O Xadrez Em Xeque – Uma Análise Sociológica Da “História Esportiva” Da Modalidade
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0 JULIANO DE SOUZA O XADREZ EM XEQUE – UMA ANÁLISE SOCIOLÓGICA DA “HISTÓRIA ESPORTIVA” DA MODALIDADE Dissertação de Mestrado defendida como pré-requisito para a obtenção do título de Mestre em Educação Física, no Departamento de Educação Física, Setor de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná. CURITIBA 2010 1 JULIANO DE SOUZA O XADREZ EM XEQUE – UMA ANÁLISE SOCIOLÓGICA DA “HISTÓRIA ESPORTIVA” DA MODALIDADE Dissertação de Mestrado defendida como pré-requisito para a obtenção do título de Mestre em Educação Física, no Departamento de Educação Física, Setor de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Wanderley Marchi Júnior CURITIBA 2010 2 3 A Deus pelo infinito amor e alcance 4 AGRADECIMENTOS Uma dissertação de mestrado ou uma tese certamente não se constrói sozinho nem tampouco apenas em função da formação e incorporação de um habitus intelectual no campo acadêmico – locus mais ou menos complexo em que a estrutura de distribuição dos capitais em suas mais distintas formas tende a assumir... Ops! Já ia me esquecendo... Aqui não é o momento de teorizações. Bem, o importante é que me entenderam. Procedendo, portanto, de forma mais ou menos classificatória (didática seria o termo correto), mas, sem intentar estabelecer distinções (insisto em teorizar), até porque, no final das contas, todos os agentes e estruturas que aqui serão citados, em maior ou menor grau, fazem parte do grande campo afetivo que me foi possibilitado construir nesses 25 anos de vida (quase 26), dividirei essa seção em dois momentos. Vamos ao primeiro. Com distinção, meu profundo agradecimento ao Professor Wanderley Marchi Júnior – sociólogo, educador, profissional da Educação Física – por acreditar em meu potencial para cursar o mestrado e, acima de tudo, por contribuir diretamente com minha formação “sociológica e esportiva”, da qual essa pesquisa é um dos principais frutos. Obrigado mesmo. Aos membros titulares que compõem a comissão julgadora da dissertação: Professora Cristina Carta Cardoso de Medeiros e Professor Luiz Alberto Pilatti. Aos Professores Alexandre Fernandez Vaz, Fernando Renato Cavichiolli e André Mendes Capraro pelas contribuições e sugestões formais e informais feitas à pesquisa. Aos amigos do grupo de pesquisa, pelas leituras e discussões valiosas que se disponibilizaram a fazer sobre o trabalho: Fernando Augusto Starepravo, Bárbara Schausteck de Almeida, Gilmar Francisco Afonso, Ana Letícia Padeski Ferreira, Ricardo João Sonoda Nunes, Tatiana Sviesk Moreira, Juliana Vlastuin, Leila Salvini, Fernando Dandoro Ferreira, Murilo Meira, Suzanne Garzaro e Esthela Bertaia. Aos professores do Programa de Pós-graduação em Educação Física da Universidade Federal do Paraná, especialmente, aos da linha de “Sociologia do Esporte e Lazer”: Professora Doralice Lange de Souza, Professor Fernando Marinho Mezzadri, Professora Cristina e Professor Cavichiolli já citados anteriormente. Aos demais amigos que me fizeram sugestões importantes para a pesquisa ou então compartilharam comigo alguns encontros e conversas de corredor: Renata Maria Toledo, Ana 5 Paula Bonin, Suélen Eiras, Marina Redekop, Saulo Willig, Ricardo Lemes, Luciano da Cruz, Bruno Barth, Cleber Junior, Bruno Portela, Rosecler Vendruscolo, Kátia Bortolotti Marchi, Letícia Godoy, Cláudia Rejane Santos, Larissa Bodroff Daros e Christine Vargas. À coordenadora do Programa de Pós-graduação em Educação Física da Universidade Federal do Paraná, Professora Neiva Leite e ao secretário do Programa, Daniel Dias. E para finalizar essa etapa, agradeço ao Professor José Ronaldo Mendonça Fassheber e à Professora Liliane da Costa Freitag pelo apoio e incentivo na época de graduação. Fundamentalmente, o primeiro momento seria esse, com o sério risco de ter me esquecido de alguns nomes que, por via das dúvidas, aproveito aqui para agradecer e registrar minha profunda gratidão. Adentro ao segundo momento. Com distinção, agradeço aos meus pais Márcio e Inez que não mediram esforços para que eu pudesse ter uma formação escolar e acadêmica, coisa que, por circunstâncias da vida, eles, infelizmente, não tiveram oportunidades de construir. Às minhas avós Júlia e Zenir pelos cuidados e conselhos dedicados ao netinho, assim como ao meu irmão Mateus e minha prima Karin... Corinthianos que só eles. Aos meus tios João Francisco e Ilza por terem me recebido e me acolhido durante esses quase dois anos em Curitiba, assim como à avozinha Maria (85 anos) pelas tantas gentilezas e prontidão (coisa rara hoje em dia!). À minha tia Léia por estar sempre me animando, assim como ao tio Pedro. Às minhas tias Mara Regina e Raquel por sempre trazerem uma palavra de conforto, assim como aos meus tios Roberto e Paulo. Aos