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Cartografia Geológica, Estratigrafia E Paleontologia Da Região De Rates E São Félix De

Cartografia Geológica, Estratigrafia E Paleontologia Da Região De Rates E São Félix De

Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de

Laúndos

Paula Cristina Faria Amorim

Mestrado em Geologia

Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território

2020

Orientador

Doutora Maria Helena Macedo Couto, Professora Associada, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

Todas as correções determinadas pelo júri, e só essas, foram efetuadas.

O Presidente do Júri,

Porto, ______/______/______

FCUP v Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos Agradecimentos

Agradeço à Dra Helena Couto, pela orientação, pelos ensinamentos, pelo apoio e por toda a disponibilidade ao longo deste percurso, foi sempre incansável.

Ao Sr Vítor Azevedo por me mostrar o património arqueológico da vila de São Pedro de Rates, nomeadamente a mina de ferro que tão importante foi para a região e para este trabalho.

A colaboração no acesso às escavações da obra pertencente à Resulima do geólogo João Sebastião e da engenheira Nélia Figueiredo.

À Dona Irene Lopes, do laboratório de preparação de amostra do Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território, pela realização das lâminas delgadas para o estudo petrográfico.

À Dra Daniela Silva, do Centro de Materiais da Universidade do Porto, pela realização da análise no Microscopio Eletrónio de Varrimento (MEV), dando o seu parecer com base na sua experiência atendendo ao contexto da amostra.

Ao Dr Yves Moёlo e ao Dr Frederico Sodré Borges pela ajuda na identificação e compreensão na análise ao MEV de certos minerais.

Um agradecimento especial aos amigos que levo para a vida, os meus colegas de curso, com os quais estes anos foram passados sempre a apoiar uns aos outros para chegarmos à meta final juntos.

Agradeço especialmente pelo apoio incondicional dos meus pais e da minha irmã, por estarem sempre a apoiar e a ajudar em tudo o que podiam, e ainda um agradecimento especial ao Joel Rego, pois sem eles não seria possível chegar até aqui.

FCUP vi Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos Resumo

O presente trabalho teve como principal objetivo a elaboração de uma carta geológica de pormenor da região de Rates e São Félix de Laúndos.

Durante o trabalho de campo foi feita identificação das diferentes unidades litoestratigráficas e efetuada a colheita de amostras de rocha e de fósseis.

Algumas das amostras de rocha foram posteriormente estudadas, em lâmina delgada, ao microscópio ótico e ao Microscópio Eletrónico de Varrimento (MEV).

O estudo paleontológico foi efetuado nas amostras colhidas no campo, essencialmente pertencentes ao Ordovícico Médio (Formação de Valongo), também ao Silúrico e ao Carbonífero. Nas formações do Devónico, cobertas em grande parte por campos agrícolas, não foi possível encontrar qualquer exemplar. Foram sim, estudados alguns fósseis do Devónico da região de Rates e Laúndos pertencentes à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Estes fósseis pertencentes a antigas coleções foram objeto de vários estudos, e através dos trabalhos publicados foi possível fazer uma inventariação e obter a localização aproximada da colheita dos vários exemplares no Google Earth.

Os trabalhos cartográficos desenvolvidos na região remontam ao séc. XX. No presente trabalho fez-se uma cartografia de mais pormenor, complementada com estudos laboratoriais. Localmente foi feita a reinterpretação da sequência estratigráfica. Foi assinalada a presença de rochas vulcânicas, nomeadamente um riolito e um tufo vulcanogénico nas alternâncias vulcano-sedimentares do Câmbrico – Ordovícico Inferior, subjacentes aos quartzitos do Floiano, uma rocha vulcanogénica que sobrepõe os quartzitos do Hirnantiano, provavelmente do Ordovícico Superior e pórfiros intercalados no conglomerado-brecha do Carbonífero, não identificados anteriormente nesta região. Em alguns locais foram realizados perfis geológicos interpretativos.

Palavras chave: Cartografia, Estratigrafia, Paleontologia, Petrologia, Rates, São Félix de Laúndos

FCUP vii Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos Abstract

The present work had as main objective the elaboration of a detailed geological map of the Rates and São Félix de Laúndos region.

During the fieldwork different lithostratigraphic units were identified and samples of rock and fossils were collected.

Some of the rock samples were subsequently studied, in thin section under the optical microscope and the Scanning Electron Microscope (SEM).

The paleontological study was carried out on samples collected in the field, essentially belonging to the Middle (Valongo Formation), also to and . In the formations, largely covered by agricultural fields, it was not possible to find any specimen. Some Devonian fossils from the Rates and Laúndos region belonging to the Stratigraphic and Paleontological Collection of the Department of Geosciences, Environment and Spatial Planning of the Faculty of Sciences of the University of Porto were studied. These fossils belonging to old collections were the subject of several studies, and through the published papers it was possible to make an inventory and obtain the approximated location of the collection of the various specimens in Google Earth.

The geological maps developed in the region date back to the XX century. In this work, a more detailed geological mapping was made, complemented with laboratory studies. Locally, the stratigraphic succession was reinterpreted. The presence of volcanic rocks, namely a rhyolite and a volcanogenic tuff, was noted in the volcano-sedimentary interbedded layers of the – Lower Ordovician, underlying the Floian quartzites, an ignimbrite that overlaps the Hirnantian quartzites, probably of the Upper Ordovician and a porphyry interbedded in the Carboniferous conglomerate-breccia, not previously identified in this region. In some places, interpretive geological cross-section were made.

Keywords: Cartography, Stratigraphy, Paleontology, Petrology, Rates, São Félix of Laúndos

FCUP viii Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos Índice Agradecimentos ...... v

Resumo ...... vi

Abstract ...... vii

Índice ...... viii

Lista de Tabelas ...... xi

Lista de Figuras ...... xii

Capítulo I – Introdução...... 1

1. Introdução ...... 3

2. Objetivos ...... 3

3. Métodos e técnicas de trabalho ...... 3

3.1. Trabalho de campo ...... 3

3.2. Estudo petrográfico ...... 4

3.3. Estudo em Microscopia Eletrónica de Varrimento (MEV) ...... 4

3.4. Estudo paleontológico ...... 4

Capítulo II – Enquadramento Geral ...... 5

1. Enquadramento geográfico ...... 7

2. Enquadramento geomorfológico ...... 7

3. Enquadramento geológico-estrutural ...... 8

3.1. Precâmbrico e/ou Câmbrico (Complexo Xisto-Grauváquico) ...... 10

3.2. Ordovícico ...... 10

3.3. Silúrico ...... 12

3.4. Devónico ...... 13

3.5. Carbonífero ...... 14

3.6. Depósitos do Plio-Pleistocénico ...... 14

3.7. Rochas Magmáticas ...... 15

3.8. Recursos Minerais ...... 15

Capítulo III – Trabalho de Campo...... 17

1. Trabalho de campo ...... 19 FCUP ix Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

1.1. Câmbrico ...... 19

1.2. Ordovícico ...... 21

1.2.1. Ordovícico Inferior – Formação de Santa Justa ...... 21

1.2.2. Ordovícico Médio – Formação de Valongo ...... 22

1.2.3. Ordovícico Superior – Formação de Sobrido ...... 23

1.3. Silúrico ...... 25

1.4. Devónico ...... 27

1.5. Carbonífero ...... 28

1.6. Depósitos do Plio-Pleistocénico ...... 30

Capítulo IV – Estudo Petrográfico ...... 33

1. Introdução ...... 35

2. Caracterização das amostras ...... 36

2.1. Amostra 5RT – Pórfiro do Carbonífero ...... 36

2.2. Amostra 7RT – Rocha vulcanogénica do Ordovícico Superior ...... 37

2.3. Amostra 11RT – Filito do Devónico ...... 38

2.4. Amostra 12RT – Alternâncias vulcano-sedimentares subjacentes ao quartzito do Ordovícico inferior ...... 39

2.5. Amostra 13RT – Alternâncias vulcano-sedimentares subjacentes ao quartzito do Ordovícico inferior ...... 40

2.6. Amostra 14RT – Alternâncias xistentas a teto do quartzito do Ordovícico Inferior ...... 40

2.7. Amostra 15RT – Riolito das alternâncias vulcano-sedimentares subjacentes ao quartzito do Ordovícico Inferior ...... 41

2.8. Amostra 17RT – Tufos volcanogénicos das alternâncias vulcano- ...... 43

-sedimentares subjacentes ao quartzito do Floiano ...... 43

3. Conclusão do Estudo Petrográfico ...... 44

Capítulo V – Estudo ao Microscópio Eletrónico de Varrimento (MEV) ...... 45

1. Amostra 7RT – Rocha vulcanogénica do Ordovícico Superior ...... 47

1.1. Análise do círculo 1 – C1 ...... 48

1.2. Análise do círculo 3 – C3 ...... 49 FCUP x Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

1.3. Análise do círculo 4 – C4 ...... 50

1.4. Análise do círculo 5 – C5 ...... 51

Capítulo VI – Estudo Paleontológico ...... 55

1. Trabalhos anteriores ...... 57

1.1 Ordovícico ...... 57

1.2. Silúrico ...... 57

1.3. Devónico ...... 58

1.4. Carbonífero ...... 76

2. Caracterização dos exemplares ...... 77

Capítulo VII – Carta Geológica ...... 131

1. Trabalhos anteriores ...... 133

2. Proposta de Carta Geológica da Região de Rates e São Félix de Laúndos ... 138

Capítulo VIII – Discussão e Conclusão ...... 143

Referências bibliográficas ...... 147

FCUP xi Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos Lista de Tabelas

Tabela 1 - Síntese e caracterização de campo das amostras incluídas no estudo petrográfico...... 35 Tabela 2 - Compilação dos dados referentes às espécies fósseis identificadas por Carlos Romariz, em 1957 e 1962, e respetiva localização...... 58 Tabela 3 - Peixes e outros fósseis identificados por Priem, em 1910, e sua localização (compilação dos dados apresentados no trabalho)...... 59 Tabela 4 - Compilação das espécies fósseis identificadas por Pruvost, 1914, e sua localização...... 61 Tabela 5 - Compilação das espécies fósseis identificadas por Sousa Torres, 1921, e respetiva localização...... 63 Tabela 6 - Espécies fósseis identificadas por Mellado e Thadeu em 1947, e sua localização...... 67 Tabela 7 - Espécies fósseis, e sua localização, identificadas por Jacinto Perdigão em 1977 (compilação dos dados apresentados no trabalho)...... 69 Tabela 8 - Comparação da classificação de Priem (1910) e Burrow (2017), adaptado de Burrow (2017)...... 74

FCUP xii Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos Lista de Figuras

Fig. 1 - Definição da área de trabalho pelo retângulo laranja (imagem obtida através do Google Earth (janeiro 2020))...... 4 Fig. 2 - Localização das Cartas Geológicas 5-C e 9-A no NW de Portugal...... 7 Fig. 3 - Esquema das seis zonas da unidade morfoestrutural do Maciço Ibérico (Ribeiro et al., 1979)...... 8 Fig. 4 - Excerto das cartas 9-A e 5-C, para melhor visualizar a região de estudo e zonas envolventes...... 9 Fig. 5 - Esquema das diferentes fases de deformação atuantes nas unidades paleozóicas do setor norte da Ibéria (Dias et al., 1995)...... 9 Fig. 6 - Imagem obtida no Google Earth, outubro 2020, com todos os pontos GPS colhidos no decorrer no trabalho de campo...... 19 Fig. 7 - a) imagem do Google Earth, obtida em setembro de 2020, com os pontos GPS adquiridos durante o trabalho de campo relativamente à transição Câmbrico – Ordovícico; b) contacto do quartzito laminado e o xisto cinza claro no ponto 720; c) contacto do conglomerado com o quartzito avermelhado, contacto evidenciado pelo martelo; d) zona de alternâncias xistentas delimitadas a amarelo...... 20 Fig. 8 - a) imagem do Google Earth, obtida em setembro de 2020, com os pontos GPS adquiridos durante o trabalho de campo relativamente ao Ordovícico Inferior; b) crista de quartzito maciço, no ponto 23; c) ripple marks no quartzito maciço, no ponto 702, evidenciados pelo tracejado a negro, sendo a seta a tracejado amarelo o sentido da corrente...... 21 Fig. 9 - a) imagem do Google Earth, obtida em setembro de 2020, com os pontos GPS adquiridos durante o trabalho de campo relativamente ao Ordovícico Médio; b) afloramento da Formação de Valongo no ponto 653, onde foram colhidos exemplares fósseis; c) afloramento da Formação de Valongo no ponto 33...... 22 Fig. 10 - a) imagem do Google Earth, obtida em setembro de 2020, com os pontos GPS adquiridos durante o trabalho de campo relativamente ao Ordovícico Superior; b) afloramento junto à Capela de S. Félix, onde se observam bancadas no afloramento de quartzito maciço; c) ripples no mesmo afloramento da imagem no quadrante inferior esquerdo; d) pormenor da estratificação entrecruzada, evidenciando polaridade normal; e) pormenor da estratificação entrecruzada e uma figura de carga assinalada pela seta a amarelo, evidenciando polaridade normal; f) afloramento de quartzito maciço a SE do monte de S. Félix, no ponto 644; g) pormenor dos pequenos clastos no quartzito maciço, do ponto 644; h) afloramento de quartzito a SE do Campo de Tiro, no ponto 797; i) afloramento do ponto 645 (onde foi colhida a amostra 7RT)...... 24 FCUP xiii Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 11 - a) imagem do Google Earth, obtida em setembro de 2020, com os pontos GPS adquiridos durante o trabalho de campo relativamente ao Silúrico; b) afloramento do talude de uma obra, em 2018, de xistos cinza, arroxeados a avermelhados e por vezes amarelados, este afloramento atualmente encontra-se tapado por um muro de betão; c) afloramento que ocorre no talude do antigo caminho de ferro; d) afloramento na obras da Resulima, muito semelhante ao da imagem c; e) xistos negros, junto à escola primária, nesta imagem é bem visível a crenulação...... 26 Fig. 12 - a) imagem do Google Earth, obtida em setembro de 2020, com os pontos GPS adquiridos durante o trabalho de campo relativamente ao Devónico; b) xistos acetinados, no ponto 647; c) alternâncias de xisto e quartzito no ponto 771, S0 evidenciado pelo tracejado a vermelho; d) crista de quartzito maciço, no ponto 772; e) contacto do Devónico com o Carbonífero, no ponto 795...... 27 Fig. 13 - a) imagem do Google Earth, obtida em setembro de 2020, com os pontos GPS adquiridos durante o trabalho de campo relativamente ao Carbonífero; b) afloramento do conglomerado - brecha da base do Carbonífero, no ponto 699; c) pormenor do afloramento da imagem c, onde é possível identificar um clasto de xisto e a variedade do rolamento da granulometria dos grãos; d) pormenor do afloramento da imagem c, onde se identificam clastos de diversos tamanhos e rolamento e) clasto bem rolado de grandes dimensões de granito, no afloramento ao lado do Campo de tiro; f) contacto do Carbonífero com o Ordovícico Médio, no ponto 6; g) afloramento do pórfiro, no ponto 8; h) pormenor do pórfiro da imagem f; i) afloramento dos xistos esbranquiçados com restos vegetais, no ponto 715...... 29 Fig. 14 - a) imagem do Google Earth, obtida em setembro de 2020, com os pontos GPS adquiridos durante o trabalho de campo relativamente ao Plio-Pleistocénico; b) afloramento de uma pequena obra, no ponto 721, com depósitos dunares com ventifactos de dimensões consideráveis; c) na região de Rapijães, no ponto 40, arenito com cimento muito ferruginoso; d) pormenor das chaminés de fada, no depósito dunar, no ponto 710; e) ventifactos colhidos no mesmo ponto da imagem d, evidenciando facetas, arestas e picotado resultantes da erosão eólica...... 31 Fig. 15 - a) amostra de mão colhida no ponto 699; b) lâmina delgada da amostra 5RT; c) quartzo (q) muito arredondado com pequeno golfo de corrosão, em nicóis paralelos com a objetiva 10x; d) quartzo (q) com golfo de corrosão, em nicóis paralelos com a objetiva 5x; e) quartzo (q) arredondado, em nicóis paralelos com a objetiva 5x; f) fenocristal de moscovite (mo) de recristalização da sericite, em nicóis cruzados com a objetiva 10x...... 36 Fig. 16 - a) amostra de mão colhida no ponto 645; b) lâmina delgada da amostra 7RT; c) quartzo (q) arredondado, em nicóis paralelos com a objetiva 5x; d) quartzo (q) com FCUP xiv Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos pequenos golfos de corrosão, em nicóis paralelos com a objetiva 5x; e) quartzo arredondado; f) antigo vidro vulcânico recristalizado, com preservação da textura original; g) antigo vidro vulcânico recristalizado com vacúolos preenchidos por quartzo, em nicóis cruzados com a objetiva 5x; h) antigo vidro vulcânico recristalizado com vacúolos, em nicóis paralelos com a objetiva 5x...... 37 Fig. 17 - a) amostra de mão colhida no ponto 773; b) lâmina delgada da amostra 11RT; c) palhetas de moscovite (mo) e sericite em nicóis paralelos com a objetiva 5x; d) palhetas de moscovite (mo) dispersas na matriz em nicóis cruzados com a objetiva 10x...... 38 Fig. 18 - a) amostra de mão colhida no ponto 775; b) lâmina delgada da amostra 12RT; c) laminação bem visível entre os níveis, onde se identifica quartzo (q), óxidos de ferro (ox) e moscovite (mo), em nicóis paralelos com a objetiva 10x; d) zona da lamina onde a laminação já não é visível, com quartzo (q), sericite (se) e moscovite (mo) em nicóis cruzados com a objetiva 10x...... 39 Fig. 19 - a) amostra de mão colhida no ponto 775; b) lâmina delgada da amostra 13RT; c) laminação bem marcada com a presença de óxidos de ferro (ox), também se observa quartzo (q), sericite (se) e palhetas de moscovite (mo), com a objetiva 5x em nicóis paralelos; d) a mesma imagem de, com a objetiva 5x em nicóis cruzados...... 40 Fig. 20 – a) amostra de mão colhida no ponto 777; b) lâmina delgada da amostra 14RT; c) aspeto geral da amostra, essencialmente matriz, em nicóis paralelos com a objetiva 5x; d) laminação bem marcada pelas palhetas de moscovite, em nicóis paralelos com a objetiva 5x...... 41 Fig. 21 a) amostra de mão colhida no ponto 781; b) lâmina da amostra 15RT; c) quartzos (q) com formas riolíticas, em nicóis paralelos com a objetiva 5x; d) quartzo (q) muito arredondado, com a objetiva 5x em nicóis paralelos; e) sericite (se), em nicóis paralelos com a objetiva 10x; f) palhetas de moscovite (mo) e quartzo (q), em nicóis cruzados com a objetiva 5x; g) turmalina (tu) e quartzo (q) riolítico, com a objetiva 10x em nicóis paralelos; h) turmalina (tu) e quartzo (q) com aspeto riolítico, com a objetiva 10x em nicóis cruzados...... 42 Fig. 22 -a) amostra de mão do ponto 783; b) lâmina delgada da amostra 17RT; c) sericite (se), quartzo (q) e óxidos de ferro (ox), em nicóis paralelos com a objetiva 5x; d) a mesma imagem de c em nicóis cruzados com a objetiva 5x; e) grão de quartzito (qz), com a objetiva 5x em nicóis cruzados; f) alanite (al), com a objetiva 5x em nicóis cruzados...... 43 Fig. 23 - Foto da lâmina da amostra 7RT com a marcação das áreas para analisar no MEV...... 47 FCUP xv Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 24 - a) microfotografia do quartzo; b) espetro de Z1, no mineral da foto a; c) microfotografia do vidro vulcânico recristalizado; d) ampliação da foto c, com a localização do ponto de análise; e) espetro de Z3, possivelmente corresponde à variedade da série da moscovite-celadonite rica em Si (fengite), resultante da alteração do vidro vulcânico; f) tabela com o resultado da análise semi-quantitativa...... 48 Fig. 25 - a) microfotografia com a localização das análises em diferentes grãos de quartzo; b) espetro de Z1; c) espetro de Z2...... 49 Fig. 26 - a) localização da análise Z1 no vidro vulcânico recristalizado; b) espetro da variedade da série moscovite-celadonite rica em Si (fengite), análise Z1 e Z3; c) analises Z2, Z3 Z4 e Z5 na zona dos vacúolos; d) espetro e respetiva análise semi-quantitativa de Z2; e) espetro de Z3 e correspondente análise semi-quantitativa; f) espetro e análise semi-quantitativa, referentes a Z4; g) localização da análise Z6; h) espetro correspondente a Z6 e respetiva análise semi-quantitativa...... 50 Fig. 27 - a) localização da análise em Z1; b) espetro correspondente ao quartzo (Z1); c) localização de outros pontos de análise; d) espetro de Z2, correspondente ao quartzo; e) espetro de Z3 e respetiva análise semi-quantitativa, correspondente ao feldspato potássico; f) análise em Z4 e análise semi-quantitativa correspondente ao feldspato potássico; g) localização das análises com mais pormenor na região de Z4; h) espetro de Z5 e análise semi-quantitativa correspondente ao zircão; i) espetro e respetiva análise semi-quantitativa em Z6 correspondente à possível anatase...... 52 Fig. 28 - Localização aproximada dos fósseis colhidos e estudados por Romariz nos anos de 1957 e 1962. Imagem obtida através do Google Earth em agosto de 2020. . 58 Fig. 29 - Localização aproximada dos locais de colheita dos exemplares fósseis estudados por Priem, 1910. Imagem obtida através do Google Earth em agosto de 2020...... 61 Fig. 30 - Locais de colheita aproximados dos exemplares estudados e colhidos por Pruvost, em 1914. Imagem obtida através do Google Earth em agosto de 2020...... 62 Fig. 31 - Localização aproximada dos locais de colheita de Sousa Torres, 1921. Imagem obtida através do Google Earth em agosto de 2020...... 63 Fig. 32 - Locais de colheita aproximados dos exemplares fósseis coletados por Carrington da Costa em 1940, na área em estudo. Imagem obtida através do Google Earth em agosto de 2020...... 67 Fig. 33 - Localização aproximada dos locais onde foram achados os exemplares estudados por Mellado & Thadeu em 1947. Imagem obtida através do Google Earth em agosto de 2020...... 68 FCUP xvi Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 34 - Locais de colheita, aproximados, dos exemplares fósseis colhidos e estudados por Perdigão em 1977. VG – Vértice Geodésico; EL – Estação de Laúndos. Imagem obtida através do Google Earth em agosto de 2020...... 73 Fig. 35 - Locais de colheita, aproximados, dos exemplares fósseis colhidos e estudados por Perdigão em 1977. VG – Vértice Geodésico; CSF – Capela de São Félix; LS – Lugar da Serra. Imagem obtida através do Google Earth em agosto de 2020...... 73 Fig. 36 - Locais de colheita, aproximados, dos exemplares fósseis colhidos e estudados por Perdigão em 1977. Imagem obtida através do Google Earth em agosto de 2020. 74 Fig. 37 - Local, aproximado, de colheita dos exemplares fósseis estudados por Caprichoso em 2019. Imagem obtida através do Google Earth em agosto de 2020. .. 76 Fig. 38 – Localização, aproximada, da colheita dos exemplares fósseis de Medeiros, em 1955. Imagem obtida através do Google Earth em agosto de 2020...... 76 Fig. 39 - Carta Geológica elaborada por Nery Delgado, em 1908, à escala 1:50 000 e respetivos cortes geológicos à escala 1:10 000...... 133 Fig. 40 - Carta Geológica à escala 1:25 000 de Cândido de Medeiros (1955)...... 134 Fig. 41 - Perfis geológicos elaborados por Cândido de Madeiros (1955)...... 134 Fig. 42 - Carta Geológica da Póvoa de Varzim à escala 1:50 000, folha 9-A (Teixeira e Medeiros, 1965)...... 135 Fig. 43 - Ampliação da Folha 9-A para melhor visualizar a área de estudo...... 135 Fig. 44 - Excerto da Folha 1 da Carta Geológica de Portugal, à escala 1:200 000 (Pereira et al., 1992)...... 136 Fig. 45 - Perfis interpretativos da área em estudo e zonas envolventes da Folha 1 da Carta Geológica de Portugal, à escala 1:200 000 (Pereira et al., 1992)...... 137 Fig. 46 - Carta Geológica, à escala 1:15 000, elaborada com base nos dados de campo, paleontológicos e petrográficos desenvolvidos ao longo desta dissertação...... 139 Fig. 47 - Perfil 1, desde o lugar de Rapijães até ao início do vale onde se encontra instalada a vila de São Pedro de Rates...... 141 Fig. 48 - Perfil 2, inicia-se na encosta SW da serra de Rates até ao início do vale onde está instalada a vila de São Pedro de Rates. Este perfil foi complementado com o corte nº2 elaborado por Cândido de Medeiros (1955)...... 142 Fig. 49 - Perfil 3, desde a base da encosta a SW da serra de Rates até ao cimo da serra. Este perfil incide-se exclusivamente no Ordovício para melhor compreensão da sequência estratigráfica desde a transição Câmbrico – Ordovícico até ao Ordovícico Superior da região...... 143

