Itaquaquecetuba Plano Diretor Estratégico 2006/2015
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ITAQUAQUECETUBA PLANO DIRETOR ESTRATÉGICO 2006/2015 1 2 PARTE B FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICA ANEXO 1 DA LEI DO PLANO 3 4 I INTRODUÇÃO I.1 O Processo de Planejamento: Antecedentes e Quadro Atual A Oportunidade da Emancipação de Itaquaquecetuba Em 28/10/1953, Itaquaquecetuba, até então distrito do município de Mogi das Cruzes, conquistou sua autonomia administrativa e política. Contava, então, com cerca de 7 mil habitantes, sendo pouco mais de 2 800 em área urbana e os restantes 60% computados como população rural. De fato, nessa ocasião, em todo o território nacional, dos cerca de 60 milhões de habitantes, 60% deles vivia nas áreas rurais. O País passava por importantes transformações que viriam a repercutir fortemente no desenvolvimento do Município de São Paulo, às vésperas de seu quarto centenário, e dos municípios vizinhos, inclusive Itaquaquecetuba. Com efeito, estavam em fase de implantação as bases da economia industrial brasileira. De um lado: inauguração da Companhia Siderúrgica Nacional; criação da Companhia Hidroelétrica do Rio São Francisco (Chesf) e da Usina de Paulo Afonso; implantação do Fundo Rodoviário Nacional; construção da Via Dutra; formação da Petrobrás. De outro: iniciativas orientadas para a incorporação política do trabalhador brasileiro; o Estado legislara recentemente sobre a duração do trabalho; férias anuais remuneradas; Justiça do Trabalho; imposto sindical; salário mínimo; Consolidação das Leis do Trabalho. A Metropolização de Itaquaquecetuba Em poucos anos, todas aquelas iniciativas ensejariam a formação do parque industrial brasileiro. A indústria automobilística viria a se instalar nas vizinhanças de São Paulo, a construção civil conheceria um crescimento acelerado, inclusive por conta da edificação da nova capital do País. Os mais diversos setores industriais, comerciais e de serviços constituir-se-iam e se consolidariam no território nacional. Em particular, o dinamismo econômico da capital paulista e dos municípios vizinhos e a grande oferta de empregos intensificariam fortemente os fluxos migratórios e logo a 5 expansão das respectivas áreas urbanizadas promoveria a formação de uma Portanto, emergiu a necessidade de um instrumento para caracterizar os problemas, aglomeração contínua, que se estenderia por cerca de 50km no eixo leste-oeste e 30km dimensioná-los, identificar as prioridades, instruir as decisões política, técnica e de norte a sul. econômica e otimizar a alocação de recursos. Em 1960, o Censo revelou que a população de Itaquaquecetuba (11 456 hab.) mais do Com recursos do Serviço Federal de Habitação e Urbanismo (Serfhau), promoveu-se a que dobrara em relação à de dez anos atrás (5 124 hab.) e que 60% do contingente elaboração, em escala nacional, dos chamados Planos de Desenvolvimento Local estava, agora, instalado na área urbana. Integrado. No município, o fenômeno da urbanização revelara-se, de fato, mais rápido do que a Assim, disseminou-se a ideologia dos levantamentos, análises, diagnósticos das média nacional: nessa ocasião, dos cerca de 73 milhões de habitantes brasileiros, apenas situações presentes, prognósticos com relação ao futuro e proposições, nessa ordem. 45% moravam em cidades. Para a garantia da execução, ficou estabelecido que as prefeituras só receberiam recursos federais se as municipalidades contassem com esses planos diretores. Nos anos 60 reconheceu-se que, em São Paulo, a conurbação, os deslocamentos pendulares de populações de municípios vizinhos, a intensificação dos fluxos de Reconhecido oficialmente, na década de 70, como instrumento de ação de Governo, o mercadorias, a concentração das comunicações e um sem-número de vínculos planejamento foi utilizado para a implementação de uma estratégia de desenvolvimento socioeconômicos e físico-territoriais entre núcleos contíguos haviam constituído uma que se baseava na acentuada intervenção do Estado nas atividades econômicas. região metropolitana com centro em São Paulo. Mais tarde, planejadores e autoridades públicas nas suas avaliações críticas desse A instituição formal da Grande São Paulo como Região Metropolitana só veio a ocorrer, período admitiriam que os Planos de Desenvolvimento Local Integrado (PDLIs) eram no entanto, em 1973, com a promulgação da Lei Federal Complementar nº 14. Quando eminentemente técnicos, não incorporavam as expectativas da população e que se veio a ser instituída, ela já contava com o seu primeiro plano de desenvolvimento, prescindia, então, da aprovação e do apoio da sociedade. elaborado em 1970, e que culminou em um processo iniciado pelo Governo do Estado em 1967: o Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado (PMDI). A Gestão das Emergências Os Planos de Desenvolvimento Local Integrado Em 1979, o