sobretudo, no sector habitacional, a verdade, de contratos subterrâneos, tudo isso, limitando, porém, é que Luanda continua a capitalizar, chamando a si, a maior parte do orçamento geral Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 146 cada vez mais, as possibilidades dos mais diplomas legais previstos na actual lei 9/04, que desfavorecidos", afirmou. não foram publicados, com implicações sérias no desenvolvimento comunitário e no preço que Defende que o pronunciamento pretendido aos continua a ditar a segregação dos espaços e órgãos do Estado, para o efeito competente, tem a humana", assinalou. ver, também, com a questão da transparência na gestão do negócio da terra, numa altura em que a Bernardo Castro alertou que as zonas costeiras posição de Angola em matéria de transparência é descritas na literatura científica são frágeis, de incómoda. elevado stress ambienta! e irreconstituiveis à escala humana, sobretudo as urbanas que conhecem N o último Relatório sobre Transparência Angola pressões antrópicas que não causam, apenas, como ocupa a posição 153 intensificam os riscos e vulnerabilidades sócio- ambientais. Lembrou que, segundo o último Relatório sobre a Transparência Internacional, Angola ocupa a "Os assentamentos desordenados e em áreas de posição 153, num universo de 177 países avaliados. riscos são uma realidade. As inundações, cheias e movimentos de massa destroem e matam famílias, Só em 27 anos, as terras exploradas em África por sobretudo, em Luanda, por falta de uma política corporações internacionais, segundo alguns de gestão costeira ou sustentável. Nisso, muitas relatórios internacionais, são três vezes maiores praias foram privatizadas e o que é grave a que o território holandês, através de contratos transformações dos trechos costeiros sem estudos subterrâneos. prévios multidisciplinares, o que está a pôr em O grande problema é a exclusão das populações causa a integridade dos mangais e a riqueza das nos processos de formação e tomada de decisões zonas húmidas. Angola é dos países que não sobre essas questões que as afectam. apresentou o seu Relatório sobre as Zonas Costeiras, na Cimeira de Joanesburgo, África do Criação das reservas fundiárias não foi Sul," lamentou. participativa A terminar, reconheceu haver desenvolvimento A fonte é de opinião que, em Angola, o processo no País, mas que, infelizmente, ainda não se de constituição de reservas fundiárias não foi reflecte na vida do cidadão comum. participativo. "Entretanto, as perspectivas são promissoras", "No Waku Kungu, província do Kwanza Sul, por concluiu. exemplo, as terras comunitárias ocupadas pelo projecto ''Aldeia Nova", de um fim de interesse nacional, em sede da Reconciliação Nacional, 12.3 Corte ilegal de madeira atinge servem, agora, interesses, meramente, privados, níveis alarmantes sem que as populações participassem nos Jornal de Angola processos que conduziram o projecto à uma 09 De Dezembro de 2013 Sociedade Anónima", denunciou. O responsável do Instituto de Desenvolvimento Acredita que, nas comunidades protegidas pelo Florestal (IDF) no Kwanza-Norte, Guilherme da domínio consuetudinário, prevalecem os conflitos Costa, manifestou-se sexta-feira em Ndalatando de terras, amplamente silenciados, dando lugar à preocupado com o aumento significativo de destruição da memória colectiva das populações, pessoas envolvidas na exploração ilegal de cuja história ou referentes históricos estão madeira, provocando sérios danos ecológicos, inscritos no património natural e cultural, que é sobretudo nos municípios do norte da província. de todas as formas, subtraído das comunidades. Em declarações prestadas à imprensa em "O que, na verdade, preocupa é a forma como se Ndalatando, Guilherme da Costa alertou sobre as vai apagando a história de um povo. Portanto, está consequências provocadas pela acção dos em causa, não a terra em si, mas o património exploradores ilegais de madeira para o ambiente e natural e cultural de um povo. Existem muitos a economia da província. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 147