Capítulo I – Introdução

FCUP 3 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

1. Introdução

A presente dissertação intitulada “Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos” integra-se no segundo ano do Mestrado em Geologia, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto orientada pela Doutora Maria Helena Macedo Couto.

O tema do trabalho vigente foi desenvolvido em continuidade à unidade curricular de estágio, efetuado durante o segundo semestre do terceiro ano da Licenciatura em Geologia na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, em 2018. Para a presente dissertação, a área de estudo foi alargada e estudos complementares de estratigrafia, paleontologia e de petrologia foram realizados.

2. Objetivos

Devido à escassez de trabalhos mais recentes sobre a região, principalmente a nível da cartografia e da estratigrafia, o presente trabalho tem como principais objetivos:

✓ Descrição de campo das diferentes litologias da região, bem como, quando oportuno, o seu estudo petrográfico. ✓ Compreensão da sequência estratigráfica. ✓ Recolha e identificação de fósseis nas diferentes litologias. ✓ Análise, caracterização e identificação dos exemplares fósseis colhidos no trabalho de campo, assim como de fósseis da região que fazem parte da Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT/FCUP (Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território/Faculdade de Ciências da Universidade do Porto). ✓ Realização de uma cartografia geológica de pormenor com base nos pontos supracitados.

3. Métodos e técnicas de trabalho

3.1. Trabalho de campo

O trabalho de campo é a metodologia principal, abrangendo a recolha de amostras de rocha e colheita de fósseis. A área de trabalho (fig. 1) é vasta, tratando-se de uma área com cerda de 50 km2, se trata da continuação do trabalho da unidade curricular de estágio da Licenciatura em Geologia, como já mencionado. FCUP 4 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 1 - Definição da área de trabalho pelo retângulo laranja (imagem obtida através do Google Earth (janeiro 2020)).

3.2. Estudo petrográfico

O estudo petrográfico, em lâmina delgada, foi realizado para complementar e argumentar os aspetos de campo visualizados. Para tal, foram escolhidas oito amostras de rocha colhidas ao longo do trabalho de campo.

Foi no laboratório de realização de lâminas e superfícies polidas do Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território (DGAOT) que as oito lâminas delgadas foram produzidas, pela assistente Maria Irene Lopes.

3.3. Estudo em Microscopia Eletrónica de Varrimento (MEV)

Esta análise foi realizada no CEMUP (Centro de Materias da Universidade do Porto), pela analista Dra Daniela Silva. Este tipo de estudo aplicou-se apenas a uma amostra, para melhor compreensão e caracterização da mesma.

3.4. Estudo paleontológico

Durante o estágio realizado na Licenciatura foram colhidos, no decorrer o trabalho de campo, dezassete exemplares fósseis. Estes foram lavados, fotografados, caracterizados e procedeu-se à sua classificação o mais completa quanto possível.

Sabendo da existência de uma vasta Coleção Estratigráfica e Paleontológica no DGAOT, encontraram-se vários exemplares de fósseis provenientes de Rates ou Laúndos, a região em estudo. Dessa ampla coleção, e atendendo a uma antiga inventariação do DGAOT, foram selecionados trinta e dois exemplares. Estes foram fotografados, caracterizados e a sua classificação foi revista à luz dos conhecimentos atuais.

Capítulo II – Enquadramento Geral

FCUP 7 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

1. Enquadramento geográfico

A área em estudo, a zona de Rates e São Félix de Laúndos, localiza-se a NW de Portugal, mais concretamente no distrito do Porto, no concelho da Póvoa de Varzim.

A nível cartográfico, a área é coberta pelas folhas nº 68, 69, 82 e 83 da carta militar de Portugal à escala 1:25 000 do Instituto Geográfico do Exército; e pelas folhas 9-A (Povoa de Varzim) e 5-C (Barcelos) à escala 1:50 000 da Cartografia Geológica (fig. 2). A região é caracterizada por rochas do Paleozóico e formações mais recentes do Plio- Pleistocénico.

Fig. 2 - Localização das Cartas Geológicas 5-C e 9-A no NW de Portugal. 2. Enquadramento geomorfológico

O Maciço Ibérico é uma unidade morfoestrutural, que ocupa a parte central e ocidental da Península Ibérica. Esta unidade divide-se em seis zonas (fig. 3): Zona Cantábrica, Zona Astúrico-Ocidental Leonesa, Zona Galiza-Trás-os-Montes, Zona Centro Ibérica, Zona Ossa Morena e Zona Sul Portuguesa (Lotze 1945; Julivert et al., 1974; Ribeiro et al, 1979).

A região em análise, integra-se na Zona Centro Ibérica (ZCI) do Maciço Ibérico.

O monte de São Félix constitui o esporão terminal da Serra de Rates. As suas vertentes correspondem a arribas fósseis, rodeadas por depósitos mais recentes, do Plio- Pleistocénico, que, regularmente, escondem as rochas do substrato. A orientação desta serra é aproximadamente NW-SE, condicionada pela sua constituição geológica, onde se destacam os quartzitos do Ordovícico (Teixeira & Medeiros, 1965). FCUP 8 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

A região circundante da área em estudo trata-se de um território de relevos fracos com muitas linhas de água. A zona litoral é composta “por uma extensa planície de abrasão marinha, coberta ainda, em alguns pontos, de depósitos de praias antigas” (Teixeira & Medeiros, 1969). Esta superfície desce gradualmente em direção ao mar; onde ocorre um extenso campo dunar, que atualmente devido à abrasão marinha se encontra muito arrasado.

Fig. 3 - Esquema das seis zonas da unidade morfoestrutural do Maciço Ibérico (Ribeiro et al., 1979). 3. Enquadramento geológico-estrutural

A serra de Rates e o monte de São Félix, geologicamente (fig. 4), fazem parte de um estreito afloramento de idade Paleozóica que surge no litoral de Viana do Castelo, Apúlia, Bougado, Valongo, trespassa o Douro, avança até Queiriga, na região de Castro Daire é cortado pelo maciço granítico do mesmo nome (Teixeira & Gonçalves, 1980). FCUP 9 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 4 - Excerto das cartas 9-A e 5-C, para melhor visualizar a região de estudo e zonas envolventes.

Estas unidades paleozóicas formam, do ponto de vista tectónico, uma imponente dobra em anticlinal assimétrica, formada durante a 1ª fase da Orogenia Varisca (D1) (fig. 5), com direção NW-SE e vergente para W, o qual se denomina Anticlinal de Valongo (Ribeiro et al., 1997), fortemente condicionado pela faixa de cisalhamento Porto-Tomar e pelo Sulco Carbonífero Dúrico-Beirão (Pereira, 1992). O flanco normal ocorre numa extensão de 20 km, inclina cerca de 35º para NE, entre Valongo e Castelo de Paiva, onde é intersetado por intrusões graníticas (Ribeiro et al., 1987); o flanco inverso é praticamente subvertical e estende-se para SE, com uma extensão de 50 km, antes de ser intruído pelo maciço granítico de Castro Daire (Couto et al., 1997).

Fig. 5 - Esquema das diferentes fases de deformação atuantes nas unidades paleozóicas do setor norte da Ibéria (Dias et al., 1995). FCUP 10 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

3.1. Precâmbrico e/ou Câmbrico (Complexo Xisto-Grauváquico)

A idade deste complexo é de difícil determinação, uma vez que, as rochas que o compõem são completamente estéreis do ponto de vista paleontológico. Contudo podemos admitir que são mais antigas que o Ordovícico, dado que, as rochas do Ordovícico assentam discordantemente sobre o Complexo Xisto-Grauváquico (CXG) (Medeiros, 1955).

As formações desta idade, ocorrem fundamentalmente no núcleo do Anticlinal de Valongo (Setor de Terramonte) e a SW do flanco inverso (setores de Alto do Sobrido e Montalto) tendo sido definidas duas formações (Couto, 1993).

A Formação de Terramonte, o CXG é constituído por uma associação litológica superior com alternâncias de pelitos e vaques quártzicos, níveis de epiclastitos e uma associação litológica inferior constituída por xistos siliciosos negros, com alternâncias de níveis gresosos (Couto, 1993).

A Formação de Alto do Sobrido e Montalto apresenta características de origem mais superficial. Nestes níveis o CXG é composto por xistos, grauvaques, arenitos, quartzitos, conglomerados e rochas subvulcânicas, vulcânicas e vulcano sedimentares interestratificadas nos metassedimentos (Couto, 1993; Couto et al., 2014; Couto & Roger, 2017).

Na região de Rates e São Félix o Precâmbrico e/ou Câmbrico adquire uma forma aproximadamente triangular, e ocupa uma área relativamente extensa; a SW é intersetado, em toda a sua extensão, pelo granito de Terroso, que o metamorfizou; a NE contacta discordantemente com os xistos do Ordovícico Médio; a NW e SE contacta com quartzitos do Ordovícico Inferior (Medeiros, 1955).

As rochas desta idade são essencialmente por xistos argilosos, finos, cinzentos e cinzentos esverdeados, alternantes com grauvaques de tons variados, e ocasionalmente, com quartzitos e conglomerados quartzosos (Medeiros, 1955), possivelmente equiparável à Formação de Montalto já descrita mais a sul.

3.2. Ordovícico

As formações do Ordovícico assentam em discordância angular sobre o Pré-Câmbrico e/ou Câmbrico (CXG). Esta discordância deve-se a uma fase de deformação sarda (fig. 5), de natureza epirogénica (Ribeiro, 1979b in Couto, 1993). FCUP 11 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Em 1974, Romano e Diggens dividiram as rochas o Ordovícico em três formações: Formação de Santa Justa, Formação de Valongo e Formação de Sobrido, mais tarde revistas por Couto, 2013 e Couto et al., 2013.

3.2.1. Formação de Santa Justa

Segundo Romano e Diggens (1974) a Formação de Santa Justa é caracterizada por quartzitos maciços, siltitos e argilitos laminados. Os quartzitos maciços possuem estruturas sedimentares, tais como, ripples, slumps e estruturas de carga, ainda é possível encontrar estruturas orgânicas como, Cruziana, Diplichnites e Skolithos.

Há uma passagem gradual entre os argilitos sobrejacentes da Formação de Valongo e o limite superior da Formação de Santa Justa, que segundo os referidos autores é colocado arbitrariamente na última faixa de quartzito.

Mais tarde, com o avanço do conhecimento científico, Couto (1993), descreve nesta formação uma sequência finamente bandada constituída por alternâncias de sedimentos gresosos claros e sedimentos quartzíticos, onde foram identificados níveis vulcano-sedimentares.

Subjacente a esta sequência vulcano-sedimentar, do Ordovícico Inferior, há uma sequência composta por camadas pelíticas, quartzo areníticas e vaques com camadas conglomeráticas e rochas vulcânicas intercaladas. As rochas vulcânicas exibem uma composição bimodal. O vulcanismo ácido consiste em rochas com afinidades riolíticas. O vulcanismo básico é caracterizado por rochas negras e verdes geralmente em bancadas pouco espessas compostas principalmente por sericite, minerais opacos e abundante turmalina recristalizada (Couto & Lourenço, 2008; Couto, 2013).

Na região de Rates e de São Félix, as rochas correspondentes à Formação de Santa Justa, possuem conglomerados, essencialmente na base, e quartzitos com Cruziana e Vexillum, que dão forma à serra com uma orientação geral NW-SE (Teixeira & Medeiros, 1965).

Os quartzitos, por serem uma litologia bastante resistente, formam uma faixa bem visível ao longo da serra de Rates, contudo desaparecem na zona de Agoladas e voltam a aflorar na área de Rapijães. Esta mesma litologia prolonga-se desde o esporão terminal da serra em direção à Apúlia e Fão, todavia foram destruídos pela erosão marinha e fazem parte da planície costeira sob os depósitos de praia e dunares. Na pequena interrupção dos quartzitos, o Ordovícico Médio assenta, em discordância, sobre as rochas do Câmbrico. (Teixeira & Medeiros, 1965). FCUP 12 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

3.2.2. Formação de Valongo

A Formação de Santa Justa passa gradualmente a siltitos rosada, sobrepostos por siltitos de cor cinza, com horizontes graptolíticos, e xistos. Esta sequência tem cerca de 300 m de espessura. Nestas rochas ocorrem fósseis de trilobite, graptólitos, braquiópodes, cistóides, gasterópodes, crinóides, cefalópodes e bivalves (Romano & Diggens, 1974; Couto, 1993).

Na área em estudo, em concordância com os quartzitos do Ordovícico Inferior, e assente sobre eles, existe uma faixa de xistos argilosos, finos, fossilíferos, de cor cinzenta clara a cinzenta escura. Esta faixa possui cerca de 2,5 km de comprimento e aproximadamente 150 m de largura. Na região central da mancha, onde os quartzitos carecem, os xistos do Ordovícico Médio assentam sobre as rochas do Precâmbrico e/ou Câmbrico, a NE contactam com o Devónico e o Carbonífero (Teixeira & Medeiros, 1965).

3.2.3. Formação de Sobrido

De acordo com Romano e Diggens (1974), a Formação de Sobrido consiste numa sequência de quartzitos maciços, no membro inferior, seguida de grauvaques com seixos, que constituem o membro superior da formação e compõem a maior parte.

Mais recentemente, Couto et al. (2013), consideram a Formação de Sobrido, do Ordovícico Superior (Hirnantiano), sobreposta à Formação de Valongo, também é descrita como constituída por dois membros, contudo, o membro inferior está principalmente representado por quartzitos imaturos, maciços e lenticulares, limitado por contactos erosivos. Em alguns locais, há uma transição gradual do membro inferior para o membro superior, materializado dominantemente por diamictitos, embora em alguns locais com intercalações de quartzito e conglomerado.

Teixeira & Madeiros (1965) assinalam no limite N da Carta Geológica 9-A (1:50 000, Póvoa de Varzim) e, os mesmos autores em 1969, no limite S da Carta Geológica 5-C (:50 000, Barcelos), na região da Quinta da Andorinha e Lagoa Negra, que já se encontra fora da área de estudo do presente trabalho, a presença de uma faixa de xistos grauvacóides e gravaques, com muitas intercalações de quartzitos, que consideram poder ser de idade caradociana (atual Hirnantiano).

3.3. Silúrico

O contacto entre o Ordovícico e o Silúrico é variável. Em alguns sítios, este limite corresponde a um contacto erosivo com quartzitos negros lenticulares. uma camada com cloritóides ocorre na transição entre os diamictitos do Ordovícico e os xistos e FCUP 13 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos quartzitos do Silúrico, por vezes materializado por um nível ferruginoso (Couto et al. 2013).

Na região do anticlinal de Valongo, o Silúrico é muito fossilífero, em particular com graptólitos representados por variadas espécies. Do ponto de vista litológico, afloram xistos negros grafitosos, xistos brancos, xistos cinzentos acetinados, liditos e ftanitos. (Medeiros et al., 1980).

A NE da serra de Rates existe uma grande área ocupada por uma extensa mancha de rochas pertencentes ao Silúrico. São essencialmente xistos argilosos, cinzentos, avermelhados ou arroxeados, e grauvaques de cores vivas, paleontologicamente estéreis, contudo é possível encontrar intercalações lenticulares de xistos grafitosos com Monograptus. Estas formações foram cortadas e metamorfizadas pelos granitos porfiróides da mancha do Minho (Medeiros, 1955).

Há uma transição gradual do Silúrico para as formações gresoso-pelíticas, fossilíferas, do Devónico, que constituem a última deposição de fácies marinha da região (Medeiros et al., 1980).

3.4. Devónico

“Entre o afloramento Silúrico ocidental de Valongo e o Carbonífero, existe uma estreita faixa de Devónico Inferior de largura variável, com algumas interrupções” (Medeiros et al., 1980).

Nos terrenos do Devónico afloram xistos cinzentos esverdeados escuros, micáceos, com intercalações de arenito fino, branco, passando a quartzito (Medeiros et al., 1980).

Na área em estudo, o Devónico Inferior é constituído por xistos argilosos, muito fossilíferos, finos, macios, talcosos, de tons claros, por vezes amarelos-avermelhados ou cinzento-azulados, constituindo uma faixa com 5 km de comprimento e 150 m de largura. Estes assentam sobre os xistos do Silúrico, não havendo qualquer evidência de discordância estratigráfica entre estas idades. A fauna encontrada compreende várias espécies de trilobites, alguns ostracodes, lamelibrânquios, gasterópodes, pterópodes, braquiópodes, briozoários, diferentes formas coraliários e equinodermes (Medeiros, 1955).

Subjacente aos xistos ocorre um complexo xisto-gresoso, por vezes com concentrações de limonite, especialmente junto ao contacto dos xistos com o complexo xisto-gresoso. Este complexo é constituído por xistos argilo-micáceos, finos, macios e com abundância de restos de peixes (Medeiros, 1955). Estes restos de peixes são primeiramente FCUP 14 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos descritos por Priem (1910) e são datados, pelo próprio, como sendo do Silúrico Superior. Recentemente, em 2017, Burrow elabora um trabalho de revisão aos fósseis apresentados por Priem no seu trabalho de 1910, a idade destes exemplares continua a ser controversa, contudo à luz dos conhecimentos atuais tudo indicam serem do Devónico Inferior (Burrow, 2017).