Poder Público de Itaquaquecetuba estabeleceu, através da Lei nº 700, que todo o território municipal constituía área urbana. As divisas do município passaram a ser, Aquele desenvolvimento, em todos os aspectos, vertiginoso, no entanto, viria a revelar também, o perímetro urbano. contrapartidas perniciosas. Contingentes de migrantes, na sua maioria de baixa renda, instalaram-se em áreas socialmente degradadas do Centro ou na periferia de São Paulo e Por ocasião do Censo de 1980, os 73 mil habitantes foram identificados como população de municípios contíguos. Multiplicaram-se os assentamentos precários, freqüentemente urbana, apesar das extensas áreas agrícolas existentes. Uma taxa de urbanização, ilegais e carentes de infra-estrutura e de equipamentos e serviços urbanos. portanto, artificial, de 100%. Itaquaquecetuba, da mesma forma que numerosos outros municípios da Região Nessa época, o País abrigava mais de 120 milhões de habitantes e reconhecia que a Metropolitana, seria reconhecida como cidade-dormitório, abrigo de populações de baixa urbanização alcançara 67% desse contingente. O decênio que se seguiu caracterizou-se renda, em trânsito cotidiano para locais de trabalho situados, notadamente, em São como a mais longa fase de estagnação econômica no País. A crise da dívida, os déficits Paulo, Guarulhos e Mogi das Cruzes. Nos anos 70, este município alcançou 30 mil públicos e a manutenção da inflação em patamares elevados coincidiram com o habitantes, sendo 75% desse contingente em área considerada urbana. esgotamento daquela estratégia de desenvolvimento adotada no período anterior. Nesse mesmo período, a taxa de urbanização dos 96 milhões que constituíam a Os anos 80 foram, de maneira geral, de inviabilidade da atividade planejadora. Em população brasileira chegaria ao patamar de 60%. As autoridades públicas não apenas uma década, o País contou com quatro moedas distintas, sete planos de conseguiam atender as crescentes demandas na velocidade em que se expandiam. Os estabilização da moeda e dez diferentes índices para cálculo da desvalorização do déficits sociais acentuavam-se e era crescente a dificuldade de identificar as prioridades dinheiro, para citar apenas esses aspectos do quadro de referência nacional. Tornara-se para a aplicação dos recursos públicos, mesmo quando disponíveis. impossível preparar um futuro no contexto de administração de emergências que se configurara. 6 A questão da proteção e conservação do meio ambiente impusera-se globalmente, elaboração de um Plano Diretor Municipal, tendo em vista instituir um sistema de inclusive na esteira dos desastres ambientais ocorridos em: Seveso, na Itália, Three Mile planejamento e promover a melhoria da qualidade de vida dos moradores, ampliar as Island, nos EUA, Bhopal, na Índia, Chernobil, na União Soviética, e o do Exxon Valdez, no atividades econômicas e resguardar o meio ambiente. Alaska. Aprovada, essa Lei Complementar nº 05 de dezembro de 1991 ensejaria o No Brasil, o Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama) foi instituído em 1981, mas só estabelecimento, em seguida, das Leis de Zoneamento e de Parcelamento do Solo. viria a ser regulamentado em 1990, quando os municípios passaram a ser reconhecidos Esses instrumentos de referência dos processos de transformação do espaço urbano e da como guardiões da qualidade do ar, da água, dos solos e subsolos, da biodiversidade e estrutura territorial vieram a ser praticamente revogados em 1994, com a promulgação dos ambientes construídos. das Leis nºs 1.473/94 e 1.482/94. A primeira dispõe sobre os procedimentos e documentação para controle das atividades edílicas e de parcelamento e uso do solo e a segunda fixa os parâmetros urbanísticos e ambientais para o parcelamento, uso e A Retomada da Atividade Planejadora ocupação do solo no município. Os esforços de construção de futuros desejáveis e possíveis só viriam, de fato, a ser Um dos méritos do Plano Diretor de 91 foi o esforço para instituir um sistema de retomados nos anos 90, quando se havia modificado completamente o quadro nacional. planejamento no município, a expressão do reconhecimento de que a construção do futuro constitui um processo e não se encerra, portanto, na vitória efêmera da aprovação O País contava, então, com uma nova Constituição, promulgada em 1988. A partir de da Lei do Plano. 1989, voltara a escolher, por eleição direta, o presidente da República após 28 anos. Dera-se, por exemplo, a abertura de mercados e o fim das reservas da informática e da navegação de cabotagem, entre outros, e o País debatia as questões de modernidade e O Plano Diretor Estratégico competitividade. Foi a Carta de 1988 que lançou as bases para a constituição de uma nova política urbana Disseminara-se o fenômeno da globalização, da terceirização de atividades, os fluxos para o País. Em seu art. nº 182 apontou que financeiros