12.4 Vítimas da chuva recebem Os cidadãos mostraram-se consternados com a apoios situação e muitos deles acreditam que deve haver negligência por parte dos governantes da cidade de Jornal de Angola Luanda, pois, não é possível, depois de muito 11 De Dezembro de 2013 dinheiro gasto na compra daquelas palmeiras, não terem reunido as condições todas para mantê-las As famílias desabrigadas por causa das chuvas vivas. começam a receber apoios diversos nos próximos dias, a nível da província, anunciou o comandante O jovem Emerson Hugo, de 31 anos de idade, dos Serviços de Protecção Civil e Bombeiros. disse não estar admirado que o GPL tenha gasto quantias avultadas na aquisição daquelas Em declarações à Angop, José Pinto sublinhou palmeiras, aliás "em Angola acontecem coisas que o Governo Provincial, por via daquela inimagináveis e isto é mais uma prova de que estes instituição está a criar todas as condições com governantes gastam dinheiro à toa. Não se pode vista a possibilitar que a assistência em bens de embelezar uma cidade se não vamos conseguir primeira necessidade e não só aos sinistrados fazer a manutenção desta beleza", reforça. decorram sem sobressaltos. Aquele cidadão acredita que o projecto, que deu Sem adiantar as quantidades, o responsável origem à plantação daquelas palmeiras, é louvável, sublinhou que as famílias vão receber chapas de "já que Luanda ficou muito mais bonita", mas é de zinco, roupa usada, utensílios de cozinha e opinião que deviam ter comprado árvores mais alimentação diversa. económicas e, além disso, ter assegurado a manutenção das mesmas. Aquela instituição controla 1.650 casas destruídas este ano pelas chuvas, acompanhadas de fortes "Embora não entenda muito de árvores, mas acho ventos que assolaram a província, de Agosto a que deve existir algumas que custam menos. Por Novembro e que deixaram desabrigadas igual outro lado, o governo devia ter parceria com as número de famílias. empresas ambientais, os agrónomos ou os floristas, por exemplo, para cuidarem dessas As tempestades ocorreram nas municipalidades do plantas, de modo com que não desperdicem tanto Cuito, , , Chinguar, Chitembo, dinheiro enquanto os nossos irmãos, nas outras Camacupa, Kuemba e Nharêa, tendo deixado províncias, precisam de ajuda", apontou ele, como igualmente imensos prejuízos materiais no seio solução. das populações. O responsável aproveitou a ocasião para apelar à população no sentido de "São coisas do género", acrescentou o nosso evitar a construção e outras actividades em zonas interlocutor, "que também tem levado a juventude tidas de risco, de forma a prevenir-se dos danos a se manifestar" e depois "vêm dizer que somos humanos e materiais. frustrados". "Então um governo que compra coisas caras para depois deixar estragar, o povo vai

ficar só a olhar?", deixou a pergunta no ar, Emerson Hugo, funcionário público. Ninguém presta contas 12.5 'Gastaram dinheiro à toa' Quem também defende o gasto racional do erário Jornal OPaís público é o cidadão Paulo Dadinho, 3S anos, 13 De Dezembro de 2013 engenheiro de construção civil, interpelado pela nossa equipa de reportagem na Rua Comandante Face a esta situação, a equipa de reportagem de O Jika, enquanto se dirigia ao seu local de trabalho. PAÍS procurou ouvir também cidadãos desta urbe. Disse que "devia haver maior controlo do Muitos dos contactados não quiseram falar, uns dinheiro que é dado para financiar certos por não terem noção do assunto, outros porque projectos, principalmente de construção civil, por ainda temem dar a sua opinião à imprensa. existir, nesta área, mais desvios" . Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 148

Para o engenheiro, a "teoria do deixa andar" tem disse que sente-se mal vendo uma árvore tão de ser controlada, de modo geral, para se evitar valiosa a secar daquele jeito. Mostrou-se disposto a estes gastos desnecessários. "Lembro-me que este colaborar com o GPL, mas "para conseguir um projecto que inclui estas palmeiras foi da contrato de manutenção é preciso ter padrinho na governadora Francisca do Espirito Santo" , fez a cozinha" , indica. retrospecção. ''A planta precisa de água, isto é fundamental. "É óbvio", continuou, "que aquela governadora Pelo menos, estas palmeiras deviam ser regadas 3 tinha. a responsabilidade, por exemplo, de pagar a vezes por semana, pôr estrume, para que estejam empresa que iria fazer o tratamento das árvores, desenvolvidas. Vendo plantas há muito tempo mas parece que as coisas ficaram paradas depois da nesta zona e não tenho visto mais ninguém a fazer sua exoneração. E como as pessoas se isto", indicou ele, que quando foi interpelado, acostumaram a deixar as pastas sem prestar contas estava precisamente a regar as plantas que lhe têm nenhumas, somos obrigados a presenciar esta garantido o sustento. desgraça ambiental" .