3.5. Carbonífero

Às fácies marinhas, anteriormente descritas, dobradas pelas fases precoces da orogenia varisca, seguem-se fácies continentais do Carbonífero, que se depositaram em bacias limnícas ao longo do flanco oeste do Anticlinal de Valongo (Sousa & Wagner, 1983; Wagner & Sousa 1983; Couto, 1993) e é controlado pelo Sulco Carbonífero Durico-Beirão (Domingos et al., 1983). Segundo Dias & Ribeiro (1991) o movimento transcorrente sinistro ao longo dos cisalhamentos, que compõem o Sulco Carbonífero, corresponde a um regime de transpressão heterógenea. A bacia intramontanhosa é controlada pelas estruturas sinformas associadas à convergência dos eixos das estruturas de Valongo e de Fão-Lagoa Negra, no setor de Bougado, e pela reativação da escarpa associada aos movimentos tardios do cisalhamento principal. Após o Vestefaliano, a reativação do cisalhamento pôs em contacto tectónico diferentes níveis estratigráficos (Pereira et al. 1992).

Na área em estudo, entre os afloramentos do Devónico, e este, e do Ordovícico Médio, a oeste, observa-se uma faixa de Carbonífero, constituída conglomerado de cor clara com elementos de grandes dimensões, a que sucedem grés e xistos argilo-micáceos, cinzentos, com fósseis vegetais (Medeiros, 1955).

Segundo Wagner & Sousa e Wagner (1983) o Carbonífero da área estudada faz parte do afloramento Criaz – Serra de Rates, com base na flora fóssil terá uma idade provável entre o Vestefaliano Médio a Estefaniano Inferior.

No Anticlinal de Valongo, em São Pedro da Cova, é descrita a presença de rochas ígneas intercaladas com metassedimentos do Carbonífero (Pereira, 1945, Fonseca & Thadeu, 1948 e Couto & Roger, 2017).

3.6. Depósitos do Plio-Pleistocénico

Na região de Rates e São Félix, Laúndos, encontram-se diversas manchas de depósitos recentes de cobertura, constituídos essencialmente por conglomerados e areias, são depósitos de duna e praia antigos, os mais elevados são os que rodeiam a colina do monte de São Félix. Algumas das areias estão cimentadas por óxidos de ferro, e encontram-se na generalidade bem consolidadas (Medeiros, 1955). FCUP 15 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

3.7. Rochas Magmáticas

Toda a parte S e SE da região em estudo é ocupada por granito. Trata-se de um granito de duas micas, de grão médio a grosseiro. Ocasionalmente possui características porfiroides, com grandes cristais de feldspato (Medeiros, 1955).

Na região SW, a mancha de granito, constitui um prolongamento, para N, do granito do Porto (Teixeira & Medeiros, 1965).

As rochas vulcânicas da transição Câmbrico – Ordovícico, ocorrem subjacentes aos quartzitos maciços do Ordovícico Inferior, exibem uma composição bimodal (Couto & Lourenço, 2008). O vulcanismo ácido consiste em rochas com afinidades riolíticas, o quartzo apresenta características peculiares, tais como, formas arredondadas, golfos de corrosão e morfologia esquelética. Enquanto o vulcanismo básico é caracterizado por rochas negras e verdes geralmente em camadas espessas compostas principalmente por sericite, minerais opacos e abundante turmalina recristalizada (Couto & Lourenço, 2008; Couto, 2013; Couto & Knight, 2013; Couto et al., 2014; Couto & Roger, 2017).

No Carbonífero também ocorrem rochas vulcânicas, que evidenciam uma textura porfirítica com cristais de quartzo angulosos, feldspato parcialmente alterado em sericite, moscovite, zircão, turmalina e titanite em matriz de sericite (Pereira, 1945; Fonseca & Thadeu, 1948; Couto & Roger, 2017).

3.8. Recursos Minerais

Na região de Rates e São Félix de Laúndos as explorações de recursos minerais mais notáveis são as de ferro, ouro e antimónio e de caulino.

O minério limonítico do jazigo de Rates, encontra-se encaixado em xistos do Devónico inferior, e é constituído essencialmente por limonite, tendo como minerais acessórios a goethite, lepidocrocite e quartzo. É um minério rico em Fe, com algum fósforo, e pode ser concentrado por escolha manual (Neiva, 1951).

O minério de ouro e antimónio, ocorre em filões de pequenas dimensões, na região da Lagoa Negra tendo dado origem a uma grande exploração (Teixeira & Medeiros, 1965).

A exploração de caulino é feita em vários locais, através da lavagem da rocha caulinizada e posterior decantação e purificação (Teixeira & Medeiros, 1965), atualmente a sua exploração ainda é efetuada na aldeia de Barqueiros.

Capítulo III – Trabalho de Campo

FCUP 19 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

1. Trabalho de campo

O trabalho de campo, neste projeto, é a componente primordial, uma vez que, os trabalhos existentes a nível cartográfico sobre esta região são muito antigos, e atualmente esta área encontra-se muito urbanizada e os campos de cultivo proliferam. Contudo, foi possível observar alguns afloramentos, em alguns pontos muito alterados e/ou de difícil acesso, onde foram identificadas as diferentes litologias, bem como, estruturas tectónicas e a colheita de alguns exemplares fósseis. Na totalidade, foram registados 83 pontos GPS, ao longo do trabalho de campo (fig. 6).

Fig. 6 - Imagem obtida no Google Earth, outubro 2020, com todos os pontos GPS colhidos no decorrer no trabalho de campo. 1.1. Câmbrico

Apenas foi assinalado um ponto GPS, o ponto 720 (fig. 7a), no qual foi possível observar o contacto de um quartzito laminado com muitos óxidos de ferro e um xisto cinza claro também com muitos óxidos de ferro (fig. 7a), sendo a estratificação (S0) N95º;68ºN.

Próximo dos quartzitos maciços do Ordovícico Inferior, no ponto 780, ocorre um conglomerado com clastos dominantemente quartzosos, intercalado com quartzitos avermelhados (fig. 7c), seguem-se, nos pontos 781 a 783, intercalações de quartzito, xistos (fig. 7d) e rochas vulcano-sedimentares (riolito e tufo vulcanogénico, amostras 15RT e 17RT, Capítulo IV), só depois, surgem os quartzitos maciços cinza claro (fig. 8b), típicos do Floiano presentes ao longo do Anticlinal de Valongo. Estas alternâncias e a presença de rochas de origem vulcânica, intercaladas, materializam a transição Câmbrico – Ordovícico. FCUP 20 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 7 - a) imagem do Google Earth, obtida em setembro de 2020, com os pontos GPS adquiridos durante o trabalho de campo relativamente à transição Câmbrico – Ordovícico; b) contacto do quartzito laminado e o xisto cinza claro no ponto 720; c) contacto do conglomerado com o quartzito avermelhado, contacto evidenciado pelo martelo; d) zona de alternâncias xistentas delimitadas a amarelo.

FCUP 21 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

1.2. Ordovícico 1.2.1. Ordovícico Inferior – Formação de Santa Justa

A SW da Capela de São Félix e do Campo de Tiro (fig. 8a), é possível seguir uma crista de quartzito (fig. 8b) com orientação média N120ºE. Nestes quartzitos identificaram-se estruturas sedimentares, tais como, ripple marks (fig. 8c) que indicam o teto para NE, as atitudes da estratificação variam entre N100ºE a 130ºE; subvertical. Em alguns locais também é possível observar alternâncias de quartzito, xisto e rochas vulcano- sedimentares na base do quartzito, descritas anteriormente.

Estes quartzitos a W contactam com o designado Complexo Xisto-Grauváquico (de idade precambrica e/ou câmbrica) e a E contactam com os xistos da Formação de Valongo (do Ordovícico Médio). Assim, dada a sua posição estratigráfica correspondem aos quartzitos do Ordovícico Inferior, conjuntamente com as alternâncias de xisto, quartzito e rochas vulcano-sedimentares à Formação de Santa Justa.

Fig. 8 - a) imagem do Google Earth, obtida em setembro de 2020, com os pontos GPS adquiridos durante o trabalho de campo relativamente ao Ordovícico Inferior; b) crista de quartzito maciço, no ponto 23; c) ripple marks no quartzito maciço, no ponto 702, evidenciados pelo tracejado a negro, sendo a seta a tracejado amarelo o sentido da corrente. FCUP 22 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

1.2.2. Ordovícico Médio – Formação de Valongo

Subjacentes ao quartzito do Floiano, ocorrem uns siltitos avermelhados, no ponto 778 (fig. 9a), aos que se sobrepõem uns xistos cinza escuro, por vezes, alaranjados a arroxeados (fig. 9b e 9c). Afloram principalmente junto ao lugar de Rapijães e a SW do Campo de Tiro (fig. 9a), estes xistos apresentam uma atitude da estratificação N110º a 130º; 38º NE a subvertical. Apresentam um vasto conteúdo fossilífero de trilobites, cistóides, braquiópodes, gastrópodes, cefalópodes e bivalves, que serão devidamente apresentados no capítulo V.

Fig. 9 - a) imagem do Google Earth, obtida em setembro de 2020, com os pontos GPS adquiridos durante o trabalho de campo relativamente ao Ordovícico Médio; b) afloramento da Formação de Valongo no ponto 653, onde foram colhidos exemplares fósseis; c) afloramento da Formação de Valongo no ponto 33.

FCUP 23 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

1.2.3. Ordovícico Superior – Formação de Sobrido

No seguimento da sequência estratigráfica já conhecida do Anticlinal de Valongo, seguindo a polaridade para NE, evidenciada pelos quartzitos da Formação de Santa Justa e pelos xistos da Formação de Valongo, as cristas de quartzito que afloram no monte de São Félix, a SE deste, na Serra de Rates e relativamente junto ao Campo de Tiro, consideramos como sendo do Hirnantiano, isto é Ordovícico Superior.

No monte de São Félix, junto à capela (fig. 10a) onde o marco geodésico está instalado, no ponto 640, há um afloramento de quartzito de cor cinza por vezes rosada muito bem preservado, no qual se identificam alternâncias de níveis mais finos com níveis mais grosseiros, algumas das bancadas chegam a ser métricas (fig. 10b). Neste afloramento, observa-se a estratificação com atitude de N150ºE;55ºNE, e por vezes entrecruzada, bem evidente na zona das alternâncias (fig. 10d e 10e) e estruturas sedimentares, tais como ripples (fig. 10c) e estruturas de carga (fig. 10e). Estas estruturas sedimentares indicam o topo da sequência para NE.

A SE do monte de São Félix, na Serra de Rates, nos pontos 642 a 644 (fig 8a), foi possível acompanhar uma crista de quartzito (fig. 10f), na qual se observou na estratificação pequenos clastos arredondados (fig. 10g) e algumas cavidades semelhantes a skolithos que indicam o topo das bancadas para NE, e atitude N170ºE;subvertical.

No ponto 645, muito próximo do quartzito do Ordovícico Superior, aflora uma rocha muito alterada, que pela posição estratigráfica poderia corresponder aos diamictitos (fig. 10i). Contudo após o estudo petrográfico (Capítulo IV, amostra 7RT), concluímos que se trata de uma rocha vulcanogénica, com a forte presença de vidros vulcânicos alterado e grãos de quartzo com golfos de corrosão e/ou formas arredondadas. Infelizmente, atualmente, este afloramento encontra-se numa propriedade privada tapado por escombros.

A SE do Campo de Tiro (fig. 10a), voltamos a observar estes quartzitos maciços de cor cinza (fig. 10h), com atitude N120ºE;60ºNE a subvertival, nas suas imediações muitos são os blocos soltos que encontramos, resultantes do desmantelamento de parte da crista para a construção da estrada. FCUP 24 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 10 - a) imagem do Google Earth, obtida em setembro de 2020, com os pontos GPS adquiridos durante o trabalho de campo relativamente ao Ordovícico Superior; b) afloramento junto à Capela de S. Félix, onde se observam bancadas no afloramento de quartzito maciço; c) ripples no mesmo afloramento da imagem no quadrante inferior esquerdo; d) pormenor da estratificação entrecruzada, evidenciando polaridade normal; e) pormenor da estratificação entrecruzada e uma figura de carga assinalada pela seta a amarelo, evidenciando polaridade normal. FCUP 25 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 10 – f) afloramento de quartzito maciço a SE do monte de S. Félix, no ponto 644; g) pormenor dos pequenos clastos no quartzito maciço, do ponto 644; h) afloramento de quartzito a SE do Campo de Tiro, no ponto 797; i) afloramento do ponto 645 (onde foi colhida a amostra 7RT). 1.3. Silúrico

A NE da Serra de Rates (fig. 11a), surgem uns xistos cinza escuro, amarelados a esverdeados, por vezes vermelhos arroxeados com uma patine avermelhada escura devido à forte presença de óxidos de ferro (fig. 11b), observados nos pontos 651, 652, 717 (fig. 11a), a atitude da estratificação/clivagem destes afloramentos é N120º a 140ºE; subvertical, não se encontrou qualquer tipo de fóssil.

Os xistos descritos nos pontos supracitados, surgem também nos pontos 35, 36, 37 e 799 (fig. 11a), neste último ponto encontra-se na antiga linha de caminho de ferro, sendo N130º a 14ºE; subvertical a sua atitude de estratificação (fig. 11c). No ponto 35, encontramos um pequeno artículo de crinóide, único exemplar fóssil colhido nas rochas desta idade (Capítulo V, pág. 129).

Tivemos a oportunidade de visitar as fundações da obra que estavam a decorrer, em janeiro, na freguesia de Paradela para a Resulima, onde foi possível ter acesso a estes xistos muito frescos, a uma profundidade de aproximadamente 10 m, ponto 768 (fig. 11a), evidenciavam uma atitude de estratificação N140ºE; 70ºNE, apresentavam uma coloração cinza escuro. Mais à superfície, ponto 767, possuíam um tom cinza esverdeado, com intercalações de níveis mais pelíticos e níveis mais grosseiros (fig. FCUP 26 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

11d), muito semelhantes aos que encontramos no antigo caminho de ferro (ponto 799), com atitude de estratificação N150ºE;70ºNE.

Junto à escola primária de Paradela, no ponto 770, afloram xistos negros com nódulos siliciosos e crenulação, devido à deformação (fig. 11e), encontram-se muito alterados. Nos pontos 38 e 39, também afloram estes xistos negros.

Fig. 11 - a) imagem do Google Earth, obtida em setembro de 2020, com os pontos GPS adquiridos durante o trabalho de campo relativamente ao Silúrico; b) afloramento do talude de uma obra, em 2018, de xistos cinza, arroxeados a avermelhados e por vezes amarelados, este afloramento atualmente encontra-se tapado por um muro de betão; c) afloramento que ocorre no talude do antigo caminho de ferro; d) afloramento na obras da Resulima, muito semelhante ao da imagem c; e) xistos negros, junto à escola primária, nesta imagem é bem visível a crenulação.. FCUP 27 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

1.4. Devónico

A mancha de Devónico marcada em trabalhos anteriores, nos mapas apresentados no capítulo VII, é difícil de seguir, uma vez que os terrenos onde ocorrem estão convertidos em campos agrícolas.

Contudo, em alguns pequenos taludes de estrada foi possível identificar xistos cinza claro (fig. 12b), no ponto 647 (fig.12a). Nos pontos 771 a 773 (fig. 12a) observamos estes xistos com intercalações de finas bancadas de quartzito (fig. 12c) com atitude N100ºE; subvertical e uma crista de quartzito de cor cinza a alaranjada, um pouco friável (fig. 12d) com direção N70ºE.

Junto ao Campo de Tiro (fig. 12a) no contacto com o Carbonífero, no talude da estrada, afloram um quartzito muito ferruginoso (fig. 12e) em que a estratificação (S0) é N130ºE;70ºNE, esta litologia é semelhante aos blocos soltos que se encontram nas periferias da entrada da mina de ferro (Jazigo de Rates).

Fig. 12 - a) imagem do Google Earth, obtida em setembro de 2020, com os pontos GPS adquiridos durante o trabalho de campo relativamente ao Devónico; b) xistos acetinados, no ponto 647; c) alternâncias de xisto e quartzito no ponto 771, S0 evidenciado pelo tracejado a vermelho. FCUP 28 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 12 - d) crista de quartzito maciço, no ponto 772; e) contacto do Devónico com o Carbonífero, no ponto 795. 1.5. Carbonífero

O Carbonífero, de fácies continental, encontra-se entre o Ordovícico Médio e o Devónico. O contacto observado com o Ordovícico Médio é irregular (fig. 13f), com atitude média N160ºE;80ºNE, no ponto 6 (fig. 13a), onde os xistos da Formação de Valongo em contacto o conglomerado-brecha, constituído por clastos rolados e clastos angulosos (designação de Ferreira & Andrade, 1970), da base do Carbonífero. Este conglomerado-brecha (fig. 13b) é muito mal calibrado com clastos de poucos centímetros (por vezes <1) a 30 centímetros (fig. 13c, 13d e 13e) e de diferentes litologias, tais como, quartzo, quartzito e granito, a matriz é siltosa e muito ferruginosa (fig. 13c e 13d).

No mesmo afloramento onde se observa em contacto com o Ordovícico Médio, observamos a ocorrência de pórfiros (fig. 13g e 13h) numa pequena zona no talude, nos pontos 8 e 9 (fig 13a), apesar de muito alterados são bem percetíveis o contraste com o conglomerado-brecha. Esta sequência parece-nos ser correlacionável com a sequência do Carbonífero da Bacia Carbonífera do Douro (Couto & Roger, 2017).

Num pequeno talude de estrada, no ponto 715, afloram uns xistos muito finos e esbranquiçados (fig. 13i), onde foram coletados exemplares fósseis de restos vegetais (Capítulo VI, pág. 129), por vezes, ocorrem intercalados com níveis mais grosseiros. FCUP 29 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 13 - a) imagem do Google Earth, obtida em setembro de 2020, com os pontos GPS adquiridos durante o trabalho de campo relativamente ao Carbonífero; b) afloramento do conglomerado - brecha da base do Carbonífero, no ponto 699; c) pormenor do afloramento da imagem c, onde é possível identificar um clasto de xisto e a variedade do rolamento da granulometria dos grãos; d) pormenor do afloramento da imagem c, onde se identificam clastos de diversos tamanhos e rolamento e) clasto bem rolado de grandes dimensões de granito, no afloramento ao lado do Campo de tiro. FCUP 30 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 13 - f) contacto do Carbonífero com o Ordovícico Médio, no ponto 6; g) afloramento do pórfiro, no ponto 8; h) pormenor do pórfiro da imagem f; i) afloramento dos xistos esbranquiçados com restos vegetais, no ponto 715.

1.6. Depósitos do Plio-Pleistocénico

Em redor do monte de São Félix (fig. 14a) é possível observar depósitos de antigas praias e depósitos dunares com ventifactos (fig. 14b). São particularmente comuns clastos de quartzito afeiçoados pelo vento (fig. 14e), e também é possível visualizar a ocorrência de chaminés de fada (fig. 14d). No lugar de Rapijães afloram arenitos muito ferruginosos (fig. 14c) que também materializam as formações desta idade.

Estes depósitos dificultam a observação da sequência estratigráfica neste local, uma vez que se encontram sobre as litologias mais antigas. FCUP 31 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 14 - a) imagem do Google Earth, obtida em setembro de 2020, com os pontos GPS adquiridos durante o trabalho de campo relativamente ao Plio-Pleistocénico; b) afloramento de uma pequena obra, no ponto 721, com depósitos dunares com ventifactos de dimensões consideráveis; c) na região de Rapijães, no ponto 40, arenito com cimento muito ferruginoso; d) pormenor das chaminés de fada, no depósito dunar, no ponto 710; e) ventifactos colhidos no mesmo ponto da imagem d, evidenciando facetas, arestas e picotado resultantes da erosão eólica.

Capítulo IV – Estudo Petrográfico

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1. Introdução

O estudo petrográfico efetuado na região em análise recaiu sobre oito amostras de campo (tabela 1), das quais foram feitas lâminas delgadas, que receberam a mesma designação da amostra de mão. O presente estudo, apenas foi realizado em situações pontuais, onde existiam dúvidas durante o trabalho de campo à cerca da natureza de determinada litologia.

Tabela 1 - Síntese e caracterização de campo das amostras incluídas no estudo petrográfico.

Amostra Localização Idade Análise de campo

5RT P699 Carbonífero Pórfiro

7RT P645 Ordovícico Superior Rocha vulcanogénica

11RT P773 Devónico Filito Alternâncias vulcano- Transição Câmbrico - 12RT P775 -sedimentares subjacentes ao -Ordovícico quartzito maciço Alternâncias vulcano- Transição Câmbrico - 13RT P775 -sedimentares subjacentes ao -Ordovícico quartzito maciço Alternâncias xistentas a teto 14RT P777 Ordovícico Inferior do quartzito maciço Riolito das alternâncias 15RT P781 Transição Câmbrico - vulcano- -Ordovícico -sedimentares subjacentes ao quartzito maciço Tufos vulcanogénicos das 17RT P783 Transição Câmbrico - alternâncias vulcano- -Ordovícico -sedimentares subjacentes ao quartzito maciço

Lista de abreviaturas utilizadas na análise microscópica al – alanite q – quartzo cau – caulinite qz – quartzito fe – feldspato se – sericite mo – moscovite tu – turmalina ox – óxidos de Fe vv – vidro vulcânico

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2. Caracterização das amostras 2.1. Amostra 5RT – Pórfiro do Carbonífero Esta amostra (fig. 15a e 15b) foi colhida no pórfiro do Carbonífero, em amostra de mão apresenta-se muito oxidada, com uma matriz muito fina e pequenos cristais, trata-se de uma amostra heterogénea. Microscopicamente encontram-se evidências de aporte sedimentar (clastos de filito e de quartzito), uma vez que, o exemplar é de uma zona mais marginal, onde se apanha o contacto com a rocha encaixante. É constituída por uma matriz muito argilosa, com sericite e possivelmente caulinite resultantes da alteração dos feldspatos. A sericite, por vezes, encontra-se a recristalizar para moscovite (fig. 15f). Os cristais de quartzo apresentam golfos de corrosão (fig. 15c e 15d) e formas muito arredondadas (fig. 15c e 15e), características de origem ígnea. Também foi possível identificar, pontualmente, elementos de rocha de filito e quartzito, evidências do aporte sedimentar.

