Rev. IG, , 1(2):39-47, ju!./dez. 1980

CONTRIBUIÇÃO À GEOLOGIA DE SUBSUPERFtCIE E À PALEONTOLOGIA DO GRUPO TUBARÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO

Geólogo SÉRGIO MEZZALIRA - Pesquisad!Jr Científico

RESUMO A abertura de poços para captação de água subterrânea, em diversas localidades do Estado de São Paulo, pelo Instituto Geológico (ex-Instituto Geográfico e Geoló• gico) tem-nos permitido obter não só novos dados litoestratigráficos como paleonto­ lógicos que permitem ampliar o conhecimento e o comportamento geopaleontológico do Grupo Tubarão no Estado de São Paulo. São descritos perfis geológicos de poços abertos em: Sarapuí, em número de dois com profundidades de 138 m e 130 m; Itu, em número de 4 com 81 m, 87 m, 100 m, e 134 m de profundidades e Salto de Pirapora, com 119 m. Nos poços perfurados nas três localidades inicialmente mencionadas, só foram cortados sedimentos do Grupo Tubarão, atingindo nas duas últimas o Embasamento representado aqui por termos do Grupo São Roque (filito - quartzítico,. calcífero compacto). / Nos poços de SarapuÍ, foram encontrados: no n.o 1, Restos e fragmentos de vegetais (hastes principalmente) carbonizados e não carbonizados e o megásporo Lagenoisporites (Trileites) brasiliensis (Dijkstra, 1955); no n. 2, também, inúmeros restos e fragmentos de vegetais carbonizados e não carbonizados e o vegetal ?Plumsteadiella sp. ABSTRACT The well drilling to get ground water supply in the State of São Paulo, , through the cooperation of the Geological Institute (Ex-Instituto Geográfico e Geológico) led not only to new stratigraphic data but also to paleontological obser­ vations which enlarged broadly our knowledgment about the geology concerning Tubarão Group on the State of São Paulo. In this paper geological profiles are assigned to Sarapuí wells (two, depth: 138 m and 130 m), Itu (four, depths: 81 m, 87 m, 100 m and 134 m), Salto de Pirapora (one, depth: 119 m). In the three former localities the wells cut onIy Tubarão Groups sediments, and the two latter have reached the São Roque Embasement rocks. In the Sarapuí wells were found the following fossils: in the n.o 1 pIant remnants and fragments (mainly stems' many thoroughly carbonzied and few not yet been and besides that we found Lagenoisporistes (Trileites) brasiliensis (Dijkstra 1955) Trindade, megaspores. In the n.o 2 there are several carbonized (party and thoroughly) plant fragments ~nd rernriants asd ?Plumsteadiella sp.

INTRODUÇÃO estratigrafia (litológica e biológica) de superfície e subsuperfície nas diversas Entre os diversos trabalhos de pesquisa formações sedimentares ocorrentes no do Instituto Geológico (antigo Instituto Estado. Geográfico e Geológico), da Cocrdenadoria A pesquisa de subsuperfície é feita n.os da Pesquisa de Recursos Naturais, da testemunhos obtidos nas perfurações de Secretaria da Agricultura e Abastecimento poços profundos, executados pelo Instituto do Estado de São Paulo, inclui-se a de Geológico, para captação de água subter..

