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Trilhas Sonoras e a Década de 70: Um Olhar Sobre o Surgimento da Gravadora Som Livre1

ísa Maria dos Santos Toledo2 Helo Universidade Estadual Paulista, Araraquara, SP

Resumo

A trilha sonora da telenovela brasileira produzida pela Rede Globo constituiu-se, ao últimas décadas, em um dos principais canais de difusão da música. longo das Essa ão não pode ser dissociada do fato de que tal difusão é exercida pela , quest áfico nacional. gravadora que ocupa um lugar privilegiado no mercado fonogr ão conta dos primeiros anos do Apresento nesta oportunidade alguns elementos que d ória dessa gravadora – ância que logo ela surgimento e hist 1969-1979 - e da import ústria fonográfica, sem deixar de lado o espaço, cada vez maior, ocupado assume na ind úsica no Brasil pelas trilhas sonoras das novelas no mercado da m .

Palavras-Chave: ústria fonográfica Som Livre; trilhas sonoras; ind ; Rede Globo.

Introdução

íses do mundo a canção popular ocupa um papel tão Sabe-se que em poucos pa relevante na cultura, de uma maneira geral, como no caso brasileiro. Aqui, a úsica/canção possui um papel insólito; está fortem m ente inserida no cotidiano das ística pela qual os brasileiros pessoas e representa, possivelmente, a principal forma art ão reconhecidos pelo m É ém a manifestação artística que, se reconhecem e s undo. tamb éculo XX, mais interage com especialmente a partir da segunda metade do s ção cultural. ções, temos praticamente todas as outras formas da produ Numa dessas rela ção da música com a novela última que a associa , esta aparece, em tempos da cultura industrializada, como nosso produto mais bem acabado, de reconhecimento ção no imaginário popular. ção resulta, pois, internacional e de grande penetra Dessa rela ífico e a trilha sonora ou trilha musical, produto cultural espec cujos impactos culturais, ômicos e artísticos ainda carecem de uma análise profunda por parte dos estudiosos econ ção. da comunica ão conta do mais bem Apresento, neste trabalho, alguns elementos que d ção entre música e novela, a sucedido processo de intera saber, as trilhas sonoras das

ádio e Mídia Sonora – úcleos de Pesquisa em 1 Trabalho apresentado no NP R do VIII Nupecom Encontro dos N ção, evento componente do XXXI Congresso Brasileiro de Ciências ção. Comunica da Comunica – 2 Doutoranda no curso de Sociologia pela Universidade Estadual Paulista UNESP/Araraquara com a pesquisa álise do processo de difusão da música. Projeto apoiado pela Fapesp. Email: Trilhas Sonoras das Telenovelas: uma an [email protected]

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ço fonográfico, a gravadora Som telenovelas produzidas pela Rede Globo e pelo seu bra íodo compreeendido Livre. Proponho, ainda, o olhar sobre o per entre 1969, ano do – ções surgimento da gravadora como parte integrante da Sigla Sistema Globo de Grava á encontra ão, Audiovisuais - e 1979, quando a Som Livre j -se consolidada, ent como íder de mercado ás, em que o país vivencia a moda da discoteca l , momento, ali Dancin’ Days3 capitalizada pela novela . ção e divulgação de trilhas sonoras não é uma prática criada Sabe-se que a produ ções Globo e tampouco é exclusiva delas. O cinema, já em pelas empresas das Organiza órdio, utilizava úsica como pano de fundo para algumas cenas e mesmo seu prim -se da m ções da teledramaturgia brasileira ém já faziam uso do fundo musical antes produ tamb mesmo da chegada da Rede Globo. A trilha sonora, entretanto, como produto inerente ção da Som Livre. E nesse fato ao audiovisual, ganhou novos contornos com a cria êm no conjunto do mercado fonográfico reside o impacto que tais mercadorias culturais t Véu de Noiva, brasileiro. Da primeira trilha sonora produzida pela Rede Globo (novela é os dias atuais, os discos úsicas das novelas constam em 1969) at que trazem as m das ômeno se r listagens dos mais vendidos e tal fen epete com parte dos artistas e das ções que compõem a trilha, assim como, com can ritmos e estilos musicais, alguns deles, ão exibidas. durando apenas o tempo em que a novela e sua trilha s é preciso considerar que a trilha sonora, como produto Nesse sentido cultural, traz em si mesma, como elemento constitutivo, a capacidade de atingir o ções muito especiais de recepção. Divulgar a música espectador/consumidor em condi és da cena é uma estratégia que acaba por permitir que seu consumo seja atrav és de sua associação com personagens e situações propostos por potencializado atrav determinado enredo. Propicia, dessa forma, que se realize o que alguns pesquisadores ório, momento no qual se escuta uma canção que não é chamam de consumo aleat íduo produto direto da escolha do indiv (DIAS, 2000, p. 157). ém dessa característica intrínseca da trilha sonora, é importante Mas, para al ção e proximidade com o público consumidor notarmos que tal capacidade de sensibiliza ão pode ser dissociada do fato de que o meio pelo qual t é difundido n al produto cultural é, justamente, a mais poderosa empresa de comunicação de massa do Brasil. Ao ão dessa forma, priorizamos com isso o exame das estruturas colocarmos a quest áveis pela produção e d ão das trilhas sonoras, em v respons ifus ez de nos atermos aos