Fig. 15 - a) amostra de mão colhida no ponto 699; b) lâmina delgada da amostra 5RT; c) quartzo (q) muito arredondado com pequeno golfo de corrosão, em nicóis paralelos com a objetiva 10x; d) quartzo (q) com golfo de corrosão, em nicóis paralelos com a objetiva 5x; e) quartzo (q) arredondado, em nicóis paralelos com a objetiva 5x; f) fenocristal de moscovite (mo) de recristalização da sericite, em nicóis cruzados com a objetiva 10x. FCUP 37 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

2.2. Amostra 7RT – Rocha vulcanogénica do Ordovícico Superior Amostra de mão relativamente homogénea muito alterada, apresenta uma matriz fina de cor bege e a olho nu identificam-se alguns pequenos cristais, e pequenos clastos. Ao microscópio, identifica-se cristais de quartzo, alguns arredondados (fig.16c e 16e), por vezes com golfos de corrosão (fig.16d), surgem dispersos numa matriz muito fina micácea. Também se observam fragmentos de vidro vulcânico, com textura original mas recristalizados (fig.16f a 16g), sendo que alguns ainda preservam antigos vacúolos (fig.16 h), por vezes preenchidos por quartzo. Esta amostra foi colhida num afloramento, pequeno e mal preservado, em 2018, sendo atualmente inacessível. Sobrepõe os quartzitos do Ordovícico Superior e é sobreposta pelos xistos do Carbonífero. A análise MEV (Microscópio Eletrónico de Varrimento), leva a pensar que se possa tratar se uma rocha vulcanogénica completamente alterado

Fig. 16 - a) amostra de mão colhida no ponto 645; b) lâmina delgada da amostra 7RT; c) quartzo (q) arredondado, em nicóis paralelos com a objetiva 5x; d) quartzo (q) com pequenos golfos de corrosão, em nicóis paralelos com a objetiva 5x; e) quartzo arredondado; f) antigo vidro vulcânico recristalizado, com preservação da textura original. FCUP 38 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 16- g) antigo vidro vulcânico recristalizado com vacúolos preenchidos por quartzo, em nicóis cruzados com a objetiva 5x; h) antigo vidro vulcânico recristalizado com vacúolos, em nicóis paralelos com a objetiva 5x.

2.3. Amostra 11RT – Filito do Devónico Esta amostra provém da base do quartzito do Devónico, em amostra de mão é muito homogénea (fig. 17a e 17b), apenas se identifica uma matriz muito fina de cor cinza claro. No microscópio, observa-se essencialmente uma matriz muito fina de sericite e moscovite, possivelmente da alteração dos feldspatos (fig. 17c e 17d), nesta lâmina não se encontrou qualquer vestígio de quartzo. Dada a sua granularidade muito fina esta rocha trata-se de um filito.

Fig. 17 - a) amostra de mão colhida no ponto 773; b) lâmina delgada da amostra 11RT; c) palhetas de moscovite (mo) e sericite em nicóis paralelos com a objetiva 5x; d) palhetas de moscovite (mo) dispersas na matriz em nicóis cruzados com a objetiva 10x. FCUP 39 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

2.4. Amostra 12RT – Alternâncias vulcano-sedimentares subjacentes ao quartzito do Ordovícico inferior Colhida nas alternâncias vulcano-sedimentares subjacentes ao quartzito do Ordovícico inferior, esta amostra é bastante heterogénea (fig. 18a e 18b), com alternância de níveis mais claros e níveis mais escuros, evidenciando a laminação, apresenta tons cinza a alaranjados, devido à presença de óxidos de ferro. A nível petrográfico, apresenta quartzo dominante (fig.18c e 18d), muitos óxidos de ferro (fig.18c) e minerais opacos como acessórios. A matriz é composta, essencialmente, por sericite, por vezes, a recristalizar para moscovite (fig.18d). Onde a matriz é abundante, a laminação é bem evidente (fig. 18c), por outro lado, onde a granulometria é mais grosseira a laminação já não é visível (fig. 18d).

Fig. 18 - a) amostra de mão colhida no ponto 775; b) lâmina delgada da amostra 12RT; c) laminação bem visível entre os níveis, onde se identifica quartzo (q), óxidos de ferro (ox) e moscovite (mo), em nicóis paralelos com a objetiva 10x; d) zona da lamina onde a laminação já não é visível, com quartzo (q), sericite (se) e moscovite (mo) em nicóis cruzados com a objetiva 10x.

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2.5. Amostra 13RT – Alternâncias vulcano-sedimentares subjacentes ao quartzito do Ordovícico inferior Amostra colhida nas alternâncias vulcano-sedimentares subjacentes ao quartzito do Floiano (fig. 19a e 19b), apesenta laminação nos níveis mais escuros, enquanto que nos níveis mais claros é mais homogénea e a laminação já não é visível. Microscopicamente, o quartzo é dominante, contêm muitos óxidos de ferro e palhetas de moscovite (fig. 19c e 19d). Lâmina muito semelhante à da amostra 12RT, também é possível observar a laminação nas zonas onde a granulometria fina é mais abundante (fig. 19c).

Fig. 19 - a) amostra de mão colhida no ponto 775; b) lâmina delgada da amostra 13RT; c) laminação bem marcada com a presença de óxidos de ferro (ox), também se observa quartzo (q), sericite (se) e palhetas de moscovite (mo), com a objetiva 5x em nicóis paralelos; d) a mesma imagem de, com a objetiva 5x em nicóis cruzados.

2.6. Amostra 14RT – Alternâncias xistentas a teto do quartzito do Ordovícico Inferior Colhida nas alternâncias do teto do quartzito do Ordovícico inferior. Em amostra de mão (fig. 20a e 20b), evidencia laminação entre as alternâncias de níveis mais claros e níveis mais escuros, apresenta-se recortada por filonetes de quartzo de exsudação e alguns óxidos de ferro que lhe confere uma tonalidade um pouco vermelha a arroxeada. Esta amostra, ao microscópio, é composta essencialmente por matriz muito fina de moscovite e quartzo (fig. 20c e 20d). Observa-se alternâncias de níveis mais finos e níveis mais grosseiros o que possibilita a visualização da laminação (fig. 20d). FCUP 41 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 20 – a) amostra de mão colhida no ponto 777; b) lâmina delgada da amostra 14RT; c) aspeto geral da amostra, essencialmente matriz, em nicóis paralelos com a objetiva 5x; d) laminação bem marcada pelas palhetas de moscovite, em nicóis paralelos com a objetiva 5x.

2.7. Amostra 15RT – Riolito das alternâncias vulcano-sedimentares subjacentes ao quartzito do Ordovícico Inferior Amostra colhida nas alternâncias vulcano-sedimentares subjacentes ao quartzito do Ordovício inferior. É uma amostra de mão (fig. 21a e 21b) bastante homogénea com uma matriz muito fina. Microscopicamente, evidência algumas características vulcânicas com quartzos riolíticos (fig. 21c), por vezes muito arredondados (fig. 21d), sendo este mineral o mais abundante. Frequentemente observa-se sericite (fig. 21e), possivelmente resultante da alteração de feldspatos, e também são frequentes palhetas de moscovite (fig. 21f). Pontualmente observou-se turmalina (fig. 21g e 21h), e minerais opacos como acessórios. FCUP 42 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 21 a) amostra de mão colhida no ponto 781; b) lâmina da amostra 15RT; c) quartzos (q) com formas riolíticas, em nicóis paralelos com a objetiva 5x; d) quartzo (q) muito arredondado, com a objetiva 5x em nicóis paralelos; e) sericite (se), em nicóis paralelos com a objetiva 10x; f) palhetas de moscovite (mo) e quartzo (q), em nicóis cruzados com a objetiva 5x; g) turmalina (tu) e quartzo (q) riolítico, com a objetiva 10x em nicóis paralelos; h) turmalina (tu) e quartzo (q) com aspeto riolítico, com a objetiva 10x em nicóis cruzados. FCUP 43 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

2.8. Amostra 17RT – Tufos volcanogénicos das alternâncias vulcano- -sedimentares subjacentes ao quartzito do Floiano Provêm das alternâncias vulcano-sedimentares subjacentes ao quartzito do Floiano, em amostra de mão é bastante heterogénea (fig. 22a e 22b), com cristais bem visíveis a olho nu e de variadas dimensões, milimétricas, a matriz é fina e de cor cinza, os óxidos de ferro estão por toda a mostra conferindo uma tonalidade alaranjada, quando presentes. Ao microscópio, é composta maioritariamente por quartzo e com matriz abundante. Possui sericite, possivelmente resultante da alteração dos feldspatos (fig.22c e 22d), muitos óxidos de ferro, e pontualmente elementos de rocha de quartzito (fig. 22e), e alanite como mineral acessório (fig. 22f).

Fig. 22 -a) amostra de mão do ponto 783; b) lâmina delgada da amostra 17RT; c) sericite (se), quartzo (q) e óxidos de ferro (ox), em nicóis paralelos com a objetiva 5x; d) a mesma imagem de c em nicóis cruzados com a objetiva 5x; e) grão de quartzito (qz), com a objetiva 5x em nicóis cruzados; f) alanite (al), com a objetiva 5x em nicóis cruzados. FCUP 44 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

3. Conclusão do Estudo Petrográfico

Com base no estudo petrográfico às oito amostras colhidas ao longo do trabalho de campo é possível inferir:

A amostra 5RT trata-se de um pórfiro do Carbonífero caracterizado, essencialmente, pelos cristais de quartzo com golfos de corrosão e formas muito arredondadas, características deste tipo de litologias. Possui uma matriz argilosa resultante, em parte, da alteração de feldspatos, composta por sericite e caulinite. Este tipo de litologia ainda não tinha sido descrito na área em estudo, contudo assemelha-se à litologia descrita em São Pedro da Cova por Pereira, 1945, Fonseca & Thadeu, 1948 e Couto & Roger, 2017.

Colhida a teto do quartzito maciço do Ordovícico Superior, num afloramento atualmente inacessível, a amostra 7RT apresenta cristais de quartzo muito arredondados, com golfos de corrosão e fragmentos de vidro vulcânico recristalizado, tratando-se de uma rocha vulcanogénica com aspetos semelhantes aos descritos por Montes (2006) para a Formação “Olho de Sapo” em Sanabria e Terra do Bolo (Zamora, Espanha).

A amostra 11RT trata-se de um filito constituído por uma matriz muito fina de sericite, possivelmente resultante da alteração de feldspatos, e moscovite, proveniente das alternâncias xistentas com pequenas bancadas quartzíticas do Devónico.

Quatro das amostras foram colhidas nas alternâncias vulcano-sedimentares subjacentes ao quartzito maciço do Ordovícico Inferior. As amostras 12RT e 13RT mostram-se muito semelhantes, compostas essencialmente por quartzo numa matriz muito fina de sericite e moscovite, proveniente da recristalização da sericite. Na amostra 15RT foi possível identificar quartzos riolíticos, por vezes arredondados, a sericite também é abundante, possivelmente resultante da alteração dos feldspatos, esta amostra corresponde a um riolito. Já a amostra 17RT também possui cristais de quartzo angulosos e muita sericite, provavelmente da alteração dos feldspatos, esta rocha assemelha-se aos tufos vulcanogénicos da Formação de “Olho de Sapo” descritos por Montes (2006) em Zamora

A amostra 14RT, colhida a teto do quartzito maciço do Ordovícico Inferior, composta essencialmente por quartzo numa matriz muito fina com moscovite, onde à escala da lâmina é possível identificar a laminação proeminente pela alternância de níveis mais finos com níveis mais grosseiros.

Capítulo V – Estudo ao Microscópio Eletrónico de Varrimento (MEV)

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A análise ao microscópio eletrónico foi realizada com recurso ao Microscópio Eletrónico de Varrimento (MEV) ambiental, de alta resolução (Schottky), com Microanálise por Raios X e Análise de Padrões de Difracção de Electrões Rectrodundidos: FEI Quanta 400FEG ESEM / EDAX Genesis X4M, no CEMUP (Centro de Materias da Universidade do Porto), pela analista Dra Daniela Silva. A amostra foi revestida com um filme fino de C, por vaporização, utilizando o equipamento JEOL JEE – 4X Vacuum Evaporator.

1. Amostra 7RT – Rocha vulcanogénica do Ordovícico Superior

Este estudo restringiu-se à amostra 7RT, trata-se de uma amostra colhida a teto com o quartzito do Hirnantiano. Apresenta-se bastante alterada sendo contudo visíveis texturas semelhantes a vidros vulcânicos para além de grãos de quartzo com formas compatíveis com génese vulcânica. Sabendo que esta rocha se encontra muito alterada, a análise no MEV poderá ajudar a restringir que mineral terá resultado da alteração dos fragmentos de vidro vulcânico. Para tal na amostra foram selecionados 5 círculos (fig. 23), tendo sido analisados quatro deles (à exceção do C2).

Fig. 23 - Foto da lâmina da amostra 7RT com a marcação das áreas para analisar no MEV.

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1.1. Análise do círculo 1 – C1

Neste círculo foram analisados cinco pontos, dos quais dois identificamos no quartzo (Z1, fig. 24a) e na matriz envolvente (Z2, fig. 24a), os restantes nas estruturas que se assemelham a vidros vulcânicos (fig. 24c e 24d). Segundo o espetro (fig. 24e) e a análise semi-quantitativa de cada elemento (fig. 24f), o mineral que forma estas estruturas poderá corresponder a uma variedade de um mineral da série moscovite-celadonite, com elevado teor em sílica, por vezes designada pelo nome em desuso fengite

(KAl1.5(Mg,Fe)0.5(Al0.5Si3.5O10)(OH2), resultante da alteração de vidro vulcânico.

Fig. 24 - a) microfotografia do quartzo; b) espetro de Z1, no mineral da foto a; c) microfotografia do vidro vulcânico recristalizado; d) ampliação da foto c, com a localização do ponto de análise. FCUP 49 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 24 - e) espetro de Z3, possivelmente corresponde à variedade da série da moscovite-celadonite rica em Si (fengite), resultante da alteração do vidro vulcânico; f) tabela com o resultado da análise semi-quantitativa. 1.2. Análise do círculo 3 – C3

Foram analisados dois pontos sendo ambos quartzo (Z1 e Z2, fig. 25a), apesar de ao microscópio ótico aparentemente possuírem aspetos diferentes, contudo a análise dos espetros não deixa dúvidas (fig. 25b e 25c).

Fig. 25 - a) microfotografia com a localização das análises em diferentes grãos de quartzo; b) espetro de Z1; c) espetro de Z2. FCUP 50 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

1.3. Análise do círculo 4 – C4

Foram seis as análises efetuadas neste círculo, o objetivo era confirmar se o que observávamos ao microscópio ótico era de facto um vidro vulcânico ainda com evidências dos vacúolos. Detetou-se novamente a presença da variedade da série moscovite-celadonite rica em Si (fengite) (Z1, fig. 26a e 26b), os vacúolos encontram- se preenchidos por quartzo (Z2, fig. 26c e 26d) e possivelmente feldspato potássico (Z3, fig. 26c e 26e). Na região escura, onde se identifica a variedade de moscovite (fengite), encontrou-se associado um mineral fosfato de muito pequenas dimensões e muito brilhante (Z4, fig. 26c e 26f; Z6, fig. 26g e 26h) possivelmente poderá ser florencite, a presença de Pb pode estar relacionada com uma alteração hidrotermal.

Fig. 26 - a) localização da análise Z1 no vidro vulcânico recristalizado; b) espetro da variedade da série moscovite- celadonite rica em Si (fengite), análise Z1 e Z3; c) analises Z2, Z3 Z4 e Z5 na zona dos vacúolos; d) espetro e respetiva análise semi-quantitativa de Z2. FCUP 51 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 26 – e) espetro de Z3 e correspondente análise semi-quantitativa; f) espetro e análise semi-quantitativa, referentes a Z4; g) localização da análise Z6; h) espetro correspondente a Z6 e respetiva análise semi-quantitativa.

1.4. Análise do círculo 5 – C5

Foram efetuadas sete análises, ao microscópio ótico tínhamos dúvidas se poderia ser um feldspato alterado ou um vidro vulcânico recristalizado ainda com vacúolos. Contudo, trata-se de um quartzo (Z1, fig. 27a e 27b, Z2 fig. 27c e 27d). No bordo deste mineral, com uma textura menos límpida, detetou-se a presença de feldspato potássico (Z3, fig. 27c e 27e). Junto ao quartzo, foi também analisada com uma textura fibrosa (Z4, fig. 27c e 27f), na qual realizamos três análises: em Z5 detetou-se a presença de um zircão (fig. 27g e 27h); em Z6 segundo o espetro e a análise semi-quantitativa trata- se de um óxido de titânico, provavelmente anatase (fig. 27g e 27i); e em Z7 trata-se de mistura com a matriz. FCUP 52 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 27 - a) localização da análise em Z1; b) espetro correspondente ao quartzo (Z1); c) localização de outros pontos de análise; d) espetro de Z2, correspondente ao quartzo; e) espetro de Z3 e respetiva análise semi-quantitativa, correspondente ao feldspato potássico; f) análise em Z4 e análise semi-quantitativa correspondente ao feldspato potássico.

FCUP 53 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 27 - g) localização das análises com mais pormenor na região de Z4; h) espetro de Z5 e análise semi-quantitativa correspondente ao zircão; i) espetro e respetiva análise semi-quantitativa em Z6 correspondente à possível anatase.

Capítulo VI – Estudo Paleontológico

FCUP 57 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

1. Trabalhos anteriores

Ao longo deste subcapítulo, será apresentada uma compilação de dados sobre os diversos estudos paleontológicos realizados na área em estudo, que engloba a dignação do género ou espécie, bem como, quando existente, a localização da colheita. Estes dados, quando oportuno, surgem sob a forma de tabelas para melhor visualização e compreensão dos conteúdos. Quando possível foram feitas algumas interpretações face aos conhecimentos atuais, baseadas em trabalhos mais recentes, principalmente em relação à sinonímia de géneros e à datação relativa.

1.1 Ordovícico

1.1.1. Ordovícico Inferior

Nesta idade, apenas são descritos icnofósseis, Vexillum e Cruzianas (Delgado, 1908).

Em 1974, Romano, realiza um estudo sobre a sequência estratigráfica das rochas do Ordovícico Inferior da região de Apúlia, onde identifica icnofósseis, tais como, Cruzianas e Skolithos, mas também a descreve a presença de estruturas que considera provavelmente relacionadas com algas.

1.1.2. Ordovícico Médio

Nos “xistos com Didymograptus”, assim designados em 1908 por Nery Delgado, identificou: Neseuretus tristani (Brongniart), Orthonota (Cypricardia) amygdalina (Sowerby), Orthis sp., Calix murchisoni (Verneuil & Barrande).

Em 2018, no âmbito da unidade curricular de Estágio da Licenciatura em Geologia na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, nestes mesmo xistos, identificamos: restos de cistoides onde só foi possível identificamos o género Calix sp., alguns restos de trilobites da família das Asaphidae, e uma Neseuretus sp., vários braquiópodes do género Orthis sp.; um gastrópode, alguns Orthoceras sp., e ainda uma Redonia sp..

1.2. Silúrico

A mancha de Silúrico na região é ampla, contudo, apenas os xistos grafitosos e os ftanitos possuem conteúdo fossilífero, como já referido no capítulo do enquadramento geral. Carlos Romariz, em 1957 e 1962, dedicou-se ao estudo de graptólitos do Silúrico (tabela 2), onde identificou para a área em estudo algumas espécies (fig. 28).

FCUP 58 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Tabela 2 - Compilação dos dados referentes às espécies fósseis identificadas por Carlos Romariz, em 1957 e 1962, e respetiva localização.

