Lusófono E Italiano: Debates E Reflexões
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ESTUDOS DE GÉNERO EM CONTEXTO LUSÓFONO E ITALIANO: DEBATES E REFLEXÕES STUDI DI GENERE IN AMBITO LUSOFONO E ITALIANO: DIBATTITO E RIFLESSIONI Fabio Mario da Silva, Debora Ricci, Annabela Rita, Ana Luísa Vilela, Cristina Rosa e Vanessa Castagna (Organizadores/A cura di) Estudos de género em contexto lusófono e italiano: debates e reflexões / Studi di Genere in ambito lusofono e italiano: dibattito e riflessioni Ficha Técnica/Scheda tecnica Título/Titolo: Estudos de género em contexto lusófono e italiano: debates e reflexões / Studi di Genere in ambito lusofono e italiano: dibattito e riflessioni Organizadores e Organizadoras/A cura di: Fabio Mario da Silva, Debora Ricci, Annabela Rita, Ana Luísa Vilela, Cristina Rosa e Vanessa Castagna Revisão: Patrícia Gonçalves e Rosa Fina Paginação/Layout: Luís da Cunha Pinheiro Imagem da capa/Immagine in copertina: Jean-Baptiste Lesueur/Pierre-Etienne Lesueur, Club Patriotique de Femmes, 1791. Musée Carnavalet, Paris Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Lisboa, Novembro de 2019 ISBN – 978-989-8916-92-1 Publicação com double blind peer rewiew/Pubblicazione in double blind peer rewiew Esta publicação foi financiada por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia no âmbito do Projecto «UID-ELT/UI0077/2019» Fabio Mario da Silva, Debora Ricci, Annabela Rita, Ana Luísa Vilela, Cristina Rosa e Vanessa Castagna (Organizadores e Organizadoras/A cura di) Estudos de género em contexto lusófono e italiano: debates e reflexões / Studi di Genere in ambito lusofono e italiano: dibattito e riflessioni CLEPUL Lisboa 2019 COMISSÃO CIENTÍFICAAlgemira / COMITATO Mendes SCIENTIFICO (Universidade Estadual do Piaui) Aldinida Medeiros (Universidade Estadual da Paraíba) Gaspare Trapani (Universidade de Lisboa / Universidade Católica Portuguesa) Henrique Marques Samyn (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) Iara Barroca (Universidade Federal de Viçosa) Juliana Queirós (Universidade Federal do Pará) Lina Arao (UFRJ – Grupo “Caminho da violência e a busca da visão compartilhada” / FME-RJ) Lorena Grigoletto (Università degli Studi di Napoli Federico II / Universidad de Sevilla) Maria Lúcia dal Farra (Universidade Federal de Sergipe / CNPq) Patrícia Alexandra Gonçalves (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) Rosa Fina (Universidade de Lisboa / CLEPUL) Índice .................................... 11 ................................... 13 Introdução Introduzione Antonella Cagnolati I Contribuições especiais / Contributi speciali 15 .................................... 17 FernandoGettare Curopos lo sguardo nell’abisso. Ritratti di donne nella prosa di Ada Negri ..... 27 Maria Cristina Pais Simon Helena-Maria: a prima paterna de Violante de Cysneiros ............. 39 Questões de género, o género em questão: a personagem femi- nina no romance pornográfico de Alfredo Gallis II Reflexões sobre as problemáticas de género em língua por- tuguesaBetina Ruiz / Riflessioni su problematiche di genere in lingua por- toghese ........... 5355 Eleonora Graziani Narradores que bebem da leitura das mulheres ... 67 GiselaViolência Canelhas contra as mulheres: o femicídio em Italia. Reflexões sobre a Lei n˚ 119 – 15 de outubro de 2013 Eleonora Graziani 81 Liliane Batista Barros Crescendo com a Narrativa: Literatura Infantil, Cognição e Cultura ..................................... 91 MariaA mulher da Graça e a Gomes guerra: de as Pina cartas de Deolinda Rodrigues (rastros e relatos) ...................................... 105 ‘Cantigas de amiga’. O tributo de Natália Correia à poesia me- dieval 7 Fabio Mario da Silva, Debora Ricci, Annabela Rita, Ana Luísa Vilela, 8 Cristina Rosa e Vanessa Castagna Miriam Afonso Brigas A herançadireitos patriarcal aparentes na construção....................... da identidade feminina na 117 legislaçãoNilsa Brito civil Ribeiro dos séculos XIX e XX – Da esposa obediente à mulher casada com ............................ 131 PauloEscrita Antônio de professoras Vieira Júnior na Amazônia Oriental brasileira: poder, verdade e subjetividade ......................... 151 RosanaDa arte Cássia de se Kamita fazer amor com um fantasma: traços de autoerotismo na poesia de Yêda Schmaltz .. 171 Vânia Duarte Mariana Coelho: Uma escritora portuguesa feminista........ no Brasil 181 Da mátria à frátria: Natália Correia e os feminismos IIIBarbara Reflexões Belotti sobre as problemáticas de género em língua itali- ana / Riflessioni su problematiche di genere in lingua italiana 189 ................................. 191 ChiaraDonne Coppin in città La toponomastica femminile e la damnatio memo- riaeL’anima di genere semplice. Suor Giovanna della Croce ........... 