3 Novela escrita por Gilberto Braga e dirigida por Daniel Filho. A Rede Globo produziu e exibiu a novela à frente. entre julho de 1978 e janeiro de 1979. Voltarei a falar da novela e da sua trilha sonora mais

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údo das canções, abordagem mais comum, principalmente nos significados e/ou conte ção dos bens culturais. P íamos ão, estudos centrados na recep oder , ent nos perguntar: êm se não fosse teriam as trilhas sonoras o impacto difusor e comercial que t m divulgadas pela Som Livre/Rede Globo? ção acerca do que está sendo Antes de prosseguir, vale, ainda, uma observa É comum entre alguns pesquisadores e, considerado nesse trabalho como trilha sonora. ção entre trilhas sobretudo, entre os profissionais que atuam neste segmento, a distin ém, além do fundo musical, sonoras e trilhas musicais. Trilha sonora englobaria tamb ídos, falas e a sonoplastia da cena. A trilha musical, por sua vez, diria todos os ru às músicas, ao conjunto de canções utili respeito somente zadas como tema de óprio folhetim. No caso deste artigo ão personagens ou do pr , entretanto, as duas ser ão usadas indistintamente. Dessa forma, as trilhas sonoras e musicais das telenovelas s ífico ísticas próprias: são consideradas aqui como um produto cultural espec , de caracter úsicas cantadas por artistas conhecidos ou não, nacionais e/ou estrangeiros. Não m vamos tratar, dessa forma, da trilha sonora incidental4, quase sempre instrumental, que, ão tem embora tenha um importante papel nos efeitos sonoros e narrativos da novela, n ômica/comercial por parte da gravadora Som Livre e da TV uma contrapartida econ Globo.

A Chegada da Som Livre no Mercado Fonográfico ção da Sigla e da Som ções Globo A cria Livre pelas Organiza , em 1969, e da ópria Rede Globo (1965) íodo em que se dá ão pr , coincide com o per a expans dos ústria cultural mecanismos da ind , compreendida aqui em seu sentido mais amplo, entre ós. íodo ável crescimento dos mais diversos n Ortiz (2001) identifica nesse per o formid ústrias da produção ística e cultural, ao mesmo tempo, em segmentos e ind art que o égide do Reg çamente Estado, sob a ime Militar, investia maci em toda uma infra- ária à produção e transmissão dos produtos culturais de massa. estrutura necess ções, outras im á Quando a TV Globo inicia suas opera portantes emissoras j estavam atuantes no mercado brasileiro, produzindo, inclusive, teledramaturgia: Tupi, á com a Som Livre: Excelsior e Record. De alguma forma, o mesmo se d seu surgimento ção ís coincide com a instala de grandes transnacionais do disco no pa e com a

4 é àquela feita a ções da trilha de canções. Normalmente, retira A trilha incidental partir de varia -se a voz ão instrumental; ou, então, o produtor musical cria variações do tema do cantor, mantendo apenas a vers érie de versões: romântica, triste, alegre, ção da musical principal da novela com uma s tensa, etc. A fun é fazer a passagem de cena, criar ganchos ou preencher “buracos”. trilha incidental

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ção das multinacionais que já operavam aqui. ário de domínio consolida Nesse cen de ústrias e conglomerados de mídia, a parceria Globo/Som Livre grandes ind provocou áfico, sobretudo porque ins novos contornos no que diz respeito ao mercado fonogr tituiu o segmento das trilhas sonoras como um dos mais lucrativos e de maior visibilidade úblico consumidor. íodo de análise compreendido por este artigo, em junto ao p No per todos os anos os discos de trilhas sonoras das telenovelas produzidas pela emissora de Roberto Marinho figuraram no rol dos mais vendidos5. écada de 60, a Rede Globo já era líder de mercado e a telenovela já No final da d ção do produto televisivo de maior audiência no país. O fato de penetrar ocupava a posi ões de lares brasileir em milh os, diariamente e por meses significava uma vitrine de ção que a música ão poderia dispor em nenhum outro meio. divulga n A Som Livre, por ção dos discos de trilhas sua vez, como detentora exclusiva do direito de comercializa ção priv ção às outras gravadoras, ao mesmo sonoras, ocupava uma posi ilegiada em rela tempo, em que se consolidava como uma das maiores empresas do setor. Talvez sejam ões que permitiram ça Mello que essas algumas das raz ao produtor musical Guto Gra ão, ao mesmo tempo, os cargos ocupava, ent de diretor musical da Globo e diretor íst “ úsica art ico da Som Livre afirmar: com 18 anos [...] eu mandava literalmente na m ” ÇA, 2002)6 brasileira (MELLO; FRAN . ça Mello ção bastante curiosa Nessa mesma entrevista, Gra faz uma declara acerca do fato de ocupar esses dois importantes cargos e que nos permite compreender ção entre a gravadora e a emissora de TV das Organizações Globo: “Isso melhor a rela era super complicado, porque a Som Livre funciona como fornecedora de material para ” a Rede Globo. Como eu trabalhava nas duas, eu era o fornecedor e o cliente (MELLO; ÇA, 2002) é que a criação da Som Livre segue a mesma estratégia do FRAN . O fato ção a outros setores de mídia: conglomerado Globo com rela estruturada num processo ção (vertical e horiz ções Globo asseguram os mais de dupla integra ontal), as Organiza ém, intra ádios, diversos mercados, atuando em segmentos extra-ramos, por -setoriais: r ão (aberta e paga), fonográfica, multiplicando, jornais, revistas, Internet, cinema, televis ção. dessa forma, sua capacidade de a ção TV/ grav Especificamente sobre a rela adora, a Som Livre contava com a ço de publicidade ção da emissora ém, vantagem de um espa na grade de programa (al