Fóssil Localização Filo: Hemichordata Classe: Pterobranchia

Climacograptus rectangularis (M’Coy) - 1550 m S27ºE da Capela da Srª do

Monograptus lobiferus (M’Coy) Amparo, próximo da Lagoa Negra

Monograptus sedgwicki (Portlock)

Monograptus cf. bechi (Barrande)

- 900 m N67ºE do Lugar da Serra, Rates Spirograptus spiralis spiralis (Geinitz)

Rastrites peregrinus peregrinus (Barrande)

Fig. 28 - Localização aproximada dos fósseis colhidos e estudados por Romariz nos anos de 1957 e 1962. Imagem obtida através do Google Earth em agosto de 2020. 1.3. Devónico

O primeiro trabalho paleontológico na área em estudo remonta a 1908, elaborado por Nery Delgado. Este autor, com os conhecimentos geológicos e paleontológicos à data, logrou uma importante descrição das litologias, bem como a identificação de espécies importantes de trilobites, braquiópodes, bivalves, cefalópodes e corais, que o autor FCUP 59 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos classifica como sendo do Silúrico, contudo, em trabalhos posteriores vários autores consideram estes exemplares como sendo do Devónico. Num grés fino, branco, micáceo, ocasionalmente pulverulento (devido à alteração), intercalado com níveis mais xistentos, reconheceu dois géneros: a trilobite Homalonotus sp. e o braquiópode Rhynchonella sp.. Num xisto grosseiro, branco com palhetas de moscovite bem visíveis, identificou alguns artículos de crinóides e trilobites da espécie Phacops laciniatus (Roemer). Próximo dos xistos anteriores, identificou, um grés fino branco amarelado com bivalves e braquiópodes: Solen costatus (Sandberger), Rhynchonella sp. e Orthonato sp.. A camada mais fossilífera, identificada por este autor, possuí um grés fino, na transição para um quartzito, com trilobites, cefalópodes, bivalves e braquiópodes: Homalonotus sp., Orthoceras sp., Orthoceras cf. intermedium (Marklin), Grammysia cingulata (Hisinfer), Avicula ampliata (Phillips), Rhynchonella sp., Rhynchonella decemplicata (Sowerby) e alguns artículos de crinóides. No estrato com xistos finos, branco sujo a amarelados, com concreções ferruginosas avermelhadas, identificou: trilobites Cryphaeus laciniatus (Roemer), brsaquiopodes Spirifer sp. e Orthis sp., ainda briozoários Gorgonia bouchardi (Michelin), e alguns artículos de crinoides.

Priem dedicou-se, em 1910, essencialmente, à identificação de restos de peixes (tabela 3) encontrados nesta região (fig. 29). Este autor classifica os exemplares como sendo do Silúrico, embora, tal como acontece com os fosseis identificados por Nery Delgado, em trabalhos mais recentes diversos autores classificam estes fósseis como sendo do Devónico.

Tabela 3 - Peixes e outros fósseis identificados por Priem, em 1910, e sua localização (compilação dos dados apresentados no trabalho).

Fóssil Localização Peixes Onchus tenuistriatus (Agassiz)

Byssacanthus (Onchus) aff. arcuatus - 450 m S61ºE da Capela do São Félix (Agassiz)

- 450 m S60ºE da Capela do São Félix Plectrodus mirabilis (Ergerton) - 450 m S61ºE da Capela do São Félix

- 450 m S60ºE da Capela do São Félix Campylodus? Delgadoi n. sp. - 450 m S62ºE da Capela do São Félix

FCUP 60 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Tabela 3 (continuação 1) - Peixes e outros fósseis identificados por Priem, em 1910, e sua localização (compilação dos dados apresentados no trabalho).

Fóssil Localização Peixes - 450 m S60ºE da Capela do São Félix Ctenodus? sp. - 450 m S61ºE da Capela do São Félix

Escamas de Crossopterígeo ?

Fragmentos de vértebras de peixe - 450 m S60ºE da Capela do São Félix

indeterminados - 450 m S61ºE da Capela do São Félix

Filo: Arthropoda Classe: Trilobita Indeterminado - 450 m S60ºE da Capela do São Félix

Filo: Brachiopoda

Retzia - 450 m S60ºE da Capela do São Félix

Descinidé? - 450 m S61ºE da Capela do São Félix

Obolus sp. - 450 m S62ºE da Capela do São Félix

Filo: Classe: Bivalvia - 450 m S60ºE da Capela do São Félix Modiolopsis - 450 m S61ºE da Capela do São Félix

Classe: Cephalopoda Orthoceras sp. - 450 m S60ºE da Capela do São Félix

Classe: Gastropoda Murchisonia sp. - 450 m S61ºE da Capela do São Félix Hyolites sp.

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Fig. 29 - Localização aproximada dos locais de colheita dos exemplares fósseis estudados por Priem, 1910. Imagem obtida através do Google Earth em agosto de 2020.

Em 1914, Pruvost, realizou um estudo sobre as rochas e a fauna do Devónico e Carbonífero de Portugal. Para a região de Rates e São Félix de Laúndos (fig. 30) encontrou fósseis nuns xistos finos e grauvaques (tabela 4). Nesse mesmo trabalho, Pruvost, verificou que os fragmentos de trilobites identificados por Priem (1910), correspondem a gnato-bases da pata natatória de um . Este euripterídeo, é caracterizado como sendo do Devónico, no trabalho de Pruvost.

Tabela 4 - Compilação das espécies fósseis identificadas por Pruvost, 1914, e sua localização.

Fóssil Localização Filo: Arthropoda Classe: Ostracoda

Beyrichia sp. - 600 m S81ºE do Vértice Geodésico de São Félix Classe: Trilobita - Junto às casas da Serra, Rates Cryphaeus laciniatus - 600 m S81ºE do Vértice Geodésico de São Félix Filo: Brachiopoda

Aviculopecten follmanni (Frech) - Junto às casas da Serra, Rates

Spirifer paradoxus - 1600 m N2ºW do Vértice Geodésico de São Félix Discina (Orbiculoidea) cf. marginata - 500 m S60ºE da Capela do São Félix (Sandberg) FCUP 62 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Tabela 4 (continuação 1) - Compilação das espécies fósseis identificadas por Pruvost, 1914, e sua localização.

Fóssil Localização Filo: Briozoa

Fenestella Bouchardi (Michelin) - Junto às casas da Serra, Rates

Filo: Equinodermata Classe: Crinoidea

Artículos de crinoides - 1600 m N2ºW do Vértice Geodésico de São Félix Filo: Mollusca Classe: Bivalvia

Pterinea paillettei - Junto às casas da Serra, Rates

Fig. 30 - Locais de colheita aproximados dos exemplares estudados e colhidos por Pruvost, em 1914. Imagem obtida através do Google Earth em agosto de 2020.

Sousa Torres, em 1921, elaborou um extraordinário trabalho de escavações para a recolha de fosseis na área em estudo. A sua coleção encontra-se, atualmente, em parte, no DGAOT/FCUP. No seu trabalho, são apresentados três pontos, os quais estão assinados geograficamente (fig. 31), e acompanhados pela descrição da litologia encontrada e enumeração das espécies (tabela 5).

1) No ponto 300 m a N 41º W do Lugar da Serra, Rates, identificou nuns xistos finos, duros, de cor escura, amarela-avermelhada, dominantemente braquiópodes e raros artrópodes (trilobites) e gastrópodes. FCUP 63 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

2) No ponto 500 m a N 36º W do Lugar da Serra, Rates, novamente, dominam os braquiópodes e alguns bivalves, briozoários, corais, equinodermes, gastrópodes e artrópodes (ostracodes e trilobites). Encontram-se num xisto fino, macio, talcoso de cor branca. 3) No ponto 500 m a N 30º W do Lugar da Serra, Rates, neste afloramento de xistos amarelos, muito alterados, dominam os artrópodes (trilobites) e raros corais e equinodermes.

Fig. 31 - Localização aproximada dos locais de colheita de Sousa Torres, 1921. Imagem obtida através do Google Earth em agosto de 2020.

Tabela 5 - Compilação das espécies fósseis identificadas por Sousa Torres, 1921, e respetiva localização. Fóssil Localização Filo: Arthropoda Classe: Ostracoda

Beyrichia sp. - 500m N36ºW do Lugar da Serra, Rates

Beyrichia devónica, Jones - 500m N36ºW do Lugar da Serra, Rates

Classe: Trilobita - 300m N41ºW do Lugar da Serra, Rates Cryphaeus laciniatus (Roemer, - 500m N36ºW do Lugar da Serra, Rates 1844) - 500m N30ºW do Lugar da Serra, Rates Cryphaeus laciniatus, Roemer (tipo - 500m N36ºW do Lugar da Serra, Rates Barrandei) - 300m N41ºW do Lugar da Serra, Rates Cryphaeus lethaea, Kayser - 500m N30ºW do Lugar da Serra, Rates FCUP 64 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Tabela 5 (continuação 1) - Compilação das espécies fósseis identificadas por Sousa Torres, 1921, e respetiva localização. Fóssil Localização Filo: Arthropoda Classe: Trilobita

Cryphaeus aff. munieri, Roemer - 500m N36ºW do Lugar da Serra, Rates

Cryphaeus aff. pectinatus, Roemer - 500m N36ºW do Lugar da Serra, Rates

Phacops, sp. - 500m N30ºW do Lugar da Serra, Rates

Phacops aff. fecundus, Barr. - 500m N30ºW do Lugar da Serra, Rates

Phacops potieri, Bayler - 500m N30ºW do Lugar da Serra, Rates

Filo: Brachiopoda

Aviculopecten sp. - 500m N36ºW do Lugar da Serra, Rates

Aviculopecten Follmanmi, French. - 500m N36ºW do Lugar da Serra, Rates

Orthis Gervillei, s. str., Defr. - 500m N36ºW do Lugar da Serra, Rates

Spirifer decheni, Kayser - 300m N41ºW do Lugar da Serra, Rates - 500m N36ºW do Lugar da Serra, Rates Spirifer aff. hercyniae, Roemer - 300m N41ºW do Lugar da Serra, Rates - 500m N36ºW do Lugar da Serra, Rates Spirifer histericus (tipo Rousseaui), - 500m N36ºW do Lugar da Serra, Rates Rouault. Spirifer paradoxus, Roemer - 300m N41ºW do Lugar da Serra, Rates - 500m N36ºW do Lugar da Serra, Rates

Spirifer aff. primaevus, Steininger. - 500m N36ºW do Lugar da Serra, Rates

Strophomena piligera, Sandb - 300m N41ºW do Lugar da Serra, Rates

Strophomena steini, Kayser - 300m N41ºW do Lugar da Serra, Rates

Strophomena subaranchnoidea, - 300m N41ºW do Lugar da Serra, Rates Arch. Vern.

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Tabela 5 (continuação 2) - Compilação das espécies fósseis identificadas por Sousa Torres, 1921, e respetiva localização. Fóssil Localização Filo: Bryozoa Classe: Sterolaemata Fenestella bouchardi (Michelin, - 500m N36ºW do Lugar da Serra, Rates 1840)

Fenestella retiformis (Michelin, 1840) - 500m N36ºW do Lugar da Serra, Rates

Filo: Cnidaria Classe: Anthozoa

Petraia, sp. - 500m N30ºW do Lugar da Serra, Rates

Pleurodictum problematicum, Goldf. - 500m N30ºW do Lugar da Serra, Rates

Murchisonia, sp. - 500m N36ºW do Lugar da Serra, Rates

Filo: Echinodermata Clase: Asteroidea

Palaeaster, sp. - 500m N30ºW do Lugar da Serra, Rates

Classe: Crinoidea

Artículos de crinoides - 500m N36ºW do Lugar da Serra, Rates

Filo: Incertea sedis Classe: Tentaculita

Tentaculites elongatus, Hall - 500m N36ºW do Lugar da Serra, Rates

Filo: Mollusca Classe: Bivalvia

Grammysia, sp - 500m N36ºW do Lugar da Serra, Rates

Pterinea cfr. lineata (Goldfuss) - 500m N36ºW do Lugar da Serra, Rates

Pterinea retroflexa (Wahlenberg, - 500m N36ºW do Lugar da Serra, Rates 1821) Classe: Gastropoda

Euomphalus, sp - 300m N41ºW do Lugar da Serra, Rates

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Em relação ao género Cryphaeus mencionado ao longo do trabalho de Sousa Torres, vários são os autores que o colocam em sinonímia. Este género de trilobite pertence à família Phacopidae e à subfamília Asteropyginae, factos consensuais entre os diversos autores. No trabalho de Delo, em 1935, várias das espécies, pertencentes ao género Cryphaeus, caem em sinonímia com outros géneros, nomeadamente, Kayserops, Greenops, Hadrorachus e Cryphaeoides, todos pertencem à mesma subfamília (Asteropyginae). No trabalho de Moore et al., em 1952, a Cryphaeus é posta em sinonímia com o género Greenops. Poucos anos depois, em 1955, Hupé, coloca em sinonímia os géneros Cryphaeus e Asteropyge. Só mais tarde, Liberman e Kloc, em 1997, fazem uma revisão ao trabalho de Delo (1935), contudo mantêm a sua classificação em relação ao género Cryphaeus, as várias espécies deste género são holótipos de outros géneros. Recentemente, em 2014, Bignon e Crônier, elaboram um trabalho de sistemática sobre a subfamília Asteropyginae, onde também colocam em sinonímia várias espécies pertencentes ao género Cryphaeus com outros géneros, à exceção da Asteropyge. Como os trabalhos paleontológicos sobre a região de Rates e são Félix de Laúndos, onde este género é descrito remontam 1947 e 1977, a designação que prevalece é Asteropyge.

Carrington da Costa, em 1940, no seu trabalho sobre o génedo “Homalonotus” partiu à descoberta de novos exemplares. Na região de Rates e São Félix de Laúndos apenas foram encontrados glabelas e pigídios, nos seguintes pontos (fig. 32): • 1150 m S4ºW da Capela da Senhora do Amparo (Apúlia) • 550 m N50ºW do Lugar da Serra (Rates) • 600 m S16ºE do Lugar da Serra (Rates) • 1950 m N8ºW da pirâmide de São Félix (Laúndos) • 650 m S44ºW da pirâmide de São Félix (Laúndos) • 1500 m N81ºW da Igreja de Rates Com os fósseis encontrados definiu uma nova espécie Homalonotus Viannai e identificou uma Homalonotus Knightii com algumas dúvidas porem. FCUP 67 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 32 - Locais de colheita aproximados dos exemplares fósseis coletados por Carrington da Costa em 1940, na área em estudo. Imagem obtida através do Google Earth em agosto de 2020.

Em 1945, Montenegro de Andrade, dedicou-se ao estudo dos Fenestelídeos e Acantoclacídeos da coleção colhida por Sousa Torres, onde identificou: Fenestella infundibulum (Lonsdale), Fenestella retiformis (Michelin), Fenestella bouchardi (Michelin) típica do Devónico, segundo o autor, Fenestella ripisteria (Goldfuss), Ptilopora sp..

Mellado e Thadeu, em 1947, dedicaram-se ao estudo e revisão de algumas das trilobites da coleção de Sousa Torres (1921) (tabela 6, fig. 33).

Tabela 6 - Espécies fósseis identificadas por Mellado e Thadeu em 1947, e sua localização.

Fóssil Localização Filo: Arthropoda Classe: Trilobita Homalonotus (Digonus) cfr. Ornatos - 500 m N36ºW do Lugar da Serra, Rates (Koch, 1883) - 500 m N36ºW do Lugar da Serra, Rates Asteropyge (Asteropyge) laciniatus, - 600 m S81ºE da pirâmide de S. Félix (Roemer, 1844) - Junto às casas da Serra - 500 m N38ºW do Lugar da Serra, Rates Asteropyge (Asteropyge) munieri, - 500 m N38ºW do Lugar da Serra, Rates (Oehlert, 1876) - 600 m S81ºE da pirâmide de S. Félix Asteropyge (Asteropyge) aff. munieri, - Junto às casas da Serra (Oehlert, 1876) - 300 m N41ºW do Lugar da Serra, Rates - 500 m N do Lugar da Serra, Rates

FCUP 68 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Tabela 6 (continuação1) - Espécies fósseis identificadas por Mellado e Thadeu em 1947, e sua localização. Fóssil Localização Filo: Arthropoda Classe: Trilobita - 500 m N36ºW do Lugar da Serra, Rates Asteropyge (Asteropyge) aff. pectinatus, - 600 m S81ºE da pirâmide de S. Félix - 500 m N38ºW do Lugar da Serra, Rates (Roemer, 1844) - 500 m N do Lugar da Serra, Rates - 1580 m N2ºW da pirâmide de S. Félix Asteropyge (Asteropyge) sp. - Junto às casas da Serra Phacops (Phacops) cfr. Potieri (Bayle, - 500 m N52ºW do Lugar da Serra, Rates 1878)

Fig. 33 - Localização aproximada dos locais onde foram achados os exemplares estudados por Mellado & Thadeu em 1947. Imagem obtida através do Google Earth em agosto de 2020.

Em 1977, Jacinto Perdigão, elabora um trabalho sobre “O Devónico de S. Félix de Laúndos”, onde define três níveis fossilíferos (A, B e C) (tabela 7, fig.34, 35 e 36), coincidentes com a série estratigráfica.

O nível superior (C), caracteriza-se por xistos argilosos, esbranquiçados a amarelados, cinza claro a cinza escuro, levemente rosados, por vezes macios outras vezes duros.

O nível intermédio (B), define-se por xistos argilosos, micáceos, esbranquiçados a amarelados, raramente cinza escuro.

O nível inferior (A), é representado por grés ou quartzito fino, ocasionalmente ferruginoso, e micáceo. FCUP 69 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Tabela 7 - Espécies fósseis, e sua localização, identificadas por Jacinto Perdigão em 1977 (compilação dos dados apresentados no trabalho).

Fóssil Jazida Localização Filo: Arthopoda Classe: Trilobita - 1600 m N 2º W do Vértice Geodésico de Asteropyge sp. C São Félix

- Junto às casas da Serra (Rates) - 600 m S 81º E do Vértice Geodésico de Asteropyge laciniatus São Félix (Roemer, 1844) B - 500 m N 36º W do Lugar da Serra (Rates) - 500 m N 38º W do Lugar da Serra (Rates) - Junto às casas da Serra (Rates) - 600 m S 81º E do Vértice Geodésico de São Félix Asteropyge munieri - 300 m N 41º W do Lugar da Serra (Rates) (Oehlert, 1876) B - 500 m N 38º W do Lugar da Serra (Rates)

- 500 m N do Lugar da Serra (Rates) - Junto às casas da Serra (Rates) - 600 m S 81º E do Vértice Geodésico de São Félix Asteropyge pectinatus - 1580 m N 2º W do Vértice Geodésico de (Roemer, 1844) B, C São Félix - 500 m N 36º W do Lugar da Serra (Rates) - 500 m N 38º W do Lugar da Serra (Rates) - 500 m N do Lugar da Serra (Rates) Homalonotus sp - 1950 m N 8º W do Vértice Geodésico de A São Félix Homalonotus (Digonus) cf. C - 500 m N 36º W do Lugar da Serra (Rates) Ornatos (Koch, 1883) Filo: Brachiopoda - 2600 m N 12º W do Vértice Geodésico de São Félix - 1950 m N 8º W do Vértice Geodésico de São Félix - 1700 m S do Vértice Geodésico de São Camarotoechia nucula A Félix (Sowerby, 1839) - 300 m S 88º E do Vértice Geodésico de São Félix - 1200 m 56º W da Igreja de Rates - 1175 m S 66º W da Igreja de Rates - 550 m N 50º W do Lugar da Serra (Rates)

FCUP 70 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Tabela 7 (continuação 1) - Espécies fósseis, e sua localização, identificadas por Jacinto Perdigão em 1977 (compilação dos dados apresentados no trabalho).

Fóssil Jazida Localização Filo: Brachiopoda Orbiculoidea tainei - 450 m S 50º E da Capela de São Félix (Barrois, Pruvost e - 450 m S 60/62º E da Capela de São Félix B Dubois, 1920) - 450 m S 78º E da Capela de São Félix - 500 m S 60º E da Capela de São Félix - 450 m S 60/62º E da Capela de São Félix Cyrtina utrimquesulcata - 500 m S 60º E da Capela de São Félix (Fuchs, 1919) B - 600 m S 81º E do Vértice Geodésico de

São Félix - 450 m S 60/62º E da Capela de São Félix Howellella mercuri - 500 m S 60º E da Capela de São Félix (Gosselet, 1880) B - 600 m S 81º E do Vértice Geodésico de

São Félix Delthyris dumontiana (De - 600 m S 81º E do Vértice Geodésico de Koninck, 1876) B São Félix

Brachyspirifer carinatus - 1600 m N 2º W do Vértice Geodésico de (Schnur, 1853) C São Félix

Acrospirifer cf. rousseaui - 500 m N 38º W do Lugar da Serra (Rates) (Rouault, 1846) C - 325 m SE do Lugar da Serra (Rates)

Anoplia theoreassensis (Maillieux, 1941) C - Junto às casas da Serra (Rates)

Euryspirifer cf. paradoxus -300 m SE do Lugar da Serra (Rates) (Schloteim, 1813) C

- 1600 m N 2º W do Vértice Geodésico de São Félix - 1850 m N 2º W do Vértice Geodésico de São Félix - 200 m NE da Estação de caminho de ferro de Laúndos (linha férrea) - 170 m NE da Estação de caminho de Euryspirifer pellicoi ferro de Laúndos (linha férrea) (Verneuil e Archiac, 1845) C - 500 m N 36º W do Lugar da Serra (Rates)

- 500 m N 38º W do Lugar da Serra (Rates) - 500 m N do Lugar da Serra (Rates) - Junto às casas da Serra (Rates) - 300 m SE do Lugar da Serra (Rates) - 325 m SE do Lugar da Serra (Rates) - 550 m S 20º E do Lugar da Serra (Rates) - 200 m S do Lugar da Serra (Rates) FCUP 71 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Tabela 7 (continuação 2) - Espécies fósseis, e sua localização, identificadas por Jacinto Perdigão em 1977 (compilação dos dados apresentados no trabalho).

