MANU CHAO: a Mescla Como Instrumento De Crítica Do Intelectual Quiebra Ley
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS: ESTUDOS LITERÁRIOS Raquel da Silveira MANU CHAO: a mescla como instrumento de crítica do intelectual quiebra ley Juiz de Fora 2011 Raquel da Silveira MANU CHAO: a mescla como instrumento de crítica do intelectual quiebra ley Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Letras: Estudos Literários, área de concentração em Teorias da Literatura e Representações Culturais, da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Letras. Orientadora: Profa. Dra. Silvina Liliana Carrizo Juiz de Fora 2011 A minha mãe Marina que me ensinou a não fugir da luta e a esquecer o medo. Aos amigos que cresceram junto a mim, presos a canções e entregues a paixões e aos Carlos de minha vida. AGRADECIMENTOS Acreditando que, como diz a canção, “é impossível ser feliz sozinho” e que nenhum trabalho científico pode ser concretizado individualmente, cabe, nesse pequeno espaço ao menos um breve reconhecimento às pessoas que participaram e contribuíram mais diretamente para que esta dissertação fosse realizada. Desta forma, sou muito grata: Aos meus pais, por me transmitirem sua base ética e sua sensibilidade e me impulsionarem desde cedo a procurar meu próprio caminho, especialmente à minha mãe, que se tornou também grande amiga e confidente; aos meus dois irmãos, que, à sua maneira, vibraram a cada nova conquista minha; ao meu marido Carlos e todos os amigos com quem compartilho a vida, pelo respeito, por compreenderem minha ausência e pela paciência nos momentos difíceis; À Prof(a) Terezinha Maria Scher pelos ensinamentos e por me proporcionar o primeiro contato com a obra de Manu Chao; à Prof(a) Silvina Liliana Carrizo, pelo exemplo, orientação, carinho e grande amizade ao dividir comigo decisivos momentos de reflexão intelectual; Ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da UFJF por oportunizar a realização deste trabalho; à professora Jovita Maria Gerheim Noronha por toda atenção na banca de qualificação trazendo aportes bibliográficos que contribuíram para um refinamento de metodologias e hipóteses; Aos componentes da banca Anderson Pires da Silva e Jovita Maria Gerheim Noronha por terem aceitado fazer parte de minha dissertação; Aos amigos Leonardo Mattos, Myrelle Miranda e Juan Cuenca, pela ajuda nas traduções do francês e do inglês; Wagner Lacerda, Waldilene Miranda, Adriana de Lourdes, Dayana Faria e Carolina Neder que me mostraram na prática que a amizade e a colaboração caracterizam uma grande e importante via de construção do conhecimento e do amadurecimento acadêmico. Sinceramente, muito obrigada a todos. Yo no creo en una gran revolución que va a cambiar las cosas, me parece muy utópico. Creo en miles y miles de revoluciones de barrio, juntándose unas a otras se hará la diferencia [...] porque puede llegar a cambiar las cosas desde uno mismo, desde su família. MANU CHAO RESUMO A canção e o trabalho engajado de alguns intelectuais constituem uma esfera artística e social de grande alcance e importância. O texto literário, e neste incluímos também a canção, como resultado de uma produção discursiva, participa tanto do processo social quanto do sistema significante em que está inserido. Esta dissertação discute a presença de artistas intelectuais na sociedade, tratando de identificar como estes cumprem seu papel no que se refere à formação de opinião de seu público. Para tanto, enfocaremos o trabalho do cantor e compositor franco-espanhol José Manuel Arturo Tomas, o Manu Chao, tendo como corpus artístico o álbum Clandestino: esperando la ultima ola (Virgin Records/1998). Através da análise de algumas canções e depoimentos, descreveremos e exemplificaremos como o comportamento intelectual é exercido por esse sujeito cosmopolita, capaz de falar várias línguas e transportar-se de um país a outro, sem mais dificuldades. Como resultado, encontramos, então, um artista engajado que se comporta como o intelectual que chega para observar, refletir e comunicar ao mundo, a partir da canção como crônica cosmopolita, o que acontece nos lugares por onde passa, ao transformar suas canções e seus shows em momentos de reflexão política, provocando, assim, uma abertura de fronteiras. Ao cantar, ato acima de tudo de ação comunicativa, Manu Chao reivindica e mescla diferentes tradições culturais de uma infinidade de países por onde passou e/ou viveu, utilizando a “patchanka” como voz que assinala o hibridismo e unifica uma mensagem. Com isso, expõe um projeto musical concreto que se encontra fora de uma formatação pré-estabelecida, mas dentro de uma maneira inteligente de aproveitamento e subversão dos meios de comunicação para produzir e divulgar seu projeto