39 Rev. IG, São Paulo, 1(2):39-47, jul./dez. 1980

rânea. O objetivo do presente trabalho é Os sedimentos mais comuns 'ocorrentes divulgar esses dados estratigráficos (litoló· em torno da cidade e das novas perfura­ gicos e biolÓgicos), obtidos em sondagens ções são os arenitos, siltitos, ritmitos e dia­ executadas / em Sarapuí, ItJl, Salto de mictitos, referentes ao Grupo Tubarão (en­ Pirapora, todas localidades do Estado de globadas aqui as Formações Itararé e Ta­ São Paulo, contribuindo para maior conhe­ tuí). A espessura desses sedimentos nos ar­ cimento espacial e subsuperficial do Grupo redores é muito variável entre Om e 180 m, Tubarão. devido à irregularidade do relevo do em.. As perfurações realizadas em Itu e Salto basamento. de Pirapora, vieram confirmar observações anteriores do A., na região, isto é, da B'aseado nos dados de poços profundos presença de termos litológicos do Grupo existentes na região (MEZZALIRA, 1969" São Roque subjacentes aos sedimentos do p. 89) verifica-se que na .parte sul da cidade Grupo Tubarão e não do granito ou (saída para e rodovia Castelo gnaisse (MEZZALIRA, 1969). Branco) a espessura dos sedimentos varia entre 65 m e 90 m; para sudoeste, atinge SITUAÇÃO GEOGRÁFICA 75 m; mais para oeste, na estrada"'do Jacu, alcança 100 m e na estrada para Porto A cidade de Itu~ SP, está a cerca de Feliz, chega a 180 m. Na parte norte e 100 km a WNW de São Paulo, e é servida l'este, os sedimentos se adelgaçam e surgem pela FEPASA (ramal de Itu) e por linhas os granitos na rodovia para Salto, e gnais­ de ônibus intermunicipais. Salto de· Ges, aplitos e granitos (na rodovia para São Pirapora, SP, encontra-se a cerca de 20 km Paulo). ao S. de Sorocaba e esta, por sua vez, dista Os granitos comuns, na região, são de de São Paulo cerca de 100 km. É também granulação grosseira, apresentam fenocris­ servida pela FEPASA. (Ferrovias Pau­ lista S.A.). tais de microclínio róseo, quartzo e rara biotifà e são conhecidos como Granito de Sarapuí, SP, está a 150 km a WSW da ltu. Capital e é servida pela rodovia Raposo Tavares, da qual dista cerca de 10' km Nos arredores da Granja Santa Rosa, dessa estrada. vila São José, situada a 2 km SSW de As cidades encontram-se na área dos Itu, estão presentes os siltitos, ritmitos e .sedimentos paleozóicos, constituindo uma diamictitos referentes ao Grupo Tubarão e, das unidades com características geomorfoló• na EStância Ituana, bairro Guatapendava gicas e geográficas próprias e que foi deno­ a 6 km a SSW da cidade, predominam os minada como Depressão ~eriférica por siltitos argilosos de cores cinza 'e amarelo. Moraes Rêgo !em 1932 e subdividida em três com pequena ocorrência de diamictito na' zonas por Deffontaines em 1935. (IN AL­ margens e leito do ribeirãoi Itaim que corta MEIDA, 1964 p. 228). Assim, Salto de a área da Estância. A cerca de 3 km desse Pirapora e Sarapuí situam~se na zona do Paranapanema e Itu, na Zona do médio ponto situam-se as pedreiras de exploração Tietê. dos ritmitos (varvitos) contendo os rastos fósseis de cmstáceos. GEOLOGIA DE SUBSUPERFICIE As características dos' poços são as (Litoestratigrafia) seguintes:

A divulgação dos dados obtidos nas . Poço Vila Santa Teresinha; ltu, SP:, novas perfurações, constitui uma das fina­ lidades deste trabalho. Poços Profoodos em Itu, SP: A cidade de Altitude - 535 m Itu como as de Sorocaba" Salto de Pirapora, Prcfundidade total - 87 m , etc., encontra-se próxima do contato sedimentos carboníferos com ,o Perfil litoestratigráfico - segund.Q Pré-Cambriano. Geomorfologicamente, sí~ tua-se na chamada Depressão Periférica. o Eng. S. M. Chaves

40 FIGURA 1 ~ ('b ~ 9 0 0 53 0 0 0 0 0 V:J 52 51 50 49 48 47 0 0 0 p.>\ 46 45 44 o ~ ê +-- I 1200 9 ~'"'"" w \O I 121 0 J:.. ~ ~ --o.. A t'1