Fóssil Jazida Localização Filo: Brachiopoda Stropheodonta sp. - 300 m N 41º W do Lugar da Serra (Rates) C - 200 m S do Lugar da Serra (Rates) Stropheodonta cp. murchisoni (Verneuil e C - Junto às casas da Serra (Rates) Archiac, 1842)

Stropheodonta cp. - Junto às casas da Serra (Rates) sedgwicki (Verneuil e C - 300 m SE do Lugar da Serra (Rates) Archiac, 1842)

Stropheodonta cf. piligera (Sandberger, 1856) C - 300 m SE do Lugar da Serra (Rates)

Schizophoria vulvária - 1300 m S 25º W da Igreja de Rates (Schlotheim, 1820) C - 300 m SE do Lugar da Serra (Rates)

- 170 m NE da Estação de caminho de ferro de Laúndos (linha férrea) - 1300 m S 25º W da Igreja de Rates Schuchertella septirecta - Junto ao Lugar da Serra (Rates) (Wolf, 1930) C - 500 m N 36º W do Lugar da Serra (Rates) - 500 m N 38º W do Lugar da Serra (Rates) - 325 m SE do Lugar da Serra (Rates) - 550 m S 20º E do Lugar da Serra (Rates) - 200 m S do Lugar da Serra (Rates) Filo: Echinodermata Classe: Crinoidea - 170 m NE da Estação de caminho de Artículos de Crinoides C ferro de Laúndos (linha férrea) Filo: Incertea sedis Classe: Tentaculita cf. Irregulares C - Junto ao Lugar da Serra (Rates) (De Koninck) Tentaculites sp. C - Junto às casas da Serra (Rates)

FCUP 72 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Tabela 7 (continuação 3) - Espécies fósseis, e sua localização, identificadas por Jacinto Perdigão em 1977 (compilação dos dados apresentados no trabalho).

Fóssil Jazida Localização Filo: Mollusca Classe: Bivalvia - 1950 m N 8º W do Vértice Geodésico de Grammysia cingulata São Félix (Hisinger, 1852) A - 550 m N 50º W do Lugar da Serra (Rates) - 500 m S 18º E do Lugar da Serra (Rates) - 600 m S 16º E do Lugar da Serra (Rates) Pterinea sp. - 300 m N 41º W do Lugar da Serra (Rates) C

Pterinea (Cornellites) costata (Goldfuss, 1826) C - Junto às casas da Serra (Rates)

Pterinea (Cornellites) paillettei (Verneuil e C - Junto às casas da Serra (Rates) Barrande, 1855)

Pteronitella retroflexa - 1200 m 56º W da Igreja de Rates (Wahlenberg, 1821) A - 1175 m S 66º W da Igreja de Rates - 500 m S 18º E do Lugar da Serra (Rates) Pteronitella laevis - 1600 m N 2º W do Vértice Geodésico de (Goldfuss, ) C São Félix

Classe: Cephalopoda - 2600 m N 12º W do Vértice Geodésico de São Félix - 1950 m N 8º W do Vértice Geodésico de São Félix - 300 m S 88º E do Vértice Geodésico de Orthoceras sp A, B São Félix - 1200 m 56º W da Igreja de Rates - 500 m S 18º E do Lugar da Serra (Rates) - 600 m S 16º E do Lugar da Serra (Rates) - 450 m S 60/62º E da Capela de São Félix - Junto às casas da Serra (Rates) Classe: Gastropoda

Murchisonia sp. A - 250 m S 76º W de Borgonha (Rates)

FCUP 73 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 34 - Locais de colheita, aproximados, dos exemplares fósseis colhidos e estudados por Perdigão em 1977. VG – Vértice Geodésico; EL – Estação de Laúndos. Imagem obtida através do Google Earth em agosto de 2020.

Fig. 35 - Locais de colheita, aproximados, dos exemplares fósseis colhidos e estudados por Perdigão em 1977. VG – Vértice Geodésico; CSF – Capela de São Félix; LS – Lugar da Serra. Imagem obtida através do Google Earth em agosto de 2020.

FCUP 74 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 36 - Locais de colheita, aproximados, dos exemplares fósseis colhidos e estudados por Perdigão em 1977. Imagem obtida através do Google Earth em agosto de 2020.

Foi em 2017, que Burrow, fez a revisão dos fósseis de peixes estudados por Priem (1910), sofreram uma revisão na sua classificação (tabela 8). Estes exemplares encontram-se em diversos museus estrangeiros, entre os quais o Museu de História Natural de Londes.

Tabela 8 - Comparação da classificação de Priem (1910) e Burrow (2017), adaptado de Burrow (2017).

Figura em Priem Classificação do Priem Classificação de Burrow (1910) Estampa 1, figura 1 Onchus tenuistriatus Onchus sp.

Estampa 1, figura 2 e 3 Onchus tenuistriatus Onchus sp.

Estampa 1, figura 4 Onchus tenuistriatus Onchus sp.

Estampa 1, figura 5 Byssacanthus (Onchus) aff. Climatius sp. arcuatus Estampa 1, figura 7 e 8 Plectrodus mirabilis Ischnacanthus sp. (Ergerton) Estampa 1, figura 9 e 10 Plectrodus mirabilis Ischnacanthus sp. (Ergerton) Estampa 1, figura 11 e Campylodus? Delgadoi Ischnacanthiformes 12 Estampa 1, figura 13 e Campylodus? Delgadoi Ischnacanthiformes 14 FCUP 75 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Tabela 8 (continuação 1) - Comparação da classificação de Priem (1910) e Burrow (2017), adaptado de Burrow (2017).

Figura em Priem Classificação do Priem Classificação de Burrow (1910) Estampa 1, figura 15 Campylodus? Delgadoi Acanthodii

Estampa 1, figura 16 Ctenodus? sp. Phyllocarida

Estampa 1, figura 17 e Escamas de Crossopterígeo Eurypteroidea 18 Estampa 1, figura 19 e Escamas de Crossopterígeo Eurypteroidea 20 Estampa 1, figura 21 Fragmento de vértebra de Eurypteroidea peixe indeterminado Estampa 2, figura 22 e Fragmento de vértebra de Ischnacanthiformes 23 peixe indeterminado Estampa 2, figura 24 Fragmento de vértebra de Acanthodii peixe indeterminado Estampa 2, figura 36 Onchus sp. Onchus tenuistriatus

A idade destes exemplares fósseis, primeiramente estudados e apresentados por Priem em 1910, e mais recentemente revistos e reclassificados por Burrow em 2017, é muito controversa, uma vez que, o Pterygotoid é comum do Silúrico superior ao Lockoviano, o Ischnacantus ocorre no Lockoviano, assim como os Climatius. Em suma, a formação onde estes restos de peixes ocorrem datam o Lockoviano, idade do Devónico.

Recentemente, em 2019, Catarina Caprichoso, no âmbito da sua dissertação de mestrado, elabora uma revisão às “Trilobites Calymenina do Devónico de Portugal”, na qual constam alguns exemplares da região de Rates e São Félix de Laúndos (fig. 37), existentes em diversos museus portugueses. Esta autora identificou a espécie Homalonotus viannai viannai (Costa, 1940), através de vários moldes do cranídio, céfalo e pigídio colhidos em Laúndos; também classificou, pela primeira vez, vários moldes de pigídio, cranídio, fragmentos de tórax e uma carapaça quase completa de Burmeisterella hexaspinosa sp. nov., estes exemplares foram colhidos a 500 m N 36º W do Lugar da Serra (Rates) e junto da Serra (Laúndos). FCUP 76 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 37 - Local, aproximado, de colheita dos exemplares fósseis estudados por Caprichoso em 2019. Imagem obtida através do Google Earth em agosto de 2020. 1.4. Carbonífero

Cândido de Medeiros, em 1955, no seu “Estudo Geológico-Mineiro da Região de Rates”, refere ter colhido nas camadas argilosas e no grés fino exemplares de fósseis vegetais, tais como, muitas pínulas de Linopteris florini, Calamites e Cordaites, a 1365m S50ºE da pirâmide de S. Félix (fig. 38). Estes exemplares são, em 1983, referidos em artigos do livro “The Carboniferous of Portugal” editado por Lemos de Sousa e Tomás de Oliveira.

Fig. 38 – Localização, aproximada, da colheita dos exemplares fósseis de Medeiros, em 1955. Imagem obtida através do Google Earth em agosto de 2020. FCUP 77 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

2. Caracterização dos exemplares

2.1. Ordovícico Médio

Em xistos da Formação de Valongo, de fácies marinha, foi possível encontrar alguns fósseis de animais, tais como: bivalves, braquiópodes, cefalópodes, cistóides, gastrópodes e trilobites.

• Bivalves Os bivalves pertencem ao mesmo filo dos gastrópodes e dos cefalópodes, são caracterizados por terem, duas valvas. Neste trabalho encontrou-se um exemplar de bivalve do género Redonia.

• Braquiópodes Os braquiópodes são fósseis abundantes na Formação de Valongo, contudo há poucos estudos paleontológicos tornando difícil a sua identificação. Foram encontrados vários exemplares, que devido aos escassos estudos, identificamos como sendo do género Orthis (?).

• Cefalópodes Os cefalópodes do Ordovícico Médio eram normalmente de concha retilínea, o enrolamento aparece com a evolução. Encontraram-se dois exemplares de cefalópodes com concha retilínea, os quais foram identificados como sendo do género Orthoceras.

• Cistóides Os cistóides são equinodermes, do mesmo filo dos ouriços do mar, que viveram nos mares do Ordovícico. Neste trabalho foram encontrados alguns exemplares de cistoides, alguns mal conservados não sendo possível identificar o género, salvo um exemplar que identificamos como sendo do género Calix (?).

• Gastrópodes Os Gastrópodes do Ordovícico Médio, são gastrópodes marinhos, da mesma classe que os caracóis atuais. Encontrou-se um exemplar de gastrópode.

• Trilobites As trilobites são importantes artrópodes a Era Paleozóica, na Formação de Valongo estes fosseis são bem estudados, assim como noutras partes do mundo. FCUP 78 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Neste trabalho foram encontrados dois fósseis de trilobite sendo uma do género Neseuretus e outra da família da Asaphidae.

2.2. Silúrico

Apenas foi encontrado um pequeno artículo de crinóide, nos xistos cinza escuro com patine alaranjada.

2.3. Devónico

Infelizmente, devido há existência de muitos terrenos agrícolas, nos afloramentos que vimos do Devónico não encontramos nenhum exemplar fóssil. Contudo, selecionamos alguns exemplares da Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT, a maioria destes fósseis possui classificação e/ou constam de uma lista de inventariação que a Doutora Maria Helena Macedo Couto possui. Deste modo, ao todo selecionados 32 exemplares de bivalves, braquiópodes, cefalópodes, coraliários, crinóides, fenestelídeos, gastrópodes, nautilóides e trilobites.

▪ Bivalves

Apenas dois exemplares foram selecionados: Myalina, Aviculopecten. Encontram-se preservados num xisto cinza claro, por vezes com uma patine alaranjada devido à presença de óxidos de ferro.

▪ Braquiópodes

São muito abundantes nesta região, uma vez que, vários foram os exemplares encontrados na coleção, sendo selecionados apenas alguns: Rhynchonella, Chonetes plebeia, Spirifer paradoxus, Orbiculoidea tainei.

▪ Cefalópodes

Fossilizados num quartzito muito ferruginoso, foram encontrados dois exemplares de Orthoceras.

▪ Coraliários

Encontram-se preservados num xisto cinza claro, o género Pleurodictyum, e alguns exemplares inclassificáveis.

▪ Crinóides FCUP 79 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Vários foram os artículos de crinóides identificados, sendo que num dos exemplares encontram-se empilhados. Fossilizados num xisto cinza claro ou num quartzito muito ferruginoso.

▪ Fenestelídeos

Foram vários os exemplares encontrados na coleção, contudo apenas um exemplar mais completo foi selecionado: Fenestella.

▪ Gastrópodes

Preservados num quartzito muito ferruginoso, foram selecionados dois exemplares do mesmo género: Murchisonia.

▪ Nautilóides

Apenas identificamos um exemplar de Cyrthoceras, conservado num xisto cinza claro.

▪ Trilobites

Vários são os exemplares selecionados, alguns são apenas fragmentos: pertencentes à subfamília Asteropyginae, Burmeisterella hexaspinosa, Phacops potieri, preservados num xisto cinza claro, por vezes com uma patine alaranjada, Homalonotus viannai fossilizada num quartzito cinza claro, por vezes friável.

2.4. Carbonífero

Nos xistos do Carbonífero, de fácies continental, encontraram-se alguns fosseis vegetais de Frondes Filicóides. As Frondes Filicóides eram plantas de aspeto semelhante aos fetos atuais, neste trabalho encontramos uma pena e uma pínula de Alethopteris (?) o que nos permitiu, sem sombra de dúvidas, atribuir a estes xistos idade carbonífera. FCUP 80 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra SFL 9.a, b

a b

Designação: Bivalve Tipo de Fóssil: Somatofóssil

Designação científica: Tipo de Fossilização: a – molde Reino – Animalia interno; b – molde externo Filo – Molusco Distribuição Estratigráfica: Classe – Bivalve Era – Paleozóico Ordem – Modiomorphoida Período – Ordovícico Família – Modiomorphidae Época – Médio Género – Redonia Idade – Dapingiano a Darriwiliano País: Portugal Caracterização morfológica: Neste Local: Serra de Rates, Póvoa de Varzim exemplar é possível identificar com

Localização geográfica: P653 clareza a zona de articulação das valvas e a forma característica deste bivalve, Dimensão: a – 2 cm; b – 2 cm em forma de coração.

Amostra pertencente à Coleção do Estágio

FCUP 81 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra SFL 13

Designação: Bivalve Tipo de Fóssil: Somatofóssil

Designação científica: Tipo de Fossilização: molde interno Reino – Animalia Distribuição Estratigráfica: Filo- Molusco Era – Paleozóico Classe- Bivalve Período – Ordovícico Ordem- Modiomorphoida Época – Médio Família- Modiomorphidae Idade – Dapingiano a Darriwiliano Género-Redonia (?) Caracterização morfológica: Neste País: Portugal exemplar e possível identificar parte de Local: Serra de Rates, Póvoa de Varzim uma Redonia, contudo este fóssil encontra-se partido. Localização geográfica: P653

Dimensão: 1.5 cm

Amostra pertencente à Coleção do Estágio

FCUP 82 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra SFL 5.a, b

a b

Designação: Braquiópode Tipo de Fóssil: Somatofóssil

Designação científica: Tipo de Fossilização: a – molde Reino – Animalia interno; b – molde externo Filo – Brachiopodes Distribuição Estratigráfica: Classe – Articulados Era – Paleozóico Ordem – Orthida Período – Ordovícico Família – Orthidae Época – Médio Género – Orthis (?) Idade – Dapingiano a Darriwiliano

País: Portugal Caracterização morfológica: Neste Local: Serra de Rates, Póvoa de Varzim exemplar é possível observar as costelas e a zona de articulação das Localização geográfica: P653 valvas. Dimensão: a – 2 cm; b – 2,5 cm

Amostra pertencente à Coleção do Estágio

FCUP 83 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra SFL 21.a, b

a b

Designação: Braquiópode Tipo de Fóssil: Somatofóssil

Designação científica: Tipo de Fossilização: a – molde Reino – Animalia interno; b – molde externo Filo – Brachiopodes Distribuição Estratigráfica: Classe – Articulados Era – Paleozóico Ordem – Orthida Período – Ordovícico Família – Orthidae Época – Médio Género – Orthis (?) Idade – Dapingiano a Darriwiliano

País: Portugal Caracterização morfológica: Neste Local: Serra de Rates, Póvoa de Varzim exemplar é possível observar as costelas e a zona de articulação das Localização geográfica: P653 valvas Dimensão: a – 1 cm; b – 1 cm

.

Amostra pertencente à Coleção do Estágio

FCUP 84 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra SFL 49.a, b

a b

1 cm 1 cm

Designação: Braquiópode Tipo de Fóssil: Somatofóssil

Designação científica: Tipo de Fossilização: a – molde Reino – Animalia interno; b – molde externo Filo – Brachiopodes Distribuição Estratigráfica: Classe – Articulados Era – Paleozóico Ordem – Orthida Período – Ordovícico Família – Orthidae Época – Médio Género – Orthis (?) Idade – Dapingiano a Darriwiliano

País: Portugal Caracterização morfológica: Neste Local: Serra de Rates, Póvoa de Varzim exemplar é possível observar as costelas e a zona de articulação das Localização geográfica: P653 valvas. Dimensão: a – 1,5 cm; b – 1,5 cm

Amostra pertencente à Coleção do Estágio

FCUP 85 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra SFL 12

Designação: Ortoceras Dimensão: 2 cm

Designação científica: Tipo de Fóssil: Somatofóssil Reino – Animalia Tipo de Fossilização: molde interno Filo – Mollusca Distribuição Estratigráfica: Classe – Cephalopoda Era – Paleozóico Ordem – Orthocerida Período – Ordovícico Família – Orthoceratidae Época – Médio Género – Orthoceras Idade – Dapingiano a Darriwiliano País: Portugal Caracterização morfológica: Neste Local: Serra de Rates, Póvoa de Varzim exemplar é possível ver parte de um Localização geográfica: P653 Orthoceras, incluindo o canal sifonal.

Amostra pertencente à Coleção do Estágio

FCUP 86 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra SFL 19

Designação: Ortoceras Dimensão: 3 cm

Designação científica: Tipo de Fóssil: Somatofóssil Reino – Animalia Tipo de Fossilização: molde interno Filo – Mollusca Distribuição Estratigráfica: Classe – Cephalopoda Era – Paleozóico Ordem – Orthocerida Período – Ordovícico Família – Orthoceratidae Época – Médio Género – Orthoceras Idade – Dapingiano a Darriwiliano País: Portugal Caracterização morfológica: Neste Local: Serra de Rates, Póvoa de Varzim exemplar é possível ver parte de um Localização geográfica: P653 Orthoceras, contudo não é possível identificar o canal sifonal

Amostra pertencente à Coleção do Estágio

FCUP 87 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra SFL 33

Designação: Ortoceras (?) Dimensão: 1 cm

Designação científica: Tipo de Fóssil: Somatofóssil Reino – Animalia Tipo de Fossilização: molde interno Filo – Mollusca Distribuição Estratigráfica: Classe – Cephalopoda Era – Paleozóico Ordem – Orthocerida Período – Ordovícico Família – Orthoceratidae Época – Médio Género – Orthoceras Idade – Dapingiano a Darriwiliano País: Portugal Caracterização morfológica: Neste Local: Serra de Rates, Póvoa de Varzim exemplar é possível observar o canal sifonal do Orthoceras. Localização geográfica: P653

Amostra pertencente à Coleção do Estágio

FCUP 88 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra SFL 1.a, b, c, d

a b

c d

Designação: Cistóide Tipo de Fóssil: Somatofóssil

Designação científica: Tipo de Fossilização: a – molde Reino – Animalia interno; b, c, d – molde externo Filo – Equinodermata Distribuição Estratigráfica: Classe – Cystoidea Era – Paleozóico Ordem – Diploporita Período – Ordovícico Família – Aristocystitidae Época – Médio Género – Calix (?) Idade – Dapingiano a Darriwiliano País: Portugal Caracterização morfológica: Neste Local: Serra de Rates, Póvoa de Varzim exemplar é possível observar com

Localização geográfica: P653 clareza as diferentes placas que constituíam o , bem como a Dimensão: a – 8 cm; b – 8 cm; c – 6 cm; respetiva ornamentação. d – 6 cm.

Amostra pertencente à Coleção do Estágio

FCUP 89 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra SFL 2

b

a

Designação: Cistóides Tipo de Fóssil: Somatofóssil

Designação científica: Tipo de Fossilização: ambos moldes Reino – Animalia externos Filo – Equinodermata Distribuição Estratigráfica: Classe – Cystoidea Era: Paleozoico Ordem – Diploporita Período: Ordovícico Família – Aristocystitidae Época: Médio País: Portugal Idade: Dapingiano a Darriwiliano

Local: Serra de Rates, Póvoa de Varzim Caracterização morfológica: Nestes

Localização geográfica: P653 exemplares é possível observar as diferentes placas, que constituíam o Dimensão: a – 3 cm; b – 7 cm animal, e a respetiva ornamentação.