Enquanto falava connosco, Paulo Dadinho 12.6 Palmeiras de 7 mil dólares mostrou -se defensor da ideia de que os secam por falta de manutenção governantes deviam ser responsabilizados pelas Jornal O País suas faltas e/ou prestar contas à população por todos os gastos feitos durante o seu mandato. "O 13 Dd Dezembro de 2013 cidadão tem de saber onde vai o dinheiro em que As palmeiras que ganharam notoriedade na ficam avaliados os projectos (todos) apresentados implementação do programa de urbanização e ao Executivo", ressaltou. crescimento Para finalizar, mostrando o sentimento de tristeza, urbanístico da cidade de Luanda, aquando do aquele cidadão disse que o GPL deve reconhecer mandato de Francisca do Espírito Santo, antiga "que errou na compra de palmeiras sem antes ter governadora desta urbe, estão hoje (quase) todas garantida a sua manutenção, mas nem tudo está secas e maltratadas. perdido, pois algumas delas sobreviveram". Neste Na Rua Comandante Jika, por exemplo, onde se sentido, aconselhou que se recupere, pelo menos, encontram cerca de 300 palmeiras, contando a as palmeiras que ainda não secaram, já que partir do largo localizado ao pé da Clínica "custaram, ao cofre do Estado muita massa," disse. Girassol até ao da Sagrada Família, apenas 109 De 40 anos de idade, Cardoso João Neto, o único estão vivas. Já na Rua Marien Ngouabi, a contar entrevistado que aceitou tirar uma foto, é florista do restaurante Panela de Barro até ao Suíte Hotel há 20 anos e vende os seus produtos na Rua Maianga, são 71 palmeiras e apenas 18 continuam Marien Ngouabi - onde também tem palmeiras em bom estado. secas. Aquele indivíduo apontou a falta de água Aquelas ruas são as em que podemos encontrar o como causa número 1 da degradação daquelas maior número de palmeiras em mau estado de plantas, pois faz tempo que não vê alguém a regá- conservação' em relação às demais que constam no las. Programa de Urbanização e Crescimento "Eu, às vezes, é que faço a poda de alguns ramos, Urbanístico desta cidade. As palmeiras mas como não tenho condições de regar todas implantadas são do tipo Bismarck, Rabo-de- estas palmeiras, não vou mais além. Acho que o raposa, Imperial e Real e cada uma delas pode contrato que o governo tinha com a empresa que custar cerca de sete mil dólares norte-americanos, fazia isto acabou, porque há muito tempo que não em função das condições (altura, quantidade, etc.) tenho visto os homens a fazerem este tipo de em que foram compradas. trabalho", disse ele, que já não recorda o nome da A quantidade de plantas, a tipologia, a forma empresa. como vão ser plantadas e o trabalho que estas Cardoso Neto criticou também, como florista, o exigirão depois de vendidas são invocados pelos que considera de "péssimo trabalho" do governo e Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 149 especialistas como factores decisivos na estipulação estrutura acabou por ser afectada, denota-se ali um do custo das palmeiras. problema de adaptação.

Suspeitando que a manutenção daquelas plantas . "Aquelas plantas não se adaptaram ao local de estivesse a cargo da empresa Tecno-carro (que plantio devido ao solo, a água e ao facto de serem, intervém na Marginal de Luanda), procuramos também, árvores muito sensíveis à poluição. As ouvir esta empresa, uma vez que em edições palmeiras não têm o mesmo poder de absorção de passadas de O PAÍS, a sua administradora, Maria carbono que têm as neems ou as acácias, por de Medeiros, explicou que teve a responsabilidade exemplo", disse ele. de fornecer, por recomendação dos arquitectos, ao projecto paisagístico Baía, quase quatro mil Diariamente, as palmeiras que se encontram nas árvores, a entrevista, a responsável destacou as ruas Comandante Jika e Marien Ngouabi, devido avenidas HoChi Min, Comandante Gika e Marien ao elevado número de automóveis em circulação e Ngouabi, como as primeiras contempladas com os ao engarrafamento, estão sujeitas à poluição. Este serviços da Tecnocarro. Quando contactada pela é um dos principais motivos que contribui para segunda vez pelo nosso jornal, Maria de Medeiros aquele aspecto (ficar, sem a copa, apenas com o disse que neste momento, "não tenho nenhum tronco). contrato de manutenção para nenhuma palmeira VIadimiro Russo reforçou ainda que quando se faz plantada em espaços públicos, que sejam um plano paisagístico, a questão da protecção dos competência do GPL'. passeios, manutenção e também os factores Reconheceu que a sua empresa fez trabalhos de ambientais devem ser cuidadosamente analisados, paisagismo na Baía de Luanda e que quando vende para que se decida que tipo de arborização é as aconselhável para a área. palmeiras, o cliente é quem decide se vai contratar "As árvores que ali estavam são aconselháveis" , a manutenção. Caso não queira, aquela instituição fez menção o ambientalista, adicionando ainda normalmente oferece um ano de manutenção. que "é preciso, também, não esquecer o passado, "Quando vendemos uma palmeira, esta vem embora algumas plantas que Luanda teve não acompanhada de uma série de serviços como o pareçam muito bonitas, como é o caso dos cactus transplante, transporte, a plantação e manutenção. e treculias, mas, a meu ver, as acácias, as neems e Mas posso lhe garantir que, neste momento, não as buganvílias que tínhamos no Palácio dos tenho nenhum contrato de manutenção do Congressos, são árvores que melhor se adequam governo provincial", voltou a frisar. àquele sítio"indicou.

