Pereira Barreto
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1. INTRODUÇÃO Os municípios brasileiros apresentam, em geral, um conjunto de ações aplicadas ao gerenciamento dos resíduos sólidos que incluem infraestrutura e serviços de limpeza pública. No entanto, não atendem às necessidades especialmente no que se refere a forma de execução e destinação final, além disso, geralmente são realizados de forma não planejada fato que prejudica a sustentabilidade econômica, segurança ambiental e eficiência dos serviços prestados a população. Após vinte anos de discussão do projeto de lei, foi sancionada a Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei Federal n 0 12.305/10 e regulamentada pelo Decreto n 0 7.404/10. Em linhas gerais a lei determina as diretrizes para adequação dos serviços e infraestrutura destinados ao gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos e de limpeza pública, tornando-se o foco da discussão e um desafio para os gestores municipais. Face este cenário, diversos estudos vem sendo elaborados no país com a finalidade de obter dados acerca da geração, formas de tratamento, destinação e disposição final dos resíduos, visando subsidiar o Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Em 2012,o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada- IPEA, colaborador do Plano Nacional de Resíduos Sólidos elaborou o comunicado n 0 145 apresentando uma discussão sobre o diagnóstico dos resíduos urbanos, agrosilvopastoris e a questão dos catadores; constantes na versão preliminar do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (setembro de 2011). Sinteticamente o diagnóstico contatou que a taxa de coleta regular de resíduos nos municípios vem crescendo continuamente, já alcançando em 2009 quase 90% do total de domicílios. Não obstante, na área urbana a coleta supera o índice de 98%; todavia a coleta em domicílios localizados em áreas rurais ainda não atinge 33%. Dados levantados no diagnóstico apresentam a composição gravimétrica média dos resíduos sólidos urbanos no Brasil, considerando como base a quantidade produzida em 2008 segundo IBGE. 1 Tabela I: Estimativa da Composição Gravimétrica dos Resíduos Sólidos Urbanos Coletados no Brasil em 2008. Fonte: Extraído do Comunicado do IPEA n 0 145, Oikos 2014. Já as formas de disposição, a pesquisa comparou dados de 2000 e 2008 considerando a disposição dos resíduos sólidos em lixão; aterro controlado e aterro sanitário. Tabela II Quantidade de resíduos e rejeitos encaminhados para disposição em solo, considerando somente lixão, aterro controlado e aterro sanitário Fonte: Extraído do Comunicado do IPEA n 0 145, Oikos 2014. Os dados apresentados no quadro supradescrito (tabela II) demonstram que em termos quantitativos, no período de 2000 a 2008, houve um aumento de 120% na quantidade de resíduos e rejeitos dispostos em aterros sanitários e uma redução de 2 18% na quantidade encaminhada para lixões. Porém, ainda há 74 mil toneladas por dia de resíduos e rejeitos sendo dispostos em aterros controlados e lixões. No geral os municípios de pequeno e médio porte apresentaram acréscimos significativos na quantidade total de resíduos e rejeitos dispostos em aterros sanitários, 370% e 165% respectivamente. De acordo com o diagnóstico, esse fato pode ter ocorrido em função do recebimento de resíduos produzidos/coletados/gerados nos municípios de grande porte. Numa visão atualizada dos dados apresentados no quadro a seguir, (tabela III), importa frisar que à época da pesquisa (2002 e 2011) havia 2.906 lixões a serem erradicados no Brasil, distribuídos em 2.810 municípios. Tabela III: Numero de municípios que tem lixões e quantidade total de lixões existentes no Brasil e nas macrorregiões. De acordo com o Altas de Saneamento (2011) publicado pelo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –IBGE elaborado com base na Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), a situação dos serviços de limpeza pública nos Estados do Brasil podem ser assim caraterizados: - Entre os anos de 2000 a 2008 a coleta seletiva cresceu de 8,2% para 17,9% dos 5.564 municípios do país. Das cidades que realizam coleta seletiva, apenas 38% realizam em toda a área do município. - Das cinco regiões do país, a região Sul do Brasil apresenta o melhor percentual, cerca de 45% de suas cidades possuem coleta seletiva; - Na região Sudeste, a proporção no ano de 2008 estava próxima a 40%; 3 - A região Norte, Nordeste e Centro-Oeste correspondiam aos menores índices: abaixo de 10%. Além desse cenário, o Atlas de Saneamento ressalta que neste período (2008), 50,8% dos municípios brasileiros utilizavam lixões como forma de destinação final dos resíduos, contrapondo o número ainda mais alarmante de 72,3% em 2000. Segundo a publicação do IBGE, aproximadamente 42% das cidades