5 ão do IBOPE e do Nopem. ço a Eduardo Vicente a disponibilização dos dados deste Os dados s Agrade último.

6 ível em Dispon http://www.musitec.com.br/revista_artigo.asp?revistaID=1&edicaoID=126&navID=922. Acesso em 15/02/2008.

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ço da novela em si evidentemente do espa ), que para qualquer outra gravadora exigiria úncios um alto custo de investimento. Sendo assim, nos primeiros meses de 1978, os an ço publicitário da Globo em São Paulo, da Som Livre ocuparam a maior parte do espa quando foi investido uma verba duas vezes maior do que a Souza Cruz e quatro vezes ículo maior do que a Coca-Cola destinaram a esse mesmo ve (MORELLI, 1991, 70). No ções da Som Livre no horário comercial da TV Globo do Rio de ano seguinte, as inser úncios e em São Paulo essa quantidade mais do que dobrou, Janeiro chegaram a 3.200 an ções na publicidade. Computados todos os anúncios que foram totalizando 7.627 inser ás apenas das Casas Bahia e da feitos na emissora carioca, a Som Livre ficava atr à frente de empresas como Souza Cruz e Gessy Lever Mesbla, mas, (A VOLKSDISCO, ÕES, 29/ 02/ago/1978; AS TELEVIS jun/1980). Residia justamente aqui uma das principais queixas das gravadoras nacionais, como a Copacabana, a Continental e a ção de relativa inferioridade, acusavam a Som Livre Marcus Pereira Discos, que em posi ência.7 de atuar em patamares diferenciados e desleais de concorr ção A gravadora, por sua vez, concentrava sua atua , cada vez mais, no ramo das âneas, cast trilhas sonoras e das colet deixando em segundo plano o investimento num óprio de artistas e na produção de seus discos, mesmo contando com al pr guns nomes écada de 80, a Som Livre abre mão importantes em seu elenco. Em meados da d óprio, permanecendo única contratada a definitivamente de um elenco pr como É o já citado produtor musical Graça Mello quem analisa apresentadora infantil Xuxa. ção, apostando numa falta de “vocação” da gravadora na produção própria de essa situa artistas: “Enquanto eu estava lá, a gente trabalhava seguindo um princípio do qual a ão só atender aos pedidos da Rede Globo, mas também Som Livre deveria n cast é pela ópria força que ela tinha. Então eu sempre lutei para manter um - at pr cast ínhamos Cauby Peixoto, ter um , de vencedores, claro, mas bem variado. T ça, Xuxa, Belchior, Rita Lee, Jorge Ben [jor], Moraes Moreira, Alceu Valen ém era bastante ‘alternativa’: Ezequiel Luiz Melodia. A nossa equipe tamb ório, Cazuza como assessor de Neves, Lulu Santos como pesquisador de repert ó que a Som Livre nunca teve vocação para gravadora de cast ão imprensa... S , n ões dizia tinha boa uma estrutura de atendimento aos artistas. Em reuni -se que ão deveria competir com as outras gravadoras. Mas eu lutava bastante para ela n ístico, menos de marketing. Mas uma que a Som Livre tivesse um perfil mais art

7 ço da década seguinte foi um período onde essas gravador O fim dos anos 70 e come as nacionais enfrentaram graves crises que culminaram no encerramento de suas atividades posteriormente. Elas se ão só contra as práticas desleais da Som Livre, mas, também das multinacionais. manifestaram n “Água Viva” Continental e Som Livre, especificamente, tiveram ainda outro conflito envolvendo o disco çado pela Continental, considerado plágio pela Som Livre, que tinha um disco de trilha sonora com o lan ítulo e com parte das canções. “Continental prossegue a luta contra a Som Livre”. Folha da mesmo t Tarde , 10 jul.1980.