"São árvores muito sensíveis à poluição" 12.7 Huambo está a formar Quando se faz o plantio de árvores é preciso ter engenheiros florestais em atenção os aspectos ligados ao local de inserção Jornal de Angola (do ponto de vista do solo e da água) de um modo geral, para que esta planta venha a gozar de boa 14 De Dezembro de 2013 saúde. Questões históricas também vêm ao caso, A Faculdade de Ciências Agrárias (FCA) , da pois é deveras importante, segundo o Universidade José Eduardo dos Santos, com sede ambientalista VIadimiro Russo, saber o que existia na cidade do Huambo, forma este ano os no local onde será feita a recuperação paisagista. primeiros seis engenheiros florestais. De acordo com o especialista, existem plantas que No ano académico de 2010 inscreveram-se 26 requerem mais água que as outras, que estão mais estudantes e seis terminam o primeiro curso acostumadas a um tipo de solo e que são mais florestal naquela instituição com resultados sensíveis do que as outras. E só o facto de as satisfatórios, segundo o decano da Faculdade, o palmeiras serem transladadas, uma vez que a engenheiro Guilherme Pereira. possibilidade das árvores grandes vingarem é menor, já que têm várias ramificações e a sua O reitor da Universidade José Eduardo dos Santos, Cristóvão Simões, considerou o número Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 150 como satisfatório, por ser o início de um percurso Internacional para o Desenvolvimento' e da que está a ganhar corpo com a adesão de mais Escola Técnica Superior de Engenheiros Florestais jovens ao curso todos os anos. da Universidade de Córdova de Espanha.

Este curso é uma inovação no país e foi instituído O professor Abílio Santos Malengue reconheceu a para formar engenheiros florestais que são uma criação do curso de Engenharia Florestal como componente importante na manutenção das um ganho para a província e para a região que tem florestas. todas as potencialidades para desenvolver a agro- pecuária. "Com esta formação de nível superior os O especialista florestal deve também velar pelo funcionários públicos vão desempenhar as suas combate às queimadas anárquicas, manutenção das funções nos diferentes postos de trabalho com bacias hidrográficas, reflorestação e repovoação de mais profissionalismo, qualidade e rigor algumas espécies ameaçadas e criar equilíbrio no científico", sublinhou. planeta. A grande dificuldade no curso de Engenharia Neste ano lectivo o curso conta com 170 alunos Florestal foi sempre a insuficiência de docentes do primeiro ao terceiro ano, podendo muitos para cobrir o elevado número de cadeiras, num beneficiar de bolsas em Cuba."A Universidade total de 70 até à licenciatura, associada à falta de José Eduardo dos Santos está num bom caminho biblioteca, laboratórios, salas específicas, meios de porque nunca neste país se formaram engenheiros transporte, verbas para a instalação de viveiros florestais e agora aí estão os primeiros e daqui para florestais e outros equipamentos indispensáveis a frente não vamos parar", sublinhou o reitor. aos docentes e estudantes. A Universidade José Eduardo dos Santos foi criada em 2009 e cobre as Até 2017, segundo o programa traçado pela províncias do Huambo, Bié e Moxico. Universidade, o país pode contar com os primeiros mestres nos cursos florestais, que vão garantir a formação de mais jovens neste ramo, na esteira da aposta na investigação, inovação e desenvolvimento, tendo como base as 12.8 Seca afecta famílias em Porto potencialidades sociais, económicas e produtivas Amboim da região. Jornal de Angola Cristóvão Simões disse que todas as unidades 16 De Dezembro de 2013 orgânicas da Universidade devem estimular os seus quadros para uma maior diferenciação e A seca que assola diversas localidades do capacitação académica e profissional. A município de Porto Amboim, no Kwaza-Sul, está coordenadora do curso de Engenharia Florestal da a prejudicar mais de 33 mil famílias espalhadas Faculdade de Ciências Agrárias, pelas comunidades dos Quilómetros 28, 35 e 40, Hipombo, Campo Experimental, Makulungos e Virgínia Quartim, disse que o mesmo foi Choba. patrocinado pela Agência Espanhola para Cooperação e Desenvolvimento Internacional e a A represa que abastecia as comunidades, situada na sua criação surgiu em 2002, no final de um comunidade do Quilómetro 28, ficou sem água, seminário sobre "gestão do estudo das florestas de devido à falta de chuvas há mais de cinco anos Angola como parte integrante da economia do consecutivos e as consequências começam a atingir país e das ciências agrárias numa visão proporções alarmantes. globalizada", no qual se fez um diagnóstico do A administração municipal de Porto Amboim estado das florestas angolanas depois da guerra. colocou à disposição um camião cisterna que está O curso de Engenharia Florestal é ministrado por a