Trilhas Sonoras E a Década De 70: Um Olhar Sobre O Surgimento Da Gravadora Som Livre1
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id30910697 pdfMachine by Broadgun Software - a great PDF writer! - a great PDF creator! - http://www.pdfmachine.com http://www.broadgun.com – ção Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunica ências da Comunicação – – XXXI Congresso Brasileiro de Ci Natal, RN 2 a 6 de setembro de 2008 Trilhas Sonoras e a Década de 70: Um Olhar Sobre o Surgimento da Gravadora Som Livre1 ísa Maria dos Santos Toledo2 Helo Universidade Estadual Paulista, Araraquara, SP Resumo A trilha sonora da telenovela brasileira produzida pela Rede Globo constituiu-se, ao últimas décadas, em um dos principais canais de difusão da música. longo das Essa ão não pode ser dissociada do fato de que tal difusão é exercida pela Som Livre, quest áfico nacional. gravadora que ocupa um lugar privilegiado no mercado fonogr ão conta dos primeiros anos do Apresento nesta oportunidade alguns elementos que d ória dessa gravadora – ância que logo ela surgimento e hist 1969-1979 - e da import ústria fonográfica, sem deixar de lado o espaço, cada vez maior, ocupado assume na ind úsica no Brasil pelas trilhas sonoras das novelas no mercado da m . Palavras-Chave: ústria fonográfica Som Livre; trilhas sonoras; ind ; Rede Globo. Introdução íses do mundo a canção popular ocupa um papel tão Sabe-se que em poucos pa relevante na cultura, de uma maneira geral, como no caso brasileiro. Aqui, a úsica/canção possui um papel insólito; está fortem m ente inserida no cotidiano das ística pela qual os brasileiros pessoas e representa, possivelmente, a principal forma art ão reconhecidos pelo m É ém a manifestação artística que, se reconhecem e s undo. tamb éculo XX, mais interage com especialmente a partir da segunda metade do s ção cultural. ções, temos praticamente todas as outras formas da produ Numa dessas rela ção da música com a novela última que a associa , esta aparece, em tempos da cultura industrializada, como nosso produto mais bem acabado, de reconhecimento ção no imaginário popular. ção resulta, pois, internacional e de grande penetra Dessa rela ífico e a trilha sonora ou trilha musical, produto cultural espec cujos impactos culturais, ômicos e artísticos ainda carecem de uma análise profunda por parte dos estudiosos econ ção. da comunica ão conta do mais bem Apresento, neste trabalho, alguns elementos que d ção entre música e novela, a sucedido processo de intera saber, as trilhas sonoras das ádio e Mídia Sonora – úcleos de Pesquisa em 1 Trabalho apresentado no NP R do VIII Nupecom Encontro dos N ção, evento componente do XXXI Congresso Brasileiro de Ciências ção. Comunica da Comunica – 2 Doutoranda no curso de Sociologia pela Universidade Estadual Paulista UNESP/Araraquara com a pesquisa álise do processo de difusão da música. Projeto apoiado pela Fapesp. Email: Trilhas Sonoras das Telenovelas: uma an [email protected] 1 – ção Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunica ências da Comunicação – – XXXI Congresso Brasileiro de Ci Natal, RN 2 a 6 de setembro de 2008 ço fonográfico, a gravadora Som telenovelas produzidas pela Rede Globo e pelo seu bra íodo compreeendido Livre. Proponho, ainda, o olhar sobre o per entre 1969, ano do – ções surgimento da gravadora como parte integrante da Sigla Sistema Globo de Grava á encontra ão, Audiovisuais - e 1979, quando a Som Livre j -se consolidada, ent como íder de mercado ás, em que o país vivencia a moda da discoteca l , momento, ali Dancin’ Days3 capitalizada pela novela . ção e divulgação de trilhas sonoras não é uma prática criada Sabe-se que a produ ções Globo e tampouco é exclusiva delas. O cinema, já em pelas empresas das Organiza órdio, utilizava úsica como pano de fundo para algumas cenas e mesmo seu prim -se da m ções da teledramaturgia brasileira ém já faziam uso do fundo musical antes produ tamb mesmo da chegada da Rede Globo. A trilha sonora, entretanto, como produto inerente ção da Som Livre. E nesse fato ao audiovisual, ganhou novos contornos com a cria êm no conjunto do mercado fonográfico reside o impacto que tais mercadorias culturais t Véu de Noiva, brasileiro. Da primeira trilha sonora produzida pela Rede Globo (novela é os dias atuais, os discos úsicas das novelas constam em 1969) at que trazem as m das ômeno se r listagens dos mais vendidos e tal fen epete com parte dos artistas e das ções que compõem a trilha, assim como, com can ritmos e estilos musicais, alguns deles, ão exibidas. durando apenas o tempo em que a novela e sua trilha s é preciso considerar que a trilha sonora, como produto Nesse sentido cultural, traz em si mesma, como elemento constitutivo, a capacidade de atingir o ções muito especiais de recepção. Divulgar a música espectador/consumidor em condi és da cena é uma