~ \O 00 O

230

23°f-- --J-----j 240

0 25 1250

0 \ . -I I I 0 26 1 ~~~ g '26

1 I I I 0 0 0 530 520 51 0 500 490 480 470 46 45 44 o . 36 108 180 252 km t IIII

.....~ Rev. IG, São Paulo, 1(2):39-47, jul./dez. 1980

Profundidades (m) - Rochas 60,80 a 65 - Diamictito com seixos varia­ dos. Base do Grupo Tubarão. o a 5,70 - Solo. (Subgrupo Itararé). 5,7 a 47 - Arenitos e siltitos cinzentos 65 a 100 - Filito quartzítico calcífero Base do Grupo Tubarão (Sub­ cinzento. Grupo S. Roque. grupo Itararé). 47 a 87 - Filito cinza-escuro, parcialmente calcífero. Grupo São Roque. Poço da Estância Ituana, bairro Guata­ Poço n.o 1 - Chácara e Granja Santa pendava, Itu, SP: R08a, vila São José, Itu, SP - aberto junto às cisternas ali existentes: Altitude - 645 m Altitude - 570 m Profundidade total - 134,50 m Profundidade total - 81,50 m Perfil litoestratigráfico Perfil litoestratigráfico - segundo Geólogo segundo S. Mezzalira S. Mezzalira. Profundidades (m) - Rochas Profundidades (m) - Rochas o a 11,60 - Solo. O a 5,70 - Solo. 11,60 a 15,60 - Arenito friável. 5,70 a 8,00 - Arenito. 15,60 a 33,50 - Siltito róseo e cinza, con­ 8 a 21 - Siltito cinza-claro tendo partes mais arenosas 21 a 34,90 - Siltito cinza-escuro intercalado e leitos argilosos escuros de pequena espessura. de folhelho. 34,90 a 48 - Arenito conglomerático. 33,50 a 35,50 - Arenito fino a síltico es­ branquiçado com leitos argi­ 48 a 58 - Ritmito. losos escuros. 58 a 65,50 - Diamictito. Base do Grupo 35,50 a 43 - Arenito síltico cinzento com Tubarão (Subgrupo Itararé). finos leitos argilosos e com 65,50 a 81,50 - Filito quartzítico cinza-escuro, partes ligeiramente cimen­ parcialmente calcífero. Grupo tadas, por carbonatos. S. Roque. 43 a 46 - Arenito cinza-claro fino (45 a 46 sem testemunho). o Poço n. 2 - aberto na mesma locali.. 46 a 55 - Siltito cinza-claro com ca- dade acima e junto a uma pequena represa, madas intercaladas de arenito a 200 m a montante do poço n.o 1: grosso e com partes cimen­ tadas. Altitude - 600 m 55 a 57 - Arenito cinza claro, fino com pelotas de argila na base. Profundidade total - 100 m 57 a 58 - Siltito cinzento com finos Perfil litoestratigráfico - segundo leitos argilosos. 58 a 63,50 - Areníto fino a médio com o Geólogo Carlos de C. Torres partes mais grosseiras e contendo em alguns pontos pelotas de argila. Profundidades (m) - Rochas 63,50 a 79,50 - Siltito cinzento, parcialmente arenoso com cimento limo.. o a 2 - Solo. nítico na base. 2 a 32,3 - Ritmito cinza-claro (lâminas 79,50 a 88 - Arenito médio a fino, es- de arenito e siltito interca­ .branquiçado contendo par.. ladas). tes cimentadas e sílticas 32,3 a 33 - Breccia intraformacional cin­ intercaladas. za-marrom. 88 a 93 - Arenito síltico esbranqui- 33 a 35 - Ritmito (= ao de 2 m a çado. 32,3 m). 93 a 96 - Arenito médio a gro"sso com 35 a 35,10 - Breccia intraformacional. partes sílticas intercaladas. 35,10 a 43 - Ritmito (arenito e siltito; are- 96 a 108 - Arenito médio a fino, estra- nito rosado). tificação horizontal; partes sílticas a 102 m (1 m) e a 43 a 43,40 - Argilito e siltito intercalados. 105 m (0,30 cm de espes­ 43,40 a 45 - Arenito rosado. sura). 45 a 45,40 - Arenito e argilito intercalados. 108 a 112 - Arenito conglomerático, cin- 45,40 a 60,80 - Ritmito argiloso, predomi- za, arcosiano, contendo par­ nando a parte argilosa e len­ tes friáveis e partes cimen­ tes areno-sílticas. tadas.