minimizar a carência, mas o estado da via de 19 docentes nacionais e estrangeiros e conta") com acesso dificulta o transporte de água com o apoio do Instituto de Desenvolvimento regularidade para as localidades. Os Serviços de Florestal, da Faculdade de Ciências Agrárias do Protecção Civil e Bombeiros na região, tinham Huambo, Agência Espanhola de Cooperação disponibilizado outro camião cisterna para o abastecimento de água, mas a estrutura da viatura Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 151 não suporta terrenos acidentados e já apresenta Jornal de Angola cansaço, agravando ainda mais o sofrimento das 19 De Dezembro de 2013 pessoas. As ruas da Terra Nova e do Rangel já tiveram dias O grupo técnico de apoio à Comissão para a melhores. Hoje o cenário é desolador e os Política Social constatou esta realidade durante a moradores clamam pela reparação das ruas dia visita efectuada à região e foram anotadas as após dias ficam mais degradadas. A Rua do preocupações apresentadas pelos líderes das Alentejo é considerada a "mais podre" da Terra comunidades. Nova, devido ao mau estado em que se encontra. O soba da comunidade do Quilómetro 28, A rua foi tomada por grandes buracos e lamaçais, Monteiro Feliciano, considerou "crítica a resultado de escavações e das águas da chuva que a situação" , sublinhando que põe em risco a vida de deixam intransitável. muitas famílias e o gado, que constitui a principal fonte de rendimento das populações. "Aqui não Os problemas do saneamento básico nas ruas da chove há mais de cinco anos e muitas pessoas estão Terra Nova começaram quando o tapete de asfalto a abandonar a área para outras localidades", disse o desapareceu e deu lugar aos buracos. Todos os soba, acrescentando que "o gado está a morrer por anos aparecem empreiteiras que tentam minimizar falta de água e pasto". o problema, mas só pioram a situação que já dura há muitos anos. O soba alertou que as autoridades locais e centrais devem intervir para evitar epidemias como a As ruas da Terra Nova precisam de um trabalho cólera, infecções da pele e outras doenças causadas de profundidade. E sem esgotos, o problema das por consumo de água imprópria. ''Neste águas paradas persiste. momento, pessoas e gado estão a consumir água de pequenos charcos que sobraram da represa que A moradora Maria Cristóvão disse que este ano também vai se esgotando e não sabemos o que vai tentaram arranjar novamente a Rua do Alentejo. acontecer no futuro", lamentou. O administrador Cavaram o chão e destruíram os passeios, mas o do município de Porto Amboim, Domingos Cruz trabalho parou por ai. Agora quando chove, os Sabalo, reconheceu a critica situação em que moradores do Bairro da Terra Nova até têm vivem as comunidades e anunciou estratégias para dificuldades para sair de casa. inverter o actual quadro. Maria Cristóvão contou que em tempos, a rua Essa estratégia, disse, passa pela construção de uma parecia um rio. Face à situação, um jovem conduta de água a partir do rio Mugige. Domingos construiu uma canoa com a chaparia de uma Cruz Sabalo adiantou que, por enquanto, a viatura abandonada. Atravessava as pessoas de alternativa encontrada é abastecer a água com o uma rua para outra e ganhou dinheiro com essa único camião cisterna, mas reconhece que isto não actividade. resolve o problema no seu todo. O responsável pediu aos organismos públicos e privados que se Cantinas e salões de beleza fecharam por causa do juntem aos esforços da Administração e do mau estado das ruas da Terra Nova. Governo Provincial para acudir às populações O posto policial que está para ser inaugurado na afectadas pela seca. Rua do Alentejo já foi pintado três vezes. Os "Um facto como o que está a ocorrer nessas carros quando passam, projectam lama nas localidades requer uma intervenção urgente e o paredes. Estado não consegue, por si só, atender as cerca de A Rua da Estremadura também é caracterizada 33 mil famílias afectadas pela seca", lembrou o por enormes buracos e águas paradas que deixam administrador um mau cheiro no ar. Mas não resultam apenas Domingos Cruz Sabalo. das chuvas. Há uma avaria nas condutas do saneamento que dura há mais de um mês. A 12.9 Ruas da Terra Nova ficam Empresa de para A abastecimento de Luanda intransitáveis quando chove (EPAL) foi informada mas não apareceram os seus Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 152 técnicos para reparar a avaria. Circular na Rua da A ministra declarou que para a retirada do tanque Estremadura de Baixo tem de ser aos pulos. As do local foram precisos dois navios contratados e reclamações junto da Administração do Rangel que para um trabalho de profundidade e melhorar o o material foi levado com segurança até à base da estado das ruas da Terra Nova que são Sonils, em Luanda. incontáveis, disse Conceição Manuel, moradora. O saneamento