Amostra pertencente à Coleção do Estágio

FCUP 90 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra SFL 25.a, b

b

a

Designação: Cistóide Tipo de Fossilização: a – molde interno; b – molde externo Designação científica: Reino – Animalia Distribuição Estratigráfica: Filo – Equinodermata Era – Paleozóico Classe – Cystoidea Período – Ordovícico Ordem – Diploporita Época – Médio Família – Aristocystitidae Idade – Dapingiano a Darriwiliano

País: Portugal Caracterização morfológica: Nestes exemplares é possível observar as Local: Serra de Rates, Póvoa de Varzim diferentes placas, que constituíam o Localização Geográfica: P653 animal, e a respetiva ornamentação, bem como a sua forma, que neste caso Dimensão: a – 6 cm; b – 6 cm se encontra bem preservada. Tipo de Fóssil: Somatofóssil

Amostra pertencente à Coleção do Estágio

FCUP 91 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra SFL 28

Designação: Cistóide Tipo de Fóssil: Somatofóssil

Designação científica: Tipo de Fossilização: molde interno Reino – Animalia Distribuição Estratigráfica: Filo- Equinodermata Era – Paleozoico Classe- Cystoidea Período – Ordovícico Ordem- Diploporita Época – Médio Família- Aristocystitidae Idade – Dapingiano a Darriwiliano País: Portugal Caracterização morfológica: Neste Local: Serra de Rates, Póvoa de Varzim exemplar é possível observar as

Localização geográfica: P653 diferentes placas, que constituíam o animal, e a respetiva ornamentação. Dimensão: 6 cm

Amostra pertencente à Coleção do Estágio

FCUP 92 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra SFL 31.a, b

a b

Designação: Cistóide Tipo de Fossilização: a – molde externo; b – molde interno Designação científica: Reino – Animalia Distribuição Estratigráfica: Filo- Equinodermata Era – Paleozóico Classe- Cystoidea Período – Ordovícico Ordem- Diploporita Época – Médio Família- Aristocystitidae Idade – Dapingiano a Darriwiliano

País: Portugal Caracterização morfológica: Nestes

Local: Serra de Rates, Póvoa de Varzim exemplares é possível observar as diferentes placas, que constituíam o Localização geográfica: P653 animal, e a respetiva ornamentação, Dimensão: a – 4 cm; b – 4 cm bem como a sua forma, que neste caso se encontra bem preservada. Tipo de Fóssil: Somatofóssil

Amostra pertencente à Coleção do Estágio

FCUP 93 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra SFL 39

1 cm

Designação: Gastrópode Tipo de Fossilização: molde interno

Designação científica: Distribuição Estratigráfica: Reino – Animalia Era: Paleozoico Filo – Mollusca Período: Ordovícico Classe – Gastropoda Época: Médio

País: Portugal Idade: Dapingiano a Darriwiliano

Local: Serra de Rates, Póvoa de Varzim Caracterização morfológica: Parte da carapaça do gastrópode não é visível, Localização geográfica: P653 contudo ficou fossilizado o seu molde Dimensão: 1 cm interno permitindo perceber a sua estrutura enrolada. Tipo de Fóssil: Somatofóssil

Amostra pertencente à Coleção do Estágio

FCUP 94 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra SFL 6.a, b

a b

Designação: Trilobite Tipo de Fossilização: a – molde externo; b – molde interno. Designação científica: Reino – Animalia Distribuição Estratigráfica: Filo – Arthropoda Era – Paleozóico Classe – Trilobita Período – Ordovícico Ordem – Ptychopariida Época – Médio Família – Calymenidae Idade – Dapingiano a Darriwiliano Género – Neseuretus (?) Caracterização morfológica: Neste País: Portugal exemplar, apenas é possível observar

Local: Serra de Rates, Póvoa de Varzim uma pequena parte do tórax, onde se identifica pontas pleurais espatuladas, e Localização geográfica: P653 o pigídio subtriangular apresenta-se Dimensão: a – 4 cm; b – 4 cm segmentado, o ráquis atinge o bordo do pigídio Tipo de Fóssil: Somatofóssil

Amostra pertencente à Coleção do Estágio

FCUP 95 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra SFL 26.a, b

a b

Designação: Trilobite Tipo de Fossilização: a – molde interno Designação científica: da doublure e molde externo da Reino – Animalia carapaça dorsal; b – molde externo da Filo – Arthropoda doublure e molde interno da carapaça Classe – Trilobita dorsal. Ordem – Ptychopariida Distribuição Estratigráfica: Família – Asaphidae Era – Paleozóico

País: Portugal Período – Ordovícico Época – Médio Local: Serra de Rates, Póvoa de Varzim Idade – Dapingiano a Darriwiliano Localização geográfica: P653 Caracterização morfológica: Neste Dimensão: a – 7 cm; b – 7 cm exemplar é possível identificar parte da

Tipo de Fóssil: Somatofóssil Doublure e parte da carapaça dorsal onde se reconhece um olho olocrual

Amostra pertencente à Coleção do Estágio

FCUP 96 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra SFR 1, b

Designação: Artículos de crinóides Tipo de fossilização: a) molde externo; b) molde interno Designação científica: Reino – Animalia Distribuição Estratigráfica: Filo – Echinodermata Era – Paleozóico Classe – Crinoidea Período – Silúrico

País: Portugal Caracterização morfológica: Neste exemplar observa-se os dois moldes de Local: Serra de Rates, Póvoa de Varzim um artículo do pedúnculo de um Localização geográfica: P35 crinóide, com estrias radiais

Dimensão: a) 0,5 cm; b) 0,5 cm ligeiramente evidentes.

Tipo de fóssil: Somatofóssil

.

Amostra pertencente à Coleção da Dissertação FCUP 97 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 956 da gaveta: V-16

Designação: Bivalve Tipo de fossilização: Molde interno em xisto Designação científica: Reino – Animalia Distribuição Estratigráfica: Filo – Molusca Era – Paleozóico Classe – Bivalvia Período – Devónico Ordem – Pterioida Época – Inferior Família – Myalinidae Idade – Lochkoviano a Emsiano Género – Myalina Caracterização morfológica: Bivalve País: Portugal com valvas de forma triangular, com estrias de crescimento marginal, bem Local: Cova da Andorinha, Laúndos evidentes Dimensão: 4 cm

Tipo de fóssil: Somatofóssil

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 98 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra com identificação incompleta 885 da gaveta: III-9

Designação: Bivalve Tipo de fossilização: molde interno da concha em xisto Designação científica: Reino – Animalia Distribuição Estratigráfica: Filo – Mollusca Era – Paleozóico Classe – Bivalvia Período – Devónico Ordem – Pectinida Época – Inferior Família – Aviculopectinidae Idade – Lochkoviano a Emsiano Género - Aviculopecten Caracterização morfológica: Neste País: Portugal exemplar o que mais se destaca é o seu grande porte das valvas, as costelas Local: 300 m N do Lugar da Serra, radiais bem marcadas e finamente Laúndos espaçadas, assim como, a zona de Dimensão: 6 cm articulação das valvas

Tipo de fóssil: Somatofóssil

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 99 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra sem identificação da gaveta: IV-10

a

b

Designação: Bivalves (a) e Local: 500 m N30ºW do Lugar da Serra, Braquiópode (b) Rates

Designação científica: Dimensão: a) 12 cm; b) 6 cm

a) Reino – Animalia Tipo de fóssil: Somatofóssil Filo – Mollusca Tipo de fossilização: a) molde externo Classe – Bivalvia em xisto; b) molde externo em xisto Ordem – Pectinida Distribuição Estratigráfica: Família – Aviculopectinidae Era – Paleozóico Género – Aviculopecten (?) Período – Devónico b) Reino – Animalia Época – Inferior Filo – Brachiopoda Idade – Lochkoviano a Emsiano Classe – Lingulata Ordem – Lingulida Caracterização morfológica: Família – Discinidae a) Bivalve de grande porte, Género – Orbiculoidea apresenta costelas finamente espaçadas e estrias de Espécie – Orbiculoidea tainei crescimento bem evidentes b) Braquiópode com valva de País: Portugal contorno circular a subcircular, estrias de crescimento concêntricas e finas

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 100 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 1083 da gaveta: V-16

Designação: Braquiópodes Tipo de fossilização: molde interno em quartzito Designação científica: Reino – Animália Distribuição Estratigráfica: Filo – Brachiopoda Era – Paleozóico Classe – Rhynchonellata Período – Devónico Ordem – Rhynchonellida Época – Inferior Família – Rhynchonellidae Idade – Lochkoviano a Emsiano Género – Rhynchonella (?) Caracterização morfológica: Este País: Portugal exemplar possui as valvas com costelas radiais bem marcadas e medianamente Local: 650 m S44ºE da pirâmide de S. espaçadas, apesar de não se encontrar Félix, Laúndos completo. Observa-se uma depressão Dimensão: 1 cm na valva, resultante da comissura frontal

Tipo de fóssil: Somatofóssil estar a nível diferente das laterais

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 101 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 1215 da gaveta: V-18

Designação: Braquiópode Tipo de fóssil: Somatofóssil

Designação científica: Tipo de fossilização: molde interno em Reino – Animalia xisto Filo – Brachiopoda Distribuição Estratigráfica: Classe – Strophomenata Era – Paleozóico Ordem – Strophomenida Período – Devónico Família – Chonetidae Época – Inferior Género – Chonetes Idade – Lochkoviano a Emsiano Espécie – Chonetes plebeia Caracterização morfológica: Este País: Portugal género é distintivo pelo seu pequeno Local: 500 m N36ºW do Lugar da Serra, porte. Neste exemplar as costelas Rates radiais encontram-se bem marcadas e medianamente espaçadas. Dimensão: 1,5 cm

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 102 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra sem identificação da gaveta: III-9

b

a

Designação: Artículo de crinóide (a) e Tipo de fossilização: a) molde interno Braquiópode (b) em xisto; b) molde interno em xisto

Designação científica: Distribuição Estratigráfica: a) Reino – Animalia Era – Paleozóico Filo – Echinodermata Período – Devónico Classe – Crinoidea Época – Inferior b) Reino – Animalia Idade – Lochkoviano a Emsiano Filo – Brachiopoda Caracterização morfológica: Classe – Rhynchonellata a) Pequeno artículo de crinóide Ordem – Spiriferida bem conservado com Família – Spiriferidae ornamentação radial Género – Spirifer b) Observam-se as costelas da Espécie – Spirifer paradoxus valva bem espaçadas, como País: Portugal este exemplar corresponde à valva braquial, realça-se a Local: Rates prega, associada ao tipo de Dimensão: a) 0,5 cm, b) 12 cm comissura que este braquiópode

Tipo de fóssil: Somatofóssil apresenta

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 103 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 684 da gaveta: III-9

a b

Designação: Cefalópode (a) e Tipo de fóssil: Somatofóssil Gastrópode (b) Tipo de fossilização: a) molde interno Designação científica: da câmara em quartzito ferruginoso; b) a) Reino – Animalia molde interno em quartzito ferruginoso Filo – Mollusca Distribuição Estratigráfica: Classe – Cephalopoda Era – Paleozóico Ordem – Orthocerida Período – Devónico Família – Orthoceratidae Época – Inferior Género – Orthoceras Idade – Lochkoviano a Emsiano b) Reino - Animalia Filo – Mollusca Caracterização morfológica: Classe – Gastropoda a) Neste exemplar, é bem evidente Ordem – Murchisoniina parte do molde interno da Família – Murchisoniidae câmara, bem como o Género – Murchisonia preenchimento do canal sifonal b) Observa-se o molde interno da País: Portugal concha de um gastrópode Local: Laúndos turriculado

Dimensão: a) 1 cm; b) 1,5 cm

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 104 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 1035 da gaveta: III-9

Designação: Cefalópode Tipo de fossilização: molde externo da concha e molde interno da câmara em Designação científica: quartzito ferruginoso Reino – Animalia Filo – Mollusca Distribuição Estratigráfica: Classe – Cephalopoda Era – Paleozóico Ordem – Orthocerida Período – Devónico Família – Orthoceratidae Época – Inferior Género – Orthoceras Idade – Lochkoviano a Emsiano

País: Portugal Caracterização morfológica: Neste exemplar, é possível identificar para Local: 650 m S44ºE da pirâmide de S. além do molde externo da concha, o Félix, Laúndos molde interno de uma câmara com Dimensão: 2,5 cm preenchimento do canal sifonal

Tipo de fóssil: Somatofóssil

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 105 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 3078 da gaveta: III-9

Designação: Coraliário Tipo de fossilização: molde interno em xisto Designação científica: Reino - Animalia Distribuição Estratigráfica: Filo - Cnidaria Era – Paleozóico Classe - Anthozoa Período – Devónico Época – Inferior País: Portugal Idade – Lochkoviano a Emsiano Local: 500 m N do Lugar da Serra, Caracterização morfológica: Secção Laúndos longitudinal de uma colónia de coral, Dimensão: 3 cm tabulado

Tipo de fóssil: Somatofóssil

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 106 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 3090 da gaveta: VIII-8

Designação: Coraliário Tipo de fossilização: molde interno em xisto Designação científica: Reino – Animalia Distribuição Estratigráfica: Filo – Cnidaria Era – Paleozóico Classe – Anthozoa Período – Devónico Época – Inferior País: Portugal Idade – Lochkoviano a Emsiano Local: Laúndos Caracterização morfológica: Secção Dimensão: 1,5 cm transversal de um tetracoraliário, onde

Tipo de fóssil: Somatofóssil se observa nitidamente a columella

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 107 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 948 da gaveta: V-16

Designação: Artículos de crinóides Tipo de fossilização: Molde externo em quartzito ferruginoso Designação científica: Reino – Animalia Distribuição Estratigráfica: Filo – Echinodermata Era – Paleozóico Classe – Crinoidea Período – Devónico Época – Inferior País: Portugal Idade – Lochkoviano a Emsiano Local: Pirâmide de S. Félix, Laúndos Caracterização morfológica: Neste Dimensão: 1 cm exemplar observa-se moldes dos

Tipo de fóssil: Somatofóssil artículos do pedúnculo do crinóide, com estrias radiais evidentes em alguns exemplares

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 108 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 949 da gaveta: V-16

Designação: Artículos de crinóides Tipo de fossilização: Molde externo

Designação científica: Distribuição Estratigráfica: Reino – Animalia Era – Paleozóico Filo – Echinodermata Período – Devónico Classe – Crinoidea Época – Inferior Idade – Lochkoviano a Emsiano País: Portugal Caracterização morfológica: Neste Local: Pirâmide de S. Félix, Laúndos exemplar encontram-se moldes dos Dimensão: 1 cm artículos do pedúnculo do crinóide, sem

Tipo de fóssil: Somatofóssil nenhuma ornamentação evidente

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 109 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 1164 da gaveta: V-16

Designação: Crinoide Tipo de fossilização: molde interno em xisto Designação científica: Reino – Animalia Distribuição Estratigráfica: Filo – Echinodermata Era – Paleozóico Classe – Crinoidea Período – Devónico Época – Inferior País: Portugal Idade – Lochkoviano a Emsiano Local: 500 m N36ºW do Lugar da Serra, Caracterização morfológica: Neste Rates exemplar observa-se uma visão lateral Dimensão: 8 cm da moldagem de parte do pedúnculo do

Tipo de fóssil: Somatofóssil crinoide com artículos empilhados

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 110 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 1146 da gaveta: III-9

a

b

Designação: Coraliário (a) e Dimensão: a) 3 cm; b) 6 cm Fenestelídeo (b) Tipo de fóssil: Somatofóssil Designação científica: Tipo de fossilização: a) molde externo a) Reino – Animalia em xisto; b) molde externo em xisto Filo – Cnidaria Ordem – Favositidae Distribuição Estratigráfica: Classe – Anthozoa Era – Paleozóico Família – Michelinidae Período – Devónico Género – Pleurodictyum Época – Inferior b) Reino – Animalia Idade – Lochkoviano a Emsiano Filo – Bryozoa Caracterização morfológica: Classe – Stenolaemata a) Secção transversal de uma Ordem – Fenestrate colónia circular de coral Família – Fenestellidae tabulado. Coralitos de grande Género–Fenestella diametro País: Portugal b) Este fenestelídeo apresenta uma colónia em forma de leque Local: 500 m N36ºW do Lugar da Serra, com ramificação anastomosada Rates

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 111 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 2411 da gaveta VIII-8

Designação: Fenestelídeo Tipo de fossilização: molde externo em xisto Designação científica: Reino – Animalia Distribuição Estratigráfica: Filo – Bryozoa Era – Paleozóico Classe – Stenolaenata Período – Devónico Ordem – Fenestrata Época – Inferior Família – Fenestellidae Idade – Lochkoviano a Emsiano Género – Fenestella infundibulum Caracterização morfológica: Este País: Portugal exemplar, representa uma colónia em forma de leque com ramificação Local: Laúndos anastomosada, as zoécias exibem Dimensão: 1,5 cm contornos circulares.

Tipo de fóssil: Somatofóssil

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 112 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 1039 da gaveta: III-9

Designação: Gastrópode Tipo de fóssil: Somatofóssil

Designação científica: Tipo de fossilização: molde interno em Reino – Animalia quartzito ferruginoso Filo – Mollusca Distribuição Estratigráfica: Classe – Gastropoda Era – Paleozóico Ordem – Murchisoniina Período – Devónico Família – Murchisoniidae Época – Inferior Género – Murchisonia Idade – Lochkoviano a Emsiano

País: Portugal Caracterização morfológica: Molde Local: 650 m S44ºE da pirâmide de S. interno da concha conispiralada de um Félix, Laúndos gastrópode

Dimensão: 2 cm

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 113 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 1283, sem gaveta

Designação: Nautilóide Tipo de fóssil: Somatofóssil

Designação científica: Tipo de fossilização: molde interno em Reino – Animalia xisto Filo – Mollusca Distribuição Estratigráfica: Classe – Cephalopoda Era – Paleozóico Ordem – Discosorida Período – Devónico Família – Phragmoceratidae Época – Inferior Género - Cyrthoceras Idade – Lochkoviano a Emsiano

País: Portugal Caracterização morfológica: Concha Local: 100 m N54ºW do Lugar da Serra, em forma de cirtocone, com evidencia Rates dos septos

Dimensão: 4 cm

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 114 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 745 da gaveta: V-18

Designação: Céfalo de trilobite Tipo de fóssil: Somatofóssil

Designação científica: Tipo de fossilização: molde interno do Reino – Animalia céfalo em xisto Filo – Arthropoda Distribuição Estratigráfica: Classe – Trilobita Era – Paleozóico Ordem – Phacopida Período – Devónico Família – Phacopidae Época – Inferior Subfamília – Asteropyginae Idade – Lochkoviano a Emsiano

Outras classificações: Cryphaeus Caracterização morfológica: Forma (Torres, 1921), Asteropyge (Mellado e do céfalo, com a glabela com 4 lóbulos Thadeu, 1947 e Perdigão, 1977) e o lóbulo occipital bem evidente. País: Portugal Infelizmente a zona dos olhos não se encontram conservados não permitindo Local: 500 m N36ºW do Lugar da Serra, fazer uma caracterização mais Rates pormenorizada Dimensão: 2 cm

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 115 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 1050 da gaveta: V-16

a

b

Designação: Cranidium de trilobite (a e Tipo de fossilização: a) molde interno b) em quartzito; b) molde interno em quartzito Designação científica: a) e b) Reino – Animalia Distribuição Estratigráfica: Filo – Arthropoda Era – Paleozóico Classe – Trilobita Período – Devónico Ordem – Phacopida Época – Inferior Família – Homalonotidae Idade – Lochkoviano a Emsiano Género – Homalonotus Caracterização morfológica: Os Espécie – Homalonotus Viannai cranidium possuem um contorno País: Portugal elíptico; a zona preglabelar é ligeiramente côncava; a glabela é Local: 650 m S44ºE da pirâmide de S. elipsoidal; os lóbulos oculares são Félix, Laúndos mamiformes e conspícuos, ocupam Dimensão: a) 2cm; b) 2cm grande parte das fixigenas; os olhos

Tipo de fóssil: Somatofóssil pequenos parece que apenas se elevam até à altura da glabela. Em (b) também se observa nitidamente o sulco occipital quase reto e bem vincado.