meus inúmeros primos e primas pelas conversas saudáveis e, principalmente, pelos incontáveis momentos de alegria e descontração vivenciados juntos. Ao Clube de Xadrez de Guarapuava, personificado em figuras como Markley Ribas Sékula, Fábio Augusto Gomes, Sandro Popovicz, Hermes Kaminski, Alex Loures, Guilherme Kloster..., por ter possibilitado um ambiente de convivência amistoso para formação de um habitus enxadrístico, sem o qual, certamente, eu não teria escrito essa dissertação. Aos meus amigos mais próximos: Marco, André, Robson, Marcelo, Micheli, Romário, Lucas, Ronaldo, Kleverson, Diogo, William, Everton, Anderson, Alerson e Adriana. À Rede de Jovens Quarta Geração de Guarapuava/PR... Livres pra correr... Enfim, a todos e todas que contribuíram positivamente com minha formação moral, ética, espiritual, esportiva e acadêmica. Obrigado. Muitíssimo obrigado! Curitiba, Primavera de 2010. 6 Levar à consciência os mecanismos que tornam a vida dolorosa, inviável até, não é neutralizá- los; explicar as contradições não é resolvê-las. Mas, por mais cético que se possa ser sobre a eficácia social da mensagem sociológica, não se pode anular o efeito que ela pode exercer ao permitir aos que sofrem que descubram a possibilidade de atribuir seu sofrimento a causas sociais e assim se sentirem desculpados; e fazendo reconhecer amplamente a origem social, coletivamente oculta, da infelicidade sob todas as suas formas, inclusive as mais íntimas e as mais secretas. Esta contratação, apesar das aparências, não tem nada de desesperador. O que o mundo social fez, o mundo social pode, armado deste saber, desfazer. Pierre Bourdieu (In: La misére du munde ) 7 RESUMO Que relações e interfaces podem ser estabelecidas entre o estudo de uma determinada modalidade esportiva e importantes modelos teóricos que obtiveram destaque no campo da sociologia durante o século XX? Essa inquietação de valor heurístico e epistemológico foi crucial e marcou o desenvolvimento integral dessa pesquisa. Nesse sentido, de um lado, procuramos recuperar a modalidade de xadrez como um objeto relevante a ser estudado no universo da sociologia do esporte. De outro, nos empenhamos em associar alguns modelos e conceitos desenvolvidos na teoria social contemporânea, especialmente nas obras de Pierre Bourdieu e Norbert Elias, ao processo de construção do objeto de pesquisa bem como à leitura subseqüente da realidade empírica delimitada. O ponto de partida identificado para composição dessa trama que constitui a “história esportiva” do xadrez foi construído a partir da final do campeonato mundial de 1972, que ficou conhecida sob o rótulo distintivo de “match do século”. Com base nesse recorte contextual, foi que definimos nossa problemática e também o objetivo central de pesquisa que, a saber, consiste em recuperar e compreender as transformações conjunturais e mercadológicas empreendidas no âmbito da oferta e consumo da prática enxadrística no contexto histórico-social do chamado “ match do século” de modo a avaliar o que essas transformações representaram ou significaram no processo de construção da “história esportiva” da modalidade. A hipótese que sustentamos paralelamente ao problema formulado, é que sob o cenário histórico-social do “ match do século”, a modalidade de xadrez conheceu a “fase de ouro” de sua “história esportiva” relativamente autônoma, demarcando um momento de singularidade histórico-estrutural que gostaríamos de chamar de cristalização do subcampo do xadrez no interior do campo de produção e circulação dos bens esportivos, justamente por evidenciar um período em que o entrelaçamento entre os contornos mercantis, espetaculares, simbólicos e miméticos conferidos à oferta da prática enxadrística representou a consolidação da modalidade frente à lógica de distribuição e consumo das demais práticas esportivas no contexto histórico em questão. Para o entendimento dessa estrutura espetacular de curto prazo constituída em torno da decisão do campeonato mundial de xadrez de 1972, buscamos apontamentos nas estruturas de longo prazo que constituem, respectivamente, a “história esportiva” relativamente autônoma da prática enxadrística e a história social da Guerra Fria. A partir do material empírico recuperado e analisado reflexivamente à luz dos referenciais teóricos elencados nos aprouve construir durante o capítulo II e III uma rede de conexões causais a partir dos contornos mercantis, espetaculares, miméticos e simbólicos conferidos pelos mais distintos agentes e estruturas à modalidade de xadrez no contexto do “ match do século” e, dentro de certos limites, ao longo de sua “história esportiva”. Uma das conclusões, senão a principal, que essa gramática social profunda nos possibilitou construir é que a cristalização do subcampo do xadrez no campo esportivo esteve diretamente relacionada à nova lógica