GAMELEIRA, SERTÃO NORTE DE MINAS GERAIS: Um Olhar Feminino Sobre O Feminino Camponês
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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE GEOGRAFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO GEOGRAFIA E GESTÃO DO TERRITÓRIO GAMELEIRA, SERTÃO NORTE DE MINAS GERAIS: Um olhar feminino sobre o feminino camponês MARIA DAS GRAÇAS CAMPOLINA CUNHA UBERLÂNDIA-MG 2013 1 MARIA DAS GRAÇAS CAMPOLINA CUNHA GAMELEIRA, SERTÃO NORTE DE MINAS GERAIS: Um olhar feminino sobre o feminino camponês Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Geografia do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia, como requisito parcial à obtenção do título de Doutora em Geografia. Orientador: Prof. Dr. Carlos Rodrigues Brandão Uberlândia 2013 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA Programa de Pós-Graduação em Geografia MARIA DAS GRAÇAS CAMPOLINA CUNHA GAMELEIRA, SERTÃO NORTE DE MINAS GERAIS: Um olhar feminino sobre o feminino camponês _____________________________________________________ Prof. Dr. Carlos Rodrigues Brandão (orientador) – UFU _____________________________________________________ Prof. Dr. Marcelo Cervo Chelotti – UFU _____________________________________________________ Profa. Dra. Joelma Cristina dos Santos – UFU _____________________________________________________ Profa. Dra. Luciene Rodrigues – Unimontes _____________________________________________________ Profa. Dra. María Franco García – UFPB Data: 28/02/2013 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Sistema de Bibliotecas da UFU, MG, Brasil. Cunha, Maria das Graças Campolina, 1967- C972g Gameleira, sertão Norte de Minas Gerais: um olhar feminino sobre o 2013 feminino camponês/ Maria das Graças Campolina Cunha. – 2013. 314f.: il. Orientador: Carlos Rodrigues Brandão. Tese (doutorado) – Universidade Federal de Uberlândia, Programa de Pós-Graduação em Geografia. Inclui bibliografia. 1. Geografia - Teses. 2. Camponeses- Gameleira (MG) - História - Teses. 3. Mulheres do campo- Gameleira (MG) - Aspectos Sociais -Teses. I. Brandão, Carlos Rodrigues. II.Universidade Federal de Uberlândia. Programa dePós-Graduação em Geografia. III. Título. CDU: 910.1 3 Às moradoras e aos moradores da Gameleira, gente que partilhou comigo momentos e histórias de suas vidas! À minha irmã Rosa, alimento das minhas raízes, À Valentina, pequena flor-botão da minha semente germinada. 4 AGRADECIMENTOS É difícil rememorar tanta gente que partilhou comigo desta caminhada e que me ajudou a fazer dela uma trajetória mais leve e bonita, seja pela participação de perto no meu percurso da tese, seja por apenas existir em minha vida e estar presente quando precisei. Aos meus filhos Rafael e André. As minhas ausências em seus períodos de férias e o carinho ao me verem tão atarefada enquanto estavam em casa me comprovaram que o amor é infinito. A presença de vocês me faz feliz e me realiza. Obrigada! Aos meus irmãos e às minhas irmãs, cunhados e sobrinhos, família que acolhe! Com grande afeto, agradeço Sevenil, pessoa que sempre mostrou o orgulho que sente da minha trajetória. À “Babate” (Márcia), minha irmã-madrinha que me apoiou com seu carinho e ternura eterna. Agradeço imensamente à minha irmã Rosa, que cuidadosamente me acompanhou de perto durante a realização desta pesquisa. Ela leu tudo que escrevi, apontou lacunas que deveriam ser preenchidas, vibrou! E, principalmente, vivenciou comigo as minhas campesinidades. A Ana Paula, amiga-irmã de tantas travessias, agradeço imensamente o seu carinho e o seu amor. Samantha, a “mascote” da turma sempre presente mais de perto. A Karine, Maurício e Roberto, queridos amigos que me mostraram que mesmo longe da família não nos sentimos desamparados quando estamos rodeados pela família que adotamos de coração. Agradeço a Joba Costa, as leituras de seus textos foram para mim reveladoras e apontaram caminhos. Aos colegas do Departamento de Geociências, especialmente à Márcia Verssiane, Vívian e Walfrido. Sinto que vocês partilham comigo as minhas vitórias. A também colega Sandra Muniz, amiga que sempre esteve presente e não me deixou desanimar. Agradeço à minha ex-aluna Laysa Brant e à Jehnne Amorim, jovem mulher da Gameleira e aluna de Geografia da Unimontes. Vocês duas muito contribuíram ao realizarem as suas pesquisas na Gameleira a meu pedido. À partir delas, novas possibilidades de interpretação se descortinaram. 