42 Rev. IG, São Paulo, 1(2):39-47, ju!.f dez. 1980

112 a 118,50 - Arenito síltico, cinza, maciço. Profundidades (Jl1) ---- Rochas 118,50 a 123 - Arenito conglomerático cin­ zento com concentrações de O a 14 - Solo. seixos variados, em tamanho 14 a 48 - Arenitos grossos a -finos, branco­ e litologia, em vários níveis. -amarelados, maciços e síltitos in­ 123 a 124 - Arenito síltico parcialmente tercalados. cimentado. Base do Grupo 48 a 49 - Mistitos. Tubarão. (Subgrupo Itararé). 49 a 51 - Arenito síltico, maciço, acastanha- 124 a 124,60 - Não saiu testemunho. do. 124,60 a 134,50 - Filito quartzítico cinzento, 51 a 52 - Mistitos. dobrado, compacto e duro. 52 a 58 - Arenito síltico, maciço, acastanhado. Grupo S. Roque. 58 a 70 - Diamictito basal, seixos variáveis em tamanho e litologia. Seixo de Como se observa, nos perfis apresenta­ 1 m de espessura de granito róseo dos é marcante a presença do termo lito­ na profundidade de 60 a 61 m. lógico (filito-quartzítico) do Grupo São Ro­ Base do Grupo Tubarão. (Subgrupo que e não do granito ou gnaisse que ocorre Itararé). nas proximidades do contato (sedimento­ 70 a 119 - Filito quartzítico cinzento com­ pacto, duro e parcialmente calcí.. embasamento), confirmando observações fero. Grupo S. Roque. anteriores de MEZZALIR.A (1969 p. 87~ 88) não só quanto à rocha subjacente como POÇOS Profundos de Sarapuí, SP: Nos da irregularidade do relevo onde se assen­ arredores da cidade aparecem arenitos aver­ tam os sedimentos. melhados de estratificação plano-paralela e siltitos amarelados, do Grupo Tubarão. Ao Poço profundo de Sa to de Pirapora, norte da cidade o ribeirão Fazendinha SP: A perfuração acima foi executada no corre sobre sedimentos aluviais (areias, bairro Campo Largo, a 4 km ao S de Salto argilas) de espessura variável entre 17 a de Pirapora, na margem direita do Córrego 21 m, conforme testemunhos dos dois poços do Ourives, próximo à sua cabeceira e da perfurados. estrada de terra que liga o bairro à nova rodovia Salto de Pirapora-. Foram perfurados dois poços com ótimo rendimento aqüífero à vista da predomi­ Na área ocorrem sedimentos arena-argi­ nância dos sedimentos arenosos encontra­ losos do Grupo Tubarão, com espessura dos, pertencentes, provavelmente, à Forma­ variável tendo em vista que a cidade de ção Tietê de ALMEIDA & BARBOSA, Salto de Pirapora encontra-se, também, cujas características são: próxima ao contato sedimento-embasa­ mento. Poço 11l.0 1 - junto à fábrica de lajotas Ao longo da rodovia Sorocaba-Salto de a Oeste da cidade: Pirapora, já nas proximidades desta última Altitude - 610 m cidade, observa-se de ambos os lados da mesma a presença de matacões de granito Profundidade - 138m que se salientam na topografia 10çaI. Nos Perfil litológico ­ arredores do bairro Campo Largo, esses segundo S. Mezzalira matacões não estão presentes, o que dá aos sedimentos uma espessura em torno de 70 Profundidades (m) - Rochas metros, confirmada com a abertura do po­ ço. O mesmo não ocorre em torno de o a 17 - Solo com seixos soltos de quartzo, quartzito e sílex, Salto de Pirapora, onde na saída da cidade, etc. (Quaternário). na nova rodôvia nara Pilar do Sul, observa... 17 a 19,30 - Arenito cinza, fino, com la.. se a presença dê" diamictito basal sobreja­ minação paralela, horizontal. cente ao granito profundamente alterado. 19,30 a 19,80 - Siltito cinzento. A leste da cidade estão presentes as pedrei­ 19,80 a 20,50 - Siltito cinzento com dobras ras de calcário cinza, em exploração. adiastróficas. 20,50 a 21 - Arenito cinza fino, com la.. Os dados do poço são: minação paralela, horizontal. Altitude - 650 m 21 a 21,50 - Siltito idêntico ao de 19,80 a 20,50 m. Profundidade total - 119 m 21,50 a 23 - Arenito fino, cinzento, ma" Perfil litoestratigráfico ciço. 23 a 24 - Siltito cinzento, maciço, com segundo S. Mezzalira dobras na base.