estratégia que acaba por permitir que seu consumo seja atrav és de sua associação com personagens e situações propostos por potencializado atrav determinado enredo. Propicia, dessa forma, que se realize o que alguns pesquisadores ório, momento no qual se escuta uma canção que não é chamam de consumo aleat íduo produto direto da escolha do indiv (DIAS, 2000, p. 157). ém dessa característica intrínseca da trilha sonora, é importante Mas, para al ção e proximidade com o público consumidor notarmos que tal capacidade de sensibiliza ão pode ser dissociada do fato de que o meio pelo qual t é difundido n al produto cultural é, justamente, a mais poderosa empresa de comunicação de massa do Brasil. Ao ão dessa forma, priorizamos com isso o exame das estruturas colocarmos a quest áveis pela produção e d ão das trilhas sonoras, em v respons ifus ez de nos atermos aos 3 Novela escrita por Gilberto Braga e dirigida por Daniel Filho. A Rede Globo produziu e exibiu a novela à frente. entre julho de 1978 e janeiro de 1979. Voltarei a falar da novela e da sua trilha sonora mais 2 – ção Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunica ências da Comunicação – – XXXI Congresso Brasileiro de Ci Natal, RN 2 a 6 de setembro de 2008 údo das canções, abordagem mais comum, principalmente nos significados e/ou conte ção dos bens culturais. P íamos ão, estudos centrados na recep oder , ent nos perguntar: êm se não fosse teriam as trilhas sonoras o impacto difusor e comercial que t m divulgadas pela Som Livre/Rede Globo? ção acerca do que está sendo Antes de prosseguir, vale, ainda, uma observa É comum entre alguns pesquisadores e, considerado nesse trabalho como trilha sonora. ção entre trilhas sobretudo, entre os profissionais que atuam neste segmento, a distin ém, além do fundo musical, sonoras e trilhas musicais. Trilha sonora englobaria tamb ídos, falas e a sonoplastia da cena. A trilha musical, por sua vez, diria todos os ru às músicas, ao conjunto de canções utili respeito somente zadas como tema de óprio folhetim. No caso deste artigo ão personagens ou do pr , entretanto, as duas ser ão usadas indistintamente. Dessa forma, as trilhas sonoras e musicais das telenovelas s ífico ísticas próprias: são consideradas aqui como um produto cultural espec , de caracter úsicas cantadas por artistas conhecidos ou não, nacionais e/ou estrangeiros. Não m vamos tratar, dessa forma, da trilha sonora incidental4, quase sempre instrumental, que, ão tem embora tenha um importante papel nos efeitos sonoros e narrativos da novela, n ômica/comercial por parte da gravadora Som Livre e da TV uma contrapartida econ Globo. A Chegada da Som Livre no Mercado Fonográfico ção da Sigla e da Som ções Globo A cria Livre pelas Organiza , em 1969, e da ópria Rede Globo (1965) íodo em que se dá ão pr , coincide com o per a expans dos ústria cultural mecanismos da ind , compreendida aqui em seu sentido mais amplo, entre ós. íodo ável crescimento dos mais diversos n Ortiz (2001) identifica nesse per o formid ústrias da produção ística e cultural, ao mesmo tempo, em segmentos e ind art que o égide do Reg çamente Estado, sob a ime Militar, investia maci em toda uma infra- ária à produção e transmissão dos produtos culturais de massa. estrutura necess ções, outras im á Quando a TV Globo inicia suas opera portantes emissoras j estavam atuantes no mercado brasileiro, produzindo, inclusive, teledramaturgia: Tupi, á com a Som Livre: Excelsior e Record. De alguma forma, o mesmo se d seu surgimento ção ís coincide com a instala de grandes transnacionais do disco no pa e com a 4 é àquela feita a ções da trilha de canções. Normalmente, retira A trilha incidental partir de varia -se a voz ão instrumental; ou, então, o produtor musical cria variações do tema do cantor, mantendo apenas a vers érie de versões: romântica, triste, alegre, ção da musical principal da novela com uma s tensa, etc. A fun é fazer a passagem de cena, criar ganchos ou preencher “buracos”. trilha incidental 3 – ção Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunica ências da Comunicação – – XXXI Congresso Brasileiro de Ci Natal, RN 2 a 6 de setembro de 2008 ção das multinacionais que já operavam aqui. ário de domínio consolida Nesse cen de ústrias e conglomerados de mídia, a parceria Globo/Som Livre grandes ind provocou áfico, sobretudo porque ins novos contornos no que diz respeito ao mercado fonogr tituiu o segmento das trilhas sonoras como um dos mais lucrativos e de maior visibilidade úblico consumidor. íodo de análise compreendido por este artigo, em junto ao p No per todos os anos os discos de trilhas sonoras das telenovelas produzidas pela emissora de Roberto Marinho figuraram no rol dos mais vendidos5. écada de 60, a Rede Globo já era líder de mercado e a telenovela já No final da d ção do produto televisivo de maior audiência no país.