é um problema sério que deve ser 12.11 Chuvas fortes na província resolvido pelas autoridades. deixam famílias ao relento 12.10 Derrames de petróleos Jornal de Angola merecem mais atenção 26 De Dezembro de 2013 Jornal de Angola As chuvas acompanhadas por fortes ventos que se 22 De Dezembro de 2013 abateram sobre Caxito, Bengo, na quarta-feira, deixaram mais de cem famílias ao relento. Além O Executivo vai prestar maior atenção aos casos da destruição de casas, nos bairros Kitonhi, de derrames de petróleo resultantes das operações Kimaria, Mubungo, Mufuma, Kijoão Mendes, de prospecção e exploração deste recurso por Riceno, Kitogola, Kingombe e Cauango, as chuvas parte das empresas petrolíferas, anunciou a também derrubaram inúmeras árvores. Branca ministra do Ambiente. João Pedro, moradora do bairro Kingongo, que viu a sua casa a desabar, disse ao Jornal de Angola "Angola possui um quadro legal bastante amplo que a chuva, que começou às 5hOO, criou muitos que permite a aplicação de multas nos casos que estragos nas ruas e inúmeras árvores foram forem detectados", disse Fátima Jardim, ao fazer o derrubadas, devido à força do vento. balanço das actividades realizadas este ano. "Fiquei sem a casa e, como eu, muitas outras A ministra referiu que ao longo do ano foram pessoas também se encontram na mesma registados 20 casos, rujas averiguações seguem os situação", disse, pedindo apoio ao Governo trâmites legais, e que na semana passada ocorreu Provincial para que as vítimas sejam abrigadas. mais um, na província de Cabinda. Adriano Sebastião, que vive há mais de dez anos O caso mais relevante, sublinhou, aconteceu com no Kigongo, disse à nossa reportagem que o seu a empresa ENl durante as actividades de bairro foi muito afectado e que muitas famílias prospecção que por isso teve de pagar ao Estado ficaram sem casa. O governador João Miranda já 3,5 milhões de dólares a título e indemnização. se reuniu com os responsáveis locais do Ministério do Interior, Protecção Civil e Bombeiros e da "O Estado agora já não se vai limitar a aplicar administração municipal do Dande para traçar medidas de educação e consciencialização estratégias destinadas a apoiar as famílias afectadas. ambiental, mas dar continuidade ao reforço da sua capacidade para melhorar a fiscalização e Ao Jornal de Angola, João Miranda considerou a sancionar todos os danos para o ambiente", situação "muito grave" e garantiu apoio para o advertiu. realojamento das mais de cem famílias afectadas. "Estas famílias habilitavam ao longo das valas, que Ainda quanto ao derrame provocado pela ENl, transbordaram, atingindo muitas habitações assegurou que já foi retirado o tanque de precárias", disse o governador, acrescentando que combustível do local e exige-se agora a remoção da "mesmo aquelas famílias que não estão ao longo plataforma. "Tudo isto foi cumprido. Como da vala vão ser concentradas temporariamente sabem são verbas bastante dispendiosas. numa zona de trânsito, por poucos dias, até serem Apresentamos a auditoria para a prospecção e transferidas para uma área definitiva, que vai ser estamos satisfeitos e conscientes que preparada". a comissão multissectorial de contingência de derrames de petróleo exerceu o seu papel", disse. Foi criada uma comissão, chefiada pelo vice - governador para a área técnica e infra-estruturas e Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 153 integrada por responsáveis do Ministério do Outra preocupação do Ministério do Ambiente Interior, Protecção Civil e Bombeiros, Assistência está relacionada com os derrames de petróleo. e Reinserção Social e administrador municipal do Fátima Jardim revelou que o Executivo vai prestar Dande, para fazer o r levantamento dos estragos e maior atenção aos casos de derrames de petróleo garantir apoio às vítimas das chuvas. resultante das operações de prospecção e exploração deste recurso por parte das empresas petrolíferas. "Angola possui um quadro legal 12.12 Faltam estudos de impacto bastante amplo que permite a aplicação de multas ambiental nos casos que forem detectados", disse Fátima Jornal de Angola Jardim, ao fazer o balanço das actividades 27 De Dezembro de 2013 realizadas este ano. A ministra do Ambiente referiu que ao longo do Ausência de estudos de impacto ambiental pode ano foram registados 20 casos, cujas averiguações resultar em tragédias humanas principalmente na seguem os trâmites legais, e que na semana passada área da construção ocorreu mais um, na província de Cabinda. O A ministra do Ambiente deplorou que muitos caso mais relevante, sublinhou, aconteceu com a projectos nas províncias fora de Luanda sejam empresa ENI durante as actividades de prospecção elaborados sem um Estudo de Avaliação de e que por isso teve de pagar ao Estado 3,5 milhões Impacto Ambiental (ElA). de dólares a título de indemnização.