43 Rev. IG, São Paulo, 1(2):39-47, jul./dez. 1980

24 a 24,50 - Arenito fino, maciço. 114,20 a 116 - Arenito cinza-claro com par.. tes laminadas a 115 m, espes.. 24,50 a 26 - Siltito cinzento. sura 20 cm e estrutura para.. 26 a 29 - Arenito síltico, cinzento.. leIa horizontal (115,50) e -claro. inclinada passando a siltito '29 a 30,50 - Siltito cinzento com interca- argiloso, cinzento. lações arenosas e argilosas 116 a i25 Siltito argiloso, cinzento com pretas. intercalações de arenito síl.. 30,50 a 34 - Sedimentos rítmicos (argila tico parcialmente cimentado e arenito) com estruturas. a diversas profundidades e 34 a 38 - Arenito médio a grosso, cin.. com várias espessuras. Há zento, estrutura maciça. peqnenas dobras entre 119,40 a 119,90 m e 123,70 e 38 a 41,50 - Arenito nlédio, amarelo e 123,70 m, passando na base esverdead.o. a arenito fino. 41,50 a 48 - Sedimentos rítmicos, idênti.. 125 a 125,50 - Arenito claro, médio a fino cos ao de 30,50 a 34 'm. parc"almente cimentado. 48 a 49 - Siltito argiloso, escuro, com 125,50 a 130 - Siltito argiloso, cinzento, ma· restos de vegetais. ciço. 49 a 56 - Arenito fino a médio, cinza 130 a 137,20 Siltito arenoso cinza-claro, e amarelado. pirítoso a 132m; estrutura 56 a 58 Siltito cinza a preto, parte inclinada e dobras a 132,50 rítmica e contendo restos e 135,60 a 136 m. Aparecem vegetais. blocos de arenito fino ci­ 58 a 64 Siltito cinzento, com partes mentado (calcífero) com arenosas, finas e parte con.. 0,20 fi de espessura, a 132,80 glomerática (63,80 m). e 134,60 m. 64 a 64,80 - Siltito arenoso, cinza e parte 137,20 a 138 - Sedimentos rítmicos (areni- contendo seixos. tos e siltitos cinzentos, ar.. gilosos). 64,80 a 65,80 - Siltito cinzento com _restos vegetais. Poço D.o 2 - a ± 200 m a jusante do 65 ~80 a 67 - Siltito parcialmente arenoso, o cinzento. P. n. 1, no fim da rua Leôncio Pinheiro: 67 a 70 - Arenito médio a ,grosso com Altitude - 60S m partes seixosas e com restos vegetais. Profundidade total - 130 m 70 a 73 - Siltito cinzento com vegetais no topo. Perfil litológico - segundo S: Mezzalira 73 a 75 - Sedimentos rítmicos (idênticos aos anter·ores). Profundidades (m) - Rochas 75 a 79 - Arenitos finos e siltitos cin.. zentos. o a 21 - Solo e areia com seíxos de 79 a 80 - Siltito argiloso, escuro, com sílex (Quaternário). restos de vegetais. 21 a 29,80 - Siltito cinzento-escuro, fra- 80 a 86 - Arenitos finos e siltitos cin.. tura concoidal, contendo 'zentos, com finas camadas 0,20 m (25,20 a 25,40) de argilosas intercaladas. seixos de pequeno diâmetro 86 a 87 - Siltito preto com vegetais (argilito, quartzo, granito, fósseis. etc.); intercalações arenosas, 87 a 88 ~ Arenito médio, cinzento, média, cinza a, partir de maciço. 28 m, passando a siltito are" noso cinza-claro, seixoso, na 88 a 104 Siltito argiloso cinzento- es­ base. curo, com intercalações de ,29,80 a 37,80 - Não saiu testemunho (are­ manchas claras. nito cinza friável). 104 a 107,50 Siltito cinzento-escuro, fra­ 37,80 a 38 - Arenito argiloso, averme- tura concoidal. lhado, micáceo. 107,50 a 114 - Arenito médio a fino, cin- 38 a 38,50 - Folhelho carbonoso com za-claro, maciço, com finas restos de vegetais. camadas argilosas escuras, de 110,70 a 110,90 m. O 38,50 a 45 - Arenito síltico esbranquiçado arenito tem partes friáveis e cinza, maciço, micáceo, e laminação paralela incli­ com laminação paralela ho· nada (112,20 a 112,60 m). rizontal (43,50 a 45 m). 114 a 114,20 - Siltito argiloso, escuro, com 45 a 46 Siltito preto passando na restos de vegetais carboni.. base a amarelado, com res­ zados. tos de vegetais fósseis.