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 116 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 1056 da gaveta: V-16

Designação: Cranidium de trilobite Tipo de fossilização: molde interno em quartzito Designação científica: Reino – Animalia Distribuição Estratigráfica: Filo – Arthropoda Era – Paleozóico Classe – Trilobita Período – Devónico Ordem – Phacopida Época – Inferior Família - Homalonotidae Idade – Lochkoviano a Emsiano Género – Homalonotus Caracterização morfológica: O Espécie - Homalonotus viannai cranidium apresenta um contorno País: Portugal elíptico; a zona preglabelar é ligeiramente côncava; a glabela é Local: 650 m S44ºE da pirâmide de S. elipsoidal; os lóbulos oculares são Félix, Laúndos mamiformes e conspícuos, ocupam Dimensão: 3 cm grande parte da face; obverva-se um

Tipo de fóssil: Somatofóssil pequeno olho que parece apenas elevar-se até à altura da glabela. O sulco occipital quase reto e bem vincado

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 117 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 1098 sem gaveta

Designação: Tórax de trilobite Dimensão: 11 cm

Designação científica: Tipo de fóssil: Somatofóssil Reino – Animalia Tipo de fossilização: molde interno em Filo – Arthropoda xisto Classe – Trilobita Ordem – Phacopida Distribuição Estratigráfica: Família – Homalonotidae Era – Paleozóico Género - Burmeisterella Período – Devónico Espécie – Burmeisterella hexaspinosa Época – Inferior Idade – Lochkoviano a Emsiano Outras classificações: Dalmania tuberculata (Torres, 1921), Caracterização morfológica: Neste Homalonotus (Digonus) ornatus exemplar apenas é visível parte do tórax (Mellado e Thadeu, 1947), sem trilobação, contudo a Burmeisterella hexaspinosa ornamentação dos 6 tubérculos ao (Caprichoso, 2019) longo do anel raquidial, característico desta espécie, encontra-se bem País: Portugal marcada Local: 500 m N36ºW do Lugar da Serra, Rates

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 118 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 1103 sem gaveta

Designação: Tórax de trilobite Local: 500 m N36ºW do Lugar da Serra, Rates Designação científica: Reino – Animalia Dimensão: 14 cm Filo – Arthropoda Tipo de fóssil: Somatofóssil Classe – Trilobita Ordem – Phacopida Tipo de fossilização: molde externo Família – Homalonotidae em xisto

Género - Burmeisterella Distribuição Estratigráfica: Espécie – Burmeisterella hexaspinosa Era – Paleozóico Período – Devónico Outras classificações: Dalmania Época – Inferior tuberculata (Torres, 1921), Idade – Lochkoviano e Emsiano Homalonotus (Digonus) ornatus

(Mellado e Thadeu, 1947), Caracterização morfológica: Observa- Burmeisterella hexaspinosa se parte do tórax sem trilobação, com (Caprichoso, 2019) pequenos tubérculos ao longo do

País: Portugal ráquis. As pleuras arredondadas são bem visíveis neste exemplar

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 119 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 1127 e 1277 da gaveta V-18

Designação: Pigídio de trilobite Tipo de fossilização: molde interno em xisto Designação científica: Reino – Animalia Distribuição Estratigráfica: Filo – Arthropoda Era – Paleozóico Classe – Trilobita Período – Devónico Ordem – Phacopida Época – Inferior Família – Phacopidae Idade – Lochkoviano a Emsiano Subfamília – Asteropyginae Caracterização morfológica: Neste Outras classificações: Cryphaeus exemplar está representado um pigídio (Torres, 1921), Asteropyge (Mellado e com pelo menos 9 anéis no eixo pigidial, Thadeu, 1947 e Perdigão, 1977). 5 segmentos pleurais com os sulcos bem marcados. O espinho que se País: Portugal encontra na margem posterior é mais Local: Laúndos curto e arredondado do que os espinhos

Dimensão: 3 cm pigidiais, estes possuem uma ponta triangular afiada, contudo encontram-se Tipo de fóssil: Somatofóssil mal conservados

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 120 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 1130 da gaveta V-18

Designação: Trilobite Tipo de fóssil: Somatofóssil

Designação científica: Tipo de fossilização: molde externo da Reino – Animalia carapaça em xisto Filo – Arthropoda Distribuição Estratigráfica: Classe – Trilobita Era – Paleozóico Ordem – Phacopida Período – Devónico Família – Phacopidae Época – Inferior Subfamília – Asteropyginae Idade – Lochkoviano a Emsiano

Outras classificações: Cryphaeus Caracterização morfológica: A (Torres, 1921), Asteropyge (Mellado e glabela, deste exemplar, não evidência Thadeu, 1947 e Perdigão, 1977) sulcos e atinge a margem anterior; os País: Portugal olhos são grandes. O lóbulo occipital é muito semelhante aos anéis axiais. O Local: 500 m N36ºW do Lugar da Serra, tórax apresenta trilobação e 12 anéis. É Rates possível observar espinhos pigidiais, Dimensão: 3,5 cm com uma ponta triangular e afiada

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 121 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da mostra 1231 da gaveta: III-9

Designação: Trilobite Tipo de fossilização: molde interno da carapaça em xisto Designação científica: Reino – Animalia Distribuição Estratigráfica: Filo – Arthropoda Era – Paleozóico Classe – Trilobita Período – Devónico Ordem – Phacopida Época – Inferior Família - Phacopidae Idade – Lochkoviano a Emsiano Género – Phacops Caracterização morfológica: A glabela Espécie – Phacops potieri possui uma ornamentação fina, pouco País: Portugal preservada neste exemplar; olhos são grandes, mas também mal Local: 500 m N30ºW do Lugar da Serra, conservados. O tórax apresenta-se Rates incompleto com apenas 9 segmentos. O Dimensão: 2,5 cm pigídio é pequeno, semicircular, com o

Tipo de fóssil: Somatofóssil ráquis pigidial bem delimitado

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 122 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 1235 ou 1245 da gavetaV:18

a

b

Designação: Trilobite enrolada (a) e (b) Tipo de fossilização: a) molde interno em xisto; b) molde interno em xisto Designação científica: a) e b) Reino – Animalia Distribuição Estratigráfica: Filo – Arthropoda Era – Paleozóico Classe – Trilobita Período – Devónico Ordem – Phacopida Época – Inferior Família – Phacopidae Idade – Lochkoviano a Emsiano Género – Phacops Caracterização morfológica: Em Espécie – Phacops potieri ambos os exemplares, apenas se País: Portugal observa a zona torácica e incompleta. Pontas pleurais arredondadas. É de Local: 300 m N41ºW do Lugar da Serra, realçar, a trilobação bem marcada, e a Rates forma como se apresentam evidenciam Dimensão: a) 2,5 cm; b) 2 cm estar enroladas, posição característica

Tipo de fóssil: Somatofóssil desta espécie

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 123 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 1243 da gaveta: V-18

Designação: Trilobite Distribuição Estratigráfica: Era – Paleozóico Designação científica: Período – Devónico Reino – Animalia Época – Inferior Filo – Arthropoda Idade – Lochkoviano a Emsiano Classe – Trilobita

Ordem – Phacopida Caracterização morfológica: Vários Família – Phacopidae são os exemplares de Phacops potieri Género - Phacops desta amostra, sendo que apenas um se Espécie – Phacops potieri encontra praticamente completo. É

País: Portugal possível observar umas pequenas granulações na glabela, que constituem Local: Laúndos uma ornamentação fina; os olhos Localização Geográfica: apesar de serem grandes encontram-se mal preservados. Nos restantes Dimensão: de 4 cm a 6 cm exemplares apenas se observa a zona Tipo de fóssil: Somatofóssil torácica, com a trilobação bem evidente e pontas pleurais arredondadas Tipo de fossilização: molde interno em xisto

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 124 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 1275, sem gaveta

Designação: Pigídio de trilobite Tipo de fossilização: molde interno em xisto Designação científica: Reino – Animalia Distribuição Estratigráfica: Filo – Arthropoda Era – Paleozóico Classe – Trilobita Período – Devónico Ordem – Phacopida Época – Inferior Família – Phacopidae Idade – Lochkoviano a Emsiano Subfamília – Asteropyginae Caracterização morfológica: São bem Outras classificações: Cryphaeus evidentes, pelo menos, 6 anéis no (Torres, 1921), Asteropyge (Mellado e raquis pigidial, 5 segmentos nos lobos Thadeu, 1947 e Perdigão, 1977). pleurais com os sulcos bem marcados. Os espinhos pigidiais são País: Portugal desenvolvidos, com a ponta triangular Local: 300 m N do Lugar da Serra, afiada, contudo encontram-se mal Rates conservados, o espinho que se encontra

Dimensão: 2,5 cm na margem posterior é mais curto e menos afiado que ou demais. Tipo de fóssil: Somatofóssil

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 125 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 1288 da gaveta: V-18

Designação: Céfalo e tórax de trilobite Tipo de fossilização: molde externo em xisto Designação científica: Reino – Animalia Distribuição Estratigráfica: Filo – Arthropoda Era – Paleozóico Classe – Trilobita Período – Devónico Ordem – Phacopida Época – Inferior Família – Phacipidae Idade – Lochkoviano a Emsiano Género – Phacops Caracterização morfológica: Neste Espécie – Phacops potieri exemplar apenas se observa parte do céfalo e do tórax devido à posição em País: Portugal que fossilizou. A glabela de grandes Local: 500 m N30ºW do Lugar da Serra, dimensões apresenta granulações. Os Rates olhos esquizocroais bem visíveis são característicos do género. O tórax com Dimensão: 6 cm 11 segmentos e pontas pleurais Tipo de fóssil: Somatofóssil arredondadas

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 126 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 3013 da gaveta: VIII-8

Designação: Parte do tórax de trilobite Local: Laúndos

Designação científica: Dimensão: 9 cm Reino – Animalia Tipo de fóssil: Somatofóssil Filo – Arthropoda Classe – Trilobita Tipo de fossilização: Molde interno em Ordem – Phacopida xisto

Família – Homalonotidae Distribuição Estratigráfica: Género - Burmeisterella Era – Paleozóico Espécie – Burmeisterella hexaspinosa Período – Devónico Época – Inferior Outras classificações: Dalmania Idade – Lochkoviano a Emsiano tuberculata (Torres, 1921),

Homalonotus (Digonus) ornatus Caracterização morfológica: Neste (Mellado e Thadeu, 1947), exemplar, apesar de mal conservado, Burmeisterella hexaspinosa observa-se com clareza a (Caprichoso, 2019) ornamentação os tubérculos no anel

País: Portugal raquidial

.

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 127 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 3468 da gaveta: V-18

Designação: Pigídio de trilobite Tipo de fossilização: molde interno em quartzito Designação científica: Reino – Animalia Distribuição Estratigráfica: Filo – Arthropoda Era – Paleozóico Classe – Trilobita Período – Devónico Ordem – Phacopida Época – Inferior Família – Homalonotidae Idade – Lochkoviano a Emsiano Género – Homalonotus Caracterização morfológica: O pigídio Espécie – Homalonotus viannai é pequeno, com forma triangular devido País: Portugal à convexidade; a segmentação é bem distinta no ráquis e nas pleuras, sulcos Local: Laúndos pleurais nítidos. O ráquis é cónico, Dimensão: 1,5 cm possuem 7 anéis e ultrapassa o bordo

Tipo de fóssil: Somatofóssil das pleuras.

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 128 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra sem identificação e sem gaveta

Designação: Céfalo de trilobite Dimensão: 5 cm

Designação científica: Tipo de fóssil: Somatofóssil Reino – Animalia Tipo de fossilização: molde interno do Filo – Arthropoda céfalo em xisto Classe – Trilobita Ordem – Phacopida Distribuição Estratigráfica: Família – Homalonotidae Era – Paleozóico Género - Burmeisterella Período – Devónico Espécie – Burmeisterella hexaspinosa Época – Inferior Idade – Lochkoviano a Emsiano Outras classificações: Dalmania tuberculata (Torres, 1921), Caracterização morfológica: Homalonotus (Digonus) ornatus Cranidium onde é possível observar a (Mellado e Thadeu, 1947), margem anterior da glabela ligeiramente Burmeisterella hexaspinosa arredondada, de forma muito ténue (Caprichoso, 2019) observam-se alguns tubérculos distribuídos aleatoriamente País: Portugal

Local: Laúndos

Amostra pertencente à Coleção Estratigráfica e Paleontológica do DGAOT FCUP 129 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ficha descritiva da amostra 8RT.a, b

a b

Designação: Fronde Filicóides Distribuição Estratigráfica: Era – Paleozóico Designação científica: Período – Carbonífero Reino – Plantae Época – Pensilvânico Filo- Pteridophyta Idade – Bashkiriano Classe- Pteridospermatophyta Andar – Vestefaliano Médio a Ordem- Pteridospermales Estefaniano Inferior (Wagner & Sousa, Família- Alethopteridacae 1983) Género- Alethopteris (?)

Caracterização Morfológica: No País: Portugal exemplar a é possível perceber que as Local: Serra de Rates, Póvoa de Varzim pínulas se inserem obliquamente ao

Localização Geográfica: P715 ráquis. No exemplar b é possível perceber que a terminação da pínula é Dimensão: a – 2 cm; b – 2 cm ligeiramente aguçada Tipo de Fóssil: Impressão

Amostra pertencente à Coleção do Estágio

Capítulo VII – Carta Geológica

FCUP 133 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

1. Trabalhos anteriores

Ao longo deste subcapítulo serão apresentados vários mapas cartográficos e perfis esquemáticos que foram elaborados em vários trabalhos na região em estudo.

Os primeiros estudos cartográficos, estratigráficos e paleontológicos realizados na área em análise remontam a 1908, por Nery Delgado. Este autor realiza um estudo paleontológico intensivo, a descrição das litologias intervenientes, bem como a elaboração de um mapa cartográfico e cortes geológicos (fig. 39).

Fig. 39 - Carta Geológica elaborada por Nery Delgado, em 1908, à escala 1:50 000 e respetivos cortes geológicos à escala 1:10 000.

FCUP 134 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Mais tarde em 1955, Cândido de Medeiros, ao realizar um estudo geológico-mineiro da região, onde elabora uma carta geológica à escala 1:25 000 (fig. 40), acompanhada por três perfis geológicos (fig. 41).

Fig. 40 - Carta Geológica à escala 1:25 000 de Cândido de Medeiros (1955).

Fig. 41 - Perfis geológicos elaborados por Cândido de Madeiros (1955).

FCUP 135 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Em 1965, Carlos Teixeira e Cândido de Madeiros elaboram a Carta Geológica da Póvoa de Varzim, folha 9-A, à escala 1:50 000 (fig. 42 e fig. 43).

Fig. 42 - Carta Geológica da Póvoa de Varzim à escala 1:50 000, folha 9-A (Teixeira e Medeiros, 1965).

Fig. 43 - Ampliação da Folha 9-A para melhor visualizar a área de estudo.

FCUP 136 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Na Folha 1 da Carta Geológica de Portugal, à escala 1:200 000 (fig. 44), elaborada por Pereira et al. em 1992, a região em estudo na presente dissertação está englobara e junto da mesma realizam três perfis interpretativos (fig. 45). Este é o último trabalho cartográfico elaborado sobre a região em estudo nesta dissertação.

Fig. 44 - Excerto da Folha 1 da Carta Geológica de Portugal, à escala 1:200 000 (Pereira et al., 1992).

FCUP 137 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 45 - Perfis interpretativos da área em estudo e zonas envolventes da Folha 1 da Carta Geológica de Portugal, à escala 1:200 000 (Pereira et al., 1992).

FCUP 138 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

2. Proposta de Carta Geológica da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Atendendo à sequência estratigráfica observada ao longo do trabalho de campo e aos dados da paleontologia recolhidos, e aos estudos petrográfico e MEV desenvolvidos, é possível na região em estudo propor algumas alteração/melhoramentos à cartografia elaborada pelos autores supracitados, à luz dos conhecimentos atuais.

É apresentada uma carta geológica à escala 1:15 000 (fig. 44), acompanhada por 3 perfis esquemáticos (fig. 45, fig. 46, fig. 47), para os quais, como complementaridade, também foram tidos em conta os trabalhos cartográficos realizados anteriormente na região.

FCUP 139 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 46 - Carta Geológica, à escala 1:15 000, elaborada com base nos dados de campo, paleontológicos e petrográficos desenvolvidos ao longo desta dissertação.

FCUP 141 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 47 - Perfil 1, desde o lugar de Rapijães até ao início do vale onde se encontra instalada a vila de São Pedro de Rates.

FCUP 142 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 48 - Perfil 2, inicia-se na encosta SW da serra de Rates até ao início do vale onde está instalada a vila de São Pedro de Rates. Este perfil foi complementado com o corte nº2 elaborado por Cândido de Medeiros (1955).

FCUP 143 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Fig. 49 - Perfil 3, desde a base da encosta a SW da serra de Rates até ao cimo da serra. Este perfil incide-se exclusivamente no Ordovício para melhor compreensão da sequência estratigráfica desde a transição Câmbrico – Ordovícico até ao Ordovícico Superior da região.

Capítulo VIII – Discussão e Conclusão

FCUP 147 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Ao longo do trabalho de campo nesta região a dificuldade mais proeminente na observação de afloramentos tem a ver com a vasta área ocupada por terrenos agrícolas e com a urbanização.

O Anticlinal de Valongo estruturou-se durante a 1ª fase de orogenia varisca, sendo a região de Rates e São Félix de Laúndos um prolongamento do mesmo para NW do Porto (Teixeira & Gonçalves, 1980). Do ponto de vista tectónico, a área estudada é essencialmente controlada, pelo Sulco Carbonífero Dúrico-Beirão.

Teixeira & Medeiros (1965) consideram que o contacto entre os xistos do Ordovícico Médio e o conglomerado-brecha de base do Carbonífero, na região de Rapijães, é feito por falha, com o cavalgamento para leste dos xistos sobre o conglomerado-brecha. Mais recentemente, Pereira et al. (1992) referem que cisalhamentos existentes na área atuaram com forte componente cavalgante para oeste, provocando perturbação na sequência estratigráfica. Segundo os mesmos autores na região da Apúlia no extremo Norte do Sulco Dúrico-Beirão o estilo difere do observado a sul do Porto com dobras sub-verticais vergentes para NE, evidenciando uma mudança do estilo estrutural do autóctone que atinge expressão máxima a leste do sulco carbonífero. Optamos por considerar o movimento dos cisalhamentos associados ao Sulco Carbonífero como sinistros, de acordo com os estudos mais recentes de Pereira et al. (1992), contudo pensamos que um estudo estrutural mais detalhado poderia esclarecer melhor esta questão, uma vez que, como estes autores também referem, na região há uma mudança do estilo estrutural.

A NW do campo de tiro foi possível observar uma sequência subjacente ao quartzito do Ordovícico Inferior, onde na base aflora um conglomerado intercalado com um quartzito avermelhado, seguem-se intercalações de xistos, quartzitos e vulcânicas (riolito e tufo vulcanogénico), esta sequência materializa a transição Câmbrico – Ordovícico Inferior já descrita por Couto (1993), Couto (2013) e Couto & Roger, (2017) para o Anticlinal Valongo.

A crista de quartzito do monte de São Félix materializa muito provavelmente, pelo que foi observado no trabalho de campo, o Ordovícico Superior (Hirnantiano). Delgado (1908), Medeiros (1955) e Teixeira & Medeiros (1965), consideram estes quartzitos como sendo do Ordovícico Inferior e correlacionando-os com os quartzitos do Ordovício Inferior que afloram mais para sul a muro da Formação de Valongo (Ordovícico Médio). Embora não aflorantes na área estudada, na carta de Nery Delgado, de 1908 (fig. 40), e na carta geológica 9-A da Póvoa de Varzim, de 1965 (fig. 42), estão assinalados os grauvaques de Sobrido, que possivelmente correspondem à sequência do Hirnantiano

FCUP 148 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos descrita por Couto et al. 2013, entre Esposende e sul de Castro Daire. Pelas observações de campo, a NW do monte de São Félix não se observou a faixa de quartzito assinalada por Delgado (1908) e Teixeira & Medeiros (1965), na carta geológica 9-A da Póvoa de Varzim. Trata-se de uma zona muito aplanada sem vestígios de quartzitos, onde aflora essencialmente depósito de duna e praias antigas do Plio- pleistocénico, encontrando-se esta área especialmente urbanizada e coberta por campos agrícolas. É um facto que, como o monte de São Félix corresponde a uma arriba fóssil, a erosão marinha pode ter feito desaparecer algumas litologias e os depósitos de duna e praias antigas que cobrem as imediações deste monte dificultam a observação de eventuais afloramentos do Paleozóico ali existentes. Ao longo do trabalho de campo foi possível verificar que estes quartzitos também afloram mais para sul, próximo do campo de tiro, numa crista isolada.

Em contacto com a crista quartzítica do Hirnantiano que surge a NW da capela de São Félix, observamos um afloramento, que infelizmente atualmente se encontra inacessível, de rocha vulcanogénica muito alterada. Esta litologia é pela primeira vez descrita na região associada a estes quartzitos. Contudo há referências deste tipo de rochas no Ordovícico Superior, em contextos semelhantes, nomeadamente no norte do País de Gales (Fitch, 1965).

As fácies do Devónico correspondem ao Devónico Inferior (Medeiros, 1955; Teixeira & Medeiros, 1965). Tendo em conta os trabalhos mais recentes de revisão de alguns exemplares fósseis desta região, nomeadamente o de Burrow (2017), os géneros Ischnacantus e Climatius indicam o Lockoviano (Devónico Inferior). Remy Gourvennec (comunicação oral), especialista em braquiópodes, identificou um Spirifer colhido junto à zona industrial de Laúndos, também do Devónico Inferior.

O Carbonífero de fácies continental, encontra-se depositado e controlado por cisalhamentos, evidenciados pela brechificação das litologias e a forte presença de óxidos de ferro, entre os xistos do Ordovícico Médio, e os xistos e quartzitos ferruginosos do Devónico Inferior, no qual se observam pórfiros intercalados no conglomerado- brecha da base, tal como já foi descrito em São Pedro da Cova (Pereira, 1945; Fonseca & Thadeu, 1948; Couto & Roger, 2017). Assim, esta sequência poderia ser correlacionável com a sequência do Carbonífero da Bacia Carbonífera do Douro. Segundo Wagner & Sousa (1983), atendendo ao conteúdo fossilífero encontrado na faixa Criaz – Serra de Rates estes afloramentos são do Vestefaliano Médio a Estefaniano Inferior.

FCUP 149 Cartografia Geológica, Estratigrafia e Paleontologia da Região de Rates e São Félix de Laúndos

Como trabalhos futuros, seria importante desenvolver o trabalho de campo na região. Especificar os afloramentos do Câmbrico e detalhar com mais pormenor a transição para o Ordovícico. Estudar a região assinalada com os grauvaques de Sobrido, no trabalho de 1908 de Nery Delgado e na carta geológica 9-A da Póvoa de Varzim (Teixeira & Medeiros, 1965), para definir e caracterizar as litologias aí existentes e perceber que podem estar relacionadas com as cristas quartzíticas que afloram junto à Capela de São Félix e assim caracterizar a Formação de Sobrido (do Ordovícico Superior) na região. Também será importante procurar outros afloramentos da rocha vulcanogénica, sobrejacente aos quartzitos do Ordovícico Superior, para precisar melhor a idade deste vulcanismo. Sem esquecer, como já mencionado anteriormente, um estudo detalhado dos aspetos estruturais atuantes na região.

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