depositam o lixo hospitalar em conjunto com os resíduos comuns, sobretudo nas regiões Nordeste e Norte. Para alcançar o determinado na Lei Federal n 012.305/2010, os consórcios públicos para a gestão dos resíduos sólidos podem ser uma forma de equacionar o problema dos municípios que ainda têm lixões como forma de disposição final. As condições sanitárias e ambientais adequadas são premissas de bem estar público, enfatizando a saúde pública, e de sua manutenção econômica, observando-se que há uma relação financeira positiva entre os investimentos em saneamento e economia na medicina curativa. Nesse ímpeto, considerando a sustentabilidade um equilíbrio dos fatores social, econômico e ambiental, torna-se os itens de saneamento, em especial, gerenciamento integrado dos resíduos sólidos, peça importante para se ter uma cidade sustentável. O planejamento das demandas necessárias ao controle dos resíduos sólidos urbanos, juntamente com os demais serviços que compõem o saneamento básico estabelecido pela Política Nacional de Saneamento Básico, instituída pela Lei n011.445/2007 apresenta-se como determinante para sustentabilidade, observadas as potencialidades de poluição e veiculação de doenças que os mesmos oferecem em caso de descontrole, desde a geração até a disposição final. Nesse sentido, a realização do diagnóstico local é imprescindível devendo considerar situações locais como volume, peso e as tipologias geradas nas diversas atividades humanas, bem como tendências: crescimento populacional; incremento da produção de resíduos ocasionado inclusive por modificações nos padrões de consumo. Os resíduos sólidos urbanos são de responsabilidade do poder público municipal, incluindo, de forma genérica, os resíduos domésticos, resíduos com 4 características domésticas gerados em estabelecimentos comerciais e resíduos provenientes de limpeza urbana como podas, capinas e varrições. Os resíduos gerados em atividades econômicas, principalmente os que apresentam algum tipo de periculosidade são de responsabilidade dos geradores, inclusive estão sujeitos a elaboração e implementação do plano de gerenciamento de resíduos sólidos que deverá integrar o processo de licenciamento ambiental, conforme determina a Lei Federal n 0 12.305/10 em seus artigos 20; 24 e 25. Ainda, em caso de comum acordo, os resíduos provenientes de atividades econômicas podem ser gerenciados pelo poder público sob contrato de cobrança financeira específica, uma vez que o poder público municipal quando realiza diretamente os serviços de gerenciamento dos resíduos e limpeza pública tem como frequentemente tem como tarifa exclusiva o Imposto Predial e Territorial Urbano- IPTU, cujo valor da tarifa geralmente é muito abaixo do custo da prestação de serviços. Objetivamente, os resíduos sólidos no Brasil são tratados à luz de uma legislação ampla e complexa, direcionada pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei Federal n 0 12.305/10 e Decreto n07.404/10. A Lei n0 12.305/10 estabelece a elaboração do Plano Municipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (PMGIRS) como condição para que os municípios tenham acesso aos recursos da União destinados a empreendimentos e serviços relacionados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento para tal finalidade (Artigo 18). Sob a ótica da legislação o Plano Municipal deverá definir propor as formas de adequação dos serviços de gerenciamento dos resíduos e limpeza pública, estabelecendo diretrizes, metas à alcançar, incluindo a estrutura institucional e financeira necessária a execução dos serviços. Esse é um aspecto de relevante importância que deve ser analisado quando da elaboração do diagnóstico. Em linhas gerais, a medida que se observa um déficit financeiro desses serviços de responsabilidade municipal, em especial quanto a 5 infraestrutura e equipamentos para transporte e operação há uma relação direta com a ineficiência do serviço prestado. A forma de execução e regulação dos serviços que engloba estrutura institucional também consiste num outro pilar de sustentabilidade dos serviços de limpeza pública. A adequação das tarifas cobradas; estrutura organizacional objetiva, normatizações e indicadores de desempenho conferem ao órgão executor dos serviços, seja ele direto ou indireto, eficiência e transparência. Face este preâmbulo, os estudos ora apresentados integram o Plano Municipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos - PMGIRS do município da Estância Turística de Pereira Barreto, tendo sido elaborado com base nas clausulas do contrato n0 5434/2013 e normas legais, além da ampla bibliografia consultada: • Lei Federal n 012.305/10, artigo 19; • Decreto Federal n 0 7.404/10 artigo 50, § 1o; • Lei Estadual n 0 12.300/06; • Lei Federal n 0 11.445/07; • Resolução n 0 75/09 do Ministério