Fátima Jardim anunciou a realização a partir de "O Estado agora já não se vai limitar a aplicar Março em todas as províncias, excepto Luanda, de medidas de educação e consciencialização inspecções de avaliação de algumas das obras "de ambiental, mas dar continuidade ao reforço da sua grande dimensão" e dos danos causados ao capacidade para melhorar a fiscalização e ambiente. "Vamos actuar a partir de Março sancionar todos os danos para o ambiente", porque não podemos de forma alguma realizar advertiu. acções que não sejam integradas no plano nacional Ainda quanto ao derrame provocado pela ENI, de estudo ambienta!", disse. assegurou que já foi retirado o tanque de A ministra afirmou que no caso de Luanda dão combustível do local e exige-se agora a remoção da entrada diariamente vários projectos a solicitar o plataforma. "Tudo isto foi cumprido. Como licenciamento depois de um estudo de impacto sabem são verbas bastante dispendiosas. ambiental, o que é exigido pelo Executivo. Apresentamos a auditoria para a prospecção e estamos satisfeitos e conscientes que a comissão Este ano, referiu a ministra Fátima Jardim, multissectorial de contingência de derrames de entraram na Direcção Nacional de Prevenção e petróleo exerceu o seu papel", disse a ministra Avaliação de Impactos Ambientais do Ministério Fátima Jardim. do Ambiente 297 estudos, muitos deles complexos e com as medidas de mitigação bem definidas, com A ministra do Ambiente declarou, igualmente, vista a serem licenciados. que para a retirada do tanque do local foram precisos dois navios contratados e que o material Fátima Jardim declarou que, no quadro do foi levado com segurança até à base da Sonils, em desenvolvimento socioeconómico que o país Luanda. regista, vai ser reforçada a capacidade institucional em termos de quadros para se fazer face às necessidades. 12.13 O drama do Cunene Jornal O País O Estudo de Avaliação de Impacto Ambiental é 27 De Dezembro de 2013 um relatório técnico no qual se avaliam as consequências para o ambiente decorrentes de um A gravidade da situação foi denunciada pelo bispo determinado projecto e são apresentadas medidas da diocese de Ondjiva, Dom Pio Hipunyati, que mitigadoras. apesar de reconhecer as ajudas que têm sido direccionadas para a região, fruto da mobilização Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 154 da sociedade civil, afirmava que o drama estava 12.14 Criada Associação da Indústria longe de ser resolvido. de Rochas O sacerdote descreveu um cenário dramático de Jornal de Angola famílias que estavam sem nada para comer e 30 De Dezembro de 2013 revelou que a avaliar pelo quadro actual, Cunene iria precisar de assistência até pelo menos Maio de A Associação Angolana da Indústria de Rochas 2014. (ANIROCHAS) foi formalmente criada na sexta- feira, em Luanda, com o objectivo de apoiar o "Há mesmo gente que não tem nada, nada, nada," organismo de tutela no estudo e diagnóstico do disse acrescentando que "a situação que vai se subsector da construção. prolongar porque a assistência que precisamos é até meados de Maio do próximo ano". A associação tem como presidente de mesa da assembleia-geral Ventura de Azevedo e como "Por isso, todas as ajudas neste momento são presidente da direcção Luísa de Almeida. Fazem necessárias e apelamos por isso à contribuição de ainda parte os membros do conselho fiscal e todos, à sensibilidade de todas as pessoas de boa vogais. vontade para que de facto possam acudir aquelas pessoas que vivem numa situação difícil e que na Na cerimónia de constituição a Associação, o verdade ninguém venha a morrer pela falta de ministro da Geologia e Minas (MGM), Francisco chuva," disse. Queiroz, referiu que o Executivo atribui uma grande importância à constituição da associação, A falta de água como consequência da seca por se tratar de um passo decisivo para a criação prolongada que grassa toda a região das terras do de condições de diálogo entre o Ministério e rei Mandume, levou a que famílias criadoras de empresários que operam na exploração de gado procurem por zonas de pastos. A busca minerais para a construção civil. desenfreada de água para o gado trouxe consigo outras