44 Rev. IG, São Paulo, 1(2):39-47, ju!.!dez. 1980

46 a 50 - Não saiu testemunho (are- As rochas dos poços O1 e 02, acima, são nito friável). referíveis ao Grupo Tubarão (subgrupo 50 a 54 _ - Arenito branco, fino a mé· Itararé). dio, maciço, friáve1. 54 a 55 - Siltito amarelado com finos leitos esbranquiçados de ar­ CONTEÚDO PALEONTOLÓGICO gila, parcialmente limonitiza· dos, passando a cinzentCl na base. Somente nos poços de Sarapuí, SP, foram 55 a 56 - Siltito cinzento-escuro, par- encontrados os seguintes fósseis: cialmente argiloso e carbo­ noso, contendo restos vege·\ tais na base. Poço 1 - Sarapuí, SP 56 a 60,80 - Arenito síltico cinza claro. estrutura maciça e lamina~ Fósseis do Grupo Tubarão Profundidade (m) ção paralela horizontal (5~ a 59 m); arenito conglome.. a) Megásporos rático (59,30 a 59,70 m) passando a fino na base - 1 Lagenoisporites (59,70 m) e retornando ao (Trileites) brasiliensis mais grosso aos 60,80 m. (Dijkstra 1955) (três níveis) 43,50; 47,50; 48,30 60,80 a 61,40 - Siltito preto, piritoso, com restos de vegetais. ·b) Fraglnentos de vegetais 61,40 a 64 - Siltito cinza-claro, passando carbonizados, constituin­ a mais arenoso na base e do camada de carvão. com restos de vegetais e Presença de pirita. 48,90 pirita. c) Fragmentos de vegetais 64 a 83 - Arenito cinza claro, maciço carbonizados e não car­ com intercalações argilosas bonizados (hastes princi- escuras, pretas, piritoso e palmente) (Foto n.o 1) 48,80; 65 a 65,60; com restos de vegetais. 86,50; 114 (72 m) 83 a 83,20 - Siltito preto piritoso e car- Poço 2 - Sarapuí, SP bonoso. 83,20 a 98 -- Arenito síltico cinzento, claro Fósseis do Grupo Tubarão Pro undidade (m) e escuro, maciço, falsa rit­ micidade. a) Fragmentos de vegetais car­ 98 a 104,20 - Siltito cinzento, argiloso, bonizados e piritosos (fo­ fratura concoidal. lhelho carbonoso - ± 1 m de espessura) 38 104,20 a 112 - Arenito, cinza escuro, fino a média, maciço, com algumas b) Fragmentos de vegetais, intercalações de leitos argi­ principalmente hastes, em losos escuros. Laminação arenito amarelado 46 parRleIa horizontal na base. c) Fragmentos de vegetais (has- 112 a 119 - Siltito cinzento com inter­ tes) carbonizados 56; 61 a 64; 72 calações de leitos arenosos cinza escuro. O siltito tem d) ? Plumsteadiella sp. (Foto