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çou a ficar muito chato, todo dia tinha uma fila de gente na hora tudo come é que um dia eu fui à sala minha porta, e eu comecei a ficar louco com isso. At ão Araújo [na época, presidente da Som Livre] e disse ‘olha, eu não sou do Jo ístico, estou mudando meu cargo, agora eu sou gerente de mais diretor art ’. Escolhi uma salinha bem escondi projetos especiais da e apontei o Max Pierre, que era um dos produtores da casa, para ocupar meu antigo posto. Um pouco ão agüentei a pressão e acabei saindo. Depois o Max ainda mais tarde, n cast ão de conseguiu manter durante alguns meses o da Som Livre, mas a decis cast é hoje, se por liquidar esse acabou sendo tomada. Foi uma tristeza geral. At á, a minha primeira providência algum motivo me chamassem de volta para l cast é ‘a gente não precisa gastar dinheiro seria reconstruir esse . A filosofia ’. Eu para ganhar dinheiro aqui acredito que se apostassem mais no lado ístico, ganhariam muito mais” ÇA, 2002). art (MELLO; FRAN

ção assumida pela Som Livre, representa, Podemos dizer que essa forma de atua égia que passa (ou abre mão) do modelo de ção na verdade, uma estrat controle da produ ão pela qual, freqüentemente para se fixar exclusivamente no campo do marketing, raz ão o conceito de gravadora8 é que apoiar se questiona se a ela caberia ou n . O fato -se, ção dos discos de trilha sonora, permitiu à sobretudo, na comercializa empresa das ções Globo deter, cada vez mais, uma importante faixa do mercado Organiza ês anos após o lançamento de sua primeira consumidor. Assim, em 1974, ou seja, tr á era responsável por 38% do mercado de discos de sucesso, isto é, entre os trilha, ela j à marca Som Livre. No ano seguinte, ela ati discos mais vendidos, 38% pertenciam nge íder do 50% desse mercado e 12% do mercado geral. E em 1977, ela desponta como l ção dois anos depois, quando o cenário de participação mercado, confirmando essa posi no mercado estava configurado da seguinte forma: Som Livre, 25%; CBS, 16%; Phonogram, 13%; RCA, 12%; WEA, 5%; Copacabana e Continental, 4,5% cada uma; Odeon, 2%; e outras 16%.9. ção às trilhas sonoras Especificamente com rela - excetuando aqui o fato de que écada de 70 a ía na d gravadora ainda possu um elenco de artistas -, podemos dizer que a ção áfico posi de destaque ocupada pela Som Livre no mercado fonogr se deu, em grande ócio possibilitava os mesmos benefícios que a relação parte, porque esse modelo de neg , çamentos de discos sempre questionada, entre as empresas multinacionais e os lan É com freqüência que os estudiosos da indústria do disco no Brasil internacionais.

8 úsico Jards Macalé: “A Som Livre não cabe no conceito de gravadora ou companhia de discos. É Do m ício de merchandising ”In.: “Corre sério perigo um mero artif da Globo, usufruindo do mercado de discos. ústria de discos nacional”. Folha de São Paulo a ind , 06 jun. 1982. ão diversas: ” ÃO Araújo: em um ção da Sigla”. O Globo 9 As fontes s JO ano e meio a afirma , 22 jul. 1972. “Como fazer um dis Veja “A face oculta do disco. Banas co de sucesso. , 22 mai.1974. , 10 mar. 1975. Disco em São Paulo ão Paulo: Secretaria Municipal da Cultura, 1980; COZZELA, Damiano. , S Rita op. cit. Morelli,

6 – ção Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunica ências da Comunicação – – XXXI Congresso Brasileiro de Ci Natal, RN 2 a 6 de setembro de 2008 apontam as vantagens obtidas pelas transnacionais que, ao concentrarem parte de seus çamentos çados em outros países, amortizavam lan em trabalhos prontos, gravados e lan ção de um disco, concentrando todos os custos envolvidos na produ -se apenas na ção e distribuição de tais trabalhos divulga (MORELLI, 1991; DIAS, 2000; VICENTE, ão é uma lógica dif 2001). Ora, essa n erente do modelo operacionalizado pela Som Livre ção às trilhas sonoras: também neste caso, a gravadora não com rela necessita arcar com ção de um disco, na medida em que ela faz uso, para compor suas os custos da grava ções de outr é este um ponto bastante trilhas, de artistas e can as gravadoras. E ção Som Livre e mercado fonográfico: ocupando uma posição interessante sobre a rela üentemente de liderança, como a Som Livre conseguiu se posicionar de destaque, freq sem ser vista como uma concorrente pelas outras gravadoras?