contra-hegemônico. PALAVRAS-CHAVE: Manu Chao. Intelectual. Engajamento. Hibridismo. Cosmopolitismo. RESUMEN La canción y el trabajo comprometido de algunos intelectuales constituyen una esfera artística y social de gran alcance e importancia. El texto literario, y en éste incluímos también la canción, como resultado de una producción discursiva, participa tanto del proceso social como del sistema significante en el cual está inserto. Esta disertación discute la presencia de artistas intelectuales en la sociedad, tratando de identificar cómo éstos cumplen su papel en lo que se refiere a la formación de opinión de su público. Enfocaremos el trabajo del cantautor franco-español José Manuel Arturo Tomas, el Manu Chao, teniendo como corpus artístico el álbum Clandestino: esperando la ultima ola (Virgin Records/1998). A través del análisis de algunas canciones y declaraciones, describiremos y ejemplificaremos cómo el comportamiento intelectual es ejercido por este sujeto cosmopolita, capaz de hablar varias lenguas y trasladarse de un país a otro, sin dificultades. Como resultado encontramos entonces un artista comprometido que se comporta como el intelectual que se presenta para observar, reflexionar y comunicar al mundo, a partir de la canción como crónica cosmopolita, lo que sucede por los lugares por donde pasa al transformar sus canciones y sus conciertos en momentos de reflexión política, provocando, de esta manera, una apertura de fronteras. Al cantar, acto sobre todo de acción comunicativa, Manu Chao reivindica y mezcla distintas tradiciones culturales de una infinidad de países por donde anduvo y/o vivió, ulizando la “patchanka” como voz que señala el hibridismo y unifica un mensaje. Con ello, expone un poyecto musical concreto que se encuentra fuera de una formatación pre-estabelecida, pero dentro de una inteligente forma de aprovechamiento y subversión de los medios de comunicación para producir y divulgar su proyecto contra-hegemónico. PALABRAS-CLAVE: Manu Chao. Intelectual. Compromiso. Hibridismo. Cosmopolitismo. SUMÁRIO INTRODUÇÃO -------------------------------------------------------------------------------- 8 1 MANU CHAO COMO INTELECTUAL ---------------------------------------------- 16 1.1 Do rock segue a trajetória – do No Future ao Oui Futur -------------------------- 17 1.2 As contradições do intelectual clandestino------------------------------------------- 24 1.3 A presença do intelectual cosmopolita como interlocutor e cronista de seu tempo ---------------------------------------------------------------------------------------------- 38 2 MANU CHAO E SUA RELAÇÃO COM A INDÚSTRIA CULTURAL ---------- 49 2.1 O surgimento e as transformações do modelo conhecido como cultura de massa ---------------------------------------------------------------------------------------------- 50 2.2 O aproveitamento dos meios de comunicação para compor e divulgar um projeto contra-hegemônico ---------------------------------------------------------------------- 58 2.3 “¿Qué pasó? ¿Qué pasó?” – O uso da repetição como constante chamada de atenção ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 72 3 O HIBRIDISMO NAS MÚSICAS E NAS LETRAS --------------------------------- 78 3.1 “La Patchanka” ------------------------------------------------------------------------- 79 3.2 Mesclas musicais e interculturais em Clandestino: esperando la ultima ola...-- 84 3.3 O uso do portuñol como alternativa poética e política ---------------------------- 97 CONSIDERAÇÕES FINAIS ----------------------------------------------------------------- 103 REFERÊNCIAS -------------------------------------------------------------------------------- 109 ANEXO – Letras das músicas------------------------------------------------------------------ 115 8 INTRODUÇÃO O exílio é um modelo para o intelectual que se sente tentado, ou mesmo assediado ou esmagado, pelas recompensas da acomodação, do conformismo, da adaptação. Mesmo que não seja realmente um imigrante ou expatriado, ainda assim é possível pensar como tal, imaginar e pesquisar apesar das barreiras, afastando-se sempre das autoridades centralizadoras em direção ás margens, onde se podem ver coisas que normalmente estão perdidas em mentes que nunca viajaram para além do convencional e do confortável (SAID, 2005, p. 70). Através de constantes estímulos recebidos durante nossa graduação no curso de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora, fomos percebendo o quanto a canção e o trabalho engajado de alguns intelectuais constituem uma esfera artística e social de grande alcance e importância em nossa contemporaneidade. Nosso primeiro contato com a obra Clandestino: esperando la ultima ola1 e o cantor José Manuel Arturo Tomas, o Manu Chao, objetos de nossa pesquisa,