fratura concoidal e com mi­ n.o 02) 62 crofalhas (112 m) e, o are­ nito, laniinação paralela hori­ Noticia-se aqui, pela primeira vez no zontal devido à presença de minerais máficos nas cama­ Estado de São Paulo, da ocorrência do das escuras. gênero Plumsteadiella sp. enl sedimentos' 119 a 130 - Arenito cinza claro, cimen­ do Grupo Tubarão. Constitui a segunda tado, fino, laminação para­ ocorrência para· o Brasil, devendo-se a lela-horizontal no topo, pas­ primeira referência a MILLAN (1969) que sando a maciça até 122 m; descreveu Plumsteadiella apedicellata Millan de 122 a 124 m finos leitos encontrada no Estado de Santa Catarina em argilosos escuros intercala­ sedimentos do subgrupo Guatá, Formação dos; entre 127 e 128 m e trutura inclinada; de 124 Rio Bonito, Grupo Tubarão. a 127 m laminação paralela O exemplar paulista, ora noticiado, per­ horizontal e maciça, tornan­ do-se de cor cinza mais tence, provavelmente, ao subgrupo Itararé, escura de 128 a 130 m. Grupo Tubarão.

45 Rev. IG, São Paulo, 1(2):39-47, jul./dez. 1980

FOTO N.o 01 - Restos de vegetais. Grupo Tubarão. Poço 1 - Prof. 65 a 65,60 m. SarapuÍ, SP.

• FOTO N.o 02 - ? Plumsteadiella sp. Poço n.o 2 - Prof. 62 m. Grupo Tubarão. SarapuÍ, SP.

46 Rev. IG, São Paulo, 1(2):39-47, jul./dez. 1980

AGRADECIMENTOS

o autor externa os seus agradecimentos aos Srs. Pedro Pacchiella Comério, do Instituto Geológico, da Coordenadoria da Pesquisa de Recursos Naturais da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, e, Saulo Succhello pela execução das fotografias que ilustram este trabalho.

BIBLIOGRAFIA Janeiro, Museu Nacional. 10p. il. (Boletim. Nova Série, Geologia, 34) ALMEIDA, F.F.M. de - 1964 - Fundamentos MEZZALIRA, S. - 1969 - Geologia de sub­ geológicos do relevQ paulista. In: São Paulo. -superfície em Itu, SP: ocorrência de Rocha Instituto Geográfico e Geológico. Geologia Moutonée nos testemunhos de sondagem.An. do Estado de São Paulo. São Paulo. p. 167­ Acad. Bras. Ci., Rio de Janeiro, 41(1):83-89. 263. (Boletim, n.o 41) TRINDADE, Nicea M. - 1969 - Megásporos MILLAN, J. H. - 1969 - Sobre Plumsteadiella permianos da formação Corumbataí, Estado um novo vegetal comum ao Gondwana infe­ de São Paulo. An. Acad. Bras. CL, Rio de rior do Brasil e da África do Sul. Rio de Janeiro, 41(3):415-420.

47