As primeiras trilhas sonoras e a resistência das demais gravadoras ção da Sigla em 1969, a primeira trilha sonora lançada, nesse Mesmo com a cria mesmo ano, se fez a partir de uma parceria entre a TV Globo e a gravadora Phillips (hoje, Universal) e o olhar sobre ela aponta algumas das bases nas quais se assentavam ções entre a televisão e a indústria fonográfica ício da relação as rela e, ainda, para o in ústrias 10 entre essas duas ind . Véu de Noiva Trata-se da trilha sonora da novela , em 1969, escrita por Janete ão tinha sido criada e a produção Clair e dirigida por Daniel Filho. A Som Livre ainda n à grav é Midani que já da trilha foi encomendada adora Phillips, cujo presidente era Andr íses, inclusive, o México tinha passado por outras filiais da multinacional em outros pa çamento de trilhas sonoras já era uma prática. ção da trilha ficou onde o lan A elabora úsico Nelson Motta, que relata alguns detalhes sob a responsabilidade do produtor e m üências depois do suces do processo de escolha e as conseq so de vendas do disco: “ é Midani] ção e eu tive que convencer Ele [Andr me chamou para a produ úsicas inéditas. Caetano Veloso, Chico Buarque e Marcos Valle a fornecerem m época. Depois do sucesso que foi, Havia muito preconceito contra a novela na eu tive que desligar o telefone de tanto artista pedindo pra entrar. [Mas] ém pensou em dinheiro; 3% das vendas ficaram para a Globo e o resto ningu ópias é que a Globo viu que podia para a gravadora. Quando vendeu 100 mil c

10 áfico do Sobre o levantamento das trilhas sonoras citadas neste artigo, utilizei-me do acervo discogr ão Paulo, da pesquisa Disco em São Paulo ádios Centro Cultural de S (do mesmo acervo), de acervos de r á também a coleção “Campeões de audiência”, lançadas pela Som Livre em 2001, com e particulares. H ções puderam ser encontradas no Dicionário da vinte trilhas sonoras de suas novelas. Algumas informa TV Globo. Vol 1 : Programas de dramaturgia e entretenimento. Rio de Janeiro. Jorge Zahar Ed., 2003 e ém em Dicionário Houaiss de Música Popular Brasileira. tamb ALBIN, Ricardo Cravo. Rio de Janeiro: Paracatu, 2006.

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ócio. No fim do contrato de u é claro que ser um bom neg m ano com a Phillips, ópria. Foi pra isso que a Som Livre foi feita” a Globo quis fazer ela pr (SANCHES, 17/abr/2001, E5).

Chico Buarque e Caetano Veloso (ambos contratados da Phillips) compuseram úsicas especialmente para a novela. Caetano co ôs “Irene” que foi interpretada por m mp ílio na Itália, “Gente Humilde”, interpretada por e Chico enviou, do ex árcia. A trilha contou, ainda, com outros nomes importantes da MPB, já àquela época, M úsica c como Roberto Menescal, Joyce e Wilson das Neves. Apenas uma m antada em ês compôs a coletânea The ingl , justamente, o tema de abertura, interpretada por Youngsters Véu de Noiva . O disco da trilha sonora figurou entre os 20 mais vendidos, segundo pesquisa do Nopem. É interessante destacar, aqui, que é esse momento não havia, por parte das at ática de músicas compostas especialmente para uma outras emissoras de TV, a pr ção de músicas instrumentais ou, então, canções de novela. O que prevalecia era a utiliza sucesso de filmes de Hollywood como fundo musical das cenas da narrativa da É a parceria da TV Globo com a Phillips quem inaugura é teledramaturgia. essa forma e á slogan “trilha a posterior parceria Globo/Som Livre que vai consolid -la sob o de ” sonora original . No mais, se Nelson Motta remete ao preconceito contra a novela uma das ção de artistas e músicas, o fato é que, ao ser executada pela dificuldades na sele ão estivessem dispostas a ceder seus artistas à sua Phillips, as demais gravadoras talvez n época em que ter cast ó concorrente, principalmente numa um pr prio de artistas era um é ção e controle do mercado11 pr -requisito fundamental para uma maior participa . A ção da Som Livre cria , os anos imediatamente posteriores e as primeiras trilhas sonoras ém ão contaram ção das demais produzidas por ela tamb n , de imediato, com a participa ão de artistas e canções gravadoras na concess . ão é facilmente percebida no caso Tal quest da primeira trilha produzida pela Som ção do Livre, pouco mais de um ano depois de seu contrato com a Phillips para a produ Véu de Noiva, O Cafona áulio disco de a saber, a trilha sonora da novela (escrita por Br Pedroso e dirigida por Daniel Filho), em 1971. Nela, a grande maioria dos nomes era de ão tinham naquele momento contrato com outras gravadoras: como Ângela artistas que n ília Valle, Carlos Lyra, Jacks Wu, O Som Livre, Marcos Samy, Pedrinho Rodrigues, Mar

11 ância de um elenco próprio de artistas, assumida Sobre a import pelas gravadoras, cf.: DIAS, (2000) e VICENTE (2001).