consequências como os casos de abandono O subsector tem grande impacto no programa de escolar entre as crianças, situação que preocupou o reconstrução nacional e de construção de infra- sacerdote católico. estruturas económicas e sociais do país, sublinhou, acrescentando que o Plano Nacional de "Nós temos aquelas zonas nas margens do rio Desenvolvimento tem metas precisas que não Cubango, Cunene e Cuvelai onde ainda se pode estão a ser executadas em relação ao mercado de encontrar algum alimento para o gado e alguma rochas ornamentais. água e então as pessoas transferem-se para aquelas zonas, sobretudo os homens para que o gado não O ministro referiu dados apresentados na sexta- morra," disse feira pela Comissão para a Economia Real do Conselho de Ministros, que indicam que, até ao "Isto faz com que os jovens, sobretudo, os rapazes mês de Novembro, a produção de mármore, em idade escolar também abandonem as zonas granito e outras rochas atingiu apenas 62 por tradicionais de residência e isto cria um cento do preconizado, 29.337 metros cúbicos estrangulamento social," acrescentou Perante a contra os 47.472 previstos. dura realidade, Dom Pio Hipunyati, reiterou o apelo para as ajudas as populações carenciadas do No domínio das exportações, declarou o ministro, Cunene. foi possível ultrapassar a meta anual de 28.483 metros cúbicos, uma vez que Angola exportou " Voltamos a apelar a boa vontade de todos para mais de 29 mil metros cúbicos por um valor total que nos ajudem a lutar contra este flagelo que é a de 8,6 milhões de dólares (860 milhões de kwanzas seca. Nos ajudem com bens alimentares nos ).A estratégia definida pelo Executivo para ajudem com viaturas cisternas que possam levar aumentar a produção de rochas ornamentais água para as populações," disse. consiste em tomar medidas de fomento e protecção do mercado interno, estando em estudo a aprovação de um diploma legal que obriga ao uso, nas obras do Estado ou financiadas pelo Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 155

Estado, de rochas ornamentais de produção José Pedro Kachiungo recordou que ainda não se nacional, salientou o ministro da Geologia e sabe ao certo a quantidade de carvão que se Minas. comercializa no país, resultante da devastação das florestas. Além disso, estão em curso acções institucionais de fomento e apoio à exploração de rochas ornamentais, como a criação de uma instituição de apoio tecnológico e a definição de políticas de acesso a financiamento para projectos de exploração e tratamento de rochas. Por seu lado, o coordenador da comissão instaladora da Associação, António Prata, referiu que vai apoiar o Ministério no estudo e diagnóstico do subsector da construção no que respeita às actividades de licenciamento e formação de pólos e, desse modo, contribuir para o aumento do PIB.

12.15 Devastação das florestas é preocupante Jornal de Angola 30 De Dezembro de 2013

O deputado José Pedro Kachiungo afirmou em Luanda a sua preocupação com os índices de devastação das principais zonas verdes que cobrem parte de algumas províncias do interior de Angola. O parlamentar, que falava ontem à agência de notícias Angop, apontou as províncias do Huambo, Cunene, Huíla e Bié como aquelas onde as queimadas atingem proporções mais alarmantes, pelo que devem ser travadas o mais cedo possível, devido ao impacto negativo que causam ao ambiente e às espécies de animais e vegetais.

Para o deputado, a pobreza que ainda assola a maior parte das famílias do interior do país, que vêem no negócio do carvão uma forma de encontrar recursos para o seu sustento, está também na base da devastação das zonas verdes.

Em sua opinião, além do combate à pobreza, é preciso que os deputados, independentemente das suas filiações partidárias, olhem para o país como um património que tem de ser preservado das agressões humanas. "Precisamos, também, de olhar mais para a nossa juventude, o garante do futuro do país, que deve ser cada vez mais sensibilizada em relação à cultura ecológica, uma vez que a ecologia é o nosso comportamento, a nossa maneira de cuidar dos resíduos e da natureza", declarou o deputado. Development Workshop — CEDOC 02/2012 — 156