5 Agradeço à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), através do PPCRH - Programa de Apoio à Capacitação de Recursos Humanos, que me concedeu a bolsa de doutoramento. Aos funcionários do Instituto de Geografia da UFU, principalmente a João Fernandes, por sua presteza em ajudar- me a resolver questões burocráticas quando eu estava distante. À Samuel Lima, meu orientador no mestrado, e à João Cleps, professores que sempre estiveram presentes em meu percurso na UFU e que me ajudaram a crescer. Obrigada! Ao Marcelo Chelotti e à Joelma Santos por suas leituras atentas do meu relatório de qualificação. Seus apontamentos foram importantes para que eu pudesse compreender aquilo que eu ainda não tinha alcançado e para conduzir a minha pesquisa a partir de então. Agradeço à Maria Franco e à Luciene Rodrigues, professoras que se juntaram ao Marcelo, à Joelma e ao Brandão, aceitando participar da minha banca de defesa de tese. Agradeço especialmente a Luciene, pois além de acompanhar a minha trajetória desde a banca de mestrado, ternamente sempre esteve presente em minha vida! De forma especial agradeço ao meu orientador, Carlos Rodrigues Brandão. Disseram-me uma vez que você “não cabe no mundo”. Acredito nisto! Obrigada, meu mestre e amigo, por fazer parte da minha história e por ter me conduzido nesta trajetória. Obrigada também por ter me dado a oportunidade de estar e partilhar na Rosa dos Ventos momentos que me encheram de alegria e me iluminaram na minha escrita da tese. Agradeço ao Tião e à Sandra que estiveram por perto durante os dois meses de solidão... Ao Juninho, amigo querido que simbolicamente me ofertou um jardim, trago-o comigo desde então. A Ingrid, minha irmã do coração que tanto no início da escrita desta tese, quanto no final, sempre me iluminou com suas palavras, conselhos que me mostraram caminhos. Foram muitos os amigos de percurso que marcaram e marcam a minha vida. Andréa Maria, minha amiga e companheira de muitas vivências, que me guiou por tanto tempo no universo por mim ainda estranho do mundo acadêmico. Rodrigo e Anginha, casal sempre amado que me acolhe. Joyce, moça-mulher de ternura e sensibilidade infinitas. Maristela, amiga querida que me acolheu em momentos difíceis. Alessandra Leal, que sempre conseguiu estar perto mesmo que distante. 6 Geraldo Inácio, meu budista predileto. Fernanda Amaro e sua áurea transparente, mulher forte e terna. Entre experiências acadêmicas e vivências compartilhadas, sempre foi “tudo junto e misturado”. Finalmente, às mulheres da Gameleira! Obrigada pelo acolhimento e pela ternura. Vocês fizeram com que esta pesquisa se tornasse mais íntima nos momentos que passamos juntas, quando partilhamos e desvendamos saberes. E também aos homens, que sempre se prestaram a me relatarem sobre suas histórias de vida e sobre a história do lugar. Agradeço à Zezinho, que foi meu guia-amigo em minhas peregrinações pela Gameleira. De maneira especial à dona Helena e ao Sr. João Botelho, casal que me abrigou em sua casa; a minha gratidão pelo amparo e cuidado. Em minhas subjetividades agradeço ao destino que me trouxe para o Norte de Minas. Aqui aprendi que somos maiores quando forjados por adversidades e pela solidariedade de um povo que luta por sua história... Não pode me entender Quem nunca sentiu o cheiro De terra molhada Quando a chuvarada Molha as terras do gerais Não pode entender Quem nunca matou a fome Com raiz de macaxeira E a fruta ananás E a minha terra Fica na ponta desta estrada Uma picada vara o verde e leva lá Não chega a ser um pontinho preto no mapa Mais quando a gente se afasta Coração pede pra voltar E pra lá chegar você tem que atravessar Sete cancelas, treze porteiras Uma pinguela sobre o ribeirão Não chega a ser um pontinho preto no mapa Mais quando a gente se afasta Coração pede pra voltar Mais quando a gente se afasta Coração pede pra voltar (Poente Cigana – Grupo Agreste) 7 A ciência moderna legou-nos um conhecimento funcional do mundo que alargou extraordinariamente as nossas perspectivas de sobrevivência. Hoje não se trata tanto de sobreviver, mas de saber viver. Para isso é necessária uma outra forma de conhecimento, um conhecimento compreensivo e íntimo que não nos separe e antes nos una pessoalmente ao que estudamos. A incerteza do conhecimento, que a ciência moderna sempre viu como limitação técnica destinada a sucessivas superações, transforma-se na chave do entendimento de um mundo que mais do que controlado tem de ser contemplado. Boaventura de Sousa Santos Empreendo, pois, o deixar-me levar pela força de toda vida viva: o esquecimento. Há uma idade em que se ensina o que se sabe; mas vem em seguida outra, em que se ensina o que não se sabe: isso se chama pesquisar. Vem talvez agora a idade de uma outra experiência, a de desaprender, de deixar trabalhar o remanejamento imprevisível que o esquecimento impõe à sedimentação dos saberes, das culturas, das crenças que atravessamos. Essa experiência tem, creio eu, um nome ilustre e fora de moda, que ousarei tomar aqui sem complexo, na própria encruzilhada de sua etimologia: Sapientia: nenhum poder, um pouco de saber, um pouco de sabedoria, e o máximo de sabor possível. Roland Barthes O que eu vi, cês num viu, o que eu vi cês num viu, o que eu sei cês num sabe. Eu sou do Velho Testamento. Dona Nega (Gameleira) 8 RESUMO Esta tese trata da interpretação sobre o campesinato e o feminino camponês numa comunidade rural tradicional do Norte de Minas Gerais. Para tanto, escolhi e acolhi a comunidade Gameleira, localizada entre os municípios de Glaucilândia e Bocaiúva. Meu objetivo foi compreender a história de um lugar através dos relatos e do olhar feminino sobre a sua vida, o seu trabalho e das relações que estabelece com sua família, seus vizinhos e com o sagrado, em que as relações de reciprocidade se evidenciam e se concretizam.