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ção feita a Sérgio Ricardo, contratado pela gravadora Equipe12 Barbosa e Betinho. Exce . ópias, justificando, em alguma medida, seu Ainda assim, a trilha vendeu 200 mil c ão contando ífico, com nomes de potencial difusor, mesmo n , como neste caso espec ção no mercado da música. grande proje ência por parte das gravadoras A resist pode ser comprovada, ainda, quando üentemente pela Som Livre, no caso, o d atentamos para a trilha produzida subseq isco da Minha Doce Namorada novela (Vicente Sesso e Daniel Filho, 1971) que repete quase érpretes da trilha de O Cafona, que a totalidade dos int o que evidencia que, mesmo diante do sucesso comercial, as demais gravadoras ainda enxergavam na Som Livre “obrigando ”a repetir mais uma concorrente do que uma parceira, -a os artistas sem contratos com outras empresas13. ém Parece-me que em alguma medida estaria tamb nesse fato um dos principais ática muito comum nesse início dos anos 70 no que con motivos para uma pr cerne a ção das trilhas sonoras das novelas produzidas pela Globo. ática elabora Refiro-me a pr ípio, poderia ser um da trilha encomendada a poucos compositores, o que, a princ ção, já que envolveria o contrato de poucos artista É elemento facilitador na negocia s. íodo as trilhas sonoras de ícius (O Bem desse per novelas compostas por Toquinho e Vin Amado, ) O Bofe ônio Carlos e Jocafi (O 1973 ; Roberto e Erasmo Carlos ( , 1972); Ant Primeiro Amor é Rodrix (O Espigão Corrida do Ouro , 1972); Z , 1974 e , 1974), Paulo érgi Os Ossos do Barão O S o e Marcos Valle ( , 1973), Raul Seixas e Paulo Coelho ( Rebu É preciso ficar claro, entretanto, que mesmo nesses casos eram impostos , 1974). O Bofe limites. Roberto Carlos, por exemplo, participou da trilha de apenas como ção como intérprete compositor; sua gravadora, a CBS, vetou sua participa (XAVIER, 2007, 50).

A novela como espaço de divulgação ática das A pr trilhas encomendadas exclusivamente a poucos compositores ça a perder força em meados dos anos 70, quando os departamentos r áveis come espons ções, tanto na TV Globo, quanto na Som Livre passaram por por suas composi ções. Na TV Globo, o maestro Júlio Medaglia reformula foi convidado para cuidar do

12 O Cafona à Equipe pela cessão de Sérgio Ricardo. Na capa da trilha sonora de , a Som Livre agradece ábito nos discos subseqüentes. Tal gesto virou h 13 ção se modifica e a Globo n écadas seguintes estabelece parcerias com as Sabemos que tal situa as d principais empresas do mercado, constituindo selos em comum com todas elas: Globo/Universal; Globo/EMI; Globo/Sony-BMG; Globo/Warner.

9 – ção Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunica ências da Comunicação – – XXXI Congresso Brasileiro de Ci Natal, RN 2 a 6 de setembro de 2008 departamento de sonoplastia da emissora, enquanto Walter Avancini assumia a ção de teledramaturgia. Enquanto isso, nesse mesmo ano – – departamento de dire 1974 ça Mello a ão comercial da Som Livre. ão Guto Gra ssumia a supervis As estimativas d ão, logo no ano seguinte, as vendagens da gravadora conta de que, a partir de ent ópias a cada ç subiram de 7.000 para 80.000 c novo lan amento. É fato que analisando as trilhas sonoras da segunda metade da década de 70, érpretes e gêneros musicais ário não deparamos logo com uma diversidade de int , cen íodo anterior. é então vislumbrado no per Deixa de existir o modelo, at implementado, de única gravadora ou sem trilhas sonoras encomendadas a um ou dois artistas de uma úsicas escolhidas contrato com gravadoras. As trilhas passam a ser compostas por m é, sem relação direta com os personagens ou c aleatoriamente, isto om as tramas. Cria-se é os dias atuais: várias músicas de várias nesse momento o formato que perdura at gravadoras. ânea passava ão, A miscel , ent a abranger desde a nata da MPB (Caetano Veloso, ânia, Gal Costa, Gilberto Gil), Chico Buarque, Maria Beth os artistas tomados como “malditos” ou “alternativos” Ângela Rô Rô (Cassiano, Luiz Melodia, Ednardo, , Tim ão de atores cantando o próprio tema (Marília Pêra, Sônia Braga, Maia); uma profus ábio Jr., Beth Goulart) e ainda ântico F aqueles ligados aos segmentos pop/rock e rom á de Belém, Fagner, Roupa Nova).14 (Rita Lee, Guilherme Arantes, Faf à Som Livre e à TV Globo era dada a possibilidade de ampliar seu leque de Se érpretes e canções para comporem as trilhas sonoras de suas novelas, tal escolha dos int ão estav ão complementares. fato n a dissociado de dois fatores que, podemos dizer, s Por áter difusor, um lado, as trilhas sonoras comprovavam sua viabilidade comercial, seu car ocupando as listagens dos discos mais vendidos. Em 1972, por exemplo, Segundo o IBOPE, entre os dez LPs mais vendidos, quatro eram de trilhas sonoras15. E entre 1972 e 1978, entre os 50 discos mais vendidos, apenas em 73 e 78 constaram dois discos de á sempre menções a três trilhas sonoras; nos demais anos h ou mais, chegando a cinco ções em 1975 cita , conforme dados do Nopem. ço da música, dos programas exclusivamente musicais Por outro, o espa , ía significativamente na grade de programação não apenas da TV Globo, mas das diminu