201 Cristina Rosa : storia di una monacazione violata nel romanzo di Matilde Serao ..................................... 213 EmilianoLetteratura Longo come caleidoscopio: mosaici del quotidiano in Clarice Lispector .................. 225 Maria Antonietta Greco Miss Rettore: un pensiero indecente 237 Katiuscia Carnà Clarice Lispector: la scrittura mistica femminile, sentiero di libertà ........................... 249 LorenaLa condizione Grigoletto femminile delle “nuove italiane”. Il caso delle donneChoroí sikh e musulmane ...................................... 261 Loretta Junck, Misteri e “cura” epistolare nelle pitagoriche di Magna Grecia ....................... 277 Scrittrici al Premio Calvino www.clepul.eu Estudos de género em contexto lusófono e italiano: debates e reflexões 9 Maja Ðurulov .............................. 287 MariaScritti Ina Macinadi donne e sulle donne nei fascicoli della Questura di Fiume (1924-1945) ................................. 299 MaríaLa rappresentazione Reyes Ferre del femminile: un confronto tra Ada Negri e Sibilla Aleramo Un karma pesante ............................ 311 RitaIl Ciotta percorso Neves di formazione di Eugenia nel romanzo di Daria Big- nardi ............................ 321 Stefania Cavagnoli, Francesca Dragotto Il genere di Clarice ................................... 333 SoniaOmicidi Trovato di donne e femminicidi in italiano e in portoghese: un’analisi contrastiva ........ 369 Teresa Cattaneo Donne lettrici, i “moscerini” della letteratura italiana ...... 381 Trinidad Fernández González La scrittura femminile: il caso della................... Marchesa di Alorna 391 Valentina Di Cesare Donne e koinè alla corte sforzesca ...... 405 Valeria Puccini Fausta Cialente, l’oblio italiano di una scrittrice europea .............................. 413 La fortuna di Laura Terracina nella...................... critica letteraria dal Cinque- 425 cento ai giorni nostri Autores e Autoras/Autori e Autrici www.lusosofia.net Repensar o termo género,INTRODUÇÃO nas sociedades atuais, quando uma onda de conservadorismo e de extrema direita vem questionando o lugar social da mulher e refutando qualquer noção de género que não seja baseada nos pa- drões conservadores, é desafiar um sistema que tenta relegar a um papel de submissão, ou de esquecimento, temas tão importantes da contemporanei- dade. Lembremos que o próprio termo género tem gerado diversas conjeturas. Por exemplo, na língua inglesa, gender foi um termo que surgiu desde a década de 70, na senda dos movimentos feministas, posteriormente adotado pelos cientistas sociais nos anos 80 do século XX, para se referirem à cons- trução social em torno do masculino e do feminino, analisada sob a ótica de diferentes culturas. Contudo, seria em 1968, com Sex and Gender de Richard Stoller, que se assinalaria a origem deste conceito, problematizado, depois, pelos estudos feministas e pelas teorias queer. Recordemos também que, em português e em italiano, a palavra parece encerrar alguma indefinição, registada em dicionários, já que, nessas línguas, gender (ou melhor dizendo, a sua tradução: género/genere) pode ter diferen- tes aceções, percorrendo o campo literário e gramatical e inclusive designar gosto, classe ou estilo. Aliás, nas línguas românicas, o termo genere/género, e ao contrário do inglês gender, não contém o conceito de neutro; ou seja, ignora a existência de outra condição além do masculino e do feminino, por- que tal conceito, aplicado aos seres humanos, não faz parte das culturas neolatinas. Assim, género/genere parece definir uma estrutura dicotómica, puramente binária, gerando imensas confusões, principalmente quando os Estudos de Género se ocupam de contextos trans-género, e não binários. Esta mudança e flutuação do conceito acontecem, segundo Judith Butler, porque para cada sociedade e contexto histórico esse vocábulo é entendido de modos diferentes, sendo uma das propostas centrais de Butler, no seu famoso texto Gender Trouble (1990), a de desconstruir o conceito divisório entre género e sexo, termos que podem ser tomados como sinónimos, mas que de facto não o são. Fabio Mario da Silva, Debora Ricci, Annabela Rita, Ana Luísa Vilela, 12 Cristina Rosa e Vanessa Castagna Quando falamos de sexo, de facto, falamos de um conjunto de caracte- rísticas biológicas, hormonais e físicas que definem a pessoa como homem, mulher ou intersexo. Quando falamos de género falamos de construções so- ciais, muitas vezes culturalmente impostas. Por isso, o conceito de género é fluido, depende da época histórica, do ambiente cultural, do país. A an- tropóloga americana Gayle Rubin (1975) usa pela primeira vez a expressão “sex/gender system”, que, como ela afirma, é “the set of arrangements by which a society transforms biological sexuality into products of human acti- vity, and in which these transformed sexual needs are satisfied.”