14 ço que não é uma tarefa muito precisa ções de segm Reconhe as caracteriza entos musicais e sua ção com determinados artistas. Entretanto, tais segmentos encontram correla -se, por vezes padronizados é possível reconhecer e relacionar cada artista com um determinado estilo musical, por de tal forma que ções entre mais que as distin eles sejam, por vezes, bastante sutis. 15 ão Paulo. Tanto as pesquisas do IBOPE quanto do Nopem referem-se ao eixo Rio-S

10 – ção Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunica ências da Comunicação – – XXXI Congresso Brasileiro de Ci Natal, RN 2 a 6 de setembro de 2008 emissoras de uma maneira geral. A partir de dados oferecidos por Ortiz, Borelli e é possível percebermos a evolução da audiência das telenovelas, Ramos (1989), comparadas com os programas exclusivamente musicais e com os shows de variedades às atrações que costumavam ter uma significativa fatia de seus quadros destinados íodo de catorze anos, de 1963 musicais. Num per -1977, enquanto a novela aumenta em ção no total de audiência, os programas exclusivamente musicais dez vezes sua participa êem suas audiências reduzirem pela metade. É a novela tomando para e de variedades v ço ência de divulgação de canções e artistas na grade de programação si o espa por excel áfico não passou despercebido. da TV e seu impacto no mercado fonogr

Quadro I – Porcentagem horas-audiência de programação nacional e importada em São Paulo

Fonte ílvia; RAMOS, José Mário. Telenovela: História e : ORTIZ, Renato; BORELLI, S ção. São Paulo: Brasiliense, 1989, p. 91 produ

Dancing’ Days: um exemplo da sinergia entre indústria fonográfica e televisão Dancing Days foi escrita por Gilberto Braga e dirigida por Daniel Filho, Dennis Carvalho e Marcos Paulo. A trama foi exibida pela Globo entre julho de 1978 e janeiro às 20h. A repercussão não somente nos índices de audiência, mas, também na de 1979, ência sobre os hábitos de consumo foi tamanha que ganhou, inclusiv influ e, reportagem Newsweek álias de salto fino, na revista americana , em 1978. Das meias coloridas e sand úlia (Sônia Braga), passando pela água de colônia e pela usadas pela personagem J ável da personagem Carminha, vivida por Pepi boneca Pepa (companhia insepar ta 16 ém impacto na Rodrigues) , a novela ditou a moda naqueles anos, causando tamb ústria fonográfica, onde a “febre” das discotecas ficou evidente não apenas no ind alcance das vendas do disco da trilha, mas, ultrapassou em alguma medida esses limites

16 ábrica vendeu 400 mil unidades. Cuja f

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ústria, de uma e acabou por impulsionar essa moda musical, fazendo com que a ind ções que correspondessem à tal segmento, maneira geral, investisse em artistas e can num primeiro momento, e aos segmentos musicais que com ele, de alguma forma, soul music. único ano em que há dialogavam, como o Isolando o segmento discoteca, o ência sobre ele na listagem do Nopem de discos mais vendidos é, alguma refer ção da novela. justamente, 1978, ano de exibi íodo se vendeu Ana Maria Bahiana (1980) afirma que em nenhum outro per tamanha quantidade de discos do segmento discoteca, na sua grande maioria, matrizes ções norte das produ -americanas, importadas pelas multinacionais do disco que aqui ês diferentes atuavam. Entre os compositores e cantores nacionais, a autora indica tr íveis d ção de um ritmo externo como o disco átira n e como a assimila se deu: como s ção (Belchior e Gilberto Gil) e incorporação (Frenéticas e Rita Lee) (Gonzaguinha), cita é possível percebermos a partir dos dados do Nopem, (BAHIANA, 1980, p. 49). Como disco a moda durou somente o tempo em que a novela esteve no ar, quando discos desse segmento musical figuraram entre os mais vendidos. úsica Dancing’ Days A trilha sonora da novela, cujo carro-chefe era a m , As Frenéticas ão de có interpretada pelo grupo , vendeu um milh pias e fez parte de uma égia diferenciada de divulgação por parte da Som Livre. Até então, o disco com a estrat ós a estréia do folhetim. trilha musical das novelas era comercializado dois meses ap Dancing’ Days çado simultaneamente à nov , entretanto, foi lan ela e grande parte das úsicas que compunham a trilha já havia sido tocada exaustivamente no rádio, na TV e m ção das divulgada pela gravadora Warner, detentora dos direitos de comercializa Frenéticas À época, acusado de escrever a n (WYLER; ROMAGNOLI, 1978). ovela ústria fonográfica havia somente para vender a moda das discotecas, estilo que a ind importado do mercado americano, Gilberto Braga se defendeu, queixando-se, inclusive, ão ter participação na escolha das trilhas de suas novelas: de n

“ úncio que Eu escrevo meu texto sem me preocupar com qualquer tipo de an ário da novela. Não sou obrigado a nada. Espero venha a ser colocado no cen óxima novela eu que na pr possa participar da escolha dos temas, pois acho ções ém que a importante a parte musical como marca das situa . E acho tamb ção deveria ser vender discos por causa da novela, como acontece no inten ão o contrário, fazer novelas em função dos discos” cinema, e n (WYLER; Romagnoli, 08/dez/1978).

Em outro momento, Braga ainda deixa claro seu descontentamento com a trilha escolhida

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“Não tive participação alguma. Apenas pedi ‘Copacabana’, pelo Dick Farney. ão servia à novela, tanto que foi preciso lançarem um single O disco n na ‘Outra Vez’ do Roberto Carlos. Não havia romantismo metade do caminho com ça Mello, que trabalhou sozinho na trilha, mais tarde na trilha. [...] Guto Gra confessou que achou a sinopse muito fraca e fez o trabalho sem grande carinho. ítulo provisório de A Entendi perfeitamente. A sinopse, que ele recebeu com t Prisioneira, ão de quinta”. (SANCHES, parecia mesmo um dramalh 17/abr/2001, E5).17

ção acaba por revelar a pouca autonomia do autor na escolha das Tal afirma úsicas que irão compor a novela m - embora ele evidentemente possa interferir por meio ões ção de cargos ocupados por profissionais de sugest -, possivelmente por conta da cria ão, como o produtor e diretor musical. É preciso considerar especializados nesta quest ém que a negociação referente à escolha da trilha envolve grandes empresas da tamb ídia e não me parece que, neste caso, o auto m r de novela tenha um papel preponderante. ópria Som Livre, mesmo que não de uma forma objetiva, deu indícios de como está A pr çada a hierarquia no que diz respeito às decisões de escolha da trilha sonora, assim alicer ça desses profissionais como considerava que cada vez mais era importante a presen É assim que, no final de 1981, a especializados nos sucessos dos discos vendidos. gravadora, num memorando interno, decidiu que o nome dos produtores deveria figurar ém do em letras grandes na contracapa de todos os discos. Segundo a empresa, al ía também um reconhecimento do cargo ocupado por esse profissional, a medida possu és comercial, uma vez que, segundo o departamento de vendas da própria Som Livre, vi ça Mello num LP g a assinatura de um produtor como Guto Gra arantiria uma venda ópias, independentemente do conteúdo musical extra de 10 000 c (TURMA, 1982, p. 136-138).

Considerações Finais ência os estudos já realizados sobre a produção de discos no Tendo como refer ância da déca ção dos Brasil e que concordam com a import da de 70 na consolida ústria cultural entre nós, é possível afirmarmos que se, por um lado, mecanismos da ind ção das multinacionais do disco, uma vez que a Som Livre foi beneficiada pela consolida ções, ar estas se transformaram em fornecedoras de can tistas e sucessos musicais para trilhas sonoras de novelas, por outro lado, a chegada dessa gravadora dinamizou o setor áfico não apenas no que diz respeito às relações entre as gravadoras, mas, fonogr ém à própria importância assumida pelas trilhas son ção do tamb oras na composi

17 úsica cantada por Roberto Carlos não foi lançada no disco da trilha da nove A m la.

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áfico brasileiro. Ao mesmo tempo, o mercado fonogr controle praticamente absoluto da ção das trilhas sonoras, coloca essas empresas Som Livre/Rede Globo na comercializa ências fundamentais na importância das trilhas sonoras no como as ag mercado de discos brasileiros, fato esse que ultrapassa qualquer qualidade inerente que a trilha sonora, ão se trata de como produto cultural, possa ter enquanto meio difusor. Ou seja, n qualquer trilha sonora, do produto em si, mas, sim, daquela produzida pelo principal ídia do país. É o fato de ser produzida pelas Organizações Globo conglomerado de m às trilhas o status que elas têm. Tanto é assim que, posteriormente à que proporcionaram ção e ao crescimento da Som Livre, ainda em meados dos anos 70, T cria upi, Record e ém produziam telenovelas, criaram seus próprios selos para Bandeirantes, que tamb – comercializar as trilhas de suas tramas respectivamente, GTA, Seta e Bandeirantes áloga ao que fez a Globo. Estes selos não apenas nã Discos -, numa atitude an o tiveram ção que tem a Som Livre, como tampouco conseguiram estabelecer, através das a dura ção com a indústria fonográfica como é o caso dos discos das trilhas sonoras, uma liga ória da televisão e da novela se confunde com a história da novelas globais. Se a hist ão, ela também não se distingue da história da indústria fonográfica graças, televis às trilhas sonoras. justamente,

Referências Bibliográficas

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